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Universidade do Estado de São Paulo USP Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz - ESALQ Avaliação germinativa e morfológica de diferentes espécies de Bromeliaceae sob cultivo in vitro e em substrato Luis Fernando Paffaro “Trabalho de conclusão de curso apresentado para obtenção de título do curso de Engenharia AgronômicaPiracicaba SP. Dezembro de 2013

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Universidade do Estado de São Paulo – USP Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz - ESALQ

Avaliação germinativa e morfológica de diferentes espécies de

Bromeliaceae sob cultivo in vitro e em substrato

Luis Fernando Paffaro

“Trabalho de conclusão de curso apresentado

para obtenção de título do curso de Engenharia Agronômica”

Piracicaba – SP.

Dezembro de 2013

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Luis Fernando Paffaro

Avaliação germinativa e morfológica de diferentes espécies de

Bromeliaceae sob cultivo in vitro e em substrato

Orientadora:

Profa. Dra. Adriana Pinheiro Martinelli

“Trabalho de conclusão de curso apresentado

para obtenção de título do curso de Engenharia Agronômica”

Piracicaba – SP.

Dezembro de 2013

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Agradecimentos:

Agradeço, antes de mais ninguém, a Deus por me conduzir até onde me

encontro e por iluminar meus caminhos escolhidos.

À minha família pelo apoio e carinho durante minha vida acadêmica e por me

proporcionarem realizar um dos meus sonhos que é a festa de formatura.

À professora doutora Adriana Pinheiro Martinelli, minha orientadora, a qual

foi muito importante em minha vida acadêmica e pessoal, através de seus conselhos,

orientação, carinho e dedicação despendida a mim nesses dois anos e meio de estágio no

Centro de Energia Nuclear na Agricultura – CENA.

À equipe do Laboratório de Histopatologia e Biologia Estrutural de Plantas

(LHBP) e à equipe do Laboratório de Biotecnologia Vegetal (LBV).

E, por fim, a todos que de algum modo estiveram envolvidos nesse presente

trabalho...deixo meu obrigado.

"O futuro pertence a aqueles que acreditam na beleza de seus sonhos"

- Eleanor Roosevelt

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Sumário

1. Introdução e Revisão de Literatura ............................................................................... 5

1.1 A família Bromeliaceae. ............................................................................................. 5

1.2 Descrição fisiológica e morfológica ........................................................................... 5

1.3 Importância econômica .............................................................................................. 6

1.4 Importância ambiental ................................................................................................ 6

1.5 As espécies estudadas. ................................................................................................ 7

1.5.1 Vriesea friburgensis Mez .................................................................................... 7

1.5.2 Vriesea michaelii W.Weber ................................................................................. 8

1.5.3 Aechmea fasciata Baker ...................................................................................... 9

1.5.4 Alcantarea nahoumii Leme ................................................................................. 9

1.6 Germinação ............................................................................................................... 10

2. Objetivos ..................................................................................................................... 11

3. Materiais e Métodos ................................................................................................... 12

3.1 Caracterização das sementes: ................................................................................... 12

3.1.1) Peso das sementes: ........................................................................................... 12

3.1.2) Forma e tamanho das sementes: ....................................................................... 12

3.2 Germinação de sementes: ......................................................................................... 12

4. Resultados e discussão ............................................................................................... 14

4.1 Caracterização das sementes .................................................................................... 14

4.1.1) Peso das sementes ............................................................................................ 14

4.2 Germinação das sementes ......................................................................................... 17

5. Conclusões .................................................................................................................. 21

6. Bibliografia ................................................................................................................. 22

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1. Introdução e Revisão de Literatura

1.1 A família Bromeliaceae.

As bromélias compreendem pouco mais de 3.248 espécies (Luther, 2010).

Destas, estima-se que aproximadamente 40% são endêmicas do domínio da Mata

Atlântica (Martinelli et al., 2008). Segundo Smith & Downs (1974) essa família está

dividida em três subfamílias: Pitcairnioideae, Tillandsioideae e Bromelioideae.

Bromeliaceae é constituída por plantas terrestres, epífitas e rupícolas, variando

em tamanho e habitat. Podem ser muito pequenas atingindo alguns centímetros ou de

grande porte como algumas espécies dos Andes (Smith & Downs 1974).

A família destaca-se por abrigar aproximadamente 36% das espécies catalogadas

da flora brasileira (Martinelli et al., 2008). As bromélias estão cada vez mais sendo

difundidas entre os jardins e projetos paisagísticos no Brasil. Isso se prova, pois existe

fácil acesso aos mercados do gênero aliados á busca da população por essas plantas.

1.2 Descrição fisiológica e morfológica

Morfologicamente, as bromélias apresentam hábito herbáceo de crescimento e

em geral inflorescência grande e vistosa com folhas distribuídas em roseta, geralmente

com bainha alargada na base, propiciando a formação de um reservatório de água e

nutrientes (Reitz 1983). As folhas podem apresentar margens lisas ou com espinhos,

características importantes para reconhecer as espécies.

Suas folhas apresentam na superfície tricomas que possuem função principal de

absorverem água e nutrientes (Benzing, 1990). Não são todas as espécies que

apresentam cisternas (acúmulo de água na roseta), mas as que apresentam são utilizadas

como fonte de recurso (abrigo, alimento, água, sítio de reprodução, etc). A

inflorescência em Bromeliaceae é vistosa pelo colorido de flores e brácteas, cujo tipo

pode ser apical (geralmente) ou lateral. As raízes funcionam fixando a planta e as folhas

principalmente para absorver sais minerais e água, porém, temos exceções das

bromélias terrestres que através de suas raízes absorvem água e nutrientes (Englert,

2000).

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1.3 Importância econômica

As bromélias são importantes plantas tanto do ponto de vista ecológico, como do

ornamental. São plantas que fornecem muitos benefícios para o habitat em que se

encontram como: disponibilidade de água retida em suas folhas para insetos e pequenas

aves e anfíbios, néctar para insetos e espécies de beija-flor e matéria orgânica, formando

um micro-habitat em suas folhas.

A importância econômica das bromélias é como plantas ornamentais, sendo

atualmente cultivadas e utilizadas em decorações de interior e projetos paisagísticos. De

acordo com dados do Ibraflor (2013), no ano de 2011 as exportações representaram

mais de 20 milhões de dólares no Brasil com as plantas ornamentais sendo responsáveis

por 40,33% desse valor.

Em função da grande procura pelas bromélias de valor ornamental, o

extrativismo de seus ambientes naturais tem se intensificado nos últimos anos,

colocando algumas espécies com maior grau de ameaça. Contudo, muitas espécies

também desaparecem com a destruição das matas. Segundo Nunes & Forzza (1998), a

destruição do habitat é o maior problema de preservação e conservação de bromélias.

Mesmo com potencial ornamental, poucas espécies de bromélias são produzidas

para fins comerciais, devido à disponibilidade e fácil retirada do seu habitat. É

necessário o estudo in vitro visando suprir o crescimento no consumo de plantas

ornamentais que, segundo Anacleto (2005), é baseado na coleta de plantas da natureza.

1.4 Importância ambiental

A maioria das espécies é polinizada por beija flores, pela atração das brácteas

vistosas e coloridas e pela presença de néctar abundante. Os morcegos também são

agentes polinizadores em flores de antese noturna. Algumas espécies de borboletas

conseguem polinizar as bromélias (Varassin & Sazima, 2000). A dispersão das

sementes aladas ou plumosas é auxiliada pelo vento, e no caso das bagas suculentas,

cujas sementes não possuem apêndices, a dispersão é auxiliada por animais.

As populações naturais de bromélias vêm sendo dizimadas devido a dois

principais motivos que são a grande coleta de plantas e destruição das matas. A Mata

Atlântica, a qual constitui um dos principais centros de diversidade da família, é um dos

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biomas com maiores índices de destruição do planeta ocorrendo a fragmentação das

populações. Para algumas espécies temos estudos de germinação, entretanto, espécies

nativas ornamentais carecem de informações.

Através de sementes garante-se a preservação da biodiversidade sendo

necessário o desenvolvimento de métodos para a produção de mudas, reduzindo custo e

que preservem a diversidade genética das espécies. Neste sentido, a multiplicação

sexuada de bromélias é importante, devendo-se avaliar a germinação em diferentes

condições para garantir a eficiência do processo reprodutivo. Outro fator pertinente a

conduzir esta pesquisa se refere ao crescimento lento das bromélias, que demoram anos

para florescer e se reproduzir, produzindo brotações em geral apenas após o

florescimento. Desta forma, estudos sobre a germinação visam melhorar a reprodução

para a comercialização e perpetuação das Bromeliaceae. Essas estratégias podem ser

aliadas na conservação com a aplicação de resultados de propagação com a intenção de

oferta de mudas comerciais, minimizando o impacto predatório sofrido por espécies

vegetais notoriamente ornamentais, típicas em Bromeliaceae, e/ou medicinais.

1.5 As espécies estudadas.

1.5.1 Vriesea friburgensis Mez

O gênero Vrisea sp. pertence a subfamília Tillandsioideae. É composto por

aproximadamente 230 espécies já catalogadas. A espécie V. friburgensis Mez (Figura

1), tem porte médio e pode alcançar mais de dois metros de altura com a inflorescência

exposta. Essa espécie habita solos arenosos do litoral Sul (Reitz, 1983).

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Figura 1: Exemplar florido de Vriesea friburgensis. (Fonte: FloraSBC).

1.5.2 Vriesea michaelii W.Weber

Também pertence à subfamília Tillandsioideae. Essa espécie apresenta porte

pequeno a médio e habita a região Sul do Brasil. Carecem estudos sobre essa espécie.

Figura 2: Exemplar florido de Vriesea michaelii. (Fonte: Orchideen Seidel).

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1.5.3 Aechmea fasciata Baker

Pertence à subfamília Bromelioideae, é epífita, de folhagem e florescimento

vistoso, de aproximadamente 35 cm de altura (Figura 3). Apresenta folhas em roseta

foliar aberta com cisterna. As folhas são marmorizadas em tons de verde com escamas

cinza-prateadas, principalmente na face abaxial das folhas. (Reitz, 1983; Lorenzi, 2001)

Figura 3: Exemplar florido de Aechmea fasciata. (Fonte: Wikimedia Commons)

1.5.4 Alcantarea nahoumii Leme

Alcantarea nahoumii (Figura 4) (Leme) R. J. Grant pertence à subfamília

Tillandsioideae, apresenta hábito rupícola aliado à elevada exposição de luz e plantas

altas e robustas com crescimento intermediário/lento (Pereira et al., 2008).

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Figura 4: Exemplar na fase de floração de Alcantarea nahoumii. Fonte: Wikimedia Commons

1.6 Germinação

Considera-se germinada a semente, quando ocorre a extrusão da raiz primária. A

germinação é afetada por fatores como a viabilidade das sementes, disponibilidade de

água, oxigênio, temperatura adequada e luz (Duarte, 2007).

Em relação a substratos, Wendling et al. (2002), diz que o substrato ideal para a

produção de mudas de plantas ornamentais é aquele que apresenta uniformidade em sua

composição, baixa densidade, boa capacidade de absorção e retenção de água e de

fornecimento dos nutrientes necessários às plantas, boa aeração, drenagem suficiente e

isenção de pragas, organismos patogênicos e sementes de plantas indesejáveis. Os

materiais mais comumente usados são turfa, casca de Pinus sp. picada, perlita,

vermiculita e fibra de coco.

Em relação aos estudos de germinação de sementes, Moreira (2008) relatou que

sementes de Aechmea fasciata apresentaram 100% de germinação, independente da

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concentração do regulador vegetal usado e relatou também que a presença ou não de

carvão ativado não influenciou na germinação. Também demonstrou que as sementes de

Aechmea fasciata apresentam maior vigor do que as das espécies Aechmea miniata e

Aechmea burle-marxii o que favorece o crescimento inicial de plântulas e,

conseqüentemente, possibilita maior condição de sobrevivência dessa espécie em seu

habitat natural.

Para Vriesea michaelii não foram encontrados artigos sobre germinação in vitro,

contudo para Vriesea friburgensis, Aranda-Peres (2005) observou que os tratamentos

em meio MS com ¼ de macronutrientes na ausência de regulador vegetal tiveram uma

porcentagem de germinação de aproximadamente 40%. Entretanto, quando o meio foi

acrescido de 10 mm do regulador vegetal GA3, a porcentagem de germinação de V.

friburguensis aumentou para 48%. Apenas no tratamento com 100 mm do regulador,

essa porcentagem aumentou para 60% o que ainda evidencia a baixa taxa de germinação

de sementes dessa espécie.

Da espécie Alcantarea nahoumii, Alfaya (2010) constatou que em torno de 81%

das sementes dispostas em substrato comercial germinaram sob temperatura controlada

de 25ºC, em BOD. Carecem mais estudos sobre a germinação dessa espécie.

2. Objetivos

Objetivo geral: Caracterizar sementes de quatro espécies de dois gêneros de

Bromeliaceae e o respectivo processo germinativo comparando-se a germinação in vitro

e em substrato em casa de vegetação.

Objetivos específicos:

a) Avaliar tamanho, peso e características morfológicas das sementes.

b) Avaliar a porcentagem de germinação in vitro em ausência de luz, ou em fotoperíodo.

c) Avaliar a sobrevivência das plântulas in vitro e em casa de vegetação.

d) Avaliar a velocidade de germinação das sementes de três espécies.

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3. Materiais e Métodos

3.1 Caracterização das sementes:

Nessa etapa foram utilizadas as seguintes espécies: Aechmea fasciata,

Alcantarea nahoumii, Vriesea michaeli e V. friburgensis.

3.1.1) Peso das sementes:

O peso de mil sementes foi calculado obtendo-se o peso de 100 sementes, em 8

repetições, e calculando-se a média, desvio padrão, coeficiente de variação, conforme

Willan (1987).

3.1.2) Forma e tamanho das sementes:

As sementes foram avaliadas quanto à forma e tamanho através de observações

em microscópio estereoscópico, medindo-se o comprimento e a largura de 8 sementes

de cada espécie e calculando-se o desvio padrão.

3.2 Germinação de sementes:

Para a avaliação da germinação foram utilizadas sementes de Aechmea fasciata,

Vriesea michaeli e V. friburgensis. Foram removidos os apêndices das sementes de

Vriesea para diminuir a possibilidade de contaminação in vitro e facilitar o manuseio

das sementes. Para o cultivo in vitro, as sementes passaram por assepsia em etanol

(70%) por 5 minutos, seguido de hipoclorito de sódio comercial (2,5 % cloro ativo)

diluídio em água destilada autoclavada (1:1) durante 15 minutos. As sementes foram

introduzidas em 25 mL de meio de cultura contendo ½ dos sais de MS (Murashige &

Skoog, 1962) acrescido de 30 g L-1

de sacarose e vitaminas de MS, sob pH 5,8 com

posterior autoclavagem por 20 minutos, a 120 °C. As sementes foram cultivadas a 27 ±

2oC com fotoperíodo de 16 horas, com intensidade luminosa de 40μmol m

-2 s

-1,ou em

ausência de luz. O experimento foi instalado com 6 repetições de 25 sementes cada.

Como controle de germinação sob condições ambientais foram introduzidas 150

sementes em bandeja plástica colocando-se três sementes por célula totalizando 6

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colunas com 8 células cada e mais 6 células com apenas uma semente para completar o

total de sementes introduzidas. A bandeja com fundo perfurado continha o substrato

comercial “Basaplant casca 6 mm”, no qual as sementes germinaram a temperatura

ambiente, em casa de vegetação. O experimento foi avaliado diariamente, considerando-

se semente germinada quando foi possível a visualização da extrusão da raiz primária

ou coloração verde do cotilédone. Os dados foram transformados em porcentagem de

germinação, e o Índice de Velocidade de Germinação (IVG) calculado com base na

equação:

IVG = G1/N1 + G2/N2 + ...+ GN/NN

Equação a qual foi descrita por Teixeira et al. (2004), onde G1, G2 e Gn

representam o número de sementes normais germinadas até o 15º dia e N1, N2 e NN o

número de dias em que foi avaliada a germinação, ou seja, G1, G2... GN,

respectivamente. Considerou germinada a semente que atingiu primeiramente:

emergência da raiz primária atingindo 1 mm ou cor verde do cotilédone (Figura 5).

tbc

ap

Figura 5: Semente de Vriesea michaelii em meio de cultura, podendo-se observar a

extrusão da raiz e da bainha cotiledonar (bc) internamente ao apêndice plumoso (ap) (o

apêndice plumoso foi cortado anteriormente à introdução in vitro para diminuir a possibilidade

de contaminação e facilitar o manuseio das sementes ). A letra “t” representa o tegumento.

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4. Resultados e discussão

4.1 Caracterização das sementes

4.1.1) Peso das sementes

Como etapas iniciais antes do cálculo do PMS (peso de mil sementes) obtêm-se

através do peso das amostras o Desvio Padrão (S) e o Coeficiente de Variação (CV)

(Tabela 1) a fim de ser possível identificar grandes variações no CV e garantir

confiabilidade nos dados.

Tabela 1: Análises estatísticas obtidas em relação ao peso de sementes de quatro

espécies de bromélias*.

Análises Estatísticas

Espécie Peso Total (g) Desvio padrão (g) CV (%)

Vriesea michaeli 0,1677 0,0015 7,1485

Vriesea friburgensis 0,1575 0,0016 8,2147

Aechmea fasciata 0,4243 0,0006 1,1083

Alcantarea nahoumii 0,8356 0,0018 1,7165

* Dados se referem à média de oito repetições.

Os PMS calculados (Tabela 2) para V. michaelli, V. friburgensis, Ae. fasciata e

Alc. nahoumii foram, em média,: 0,2096 ; 0,1969 ; 0,5304 e 1,0445 gramas,

respectivamente. Nota-se que as espécies de Vrisea têm pesos relativamente próximos,

contudo, Alcantarea nahoumii possui maior peso, com pouco mais de um grama no

PMS, por apresentarem sementes maiores.

Tabela 2: Cálculo do peso de mil sementes de quatro espécies de bromélias*.

PESO DE MIL SEMENTES (PMS) em (g)

Espécie Amostra

1

Amostra

2

Amostra

3

Amostra

4

Amostra

5

Amostra

6

Amostra

7

Amostra

8

Peso

Total PMS

Vriesea

michaeli 0,0206 0,0216 0,0192 0,021 0,024 0,0193 0,0208 0,0212 0,1677 0,2096

Vriesea

friburgensis 0,0207 0,0215 0,0191 0,0218 0,0191 0,0168 0,019 0,0195 0,1575 0,1969

Aechmea

fasciata 0,0531 0,0533 0,0529 0,0528 0,0518 0,0532 0,0534 0,0538 0,4243 0,5304

Alcantarea

nahoumii 0,1032 0,1074 0,1031 0,1048 0,1037 0,1026 0,1069 0,1039 0,8356 1,0445

*Dados se referem à média de oito repetições.

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4.1.2) Forma e tamanho das sementes

V. michaelii (Figura 6A-B) e V. friburgensis (Figura 6C-D) apresentam sementes

fusiformes, o tegumento é pouco rugoso com presença de apêndices plumosos

esbranquiçados em uma das extremidades da semente, que servem para a dispersão da

semente pelo vento, ajudando na disseminação das espécies. Ambas apresentam

sementes de tamanho semelhante, V. michaelii apresentou comprimento médio de 4,00

mm e largura média de 0,50 mm com desvio padrão de 18 mm para comprimento e 0,6

mm para largura. V. friburgensis apresentou comprimento médio de 4,40 mm e largura

média de 0,50 mm com desvio padrão de 21 mm para comprimento e 0,6 para largura.

Figura 6: Sementes de espécies de Bromeliaceae. A-B. Sementes de Vriesea michaelii com longo

apêndice plumoso de coloração esbranquiçada (B) e após a retirada do apêndice (A) para assepsia e

introdução in vitro; C-D Sementes de Vriesea friburgensis com longo apêndice plumoso de coloração

esbranquiçada (D) e após a retirada do apêndice (C).

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Ae. fasciata (Figura 7A-B) apresenta sementes elípticas com uma das

extremidades mais estreita, o tegumento é liso, sem apêndice e com presença de

mucilagem, que preserva a umidade na semente após o amadurecimento dos frutos.

Possui comprimento médio de 2,50 mm e largura média de 0,60 mm. O desvio padrão

foi de 27 mm para comprimento e de 0,6 mm para largura.

Alc. nahoumii (Figura 7C-D) apresenta sementes filiformes, o tegumento é

rugoso, com presença de apêndices plumosos amarronzados. Possui comprimento

médio de 5,00 mm e largura média de 0,55 mm. O desvio padrão foi de 63 mm para

comprimento e de 0,4 mm para largura.

Figura 7: Sementes de Aechmea fasciata e Alcantarea nahoumii. A-B) sementes de A. fasciata dispostas

de diferentes maneiras; C-D) Sementes de Alc. nahoumi com apêndice plumoso de cor escura (D) e após

a retirada do apêndice para evitar a contaminação in vitro.

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4.2 Germinação das sementes

Na sala de crescimento, com intensidade de luz, fotoperíodo e temperatura

controlados, as taxas de germinação de V. michaelli, V. friburgensis e Ae. fasciata

cultivadas in vitro foram, em média, 89,3%; 67,3% e 90,0%, respectivamente. As taxas

de sobrevivência foram de 76,0%; 44,6% e 81,0%, respectivamente. Na casa de

vegetação as taxas de germinação de V. michaelli, V. friburgensis e Ae. fasciata

cultivadas em substrato e em condições ambientais foram: 37,3%; 18,0% e 50,6%,

respectivamente. Assim como nas condições in vitro, houve mortalidade de plântulas,

porém em menores porcentagens, resultando em sobrevivência de 34,0%; 16,0% e

45,2%, respectivamente. O cálculo do Índice de Velocidade de Germinação (IVG)

(Tabela 3).

É pertinente observar que mesmo com taxas de germinação mais baixas na casa

de vegetação, a queda em termos de porcentagem da taxa de sobrevivência, foi menor

do que no tratamento in vitro. Portanto, das poucas plantas que germinaram na casa de

vegetação quase todas sobreviveram, ao contrário do tratamento in vitro que mesmo

germinando bem, teve uma acentuada queda de sobrevivência.

De acordo com Silva et al. (2009), a velocidade em que o processo de

germinação ocorre é fundamental para a sobrevivência e o desenvolvimento da espécie,

pois diminui o tempo de exposição da semente às condições adversas e às intempéries.

Tabela 3: Índice de Velocidade de Germinação médio de sementes de espécies de

bromélia submetidas à germinação em diferentes condições.

Índice de Velocidade de Germinação médio*

Espécie Luz

Escuro Casa de Vegetação

Vriesea michaelii 13,10 12,66 4,37

Vriesea friburgensis 14,43 13,39 2,11

Aechmea fasciata 18,80 15,87 8,12

*Dados se referem à média de seis repetições.

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A germinação in vitro na presença de luz, em ambas as espécies de Vriesea,

apresentou maiores porcentagens em comparação com o tratamento em ausência de luz.

Na ausência de luz, as plantas dessas espécies apresentaram estiolamento, com

alongamento do hipocótilo e diminuição no tamanho dos eófilos, característico do

crescimento vegetal na ausência total ou parcial de luz.

Abaixo (Figura 8) vemos uma placa e bandeja como ilustração do cultivo in

vitro e em casa de vegetação, respectivamente.

Figura 8: Placa com meio de cultura e sementes germinadas referentes ao cultivo in vitro

(esquerda) e bandeja plástica com substrato referente ao cultivo em casa de vegetação.

Ae. fasciata apresentou alta germinação, com valores próximos tanto no

tratamento sob fotoperíodo como no tratamento em ausência de luz, porém, em ausência

de luz o estiolamento foi acentuado alterando, a morfologia da plântula (Figura 9),

germinação mais lenta e coloração mais clara é vista na germinada em casa de

vegetação (Figura 10), contudo, após submeter a plântula estiolada em condições de

iluminação foi possível observar a ação da clorofila devolvendo sua pigmentação

natural e ao diário desenvolvimento das folhas e caule em tamanho próximos as das

plântulas germinadas in vitro.

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Figura 9: Plântulas de Aechmea fasciata ambas 16 dias após a semeadura em

meio de cultura. A) germinada sob fotoperíodo. B) germinada em ausência de luz.

Figura 10: Plântula de Aechmea fasciata, 29 dias após

semeadura em substrato e germinação em casa de

vegetação.

O estudo de germinação em Alc. nahoumii não pode ser concluído em virtude de

diversas contaminações sofridas nos ensaios a partir das sementes coletadas,

impossibilitando o prosseguimento dessa parte da pesquisa com essa espécie. Contudo

para visualização das diferenças entre plantas germinadas no cultivo in vitro e casa de

vegetação, temos exemplares coletados (Figura 11), mostrando a diferença de tamanho

entre as plântulas em casa de vegetação e em cultivo in vitro.

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Figura 11: Plântulas de Alcantarea nahoumii, 92 dias após semeadura e cultivo em substrato em casa de

vegetação (esquerda) e em meio de cultura sob cultivo in vitro (direita). Barra = 2 cm.

As espécies V. michaelii e V. friburgensis apresentaram germinação mais lenta,

característica própria do gênero, porém, desenvolveram-se plantas sadias e uniformes na

germinação in vitro, ao contrário das plantas da casa de vegetação (Figuras 12 e 13).

Figura 12: Plântulas de Vriesea michaelii, 157 dias após semeadura e cultivo em substrato em casa de

vegetação (esquerda) e em meio de cultura sob cultivo in vitro (direita). Barra = 2 cm.

Figura 13: Plântulas de Vriesea friburgensis, 157 dias após semeadura e cultivo em substrato em casa de

vegetação (esquerda) e em meio de cultura sob cultivo in vitro (direita). Barra = 2 cm.

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5. Conclusões

Na germinação in vitro os resultados de germinação e taxa de sobrevivência do

tratamento sob fotoperíodo foram melhores do que aqueles em ausência de luz para

todas as espécies, porém, para Ae. fasciata não houve alterações significativas quanto a

taxa de germinação pois essa espécie teve taxas altas de germinação em ambos

tratamentos. Comparando-se os tratamentos in vitro com a germinação em casa de

vegetação, os resultados obtidos in vitro foram superiores, novamente mostrando a

importância do estudo e produção de Bromeliaceae através da cultura de tecidos,

mesmo no caso de germinação, proporcionando um desenvolvimento inicial mais

rápido.

As análises morfológicas permitem entender como essas espécies se propagam

na natureza, seus agentes dispersores, viabilidade das sementes e classificação botânica.

O IVG mostrou que Ae. fasciata foi superior na análise revelando que a espécie germina

mais rápido obtendo maiores chances de sobrevivência, portanto, fica evidente o baixo

IVG na casa de vegetação que simula condições naturais de germinação e, com isso,

comprova a eficácia da germinação in vitro de bromélias, seja para fins comerciais ou

de conservação, bem como alerta para as dificuldades de conservação das espécies nas

condições ambientais onde essas espécies se encontram.

Page 22: Universidade do Estado de São Paulo USP · aliadas na conservação com a aplicação de resultados de propagação com a intenção de oferta de mudas comerciais, minimizando o

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6. Bibliografia

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