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2 UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ GISELLE MARI MIRANDA TRABALHO DE CONCLUSÃO DE ESTÁGIO GESTÃO DO CLIMA ORGANIZACIONAL NO SETOR DE PLANEJAMENTO DA PREFEITURA MUNICIPAL DE BIGUAÇU Biguaçu 2011 GISELLE MARI MIRANDA

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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ

GISELLE MARI MIRANDA

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE ESTÁGIO

GESTÃO DO CLIMA ORGANIZACIONAL NO SETOR DE PLANEJAMENTO DA

PREFEITURA MUNICIPAL DE BIGUAÇU

Biguaçu

2011

GISELLE MARI MIRANDA

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TRABALHO DE CONCLUSÃO DE ESTÁGIO

GESTÃO DO CLIMA ORGANIZACIONAL NO SETOR DE PLANEJAMENTO DA

PREFEITURA MUNICIPAL DE BIGUAÇU

Trabalho de Conclusão de Estágio apresentado ao Curso de Administração do Centro de Educação da UNIVALI – Biguaçu, como requisito para obtenção do Título de Bacharel em Administração.

Professor(a) Orientador(a): Dra. Simone Regina Dias

Biguaçu

2011

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GISELLE MARI MIRANDA

GESTÃO DO CLIMA ORGANIZACIONAL NO SETOR DE PLANEJAMENTO DA

PREFEITURA MUNICIPAL DE BIGUAÇU

Este Trabalho de Conclusão de Estágio foi considerado adequado para a obtenção do título

de Bacharel em Administração e aprovado pelo Curso de Administração, da Universidade do

Vale do Itajaí, Centro de Educação de Biguaçu.

Área de Concentração: Recursos Humanos

Biguaçu, 26 de maio de 2011.

Profa. Dra. Simone Regina Dias

UNIVALI – CECIESA GESTÃO

Orientador

Profa. M. Ely Teresinha Dionisio

UNIVALI - CE de Biguaçu

Prof. MSc. João Carlos Domingues Carneiro

UNIVALI – CE de Biguaçu

5

Dedico este trabalho à minha mãe Mari, ao meu pai Othoniel e

aos meus amigos e alunos da Univali Alexsandro Martins,

Fabiana Rosa e Susana Rodrigues, que estiveram presentes ao

meu lado, me confortando nos momentos difíceis e vibrando nos

momentos alegres para a conclusão de mais essa etapa da

minha caminhada.

6

AGRADECIMENTOS

Primeiramente agradeço a Deus por iluminar os meus caminhos, me dar

saúde e disposição para realizar meus sonhos.

Ao Secretário de Planejamento e Gestão da Prefeitura Municipal de Biguaçu,

Sr. Antônio Felipe Asmuz Pereira, que acolheu este projeto e generosamente

contribuiu para o desenvolvimento do mesmo.

A minha mãe, que sempre me apoiou para que eu nunca desistisse dos meus

sonhos.

Ao meu pai, que compartilhou de todos os momentos mais difíceis de minha

vida, e que sempre incentivou para que eu nunca desistisse, acreditando que um dia

eu chegaria ao sucesso.

Ao meu amigo Alexsandro, que prontamente me auxiliou na aplicação desta

pesquisa em seu local de trabalho e pela amizade, paciência e dedicação

demonstrada durante o Curso.

Às minhas amigas e também alunas Fabiana Rosa e Susana Rodrigues, que

nos momentos mais difíceis de minha vida estavam constantemente me apoiando

para que eu pudesse superar os desafios.

À minha orientadora e Prof. Dra. Simone Regina Dias, que através de seus

conhecimentos, e com paciência e dedicação, guiou-me ao caminho certo.

Impossível não lembrar suas palavras de incentivo e carinho nos momentos de

maior dificuldade.

A todos os professores, o meu afeto e respeito por terem me ajudado na

realização deste curso.

7

"Há homens que lutam um dia e são bons. Há outros que lutam um ano e são melhores.

Há os que lutam muitos anos e são muito bons. Porém, há os que lutam toda a vida.

Esses são os imprescindíveis."

Bertold Brecht

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RESUMO

MIRANDA, Giselle M. Gestão do clima organizacional no setor de planejamento da Prefeitura Municipal de Biguaçu. 2011. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Administração) – Universidade do Vale do Itajaí, Biguaçu, 2011.

O objetivo do presente trabalho foi identificar o clima organizacional da Secretaria de Planejamento e Gestão da Prefeitura Municipal de Biguaçu, bem como ressaltar a sua importância para propiciar um ambiente de trabalho saudável e propício às atividades. A pesquisa de clima organizacional é uma amostra da situação do ambiente interno de uma organização em um dado momento ou determinado período. A proposta desta análise de clima foi avaliar os pontos fortes e fracos, mostrando o nível de satisfação dos colaboradores quanto aos seguintes fatores de clima: supervisão, liderança, estilo gerencial, gestão, comunicação, relacionamento interpessoal, motivação, valorização de funcionários, possibilidades de progresso profissional, salário, treinamento e benefícios. Foi realizada uma revisão de literatura, enfatizando o conceito de organização, gestão de pessoas, cultura organizacional e clima organizacional, temas de suma importância, relacionados à pesquisa. Neste estudo, foi utilizada uma pesquisa do tipo diagnóstico, predominantemente quantitativa, de caráter descritivo. Como instrumento de coleta de dados, foi aplicado um questionário a todos os funcionários do setor de planejamento da Prefeitura, composto de 18 questões. Ao final, verificou-se que os todos os indicadores de clima apontados na pesquisa precisam ser aprimorados, sobretudo os fatores motivacionais, valorização de funcionários, possibilidades de progresso profissional, salário, treinamento e benefícios e, para tanto, foram apresentadas sugestões de melhoria.

Palavras–chave: Gestão de Pessoas. Cultura Organizacional. Clima organizacional.

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ABSTRACT

MIRANDA, Giselle M. Gestão do clima organizacional no setor de planejamento da Prefeitura Municipal de Biguaçu. 2011. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Administração) – Universidade do Vale do Itajaí, Biguaçu, 2011.

The aim of this study was to identify the organizational climate of the Department of Planning and Management of the City of Biguaçu and highlight their importance to provide a healthy work environment and conducive to the activities. The organizational climate survey is a sample of the state of the internal environment of an organization at a given moment or period. The purpose of this analysis was to evaluate weather the strengths and weaknesses, showing the level of employee satisfaction on the following climate factors: supervision, leadership, management style, management, communication, interpersonal relations, motivation, valuing employees, opportunities advancement, salary, and benefits. We conducted a review of the literature regarding the concept of organization, personnel management, organizational culture and organizational climate, issues of paramount importance, related to the research. This study used a descriptive diagnosis, mainly quantitative and descriptive. As a tool for data collection, a questionnaire was administered to all employees of the planning sector of the Municipality, consisting of 18 questions. In the end, it was found that all indicators pointed in climate research to be improved, especially the motivational factors, valuing employees, opportunities for advancement, salary, training and benefits and, therefore, were presented suggestions for improvement.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Ilustração 1: Processos de gestão de pessoas..........................................................19

Ilustração 2: Fatores que influenciam o clima organizacional....................................31

Ilustração 3: Agrupamento das dimensões do clima organizacional........................45

Ilustração 4: Fator Supervisão/Liderança/Estilo Gerencial/Gestão............................48

Ilustração 5: Fator Relacionamento Interpessoal.......................................................50

Ilustração 6: Comunicação.........................................................................................51

Ilustração 7: Fatores Motivacionais/Valorização de Funcionários/ Possibilidades de

Progresso Profissional................................................................................................52

Ilustração 8: Salário/Treinamento/Benefícios.............................................................54

Ilustração 9: Dados referentes à categoria do funcionário.........................................55

Ilustração 10: Dados referentes aos principais fatores que geram mais satisfação no

trabalho.......................................................................................................................56

Ilustração 11: Dados referentes aos principais fatores que geram mais satisfação no

trabalho.......................................................................................................................56

Ilustração 12: Dados referentes aos principais fatores que geram mais insatisfação

no trabalho..................................................................................................................57

Ilustração 13: Dados referentes aos principais fatores que geram mais insatisfação

no trabalho..................................................................................................................57

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO........................................................................................................13

1.1 OBJETIVOS.........................................................................................................14

1.1.1 Objetivo geral..................................................................................................14

1.1.2 Objetivos específicos.....................................................................................14

1.2 JUSTIFICATIVA...................................................................................................15

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA..............................................................................16

2.1 BREVE HISTÓRICO DO AMBIENTE ORGANIZACIONAL.................................16

2.1.1 Era da Industrialização Clássica ...................................................................16

2.1.2 Era da Industrialização Neoclássica.............................................................16

2.1.3 Era da Informação...........................................................................................17

2.2 GESTÃO DE PESSOAS......................................................................................17

2.2.1 Motivação.........................................................................................................21

2.2.1.1 Motivação, satisfação e desempenho no trabalho.........................................22

2.2.2 Liderança..........................................................................................................24

2.2.3 Poder nas organizações.................................................................................25

2.2.4 Trabalho em equipe........................................................................................25

2.3 CULTURA ORGANIZACIONAL...........................................................................26

2.4 CLIMA ORGANIZACIONAL.................................................................................29

2.4.1 Relação entre clima e cultura organizacionais............................................32

2.4.2 Por que gerenciar o clima?............................................................................32

2.4.3 Quem deve gerenciar o

clima.........................................................................33

2.4.4 Requisitos para gerenciar o clima.................................................................33

2.4.5 Pesquisa de clima organizacional.................................................................34

2.4.5.1 Variáveis da pesquisa organizacional............................................................35

2.4.5.2 Técnicas utilizadas na pesquisa de clima......................................................39

2.5 ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA .............................................................................40

2.5.1 O setor público brasileiro...............................................................................42

3 METODOLOGIA.....................................................................................................43

12

3.1 DELINEAMENTO DA PESQUISA........................................................................43

3.2 DELIMITAÇÃO DO ESTUDO...............................................................................43

3.3 INSTRUMENTOS DE COLETA DE DADOS........................................................44

3.4 INSTRUMENTOS DE ANÁLISE DOS DADOS ...................................................45

4 ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS.......................................................47

4.1 CARACTERIZAÇÃO DA ORGANIZAÇÃO...........................................................47

4.2 ANÁLISE DOS DADOS DA PESQUISA DE CLIMA

ORGANIZACIONAL ............48

4.2.1 Fator Supervisão/Liderança/Estilo Gerencial/Gestão..................................48

4.2.2 Fator Relacionamento Interpessoal...............................................................49

4.2.3 Fator Comunicação.........................................................................................51

4.2.4 Fatores Motivacionais/Valorização de Funcionários/ Possibilidades de

Progresso Profissional............................................................................................52

4.2.5 Salário/Treinamento/Benefícios.....................................................................53

4.2.6 Dados referentes à categoria do funcionário...............................................55

4.2.7 Dados referentes aos principais fatores que geram satisfação e

insatisfação no trabalho..........................................................................................55

4.2.7.1 Principais fatores que geram mais satisfação no trabalho.............................56

4.2.7.2 Principais fatores que geram mais insatisfação no trabalho..........................57

4.2.7.3 Dados obtidos nas questões abertas do questionário...................................58

5 PLANO DE AÇÃO..................................................................................................59

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS....................................................................................63

REFERÊNCIAS .........................................................................................................65

APÊNDICES...............................................................................................................67

13

1 INTRODUÇÃO

Neste mundo tão cheio de transformações, em meio à globalização, à

tecnologia e ao acirramento da concorrência, as empresas devem, cada vez mais,

melhorar seus índices de competitividade e para isso elas dependem quase que

única e exclusivamente de seus seres humanos – motivados, felizes e orgulhosos

dos valores compartilhados com a organização.

A base de uma organização é formada por pessoas - com seus

conhecimentos e habilidades mentais – que, na nova concepção de recursos

humanos, deixam de ser simples recursos organizacionais para serem abordadas

como seres dotados de inteligência, personalidade, conhecimentos, habilidades e

aspirações.

As organizações bem sucedidas proporcionam às pessoas um ambiente de

trabalho acolhedor e agradável, com plena autonomia e liberdade para escolher a

maneira de realizar seu trabalho.

O clima organizacional influencia direta e indiretamente nos comportamentos,

na motivação, na produtividade do trabalho e também na satisfação das pessoas

envolvidas com a organização.

Quando se consegue criar um clima organizacional que propicie a satisfação das necessidades de seus participantes e que canalize seus comportamentos motivados para a realização dos objetivos da organização, simultaneamente, tem-se um clima propício ao aumento da eficácia da mesma (KANAANE, 1999, p. 38).

Uma pesquisa de clima organizacional pode avaliar o nível de satisfação das

pessoas no ambiente interno da empresa, a partir do levantamento de suas

necessidades, possibilitando a identificação de oportunidades de melhoria e

permitindo a elaboração um plano de ação que visa incrementar a motivação, a

produtividade e a qualidade de vida dos seus funcionários.

A pesquisa de clima organizacional foi realizada no setor de planejamento da

Prefeitura Municipal de Biguaçu, em Santa Catarina.

14

A Secretaria Municipal de Planejamento e Gestão é responsável pela criação

de projetos de pavimentações, reformas e construções, bem como a fiscalização

destas obras. Neste setor, estão concentrados diversos técnicos, como engenheiros

e arquitetos, que trabalham diariamente na infraestrutura da cidade.

A maior parte de sua mão de obra é formada por funcionários estáveis,

admitidos em concurso público. Os demais são terceirizados e estagiários do curso

superior de Direito e Administração.

Como dificuldades enfrentadas pela Secretaria, podemos citar a rotatividade

de servidores (muitos saem da Prefeitura porque passaram em outros concursos

públicos com salários mais atrativos), o volume excessivo de trabalho, os

procedimentos excessivamente padronizados e burocratizados, o atendimento ao

público interno (outros setores da Prefeitura) e externo, e o surgimento constante de

situações inusitadas, referentes ao público externo e ao governo (novas leis, por

exemplo), que exigem rápida adaptação e respostas rápidas.

Assim sendo, este trabalho pretende responder à seguinte questão: como

está o clima organizacional, na percepção dos funcionários do ambiente interno do

setor de planejamento da Prefeitura de Biguaçu, no momento de aplicação da

pesquisa?

1.1 OBJETIVOS

1.1.1 Objetivo geral

Avaliar o clima organizacional do ambiente interno do setor de planejamento

da Prefeitura Municipal de Biguaçu – SC, no período de julho de 2010 a junho de

2011.

1.1.2 Objetivos específicos

• Identificar os pontos fortes e pontos fracos do setor na percepção dos

funcionários em relação ao ambiente de trabalho;

• Analisar as opiniões, as atitudes e os comportamentos coletados na pesquisa;

• Identificar quais as necessidades de melhoria;

15

• Propor um plano de ação com o objetivo de melhorar a qualidade de vida,

motivação e produtividade dos funcionários.

1.2 JUSTIFICATIVA

O presente trabalho é de extrema importância para o setor de planejamento,

pois levará ao conhecimento dos líderes o clima percebido na organização e assim

tornará possível, com a viabilização do plano apresentado, a melhoria da satisfação

interna, da qualidade de trabalho, da motivação e da produtividade dos funcionários.

A pesquisa beneficiará todos os setores da Prefeitura, visto que as relações

interpessoais não se restringem aos funcionários de apenas um setor; todos os

setores devem estar integrados para que ocorra a execução das atividades.

A melhoria da produtividade de um setor influenciará positivamente na

produtividade dos demais. De igual ou maior importância, a pesquisa em questão

beneficiará também o município e as relações dos cidadãos com a Prefeitura, visto

que o setor de planejamento ordena o crescimento e o desenvolvimento da cidade,

ao conceder alvarás e estudos de viabilidade para construções.

Primeiramente, serão identificados os pontos fortes, pontos fracos,

deficiências, expectativas e aspirações dos funcionários, coletados na pesquisa.

Uma vez conhecidos estes itens, serão levantadas as necessidades de melhoria do

ambiente de trabalho. A partir daí, será elaborado um plano de ação com o objetivo

de melhorar a qualidade de vida, motivação e consequente produtividade do

trabalho. Estas idéias serão repassadas ao Secretário do setor de planejamento,

para possível viabilização e implantação.

O momento é oportuno para que o trabalho seja realizado, pois em breve

ocorrerão várias mudanças no setor, através da entrada de novos funcionários e

pela atual fase dos projetos (muitos se encontram em fase de execução e muitos em

fase de aprovação), o que acarretará na reestruturação interna, na redistribuição de

funções e no aumento do volume de trabalho, impactando assim toda a Secretaria.

A pesquisa é viável, visto que não dependerá de investimentos financeiros e

de muito tempo disponível. A pesquisa envolverá a elaboração, aplicação e análise

dos dados coletados junto aos funcionários do setor de planejamento, que dedicarão

uma pequena parte de seu expediente de trabalho para resposta às questões

formuladas.

16

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Neste capítulo, será inicialmente apresentado um breve histórico do ambiente

organizacional, desde a Revolução Industrial até os dias atuais. Logo após, será

abordado o tema da gestão de pessoas: conceitos, aspectos, objetivos, processos e

riscos. Em seguida, serão discutidas quatro questões essenciais no processo de

gestão de pessoas: motivação, liderança, poder e trabalho em equipe. Serão

também apresentados os conceitos e aspectos da cultura e do clima

organizacionais, e a utilização da pesquisa de clima organizacional como ferramenta

administrativa. Por fim, será abordado o tema administração pública e o setor

público brasileiro.

2.1 BREVE HISTÓRICO DO AMBIENTE ORGANIZACIONAL

2.1.1 Era da Industrialização Clássica

Segundo Chiavenato (1999, p. 27-28), a maior característica deste período de

1900 a 1950 foi a intensificação do fenômeno da industrialização. O ambiente que

envolvia as organizações era conservador. As pessoas eram consideradas recursos

de produção, juntamente com outros recursos organizacionais como máquinas,

equipamentos e capital. A administração das pessoas recebia a denominação de

Relações Industriais.

2.1.2 Era da Industrialização Neoclássica

É o período compreendido entre as décadas de 1950 e 1990. Teve seu início

logo após a Segunda Guerra Mundial. A cultura organizacional deixou de privilegiar

as tradições antigas e passadas e passou a concentrar-se no presente. A velha

concepção de Relações Industriais foi substituída por uma nova maneira de

administrar as pessoas, e foi denominada de Administração de Recursos Humanos.

O RH começou a ser visto como o mais importante recurso organizacional e fator

determinante do sucesso empresarial (CHIAVENATO, 1999, p. 29).

17

2.1.3 Era da Informação

Este período iniciou na década de 1990 e se estende até os dias atuais. A

característica predominante deste período são as mudanças, trazidas pela

tecnologia da informação, pela competitividade, e pela valorização do capital

intelectual e do capital humano. As pessoas passam a ser a principal base da nova

organização. A antiga administração de Recursos Humanos recebeu uma nova

abordagem: Gestão de Pessoas. A cultura organizacional passa a privilegiar a

mudança e a inovação, afirma Chiavenato (1999, p. 31-32).

Para adaptar-se ao ambiente dinâmico da atualidade, a empresa deverá ser

adaptativa, inovadora e totalmente aberta ao mundo exterior. Mais do que isso, a

organização precisará investir pesadamente em seu pessoal, tanto em educação e

desenvolvimento profissional como em criatividade e participação efetiva no

trabalho. A educação e a participação das pessoas constituirão a chave do sucesso

organizacional, afirma o mesmo autor (1994, p. 18).

2.2 GESTÃO DE PESSOAS

Segundo Chiavenato (1999, p. 31), lidar com as pessoas deixou de ser um

problema e passou a ser a solução para as organizações. Mais do que isso, deixou

de ser um desafio e passou a ser vantagem competitiva.

Vergara (2000, p. 9) afirma que as empresas nada serão se não houver

pessoas a definir-lhes a visão e o propósito, a planejar estratégias, a realizar

esforços de marketing, a administrar recursos financeiros, a estabelecer metas, a

definir preços e tantas outras decisões e ações.

A expressão gestão de pessoas busca efetivamente um conceito mais amplo

e completo para designar a coordenação e gerência de pessoas, outrora

denominada administração de recursos humanos. A administração considera o ser

humano como um recurso e o explora como tal; enquanto a gestão de pessoas o

considera como uma pessoa integral, e não apenas como fator produtivo (MOTTA e

VASCONCELOS, 2006, p. 85).

O modelo de gestão de pessoas surgiu como gestão do comportamento

humano, dentro do qual, a concentração exclusiva na tarefa, nos custos e na

18

produtividade cedeu lugar à atuação sobre o comportamento das pessoas

(FRANZONI e LAPOLLI, 2009, p. 29).

Na gestão de pessoas, o desafio é envolver e emocionar as pessoas, para

que haja uma ampla e intensa cooperação, com ênfase especial para a atuação em

equipe, na forma de grupos de trabalho, gerências de projetos e estruturas

matriciais. A comunicação deve ser envolvente, multidirecionada e abrangente. A

tomada de decisão necessita ocorrer no nível consensual, integrado, e, em termos

operacionais, ela deve acontecer de forma descentralizada. A gestão participativa

fortalece a responsabilidade e a lealdade à organização. Este modelo de gestão

enseja uma fraca rotatividade funcional, proporciona uma redução dos desperdícios

de recursos e tem como decorrência, o moral e ânimo elevados entre os

funcionários, de acordo com Mclagen e Christo et al. (2000 apud ROCHA-PINTO,

2005, p. 24).

A gestão de pessoas baseia-se em três aspectos fundamentais, segundo

Chiavenato (1999, p. 7-8):

• As pessoas como seres humanos: dotados de personalidade própria, com

uma história particular e diferenciados, possuidores de conhecimentos,

habilidades e capacidades indispensáveis à adequada gestão dos recursos

organizacionais;

• As pessoas como ativadores inteligentes de recursos organizacionais: como

elementos impulsionadores da organização e capazes de dotá-la de

inteligência e talento indispensáveis à sua constante renovação e

competitividade, e não como agentes passivos e estáticos;

• As pessoas como parceiras da organização: as pessoas fazem investimentos

na organização – como esforço, dedicação, responsabilidade,

comprometimento, riscos – na expectativa de colher retornos desses

investimentos, como salários, inventivos financeiros, crescimento profissional,

etc. Na medida em que o retorno é bom e sustentado, a tendência será a

manutenção ou o aumento do investimento.

Segundo o autor (1999, p. 9-10), a gestão de pessoas tem por objetivos:

19

• Ajudar a organização a alcançar seus

objetivos e metas e a realizar sua missão;

• Proporcionar competitividade à

organização, utilizando-se do correto emprego das habilidades e

capacidades da força de trabalho;

• Proporcionar empregados bem treinados e

motivados à organização, oferecendo reconhecimento e não apenas

dinheiro;

• Aumentar a satisfação dos empregados,

proporcionando um trabalho compatível e adequado às suas capacidades;

• Desenvolver e manter qualidade de vida no

trabalho, no sentido de satisfazer as necessidades individuais e tornar a

organização um local desejável e atraente;

• Administrar a mudança: trazer à

organização novas abordagens, mais flexíveis e ágeis para garantir a

sobrevivência das organizações;

• Manter políticas éticas e comportamento

socialmente responsável: não discriminar as pessoas e garantir os

direitos básicos dos empregados.

A gestão de pessoas tem o papel principal de gerir o conhecimento, melhorar

a comunicação, desenvolver a satisfação das pessoas e dos clientes internos e

externos, afirmam Franzoni e Lapolli (2009, p. 29).

O quadro a seguir descreve os principais processos da moderna gestão de

pessoas (CHIAVENATO, 1999, p. 15):

Processos Tarefas

Agregar pessoas Recrutamento e seleção de pessoal

Aplicar pessoasDesenhos de cargos

Avaliação de desempenho

Recompensar pessoasRecompensas e remuneração

Benefícios e serviçosDesenvolver pessoas Treinamento e desenvolvimento

Programas de mudanças

20

Programas de comunicaçõesManter pessoas

Monitorar pessoasSistema de informação gerencial

Banco de dados

Quadro 1 – Processos de gestão de pessoasFonte: Chiavenato (1999, p. 15).

Em vez de se reduzir a um departamento ou área, a gestão de pessoas há de

ser considerada uma prática que requer a atenção plena em todos os setores da

organização (ROCHA-PINTO et al., 2005, p. 32).

Os autores (2005, p. 29) destacam as dificuldades e os riscos presentes na

flexibilização da gestão de pessoas:

• No modelo de gestão autocrática, basta ordenar; na gestão participativa,

deve-se convencer o indivíduo e provocar-lhe a motivação, o que exige dos

executivos desprendimento, tempo e talento;

• No modelo de gestão de pessoas, o poder é redistribuído. Os executivos

devem gerenciar menos e liderar mais, e nem todos estão dispostos e

preparados para isso;

• O Brasil possui instituições relativamente autoritárias, como a família, a

escola, a religião e as próprias empresas. É preciso que haja um trabalho

árduo e demorado para que a pessoa assim condicionada passe a se tornar

democrática;

• As pessoas tendem a desconfiar das novas intenções da administração com

relação à criação de um modelo flexibilizado. A confiança e a adesão dos

funcionários devem ser conquistadas passo a passo, através da

transparência, da sinceridade e da persistência;

• O modelo de gestão de pessoas ainda é um caminho pouco trilhado. A

empresa terá que construir os mecanismos para implantação da gestão

participativa de acordo com suas necessidades e peculiaridades culturais.

Vergara (2000, p. 40) destaca quatro questões essenciais à compreensão das

pessoas e à sua gestão:

• Motivação;

21

• Liderança;

• Poder nas organizações;

• Trabalho em equipe.

2.2.1 Motivação

Na era da globalização e com a extrema competitividade de nossos dias, a

preocupação com a motivação tem um aspecto estratégico; significa incentivar as

pessoas para a ação, para a realização e para a conquista de objetivos, de modo a

evitar a acomodação e a estagnação da criatividade e da inventividade (KNAPIK,

2006, p. 96).

Motivar, segundo Deeprose (1995, p. 13), é incentivar pessoas a trabalhar da

melhor maneira possível, através da construção de um ambiente favorável ao

desempenho de suas aptidões.

A motivação é considerada um processo porque se configura a cada

momento, no fluxo permanente da vida. O processo de motivação é contínuo, o que

significa dizer que sempre teremos à nossa frente algo a motivar-nos. A motivação é

uma força, uma energia que nos impulsiona na direção de alguma coisa. É também

intrínseca, isto é, nasce de nossas necessidades interiores, está dentro de nós.

Ninguém motiva ninguém. Tudo que outras pessoas podem fazer é nos estimular,

incentivar, provocar nossa motivação (VERGARA, 2000, p. 41-42).

Para Knapik (2006, p. 96), a motivação trata-se de um impulso provocado por

estímulos ou características que podem ser extrínsecos (do ambiente) ou intrínsecos

ao indivíduo. As motivações variam de pessoa para pessoa e mudam de acordo com

o tempo, conduzindo a distintos comportamentos.

Robbins (2000, p. 342) afirma que “poucos de nós somos altamente

motivados o tempo todo, independente de qual seja a tarefa realizada”. A motivação

do indivíduo aumentará se for descoberto o que é importante para ele e qual cargo

se adapta melhor aos seus interesses e à sua personalidade.

As pessoas não trabalham somente por remuneração. Elas procuram outros

retornos que justifiquem o tempo, a energia e o esforço mental e emocional

dedicados à empresa (DEEPROSE, 1995, p. 03).

22

Neste sentido, as práticas para estimular a motivação dos colaboradores não

precisam ser onerosas. Estas práticas devem estar voltadas para um modelo de

gestão participativa e de valorização da força de trabalho. Pagar um bom salário não

será suficiente para motivar e fidelizar um colaborador; motivar não é um fato

isolado, é um processo que envolve diversas variáveis (KNAPIK, 2006, p. 110-111).

A motivação sempre se origina de uma necessidade, afirma Gil (2006, p.

202). Na verdade, motivação é consequência de uma necessidade não satisfeita.

Por isso, os líderes precisam estar aptos para identificar as necessidades de seus

colaboradores e criar as condições para que as tarefas a eles atribuídas, assim

como seu ambiente de trabalho, sejam capazes de satisfazê-los. Em suma: os

líderes não podem motivar seus colaboradores, mas precisam dispor de

conhecimentos e habilidades suficientes para despertar ou manter sua motivação no

trabalho.

Gil (2006, p. 210-214) aponta algumas recomendações que podem influir

positivamente na motivação dos colaboradores:

• Valorização das

pessoas;

• Reconhecimento

de progressos;

• Encorajamento de

iniciativas;

• Oferecimento de

incentivos;

• Enriquecimento de

funções;

• Delegação de

autoridade;

• Utilização de

avaliações;

• Promoção de

mudanças.

23

2.2.1.1 Motivação, satisfação e desempenho no trabalho

De acordo com Schermerhorn, Hunt e Osborn (1999, p. 93-94), a satisfação

no trabalho está fortemente relacionada ao comprometimento organizacional – a

medida pela qual uma pessoa se identifica fortemente com a organização e se sente

parte dela – e ao envolvimento no trabalho – a vontade da pessoa de trabalhar duro

e empregar esforços.

Afirmam ainda os autores (1999, p. 93-94) que a satisfação no trabalho

influencia o absenteísmo e a rotatividade. Funcionários mais satisfeitos tendem a

faltar menos e tem menor probabilidade de se demitir que os insatisfeitos. De

extrema importância, a satisfação no trabalho é também responsável pelo alto nível

de desempenho do colaborador. E tanto o desempenho como a satisfação são

comandados pelas recompensas. A motivação do funcionário será afetada de forma

positiva e direta, quando este se sente intrinsecamente recompensado pelo seu

desempenho no trabalho.

A recompensa que um funcionário mais valoriza – e que oferece maior

incentivo para manter e melhorar seu desempenho – será aquela que busca atender

às suas expectativas mais prementes. O desafio para o líder será identificar o que

cada funcionário está buscando e as maneiras de recompensá-lo satisfazendo essa

necessidade (DEEPROSE, 1995, p. 15).

Xavier (2006, p. 106-107) salienta que é necessário não desmotivar as

pessoas, pois há fatores que não criam motivação, mas podem causar

desmotivação. A seguir, são apresentados tais fatores:

• Más condições de trabalho;

• Práticas e políticas administrativas rígidas e difíceis de acatar;

• Salários e benefícios incompatíveis com o desempenho e inferiores aos de

mercado;

• Supervisão injusta e autocrática;

• Status (a pessoa tem vergonha de seu cargo);

• Ameaça constante de demissão;

• Falta de identificação com a equipe;

• Problemas na vida pessoal.

24

O autor (2006, p. 112-113) cita exemplos de condutas práticas que ajudam a

motivar um colaborador:

• Enriquecer a função do colaborador, por agregar a ela tarefas nobres e

desafiadoras;

• Exigir e confiar no potencial do colaborador e cobrar resultados dele, em

coerência com seu potencial e com os recursos a ele disponíveis;

• Dar atenção ao colaborador, acompanhar seu trabalho, identificar suas

potencialidades, captar suas necessidades e dar suporte adulto;

• Fazer elogios verdadeiros que enfoquem as competências e conquistas do

colaborador;

• Criticar a conduta errada, ressaltando o valor do profissional;

• Desafiar o colaborador, através de tarefas mais complexas;

• Auxiliar o colaborador em seu autodesenvolvimento.

2.2.2 Liderança

É a capacidade de exercer influência sobre indivíduos e grupos. Nem todo

chefe é líder e nem todo líder é chefe. A liderança está associada a estímulos;

incentivos que possam provocar a motivação nas pessoas para que a missão da

empresa seja alcançada, para que a visão da empresa seja tornada realidade, e

para que os objetivos empresariais sejam atingidos. Dificilmente, missão, visão e

objetivos seriam alcançados sem a influência da liderança, uma vez que as

empresas são movidas por movimentos contrários de cooperação e de conflito

(VERGARA, 2000, p. 74-75).

Segundo Franzoni e Lapolli (2009, p. 40), a liderança cumpre papel essencial

na gestão de pessoas, pois se constitui numa das principais ferramentas para

conduzir as pessoas à produtividade, à ação e à renovação. Liderar significa

conjugar esforços, comunicar, motivar, avaliar e recompensar pessoas dentro da

organização.

Knapik (2006, p. 64) descreve os três estilos básicos de liderança:

• Liderança autocrática: a chefia tem uma autuação mais centralizadora e

25

diretiva, exige obediência do grupo e decide quais são as tarefas e como

devem ser executadas. Os funcionários podem apresentar sinais de tensão,

frustração e descontentamento. Este modelo corresponde ao modelo

gerencial de Taylor e Fayol;

• Liderança democrática: a chefia procura ouvir as idéias e aceitar sugestões

da equipe de trabalho, estimulando a participação de todos. O resultado se

traduz num trabalho desenvolvido com maior qualidade, e um clima de

satisfação, comprometimento e integração entre os colaboradores;

• Liderança liberal: a chefia estimula a iniciativa e a criatividade do grupo e

exerce um mínimo de controle sobre suas atividades.

O mesmo autor (2006, p. 65) salienta que os gerentes podem utilizar os três

tipos de liderança. Neste ínterim, a liderança situacional consiste na habilidade e na

competência em saber utilizar todos os estilos de liderança, dependendo da

situação, da equipe e das tarefas.

2.2.3 Poder nas organizações

De acordo com Hollenbeck e Wagner III (1999, p. 294), “poder é a capacidade

de influenciar os outros e, em troca, de resistir à sua influência.”

Para Vergara (2000, p. 107), poder é uma relação de dependência, pois só

poderá existir poder se existir alguém sobre o qual ele é exercido. Poder é a

capacidade de as pessoas exercerem influência sobre indivíduos e grupos, portanto

liderança é poder. E para que um líder possa exercer seu poder de influência sobre

uma pessoa, precisa, no mínimo, identificar o que a motiva.

Segundo Schermerhorn, Hunt e Osborn (1999, p. 212), os gerentes adquirem

poder através de fontes organizacionais e individuais, chamadas poder de posição e

poder pessoal. No poder de posição, o gerente pode se utilizar de três bases de

poder: poder de recompensa (dinheiro, promoções), poder coercitivo (segurar um

aumento, transferir ou diminuir de cargo, ameaçar de demissão) e poder legítimo

(autoridade formal, exercida por aprovar ou negar pedidos, compra de

equipamentos, folgas ou horas extras). O poder pessoal está no indivíduo e

independe de qual posição este ocupa dentro da empresa. Duas bases formam este

poder: o poder de especialização (capacidade de controlar outros por meio do

26

conhecimento e experiência próprios) e o poder de referência (capacidade de

controlar o comportamento de outros porque a pessoa quer se identificar com a

fonte de poder, por exemplo, um subordinado que obedece porque gosta do patrão

como pessoa).

As relações de poder existentes em uma organização determinam a cultura

da mesma. Em uma estrutura hierárquica e centralizadora, a cultura provavelmente

será fechada. Já em uma estrutura mais horizontal e descentralizada, a cultura

tende a ser mais aberta (PIMENTA, 2004, p. 83).

2.2.4 Trabalho em equipe

Uma equipe é formada por um conjunto de pessoas que trabalham juntas,

unidas por um elemento de identidade, mesmo que estas pessoas estejam

fisicamente próximas ou não. O trabalho em equipe traz alguns benefícios como

agilidade na captação e no uso das informações, idéias mais ricas, assunção de

riscos e comprometimento (VERGARA, 2000, p. 149-151).

Robbins (2000, p. 260) define equipe como “grupo cujos esforços individuais

resultam em um desempenho, que é maior que a soma das contribuições de cada

um dos indivíduos”.

Sendo o grupo como uma equipe de trabalho que opera dentro de uma

empresa, ele terá relacionamento com outras equipes. Tais relacionamentos

afetarão a produtividade e a qualidade de vida no trabalho. Se as coisas forem bem,

e o clima for de cooperação, tudo andará às mil maravilhas; caso contrário, se

tornará desagradável trabalhar na organização e os resultados ficarão aquém dos

esperados. Cabe aos gestores zelar para que as relações dentro e fora das equipes

sejam as mais harmoniosas e produtivas (XAVIER, 2006, p. 152-153).

Schermerhorn, Hunt e Osborn (1999, p. 149) citam como principais

características das equipes de alto desempenho os valores que estas possuem e

que agem como um sistema de controle interno, o comprometimento com objetivos

específicos de desempenho, o conjunto certo de habilidades e a criatividade de seus

membros.

2.3 CULTURA ORGANIZACIONAL

27

Robbins (2000, p. 288) define cultura organizacional como um “sistema de

significados comuns aos membros de uma organização, distinguindo uma

organização das outras”.

“A cultura de uma organização é decorrente de um processo social complexo,

que compreende a interação de fatores tangíveis e intangíveis” (ROCHA-PINTO et

al., 2005, p. 109). Os fatores tangíveis abrangem a arquitetura dos prédios, as

tecnologias de gestão e processos, o estilo do vestuário da empresa, o visual de

seus setores, além dos serviços e produtos criados pela empresa. Os fatores

intangíveis estão em seus símbolos, marcas, costumes, crenças, idéias

preestabelecidas, regras e tabus

Para Banov (2008, p. 12-13), “a cultura organizacional retrata a vida das

empresas e molda o comportamento das pessoas que nela trabalham. Cada

empresa, de acordo com sua história, cria uma cultura que orientará o

comportamento dos seus integrantes. Uma empresa não nasce com perfil cultural.

Ela se transforma, ao longo do tempo, numa cultura”.

Na mesma concepção, Luz (2003, p. 14) explica que “a cultura organizacional

influencia o comportamento de todos os indivíduos e grupos dentro da organização.”

Ela impacta o cotidiano da organização: suas decisões, as atribuições de seus

funcionários, suas formas de recompensas e punições, as formas de relacionamento

com seus parceiros comerciais, seu mobiliário, o estilo de liderança adotado, o

processo de comunicação, a vestimenta e o comportamento dos funcionários, e

assim por diante. Além de um significado simbólico, de representações, ela também

exerce um sentido político e de controle.

O mesmo autor (2003, p. 16-17) define cultura como o conjunto de crenças,

valores, costumes, rituais, slogans, mitos, tabus, tradições e sentimentos

compartilhados pelos membros de uma organização:

• Valores:

demonstram as prioridades que uma empresa procura seguir no

cumprimento de seus objetivos. Como exemplos: ética, trabalho em

equipe, justiça, transparência, inovação.

• Ritos/rituais: são

cerimônias típicas de uma organização. Exemplo: a apresentação

da história da organização e dos produtos, processos e clientes da

28

mesma a um novo funcionário.

• Mitos: são figuras

imaginárias geralmente utilizadas para reforçar crenças

organizacionais e serve para simbolizar uma pseudo-superioridade.

Exemplo: a alegação da existência de certo diferencial competitivo,

que também é alegado por concorrentes.

• Tabus: focalizam

questões proibidas ou não bem-vistas pela empresa. Exemplo: a

“proibição” de discutir com os superiores hierárquicos questões

salariais.

Franzoli e Lapolli (2009, p. 33) salientam que organizações de culturas

flexíveis tendem a se adaptar mais facilmente a mudanças, pois desenvolvem uma

cultura de constante desenvolvimento e aberta ao aprendizado.

A cultura organizacional é influenciada por seus fundadores, pelo ramo de

atividade, pelos dirigentes atuais e por sua localização geográfica (LUZ, 2003, p. 18-

19).

Banov (2008, p. 14) cita os principais elementos que moldam a cultura

organizacional:

• A filosofia da empresa é a base da cultura, trazida por fundadores e

dirigentes, que estabelece o sistema da empresa: autocrática, democrática,

liberal ou situacional. Esta filosofia define como devem ser as pessoas que

trabalham na organização;

• A estrutura da organização define o tipo de organização, comunicação e

redes de comando;

• O papel exercido pela liderança: se a filosofia privilegia o sistema autocrático,

suas lideranças serão autoritárias. Se, ao contrário, privilegia o sistema

democrático, assim serão suas lideranças. A cultura também determina aquilo

a que os gerentes devem prestar atenção em seus colaboradores, o que

avaliarão e o que controlarão. Por exemplo, se uma organização possui uma

cultura que valoriza a obediência e a disciplina, são estes os elementos que o

gerente observará, controlará e avaliará em seus colaboradores.

29

• Ambiente físico, logotipo e layout: ajudam na identificação da empresa.

Atualmente, a maioria das empresas mantém o mesmo layout para todas as

unidades. Quanto ao ambiente físico, o tamanho do espaço ocupado pela

empresa, objetos em seu espaço, tipo de mobília e tecnologia disponível são

símbolos de status que mostram quem é quem na organização. Os arranjos

no ambiente físico interferem no comportamento, favorecendo ou não as

relações interpessoais, no sentido de facilitar ou impedir acessos (a sala da

presidência nunca é próxima à sala do escritório).

De acordo com o mesmo autor (2008, p. 15-16), existem vários meios de

transmissão da cultura, sendo os mais importantes:

• Histórias: são os relatos contados pelos colaboradores, que refletem a política

da empresa e a vida da organização;

• Heróis: são colocadas como os modelos a serem seguidos pelos demais

colaboradores; estes aparecem como o destaque do mês, o operário padrão,

entre outros;

• Símbolos: podem ser representados pelo ambiente físico e por benefícios

diferenciados. Os símbolos diferenciam quem é importante e os tipos de

comportamento desejados;

• Linguagem: são os termos usados por uma cultura, que identificam os

colaboradores desta cultura.

A estabilidade e a manutenção da cultura são importantes para o

desenvolvimento organizacional. Organizações que possuem altos índices de

rotatividade de funcionários não conseguem solidificar uma cultura, tão essencial à

estabilidade social na empresa, uma vez que ela orienta a vida das pessoas nas

organizações (BANOV, 2008, p. 16-17).

Robbins (2000, p. 301) comenta: “uma cultura leva muito tempo para se

formar, e uma vez estabelecida, tende a tornar-se entrincheirada”. No entanto,

existem condições favoráveis que podem facilitar a mudança de uma cultura

organizacional. A mudança cultural tende a ocorrer quando surgem fatores

situacionais como a ocorrência de uma grave crise (perda de um importante cliente),

30

a rotatividade na liderança da cúpula, em uma organização nova e pequena e em

uma organização com uma cultura fraca (mais suscetível a mudanças).

Mais intangível que a cultura, o clima organizacional também influencia na

qualidade dos produtos e serviços, no rendimento e na produtividade das

organizações. Ele pode ser percebido na maneira como as pessoas trabalham e tem

efeito direto sobre a satisfação e a motivação para o trabalho (PIMENTA, 2004, p.

85).

2.4 CLIMA ORGANIZACIONAL

Knapik (2006, p. 23) define clima organizacional como o ambiente psicológico

que existe dentro de um departamento ou empresa; a condição interna percebida

pelas pessoas e que influencia seus comportamentos e está ligada à motivação.

O clima organizacional pode ser entendido como a expressão dos sentimentos dos empregados diante dos valores, das políticas, das práticas de gestão de recursos humanos, da forma de relacionamento com os colegas, da postura da empresa ao estabelecer metas e retribuir pelo alcance delas, além da situação econômica (CASTRO et al., 2002, p. 574).

Zaleznik et al. (1997, p. 98) informam que a palavra clima origina-se do grego

Klima e significa tendência, inclinação. O clima reflete, então, uma tendência ou

inclinação a respeito de até que ponto as necessidades da organização e das

pessoas que dela fazem parte estariam efetivamente sendo atendidas, sendo esse

aspecto um dos indicadores da eficácia organizacional.

Tachizawa, Ferreira e Fortuna (2001, p. 239) afirmam que o clima

organizacional é favorável quando possibilita a satisfação das necessidades

pessoais, e desfavorável quando frustra essas necessidades.

A satisfação é uma energia indireta ou extrínseca, ligada a aspectos como

salário, benefícios, reconhecimento, chefia, colegas de trabalho e outras condições

que precisam estar atendidas, a partir da óptica do empregado. São esses aspectos

extrínsecos que formam o clima organizacional, que é o indicador do nível de

satisfação experimentado pelos funcionários no trabalho (ZALEZNIK et al., 1997, p.

98).

O clima organizacional pode ser percebido na maneira como as empresas

trabalham: se há cooperação ou não, no gesto de entregar um documento, como se

31

tratam no intervalo para o lanche, se tem interesse ou apatia diante dos assuntos

que se referem à empresa. O clima influencia diretamente a satisfação e a

motivação para o trabalho. (MAXIMIANO, 2000 apud PIMENTA, 2004, p. 85).

Luz (2003, p. 31) observa que o clima de uma organização pode ser bom,

prejudicado ou ruim. Ele é bom quando há alegria, confiança, entusiasmo,

participação, dedicação, satisfação, motivação e comprometimento na maior parte

dos funcionários. A baixa rotatividade e o alto tempo de permanência são bons

indicadores neste sentido. O clima é prejudicado ou ruim quando há evidências de

tensões, discórdias, rivalidades, conflitos, desinteresses pelo cumprimento das

tarefas, resistência manifesta ou passiva às ordens, ruído nas comunicações,

competições, etc. A intensidade de ocorrência destas situações caracterizará o clima

como prejudicado ou ruim, sendo ambos desfavoráveis aos objetivos das

organizações e às pessoas que nela trabalham.

O mesmo autor (2003, p. 13) cita três palavras-chaves acerca do conceito de

clima organizacional:

• Satisfação: há relação entre o clima e o grau de satisfação das pessoas que

trabalham na organização;

• Percepção: se os funcionários percebem a empresa positivamente, o clima

desta empresa tenderá a ser bom; ao contrário, se eles percebem mal a

empresa, o clima tenderá a ser ruim;

• Cultura organizacional: a cultura influencia o clima de uma empresa. Ambos

são complementares.

Xavier (2006, p. 153) destaca no quadro a seguir os fatores que influenciam o

clima organizacional:

Fatores positivos que criam um clima

agradável e produtivo

Fatores negativos que criam um clima

desagradável e improdutivo

32

Valores comuns

Identidade positiva, auto-estima grupal

Envolvimento de todos com tarefas

Vitórias partilhadas pelo grupo

Inclusão de todos, com apoio

Conflitos de valores profundos e não

trabalhados

Presença de pessoas que não se

identificam com o grupo e não tem orgulho

de pertencer a ele

Posturas críticas negativas

Presença de excluídos

Quadro 2 – Fatores que influenciam o clima organizacionalFonte: Xavier (2006, p. 153).

Castro et al. (2002, p. 575) apontam os ingredientes que “fazem” o clima:

• Desafios;

• Cultura vencedora;

• Reconhecimento;

• Eqüidade;

• Liderança;

• Oportunidades de carreira;

• Programas de treinamento;

• Bolsas de estudo;

• Ambiente de aprendizagem;

• Ambiente acolhedor.

2.4.1 Relação entre clima e cultura organizacionais

Segundo Luz (2003, p. 20), a cultura organizacional é uma das principais

causas do clima organizacional. Logo, cultura é causa e clima é conseqüência.

Clima e cultura são fenômenos intangíveis, apesar de se manifestarem de forma

concreta. O clima refere-se ao estado de ânimo dos funcionários da organização

num dado momento sendo, portanto, um fenômeno temporal. A cultura decorre de

práticas recorrentes, estabelecidas ao longo do tempo. Apesar de ser intangível, a

cultura se manifesta através da arquitetura, do modo de vestir e de se comportar dos

funcionários e do relacionamento da empresa com seus parceiros comerciais.

Enquanto a cultura organizacional se mantém durante toda a existência de

33

uma empresa, ou por pelo menos parte dela, o clima organizacional se modifica

conjunturalmente. Os momentos difíceis por que passam as organizações frente às

dificuldades do mercado e frente às crises que o país atravessa, a adoção de novas

tecnologias que dispensam pessoas, a contenção nas políticas de salários e

benefícios, o aumento de exigências aos empregados, todos esses são fatores que

podem alterar o clima da organização e comprometer seus resultados

(TACHIZAWA, FERREIRA E FORTUNA, 2001, p. 241).

2.4.2 Por que gerenciar o clima?

Luz (2003, p. 2) aponta alguns “sinais” de que o clima não está bem nas

organizações: baixa produtividade, desperdícios, alta rotatividade, enorme

absenteísmo, greves, reclamatórias trabalhistas, e excessivos atestados médicos

são sinais de que o clima está mal nas organizações.

Neste contexto, as organizações precisam conhecer o que pensam e como se

sentem seus empregados em relação às diferentes variáveis que afetam o clima,

tais como o salário, o trabalho realizado, o relacionamento entre os setores, a

supervisão, a comunicação, o processo decisório, entre outros. E além destes

aspectos internos, é ainda indispensável conhecer a realidade familiar, social e

econômica nas qual vivem os trabalhadores fora do ambiente de trabalho. Só assim

os administradores encontrarão respostas para algumas facetas do clima

organizacional, afirma o mesmo autor (2003, p. 2-3).

Se as organizações quiserem buscar a satisfação de seus clientes externos,

precisam também buscar a satisfação de seus clientes internos, ou seja, seus

funcionários (ZALEZNIK et al., 1997, p. 106).

Maltese (1995, p. 86) afirma que a qualidade pessoal é o ponto de partida

para o desenvolvimento da qualidade total nas organizações; então, sem o

compromisso das pessoas, não há sistema de gestão, produção ou qualidade que

faça milagre.

2.4.3 Quem deve gerenciar o clima

A responsabilidade de avaliar o clima é de todo aquele investido das funções

de chefia, pois se chefiar é obter resultados por meio de outras pessoas, então é

34

necessário que se procure conhecer o ambiente de trabalho, o grau de confiança, a

harmonia e a cooperação existentes entre os membros da equipe (LUZ, 2003, p.

25).

A gestão do clima exigirá atenção permanente, trabalho constante e

participação de toda a hierarquia organizacional, salientam Castro et al. (2002, p.

589).

2.4.4 Requisitos para gerenciar o clima

Castro et al. (2002, p. 576) observam que antes de gerenciar o clima, é

preciso compreender o que se passa no interior das empresas, através dos

seguintes passos:

• Compreensão do que as

pessoas querem: esta compreensão abrange o reconhecimento das

diferenças individuais e das necessidades dos grupos. Deve-se ouvir

os funcionários, utilizando-se de conversas informais entre chefes e

subordinados, reuniões de trabalho, enquetes e pesquisas de clima;

• Criação de um barômetro de

sentimentos: se o clima organizacional é, em sua maior parte, a

expressão dos sentimentos das pessoas a respeito da forma como são

tratadas, a mesma deve permitir que as pessoas expressem suas

percepções, expectativas e reclamações. Os chefes devem estar

atentos aos comportamentos dos subordinados;

• Trabalho duro para manter a

coerência: a organização deve manter coerência de seus valores,

políticas e práticas com as ações administrativas, decisões e

comportamentos dos gerentes. Deve medir o que pode fazer por seus

funcionários e só prometer aquilo que pode atender.

• Admissão da realidade

inevitável: vivemos num tempo de pressão e exigência globais.

• Lidar com as mudanças

culturais: a organização sempre passa por transformações e

35

mudanças, no qual o clima refletirá o impacto destas mudanças e,

mesmo que os resultados sejam bons, as pessoas podem estar

insatisfeitas;

• Prioridade nas relações entre

chefes e subordinados: apesar das pessoas estarem trabalhando em

um ambiente hostil, em um mercado competitivo, exigente e repleto de

mudanças é necessário, ao menos, priorizar o equilíbrio da relação

entre chefes e subordinados.

O clima dentro de uma organização não é algo simples de ser analisado,

porque ele se apresenta de diferentes maneiras. Sendo a organização um

verdadeiro universo de diferentes interesses, conseqüências de posturas pessoais e

profissionais diferenciados, modos de vida diversificados e maneiras diferentes de

encarar o mundo e seus problemas, não existirá um único clima organizacional, mas

vários (SILVA, 2005, p. 65-66).

2.4.5 Pesquisa de clima organizacional

“A pesquisa de clima organizacional deve ser considerada como uma

estratégia para identificar oportunidades de melhorias contínuas no ambiente de

trabalho” É fundamental que os funcionários compreendam que ao responder à

pesquisa estarão dando o primeiro passo no processo de melhoria do ambiente de

trabalho, à medida que planos de ação necessários sejam implementados (LUZ,

2003, p. 30).

De acordo com Tachizawa, Ferreira e Fortuna (2001, p. 241), a pesquisa de

clima busca fornecer informações sobre a atitude do público interno com relação à

organização, suas expectativas, sua integração num determinado contexto.

A pesquisa deve abordar:

• Entendimento da missão;

• Crenças e valores;

• Chefia e liderança;

• Relações interpessoais;

• Salários e benefícios.

36

Para Zaleznik et al. (1997, p. 97-98), a pesquisa de clima organizacional

caracteriza-se como um canal de comunicação entre a direção e o corpo de

funcionários. Representa um modo constante de se obter e de fornecer feedback,

mantendo o foco voltado às necessidades dos colaboradores. A pesquisa também

orienta e democratiza a participação dos funcionários nos processos de gestão, uma

vez que as decisões passam a incluir as opiniões dos funcionários, manifestadas

através da pesquisa.

Castro et al. (2002, p. 585) afirmam que não há periodicidade nem modelo

generalizáveis – cada organização deve definir sua pesquisa de acordo com suas

necessidades e cultura. É vital, porém, o sigilo da coleta e do tratamento das

informações, pois, com apenas com a garantia de o processo é confidencial, os

empregados expressão exatamente o que pensam.

Segundo os mesmos autores (2002, p. 585), uma providência importante é a

divulgação dos resultados e do posicionamento da organização a respeito deles,

através de explicações, informações ou decisões. O feedback deve ocorrer num

curto período de tempo, para que os funcionários não duvidem das reais intenções

da empresa. A organização deve ter como rotina tratar rapidamente os assuntos que

afetam seus colaboradores.

A seguir, serão abordadas as variáveis da pesquisa de clima organizacional.

2.4.5.1 Variáveis da pesquisa de clima organizacional

Uma investigação adequada sobre clima organizacional começa pela escolha

e definição das variáveis formadoras deste conceito. Estas variáveis são os

indicadores que traduzem o que faz parte da realidade organizacional, em

determinado momento (ZALEZNIK et al., 1997, p. 101).

Luz (2003, p. 43-47) afirma que geralmente, nas pesquisas de clima, as

empresas buscam saber a opinião dos funcionários quanto às seguintes variáveis:

• O trabalho realizado pelos funcionários: avalia o volume

de trabalho; o horário de trabalho; se a distribuição de trabalho é justa para

cada funcionário; se o quadro de pessoal é suficiente para a realização do

trabalho; se o trabalho é considerado desafiador e relevante.

37

• Salário: analisa a percepção dos funcionários quanto à

equivalência com os valores praticados no mercado; o equilíbrio entre os

valores para cargos de mesma importância; a possibilidade de aumentos

salariais; a clareza quanto os critérios do plano de cargos e salários da

empresa.

• Benefícios: o quanto eles atendem às necessidades dos

funcionários; a qualidade na prestação desses serviços aos funcionários.

• Integração entre os departamentos da empresa: avalia o

grau de relacionamento; a existência de cooperação e conflitos.

• Supervisão/liderança/estilo gerencial/gestão: revela a

satisfação dos funcionários com seus gestores; a capacidade técnica,

humana e administrativa dos gestores; o grau de feedback dado à equipe.

• Comunicação: avalia o grau de satisfação em relação à

divulgação de fatos relevantes da empresa e quanto à forma e aos canais de

comunicação utilizados pela mesma.

• Treinamento/carreira/realização profissional: avalia as

oportunidades disponíveis para que o funcionário qualifique-se, atualize-se e

desenvolva-se profissionalmente.

• Possibilidades de progresso profissional: aponta a

satisfação dos funcionários quanto às possibilidades de promoção e

crescimento na carreira; a possibilidades da realização de um trabalho

relevante e desafiador; avalia o aproveitamento das potencialidades dos

funcionários.

• Relacionamento interpessoal: avalia a qualidade das

relações pessoais entre os funcionários, entre eles e suas chefias; a

existência e a intensidade de conflitos.

• Estabilidade no emprego: procura conhecer o grau de

segurança dos funcionários no emprego, assim como o retorno sobre seu

desempenho no trabalho.

• Processo decisório: avalia a opinião dos funcionários

sobre o quanto a empresa é ágil, participativa, centralizadora ou não em suas

decisões.

• Condições físicas de trabalho: verifica o conforto das

38

instalações físicas, das instalações e dos recursos disponíveis para a

realização do trabalho.

• Relacionamento da empresa com os sindicatos e

funcionários: analisa a postura da empresa com relação aos sindicatos; o

tratamento que a empresa dispensa às reclamações dos funcionários; o

cumprimento da empresa quanto às obrigações a que está sujeita.

• Participação: avalia a participação dos funcionários no

cotidiano da empresa; sua participação na definição dos objetivos do seu

setor de trabalho; a participação financeira que os funcionários tem nos

resultados da empresa.

• Pagamento dos salários: avalia a incidência de erros na

folha de pagamento; o conhecimento dos funcionários sobre os descontos

lançados.

• Segurança do trabalho: avalia a percepção quanto às

estratégias de prevenção sobre os riscos de acidente e doenças ocupacionais

no trabalho.

• Objetivos organizacionais: avalia a clareza e a

transparência da empresa quanto à comunicação dos objetivos da mesma

aos funcionários.

• Orientação da empresa para os resultados: avalia o

quanto a empresa é percebida pelos seus funcionários no seu esforço de

orientar para a obtenção dos resultados.

• Disciplina: avalia o grau de rigidez da disciplina praticada

na empresa e o grau de justiça na aplicação das punições.

• Imagem da empresa: avalia a opinião sobre como a

empresa é percebida no mercado, por seus clientes, fornecedores e pela

comunidade.

• Estrutura organizacional: avalia a opinião quanto à

estrutura da empresa para o processo decisório, para a comunicação e para a

consecução do trabalho.

• Ética e responsabilidade social: avalia o quanto a

empresa é ética e cumpre suas responsabilidades sociais.

• Qualidade e satisfação do cliente: identifica a percepção

39

dos funcionários quanto ao compromisso da empresa quanto à qualidade dos

produtos e serviços, assim como com a satisfação dos clientes.

• Reconhecimento: avalia o quanto a empresa adota

mecanismos de valorização e reconhecimento dos funcionários.

• Vitalidade organizacional: avalia o ritmo das atividades

desenvolvidas na empresa.

• Direção e estratégias: avalia a satisfação quanto à

qualidade da direção da empresa e quanto à qualidade das estratégias

adotadas.

• Valorização dos funcionários: avalia o quanto a empresa

valoriza, respeita e dá oportunidades aos funcionários.

• Envolvimento/comprometimento: avalia o quanto os

funcionários se sentem envolvidos e comprometidos com os resultados e

objetivos da empresa e se esta adesão é voluntária ou compulsória.

• Trabalho em equipe: avalia o quanto a empresa estimula

e valoriza o trabalho em equipe para inovar, aprimorar processos ou

solucionar problemas.

• Modernidade: avalia o quanto a empresa se preocupa em

inovar ou modernizar seus produtos, processos, serviços, modelos de gestão,

tecnologia, instalações, etc.

• Orientação da empresa para o cliente: avalia a imagem

externa da empresa; a percepção que os clientes externos tem sobre ela; o

quanto a empresa é sensível às necessidades de seus clientes.

• Planejamento e organização: avalia o quanto a empresa é

percebida como sendo bem planejada e organizada pelos seus diferentes

gestores; o quanto é clara na definição de seus objetivos e planos.

• Fatores motivacionais: essa variável procura identificar

quais fatores do ambiente de trabalho contribuem mais significativamente

para a motivação, pela percepção dos funcionários.

• Fatores desmotivadores: essa variável procura identificar,

na percepção dos funcionários, quais fatores do ambiente de trabalho

contribuem mais para a desmotivação.

40

Salário, gestão e estabilidade no emprego constituem variáveis

organizacionais de relevante importância, destaca Luz (2003, p. 44).

Segundo Chiavenato (1994, p. 50-51), o clima organizacional depende das

condições econômicas da empresa, da estrutura organizacional, das oportunidades

de participação pessoal, do significado do trabalho, da escolha da equipe, do

preparo e treinamento da equipe, do estilo de liderança, da avaliação e remuneração

da equipe etc. Estes fatores, determinantes do clima organizacional, influenciam a

motivação das pessoas, provocando estimulação e níveis diferentes de satisfação e

produtividade, os quais produzem o resultado final em termos de eficiência e

eficácia.

O mesmo autor (1994, p. 52) cita os principais elementos, geralmente

escolhidos, na avaliação do clima organizacional:

• Processos de liderança;

• Forças motivacionais;

• Comunicações;

• Processo de interação/influência;

• Tomada de decisões;

• Formulação de objetivos;

• Controles.

2.4.5.2 Técnicas utilizadas na pesquisa de clima

Luz (2003, p. 39-41) aponta as técnicas que podem ser utilizadas na

aplicação da pesquisa de clima organizacional:

• Questionário: é a técnica mais utilizada. O questionário

permite a aplicação maciça da pesquisa, tendo um custo relativamente baixo

e sendo geralmente mais aceita pelos respondentes, por preservar o

anonimato. Em geral, o questionário utiliza um número de 40 a 80 questões.

Ele permite a inclusão de perguntas cruzadas, a fim de checar a consistência

de respostas a determinadas perguntas. Esta técnica exige clareza do

vocabulário usado e quanto à formulação das questões;

• Entrevista: uma das grandes desvantagens desta técnica

41

é a quebra do anonimato. É também mais demorada em relação ao

questionário, mais dispendiosa e exige pessoas tecnicamente habilitadas para

conduzi-la;

• Painel de debates: é um tipo especial de entrevista, onde

há um entrevistador e vários entrevistados. Esta técnica é mais econômica e

rápida que a entrevista. Apresenta, assim como a entrevista, a desvantagem

de quebrar o anonimato dos participantes.

Tendo em vista que a pesquisa de clima organizacional será aplicada em uma

organização pública, a seguir serão abordados alguns conceitos sobre a

administração pública e a configuração atual do setor público brasileiro.

2.5 ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Heady (1966, p. 14) conceitua administração pública como o setor da

administração que existe num contexto político. Relacionada basicamente com a

execução das decisões da política governamental tomadas pelas pessoas que

detém a autoridade para a tomada de decisão no sistema político, a administração

não pode ser distinguida da administração privada de empresas.

Segundo Yuki e Caulliraux (2004, p. 80), a natureza de uma organização

pública está fundamentada em um conjunto de princípios e diretrizes, que a induzem

a cumprir seus objetivos principais, legitimadores de sua existência. Esses princípios

e diretrizes, embora regulem o meio público e conformam sua natureza, muitas

vezes atuam como barreira à execução de uma administração eficiente e efetiva.

Madeira (2008, p. 8-33) aponta os princípios ou deveres constitucionais

básicos da administração pública:

• Legalidade: é o princípio mais importante no direito administrativo, porque a

lei é a sua fonte primária, ficando toda a atividade administrativa sujeita aos

seus mandamentos, deles não se podendo afastar, sob pena de ofensa ao

próprio princípio da legalidade.

• Impessoalidade: visa dar tratamento igual aos administradores que se

encontram em idêntica situação jurídica. Segundo este princípio, a única

motivação primária da atividade administrativa é o interesse público, ou seja,

42

atender a coletividade, e não a uma pessoa determinada ou grupo específico.

• Moralidade: não é suficiente que o agente público permaneça adstrito ao

princípio da legalidade, ele deve também obedecer à ética administrativa. A

improbidade administrativa é uma das formas de imoralidade; e esta pode se

manifestar através do enriquecimento ilícito, dano ao erário ou qualquer ato

do agente público que atente contra os princípios da administração pública.

• Publicidade: é a divulgação oficial dos atos, decisões e atividades da

administração pública, a fim de dar conhecimento ao público, pelos meios de

comunicação previstos em lei.

• Eficiência: é um princípio relativamente novo, introduzido pela emenda

constitucional n. 19, de 5/6/1998. Neste princípio, a administração tem o

dever de ser eficiente quando pratica seus atos, não podendo o administrado

ser punido ante a inoperância injustificada do órgão administrativo.

Sobre o princípio da eficiência, o mesmo autor (2008, p. 8-33; 70) cita a

emenda constitucional n. 45/2004, denominada Reforma do Judiciário, ao qual

incluiu o inciso LXXVIII ao art. 5.º da Constituição da República, que estabelece a

todos os cidadãos, no âmbito judicial e administrativo, a garantia de razoável

duração do processo e os meios para permitir a celeridade de sua tramitação. Na

mesma linha, a Constituição Federal, como que regulamentando o princípio da

eficiência, possibilitou o desligamento do servidor estável, mediante procedimento

de avaliação periódica de desempenho, assegurado o amplo direito de defesa.

Para a concretização do interesse público, os administradores públicos detem

poderes e deveres, ou seja, meios e responsabilidades para o exercício das funções

públicas em prol de todos os que se achem no âmbito de suas atribuições legais. “O

administrador público tem, principalmente, deveres a serem bem e fielmente

cumpridos com os poderes e recursos materiais, financeiros e humanos ao seu

dispor” (MADEIRA, 2008, p. 66).

Yuki e Caulliraux (2004, p. 82) sustentam que a administração pública vem

sendo historicamente caracterizada como ineficiente e de baixa capacidade para

agregação de valor à sociedade. Na percepção geral dos usuários, os serviços

prestados pelas organizações públicas são insatisfatórios e abaixo dos resultados,

sendo comumente qualificados como morosos, burocráticos, com reduzido grau de

resolutividade e alta incidência de erros.

43

O caráter empreendedor do gestor público é usualmente limitado pelos

marcos legais e normativos que regem sua ação, além da usual restrição de

recursos, o que o abriga a considerar, como sua estratégia, o valor para o público

que sua contribuição original poderia criar para além do resultado compulsório

definido no âmbito destes marcos, segundo os mesmos autores (2004, p. 22).

2.5.1 O setor público brasileiro

De acordo com Nascimento (1962, p. 1), “o Brasil é uma República Federativa

composta por três níveis de governo: o governo federal (União), os governos

estaduais e municipais”. A estrutura administrativa do setor público brasileiro

compreende duas instâncias:

• a administração direta, regida pelo direito público e exercendo as funções

clássicas de governo (Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário);

• a administração indireta, regulada pelas normas do direito público e do direito

privado (autarquia, fundação, fundo). Também pertencem à administração

indireta as empresas controladas pelo Poder Público (que o Estado possui

maioria acionária).

Ainda para o autor (1962, p. 1-2), a descentralização é uma característica

marcante da configuração institucional e financeira da Federação brasileira, no que

se refere à divisão de competências entre as três esferas de governo e a

organização de cada nível da administração pública. As atribuições inerentes aos

Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário são divididas em três esferas de atuação:

a federal (União), a estadual e a municipal.

O poder legislativo declara o direito, o poder executivo administra o Estado,

traduzindo o direito ao caso concreto, e o poder judiciário julga os litígios,

distribuindo a Justiça conforme as normas de direito (MADEIRA, 2008, p. 63).

Conforme dados da Presidência da República, os municípios gozam de

autonomia de acordo com a Constituição Federal e as constituições estaduais. Cada

município é regido por uma Lei Orgânica, aprovada por dois terços dos membros da

Câmara Municipal. O prefeito, como chefe do Executivo Municipal, tem atribuições

políticas e administrativas que se consolidam em atos de governo e se expressam

no planejamento das atividades, obras e serviços municipais. Cabe ao prefeito,

44

ainda, apresentar, sancionar, promulgar e vetar proposições e projetos de lei.

Os fins da gestão pública resumem-se em um único objetivo: o bem comum

da coletividade administrada. Desta forma, toda atividade do gestor público, seja no

poder executivo, legislativo ou judiciário, deve ser orientada para este objetivo

(SALDANHA, 2006, p. 13).

45

3 METODOLOGIA

Apresenta-se neste capítulo a metodologia utilizada para o desenvolvimento

deste estudo.

3.1 DELINEAMENTO DA PESQUISA

A presente pesquisa possui uma abordagem quantitativa. Isso significa,

segundo Netto (2008, p. 115), que a pesquisa busca quantificar opiniões, dados, na

forma de coleta de informações, assim como também com o emprego de recursos e

técnicas estatísticas. O método quantitativo é muito utilizado no desenvolvimento

das pesquisas descritivas nas quais se procura descobrir e classificar a relação

entre variáveis, assim como na investigação da relação de causalidade entre os

fenômenos causa e efeito.

O estudo caracteriza-se como uma pesquisa descritiva, pois de acordo com

Gil (1999, p. 44), este tipo de pesquisa tem por objetivo a descrição das

características de determinada população ou o estabelecimento de relações entre

variáveis.

Afirma Netto (2008, p. 26) que a pesquisa descritiva tem por objetivos o

estudo, análise, registro e interpretação dos fatos do mundo físico sem a

interferência do pesquisador. A finalidade é observar, registrar e analisar os

fenômenos ou sistemas técnicos, sem entrar no mérito dos conteúdos. A pesquisa

descritiva pode ser entendida como um estudo de caso onde, após a coleta dos

dados, é realizada uma análise das relações entre as variáveis para uma posterior

determinação dos efeitos resultantes em uma organização.

3.2 DELIMITAÇÃO DO ESTUDO

O estudo foi realizado no período de março de 2010 a junho de 2011, no setor

de Planejamento e Gestão da Prefeitura Municipal de Biguaçu, situada à Rua Lúcio

Born, n.º 12 – Ed. São João Evangelista, Centro, Biguaçu – SC.

Trata-se de uma pesquisa censitária, pois a população é formada por todos

os funcionários do setor, perfazendo um total de 32 funcionários.

46

3.3 INSTRUMENTOS DE COLETA DE DADOS

Os dados primários foram coletados através de um questionário, com 18

questões fechadas, para se verificar a percepção dos funcionários em relação ao

clima organizacional da empresa.

De acordo com Sartor, Sartor e Rizzatti (2003, p. 50), a operacionalização do

clima organizacional será feita mediante a utilização de informações coletadas junto

aos funcionários, através da aplicação de questionários.

Luz (p. 53) explica que existem inúmeras variáveis organizacionais

tradicionalmente pesquisadas pelas empresas. Através da análise destas variáveis,

a empresa deverá optar pelas variáveis que julgar mais importantes e adequadas à

sua realidade.

A partir da análise das variáveis propostas por Luz (2003, p. 42-46), foram

selecionadas as mais adequadas à realidade de uma repartição pública, a partir da

qual se elaborou a pesquisa de clima. As variáveis são listadas a seguir:

• Supervisão/Liderança/Estilo Gerencial/Gestão;

• Relacionamento Interpessoal;

• Comunicação;

• Fatores Motivacionais/Valorização de Funcionários/ Possibilidades de

Progresso Profissional;

• Salário/Treinamento/Benefícios.

O instrumento de coleta de dados foi composto de questões fechadas, que

deveriam ser assinaladas com X no quadro correspondente à resposta desejada.

No questionário constava uma escala com cinco opções de resposta,

segundo uma escala semântica, conforme se verifica a seguir:

• Concordo plenamente;

• Concordo;

• Não concordo e nem discordo;

• Discordo;

• Discordo totalmente.

47

A partir das dimensões propostas por Luz (2003), 15 questões foram

distribuídas da seguinte forma:

DIMENSÕES QUESTÕES

Supervisão/Liderança/Estilo Gerencial/Gestão 1 2 3

Relacionamento Interpessoal 4 5 6

Comunicação 7 8 9

Fatores Motivacionais/Valorização de Funcionários/ Possibilidades de Progresso Profissional

10 11 12

Salário/Treinamento/Benefícios 13 14 15

Quadro 3: Agrupamento das dimensões do clima organizacionalFonte: Dados primários

Além das questões acima, foram aplicadas mais três questões a fim de

identificar a categoria do funcionário e os dois principais fatores causadores da

satisfação e insatisfação no trabalho.

Os dados secundários foram extraídos de pesquisas bibliográficas e

pesquisas documentais.

Segundo Fachin (2006, p. 135), a pesquisa bibliográfica baseia-se em um

conjunto de conhecimentos reunidos em obras de diversas qualificações e assuntos.

Ela conduz o estudioso a uma reflexão crítica em busca do saber, de modo a

relacionar o passado com o presente, assim como o permite lançar-se ao futuro.

Gil (1999, p. 66) afirma que a pesquisa documental assemelha-se à pesquisa

bibliográfica. Enquanto a pesquisa bibliográfica se utiliza de contribuições de

diversos autores sobre determinado assunto, a pesquisa documental vale-se de

materiais que ainda não receberam um tratamento analítico, ou que ainda podem

ser reelaborados de acordo com os objetivos da pesquisa.

3.4 INSTRUMENTOS DE ANÁLISE DOS DADOS

Foi realizada uma análise estatística descritiva, pois de acordo com Netto

(2008, p. 34), neste tipo de análise são utilizados vários procedimentos de estatística

para a interpretação de dados analisados, significando a redução, em termos

48

quantitativos, de fenômenos sociológicos, políticos e econômicos.

Nesse sentido, os dados foram analisados estatisticamente e foram

elaborados os gráficos para se proceder à análise.

A seguir, foi elaborado um plano de ação com vistas a propor ações para

melhorar os indicadores que mais prejudicam o clima organizacional da organização

em estudo.

49

4 ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS

Este capítulo apresenta a análise da coleta de dados e os passos que foram

necessários para diagnosticar o clima organizacional da instituição. Primeiramente,

fez-se a caracterização do setor de Planejamento e Gestão da Prefeitura Municipal

de Biguaçu, local de aplicação da pesquisa.

4.1 CARACTERIZAÇÃO DA ORGANIZAÇÃO

A Secretaria Municipal de Planejamento e Gestão está localizada na Rua

Lúcio Born, n.º 12, Ed. São João Evangelista, no Centro de Biguaçu – SC.

Esta Secretaria é responsável pela criação de projetos de pavimentações,

reformas e construções, bem como a fiscalização destas obras. Unidades

administrativas subordinadas à Secretaria de Planejamento e Gestão: Divisão de

Parcelamento e Uso de Solo e Habitação; Divisão de Cadastro Técnico; Divisão de

Obras Particulares e Posturas; Divisão de Projetos e Fiscalização de Obras

Públicas.

Dentro da estrutura da Secretaria Municipal de Planejamento e Gestão de

Biguaçu, cujo titular é o secretário Antônio Felipe Asmuz Pereira, funciona um

departamento que atua diariamente ordenando o desenvolvimento e o crescimento

da cidade, além de garantir os direitos dos cidadãos, vistoriando, analisando e

emitindo documentos que lhes tragam a tranquilidade necessária ao construir ou

abrir uma empresa comercial ou industrial, por exemplo. Trata-se da Gerência de

Obras Particulares e Posturas, onde um fiscal comanda uma equipe responsável por

diversas ações municipais que facilitam o cotidiano dos munícipes, como a

concessão de alvarás para construções, estudos de viabilidade para construções,

concessão de habite-se.

A Secretaria conta com o trabalho de 32 funcionários, contemplando diversas

formações acadêmicas, sendo formada por engenheiros, arquitetos, economistas,

motoristas, estagiários em nível superior e ensino médio.

50

4.2 ANÁLISE DOS DADOS DA PESQUISA DE CLIMA ORGANIZACIONAL

O questionário que serviu como instrumento de coleta de dados para esta

pesquisa (Apêndice A) foi aplicado no período de 05 a 13 de maio de 2011, a 28

colaboradores lotados na Secretaria, de um total de 32, visto que dois colaboradores

estavam afastados das atividades e outros dois não responderam por razões de foro

íntimo.

Os gráficos e textos descritivos expostos a seguir apresentam os dados

analisados de acordo com os fatores de clima investigados.

4.2.1 Fator Supervisão/Liderança/Estilo Gerencial/Gestão

Para analisar este fator, foram desenvolvidas as seguintes afirmativas:

1 – Costumo ser reconhecido e receber elogios pelo meu trabalho;

2 – Meus superiores têm as competências necessárias para exercer sua

função;

3 – Tenho liberdade para opinar e/ou criticar a administração exercida pelos

meus superiores, quando necessário.

Figura 4 - Fator Supervisão/Liderança/Estilo Gerencial/GestãoFonte: Dados primários (2011).

51

O análise do gráfico demonstra que a questão 2 (meus superiores têm as

competências necessárias para exercer sua função) obteve maior nível de

concordância.

O menor nível de concordância foi obtido na questão 3, que se refere à

liberdade que os funcionários do setor têm no sentido de criticar ou opinar a

administração exercida pelos superiores.

Pode-se observar também que apenas 25% dos entrevistados estão

totalmente satisfeitos com a questão 1 (costumo ser reconhecido e receber elogios

pelo meu trabalho) e com a questão 3.

Os dados evidenciam que apenas um quarto dos entrevistados está

totalmente satisfeita com o fator supervisão/liderança/estilo gerencial, o que mostra

que há pontos a melhorar, quanto ao reconhecimento e ao recebimento de elogios e,

principalmente, quanto à liberdade dos colaboradores em opinar ou criticar a

administração exercida por seus superiores.

Neste sentido, Pereira (2007, p. 2) afirma que “todas as pessoas buscam o

reconhecimento, desejam e esperam ser alguém significativo. E esse

reconhecimento passa por todos os aspectos que dão valor às pessoas, seja

recompensa financeira, oportunidade de crescimento, reconhecimento dos

superiores e o bom relacionamento”.

Para Maximiniano (2000, p. 388), a liderança consiste em líderes que

induzem seguidores a realizarem objetivos que representam os valores, a

motivação, os desejos e necessidades, aspirações e expectativas, tanto dos líderes

quanto dos seguidores.

4.2.2 Fator Relacionamento Interpessoal

Para analisar este fator, foram feitas as seguintes perguntas:

4 – Conto com o apoio de meus colegas para realizar meu trabalho.

5 – O relacionamento no meu setor de trabalho entre os funcionários e a

chefia é adequado;

6 – Os conflitos que acontecem dentro do meu setor são facilmente resolvidos.

52

Figura 5 - Fator Relacionamento InterpessoalFonte: Dados primários (2011).

No fator relacionamento interpessoal, o maior nível de satisfação foi obtido

em relação à questão 4 (conto com o apoio de meus colegas para realizar meu

trabalho), pois 50% dos entrevistados está parcialmente satisfeita e 35,71% está

totalmente satisfeita.

Com relação às questões 5 (o relacionamento entre chefia e funcionários é

adequado) e questão 6 (os conflitos que ocorrem no setor são facilmente

resolvidos), o nível de satisfação obtido foi menor, porém expressivo. Somando-se

os respondentes que concordam parcialmente ou totalmente com as questões,

verifica-se o índice de 71,42%, mostrando assim que a grande maioria está satisfeita

em parte ou plenamente satisfeita em relação às duas questões.

O menor nível de descontentamento foi obtido em relação às questões 4 e 6

(apenas um entrevistado discorda totalmente), ao passo que a questão 5 apresentou

um índice de descontentamento bem mais alto (cinco colaboradores discordam

totalmente da afirmação), o que demonstra que há uma necessidade maior de

atenção, por parte da chefia, na questão do relacionamento com seus subordinados.

Para Levering (2006, p. 18), “quando os funcionários são recepcionados de

uma maneira mais generosa e se sentem parte integrante de um time ou uma

família, eles ficam muito mais propensos a dar algo de volta à organização”.

53

4.2.3 Fator Comunicação

Para explorar este indicador, foram feitas as seguintes perguntas:

7 – Todos sabem como fazer e como proceder nas suas atividades;

8 – Existe troca de informação entre os funcionários da prefeitura e a direção;

9 – Tenho liberdade para expressar minha opinião, dando sugestões e idéias

sobre o meu trabalho.

Figura 6 - Fator ComunicaçãoFonte: Dados primários (2011).

Através dos dados acima expostos, observa-se que a grande maioria dos

entrevistados está parcialmente satisfeita quanto às questões 7 (40,74%) - como

fazer e como proceder nas suas atividades - e questão 8 (42,86%) - a troca de

informação existente entre os funcionários da prefeitura e a direção.

Em relação à questão 9, que se refere à liberdade de expressão de opiniões,

sugestões e idéias sobre o trabalho, uma parcela maior dos entrevistados (35,71%)

concorda totalmente com a questão, enquanto 32,14% concordam parcialmente.

Os dados evidenciam que a maior parte dos entrevistados está parcialmente

satisfeita, ou seja, existe uma lacuna na maneira de como o trabalho é desenvolvido

e na troca de informação entre funcionários e direção.

A questão 9 evidencia um nível alto de satisfação, pois mais de 70% dos

54

funcionários está satisfeita, em maior ou menor grau, com a liberdade que possuem

de opinar, sugerir e dar idéias sobre o seu trabalho.

Maximiano (2000, p. 282) define comunicação como o processo de transferir

e receber informações, e é por meio dela que as partes da organização articulam

suas atividades para funcionar como um todo.

4.2.4 Fatores Motivacionais/Valorização de Funcionários/ Possibilidades de

Progresso Profissional

Para averiguar este fator, foram feitas as seguintes perguntas:

10 – A Prefeitura de Biguaçu oferece condições de crescimento profissional

para os seus funcionários;

11 – Orgulho-me de trabalhar na Prefeitura Municipal de Biguaçu;

12 – Costumo ser reconhecido e receber elogios pelo meu desempenho no

trabalho.

Figura 7 - Fatores Motivacionais/Valorização de Funcionários/ Possibilidades de Progresso ProfissionalFonte: Dados primários (2011).

Analisando o gráfico, observa-se que 54% dos colaboradores afirmaram

discordar totalmente da questão 10, quanto às possibilidades de crescimento

profissional dentro da instituição.

Já na questão 11 (orgulho-me de trabalhar na Prefeitura Municipal de

55

Biguaçu), 39,29% responderam concordar parcialmente, ou seja, menos da metade

dos colaboradores orgulha-se, e ainda de forma parcial, de trabalhar na Prefeitura.

Com relação aos temas recebimento de elogios e reconhecimento no

trabalho, abordados na questão 12, 29,63% afirmaram concordar parcialmente e

outros mesmos 29,63% afirmaram concordar totalmente, evidenciando que 59,26%

dos respondentes estão, de alguma forma, satisfeitos quanto a esta questão.

O estudo dos fatores motivacionais/ valorização de funcionários/

possibilidades de progresso profissional evidencia um alto e preocupante nível de

insatisfação dos funcionários, com relação às possibilidades de crescimento

profissional oferecidas pela Prefeitura.

De acordo com Herzberg (apud VERGARA, 2000), os fatores motivacionais

são intrínsecos e dizem respeito aos sentimentos de autorrealização e

reconhecimento que, quando presentes, causam satisfação, mas se ausentes,

deixam de causar satisfação, mas não chegam a causar insatisfação no trabalho.

4.2.5 Salário/Treinamento/Benefícios

Para explorar este fator, foram feitas as seguintes perguntas:

13 – Sinto-me motivado a trabalhar com o salário que recebo;

14 – Sinto-me satisfeito pelos benefícios (desconto em instituição de ensino,

plano médico e odontológico, vale alimentação) oferecidos pela instituição;

15 – A quantidade e qualidade de treinamentos que recebo são adequadas

para exercer minha função.

56

Figura 8 – Fator Salário/Treinamento/BenefíciosFonte: Dados primários (2011).

A questão 14 (benefícios como desconto em instituição de ensino, plano

médico e odontológico e vale alimentação oferecida pela instituição) obteve o maior

nível de insatisfação, visto que 71,73% dos respondentes afirmaram discordar

totalmente desta questão.

Em segundo lugar, o maior nível de descontentamento percebido foi em

relação à questão 13 (sinto-me motivado a trabalhar com o salário que recebo),

onde 57,14% dos entrevistados discordaram totalmente da questão.

Quanto à questão 15 (a quantidade e qualidade de treinamentos que recebo

são adequadas para exercer minha função), foi constatado que exatamente a

metade dos entrevistados afirma discordar totalmente da afirmativa e que nenhum

dos entrevistados concorda, nem mesmo em parte, com a questão.

Estes resultados revelam o descontentamento da maioria dos colaboradores

em relação ao fator salário/treinamento/benefícios, sendo que pouquíssimos

funcionários estão realmente satisfeitos.

Gil (2001, p. 121) define treinamento como “o meio para adequar cada

pessoa a seu cargo, com vista no alcance dos objetivos da organização [...] significa

dar-lhes a formação básica para que modifiquem antigos hábitos”.

57

4.2.6 Dados referentes à categoria do funcionário

Figura 9 – Dados referentes à categoria do funcionárioFonte: Dados primários (2011).

Verifica-se, através do gráfico acima, que a maior parte dos colaboradores da

Secretaria (64%) é formada por funcionários públicos efetivos, sendo que 25% dos

colaboradores são funcionários comissionados, uma parcela menor é formada por

terceirizados (7%) e uma parcela muito pequena (3%) é composta por estagiários.

4.2.7 Dados referentes aos principais fatores que geram satisfação e insatisfação no trabalho

As questões 17 e 18 do questionário aplicado solicitaram que o servidor

indicasse os fatores causadores de satisfação e insatisfação no trabalho,

assinalando a opção 1 para o fator principal e opção 2 para o segundo maior fator.

A seguir, apresentam-se os gráficos que expressam a resposta dos

colaboradores.

58

4.2.7.1 Principais fatores que geram mais satisfação no trabalho

Figura 10 – Dados referentes aos principais fatores que geram mais satisfação no trabalhoFonte: Dados primários (2011).

Figura 11 – Dados referentes aos principais fatores que geram mais satisfação no trabalhoFonte: Dados primários (2011).

Analisando o gráfico da figura 10, observa-se que os principais fatores

apontados na pesquisa, como causadores de maior satisfação no trabalho, foram a

estabilidade profissional (44%) e, em segundo lugar, o trabalho realizado (26%).

A análise do gráfico da figura 11 aponta os fatores secundários que geram

mais satisfação no trabalho. Surge novamente o fator - trabalho realizado pelos

59

funcionários - como sendo o fator que proporciona maior satisfação no trabalho

(26%). Em seguida, foi escolhido o fator relacionamento com a chefia (15%) como

fator de maior satisfação.

4.2.7.2 Principais fatores que geram mais insatisfação no trabalho

Figura 12 – Dados referentes aos principais fatores que geram mais insatisfação no trabalhoFonte: Dados primários (2011).

Figura 13 – Dados referentes aos principais fatores que geram mais insatisfação no trabalhoFonte: Dados primários (2011).

Os dados da figura 12 apontam como principal fator gerador de insatisfação

60

no trabalho o salário recebido pelos colaboradores, com 65% dos votos.

Analisando o gráfico da figura 13, verifica-se que o fator secundário apontado

como maior gerador de insatisfação foi a sobrecarga de trabalho (35%), seguida

pelo fator instalações inadequadas (22%) e pelo fator falta de reconhecimento

(17%).

4.2.7.3 Dados obtidos nas questões abertas do questionário

No instrumento de pesquisa aplicado, deixou-se um espaço ao final das

questões 17 e 18, para que os colaboradores apontassem, além dos fatores

enumerados, outros fatores causadores de satisfação e insatisfação no trabalho.

Vale ressaltar que somente 6 do total de 28 colaboradores responderam a estas

questões.

Para dois colaboradores, o segundo fator principal de satisfação, além do

fator assinalado no questionário, foi a baixa carga horária de trabalho (seis horas

diárias). Para outro colaborador, o convênio com a Univali foi apontado como fator

principal de sua satisfação no trabalho.

Foram apontados, como fatores principais de insatisfação, em segundo lugar

aos fatores listados na questão, os seguintes fatores:

• não ter sala específica ou local adequado para se trabalhar;

• interferência política;

• desvio de função.

Cada resposta acima foi citada por um funcionário diferente, sendo que três

responderam à questão.

Diante dos comentários encontrados, observa-se que um fator de satisfação

existente é a carga horária reduzida (seis horas diárias).

Quanto aos fatores que geram insatisfação, constata-se uma existe uma

divisão das opiniões no que diz respeito à falta de um local adequado para trabalhar,

à interferência política e ao desvio de função.

61

5 PLANO DE AÇÃO

Com a apresentação das afirmativas, vem a seguir o plano de ação que

detalha os procedimentos de melhoria relativos a cada problemática identificada na

pesquisa.

Em relação ao fator liderança, observou-se que a satisfação da maioria dos

servidores é parcial quanto ao reconhecimento do trabalho, o recebimento de

elogios e a liberdade que possuem de criticar a administração. Como sugestão,

recomenda-se que haja mais diálogo entre superiores e subordinados e que sejam

realizadas reuniões mensais, para se destacar a importância de cada funcionário

para o setor e para a instituição como um todo. A abertura de um espaço nestas

reuniões, para sugestões ou críticas, ou mesmo a disponibilidade de formulários

para que os servidores se manifestassem anonimamente, proporcionaria maior

liberdade de expressão aos colaboradores. Outra recomendação seria o

desenvolvimento de um sistema de avaliação de desempenho que premiasse o

servidor, incentivando-o a mudanças e a melhorar sua atuação dentro do setor.

Com relação ao fator relacionamento interpessoal, verifica-se que existe um

bom nível de satisfação em relação a esse aspecto, porém uma pequena parte dos

servidores está totalmente insatisfeita com o relacionamento entre chefia e

subordinados. Como a insatisfação é pequena e não expressa a opinião da maioria

dos servidores, tal resultado talvez possa ser atribuído a conflitos pessoais

existentes. Porém, seria razoável que cada líder fizesse um exame pessoal sobre

seu estilo de liderar, conduzir as tarefas e delegar, visto que cada ser humano é

único, com personalidade distinta. O que “funciona” como fator motivador para um

colaborador, pode muito bem desmotivar e causar atritos no relacionamento entre

chefe e funcionário.

No que tange ao fator comunicação, o índice de satisfação observado foi

alto, porém parcial, no que se refere à realização das atividades, e procedimentos de

trabalho, e na troca de informações entre a direção e os funcionários. Sugere-se

que, para amenizar tais deficiências, os funcionários sejam encaminhados para

cursos, treinamentos e palestras que estejam relacionados ao desenvolvimento das

rotinas de trabalho e que sejam revistos os meios de comunicação existentes,

criando-se alternativas, como um mural com informações atualizadas da direção,

jornal interno ou envio de e-mails aos servidores.

62

Na análise dos fatores motivacionais/valorização de funcionários/

possibilidades de progresso profissional, constata-se um elevado grau de

insatisfação dos funcionários, principalmente quanto às possibilidades de

crescimento profissional dentro da instituição. Desta forma, recomenda-se que seja

implantado um plano de cargos e salários, para que os servidores se sintam

motivados na organização, tendo expectativa de crescimento.

Outra sugestão seria o constante aprimoramento do trabalho, através de

treinamento, desenvolvimento e atualização dos profissionais, e que deverá estar

disponível principalmente aos colaboradores mais antigos.

Analisando ainda os fatores motivacionais, o nível de insatisfação também

pode ser observado com relação ao orgulho dos servidores em trabalhar na

prefeitura. Tal nível de insatisfação está ligado, provavelmente, a todos os outros

fatores causadores de insatisfação apontados neste trabalho.

Ao verificar o fator salário/treinamento/benefícios, averigua-se um altíssimo

nível de insatisfação quanto aos benefícios oferecidos pela prefeitura e um alto nível

de insatisfação quanto à motivação proporcionada pelo salário recebido. Pode-se

constatar também que nenhum dos servidores está satisfeito, nem mesmo em parte,

com a quantidade e a qualidade de treinamentos oferecidos. Como alternativas,

sugere-se a abertura de um espaço dedicado à comunicação entre os funcionários e

a direção, para acolhimento das sugestões quanto aos benefícios desejados, como

plano médico e odontológico, auxílio-alimentação, vale transporte e desconto um

universidades, por exemplo.

Com base nos anseios expressados pela maioria dos servidores, recomenda-

se um estudo de impacto financeiro para viabilização dos benefícios esperados.

Quanto ao salário, sugere-se a implantação de um plano de cargos e salários como

já mencionado anteriormente, juntamente com a readequação dos cargos às

funções correspondentes e aos salários, com o objetivo de aumentar o nível de

satisfação dos colaboradores. Outra recomendação seria a oferta de mais cursos,

palestras e treinamentos, além dos já disponibilizados pela prefeitura, e a

possibilidade de feedback a ser expressado pelos servidores após a realização, para

que haja uma melhoria contínua na qualidade dos cursos e treinamentos oferecidos.

Na questão dos fatores que mais geram insatisfação no trabalho, foi

apontada, além do salário como principal fator, a sobrecarga de trabalho. Como

proposta, indica-se a reavaliação e possível reorganização da distribuição de

63

funções, e a possibilidade de contratação de adicional mão-de-obra, seja por meio

de funcionários públicos, funcionários comissionados, estagiários ou terceirizados.

Destaca-se também outro fator causador de insatisfação: a falta de

instalações adequadas para se trabalhar. Neste caso, recomenda-se que a

secretaria faça uma avaliação da ventilação, da iluminação, do espaço e da

condição dos móveis e equipamentos de informática existentes, de acordo com as

necessidades do servidor e do setor em que atua, além da conscientização da

necessidade de manutenção de um ambiente limpo e organizado, favorável ao

desenvolvimento das atividades.

A seguir, estas ações aparecem estruturadas no Plano de ação, a fim de

melhor visualizar o que está sendo proposto ao setor da Prefeitura em estudo.

64

PLANO DE AÇÃO

MEDIDA (o que) Quando Onde Quem Como Porque / Para que

Elaborar um plano de cargos e salários.

Imediatoinstituiçã

o Direção

Estudar os cargos atuais da

empresa, as funções

exercidas e os salários, para

realizar o plano

Readequar os cargos com as funções e aos salários, para aumentar o nível de

motivação e dar possibilidades de crescimento profissional aos funcionários

dentro da instituição

Tornar frequente o fornecimento de

feedback, a partir de reuniões periódicas.

Imediato no setor

Diretores Chefes de Setor

Funcionários

Efetuando reuniões

quinzenais ou mensais, em conjunto ou individual.

Para que ocorra feedback entre os superiores e subordinados e para valorizar

a liberdade de expressão

Encaminhar os funcionários para cursos, treinamentos e palestras.

Imediato no setorDiretores

Chefes de Setor Funcionários

Através de empresas que forneçam estes

serviços

Para aprimorar os seus conhecimentos em relação às funções e para aprimoramento

da formação profissional

Revisar os meios de comunicação já

existentes; adotar formas de comunicação mais

efetivas.

Imediato no setor Chefes de SetorFuncionários

Com a colocação de um mural, criação de

jornal interno e/ou envio de e-

mails

Para esclarecer e sanar as dúvidas de funcionários quanto aos procedimentos de

trabalho e a realização das atividades

Reconhecer o trabalho e valorizar o funcionário.

Imediato no setor

Diretores Chefes de Setor

Funcionários

Criar um programa de recompensas

para valorizar a importância do

funcionário

Para que os funcionários se sintam estimulados e motivados a desempenhar suas funções da melhor forma possível

Verificar a sobrecarga de trabalho e o acúmulo de

funções.Imediato no setor

Diretores Chefes de Setor

Funcionários

Reavaliar e reorganizar a

distribuição de funções; estudar a possibilidade de contratação

de mais funcionários

Para que funcionários não se sintam sobrecarregados em suas atividades e

para que não ocorra distribuição desigual de funções, gerando desmotivação para o trabalho e problemas de relacionamento

entre os funcionários

Analisar as condições de trabalho.

Imediato no setorDiretores Chefes

de SetorFuncionários

Avaliar a ventilação,

iluminação e condição dos

móveis e equipamentos de

informática

Para que os funcionários tenham as condições necessárias para o bom

desempenho de suas funções

65

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O presente trabalho teve como objetivo analisar o clima organizacional na

Secretaria de Planejamento e Gestão da Prefeitura Municipal de Biguaçu. Tal

análise ocorreu a partir da percepção dos colaboradores quanto aos seguintes

fatores de clima: supervisão/liderança/estilo gerencial/gestão, relacionamento

interpessoal, comunicação, motivação/valorização de funcionários/possibilidades de

progresso profissional, salário/treinamento/benefícios.

Inicialmente, elaborou-se a revisão de literatura, por meio de pesquisa

bibliográfica, no qual se buscou conhecimento para aplicação da pesquisa de clima.

Logo após, foi caracterizada a organização em estudo, no qual se coletou dados

referentes à instituição, utilizando a pesquisa documental e a entrevista informal. Por

fim, foi elaborado o questionário, como instrumento de coleta de dados, e a

aplicação do mesmo aos servidores da prefeitura, obtendo-se um diagnóstico que

favoreceu a elaboração de sugestões para melhoria do clima organizacional.

Conclui-se que o objetivo principal foi alcançado, por meio da aplicação do

questionário, no qual se avaliou o nível de satisfação e motivação dos colaboradores

para com a organização, a partir dos indicadores de clima organizacional.

Realizada a análise dos gráficos obtidos na pesquisa de clima organizacional,

a acadêmica pôde responder à questão definida no início do trabalho. Pode-se

afirmar que o clima organizacional, na percepção dos funcionários do ambiente

interno do setor de Planejamento da Prefeitura de Biguaçu, no momento de

aplicação da pesquisa, está bom, mas pode ser melhorado, visto que a maioria das

respostas expressou satisfação parcial dos entrevistados. Alguns fatores

expressaram alta insatisfação dos servidores e por este motivo devem receber

atenção especial: falta de possibilidades de progresso profissional ou a inexistência

de um plano de carreira, escassez de benefícios oferecidos e baixos salários.

A acadêmica não encontrou dificuldades na aceitação da pesquisa junto aos

servidores, pois uma pesquisa anterior de clima já havia ocorrido na instituição e a

direção manifestava interesse para que a pesquisa fosse novamente aplicada. Vale

mencionar, como ponto positivo, o baixo índice de abstenção na aplicação da

pesquisa.

Os resultados expressaram, de um modo geral, índices de satisfação total e

66

parcial com margens percentuais próximas, porém ressalta-se que este é um estudo

na área de gestão de pessoas, no qual a insatisfação de apenas um servidor já é um

fator que merece destaque na análise.

Destacam-se como fatores geradores de altos índices de insatisfação por

parte dos servidores, a falta de possibilidades de progresso profissional ou a

inexistência de um plano de carreira, a escassez de benefícios oferecidos aos

servidores, os baixos salários e a baixa quantidade e qualidade de treinamentos

oferecidos.

Para Luz (1995, p. 23-24), é certo que o salário por si só não é suficiente para

motivar, porém também é certo que uma remuneração injusta torna muita gente

insatisfeita. As organizações que tem preocupação com o seu clima organizacional

devem estabelecer uma política salarial que seja justa em relação à estrutura interna

de seus cargos.

Segundo o mesmo autor (1995, p. 24-25), cabe à administração da instituição

promover, em todos os níveis hierárquicos, o desenvolvimento dos recursos

humanos, com vistas à melhoria do clima e dos desempenhos individuais, da equipe

e da organização como um todo.

É fundamental que os gestores dediquem atenção aos aspectos observados

na pesquisa de clima organizacional da instituição, pois só assim será possível

aumentar os níveis de satisfação dos colaboradores, influenciando positivamente na

motivação e, consequentemente, na produtividade dos mesmos.

Recomenda-se, para um estudo futuro, trabalhos na área de análise de

processos, visto que a sobrecarga de trabalho foi apontada como fator gerador de

insatisfação, programas de treinamento e desenvolvimento, e pesquisas sobre as

expectativas dos servidores quanto a possíveis benefícios e possibilidades de

crescimento profissional dentro da Prefeitura.

E é imprescindível compreender que conhecer o nível de satisfação, as

expectativas e as necessidades da equipe de trabalho constitui um importante papel

de quem exerce o cargo de gestão, um desafio gerencial, essencial para a melhoria

do ambiente de trabalho e da qualidade dos serviços prestados. Nesse sentido, os

resultados podem servir de ferramenta para a tomada de decisões sobre o referido

setor pesquisado.

67

REFERÊNCIAS

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68

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ZALEZNIK; Abraham et al. Psicodinâmica da vida organizacional: motivação e liderança. 2. ed. São Paulo: Atlas, 1997.

69

APÊNDICE

70

APÊNDICE

QUESTIONÁRIO

Questionário – Percepção dos funcionários sobre clima organizacional

Caro(a) funcionário (a):

Este questionário tem por objetivo realizar uma pesquisa de clima organizacional

junto aos funcionários do setor de planejamento da Prefeitura Municipal de Biguaçu.

Tal pesquisa faz parte de um trabalho acadêmico de estágio do Curso de

Administração da Univali, da acadêmica Giselle Mari Miranda.

Trata-se de uma pesquisa, cujos dados serão coletados a partir da percepção dos

servidores desta secretaria, que posteriormente irão gerar propostas de ações e

melhorias a serem apresentadoras pela pesquisadora.

Contando com colaboração e sinceridade, teremos como obter respostas que

expressem os sentimentos de todos os membros da organização, bem como o seu

ambiente de trabalho. Desde já, agradeço sua contribuição para com esta pesquisa.

Instruções de Preenchimento:

Não escreva seu nome no formulário.

Assinale com um “X” a resposta que você escolher. Marque apenas uma resposta.

Questões

Discordo

totalmente

Discordo parcialm

ente

Não concordo e nem

discordo

Concordo

parcialmente

Concordo totalm

ente

Costumo ser reconhecido e receber elogios pelo meu trabalho.

Meus superiores têm as competências necessárias para exercer sua função.

Tenho liberdade para opinar e/ou criticar a

administração exercida pelos meus superiores,

quando necessário.Conto com o apoio de meus colegas para realizar meu

trabalho.

71

Questões

Disco

rdo tota

lme

nte

Disco

rdo

parcia

lme

nte

o co

nco

rdo

e ne

m

disco

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Co

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Co

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tota

lmen

te

O relacionamento no meu setor de trabalho entre os funcionários e a chefia é adequado.

Os conflitos que acontecem dentro do meu setor são facilmente resolvidos.

Todos sabem como fazer e como proceder nas suas atividades.

Existe troca de informação entre os funcionários da prefeitura e a direção.

Tenho liberdade para expressar minha opinião, dando sugestões e ideias sobre o meu trabalho.

A prefeitura de Biguaçu oferece condições de crescimento profissional para os seus funcionários.

Orgulho-me de trabalhar na Prefeitura Municipal de Biguaçu.

Costumo ser reconhecido e receber elogios pelo meu desempenho no trabalho.

Sinto-me motivado a trabalhar com o salário que recebo.

Sinto-me satisfeito pelos benefícios (desconto em instituição de ensino, plano médico e odontológico, vale alimentação) oferecidos pela instituição.

A quantidade e qualidade de treinamentos que recebo são adequados para exercer minha função.

16. A que categoria de funcionário você pertence:

( ) Terceirizado

( ) Funcionário público efetivo

( ) Funcionário comissionado

17 - Indique as duas principais razões que geram mais satisfação no seu trabalho.

Coloque número 1 na principal e número 2 na segunda mais importante.

( ) Salário

( ) Estabilidade no emprego

( ) O trabalho que realizo

( ) Ambiente de trabalho

( ) Autonomia no trabalho

72

( ) Reconhecimento

( ) Benefícios oferecidos pela empresa

( ) Relacionamento com a chefia

( ) A falta de opção de um outro emprego

( ) Prestígio da empresa

( ) Possibilidade de treinamento

( ) As chances de progresso profissional

( ) Outra: _________________________

18 - Indique os dois principais fatores que geram mais insatisfação no seu

trabalho. Coloque número 1 no fator que gera mais insatisfação e número 2 no

segundo maior fator de insatisfação.

( ) Falta de reconhecimento

( ) Salário

( ) Ambiente de trabalho

( ) O trabalho que realizo

( ) Falta de treinamento

( ) Instalações inadequadas

( ) Falta de segurança no emprego

( ) Falta de autonomia

( ) Falta de recursos

( ) Relacionamento com a chefia

( ) Sobrecarga de trabalho

( ) Outra:_______________________

Sugestões/críticas:____________________________________________________

___________________________________________________________________

__________________________________________Obrigada por sua participação!