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UNIVERSIDADE DO AMAZONAS - UFAM INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA - INPA ASPECTOS DO DESENVOLVIMENTO FOLIAR E DA GERMINAÇÃO DE Victoria amazonica (POEPP.) SOWERBY (NYMPHAEACEAE) NA AMAZÔNIA CENTRAL SONIA MACIEL DA ROSA OSMAN Dissertação apresentada ao Programa de Pós- Graduação em Biologia Tropical e Recursos Naturais do convênio INPA/UA, como parte dos requisitos para obtenção do título de Mestre em CIÊNCIAS BIOLÓGICAS, área de concentração em BOTÂNICA. MANAUS – AM 2005

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UNIVERSIDADE DO AMAZONAS - UFAM INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA - INPA

AASSPPEECCTTOOSS DO DESENVOLVIMENTO FOLIAR E DA GERMINAÇÃO DE

Victoria amazonica (POEPP.) SOWERBY (NYMPHAEACEAE) NA

AMAZÔNIA CENTRAL

SONIA MACIEL DA ROSA OSMAN

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-

Graduação em Biologia Tropical e Recursos Naturais

do convênio INPA/UA, como parte dos requisitos

para obtenção do título de Mestre em CIÊNCIAS

BIOLÓGICAS, área de concentração em

BOTÂNICA.

MANAUS – AM

2005

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UNIVERSIDADE DO AMAZONAS - UFAM INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA - INPA

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SONIA MACIEL DA ROSA OSMAN

Orientadora: Dra. Maria Teresa Fernandez Piedade

Co-orientadora: Dra. Maria Silvia de Mendonça

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-

Graduação em Biologia Tropical e Recursos Naturais

INPA/UA, como parte dos requisitos para obtenção

do título de Mestre em CIÊNCIAS BIOLÓGICAS,

área de concentração BOTÂNICA.

MANAUS – AM 2005

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FICHA CATALOGRÁFICA

ROSA-OSMAN, SONIA MACIEL Aspectos do desenvolvimento foliar e da germinação de Victoria amazonica (Poepp.) Sowerby (Nymphaeaceae) na Amazônia Central / Rosa-Osman, Sonia Maciel – Manaus, 2005. 88 pág. Dissertação de Mestrado – INPA/UA 1.Amazônia Central. 2.Várzea. 3.Igapó. 4.Germinação. 5.Desenvolvimento foliar. 6.Victoria amazonica.

Sinopse:

O presente estudo caracterizou a morfologia da flor, fruto, semente e plântula de Victoria amazonica, bem como aspectos de sua germinação. Foram também salientadas características morfológicas das lâminas foliares e pecíolos, associadas a diferente estágios de desenvolvimento foliar da espécie. Nos ambientes de coleta mediu-se a profundidade, pH da água e temperatura em dois sítios amostrais de várzea e de igapó na Amazônia Central. Palavras-chaves: 1.Amazônia Central 2.Várzea 3.Igapó 4.Germinação 5.Desenvolvimento foliar 6.Victoria amazonica. Key words: 1.Central Amazonia 2.Varzea 3.Igapo 4.Germination 5.leaf development 6.Victoria amazonica.

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OS JOVENS SE CANSAM E SE FATIGAM,MAS OS QUE ESPERAM NO SENHOR

RENOVAM AS SUAS FORÇAS, SOBEM COM ASAS COMO ÁGUIAS,

CORREM E NÃO SE CANSAM, CAMINHAM E NÃO SE FATIGAM.

ISAÍAS 40:30, 31

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À minha mãe Maria Maciel da Rosa,

Que em tudo me deu apoio e incentivo. Em memória ao meu pai Abitino Inácio da Rosa,

Que sempre me deu forças, incentivo e confiança para alcançar meus objetivos.

Aos meus irmãos Samuel, David, Eliane, Tere, Cézar e Eliamar, Pelo ânimo concedido e apoio quando decidi fazer mestrado na Amazônia.

À meu esposo Antonio Osman, Por ser meu companheiro em todas as horas, pelos textos recuperados, enfim

por fazer parte da minha vida.

DEDICO

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AGRADECIMENTOS

À Dra. Maria Teresa Fernandez Piedade, pela dedicação, compreensão, apoio, incentivo, amizade e pela orientação para que este trabalho fosse realizado; À Dra. Maria Silvia de Mendonça, pela co-orientação e idéias concedidas na realização desse trabalho, e por ter cedido o laboratório para a realização da parte anatômica do mesmo; À Fundação de Apoio a Pesquisa no Estado do Amazonas – FAPEAM pela bolsa concedida em 2004; Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPq pela bolsa concedida no ano de 2005; Ao Projeto INPA/Max-Planck pelo apoio financeiro ao trabalho; Ao Dr. Sérgio Melo do BADPI – Laboratório de Plâncton por ter cedido o microscópio de câmara clara para a realização das ilustrações desse trabalho; Ao Dr. Jochen Schongart por ter cedido um microscópio e alguns mapas; Ao Dr. Luiz Antonio de Souza meu orientador de PIBIC da Universidade Estadual de Maringá, agradeço pelo incentivo que me deu para fazer uma pós-graduação; À secretária do curso de botânica, Neide, pela ajuda e colaboração nesses dois anos de percurso; Ao Sr. Celso Costa pela ajuda nos trabalhos de campo, sem a qual não seria possível a realização das excursões, e ao Edvaldo Ferreira, que sempre nos transportou pacientemente; À secretária do Max Planck Lúcia Costa que sempre me recebeu com paciência e manteve avisada de todas as reuniões e excursões; Ao Técnico do LABAF Manoel pela ajuda na confecção das lâminas permanentes; Aos barqueiros da Coordenação de Pesquisas em Biologia Aquática, pela grande colaboração durante o período de excursões; Aos colegas do curso de Botânica, Júlio, Isabela, Fernanda e Lena, pela ótima convivência e pela troca de experiências durante a realização dos créditos; À meu amigo de velha data Robson Rodrigues pela ótima convivência e coletas de campo feita por ele para mim;

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A todos os participantes do Projeto INPA/Max-Planck pelo aprendizado e ajuda nas prévias da aula de qualificação e seminário público; À família Ferreira, nas pessoas da Dra. Rilda, Dr. Luis e Dra. Cíntia por terem me acolhido em sua casa logo que cheguei em Manaus; E principalmente a DEUS, que guiou a minha vida até esse momento e tenho certeza que continuará me guardado. Pela grande força e esperança que Me deu quando perdi meu pai e por nunca ter me desamparado, Senhor muito obrigado porque Tu és a minha vida, minha força e fortaleza.

Os meus sinceros agradecimentos.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Mapa do ambiente de coleta nas proximidades de Manaus – Lago da Felicidade (Igapó), Lago Catalão (Várzea)...................................................16 Figura 2 - Lago do Aninga - ambiente de igapó (águas pretas) no Município de Parintins-AM, local onde foram realizadas observações, coletas de material botânico e sementes maduras para a germinação em laboratório....................17 Figura 3 - A - Lago da Felicidade - Ambiente de Igapó, águas pretas. B – Lago Catalão – Ambiente de transição, águas mistas nas proximidades de Manaus..............................................................................................................17 Figura 4 - Fatia da folha adulta e flor de V. amazonica em excicatas depositadas no Herbário do INPA sob o número de registro 215811, ver setas..................................................................................................................18 Figura 5 - Coletas e medições diamétricas feitas nas folhas de Victoria amazonica no Lago da Felicidade – Ambiente de igapó...................................19 Figura 6 - Tanques com sombrite para germinação das sementes de Victoria amazonica, localizado no Campus do INPA próximo às instalações do Projeto INPA/Max-Planck...............................................................................................21 Figura 7 - A- Detalho do espinho da face inferior da folha adulta de Victoria amazonica. B- Corte Transversal do espinho da folha adulta de Victoria amazonica. EP- epiderme, PA- parênquima, FV- feixe vascular, ES- espinho. Aumento de 25X (Rosa-Osman, 2005)..............................................................28 Figura 8 - Face inferior da folha adulta de Victoria amazonica, evidenciando as nervuras de primeira, segunda, terceira e quarta ordem, de acordo com sua espessura, ver setas..........................................................................................29 Figura 9 - Detalhe do hidatódio da face superior da folha de Victoria amazonica com cavidade rodeada de células com antocianina no vacúolo. Aumento de 400X, ver setas (Rosa-Osman, 2005)...............................................................29 Figura 10 - Folhas flutuantes de Victoria amazonica com a interrupção do bordo na região da linha central onde há uma depressão que permite a vazão da água. O Jaçanã com seus dedos extremamente longos é capaz de andar sobre as folhas e também utiliza-se delas para fazer seu ninho e deixar seus ovos, ver setas...................................................................................................31 Figura 11 - Flor de V. amazonica em início de polinização e após a polinização, com diferenças na coloração devido à produção de antocianina. A - Flor branca-creme contém besouros polinizadores no seu interior, B - Flor de

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coloração roxa não possui mais insetos polinizadores no seu interior................................................................................................................34 Figura 12 - A- Corte longitudinal central da flor de Victoria amazonica com a presença de besouros polinizadores (Cyclochephala), B- Besouro polinizador da flor em maior detalhe no ovário da flor (Rosa-Osman, 2005).......................35 Figura 13 - Flor de Victoria amazonica com pétalas distribuídas espiraladamente, dialipétala, acíclica................................................................36 Figura 14 - Flor de Victoria amazonica com quatro sépalas recobertas externamente por espinhos e as três sépalas petalóides, coriáceas............................................................................................................37 Figura 15 - As quatro sépalas da flor de Victoria amazonica, sendo três delas sépalas petalóides.............................................................................................37 Figura 16 - Sépala de Victoria amazonica com nervações paralelas na face interna e coloração rósea..................................................................................38 Figura 17 - Corte Transversal do ovário do botão floral em pré-antese de Victoria amazônica. Gineceu sincárpico. CA-carpelo, AR-aerênquima, PA-parênquima, EP-epiderme, FV-feixe vascular...................................................39 Figura 18 - Botão floral em pré-antese de Victoria amazonica (Poepp.) Sowerby em secção longitudinal mediana. ET-estigma, PD-pedúnculo, OV-ovário ínfero, AC-apêndices carpelares, ES-estames, PE-perianto..............................................................................................................39 Figura 19 - Corte Longitudinal do botão em pré-antese de Victoria amazonica – Gineceu sincárpico. PD-pedúnculo, EG-estigma, ES-estames, CA-carpelo, PE-pétalas, SE-sépalas, AR-aerênquima, AC-apêndices carpelares, PA-paracarpelos......................................................................................................40 Figura 20 - A- Antera madura. B-Abertura longitudinal, com os grãos de pólen que serão liberados para a polinização.............................................................41 Figura 21 - Fruto de Victoria amazonica repleto de espinhos, com formato globoso e resquícios do perianto apodrecido no ápice......................................42 Figura 22 - A- Fruto recém fecundado submerso na água, ainda com perianto em decomposição. B-Fruto maduro, globoso, recoberto por espinhos.............................................................................................................42 Figura 23 - Fruto maduro em decomposição liberando as sementes na água para dispersão, ver setas, fruto carnoso que amadurece no pico das inundações, mês de junho.................................................................................43 Figura 24 - Óvulos e sementes de Victoria amazonica - placentação parietal. A-Óvulos da flor aderidos a parede do ovário. B-Sementes jovens. C-Carpelo

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com sementes adultas aderidas a parede do fruto. CA-carpelo, FU-funículo, HI-hilo.....................................................................................................................44 Figura 25 - Sementes de Victoria amazonica. A-Semente jovem. B-Semente adulta. C-Semente madura. AR-arilo, CO-cotilédone, EM-embrião, EN-endosperma, PE-perisperma, TE-tegumento externo ou testa...................................................................................................................44 Figura 26 – Detalhe do corte longitudinal da semente madura de Victoria amazonica, desenho ampliado e com uma parte retirada. EM-embrião, MA-meristema apical, RA-radícula, CT-cotilédone, AR-arilo, TE-testa, PE-perisperma amiláceo, EN-endorperma crasso..................................................45 Figura 27 - Semente globosa de Victoria amazonica em início de germinação com a protrusão da radícula e o cotilédone acicular.........................................46 Figura 28 - Desenvolvimento da Plântula de Victoria amazonica – Heterofilia. SE-semente, CO-cotilédone, EO-primeira folha, RP-raiz primária e RA-raízes adventícias.........................................................................................................48 Figura 29 - Planta jovem de Victoria amazonica. A-Planta com três folhas orbiculares, B-Detalhe das raízes adventícias e das brácteas, C e D-Face inferir da folha mostrando as nervuras..............................................................50 Figura 30 - A-Detalhe de planta jovem de V. amazonica evidenciando as raízes adventícias e as brácteas protetoras da gema foliar, conforme indicado pela seta. B-Corte transversal da bráctea transparente. ES-epiderme superior, EI-epiderme inferior, PA-parênquima, AR-aerênquima, FV-feixe vascular colateral, aumento 25 X (Rosa-Osman, 2005)..................................................................50 Figura 31 – A-Corte transversal do pecíolo da folha adulta na região apical. B–Corte transversal do pecíolo da folha adulta na região mediana - 3m de profundidade. C–Corte transversal do pecíolo da folha adulta na região basal - 5,60 m de profundidade. EP-epiderme, PA-parênquima, CO-colênquima, FV-feixe vascular.....................................................................................................53 Figura 32 - Diagrama do corte transversal do pecíolo da folha adulta provida de semente na região apical, evidenciando poliestelo. EP_epiderme, CO-colênquima, PA-parênquima, FV- feixe vascular colateral, AR-aerênquima, ES-espinho..............................................................................................................54 Figura 33 - A-Corte transversal do pecíolo da folha em decomposição na região apical de V. amazonica, lâmina semipermanente – corado com safrablau. B-Corte transversal do pecíolo da folha com limbo distendido e feixe vascular colateral. EP-epiderme, CO-colênquima, PA-parênquima, FV-feixe vascular colateral, FL-floema, XL-xilema. Aumento de 25X e 200X, respectivamente...............................................................................................55 Figura 34 - Corte Transversal do pecíolo da folha adulta em início de decomposição na região basal - 5,60 m de profundidade. Feixe vascular

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colateral – floema e xilema. LA-lacuna do protoxilema, Fl-floema, XL-xilema, PA-parênquima..................................................................................................55 Figura 35 - Folha jovem de Victoria amazonica (Estágio-1), revestida externamente de espinhos e formato de concha sanfonada, cordiforme..........................................................................................................57 Figura 36 - Corte transversal da folha de Victoria amazonica na região da extremidade do bordo. ES-epiderme superior, ME-mesofilo parenquimático, EI-epiderme inferior................................................................................................57 Figura 37 - A-Corte transversal da folha jovem – região do bordo e B-Corte transversal da nervura da folha jovem-1 – região mediana. ES-epiderme externa, EI-epiderme interna, PP-parênquima paliçadico, PL-parênquima lacunoso, FE-esclereíde em formação, FA- Aerênquima endógeno em formação............................................................................................................58 Figura 38 - A–Corte transversal da folha adulta de Victoria amazonica na região da extremidade do bordo, lâmina permanente, epiderme inferior e o feixe vascular no mesofilo parenquimático. B–Corte transversal da folha adulta na região do bordo – limbo, lâmina permanente, epiderme superior, parênquima paliçadico, feixe vascular, parênquima lacunoso e epiderme inferior com tricomas unicelulares. ES-epiderme superior, ME-mesofilo parenquimático, FV-feixe vascular, PP-parênquima paliçadico, PL-Parênquima lacunoso, AR-aerênquima, EI-epiderme interna, ST-estômato. Aumento de 25X.....................................................................................................................59 Figura 39 - A-Corte transversal da nervura da folha estágio-1 na região mediana. B-Corte transversal da nervura da folha estágio-1 na região do bordo – extremidade. Formação do aerênquima endógena. EI- epiderme interna, AR- aerênquima. Aumento de 25X..........................................................................60 Figura 40 - Diagrama do Corte transversal da nervura da folha jovem de Victoria amazonica na região central. ES-epiderme superior, EI-epiderme inferior, PA-parênquima, CO-colênquima, FV-feixe vascular colateral, AR-aerênquima, SC-esclereíde...............................................................................60 Figura 41 - A-Corte transversal da folha jovem estágio-1 na região do bordo – extremidade. B-Corte transversal da folha jovem estágio-1 na região central próximo a nervura, lâmina permanente. ES- epiderme superior, EI- epiderme inferior. Aumento de 25X..................................................................................61 Figura 42 - Folha de Victoria amazonica estágio-2 em fase de destendimento, com formato oval. Ambiente de Igapó – Lago da Felicidade – proximidades de Manaus..............................................................................................................62 Figura 43 - Corte transversal da folha estágio-2 na região do bordo, nervura. ES-epiderme superior, ST-estômato, PP-parênquima paliçadico, PL-parênquima lacunoso, AR-aerênquima, FV-feixe vascular, TR-tricomas tectores, EI-epiderme interna.............................................................................63

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Figura 44 - Corte transversal da folha estágio-2 região mediana. ES-epiderme superior, ST-estômato, PP-parênquima paliçadico, PL-parênquima lacunoso, SC-esclereíde, AR-aerênquima, EI-epiderme interna................................................................................................................64 Figura 45 - Corte transversal da folha estágio-2 na região central. ES-epiderme superior, PP-parênquima paliçadico, PL-parênquima lacunoso, AR-aerênquima, FV-feixe vascular, EI-epiderme interna..............................................................65 Figura 46 - Corte transversal da nervura da folha estágio-2 região central de V. amazonica. AR- aerênquima, EI- epiderme interna, FV- feixe vascular, SC- esclereíde. Aumento de 25X............................................................................66 Figura 47 - Folha adulta, orbicular peltada de Victoria amazonica - ambiente de Igapó – Lago da Felicidade – proximidades de Manaus...................................66 Figura 48 - Corte transversal da folha adulta de Victoria amazonica na extremidade do bordo. ES-epiderme superior, EI-epiderme inferior, ME-mesofilo..............................................................................................................67 Figura 49 - Detalhe da célula esclerenquimática – macroesclereide em corte transversal na lacuna do aerênquima. AR- aerênquima, ES- epiderme superior, PA- parênquima. Aumento de 400X, ver setas (Rosa-Osman, 2005)..................................................................................................................68 Figura 50 - Corte transversal da folha adulta de Victoria amazonica na região do bordo. ES-epiderme superior, EI-epiderme inferior, PP-parênquima paliçadico, PL-parênquima lacunoso, ES-esclereíde, FV-feixe vascular, LA-lacuna................................................................................................................69 Figura 51 - Corte transversal da folha adulta de Victoria amazonica na região mediana. ES-epiderme superior, PP-parênquima paliçadico, PL-parênquima lacunoso, AR-aerênquima, SC-esclereíde, EI-epiderme interna................................................................................................................70 Figura 52 - A- Corte transversal da nervura e limbo da folha adulta região central. B- Corte transversal da nervura da folha adulta região central – meio da nervura. SC-esclereíde, EI- epiderme interna, FV- feixe vascular, PL- parênquima lacunoso, TR-tricoma. Aumento de 25X.......................................71 Figura 53 - Corte transversal da folha adulta na região central próximo à nervura principal. ES-epiderme superior, EI-epiderme inferior, PP-parênquima paliçadico, PL-parênquima lacunoso, ES-esclereíde, TR-tricoma pluricelular, LA-lacuna...........................................................................................................71 Figura 54 - Corte transversal da folha adulta de Victoria amazonica na linha da região central, onde se observa uma depressão para a passagem de água. ES-epiderme superior, EI-epiderme inferior, ME-mesofilo parenquimático AR-

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aerênquima FV-feixe vascular colateral, SC-esclereíde, PP-parênquima paliçadico...........................................................................................................72 Figura 55 - A e B - Corte Paradérmico da folha adulta de Victoria amazonica na região do bordo, complexo estomático anomocítico. CG-célula-guarda, EP-espessamento parietal da célula-guarda, FE-fenda estomática, CA-célula anexa, CC-célula epidérmica comum................................................................74 Figura 56 - Corte transversal da raiz adventícia da planta adulta de Victoria amazonica com 7 pólos de xilema e floema alternados – Raiz poliarca. EX-exoderme, AR-aerênquima, CC-cilindro central, DF-diafragma...........................................................................................................75 Figura 57 - Corte transversal da raiz adventícia da planta adulta de Victoria amazonica no cilindro central, com sete pólos de xilema e floema alternados – Raiz poliarca. XL-xilema, FL-floema, EN-endoderme, PE-periciclo..............................................................................................................76

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Tabela 1. Valores médios dos dados de profundidade e comprimento do pecíolo de Victoria amazonica em ambientes de várzea e de igapó (n=10), com desvio padrão. Coleta no Lago Catalão: 05 de maio de 2005 (nível do rio 27,41); Coleta no Lago da Felicidade: 16 de abril de 2005 (nível do rio 26,49)............................................................................................................25 Tabela 2 - Medidas do pH e temperatura, na superfície, a 2m e 3m de profundidade, no Lago da Felicidade – Igapó....................................................26 Tabela 3 - Medidas do pH e da temperatura na superfície, 2m, 3m, 5m, e 7m de profundidade no Lago do Catalão – Várzea.................................................26 Tabela 4 - Valores médios da altura do bordo e área foliar feitas nos ambientes de várzea (n=20) e de igapó (n=30), com desvio padrão..................................27

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RESUMO

As áreas alagáveis da Bacia Amazônica são ecossistemas específicos, com alta biodiversidade e grande número de endemismos. As Várzeas (200.000 Km²) apresentam águas brancas, solos férteis e maior riqueza de herbáceas aquáticas; os Igapós (100.000 Km²) possuem águas pretas ou claras, ácidas, solos pobres, e menor riqueza de herbáceas aquáticas. Objetivou-se caracterizar o desenvolvimento foliar e a germinação da Nymphaeaceae Victoria amazonica, uma das poucas plantas herbáceas ocorrendo nesses dois ambientes. Material foi coletado nos Municípios de Parintins e Manaus, sua fixação feita em FAA-50%, e prepararam-se lâminas para análises anatômicas e ilustrações. Descreveram-se morfologicamente folhas em diferentes estágios de desenvolvimento, e a germinação até a formação da plântula, morfologia da flor, fruto e semente de Victoria amazonica. As ilustrações foram feitas por meio de fotografias digitais, fotomicrografias e desenhos ao microscópio esteroscópico com câmara clara. A germinação ocorre no escuro em condições hipóxicas; no desenvolvimento da plântula verifica-se somente um cotilédone acicular, mas na semente o curto embrião possui dois cotilédones; a primeira folha é deltóide-hastada; a semente permanece nos estágios iniciais da plântula, provendo-a com as reservas de amido do perisperma. A radícula é abortiva, desenvolvendo raízes adventícias que fixam a planta jovem ao substrato. No desenvolvimento da folha verifica-se a formação de esclereides nas lacunas do aerênquima; há um parênquima paliçádico de células alongadas com espaços intercelulares; a epiderme superior é estomatífera e a interna é revestida por tricomas tectores pluricelulares e espinhos. Na folha jovem o aerênquima restringe-se às nervuras. Na região apical do pecíolo, além de parênquima, ocorrem inúmeras camadas de colênquima tangencial que permite a oscilação do limbo da folha orbicular no meio aquático. As flores são isoladas e axilares, pedúnculo longo de três a oito metros, coloração branco-creme logo após a antese, depois da polinização adquire cor roxa; acíclica ou espiralada, assimétrica, monoclina, diclamídea, heteroclamídea. A flor é tetrafila, marron-escura com bordas esverdeadas, sendo três delas sépalas petalóides; a nervação das sépalas é paralela, dialissépalas, recobertas por espinhos para proteção. A corola é dialipétala. O gineceu é sincárpico, multilocular, multicarpelar, ovário ínfero, recoberto por espinhos para proteção contra os predadores aquáticos, com óvulos anátropos e parietais, estilete inexistente, estigma oval pontiagudo, resistente, localizado no centro da cavidade que está acima do ovário; há apêndices carpelares acima do ovário que servem de alimento para os besouros polinizadores. O androceu é polistêmone, gamostêmone, com anteras sésseis, elípticas, com deiscência longitudinal. O fruto é globoso, multicarpelar, simples, carnoso, indeiscente, proveniente de ovário ínfero, do tipo hesperídeo, variação de baga, pluricarpelar, plurilocular, plurispérmico. As sementes são globosas, com testa de cor castanha, possuem arilo mucilaginoso, que facilita a flutuação dessas pela água. O embrião ocupa posição apical, no pólo micropilar, é curto, possui dois cotilédones, sendo um mais desenvolvido que o outro. As sementes possuem tecidos de reserva, um endosperma amiláceo, em pequena quantidade que envolve o embrião, e um perisperma farináceo em grande quantidade ao centro da porção globosa da semente, com reserva amilácea.

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SUMARY

The flooadplain areas localized in the Amazon are specific ecosystems with a high biodiversity, and a huge number of endemisms. The várzeas (200.000 Km2) have white waters, fertile soils and more richness of aquatics herbaceous; Igapós (100.000 km2) have black or clears waters, acid, poor soils and less richness in aquatics herbaceous plants. We intended to characterize the leaf development and the germination of Nymphaeaceae Victoria amazonica, one of those herbaceous plants occurring in both várzea and igapó environment. The material was collected nearby the cities Parintins and Manaus. It was fixed using FAA – 50%, and laminas for anatomical analysis and illustration were prepared. Then we described the leaf morphology in different stages of development, and the germination until seedlings formation, and flower, fruit and seed morphology. The illustrations were made by using digital photographic camera; photomicrography’s and designs to stereoscopy microscope with clear camera. The germination occur in the darkness in hipoxy conditions; in the plant development we observed only one cotyledon acicular, but the seed the short embryo has two cotyledons; the first leaf is deltoid-hastate; the seed keeps in the initial stage of the plant, feeding it with starch from perisperm. The primary root is aborted and the seedling develops adventicious roots that fix the young plant in substratum. In the development of the leaf it is verified the formation of sclereids in the lacuna of aerenchyma; there are a palisade parenchyma of cells elongated with intercellular spaces; the upper epidermis has stomata and the inner epidermis is recovered by pluricelullare hairs and spines. In the young leave the aerenchyma is present in the veins. In the apical region of the petiole beside parenchyma, several walls of tangential colenchymas also occur, allowing the oscillation of the orbicular leaf blade in the aquatic habitat. The flowers are isolates and axillaries, stalk from three to eight meters, color white-cream after anthesis, and purple after pollination, acyclic or spiraled, asymmetric, monoclinous, dichlamydeous, heterochlamydeous. The flower has four sepals, dark-brown with green edge, with three petaloid sepals, the venation of the sepals is parallel, dialissepals, surrounded by spines for protection. The corolla is dialipetal. The gynoecium is sincarpic, multilocular, multicarpelar, inferior ovary, surrounded by spines for protection against the aquatics predators, with anatropous parietal ovules, inexistent stiletto, stigma oval sharp at the apex, resistant, located in the middle of the cavity above the ovary, there are carpellary appendixes above of the ovary serving to feed the pollinators (beethes). The androecium is longitudinal. The fruit is globular, multicarpelar, simply, carnosous, indehiscent, originated from an inferior ovary, type hesperideo, variance of berry, pluricarpelar, plurilocular, plurispermic. The seeds are globular, with a brownish testa and a mucilaginous aril. They float in the water. The embryo occupy an apical position, in the micropilar pole, it is short, has two tissues of reserves, an endosperm starchy in small quantity surrounding the embryo, and a perisperm starchy in big quantity in the middle of of the globular portion of the seeds.

XVI

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SUMÁRIO

Página FICHA CATALOGRÁFICA ......................................................................................... III AGRADECIMENTOS ................................................................................................... VI LISTA DE FIGURAS ................................................................................................. VIII LISTA DE TABELAS ................................................................................................ XIV RESUMO ......................................................................................................................XV SUMARY .................................................................................................................... XVI CAPÍTULO I .................................................................................................................. 20 INTRODUÇÃO.............................................................................................................. 20 CAPÍTULO II................................................................................................................. 25 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA....................................................................................... 25

1. As Várzeas Amazônicas ......................................................................................... 26 2. A Vegetação das Planícies de Inundação ............................................................... 26

2.3. Macrófitas Aquáticas....................................................................................... 27 4. Vegetação Herbácea de Áreas Alagáveis ............................................................... 29 5. Valor econômico e estético das plantas vasculares aquáticas ................................ 31 6. Victoria amazonica (Poepp.) Sowerby................................................................... 32

6.1. Sinonímias ....................................................................................................... 32 6.2. Basiônimo........................................................................................................ 32 6.3. Hierarquia taxonômica - Família Nymphaeaceae ........................................... 32

CAPÍTULO III ............................................................................................................... 35 MATERIAL E MÉTODOS............................................................................................ 35

1. OS AMBIENTES NATURAIS DE OCORRÊNCIA............................................. 36 2. COLETA DO MATERIAL E FIXAÇÃO.............................................................. 38 3. ANÁLISE MORFOLÓGICA................................................................................. 39 4. GERMINAÇÃO ..................................................................................................... 40 5. ANÁLISE ANATÔMICA...................................................................................... 41 6. DOCUMENTAÇÃO ANATÔMICA..................................................................... 42

CAPÍTULO IV .................................................................Erro! Indicador não definido. RESULTADOS E DISCUSSÃO .....................................Erro! Indicador não definido. PARTE I ...........................................................................Erro! Indicador não definido. Victoria amazonica (Poepp.) Sowerby EM SEUS AMBIENTES NATURAIS DE OCORRÊNCIA: ASPECTOS DA ECOLOGIA E BIOLOGIA DA ESPÉCIE .......Erro! Indicador não definido.

1. OS AMBIENTES DE COLETA E A ESPÉCIE......Erro! Indicador não definido. PARTE II..........................................................................Erro! Indicador não definido. MORFOLOGIA DA FLOR, FRUTO, SEMENTE, PLÂNTULA E GERMINAÇÃO DE Victoria amazonica (Poepp.) Sowerby.............................Erro! Indicador não definido.

1. MORFOLOGIA DA FLOR .....................................Erro! Indicador não definido. 1.1. GINECEU..........................................................Erro! Indicador não definido. 1.2. ANDROCEU.....................................................Erro! Indicador não definido.

2. MORFOLOGIA DO FRUTO...................................Erro! Indicador não definido. 3. MORFOLOGIA DA SEMENTE .............................Erro! Indicador não definido. 4. GERMINAÇÃO E MORFOLOGIA DA PLÂNTULA ...........Erro! Indicador não definido.

XVII

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PARTE III ........................................................................Erro! Indicador não definido. DESENVOLVIMENTO FOLIAR E SISTEMA RADICULAR DE Victoria amazonica (POEPP.) SOWERBY (NYMPHAEACEAE) NA AMAZÔNIA CENTRAL .........Erro! Indicador não definido.

1. DESENVOLVIMENTO DO PECÍOLO..................Erro! Indicador não definido. 2. FOLHA JOVEM – ESTÁGIO 1 ..............................Erro! Indicador não definido.

2.1. REGIÃO BORDO .............................................Erro! Indicador não definido. 2.2. LIMBO E NERVURA – REGIÃO DO BORDO E MEDIANA ...............Erro! Indicador não definido. 2.3. REGIÃO CENTRAL.........................................Erro! Indicador não definido.

3. FOLHA JOVEM INTERMEDIÁRIA - ESTÁGIO-2 ..............Erro! Indicador não definido.

3.1 REGIÃO DO BORDO .......................................Erro! Indicador não definido. 3.2. REGIÃO MEDIANA ........................................Erro! Indicador não definido. 3.3. REGIÃO CENTRAL.........................................Erro! Indicador não definido.

4. FOLHA ADULTA – ESTÁGIO-3 ...........................Erro! Indicador não definido. 4.1. REGIÃO DO BORDO ......................................Erro! Indicador não definido. 4.2. LIMBO DO BORDO.........................................Erro! Indicador não definido. 4.3. REGIÃO MEDIANA ........................................Erro! Indicador não definido. 4.4. REGIÃO CENTRAL.........................................Erro! Indicador não definido. 4.5. REGIÃO CENTRAL – LINHA ........................Erro! Indicador não definido. 4.6. COMPLEXO ESTOMÁTICO ..........................Erro! Indicador não definido.

5. SISTEMA RADICULAR – PLANTA ADULTA ...Erro! Indicador não definido. CAPÍTULO V ..................................................................Erro! Indicador não definido. CONCLUSÕES................................................................Erro! Indicador não definido. CAPÍTULO VI .................................................................Erro! Indicador não definido. REFERÊNCIAS ...............................................................Erro! Indicador não definido. AGRADECIMENTO AOS FINANCIADORES DO PROJETO...................................89

XVIII

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XIX

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CAPÍTULO I

INTRODUÇÃO

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A Amazônia está localizada ao norte do Continente Americano, e

aproximadamente 67% de sua área de floresta pertence ao Brasil, sendo o

restante distribuído entre a Venezuela, Suriname, Guianas, Bolívia, Colômbia,

Peru e Equador. É a região de maior biodiversidade do mundo, mas há poucos

estudos científicos com as espécies que a compõem e suas relações

filogenéticas. Muitas áreas da região nunca foram exploradas botanicamente e

novas espécies para a ciência ainda estão sendo descobertas (Ribeiro et al.,

1999).

As formações vegetais na Amazônia são determinadas pelo clima e pelos

fatores edáficos (Schubart, 1983). A variabilidade do solo, associada às

condições hidrológicas, determinam o aparecimento de coberturas vegetais

distintas que caracterizam as florestas de terra-firme, as florestas de várzea, as

florestas de igapó, as campinas e as campinaranas, os campos de várzea, os

campos de terra-firme, a vegetação de cerrado e os manguezais (Salati, 1983).

Levantamentos revelam que 70% das formações vegetais são florestas

de terra-firme e os 30% restantes são diferentes formações, das quais 6% são

áreas alagáveis, onde 4% constituem a várzea de águas barrentas e 2% igapó

de águas pretas e claras. Há aproximadamente 20% de coincidência entre a

flora lenhosa da várzea e do igapó. Além da flora lenhosa, encontram-se nesses

habitats as macrófitas aquáticas (Braga, 1979).

As áreas alagáveis dos grandes rios da Bacia Amazônica são

ecossistemas específicos com alta biodiversidade e um grande número de

plantas e animais endêmicos. Além disso, principalmente as várzeas do Rio

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Solimões-Amazonas e dos afluentes de água branca têm grande potencial

produtivo para a pesca, agricultura, pecuária e para a silvicultura (Junk, 1998).

Com o aumento da exploração desses recursos naturais pelo ser humano este

ecossistema está sendo impactado, colocando em risco as plantas e animais

que nele vivem.

As várzeas do Amazonas/Solimões e grandes rios associados cobrem

cerca de 200.000 Km² e as florestas de igapós correspondem a 100.000 Km²

(Junk, 1993). Além das áreas alagáveis dos grandes rios, várias outras áreas,

como baixios no interior das florestas e as regiões estuarinas são também

“wetlands”, de forma que esta categoria perfaz, na verdade, cerca de 20% da

Bacia Amazônica (Junk, 1993; Piedade et al., 2001).

As várzeas de águas brancas ou barrentas são férteis e altamente

produtivas e chamam a atenção por causa da fertilidade de seus solos e da

riqueza de macrófitas aquáticas. Já os igapós, de águas pretas e claras,

possuem solos pobres em nutrientes e águas ácidas, apresentando menor

riqueza de espécies de plantas herbáceas (Junk, 1983). Dentre as espécies de

plantas aquáticas, que ocorrem tanto nas várzeas quanto nos igapós, destaca-

se a Nymphaeaceae Victoria amazonica, planta selecionada para a realização

deste estudo.

Victoria amazonica (Poepp) Sowerby é uma herbácea aquática, fixa, com

folhas flutuantes, encontrada em águas calmas e com temperatura em torno de

26 a 30° C, sendo originária da região equatorial da Bacia do Rio Amazonas. O

nome Victoria foi atribuído por Lindley (1837) em homenagem a Rainha Victória

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da Inglaterra (Hoehne, 1948). De 1834 até 1850 a espécie era chamada de

Victoria regia, onde regia provinha de rainha, mas, atualmente, depois de mais

de um século da mudança do nome, a grafia antiga, ainda é utilizada, até

mesmo em publicações (Prance, 1974).

Popularmente, a planta é conhecida como “Vitória régia”, “Forno d'água”,

“Rainha dos lagos”, “Milho d'água”, entre outros. A espécie possui grandes

folhas orbiculares com bordos levantados em ângulo reto; flores grandes de até

33 cm de diâmetro; sementes elíptico-globulares; presença de muitos espinhos

em todos os órgãos da planta, dificultando, por este fato, o manuseio, o que

limitou estudos sobre sua biologia e ecologia (Hoehne, 1948).

A folha de Victoria amazonica é considerada medicinal, como depurativa

e cicatrizante. O suco serve para tingir o cabelo de preto e dar brilho, serve

também para o curtimento de peles e couros finos. A semente do tamanho de

um grão de ervilha é comestível, sendo rica em ferro e amido, estoura no calor e

é saborosa, como pipoca, sendo também alimento de juritis e roedores. O

rizoma e o pecíolo também são comestíveis (Pott & Pott, 2000).

Victoria amazonica pertence à família Nymphaeaceae Salisbury, possui

importância ecológica, medicinal e alimentícia, sendo considerada uma das

plantas mais interessantes do mundo, por sua beleza e peculiaridade das suas

flores. Essa planta, provavelmente, a mais conhecida da região no mundo, tem

grande valor ornamental, de grande repercussão no Brasil e no mundo, sendo

muito apreciada nas estufas da Europa e América do Norte. A espécie é

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cultivada em Nova Iorque, Londres, Breslau, entre outros, sendo bastante

divulgada nos jornais e revistas (Prance, 1974; Sculthorpe, 1985).

Na literatura há poucos registros de estudos sobre sua biologia e

ecologia. Em vista disso o presente estudo teve por objetivo caracterizar o

desenvolvimento foliar, morfologia da flor, fruto e semente, e a germinação da

espécie em seus ambientes naturais de ocorrência, e em condições controladas

no laboratório.

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CAPÍTULO II

REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

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1. As Várzeas Amazônicas

Nos últimos anos foram publicados muitos trabalhos, que tratam dos

diferentes aspectos da várzea Amazônica. Dentre eles destacam-se trabalhos

sobre a ecologia da várzea na planície de inundação Amazônica, sumarizados

em Junk & Piedade (1997), e sobre a biologia de peixes e a pesca, abordados

por vários autores. Bayley (1983, 1989) estudou populações de peixes na

Amazônia Central, incluindo biomassa e algumas características dinâmicas,

fontes de carbono e produção de peixes nos diferentes ambientes aquáticos;

Bayley & Petrere (1989) estudaram os métodos de taxação, status e opções de

manejo de peixes; entre outros). Existem também vários trabalhos sobre o

aproveitamento da várzea através da pecuária, agricultura (Gutjahr, 1996) e de

sistemas integrados (Junk et al., 2000).

2. A Vegetação das Planícies de Inundação

Nas planícies de inundação do Amazonas, quatro importantes

comunidades de plantas podem ser distinguidas: algas (fitoplâncton e perifiton),

plantas herbáceas aquáticas, plantas herbáceas terrestres, e a floresta

inundada. Esta distribuição da vegetação é influenciada por vários fatores como:

a duração das fases aquática e terrestre, a estabilidade física do habitat,

influenciada pelos processos de sedimentação e erosão, correntes e ação das

ondas, processos sucessionais e impacto humano (Junk & Piedade, 1997).

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2.3. Macrófitas Aquáticas

Uma das primeiras citações do termo macrófitas aquáticas foi proposta por

Weaner & Clements (1983), que as definiram de maneira muito ampla: plantas

herbáceas que crescem na água, em solos cobertos por água ou em solos

saturados com água. Para o Programa Internacional de Biologia (IBP) macrófitas

aquáticas é a denominação mais adequada para caracterizar vegetais que

habitam desde brejos até ambientes verdadeiramente aquáticos. Entre as

macrófitas aquáticas incluem-se os vegetais que variam desde macroalgas até

angiosperma (Esteves, 1988). De acordo com Piedade & Junk (2000) o termo

herbácea aquática é mais correto, particularmente para caracterizar as espécies

de plantas associadas aos ambientes aquáticos amazônicos, e nele se enquadra

à espécie estudada, Victoria amazonica.

Devido à heterogeneidade filogenética e taxonômica das macrófitas

aquáticas, estes vegetais são, preferencialmente, classificados quanto ao seu

biótopo em grupos ecológicos denominados genericamente (Esteves, 1988):

☻Macrófitas aquáticas emersas – plantas enraizadas no sedimento e com

folhas fora da água (Typha, Pontederia, Echinodorus, Eleocharis).

☻Macrófitas aquáticas com folhas flutuantes – plantas enraizadas no sedimento

e com folhas flutuando na superfície da água (Nymphaea, Victoria (Lindley) e

Nymphoides).

☻Macrófitas aquáticas submersas enraizadas – plantas enraizadas no

sedimento, que crescem totalmente submersas na água (Elodea, Myriophyllum,

Egeria, Hydrilla, Vallsneria, Mayaca e Potamogeton).

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☻Macrófitas aquáticas submersas livres – são plantas que têm rizóides pouco

desenvolvidos e que permanecem flutuando submergidas na água em locais de

pouca turbulência (Utricularia e Ceratophyllum).

☻Macrófitas aquáticas flutuantes – são aquelas que flutuam na superfície da

água (Eichhornia crassipes, Salvinia, Pistia,Lemna e Azolla).

Segundo Irgang et al. (1984) as plantas aquáticas são divididas em sete

grupos diferentes que são classificadas de acordo com o biótopo onde vivem

sendo elas:

☻ Plantas aquáticas anfíbias – são aquelas que vivem tanto em ambiente

terrestre como em ambiente aquático.

☻ Plantas aquáticas emergentes – são plantas fixas ao substrato pelas suas

raízes e que possuem suas folhas acima da superfície da água.

☻ Plantas aquáticas flutuantes fixas – são plantas fixas ao substrato e que

possuem folhas flutuantes.

☻ Plantas aquáticas livre flutuantes – são plantas livres e flutuantes sob a água.

☻ Plantas aquáticas submersas fixas – são plantas fixas ao substrato e

submersas na água.

☻ Plantas aquáticas submersas livres – não são enraizadas e submersas na

água.

☻ Plantas aquáticas epífitas – são plantas que vivem sobre outras plantas.

Há várias adaptações anatômicas e fisiológicas das macrófitas aquáticas

ao meio, dentre elas, se destacam a redução da cutícula, a inexistência de

estômatos ou quando presentes são inativos, redução no colênquima e

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esclerênquima (tecidos de sustentação), pois a sustentação é feita pelo próprio

meio (água) e pelo aerênquima (tecido esponjoso), que é muito desenvolvido.

Vale lembrar que mais de 70% do volume tecidual das macrófitas aquáticas é

ocupado por ar (Esteves, 1988; Sculthorpe, 1985).

A utilização de macrófitas aquáticas pelo homem pode ser de várias

maneiras: na alimentação, como fonte de alimento indireto, utilizando-se os

rizomas, frutos e sementes; como fonte de matéria-prima para remédios,

utensílios domésticos e, até construções de casas; como recreação e lazer (as

macrófitas aquáticas como elemento natural da paisagem das áreas inundáveis

atrai turistas e influencia a economia regional); como ração para o gado; como

fertilizante de solo; na indústria e na construção civil, na medicina e

manifestações culturais (Esteves, 1988; Sculthorpe, 1985).

4. Vegetação Herbácea de Áreas Alagáveis

A vegetação herbácea é extremamente importante como habitat para a

fauna aquática. As macrófitas aquáticas são, especialmente, importantes para

os peixes juvenis que encontram abrigo e alimento entre caules, raízes e folhas

dessa vegetação (Piedade & Junk, 2000). Estandes de macrófitas aquáticas são

também importantes habitats para peixe-boi, capivaras, tartarugas, pássaros

aquáticos como jaçanã e invertebrados aquáticos (Copepoda, Ostracoda,

Cladocera e Diptera). A vegetação herbácea tem importante função no ciclo de

nutrientes e teia alimentar, por causa de sua alta biomassa e produção primária

(Junk & Piedade, 1997).

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A ocorrência da vegetação herbácea é intensamente relacionada às

características nutricionais das planícies de inundação. As várzeas de rios de

água branca, ricas em eletrólitos, são caracterizadas pela alta diversidade e

densidade de plantas herbáceas (Piedade & Junk, 2000). Nos igapós, pobres

nutricionalmente, associados aos rios de águas pretas e claras, é escasso o

número de plantas herbáceas, com exceção nos corpos de água onde a ação

antropogênica tem elevado o status mineral. A ausência ou o pobre crescimento

de plantas herbáceas é uma conseqüência da baixa quantidade de nutrientes e

o baixo pH das águas e solos. Entre as poucas espécies crescendo nesse

sistema encontra-se Oryza glumaepatula (O. perennis) e Utricularia foliosa (Junk

& Piedade, 1997) e, também, se encontra a gigante Victoria amazonica, o que é

atribuído ao fato de possuir rizoma e com isso poder armazenar substâncias

necessárias á sua sobrevivência. A maioria das plantas herbáceas das planícies

de inundação é r-estrategista, de crescimento rápido, usualmente com mais do

que um modo de reprodução, dominando a propagação vegetativa (Piedade &

Junk, 2000).

A utilização de plantas herbáceas pelas populações humanas é

relativamente pequena. Na alimentação há registros do consumo do arroz de

pato (Oryza perennis). Outras são usadas para o consumo humano, como é o

caso das sementes da famosa Victoria amazonica; há também indicação do

consumo de rizomas da mesma espécie, por serem ricos em substâncias

nutritivas (Piedade & Junk, 2000).

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Em certas hidrófitas, notavelmente nas Nymphaeaceae, heterofilia é

confinada ao estágio de plântula, ou na fase inicial de crescimento do rizoma

perene, ou tubérculo. Em Victoria as plântulas mostram uma interessante

seqüência morfológica das folhas, iniciando como acicular, lanceolada, deltóide-

hastada e orbicular/peltada. Durante esta fase ontogênica, cada folha madura

ciclicamente recapitula os estágios morfológicos manifestados nas sucessivas

folhas das plântulas (Gwynne-Vaughan, 1987).

5. Valor econômico e estético das plantas vasculares aquáticas

As sementes e órgãos vegetais ricos em amido de muitas outras espécies

de plantas aquáticas foram constituintes vitais da dieta em tempos históricos e

são ainda ingeridos onde a comida é escassa ou a população nativa permanece

isolada. Os exemplos principais são nos trópicos da América, África, Índia e

Malásia. Além das sementes também se inclui, na alimentação rizomas, às

vezes pecíolos e pedúnculos de Nymphaea caerulea, N. capensis, N. lotus,

Enhalus acoroides, Victoria amazonica e V. cruziana (Sculthorpe, 1985).

A herbácea aquática Victoria amazonica possui sementes feculentas,

comestíveis e saborosas, sendo que o rizoma da planta também apresenta a

mesma propriedade alimentar, consumido em Mato Grosso, a guisa dos carás

(Hoehne, 1948). Os pecíolos e as folhas são adstringentes e recomendados

para o curtimento de couros e peles finas (Pio Corrêa, 1952).

Ao longo dos séculos 18 e 19 os estados ingleses, Woburn e Chatsworth

tornaram-se muito famosos por seus jardins aquáticos. Chatsworth é

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particularmente notório por cultivar a gigante Victoria amazonica que lá floresceu

pela primeira vez em cultivo (Fitch & Hooker, 1851).

Esta planta considerável foi primeiramente descoberta em 1801, pelo

botânico Haenke e um missionário Espanhol, Fr. La Cueva, nas adjascências do

Rio Mamoré, um pequeno tributário boliviano no alto do Rio Amazonas. Muitas

tentativas foram feitas para seu cultivo no jardim botânico de Kew, Inglaterra. No

início de agosto de 1849, Joseph Paxton obteve uma das plântulas de Kew, e

apenas três meses mais tarde, teve a planta em completo crescimento em

Clatsworth. Nos 12 meses seguintes a este evento sensacional a planta

produziu não menos que 150 folhas e 126 flores. A espécie florescendo foi

também cultivada com sucesso em 1850 em Kew e no assentamento de Duke

de Northumberland’s, em Syon, e destas plantas descendentes Fitch preparou

suas magníficas ilustrações da espécie (Sculthorpe, 1985).

6. Victoria amazonica (Poepp.) Sowerby

■ Victoria amazonica (Poepp.) J.E. Sowerby. Annals and Magazine of Natural

History, ser. 26:310. 1850.

6.1. Sinonímias ►Euryale amazonica Poepping. Reise in Chile, Peru 2: 432. 1836.

►Victoria regia Lindley. Monog. 3. 1837.

6.2. Basiônimo ●Euryale amazonica Poepping. Reise in Chile, Peru 2: 432. 1836.

6.3. Hierarquia taxonômica - Família Nymphaeaceae

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Segundo Cronquist (1981), a família está organizada na seguinte

hierarquia taxonômica: Reino Plantae, Divisão Magnoliophyta, Subdivisão

Magnoliophytina, Classe Magnoliopsida, Subclasse Magnoliidae, Superordem

Magnolianae, Ordem Nymphaeales, Família Nymphaeaceae Salisbury,

Subfamília Nymphaeoideae, Gênero: Victoria, Epípeto específico - Victoria

amazonica (Poepp.) J.E. Sowerby (CINB, 2003 - Art. 4.7 e 49).

Segundo APG II (2003), esta se enquadra na Ordem e Família de

ancestrais divergentes, Dicotiledôneas com pólen monossulcado. Ordem

Nymphaeales, Família Nymphaeaceae Salisb.

Mesmo despertando tanto interesse pela sua beleza ornamental,

registram-se poucos trabalhos sobre Victoria amazonica, e as poucas

publicações disponíveis, em geral, são muito antigas. Isso pode ser explicado

pelo difícil manuseio desta planta, devido a grande quantidade de espinhos para

defesa presentes em todos os seus órgãos, quer sejam eles vegetativos, ou

reprodutivos, como também pelo avantajado tamanho da planta, podendo uma

única folha apresentar diâmetro de até 2 metros (Pio Corrêa, 1952).

Henfrey e Forbes (1852) estudaram a anatomia do caule de Victoria regia,

sendo que este trabalho foi realizado com plantas cultivadas “In the Garden of

Royal Society”, Londres (Kew Gardens), e não com plantas no seu habitat

natural.

Um outro trabalho bem geral encontrado trata de alguns pontos na

morfologia e anatomia das Nymphaeaceae, Gwynne-Vaughan (1987) descreve

de maneira bem ampla a morfologia da folha, anatomia do rizoma maduro,

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anatomia das sementes, meristema apical, inserção das raízes adventícias e

ocorrência de poliestelo, sendo nesse estudo citada a Nymphaeaceae Victoria

regia. Este trabalho foi feito com plantas cultivadas no Royal Gardens e não em

seu habitat natural.

Valla & Cirino (1972) estudaram a biologia floral de Victoria cruziana,

realizado em Buenos Aires, Argentina, onde os autores destacam a variação de

temperatura, o efeito da luz sobre a abertura da flor e a possível causa para a

ausência de polinizador e para a autogamia que normalmente ocorre no habitat

estudado.

Um estudo relevante foi desenvolvido por Prance & Arias (1975), “Biologia

Floral de Victoria amazonica”, onde foi detectado o polinizador da espécie

(besouro do gênero Cyclocephala), bem como o aroma exalado pela flor para

atraí-lo, o momento da antese floral e a termogênese das flores, que podem

apresentar uma elevação na temperatura de até 9,5º C, devido às reações

químicas que produzem o aroma para atrair os insetos polinizadores.

Na literatura não foram encontrados estudos sobre a biologia e ecologia

de Victoria amazonica, e muito pouco se conhece sobre seu desenvolvimento,

desde a germinação até o desenvolvimento da plântula, como também anatomia

e morfologia de seus órgãos reprodutivos e vegetativos, especialmente de

espécimes em seus ambientes naturais de ocorrência.

34

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CAPÍTULO III

MATERIAL E MÉTODOS

35

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1. OS AMBIENTES NATURAIS DE OCORRÊNCIA

As coletas foram realizadas nas proximidades do Município de Manaus,

no Lago Catalão (ambiente de transição – águas mistas) e no Lago da

Felicidade (ambiente de igapó), próximo à confluência com o Rio Negro, sob as

coordenadas 03º 15`S 60º 00`W (Figura 1 e 3). Também foram feitas no

Município de Parintins no Lago do Aninga (ambiente de igapó) e no Lago da Vila

Amazônica (ambiente de várzea) (Figura 2).

Ilha da Marchantaria

●Lago Camaleão ●Lago Central

●Xiborema

● Lago Catalão

☻Flutuante

RIO SOLIMÕES

● Lago da Felicidade

1 Km

Figura 1: Mapa do ambiente de coleta nas proximidades de Manaus – Lago da Felicidade (Igapó), Lago Catalão (Várzea). Fonte: LANDSAT – INPE.

● Lago da Felicidade ● Lago Catalão

☻Flutuante

36●Lago Central

●Lago Camaleão

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Figura 2: Lago do Aninga - ambiente de igapó (águas pretas) no Município de Parintins-AM, local onde foram realizadas observações, coletas de material botânico e sementes maduras para a germinação em laboratório (Rosa-Osman, 2004).

B

10 cm 1 mFigura 3: A - Lago da Felicidade - Ambiente de Igapó, águas pretas. B – Lago Catalão – Ambiente de transição, águas mistas nas proximidades de Manaus (Rosa-Osman, 2005).

A

2 m

37

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2. COLETA DO MATERIAL E FIXAÇÃO

Foram coletadas fatias do limbo das folhas dos três estágios selecionados

(1-folha jovem, 2-intermediária e 3-folha adulta), incluindo região do bordo,

mediana e central; pecíolo na região basal, mediana e apical; bem como flores,

frutos, sementes e planta jovem de Victoria amazonica. O material botânico

coletado em campo foi acondicionado em bacias gerbox com um pouco de água

para evitar a desidratação e depois colocado em sacos plásticos umedecidos, e

levado ao laboratório para fixação em FAA-50% Johansen, 1940) e análises

morfológicas.

Foi herborizada uma fatia da folha orbicular peltada adulta e suas

estruturas reprodutoras, flor e fruto, sendo essas cortadas longitudinalmente, ao

meio, para facilitar a secagem e depositado no Herbário do INPA (Instituto

Nacional de Pesquisas da Amazônia – Manaus-Amazonas-Brasil) com o número

de registro 215811 (Figura 4).

38

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1 cm

Figura 4: Fatia da folha adulta e flor de V. amazonica em excicata depositada no Herbário do INPA sob o número de registro 215811, ver setas (Rosa-Osman, 2005).

3. ANÁLISE MORFOLÓGICA

Para analisar as diferenciações morfológicas da planta foram

selecionados dois sítios amostrais, Lago do Catalão (águas mistas) e Lago da

Felicidade (igapó). Foram feitas medidas do diâmetro das folhas adultas

orbiculares com fita métrica, altura do bordo, profundidade do lago, comprimento

do pecíolo, com um profundímetro e podão adaptado para a coleta subaquática

da planta, em três categorias de tamanhos diferentes (menor que 100 cm, entre

100 e 150 cm e maior que 150 cm de diâmetro) (Figura 5). Também foram feitas

medições da temperatura e do pH da água, na superfície, a 2m de profundidade,

a 3m, 5m e 7m de profundidade, com o phagâmetro (EYDAM, WTW-197), aparelho

usado para medir o pH da água e temperatura.

39

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30 cm 30 cm

Figura 5: Coletas e medições diamétricas feitas nas folhas de Victoria amazonica no Lago da Felicidade – Ambiente de igapó (Rosa-Osman, 2005).

Foram analisadas as plântulas de Victoria amazonica em diferentes

estágios de desenvolvimento: as folhas, desde a cotiledonar até a primeira folha,

o eófilo, tendo sido também descritas a planta jovem e adulta.

A flor foi dissecada com pinça e analisada em suas estruturas, corola, cálice,

gineceu e androceu, tanto a olho nu, quanto com o auxílio de lupa. O fruto e as sementes

também foram descritos morfologicamente, adotando a terminologia de Hoehne (1948),

Faegri & Pijl (1971), Corner (1976), Rizzini (1977), Roth (1978), Font Quer (1982),

Souza (2003), Appezzato-da-Glória & Carmello-Guerreiro (2003), Ferreira & Borghetti

(2004), Souza et al (2005).

4. GERMINAÇÃO

As sementes primeiramente foram submetidas a ensaios de germinação.

Esta foi obtida quando as sementes foram acondicionadas em potes fechados

com água sem oxigênio dissolvido e sem luz. Após esses ensaios preliminares,

40

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as sementes foram colocadas para germinar cobertas com água, em tanques

com sombrite (Figura 6). Após a germinação, caracterizada pela protrusão da

radícula (Souza, 2003), as plântulas, em diversas fases de desenvolvimento,

foram fixadas em FAA-50% (Johansen, 1940) para posteriores análises

morfológicas. A terminologia adotada para os estudos morfológicos foi baseada

em Lawrence (1951), Esaú (1974), Rizzini, (1977), Beltrati (1977), Font Quer

(1982), Fahn (1990), Bell & Bryan (1991), Barroso et al (1999), Souza et al

(2005).

Figura 6: Tanques com sombrite para germinação das sementes de Victoria amazonica, localizado no Campus do INPA próximo às instalações do Projeto INPA/Max-Planck (Rosa-Osman, 2004).

20 cm

5. ANÁLISE ANATÔMICA

A caracterização anatômica foi realizada em plantas fixadas em FAA-50%

(Johansen, 1940; Jensen, 1962) e material fresco para os testes microquímicos,

sendo esses realizados em cortes à mão-livre, empregando-se corantes ou

reagentes específicos. A celulose foi testada com iodo mais iodeto de potássio

41

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e ácido sulfúrico a 65% (Johansen, 1940); substâncias graxas, por sudam IV

(Jensen, 1962); amido, pelo lugol (Jensen, 1962); cristais de oxalato de cálcio,

pelo tratamento com ácido sulfúrico a 50% (Strasburger, 1911).

O estudo anatômico foi feito das secções executadas sob diversos planos

dos órgãos vegetativos, longitudinal, transversal e paradérmico. O corte

paradémico foi realizado somente no limbo da folha; o transversal no limbo,

pecíolo, espinho e semente; o longitudinal na semente, no pecíolo e no espinho.

Os cortes foram realizados à mão livre, com auxílio de lâmina de barbear, e

também obtidos em micrótomo rotatório. As lâminas semipermanentes foram

coradas com safrablau, sendo o material montado em lâmina e lamínula e

lutadas com esmalte incolor.

As lâminas permanentes foram confeccionadas com as peças fixadas, já

submetidas à desidratação em série etílica, incluídas em parafina (Johansen,

1940), e secionados em micrótomo rotatório. Os cortes assim obtidos foram

corados com astrablau e safranina.

6. DOCUMENTAÇÃO ANATÔMICA

O material utilizado para o estudo morfológico e anatômico foi

documentado mediante fotografias com máquina digital, fotomicrografias,

desenhos e diagramas feitos ao fotomicroscópio e microscópio estereoscópico

equipado com câmara clara (Leitz), todos realizados pela autora.

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CAPÍTULO IV

RESULTADOS E DISCUSSÃO

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PARTE I

Victoria amazonica (Poepp.) Sowerby EM SEUS AMBIENTES

NATURAIS DE OCORRÊNCIA: ASPECTOS DA ECOLOGIA E

BIOLOGIA DA ESPÉCIE

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1. OS AMBIENTES DE COLETA E A ESPÉCIE

A planta adulta é fixa no substrato com folhas flutuantes, podendo o

comprimento do pecíolo variar de 3 a 8 m, dependendo da profundidade do local

que, por sua vez, depende da fase do ciclo hidrológico considerada e da

profundidade do local do estabelecimento do estande. Isso depende da época

das inundações e do local de coleta e observação, várzea ou igapó (Tabela 1).

Tabela 1. Valores médios dos dados de profundidade e comprimento do pecíolo de Victoria amazonica em ambientes de várzea e de igapó (n=10), com desvio padrão. Coleta no Lago Catalão: 05 de maio de 2005 (nível do rio 27,41); Coleta no Lago da Felicidade: 16 de abril de 2005 (nível do rio 26,49).

MÉDIA LAGO CATALÃO – VÁRZEA

LAGO DA FELICIDADE – IGAPÓ

Profundidade (m) X=7,15 (± 0,09) X=3,07 (±0,20)

Comprimento do pecíolo (m) X=7,10 (±0,65) X=4,07 (± 1,29)

Segundo Prance & Arias (1975) a planta tem ocorrência somente em

ambientes de várzea, dada à suposta exigência nutricional da espécie. Contudo,

Victoria amazonica também é encontrada em locais de misturas de águas, com

predominância de águas pretas (igapó), possivelmente devido à presença do

rizoma com muitas reservas amiláceas que podem suprir a ausência de minerais

atribuída às águas pretas. A fixação da planta ao solo se deve à presença do

rizoma e de inúmeras raízes adventícias.

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O pH da água foi analisado, pois caracteriza o local (várzea ou igapó),

podendo, eventualmente, influenciar no comprimento do pecíolo e a área foliar

da planta. Sioli (1956) descreveu as várzeas como ambiente de águas barrentas

e férteis e o igapó de águas pretas e claras, solos pobres, com pH ácido. No

Lago da Felicidade, ambiente de igapó, predominância de água preta, o pH foi

ácido oscilando de 6,11 a 6,45, já no ambiente de várzea, Lago Catalão, o pH foi

básico oscilando de 7,07 a 7,43, dependendo da profundidade (Tabela 2 e 3). A

temperatura média foi de 28 ºC.

Tabela 2. Medidas do pH e temperatura, na superfície, a 2m e 3m de profundidade, no Lago da Felicidade – Igapó.

Medidas pH TºC Superfície 6,15 6,11 28,10 28,3

~2m 6,16 6,13 27,50 27,8

~3m 6,45 6,37 28,21 27,5

Tabela 3. Medidas do pH e da temperatura na superfície, 2m, 3m 5, e 7m de profundidade no Lago do Catalão – Várzea.

MEDIDAS pH TEMPERATURA (ºC)

Superfície 7,37 28,40

~ 2 m 7,43 28,10

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~ 3 m 7,40 28,10

5 m 7,36 28,10

7 m 7,07 27,80

A folha adulta de Victoria amazonica é simples, incompleta, pois possui

somente pecíolo e limbo, orbicular peltada, plana, (Pio Corrêa, 1952),

assemelhando-se a um disco, com diâmetro variável de 0,86 até 2,05 m.

Considerando as três categorias de tamanho de folhas definidas a área foliar

variou de 0,28 m2 até 3,95 m2 , no Lago da Felicidade-igapó e, no ambiente de

várzea do Lago Catalão, a área foliar oscilou de de 0,31 a 2,37 m2 (Tabela 4).

Tabela 4. Valores médios da altura do bordo e área foliar nos ambientes de várzea (n=20) e de igapó (n=30), com desvio padrão.

MÉDIAS Altura do bordo (cm) Área foliar (m2)

Lago da Felicidade (Igapó)

X=7,08 (± 2,77) X=2,24 (± 1,22)

Lago Catalão ( Várzea)

X=4,75 (± 1,25) X=1,24 (± 0,63)

Segundo Pott & Pott (2000) as folhas possuem um pecíolo no centro da

lâmina foliar, com comprimento de 3 a 7 m, e acúleos na face inferior. Contudo,

de acordo com análises anatômicas realizadas no presente estudo, verifica-se

que não é acúleo que reveste a superfície inferior das folhas, pecíolo, flores e

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frutos, mas sim espinhos, já que essas estruturas possuem um feixe vascular

colateral em sua porção central (Figura 7). O espinho é uma adaptação para

defesa da planta contra seus predadores aquáticos, possivelmente para

compensar sua elevada maleabilidade.

ES

PA

FV

EP

Figura 7: A- Detalho do espinho da face inferior da folha adulta de Victoria amazonica. B- Corte Transversal do espinho da folha adulta de Victoria amazonica. EP- epiderme, PA- parênquima, FV- feixe vascular, ES- espinho. Aumento de 25X (Rosa-Osman, 2005).

As plantas medidas no Igapó apresentaram maior área foliar e também

maior altura de bordo (Tabela 4), o que pode indicar que as características

nutricionais não influenciam no desenvolvimento de Victoria amazonica, já que

esta possui rizoma com reservas nutritivas para a manutenção da planta tanto

na várzea quanto no igapó. No entanto, a profundidade do Lago e a idade de

seu estabelecimento possivelmente também influenciam o crescimento da

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planta, pois em menores profundidades o pecíolo cresce menos e a folha se

desenvolve com maior vigor, se estabelecendo mais cedo, independente do

local, várzea ou igapó. Esta é a situação verificada no Lago da Felicidade-igapó,

local mais protegido e com menores oscilações da água.

As folhas possuem bordos que variam de 1 cm até 12 cm, que evitam a

entrada de água, a coloração da face superior é verde-escura e na face inferior,

revestida por espinhos, é roxa devido as nervuras, que formam verdadeiras

redes para sustentar a folha na superfície. As nervuras podem ser classificadas

como de primeira, segunda, terceira e quarta ordem de acordo com sua

espessura. A nervação da folha é radiada (Figura 8).

Figura 8: Face inferior da folha adulta de Victoria amazonica, evidenciando as nervuras de primeira, segunda, terceira e quarta ordem, de acordo com sua espessura, ver setas (Rosa-Osman, 2005).

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Figura 9: Detalhe do hidatódio da face superior da folha de Victoria amazonica com cavidade rodeada de células com antocianina no vacúolo. Aumento de 400X, ver setas (Rosa-Osman, 2005).

As folhas apresentam uma linha central com pequena depressão,

facilitando o escoamento da água da chuva pela fenda existente no bordo

(Figura 10). Além dessa linha para o escoamento da água que evita sua

acumulação em cima da folha, há em toda superfície pequenos orifícios

distribuídos aleatoriamente para escoar a água de cima para baixo, cavidade

esta circundado por células com antocianina no seu interior (Figura 9).

Essas estruturas, já descritas por Metcalfe & Chalk (1965) para a família

Nymphaeaceae, são hidatódios, e possuem na folha de V. amazonica maior

diâmetro na face superior e menor na face inferior, para evitar que a água passe

de baixo para cima. Detalhes anatômicos que confirmam essas características

ecológicas serão apresentados no capítulo IV, parte-III, item 4.5.

No ponto de vista ecológico a folha orbicular adulta de Victoria amazonica

mostra um conjunto de adaptações único à flutuação no ambiente aquático, que

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propiciaram à planta o sucesso na colonização com um limbo foliar de

proporções únicas. A linha central de escoamento permite a remoção de

grandes quantidades de água da superfície superior para a inferior. As grandes

e altas nervuras, juntamente com tricomas impermeabilizadores da superfície

inferior da folha impedem o contato direto desta superfície com o meio aquático

utilizado para a flutuação, facilitando o escoamento da água residual, evitando,

assim o apodrecimento precoce do limbo.

Figura 10: Folhas flutuantes de Victoria amazonica com a interrupção do bordo na região da linha central onde há uma depressão que permite a vazão da água. O Jaçanã com seus dedos extremamente longos é capaz de andar sobre as folhas e também utiliza-se delas para fazer seu ninho e deixar seus ovos, ver setas (Rosa-Osman, 2005).

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As grandes folhas de Victoria amazonica são utilizadas por muitas

espécies animais. Um dos mais peculiares, e certamente o mais barrulhento, é o

jaçanã (Goulding, 1997). O jaçanã possui dedos extremamente longos, o que

permite distribuir o peso do seu corpo de maneira a poder correr na superfície da

água e andar sobre as folhas planta, bem como, eventualmente, fazer em seus

ninhos em cima delas (Figura 10).

Pio Corrêa (1952) cita a folha como sendo bastante espessa, com grande

resistência na água graças as suas nervuras, que estão cheias de ar e de gases.

O autor salienta também que sobre as folhas adultas muitas aves grandes vão

caçar insetos, já que estas podem suportar pesos consideráveis, de até 45

quilos. Apesar de todas as adaptações, as folhas de V. amazonica são muito

sensíveis e certamente não suportam 45 quilos em sua superfície. Na natureza,

as aves que conseguem caminhar sobre elas são providas de dedos e unhas

longos para melhor distribuir seu peso que, como no caso do jaçanã, não

ultrapassa um quilo. Dada à beleza e peculiaridade da planta, esta tem sido

motivo de lendas, entre outras, a de suportar um bebê, um homem adulto ou até

mesmo um carro em sua superfície. Isto está longe da realidade e,

frequentemente, a documentação fotográfica distribuída, especialmente pela

internet, é produto de montagem.

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PARTE II

MORFOLOGIA DA FLOR, FRUTO, SEMENTE, PLÂNTULA E

GERMINAÇÃO DE Victoria amazonica (Poepp.) Sowerby

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1. MORFOLOGIA DA FLOR

As flores são solitárias e axilares, uniflora, possuem um pedúnculo longo

que oscila de acordo com a profundidade do local e a fase do ciclo hidrológico,

podendo medir de três a oito metros de comprimento. Segundo Pio Corrêa

(1952) as flores são aromáticas, com 100 pétalas, as exteriores branco-puro,

oblongas, côncava e obtusa, as interiores, mais estreitas, acuminadíssimas;

cálice tetrafilo, com ovário adnato ao tubo do cálice.

É a maior flor das Américas e a segunda maior do mundo (Pott & Pott,

2000). A flor possui coloração branco-creme logo após a antese (Figura 11-A),

quando exala um odor agradável que atraí os insetos polinizadores no fim da

tarde, besouros do gênero Cyclocephala (Prance & Arias, 1975), (Figura 11-B).

Figura 11: Flor de V. amazonica em início de polinização e após a polinização, com diferenças na coloração devido à produção de antocianina. A - Flor branca-creme com besouros polinizadores em seu interior, B - Flor de coloração roxa não possui mais insetos polinizadores em seu interior (Rosa-Osman, 2005).

B A

5 cm 2 cm

Após a entrada dos polinizadores, que é em média 23 ± 1,22 besouros

por flor, N=5, ocorrem reações químicas no interior da flor, ocasionando um

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aumento de temperatura de até 11º C acima da temperatura ambiente. Dessas

reações resulta uma elevada produção de antocianina que proporciona a

mudança de cor do perianto para roxo (Prance & Arias, 1975) (Figura 11-B). A

grande quantidade de besouros dentro da flor leva à predação dos óvulos, o que

foi verificado em detalhe em cinco flores e confirmado pela baixa quantidade de

sementes presentes em frutos desenvolvidos, no Lago da Felicidade, em relação

ao potencial número de até 100 sementes produzidas por fruto (Figura 12).

1 cm

1 cm

or de Victoria amazonica com de besouros polinizadores (Cyclochepha Besouro polinizador da flor em maio e no

A B

Figura 12: A- Corte longitudinal central dala), B-

fl a presençar detalh

ovário da flor (Rosa-Osman, 2005).

Depois da fecundação, que ocorre em 24 horas, após a antese, os

besouros são liberados da flor, permanecendo com o cálice e a corola

parcialmente deteriorados e submerge na água para o desenvolvimento do fruto,

emergindo para a superfície somente quando maduro, para liberar as sementes,

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dispersas pela água (hidrocória).

A flor é acíclica ou espiralada, assimétrica, monoclina, diclamídea,

hetero

flor é tetrafila com quatro sépalas coriáceas, marron-escuras com

bordas

clamídea (Figura 13). A corola é dialipétala, com inúmeras pétalas

distribuídas helicoidalmente, apresentando um odor agradável, o qual é utilizado

como essência de perfumes no Mato Grosso (Pott & Pott, 2000).

Figura 13: Flor de Victoria amazonica com pétalas distribuídas espiraladamente, dialipétala, acíclica (Rosa-Osman, 2005).

A

esverdeadas, sendo três delas sépalas petalóides; a nervação das

sépalas é paralela, dialissépalas, e recobertas por espinhos para proteção

(Figuras 14, 15 e 16).

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Figura 14: Flor de Victoria amazonica com quatro sépalas recobertas externamente por espinhoe as três sépalas petalóides, coriáceas (Rosa-Osman, 2005).

s

a-Osman, 2005).

Figura 15: As quatro sépalas da flor de Victoria amazonica, três delas sépalas petalóides (Ro

1 cm

2 cm s

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Figura 16: Sépala de Victoria amazonica com nervações paralelas na face interna

1 cm

e coloraçã rósea (Rosa-Osman, 2005).

1.1. GINECEU

O gineceu é sincárpico, multilocular, multicarpelar, ovário ínfero, recoberto

o

por espinhos para proteção contra os predadores aquáticos, com óvulos

anátropos e parietais; os muitos óvulos nascem por toda superfície adaxial de

cada carpelo e recebem seu suplemento vascular da menor veia lateral

(Sculthorpe, 1985). O número de carpelos é variável de 33 a 46 carpelos por flor

(Figura 17). Estilete inexistente, estigma oval pontiagudo, resistente, localizado

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no centro da cavidade que está acima do ovário (Figura 18).

CA

AE

PA

EP

FV

1 cm Figura 17: Corte Transversal do ovário do botão floral em pré-antese de Victoria amazonica. Gineceu sincárpico. CA-carpelo, AE-aerênquima, PA-parênquima, EP-epiderme, FV-feixe vascular (Rosa-Osman, 2005).

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PE

ES

AC

OV

PD

ET

1 cm

Figura 18: Botão floral em pré-antese de Victoria amazonica (Poepp.) Sowerby em secção longitudinal mediana. ET-estigma, PD-pedúnculo, OV-ovário ínfero, AC-apêndices carpelares, ES-estames, PE-perianto (Rosa-Osman, 2005).

Há também apêndices carpelares ricos em amido acima do ovário, que

servem de alimento para os besouros polinizadores (Prance & Arias, 1975),

visíveis e intactos somente no botão floral em pré-antese, pois na flor estes

apêndices já foram todos consumidos pelos besouros (Figuras 18 e 19).

1.2. ANDROCEU

A flor é polistêmone, com muitos estames centrais distribuídos em círculo

e ligados ao receptáculo, gamostêmone, os estames são soldados entre si na

base (Figura 20-A). Segundo Sculthorpe (1985) estames polímeros e centrais

são os mais primitivos da família Nymphaeaceae.

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Os estames de Victoria amazonica possuem anteras sésseis, pois não

têm nem filete nem conectivo. As anteras são elípticas com deiscência rimosa

ou longitudinal (Figura 20-B).

PD

CA

SE

PE

EG

ES

AC

AR

PA

Figura 19: Corte Longitudinal do botão em pré-antese de Victoria amazonica – Gineceu sincárpico. PD-pedúnculo, EG-estigma, ES-estames, CA-carpelo, PE-pétalas, SE-sépalas, AR-aerênquima, AC-apêndices carpelares, PA-paracarpelos (Rosa-Osman, 2005).

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A B

1 cm

1 cm

Figura 20: A- Antera madura. B- Abertura longitudinal, com os grãos de pólen que serão liberados para a polinização (Rosa-Osman, 2005).

2. MORFOLOGIA DO FRUTO

O fruto de Victoria amazonica é globoso, esverdeado e totalmente coberto

por espinhos que proporcionam proteção contra os predadores. Possui no ápice

uma depressão oval com restos de perianto apodrecido que exala odor

desagradável, fétido. É um fruto multicarpelar com muitas sementes aderidas

pelo funículo à parede do fruto (Figura 21).

O fruto é simples, carnoso, indeiscente, proveniente de ovário ínfero, do

tipo hesperídeo, variação de baga, pluricarpelar, plurilocular, plurispérmico, com

septos emitidos pelo endocarpo até a região central do fruto, formando

cavidades “gomos”. Arber (1920) e Pio Corrêa (1952) citam o fruto como baga,

deprimida, globosa, ciatiforme, carnosa, com até 14 cm de diâmetro, semelhante

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à cápsula com acúmulo de mucilagem interna que facilita na absorção de água.

1 cm

Figura 21: Fruto de Victoria amazonica repleto de espinhos, com formato globoso e resquícios do perianto apodrecido no ápice (Rosa-Osman, 2005)

Após a fecundação o fruto jovem submerge na água para iniciar seu

desenvolvimento. Os frutos jovens permanecem com o perianto deteriorado e no

fruto maduro encontram-se resquícios apodrecidos desse material no ápice

(Figura 22 - A e B).

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B B

1 cm 1 cm

Figura 22: A- Fruto recém fecundado submerso na água, ainda com perianto em decomposição;. B- Fruto maduro, globoso, recoberto por espinhos (Rosa-Osman, 2004).

Quando maduro o fruto emerge e apodrece, podendo romper-se

irregularmente na maturação (Barroso et al., 1999), liberando as sementes

ensacadas para serem disseminadas pela água (Figura 23). Segundo

Sculthorpe (1985) o desenvolvimento do fruto é submerso devido à curvatura do

pedúnculo. As sementes possuem arilo, são globosas, sendo grandes, do

tamanho de um grão de ervilha (Figura 24).

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1 cm

Figura 23: Fruto maduro em decomposição liberando as sementes na água para dispersão, ver setas, fruto carnoso que amadurece no pico das inundações, mês de junho (Rosa-Osman, 2005).

3. MORFOLOGIA DA SEMENTE

As sementes se originam de óvulos anátropos e permanecem encerradas

no pericarpo do fruto, isto é, muitos óvulos inseridos nas paredes dos lóculos,

caracterizando uma placentação parietal (Figura 24). Também é verificada a

presença de mucilagem no interior dos carpelos, onde ficam inseridas as

sementes.

As sementes são globosas, duras, com testa de cor castanha, possuem

arilo mucilaginoso, originado do funículo do óvulo que se distende em todas as

direções ensacando totalmente as sementes, servindo como câmera de ar para

facilitar a flutuação dessas ao serem disseminadas pela água (Figura 25).

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A B C

1 mm

FU HI

CA Figura 24: Óvulos e sementes de Victoria amazonica - placentação parietal. A- Óvulos da flor aderidos a parede do ovário. B- Sementes jovens. C- Carpelo com sementes adultas aderidas a parede do fruto. CA-carpelo, FU-funículo, HI-hilo (Rosa-Osman, 2005).

A B

C AR AR

EM

PE TE

PETE PE

1 mm

CO

AR

Figura 25: Sementes de Victoria amazonica. A- Semente jovem. B- Semente adulta. C-Semente madura. AR-arilo, CO-cotilédone, EM-embrião, EN-endosperma, PE-perisperma, TE-tegumento externo ou testa (Rosa-Osman, 2005).

O embrião ocupa posição apical nas sementes, é curto, com um

cotilédone mais desenvolvido que o outro (Barroso et al., 1999). Apresenta no

ápice uma saliência arredondada (meristema apical) que dará origem a parte

caulinar, e na base uma proeminência da radícula. As sementes são

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albuminosas, possuem tecidos de reserva, um endosperma crasso, que envolve

o embrião curto e um perisperma farináceo em grande quantidade, ao centro da

porção globosa da semente (Figuras 25 e 26).

PE

MA

RA CT CT

AR

TE

EN

1 mm

EM

Figura 26: Detalhe do corte longitudinal da semente madura de Victoria amazonica, desenho ampliado e com uma parte retirada. EM-embrião, MA-meristema apical, RA-radícula, CT-cotilédone, AR-arilo, TE-testa, PE-perisperma amiláceo, EN-endorperma crasso (Rosa-Osman, 2005)

As sementes de Victoria amazonica são recalcitrantes, isto é, não toleram

dessecamento após sua dispersão, por isso essas são providas de um fruto

carnoso, com grande umidade, e são dispersas no pico da inundação que ocorre

no mês de junho. De junho até novembro essas não germinam.

As sementes possuem dormência imposta pelo arilo de origem funicular

que as envolve e facilita na flutuação. Esse arilo possui substâncias inibidoras

da germinação, pois não seria adaptativo para a planta a germinação da

semente imediatamente após sua dispersão. Se isso ocorresse à planta não se

estabeleceria, pois, nesse período do ciclo hidrológico, as condições ambientais

são desfavoráveis. Essas sementes acompanham a descida das águas e se

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alojam em locais úmidos e barrentos até a próxima época chuvosa que se inicia

em novembro. A partir daí essas germinam em condições de hipoxia e no

escuro, pois permanecem sempre debaixo da água. Uma outra estrutura que

inibe a germinação das sementes é o tegumento, resistente, que proporciona

uma dormência física (Figura 27).

1 cm 1 cm

Figura 2 : Semente globosa de Victoria amazonica em início de ação com a protrusão da radícula e o cot e acicular (Rosa-Osman, 2005).

Sementes recalcitrantes exigem cuidado redobrado no armazenamento,

pois n

ém são dormentes,

pois p

7

germinilédon

ão podem ser desidratadas. Após a coleta essas devem ser mantidas em

potes com água; se ficarem no escuro e sem oxigênio germinam, porém, a

germinação não ocorrerá se estas forem deixadas expostas à luz. Segundo

Hoehne (1948) com experimento feito no Jardim Botânico do Rio de Janeiro, a

semente germina em substrato rico em matéria orgânica decomposta, de modo

tal que apenas um centímetro de água cubra as sementes; contudo, neste

estudo, na área natural de ocorrência da planta, a germinação se deu de outra

forma conforme será explicitado no tópico 4 deste capítulo.

Além de serem recalcitrantes essas sementes tamb

ossuem arilo como substâncias inibidoras e tegumento resistente (Ferreira

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& Borghetti, 2004). Para Ferraz & Sampaio (1996) é possível uma semente ser

recalcitrante e dormente ao mesmo tempo, o que dependerá das condições

ideais necessárias para seu estabelecimento.

4. GERMINAÇÃO E MORFOLOGIA DA PLÂNTULA

controladas no

mazonica em

do tamanho de um grão de ervilha, surge à

A germinação de Victoria amazonica em condições

laboratório foi realizada, sendo as jovens plântulas transferidas após a

germinação para tanques com sombrite, onde foram recobertas por água. A

germinação ocorreu em condições hipóxica e no escuro. Essa condição foi

assegurada por meio de medidas do oxigênio dissolvido na água com um

oxímetro (OXI - 330), mostrando concentrações máximas de apenas 0,37 mg/l,

que equivale a 4,7% de oxigênio dissolvido e uma temperatura de 29º C.

Comparando com a água natural a quantidade de oxigênio dissolvido é de 65%,

isso confirma as condições hipóxicas nas quais a planta germina.

Tais considerações correspondem à germinação de V. a

ambiente natural, onde as sementes, depois de serem disseminadas pela água

e terem o arilo que as mantém flutuando desintegrado, afundam, e se as

condições de água forem favoráveis, germinam. Se no momento o local estiver

seco elas permanecem em dormência até a cheia dos rios para germinarem e

formarem a planta que é fixa ao substrato, com folhas flutuantes. Antes de

atingir seu máximo crescimento, no pico da fase aquática, esta planta passa por

várias fases de desenvolvimento.

Da semente globosa

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p a ictoria amazonica, considerada neste trabalho como a primeira fase

vegetativa da planta após a germinação da semente, até o momento em que

ocorre o surgimento da primeira folha ou eófilo (Souza, 2003). A plântula da

espécie possui inicialmente uma radícula pequena que rapidamente se atrofia,

dando lugar ao desenvolvimento das raízes adventícias (Figura 28). O

cotilédone é de forma aciculada, aclorofilado, se curva e seca quando ocorre o

surgimento por completo da primeira folha (eófilo). Apesar de o embrião

apresentar dois cotilédones, somente um se desenvolve e emerge na plântula. A

germinação é considerada hipógea, pois não tem hipocótilo, com um cotilédone

sem reserva, unipolar. Segundo Gwynne-Vaughan (1897) somente o gênero

Nelumbium da Família Nymphaeaceae não apresenta a primeira folha acicular,

de maneira errônea a autora considera o cotilédone como primeira folha.

lântul de V

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EOCO

RP

RA

EO

SE

1mm

Figura 28: Desenvolvimento da plântula de Victoria amazonica – Heterofilia. SE-semente, CO-cotilédone, EO-primeira folha, RP-raiz primária e RA-raízes adventícias (Rosa-Osman, 2005).

O eófilo tem forma hastada, com base sagitada e ápice acuminado

(Figura 28). Quando ocorre a total formação do eófilo verifica-se a presença de

raízes adventícias que iniciaram seu desenvolvimento. Este quadro se prolonga

por toda a vida da planta, pois através dessas raízes a planta se fixa ao

substrato (Figuras 28 e 29).

Após o estágio de plântula ocorre a formação de diversas outras formas

de folhas até chegar à fase adulta com folhas orbiculares. Victoria amazonica

apresenta heterofilia no seu desenvolvimento, com a seguinte seqüência

morfológica das folhas: folha acicular, lanceolada-hastada, deltóide-hastada,

peltada e orbicular (Gwynne-Vaughan, 1897; Hoehne, 1948; Sculthorpe, 1985).

A figura 29 mostra uma planta jovem de Victoria amazonica com três

folhas de formato orbicular, mas que ainda não é a folha definitiva da planta

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adulta, pois não tem bordo, possui pequenos espinhos na face inferior da folha e

pecíolo fino e maleável, enquanto que na planta adulta esses espinhos são

muito resistentes, o pecíolo é rígido e a quantidade de nervuras na face inferior

da folha é grande, formando verdadeiras redes (Figura 29 - A a D).

Também é possível observar nessa planta jovem uma grande quantidade

de raízes adventícias, que proporcionam a fixação da planta ao substrato,

tornando-a fixa. Além das raízes documentadas na figura é possível verificar a

formação das brácteas protetoras das novas folhas. Anatomicamente a bráctea

possui epiderme superior e inferior glabra, mesofilo com parênquima

homogêneo, aerênquima bem desenvolvido, feixe vascular colateral, com bainha

parenquimática (Figura 30-B).

Estas folhas em desenvolvimento protegidas pelas brácteas, são os

primórdios das folhas orbiculares peltadas da planta adulta de Victoria

amazonica. Nessas plantas jovens ilustradas ainda não esta formado o rizoma,

pois esse só se desenvolve nas plantas adultas, proporcionando a estas, além

da sexuada, uma segunda alternativa de reprodução, na qual a planta utiliza

brotamento, após as cheias das águas (Figura 30-A).

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A C

B D

Figura 29: Planta jovem de Victoria amazonica. A- Planta com três folhas orbiculares, B- Detalhe das raízes adventícias e das brácteas, C e D- Face inferir da folha mostrando as nervuras (Rosa-Osman, 2005).

ES

EI

FV

PA AR

A B

1 cm

Figura 30: A-Detalhe de planta jovem de V. amazonica evidenciando as raízes adventícias e as brácteas protetoras da gema foliar, conforme indicado pela seta. B-Corte transversal da bráctea transparente. ES-epiderme superior, EI-epiderme inferior, PA-parênquima, AR-aerênquima, FV-feixe vascular colateral, aumento 25 X (Rosa-Osman, 2005).

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PARTE III

DESENVOLVIMENTO FOLIAR E SISTEMA RADICULAR DE

Victoria amazonica (POEPP.) SOWERBY (NYMPHAEACEAE) NA

AMAZÔNIA CENTRAL

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1. DESENVOLVIMENTO DO PECÍOLO

Das estruturas analisadas no desenvolvimento foliar de Victoria

amazonica o pecíolo não apresentou modificações anatômicas nos três estágios

foliares analisados, desde a folha jovem (estágio-1) até a folha adulta. A

epiderme possui espinhos em toda sua circunferência, é uniestratificada, com

células pequenas, isodiamétricas. O que difere nos três estágios analisados

(folha jovem-1, intermediária e adulta) é o diâmetro do pecíolo, que foi de 7, 8 e

9 cm, respectivamente. Cortes transversais foram feitos na região do ápice,

meio e base do pecíolo, sendo possível verificar diferenças anatômicas em cada

uma dessas regiões.

No ápice do pecíolo o córtex possui várias camadas de colênquima

tangencial e, mais abaixo, o parênquima medular com feixes vasculares

colaterais distribuídos em toda a circunferência de maneira desorganizada

(Figuras 31-A, 32 e 33-A). Essa característica do ápice do pecíolo é explicada

pelo fato do colênquima, que é um tecido de sustentação maleável, permitir

maiores oscilações desse na superfície, onde a água realiza movimentações

mais intensas.

Na região mediana do pecíolo, a 3 m de profundidade, verifica-se uma

epiderme uniestratificada, e, abaixo desta, doze camadas de parênquima cortical

com células de paredes finas e arredondadas; logo abaixo ocorrem seis

camadas de colênquima tangencial e, em seguida, o parênquima medular com

células de paredes finas e mais amplas (Figura 31-B).

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A

B

C

Figura 31: A Corte transversal do pecíolo da folha adulta na região apical. B– Corte transversal do pecíolo da folha adulta na região mediana - 3m de profundidade. C– Corte transversal do pecíolo da folha adulta na região basal - 5,60 m de profundidade. EP-epiderme, PA-parênquima, CO-colênquima, FV-feixe vascular (Rosa-Osman, 2005).

C

PA

EP

PA PA

C

EP

PA

PA FV

EP

20 um

20 um

20 um

Na região basal do pecíolo com 5,60 m de profundidade não foi detectada

a presença de colênquima, pois nessa profundidade a água não sofre grandes

oscilações, há um parênquima com células menores no córtex e outro de células

maiores na medula (Figura 31-C).

A distribuição desorganizada dos feixes vasculares no pecíolo de Victoria

amazonica retrata uma característica das plantas classificadas segundo

Cronquist (1981) como Monocotiledôneas (Figura 32, 33-B e 34). Além do

polistelo, na germinação a plântula apresenta somente um cotilédone,

placentação laminar dos óvulos (Sculthorpe, 1985), raízes adventícias, poliarca,

com sete pólos de xilema e floema alternados. Destaca-se a ausência de

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esclerênquima, sendo somente encontradas células esclerenquimáticas

dispersas no parênquima lacunoso para dar sustentação (Metcalfe & Chalk,

1965). A flor apresenta muitos verticilos petalóides, sendo os estames

representados por polímeros centrais e o perisperma como tecido de reserva da

semente (Sculthorpe, 1985). Essas características colocam as Nymphaeaceae

em visão primitiva, isto é, uma transição das Monocotiledôneas para as

Dicotiledôneas.

AR

AR

AR

ARAR

AR

AR AR

AR

AR

AR

AR

FV

ES

CO

EP

PA

Figura 32: Diagrama do corte transversal do pecíolo da folha adulta na região apical, evidenciando poliestelo. EP_epiderme, CO-colênquima, PA-parênquima, FV- feixe vascular colateral, AR-aerênquima, ES-espinho (Rosa-Osman, 2005).

50 um

Além das quatro cavidades maiores de aerênquima há várias menores

distribuídas na medula do pecíolo (Figura 32). Os feixes vasculares são

colaterais com calibres menores e maiores (Figura 32-B e 33). Segundo

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Metcalfe & Chalk (1965) no pecíolo encontra-se polistelos, onde cada feixe

colateral apresenta passagens aéreas na posição do xilema primário não

possuindo vasos verdadeiros.

Henfrey & Forbes (1852) verificaram a presença de polistelos no caule de

Vitoria regia e a inserção helicoidal dos pecíolos no mesmo. Estes autores,

devido a tais características, consideraram a planta como típica

Monocotiledônea. O trabalho foi realizado com plantas cultivadas em Kew

Gardens, Londres.

A BEP

CO

PA

FV

XL

FL

P

Figura 33: A- Corte transversal do pecíolo da folha em decomposição na região apical de V. amazonica, lâmina semipermanente – corado com safrablau. B- Corte transversal do pecíolo da folha com limbo distendido e feixe vascular colateral. EP-epiderme, CO-colênquima, PA-parênquima, FV-feixe vascular colateral, FL-floema, XL-xilema. Aumento de 25X e 200X, respectivamente (Rosa-Osman, 2005).

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Figura 34: Corte Transversal do pecíolo da folha adulta em início de decomposição na região basal - 5,60 m de profundidade. Feixe vascular colateral – floema e xilema. LA-lacuna do protoxilema, Fl-floema, XL-xilema, PA-parênquima (Rosa-Osman, 2005).

LA

FL

XL

20 um

PA

2. FOLHA JOVEM – ESTÁGIO 1

A folha jovem de Victoria amazonica é cordiforme, sendo externamente

cheia de espinhos (Figura 35). O pecíolo da folha jovem possui espinhos em

formação em todo seu diâmetro, que é de 7 cm, tem em média 3 metros de

comprimento e está com seu ápice acima da superfície da água, sendo,

portanto, emersa.

A gema foliar dessa folha jovem é submersa, ficando próxima do rizoma

da planta, sendo protegida dos predadores por uma bráctea transparente que a

envolve, o pecíolo nesse caso é muito reduzido com menos de 1 cm de diâmetro

e 0,5 cm de comprimento (Figura 30). Em corte transversal do pecíolo verifica-se

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grande quantidade de amido no interior das células parenquimáticas, sendo que

estas reservas proporcionam o crescimento da gema foliar.

Quatro cavidades de aerênquima observadas no pecíolo das folhas

totalmente expandidas já estão formadas no estágio-1, sendo duas maiores e

duas menores (Figura 32). O colênquima logo abaixo da epiderme já está

presente, a epiderme possui espinhos e tricomas em formação. Após seis

camadas de colênquima está presente o parênquima e os feixes vasculares

colaterais (Figura 35).

2.1. REGIÃO BORDO

A extremidade do bordo é uma região em que não se observa tricomas e

nem estômatos. A extremidade do bordo apresenta células diminutas e

arredondadas. Na epiderme superior há varias células sofrendo divisões

periclinais e na epiderme inferior encontram-se algumas células em divisão. O

mesofilo parenquimático é homogêneo, com células grandes, arredondadas, de

paredes finas, não apresentando ainda o parênquima paliçadico e lacunoso que

ocorre mais abaixo no bordo da folha, quando esta é mais velha (Figura 36).

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Figura 35: Folha jovem de Victoria amazonica (Estágio-1), revestida externamente de espinhos e formato de concha sanfonada, cordiforme (Rosa-Osman, 2005).

10 um Figura 36: Corte transversal da folha de Victoria amazonica na região da extremidade do bordo. ES-epiderme superior, ME-mesofilo parenquimático, EI-epiderme inferior (Rosa-Osman, 2005).

EI

ME

ES

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2.2. LIMBO E NERVURA – REGIÃO DO BORDO E MEDIANA

A epiderme superior possui células isodiamétricas, nucleadas, com

citoplasma denso, é estomatífera, com estômatos em formação (Figuras 37). O

parênquima paliçadico em formação possui células nucleadas de citoplasma

denso, com formatos retangulares, possui também espaços entre as células,

pois inicia a formação de lacunas do aerênquima que é endógena, de dentro

para fora. Metcalfe & Chalk (1965) atribuem as Nymphaeaceae em geral, a

formação esquizógena do aerênquima. O parênquima lacunoso com células

maiores, paredes finas e com maior vacúolo ainda não possui as lacunas, mas

essas irão se formar pelo englobamento de uma célula com outra (Figura 36). A

epiderme inferior não possui estômatos, pois fica em contato com a água, possui

tricomas unicelulares e pluricelulares em formação, é uniestratificada, com

formato quadrangular (Figura 37 e 38).

A B

EIES

EI

PP

PL

FEEIFA 20 um20 um

Figura 37: A- Corte transversal da folha jovem – região do bordo e B- Corte transversal da nervura da folha jovem-1 – região mediana. ES-epiderme externa, EI-epiderme interna, PP-parênquima paliçadico, PL-parênquima lacunoso, FE-esclereíde em formação, FA- Aerênquima endógeno em formação (Rosa-Osman, 2005).

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A B ES

ME FV

PP

AR

FV

PL

EI

ES ST

Figura 38: A – Corte transversal da folha adulta de Victoria amazonica na região da extremidade do bordo, epiderme inferior e o feixe vascular no mesofilo parenquimático. B – Corte transversal da folha adulta na região do bordo – limbo, epiderme superior, parênquima paliçadico, feixe vascular, parênquima lacunoso e epiderme inferior com tricomas unicelulares. ES-epiderme superior, ME-mesofilo parenquimático, FV-feixe vascular, PP-parênquima paliçadico, PL-Parênquima lacunoso, AR-aerênquima, EI-epiderme interna, ST-estômato. Aumento de 25X (Rosa-Osman, 2005).

Na nervura da folha jovem é possível verificar que a formação do

aerênquima é endógena, com pequenas lacunas que vão aumentando à medida

que a folha se distende (Figuras 39 A e B). Também se observa nesse corte,

esclereíde em início de sua formação próximo a lacuna (Figura 40).

Na nervura também está presente um agrupamento de células

colenquimáticas na base, que perdura até a folha adulta da planta,

proporcionando sustentação maleável para a folha na superfície da água (Figura

40). A epiderme interna da folha que envolve a nervura é uniestratificada,

recoberta de tricomas tectores pluricelulares. Há vários feixes vasculares em

formação e um tecido parenquimático que preenche os demais espaços que não

estão sendo ocupados pelas lacunas do aerênquima em formação (Figura 40).

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A B

EI

EI

AR

AR

EI

AR

SC

AR

PA

FV

CO 50 um

Figura 39: A- Corte transversal da nervura da folha estágio-1 na região mediana. B- Corte transversal da nervura da folha estágio-1 na região do bordo – extremidade. Formação do aerênquima endógena. EI- epiderme interna, AR- aerênquima. Aumento de 25X (Rosa-Osman, 2005).

ES

EI

Figura 40: Diagrama do Corte transversal da nervura da folha jovem de Victoria amazonica na região central. ES-epiderme superior, EI-epiderme inferior, PA-parênquima, CO-colênquima, FV-feixe vascular colateral, AR-aerênquima, SC-esclereíde (Rosa-Osman, 2005)

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2.3. REGIÃO CENTRAL

Na região central da folha semelhantemente ao que ocorre na região do

bordo, o parênquima paliçadico em desenvolvimento com células isodiamétricas

está presente, três a quatro camadas com células nucleadas e de citoplasma

denso, visível na coloração (Figura 41-B). Na epiderme superior é possível

distinguir os estômatos e na epiderme inferir os tricomas ainda em formação. O

parênquima lacunoso apresenta algumas lacunas na região da nervura da folha,

mas no limbo este ainda se encontra em formação (Figura 41 A e B).

A B ES

EI

Figura 41: A- Corte transversal da folha jovem estágio-1 na região do bordo – extremidade. B- Corte transversal da folha jovem estágio-1 na região central próximo a nervura. ES- epiderme superior, EI- epiderme inferior. Aumento de 25X (Rosa-Osman, 2005).

3. FOLHA JOVEM INTERMEDIÁRIA - ESTÁGIO-2

A folha em desenvolvimento intermediário tem formato oval e seu limbo

apresenta várias linhas sanfonadas, mostrando o início do seu destendimento. É

possível nesse estágio distinguir a face superior da face inferior da folha, sendo

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esta última recoberta de espinhos (Figura 42).

Figura 42: Folha de Victoria amazonica estágio-2 em fase de expansão, com formato oval. Ambiente de Igapó – Lago da Felicidade – proximidades de Manaus (Rosa-Osman, 2005).

3.1 REGIÃO DO BORDO

A epiderme é uniestratificada, estomatífera, com células retangulares. O

parênquima paliçadico apresenta-se com células alongadas e com espaços

intercelulares na cavidade estomática. O parênquima lacunoso com lacunas de

aerênquima, algumas lacunas em formação possuem feixes colaterais menores

e maiores. Na epiderme inferior verifica-se tricomas tectores unicelulares e

pluricelulares, ainda em formação (Figura 43).

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Figura 43: Corte transversal da folha estágio-2 na região do bordo, nervura. ES-epiderme superior, ST-estômato, PP-parênquima paliçadico, PL-parênquima lacunoso, AR-aerênquima, FV-feixe vascular, TR-tricomas tectores, EI-epiderme interna (Rosa-Osman, 2005).

ST ES

PP

PL

AR

AR

FV

TR

EI

10 um

3.2. REGIÃO MEDIANA A epiderme superior é estomatífera com células isodiamétricas e

nucleadas, o estômato se encontra formado, com células guardas e anexas. O

parênquima paliçádico com células alongadas e de formato semelhante as da

folha adulta, com espaços entre as células. O parênquima lacunoso apresenta

várias lacunas, o aerênquima tem formação endógena e possuem células

esclerenquimáticas exatamente na lacuna, para proporcionar resistência aos

demais tecidos vegetais. A epiderme interna é tricomatosa, com células de

formato retangular, sofrendo divisões periclinas (Figura 44).

Os idioblastos esclerenquimáticos dão suporte para os tecidos paliçadicos

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e esponjoso das folhas de plantas como Euryale, Nuphar, Nymphaea,

Nymphoides e Victoria, e também podem estar presentes nos pecíolos, lacunas,

partes florais e frutos (Conard, 1905; Foster, 1956; Metcalfe & Chalk, 1950;

Gaudet, 1960; Malaviya, 1962, 1963). Segundo Sculthorpe (1985) essas células

especializadas em sustentação são geralmente ausentes nos órgãos jovens,

mas de acordo com este estudo verifica-se esclereides nas nervuras das folhas

e no parênquima lacunoso, tecido este ausente nos pecíolos, que mantém sua

sustentação com o colênquima.

Figura 44: Corte transversal da folha estágio-2 região mediana. ES-epiderme superior, ST-estômato, PP-parênquima paliçadico, PL-parênquima lacunoso, SC-esclereíde, AR-aerênquima, EI-epiderme interna (Rosa-Osman, 2005).

10 um

ES ST

PP

SC

PL

EI

AR

AR

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3.3. REGIÃO CENTRAL

Com relação às demais regiões a única diferença é que na região central

da folha há várias células da epiderme inferior sofrendo divisões periclinas, o

que foi analisado em corte da nervura de segunda ordem. Essa região apresenta

quantidade de tricomas e estômatos reduzidos, menores que na região mediana

da folha e do bordo, podendo ser explicado pelo fato de ser uma das primeiras

regiões a se distender, portanto mais velha do que as demais regiões analisadas

quanto ao desenvolvimento foliar neste trabalho (Figura 45).

AR

AR

PP

ES

PL

EI

FV

10 um

Figura 45: Corte transversal da folha estágio-2 na região central. ES-epiderme superior, PP-parênquima paliçadico, PL-parênquima lacunoso, AR-aerênquima, FV-feixe vascular, EI-epiderme interna (Rosa-Osman, 2005).

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A nervura de quarta ordem da região central da folha apresenta epiderme

com tricomas em formação. O aerênquima apresenta-se desenvolvido, com

poucas cavidades, apresentando ainda redes. Os esclereides estão presentes

dando suporte aos tecidos na lacuna. Há vários feixes colaterais espalhados e

um parênquima homogêneo, logo abaixo da epiderme (Figura 46).

Figura 46: Corte transversal da nervura da folha estágio-2 região central de V. amazonica. AR- aerênquima, EI- epiderme interna, FV- feixe vascular, SC- esclereíde. Aumento de 25X (Rosa-Osman, 2005).

FV

EI

AR

AR

EI

SC

4. FOLHA ADULTA – ESTÁGIO-3

4.1. REGIÃO DO BORDO

Na extremidade do bordo da folha adulta (Figura 47) é possível verificar a

completa formação dos tecidos. A epiderme superior é formada por células de

formato quadrangular sem a presença de estômatos. No mesófilo

parenquimático homogêneo, com células arredondadas e um pequeno feixe

vascular colateral no centro. Não há separação de parênquima paliçadico e

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lacunoso, como ocorre nas demais regiões. A epiderme interna cuticularizada,

células quadrangulares e ausência de tricomas caracterizam esta região da

extremidade do bordo (Figura 48).

Figura 47: Folha adulta, orbicular peltada de Victoria amazonica - ambiente de Igapó – Lago da Felicidade – proximidades de Manaus (Rosa-Osman, 2005).

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Figura 48: Corte transversal da folha adulta de Victoria amazonica na extremidade do bordo. ES-epiderme superior, EI-epiderme inferior, ME-mesofilo (Rosa-Osman, 2005).

ES

EI

ME

10 um

4.2. LIMBO DO BORDO A epiderme superior é estomatífera, com células de formato irregular. O

parênquima paliçádico possui cerca de três camadas de células alongadas,

nucleadas, com citoplasma denso e muitos espaços intercelulares (Figura 50). O

parênquima lacunoso apresenta enormes lacunas de aerênquima de formação

endógena, com macroesclereídes, de parede secundária e com muitas

pontuações simples. Esses idioblastos esclerenquimatosos se apresentam em

formas variadas, com muitos braços ramificados e se alojam nas lacunas do

aerênquima, proporcionando resistência aos demais tecidos e a folha. São

células lignificadas e se coram em vermelho com safrablau (Figura 49).

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AR

AR

ES

PA

Figura 49: Detalhe da célula esclerenquimática – macroesclereide em corte transversal na lacuna do aerênquima. AR- aerênquima, ES- epiderme superior, PA- parênquima. Aumento de 400X, ver setas (Rosa-Osman, 2005).

É possível visualizar feixes vasculares colaterais no mesófilo. A epiderme

inferior é tricomatosa, com tricomas tectores pluricelulares, cuticularizada, com

células de formato retangular (Figura 50).

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10 um

Figura 50: Corte transversal da folha adulta de Victoria amazonica na região do bordo. ES-epiderme superior, EI-epiderme inferior, PP-parênquima paliçadico, PL-parênquima lacunoso, ES-esclereíde, FV-feixe vascular, LA-lacuna (Rosa-Osman, 2005).

ES

PL

PP ES

EI

FV

LA

4.3. REGIÃO MEDIANA

Não existem diferenças anatômicas da folha adulta na região do bordo e

na região mediana. Somente é possível, no nível das células, verificar que as

células do parênquima paliçádico não apresentam mais núcleos e citoplasma

denso, demonstrado que a última região da folha a ser completamente formada

é a região do bordo (Figura 51).

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AR

ES

PP

PL

EI

SC AR 10 um

Figura 51: Corte transversal da folha adulta de Victoria amazonica na região mediana. ES-epiderme superior, PP-parênquima paliçadico, PL-parênquima lacunoso, AR-aerênquima, SC-esclereíde, EI-epiderme interna (Rosa-Osman, 2005).

4.4. REGIÃO CENTRAL Além das descrições feitas acima a folha adulta na nervura da região

central apresenta esclereides no parênquima paliçadico que são verdadeiros

alicerces da folha, proporcionado à folha sustentação e rigidez para resistir às

oscilações do meio aquático (Figuras 52 e 53). Segundo Sculthorpe (1985), as

plantas herbáceas aquáticas com folhas flutuantes, como Nymphaea sp.,

apresentam nas nervuras esses alicerces esclerenquimatosos, que

proporcionam sustentação.

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SC

EI

SC

SC

FV

EI

PL

B TR A

Figura 52: A- Corte transversal da nervura e limbo da folha adulta região central. B- Corte transversal da nervura da folha adulta região central – meio da nervura. SC-esclereíde, EI- epiderme interna, FV- feixe vascular, PL- parênquima lacunoso, TR-tricoma. Aumento de 25X . (Rosa-Osman, 2005).

Figura 53: Corte transversal da folha adulta na região central próximo à nervura principal. ES-epiderme superior, EI-epiderme inferior, PP-parênquima paliçadico, PL-parênquima lacunoso, ES-esclereíde, TR-tricoma pluricelular, LA-lacuna (Rosa-Osman, 2005).

10 um

ES

TR

EI

PL

LA

PP

ES

PP

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4.5. REGIÃO CENTRAL – LINHA

Na região central da folha adulta passa uma linha perpendicular com

coloração avermelhada que termina com uma fenda no bordo para evitar o

acúmulo de água em cima da folha. Essa linha possui uma depressão, que

serve como uma canaleta para o escoamento da água, sendo visível

anatomicamente (Figuras 54).

AR

PP

FV

SC

ES

EI ME

AR

10 um

Figura 54: Corte transversal da folha adulta de Victoria amazonica na linha da região central, onde se observa uma depressão para a passagem de água. ES-epiderme superior, EI-epiderme inferior, ME-mesofilo parenquimático AR-aerênquima FV-feixe vascular colateral, SC-esclereíde, PP-parênquima paliçadico (Rosa-Osman, 2005).

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Em corte transversal verifica-se que nesse local não ocorre fotossíntese

devido à ausência de estômatos e de parênquima paliçádico e lacunoso. É

notável nessa depressão um parênquima homogêneo de células arredondadas

com feixe vascular colateral no centro. A epiderme inferior apresenta alguns

tricomas tectores pluricelulares e células bem pequenas. Ao sair da canaleta é

possível observar o parênquima lacunoso com esclereides nas lacunas e o

parênquima paliçádico. É de extrema importância ecológica para a planta essa

linha em declive, pois evita o acúmulo de água sobre as folhas e com isso, a

folha não apodrece, proporcionando maior durabilidade (Figura 54).

Além dessa canaleta são evidentes hidatódios, pequenas aberturas que

atravessam as folhas adultas, para facilitar o escoamento de água da superfície

superior para a inferior (Metcalfe & Chalk, 1965).

4.6. COMPLEXO ESTOMÁTICO

A epiderme superior da folha adulta é estomatífera e esses estão

distribuídos em todo o limbo foliar. O complexo estomático de Victoria

amazonica é anomocítico, isto é, o número de células anexas às duas células

guardas é irregular. Alguns estômatos possuem cinco células anexas, outros

seis e até sete, não é um número definido, por isso é um complexo anomocítico

(Figura 55). Além das células-guardas e anexas o complexo estomático é

formado pelo espessamento da parede, ostíolo e fenda estomática.

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A presença de estômatos na face superior da folha é uma adaptação da

planta, devido ao fato de que a superfície inferior fica em contato com a água e

não permitiria a realização de fotossíntese; já na face superior que é de

coloração verde-escura, ocorre à fotossíntese, pois essa face fica em contato

direto com a luz solar e isolada da água.

A B

Figura 55: A e B - Corte Paradérmico da folha adulta de Victoria amazonica na região do bordo, complexo estomático anomocítico. CG-célula-guarda, EP-espessamento parietal da célula-guarda, FE-fenda estomática, CA-célula anexa, CC-célula epidérmica comum (Rosa-Osman, 2005).

CC CC

CA

CA CG

FE

EP

10 um 10 um

5. SISTEMA RADICULAR – PLANTA ADULTA

A herbácea aquática Victoria amazonica é fixa ao substrato e para isso

possui um caule do tipo rizoma com muitas reservas amiláceas. Em volta desse

rizoma alongado circundam inúmeras raízes adventícias que proporcionam a

fixação completa no solo.

Steinmann & Bräendle (1984) mostraram que plantas com rizoma são as

que possuem maior capacidade para sobreviver em ambientes anaeróbicos,

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devido a grande reserva de carboidratos e essas reservas mostram

consideráveis variações durante o ano. O acúmulo de amido é uma adaptação

metabólica para hipoxia, que garante adequada reserva de carbono para caso

de aumento de demanda (Brändle & Crawford, 1987).

Anatomicamente a raiz adventícia é formada por uma exoderme de

células arredondadas, um tecido esponjoso com muito aerênquima no córtex da

raiz que usa de pontuações no interior das células para haver comunicação e

trocas de substâncias de uma célula para outra. Há também nesse tecido redes

de comunicação que se distribuem pelos diafragmas, que segundo Bruyne

(1922) trata-se de fina camada de células unidas pelo crescimento lateral de

suas paredes, que variam em forma e ocorrência. Na raiz esses diafragmas são

muito evidentes e apresentam poros para troca de substâncias com as demais

células (Figura 56).

Figura 56: Corte transversal da raiz adventícia da planta adulta de Victoria amazonica com 7 pólos de xilema e floema alternados – Raiz poliarca. EX-exoderme, AR-aerênquima, CC-cilindro central, DF-diafragma (Rosa-Osman, 2005).

10 um

EX AR CC

DF

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A presença de aerênquima e diafragmas é geralmente observada em

plantas que crescem em ambientes aquáticos ou muito úmidos, não deixando

dúvida quanto à importância dessas adaptações para a fisiologia da planta,

principalmente na maior eficiência das trocas gasosas (Sculthorpe, 1967; Kaul,

1971; Esaú, 1977; Fahn, 1990). De acordo com Armstrong et al. (1991), a

formação do aerênquima pode permitir a sobrevivência da raiz em estratos mais

profundos.

No cilindro central da raiz há uma endoderme de células diminutas,

paredes finas e com espessamento nas paredes anticlinais. Além disso, um

periciclo parenquimático e os sete pólos de xilema e floema alternados,

considerando então a raiz como poliarca, característica essa atribuída às

famílias de plantas monocotiledôneas (Cronquist, 1981) (Figura 57).

10 um

XL

FL

EN

PE

Figura 57: Detalhe do corte transversal da raiz adventícia da planta adulta de Victoria amazonica no cilindro central, com sete pólos de xilema e floema alternados – Raiz poliarca. XL-xilema, FL-floema, EN-endoderme, PE-periciclo (Rosa-Osman, 2005).

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CAPÍTULO V

CONCLUSÕES

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►Pertence à família Nymphaeaceae das aquáticas gigantes, é uma planta de

transição entre as Monocotiledôneas e dicotiledôneas por apresentar

características de ambas.

►Victoria amazonica é uma herbácea aquática, com folhas flutuantes, fixa no

substrato, natural da região equatorial, com ocorrência em ambientes de várzea

e de igapó.

►O pH do igapó é ácido e o da várzea é básico, próximo da neutralidade.

►As folhas adultas de Victoria amazonica apresentam nervuras de primeira,

segunda, terceira e quarta ordem.

►A planta apresenta espinhos no pecíolo, face inferior da folha, pedúnculo,

ovário e sépalas da flor, e no fruto.

►A relação profundidade e comprimento do pecíolo varia de 3 a 8 m,

dependendo da época das inundações e do local de coleta, várzea e igapó.

►Victoria amazonica possui área foliar variável de 0,28 m2 até 3,95 m2 e

diâmetro de 0,52 a 2,10 m.

►As plantas medidas no igapó apresentaram maior área foliar e maior altura do

bordo, tais dados são influenciados pela profundidade do Lago e período de

coleta. O bordo, que evita a entrada de água na folha, varia de 1 a 12 cm de

comprimento.

►As grandes folhas orbiculares são utilizadas por muitas espécies animais,

dentre eles o jaçanã, que faz seu ninho sobre as folhas.

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►Os besouros polinizadores do gênero Cyclochephala também podem ser

predadores dos óvulos, devido a grande quantidade de besouros que entram na

flor, que é em média 23.

►A flor é acíclica, assimétrica, diclamídia, heteroclamídea, monoclina, ovário

ínfero, multicarpelar, dialissépala, dialipétala. Polinizada por besouros do Gênero

Cyclocephala.

►O gineceu é sincárpico, multicarpelar, multilocular, ovário ínfero e recoberto

por espinhos, número variável de 33 a 46 por flor. O estilete é inexistente, com

estigma oval pontiagudo, resistente.

►O androceu é polistêmone, com muitos estames centrais, gamostêmones, as

anteras são sésseis com deiscência rimosa.

►O fruto é globoso, recoberto por espinhos, multicarpelar, simples, carnoso,

indeiscente, do tipo hesperídeo, e se deteriora irregularmente liberando as

sementes com arilo para serem disseminadas pela água.

►As sementes são albuminosas, globosas, elipsóides, tegumento duro, cor

castanha, com arilo mucilaginoso. O embrião ocupa posição apical nas

sementes, é curto, com um cotilédone mais desenvolvido que o outro. As

sementes possuem tecido de reserva amilácea, endosperma crasso, perisperma

farináceo e arilo para flutuação.

►Sua germinação ocorre em condições hipóxicas e no escuro, com 0,37 mg/l

que equivale a 4,7 % de oxigênio dissolvido e temperatura de 29º C, enquanto

que na água natural à quantidade de oxigênio dissolvido é de 65%.

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►A plântula possui um cotilédone acicular, aclorofilado, radícula pequena que

se atrofia, raízes adventícias, eófilo hastado, com base sagitada e ápice

acuminado. A planta apresenta heterofilia, diferenciação morfológica de suas

folha em estágios sucessivos até chegar à planta adulta.

►A gema foliar é submersa, protegida por uma bráctea transparente, seu

pecíolo tem 1 cm de diâmetro e 0,5 cm de comprimento, e apresenta no

parênquima cortical uma grande quantidade de amido, que proporciona seu

crescimento. Já a folha jovem é emersa com pecíolo em média de 3 metros de

comprimento e 7 cm de diâmetro.

►O pecíolo apresenta diferenças anatômicas de acordo com a região. Na base

não tem colênquima, e no ápice há inúmeras camadas de colênquima abaixo da

epiderme, ainda encontra-se presente parênquima cortical e medular, e feixes

vasculares colaterais distribuídos desorganizadamente, formando polistelos. O

aerênquima de formação endógena é visível a olho nu, com 4 cavidades

maiores e várias outras menores, permitindo as trocas gasosas da planta.

►Na região do bordo da folha não há tricoma, nem estômato. A epiderme é

glabra e apresenta células em divisão periclinal. O parênquima é homogêneo,

sem aerênquima.

►Na região periférica e central a epiderme superior é estomatífera e a inferior

tricomatosa e recoberta por espinhos. Ocorre a formação do parênquima

paliçadico e lacunoso com esclereides nas lacunas do aerênquima.

►Para facilitar as oscilações no meio aquático na base das nervuras se

encontra um agrupamento de células colenquimáticas.

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►Na região central encontra-se nervuras com alicerces formados por células

esclerenquimáticas que proporcionam sustentação de uma epiderme a outra.

►O complexo estomático é anomocítico com duas células guardas e um

número variável de células anexas.

►A região central da folha tem uma linha de coloração diferenciada, como uma

canaleta, que faz o escoamento da água da chuva, para não deteriorar a folha.

Essa região é anatomicamente diferente do restante, pois não apresenta

estômatos na superfície superior e nem parênquima paliçadico, somente possui

parênquima homogêneo sem lacunas de aerênquima, a face inferior apresenta

tricomas.

►A planta adulta possui raízes adventícias, poliarca, com sete pólos de xilema e

floema alternados, endoderme com células diminutas e diafragma no córtex que

permite a troca de substâncias de uma célula para outra.

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CAPÍTULO VI

REFERÊNCIAS

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