UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE · RN com base na Escala de Avaliação do Contexto...
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UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE
Campus Avançado Professora Maria Elisa de Albuquerque Maia
CURSO DE ADMINISTRAÇÃO
Coordenação de Estágio Supervisionado
Disciplina Estágio Supervisionado II
ARTIGO CIENTÍFICO
A percepção dos colaboradores acerca do contexto de trabalho na Unidade de Atendimento do
Crediamigo em Pau dos Ferros-RN
Organização campo de estágio: Crediamigo Unidade de Pau dos Ferros/RN
Aluna estagiária: Eliane Alves de Souza
Supervisora acadêmica: Karidja Kiria Nascimento Rocha
Supervisora de campo: Lunia Celia de Holanda Vaz
PAU DOS FERROS - RN
A PERCEPÇÃO DOS COLABORADORES ACERCA DO CONTEXTO
DE TRABALHO NA UNIDADE DE ATENDIMENTO DO CREDIAMIGO
EM PAU DOS FERROS-RN
Eliane Alves de Souza
Universidade do Estado do Rio Grande do Norte - UERN
Aluna do Curso de Administração
Karidja Kiria Nascimento Rocha
Universidade do Estado do Rio Grande do Norte - UERN
Professora do Curso de Administração
RESUMO
A importância do contexto de trabalho para as organizações é compreender o lugar onde o
trabalhador está inserido e exerce suas atividades e tarefas. A percepção dos trabalhadores em
relação a este ambiente, permite que melhorias organizacionais possam ser praticadas. O
objetivo da pesquisa foi avaliar a percepção dos colaboradores quanto ao contexto de trabalho
na Unidade de Atendimento do CrediAmigo em Pau dos Ferros-RN. O instrumento de coleta
de dados foi elaborado com base na Escala de Avaliação do Contexto de Trabalho (EACT) de
Ferreira e Mendes (2008), citado por Siqueira (2009). A pesquisa foi aplicada com todos os 18
colaboradores da organização em outubro de 2018 e obteve-se 16 questionários válidos, em
virtude de 2 deles terem sido contratados a menos de uma semana. Deste modo, foi possível
interpretar as percepções do ambiente de trabalho com base nas dimensões da EACT:
Organização de Trabalho, Condições de Trabalho e Relações Socioprofissionais. A média de
avaliação geral se apresentou como crítica com média 2,58, no entanto dois dos fatores
obtiveram resultados satisfatórios. Neste sentido, foi possível destacar os fatores relacionados
as cobranças, as normas e ao tempo exigido pelas tarefas que merecem atenção e possíveis
ações de tomada de decisão para melhor desempenho e satisfação na execução das atividades
dos colaboradores.
Palavras-chave: Contexto de trabalho. Comportamento Organizacional. EACT.
ABSTRACT
The importance of the working context for organizations is to understand where the worker is
inserted and exercises its activities and tasks. The perception of workers in relation to this
environment, enables organizational improvements can be practiced. The objective of this
research was to evaluate the perception of employees about the work in the context of
CrediAmigo assistance unit in Pau dos Ferros-RN. The data collection instrument was
elaborated on the basis of the scale of assessment of the Work context (EACT) of Ferreira and
Mendes (2008), cited by Siqueira (2009). The survey was applied with all 18 employees of the
Organization in October 2018 and obtained 16 valid questionnaires, because two of were hired
less than a week ago. Thus, it was possible to interpret the perceptions of the work environment
based on the dimensions of the work Organization, EACT: working conditions and socio-
professional Relations. The average general assessment if presented as critical, however two of
the factors obtained satisfactory results. In this sense, it was possible to highlight the factors
related collections, the standards and the time required for tasks that deserve attention and
possible decision-making actions for better performance and satisfaction in the implementation
of the activities of employees.
Keywords: Context of work. Organizational Behavior. EACT.
INTRODUÇÃO
Atualmente, as organizações, trabalham em um ritmo muito acelerado, possuem sempre
listas de tarefas a serem cumpridas, convivem diariamente com cobranças por resultados e com
as demandas maiores que as possibilidades de respostas. Para que se estabeleçam neste
panorama tão complexo, é necessário que os trabalhadores estejam satisfeitos com suas tarefas,
com seu cargo e com as condições oferecidas para desempenho de suas atividades.
Nesta perspectiva, o trabalho procura abordar estas dimensões com um olhar atento no
contexto de trabalho, analisando o nível de satisfação no ambiente de trabalho, com a finalidade
de identificar como estas dimensões refletem no comportamento e bem-estar dos colaboradores
e da organização.
O contexto de trabalho demonstra e resume os objetivos do trabalho com base nos
aspectos da interação sujeito-atividade-mundo, que tem como base teórica nas abordagens
ergonômicas e da psicodinâmica do trabalho (FERREIRA; MENDES, 2003 apud SIQUEIRA,
2009, p. 114)
Dessa forma, o trabalho tem como objetivo avaliar a percepção dos colaboradores
quanto ao contexto de trabalho na Unidade de Atendimento do CrediAmigo em Pau dos Ferros-
RN com base na Escala de Avaliação do Contexto de Trabalho (EACT), acerca das dimensões
analíticas, propostas por Ferreira e Mendes (2008) apud Siqueira (2009): organização do
trabalho, condições de trabalho e relações socioprofissionais.
REFERENCIAL TEÓRICO
Comportamento Organizacional
Dá-se o nome de Organização a forma como se arruma um sistema para atingir os
resultados desejados. Normalmente é formado por duas ou mais pessoas que executam funções
de modo controlado e coordenado com a missão de atingir um objetivo comum com eficácia.
Wagner III e Hollenbeck (2012, p.6) explicam que o estudo do Comportamento
organizacional tem suas origens no final dos anos de 1940 quando os pesquisadores das áreas
de psicologia, sociologia, ciência política, economia e de outras ciências sociais procuravam
desenvolver uma estrutura unificada de pesquisas organizacionais.
Chiavenato amplia este conceito quando afirma que:
O comportamento organizacional é o estudo da dinâmica das organizações e
como os grupos e pessoas se comportam dentro delas. É uma ciência
interdisciplinar. Como a organização é um sistema cooperativo racional, ela
somente pode alcançar seus objetivos se as pessoas que a compõe
coordenarem seus esforços a fim de alcançar algo que individualmente jamais
conseguiram (2009, p.304)
Para Moreira (2005, p.45), comportamento organizacional é o estudo científico de
indivíduos e grupos em organizações de qualquer tipo e suas implicações sobre o desempenho
de estruturas, sistemas e processos. De acordo com Robbins (2005, p.6), o comportamento
organizacional se preocupa com o estudo do que as pessoas fazem nas organizações e de como
este comportamento afeta o desempenho das empresas. O autor complementa, que este estudo
se torna exclusivo para situações pertinentes ao emprego, destacando-se o comportamento
relacionado a funções de trabalho como produtividade, desempenho, rotatividade bem como as
faltas ao trabalho.
Diante destas considerações, pode-se perceber que a principal função do comportamento
organizacional é pesquisar a força dos indivíduos, grupos e a estrutura têm sobre o
comportamento dentro das organizações com a finalidade de utilizar este conhecimento para
melhorar a eficácia organizacional.
Para um melhor entendimento do comportamento organizacional, faz-se necessário o
estudo de outras áreas afins, que compreendem características individuais e de grupos, como o
clima organizacional, a ética no trabalho, a cultura das organizações, contexto de trabalho, entre
outras que afetam e moldam as atitudes e comportamentos dos indivíduos. Estes elementos que
constituem a área de estudos do comportamento organizacional incluem motivação,
comportamento e poder de liderança, comunicação interpessoal, estrutura e processos de
grupos, aprendizado, desenvolvimento de atitudes e percepção, processos de mudanças,
conflitos, planejamento do trabalho e estresse no trabalho.
Contexto de trabalho
O trabalho se compõe como um artifício fundamental da existência humana e pode
desempenhar contribuições para o conforto ou para a amostra de sintomas que afetam a saúde.
“Não é possível falar de um mundo do trabalho e fora dele, pois, os trabalhadores atuam neste
contexto, onde realizam transformações e são transformados” (SILVA; LIMAS; PEREIRA,
2015, p.98).
Segundo Ferreira e Mendes (2008), conforme citado por Siqueira (2009, p.111), no
contexto de intervenção profissional, diagnosticar como os trabalhadores avaliam o seu
ambiente de trabalho se constitui em um importante desafio para as abordagens das ciências do
trabalho. Os autores complementam, que captar, tratar e analisar as representações que os
indivíduos fazem de seu contexto de trabalho pode ser um diferencial, para adoção de mudanças
que visem promover o bem-estar, a eficiência e a eficácia dos processos produtivos.
O contexto de trabalho representa o lugar onde o trabalhador está inserido e exerce suas
atividades e tarefas. Para Leiner, Moraes e Sznitowski (2017, p.4), entender como é a
perspectiva de cada trabalhador, contribui para encontrar quais problemas estão presentes na
organização, e assim desenvolver um melhor desempenho organizacional e profissional.
Diante do exposto, e para melhor compreensão acerca do contexto de trabalho, a seguir
será apresentada a Escala de Avaliação do Contexto de Trabalho (EACT), que é utilizada como
instrumento de identificação das condições, organização e relacionamentos no trabalho.
EACT – Fundamentos Teóricos
A Escala de Avaliação do Contexto de Trabalho (EACT) se baseia no Contexto de
Produção de Bens e Serviços (CPBS), buscando de forma precisa compor uma ferramenta de
análise das partes essenciais deste conhecimento.
Para Ferreira e Mendes (2008, apud Siqueira 2009, p.113), o Contexto de Produção de
Bens e Serviços (CBPS), é formado por três dimensões com interdependência entre si e que
formam as bases teóricas para a definição dos fatores da EACT. Essas dimensões são
denominadas, definidas e caracterizadas da seguinte maneira: Organização do Trabalho (OT);
Condições de Trabalho (CT) e Relações Socioprofissionais (RS), conforme apresentadas no
Quadro 01 que segue.
Quadro 01 – Dimensões, definição e componentes do CBPS
Dimensões analíticas Definição Componentes
Organização do Trabalho (OT)
É constituída pelos elementos
prescritos (formal ou
informalmente) que expressam as
concepções e as práticas de gestão
de pessoas e do trabalho presentes
no lócus de produção e que
balizam o seu funcionamento.
- Divisão do trabalho: hierárquica,
técnica, social.
- Produtividade esperada: metas,
qualidade, quantidade.
- Regras formais: missão, normas,
dispositivos jurídicos,
procedimentos.
- Tempo: duração da jornada,
pausas e turnos.
- Ritmos: prazos e tipos de
pressão.
- Controles: supervisão,
fiscalização e disciplina.
- Características das tarefas:
natureza e conteúdo.
Condições de Trabalho (CT)
É constituída pelos elementos
estruturais que expressam as
condições de trabalho presentes no
lócus de produção e caracterizam
sua infraestrutura e apoio
institucional.
- Ambiente físico: sinalização,
espaço, ar, luz, temperatura, som.
- Instrumentos: ferramentas,
máquinas, documentação.
- Equipamentos: materiais
arquitetônicos, aparelhagem,
mobiliário.
– Matéria prima: objetos
materiais/simbólicos,
informacionais.
- Suporte organizacional:
informações, suprimentos,
tecnologias.
Relações Socioprofissionais (RS)
É constituída pelos elementos
internacionais que expressam as
relações socioprofissionais de
trabalho, presentes no lócus de
produção e caracterizam sua
dimensão social.
- Interações hierárquicas: chefias
imediatas, chefias superiores.
- Interações coletivas intra e
intergrupos: membros da equipe
de trabalho, membros de outros
grupos de trabalho.
- Interações externas: usuários,
consumidores, representantes
institucionais (fiscais,
fornecedores).
Fonte: Ferreira; Mendes (2008) adaptado por Siqueira (2009, p.113)
Entre estas contribuições das dimensões da escala para a pesquisa, Ferreira e Mendes
(2008), citado por Siqueira (2009, p.115) destacam, entre outros aspectos, sua eficácia para
evitar coincidências de conceitos associados como processos, ambiente, relações e organização
de trabalho. Além disso, a utilização desta ferramenta, permite um vasto diagnóstico das
dimensões que estruturam o espaço organizacional, simplificando as análises e resumindo a
interação do sujeito com o trabalho.
MATERIAL E MÉTODOS
A pesquisa foi desenvolvida a partir de uma abordagem quantitativa de abrangência
exploratória e descritiva. O universo da pesquisa contempla todos os 18 colaboradores lotados
na Unidade de Atendimento do Crediamigo de Pau dos Ferros RN. O instrumento de coleta de
dados utilizado foi um questionário desenvolvido pela autora, construído com base na Escala
de Avaliação do Contexto de Trabalho (EACT) validada com 5.437 servidores públicos do
Distrito Federal.
O questionário foi aplicado contemplando todo o quadro de colaboradores lotados na
Unidade do crediamigo de Pau dos Ferros – RN, totalizando 18 profissionais, distribuídos entre
os cargos: Agentes de microcrédito urbano, Assistentes administrativos de unidade e
Coordenadores. A coleta de dados ocorreu no período de 4 e 5 de Outubro de 2018, de onde
todos foram respondidos, contudo a amostra foi reduzida a 16 respondentes, em virtude de 2
dos colaboradores terem sido contratados naquela semana.
Os resultados obtidos foram analisados com base nos parâmetros de Ferreira e Mendes
(2008) apud Siqueira (2009), através de estatística descritiva com frequência, média e desvio
padrão. Por ser uma escala do tipo Likert, apresenta as seguintes opções de respostas: 1 =
Nunca; 2 = Raramente; 3 = Às vezes; 4 = Frequentemente; 5 = Sempre. Por ser composta de
itens negativos a escala deve ter sua análise feita por fator e com base em três níveis diferentes,
considerando um desvio padrão em relação ao ponto médio. Os resultados obtidos (médias e
desvio padrão) devem ser interpretados conforme parâmetros apresentados na Figura que segue.
Figura 1. Parâmetros básicos para interpretação de resultados da EACT
Fonte: Siqueira (2009, p.120)
A escala completa da EACT contendo instruções, escala de respostas e itens encontra-
se ao final desta pesquisa no item Apêndice A – Questionário Utilizado na Pesquisa.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Para melhor compreender os resultados da pesquisa, buscou-se investigar também o
perfil sócio-prossional dos colaboradores. Assim sendo, identificou-se que 50% são do sexo
masculino e 50% do sexo feminino. Apresentam faixa etária entre 21 a 36 anos, com idade
média de 28 anos e tempo de serviço de 3 anos. A maior parte dos colaboradores (69%), exerce
a função de agente de microcrédito urbano, 25% estão alocados no cargo de assistente
administrativo e 6% na responsabilidade de coordenação. Em sua maioria (37%) dos
respondentes, possuem nível superior incompleto.
Análise dos fatores da EACT
O primeiro fator analisado – Organização do Trabalho, está exposto na Tabela 1. Este,
por sua vez, tem o objetivo de analisar a divisão das tarefas, ritmo e controle das atividades
laborais, propagadas a partir da visão da gestão de pessoas e da natureza do trabalho propostas
por Ferreira e Mendes (2008), citado por Siqueira (2009).
Tabela 1 – Média e desvio padrão do fator organização do trabalho
Verificou-se que 55,5% das variáveis do fator Organização do Trabalho atingiram
estado grave, sinalizando um estado negativo e de mal-estar no trabalho. Este fator não obteve
nenhum item com classificação satisfatória, as outras 44,5% das variáveis apresentam resultado
crítico, conforme apresentado no Gráfico 01.
Gráfico 01 – Média percentual do fator organização do trabalho
Fonte: Elaboração própria (2018)
Em relação a cobrança por resultados (média 4,81 e desvio 0,39), combinado com ritmo
de trabalho acelerado (média 4,56 e desvio 0,83), as normas rígidas (média 4,44 e desvio 0,70),
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
0%
44,50%
55,50%
MÉDIA DO FATOR
SATISFATÓRIO CRÍTICO GRAVE
Questões do fator Organização do Trabalho
(OT)
Média Classificação Desvio
Padrão
1. O ritmo de trabalho é acelerado 4,56 Grave 0,50
2. As tarefas são cumpridas com pressão
temporal 4,06 Grave 0,83
3. A cobrança por resultados é presente 4,81 Grave 0,39
4. As normas para execução das tarefas são
rígidas 4,44 Grave 0,70
5. Existe fiscalização do desempenho 4,31 Grave 0,68
6. O número de pessoas é insuficiente para
realizar as tarefas 2,56 Crítico 0,86
7. Os resultados esperados estão fora da realidade 2,50 Crítico 1,06
8. Falta tempo para realizar pausa de descanso no
trabalho 2,63 Crítico 1,17
9. Existe divisão entre quem planeja e quem
executa 3,06 Crítico 1,39
Fonte: Elaboração própria (2018)
a fiscalização pelo desempenho (média 4,31 e desvio 0,68), além da pressão temporal (média
4,06 e desvio 0,83), agrava a situação da instituição.
Compreende-se que os colaboradores devem atender a um grande volume de cobranças
significativas em curtos períodos de tempo, tornando-o acelerado. Ao mesmo tempo, a alta
cobrança percebida pode ser justificada pela rigidez das normas e fiscalização pelo
desempenho. Deste modo, percebe-se que, a grande maioria dos colaboradores sentem uma
sobrecarga com as tarefas direcionadas ao seu contexto de trabalho. Tais fatores impactam no
comportamento das pessoas afetando o desempenho da organização. (ROBBINS, 2005).
O segundo fator analisado foi Condições de Trabalho, cujos resultados estão na Tabela
2. Para Ferreira e Mendes (2008) apud Siqueira (2009) “Este fator tem como objetivo analisar
as condições físicas do ambiente de trabalho, como os materiais e equipamentos utilizados se
estes são adequados para realização das atividades. ”
Tabela 2 – Média e desvio padrão do fator condições de trabalho
Fonte: Elaboração própria (2018)
Verificou-se que 80% das variáveis do fator Condições de Trabalho atingiram estado
satisfatório, sinalizando um estado positivo e de bem-estar no trabalho. Este fator não obteve
nenhum item com classificação grave, as outras 20% das variáveis apresentam resultado crítico,
conforme apresentado no Gráfico 02.
Questões do fator Condições de Trabalho (CT) Média Classificação Desvio
Padrão
10. As condições de trabalho são precárias 1,44 Satisfatório 0,70
11. O ambiente físico é desconfortável 1,38 Satisfatório 0,70
12. Existe barulho no ambiente de trabalho 3,31 Crítico 0,92
13. O mobiliário existente no local de trabalho é
inadequado 1,69 Satisfatório 0,85
14. Os instrumentos de trabalho são insuficientes
para realizar as tarefas 1,81 Satisfatório 0,95
15. O posto de trabalho é inadequado para
realização de tarefas 1,31 Satisfatório 0,68
16. Os equipamentos necessários para realização
das tarefas são precários 1,63 Satisfatório 0,78
17. O espaço físico para realizar o trabalho é
inadequado 1,69 Satisfatório 0,98
18. As condições de trabalho oferecem riscos à
segurança das pessoas 2,13 Satisfatório 1,27
19. O material de consumo é insuficiente 2,38 Crítico 0,60
Gráfico 02 – Média percentual do fator condições de trabalho
Fonte: Elaboração própria (2018)
Mesmo oferecendo resultado positivo como exemplificado no Gráfico 02, é pertinente
destacar quais fatores deste conjunto apresentaram frequência negativa. O aspecto mais
criticado foi com relação à existência de barulho no ambiente de trabalho (média: 3,31 e desvio:
0,92), de modo que as atividades de rotina administrativa e de preparação dos dossiês pelos
agentes exigem concentração e que pode ser dificultado pelos distúrbios sonoros cotidianos.
Este fato pode ser exemplificado, devido o compartilhamento dos ambientes de trabalho por
uma equipe de colaboradores numerosa com outra área da unidade que atuam em outros
seguimentos e do ruído comum no momento de atendimento, originado, especialmente, por um
grande número de clientes que frequentam a organização diariamente e contribuem para
construção deste cenário.
Outro fator criticado, foi com relação ao material de consumo ser considerado como
insuficiente (média: 2,38 e desvio: 0,60), caso que pode ser justificado devido ao total de
formulários recebidos que sempre acaba antes mesmo de chegar nova remessa, bem como capas
de dossiês e carnês, que enquanto não são abastecidos na unidade, e para não parar as demandas,
utiliza-se xerox dos mesmos.
O terceiro fator, referente às Relações Socioprofissionais, aborda as análises das
interações profissionais, modos de gestão do trabalho e a comunicação na dimensão social. Os
resultados estão descritos na Tabela 3.
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%80%
20%
0%
MÉDIA DO FATOR
SATISFATÓRIO CRÍTICO GRAVE
Tabela 3 – Média e desvio padrão do fator relações socioprofissionais.
Fonte: Elaboração própria (2018)
Verificou-se que 54% das variáveis do fator Relações Socioprofissionais atingiram
estado satisfatório, sinalizando um estado positivo e de bem-estar no trabalho. As outras 46%
das variáveis apresentam resultado crítico, conforme apresentado no Gráfico 03.
Gráfico 03 – Média percentual do fator relações socioprofissionais
Fonte: Elaboração própria (2018)
Ainda que o Gráfico 03, de forma geral, tenha exibido resultado satisfatório, verificam-
se na Tabela 3, médias com resultado crítico, como individualismo no local de trabalho (média:
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
54%
46%
0%
MÉDIA DO FATOR
SATISFATÓRIO CRÍTICO GRAVE
Questões do fator Relações Socioprofissionais (RS) Média Classificação Desvio
Padrão
20. As tarefas não estão claramente definidas 1,88 Satisfatório 1,11
21. A autonomia é inexistente 2,31 Crítico 1,16
22. A distribuição das tarefas é injusta 1,75 Satisfatório 0,90
23. Os funcionários são excluídos das decisões 2,50 Crítico 1,06
24. Existem dificuldades na comunicação chefia-
subordinado 1,94 Satisfatório 0,90
25. Existem disputas profissionais no local de trabalho 2,50 Crítico 0,87
26. Existe individualismo no ambiente de trabalho 2,81 Crítico 0,53
27. Existe conflitos no ambiente de trabalho 2,63 Crítico 0,86
28. A comunicação entre funcionários é insatisfatória 2,25 Satisfatório 0,83
29. As informações que preciso para executar minhas
tarefas são de difícil acesso 1,94 Satisfatório 0,66
30. Falta apoio das chefias para o meu desenvolvimento
profissional 1,75 Satisfatório 0,75
2,81; desvio: 0,53), conflitos no ambiente de trabalho (média: 2,63; desvio: 0,86), as disputas
profissionais (média: 2,50; desvio: 0,87) e a exclusão dos funcionários na tomada de decisões
(média: 2,50; desvio: 1,06). Ao relacionar estes resultados aos dados apontados no fator
organização do trabalho, verifica-se que os colaboradores possuem pouca participação nas
tomadas de decisões que envolvem seu contexto de trabalho impactando com os resultados
críticos referentes à rigidez das normas, a fiscalização e cobrança por resultados.
Estes dados podem ser pertinentes à existência de disputas devido o conflito de
interesses onde as regras já estão pré-definidas, sinalizando um espaço entre quem planeja e
quem executa. Segundo Silva, R.M. et al (2015), se há pouca participação do trabalhador nestes
processos e existe competividade no ambiente de trabalho, estes elementos poderão gerar
existências de sofrimento, dificultando os colaboradores a desenvolver seus afazeres diários.
Para Ferreira e Mendes (2008) citado Siqueira (2009) “A concepção de como o
trabalhador avalia seu ambiente de trabalho transcorre pela análise de cada extensão de forma
individual, destacando desta maneira as questões que mais precisam de atenção”
A seguir serão apresentadas as médias gerais de cada um dos fatores em análise de
acordo com as três dimensões (Organização do Trabalho, Condições de Trabalho e Relações
Socioprofissionais) indicadas por Ferreira e Mendes (2008) citadas por Siqueira (2009).
Tabela 4 – Média e Desvio Padrão de cada fator da Escala de Avaliação do Contexto de Trabalho (EACT)
Fator Média Classificação Desvio
Organização do Trabalho (OT) 3,66 Crítico 0,84
Condições de Trabalho (CT) 1,88 Satisfatório 0.84
Relações Socioprofissionais (RS) 2,20 Satisfatório 0,87
Valor total 2,58 Crítico 0,85 Fonte: elaboração própria (2018)
.
Nessa concepção, no que diz respeito à média geral da EACT o valor foi e 2,58
indicando um nível crítico, representando um resultado mediano que se inclina para a presença
de mal-estar no trabalho com riscos moderados à saúde dos colaboradores, apontando a
necessidade de melhorias no ambiente de trabalho, que requer atitudes de curto e médio prazo.
O fator com grande relevância que contribuiu para este estado crítico foi Organização do
trabalho com média de 3,66 e desvio de 0,84. Os fatores Condições de trabalho (média: 1,88
e desvio padrão: 0,84) e Relações socioprofissionais (média: 2,20 e desvio padrão: 0,87) foram
avaliados satisfatoriamente, não apresentando riscos à saúde dos colaboradores neste momento
e denotando que as condições atuais devem ser mantidas.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O objetivo deste estudo foi conhecer a percepção dos colaboradores da unidade de
atendimento do Crediamigo de Pau dos Ferros/RN, com relação ao contexto de trabalho. Para
esta realização, foi utilizada como base a EACT, exposta por Ferreira e Mendes (2008), citada
por Siqueira (2009), contribuindo para o diagnóstico dos indicadores satisfatórios, críticos ou
graves.
O presente estudo permitiu uma reflexão sobre a forma como o contexto de trabalho
compreende diversos elementos que interferem no desempenho, satisfação e na execução das
atividades dos colaboradores. Considerando as atuais condições de trabalho, conhecer como os
colaboradores avaliam este ambiente, possibilita que a organização descubra os gargalos
existentes e encontre soluções para melhor rendimento do trabalho melhorando sua produção e
competividade no mercado. Pois conforme salienta Wagner III e Hollenberck (2012), a função
do conhecimento teórico no campo do comportamento organizacional em uso utilitário
determina que os administradores ampliem habilidades no uso desse conhecimento para
identificar e resolver os problemas de maneira eficaz.
Verificou-se na EACT, que o contexto de trabalho na organização foi considerado como
crítico, principalmente no que se refere a dimensão de Organização do Trabalho (3,66), que
elevou o resultado geral da média, indicando que fatores relacionados às cobranças, às normas
e ao tempo exigido pelas tarefas foram percebidos pelos colaboradores como aparências
negativas no trabalho, estado que exige tomadas de decisões imediatas a partir de olhares
coletivos.
O resultado satisfatório obtido no fator Relações Socioprofissionais (2.20), ainda
apresenta médias elevadas que confirmam dados assinalados no fator organização do trabalho,
onde os colaboradores apontaram como críticas a existência de disputas profissionais,
individualismo presente e a não participação nas decisões, indicando um afastamento entre
quem planeja e quem exerce as funções. Esta postura impede que seja aberto um espaço para
discussão do trabalho, onde os colaboradores possam sugerir alterações para que sejam melhor
adaptadas à efetivação das tarefas.
As Condições de Trabalho (1,88), foram avaliadas como satisfatórias, no entanto no
que se refere à presença de ruídos, segurança e instrumentos de trabalho, foram considerados
como críticos. Estas observações indicam problemas de estrutura que podem afetar a qualidade
dos serviços oferecidos no ambiente de trabalho, e possivelmente reflete uma realidade que vai
além do ambiente interno.
Percebe-se ainda, que há significativas divergências entre as respostas nas subescalas.
Isto ocorre, provavelmente, em virtude da disparidade de características que envolvem o
contexto de trabalho dos respondentes, uma vez que a grande maioria dos colaboradores é de
cargos externos, que sofrem mais com a pressão temporal, por cobranças com resultados e
metas, não residir na cidade em que trabalham, entre outros.
O estudo realizado permitiu entender como os colaboradores avaliam seu contexto de
trabalho, permitindo a identificação de insatisfações no ambiente de trabalho capazes de
interferir na produtividade. Acredita-se que os resultados deste estudo contribuirão para a
empresa, sinalizando para a implementação de ações pontuais e assertivas no sentido de tornar
a organização em estudo mais competitiva.
A pesquisa leva a reflexão sobre a necessidade de se estabelecer uma gestão de pessoas
mais participativa, conectada e colaborativa dentro da organização, de modo que seus efeitos
sejam sentidos por todos os envolvidos. Além disso, uma reformulação no layout do ambiente
de trabalho, de modo que haja uma divisão de espaços fechados para uso dos agentes de
microcrédito no momento de organização dos dossiês, reuniões e tarefas que exigem maior
concentração, contribuiria para que os ruídos fossem amenizados, uma vez que a equipe não
estaria dividindo uma mesma sala para serviços afins.
REFERÊNCIAS
CHIAVENATO, I. Administração de Recursos Humanos: fundamentos básicos. São Paulo:
Manole, 2009.
LEITNER, C.P.S; MORAES, G.G; SZNITOWSKI, A.M. Avaliação do contexto de
trabalho a partir da Escala de Avaliação do Contexto de Trabalho (EACT): Estudo de
caso em uma propriedade rural produtora de soja em Mato Grosso, Artigo, Universidade
do Estado de Mato Grosso – UNEMAT. XXVIII ENANGRAD, Brasilia – DF, 2017.
MOREIRA, Wellington. Tecnologia em Administração de Pequenas e Médias Empresas:
Módulo I. Paraná: UNOPAR, 2005
ROBBINS, Stephen P. Comportamento organizacional. São Paulo: Peason Prentice Hall,
2005.
SIQUEIRA, Mirlene Matias. et al. Medidas do comportamento organizacional:
ferramentas de diagnóstico e de gestão. Porto Alegre: Armed, 2009.
SILVA, R.M.; LIMAS, B.T.; PEREIRA, L.S. Contexto de trabalho e custo humano no
trabalho: um estudo com trabalhadores portuários de transporte. 2015. Artigo,
Universidade do Vale do Itajaí –UNIVALI, 2015
WAGNER III, J.A.; HOLLENBECK J.R. Comportamento Organizacional: Criando
Vantagem competitiva. Tradução de Silvio Floreal Antunha. São Paulo: Saraiva, 2012
APÊNDICES
Apêndice A - Questionário Utilizado na Pesquisa – Escala EACT
Escala de avaliação do contexto de trabalho - EACT
O objetivo desta escala é coletar informações sobre como você percebe o seu trabalho atual.
Importante:
As informações prestadas por você são sigilosas e serão analisadas em conjunto com as informações fornecidas
por outras pessoas.
Fique tranquilo(a), ao respondê-las. Não é necessário se identificar.
Leia os itens abaixo e escolha a alternativa que melhor corresponde à avaliação que você faz do seu contexto de
trabalho.
Para finalizar, preencha os seguintes dados complementares:
Idade: _________ anos. Gênero: ( ) Masculino. ( ) Feminino.
Escolaridade:
( ) 2º Grau. ( ) Superior incompleto. ( ) Superior. ( ) Pós-graduação.
Estado civil: _______________________________
Cargo atual: _______________________________
Tempo de serviço na instituição: ______________anos. Tempo de serviço no cargo: ______________ anos.
1 Nunca
2 Raramente
3 Às vezes
4 Frequentemente
5 Sempre
1. O ritmo de trabalho é acelerado 1 2 3 4 5
2. As tarefas são cumpridas com pressão temporal 1 2 3 4 5
3. A cobrança por resultados é presente 1 2 3 4 5
4. As normas para execução das tarefas são rígidas 1 2 3 4 5
5. Existe fiscalização do desempenho 1 2 3 4 5
6. O número de pessoas é insuficiente para realizar as tarefas 1 2 3 4 5
7. Os resultados esperados estão fora da realidade 1 2 3 4 5
8. Falta tempo para realizar pausa de descanso no trabalho 1 2 3 4 5
9. Existe divisão entre quem planeja e quem executa 1 2 3 4 5
10. As condições de trabalho são precárias 1 2 3 4 5
11. O ambiente físico é desconfortável 1 2 3 4 5
12. Existe barulho no ambiente de trabalho 1 2 3 4 5
13. O mobiliário existente no local de trabalho é inadequado 1 2 3 4 5
14. Os instrumentos de trabalho são insuficientes para realizar as tarefas 1 2 3 4 5
15. O posto de trabalho é inadequado para realização de tarefas 1 2 3 4 5
16. Os equipamentos necessários para realização das tarefas são precários 1 2 3 4 5
17. O espaço físico para realizar o trabalho é inadequado 1 2 3 4 5
18. As condições de trabalho oferecem riscos à segurança das pessoas 1 2 3 4 5
19. O material de consumo é insuficiente 1 2 3 4 5
20. As tarefas não estão claramente definidas 1 2 3 4 5
21. A autonomia é inexistente 1 2 3 4 5
22. A distribuição das tarefas é injusta 1 2 3 4 5
23. Os funcionários são excluídos das decisões 1 2 3 4 5
24. Existem dificuldades na comunicação chefia-subordinado 1 2 3 4 5
25. Existem disputas profissionais no local de trabalho 1 2 3 4 5
26. Existe individualismo no ambiente de trabalho 1 2 3 4 5
27. Existe conflitos no ambiente de trabalho 1 2 3 4 5
28. A comunicação entre funcionários é insatisfatória 1 2 3 4 5
29. As informações que preciso para executar minhas tarefas são de difícil acesso 1 2 3 4 5
30. Falta apoio das chefias para o meu desenvolvimento profissional 1 2 3 4 5
Agradecemos desde já a sua colaboração!
Eliane Alves de Souza
Acadêmica do Curso de Administração da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte
Karidja Kiria Nascimento Rocha
Professora do Curso de Administração da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte e Coordenadora da
pesquisa
Obrigada pela sua participação!