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Universidade do Porto Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação Joana Isabel Fernandes Trancoso (Re)Vivendo Memórias através da Educação: Passos para a construção de um serviço educativo num equipamento cultural Relatório apresentado na Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade do Porto, para obtenção do grau de Mestre em Ciências da Educação, realizada sob orientação da Professora Doutora Sofia Marques da Silva. 2013

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Universidade do Porto

Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação

Joana Isabel Fernandes Trancoso

(Re)Vivendo Memórias através da Educação:

Passos para a construção de um serviço educativo num

equipamento cultural

Relatório apresentado na Faculdade de Psicologia e de Ciências da

Educação da Universidade do Porto, para obtenção do grau de Mestre

em Ciências da Educação, realizada sob orientação da Professora

Doutora Sofia Marques da Silva.

2013

Resumo

A presente dissertação resulta do trabalho desenvolvido no âmbito do Mestrado

em Ciências da Educação, na sua via profissionalizante, mais concretamente no estágio

curricular realizado na Fundação da Juventude, no seu equipamento cultural, o Palácio

das Artes – Fábrica de Talentos.

Este percurso educativo, que parte de um interesse pessoal em trabalhar e

conhecer as dinâmicas em espaços de educação não formal ocupados e vivenciados por

jovens, desenvolve-se em torno da oportunidade de dinamizar este equipamento cultural

em pleno centro histórico da Cidade do Porto. O Palácio das Artes, que tem como

principal objetivo impulsionar, expor, e incentivar o trabalho de jovens criadores, assim

como a sua inserção no mercado de trabalho, situa-se no largo de S. Domingos e

transporta consigo um passado histórico rico e diverso, sendo alvo de algumas

remodelações ao longo do tempo. Ao longo deste processo o espaço preservou vários

elementos deste passado que se constituem como um importante elo de ligação com a

comunidade e que assumiram um papel preponderante nesta experiência

profissionalizante.

O trabalho enquanto estagiária foi sendo realizado em torno da idealização,

desenvolvimento de um Serviço Educativo neste local. Assim, foram concretizadas

várias ações que pretenderam aproximar o público jovem do trabalho do Palácio e da

Fundação da Juventude, tendo como um ponto central o seu património e herança

cultural. Entre algumas das atividades destacam-se o plano de workshops envolvendo

diferentes temáticas; dinamização de visitas de vários públicos ao espaço e o

desenvolvimento de uma vertente específica do projeto do Serviço Educativo, os

circuitos de visitas e memórias.

Este caminho aqui relatado e analisado potenciou, para além da problematização

entre temáticas como a Juventude, Património, Cultura e Arte, um conjunto de reflexões

acerca da construção da própria profissionalidade em Ciências da Educação e das

competências que estes contextos integrados em zonas históricas potenciam.

Résumé

Les résultats de ce travail de thèse au sein de la maîtrise en éducation dans sa

voie professionnelle, en particulier dans curriculaire qui s'est tenue à la Fondation de la

Jeunesse dans ses installations culturelles, le Palais des Arts - Talent usine.

Ce parcours éducatif, qui part d'un intérêt personnel dans le travail et connaître

la dynamique dans les espaces d'éducation non-formelle occupés par les jeunes et

expérimentés, se développe autour de la possibilité de conduire cet établissement

culturel dans le centre historique de Porto. Le Palais des Arts, qui a pour principal

objectif de promouvoir, exposer et encourager le travail des jeunes artistes, ainsi que

leur intégration dans le marché du travail, est situé sur la place de S. Domingos et

entraîne avec lui un passé historique riche et diversifié, été la cible de quelques

rénovations au fil du temps. Tout au long de ce processus, l'espace préservé de

nombreux éléments de ce passé qui constituent un lien important avec la communauté et

qui ont joué un rôle prépondérant dans cette expérience professionnelle.

Travailler en tant que stagiaire se tenait autour de l'idéalisation d'un service

éducatif de développement à cet endroit. Ainsi, nous avons mis en place plusieurs

actions destinées à entraîner le jeune public de l'œuvre et le Palais de la Fondation

Jeunesse, et en tant que point central de son patrimoine et le patrimoine culturel. Parmi

quelques-unes des activités que nous mettons en évidence le plan qui offre des ateliers

sur différents thèmes; promotion de visites à divers espaces publics et le développement

d'un aspect spécifique du projet du Service de l'éducation, des visites circuits et de

souvenirs.

De cette façon, ici potentialisée signalé et analysé en plus de questions posées

par des questions telles que la jeunesse, du Patrimoine, de la Culture et des Arts, un

ensemble de réflexions sur la construction de leur propre professionnalisme dans

l'éducation et les compétences intégrées dans ces contextes potentialisent les quartiers

historiques.

Abstract

The results of this dissertation relates to vocational training process within the

Masters in Education, took place at the Youth Foundation, specifically or better in the

Palace of Arts - Talent Factory.

This educational pathway parts of a personal interest in working and

understanding the dynamics in non-formal education spaces experienced by young

people, led to the opportunity work within this cultural facility located the historic

center of Porto. The Palace of Arts, that has as main objective to promote, expose and

encourage the work of young designers as well as their integration into the labor market,

is located in the S. Domingos and carries out a very rich historical past. This place has

involved in been in some building renovations over time. However, many elements

where preserved being this past as an important link with the community.

The work as an intership student was developed on the idealization and

development of an Educational Department Structure. Therefore, we implemented

several actions intended to atract different audiences as young people the Palace of

Youth Foundation, having as central point the cultural heritage. Among some of the

activities we highlight several workshops organised under different themes, as well as

visits to the diferente spaces of Palace of Arts. Finally, the design of a structure of

circuits of visits and memories was a major part of this professional experience.

The experience here reported and analyzed potentiated beyond the

problematization of Youth, Heritage, Culture and Arts questions, a set of reflections on

the construction of professional competences’ in Education of Sciences.

Agradecimentos

Neste momento preponderante do meu percurso de formação considero ser o

momento focal para agradecer a todos/as aqueles/as que estiveram comigo neste longo e

rico percurso.

É fundamental agradecer desde já à Fundação da Juventude que acolheu o meu

trabalho e me possibilitou experienciar na prática uma série de vivências essenciais para

a minha profissionalidade. Dirijo-me claro a toda a equipa de trabalho da Fundação, em

específico à sua presidente, que abriu as portas da instituição para o desenvolvimento do

meu estágio profissional. Claro que não poderia deixar de dirigir uma palavra em

especial à equipa do Palácio das Artes – Fábrica de Talentos, nomeadamente à minha

supervisora local a Gestora de Projetos do Palácio das Artes – Fábrica de Talentos, e à

programadora das Feiras Francas, que me receberam de uma forma bastante acolhedora,

tentando dar resposta e potenciando o desenvolvimento das minhas competências

enquanto profissional das Ciências da Educação.

Uma palavra em especial à minha colega de estágio pela partilha e troca de

experiências. Também à minha família e todos/as os/as amigos/as que me auxiliaram,

me deram confiança e motivação para desenvolver o meu trabalho merecem um lugar

de destaque neste momento.

Por fim, e claro não menos importante, o meu maior agradecimento a todo o

apoio prestado, tanto a nível educativo como pessoal, à minha orientadora de estágio a

Professora Doutora Sofia Marques da Silva que me transmitiu toda a força, segurança e

firmeza necessárias na realização destes seis meses de trabalho de estágio e que

permitiu a elaboração do presente relatório.

Abreviaturas

PAFT: Palácio das Artes – Fábrica de Talentos

7

Índice

Introdução……………………………………………………………………………………11

Parte I. Análise e caracterização do contexto de intervenção…………………………….15

Capítulo I: a Fundação da Juventude……………………………………………………...16

1.1. O equipamento cultural – PAFT…………………………………………………...18

1.2.O espaço do Largo de S. Domingos: o que se avista………...……………………..22

Parte II. Enquadramento teórico-conceptual: a caminho de uma problemática de

intervenção……………………………..……………………………………………...24

Capítulo I: as juventudes e as suas vivências de transição..................................................25

1.1.O desenvolvimento de um foco de problema……………….……………………...25

Capitulo II: vivenciando as juventudes.................................................................................27

2.1. O olhar perante as juventudes……...………………………………………………27

2.1.1. Antes de ser jovem………….……………………………………………….27

2.1.2. Ser jovem: diversidades e culturas……..…………………………………...32

2.1.3. A intimidade na heterogeneidade das juventudes: passado e presente……...36

Capitulo III: transformar um espaço de memória num lugar educativo……...………...38

3.1. Dimensão educativa de um serviço….…………………………………………….38

3.2. A criatividade na origem de um serviço…………………………………………...40

Capitulo IV: revivendo memórias para pensar o futuro…………………………….…....41

4.1. Tradição e Cultura: pertinências sociais……..…………………………………….43

4.2. Cultura Material: pertinências educativas………………….………………………44

4.3. Património e Identidade: construção de visões do mundo…………………………45

8

Parte III. Opções metodológicas de intervenção……………………………………….….49

Capítulo I: desfolhando o contexto da ação numa intervenção – orientações

epistemológicas........................................................................................................................50

Capítulo II: conhecer a instituição para pensar o projeto…...……………………….......54

Parte IV. Um percurso educativo e profissionalizante: etapas que constroem a linha

condutora de um estágio…………………………………………………………………….65

Capitulo I: construindo o caminho de um serviço educativo…………………………......66

1.1. Relembrando a ação de diagnóstico – conhecer para potenciar…...………………….70

1.2. Sessões dinâmicas de formação: A Arte, História e Juventude……………………....73

1.2.1. Representando uma viagem ao passado……………….………………………...78

1.2.2. O olhar dos/as jovens perante o património da cidade…………………………..80

1.2.3. Aproximando a juventude ao PAFT……….……...….………………………….83

1.2.3.1. Empregabilidade e Técnicas de Procura de Emprego…………………….83

1.2.3.2. Oficina de Escultura: Reciclarte & Style……...…………..………………85

1.2.3.3. Gestão da Carreira Criativa…….…………………………………………87

1.2.3.4. Comande o seu Cérebro….………………………………………………..89

1.2.3.5. Gestão de Conflitos em Contexto Escolar………………………………...91

1.3. Voltando o PAFT para a comunidade….……………………………...……………...93

1.3.1. Projeto circuito de visitas e memórias………….………………………………..93

1.3.2. Dar a conhecer o Palácio das Artes: acompanhar diversos públicos…………….97

1.4. Ações de integração na dinâmica institucional: outras atividades desenvolvidas no

Palácio das Artes………………………..…………………………………………………99

Capítulo II: analisando a ação – etapas da construção de um serviço educativo……...101

2.1. O património como potenciador educativo………………………………………….102

2.2. Articulando as juventudes, a arte e a educação não formal………………………….103

9

2.3. O processo de mediação intrínseco ao Serviço Educativo…………………………..105

2.4. Integrando a equipa do PAFT……………………………………………………….108

2.5. Serviço educativo dinamizador do Palácio das Artes – Fábrica de Talentos………..109

Parte V. Refletindo sobre a avaliação e monotorização da intervenção…….……….....111

Parte VI. Considerações finais: refletindo sobre a ação e as suas contribuições para a

profissionalidade em Ciências da Educação……………………………………………...117

Referências bibliográficas…………………………………………………………………122

Apêndices………...…………………………………………………………………………132

10

Índice de Apêndices:

Apêndice I – Registos Fotográficos

Apêndice II - Questionários – Comunidade; Fundação da Juventude e Sistema de

Aprendizagem

Apêndice III - Workshop “Viagem ao Passado!” (Cartaz e Ficha de Inscrição)

Apêndice IV - Workshop “Safari Fotográfico pela Cidade do Porto”(Cartaz e Ficha de

Inscrição)

Apêndice V - Workshop “Empregabilidade: Técnicas de Procura de Emprego” (Cartaz

e Ficha de Inscrição)

Apêndice VI - Oficina de Escultura: “Reciclarte &Style” (Cartaz e Ficha de Inscrição)

Apêndice VII - Workshop “Gestão da Carreira Criativa” (Cartaz e Ficha de Inscrição)

Apêndice VIII – Ficha de Avaliação de Workshop: “Gestão da Carreira Criativa”

Apêndice IX - Workshop “Comande o seu Cérebro” (Cartaz e Ficha de Inscrição)

Apêndice X - Ficha de Avaliação de Workshop: “Comande o seu Cérebro”

Apêndice XI – Workshop “Vamo-nos Entender –Mediação de Conflitos em Contexto

Escolar” (Cartaz e Ficha de Inscrição)

Apêndice XII - Conferência “Vamo-nos Entender –Mediação de Conflitos em

Contexto Escolar” (Powerpoint)

Apêndice XIII - Conferência “Vamo-nos Entender –Mediação de Conflitos em

Contexto Escolar - Ficha de Avaliação

Apêndice XIV – Circuito de Visitas e Memórias: (Cartaz para o Circuito)

Apêndice XV - Circuito de Visitas e Memórias: (Folhetos para Crianças e Jovens)

Apêndice XVI - Circuito de Visitas e Memórias: (Quizz para Crianças e Jovens)

Apêndice XVII - Circuito de Visitas e Memórias: (Planificação do Projeto)

Apêndice XVIII - Circuito de Visitas e Memórias: (Exemplar de Carta para Parcerias)

Apêndice XIX - Dar a conhecer o Palácio das Artes: Acompanhar diversos públicos

(Cartaz da Visita de Estudo)

Apêndice XX – Exemplar de nota de terreno

11

Introdução

A intervenção num contexto educativo de carácter não formal possibilita

momentos educativos potenciados pelo reconhecimento do património e educação para

a memória, assumindo-se como uma questão de cidadania. Neste sentido, o presente

relatório de estágio retrata o percurso desenvolvido ao longo do Mestrado em Ciências

da Educação, mais especificamente, no âmbito do domínio de Juventudes, Educação e

Cidadanias. Este caminho formativo foi realizado no contexto de um mestrado de

dimensão profissionalizante, o que se considerava mais relevante na continuidade do

percurso educativo já realizado. Esta opção procurava um contato mais prático, sem ser

divorciado de análise e reflexão, com contextos institucionais relevantes

educacionalmente.

O domínio das Juventudes, Educação e Cidadanias, traduz uma continuidade de

interesse pessoal e teórico no campo teórico e concetual destas questões. Autores como

Paul Willis (1991), Pierre Bourdieu (1991; 2001; 2004), Machado Pais (1990; 1991;

2005), entre muitos outros são referências estruturantes que foram dialogando ou sendo

desafiadas por questões que esta experiência veio trazer, nomeadamente na sua

articulação institucional com temas como o património, memória, herança cultural. Os

públicos juvenis apresentam-se como aliciantes para se trabalhar em conjunto pela sua

diversidade e heterogeneidade, uma vez que , «(…) sob a aparente unidade da juventude

(quando esta aparece referida a uma fase de vida) é possível encontrar uma diversidade

de situações sociais que tornam heterogénea a experiência de ser jovem» (Pais, 1990:

640).

O relatório que aqui se apresenta, e que tem como objetivo último a obtenção do

grau de Mestre em Ciências da Educação, é o resultado do trabalho desenvolvido ao

longo de quase um ano, como mais intensidade durante seis meses, numa instituição

educativa de carácter não formal, a Fundação da Juventude mais concretamente no seu

equipamento cultural o Palácio das Artes – Fábrica de Talentos (PAFT). Este contexto

assume pertinência na medida em que desenvolve a sua atividade no envolvimento e

dinamização de ações para e com os jovens.

O contato com a instituição possibilitou adquirir várias competências enquanto

licenciada e mestranda em Ciências da Educação, onde se destaca a conceção,

realização, desenvolvimento e divulgação de várias atividades como oficinas,

12

workshops em diferentes áreas e o plano de um serviço educativo com foco na

pertinência das questões culturais e do património para o público jovem.

Apresentação do local de intervenção

A Fundação da Juventude, que se intitula como instituição de utilidade pública,

foi criada há 23 anos. Conta com a parceria de várias instituições e tem a sua sede na

cidade do Porto, com delegações em Lisboa e Algarve. Esta última «é particularmente

ativa no âmbito da Inovação, Criatividade, Empreendedorismo, Empregabilidade e

Coesão Social em relação aos públicos juvenis» (Geraldes, 2013: 8). Os projetos

desenvolvidos pela Fundação da Juventude procura envolver público juvenil investindo

em dimensões que contemplam a criatividade a inovação e a juventude empreendedora.

Num plano mais recente esta adquire o edifício Douro, situado no largo de S.

Domingos, na cidade do Porto, para um trabalho de restauro preservando vários

elementos históricos.

Situado no centro histórico da cidade, com um percurso histórico que habita nos

corredores do edifício, surge a componente cultural da Fundação da Juventude o Palácio

das Artes – Fábrica de Talentos. Tendo em conta a «(…) necessidade de criatividade na

cooperação de sociedades cada vez mais baseadas no conhecimento e cada vez mais

globais e multiculturais…)» (Carneiro, 2009: 12), surgiu a necessidade de um contato

entre os/as jovens e um local cultural como representa o PAFT. Este que representa um

«(…) centro de criatividade e inovação nacional e internacional, que promove

profissionalmente os Jovens Criadores» (Carneiro, 2009: 12). Desenvolve também

várias atividades e possibilita o destaque do trabalho de jovens artistas, impulsionando

os mesmos para a inserção no mercado de trabalho. Estas dimensões descritas iriam

assumir um lugar fundamental no desenvolvimento do estágio.

O projeto específico que foi enquadrador do percurso profissionalizante

desenvolvido tinha como principal objetivo aproximar os/as jovens ao PAFT,

preservando as memórias culturais do local entrelaçadas com a criatividade e a arte.

Assim, o projeto tinha como plano impulsionador o desenho de vertentes de um futuro

serviço educativo, onde a vertente assinalada foi a mais explorada no meu caso em

concreto.

A sua concretização tomou forma num plano de sensibilização que contemplou

o desenvolvimento de workshops, desde a conceção, à gestão, dinamização e avaliação,

13

e oficinas conceptualizadas e desenvolvidas pela equipa idealizadora do serviço

educativo1.

As atividades desenvolvidas ajudaram a conhecer os/as jovens que procuram o

Palácio e a tentar virar o espaço interior para o seu exterior. Neste caminho de trabalho

foi desenvolvido e modificado o projeto inicial flexibilizando-se às necessidades do

contexto. O serviço educativo pretendia olhar o espaço do PAFT como uma visita que

nos faz viajar no tempo olhando para o espaço do Palácio e para uma juventude

presente, emancipada, na medida em que consciencializava os/as jovens perante a

preservação de um passado, da história, ou seja do seu papel e responsabilização na

construção de uma sociedade atenta e participativa.

O trabalho em torno da criação deste serviço no campo educacional torna-se

relevante pois e apesar da crise que atingiu Portugal, da política orçamental existente,

«as empresas e os cidadãos têm que assumir como a sua responsabilidade de apoiar em

geral, o desenvolvimento das actividades culturais» (Silva, 2011: 13). Logo a educação

para o património, a preservação da memória cultural material e imaterial, poderá,

tornar-se, com o devido enquadramento e suporte a todos os níveis, uma dimensão

educacional para o desenvolvimento do sentido de pertença (Silva, 2011).

Organização do Relatório

De forma a se tornar percetível a organização e consequente estrutura que

configura o presente relatório, assim como o retrato do percurso de estágio, irei

proceder à descrição dos diferentes capítulos que o constituem.

Numa primeira parte, será aprofundada a caraterização do contexto onde se

desenvolveu a intervenção, explorando o seu espaço, as suas valências, os seus

objetivos. Na segunda parte integrante da dissertação é explorado o enquadramento

teórico concetual que problematiza conceitos como as juventudes, os serviços

educativos, a cultura, arte, património e herança cultural. Foram estes que possibilitaram

a reflexão e interrogação em torno da ação de intervenção. Posteriormente, na parte III,

opções metodológicas, será dividida em dois capítulos que pretendem refletir a visão de

intervenção presente, discutindo as diferentes formas de percecionar a ciência, assim

1 O trabalho desenvolvido ao longo deste percurso de estágio foi partilhado com uma colega profissional

na área das Ciências da Educação. Esta que partilhou comigo este percurso, contendo todavia uma

orientação e finalidade teórica distinta, mas que na prática o nosso trabalho se complementa e foi

relevante de forma mutua.

14

como descritas todas as técnicas utilizadas num primeiro momento de contacto com a

instituição e com a intencionalidade de realizar um diagnóstico acerca das dinâmicas da

mesma. A parte IV, designada por um percurso educativo/profissionalizante: etapas

que constroem a linha condutora de um estágio, irá retratar em dois capítulos distintos,

a descrição e consequente análise de todas as ações e atividades que construíram o

percurso de intervenção. Neste sentido, será explorada a pertinência e finalidade de

todas as atividades, assim como as diretrizes teóricas que emergem na sua análise.

Prosseguindo este caminho formativo será o momento, numa quinta parte, de refletir

sobre a avaliação e monotorização da intervenção, percecionando o posicionamento

em torno das questões avaliativas, apontando alguns métodos utilizados como ferramentas de

avaliação ao longo da ação.

Por fim, nas considerações finais: refletindo a ação e as contribuições para a

profissionalidade em Ciências da Educação, será realizado um balanço de todo o

percurso de estágio realizado, bem como as suas contribuições a nível de competências

para a profissionalidade em Ciências da Educação.

15

Parte I

Análise e caracterização do contexto de

intervenção

- Exploração do terreno de ação -

16

Capítulo I: a Fundação da Juventude

O presente relatório procura dar conta de uma experiência profissionalizante que

tinha como finalidade global contribuir para equacionar e desenvolver a construção de

um serviço educativo numa organização que desenvolve o seu trabalho, entre outras, em

torno das questões da juventude. Este processo viria a desenvolver-se no interface entre

a Fundação da Juventude e um dos seus mais inovadores equipamentos o Palácio das

Artes – Fábrica de Talentos. É em torno da descrição, caracterização e análise destes

contextos que se interligam que se desenvolverá esta parte do texto

Iniciando uma apresentação da instituição, a Fundação foi criada em 1989 com a

parceria de 21 instituições de carácter público e privado, chegando a ser declarada em

1990 como instituição de utilidade pública sem fins lucrativos. Entre as diferentes

entidades parceiras posso destacar: Águas do Douro e Paiva; Associação de Jovens

Agricultores de Portugal; Associação Nacional e Jovens Empresários; Fundação

Minerva; EDP – Energias de Portugal, S.A.; Câmara Municipal de Gondomar, Maia,

Matosinhos, Porto, Vila Nova de Gaia, Tavira, Santa Maria da Feira e Funchal; entre

outras entidades fundadoras da instituição2.

A sede da Fundação da Juventude, a nível nacional, encontra-se na cidade do

Porto, contudo possui Delegações nas Regiões de Lisboa, Vale do Tejo e no Algarve.

Em termos físicos, a Fundação possui uma série de espaços que podem ser

requisitados para a exposição de trabalhos, ou para realização de seminários, workshops

ou tertúlias. Deste modo, a instituição, por um lado cumpre o seu objetivo geral através

deste “abrir portas” e, por outro lado dá a conhecer o seu trabalho a outras entidades. A

instituição possui, no 1º piso, um auditório com 127 lugares devidamente equipado com

material audiovisual. Para além disto, é possível encontrar uma galeria para exposições

no piso térreo e algumas salas para realização de workshops ou oficinas, bem como os

vários gabinetes de trabalho da equipa administrativa.

O passado como reconhecimento do presente

Desde o ano da sua emergência, a Fundação da Juventude na cidade invicta,

encontra-se estabelecida no edifício Casa da Companhia. Esta que «(…) é um vasto

prédio composto por um piso térreo e um andar nobre, com entrada principal na Rua das

2 Fundação da Juventude, online em http://www.fjuventude.pt/fundacao-da-juventude-83-orgaos-sociais;

17

Flores e com um pequeno alpendre de linhas simples que dá acesso a um pátio de

pavimento lajeado»3 e que herda a sua denominação da Companhia Geral da

Agricultura das Vinhas do Alto Douro que ocupava o espaço em 1761. De forma a

preservar o local, onde se instala a fundação (Casa da Companhia) e a própria noção de

centro histórico, a instituição conjuga os seus objetivos com a promoção do vinho do

Porto enfatizando a integração dos/as jovens no mundo laboral e o consumo de bebidas

alcoólicas moderado.

No número 69 da antiga rua Nova de Santa Catarina das Flores encontramos a

Fundação da Juventude. Esta rua da cidade do Porto que se reflete como relevante pois,

e tendo como referência o projeto “Porto Vivo, SRU,” mais especificamente com o seu

guia Eixo Mouzinho/Flores4, desde 1921 que se afirmou como um ponto de ligação

entre o Largo de S. Domingos e o Mosteiro de Avé - Maria. Para além disto, e

posteriormente a retratar a primeira rua calcetada da cidade portuense, era uma

referência para a circulação mercantil. Em consequência destes factos e dada a sua

localização, a hoje reconhecida Rua das Flores transformou-se rapidamente num ponto

atrativo para as classes nobres da sociedade. Como prova disto mesmo, e segundo a

fonte anteriormente mencionada, podemos encontrar ainda hoje edifícios, como por

exemplo a Casa dos Maias, a Casa dos Cunha Pimentel, a Casa dos Sousa e Silva, entre

outros, que foram outrora ocupados e vivenciados por famílias nobres.

No local caraterizado, que evidencia riqueza histórica, surge na cidade do Porto

«(…) a primeira Fundação privada de âmbito nacional com a missão exclusiva de

promover a integração dos jovens na vida activa e profissional» 5. Tendo como

principais áreas de interesse e atuação, a Fundação foca-se essencialmente no campo

social e de formação cívica, assim como a cultura e a criatividade compõem dimensões

centrais da acção da instituição.

A dimensão histórica não poderia deixar de fazer parte da análise global da

instituição, uma vez que estas memórias culturais poderão consistir num elo de ligação

entre a comunidade e a missão central da Fundação da Juventude.

3 Fundação da Juventude, online em [http://www.fjuventude.pt/fundacao-da-juventude-11-casa-da-

companhia] 4 Projeto da Porto Vivo, SRU que edita o guia Eixo Mouzinho/Flores que retrata a relevância da

regeneração de uma importante zona da Cidade do Porto, ou seja a relevância da reabilitação de espaços

públicos. 5 Revista da Fundação da Juventude (s/d) Fábrica de Talentos nº 0;

18

A missão e objetivos da Fundação

Focando a missão central da instituição, de teor educativo não formal que se

encontra mencionada nos seus estatutos, esta prende-se com a intenção de «realizar ou

apoiar iniciativas destinadas a promover a integração dos jovens na vida adulta e activa

ou com carácter social ou cultural a eles expressamente dirigidas (…)»6.

Para concretizar a missão da instituição, esta propõe-se criar condições de modo

a facilitar a inserção dos/as jovens no mercado de trabalho; fomentar uma

consciencialização empreendedora bem como incentivar e valorizar o gosto pelas áreas

da ciência e tecnologia; promover ações que potenciam a sensibilização dos/as jovens

para as questões da cidadania e participação ativa tendo em vista a prevenção da

marginalização e exclusão social; despertar no público juvenil a preocupação para as

questões relacionadas com a preservação do património e da herança cultural;

proporcionar redes de intercâmbio através de parcerias nacionais e internacionais,

possibilitando a troca de experiências e conhecimento.

A Fundação promove ainda um leque de eventos que permitem dar resposta aos

objetivos a que se propõem, dando a conhecer a sua dinâmica interna e forma de

atuação. São assim desenvolvidas atividades que incentivam os/as jovens cientistas,

criadores/as e investigadores/as, assim como programas de apoio à criação de empresas

dirigidas por jovens e projetos de apoio social e de voluntariado. Propicia a formação

técnica e profissional através do seu Sistema de Aprendizagem que potencia a

realização de cursos técnicos a jovens, com idades inferiores a 26 anos, e conferem

certificação ao nível escolar e profissional. Importa ressaltar o desenvolvimento de

oficinas e workshops, bem como a realização de publicações e guias informativos que se

encontram à disposição de todos/as. Entre outras ações, é merecedor de destaque a

possibilidade dos/as jovens acederem a bolsas de estudo e estágios profissionais que a

instituição promove e/ou facilita através do apoio técnico e financeiro.

1.1. O equipamento cultural: Palácio das Artes – Fábrica de Talentos

De forma a dinamizar o centro histórico da cidade do Porto, transformando-o

num foco de atração, a Fundação da Juventude adquire em 2001 um novo equipamento:

o Palácio das Artes – Fábrica de Talentos. Este edifício que se apresenta como «um dos

6 Fundação da Juventude, online http://www.fjuventude.pt/fichuprelanex/fx2692.pdf

19

edifícios mais marcantes e pleno de história da cidade [que foi] (…) objecto de

recuperação. Desde 2001, propriedade da Fundação da Juventude, o chamado Edifício

Douro, no Largo de S. Domingos, [alberga] (…) um espaço destinado ao apoio a jovens

artistas e outras valências (…)» (Silva, 2009: n.p.). O PAFT constitui-se como um

projeto que visa a criação de um centro de desenvolvimento cultural, social e económico

na baixa portuense. Tem como principal objetivo apoiar a inserção dos/as jovens

criadores/as na vida ativa, fornecendo ferramentas de auxílio à formação, produção, e

divulgação dos seus projetos artísticos e culturais.

Convém salientar que foi este equipamento cultural que acolheu a minha estadia

na instituição e para o qual se dirigiu o meu trabalho enquanto estagiária.

As memórias que atravessam o presente…

Percecionando este espaço cultural, e tendo em vista o desenvolvimento de um

serviço educativo que impulsiona uma aproximação do público jovem ao PAFT através

da dimensão do património, é pertinente obter uma visão do seu passado para constituir

a sua atualidade.

A mais recente infraestrutura da Fundação da Juventude, caracterizada pela sua

dimensão histórica e cultural, situa-se na antiga Praça ou Terreiro de Santa Catarina,

hoje reconhecido como largo de S. Domingos.

A fachada do Palácio das Artes, ou também designado Edifício Douro, surge

como a única parte física, se assim se pode dizer, que resta do antigo Convento de São

Domingos, que deu nome ao largo onde se situa. Este último, que havia sido mandado

construir em 1239, sendo apenas finalizado em 1245 por D. Sancho II protetor e

também fundador da chamada ordem de S. Domingos. Este convento fica marcado ao

longo de muitos séculos pelas reuniões entre «(…) os vereadores, juízes e outras

entidades para tratarem de assuntos que diriam respeito ao burgo» (Silva, 2007: 1). Para

além das referidas reuniões, o espaço do convento de S. Domingos era caracterizado por

ser uma zona de grande comercialização e movimentação da cidade Portuense, «servia

também para mercadores, nacionais e estrangeiros, nomeadamente venezianos,

florentinos e napolitanos exporem por ali, diante dos olhos ávidos do povo e da

burguesia endinheirada (…)» (idem: 1). Como prova disto mesmo, em 1451 inicia-se

nos claustros do Convento as famosas Feiras Francas pela mão de D. Afonso V, sendo

realizadas no primeiro dia de cada mês durante sensivelmente 111 anos (idem). Não só

20

o comércio caracterizava este espaço mas também o ensino, pois foi neste local onde

pela primeira vez existiu ensino universitário no Porto, através dos cursos de teologia.

O espaço conventual foi contudo alvo de quatro diferentes incêndios sendo o

último registado em 1832 deixando o edifício num estado de degradação. Todavia, já

em 1825 o edifício parcialmente remodelado havia sido ocupado pelas instalações do

Banco de Portugal, na altura designado por Banco de Lisboa, que procurou manter

intacta a fachada do edifício e adapta-lo às necessidades de um Banco, «os

Administradores da Caixa Filial do Banco de Lisboa, nesta Cidade do Porto, fazem

saber ao Público, que a dita Caixa se acha estabelecida na Casa que forma o frontispício

do Convento de S. Domingos»7.

Devido ao estado de degradação do edifício em 1865 fora vendido a particulares,

onde mais tarde em 1934 a Companhia de Seguros Douro ocupa o local introduzindo

novos elementos «(…) decorativos interiores, como azulejos, isolamento do telhado e o

embutimento dos cofres e armários, contribuindo no entanto para a manutenção deste

edifício de importância histórica para a cidade» (idem: 4).

Em 2001, como já foi referido, surge pelas mãos da Fundação da Juventude o

Palácio das Artes alojado no Edifício Douro no largo de S. Domingos numa zona

histórica do Porto classificada de Património urbanístico da humanidade pela UNESCO,

de forma a enfatizar a dinamização do centro histórico. Isto porque, «a autenticidade e a

força da imagem do Porto são consequências da protecção que o Centro Histórico tem

tido por parte do Município e do investimento que este tem feito para reabilitar os

edifícios degradados, o meio urbano e as actividades que trazem bem-estar e qualidade

de vida à população em geral»8

O Palácio das Artes – Fábrica de Talentos encontra-se remodelado,

posteriormente a algumas obras de restauro onde se tentou manter alguns espaços

preservados. Assim, no seu interior podemos encontrar uma grande escadaria seguida

do encontro com um piso nobre que contem 7 diferentes salas multidisciplinares,

utilizadas para exposições, tertúlias, workshops, ações de formação, reuniões

empresariais, exibições de moda, concertos. No piso inferior a este salão nobre situam-

se os gabinetes da administração assim como, as instalações de uma empresa de design

jovem, a Menina Design. Já nos pisos superiores é possível verificar a existência do que

se denominam de residências artísticas que acolhem jovens criadores/as, de forma

7 Revista Interna do Banco de Portugal, 1986: 754;

8 Porto Vivo, SRU, 2010: 46

21

gratuita, apoiando a criação, produção e distribuição dos seus projetos de índole

artístico.

O edifício encontra-se equipado com departamentos distintos e relativamente

inovadores, embora seja de relevar a notória preocupação relacionada com o perpetuar

das memórias do edifício. Assim, no seu interior vários elementos como os cofres

outrora do banco de Portugal assim como a fachada mantêm-se ainda intactos. Mais

ainda, atualmente a realização das Feiras Francas possibilita a dinamização do largo,

que já constituiu uma das zonas comerciais mais movimentadas da cidade, trazendo

para o presente as vivências de outras épocas históricas. Ou seja, retratando um evento

que no passado refletia grande agitação no espaço, pretende-se o reviver de uma forma

criativa e inovadora o presente da atividade comercial.

«Para além deste espaço, os cofres que ainda hoje marcam presença, uma vez que o

edifício Douro outrora foi Banco de Portugal, se encontram no local, conferindo um

carácter curioso ao mesmo»

(Nota de terreno, 29 de Março de 2012)9

As Feiras Francas, que recuperam uma tradição de 111 anos, e contrariamente ao

que acontecia até ao final do ano passado, são realizadas no primeiro Sábado de cada

mês. Estas têm como objetivo central promover, expondo de forma gratuita, o trabalho

de jovens criadores de forma a potenciar a comercialização e inserção no mercado de

trabalho deste público. Pretendem ainda dinamizar o centro histórico da cidade

juntamente com a comunidade local, com o turismo, impulsionando uma ligação entre o

património, a tradição, a economia, a cultura e as artes. Desta forma, promovem uma

aproximação e divulgação do trabalho de jovens criadores/as para todo o tipo de

público, partilhando projetos de índole artístico com vários tipos de público,

nomeadamente os/as vários/as turistas que percorrem o interior do PAFT.

O evento de carater mensal é sempre realizado em torno de uma temática, sendo

os projetos artísticos escolhidos em consonância com esta. Para além de se enfatizar

obras artísticas nas áreas de Artesanato Urbano; Eco Design; Mobiliário; Acessórios de

Moda; Cake Design e Produtos Gourmet, são apresentadas performances de jovens em

áreas como a dança, o teatro e música.

9 Apêndice XX – Exemplar de nota de terreno

22

«Este público que procurou visitar a Feira na sua maioria abrangia todas as faixas

etárias, sendo os/as jovens caracterizados/as por um estilo extravagante de se vestir,

que podemos associar por assim dizer ao mundo característico das Artes. Também a

sua maioria levava consigo lembranças da Feira, sinal que existia um grande poder

económico entre os visitantes, e onde a presença dos turistas se fez sentir»

(Nota de terreno, 27 de Outubro de 2012)

Nos dias de realização de Feiras Francas era notória maior agitação da

população junto ao largo de S. Domingos, o que contrastava com a tranquilidade e

pacatez característica do ambiente e contexto em questão.

1.2. O espaço do largo de S. Domingos: o que se avista

Visto que o espaço do largo de S. Domingos nos transporta para a dimensão

histórica e para o reviver da cidade, faz todo o sentido fazer uma breve abordagem à

caracterização do mesmo.

Olhando para o seu passado, nomeadamente para a época da vivência do

convento de S. Domingos, este local remete para uma forte movimentação comercial,

sendo o espaço ocupado por uma série de diferentes mercadores oriundos de diferentes

partes do mundo.

Atualmente o espaço exterior do PAFT é marcado pela presença de vários

estabelecimentos comerciais dedicados ao artesanato e ao público turístico, assim como

preenchido por vários/as jovens que passam pelo local e que aparentam, através do seu

vestuário, serem portadores/as de uma grande irreverência e criatividade.

Não só estes espaços marcam a envolvência externa do Palácio mas também a

presença da Escola Superior Artística do Porto (ESAP), que tem a sua sede em pleno

largo de S. Domingos e que produz influência na criação de espaços artísticos na zona.

Esta última, que traz consigo uma movimentação extra ao local de jovens criadores/as

que se interessam pelo trabalho desenvolvido pela Fábrica de Talentos.

Um pouco diferente desta dinâmica destes/as jovens, a presença de um espaço

educativo muito perto das instalações do Palácio não permite ainda a aproximação deste

público jovem, com áreas de interesse mais distintas, ao PAFT.

23

«foi o momento de olhar o edifício na sua parte exterior, onde se visualiza alguns

estabelecimentos que se encontram à exploração do local (…) um restaurante, uma loja

muito relacionada com materiais artesanais, e até uma casa de apostas da Santa Casa

da Misericórdia, (…) com o passar do tempo, foram aparecendo mais jovens, estes que

possuíam na sua maioria um estilo de vestuário muito semelhante, na sua exuberância

e singularidade»

(Nota de terreno, 29 de Março de 2012)

A partir deste largo são visíveis os contrastes no seio do grupo social das

juventudes. Assim torna-se claro que existem várias formas de se viver a juventude

resultantes de uma troca de interações entre o individuo e a sociedade e vice-versa.

Nesta perspetiva, o indivíduo influencia e é influenciado, simultaneamente, pelo mundo

social, exteriorizando o seu ser individual e conjugando as suas características pessoais

e interiorizando valores e normas vigente nesta mesma sociedade (Berger, 1985).

O PAFT encontra-se também rodeado de uma série de outros espaços atrativos,

como bares, o Palácio da Bolsa, o bairro típico da Ribeira, Casa do Infante ou a igreja

de S. Francisco, que se revelam como meios de atração de diferentes públicos.

24

Parte II

Enquadramento teórico conceptual: o caminho

de uma problemática de intervenção

25

Capitulo I: as juventudes e as suas vivências de transição

1.1.O desenvolvimento de um foco de problema

Sendo a minha formação inicial focada nas Ciências da Educação onde o campo

educacional foi o foco primordial, faria todo o sentido expandir a problemática dos

serviços educativos até ao meu projeto de estágio, contudo «(…) o campo disciplinar

das ciências da educação não [é] definido por um “território” de factos sociais, mas sim

pelo modo de articular como “olha” e se posiciona face a esse território» (Canário,

2003: 13). Este caminho, em torno da construção de um serviço educativo, foi

partilhado com uma colega de estágio, onde cada uma de nós se focou numa das duas

grandes valências que irão constituir o mesmo, sendo uma delas resultante das

problemáticas atuais da Juventude e uma outra dirigida para a história e transmissão de

um Património Cultural de forma educativa. No meu caso em concreto a segunda

vertente deste serviço é aquela ao qual me dediquei e onde o olhar teórico se irá

posicionar.

Com toda esta bagagem de olhar o educativo, e os contextos onde esta dimensão

se encontra presente, a minha articulação com a Fundação da Juventude torna-se

pertinente pois esta instituição de utilidade pública surge com a missão de «(…) realizar

ou apoiar iniciativas destinadas a promover a integração dos jovens na vida ativa e

profissional(…)»10

. Facto importante de destacar, relativamente aos objetivos da

Fundação, prende-se com a realidade coincidente com as temáticas que se encontram a

ser abordadas ao nível dos programas para a juventude na Europa como é visível através

do Programa Juventude em Acção (2007-2013)11

a ser desenvolvido tendo como

dimensões centrais a questão do desemprego e, nomeadamente, as dimensões da

criatividade, do espírito de iniciativa dos/as jovens.

De encontro às questões da criatividade e iniciativa dos/as jovens surge um

equipamento da Fundação da Juventude, onde ocorreu em termos de ideologia e espaço

10

Fundação da Juventude, online em [http://www.fjuventude.pt/fundacao-da-juventude-9-missao-e-

objectivos];

11

O Programa Juventude em Acção encontra-se a ser desenvolvido pela União Europeia de forma a

envolver o público jovem no sentido de «(…) estimular o sentido activo de cidadania europeia, a

solidariedade e tolerância entre os jovens europeus e o seu envolvimento na construção do futuro da

União Europeia» promovendo «(…) a mobilidade dentro e fora das fronteiras europeias, a educação não

formal, o diálogo intercultural e encoraja a inclusão de todos os jovens, independentemente da sua origem

educacional, social ou cultural» (Juventude, online).

26

físico o desenvolvimento da intervenção, ou seja o Palácio das Artes - Fábrica de

Talentos. Este último que emerge de uma remodelação do Edifício Douro, um antigo

convento do século XIII que deu lugar às antigas instalações do Banco de Lisboa e da

Antiga Companhia de Seguros Douro, e que tem como finalidade primeira «(…) criar

um espaço de experimentação e um centro de criatividade e inovação, que possa tornar

a cultura e a criatividade em factores fundamentais para um novo desenvolvimento

económico e social do Porto e do país»12

.

Conhecendo um pouco melhor as intencionalidades da referida instituição e do

Palácio das Artes, foi possível verificar no plano de atividades e orçamento para 2012,

disponível via online, que a construção de um serviço educativo, mais especificamente

no Palácio, que se encontra associado à Fundação, se reflete como um objetivo a

alcançar no presente ano, «O Palácio das Artes – Fábrica de Talentos pretende ter em

2012 o seu Serviço Educativo em funcionamento (…)» 13

. Através desta breve

apresentação, do contexto focal deste estágio, é percetível que o objecto de estudo do

mesmo se prende com a problemática dos serviços educativos aliados à grande temática

das juventudes, e deste modo trazendo para debate as dimensões da educação

entrelaçadas com a cultura e a arte. Assim esta intervenção tem como objetivo central a

criação de um serviço educativo no Palácio das Artes que permita a transmissão e a

aquisição por parte do público-alvo, nomeadamente do público jovem, da missão e do

trabalho desenvolvido pelo mesmo. Para tal, torna-se essencial desenvolver atividades

de carácter educativo caracterizadas por uma dimensão não formal e que reflitam a

atividade presente na instituição. Isto é, atividades marcadas pela criatividade e pela não

escolarização, que transmitam a história do Palácio de forma a preservar um património

e perpetuar as memórias, a cultura material.

12

Revista da Fundação da Juventude (s/d) Fábrica de Talentos nº 0; 13

Plano de Atividades e Orçamento de 2012, online em [http://www.fjuventude.pt/informacao-e-

documentacao-54-relatorios-e-planos-de-actividades-anuais];

27

Capítulo II: vivenciando as juventudes

2.1. O olhar perante as juventudes

Estando o Palácio das Artes muito direcionado idealmente para o público jovem,

não poderia deixar de refletir sobre o meu olhar perante a própria juventude para se

tornar possível a conceção de um serviço educativo. Isto porque, visto a instituição em

causa possuir uma relação de excelência com os/as jovens, consequentemente o serviço

educativo se centrará nos mesmos, onde a minha perceção relativamente ao grupo

juvenil serão essenciais para desenvolver o serviço, assim como a minha relação com

os/as destinatários/as primordiais da intervenção. Uma vez que, num projeto de

intervenção se pretende «(…) a participação activa, a escolha e a autodeterminação dos

participantes em qualquer intervenção… rejeitando o papel tradicional… do

“especialista”… que avalia, diagnostica e trata» (Coimbra, 1991 cit in Menezes, 2010).

Tendo em conta Bourdieu (1980) a juventude «(…) começa por ser uma

categoria socialmente manipulada e manipulável (…) o facto de se falar dos/as jovens

como uma «unidade social», um grupo dotado de «interesses comuns» e de se referirem

esses interesses a uma faixa de idades constitui, já de si, uma evidente manipulação»

(Pais, 1990: 140). Para Durkheim, um dos principais fundadores da Sociologia da

Educação, os/as jovens não tinham visibilidade em si, eram reconhecidos/as apenas

como alunos/as, como recetores/as de um conjunto de valores, aprendizagens, não sendo

produtores de uma vida social.

No que toca à construção sócio-histórica do conceito de juventude, esta diz

respeito a um fenómeno relativamente recente remontando a sua origem aos anos 50.

Deste modo, este conceito só pode ser concebido se tivermos em consideração algumas

fases da vida como a infância, a adolescência e a idade adulta.

2.1.1. Antes de ser jovem

Na sequência da última ideia não poderia deixar de refletir acerca do tempo

histórico onde não existia a ideia de juventude e ainda mais a própria conceção de

infância, sendo esta essencial para marcar a passagem para o tempo juvenil.

Tendo em conta Philippe Ariès (1988), na era medieval, pelo menos até cerca do

século XII, a infância não era reconhecida como tal, ou melhor, não existiam na época

28

diferenças significativas entre adultos e crianças. «Pensaremos antes que nesse mundo

não havia lugar para a infância» (Ariès, 1988: 58). A infância constituía assim um

período de transição, curto e rápido, sendo a altura a característica que marcava o mais

visível critério de diferenciação entre adultos e crianças, «(…) até ao fim do século XIII,

não há crianças caracterizadas por uma expressão própria, mas homens de dimensões

mais reduzidas» (idem: 59). Esta época é marcada também pela indiferença de vestuário

entre as diferentes faixas etárias «(…) a Idade Média vestia indiferenciadamente todos

os grupos etários, apenas preocupada em manter visíveis no vestuário os graus de

hierarquia social» (idem: 80).

Por volta do século XIV a representação da criança associa-se à imagem do

corpo nu e assexuado, «(…) pois a infância liga-se aqui ao mistério da sua maternidade

e ao culto mariano» (idem: 61). Até ao final do presente século, assiste-se a elevadas

taxas de mortalidade infantil, onde se encontra presente um sentimento de indiferença

perante a perda das crianças, «a criança era tão insignificante, ainda pertencia tão pouco

à vida, que não se receava que, depois de morta, regressasse para importunar os vivos»

(idem: 66). Existe aqui um sentimento muito superficial da criança, sendo esta uma

fonte de divertimento para os adultos – «criança-brinquedo». A par com esta indiferença

pode-se destacar a entrada precoce da criança no mundo do adulto verificada, por

exemplo, na aprendizagem de um ofício por parte da mesma. Para além disto, este

tempo é passado por uma interação marcada por jogos como por exemplo os dados,

jogos de mesa, xadrez, malha ou sessões de leitura (Ariès e Duby, 1990). Apesar de

nesta época existir uma certa homogeneidade entre adultos e crianças relativamente aos

jogos, «o fenómeno que é preciso sublinhar é o abandono desses divertimentos pelos

adultos das classes sociais superiores e, pelo contrário, a sua sobrevivência ao mesmo

tempo no povo e nas crianças das classes superiores» (Ariès, 1988: 145).

O século XVII fica marcado pela emergência de um sentimento de infância

diferente, baseado numa consciência da especificidade infantil distinta. «É também no

século XVII que os retratos de família, muito mais antigos, tendem a organizar-se em

torno da criança, que se converte em centro da composição» (idem: 75).

Revela-se importante referir, baseando-me em Ariès (1988), que ao longo do

tempo o vestuário das crianças foi sendo mais específico, apresentando já algumas

diferenças perante o dos adultos. Todavia, as diferenças foram mais direcionadas para o

sexo masculino e para as classes sociais altas, ficando os jovens do povo confinados ao

trajo dos adultos.

29

Fazendo a transição para o século XVIII, este é pautado por uma visão mais

romântica da infância. Isto é, olha-se para este período de vida com uma enorme

exaltação, como uma época mágica, marcada pela liberdade e irresponsabilidade perante

os comportamentos. No entanto, «a criança romântica teve vida relativamente curta,

(…) a reacção política à Revolução Francesa e o impacto da revolução industrial a

exigir força de trabalho livre empurraram as relações entre adultos e crianças em

sentidos opostos aos sugeridos pelas aspirações românticas» (Ponte, 2005: 42). No

presente século «(…) encontramos na família (…) um elemento novo: a preocupação da

higiene e da saúde física» (Ariès, 1988: 191).

Tendo em conta autores como Cristina Ponte (2005), podemos distinguir ao

longo do tempo várias conceções de infância. Uma delas já mencionada que diz respeito

à conceção romântica, uma outra que se enquadra no século XIX constituiu a conceção

de criança trabalhadora.

Como já foi referenciado, a conceção romântica da infância não perdurou muito

no tempo, sendo substituída pelo ideal da contribuição das crianças na economia

familiar. Assim, «nas primeiras décadas do século XIX, a mão-de-obra infantil (rapazes

e raparigas) trabalhava na indústria têxtil e de vestuário, nas minas inglesas, na indústria

videira francesa, na agricultura, no serviço doméstico, nas docas e nos barcos, nas

siderurgias» (Ponte, 2005: 43). Contudo, «à escala do planeta, o número de crianças

trabalhadoras tem vindo a crescer e não a diminuir» (idem: 44).

A presente conceção faz-nos partir para uma outra visão acerca das crianças, esta

que é marcada pela questão da delinquência. «A legislação sobre reformatórios e

escolas industriais encarou pela primeira vez a delinquência juvenil como problema

social específico, incluindo crianças que não tinham violado leis mas que eram

consideradas como necessitando de proteção e cuidados (…)» (idem: 46). A grande

parte das crianças que pertenciam às classes trabalhadoras e que não seguissem um ideal

de relação parental, eram dirigidas para estes centros que assentavam na conceção de

criança dependente, e por esta razão as acolhiam.

Em resposta a esta delinquência juvenil surge a instituição escolar, onde apenas

a educação «(…) poderia evitar as «classes perigosas» de continuarem a reproduzir as

suas características» (idem: 47). A escola contribuiu assim para a construção de uma

infância nacional pois a «criança como aluno envolvia diretamente todas as crianças, ao

contrário do conceito de delinquência juvenil» (idem). Esta noção de criança aluno

trouxe consigo algumas consequências, como por exemplo encarar a infância como

30

apenas um tempo de escolarização e preparação para a vida adulta, onde se assiste a um

alongamento deste período.

Na segunda metade do século XIX, assiste-se a uma visão médico-sanitária e

psicológica da criança. Esta tem como principais características olhar a infância como

um processo de socialização, aprendizagem, adaptação, onde a criança necessita de ser

integrada na sociedade com a ajuda do adulto. «A escola foi também importante por

proporcionar, ainda no final do século XIX, a médicos, sociólogos, psicólogos,

filantropos e reformadores da educação a sala de aula como laboratório em que eram

produzidas «sondagens científicas» de alunos» (Ponte, 2005: 49).

No início do século XX, toma lugar a conceção de criança assistida, onde se

encontra em foco a preocupação em promover o bem-estar das famílias a todos os

níveis. Neste sentido, «(…) consolida a ideia de que a infância é um período de

vulnerabilidade e, portanto, de necessidade de protecção» (idem). Existe então a ideia

de que as crianças são pertencentes à nação.

Tendo em conta o período do pós-guerra, e todas as consequências que este

trouxe as dinâmicas e estruturas familiares, surge a conceção da criança filho. Esta

conceção é assim marcada por um sentimento de proteção, e necessidade de manter os

laços entre as crianças e as suas famílias.

Num período histórico mais recente podemos encontrar a visão da criança

pública onde esta claramente ocupa um lugar central na esfera familiar, pois «(…) um

instituto francês calcula que cerca de 45% do orçamento familiar regista influência dos

desejos das crianças da casa» (Ponte, 2005: 51). Importa ainda destacar o facto de, cada

vez mais, observarmos o papel central que a criança desempenha num jogo de

marketing na promoção de produtos para a infância.

Ao longo de todo este período histórico aqui analisado, existe uma questão que

quanto a mim me parece essencial fazer uma pequena abordagem. Estou a referir-me à

questão da inocência das crianças e como esta não foi visualizada da mesma forma ao

longo do tempo. Assim sendo, até meados do século XIV, não existia nenhuma

contenção de gestos, palavras, e ações perante a presença de uma criança. Vários

assuntos eram tratados, discutidos entre adultos e crianças indiferenciadamente, «esta

ausência de reserva para com as crianças, esta maneira de as associar a brincadeiras que

giram em torno de temas sexuais: liberdade de linguagem e, mais ainda, audácia dos

gestos, contactos acerca dos quais imaginamos o que diria um psicanalista moderno!»

(Ariès, 1988: 149). De facto e como foi apontado, a infância foi sendo percecionada de

31

diferentes formas, estando estas visões também muito associadas às próprias ideologias

de vários autores. «Uns valorizam aquilo que a criança já é e que a faz ser, de facto,

uma criança: outros, pelo contrário, enfatizam o que lhe falta e o que ela poderá (ou

deverá) vir a ser (…) [outros] insistem na importância da iniciação ao mundo adulto;

outros defendem a necessidade da protecção face a esse mundo» (Pinto, 1997: 33).

No decorrer desta análise foram convocados autores como Philippe Ariès,

Cristina Ponte, contudo existem muitos outros que construíram as suas análises. Assim,

Lloyde de Mause, por exemplo, «(…) propõe, por sua vez, uma visão em parte

coincidente com a de Ariès, mas orientada por uma outra perspetiva, mais carregada de

tons escuros» (Pinto, 1997: 38). Segundo Mause, quanto mais recuamos na história mais

sofrimento encontramos na vida das crianças, como o abandono, violência física e

sexual, entre outros. John Locke, um outro importante historiador da infância,

apresentou «(…) uma teoria que iria marcar durante muito tempo as conceções, atitudes

e práticas relativamente às crianças e à sua educação» (idem: 40). Esta teoria apontava

para a ideia das crianças como “tábuas-rasas”, onde os adultos realizam a importante

tarefa de a preencher com fontes de conhecimento. Muitos outros historiadores

elaboraram grandes e importantes teorias acerca desta fase de vida, como Rousseau e a

sua ideologia da preservação da inocência e ingenuidade infantil, Freud e a sua

ideologia do aparelho psíquico e os impulsos instintivos, entre muitos outros.

Segundo uma perspetiva mais recente, que tem como ponto central as crianças,

surge a ideologia das crianças como atores sociais. Segundo esta ótica, as crianças, são

encaradas como sujeitos ativos no seu processo de socialização, sendo estas capazes de

pensar, aprender e refletir. Esta é então uma conceção de infância que se ocupa no que a

criança representa no presente e não no que se poderá transformar no futuro.

Através de todas estas diferentes perspetivas acerca da infância, podemos

compreender que a mesma é marcada por diferentes fatores, sendo estes de

heterogeneidade e homogeneidade. A heterogeneidade no mundo das crianças é

apresentada através das diversas condições sociais que as mesmas vivenciam. «Para

além das diferenças individuais, as crianças distribuem-se na estrutura social segundo a

classe social, a etnia a que pertencem, o género e a cultura» (Pinto e Sarmento, 1997:

22). Quanto aos fatores de homogeneidade é de destacar o carácter permanente da

infância, marcado por uma faixa etária, todavia sendo a infância «(…) uma categoria

que se define pela idade, é, no entanto, muito mais do que um simples conceito criado

32

para dar conta da totalidade das pessoas que ainda não perfizeram a idade convencional

de 18 anos» (idem: 22).

2.1.2. Ser jovem: diversidades e culturas

Tendo como base mais uma vez um autor marcante e um auxiliador da

construção de um olhar sobre a juventude, Machado Pais refere que «histórica e

socialmente, a juventude tem sido encarada como uma fase de vida marcada por uma

certa instabilidade associada a determinados «problemas sociais» (Pais, 1990:141),

contudo esta visão de unidade geracional não se coaduna com a minha visão perante

este grupo diversificado. Isto é, contrariando uma visão geracional da juventude, esta

deve ser olhada como um grupo heterogéneo, e tendo em conta a corrente classista de

Pais «(…) as culturas juvenis são sempre culturas de classe, isto é, são sempre

entendidas como produto de relações antagónicas de classe» (Pais, 1990: 158). Assim,

atribui à juventude uma conotação de diversidade refletida pelas diferentes

características existentes entre os/as jovens, esta é, portanto, uma corrente que considera

a juventude um grupo ativo e heterogéneo, onde se verifica uma reprodução de classes

sociais, e onde se enfatiza diferentes culturas.

Um outro conjunto de teorias que importa destacar diz respeito às teorias

subculturais interacionistas, onde a sociedade se reflete através de um conjunto

complexo de subculturas. Estas últimas, que se encontram essencialmente interligadas

com o mundo urbano, contribuindo para a construção identitária. Todavia, estas teorias

subculturais não conseguem por sua vez dar explicação ao desvio e à própria

etiquetagem dos indivíduos enquanto transgressores.

As teorias da prática social encoram a cultura não apenas como uma reprodução

das classes sociais mas também como uma forma de produção cultural onde a noção de

resistência se apresenta como central. Neste sentido, não poderia deixar de convocar

Paul Willis (1991) e o seu estudo desenvolvido com um conjunto de rapazes da classe

operária (lads) que desenvolvem uma cultura anti-escolar como forma de resistência

perante a classe dominante no contexto educativo. Assim, segundo Willis «a cultura não

é estática, ou composta de um conjunto de categorias invariantes que possam ser

deduzidas ao mesmo nível em qualquer tipo de sociedade» (Willis, 1991: 211).

Contudo, a dimensão da classe social não constitui apenas a única marca de

33

diferenciação entre jovens, sendo esquecidas as questões de género, étnicas, enfatizando

as classes trabalhadoras tornando-as ainda mais visíveis.

No sentido de perspetivar a experiência das mulheres, nomeadamente no mundo

juvenil, que se encontram mais invisíveis, desdobrando os conceitos de feminilidade e

masculinidade, as teorias culturais feministas surgem criticando a realidade de uma

posição periférica feminina nos estudos subculturais. Destacando o estudo de Angela

McRobbie, e o seu conceito de cultura de quarto, percepciona-se que as raparigas são

ativas mas apenas convivem com mais constrangimentos em torno da vida doméstica.

Embora a presença feminina seja destacada, através desta visão, uma outra perspetiva é

omitida, estou-me a referir às experiências das mulheres negras que voltam a ser

esquecidas, tal como nos estudos subculturais. Não só as jovens negras são esquecidas

nestes estudos, mas também as raparigas em geral, assim como a cultura juvenil gay, ou

até mesmo os/as jovens portadores/as de deficiência.

Tendo em consideração a outra vertente do serviço educativo que pretende

abordar a problemática em torno deste grande grupo da Juventude, torna-se essencial

abordar a questão dos processos de transição, uma vez que esta dimensão do serviço

representa um recurso para a consolidação da minha vertente. Pois, «os processos de

transição juvenis para o mundo adulto, não [abandonaram] por completo os estatutos de

passagem mais tradicionais, sofreram novas actualizações na medida em que «o terreno

em que as transições têm lugar é de natureza cada vez mais labiríntica»» (Pais, 2006, cit

in Silva, 2008).

A transição não linear que verificamos hoje encontra-se muito associada ao que

Beck (2000) intitula por «sociedade de risco». Esta remete-nos para uma fase da

sociedade na era moderna onde os riscos de ordem social, política, económica e

individual não são alvo de análise pelas diferentes instituições responsáveis pela

proteção e monitorização da sociedade (Beck, 2000). Deste modo, os/as jovens

confrontam-se com uma sociedade que já não lhes oferece uma base sólida de

segurança, mas sim uma imprevisibilidade e capacidade de lidar com o acaso, com a

incerteza perante o futuro. Isto porque, «(…) a sociedade de risco, para além dos «riscos

globalizados» que afectam todos os indivíduos e todas as sociedades, torna os

indivíduos vulneráveis a uma forma de exclusão social que tem como veículo a invasão

dos «eus» por relações sociais globalizadas e baseadas na distribuição diferenciada do

poder» (Magalhães e Stoer, 2005: 64). Esta vulnerabilidade reflete-se numa trajetória

para a vida adulta, já não caracterizada pela normalidade, mas sim por trajetórias

34

atípicas que integram uma maior responsabilidade individual. «Se na modernidade,

marcada pela linearidade, as regras são seguidas, na pós-modernidade, marcada pela

não-linearidade, está-se perante uma organização da acção que se baseia no «rule-

finding» (Lash, 2003 cit in Silva, 2008). Ou seja, «hoje, essa trajectória biográfica,

capaz de garantir um percurso previsível para o ingresso na vida adulta, constitui não

mais a regra, mas a exceção» (Leccardi, 2005:48).

Percecionado o meu ponto de vista e a minha experiência enquanto jovem,

considero que a ideia de uma transição para o mundo adulto, a ideologia de um

momento que faz o corte com uma fase de vida, se encontra cada vez mais dissipada.

Isto porque, e olhando para a realidade de hoje, onde os/as jovens se encontram cada

vez mais dependentes dos seus pais, devido à escassez de atividade profissional, ou por

outro lado, pela escolaridade cada vez mais prolongada e necessária, somos

confrontados/as com um processo de transição adiado. Pois, se regredirmos um pouco

no tempo, encontraríamos momentos de marca, que significavam o corte com a

realidade jovem, o casamento, a entrada no mercado de trabalho, a saída da casa dos

progenitores são alguns exemplos disso mesmo.

Os acontecimentos retratados já não se tornam tao significativos, ou melhor, na

sua maioria encontram-se em decadência ou cada vez mais longínquos no tempo. Por

este facto, olho a minha transição para o mundo da adultez como cada vez mais distante,

como um futuro adiado, devido às condições económicas e sociais em que nos

encontramos enquanto sociedade. Todavia, também me questiono se este processo se irá

concretizar mas de várias e distintas formas, algures distantes dos acontecimentos reais,

concretos já mencionados.

De facto, «imbrincado nas dinâmicas da modernidade, o processo de

globalização tem também induzido profundas transformações sociais, através da

intensificação das relações entre as populações dos diferentes locais do mundo»

(Guerreiro e Abrantes, 2007: 17). Tendo em conta Giddens, existe uma influência entre

o global e local, existindo uma forma de compressão dos espaços aproximando assim os

locais. Logo, confrontamo-nos com a necessidade de pensar as juventudes tendo em

conta escalas globais, uma vez que os/as jovens movem-se «(…) hoje num quadro

global, a verdade é que os modelos culturais e as dinâmicas do mercado de trabalho

continuam a demonstrar acentuadas variações consoante o país e o local» (Banks e

outros, 1992 cit in Guerreiro e Abrantes, 2007).

35

O processo de globalização, para além de todas as transformações que provocou

nos processos de transição dos jovens para o mundo da adultez, produziu algumas

agitações no mercado de trabalho tendo consequências nas transições juvenis.

A juventude, este conceito, tem surgido muito associado às questões de crise. De

acordo com Sérgio Grácio, esta crise juvenil surge relacionada com três tipos de fatores,

«(…) em primeiro lugar uma série de consequências da escolarização, em seguida do

desemprego juvenil e, por fim, de certas mudanças plausivelmente ocorridas nos modos

de socialização familiar» (Grácio, 1992: 42). Deste modo, «os jovens de hoje

confrontam-se com o desafio de se adaptarem a circunstâncias de vida mutáveis – o que

pressupõe uma capacidade de ajuste, um domínio da arte da pirueta, um saber caçar

oportunidades, uma mão cheia de perícias para ultrapassar a contradição entre a

calculabilidade e a qualidade do fortuito» 14

.

Em consenso com as trajetórias não lineares vividas hoje pelos/as jovens, a

inserção no mundo do trabalho já não se constitui de uma forma permanente nem

resultante de uma boa qualificação dos indivíduos, o que podemos verificar é a

realidade da precariedade que cada vez mais afeta o campo juvenil.

A juventude enfrenta este problema, pois «(…) falar de inserção profissional

dos jovens é falar de um problema social novo; é falar de integração profissional, social,

cívica e simbólica; é, por último, falar de inclusão» (Alves, 2008: 89).

O problema social da inserção laboral no campo juvenil traz consigo uma

modificação nas estruturas familiares, uma vez que os/as jovens ficam dependentes

economicamente de seus pais até mais tarde, devido a esta dificuldade acrescida de

encontrar o seu lugar no mundo profissional, bem como na futura mas demorada

constituição do próprio ceio familiar. «(…) Os jovens adquirem um novo estatuto, a

“semi-dependência”, em que dependem economicamente dos pais (…)» (Furlong e

Cartmel, 1997; Nilsen e outras, 2002 cit in Guerreiro e Abrantes, 2007).

Surgem hoje em dia, apesar dos vários pontos menos positivos das perspetivas

em relação às culturas juvenis, diversas abordagens com as quais o meu pensamento vai

de encontro, e onde se pretende analisar as novas formações de culturas juvenis que

tentam não se centrar nos desvios, e que têm em atenção dimensões como o género,

etnia, a própria geografia. Desta forma, a noção aqui defendida não reduz este conceito

a um simples grupo denominado juventude, mas sim a grupos diversos, com

14 Pais, Machado (2011) disponível online em: http://p3.publico.pt/actualidade/sociedade/763/arte-da-pirueta

36

características próprias e onde a melhor denominação se centra no plural do conceito –

Juventudes.

Esta última ideia que me permite ter em consideração, nas várias atividades que

auxiliaram a idealização do serviço educativo, de que os/as jovens não partilham entre si

os mesmos interesses, os mesmos gostos, objetivos, e que portanto as dinâmicas

deverão ser caracterizadas pela diversidade alargando o seu campo de atuação.

2.1.3. A intimidade na heterogeneidade das juventudes: passado e presente

A ideia de uma heterogeneidade presente nas transições dos/as jovens para a

vida adulta, ou até mesmo nas várias formas de vivenciar este tempo de vida podemos

encontrar estes diferentes caminhos dentro do próprio ceio do desenvolvimento da

intimidade. Visto a intimidade representar uma dimensão histórica influente nos

processos de transição juvenis e relevante para a representação do serviço educativo no

PAFT, é importante neste momento fazer uma referência a estas vivências de foro

intimo. Neste sentido, o recente desenvolvimento do planeamento familiar contribuiu

em grande medida para o controlo dos nascimentos no seio familiar. Esta conceção de

sexualidade descentrada da necessidade de reprodução assume-se como uma

“sexualidade plástica”, sendo marcada por uma fácil transição entre relações sem

compromisso. «Pela primeira vez, para uma massiva população feminina, a sexualidade

podia estar separada do ciclo crónico de gravidez e parto» (Giddens, 1996: 19). Esta

ideia associada à difusão dos ideais do amor romântico revolucionou as práticas e

dinâmicas familiares. Contudo, importa ressaltar o facto de hoje em dia esta conceção se

encontrar num processo de fragmentação sob a pressão da emancipação e da autonomia

sexual feminina. O espaço da casa privatizou-se demarcando-se do contexto de trabalho,

tornando-se num «(…) lugar no qual os indivíduos podiam esperar apoio moral, por

oposição ao carácter instrumental do meio profissional» (idem).

Perante a separação entre a casa e o local de trabalho, o poder patriarcal exercido

nas relações familiares entrou em declínio na fase final do século XIX. Nesta linha de

pensamento, a ênfase crescente na importância do envolvimento emocional entre pais e

filhos atenuou o uso desse poder. Dito isto, «o controlo das mulheres sobre a educação

dos filhos foi crescendo à medida que as famílias se tornaram mais pequenas e as

crianças começaram a ser consideradas vulneráveis e necessitadas de educação

emocional (…)» (idem: 29). Este facto contribuiu para uma mudança interna nas

37

relações familiares, pois verificou-se um maior controlo da figura feminina pelos seus

filhos, encontrando-se a afeição materna acima da autoridade paterna.

De acordo com o autor, na Europa pré-moderna, a maioria dos casamentos eram

estabelecidos com base na negociação tendo em conta fatores económicos, e não como

pressuposto a atração sexual mútua. Devido a estas transformações que a sociedade foi

vivenciando ao longo do tempo, os casamentos na atualidade já são realizados com base

num conjunto de sentimentos, entre os quais a própria atração sexual, sendo que os

casamentos combinados caíram em desuso. Desta forma, foram-se também abrindo

caminhos para que, nos tempos de hoje, já sejam permitidas as uniões legais entre

indivíduos do mesmo sexo.

Verificam-se hoje em dia alterações ao nível do parentesco resultantes do

surgimento de instituições modernas que levaram a família para um “cenário de

isolamento”. «As relações de parentesco eram geralmente consideradas uma base de

confiança garantida; actualmente, a confiança tem de ser negociada e discutida e o

compromisso é tanto um problema quanto nas relações sexuais» (idem: 68).

Com todos estes fenómenos de mudança, as famílias recompostas surgem em

resposta à rutura das relações de uma família nuclear através do divórcio. Este que é

inegavelmente uma crise pessoal, que envolve dor e perda. No entanto, muitas pessoas

tomam atitudes para ultrapassar positivamente esses obstáculos (Elliott, 2009). Este

aspeto é uma das características mais preponderantes da relação pura, porque se

porventura ambos os parceiros estiverem descontentes com a sua relação, isto é quando

a intimidade já não se encontra em desenvolvimento, esta pode ser terminada.

No período histórico correspondente à Segunda Guerra Mundial, ambos os sexos

valorizavam o facto de uma rapariga preservar a sua virgindade até ao fenómeno do

casamento. «(…) A reputação sexual das raparigas residia na sua habilidade para resistir

ou conter avanços sexuais, a dos rapazes dependia das conquistas que conseguiam

consumar» (Giddens, 1996: 7).

Atualmente, com a modernização, apesar de esta ideia ainda permanecer muito

enraizada nas culturas ocidentais, segundo o autor apontado, a forma de encarar a

sexualidade mudou radicalmente. Posto isto, «a maior parte dos indivíduos, mulheres e

homens, chegam actualmente ao casamento trazendo consigo um fundo substancial de

experiência e de conhecimento sexual» (idem: 8).

A partir dos diferentes processos de viver a intimidade, mais uma vez é refletida

a ideia da heterogeneidade que marca o “ser Jovem”, pois «há pois que tentar, desde

38

logo, caracterizar sociologicamente a diversidade juvenil [para tal], recorre-se à noção

das inserções objetivas diferenciadas que sujeitam os jovens a diferentes processos de

socialização» (Nunes, 1998:1).

Capitulo III: transformar um espaço de memória num lugar educativo

3.1. Dimensão educativa de um serviço

Perante este sentido abrangente de juventudes, parece-me neste momento

conveniente centralizar a minha reflexão na problemática dos serviços educativos. Desta

feita, «o aparecimento acelerado de serviços educativos por todo o país é um facto que

não pode ser ignorado»15

, o crescente desenvolvimento destes serviços iniciaram um

movimento de mediação entre o público a as instituições de carácter cultural, com o

objetivo de criar uma maior dinâmica nestes espaços, aumentando as visitas a estes

locais e fomentando novas aprendizagens. Embora nos encontremos num momento de

crise económica e social no nosso País, «(…) o exercício de adaptação a que ela nos

obriga é de alguma forma uma oportunidade de reflexão, sempre útil e mesmo

indispensável» (Vasconcelos, 2011: 7). Por este facto, apesar das condições adversas

que nos rodeiam, os serviços educativos permanecem como relevantes no cerne de uma

instituição que se caracteriza com uma missão educativa, pois é «consensual o

entendimento dos mesmos como territórios de participação, que visam uma mediação

significativa entre a colecção/exposição e os seus visitantes, promovendo momentos de

encontro, reflexão e construção de conhecimentos, considerando as múltiplas formas de

aprender, de ver e de sentir» (Barriga, 2011: 2).

Por todas as características inerentes aos serviços educativos estes «(…) têm

vindo a ocupar, desde meados do século XX, um papel fundamental nas instituições

culturais, mais especificamente nas de carácter museológico»16

. De facto, a preocupação

com a construção deste tipo de serviços remete-nos para os anos 60, mas só na década

de 80 este tipo de estruturas começam a ter visibilidade em instituições como museus,

«(…) contudo, mais de uma forma esporádica e espetacular do que como uma política

integradora do museu com a comunidade» (Felgueiras, 2000: 71). Precisamente nos

15

Comunicação- Rede Nacional de Serviços Educativos 16

Jornal do Museu dos Transportes e Comunicações, 2003: 4

39

anos 80 os serviços educativos, mais especificamente os dos museus do Estado assistem

à, legitimação, «(…) da sua categoria criada por despacho de Decreto-Lei nº 45/80, que

menciona: “Cria-se nos quadros dos museus do estado a carreira de monitor do serviço

educativo, atribuições: o monitor colabora na acção cultural do museu, exercendo junto

do público, funções de educação, animação e informação”» (Moura, 2011: 6).

A questão do educativo, da acção educativa, transparece como permanente e

relevante para se pensar as dinâmicas destes serviços. Ou seja, para a criação de um

serviço onde se pretende transmitir uma série de conhecimentos, que seja dinamizador

de uma série de atividades marcadas pela dimensão educativa, não poderia deixar de

aprofundar um pouco mais este campo.

No seguimento da última ideia, «a apropriação pelo sujeito do sentido educativo

de uma acção pode ser realizado de diferentes formas, o que torna ainda mais difícil

afirmar, observar e definir uma acção como educativa» (Almeida, 2003: 102). Isto é,

construir um serviço que se destina a dinamizar ações educativas que permitam uma

transmissão da mensagem identificativa de uma instituição, neste caso em concreto da

exaltação de uma noção de jovens empreendedores onde seja possível estabelecer uma

ponte entre estes e o mercado de trabalho, valorizando a criatividade e o mundo

artístico, deve ser pensado segundo algumas orientações que possibilitem uma absorção

de aprendizagens por parte de todo o tipo de público, neste caso em concreto

predominantemente jovem. Tendo em conta especialmente o público juvenil, que mais

povoa a instituição em causa, de acordo com o Livro Branco da Juventude, as

aprendizagens e a «(…) a educação deverá ser plural e oferecer um amplo leque de

métodos e modos de aquisição das competências e instrumentos necessários à formação

(…)» (2001 : 34). Ou seja, no âmbito de um serviço educativo a educação não deverá

ser, no meu ponto de vista, um reflexo de uma educação escolar, uma vez que também

«é nos seus quotidianos que os/as jovens procuram formas originais de fazer o seu lugar

no mundo, ou melhor, de não perder o seu contacto com o mundo e com os/as

outros/as» (Silva, 2008:20).

A educação de carácter mais formal não se revela como a melhor opção para

pensar a problemática do educativo neste tipo de serviço. Uma vez que uma educação

deveras formal poderá opor-se «(…) a uma educação que promova formas múltiplas de

expressão cultural e o desenvolvimento interior de cada um, as suas faculdades e

potencialidades, que torna cada um diferente, único» (Almeida, 2003: 21). Logo, em

contextos educativos não-formais «(…) são as experiências pessoais e sociais, bem

40

como as vivências significativas e mobilizadoras que justificam a sua existência e

importância no âmbito das sociedades contemporâneas» (Trindade e Cosme, 2008: 23).

As ações educacionais que caracterizam os serviços educativos envolvem de uma certa

forma uma dimensão onde se encontra patente «(…) a vontade de transmitir e a de

construir conhecimento, de nos tornarmos membros de um grupo e de nos

autonomizarmos como sujeitos, sendo nesta dupla relação de semelhante e de diferente

que nos tornamos portadores, reprodutores e produtores de cultura» (Almeida, 2003:

21).

Os serviços educativos procuram aproximar-se «(…) progressivamente das

indústrias culturais, oferecendo experiências atrativas a um visitante que procura cada

vez mais o prazer através do consumo de imagens, ideias e experiências» (Peralta, 2008:

373).

3.2. A criatividade na origem de um serviço

A criatividade e inovação na criação das atividades envolventes neste serviço

poderá ser focal para o sucesso do mesmo, pois «embora a educação haja negligenciado

a criatividade no passado, seria insensatez descambar para o extremo oposto e exaltá-la

em detrimento da disciplina mental e do domínio do assunto que deve ser estudado»

(Kneller, 1978: 105). Mas o que se entende por ser criativo? O que é a criatividade?

Segundo o autor anteriormente mencionado, toda a conceção de criatividade deve

incluir a dimensão da novidade, ou seja o ato de criar provem da descoberta e expressão

de determinada ideia. Para além disto, a criatividade associa-se muitas vezes a uma

forma de solucionar problemas. Isto porque, «alguns psicólogos sustentam que a

criatividade é apenas um tipo especial de solução de problema, marcado por traços

como novidade, persistência e extrema dificuldade em formular o problema» (idem:

23).

Tendo ainda como referência Kneller, existem uma série de condições que

devemos ter em conta no ato criativo. Assim, uma delas remonta para a recetividade,

uma vez que as ideias criativas não podem ser forçadas e não poderão surgir se não

existir recetividade por parte do sujeito. Uma segunda condição essencial foca-se na

questão da imersão no sentido em que o sujeito «(…) nutre de ideias a imaginação;

robustece a mão do criador, oferecendo-lhe uma gama de abordagens em relação ao

problema (…)» (idem: 74). Outras características como a dedicação à criação a

41

imaginação na produção de ideias, assim como a interrogação no momento criativo

surgem como fundamentais. A concretização de erros ao longo do momento criativo

potencia também o caminho a encontrar para a solução e criação. Posteriormente à

passagem por todas estas condições inerentes ao ato de criar a própria obra ganha vida e

«(…) transmite suas próprias necessidades ao criador» (idem: 77).

Capitulo IV: revivendo memórias para pensar o futuro

Tomando em consideração esta perspetiva a noção de cultura surge como ponto-

chave no âmbito do campo de um serviço educativo. Desta forma, é importante

debruçar-me sobre o que é a cultura? De onde surge este conceito? A origem desta

noção encontra-se associada às sociedades rurais, mais especificamente a acção do

cultivo dos campos, sendo mais tardiamente, por volta do século XVII, ligado ao cultivo

do espírito. «Ou seja, refere-se sobretudo a formas de pensamento, ao mundo das ideias,

ao imaterial expresso em formas e criações muito específicas e de grande beleza e

perfeição» (Felgueiras, 2010: 18). Assim sendo, «o termo de Kultur, no sentido

figurado, surge na língua alemã no século XVIII e parece ser a transposição exacta do

termo francês» (Cuche, 1999: 31). Contudo, este termo vai evoluindo de uma forma

muito rápida chegando ao que Cuche (1999) intitula de culture, mesmo estando em

causa e mais em voga o conceito de civilisation.

A noção de cultura «(…) na pena dos investigadores franceses permanecia de

um modo geral, ligado, à sua acepção tradicional no campo intelectual da nação: referia-

se apenas ao domínio do espírito e era entendido num sentido elitista restrito e num

sentido individualista (…)» (Cuche, 1999: 47). Todavia, «entra em concorrência com

outro conceito, do século XVIII, o de civilização» (Felgueiras, 2010: 18), este último

que permitia às sociedades se diferenciarem entre si, entre os vários grupos

diversificados que as compõem. Não só o conceito de cultura se generaliza e alarga no

seu sentido mais amplo como a própria noção de civilização começa a englobar «(…)

grandes conjuntos culturais de geografia variável, diversos mas exibindo alguns traços

culturais comuns» (Felgueiras, 2010: 19). Importa aqui destacar que Émile Durkheim,

por raras vezes utilizava o termo cultura nas suas obras, sendo este traduzido para

civilisation. Contudo, esta questão não revela na sua origem um desinteresse pelas

questões culturais, muito pelo contrário, para este autor «(…) os fenómenos sociais têm

42

necessariamente uma dimensão cultural uma vez que são também fenómenos

simbólicos» (Cuche, 1999: 48).

Não poderia falar no conceito de cultura sem me referir à estreita ligação entre

esta e a língua. De facto Herder (1774), foi um dos autores que mais usava de forma

sistemática a noção de “cultura” baseando «(…) a sua interpretação da pluralidade das

culturas numa análise da diversidade das línguas » (Herder, 1774 cit in Cuche, 1999).

Sendo as culturas pautadas por relações sociais, é possível no cerne do conceito

de cultura identificar diversas aceções da mesma. Dito isto, a cultura dominante

caracterizada por uma normatividade gozando do poder de decisão e de prestígio das

elites. Ou seja, tal como Marx ou Weber o afirmaram a cultura das classes dominantes

será sempre a cultura dominante, logo «(…) falar de cultura “dominante” ou de cultura

“dominada” é, portanto, recorrer a metáforas; na realidade o que existe são grupos

sociais, que mantêm entre si relações de dominação e de subordinação» (Cuche, 1999:

104). De uma forma um pouco distinta de perspetivar a cultura as culturas populares,

contrapondo as culturas dominantes, pretendem estabelecer especificações locais,

baseadas em relações diretas, onde o poder não assume a centralidade, todavia surge

como uma forma de manipulação das culturas dominantes. No cerne das culturas

populares considero relevante relembrar a metáfora do bricolage de Lévi-Strauss

(1962), esta que «(…) conheceu rapidamente um grande sucesso e foi alargada a outras

formas de criação cultural (…) o modo de criatividade próprio das culturas populares»

(Certeau, 1980 cit in Cuche, 1999).

Para além da cultura dominante e popular, é pertinente destacar a cultura

operária que se protagoniza pelo seu papel de desvalorização onde a questão do

consumo e produção se revelam como focais. Olhando desta forma, o cliente como

objecto secundário, esta padronização do objecto leva-nos a uma integração dos

consumidores a partir de cima direcionando-nos para uma indústria cultural.

De uma outra aceção de cultura falamos em Cultura de Massas, que nos

direciona mais propriamente para os anos sessenta, onde «Edgar Morin (1962) por

exemplo, [acentua] sobretudo o modo de produção dessa cultura, que obedece aos

esquemas da produção industrial de massa» (Cuche, 1999: 111). A cultura de massas

dirige-nos para um novo conceito o de consumo, assim como para uma componente

pautada pela massa e pelo domínio popular.

Olhando para este conceito de cultura de uma forma universalista e

antropológica, Edward Tylor (1871), reflete sobre esta como «(…) todo o complexo que

43

compreende o conhecimento, as crenças, a arte, a moral, o direito, os costumes e as

outras capacidades ou hábitos adquiridos pelo homem enquanto membro da sociedade»

(Tylor, 1871 cit in Cuche 1999).

4.1. Tradição e Cultura: pertinências sociais

Pensando em cultura não poderia deixar de mencionar a sua prolongação ao

longo do tempo que poderá ser encarada através daquilo que denominámos por

tradições. Contudo este conceito tem sido atravessado por uma série de inúmeras noções

como a de paradigma de Thomas Kuhn, onde para este «um paradigma é aquilo que os

membros de uma comunidade partilham e, inversamente, uma comunidade científica

consiste em homens que partilham um paradigma» (Kuhn, 1997: 219). Um outro

conceito assenta na reprodução cultural que nos transmite a ideia de transmissão de

princípios, normas e valores culturais de geração em geração através do habitus ou seja

«(…) de esquemas geradores de classificações e de práticas classificáveis que

funcionam na prática sem chegar à representação explicita, e que são o produto da

incorporação, sob a forma de disposições, duma posição diferencial no espaço social»

(Bourdieu, 1991: 114). Pode falar-se em tradições através de ordem social com Marshall

(1980) ou de memória cultural, ou seja «no campo intelectual, sempre há concorrência

entre conceitos e, na última geração, a memória venceu e a tradição perdeu» (Burke,

2007: 13). Tradição levanta consigo outras questões como o problema da pureza da

verdadeira autenticidade de uma tradição e o problema da inovação num momento

tradicional. Contudo, estes dois problemas poderão ser visualizados como algo positivo,

uma vez que para promover a cultura e a sua prolongação ao longo de gerações não

podemos ficar presos a uma unificação de culturas mas sim incorporando o passado e o

presente marcado pela inovação.

«Esta variedade de culturas ou grupos culturais indica uma segmentação, uma perda de

universalidade, mas simultaneamente, supõe em si mesmo a existência de uma unidade, de um

fundo comum como atributo humano geral, emergente da sociedade humana, ainda que cada

vez mais implícito e difícil de delimitar» (Felgueiras, 2010: 22).

Olhando para uma preservação do passado que contemple o futuro a tradição

deve-se reconfigurar «(…) agora para se adaptar às novas contingências sociais,

44

políticas e culturais que caracterizam a contemporaneidade, combinando formas novas

com antigas formas de imaginar a diferença» ( Peralta, 2008: 37).

4.2. Cultura Material: pertinências educativas

Voltando ao mundo cultural é importante salientar que «devemos à escola

“cultura e personalidade” o ter posto em evidência a importância da educação nos

processos de diferenciação cultural» (Cuche, 1999: 70). Todavia, e agregada ao

conhecimento e trabalho exercido pelos arqueólogos, historiadores, o conceito de

cultura adquire uma nova dimensão, a da materialidade. Assim, «(…) a noção de

cultura material define cultura como “conjunto de resultados materiais, fruto de ações

distintas inspiradas por uma mesma tradição”» (Felgueiras, 2005: 93). Neste sentido,

surge como central a conceção de cultura escolar que se revela persistente na

Conferência da ISCHE em Lisboa, tornando – se esta questão um dos alvos primordiais

da História da Educação (Felgueiras, 2005). Segundo Nóvoa (1992) o espaço escolar,

«(…) o currículo estruturado por níveis de ensino e corpo profissional especializado

seriam os três elementos indispensáveis para a constituição de uma cultura escolar (…)»

(Nóvoa, 1992 cit in Felgueiras, 2010).

Por inúmeras vezes nos focamos nas competências a desenvolver nos alunos,

nos resultados dos testes tão cuidadosamente preparados, nos conhecimentos que o

currículo escolar espera ver desenvolvidos, esquecendo-nos dos instrumentos que

compõem a realidade escolar. Quer isto dizer, que «o olhar desvia-se dos sujeitos,

alunos e professores, das escolas, dos materiais didácticos e escolares, do recreio, da

cantina, do gabinete médico (…) [não se vendo] o livro nem os processos concretos de

trabalho escolar» (Felgueiras, 2005: 96). Melhor dizendo, esta cultura material escolar

eleva o educativo a atrair a atenção para outras dimensões mais “físicas” e práticas que

são essenciais para o reviver das nossas memórias educativas, até no sentido de as

transportar para o presente. Pois, dá atenção aos pequenos factos que constroem a vida

quotidiana das escolas e que se desenvolve num contexto material passível de ser

inventariado. Assim, «(…) falar de cultura material da escola é mudar o foco da

atenção, é atrair o olhar para os conjuntos escolares (…) (idem: 97).

Salientando o olhar numa perspetiva mais contemporânea e antropológica de

cultura, encontramos uma significação mais descritiva do conceito. Pois, segundo os

antropólogos a cultura remete-nos para uma dimensão como «(…) todo o complexo que

45

compreende o conhecimento, as crenças, a arte, a moral, o direito, os costumes e as

outras capacidades ou hábitos adquiridos pelo homem enquanto membro da sociedade»

( Tylor, Edward B. 1999 cit in Felgueiras, 2010).

4.3. Património e identidade: construção de visões do mundo

O património «(…) o testemunho da cultura e das identidades de cada momento,

um elo de continuidade entre as gerações/comunidades que ao longo dos tempos

ocupam um território e também o elo de continuidade na relação entre uma comunidade

e a outras vizinhas, amigas ou adversas» (Sousa, 2009: 99), toma um lugar de destaque

na idealização de um serviço que se pretende educativo.

Quando nos referimos a património não nos encontramos a falar de herança, ou

seja existe uma distinção entre estes dois conceitos chave, que irá ser explicitada mais à

frente. Neste sentido, a conceção de património, «na sua forma hodierna, a noção de

património cultural remonta aos finais do século XVIII, no contexto social despoletado

pela Revolução Francesa, cabendo no seu domínio os monumentos históricos,

designadamente os vestígios da Antiguidade, os edifícios religiosos da Idade Média e

alguns castelos (Choay 2006 cit in Cabral 2009). Para além disto, e segundo a pesquisa

realizada, este conceito no seu sentido etimológico deriva de «(…) patrius, e este de

pater, e de monium, (…) que tem que ver, segundo o direito romano, com o poder

masculino, pátrio, e com a sua herança paterna (…)» (Magalhães, 2005:21).

O conceito remete-nos para uma série de bens, que seriam transmitidos de

geração em geração, isto é, tendo como um conceito mais atual de património falamos

«(…) [num] bem que pode ter maior ou menor valor de mercado, mas que é considerado

fundamental, inalienável tanto pelos valores que se lhe atribuem e o explicam, como

pelo sentimento de um laço comum, de uma riqueza moral» (Felgueiras, 2005: 92). Por

vezes torna-se comum também representar-se mentalmente, no nosso campo intelectual

aquilo que consideramos património (Bourdieu, 2002 cit in Margarido, 2009).

Se num tempo nos referíamos a um conjunto de bens de valor local, ou até

mesmo nacional, hoje em dia e através da UNESCO, estamos a dirigimo-nos para uma

conservação de um património além fronteiras, como resposta a uma reconstrução do

património cultural, essencialmente na Europa devido à onda de destruição das duas

grandes guerras. Assim, estes elementos que constituem um património possuem «(…)

“um valor universal excepcional” [merecendo] ser especialmente protegidos contra os

46

perigos cada vez maiores que os ameaçam»17

. Através desta organização pode-se

destacar três diferentes convenções: a Convenção para a Protecção do Património

Mundial, Cultural e Natural. UNESCO. Paris, 1972; uma outra Convenção para a

Salvaguarda do Património Cultural Imaterial. UNESCO. Paris, 2003; e por fim

Operational Guidelines for the Implementation of the World Heritage Convention.

UNESCO. Paris, 2008. «”Património Mundial” é uma classificação atribuída pela

UNESCO, com o objectivo de recuperar, proteger e defender a herança cultural e

natural do nosso planeta»18

.

Saliento aqui alguns dos parâmetros deveras importantes para uma candidatura a

património cultural imaterial, uma vez que nos remete para uma das convenções mais

recentes da UNESCO, e talvez mais complicadas de formalizar. Assim sendo, tendo

como base Clara Bertrand Cabral (2009: 17/18), a UNESCO enumera alguns pontos

chaves tais como: Tradições e expressões orais, incluindo a língua como vector do

património cultural Imaterial; Artes do espetáculo; Práticas sociais, rituais e eventos

festivos; Conhecimentos e práticas relacionadas com a natureza e o universo; Aptidões

ligadas ao artesanato tradicional. É possível classificar o património em cultural ou

natural. Isto é no património cultural engloba-se tudo aquilo que foi construído ou

modificado pelo ser humano, como por exemplo, em termos materiais os edifícios, os

monumentos, ou em conceções imateriais as tradições culturais, ou por sua vez mistos

uma combinação material e imaterial. Relativamente ao património natural estão

incorporadas todas as paisagens e construções naturais que não tenham sido construídas

de base, nem alguma vez alteradas pela “mão” do Homem.

Quando é que um “objecto” se torna património cultural? Para se conceber esta

distinção, se assim podemos dizer, um objecto tem de possuir um valor de mercado,

assim como um valor de carácter afetivo, tornando-o desta forma insubstituível e que

possuem uma série de memórias que o tornam um testemunho de uma época, de um

momento, de uma tradição. Esta questão do património é trazida para debate mais

diretamente relacionada com a relevância que o próprio edifico do Palácio das Artes,

neste caso em concreto, pode exercer na intenção de promover atividades dinâmicas de

carácter cultural que permitam difundir a própria história do local onde o serviço

educativo se centra. Isto porque, «(…) a metamorfose de certos edifícios e a edificação

de outros, dotados de uma monumentalidade que lhes concede valor, mais pela sua

17

SRU, Porto Vivo, 2010: 19 18

Projeto SRU, Porto Vivo, 2010: 47

47

estrutura arquitetónica do que pelas coleções que albergam, serve, atualmente, como

uma importante marca cultural do espaço comunitário (…)» (Magalhães, 2009: 68).

Mas neste momento a pergunta impõe-se, onde se encontra a dimensão

educativa presente nesta área de arquitetura e do espaço físico? De certa forma, o

espaço não se caracteriza pela neutralidade e segundo esta visão «(…) ele sempre educa

(…)» (Frago e Escolano, 1998: 75), pois «(…) todo educador, se quiser sê-lo tem de ser

arquiteto» (ibidem). Posto isto, o espaço é um lugar que é alvo de diversas perceções e

consequentemente «a perceção é um processo cultural» (Frago e Escolano, 1998: 78).

Num momento anterior da problematização foi mencionada uma distinção entre

património e herança que neste momento faz todo o sentido explicar após esta

abordagem genérica ao conceito de património. De facto, herança deveria constituir

segundo alguns autores uma fortuna, um bem interno que pertencia ao ceio de uma

família. Contudo e transportando para a dimensão educativa, esta herança inclui «(…)

todos os edifícios, o mobiliário, os materiais didácticos, os materiais dos alunos, os

elementos decorativos e simbólicos presentes nas escolas (…)» (Felgueiras, 2005: 92)

entre outros.

O conjunto de heranças educativas trazem consigo uma névoa de memórias, que

poderão e deverão ser pautadas pelo elemento educacional. Assim, estas memórias, este

conceito polissémico que procura «meio de recordar e de mensagem (recordação)»

(Alves, 2009: 58) possibilitarão novas visões da realidade, onde «(…) o passado só

existe em função de um presente, que o constitui como passado, “re-evocando” a sua

actualidade» (Felgueiras, 2005: 89). Logo, «património é qualidade e memória. Sem

qualidade, intrínseca ou circunstancial, não haverá fundamento para que um

testemunho-memória tenha de ser conservado» (Almeida, 1993:411).

As memórias, tanto a nível social como cultural, remetem-nos a uma releitura da

realidade de acontecimentos marcadamente passados e presentes, de certa forma, assim

é importante salientar a questão da memória coletiva onde o objetivo central daquele

grupo em questão tem como função última manter a identidade do mesmo

(Felgueiras,2005). Neste sentido, «(…) a memória deve ser encarada sobretudo como

um fenómeno cultural, que permite estabelecer, num contexto de profundas

transformações, uma relação efectiva entre o passado, o presente e o futuro (…)»

(Peralta, 2008: 28). Todavia, surge uma questão pertinente relacionada com esta

temática de uma memória cultural que se foca na forma de como «(…) se puede evitar

48

que los museos y las ciências de la cultura se conviertan en cómplices de una

desconsiderada y bien programada liquidación de la cultura mundial» (Osten, 2008: 54).

As dimensões que tenho vindo a abordar, como a cultura, o património e as

memórias educativas e culturais, na minha opinião trazem consigo para debate o campo

da identidade. Pois, o património possui uma relação estreita entre o Homem e o meio

em seu redor e neste ponto de vista «o testemunho da cultura e das identidades de cada

momento, um elo de continuidade entre as gerações/comunidades que ao longo dos

tempos ocupam um território e também o elo de continuidade na relação entre uma

comunidade e as outras vizinhas, amigas, ou adversas (…)» (Sousa, 2009: 99). Dito

isto, a identidade de um património aproxima-nos da identidade individual pós-moderna

de que nos fala Stuart Hall (2006), no sentido em que este não possui uma identidade

única e fixa, querendo isto dizer que esta é «(…) formada e transformada continuamente

em relação às formas pelas quais somos representados ou interpelados nos sistemas

culturais (…)» (Hall, 2006: 13). Ainda mais, poderá afirmar-se que um centro histórico

se relaciona fortemente com a identidade nacional, «(…) tanto com referência de uma

comunidade de cidadãos de um mesmo espaço urbano, assim como de “imagem

resumida da cidade para o visitante”».19

O campo de um conjunto de memórias culturais, que se pretendem educativas e

tendo em mente que «se deberia formar una consciência cultural, una memoria cultural

para combatir de raíz el robô de antigüedades, la degradación de la cultura a mera

mercancía» (Osten, M. 2008: 54), não poderão estar dissociadas dos desenvolvimentos

artísticos que «(…) não [pré-anunciam] um corte radical com o passado, de cujo

conhecimento necessita-mos para suscitar e motivar o aparecimento do futuro»

(Sardinha, 2006: 21). Pois, «(…) o passado está sempre em nós enquanto memória do

futuro» (Sardinha, 2006: 21), ou seja, arte e todos estes movimentos reprodutivos de

cultura não poderão deixar de estar associados aos acontecimentos passados para de

certa forma pensar as dinâmicas artistas do futuro.

19

SRU, Porto Vivo, 210: 74

49

Parte III

Opções metodológicas de intervenção

50

Capítulo I: desfolhando o contexto da ação numa intervenção – orientações

epistemológicas

Neste lugar serão dados a conhecer os diferentes passos metodológicos que

constituem uma intervenção passando pela conceção de um projeto, filosofia de

intervenção a ele inerente e passos metodológicos de intervenção pelos quais se optou.

Ou seja, neste capítulo será o momento para refletir e tomar opções e posições

em relação à forma de produção de conhecimento científico, assim como discutir o

conceito de ciência, tendo por base vários autores relevantes neste campo. Pois, esta

reflexão em torno dos paradigmas científicos revela-se preponderante no sentido de

como influenciam o olhar sobre os contextos e fenómenos sociais com os quais me

deparei. Para além desta dimensão teoricamente discutida, será alvo de análise os

métodos e técnicas utilizadas na elaboração e construção deste projeto de carácter

interventivo, uma vez que o «(…) método é etimologicamente, o caminho que nos leva

a um certo ponto, e a passar para além dele e, portanto, a ultrapassar uma dificuldade»

(Boavida e Amaro, 2006: 39).

A ação que caracterizou o período de estágio dirigiu-se por uma metodologia de

intervenção pautada pela comunicação, compreensão e capacidade de escuta para com

os/as participantes envolvidos/as na intervenção. Uma vez que «(…) a intervenção em

situações reais e a construção de mudança através de novas práticas assumidas por todos

os “actores da cena educativa” [implica] a criação de uma dinâmica relacional que

[facilite] a mudança de atitudes (…)» ( Benavente; Costa e Machado, 1990 : 3). Deste

modo, iria ser possível ir «de encontro a uma leitura e interpretação da realidade sócio-

educativa, numa perspetiva multidimensional, mobilizando o espírito científico, crítico

e reflexivo» (Pinto, 2008: 45). Neste sentido, adotou-se no que toca ao pensamento e

ideologia da intervenção uma postura de intervir com os/as jovens e não para os/as

jovens. Este facto remete para a filosofia do “amigo crítico”, isto é auxiliar os jovens a

pensar sobre as situações e a tomar as suas próprias decisões (Leite, 2002). Assim,

intervir num determinado contexto implica um conhecimento, uma investigação acerca

do mesmo, onde as visões acerca da produção de conhecimento, dos paradigmas

científicos moldam a minha perceção do contexto de intervenção e dos seus fenómenos

envolventes.

Tendo em consideração que, segundo Kuhn (1997), a ciência evolui através de

ruturas, ruturas com o paradigma vigente, importa primeiramente perceber o que é então

51

um paradigma? Segundo o autor mencionado «um paradigma é aquilo que os membros

de uma comunidade partilham e, inversamente, uma comunidade científica consiste em

homens que partilham um paradigma» (Kuhn, 1997: 219). Esta visão partilhada do

mundo vai-se alterando através do que se pode designar de circularidade do paradigma.

Ou seja, a ciência normal que fundamenta as práticas de um conjunto de cientistas no

seio de uma comunidade, poderá sofrer ao longo do tempo de algumas contradições

internas que torna o paradigma “legítimo” alvo de um estado de crise possibilitando

uma mudança da visão do mundo e da realidade constituindo um pré-paradigma num

período marcado por «(…) debates frequentes e profundos a respeito de métodos,

problemas e padrões de solução legítimos (…)» (idem). Desta forma, constitui-se no

seio da comunidade cientifica um distinto e novo paradigma, uma nova forma de olhar a

realidade.

Percecionando a noção de paradigma e a sua evolução surge como central para a

produção de um projeto de intervenção, neste caso em concreto, a distinção entre dois

paradigmas. Assim, a Ciência Moderna surge em consequência de uma rutura com os

dados sensoriais e com o mito e a religião, que deixam de conseguir dar resposta aos

fenómenos. Esta assenta essencialmente no método experimental, que consiste na

observação dos factos, levantamento de um problema seguindo-se da formulação de

hipóteses, após esta elaboração o investigador passa para a experimentação e por último,

irá validar ou não as hipóteses anteriormente elaboradas. Logo, «(…) o conhecimento

cientifico avança pela observação descomprometida e livre, sistemática e tanto quanto

possível rigorosa dos fenómenos naturais» (Boaventura, 1987: 13), sendo caracterizado

pelos métodos quantitativos. O paradigma dominante baseia-se então num conjunto de

leis abstratas que resultam da generalização de observações empíricas exprimindo a

regularidade de fenómenos, existindo uma relação de causa e efeito. Esta ideia de

objetividade resulta de um «(…) conhecimento causal que aspira à formulação de leis, à

luz de regularidades observadas, com vista a prever o comportamento futuro dos

fenómenos» (idem: 16).

Por outro lado, o paradigma emergente com o qual o ponto enquadrador desta

experiência se coaduna, e com o qual pretendo adequar os meus métodos e técnicas,

surge como «(…) o paradigma de um conhecimento prudente para uma vida decente»

(idem: 37). Esta, e segundo Boaventura de Sousa Santos tem subjacente um novo

paradigma social, informa um novo senso - comum, traz uma nova conceção da

natureza e procura a aproximação das ciências sociais e naturais. Contudo, «um discurso

52

sobre a educação não deve ser um discurso de opinião; ele não é científico se não

controla seus conceitos e não se apoia em dados» (Charlot, 2006:10). Este paradigma

baseia-se numa análise qualitativa da realidade, defendendo a não neutralidade do

investigador na sua investigação. No âmbito de um eixo compreensivo, esta Ciência

Pós-moderna procura o significado dos fenómenos, coloca todos os atos na dimensão

subjetiva e opõe-se claramente à explicação linear objetivista e universalista.

Tendo em mente estas duas distintas formas de fazer ciência, irei de seguida

convocar alguns autores centrais trazendo para debate as suas ideologias quanto à

produção de conhecimento no campo científico. Primeiramente, e tomando a título

exemplificativo a ciência social como paradigma de ciência clássica, ou seja,

dominante, é fundamental trazer para reflexão Émile Durkheim. Este último que na sua

obra “As Regras do Método Sociológico” «(…) demonstra que os factos sociais são

susceptíveis de ser objectivamente estudados de igual modo que os factos naturais (…)»

(Boavista e Amaro, 2006: 80). Isto é, segundo Durkheim (2001) os factos sociais são

algo exterior ao sujeito, podendo estes ser estudados na base da objetividade e

independência, são assim comparados a coisas que podem ser observáveis. Esta

primeira regra do método sociológico segundo o autor leva-nos a considerar um facto

social como «(…) toda a maneira de agir, fixada ou não, susceptível de exercer uma

coerção exterior sobre o indivíduo (…) » (Durkheim, 2001: 39).

De uma ideologia distinta Bourdieu (2004) considera os factos sociais como

sendo potenciadores de uma construção social por todos os agentes sociais criando deste

modo diferentes realidades (Bourdieu, 2004). Desta forma, para o autor os cientistas

encontram-se em redor de um campo de forças que regula as suas ações e que produz a

objetividade.

Bourdieu apresenta ao longo da sua obra três fases distintas nas quais irei focar

essencialmente a sua segunda fase caracterizada por uma epistemologia da escuta, na

qual o livro “A Miséria do Mundo” se enquadra.

Destaco esta escuta permanente, pois ao longo do meu projeto de intervenção

tomei, sempre que me foi possível, em consideração as opiniões e interesses de todos os

intervenientes na construção e elaboração do serviço educativo no Palácio das Artes. Na

“Miséria do Mundo”, Bourdieu (2001) procurou escutar, através de uma nova forma de

realizar entrevistas, depoimentos das condições de vida de homens e mulheres. Esta

nova forma de protagonizar uma entrevista rompe com o ideal dominante de fazer

ciência, e tem em conta que «(…) quando se inicia uma relação de entrevista é em

53

primeiro lugar tentar conhecer os efeitos que se podem produzir (…)» (Bourdieu, 2001 :

695). Ou seja, numa relação entre entrevistador e entrevistado é importante ter em

mente que esta relação pode muitas vezes ser caracterizada por uma forma de violência,

a violência simbólica de que nos fala o presente autor, «(…) esforçamo-nos para fazer

tudo para dominar os efeitos (…) mais precisamente, para reduzir no máximo a

violência simbólica que se pode exercer através dele» (idem).

Outros autores que trazem consigo uma nova ideologia sobre a ciência, e que

não poderia deixar de me debruçar sobre as suas obras, são Foucault com as suas fases

arqueológicas e genealógicas, e Sandra Harding com o ponto de vista feminino perante

o conhecimento científico. Assim sendo, Foucault (1975), nomeadamente na sua obra

“Vigiar e Punir”, que aborda dimensões tão vastas como a tortura, a punição, a

disciplina e a prisão, remetendo-nos para uma passagem de uma fase arqueológica para

a genealógica. A primeira que se foca na escavação intelectual de formações

discursivas, comparando as mesmas em vários períodos rompendo de certo modo com a

perspetiva histórica implícita, contudo o período genealógico transporta-nos para a

recusa de uma história uniforme e progressiva onde o poder exerce a sua influência na

constituição da verdade.

Trazendo uma nova visão e pontos de vista para a produção de ciência, Sandra

Harding (1991), traz a ideia de que partindo do olhar das mulheres será possível

produzir uma ciência mais justa, mais atenta à diversidade e a diferentes olhares. Para a

autora, as ciências sociais são caracterizadas por uma objetividade forte, conceito com o

qual pretendo conjugar a minha intervenção, isto porque nos leva a assumir que quando

produzimos uma investigação ou intervenção, estou a ser influenciada por uma política,

um contexto. Este facto que nos leva à Stand Point Theory, que pressupõe exatamente

que a produção de conhecimento é influenciada pelo contexto ou grupo em que estamos

inseridos.

Não esquecendo todas estas obras e autores de referência no pensamento

científico, pretendo retomar a ideia de comunicação não violenta de Bourdieu (2001).

Isto porque, no projeto de intervenção, como em qualquer outro do mesmo género

torna-se essencial proceder a uma fase de investigação, de interação com o contexto,

possibilitando um diagnóstico das necessidades do mesmo, através de interações verbais

e não-verbais de uma forma informal, não constrangedora e “violenta”, tal como nos

fala Bourdieu.

54

Capítulo II: conhecer a instituição para pensar o projeto

Conhecer as potencialidades e dinâmicas da instituição, exigiu uma série de

procedimentos que se organizaram de forma a ter acesso a um conjunto de informações

que possibilitassem conhecer a instituição, seus serviços e dinâmicas.

Para iniciar o contacto com o Palácio das Artes, contexto da intervenção, tornou-

se pertinente optar pela realização de um conjunto de métodos qualitativos e

quantitativos, pois esta opção de uma conciliação entre os dois permite com que estes se

complementem e correspondam de uma forma mais explícita a todas as questões e

necessidades sentidas num processo de intervenção. Tendo em consideração que este

tem como principal objetivo conceber um serviço educativo no PAFT, tentando

dinamizar eventos que permitam conhecer de uma forma dinâmica a história do local

aproximando os/as jovens do espaço através das questões culturais, potenciando assim a

mediação entre o serviço educativo e outras entidades, foram escolhidas uma série de

técnicas de recolha de informações que mais se adequassem a dar resposta a estes

objetivos.

A linha de intervenção seguiu uma perspetiva ecológica de intervenção, ou seja,

um processo que «(…) potencia o desenho de intervenções que perspectivam a mudança

na interacção entre as pessoas e os seus contextos de vida como essencial para a

promoção do desenvolvimento» (Menezes, 2010: 33), foi essencial proceder a um

conhecimento interno da instituição das dinâmicas e da comunidade externa ao PAFT.

Nesta perspetiva, Urie Brofenbrenner (1979,1986) contribuiu de forma decisiva com a

identificação de cinco ecossistemas do desenvolvimento humano «(…) sublinhando as

influências destes diferentes contextos de vida, alguns dos quais não envolvem mesmo a

participação directa das pessoas, e das interrelações» (Brofenbrenner, 1979, 1986 cit in

Menezes, 2010).

Observação Participante

Uma das técnicas de carácter qualitativo que se revelou pertinente foi a

observação participante, nomeadamente aquando da primeira visita ao PAFT

juntamente com um dos profissionais da Fundação da Juventude, sendo registadas notas

de terreno. Isto porque, e contrariando um pouco a ideia de Durkheim, «o papel das

ciências sociais e, em particular, o das Ciências da Educação [é], em última análise, o

55

trabalhar o saber de que as pessoas são portadoras, e não o de produzir saberes sobre as

pessoas coisificadas que elas não seriam capazes de saber...» (Berger,2009: 178).

A postura do método etnográfico, esta que se afirma como «(…) um método que

assume a cumplicidade de um olhar que procura compreender o referente de outros, e

neste exercício não se pretende nem colonizar aqueles últimos, nem perder de vista os

nossos próprios referentes» (Silva, 2008:88), tornou-se a mais pertinente pois

possibilitou ter uma perceção do espaço, das suas dinâmicas, assim como iniciar uma

relação mais próxima e comunicativa com os intervenientes do contexto. Pois, a

observação participante se «realiza a partir de um corpo que se movimenta e não apenas

de um olho que vê» (idem: 99).

Para conhecer o espaço interno do Palácio, foi adotada a realização de

observação participante, visto que esta pretende estudar «(…) os modos de vida, de

dentro e pormenorizadamente, esforçando-se por perturbá-los o menos possível» (Quivy

e Campenhoudt 1998: 197). Assim de uma forma ativa e não intrusiva, foi alvo de

exploração o trabalho desenvolvido no interior do PAFT sendo observados os gabinetes

das residências artísticas, e todas as salas do piso nobre. Para além disto, era percetível

uma movimentação no local pois encontrava-se em preparação mais uma edição das

Feiras Francas. Estas que constituem um dos eventos mais marcantes do local,

possibilitando a exposição de trabalhos de jovens criadores/as.

Não possuindo ainda uma perceção muito clara da história que preside no PAFT,

o espaço despertou a atenção para alguns pormenores do edifício que nos remetem para

um conjunto de memórias culturais.

«(…) os cofres que ainda hoje marcam presença, uma vez que o edifício Douro

outrora foi Banco de Portugal, se encontram no local, conferindo um carácter curioso

ao mesmo»

(Nota de Terreno, 29 de Março de 2012)

Proporcionou-se também o contato com alguns/as artistas residentes, assim

como com um outro elemento responsável pela organização interna do Palácio das

Artes. Percorrendo as várias salas que compõem o edifício era clara a perceção que este

não se caracterizava por uma luminosidade e cor que remete-se para a movimentação,

para o dinamismo do mesmo, ficando assim com a ideia de que este necessitaria de

alguns elementos mais chamativos.

56

«Contudo, e embora algumas salas estivessem a ser preparadas para a próxima Feira

Franca, que se realiza no último Sábado de cada mês, o edifício em si pareceu-me

muito pouco dinâmico, ou seja com muito pouca luz, cor, movimento»

(Nota de Terreno, 29 de Março de 2012)

Não só estes momentos iniciais foram alvo de observação do tipo participante,

mas sim ao longo de todo o processo e trabalho de estágio foram realizadas reflexões,

apontamentos através do processo de escrita das notas de terreno, onde já fui destacando

algumas passagens das mesmas. Estes registos, que constituem o material empírico

resultante destes momentos de observação, foram preponderantes, uma vez que

«constituem um pequeno arquivo que pode dar conta da evolução do terreno, das perdas

de “ingenuidade” e das opções que vão sendo tomadas» (Silva, 2008: 134). Neste

sentido, através da escrita fui observando a minha relação com o terreno de intervenção,

com as suas dinâmicas internas, a par da monotorização da minha ação. Ou seja, estas

contribuíram também como técnica de recolha de dados avaliativos acerca da

intervenção, refletindo as dificuldades e as mudanças que foram necessárias e sentidas

ao longo do percurso.

«Todavia, e após esta manhã de trabalho apercebi-me da grande dificuldade de

garantir presenças num evento, que ainda por cima é de carácter gratuito, mas a sua

divulgação é um processo demorado e complexo»

(Nota de Terreno, 19 de Outubro de 2012)

Análise Documental

Tendo em consideração que o grande objetivo se centra em atrair jovens ao

PAFT, através do serviço educativo partindo da riqueza histórica do espaço, tornou-se

central tentar conhecer um pouco mais o local numa perspetiva temporal.

Surgindo nas primeiras visitas ao local de intervenção a temática do património,

e juntamente com o gestor de projetos do contexto na altura, foi possível conhecer

melhor o espaço interior bem como as suas finalidades, tomando como elemento central

a análise documental. Esta realizada a partir de um dossier com várias informações a

nível histórico relevantes para a construção do serviço educativo. Esta técnica de

recolha de dados revelou-se essencial pois, «(…) as bibliotecas, os arquivos e os bancos

57

de dados, sob todas as suas formas, são ricos em dados que apenas esperam pela atenção

dos investigadores» (Quivy e Campenhoudt 1998: 201). Esta análise permitiu conhecer

as várias transformações a que o edifício foi alvo, assim como da movimentação do

largo e da cidade do Porto desde meados do século XIII. Este método foi fundamental

no trabalho a desenvolver, de forma a tomar contacto com documentos e informações

históricas, que relevam a pertinência do edifício para o Património da cidade, acerca do

espaço que engloba o que hoje se torna a Fábrica de Talentos.

Observação Direta

Numa fase inicial, para além da observação no espaço interior e da análise

documental, seria importante observar o espaço exterior, através da técnica de

observação direta em redor do Palácio das Artes-Fábrica de Talentos. Pois, surgiu a

necessidade de tentar perceber qual o público que mais preenche aquele local, quais as

suas dinâmicas, como se poderia caracterizar este espaço de forma a pensar um serviço

educativo que cativa-se e se enquadra-se na rotina daquela praça. De uma forma

externa, foi o centro da observação tudo que se passava em torno do largo de S.

Domingos, onde foram realizados alguns registos fotográficos (Apêndice I).

Em consequência deste olhar informado foi percetível que se constituía como

um espaço ocupado maioritariamente por turistas, onde as lojas comerciais focam

exatamente o seu trabalho de marketing. Contudo, e embora em menor número era

possível visualizar alguns jovens que se centravam em redor da Escola Superior

Artística do Porto (ESAP) que fica exatamente no largo. Através da observação direta

foi possível estar atenta «(…) ao aparecimento ou à transformação dos comportamentos,

aos efeitos que eles produzem e aos contextos em que são observados (…)» (Quivy e

Campenhoudt, 1998: 196).

Realização de Questionários

De forma a conseguir ir de encontro com as expectativas dos sujeitos de

intervenção, foi importante num momento de interação inicial realizar também uma

série de inquéritos por questionários (Apêndice II), uma vez que estes possibilitam uma

abordagem mais rápida e precisa, não tendendo a importunar os indivíduos

questionados. Os questionários tinham como objetivo perceber qual a importância do

58

edifício para a comunidade em redor, para o próprio edifício e para a fundação da

juventude, assim como quais as formas que o poderiam dinamizar, questionando a

própria relevância do serviço educativo. Para além das entidades acima mencionadas,

não poderíamos deixar de contactar com um espaço educativo de carácter mais formal,

neste caso os/as docentes do Sistema de Aprendizagem da Fundação da Juventude, no

sentido de perceber a pertinência daquele local para os/as mesmos/as, assim como seria

relevante transformar o local atrativo para as suas necessidades. Embora estes

questionários sejam essenciais o grande objetivo seria compreender se a história do

Palácio é conhecida pelos/as jovens, pela comunidade, e como se poderia dinamizar o

espaço através do serviço educativo partindo das memórias culturais interiorizadas no

PAFT.

Os questionários foram aplicados a diferentes elementos da comunidade do largo

de S. Domingos aquando de uma visita exploratória ao local. No que toca aos

direcionados aos/às funcionários/as da Fundação, ou seja elementos da estrutura

organizacional da instituição e aos/às docentes do Sistema de Aprendizagem da

instituição. Neste ponto destaca-se, devido a fatores externos, a obtenção de respostas

por parte dos/as docentes apenas através do preenchimento do questionário via online.

Considerando esta situação a análise aos mesmos só se tornou possível após reunir todas

as respostas, sendo apenas analisadas num dos momentos de trabalho enquanto

estagiária do Palácio.

«(…) relevante analisar os questionários já aplicados à comunidade envolvente, no

Largo de S. Domingos, e aos funcionários da Fundação da Juventude. Estes que tinham

como objetivo central perceber qual a pertinência da elaboração de um serviço

educativo no PAFT, em que áreas, e se a história do edifício seria pertinente divulgar e

de que forma»

(Nota de Terreno, 04 de Outubro de 2012)

No que se refere aos questionários dirigidos aos elementos da comunidade

envolvente, destaco anteriormente à análise dos mesmos, algumas das questões que

foram colocadas. Neste sentido, algumas das perguntas centravam-se no conhecimento

acerca do edifício (Tem conhecimento do Edifício que fica no largo de S. Domingos

que se intitula hoje de Palácio das Artes – Fábrica de Talentos?), também no que toca a

sugestões de formas de dinamização do espaço (O que seria interessante dinamizar no

59

Palácio das Artes? O que poderia cativar a atenção no sentido de atrair mais visitantes?);

e outras mais focadas no aspeto histórico do edifício Douro (Tem conhecimento da

história do Edifício onde hoje se encontra instalado o Palácio das Artes?; Como

considera importante dar a conhecer aos visitantes essa mesma história, uma vez que

este está classificado como Património Urbanístico da Humanidade pela Unesco?).

Posto isto, focando a análise dos questionários aos elementos da comunidade, foram

inquiridos 20 indivíduos com idades compreendidas entre os 18 e os 23 anos, assim

como alguns cuja idade varia entre os 30 e os 54 anos.

Na sua grande maioria, os/as participantes não possuíam conhecimento acerca da

Fundação da Juventude, contudo demonstravam um conhecimento mais abrangente no

que toca ao Palácio das Artes – Fábrica de Talentos. Embora não sendo em número

muito significativo, as atividades que são mais evidenciadas pela comunidade são as

Feiras Francas, as Exposições e os Concursos organizados pelo Palácio.

Quando questionados acerca de quais as possíveis formas de dinamizar o local,

as respostas obtidas focaram-se muito num maior processo de divulgação do espaço,

desenvolvendo atividades no exterior que pudessem envolver mais as pessoas da

comunidade, assim como no seu interior, de forma a dar a conhecer a história que o

edifício guarda em si. Em relação às áreas que seriam mais relevantes de ser exploradas

e ir de encontro ao público jovem estas seriam a música, a pintura, as novas tecnologias

e a dimensão da história.

Tomando especial atenção à componente histórica do próprio edifício, a maioria

não possui conhecimento da mesma, sendo para estes/as, importante divulgar a história

através da Internet, das escolas, de visitas ao edifício e atividades no mesmo.

Para além do que já foi apontado anteriormente, foi possível retirar algumas

ideias como a articulação com as lojas envolventes que poderiam possuir folhetos

informativos acerca do que acontece no Palácio. Surgiu também a ideia de uma

articulação com a escola ESAP, que está ligada às dimensões artísticas. Ainda mais,

uma das pessoas inquiridas realçou a falta do sentido de comunidade que existe no largo

de S. Domingos.

Questionando-os/as acerca de como o edifício poderia atrair a atenção dos/as

turistas em plena zona histórica do Porto, as áreas das visitas guiadas pelo edifício, os

folhetos informativos e as exposições foram as que mais se destacaram.

Como foi já referido, os/as profissionais que compõem a equipa da Fundação da

Juventude foram também ouvidos, no sentido de pensar e ir de encontro às ideias e

60

necessidades dos últimos. Algumas das questões colocadas a este público abordavam a

pertinência de um serviço educativo (Considera relevante a existência de um serviço

educativo no mesmo edifício? ), quais poderiam ser as grandes àreas temáticas a serem

trabalhadas pelo equipamento cultural (Na sua opinião, quais as áreas que gostaria de

ver exploradas pelo Palácio das Artes e que vão de encontro aos interesses do público

jovem?), bem como qual a melhor forma para dar a conhecer o património cultural

inerente ao PAFT (Como considera importante dar a conhecer aos visitantes essa

mesma história, uma vez que este está classificado como Património Urbanístico da

Humanidade pela Unesco?).

Passando neste momento para a análise das respostas encontradas no interior da

Fundação da Juventude, foram aplicados questionários a 6 pessoas, todas do sexo

feminino, com idades compreendidas entre os 27 e os 49 anos.

As iniciativas que tomam lugar no Palácio e que foram mais destacadas são

workshops, Tertúlias, Exposições, Feiras Francas, Conferências, Concursos e

Concertos. A maioria das respostas indicava que estas mesmas atividades se destinavam

mais a um público jovem e a adultos/as, do que a outros grupos marcantes de diferentes

faixas etárias como as crianças, idosos/as ou turistas.

Uma questão extremamente relevante para o desenvolvimento e concretização

do serviço educativo, as inquiridas foram unanimes no que toca à pertinência da sua

existência. Assim sendo, para potenciar o surgimento deste serviço seria interessante

dinamizar no Palácio atividades relacionadas com a cidade do Porto, assim como visitas

ao edifício de cariz histórico, ou seja, contando a sua história desde a sua construção,

relatando todas as instituições que por lá passaram e algumas curiosidades que possam

aguçar o interesse dos/as visitantes. Para além disto seria, segundo o grupo inquirido,

também importante destacar as atividades lúdicas com públicos mais jovens, bem como

promover workshops na área artística e atividades musicais, sem esquecer a importância

da divulgação destes trabalhos realizados no PAFT.

Quando confrontadas com as possíveis áreas de interesse para o PAFT, para o

seu serviço educativo e para os/as jovens que o frequentam, as respostas oscilaram entre

a música, a pintura e os jogos interativos.

Voltando à questão de dar a conhecer a história do edifício aos/às visitantes,

analisando as respostas das inquiridas, estas consideram que deveria ser refletida através

da internet, de visitas ao edifício, assim como atividades desenvolvidas no mesmo.

Dada a importância de tornar este espaço num ponto de referência para os/as turistas, as

61

formas mais apropriadas de o concretizar seria através dos folhetos informativos, das

atividades dinâmicas e visitas guiadas. Em suma, era ainda importante, segundo

algumas das inquiridas, que este espaço cultural constasse dos roteiros turísticos e que

fosse possível criar uma articulação com instituições vizinhas ligadas à área a que se

dedica.

Para terminar a análise a estes diferentes olhares perante o PAFT, o seu trabalho,

a sua história e a relevância de um serviço educativo, não poderia deixar de analisar e

refletir sobre as respostas alcançadas com os/as docentes do Sistema de Formação da

Fundação da Juventude. Em torno das questões colocadas assinala-se a tentativa de

perceber o que seria possível dinamizar no PAFT de forma a se tornar cativante para a

visita do contexto escolar (O que seria interessante dinamizar no Palácio das Artes? O

que poderia cativar a atenção no sentido de se tornar pertinente a visita da comunidade

escolar?), também e mais uma vez como poderia ser transmitida a história e a riqueza

cultural do espaço (Como considera importante dar a conhecer aos visitantes essa

mesma história, uma vez que este está classificado como Património Urbanístico da

Humanidade pela Unesco?), assim como quais as suas opiniões relativamente a uma

possivel cooperação entre a escola, ou o sistema de formação, e o PAFT (Acharia

possível uma cooperação entre a Fundação da Juventude e a Comunidade Escolar? De

que forma?).

Foram obtidas11 respostas aos questionários, sendo na sua maioria do sexo

feminino (9 pessoas). Estes/as docentes possuem anos de experiência entre 1 e 10 anos,

podendo destacar uma inquirida com 30 anos de atividade profissional.

A maioria dos elementos da equipa de formação da Fundação possui um

conhecimento da existência do edifício, que hoje é conhecido como Palácio das Artes –

Fábrica de Talentos. No cerne deste conhecimento evidenciaram algumas das atividades

desenvolvidas por este como as Tertúlias e as Feiras Francas. No sentido de se tornar

pertinente a visita da comunidade escolar, sugeriram que fossem dinamizadas várias

ações que se encontram de seguida enumeradas:

- palestras de carácter informal dirigidas especificamente à comunidade escolar

sobre empreendedorismo, bem como alguns ateliers de trabalho;

- divulgar a história do Palácio através de peças de teatro;

- pequenos concertos com músicas representativas das diferentes épocas;

- jogos e/ou exposições de jogos tradicionais ligados à história do Palácio;

- exposições permanentes, atividade constante;

62

- lançamento de livros e cds, criação de uma biblioteca;

- ações de formação de curta duração;

- workshops gratuitos;

- tecnologias atuais do agrado da camada jovem;

- exposições dos conteúdos programáticos das escolas.

Para perceber o ponto de vista dos/as inquiridos/as no que toca ao surgimento de

um serviço educativo na Fábrica de Talentos, verificou-se um consenso no sentido

positivo. Todavia, as áreas que estes/as mais relataram para serem exploradas pelo

serviço foram a música, a história e as novas tecnologias.

Outro facto importante analisado nas respostas a estes questionários diz respeito

à falta de conhecimento perante a história do Palácio, o que choca com o conhecimento

do trabalho, objetivo e missão do edifício no largo de S. Domingos. Neste sentido,

consideraram que seria importante divulgá-la através de visitas ao edifício e atividades

no mesmo.

Relativamente ao papel que os/as jovens poderiam desempenhar num espaço

como este, as respostas incidiram sobre a participação nas atividades facultadas;

encontros de jovens; apresentação de peças de teatro e música; visitas de estudo;

dinamização de atividades; divulgação entre as camadas jovens; pintura e festas de

aniversário. Ou seja, de uma forma genérica a utilização do local revelou-se como a

melhor forma de divulgação.

Na sua totalidade os/as inquiridos/as consideraram que seria possível uma

cooperação entre a Fundação da Juventude e a Comunidade Escolar. Isto que se poderia

traduzir no incentivo dos/as jovens para o trabalho da Fundação da Juventude em

exposições por parte da escola, dos trabalhos dos/as alunos/as, visitas guiadas dando a

conhecer a história do Palácio, atividades sobre os cursos que os/as alunos/as

frequentam, concursos entre escolas (acerca de matemática, declamação e cultura geral),

colóquios e ações de formação. Outro ponto a destacar prendia-se com a importância de

dar a conhecer aos/às jovens recursos para os ajudar a optar pelas suas futuras vias

profissionais.

Todas estas informações foram enviadas e analisadas também pela supervisora

local de estágio, a gestora de projetos do PAFT, contudo os dados foram redigidos e

apresentados em esquema de forma a serem mais percetíveis e facilmente alvo de

análise pela equipa deste equipamento cultural.

63

Levantamento de Informações da Ação do Contexto

Continuando a desfolhar o contexto onde se desenrola a ação interventiva, um

outro método de análise mostrou-se importante no sentido de potenciar uma

aproximação ao trabalho interno do PAFT, e da própria Fundação da Juventude.

«Neste primeiro momento e numa conversa com a supervisora local ficou

acordado que nesta manha seria relevante realizar uma pequena pesquisa e

levantamento de atividades e workshops organizados no PAFT»

(Nota de Terreno, 03 de Outubro de 2012)

Procedeu-se a uma pesquisa, através dos meios que me foram disponibilizados,

onde poderia encontrar todas as informações necessárias. Após uma pesquisa no site

oficial da Fundação da Juventude eram apontadas algumas atividades de carácter

pontual, outras de carácter mais permanente, mas na sua maioria todas elas com o

público jovem como grande alvo. Entre as mais recentes à época destaco a realização

das Feiras Francas (a realizar no último sábado de cada mês, das 10 horas às 20 horas,

com diferentes temáticas), também as tertúlias (caracter mensal, espaço de informação e

debate que permite o intercâmbio de experiências num ambiente não formal onde estão

presentes convidados/as ligados ao tema em questão); as exposições Cargotopia

(decorrer nos dias 5,6 e 7 de Outubro no Palácio das Artes, mostra de arte em espaço

público, envolvendo artistas convidados/as de vários países); e a 21st Century Rural

Museum (decorrer no dia 3 de novembro às 15, exposição que leva a cultura rural a

grandes centros urbanos).

Após este levantamento muito útil para mim enquanto novo membro da

instituição, organizei toda esta informação que futuramente se revelará extremamente

importante»

(Nota de Terreno, 03 de Outubro de 2012)

Considerando que os workshops poderiam ser um ótimo ponto de partida para

iniciar a ação no Palácio, foi essencial pesquisar também informações acerca deste tipo

de eventos. Neste sentido, foi alvo de pesquisa o planeamento de vários workshops

realizados no Palácio das Artes, embora alguma informação não fosse muito recente.

64

Assim, tornou-se percetível que estes giram em torno de várias temáticas artísticas

como a fotografia, o teatro, dança, pintura, design, arquitetura, cinema, entre muitos

outros. Para além deste facto, estas temáticas vão sendo abordadas sistematicamente ao

longo dos anos, pois são constantemente alvo de novos workshops.

Percebemos que estes últimos destinados a crianças como a “Dança Criativa”, se

apresentam como mais interativos e dinâmicos, em horário laboral em dias úteis.

Contudo, para jovens e adultos estes remetem para uma base mais teórica, ainda que não

seja muito explícito nos cartazes e informações apresentadas no site. Para além disto,

estes workshops realizam-se normalmente ao fim de semana em horário pós-laboral.

Através do levantamento de dados, tornou-se pertinente tomar conhecimento de

que os grupos são sempre relativamente pequenos (cerca de 10 pessoas), e que contam

com a presença de um/uma ou mais formadores/as, sempre muito vinculados à área em

que se prende o workshop.

Sistematizando, foi possível adquirir informação de como desenvolver um

workshop, de qual a informação necessária para a idealização e conceção deste, quais as

áreas chave a serem envolvidas e alguns possíveis contatos de formadores/as a

estabelecer ligação.

Nesta terceira parte do relatório dei conta de todas as opções epistemológicas e

de intervenção, assim como os processos e técnicas utilizadas numa fase de diagnóstico

inicial, de forma a conhecer o contexto, os seus atores e intervenientes, assim como as

dinâmicas institucionais. Desta forma, foi-se explorando o contexto de acordo com uma

visão de intervenção compartilhada, de forma a percecionar as necessidades do espaço,

planeando a intervenção de dentro.

65

Parte IV

Um percurso educativo/profissionalizante: etapas

que constroem a linha condutora de um estágio

66

Capitulo I: construindo o caminho de um serviço educativo

Em primeiro lugar, para dar início ao momento de descrição e análise do estágio

profissionalizante, considero relevante realizar um pequeno momento de perceção de

toda a ação que construiu este percurso. Após toda a análise e reflexão em torno dos

processos metodológicos, adequados à intervenção em causa, este momento irá remeter

para a descrição de todas as ações desenvolvidas no âmbito deste estágio no Palácio das

Artes – Fábrica de Talentos.

O percurso de estágio teve inicio ainda no ano 2012, com um conjunto de

observações e aplicação de questionários, ainda no decorrer da idealização de um

projeto de intervenção na instituição Fundação da Juventude, mais especificamente no

Palácio das Artes – Fábrica de Talentos. Assim, a intervenção na instituição decorreu

desde Outubro de 2012 até ao final do mês de Abril do presente ano, sendo uma

permanência total de 6 meses. Na sequência deste período, o momento de entrada na

instituição revelou-se um tempo recheado de expetativas e receios, bem como um tempo

para conhecer mais aprofundadamente o espaço onde me encontrava a trabalhar. Desta

forma, foi fundamental analisar um conjunto de dados documentais e de questionários

que haviam sido realizados à comunidade local; aos/às funcionários/as da Fundação da

Juventude e por fim aos/às docentes do Sistema de Aprendizagem da Fundação.

No contato inicial, assim como ao longo de todo o estágio, as atividades de

carácter administrativo demonstraram ser preponderantes no conhecimento das

dinâmicas, das pessoas, e do teor prático da instituição.

O serviço educativo para o qual contribuí na sua idealização, iniciou o

pensamento, o desenvolvimento e a divulgação de vários workshops e sessões (in)

formativas. Estas últimas que se encontravam envolvidas em áreas tão vastas como o

teatro, artes plásticas, fotografia, empregabilidade, mediação de conflitos em contexto

escolar, entre outras. Os momentos formativos, todo o trabalho que envolveu a sua

pertinência, contribuíram de certa forma para a divulgação da instituição junto do

público, nomeadamente o público juvenil, bem como para uma exteriorização da

história, das memórias culturais intrínsecas ao Palácio das Artes – Fábrica de Talentos.

Na sequência de revirar o PAFT para o exterior, que se centra na base do serviço

educativo que idealizava, foi várias vezes apresentado e reformulado o projeto inicial

para este serviço de um conjunto de visitas guiadas, que foram pensadas de forma a dar

67

a conhecer este espaço e as suas vivências. Não só o projeto base se enquadra nesta

ideia, mas também o facto de realizar visitas guiadas com escolas, e transmitir a

mensagem histórica e atual do PAFT a novos estagiários/as contribuíram para este

reflexo do Palácio.

Revivendo este processo de uma forma muito sintética irei de seguida dar

conhecimento de todos estes passos de uma forma mais pormenorizada, dando a

conhecer um conjunto de outras atividades em que estive envolvida e que ajudaram a

preencher a minha formação neste local. Contudo, e de forma a se tornar mais percetível

todo o trabalho desenvolvido, bem como a sua pertinência apresento a ação

esquematizada no seguinte quadro:

68

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Ações realizadas Atividades Objetivos

Competências Adquiridas

Ações de Diagnóstico

“Conhecer para potenciar”

Observação participante

- Perceção do espaço, das suas dinâmicas,

- Iniciar uma relação mais próxima e comunicativa

com os intervenientes do contexto

- Aprofundamento na utilização de

métodos e técnicas de intervenção;

- Comunicação, capacidade de escuta,

compreensão;

- Desenvolvimento de técnicas de

pesquisa de informação

Observação direta

- Perceber as dinâmicas do espaço exterior, a sua

movimentação, o tipo de público que mais

frequenta o local

Análise documental

- Obter conhecimento das memórias culturais do

edifício;

- Tomar contacto com documentos e informações

históricas, que relevam a pertinência do edifício

para o Património da cidade

Questionários

(Comunidade Envolvente; Funcionários/as da

Fundação da Juventude; Docentes do Sistema de

Aprendizagem da Fundação)

Questionários a participantes de uma edição das Feiras

Francas

- Perceber qual a importância do edifício, da

história e da construção de um serviço educativo

para a comunidade em redor, para a Fundação da

Juventude, docentes do sistema de Aprendizagem, e

participantes de edição de uma Feira Franca

Levantamento de Atividades

- Perceber quais as atividades desenvolvidas, quais

as suas características, as áreas em que se

desenvolvem, com que frequência

Sessões dinâmicas de

Formação: A Arte, História

e Juventude

“Partindo do Património para

uma aproximação da Juventude

ao PAFT”

Workshop de Teatro: “Viagem ao Passado!”

(idealização, desenvolvimento, estabelecimento de

contatos; divulgação)

- Procurar uma ligação entre as questões culturais e

do património com o trabalho presente do PAFT;

- Motivar o público jovem a contatar com o

equipamento cultural

- Comunicação, formação, idealização,

desenvolvimento e divulgação de

workshops, realização de eventos,

mediação Workshop de Fotografia: “Safari Fotográfico na Cidade

do Porto”

(idealização, desenvolvimento, estabelecimento de

contatos; divulgação)

Workshop: “Empregabilidade e Técnicas de Procura de

Emprego”

(desenvolvimento, divulgação, estabelecimento de

contatos)

- Atrair jovens ao espaço focando outras áreas de

possível interesse por este público (transições e

empregabilidade dos/as jovens; arte; ciência;

mediação de conflitos em contexto escolar)

- Comunicação, formação, idealização,

desenvolvimento, divulgação e

realização de eventos, mediação

69

Sessões dinâmicas de

Formação: A Arte, História

e Juventude

“Partindo do Património para

uma aproximação da Juventude

ao PAFT”

Oficina de Escultura: Reciclarte & Style

(desenvolvimento, divulgação, estabelecimento de

contatos)

- Atrair jovens ao espaço focando outras áreas de

possível interesse por este público (transições e

empregabilidade dos/as jovens; arte; ciência;

mediação de conflitos em contexto escolar)

- Comunicação, formação, idealização,

desenvolvimento, divulgação e

realização de eventos, mediação entre

instituições e entre a instituição e

público-alvo

Workshop: “Gestão da Carreira Criativa”

(desenvolvimento, divulgação, estabelecimento de

contatos)

Workshop: “Comande o seu Cérebro”

(desenvolvimento, divulgação, estabelecimento de

contatos)

Conferência: “Gestão de Conflitos em Contexto

Escolar”

(idealização, desenvolvimento, realização)

Voltando o PAFT para a

comunidade

Circuito de Visitas e Memórias

(idealização, desenvolvimento, construção de proposta)

- Construir uma estrutura de mediação entre o

público, a comunidade, os/as jovens ao PAFT e às

questões da, herança cultural e património

- Mediação, estabelecimento de

parcerias, comunicação, formação,

aquisição de conhecimentos históricos

Dar a conhecer o Palácio das Artes: Acompanhar

diversos públicos

Ações de Conceção Proposta para Concurso “Culture Programme –

Cooperation measurs”

- Promover os centros históricos e a sua

valorização, assim como o diálogo intercultural

- Conceção de planos de atividades de

carácter educativo e cultural,

- comunicação, idealização

Ações de Integração na

dinâmica institucional

Observação, divulgação do Seminário “Ser

Empreeendedor(a)”

- Contribuir para a minha integração no contexto

bem como para a construção do meu papel

enquanto profissional - Obter uma ideia geral do público e entidades que

contatam com a instituição e o seu equipamento

cultural.

- Comunicação, interação, formação,

divulgação e organização de eventos

Divulgação da “Oficina dos Pequenotes”

Atividades Administrativas

(trabalho de receção em exposições; receção e

realização de telefonemas em nome da instituição;

construção de base de contatos;

auxilio na arrumação do espaço para vários eventos)

Ações realizadas Atividades Objetivos

Competências Adquiridas

Ilustração 1 - Planificação da Intervenção

70

1.1. Relembrando a ação de diagnóstico – conhecer para potenciar

Como é percetível através do quadro, que explicita a planificação de toda a ação

de intervenção, iniciei o meu contato com a instituição através de ações de diagnóstico.

Pois, toda e qualquer intervenção num contexto necessita perceber quais as

necessidades, quais os constrangimentos e potencialidades subjacentes ao espaço. Nesta

perspetiva, e tal como fui dando conhecimento aquando da última parte da componente

metodológica, procedi a um conjunto de técnicas e atividades, que contribuíram para o

conhecimento da instituição das suas dinâmicas, dos seus profissionais e de algumas das

suas idealizações quanto à presença de um serviço educativo no PAFT.

Iniciei a minha fase diagnóstica a partir da observação participante no interior do

Palácio das Artes, onde conheci mais aprofundadamente o seu trabalho, os profissionais

que constituem a rede interna do mesmo, bem como algumas das suas atividades. Ou

seja, tentando «(…) superar uma relação de distanciamento e de exterioridade entre o

observador e o objeto observado (…)» (Araújo, 2012:95). Contudo, observar

atentamente o espaço no seu interior não chegaria para intervir no contexto, uma vez

que pretendia aproximar a comunidade, nomeadamente a jovem do Palácio. Assim,

optando pela observação direta de forma a não importunar as dinâmicas do largo de S.

Domingos, e para que estas surgissem de forma espontânea, desenvolvi mais uma vez a

capacidade de escuta. Esta observação torna-se pertinente uma vez que «a rua não surge

apenas como uma “via dentro de uma povoação” mas como um «espaço aberto, um

espaço de vida e de interações, polifuncional e de utilização múltipla e diferenciada»

(Fonseca, 2001: 86).

Percorrendo esta fase de conhecimento da instituição, e tendo já presente a

noção da composição cultural inerente ao PAFT, foi necessário proceder a uma análise

de vários documentos de índole histórico presente nas instalações do edifício. Desta

forma, foi possível chegar a uma noção mais clara do património que o Palácio contem

em si, o que considerei pertinente como ponto-chave de aproximação dos/as jovens às

questões culturais e ao próprio Palácio das Artes.

Um outro momento de levantamento de necessidades prendeu-se com a

aplicação de questionários, acerca da pertinência da componente histórica do edifício,

ao seu conhecimento, assim como à própria pertinência da construção de um serviço de

carácter educativo. Estes questionários dirigidos a vários elementos da comunidade

71

envolvente, aos/às docentes do Sistema de Aprendizagem da Fundação assim como

aos/às funcionários/as da Fundação. Após a análise já referida, entre vários aspetos,

tornou-se claro que existe um desconhecimento desta componente cultural do edifício

por parte de todos/as inquiridos/as. Assim destaco a clara importância de transmitir esta

história como forma de aproximação ao trabalho do PAFT, pelo qual existe um

desconhecimento generalizado da comunidade do largo envolvente. Surge também nas

respostas analisadas uma manifestação de pertinência em relação à construção de um

serviço educativo, que envolvesse visitas guiadas ao edifício como forma de

reconhecimento do seu valor histórico.

Uma outra atividade que se aproxima das mesmas ideias, contudo surgindo de

uma fase diagnóstica não inicial, centra-se na aplicação de mais um pequeno

questionário, aos/às participantes de mais uma edição de uma Feira Franca,

especificamente da 31ª. Este evento que provem já de uma tradição, contudo marcado

pela inovação e criatividade de hoje. A análise dos questionários veio comprovar o

desconhecimento do conjunto de memórias culturais que o PAFT potencia. Nesta

edição de mais uma Feira, que nos remonta para o século XIII, foi possível conversar

um pouco com os/as participantes do evento percebendo qual a faixa etária

predominante, a situação profissional, a origem do projeto, assim como o conhecimento

das Feiras e da própria história do edifício.

Fazendo uma breve apresentação da análise dos mesmos foi possível verificar

alguns dados pertinentes. Ou seja, relativamente à amostra esta era constituída pelos/as

participantes da 31ª feira Franca, que eram 32. No que se refere à dimensão do sexo,

podemos perceber que existia uma grande predominância do sexo feminino (4 em 32

são do sexo masculino) e em relação às idades, verificou-se que estas variavam entre os

21 e os 63 anos de idade, sendo que a maioria se encontra na faixa etária dos 25 – 35,

portanto jovens adultos/as, indo de encontro ao objetivo das feiras, que é divulgar o

trabalho de jovens criadores/as.

Em relação à situação profissional, podemos observar que existia uma grande

taxa de desemprego entre os/as participantes (cerca de 10 em 30). Também verificamos

a existência de uma realidade em que as pessoas que se encontram a trabalhar têm

projetos que “fogem” um pouco à sua área de emprego. Outra situação presente era a de

estudantes e profissionais da arte de design que vêm nestas feiras a oportunidade de

divulgar os seus trabalhos na sua área.

72

As dimensões que para mim se apresentam como mais significativas são o

conhecimento pelas Feiras Francas, bem como o conhecimento ou não da história do

Palácio das Artes. Posto isto, 24 dos/as participantes já tinham conhecimento das Feiras

Francas, no entanto, a tomada de conhecimento oscila entre a situação de já ter sido

participante, visitante, ou ter conhecido através de amigos/as e da internet.

Verificou-se através dos dados recolhidos que existia um número muito

significativo de pessoas que não conheciam a história que o edifício viveu. As 8 pessoas

que não responderam negativamente, também afirmaram ter apenas uma ideia vaga da

mesma. Pelo facto de nos terem solicitado para contar a história, percebe-se que existia

uma necessidade de dar a conhecer a mesma à população. No seguimento desta

situação, a pertinência reforça-se pelo facto de existir um desconhecimento acerca da

origem deste evento.

«(…) este desconhecimento de um passado, e de uma série de memórias, se apresenta

como pertinente para o serviço educativo do Palácio tratar esta questão

correspondendo à curiosidade de uma série de pessoas que se querem identificar cada

vez mais, com um edifício imponente em pleno centro histórico da sua cidade»

(Nota de Terreno, 17 de Dezembro de 2012)

Por fim, surgiu como essencial proceder a uma pesquisa, neste caso online no

site da Fundação da Juventude, acerca das atividades que haviam sido desenvolvidas, de

quais as suas características. Neste ponto, o que ressaltava era o conjunto de vários

workshops em diferentes áreas culturais. Aproveitando esta informação, deu para

conhecer melhor a planificação de uma atividade deste género, de quais as áreas mais

envolvidas, bem como de contatos focais de alguns profissionais.

Este conjunto de atividades diagnósticas permitiu desenvolver algumas

competências relevantes para a minha formação enquanto profissional. O

desenvolvimento da capacidade de comunicação, da capacidade de escuta e

compreensão perante o outro foram algumas delas. Também o aprofundamento no que

toca ao desenvolvimento de técnicas de recolha de dados, assim como a observação

atenta me permitiram conhecer melhor o contexto de forma a idealizar e construir a

intervenção de acordo com as necessidades do contexto.

73

1.2. Sessões dinâmicas de formação: A Arte, História e Juventude

Na conceção do ponto dois irei focar-me na idealização, conceção, divulgação e

concretização de um conjunto de sessões a que denomino, de acordo com as suas

características, de sessões dinâmicas de formação. No cerne destas sessões predomina

uma visão de formação para e com os/as jovens, construindo momentos educativos de

reflexão num contexto de educação não formal. Neste sentido, pretendia-se seguir a

linha de uma educação permanente, ou seja, «(…) que aparece como um princípio

reorganizador de todo o processo educativo, segundo orientações que permitiriam

superar a dominância quase exclusiva de concepções práticas escolarizadas» (Canário,

1999: 88). Neste sentido, os momentos educativos não terminam no espaço escolar, mas

proporcionam-se em inúmeros locais de carácter não formal, e que permitem uma livre

aprendizagem tomando o sujeito como o centro da formação.

Especificando as linhas condutoras deste segundo ponto, da quarta parte, do

relatório, parece-me pertinente explicar que a ideologia destes momentos de carácter

formativo surgiu numa fase inicial do meu percurso na instituição. Assim, foi sugerido

no âmbito do trabalho do serviço educativo, pensar e construir um documento que

descreve-se algumas sessões, ou workshops, nas mais diversas áreas.

«(…) e apenas nesta manha de uma forma um pouco improvisada, mas pensada,

realizamos um plano possível de áreas para workshops, e para além do que nos foi

pedido tentamos definir um objetivo para cada workshop, assim como os seus

destinatários»

(Nota de Terreno, 08 de Outubro de 2012)

Não esquecendo o propósito, de partir da história do PAFT, tentou-se idealizar

um conjunto de atividades que poderiam possuir como elemento potenciador e atrativo

para os/as jovens esta componente cultural. Pois, atividades centradas na questão

cultural revelam-se centrais na formação de jovens. Ou seja, a pertinência da arte na

formação de públicos como crianças, jovens e adultos «(…) está ligada à “função

indispensável que a arte ocupa na vida das pessoas e na sociedade desde os primórdios

da civilização, o que a torna um dos fatores essenciais de humanização”» (Ferraz &

Fusari, 1993 cit in Tibola, 2001). Todavia, contribuí para o desenvolvimento de

74

atividades em outras áreas que refletissem os propósitos do equipamento de vertente

cultural.

Tendo em conta a dinâmica institucional, um plano para um workshop deveria

demonstrar qual a sua pertinência, o seu objetivo, a que público se dirigia, e se possível

contatos de formadores/as para a sua realização. Após alguma reflexão, e tendo em

conta todo o trabalho de levantamento de atividades da instituição foram surgindo

algumas ideias com potencial a ser desenvolvido.

No centro destas propostas, surgiram atividades em torno de temáticas como a

fotografia; o teatro; a dança; o artesanato; a arquitetura; o cinema; a pintura; a música; o

design e a mediação.

Focando a área da fotografia foi proposto um workshop que consistia num

“Safari fotográfico pela cidade do Porto”, destinado a jovens a partir dos 14 anos de

idade. O principal objetivo, das suas duas sessões, centrava-se em fornecer as

ferramentas de cariz teórico na área da fotografia, no sentido de despertar o interesse

dos jovens para a prática da mesma, assim como por em prática os saberes adquiridos

numa primeira sessão através de uma descoberta fotográfica da cidade do Porto de hoje,

contrapondo à cidade do Porto de outros tempos, bem como perceber quais são os

espaços onde a juventude se concentra. Deste modo, pretendia-se transportar as

questões do património cultural centradas na cidade, para uma dimensão educativa e de

aproximação ao PAFT.

No que toca ainda a esta área de atividade, pensou-se numa outra componente

ligada às questões de imagem e fotografia que diz respeito às técnicas de edição de

imagem. Surge assim um novo workshop proposto denominado de “Software de Edição

de Imagem” (Photoshop), destinado a jovens a partir dos 16 anos, cujo objetivo se

prendia com aprofundar competências na área da fotografia na vertente da edição de

imagem.

Percorrendo a descrição do plano de workshops sugeridos, era possível encontrar

uma outra atividade, desta vez, na temática do teatro. Este workshop designava-se por

“Expressão Dramática e Corporal”, e era destinado a jovens a partir dos 16 anos num

total de duas sessões. Esta atividade, numa tentativa de dar a conhecer a história do

Palácio, permitia a aproximação dos/as jovens a esta área artística e ao próprio espaço.

Isto porque, o objetivo seria possibilitar a aprendizagem ao nível da representação com

a finalidade de uma pequena apresentação de uma peça de teatro inspirada no século

XIII, de modo a recriar a história do próprio edifício na época. Existia, neste caso em

75

particular, a possibilidade de realizar aprendizagem ao nível da representação com a

finalidade de uma pequena apresentação de uma peça de teatro inspirada na juventude

do século XX, anos 50, abordando os movimentos culturais e artísticos característicos

da época.

Uma área de grande relevo artístico e que já havia sido alvo de atenção pela

atividade do Palácio das Artes dizia respeito à temática da dança. Neste sentido,

idealizou-se um outro workshop, que dedicava especial atenção à componente da

memória cultural. Assim, o workshop “Dança através da História”, para jovens a partir

dos 18 anos, iria permitir desenvolver a expressão corporal de uma forma descontraída,

embarcando numa viagem ao passado pelo século XIX.

Abrangendo outras áreas de natureza artística e outros públicos, nomeadamente

as crianças, procurou-se idealizar uma atividade em torno da área do artesanato. O

workshop “Vem criar connosco” destinava-se a crianças dos 6 aos 10 anos e tentava

proporcionar às crianças um momento de criatividade e liberdade de expressão através

das peças decorativas que vão criando. Para além do descrito, destaco o workshop

“Artesanato em Decoupage”, para jovens a partir dos 18 anos de idade, que

proporcionava a aprendizagem de uma técnica específica e diferente de decoração

aproveitando materiais e objetos, de forma a trazer as questões da reciclagem para a

arte. No domínio destinado para um público mais jovem, no âmbito da temática do

artesanato, propôs-se uma atividade dedicada à criação em pasta de papel. Assim, o

workshop “Dar Vida ao Papel” para crianças dos 6 aos 10 anos, propiciava às crianças

um momento de criatividade e liberdade de expressão através das peças decorativas que

iam criando, em pasta de papel.

Voltando ao foco de olhar o passado para pensar e viver o presente (Telmo,

1989), concebeu-se numa nova ideia articulada com a área da arquitetura. Assim

surgia o workshop “Uma viagem pela arquitetura”, direcionada para jovens a partir dos

16 anos, que tinha como finalidade realizar uma breve abordagem ao nível arquitetónico

a partir do século XIII até à atualidade, correspondendo às várias funções que o edifício

PAFT apresentou ao longo dos tempos. Não só uma viagem pela arquitetura iria

permitir o (re)conhecimento do espaço do PAFT e do seu meio envolvente, mas

também a realização das “Curtas no Largo de S. Domingos”. A atividade na área do

cinema possibilitava, a jovens a partir dos 18 anos, a realização de uma curta-metragem

no largo onde se encontra o Palácio que nos transportava para a sua história, assim

76

como para a evolução do conceito de juventude ao longo dos tempos com a participação

da comunidade envolvente.

Uma outra área trabalhada foi a pintura, onde se procurava uma atividade

dedicada a crianças dos 3 aos 5 anos de idade, tentando desenvolver o gosto e interesse

pela pintura, tendo a oportunidade de decorar algumas telas que se encontrariam ao

longo do edifício. Para além disto, importa salientar um outro workshop na mesma área

mas mais dirigido a jovens a partir dos 17 anos, que seria a “Fábrica de Pop Art”.

Viajando novamente no tempo, esta atividade permitia o contato dos/as jovens com este

movimento artístico que deriva da década de 1950, de uma forma dinâmica e

(in)formativa.

Para além do teatro, da fotografia, uma outra temática muito mencionada nos

questionários realizados numa componente diagnóstica, foi a música. De facto num

contexto de vertente cultural e artística não poderia ser esquecida esta área, focada em

jovens músicos e/ou jovens a partir dos 16 anos. Assim pensou-se no workshop

“Enfrentar o Público” - Técnicas de Comunicação e Apresentação ao Público, onde se

poderiam adquirir competências de comunicação e performance essenciais para

qualquer apresentação musical. Ainda na temática musical para jovens um pouco mais

velhos, com idades superiores a 17 anos, a atividade “Mistura-te – Contato com Djs”

proporcionaria o contato, especialmente dos/as jovens, com o mundo dos Djs,

aprendendo as suas técnicas e divertindo-se.

Sendo o PAFT um local que contém nas suas instalações uma empresa de design

(Menina Design) que agita o espaço com o seu trabalho diário, considerou-se que o

design, sendo uma área do mundo das artes, deveria ser explorado. No seguimento

deste pensamento idealiza-se o workshop “Design numa Era Digital” (Web Design), que

aliava o design com as novas tecnologias. O objetivo focal da atividade, para jovens a

partir dos 18 anos de idade, seria essencialmente divulgar e aprender uma forma de

design importante numa época liderada pelas Novas Tecnologias. As últimas que

surgem nos dias de hoje como centrais no mundo juvenil, pois estamos perante um

impacto cultural das novas tecnologias, onde o marco da diferença se processa através

desta revolução tecnológica. Assim a «(…) exposição aos media e às novas tecnologias

deu aos jovens um poder de que outrora não desfrutavam» (Pais, M. 2005:63). Poder do

contato com diferentes realidades, com variadas fontes de informação que ajudam a

construir a diferença de cada jovem.

77

Por último, no plano de workshops propostos para a análise da supervisora local,

a gestora de projetos do PAFT, encontrava-se uma outra atividade com características

teóricas e práticas em torno da temática da Mediação. Sendo mais específica, o que se

pretendia era uma abordagem inicial, de duas sessões, à mediação de conflitos em

contexto escolar dedicada a jovens e adultos a partir dos 18 anos que possuíssem

interesse na área, ou uma possível articulação com um contexto escolar. Com o

workshop “Vamo-nos Entender - Negociação e Mediação de Conflitos” iria ser

realizada uma sessão de carácter mais (in)formativo acerca da área da mediação

seguindo-se de uma série de exercícios práticos que permitiriam aos formandos lidar

melhor com os conflitos inter e intra pessoais. Sendo licenciada em Ciências da

Educação, a par com a minha colega de trabalho no serviço educativo, iriamos ser

responsáveis pela dinamização gratuita da sessão.

Sendo a escola um meio onde se encontram vários públicos, ou seja uma

heterogeneidade em constante interatividade, é cada vez mais comum o conflito neste

contexto educacional assumindo «(…) uma inegável pertinência e actualidade no

contexto educativo português» (Pires, 2010: 36). Assim a mediação escolar surge como

um modelo capaz de atenuar e resolver as situações conflituais existentes. Posto isto,

esta temática parece-me deveras pertinente para apresentar uma proposta de trabalho a

uma instituição como a Fundação da Juventude ao seu equipamento cultural, que se

encontra ligada ao público jovem e que pretende claro o melhor desenvolvimento cívico

para uma inserção mais facilitada no mundo do trabalho.

Foram, deste modo, apresentadas as ideias em torno destas atividades de carácter

formativo. Através da construção deste plano de possíveis workshops foram

desenvolvidas várias competências aliadas à realização de planos de formação, à

comunicação e às questões da mediação entre diferentes entidades

Importa destacar a atividade presente na área de fotografia, de teatro, de

arquitetura e de cinema, pois através do património intrínseco ao PAFT, pensou-se

numa série de atividades com objetivos e dinâmicas diferenciadas, mas que partem da

mesma dimensão atrativa. Isto é, todas estas sessões partem de uma tentativa de dar a

conhecer a história do Palácio aproximando desta forma o público juvenil do local. Não

poderia deixar de enfatizar também, a área da mediação de conflitos, numa instituição

como a Fundação da Juventude que possui um Sistema de Aprendizagem, como

dimensão central entre os/as jovens em contexto escolar. Isto porque, «nos últimos anos

as situações de indisciplina e de conflitos entre alunos e mesmo entre alunos e

78

professores têm tido um claro aumento de frequência e gravidade nas escolas» (Pires,

2010: 122). Logo esta questão em meio educativo não poderia deixar de ser abordada

através de uma atividade que envolvesse os/as jovens de forma ativa e (in)formativa.

1.2.1. Representando uma viagem ao passado

Dando a conhecer da forma mais explícita possível o plano de sessões

(in)formativas, a primeira a ser impulsionada para concretização foi a que incidia na

área do teatro. Logo que se tornou possível avançar com esta atividade, passou-se de

imediato, em trabalho conjunto, para a pesquisa de contatos possíveis para

formadores/as do mesmo. Esta pesquisa exigiu um trabalho profundo, uma vez que a

experiência e o conhecimento em contatos na área artística não eram vastos. Este facto,

possibilitou assim um momento de aprendizagem importante para o planeamento de um

workshop. Assim, e após alguma pesquisa online e de vários contatos com o Teatro do

Campo Alegre, obtivemos alguns contatos de diferentes profissionais na área. Estavam

neste momento, criadas as primeiras condições para avançar com esta ideia de viajar no

tempo. Tendo em mãos informações acerca de uma possível formadora, a mesma foi

contatada sendo explicitada a proposta que consistia numa abordagem inicial ao nível da

representação partindo da recriação de um momento histórico do edifício (Século XIII),

onde este surgia como um convento de ordem dominicana. De forma a exteriorizar o

resultado destas sessões, a atividade iria culminar num espetáculo final de apresentação

pública e gratuita para deste modo chegar a toda a comunidade do largo de S.

Domingos. O grande objetivo seria recolher e apresentar um conjunto de memórias

culturais, de uma forma explícita, dinâmica e criativa de forma a captar a atenção da

comunidade do largo.

Recebida a resposta da formadora foi com grande satisfação que obtivemos a

apreciação positiva que esta transpareceu relativamente ao que havia sido proposto. Para

além de partir da ideologia desta atividade, de estabelecer o contato com uma possível

formadora, foi elaborado uma espécie de guião para uma reunião agendada após este

contato. Este último que foi alvo de análise pela gestora do PAFT e que continha entre

vários pontos a indicação do objetivo da atividade, de qual o seu propósito, de quais as

datas possíveis, o tipo de público, e todas as condições da profissional. Aqui a

pertinência deste momento dedicado ao teatro surge também devido a uma

79

potencialidade do PAFT, de ser possível a criação de um conjunto de visitas guiadas

pelo edifico, das quais referir-me-ei mais à frente.

Na sessão de encontro informal, num primeiro momento, a supervisora realizou

uma apresentação da instituição, sua e nossa enquanto membros integrantes da mesma

tomando nós de seguida as rédeas do diálogo. Explicitado mais uma vez o objetivo da

atividade, a formadora pareceu bastante entusiasmada em desenvolver a mesma. Assim

chegamos a algumas decisões e ideias para a concretização deste workshop de teatro.

Ou seja, pensou-se que as idades mais apropriadas para o desenvolvimento das sessões

seria de jovens a partir dos 16 anos de idade e surgiram ainda outras ideias ao longo da

conversa. Estas centraram-se por exemplo no envolvimento de algumas escolas ou até

mesmos dos próprios elementos de equipa da instituição, envolvendo assim a

comunidade local do espaço. Também se acordou que o mais sensato seria que estas

sessões ocorrem num espaço de dois meses, para se tornar possível a preparação da

pequena peça de teatro pública. Terminada a sessão, todas as condições da formadora

foram posteriormente analisadas pela direção.

O momento que se seguiu demonstrou a necessidade de uma segunda reunião

com a formadora, pelo que estabelecemos todos os contatos necessários, ficando

responsáveis pelo comando do diálogo. No encontro ficaram acordados novos e últimos

pormenores como: as datas, os honorários, o local, e algumas novas ideias que foram

surgindo. Como por exemplo, a possibilidade de parceria com a escola Soares dos Reis

para auxilio na construção de adereços, bem como com as Performances de Rua para

animar a peça em termos audiovisuais, contribuindo assim para desenvolver esta

competência de estabelecimento de parcerias. Para além disto, e visto que se avistava no

dia 23 de Março a comemoração do dia dos Centros Históricos, considerou-se que seria

um dia interessante para ser apresentada a peça final. Pois, este dia seria marcado por

um conjunto de atividades que nos remetem para a preservação do património enquanto

potenciador de releituras da realidade presente (Felgueiras, 2005).

Estando todos os pormenores acordados, foi essencial proceder à construção do

cartaz de divulgação, e para uma renovação da ficha de inscrição que possuía duas

opções de horário. Tendo em consideração todas as informações que deveriam estar

presentes no cartaz, colocou-se a data de início, o número de sessões, o preço por

participante, a nota biográfica da formadora e os contatos necessários para efetuar

inscrição. Realizado o cartaz, que se encontra em apêndice, assim como a ficha de

inscrição (Apêndice III), procedeu-se ao início da divulgação do evento. Mais uma vez,

80

a competência de divulgação de eventos, por vários contatos, permitiram obter um

conhecimento mais vasto tanto em relação à temática em foco, assim como a novas

entidades promotoras de eventos culturais e juvenis.

Tomou lugar, num momento posterior, o envio da informação de divulgação

para todos os contatos da mailing list do PAFT, para a formadora, assim como foi

solicitada a colocação de informação no site da Fundação da Juventude e também no

Facebook do Palácio ao departamento de comunicação e imagem. Como consequência

deste trabalho demoroso de divulgação foi recebido o convite da estação de televisão

Porto Canal, para estar presente no programa Porto Alive. Este último, que promove e

divulga eventos em todo o tipo de áreas na cidade do Porto. Como não existia a

possibilidade de a equipa do serviço educativo estar presente (eu e a colega de estágio),

foi a gestora do Palácio que marcou presença. Assim, foi possível ver, digamos,

reconhecido o trabalho desenvolvido a um nível superior, pois o meio televisivo

possibilita chegar a um público mais alargado e diversificado.

Embora tenhamos recebido um total de seis inscrições para a atividade, esta teve

de ser cancelada pois não foi atingido o número mínimo de inscrições que seria de 10

participantes. Embora esta ideia tenha sido aceite com grande entusiasmo,

nomeadamente com a intenção de um espetáculo final no dia dos Centros Históricos,

não se reuniram infelizmente todas as condições necessárias para a sua concretização.

1.2.2. O olhar dos/as jovens perante o Património da Cidade

Pretendendo visualizar e chegar até à perceção dos/as jovens perante o

Património presente no centro histórico da cidade do Porto, surgia um outro evento que

girava em torno da área da fotografia. Destaca-se assim mais um momento onde se parte

da história como elemento chave para a conquista de público jovem para a Fundação e

para o seu equipamento cultural. Ou seja, este workshop tinha como principal objetivo

transmitir aos/às participantes o conhecimento necessário para a boa captação de

imagens fotográficas e o bom uso das câmaras fotográficas e dispositivos móveis, bem

como aprofundar conhecimentos na área da fotografia digital ao longo de um percurso

fotográfico pela zona histórica da cidade do Porto. Assim esta visualização e captação

de imagens da cidade do Porto no presente potenciavam a reflexão a nível do

património. Neste sentido, e através da captação de imagens do espaço envolvente, seria

81

possível descortinar um passado cultural inerente ao centro histórico e ao próprio

edifício Douro. Uma vez que, «o espaço comunica; mostra, a quem sabe ler, o emprego

que o ser humano faz dele mesmo» (Frago e Escolano, 1998: 64).

Sendo transmitida a intenção para avançar com esta ideia por parte da direção,

tivemos conhecimento de que já havia estabelecido contato laboral com a instituição

uma formadora na área. Esta última que já tinha demonstrado a sua intencionalidade na

concretização de uma atividade do género. Assim sendo, desenvolvendo as

competências de comunicação e mediação entre o PAFT e possíveis formadores/as, para

ser possível avançar com esta nova proposta, foi contatada a formadora em questão. No

momento foi explicitado qual o objetivo do workshop, qual o público-alvo, pretendendo

saber a sua opinião. Posto isto, obtivemos resposta, um pouco tardia por parte desta,

demonstrando o seu interesse pela proposta indicando que seria necessário algumas

horas para estabelecer a iniciação à fotografia, a própria concretização do safari pela

cidade e outro tempo dedicado à seleção e projeção das fotografias dos/as participantes.

Esta última, que depois de pensada e refletida, tendo em conta as dificuldades a nível

monetário que a própria instituição e população atravessam, pensou-se que uma

projeção das fotografias no PAFT poderia ser uma opção sensata. Após alguma

ponderação e conversa entre a nossa supervisora e a direção da Fundação, obtivemos

sinal verde para avançar.

Posteriormente, foi estabelecido novo contato ficando acordadas as condições

necessárias propondo o público-alvo de jovens a partir de 15 anos, e também a

obrigatoriedade de material como computador com programa de edição de imagem e

claro máquina fotográfica digital.

Estando já com pouco tempo para a divulgação da atividade o pedido da

construção do cartaz ao departamento de comunicação foi ainda feito com a intenção do

evento ter início no mês de Março. Contudo, não foi muito fácil obter por parte deste

departamento o cartaz divulgativo pelo que existiu a necessidade de o adiar.

Uma vez realizadas todas as alterações necessárias e recebido o cartaz para o

workshop, procedemos também à elaboração da ficha de inscrição para o mesmo

(Apêndice IV), onde se poderia escolher entre duas opções de horários.

Construídas todas as componentes de carácter divulgativo foi o momento de

iniciar a divulgação por todos os contatos da base da mailing list da instituição, bem

como nas redes sociais. Nestas, foi necessário mais uma vez proceder ao pedido ao

82

departamento de comunicação e marketing para colocação de informação no site, e

colocado pela equipa do serviço educativo no Facebook.

Após um período considerável para um processo divulgativo, e tendo em mãos

apenas três pessoas que haviam demonstrado interesse, chegamos de novo a um

impasse. Isto porque, e estando próximo o dia do início do workshop, houve mais uma

vez necessidade de anular a atividade, pois não tínhamos chegado a um número mínimo

de 10 participantes, condição essencial para a concretização. Deste modo, e embora a

ideia mais uma vez tivesse preenchido as intenções da instituição e da própria

formadora, na realidade tornou-se necessário informar a profissional da área de

fotografia em relação a este impasse.

Surge assim a ideia de abandonar esta temática e o plano do workshop sendo

pensado que seria melhor avançar com esta atividade um pouco mais tarde. Refletiu-se

que talvez a época das férias de Verão fosse a mais indicada, uma vez que a maioria

dos/as jovens se encontra de férias, ou até mesmo tentar uma ponte de partilha e ligação

entre escolas e turistas que preenchem muito o centro histórico da cidade do Porto.

Convém salientar que estas duas atividades, até agora alvo de descrição mais

pormenorizado, possuíam um ponto de partida comum. Ou seja, como foi percetível

partiu-se das memórias culturais do PAFT para a criação de atividades marcadas pela

inovação e criatividade, não esquecendo que o espaço enfatiza a dimensão artística.

Neste sentido, e tendo em conta que as atividades contribuíram para a idealização de um

serviço educativo, as mesmas aliavam deste modo a componente cultural com a

dimensão formativa/educativa. Este facto revela-se preponderante pois, «(…) o trabalho

dos serviços educativos deve reger-se por uma estratégia clara, que conjugue

preocupações culturais e educativas (…)» (Araújo, 2012: 45). Aliando estas dimensões

e preocupações os eventos propostos possibilitaram, tal como já fui dando

conhecimento, o desenvolvimento de várias competências a nível profissional.

Competências centradas na obtenção de conhecimentos a nível histórico, conhecimentos

acerca da planificação de atividades como workshops, aprendizagem e aperfeiçoamento

da capacidade de pesquisa e da componente de mediação. De facto a mediação, através

da comunicação foi essencial para a concretização das atividades mencionadas,

permitindo a partilha e criação de pontes entre a instituição e os/as formadoras em

questão.

83

1.2.3. Aproximando a juventude ao PAFT

Neste momento irei referir-me à descrição de um conjunto de outras sessões de

caráter dinâmico e formativo que tiveram como objetivo central a aproximação do

público juvenil ao trabalho e missão do PAFT e da Fundação. Assim, e tendo enfatizado

as duas sessões mais focadas nas questões culturais e da valorização do Património,

apresentarei de seguida algumas atividades desenvolvidas nos mesmos parâmetros de

ação contudo girando em torno de temáticas como: a empregabilidade; a arte; a ciência;

a mediação.

1.2.3.1. Empregabilidade e Técnicas de Procura de Emprego

Na época inicial de estágio no Palácio das Artes, foi recebida uma proposta de

análise de um conjunto de atividades que haviam sido entregues na instituição. Esta

baseava-se num projeto de formação da empresa Energia Fundamental, que pretende

contribuir para a formação e aperfeiçoamento de competências pessoais e profissionais

dos indivíduos. Para tal, procedem à concretização de um conjunto de workshops de

duração e custo reduzidos orientados por profissionais especializados. Neste sentido,

este projeto encontra-se dividido em diferentes áreas, onde seria necessário debruçar

acerca das mesmas e escolher a que fosse mais indicada, que correspondesse melhor aos

objetivos do PAFT. As áreas eram as seguintes: pais que sabem mais; profissionais

que sabem mais - saúde; profissionais que sabem mais - educação;

profissionais que sabem mais - respostas sociais; condutores que sabem

mais; alunos que sabem mais; avós que sabem mais. Assim sendo, e em conjunto

com a parceira de trabalho de estágio, a opção mais adequada seria centrar a ação na

área dos alunos que sabem mais, uma vez que era pretendido incidir em atividades que

envolvessem os/as jovens.

Estando presente a ideia de que seria nesta área que iriamos explorar esta

proposta, passamos para a análise de todos os workshops que tínhamos à disposição. De

todas as temáticas que poderiam ser abordadas consideramos que seria interessante ou

desenvolver a questão da gestão do tempo, envolvendo assim a temática das memórias,

da história, ou por outro lado a via das técnicas de procura de emprego um tema

84

bastante pertinente e atual. Assim, foram apresentadas as escolhas e após serem

refletidas e analisadas, decidimos avançar com o tema da empregabilidade.

A temática da empregabilidade, nos dias de hoje, aliada às juventudes não

poderia ser mais atual e relevante de abordar. Pois, a questão da inserção profissional

apresenta-se como «(…) um dos principais problemas com que se debate a juventude

contemporânea, se não mesmo o principal (…)» (Alves, 2008: 75). Vivemos tempos de

uma forte crise económica que engloba os/as jovens num universo onde a transição para

a vida adulta se arrasta no tempo aliada à problemática da inserção no mercado de

trabalho. Assim, «(…) muitos jovens estão fartos de o ser, encurralados nas ditas

transições»20

. Tentando intervir nesta problemática, consideramos que a instituição

poderia desenvolver uma atividade que permitisse, por um lado aproximar a juventude

ao contexto e por outro focar a questão da empregabilidade de forma a auxiliar o

público-jovem na sua entrada no mundo profissional.

Desenvolvendo uma mediação entre a instituição e uma outra entidade, entrei

em contato, com a profissional responsável pelo projeto e pelos workshops,

demonstrando o interesse em desenvolver esta atividade, questionando a disponibilidade

do departamento.

Estabelecendo este primeiro contacto, chegamos a uma resposta bastante

recetiva pelo que avançamos com a atividade. Assim sendo, foram solicitadas à

profissional responsável, informações acerca do evento, bem como uma nota biográfica

da formadora para proceder à construção do cartaz de divulgação. Integrada nas

dinâmicas institucionais, foi fundamental realizar contatos com a Fundação para

confirmar a reserva de uma sala na mesma para o desenvolvimento do workshop, visto

que as instalações do PAFT se encontravam ocupadas com uma exposição.

O momento que advém deste contato é pautado pela receção de todas as

informações necessárias era o momento de proceder ao pedido, à responsável pelo

departamento de comunicação, da construção do cartaz divulgativo. Neste poderíamos

encontram os objetivos da atividade que se prendiam com a promoção da reflexão e do

debate sobre a empregabilidade entre os jovens tentando dar a conhecer técnicas de

procura de emprego eficazes e atuais, bem como desenvolver competências pessoais

necessárias à procura de emprego. Para além dos objetivos era percetível a data e local

da realização do evento, bem como o custo e o número limite de participantes.

20

Teixeira Lopes , João (2011) disponível online em:

http://p3.publico.pt/actualidade/sociedade/1856/geracao-bloqueada

85

Existiu normalmente, como é percetível, alguma dificuldade em obter os

cartazes, pois o departamento encontrava-se com muito trabalho em mãos sendo

complexo corresponder a todos os pedidos rapidamente. Todavia, assim que recebido

foi de imediato enviado juntamente com a ficha de inscrição (Apêndice V) para todos os

contatos da base de dados patentes, e os que resultaram da pesquisa pela equipa do

serviço educativo. Foi divulgado também no site da instituição, bem como para a

própria formadora e redes socias.

Infelizmente não foi possível com esta divulgação inscrições suficientes para

realizar o workshop. Deste modo, e com o consenso de todas as partes envolvidas

adiamos o mesmo e informamos todos/as os/as responsáveis envolvidos/as, iniciando-se

uma nova divulgação e pesquisa de contatos.

Apesar de todo o novo esforço em torno desta atividade com uma temática tão

forte atualmente, onde vivemos índices de desemprego juvenil bastante elevados,

apenas conseguimos reunir um total de cinco inscrições. Não obtendo assim o número

mínimo houve necessidade de desmarcar tudo com os/as participantes inscritos/as

explicando a situação à profissional da empresa Energia Fundamental. A situação de

não conseguir alcançar o número mínimo de inscrições poderá dever-se ao custo por

participante aliado à atividade. Ou seja, tal como foca a pertinência da temática os/as

jovens neste momento não se encontram, na sua maioria, numa situação económica

fácil, o que poderá influenciar o sucedido. Contudo, e estando de acordo com a

instituição esta atividade formativa seria um auxílio para as juventudes em relação à

questão da empregabilidade. Uma vez que esta geração encontra-se bloqueada (Lopes,

2011), tendo apenas «(…) duas opções: ou resigna-se ou indigna-se. Mas indignando-

se é obrigada a reinventar-se»21

. Deste modo, ficou em aberto uma outra possibilidade

para mais tarde iniciar uma nova tentativa de realização deste evento.

1.2.3.2. Oficina de Escultura: Reciclarte & Style

No decorrer da ação de intervenção e através de uma conversa com a gestora do

Palácio das Artes, surge uma proposta interessante de uma oficina desenvolvida por um

artista plástico. Esta tinha como objetivo central iniciar a arte da escultura em cartão

tendo como base o princípio da reciclagem.

21

Teixeira Lopes , João (2011) disponível online em:

http://p3.publico.pt/actualidade/sociedade/1856/geracao-bloqueada

86

A partir deste momento era necessário proceder à organização e planificação de

uma reunião com o formador de forma a obter informações mais claras acerca do

mesmo. Posto isto, procedeu-se, à realização da conversa com o artista plástico para o

esclarecimento de algumas questões. No cerne destas encontrava-se o grande objetivo

da atividade, o público a que se destinaria a mesma, assim como a questão dos

honorários e limites de participantes. Ou seja, pretendia-se que a reunião com o

formador clarifica-se os objetivos de modo a estarem enquadrados nos objetivos do

Palácio das Artes. Pois, a contextualização do formador naquilo que são os objetivos é

uma questão fundamental na realização de formações com sentido e enquadradas.

No final da sessão ficou claro que a oficina de escultura denominada “Reciclarte

& Style” iria iniciar a arte de escultura em cartão existindo uma estreita relação entre o

conhecimento e a aprendizagem dos processos plásticos. Na ideia original do artista esta

seria direcionada a todo o tipo de público de todas as faixas etárias, expandindo o leque

de participantes que poderiam chegar ao espaço do PAFT. Posteriormente a alguns

contatos entre nós, enquanto instituição, e o formador, a oficina ficou destinada a jovens

dos 13 aos 20 anos, existindo a necessidade de os participantes trazerem consigo

algumas caixas de cartão que já não utilizassem.

Acordadas entre ambas as partes as condições necessárias à realização da oficina

foi o momento do pedido da realização do cartaz ao departamento indicado a esta

função. Contendo toda a informação necessária, ou seja cartaz e ficha de inscrição

(Apêndice VI), iniciou-se o processo de divulgação entre os diferentes contatos da base

do PAFT, também com a possibilidade de visualidade no jornal “As artes entre as

letras” e na estação de televisão Porto Canal com a presença da minha colega do serviço

educativo.

Não sendo possível alcançar um número razoável e adequado para a realização

da oficina esta teve também de ser adiada. Deste modo, e embora tendo sido realizada

uma divulgação em todos os meios possíveis, não conseguimos mais uma vez alcançar

o número mínimo de 10 participantes. Considerando esta situação a mesma foi

explicada ao artista plástico entendendo que não seria possível avançar agradecendo

todo o trabalho desenvolvido.

Não querendo ser repetitiva, a questão económica poderá ter um peso razoável

na participação ou não numa atividade artística deste género. Contudo, esta atividade

que permitiu para além da obtenção de competências a nível comunicacional, técnico e

organizacional de eventos, a aprendizagem de algumas questões aliadas às artes

87

plásticas. A par com a componente artística, se desenvolvia a concetualização do

serviço educativo, uma vez não é possível conhecer um país sem conhecer a sua arte

(Barbosa, (s/d)). Logo este serviço deverá articular a vertente artística e cultural com

momentos educativos e formativos, que aproximam a população jovem do PAFT, tal

como a oficina descrita.

1.2.3.3. Gestão da Carreira Criativa

Focando na grande temática das artes, e estando a trabalhar num local que

enfatiza e explora as potencialidades de jovens criadores/as, pareceu-me deveras

apropriado tentar desenvolver uma atividade em torno desta dimensão. De facto, o que

sucedeu foi uma proposta de uma profissional que tinha a intenção em desenvolver um

workshop em torno do tema “Gestão da Carreira Criativa”. Assim e relacionando a

juventude com a empregabilidade, no sentido em que aborda estas duas vertentes

nomeadamente em contexto artístico, foi de imediato uma ideia a desenvolver. A

formadora responsável após enviar para o Palácio todas as informações acerca deste

evento, foi o momento de proceder á mediação através da comunicação entre a direção

da Fundação e a própria formadora.

Seguindo o mesmo modelo de ação que fui explicitando anteriormente, e

posteriormente a alguns momentos de negociação e partilha, chegamos ao acordo de

todas as condições para saltar para a concretização do workshop proposto. De forma a

se tornar mais explicito este workshop tinha como principal objetivo aprender a gerir a

carreira artística, ficando munido de ferramentas para conseguir desenvolver e

concretizar as ideias de cada um. Seriam então abordadas e trabalhadas questões-chave

desde planeamento, apresentação, marketing, auto-promoção, financiamento e aspetos

legais. Esta atividade destinava-se a jovens estudantes na área das artes, criativos/as

ativos/as que queriam promover e gerir a sua carreira e a artistas plásticos, designers,

ilustradores/as, fotógrafos/as, freelancers, atores/atrizes, músicos, dançarinos/as,

escritores/as, etc.

Possuindo o cartaz e a respetiva ficha de inscrição (Apêndice VII) em mãos,

passamos para o grande processo de divulgação do evento. Partindo pelas vias

habituais, ou seja, pela base de contatos, pelas redes sociais e site da Fundação da

Juventude. Mais tarde, considerou-se que seria interessante aproveitar para dar a

88

conhecer o evento aos elementos presentes nas residências artísticas, pois são na sua

maioria jovens que trabalham em torno da produção das suas próprias criações.

Chegamos a alcançar cerca de 12 inscrições, e tendo presente que iria ocorrer

esta atividade, recebemos no PAFT todos os materiais que seriam necessários para os/as

participantes e alguns pedidos por parte da formadora. Isto é, depois de ser questionada

acerca de que materiais iria necessitar esta solicitou a presença de um computador e

projetor, assim como a disposição em U relativamente à posição das mesas. Esta

disposição, que de acordo com a minha formação em torno das questões educativas, me

pareceu deveras relevante no sentido de todos/as os/as participantes poderem comunicar

de forma visível e mais próxima, permitindo um outro nível de diálogo entre o grupo.

Chegou um feedback positivo, no que toca à realização deste evento, sendo

informada que marcaram presença 9 participantes que levaram consigo o certificado de

presença, pois alguns desistiram. Possuindo todas as informações dos/as participantes,

de imediato foi enviado um documento (Apêndice VIII) que nos remete para a avaliação

desta sessão pedindo o seu preenchimento o mais breve possível.

Após todos estes procedimentos chega o momento de refletir de que forma esta

atividade contribuiu para o propósito da intervenção. De facto, esta tentativa de articular

a veia artística com um momento formativo, que englobasse a problemática da inserção

no mercado de trabalho, ou de uma gestão positiva de carreira não poderia ser mais

apropriada. Um serviço de natureza educativa deve potenciar estes momentos de análise

e reflexão, neste caso dirigidas ao público jovem, tendo em conta áreas de interesse para

os mesmos.

Esta ideia de gerir a sua própria carreira profissional remete-nos para a ideologia

do empreendedorismo jovem, do qual tanto se fala neste tempo de crise. Neste sentido,

existe uma necessidade de complementar a função das instituições de educação formal,

com a formação ao nível das capacidades empreendedoras. Logo, o «(…) papel da

educação não formal e voltada ao trabalho faz-se necessário [no] contexto de interesse

da sociedade pelo empreendedorismo» ( Lima-Filho, Sproesse e Martins,2009: 251).

Desta forma, através deste workshop o público jovem poderia desenvolver e adquirir

novas competências nesta dimensão tão relevante e que muito depende das instituições

de carácter educativo não formal.

89

1.2.3.4. Comande o seu Cérebro22

Incidindo numa outra área não tão relacionada com as questões da

empregabilidade e carreira profissional, foram propostos no PAFT um ciclo de

workshops acerca de desenvolvimento pessoal e profissional. Entre várias temáticas

aquela que mais chamou a atenção da gestora do Palácio, e que consequentemente nos

solicitou que desenvolvêssemos, foi o workshop “Comande o seu Cérebro”. Contatamos

a formadora do mesmo, questionando a sua disponibilidade e interesse em desenvolver

proximamente a atividade. De uma forma bastante breve foi recebida a sua resposta

contemplando a sua inteira disponibilidade para a concretização do mesmo. Neste

sentido, e contendo já em nossa posse alguma informação acerca da atividade e da

biografia da formadora procedeu-se ao pedido habitual da construção do cartaz

divulgativo. Este documento contemplava, a data, o local e custo da formação, assim

como o objetivo do workshop. Este que proporcionava a oportunidade de ver como a

programação neurolinguística (PNL) consegue modificar comportamentos de uma

forma rápida e eficaz: perder um medo ou uma fobia, ter acesso a emoções positivas em

qualquer momento (calma, confiança, etc.), desenvolver crenças potenciadoras,

estimular a imaginação e criatividade e livrar-se de compulsões.

Após iniciar a divulgação nos meios habituais já designados, obtivemos vários

comentários à iniciativa assim como a proposta de uma sessão a um Sábado. Visto os

vários pedidos que foram chegando ao PAFT, consideramos interessante possibilitar

esta dupla opção de horário solicitando a opinião da formadora acerca desta questão.

Assim obtínhamos a perceção que a atividade, os seus propósitos estavam a chegar ao

público, especificamente aos/às jovens. Estando todas as condições acordadas procedeu-

se às alterações na ficha de inscrição e cartaz de divulgação (Apêndice IX), assim como

a uma nova divulgação. Neste caminho divulgativo tive a oportunidade de participar no

programa Porto Alive do Porto Canal, juntamente com a formadora explicitando melhor

a atividade e convidando a todos/as os/as expectadores/as a participarem no workshop.

Recebemos um total de 39 inscrições entre os dois dias disponíveis para o

workshop, ocorrendo assim duas sessões do mesmo. Na sua primeira sessão tive a

possibilidade de estar presente nas instalações da Fundação da Juventude, auxiliando a

formadora em tudo o que necessitava e assistindo ao workshop fazendo assim uma

22

O título do workshop foi da responsabilidade da formadora do mesmo.

90

avaliação da sessão pelo que observava. Claro está que houve necessidade de ouvir os

participantes e nesta linha de pensamento foram também distribuídas no final da sessão

uma ficha avaliativa da atividade (Apêndice XX). Embora não podendo estar presente

obtive um feedback positivo da segunda sessão sendo da mesma forma distribuídas as

fichas da referida avaliação da sessão.

Percebendo o interesse dos/as participantes numa continuação da primeira sessão

do workshop, no sentido de aprofundar algumas questões no cerne desta temática,

consideramos em conjunto que seria importante possibilitar esta prolongação. Acordada

esta nova sessão procedeu-se a uma divulgação via email para os/as participantes das

primeiras edições, desta segunda parte do workshop “Comande o seu Cérebro” com

igual custo por participante. Para esta segunda parte inscreveram-se um total de 8

pessoas, contudo, e devido a alguns problemas por parte da organização da atividade no

dia da realização alguns destes/as participantes não chegaram a marcar presença na

iniciativa. Embora, e enfrentando estes pequenos obstáculos enviamos a avaliação para

os participantes que marcaram presença.

De forma a possibilitar que outros/as participantes pudessem frequentar esta

atividade, uma vez que existia um limite máximo de 20 participantes, consideramos que

deveríamos realizar uma terceira edição. Passando mais uma vez por todas as etapas de

contatos com a formadora, a divulgação de terceira edição, organização de espaço para

a ação, realizou-se esta nova edição.

Uma vez mais, este workshop contou com uma grande adesão tendo novamente

originado vários telefonemas de explicitação da atividade e um total de 18 inscrições.

Ouvindo mais uma vez a opinião de todos/as enviamos solicitamos com a maior

brevidade possível o preenchimento do documento avaliativo.

Como foi visível através das várias edições da atividade, a possibilidade de

“comandar o cérebro” originou uma grande curiosidade por parte de todo o tipo de

público, contudo maioritariamente jovem. Talvez a curiosidade pelo desconhecido e a

necessidade de obter um controlo da nossa própria mente tenha originado esta procura

de participação. Devido à preparação de todas estas edições, estas contribuíram de

forma preponderante para a minha capacidade de preparação, desenvolvimento e

divulgação de workshops. Para além disto, possibilitou o contato mais próximo com o

público, estando presente numa das sessões, onde pude observar a sua participação na

atividade. Assim, o workshop “Comande o seu Cérebro” remete para o trabalho do

serviço educativo, visto que este tal como a atividade se rege «(…) por princípios da

91

animação sociocultural, que [abrem] portas à participação individual e social (…)»

(Araújo, 2012: 45).

1.2.3.5. Gestão de Conflitos em Contexto Escolar

Estando presente a ideia central de aproximar cada vez mais jovens ao contexto

do PAFT e da Fundação, uma outra atividade alvo de interesse, por parte da equipa da

instituição, referiu-se ao workshop idealizado acerca do tema de mediação, mais

especificamente em contexto escolar. Esta ideia surge no sentido em que o debate e a

explicitação deste processo não deveria ser uma novidade neste tipo de contexto,

necessitando ser mais explorado para se afirmar nesta realidade. Para além disto, o

workshop em torno da Mediação de Conflitos para jovens surgia como fonte de

informação e transmissão deste conhecimento que poderia levar à afirmação dos alunos

enquanto agentes de mediação. Pois, o trabalho na implementação da mediação escolar

deve passar «(…) necessariamente pela organização de uma equipa multidisciplinar de

mediadores, devidamente capacitados em mediação de conflitos, com formação nas

áreas de psicologia, sociologia, serviço social, pedagogia, entre outras, de modo a

desenvolver um conjunto de acções que permitam a concretização dos objectivos do

Projecto» (Morgado e Oliveira, 2009: 51).

Numa ideia inicial, tal como já apresentei anteriormente, o objetivo seria a

realização de uma sessão com características de um workshop. Ou seja, o plano

apresentado em meados de Março assentava num workshop denominado de “Vamo-nos

entender! Workshop de Mediação de Conflitos em Contexto Escolar” destinado a

jovens a partir dos 15 anos de idade. Este workshop tinha um custo reduzido uma vez

que as formadoras seriamos eu e a minha colega do serviço educativo, ambas

licenciadas em Ciências da Educação, onde não nos seria pago nenhum valor monetário.

Esta sessão tinha como objetivo central realizar uma abordagem teórico-prática do

conceito de mediação e sua aplicação prática no contexto escolar. Ou seja, pretendia

capacitar os/as jovens de forma a resolverem os seus conflitos através do diálogo, da

comunicação e do respeito pelos interesses de ambas as partes. Deste modo, e utilizando

como estratégia a simulação de algumas situações onde a mediação se revela como uma

possibilidade de método de resolução de conflitos, pretendíamos possibilitar aos/às

participantes uma postura ativa enquanto mediadores/as. Alguns dos conteúdos chave a

aprofundar seria o conceito de conflito, negociação, mediação e focando a mediação

92

escolar. Neste plano apresentamos também uma série de exercícios de simulação que

permitiriam, para além de entender melhor todo o processo, tomar a postura de um/a

mediador/a.

Estando alvo de análise este plano, e consequente cartaz e ficha de inscrição

(Apêndice XI) elaborada para a divulgação desta atividade, a presidente da Fundação,

considerou a iniciativa bastante interesse. Contudo, sugeriu a ideia de esta abordagem, à

questão de mediação de conflitos, fosse concretizada junto dos/as alunos/as do Sistema

de Aprendizagem da Fundação. Isto porque, e tal como nos foi explicitado este grupo

seria caracterizado por representar um conjunto de alunos/as com alguns índices

problemáticos, que necessitariam de alguma formação neste campo. Assim sendo,

decidimos aceitar o desafio esperando novas indicações uma vez que poderia existir a

necessidade de alterar a planificação da ação.

Enfrentando alguns contratempos, apenas possuímos a informação da realização

da atividade dois dias antes do dia de concretização. Para além disto, obtivemos a

indicação de que seria uma sessão que se aproximava de uma conferência uma vez que

estariam presentes cerca de 70 alunos/as. Tendo estas condições disponíveis e fazendo

algumas alterações ao plano da sessão, não poderíamos recorrer a muitas atividades

práticas, uma vez que a conferência seria realizada no auditório da Fundação.

A sessão ocorreu com a presença de cerca de 70 alunos/as do Sistema de

Aprendizagem entre os 15 e os 23 anos de idade, estando também presentes um/a

formador/a por turma. Apesar de as condições do espaço não permitirem uma grande

interação com os/as jovens fomos tentando ao longo de uma primeira abordagem de

carácter mais teórico perceber as suas ideias acerca da temática com o auxílio de um

powerpoint construído para a sessão (Apêndice XII).

No seguimento deste primeiro momento, que teve uma duração de cerca de uma

hora, procedemos ao preenchimento de uma ficha de avaliação (Apêndice XIII) da

sessão, onde tentamos perceber as ideias dos/as alunos/as acerca da temática bem como

no que se refere ao desenvolvimento da iniciativa, o que antecedeu uma pequena pausa.

De regresso do momento de intervalo, passamos para a componente mais prática

apresentando cerca de duas simulações, baseadas em exercícios pesquisados no “Basic

Mediation Training: TRAINERS’ MANUAL (2002)” de Carol Orme-Johnson e Mark

Cason-Snow, onde tivemos a oportunidade de contar com o auxílio de quatro

voluntários. Dois destes alunos disponibilizaram-se a assumir dois papeis de conflito,

enquanto que a plateia exercia o papel de mediadores/as.

93

Colocada e simulada a situação, tivemos uma grande participação dos/s jovens

que participaram de forma ativa enquanto mediadores/as. Ao longo do exercício fui

intervindo fazendo pequenos resumos das opiniões que iam sendo dadas até

encontramos uma solução aceite por ambas as partes.

Num segundo momento, e partindo da participação de duas formadoras do

Sistema de Aprendizagem, realizamos mais uma simulação que partia de um conflito

entre uma aluna e a sua professora. Mais uma vez com grande entusiasmo os estudantes

participaram na simulação mostrando-se empenhados e permitindo a perceção de que

esta componente prática contribuiu muito para a aprendizagem deste público perante a

temática da mediação de conflitos no contexto escolar.

Tendo presente a realização deste workshop em redor desta temática, o objetivo

seria contribuir para potenciar nas crianças, jovens e educadores a construção de uma

cidadania ativa e participativa (Freire, 2010).

A consequência de uma realidade escolar com a concretização da idealização de

um espaço como um gabinete de apoio ao aluno onde se abordará este processo de

mediação de conflitos, poderia ser um objetivo à posteriori desta sessão (in) formativa.

Em consequência disto mesmo, esta «(…) criação de instâncias na escola que se

especializem na intervenção em situações de conflito pode em muito contribuir para

uma significativa melhoria das relações no espaço escolar» (Pires, 2010: 122). Deste

modo, a introdução de uma acção de mediação de conflitos poderá levar a que esta

situação em que vivemos de um mundo escolar marcado pela violência e divergência

não se enfatize mais.

1.3. Voltando o PAFT para a comunidade

1.3.1. Projeto circuito de visitas e memórias

Uma das potencialidades que surgiu como um possível caminho para a

organização e realização da ação do serviço educativo, foi o projeto dos circuitos de

visitas e memórias.

Importa destacar, que este projeto foi analisado e entregue

à instituição no trabalho inicial de estágio, todavia e devido a várias alterações

94

solicitadas este foi alvo de várias correções. Assim sendo, irei apresentar a primeira

versão deste projeto passando posteriormente para a fase final do mesmo.

De forma inicial o projeto dos circuitos de visitas pretendia dinamizar o espaço

do Palácio, através da ideia de uma ação que interligava o trabalho do PAFT, o público

juvenil e a história do espaço. Esta ação iria partir de num conjunto de circuitos reais,

simbólicos, virtuais, externos e imaginários. Ou seja, reportando-me aos primeiros

circuitos, os reais, era sugerido organizar no espaço físico uma série de caminhos que

elucidavam através de atividades mais específicas, que levam o público a conhecer o

Palácio das Artes ao longo do tempo tendo em consideração os três principais

momentos históricos que o marcam: Convento de S. Domingos; Banco de Lisboa;

Companhia de Seguros Douro; Palácio das artes – Fábrica de Talentos (PAFT).

Ilustração 2 - Linha do Tempo Palácio das Artes - Fábrica de Talentos

Na entrada principal do edificio, mais concretamente na escadaria do piso nobre

as pessoas optariam por um de 3 circuitos disponíveis.

Um dos caminhos iria refletir a vida quotidiana do século XIII na Cidade do

Porto, mais concretamente no largo de S. Domingos. Deste modo, os/as visitantes iam

descobrindo a vida medieval através de exposições informativas sobre a história, e

possíveis peças de teatro interativas com prováveis parcerias com os artistas presentes

no PAFT.

Seguindo um outro trajeto possível, caminharíamos num espaço interativo e de

descoberta no que toca à realidade do Banco de Lisboa (à época). Posto isto, previa-se

uma espécie de “caça ao tesouro” onde os/as visitantes entravam pela caixa forte e

tinham de passar por “lasers” sem lhes tocar para chegarem ao outro lado, onde iriam

ser encaminhados/as para vários “postos” com pequenos desafios para resolverem

(contas, puzzles matemáticos, atividades relacionadas com dinheiro). Encontrar-se-iam

afixadas no cofre algumas informações e curiosidades relativas à época em questão.

Aquando do término dos desafios colocados iriam ser encaminhados para outro

local onde seriam premiados/as pelos seus conhecimentos no que toca a esta época.

95

Por fim, estes circuitos de carácter mais físico contavam ainda com o percurso

dedicado à Companhia de Seguros Douro, onde se iria trabalhar a questão do risco,

através de jogos onde os/as visitantes se confrontavam com dilemas, e perante estes

tinham de optar por um caminho. Assim, ao fazerem as suas opções progrediam numa

história contando com as questões de cálculo e probabilidade de risco.

Importa ainda referir, que ao longo de todas as salas onde iriam ocorrer os

circuitos reais, era possível visualizar curiosidades através de fotografias, elementos

informativos acerca da história do edifício.

Relativamente aos circuitos simbólicos, estes consistiam em atividades que

pudessem constar dos circuitos reais, integrando-os. Assim, tínhamos como exemplo

uma articulação com a Universidade do Porto no sentido de convidar várias faculdades

a promover as suas próprias atividades integradas nos circuitos reais.

Pensando nos circuitos virtuais, que dizem respeito a uma tradução dos circuitos

reais para uma plataforma online, cujo objetivo seria permitir que fosse possível

percorrê-los através da internet e assim tomar conhecimento da história do local.

No que toca aos caminhos externos, estes tinham o objetivo de levar os/as

visitantes a conhecer um pouco mais da cidade do Porto, levando-os/as a conhecer

alguns pontos relacionados com cada uma das épocas que o edifício viveu.

Finalmente considerava-se pertinente organizar circuitos imaginários, em que

iriam ser realizadas tertúlias sobre temáticas ligadas às diferentes épocas do edifício.

Uma outra ação prevista dizia respeito à divulgação do Palácio das Artes, neste

sentido, e porque as novas tecnologias conseguem veicular e difundir informação de

uma forma global, ao qual os/as jovens tem um acesso frequente, a internet apontava ser

uma ferramenta fundamental para concretizar esta ação. Também seria importante

divulgar a atividade junto dos postos de turismo, das lojas e cafés situados no largo de

S. Domingos através de panfletos, cartazes, flyers.

Apresentada a proposta anteriormente explicitada, a mesma foi alvo de análise e

reflexão pela gestora do PAFT e pela direção da Fundação da Juventude. Embora este

momento de análise se ter estendido demasiado no tempo, foram recebidas algumas

alterações e sugestões a este primeiro plano. Assim, foi pensada uma outra dinâmica de

visitas que se centrava no objetivo de dar a conhecer a história do edifício recorrendo a

imagens e textos, mas onde existiam dois tipos de percursos. Ou seja, uma das visitas

seria gratuita e sem marcação, contudo pontualmente poderiam ocorrer visitas temáticas

onde, além do que constitui a visita simples, também estariam presentes atividades

96

relacionadas com a temática a explorar. Neste sentido, as visitas temáticas dividiam-se

em dois percursos um mais dedicado a crianças que se centraria na evolução do jogo e

ocupação dos tempos livres ao longo do tempo e um outro para jovens, que trataria das

questões da transição para a vida adulta, nomeadamente nas vertentes da intimidade e

do emprego. Importa destacar que estes percursos dedicados a públicos específicos

estariam sempre ligados com os momentos históricos que o Palácio viveu.

Especificando o trajeto das visitas gerais estas partiriam da escadaria do edifício

onde seria possível encontrar algumas perguntas-chave de forma a atrair visitantes,

assim como cartazes alusivos ao circuito (Apêndice XIV) e às épocas históricas que

marcam o local. Seria entregue também um quizz com questões acerca do circuito onde

os/as visitantes iriam encontram as respostas ao longo da visita. Numa sala focada na

época do convento de S. Domingos seriam expostas roupas da época, por exemplo,

informações históricas e atuais ao longo de todos os outros espaços.

Relativamente às visitas temáticas estas teriam folhetos divulgativos específicos

(Apêndice XV) Para crianças, existiriam folhetos específicos para divulgação das

visitas, consequentemente alguns jogos que retratam a evolução do jogo e lazer

intercalados com as diferentes etapas do edifício. Importa salientar que seria também

entregue um quizz com questões que iriam sendo preenchidas ao longo da visita e que

se encontra em apêndice (XVI) para consulta, terminando com uma classificação e

consequente premiação.

Um pouco nos mesmos parâmetros destinava-se uma visita para o público-jovem

que teria um folheto divulgativo específico, e que se baseava num conjunto atividades

desenvolvidas ao longo da visita ao edifício, e que se centravam nas questões das

transições juvenis e intimidade ao longo do tempo. Da mesma forma o quizz faria parte

do trajeto (XVI), contudo apropriando as questões à faixa etária relativamente ao

direcionado às crianças.

Para se tornar a planificação e o entendimento da ação mais percetível foi

construído um documento com todas as etapas descritas que poderá ser consultado em

apêndice (XVII), onde são explicitadas as várias atividades presentes em cada sala do

edifício Douro.

De forma a tornar-se concretizável, seria central para o projeto pesquisar

algumas empresas que pudessem disponibilizar meios ou materiais para as visitas, ou

até mesmo apoio de foro financeiro. Posto isto, foram pesquisadas várias possíveis

entidades parceiras como por exemplo: a Modatex; os Arquivos da RTP; o Instituto

97

Multimédia; a empresa lego; Cinemateca Portuguesa e a loja A Vida Portuguesa (Loja

de Jogos Tradicionais). Assim efetuada a pesquisa foi necessário construir uma carta

modelo a explicitar o objetivo e pedido da parceria que foi analisada pela direção da

Fundação (Apêndice XVIII).

Embora tenham sido realizadas todas as alterações convenientes e todos os

processos necessários para concretizar estas atividades, as mesmas não vieram a

ocorrer. Isto porque, uma atividade desta dimensão necessitaria de mais tempo de

permanência na instituição para ser levada a cabo. Todavia, esta proposta fica na posse

da Fundação da Juventude como uma possibilidade para o impulsionamento da ação do

serviço educativo do PAFT. Pois, estas visitas guiadas possibilitariam o (re)viver o

contexto através da articulação entre a história e as transições das juventudes, de forma

a aproximar os/as jovens do trabalho desenvolvido pelo PAFT. A planificação destas

visitas como foi descrito envolveu um trabalho de pesquisa e idealização, que deveria

ser marcada pela criatividade e inovação. Desenvolvi ao longo da conceção desta ação

competências aliadas à comunicação, formação, divulgação e mediação. Esta última,

que permitiu uma aprendizagem ao nível da constituição de parcerias necessárias para a

concretização da atividade.

1.3.2. Dar a conhecer o Palácio das Artes: acompanhar diversos públicos

Através de uma proposta da direção da Fundação da Juventude, a equipa do

serviço educativo foi sugerida a acompanhar um grupo de visitantes que pretendiam

conhecer os monumentos dos centros históricos de várias cidades. Assim sendo, foi

proposto realizar uma explicitação acerca da história do edifício e dando a conhecer a

sua missão nos dias de hoje.

«Assim que ouvi esta proposta fiquei logo muito interessada na mesma, uma vez que vai

de encontro aos meus objetivos aqui no Palácio das Artes, que se centra principalmente

em aproximar a população, mais concretamente os/as jovens, do mesmo dando a

conhecer a sua história, de uma forma informal e educativa, que se envolve num

Património nacional»

(Nota de Terreno, 21 de Dezembro de 2012)

98

Constituindo um momento de formação, foi organizada a informação histórica

de forma a dar a conhecer a mesma aos/às diferentes visitantes, contudo e devido às

difíceis condições meteorológicas que se faziam sentir esta iniciativa teve de ser

cancelada.

«Seguidamente a esta pequena reunião deixamos que os/as jovens fossem visitar

livremente a exposição atual do PAFT, “Filhos de um Deus menor”. Não menos

importante acompanhamos os mesmos até uma das residências artísticas onde os/as

alunos/as tiveram a oportunidade de falar com alguns artistas residentes (…)»

(Nota de Terreno, 23 de Janeiro de 2012)

Um outro momento que devo destacar, e que remete para a aproximação entre

os/as jovens e o património cultural, deve-se ao acompanhamento da visita de estudo

dos/as alunos/as da Escola de Espinho, mais concretamente do curso de animação sócio-

cultural. Nesta visita, foi possível estabelecer uma conversa informal com os/as jovens

de forma a permitir a comunicação entre todos/as e onde foi distribuído pelos/as

presentes um documento informativo relativamente à história do local (Apêndice XIX).

Posto isto, reunidos numa das salas do piso nobre do PAFT existiu a oportunidade de

passar a informação do património cultural que este local transparece. Claro que toda

atualidade e atividades desenvolvidas pelo Palácio foram abordadas e dadas a conhecer,

assim como a realização de uma visita guiada por todo o edifício.

«Este momento foi relevante pois permitiu dar a conhecer a história a estas

colegas de forma a que possam passar esta mensagem aos/às participantes do Dia

Nacional dos Centros Históricos que por aqui passem»

(Nota de Terreno, 20 de Março de 2013)

A explicitação destes factos históricos foi também transmitida a duas novas

estagiárias que chegam às instalações do PAFT e que teriam uma participação no dia

dos Centros Históricos. Para além desta abordagem, foi disponibilizado às colegas o

documento utilizado na visita de estudo referida para ser distribuído na comemoração

dos Centros Históricos, bem como foi realizada uma visita guiada pelo edifício onde foi

possível dar a conhecer alguns elementos históricos ainda preservados.

99

O acompanhamento informado, assim como todos os outros descritos neste

ponto 3.2., constituíram momentos educativos pautados pela temporalidade cultural. Ou

seja, remetendo-me para a noção de memórias coletivas (Felgueiras, 2005), foi objetivo

primordial destas ações reviver a identidade do contexto aproximando o público do

mesmo. Nesta perspetiva, partindo da componente histórica e cultural tentou-se

transparecer a missão e os objetivos, do novo equipamento da Fundação da Juventude,

que constituem a sua própria identidade.

1.4. Ações de Integração na dinâmica institucional: outras atividades

desenvolvidas no Palácio das Artes

Para além de todas as atividades que fui descrevendo até ao momento, o meu

estágio foi também ocupado por uma série de outras ações e atividades que tiveram

também um papel importante no desenvolvimento do serviço que se pretende educativo.

Ações de divulgação e comunicação

Uma de várias atividades desenvolvidas prendeu-se com a observação,

divulgação e participação nas sessões do Seminário “Ser Empreendedor/a”, no auditório

da Fundação da Juventude, proporcionado pela Rede Nacional de Responsabilidade

Social das Organizações. Este evento, no qual exerci também funções de receção dos/as

participantes, permitiu aprofundar os meus conhecimentos em torno da temática do

empreendedorismo, assim como perceber qual o público que frequenta as atividades da

Fundação.

«De facto este Seminário foi muito interessante, estando nós a viver num tempo de

grande crise económica, onde os/as jovens não preveem um futuro muito risonho em

termos profissionais, esta questão de ser empreendedor pode ser uma solução a

desenvolver»

(Nota de Terreno, 23 de Outubro de 2012)

100

Surgiu ainda a oportunidade de realizar mais um processo de divulgação de um

conjunto de atividades que compunha a Oficina dos Pequenotes, destinada à ocupação

do tempo livre das crianças no período de férias de Natal.

Foram desenvolvidas ao longo de todo o estágio atividades de caráter

administrativo. Ou seja, por inúmeras vezes desenvolvi trabalho de receção, receção dos

visitantes de exposições no PAFT, atendimento de telefonemas envio de alguns emails

necessários. Ainda mais, auxiliei por inúmeras vezes na arrumação das instalações do

Palácio para a preparação de eventos como as várias edições das Feiras Francas. Ainda

neste evento contribuí para auxiliar os/as diferentes participantes da Feira, na recolha de

material fotográfico, assim como no processo de contagem de visitantes.

Todos estes trabalhos de carácter mais prático, embora possam parecer à

primeira vista trabalhos menores não o são de todo. Isto porque, estes permitiram

aprofundar os meus conhecimentos em relação à instituição, às suas dinâmicas, bem

como do público central que visita a Fundação e o seu equipamento cultural.

«este novo dia fica mais uma vez marcado por uma forte componente de comunicação

aliada à mediação entre instituições, com o objetivo da realização de um evento

formativo e educativo para todos/as»

(Nota de Terreno, 3 de Dezembro de 2012)

Ação de Conceção

Uma outra atividade solicitada pela equipa do PAFT diz respeito à formulação

de uma proposta para a realização em Portugal do concurso “Culture Programme –

Cooperation measurs”, ou seja mais especificamente “Centros Históricos – património

da humanidade – Espaços Interculturalismo. Este último, que tem como objetivo

principal promover os centros históricos e a sua valorização, assim como o diálogo

intercultural, através de estratégias locais de turismo cultural e da promoção da

mobilidade de artistas através das artes visuais. Este concurso surge envolvendo-se no

Ano Europeu do Património Cultural, das Artes Visuais e das Artes performativas,

tendo início em Maio de 2013, e sendo mais conhecido pelo título – “CulTour”. Neste

sentido, foram propostos alguns workshops na área de fotografia, cinema, arquitetura, os

quais já fiz referência anteriormente. Para além disto, no nosso País esta iniciativa teria

como objetivos gerais recolher documentos que remontassem à história de um

101

monumento numa cidade em cada país colaborador; trabalhar essa mesma história

através de artes visuais e/ou performativas de forma a dá-la a conhecer à população no

geral; permitir que cada país toma-se contacto com a história de outro, o que permitia

uma troca de experiências e de conhecimento de outras culturas entre os países

colaboradores; aplicação de questionários à comunidade envolvente sobre a importância

da divulgação e preservação dos centros históricos que constituem o património de cada

país colaborador e realização de workshops e atividades dinâmicas e interativas que

permitam um pensar nestas questões de um modo diferente, cujos resultados podem ser

aplicados ao próprio concurso.

Torna-se neste momento conveniente realizar uma retrospetiva de todas estas

últimas atividades no que toca aos seus contributos para a intervenção. Através de todas

estas atividades fui desenvolvendo um conjunto de competências como a comunicação,

a mediação entre diferentes instituições e públicos, a dimensão da formação, conceção e

organização de eventos. Para além disto, o conjunto de atividades que descrevo

permitiram conhecer melhor a Fundação da Juventude, o PAFT, o seu trabalho, a sua

dinâmica organizacional e a sentir-me como membro da equipa.

Capítulo II: analisando a ação – etapas da construção de um serviço educativo

O capítulo a que agora se dá início será dedicado a uma análise teórica

transversal das ações desenvolvidas no percurso profissionalizante que se deu a

conhecer anteriormente. Após a descrição de todas as atividades, que contemplaram o

trabalho desenvolvido, torna-se de extrema relevância compreender o modo como se

articulam e integram no sentido da conceção e desenvolvimento do serviço educativo no

equipamento cultural PAFT.

Sendo o objetivo central desta intervenção, no contexto do Palácio das Artes,

contribuir para a construção de um serviço educativo, importa referir que estas

estruturas «(…) são uma peça fundamental nas instituições culturais, na medida em que

são o órgão responsável por estabelecer a relação entre determinada instituição e o seu

público, através da promoção de projetos e atividades de carácter lúdico e educativo

(…)» (Araújo, 2012: 43). Esta relação entre o público e a instituição cultural,

nomeadamente o público-alvo da mesma, os/as jovens, é marcada pela cultura, pela arte,

pelo património. Pode considerar-se, deste modo, que «a cultura é uma fonte de

102

socialização, proporcionando a aproximação e o contacto entre as pessoas» (idem: 43).

Um olhar global em torno do exercício profissionalizante mostra que foram

desenvolvidas um conjunto de atividades marcadas pela dimensão educativa não formal,

proporcionando e potenciando um conjunto de aprendizagens em diferentes áreas. Neste

sentido, dá-se «(…) relevo aos contextos e processos de experiência social, nos quais se

partilha o conhecimento e se (re)descobre e compreende criticamente a realidade (…)»

(Palhares, 2009 :64). Nesta linha de ação sobressai o impacto das aprendizagens

impulsionadas por momentos distanciados de um a realidade educativa formal, de uma

“rigidez” inerente ao processo de escolarização.

2.1. O Património como potenciador educativo

Partindo da idealização de um conjunto de workshops dos quais se destaca o

desenvolvido na área do teatro e da fotografia, onde através da história do edifício do

PAFT, se tentava motivar o público juvenil a contatar com o equipamento cultural de

forma educativa. Através de um momento dinâmico de formação, procurou estabelecer-

se uma ponte entre as memórias culturais e um presente marcado pela inovação e

criatividade. Criatividade que poderá ter sido a resposta à necessidade de um problema

(Kneller, 1978), que se centrava no distanciamento do público jovem ao PAFT, aliada

ao processo de preservação e exteriorização das memórias culturais do contexto. De

acordo com as características educativas, inerentes a estas atividades, torna-se pertinente

perceber que a educação poderá ser «(…) o mais eficiente caminho para estimular a

consciência cultural do indivíduo, começando pelo reconhecimento e apreciação da

cultura local» (Barbosa, (s/d): 1). Estes dois workshops partiam assim da ideia de que o

património «(…) não pode ser olhado apenas como uma reserva e, menos ainda, como

uma recordação ou nostalgia do passado mas, antes, como algo que tem de fazer parte

do nosso presente» (Almeida, 1993 :412). Assim, pretendeu-se trabalhar no sentido da

reconfiguração da tradição onde o passado marca a ação da instituição no presente

enfatizando a dimensão da inovação e criatividade. Alguns momentos registados dão

conta das preocupações assinaladas:

103

«(…) seria uma ótima oportunidade para a dar a conhecer de forma educativa o

Palácio das Artes, a história deste edifício, abrindo as suas portas à comunidade

aproximando a mesma do património da cidade do Porto»

(Nota de Terreno, 1 de Fevereiro de 2012)

Não só estas duas atividades partiram desta dimensão histórica e cultural, assim

como as visitas escolares, surgiam com esta base temática aliada também às juventudes.

O desenho destas visitas integrava a estrutura de mediação entre o público, a

comunidade, os/as jovens ao espaço interno do PAFT e, consequentemente, as questões

da história, herança cultural e património.

2.2. Articulando as Juventudes, a Arte e a Educação não-formal

Ao longo da sequência de ações foram surgindo a concretização de outros

momentos (in)formativos. Tal como todas as atividades desenvolvidas no âmbito de um

serviço educativo, procurou introduzir-se «(…) elementos [de] “novidade” e

“descoberta”, proporcionando aos participantes oportunidade para explorar, assimilar e

acomodar novas realidades, conhecimentos e experiências, relacionando-as com as suas

motivações e interesses» (Araújo, 2012: 47). As atividades foram ainda marcadas pela

sua dimensão educativa não formal, que carateriza o espaço e a missão do equipamento

cultural. Neste sentido, procurou-se fazer com que todos os eventos fossem pautados

por um ambiente informal, descontraído, possibilitando aos/às jovens aprendizagens não

aprisionadas pelo alcance de objetivos tão evidenciados nos contextos educativos

formais, no sentido de alcançar uma complementaridade às aprendizagens potenciadas

pela escola enquanto espaço educativo. Pois, um espaço de educação não formal deverá

ser encarado como um espaço marcado por relações e expressões interpessoais que se

coadunam com os processos de mediação educativa, uma vez que visa estabelecer elos

de ligação entre as carências dos sujeitos, no sentido em que são eles/as o foco da ação

educativa (Saldanha, 2012).

As sessões dinâmicas de formação concretizadas no PAFT proporcionaram

momentos potenciadores de desenvolvimento. Nesta perspetiva, importa salientar que

«(…) não é educação, por si só, e muito menos quando se reduz à dimensão escolar, que

constituí um factor de desenvolvimento; a acção de desenvolvimento combinada com a

104

acção educativa é que provoca uma dinâmica de desenvolvimento» (Ferreira,

2005:421). Para além disto, e visto que estes momentos formativos se desenvolveram

junto de um público jovem, as temáticas abordadas foram diversificadas de forma a

olhar este grupo de acordo com as suas características. Uma vez que, «(…) esta forma

de olhar a sociedade, através do quotidiano dos jovens, [é] uma condição necessária

para uma correcta abordagem de alguns dos paradoxos da juventude (…)» (Pais, 1990:

164).

Eventos como as sessões desenvolvidas no workshop de Gestão de Carreira

Criativa, assim como a proposta da Oficina de Escultura, revelaram-se pertinentes na

medida em que partindo da dimensão artística e educativa desenvolveram elos de

ligação entre o público e a instituição. Assim, e estando a desenvolver o trabalho

centrado na construção do serviço educativo, esta área artística não poderia ser melhor

ponto de partida para potenciar momentos educativos de reflexão coletiva e individual.

Deste modo, a arte no domínio educativo revela-se «(…) como expressão pessoal e

como cultura [sendo] um importante instrumento para a identificação cultural e o

desenvolvimento» (Barbosa, (s/d): 3). Contudo, em momentos condicionados pelas

diretrizes da globalização e capitalismo, «a arte contemporânea instala-se, soberana e

autoritária, na trajectória humana que conforta a abundância de poucos perante uma

absoluta e larga maioria mutilada das suas potencialidades, por condenada ao trabalho e

dependente do consumo» (Silva, 2009 : 39).

O papel das artes enquanto instrumento educativo remete-nos até à sua

relevância não apenas em contextos educativos não formais, como o PAFT e a

Fundação da Juventude, mas também nos espaços educativos formais. Isto porque, «as

artes são produções culturais que precisam ser conhecidas e compreendidas pelos

alunos, já que é nas culturas que nos constituímos como sujeitos humanos» (Almeida cit

in Braga e Matos, 2009).

Na mesma linha de pensamento, a proposta realizada em torno da conceção de

uma proposta para o projeto “CulTour”, permitiu através de um conjunto de atividades

de âmbito cultural, olhar a arte como essencial para entender e conhecer a cultura de um

País. Pois, «a arte, como uma linguagem presentacional dos sentidos, transmite

significados que não podem ser transmitidos através de nenhum outro tipo de

linguagem, tais como as linguagens discursivas e científica» (Barbosa, (s/d): 2).

Foram alvo da intervenção desenvolvida outras sessões (in)formativas, que

surgiram também com o foco de atrair jovens ao espaço, mas centrando outras áreas

105

temáticas de possível interesse por parte do público jovem. Assim, destacando o

workshop em parceria com a empresa Energia Fundamental, que pretendia trabalhar as

questões da empregabilidade, como a curiosidade aliada a uma possibilidade de

“Comandar o Cérebro”. Esta última temática que transporta em si algumas questões,

nomeadamente esta curiosidade, inerente à possibilidade de dominar os

comportamentos individuais possuindo uma noção de controlo.

Os temas mencionados surgiram com a pertinência de se apresentarem como

possíveis dinâmicas de especial interesse para os/as jovens. A questão da

empregabilidade surgia como um momento relevante no âmbito do serviço educativo

pretendido. Para além da centralidade exercida pela componente histórica, esta última

estaria lado a lado com a questão das transições, da empregabilidade juvenil na

idealização deste serviço, através das visitas guiadas ao espaço do Palácio. De salientar,

que esta temática foi mais desenvolvida pela outra colega envolvida na idealização do

serviço educativo, ainda que em articulação, criando pertinências teóricas e de ação.

Um serviço educativo que pretende aproximar os/as jovens do espaço de

intervenção teria, neste contexto, de salientar as temáticas, e problemáticas que afetam e

influenciam o público jovem.

Tal como já foi mencionado anteriormente, as transições juvenis aliadas à

problemática do desemprego jovem constitui um dos problemas mais marcantes na

sociedade atual. Contudo, «(…) os jovens encontram-se diferentemente expostos ao

desemprego e este, (…) tem para os jovens diferentes sentidos» (Pais, 1991: 968).

A juventude surge assim associada a um conceito de crise, onde o desemprego

juvenil se apresenta como um dos principais fatores que justificam este momento

(Grácio, 1992). De forma a abordar estas questões, este workshop possibilitaria um

auxílio ao público jovem transmitindo uma série de técnicas para o processo de procura

de emprego.

2.3. O processo de Mediação intrínseco ao Serviço Educativo

Se o modo de trabalho desenvolvido em geral assentou epistemologicamente e

em termos de organização da ação em processos de Mediação Social e Educativa

constituindo uma componente transversal de todo o estágio, é com o foco orientado pelo

objetivo de se equacionar um possível serviço educativo que as questões da mediação

106

ganham ainda mais força e pertinência. Pois, «(…) os serviços educativos adquirem

importância enquanto facilitadores de uma aproximação entre pessoas, instituições,

culturas» (Araújo, 2012: 43).

Uma reflexão em torno da operacionalização de estratégias de mediação pode

começar pela constatação de que este processo pautado pela comunicação, coexistiu no

planeamento, desenvolvimento e divulgação das várias atividades desenvolvidas. Foi

através de processos de mediação que se tornou possível a criação de pontes entre

instituições, entre o próprio equipamento cultural e os/as formadores/as envolvidos/as

na concretização dos diversos eventos e entre saberes de natureza diversa: história,

educação, gestão, comunicação. Neste sentido, esta noção que proclama um meio

terciário, ou seja um terceiro elemento facilitador no processo de comunicação, «(…)

caracteriza-se sobretudo pelo caráter comunicacional e integrativo de diferentes sujeitos

e planos de intervenção» (Saldanha, 2012: 93).

A constante ligação e partilha de ideias e dinâmicas, entre os objetivos e missão

do PAFT com as intenções das diferentes entidades que participaram na idealização de

algumas atividades, possibilitou compreender a pertinência de dispositivos de mediação

no contexto. Assim, num contexto de educação não formal, releva-se a necessidade da

existência de interação comunicacional constante que partilha a intencionalidade

educativa. Releva-se a finalidade essencialmente educativa da mediação, pois

proporciona momentos de aprendizagens alternativas potenciadoras de uma postura

reflexiva (Silva et al, 2010). Esta atitude que se pretende alcançar com um serviço

educativo parte, como já foi assinalado, também de uma mediação entre o património,

cultura com o público jovem e linha educativa orientadora do PAFT.

Da análise constata-se a pertinência do processo de mediação educativa para a

própria funcionalidade da instituição que procura uma articulação constante com

diversas entidades promotoras de sessões reflexivas.

Um momento chave onde a questão da mediação especificamente na relação

com o público jovem emergiu, e que contribuiu para a construção do serviço educativo,

foi a concretização de uma conferência, partilhada com os/as alunos/as do Sistema de

Formação da Fundação da Juventude. Esta sessão, ainda que singular, possibilitou a

partilha de conhecimentos em torno das questões da mediação de conflitos, uma das

vertentes da mediação, dando consistência e outro sentido ao saber adquirido e

trabalhado ao longo da formação em Ciências da Educação. De facto, o evento

provocou um espaço de reflexão em torno da gestão de conflitos, e do papel de um/a

107

mediador/a, no contexto escolar. Este constitui um palco privilegiado de interações

juvenis, entre elas as mais conotadas socialmente com situações de conflito e

divergências, uma vez que «(…) se a escola é o universo que reúne alunos diferentes,

ela é o palco onde certamente o conflito se instalará» (Chrispino, 2007: 22). Cada vez

mais este espaço educativo formal tem sido contexto de situações de gravidade

conflitual que se revelam preocupantes (Pires, 2010), mas que sobretudo precisam de

ser analisadas e trabalhadas num registo diferente do tratado mediaticamente. A

especificidade deste momento assume contornos de formação ainda mais relevantes

quando se está perante um grupo caracterizado como sendo problemático. Pois, tal

como demonstra um dos registos da ação desenvolvida, esta informação foi exaltada

pelos/as diferentes docentes do Sistema de Aprendizagem da Fundação:

«Sabendo de antemão que se tratava de um público jovem problemático,

tentamos comunicar com todos/as eles/as, utilizando uma linguagem simples,

compreensível para a mensagem chegar até à plateia»

(Nota de Terreno, 17 de Abril de 2013)

O desafio em desenvolver um trabalho que possa contribuir para a adesão dos/as

jovens a um processo de mediação para resolução dos seus conflitos, partindo da

comunicação, do diálogo entre as partes foi pertinente no momento e como elemento de

reflexão para que institucionalmente se possam pensar em estratégias desta natureza

para integrar um futuro serviço educativo. Considera-se que neste âmbito o trabalho de

um serviço educativo seria o que contribuir para desmontar, em conjunto com jovens e

outros protagonistas de contextos educativos, processos sociais da contemporaneidade e

que digam mais respeito às juventudes.

Tendo presente esta realidade conflitual, que marca a presente geração de

jovens, a abordagem à mediação de conflitos, nestes contextos em especifico,

prevaleceu como atividade central e pertinente para o desenvolvimento do objetivo da

instituição Fundação da Juventude, que se centra na participação ativa dos/as jovens. Ou

seja, no desenvolvimento de um papel participativo na comunidade, baseado em redes

comunicacionais que irão contribuir para a promoção da integração dos/as jovens na

vida adulta e ativa.

108

2.4. Integrando a Equipa do PAFT

Dada a relevância e o peso que o trabalho de carácter administrativo assume em

qualquer profissão, principalmente quando se está integrado num percurso

profissionalizante, considerou-se que uma reflexão sobre esta dimensão deveria ter

igualmente lugar.

Assinala-se, no âmbito das atividades mais administrativas, a divulgação dos

eventos que levaram à pesquisa e construção de uma base de contatos permitiram obter

uma ideia geral do público e entidades que contatam com a Fundação e o seu

equipamento cultural. A relevância inerente a este processo reflete a sua pertinência

visível no seguinte registo:

«Este trabalho da construção da base de contatos (…) demonstra-se deveras

pertinente, no sentido em que na elaboração de um serviço que se pretende educativo,

pretendemos realizar várias atividades e divulgar as mesmas, contudo não se prevê um

trabalho fácil mas sim demoroso e paciente»

(Nota de Terreno, 19 de Outubro de 2012)

O papel de rececionista assumido, assim como a observação do Seminário em

torno do empreendedorismo, contribuíram para entender que tipo de público visita o

PAFT, quais as suas dúvidas e alguns dos seus interesses. Não podia esquecer no espaço

da receção e do gabinete de trabalho o atendimento de telefonemas e a realização de

outros. Estes processos potenciaram a minha integração nas dinâmicas institucionais,

exercendo um papel de maior responsabilidade, uma vez que falava em nome do PAFT

sendo intermediária entre diferentes públicos e o contexto. A contagem de participantes

nas várias edições das Feiras Francas, bem como o auxílio na arrumação das salas para a

realização do evento e várias exposições, fizeram parte das minhas funções tal como de

todos os elementos da equipa responsável pela dinamização do PAFT, sentindo-me

parte integrante da mesma.

109

2.5. Serviço educativo dinamizador do Palácio das Artes – Fábrica de

Talentos

A reflexão em torno das várias atividades que foram realizadas ao longo deste

percurso de estágio revela central analisar a proposta mais alargada do projeto de um

serviço educativo para o espaço de PAFT. Todas as atividades desenvolvidas

contribuíram para a idealização deste serviço que deveria partir da dimensão histórica

em direção ao envolvimento dos/as jovens em torno de atividades dinâmicas e criativas.

Vertente juventudes, memórias e património – circuitos de visitas e memórias

Seguindo esta perspetiva, o projeto do circuito de visitas e memórias surgiu

como uma das grandes vertentes do projeto do serviço educativo voltando o seu interior

para a comunidade. Este projeto, alvo de várias alterações dependentes das influências

do contato diário com o contexto de intervenção, assentava essencialmente num

percurso que impulsionava uma viagem pelo tempo possibilitando o conhecimento do

contexto aliado às trajetórias e transições juvenis. Assim, e tal como o edifício

ultrapassou várias fases e momentos de ação distintos, também as juventudes

percorrerão ao longo do tempo diferentes perceções e momentos de transição. Nesta

perspetiva é possível distinguir duas grandes dimensões que constituíram este circuito

de visitas sendo elas: os percursos juvenis para diálogo entre património e inovação e

uma segunda dimensão centrada nas transições juvenis: diferentes tempos, diferentes

projetos sociais.

A proposta da futura criação das referidas visitas guiadas e temáticas,

pretendiam a reflexão em torno das questões do património e cultura, articulando o

passado, a tradição com a ação presente aliada à inovação. Ou seja, partindo de um

conjunto de memórias culturais partia-se para a articulação entre um passado, um

presente e um futuro caraterizado por profundas transformações (Peralta, 2008).

Interligando as questões históricas e de património, as transições juvenis são

também alvo de profundas transformações ao longo do tempo. Pois, não assistimos mais

a transições lineares para a vida adulta que marcavam a regra (Leccardi, 2005), mas sim

a diferentes trajetórias pautadas por diferentes processos de socialização. Estes

processos que são influenciados entre outros aspetos pela vivência da intimidade ao

110

longo do tempo, temática abordada pelas visitas guiadas. A dimensão da intimidade que

influenciou a vivência e transição dos/as jovens para a vida adulta.

O projeto de visitas e memórias possibilitaria este (re)viver de processos, etapas,

e momentos chave para um público jovem atraído pelas questões de herança cultural e

preservação de património. Para a concretização da presente proposta seria necessário a

presença de uma equipa permanente que dinamiza-se o serviço, onde a mediação seria

central para a comunicação entre o espaço e o público visitante. As visitas agitariam o

espaço, sendo ele próprio o potenciador de momentos educativos caraterizados pela

informalidade e criatividade. Pois, «uma didática que apele ao desenvolvimento da

criatividade e do espírito crítico não pode prescindir de uma contextualização no tempo

e no espaço» (Marques, 2011: 211)

Esta viagem na história, nas memórias culturais interligadas com a educação

enfatiza a ideia de Gonçalo Marques (2011), quando este defende a introdução destas

questões em idades pré-escolares, no sentido de construir uma melhor formação e forte

sentido de comunidade. Pois, esta noção de temporalidade contribui para a construção

da identidade, e para a preservação do património, uma vez que «não parece possível

pensar numa sociedade que esqueça o seu maior legado: as pessoas, as famílias e as suas

necessidades» (Marques, 2011: 211).

Analisando as dificuldades inerentes…

Neste ponto final, importa referir que foram surgindo ao longo da ação de

intervenção algumas dificuldades e constrangimentos. Alguns destes constrangimentos

prenderam-se com a grande dificuldade em obter o número mínimo de participantes

para as diferentes sessões, e até mesmo com a demora de alguns departamentos na

instituição que provocavam atrasos na ação desenvolvida.

Outra questão prende-se com o demoroso processo de divulgação dos diversos

eventos. Assim, chegar ao público, embora tenha sido realizada uma vasta divulgação

não foi de todo uma tarefa fácil. Contudo, algumas atividades destacaram-se pelo

elevado número de participantes, outras pela sua pertinência mantem-se como futuras

atividades a desenvolver pelo contexto.

111

Parte V

Refletindo sobre a avaliação e monotorização da

intervenção

112

Considerando este projeto de carácter interventivo, não poderia deixar de

mencionar a questão da avaliação e monitorização do mesmo.

Importa referir, antes de mais, que o processo avaliativo «é o principal

instrumento de apoio à replicação e reprodução alargada das boas práticas, porque

permite compreender tanto os sucessos como os insucessos das acções desenvolvidas»

(Capucha, 2008: 45).

Fazendo uma retrospetiva da ação de estágio desenvolvida, posso destacar um

dos primeiros momentos de dimensão avaliativa que diz respeito ao momento do

diagnóstico. Tal como descrevi nas opções metodológicas, realizei uma série de

questionários aos/às funcionários/as da Fundação da Juventude, à comunidade

envolvente, bem como aos/às formadores/as do Sistema de Formação do contexto. Não

só os questionários foram utilizados como método de recolha de dados, mas também as

notas de terreno realizadas aquando da observação participante no contexto, e direta no

seu espaço exterior contribuíram para um conhecimento inicial acerca da pertinência da

criação de um serviço educativo e do valor cultural do edifício. Nesta primeira

abordagem avaliativa torna-se evidente que me posicionei numa posição mista, ou seja,

de acordo com as necessidades do contexto utilizei métodos quantitativos, mais

objetivos, e qualitativos alvo de análise e reflexão. Assim de acordo com o processo

avaliativo poderei afirmar que realizei uma avaliação interna, uma vez que «(…) é

executada por pessoas que integram as organizações ou grupos avaliados e/ou

estreitamente associadas à acção que é objeto do processo avaliativo» (Monteiro, 2000:

141). Olhando a distinção possível entre os diferentes momentos que podem ocorrer

processos avaliativos, de acordo com Monteiro (2000) o diagnóstico, ou seja a avaliação

num momento inicial da intervenção corresponde ao que se denomina por avaliação ex-

sante, pois «(…) desenha o inventário das necessidades, dos beneficiários e dos

recursos disponíveis » (idem: 142).

De ressaltar que o processo de recolha de informações que é possibilitado pela

observação participante, através da escrita das notas de terreno que foi transversal ao

longo de todo o meu percurso no PAFT. Ou seja, avaliando o meu trajeto, os pontos

positivos, negativos, as dificuldades e alterações surgiram muitas vezes desta reflexão

com o terreno. Neste sentido, a avaliação formativa, ao longo de toda a intervenção

marcou a minha presença no contexto, uma vez que «(…) ocorre durante o desenrolar

do programa, interessando-se não só pela eficácia e eficiência do mesmo, mas

igualmente pela metodologia desenvolvida» (idem: 142).

113

Em todos os workshops, tal como fui referindo, e sessões dinâmicas de formação

que foram desenvolvidas, ou melhor, aquelas que de facto foram concretizadas

(Comande o seu Cérebro; Gestão de Carreira Criativa e Mediação de Conflitos em

Contexto Escolar), foi utilizado um documento que permitisse analisar cada sessão

realizada. Assim, e com carácter avaliativo final de cada evento, ou seja um processo

avaliativo do tipo ex-post, cheguei a uma série de resultados interessantes que irei

analisar de seguida. Importa referir, que em alguns casos, estes questionários avaliativos

foram enviados online contribuindo para a redução de custos em torno da impressão

destes documentos, facilitando o contato com os/as participantes de uma forma mais

comoda e acessível.

Numa escala de 1 a 5 com grau de satisfação crescente, ou seja sendo o número

1 correspondente a muito insatisfeito/a e a escala máxima de 5 correspondente a muito

satisfeito/a os/as formandos/as fizeram corresponder a sua opinião acerca de vários

pontos relevantes. Nesta linha de pensamento e iniciando a análise da primeira sessão

do workshop “Comande o seu Cérebro”, foi possível perceber que os/as inquiridos/as,

revelaram uma grande satisfação quanto aos quatro primeiros pontos ou seja no que diz

respeito ao rigor da formação, interesse da Formação para a vida quotidiana, interesse

da formação para a vida profissional e na qualidade da dinamização organizada pela

formadora. Quanto ao menor grau de satisfação este centrou-se na duração da formação.

Ilustração 3: Gráfico de satisfação (Workshop "Comande o seu Cérebro")

0 2 4 6 8

10 12 14 16 18 20

mer

o d

e p

arti

cip

ante

s

Opinião dos/as Formandos/as

1 (Muito insatisfeito/a)

2

3

4

5 (muito satisfeito/a)

N/R (Não respondeu)

114

Numa segunda questão tentou-se perceber como os/as participantes tomaram

conhecimento da atividade. Assim, e na consequência da análise dos resultados,

podemos perceber que o meio de divulgação que teve mais sucesso foi o email de

divulgação do workshop seguido de outros meios que incluem rede de conhecimentos,

site da Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação e através da participação no

Porto Canal. Foi possível também verificar que de um modo geral o workshop

correspondeu às expectativas dos/as participantes.

Relativamente à referência de pontos negativos e positivos do desenvolvimento

da sessão, os primeiros mais apontados pelos/as participantes foram a duração reduzida

do workshop e o espaço, nomeadamente a temperatura do mesmo. No que toca aos

aspetos positivos os mais nomeados foram a demonstração prática dos conteúdos, as

dinâmicas de interação e os conteúdos abordados.

Através da última questão conseguimos perceber que existe uma grande

diversidade de temas, que os/as inquiridos/as gostariam de ver abordados em futuros

eventos, no entanto estes concentraram a sua preferência na continuação deste mesmo

workshop.

De ressaltar que através das notas de terreno, da observação realizada nesta

sessão, foi possível perceber o grande interesse e motivação por parte de todos/as

presentes, questionando diversas vezes a formadora potenciando uma dinâmica

comunicativa.

Infelizmente não tivemos acesso aos resultados da avaliação da segunda sessão

deste mesmo workshop, isto porque e desta vez os documentos de análise avaliativa

foram entregues via email, onde esperamos o seu preenchimento o mais breve possível.

Deste modo, e apesar de toda a insistência com preenchimento do documento não foi

possível receber um número de respostas suficientes para uma análise conveniente do

evento.

Tal como nesta última sessão a terceira edição do workshop “Comande o seu

Cérebro”, foi avaliada nos mesmos parâmetros através da comunicação online. Mais

uma vez, e embora tenhamos exercido alguma pressão no preenchimento do documento

de avaliação, não conseguimos chegar a um número de respostas suficientes para uma

análise da 3ª edição desta atividade.

Numa outra atividade concretizada, o workshop “Gestão da Carreira Criativa”,

avaliada através do envio da ficha de avaliação seguido do seu retorno por parte dos

diferentes participantes, apenas foram recolhidos 3 documentos de resposta de um total

115

de 9 participantes inscritos/as. Devido ao facto anteriormente mencionado não foi

considerado pela instituição e por nós enquanto serviço educativo, que as respostas

constituíssem material empírico suficiente para avaliar as sessões que constituíram o

workshop.

Para obter uma perceção da avaliação que os/as estudantes do Sistema de

Aprendizagem da Fundação realizaram acerca da conferência organizada por mim e

pela minha parceira no serviço educativo, em torno da temática de mediação de

conflitos aplicou-se um documento de carácter avaliativo. Através de um questionário

que se iniciava, de acordo com as outras atividades avaliadas, com questões acerca do

grau de satisfação dos mesmos com várias dimensões da ação, bem como os pontos

positivos e negativos a apontar, surgiram novas questões essenciais. Ou seja, existiu a

curiosidade e a pertinência em perceber qual a opinião dos/as participantes acerca da

questão do conflito, do conhecimento em torno do processo de mediação dos contextos

envolvidos.

Realizando a análise dos dados recolhidos no decorrer da sessão, e embora

tenhamos conseguido recolher o número total de documentos avaliativos preenchidos,

não foi mais uma vez possível a realização da análise dos mesmos. Isto porque, e talvez

devido às características complicadas que caracterizavam o grupo de participantes, estes

não responderam de forma a que as suas opiniões pudessem ser alvo de reflexão. Pois,

se por inúmeras vezes não responderam de todo, em outras situações as suas respostas

não se encontram relacionadas com as questões colocadas.

Para finalizar o trabalho desenvolvido no equipamento cultural do PAFT, existiu

a necessidade de realizar uma conversa informal final com a supervisora local e com a

minha colega de trabalho no serviço educativo. Ao longo desta conversa foi percetível

que existiram alguns pontos positivos, e menos positivos a apontar ao caminho

percorrido. Assim, em relação ao próprio serviço educativo, foi opinião da gestora do

PAFT que não se concretizou o mesmo em termos concretos, ou seja com uma

componente sólida na instituição. Contudo, e tomando a responsabilidade de alguma

falta de atenção para com o nosso trabalho, foi assumida pela supervisora, pois

constituiu uma equipa ainda muito recente no contexto.

116

«Todavia e apesar de todos os esforços de parte a parte devido à equipa

presente no PAFT ser relativamente recente poderá também justificar a falta de apoio

que tivemos em algumas iniciativas (…)»

(Nota de Terreno, 22 de Abril de 2013)

Como um dos pontos positivos foi enfatizada a preocupação na divulgação da

cultura, e história do Palácio, uma vez que esta considera que o serviço tem de passar

por esta componente.

«(…) pontos positivos ao nosso projeto, o facto de tentarmos dar enfase à

questão da história do edifício foi muito relevante, para esta o serviço tem de passar

por esta dimensão»

(Nota de Terreno, 24 de Abril de 2013)

A concretização dos workshops e sessões (in)formativas foram muito relevantes

para a divulgação do trabalho do contexto e aproximação dos/as jovens ao espaço. A

atividade dos circuitos pensada e idealizada pelo serviço educativo ficará, e pedindo a

nossa autorização, como proposta a desenvolver brevemente. Embora existindo algumas

dificuldades em aproximar o público através das atividades, e alguns constrangimentos

e dificuldades impostas pelo contexto, na generalidade a ação desenvolvida foi positiva

com contributos simbólicos para o local. Este contato permitiu também a integração nas

dinâmicas de uma possível entidade empregadora, o que contribui de forma decisiva

para a minha formação.

Referindo-me ao grande teor desta parte quinta parte do presente relatório, ou

seja a monitorização e avaliação da intervenção, saliento a ideia de que o poder de

avaliar é partilhado. Assim, a principal função do processo avaliativo é formativa, isto é,

é pretendido melhorar, aprender, motivar. Assim, a «(…) justificação dos modelos e

práticas de avaliação terá que operar-se sempre por referência à situação e contexto

concreto (…) bem como aos valores que eles impõem, promovem e realizam»

(Rodrigues, 1994: 104). Desta forma, tentei sempre adequar a o método de avaliação da

ação de acordo com as características do meio e dos atores implicados.

117

Parte VI

Considerações finais:

Refletindo sobre a ação e as suas contribuições

para a profissionalidade em Ciências da

Educação

118

Chegando a este momento da reflexão do percurso de estágio parece-me

essencial proceder a um conjunto de considerações que foram impulsionadas pelo

trabalho desenvolvido.

Estando envolvida na idealização e construção de um serviço de carácter

educativo, numa instituição de educação não formal, a pertinência do envolvimento de

um/a profissional em Ciências da Educação revelou-se deveras pertinente.

Ao iniciar este caminho no Palácio das Artes – Fábrica de Talentos, e embora

existissem alguns sentimentos de receio em relação ao meu desempenho neste espaço,

tinha como intenção primordial contribuir com as minhas competências em termos

profissionais. Neste sentido, e aproveitando ao máximo esta experiência com uma

possível entidade empregadora, com as suas dinâmicas, fui-me envolvendo na missão

do PAFT.

A idealização deste serviço educativo não constituiu um processo linear, mas

complexo, sendo este caminho alvo de alguns constrangimentos e dificuldades.

Contudo, contribuí no desenvolvimento de um conjunto de atividades dinâmicas e

formativas de forma a aproximar o público jovem do espaço. O trabalho desenvolvido

no âmbito da construção, divulgação e realização das atividades permitiu adquirir várias

competências que apenas esta componente prática potenciada pela via de estágio

possibilita. Não posso deixar de mencionar, podemos dizer, a novidade em torno da

questão da cultura e património como elementos chave na divulgação de uma instituição

potenciando momentos educativos. Tomando esta linha orientadora revela-se focal olhar

a educação numa dimensão multidisciplinar, não estando encerrada num espaço formal

como o contexto escolar. Assim, surgem outros espaços, momentos que de uma forma

diligente possibilitam aprendizagens, como é exemplo a Fundação da Juventude e o seu

equipamento cultural.

Estando o local da intervenção centrado nas questões juvenis artísticas, este

revelou-se um espaço inovador na envolvência profissional das Ciências da Educação

facto este que me proporcionou uma série de outros conhecimentos. Para além disto, e

visto que «a identidade das Ciências da Educação constrói-se, assim, por transbordo e

transgressão das disciplinas de origem, repensadas conceptualmente com base na

investigação de novas temáticas e objetos de estudo

» (Nóvoa, 1991: 31), esta experiência possibilitou a inclusão, o encontro do lugar de um

profissional nesta área.

119

Tendo em consideração que me encontrava num local onde o público jovem

constitui o recetor primordial de toda a ação, e que este mestrado se desenrola no

domínio das Juventudes, Educação e cidadania, tornou-se essencial tomar especial

atenção com este conceito plural. Ou seja, procurei sempre que possível escutar as

opiniões destes no cerne da comunidade, assim como na presença nas várias atividades

desenvolvidas. Assim, a minha posição quanto à intervenção e ao seu carácter educativo

é pautada por uma perspetiva de trabalhar com os intervenientes, em educação, e não

nos intervenientes, sobre a educação. Esta ideia foca o olhar de Canário (2003) quando

este afirma que «(…) o campo disciplinar das ciências da educação não [é] definido por

um “território” de factos sociais, mas sim pelo modo de articular como “olha” e se

posiciona face a esse “território”» (Canário, 2003: 13). Posto isto, e focando a

dimensão de investigar “em educação”, esta reflete um grau de proximidade com os

sujeitos da intervenção partindo «(…) não de um saber constituído do exterior, mas a

partir do interior, porque os investigadores “pertencem a este universo que é

simultaneamente o seu objeto, o seu sistema de pertença, ao mesmo tempo que se

constitui como o sistema de finalidades a que se ligam”» (Berger, 1992 cit in Canário

2003). Através de uma primeira fase de diagnóstico de necessidades do contexto da

intervenção consegui perceber, exercendo esta fase de escuta qual poderia ser o

caminho para a constituição do serviço educativo, tentando posicionar-me num eixo

compreensivo perante a ação. Pois, um profissional em Ciências da Educação deve em

primeiro lugar «(…) compreender e ajudar a acção pedagógica qualquer que seja o nível

em que se situa» (Boavida e Amado, 2006: 327).

Ao longo do meu percurso e a par com o desenvolvimento das várias atividades

de carácter formativo, tive a oportunidade de desenvolver várias competências

necessárias e uteis para estabelecer o meu lugar enquanto profissional. Assim,

estabelecendo vários contatos com diferentes entidades, com o público em geral,

permitiu desenvolver a componente de comunicação e mediação. Esta última que foi

desenvolvida entre instituições, assim como entre a instituição e a comunidade,

exercendo uma postura de escuta. Neste sentido, e sendo este processo uma rampa de

lançamento para o meu trabalho na instituição, pude perceber a pertinência e relevância

que um profissional na área das Ciências da Educação pode exercer num serviço

educativo.

Embora, estes serviços sejam marcados por uma forte componente educativa,

através da minha experiência no PAFT entendi que a presença de profissionais na área

120

educativa neste contexto era escassa. Nesta linha de pensamento, penso que o trabalho

desenvolvido em parceria por duas profissionais na área das Ciências da Educação,

pode demonstrar que existe uma necessidade de possuir no interior do contexto

profissionais com as competências demonstradas. Para além disto, e centrando-me na

forte dimensão cultural que marca o PAFT, considero que poderá ter sido fundamental

ter enfatizado esta questão nas atividades, constituindo este facto como ponto-chave de

aproximação.

Após um momento de análise e pesquisa de várias informações em torno da

história que envolve o PAFT, houve a oportunidade de observar que esta dimensão seria

uma das grandes potencialidades a desenvolver. Aquando da idealização e

desenvolvimento dos eventos, adquiri vários conhecimentos ao nível do Património.

A referência, à exploração e perceção da potencialidade do contexto de

intervenção, foca uma outra competência de um/a profissional na minha área de

intervenção. Isto porque, faz parte da ação de um/a mediador/a sócio-educativo/a e da

formação compreender quais as potencialidades do espaço. Nesta questão considero

importante ressaltar o facto de o local, que é caraterizado pela sua forte marca cultural,

ser repleto por um grande potencial de ação. Contudo, e através da minha presença no

PAFT, o que pude observar foi o grande vazio que muitas vezes encontrava no interior

do grande edifício. Esta questão poderá ser explicada pela forte crise económica que

estas estruturas atravessam a par com o resto do País, tal como foi demonstrado pela

gestora do local aquando da conversa avaliativa informal final. Este último com ótimas

infraestruturas, recheado de elementos com memórias, que poderiam ser aproveitadas

através de uma iniciativa como os circuitos de visitas propostos na intervenção.

Através da pertinente intervenção em parceria, tive também a oportunidade de

contatar com outros profissionais de várias áreas. Este facto permitiu perceber, ainda

mais na prática, que intervir em conjunto produz consequências positivas para o espaço

alvo da ação dos profissionais. Este trabalho em rede poderá enquadrar-se como mais

uma valência inerente a um profissional das Ciências da Educação.

O caminho de estágio foi também alvo de vários momentos avaliativos, alguns

destes que não correram como gostaria enquanto elemento da equipa do serviço

educativo. Isto porque, seria essencial chegar à opinião de todos/as os/as participantes

acerca dos vários eventos que ocorreram. Contudo e embora tenham sido estabelecidas

as condições necessárias para chegar a esta perceção, em algumas atividades não foi

possível chegar a resultados plausíveis de serem analisados. Todavia, esta questão

121

avaliativa marcou toda a minha ação, terminando com uma conversa informal com a

supervisora local, de forma a chegar à visão que a gestora do PAFT, obteve da

intervenção realizada.

O tempo de formação em contexto profissional fica pautado por um caminho de

aprendizagens, pelo desenvolvimento e adquirição de várias competências, tanto a nível

pessoal quanto profissional. Permitiu-me perceber como adequar as nossas ideologias e

componentes teóricas a uma realidade concreta, com as suas limitações e

constrangimentos. Existiram algumas dificuldades inerentes a este processo,

nomeadamente em termos práticos que poderão ter resultado em demorosos processos

de conceção e divulgação de atividades. Para além disto, e devido a este estágio estar

compreendido numa duração de apenas seis meses, não permitiu a concretização do

grande projeto dos circuitos de visitas, que necessitariam de um período mais

prolongado para ser aprofundado e realizado. Este contato com um contexto de

intervenção foi uma experiência positiva, no sentido de compreender e integrar

diferentes dinâmicas, de desenvolver a capacidade de trabalhar em equipa, refletindo

sobre outras opiniões e decisões que provinham de diferentes profissionais, baseados

em diversas áreas de atuação. De ressaltar ainda, que a possibilidade de contatar com o

público jovem mais de perto permitiu explorar a visão enquanto profissional perante

este público diverso.

122

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Apêndices

Apêndice I

(Registos Fotográficos)

Apêndice II

(Questionários – Comunidade; Fundação da

Juventude e Sistema de Aprendizagem)

Inquérito por Questionário

(Comunidade Envolvente)

1- Sexo: Feminino Masculino

2- Idade: _____

3- Tem conhecimento do trabalho desenvolvido pela instituição da

Fundação da Juventude?

Sim Não

4- Tem conhecimento do Edifício que fica no largo de S. Domingos que se

intitula hoje de Palácio das Artes – Fábrica de Talentos?

Sim Não

5- Se sim, conhece alguma atividade dinamizada pelo mesmo?

Sim Quais?_______________________________________________________

Não

6- O que seria interessante dinamizar no Palácio das Artes? O que poderia

cativar a atenção no sentido de atrair mais visitantes?

_______________________________________________________________________

_______________________________________________________________________

_______________________________________________________________________

_______________________________________________________________________

_______________________________________________________________________

7- Na sua opinião, quais as áreas que gostaria de ver exploradas pelo

Palácio das Artes e que vão de encontro aos interesses do público jovem?

Desporto Música Pintura História Literatura

Novas Tecnologias Jogos interativos

Outras Quais?____________________________________________________

8- Tem conhecimento da história do Edifício onde hoje se encontra

instalado o Palácio das Artes?

Sim Não

9- Como considera importante dar a conhecer aos visitantes essa mesma

história, uma vez que este está classificado como Património Urbanístico

da Humanidade pela Unesco?

Divulgação na Internet

Divulgação nas escolas

Visitas ao edifício

Atividades no edifício

Outros Quais?________________________________________________

10- Como é que a comunidade pode ter um papel ativo na dinamização de

atividades no edifício?

____________________________________________________________________

____________________________________________________________________

____________________________________________________________________

____________________________________________________________________

____________________________________________________________________

11- De que forma o edifício Palácio das Artes poderia atrair a atenção e

interesse dos turistas em plena zona histórica do Porto?

Visitas guiadas pelo edifício Folhetos Informativos

Atividades que envolvam a comunidade Exposições

Internet

Outros? Quais? ______________________________________________________

Inquérito por Questionário

(Fundação da Juventude)

1-Sexo: Feminino Masculino

2-Idade: _____

3-Quais as iniciativas que habitualmente ocorrem no Palácio das Artes –

Fábrica de Talentos?

_______________________________________________________________________

_______________________________________________________________________

_______________________________________________________________________

___________________________________________________________________

4-A que públicos, na sua opinião, essas iniciativas se destinam

maioritariamente?

Crianças

Jovens

Adultos

Idosos

Turistas

Outros Quais?__________________________________________________

5-Considera relevante a existência de um serviço educativo no mesmo

edifício?

Sim Não

6-Se sim, o que seria interessante dinamizar no Palácio das Artes? O que

poderia cativar a atenção no sentido de atrair mais visitantes?

__________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________

7-Na sua opinião, quais as áreas que gostaria de ver exploradas pelo serviço

educativo e que vão de encontro aos interesses do público jovem?

Desporto Música Pintura História Literatura

Novas Tecnologias Jogos Interativos

Outras Quais?____________________________________________________

8-Como considera importante dar a conhecer aos visitantes essa mesma

história, uma vez que este está classificado como Património Urbanístico da

Humanidade pela Unesco?

Divulgação na Internet

Divulgação nas escolas

Visitas ao edifício

Atividades no edifício

Outros Quais?________________________________________________

9-De que forma a Fundação da Juventude, através do Palácio das Artes

poderia atrair a atenção e interesse dos turistas em plena zona histórica do

Porto?

Visitas guiadas pelo edifício Folhetos Informativos

Atividades dinâmicas Exposições

Internet

Outros? Quais? ______________________________________________________

Inquérito por Questionário

(Docentes do sistema de Aprendizagem)

1-Sexo: Feminino Masculino

2-Anos de docência/experiência: _____

3-Tem conhecimento do Edifício que fica no largo de S. Domingos que se

intitula hoje de Palácio das Artes – Fábrica de Talentos?

Sim Não

4-Se sim, conhece alguma atividade dinamizada pelo mesmo?

Sim Quais?_____________________________________________________

Não

5-O que seria interessante dinamizar no Palácio das Artes? O que poderia

cativar a atenção no sentido de se tornar pertinente a visita da comunidade

escolar?

_______________________________________________________________________

_______________________________________________________________________

_______________________________________________________________________

_______________________________________________________________________

_______________________________________________________________________

6-Considera relevante a existência de um serviço educativo no mesmo

edifício?

Sim Não

7-Na sua opinião, quais as áreas que gostaria de ver exploradas pelo Palácio

das Artes?

Desporto Música Pintura História Literatura

Novas Tecnologias Jogos interativos

Outras Quais?____________________________________________________

8-Tem conhecimento da história do Edifício onde hoje se encontra instalado

o Palácio das Artes?

Sim Não

9-Como considera importante dar a conhecer aos visitantes essa mesma

história, uma vez que este está classificado como Património Urbanístico da

Humanidade pela Unesco?

Divulgação na Internet

Divulgação nas escolas

Visitas ao edifício

Atividades no edifício

Outros Quais?_______________________________________________

10- Qual o papel que os/as jovens poderiam exercer na dinamização de um

espaço como o Palácio das Artes?

_______________________________________________________________________

_______________________________________________________________________

_______________________________________________________________________

_______________________________________________________________________

11-Acharia possível uma cooperação entre a Fundação da Juventude e a

Comunidade Escolar?

Não

Sim

De que forma?

_______________________________________________________________________

_______________________________________________________________________

_______________________________________________________________________

_______________________________________________________________________

Apêndice III

(Workshop “Viagem ao Passado!”

Cartaz e Ficha de Inscrição)

144

Viagem ao Passado !!!!!!

Se tens mais de 16 anos vem Participar

na recriação da história do Palácio

das Artes – Fábrica de Talentos,

descobrindo o Largo de S. Domingos no

Século XIII!

Workshop de Teatro e Criação de um pequeno

Espetáculo

- São 18 sessões a iniciar a partir de dia 01 de Fevereiro nas Instalações da

Fundação da Juventude, até dia 23 de Março, dia em que será apresentado o

espetáculo (dia das comemorações dos centros históricos).

- Possibilidade de escolha entre dois horários: 3ª feira e 6ª feira das 18h30 às 20h30

ou das 21h00 às 23h00.

- Faz já a tua inscrição preenchendo e enviando a ficha respetiva.

- Preço: 72€ por pessoa (18 sessões)

- Formadora Eva Fernandes:

Garante já a tua vaga!!

Contatos para inscrições e/ou informações adicionais: [email protected] ou [email protected]

Telefone: 22 202 23 80 Telemóvel: 961 797 295

Licenciada em comunicação Social, é atriz profissional desde 1994. Trabalhou nas companhias Teatro das

Beiras, Cendrev, Teatro do Noroeste, Cultural Kids, Pé de Vento, Panmixia, TEP e Art'Imagem. Com os seguintes

encenadores: José Carretas, Gil Salgueiro Nave; Castro Guedes; Mário Barradas, José Leitão, Pedro Wilson, João

Luís, Isabel Bilou, Rui Sena. Trabalhou autores como Gil Vicente, Carlo Goldoni, José Sanchis Sinisterra, Lope

de Rueda, Marivaux, Sean O'Casey, Gregory Motton, Manuel Martinez Mediero, Tennessee Williams, Álvaro

Magalhães, José Carretas, Christine Blondel, Moliére, Berthold Brecht, Camilo Castelo Branco, Henrik Ibsen.

Participou como atriz numa série na T.V Galega ("Fios"); em várias curtas metragens; como figurante em filme de

Margarida Gil.

Fez formações com Junior Sampaio, Alexander Kelly, Jorge Alonso, Guilhermo Heras, Iwan Brioc.

Fez assistência de encenação; tradução de pequenos textos; já realizou vários trabalhos no Museu Municipal de

Esposende, para a Comunidade de Inserção Social de Esposende, com grupos de mulheres com problemas de

alcoolismo (coordenação de Oficina de Teatro; coordenação de Oficina de Escrita; criação de Espetáculo);

Também neste museu realizou oficinas de Expressão Dramática com grupos de crianças e jovens.

Trabalhou com grupos de Teatro Amador do Concelho de Stª Maria da feira: oficina e criação de espetáculo (e

criação de textos)

Faz parte do Programa de Itinerâncias da Direcção Geral do Livro, desde 2001.

Faz trabalho de animação no Museu do Carro Elétrico.

FICHA DE INSCRIÇÃO

1. Identificação:

1.1 Nome: ___________________________________________________________________

1.2 Data de Nascimento:_______________ Idade:______ Nacionalidade:_______________

1.3 B.I.Nº: _______________ Data:_______ Arquivo:_________ Contribuinte: __________

1.4 Morada:__________________________________________________________________

Localidade:____________________________ Código Postal:_______________________

Telefone:______________ Telemóvel: _______________ E-Mail: ___________________

2. Workshop a frequentar: __________________________________________________

3. Horário pretendido:

Terças feiras e sextas feiras das 18h30 às 20h30

Terças feiras e sextas feiras das 21h00 às 23h00

4. Forma de Pagamento:

O pagamento deverá ser efectuado até 48h antes do início da formação, através de:

o Cheque em nome de FUNDAÇÃO DA JUVENTUDE

o Transferência bancária Banco BES - NIB: 0007.0000.01964500261.23

o Numerário, na FUNDAÇÃO DA JUVENTUDE, Rua das Flores, 69, Porto.

Declaro sob compromisso de honra que todas as declarações feitas correspondem à

verdade.

Data: ___/___/____

(Assinatura)

Apêndice IV

(Workshop “Safari Fotográfico pela Cidade do

Porto”

Cartaz e Ficha de Inscrição)

FICHA DE INSCRIÇÃO

1. Identificação:

1.1 Nome: ___________________________________________________________________

1.2 Data de Nascimento:_______________ Idade:______ Nacionalidade:_______________

1.3 B.I.Nº: _______________ Data:_______ Arquivo:_________ Contribuinte: __________

1.4 Morada:__________________________________________________________________

Localidade:____________________________ Código Postal:_______________________

Telefone:______________ Telemóvel: _______________ E-Mail: ___________________

2. Workshop a frequentar: __________________________________________________

3. Opção de Horário:

10h às 14h

14h às 18h

4. Forma de Pagamento:

O pagamento deverá ser efetuado até 48h antes do início da formação, através de:

o Cheque em nome de FUNDAÇÃO DA JUVENTUDE

o Transferência bancária Banco BES - NIB: 0007.0000.01964500261.23

o Numerário, na FUNDAÇÃO DA JUVENTUDE, Rua das Flores, 69, Porto.

Declaro sob compromisso de honra que todas as declarações feitas correspondem à

verdade.

Data: ___/___/____

(Assinatura)

Apêndice V

(Workshop “Empregabilidade: Técnicas de

Procura de Emprego”

Cartaz e Ficha de Inscrição)

FICHA DE INSCRIÇÃO

1. Identificação:

1.1 Nome: ___________________________________________________________________

1.2 Data de Nascimento:_______________ Idade:______ Nacionalidade:_______________

1.3 B.I.Nº: _______________ Data:_______ Arquivo:_________ Contribuinte: __________

1.4 Morada:__________________________________________________________________

Localidade:____________________________ Código Postal:_______________________

Telefone:______________ Telemóvel: _______________ E-Mail: ___________________

2. Workshop a frequentar: __________________________________________________

3. Forma de Pagamento:

O pagamento deverá ser efetuado até 48h antes do início da formação, através de:

o Cheque em nome de FUNDAÇÃO DA JUVENTUDE

o Transferência bancária Banco BES - NIB: 0007.0000.01964500261.23

o Numerário, na FUNDAÇÃO DA JUVENTUDE, Rua das Flores, 69, Porto.

Declaro sob compromisso de honra que todas as declarações feitas correspondem à

verdade.

Data: ___/___/____

(Assinatura)

Apêndice VI

(Oficina de Escultura: “Reciclarte &Style”

Cartaz e Ficha de Inscrição)

153

FICHA DE INSCRIÇÃO

1. Identificação:

1.1 Nome: ___________________________________________________________________

1.2 Data de Nascimento:_______________ Idade:______ Nacionalidade:_______________

1.3 B.I.Nº: _______________ Data:_______ Arquivo:_________ Contribuinte: __________

1.4 Morada:__________________________________________________________________

Localidade:____________________________ Código Postal:_______________________

Telefone:______________ Telemóvel: _______________ E-Mail: ___________________

2. Workshop a frequentar: __________________________________________________

3. Forma de Pagamento:

O pagamento deverá ser efetuado até 48h antes do início da formação, através de:

o Cheque em nome de FUNDAÇÃO DA JUVENTUDE

o Transferência bancária Banco BES - NIB: 0007.0000.01964500261.23

o Numerário, na FUNDAÇÃO DA JUVENTUDE, Rua das Flores, 69, Porto.

Declaro sob compromisso de honra que todas as declarações feitas correspondem à

verdade.

Data: ___/___/____

(Assinatura)

Apêndice VII

(Workshop “Gestão da Carreira Criativa”

Cartaz e Ficha de Inscrição)

156

FICHA DE INSCRIÇÃO

1. Identificação:

1.1 Nome: ___________________________________________________________________

1.2 Data de Nascimento:_______________ Idade:______ Nacionalidade:_______________

1.3 B.I.Nº: _______________ Data:_______ Arquivo:_________ Contribuinte: __________

1.4 Morada:__________________________________________________________________

Localidade:____________________________ Código Postal:_______________________

Telefone:______________ Telemóvel: _______________ E-Mail: ___________________

2. Workshop a frequentar: __________________________________________________

3. Forma de Pagamento:

O pagamento deverá ser efetuado até 48h antes do início da formação, através de:

o Cheque em nome de FUNDAÇÃO DA JUVENTUDE

o Transferência bancária Banco BES - NIB: 0007.0000.01964500261.23

o Numerário, na FUNDAÇÃO DA JUVENTUDE, Rua das Flores, 69, Porto.

Declaro sob compromisso de honra que todas as declarações feitas correspondem à

verdade.

Data: ___/___/____

(Assinatura)

Apêndice VIII

(Ficha de Avaliação de Workshop:

“Gestão da Carreira Criativa”)

Avaliação do workshop “Gestão da Carreira Criativa”

As seguintes questões servem para compreender as suas impressões sobre a qualidade e o

impacto desta formação. Neste sentido, solicitamos a sua colaboração no preenchimento

deste pequeno questionário, cujos dados serão tratados de forma confidencial e apenas para

os efeitos acima mencionados.

1- Assinale o valor correspondente à sua opinião relativamente aos pontos abaixo

referidos.

1 (Muito insatisfeito/a)

2

3

4

5 (Muito Satisfeito/a)

Rigor e qualidade da formação

Interesse da Formação para a vida quotidiana

Interesse da formação para a vida profissional

Qualidade da dinamização organizada pela formadora

Espaço onde se realizou a formação

Duração da Formação

2-Como tomou conhecimento deste workshop?

Site da Fundação da Juventude

E-mail de divulgação do workshop

Redes Sociais

Outras

Quais?________________________________________________________________________

3-Este workshop…

Ficou abaixo das minhas expectativas

Correspondeu às minhas expectativas

Superou as minhas expectativas

4- Assinale 2 aspetos que considere positivos e 2 aspetos que considere negativos desta

formação.

Positivos

1- _______________________________________________________________________

2- _______________________________________________________________________

Negativos

1- _______________________________________________________________________

2- _______________________________________________________________________

5- Indique outros temas que gostaria de ver abordados em futuros workshops

_____________________________________________________________________________________

_____________________________________________________________________________________

_____________________________________________________________________________________

_____________________________________________________________________________________

Muito Obrigada pela sua colaboração!

Apêndice IX

(Workshop “Comande o seu Cérebro”

Cartaz e Ficha de Inscrição)

162

FICHA DE INSCRIÇÃO

1. Identificação:

1.1 Nome: ___________________________________________________________________

1.2 Data de Nascimento:_______________ Idade:______ Nacionalidade:_______________

1.3 B.I.Nº: _______________ Data:_______ Arquivo:_________ Contribuinte: __________

1.4 Morada:__________________________________________________________________

Localidade:____________________________ Código Postal:_______________________

Telefone:______________ Telemóvel: _______________ E-Mail: ___________________

2. Workshop a frequentar: __________________________________________________

3. Opção de Horário:

Dia 23 de Fevereiro das 09h00 às 13h00

Dia 26 de Fevereiro das 14h30 às 18h30

4. Forma de Pagamento:

O pagamento deverá ser efetuado até 48h antes do início da formação, através de:

o Cheque em nome de FUNDAÇÃO DA JUVENTUDE

o Transferência bancária Banco BES - NIB: 0007.0000.01964500261.23

o Numerário, na FUNDAÇÃO DA JUVENTUDE, Rua das Flores, 69, Porto.

Declaro sob compromisso de honra que todas as declarações feitas correspondem à

verdade.

Data: ___/___/____

(Assinatura)

Apêndice X

(Ficha de Avaliação de Workshop:

“Comande o seu Cérebro”)

Avaliação do workshop “Comande o seu Cérebro”

As seguintes questões servem para compreender as suas impressões sobre a qualidade e o

impacto desta formação. Neste sentido, solicitamos a sua colaboração no preenchimento

deste pequeno questionário, cujos dados serão tratados de forma confidencial e apenas para

os efeitos acima mencionados.

1-Assinale o valor correspondente à sua opinião relativamente aos pontos abaixo

referidos.

1 (Muito insatisfeito/a)

2

3

4

5 (Muito Satisfeito/a)

Rigor e qualidade da formação

Interesse da Formação para a vida quotidiana

Interesse da formação para a vida profissional

Qualidade da dinamização organizada pela formadora

Espaço onde se realizou a formação

Duração da Formação

2-Como tomou conhecimento deste workshop?

Site da Fundação da Juventude

E-mail de divulgação do workshop

Redes Sociais

Outras

Quais?________________________________________________________________________

3-Este workshop…

Ficou abaixo das minhas expectativas

Correspondeu às minhas expectativas

Superou as minhas expectativas

4- Assinale 2 aspetos que considere positivos e 2 aspetos que considere negativos desta

formação.

Positivos

3- _______________________________________________________________________

4- _______________________________________________________________________

Negativos

3- _______________________________________________________________________

4- _______________________________________________________________________

5- Indique outros temas que gostaria de ver abordados em futuros workshops

_____________________________________________________________________________________

_____________________________________________________________________________________

_____________________________________________________________________________________

_____________________________________________________________________________________

Muito Obrigada pela sua colaboração!

Apêndice XI

(Workshop “Vamo-nos Entender –Mediação de

Conflitos em Contexto Escolar”

Cartaz e Ficha de Inscrição)

FICHA DE INSCRIÇÃO

1. Identificação:

1.1 Nome: ___________________________________________________________________

1.2 Data de Nascimento:_______________ Idade:______ Nacionalidade:_______________

1.3 B.I.Nº: _______________ Data:_______ Arquivo:_________ Contribuinte: __________

1.4 Morada:__________________________________________________________________

Localidade:____________________________ Código Postal:_______________________

Telefone:______________ Telemóvel: _______________ E-Mail: ___________________

2. Workshop a frequentar: __________________________________________________

3. Forma de Pagamento:

O pagamento deverá ser efetuado até 48h antes do início da formação, através de:

o Cheque em nome de FUNDAÇÃO DA JUVENTUDE

o Transferência bancária Banco BES - NIB: 0007.0000.01964500261.23

o Numerário, na FUNDAÇÃO DA JUVENTUDE, Rua das Flores, 69, Porto.

Declaro sob compromisso de honra que todas as declarações feitas correspondem à

verdade.

Data: ___/___/____

(Assinatura)

Apêndice XII

(Conferência “Vamo-nos Entender –Mediação de

Conflitos em Contexto Escolar”

Powerpoint)

Data: 17/04/2013

Mediação de Conflitos em Contexto Escolar

Formadoras:

Daniela Silva;

Joana Trancoso.

Esta sessão consiste numa abordagem teórica do

conceito de mediação e sua aplicação prática no contexto

escolar;

Pretende capacitar os/as jovens de forma a resolverem

os seus conflitos através do diálogo, da comunicação e

do respeito pelos interesses de ambas as partes;

Objetivos da Sessão

• O Conflito;

• A Negociação;

• O Processo de Mediação;

• Mediação Escolar.

Sumário

• Em traços gerais, conflito é toda opinião divergente ou maneira diferente de ver ou

interpretar algum acontecimento;

• O Conflito tem origem na diferença de interesses, de desejos e de aspirações;

• Não estamos perante a noção estrita entre o certo e o errado, mas sim de posições

que são defendidas face a outras, naturalmente diferentes ou opostas;

• Não deve ser visto com algo negativo

1. O Conflito

o conflito é parte integrante da vida e da

atividade social

construtivo podem constituir uma oportunidade

para as partes envolvidas encontrarem uma solução e

dialogarem sobre este

• O mito de que o conflito é prejudicial está a desmoronar-se;

• encarado como uma manifestação mais natural e, por conseguinte, necessária às relações entre

pessoas, grupos sociais, organismos políticos e Estado;

• o problema não está no conflito em si, mas na forma como é gerido

podem ser resolvidos de forma construtiva ou destrutiva.

1. O Conflito

1. O Conflito

ajuda a regular as relações sociais;

ensina a ver o mundo pela perspetiva do outro;

possibilita o reconhecimento das diferenças;

ensina que a controvérsia é uma oportunidade de crescimento e de amadurecimento social;

permite perceber que o outro possui uma perceção diferente;

ajuda a definir as identidades das partes que defendem as suas posições.

Vantagens:

• Tipologias do Conflito

1. O Conflito

Conflitos

Intrapessoais

Conflitos

Interpessoais

• Consiste num outro processo

de gestão de conflitos, onde

as partes tentam chegar a

um acordo, não

abandonando simplesmente a

relação que estabelecem

entre elas.

2. A Negociação

2. A Negociação

Tipos de Negociação

A Negociação

Distributiva A Negociação Integrativa

• Quando devemos negociar

– Interdependentes e precisam confiar na cooperação um do outro;

– Conscientes de que as alternativas para um acordo negociado não parecem tão

fiáveis;

– Aptas a identificar e a concordar com os pontos em discussão;

– Em uma situação em que os seus interesses não são totalmente incompatíveis.

• Quando não devemos

– As emoções das partes são intensas e impedem um acordo;

– A comunicação entre as partes é pobre;

– Condutas negativas;

– Há interesses incompatíveis;

– Diferenças de valores;

– As partes encontram dificuldades em iniciar as negociações.

2. A Negociação

Quando não se chega a uma resolução consensual, pode ser

necessário a presença de um terceiro neutro e imparcial

• Na década de 70 Os meios alternativos de resolução de conflitos, vulgarmente designados por

ADR (Alternative Dispute Resolution), surgiram nos Estados Unidos da América, entre outros, a

mediação, a negociação, a arbitragem e a conciliação;

• Em Portugal na década de 90 época marcada por uma maior autonomia deste processo de

mediação, e por uma reflexão em termos legais, bem como a identificação dos RAC ou RAL

(Resolução Alternativa de Conflitos ou Litígios);

• É de salientar que os programas de resolução de conflitos tiveram origem fora do contexto

escolar, por exemplo com a Criação dos Centros de Mediação Comunitária;

• Ao longo da segunda metade do século XX, a mediação de conflitos foi-se instituindo como

alternativa aos meios judiciais;

• A mediação não se constitui como uma via de substituição dos tribunais.

3. Mediação

• a intervenção numa negociação ou num conflito de uma terceira parte aceitável, tendo um poder

de decisão limitado ou não autoritário, e que ajuda as partes envolvidas a chegarem

voluntariamente a um acordo mutuamente aceitável com relação às questões em disputa;

• resolução de conflitos juridicamente enquadrada em que partes, por sua livre vontade e através de

uma attiva participação direta, são auxiliadas por um mediador a encontrar uma solução

negociada e amigável para o seu problema ou conflito;

• é indicada quando as partes envolvidas em conflito não acreditam que conseguem mais elas

próprias lidar com as suas divergências.

3. Mediação

• É um processo confidencial e não adversarial conduzido por um terceiro neutro e

sem poder de decisão quanto ao objecto do conflito;

• Quando não se deve recorrer a mediação:

– quando as partes não demonstram vontade de participar no processo;

– quando o desequilíbrio de poder entre as partes é tal forma desproporcionado

que dificilmente um acordo mediado será justo (pode então recorrer-se a

outras instâncias, como os tribunais);

– quando uma das partes utiliza a mediação para escalar o conflito.

3. Mediação

Papel do Mediador

• É ser intermediário, é ser neutro;

• É permitir e ajudar a tornar possível uma comunicação entre as partes envolvidas, tentar com

que estas estabeleçam um acordo voluntariamente;

• Estes profissionais não devem exercer uma posição apenas centrada em si, nos seus fins,

esquecendo as pessoas envolvidas no processo;

• Identificar e investigar os problemas trazidos pelas partes;

3. Mediação

Papel do Mediador

• Funções deste são de destacar, o acolhimento às partes chegadas a este processo de resolução de

conflitos, também a conquista da confiança das partes envolvidas e a tentativa de abertura de espaços

para a comunicação;

• Não decidem o que está certo ou errado, não resolvem o problema pelas pessoas, não proferem sentenças;

• Deve procurar ser paciente, resistente, possuir uma boa capacidade de escuta, de gerar empatia e,

fundamentalmente, ser reflexivo.

3. Mediação

• Etapas da Mediação

3. Mediação

1• Pré - mediação

2• Preparação da mediação

3• Abertura

4• Investigação

5• Agenda

6• Criação de Opções

7• Avaliação e escolha das opções

8• Acordo Final

• Assumir que existem conflitos e que estes devem ser superados a fim de a escola

cumprir melhor as suas reais finalidades;

• Dois tipos de escolas: aquelas que assumem a existência de conflitos e os

transformam numa oportunidade e aquelas que negam a existência de conflitos e,

por consequência, terão que lidar com a manifestação violenta do conflito, que é a

tão conhecida violência escolar;

• A escola, mesmo que considere o conflito como algo de positivo, nem sempre tem a

melhor estratégia para os tratar

aplicam medidas demasiado duras, tais como castigos ou processos

disciplinares.

4. Mediação Escolar

A escola é o universo que reúne alunos diferentes, ela é

o palco onde certamente o conflito se instalará

• A mediação educativa no nosso País na década de noventa como

consequência, se assim se pode dizer, da integração na Comunidade Económica

Europeia que permitiu o acesso a programas internacionais no âmbito dos quais

eram valorizadas as práticas de mediação;

• Quanto a questões legislativas o aparecimento dos Territórios Educativos de

Intervenção Prioritária (TEIP) possibilitaram a entrada dos mediadores neste

contexto tão rigidamente organizado

4. Mediação Escolar

Duas vertentes

4. Mediação Escolar

Gabinete de Apoio ao Aluno nas escolas

Mediação entre pares

• Tem a virtude de promover o desenvolvimento de capacidades e competências

interpessoais e sociais, essenciais para o exercício de uma cidadania participativa;

• A mediação é assim uma forma de educar para a cidadania pois ao longo da sua

vida, os adolescentes vão ter de gerir conflitos de ordem familiar e profissionais,

entre outros;

• Permite ainda desenvolver o autoconhecimento de si próprio e dos outros;

• Processo de mediação escolar passa por:

– um diagnóstico de necessidades;

– acções de sensibilização;

– criação de uma equipa de apoio;

– formação e capacitação;

– selecção e formação de alunos mediadores;

– implementação e monitorização do projecto;

– avaliação do projecto.

4. Mediação Escolar

• Fundação da Juventude, que se encontra ligada ao público jovem e que pretende

claro o melhor desenvolvimento cívico para uma inserção mais facilitada no mundo

do trabalho;

• É importante capacitar o público-jovem para a gestão dos seus próprios conflitos

promovendo a comunicação, e o respeito pelos interesses do outro;

• A mediação é um processo vantajoso na medida em que nos permite resolver os

nossos conflitos de uma forma construtiva e pouco dispendiosa;

• Contribui para o desenvolvimento pessoal e social de cada indivíduo.

Concluindo…

Ideias/Palavras a Reter

Comunicação

Diálogo

Entender o

outro

RespeitoCedências

Considerar

outras

perspetivas de

uma mesma

situação

Obrigada

pela atenção!

Apêndice XIII

(Conferência “Vamo-nos Entender –Mediação de

Conflitos em Contexto Escolar”

Ficha de Avaliação)

Avaliação da sessão “Vamo-nos entender – Mediação de Conflitos em

Contexto Escolar”

As seguintes questões servem para compreender as suas impressões sobre a qualidade e o

impacto desta formação. Neste sentido, solicitamos a sua colaboração no preenchimento

deste pequeno questionário, cujos dados serão tratados de forma confidencial e apenas para

os efeitos acima mencionados.

1-Assinale o valor correspondente à sua opinião relativamente aos pontos abaixo referidos.

1 (Muito insatisfeito/a)

2

3

4

5 (Muito Satisfeito/a)

Rigor e qualidade da formação

Interesse da Formação para a vida quotidiana

Interesse da formação para a vida profissional

Qualidade da dinamização organizada pelas formadoras

Espaço onde se realizou a formação

Duração da Formação

2-Esta sessão…

Ficou abaixo das minhas expectativas

Correspondeu às minhas expectativas

Superou as minhas expectativas

3- Assinale 2 aspetos que considere positivos e 2 aspetos que considere negativos desta

formação.

Positivos

_______________________________________________________________________

_______________________________________________________________________

Negativos

__________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________

4 - Após esta sessão qual a sua opinião acerca do conflito?

_____________________________________________________________________________________

_____________________________________________________________________________________

_____________________________________________________________________________________

5 – Em que outros contextos podemos encontrar conflitos?

_____________________________________________________________________________

_____________________________________________________________________________

_____________________________________________________________________________

6 – Já tinha conhecimento acerca do processo de Mediação?

Sim

Não

Se sim, como?

_____________________________________________________________________________

_____________________________________________________________________________

_____________________________________________________________________________

7 – Que mudanças faria no contexto escolar no sentido de gerir melhor os conflitos entre os

diferentes elementos da comunidade escolar?

_____________________________________________________________________________

_____________________________________________________________________________

_____________________________________________________________________________

_____________________________________________________________________________

8 - Indique outros temas que gostaria de ver abordados futuramente noutras sessões.

_____________________________________________________________________________________

_____________________________________________________________________________________

_____________________________________________________________________________________

_____________________________________________________________________________________

Muito Obrigada pela sua colaboração!

Apêndice XIV

(Circuito de Visitas e Memórias:

Cartaz para o Circuito)

187

Apêndice XV

(Circuito de Visitas e Memórias:

Folhetos para Crianças e Jovens)

189

190

191

192

Apêndice XVI

(Circuito de Visitas e Memórias:

Quizz para Crianças e Jovens)

O quizz é entregue no inicio da visita de forma a que possam ir jogando e preenchendo o

mesmo. Ou seja, algumas respostas ao quizz são o resultado dos jogos que encontram ao

longo do circuito.

Exemplo de possíveis questões:

Quizz (crianças):

1- Quando é que nasceu este Palácio?

2- O que é que este Palácio já foi no passado? Podes escolher mais que uma opção.

Discoteca Convento Banco Shopping Café Companhia de Seguros

3- Quais os jogos que foram mostrados na sala do Convento?

4- Qual a ordem da história que descobriste?

5- Identifica a Personagem:

1- 2- 3- 4-

6- Qual é o meu nome?

Fotografias Nome

1 A

2 B

3 C

4 D

5 E

7- O que se faz agora neste Palácio?

8- Diz uma atividade que aconteça aqui no presente?

9- O que são as Feiras Francas?

10- Qual foi o número da última Feira Franca?

Quizz (Jovens):

1- Em que ano foi construído este edifício?

2- Ordena as etapas da sua vida:

Palácio das Artes – Fábrica de Talentos (PAFT)

Banco de Lisboa

Companhia de Seguros Douro

Convento de São Domingos

3- O Edifício Douro encontra-se numa zona caracterizada como Património

______________________________ pela UNESCO.

4- Responde as seguintes perguntas com os números que conseguiste ganhar neste

desafio:

- Em que século o Banco de Lisboa se alojou aqui?

- Com que idade era normal e desejável casar nesta época?

- Em média quantos filhos tinham os casais deste século?

- Com que idade se ingressava no mercado de trabalho?

5- Coloca a expressão de acordo com o género que pensas que se refere:

Género Feminino Género Masculino

6- Que estilo musical consegues identificar?

1- 2- 3-

4- 5-

7- Que roupas correspondem às seguintes culturas juvenis?

Punks –

Góticos –

Rastafari –

Hip Hop –

Dreds –

Hipies –

Metaleiros-

8- Em que ano nasceu o PAFT?

9- Que atividades se desenvolvem aqui?

10- O que é uma tertúlia? Quantas já existiram aqui?

Apêndice XVII

(Circuito de Visitas e Memórias:

Planificação do Projeto)

Sala Crianças Jovens Geral

-1 (Escadaria) Perguntas sugestivas cuja resposta pode ser encontrada ao longo do percurso: “Queres viajar no tempo e brincar connosco?” “Sabias que tipo de jogos existiam no século XIII?” “Onde era o banco de Portugal no Século XIX?” “Sabias que estás a pisar o século XIII, XIX, XX e XXI?” “Sabes há quanto tempo vive este edifício?”

Perguntas sugestivas cuja resposta pode ser encontrada ao longo do percurso. “Queres viajar no tempo?” “Sabias que a noção de juventude não existia no século XIII?” “Como é que o/a jovem existe ao longo do tempo?” “Onde era o banco de Portugal no Século XIX?” “Sabias que estás a pisar o século XIII, XIX, XX e XXI?” “Onde podes encontrar criatividade e inovação?” “Este edifício respira há 800 anos. E a juventude?” “Júlio Diniz está por aí. Encontra-o.” “Como se transforma a passagem para a vida adulta ao longo do tempo?

Cartaz informativo alusivo ao circuito, assim como elementos decorativos (fotografias de cada época e/ou de cada sala do circuito) alusivos a cada uma das épocas retratadas. Entrega de um folheto informativo sobre o circuito de visita (realizado por nós e que também será utilizado como meio de divulgação) e de um quiz para os/as participantes irem procurando as respostas e/ou pistas ao longo do circuito e responder no final de todas as atividades. Perguntas a definir.

Sala 7 (Metade)- Convento

Exposição de jogos da época (xadrez, dados, cartas). Explicar que as brincadeiras de criança eram iguais às dos adultos.

É dado aos/às jovens um conjunto de expressões que podem ou não marcar a transição para a vida adulta nessa época. Cabe aos/às participantes organizar numa tabela aquelas que acham mais adequadas a cada género.

Exposição das roupas usadas na época (Parceria com Modatex)

Sala 8 - Banco Fios tipo “lasers” para os/as participantes passarem sem lhes tocar. (esta atividade está inserida, como foi dito anteriormente, num circuito de visita pontual e com marcação, pelo que não será permanente, dando espaço a outros eventos/exposições). Caso toquem, será acionado um sininho. Terá de voltar para trás e conseguir passar sem fazer barulho. Ao chegar ao final, cada criança recebe um recorte de uma fábula de La Fontaine em banda desenhada ou texto (que estará desordenada e dividida em recortes que representam vários momentos da história). Quando todo o grupo terminar o desafio, ser-lhes-á pedido que montem a história (por exemplo, ordenando os vários momentos da história com fita cola num quadro/estirador) e explica-se que contar histórias era a forma de diversão.

Fios tipo “lasers” para os/as participantes passarem sem lhes tocar. Caso toquem, será acionado um sininho. Terá de voltar para trás e conseguir passar sem fazer barulho. Ao chegar ao final, recebem cartões com números que correspondem à resposta a várias questões do quiz relacionadas com a transição para a vida adulta e intimidade. (estes “cartões” serão produzidos por nós, estagiárias do Serviço Educativo. Dado o caracter pontual da visita, nós mesmas podemos encarregar-nos de acompanhar os/as visitantes)

200

Sala 6/7 - Seguradora

Metade da sala 7: inícios do século XX (jogos tradicionais): Jogo do pião (no chão ou numa superfície no chão para não correr o risco de danificar o mesmo) (quem consegue estar mais tempo com o pião a rodar)

Desenhar o jogo da macaca no chão (fita cola de cor, também numa superfície que proteja o chão) Sala 6: Finais do século XX: Identifica a personagem! – identificar personagens de desenhos animados, que estarão retratadas em imagens que serão colocadas dentro de uma caixa e cada visitante irá retirar uma imagem e tentará identifica-la. Construção em legos – constroem qualquer coisa que tenham visto ao longo da visita (Se possível, seria interessante ter a parceria da empresa Lego para termos acesso a alguns conjuntos de blocos de construção para usarmos no circuito)

Exposição de excertos de filmes que retratem a juventude nos anos 30. (possibilidade de parceria com arquivos da RTP ou da cinemateca portuguesa) Jogo da música: colocam-se à disposição (num computador com auscultadores) excertos de vários géneros musicais que estão relacionados com as culturas juvenis. O objetivo é que os/as participantes identifiquem os movimentos juvenis com base nos género musicais que ouvem. Jogo da roupa: várias peças de roupa alusivas a vários movimentos juvenis estão amontoadas a um canto da sala. (parceria com alguma empresa têxtil (Modatex é uma hipótese)). Cabe a cada participante/grupo terá de colocar cada peça no cesto correto. Exposição de informação escrita em pequenos cartazes, também produzidos por nós, relativas à transição, visto que é neste século que a juventude começa a ser destacada, daí a maior relevância ao grupo juventude.

Sala 5: PAFT Fotos de várias consolas de jogos de vídeo que eles têm de identificar (que estarão expostas ou projetadas na parede)

Período marcado por problemas na transição para a vida adulta (crise). Quadro/Tela onde os/as jovens tentam identificar, na sua opinião, os maiores problemas atuais que a juventude enfrenta na transição para a vida adulta e possíveis soluções para esses mesmos problemas.

Exposição dos jornais das feiras, fotografias das feiras e das tertúlias, workshops, etc. Folhetos informativos sobre o PAFT.

Apêndice XVIII

(Circuito de Visitas e Memórias:

Exemplar de Carta para Parcerias)

Exmos. senhores,

Somos a Fundação da Juventude e a nossa sede a nível nacional encontra-se na cidade do

Porto. Somos a primeira Fundação privada de âmbito nacional com a missão exclusiva de promover a

integração dos jovens na vida ativa e profissional. Tendo como principais áreas de interesse e atuação, a

Fundação da Juventude foca-se essencialmente no campo social e de formação cívica, assim como a

cultura e a criatividade compõem dimensões centrais da ação da instituição.

Na nossa vertente cultural, contamos com um equipamento, o Palácio das Artes – Fábrica de

Talentos, que está situado no Largo de S. Domingos, em pleno Centro Histórico da cidade do Porto,

constituindo-se como um centro de excelência de criatividade e inovação. Tem como objetivo máximo

apoiar a inserção dos Jovens Criadores na vida ativa, participar na construção de um cluster natural das

artes e das indústrias culturais, potenciando a sua capacidade de atração de públicos, profissionais

criativos e de turismo. Visa também constituir-se como um centro de criatividade e de inovação, promover

os/as jovens criadores/as a nível profissional e ser o polo dinamizador do centro histórico, no sentido de

atrair mais profissionais criativos e turistas ao local. Assume-se, então, como um ponto de referência das

indústrias culturais e criativas da Região do Norte, trabalhando com parceiros públicos e privados, no

sentido de oferecer serviços que suportem os seus beneficiários e contribuindo para o crescimento

económico da região, através da inovação, iniciativa empreendedora e criação de emprego.

Neste equipamento estamos, de momento, com um objetivo em vista: a construção de um

serviço educativo no local. Desse serviço educativo constam visitas ao Palácio das Artes – Fábrica de

Talentos com uma vasta panóplia de atividades interativas e dinâmicas com públicos das mais diversas

idades e contextos. Assim, uma das atividades ………(objetivo da atividade)

Deste modo, seria de extrema relevância para nós o estabelecimento de uma parceria com a

empresa ….. para podermos concretizar esta nossa iniciativa. Assim, queríamos saber a vossa

possibilidade de colaboração com a Fundação da Juventude, nomeadamente no que diz respeito à

disponibilização de………….para utilizarmos neste nosso evento.

Agradecemos desde já pela atenção disponibilizada. Aguardamos resposta.

Com os melhores cumprimentos,

A diretora geral

_______________________________________

(Maria Geraldes)

Apêndice XIX

(Dar a conhecer o Palácio das Artes:

Acompanhar diversos públicos

Cartaz da Visita de Estudo)

204

Apêndice XX

(Exemplar de nota de terreno)

- Nota de terreno -

03/10/2012

No primeiro dia de estágio eu, juntamente com a minha colega de estágio, dirigimo-nos

às 10 horas para iniciar o nosso trabalho no Palácio das Artes – Fábrica de Talentos (PAFT), tal

como tinha ficado acordado na conversa da semana anterior.

Hoje sentia-me nervosa ao iniciar o meu papel de estagiária no PAFT, tendo receio de

não corresponder às expectativas ou até mesmo de não me sentir ainda parte integrante do

espaço.

Contudo, após a nossa entrada no Palácio, direcionamo-nos de imediato para a sala que

tinha ficado acordada para o desenvolvimento do nosso trabalho. Nesta última encontrava-se já

a trabalhar a supervisora local, que nos recebeu e nos colocou à vontade naquele espaço.

Neste primeiro momento e numa conversa com a gestora do Palácio ficou acordado que

nesta manha seria relevante realizarmos uma pequena pesquisa e levantamento de atividades e

workshops organizados no PAFT.

Assim sendo, através de uma pesquisa pelo site da Fundação da Juventude e aos nossos

conhecimentos prévios, efetuamos um pequeno levantamento de dados para nos inteirarmos na

dinâmica do PAFT. Deste modo, tornou-se percetível a realização mensal, no último sábado de

cada mês das Feiras Francas, atividade mais destacada no Palácio. Não apenas as feiras, mas

também as Tertúlias que acontecem no Palácio no sentido de representar um espaço de

informação e debate se revelam bastante significativos.

Para além destes eventos, que ocorrem regularmente no Palácio, a realização de

workshops acerca de várias temáticas marcam a sua presença, assim como, os dois eventos mais

próximos a ocorrer no Palácio das Artes nos despertou a atenção. Mais proximamente nos dias

5, 6 e 7 de outubro o festival “Cargotopia”, e em 3 de novembro “21 st Century Rural

Museum”, trazendo a cultura rural aos grandes centros urbanos.

Referindo-me ainda aos workshops, e devido ao interesse demonstrado pela supervisora

pelos mesmos, resolvemos percepciona-los um pouco mais a fundo. Assim, concluímos que as

temáticas mais desenvolvidas nestes são a fotografia, o teatro, a dança, a pintura, o design, a

arquitetura e o cinema. Para além deste facto, importa destacar a nossa visão mais dinâmica e

interativa que caracterizava os workshops para crianças, contrariamente aos destinados a jovens

e adultos, embora a informação nos cartazes e no site da Fundação não seja muito explícito.

Nestas informações ficamos elucidados que o grupo de participantes é normalmente pequeno

não excedendo os 10 participantes, contando os workshops sempre com a presença de

formadores vinculados à temática dos workshops.

Após este levantamento muito útil para nós enquanto novos membros da instituição,

organizamos toda esta informação que futuramente se revelará extremamente importante. Por

fim, neste primeiro dia senti-me ainda um pouco um elemento estranho ao espaço ainda não

integrada nas dinâmicas, contudo espero que com o tempo vá encontrando o meu lugar no

desenvolvimento da missão do PAFT.