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UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO INSTITUTO DE MEDICINA SOCIAL POLÍTICA NACIONAL DE SAÚDE BUCAL: UMA ANÁLISE DA REORGANIZAÇÃO DA ATENÇÃO À SAÚDE BUCAL NO ESTADO DO RIO DE JANEIRO FRENTE AOS INCENTIVOS FEDERAIS LEILA SENNA MAIA Dissertação apresentada como requisito parcial para obtenção do grau de Mestre em Saúde Coletiva, Curso de Pós-graduação em Saúde Coletiva – área de concentração em Política, Planejamento e Administração em Saúde do Instituto de Medicina Social da Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Orientador: Prof. Dr. George Edward Machado Kornis Rio de Janeiro 2008

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UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO INSTITUTO DE MEDICINA SOCIAL

POLÍTICA NACIONAL DE SAÚDE BUCAL: UMA ANÁLISE DA REORGANIZAÇÃO DA ATENÇÃO À SAÚDE BUCAL NO ESTADO DO RIO DE JANEIRO FRENTE AOS

INCENTIVOS FEDERAIS

LEILA SENNA MAIA

Dissertação apresentada como requisito parcial para obtenção do grau de Mestre em Saúde Coletiva, Curso de Pós-graduação em Saúde Coletiva – área de concentração em Política, Planejamento e Administração em Saúde do Instituto de Medicina Social da Universidade do Estado do Rio de Janeiro.

Orientador: Prof. Dr. George Edward Machado Kornis Rio de Janeiro

2008

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C A T A L O G A Ç Ã O N A F O N T E U E R J / R E D E S I R I U S / C B C

M217 Maia, Leila Senna. Política Nacional de Saúde Bucal: uma análise da reorganização da atenção à saúde bucal

no estado do Rio de Janeiro frente aos incentivos federais / Leila Senna Maia. – 2008. 213f.

Orientador: George Edward Machado Kornis.

Dissertação (mestrado) – Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Instituto de Medicina Social.

1. Saúde bucal – Rio de Janeiro (Estado) – Teses. 2. Sistema Único de Saúde (Brasil) – Teses. 3. Política de saúde – Brasil – Teses. 4. Serviços de saúde – Rio de Janeiro (Estado) – Teses. 5. Saúde pública – Financiamento – Rio de Janeiro (Estado) – Teses. I. Kornis, George Edward Machado. II. Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Instituto de Medicina Social. III. Título.

CDU 616.314-084(815.3) _______________________________________________________________________________

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Folha de Aprovação

Leila Senna Maia

POLÍTICA NACIONAL DE SAÚDE BUCAL: UMA ANÁLISE DA REORGANIZAÇÃO DA ATENÇÂO À SAÚDE BUCAL NO ESTADO DO RIO DE JANEIRO FRENTE AOS INCENTIVOS FEDERAIS. Aprovada em ______ de ______________ de 2008. _______________________________ Prof.. Dr. George Edward Machado Kornis (orientador) IMS-UERJ _______________________________ Prof. Dr. Marcos Azeredo Furquim Werneck FO- UFMG _______________________________ Prof.ª Drª Luciana Dias de Lima ENSP- FIOCRUZ _______________________________ Prof.ª Drª Ana Cecília de Sá Campello Faveret SAS/MS _______________________________ Prof. Dr. Roberto Parada IMS/UERJ

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“A causa a que devotei boa parte da minha vida não

prosperou. Eu espero que isso tenha me transformado

em um historiador melhor, já que a melhor história é

escrita por aqueles que perderam algo. Os vencedores

pensam que a história terminou bem, porque eles

estavam certos, ao passo que os perdedores perguntam

por que tudo foi diferente, e essa é uma questão muito

mais relevante.”

Eric Hobsbawm

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Com esse trabalho rendo homenagens ao amor. Sendo assim, eu o dedico:

Ao Aécio, grande aliado nesse esforço, minha maior referência de amor, carinho, compreensão e apoio. Sem a sua ajuda e cumplicidade nada disso seria possível!

Aos meus amados sobrinhos e afilhados: Silvia, Rodrigo Maia, Thiago, João Pedro, Marina, Rodrigo

Senna, Dudu e João Felipe.

À memória do prof. Dr. Roberto Vicente Santelli. Nosso querido tio Roberto, que com amor e entusiasmo devotou sua vida a pesquisa e ao ensino.

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AGRADECIMENTOS

A George Edward Machado Kornis mestre, orientador e exemplo de integridade e

justiça, que entre outras coisas me ensinou a ter cuidado no conceito, rigor na forma,

perseverança e clareza na escrita. Sem a sua generosidade, paciência, compromisso e

estímulo o meu caminho oficial no IMS talvez sequer tivesse começado. Ao mestre e amigo a

minha sincera admiração, o meu profundo respeito e minha eterna gratidão!

A Mônica Kornis pela compreensão, gentileza e generosidade em abrigar em sua casa

nossas sessões de orientações.

A UERJ e especialmente ao IMS, casa que aprendi a amar e respeitar ao longo dos anos

que aqui passei como ouvinte e depois, finalmente, como aluna matriculada.

A Roseni Pinheiro, por ter acreditado no meu potencial e ter estimulado o meu ingresso,

ainda que como ouvinte e depois “falante”, no IMS. Serei eternamente grata!

A Jane Sayd meu carinho, admiração e respeito para sempre. Suas aulas e orientações de

leituras muito contribuíram para o meu amadurecimento intelectual e acadêmico. Nossa

convivência me fez e me faz uma pessoa melhor!

A Sulamis Dain e Rosangela Caetano pela disposição, solidariedade, generosidade,

contribuições e apoio, todos fundamentais desde o início dessa trajetória.

Ao Instituto de Geociências da UERJ, através do Departamento de Geografia que me

recebeu como aluna no curso sobre Teoria da Região e Regionalização. Agradeço

especialmente ao professor André Reis Novaes e aos jovens colegas de turma pelo

acolhimento. Valeu muito!

Ao amigo de longa data Mário José Bueno pelo carinho, confiança e estimulo. Sem o

seu apoio, o desenvolvimento desse trabalho não teria tido o mesmo rumo! Da mesma forma,

agradeço a Luciana Dias de Lima, Ana Cecília Faveret e Roberto Parada pelas valiosas

contribuições por ocasião do exame de qualificação dessa dissertação.

A Renata Ferraiolo, colega de profissão, companheira de orientação e irmã de coração,

com quem tenho tido a oportunidade de compartilhar trabalhos, ansiedades, sonhos e ideais.

Seu pragmatismo tornou-se fundamental para dosar, nas horas mais urgentes, meu excessivo

gosto pelos detalhes. Formamos uma dupla e tanto!

A Célia Jorgina grande amiga e maior incentivadora, toda a minha gratidão pela amizade

e pelo carinho que tem me dedicado.

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Da mesma forma agradeço a minha querida tia Lola por todo o amor e carinho sempre

dedicados e especialmente pelo precioso presente que muito facilitou minhas pesquisas.

A Maria Urânia Alves por ter compreendido e acolhido meu desejo de praticar

assistência voluntária. As oportunidades de trabalhar na ONG Ressurgir e na LBV

reafirmaram esta minha opção e marcaram o início dessa trajetória no campo da saúde social.

Aos amigos que fiz nas turmas anteriores, especialmente a Marise Fagundes, Josenira

Célia dos Reis, Patrícia Sayd, Cristina Guglielmi, Antônio Peregrino, Norma Thiago, Maria

Thereza Santos, Carlos Eduardo Honorato, Terezinha Junqueira e Felipe Rangel.

A Márcia Constança A. Pinto e ao inesquecível Carlos Alberto P. Miranda.Vou guardar

para sempre na memória os momentos compartilhados nas aulas e nas muitas caminhadas de

volta para casa ao final das tardes.

Aos colegas e companheiros de turma, Ismael da Costa, Ângela Ostritz, Vera Miguelote,

Lesley Batista, Marcela Pessoa, Felipe Tavares, Vivian Furtado, Rondineli Mendes e

Maximus Santiago. Agradeço pela oportunidade de tê-los conhecido e pela convivência em

momentos tão diversos. Em especial agradeço a Carla E. Zaire e Emília M. Correia que além

de companheiras, tornaram-se grandes amigas.

Agradeço ainda, ao pessoal da secretaria e do laboratório de informática do IMS: Márcia

Cristina, Simone, Silvinha, Marcos Paulo, Elir, Márcia Luiza e Marco Antônio pela

compreensão das dificuldades e pela maneira gentil com que sempre me trataram. Em especial

agradeço a Ana Silvia Gesteira, pela leitura cuidadosa do resumo e ajuda preciosa na sua

tradução para o inglês.

Aos técnicos e demais funcionários das Superintendências de Atenção Básica e Gestão

do Cuidado e Rede Própria da SESDEC /RJ.

Aos meus amados amigos De Gaulle, Ringo Starr e B.B. King, “companheiros de

orientação e trabalho”, agradeço todas as lambidas e abanadas de rabinho. Muito

provavelmente vocês são os representantes caninos que mais “sabem” sobre PNSB!

A todos os amigos e pessoas que direta ou indiretamente contribuíram para a realização

desse trabalho, o meu muito obrigada! Aproveito também para pedir desculpas a todos pelos

momentos de impaciência e pela reclusão dos últimos tempos.

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RESUMO

Esta dissertação foca o processo de reorganização das ações e serviços de saúde bucal no

estado do Rio de Janeiro. Este processo, em tese, deve ser orientado pelas diretrizes da

Política Nacional de Saúde Bucal (PNSB) que priorizam a atenção básica em saúde bucal

através da Estratégia Saúde da Família e ampliam a atenção em saúde bucal na média e alta

complexidades.

O Ministério da Saúde lança mão de incentivos financeiros para induzir, sob condições

específicas, a adesão às diretrizes formuladas pela Política Nacional de Saúde Bucal (PNSB) e

assim promover um processo de reorganização da atenção à saúde bucal nas esferas

subnacionais.

O núcleo deste trabalho tem por base uma pesquisa que analisa um amplo espectro de

dados sobre os serviços e as ações de saúde bucal realizadas pelo conjunto dos municípios do

estado do Rio de Janeiro no período de janeiro de 1998 a dezembro de 2007.

As principais conclusões da pesquisa apontam para o caráter inconcluso do processo de

reorganização da atenção em saúde bucal na grande maioria dos municípios estudados e para a

necessidade de uma ação conjunta entre as autoridades sanitárias das esferas federal, estadual

e municipal orientada para promover uma efetiva melhoria das condições de saúde da

população tal como é a proposta da PNSB.

Palavras-chave: Política Nacional de Saúde Bucal; Estado do Rio de Janeiro; Incentivos Federais; Saúde Bucal; financiamento do SUS.

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ABSTRACT

Title: The Brazilian Oral Health National Politics: an analysis on the re-organization of oral care in Rio de Janeiro State in face of federal incentives

This thesis focuses the process of reorganization of the oral care services in Rio de

Janeiro State, Brazil. This process is supposed to follow the so called Política Nacional de

Saúde Bucal [Brazilian Oral Health National Politics], whose main proposals are to prioritize

primary care as part of the Family Health Strategy and to improve secondary care in oral

health services in all levels of complexity.

The Health Ministry uses financial incentives to stimulate local governments to adopt,

under specific conditions, the guidelines to re-organize oral care services.

The core of the present thesis is a research on the re-organization of oral care services

carried out by the 92 local governments which form Rio de Janeiro State, from January 1998

to December 2007. It analyzes oral health services in all these municipalities.

The main conclusions are that re-organization of oral care services following this

politics’ principles and guidelines is an endless process for most of the municipalities being

studied. The research also presents, as secondary conclusion, that federal health authorities

must act together with other federal, state and local health authorities to improve the

population’s oral health conditions, as proposed by the Brazilian Oral Health National

Politics.

Key words: Brazilian Oral Health National Politics; Rio de Janeiro State; financial

incentives; Oral Health; financing of Unified Health System.

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LISTA DE QUADROS, FIGURAS E GRÁFICOS QUADROS Quadro 1 Situação de implantação das ESBs em dezembro de 2007......................................17

Quadro 2 Incentivos federais por tipo de CEO Cap 2 p.26.......................................................47

Quadro 3 Número de procedimentos por tipo de CEO p. 27.................................................48

Quadro 4 Regiões de governo do estado do Rio de Janeiro seg. a Fundação CIDE.................51

Quadro 5 Municípios criados entre os anos de 1985 a 2001 no estado do Rio de Janeiro......57

Quadro 6 Regiões do estado do Rio de Janeiro de acordo com a SESDEC.......................... 63

Quadro 7 Nº de ACSs, ESFs e ESBs e seus percentuais de cobertura no estado do RJ.........68

Quadro 8 Municípios do estado do RJ sem cobertura das ESBs............................................70

Quadro 9 Nº de ESBs implantadas na Região da Baía da Ilha Grande..................................81

Quadro 10 Situação das ESBs e ESFs na Região Baixada Litorânea em dez/07.................89

Quadro 11 Situação das ESBs e ESFs na Região Centro Sul em dez/07................................100

Quadro 12 Situação das ESBs e ESFs na Região Médio Paraíba em dez/07..........................110

Quadro 13 Situação das ESBs e ESFs na Região Metropolitana I em dez/07.........................121

Quadro 14 Situação das ESBs e ESFs na Região Metropolitana II em dez/07......................134

Quadro 15 Situação das ESBs e ESFs na Região Noroeste em dez/07...................................142

Quadro 16 Situação das ESBs e ESFs na Região Norte em dez/07........................................151

Quadro 17 Situação das ESBs e ESFs na Região Serrana em dez/07...................................159

FIGURAS

Figura 1 Mapa do estado de Rio de Janeiro de acordo com a divisão regional idealizada pela

SESDEC...................................................................................................................................65

Figura 2 Mapa do município do Rio de Janeiro de acordo com distribuição territorial da

rede de saúde............................................................................................................................71

GRÁFICOS

Gráfico 1 Baía da Ilha Grande -1ª consulta programática.......................................................82

Gráfico 2 Baía da Ilha Grande- Exodontia de elem. dentário..................................................83

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Gráfico 3 Região da Baía da Ilha Grande- curetagem /pol.dentário......................................84

Gráfico 4 Região da Baía da Ilha Grande-Atenção espec.

Periodontia (curetagem sub./indivíduo)....................................................................................85

Gráfico 5 Região da Baía da Ilha Grande- Endodontia trirradicular.......................................85

Gráfico 6 Região da Baía da Ilha Grande- Qdt Aprovada –ações básicas em Odontologia...86

Gráfico 7 Região da Baía da Ilha Grande- Qdt Aprovada– ações especializadas

em Odontologia.........................................................................................................................87

Gráfico 8 Região Baixada Litorânea-1ª consulta programática .............................................92

Gráfico 9 Região Baixada Litorânea- Exodontia de elem. dentário......................................93

Gráfico 10 Região Baixada Litorânea -curetagem /pol.dentário..............................................94

Gráfico11 RegiãoBaixada Litorânea-At. espec. Periodontia (curetagem sub./indivíduo).......95

Gráfico12 Região Baixada Litorânea - Endodontia trirradicular.............................................96

Gráfico13 Região Baixada Litorânea Qdt Aprovada –ações básicas em Odontologia............97

Gráfico14 Região Baixada Litorânea-Qdt Aprovada –ações espec. em Odontologia.............98

Gráfico15 Região Centro Sul-1ª consulta programática.........................................................102

Gráfico 16 Região Centro Sul- Exodontia de elem. dentário..................................................103

Gráfico17 Região Centro Sul-curetagem /pol.dentário...........................................................104

Gráfico 18 Região Centro Sul-Atenção espec. Periodontia (curetagem sub./indivíduo)........105

Gráfico 19 Região Centro Sul- Endodontia trirradicular........................................................106

Gráfico 20 Região Centro Sul Qdt Aprovada –ações básicas em Odontologia......................107

Gráfico 21 Região Centro Sul Qdt Aprovada –ações especializadas em Odontologia...........108

Gráfico 22 Região Médio Paraíba -1ª consulta programática................................................112

Gráfico 23 Região Médio Paraíba- Exodontia de elem. dentário............................................113

Gráfico 24 Região Médio Paraíba-curetagem /pol.dentário....................................................114

Gráfico 25 Região Médio Paraíba-Atenção espec. Periodontia (curetagem sub./indivíduo)..116

Gráfico 26 Região Médio Paraíba- Endodontia trirradicular..................................................117

Gráfico 27 Região Médio Paraíba Qdt Aprovada –ações básicas em Odontologia...............118

Gráfico 28 Região Médio Paraíba Qdt Aprovada –ações especializadas em Odontologia.....119

Gráfico 29 Região Metropolitana I-1ª consulta programática.................................................123

Gráfico 30 Região Metropolitana I- Exodontia de elem. dentário..........................................125

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Gráfico 31 Região Metropolitana I-curetagem /pol.dentário..................................................127

Gráfico 32 Região Metropolitana I-At. espec. Periodontia (curetagem sub./indivíduo).........128

Gráfico 33 Região Metropolitana I- Endodontia trirradicular.................................................129

Gráfico 34 Região Metropolitana I Qdt Aprovada –ações básicas em Odontologia...............130

Gráfico 35 Região Metropolitana I Qdt Aprovada –ações especializadas em Odontologia...131

Gráfico Região 34.1 Reg. Metropolitana I- Município de Rio de Janeiro – Qtd Aprovada –

ações básicas em Odontologia ................................................................................................132

Gráfico Região 35.1 Metropolitana I- Município de Rio de Janeiro – Qtd Aprovada –ações

especializadas em Odontologia ..............................................................................................132

Gráfico 36 Região Metropolitana II -1ª consulta programática..............................................135

Gráfico 37 Região Metropolitana II- Exodontia de elem. dentário.........................................136

Gráfico 38 Região Metropolitana II-curetagem /pol.dentário.................................................137

Gráfico 39 Região Metropolitana II-At. espec. Periodontia (curetagem sub./indivíduo).......138

Gráfico 40 Região Metropolitana II- Endodontia trirradicular...............................................139

Gráfico 41 Região Metropolitana II Qdt Aprovada –ações básicas em Odontologia.............139

Gráfico 42 Região Metropolitana II Qdt Aprovada –ações esp. em Odontologia..................140

Gráfico 43 Região Noroeste-1ª consulta programática...........................................................144

Gráfico 44 Região Noroeste- Exodontia de elem. dentário.....................................................145

Gráfico 45 Região Noroeste-curetagem /pol.dentário.............................................................146

Gráfico 46 Região Noroeste-Atenção espec. Periodontia (curetagem sub./indivíduo)...........147

Gráfico 47 Região Noroeste- Endodontia trirradicular...........................................................147

Gráfico 48 Região Noroeste Qdt Aprovada – ações básicas em Odontologia........................148

Gráfico 49 Região Noroeste Qdt Aprovada – ações especializadas em Odontologia.............149

Gráfico 50 Região Norte-1ª consulta programática.................................................................152

Gráfico 51 Região Norte- Exodontia de elem. dentário..........................................................153

Gráfico 52 Região Norte-curetagem /pol.dentário..................................................................154

Gráfico 53 Região Norte-Atenção espec. Periodontia (curetagem sub./indivíduo)................155

Gráfico 54 Região Norte- Endodontia trirradicular................................................................155

Gráfico 55 Região Norte Qdt Aprovada – ações básicas em Odontologia.............................156

Gráfico 56 Região Norte Qdt Aprovada – ações especializadas em Odontologia.................157

Gráfico 57 Região Serrana -1ª consulta programática............................................................161

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Gráfico 58 Região Serrana - Exodontia de elem. dentário......................................................162

Gráfico 59 Região Serrana -curetagem /pol.dentário..............................................................163

Gráfico 60 Região Serrana -Atenção espec. Periodontia (curetagem sub./indivíduo)............164

Gráfico 61 Região Serrana - Endodontia trirradicular.............................................................165

Gráfico 62 Região Serrana Qdt Aprovada – ações básicas em Odontologia..........................166

Gráfico 63 Região Serrana Qdt Aprovada – ações especializadas em Odontologia...............167

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LISTA DE SIGLAS: ABRASCO: Associação Brasileira de Saúde Coletiva

ABRASBUCO: Associação Brasileira de Saúde Bucal Coletiva

ABO: Associação Brasileira de Odontologia

ACD: Auxiliar de Consultório Dentário

ACS: Agentes Comunitários de Saúde

AEMERJ: Associação Estadual de Municípios do Estado do Rio de Janeiro

AIH: Autorização de Internação Hospitalar

AIS: Ações Integradas de Saúde

AMS: Pesquisa de Assistência Médico Sanitária do IBGE

ANVISA: Agencia Nacional de Vigilância Sanitária

AP: Área Programática.

APAC: Autorização de Procedimentos de Alto Custo/ Alta Complexidade

BNDES: Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social

BVS: Biblioteca Virtual de Saúde

CAP: Caixa de Aposentadorias e Pensões

CD: Cirurgião Dentista

CEBES: Centro Brasileiro de Estudos de Saúde

CEO: Centro de Especialidade Odontológica

CES: Conselho Estadual de Saúde

CF: Constituição Federal

CFO: Conselho Federal de Odontologia

CIB: Comissão Intergestores Bipartite.

CIDE: Centro de Informações e Dados do Rio de Janeiro

CIT: Comissão Intergestores Tripartite.

CMS: Conselho Municipal de Saúde

CNES: Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde

CNSB: Conferência Nacional de Saúde Bucal

CNS: Conselho Nacional de Saúde ou Conferência Nacional de Saúde

CONASS: Conselho Nacional de Secretários de Saúde.

CONASEMS: Conselho Nacional de Secretários Municipais de Saúde.

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COSEMS: Conselho Estadual de Secretários Municipais de Saúde

CPMF: Contribuição Provisória sobre a Movimentação Financeira

CPOD: Índice de Dentes Cariados Perdidos e Obturados

CRO: Conselho Regional de Odontologia

CTBMF: Cirurgia e Traumatologia Buco-Maxilo-Facial

DAB: Departamento de Atenção Básica

DATASUS: Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde

DPPAS: Departamento de Políticas, Planejamento e Administração em Saúde

EC: Emenda Constitucional

EC 29: Emenda Constitucional nº 29 de 13 de setembro de 2000

ECEO: Encontro Científico dos Estudantes de Odontologia

ENATESPO: Encontro Nacional dos Administradores e Técnicos do Serviço Público Odontológico

ENSP: Escola Nacional de Saúde Pública

ESB: Equipe de Saúde Bucal

ESBs: Equipes de Saúde Bucal

ESF: Estratégia Saúde da Família

ESFs: Equipes de Saúde da Família

FAEC: Fundo de Ações Estratégicas e Compensação

FES: Fundo Estadual de Saúde

FIDEPS: Fundo de Incentivos ao Desenvolvimento e Pesquisa Universitária

FMS: Fundo Municipal de Saúde

FNS: Fundo Nacional de Saúde

FPE: Fundo de Participação dos Estados e do Distrito Federal

FPM: Fundo de Participação dos Municípios

FS: Fundo de Saúde

FUNASA: Fundação Nacional de Saúde

GM: Gabinete do Ministro

GPAB: Gestão Plena da Atenção Básica

GPSE: Gestão Plena do Sistema Estadual

GPSM: Gestão Plena do Sistema Municipal

IAPs: Instituto de Aposentadorias e Pensões

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IBGE: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

ICM: Imposto de Circulação de Mercadoria

IDH: Índice de Desenvolvimento Humano

INAMPS: Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social

INCA: Instituto Nacional do Câncer

IPEA: Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada

LC: Lei Complementar

LOS: Lei Orgânica da Saúde

LRF: Lei de Responsabilidade Fiscal

LRPD: Laboratório Regional de Prótese Dentária

MAC: Média e Alta Complexidade

MBRO: Movimento Brasileiro de Renovação Odontológica

MS: Ministério da Saúde

MEC: Ministério da Educação

ME: Ministério do Esporte

NO: Norma Operacional

NOAS: Norma Operacional de Assistência à Saúde

NOB: Norma Operacional Básica.

OPAS: Organização Pan-Americana de Saúde

OMS: Organização Mundial de Saúde

PAB: Piso da Atenção Básica

PAB-A: Piso da Atenção Básica Ampliado.

PACS: Programa de Agentes Comunitários de Saúde

PAM: Posto de Atendimento Médico

PDI: Plano Diretor de Investimentos

PDR: Plano Diretor de Regionalização.

PIB: Produto Interno Bruto

PLC: Projeto de Lei Complementar

PNAD: Pesquisa Nacional por Amostras de Domicílio

PND: Plano Nacional de Desenvolvimento

PNSB: Política Nacional de Saúde Bucal

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PNAB: Política Nacional de Atenção Básica

PPI: Programação Pactuada e Integrada

PROESF: Projeto de Expansão e Consolidação Saúde da Família

PSF: Programa de Saúde da Família.

Pt: Portaria

REFORSUS: Projeto de Reforço à Reorganização do SUS

SABGC: Superintendência de Atenção Básica e Gestão do Cuidado

SAS: Secretaria de Assistência à Saúde

SB: Saúde Bucal

SB 2003: Censo Bucal 2003

SCNES: Sistema de Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde

SES: Secretaria Estadual de Saúde

SESDEC/ RJ: Secretaria de Estado de Saúde e Defesa Civil do Rio de Janeiro

SESP: Serviço Especial de Saúde Pública

SIAB: Sistema de Informação da Atenção Básica

SIA- SUS: Sistema de Informações Ambulatoriais do SUS

SIH-SUS: Sistema de Informações Hospitalares do SUS

SIOPS: Sistema de Informações sobre Orçamentos Públicos em Saúde

SMS: Secretaria Municipal de Saúde

SUS: Sistema Único de Saúde

THD: Técnico em Higiene Dental

UCA: Unidade de Cobertura Ambulatorial

UF: Unidades da Federação

UNEO: União dos Estudantes de Odontologia

URC: Unidades de Capacitação da Rede

VIGISUS: projeto de Vigilância e Controle de Doenças

VISA: Vigilância Sanitária

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SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO .................................................................................................................................1

1. FUNDAMENTOS CONCEITUAIS..................................................................................................3

1.1 Saúde Bucal: algumas reflexões conceituais.....................................................................................3

1.2 Modelos Assistenciais: reflexões conceituais....................................................................................9

1.3 Atenção Primária, Atenção Básica e Programa de Saúde da Família: o modelo

assistencial em saúde bucal no primeiro nível de atenção adotado pelo SUS.......................................13

1.4 Os Centros de Especialidades Odontológicas (CEOs) e os Laboratórios Regionais de Próteses

Dentárias (LRPDs): Atenção Odontológica no Nível Secundário adotada pelo SUS.................... 17

1.5 Odontologia Hospitalar: Atenção a Saúde Bucal no Nível Terciário adotada pelo SUS................. 21

2. A POLÍTICA NACIONAL DE SAÚDE BUCAL NO SUS..........................................................24

2.1 Uma evolução histórica das Políticas de Saúde Bucal no Brasil......................................................24

2.2 A Política Nacional de Saúde Bucal do SUS....................................................................................31

2.3 O SUS: Normas Operacionais; primazia da atenção básica e o financiamento das ações e

serviços...................................................................................................................................................35

2.4 Transferências federais de recursos no SUS: a política de incentivos do MS e o financiamento

da atenção à saúde bucal no quadro das ações da PNSB.......................................................................41

3. O ESTADO RIO DE JANEIRO..................................................................................................50

3.1 O estado do Rio de Janeiro: Uma visão sintética da história sócio-política e econômica..............50

3.2 O estado do Rio de Janeiro: a atuação da secretaria estadual de saúde........................................59

3.3 O estado do Rio de Janeiro: um olhar sobre a rede própria do SUS..............................................61

3.4 A rede municipal de saúde da cidade do Rio de Janeiro................................................................70

4. UMA ANÁLISE DO PERFIL DA OFERTA DE SERVIÇOS EM SAÚDE BUCAL NO CONTEXTO

DA PNSB ...........................................................................................................................................73

4.1 Metodologia da Pesquisa ..............................................................................................................73

4.2 Análise dos dados da pesquisa a partir das Regiões de Saúde do estado do Rio de Janeiro..........79

4.2.1 Região Baía de Ilha Grande.... ...................................................................................................80

4.2.2 Região Baixada Litorânea..........................................................................................................87

4.2.3 Região Centro Sul......................................................................................................................99

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4.2.4 Região Médio Paraíba..............................................................................................................108

4.2.5 Região Metropolitana I............................................................................................................119

4.2.6 Região Metropolitana II...........................................................................................................132

4.2.7 Região Noroeste......................................................................................................................141

4.2.8 Região Norte............................................................................................................................149

4.2.9 Região Serrana.........................................................................................................................158

5. AGUISA DE UM EPÍLOGO....................................................................................................168

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...............................................................................................i

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1

APRESENTAÇÃO

Dois fatos políticos marcaram, a partir do ano 2001, o aumento progressivo do volume

de recursos financeiros do governo federal para o financiamento das ações de saúde bucal no

âmbito do SUS: A inserção das Equipes de Saúde Bucal na Estratégia Saúde da Família em

2001, e o lançamento da Política Nacional de Saúde Bucal (PNSB), também conhecida como

“Brasil Sorridente” em 2004. Estes recursos são repassados diretamente do Fundo Nacional de

Saúde para os Fundos Municipais e /ou Estaduais sob a forma de incentivos financeiros seja

para o atendimento da atenção básica através das Equipes de Saúde Bucal (ESBs) na

Estratégia Saúde da Família (ESF) ou para garantia da atenção especializada através da

implantação dos Centros de Especialidades Odontológicas (CEOs).

Segundo o Ministério da Saúde (MS), a PNSB tem por objetivo possibilitar a ampliação

do acesso às ações de promoção, prevenção, recuperação e reabilitação em saúde bucal através

da qualificação da assistência e dos serviços oferecidos pelo Sistema Único de Saúde (SUS)

aos seus usuários. Com este propósito o governo federal passou a remunerar também próteses

dentárias no sentido de promover a integralidade das ações nesta área específica da saúde.

Nesta perspectiva, a presente dissertação procurou construir uma análise apta a avaliar

em que medida e de que forma os incentivos federais estão induzindo a reorganização da

atenção á saúde bucal, tal como pretendido pela PNSB, nos 92 municípios do estado do Rio de

Janeiro. Convém registrar que se trata de um estudo pioneiro, não só por considerar a

totalidade dos municípios do estado, como também no que diz respeito ao campo temático,

pois estudos sobre o financiamento da saúde bucal no Brasil não foram detectados no

levantamento da produção intelectual na área de saúde coletiva até dezembro de 2006

(KORNIS et al, 2006).

Para cumprir os objetivos acima mencionados a presente dissertação foi estruturada em

cinco capítulos. O primeiro, de caráter introdutório, aborda o referencial teórico que norteia

este trabalho incluindo e discutindo alguns fundamentos conceituais tais como saúde bucal

coletiva, modelos de atenção e atenção básica e especializada em saúde bucal adotados pelo

SUS.

O segundo capítulo traça uma evolução histórica das Políticas de Saúde Bucal no Brasil,

expondo de forma sistematizada as ações e as parcerias sustentadas pela PNSB, a primeira

política de saúde bucal do SUS. Ainda neste capitulo, consideramos a primazia da atenção

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básica no processo de reorganização da atenção a saúde no âmbito do SUS, assim como, o

financiamento das suas ações e serviços. Ademais, enfatizamos a importância do MS, enquanto

estrutura de governo, na indução do modelo assistencial de saúde através de sua política de

incentivos. Por último, consideramos o financiamento das ações e serviços de saúde bucal

sustentadas pela PNSB frente à política de incentivos do MS.

O terceiro capítulo retrata algumas das singularidades do estado do Rio de Janeiro, desde

aquelas referentes à sua história sócio-política e econômica, até àquelas referentes à saúde.

Neste contexto, o presente capítulo mapeia a rede própria do SUS existente no estado do Rio

de Janeiro, considerando os três níveis de governo.

O quarto capítulo reporta-se a uma pesquisa de caráter pioneiro realizada em diversas

bases dados com o intuito de embasar a discussão e traçar um panorama acerca dos 92

municípios do estado, no que diz respeito aos seus contingentes populacionais; condições de

gestão; repasses financeiros federais e situação de implantação das ESBs na ESF, assim

como dos CEOs e LRPDs existentes no estado do Rio de Janeiro até dezembro de 2007.

Apresentamos ainda neste capítulo, uma análise crítica acerca da “Série Histórica de

Produção” de alguns procedimentos em saúde bucal realizada pelos 92 municípios durante o

período de janeiro de 1998 a dezembro de 2007. Essa análise foi construída com base em

uma metodologia que, em princípio, pode ser aplicada no estudo da experiência de outras

unidades da federação.

Finalmente, o quinto e último capítulo, traz algumas linhas a guisa de um epílogo.

Nesse segmento, são reapresentadas sinteticamente as várias conclusões parciais

apresentadas no corpo da pesquisa acima citada e ainda aportamos alguns pontos de vista

sobre as perspectivas de desenvolvimento da PNSB.

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1. FUNDAMENTOS CONCEITUAIS

“Mas os assuntos não se esgotam, o que se esgota

são os homens que pensam sobre os

assuntos”. José Alberto Neves Candeia

1.1 Saúde Bucal: algumas reflexões conceituais

O que é saúde bucal? Quando e como surgiu o termo saúde bucal coletiva? Em que

momento a saúde bucal adquire uma dimensão política? Para responder a estas perguntas,

entendemos ser necessário abordar o pensamento de algumas instituições e autores que se

propuseram e se propõem a discorrer sobre esses conceitos, ou melhor, sobre possíveis

concepções a respeito da expressão saúde bucal na perspectiva coletiva.

O debate sobre essa temática começou em meados dos anos 70, e mobiliza um conjunto

de conceituados autores brasileiros há mais de duas décadas. Ainda que tenhamos nos

debruçado sobre as distintas perspectivas teórico conceituais que serão descritas adiante, o

presente trabalho não tem a pretensão de definir um único conceito para tal temática. Da

mesma forma esse estudo não se preocupa em discutir ou delimitar as áreas de competências

dos diversos profissionais que atuam no campo da atenção a saúde bucal praticada no SUS.

No plano internacional, a Organização Mundial de Saúde 1(OMS, 2007) define saúde

bucal (oral health) como a ausência de dor crônica na boca e na região facial; câncer oral ou de

garganta; inflamações orais; deformações congênitas tais como fendas labiais e palatais;

doenças periodontais; cáries e perdas dentárias e outras doenças ou desordens que afetam a

boca ou a cavidade oral (tradução da autora).

No Brasil, chama-nos a atenção a ausência de um conceito institucional para o termo

saúde bucal uma vez que o mesmo está cada vez mais presente no discurso político atual, tanto

1Oral health means being free of chronic mouth and facial pain, oral and throat cancer, oral sores, birth defects such as cleft lip and palate, periodontal (gum) disease, tooth decay and tooth loss, and other diseases and disorders that affect the mouth and oral cavity. OMS, 2007

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por parte dos especialistas da área como por parte de leigos.

A despeito tanto da utilização cada vez mais freqüente do termo “saúde bucal”, quanto

da não preocupação por parte das Instituições de saúde, sejam elas odontológicas ou não, em

definir um conceito abrangente e consistente de modo a nortear as ações de saúde que derivam

ou devem derivar da referida expressão, veremos a seguir, numa perspectiva histórica, o

esforço de alguns autores em definir tal conceito.

Mario Chaves (1977) utilizou a expressão saúde bucal por entender que a

responsabilidade do cirurgião dentista inclui “além dos dentes, as estruturas adjacentes que os

suportam” e outras “porções da cavidade bucal”. Segundo o autor, a saúde bucal deriva de um

estado de higidez ou harmonia da boca que “só tem significado quando acompanhada de grau

razoável de saúde geral do indivíduo”. Chaves entende que, a saúde é um estado do indivíduo

que não pode subsistir com “saúdes parciais” sejam estas derivadas de órgãos ou sistemas.

Portanto na opinião desse autor, o termo saúde bucal embora útil para identificar um objetivo

específico em programas de saúde, só faz sentido se for desenvolvido em integração com um

“programa global de saúde pública”. (Idem)

No Brasil, o termo “coletiva” foi incorporado a expressão saúde bucal na década de 80

por influência do campo da saúde coletiva. Neste contexto, a difusão do uso de tal expressão

fez com que essa assumisse vários significados nem sempre compartilhados consensualmente

(NARVAI 2001a). Segundo este autor, a saúde bucal, apesar de ser um campo de

conhecimentos e práticas da Odontologia, ai não se encerra, pois faz parte de um campo mais

amplo - o campo da saúde coletiva.

Na opinião de Botazzo (1989 apud NARVAI, 1994 p. 104) o objeto de trabalho da saúde

bucal coletiva não é o mesmo da prática odontológica que tem a boca (o corpo biológico)

como seu foco e para a qual se organizam tecnologias visando o estabelecimento do equilíbrio

funcional do indivíduo. Segundo esse autor, a saúde bucal coletiva relaciona o meio social

como o lugar de produção das doenças bucais e nesse sentido, busca neste campo, as

tecnologias capazes de possibilitar não a cura, mas uma redução ou mesmo o controle sobre os

processos mórbidos tomados em sua dimensão coletiva.

Nesta mesma perspectiva de condicionalidades, em 1986 o relatório final da Primeira

Conferência Nacional de Saúde Bucal (I CNSB) afirmou que a Saúde Bucal é parte integrante

e inseparável da saúde geral do indivíduo, e está diretamente relacionada a determinadas

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condições tais como: alimentação, moradia, trabalho, renda, meio ambiente, transporte, lazer,

liberdade, acesso e posse da terra, assim como o acesso aos serviços e informações em saúde

(BRASIL, 1986). Assim, o referido relatório enfatiza que a luta pela saúde bucal está

intimamente vinculada à luta pela melhoria de fatores sociais, políticos e econômicos

justificando um dos temas2 da conferencia que imputa ao Estado a responsabilidade da

manutenção da saúde de seus cidadãos. O relatório considera também como prerrogativa

fundamental desta luta, a inserção da odontologia no SUS (Idem).

Considerando a vinculação da “saúde bucal” com a “saúde geral” e tomando como

verdadeira a correlação de fatores sociais as condições de saúde, tal como preconizado no

relatório da I CNSB, Narvai (2001 b) entende que a utilização do termo saúde bucal refere-se

a um conjunto de condições biológicas e psicológicas, que possibilita ao ser humano exercer

funções tais como a mastigação, a deglutição e a fonação. Tendo em vista a dimensão estética

inerente à região anatômica a que se relaciona, o autor considera ainda a saúde bucal como um

fator relevante nos processos de “exercitar a auto-estima e de relacionar-se socialmente sem

inibição ou constrangimento3”. Segundo Narvai (2001b) essas condições devem ainda ser

correspondente à “uma ausência de doença ativa em níveis tais que permitam ao indivíduo” o

desenvolvimento adequado de suas funções contribuindo deste modo para o seu bem estar

geral.4

Entretanto, ao considerar a utilização abrangente do termo, o autor classifica como

ingênua a crença de que a saúde bucal das populações poderá ser produzida, tão somente, pelo

trabalho dos cirurgiões dentistas. Este fato se sustenta na teoria social das doenças que

independentemente da capacidade técnica profissional e das possibilidades terapêuticas

disponíveis, estabelece uma relação direta entre a condição de saúde bucal dos indivíduos e

seus modos de inserção social. 2 A I CNSB, realizada em Brasília-DF como parte integrante da 8ª Conferencia Nacional de Saúde, teve como eixo norteador das suas discussões quatro grandes temas: A Saúde como direito de todos e Dever do Estado; Diagnóstico da Saúde Bucal no Brasil; Reforma Sanitária: Inserção da Odontologia no Sistema Único de Saúde e o Financiamento do Setor de Saúde Bucal. (BRASIL, 2006). 3 A Biblioteca Virtual de Saúde (BVS) em seu link Descritores em Ciências da Saúde (De CS) descreve “saúde bucal” tal como esta definição de Narvai. (BVS, 2007). 4 Neste texto, o autor declara a sua dificuldade em encontrar um conceito para o termo “saúde bucal” nos meios bibliográficos odontológicos disponíveis a época que o auxiliasse na tarefa de escrever o capítulo de saúde bucal de um livro que trataria da saúde do idoso. Acredita que a escassez de definições ou mesmo a omissão de conceitos sobre o termo possa ser justificada pela possibilidade de crença por parte dos autores de que o entendimento sobre saúde bucal é dado e, portanto de que “nada precisa ser conceituado” (NARVAI, 2001b). Diante dessa ausência, conceitua ele próprio a saúde bucal como o descrito acima.

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Narvai (1992), ainda nos chama a atenção para o fato de que apesar de “saúde bucal” e

“odontologia” serem termos aparentemente muito próximos, eles não se referem ao mesmo

objeto. Da mesma forma as expressões “assistência odontológica” e “atenção à saúde bucal”

significam conceitos diferentes. Enquanto a primeira “refere-se ao conjunto de procedimentos

clínicos–cirúrgicos dirigidos a consumidores individuais”, estejam eles doentes ou não, a

segunda procura manter a saúde bucal reportando-se a “um conjunto de ações que incluindo a

atenção odontológica individual, não se esgota nela, buscando atingir grupos populacionais

através de ações de alcance coletivo”.

Narvai e Botazzo afirmam que foi na década de 90 que o termo saúde bucal coletiva

ganhou maior relevância impulsionando tanto mudanças na denominação de departamentos

universitários (de odontologia social e preventiva) quanto à criação da Associação Brasileira de

Saúde Bucal Coletiva (BOTAZZO & NARVAI, 2006).

Roncalli (2006) nos explica que o termo saúde bucal coletiva adquiriu “força ideológica e

operacional” apesar de sua aparente contradição, já que na opinião do autor, bucal corresponde

a “uma particularidade do corpo” e coletiva representa a “negação desta particularidade”. O

autor lembra-nos ainda que o modelo de saúde universal e eqüitativo, tal como proposto pelo

SUS, representou um grande desafio aos “tradicionais modelos de oferta de serviços

odontológicos5” no sentido da necessidade de reorganizar suas práticas. Assim o termo “saúde

bucal coletiva” expressa também um esforço de mudança do foco de atenção à saúde bucal que

passa do indivíduo para o coletivo.

Botazzo (2006) considera o conceito de saúde bucal coletiva como um conceito problema

e indaga qual seria na prática o seu referencial teórico-metodológico já que nem sempre os

sujeitos que dele se utilizam o situam no campo de práticas e dos saberes da saúde coletiva.

Seguindo seu pensamento crítico e partindo do pressuposto que os “trabalhos bucais”, tais

como a manducação6, a linguagem e a erótica estão diretamente relacionadas com o “modo de

ser dos indivíduos”, o autor vem propor uma nova categoria em saúde bucal a qual denomina

“bucalidade”. Neste sentido, o autor considera o conceito de bucalidade “como a expressão 5Tradicionalmente os serviços públicos odontológicos restringiam-se a assistência de caráter curativo, oferecida de forma focalizada para escolares e de livre demanda para urgências e emergências. Esse modelo assistencial foi introduzido na década de 50 pelo Serviço Especial de Saúde Pública -SESP, e sua existência prevaleceu até fins da década de 90 (BRASIL, 2006). 6Manducar, segundo Botazzo (2006), significa apreender, triturar, insalivar e deglutir. Segundo o Dicionário Aurélio 3.0 versão eletrônica, (NOVA FRONTEIRA, 1999) manducar significa: comer, mastigar.

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dos trabalhos sociais que a boca realiza” e assim o posiciona no centro do que considera uma

“Teoria Social da Saúde”.

Werneck (2006), reconhece na bucalidade a expressão das diversas vivências e modos de

andar a vida dos sujeitos, mas a diferença de Botazzo, prioriza o entendimento do conceito

como uma condição facilitadora tanto para a construção quanto para a compreensão da saúde

bucal coletiva. Neste sentido nos convida a pensar sobre os serviços públicos de saúde, onde a

saúde bucal coletiva tem seu referencial teórico e metodológico posto em prática. Toma como

pano de fundo dois lugares privilegiados de observação: O espaço pedagógico, onde são

formados os profissionais em saúde bucal e o espaço da gestão dos serviços. O autor chama-

nos a atenção para o fato que nesses lugares, que são espaços de encontro de diversos sujeitos,

podemos perceber diferentes olhares e concepções acerca da saúde coletiva. Nesses sítios,

certos valores instituídos ganham adeptos que os repetem acriticamente na tentativa de

modificar “fazeres instituídos na vida cotidiana de outros sujeitos” que são os usuários dos

serviços. Para Werneck, a bucalidade como expressão dos trabalhos sociais da boca, guarda

estreita relação com valores culturais. Tanto no que diz respeito àqueles estabelecidos nas

diferentes sociedades, quanto o estabelecido nas diferentes fases da vida. Neste sentido

considera ser necessária uma maior compreensão dos significados atribuídos à boca humana de

modo a respeitar e compreender a subjetividade do outro.

Para Souza (2006) o conceito de bucalidade representa uma ferramenta com

possibilidades tanto de alavancar a clínica quanto instigar novas modalidades de pesquisa na

área. No entanto, a autora nos lembra que o conceito de saúde bucal coletiva tem uma história

que emerge num processo de crítica ao pensamento odontológico dominante sem, contudo

“dele desatar-se por completo; ao contrário nele, se adjetiva”. A autora nos remete ainda ao

fato de que esse processo se deu concomitantemente ao Movimento da Reforma Sanitária

Brasileira que buscava na saúde coletiva uma possibilidade de mudança no padrão de

intervenção estatal, de cunho sanitarista e com bases na saúde pública, para um padrão mais

amplo, no sentido sócio-cultural e político. Assim, para autora supracitada, a saúde bucal

coletiva representa mais do que um campo revisitado de disputa de saberes e práticas

emergentes das antigas disciplinas da Odontologia. Pois que, é no cotidiano dos serviços de

saúde, num permanente processo de construção, desconstrução e reconstrução que ela “deixa

de ser um bem meramente de consumo odontológico” e se apresenta como “um direito de

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cidadania”, onde o reconhecimento da responsabilidade ético-política e a capacidade técnica

da clínica em saúde bucal tornam-se indissociáveis.

Nesta perspectiva, Souza (2006) acaba por situar o centro do debate conceitual acerca do

termo saúde bucal, numa dimensão política, que é a perspectiva escolhida para nortear, num

plano geral, o presente trabalho.

Assim, partindo do referencial político, a saúde como um direito de cidadania incluída

no capítulo da Seguridade Social da Constituição Federal Brasileira (CF) de 1988, e apoiada

pelas Leis Federais 8080 e 8142, ambas de 1990, moldou as diretrizes e os princípios do

Sistema Único da Saúde (SUS). Estes instrumentos além de representarem o arcabouço

jurídico legal do sistema de saúde brasileiro, definem um conceito ampliado de saúde e

apontam para as estratégias de organização e controle das ações e serviços, interligando

setores e buscando soluções para situações e problemas que são consideradas como os

determinantes do atual estado de saúde da população.

Num plano menos abstrato, esta dissertação, ao se interessar por uma política pública de

saúde, mais especificamente, pela Política Nacional de Saúde Bucal (PNSB), se aproxima da

percepção Mattos7 (1999; 2001; 2003), onde política específica de saúde é entendida como

“uma resposta governamental dada a determinados problemas de saúde da população ou a

determinadas demandas e/ou necessidades de certos grupos populacionais específicos”.

Como já dito no início do capítulo, este trabalho não pretende enunciar um novo conceito

acerca do termo saúde bucal nem tampouco pretende esgotar tal problemática. Entretanto,

gostaríamos de revisitar dois conceitos aqui expostos a fim de explicitar o referencial teórico

metodológico escolhido para nortear esta dissertação. Assim, tendo por base o conceito

ampliado de saúde bucal tal como foi adotado no relatório final da I CNSB, que relaciona a

condição de saúde bucal a uma teoria sócio-econômica da saúde, nosso pensamento é

convergente com o de Narvai (2001 b) quando diz que os caminhos da saúde bucal ultrapassam

o campo de trabalho dos dentistas. Entretanto esta constatação é reforçada quando

consideramos ainda o conceito adotado pela da OMS onde a saúde bucal é referida a estruturas

anatômicas que estão fora do campo de ação da odontologia e, portanto fora do leque de

competências do cirurgião dentista.

7Segundo Mattos política pública é “uma resposta dada pelo Estado a um conjunto de demandas postas pela sociedade”. Mattos considera políticas específicas as respostas governamentais dadas a determinados problemas de saúde ou a necessidade de grupos específicos. Nesse sentido, podemos entender a PNSB como uma política específica.

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Deste modo, adotando ambos os conceitos como verdadeiros, a atenção à saúde bucal

pressupõe além do trabalho, interdisciplinar e intersetorial, o trabalho multiprofissional em

saúde.

Portanto tendo a saúde como um direito de cidadania garantido constitucionalmente e

diante de tal complexidade conceitual, o referencial que norteia esta dissertação é a ação

política envolvida na atenção a saúde bucal aqui entendida como uma resposta adequada às

necessidades8 de saúde tanto dos indivíduos como da população.

Este trabalho não tem a intenção de avançar no desenvolvimento do debate desse

conceito, embora consideremos sua evolução um processo em construção permanente. Na

verdade, o que pretendemos é utilizar, de modo mais preciso, um conceito que possa nortear e

sustentar a operacionalização da PNSB em abrangência nacional.

1.2 Modelos Assistenciais: reflexões conceituais

Vejamos de modo mais atento como a bibliografia especializada discute a temática sobre

os modelos assistenciais de saúde.

Diante da dimensão do território brasileiro e das heterogeneidades regionais, o processo

de implantação do SUS tem enfrentado obstáculos de diferentes natureza e graus de

dificuldade. Do ponto de vista da oferta de serviços aos usuários, entre os principais

problemas destacam-se: aqueles que se referem aos equipamentos e as instalações físicas dos

serviços ora pela sua insuficiência, ora pela sua precariedade ou deteriorização; a má

distribuição territorial dos equipamentos de saúde; a falta de uma política efetiva de recursos

humanos; e principalmente a questão já implícita na própria proposta de construção do SUS,

que diz respeito à reorganização do modelo de atenção à saúde vigente no país. Essa proposta teve

origem nas críticas às instituições de saúde e suas práticas hegemônicas9 (MATTOS, 2001). Assim,

no processo de implantação do SUS, os modelos assistenciais de saúde passaram a ter uma maior

8 Cecílio (2001) reconhece que apesar das necessidades em saúde serem produções sociais historicamente construídas, elas só podem ser captadas e trabalhadas numa dimensão individual. Neste sentido, o autor considera que as necessidades em saúde podem ser apreendidas em quatro grandes conjuntos relacionados a: 1) boas condições de vida entendidas como determinantes do processo saúde-doença (como acesso a água tratada, condições de moradia e hábitos pessoais); 2) acesso a tecnologias capazes de minimizar sofrimentos, melhorar e/ou prolongar a vida; 3) criação de vínculos entendidos como referência e relação de confiança, e 4) o crescente grau de autonomia dos indivíduos no que se refere aos seus modos de andar a vida. 9 São consideradas práticas hegemônicas de saúde aquelas em que a lógica de organização do trabalho relaciona o hospital como a principal instância articuladora do sistema, por ser este o serviço que concentra equipamentos e tecnologia dura.

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importância com o crescente incremento da municipalização das ações de saúde.

Concomitantemente, os princípios da universalização do acesso, integralidade e descentralização das

ações e o controle social, puseram em cheque os modelos adotados anteriormente e impuseram aos

municípios o desafio de repensarem e reorganizarem seus modelos assistenciais.

No tocante à assistência a saúde bucal os maiores desafios dizem respeito à universalização

das ações, a superação da exclusão de grupos populacionais10, a reversão do quadro epidemiológico

de adultos e idosos, a deficiência de recursos humanos e o processo de gestão da saúde bucal no

contexto da descentralização.

Entretanto, de um modo geral, a discussão sobre modelos assistenciais11 aponta para diferentes

formas de articulação entre os recursos humanos, físicos e tecnológicos que se traduzem em várias

possibilidades de organização dos serviços de modo a responder aos problemas e necessidades da

população (FIGUEIREDO, 2002).

Neste sentido, a temática dos modelos assistenciais vem sendo objeto de estudo de vários

autores que assim produziram diferentes definições para o termo. Destacaremos a seguir o

pensamento de alguns desses autores.

No entender de Mehry et al (1992 e 1994) modelo assistencial corresponde a uma articulação

entre saberes, tecnologias e políticas que juntos determinam a forma de organização da assistência.

Para esses autores, incluir a dimensão política significa assumir que a priorização de dados modelos

assistenciais adotados por determinados grupos sociais representam disputas de interesses que

repercutem na forma de organizar a assistência. Ademais os autores em pauta consideram que os

modelos assistenciais apóiam-se em duas dimensões: uma assistencial e a outra tecnológica.

Portanto podem ser denominados como “modelos tecno-assistenciais”.

No entender de Campos (1992) modelos assistenciais ou modelos tecnológicos representam

“partes constitutivas de dado modelo de produção” de tal forma “combinadas segundo um sentido

determinado pela totalidade do modelo”. São estas combinações que determinam as características

de cada modelo tecnológico. Para este autor o conceito de modelo tecno-assistencial encerra uma

abrangência maior que o conceito de modalidade assistencial, ampliando e incorporando desta

forma outras dimensões de análise.

10 No Brasil, tradicionalmente a organização dos serviços públicos odontológicos priorizou o atendimento de crianças em idade escolar e gestantes excluindo o restante da população desse tipo de assistência (ZIBOVÍCIOS, 2005; BRASIL, 2006; OPAS & BRASIL, 2006). 11 A discussão sobre modelos de atenção à saúde bucal pública adotados no Brasil pode ser conferida em: BRASIL, 2006 a; RONCALLI, 1999 e NICKEL et al, 2008.

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Segundo o Conselho Nacional de Saúde 12 (CNS) “modelos de atenção à saúde ou modelos

assistenciais podem ser definidos genericamente como combinações de tecnologias (materiais

e não-materiais) utilizadas nas intervenções sobre problemas e necessidades sociais de saúde”,

representando “a dimensão técnica das práticas de saúde”.

Para Paim (1999), modelos assistenciais ou modelos de atenção à saúde são combinações de

tecnologias que são estruturadas de modo a responder ao “perfil epidemiológico de uma dada

população” e correspondem as “necessidades sociais de saúde historicamente definidas”. Segundo o

referido autor “não se tratam de normas ou exemplos a serem seguidos, mas sim de racionalidades

diversas que informam a práxis”. Assim sendo, modelos assistenciais se referem a “ações sobre o

ambiente, grupos populacionais, equipamentos comunitários e usuários de serviços de saúde”.

Diante dos pensamentos dos autores supracitados é possível perceber o uso dos termos:

modelo assistencial, modelo tecno-assistencial, modelo de atenção e modalidade assistencial que

ora são tratados como sinônimos, ora não, ou ainda são usados de maneira combinada.

Nesta perspectiva, diante dessas possibilidades conceituais, Candeia (1992), discute, a luz da

língua portuguesa, os conceitos de assistência e atenção. No seu entender, a assistência traz implícita

a idéia de que existe “quem assiste” e “quem é assistido”, o que colocaria o usuário em uma posição

de extrema passividade. Este fato parece ter estimulado no campo da saúde pública a substituição do

termo assistência por outro: atenção, este sim mais adequado a compreender a multiplicidade de

ações da saúde. Entretanto o autor considera que o significado de “atenção” não refere “ações que

vão ao encontro de necessidades de saúde de qualquer grupo social. O que já acontece com o

significado de assistência”.

Como já explicitado no primeiro tópico deste capitulo, Narvai (1992) considera de maneira

enfática que os dois termos encerram significados distintos 13.

Nas palavras desse autor:

“Ao falarmos em organização da assistência, ou modelo assistencial

estamos, portanto limitando nosso objeto, restringindo-o à ações

12 O CNS é uma instancia legítima de discussão e pactuação acerca das questões relativas ao sistema nacional de saúde, assim reconhecida pela Lei Orgânica da Saúde Nº 8.142 de 1990. 13 Narvai (1992) denomina as diferentes experiências programáticas em assistência odontológica de sistemas de trabalho em saúde bucal. Nesse sentido, o autor nos chama a atenção para o fato de que não devemos confundir esses sistemas de atendimento com modelos, já que estes compõem apenas uma parte isolada do modelo adotado. .Neste mesmo trabalho o autor faz uma discrição dos diferentes sistemas de atendimento à saúde bucal adotados no Brasil desde a década de 50. Sobre sistemas de atendimento ver também RONCALLI et al, 1999; RONCALLI, 2000 e BRASIL, 2006.

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dirigidas à consumidores individuais, doentes ou não. Ao contrário,

quando nos referimos à organização da atenção, ou ao modelo de

atenção, estamos nos referindo à assistência e também ao conjunto de

ações de alcance coletivo desenvolvidas dentro e fora do setor

saúde”. [grifos do original] (NARVAI, 1992 p. 05).

Roncalli (2000) observa que este pensamento de Narvai, embora dirigido à área odontológica,

de uma forma geral, também pode ser aplicado à área de saúde. Entretanto, Roncalli reconhece que

em algumas situações, os limites entre o que é assistência e o que é atenção são muito tênues, o que

pode ser a explicação para a confusão entre os termos e seus significados.

Segundo Roncalli, o Brasil ainda hoje, tem pouca tradição na estruturação de sistemas de

saúde bucal. O autor considera ainda que o chamado modelo da saúde Bucal Coletiva é uma

estratégia em processo de construção, “centrada nos princípios do SUS e com ênfase no paradigma

da Promoção de Saúde, mas ainda sem uma matriz programática definida”. Contudo, afirma o autor,

alguns municípios têm alcançado resultados significativos na redução das principais doenças bucais

a partir de estruturas programáticas eficientes (RONCALLI, 2000).

Segundo Paim (1999) vale ainda lembrar que “modelos” não são exemplos a serem seguidos

de modo não crítico, pois devem considerar tanto as particularidades técnicas como as políticas

locais onde serão aplicados.

Retomando a concepção adotada neste trabalho, em que a atenção à saúde bucal é

entendida como resposta às necessidades das pessoas, consideramos que os modelos

assistenciais em saúde bucal envolvem ações que estariam melhor contempladas nas

estratégias de atenção à saúde. Estratégia é aqui entendida como um conjunto amplo de ações

que não se prendem a modelos assistenciais rígidos, mas que se encontram comprometidas

com as realidades locais e orientadas de modo a responder às necessidades da população.

Contudo, reconhecemos que o MS, e conseqüentemente a PNSB, elegeram como modelo

preferencial de atenção básica em saúde bucal a Estratégia Saúde da Família como veremos a

seguir.

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13

1.3. Atenção Primária, Atenção Básica e Programa de Saúde da Família: o modelo

assistencial em saúde bucal no primeiro nível de atenção adotado pelo SUS

As reflexões acerca dos termos Atenção Primária em Saúde e Atenção Básica em Saúde

ainda hoje suscitam debates entre profissionais de saúde e os outros diversos atores sociais

envolvidos nos direcionamentos das Políticas Nacionais de Saúde. Neste sentido, entendemos

que se faz necessário tecer algumas considerações sobre esses dois termos como veremos a

seguir.

A Conferência Internacional de Alma Ata (1978) além de reafirmar a saúde como um

direito humano fundamental, representou um marco de influência nos debates acerca dos

rumos das políticas nacionais de saúde. Neste contexto, a Organização Mundial de Saúde

(OMS) definiu em 1978 a Atenção Primária como:

“Atenção essencial à saúde baseada em tecnologia e métodos práticos,

cientificamente comprovados e socialmente aceitáveis, tornados

universalmente acessíveis a indivíduos e famílias na comunidade por

meios aceitáveis para eles e a um custo que tanto a comunidade como

o país possa arcar em cada estágio de seu desenvolvimento, um

espírito de autoconfiança e autodeterminação. É parte integral do

sistema de saúde do país, do qual é função central, sendo o enfoque

principal do desenvolvimento social e econômico global da

comunidade. É o primeiro nível de contato dos indivíduos, da família e

da comunidade com o sistema nacional de saúde, levando a atenção à

saúde o mais próximo possível do local onde as pessoas vivem e

trabalham, constituindo o primeiro elemento de um processo de

atenção continuada à saúde” (OPAS, 1978 p.1 e 2)

Para Starfield (2002), a atenção primária é o nível de atenção que oferece aos indivíduos

o acesso ao sistema de saúde e tem por objetivo buscar a resolutividade de todas as suas

necessidades e problemas. Desta forma, a atenção primária estabelece a base do sistema de

saúde oferecendo e determinando o processo de trabalho dos demais níveis de atenção de

forma a organizar e racionalizar o uso dos recursos direcionando-os para a promoção,

prevenção, tratamento e reabilitação da saúde. Entretanto, afirma Starfield, estas

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responsabilidades atribuídas à atenção básica devem ser compartilhadas com os outros níveis

de atenção.

Gil (2006), investigou as diferentes concepções acerca dos termos Atenção Primária e

Atenção Básica na literatura brasileira e nos esclarece que alguns autores se referem aos dois

termos como sinônimos e numa perspectiva de unidades locais ou níveis de assistência. Já

outros se referem ao termo Atenção Primária, como o primeiro nível de atenção considerando-

o a “porta de entrada do sistema” e as unidades básicas como suas instâncias operacionais

(Gil, 2006).

Segundo a referida autora, na experiência brasileira, o referencial da Atenção Primária

como proposto em Alma Ata serviu de base conceitual e prática para a organização e

implantação dos sistemas municipais de saúde no início da década de 1980. Entretanto,

prossegue a autora, esse referencial perdeu gradativamente sua potência sendo substituído em

meados dos anos 1990, pela concepção da Atenção Básica.

Nesse sentido, o Ministério da Saúde (MS) define a Atenção Básica como o primeiro

nível de atenção dos sistemas de saúde e considera que este compreende um conjunto de

ações, de caráter individual e/ou coletivo voltadas para a promoção de saúde, a prevenção de

agravos assim como para o tratamento e a reabilitação (Brasil, 1998, e 2006 c). Assim na

concepção do MS os termos Atenção Básica e Atenção Primária em Saúde são tratados como

sinônimos (Brasil, 2006 a).

Em 1994, o Ministério da Saúde, enfatizando a Atenção Básica, apresentou como

proposta de reorganização da lógica assistencial do SUS e do processo de municipalização, o

Programa de Saúde da Família (PSF).

Segundo Franco &, Merhy o PSF tem como objetivo:

(...) proceder a reorganização da prática assistencial em novas bases e

critérios, em substituição ao modelo tradicional de assistência,

orientado para a cura de doenças e no hospital. A atenção está centrada

na família, entendida e percebida a partir do seu ambiente físico e

social, o que vem possibilitar às equipes de saúde da Família uma

compreensão ampliada do processo saúde/doença e da necessidade de

intervenções que vão além das práticas curativas (FRANCO &

MERHY 1999, p.2).

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Portanto, o PSF apresenta-se como uma proposta de reorganização do modelo

assistencial do SUS a partir da reconfiguração do sistema de atenção básica e elege como

ponto central o estabelecimento de vínculos e a criação de laços de compromisso e de co-

responsabilidade entre os profissionais de saúde e a população. O diferencial prático de

cobertura assistencial que o PSF oferece em relação a outros modelos de atenção é a ruptura

com os paradigmas individualistas e biotecnicistas onde a lógica da fragmentação do cuidado

e da especialização são enfatizadas.

Para alcançar os objetivos do PSF, o trabalho em equipe se torna um pressuposto para a

integralidade das ações de saúde, requerendo a construção de um projeto assistencial comum

para atender com qualidade as necessidades dos usuários. Assim, as ações sobre esse locus de

trabalho representam desafios e requerem um olhar técnico e político mais ousado, de modo a

romper as barreiras das unidades de saúde (US) e dialogar com as pessoas, no meio em que

elas vivem, se relacionam e trabalham, reconhecendo-as como sujeitos partícipes do processo.

A participação da saúde bucal no PSF foi proposta desde sua criação e se deu

pioneiramente no município de Curitiba no estado do Paraná (MOYSÉS et al, 2002). A partir

daí vários municípios tentaram viabilizar formas de inclusão de ações de saúde bucal no PSF,

que variaram desde o treinamento dos agentes comunitários de saúde, no sentido de

adicionarem às suas atividades as instruções relativas à saúde bucal, até a inserção do

cirurgião-dentista nas equipes do PSF (RONCALLI, 2000). Entretanto foi a partir da

divulgação dos resultados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (PNAD), onde

ficou explicitado que uma significativa parcela da população brasileira não tinha acesso a

serviços odontológicos (IBGE; 1998), que o MS lançou em outubro de 2000, o Plano de

Inclusão das Equipes de Saúde Bucal (ESBs) no PSF.

A inserção oficial das equipes de saúde bucal no PSF valorizou as áreas de prevenção e

promoção de saúde e estabeleceu as seguintes atribuições específicas aos cirurgiões dentistas

que compõem as ESBs (PORTARIAS GM/ MS nº 267 e 648):

• Realização de levantamento epidemiológico para traçar o perfil de saúde bucal

da população adscrita;

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• Realização de tratamento integral, no âmbito da atenção básica14 para a

população adscrita;

• Orientação, encaminhamento e acompanhamento dos usuários que

necessitarem de assistência mais complexa a outros níveis de atenção;

• Realização de atendimentos de primeiros cuidados nos casos de urgências

assim como a realização de pequenas cirurgias ambulatoriais;

• Prescrição de medicamentos e outras orientações na conformidade dos

diagnósticos efetuados;

• Emissão de laudos, pareceres e atestados sobre assuntos de sua competência;

• Execução das ações de assistência integral, aliado a atuação clínica à saúde

coletiva, assistindo as famílias, os indivíduos e/ou grupos específicos, de

acordo com planejamento local;

• Coordenação das ações coletivas voltadas para promoção e prevenção em

saúde bucal;

• Programação e supervisão do fornecimento de insumos para as ações coletivas;

Capacitação das ESFs no que se refere às ações educativas e preventivas em

saúde bucal, e

• Supervisão dos trabalhos desenvolvidos tanto pelo ACD quanto pelo THD.

Nesse contexto, são conformadas as bases da Saúde Bucal da Família, criando-se assim

no Brasil uma abordagem inteiramente nova tanto no que diz respeito ao processo de trabalho

no campo odontológico como para a própria atuação da saúde bucal no âmbito dos serviços

públicos de saúde.

14 A Norma Operacional da Assistência à Saúde (NOAS/01/02) estabeleceu um leque de procedimentos de saúde bucal a serem incluídos no âmbito da Atenção Básica, a saber: restaurações com ionômero de vidro de uma ou mais faces; necropulpectomias em dentes decíduos ou permanentes; glossorrafia e ulectomia. Além destes, também integram a lista de procedimentos odontológicos na atenção básica: procedimentos preventivos individuais (profilaxia, aplicação tópica de flúor, raspagens supra gengivais); procedimentos coletivos (levantamento epidemiológico da população adscrita; escovação supervisionada e evidenciação de placa; bochecos com flúor e educação em saúde); dentística restauradora (restaurações de resinas fotopolimerizável e/ou de amálgama); cirurgia (extrações, tratamento de avulsões de decíduos e permanentes) e procedimentos de odontopediatria.

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O quadro a seguir mostra a situação das ESBs na ESF no Brasil, na região Sudeste e no

Estado do Rio de Janeiro em dezembro de 2007.

Quadro 1 Situação de implantação das ESBs em dezembro de 2007

Nº de ESBs

implantadas

dezembro/2007

Modalidade

I

Modalidade

II

% de

cobertura

populacional

Total pop.

Atendida

Brasil 14.563 1.131 40,89 188.206.105

Região Sudeste 3.010 392 23,28 79.633.696

Estado/ RJ 436 45 17,43 15.567.373

Fonte: Elaboração própria a partir dos dados DAB/ MS

1.4 Os Centros de Especialidades Odontológicas (CEOs) e os Laboratórios Regionais de

Prótese Dentárias (LRPs): Atenção Odontológica no Nível Secundário adotada pelo SUS

A Biblioteca Virtual de Saúde do Ministério da Saúde (BVS) descreve atenção

secundária a saúde como o “nível de atenção representado por programas, sistemas e serviços

de tratamento ambulatorial e pequenos hospitais de tecnologia intermediária, que incorpora

funções do nível primário e acrescenta as de tratamento especializado, com objetivo de

reabilitação”.

Neste sentido entendemos que o nível secundário de atenção à saúde caracteriza-se pela

organização dos serviços ambulatoriais e hospitalares especializados de média complexidade

considerando a otimização dos recursos e a resolutividade destes serviços, para a garantia do

atendimento à população.

No tocante a saúde bucal, a atenção secundária nasce da identificação de uma patologia

ou de uma anomalia que demandam tratamento de maior complexidade e/ ou reabilitação.

Portanto, este nível de atenção em saúde bucal, tem por base a garantia de critérios de acesso

em função das necessidades das pessoas e da análise de risco. Devem ser ainda consideradas

as situações de emergência e urgências e a garantia de acesso ao nível terciário de atenção se

necessário for.

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Como foi relatado no tópico anterior, a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio

(PNAD-1998), evidenciou que uma significativa parcela da população brasileira não tinha

acesso a serviços odontológicos.

De modo geral, no Brasil até então, a atenção à saúde bucal no setor público restringia-

se a ações de baixa complexidade, em sua maioria de caráter curativo e mutilador sendo

dirigida preferencialmente à faixa etária escolar, ou seja, para crianças de 6 a 12 anos de

idade. Via de regra, aos adultos e aos idosos o acesso resumia-se aos serviços de urgência,

onde a resolutividade dos problemas freqüentemente resultava em exodontias (BRASIL, 2006 a).

Barros & Bertoldi (2002), tomando também por base os resultados da PNAD/98,

avaliaram o grau de utilização e acesso aos serviços de odontologia no país e concluíram que a

participação do SUS nos atendimentos odontológicos apresentava-se muito baixa (24%)

quando tomada em relação aos atendimentos médicos (52%). Os autores relataram também

que as maiores desigualdades na utilização de serviços foram observadas nos grupos

extremos de idade. Entre as crianças, argumentaram os autores, provavelmente este padrão se

relaciona à baixa prioridade dada à saúde bucal das crianças associada à possibilidade recursos

para o tratamento. Já para os mais idosos, explicam os autores, a tendência dos serviços

públicos seria focar o tratamento muito mais em exodontias do que em tratamento restaurador

(BARROS & BERTOLDI, 2002).

Em 2003, o MS ao tornar público os dados do Levantamento de Condições da Saúde

Bucal da População Brasileira (SB-2003), revelou que os resultados observados não foram

positivos para o Brasil, pois a Meta da OMS e da Federação Dentária Internacional (FDI) para

o ano 2000 somente foi atingida na idade de 12 anos. Sendo assim, os dados apontaram que

27% das crianças de 18 a 36 meses e 60% das crianças de 5 anos de idade já apresentavam

pelo menos 1 dente com experiência de cárie. Entre os adultos de 35 a 44 anos, 28%

apresentou edentulismo, ou seja, todos os elementos dentários já haviam sido extraídos ou

tinham indicação para exodontia. Para a faixa etária de 65 a 74 anos, a média de elementos

dentários presentes na boca foi de apenas 06 dentes por pessoa sendo que três entre cada

quatro destes idosos já não possuíam nenhum dente funcional, ou seja, em condições de

exercer suas funções de mastigação, fonação e estética.

Portanto, os resultados do SB-2003, tornaram mais evidentes as desigualdades de acesso

aos serviços odontológicos no âmbito do SUS revelando também a gravidade e a precocidade

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da perda dentária em uma grande parcela da população brasileira.

Foi neste contexto que em 2004, o MS apresentou o documento “Diretrizes da Política

Nacional de Saúde Bucal” com o objetivo de orientar o processo de reorganização da atenção

em saúde bucal no SUS. Processo este que veremos de forma mais atenta no segundo capítulo

desta dissertação.

O documento ressalta que no Brasil, a atenção a saúde bucal realizada nos serviços

públicos

(...) tem-se restringido quase que exclusivamente aos serviços básicos

– ainda assim, com grande demanda reprimida por procedimentos

básicos. Os dados mais recentes indicam que, no âmbito do SUS, os

serviços odontológicos especializados correspondem a não mais do

que 3,5% do total de procedimentos clínicos odontológicos. É evidente

a baixa capacidade de oferta dos serviços de atenção secundária e

terciária comprometendo, em conseqüência, o estabelecimento de

adequados sistemas de referência e contra-referência em saúde bucal

na quase totalidade dos sistemas loco-regionais de saúde. A expansão

da rede assistencial de atenção secundária e terciária não acompanhou,

no setor odontológico, o crescimento da oferta de serviços de Atenção

Básica (BRASIL, 2004 p 14).

O documento “Diretrizes da Política Nacional de Saúde Bucal” ainda considera a

expansão do conceito de atenção básica enfatizando que a diversidade de procedimentos

ofertados impõem também a necessidade de investimentos no sentido de propiciar o acesso

aos níveis secundário e terciário de atenção. Portanto, o referido documento, além de

possibilitar a ampliação da atenção básica, inova ao estruturar o sistema de referência em

atenção à saúde bucal, através dos Centros de Especialidades Odontológicas (CEOs) e dos

Laboratórios Regionais de Prótese Dentarias (LRPDs).

Os CEOs são estabelecimentos inscritos no Cadastro Nacional de Estabelecimentos de

Saúde - CNES, classificados como Clínica Especializada ou Ambulatório de Especialidade e

devem servir de referência a rede básica de saúde bucal já instalada realizando procedimentos

de média complexidade atendendo no mínimo as seguintes especialidades:

• Diagnóstico bucal, com ênfase no diagnóstico e detecção do câncer de boca;

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• Periodontia especializada;

• Cirurgia oral menor dos tecidos moles e duros;

• Endodontia e

• Atendimento a portadores de necessidades especiais

Vale registrar que o rol de especialidades descrito acima corresponde àquelas de devem

ser obrigatoriamente oferecidas nos CEOs. Neste contexto, o governo federal, define tetos de

produção exigindo dos CEOs uma produção mínima e diferenciada por especialidade e por

tipo de CEO habilitado.

Entretanto, é conveniente lembrar que o Conselho Federal de Odontologia (CFO)

reconhece 19 especialidades odontológicas, a saber: Cirurgia e Traumatologia Buco-Maxilo-

Facial; Dentística; Disfunção Têmporo-Mandibular e Dor-Orofacial; Endodontia;

Estomatologia; Radiologia Odontológica e Imaginologia; Implantodontia; Odontologia Legal;

Odontopediatria; Odontogeriatria; Odontologia do Trabalho; Odontologia para Pacientes com

Necessidades Especiais; Ortodontia; Ortopedia Funcional dos Maxilares; Patologia Bucal;

Periodontia; Prótese Buco-Maxilo-Facial; Prótese Dentária e finalmente Saúde Coletiva.

Outras especialidades como, por exemplo, Saúde da Família e Odontologia em Oncologia15

apesar de não serem reconhecidas pelo CFO, o são pelo Ministério da Saúde.

Neste sentido, a atenção secundária no âmbito dos CEOs, dependendo do interesse dos

gestores locais poderá incorporar outras especialidades odontológicas além das que o MS

exige como mínimas. Entretanto, as demais especialidades odontológicas quando atendidas

nos CEOs ficam a cargo dos gestores locais.

Ainda em relação ao rol de especialidades, em alguns CEOs como: Maringá (PR),

Goiânia (GO), Cascavel (PR), Guarulhos (SP) e Brejo da Madre de Deus (PE), o Ministério

da Saúde, através de um projeto piloto, vem oferecendo também “um novo tipo de

procedimento” – o implante dentário16.

Quanto aos Laboratórios Regionais de Prótese Dentárias, estes podem ser unidades

15 O MS em 2002, através do Consórcio PSF/ RIO, ofereceu no Estado do Rio de Janeiro, 382 vagas para médicos, dentistas e enfermeiros interessados em cursar Especialização em Saúde da Família (http://www.jornaldaciencia.org.br/Detalhe.jsp?id=1029). O INCA através de sua Seção de Estômato-Odontologia e Prótese oferece o curso de Odontologia em Oncologia (http://www.inca.gov.br/conteudo_view.asp?id=2337). 16 Conforme noticiado no portal saúde do MS no seguinte endereço: http://portal.saude.gov.br/portal/aplicacoes/noticias/noticias_detalhe.cfm?co_seq_noticia=28248

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próprias do município localizadas junto aos CEOs ou não, ou ainda podem ser unidades

terceirizadas, credenciadas para confecção de próteses totais ou próteses parciais removíveis.

No segundo capítulo, item 4 veremos, de forma mais atenta, a operacionalidade e o

financiamento dos CEOs e dos LRPDs.

1.5: Odontologia Hospitalar: Atenção a Saúde Bucal no Nível Terciário adotada pelo SUS

A chamada odontologia hospitalar atende, através de seus serviços de emergência e

Traumatologia Buco-Maxilo-Facial, tanto a casos com origem nas causas externas como

também aqueles originados, via de regra, pela falta de tratamento odontológico ambulatorial.

As necessidades mais comuns de atendimento emergencial são: fraturas dos ossos da

face como: mandíbula, maxilar, arco zigomático, ossos próprios do nariz e órbita; fraturas

crâneo-facias; fraturas, avulsões e luxações dentárias; feridas faciais e orais e luxações da

articulação temporo-mandibular. Estas lesões geralmente derivam de quedas, acidentes de

carro e outros meios de transporte, acidentes por prática de esportes e ocorrências de agressões

físicas. Entretanto, devido ao aumento da violência urbana, as estatísticas apontam cada vez

mais para o aumento de casos de lesões provocadas por armas de fogo e armas de corte.

No Rio de Janeiro, também configuram entre casos emergenciais a dor aguda de dente e

os abscessos dentários. Este tipo de demanda, que deriva principalmente da falta de

tratamento da cárie dentária e seus agravos, via de regra, pode ocorrer por dois motivos

geralmente concomitantes: a deficiência dos serviços de atenção básica em saúde bucal, e o

alto índice de resolutividade atribuído ao serviço hospitalar, ainda que na maioria dos casos o

tratamento realizado incorra na perda de um ou mais elementos dentários. Neste contexto,

também são freqüentes casos de alveolite e hemorragias, ambos em decorrência de

exodontias.

Vale registrar que a odontologia hospitalar encontra-se no último nível de atenção, não

havendo, portanto outro nível de maior complexidade para o encaminhamento dos pacientes.

Isso explica a necessidade do alto grau de resolutividade das unidades hospitalares, fato

também percebido pela população que, via de regra prefere buscar neste locus a resposta para

os seus problemas.

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Além do atendimento emergencial, alguns hospitais gerais realizam, de forma eletiva, o

tratamento clínico e cirúrgico de cistos e tumores, sejam odontogênicos ou não, localizados

em tecido ósseo ou em mucosas, porém considerados benignos. Da mesma forma as

exodontias de dentes inclusos e/ ou impactados também são realizadas nestes hospitais.

Os hospitais considerados especializados, além de oferecerem assistência odontológica

ambulatorial aos seus pacientes internados, via de regra, oferecem também tratamento

ambulatorial de rotina para aqueles pacientes que estão aguardando cirurgia ou para os que já

obtiveram alta hospitalar. Nestes hospitais devem ser realizadas as intervenções odontológicas

em pacientes em situação de endocardites infecciosas, no pós-infarto agudo do miocárdio, sob

a influência de anticoagulação direta ou indireta, e/ou a portadores de outras patologias

hematológicas.

É também em âmbito hospitalar que devem ser realizados o atendimento ao paciente

especial17 quando da necessidade de anestesia geral, e o atendimento à gestante considerada

de alto risco.

As más oclusões graves de indicação cirúrgica são tratadas em hospitais gerais e/ou

universitários, onde especialistas atuam no campo da cirurgia ortognática em paralelo ao

tratamento ortodôntico obrigatoriamente indicado a estes pacientes.

Conforme o referencial teórico conceitual que embasa esta dissertação, a atenção à saúde

bucal, entendida como uma resposta a determinadas necessidades de saúde dos indivíduos,

pressupõe intervenção não só dos cirurgiões dentistas como de outros profissionais de saúde18.

Neste sentido, além da assistência odontológica integra também a atenção à saúde bucal no

âmbito hospitalar, o atendimento de neoplasias malignas, tais como: das glândulas salivares

(parótida, submandibular e sublingual) e das alterações malignas da mucosa oral, além de

tratamentos radioterapêuticos e fisioterapêuticos. A cirurgia plástica reparadora para o

tratamento de alterações congênitas da face tais como fendas labiais e/ou palatais, seja por

questões funcionais ou estéticas também se inclui no leque de procedimentos que atendem as

necessidades em saúde bucal.

Neste sentido, muitos hospitais propõem a atuação multidisciplinar e multiprofissional,

17 São considerados pacientes especiais os portadores de doenças crônicas tais como hipertensão e diabetes e também aqueles portadores de paralisia cerebral; deficiência mental e síndrome de Down. 18 As Resoluções nº 003 / 99 do Conselho Federal de Odontologia (CFO) e a nº 1.536 / 98 do Conselho Federal de Medicina tratam respectivamente das áreas de competência dessas duas profissões.

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associando cirurgiões de cabeça e pescoço, otorrinolaringologistas, cirurgiões dentistas,

cirurgiões plásticos, fonoaudiólogos e fisioterapeutas entre outros profissionais.

Portanto, como descrito acima, a assistência odontológica hospitalar, também chamada

de intra-hospitalar, como parte integrante da atenção à saúde bucal no âmbito dos hospitais,

percorre os três níveis de atenção. Assim, nestes ambientes, os cirurgiões dentistas realizam

desde pequenos curativos utilizando materiais restauradores provisórios em elementos

dentários até grandes cirurgias como, por exemplo, aquelas devidas às disjunções crânios-

faciais19.

Embora nos pareça inadequado em função do seu alto grau de complexidade técnica, é

no ambiente hospitalar que a população procura, e via de regra encontra, o maior índice de

resolutividade para as suas demandas mais urgentes. No entanto, essa prática acaba por

sobrecarregar as unidades hospitalares com conseqüente perda da eficiência geral do sistema.

19 Disjunção crâneo facial ou Fratura Le Fort III ocorre quando uma força traumática é suficiente para produzir a separação completa dos ossos faciais em relação ao crânio. As disjunções ocorrem, via de regra, nas suturas zigomaticofrontal, maxilofrontal nasofrontal, nos assoalhos das órbitas pelo etmóide e no esfenóide, com completa separação de todas as estruturas do esqueleto facial médio de seus ligamentos.

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2. A POLÍTICA NACIONAL DE SAÚDE BUCAL NO SUS

A História não caminha no ritmo

das nossas impaciências.

Juan de Mairema

2.1: Uma evolução histórica das Políticas de Saúde Bucal no Brasil

Em 1988, após um longo período de governo ditatorial, foi promulgada a nova

Constituição Brasileira. O texto constitucional se apresenta enquanto uma resposta às

expectativas da sociedade organizada que na época, após 20 anos de repressão, ansiava pela

ampliação de seus direitos de cidadania. Nesse sentido, a saúde considerada como um direito

social extensivo a todos os cidadãos brasileiros e aos demais residentes no país representa um

marco no amplo processo de lutas sóciopolíticas. Essas lutas foram travadas no contexto de

redemocratização do país na década de 1970, pelo movimento da reforma sanitária em prol da

construção de um sistema de saúde mais justo e solidário (MATTOS, 2001).

No tocante a saúde bucal, a busca de um novo paradigma no campo odontológico capaz

de entendê-la como parte de um conjunto de condições de bem-estar necessárias para prover

condições satisfatórias de saúde geral norteou os debates nos diversos encontros e

conferências da área, como veremos a seguir.

Segundo Serra (2005), a formação do pensamento crítico da categoria dos cirurgiões

dentistas ao modelo hegemônico20 de assistência odontológica, teve início em 1954, quando,

no Rio de Janeiro, foi criada a União dos Estudantes de Odontologia (UNEO). Naquela

ocasião os estudantes já clamavam “por uma odontologia mais adequada a realidade da

população” (SERRA apud UNEO, 1998).

Entretanto, este movimento estudantil odontológico que mais tarde ficou conhecido

como “movimento sanitário odontológico21” passou a ganhar força, somente a partir de 1979,

20 O modelo assistencial odontológico hegemônico que prevaleceu até 1988 era preponderantemente de prática privada e centrada em ações curativas. Este modelo que se caracterizou pela livre demanda também prestava assistência aos trabalhadores urbanos segurados através das Caixas (CAPs) e depois dos Institutos de Aposentadorias e Pensões (IAPs). 21 O contexto histórico do movimento sanitário odontológico pode ser conferido em detalhe em Serra, 1998. Os trabalhos de Serra, 2005; Kornis et al, 2006 e OPAS, 2006 também enfatizam o processo de luta do movimento sanitário odontológico.

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nos Encontros Científicos dos Estudantes de Odontologia22 (ECEOs) seguidos pelos

Encontros Nacionais dos Técnicos e Administradores do Serviço Público (ENATESPO) e com

a criação do Movimento Brasileiro de Renovação Odontológica23 (MBRO) ambos iniciados

em 1984 (SERRA, 1998 e 2005).

Segundo o referido autor, o MBRO desde a sua fundação “se colocou de forma

inequívoca ao lado da Saúde Coletiva”. Deste modo o termo saúde bucal coletiva passou a

ganhar força e expressão nacional, como vimos no tópico 1.1 do primeiro capítulo desta

dissertação.

Para Serra (2005), a história do movimento sanitário odontológico e do seu processo de

luta pela mudança do modelo de atenção odontológica realizado no setor público, está

registrada nos documentos relativos as VII e VIII Conferências Nacionais de Saúde (VII CNS

e VIII CNS); e no relatório final da I Conferência Nacional de Saúde Bucal (CNSB).

Acrescentamos a esta observação de Serra, o relatório da II CNSB, assim como a importância

da inserção da saúde bucal na Estratégia de Saúde da Família confirmada com a divulgação do

documento “Diretrizes da Política Nacional de Saúde Bucal” de 2004.

Durante a década de 1980, antes da realização da I CNSB, duas conferências de saúde

marcaram de forma indelével o processo de construção da atenção à saúde bucal coletiva no

país: a VII CNS onde pela primeira vez foi discutida a inserção da odontologia num programa

nacional de saúde pública e a VIII CNS que ao consolidar as diretrizes do Movimento da

Reforma Sanitária, também defendidas pelo movimento político sanitário odontológico,

fundou as bases do SUS.

Sobre a VII CNS realizada em Brasília em 1980, Kornis et al, nos lembram que em seu

relatório final, o modelo de assistência à saúde bucal foi descrito, como:

(...) “ineficaz, ineficiente, descoordenado, com uma má distribuição,

22 Os ECEOs oficializados em 1979, foram os responsáveis pela formação crítica dos CDs que interessados em mudanças sociais radicais tanto na sociedade como das práticas odontológicas se engajaram no processo de luta pela democratização do país (SERRA, 1998, p. 15)

23 O MBRO foi fundado em 1984 por um grupo formado por lideranças odontológicas oriundas do ECEOs e por alguns professores universitários tais como os CDs Volnei Garrafa, Paulo Capel Narvai, João Roberto Peres Batista entre outros atores políticos. O movimento colocou-se ao lado da saúde coletiva por entender que a saúde dependia da melhoria das condições de vida e do fortalecimento do setor público. Para tanto defendia a construção de um sistema único de saúde (ZANETTI, 1996, p.92; SERRA, 1998 p.25 e MACIEL, 2003, p.45)

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de baixa cobertura e alta complexidade, voltado a um enfoque

curativo, de caráter mercantilista e monopolista e inadequado no

preparo de recursos humanos” (KORNIS et al, 2006 p.7).

A VIII CNS aconteceu em Brasília em março de 1986, de forma concomitante a

realização do o 2º Encontro Anual do MBRO. Este encontro reuniu representantes de dez

estados federados com o objetivo de discutir as bases teórico-conceituais de uma política

nacional de saúde bucal. Ao final do encontro o movimento confirmou para outubro daquele

mesmo ano, sob o patrocínio da Universidade Nacional de Brasília (UNB), a realização da I

CNSB (MBRO, 1985, apud SERRA 1998).

Nesta perspectiva, também em 1986, o Núcleo de Estudos em Odontologia do Centro

Brasileiro de Estudos de Saúde (CEBES) publicou o documento intitulado “Reforma Sanitária

e Saúde Bucal no Sistema Único de Saúde. Este documento do CEBES serviu de subsídio

para as discussões realizadas nas Pré Conferências Estaduais. Estas conferências estaduais por

sua vez tinham por objetivo congregar o pensamento político dos diversos seguimentos da

categoria envolvidos com o processo da reforma sanitária odontológica a ser discutida

futuramente na I CNSB” (KORNIS et al, 2006).

Segundo Serra (1998), na base do referido documento do CEBES estava a saúde bucal

entendida como um direito de cidadania a ser garantido pelo Estado através da reformulação

do seu sistema nacional de saúde visto como um processo de construção social. O documento

preocupado com a definição de uma estratégia que contribuísse com a melhoria das condições

de vida da população ainda afirma que:

“A Saúde Bucal, inserida no SNS, necessita responder a este esforço

global (...) Desta forma o país poderá dar respostas, de modo

organizado, ás necessidades prioritárias da população, segundo

critérios epidemiológicos-sociais (...) na procura de um impacto

verdadeiramente transformador na estrutura epidemiológica

existente”(...) (CEBES, 1986, p.1-2 apud SERRA, 1998 p. 38)

Vale registrar que ainda em 1986 estava em curso o primeiro levantamento

epidemiológico em saúde bucal realizado no país. Embora os resultados desse estudo só

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tenham sido publicados em 198824, a fase que compreendeu os exames já estava concluída em

março de 1986. (BRASIL, 1988). Portanto, o índice CPOD 25 (dentes cariados, perdidos e

obturados) provavelmente já era de conhecimento dos relatores do documento do CEBES.

Neste sentido, prossegue Serra:

“Na verdade, o dano causado à população pela não satisfação desse

direito, conceitualmente ampliado na 8ª CNS, leva-a à uma situação

epidemiológica de extrema gravidade (...) A questão central para a

qual o Cebes procurou alertar era de que se tratava de um problema

político e não técnico, porque para resolvê-lo o Estado teria que

assumir explicitamente uma política de Saúde Bucal” (...) (SERRA,

1998, p.38).

Foi neste contexto político que, I CNSB reuniu em Brasília participantes de diversos

segmentos da Odontologia além de representantes da população em geral para que fossem

discutidos quatro grandes temas:

• A Saúde como Direito de Todos e Dever do Estado;

• Diagnóstico da Saúde Bucal no Brasil;

• Reforma Sanitária: A Inserção da Odontologia no SUS;

• Financiamento do Setor da Saúde Bucal

A participação do MBRO foi decisiva nesta conferência que se tornou um marco da

Odontologia Brasileira, ao sistematizar e consolidar os conceitos que representavam a visão

transformadora do pensamento político sanitário da profissão (ZANETTI, 1993; SERRA, 1998).

Em seu relatório final, a I CNSB propõe uma nova forma de planejamento em saúde bucal de

modo a assumir a responsabilidade no combate aos graves índices epidemiológicos

constatados no país. Desta forma a I CNSB, em 1986, marca de forma contundente uma nova

postura dos cirurgiões dentistas frente à sociedade ao defender o que viriam a ser os princípios 24 O Levantamento epidemiológico em saúde bucal de 1986 identificou padrões elevados de incidência das doenças bucais na população brasileira. O Índice de Dentes Cariados, Perdidos e Obturados (CPOD) para crianças de 12 anos encontrado nesta pesquisa foi de 6,7; valor bastante acima do recomendado pela Organização Mundial de Saúde (CPOD = 3) para esta faixa etária (BRASIL, 1988 e OPAS, 2002 e 2006). 25 O CPOD é um índice recomendado pela Organização Mundial da Saúde para medir e comparar a experiência de cárie dentária em populações, seu valor expressa a média de dentes cariados, perdidos e obturados em um grupo de indivíduos (CYPRIANO et al, 2005).

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e as diretrizes do SUS (BRASIL & OPAS 2006).

No final de 1986, o reconhecimento da importância nacional do MBRO no processo

sanitário odontológico ficou evidente, quando a sua direção foi convidada pela Associação

Brasileira de Pós Graduação em Saúde Coletiva (ABRASCO) para organizar uma sessão

sobre saúde bucal no 1º Congresso da ABRASCO a ser realizado no campus da Universidade

Estadual do Rio de Janeiro (UERJ).

Assim, alguns membros do movimento ligados às instituições públicas de diversos

estados puderam apresentar suas experiências e explicitar seus pensamentos passando a fazer

parte dos Anais do evento. Ademais, neste congresso, realizado no período de 22 a 26 de

setembro de 1986, foi aprovada a criação do Núcleo de Saúde Bucal da ABRASCO

(ABRASCO, 1986).

O Ministério da Saúde publicou em 1989 o documento “Política Nacional de Saúde

Bucal: Princípios, diretrizes, prioridades”. Conforme explicitado nesse documento, a sua

aprovação se deu, inicialmente, pelos dirigentes dos três Ministérios com atuação no campo da

saúde bucal: Saúde, Educação e Cultura, e Previdência e Assistência Social. Contudo, também

foram consideradas as opiniões de cinco entidades odontológicas de âmbito nacional

(Conselho Federal de Odontologia, Associação Brasileira de Odontologia, Associação

Brasileira de Ensino Odontológico, Federação Nacional dos Odontologistas e Academia

Brasileira de Odontologia), bem como as de alguns macro coordenadores regionais26 de

Odontologia (BRASIL, 1989).

Esta política fundamentou-se nos princípios da universalização, participação da

comunidade, hierarquização, regionalização e integração institucional, e propôs a obtenção de

melhores níveis de saúde bucal da população através da ampliação do acesso aos serviços

odontológicos disponíveis.

Segundo Serra (1998), o MBRO fez sérias críticas ao documento da Política Nacional de

Saúde Bucal de 1989 (PNSB/ 89), pois no seu entendimento o MS ao elaborar o documento,

desconsiderou de modo proposital, a proposta política definida na I CNSB. Na seqüência das

26 As macro-coordenadorias regionais (Sul, Sudeste, Centro-oeste, Norte, Nordeste I e Nordeste II), foram criadas em 1988 pelo MS com o intuito de: oferecer consultoria técnica; coordenar nacionalmente o sub setor; promover a integração institucional e iniciar medidas para a organização da rede dos serviços. Com a instituição das Coordenadorias instituídas, ao longo do ano foram realizados 5 cursos de Gerência e Planejamento em Odontologia para cerca de 150 coordenadores de programas, e um encontro nacional dos coordenadores estaduais para a definição das principais linhas de atuação política do setor (ZANETTI, 2003).

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críticas movidas pelo MBRO, temos o fato que o MS, ao se aliar com “entidades

odontológicas alheias”27 ao movimento da reforma sanitária odontológica, excluiu do processo

de formulação da PNSB/89 os representantes dos trabalhadores, do Conselho Nacional de

Secretários de Saúde (CONASS) e do Conselho Nacional dos Secretários Municipais de

Saúde (CONASEMS). Segundo esse mesmo autor, a partir deste episódio o MBRO entrou

num processo irreversível de desarticulação (SERRA, 1998).

Para Zanetti (1993), o processo de elaboração da PNSB/89, apresentou uma inovação

por ser uma iniciativa conjunta, porém as prioridades programáticas federais implícitas no

documento não foram suficientemente debatidas pelos subsetores da odontologia na busca por

um entendimento político maior.

Assim, frente a um conjunto de restrições de ordens políticas, administrativas e

financeiras, a PNSB/89, sob o ponto de vista operacional, não pode ser considerada exitosa.

As forças políticas que geraram a PNSB/89 não foram fortes o suficiente para sustentar os

projetos de democratização das relações sub setoriais, e para a organização da rede básica de

ações e serviços de proteção sanitário-bucal28 (ZANETTI, 1993).

A II CNSB, realizada em 1993, reuniu representantes de usuários do SUS, profissionais

de saúde, prestadores de serviço e gestores. Seu relatório final enfatiza tanto o entendimento

da saúde bucal como direito de cidadania, quanto a crítica relacionada com a formação e

capacitação dos recursos humanos considerados inadequados.

O documento ainda classifica como inadmissível o comportamento adotado pelo poder

público quanto a fluoretação das águas de abastecimento público. Ao observar que 70% da

população brasileira àquela época, não contava com esse benefício, considera eticamente

questionável a passividade e a omissão da classe odontológica brasileira, quanto à exigência

27 De acordo com Zanetti, 2003 o relatório final da reunião do MBRO realizada em São Paulo em 1989 afirmou que os apóios a PNSB/89 “obtidos junto a entidades notoriamente antidemocráticas e alheias às lutas dos trabalhadores, como ABO, CFO e FNO, cuja tradição é aderir a tudo que qualquer governo das elites promova, não altera a essência autoritária dessa 'Política (...) Ao contrário, pela evidente escolha dos interlocutores, serve para esclarecer ainda mais sobre o caráter antidemocrático do processo de sua definição”. Assim, prossegue o relatório (...) “A definição de um Programa Nacional de Saúde Bucal, democrático e elaborado no rumo da Reforma Sanitária, proposto pela I CNSB, não ocorreu até hoje. A DNSB/MS que deveria providenciar a implementação desse processo, com base na política definida na I CNSB, optou por não faze-lo e se pôs a fazer o que não lhe foi solicitado por nenhum fórum democrático: deliberar sobre a política nacional de saúde bucal (...) ( ZANETTI, 2003). 28 A expressão "proteção sanitário-bucal" é utilizada por Zanetti (1993) com a finalidade de caracterizar qualquer tipo de medida pública, sejam elas realizadas exclusivamente pelos membros das equipes de saúde bucal ou não, mas, que conseguem ser altamente impactantes (tais como: fluoretação controlada das águas de abastecimento público; mudanças na merenda escolar; medidas que reduzam nacionalmente o consumo per capita de açúcar refinado, etc).

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do cumprimento da Lei 6.050 de 1974 que determina a obrigatoriedade da fluoretação

(BRASIL, 1993).

Ademais, a imagem social do cirurgião-dentista, relacionada a uma prática

marcadamente individualista, mercadológica e tecnicista, é reforçada pela aparente falta de

interesse dos alunos de graduação pelas questões relacionadas à saúde bucal coletiva

(ZILBOVICIUS, 2005). Neste sentido, Kornis e Maciel (2006) também destacam a discreta

postura dos cirurgiões-dentistas frente às políticas de saúde, relacionando-a com o isolamento

profissional nos consultórios, e a pouca valorização dos temas voltados para saúde bucal

coletiva frente àqueles voltados para as práticas clínicas.

Em dezembro de 2000, o MS regulamentou, através da Portaria GM/MS nº 1.444, a

inclusão das Equipes de Saúde Bucal no Programa de Saúde da Família (PSF). Esta iniciativa

foi considerada de extrema importância para a saúde bucal, visto que o novo formato adotado

por este Programa permite viabilizar instrumentos que visam reordenar, além da prática

odontológica, a própria inserção da saúde bucal no âmbito do SUS (OPAS, 2006).

O lançamento em 2004 do documento “Diretrizes da Política Nacional de Saúde Bucal”

pelo MS explicita que a saúde bucal passou a fazer parte da agenda política, constituindo-se

em uma das prioridades nacionais relacionadas ao Setor Saúde do atual governo. Esse fato se

expressa pelo aumento significativo dos investimentos que passaram a ser destinados para este

setor da saúde (GARCIA, 2006).

A autora ao analisar o referido documento, chama-nos a atenção para o fato de que este

“foi produzido de forma diferente do modelo de normas e portarias culturalmente adotado”

pelo MS no processo de operacionalização do SUS. Todavia, conclui a autora, a Política

Nacional de Saúde Bucal de 2004 aponta para o início, de fato, do planejamento das ações em

todos os níveis de atenção e em todas as esferas de governo (GARCIA et al, 2005).

Segundo Pucca, atual coordenador nacional de saúde bucal, a Política Nacional de Saúde

Bucal (PNSB) de 2004, também conhecida como Brasil Sorridente, é a primeira política de

saúde bucal do SUS (PUCCA, 2006). No entanto, vale lembrar que conforme já registrado no

início deste capítulo, o MS lançou em 1989, um documento intitulado “Política Nacional de

Saúde Bucal: Princípios, objetivos, prioridades”, referido neste trabalho como a PNSB de

1989. De acordo com o documento, a coordenação política nacional da PNSB/89 estava a

cargo da Divisão Nacional de Saúde Bucal do MS e contava com a participação da

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Coordenação da Administração Odontológica do extinto Instituto Nacional de Assistência

Médica da Previdência Social (INAMPS) (ZANETTI, 1993 e GARCIA et al 2005).

Portanto, ressaltamos que, em observação à época que a PNSB/89 foi firmada, não

podemos efetivamente considerá-la enquanto uma política do SUS. Neste sentido, doravante

ao nos referirmos a PNSB teremos sempre como referência o ano de 2004 - data a partir da

qual essa política, de fato, passa a ser uma política do SUS.

Pucca (2006), considera ainda que a PNSB representa um conjunto de ações que tem

como eixo orientador, o conceito do cuidado no processo de reorganização da atenção em

saúde bucal.

Assim, a PNSB enfatiza a inserção das Equipes de Saúde Bucal na Estratégia Saúde da

Família, reconhecendo o território, a adscrição de população, o trabalho em equipe e a

intersetorialidade que são eixos fundamentais na concepção e implementação da atenção

básica em saúde como preconizado pelo MS (BRASIL, 2004).

No próximo item deste capítulo veremos mais atentamente quais são as ações adotadas,

a partir de 2004, pela Política Nacional de Saúde Bucal.

2.2 A Política Nacional de Saúde Bucal do SUS

A despeito de toda publicidade do governo federal em torno do Brasil Sorridente, “nome

fantasia” pelo qual também é conhecida a PNSB, não existe um documento formal29 do

Ministério da Saúde que apresente esta política e divulgue explicitamente o conjunto de ações

que ela abrange.

Considerando ainda a PNSB por outro prisma de análise, na apresentação do documento

“Diretrizes da Política Nacional de Saúde Bucal”, publicado um pouco antes do lançamento

do Brasil Sorridente, o MS afirma que:

“Por sua natureza técnica e política, este documento encontra-se em

permanente construção, considerando-se as diferenças sanitárias,

epidemiológicas regionais e culturais do Brasil e deve ser debatido à

luz dos resultados da pesquisa “Condições de Saúde Bucal na População

Brasileira”, que o embasa do ponto de vista epidemiológico. 29 A despeito do MS ter publicado os documentos: “Diretrizes da Política Nacional de Saúde Bucal”; “Caderno de Atenção Básica/ Saúde Bucal (Nº17” ) e “A política Nacional de Saúde Bucal do Brasil: registro de uma conquista histórica” , não existe um documento oficial de apresentação da PNSB como existe para outras políticas do MS.

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Sugere-se também sua discussão no âmbito dos Conselhos

Nacionais, Estaduais e Municipais de Saúde, visando à ampliação do

debate junto aos trabalhadores e usuários do sistema de saúde, para

aprofundar o controle público sobre esta área específica”(BRASIL,

2004 p.2).

Ainda que a estrutura do documento tenha sido elaborada sob a forma de um elenco de

diretrizes, entendemos que a definição das ações assim como a sua exposição de forma clara

são medidas fundamentais e necessárias para que a proposta do MS de caráter processual de

construção coletiva permanente possa ser efetivada. Em outras palavras, entendemos que, para

que possamos ser todos participes desse processo, como intencionado pelo MS, temos que de

fato conhecer as ações sobre as quais a política vem se apoiando.

Visando ampliar o conhecimento das ações acima mencionadas realizamos um trabalho

de recuperação a partir de anúncios, e outras peças publicitárias como folders publicados pelo

próprio MS, o conjunto de ações considerado como estruturante da PNSB. Ademais, esse

trabalho considerou também outras fontes de informação tais como os programas da

Radiobrás intitulados “Café com o Presidente”, o site do Departamento de Atenção Básica

(DAB) do Ministério da Saúde assim como os sites de outras instituições.

Esse trabalho de recuperação nos permitiu descrever, na seqüência, as ações sustentadas

pela PNSB. Nosso objetivo agora é apresentar as ações da PNSB de forma sistematizada, para

tornar evidente ao leitor a sua abrangência atual. Vale apenas registrar que a presente forma

de apresentação é, na verdade, uma elaboração original desse trabalho, dado que ela inexiste

em qualquer documento oficial.

Partimos da premissa que a PNSB é convergente com a proposta do MS para a

reorganização da lógica assistencial do SUS com vistas à ampliação e qualificação da atenção

básica. É nesta perspectiva que a referida política propõe as seguintes ações:

1. Reorganização da atenção básica tendo como eixo orientador a ESF. Para tanto a

política se dispõe a:

• Apoiar a inserção das ESBs na ESF através de incentivos financeiros para

implantação e custeio mensal,

• Incluir insumos odontológicos na farmácia da ESF tais como: ionômero de vidro;

limalha (30 g); mercúrio; resina foto polimerizável e selante de fossas e fissuras,

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• Fornecer de maneira regular kits compostos por dentifrício e escova dental e

• Fornecer um segundo consultório dentário para uso das ESBs tipo II.

2. Implantação de uma rede de atenção de modo a ampliar e qualificar a atenção à saúde

bucal nos níveis secundário e terciário através da habilitação dos:

• Laboratórios Regionais de Prótese Dentárias (LRPDs)30,

• Centros de Especialidades Odontologias (CEOs) e do

• Fortalecimento da atenção terciária no âmbito hospitalar31.

3. Instituição de parcerias com:

• Ministério da Educação visando à formação do RH das ESBs. A política se

propõe a assegurar treinamentos para a atualização científica e tecnológica para

os profissionais de saúde bucal incluindo além dos cirurgiões dentistas, os

auxiliares e técnicos. Afirma ainda que nessa estratégia de educação permanente,

os conteúdos dos cursos e atividades pedagógicas devem contemplar além dos

princípios do SUS, as mais modernas técnicas de assistência odontológicas.

Ademais a parceria prevê a distribuição de kits contendo escova e dentifrício

para alunos matriculados na rede pública de ensino, representando um

investimento progressivo até o ano de 2006, correspondente a 400 milhões de

reais.

• Ministério da Ciência e Tecnologia buscando apoiar a pesquisa em saúde bucal.

Em 2004, o MS destinou, através da PNSB, R$ 1 milhão para pesquisa em saúde

bucal coletiva. O objetivo é expandir a produção do conhecimento básico

aplicado em saúde bucal, contribuindo dessa forma para o desenvolvimento de

ações públicas voltadas para a melhoria das condições de saúde da população e

para a superação das desigualdades loco-regionais.

• Ministério do Esporte para prestar assistência odontológica a estudantes da rede

pública do ensino fundamental e médio, inscritos no Programa “Segundo

30 Os procedimentos de moldagem, adaptação e acompanhamento das próteses dentárias, são considerados pelo MS, como integrante da fase clínica do tratamento e, portanto são contabilizados no SIA/SUS como procedimentos da atenção básica. Contudo, a fase laboratorial de confecção é considerada como procedimento de Alto Custo/ Complexidade sendo o seu pagamento feito através de APAC. (BRASIL, 2006 a) 31 Em matéria recente, a revista do Conselho Regional de Odontologia do Rio de Janeiro afirma que está em curso no estado um projeto do MS que visa a qualificação da atenção a saúde bucal no âmbito hospitalar (CRO-RJ, 2007). Ainda segundo a matéria o projeto-piloto do MS começa pelo RJ, pois a sua rede hospitalar conta com o maior número de unidades federais do país.

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Tempo”32, do governo federal. A parceria prevê a capacitação de educadores e

monitores atuantes no referido programa, além da elaboração e distribuição de

cartilha de prevenção.

• Ministério da Justiça de modo a garantir atenção à saúde bucal da população

penitenciária.

• Fundação Nacional de Saúde (FUNASA) para garantir e ampliar o acesso à água

de abastecimento tratada e fluoretada de acordo com a Lei nº 6.050, de 24 de

maio de 1974, e normas complementares, e com a criação e/ou desenvolvimento

de sistemas de vigilância compatíveis. Neste sentido, foi elaborada a “Cartilha

do Gestor”33, com o intuito de subsidiar tecnicamente projetos de fluoretação da

água em sistemas públicos de abastecimento.

4. Geração de empregos: • Diretos para os Cirurgiões Dentistas (CDs); Auxiliares de Consultórios Dentários

(ACDs); Técnicos de Higiene Dental (THDs); Técnicos em Próteses Dentárias e

Auxiliares de Prótese.

• Indiretos para o pessoal da área administrativa.

Vale registrar que esse trabalho se propõe a evidenciar o elenco das ações que em

princípio estão sob a responsabilidade da PNSB sem, no entanto avançar no sentido de

verificar se elas estão sendo realizadas conforme anunciadas em peças de divulgação do

Ministério da Saúde.

Nessa perspectiva, ressaltamos que, pelo caráter técnico-político proposto pelo MS para

a implementação e operacionalização da PNSB, as ações aqui descritas compõem o leque

atual de oferta da referida política tal como vem sendo sustentado pelo governo federal.

Reiteramos ainda, que o conjunto de ações aqui exposto é fruto de pesquisa realizada em

peças publicitárias e outros anúncios do Brasil Sorridente no site do MS e em outros

endereços eletrônicos institucionais tais como: CONASS; CONASEMS; CFO e CROs.

Portanto, consideramos também a possibilidade de que nem todas as ações anunciadas tenham

32 Segundo Tempo é o programa do Ministério do Esporte, em parceria com o Ministério da Educação que tem por objetivo possibilitar o acesso à prática esportiva aos alunos matriculados no ensino fundamental e médio dos estabelecimentos públicos de educação do Brasil, principalmente em áreas de vulnerabilidade social. Desse modo o programa pretende colaborar para a inclusão social, bem-estar físico, promoção da saúde e desenvolvimento intelectual e humano, assegurando o exercício da cidadania. 33 Disponível em: http://www.funasa.gov.br/Web%20Funasa/san/Fluoreta/Cartilha.PDF

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sido de fato realizadas e/ou mantidas pelo governo federal.

Outro fato que deve ser ressaltado diz respeito ao processo de descentralização do SUS.

Assim, a gestão da atenção básica a cargo dos gestores municipais pressupõe que o conjunto

de ações preconizadas pela PNSB poderá ser configurado de diferentes modos nos diversos

municípios do país. Dito de outra maneira, a implementação da PNSB nos níveis locais está

diretamente relacionada com as capacidades técnicas, políticas e particularmente financeiras

das esferas subnacionais.

Nesse sentido, Lima nos lembra que:

(...) a capacidade de financiamento em saúde desses governos é peça

fundamental para a garantia do acesso universal e sem privilégios às

ações e serviços de saúde, da atenção integral compatível com as

necessidades e demandas da população e realizada de acordo com

padrões de qualidade reconhecidos (LIMA 2006, p. 20).

Considerando a afirmativa acima e retomando o referencial teórico político que norteia

essa dissertação, onde saúde bucal é entendida como uma resposta adequada às necessidades

das pessoas, entendemos que o estudo do financiamento das ações e serviços que promovem e

garantem a atenção nesta área específica da saúde é de suma importância.

Contudo, ao reconhecermos que a atenção à saúde bucal abrange, além da assistência

odontológica, outras categorias de assistência à saúde, consideramos que o financiamento

desta área especifica da saúde é parte implícita e indissociável do financiamento geral do

sistema público de saúde brasileiro. Neste sentido, no próximo item deste capítulo nos

ocuparemos com o estudo das formas de repasse federal para o financiamento das ações e

serviços do SUS.

2.3 O SUS: Normas Operacionais; primazia da atenção básica e o financiamento das ações

e serviços

No processo de descentralização do Sistema Único de Saúde (SUS), duas questões

apresentam-se como temas de importância estratégica: a mudança do modelo de atenção à

saúde e o financiamento das ações e serviços de saúde.

Em relação ao financiamento, a Constituição Brasileira de 1988 estabeleceu a

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participação das três esferas de governo no processo de financiamento das ações e serviços

descentralizados do SUS.

Entretanto, nem o texto constitucional nem as Leis Federais da Saúde (8080 e 8142,

ambas de 1990) deixam clara a definição das fontes de receita e tampouco delimitam a

responsabilidade de cada ente federado na garantia do financiamento descentralizado do SUS

(LEVCOVITZ et al 2001; LIMA, 2006 e MANSUR, 2001).

Assim, o inicio da década de noventa foi marcado entre outros fatores por uma grave

crise no financiamento da saúde (TEIXEIRA & TEIXEIRA, 2003 e SOUZA, 2003). Esse

processo se expressou através de: irregularidades no financiamento federal; irregularidade e

insuficiência na participação dos entes federados, especialmente dos estados, e da existência

de formas e critérios de repasse que não contemplavam a equidade como princípio

constitucional.

Contudo, ao longo da década de 90 essa crise foi gradualmente atenuada com a

implantação das Normas Operacionais do SUS (NOBs /SUS). Essas normas representaram um

importante instrumento de regulamentação no processo de descentralização do sistema de

saúde, à medida que estabeleceram no período em pauta, de forma negociada, mecanismos e

critérios para a transferência de responsabilidades e recursos financeiros do governo federal

para os demais entes federados (LEVCOVITZ et al, 2001).

No tocante ao financiamento público da saúde, as normas operacionais e as portarias que

as complementam, definiram não só as formas para o repasse de recursos federais e seus

critérios de cálculo, mas também os fatores condicionantes para o seu recebimento (LIMA,

2006).

Ademais, em relação à reorganização da lógica assistencial do SUS, o MS priorizou o

nível de atenção básica com ênfase na Estratégia Saúde da Família através de sua política de

transferência de recursos financeiros sobre a forma de incentivos (MARQUES & MENDES,

2002; MARQUES & MENDES, 2003 e MACHADO, 2006).

Neste sentido, veremos a seguir alguns aspectos relacionados ao conjunto de normas

operacionais editadas pelo MS buscando adequar a racionalidade setorial sistêmica aos

modelos de atenção à saúde e o seu financiamento.

Segundo Dain (2006), as NOBs SUS/91 e 92 “previam a destinação de recursos para

investimento no reequipamento e ampliação de unidades assistenciais já existentes através de

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mecanismo convenial”. Assim, as Unidades de Capacitação da Rede (URC) representaram

uma tentativa de diminuir as desigualdades relacionadas com a estrutura de provisão de

serviços. Ademais, definiu tetos financeiros para as áreas: ambulatorial através de Unidade de

Cobertura Ambulatorial (UCA) estratificada por estados e multiplicada pela população e

hospitalar através da Autorização de Internação Hospitalar (AIH).

Nesta perspectiva, os estados e os municípios que contavam com uma maior capacidade

de serviços instalada foram favorecidos pela manutenção dos tetos financeiros prévios. Essa

forma de repasse financeiro representou um viés contra a equalização da oferta de serviços no

território, pois favoreceu as unidades da federação com maior capacidade instalada. A NOB

SUS/91 inaugurou ainda uma nova fase na relação entre a União e a esfera municipal ao

determinar o repasse direto de verbas do MS para os municípios, o que resultou na diminuição

da capacidade gestora dos entes estaduais (SOUZA, 2003).

A NOB SUS/ 92 manteve a regulamentação anterior priorizando o financiamento das

atividades hospitalares e ambulatoriais. A única inovação foi a de determinar que para as

AIHs os repasses seriam feitos com base em dados populacionais, e que para as UCAs

além desses, em estrutura física e desempenho financeiro prévio.

A NOB SUS/93 buscou regulamentar não apenas o financiamento, mas o processo de

descentralização da gestão dos serviços e ações no âmbito do SUS. Assim, instituiu as

Comissões Intergestores Bipartite (CIB) e Tripartite (CIT) como espaços formais das

políticas, de pactuação das ações, e dos encaminhamentos na gestão do sistema. Instituiu

ainda o conceito de “condição de gestão” para estados e municípios criando 3 níveis de

gestão: incipiente, parcial e semiplena buscando contemplar os diferentes estágios em que se

encontram estados e municípios, em relação à descentralização. Os gestores subnacionais

optaram por uma delas, de acordo com seus interesses e capacidades de gestão. Segundo os

critérios dessa norma, os estados e os municípios habilitados em gestão semiplena passaram a

receber recursos na modalidade “fundo a fundo” de acordo com os “tetos financeiros”. Tetos

estes, estabelecidos através de séries históricas de produção de serviços ambulatoriais e

hospitalares, apuradas nos sistemas de informação hospitalar e ambulatorial respectivamente,

SIH-SUS e SIA- SUS, ambos instituídos no início da década (LIMA, 2006).

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A NOB SUS/96 consolidou a “municipalização autárquica”34 como modelo de

descentralização do sistema de saúde e garantiu à esfera municipal o pleno exercício da gestão

da atenção à saúde (MENDES, 2002; PESTANA & MENDES, 2004). Essa norma instituiu

novas condições de gestão para os estados (Gestão Avançada do Sistema Estadual e Gestão

Plena do Sistema Estadual) e para os municípios (Gestão Plena da Atenção Básica e Gestão

Plena do Sistema Municipal), determinando as atribuições e as formas de repasses financeiros

para os gestores subnacionais.

A NOB SUS/96, inaugurou um novo modelo de repasse de recursos, uma vez que

desvinculou o critério desses repasses da memória financeira da produção de serviços, visando

à ampliação do acesso da população aos serviços básicos de saúde e conseqüentemente uma

maior equidade na distribuição dos recursos financeiros do SUS (DAIN & FAVERET, 1999;

VIANA et al, 2003). Desta forma, a NOB SUS/96 rompe com a lógica de repasse global para

a saúde introduzindo um novo mecanismo de transferência para a atenção básica: o Piso da

Atenção Básica (PAB).

Nesse contexto, os recursos são transferidos automaticamente por um valor per capita

(PAB fixo), ou sob a forma de incentivos, como no caso dos programas específicos (PAB

variável). E assim, o MS ao priorizar e fortalecer o nível de atenção básica acaba por destacar

o papel do PSF no processo de reorganização da lógica assistencial do SUS.

A política de incentivos do MS35 foi determinante para o crescimento do número das

equipes de saúde da família que passou de 1.623 em 1996 para 3.147 em 1998, ano que entrou

em vigor a NOB SUS/96.

Portanto, durante a década de 90, no processo de implantação do SUS, as NOBs

introduziram mecanismos que possibilitaram uma expressiva transferência de recursos

federais para os estados e, principalmente, para os municípios. Como conseqüência elas

acarretaram o aumento da capacidade institucional das esferas subnacionais e o incremento da

34 Mendes considera “municipalização autárquica” o processo de descentralização/municipalização do SUS, consolidado, com a NOB 01/96. Esse processo se caracteriza pela forte centralização do financiamento na União, e pela não participação dos Estados. Para o autor, em um país grande e desigual, como o Brasil, ter o foco da assistência com base na oferta de serviços resulta em: a) alta fragmentação dos mesmos, b) deseconomias de escala e escopo, c) perda da qualidade (PESTANA & MENDES, 2004 e MENDES, 2006) 35 Marques & Mendes (2002) ressaltam a importância dos recursos federais no financiamento do SUS considerando o MS como a estrutura de governo que mais influiu na determinação na política de saúde nos últimos anos através da sua política de incentivos.

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oferta de serviços municipais caracterizando o intenso processo de municipalização36 da saúde

da década de 90.

Neste contexto também se destacam alguns problemas tais como: a difusão de

responsabilidades pela saúde dos cidadãos; a incorporação irracional de tecnologia; a

imposição de barreiras de acesso aos usuários e a baixa qualidade dos serviços (MENDES,

2002).

No processo de discussão acerca da divisão de responsabilidades financeiras, foi

aprovada em 2000, a Emenda Constitucional 29 (EC 29) com o intuito de garantir a

estabilidade no financiamento público da saúde, através da vinculação de recursos da União,

dos estados e dos municípios (TEIXEIRA & TEIXEIRA, 2003; LIMA, 2006). A EC 29

estabelece que no nível federal os recursos destinados à saúde devem ser corrigidos pela

variação nominal do Produto Interno Bruto (PIB). Para os demais entes federados, a emenda

estabelece que o montante mínimo de recursos a ser aplicado deverá corresponder a um

percentual da receita de impostos e de transferências constitucionais e legais. Neste sentido,

até 2004 esses percentuais de vinculação atingiram gradualmente para os estados e para os

municípios, respectivamente, 12% e 15% da receita de impostos diretamente arrecadados e

das transferências tributárias constitucionais (CAMPELLI & CALVO, 2007).

A Resolução nº 322 aprovada em 2003 pelo Conselho Nacional de Saúde definiu o

elenco de ações e serviços públicos de saúde que podem ser considerados despesa de saúde. O

Projeto de Lei Complementar 01/03 (PLC), que regulamenta a EC 29, manteve os mesmos

termos da vinculação tanto para os estados e Distrito Federal quanto para os municípios.

Porém, fixou para a esfera federal a obrigatoriedade mínima de 10% das suas receitas

correntes brutas do Orçamento Fiscal e da Seguridade Social. (LIMA, 2006). Em função do

impasse político, esse PLC foi aprovado em 31 de outubro de 2007 na Câmara Federal, mas

ainda aguarda sua tramitação no Senado.

A Norma Operacional de Assistência à Saúde 01/01 (NOAS /SUS 01/01) teve como 36 No contexto da redemocratização do Brasil, a descentralização política e fiscal consolidada com a CF de 1988, desencadeou um processo de fragmentação municipal. Assim, no período entre 1988 e 2000 foram criados 1438 novos municípios, o que representa cerca de 25% do total dos municípios do país (TOMIO, 2002 p.62). Quanto ao porte populacional, o referido autor ressalta que no processo de criação desses novos municípios cerca de 54% deles tinham menos de 5 mil habitantes, 26% tinham de 5 à 10 mil habitantes e somente 20% tinham mais de 10 mil habitantes. Na área da saúde, o processo da descentralização/ municipalização, apesar de iniciado com a NOB SUS/93, ocorreu mais intensamente em 1998; ano em que entrou em vigência a NOB SUS/96. Nessa perspectiva, o número de municípios habilitados para a municipalização passou de 3078 em 1996 para 5398 ao final de 2000. Portanto, cerca de 99% dos 5506 municípios brasileiros nessa data já estavam habilitados em alguma forma de gestão da NOB SUS/ 96 (LECOVITZ et al, 2001; VIANA et al, 2002 e PESTANA & MENDES, 2004).

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objetivo o seu título: “Promover maior equidade na alocação dos recursos e no acesso da

população às ações e serviços de saúde em todos os níveis de atenção” (BRASIL, 2001). Com

a introdução dessa norma, o conceito de atenção básica à saúde foi ampliado e nesse sentido,

foram definidas sete áreas mínimas de atuação estratégica: o controle da tuberculose, a

eliminação da hanseníase, o controle da hipertensão arterial, o controle da diabetes mellitus, a

saúde da criança, a saúde da mulher e a saúde bucal. Conseqüentemente também foi

aumentado o espectro dos recursos federais transferidos per capita aos estados e aos

municípios - PAB Ampliado (PABA). Entretanto, a garantia desses repasses foi condicionada

a uma avaliação do desempenho dos municípios quanto à suficiência e a qualidade das ações

correspondentes à atenção básica ampliada.

A NOAS promoveu ainda uma transferência de foco do processo da descentralização,

passando-o da municipalização, para a regionalização. Esse fato se consolida com a

estruturação de três estratégias: a elaboração do Plano Diretor de Regionalização (PDR); do

Plano Diretor de Investimentos (PDI) e a instituição de novos critérios e novas formas de

habilitação de estados e municípios.

Essa norma, editada em 2001 e reformulada em 2002, realçou a necessidade de

fortalecer as capacidades dos gestores estaduais, responsabilizando-os pelo processo de

Regionalização e da elaboração da Programação Pactuada e Integrada (PPI), assim como do

estabelecimento de uma rede de referências intermunicipais.

No entanto, segundo Mendes (2002), a despeito dos avanços obtidos com a implantação

das NOAS, persistiu a lógica da gestão da oferta, reproduzindo “o erro de concepção das

NOBs anteriores”. Dain (2006 e 2007), realça ainda que, ao longo do processo de

planejamento, nenhum dos mecanismos de financiamento se dispôs a financiar investimentos

de modo a equacionar a oferta de serviços no território.

O MS lançou em 2006 o documento “Diretrizes do Pacto pela Saúde”. Este documento

elege como eixo estruturante para o processo da descentralização, a Regionalização Solidária

e Cooperativa. Além disso, o documento apresenta as mudanças propostas para a

operacionalização do SUS e, dentre elas, ressalta a substituição do atual processo de

habilitação pela “adesão solidária” aos Termos de Compromisso de Gestão (TCG). Ressalta

também a unificação dos vários pactos existentes, bem como a integração das várias formas

existentes de transferências federais destinadas às ações e serviços do SUS em 5 blocos de

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financiamento: Atenção Básica; Atenção de Média e Alta Complexidade Ambulatorial e

Hospitalar; Vigilância em Saúde; Assistência Farmacêutica e Gestão do SUS.

O Pacto 2006 pela primeira vez prevê a alocação de recursos financeiros para

investimentos com o objetivo de superar as desigualdades de acesso e garantir a integralidade

da atenção à saúde (BRASIL, 2006). O documento ainda reafirma a importância da

descentralização do financiamento para o sistema, e elege a estratégia Saúde da Família como

prioritária para o fortalecimento da atenção básica.

Nesta perspectiva, Dain (2007) nos lembra que a redução da fragmentação do repasse

de recursos federais para os governos subnacionais poderá, em certa medida, favorecer a

autonomia dos mesmos. Entretanto, como a distribuição dos recursos no interior dos blocos

corresponde à agregação dos diversos incentivos financeiros instituídos anteriormente pelo

MS, com seus critérios de transferência e uso definidos em portarias próprias, a capacidade

dos gestores locais em ampliar seus gastos em saúde ainda será discutível.

O panorama descrito acima é, portanto uma síntese do processo de desenvolvimento das

normas operacionais (NOBs ; NOASs e PACTO 2006) tendo como foco o papel do Ministério

da Saúde na determinação e/ou indução do modelo de atenção adotado pelo sistema público

de saúde brasileiro e o seu financiamento. No próximo tópico, veremos como se processa o

financiamento federal das ações relativas a assistência odontológica contempladas pela PNSB.

2.4 Transferências federais de recursos no SUS: a política de incentivos do MS e o

financiamento da atenção à saúde bucal no quadro das ações da PNSB Como vimos no tópico anterior, a segunda metade da década de 1990 foi marcada por

grande investimento do Ministério da Saúde na universalização da atenção básica. Segundo o

MS, “a prioridade dada à Atenção Básica representa um grande esforço para que o sistema de

saúde torne-se mais eficiente, consolide vínculos entre os serviços e a população e contribua

para a universalização do acesso e a garantia da integralidade da assistência” (BRASIL, 1998).

Neste contexto, o PSF representou a proposta de reorganização da lógica assistencial do

SUS e do processo de municipalização das ações e serviços de saúde passando a fazer parte

da agenda prioritária37 do Ministério da Saúde. Segundo Machado (2006 e 2007), este fato se

expressa na adoção de uma política de incentivos específica que implicou num “aumento de

37 Machado (2006) identifica no período de 1990 a 2002, três políticas prioritárias para o Ministério da Saúde: a descentralização, o PSF e a política de combate a AIDS.

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900% no aporte os recursos entre 1995 e 2002” e no “crescimento da participação do PSF

nos gastos da atenção básica de 5,2% em 1994 para 25,2% em 2002”.

Ademais segundo a autora,

(...) “Outras expressões da priorização dessa política foram os

instrumentos gerenciais direcionados para o PSF (incluindo um

sistema de informações próprio) e as estratégias diferenciadas de

assistência para o PSF a partir de 2001. Tais estratégias incluíram a

distribuição de medicamentos diretamente para as equipes de

programa e a incorporação às equipes de saúde bucal, como tentativas

de contornar, no âmbito do programa, algumas das principais lacunas

do SUS nos anos 1990” [grifo nosso] (MACHADO, 2006 p. 47).

Marques & Mendes (2003), chamam-nos a atenção para o fato que a partir da vigência

da NOB 1996, ocorreu uma mudança qualitativa na participação dos recursos federais no

financiamento da saúde pública no país. Isso porque a referida NOB vista como instrumento

de operacionalização da descentralização do sistema, criou um mecanismo de repasse

financeiro direto do fundo federal de saúde para os fundos municipais, separando os recursos

destinados para a Média e Alta Complexidades (MAC) daqueles destinados à Atenção Básica.

Assim, a participação do governo federal no financiamento do sistema de saúde nacional

passa a ocorrer de duas maneiras: pagamento direto aos prestadores de serviços relativos a

internações hospitalares e atendimento ambulatorial, e transferências aos estados e municípios

destinadas ao financiamento da Média e Alta Complexidades (MAC) e à Atenção Básica

através do PAB - fixo e/ ou variável (MARQUES & MENDES, 2002). Segundo os autores,

desta forma a NOB 96, ao mesmo tempo em que elegeu a esfera municipal como o gestor

pleno do sistema, também criou as condições para as políticas de incentivos financeiros que se

seguiram posteriormente (MARQUES & MENDES, 2003).

Lima (2006) observa que à medida que as transferências governamentais ganharam

“importância como forma de financiamento das ações e serviços descentralizados do SUS”, o

Ministério da Saúde, estabeleceu “novos critérios para a sua distribuição e apropriação pelas

esferas subnacionais”. Nas palavras da autora essas

(...) “alterações tiveram como principal objetivo fortalecer o papel de

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indução e coordenação do MS sobre o processo de descentralização,

garantido-lhe poder para distribuir os recursos segundo suas

prioridades” [Grifo nosso] (LIMA, 2006, p. 121).

Dito de outra forma, apesar das ações e serviços correspondentes a atenção básica serem

de responsabilidade do gestor municipal, o governo federal acaba por determinar a política a

ser adotada mediante o repasse condicionado de recursos para o seu financiamento através da

sua política de incentivos financeiros.

Neste sentido, Lima (2006) afirma que o uso de recursos que se vinculam a políticas e

ações definidas nacionalmente, “acaba por comprometer a autonomia dos gestores

subnacionais, sem garantir maior eficiência e efetividade no gasto”. Ademais, considera a

autora, a “delimitação de poder do MS versus o grau de autonomia” dos gestores estaduais e

municipais pode impor obstáculos à construção de uma política de saúde que tome por base as

distintas realidades sociais e sanitárias de cada localidade.

Em 2001, a NOAS ao estabelecer alterações nas relações entre os gestores subnacionais

com a finalidade de promover a “regionalização da saúde” acentua o papel centralizador do

MS e o uso da sua política de incentivos na determinação/indução da política nacional de

saúde.

De acordo com o estudo de Lima (2006), durante a vigência simultânea da NOB/96 e da

NOAS 01/02 o financiamento federal do SUS caracterizou-se por transferências financeiras

promovidas através de dois mecanismos:

• transferências pré-produção, que são realizadas mensalmente segundo critérios

per capita (PAB-fixo) para o financiamento de ações e serviços da atenção

básica independentemente da informação da produção. Convém lembrar que

estes recursos também podem ser utilizados para fins de custeio e investimentos

na rede básica (BRASIL, 1998).

• transferências pós-produção que variam de acordo com a produtividade mensal.

Lima (2006), ainda diferencia as transferências federais previstas pelo MS relacionando-

as a quatro grandes grupos de atividades, a saber:

1- Transferências efetuadas para os municípios habilitados pelas NOs vigentes em

gestão plena da atenção básica (GPAB) ou em gestão plena da atenção básica ampliada.

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Nestes casos os recursos se destinam a financiar um conjunto de ações e serviços de atenção

básica e são calculados tendo por base o critério per capita.

2- Transferências efetuadas para os municípios e estados habilitados em gestão plena

do sistema municipal (GPSM) e plena do sistema estadual (GPSE). Estes recursos, cujos

montantes fixos são definidos nos respectivos tetos financeiros, destinam-se ao financiamento

de um conjunto de ações de média e alta complexidade ambulatorial e hospitalar (tanto da

rede própria como da credenciada do SUS) de forma independente da variação dos serviços

prestados. Entretanto os valores das transferências para os municípios são estabelecidos com

base na série histórica das produções ambulatorial e hospitalar. Desta forma integram as

Programações Pactuadas Integradas (PPIs) locais devendo ser submetidas à negociação e

aprovação das CIBs. Os montantes estaduais relacionam-se aos tetos estaduais e as

transferências que se destinam aos municípios habilitados em GPSM.

3- Transferências de recursos que adotam critérios variados e estão condicionadas a

implantação e expansão de políticas prioritárias para o MS38. Segundo Lima (2006), integram

o leque dessas políticas: o programa de saúde da família (PSF); o programa de agentes

comunitários de saúde (PACS); a farmácia básica; as ações básicas de vigilância sanitária

(VISA); as ações de epidemiologia e combate de doenças (ECD); as ações de combate à

carência nutricional; o programa de interiorização do trabalho em saúde e de atenção aos

povos indígenas e o programa de saúde bucal [grifo nosso].

Neste grupo também se inserem algumas atividades especializadas classificadas como

“outros programas” tais como ações de média e alta complexidades de vigilância sanitária;

aquisição e distribuição de medicamentos excepcionais; e o fator de incentivo ao

desenvolvimento e pesquisa universitária (FIDEPS).

4- Transferências do Fundo de Ações Estratégicas e Compensação (FAEC), com vistas a

financiar tanto ações e serviços considerados estratégicos para grupos prioritários como as

campanhas de saúde. Via de regra o repasse dos recursos é efetuado de modo “fundo a fundo”,

após a certificação do serviço e informação da produção, sendo depositado nas contas

municipais ou estaduais.

Considerando a perspectiva descrita acima e ao nos reportarmos ao financiamento da

38 Os recursos do PAB variável são transferidos “fundo a fundo”, via de regra, em montantes mensais fixos após a certificação/ habilitação dos municípios nos respectivos programas e seguem regulação definida em portarias específicas.

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saúde bucal, verificamos que o maior aporte de recursos financeiros para esta área específica

está em sintonia com duas políticas adotadas pelo MS na década de 1990: o PSF, como

modelo preferencial de reorganização da atenção básica ampliada, e a política de incentivos,

como forma de repasse de recursos para o seu financiamento.

Ademais, a política de incentivos do MS, contempla também o nível secundário de

atenção à saúde bucal, (com previsão do terciário39), considerados pelo MS como Média e

Alta Complexidade, através dos repasses destinados á implementação e custeio dos CEOs e

LRPDs.

Numa perspectiva mais geral, a saúde bucal entendida como parte da saúde geral, vem

sendo financiada desde a criação do SUS. Entretanto, a assistência odontológica, como um

braço da atenção à saúde bucal, foi enfatizada pelo MS somente a partir de 2000, com a

Portaria GM/MS nº 1.444 que estipulou incentivos financeiros para a entrada das ESBs no

PSF.Assim, teve início um processo de aumento progressivo no aporte de volume financeiro

transferido da União para os municípios com vistas à valorização da atenção a saúde bucal no

SUS.

Ademais, em 2004, com o lançamento da PNSB, esta área específica de atenção passou

a fazer parte da agenda40 do governo federal. Esse fato se expressa pelo aumento significativo

do volume de investimentos na área, que passaram de R$ 52 milhões em 2002 para R$ 535

milhões em 200641 e é, portanto, compatível com a maior expressividade adquirida pela saúde

bucal na esfera política brasileira.

A PNSB reafirma a importância das ESBs na ESF no processo de reorganização da

atenção básica do SUS, e enfatiza a ampliação, a qualificação e o acesso aos níveis

secundário e terciário de atenção.

Embora a entrada da PNSB na agenda do governo se expresse pelo aumento

significativo do volume de investimentos na área, o repasse destes recursos está condicionado 39 O documento “Diretrizes da Política Nacional de Saúde Bucal”, em seu tópico 07, que trata da ampliação e qualificação da Atenção Secundária e Terciária, reconhece que a rede assistencial odontológica nestes níveis de atenção não acompanhou o crescimento da oferta de serviços de atenção básica. Assim sendo, afirma ser necessário “investimentos que propiciem o acesso aos níveis secundário e terciário”. Neste sentido, como vimos no tópico 2 desta dissertação, já está em curso no RJ um projeto piloto do MS que visa a qualificação da atenção odontológica no terceiro nível de atenção. 40 Para Machado (2006), “agenda são temas, que em um dado momento, passam a mobilizar fortemente a atenção dos dirigentes governamentais e de indivíduos fora do governo ligados a esses dirigentes”. 41 Segundo Nota Técnica da Coordenação Nacional de Saúde Bucal de setembro de 2007, foram investidos em 2006, mais de R$ 535,2 milhões, o que representa 10 vezes mais do que no ano de 2002. O referido documento afirma ainda que entre 2007 e 2010, o montante investido pelo MS deverá alcançar mais de R$ 2,7 bilhões.

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a adesão dos gestores locais pela Estratégia de Saúde da Família no âmbito da atenção básica

e aos CEOs e LRPDs para o atendimento da atenção secundária. Ou seja, fora dos padrões

preconizados pela PNSB não existe financiamento extra-orçamentário para a sustentação das

ações de saúde bucal no SUS.

Nesse sentido veremos a seguir como se processa o financiamento federal das ações

englobadas pela PNSB.

A Portaria GM/MS nº 1.444 de 28 de dezembro de 2000, estabeleceu os incentivos

financeiros para a inserção das equipes de saúde bucal (ESBs) no PSF, com vistas à

reorganização da atenção à saúde bucal nos municípios. Entretanto somente em 2001, com a

Portaria GM/MS nº 267 é que foram regulamentadas as normas e diretrizes para a inclusão das

ESBs nas duas modalidades possíveis. São elas:

• Modalidade I - composta por um cirurgião dentista (CD) e um auxiliar de

consultório dentário (ACD) e

• Modalidade II - composta por um CD, um ACD e um técnico de higiene dental

(THD).

Com a publicação da Portarias nº 673/GM de 2003, os incentivos financeiros de

implantação para ambas as modalidades, passaram da ordem de R$ 5.000,00 para R$

6.000,00. Já os valores anuais dos incentivos para o custeio passaram de R$ 13.000,00 para

R$ 15.600,00 na Modalidade I e de R$ 16.000,00 para R$ 19.200,00 na Modalidade II.

Ademais a referida portaria permitiu uma redução da proporção de implantação, que era até

então de 1 ESB para cada 2 ESFs para uma relação de 1:1, ou seja: 1 ESB para 1 ESF.

A Portaria nº 74/GM de 2004 estabeleceu novos reajustes aos incentivos de custeio

mensais passando de R$ 20.400,00 e R$ 26.400,00 respectivamente para as Modalidades I e

II. Ademais, como estabelecido por essa portaria, as ESBs habilitadas em ambas às

modalidades passaram a receber R$ 6.000,00 como incentivo adicional para a aquisição de

equipamentos e/ou instrumentos e as ESBs implantadas na modalidade II ainda passaram a

receber um equipo completo42 para a atuação do THD.

Em março de 2006, com a publicação da Portaria Nº 648/ GM, que aprova e regulamenta

42 A Portaria nº 74 GM/MS de 20 de janeiro de 2004 considera como equipo odontológico completo: 01 cadeira, 01equipo de

3 pontas, 01 unidade auxiliar, 01mocho e 01 refletor.

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a Política Nacional de Atenção Básica, fica estabelecido que o PSF é a estratégia prioritária do

Ministério da Saúde para reorganizar a atenção básica e assim o Programa de Saúde da

Família passa a ser doravante denominado de Estratégia Saúde da Família (ESF). Neste

mesmo ano em maio, a Portaria nº 650/ GM reajusta o incentivo adicional das ESBs

(modalidades I e II) de R$ 6.000,00 para R$ 7.000,00 entendendo-o como um recurso

destinado a investimentos nas Unidades Básicas de Saúde e a realização do Curso

Introdutório43.

Para a implantação e custeio dos CEOs, o Ministério da Saúde garante incentivos

financeiros de acordo com os planos municipais e regionais de cada estado. Vale registrar que

o repasse federal representa apenas uma parte dos recursos necessários ao custeio dos CEOs,

cabendo aos estados e aos municípios a responsabilidade da complementação do custeio

destes serviços.

Neste sentido, existem três modalidades possíveis de habilitação dependendo do número

de cadeiras disponíveis nos serviços, como exposto no quadro abaixo.

Quadro 2 Incentivos federais por tipo de CEO Fonte: Elaboração própria a partir dos dados da Pt nº 600/GM, de 23 de março de 2006

O Ministério da Saúde condicionou o seu repasse financeiro de custeio a uma produção

mensal mínima a ser verificada através de consultas aos Sistemas de Informação do SUS.

Além dos incentivos de custeio, as ações realizadas nos CEOs são faturadas pela tabela de

procedimentos SIA/SUS de acordo com os tetos financeiros.

A produção mensal cobrada pelo MS está relacionada ao tipo de CEO, e é específica

43 O MS tomando por base o estabelecimento de diretrizes pedagógicas nacionais que facilitem o processo de capacitação dos profissionais da Saúde da Família; torna obrigatório para todos os profissionais que integram as Equipes de Saúde da Família o “Curso Introdutório”. A Pt GM/MS nº 2527 de 19 de outubro de 2006 além de definir os conteúdos mínimos do curso define também uma carga horária mínima de 40 horas para certificação dos profissionais que integram as ESFs.

Tipo de CEO Nº de Cadeiras Incentivo de implantação

Incentivo mensal para custeio

I

03 40.000,00 6.600,00

II

De 04 a 06 50.000,00 8.800,00

III

07 ou mais 80.000,00 15.400,00

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para cada uma das especialidades obrigatórias conforme mostra o quadro a seguir.

Quadro 3 Número de procedimentos por tipo de CEO

Tipo de CEO

Procedimentos Individuais Preventivos; Dentística e Cirurgias básicas

Periodontia Endodontia Cirurgia Oral Menor

I 80 60 35 80 II 110 90 60 90 III 190 150 95 170

Fonte: Elaboração própria a partir dos dados da Pt nº 600/GM, de 23 de março de 2006

No tocante a reabilitação protética, o pagamento das próteses dentárias aos LRPDs, de

acordo com a Portaria Nº 1572/GM de 29 de julho de 2004, se dá por produção. Entretanto, o

MS estabeleceu um limite para cobrança dos procedimentos realizados nos LRPDs que

corresponde a um total máximo de 242 próteses por mês. O quantitativo excedente, se

ocorrer, deverá ser de inteira responsabilidade dos gestores locais. Os valores correspondem

ao pagamento de próteses totais (dentaduras) e de próteses parciais removíveis sendo

respectivamente de R$ 30,00 e R$ 40,00 por cada prótese confeccionada. Estes recursos são

repassados diretamente do governo federal para os municípios ou estados que possuem

laboratórios credenciados não comprometendo seus recursos de saúde já existentes, pois os

valores deverão ser cobrados por Autorização de Procedimento de Alto Custo/Complexidade

(APAC) e financiados pelo Fundo de Ações Estratégicas e Compensação (FAEC).

A forma de financiamento do SUS foi alterada conforme as considerações do documento

intitulado “O Pacto pela Saúde 2006”. Nos moldes da referida mudança, os recursos para a

sustentação da PNSB estão garantidos em três destes blocos: Atenção Básica, Gestão e

Média e Alta Complexidades.

Os recursos destinados à estratégia da atenção à saúde bucal no PSF estão incluídos no

bloco da Atenção Básica, dentro do PAB variável (BRASIL, 2006). O bloco de Gestão custeia

ações relacionadas à organização e ampliação do acesso aos serviços de saúde, nas quais se

inclui a implantação dos CEOs. E finalmente, o bloco da Média e Alta Complexidade sustenta

um incentivo permanente para a manutenção dos CEOs e dos Laboratórios de Próteses

Dentárias (BRASIL, 2006).

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Portanto, como podemos constatar ao longo deste tópico, as estratégias de financiamento

da saúde bucal se caracterizam pelas suas diversidade e amplitude. Estas estratégias

perpassam diferentes tipos de transferências federais na saúde englobando tanto os

mecanismos pré e pós-produção como todos os grupos de atividades citados por Lima, (2006)

e descritos neste capítulo no tópico anterior.

Até então o presente trabalho tratou dos temas tendo como unidade de referência o

Brasil. No capítulo seguinte examinaremos uma unidade específica da federação brasileira: o

estado do Rio de Janeiro e seus 92 municípios.

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3. O ESTADO DO RIO DE JANEIRO

Deus é um cara gozador, Adora brincadeira

Pois prá me jogar no mundo, Tinha o mundo inteiro

Mas achou muito engraçado Me botar cabreiro

Na barriga da miséria Nasci brasileiro e

Eu sou do Rio de Janeiro (Partido Alto - Chico Buarque de Holanda)

3.1 O estado do Rio de Janeiro: Uma visão sintética da história sócio-política e econômica

O Rio de Janeiro apresenta-se no cenário brasileiro como um estado bastante singular

marcado por contrastes inerentes tanto pelo seu quadro físico geográfico quanto pelas suas

características sociais, políticas, econômicas, culturais e demográficas.

Situado na Região Sudeste do país, o estado do Rio de Janeiro conta com uma área

geográfica de 43. 766, 6 km2 o que corresponde a 0,51 % de todo o território nacional e a 4,73

% da região. O estado possui 92 municípios distribuídos em 8 regiões de governo44 e segundo

o Anuário Estatístico de 2006 da Fundação CIDE a sua população residente está estimada em

15 554 339 de pessoas para o ano de 2005 (CIDE, 2006).

O quadro abaixo mostra a divisão regional administrativa do estado do Rio de Janeiro e

dos municípios, com as suas respectivas populações estimadas para o ano de 2005, de acordo

com as informações da Fundação CIDE45 (CIDE, 2006).

44 De acordo com os critérios utilizados pelo Centro de Informações e Dados do Rio de Janeiro (Fundação CIDE) o estado do

Rio de Janeiro esta dividido em 8 regiões políticas-administrativas ou regiões de governo.Esta divisão está disposta na Lei nº 1.227 de 17/11/1987 que aprovou o Plano de Desenvolvimento Econômico e Social de 1988/1991 e nas Leis Complementares nº 64 de 21/09/1990; nº 97 de 21/10/2001 e nº 105 de 04/07/2002. Segundo Marafon ( 2005, p 17, 23) a divisão regional adotada pelo CIDE nos anos 1989/90 foi institucionalizada para fins estatísticos e de planejamento e tomou por base os estudos elaborados pelo IBGE.

45 A Fundação CIDE é um órgão da Secretaria de Estado de Planejamento e de Integração Governamental (SEPLANIG). O

Anuário Estatístico é um produto da Fundação CIDE que pretende “dar seqüência à construção de sínteses estatísticas estaduais periódicas metodologicamente consistentes e comparáveis”.

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Quadro 4 Regiões de governo do estado do Rio de Janeiro segundo a Fundação CIDE

Fonte: Elaboração própria a partir dos dados do Anuário Estatístico de 2006 (CIDE)

Rio de Janeiro Magé Queimados

Belford Roxo Mesquita São Gonçalo

Duque de Caxias Nilópolis São João de Meriti

Guapimirim Niterói Seropédica

Itaboraí Nova Iguaçu Tanguá

Região Metropolitana 11 460 462

Japeri Paracambi -

Araruama Casimiro de Abreu São Pedro da Aldeia

Armação dos Búzios Iguaba Grande Saquarema

Arraial do Cabo Maricá Silva Jardim

Cabo Frio Rio Bonito -

Região das Baixadas Litorâneas

785 089

Cachoeiras de Macacu Rio das Ostras -

Aperibé Itaperuna Santo Antônio de Pádua

Bom Jesus do Itabapoana Laje do Muriaé São José de Ubá

Cambuci Miracema Varre e Sai

Italva Natividade -

Região Noroeste Fluminense

315 788

Itaocara Porciúncula -

Barra do Piraí Piraí Rio Claro

Barra Mansa Porto Real Rio das Flores

Itatiaia Quatis Valença

Região

do Médio Paraíba 851 982

Pinheiral Resende Volta Redonda

Campos dos Goytacazes, Conceição de Macabu São Fidélis

Carapebus Macaé São Francisco do Itabapoana Região

Norte Fluminense 762 832 Cardoso Moreira Quissamã São João da Barra

Areal Miguel Pereira Três Rios

Com. Levy Gasparian Paraíba do Sul Vassouras

Engenheiro Paulo de Frontin Paty do Alferes -

Região Centro-Sul Fluminense

272 945 Mendes Sapucaia -

Angra dos Reis Mangaratiba - Região da Costa Verde

305 331 Itaguaí Parati -

Bom Jardim Macuco São Sebastião do Alto

Cantagalo Nova Friburgo Sumidouro

Carmo Petrópolis Teresópolis Cordeiro Santa Maria Madalena Trajano de Morais

Região Serrana 799 910

Duas Barras S. José do Vale do Rio Preto -

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Conforme o quadro acima o processo demográfico do estado tem como característica

uma forte concentração na região metropolitana (73,68%), o que contribui para que esse

estado seja a unidade federativa com maior grau de urbanização (96%) do país (Santos, 2003).

Essa singularidade do estado do Rio de Janeiro relaciona-se a histórica e persistente

separação política-administrativa entre a capital (cidade do Rio de Janeiro) e o interior do

estado. Vejamos em perspectiva histórica como se deu este processo.

Do ponto de vista político, a história do estado ressalta os diferentes estatutos jurídicos ao

longo do processo de estruturação e reestruturação de seu território. A sua condição de capital,

tanto no Brasil colonial a partir de 1763 (quando da transferência da capital do Vice-Reinado

de Salvador) quanto no período republicano, a partir de 1889 (na condição de Distrito Federal),

acabou por imprimir a cidade do Rio de Janeiro um maior aporte tanto no volume populacional

quanto no volume de recursos financeiros. A cidade do Rio de Janeiro e suas funções

administrativas e portuárias garantiram um fluxo regular e estável de recursos decorrentes da

exploração das atividades econômicas demandadas por um mercado consumidor em processo

de crescimento. Assim, por quase dois séculos, o Rio de Janeiro foi o principal centro político

e econômico do país (MARAFON et al, 2005).

Entretanto, com o intenso processo de desenvolvimento industrial no estado de São

Paulo46, processo esse decorrente do êxito da atividade cafeeira do Oeste Paulista, o Rio de

Janeiro passou a perder sua supremacia econômica e demográfica no quadro nacional

(FURTADO, 2003). A esse fato, soma-se ainda, a transferência do Distrito Federal para Brasília,

ocorrida em 1960.

Nesse contexto, a cidade do Rio de Janeiro tornou-se o estado da Guanabara onde as

discrepâncias econômicas e demográficas existentes entre seu o núcleo e o interior do estado

do Rio de Janeiro revelaram-se ainda mais intensamente nas décadas de 1960 e 1970.

Com uma área geográfica coincidente com a cidade do Rio de Janeiro, o estado da

Guanabara tornou-se uma cidade-estado, situação que lhe permitiu uma experiência político

administrativa singular – o privilégio da dupla arrecadação de tributos.

Neste período, o melhor desempenho da economia carioca em relação ao desempenho

46 O crescimento industrial de São Paulo teve por base duas fontes inter-relacionadas. O setor cafeeiro e os imigrantes. Os negócios do café promoveram a imigração e os empregos urbanos vinculados a eles. Criaram ainda um mercado de produtos manufaturados e promoveram investimentos em estradas de ferro de modo a ampliar e integrar esse mercado. Ademais a importação das máquinas industriais se deu graças aos recursos em moeda estrangeira advindos da exportação do café (FAUSTO, 2003).

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das cidades do estado do Rio de Janeiro, resultou no crescimento de alguns municípios que se

situavam no entorno do estado da Guanabara, hoje região metropolitana do estado do Rio de

Janeiro, tornando a polarização desta região ainda mais intensa. Nesse sentido os municípios

que mais se destacaram foram Duque de Caxias, Nova Iguaçu, São Gonçalo e São João de

Meriti. Todavia, vale registrar que essa elevação ocorreu menos em função do desempenho da

cidade carioca e mais pelo desempenho daqueles municípios localizados na sua periferia

(SANTOS, 2003).

Ainda nas décadas de 1960 e 1970 ocorreu uma redistribuição no contingente

populacional na direção das seguintes regiões: das Baixadas Litorâneas, provavelmente devido

ao seu potencial turístico; do Norte Fluminense, aonde a Petrobrás vem explorando petróleo na

região costeira, e do Médio Paraíba, onde se estabeleceu um importante centro industrial

metal-mecânico. Nesta região alguns municípios como Volta Redonda e Barra Mansa47

cresceram a taxas superiores as do estado48. Isso também ocorreu com algumas cidades de

porte médio da região Serrana como Petrópolis, Nova Friburgo e Teresópolis. Nessas cidades

prosperaram algumas industrias como as de máquinas e equipamentos; industrias têxteis e do

vestiário assim como as de bebidas e alimentos. Ademais, tanto o comércio varejista como a

prestação de serviços e ainda a produção agrícola, principalmente de hortaliças, acabaram por

impulsionar o desenvolvimento daquela região49.

Entretanto nos municípios do Noroeste Fluminense, registrou-se uma queda significativa

da participação na população estadual, provavelmente em decorrência da crise das tradicionais

atividades primárias ali exploradas50. Nas demais regiões as taxas populacionais permaneceram

estagnadas.

47 Na década de 1940 foi instalada em Volta Redonda (até então Distrito de Barra Mansa) a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) cuja construção e expansão ocorreu em 4 etapas: 1941-48; 1952-54 ; 1956-60 e após 1965, quando a direção da usina se transfere definitivamente do Rio de Janeiro para o município de Volta Redonda. Portanto o período aqui analisado é coincidente com duas fases de intenso e progressivo crescimento da CSN. Em Barra Mansa prosperaram ainda as industrias siderúrgicas (Siderurgia Barra Mansa); a metalúrgica ( Metalúrgica Barra Mansa); a química (Du Point do Brasil) e a de alimentos ( Nestlté). 48 Durante as décadas de 1960 e 1970 as taxas populacionais do estado do Rio de Janeiro foram respectivamente, 35,0% e 25, 3% (SANTOS, 2003). 49 Nesse contexto também podemos destacar a construção da ponte Rio-Niterói e a pavimentação da BR-130 -estrada que liga Nova Friburgo a Teresópolis como importantes fatores propiciadores tanto para o escoamento das produções agrícolas e industriais como para o desenvolvimento do turismo naquelas cidades (MARAFON, 2005). 50 Durante o auge econômico do café, a região chegou a ser a maior produtora do país. Entretanto com a decadência do café algumas fazendas entraram em processo de falência. Por influência da região vizinha (Norte Fluminense) a partir dos anos 1950, a região sobressaiu-se como produtora de açúcar e álcool, mas hoje a produção de cana-de-açúcar destina-se a alimentação de gado leiteiro. Isso porque desde a década de 1970 a região vem se firmando uma das principais produtoras de leite do estado (MARAFON, 2005).

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Em 1975, com o processo da fusão51 o estado da Guanabara deixou de existir e assim a

cidade do Rio de Janeiro tornou-se a nova capital do novo estado do Rio de Janeiro. Nesse

contexto, o projeto político de união dos dois antigos estados com o intuito de promover uma

rede urbana mais equilibrada não logrou êxito, apesar de todo o esforço do governo federal em

patrocinar o desenvolvimento do novo estado do Rio de Janeiro através de investimentos

financeiros maciços.

Ademais, no contexto do novo estado formado, o processo da fusão não foi capaz de

provocar um sentimento de pertencimento ao coletivo-social e tampouco de superar a falta de

solidariedade existentes entre “cariocas e fluminenses” (DAVIDOVICH, 2000 a e b). Assim,

distinguem-se no estado dois subespaços bem distintos entre si: um representado pela Região

Metropolitana e seu núcleo - o município do Rio de Janeiro, e o outro incluindo todos os

municípios fluminenses localizados fora dos limites metropolitanos, denominados em seu

conjunto de - o interior do estado.

Apesar do município do Rio de Janeiro ter diminuindo desde os anos 1960 a sua

participação no processo de polarização da população estadual isso não representou uma

efetiva desconcentração da população, já que é na região metropolitana que encontramos cerca

de 75% da população do estado (SANTOS 2003). Até a década de 1980, os dados econômicos e

demográficos apontavam para o um quadro de relativa estagnação e declínio do estado em

comparação com as outras unidades federativas, tais como São Paulo e Minas Gerais

(MARAFON et al, 2005). Todavia, a partir da década de 1990 ocorreu um aumento da

população e um melhor desempenho econômico em um número crescente de cidades de porte

médio52, localizadas no interior do estado.

Convém ainda lembrar que no Brasil, o contexto político pós-governo militar de

(re)democratização do país somou-se ao processo de descentralização política53 iniciado nos

51 Segundo Parada, (1997) esse processo foi uma controvertida manobra política obtida por um grupo composto por representantes das Industrias do Estado da Guanabara, da Associação Comercial do Rio de Janeiro, do Clube de Lojistas do Estado da Guanabara e do Instituto de Desenvolvimento do Estado do Rio de Janeiro que reunidos em pensamentos ganharam expressão política junto ao governo federal e ao Congresso Nacional. Para Santos, (2003) o projeto da fusão representou uma das últimas manifestações da intervenção do estado na política territorialista nacional. 52 Santos (2003) define “cidades médias” os municípios que até 1996 tinham população entre 100 mil e 1 milhão de habitantes independentemente de estarem localizadas em áreas metropolitanas ou não. A referida autora lembra-nos ainda que de acordo com o IBGE, em 1996 havia no país 196 cidades desse porte sendo que 51,5% delas localizavam-se na região Sudeste. Nesta data os dados populacionais apontam que cerca de 80% das cidades médias brasileiras oscilavam entre 100 a 300 mil habitantes. 53 A descentralização política é um movimento mundialmente em curso desde a década de 80. Abrucio (2006) define

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anos 1980 e aos ideais do movimento municipalista nacional54.

Essa conjunção de fatores possibilitou uma intensa criação de novos municípios55 no país

que amparados legalmente pelo texto constitucional de 1988 passaram a ser reconhecidos

como unidades político-administrativas autônomas e, portanto como membros efetivos da

federação.

Convém aqui lembrar que esta situação representou mudanças expressivas no caráter

historicamente dual do federalismo brasileiro que assim tornou-se um caso extremamente

peculiar no mundo, não sendo identificável em nenhum outro país com organização federativa.

Outra mudança institucional que favoreceu a ampliação da autonomia política nas

unidades subnacionais foi o processo de descentralização fiscal que teve início em meados dos

anos de 1970 e caminhou paralelamente ao movimento da (re) democratização do país. Assim

o aumento das receitas advindas do recolhimento do Imposto de Circulação de Mercadorias e

Serviços (ICMS) e do Fundo de Participação dos Municípios (FPM) esta na base da grande

corrida emancipacionista que teve lugar no país gerando o processo de fragmentação dos

municípios brasileiros (TOMIO, 2002).

A promulgação da nova constituição somente consolidou a oferta de recursos fiscais e as

competências tributárias de estados e municípios. Ademais a descentralização política gerada

pela nova carta constitucional determinou a transferência das emancipações do âmbito da

União para os estados o que representou um fator preponderante para o ritmo diferenciado da

criação de novos municípios após 1988.

Nesta perspectiva, o número de municípios brasileiros passou de 3952 em 1970 para

4491 em 1990, o que representa um aumento de 9,7%. Em 2001 esse número aumentou para descentralização “como um processo nitidamente político, circunscrito a um Estado nacional, que resulta da transferência (ou conquista) eletiva de poder decisório a governos subnacionais, que: a) adquirem autonomia para escolher seus governantes e legisladores; b) para comandar diretamente sua administração; c) para elaborar uma legislação referente às competências que lhes cabem; e por fim, d) para cuidar de sua estrutura tributária e financeira”. 54 Em 1983, num processo suprapartidário, foi criada a Frente Municipalista Nacional que tinha como objetivo o fortalecimento das Câmaras Municipais através de dois movimentos: a descentralização política-administrativa e participação popular a fim de criar condições para uma reforma tributária que beneficiasse os municípios (FERNANDES, 2007). A Frente também atuou decisivamente na Assembléia Nacional Constituinte e se manteve na liderança dos movimentos municipalistas nacionais. 55 A história política brasileira permite uma associação direta entre regime político e criação de municípios. Machado (2005) chama a atenção para o fato que na historia do federalismo brasileiro a alternância entre períodos de centralização e descentralização tem sido um traço característico desde a sua origem em 1891. Deste modo, a relação entre períodos democráticos como a República (1945-1964), a Nova República (anos de 1980) e o período atual seriam caracterizados pela descentralização política, institucional e fiscal que favoreceriam a maior intensidade de emancipações municipais. Ao contrário períodos ditatoriais como o regime militar (1964-1985) devido a suas características centralizadoras, podem ser considerados como inibidores do processo de criação de novos municípios.

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5560 (19,2%). Portanto num período de 30 anos, o número de municípios brasileiros

contabilizou um aumento maior que 38% (TOMIO, 2002). Segundo o IBGE (2001) as regiões

que registraram maior aumento foram a Norte e a Sul com 84% e 62% respectivamente.

Entretanto vale registrar que essa “onda emancipacionista” não foi um fenômeno

totalmente nacional. Ele ocorreu de forma concentrada em alguns estados e sem correlações

com os indicadores socioeconômicos. Assim, estados como Maranhão (64%), Piauí (91%) e

Rio Grande do Sul (104%) apresentaram altos graus de emancipação; Santa Catarina (47%),

Espírito Santo (34%) e Rio de Janeiro (39%) ficaram um pouco acima da média, enquanto que

Bahia (14%), São Paulo (13%) e Sergipe (1%) apresentaram um baixo índice de fragmentação

(TOMIO, 2002).

Embora as emancipações tenham ocorrido de forma heterogênica nos diversos estados, os

novos municípios criados guardam relações de semelhança no que diz respeito aos seus portes

populacionais. Em outras palavras, a grande maioria dos novos municípios (74%) apresentava

uma população inferior a 10 mil habitantes, sendo que na região Sul o número desses

municípios chegou a 90%.

Conforme nos lembra Machado (2005) esse processo trouxe novos dilemas e novos

desafios para a construção do pacto federativo brasileiro. A autora ressalta que “além das

restrições no campo das atividades econômicas e capacidades financeiras” uma grande parcela

dos municípios brasileiros acumula também dificuldades de ordem administrativa devido as

suas capacidades de “formação e de fixação de quadros públicos qualificados, o que limita as

condições para o exercício do governo local”.

Nesse contexto de emancipação territorial, no estado do Rio de Janeiro, no período de

1985 a 2001 foram criados e instalados 28 novos municípios56 que corresponderam a

desdobramentos territoriais em quase todas as regiões57 do estado.

Esses novos municípios distribuíram-se no estado da seguinte forma: 05 na região Norte;

04 na região do Médio Paraíba; 03 no Noroeste Fluminense; 04 nas Baixadas Litorâneas; 02 na

região Serrana; 03 no Sul Fluminense e 07 na região Metropolitana como mostra o quadro

56 Segundo a Fundação CIDE (2006), para a maioria dos municípios emancipados após a CF de 1988, a independência política não foi sinônimo de desenvolvimento econômico. O estudo realizado por aquela instituição, revela que, 16 dos novos municípios criados tiveram o PIB reduzido, ao se comparar 1997 e 2004. Dos cinco municípios que ficaram mais ricos, só Porto Real alcançou um PIB per capita superior ao da média do estado. 57 Somente na Região da Baía da Ilha Grande, que a partir de 2002 passou a se chamar Costa Verde, não foram criados novos municípios nesse período.

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abaixo.

Quadro 5 Municípios criados entre os anos de 1985 a 2001 no estado do Rio de Janeiro

Novo Município

Ano de

emancipação

Desdobramento de:

1. Aperibé 1992 Santo Antônio de Pádua

2. Areal 1992 Três Rios

3. Armação de Búzios 1995 Cabo Frio

4. Arraial do Cabo 1985 Cabo Frio

5. Belford Roxo 1990 Nova Iguaçu

6. Carapebus 1995 Macaé

7. Cardoso Moreira 1989 Campos

8. Comendador Levy Gasparian 1991 Três Rios

9. Guapimirim 1992 Magé

10. Iguaba Grande 1995 São Pedro da Aldeia

11. Italva 1986 Campos

12. Itatiaia 1989 Resende

13. Japeri 1991 Nova Iguaçu

14. Macuco 1995 Cordeiro

15. Mesquita 1999 Nova Iguaçu

16. Paty de Alferes 1987 Vassouras

17. Pinheiral 1995 Piraí

18. Porto Real 1995 Resende

19. Quatis 1992 Barra Mansa

20. Queimados 1990 Nova Iguaçu

21. Quissamã 1989 Macaé

22. Rio das Ostras 1992 Casimiro de Abreu

23. São Francisco de Itabapoana 1995 São João da Barra

24. São José de Ubá 1993 Cambuci

25. São José do Vale do Rio Preto 1987 Petrópolis

26. Seropédica 1995 Itaguaí

27. Tanguá 1995 Itaboraí

28. Varre e Sai 1990 Natividade

Fonte: Elaboração própria a partir dos dados do IBGE e da Fundação CIDE

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Na década de 1990 ocorreu uma redistribuição das populações dos municípios que

sofreram desdobramentos territoriais. Contudo os novos municípios criados entre os anos de

1980 e 1990 não apresentaram uma tendência de maior dinamismo demográfico com exceção

de alguns municípios localizados na região metropolitana. Neste período, o maior crescimento

populacional ocorreu no grupo das chamadas “cidades médias” aqui definidas como aquelas

com população entre 100 a 500 mil habitantes. A este grupo que em 1980 reunia 10 municípios

somaram-se na década de 1990 mais 7 cidades (IBGE 2000).

Além do grupo citado mais três municípios com população entre 500 mil e 1 milhão de

habitantes apresentaram altas taxas de crescimento - Nova Iguaçu e Duque de Caxias, situados

na periferia da cidade do Rio de Janeiro, e São Gonçalo, localizado na periferia de Niterói,

antiga capital do antigo estado do Rio de Janeiro.

Cabe destacar que das 20 cidades com população entre 100 mil e 1 milhão de habitantes

no âmbito do estado, 50% estão situadas na região metropolitana (Duque de Caxias; Itaboraí;

Magé; Niterói; Nova Iguaçu; Belford Roxo; Queimados; São Gonçalo; Nilópolis e São João de

Meriti). As outras 10 cidades restantes encontram-se distribuídas desta forma: 03 situam-se na

região do Médio Paraíba (Resende; Barra Mansa e Volta Redonda); 03 na região Serrana

(Petrópolis; Teresópolis e Nova Friburgo); 02 estão localizadas na região Norte Fluminense

(Campos e Macaé); 01 na região das Baixadas Litorâneas (Cabo Frio) e finalmente 01 na

região da Costa Verde (Angra dos Reis).

Santos (2003) ressalta a importância do crescimento do número das cidades médias, pois

assim a malha urbana estadual poderá tornar-se mais densa, e menos desequilibrada

espacialmente. Ademais, para a autora esse crescimento sugere a formação de centros regionais

no interior do estado.

Assim, de uma forma geral, no âmbito do estado do Rio de Janeiro, a dinâmica

demográfica58, embora fortemente concentrada na região metropolitana, apresenta “claros

sinais de maturidade, aliando altos níveis de urbanização e baixas taxas de crescimento com

maior expansão das cidades de porte intermediário entre as grandes e as pequenas cidades”

(SANTOS, 2003).

Como foi dito no início do capítulo, Rio de Janeiro guarda singularidades basicamente,

atribuídas a fatos que a história pretérita e as políticas públicas imprimiram no atual território 58 Santos (2003) denomina “dinâmica demográfica” o movimento populacional tomando por base a análise dos indicadores demográficos.

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59

do estado. O perfil de concentração de atividades e população que imprimiu certa

característica a cidade, avançou gradativamente e teve seu auge quando o Rio de Janeiro foi a

capital do país, e mais tarde atingiu sua posição metropolitana. Desta forma, a cidade do Rio

de Janeiro passou a desenvolver “um tipo de dominação sobre o território estadual, certamente

singular no Brasil” (DAVIDOVICH, 2000).

Nas palavras de Lessa, o “Rio serviu de representação-síntese da nacionalidade

brasileira, como dos elementos nucleares da construção ideológica nacional, da identidade e

potencialidades do país” ( LESSA, 2000).

Neste contexto de singularidades, vale destacar a forte concentração populacional

existente na região metropolitana do Rio de Janeiro, que apresenta a maior taxa de

urbanização do país (96%) numa unidade federativa de pequenas dimensões (4.686,5 km²) e

que tem uma importância mais que proporcional no Produto Interno Bruto (PIB) nacional bem

como na dimensão cultural.

Outro aspecto da singularidade do processo em consideração diz respeito à inexistência

de coesão e de laços de solidariedade territorial. Fato este que permanece nos sentimentos e

nas identidades carioca e fluminense e que traduz a “difícil e ainda inconclusa rearticulação

política e econômica regional” iniciada com o processo da fusão em 1975 (LESSA, 2000).

Neste sentido, as Regiões que compõem o estado apresentam heterogeneidades

econômicas, políticas e sociais com importantes “desníveis entre os padrões urbanísticos e de

cobertura de serviços públicos entre os mais de 6 milhões de habitantes dos municípios do Rio

de Janeiro e de Niterói e os 4,2 milhões de moradores dos municípios da RMRJ” (LESSA,

2000). Estes desníveis tornam-se ainda mais visíveis nos municípios que compõem o chamado

interior do estado.

No próximo item deste capítulo veremos que nesse quadro de singularidades inerentes ao

estado do Rio de Janeiro também se inserem aquelas relativas ao campo da saúde.

3.2 O estado do Rio de Janeiro: a atuação da secretaria estadual de saúde

Em outro plano de análise, tomando como referência o âmbito da saúde, o estado do Rio

de Janeiro guarda especificidades também historicamente construídas59 que trouxeram e ainda

59 A história da saúde no estado do Rio de Janeiro é detalhadamente descrita por Parada em seus trabalhos de Mestrado (1997) e Doutorado (2002). As dissertações de Lima (1999) e Pastrana (2003), também trazem contribuições relevantes para o estudo da saúde no âmbito do estado do Rio de Janeiro.

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60

trazem sérias implicações para a governabilidade do setor saúde no estado. (PARADA, 1997 e

2002 ; LIMA, 1999 e PASTRANA, 2003).

Por ter sido capital da república, a cidade do Rio de Janeiro acumula hoje a maior rede

de serviços de saúde públicos do país. Este fato imprime características singulares ao sistema

de saúde no âmbito estadual como veremos a seguir.

Já desde do processo de fusão (1975) do extinto estado da Guanabara, (hoje município do

Rio de Janeiro), com o estado do Rio de Janeiro, as duas secretarias de saúde que se formaram

(municipal e estadual) seguiram linhas próprias de atuação com predominância de suas culturas

originais. Assim, ao longo do processo de implantação do SUS, a Secretaria de Estado de

Saúde (SES) manteve a sua vocação sanitarista60 priorizando as suas ações no interior do

estado, enquanto que a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) reafirmou a cultura do antigo

estado da Guanabara: sanitarista nos centros de saúde e assistencialista nos hospitais gerais e

especializados (PARADA, 1997).

Segundo Parada (2002), nos anos 90, o exercício de governar a saúde no estado

significou a busca do “equacionamento e do equilíbrio entre o velho papel da SES de gerenciar

a rede e o novo papel, o de gestor do sistema público de saúde”.

A municipalização dos centros e postos de saúde direcionou a responsabilidade da SES

aos Hospitais Gerais e Especializados. Assim, a rede hospitalar do estado, conta atualmente

com 28 unidades próprias, sendo 17 Hospitais, 2 Unidades Pré-hospitalares61, 7 Institutos, 2

Postos de Atendimento Médico (PAM), 1 Laboratório, 1 Centro Psiquiátrico e 1 Centro de

Tratamento de Adictos. Desse total de unidades de serviços, 20 estão localizadas no município

do Rio de Janeiro (todas herdadas do antigo Distrito Federal e do estado da Guanabara). As

demais unidades estão localizadas em apenas 7 municípios62 dos 92 existentes no estado.

Entretanto, a rede estadual não se integra aos municípios, não conforma nenhuma rede

60 Segundo Parada (1997), antes da fusão, a SES do antigo estado do Rio de Janeiro tinha sua atuação voltada exclusivamente para as ações de vigilância sanitárias. Seu corpo dirigente era formado por técnicos oriundos, na sua maioria, da Faculdade de Saúde Pública de São Paulo. 61 Apesar destas duas unidades terem sido instituídas recentemente, em tese, ambas são anexos dos Hospitais Pedro II e Rocha Faria. Portanto, frutos de unidades remanescentes do estado da Guanabara. 62 Essas unidades encontram-se nos seguintes municípios: Duque de Caxias (Hospital Estadual Adão Pereira Nunes- Saracuruna); Itaboraí (Hospital Estadual Prefeito João Batista Cáffaro e Hospital Estadual Tavares Macedo- Hanseníase); Niterói (Hospital Estadual Azevedo Lima, Instituto Estadual de Doenças do Tórax Ary Parreiras- Tisiologia e Instituto Vital Brasil); São Gonçalo (Hospital Estadual Alberto Torres); Carmo (Hospital Estadual Teixeira Brandão – Psiquiatria); Araruama (Hospital Regional de Araruama) e Casimiro de Abreu (Hospital Estadual de Barra de São João) (SES RJ, 2007).

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de referência e contra-referência e tampouco entra na programação dos municípios. No âmbito

municipal, as unidades hospitalares estaduais não estão subordinadas às coordenações das suas

áreas programáticas (APs).

Segundo Parada (2002), apesar do estado ter transferido unidades de serviço e atribuições

para os municípios, a SES não assumiu o seu papel na condução desse processo, e assim, a

formação do sistema estadual de saúde do Rio de Janeiro não foi concretizada. Esse fato

repercutiu no processo da municipalização63 e torna mais complexa a agenda atual de

regionalização do SUS no estado do Rio de Janeiro.

Entretanto vale lembrar que o processo de consolidação do SUS e a implantação de novos

modelos assistenciais, “vêm exigindo uma maior capacidade institucional das SESs para o

exercício” de funções tais como “formulação de políticas, planejamento, financiamento,

regulação e normatização, garantia e regulação do acesso aos serviços de saúde, organização

regionalizada da rede de serviços de saúde, monitoramento e avaliação do sistema estadual e

articulação e cooperação técnica com as secretarias municipais de saúde”(BRASIL, 2007 a p.26-

27).

3.3 O estado do Rio de Janeiro: um olhar sobre a rede própria do SUS

O Sistema Único de Saúde integra serviços realizados na sua rede própria nos três níveis

de governo, bem como aqueles contratados através de instituições privadas e/ou filantrópicas

– a chamada rede complementar. No entanto, dados os limites desta dissertação, optamos por

analisar exclusivamente o segmento da rede própria do SUS. Assim, neste item descreveremos

a rede própria do SUS no estado do Rio de Janeiro, considerando além do nível de atenção, a

natureza jurídica do prestador.

Quanto ao nível federal, no âmbito do estado do Rio de Janeiro, apenas duas cidades:

Rio de Janeiro e de Niterói apresentam unidades sob a gestão deste nível governamental.

Entretanto a cidade de Niterói conta apenas com uma destas unidades: O Hospital

Universitário Antônio Pedro. Convém ainda registrar que, a exemplo da unidade fluminense,

todas as unidades federais de saúde existentes no município do Rio de Janeiro, oferecem

atenção em nível hospitalar.

63Segundo Parada (2002 p. 137), a despeito do avanço do processo de municipalização da saúde ocorrido na maioria dos estados brasileiros, no Rio de Janeiro tal processo foi considerado, no plano nacional, como de baixo perfil.

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A seguir veremos quais são estas unidades federais, como elas estão distribuídas na

cidade e quais são as características da sua oferta.

A rede federal de saúde localizada no município do Rio de Janeiro é composta por 21

Unidades: 06 Hospitais Gerais (Servidores, Bonsucesso, Jacarepaguá, Ipanema, Andaraí e

Lagoa), e de 03 Institutos (Instituto Nacional de Cardiologia de Laranjeiras - INCL; Instituto

de Traumato-Ortopedia -INTO e finalmente o Instituto Nacional do Câncer – INCA, composto

por IV unidades hospitalares e 01 Centro de Transplante de Medula Óssea - CEMO).

Ademais o estado conta com os seguintes Hospitais Universitários e Institutos de ensino

ligados ao governo federal: Hospital Escola São Francisco de Assis (HESFA); Hospital

Universitário Clementino Fraga Filho (HUCFF); Maternidade Escola (Laranjeiras); Instituto

de Pediatria e Puericultura Martagão Gesteira (IPPMG); Instituto de Psiquiatria (IPUB);

Instituto de Ginecologia (IG); Instituto de Neurologia Deolindo Couto (INDC) e o Instituto de

Doenças do Tórax (IDT). Todos pertencentes à Universidade Federal do Rio de Janeiro

(UFRJ).

Os Hospitais Universitários Graffé e Guinle da Universidade Federal do Estado do Rio

de Janeiro (UNIRIO) e Antônio Pedro da Universidade Federal Fluminense, este como já

explicitado, localizado em Niterói, também integram o quadro das unidades federais no Rio

de Janeiro.

Os Institutos Fernandes Figueira (maternidade e especialidades pediátricas) e de

Pesquisa Clínica Evandro Chagas (infectologia) são unidades de ensino e pesquisa

pertencentes à Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ).

No nível estadual, a Secretaria de Estado de Saúde64 (SES), em 2001, por ocasião da

elaboração do Plano Diretor de Regionalização do estado do Rio de Janeiro (PDR), utilizou

basicamente a mesma divisão geográfica preconizada pelo CIDE65, tal como vimos no item

anterior, porém com algumas adaptações66.

Nesse sentido, o desenho das regiões para a área da saúde foi aprovado pela Comissão

64 Na atual gestão do governador Sergio Cabral ocorreu a união das Secretarias de Estado de Saúde e Secretaria de Defesa Civil do Estado. A nova secretaria formada passou a ser denominada de Secretaria de Estado de Saúde e Defesa Civil (SESDEC/RJ). 65 O Estado do Rio de Janeiro atualmente conta com 92 municípios divididos em oito regiões geográficas de governo conforme a Fundação CIDE. 66 As modificações realizadas pela SES modificaram o desenho geográfico das regiões do estado que passaram de oito para nove. A única região que não teve seu desenho alterado foi a do Médio Paraíba.

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Intergestores Bipartite (CIB) e pelo Conselho Estadual de Saúde respectivamente em outubro

e dezembro de 2001. Segundo o documento em questão essas alterações foram realizadas de

modo à “atender aos fluxos já existentes de necessidade de atenção à saúde, muitas vezes,

definido pela própria população”. Destaca ainda que a responsabilidade de condução do

processo é do gestor estadual, que juntamente com os municípios deverá definir e organizar os

serviços assistenciais no âmbito supranacional (CIB-RJ Nº 92, 2001).

A seguir podemos ver o quadro com a divisão regional tal como preconizado pela então

SES.

Quadro 6 Regiões do estado do Rio de Janeiro de acordo com a SESDEC

Baía da Ilha Grande 173.555 habitantes

(1,20%) 3 municípios

Angra dos Reis Mangaratiba Parati

Saquarema São Pedro da Aldeia Armação de Búzios Araruama Arraial do Cabo Casimiro de Abreu e

Baixada Litorânea (BL) 441.000 habitantes (3,06%)

9 municípios

Iguaba Grande Cabo Frio Rio das Ostras

Três Rios Paraíba do Sul Egenheiro Paulo de

Frontin Areal Vassouras Mendes

Comendador Levy Gasparian

Miguel Pereira Paracambi

Região Centro Sul (CS) 294.987 habitantes (2,05%)

11 municípios

Sapucaia Paty do Alferes -

Piraí Valença Quatis Pinheiral Rio das Flores. Porto Real Volta Redonda Rio Claro Resende

Região Médio Paraíba 784.813 habitantes

( 5,46%)

12 municípios Barra do Piraí Barra Mansa Itatiaia.

Rio de Janeiro Magé Mesquita Itaguaí Nova Iguaçu, São João de Meriti, Seropédica Japeri, Belford Roxo

Região Metropolitana I 9.131.585 de hab.(63,55%)

12 municípios Duque de Caxias Queimados Nilópolis

Niterói Itaboraí Rio Bonito Maricá Tanguá -

Região Metropolitana II 1.708.815 hab. ( 11,89%)

7 municípios São Gonçalo Silva Jardim -

Bom Jesus de Itabapoana

Porciúncula, Aparibé, Região Noroeste (NO) 283.049 hab.( 1,97%)

Itaperuna Laje do Muriaé Itaocara,

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Santo Antônio de Pádua São José de Ubá Cambuci Natividade Italva Miracema

14 municípios

Varre e Sai Cardoso Moreira -

São Francisco de Itabapoana

Quissamã Campos de Goytacazes

São João da Barra Conceição deMacabu Carapebus

Região Norte (N) 684.409 habitantes( 4,76%)

8 municípios São Fidelis Macaé -

Teresópolis Nova Friburgo Cantagalo Petrópolis Cachoeiras de Macacu São Sebastião do Alto Guapimirim, Bom Jardim Trajano de Moraes São José do Vale do Rio Preto

Duas Barras Santa Maria Madalena

Sumidouro Cordeiro -

Região Serrana (SR) 873.837 habitantes ( 5,3%)

16 municípios Carmo Macuco -

Fonte: Elaboração própria a partir de informações contidas no PDR/RJ (2001/2004)

No novo desenho regional da saúde o estado passou então a contar com 9 regiões, pois a

Região Metropolitana foi subdividida em duas: Metropolitana I e II. Conforme o referido

documento do PDR, isso foi necessário não só devido ao grande contingente populacional

desta região, mas, sobretudo devido a sua capacidade instalada.

De acordo com o quadro 6, o mapa a seguir mostra geograficamente as regiões do estado

do Rio de Janeiro conforme os critérios adotados pela SES-RJ em 2001.

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Figura 1 Mapa do estado do Rio de Janeiro de acordo com a divisão regional idealizada pela SES

Fonte: SESDEC/RJ/PDR/2001

Conforme o exposto acima, para efeitos desta dissertação, consideraremos as regiões do

estado de acordo com o estabelecido pela SES em 2001.

Nesta perspectiva, no desenho impresso pelo PDR, as unidades próprias do nível

estadual estão distribuídas em apenas 4 das 9 regiões de saúde: Região Metropolitana I,

Região Metropolitana II, Região Serrana e Região das Baixadas Litorâneas, como veremos

mais detalhadamente a seguir:

1- Região Metropolitana I

Uma Central de Transplantes do Rio de Janeiro; 01 Centro de Tratamento de Anomalias

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Craniofaciais (REVIVA), 01 Centro de Tratamento e Reabilitação de Adictos (CENTRA-

RIO) e 01 Centro Psiquiátrico; todos localizados no município do Rio de Janeiro.

A rede de unidades estaduais conta ainda com 09 hospitais, também todos localizados no

município do Rio de Janeiro. São eles: Hospital Estadual Albert Schweitzer (Realengo),

Hospital Estadual Eduardo Rabello (Campo Grande); Hospital Estadual Anchieta – ortopedia

(Cajú); Hospital Estadual Carlos Chagas (Marechal Hermes); Hospital Estadual Getúlio

Vargas (Penha); Hospital Estadual Pedro II (Santa Cruz); Hospital Estadual Rocha Faria

(Campo Grande) e o Hospital Estadual Santa Maria –Tuberculose (Taquara/ Jacarepaguá).

Além destes, o estado ainda conta com a Unidade Pré-Hospitalar Almir Dutton, mais

conhecida como “Rochinha”, (Campo Grande), e Unidade Vereador Adelino Simões, mais

conhecida como “Pedrinho”, localizado em Nova Sepetiba.

Somam-se ainda a estas unidades 05 Institutos Estaduais todos localizados no município

do Rio de Janeiro. São eles: no Centro, os Institutos de Diabetes e Endocrinologia Luiz

Capriglione (IEDE) e de Hematologia Arthur Siqueira Cavalcanti (HEMORIO); no Humaitá,

o Instituto Estadual de Cardiologia Aloysio de Castro (IECAC), em Jacarepaguá, o Instituto

Estadual de Dermatologia Sanitária (IEDS-Curupaiti); e no Cajú o Instituto Estadual de

Infectologia São Sebastião (IEISS).

Ainda na região Metropolitana I o estado dispõe de: 01 Laboratório Central de Saúde

Pública Noel Nutels (LCNN) localizado no Centro e de 02 Postos de Atendimento Médico, a

saber: PAM Cavalcanti e PAM Coelho Neto, localizados nos bairros do mesmo nome no

município do Rio de Janeiro. No município de Duque de Caxias o estado conta com o

Hospital Estadual Adão Pereira Nunes localizado no bairro de Saracuruna e em Nilópolis com

o Hospital Estadual Vereador Melchiades Calazans (HEMEC).

O Hospital Universitário Pedro Ernesto (HUPE) é uma unidade da Universidade

Estadual do Rio de Janeiro (UERJ) e está localizado no bairro de Vila Izabel também

pertencente à região Metropolitana I do município do Rio de Janeiro.

2- Região Metropolitana II

Os equipamentos estaduais de saúde estão distribuídos da seguinte forma: 02 Hospitais

localizados no município de Itaboraí: o Hospital Estadual Prefeito Jõao Batista Caffaro

localizado no Centro e o Hospital Estadual Tavares Macedo (Hanseníase) localizado em

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Venda das Pedras. No município de Niterói estão o Hospital Estadual Azevedo Lima no bairro

do Fonseca e os Institutos Estaduais: de Doenças do Tórax Ary Parreiras (IEDT) localizado no

bairro de Barreto, e Instituto Vital Brasil (IVB) situado no bairro de mesmo nome. E por

último, no município de São Gonçalo encontramos o Hospital Estadual Alberto Torres situado

no bairro Colubandê.

3- Região Serrana

Localizado no município do Carmo encontramos 01 hospital de Psiquiatria: o Hospital

Estadual Teixeira Brandão.

4- Região da Baixada Litorânea

Nesta região o estado é o gestor do Hospital Regional de Araruama, localizado no centro

daquele município e do Hospital Estadual de Barra de São João situado no município de

Casimiro de Abreu.

Ainda que duas cidades do estado possuam unidades federais (Rio de Janeiro e Niterói),

e oito cidades possuam Unidades estaduais (Rio de Janeiro, Niterói, Duque de Caxias,

Itaboraí, São Gonçalo, Araruama, Carmo e Casimiro de Abreu), oferecendo assistência à

saúde em outros níveis de complexidade, todos os demais municípios que ofertam atenção à

saúde, através de rede própria, o fazem apenas em nível básico e/ou de média complexidade.

A alta complexidade quando oferecida nestes locais, o é, através da rede conveniada do

SUS.67

De acordo com as Normas Operacionais do SUS, o ente municipal, é responsável pela

oferta de atenção básica aos seus munícipes e na dependência da forma de gestão habilitada,

essa responsabilidade é estendida aos outros níveis de atenção (Gestão Plena do Sistema

Municipal - GPSM).

Nessa perspectiva veremos a seguir, de acordo com as referidas normas, de que forma

estão habilitados os municípios.

O estado do Rio de Janeiro possuía, em 2007, 23 municípios habilitados em Gestão

Plena do Sistema Municipal (GPSM), a saber: Angra dos Reis; Arraial do Cabo; Barra Mansa;

Belford Roxo; Carmo; Duque de Caxias; Guapimirim; Itaboraí; Itaguaí; Itaperuna; Niterói;

67 Para efeitos desta dissertação, a rede conveniada não será considerada.

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Nova Friburgo; Nova Iguaçu; Paracambi; Petrópolis; Piraí; Resende; Rio de Janeiro; São João

de Meriti; Sumidoro; Teresópolis; Vassouras e Volta Redonda. Os demais 69 municípios do

estado encontravam-se habilitados em Gestão Plena da Atenção Básica Ampliada (GPABA).

Vale lembrar que como já explicitado no capítulo 2, item 2.3, a Estratégia Saúde da

Família (ESF) é o modelo de atenção escolhido pelo MS para a reorganização da atenção

básica no país. Tomando este fato como verdadeiro, a presente dissertação considerará este

nível de atenção a partir da ESF68.

Neste sentido o estado possuía, em dezembro de 2007, 8.511 equipes de Agentes

Comunitários de Saúde (ACSs) distribuídas em 87 (94,6%) municípios e 1.302 equipes de

saúde na Estratégia Saúde da Família (ESF) em 85 municípios dos municípios do estado

(93,5%). Até esta data, o número de equipes de Saúde Bucal na ESF nas Modalidades I e II

contabilizava respectivamente 436 e 45 unidades. Portanto, na ESF em 2007, existiam 488

equipes de saúde bucal com um percentual de cobertura de 17,43% da população do estado.

O quadro 7 mostra a distribuição de ACSs, ESFs e Equipes e ESBs, implantados até

dezembro de 2007 no estado do Rio de Janeiro.

Quadro 7 Nº de ACSs, ESFs e ESBs e seus percentuais de cobertura no estado do RJ

Número de Municípios

Percentual de Municípios

Número de Equipes

Implantadas

População Acompanhada

ACSs 87 94,6% 8.511 4.784.101 (30,73%)

ESFs 85 92,4% 1.302 4.377.805 (28,12%)

ESBs 62 67,4%

481

(Mod.I = 436)

Mod. II = 45) 2.713.975 (17,43%)

Fonte: Elaboração própria a partir dos dados do MS / DAB

Como mostra o quadro acima, ainda que a Estratégia de Saúde da Família esteja

atendendo a 85 municípios dos existentes no estado, ela cobre somente 28,12% da população.

Considerando o percentual de cobertura das Equipes de Saúde Bucal, somente 17,43% da

população, tem este serviço assegurado.

68 O MS considera que o Programa de Agentes Comunitários de Saúde (ACS) é parte da Estratégia Saúde da Família. Nos municípios onde há somente o ACS, este pode ser considerado um programa de transição para a Saúde da Família ( DAB /MS- disponível em: http://dtr2004.saude.gov.br/dab/atencaobasica.php#acs ).

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Em outras palavras, sete municípios do estado não contavam com equipes de Saúde da

Família para a reorganização e resolução da atenção básica em seus territórios até dezembro

de 2007. São eles: Japeri, Queimados, Rio das Ostras, Itatiaia, São Fidélis, Cardoso Moreira e

Trajano de Moraes. Contudo, os municípios de Japeri, Itatiaia, Cardoso Moreira e São Fidelis

contavam, até esta data, com a atuação de equipes de ACSs.

Os sete municípios mencionados estão distribuídos nas regiões da seguinte maneira:

Japeri e Queimados encontram-se na Metropolitana I e os demais, nas regiões da Baixada

Litorânea, Médio Paraíba, Norte, Noroeste e Serrana respectivamente.

Desta forma, apenas duas regiões do estado possuem ESFs em todos os municípios que

as compõem: Baía da Ilha Grande e Centro Sul.

No tocante a atenção à saúde bucal, segundo a leitura dos dados disponibilizados pelo

MS correspondentes a dezembro de 2007, 30 municípios do estado não apresentavam ESBs

conforme exposto no quadro abaixo. Além dos 07 citados anteriormente como não

possuidores de ESFs, mais 23 municípios distribuídos em 7 das 9 regiões de saúde, ainda não

dispunham ou não informavam este tipo de cobertura. A região da Baía da Ilha Grande é a

única região que apresenta ESB’s em todos os seu municípios.

Entretanto, segundo dados da SESDEC69, onze dos 23 municípios citados acima

possuem ESBs habilitadas pelo MS, porém sem produzir e/ou informar a produção ao Sistema

de Informação da Atenção Básica (SIAB). Estes municípios são: São João de Meriti,

Nilópolis, Queimados, Tanguá, Trajano de Moraes, Teresópolis, São Sebastião do Alto,

Macuco, Barra Mansa, Miguel Pereira e Itaperuna. De forma divergente dos dados fornecidos

pelos sites do MS, segundo o documento produzido pela SESDEC, os municípios de

Quissamã, Guapirimirim e Japeri são informados como existentes.

Vale registrar que de acordo com o referencial teórico que embasa essa dissertação,

consideramos como existentes as ESBs que possuem atuação com produção informada aos

bancos de dados do MS. Enfatizamos ainda que a habilitação ou qualificação (termo utilizado

pela SESDEC no documento em questão) de uma ou mais ESBs não garante a

operacionalização da assistência à população adscrita a ESF a qual esta ou estas equipes

pertençam. Portanto, afirmamos mais uma vez que para efeitos desse estudo, “equipe 69 Leitura de dados do documento “Situação da Estratégia da Saúde da Família no Estado do Rio de Janeiro” competência de dezembro de 2007 do SIAB. SESDEC / SAS / SABGC. Este documento, conhecido na SESDEC como “Tabelão” é produzido mensalmente pelos técnicos da SABGC com o intuito de acompanhar a implantação e implementação da atenção básica no estado.

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70

existente” significa equipe com atuação assistencial. Assim, em compatibilidade com os dados

MS, ainda que os municípios listados acima tenham equipes habilitadas, estes foram

contabilizados como municípios que não contam com atuação de ESBs.

A distribuição dos municípios que não contavam com atuação de ESBs em dezembro de

2007 está representada no quadro abaixo. 70

Quadro 8 Municípios do estado do RJ sem cobertura das ESBs

Fonte: Elaboração própria a partir do cruzamento de dados MS / DAB; DATASUS e FNS

Vale ainda registrar que deste total de municípios que não contam com ESBs, três

oferecem serviços especializados através dos CEOs, a saber: Barra Mansa (Região do Médio

Paraíba), Niterói (Metropolitana II) e Itaperuna (Noroeste).

3.4 A rede municipal de saúde na cidade do Rio de Janeiro

Conforme já explicitado nos itens 3.2 e 3.3 deste capítulo, o Rio de Janeiro é o município

que concentra o maior número de equipamentos da rede própria do SUS no Brasil. Esses

equipamentos têm natureza jurídica nos três níveis de governo: federal, estadual e municipal e

70 Até julho de 2007, apenas a região da Baía de Ilha Grande possuía ESBs em todos os seus municípios e na mesma proporção das ESFs.

Região Total de

municípios da região

Municípios que não contam com ESBs

Baixada Litorânea

09 Rio das Ostras

Metropolitana I

12 São João de Mereti, Japeri, Nilópolis, Queimados e Itaguaí

Metropolitana II 07

Niterói, Tanguá e São Gonçalo

Médio Paraíba

12 Barra Mansa, Itatiaia e Quatis

Centro Sul

11 Miguel Pereira e Paracambi

Noroeste

14 Italva , Itaocara , Cardoso Moreira e Itaperuma

Serrana 16

Trajano de Moraes, Teresópolis, São Sebastião do Alto, Macuco, Nova Friburgo, Duas Barras, Carmo e Guapimirim

Norte 08

Carapebus, São Fidelis , São João da Barra e Quissamã

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atendem aos três níveis de atenção.

Vale lembrar que no tocante a forma de gestão, o município do Rio de Janeiro está

habilitado em GPSM. Nesta perspectiva, a seguir veremos como estão dispostos os serviços

municipais de saúde na cidade do Rio de Janeiro.

A rede municipal dispõe de: 01 Casa de Parto; 03 Maternidades; 09 Centros de Atenção

Psicossocial (CAPSs); 01 Centro Municipal de Reabilitação (CMR); 18 Centros Municipais de

Saúde; 17 Hospitais Municipais; 07 Institutos Municipais; 12 Postos de Assistência Médica

(PAM); 02 Policlínicas; 57 Postos de Saúde; 03 Unidades Integradas de Saúde e 25 equipes de

PSF.

Para efeitos de planejamento e administração dos serviços públicos, o município do Rio

de Janeiro está dividido em cinco subáreas geográficas denominadas em Áreas de

Planejamento ou Áreas Programáticas (APs). Estas, por sua vez são formadas por Regiões

Administrativas (RAs) e seus respectivos bairros.

O mapa abaixo mostra como estão distribuídos os equipamentos de saúde no interior do

município do Rio de Janeiro.

Figura 2 Mapa do município do Rio de Janeiro de acordo com distribuição territorial da rede de

saúde

Fonte: SESDEC /SAS/ Superintendência de Atenção Básica e Gestão do Cuidado, 2007

Apesar do Rio de Janeiro ser o município que concentra a maior rede de serviços de

saúde do estado, como podemos ver no mapa acima esta rede encontra-se distribuída de forma

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heterogenia pelo território municipal, configurando áreas de vazios assistenciais.

Se por um lado esta concentração de equipamentos existente na cidade do Rio de Janeiro

é responsável pela migração da população de outros municípios (principalmente da região

Metropolitana I) em busca de atendimento, por outro lado, este fato compromete o

planejamento municipal e aponta para a necessidade de um planejamento regional.

Conforme explicitado acima, com exceção do Rio de Janeiro, Niterói, Duque de Caxias,

Itaboraí, São Gonçalo, Araruama, Carmo e Casimiro de Abreu, nos demais municípios do

estado, independentemente da forma de gestão habilitada, a oferta de serviços assistenciais se

dá através de rede própria municipal e/ou rede conveniada. No próximo capítulo, que se

ocupará da pesquisa realizada para subsidiar esta dissertação, os equipamentos municipais

próprios de saúde dos demais 91 municípios do estado serão descritos quantitativamente, com

foco na oferta de serviços no âmbito da saúde bucal.

Vale registrar que se trata de um esforço pioneiro de quantificação, dado que o exame da

bibliografia existente em saúde bucal e em estudos de saúde sobre o Rio de Janeiro, não

apresentam nenhum esforço de quantificação semelhante (KORNIS et al, 2006). Vale também

observar que essa quantificação considera especialmente a heterogeneidade do estado do Rio

de Janeiro como uma característica central para uma compreensão adequada da estrutura

dinâmica do sistema de saúde desta unidade da federação.

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73

4. UMA ANÁLISE DO PERFIL DA OFERTA DE SERVIÇOS EM SAÚDE BUCAL NO CONTEXTO DA PNSB

Para melhor entender o presente e

planejar o futuro é importante

conhecer um pouco do passado e

buscar o aprendizado com as

experiências, erros e acertos

ocorridos.

João Werner Falk

No capítulo II desta dissertação vimos que a partir de 2000, com a publicação das

Portarias GM/MS nº 1.444 e GM/MS nº 267/01 -que tratam ambas da inserção das ESBs na

ESF- houve por parte do Ministério da Saúde (MS), uma tentativa de reorganização das

práticas assistenciais e de ampliação dos serviços em saúde bucal. Entretanto, foi somente a

partir do ano de 2004 que a saúde bucal passou a fazer parte da agenda do governo federal,

através da publicação do documento “Diretrizes da Política Nacional de Saúde Bucal”. Esse

fato deu início a um progressivo e significativo aumento no volume de recursos federais para

esta área de atenção à saúde.

Assim, considerando o eixo referencial teórico já mencionado no primeiro capítulo

desta dissertação, a saúde bucal é aqui tomada não apenas como uma oferta de bens e

serviços específicos, mas também como uma resposta às necessidades dos indivíduos e dos

coletivos. Ademais, conhecidas e entendidas as peculiaridades da conformação do sistema de

saúde do estado do Rio de Janeiro, procuramos estabelecer uma metodologia de pesquisa que

permitisse construir uma primeira visão crítica do recente desenvolvimento das ações da

PNSB no âmbito estadual.

4.1: Metodologia da Pesquisa

A metodologia em questão buscou identificar em que medida e de que maneira a

política de incentivo do MS aplicada a PNSB imprimiu características à reorganização do

modelo e atenção à saúde bucal no estado do Rio de Janeiro. Essa metodologia, ainda,

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deveria ser capaz de ser expandida para o conjunto das demais unidades da federação. Desta

forma passamos, a seguir, a descrever a metodologia desta pesquisa.

A pesquisa envolveu as seguintes bases de dados: Instituto Brasileiro de Geografia e

Estatística (IBGE); Ministério da Saúde /Departamento de Atenção Básica (DAB); Fundo

Nacional de Saúde (FNS); Associação Estadual dos Municípios do Estado do Rio de Janeiro

(AEMERJ); Centro de Informações e Dados do Rio de Janeiro (Fundação CIDE); Secretaria de

Saúde e Defesa Civil do Estado do Rio de Janeiro (SESDEC-RJ) e do Banco de dados do

Sistema Único de Saúde (DATASUS).

A partir dos dados disponíveis no site do IBGE foram selecionadas as informações sobre

a população dos municípios e do banco de dados Cidades@ relativos as informações

estatísticas “Serviços de Saúde 2005” (http://www.ibge.gov.br/cidadesat/default.php).

Através desta ferramenta do IBGE foram extraídos dados acerca da rede própria do SUS, no

que tange a natureza jurídica do prestador e as características da assistência prestada.

No site do MS, a partir do link do Departamento de Atenção Básica - DAB

(http://dtr2004.saude.gov.br/dab/localiza_cadastro.php) foram extraídos os dados referentes à

“Evolução do credenciamento e implantação da Estratégia Saúde da Família”, do estado do

Rio de Janeiro, assim como os dados referentes à habilitação e implantação dos CEOs e

LRPDs (http://dtr2004.saude.gov.br/dab/cnsb/).

No site do Fundo Nacional de Saúde (http://www.fns.saude.gov.br/) foram capturados

os dados referentes aos repasses de recursos federais aos municípios no segundo semestre de

2007.

Do site da AEMERJ (http://www.aemerj.org.br/aemerj/intro.asp) foram extraídos os

valores referentes ao Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do ano de 2000 e valores

demográficos dos 92 municípios do estado.

Foram utilizados também os dados do Anuário Estatístico 2006, contidos no cd-rom

homônimo da Fundação CIDE.

A pesquisa também considerou o levantamento bibliográfico de textos publicados em

livros e em periódicos especializados, tanto na área de saúde coletiva quanto na área de saúde

bucal, assim como documentos institucionais do MS e da SESDEC – RJ, tais como: Plano

Diretor de Regionalização (PDR/2001), Deliberação CIB-RJ n º 92, que trata da “Alteração

da configuração regional para o planejamento da atenção à saúde” (CIB/2001); Modalidade

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de Gestão nos municípios do estado; Notas Técnicas da Gerência de Saúde Bucal, assim

como, outros Documentos das Superintendências de Atenção Básica e Gestão do Cuidado

(SABGC) e da Rede Própria.

Do site do DATASUS (http://w3.datasus.gov.br/datasus/datasus.php) foram extraídos os

seguintes dados: “Série Histórica da Produção Ambulatorial”, no período entre janeiro de

1998 a dezembro de 2007, assim como dados correspondentes “Metas dos Indicadores da

Atenção Básica” referente ao estado do Rio de Janeiro e seus 92 municípios, o que configura

uma década de pesquisa. Neste período ocorreram vários fatos de grande relevância para o

campo da saúde e em especial para a saúde bucal tais como:

1- implantação do Piso de Assistência Básica (PAB), a partir de janeiro

de 1998

2- implantação do Pacto de Indicadores da Atenção Básica 2001

3- inserção das ESBs na ESF em 2001

4- implantação das NOASs (2001/02)

5- início da vigência da PNSB a partir de 2004

6- promulgação do Pacto pela Saúde 2006

Vale registrar que para o período selecionado, os dados encontram-se dispostos em

duas variáveis: “Procedimentos até 10/1999 e Procedimentos após 10/1999”. Os

procedimentos estão discriminados entre os que “fazem parte ou não do PAB” e essa

categorização abrange tanto a tabela em vigor até outubro/1999 como a tabela vigente a partir

de novembro/1999, quando ocorreram mudanças nos códigos de alguns procedimentos (In:

Nota Técnica DATASUS,71). Essas mudanças ocorreram somente na denominação do

procedimento uma vez que o procedimento em si permaneceu inalterado, como pode ser

visto na Portaria nº 1.230 MS de outubro de 1999.

Com o objetivo de construir um conjunto de informações sobre a produção

ambulatorial em saúde bucal nos municípios do estado no período referido, foram

selecionados os seguintes procedimentos:

Nos anos 1998 e 1999 foram vistos:

“Procedimentos até 10/ 1999”

• consulta odontológica-1ª consulta

71 Disponível em: http://tabnet.datasus.gov.br/cgi/sia/padescr.htm. Acessado em fevereiro de 2008

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• remoção de cálculo e polimento dentário

• endodontia trirradicular

• exodontia de elemento permanente

A escolha de procedimentos específicos se justifica pelo fato de que esses se

apresentam com maior sensibilidade para a avaliação/repercussão das ações da PNSB dentro

de um curto período de tempo. Para esta avaliação, foi escolhida a ferramenta “quantidade

aprovada”.

Além do quantitativo dos procedimentos acima listados, foram vistos também, no

conjunto, o total de procedimentos odontológicos “PAB” e “não PAB” realizados pelos

municípios. Para este conjunto, também foi considerada a ferramenta “quantidade aprovada”.

No período de janeiro de 2000 a dezembro de 2007 foram vistos:

“Procedimentos após 1999”

Atenção Básica:

• 1ª consulta odontológica programática (“1ª consulta programática”)

• exodontia de elemento permanente (“exodontia elem.permanente”)

• curetagem subgengival e polimento dentário/hemiarcada (“curetagem sub/pol.

dentário”)

Atenção Especializada:

• curetagem subgengival por indivíduo (“Atenção espec. Periodontia curetagem

sub/ indivíduo”)

• tratamento endodôntico permanente multirradicular (“endodontia trirradicular”)

No período 2000 a 2007, da mesma forma que para o período anterior, foi visto o

global dos procedimentos definidos como “ações básicas” e “ações especializadas” através

das ferramentas: “quantidade apresentada”; “quantidade aprovada”.

Convém registrar que os valores apresentados correspondem às bases de dados

nacionais até dezembro de 2007.

O conjunto de todos os procedimentos realizados pelos municípios nos permite uma

visão global do desempenho da assistência odontológica ofertada tanto no âmbito da atenção

básica como na especializada.

Vale registrar que o procedimento, “consulta odontológica - 1ªconsulta”

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(procedimentos até 10/1999) é compatível com o procedimento “1ª consulta programática”

(procedimento após 10/1999), e ambos expressam o acesso à atenção a saúde bucal, pois

representam a primeira consulta do tratamento odontológico, não considerando aquelas de

caráter emergencial72. A mesma compatibilidade ocorre para os procedimentos (até 10/1999):

remoção de cálculo e polimento dentário; endodontia trirradicular e exodontia de elemento

permanente em relação aos seguintes procedimentos (após 10/1999) respectivamente:

curetagem subgengival e polimento dentário/hemiarcada; tratamento endodôntico; tratamento

endodôntico permanente trirradicular e exodontia de elemento permanente.

Em relação à categoria “exodontia de elemento permanente”, procedimento de atenção

básica, em tese, é sempre esperado e desejável que ocorra queda no seu volume. No tocante

às localidades que possuem CEO ou outra forma de atenção odontológica especializada, uma

queda no número de exodontias pode ser associada ao encaminhamento/referência dos

usuários para a clínica especializada. Por outro lado, um aumento de volume é admissível

temporariamente, caso ocorra um aumento do acesso no período estudado.

A categoria “Curetagem/pol. dentário” (procedimento de atenção básica), além da

assistência clínica, é interpretada aqui, como uma oportunidade de acesso à informação em

saúde bucal, permitindo aos usuários conhecer recursos para praticar o auto cuidado.

Ademais, este procedimento pode ser interpretado como a alta do tratamento clínico,

marcando o intervalo entre consultas para revisão e /ou acompanhamento. Neste sentido, esse

procedimento deve ser analisado em conjunto com o procedimento “1ª consulta

programática”. Convém lembrar que esse procedimento é contabilizado por hemi arcada, o

que pode gerar um volume de produção de até quatro vezes por indivíduo.

No tocante aos procedimentos após 1999, no âmbito da “Atenção Especializada” foi

considerado o procedimento: curetagem subgengival por indivíduo. A respeito desse

procedimento, vale dizer que, ainda que seja compatível com o procedimento

“Curetagem/pol. dentário”, ele é contabilizado por indivíduo (e não por hemi arcada) e, em

72 A Portaria 493 GM de 13 de março de 2006 interpreta da seguinte forma o emprego do indicador 1ª consulta odontológica programática: “Estima o acesso da população aos serviços odontológicos para assistência individual no âmbito do SUS, como o objetivo de elaboração e execução de um plano preventivo-terapêutico estabelecido a partir de uma avaliação/exame clínico odontológico, tendo esse plano resolução completa na atenção básica ou inclua ações de média e alta complexidade. Considera, portanto, que a equipe tem a intenção de dar seguimento ao plano preventivo-terapêutico para atender as necessidades detectadas. Ou seja, não se refere a atendimentos eventuais como os de urgência/emergência que não tem seguimento previsto. Este indicador aponta a tendência de inserção das ações odontológicas nos programas de saúde como parte de cuidados integrais, a exemplo do que ocorre em programas de saúde: mental, da mulher, do trabalhador, do adolescente, do idoso, etc.”

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tese, deve ser realizado naqueles usuários portadores de patologia periodontal, diagnosticada

na atenção básica, e referenciados para a clínica especializada. Desta forma, vale registrar

ainda que esse procedimento deve apresentar um volume de produção inferior àquele

compatível realizado na atenção básica.

Para o procedimento “Endodontia Trirradicular”, em tese, deve ser esperado um

desempenho inversamente proporcional ao volume de “exodontias de elementos

permanentes”, já que este se configura como um procedimento conservador que deve ser

oferecido em lugar da exodontia (tratamento mutilador).

O aumento no volume de “ações básicas” é aqui interpretado como uma ampliação do

acesso. Isso pode ocorrer tanto pela oferta de novos serviços como pelo incremento dos já

existentes, sejam estes através da ESF ou não. Ademais, quando da implantação ou

ampliação de ESB’s consideramos também que, em tese, ocorre uma tentativa de

reorganização do modelo de atenção à saúde bucal ofertado aos usuários tal como pretendido

pela PNSB. Portanto, a implantação de ESBs deve implicar no aumento do volume da

produção das ações básicas dos municípios que as implantarem.

Nos locais, onde a atenção básica é oferecida de forma adequada e contínua é esperado

que ocorra, a médio e longo prazo, uma redução no volume das “ações especializadas”. Dito

de outra forma é coerente que um melhor desempenho em atenção básica resulte em uma

menor necessidade assistencial na clínica especializada.

No que diz respeito à “Série Histórica e Meta dos Indicadores”, foram vistos os dados

relativos atenção à saúde bucal referentes ao estado do Rio de Janeiro assim como aqueles

referentes os seus 92 municípios (http://w3.datasus.gov.br/datasus/datasus.php).

Os Indicadores de saúde bucal disponíveis são:

“Cobertura de primeira consulta odontológica programática”; “cobertura da ação

coletiva escovação dental supervisionada”; “média de procedimentos odontológicos básicos

individuais” e “proporção de procedimentos odontológicos especializados em relação às

ações odontológicas individuais”. Estes dados, conforme explicitado pelo DATASUS,

refletem a situação das bases de dados nacionais em 24 de agosto de 2007.

Embora esses dados estejam disponíveis para consulta e contabilizados na pesquisa,

eles não foram considerados para a análise, pois os mesmos não permitem parâmetros de

comparabilidade ao longo do período da pesquisa. Esse fato é decorrente das diversas

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alterações que vêm sendo produzidas desde 1999, quando da implantação do processo de

“Pactuação dos Indicadores da Atenção Básica”. Vale registrar que essas alterações vêm

ocorrendo tanto na forma de condução desse processo, quanto na descrição e/ou seleção dos

indicadores (BRASIL, 2001, 2002 e 2006). Ademais, o MS não atualizou os dados

correspondentes ao ano de 2007.

4.2 Análise dos dados da pesquisa a partir das Regiões de Saúde do estado do Rio de

Janeiro

Começamos pelo registro de que 97% dos municípios do estado realizavam

procedimentos odontológicos básicos já em 1998. Em outras palavras, somente três

municípios (Mesquita na Região Metropolitana I; Tanguá na Região Metropolitana II e

Cantagalo na Região Serrana) não ofereciam atenção odontológica, no início do período

pesquisado, aos seus munícipes. Entretanto, em relação a esses municípios, convém lembrar

que a instalação de Mesquita ocorreu somente em 01 de janeiro de 2001, ano no qual é

iniciada a oferta em ações de saúde bucal. Ademais, ressaltamos que Cantagalo iniciou seus

serviços em saúde bucal em 2000 enquanto que Tanguá somente ofereceu ações básicas em

saúde bucal durante os anos 2002 e 2003.

Portanto, antes mesmo da entrada das ESBs na ESF em 2001 e da vigência da PNSB

em 2004, 89 municípios do estado já ofereciam assistência básica em odontologia.

Vale ainda registrar que a partir de 2001, tomando por base os preceitos das NOAS

respeitados e contidos no “Plano Diretor de Regionalização do Estado do Rio de Janeiro”,

toda a programação assistencial assim como os seus respectivos investimentos devem ser

elaborados de acordo com “uma proposta de hierarquização e territorialização da assistência

em microrregiões, com formação de redes intermunicipais resolutivas e funcionais, para

diferentes níveis de complexidade nas diversas regiões do Estado” (PDR/RJ, 2001 pg 5).

Entretanto, a leitura mais detalhada do referido documento revela a ausência da menção das

ações em saúde bucal na organização da assistência à saúde no âmbito supramunicipal.

Apesar da omissão da saúde bucal no PDR/RJ, para efeitos desta dissertação,

discutiremos os dados ambulatoriais relativos à atenção à saúde bucal no âmbito do estado de

acordo com as 09 regiões de saúde como veremos a seguir.

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Cabe ainda registrar, que tal como as regiões, os municípios estão dispostos na mesma

seqüência de apresentação do referido PDR.

4.2.1 Região Baía de Ilha Grande

Esta região é composta por três municípios: Angra dos Reis; Parati e Mangaratiba.

Segundo o Censo de 2000 (IBGE), a região possuía então 173.692 habitantes representando 1

% da população total do estado do Rio de Janeiro. O IDH médio da região neste mesmo

período era de 0,779 sendo Angra dos Reis o município com menor valor (0,772) e

Mangaratiba o município com o maior valor (0,790).

De acordo com as normas assistenciais do SUS, ano de 2007, somente Angra dos Reis

estava habilitado em Gestão Plena do Sistema Municipal (GPSM). Os demais municípios

estavam habilitados em Gestão Plena da Atenção Básica Ampliada (GPABA).

Na região o município que recebe o maior volume de recursos do SUS para atenção a

saúde é Angra dos Reis. Noutros termos, Angra dos Reis, por ser o município com maior

população, recebe o maior volume de repasses federais correspondentes ao PAB-fixo. No

tocante a atenção à saúde bucal, novamente Angra dos Reis por ser o município da região

com maior número de ESBs na ESF, recebe um volume maior de recursos federais.

Quanto à natureza jurídica, os estabelecimentos de saúde existentes na região são todos

municipais. Dos 3 municípios da região, Angra dos Reis concentra o maior número de

estabelecimentos de saúde (38) dos quais 17 possuem assistência ambulatorial odontológica.

Em Parati existe somente 1 serviço e em Mangaratiba existem 9 estabelecimentos que

realizam assistência odontológica. No tocante a assistência emergencial em Cirurgia e

Traumatologia Buco-Maxilo-Facial73 (CTBMF) somente o município de Mangaratiba,

através de 1 estabelecimento de saúde oferece este serviço. Vale lembrar que a distância que

separa os municípios de Parati e Mangaratiba é maior do que 70 km.

No tocante a atenção básica através da ESF, o quadro 9 mostra a implantação das ESBs

nos municípios da região.

73 Embora o IBGE através de suas informações estatísticas “Serviços de Saúde 2005” utilize o termo “Cirurgia Buco Maxilofacial” (CBMF), optamos aqui por substituí-lo por “Cirurgia e Traumatologia Buco-Maxilo-Facial” (CTBMF), já que esta é a denominação aceita e utilizada pelo CFO.

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Quadro 9 Nº de ESBs implantadas na Região da Baía da Ilha Grande

Fonte: Elaboração própria a partir dos dados do DAB/ MS

De acordo com o quadro acima, todos os municípios da região possuem ESBs

implantadas na modalidade I, ou seja, cada equipe conta com 1 CD e 1 ACD. O município de

Angra dos Reis possui o maior número de ESBs enquanto Mangaratiba é o município que

apresenta os menores valores tanto em número de equipes quanto em percentual de cobertura

populacional. Chama-nos a atenção o fato de que apesar do município de Mangaratiba

possuir o percentual de cobertura populacional na ESF mais alto da região (80,32 %), este é

também o município com o mais baixo percentual no tocante a cobertura das ESBs (22,95

%). Estes dados apontam para a necessidade de um maior equilíbrio relativo entre as ESBs e

ESFs especialmente no município de Mangaratiba.

Até dezembro de 2007 nenhum LRPD foi habilitado na região. No tocante à atenção

especializada, foi habilitado somente um CEO em Mangaratiba. Entretanto, segundo

informações da Gerência de Saúde Bucal da SESDEC (2007), em Angra dos Reis existe uma

policlínica de especialidades odontológicas, porém fora dos padrões da PNSB e, portanto

sem se beneficiar dos incentivos federais.

No tocante à produção ambulatorial, o gráfico 1 mostra que houve, em Angra dos Reis

em 2004, ampliação do acesso que se manteve estável em 2005, porém com uma tendência

descendente nos anos de 2006 e 2007. Vale lembrar que em dezembro de 2005 teve início à

atuação das ESBs no município o que em tese, a princípio, deveria ter aumentado o número

de 1ªs consultas. Entretanto, o gráfico abaixo mostra que em Angra dos Reis apesar da adição

das ESBs, o número de “1ªs consultas programáticas” decresceu nos anos subseqüentes.

Mangaratiba apresentou para esta categoria uma tendência estável até 2004 sendo que

Região Baía da

Ilha Grande

Mês/ano inserção

ESBs

Nº atual de

ESBs implan-

tadas

Mod.

Pop. Total dez/ 2007

% cob. da

Pop/ ESBs

Nº atual ESFs

% cob.da Pop/ ESF

Angra dos Reis

12/05 13 M I 144.137 62,23% 29 69,41%

Parati

09/03 03 M I 33.721 61,39% 07 71,62%

Mangaratiba

01/06 01 M I 30.060 22,95% 07 80,34%

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em 2005 ocorreu uma elevação do volume deste procedimento. Em 2006 a curva apresentou-

se de forma descendente, mas manteve-se estável no ano de 2007. No que se refere à atuação

da saúde bucal na ESF, cabe registrar que o município de Mangaratiba conta com somente 1

ESB habilitada em janeiro de 2006. Portanto, a estabilidade da curva é compatível com a

baixa cobertura populacional (22,95%) oferecida no município.

Parati apresentou uma discreta ascendência em 2004 que se manteve nos anos

subseqüentes. Esse aumento de volume de 1ªs consultas no ano de 2004 é compatível com o

início da atuação das ESBs em setembro de 2003.

Gráfico 1- Reg. Baía da Ilha Grande1ª consulta programática

0

10.000

20.000

30.000

40.000

50.000

60.000

1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007

Mangaratiba Parati Angra dos Reis

Fonte: Elaboração própria a partir dos dados do DATASUS

No âmbito da atenção básica, quanto à categoria “exodontia”, apesar do município de

Angra dos Reis ter apresentando uma discreta diminuição deste procedimento em 2003, o

gráfico 2 mostra uma curva ascendente em 2004, a qual se estabiliza em 2005. Porém os anos

de 2006 e 2007 apresentam uma tendência descendente no número de exodontias, que pode

ser relacionada ao concomitante aumento no volume do procedimento “endodontia

trirradicular” como pode ser visto no gráfico 5.

Mangaratiba apresentou um discreto aumento do número de exodontias em 2005,

porém o gráfico 2 mostra que ocorreu uma estabilidade no volume deste procedimento nos

anos de 2006 e 2007. Considerando-se que no município só existe uma ESB em atuação, o

que conseqüentemente resulta na baixa cobertura populacional (22,95%) do programa em

Mangaratiba, a estabilidade no volume de exodontias praticadas pode estar relacionada tanto

ao limite de atendimentos realizados por esta equipe quanto pelo aumento do volume de

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tratamentos endodônticos trirradiculares a partir de 2005, como pode ser visto no gráfico 5.

Ainda segundo o gráfico 2, a curva correspondente a Parati apresentou uma discreta

ascendência em 2004, mas apresenta-se estável em relação aos anos seguintes. Convém

lembrar que as ESBs existentes no município iniciaram suas atividades em setembro de 2003.

Ademais este município passou a realizar a partir de 2004, em maior volume, o procedimento

“endodontia trirradicular”, como pode ser evidenciado no gráfico 5.

Gráfico 2- Reg. Baía da Ilha Grande Exodontia de elem. permanente

0

2000

4000

6000

8000

10000

12000

1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007

Mangaratiba Parati Angra dos Reis

Fonte: Elaboração própria a partir dos dados do DATASUS

Em referência a categoria “curetagem/pol. dentário” (Periodontia na clínica básica), o

gráfico 3 mostra que em Angra dos Reis ocorreu um aumento significativo desse

procedimento nos anos de 2004 e 2005. Para o ano de 2006, os dados mostram uma curva

descendente, porém com tendência de estabilidade em 2007. A leitura dos dados sugere que

há compatibilidade entre o volume deste procedimento e o de “1ª consulta programática”.

Vale lembrar que, é coerente que o volume apresentado para esse procedimento tenha sido

significativamente superior ao volume praticado de “Atenção espec. Periodontia (curetagem

sub/indivíduo)”.

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84

Gráfico 3- Reg. Baía da Ilha GrandeCuretagem/ pol. dentário

0

2000

4000

6000

8000

10000

1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007

Mangaratiba Parati Angra dos Reis

Fonte: Elaboração própria a partir dos dados do DATASUS

Em relação à assistência odontológica especializada é oportuno informar que o

município de Parati não oferece aos seus munícipes este tipo de serviço.

Em Angra dos Reis esse tipo de procedimento passou a ser realizado com maior

freqüência a partir de 2004 atingindo um volume maior em 2006, e com tendência

decrescente em 2007. Essa curva descendente é compatível com o aumento do volume dos

procedimentos realizados na clínica básica de periodontia em 2005 e sua estabilidade nos

anos subsequentes. Em outras palavras, existe uma tendência esperada de que uma maior

oferta de procedimentos de periodontia na clinica básica resulte, num futuro próximo, numa

menor necessidade assistencial na clínica especializada.

Em Mangaratiba, o maior volume desse procedimento ocorreu no ano de 2005. O

gráfico abaixo mostra uma curva descendente em 2006 e uma discreta ascendência em 2007.

Vale lembrar que neste município encontra-se habilitado desde março de 2006, um CEO tipo

II. Para este tipo de CEO o MS, através da PNSB, estipula uma produção mínima de 90

procedimentos a serem realizados nesta especialidade.

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Gráfico 4 - Reg. Baía da llha Grande Atenção Espec. Periodontia (curetagem sub./indivíduo)

0

200

400

600

800

1000

2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007

Mangaratiba Parati Angra dos Reis

Fonte: Elaboração própria a partir dos dados do DATASUS

No tocante a categoria “Endodontia trirradicular” o gráfico 5, mostra que o volume de

tratamentos endodônticos em molares, realizados em Angra dos Reis e Mangaratiba,

apresenta-se em ascendência. Em Mangaratiba, este fato pode estar relacionado à existência,

desde 2006 do CEO, e a conseqüente abertura de acesso ao nível secundário de atenção em

odontologia. No município de Angra dos Reis, aonde ainda não existe CEO habilitado

conforme as exigências da PNSB, fica evidenciada a disposição do gestor municipal em

ofertar uma assistência clínica odontológica de forma ampliada.

Gráfico 5- Reg. Baía da Ilha GrandeEndodontia trirradicular

0

100

200

300

400

500

600

1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007

Mangaratiba Parati Angra dos Reis

Fonte: Elaboração própria a partir dos dados do DATASUS

O gráfico 6 mostra o conjunto da produção ambulatorial das ações correspondentes à

atenção básica em odontologia na região da Baía de Ilha Grande.

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86

Angra apresentou desempenho ascendente no volume de ações básicas até 2004, tendo

apresentado pico neste ano e tendência descendente a partir de 2005. Essa tendência não é

compatível com a habilitação em dezembro de 2005 de ESBs.

A curva correspondente ao município de Mangaratiba apresentou-se estável de 1998

até 2002, quando teve início uma elevação progressiva do número dessas ações até o ano de

2005. Entretanto, em 2006, ano em que foi introduzida a ESB na ESF, ocorreu um

decréscimo desses valores que se mantiveram em 2007. Ainda que seja cedo para se avaliar o

desempenho da ESB (cerca de 2 anos de atuação) causa-nos estranheza o decréscimo de

procedimentos na categoria “ações básicas”. Entretanto, este fato merece ser estudado mais

atentamente já que também pode ter ocorrido um decréscimo no número de profissionais e/

ou serviços oferecidos fora da ESF.

Em relação à Parati, os dados revelaram que no período de 2000 a 2005 ocorreram

oscilações na produção do conjunto de ações básicas. Entretanto, nos anos de 2006 e 2007 o

comportamento da curva passou a ser ascendente. No entanto a habilitação das ESBs ocorreu

desde 2003, podendo haver outros fatores relacionados a este desempenho positivo recente.

Gráfico 6- Reg. Baía de Ilha GrandeQtd Aprovada- ações básicas em Odontologia

0

200

400

600

800

1.000

1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007

Angra dos Reis Mangaraiba Parati

Fonte: Elaboração própria a partir dos dados do DATASUS

Os dados do DATASUS referentes ao conjunto das “ações especializadas” indicam que

no município de Parati não existe ainda este tipo de assistência.

Em Mangaratiba a clínica especializada cresceu de maneira progressiva desde o início

do período pesquisado até o ano de 2005. Causa-nos estranheza o fato de que em 2006, ano

que teve início (março) o CEO, o volume de ações especializadas foi reduzido a valores cerca

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de 30% mais baixos do que os praticados no ano anterior. Entretanto, em 2007, a curva

tomou novamente uma direção ascendente. O gráfico 7 mostra que em Angra dos Reis

ocorreu, em 2003, um aumento significativo destes procedimentos. Entretanto, nos anos

subseqüentes o gráfico mostra uma tendência estável. Vale ressaltar que essa tendência é

esperada uma vez que os procedimentos realizados na clínica básica encontram-se em

descendência neste município desde o ano de 2004.

Gráfico 7- Reg. Baía da Ilha Grande Qtd. Aprovada - ações especializadas em Odontologia

0

10000

20000

30000

40000

1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007

Mangaratiba Parati Angra dos Reis

Fonte: Elaboração própria a partir dos dados do DATASUS

4.2.2 Região Baixada Litorânea

Esta região é composta por 09 municípios: Saquarema, Araruama, Iguaba Grande, São

Pedro da Aldeia, Arraial do Cabo, Cabo Frio, Armação de Búzios, Casimiro de Abreu e Rio

das Ostras. Segundo o resultado do Censo do IBGE-2000, a região possuía um total de

443.060 habitantes representando 3% da população total do Estado do Rio de Janeiro.

O IDH médio da região neste mesmo período era de 0, 780 sendo Iguaba Grande o

município detentor do maior valor de IDH (0,796). O menor valor de IDH foi atribuído ao

município de Araruama (0,756) sendo que três outros municípios também apresentaram

índices inferiores à média da região. São eles: Saquarema; São Pedro da Aldeia e Rio das

Ostras, com IDHs iguais a 0,762; 0,780 e 0,775, respectivamente.

De acordo com as normas do SUS, até 2007, somente o município de Arraial do Cabo

encontrava-se habilitado em GPSM. Todos os demais municípios da região estavam

habilitados em GPABA.

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88

Na região, o município com maior contingente populacional é Cabo Frio e

conseqüentemente esse é município que recebe o maior volume de recursos do SUS

referentes ao PAB-fixo. Em relação ao PAB variável, novamente Cabo Frio recebe o maior

aporte financeiro do MS, já que este município possui o maior número de ESFs (19) da

região.

No tocante a atenção à saúde bucal, São Pedro da Aldeia é o município que recebe o

maior volume de incentivos financeiros federais, pois conta com maior número de ESBs (12)

na ESF.

Quanto à natureza jurídica, na região existiam então 150 estabelecimentos de saúde

municipais, 2 estabelecimentos estaduais e 3 estabelecimentos federais. Dos 9 municípios da

região, Cabo Frio concentrava o maior número de estabelecimentos de saúde - 32, todos

municipais. O segundo município em número de estabelecimentos de saúde é Araruama, que

conta com 1 estabelecimento estadual e 23 municipais. Em seguida aparecem São Pedro da

Aldeia, com 21 estabelecimentos municipais e 01 federal, e Rio das Ostras com 18

estabelecimentos, todos municipais. Os municípios que contavam com menor número de

estabelecimentos de saúde são: Armação de Búzios, com 8 unidades municipais e 01 federal,

e Arraial do Cabo com 9 estabelecimentos, todos municipais. Ressaltamos ainda que

Casimiro de Abreu é o único município da região que possui estabelecimentos dos três níveis

de governo assim dispostos: 1 federal, 1 estadual e 11 municipais.

No tocante a atenção ambulatorial odontológica, novamente Cabo Frio é o município

que concentra o maior número deste tipo de assistência, contando com 21 estabelecimentos.

Da mesma forma, na seqüência, a pesquisa apontou para Araruama, São Pedro da Aldeia e

Rio das Ostras que contavam respectivamente com 17, 14 e 12 unidades destes serviços.

Em relação à assistência emergencial em CTBMF, de acordo com a leitura dos dados,

somente os municípios de São Pedro da Aldeia (1) e Cabo Frio (2) oferecem este tipo de

serviço na região. Nesta perspectiva de escassez e considerando-se ainda as distâncias que

separam os municípios e os “altos índices de acidentes automobilísticos” ocorridos na

região74 faz-se necessário e urgente o incremento desse tipo de serviço assistencial na região

74 De acordo com o documento final do 1.° Seminário de Gestão Participativa em Saúde da Região da Baixada Litorânea do Rio de Janeiro, os municípios da região conseguiram recentemente recursos adicionais do SUS para a assistência hospitalar, “em virtude dos altos índices de mortalidade por acidentes automobilísticos, predominante no período de alta temporada, quando aumenta a circulação de pessoas das demais regiões do estado” para aquela região. BRASIL, 2007

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89

Litorânea.

No âmbito da atenção básica oferecida através da ESF, o quadro 10 mostra o número de

equipes das ESBs existentes na região até dezembro 2007, assim como os seus percentuais de

cobertura populacionais.

Quadro 10 Situação das ESBs e ESFs na Região Baixada Litorânea em dez/07

Fonte: Elaboração própria a partir dos dados do DAB/ MS

De acordo com o quadro 10, Rio das Ostras é o único município da região que ainda

não possui equipes de Saúde da Família. Conseqüentemente, neste município também não

existem ESBs em atuação.

Os municípios de Iguaba Grande e São Pedro da Aldeia apresentam 100% de cobertura

populacional para as ações de saúde bucal realizadas na ESF. Chama-nos a atenção o fato de

que em São Pedro da Aldeia, 12 ESBs cobrem a totalidade da população enquanto que 14

Região Baixada

Litorânea

Mês/ ano inserção

ESBs

Nº atual de

ESBs implan-

tadas

Mod.

Pop. Total dez/ 2007

% cob. da

Pop/ ESBs

Nº atual ESFs

% cob.d

a Pop/ ESF

Saquarema 04/04 09

8 M I 1 M II 63.232

98,21% 12

65,47%

Araruama 08/07 03

3 M I 100.378

20,62% 07

24,06%

Iguaba Grande 05/02 03

3 M I 20.177 100% 07 100%

São Pedro da Aldeia 12/03 12

12 M I 78.849 100% 14

61,26%

Arraial do Cabo 01/03 01

M I

26.842 25,71

% 05 64,26

% Cabo Frio 07/04 05

M I 166.043

20,78% 19

39,48%

Armação de Búzios 08/07 03

M I

23.874 86,71

% 06 86,71

% Casimiro de Abreu 02/06 02

M I

27.136 50,85

% 09 100% Rio das Ostras - - - 50.267 - - -

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90

ESFs cobrem somente 61,26% desta população.

Ainda no tocante aos percentuais de cobertura, seguem os municípios de Saquarema e

Armação de Búzios com valores iguais a 98,21% e 86,71% respectivamente. De forma

oposta, Araruama (20,62%), Cabo Frio (20,78%) e Arraial do Cabo (25,71%) são os

municípios da região que apresentam a menor cobertura populacional em relação as ESBs.

Quanto à modalidade de inserção, somente o município de Saquarema, possui equipes

na modalidade II. Ou seja, contando com a presença de THDs, além dos CDs e ACDs.

No tocante ao nível secundário de atenção em saúde bucal, de acordo com a pesquisa

existiam até dezembro de 2007, 4 CEOs habilitados na região distribuídos pelos seguintes

municípios: Arraial do Cabo, Casimiro de Abreu, Saquarema e São Pedro da Aldeia. Desses

municípios, Saquarema é o único que possui também 1 LRPD habilitado.

Considerando-se que a produção dos LRPDs é quantitativamente limitada, ou seja, o

MS institui um limite máximo mensal de próteses a ser pago, é evidente que a região

necessita que mais municípios habilitem outros LRPDs.

A análise da produção ambulatorial da região permite-nos emitir algumas

considerações, tais como:

Quanto ao número de 1ªs consultas programáticas, o gráfico 8 mostra que o município

de Araruama apresentou uma tendência ascendente no volume desse procedimento de 1999 a

2003. Em 2004 ocorreu uma retração no volume desse procedimento que foi acentuada em

2006. Entretanto, em 2007 a curva correspondente a esse procedimento mostra uma discreta

recuperação. Esta recuperação pode estar relacionada à recente habilitação (agosto de 2007)

de 3 ESBs da modalidade I, neste município.

O município de São Pedro da Aldeia vem aumentando de forma progressiva o volume

deste procedimento. Convém aqui lembrar que São Pedro da Aldeia possui ESBs

habilitadas desde dezembro de 2003 cobrindo 100% da população. Este fato pode estar

diretamente relacionado com a alta produção de 1ªs consultas programáticas realizadas neste

município, representando a ampliação do acesso à atenção em saúde bucal.

Iguaba Grande apresentou uma tendência ascendente de 2002 a 2005 para o volume de

1ªs consultas programáticas. Entretanto, nos aos de 2006 e 2007, a trajetória da curva

representativa desse procedimento indica uma tendência recessiva. A pesquisa mostra que

em maio de 2002 teve início a atuação das ESBs na ESF. Este fato pode ter influenciado o

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volume da produção naquele ano, já que o acesso às ações de saúde bucal foi ampliado às

famílias adscritas às equipes habilitadas. Entretanto, causa-nos estranheza a persistente

tendência descendente do volume de 1ªs consultas programáticas em Iguaba Grande, já que

este município conta com 100% de cobertura populacional das ESBs.

Da mesma forma, a análise da produção dessa categoria em Saquarema mostra uma

tendência descendente a partir de 2005. Os dados revelam que a quantidade desse

procedimento realizada pelo município em 2007 corresponde a menos do que dois terços dos

valores praticados em 2005. Considerando-se que Saquarema conta com ESBs desde 2004,

assistindo a cerca de 65% da população, parece-nos estranho que o município tenha reduzido

desta forma o número de 1ªs consultas programáticas. Portanto estes dois municípios,

Saquarema e São Pedro da Aldeia precisam ser, num futuro próximo, analisados mais

atentamente.

O município de Cabo Frio apresenta uma tendência ascendente nesse procedimento

entre os anos de 1998 até 2004, com uma única exceção no ano de 2001. A partir de 2005 a

curva representativa dessa categoria apresenta uma queda progressiva, sendo que em 2007 o

volume de 1ª consulta programática caiu acerca de 50% dos valores praticados em 2006.

Esse decréscimo ocorrido, a partir de 2005, merece uma análise mais detalhada, uma vez que

desde de julho de 2004 o município conta com a atuação de ESBs, ainda que perfazendo uma

baixa cobertura populacional (20,78%).

Os demais municípios da região (Arraial do Cabo, Armação de Búzios, Casimiro de

Abreu e Rio das Ostras) apresentaram, no período estudado, uma tendência estável para esse

procedimento. Com exceção de Casimiro de Abreu, que em 2007 teve sua produção

reduzida, todos os outros apresentam curvas ascendentes neste ano.

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Gráfico 8- Baixada Litorânea 1ª consulta programática

0

10.000

20.000

30.000

40.000

50.000

60.000

70.000

1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007

Saquarema Araruama Iguaba GrandeSão Pedro da Aldeia Arraial do Cabo Cabo FrioCasimiro de Abreu Rio das Ostras Armação de Búzios

Fonte: Elaboração própria a partir dos dados do DATASUS

Na atenção básica, quanto à categoria “exodontia de dente permanente”, a curva

correspondente ao município de Araruama mostra que em 2004 ocorreu uma retração da

produção que foi retomada progressivamente nos anos de 2005 e 2006. Os dados revelam

que, em 2007, ocorreu no município um aumento de cerca de 40% do volume de exodontias

em relação aos valores praticados no ano anterior. Convém lembrar que o município passou a

contar com ESBs somente em agosto de 2007, cobrindo cerca de 20% da população. Este

fato, apesar do pouco tempo decorrido da data de implantação até dezembro, pode ter

contribuído para o aumento da demanda deste tipo de procedimento. Entretanto, o aumento

do número de exodontias no município no ano de 2007 merece ser analisado mais

atentamente, pois outros fatores não evidenciados nesta pesquisa podem ter influenciado o

aumento ocorrido.

O município de Cabo Frio apresentou no período estudado oscilações até ano de 2003.

Em 2004 inicia-se um aumento progressivo no número de exodontias, que se manteve até

2006. Entretanto, os dados mostram que em 2007 ocorreu uma queda de cerca de 50% no

volume desse procedimento. Vale registrar que o aumento ocorrido em 2004 é compatível

com o início de atuação das ESBs no município, ainda que a cobertura dessas equipes seja

limitada a apenas 20,78% da população. Da mesma forma, a retração ocorrida no ano de

2007, muito provavelmente pode estar relacionada com a atuação dessas equipes.

Os demais municípios apresentaram desempenho estável no período estudado, com

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discreta ascendência no ano de 2007, com exceção de Iguaba Grande e Casimiro de Abreu,

que apresentaram retração deste procedimento no último ano estudado.

Gráfico 9- Baixada LitorâneaExodontia elem. permanente

0

10000

20000

30000

40000

50000

60000

70000

1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007

Saquarema Araruama Iguaba GrandeSão Pedro da Aldeia Arraial do Cabo Cabo FrioArmação de Búzios Casimiro de Abreu Rio das Ostras

Fonte: Elaboração própria a partir dos dados do DATASUS

Quanto ao procedimento “curetagem/ pol. dentário”, o gráfico 10 mostra que o

município de Araruama passou a ter um desempenho significativo deste procedimento

apenas a partir do ano 2000. Ainda que no período de 2001 a 2004 tenham ocorrido

oscilações, a partir de 2005, vem ocorrendo um aumento progressivo do volume desse tipo de

procedimento. É esperado que essa tendência ascendente seja mantida uma vez que o

município passou a contar desde agosto de 2007 com a atuação de ESBs na ESF.

Arraial do Cabo, em 2007, apresentou um volume de “curetagem/ pol. dentário”

correspondente a mais de 50% do total da sua produção durante todo o período

pesquisado.Vale registrar que em maio de 2007 foi habilitado um CEO tipo II nesse

município, o que pode ter contribuído para este considerável aumento de volume.

Consideramos ainda que em Arraial do Cabo existe apenas com 1 ESB habilitada na

modalidade I sendo responsável pela cobertura de cerca de 25% da população local.

Saquarema só passou a produzir um volume considerável deste procedimento a partir

de 2001. No entanto, já em 2002 iniciou-se uma queda progressiva confirmada em 2007, ano

em que praticamente deixou de realizar esse procedimento. Uma única exceção ocorreu em

2005, coincidentemente após a introdução das ESBs em abril de 2004. Entretanto, a breve

recuperação se mostrou insuficiente para modificar esta tendência recessiva. Portanto, seria

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válido analisar mais atentamente a atuação das ESBs em Saquarema.

São Pedro da Aldeia inicia a produção deste procedimento em 2002 e passou a

apresentar uma curva de ascendência significativa entre os anos 2004 e 2005. Entretanto, em

2006 apresentou uma curva descendente para esse procedimento que foi acentuada em 2007.

Vale ressaltar, que este, é o município que detém o maior número de ESBs em toda a Região

Litorânea, habilitadas a partir de dezembro de 2003. Da mesma forma de que em Saquarema,

é necessário analisar mais atentamente a atuação dessas equipes.

O gráfico 10 mostra que em Casimiro de Abreu a partir de 2005 vem ocorrendo uma

tendência recessiva deste procedimento. Essa tendência recessiva não parece ser compatível

com a cobertura populacional de 50,85% oferecida pelas ESBs.

Vale registrar ainda, que a pesquisa aponta para fato de que o município de Armação de

Búzios, durante todo o período pesquisado, não apresentou produção para esta categoria de

procedimento, apesar de contar com ESBs desde agosto de 2007.

Gráfico 10-Baixada Litorânea Curetagem/polimento dentário

0

1000

2000

3000

4000

5000

6000

1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007

Saquarema Araruama Iguaba GrandeSão Pedro da Aldeia Arraial do Cabo Cabo FrioArmação de Búzios Casimiro de Abreu Rio das Ostras

Fonte: Elaboração própria a partir dos dados do DATASUS

Quanto à atenção especializada em Periodontia, que nesta pesquisa está sendo analisada

através do procedimento “curetagem subgengival por indivíduo”, podemos verificar que,

durante o todo o período pesquisado somente três municípios da região realizaram este tipo

de procedimento. São eles: Saquarema, Arraial do Cabo e Rio das Ostras.

Saquarema começou a produzir esta categoria de procedimento em 2005, fato que é

coincidente com o início da atuação (fevereiro de 2005) do CEO daquele município.

Contudo, os dados revelam que em 2007 ocorreu redução de cerca de um terço dos valores

praticados pelo município no ano de 2006.

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Arraial do Cabo começou a produzir esta categoria de procedimentos em 2007, ano

inicial das atividades do CEO habilitado naquele município.

O gráfico 11 mostra que a curva correspondente a Rio das Ostras encontra-se em

ascendência progressiva desde 2004. Vale ressaltar que Rio das Ostras é o único município

da região que não recebe incentivos federais para a sustentação das ações de saúde bucal já

que não possui ESBs e tampouco CEOs ou LRDPs.

Gráfico 11-Baixada Litorânea Periodontia espec. "curetagem sub./ indivíduo"

0

200

400

600

800

1000

2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007

Saquarema Araruama Iguaba GrandeS.Pedro da Aldeia Arraial do Cabo Cabo FrioArmação de Búzios Casimiro de Abreu Rio das Ostras

Fonte: Elaboração própria a partir dos dados do DATASUS

Ainda em relação à clínica especializada, o procedimento “tratamento endodôntico

trirradicular”, até dezembro de 2007, foi realizado em apenas 2 dos 9 municípios existentes

na região. Arraial do Cabo e Rio das Ostras

Arraial do Cabo iniciou a produção deste procedimento em 2001 e nos anos

subseqüentes não realizou mais tratamentos de canais trirradiculares. Vale lembrar que em

maio de 2007, conforme já explicitado neste capítulo, Arraial do Cabo habilitou 1 CEO tipo

II. Portanto, é esperado que a produção desta categoria reinicie num futuro próximo, já que

este procedimento faz parte do rol de procedimentos obrigatórios que esta especialidade

contempla.

Rio das Ostras começou a produzir esse tipo de procedimento em 2006, e já em 2007,

aumentou o volume desta produção. Vale lembrar mais uma vez, que este município não

recebe incentivos federais extra-orçamentário para a sustentação das ações de saúde bucal.

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Chama-nos a atenção o fato de que os municípios de São Pedro da Aldeia e Casimiro

de Abreu, ambos possuidores de CEOs tipo I não realizarem esse procedimento em seus

serviços de atenção especializada. Este fato além de ter implicações na produção mensal

mínima cobrada pelo MS, não contribui para a mudança do modelo de atenção odontológica

tal como desejado pela PNSB.

Gráfico 12 - Reg. Baixada Litorânea Trat. Endodôntico Trirradicular

0

50

100

150

200

1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007

Saquarema Araruama Iguaba GrandeS. Pedro da Aldeia Arraial do Cabo Cabo Frio Armação de Búzios Casimiro de Abreu Rio das Ostras

Fonte: Elaboração própria a partir dos dados do DATASUS

O gráfico 13 representa o conjunto da produção das ações de atenção básica. Em

relação a esta categoria, podemos perceber que em São Pedro da Aldeia, a produção

encontra-se em ascendência progressiva desde 2003. Esta ascendência é compatível e

coincidente com a inserção das ESBs na ESF. São Pedro da Aldeia é o município que conta

com o maior número de equipes de saúde bucal (12) na região.

Ao longo do período pesquisado, Araruama foi o município que apresentou uma maior

estabilidade no volume de procedimentos básicos.

No município de Armação de Búzios, embora tenham ocorrido oscilações entre 2000 e

2004, a produção desse tipo de procedimentos permaneceu estável nos últimos três anos do

período da pesquisa. A tendência futura esperada, é que estes valores possam ser

aumentados, já que em agosto de 2007 foram habilitadas 4 ESBs naquele município.

Saquarema aumentou a produção de ações de atenção básica em aproximadamente

quatro vezes em 2005. Entretanto, em 2006 teve início uma curva descendente confirmada

em 2007, quando a produção do município atingiu um patamar equivalente a um terço da

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97

produção praticada em 2005. Convém lembrar novamente que Saquarema introduziu ESBs

na ESF em abril de 2004 e contava em 2007 com uma cobertura populacional de 98,21%.

Este fato, em tese, explica o significativo aumento da produção ocorrido no município em

2005. Contudo, tanto a tendência regressiva iniciada em 2006 como a atuação dessas equipes,

merecem ser analisadas mais atentamente.

A curva correspondente ao município de Cabo Frio mostra uma tendência ascendente e

progressiva entre os anos de 2000 e 2006. Entretanto, os dados revelaram que, em 2007,

ocorreu uma importante redução no volume do conjunto destes procedimentos. Essa redução

no volume de ações básicas precisa ser investigada de forma mais detalhada.

Gráfico 13- Baixada LitorâneaExodontia elem. permanente

0

10000

20000

30000

40000

50000

60000

70000

1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007

Saquarema Araruama Iguaba GrandeSão Pedro da Aldeia Arraial do Cabo Cabo FrioArmação de Búzios Casimiro de Abreu Rio das Ostras

Fonte: Elaboração própria a partir dos dados do DATASUS

No tocante a atenção especializada, convém mencionar que Armação de Búzios não

informou ou não produziu ações especializadas em Odontologia durante todo o período

pesquisado.

Com exceção de Araruama, São Pedro da Aldeia, Casimiro de Abreu e Rio das Ostras,

todos os outros municípios da região só começaram a realizar ações especializadas a partir de

2001.

O município de Arraial do Cabo apesar de ter deixado de produzir ou informar este tipo

de ações em 2003, retomou a produção em 2007, ano em que habilitou um CEO tipo II. De

forma semelhante, Araruama parou de informar ou não realizou mais ações especializadas a

partir de 2005. Entretanto, este município ao contrário do primeiro, não conta com CEO.

Mais uma vez chama-nos a atenção o município de Rio das Ostras que apresentou uma

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98

tendência ascendente entre os anos de 1998 e 2003. Apesar da curva correspondente a esse

procedimento ter tomado uma posição regressiva em 2004, a partir do ano seguinte, ela

voltou a ser ascendente.Voltamos a lembrar que este município não possui ESBs nem CEOs.

Casimiro de Abreu apresentou uma produção ascendente entre os anos de 2003 e 2005.

Após uma retração ocorrida em 2006, os dados indicam que o município retomou, em 2007,

aos valores praticados anteriormente. Lembramos que esse município conta com um CEO

tipo I desde de março de 2006.

Saquarema passou a realizar procedimentos especializados a partir do ano de 2000. Nos

anos subseqüentes até 2004, apresentou um decréscimo significativo do volume de sua

produção. Apesar de uma tentativa de recuperação ocorrida em 2005, nos anos seguintes a

tendência decrescente foi confirmada. Vale registrar que o município habilitou um CEO tipo

II em fevereiro de 2005. Portanto, consideramos que a persistente tendência de retração de

procedimentos especializados em Saquarema merece ser melhor avaliada.

São Pedro da Aldeia passou a produzir ações especializadas em 2001, apresentando

uma tendência estável até 2005. Apesar de apresentar uma discreta queda em 2006, o

município mostrou recuperação deste tipo de ações em 2007. Esta recuperação sugere relação

com a habilitação, em agosto de 2006, de um CEO tipo II naquela cidade.

Gráfico 14- Reg. Baixada Litorânea Ações Especializadas em Odontologia

0

1000

2000

3000

4000

5000

6000

7000

8000

1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007Saquarema Araruama Iguaba GrandeS. Pedro da Aldeia Arraial do Cabo Cabo FrioArmação de Búzios Casimiro de Abreu Rio das Ostras

Fonte: Elaboração própria a partir dos dados do DATASUS

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99

4.2.3 Região Centro Sul

Esta região conta com onze municípios, a saber: Três Rios, Areal, Comendador Levy

Gasparian, Sapucaia, Paraíba do Sul, Vassouras, Miguel Pereira, Paty de Alferes, Engenheiro

Paulo de Frontin, Mendes e Paracambi. De acordo com o Censo de 2000 (IBGE), a região

possuía então 264.578 habitantes representando 2% da população do estado do Rio de

Janeiro. O IDH médio da região naquele período era de 0,762 sendo Paty de Alferes o

município que apresentava o menor valor (0,718) e Três Rios o município com o maior valor

(0,782). Ainda em relação ao IDH, além de Três Rios, outros seis municípios concentravam

valores acima da média da região: Areal, Paraíba do Sul, Vassouras, Miguel Pereira, Mendes

e Parati. Todos os demais municípios apresentavam valores inferiores a essa média.

De acordo com as normas assistenciais do SUS, ano de 2007, somente os municípios de

Vassouras e Paracambi estavam habilitados em GPSM. Todos os demais municípios estavam

habilitados em GPABA.

Na região o município que recebe o maior volume de repasses federais do SUS

correspondentes ao PAB-fixo é Três Rios, por ser este o município com maior população da

Região. No tocante a atenção à saúde bucal, novamente Três Rios por ser o município da

região com maior número de ESBs na ESF, recebe um volume maior de recursos federais.

Quanto à natureza jurídica, todos os 180 estabelecimentos de saúde existentes na região

são municipais. Dos municípios da região, Paraíba do Sul concentra o maior número de

estabelecimentos de saúde (27). Do total de estabelecimentos de saúde, 131 prestam

assistência odontológica. No tocante a assistência emergencial em CTBMF, somente dois

municípios nessa Região (Três Rios e Vassouras) oferece este serviço. Fica evidente diante

desta escassez a necessidade de se instituir um maior número de serviços com este tipo de

atendimento na Região Centro Sul.

No tocante a atenção básica através da ESF, o quadro 11 mostra a situação de

implantação das ESBs, em dezembro de 2007, nos municípios da região.

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100

Quadro 11 Situação das ESBs e ESFs na Região Centro SUL em dez/07

Fonte: Elaboração própria a partir dos dados do DAB/ MS

De acordo com o quadro acima, Miguel Pereira e Paracambi são os dois únicos

municípios da região que não possuem ESBs. Entretanto, segundo a SESDEC, Paracambi,

até agosto de 2007, contava com 3 ESBs da modalidade II.

Na região, oito dos onze municípios apresentam 100% de cobertura populacional para

as ações de saúde bucal realizadas na ESF. São eles: Três Rios, Comendador Levy

Gaspariam, Paraíba do Sul, Vassouras, Paty de Alferes, Engenheiro Paulo de Frontin,

Mendes e Areal. O quadro 12 mostra ainda que do todos municípios que contam com atuação

das ESBs, Sapucaia é o único que não oferece cobertura total a sua população (74,86%). Vale

registrar que a Região Centro Sul é a que concentra a maior cobertura do estado em ESBs na

ESF. Quanto à modalidade de inserção, todos os nove municípios que possuem ESBs estão

Região Cento Sul

Mês/ ano inserção

ESBs

Nº atual de

ESBs implan-

tadas

Mod.

Pop. Total dez/ 2007

% cob. da

Pop/ ESBs

Nº atual ESFs

% cob.da Pop/ ESF

Três Rios O6/02 19 I 76.422 100% 21

94,80%

Areal 03/02 4 I 11.147 100% 4 100%

Comendador Levy Gasparian

01/02 3 I 8.551 100% 3 100% Sapucaia*

07/04 2 I 18.434 74,86

% 2 37,43

% Paraíba do Sul

07/02 16 I

39.988 100% 16 100% Vassouras

11/02 11 I

33.522 100% 13 100% Miguel Pereira

- - -

27.311 - 8 100% Paty de Alferes

09/03 7 I

27.766 100% 8 99,40

% Engenheiro Paulo

de Frontin 03/02 4 I 12.240 100% 5 100%

Mendes 05/5 6 I 17.800 100% 7 100%

Paracambi** 04/02 0 - 43.715 - 9 71,03

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101

habilitados na modalidade I.

Chama-nos a atenção o fato de que Miguel Pereira apesar de oferecer aos seus

munícipes 100% de cobertura na ESF, ainda não tenha incluído à esta oferta, a atenção à

saúde bucal.

No tocante ao nível secundário de atenção em saúde bucal, segundo os dados da

pesquisa, existiam até dezembro de 2007, três CEOs habilitados na região e distribuídos

pelos seguintes municípios: Areal (CEO Tipo II), Paraíba do Sul (CEO Tipo I) e Vassouras

(CEO Tipo II). Os municípios de Paraíba do Sul e Vassouras contam também com LRPDs.

Considerando-se que a produção dos LRPDs é quantitativamente limitada pelo MS a um

limite máximo de próteses a ser pago por mês, é evidente que a região Centro Sul necessita

que outros LRPDs sejam habilitados.

A análise da produção ambulatorial da região permite-nos emitir algumas

considerações, tais como:

Em relação à categoria “1ª consulta programática”,os municípios de Três Rios,

Engenheiro Paulo de Frontin, Paty de Alferes, Paracambi, Vassouras, Mendes e Areal, no

ano de 2007, apresentaram uma queda importante no volume da produção. Vale notar que

Vassouras, Mendes e Areal apresentam 100% de cobertura pelas ESBs.

Paraíba do Sul, Miguel Pereira, Levy Gasparian, também apresentaram uma tendência

decrescente para esse procedimento, porém menos acentuada. Todos esses municípios

contam também com 100% de cobertura para as ESBs.

Ressaltamos que, em tese, municípios com 100% de cobertura, não devem apresentar

redução de 1ª consultas programáticas uma vez que, segundo o MS é recomendável75 uma

consulta/ano por pessoa.

Sapucaia aumentou o volume deste tipo de produção em 2006 e manteve-se estável no

ano de 2007. Neste município as ESBs iniciaram suas atuações em julho de 2004 e cobrem

atualmente 74,66% da população.

75 De acordo com a Portaria SAS/MS Nº 95 de 14 de fevereiro de 2006.

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102

Gráfico 15: Reg. Centro Sul 1ª consulta programática

0

5000

10000

15000

20000

1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007

Três Rios Areal Levy Gasparian SapucaiaParaíba do Sul Vassouras Miguel Pereira Paty de AlferesPaulo de Frontin Mendes Paracambi

Fonte: Elaboração própria a partir dos dados do DATASUS

O procedimento “Exodontia de dentes permanentes” representado no gráfico 16

apresenta queda no seu volume de produção nos seguintes municípios: Três Rios, Paraíba do

Sul, Areal, Vassouras, Miguel Pereira, Paracambi e Paty do Alferes.

Nos municípios de Paulo de Frontin, Mendes e Levy Gasparian, este procedimento

apresentou uma tendência ascendente. Este aumento de volume da produção de exodontias,

se acompanhado por ampliação ou manutenção do acesso, expresso pelo volume de 1ªs

consultas programáticas, poderá ser interpretado como positivo. Segundo a leitura dos

gráficos, isto parece ter acontecido nos municípios de Engenheiro Paulo de Frontin e

Sapucaia.

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Gráfico 16: Reg. Centro Sul Exodontia de elem. permanente

0500

1000150020002500300035004000

1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007

Três Rios Areal Levy Gasparian SapucaiaParaíba do Sul Vassouras Miguel Pereira Paty de AlferesPaulo de Frontin Mendes Paracambi

Fonte: Elaboração própria a partir dos dados do DATASUS

Em relação à categoria “curetagem sub/ pol. dentário”, consideramos que o aumento

desse procedimento de forma concomitante à queda ou manutenção do volume de “1ª

consulta programática” (acesso) pode sugerir a adesão dos usuários ao tratamento proposto.

Vale notar que este procedimento apresentou aumento em cinco municípios:

Engenheiro Paulo de Frontin, Três Rios, Sapucaia, Paraíba do Sul e Mendes.

Em Engenheiro Paulo de Frontin, este fato pode estar relacionado à tentativa de

recuperação do acesso em 2007 como visto no gráfico 15. Nos municípios de Três Rios,

Paraíba do Sul e Mendes este aumento de volume acontece de forma concomitante a uma

queda no volume de “1ªs consultas programáticas”, o que sugere adesão ao tratamento por

parte dos usuários.

Paty de Alferes também apresentou aumento de produção, porém observamos neste

município uma de queda drástica no volume de 1ªs consultas programáticas em 2007. Essa

queda é incompatível com os 100% de cobertura de das ESBs em ambos os municípios.

Os municípios de Paracambi, Vassouras e Areal apresentaram um decréscimo no

volume da produção deste procedimento. Este decréscimo também é observado em relação

ao acesso.

Em Paracambi, este fato provavelmente está relacionado à suspensão da atuação das

ESBs em junho de 2007. Entretanto, nos municípios de Areal e Vassouras esta queda deve

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investigada mais atentamente uma vez que ambos apresentam 100% de cobertura para as

ESBs.

Em Miguel Pereira e Sapucaia, o volume deste procedimento vem sendo mantido de

forma estável, o que ocorreu também com o número de 1ªs consultas programáticas.

O município de Levy Gasparian não apresentou produção significativa para esta

categoria.

Gráfico 17: Reg. Centro Sul Curetagem/pol. dentário

0

1000

2000

30004000

5000

6000

7000

8000

1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007

Três Rios Areal Levy Gasparian SapucaiaParaíba do Sul Vassouras Miguel Pereira Paty de AlferesPaulo de Frontin Mendes Paracambi

Fonte: Elaboração própria a partir dos dados do DATASUS

No tocante a atenção especializada em Periodontia, os dados revelam que nessa região

oito dos onze municípios não oferecem esse procedimento aos seus munícipes: Três Rios,

Areal, Comendador Levy Gasparian, Sapucaia, Vassouras, Miguel Pereira, Paty de Alferes,

Engenheiro Paulo de Frontin. Vale lembrar que destes, Areal e Vassouras possuem CEOs

habilitados.

Paraíba do Sul começou a realizar esse tipo de procedimento em 2006, aumentando o

volume em 2007. Convém registrar que este município habilitou um CEO em outubro de

2005. Neste município, maior acesso ao tratamento periodontal também foi visto na clínica

básica (“curetagem/pol. dentário”).

Mendes realizou esse procedimento apenas no período entre 2000 e 2004, apresentando

um volume significativo em 2001. Por outro lado, vem realizando volume ascendente e

progressivo do procedimento compatível na clínica básica nos últimos três anos,

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105

concentrando, provavelmente, a resolução dos problemas dessa ordem no nível básico de

atenção.

Na região Centro Sul, ao longo do período pesquisado, Paracambi foi o município que

apresentou o maior volume deste procedimento. Entretanto, desde 2005 este volume vem

decrescendo. Seria válido estudar a possibilidade de implantação de um CEO neste

município a fim de dinamizar este tipo de oferta.

Gráfico 18: Reg. Centro Sul Atenção Espec. Perio (curet. sub/indivíduo)

0

50

100

150

200

250

1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007

Três Rios Areal Levy Gasparian SapucaiaParaíba do Sul Vassouras Miguel Pereira Paty de AlferesPaulo de Frontin Mendes Paracambi

Fonte: Elaboração própria a partir dos dados do DATASUS

Quanto à categoria “endodontia trirradicular”, na região apenas quatro municípios

oferecem este tipo de procedimento: Paraíba do Sul, Miguel Pereira, Engenheiro Paulo de

Frontin e Mendes. Destes, apenas Paraíba do Sul possui um CEO tipo I habilitado.

Mais uma vez, chama-nos a atenção os municípios de Areal e Vassouras por não

apresentarem produção neste procedimento uma vez que os mesmos possuem CEOs

habilitados.

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Gráfico 19: Reg. Centro Sul Atenção Espec. Endodontia tri radicular

0

200

400

600

800

1000

1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007

Três Rios Areal Levy Gasparian SapucaiaParaíba do Sul Vassouras Miguel Pereira Paty de AlferesPaulo de Frontin Mendes Paracambi

Fonte: Elaboração própria a partir dos dados do DATASUS

No conjunto das ações de atenção básica, sete municípios tiveram queda em seu

volume: Três Rios, Areal, Paraíba do Sul, Vassouras, Paty de Alferes, Paracambi e Sapucaia.

Destes, Três Rios, Areal, Paraíba do Sul e Vassouras, contam com 100% de cobertura em

ESBs, enquanto que Sapucaia apresenta 74,86% desta mesma cobertura. Portanto o

decréscimo na produção destas ações parece ser contraditório ao percentual de cobertura

atingido de ESBs atingidos nestes municípios.

Vale enfatizar que Paracambi deixou de informar e/ou produzir este tipo de ação em

julho de 2007.

Os dados mostram que todos os demais municípios, desde 2005, vêm apresentando uma

tendência ascendente para o conjunto de ações básicas.

Vale notar que Miguel Pereira ainda que não apresente ESBs vem aumentando seu

volume de ações básicas de maneira significativa desde 2001, o que indica que a rede própria

municipal vem demonstrando desempenho positivo independentemente das políticas de

incentivo do MS.

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Gráfico 20: Reg. Centro Sul Qtd. Aprovada - ações básicas em Odontologia

0

50000

100000

150000

200000

1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007

Três Rios Areal Levy GasparianSapucaia Paraíba do Sul VassourasMiguel Pereira Paty de Alferes Paulo de FrontinMendes Paracambi

Fonte: Elaboração própria a partir dos dados do DATASUS

Quanto ao conjunto de ações especializadas, o gráfico 21 mostra que o município de

Sapucaia não oferece procedimentos especializados aos seus usuários.

Areal vem ofertando este tipo de serviço desde 2005, ano anterior à habilitação do seu

CEO, e vem demonstrando um volume ascendente.

Paraíba do Sul (10/2005) e Vassouras (11/2005) são os dois outros municípios que

possuem CEO na região. Porém, de forma contrária a Areal, estes dois municípios vêm

apresentando, nos últimos três anos, um volume decrescente de ações de especializadas. Vale

lembrar que estes dois municípios possuem ESBs habilitadas desde 2002 contando com

100% de cobertura populacional. Como dissemos no início deste capítulo, é esperado que

ocorra a médio e longo prazo uma redução das necessidades em ações odontológicas

especializadas nos locais onde é oferecida uma maior cobertura das ações básicas. Contudo, a

redução no volume da produção de ações especializadas ocorrida nestes dois municípios

necessita ser melhor avaliada.

Os demais municípios desta região, ainda que não possuam CEOs, oferecem ações

especializadas aos seus munícipes. Porém, desde 2002, ainda que em diferentes proporções,

todos apresentam queda no volume da produção. É válido destacar aqui o papel da SESDEC

em estimular e dar suporte aos gestores locais no sentido destes se beneficiarem da PNSB e

seus incentivos, numa perspectiva regionalizada, dinamizando a atenção especializada já

existente.

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Gráfico 21: Reg. Centro Sul Qtd. Aprovada - ações espec. em Odontologia

0

5000

10000

15000

20000

1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007Três Rios Areal Levy Gasparian SapucaiaParaíba do Sul Vassouras Miguel Pereira Paty de AlferesPaulo de Frontin Mendes Paracambi

Fonte: Elaboração própria a partir dos dados do DATASUS

4.2.4 Região Médio Paraíba

Esta região é composta por doze municípios: Piraí, Pinheiral, Volta Redonda, Barra do

Piraí, Valença, Rio das Flores, Rio Claro, Barra Mansa, Quatis, Porto Real, Resende e

Itatiaia. Segundo o Censo de 2000 (IBGE), a região possuía 785.292 habitantes

representando 5 % da população total do estado do Rio de Janeiro. Naquela época, o valor do

IDH médio da região correspondia a 0,780. O município que apresentou o menor valor de

IDH foi Rio Claro (0,737) enquanto Volta Redonda apresentou o maior valor (0,815). Ainda

em relação ao IDH, a pesquisa aponta que apenas quatro municípios apresentaram valores

abaixo da média da região: Piraí (0,776) Valença (0, 776), Rio das Flores (0,739) e Porto

Real (0,743).

De acordo com as normas vigentes do SUS, na região, no ano de 2007, quatro

municípios estavam habilitados em GPSM. São eles: Piraí; Volta Redonda; Barra Mansa e

Resende. Todos os demais municípios estavam habilitados em GPABA.

O município que conta com maior contingente populacional da região é Volta Redonda

e conseqüentemente este é o município que recebe o maior volume de recursos do SUS

correspondentes à atenção básica (PAB-fixo). De maneira oposta, o município que recebe o

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109

menor volume de recursos do governo federal é Rio das Flores, pois este é também o

município que conta com a menor número de população na região.

No tocante a atenção à saúde bucal, novamente Volta Redonda por ser o município da

região com maior número de ESBs na ESF, recebe um volume maior de recursos federais

para esta área específica da saúde. Quatis é o município da região que recebe o menor

volume de incentivos do SUS para a atenção à saúde bucal, pois este município conta apenas

com 1 ESB.

De acordo com os dados do IBGE, existem na região 298 estabelecimentos de saúde

próprios do SUS dispostos da seguinte forma: 3 federais, 2 estaduais e 293 municipais. Do

total de estabelecimentos da região 196 prestam serviço ambulatorial em odontologia. O

município de Valença é o único na região que conta com estabelecimentos de saúde de

responsabilidade dos três níveis governamentais.

Volta Redonda é o município que concentra o maior número de estabelecimentos de

saúde (81) dos quais 31 possuem assistência ambulatorial odontológica. Ainda quanto o

número de estabelecimentos de saúde, Barra Mansa e Resende aparecem em segundo lugar

contando respectivamente com 52 e 36 unidades. Em relação à assistência odontológica,

ambos os municípios possuem 36 estabelecimentos prestando este tipo da atenção.

No tocante a assistência emergencial em CTBMF, a região conta com 8 serviços

distribuídos assim: 3 em Volta Redonda, 3 em Resende e 1 em cada um dos municípios de

Valença e Barra Mansa.

No que diz respeito à atenção básica através da ESF, o quadro 12 mostra a situação, em

dezembro de 2007, das ESBs existentes na região assim como o seu percentual de cobertura.

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110

Quadro 12 Situação das ESBs e ESFs na Região Médio Paraíba em dez/07

Fonte: Elaboração própria a partir dos dados do DAB/ MS

Segundo a leitura dos dados, do total de municípios da região somente Itatiaia ainda

não possui equipes habilitadas na ESF. No tocante a saúde bucal, além de Itatiaia, dois outros

municípios não contam com ESBs. São eles: Barra Mansa e Quatis. Chama-nos a atenção o

fato de que este último município conta com cobertura de 85,0% na ESF.

Do total de municípios que possuem ESBs habilitadas, Barra do Piraí é que oferece a

menor cobertura populacional da região (21,70%). No entanto, segundo informações da

SESDEC /RJ, até junho de 2007 este município possuía além das 3 equipes modalidade I em

atuação, 1 ESB habilitada na modalidade II. Conseqüentemente, a perda desta equipe refletiu

na cobertura oferecida pelo programa.

No que tange a modalidade de implantação, todos os municípios tem ESBs habilitadas

em modalidade I. A única exceção é Volta Redonda que, além de equipes tipo I, possui

Região Médio Paraíba

Mês/ ano inserção

ESBs

Nº atual

de ESBs

implan-

tadas

Mod.

Pop. Total dez/ 2007

% cob. da

Pop/ ESBs

Nº atual ESFs

% cob.d

a Pop/ ESF

Piraí 06/02 10 I 24.363 100% 10 100% Pinheiral 10/05 4 I 23.014 100% 7 100%

Volta Redonda 01/04 35

25 M I 10 M II 258.145 93,55% 51

68,16%

Barra do Piraí 04/05 3 I 95.380 21,70% 4 14,27

%

Valença 03/06 3 I

70.537 29,35% 6 29,35

% Rio das Flores 04/05 3 I 8.493 100% 3 100%

Rio Claro 10/07 3 I 18.181 100% 9 100%

Barra Mansa - - -

176.349 - 21 41,08

%

Quatis - - - 12.182 - 3 84,96

%

Porto Real 04/02 4 I 15.309 100% 5 100%

Resende 09/04 12 I 119.729 69,16% 22 63,39

%

Itatiaia - - - 31.144 - - -

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111

também, equipes na modalidade II.

No tocante a atenção especializada em saúde bucal existe, na região 7 CEOs e 4

LRPDs habilitados de acordo com as diretrizes da PNSB. Os municípios que possuem CEOs

são: Barra do Piraí (tipo II); Barra Mansa (tipo III); Pinheiral (tipo I); Piraí (tipo I); Porto

Real (tipo II); Resende (tipo II) e finalmente, Valença (tipo II). Além de CEOs, os

municípios de Piraí, Porto Real, Resende e Valença possuem também cada um, 1 LRPD.

Convém registrar que o município de Barra Mansa apesar de ter habilitado um CEO,

não possui ainda ESBs. De acordo com as diretrizes da PNSB, os CEOs devem ser unidades

de referência para a atenção básica, preferencialmente através da ESF.

Quanto à produção ambulatorial produzida na região, os dados da pesquisa revelaram

que no tocante ao procedimento 1ª consulta programática, somente quatro, dos doze

municípios desta região, apresentaram curvas ascendentes para esta categoria. São eles: Piraí,

Pinheiral, Rio das Flores, e Porto Real. Enfatizamos que estes municípios contam com ESBs

com atuação em 100% de suas populações. Este fato certamente está relacionado com o

incremento ocorrido no volume de 1ªs consultas programáticas nestes municípios.

Os municípios de, Volta Redonda, Barra Mansa e Itatiaia, apesar de apresentaram no

ano de 2006 picos de produção para este procedimento, realizaram em 2007 um volume

decrescente. Vale registrar que Itatiaia e Barra Mansa não possuem ESBs enquanto que Volta

Redonda conta com cobertura de 93,55% dessas equipes. Neste último município, a retração

do volume de 1ªs consultas programáticas deve ser avaliada mais atentamente.

Outros municípios que apresentaram curvas descendentes para este procedimento

foram: Barra do Piraí, Valença, Rio Claro e Resende. Destes municípios, Barra do Piraí

(21,70%) e Valença (29,35%) apresentam baixos valores percentuais de cobertura para as

ESBs enquanto que em Resende o percentual de cobertura é de 69,16% para este tipo de

oferta. Causa-nos espanto que este último município tendo ampliado o acesso para quase

70% da população e não tenha minimamente mantido o volume de produção de 1ªs consultas

programática.

O município de Rio Claro apesar de contar com 100% de cobertura para as ESBs, estas

iniciaram suas atividades recentemente (outubro de 2007) não permitindo ainda que se

estabeleça qualquer correlação com a referida queda de produção.

O município de Quatis, a despeito de não possuir ESBs habilitadas vem mantendo, ao

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longo do período pesquisado, a sua produção de 1º-ªs consultas programáticas.

Gráfico 22: Reg. Médio Paraíba 1ª cons. programática

0

10000

20000

30000

40000

50000

1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007

Piraí Pìnheiral Volta Redonda Barra do PiraíValença Rio das Flores Rio Claro Barra MansaQuatis Porto Real Resende Itatiaia

Fonte: Elaboração própria a partir dos dados do DATASUS

No tocante a categoria “exodontia de elem. permanente” os dados revelaram que os

municípios de Piraí, Pinheiral, Porto Real, Volta Redonda, Barra do Piraí, Valença, Rio

Claro, Barra Mansa e Quatis apresentaram curvas descendentes no desempenho dessa

categoria em 2007.

O município de Piraí vem apresentando queda na produção de exodontias desde 2005,

fato que é coincidente e coerente com o início de atuação e cobertura de 100% das ESBs.

O gráfico 23 mostra que apesar de Volta Redonda ter apresentado aumento na produção

de exodontias nos anos de 2004 e 2006, a curva correspondente a esse município em 2007

apresenta-se em posição descendente. Lembramos que esse município aumentou em quase 6

vezes o contingente de ESBs, desde o início em 2004. Este fato sugere que, o aumento da

produção conforme relatado, relaciona-se com o início de atuação das ESBs, e com o

incremento do seu contingente.

Barra do Piraí vem apresentando uma tendência descendente e progressiva desde 2002,

portanto antes mesmo da habilitação das ESBs naquele município. O mesmo ocorreu em

Barra Mansa, porém nesse município não existem ainda ESBs habilitadas. Como relatado

anteriormente, Barra Mansa diminuiu o volume de 1ªs consultas programáticas, mas vem

aumento a oferta do procedimento “curetagem pol/dentário” como pode ser visto no gráfico

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24. A análise conjunta dessas categorias sugere que nesse município vem ocorrendo adesão

dos usuários aos tratamentos propostos.

O município de Quatis, ao longo do período pesquisado vem apresentando um

desempenho bastante oscilatório, porém em 2007 apresentou valores menores do que os

apresentados no ano anterior. Ressaltamos que esse município também não conta ainda com

a atuação de ESBs.

Ainda em relação ao procedimento “exodontia de elem. permanente”, o município de

Porto Real apresenta uma tendência ascendente desde de 2004. Essa tendência necessita ser

avaliada de forma mais atenta já que esse município conta com a atuação de ESBs desde

abril de 2002, hoje cobrindo 100% da sua população.

Rio das Flores, Resende e Itatiaia apresentaram ao longo do período estudado, uma

tendência estável no volume de suas produções de “exodontias de elem. permanentes”. Vale

registrar que desses três municípios, Itatiaia é o único que ainda não conta com a atuação de

ESBs. Rio das Flores conta com cobertura de 100% dessas equipes, enquanto que em

Resende a cobertura das ESBs é de 69,16%.

Gráfico 23: Reg. Médio Paraíba Exodontia de elem. permanente

0

2000

4000

6000

8000

10000

12000

1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007

Piraí Pìnheiral Volta Redonda Barra do PiraíValença Rio das Flores Rio Claro Barra MansaQuatis Porto Real Resende Itatiaia

Fonte: Elaboração própria a partir dos dados do DATASUS

Quanto ao procedimento “curetagem pol/ dentário” o gráfico 24 mostra que os

municípios de: Pinheiral,Volta Redonda,Valença, Rio das Flores, Barra Mansa, Quatis, Porto

Real e Resende, apresentaram curvas ascendentes para esse procedimento.

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Nos municípios de Pinheiral, Rio das Flores e Porto Real esse aumento de volume na

produção de “curetagem pol/ dentário” foi acompanhado do aumento de 1ªs consultas

programáticas o que sugere adesão dos usuários ao tratamento proposto. Convém lembrar

que esses três municípios contam com 100% das ESBs.

Volta Redonda e Resende contam com coberturas de 93,55% e 61,16%

respectivamente.

O município de Barra Mansa, apesar de ter apresentando, uma discreta redução no

último ano pesquisado, no ano de 2006 apresentou valores correspondentes a 5 vezes a

produção do ano anterior.

Destacamos que o desempenho ascendente de Quatis nessa categoria foi acompanhado

da diminuição do volume de exodontias e da estabilidade de 1ªs consultas programáticas.

Lembramos novamente que esse município ainda não conta com atuação de ESBs.

Os municípios de Piraí (100%), Barra do Piraí (21,70%) Rio Claro (100%) e Itatiaia

tiveram desempenho descendente para esse tipo de produção. Desses quatro municípios o

único que não possui ESB habilitada é Itatiaia.

A redução do volume desse procedimento em Piraí merece ser melhor avaliada, pois ela

ocorreu apesar do município ter apresentado maiores valores na produção de 1ªs consultas

programáticas e menores valores na produção de exodontias.

Gráfico 24: Reg. Médio Paraíba Curetagem/pol. dentário

0

2000

4000

6000

8000

10000

12000

14000

1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007

Piraí Pìnheiral Volta Redonda Barra do PiraíValença Rio das Flores Rio Claro Barra MansaQuatis Porto Real Resende Itatiaia

Fonte: Elaboração própria a partir dos dados do DATASUS

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No tocante ao procedimento correspondente à atenção especializada em Periodontia,

destacamos que os municípios de Pinheiral, Valença, Rio das Flores, Rio Claro e Quatis não

oferecem este tipo de procedimento aos seus munícipes.

Na Região, os seguintes municípios apresentaram, no período pesquisado, curvas

ascendentes no volume dessas ações: Piraí; Volta Redonda; Barra do Piraí; Barra Mansa e

Resende. Desses municípios somente Volta Redonda ainda não possui CEO habilitado.

Barra do Piraí apesar de apresentar o referido aumento, vem reduzindo desde 2005 a

produção de “curetagem pol/ dentário” assim como o volume de 1ªs consultas programáticas.

Ainda que a cobertura das ESBs no município seja baixa (21,79%), parece-nos estranho que

a referência para a clínica especializada (CEO) venha aumentando naquele município.

Portanto, as razões para que este fato esteja ocorrendo precisam ser conhecidas.

Barra Mansa apesar de apresentar uma discreta redução no último ano pesquisado

apresenta uma tendência ascendente desde 2004, com pico em 2006, no volume desse

procedimento. O gráfico 25 mostra que o mesmo ocorreu no município de Piraí, porém neste

ultimo município a retração ocorrida em 2007 foi mais acentuada.

Porto Real e Itatiaia apresentaram uma tendência descendente para o volume de

produção dessa categoria.

Porto Real por outro lado, aumentou o volume das ações de periodontia oferecidas na

clínica básica, assim como o volume de 1ªs consultas programáticas. Portanto a referida

redução de volume das ações especializadas em periodontia pode estar relacionada à

resolução de problemas dessa ordem na clínica básica. Lembramos ainda que esse município

conta com 100% de cobertura para as ESBs.

No tocante ao município de Itatiaia destacamos que, apesar da redução no volume da

produção, esse município vem oferecendo a sua população, ações especializadas em

periodontia, mesmo sem contar com a presença de CEO e de ESBs. Assim, consideramos

relevante o papel da SESDEC em apoiar e incentivar o município a se beneficiar dos

incentivos do MS concedidos a PNSB, no sentido de manter esse tipo de assistência no local.

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Gráfico 25: Reg. Médio Paraíba Atenção espec. Periodontia (curetagem sub/indivíduo)

0

1000

2000

3000

4000

5000

1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007

Piraí Pìnheiral Volta Redonda Barra do PiraíValença Rio das Flores Rio Claro Barra MansaQuatis Porto Real Resende Itatiaia

Fonte: Elaboração própria a partir dos dados do DATASUS

Em relação ao procedimento “Endodontia trirradicular”,destacamos que seis municípios

dos doze existentes na região não oferecem esse tipo de assistência. São eles: Pinheiral, Barra

do Piraí, Rio das Flores, Rio Claro, Quatis e Itatiaia. Vale lembrar que desses municípios

Pinheiral e Barra do Piraí possuem CEOs habilitados.

Os municípios de Volta Redonda e Resende apresentaram curvas ascendentes para o

volume de tratamento de canal em molares. Lembramos que Resende possui CEO habilitado,

mas em Volta Redonda não existe ainda esse serviço.

Em relação a Valença e Barra Mansa o gráfico 26 aponta que ocorreu uma redução no

volume da produção desse procedimento. Os dois municípios possuem CEOs habitados. Vale

registrar ainda que ambos os municípios também apresentaram retração de valores para os

procedimentos “1ª consulta programática” e “Exodontia de elem. permanentes”, o que sugere

diminuição no acesso. Assim consideramos relevante um estudo mais atento para

conhecermos as razões para tais reduções.

Porto Real começou a realizar esse tipo de procedimento em 2006 e manteve estável a

sua produção em 2007. Da mesma forma, o município de Piraí aumentou a sua produção em

2004 e desde de então vem apresentando um desempenho estável para esse tipo de

procedimento.

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Gráfico 26: Reg. Médio Paraíba Endodontia trirradicular

0100200300400500600700800

1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007

Piraí Pìnheiral Volta Redonda Barra do PiraíValença Rio das Flores Rio Claro Barra MansaQuatis Porto Real Resende Itatiaia

Fonte: Elaboração própria a partir dos dados do DATASUS

No tocante ao conjunto das ações básicas o desempenho dos municípios da região foi o

seguinte:

Piraí, Pinheiral, Volta Redonda, Barra Mansa Porto Real e Resende apresentaram

curvas ascendentes para essas ações. Exceto para Volta Redonda, Resende e Barra Mansa,

essa tendência de elevação do número de ações básicas é coerente e compatível com o maior

volume de 1ª consultas programáticas praticado pelos municípios de Piraí, Pinheiral e Porto

Real. Em outras palavras a abertura de acesso propicia um maior volume de ações na clínica

básica. Vale lembrar que todos esses municípios possuem ESBs em atuação.

O município de Resende aumentou a produção dessas ações em 2005, ano seguinte a

implantação das ESBs e vem mantendo desde então o volume dessas ações.

Os municípios de Barra do Piraí, Valença, Rio Claro e Quatis tiveram a produção de

ações básicas reduzida. Dos quatro, o único município que não possui ESBs habilitadas é

Quatis.

Rio Claro reduziu pela metade em 2006 e não mostrou sinais de recuperação em 2007.

Este fato chama-nos a atenção e merece observação no futuro próximo já que esse município

passou a contar em outubro de 2007 com ESBs com atuação para 100% de cobertura

populacional.

Rio das Flores vem desenvolvendo um comportamento estável desde 2005 na

produção dessas ações e essa data é coincidente com o início da atuação das ESBs naquele

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município. O município de Itatiaia como já foi dito, não possui ainda ESBs habilitadas.

Gráfico 27: Reg. Médio Paraíba Qtd. aprovada ações básicas em Odontologia

0

50000

100000

150000

200000

250000

300000

1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007

Piraí Pìnheiral Volta Redonda Barra do PiraíValença Rio das Flores Rio Claro Barra MansaQuatis Porto Real Resende Itatiaia

Fonte: Elaboração própria a partir dos dados do DATASUS

Em relação ao conjunto das ações especializadas, os municípios de Piraí, Pinheiral,

Volta Redonda, Barra Mansa, apresentaram curvas ascendentes para o volume dessas ações.

Como pode ser visto no gráfico 28, chama-nos a atenção o desempenho de Barra Mansa que

vem, desde 2005, aumentando substancial e progressivamente o seu volume de ações

especializadas. Esse município possui CEO habilitado desde de junho de 2005, sendo que,

em 2006 foi realizada uma alteração de modalidade, passando de II para III. Este fato é

coincidente e coerente com o aumento de volume de ações especializadas realizadas naquele

município.

Barra do Piraí, Valença, Rio das Flores, Rio Claro, Quatis, Porto Real, Resende e

Itatiaia apresentaram volumes reduzidos na sua produção de ações especializadas. Desses

municípios, quatro possuem CEOs. São eles: Barra do Piraí, Valença, Porto Real e Resende.

A retração no volume de ações especializadas nessas unidades de CEO necessita ser avaliada

de forma mais atenta e individualizada.

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Gráfico 28: Reg. Médio Paraíba Qtd. aprovada ações espec. em Odontologia

0

5000

10000

15000

20000

25000

30000

35000

1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007

Piraí Pìnheiral Volta Redonda Barra do PiraíValença Rio das Flores Rio Claro Barra MansaQuatis Porto Real Resende Itatiaia

Fonte: Elaboração própria a partir dos dados do DATASUS

4.2.5 Região Metropolitana I

A região é composta por doze municípios: Rio de Janeiro, Itaguaí, Seropédica, Duque

de Caxias, Magé, Nova Iguaçu, Japeri, Queimados, Mesquita, São João de Meriti, Belford

Roxo e Nilópolis.

Segundo o Censo de 2000 (IBGE), a região possuía então 9.146.985 habitantes

representando 64 % da população total do estado do Rio de Janeiro. Entretanto, convém

lembrar que o município de Mesquita, segundo o próprio IBGE, só foi instalado em 2001.

Assim, se somarmos a população residente a este município no seu ano de instalação ao total

da população informada pelo referido Censo para a região, chegaremos a um valor igual a

9.315.026 habitantes. Entretanto, apesar deste aumento, o percentual correspondente à

população do estado não é alterado.

O IDH médio da região neste mesmo período era de 0,762 sendo que o Rio de Janeiro

foi município que apresentou o valor mais alto (0,842). São João de Meriti foi, aquela época,

o município com o menor IDH da região (0,724).

De acordo com as normas assistenciais do SUS, ano de 2007, seis municípios da região

estavam habilitados em GPABA. São eles: Seropédica, Magé, Japeri, Queimados, Mesquita e

Nilópolis. Os outros seis municípios da região estavam habilitados em GPSM.

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O Rio de Janeiro é sem sombra de dúvida, o município que recebe o maior volume de

recursos do SUS para atenção básica no âmbito do estado. A discrepância populacional

existente entre o Rio de Janeiro e os demais municípios do estado nos permite considerá-lo à

parte, não só no interior da região Metropolitana I, como também no âmbito do estado. Por

esta razão, o estudo desta região conta com gráficos em separado para o município do Rio de

Janeiro. Assim sendo, podemos considerar os municípios de Nova Iguaçu e Duque de Caxias

como os maiores recebedores de recursos federais da região. De forma oposta, os municípios

que recebem os menores valores do SUS para este tipo de atenção são: Seropédica e Itaguaí.

No tocante a atenção à saúde bucal, o Rio de Janeiro por ser o município com maior

número de ESBs na região, recebe um volume maior de recursos federais.

Quanto à natureza jurídica, na região existem estabelecimentos de saúde de

responsabilidade dos três níveis de governo. Segundo os resultados da pesquisa estes

estabelecimentos estão distribuídos da seguinte forma: 32 unidades federais; 41 unidades

estaduais e 338 municipais. Os dados revelam ainda que existem na região 526 unidades de

serviço que prestam atenção ambulatorial em odontologia.

Conforme já foi explicitado no capítulo anterior, o município do Rio de Janeiro

concentra o maior número de estabelecimentos de saúde. Em relação às unidades federais,

localizam-se neste município 94% do total destas unidades da região. De forma semelhante,

90% dos serviços da região sob gestão estadual encontram-se no município do Rio de

Janeiro. Quanto ao total das unidades municipais da região, 69% delas localizam-se na

cidade carioca.

No tocante a assistência emergencial em CTBMF, existe 36 estabelecimentos na região

que realizam este tipo de atendimento. Deste total de unidades, 30 estão localizadas no

município do Rio de Janeiro, enquanto que as demais unidades estão distribuídas da seguinte

forma: 4 em Nova Iguaçu, 1 em Duque de Caxias e 1 em Itaguaí.

No tocante a atenção básica oferecida através da ESF, o quadro 13 reflete a situação das

ESBs na região em dezembro de 2007.

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Quadro 13 Situação das ESBs e ESFs na Região Metropolitana I em dez/07

Fonte: Elaboração própria a partir dos dados do DAB/ MS

Conforme visto no quadro acima os municípios Rio de Janeiro, Mesquita e Nova

Iguaçu possuem as menores coberturas populacionais da região, sendo estas inferiores a 10%.

Magé é o único município na região que apresenta 100% de cobertura das ESBs.

Entretanto, causa-nos estranheza o fato de 40 ESBs cobrirem a totalidade da população

enquanto 45 ESFs só atinjam a 65,51% de cobertura populacional.

Quanto à modalidade de implantação, somente os municípios do Rio de Janeiro, Nova

Iguaçu e Belford Roxo possuem ESBs habilitadas em modalidade II. Os outros quatro

municípios só possuem ESBs na modalidade I.

No âmbito da atenção secundária em saúde bucal, existem na região 23 CEOs e 2

Região Metropolitana I

Mês/ ano inserção

ESBs

Nº atual de

ESBs implan-

tadas

Mod.

Pop. Total dez/ 2007

% cob. da

Pop/ ESBs

Nº atual ESFs

% cob.da Pop/ ESF

Rio de Janeiro 01/05 50

35 M I 15 M

II 6.136.652 5,62% 131 7,36%

Itaguaí 03/07 - - 95.757 - 6

21,62%

Saropédica 01/06 5 I 76.831

44,90% 10

44,90%

Duque de Caxias 09/03 42 I

835.063

33,89% 66

26,63%

Magé 12/04 40

I 237.00

0 100% 45 65,51

% Nova Iguaçu

05/05 7 II

844.590 5,72% 50

20,42%

Japeri - -

- 96.496 - -

Queimados 02/07 -

- 139.11

8 - -

Mesquita 10/07 1 I 185.55

2 3,72% 10 18,59

% São João de

Meriti - - - 466.96

6 21 15,51

%

Belford Roxo 08/06 8 II 489.00

2 11.29

% 27 19,05

%

Nilópolis - - - 150.47

5 - 18 41,27

%

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LRPDs habilitados.Os Centros de Especialidades Odontológicas estão localizados nos

seguintes municípios: Rio de Janeiro76 (16 CEOs tipo II e 2 CEO tipo I); Belford Roxo (1

CEO tipo II); Duque de Caxias (1 CEO tipo I e 1 CEO tipo III) e Magé (1 CEO tipo II e 1

CEO tipo III). Em relação aos LRPDs, as cidades de Duque de Caxias e Magé também

possuem, cada uma, um desses laboratórios.

Quanto à produção ambulatorial de região na região Metropolitana I, o gráfico 29

mostra que os municípios de Itaguaí, Duque de Caxias, Magé, Japeri, Mesquita, Belford

Roxo e Nilópolis apresentaram tendência ascendente no volume de suas produções da

categoria “1ª consulta programática”.

As curvas correspondentes aos municípios de Itaguaí e Duque de Caxias mostram-se

em crescimento desde 2003 sendo que em 2007, esse último município aumentou cerca de 3

vezes sua produção em relação àquela realizada no ano anterior. Lembramos que Duque de

Caxias conta com 33,89% de cobertura das ESBs e que segundo os dados do DAB/MS, em

Itaguaí, a atuação das ESBs foi suspensa em agosto de 2007.

Magé, Japeri e Belford Roxo e Mesquita iniciaram curvas ascendentes no ano de 2004.

Magé multiplicou em 4 vezes o volume de sua produção neste mesmo ano, e conta com

100% de cobertura para as ESBs, o que provavelmente contribui para esse desempenho. Já

Belford Roxo (cobertura de 11,29% em ESBs), e Mesquita (3,72%), demonstraram

desempenho positivo apesar de suas baixas coberturas. Japeri, em 2007, mesmo na ausência

de equipes habilitadas, produziu o dobro do volume de “1ªs consultas programáticas”

correspondentes ao ano anterior. O resultado positivo nesses municípios está possivelmente

relacionado a outras iniciativas locais.

O município de Nilópolis, ainda que tenha apresentado uma discreta redução da sua

produção no último ano pesquisado, vem aumentando substancialmente desde 2004 o volume

desse procedimento. Vale registrar que nesse município não existem ESBs habilitadas.

De forma oposta, os municípios do Rio de Janeiro, Seropédica, Nova Iguaçu,

Queimados e São João de Meriti apresentaram curvas descendentes para esse tipo de

procedimento.

O município do Rio de Janeiro vem reduzindo, de forma progressiva, o volume de “1ªs

76 Segundo o MS existem no município do Rio de Janeiro 18 CEOs habilitados no pela Pt nº 2192/GM, de 08 de outubro de 2004. Entretanto, segundo dados da Gerência de Saúde Bucal da SESDEC/RJ (2007) no município do RJ existe, em atividade, apenas 17 CEOs (16 tipo II e 1 tipo I).

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consultas programáticas” desde 2000. Os dados revelam que em 2007 essa redução atingiu a

valores correspondentes a menos que um terço dos praticados em 2004. Vale registrar que as

ESBs habilitadas nesse município iniciaram suas atividades em 2005 e cobrem hoje somente

5,62% da população carioca. Ainda que a cobertura seja desta ordem, causa-nos estranheza a

persistente tendência negativa apresentada por este município, sobretudo se considerarmos a

significativa ampliação do quantitativo de recursos humanos na área de saúde bucal neste

período77.

A curva correspondente a o município de Seropédica apresentou um comportamento

decrescente de 2002 a 2006. Entretanto, em 2007, demonstrou sinais de recuperação. Da

mesma forma, Nova Iguaçu apresenta uma tendência declinante desde 2004, ainda que no

último ano pesquisado tenha mostrado valores ascendentes em relação a 2006. Nesses

municípios a tendência ascendente registrada a partir de 2006 esta provavelmente relacionada

à introdução das ESBs, ainda que essa resposta positiva tenha ocorrido com algum atraso.

Queimados e São João de Meriti vêm diminuindo progressivamente suas produções de

“1ª consulta programática” desde 2005. Registramos que enquanto em Queimados, segundo

os dados do DAB/MS, a atuação das ESBs foi suspensa em julho de 2007, em São João de

Meriti, ainda não existem equipes habilitadas.

Gráfico 29: Reg. Metropolitana I1ª cons. programática

0

50000

100000

150000

200000

250000

300000

350000

1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007

Rio de Janeiro Itaguaí SeropédicaDuque de Caxias Magé N. IguaçúJaperi Queimados MesquitaS.J. Meriti Belford Roxo Nilópolis

Fonte: Elaboração própria a partir dos dados do DATASUS

77 Segundo o site SMS/RJ, em nota da assessoria de comunicação social de junho de 2003, “um dos principais avanços foi aprovação e contratação de 1017 profissionais entre cirurgiões-dentistas, técnicos de higiene dental, técnico de prótese dentária e auxiliares de consultório dentário...”. “Atualmente 490 novos dentistas já estão atendendo à população”. O programa “Dentescola responsável pelo atendimento de cerca de 163 mil alunos cobrindo 402 escolas e 182 creches...”também é citado neste informe.

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No tocante a categoria “Exodontia de elem. permanente”, a leitura do gráfico 30 nos

permite dizer que os municípios do Rio de Janeiro, Seropédica, Duque de Caxias, Japeri e

Queimados apresentaram curvas ascendentes para esse tipo de intervenção.

No período pesquisado o município do Rio de Janeiro apresentou uma curva

descendente até 2005. Entretanto, em 2006 a curva tomou uma posição ascendente que foi

confirmada em 2007 com valores 14% mais altos do que os praticados no ano anterior.

Vale lembrar que conforme o gráfico 29 esse município vem apresentando desde 2000,

valores decrescentes para o procedimento de 1ª consulta programática. Desta forma, o

aumento no volume de exodontias ocorrido nos dois últimos anos pesquisados parece estar

mais relacionado com o modelo de saúde bucal oferecido pelo município do que com o

atendimento de um maior contingente de usuários. Portanto esse acréscimo no volume de

exodontias precisa ser melhor avaliado.

Seropédica iniciou a produção desse procedimento em 2005 e desde então vem

aumentando substancialmente o volume de exodontias. Esse município possui ESBs desde de

janeiro de 2006 com cobertura de 44,90%. Portanto esse maior número de exodontias pode

estar relacionado a esta ampliação de acesso.

O aumento no volume desse procedimento nos município de Duque de Caxias e Japeri

acontece de forma coincidente e coerente com o aumento de 1ªs consultas programáticas

ocorrido em ambos os municípios. Portanto a ampliação do acesso sugere um maior número

de usuários assistidos. Como já foi dito no início do presente capítulo, é admissível e, em

tese, até esperado que seja aumentado o volume de exodontias nestes casos.

O município de Queimados começou a ofertar esse tipo de procedimento em 2004 e

apresentou uma tendência ascendente até 2006. Entretanto, em 2007, já apresentou valores

decrescentes. Este fato deve ser avaliado mais atentamente no sentido de averiguar a

possibilidade de sua relação com a breve atuação das ESBs naquele município. Segundo

dados do DAB/MS as equipes foram habilitadas em fevereiro de 2007, e tiveram suas

atividades suspensas em agosto do mesmo ano.

Os municípios de Itaguaí, Magé, Nova Iguaçu, Mesquita, São João de Meriti, Belford

Roxo e Nilópolis apresentaram um desempenho descendente no período final da pesquisa.

Itaguaí apresentou, ao longo de todo o período pesquisado, uma tendência descendente

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125

para essa categoria. Ao longo do mesmo período, esse município apresentou ampliação do

acesso (expresso por 1ªs consultas odontológicas) e do volume de “curetagem/pol. dentário”.

Esse perfil de desempenho sugere que em Itaguaí ocorreu uma mudança positiva no modelo

de atenção à saúde bucal, ainda que esse município não conte com a atuação de ESBs.

São João de Meriti, Magé e Belford Roxo, apesar de apresentarem aumentos de

produção em 2006, todos apresentaram valores decrescentes de exodontias em 2007. Desses,

Magé e Belford Roxo tiveram ampliação do acesso neste período. Por outro lado São João de

Meriti vem apresentando valores decrescentes em 1ªs consultas odontológicas de modo

progressivo desde 2005.

Magé, em 2007, reduziu a sua produção de exodontias cerca de seis vezes o valor

praticado em 2005, enquanto que Belford Roxo diminuiu, neste mesmo período, a produção

desse procedimento em cerca de quatro vezes em relação aos valores praticados em 2006.

Vale lembrar que Magé conta, desde dezembro de 2004, com a atuação de ESBs com

cobertura de 100% enquanto que Belford Roxo possui ESBs habilitadas, desde agosto de

2006, contando com cobertura de somente 11,29%.

Os municípios de Mesquita e Nilópolis vêm diminuindo progressivamente a produção

de exodontias desde 2003 e 2004 respectivamente. Registramos que a cobertura das ESBs em

Mesquita ainda é muito baixa (3,72%) e que Nilópolis ainda não conta com atuação dessas

equipes.

Gráfico 30: Reg. Metropolitana Iexodontia de elem. permanente

0

20000

40000

60000

80000

100000

120000

1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007

Rio de Janeiro Itaguaí Seropédica Duque de CaxiasMagé N. Iguaçú Japeri QueimadosMesquita S.J. Meriti Belford Roxo Nilópolis

Fonte: Elaboração própria a partir dos dados do DATASUS

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No tocante ao procedimento “curetagem e pol./dentário” o gráfico 31 mostra que nos

municípios de Rio de Janeiro, Itaguaí, Seropédica, Duque de Caxias, Magé, Mesquita e

Belford Roxo apresentaram curvas ascendentes em 2007.

No município de Rio e Janeiro os valores de produção desse procedimento foram

aumentados progressivamente nos anos de 2006 e 2007, sem, contudo, atingir àqueles

praticados em 1999. Considerando-se que esse município diminuiu o acesso, aumentou o

volume de exodontias e possui um programa assistencial direcionado a escolares

(“Dentescola”), o aumento do volume de “curetagem e pol./dentário” pode estar relacionado

diretamente com esse programa, confirmando a opção desse município pela manutenção do

modelo sespiano78. Entretanto essa possível relação necessita ser melhor investigada.

O desenho correspondente ao município de Duque de Caxias indica que aumento de

volume desse procedimento teve início em 2004. Esse aumento de volume pode ser

relacionado a atuação das ESBs, que naquela cidade, iniciaram sua atividades em outubro de

2003.

A mesma relação não pode ser feita no tocante aos municípios de Seropédica e Magé,

pois nesses municípios a tendência ascendente teve início antes da habilitação das ESBs. Em

Seropédica a curva começa sua trajetória ascendente em 2005 enquanto as ESBs foram

habilitadas em janeiro de 2006. Em Magé o início da trajetória é datado de 2002 enquanto o

início da atuação das ESBs foi em dezembro de 2004.

Mesquita apresentou nos anos de 2005 e 2006 uma produção irrisória desse tipo de

procedimento. Em 2007 aumentou consideravelmente o volume de sua produção sem,

contudo alcançar os valores praticados em 2004. Como a habilitação das ESBs nesse

município só ocorreu em outubro de 2007, esse aumento de volume parece estar relacionado

com o modelo de atenção oferecido aos seus munícipes. Ademais lembramos que esse

município além de diminuir o volume de exodontias, vem aumentado o acesso desde 2005.

O mesmo pode ser dito em respeito ao município de Belford Roxo.

De forma inversa, os municípios de Queimados e Nova Iguaçu tiveram um desempenho

descendente na produção de “curetagem e pol./dentário”. Nova Iguaçu vem apresentado 78 O Modelo de atenção odontológico ‘Sespiano” ou Odontologia Científica Escolar Sespiana foi implementado e praticado nos serviços públicos brasileiros por influência da Fundação de Serviços Especiais em Saúde Pública ( Fundação SESP) em 1951. Esse modelo que manteve a sua hegemonia por mais de 40 anos, privilegiava escolares de 6 a 14 anos matriculados nas escolas públicas de 1º grau da área geográfica correspondente ao programa (ZANETTI, 1993).

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queda progressiva desde 2004 desse procedimento, mesmo ano que tem início queda no

volume de 1ªs consultas odontológicas. Mesmo tendo iniciado a atuação de ESBs em maio de

2005, o perfil do desempenho de Nova Iguaçu nessas categorias não demonstra tendência de

ampliação do acesso à atenção a saúde bucal.

Queimados passou a oferecer o procedimento “curetagem e pol./dentário” em 2005 e

desde então vem apresentando uma tendência recessiva. Em 2007, a produção teve um

acréscimo sem, contudo, chegar a um terço dos valores praticados em 2005. Vale lembrar

que esse município diminuiu acesso e aumentou o volume de exodontias praticadas (gráficos

29 e 30). Ademais, as EBSs habilitadas nesse município tiveram suas atividades

interrompidas em agosto de 2007. Portanto parece oportuno que a SESDEC ofereça apoio

técnico ao município de Queimados, no sentido de ajudá-lo a recuperar os benefícios da

PNSB, e sobretudo manter a assistência aos seus munícipes.

São João de Meriti, vem mantendo estável a produção de “curetagem e pol./dentário”

desde 2005 enquanto que os municípios de Japeri e Nilópolis não oferecem aos usuários esse

procedimento.

Gráfico 31: Reg. Metropolitana Icuretagem/pol.dentário

0

5000

10000

15000

20000

25000

30000

1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007

Rio de Janeiro Itaguaí Seropédica Duque de CaxiasMagé N. Iguaçú Japeri QueimadosMesquita S.J. Meriti Belford Roxo Nilópolis

Fonte: Elaboração própria a partir dos dados do DATASUS

Quanto à categoria “Atenção espec. Periodontia”(curetagem sub/indivíduo) o resultado

da pesquisa aponta para o fato de que os municípios de, Itaguaí, Japeri, Queimados,

Mesquita, São João de Meriti e Nilópolis não possuem este tipo de oferta.

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Rio de Janeiro, Duque de Caxias e Belford Roxo apresentaram curvas ascendentes para

esse procedimento. No Rio de Janeiro esse aumento de volume teve seu início em 2005 e,

portanto, é coincidente com a implantação dos 17 CEOs em outubro de 2004 nesse

município. O mesmo pode ser dito em relação ao desempenho positivo a partir de 2006 de

Duque de Caxias e a data de implantação (janeiro de 2006) do primeiro CEO daquela cidade.

As curvas correspondentes aos municípios de Nova Iguaçu e Seropédica apresentam

uma tendência declinante desde os anos de 2004 e 2005 respectivamente. No gráfico 32,

chama-nos a atenção, ao longo do período pesquisado, o desempenho de Seropédica. A

despeito da tendência declinante, este é sem dúvida o município da região Metropolitana I

que mais produz esse tipo de intervenção.

Magé iniciou a produção desse procedimento em 2006, fato coincidente e coerente com

a implantação, em março de 2006, do CEO naquela cidade.

Gráfico 32: Reg. Metropolitana IAtenção espec. Periodontia (curetagem sub/indivíduo)

0

2000

4000

6000

8000

10000

1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007

Rio de Janeiro Itaguaí SeropédicaDuque de Caxias Magé N. IguaçúJaperi Queimados MesquitaS.J. Meriti Belford Roxo Nilópolis

Fonte: Elaboração própria a partir dos dados do DATASUS

No tocante ao procedimento “Endodontia trirradicular” a leitura dos dados indicam que

somente seis dos doze municípios da região oferecem esse tipo de assistência aos seus

munícipes. São eles: Rio de Janeiro, Seropédica, Duque de Caxias, Magé, Nova Iguaçu e

Belford Roxo. Desses, Rio de Janeiro, Duque de Caxias e Belford Roxo apresentaram

aumento de volume de tratamento de canais de molares. Vale lembrar que esses três

municípios possuem CEOs. Contudo, registramos que os municípios do Rio de Janeiro e

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Belford Roxo já produziam esse procedimento antes da implantação dos seus respectivos

CEOs.

Duque de Caxias e Magé começaram a oferecer esse tipo de tratamento após a data de

implantação de seus CEOs, ou seja, a partir de 2006. Diferentemente de Duque de Caxias,

Magé não aumentou em 2007 o volume de sua produção, mantendo-o estável.

Gráfico 33: Reg. Metropolitana IEndodontia trirradicular

0

1000

2000

3000

4000

5000

6000

7000

1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007

Rio de Janeiro Itaguaí SeropédicaDuque de Caxias Magé N. IguaçúJaperi Queimados MesquitaS.J. Meriti Belford Roxo Nilópolis

Fonte: Elaboração própria a partir dos dados do DATASUS

Na análise do conjunto das ações de atenção básicas e especializadas na região

Metropolitana I, os dados relativos ao município do Rio de Janeiro foram dispostos e

analisados em gráficos à parte daqueles usados na análise dos demais municípios da região.

Como já mencionado no início deste capítulo, isso foi necessário uma vez que a escala do

volume do conjunto das ações de atenção odontológicas realizadas na cidade carioca não

permite estabelecer parâmetros de comparação com nenhum outro município da região.

Nesse sentido, os gráficos 34.1 e 35.1 foram dispostos em seqüência com o objetivo de

facilitar a interpretação e comparação dos dados dessas categorias.

Assim, a análise dos dados do conjunto de ações básicas revela que sete municípios da

região Metropolitana I apresentaram desempenho ascendente na produção dessas ações. São

eles: Seropédica, Duque de Caxias, Magé, Japeri, Mesquita , Belford Roxo e Nilópolis.

Destacamos que desses, somente os municípios de Japeri e Nilópolis não são beneficiados

pela atuação de ESBs.

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Gráfico 34: Reg. Metropolitana IQtd. Aprovada- ações básicas em Odontologia

0

200000

400000

600000

800000

1000000

1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007

Itaguaí Seropédica Duque de CaxiasMagé N. Iguaçú JaperiQueimados Mesquita S.J. MeritiBelford Roxo Nilópolis

Fonte: Elaboração própria a partir dos dados do DATASUS

No tocante ao conjunto das ações especializadas, o gráfico 35 mostra que o

desempenho dos municípios de Duque de Caxias, Magé, Mesquita e Belford Roxo foi

ascendente. Desses municípios somente Mesquita não possui CEOs implantado. Portanto o

aumento de volume gradual e progressivo que vem ocorrendo nesse desde 2004 em

Mesquita, demonstra um esforço deste município no sentido de ampliar a qualidade da oferta

assistencial aos seus munícipes.

Os municípios de Itaguaí, Seropédida, Nova Iguaçu e Nilópolis apresentaram

tendências descendentes no volume das ações especializadas oferecidas em seus serviços.

Japeri e Queimados deixaram de realizar esse tipo de ações em 2003 e 2005

respectivamente enquanto que São João de Meriti realizou uma quantidade irrisória somente

em 2003.

Na região vale destacar o desempenho de Magé no tocante ao modelo de atenção à

saúde bucal que vem ofertando aos seus munícipes. Os resultados da pesquisa mostram que

até 2006 esse município aumentou o volume de 1ªs consultas programáticas, diminuiu o

número de exodontias, aumentou o volume de curetagem/pol.dentário, mantendo a oferta de

ações especializadas de periodontia e tratamento de canal em molares. Entretanto, em 2007, o

município reduziu acerca de um quarto o volume de 1ªs consultas programáticas. Ademais,

reduziu também o volume de procedimentos de periodontia especializada assim como o

volume das ações básicas. O conjunto das ações especializadas em 2007 permaneceu estável.

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Gráfico 35: Reg. Metropolitana IQtd. Aprovada- ações especializadas em Odontologia

0

10000

20000

30000

40000

50000

60000

70000

1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007Itaguaí Seropédica Duque de CaxiasMagé N. Iguaçú JaperiQueimados Mesquita S.J. MeritiBelford Roxo Nilópolis

Fonte: Elaboração própria a partir dos dados do DATASUS

O gráfico 34.1 representa o volume da produção das ações de atenção básicas

realizadas no município de Rio de Janeiro durante o período estudado.

Como pode ser visto no referido gráfico, após uma ascensão em 2000, a curva seguiu

uma direção descendente e progressiva até 2006. Em 2007 configura-se uma tendência

estável. A despeito dos altos valores numéricos atingidos na produção dessas ações no

município do Rio de Janeiro, a trajetória da curva sugere que neste município o acesso a estas

ações vem sendo reduzido gradualmente desde 2000.

No tocante ao volume de ações especializadas, o gráfico 35.1 mostra uma tendência

ascendente que tem início em 1999. Portanto muito antes da implantação, em outubro de

2004, dos 18 CEOs existentes neste município. Entretanto, em 2005 ocorreu um acréscimo

no volume da produção dessas ações o que certamente está relacionado à implementação

desses serviços especializados. Entretanto, essa tendência ascendente não se manteve, pois

em 2006 já ocorre uma queda no volume deste tipo de procedimento. Em 2007 a curva

mostra tendência de recuperação sem, no entanto, atingir os valores praticados no ano de

2005. Em comparação ao conjunto das ações básicas, que, como já dito, apresenta queda no

volume da produção desde 2000, é possível deduzir que o perfil do modelo assistencial

adotado por esse município tende a concentrar um maior volume das ações na clínica

especializada, priorizando este nível de atenção. Esse perfil intervencionista é ainda agravado

pelo aumento das exodontias nos dois últimos anos pesquisados.

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A queda no volume total de ações básicas num município de porte populacional,

heterogeneidade social e complexidade sanitária tal como ocorre no Rio de Janeiro seria

justificável apenas se numa situação ideal onde houvesse estabilidade ou regressão da

demanda em ações em saúde bucal, fato esse muito longe da realidade. Sendo assim não nos

parece que haja real integração entre os serviços de atenção básica e especializada neste

município.

Gráfico 34.1 Reg. Metropolitana I Município do Rio de Janeiro

Qtd. Aprovada ações básicas em Odontologia

0

1000000

2000000

3000000

1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007

Rio de Janeiro

Fonte: Elaboração própria a partir dos dados do DATASUS

Gráfico 35.1 Reg. Metropolitana IMunicípio do Rio de Janeiro

Qtd. Aprovada ações especializadas em Odontologia

0

50000

100000

150000

1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007Rio de Janeiro

Fonte: Elaboração própria a partir dos dados do DATASUS

4.2.6 Região Metropolitana II

Esta região é composta por sete municípios: Niterói, Maricá, São Gonçalo, Itaboraí,

Tanguá, Silva Jardim e Rio Bonito. Segundo o Censo do IBGE de 2000, a região possuía

aquela época 1.711.799 habitantes representando 12 % da população total do estado do Rio

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de Janeiro. O IDH médio da região neste mesmo período era de 0,773 sendo Tanguá o

município que apresentava o menor valor (0,722) e Niterói o município com o maior valor

(0,886). Vale registrar que de acordo com o Censo, Niterói ocupou a terceira posição entre as

cidades brasileiras e a primeira no Estado.

De acordo com as normas assistenciais do SUS, ano de 2007, existiam na região

apenas dois municípios habilitados em GPSM (Niterói e Itaboraí) e cinco habilitados em

GPABA (Maricá, São Gonçalo, Tanguá, Silva Jardim e Rio Bonito).

Na região Metropolitana II o município que recebe o maior volume de recursos do

SUS para atenção a saúde é São Gonçalo seguido de Niterói e Itaboraí. Entretanto, a

diferença de valores financeiros e número de habitantes entre estes três municípios é cerca de

100% respectivamente. Ou seja, São Gonçalo, por ter o maior contingente populacional da

região, recebe repasses federais correspondentes ao PAB-fixo equivalentes ao dobro do

volume de recursos recebidos por Niterói. Este por sua vez recebe o correspondente ao dobro

do volume recebido por Itaboraí. Ainda em relação ao volume de repasses federais, Silva

Jardim é o município da região que recebe os menores valores para o custeio do SUS.

No tocante a atenção à saúde bucal, o município da região com maior número de ESBs

na ESF é Rio Bonito e, sendo assim, recebe um volume maior de recursos federais

equivalente e estes incentivos.

Quanto à natureza jurídica, na região existem 211 estabelecimentos de saúde

pertencentes aos três níveis de governo assim distribuídos: 7 federais, 11 estaduais e 193

municipais. De todos os municípios da região, São Gonçalo concentra o maior número de

estabelecimentos de saúde (63). Seguem a este, Niterói e Itaboraí com respectivamente, 44 e

43 estabelecimentos. Deste total de estabelecimentos existente na região, 156 prestam

assistência ambulatorial odontológica.

No tocante a assistência emergencial em CTBMF existe, na região, 10

estabelecimentos de saúde que oferecem este serviço. Deste total, 6 estão localizados em

Niterói. Os demais estão distribuídos assim: 2 em São Gonçalo, 1 em Itaboraí e 1 em

Maricá.

No que diz respeito à atenção básica, o quadro 14 mostra a implantação das ESBs nos

municípios da região em 2007.

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Quadro 14 Situação das ESBs e ESFs na Região Metropolitana II em dez/07

Fonte: Elaboração própria a partir dos dados do DAB/ MS

Segundo o quadro acima, Niterói, São Gonçalo e Tanguá não possuíam, até dezembro

de 2007 ESFs. Conseqüentemente, estes três municípios não possuíam também ESBs.

Silva Jardim conta com 100% de cobertura da estratégia saúde da família, no entanto, a

cobertura das ESBs é de apenas 29,11%.

Rio Bonito é o único município da região que oferece 100% de cobertura das ESBs. No

que se refere à modalidade de implantação, todos os municípios que possuem ESBs as

habilitaram na modalidade I.

Em atenção à clínica especializada, na região existe somente 1 CEO tipo II habilitado

na cidade de Niterói. Quanto aos LRPDs, nenhum município da região oferece este serviço.

Vale enfatizar que o município de Niterói apesar de possuir um CEO em atuação, não possui

ESBs habilitadas. No entanto, possui programa municipal similar a ESF.

Quanto à produção ambulatorial em saúde bucal na região Metropolitana II, podemos

registrar algumas observações tais como:

No tocante à 1ª consulta programática, é válido destacar o desempenho do município de

São Gonçalo, que apresentou produção elevada, com pico em 2001, porém seguido de queda

significativa até o ano de 2006, tendo em 2005 produzido cerca de 3% da produção de 2001.

Este município não conta com ESBs. Consideramos importante conhecer os motivos dessa

Região Metropolitana II

Mês/ ano

inserção ESBs

Nº atual de ESBs implan- tadas

Mod.

Pop. Total dez/ 2007

% cob. da

Pop/ ESBs

Nº atual ESFs

% cob.da Pop/ ESF

Niterói - - - 476.669 - - -

Maricá 04/06 5 I 99.052 34,83

% 12 41,80

% São Gonçalo - - - 973.372 - - -

Itaboraí 04/05 3 I 220.981

9,37% 42 65,57

%

Tanguá - - -

30.097 - 6 68,78

%

Silva Jardim 01/03 1 I

23.703 29,11

% 8 100%

Rio Bonito 01/03 9 I

53.039 100% 12 78,06

%

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135

queda tão acentuada no volume da produção, assim como as razões que propiciaram a

recente recuperação em 2007. Talvez a introdução de ESBs na ESF, possa dinamizar esta

retomada no acesso às ações em saúde bucal.

Tanguá apresentou um volume irrisório deste procedimento, apenas nos anos 2002 e

2003. Este município não conta com ESBs, ainda que tenha cobertura de 68,78% pela ESF.

Considerando que é o município com pior IDH da região, seria interessante ampliar a ESF,

habilitando ESBs, com o fim de promover o acesso da população a este tipo de atenção à

saúde.

Niterói, Maricá, Itaboraí, Silva Jardim e Rio Bonito vêm apresentando desempenho

regular para este procedimento, com algumas oscilações, e tendência ascendente desde 2005,

exceto em Rio Bonito, que tem apresentado desempenho estável. Itaboraí e Maricá

habilitaram ESBs entre 2005 e 2006, enquanto Silva Jardim e Rio Bonito habilitaram ESBs

em 2003. A entrada das ESBs nestes municípios pode ter contribuído para o maior acesso à

atenção à saúde bucal, ainda que o discreto desempenho de Rio Bonito mereça ser estudado

mais de perto.

Niterói, como dito anteriormente, possui um programa similar a ESF, porém não presta

atenção à saúde bucal. Em 2007 demonstrou tendência ascendente em 1ªs consultas

programáticas.

Gráfico 36: Reg. Metropolitana II1ª cons. programática

0

20000

40000

60000

80000

100000

120000

1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007

Niterói Maricá S. Gonçalo ItaboraíTanguá Silva Jardim Rio Bonito

Fonte: Elaboração própria a partir dos dados do DATASUS

No que tange ao procedimento “Exodontia de dente permanente”, São Gonçalo mostrou

desempenho semelhante ao identificado no gráfico 36, apresentando volume significativo do

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136

procedimento e pico em 2001, com queda importante em 2002, mas neste caso sem sinais de

recuperação.

Tanguá, também apresentou desempenho irrisório para este procedimento, ocorrido

somente nos anos 2002 e 2003.

Niterói e Silva Jardim vêm mantendo estável a produção de exodontias.

O município de Maricá mostra, no período estudado, oscilações no seu desempenho

para exodontias de dentes permanentes, porém há tendência de queda em 2007, que não vem

sendo acompanhada da oferta de endodontias trirradiculares. Considerando a habilitação, em

2006 de apenas 1 ESB, oferecendo cobertura de apenas 34,83% da população, seria válido

avaliar a possibilidade de ampliação desta cobertura.

Itaboraí e Rio Bonito vêm mostrando desempenho estável com tendência ascendente,

ainda que discreta, desde 2005. Vale lembrar que Itaboraí oferece cobertura populacional de

9,37% em ESBs desde 2005 e Rio Bonito de 100%, desde 2003. Considerando o momento da

habilitação das ESBs, e que a tendência ascendente no volume de exodontias não é um

resultado desejável a longo prazo, seria válido avaliar a importância da ampliação da

cobertura em ESBs em Itaboraí. Da mesma forma, é válido estudar a possibilidade de

habilitação regionalizada de CEO que atenda a ambos os municípios, a fim de oferecer aos

usuários a opção de realizar tratamento endodôntico.

Gráfico 37: Reg. Metropolitana IIExodontia de dente permanente

0

10000

20000

30000

40000

50000

60000

70000

1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007

Niterói Maricá S. Gonçalo ItaboraíTanguá Silva Jardim Rio Bonito

Fonte: Elaboração própria a partir dos dados do DATASUS

Em relação ao procedimento de atenção básica: “curetagem/pol.dentário”, podemos

observar que, São Gonçalo mais uma vez apresenta o desempenho característico dos demais

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137

procedimentos vistos anteriormente, onde tem trajetória ascendente até 2001, com pico neste

ano, e queda importante da produção, e neste caso, também sem sinais significativos de

recuperação até 2007.

Tanguá também repete o desempenho dos procedimentos anteriores, com volume

irrisório durante todo o período estudado, e neste caso, acompanhado pelos municípios de

Itaboraí e Silva Jardim. Vale notar que estes últimos municípios, ao contrário de Tanguá,

apresentam cobertura por ESBs de 9,37% e 29,11% , respectivamente.

Enfatizamos que a não realização ou a informação em números irrisórios deste

procedimento em localidades em que existem ESBs pode sugerir má orientação do gestor

quanto ao perfil da assistência oferecida pelas ESBs e/ou má qualidade da informação.

O desempenho de Niterói neste procedimento é compatível com o desempenho que

vem apresentando nas categorias vistas anteriormente, mostrando certa estabilidade no

volume e uma discreta e progressiva ascensão a partir de 2005.

O desempenho de Maricá mostra um aumento significativo do volume deste

procedimento, entre 2003 e 2005, com tendência a se manter estável desde então. Note-se

que este município inseriu ESBs apenas em abril de 2006, o que indica que este salto tem

relação com outros aspectos que fogem ao escopo desta pesquisa.

O município de Rio Bonito passa a ter desempenho considerável neste procedimento

apenas em 2005. Este município habilitou ESBs em 2003, e conta hoje com 100% de

cobertura.

Gráfico 38: Reg. Metropolitana IICuretagem/pol. dentário

02000400060008000

100001200014000

1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007Niterói Maricá S. Gonçalo ItaboraíTanguá Silva Jardim Rio Bonito

Fonte: Elaboração própria a partir dos dados do DATASUS

O procedimento “Atenção espec. Periodontia” foi oferecida por apenas quatro dos sete

municípios desta região, a saber: Niterói, Maricá, São Gonçalo e Itaboraí. Mais uma vez,

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Niterói tem desempenho estável. Maricá inicia a oferta deste procedimento em 2000, com

volume considerável, porém apresenta a seguir uma curva descendente e progressiva que

resulta no encerramento desta oferta em 2005.

São Gonçalo realizou “Atenção espec. Periodontia” apenas nos anos 2003 e 2004 e em

volume discreto, frente à sua população, não permitindo uma análise mais detalhada sobre

este dado.

Itaboraí apresentou volume extremamente discreto na produção desse procedimento até

2006, seguindo-se uma considerável elevação em 2007.

Vale registrar que nesta região apenas Niterói possui um CEO habilitado, desde abril

de 2007. Desta forma, não é possível estabelecer relação entre o desempenho desse

procedimento com os incentivos da PNSB.

Gráfico 39: Reg. Metropolitana IIAtenção espec. Periodontia (curetagem sub/indivíduo)

0

500

1000

1500

2000

2500

1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007

Niterói Maricá S. Gonçalo ItaboraíTanguá Silva Jardim Rio Bonito

Fonte: Elaboração própria a partir dos dados do DATASUS

Quanto ao tratamento endodôntico trirradicular, na região Metropolitana II apenas o

município de Niterói apresenta volume estável deste procedimento durante o período

pesquisado. Silva Jardim, além da baixíssima produção, encerrou esta oferta em 1999. São

Gonçalo apresenta produção desde 2004, em curva ascendente, porém com valores irrisórios

em consideração a sua população. Os demais municípios não oferecem este tipo de

procedimento.

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Gráfico 40: Reg. Metropolitana IIEndodontia trirradicular

050

100150200250300350400450500

1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007

Niterói Maricá S. Gonçalo ItaboraíTanguá Silva Jardim Rio Bonito

Fonte: Elaboração própria a partir dos dados do DATASUS

No tocante ao conjunto das ações básica, São Gonçalo repete o desempenho dos

procedimentos anteriores, apresentando pico em 2001 e queda progressiva até 2005, com

discreto sinal de recuperação a partir de 2006.

Niterói apresentou uma tendência estável dessas ações durante todo o período

pesquisado. Maricá e Rio Bonito apresentam curva ascendente e progressiva desde 2004.

Enfatizamos que Rio Bonito habilitou ESBs em 2003, e cobre atualmente 100% da sua

população. Já Maricá habilitou ESBs em 2006. Portanto, antes mesmo desta habilitação já

havia interesse do município de Maricá em ampliar a oferta de ações básicas em saúde bucal.

Gráfico 41: Reg. Metropolitana IIQtd. Aprovada ações básicas em Odontologia

0

200000

400000

600000

800000

1000000

1200000

1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007

Niterói Maricá S. Gonçalo ItaboraíTanguá Silva Jardim Rio Bonito

Fonte: Elaboração própria a partir dos dados do DATASUS

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Em relação ao conjunto de ações especializadas, São Gonçalo, tal como ocorreu para os

outros procedimentos estudados, apresentou desempenho irregular, porém deslocando o pico

para o ano de 2003. Da mesma forma, o pico foi seguido de queda brusca, neste caso com

sinais de recuperação em 2007. Destacamos a importância deste município ser mais

detalhadamente estudado, sobretudo a respeito da sua não adesão às modalidades de

incentivo para o desenvolvimento de estratégias de atenção à saúde bucal como oferecidas

pela PNSB.

O município de Niterói, apesar de uma oscilação negativa em 2001, apresenta

estabilidade no volume de procedimentos especializados no período pesquisado. A análise do

desempenho do município na oferta de ações em saúde bucal confirma sua independência em

relação às políticas de incentivo do MS nesta área específica.

Gráfico 42: Reg. Metropolitana IIQtd. Aprovada ações especializadas em Odontologia

0

5000

10000

15000

20000

25000

30000

35000

1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007

Niterói Maricá S. Gonçalo ItaboraíTanguá Silva Jardim Rio Bonito

Fonte: Elaboração própria a partir dos dados do DATASUS

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4.2.7 Região Noroeste

Esta região é composta por 14 municípios: Bom Jesus de Itabapoana, Itaperuna, Santo

Antônio de Pádua, Natividade, Varre e Sai, Porciúncula, Laje do Muriaé, São José do Ubá,

Italva, Cardoso Moreira, Aperibé, Itaocara, Cambuci, e Miracema. O IDH médio da região

nesta época era de 0,734, sendo Varre e Sai o município que apresentava o menor valor

(0,679) e Itaperuna o município com o maior valor (0,787). Mais cinco municípios

encontravam-se acima da média da região: Bom Jesus de Itabapoana (0,746), Santo Antônio

de Pádua (0,754), Natividade (0,736), Aperibé (0,756) e Itaocara (0,771).

De acordo com as normas assistenciais do SUS, ano de 2007, somente Itaperuna estava

habilitado em GPSM. Os demais municípios da região estavam habilitados em GPABA.

O município da região que recebe o maior volume de recursos do SUS correspondentes

ao PAB-fixo é Itaperuma. De forma oposta, o município de Varre e Sai, por ser o município

com menor contingente populacional da região, recebe o menor volume de repasses federais.

No tocante a atenção à saúde bucal, Bom Jesus de Itabapoana, por ser o município da região

com maior número de ESBs na ESF, recebe um volume maior de recursos para atenção a

saúde nesta área específica.

Quanto à natureza jurídica, não existem estabelecimentos sob responsabilidade federal

na região Noroeste. Entretanto, a região conta com 2 estabelecimentos de origem estadual,

situados nos municípios de Aperibé e Itaperuna e com 147 estabelecimentos municipais.

Bom Jesus de Itabapoana (27) e Itaperuma (24) concentram o maior número desses

estabelecimentos. Os dois municípios que têm menor número de estabelecimentos são Varre

e Sai (5) e São José do Ubá (5). Segundo a pesquisa do IBGE na região existem 87

estabelecimentos que oferecem assistência ambulatorial odontológica. Entretanto, no tocante

à assistência emergencial em CTBMF, somente três municípios prestam este tipo de

assistência. São eles: Bom Jesus de Itabapoana (2), Santo Antônio de Pádua (1) e Itaocara

(1).

No tocante a atenção básica através das ESF, o quadro 15 mostra a implantação das

ESBs nos municípios da região em 2007.

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Quadro 15 Situação das ESBs e ESFs na Região Noroeste em dez/ 07

Fonte: Elaboração própria a partir dos dados do DAB/ MS

De acordo com o quadro acima, somente o município de Cardoso Moreira não possui

ESFs. Conseqüentemente este município também não conta com ESBs. Além de Cardoso

Moreira, mais três municípios não oferecem este tipo de cobertura. São eles: Itaperuma,

Italva e Itaocara.

Na região, sete municípios oferecem a seus munícipes, cobertura de 100% na ESF. São

eles: Natividades, Porciúncula, Varre e Sai, Laje do Muriaé, São José do Ubá, Aperibé e

Cambuci. Desse total de municípios, o único município que não conta também com 100% de

cobertura para atuação das ESBs é Cambuci ( 47,92%). Ainda em relação à cobertura

populacional das ESBs, além dos municípios já mencionados, Miracema e Bom Jesus de

Região Noroeste

Mês/ ano

inserção ESBs

Nº atual de ESBs implan- tadas

Mod.

Pop. Total dez/ 2007

% cob. da

Pop/ ESBs

Nº atual ESFs

% cob.da Pop/ ESF

Bom Jesus de Itabapoama 09/05 9 I

36.450 100% 9

85,19%

Itaperuna 06/05 - - 93.165 - 16 59,25

% S. Antônio de

Pádua 07/04 4 I 42.686 64,66

% 8 64,66

%

Natividade 12/04 5

4 M I 1 M II 15.485 100% 7 100%

Varre e Sai 05/06 3

1 M I 2 M II 8.391 100% 3 100%

Porciúncula 07/05 7 I 16.980 100% 7 100% Laje do Muriaé 01/04 3 I 8.238 100% 3 100% S. José de Ubá 09/03 2 I 6.739 100% 3 100%

Italva - -

12.515 - 2 55,13

% Cardoso Moreira - - 12.718 - -

Aperibé 03/05 3 I 9.279 100% 3 100%

Itaocara - - -

23.055 - 3 44,89

%

Cambuci 01/03 1 I

22.055 47,92

% 6 100%

Miracema 01/04 5 I

28.522 100% 5 60,48

%

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143

Itabapoana, também oferecem 100% desse tipo de cobertura.

Quanto à modalidade de implantação, com exceção de Natividade e Varre e Sai que

têm equipes implantadas nas modalidades I e II, todos os demais municípios só possuem

ESBs na modalidade I.

No tocante a atenção especializada, na região existem 5 CEOs habilitados nos seguintes

municípios: Bom Jesus de Itabapoana (tipo II), Itaperuna (tipo III), Natividade (tipo II),

Porciúncula (tipo II) e Santo Antônio de Pádua (tipo I). Deste total de municípios, Itaperuna,

Natividade e Santo Antônio de Pádua também possuem cada um, 1 LRPD.

Chama-nos a atenção o fato de Itaperuna possuir um CEO tipo III e não ter habilitado

ainda ESBs.

Quanto à produção ambulatorial, para a categoria 1ª consulta programática podemos

observar que:

Dos 14 municípios da região apenas 4 apresentaram tendência ascendente ainda que

discreta, no volume desse procedimento. São eles: São José de Ubá, Cambuci, Natividade,

Laje do Muriaé. Entretanto este desempenho expressa uma tentativa de recuperação de

valores obtidos entre os 2000 e 2005. Todos esses municípios apresentam 100% de cobertura

em ESBs, com exceção de Cambuci, que apresenta um valor de apenas 47,92% desta

cobertura.

Os 10 municípios restantes tiveram desempenho descendente ao longo do período

estudado, ainda que com oscilações variáveis. Destes, Itaperuna, Italva, Cardoso Moreira e

Itaocara não possuem ESBs habilitadas. Causa-nos estranheza que os demais tenham

apresentado valores decrescentes nesta categoria já que possuem ESBs. Este fato é ainda

mais relevante para aqueles que têm 100% de cobertura, a saber: Bom Jesus de Itabapoana,

Varre e Sai, Porciúncula, Aperibé e Miracema. Santo Antonio de Pádua tem cobertura de

64,66%.

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Gráfico 43: Reg. Noroeste1ª cons. programática

0

5000

10000

15000

20000

25000

30000

35000

1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007

Bom Jesus de Itabapoana Itaperuna Sto Antonio de PáduaNatividade Varre e Sai PorciúnculaLaje do Muriaé S.José de Ubá ItalvaCardoso Moreira Aperibé ItaocaraCambuci Miracema

Fonte: Elaboração própria a partir dos dados do DATASUS

Em relação à “exodontia de dente permanente” 9 municípios da região, apresentaram

curva descendente para esta categoria. São eles: Bom Jesus de Itabapoana, Itaperuna, Santo

Antônio de Pádua, Natividade, Varre e Sai, Laje de Muriaé, Aperibé, Itaocara e Miracema.

Santo Antônio de Pádua (64,66% cobertura em ESBs), apresentou uma redução no

volume de exodontias que, quando relacionada com a sua significativa redução no volume de

1ªs consultas programáticas, sugere uma retração do acesso à atenção em saúde bucal naquele

município.

Em Itaperuna a redução no volume de exodontias pode estar relacionada à suspensão

das atividades das ESBs em 08/2007.

Itaocara não possui ESBs, não permitindo uma análise sobre este desempenho negativo.

Causa-nos estranheza que os municípios de Bom Jesus de Itabapoana, Varre e Sai, Laje

de Muriaé, Aperibé e Miracema que contam com 100% de cobertura em ESBs, tenham

apresentado esta queda, uma vez que a mesma não pode ser relacionada nem com ampliação

do acesso (expresso pelo volume ascendente de 1ªs consultas programáticas), nem tampouco

com o referenciamento para atenção especializada, nestes municípios. Exceção deve ser feita

a Laje de Muriaé, que apresentou aumento do acesso.

Em Natividade, que também conta com 100% de cobertura em ESBs, esta queda no

volume de exodontias pode ser relacionada com um maior volume tanto de endodontias

trirradiculares, como de periodontia especializada, ambos procedimentos referenciados para

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o CEO.

Porciúncula, São José do Ubá, Italva, Cardoso Moreira e Cambuci, elevaram seus

volumes de exodontias. Destes, municípios, São José do Ubá e Cambuci tiveram também

aumento no volume de 1ªs consultas programáticas. Este fato sugere ampliação do acesso o

que pode justificar um maior número de exodontias.

Causa-nos estranheza que Porciúncula, ainda que conte com um CEO e tenha 100% de

cobertura para as ESBs, tenha apresentado redução no número de 1ªs consultas e um

considerável aumento no volume de exodontias. Este fato pode indicar a manutenção de um

modelo assistencial mutilador que vem de encontro com a proposta atual expressa pela

PNSB.

Gráfico 44: Reg. NoroesteExodontia de elem. permanante

0

1000

20003000

4000

5000

6000

70008000

1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007Bom Jesus de Itabapoana Itaperuna Sto Antonio de PáduaNatividade Varre e Sai PorciúnculaLaje do Muriaé S.José de Ubá ItalvaCardoso Moreira Aperibé ItaocaraCambuci Miracema

Fonte: Elaboração própria a partir dos dados do DATASUS

A leitura dos dados relativos ao procedimento “Curetagem/pol.dentário” nos permite

dizer que dos 14 municípios desta região, apenas 5 tiveram incremento no volume deste

procedimento, a saber: Varre e Sai, Laje de Muriaé, São José do Ubá, Cardoso Moreira e

Itaocara. Vale registrar que os dois últimos municípios citados não possuem ESBs

habilitadas, indicando o interesse do gestor local na oferta de atenção à saúde bucal. Ademais

destacamos que Laje de Muriaé também teve aumento no procedimento 1ª consulta

programática, o que sugere ampliação do acesso.

Os municípios de Bom Jesus de Itabapoana, Itaperuma, Natividade, Italva, Aperibé,

Cambuci, e Miracema apresentaram uma curva descendente no que tange este procedimento.

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Todos estes municípios tiveram queda no volume de 1ªs consultas programáticas.

Interessante notar que Bom Jesus de Itabapoana e Natividade possuem ESBs com cobertura

populacional de 100%.

Gráfico 45: Reg. NoroesteCuretagem/pol. dentário

0

1000

2000

3000

4000

5000

6000

7000

1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007

Bom Jesus de Itabapoana Itaperuna Sto Antonio de PáduaNatividade Varre e Sai PorciúnculaLaje do Muriaé S.José de Ubá ItalvaCardoso Moreira Aperibé ItaocaraCambuci Miracema

Fonte: Elaboração própria a partir dos dados do DATASUS

Em relação ao procedimento “Atenção especializada de Periodondia” o gráfico 46

expressa que, 6 municípios da região Noroeste, não oferecem este tipo e procedimento

especializado: Varre e Sai, São José do Ubá, Italva, Cardoso Moreira, Aperibé, Itaocara e

Cambuci. Nenhum destes possui CEO.

Dentre os municípios que oferecem este procedimento, somente 3 apresentaram

desempenho ascendente: Itaperuma, Santo Antônio de Pádua e Natividade. Todos estes

possuem CEOs.

Porciúncula, Laje do Muriaé, Miracema e Bom Jesus de Itabapoana demonstraram

desempenho descendente no procedimento em questão. Destes, causa-nos estranheza o fato

de que Porciúncula e Bom Jesus de Itabapoana possuirem CEO em seu território e terem

reduzido o volume da produção deste tipo de procedimento.

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Gráfico 46: Reg. NoroesteAtenção espec. Periodontia (curetagem sub/ indivíduo)

0

5000

10000

15000

20000

1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007

Bom Jesus de Itabapoana Itaperuna Sto Antonio de PáduaNatividade Varre e Sai PorciúnculaLaje do Muriaé S.José de Ubá ItalvaCardoso Moreira Aperibé ItaocaraCambuci Miracema

Fonte: Elaboração própria a partir dos dados do DATASUS

O procedimento Endodontia trirradicular é oferecido nos 5 municípios da região

Noroeste que possuem CEOs: Bom Jesus de Itabapoana, Itaperuna, Santo Antônio de Pádua,

Natividade e Porciúncula. Portanto, nesta região não existe este tipo de oferta assistencial

fora dos padrões da PNSB.

Gráfico 47: Reg. NoroesteEndodontia trirradicular

0100200300400500600700800900

1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007

Bom Jesus de Itabapoana Itaperuna Sto Antonio de PáduaNatividade Varre e Sai PorciúnculaLaje do Muriaé S.José de Ubá ItalvaCardoso Moreira Aperibé ItaocaraCambuci Miracema

Fonte: Elaboração própria a partir dos dados do DATASUS

Em relação à totalidade de ações em Atenção Básica, os municípios de Bom Jesus de

Itabapoana, Itaperuna, Santo Antônio de Pádua, Natividade, Varre e Sai, Porciúncula, Italva,

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148

Aperibé, Itaocara e Cambuci tiveram queda no desempenho desta categoria. Convém lembrar

que desse conjunto de municípios, somente Itaocara e Italva não possuem ESBs. Santo

Antônio de Pádua (64,66%) e Cambuci (47,92%) apresentam coberturas parciais em relação

a atuação das ESBs, enquanto que os demais municípios apresentam 100% desse tipo de

cobertura. Vale notar que, nesses municípios que apresentam 100% de cobertura pelas ESBs,

não é esperado que ocorra queda no volume da produção em Atenção Básica, já que o

modelo proposto pela ESF vai além da assistência, e considera também a promoção e a

prevenção em saúde.

Laje do Muriaé, São José do Ubá, Cardoso Moreira e Miracema apresentaram curvas

ascendentes para esse tipo e procedimento. À exceção de Cardoso Moreira, que não conta

com ESF, todos estes municípios apresentam 100% de cobertura para a ação das ESBs.

Nessa perspectiva vale destacar o desempenho do município de Cardoso Moreira, que

apresentou um maior volume de ações em atenção básica, mesmo sem contar com os

benefícios da PNSB.

Gráfico 48: Reg. NoroesteQtd. Aprovada - ações básicas em Odontologia

0

50000

100000

150000

200000

250000

300000

1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007

Bom Jesus de Itabapoana Itaperuna Sto Antonio de PáduaNatividade Varre e Sai PorciúnculaLaje do Muriaé S.José de Ubá ItalvaCardoso Moreira Aperibé ItaocaraCambuci Miracema

Fonte: Elaboração própria a partir dos dados do DATASUS

Em relação ao conjunto das ações especializadas, Italva e Cambuci, durante o período

estudado, não realizaram nenhum procedimento deste tipo.

Natividade, São José do Ubá e Cardoso Moreira foram os únicos municípios da região

que apresentaram curva ascendente para essa categoria. Desses três municípios, vale registrar

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149

que Cardoso Moreira é o único que não possui CEO, e mesmo assim apresentou um

desempenho positivo para ações especializadas (ainda que não sejam os procedimentos

escolhidos para esta pesquisa), tal como ocorreu com o conjunto das ações de atenção básica.

Gráfico 49: Reg. NoroesteQtd. Aprovada - ações especializadas em Odontologia

0

20000

40000

60000

80000

100000

1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007

Bom Jesus de Itabapoana Itaperuna Sto Antonio de PáduaNatividade Varre e Sai PorciúnculaLaje do Muriaé S.José de Ubá ItalvaCardoso Moreira Aperibé ItaocaraCambuci Miracema

Fonte: Elaboração própria a partir dos dados do DATASUS

4.2.8 Região Norte

Compõem esta região oito municípios: São Francisco de Itabapoana, São João da Barra,

São Fidelis, Quissamã, Conceição de Macabu, Macaé, Campos dos Goytacazes e Carapebus.

Em 2000, segundo o Censo do IBGE, a região possuía 686.188 habitantes

representando 5 % da população total do estado do Rio de Janeiro. O IDH médio da região

neste mesmo período era de 0, 737. Aquela época, Macaé foi o município que apresentou o

maior valor (0,790) enquanto São Francisco de Itabapoana registrou o menor valor (0,688).

Outros municípios que apresentaram valores de IDH abaixo da média da região foram São

João da Barra e Quissamã.

De acordo com as normas assistenciais do SUS, ano de 2007, todos os municípios

desta região estavam habilitados em GPABA. Portanto está é a única região do estado que

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150

não possuía municípios habilitados em GPSM.

Na região o município que recebe o maior volume de recursos do SUS para atenção a

básica é Campos dos Goytacazes. Na seqüência, aparece Magé, mas como este ultimo

município apresenta um contingente populacional menor que o primeiro, o volume de

recursos federais que recebe é cerca de 2 vezes e meia o valor correspondente a Campos dos

Goytacazes. Por outro lado, Carapebus é o município que o menor volume de recursos

correspondentes ao PAB-fixo.

No tocante a atenção à saúde bucal, novamente Campos dos Goytacazes por ser o

município da região com maior número de ESBs na ESF, recebe um volume maior de

recursos federais.

Quanto à natureza jurídica, vale registrar que não existem estabelecimentos estaduais

nesta região. Dos estabelecimentos de saúde existentes, 255 são municipais enquanto que 2

são de responsabilidade federal (São João da Barra). Deste total, 125 estão localizados em

Campos dos Goytacazes e 53 em Macaé. Estes dois municípios juntos concentram cerca de

60% dos estabelecimentos existentes na região.

No tocante a assistência ambulatorial odontológica, a região conta com um total de 208

estabelecimentos que realizam este tipo de atenção. Novamente, Campos dos Goytacazes

(112) e Macaé (30) concentram 68 % destes estabelecimentos.

Em relação à assistência emergencial em CTBMF, somente os municípios de Campos

dos Goytacazes (1) e Macaé (1) oferecem este tipo de serviço.

No que diz respeito à atenção básica através da ESF, o quadro 16 mostra a situação de

implantação das ESBs nos municípios da região em 2007.

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151

Quadro 16 Situação das ESBs e ESFs na Região Norte em dez/07

Fonte: Elaboração própria a partir dos dados do DAB/ MS

Segundo a leitura dos dados, somente quatro municípios possuem ESBs em atuação:

São Francisco de Itabapoana, Conceição de Macabu, Macaé e Campos dos Goytacazes.

Entretanto, segundo a SESDEC, o município de Quissamã possui duas ESBs habilitadas,

ainda que sem produção e/ou sem informar ao sistema.

Conceição de Macabu é o município que oferece o maior percentual de cobertura para

as ESBs (68,14%), enquanto que em Campos dos Goytacazes este percentual é o mais baixo

da região (14,41%).

Vale notar que apesar de Carapebus oferecer 100% de cobertura para as ESFs, este

município ainda não possui ESBs habilitadas.

Quanto à modalidade de implantação, todos os municípios que possuem ESBs, as têm,

implantadas nas modalidades I.

No que diz respeito à atenção especializada, esta é a única região do estado que ainda

não possui CEOs e/ou LRPDs habilitados.

Os gráficos 50 a 57 são representativos da produção ambulatorial dos municípios da

região Norte.

No tocante à “1ª consulta programática”, dos 8 municípios da Região Norte, 4

Região Norte

Mês/ ano

inserção ESBs

Nº atual de ESBs implan- tadas

Mod.

Pop. Total dez/ 2007

% cob. da

Pop/ ESBs

Nº atual ESFs

% cob.da Pop/ ESF

São Francisco de Itabapoama 01/06 2 I

47.006 29,36% 2 14,68%

São João da Barra - - - 28.775 - 1 11,99% São Fidelis - - - 38.494 - Quissamã - - - 16.044 - 1 21,50%

Conceição de Macabu 01/07 2

I 20.251 68,14% 3 51,11%

Macaé 07/04 8 I

160.831 34,32% 25 5,63%

Campos dos Goytacazes 04/02 9

I 493.02

0 14,41% 9 7,20% Carapebus - - - 11.174 - 4 100%

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152

apresentaram queda no volume da produção desse procedimento. São eles: São João da Barra,

Quissamã, Macaé e Campos dos Goytacazes. Destes, apenas os dois últimos apresentam

cobertura ainda que parcial para ESBs (34,32% e 14,41% , respectivamente).

Por outro lado, a tendência ascendente deste procedimento demonstrada pelos

municípios de São Francisco de Itabapoana e Conceição de Macabu pode ter sido favorecida

pela habilitação recente de ESBs (janeiro de 2006 e janeiro 2007 respectivamente).

Carapebus ainda que não conte com atuação de ESBs, vem demonstrando curva

ascendente neste procedimento, apresentando, inclusive, um pico em 2006.

Gráfico 50: Reg. Norte1ª cons. programática

-10000

10000

30000

50000

70000

90000

110000

130000

150000

1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007

S. Fco. de Itabapoana S. João da Barra S. FidélisQuissamã Conceição de Macabu MacaéCampos dos Goytacazes Carapebus

Fonte: Elaboração própria a partir dos dados do DATASUS

No que diz respeito ao procedimento “exodontia de elem. permanente”, três municípios

da Região Norte apresentaram redução no volume desse procedimento, a saber: Macaé,

Campos dos Goytacazes e Carapebus.

Macaé e Campos dos Goytacazes, como visto anteriormente, além da baixa cobertura das

ESBs, apresentaram um decréscimo no volume de 1ªs consultas durante o mesmo período.

Este fato sugere que a queda do volume de exodontias esta relacionada com o menor acesso à

atenção em saúde bucal, nestes municípios. Em Carapebus ocorreu o inverso, ou seja, a

redução do volume de exodontias ocorreu ao mesmo tempo em que o acesso foi ampliado.

Este município, mesmo sem contar com ESBs ou CEOs, pode estar minimizando a realização

de procedimentos mutiladores em saúde bucal.

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153

Quissamã, São Fidelis e Conceição de Macabu vêm realizando maiores volumes de

exodontias ao longo do período estudado. Destes, São Fidelis e Conceição de Macabu,

apresentaram de forma concomitante a esse aumento, uma ampliação no acesso à atenção em

saúde bucal.

Quissamã aumentou o volume deste procedimento, ao mesmo tempo em que apresentou

volumes decrescentes de 1ªs consultas. Este fato sugere um perfil assistencial menos

conservador. O mesmo comentário pode ser feito em relação a São João da Barra, onde

ocorreu uma estabilidade no volume de exodontias, mesmo com queda no acesso à 1ªs

consultas.

Gráfico 51: Reg. NorteExodontia de elem. permanente

0

5000

10000

15000

20000

25000

30000

35000

1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007S. Fco. de Itabapoana S. João da Barra S. FidélisQuissamã Conceição de Macabu MacaéCampos dos Goytacazes Carapebus

Fonte: Elaboração própria a partir dos dados do DATASUS

No tocante ao procedimento “curetagem/pol. dentário”, dos oito municípios desta

região, cinco apresentaram volumes descendentes para esse procedimento básico de

Periodontia. São eles: São João da Barra, Conceição de Macabu, Macaé, Campos dos

Goytacazes e Carapebus. Do total desses municípios, Conceição de Macabu, Macaé e Campos

dos Goytacazes têm cobertura populacional parcial em relação à atuação das ESBs, sendo a

maior cobertura encontrada em Conceição de Macabu (68,14%). Nesses municípios,

consideramos a possibilidade de ampliação da cobertura das ESBs.

São Francisco de Itabapoana e Quissamã aumentaram o volume de “curetagem/pol.

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154

dentário”. Vale registrar que o primeiro município conta com cobertura de 29,36% para as

ESBs enquanto que o segundo ainda não possui este tipo de estratégia assistencial. Em São

Francisco de Itabapoana ocorreu também aumento do acesso e estabilidade no volume de

exodontias. Ao contrário em Quissamã ocorreu aumento do número de exodontias mesmo

tendo apresentado uma redução no acesso.

São Fidélis não informou ou não realizou este procedimento no período estudado.

Gráfico 52: Reg. NorteCuretagem/pol. dentário

0

5000

10000

15000

20000

25000

30000

1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007S. Fco. de Itabapoana S. João da Barra S. FidélisQuissamã Conceição de Macabu MacaéCampos dos Goytacazes Carapebus

Fonte: Elaboração própria a partir dos dados do DATASUS

Em relação à categoria “Atenção espec. Periodontia” os dados revelam que cinco

municípios da Região Norte não oferecem aos seus munícipes procedimentos especializados

em Periodontia. São eles: São Francisco de Itabapoana, São João da Barra, São Fidelis,

Quissamã, Conceição de Macabu.

Campos dos Goytacazes e Carapebus apresentaram desempenhos descendentes na

produção destas ações.

Macaé foi o único município da região que ampliou em 2007 as ações especializadas em

periodontia. Este fato indica um esforço do município no sentido de ampliar a assistência

odontológica ofertada aos seus munícipes. Vale lembrar que esta região é a única que ainda

não conta com CEOs e LRPDs.

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155

Gráfico 53: Reg. NorteAtenção espec. Periodontia (curetegem sub/indivíduo)

0100200300400500600700800900

1000

1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007S. Fco. de Itabapoana S. João da Barra S. FidélisQuissamã Conceição de Macabu MacaéCampos dos Goytacazes Carapebus

Fonte: Elaboração própria a partir dos dados do DATASUS

Em relação à categoria “Endodontia trirradicular”, destacamos que somente dois

municípios na região Norte oferecem este tipo de tratamento. São eles: Quissamã e Macaé,

sendo que esse último município reduziu drasticamente o volume de tratamento de canal de

molares em 2007.

Gráfico 54: Reg. NorteEndodontia trirradicular

0

50

100

150

200

250

300

1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007S. Fco. de Itabapoana S. João da Barra S. FidélisQuissamã Conceição de Macabu MacaéCampos dos Goytacazes Carapebus

Fonte: Elaboração própria a partir dos dados do DATASUS

A análise do conjunto das “ações básicas em Odontologia” na região permite-nos, dizer

que apenas dois municípios apresentaram desempenho descendente para esse tipo de ações:

Campos dos Goytacazes e Carapebus. Convém lembrar que Carapebus não conta ainda com

cobertura de ESBs e que em Campos a atuação dessas equipes cobre somente 14,41% da

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156

população.

São Fidelis vem mantendo desempenho estável na produção de ações básicas, repetindo

o perfil demonstrado em 1ªs consultas programáticas.

Os municípios de São Francisco de Itabapoana, São João da Barra, Quissamã, Conceição

de Macabu e Macaé apresentaram curvas ascendentes para o conjunto dessas ações. Vale

registrar que desses municípios somente São João da Barra não possui ESBs habilitadas. Em

São Francisco de Itabapoana as ESBs passaram a atuar em janeiro de 2006 com uma cobertura

de 29,36%. Ainda que a cobertura seja baixa, ocorreu no município uma ampliação de acesso

que é coincidente com o aumento de volume das ações básicas praticadas por esse município

nos dois últimos anos da pesquisa.

Em 2007, Conceição de Macabu triplicou o volume de sua produção de ações básicas

fato que também é coincidente e coerente com a implantação, em janeiro de 2007, das ESBs

com cobertura de 68,14 %.

O município de Macaé possui ESBs desde julho de 2004 com cobertura de 34,32% da

sua população. De forma coincidente, desde 2004 esse município vem apresentando uma

tendência ascendente para o volume da produção de ações básicas.

Gráfico 55: Reg. NorteQtd. Aprovada - ações básicas em Odontologia

0

200000

400000

600000

800000

1000000

1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007

S. Fco. de Itabapoana S. João da Barra S. FidélisQuissamã Conceição de Macabu MacaéCampos dos Goytacazes Carapebus

Fonte: Elaboração própria a partir dos dados do DATASUS

No tocante ao conjunto das ações especializadas, ainda que não existam CEOs nesta

região, apresentaram aumento no conjunto deste tipo de ação os seguintes municípios: São

Francisco de Itabapoana, Quissamã, Conceição de Macabu e Carapebus.

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157

São João da Barra, São Fidelis, Macaé e Campos dos Goytacazes apresentaram retração

de volume no conjunto destas ações.

Considerando a ausência de CEOs na Região Norte, vale destacar que as ações

especializadas realizadas nestes municípios não foram estimuladas pelos incentivos inseridos

na PNSB.

Diante da análise da região Norte, destacamos que os municípios de Campos dos

Goytacazes e Macaé precisam ser estudados mais detalhadamente, pois Campos dos

Goytacazes, apresentou retração em todas as categorias pesquisadas. De forma semelhante,

Macaé somente apresentou aumento de volume nos procedimentos especializados em

Periodontia e no conjunto das ações básicas. Ainda que estes municípios contem com baixas

coberturas das ESBs e não possuam CEOs habilitados, seria válido investigar mais

atentamente outras razões que justifiquem esses desempenhos descendentes.

Gráfico 56: Reg. NorteQtd. Aprovada - ações especializadas em Odontologia

01000020000300004000050000600007000080000

1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007

S. Fco. de Itabapoana S. João da Barra S. FidélisQuissamã Conceição de Macabu MacaéCampos dos Goytacazes Carapebus

Fonte: Elaboração própria a partir dos dados do DATASUS

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158

4.2.9 Região Serrana

Esta região é composta por dezesseis municípios: Teresópois, Petrópolis, Guapimirim,

São José do Vale do Rio Preto, Sumidouro, Carmo, Nova Friburgo, Cachoeiras de Macacu,

Bom Jardim, Duas Barras, Cordeiro, Macuco, Cantagalo, São Sebastião do Alto, Trajano de

Moraes e Santa Maria Madalena.

Segundo o Censo de 2000 (IBGE), a região possuía então 835.586 habitantes

representando 6 % da população total do estado do Rio de Janeiro. O IDH médio da região

neste mesmo período era de 0,747 sendo Nova Friburgo o município com maior valor (0,810)

e os municípios de Duas Barras e Sumidouro que apresentaram o menor valor (0,712). Além

desses dois, mais seis municípios apresentaram valores de IDH abaixo da média. São eles:

Guapimirim, São José do Vale do Rio Preto, Bom Jardim, São Sebastião do Alto, Trajano de

Moraes e Santa Maria Madalena.

De acordo com as normas assistenciais do SUS, ano de 2007, os municípios de

Teresópolis, Petrópolis, Guapimirim, Sumidouro, Carmo e Nova Friburgo estavam

habilitados GPSM. Os demais municípios estavam habilitados em GPABA.

No tocante ao repasse de recursos federais, Petrópolis é o município que recebe o maior

volume de recursos do SUS correspondentes ao PAB-fixo. Seguem-se os municípios de

Nova Friburgo e Teresópolis, já que estes são os três municípios com maiores contingentes

populacionais da região. Em situação oposta encontram-se Macuco, São Sebastião do Alto e

Trajano de Moraes, pois estes são os municípios que recebem os menores volumes de

recursos na região.

No tocante a atenção à saúde bucal, novamente Petrópolis por ser o município da região

com maior número de ESBs na ESF, recebe um volume maior de recursos federais.

Quanto à natureza jurídica, segundo o IBGE, existem na região 250 estabelecimentos

de saúde municipais, 2 estaduais (Carmo e Nova Friburgo) e 8 federais (7 em Petrópolis e 1

em Carmo). Portanto na região o município de Carmo é o único que conta com

estabelecimentos de saúde pertencentes aos três níveis de governo.

Ainda de acordo com a pesquisa, existem na região 173 estabelecimentos de saúde que

oferecem assistência ambulatorial odontológica. Novamente Petrópolis é o município de

concentra o maior número desses estabelecimentos. No tocante a assistência emergencial em

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159

CTBMF, na região existe 7 serviços que oferecem este tipo de assistência localizados nos

seguintes municípios: Nova Friburgo (4), Teresópolis (1), Petrópolis (1) e São Sebastião do

Alto (1). No tocante a atenção básica através da ESF, o quadro 17 mostra a situação de

implantação das ESBs nos municípios da região em 2007.

Quadro 17 Situação das ESBs e ESFs na Região Serrana em dez/07

Fonte: Elaboração própria a partir dos dados do DAB/ MS

Região Serrana

Mês/ ano

inserção ESBs

Nº atual de ESBs implan- tadas

Mod.

Pop. Total dez/ 2007

% cob. da

Pop/ ESBs

Nº atual ESFs

% cob.da Pop/ ESF

Teresópolis - - - 150.924 - 14

32,00%

Petrópolis 01/06 10 I 310.216

22,24% 38

42,26%

Guapimirim - - - 45.251 - 4 30,50

% S. José do Vale

do Rio Preto 07/02 7 I 21.375 100% 7 100% Sumidouro

06/06 6 I

15.062 100% 6 100%

Carmo - - -

15.866 - 3 65,23

%

Nova Friburgo - - -

178.102 - 15

29,06%

Cachoeiras de Macacu 01/05 3

I 54.782

37,79% 6

37,79%

Bom Jardim 06/03 5 I

24.145 100% 6 85,73

%

Duas Barras - - -

10.673 - 2 64,65

%

Cordeiro 04/02 3 2 M I 1 M II 10.973 100% 5

86,37%

Macuco - - -

4.405 - 1 78,32

%

Cantagalo 05/02 6 I

20.876 100% 6 99,16

% S. Sebastião do

Alto - - -

8.809 - 1 39,16

% Trajano de

Moraes - - -

9.616 - - - S. Maria Madalena 06/03 3

I 10.200 100% 3 100%

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160

Segundo os dados da pesquisa, nesta região, somente Trajano de Moraes ainda não

aderiu a ESF. Conseqüentemente este município não conta com a atuação de ESBs. Nesta

situação ainda se encontram mais seis municípios, a saber: Teresópolis, Guapimirim, Carmo,

Nova Friburgo, Duas Barras, Macuco, São Sebastião do Alto e Trajano de Moraes.

Portanto esta é a região que possui ao menor oferta do estado no tocante as ESBs.

Do total de municípios que contam com ESBs, Petrópolis é o município que oferece a

menor cobertura populacional (22,24%). Entretanto na região, seis outros municípios

oferecem cobertura de 100% nesta área específica: São José do Vale do Rio Preto,

Sumidouro, Bom Jardim, Cordeiro, Cantagalo e Santa Maria Madalena.

Quanto à modalidade de implantação, com exceção de Cordeiro que tem equipes

implantadas nas modalidades I e II, todos os demais municípios só possuem ESBs na

modalidade I.

No tocante a atenção especializada, existe na região 2 CEOs habilitados nos seguintes

municípios: Cachoeiras de Macacu (tipo II) e Petrópolis (tipo II). Registramos ainda que o

município de São José do Vale do Rio Preto possui 1 LRPD habilitado.

Quanto à produção ambulatorial da Região Serrana, destacamos as seguintes

observações:

Dos 16 municípios existentes nessa região, 7 apresentaram curva ascendente em 1ª

consulta programática, a saber: Sumidouro, Cachoeiras de Macacu, Bom Jardim, Duas

Barras, Macuco, São Sebastião do Alto e Santa Maria Madalena. Destes municípios,

Sumidouro, Bom Jardim e Santa Maria Madalena apresentam 100% de cobertura para as

ESBs. Cachoeiras de Macacu apresenta 37,79% de cobertura nesta estratégia, enquanto que

Duas Barras, Macuco e São Sebastião do Alto não possuem ainda ESBs.

Os demais municípios apresentaram desempenho descendente para este procedimento,

ainda que São José do Vale do Rio Preto, Cordeiro, e Cantagalo tenham cobertura de 100%

em ESBs.

Guapimirim, Carmo, Nova Friburgo e Trajano de Moraes também apresentaram

desempenho descendente, porém, estes municípios não contam ainda com ESBs habilitadas.

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161

Gráfico 57: Reg. Serrana1ª cons. programática

0

5000

10000

15000

20000

25000

30000

35000

40000

1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007

Teresópolis Petrópolis GuapimirimS. J. do Vale do R. Preto Sumidouro CarmoN.Friburgo Cachoeiras de Macacu Bom JardimDuas Barras Cordeiro MacucoCantagalo S. Sebastião do Alto Trajano de MoraesSta. Maria Madalena

Fonte: Elaboração própria a partir dos dados do DATASUS

Em relação ao procedimento exodontia de dente permanentes, apenas 4 municípios

aumentaram seus volumes de produção nesta categoria: Cachoeiras de Macacu, Bom Jardim,

Duas Barras e Santa Maria Madalena. Todos tiveram também aumento no acesso através do

maior volume de 1ªs consultas programáticas.

Teresópolis, Petrópolis, Guapimirim, São José do Vale do Rio Preto, Sumidouro, Nova

Friburgo e Trajano de Moraes apresentaram curva descendente nesta categoria. Todos estes

municípios, exceto Sumidouro, tiveram neste período redução de 1ªs consultas programáticas

o que pode explicar o menor volume de exodontias.

Os 5 municípios restantes (Cordeiro, Macuco, Cantagalo, São Sebastião do Alto e

Carmo) apresentaram tendência estável neste procedimento.

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Gráfico 58: Reg. SerranaExodontia de dente permanente

0

3000

6000

9000

12000

1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007

Teresópolis Petrópolis GuapimirimS. J. do Vale do R. Preto Sumidouro CarmoN.Friburgo Cachoeiras de Macacu Bom JardimDuas Barras Cordeiro MacucoCantagalo S. Sebastião do Alto Trajano de MoraesSta. Maria Madalena

Fonte: Elaboração própria a partir dos dados do DATASUS

Os municípios de Cordeiro, Macuco e Cantagalo não oferecem o procedimento

“Curetagem /pol.dentário” aos seus munícipes.

Sumidouro, Nova Friburgo, Cachoeiras de Macacu e Bom Jardim tiveram desempenho

ascendente neste procedimento. Todos esses municípios, exceto Nova Friburgo,

apresentaram também aumento no volume de 1ªs consultas programáticas, sugerindo

ampliação do acesso à atenção à saúde bucal.

Em Nova Friburgo, onde houve queda no volume de 1ªs consultas programáticas, o

aumento do procedimento básico em Periodontia pode indicar a adesão dos pacientes já

inseridos na atenção. Vale registrar que Nova Friburgo não conta ainda com a atuação de

ESBs.

Os municípios de Teresópolis, Petrópolis, Guapimirim, São José do Vale do Rio Preto,

Carmo, Duas Barras, São Sebastião do Alto, Trajano de Moraes e Santa Maria Madalena

apresentaram valores descendentes para esse procedimento. Destes, Petrópolis apresenta

22,24% de cobertura em ESBs, enquanto que os municípios de São José do Vale do Rio

Preto e Santa Maria Madalena apresentam 100% de cobertura para as ESBs.

Teresópolis, Guapimirim, Carmo, Duas Barras, São Sebastião do Alto e Trajano de

Moraes não possuem ESBs. Todos esses municípios, exceto Duas Barras e Sebastião do Alto,

reduziram também 1ªs consultas programáticas.

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Gráfico 59: Reg. SerranaCuretagem/pol. dentário

0

1000

2000

3000

4000

5000

1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007

Teresópolis Petrópolis GuapimirimS. J. do Vale do R. Preto Sumidouro CarmoN.Friburgo Cachoeiras de Macacu Bom JardimDuas Barras Cordeiro MacucoCantagalo S. Sebastião do Alto Trajano de MoraesSta. Maria Madalena

Fonte: Elaboração própria a partir dos dados do DATASUS

Em relação à categoria “Atenção espec. Periodontia”, os municípios de Guapimirim,

São José do Vale do Rio Preto, Nova Friburgo, Bom Jardim, Duas Barras, Macuco,

Cantagalo, São Sebastião do Alto, Trajano de Moraes e Santa Maria Madalena não

realizaram este tipo de procedimento no período estudado.

Teresópolis, Carmo e Cachoeiras de Macacu tiveram desempenho ascendente nesse

tipo de procedimento, o que pode ser atribuído à presença de CEO, apenas em Cachoeiras de

Macacu.

Petrópolis, Sumidouro e Cordeiro apresentaram curvas descendentes nesta categoria,

ainda que Petrópolis possua um CEO tipo II, porém recentemente implantado (maio de

2007).

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Gráfico 60: Reg. SerranaAtenção espec. Periodontia (curetagem sub/indivíduo)

0

200

400

600

800

1000

1200

1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007Teresópolis Petrópolis GuapimirimS. J. do Vale do R. Preto Sumidouro CarmoN.Friburgo Cachoeiras de Macacu Bom JardimDuas Barras Cordeiro MacucoCantagalo S. Sebastião do Alto Trajano de MoraesSta. Maria Madalena

Fonte: Elaboração própria a partir dos dados do DATASUS

No que diz respeito à realização de Endodontia trirradicular, apenas 5 municípios desta

região realizam este tipo de procedimento. São eles: Teresópolis, Petrópolis, Sumidouro,

Nova Friburgo e Cachoeiras de Macacu. Entretanto, somente Sumidouro apresentou curva

ascendente para este procedimento sendo que Teresópolis apresentou uma tendência estável.

Vale registrar que Petrópolis e Cachoeiras de Macacu possuem CEOs habilitados desde maio

de 2007 e agosto de 2006 respectivamente.

Causa-nos estranheza o fato de São José do Vale do Rio Preto, ainda que possua CEO

desde janeiro de 2007, não realizou ou não informou este tipo de tratamento no último ano do

período pesquisado.

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Gráfico 61: Reg. SerranaEndodontia Trirradicular

0

100

200

300

400

500

600

1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007Teresópolis Petrópolis GuapimirimS. J. do Vale do R. Preto Sumidouro CarmoN.Friburgo Cachoeiras de Macacu Bom JardimDuas Barras Cordeiro MacucoCantagalo S. Sebastião do Alto Trajano de MoraesSta. Maria Madalena

Fonte: Elaboração própria a partir dos dados do DATASUS

No tocante ao “Conjunto de ações de Atenção Básica”, os municípios de Teresópolis,

Sumidouro, Cachoeiras de Macacu, Bom Jardim, Duas Barras, Macuco e Santa Maria

Madalena, apresentaram, no período pesquisado, volumes decrescente na produção de ações

de Atenção Básica. Vale registrar que destes, Teresópolis, Duas Barras e Macuco não

possuem ainda ESBs habilitadas. Os demais todos contam com 100% de cobertura para as

ações das ESBs, exceto Cachoeiras de Macacu que conta com 37,79% de cobertura.

Petrópolis, apesar de importantes oscilações e queda no último ano, ao longo do

período estudado, foi o município que aumentou em maior intensidade o total destas ações,

ainda que conte com cobertura por ESBs de apenas 22,24%, desde janeiro de 2006.

Todos os demais municípios tiveram queda no conjunto de ações básicas: Guapimirim,

São José do Vale do Rio Preto, Carmo, Nova Friburgo, Cordeiro, Cantagalo, São Sebastião

do Alto e Trajano de Moraes. Causa-nos surpresa que São José do Vale do Rio Preto

Cordeiro e Cantagalo tenham 100% de cobertura de suas populações por ESBs e ainda assim

tenham apresentado volumes decrescentes de procedimentos de atenção básica.

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Gráfico 62: Reg. SerranaQtd. Aprovada - ações básicas em Odontologia

0

100000

200000

300000

400000

500000

1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007

Teresópolis Petrópolis GuapimirimS. J. do Vale do R. Preto Sumidouro CarmoN.Friburgo Cachoeiras de Macacu Bom JardimDuas Barras Cordeiro MacucoCantagalo S. Sebastião do Alto Trajano de MoraesSta. Maria Madalena

Fonte: Elaboração própria a partir dos dados do DATASUS

No tocante à atenção especializada, os municípios de Macuco, São Sebastião do Alto,

Trajano de Moraes e Santa Maria Madalena não oferecem, aos seus munícipes, este tipo de

atenção em saúde bucal.

Dentre os municípios que oferecem este tipo de atenção, São José do Vale do Rio Preto,

Sumidouro e Cachoeiras de Macacu, aumentaram o volume da sua produção durante o

período estudado. Destes três municípios apenas Sumidouro não conta com CEO habilitado.

Teresópolis, Petrópolis, Guapimirim, Carmo, Nova Friburgo, Duas Barras, Cordeiro e

Cantagalo apresentaram desempenho negativo para este tipo de ação. Desses municípios,

apenas Petrópolis possui um CEO, habilitado em 2007, no entanto sua queda vem ocorrendo

progressivamente desde 2002.

Bom Jardim vem apresentando um desempenho oscilatório desde 1998, tendo

apresentado um pico nesta produção em 2006. Entretanto, ao longo do período estudado,

apresentou aumento no volume global destas ações.

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Gráfico 63: Reg. SerranaQtd. Aprovada - ações especializadas em Odontologia

0

10000

20000

30000

40000

1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007

Teresópolis Petrópolis GuapimirimS. J. do Vale do R. Preto Sumidouro CarmoN.Friburgo Cachoeiras de Macacu Bom JardimDuas Barras Cordeiro MacucoCantagalo S. Sebastião do Alto Trajano de MoraesSta. Maria Madalena

Fonte: Elaboração própria a partir dos dados do DATASUS

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5. A GUISA DE UM EPÍLOGO

Todo ponto de vista é a vista de um ponto. Ler significa reler e compreender,

interpretar. Cada um lê com os olhos que tem. E interpreta a partir de onde os pés pisam.

Todo ponto de vista é a vista de um ponto. Para entender como alguém lê, e necessário saber como são seus os olhos e qual é a sua visão de mundo. Isso faz da leitura sempre uma releitura.

A cabeça pensa a partir de onde os pés pisam. Para compreender, é essencial conhecer o lugar social de quem olha. Vale dizer: como alguém vive, com quem convive, que experiências tem, em que trabalha, que desejos alimenta, como assume os dramas da vida e da morte e que esperanças o animam. Isso faz da compreensão sempre uma interpretação.

Sendo assim, fica evidente que cada leitor é co-autor. Porque cada um lê e relê com os olhos que tem. Porque compreende e interpreta a partir do mundo que habita.

Leonardo Boff

O processo de consolidação do Sistema Único de Saúde (SUS) está intimamente ligado

aos aspectos relativos à descentralização do sistema, à reorganização da atenção à saúde e às

inovações nas formas de financiamento do setor instituídas pelas Normas Operacionais e pelo

conjunto de portarias que as complementam.

Neste sentido a década de 1990 foi marcada pela priorização e reorientação da atenção

básica, impulsionada pela implantação do Piso de Atenção Básica (PAB) o que representou

uma mudança qualitativa na participação dos recursos federais no financiamento do SUS.

Ademais a opção do MS em eleger o Programa de Saúde da Família como a estratégia

preferencial de reorganização da lógica assistencial, possibilitou um maior aporte de recursos

financeiros transferidos para os níveis subnacionais sob a forma de incentivos financeiros

(PAB variável).

Nessa perspectiva, em 2000, o MS instituiu um incentivo financeiro para a

reorganização da atenção básica em saúde bucal através da inserção das equipes de saúde

bucal na ESF. Desta forma, os municípios que incorporaram ESBs na ESF passaram a contar

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com um adicional per capta ao valor do seu PAB fixo, além do recebimento de incentivos

para implantação e de custeio mensal destas equipes (PAB variável).

Em 2004, a saúde bucal entra para a agenda de governo através da publicação da PNSB,

que além de reafirmar a importância da atenção básica e da ESF, amplia a atenção

especializada em saúde bucal no âmbito do SUS. Hoje é possível identificar as seguintes

linhas de incentivos para o financiamento público da atenção à saúde bucal: implantação e

custeio para ESBs e CEOs; recursos do FAEC para a remuneração da produção dos LRPDs;

da Ortodontia; do Programa de Especialidades Odontológicas em Radioterapia e

Quimioterapia; das Cirurgias de Deformidades Craniofaciais e de Programa Similar ao PSF.

Vale ainda registrar que para as ações especializadas através dos CEOs, há também

remuneração por procedimentos informados através do SIA a serem contabilizados nos tetos

municipais e/ou estaduais.

Portanto, no balanço da última década, a prestação pública de serviços em saúde bucal

avança de um panorama de oferta limitada de procedimentos de baixa complexidade com

reduzida realização de procedimentos especializados, em direção à ampliação do acesso na

atenção básica e na média/alta complexidade. Essa ampliação se deu tanto no sentido da

universalização quanto da integralidade das ações.

No estado do Rio de Janeiro, entre 2001 e 2007, no âmbito da atenção básica, ocorreu a

implantação de 481 ESBs, distribuídas em 62 municípios das nove regiões de saúde do

estado. No tocante a atenção especializada, de 2004 até dezembro de 2007, foram implantados

no estado 46 CEOs, dos quais 18 se encontram na capital. Ressaltamos que,

independentemente da forma de gestão, todos os CEOs existentes no estado encontram-se sob

gestões municipais. Ainda no tocante aos CEOs, segundo notícia do portal saúde do MS,

foram destinados de 2004 a maio de 2006, R$ 6,5 milhões para este fim apenas no estado do

Rio de Janeiro (BRASIL, 2006).

Em relação aos LRPDs, existem hoje 12 unidades distribuídas em 12 municípios.

Ressaltamos que no município do Rio de Janeiro não existe LRPD habilitado. O mesmo

acontece em relação à Região Norte, onde também não existem CEOs implantados.

Diante da constatação das evidentes mudanças na perspectiva da oferta de atenção à

saúde bucal para os usuários do SUS contidas na PNSB, e considerando-se particularmente as

características da assistência a saúde no estado do Rio de Janeiro, foi elaborada uma ampla

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pesquisa para levantamento de dados relativos a este campo temático.

Temos consciência de que a coleta dos dados relativos às series históricas dos

procedimentos selecionados está sujeita a erros de informação e/ou alimentação dos dados por

parte dos gestores locais. Ademais outras variáveis podem incorrer em falhas nas informações

selecionadas, como aquelas ocorridas nos municípios de pequeno porte, tais como: variações

circunstanciais nos quadros de recursos humanos decorrentes de aposentadorias, licenças ou

férias, ou ainda aquelas sazonais, para qualquer que seja o porte do município. Consideramos

ainda que eventuais mudanças de cargos importantes na gestão podem influenciar a qualidade

da oferta assistencial em saúde bucal. Esses são apenas alguns fatos que, dentre outros, nos

permitem justificar dados oscilantes, e muitas vezes incoerentes como os encontrados em

alguns municípios ao longo da pesquisa.

Contudo, algumas constatações foram possíveis de serem feitas a partir da observação

do comportamento dos dados. Assim, a seguir, passamos a destacar os fatos que chamaram

nossa atenção, e que possibilitaram algumas interpretações a partir da análise das categorias

de procedimentos pesquisadas.

De uma forma geral constatou-se que, de fato, no âmbito do estado, houve ampliação do

acesso e da oferta de serviços, tanto quantitativa quanto qualitativamente. No entanto, a

interpretação dos dados sugere que esta ampliação ocorreu muito mais pela existência dos

incentivos federais, sobretudo na adoção de ações de visibilidade política, do que pela

existência de um planejamento ou programação que considerasse as necessidades da

população. Observamos que, se por um lado a obtenção dos recursos para implantação e

custeio são atrativos para o gestor local, a demanda reprimida e a falta de planejamento trazem

a tona a dificuldade de manutenção desta oferta. Vale ressaltar que o incentivo federal de

custeio não é, e nem pretende ser, suficiente para manter os custos de material e manutenção

técnica dos equipamentos. Por outro lado, a oferta de atenção especializada se traduz num

aumento do volume de procedimentos contabilizados no SIA o que representa um desafio

financeiro a ser enfrentado pelo gestor municipal pelo menos até que esse custo possa ser

incorporado aos tetos municipal e/ou estadual.

A pesquisa mostrou que em alguns municípios a implantação inicial de ESBs ocorreu

em quantidades maiores que os números atuais, fato sugestivo de que a manutenção desta

oferta não foi sustentada pelo gestor local. Isso parece ter ocorrido em Natividade, Sapucaia,

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Cabo Frio e Armação dos Búzios, municípios que diminuíram o número inicial de equipes

e/ou alteraram a modalidade de habilitação, “retroagindo” da categoria II para I. Neste

sentido, vale lembrar que no âmbito do estado, assim como no resto do país, há deficiência

numérica no quadro profissional dos Técnicos de Higiene Dental, profissional este exigido na

modalidade II de habilitação.

Segundo a metodologia desta pesquisa, dos 62 municípios do estado que contam com a

atuação de ESBs, 30, ou seja, 48% diminuíram o acesso às ações em SB, identificado pela

queda no volume de 1ªs consultas programáticas. Esses municípios e seus respectivos

percentuais de coberturas de ESBs estão listados a seguir: Saquarema (98,21%); Cabo Frio

(20,78%); Três Rios (100%); Areal (100%); Comendador Levy Gasparian (100%); Paraíba do

Sul (100%); Vassouras (100%); Paty de Alferes (100%); Engenheiro Paulo de Frontin (100%);

Mendes (100%); Barra do Piraí (21,70%); Valença (29,35%); Rio Claro (100%); Resende

(69,16%); Volta Redonda (93,55%); Rio de Janeiro (5,62%); Seropédica (44,90%); Nova

Iguaçu (5,72%); Bom Jesus de Itabapoana (100%); Santo Antônio de Pádua (64,66%); Varre e

Sai (100%); Porciúncula (100%); Aperibé (100%); Miracema (100%); Macaé (34,32%);

Campos dos Goytacazes (14,41%); Petrópolis (22,24%); São José do Vale do Rio Preto

(100%); Cordeiro (100%) e Cantagalo (100%). Ainda no tocante ao procedimento “1ª

Consulta Programática” lembramos que a Portaria SAS/MS nº 95 de fevereiro de 2006

recomenda que seja realizada uma consulta /ano por pessoa. Desta forma, ainda nos casos onde

a cobertura das ESBs é baixa, consideramos que a diminuição do volume deste procedimento

como verificada nestes municípios é incompatível e incoerente com a proposta de ampliação de

acesso inerente a PNSB.

Ainda no tocante aos 62 municípios que contam com a atuação de ESBs, a análise para o

conjunto das ações de atenção básica em saúde bucal revelou que 26 desses municípios, ou

seja, 42%, apresentaram queda no volume dessas ações. São eles: Angra dos Reis; Saquarema;

Iguaba Grande; Cabo Frio; Três Rios; Paraíba do Sul; Areal; Vassouras; Paty de Alferes;

Valença; Rio Claro; Barra do Piraí; Nova Iguaçu; Silva Jardim; Bom Jesus de Itabapoana;

Porciúncula; Aperibé; Santo Antônio de Pádua; Cambuci; Natividade; Varre e Sai; Campos

dos Goytacazes; Cantagalo; Petrópolis; São José do Vale do Rio Preto e Cordeiro.

Considerando ainda que o modelo de atenção à saúde preconizado pela ESF inclui visita

domiciliar, e portanto não assiste apenas à demanda espontânea, mais uma vez não nos parece

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admissível que em localidades que possuam com ESBs habilitadas nessa estratégia, ocorra

queda no volume da produção de ações de atenção básica.

No tocante aos 27 municípios que contam com CEOs habilitados, 11 isto é, 41% desses

municípios, apresentaram queda na produção total de ações especializadas. Entretanto, vale

registrar que desse total, 2 municípios, apesar de terem apresentado valores reduzidos para o

volume dessas ações, nestes casos, a natureza dessa redução parece estar relacionada com o

percentual de cobertura e desempenho das ESBs locais. Lembramos que de acordo com os

critérios dessa pesquisa, é esperada uma tendência decrescente na necessidade de ações

especializadas naquelas localidades onde a assistência na atenção básica é suficiente e

adequada. Nesta situação enquadram-se Porto Real e Paraíba do Sul. Destacamos abaixo para

cada um deles, o início da atuação das ESBs, suas respectivas coberturas, bem como o início

de atuação dos CEOs:

• Porto Real (ESBs desde 2002 com 100% e CEO desde 01/06)

• Paraíba do Sul (ESBs desde 2002 com 100% e CEO desde 10/2005)

Em relação ao município de Porto Real essa constatação decorre do seu desempenho

positivo para os procedimentos de 1ª consulta programática, periodontia básica e conjunto das

ações básicas. Os dados referentes a esse município revelaram ainda estabilidade para os

procedimentos de endodontia trirradicular e um decréscimo no volume de exodontias e de

periodontia especializada. Já em consideração a Paraíba do Sul, a pesquisa revelou que apesar

desse município apresentar uma discreta redução no número de 1ªs consultas programáticas, e

no volume das ações básicas, ocorreu também uma considerável redução no volume de

exodontias. Ademais os procedimentos de periodontia básica e especializada assim como

aqueles referentes à endodontia trirradicular apresentaram curvas ascendentes.

Nessa perspectiva, não podemos concordar com o estabelecimento, por parte do MS, de

metas padronizadas para os procedimentos especializados realizados nos CEOs. No nosso

entendimento essas metas deveriam ser revistas e consideradas em conjunto com o

desempenho do município nas ações de atenção básica em saúde bucal. Ressaltamos ainda

que a não revisão implica no risco de indução de volume de procedimentos especializados

com vistas ao cumprimento de metas. E acrescentamos que, nesses casos, a regra de

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suspensão de repasses financeiros para o custeio de CEOs que não atinjam tais metas, pode

ser considerada injusta para com os usuários, uma vez que esses podem ser paradoxalmente

penalizados com a suspensão da oferta de serviços justamente por estarem melhorando suas

condições básicas de saúde bucal.

Na seqüência, os 9 municípios listados abaixo também apresentaram queda no volume

das ações especializadas.

• Saquarema (ESBs desde 2004 com 98,21% e CEO desde 02/2005)

• Porciúncula (ESBs desde 2005 com 100% e CEO desde 08/2006)

• Bom Jesus de Itabapoana (ESBs desde 2005 com 100% e CEO desde 10/06)

• Vassouras (ESBs desde 2002, com 100% e CEO desde 11/2005),

• Valença (ESB desde 2006 com 29,35% e CEO desde 05/07),

• Resende (ESB desde 2004 com 69,16% e CEO desde 02/05),

• Petrópolis (ESB desde 2006 com 22,24% e CEO desde 05/07)

• Santo Antônio de Pádua (ESB desde 2004 com 64,66% e CEO desde 10/2004)

• Itaperuna (início ESBs em 2005 com 29,62% (até agosto/07) e CEO desde

abril de 2005)

Vale registrar que em relação ao município de Itaperuna, segundo dados do DAB/MS, a

atuação das ESBs foi suspensa em agosto de 2007. Portanto, a queda no volume de ações

especializadas, neste ano, além de outros fatores, pode também ser relacionada a um menor

número de usuários referenciados para este nível de atenção.

Contudo, em todos esses casos, independentemente do percentual de cobertura das ESBs

praticados em cada um desses municípios, o desempenho descendente apresentado na

produção do conjunto de ações especializadas, além de não ser justificável é incoerente e

incompatível com a proposta inserida na PNSB.

Do ponto de vista da análise regional, enfatizamos que a grande heterogeneidade

existente tanto inter como intra-regiões, não permite que sejam estabelecidos os parâmetros

comparativos desejáveis e necessários para estudos dessa ordem. Assim sendo, no conjunto da

análise da oferta de serviços e ações de saúde bucal nas regiões do estado, destacamos alguns

municípios que demonstraram desempenhos peculiares e, portanto, merecem ser discutido

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individualmente. São eles:

1-Rio das Ostras (Região Baixada Litorânea):

Esse município não conta com ESBs nem com CEOs. A leitura dos dados mostra que

neste município ocorreu queda no volume de todas as categorias pesquisadas. No tocante a

categoria endodontia trirradicular, esta prática sequer é oferecida por esse município. Esse

desempenho é totalmente indesejável, sobretudo frente às propostas de atenção em saúde

bucal contidas na PNSB. Vale destacar o papel da SESDEC no sentido de avaliar os motivos

da não adesão do gestor municipal aos incentivos inerentes a PNSB e garantir a oferta dessas

ações específicas aos usuários do SUS em Rio das Ostras.

2. Barra Mansa (Região Médio Paraíba):

Nesse município não existem ESBs, entretanto existe um CEO habilitado desde junho de

2005. A leitura dos dados referentes ao município indica que com exceção do conjunto das

ações especializadas, todas as demais categorias apresentaram valores de produção

decrescentes. Neste sentido, podemos inferir que outras ações especializadas diferentes das

pesquisadas estão sendo oferecidas em Barra Mansa.

O perfil de desempenho da produção ambulatorial do município demonstra ênfase na

atenção especializada e, portanto, sem indícios de mudança no modelo de atenção à saúde

bucal tal como pretendido pela PNSB.

3- Japeri (Região Metropolitana I):

Destacamos que esse município ainda não aderiu a ESF e, por conseguinte não conta

com ESBs. Também não existem CEO habititado neste local. A análise dos seus dados

ambulatoriais referentes a Japeri demonstra que o número 1ªs consultas programáticas vem

sendo mantido embora tenha ocorrido um aumentou significativo no volume de exodontias.

Ademais, de acordo com os critérios da pesquisa, esse município não oferece os

procedimentos de periodontia básica e especializada, assim como endodontia trirradicular.

Embora esse município não ofereça ações especializadas em saúde bucal, a análise do

conjunto das ações básicas demonstrou um aumento importante. Contudo, ainda que Japeri

tenha aumentado o conjunto das ações básicas, nas quais se incluem as exodontias, o perfil do

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seu desempenho indica a manutenção do caráter mutilador de uma assistência odontológica

não mais aceitável.

Portanto, a importância da orientação técnica da SESDEC ao município de Japeri, nos

parece além de oportuna, urgente, no sentido de garantir aos usuários locais uma assistência

mais adequada e próxima dos parâmetros adotados por ambas as políticas de atenção básica e

saúde bucal.

4- Rio de Janeiro (Região Metropolitana I):

O município carioca conta, desde janeiro de 2005, com uma cobertura de atuação das

ESBs de apenas 5,62%. Entretanto, no tocante a atenção especializada, o município conta com

uma alta concentração de CEOs, possuindo 18 desses centros habilitados em outubro de 2004.

Quanto ao desempenho da produção ambulatorial, os dados revelam que ocorreu queda

no montante de 1ªs consultas programáticas, indicando que o acesso não foi ampliado como

desejado pela PNSB. Ainda que se leve em conta a baixa cobertura das ESBs, entendemos

que, o volume do acesso as ações de saúde bucal, deveria ser no mínimo mantido, e jamais

reduzido.

O volume da produção de exodontias foi aumentado, fato que, analisado frente à redução

do acesso, indica persistência de um modelo assistencial mutilador.

Os procedimentos de periodontia básica apresentaram aumento no volume da produção,

o que provavelmente está relacionado à atenção oferecida a escolares através do programa

“Dentescola”.

Os procedimentos especializados pesquisados, tanto de Periodontia quanto de

Endodontia também apresentaram volumes ascendentes. No entanto, nesses casos específicos

podemos atribuir esse aumento a dois fatores que ocorreram de forma concomitante no

município do Rio e Janeiro: um aumento substancial do quadro de profissionais e a

excepcional implantação de 18 CEOs habilitados pela mesma Portaria de nº 2192 GM de

08/10/2004 (BRASIL, 2004).

No tocante ao conjunto de ações de atenção básica, a produção apresentou oscilações ao

longo do período pesquisado. Entretanto, a partir de 2004, instala-se uma tendência

descendente que no último ano pesquisado apresentou uma discreta recuperação sem, no

entanto, atingir os valores de produção praticados em 2005. Esse desempenho é convergente

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com o encontrado para a categoria “1ªs consultas programáticas”, e ambos sugerem uma

desvalorização da atenção básica em saúde bucal nesse município.

Da mesma forma, a análise do conjunto das ações especializadas demonstrou

desempenho oscilante tendo apresentado um pico em 2005, seguido de queda no ano seguinte,

e uma discreta recuperação em 2007. Entretanto, também em relação a ações especializadas, a

tentativa de recuperação não alcançou os valores praticados em 2005. Portanto, consideramos

que esse desempenho não mostra compatibilidade com o número significativo de CEOs em

atuação neste município.

Por fim, ressaltamos que a análise do conjunto de todos os dados relativos ao município

nos permite dizer que não há indícios de mudança no modelo de atenção no município do Rio

de Janeiro, ao contrário, parece estar ocorrendo uma ênfase na atenção especializada em

detrimento da atenção básica em saúde bucal.

5- Niterói (Região Metropolitana II):

Esse município, embora possua um programa considerado pelo MS como similar a ESF,

não conta com a atuação de ESBs. Entretanto, em Niterói existe um CEO tipo II, habilitado

desde abril de 2007.

A análise da série histórica de produção ambulatorial de Niterói nos permite dizer que

ocorreu aumento de volume dos seguintes procedimentos: 1ªs consultas programáticas,

periodontia básica e especializada, e endodontia trirradicular. Em outras palavras, o município

ampliou o acesso, vem realizando tratamentos e referenciando para atenção especializada os

casos necessários. Ademais, o volume das ações de atenção básica vem sendo mantido,

enquanto que o número das ações especializadas e de exodontias sofreu redução.

Portanto, pelos critérios adotados nesta pesquisa consideramos que o município de

Niterói vem apresentando um desempenho desejável e indicando êxito na reorganização no

modelo de atenção á saúde bucal tal como pretendido pela PNSB, ainda que tenha optado por

não ser beneficiado pelos incentivos financeiros do MS no tocante à atenção básica.

6- Campos dos Goytacazes (Região Norte):

Esse município conta com 14,41% de cobertura das ESBs, e não possui CEO habilitado.

O desempenho da sua produção ambulatorial apresenta curva decrescente em relação a todas

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as categorias pesquisadas, sendo que os procedimentos de endodontia trirradicular e

periodontia especializada, não são sequer oferecidos.

A análise do conjunto das ações básicas e especializadas revelou que, em 2007 houve

redução de aproximadamente 50% no volume produzido no ano anterior.

Destacamos aqui, mais uma vez, o papel orientador e indutor da SESDEC no sentido de

estimular a ampliação da cobertura da atenção básica através da ESF e conseqüentemente de

novas ESBs e de apoiar a gestão municipal no sentido da ampliação da oferta de atenção

especializada em saúde bucal através dos benefícios oferecido pela PNSB.

7- Petrópolis (Região Serrana):

Esse município conta com cobertura de 22,24% das ESBs e um CEO habilitado desde

maio de 2007. O estudo do desempenho da produção ambulatorial desse município revela que,

exceto na categoria de Periodontia especializada, todas as outras categorias pesquisadas

apresentaram volumes de produção decrescentes.

Portanto, o perfil de desempenho apresentado por Petropólis, sobretudo considerando a

existência do CEO, ainda que recente, sugere que a mudança do modelo de atenção em saúde

bucal, como desejado pela PNSB, ainda não está em curso nesse município.

Realizado esse mapeamento das condições reais do desenvolvimento da PNSB no

conjunto dos 92 municípios de integram a unidade federativa do Rio de Janeiro, consideramos

ainda, que outras variáveis não incluídas nesta pesquisa possam ter contribuído para o

desempenho negativo ou positivo desses municípios nas categorias estudadas. Nessa

perspectiva, entendemos ser necessário que a SESDEC bem como as Secretarias Municipais

de Saúde (SMSs) promovam estudos de cada um dos casos apontados por esta pesquisa como

sendo particularmente problemáticos. Reforçamos este pensamento lembrando que entre as

funções das Secretarias Estaduais de Saúde encontram-se a “formulação de políticas,

planejamento, financiamento, regulação e normatização, garantia e regulação do acesso aos

serviços de saúde, organização regionalizada da rede de serviços de saúde, monitoramento e

avaliação do sistema estadual e articulação e cooperação técnica com as secretarias municipais

de saúde” (Brasil, CONASS, 2007 p.26-27). Na seqüência dessa lembrança não podemos

desconsiderar que cabem aos municípios responsabilidades no tocante a provisão de ações e

serviços de atenção básica em saúde.

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Ressaltamos ainda a importância dos sistemas de informação, não apenas do ponto de

vista do financiamento, faturamento e da prestação de contas, mas, sobretudo como subsídio

concreto para programação e planejamento da atenção a saúde. Reforçamos tanto a necessidade

de capacitação dos profissionais e gestores no tocante a operacionalização e análise dos bancos

de dados disponíveis, quanto à insuficiência quantitativa de equipamentos de informática

sabidamente existente nos municípios menores e com reduzida viabilidade de recursos

financeiros. No tocante a atenção à saúde bucal, consideramos também, a importância

estratégica da ação do Ministério da Saúde, tendo em vista o aprimoramento necessário dos

sistemas de informação orientando-os para um melhor acompanhamento e planejamento da

atenção a saúde bucal.

Por último gostariamos de enfatizar que essa dissertação de mestrado que tem o ônus do

pioneirismo pretende ter desdobramentos futuros. Portanto, o encerramento desse texto marca

o início de um processo de investigação que está orientado para uma maior efetividade da

PNSB. Esse processo de investigação pode e deve ser desenvolvido simultaneamente na

Universidade e nas unidades responsáveis pela execução programática da PNSB. Assim, o

presente texto espera ter encontrado um horizonte de pesquisa, reflexão e debate para o

enfrentamento de uma dimensão tão importante da saúde como é a saúde bucal.

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__________, Ministério da Saúde. Portaria GM/ MS nº 1.121 de 17 de junho de 2002. Estabelece os mecanismos, fluxos e prazos para a avaliação de desempenho em relação às metas municipais e estaduais definidas no Pacto de Indicadores da Atenção Básica 2001 e aprovar a relação dos indicadores a serem pactuados no ano de 2002, por estados e municípios. __________,Ministério da Saúde. A Implantação da EC 29: Apresentação dos dados do SIOPS, 2000 a 2003.Texto elaborado pela Equipe SIOPS/ DES/ SCTIE/ Ministério da Saúde. Brasília, julho de 2005. Disponível em:<http://siops.datasus.gov.br/Documentacao/Implanta%C3%A7%C3%A3o_EC_29_dados_SIOPS.PDF> Acesso em 12 de março de 2007. __________,Projeto de Lei Complementar Nº 1 2003 do Deputado Roberto Gouveia (PT-SP). Aprovado na Comissão de Seguridade Social de Família na forma do substitutivo do relator deputado Guilherme Menezes (PT-BA) Regulamenta o § 3º do artigo 198 da Constituição Federal, 2003. Disponível em: <http://www.pastoraldacrianca.org.br/imprensa/noticias/projeto_ec29.doc > Acesso em 20 de março de 2007. __________,Ministério da Saúde. Portaria GM/MS nº 673, de 03 de junho de 2003. Reajusta os valores dos incentivos financeiros aos Programas de Saúde da Família, de Agentes Comunitários de Saúde e às Ações de saúde bucal no âmbito do Programa Saúde da Família e dá outras providências. Brasília. Ministério da Saúde, 2003. __________,Ministério da Saúde, 2003. Coordenação Nacional de Saúde Bucal. Banco de dados da pesquisa Condições de Saúde Bucal da População Brasileira - Projeto SB Brasil 2003. Disponível em <www.saúde.gov.br> . Acesso 15 de agosto de 2006. __________,Ministério da Saúde. Conselho Nacional de Saúde. Resolução nº 322, de 8 de maio de 2003. Disponível em : < http://siops.datasus.gov.br/Documentacao/Reso322.doc > Acesso em 19 de março de 2007. __________,Ministério da Saúde. Pacto dos Indicadores da Atenção Básica: Instrumento de Negociação Qualificador do Processo de Gestão do SUS. Informes Técnico Institucionais. Revista Brasileira de Saúde Materno Infantil. N.3 (2) pág 2221-224.Recife, Abr/jun 2003. __________,Ministério da Saúde. Portaria GM/MS nº 74 de 20 de janeiro de 2004. Reajusta os valores dos incentivos financeiros às Ações de saúde bucal no âmbito do Programa Saúde da Família, inclui procedimentos de moldagem para prótese e dá outras nprovidências. Brasília. Ministério da Saúde, 2004. __________, Ministério da Saúde. Portaria GM/MS nº 1570 de 29 de julho de 2004. Estabelece critérios, normas e requisitos para a implantação e habilitação dos Centros de Especialidades Odontológicas e Laboratórios Regionais de Próteses Dentárias. __________, Ministério da Saúde. Portaria GM/MS nº 1572 em 29 de julho de 2004. Estabelece o pagamento de próteses dentárias totais em Laboratórios Regionais de Próteses Dentárias.

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__________,Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Série Pactos pela Saúde Vol 1. Pactos pela Vida, em Defesa do SUS e de Gestão. Brasília, 2006. b __________,Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Série Pactos pela Saúde Vol 4. Política Nacional de Atenção Básica. Brasília, 2006 c __________,Ministério da Saúde. Programa Brasil Sorridente –A Saúde Bucal Levada a Sério. Sub – Compontente Fluoretação Da Água. Cartilha do Gestor. Brasília, 2006 d __________,Ministério da Saúde, 2006. Portaria GM/MS nº 648 de 28 de março de 2006. Aprova a Política Nacional de Atenção Básica, estabelecendo a revisão de diretrizes e normas para a organização da Atenção Básica para o Programa Saúde da Família (PSF) e o Programa Agentes Comunitários de Saúde (PACS). __________,Ministério da Saúde. Portaria GM/MS nº 649, de 28 de março de 2006. Define valores de financiamento para o ano de 2006, com vistas à estruturação de Unidades Básicas de Saúde para as equipes Saúde da Família, como parte da Política Nacional de Atenção Básica. __________,Ministério da Saúde. Portaria GM/MS nº 650, de 28 de março de 2006 Define valores de financiamento do PAB fixo e variável mediante a revisão de diretrizes e normas para a organização da Atenção Básica, para a estratégia de Saúde da Família e para o Programa de Agentes Comunitários de Saúde, instituídos pela Política Nacional de Atenção Básica. __________,Ministério da Saúde.Portaria GM/MS nº 687, de 30 de março de 2006. Aprova a Política de Promoção da Saúde. __________,Ministério da Saúde. Portaria GM/MS nº 2.133, de 11 de setembro de 2006. Define o valor mínimo da parte fixa do Piso de Atenção Básica - PAB, para efeito do cálculo do montante de recursos a ser transferido do Fundo Nacional de Saúde aos municípios e ao Distrito Federal, e divulga os valores anuais/mensais da parte fixa do PAB, por município e Distrito Federal. __________,Ministério da Saúde. Portaria GM/MS nº 750, de 10 de outubro de 2006. Normas de cadastramento das equipes da Estratégia de Saúde da Família, nos tipos: Equipe de Saúde da Família - ESF, Equipe de Saúde da Família com Saúde Bucal - ESFSB e Equipe de Agentes Comunitários de Saúde - ACS, no Cadastro Nacional de Estabelecimento de Saúde - CNES. __________,Ministério da Saúde. Departamento de Atenção Básica. Política Nacional de Atenção Básica. MS/SAS/DAB. Brasília, 2006, e 63 p __________,Ministério da Saúde. Portaria GM/MS nº 204, de 29 de janeiro de 2007. Regulamenta o financiamento e a transferência dos recursos federais para as ações e os serviços de saúde, na forma de blocos de financiamento, com o respectivo monitoramento e

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controle. __________,Ministério da Saúde. Portaria GM/MS nº 1696, de 17 de Julho de 2007 Atualiza os valores do Piso da Atenção Básica - (PAB) para Municípios e o Distrito Federal para o ano de 2006, constante da Resolução nº 2, de 28 de agosto de 2006, da Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE, acrescida do quantitativo de população assentada entre os anos 2000 e 2005. __________,Ministério da Saúde. Conselho Nacional de Secretários de Saúde. A gestão do SUS nos estados: avaliação e fortalecimento das funções essenciais. Brasília. CONASS, 2007 a __________,Ministério da Saúde. Portaria GM/MS nº 2298, de 19 de setembro de 2007. Suspende a transferência de incentivos financeiros referentes ao número de equipes de Saúde da Família e de Saúde Bucal de Municípios com irregularidades no cadastro de profissionais no SCNES. __________,Ministério da Saúde. Secretaria de Gestão Estratégica e Participativa. 1.° Seminário de Gestão Participativa em Saúde da Região da Baixada Litorânea do Rio de Janeiro. Série D. Reuniões e Conferências. Série Cadernos Regionais. Editora do MS, Brasília, 2007 b, 84 p. __________,Ministério da Saúde. Secretaria de Gestão Estratégica e Participativa. 1.° Seminário de Gestão Participativa em Saúde das Regiões Médio-Paraíba, Centro-Sul e Baía da Ilha Grande do Rio de Janeiro: Região da Baía da Ilha Grande. Série D. Reuniões e Conferências. Série Cadernos Regionais.Editora do MS, Brasília 2007 c, 76p. __________,Ministério da Saúde. Secretaria de Gestão Estratégica e Participativa. 1.° Seminário de Gestão Participativa em Saúde da Região Noroeste do Rio de Janeiro. Série D. Reuniões e Conferências. Série Cadernos Regionais.Ed. do MS, Brasília 2007 d, 80 p. __________,Ministério da Saúde. Secretaria de Gestão Estratégica e Participativa.1.° Seminário de Gestão Participativa em Saúde das Regiões Médio-Paraíba, Centro-Sul e Baía da Ilha Grande do Rio de Janeiro:Região Centro Sul. Série D. Reuniões e Conferências. Série Cadernos Regionais.Editora do MS, Brasília 2007 e, 80 p. __________,Ministério da Saúde. Secretaria de Gestão Estratégica e Participativa.1.° Seminário de Gestão Participativa em Saúde da Região Norte do Rio de Janeiro.Série D. Reuniões e Conferências. Série Cadernos Regionais. Editora do MS, Brasília 2007 f, 78 p. __________,Ministério da Saúde. Secretaria de Gestão Estratégica e Participativa. Plano regional – reorganização do SUS na Região Metropolitana I do Estado do Rio de Janeiro Série D. Reuniões e Conferências. Série Cadernos Regionais.(Cadernos Metropolitanos). Editora do MS, Brasília 2007, 86 p.

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