UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA- UNEB · JOELMA CERQUEIRA DE OLIVEIRA AS DIFICULDADES DOCENTES EM...

69
UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA- UNEB DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO - CAMPUS I CURSO DE PEDAGOGIA JOELMA CERQUEIRA DE OLIVEIRA AS DIFICULDADES DOCENTES EM TRABALHAR COM AS NOVAS TECNOLOGIAS NO ENSINO FUNDAMENTAL I Salvador - Ba 2011

Transcript of UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA- UNEB · JOELMA CERQUEIRA DE OLIVEIRA AS DIFICULDADES DOCENTES EM...

Page 1: UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA- UNEB · JOELMA CERQUEIRA DE OLIVEIRA AS DIFICULDADES DOCENTES EM TRABALHAR COM AS NOVAS TECNOLOGIAS NO ENSINO FUNDAMENTAL I Salvador - Ba 2011 . ...

UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA- UNEB DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO - CAMPUS I CURSO DE PEDAGOGIA

JOELMA CERQUEIRA DE OLIVEIRA

AS DIFICULDADES DOCENTES EM TRABALHAR COM AS NOVAS TECNOLOGIAS NO ENSINO FUNDAMENTAL I

Salvador - Ba 2011

Page 2: UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA- UNEB · JOELMA CERQUEIRA DE OLIVEIRA AS DIFICULDADES DOCENTES EM TRABALHAR COM AS NOVAS TECNOLOGIAS NO ENSINO FUNDAMENTAL I Salvador - Ba 2011 . ...

JOELMA CERQUEIRA DE OLIVEIRA

AS DIFICULDADES DOCENTES EM TRABALHAR COM AS NOVAS

TECNOLOGIAS NO ENSINO FUNDAMENTAL I

Monografia apresentada como requisito parcial do Departamento de Educação Campus I para obtenção do grau de licenciada em Pedagogia sob a orientação do Profº. Dr. Alfredo Eurico Rodrigues Matta.

Salvador - Ba 2011

Page 3: UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA- UNEB · JOELMA CERQUEIRA DE OLIVEIRA AS DIFICULDADES DOCENTES EM TRABALHAR COM AS NOVAS TECNOLOGIAS NO ENSINO FUNDAMENTAL I Salvador - Ba 2011 . ...

FICHA CATALOGRÁFICA: Sistema de Bibliotecas da UNEB

Oliveira, Joelma Cerqueira de

As dificuldades docentes em trabalhar com as novas tecnologias no ensino fundamental I /

Joelma Cerqueira de Oliveira. – Salvador, 2011.

69f.

Orientador: Prof. Dr. Alfredo Eurico Rodrigues Matta.

Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação) – Universidade do Estado da Bahia.

Departamento de Educação. Colegiado de Pedagogia. Campus I. 2011.

Contém referências.

1. Tecnologia educacional. 2. Professores - Formação. 3. Professor de ensino fundamental. 4. Educação. I. Matta, Alfredo Eurico Rodrigues. II. Universidade do Estado da Bahia, Departamento de Educação.

CDD: 371.3078

Page 4: UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA- UNEB · JOELMA CERQUEIRA DE OLIVEIRA AS DIFICULDADES DOCENTES EM TRABALHAR COM AS NOVAS TECNOLOGIAS NO ENSINO FUNDAMENTAL I Salvador - Ba 2011 . ...

JOELMA CERQUEIRA DE OLIVEIRA

AS DIFICULDADES DOCENTES EM TRABALHAR COM AS NOVAS TECNOLOGIAS NO ENSINO FUNDAMENTAL I

Salvador, de Março de 2011 .................................................................................................... Profº Orientador Dr. Alfredo Eurico Rodrigues Matta ................................................................................................... Profª. Msc. Sueli da Silva Xavier Cabalero

................................................................................................... Profª.Pedagoga Isabele Ferreira Sodré

Salvador – Ba 2011

Page 5: UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA- UNEB · JOELMA CERQUEIRA DE OLIVEIRA AS DIFICULDADES DOCENTES EM TRABALHAR COM AS NOVAS TECNOLOGIAS NO ENSINO FUNDAMENTAL I Salvador - Ba 2011 . ...

“Determinação, coragem e autoconfiança são fatores decisivos para o sucesso.

Se estamos possuídos por uma inabalável determinação conseguiremos superá-los. Independentemente das circunstâncias, devemos ser sempre humildes, recatados e

despidos de orgulho”.

Dalai e Lama

Page 6: UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA- UNEB · JOELMA CERQUEIRA DE OLIVEIRA AS DIFICULDADES DOCENTES EM TRABALHAR COM AS NOVAS TECNOLOGIAS NO ENSINO FUNDAMENTAL I Salvador - Ba 2011 . ...

Dedico este trabalho à minha Mãe, pelo amor, carinho, incentivo e compreensão. Estando sempre ao meu lado mesmo em outro plano. Dando-me sempre força e coragem para seguir em frente nos momentos mais difíceis da minha vida, acreditando e contribuindo sempre para minha vitória.

Page 7: UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA- UNEB · JOELMA CERQUEIRA DE OLIVEIRA AS DIFICULDADES DOCENTES EM TRABALHAR COM AS NOVAS TECNOLOGIAS NO ENSINO FUNDAMENTAL I Salvador - Ba 2011 . ...

AGRADECIMENTOS

Primeiramente a DEUS por estar sempre iluminando os meus caminhos e me abençoando a cada dia.

Em memória de minha mãe, pela educação e pelo exemplo de vida que nos deixou como também pelo amor e carinho que sempre nos deu e mesmo nos momentos difíceis nos ensinou que tudo é possível, quando acreditamos em um sonho e temos a coragem de lutar por ele, pois somente assim conseguiremos realizá-lo.

Em memória dos meus avôs Juventina Adriana e Tetulino Rodrigues pelo amor e carinho.

Aos meus irmãos Jackson, Joelia, Jacqueline e Jailton eterna gratidão pela força, amor, paciência, carinho e colaboração.

As minhas cunhadas, Joelma e Mônica, por todo incentivo, carinho e apoio.

Ao meu grande amigo e companheiro Francisco Freire, que sempre mim apoiou estando ao meu lado em todos os momentos da minha vida incondicionalmente, sejam eles de alegria ou tristeza.

Aos meus amigos Ana Carla, Ana Paula, Albervânia, Alda, Célia Cristina, Juce, Jucélio, Josenildo, Leane, Luani, Luciana, Virgínia Soraia, Rosemeire, Rosana, Tatyane e em especial, a minha amiga Vanessa por quem tenho imenso carinho, pelo incentivo e apoio nos momentos mais difíceis.

Aos meus colegas de classe que estiveram comigo durante todos esses anos, pelos quais tenho muito carinho.

Ao professor Dr. Alfredo Eurico Rodrigues Matta, meus sinceros votos de gratidão, não somente pela orientação deste trabalho, mas principalmente pela força, pelos ensinamentos, incentivos e amizade.

As professoras Isabele Sodré e Sueli Cabalero pela atenção e carinho ao fazerem parte desse momento tão importante e especial na minha vida.

Aos professores e funcionários, em especial a Aline do colegiado acadêmico, e a direção do Departamento de Educação da Universidade do Estado da Bahia, Campus I, pela compreensão e colaboração.

E finalmente agradeço as pessoas que direta ou indiretamente contribuíram para a realização deste trabalho. A todos ofereço o meu Muito Obrigado!

Page 8: UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA- UNEB · JOELMA CERQUEIRA DE OLIVEIRA AS DIFICULDADES DOCENTES EM TRABALHAR COM AS NOVAS TECNOLOGIAS NO ENSINO FUNDAMENTAL I Salvador - Ba 2011 . ...

RESUMO

O presente estudo tem como tema o uso das novas tecnologias no contexto escolar e as dificuldades enfrentadas pelo docente em fazer uso das tics no processo educativo dos educandos nos anos iniciais do Ensino Fundamental I. Aborda as dificuldades enfrentadas pelo docente em fazer uso das novas tecnologias em sala de aula de forma significativa para o aprendizado do seu aluno, mais especificamente da interação que possa ser promovida no ambiente educacional através dessas tics, envolvendo um trabalho coletivo em que todos venham a participar dessa aprendizagem. A relação das tecnologias no âmbito escolar e a necessidade de trabalho nos levam a perceber enquanto educadores um novo desafio para nossa prática, exigindo uma postura diferenciada que requer o conhecimento dessas novas tecnologias, reconhecendo a necessidade de domínio das mesmas, que deve vir para possibilitar a construção de novas aprendizagens. O referencial teórico está fundamentado na contribuição de vários autores, como: Assmann (1998), Azevedo (1976), Arroyo (1991), Castells (1999), Saviani (1981), Freire (1987), Gadotti (2000), Libâneo (1986), Levy (2000), Matta (2006), Moran (2001), Pimenta (2002), Kenski (2007) entre outros. Por meio de estudos feitos sobre o processo histórico da educação no Brasil, conseguimos identificar as dificuldades e a resistência docente em trabalhar com as novas tecnologias, pois não são apresentadas como uma proposta curricular de maneira a contemplar alunos e professores.

Palavras-chave: Novas Tecnologias. Interação. Docente. Educação.

Page 9: UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA- UNEB · JOELMA CERQUEIRA DE OLIVEIRA AS DIFICULDADES DOCENTES EM TRABALHAR COM AS NOVAS TECNOLOGIAS NO ENSINO FUNDAMENTAL I Salvador - Ba 2011 . ...

ABSTRACT

The present study has as its theme, the use of new technologies in the school context and the difficulties faced by teachers in using ICT in the educational process of students in the first years of elementary school I. Discusses the difficulties faced by teachers in making use of new technology in the classroom significantly to the learning of their students, more specifically the interaction that can be promoted in the educational environment through these tics, involving a collective work in which everyone will participate in this learning. The relationship of technology in schools and the need to work lead us to perceive as a new challenge for educators our practice, requiring a different position that requires knowledge of these new technologies, recognizing the need for the same domain, it should come to allow construction of new learning. The theoretical framework is based on the contributions of various authors, such as: Assmann (1998), Azevedo (1976), Arroyo (1991), Castells (1999), Saviani (1981), Freire (1987), Gadotti (2000), Lebanon (1986), Levy (2000), Matta (2006), Moran (2001), Pepper (2002), Kenski (2007) among others. Through studies on the historical process of education in Brazil, we can identify the difficulties and teachers' resistance to working with new technologies as they are not presented as a curriculum in order to include students and teachers.

Keywords: New Technology. Interaction. Lecturer. Education.

Page 10: UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA- UNEB · JOELMA CERQUEIRA DE OLIVEIRA AS DIFICULDADES DOCENTES EM TRABALHAR COM AS NOVAS TECNOLOGIAS NO ENSINO FUNDAMENTAL I Salvador - Ba 2011 . ...

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO …………………………………………………………………. 10

1. O ENSINO PÚBLICO NO BRASIL ........................................................ 16

1.1 Um breve panorama ........................................................................... 16

1.2 Problemas enfrentados pela educação no período senhorial ....... 24

2. A EDUCAÇÃO E A REPRESENTAÇÃO DOCENTE NA SOCIEDADE

SENHORIAL E BURGUESA ........................................................................ 27

2.1 A educação na sociedade senhorial e burguesa ............................... 27

2.2 A representação docente no período senhorial ................................. 30

2.3 Os problemas enfrentados pelos docentes quanto a sua representação na época

senhorial ............................................................................................ 34

3. A LDB: O INÍCIO DE UMA NOVA ERA ..................................................... 36

3.1 Problemas relevantes identificados na LDB que compromete a qualidade da

Educação Básica ........................................................................................... 40

4. AS NOVAS TECNOLOGIAS NA SOCIEDADE CONTEMPORÂNEA....... 43

4.1 Dificuldades encontradas com o advento das novas tecnologias na Educação

Básica ............................................................................................ 52

5. DIFICULDADES RELEVANTES QUANTO AO USO DAS NOVAS

TECNOLOGIAS ENFRENTADAS PELO DOCENTE..................................... 55

5.1 Obstáculos mais relevantes quanto ao uso das Novas Tecnologias . 59

CONCLUSÃO ................................................................................................. 62

REFERÊNCIAS ................................................................................................ 66

Page 11: UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA- UNEB · JOELMA CERQUEIRA DE OLIVEIRA AS DIFICULDADES DOCENTES EM TRABALHAR COM AS NOVAS TECNOLOGIAS NO ENSINO FUNDAMENTAL I Salvador - Ba 2011 . ...

10

INTRODUÇÃO

O presente trabalho tem como objetivo explanar as dificuldades docentes em

trabalhar com as novas tecnologias no contexto escolar, de forma a contribuir para

um aprendizado significativo junto às mesmas. Visando conhecer melhor suas

contribuições para aquisição e desempenho do educador na sala de aula, cabe

ressaltar que a expectativa neste trabalho foi mostrar aos educadores, que as novas

tecnologias podem ser uma ferramenta muito importante no processo de ensino e

aprendizagem do educando, desde quando sua utilização traga uma proposta

significativa para seu conhecimento.

Com o grande desenvolvimento das novas tecnologias na área de educação,

o surgimento de equipamentos modernos e a aquisição de aparelhos que

possibilitam ao educando sua inclusão social no mercado digital. Gradativamente os

computadores juntamente com a internet vêm ocupando espaços cada vez maiores

nas escolas, entretanto o professor com seu capital cultural e colaborador é de

fundamental importância para o sucesso da aprendizagem do aluno.

Hoje em meio a tantas mudanças tecnológicas, faz-se necessário uma

reformulação do nosso sistema educacional, dos modelos de ensino e

aprendizagem aplicados nas instituições de ensino público. A sociedade da

comunicação acarreta mudanças significativas para o campo educacional e este

tende a incorporar uma nova forma e estrutura para atender as necessidades de

trabalho da população. A fim de que os docentes estejam atentos às modificações

que vem ocorrendo na sociedade, para que assim possam inserir na sua prática

essa nova demanda social, pois a educação como parte integrante dessa sociedade,

permanece a sofrer os efeitos de tais transformações. Pois a educação ainda é

manipulada para atender ao capitalismo.

A relação entre a tecnologia e a necessidade de trabalho nos leva a perceber

enquanto educadores um novo desafio para nossa prática, exigindo uma postura

diferenciada que requer o conhecimento dessas novas tecnologias, identificando a

necessidade de domínio das mesmas.

O educador é influenciado por esse contexto de transformações, mas resiste

a utilizar as tecnologias no desenvolvimento de sua prática, em sua maioria não

fazem parte da grade curricular das escolas públicas. Chegam sem uma proposta a

Page 12: UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA- UNEB · JOELMA CERQUEIRA DE OLIVEIRA AS DIFICULDADES DOCENTES EM TRABALHAR COM AS NOVAS TECNOLOGIAS NO ENSINO FUNDAMENTAL I Salvador - Ba 2011 . ...

11

contento de trabalho que de fato venha contribuir para o conhecimento tanto do

aluno quanto professor, pois somente assim as Tics (Tecnologia da Informação e

Comunicação) despertarão o interesse de todos.

Mesmo sabendo que a utilização das novas tecnologias, está presente em

seu cotidiano, e neste sentido o professor deixa de ser o único detentor do saber; e

a todo o momento os educandos são bombardeados de informações, e muitas vezes

julgam-se mais importantes, que a construção do saber em sala de aula, a qual se

dá de maneira habitual, por grande parte dos educadores. Se mantendo dissociado

dessas novas tecnologias, ignorando sua contribuição, e a necessidade de fazer uso

dessas Tics no desenvolvimento de sua didática.

A proposta de trabalhar com a inclusão digital estão praticamente em todos os

discursos da reforma educacional, e vem constituindo um “novo senso comum” seja

pelo reconhecimento da sua contribuição para a educação informatizada e a

ampliação de conhecimentos, ou pela necessidade de valorizar e considerar sua

importância como uma ferramenta para interação e o processo de aprendizagem

tanto do educador como educando.

O olhar do professor como parceiro íntimo da aprendizagem torna-se mais

fácil, pois está mais próxima do conhecimento, enxergando seus colegas como

colaboradores para seu crescimento, o que representa uma mudança importante e

fundamental no processo de aprendizagem, que deve se dá de maneira coletiva

envolvendo a colaboração de todos.

O papel do professor enquanto mediador vai além de saber manusear essas

ferramentas, ele precisa trazer um plano de ação que se adéque ao perfil do seu

aluno, mas para isso é necessário o envolvimento de todo o corpo gestor da escola

e não somente do professor.

Desta forma as novas tecnologias trazem o mundo informatizado, procurando

experiências bem sucedidas na área, que possa desenvolver o novo. Criando assim

uma interação professor-aluno-tecnologia, deixando de ser somente um colaborador

através das informações contidas nas redes, passando a ser um guia para o aluno,

contribuindo expressivamente para o desenvolvimento dessa aprendizagem.

Um país como o Brasil, que tanto utiliza e valoriza as tecnologias digitais,

possui uma educação alheia às transformações que continuam ocorrendo em ritmo

acelerado, acarretando a necessidade de um trabalho educacional em sintonia com

o mundo digital. Dessa forma é necessário que os processos educacionais

Page 13: UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA- UNEB · JOELMA CERQUEIRA DE OLIVEIRA AS DIFICULDADES DOCENTES EM TRABALHAR COM AS NOVAS TECNOLOGIAS NO ENSINO FUNDAMENTAL I Salvador - Ba 2011 . ...

12

caminhem na direção da contextualização e ensinos dos conteúdos escolares para

que estejam ligados com o mundo além dos muros da escola, para interagirem com

as novas tecnologias digitais e construírem novos conhecimentos importantes para o

educando.

As tecnologias são importantes para o processo educativo, embora dêem

subsídios às aulas dos professores, elas funcionam como suporte e não como

substituição dos mesmos. Principalmente porque a qualidade do ensino não se dá

por meios tecnológicos, mas pelo recurso humano; o professor que com seu capital

cultural poderá propiciar uma eximia educação. Estes recursos tecnológicos, que

embora estejam presentes diariamente no cotidiano dos educandos podem trabalhar

como mais um suporte motivacional para que a aprendizagem seja mais expressiva,

coletiva envolvendo a participação de todos, construída e contextualizada com a

realidade vivenciada pelo discente.

A proposta metodológica abordada nesta pesquisa foi de caráter observatório,

envolvendo uma análise descritiva, analítica, praxiológica de forma que foi

desenvolvida através de observações realizadas com algumas escolas da rede

pública, tendo como objetivo, descobrir quais as dificuldades dos docentes em

trabalhar com as novas tecnologias em sua sala de aula. Através de alguns quadros

abordo fatores que contribuem para essas dificuldades, possibilitando assim uma

análise mais contundente sobre os motivos, e por meio de embasamento teórico,

numa perspectiva sócio construtivista colaborar para que o educador tenha subsídio

e assim possa superar esses problemas.

No primeiro capítulo, trago o processo histórico do ensino público no Brasil, e

um breve panorama sobre as marcas deixadas na educação, e que estão até hoje

presentes na sociedade, herdada pela classe Senhorial e a Burguesa. Para essa

sociedade formal, a educação serve apenas para legitimar o poder vigente desta

população em que o fidalgo é sempre um ser superior, sendo a educação formal

apenas um privilégio da sociedade senhorial. Mestres de ofícios que sabem fazer

algo e passar para os outros, de forma que, tem como finalidade apenas distinguir

os filhos de qualquer coisa e a sociedade Aristocrática.

O novo modelo de educação no país buscava atender todas as classes

sociais, desde proprietário de terras, a burguesia, os trabalhadores, comerciantes

Page 14: UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA- UNEB · JOELMA CERQUEIRA DE OLIVEIRA AS DIFICULDADES DOCENTES EM TRABALHAR COM AS NOVAS TECNOLOGIAS NO ENSINO FUNDAMENTAL I Salvador - Ba 2011 . ...

13

etc. Mas cada um dentro das suas especificidades. Na Bahia com a expansão do

cientificismo a tendência foi os proprietários de terras com os ricos comerciantes se

aliarem, para dar início a uniformalização de projetos políticos criados pela classe

burguesa.

O segundo capítulo aborda a representação docente nas classes burguesa e

senhorial, e as dificuldades enfrentadas pelos mesmos no reconhecimento e

valorização de sua profissão perante a sociedade.

O Brasil transformou-se desde a época colonial portuguesa em uma

sociedade dominada por senhores, que visavam apenas poder e dinheiro de forma

que a educação pouco importava. Com o passar dos anos foi surgindo à

necessidade de pessoas com mais habilidades e um maior conhecimento para

administrar seus bens, possibilitando à manutenção de sua hegemonia e capacidade

de dominação.

O professor no período senhorial tinha como principal papel garantir aos

fidalgos status sociais e títulos, reproduzindo o poder vigente da sociedade, de

maneira que os peões, representados pelos trabalhadores escravos, não tinham

acesso a este tipo de formação, legitimando que o conhecimento intelectual era algo

exclusivo de quem mantinha o poder, e assim cabe o trabalho intelectual para os

dominantes a burguesia e o trabalho braçal para os dominados a classe

trabalhadora.

O terceiro capítulo traz a LDB - Lei de Diretrizes e Base - que regulamenta a

educação, trazendo avanços e melhorias no sistema de ensino, principalmente para

a população mais carente que até então não era representadas nessa sociedade. O

Brasil começa a definir e estruturar a educação em 1930 com o movimento

denominado “Escola Nova", trazendo em seu bojo, propostas inovadoras para a

época como a laicidade do ensino, a co-educação dos sexos, a escola pública para

todos e a revolução pedagógica de centrar o ensino no aluno, e não mais nos

programas e/ ou professor, como na ”Escola Tradicional" - o que vem ratificado na

nova e na 4a LDB 9394/96.

O quarto capítulo aborda as novas tecnologias na sociedade contemporânea,

e as mudanças nos hábitos da população.

Neste momento dar-se inicio a uma estrutura social diferenciada fomentada

pelas tecnologias, de maneira que as pessoas vêm tornando-se menos

Page 15: UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA- UNEB · JOELMA CERQUEIRA DE OLIVEIRA AS DIFICULDADES DOCENTES EM TRABALHAR COM AS NOVAS TECNOLOGIAS NO ENSINO FUNDAMENTAL I Salvador - Ba 2011 . ...

14

individualistas, mais colaborativa, em que todos trabalham e se envolvem numa

perspectiva mais coletiva.

Estes parâmetros cumprem o duplo papel de difundir os princípios da reforma

curricular e orientar o professor, na busca de novas abordagens e metodologias. Ao

distribuí-los, temos a certeza de contar com a capacidade de nossos mestres e com

o seu empenho no aperfeiçoamento da prática educativa. Por isso, entendemos sua

construção como um processo contínuo: não só desejamos que influenciassem

positivamente a prática do professor, como esperamos poder, com base nessa

prática e no processo de aprendizagem dos alunos, revê-los e aperfeiçoá-los.

A formação do aluno deve ter como alvo principal a aquisição de

conhecimentos básicos, a preparação científica e a capacidade de utilizar as

diferentes tecnologias relativas às áreas de atuação.

Tomamos como exemplo as grandes fábricas e indústrias, que estão cada

vez mais se equipando com tecnologia de última geração, para acelerar sua

produção e aumentarem seus lucros. Em contra partida, a classe operária antes

apenas representada por trabalhadores mal informados, sem muito conhecimento e

preparo e hoje o que vemos é o contrário, uma articulação muito maior entre as

pessoas, os trabalhos se desenvolvem mais coletivamente e produtivo envolvendo a

participação de todos.

No capítulo cinco trago as dificuldades relevantes quanto ao uso das novas

tecnologias pelo docente. Através dos estudos realizados, foi possível identificar as

grandes dificuldades enfrentadas pelos professores em sala de aula na rede pública.

Trabalhar com as tecnologias não é tarefa fácil, principalmente de uma forma que

venha aproximar e contribuir para construção do conhecimento pelo aprendiz, num

ambiente que o professores deve atuar como articuladores e organizadores para

condições favoráveis a sua aprendizagem.

Entretanto percebemos que as novas tecnologias acarretam consigo uma

gama de possibilidades que precisamos valorizar seus aspectos construtivos e nos

prevenir dos possíveis danos advindo da sua má utilização, pois como afirma

Kenski:

A evolução tecnológica não se restringe apenas a novos usos de determinados equipamentos e produtos. Ela altera comportamentos. A ampliação e banalização do uso de determinada tecnologia impõem-se á cultura existente e transformam não apenas o comportamento individual, mas o de todo grupo social (KENSKI, 2003, p.21).

Page 16: UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA- UNEB · JOELMA CERQUEIRA DE OLIVEIRA AS DIFICULDADES DOCENTES EM TRABALHAR COM AS NOVAS TECNOLOGIAS NO ENSINO FUNDAMENTAL I Salvador - Ba 2011 . ...

15

O educador que está vivenciando esse processo tecnológico, dentro e fora do

contexto escolar, percebe que o trabalho envolvendo as tics não deve se configurar

numa perspectiva instrumental, minimizando o potencial que as tecnologias podem

ter, quando usadas como suporte didático-pedagógico para o desenvolvimento dos

conteúdos curriculares pelo educador.

Para concluir são apresentadas as considerações finais extraídas da reflexão

entre a discussão teórica trazida pelos autores, bem como o estudo da experiência

desenvolvida em algumas escolas da rede pública estadual, através do Projeto

Conteúdos Digitais nas escolas, foi possível identificar algumas dificuldades

enfrentadas pelos docentes para utilização das novas tecnologias em sua prática.

Percebemos que mesmo com o passar dos anos, a educação brasileira ainda é

fortemente influenciada pelo passado histórico de manipulação e massificação da

população.

Page 17: UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA- UNEB · JOELMA CERQUEIRA DE OLIVEIRA AS DIFICULDADES DOCENTES EM TRABALHAR COM AS NOVAS TECNOLOGIAS NO ENSINO FUNDAMENTAL I Salvador - Ba 2011 . ...

16

1 O ENSINO PÚBLICO NO BRASIL

Este capítulo tem como objetivo contribuir para um melhor entendimento

sobre o processo histórico da educação no Brasil. Vivenciado ao longo dos anos,

principalmente na Bahia e na Região Nordeste, onde ocorreu de forma mais lenta o

processo de escolarização formal diferentemente das outras regiões, e

consequentemente, até hoje continuamos a liderar os altos índices de analfabetismo

no País.

1.1 Um breve panorama

A sociedade senhorial herdada no Brasil, existente há séculos consiste em

uma organização social cujo poder estava baseado no prestígio e na capacidade

dos poderosos em privilegiar e favorecer os aliados e dependentes. Deste modo

nesta sociedade as pessoas são colocadas na condição de donos dos outros, sendo

a cor da pele um dos fatores principais para que o senhor seja a autoridade máxima.

Entretanto, esta sociedade sempre esteve dividida entre os filhos dos fidalgos e os

filhos dos subordinados.

Três eram as principais fontes deste poder: a primeira delas era a propriedade

da terra, que era a principal condição de quem tinha esse poder, o que determinava

quem poderia administrar os recursos naturais e o fundamental da economia e da

sociedade; outra fonte era a das ligações e alianças entre poderosos, em especial

com aqueles que dominavam o poder instituído e o governo local. Contudo, daí

vinha à capacidade de atender a muitos dependentes e aliados com favorecimentos

e vantagens; e finalmente as ligações com o exterior, com a metrópole mercantil no

início, ou a capitalista posteriormente, que determinavam as linhas gerais da

dinâmica de desenvolvimento econômico e social da sociedade em sua época, e de

ligação e favorecimento que poderiam depender a influencia de um poderoso local e

sua capacidade de atender as classes dependentes e correligionárias.

Page 18: UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA- UNEB · JOELMA CERQUEIRA DE OLIVEIRA AS DIFICULDADES DOCENTES EM TRABALHAR COM AS NOVAS TECNOLOGIAS NO ENSINO FUNDAMENTAL I Salvador - Ba 2011 . ...

17

Os proprietários de recursos sociais vinham com o poder sobre toda a

produção da existência humana, que gerenciava consequentemente toda produção

da existência das pessoas, em toda a dimensão da sua práxis social, não somente a

econômica, mas com relação à cultura, ao conhecimento, á fé e religiosidade, e

outros elementos constituintes da práxis total de cada existência do sujeito social,

seja ele considerado individual ou coletivo.

Como bem ressalta Matta,

O avanço da hegemonia burguesa não se dá de forma linear, e nem sem resistência. As tradições e estruturas próprias da sociedade senhorial, dominantes até então, continuam coexistindo e dividindo o espaço das práxis cotidianas dos sujeitos históricos, o que nos habilita a observar as contradições entre as duas formas de vida e organização social (MATTA, 2005, p.114).

Para essa sociedade formal, a educação serve apenas para legitimar o poder

vigente desta população em que o fidalgo é sempre fidalgo um ser superior, sendo a

educação formal apenas um privilégio da sociedade senhorial. Mestres de ofícios

que sabem fazer algo e passar para os outros, de forma que, tem como finalidade

apenas distinguir os filhos dos empregados e subordinados e a sociedade

Aristocrática.

Com a chegada da família real ao Brasil (1808) , a situção da educação

brasileira permanecia estática, voltada essencialmente para atender a classe

senhorial, sendo oferecidos cursos superiores de formação profissional para servir a

Marinha e o exército. A partir desse momento dar-se início as ideias iluministas,

devido ao aparato institucional criado pela corte portuguesa sediada no Brasil. Com

a classe burguesa observamos que desde sempre se reproduz as relações de

exploração capitalista. Analisando a escola enquanto Aparelho Ideológico do Estado

dominante, Saviani destaca:

A escola constitui o instrumento mais acabado de reprodução das relações de produção de tipo capitalista. Para isso ela toma a si todas as crianças de todas as classes sociais e lhes inculca durante anos a fio de audiência obrigatória “saberes práticos” envolvidos na ideologia dominante (SAVIANI, 2008, p.27).

Page 19: UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA- UNEB · JOELMA CERQUEIRA DE OLIVEIRA AS DIFICULDADES DOCENTES EM TRABALHAR COM AS NOVAS TECNOLOGIAS NO ENSINO FUNDAMENTAL I Salvador - Ba 2011 . ...

18

O processo histórico da educação no Brasil acontece em meio a muitas

dificuldades. Mas com as reais necessidades de mudanças na estrutura da

sociedade contribuíram para intensificar o processo, pois até então o poder da

classe senhorial era o único e predominante em todo o país.

Desde o final do século XVIII, começa a enfraquecer a sociedade senhorial,

que com as mudanças, vem surgindo uma nova ordem burguesa da sociedade

moderna, que começa a se firmar. A sociedade burguesa consiste em condições

que os poderosos são proprietários dos meios de produção da existência, em que há

uma sociedade que depende de propostas e projetos de produção social, propostas

estas pertencentes a alguém, por este motivo é o meio de produção. Essa

sociedade se baseia na articulação das massas em função dos interesses que estão

sendo produzidos.

Na sociedade burguesa a educação tem três funções: a primeira delas traz a

educação como um forte elemento massificador e uniformizador para assim garantir

a ampliação dos padrões de consumo desejado; a segunda, além disso, vai facilitar

o controle social, já que os comportamentos desejados também são massificados e

a partir daí tornam-se previsíveis; a terceira e última deve aprimorar as habilidades

profissionais dos trabalhadores, ampliando eficiência e produtividade, o que servirá

para alimentar as máquinas e processos de produção burguesa.

No período pombalino, foi surgindo às idéias Iluministas, que propôs a

reforma do ensino desatrelando a educação da religião e desautorizando religiosos

na condução da educação. A escola passava a ser leiga na sua administração, mas

continuava obrigatório o ensino religioso, ainda neste período, emerge o

pensamento científico, voltado apenas para o aprendizado de novas técnicas no

aperfeiçoamento da agricultura com aplicação prática imediata. Segundo Azevedo

(1976), consubstancia uma nova tendência pedagógica:

As novas tendências pedagógicas exprimem-se não só no ambiente liberal que nele se criou, com métodos mais suaves e mais humanos, no respeito maior à personalidade do menino, nas transformações profundas das relações dos adultos com as crianças, dos mestres com os discípulos, mas ainda pela importância dada, no plano de estudos ao ensino das matemáticas e das ciências físicas e naturais. (AZEVEDO, 1976, p.66)

Foi inserido o ensino da matemática e ciências da natureza sendo instituído

um imposto destinado a financiar as reformas projetadas, remunerando os

Page 20: UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA- UNEB · JOELMA CERQUEIRA DE OLIVEIRA AS DIFICULDADES DOCENTES EM TRABALHAR COM AS NOVAS TECNOLOGIAS NO ENSINO FUNDAMENTAL I Salvador - Ba 2011 . ...

19

professores e dando origem ao funcionalismo público. “Essa nova tendência vai

determinar uma inflexão brusca e transitória para o espírito moderno entre a

pedagogia jesuítica e a orientação nova dos modeladores dos estatutos pombalinos”

(AZEVEDO, 1772 p.56).

As novas formas de educação, então, trataram de tentar equipar

ideologicamente e culturalmente ao menos uma parte das classes senhoriais, para

uma nova forma de exercício social, burguesa e baseada no mercado.

A mudança na estrutura econômica influenciou as transformações dos hábitos

políticos e das linhas gerais do poder regional. Com o crescimento da urbanização e

o aumento significativo do comércio no período Pombalino, fez com que a ascensão

política da classe burguesa crescesse cada vez mais, e já a classe senhorial

permaneceria estática sem mudanças significativas. Mesmo com o advento do

pensamento liberal, a cidadania e os direitos dos cidadãos permanecem nas mãos

de quem tinha o pode até hoje, ou seja, os senhores e a burguesia.

Com o crescimento das populações urbanas e da massa operária fizeram

com que progressivamente se tornasse cada vez mais importante a participação

política das camadas urbanas e das grandes cidades baianas, consequentemente a

influência de algumas novas características do seu jogo de poder. Em primeiro lugar,

o crescimento da importância das representações de categorias e de classes, assim

como de busca pelas realizações e alianças entre grupos de interesses comuns,

começando a destacar a importância das propostas do governo em detrimento do

prestígio pessoal.

Esses interesses por sua vez reúnem a população urbana em geral, mais

especificamente a emergente classe burguesa do estado, interessada em dinamizar

o mercado e seus lucros. Com o crescimento comercial a classe burguesa vai

ampliando, tomando espaços cada vez maiores na sociedade, entretanto com essa

demanda comercial, é visível notar que a sociedade ainda se mantém estruturada no

período senhorial, sendo visível a resistência para unificação dessas duas classes, a

senhorial que sempre esteve no poder soberano e a burguesa que toma espaços

cada vez maiores e mais importantes em toda sociedade.

É importante considerar que os hábitos das pessoas mudaram lentamente e

uma nova sociedade em que a estrutura de produção capitalista começava a se

implantar, permanecia ainda com hábitos característicos e próprios de mentalidades

coletivas de outras estruturas sociais.

Page 21: UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA- UNEB · JOELMA CERQUEIRA DE OLIVEIRA AS DIFICULDADES DOCENTES EM TRABALHAR COM AS NOVAS TECNOLOGIAS NO ENSINO FUNDAMENTAL I Salvador - Ba 2011 . ...

20

A nova estrutura da sociedade no país contribuía cada vez mais para a

expansão da classe burguesa na Bahia, pois já se estabelecia um comércio em

Salvador que passava a aumentar como mercado de consumo, principalmente

depois do aparecimento do petróleo. Neste momento a população passa a ter

características que a identificam como uma organização profissional no meio

urbano. As mudanças na estrutura da sociedade só avançaram quando as duas

classes a senhorial e a burguesa começaram a dialogar entre si, unindo forças

permitindo que a burguesia realizasse as mudanças cabíveis principalmente no

âmbito educacional, entretanto a classe senhorial não deixava de exibir seu poder.

O novo modelo de educação no país buscava atender todas as classes

sociais, desde proprietário de terras, a burguesia, os trabalhadores, comerciantes

etc. Mas cada um dentro das suas especificidades. Na Bahia com a expansão do

cientificismo a tendência foi os proprietários de terras com os ricos comerciantes se

aliarem, para dar início a uniformalização de projetos políticos criados pela classe

burguesa.

A educação nesse momento passa a formar Bacharéis com diplomas de

Doutor, e dessa forma estes títulos se mantêm nas mãos da burguesia e dos

senhores, tendo como modelo de educação a Européia. Em 1808, na Bahia foi

criado o curso superior de medicina, três décadas depois o curso normal superior,

no decorrer várias outras escolas, entre elas o Ginásio Baiano. A partir deste

período, dar-se início a uma formação regular e acadêmica nos moldes da

pedagogia de massa e cientificismo burguês, voltada para formar doutores.

Para a classe trabalhadora restava apenas uma educação que os preparasse

para responder as necessidades do mercado, uma mão – de - obra emergente da

urbanização. Esta qualificação profissional passava longe dos ideais da população,

pois se tratava de uma formação superficial e alienadora reproduzida pela

burguesia, para que assim o mercado consumidor continuasse a crescer, e

consequentemente houvesse pessoas preparadas para manusear máquinas e

equipamentos. Possibilitando cada dia mais o crescimento do comércio, e o

enriquecimento das classes burguesa e senhorial.

A necessidade de melhorias na educação em virtude dos novos hábitos da

sociedade urbana, já não permitia mais uma organização tradicional de produção e

trabalho. Com o impulso da municipalização do ensino público no século XX,

Page 22: UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA- UNEB · JOELMA CERQUEIRA DE OLIVEIRA AS DIFICULDADES DOCENTES EM TRABALHAR COM AS NOVAS TECNOLOGIAS NO ENSINO FUNDAMENTAL I Salvador - Ba 2011 . ...

21

permitiu que cada região do país adequasse o ensino de acordo com suas

necessidades.

Diante da municipalização da educação e a autonomia dos estados, fez de

São Paulo em relação aos outros estados se destacar na formação de seus

operários e trabalhadores, crescendo gradativamente sua produtividade e

conseqüentemente aumentando expressivamente a procura de cursos superiores

pela classe burguesa. Já na Bahia e no Nordeste o crescimento da educação e

mercado de trabalho se deu de forma mais lenta, pois ainda sofria muitas influências

da classe senhorial.

Com a influência do positivismo no país, criou-se a organização urbana e de

mercado, propiciando o estabelecimento do capitalismo periférico e surgimento da

educação primária e secundária, bem como a profissional que além de pragmática

se baseava no rigor moral e social científica, necessária ao mesmo modelo. Embora

tímido os índices de alfabetização em Salvador no século XIX, contribuíram para o

surgimento de bibliotecas, livrarias, tipógrafos, jornais entre outros periódicos que

evidenciam o novo modelo social ainda no século passado.

A partir dos interesses políticos em modernizar o Brasil, foi se firmando no

país uma nova economia burguesa industrial, que possibilitou em 1930 o surgimento

do Ministério da Educação, em que foi reorganizada a educação, dando um formato

mais formal e discursivo, abordando: metodologia, gestão e currículo, o que acabou

contribuindo para normalizar os níveis do sistema educacional brasileiro, inclusive as

escolas técnicas profissionais. Nesse momento chega definitivamente à educação

massificada e profissional em todo o país pelo menos em projeto, mesmo diante

desta nova realidade, a classe senhorial permanecia resistente e firme a essas

mudanças dentro do seu reduto de poder.

Segundo Arroyo,

A burguesia agrária, industrial ou financeira, tradicional ou moderna, sempre teve um projeto educativo específico para as classes subalternas, para através delas fazer cidadãos e trabalhadores submissos a seus interesses. Esse projeto, bem mais amplo que o de educação escolar, nunca foi igual, nem poderia ser, ao projeto educativo de formação da própria burguesia, seus co-gestores e teóricos. Não foi o mesmo projeto rico para uns e pobre para outros. Se pretendermos construir a escola possível para as classes subalternas temos que partir da destruição do projeto educativo da burguesia e de seus pedagogos, feito para a constituição de cidadãos-trabalhadores formados à imagem de interesses de classe, e

Page 23: UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA- UNEB · JOELMA CERQUEIRA DE OLIVEIRA AS DIFICULDADES DOCENTES EM TRABALHAR COM AS NOVAS TECNOLOGIAS NO ENSINO FUNDAMENTAL I Salvador - Ba 2011 . ...

22

para mantê-los nessa condição de classe (Miguel G. Arroyo,1991,p.17 , p. 18)

Após essas mudanças as escolas se multiplicaram em todo Brasil, com o

novo modelo de educação trazido pela sociedade burguesa, que tinha como

principal objetivo lucrativos, massificar e uniformizar a população mais carente,

induzindo e as transformando em consumidores potenciais nesse novo modelo

econômico, em que a alienação e controle social da população eram cada vez

maiores. Os trabalhadores eram qualificados com o maior objetivo de aumentar a

produtividade e conseqüentemente trazer mais riqueza e poder a classe burguesa.

A sociedade senhorial buscava apenas o poder e por este motivo

desvalorizava a educação, reforçando a idéia de que a formação não leva a lugar

algum, negligenciando a formação docente com salários baixos, que desvalorizava a

categoria, e assim, continuava a manter uma educação sem prática e

profissionalização.

Diante dessa realidade, os cargos com maior relevância social e status

permanecia nas mãos dos senhores, prejudicando o desenvolvimento do mercado e

da sociedade, manipulando e escravizando a população mais carente sem lhe dar

nenhum tipo de formação, sendo estes o principal motivo da classe senhorial resistir

a tais transformações, sejam elas no âmbito educacional ou profissional. O controle

das pessoas e o acúmulo de capital é o fator que realmente interessa a esta

sociedade.

A educação tradicional, enraizada na sociedade de classes escravista da Idade Antiga, destinada a uma pequena minoria, iniciou seu declínio no movimento renascentista, mas ela sobrevive até hoje, apesar da extensão média da escolaridade trazida pela educação burguesa (Moacir Gadotti, 2000, p.96).

Reforçando assim as idéias, valores e concepções de mundo, de quem estar

no poder são incorporados pelos demais e transformadas em padrões de orientação.

A própria Constituição Brasileira e as leis orgânicas do ensino refletem esses

interesses, pois foi fruto de momentos sociopolíticos e históricos. Para Pilleti (2002),

“a educação é, em suma, um processo universal. E, na definição do processo

educacional, não podemos fugir das influências que sofremos em nossa própria

formação”.

A educação hoje consiste na construção coletiva do conhecimento, que por

sua vez envolve os processos de ensinar e aprender e estes tem o poder de

Page 24: UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA- UNEB · JOELMA CERQUEIRA DE OLIVEIRA AS DIFICULDADES DOCENTES EM TRABALHAR COM AS NOVAS TECNOLOGIAS NO ENSINO FUNDAMENTAL I Salvador - Ba 2011 . ...

23

tranformar o indivíduo. A educação como pricncípal responsavél por manter através

das experiências históricas de vida do indivíduo , que perpassa por gerações,

reproduzindo assim formas de agir e pensar das pessoas e estes são tratados de

maneira que suas atitudes, podem ser mantidos ou alterados desde quando possa

favorecer a ideologia vigente na sociedade.

Segundo José Libâneo,

Na verdade, não é suficiente a democratização do processo de tomada de decisões, é preciso democratizar o conhecimento, isto é, buscar uma edequação pedagógico-didático á clientela majoritária que frequenta a escola pública. Dessa forma, a contribuição essencial da educação escolar para a democratização da sociedade consiste no cumprimento de sua função primordial o ensino. Valorizar a escola pública não é apenas, reivindicá-la para todos, mas realizar nela um trabalho docente diferenciado em termos pedagógico-didáticos (LIBÂNEO, 1986, p.12).

A escola contemporânea como um espaço institucional e cultural, em que o

desempenho do professor não mais pode ser pensado como uma simples questão

da formação teórica de alguém que ensina como também o desempenho do aluno

não pode ser pensada de forma simplificada, mas sim uma troca mútua de

conhecimentos em que ambos devem contribuir para o aprendizado, pois o

professor não é o único detentor do saber.

Democratizar o ensino é ajudar os alunos a se expressarem bem, a se comunicarem de diversas formas, a desenvolverem o saber escolar; é ajudá-los na formação de sua personalidade social, na sua organização enquanto coletividade. Trata-se, enfim, de proporcionar-lhes o saber e o saber-fazer críticos como pré-condição para sua participação em outras instâncias da vida social, inclusive para melhoria de suas condições de vida (LIBÂNEO, 1986, p. 12, 1986).

Através desta educação, o educador vai propiciar ao educando uma exímia

educação, formando cidadãos mais autônomos, críticos e conscientes do seu papel

na sociedade, de maneira que esta educação venha contribuir verdadeiramente para

sua emancipação enquanto cidadão.

Page 25: UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA- UNEB · JOELMA CERQUEIRA DE OLIVEIRA AS DIFICULDADES DOCENTES EM TRABALHAR COM AS NOVAS TECNOLOGIAS NO ENSINO FUNDAMENTAL I Salvador - Ba 2011 . ...

24

1.2 Problemas enfrentados pela educação no período senhorial

No período senhorial, educação no Brasil era excludente e visava os

interesses políticos da burguesa. Dessa forma, o papel transformador da educação

não era atingido, já que só fazia parte dela uma pequena minoria.

Aqui iremos levantar alguns problemas relevantes que contribuíram para a

não eficácia na educação da época. Como essas questões impossibilitaram na

emancipação de uma sociedade mais justa, e até hoje vemos refletidos na

educação.

Problema Parágrafo

“Os proprietários de recursos sociais

vinham com o poder sobre toda a

produção da existência humana, que

gerenciava consequentemente toda

produção da existência das pessoas,

em toda a dimensão da sua práxis

social, não somente á econômica,

mas com relação à cultura, ao

conhecimento, á fé e religiosidade, e

outros elementos constituintes da

práxis total de cada existência do

sujeito social, seja ele considerado

individual ou coletivo.”

Página 16, 3º parágrafo.

“Uma organização social cujo poder

estava baseado no prestígio e na

capacidade dos poderosos em

privilegiar e favorecer os aliados e

dependentes.”

Página 16, 3º parágrafo.

Page 26: UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA- UNEB · JOELMA CERQUEIRA DE OLIVEIRA AS DIFICULDADES DOCENTES EM TRABALHAR COM AS NOVAS TECNOLOGIAS NO ENSINO FUNDAMENTAL I Salvador - Ba 2011 . ...

25

Problema Parágrafo

“A educação serve apenas para

legitimar o poder vigente desta

população em que o fidalgo é sempre

fidalgo um ser superior, sendo a

educação formal apenas um privilégio

da sociedade senhorial.”

Página 17, 1º parágrafo.

Problema Parágrafo

“Na sociedade burguesa a educação

tem três funções: a primeira delas traz

a educação como um forte elemento

massificador e uniformizador para

assim garantir a ampliação dos

padrões de consumo desejado; a

segunda, além disso, vai facilitar o

controle social, já que os

comportamentos desejados também

são massificados e a partir daí

tornam-se previsíveis; a terceira e

ultima deve aprimorar as habilidades

profissionais dos trabalhadores,

ampliando eficiência e produtividade,

o que servirá para alimentar as

máquinas e processos de produção

burguesa.”

Página 18, 2º parágrafo.

Page 27: UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA- UNEB · JOELMA CERQUEIRA DE OLIVEIRA AS DIFICULDADES DOCENTES EM TRABALHAR COM AS NOVAS TECNOLOGIAS NO ENSINO FUNDAMENTAL I Salvador - Ba 2011 . ...

26

Comentários:

Mediante esses pontos destacados do capitulo I, de como se deu o

processo histórico da educação no Brasil, que seu princípio foi pensado

apenas para ampliar, destacar e dar status a sociedade vigente os ricos

poderos da época, mas em momento algum esta educação foi pensada para a

classe popular tão massificada e excluída.

Diante do explanado não é surpresa perceber como a educação até os

dias atuais sofre esses processo de manipulação e controle, justificando uma

prática para dificultar a ascensão da população e um olhar mais crítico

mediante o que lhe é posto.

Page 28: UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA- UNEB · JOELMA CERQUEIRA DE OLIVEIRA AS DIFICULDADES DOCENTES EM TRABALHAR COM AS NOVAS TECNOLOGIAS NO ENSINO FUNDAMENTAL I Salvador - Ba 2011 . ...

27

2 A EDUCAÇÃO E A REPRESENTAÇÃO DOCENTE NA SOCIEDADE

SENHORIAL E BURGUESA

Este capítulo vai nos possibilitar entender melhor as dificuldades enfrentadas

no âmbito educacional tanto pelos educandos como pelos educadores da Rede

Pública Estadual, mediante esse processo histórico vivenciado ao longo dos anos,

de muita repressão e desvalorização dos docentes, mostrando que mesmo com o

passar dos anos a educação hoje não é muito diferente.

2.1 A educação na sociedade senhorial e burguesa

Podemos deduzir de uma educação cuja história social foi descrita acima;

primeiro uma escola senhorial, voltada para confirmar e difundir privilégios e ilustrar

“homens-bons”, que mais tarde foi sendo substituída pela escola burguesa que

objetivava (ver os três objetivos); a forma como os professores estarão efetivando

suas práticas pedagógicas e sociais, e como as tecnologias estarão envolvidas

nisso.

O Brasil transformou-se desde a época colonial portuguesa em uma

sociedade dominada por senhores, que visavam apenas poder e dinheiro de forma

que a educação pouco importava. Com o passar dos anos foi surgindo à

necessidade de pessoas com mais habilidades e um maior conhecimento para

administrar seus bens, possibilitando a manutenção de sua hegemonia e capacidade

de dominação.

Essa sociedade dependia da necessidade das pessoas, e por este motivo

mantinha uma educação diferenciada para as classes dominantes que era baseada

na educação escolar acadêmica, e formal, pois estes recebiam aulas e assim os

tornava “especiais” e distintos. A educação informal e não escolar, era destinada

para o resto da população, atendendo mais especificamente pelos peões.

Durante muito tempo o Brasil propagou uma educação para a classe

burguesa, apoiados na doutrina da igreja católica que disseminava e contribuía para

esta desigualdade social. Estudar fora do país, falar outro idioma, dominar algum

Page 29: UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA- UNEB · JOELMA CERQUEIRA DE OLIVEIRA AS DIFICULDADES DOCENTES EM TRABALHAR COM AS NOVAS TECNOLOGIAS NO ENSINO FUNDAMENTAL I Salvador - Ba 2011 . ...

28

instrumento musical, ter títulos de doutor, fazia dessas pessoas ditas “especiais”,

superiores a todo o resto da sociedade, que não pertencia a este meio social.

O sistema de educação no Brasil, que visava atender a classe senhorial

durante três séculos após a chegada dos portugueses ao país, mantinha uma

educação bastante precária, em relação à instrução primária, o conteúdo de ensino

era estabelecido com normas burocráticas em que as escolas eram obrigadas a

seguir sem nenhum tipo de questionamento.

Essa burocracia era estabelecida pela adoção rígida de um método

educacional, definição de conteúdos de ensino e autorização ou proibição de livros,

pois dessa forma a camada popular representada pelos filhos dos peões que

passavam a entrar no espaço escolar, por permissão da burguesia que continuava a

administrar e coordenar o ambiente escolar de acordo com seus interesses de

subordinação e alienação dessa sociedade.

As Teorias Praticadas trazia como suporte uma concepção científica da

educação no sentido de que os princípios e leis do processo educativo devem

subordinar-se às exigências da verificação experimental dos fatos. Nesse período a

educação formal passa essencialmente a ilustrar a classe senhorial e a burguesa,

servindo para reafirmação dos rituais e poder, legitimando a ordem social vigente.

De tal forma que o filho do chefe da oligarquia o fidalgo, com formação

acadêmica e o titulo de Doutor, por muitas vezes não importava se ele tinha

competência profissional ou não para exercer determinado cargo, o que realmente

levava em conta, era ratificar ao peão camponês que existe uma diferença entre

empregado e empregador, sendo esta uma diferença intelectual.

A oligarquia utiliza os títulos que obtém através do ensino superior, como

forma de se destacar na sociedade, ilustrar, mostrar o prestígio de quem tem um

título de doutor, com o objetivo de reafirmar os seus subalternos sua condição por

não possuírem uma titulação, como os Senhores, alimentando assim a idéia de que

o patrão é culto e não pode trabalhar no serviço braçal, pois esta atividade é vista

como uma função para os não-letrados, ou seja, aqueles que não possuem títulos.

Neste momento o ensino superior passa a ser um mero titulo que reafirma sua

posição social.

A educação para os fidalgos era bem diferente da camponesa, esta que era

voltada para o trabalho braçal, a cultura passada de pai para filho, tornando-se um

mestre de ofício. Temos como exemplo: um sapateiro, pedreiro, agricultor, entre

Page 30: UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA- UNEB · JOELMA CERQUEIRA DE OLIVEIRA AS DIFICULDADES DOCENTES EM TRABALHAR COM AS NOVAS TECNOLOGIAS NO ENSINO FUNDAMENTAL I Salvador - Ba 2011 . ...

29

outros que seu aluno vai o observar, e aprendendo até estar apto para desenvolver

o mesmo serviço sozinho.

Assim a educação nestas sociedades se dá hierarquicamente, e apesar da

hegemonia senhorial, uma educação burguesa foi aos poucos surgindo na medida

do crescimento desta ordem social e sua classe dominante. Com características

rígidas, impedindo assim a ascensão dos mais pobres, e ratificando ao longo dos

anos o poder eminente na sociedade.

Inicialmente a educação burguesa visava atender o comércio, nesse

momento a escola passa a conquistar espaços cada vez mais amplos na sociedade,

tento como principal papel divulgar e massificar a população mais carente,

determinando novos e úteis padrões de consumo e controle social, além de preparar

aqueles que assim desejavam profissionalmente para o mercado de trabalho.

Nessa prática de Currículo Tradicional e Tecnicista a escola nada pode, e não

consegue avançar com uma aprendizagem significativa, trazendo um conteúdo

respaldado na história oficial, numa realidade burguesa, onde a família se organiza

em torno de um núcleo arrumado e bem definido pela igreja e pelo trabalho. E, sob o

forte discurso que a escola prepara o sujeito para o mercado de trabalho, ou ainda

para o vestibular.

Segundo Arroyo (1991), ”uma escola possível seria uma escola que levasse

em conta as peculiaridades e carências da nova clientela e a ela se adaptasse nas

metodologias, nos conteúdos e na organização do processo pedagógico”. Com isso,

o currículo vem desde o começo do século XX importando os modelos de

administração dos processos produtivos (taylorização), para a escola. Sendo um

mero “instrumento” que engessa os modos de aprendizagens negando as

verdadeiras necessidades do sujeito.

Para a classe burguesa que vê a educação como sua principal arma de

ascensão social, pois o poder é adquirido através dos lucros e a mesma a favor do

livre comércio, mostrando para toda sociedade que não importa a classe social que

pertence, qualquer pessoa pode assumir cargos importantes nesta sociedade

capitalista, desde que esteja devidamente preparado tecnicamente para exercer a

função.

Nesse processo ficam de fora do direito de aprender, logo de imediato, as

pessoas com necessidades especiais de aprendizagens (os cegos, os surdos, os

cadeirantes, os léxicos, os hiperativos, os jovens, adultos, idosos e pessoas com os

Page 31: UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA- UNEB · JOELMA CERQUEIRA DE OLIVEIRA AS DIFICULDADES DOCENTES EM TRABALHAR COM AS NOVAS TECNOLOGIAS NO ENSINO FUNDAMENTAL I Salvador - Ba 2011 . ...

30

mais diversos tipos de distúrbios), pois essas pessoas são excluídas desta

aprendizagem, por não apresentarem um perfil adequado para esta sociedade.

2.2 A representação docente e a educação no período senhorial

Numa época em que a docência era totalmente desvalorizada, os direitos

civis eram negados e negligenciados por quem tinha o poder, com baixos salários, e

pouca qualificação, era passada uma imagem do professor pouco respeitado na

sociedade. Nesse processo consequentemente a educação sofria com o abandono

e descaso, pois a mesma era tratada como qualquer coisa sem perspectivas e

melhorias para o indivíduo.

O professor no período senhorial tinha como principal papel garantir aos

fidalgos status sociais e títulos, reproduzindo o poder vigente da sociedade, de

maneira que os peões, representados pelos trabalhadores escravos, não tinham

acesso a este tipo de formação, legitimando que o conhecimento intelectual era algo

exclusivo de quem mantinha o poder, e assim cabe o trabalho intelectual para os

dominantes a burguesia e o trabalho braçal para os dominados a classe

trabalhadora.

Com o passar dos anos houve modificações nas perspectivas em relação à

educação, um dos seus principais militantes Paulo Freire surge com um movimento

libertador possibilitando inovações que vai dar a educação brasileira uma nova

realidade a prática docente. Paulo Freire mostra, com excelência, as circunstâncias

em que o currículo se desenvolve nas atividades ocultando de fato a sua verdadeira

intenção: tornar estéreo quaisquer possibilidade de uma pessoa ser crítica, criativa,

autônoma e, sobretudo, conhecedora de sua realidade.

Nesta, perspectiva a aprendizagem começa acontecer em uma dinâmica

contrária a costumeiramente vista nas escolas. Passamos de copiar, a criar; de

seguir exemplos a descobrir conceitos; de marcar “x” a produzir opinião e outras

mais variadas atividades construindo o próprio conhecimento. Assim, podemos

perceber o quanto é de fundamental importância ter consciência do nosso papel

frente uma proposta de trabalho em que o papel é: “ser professor”.

Page 32: UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA- UNEB · JOELMA CERQUEIRA DE OLIVEIRA AS DIFICULDADES DOCENTES EM TRABALHAR COM AS NOVAS TECNOLOGIAS NO ENSINO FUNDAMENTAL I Salvador - Ba 2011 . ...

31

Para Shor e Freire (1987), “o professor libertador não é só um crescimento

profissional. É uma transformação ao mesmo tempo social e de si mesmo, um

momento no qual aprender e mudar a sociedade caminham juntos”. Mostrando a

importância do papel docente que passa a formar opiniões, com cidadãos mais

críticos e reflexivos, pois até então não era de interesse do poder vigente na

sociedade.

O currículo por mais de um século era instrumento de massificação,

submissão e controle da sociedade trabalhadora, dessa forma, faz-se necessário

rever as práticas curriculares educativas, que não reproduza diariamente, através

das atividades escolares, que a condição social do sujeito determine e opere na sua

capacidade de ação, na vida em sociedade e o esterilize quanto ao poder que cada

um tem em transformar-se quanto sujeito.

Os professores que temem a transformação também podem ser atraídos para a pedagogia libertadora. O currículo regular às vezes os desaponta, entediando-se e aos seus estudantes. Podem sentir-se limitados pelo programa rotineiro ou pelos limites conhecidos de suas disciplinas. Querem respirar profundamente como educadores, em vez de quase perder o fôlego dentro do armário fechado do conhecimento oficial. (FREIRE e SHOR, 1987, p. 67).

Estes estudos propõem um currículo com perspectivas na humanização e

transformação social de acordo Paulo Freire, que busca o entendimento dos

processos educativos com uma ação cultural e consequentemente, instrumento de

transformação da realidade social, para que assim os professores possam cumprir o

seu papel como agente transformador.

Essa prática só é possível à medida que a escola considera as

particularidades de cada sujeito, ou seja, as necessidades diversas de

aprendizagens. Com esse enfoque o currículo deve ser pensado para atender um

objetivo de ensino diferente do anteposto, mas com cuidado para não garantir ainda

mais a pirâmide social que está.

Neste caso o currículo necessita compreender que existe um contexto

histórico social onde aquela realidade se confirma, o sujeito existe e se manifesta

em pensamento, atitudes, comportamentos diversos e, para isso existem diferentes

meios (possibilidades) de se perceber ou conhecer o mundo.

Page 33: UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA- UNEB · JOELMA CERQUEIRA DE OLIVEIRA AS DIFICULDADES DOCENTES EM TRABALHAR COM AS NOVAS TECNOLOGIAS NO ENSINO FUNDAMENTAL I Salvador - Ba 2011 . ...

32

Uma proposta de atividades que compete ao o currículo com vistas a um

determinado fim, o sujeito, sua realidade, seu contexto, e conhecimento, de forma

que envolve todo material humano, contribuindo tanto com a formação docente

quanto discente. A composição do currículo vem com objetivos de ambos como:

claro conhecimento dos conteúdos e das disciplinas, sendo pré – requisitos

necessários para transformar o profissional que visa formar, com ações que

enriqueçam sua prática, ou seja, uma ação emancipadora para o educando.

Segundo Libâneo,

A democratização da escola pública, portanto, deve ser entendida aqui como ampliação das oportunidades educacionais, difusão dos conhecimentos e sua reelaboração crítica, aprimoramento da prática educativa escolar visando á eleição cultural e científica das camadas populares, contribuindo, ao mesmo tempo, para responder as suas necessidades e aspirações imediatas (melhoria de vida) e á sua inserção num projeto coletivo de mudanças da sociedade. Para tanto, é imperioso buscar uma pedagogia e uma didática que, partindo da compreensão da educação na prática social histórica e concreta, ajudem os professores no trabalho docente com as camadas populares (LIBÂNEO, 1986, p. 12).

A formação de sujeitos críticos e reflexivos não acontecerá através da

passividade e da reprodução. O uso efetivo, a oportunidade de experiências

construídas, sua aprendizagem, vai proporcionar a investigação e a pesquisa, o

pensamento critico, através desses meios, e assim poderá favorecer a autonomia

para construção e desenvolvimento de diferentes propostas nesta perspectiva, para

trabalhar juntamente com seus alunos. Uma formação que priorize atitudes como:

Autonomia, aprendizagem, conhecimento, reflexão, pesquisa, questionamentos e

criticidade para o professor.

Para Paulo Freire, educação é um processo contínuo que orienta e conduz o

indivíduo a novas descobertas a fim de tomar suas próprias decisões, dentro de

suas capacidades. Entretanto o processo educativo não vem pronto ele é construído

processualmente a cada passo em que estimulamos os nossos educandos, estes

por sua vez traz seus conhecimentos prévios que devemos levar em consideração

para acrescentar nessa “mágica” que é educar, inserindo no Projeto Político

Pedagógico da escola a história da comunidade para que estas se incluam na

educação, trazendo assim motivação necessária ao processo de ensino e

aprendizagem desse aluno.

Page 34: UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA- UNEB · JOELMA CERQUEIRA DE OLIVEIRA AS DIFICULDADES DOCENTES EM TRABALHAR COM AS NOVAS TECNOLOGIAS NO ENSINO FUNDAMENTAL I Salvador - Ba 2011 . ...

33

Nesse momento a formação docente assume o foco das políticas

educacionais com maior ênfase a partir das transformações que emergiram em

meados da década de 90. À formação de professores estão postas no centro das

políticas formuladas e em processo de formulação. Dentre elas, facilmente

encontramos os direcionamentos para formação de professores como condição para

que essas reformas se concretizem. Independente de ser o processo formativo de

professores, inicial ou continuado, a fragmentação, a divisão e, sobretudo a

dissociação com as práticas pedagógicas, com contextos onde estas se

desenvolvem, têm sido características facilmente identificadas nesses processos.

A formação docente aqui compreendida como a possibilidade dos

professores desenvolverem o compromisso com a pesquisa, elaboração própria,

através da teorização de suas práticas de forma crítica e criativa, sem negar as

mudanças e transformações, nem submeter-se a elas, vencendo a cultura de

reprodução de modelos ainda presentes no contexto escolar, contribuindo

visivelmente para seu crescimento e principalmente melhorando de forma

significativa a sua prática.

Na sociedade contemporânea caracterizada pela complexidade, incerteza e

velocidade de mudanças em todos os sentidos, inclusive nas ações das pessoas,

vem contribuindo para uma ação pedagógica voltada para a coletividade, equipe,

respeito, solidariedade, liberdade para atuar como cidadão do mundo, refletindo

sobre sua importante atuação diante do outro. Os sistemas de ensino, em função

disso, buscam adaptar-se através da implantação de mudanças variadas, como por

exemplo, as de caráter metodológico que influenciam diretamente o fazer

pedagógico.

Essas mudanças muitas vezes pensadas e idealizadas por consultores e

especialistas que estão longe do contexto escolar, cumprindo apenas seu papel de

criar e elaborar leis e normas que as escolas devem seguir, sem ter conhecimento

da realidade vivenciada nas escolas, tão pouco afinidade com o cotidiano concreto

das ações dos professores.

Os educadores por sua vez, têm vivido essas modificações demonstrando

incerteza, desequilibrando e às vezes atropelando o processo de adaptação, que em

sua maioria leva ao sentimento de esgotamento e desmotivação docente. O que é

algo muito presente no contexto escolar.

Page 35: UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA- UNEB · JOELMA CERQUEIRA DE OLIVEIRA AS DIFICULDADES DOCENTES EM TRABALHAR COM AS NOVAS TECNOLOGIAS NO ENSINO FUNDAMENTAL I Salvador - Ba 2011 . ...

34

No momento em que se discute e se propõe transformações na educação

escolar, e reestruturações na função do professor vão sendo também instituídas a

partir de novas práticas e necessidades sociais, exigidas pela sociedade atual.

2.3 Os problemas enfrentados pelos docentes quanto a sua representação na

época senhorial

Durante a pesquisa, chegamos à conclusão da difícil tarefa do docente na

busca pela representação e pelo apoio necessário da sociedade. O professor é o

grande responsável pela transformação do ser, seja cultural ou intelectualmente, por

isso o abandono e descaso, dificulta qualquer possibilidade perspectivas e melhorias

para o indivíduo civil.

Vejamos alguns exemplos:

Problema Parágrafo

“Para a classe burguesa que vê a

educação como sua principal arma de

ascensão social, pois o poder é

adquirido através dos lucros e a

mesma a favor do livre comércio,

mostrando para toda sociedade que

não importa a classe social que

pertence, qualquer pessoa pode

assumir cargos importantes nesta

sociedade capitalista, desde que

esteja devidamente preparado

tecnicamente para exercer a função.”

Página 29, último parágrafo.

“O professor no período senhorial

tinha como principal papel garantir

aos fidalgos status sociais e títulos,

reproduzindo o poder vigente da

sociedade, de maneira que os peões,

representados pelos trabalhadores

Página 29, 4º parágrafo

Page 36: UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA- UNEB · JOELMA CERQUEIRA DE OLIVEIRA AS DIFICULDADES DOCENTES EM TRABALHAR COM AS NOVAS TECNOLOGIAS NO ENSINO FUNDAMENTAL I Salvador - Ba 2011 . ...

35

escravos, não tinham acesso a este

tipo de formação, legitimando que o

conhecimento intelectual era algo

exclusivo de quem mantinha o poder,

e assim cabe o trabalho intelectual

para os dominantes a burguesia e o

trabalho braçal para os dominados a

classe trabalhadora.”

“A formação de sujeitos críticos e

reflexivos não acontecerá através da

passividade e da reprodução. O uso

efetivo, a oportunidade de

experiências construídas, sua

aprendizagem, vai proporcionar a

investigação e a pesquisa, o

pensamento critico, através desses

meios, e assim poderá favorecer a

autonomia para construção e

desenvolvimento de diferentes

propostas nesta perspectiva, para

trabalhar juntamente com seus

alunos. Uma formação que priorize

atitudes como: Autonomia,

aprendizagem, conhecimento,

reflexão, pesquisa, questionamentos,

criticidade entre outros.”

Página 31, último parágrafo.

Comentários:

Neste momento a educação começa a sofrer alguns avanços, o

professor já passa a ser reconhecido na sua profissão com a implantação de

leis regulamentando seus direitos e deveres, mais em contra partida

permanece a servir a burguesia, contribuindo gradativamente para o controle

cada vez mais da burguesia sobre a população carente.

Page 37: UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA- UNEB · JOELMA CERQUEIRA DE OLIVEIRA AS DIFICULDADES DOCENTES EM TRABALHAR COM AS NOVAS TECNOLOGIAS NO ENSINO FUNDAMENTAL I Salvador - Ba 2011 . ...

36

3 A LDB: O INÍCIO DE UMA NOVA ERA

Ao começamos a verificar a bibliografia sobre os avanços pedagógicos,

percebemos as melhorias com registros fundamentados, nas últimas três décadas. A

História da Educação no nosso país é muito jovem e ainda estamos aprendendo o

que melhor nos convém.

O Brasil começa a definir e estruturar a Educação em 1930 com o movimento

denominado “Escola Nova", trazendo em seu bojo, propostas inovadoras para a

época como a laicidade do ensino, a co-educação dos sexos, a escola pública para

todos e a revolução pedagógica de centrar o ensino no aluno, e não mais nos

programas e/ ou professor, como na ”Escola Tradicional" - o que vem ratificado na

nova e na 4a LDB 9394/96.

O Professor é desafiado a atuar criticamente na elaboração e execução dos

projetos sociais, na indicação do material pedagógico que é proposto ao aluno, e

decidir sobre a metodologia na busca da construção do conhecimento em sala de

aula, bem como no uso de outras tecnologias. Nas questões dos vestibulares,

relatos de experiências em congressos ou exposições didático-pedagógicas. Isso

tudo é uma fonte de tensão e avaliação constantes para o professor que precisa

está sempre se atualizando dando continuidade aos estudos para poder fazer frente

aos novos conhecimentos e interpretações.

O educador está sendo mais respeitado no mercado profissional, de maneira

que sua qualificação e competência a todo o momento são avaliados. Como a crise

está em toda parte, a escola começa a aparecer como uma luz e oportunidade de

emprego para esse momento de crise. Mas as leis são claras e pedem qualificação

só entra nesse rol para permanecer, quem for concursado no ensino, público e no

particular, por referências e prestação de serviços. Mesmo assim, se o professor não

for competente e não estiver numa dinâmica de crescimento e busca de novas

metodologias de trabalho enriquecendo sua prática, os alunos, as leis do mercado

ou o próprio decide por sua demissão.

Os Parâmetros Curriculares são referenciais que orienta a prática docente (da

Educação Infantil, Fundamental, Ensino Médio e Técnico) que são uma aplicação da

LDB 9394/96, como se deseja o perfil do professor hoje. Ser o centro do processo

de ensino não implica exercer uma autoridade despótica, mas ser o responsável, o

Page 38: UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA- UNEB · JOELMA CERQUEIRA DE OLIVEIRA AS DIFICULDADES DOCENTES EM TRABALHAR COM AS NOVAS TECNOLOGIAS NO ENSINO FUNDAMENTAL I Salvador - Ba 2011 . ...

37

profissional que preza pela qualidade do seu trabalho. Cabe aos educadores definir

os objetivos da aprendizagem e ter uma noção clara sobre os rumos da ação

pedagógica para garantir uma aprendizagem significativa, fundamentada na

perspectiva sócio - construtivista. A respeito da definição de objetivos, bem como da

escolha dos recursos tecnológicos adequados que serão utilizados na ação

pedagógica, adverte os PCN’s:

Para garantir aprendizagens significativas, o professor precisa considerar a experiência prévia dos alunos em relação ao recurso tecnológico que será utilizado e ao conteúdo em questão; e organizar as situações de aula em função do nível de competência dos alunos. As aulas devem ser planejadas levando-se em consideração: os objetivos e os conteúdos de aprendizagem; as potencialidades do recurso tecnológico para promover aprendizagens significativas; os encaminhamentos para problematizar os conteúdos utilizando tecnologia; e os procedimentos da máquina que são necessários conhecer para sua manipulação (BRASIL, 1997, p. 151).

Deseja-se um professor mais envolvido e participativo na construção e

ampliação do conhecimento do seu aluno, mais humano, satisfeito, criativo, idealista

e o principal amar o que faz. Contudo somente através da educação acontecerão

mudanças reais na estrutura social do nosso país, que contribuirá para a melhoria

do SER, sendo este o objetivo máximo da Educação que exercite a paciência

cronológica e histórica.

Sendo necessário um compromisso maior com a vida e os valores como a

ética, sensibilidade, estética, cidadania, solidariedade, verdade, respeito mutuo e o

bom senso. Norteie-se por três pilares de princípios, previstos na explanação dos

parâmetros: Princípios Estéticos: que desenvolvem a estética da sensibilidade

estimule a criatividade e o espírito inventivo; Princípios Políticos: que propõem a

política da igualdade, do direito e da democracia, cuja arte se expressa no aprender

a conviver; Princípios Éticos: que visam à ética da identidade: inserção no tempo e

no espaço, onde aprender a ser é o objetivo máximo.

Espera-se um professor que se dirija pelos princípios norteadores da

UNESCO para a Educação do Século XXI: Aprender a conhecer, unindo teoria e

prática. Aprender a fazer aprender a conviver, aprender a ser. Mas para isso

segundo Pimenta (2002, p. 43) é necessário:

Page 39: UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA- UNEB · JOELMA CERQUEIRA DE OLIVEIRA AS DIFICULDADES DOCENTES EM TRABALHAR COM AS NOVAS TECNOLOGIAS NO ENSINO FUNDAMENTAL I Salvador - Ba 2011 . ...

38

Uma escola que inclua, ou seja, que eduque todas as crianças e jovens, com qualidade, superando os efeitos perversos das retenções e evasões, mas propiciando-lhes um desenvolvimento cultural que lhes assegure condições para fazerem frente às exigências do mundo contemporâneo, precisa de condições para que, a partir da análise e valorização das práticas existentes que já apontam para formas de inclusão, se criem novas práticas: de aula, de gestão, de trabalho dos professores e dos alunos, formas coletivas, currículos interdisciplinares, rica de material e de experiências, como espaço de formação contínua, e tantas outras. Por sua vez, os professores contribuem com seus saberes, seus valores, suas competências nessa complexa empreitada.

A sua maior preocupação deve ser em formar seres humanos capazes e

seguros, com valores solidamente construídos, não fixados no vestibular, mas

voltados para a sociedade e seus desafios pessoais e sociais trazidos pelas novas

tecnologias.

O professor deve assumir um papel diferenciado, procurando estar sempre

atualizado e consciente de que o melhor mestre é aquele que debate e questiona,

não apenas introduzindo o aluno na matéria, mas também o fazendo questionar,

duvidar, pesquisar.

O aprendizado em equipe e os trabalhos em grupo devem ser o ponto forte de

sua metodologia de ensino. Seu papel educativo é entendido como o de preparar os

alunos para o exercício da cidadania, para o trabalho em geral e para o

desenvolvimento de habilidades e de competências, visando à intervenção ética

positiva na sociedade, com argumentações conscientes, resultantes da aplicação de

conceitos na resolução de problemas contextualizados e relevantes a sua vida e

aprendizado.

O novo profissional do ensino é aquele que desenvolve as competências para

continuar aprendendo, de forma crítica, em níveis mais complexos de estudos.

Essas competências são de nível cognitivo, cultural, psicomotor e sócio-afetivo. Com

o passar dos anos, vemos a tecnologia ganhar cada vez mais espaço no mundo. O

uso dos computadores está cada dia mais presente no nosso dia a dia, seja nos

supermercados, nas lojas, indústrias, agricultura, entre outros. No entanto, não tão

presente nas escolas de forma a contribuir verdadeiramente para o aprendizado dos

alunos.

A educação não pode ficar a margem desse processo tecnológico, já que

sabemos que os indivíduos precisam das novas tecnologias para sua formação.No

Page 40: UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA- UNEB · JOELMA CERQUEIRA DE OLIVEIRA AS DIFICULDADES DOCENTES EM TRABALHAR COM AS NOVAS TECNOLOGIAS NO ENSINO FUNDAMENTAL I Salvador - Ba 2011 . ...

39

mundo atual, estamos passando por diversas transformações sociais, culturais e

até então tecnológicas. Sentimos a necessidade de acompanhar essas evoluções,

uma vez que as mesmas são de total importância para o progresso do indivíduo na

sociedade.

As novas tecnologias surgiram para ampliar e integrar o conhecimento de

forma rápida, acessível a todos de forma dinâmica. Pensando nisso foi

desenvolvido estudos direcionados para a necessidade de incluir essas novas

tecnologias com o uso dos computadores nas escolas. A proposta de utilizar os

computadores no processo educativo desde as séries iniciais, viria para ampliar o

acesso dos alunos a novos conhecimentos em que esse aprendizado aconteceria

de forma mais coletiva, envolvendo a participação de todos na escola.

No sistema educacional brasileiro a implantação de computadores nas

escolas é mais comum a partir do Ensino Fundamental, embora algumas instituições

iniciem esse processo desde a Educação Infantil, o que, no entanto, não representa

um número expressivo. Portanto segundo a realidade brasileira, os números

contatos da criança com o computador em seu processo de aprendizado se darão

aproximadamente a partir dos seis e oito anos.

É com base nessas investigações que é pretendido neste estudo, chamar a

atenção para a falta de infraestrutura nas escolas decorrentes da ausência de uma

postura política para melhorar as escolas, os educadores de um modo geral cabe

perceber a sua importancia nesse processo , pois sabemos que a inclusão digital se

dá em meio a falta de propostas condizentes em torno dessa novas tecnologias.

Afirma Pimenta (2002, p.65,66):

Trata–se, pois, de entender como prática cultural, forma de trabalho cultural, que envolva uma prática intencional de produção e internalização de significados. É esse caráter de mediação cultural que explica as várias educações, suas modalidades e instituições, entre elas a educação escolar. Também daí decorrem as várias projeções do educativo em projetos nacionais, locais, que expressam intenções e ações logo materializadas nos currículos.

Page 41: UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA- UNEB · JOELMA CERQUEIRA DE OLIVEIRA AS DIFICULDADES DOCENTES EM TRABALHAR COM AS NOVAS TECNOLOGIAS NO ENSINO FUNDAMENTAL I Salvador - Ba 2011 . ...

40

Apesar da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, em vigor de 1996,

já preconizar a necessidade da “alfabetização digital” em todos os níveis de ensino,

do fundamental ao superior, o censo escolar do Ministério da Educação ( MEC),

realizado em 1999, revelou que apenas 3,5% das escolas de ensino básico tinham,

naquele ano o acesso a internet, e cerca de 63 mil escolas do país não tinham

sequer energia elétrica. Felizmente nos últimos anos, esse quadro está melhorando

com as novas iniciativas governamentais.

Porém a ausência das tecnológias nas escolas brasileiras ainda é grande e sentimos

falta de propostas realmente significativas para a introdução dessas Tic’s no

currículo escolar, de forma que as mesmas venham a possibilitar ao educando e o

educador uma troca mútua de conhecimento.

3.1 Problemas relevantes identificados na LDB que compromete a qualidade da

Educação Básica.

Durante os estudos sobre a LDB, percebemos algumas discordâncias entre a

teoria e a prática. Dificuldades essas, que comprometem a qualidade na Educação

Básica. Visto que, é notório observarmos a importância de investimentos no setor

tecnológico nas escolas públicas, até porque vivemos numa sociedade tecnológica e

nossos educandos necessitam dessa vivência.

Vejamos abaixo, alguns problemas relevantes:

Problema Parágrafo

“Atualmente, percebem-se

inovações, que nem sempre são

perceptíveis ao observador, no novo

perfil do professor que se concretiza

no seu fazer profissional. Temos a

preparação, por todos os integrantes

Página 36, 3º parágrafo.

Page 42: UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA- UNEB · JOELMA CERQUEIRA DE OLIVEIRA AS DIFICULDADES DOCENTES EM TRABALHAR COM AS NOVAS TECNOLOGIAS NO ENSINO FUNDAMENTAL I Salvador - Ba 2011 . ...

41

da escola, das propostas pedagógicas

e do plano de trabalho.”

“Deseja-se um professor mais

envolvido e participativo na

construção e ampliação do

conhecimento do seu aluno, mais

humano, satisfeito, criativo, idealista e

o principal amar o que faz. Entretanto,

somente através da educação

acontecerão mudanças reais na

estrutura social do nosso país, que

contribuirá para a melhoria do SER,

sendo este o objetivo máximo da

Educação que exercite a paciência

cronológica e histórica.”

Página 37, 2º parágrafo.

“No sistema educacional brasileiro a

implantação de computadores nas

escolas é mais comum a partir do

Ensino Fundamental, embora

algumas instituições iniciem esse

processo desde a Educação Infantil, o

que, no entanto, não representa um

número expressivo. Portanto segundo

a realidade brasileira, os números

contatos da criança com o

computador em seu processo de

aprendizado se darão

aproximadamente a partir dos seis e

oito anos.”

Página 39, 3º parágrafo.

Page 43: UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA- UNEB · JOELMA CERQUEIRA DE OLIVEIRA AS DIFICULDADES DOCENTES EM TRABALHAR COM AS NOVAS TECNOLOGIAS NO ENSINO FUNDAMENTAL I Salvador - Ba 2011 . ...

42

Comentários:

A LDB vem numa perspectiva de melhorar gradativamente a situação

docente e o contexto escolar, mais o que percebemos é uma inundação de

normas exigências que não garante ao docente um enriquecimento na sua

práxis. Pois o mesmo vivencia no contexto escolar situações adversas do

proposto por estas novas demandas curriculares, principalmente trazidas

pelas novas tecnologias, e mais uma vez arbitrariamente é imposto ao

professor uma prática que não confirma a real necessidade do seu aluno,

servindo apenas para demonstrar a sociedade, a inserção e o uso dessas tics

na sala de aula.

Page 44: UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA- UNEB · JOELMA CERQUEIRA DE OLIVEIRA AS DIFICULDADES DOCENTES EM TRABALHAR COM AS NOVAS TECNOLOGIAS NO ENSINO FUNDAMENTAL I Salvador - Ba 2011 . ...

43

4 AS NOVAS TECNOLOGIAS NA SOCIEDADE CONTEMPORÂNEA

Este capítulo mostra que mesmo com o advento das novas tecnologias, a

sociedade pouco mudou com o passar dos anos, a escola pública ainda permanece

controlada e manipulada pela classe burguesa, que ver na mesma mais uma forma

de continuar a manipular e controlar a população.

Mostram nas novas práticas sociais que as tecnologias é uma das

responsáveis por várias mudanças. As mesmas não vêm acontecendo de forma

linear, nem homogênea, para representar toda sociedade. Entretanto, ela continua a

manipular segregar e alienar as pessoas, condicionando-as ao consumismo

desenfreado e este tem como objetivo atender a classe social dominante, que

mesmo com o passar dos anos ela permanece controlando a população carente.

É possível afirmar que as TIC’s podem levar à constituição de ambientes colaborativos inovadores, visto que permitem ampliar zonas de atuação dos sujeitos pertencentes à práxis social em questão. A colaboração pode ser considerada uma categoria chave para a compreensão das novas formas de pensar o processo educativo, articulando técnica, educação e cultura. Segundo Freire (1983), a educação não se faz de “A” para “B” ou de “A” sobre “B”, mas de “A” com “B”. Por isso ele afirma que a colaboração, como característica da ação dialógica, não acontece a não ser entre sujeitos, mesmo com distintas funções, portanto, diferentes responsabilidades somente pode realizar-se na comunicação (SALES, 2010, p.17)

Neste momento dar-se início a uma estrutura social diferenciada fomentada

pelas tecnologias, de maneira que as pessoas vêm tornando-se menos

individualistas, mais colaborativa, de forma que todos trabalham e se envolve numa

perspectiva de um bem coletivo. Tomamos como exemplo as grandes fábricas e

indústrias, que estão cada vez mais se equipando com tecnologia de última geração,

para acelerar sua produção e aumentarem seus lucros.

Em contra partida, a classe operária antes apenas representada por

trabalhadores mal informados, sem muito conhecimento e preparo. Hoje o que

vemos é o contrário uma articulação muito maior entre os trabalhadores, um trabalho

mais coletivo e produtivo envolvendo a participação de todos.

Com o advento das novas tecnologias, nos últimos anos a mídia tem dado

muito ênfase a essas tecnologias como uma salvação eminente para a crise social

presente em nossa sociedade, e a solução de todos os nossos problemas. Nas

relações sociais, no âmbito escolar, educadores e educandos sentem a necessidade

Page 45: UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA- UNEB · JOELMA CERQUEIRA DE OLIVEIRA AS DIFICULDADES DOCENTES EM TRABALHAR COM AS NOVAS TECNOLOGIAS NO ENSINO FUNDAMENTAL I Salvador - Ba 2011 . ...

44

de conhecer e trabalhar com as tecnologias, mas estas não trazem uma proposta

curricular que envolva alunos e professores, para uma aprendizagem significativa,

colaborativa e não como mais uma técnica a ser aprendida e reproduzida por todos.

Lembramos a afirmativa de Freire de que “a prática docente crítica, implicante

do pensar certo, envolve o momento dinâmico, dialético, entre o fazer e o pensar

sobre o fazer” (Freire, 2004, p.38). Percebe-se uma grande necessidade, de ter no

âmbito escolar professores mais autônomos, com mais criticidade no

desenvolvimento de sua prática.

Contudo fazer uso do aparato tecnológico disponível na escola é tarefa difícil,

pois quando temos acesso é insuficiente para atender a demanda da escola, deste

modo não conseguimos trabalhar de maneira mais significativa para o aluno, abrindo

novas possibilidades de conhecimento e dessa forma contribuir para o processo de

ensino e aprendizagem com maior autonomia.

Trazer as tics para sala de aula, sem nenhuma significância real da sua

importância para o aprendizado e crescimento intelectual dos alunos, é uma

realidade constante nas escolas públicas, que equipam seus laboratórios de

informática com aparelhos avançados, mas não conseguem atender as

necessidades dos alunos. Nas escolas, o laboratório fica fechado, às vezes por não

ter um professor que saiba manusear, para não quebrar, ou serem roubados, tudo

leva a um motivo para não serem utilizados.

Entretanto os alunos não utilizam esses computadores não apenas na escola,

como em seus lares, servindo como mostruário e objeto de desejo e consumo de

todos, de tal forma que as pessoas passam a fazer uso dessas ferramentas sem

saber qual o verdadeiro beneficio que ela pode trazer para sua vida. Afirma Lévy

(2000, p. 30):

Na era do conhecimento, deixar de reconhecer o outro em sua inteligência é recusar-lhe sua verdadeira identidade social, é alimentar seu ressentimento e sua hostilidade, sua humilhação, a frustração de onde surge a violência [...] quando valorizamos o outro de acordo com seus saberes, permitimos que se identificasse de um modo novo e positivo, contribuímos para mobilizá-lo, para desenvolver nele sentimentos de reconhecimento que facilitarão consequentemente, a implicação subjetiva de outras pessoas em projetos coletivos.

Diante da situação vivenciada nas escolas e nos lares, é visível perceber que

a sociedade vive condicionada ao consumismo desenfreado, impulsionados por este

Page 46: UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA- UNEB · JOELMA CERQUEIRA DE OLIVEIRA AS DIFICULDADES DOCENTES EM TRABALHAR COM AS NOVAS TECNOLOGIAS NO ENSINO FUNDAMENTAL I Salvador - Ba 2011 . ...

45

sistema capitalista, determinado pela classe burguesa tão presente e atuante em

nossa sociedade atual.

As tecnologias como fruto do sistema capitalista, vieram para aperfeiçoar e

melhorar o desenvolvimento do indivíduo, mas essa situação teve um efeito inverso

para o qual ela foi pensada pela sociedade. Pois até então pretendia- se apenas

aumentar seus lucros e através delas permitiram que as pessoas se tornassem

menos individualistas, trabalhando mais coletivamente e assim unindo forças.

As dificuldades enfrentadas pela população são muitas, com a permanente

presença da sociedade senhorial, que existe até os dias atuais. Contudo, ainda

prefere prejudicar a ajudar para o bom desenvolvimento da sociedade e do país,

como sempre fez. No primeiro capítulo evidenciam-se as características desta

sociedade que visa apenas à promoção e igualdades dos seus.

Hoje, não é diferente, pois a sociedade senhorial continua a usar o seu poder

para manter e manipular as pessoas, condicionado e limitando-as, a um processo

histórico de técnicas aprendidas que permanecem a legitimar seu poder na

sociedade e que propaga uma hegemonia não existente. A escola burguesa que

massifica e atrapalha a construção coletiva dos indivíduos, sendo esta uma das

características desta sociedade, individualista que não consegue potencializar as

tecnologias como uma ferramenta que venha a contribuir na construção de um

conhecimento coletivo e não individual como ela é pensada. Na maioria das escolas

públicas existe uma informática "controlada" e de operações previstas, que os

alunos pouco se envolvem os projetos quase inexistentes com algumas exceções,

mas em geral as tecnologias presentes são pouco utilizadas usadas pelos alunos

nas escolas.

Nas escolas públicas, o uso é difícil e politicamente com problemas, mas

quando a informática é utilizada em algumas escolas públicas do Município de

Salvador, (como no projeto Conteúdo Digitais nas escolas públicas), de forma que

alunos e professores se envolvem em uma produção coletiva de sua autoria há uma

ressignificancia para sua prática e aprendizado, tornando-a muito mais interessante.

Com a intensidade e rapidez que envolve o aprendizado tecnológico fazem do

conhecimento de hoje, descartável e insignificante para o amanhã, o que não

acontece somente com o conhecimento, como também com os equipamentos

tecnológicos, servindo somente para movimentar o mercado e a nova economia

desse sistema capitalista, passando a assumir uma proporção, que passa a ser

Page 47: UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA- UNEB · JOELMA CERQUEIRA DE OLIVEIRA AS DIFICULDADES DOCENTES EM TRABALHAR COM AS NOVAS TECNOLOGIAS NO ENSINO FUNDAMENTAL I Salvador - Ba 2011 . ...

46

danosa para a construção do conhecimento, contribuindo para segregar,

deslegitimizar as comunidades e as relações reais entre os sujeitos.

Para Vygotsky (1998), a “ZDP”

[...] é a distância entre o nível de desenvolvimento real, que se costuma determinar através da solução independente de problemas, e o nível de desenvolvimento potencial, determinado através da solução de problemas sob a orientação de um adulto ou em colaboração com companheiros mais capazes [...] Assim, a zona de desenvolvimento proximal permite-nos delinear o futuro imediato da criança e seu estado dinâmico de desenvolvimento, propiciando o acesso não somente ao que já foi atingido através do desenvolvimento, como também àquilo que está em processo de maturação [...] aquilo que é a zona de desenvolvimento proximal hoje, será nível de desenvolvimento real amanhã (VYGOTSKY, 1998, p. 112-113).

Segundo Vygotsky, o desenvolvimento intelectual das crianças ocorre em

função das interações sociais e condições de vida, no entanto quanto mais tarde às

crianças e adolescente tem acesso às ferramentas da tecnologia fomentam uma

maior exclusão, e massificação da classe trabalhadora. Dessa forma a classe

Senhorial que não vê importância nesta sociedade sem prestígio, ou apenas quando

trata de treiná-la, controlar e manipular de forma específica, condicionando seu

raciocínio social, pensando nas tecnologias como uma revolução social.

Neste momento quando as tecnologias atingem essa população, passa a ser

reproduzida numa perspectiva instrumental tecnicista, minimizando o potencial que

essas tecnologias podem contribuir, agregadas de iniciativas construtivas para o

crescimento dos alunos. Isso aconteceria caso fossem usadas como apoio didático-

pedagógico para o desenvolvimento dos conteúdos curriculares, produção de

projetos significativos e produtivos, para as crianças e adolescentes, pudessem

intensificar suas relações pessoais, numa perspectiva de aprendizagem mútua e

colaborativa para a troca de conhecimento, que os Conteúdos Digitais apresentam

de maneira digitalizada, vêm organizados para interagir, transmitir conhecimentos,

nos mais variados níveis de profundidade do conhecimento, respectivos a cada

assunto desejado, possibilitando as pessoas uma maior interação, aprendizagem

intelectual e pessoal, não queremos dizer que as novas tecnologias são a salvação

para tudo, pois a sociedade continua a mesma, mudando apenas alguns hábitos e

costumes antigos.

Page 48: UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA- UNEB · JOELMA CERQUEIRA DE OLIVEIRA AS DIFICULDADES DOCENTES EM TRABALHAR COM AS NOVAS TECNOLOGIAS NO ENSINO FUNDAMENTAL I Salvador - Ba 2011 . ...

47

As tecnologias como mais um campo de aprendizagem, não pode se

configurar apenas como uma técnica, mas sim uma ferramenta que contribua para o

ensino e aprendizagem possibilitando uma educação mais coletiva nas escolas.

Tendo como objetivo agregar novas aprendizagens e valores, ajudando os

educandos e educadores, com mais um conhecimento prático, que venha a

contribuir para sua inserção no mercado de trabalho e um maior envolvimento social.

Sendo esta uma das características deste campo de aprendizagem, com práticas e

propostas de intervenção nas relações sociais, que vem se modificando , tornando-

as cada vez mais coletivas e participativas.

Não adianta tecnologia e inovação idealista se essa relação de poder e de validação de verdades não for superada e ela não pode ser ultrapassada tecnicamente, mas em práxis social, em vida cotidiana. Portanto, enquanto a vida cotidiana, ou a experiência de uma coletividade for dominada pela práxis burguesa todo hipertexto será linear e determinista, todos acabarão seguindo os registros de verdade morta da classe hegemônica, neste caso a burguesia, que ressuscitada cada vez que sua práxis for aplicada, e junto dela as relações de domínio e controle que as constituem. (MATTA, Tecnologia para Colaboração).

Desta forma conseguiremos atuar com essas tecnologias em sala de aula e

principalmente adequá-las para um trabalho que envolva a participação de todos,

possibilitando a troca de aprendizagem, conhecimento mutuo e significativo para

todos.

As relações dos diversos e distintos saberes que se fundem na educação e

na comunicação pode estimular o seu uso e a criação de canais de interação, que

venha a contribuir para a produção de conteúdos digitais alternativos, com

construções elaboradas de acordo as necessidades reais dos alunos e na relação

do sujeito com o outro e o meio ao qual está inserido, propondo uma abertura maior

para o educador e o educando na escolha de conteúdos e ferramentas que podem

contemplar suas necessidades.

Com este novo espaço de comunicação digital, trazidos pelas tecnologias de

informação e comunicação, vai contribuir para as pessoas terem acesso as mais

variadas formas de interação uns com os outros, e a diversos conteúdos

informatizados, respeitando tanto as suas preferências e possíveis limitações, que

Page 49: UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA- UNEB · JOELMA CERQUEIRA DE OLIVEIRA AS DIFICULDADES DOCENTES EM TRABALHAR COM AS NOVAS TECNOLOGIAS NO ENSINO FUNDAMENTAL I Salvador - Ba 2011 . ...

48

podem estar relacionadas à forma de utilização dos equipamentos, quanto

associadas ao conhecimento prático destas novas ferramentas.

As Tic´s na sala de aula vêm com uma proposta não apenas de utilizar as

mídias interativas em aulas isoladas, mas associar os conteúdos didáticos dados em

sala de aula com conteúdos postados no ambiente WEB (É um conjunto de páginas

de hipertextos acessíveis geralmente pelo protocolo HTTP na Internet), propiciando

mais uma aprendizagem, com trocas de experiências e direcionando para um

aprendizado coletivo.

Para Moran,

Educar é colaborar para que professores e alunos --- nas escolas e organizações --- transformem suas vidas em processos permanentes de aprendizagem. É ajudar os alunos na construção da sua identidade, do seu caminho pessoal e profissional --- do seu projeto de vida, no desenvolvimento das habilidades de compreensão, emoção e comunicação que lhes permitam encontrar seus espaços pessoais, sociais e profissionais tornando-se cidadãos realizados e produtivos (MORAN, 2001, p.13)

Nessa perspectiva as redes sociais vêm com o objetivo de colaborar,

aproximar, socializar, oportunizar e contribuir para o aprendizado e desenvolvimento

das pessoas, de forma mais coletiva e interativa entre si, ampliando e contribuindo

significativamente para seu desenvolvimento nas mais diversas áreas do

conhecimento.

A humanidade sempre viveu em redes, sendo estas indispensáveis para a

sua sobrevivência e comunicação com o outro. Com a revolução das tecnologias e o

surgimento da internet, as pessoas vêm se apropriando cada dia mais destas novas

ferramentas, vivenciando esses momentos com maior intensidade e mais

instrumentos tecnológicos, que exigem mais habilidades, e possibilita uma interação

mais rápida e instantânea entre as pessoas, contribuindo para uma maior

abrangência nos espaços sociais e nas relações inter pessoais.

Com as mudanças ocorridas na sociedade principalmente no âmbito

tecnológico, com apenas um clique temos acesso aos mais diversos tipos de

informação e conteúdos, sejam eles a respeito de sua cidade ou de qualquer parte

do mundo, com rapidez e precisão, possibilitando a todos uma troca instantânea de

informações, de maneira que o espaço é atravessado em fração de segundos, e não

Page 50: UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA- UNEB · JOELMA CERQUEIRA DE OLIVEIRA AS DIFICULDADES DOCENTES EM TRABALHAR COM AS NOVAS TECNOLOGIAS NO ENSINO FUNDAMENTAL I Salvador - Ba 2011 . ...

49

é imposto limites às ações humanas, e a diferença entre perto e longe deixa de

existir.

A partir desse momento, a internet se transformou em um importante canal de

informação do qual as pessoas podem acessar notícias e acontecimentos ocorridos

no mundo inteiro, sem sair de casa, além de se encontrar com outras pessoas.

Esses encontros permitem a troca de informações, e cada pessoa passa a ser

emissor e receptor ao mesmo tempo, além de uni-los de acordo com os grupos de

referências aos quais se identificam.

Ligados em rede, o Twitter vem também como uma ferramenta importante

para o meio de interação social, sendo um suporte digital para as Redes Sociais,

uma vez que dentro de sua funcionalidade principal, que é a mediação e exposição

de informações, que vem possibilitando discussões, conectando as pessoas que se

envolve por algum objetivo em comum, contribuindo e contemplando vários

conhecimentos.

A sociedade atualmente está marcada pelo fim das certezas e o esgotamento

das grandes receitas prontas, que de certa forma se distancia das inovações

trazidas pela sociedade moderna. E isso vem gerando tanto no ambiente escolar,

quanto nos lares uma incerteza da importância e benefício das tic’s para o meio

social, em que há uma preocupação, se elas realmente vieram para representar um

bem comum a todos, ou mais uma vez segregar e massificar ainda mais a

população.

Segundo Matta,

É importante destacar que o efeito dessas transformações não está no nível das opiniões ou conceitos e sim, nas estruturas de percepção e relacionamento concreto. Trata-se da introdução de um novo ambiente cognitivo e existencial capaz de criar novas relações, visões de mundo e paradigmas de sociedade, sem que haja a menor resistência consciente. O ambiente oferecido pelas novas mídias seria para o ser humano equivalente à água para o peixe: o meio que hospeda e permite sua ação experiências e relações (MATTA, 2006, p. 33).

Hoje percebemos essa nova demanda social trazida pelas tecnologias, que

invadem os lares, as escolas e vem afastando as pessoas das relações

interpessoais, aproximando-as cada dia mais das relações virtuais, pois os jovens

Page 51: UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA- UNEB · JOELMA CERQUEIRA DE OLIVEIRA AS DIFICULDADES DOCENTES EM TRABALHAR COM AS NOVAS TECNOLOGIAS NO ENSINO FUNDAMENTAL I Salvador - Ba 2011 . ...

50

vêm perdendo o desejo de estarem em família para ficar no Orkut, MSN, Facebook,

entre outros meios de interação virtual.

Dessa forma, as pessoas mesmo sem perceber continuam a ser

manipuladas para favorecer e servir a classe senhorial Freire (1999, p.95) diz que “a

superação do poder desumano de opressão das classes muito ricas sobre as muito

pobres”, e que embora enfraquecida, mas ainda existente até hoje. A classe

burguesa cada vez mais rica e fortalecida, condicionando e alienando as pessoas a

um consumismo desenfreado, dando aos indivíduos um poder simbólico e uma falsa

autonomia em suas escolhas, com as mudanças visíveis em nossa sociedade, não

queremos apenas adaptar o professor às tecnologias, mas ensiná-los a refletir com

o uso delas.

É importante destacar o papel dos educadores e dos pais no processo de

transformação, sendo eles uma representação muito importante na sociedade, que

podem contribuir com um maior amadurecimento tanto intelectual, emocional,

comunicacional e ético dos educandos, facilitando desta maneira todo o processo de

ensino e aprendizagem dos indivíduos.

Com essa nova perspectiva possa favorecer para formação de pessoas mais

abertas, sensíveis, humanas, que valorizem mais a busca que os resultados prontos,

estimulando, apoiando, e incentivando as mudanças que também dependem dos

alunos, contribuindo com formas mais democráticas de pesquisa, desenvolvimento e

comunicação entre as pessoas.

Diante do quadro é importante frisar que a informação fica num terreno de superficialidade, mas ela tem que ser utilizada para produzir o conhecimento que transforma, sendo capaz de tornar o ser humano mais livre, quando bem utilizado, pois caso contrário haverá a permanência da extrema exploração empreendida pelo Capitalismo hegemônico nos últimos séculos. Nesse bojo, o discurso sobre as tecnologias fica esvaziado, perde o sentido, já que não fará diferença se não contribuir para o desenvolvimento humano, mas pode ser danoso se for utilizado para separar, excluir, alienar, sabendo que quando se faz tais colocações é para esclarecer que não são os homens que vivem por causa das TIC’s, mas estas existem como criação dos homens, dos seres humanos. Nesses termos, fugimos da compreensão, "messiânica" utilizada, por Habermas e por Pierre Levy, que constroem uma visão idealista, da inovação tecnológica, voltada para o tecnicismo e o determinismo tecnológico da sociedade, traduzido apressadamente e sem demonstração no termo “Sociedade do Conhecimento” (MATTA, 2005, p.1)

Page 52: UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA- UNEB · JOELMA CERQUEIRA DE OLIVEIRA AS DIFICULDADES DOCENTES EM TRABALHAR COM AS NOVAS TECNOLOGIAS NO ENSINO FUNDAMENTAL I Salvador - Ba 2011 . ...

51

As novas tecnologias vêm com um importante desafio para resignificação do

seu uso e valores atribuídos a mesma, é necessário dizer que as TICS, como uma

importante ferramenta para a aprendizagem, vêm a contribuir para potencializar e

construir conhecimentos mediados pelo professor, possibilitando as pessoas uma

maior agilidade e apoio, na busca de melhorias para si e o meio ao qual estar

inserida. Entretanto já não podemos mais falar das inovações tecnológicas, sem

pensar nas relações sociais, também como um momento de construção de

conhecimento, pois estas, não devem mais vir a privilegiar uns, e excluir em

detrimento de outros.

As relações sociais atualmente visam exclusivamente o ter, ratificando a

nossa sociedade capitalista, que privilegia a uma mera informação, sem propiciar e

estimular uma nova práxis social, em que as pessoas busquem se familiarizar com

esses conhecimentos, de forma mais significativa para seu aprendizado, que

resultem numa real melhoria na sua “qualidade de vida”, pois a mesma não pode

continuar a ser pensada individualmente, mas como um todo.

Page 53: UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA- UNEB · JOELMA CERQUEIRA DE OLIVEIRA AS DIFICULDADES DOCENTES EM TRABALHAR COM AS NOVAS TECNOLOGIAS NO ENSINO FUNDAMENTAL I Salvador - Ba 2011 . ...

52

4.1 Dificuldades encontradas com o advento das novas tecnologias na

Educação Básica

O advento das novas tecnologias nas escolas públicas é de grande valia,

inclusive por atender a determinações estabelecidas pela LDB, lei que rege o

sistema educacional do Brasil.

Entretanto, algumas dificuldades foram identificadas na concretização dessas

questões, vejamos alguns exemplos:

Problema Parágrafo

“Com o advento das novas

tecnologias, nos últimos anos a mídia

tem dado muito ênfase a essas

tecnologias como uma salvação

eminente para a crise social presente

em nossa sociedade, e a solução de

todos os nossos problemas. Nas

relações sociais, no âmbito escolar,

educadores e educandos sentem a

necessidade de conhecer e trabalhar

com as tecnologias, mas esta vem

sem uma proposta curricular que

envolva alunos e professores, para

uma aprendizagem significativa,

colaborativa e não como mais uma

técnica a ser aprendida e reproduzida

por todos.”

Página 43, 1º parágrafo.

“Hoje, não é diferente, pois a

sociedade senhorial continua a usar o

seu poder para manter e manipular as

pessoas, condicionado e limitando-as,

a um processo histórico de técnicas

aprendidas que permanecem a

Página 44, 4º parágrafo.

Page 54: UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA- UNEB · JOELMA CERQUEIRA DE OLIVEIRA AS DIFICULDADES DOCENTES EM TRABALHAR COM AS NOVAS TECNOLOGIAS NO ENSINO FUNDAMENTAL I Salvador - Ba 2011 . ...

53

legitimar seu poder na sociedade e

que propaga uma hegemonia nunca

existente. A escola burguesa que

massifica e atrapalha a construção

coletiva dos indivíduos, sendo esta

uma das características desta

sociedade, individualista que não

consegue potencializar as tecnologias

como uma ferramenta que venha a

contribuir na construção de um

conhecimento coletivo e não

individual como ela é pensada. Nas

escolas particulares existe uma

informática toda "controlada" e de

operações previstas que os alunos

não gostam e os projetos são pouco

existentes, temos algumas exceções,

mas em geral as tecnologias

existentes são muito mal usadas nas

escolas particulares.”

“Neste momento quando as

tecnologias atingem essa população,

passa a ser reproduzida numa

perspectiva instrumental tecnicista,

minimizando o potencial que essas

tecnologias podem contribuir,

agregadas de iniciativas construtivas

para o crescimento dos alunos. Isso

aconteceria caso fossem usadas

como apoio didático-pedagógico para

o desenvolvimento dos conteúdos

curriculares, produção de projetos

significativos e produtivos, para as

Página 45, 4º parágrafo.

Page 55: UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA- UNEB · JOELMA CERQUEIRA DE OLIVEIRA AS DIFICULDADES DOCENTES EM TRABALHAR COM AS NOVAS TECNOLOGIAS NO ENSINO FUNDAMENTAL I Salvador - Ba 2011 . ...

54

crianças e adolescentes, pudessem

intensificar suas relações pessoais,

numa perspectiva de aprendizagem

mútua e colaborativa para a troca de

conhecimento, que os Conteúdos

Digitais apresentam de maneira

digitalizada, vêm organizados para

interagir, transmitir conhecimentos,

nos mais variados níveis de

profundidade do conhecimento,

respectivos a cada assunto desejado,

possibilitando as pessoas uma maior

interação, aprendizagem intelectual e

pessoal, não queremos dizer que as

novas tecnologias é a salvação para

tudo, pois a sociedade continua a

mesma, mudando apenas alguns

hábitos e costumes antigos.”

Comentários:

Neste momento dar-se início a uma nova estrutura social, influenciada

pelas novas tecnologias, que vem tomando espaços cada vez maiores em

todos os âmbitos sociais principalmente no ambiente escolar. Mas a mesma

ainda não se configura numa perspectiva pedagógica construtiva, pois a

escola ainda encontra-se fortemente influenciada por essas classes

dominantes que continuam a manipular o sistema educacional.

O educador como refém desse sistema repressor e manipulador, passa

a ser vilão, pois o mesmo é responsabilizado por não utilizar as Tic’s em sala

de aula, para promover a inclusão do discente não apenas no ambiente

escolar, mas no mercado de trabalho também.

Page 56: UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA- UNEB · JOELMA CERQUEIRA DE OLIVEIRA AS DIFICULDADES DOCENTES EM TRABALHAR COM AS NOVAS TECNOLOGIAS NO ENSINO FUNDAMENTAL I Salvador - Ba 2011 . ...

55

5 DIFICULDADES RELEVANTES QUANTO AO USO DAS NOVAS

TECNOLOGIAS ENFRENTADAS PELO DOCENTE

Nesses estudos foi possível analisarmos as principais dificuldades

apresentadas pelos professores na dinamização das ações pedagógicas que

empregam as tecnologias de informática no ambiente de aprendizagem escolar,

para a elaboração de projetos de trabalho que envolva as tecnologias.

Através desses estudos realizados, foi possível identificar as grandes

dificuldades enfrentadas pelos professores em sala de aula, sejam eles da rede

pública ou particular. Trabalhar com as tecnologias não é tarefa fácil, principalmente

de uma forma que venha aproximar e contribuir para construção do conhecimento

pelo aprendiz, num ambiente que os professores devem atuar como articuladores e

organizadores para condições favoráveis a sua aprendizagem.

Entendemos que não é tarefa, e as concepções para o uso da informática

como ferramenta pedagógica deve acontecer através de projetos que envolva um

trabalho instrumentalizado e elaborado para o uso das ferramentas tecnológicas, de

forma contundente para o aprendizado escola.

As tecnologias, quando trazidas para a escola sem uma proposta de trabalho

em que ambos venham a se envolver educador e educando na construção coletiva

de novos aprendizados, tornam-se evasivas. As tecnologias dentro do currículo

escolar devem se apresentar de maneira significativa, para assim despertar o

interesse do corpo discente e docente no ambiente escolar.

Limitar o pode arbitrário do Estado a fim de proteger o indivíduo e a “sociedade civil” das intervenções indevidas deste. Mas nada diz sobre a distribuição do poder social, quer dizer, a distribuição de poder entre as classes. Na realidade, a ênfase desta concepção de democracia não se encontra no poder do povo, mas sim em seus direitos passivos, não assinala o poder próprio do povo como soberano, mas sim, no melhor dos casos, aponta para a proteção de direitos individuais contra a ingerência do poder de outros. De tal modo, esta concepção de democracia focaliza meramente o poder político, abstraindo-o das relações sociais ao mesmo tempo em que apela a um tipo de cidadania passiva na qual o cidadão é efetivamente despolitizado. (WOOD, 2007, p.383)

Page 57: UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA- UNEB · JOELMA CERQUEIRA DE OLIVEIRA AS DIFICULDADES DOCENTES EM TRABALHAR COM AS NOVAS TECNOLOGIAS NO ENSINO FUNDAMENTAL I Salvador - Ba 2011 . ...

56

Sabemos que não há políticas públicas que venha a favorecer para uma

prática significativa formando cidadãos mais atuantes e participativos em seu

processo de aprendizagem. E o professor como a mola mestra dessa aprendizagem

deve promover reflexões em torno das ações a serem realizadas para o

desenvolvimento de tarefas. Dessa forma obterá subsídios que vai permitir a ele

compreender não apenas o que foi feito, mas como, e a maneira que foi realizada.

Percebemos que o professor ao fazer uso da informática numa perspectiva

sócio-construtivista vai promover ao seu educando uma aprendizagem em que ele

venha a construir seu conhecimento dentro desse ambiente provocando novas

descobertas e estimulando a busca e reflexão em torno de novas idéias e

descobertas.

São visíveis as dificuldades enfrentadas pelo professor, que inicialmente parte

de sua formação que acontece superficialmente promovida pelos cursos de

licenciatura e não oferecem um embasamento teórico e contundente para as

situações de aprendizagem vivenciadas no ambiente escolar. Pois estas devem

acontecer para emancipação do indivíduo, possibilitando uma formação mais crítica

e reflexiva diante das novas demandas sociais acarretadas pelas novas tecnologias,

ratificando que esse conhecimento não será dado, mas sim construído. Enquanto

educadores é nosso dever informar a população sobre seus direitos civis e sociais,

permitindo assim que eles sejam respeitados e permita a substituição de uma

democracia formal por uma democracia substantiva.

Somente desta forma, as pessoas “excluídas” dos processos sociais e

educativos tenham possibilidades de acesso não só as informações e as tecnologias

da comunicação; como poderão utilizar de tais informações para construir

conhecimento. Nesse momento, os professores terão que “[...] pensar sobre as suas

próprias ideias” e “refletir sobre as ações alternativas” (Valente, 1999, p. 93). Ao

buscarem e analisarem as possíveis ações para a realização do projeto Conteúdos

Digitais, os professores assimilaram as informações e foram capazes de utilizá-las

para modificar uma situação anterior a partir do momento em que as atividades do

projeto foram realizadas.

Muitos podem ver nesse processo uma ilusão e algumas vezes

compreendidas como uma utopia, algo difícil de realizar, mas professores,

juntamente com gestores e o corpo discente podem tornar realidade, através de uma

prática que permita o crescimento intelectual de todos. Há uma necessidade de

Page 58: UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA- UNEB · JOELMA CERQUEIRA DE OLIVEIRA AS DIFICULDADES DOCENTES EM TRABALHAR COM AS NOVAS TECNOLOGIAS NO ENSINO FUNDAMENTAL I Salvador - Ba 2011 . ...

57

mudanças verdadeiras para sairmos da superficialidade, tendo mais autonomia e

acessos aos conteúdos digitais, interagindo com esses conteúdos no dia a dia

construindo e compartilhando novas informações com o outro.

Fazer das pessoas auto-suficientes e as transformando em agente

transformador para o exercício e construção do seu aprendizado, vai lhe permite

colaborar para o seu desenvolvimento, tornando-se “cidadãos ativos” e mais

participativos.

O educador que esta vivenciando esse processo tecnológico, dentro e fora do

contexto escolar, em que o trabalho envolvendo as TIC’s não deve se configurar

numa perspectiva instrumental, minimizando o potencial que as tecnologias podem

ter, quando usadas como suporte didático-pedagógico para o desenvolvimento dos

conteúdos curriculares pelo educador.

Trazer as TIC’s como recurso didático-pedagógico pautado nos princípios de

pesquisa, autoria, co-gestão, participação, autonomia e intervenção, característicos

da Educomunicação, requer a mediação do educador. Pautado na premissa e

participação de todos para um bom desenvolvimento dos trabalhos no âmbito

escolar. É importante trazer os recursos instrumentais da informática. “A diferença

didática não está no uso ou não uso das novas tecnologias, mas na compreensão

das suas possibilidades”, ressalta Kenski (2007, p. 49).

O trabalho pedagógico envolvendo as TIC´s ainda é enfrentado com certa

desconfiança e dúvidas por muitos professores, talvez por encarar a tecnologia

como algo inerente a sua prática, ou ainda pelo conservadorismo. “Em muitos

ambientes escolares persiste a resistência de que a mídia despersonaliza, anestesia

as consciências e é uma ameaça à subjetividade”, afirma Assmann (2005, p. 14). O

receio preconceituoso ao qual se refere pode ser encarado como um dos motivos

para a aversão dos professores em adotar as TIC’s em sala de aula ou ainda, pela

escassez de tais recursos nas escolas e ao fato de muitos professores se sentirem

inseguros em como utilizá-las por não haver uma proposta contundente para seu

uso.

A capacitação de professores através de programas de formação tecnológica

deve envolver bem mais do que aprender a utilizar os aparatos tecnológicos, mas

desenvolver um trabalho em que o professor reconheça que seu papel é de suma

importância nesse processo. Acerca do desafio do educador frente às inovações

tecnológicas ressalta Kenski (2007, p.26): “desenvolver a consciência crítica e

Page 59: UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA- UNEB · JOELMA CERQUEIRA DE OLIVEIRA AS DIFICULDADES DOCENTES EM TRABALHAR COM AS NOVAS TECNOLOGIAS NO ENSINO FUNDAMENTAL I Salvador - Ba 2011 . ...

58

fortalecer as identidades das pessoas e dos grupos são desafios atuais a serem

enfrentados por todos nós, professores”.

O papel do educador frente às TIC’s não é de meros transmissores de

saberes, mas de problematizadores, mediadores. “Seu novo papel não será o da

transmissão de saberes supostamente prontos, mas o de mentores e instigadores

ativos de uma nova dinâmica de pesquisa-aprendizagem” ratifica Assmann (2005, p.

15).

Essa proposta de Assmann requer educadores críticos, portanto, conscientes

do seu papel de intercessores. Essa nova dinâmica propõe um olhar diferenciado

sobre o processo de ensino-aprendizagem, levando em consideração a apropriação

das TIC’s e o seu potencial proveniente de uma proposta curricular acerca dos

elementos da digitalização, que podem traz inúmeras possibilidades para construção

de conhecimentos.

Repensar o processo ensino-aprendizagem frente às demandas da sociedade

do conhecimento requer, dentre outras coisas, reverem o papel do educador, lhes

dando subsídios diante das formas de educar. Kenski (2007, p. 30) ao afirmar que

as velozes transformações tecnológicas da atualidade impõem novos ritmos e

dimensões à tarefa de ensinar a aprender e para isso, é preciso estar em

permanente estado de aprendizagem e de adaptação ao novo corrobora com as

ideias de Assmann (1998, p. 20) ao defender o termo “sociedade aprendente” com o

qual se pretende inculcar que a sociedade inteira deve entrar em estado de

aprendizagem e o educador como mola mestra necessita de um apoio, com

propostas e projetos práticos em tornos dessas demandas sociais trazida pelas

Tic’s.

É importante salientar que o professor enquanto agente transformador deve

ter uma participação maior no projeto político pedagógico das escolas, nas tomadas

de decisões, principalmente quando as mesmas tratarem de ações vinculadas ao

desenvolvimento de sua prática. Somente assim o sucesso e a contribuição das

tecnologias no ambiente escolar vai se desenvolver de forma expressiva e prazerosa

envolvendo a participação de todos.

Page 60: UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA- UNEB · JOELMA CERQUEIRA DE OLIVEIRA AS DIFICULDADES DOCENTES EM TRABALHAR COM AS NOVAS TECNOLOGIAS NO ENSINO FUNDAMENTAL I Salvador - Ba 2011 . ...

59

5.1 Obstáculos mais relevantes quanto ao uso das Novas Tecnologias

Outro ponto, que vale ser ressaltado, são os obstáculos encontrados pelos

docentes, quanto ao uso das novas tecnologias. Abaixo iremos salientar alguns:

Problema Parágrafo

“Com o advento das novas

tecnologias, nos últimos anos a mídia

tem dado muito ênfase a essas

tecnologias como uma salvação

eminente para a crise social presente

em nossa sociedade, e a solução de

todos os nossos problemas. Nas

relações sociais, no âmbito escolar,

educadores e educandos sentem a

necessidade de conhecer e trabalhar

com as tecnologias, mas esta vem

sem uma proposta curricular que

envolva alunos e professores, para

uma aprendizagem significativa,

colaborativa e não como mais uma

técnica a ser aprendida e reproduzida

por todos.”

Página 43, 1º parágrafo.

“Hoje, não é diferente, pois a

sociedade senhorial continua a usar o

seu poder para manter e manipular as

pessoas, condicionado e limitando-as,

a um processo histórico de técnicas

aprendidas que permanecem a

legitimar seu poder na sociedade e

que propaga uma hegemonia nunca

existente. A escola burguesa que

massifica e atrapalha a construção

Página 44, 4º parágrafo.

Page 61: UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA- UNEB · JOELMA CERQUEIRA DE OLIVEIRA AS DIFICULDADES DOCENTES EM TRABALHAR COM AS NOVAS TECNOLOGIAS NO ENSINO FUNDAMENTAL I Salvador - Ba 2011 . ...

60

coletiva dos indivíduos, sendo esta

uma das características desta

sociedade, individualista que não

consegue potencializar as tecnologias

como uma ferramenta que venha a

contribuir na construção de um

conhecimento coletivo e não

individual como ela é pensada. Nas

escolas particulares existe uma

informática toda "controlada" e de

operações previstas que os alunos

não gostam e os projetos são pouco

existentes, temos algumas exceções,

mas em geral as tecnologias

existentes são muito mal usadas nas

escolas particulares.”

“Neste momento quando as

tecnologias atingem essa população,

passa a ser reproduzida numa

perspectiva instrumental tecnicista,

minimizando o potencial que essas

tecnologias podem contribuir,

agregadas de iniciativas construtivas

para o crescimento dos alunos. Isso

aconteceria caso fossem usadas

como apoio didático-pedagógico para

o desenvolvimento dos conteúdos

curriculares, produção de projetos

significativos e produtivos, para as

crianças e adolescentes, pudessem

intensificar suas relações pessoais,

numa perspectiva de aprendizagem

mútua e colaborativa para a troca de

Página 45, 4º parágrafo.

Page 62: UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA- UNEB · JOELMA CERQUEIRA DE OLIVEIRA AS DIFICULDADES DOCENTES EM TRABALHAR COM AS NOVAS TECNOLOGIAS NO ENSINO FUNDAMENTAL I Salvador - Ba 2011 . ...

61

conhecimento, que os Conteúdos

Digitais apresentam de maneira

digitalizada, vêm organizados para

interagir, transmitir conhecimentos,

nos mais variados níveis de

profundidade do conhecimento,

respectivos a cada assunto desejado,

possibilitando as pessoas uma maior

interação, aprendizagem intelectual e

pessoal, não queremos dizer que as

novas tecnologias são a salvação

para tudo, pois a sociedade continua

a mesma, mudando apenas alguns

hábitos e costumes antigos.”

Comentários:

Hoje é nítido e notório à proporção que as novas tecnologias têm

demandado na sociedade, movimentando o comércio, intensificando o

trabalho das indústrias, ampliando os meios de comunicação entre tantos

outros feitos. Mas não podemos esquecer o nosso sistema educacional que

permanece a margem desta realidade, pois suas propostas não se configuram

numa aprendizagem construtiva, em que o professor como mola mestra desse

processo de aprendizagem deve e precisa ser inserido nesse contexto de

maneira a legitimar seu trabalho, e assim possa utilizar as Tic’s no contexto

escolar como uma ferramenta a mais, para possibilitar ao educador e

educando um aprendizado mutuo. Para isso faz-se necessário que gestores

juntamente com o corpo docente e discente se unam para elaboração de

propostas e projetos que podem intensificar a construção desses

conhecimentos.

Page 63: UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA- UNEB · JOELMA CERQUEIRA DE OLIVEIRA AS DIFICULDADES DOCENTES EM TRABALHAR COM AS NOVAS TECNOLOGIAS NO ENSINO FUNDAMENTAL I Salvador - Ba 2011 . ...

62

CONCLUSÃO

O objetivo neste trabalho foi identificar os princípios didático-pedagógicos das

Novas Tecnologias e como elas podem contribuir para a integração das TIC’s ao

contexto escolar no processo de ensino-aprendizagem tanto para o educador quanto

para o educando no Ensino Fundamental I. A experiência em algumas escolas do

município de Salvador com o Projeto Conteúdos Digitais nas Escolas mostrou como

as Tecnologias da Informação e da Comunicação podem fazer parte do processo de

ensino-aprendizagem tendo nos princípios da Educomunicação o fio norteador para

que as novas tecnologias sejam adequadas numa perspectiva sócio- construtivista.

Desta forma, concluímos que o trabalho envolvendo as Tecnologias não pode

se configurar numa perspectiva instrumental, minimizando o potencial que essas

tecnologias podem oferecer, caso fossem usadas como apoio didático-pedagógico

para o desenvolvimento dos conteúdos curriculares.

Trazer as TIC’s como recurso didático-pedagógico pautado nos princípios de

pesquisa, autoria, co-gestão, participação, coletividade, autonomia e intervenção, é

característico da Educomunicação, que requer a mediação do educador, e, portanto

nada deve ter a ver com resistência e preconceito em relação à tecnologia ou

tradicionalismo, tampouco com o medo de estar sendo superado pelos recursos

instrumentais da informática. “A diferença didática não está no uso ou não uso das

novas tecnologias, mas na compreensão das suas possibilidades”, ressalta Kenski

(2007, p. 49).

A incorporação das inovações tecnológicas só tem sentido se contribuir para a melhoria da qualidade do ensino. A simples presença de novas tecnologias na escola não é por si só, garantia de maior qualidade na educação, pois a aparente modernidade pode mascarar um ensino tradicional baseado na recepção e na memorização de informações (BRASIL, 1998, p.140).

Entretanto, algumas escolas de hoje, em especial as escolas públicas, têm se

mostradas apáticas a importância de trabalhar com as novas tecnologias.

Presenciamos um mundo cheio de imagens, invadido por essas novas tecnologias

que exige da sociedade um conhecimento maior sobre as mesmas, e a escola

insiste em permanecer a transmitir conteúdos de forma única e sem reflexão.

Page 64: UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA- UNEB · JOELMA CERQUEIRA DE OLIVEIRA AS DIFICULDADES DOCENTES EM TRABALHAR COM AS NOVAS TECNOLOGIAS NO ENSINO FUNDAMENTAL I Salvador - Ba 2011 . ...

63

Prevalecem às aulas expositivas e a cópia das atividades escritas, isolando-se da

realidade, dificultando o acesso a essas ferramentas tecnológicas, à internet, Twitter,

Facebook, entre outros, e assim limitando a comunicação, descaracterizando, enfim,

o discente em formação como um ser capaz, criativo, autônomo e participante dessa

nova sociedade digital.

É necessário inserir no ambiente escolar, atividades diferenciadas, que

estimulem e desafiem os educandos com o objetivo de ampliar seus conhecimentos

e promover o desenvolvimento cognitivo por meio da comunicação. Vale ressaltar

que há muitos professores que conseguem desempenhar seu papel muito bem em

condições adversas, motivados pela força de vontade, ética, e apoio gestor,

possibilitando uma nova proposta curricular que compreenda as Tic’s de maneira a

contribuir para seu trabalho e o aprendizado do aluno. Mesmo que a sociedade

insista em diminuir sua real importância profissional, o educador continuará a ser

mola mestra para essa aprendizagem.

Durante os estudos percebemos vários fatores que contribuíram para as

dificuldades enfrentadas na educação. Através das análises expusemos alguns dos

principais problemas enfrentados pelo docente, que vem impedindo o

desenvolvimento de uma prática mais satisfatória, cooperando para as dificuldades

existentes na educação. Vejamos:

Um sistema educacional voltado para elite, de forma que a população

menos favorecida não participava dessa educação excludente;

Desvalorização da profissão docente;

Uma educação tecnicista de forma a não proporcionar ao aluno uma

aprendizagem reflexiva e significativa.

Dentre outros fatores que colaboram para essa situação na educação,

atualmente o que vivenciamos não é muito diferente da vivida a anos atrás. Com a

LDB, Lei de Diretrizes e Bases da Educação, que veio para regulamentar e garantir

aos alunos e professores seus direitos e deveres.

O objeto de estudo neste trabalho foi às novas tecnologias e as dificuldades

docentes em trabalhar com as mesmas. Mediante a pesquisa identificamos que a

escola não oferece em sua grande maioria ao professor um suporte para trabalhar

as Tic’s. Entretanto essas novas ferramentas devem vir com uma proposta

Page 65: UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA- UNEB · JOELMA CERQUEIRA DE OLIVEIRA AS DIFICULDADES DOCENTES EM TRABALHAR COM AS NOVAS TECNOLOGIAS NO ENSINO FUNDAMENTAL I Salvador - Ba 2011 . ...

64

metodológica a contento, possibilitando um maior envolvimento de todos, no

desenvolvimento das atividades propostas.

Através dos estudos identificamos fatores que interferem na melhoria da

educação no país, dentre elas uma nova proposta curricular, condizente com as

necessidades reais das escolas (corpo discente e docente) levando em conta seu

contexto social e realidade. Equipamentos, estrutura, capacitação docente, são

fatores importantíssimos para tornar real às tecnologias na sala de aula de forma

expressiva, e assim a partir de conhecimento prévios esses aprendizados possam

se configurar numa prática construtiva tanto para o aluno quanto para o professor.

Ressalta Coll,

Para a concepção construtivista, aprendemos quando somos capazes de elaborar uma apresentação pessoal sobre um objeto da realidade ou conteúdo que pretendemos aprender. Essa elaboração implica aproximar-se de tal objeto ou conteúdo com a finalidade de aprendê-lo; não se trata de uma aproximação vazia, a partir do nada, mas a partir das experiências, interesses e conhecimentos prévios que, que presumivelmente, possam dar conta da novidade. (COLL, 2003, p. 19, 20).

Nessa perspectiva almejamos que as novas tecnologias viessem a se

configurar nas escolas, tanto para o educador como o educando, num processo

contínuo de aprendizagem, em que o objetivo maior é ratificar que o conhecimento

verdadeiro só é alcançado quando estamos envolvidos em sua construção.

O projeto inspirador, para a construção desta dissertação foi o projeto

Conteúdos Digitais nas escolas. Mas por se tratar de um projeto piloto e não

apresentar resultados equivocados na pesquisa de campo foi sugerido à

aplicabilidade das Novas Tecnologias nas escolas em outra oportunidade de

pesquisa.

Page 66: UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA- UNEB · JOELMA CERQUEIRA DE OLIVEIRA AS DIFICULDADES DOCENTES EM TRABALHAR COM AS NOVAS TECNOLOGIAS NO ENSINO FUNDAMENTAL I Salvador - Ba 2011 . ...

65

Durante os estudos realizados apresento minhas análises descritivas sobre as

principais dificuldades enfrentadas pelo professor, para a utilização das novas

tecnologias envolvendo uma prática significativa na maioria das escolas.

Análise sobre os estudos realizados das dificuldades enfrentadas pelos

docentes para trabalhar com as novas tecnologias.

Políticas públicas que busquem atender as reais necessidades dos

professores, gestores, alunos e comunidades, com projetos que envolva mais

aprendizado e criticidade, saindo do faz de conta que ambos fingem estar

aprendendo.

A segurança é um fator muito relevante, pois alunos e professores

sentem-se inseguros em utilizar essas ferramentas principalmente no noturno.

Na maioria das escolas os computadores estão quebrados, e não há

máquinas suficientes para atender a todos.

A estrutura muitas vezes impossibilita a continuidade de um trabalho ou

até o início do mesmo.

Cursos norteadores para subsidiarem a prática docente, dando suporte

e êxito para execução das atividades envolvendo as novas tecnologias.

Projetos contínuos e não momentâneos como os que acontecem,

desmotivando professores e alunos para trabalhar as tecnologias no âmbito

escolar.

Salas super lotadas que dificultam a prática docente e o aprendizado

dos alunos.

Page 67: UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA- UNEB · JOELMA CERQUEIRA DE OLIVEIRA AS DIFICULDADES DOCENTES EM TRABALHAR COM AS NOVAS TECNOLOGIAS NO ENSINO FUNDAMENTAL I Salvador - Ba 2011 . ...

66

REFERÊNCIAS

ARROYO, Miguel G. (org.), PAIXÃO, Lia Pinheiro. CAMPOS, Rogério Cunha de.

BRANDÃO, Carlos R. e HADDAD, Sérgio. DA ESCOLA CARENTE Á ESCOLA

POSSÍVEL. São Paulo: Editora Loyola, 1991.

ASSMANN, Hugo. REENCANTAR A EDUCAÇÃO: RUMO À SOCIEDADE

APRENDENTE. Petrópolis: Vozes, 1998.

AZEVEDO, Fernando de. A TRANSMISSÃO DA CULTURA. Parte terceira da obra.

A cultura brasileira. São Paulo: Melhoramentos / Brasília: INL, 1976.

BAHIA. Diário Oficial. EDIÇÃO ESPECIAL DO CENTENÁRIO DA

INDEPENDÊNCIA DA BAHIA – 1923. Salvador: Fundação Pedro Calmon/ Centro

de Memória e Arquivo Público da Bahia, 2004. (581p).

BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. PARÂMETROS CURRICULARES

NACIONAIS: TERCEIRO E QUARTO CICLOS DO ENSINO FUNDAMENTAL:

INTRODUÇÃO AOS PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS /

SECRETARIA DE EDUCAÇÃO FUNDAMENTAL. Brasília: MEC/SEF, 1998.

BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. PARÂMETROS CURRICULARES

NACIONAIS: INTRODUÇÃO AOS PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS /

SECRETARIA DE EDUCAÇÃO FUNDAMENTAL. Brasília: MEC/SEF, 1997.

COLL, César. MARTÍN, Elena. MAURI, Teresa. MIRAS, Mariana. ONRUBIA, Javier.

SOLÉ, Isabel. ZABALA, Antoni. O CONSTRUTIVISMO NA SALA DE AULA. São

Paulo: Editora Ática, 6ª Edição, 2003.

DERMEVAL, Saviani. EDUCAÇÃO: DO SENSO COMUM A CONSCIÊNCIA

FILOSÓFICA. São Paulo: Editora Cortez, 2ª edição, 1981.

FREIRE, Paulo e SHOR, Ira. MEDO E OUSADIA: O COTIDIANO DO PROFESSOR.

Rio de Janeiro: Paz e Terra 1987.

FREIRE, Paulo. EDUCAÇÃO COMO PRÁTICA DA LIBERDADE. São Paulo:

Editora Paz e Terra S/A, 1999.

Page 68: UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA- UNEB · JOELMA CERQUEIRA DE OLIVEIRA AS DIFICULDADES DOCENTES EM TRABALHAR COM AS NOVAS TECNOLOGIAS NO ENSINO FUNDAMENTAL I Salvador - Ba 2011 . ...

67

LÉVY, Pierre. A INTELIGÊNCIA COLETIVA: PARA UMA ANTROPOLOGIA DO

CIBERESPAÇO. São Paulo: Loyola, 3ª edição, 2000.

LIBÂNEO, José. DEMOCRATIZAÇÃO DA ESCOLA PÚBLICA. São Paulo: Editora

Loyola, 1986.

MANUEL. Castells. O PODER DA IDENTIDADE NA ERA DA INFORMAÇÃO:

ECONOMIA, SOCIEDADE E CULTURA. São Paulo: Paz e Terra, 2ª Edição, 1999

MATTA, Alfredo. TECNOLOGIAS PARA A COLABORAÇÃO. Disponível em: <

http://://www.matta.pro.br/pdf/prod_1_tecnologiascolabora.pdf>. Acesso em 18 de

setembro de 2010.

MATTA, Alfredo. TECNOLOGIAS DE APRENDIZAGEM EM REDE E ENSINO DE

HISTÓRIA. Brasília: Editora Liber Livro, 2006.

MATTA, Alfredo. GOVERNADORES E INTERVENTORES DA BAHIA. Revista do

Instituto Geográfico e Histórico da Bahia. Salvador: v. 99, 2004. P.29-63

MOACIR. Gadotti. PERSPECTIVAS ATUAIS DA EDUCAÇÃO. Porto Alegre: Editora

Artmed, Porto Alegre, 2000

MORAN, José Manuel. MASETTO T. Marcos. BEHRENS, Aparecida Marilda.

NOVAS TECNOLOGIAS MEDIAÇÃO PEDAGÓGICA. Campinas: Editora Papirus,

3ª edição, 2001.

WOOD, E. M. ESTADO, DEMOCRACIA E GLOBALIZAÇÃO. In. BORON, A. A.

et.all. A TEORIA MARXISTA HOJE: PROBLEMAS E PERSPECTIVAS. São Paulo:

CLACSO/Expressão popular, 2007.

Parâmetros Curriculares Nacionais

Ensino Médio. Disponível em: <

http://www.mec.gov.br/pcn> Acesso em 12 de jan. 2010.

PILLETI, Nelson. HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO NO BRASIL. São Paulo: Editora

Ática, 7ª edição, 2002.

Page 69: UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA- UNEB · JOELMA CERQUEIRA DE OLIVEIRA AS DIFICULDADES DOCENTES EM TRABALHAR COM AS NOVAS TECNOLOGIAS NO ENSINO FUNDAMENTAL I Salvador - Ba 2011 . ...

68

PIMENTA, Selma Garrido. PEDAGOGIA E PEDAGOGOS: CAMINHOS E

PERSPECTIVAS. São Paulo: Cortez, 2002.

KENSKI, Vani Moreira. EDUCAÇÃO E TECNOLOGIA: O NOVO RITMO DA

INFORMAÇÃO. Campinas: Papirus, 2007.

KENSKI, Vani Moreira. TECNOLOGIAS E ENSINO PRESENCIAL E A DISTÂNCIA.

Série Prática Pedagógica Campinas – SP: Papirus, 2003.

SALES, M. V. S. ett all. EDUCAÇÃO E TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E

COMUNICAÇÃO. Salvador: UNEB/EaD, 2010.

VALENTE, José Armando. O COMPUTADOR NA SOCIEDADE DO

CONHECIMENTO. Campinas, SP: UNICAMP/NIED, 1999.

VIGOTSKI, L. S. A FORMAÇÃO SOCIAL DA MENTE: O DESENVOLVIMENTO

DOS PROCESSOS PSICOLÓGICOS SUPERIORES. São Paulo: Martins Fontes,

1998.

Disponível em: <http://www.webartigos.com/articles/54072/1/Educomunicacao-

Alfabetizacao-e-Letramento-a-producao-coletiva-de-fotonovela-no-ambiente-escolar-

/pagina1.html#ixzz1Ert6BHSB>. Acesso em: 20 de Nov. De 2010.