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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ PROGRAMA DE MESTRADO PROFISSIONAL EM SAÚDE E GESTÃO DO TRABALHO ATUAÇÃO DO SERVIÇO SOCIAL NO PROCESSO DE ACOLHIMENTO AO LUTO ITAJAÍ - SC 2014

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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ PROGRAMA DE MESTRADO PROFISSIONAL EM SAÚDE E

GESTÃO DO TRABALHO

ATUAÇÃO DO SERVIÇO SOCIAL NO PROCESSO DE ACOLHIMENTO AO LUTO

ITAJAÍ - SC 2014

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ROSILDA DE PAULA BROZOSKY

ATUAÇÃO DO SERVIÇO SOCIAL NO PROCESSO DE COLHIMENTO AO LUTO

Dissertação apresentada ao Programa de Mestrado Profissional em Saúde e Gestão do Trabalho da Universidade do Vale do Itajaí, como requisito para obtenção do Título de Mestre. Linha de Pesquisa: Promoção da Saúde.

Orientadora - Prof.ª Dra. Juliana Vieira de Araujo Sandri

ITAJAÍ - SC 2014

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FICHA CATALOGÁFICA

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus por ter me permitido participar desse curso de mestrado,

dando sabedoria e perseverança para mais esta importante conquista.

Às orações de meus pais, que sempre intercederam por mim e pela certeza

da torcida pelo meu sucesso. Aos meus irmãos, principalmente a minha querida irmã

Roseli, que sempre me incentivou e acreditou que essa caminhada seria vitoriosa.

Aos meus queridos filhos, Mariana e João Vitor, que compreenderam meus

momentos de ausência e sempre me incentivaram a finalização deste estudo,

sempre na expectativa do término, fazendo perguntas como: “‘posso te ajudar”?

“esta acabando”? “mas quantas páginas faltam“? Sempre estiveram comigo nesta

trajetória.

Ao meu esposo Amauri, que foi o grande incentivador e que me apoiou no

decorrer de toda a trajetória. E também cuidou e acompanhou nossos filhos durante

a realização da pesquisa.

À minha querida orientadora Professora Drª Juliana Vieira de Araújo Sandri,

pela preciosa contribuição com seus conhecimentos e seu constante

acompanhamento do trabalho, em que dedicou seus momentos de lazer e descanso

para colaborar com a realização do estudo proposto.

À minha amiga Clotilde que nunca mediu esforços para compartilhar seus

conhecimentos, quando eu solicitava e sempre esteve pronta para me atender e

ajudar em todos os momentos.

Aos meus colegas do mestrado, Gercino e Ioná, que sempre me apoiaram e

muito contribuíram nessa caminhada.

À querida Izabel, Assistente Social da Progepe-UFPR, que sempre me

incentivou na realização deste estudo.

Às Assistentes Sociais do Acolhimento ao luto: Sandra e Elvira expresso

minha admiração pela dedicação profissional de forma ética e humana.

Aos docentes do mestrado que possibilitaram crescimento pessoal e

profissional.

Às Bancas de Qualificação e Avaliação, que promoveram a ampliação do

meu olhar para uma configuração de pesquisa qualificada e de grande relevância

social.

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À Giza e Vladimir meu agradecimento pela preciosa colaboração com seus

conhecimentos.

Às Assistentes Sociais do plantão noturno: Sandra Tancon e Sueli Wolff,

meus agradecimentos pela colaboração nas trocas de plantões, sempre que

necessário para o comparecimento no mestrado.

Agradeço todo apoio e incentivo que recebi de todos os amigos Adventistas,

pais dos Clubes de Aventureiros e Desbravadores.

Aos meus colegas enfermeiros participantes da pesquisa, que atuam com

comprometimento e dedicação.

Agradeço, especialmente, aos familiares participantes do estudo, mesmo em

um momento de recolhimento se dispuseram a partilhar conosco suas lembranças e

saudades de seus familiares que se foram, manifesto minha gratidão, admiração e

respeito.

Agradeço a todos que, direta ou indiretamente, contribuíram para realização

deste estudo.

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Dedico esse trabalho aos meus amados filhos João Vitor e Mariana que são a razão do meu viver !

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RESUMO

BROZOSKY, Rosilda de Paula. ATUAÇÃO DO SERVIÇO SOCIAL NO PROCESSO DE ACOLHIMENTO AO LUTO. Programa de Mestrado Profissional em Saúde e Gestão do Trabalho. Universidade do Vale de Itajaí – UNIVALI 2014. Orientadora: Professora Drª Juliana Vieira de Araújo Sandri

A morte é uma experiência universal, faz parte da vida de todos os seres

vivos, é algo difícil de ser descrito, nomeado, frente à qual não encontramos palavras. No ambiente da saúde, a morte é uma possibilidade. No cotidiano hospitalar quando acontece o óbito, o Serviço Social é acionado para proporcionar acolhimento aos familiares. O estudo tem como objetivo apresentar a atuação do Serviço Social do Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Paraná. O cenário de investigação foi o Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Paraná. Estudo de abordagem qualitativa por meio de análise temática, de caráter descritivo exploratório, em que os sujeitos que participaram foram 09 familiares de pacientes que estavam em tratamento hospitalar e foram a óbito no período de 28/04 a 31/05/2014, juntamente com 13 enfermeiros das unidades que prestavam atendimento no momento do óbito. Os dados foram coletados, após aprovação do projeto pelo Comitê de Ética em Pesquisa da UNIVALI e do HC-UFPR, através de entrevistas gravadas utilizando um roteiro de perguntas semiestruturadas para cada um dos grupos de sujeitos pesquisados. Para analisar e interpretar os dados coletados optou pela análise temática. A análise de dados estabeleceu uma relação da percepção dos familiares e enfermeiros da Unidade de Urgência e Emergência Adultas do Hospital de Clínicas acerca da atuação do Assistente Social no acolhimento ao luto. O resultado está apresentado em três momentos: o primeiro compreende a caracterização dos óbitos; o segundo corresponde à atuação do Assistente Social na visão dos familiares enlutados e dos enfermeiros, e está estruturada em duas categorias juntamente com as suas subcategorias correspondentes e; o terceiro propõe uma síntese propositiva obtida a partir dos achados e sugestões dos sujeitos pesquisados e da vivência da pesquisadora frente ao seu cotidiano de trabalho.

Palavras chave: Acolhimento, Luto, Serviço Social.

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ABSTRACT

BROZOSKY, Rosilda de Paula. PROCEDURES OF SOCIAL SERVICES IN THE PROCESS OF CARING FOR GRIEVING FAMILY MEMBERS. Professional Masters degree Program in Health and Work Management. University of Vale de Itajaí – UNIVALI - 2014. Supervisor: Professor Dr. Juliana Vieira de Araújo Sandri

Death is a universal experience that affects everybody at some time. It is difficult to be describe and name, and often, we cannot find words when confronted by it. In the healthcare environment, death is often a real possibility. In the day-to-day practices of the hospital, when a death occurs, the Social Services are called in to assist the family members. This study presents the procedures followed by the Social Services at Hospital de Clínicas of the Universidade Federal do Paraná, which was the setting for this study. It is a qualitative study, using thematic analysis of an exploratory and descriptive nature. The subjects were 09 relatives of patients who had been in hospital treatment and had died in the period from April 28 to May 31, 2014, along with 13 nurses of the units who had cared for the patients at the time of death. After gaining approval of the project by the Research Ethics Committee of UNIVALI and HC-UFPR, data were collected through recorded interviews, using semi-structured questions for each group of subjects. Thematic analysis was used to analyze and interpret the data collected. The data analysis established the perception of family members and the nurses of the Emergency Unit and Adult Emergency Unit of Hospital das Clínicas, on the role of the social worker in assisting those who are grieving. The results are presented in three stages: the first gives a characterization of the deaths; the second describes the activities of the social worker when dealing with the bereaved family and nurses, and is structured into two categories together with their corresponding subcategories; and the third proposes a purposeful synthesis based on the findings and suggestions from the research subjects, and the experience of researcher in her day-to-day work.

Keywords: Reception on Mourning, Grief Time, Social Services.

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LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

CEP Comitê de Ética e Pesquisa

CFESS Conselho Federal de Serviço Social

CNS Conselho Nacional de Saúde

CTSI Centro de Terapia Semi-Intensiva

DO Declaração de Óbito

FAF Ficha de Acompanhamento Funeral

HC Hospital de Clínicas

IML Instituto Médico Legal

PA Pronto Atendimento

ONA Organização Nacional de Acreditação

PNH Política Nacional de Humanização

RG Registro Geral

SFM Serviço Funerário Municipal

TCLE Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

TFD

UAD

Tratamento Fora do Domicílio

Unidade de Apoio ao Diagnóstico

UNIMULT Unidade Multiprofissional de Atendimento Diagnóstico e Terapêutico

UNIVALI Universidade do Vale do Itajaí

UFPR Universidade Federal do Paraná

UPA Unidade de Pronto Atendimento

UTI Unidade de terapia intensiva

UUEA Unidade de Urgência e Emergência Adulto

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LISTA DE FIGURAS

Tabela 1 - Caracterização dos óbitos ........................................................................ 40

Figura 1 – Fluxograma de atendimento ao óbito ....................................................... 69

Quadro 1 - Síntese da organização de apresentação dos resultados ....................... 38

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .................................................................................................... 13

1.1 OBJETIVOS ...................................................................................................... 17

1.1.1 Objetivo Geral ............................................................................................... 17

1.1.2 Objetivos Específicos ................................................................................... 17

2 REVISÃO TEÓRICA ................................... ........................................................ 18

2.1 A MORTE E O LUTO ........................................................................................ 18

2.2 HUMANIZAÇÃO HOSPITALAR ........................................................................ 24

2.3 SERVIÇO SOCIAL HOSPITALAR .................................................................... 27

3 METODOLOGIA ....................................... .......................................................... 30

3.1 CENÁRIO DA PESQUISA ................................................................................ 30

3.2 SUJEITOS DA PESQUISA ............................................................................... 32

3.3 QUESTÕES ÉTICAS ........................................................................................ 33 3.4 COLETA DE DADOS ........................................................................................ 34

3.5 ANÁLISE DE DADOS ....................................................................................... 36

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES............................ ............................................ 39

4.1 CARACTERIZAÇÃO DOS ÓBITOS .................................................................. 40 4.2 A ATUAÇÃO DO SERVIÇO SOCIAL NO ÓBITO ............................................. 42

4.2.1 Categoria 1 – A notícia do óbito.................................................................... 42

4.2.2 Subcategoria: recebendo a notícia do óbito ................................................. 42

4.2.3 Subcategoria: Os sentimentos envolvidos durante e após a notícia............. 45 4.3 CATEGORIA 2 – A ATUAÇÃO DO SERVIÇO SOCIAL NO ÓBITO ................. 51

4.3.1 Subcategoria: Acolhimento ........................................................................... 51

4.3.2 Subcategoria: Orientações burocráticas ....................................................... 54

4.4 SÍNTESE PROPOSITIVA PARA ATUAÇÃO DO ASSISTENTE SOCIAL NO ÓBITO ........................................................................................................ 61

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................. .................................................. 73

REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 76

ANEXO A – ARTIGO .................................. .............................................................. 82

ANEXO B – PARECER CEP UNIVALI ..................... ................................................ 99

ANEXO C - PARECER CEP HC .......................... ................................................... 105

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ANEXO D - FORMULÁRIO NOT ÓBITO .................... ............................................ 110

APÊNDICE A – SOLICITAÇÃO DE AUTORIZAÇÃO PARA COLETA DE DADOS ............................................................................................................. 111

APÊNDICE B – TERMO DE ANUENCIA DA INSTITUIÇÃO CO-PARTICPANTE PARA COLETA DE PESQUISA ENVOLVENDO SERE S HUMANOS........................................................................................................ 112

APÊNDICE C – DECLARAÇÃO AO COMITE DE ÉTICA EM PESQU ISA DO HC UFPR .......................................................................................................... 113

APÊNDICE D – SOLICITAÇÃO DE ACESSO INSTITUCIONAL – UNIMULT ....... 114

APÊNDICE E – AUTORIZAÇÃO UNIMULT E SERV PSICOLOGIA ..................... 115

APÊNDICE F – SOLICITAÇÃO DE ACESSO INSTITUCIONAL .. ......................... 116

APÊNDICE G – COMITE DE ÉTICA EM PESQUISA SETOR DE C IÊNCIAS DA SAÚDE DA UFPR .................................. .................................................... 117

APÊNDICE H – TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESLCARE CIDO (FAMILIARES) ...................................... ............................................................ 118

APÊNDICE I - TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARE CIDO (PROFISSIONAIS DE SAÚDE) .......................... .............................................. 121

APÊNDICE J – TERMO DE UTILIZAÇÃO DE DADOS.......... ................................ 124

APÊNDICE K - ANALISE DO MERITO .................... .............................................. 125

APÊNDICE L - ROTEIRO DE ENTREVISTA FAMILIAR........ ................................ 127

APÊNDICE M - ROTEIRO DE ENTREVISTA PROFISSIONAIS DE SAÚDE ........ 128

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“Vivemos como se fossemos eternos e deixamos o importante de

lado muitas vezes”.

Mario Sergio Cortela

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1 INTRODUÇÃO

O Serviço Social do acolhimento ao luto no Hospital de Clínicas faz parte de

uma política de humanização do Hospital e tem seu histórico embasado nas ações

do Comitê de Humanização, o mesmo surgiu a partir das discussões, momento em

que os servidores levaram ao conhecimento do comitê as situações presenciadas e

vividas pelas famílias após acontecer o óbito. Relataram as dificuldades que as

famílias enfrentavam para obter a Declaração de Óbito (DO).

Diante desse relato, o Comitê organizou um grupo de trabalho com

representação de vários serviços envolvidos nas situações de óbito, tais como:

serviço de anatomia, de enfermagem, do serviço social, da medicina, a fim de

debater, entender e encontrar alternativas para humanizar o atendimento após o

óbito. Deste modo, os servidores da enfermagem das unidades foram orientados

em relação ao preparo do corpo*. E, aos médicos foi promovido treinamento sobre o

preenchimento

da DO e, determinado ao técnico do necrotério a atribuição do preenchimento dos

dados de identificação da DO.

O atendimento do Serviço Social era realizado dentro das possibilidades do

Assistente Social de cada unidade, os quais atendiam a família em sala

compartilhada com outros profissionais, seja nas enfermarias das clínicas, seja nos

corredores do Hospital. Frente a essa situação surgiu a necessidade de criar um

serviço com a responsabilidade de acompanhar, executar, ter conhecimento da rede

sócio assistencial, em que também fosse suporte para os setores envolvidos, bem

como para os familiares dos pacientes quando ocorresse o óbito.

Deste modo, o Comitê compreendeu que cabia ao Serviço Social elaborar

um projeto para atuação no óbito, o qual foi amplamente discutido com todos os

serviços envolvidos e este foi elaborado e apresentado e aprovado pela Direção do

Hospital e, assim iniciou a atuação do Serviço Social no acolhimento ao luto.

Portanto, acontecendo o óbito este serviço é acionado para atender,

exclusivamente, os familiares do paciente que foi a óbito. O serviço é realizado por

duas Assistentes Sociais, que acompanham as famílias enlutadas, atuando de forma

ética, humana, prestando todo apoio e orientação necessária para a liberação do

* Retirar acessos e sondas, procedimentos básicos necessários para levar o corpo ao necrotério.

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corpo o quanto antes do hospital. Quando este óbito ocorre durante feriados, final de

semana e período noturno, o Assistente Social do plantão é acionado para intervir.

Ao ingressar no Curso de Mestrado houve a oportunidade de atuar como

plantonista noturno, em que uma das demandas é o acompanhamento das

situações de óbito. Para desempenhar tais atribuições de modo adequado houve a

necessidade de preparo teórico e prático. Assim, existiu o estímulo para desenvolver

este estudo, inclusive para também auxiliar na operacionalidade das atividades

frente a esta situação especificamente.

Portanto, o mestrado se mostrou como condição ideal para o preparo

profissional e entendimento do processo de morte e luto, dessa forma a pesquisa

proposta surgiu a partir desta necessidade profissional como Assistente Social no

Plantão do Serviço Social, em que as demandas apresentadas são inerentes ao

cotidiano do hospital.

Para Monteiro (2010, p.497) a intervenção do Assistente Social no âmbito da

saúde corresponde a:

Um espaço de múltiplas oportunidades de trabalho social, já que é a porta de entrada para o usuário em termos de possibilidades de se trabalhar na perspectiva de ampliação da cidadania. Um espaço em que o Serviço Social trabalhe de forma competente, técnica, política, teórica, eticamente, e em consonância com os princípios norteadores de seu código de Ética profissional.

A proposta do estudo compreende uma reflexão acerca da atuação do

Serviço Social frente a morte e ao luto. Acredita-se que a pesquisa possibilitará

melhor entendimento da finitude humana e, dessa forma, possa contribuir para uma

abordagem profissional humanizada junto aos familiares enlutados. Nuland (1993,

p.81) lembra de que não se deve esquecer que “[...] todos ficamos menores com a

morte: quando o espírito parte, leva com ele a substância vital. Então só fica o corpo

inanimado, que é a menor de todas as coisas que nos fazem humanos.”

O Serviço Social, em sua essência, está comprometido com a humanização

das relações humanas. O Código de Ética profissional apresenta, em seus

princípios, uma postura profissional voltada para as atribuições e competências

direcionadas para o atendimento com qualidade, comprometimento e humanização.

Uma das formas de concretizar essa atribuição está no modo de atender a pessoa

nas suas necessidades humanas de afeto e acolhimento frente ao sofrimento diante

da perda de um familiar.

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Para Deslandes (2006, p.407):

O acolhimento é uma tecnologia que tem sido assimilada na perspectiva de mudança na cultura de atendimento, na transição para um modelo de atenção centrado na pessoa, que valoriza a dimensão subjetiva nas ações de saúde. Aplica-se como uma estratégia de organização da assistência, ampliando o acesso, mudando o foco médico assistencial para o trabalho em equipe multiprofissional e estabelecendo relações pautadas em parâmetros humanitários de solidariedade e cidadania.

Conforme Chupel (2010, p.55):

[...] para o Serviço Social o acolhimento é parte integrante do processo interventivo dos assistentes sociais e congrega três elementos que agem em concomitância: a escuta, a troca de informações e o conhecimento da situação em que se encontra o usuário.

A atuação do Assistente Social no acolhimento ao luto junto aos familiares é

fundamental para dar apoio, voz, prestar esclarecimentos nesse momento tão difícil.

O Serviço Social orienta acerca dos direitos e deveres das famílias no que diz

respeito ao sepultamento, bem como acompanha e viabiliza os procedimentos

necessários para a liberação do corpo da instituição o mais breve possível.

A perda de uma pessoa amada é uma das experiências mais dolorosas que

o ser humano pode vivenciar, pois quando alguém que se ama morre, muitas vezes,

se entra em desespero. Diante dessa realidade é necessário um local adequado

para que os familiares possam expressar sua dor, sofrimento e insatisfação quando

são notificados do óbito, neste momento de extremo sofrimento “a dor é grande

porque a perda é grande. A morte nos separa de todos a quem queremos muito,

inclusive de nós mesmos. É a última das separações.” (KUBLER-ROSS, 1996,

p.199-200).

Embora a morte seja algo certo na vida das pessoas, poucos são aqueles

que estão preparados para enfrentar a perda de alguém próximo e querido e,

quando este se constituiu de um familiar, a aceitação torna-se mais difícil. O

momento da concretude da morte leva as pessoas a ficarem transtornadas e sem

saberem o que fazer. Quando esta ocorre em um ambiente hospitalar com normas e

rotinas específicas, que necessitam ser seguidas, é importante que haja profissional

capacitado que tome a frente e que faça a condução e orientação necessária para o

familiar enlutado, viabilizando o processo de liberação do corpo.

As principais orientações e encaminhamentos desenvolvidos pelo Assistente

Social aos familiares têm suas especificidades de acordo com os diversos tipos de

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óbitos, que são: domiciliares; gestação interrompida, fetal/ natimorto; óbitos de

pacientes com ou sem TFD que são provenientes de outros estados ou municípios;

óbito de paciente ambulatorial; pacientes atendidos no pronto atendimento, em que

ocorre o óbito pouco tempo após ser admitido no serviço com ou sem suspeita de

morte violenta, óbito de paciente de família não localizada, óbito de paciente em

ambulatório e com ou sem necropsia. Para cada situação de óbito o Assistente

Social seguirá procedimentos para viabilizar os documentos necessários à liberação

do corpo o mais breve possível.

Portanto, o Assistente Social diante do óbito tem como uma de suas

atribuições a condução desse processo junto aos familiares e demais serviços

envolvidos. Sendo assim, é importante apresentar a atuação do Assistente Social e

obter estratégias, visando minimizar o tempo de permanência do familiar e do corpo

no hospital, evitando o máximo possível de burocracia, proporcionando um

atendimento humanizado e acolhedor.

Neste contexto, o Assistente Social interage “com pessoas fragilizadas que

nos pedem um gesto humano: um olhar, uma palavra, uma escuta atenta, um

acolhimento, para que possam se fortalecer na sua própria humanidade”

(MARTINELLI, 2011, p.499).

Deste modo, a proposta do Mestrado Profissional em Saúde e Gestão do

Trabalho (MPSGT), em uma perspectiva interdisciplinar, propõe a realização de

estudos visando desenvolver pesquisas que possam atender às necessidades do

serviço, em que o pesquisador esta inserido. Deste modo, a pesquisa propõe

apresentar a atuação do Serviço Social no processo de acolhimento ao luto no

Hospital de Clínicas, e desta forma então obter estratégias de atuação voltadas a

intervenção do Assistente Social no processo de acolhimento aos familiares em

processo de luto. Nesse sentido conforme Martinelli (2011, p. 503):

Se quisermos qualificar a intervenção, temos de fortalecer a produção teórica do conhecimento em Serviço Social, pela mediação da pesquisa, condição indispensável para subsidiar a construção de saberes comprometido com a qualidade do exercício profissional.

Este estudo tem intenção de contribuir para dar visibilidade a atuação do

Assistente Social que tem suas práticas voltadas ao acolhimento ao luto, no

ambiente hospitalar. Evidenciando o quanto é importante a sua participação neste

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processo, promovendo um atendimento humanizado e acolhedor no enfrentamento

da problemática relacionada ao óbito.

Assim, o estudo se propõe a responder: Como é a atuação do Serviço Social

e quais estratégias deverão ser construídas para uma efetiva atuação desse

profissional no processo de acolhimento ao luto com os familiares enlutados do HC-

UFPR?

1.1 OBJETIVOS

1.1.1 Objetivo Geral

Apresentar a atuação do Serviço Social no processo de acolhimento ao luto

do Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Paraná.

1.1.2 Objetivos Específicos

Apreciar o entendimento que os profissionais de saúde que atuam no HC

UFPR têm acerca da atuação do Assistente Social no processo de acolhimento ao

luto.

Descrever os aspectos considerados producentes ou contraproducentes na

visão das famílias enlutadas atendidas sobre a atuação do Serviço Social no

processo de acolhimento ao luto.

Refletir sobre a atuação do Serviço Social no processo de acolhimento ao

luto com os familiares.

Propor estratégias de atuação para o Serviço Social no processo de

acolhimento ao luto com os familiares enlutados do HC- UFPR.

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2 REVISÃO TEÓRICA

A fundamentação teórica desta pesquisa tem como foco trabalhar os temas

que estão relacionados ao estudo, que são: a morte e o luto e os seus significados

para as famílias, e a atuação do Serviço Social na Saúde e a Política Nacional de

Humanização.

2.1 A MORTE E O LUTO

O conceito da palavra morte no dicionário, é definida como: “falecimento,

ameaça eminente à existência individual ou finita, fim do ciclo de vida e limitação da

existência”. Compreende-se que a morte é muito mais do que um evento biológico,

tem também uma dimensão filosófica, antropológica, religiosa, social, psicológica e

espiritual (ABRAGNANO, 2007, p.795-796).

Definir a morte é algo complexo, que inclui um apanhado de ideias e

pensamentos, e cada pessoa terá sua compreensão baseada em suas crenças. A

morte é um acontecimento frente ao qual não se encontram palavras. Algo que a

sociedade tem dificuldade em descrever, de pensar sobre e de nomear o que

representa em função desta complexidade, para cada um, conforme as crenças, as

palavras: “fim, passagem, encontro, paraíso, Deus, reencarnação”, podem dar ideia

do que seja o fenomeno morte (KOVACS, 2003, p. 13).

A autora Isa Jaramillo traz o conceito do morrer bem, no qual define que

morrer com dignidade é ter autonomia nas últimas decisões, isso é uma dádiva para

aqueles que somente viveram a vida bem. Não se trata de boas condições sociais,

mas sim da forma como a morte foi abordada durante a vida. Neste caso, a autora

não está mencionando as mortes súbitas, inesperadas, que acontecem por acidente,

ou suicídio e a morte repentina de causas naturais. Refere-se à morte precedida de

uma doença que fatalmente conduzirá a ela, “para morrer bem, com a nossa

dignidade preservada, com decisões próprias sobre o curso do final da vida e com

paz interior”, dessa forma esse momento poderá ser amenizado (JARAMILLO, 2006,

p. 22).

O processo de envelhecimento é uma fase de preparação gradual para um

indivíduo e também para as pessoas que o cercam que ficarão no mundo sem a

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presença deste. Então, para cada um existe um tempo, como para as folhas, quando

uma geração floresce, outra decai e assim a vida segue, dessa forma “a dignidade

que buscamos na morte deve ser encontrada na dignidade com que vivemos nossas

vidas” (NULAND, 1993, p.260).

Não saber sobre a morte pode ser aterrorizante, o desconhecido é

amedrontador, pois a morte envolve um mistério que a humanidade desconhece, ou

seja, o processo pós-morte. Não saber o que ocorrerá após a morte traz para a

humanidade medo e repúdio. A psiquiatra suiça Elisabeth Kübler-Ross (1987), que

estudou profundamente a morte descreve cinco etapas que as pessoas com

diagnóstico de doença terminal vivenciam até aceitarem a morte de forma tranquila,

as quais são:

1. Negação - a negação e o isolamento funcionam como mecanismo de

defesa, após o choque de receber um diagnóstico de doença terminal.

Nesta fase, as pessoas dizem “isto não é verdade“, acreditam na

possibilidade de erro de diagnóstico.

2. Raiva - as perguntas frequentes são: “por que comigo?”, “por que coisas

ruins acontecem com pessoas boas?” Com tanta gente má por que eu?

Nesta fase, com a raiva estão presentes, também, os sentimentos de

inveja, revolta e ressentimento.

3. Barganha - as barganhas são silenciosas e secretas, a pessoa promete a

Deus uma vida dedicada a Igreja em troca da vida.

4. Depressão - fase de tristeza, apatia, a pessoa chora com frequência, tem

um desinterese por tudo.

5. Aceitação - é o momento de reflexão e repouso e aceitação da morte em

tranquilidade.

Küber-Ross (1997, p.102) destaca que muitas coisas não são ensinadas

durante a formação do profissional da saúde. “Não é ensinada é a compaixão, que

pode curar (heal) qualquer coisa, [...] a principal ajuda que se pode dar ao paciente é

ser bom, cuidadoso, sensível, amoroso – um ser humano”.

Os estudos desenvolvidos por Kluber-Ross sobre a morte e o morrer são

determinantes para que os profissionais possam compreender o sofrimento dos

pacientes diante da morte e, dessa forma, dialogar e dar atenção devida, bem como

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auxiliar os pacientes e familiares a caminharem diante do doloroso processo de

aceitação da morte que se apróxima.

Com relação a este tema é oportuno apresentar partes de uma carta de uma

estudante de enfermagem com doença em fase terminal, contida nos escritos de

Kübler-Ross (1996), na qual relata de forma significativa, como ela foi tratada e do

que precisava enquanto passava por profundo sofrimento:

Estou morrendo, mas ninguém gosta de abordar este assunto. O paciente à morte ainda não é visto como uma pessoa, e assim não se pode falar com ele como tal. [...] Porém, para mim, o medo é hoje a morte agora. Vocês entram no meu quarto, dam-me remédios, verificam minha pressão e se eclipsa uma vez cumprida a tarefa. Será que voces assim procedem porque sou aluna de enfermagem? Ou simplesmente é na qualidade de ser humano que tenho consciência do medo de voces e sei que o seu medo aumenta o meu? Por que estão apavoradas? Eu sou a única que estou morrendo. Sei que se sentem inseguras, não sabem o que dizer, não sabe o que fazer. Apenas admita que se importe. Não fujam... Esperem [...] tudo o que eu quero saber é que haverá alguém para segurar-me a mão quando precisar disso. Estou com medo. A morte pode ser rotina para voces, mas é novidade para mim. Voces podem não me ver como única, original, mas eu nunca morri antes [...] Morrer é uma coisa que nunca até hoje me aconteceu! Tenho montes de coisas para conversar com voces. Na verdade, não lhes tomaria muito tempo, pois, de qualquer maneira, voceês estão aqui mesmo. Se ao mesmo pudéssemos ser honestas, confessar nossos temores tocar-nos... Se realmente se importassem, perderiam muito de seu precioso profissionalismo se chorassem comigo? Apenas pessoa com pessoa? Então poderia não ser tão difícil morrer num hospital com amigos por perto (KÜBLER-ROSS, 1996, p.56-57).

A morte era um fato natural no ambiente familiar, cercado de pessoas

queridas para o enfermo, tudo transcorreria com a maior naturalidade, pois a morte

era parte da vida, sendo compreendido como fato humano. A forma de se posicionar

diante da morte se modifica pela cultura e pela vida em sociedade. Os hábitos e

costumes são influenciados pela tecnologia e pelo desenvolvimento científico, este

fato oportuniza diversas mudanças:

[...] até o início do século passado, as pessoas morriam de patologias que hoje são facilmente controláveis por meio de medicamentos ou intervenções cirurgicas, tais como infecções, feridas, apendicite, diabetes ou problemas cardiacos [...] (VEGA, 2006, p.56).

Com o avanço científico e tecnológico, a morte deixa de acontecer no

ambiente doméstico e passa a ser oculta nos hospitais, em unidades de terapia

intensiva, de emegência, com ruídos de vários aparelhos, em que a pessoa é

privada do silêncio. Tornando-se um acontecimento triste e solitário, “o paciente

morre sozinho entre estranhos: bem intencionados, empáticos, determinantemente

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comprometidos a sustentarem sua vida, mas estranhos mesmo assim. Não há

dignidade ali” (NULAND, 1993, p.59).

Dessa forma, Vega (1993, p.41) compreende que:

A morte é uma parte da própria vida, sua etapa final, da qual não podemos fugir e da qual ninguém pode nos livrar porque nos mecanismos essenciais da vida está sempre, para todos os seres vivos, o dispositivo que deve acabar com esses mecanismos assim que eles tenham cumprido determinadas etapas. Entender esta realidade biológica deve nos permitir olhar para a morte com uma tranquilidade pelo menos relativa, nos prepararmos para quando chegar esta etapa.

Diante de uma doença grave, a família presencia as limitações físicas e

funcionais e compreende que a morte de seu ente querido se aproxima. Os

familiares, inclusive, passam por etapas desde a negação até a aceitação. Com a

progressão da doença a família vive uma complexidade emocional e espiritual diante

da perda que se aproxima (ECHEVERRI, 2006).

O comportamento da família perante o sofrimento intenso de um ente

querido, em que a doença é progressiva, longa e irreversível faz com que os

familiares passem a desejar a morte silenciosamente “que Deus o leve logo [...]. Que

o deixe descansar”. Este pensamento é um gesto de generosidade e compaixão por

parte dos familiares, pois mesmo sofrendo com a perda, desejam que tudo termine

para atenuar o sofrimento de seu familiar (ECHEVERRI, 2006, p.86).

A morte pertence aos que estão morrendo e aos que o amam, não há muito

que fazer por alguém que é muito amado e que esteja próximo de partir, o melhor a

fazer é não o deixar sozinho e procurar manter a tranquilidade para que possa partir

com serenidade e, “despedir-se é ter a generosidade de soltar, de deixar o outro ir e

de agradecer à vida e a Deus o presente que sua presença representou para nós”

(JARAMILLO, 2006, p.37).

Frente a impossibilidade de cura há a necessidade de cuidado na finitude,

denominado de cuidados paliativos. A Organização Mundial da Saúde define

Cuidados Paliativos (2002) como:

O conjunto de medidas destinadas a promover qualidade de vida para pacientes e familiares que enfrentam uma doença ameaçadora da vida, através da prevenção e do alívio do sofrimento, com identificação precoce, controle e tratamento impecáveis de dor e outros sintomas físicos, psicossociais e espirituais.

Os cuidados paliativos foram elaborados por Cicely Saunders, graduada em

Enfermagem, Serviço Social e Medicina, que fundou o Hospice São Cristovão em

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1967 na Inglaterra, para cuidar de pacientes sem possibilidade de cura. Para ela,

“quando não era possível curar, era possível cuidar”. O legado de Cecily, segundo

Carvalho (2009, p.324-325) tem como objetivo essencial a humanidade no

tratamento de pacientes que sofrem de doenças progressivas incuráveis e estão em

fase terminal, pois mantendo:

[...] o paciente livre de dor e sofrimento; oferecer informações e controle das decisões ao paciente; ouvi-lo e acolhê-lo como ser humano, com suas dificuldades, medos, esperanças, crenças e valores. No cuidado da dor, Saunders percebeu a presença de um estado complexo de sentimentos dolorosos no paciente terminal. Seus componentes são: dor física; dor psíquica (sofrimento e medo da morte, tristeza, raiva, revolta, insegurança, desespero, depressão; dor social rejeição, dependência, inutilidade); dor espiritual (falta de sentido na vida e na morte, medo do pós-morte, culpas perante Deus).

Kübler-Ross (1987) tem o mesmo olhar sobre a dor seja ela física,

psicológica ou espiritual no paciente terminal, o qual deve ser controlado para que

possa morrer sem sofrimento, tranquilo e em paz. Para Cecily a abordagem dos

cuidados paliativos também é oferecida aos familiares do paciente, ela se preocupou

em oportunizar conforto e dignidade, não só aos que estão morrendo, mas também

aos seus familiares:

[...] quando falha a expectativa de cura, torna-se mais importante o cuidar... para o paciente juntar vida aos dias e não dias à vida, significando proporcionar-lhe possível qualidade de vida, eliminando sofrimentos inúteis e suavizando o processo de morrer (GONÇALVES, 2012, p.264).

O luto é um processo longo, demorado, que exige uma reorganização da

vida sem a presença de uma pessoa querida. O processo de luto se alterna com

momentos, em que predominam a dor e aflição e são normais as alterações

emocionais, pois quem vive o luto não sofre 24 horas de dor ininterrupta. À medida

que o tempo passa, a dor vai cessando para dar lugar para a tranquilidade. O

propósito do luto é cessar, de forma definitiva, o vínculo com a pessoa que morre.

A longa e escura noite do luto não é eterna, embora por um tempo sintamos que definitivamente não há amanhecer possível... é um processo transitório, isto é, de transição entre ter algo, perdê-lo e retomar a vida com esse vazio (JARAMILLO, 2006, p.208).

Quando se vive o luto, inicialmente, nada parece ser real e a pessoa é

acometida por uma onda de choque emocional, seguida de um estado como se

estivesse anestesiada diante da dor que a perda provoca e, também da ruptura

definitiva de um vínculo significativo, uma vez que se despedir de quem se ama é

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quase inimaginável, em viver com a ausência de quem se ama é muito difícil, “[...] o

único elo em que precisamos acreditar como absolutamente inquebrável na morte é

o amor. Se o amor é o que sentimos que estamos dando nesses misteriosos

momentos que levaram à morte” (NULAND, 1993, p.214).

O luto é uma desordem provocada pelo rompimento de um vínculo, e que

requer um tempo para ser vivenciado para, então, elaborar o sentimento de perda.

Conforme Parkes (1998, p. 62):

[...] o traço mais característico do luto não é a depressão profunda, mas episódios agudos de dor, com muita ansiedade. Os episódios de dor começam algumas horas ou dias após a perda, e, geralmente, chegam a um ápice de intensidade no intervalo de cinco a catorze dias. De início, são muito frequentes e parecem ocorrer espontaneamente, mas à medida que o tempo passa, tornam-se menos frequentes ou ocorrem somente quando provocados por algum estímulo que traz a perda á mente.

O luto é compreendido como um processo normal, que envolve a elaboração

de sentimentos vivenciados por fases. Bromberg (2000, p.37-38) descreve as

reações diante da morte, que são:

1. Entorpecimento: o enlutado tem reação imediata de choque, não

acredita, fica entorpecido diante da notícia da perda. A pessoa se sente

perdida, desamparada, sem direção, isso pode durar horas ou dias.

2. Anseio e protesto: momento de tomada de conciência da perda

irreversível, o enlutado sente a presença do ente querido e ao mesmo

tempo raiva, desespero, apatia e sentimentos repetitivos em relação à

perda.

3. Desespero: fase do primeiro ano de perda, a fase mais difícil, momento

de sofrimento intenso. O enlutado poderá ter perda de apetite e peso,

falta de sono, afastar-se de atividades rotineiras e prazeirosas, evitar o

convívio social, poderá se tornar uma pessoa deprimida e apática.

4. Recuperação e restituição: quando acontece a aceitação gradual da

perda, o enlutado começa a se reorganizar, percebe que é necessário

reconstruir a sua vida. Permite-se a ter pensamentos positivos, iniciativa,

reata laços antigos e começa a fazer novas amizades.

O processo de luto é superado quando se consegue olhar para o passado e

recordar-se do ente querido com carinho, sem dor, quando existir, “a presença da

pessoa perdida internamente em paz, tendo um espaço disponível para outras

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relações”. Compreender que superar não é esquecer, superar é aceitar, olhar para o

passado ter recordações e continuar a viver bem com a ausência da pessoa perdida

(KOVACZ, 1992, p. 50).

2.2 HUMANIZAÇÃO HOSPITALAR

A Constituição Brasileira defende a Saúde como um direito de todos e dever

do Estado. O cenário da Saúde no Brasil se manifesta por meio das lacunas

existentes ao acesso dos serviços e bens de saúde, com limitações ao acesso e a

garantia dos direitos. Esta realidade leva à necessidade de mudanças que exigem o

comprometimento de todos os envolvidos nesta área, na criação de novas atitudes

frente às relações estabelecidas pela defesa da vida, no âmbito da saúde (BRASIL,

2006).

Em 2003, o Ministério da Saúde lançou a Política Nacional de Humanização

(PNH), a qual busca, por meio da humanização, a consolidação de uma política que

propõe a mudança na cultura da atenção ao usuário, transformando essa relação

em uma relação de horizontalidade e confiança. Uma nova perspectiva da gestão

em saúde, um projeto de corresponsabilidade dos diferentes atores com

estreitamento de seus vínculos. Com isso, a PNH impõe como característica ou

qualidade fundamental a humanização das práticas em todas as instâncias da área

da saúde da rede do Sistema Único de Saúde (SUS), também nas unidades básicas

de saúde (BRASIL, 2006).

Para Rios (2009), o maior desafio da PNH é o modelo de gestão

participativa, o qual deve estar em concordância nas diversas instâncias

profissionais, superando um modelo de trabalho fragmentado para construir um

trabalho integrado. Sendo assim, ter uma visão do todo para a busca de soluções

compartilhadas, em que a escuta e a fala são valorizadas. Dessa forma, o que se

espera é a valorização das pessoas e o comprometimento e responsabilidade de

todos em prol do bem comum.

O HumanizaSUS em seu marco teórico define que

[...] humanizar é, então ofertar atendimento de qualidade articulando os avanços tecnológicos com acolhimento, com melhoria dos ambientes de cuidado e das condições de trabalho dos profissionais (BRASIL, 2006, p. 06).

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Deslandes (2004) afirma que, para humanizar a assistência é necessário

humanizar também a produção, qualificando e remunerando melhor os

trabalhadores, a valorização e o investimento possibilitam atuação mais crítica e

comprometida com suas práticas de saúde.

Para o HumanizaSUS, a humanização não significa tornar a relação

profissional de saúde com os usuários mais humana visando o caráter filantrópico,

correndo o risco de pensar na humanização, enquanto um favor e não como direito à

saúde. Humanização é a proposta de uma nova relação entre os usuários, os

profissionais que atendem e a comunidade. É a proposta de um trabalho coletivo

para que o SUS seja mais acolhedor, mais ágil e com locais mais confortáveis e

compatíveis com a dignidade necessária para atendimento aos usuários. É a defesa

de um SUS, que reconhece e respeita a diversidade do povo brasileiro e a todos

oferece o mesmo tratamento (BRASIL, 2006).

Nesse sentido, Silva e Arizono (2008) complementam que a PNH vem

contribuir para que as ações de saúde ocorram, visando garantir os direitos dos

usuários, de forma igualitária, em todas as redes de serviços de saúde, que os

usuários percebam a atenção, o acolhimento enquanto direito, sem a conotação de

favor.

Humanizar não é tarefa fácil, requer criação de estratégias para sua

consolidação, implicando na mudança de comportamento e busca por referenciais

comprometidos com a valorização do ser humano, com comprometimento e

sensibilização, com padrões éticos. A humanização envolve também a construção

de atitudes éticas, estéticas e políticas que juntamente com o projeto de

corresponsabilidade e produção dos vínculos entre os profissionais e estes com os

usuários (BRASIL, 2006).

Mezzomo (2012) compreende a humanização como um dever de todos,

independe da posição ocupada ou da atividade desempenhada, tem-se que ter

consciência que se está atendendo um ser humano em situação de fragilidade que

requer respeito, dessa forma, a humanização será comprometedora e gratificante.

Em 2001, “com o propósito de resgatar o respeito à vida humana”, o Hospital

de Clínicas enquanto hospital público passou a integrar a Política Nacional de

Humanização, instituindo o Comitê de Humanização com o objetivo de propor e

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fortalecer ações já desenvolvidas e reconhecidas como ações humanizadoras

(COSTA, 2009, p. 330).

O Comitê de Humanização do HC-UFPR vem atuando com ações

planejadas, conta com a participação de pessoas que representam diversas áreas

do Hospital, organizada em Grupos de Trabalho e desenvolvendo e coordenando

ações e projetos, tais como: Grupo Científico, Grupo de Trabalho do Acolhimento,

Grupo de Trabalho Amigos da Leitura, Grupo de Trabalho Metas, Grupo de Trabalho

de Encontro de Humanização, Grupo de Trabalho de Tanatologia, Programa de

Escolarização Hospitalar, Serviço de Acolhimento ao Luto, Acolhimento Familiar –

Projeto da Pediatria por meio da ONG Cuidando com Arte e Alegria, Acolhimento

com Avaliação de Risco no Pronto Atendimento, Projeto Posso Ajudar?, Visita

Aberta e Direito a Acompanhante, Serviço de Ouvidoria, Rodas de Conversa,

Método Mãe Canguru e Humanização no Parto, Serviço de Voluntários e Projeto de

ampliação dos Trabalhos em Cuidados Paliativos. O Comitê de Humanização

incentiva e possibilita a realização de iniciativas humanizadoras e também fortalece

as já existentes. Busca com estas ações a redução de filas de espera, atendimento

acolhedor e resolutivo, garantia dos direitos dos usuários, valorização do trabalho na

saúde, gestão participativa nos serviços, atenção com responsabilidade e vínculo.

(HOSPITAL DE CLÍNICAS – UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ, 2007).

Dentre as ações implementadas pelo Comitê de humanização destacam-se

o Serviço Social de acolhimento ao luto, que iniciou suas atividades em junho de

2006. Deste modo, promove um atendimento diferenciado e qualificado às famílias

em processo de luto, as mesmas são acompanhadas durante os encaminhamentos

burocráticos no Hospital, recebem orientação sobre seus direitos e deveres

referentes ao sepultamento.

Nesse sentido, o Serviço Social de acolhimento ao luto tem como objetivo

humanizar o atendimento e normatizar o óbito no hospital proporcionando aos

familiares, juntamente com a equipe multidisciplinar um atendimento humanizado e

de qualidade. Conforme Vasconcelos (2006), a atuação do Serviço Social no

momento do óbito pode fazer uma diferença significativa ao acolher, orientar e

apoiar as famílias enlutadas.

Para a multiplicação, divulgação e operacionalização das propostas de

atenção de humanização na Saúde Pública o HumanizaSUS elaborou Cartilhas da

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PNH. O objetivo fundamental da Política de Humanização é aprimorar as relações

entre profissionais, usuários e entre hospital e comunidade, visando à melhoria e à

eficácia dos serviços prestados por estas instituições (DESLANDES, 2006)

É relevante destacar o que Silva e Arizono (2008, p.10) afirmam que, para

que a PNH aconteça de fato, há necessidade de revisão de valores, conceitos e

posturas de todos os envolvidos no processo de saúde. Costa (2009) complementa

que há necessidade de superação do modelo médico hegemônico para reconstruir

os processos de trabalho em saúde pública em defesa da vida.

2.3 SERVIÇO SOCIAL HOSPITALAR

A inserção do Assistente Social na área da Saúde é recente em nosso país.

A profissão iniciou suas atividades em ambulatórios hospitalares atuando com casos

de tuberculose, hanseníase e outras epidemias surgidas com a industrialização,

prendendo-se ao fato da necessidade de serem trabalhadas as relações familiares e

sociais do paciente (COSTA, 2000).

O Conselho Nacional de Saúde reconhece por meio da Resolução nº 218 de

06/03/97, o Assistente Social enquanto profissional da Saúde:

A importância da ação interdisciplinar no âmbito da saúde; e o reconhecimento das ações realizadas pelos diferentes profissionais de nível superior constitui um avanço no que tange à concepção de saúde e à integralidade da atenção. Então determina como profissionais de saúde de nível superior as seguintes categorias: Assistentes Sociais, Biólogos, Profissionais de Educação Física, Enfermeiros, Farmacêuticos, Fisioterapeutas, Fonoaudiólogos, Médicos, Médicos Veterinários, Nutricionistas, Odontólogos, Psicólogos e Terapeutas Ocupacionais (CONSELHO NACIONAL DE SAÚDE, 1997).

O Conselho Federal de Serviço Social no uso de suas atribuições legais e

regimentais caracteriza o Assistente Social como profissional da saúde com a

determinação da Resolução CFESS nº 383, em 29 de março de 1999 (CONSELHO

FEDERAL DE SERVIÇO SOCIAL, 1999).

Pode-se, então, compreender, a partir dessa Resolução, que a saúde é um

espaço em que os Assistentes Sociais concretizam suas práticas com suporte de

profissionais de diversas especialidades e formações, e cada profissional coloca a

serviço dos pacientes e seus familiares os conhecimentos e técnicas de sua área de

competência. Conforme Souza (1993, p.58):

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O Serviço Social no setor da saúde tem evidenciado que sua intervenção expressa na pratica profissional dos Assistentes Sociais, tem se tornado necessário na promoção, proteção e recuperação da saúde em diferentes níveis. As demandas que se colocam à profissão neste setor vêm exigindo dos profissionais conhecimentos específicos relativos à saúde e possibilitando tanto a ampliação da área de intervenção como espaço para a reflexão da pratica.

A inserção do Assistente Social na Saúde está fundamentada no princípio de

que a qualidade de prestação dos serviços de saúde não está relacionada ao

atendimento à doença, mas à identificação, correlação dos fatores sócio-econômico-

culturais e participação da família no processo de tratamento.

O assistente social é fundamental, pois proporciona apoio ao paciente e à família e os direciona aos recursos que supram as dificuldades que surgiram ou foram maximizadas com a doença, acolhendo e orientando em relação às questões sociais (LEHFELD, 2010, p. 398).

No Hospital de Clínicas - UFPR o Serviço Social foi implantado em 1961

com a inauguração do Hospital. Atualmente, este serviço conta com quarenta

Assistentes Sociais. A ação profissional do Assistente Social ocorre no planejamento

e execução de políticas sociais específicas, viabilizadas na prestação de serviços à

população, trabalhando como objetivo maior as questões socioeducativas,

visualizando o ser humano dentro do seu contexto individual e coletivo, com o

desenvolvimento de ações que viabilizem o atendimento globalizado de saúde ao

usuário do Hospital. As ações desse profissional são pautadas na execução das

rotinas de atendimentos construídas com a prática profissional e na implantação de

programas, estimulando novos projetos que visem à melhoria da qualidade do

atendimento ao usuário e que atendam às propostas de ações educativas e

preventivas. Tem como objetivos aprimorar e humanizar o atendimento no Hospital

de Clínicas - UFPR e no atendimento à demanda apresentada pelos usuários;

proporcionar aos mesmos um atendimento de qualidade, específico, técnico e

diferenciado em relação à problemática, com orientação e o encaminhamento aos

recursos adequados, amparado e legitimado pelo Código de Ética da Profissão

(HOSPITAL DE CLÍNICAS – UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ, 2007).

O Assistente Social no HC-UFPR realiza atendimento, encaminhamento,

acolhimento e acompanhamento das demandas sociais inerentes aos pacientes e

seus familiares. Visando proporcionar aos pacientes e seus familiares um

atendimento específico, técnico e diferenciado e de qualidade, amparados e

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legitimados pelo Código de Ética da profissão, de forma que atuem promovendo o

acesso às políticas sociais, que possam favorecer e possibilitar a concretização do

tratamento (CONSELHO FEDERAL DE SERVIÇO SOCIAL, 2010).

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3 METODOLOGIA

Pesquisa descritiva, qualitativa e exploratória. As pesquisas com análise

qualitativas são aplicáveis ao estudo da história, das representações, das

percepções, das relações, das crenças e das opiniões, produtos das interpretações

que os sujeitos fazem a respeito de como vivem, sentem, criam e pensam (MINAYO,

2006).

Para Minayo (2006), a pesquisa exploratória permite conhecer a realidade,

sendo a construção da base teórica do estudo proposto. A pesquisa descritiva é um

delineamento da realidade, pois descreve as condições atuais, as necessidades e as

características do fenômeno pesquisado contribuindo para uma nova visão sobre a

realidade.

Elegeu-se como método a pesquisa qualitativa, em função de esta

possibilitar um conhecimento do objeto de estudo e suas relações com o meio do

qual faz parte. Os métodos qualitativos facilitam o estudo de experiências subjetivas

e proporcionam a inserção do pesquisador na realidade pesquisada, estudando-a

em seus múltiplos aspectos, facilitando uma maior compreensão dos dados

levantados.

Na pesquisa qualitativa, todas as pessoas que participam da pesquisa são reconhecidas como sujeitos que elaboram conhecimentos e produzem práticas adequadas para intervir nos problemas que identificam. Pressupõe-se, pois, que elas têm conhecimento prático, de sendo comum a representação relativamente elaboradas que formam uma concepção de vida e orienta suas ações individuais (CHIZZOTTI, 1998 , p.83).

3.1 CENÁRIO DA PESQUISA

O estudo foi realizado no Hospital de Clínicas - UFPR, reconhecido centro

de excelência em atendimento, ensino e pesquisa científica. É o terceiro Hospital

Universitário do Brasil, como Hospital Escola da Universidade Federal do Paraná

atua na formação de diversos profissionais da área da saúde.

A média mensal de atendimento é de 61.000 pacientes, 1.500 internações e

837 cirurgias. O HC dispõe de 261 consultórios e 510 leitos distribuídos em 25

unidades de internação nas áreas clínica, cirúrgica, pediátrica e maternidade, que

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podem ser totalizadas em 59 especialidades. A instituição conta com,

aproximadamente, 2.900 funcionários: médicos, profissionais de enfermagem e

demais áreas. Também atuam no HC cerca de 260 professores de medicina, 250

voluntários e 307 residentes de medicina e multiprofissionais.

Em 2001/2012 foi incluída a mudança da gestão para um modelo colegiado

e mais participativo com a implantação gradativa de Unidades Gerenciais, que reúne

serviços e especialidades pela linha de cuidado, totalizando cinco Unidades

Gerenciais Administrativas e dezesseis Unidades Gerenciais Assistenciais. Outro

título muito importante para o HC e para a comunidade é o “Amigo da Criança”,

oferecido pela UNESCO em 1995, obtido por cumprir os meios e as práticas

necessárias em prol do aleitamento materno.

Em 2002 teve início no HC o Programa de Acreditação que teve como meta

a certificação da instituição como Hospital Acreditado pela Organização Nacional de

Acreditação (ONA). A partir deste Programa foi criada, em 2010, a Assessoria de

Gestão da Qualidade (AGQ), com a função de assessorar e realizar consultoria

interna, desenvolver atividades relacionadas à política da qualidade, ao

planejamento e coordenação dos processos da qualidade, e à educação e

treinamentos voltados para a melhoria da gestão na instituição. O trabalho da

Assessoria de Gestão da Qualidade tem fundamentação em três programas:

Programa de Segurança do Paciente, Programa de Acreditação e Programa 5S.

Em agosto de 2011 a Instituição recebeu o Certificado de Hospital

Acreditado Nível 1 pela Organização Nacional de Acreditação – ONA, portanto O

Hospital de Clínicas é o único hospital de Ensino Federal, 100% SUS em todo o

Brasil a ostentar o título de Hospital Acreditado – Nível 1, desde seu cinquentenário

em 05 de agosto de 2011 (HOSPITAL DE CLÍNICAS - UNIVERSIDADE FEDERAL

DO PARANÁ, 2011, p. 10-18).

No contexto do Hospital de Clínicas, o Serviço Social está inserido na

unidade funcional denominada Unidade Multiprofissional de Atendimento

Diagnóstico e Terapêutico - UNIMULT, a qual é composta por quatro serviços que

contemplam seis categorias profissionais, as quais são: Serviço Social, Psicologia,

Terapia Ocupacional, Fisioterapia, Fonoaudiologia e Musicoterapia (HOSPITAL DE

CLÍNICAS - UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ, 2011).

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O Serviço Social no Hospital de Clínicas contribui para a defesa da política

pública de saúde, garantindo os direitos sociais, fortalecendo a participação social, e

também na viabilização do Sistema Único de Saúde no âmbito hospitalar

(CONSELHO FEDERAL DE SERVIÇO SOCIAL, 2010).

O Serviço Social no HC-UFPR atende seus usuários, de forma contínua, nas

24 horas diárias, com plantões noturnos, finais de semana e feriados, durante o ano

inteiro. O Serviço Social passou a desenvolver ações de preceptoria, coordenação e

tutoria no Programa de residência integrada Multiprofissional em Atenção Hospitalar.

Também oportuniza campo de Estágio Supervisionado na Graduação de Serviço

Social (HOSPITAL DE CLÍNICAS - UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ, 2011).

3.2 SUJEITOS DA PESQUISA

Os sujeitos da pesquisa foram os familiares adultos, e com parentesco de

primeiro grau dos pacientes que vieram a óbito, nos meses de abril e maio de 2014 e

que foram atendidos pelo Serviço Social do Hospital de Clínicas-UFPR, bem como

os enfermeiros envolvidos no atendimento desses familiares. A escolha da coleta de

dados, neste período, vem de encontro com o procedimento metodológico de

amostragem não probabilística intencional, proposto por Leopardi (2011, p.157), em

que o pesquisador pode escolher um período e colher dados.

Para definir os sujeitos deste estudo foram estabelecidos os seguintes

critérios de elegibilidade: 1) Familiares de pacientes que foram atendidos no Hospital

de Clínicas – UFPR, que residem em Curitiba (PR) ou região metropolitana, que

aceitaram os termos e condições da pesquisa e assinaram o TCLE. 2) Enfermeiros

que atuam na Unidade de Urgência e Emergência Adulto - UUEA (Unidade de

Terapia Intensiva- UTI, Centro de Terapia Semi-intensiva-CTSI e Pronto

Atendimento-PA Emergência). Destacam-se estas Unidades de internação por

serem os locais do Hospital, em que ocorre o maior número de óbitos. Contudo, só

participaram aqueles que concordaram e assinaram o Termo de Consentimento

Livre e Esclarecido (TCLE) – (Apêndices H e I).

Os participantes da pesquisa foram 13 enfermeiros, que desempenham suas

atividades na Unidade de Urgência e Emergência Adulto do Hospital. Sendo que, 05

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atuam no PA, 04 na UTI e 04 na Semi-intensiva. E, destes 04 são masculinos e 09

femininos.

Quanto aos familiares, 09 participaram da pesquisa, sendo que 06 residem

em Curitiba e 03 residem na Região Metropolitana de Curitiba. Das entrevistas 05

foram realizadas no domicilio das famílias. E, 02 realizadas no Hospital de Clínicas e

02 no trabalho dos familiares.

Em relação ao parentesco dos pacientes em óbito, 04 eram filhos, 03

cônjuges, 01 irmã e um genro. A idade dos familiares entrevistados variou de 29 à

73 anos; 03 masculinos e 06 femininos.

3.3 QUESTÕES ÉTICAS

Ressaltamos que antes de qualquer contato com os participantes do estudo,

a pesquisadora tomou os cuidados éticos, que são indispensáveis quando se trata

de pesquisa envolvendo pessoas. Neste sentido, inicialmente foi realizada a ação

que preconiza a Resolução do CNS 466/2012 sobre as diretrizes e normas

reguladoras para pesquisa em seres humanos, ou seja, o projeto de pesquisa foi

encaminhado ao Comitê de Ética e Pesquisa (CEP) da Univali e do Hospital de

Clínicas, sendo este aprovado por meio dos pareceres: 553.267 e 627.691,

respectivamente. A pesquisa foi iniciada somente após aprovação de ambos os

Comitês de Ética em Pesquisa.

Outros cuidados que foram tomados podem ser expostos como:

1. Solicitação de autorização ao Hospital de Clínicas da UFPR para

coleta de dados (Apêndice A).

2. Termo de Anuência da Instituição Co-participante para coleta de

dados de pesquisa envolvendo seres humanos (ApêndiceB).

3. Autorização da Unidade Multiprofissional de Atendimento Diagnóstico

e Terapêutico - UNIMULT (Apêndice C).

4. Solicitação de acesso institucional da Unidade Multiprofissional de

Atendimento Diagnóstico e Terapêutico - UNIMULT (Apêndice D).

5. Autorização da Unidade Multiprofissional de Atendimento Diagnóstico

e Terapêutico – UNIMULT e Serviço de Psicologia (Apêndice E).

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6. Solicitação de acesso institucional da Unidade de Urgência e

Emergência Adulto - UUEA (Apêndice F).

7. Autorização da Unidade de Urgência e Emergência Adulto - UUEA

(Apêndice G) .

8. Solicitou-se para cada participante a assinatura de um Termo de

Consentimento Livre e Esclarecido (Apêndices H e I ).

9. Assinatura do Termo de utilização de Dados, no qual os

pesquisadores se comprometem a utilizar os documentos de forma

fidedigna e, o Termo de Análise do Mérito, no qual constam as

possíveis contribuições do estudo (Apêndices J e K).

A pesquisadora propiciou a liberdade aos participantes da pesquisa de

recusarem a participar, se assim o desejassem, sem que isso apresentasse qualquer

prejuízo no seu tratamento ou atividade profissional. Durante todo o processo de

pesquisa, os dados foram mantidos em sigilo e manuseados somente por envolvidos

no projeto.

Ressalta-se que o anonimato dos sujeitos participantes está mantido em

caráter confidencial, sendo que os mesmos receberam codinomes de F para

familiar e E para enfermeiro, seguido da ordem numérica a partir da temporalidade

da entrevista.

Os resultados desta pesquisa são apresentados no Curso de Mestrado em

Saúde e Gestão do Trabalho da Universidade do Vale do Itajaí, sendo que os

participantes foram convidados para assistir a defesa da dissertação de mestrado. E,

será entregue uma cópia do relatório final para a instituição hospitalar, além de

verificar a possibilidade de apresentar os resultados na própria instituição.

3.4 COLETA DE DADOS

A coleta de dados foi realizada por meio da entrevista, que é uma técnica

que permite conhecer a população atendida no estudo.

A entrevista fornece os dados básicos para o desenvolvimento e a compreensão das relações entre os atores sociais e sua situação. O objetivo é uma compreensão detalhada das crenças, atitudes, valores e motivações, em relação aos comportamentos das pessoas em contextos sociais específicos (BAUER; GASKELL, 2002, p. 65).

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A entrevista focalizada possibilita ao entrevistado descontração e liberdade

de expressão e, ao pesquisador segurança no sentido de não desviar seus

objetivos. Por meio de um roteiro, previamente definido, se traz assuntos que

atendam ao interesse da pesquisa. “O propósito de uma entrevista focalizada ou em

profundidade é adquirir um entendimento o mais completo e detalhado possível do

tema abordado” (TOBAR; YALOUR, 2002, p. 101).

A entrevista seguiu um roteiro semiestruturado. Conforme Marsiglia (2009,

p.392), “na entrevista semiestruturada, estruturada ou padronizada o pesquisador

aborda alguns tópicos e os sujeitos que participam do estudo falam o que pensam

sobre eles”.

Portanto, foi utilizado um roteiro distinto de perguntas para cada um dos

grupos de sujeitos pesquisados (Apêndices L e M). As entrevistas foram gravadas e

transcritas, na integra, objetivando garantir a coerência e fidedignidade dos dados

coletados, facilitando a sua análise.

Os familiares enlutados foram convidados a participar da pesquisa via

contato telefônico, sendo que os contatos aconteceram após o oitavo dia do óbito.

Contudo, ressalta-se que se teve muito cuidado para não pressionar o familiar

respeitando seu tempo de luto, os mesmos foram informados que caso não

apresentassem condições de participar da entrevista, no dia agendado poderiam

informar para cancelar ou reagendar.

As entrevistas ocorreram nos locais e datas conforme disponibilidade dos

familiares. Se houvesse necessidade de um acompanhamento mais próximo aos

familiares participantes, os mesmos poderiam ser encaminhados ao Grupo de

acolhimento às pessoas e famílias enlutadas, no Ambulatório de Saúde Mental do

Hospital.

Podemos ressaltar que a participação dos familiares foi fundamental para

informar como é a atuação do Assistente Social após o óbito. E, mesmo vivendo um

momento delicado, com a perda recente, todos que foram convidados aceitaram e

colaboraram prontamente com o estudo.

As entrevistas com os enfermeiros ocorreram no próprio Hospital, sendo

acordado com os profissionais o melhor horário, para que não houvesse

interferência no desempenho de suas atividades profissionais. Todavia, foram

escolhidos ambientes que possibilitassem tranquilidade e sem ruídos externos.

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Procurou-se convidar os enfermeiros de todos os turnos. Ressalta-se que as

entrevistas com os enfermeiros também obedeceu aos mesmos quesitos de

disponibilidade.

Na coleta de dados todos os enfermeiros que foram convidados participaram

prontamente. Entendemos que um fato que tenha colaborado, talvez, é que a

pesquisadora estava inserida em um Hospital Universitário, em que são

desenvolvidas pesquisas em todas as áreas de atuação. Os enfermeiros destacam o

preparo que o profissional do Serviço Social tem para intervir junto às famílias nas

situações de óbito. Afirmam que a intervenção do Assistente Social colabora para

amenizar a dor da perda para as famílias em processo de luto.

A coleta de dados se encerrou na ocorrência da saturação destes. O

fechamento amostral por saturação teórica é operacionalmente definido como a

suspensão de inclusão de novos participantes quando “os dados obtidos passam a

apresentar, na avaliação do pesquisador, certa redundância ou repetição, não sendo

considerado relevante persistir na coleta de dados.” (FONTANELLA; RICAS;

TURATO, 2008, p. 17).

3.5 ANÁLISE DE DADOS

Para analisar e interpretar os dados coletados optou-se pela Análise

Temática, pois este método possibilita compreender o verdadeiro sentido das

comunicações, por meio de seu conteúdo e significações explícitas ou latentes. “ Na

análise temática, como o próprio nome indica, o conceito central é o tema [...]. O

tema é a unidade de significação” (MINAYO, 2012, p.86).

Os dados coletados foram analisados seguindo as três fases (BARDIN,

2012): Pré-análise: nesta fase faz-se uma organização dos dados coletados e leitura

dos mesmos. Em seguida, é realizada uma seleção dos dados de acordo com o

enfoque da pesquisa. Exploração do material: a segunda fase consiste em codificar

e classificar o material escolhido. Tratamento dos resultados obtidos e interpretação:

é a fase em que os dados já estão codificados e classificados segundo categorias de

análise. São realizadas interpretações em torno do tema pesquisado.

Portanto, após a transcrição e leitura exaustiva das entrevistas foi possível

apresentar os resultados em três momentos. O primeiro compreende a

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caracterização dos óbitos; o segundo corresponde a atuação do Assistente Social

na visão dos familiares enlutados e dos enfermeiros, e está estruturada em duas

categorias juntamente com as suas subcategorias correspondentes. Por fim, o

terceiro abrange a síntese propositiva obtida a partir dos achados e sugestões

apresentadas pelos sujeitos pesquisados e da vivência da pesquisadora frente ao

seu cotidiano de trabalho a fim de aprimorar a atuação do Assistente Social no

processo de acolhimento ao luto.

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Quadro 1 - Síntese da organização de apresentação dos resultados

1º momento: Caracterização dos óbitos

Tipo de óbito

Período em que ocorreu o óbito

Idade dos pacientes que foram a óbito

Procedência dos pacientes que foram a óbito

Atendimento do Serviço Social nas situações de óbito

2º momento: Atuação do Serviço Social

1ª Categoria: A notícia do óbito Recebendo a notícia

Sentimentos envolvidos durante e pós a notícia

2ª Categoria: A atuação do Serviço Social no óbito

Acolhimento

Orientações burocráticas

3º momento: Síntese propositiva para atuação do Ser viço Social

Implementar a ambiência hospitalar para atender os familiares/ acompanhantes

Unidade de internação de Cuidados Paliativos

Assistente Social na Unidade de Urgência e Emergência Adulto

Espaço para acolhimento nas unidades no anexo H

Ampliar e diversificar o horário dos residentes de Psicologia

Elaborar Folder para o Serviço Social de acolhimento ao luto

Encaminhamento ao Grupo de acolhimento às pessoas e famílias enlutadas

Celular Institucional

Apresentação do corpo no necrotério

Formalizar o Fluxo da comunicação do óbito

Educação permanente

Fonte: Dados de Pesquisa, 2014.

A análise de dados estabeleceu uma relação da percepção dos familiares e

enfermeiros da Unidade de Urgência e Emergência Adultas do Hospital de Clínicas

acerca da atuação do Assistente Social no acolhimento ao luto.

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4 RESULTADOS E DISCUSSÕES

Neste capitulo são apresentados os resultados da pesquisa e sua discussão,

em três momentos: 1) Caracterização dos óbitos: tipo e período do óbito; idade,

procedência dos pacientes e; atendimento do Serviço Social. 2) Atuação do

Serviço Social: Por meio de duas categorias definidoras - Categoria 1: A notícia

do óbito (recebendo a notícia e, os sentimentos envolvidos durante e pós a notícia);

Categoria 2: A atuação do Serviço Social no óbito (Acolhimento e orientações

burocráticas) e, 3) Síntese propositiva para atuação do Serviço Social no óbito.

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4.1 CARACTERIZAÇÃO DOS ÓBITOS

Tabela 1 - Caracterização dos óbitos CARACTERÍSTICAS N %

Tipo de óbitos

Óbitos domiciliares 02 3, 77

Óbitos com familiares não identificados 01 1, 89

Óbitos de natimortos 02 3, 77

Outros óbitos† 48 90, 57

Procedência

Curitiba 26 49, 06

Região Metropolitana de Curitiba 17 32, 07

Interior do Paraná 07 13, 21

Outros Estados 02 3, 77

Sem origem identificada 01 1, 89

Idade

Natimorto 02 3, 77

0 a 2 anos 02 3, 77

10 à 20 anos 02 3, 77

21 à 30 anos 05 9, 43

31 á 40 anos 04 7, 55

41 à 50 anos 03 5, 66

51 á 60 anos 10 18, 87

61 à 70 anos 07 13, 21

71 à 80 anos 14 26, 42

81 à 90 anos 04 7, 55

Período do óbito

Diurno 29 54, 72

Noturno 24 45, 28

Atendimentos pelo Serviço Social

Acolhimento ao luto 19 35, 85

Plantão final de semana e feriados 10 18, 87

Plantão noturno 24 45, 28

Fonte: Livro de Registro de óbitos HC UFPR, 2014.

† Óbitos com ou sem necropsia, óbitos de pacientes sem ou com TFD ocorridos durante a hospitalização.

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Com relação aos óbitos verifica-se que 96,23% foram óbitos ocorridos no

ambiente hospitalar basicamente nas unidades de terapia intensivas e clínicas

médica e cirúrgica, mas há registro de óbitos acontecidos no domicilio (3,77%). Os

pacientes acompanhados no Serviço de Hematologia e Oncologia, e ocorrendo o

óbito domiciliar, os familiares são orientados a contatar o Serviço Social, a fim de

receber as orientações de como proceder, pois existe um combinado entre médicos

e familiares para assinatura da declaração de óbito. (ANDREIU; CASTRO, 2012).

A procedência dos pacientes em óbitos teve como maior frequência em

Curitiba (PR) 49,06% e, Região Metropolitana de Curitiba com o total de 32,07%

todavia se observa que 07, ou seja, 13,21% são do interior do Paraná, já 3,77% são

provenientes de outros Estados e 1,89% sem Estado de origem identificado. O

atendimento prestado pelo Hospital não se limita ao atendimento da demanda de

Curitiba e cidades adjacentes, é um centro de referência em atenção de alta

complexidade, recebe também pacientes de outras cidades do estado do Paraná e

também de outros estados. (HOSPITAL DE CLÍNICAS – UFPR, 2014).

A idade dos óbitos tem predomínio de 71 a 80 anos (26,42%), contudo

observa-se que há registro em todas as idades, todavia ao se aproximar da velhice

fica mais frequente a presença da morte. O envelhecimento traz a sensação de

proximidade da morte. O fato de surgirem doenças crônicas, nesta fase da vida,

possibilita o agravamento da saúde o que contribui para o acontecimento, conforme

afirma Venturelli (2011).

Os óbitos ocorreram na maioria durante o período diurno (54,72%), o que

justifica a divisão do atendimento do Assistente Social no serviço de acolhimento ao

luto (35,85%) e nos plantões de final de semana e feriado (18,87%). Porém, todos

os óbitos que ocorreram no período no noturno (45,29%) foram atendidos pelos

Assistentes Sociais que estavam de plantão no mesmo turno (45,28%).

Para participar da entrevista foram eleitos os familiares dentre os óbitos

acima relatados, mas que estivessem em acordo com os critérios preestabelecidos,

ora já mencionados. Portanto, os 09 (nove) familiares foram recebidos nos três

serviços de atendimentos previstos no hospital do Serviço Social, plantão de final de

semana (01), acolhimento ao luto (04) e plantão noturno (04), sendo que a idade

variou entre 46 anos a 76 anos, onde oito óbitos ocorreram no ambiente hospitalar e

um óbito domiciliar.

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Já os profissionais enfermeiros convidados atuam na Unidade de Urgência e

Emergência Adulto (UUEA), na Unidade de Terapia Intensiva (UTI), no Centro de

Terapia Semi-intensiva (CTSI) e, Pronto Atendimento (PA) locais do Hospital onde

ocorrem o maior número de óbitos. São esses os enfermeiros que prestam

atendimento tanto, aos familiares quanto, aos pacientes na ocorrência do óbito.

Após finalizar as entrevistas de ambos os participantes foi possível fazer a

categorização dos relatos com relação a atuação do Assistente Social frente aos

olhos dos mesmos e, assim refletir sobre novas possibilidades de ação profissional.

4.2 A ATUAÇÃO DO SERVIÇO SOCIAL NO ÓBITO

4.2.1 Categoria 1 – A notícia do óbito

4.2.2 Subcategoria: recebendo a notícia do óbito

Na subcategoria recebendo a notícia do óbito os familiares identificam o

profissional do Hospital que comunicou o óbito. Sendo que 09 informaram que

receberam a notícia do médico, sendo que 01 destes, o psicólogo estava presente,

no momento do evento. O Hospital de Clínicas tem uma rotina estabelecida em

relação à notificação do óbito aos familiares, sendo esta uma atribuição do médico.

Já E3 e E4 comentam que acompanham o médico o momento de dar a noticia do

óbito. E6 e E9 não explicam se estão presentes na noticia do óbito limitam-se em

dizer que é o medico que o faz.

O médico falou para mim que fizeram de tudo e não conseguiram trazer ele de volta. (F1)

Meu irmão chegou primeiro, e o médico já tinha conversado com ele, eu cheguei e em seguida, o médico me explicou também. (F2)

Quem deu a notícia foi o médico que estava lá e a psicóloga. (F3)

[...] aguardamos um pouco, chamaram a gente em uma salinha e deram a notícia, foi um médico e estava também a médica que eu gostei muito, que atendeu meu pai quando ele chegou. (F4)

[...] a médica deu a notícia que eles foram para dar banho nele as 22h e ele já tinha falecido. (F6)

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Conversamos com o médico. Ele que notificou o óbito [... ]. (F7)

[...] eles vem aqui nós damos a notícia de óbito, eu como enfermeiro acompanho, o médico a gente da notícia de óbito. (E3)

A família vem até o setor, ali o médico, eu e o médico a gente conversa, da à notícia do óbito [...]. (E4)

[...] o médico da à notícia e explica [...]. (E6)

A familia vem para cá e o médico da a notícia [...]. (E9)

Santos (2009) ressalta que cabe ao médico dar o diagnóstico, informar o

prognóstico, comunicar a gravidade do quadro clínico, e quando acontecer o óbito

conversar com os familiares, esclarecer as dúvidas e fornecer o atestado de óbito.

Para tanto, sua participação no processo é fundamental, a forma de comunicar a

notícia para a família é determinante, tem que ser educado para agir com

humanidade, cuidado e compaixão.

Paiva (2009) aponta que a sabedoria, a sensibilidade e a humanidade

também fazem parte da assistência médica. Todos os esclarecimentos das dúvidas

do quadro clínico contribuem para elaborar o luto e dar continuidade à vida.

Podemos perceber através dos relatos, que a forma do médico dar a notícia,

ameniza a dor das famílias, pois nesse momento as famílias não precisam de um

profissional extremamente técnico que opere aparelhos para realizar intervenções

diagnosticas e terapêuticas, necessitam de profissional que acolha e que seja

sensível dando o suporte necessário aos mesmos (ARAÚJO, 2009).

[...] o médico segurou na minha mão e falou: tenho uma notícia e não é boa. Eu comecei tremer, eles me deram água, ele falou seu marido faleceu [...]. (F1)

Ele que notificou o óbito com muita calma, muito cuidado, foi generoso ao falar, muito gentil no falar. (F7)

[...] a Dra me deu um abraço, disse que sentia muito pela perda e me explicou como aconteceu tudo. (F8)

Neto, Sirimarco e Cândido (2013, p.519), ressaltam que a má notícia

provoca profundas transformações na vida das pessoas que as recebem, portanto, a

forma de comunicação pode propiciar sérios impactos negativos, normalmente a

pessoa que recebe a má noticia, não esquecerá: “o local, a data e a forma como

esta foi transmitida”. Todavia, é fundamental o preparo e o cuidado, uma postura

acolhedora e tranquila do profissional nesse momento. Quando a má notícia é

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transmitida de forma inadequada pode provocar “sentimentos exacerbados como a

angústia, desespero e tristeza”.

Souza (2012, p. 311-312) demonstra que a medicina é uma arte, o médico

vivencia situações que não só dizem respeito ao tratamento do paciente. Que

exigem além do domínio do conhecimento, da técnica e ciência, mas, também, o

trato com os familiares, que muitas vezes encontram-se fragilizados e precisam de

compreensão e apoio.

Possuir vasto conhecimento científico, certificados de pós-graduação ou doutorado, ou até mesmo muitos anos de exercício profissional pode ser qualificado como um padrão elevado. Mas a postura com que o médico se coloca ante as diversas situações que enfrenta no dia a dia junto a seus pacientes constitui o mais importante indicador de sua eficiência.

Os enfermeiros relatam que as famílias comparecem para receber a notícia

e que é o médico o notificador do ocorrido, estando ou não acompanhado por outros

profissionais, contudo somente E10 ressalta que o Assistente Social, também,

deveria participar desse momento.

[...] é bem importante que a Assistente Social esteja presente, esteja somando na equipe, somos uma equipe multiprofissional, então é importante que ela venha fazer o papel dela, e a família vai sentir que tem mais um profissional dando assistência para eles, na hora mais difícil da vida deles. (E10)

Para Lemos (2009, p. 120) o Serviço Social é fundamental nesse momento,

pois contribui significativamente com o seu conhecimento voltado para intervenção

efetiva de condutas humanizadas.

Em relação a atuação do Assistente Social na situação de óbito, Dutra

(2011) afirma que este profissional é fundamental, pois a sua formação favorece

uma abordagem que o momento de perda exige, respeitando a dor, apoiando, e com

a sensibilidade apropriada para interagir no contexto.

Faz parte da rotina do Assistente Social oferecer apoio e escuta qualificada

no momento difícil da perda, “às vezes só é necessário estamos presentes, e o não

fazer já é, por si só, é uma ação.” (ANDRADE, 2009, p.288).

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4.2.3 Subcategoria: Os sentimentos envolvidos durante e após a notícia

Os sentimentos envolvidos relatados pelos familiares durante e após a

notícia são retratados de diversas maneiras, tais como: choque, tristeza, pavor, sem

direção, abalada, sem raciocínio, assustado, nervoso e desespero.

Eu fiquei em estado de choque, achava que ele estava na UTI. Na hora você fica sem direção[...]. (F1)

Você esta abalada pela emoção. Para mim foi um choque, agente não espera aquilo [...]. (F2)

É um momento triste que todo mundo tem que passar [...]. (F3)

Eu estava tão apavorada. (F4)

Minha irmã estava abalada porque ele faleceu na presença dela. (F5)

[...] no momento agente estava muito assustado, muito nervoso. (F6)

Então a gente não está preparada, por mais que você esteja acompanhando o dia a dia da pessoa que esta doente é sempre um choque, por mais que você espere é um choque. (F7)

As falas dos enfermeiros corroboram com os sentimentos informados pelos

familiares que após receberem a notificação do óbito, as reações manifestadas são

de desespero, dor, angústia, fica perdido, tristeza, nervosismo, histeria, muitas

dúvidas de como proceder, preocupação, sem chão.

Vem aquele desespero [... ]. (E1)

[...] porque quando você perde alguém você fica perdido, é o Assistente Social que dá um norte para essas famílias [...]. (E 3)

[...] a família fica perdida [...]. (E4)

[...] mas tem situações que a família fica muito histérica [...]. (E7)

[...] o que eu vou fazer agora? O que vai acontecer agora? O que eu posso fazer? São as interrogações que a família tem e que o Serviço Social tem como conduzir. (E 8)

[...] geralmente eles ficam nervosos [...]. (E9)

[...] a família fica perdida, não sabe que rumo tomar, sai o chão. (E10)

[...] desestruturada e perdida [...]. (E11)

[...] mas quando acontecem eles perdem o chão mesmo. A família fica bem perdida mesmo [...]. (E13)

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Os sentimentos relatados pelos familiares de acordo com Araújo (2009, p.

218) são reações esperadas para este momento. Os familiares passam por um

“turbilhão de sentimentos, combinação de choque, incerteza, tristeza, confusão,

estresse, ansiedade e desconforto”.

Kubler-Ross (1987, p.185) recomenda a equipe de saúde que “deixem o

parente falar, chorar ou gritar, se necessário. Deixem que participem, conversem,

mas fique a disposição. É longo o período de luto que tem pela frente”.

Para a prática do cuidado humanizado é fundamental ter claro os processos

de morte e morrer, as manifestações que surgem com a perda e o luto, pois não há

o que fazer para curar a dor daquele que morre, bem como nada que alivie o

sofrimento dos familiares que perdem uma pessoa amada (ELIAS, 2001).

No que diz respeito a esse momento:

A perda de uma pessoa amada é uma das experiências mais intensamente dolorosas que o ser humano pode sofrer. É penosa não só para quem a experimenta, como também para quem a observa, ainda que pelo simples fato de sermos tão impotentes para ajudar. Para a pessoa enlutada, apenas a volta da pessoa perdida pode proporcionar o verdadeiro conforto [...]. (BOWLBY, 1998, p. 4).

Ter alguém para auxiliar neste momento difícil, em que poucos são os que

possuem habilidade e tranquilidade para realizar os procedimentos necessários para

desenrolar o processo de liberação do corpo é muito importante e significativo. Na

fala de F2, F6 e F7 ficam evidenciadas a participação do Assistente Social, neste

processo:

Então uma pessoa resolve tudo, te da os documentos te explica tudo certo. É muito importante, porque você fica aliviada, porque você não sabe o que fazer [...]. Naquela hora você não consegue raciocinar direito e ela conversa com você de uma maneira que ela explica, ela reexplica de novo, para ver se você esta entendendo o que ela esta falando e com uma educação e com carinho, que aquilo fica na tua cabeça, você consegue pegar o que ela esta falando [...]. (F2)

Foi bem tranquilizadora, efetiva a conversa com a Assistente Social que estava a noite, a gente conseguiu ser tranquilizado num momento de desespero. (F6)

E, depois do falecimento dela, quando a gente soube, vieram falar com a gente. Senti-me segura e melhor. (F7)

Neste momento, Kubler-Ross (2002, p.207) descreve que as famílias

precisam de um ser humano que pode ser um amigo, o enfermeiro, o capelão, o

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médico, enfim qualquer pessoa, não para dar conselhos, mas que esteja disponível

para atender e ouvir os familiares aliviando o sofrimento intenso.

Quando são informados que um profissional esclarecerá todas as dúvidas e

acompanhará os procedimentos para liberação do corpo, os mesmos se sentem

tranquilos, mesmo passando por abalos emocionais. E5 expõem que estes

sentimentos podem ser amenizados quando há um direcionamento adequado dos

profissionais do Serviço Social neste processo, comparando ao colo protetor de uma

mãe.

O familiar está num momento muito triste, muito confuso, cheio de informações novas, eles não estão preparados para lidar com toda esta questão que eu entendo que seja burocrática, de como que vão funcionar a partir do momento do óbito, quando agente fala que tem um serviço que acompanha, que vai orientar eles, eles ficam mais tranquilos. E, nesse momento é fundamental essa assistência, porque eles têm tantos problemas para ver, tanta tristeza, problemas familiares para resolver que o Serviço Social é fundamental. ... então é como se fosse uma mãe pegando no colo para levar em determinado lugar. (E5)

A intervenção do Assistente Social logo após receberem a notificação do

óbito proporciona ao familiar segurança, acolhimento e, de certa forma, ameniza a

dor momentaneamente.

[...] enquanto a gente passa para o Assistente Social pro Serviço Social já quando eles retornam de lá, eles já retornam muito mais calmos [...]. (E1)

Ele tem uma facilidade maior que os outros profissionais de fazer essa escuta ativa de fazer esse acolhimento em relação à família, eu acho que esse é um papel fundamental, vejo o Assistente Social nesse papel. (E2)

[...] a agilidade que a gente tem em relação a isso é muito importante porque tira uma angustia muito grande da família, porque tem o processo do luto, o processo da dor da perda. (E3)

Então é imprescindível o papel dela nesse momento, nesse acolhimento, nesse processo. Para a família é imprescindível, a família se sente mais segura, respeitada e acolhida. (E4)

[...] ela chegando até o setor e conversando com a família, a família vai se sentir mais acolhida, mais conforto, vai sentir que as pessoas se importaram com ela e com a dor dela, porque é uma situação muito complicada. (E10)

A experiência do luto é difícil, lenta e exaustiva, requer tempo para aprender

a viver sem a presença de uma pessoa importante, toda a ajuda é necessária, “na

morte e na dor não precisamos de tanta proteção contra experiências dolorosas

quanto necessitamos de coragem para encará-las” (KUBLER-ROSS, 1996, p.137).

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Giusti (2008) destaca que entre as várias manifestações do luto pode estar

presente a culpa que alguns familiares podem sentir como se pode observar na fala

de E10:

A família sente que abandonou o doente, que ele morreu sozinho, longe da família, então ela tem essa dor também, às vezes algum sentimento de culpa porque não chegou antes [...]. (E10)

Nuland (1993) aponta que a morte no hospital se tornou uma morte solitária,

o paciente é separado de sua família, das pessoas que o amam, está em um

ambiente de muita tecnologia, conectado a sofisticados aparelhos, sendo

acompanhado e tratado por pessoas altamente especializadas, porém sem

nenhuma afetividade.

Conforme Carvalho e Azevedo (2009), as UTIs surgem como importante

aparato tecnológico, com a finalidade de prolongar e restaurar a vida. No entanto,

estes ambientes ocorrem mais mortes em relação a outras áreas do hospital e, a

permanência dos familiares é limitada, favorecendo a morte silenciosa e solitária. A

família não tem oportunidade de cuidar de estar com seu familiar nos momentos

finais e de se despedir adequadamente. Dos 53 óbitos ocorridos no período de

estudo, 75,47 % ocorreram nas UTIs do Hospital, comprovando a afirmação citada

por Carvalho e Azevedo.

Almeida (2013, p.150) destaca que a UTI é repleta de aparelhos

sofisticados, pessoas altamente capacitadas para realização de procedimentos e

cuidados intensos e, ao mesmo tempo é um ambiente hostil, de dor, de sofrimento

com risco de morte iminente, um local de incertezas, que predomina “a morte

moderna”.

A morte moderna acontece no ambiente de terapia intensiva, em que o

paciente é assistido até os últimos momentos, procurando minimizar a dor física e o

desconforto. O corpo é invadido por tubos, cercado de aparelhos, suas funções

vitais são monitoradas e submetido a rotinas que o distanciam de sua família,

privilegiando a competência dos profissionais que ali atuam, conforme ressalta

Menezes (2003).

As normas da unidade limitam o convívio do paciente com sua família, com

uma rotina própria, a UTI tem vários impedimentos institucionais, que dificultam a

presença da família junto ao paciente. Nesse sentido, Nogueira; Oliveira e Pimentel

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(2006) propõem considerar a reorganização hospitalar para oportunizar a finalização

da vida na presença de sua da família.

Os enfermeiros informam quando o óbito do paciente se aproxima, quais são

as medidas tomadas pela equipe na UTI para a permanência da família e também a

atuação dos profissionais de enfermagem para amenizar o sofrimento do paciente

rompendo com a rotina do setor. E3 deixa entrar mais de uma pessoa não havendo

limite de idade e amplia o horário. E7 ao perceber que o óbito está próximo tenta se

aproximar do familiar tentando preparar os mesmos e também ampliam o

quantitativo de pessoas e o horário de visitas. E10 tem a mesma atitude de E3 e E7.

Faço horário de visita mais estendida, deixo entrar mais de duas pessoas, permitimos acompanhante, entra também criança [...]. (E3)

Quando o paciente vai se tornando grave, agente já chega mais próxima dessa família, tanto a enfermagem quanto a equipe medica. Então tentamos deixar a família mais ou menos preparada. Liberamos mais pessoas para vir, para tentar ficar mais perto do familiar, porque são só 2 pessoas que entram em cada horário de visita, se agente deixar so isso, para um paciente grave, não supre a necessidade da família.Nós vamos liberando a família, tentamos o máximo possivel, a noite deixamos até as 23h horas ou 00: 00 eles entram. (E 7)

Em caso do paciente terminal, comunicamos a família e aumentamos o número de pessoas para visitar durante o dia e a noite, nós abrimos exceção para ele possa se despedir do seu familiar. Sempre que tem essa situação a gente faz. É uma forma de tentar humanizar, dar apoio para a família e para o paciente também, ele não consegue falar, não consegue ouvir, mas ele esta ali percebendo e sentindo a presença do familiar. Às vezes ele depende de uma pessoa para vir vê-lo. Ele esta aguardando aquela pessoa chegar para ir embora. (E10)

E5 expõem varias situações afirmando que o setor e os profissionais não

estão preparados para atender os familiares neste momento, eles sabem resolver os

problemas técnicos e clínicos. Sugerindo que tivesse uma unidade de cuidados

paliativos para alguns casos e que haja profissionais qualificados para atender.

Associa essa ideia como uma forma de humanizar a finitude da vida de modo a ser

assistida em todo o seu contexto seja estético ou espiritual.

[...] nós ainda precisamos nos preparar para atender esses pacientes. A gente não sabe de fato atender eles, sabemos atender alterações clínicas desses pacientes. Estamos aprendendo atender o familiar do paciente em fase terminal. O ideal é que tivéssemos uma unidade de cuidados paliativos aqui, que atendesse todos os pacientes em estado terminal e com equipe preparada para isso. Nossa seria um atendimento muito diferente, porque o paciente e a família têm necessidades muitos especiais nesse momento [...]. Essa é uma situação de humanização, de cuidar do corpo, deixar o corpo bonito, entre aspas apesar de toda a feiura que existe aqui dentro, mas deixar o paciente bonito, cheiroso para que o familiar venha sinta o cuidado

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nesse momento, deixar a família mais aqui perto, se disponibiliza para qualquer dúvida, o paciente esta respirando de uma forma diferente, que tem uma respiração específica no momento da morte. Se disponibilizar para a família para o que eles acharem necessário. (E5)

E13 diz que deixam o último box da UTI para os casos terminais facilitando o

acesso dos familiares e o utilizam como um espaço de cuidado paliativo. E11 vai à

mesma direção providencia o conforto do paciente minimizando o sofrimento para a

sua “passagem”.

Nós como enfermeiros assistenciais deixamos o último Box para o paciente paliativo liberando mais visitas, mais acompanhantes, temos uma visão de não deixar o paciente passar fome, sede e dor. Dar o máximo possível de conforto, privacidade [...]. (E13)

[...] que ele não tenha dor, tenha conforto, um colchão para que a pele dele não se prejudique, nós liberamos e deixamos o horário livre para quem quiser vir, quantas pessoas, só fazemos um rodízio para não ficarem muitas pessoas no quarto. Penso que isso é humanização, o atendimento a esse paciente. Se for um paciente que esta com muita dor são feito um planejamento de analgesia, para esse paciente não ficar em agonia, e ter uma passagem mais serena, digamos se isso é possível, porque é um momento que nós não sabemos o que ali esta se passando com aquela pessoa, ela esta sentindo, o que esta passando na cabeça dela, mas a analgesia, um conforto nós sempre prestamos neste momento. (E11)

E9 pemite que o familiar permaneça o máximo possível junto e provê as

condições para que isso ocorra solicitando o apoio do Serviço Social. Ressalta que,

às vezes, criticam a ausência do familiar na visita, mas esquecem de verificar os

motivos desta falta.

Permitir que a família fique junto, ver qual é a condição da família, para a família estar junto, nós já tivemos situação que nós queriamos que a família ficasse junto com o paciente, não lembro se era pcte terminal, mas a família não tinha condições de pagar o ônibus para vir aqui. Então o Serviço Social estava junto para resolver isso, o Serviço Social ajudando a resolver para conseguir o dinheiro, para a família estar presente. Tem várias situações que com uma conversa com outro profissional, as vezes, eles tem conhecimento que nós não temos. Nós criticamos porque essa a família não vem ficar com o paciente, mas a gente não sabe que eles não tem dinheiro para pagar o ônibus.( E 9)

Pode-se perceber que os enfermeiros flexibilizam os horários de visitas, para

oportunizar ao paciente a presença de seus familiares, a fim de tentar suprir as

necessidades de ambos, porém não é autorizada a permanência em tempo integral,

que é o ideal nesse momento. Estes profissionais entendem e demonstram

preocupação para o cuidado e atendimento tanto ao paciente em fase terminal

quanto aos familiares. Outros enfermeiros tem com aspectos técnicos da profissão,

relatados como o bem estar físico do paciente, manter o paciente com boa

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aparência, sem dor, dar conforto, alimentação, privacidade, dessa forma

contribuindo para a humanização frente a morte .

A hospitalização em UTI não propicia uma passagem da vida para o

paciente na presença de sua família, esse é um momento privilegiado, que deveria

ser acompanhado por todas as pessoas importantes para o paciente, é necessário

“reconhecer que nesse momento da proximidade da morte não é um momento

propriamente clínico [...]” (HENNEZEL; LELOUP, 1999, p. 49).

Nem todo aparato tecnológico disponível no ambiente hospitalar poderá

impedir a morte de acontecer, consideramos fundamental humanizar este momento,

entendemos que o enfermeiro é parte fundamental nesse processo, sua habilidade,

conhecimento técnico e o poder de decisão e gerenciamento das UTIs no HC podem

possibilitar a dignidade que o momento de partida exige. Colaborando para a criação

de um protocolo que privilegie a permanência da família no momento da morte, se

esta estiver e se sentir preparada para participar. Ao longo da atuação profissional

da pesquisadora se tem acompanhado e convocado a pedido de algumas equipes

as famílias para permanecerem no momento de partida do paciente. Dessa forma,

se propicia mais humanização no processo de morte, com mais dignidade para o

paciente, maior conforto e tranquilidade para a família e menor apreensão aos

profissionais envolvidos.

4.3 CATEGORIA 2 – A ATUAÇÃO DO SERVIÇO SOCIAL NO ÓBITO

4.3.1 Subcategoria: Acolhimento

O Serviço Social é comunicado do óbito pela enfermagem ou médico da

unidade e, em seguida, acessa o cadastro de internação para localizar a família.

Feito isso, a família é chamada para comparecer com urgência, portando documento

oficial com foto do paciente e familiar e também comprovante de residência do

paciente. Todavia, é o médico da Clínica em que o paciente está que informa o óbito

ao familiar. (ANDREIU; CASTRO, 2012).

Pode-se perceber como acontece o processo através das falas dos

enfermeiros:

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[...] teve óbito eu avisei, esqueço, e posso tocar a UTI tranquilo. Sei que o Serviço Social está pronto para resolver aquilo ali [...] o paciente indo a óbito não me traz preocupação, eu sei que vai ter continuidade pelo Serviço Social [...]. (E1)

[...] o paciente falece, a gente liga para o Serviço Social fazer o contato com a família [...]. (E6)

[...] primeiro contato que fazemos com o Serviço Social é para entrar em contato com a família, para a família vir [...]. (E7)

[...] são as Assistentes Sociais que fazem o contato o quanto antes com a família, é importante que esta família seja comunicada, e são elas que fazem este primeiro contato, nós avisamos o momento do óbito, elas entram em contato com a família e nos dão retorno depois para a família vir receber no local adequado esse ente que foi a óbito. (E8)

[...] quando tem óbito na unidade sempre ligamos para o Serviço Social e pedimos para entar em contato com a família. (E9)

[...] ligamos e falamos o paciente tal foi a óbito tal hora, a Assistente Social vai ao registro e pega o contato e liga para a família, eu sei que é uma posição difícil falar de óbito por telefone, ela não pode falar, ela fala que esta passando mal para a família vir aqui falar com o médico. Mas quando ela fala que é para vir aqui com documentos à família já sabe, já foi conversado com a família, já esta ciente da situação. (E10)

[...] muitas vezes o acompanhante do paciente não esta presente e o Serviço Social acaba fazendo este intercambio de conseguir entrar em contato com a família. (E13)

Nas entrevistas, os familiares informam que receberam chamado do

hospital, para comparecer, não identificam quem foi o profissional, por não conhecer

o processo de trabalho referente a este momento.

Quando a família se encontra presente no momento do óbito, ela é abordada

pelo Serviço Social no local da ocorrência. O Assistente Social se apresenta, fala de

seu papel e identifica os membros da família. (ANDREIU; CASTRO, 2012).

Neste momento, os familiares presentes são acolhidos e informados do óbito

e dos procedimentos necessários, ou, no caso dos familiares serem chamados para

virem ao hospital, após receberem a notícia do óbito pelo médico, são

encaminhados para o acolhimento com o Assistente Social. O acolhimento é

realizado de forma humana, cordial, sensível e profissional, enquanto se

encaminham todas as questões legais que envolvem a liberação do corpo e do

sepultamento.

O fato de o Assistente Social acolher e acompanhar a família ao mesmo

tempo humaniza os encaminhamentos das questões legais, tranquiliza e referencia

as famílias num momento em que a alma sente dor e a emoção se sobrepõe à

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razão. Neste contexto, “acolher significa oferecer ou obter refúgio, proteção, ou

conforto físico, proteger, abrigar, amparar.” (HENNINGTON, 2005, p. 259).

Pode-se compreender com os relatos dos enfermeiros que o Assistente

Social é o profissional que realiza o acolhimento no momento do óbito e esta

intervenção contribui para minimizar o sofrimento enfrentado pelos familiares:

[...] de acolher esta família, é imprescindível porque a família fica perdida, muitas vezes não consegue nem fazer uma ligação. Então é imprescindível o papel dela nesse momento, nesse acolhimento, nesse processo. Para a família é imprescindível, a família se sente mais segura, respeitada e acolhida. (E5)

[...] acionamos o Serviço Social para fazer o acolhimento da família. (E6)

[...] o Serviço Social é bem bom o que eles fazem, a parte do acolhimento quando a família esta aqui. (E9)

[...] a família se sente mais segura, mais assistida, mais acolhida. (E10)

[...] eu quero destacar esta parte da humanização perante as famílias os acompanhantes que é muito importante neste momento [...]. (E8)

[...] ter a humanização para o familiar... [...] acolhimento [...]. (E13)

Para Matias (2008, p. 203), as dificuldades que os profissionais de saúde

sentem para intervir em situações de morte acontecem devido a sua preparação

técnica voltada para uma rotina pautada na busca do bem estar e ações que visam a

preservação da vida. A fala do enfermeiro retrata esta dificuldade:

[...] com relação ao óbito eu considero assim o Serviço Social a abordagem que ele faz com relação ao acolhimento, a família, as pessoas que estão presentes no momento do óbito e os familiares que veem posteriormente considero isso um ponto positivo esse acolhimento. E, o contato inicial com a família eu acho um passo muito difícil, é uma coisa muito difícil, que o fato de você escutar, sentar com a família de você fazer esse acolhimento, nós tentamos, mas eu confesso que é muito difícil, eu acho que o Assistente Social ele acaba conseguindo trabalhar isso de uma forma mais tranquila. (E2)

Em relação a este momento, Parkes (1998, p.245) diz que “olhar de frente

para os problemas do luto e do enlutamento em lugar de voltar às costas para eles,

é a chave para um trabalho bem sucedido com o luto, para o que sofre, o que ajuda,

o planejador e o pesquisador”.

Nos relatos os enfermeiros compreendem que o Assistente Social está mais

preparado, tecnicamente, para intervir no momento do óbito junto às famílias:

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[...] é a questão do preparo mesmo, preparo de conhecimento de todo o processo. A experiência e qualificação profissional que tem para isso, para lidar com essa questão [...]. (E1)

[...] o Assistente Social tem preparo[...]. (E7)

São as interrogações que a família tem e que o Serviço Social tem como conduzir, tem todo o processo para ser acompanhando e orientada a essas famílias. (E8)

A Assistente Social tem perfil para isso, tem esse preparo e só tem aquela pessoa para assistir naquele momento, e nós não temos só aquela pessoa para assistir, tem que cuidar do corpo para levar ao necrotério e ainda cuidar dos demais pacientes da unidade. (E10)

O Assistente Social talvez por vir de fora e não acompanhar o processo da doença e do fim daquela vida consiga passar mais informações, e está mais preparado [...]. (E11)

[...] então elas são as pessoas mais habilitadas para fazer isso porque tem o conhecimento[...]. (E12)

Quanto a este contexto Lemos (2009, p. 123) ressalta que para o Serviço

Social não é facil intervir apoiando as famílias no momento de morte, “exige de nós

maturidade, profissionalismo, conhecimento mas, antes de tudo sensibilidade”.

Nas falas dos familiares entrevistados se pode acompanhar qual é a

percepção acerca da intervenção do Assistente Social:

Ela é como posso falar para você, ela é capacitada para explicar nessa hora difícil, para fazer você entender nesse momento difícil, ela é muito atenciosa. (F2)

Ela foi muito solidaria, a profissional que estava aqui no dia parece que ela é uma pessoa vocacionada[...]. (F9)

Em relação a esta conduta profissional utiliza-se o conceito de Pessini;

Bertachini (2004, p.4) em que, “destaca-se nesse contexto a presença solidária do

profissional com habilidade humana e científica...a solidariedade e o atendimento

digno com calor humano são imprescindíveis”.

4.3.2 Subcategoria: Orientações burocráticas

Esta subcategoria se refere a todos os encaminhamentos e orientações que

os familiares recebem do Serviço Social após o acolhimento até a liberação do corpo

para sepultar, quais sejam: acompanhar ao necrotério para ver o corpo e preencher

a declaração de óbito (DO) e Livro de Registro de óbitos, informar e esclarecer a

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família sobre seus direitos e deveres relacionados ao sepultamento e viabilizar a

entrega da DO .

Quando os médicos sentem-se impossibilitados de assinar a DO com a

causa óbito que justificou o tratamento realizado durante o internamento, solicitam

autópsia para definição da ocorrência do óbito. Algumas famílias são enfáticas em

não autorizar o exame. Nesses casos, o Assistente Social atua como mediador, mas

em todos os casos, prevalece sempre a vontade da família. (ANDREIU; CASTRO,

2012)

Para os autores Idalino, Gomes e Cury (2004) a autópsia é um procedimento

fundamental para esclarecer o motivo do óbito, sua finalidade é confirmar ou alterar

o diagnóstico, ou também identificar outros dados que ainda não haviam sido

identificados clinicamente.

Através das falas percebe-se que o Serviço Social é acionado para participar

dos trâmites burocráticos que envolvem a autópsia.

Ela perguntou se agente queria a autópsia para saber a causa da morte. (F2)

[...] no momento foi mais falado sobre a autópsia porque eu queria [...]. (F6)

[...] para nós (P.A), uma época tínhamos muitos mais óbitos, ou, o paciente já chegava em óbito, então tem uma conduta pela Serviço Social e também pelo Hospital se vai liberar esse corpo ou acionar o IML. Nós da Enfermagem fazemos o contato com o Serviço Social. (E8)

Eles têm medo que o ente querido que fosse a óbito acabe passando por procedimento de estudo, porque o Hospital de Clínicas é um Hospital escola e quando o Serviço Social orienta e dá suporte eles ficam mais tranquilos. (E13)

A autópsia somente é realizada se for necessário para esclarecer a causa do

óbito e com autorização da família. A fala do enfermeiro retrata a preocupação dos

familiares em relação ao procedimento, por entender que o fato do óbito ocorrer em

um hospital universitário será obrigatório realizar a autópsia, com os esclarecimentos

do Serviço Social, os familiares se entendem que o procedimento só será realizado

com a autorização da família.

O Assistente Social esclarece todas as dúvidas referentes aos trâmites

burocráticos necessários para liberação do corpo do Hospital para que o velório e o

sepultamento aconteçam o mais breve possível. Como se pode acompanhar nas

falas de familiares e enfermeiros que relatam esta intervenção:

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A Assistente Social falou bastante coisa sobre a liberação [...]. (F4)

Ela recebeu a nossa família para falar tudo o que tinha que ser feito dali em diante para o corpo sair do Hospital. (F8)

[...] vocês vêm para poderem se inteirar da situação social e para a liberação, tanto a liberação do corpo em si e também da condução desse preparo para a família conduzir para um enterro digno, isso é muito importante. (E8)

[...] a família fica muito preocupada de como proceder, já sabe que o familiar morreu, agora preciso saber como encaminhar o corpo e como resolver[...] (E9)

Alguém para direcionar: liberação do corpo [...]. (F13)

Na situação do óbito é necessária a atuação de um profissional com

formação e sensibilidade para orientar, encaminhar, tomar providências junto aos

que sofrem com a perda, conforme Dutra (2010) envolvem informações referentes a

benefícios essenciais para prover um funeral digno, que os familiares muitas vezes

desconhecem.

Quando a família possui plano funerário, o Serviço Social realiza contato

com o mesmo, encaminha a família com a documentação necessária, conforme

informam as falas:

Ela deu aquela guia amarela e branca e, explicou que com aquele papel tínhamos que ir até o plano funerário. (F1)

Ela entregou o documento para irmos ao Serviço Funerário, levar o documento. (F2)

Ela explicou certinho, ela deu as informações onde tinha que ir para tirar a via FAF, lá no Cemitério Central. Como agente já tinha plano funerário, ela ligou lá na funerária eles já vieram para nos acompanhar até o serviço funerário municipal. (F3)

[...] então pensei que essa parte fosse bem complicada, mas a . .me orientou que se a gente fosse fazer por nossa conta seria de uma forma e se a gente optasse pela funerária seria de outra forma, e a gente optou pela funerária fazer. (F7)

Ela fez a ligação para o nosso plano funerário explicou onde agente tinha que ir depois do Hospital. (F8)

[...] orientação de como vai proceder à questão de funerárias e tudo mais que a gente realmente não sabe... Fazer a orientação correta desde a questão de funerária, mais ou menos o tempo que leva a documentação [...]. (E1)

Vocês vão dar o encaminhamento burocrático do óbito aqui dentro, vão articular se ele tem plano funerário ou não, ter esse suporte social para ele mesmo, é fundamental, é um problema a menos para eles , é um problema importante. (E5)

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[...] após o óbito para conduzir e esse trâmite também com a funerária, com a liberação do corpo aqui do próprio Hospital, das normas e rotinas aqui do nosso Hospital, então são elas que vão conduzir essa situação depois do óbito. Toda essa documentação/toda essa rotina, que eu me refiro a isso, são os documentos as normas que são necessárias para legalizar ter toda a segurança da família conduzir à funerária e depois ser liberado. (E8)

[...] explicar como funciona a central de luto[...]. (E9)

O Assistente Social orienta acerca dos procedimentos no Serviço Funerário

Municipal, órgão administrado pelo Departamento de Serviços Especiais da

Secretaria Municipal do Meio Ambiente da Prefeitura Municipal de Curitiba. É o

órgão fiscalizador e regulador das agências permissionárias em Curitiba, onde o

familiar apresentará a 1ª via da DO. A DO é um documento oficial que será utilizado

para registro da certidão de óbito em cartório e inclusive autoriza também o

sepultamento. O registro da Certidão de Óbito em Cartório é realizado com a 2ª via

da DO, após a emissão , o familiar deverá apresentar xerox da certidão de óbito no

cemitério . A DO é fornecida e controlada pela Secretaria Municipal de Saúde de

Curitiba – Setor de Epidemiologia. A 1ª e 2ª vias são entregues aos familiares. A 3ª

via fica no HC, que após utilização pelo setor de Epidemiologia do Hospital, retorna a

Anatomia Patológica para arquivo permanente. (ANDREIU; CASTRO, 2012).

No Serviço Funerário Municipal (SFM) o familiar será atendido por um

servidor, o qual irá emitir a Ficha de Acompanhamento Funeral (FAF). Este

documento contém dados da pessoa falecida, da pessoa declarante, do óbito, do

funeral, da funerária e do servidor atendente no SFM. É emitida em quatro vias,

sendo que a 4ª via é entregue ao funcionário do necrotério do Hospital, quando a

funerária vier retirar o corpo no HC. O corpo só é liberado do hospital mediante a

apresentação da FAF pelo agente da funerária. Esta via, futuramente, será recolhida

pelo servidor fiscal do SFM quando vier ao HC conferir a FAF com as anotações

realizadas no livro de registro de óbitos do HC.

Quando a funerária vier retirar o corpo, o agente funeral apresentará a 4ª via

da FAF ao funcionário do necrotério. Este por sua vez, lançará no livro de registro de

óbitos, os dados relativos a funerária, como: nome e endereço, o nome do motorista

e seu RG, identificação do veículo, placas e finalmente solicitará ao agente

assinatura para a retirada do corpo. Neste momento, irá marcar o horário em que a

funerária saiu do necrotério com o corpo. (ANDREIU; CASTRO, 2012).

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O Assistente Social orienta os familiares que não possuem condições

financeiras para o sepultamento quanto a gratuidade (fornecimento de urna, carro

funerário e local para sepultamento). Conforme se pode acompanhar nas falas:

[...] se você não tivesse condições de pagar a Prefeitura é obrigado fornecer. (F2)

Nós estávamos sem dinheiro nenhum para o sepultamento, a Assistente Social tentou e conseguiu que a Prefeitura de Piraquara para cobrir para nós. (F6)

[...] também a questão dos encaminhamentos que são feitos do paciente e de seus familiares em relação aos direitos que eles têm. Escutar qual é a necessidade e realmente fazer estes encaminhamentos... Informar quais os direitos que eles têm e como eles podem buscá-los [...]. (E2)

Às vezes é uma família que não tem como comprar o caixão, qual é o papel dela nesse sentido? Não é de comprar, mas qual é o caminho que ela vai orientar para essa família. (E4)

[...] em caso que já tivemos de família extremamente humilde, que não sabia como proceder , eu sei que foi ela que fez toda essa orientação , a orientação para o sepultamento gratuito.Esses detalhes, os critérios nós não sabemos, nós temos muitas dúvidas nesse sentido , elas sempre estão resolvendo. (E9)

Nas situações em que a família não possui condições de prover o

sepultamento, conforme Hermes e Lamarca (2013) cabe ao Assistente Social

orientar e encaminhar aos serviços disponíveis, a fim de que a família possa acessar

a rede de suporte, para adquirir o direito ao sepultamento digno.

Conforme se pode acompanhar nos relatos de familiares e enfermeiros, o

Assistente Social é o profissional que acompanha os familiares ao necrotério para

que possam ver seu ente querido e também para o preenchimento do livro de óbitos

e Declaração de óbito, uma atribuição muito importante, neste momento, para as

famílias, que se encontram fragilizadas e perdidas.

[...] ela conversa e encaminha para o necrotério onde está o corpo [...]. (E 5)

[...] acolhimento de ir ate o necrotério. (E13)

[...] acompanhou para ver o corpo. (F3)

[...] se eu queria ver meu pai, eu falei que queria ver, então nós fomos com ela conversando até o outro prédio para ver ele [...]. (F4)

Eu fui até o quarto, mas já tinham levado o corpo para o necrotério. Era uma Assistente Social lá do outro prédio que atendeu e nos acompanhou. (F5)

E, aí ela me fez algumas perguntas, se eu queria ver ou não o corpo de minha mãe, eu disse que não. (F7)

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Depois da Assistente Social de explicar eu pedi para ver a minha esposa, nós fomos até o necrotério para eu ver [...]. (F8)

A Assistente Social, também, se responsabiliza em retornar à Clínica em que

o paciente faleceu, para a assinatura da DO pelo médico, evitando, desta forma, o

retorno doloroso da família ao setor da ocorrência do óbito, esta intervenção

possibilita agilidade na liberação do documento. Conforme relato de F2:

Tinha os documentos com assinatura para esperar, ela que cuidou de tudo, nós ficamos ali sentadinhos juntos esperando [...]. Então ela correu atrás de tudo [...]. Assistente Social que acompanhou tudo [...]. Ela sabe o que fazer esta dentro do Hospital, os médicos estão lá em cima ou foram embora, você não sabe com quem falar então você conversa com o Assistente Social ela explica tudo, vai pegar a assinatura de lá e vem, é importante. Se não, você tem falar com tal pessoa, você vai procurar como você vai achar uma pessoa dentro daquele Hospital grande e chorando [...]. (F2)

Nesse sentido, Basso e Marin (2010) referem que a perda de uma pessoa

querida é uma das experiências mais tristes e doloridas que um ser humano pode

viver, é um processo que dificulta a concentração em assuntos que não sejam

relacionados ao processo de luto, portanto é fundamental um profissional com

disponibilidade para orientar e acompanhar o processo burocrático.

Os papeis, a guia estavam com ela, ela nos deu. (F3)

Ela já deu o papel pronto para nós. (F4)

Ela já encaminhou, já levou e voltamos fomos para o necrotério de lá fomos pegar a assinatura do medico e ela junto. Ela só nos soltou na saída. (F7)

Subimos até onde ela ficou internada para a médica assinar o documento, a Assistente Social disse que a família não precisava ir, podia ir se tivesse alguma dúvida [...]. Acompanhou a gente no Hospital até liberar os papeis todos [...]. (F8)

Ela foi lá dentro e levou o prontuário e voltou e informou que ele assinaria. Ela não tinha certeza que ele assinaria ou não porque o falecido não era paciente dele.Ele, também, teve bom senso e sensibilidade naquele momento e assinou. (F9)

[...] depois o retorno é trazer o atestado de óbito para o médico assinar, já fizeram os encaminhamentos com a família [...]. (E5)

[... ] agora toda a parte burocrática, a parte da papelada a Assistente Social que encaminha. (E6)

[...] essa parte burocrática de encaminhamento, como não somos nós que fazemos, eu tenho dúvidas no preenchimento de formulários[...] . (E9)

[...] assinar um papel e pedir para o médico assinar [...]. (E13)

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A família já está em sofrimento e ainda tem que pensar nos trâmites

burocráticos que são necessários, portanto é muito importante que a família possa

ter o Serviço Social apoiando, orientando e dando agilidade na resolução dos

documentos necessários, e dessa forma a família possa ter mais tranquilidade e

seguir ao encontro de parentes e amigos, que contribuirão na elaboração do luto.

Conforme ressalta Knapik (2011, p.44) “essa é uma finalização de procedimentos no

ambiente hospitalar com humanização”.

Em situações de conflito entre família e equipe, em que a família não aceita

o óbito, o Serviço Social é chamado para intervir:

[...] às vezes ocorre o atrito a família, não aceita e quem acaba acalmando é o Serviço Social. A família é constante aqui e às vezes pega birra com o médico, o médico é muito ríspido. Eles acham que a equipe da UTI é incompetente ou coisa assim, então precisa de alguém de fora que geralmente é o Serviço Social que vem e faz, acalma tudo, então digamos é a nossa salvação, se deixar para agente acalmar aqui dentro a gente não consegue, e a gente sabe que sempre gera atrito, e quem acaba acalmando todo esse atrito é o Serviço Social, acaba acalmando a família e dando sequência. (E1)

Em relação a esta situação busca-se respaldo em Lemos (2009, p.121), o

qual aponta o Assistente Social enquanto “facilitador nas relações interpessoais”

como integrante da equipe de saúde, é o profissional habilitado para intervir no

momento, possibilitando esclarecimento e comunicação.

As famílias também vivenciam as mesmas fases do luto elaboradas por

Kubler–Ross(1987), que são: negação, raiva, barganha, depressão e aceitação. Do

mesmo modo que o paciente, para os familiares também podem não acontecer de

forma sequencial. Conforme Bifulco (2012) para a família haverá a possibilidade de

aceitação, negação ou raiva, dependendo da estrutura emocional de cada pessoa.

Desse modo, é importante compreender a expressão de sentimentos e o

desenvolvimento do processo de luto, de acordo com Bowlby (1998) as pessoas

passam por quatro fases básicas no processo de luto, que são:

1. Fase do torpor ou aturdimento – na qual a pessoa pode manifestar

desespero ou raiva, podendo durar horas ou semanas.

2. Fase da saudade – a manifestação da raiva quando se percebe a perda

de fato do ente querido, com duração de meses ou anos.

3. Fase de desorganização e desespero – as manifestações mais

frequentes são o choro, a raiva e acusações.

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4. Fase de organização – aceitação da perda e o início de uma nova vida

sem a presença do seu ente querido.

A perda de um familiar são situações que geralmente trazem dor, sofrimento,

angústia e aflição aos familiares, sendo assim, o cuidado e a abordagem realizada

pelo Serviço Social são imprescindíveis para minimizar e apoiar os familiares em seu

processo de luto. Portanto, a presença e a intervenção do Assistente Social

acompanhando, orientando e direcionando as famílias contribuem de forma decisiva

para a finalização de procedimentos burocráticos necessários no hospital de forma

humanizada. Seria oportuno que no momento do óbito houvesse a participação dos

residentes de psicologia em todos os turnos, para que pudessem dar o suporte

psicológico e interceder se houver necessidade.

Compreendemos que a humanização não deve ser entendida como uma

atribuição exclusiva do Serviço Social compreende um processo coletivo de todos os

profissionais da saúde. A sensibilidade e dedicação da equipe de enfermagem, a

conduta compreensiva do médico na comunicação do óbito e o atendimento dos

residentes de psicologia fazem o conjunto necessário de ações para que este

processo seja menos sofrido para as famílias enlutadas.

4.4 SÍNTESE PROPOSITIVA PARA ATUAÇÃO DO ASSISTENTE SOCIAL NO

ÓBITO

Com base na prática profissional atuando nas situações de óbito, bem como

os resultados deste estudo foi possível uma maior reflexão acerca do trabalho

desenvolvido pelo Serviço Social no acolhimento ao luto, o que permite propor ações

para contribuir na melhoria do atendimento aos familiares em processo de luto.

Todavia, essas proposições precisam ser levadas ao conhecimento do

Comitê de Humanização do Hospital, haja vista ser esta a comissão responsável na

instituição para implementar ou apoiar ações que visam a humanização hospitalar.

Entende-se que o Comitê possa viabilizar mudanças importantes que venham

possibilitar conforto e bem estar aos familiares acompanhantes de pacientes

hospitalizados nas unidades de internação.

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Uma das propostas é a necessidade do Hospital em implementar a sua

ambiência hospitalar vislumbrando melhores condições de acomodação aos

familiares e/ou acompanhantes, como se pode constatar no relato dos enfermeiros:

[...] acompanhante fica para os pacientes acima de 60 anos, os familiares tem que ficar em poltronas mal acomodados, não tem banheiro no setor, eles tem que descer no andar de baixo para ir ao banheiro, não tem onde tomar banho, não tem onde fazer alimentação: ou come ao lado do paciente, ás vezes o paciente esta em jejum e o familiar come do lado ou o familiar tem que sair para se alimentar e deixar o paciente sozinho um período. Então acho para acompanhante não tem humanização nenhuma. E em algumas situações especiais, temos pacientes abaixo de 18 anos que fica com a família e alguns pacientes dependentes, ou com dificuldade visual ou alguma outra dificuldade, nós conversamos com a família e se eles tem a disponibilidade e o interesse de ficar junto então é liberado. Conforme falei que a estrutura do Hospital não oferece nada. (E 6)

Há necessidade de a instituição adequar sua estrutura física. O acompanhante tem que se locomover até o refeitório para receber a alimentação. Poderia ter espaço no setor. Para ele não precisar transitar na instituição, evitando que muitas pessoas fiquem deambulando pelo Hospital gerando risco de infecção. (E 9)

A humanização diz respeito à valorização do paciente e de sua família no

ambiente hospitalar, proporcionando maior participação da família nos cuidados

prestados ao paciente. Para tanto, há necessidade de adequar espaço físico para

garantir conforto na permanência dos mesmos no hospital. “O espaço físico deve

fazer parte do acolhimento hospitalar onde a essência deve ser o conforto dos

sujeitos envolvidos” (ANDRADE et al., 2009, p.3).

Outro ponto a ser sugerido é a criação de uma unidade de internação

visando atender os pacientes em situação de terminalidade, por meio de cuidados

paliativos. A sugestão parte dos enfermeiros por entenderem que a equipe estaria

mais bem preparada para assistir não só o paciente terminal, mas também seus

familiares. E nesta equipe estraria o Assistente Social.

Nossa! Seria um atendimento muito diferente, porque o paciente e a família têm necessidades muitos especiais nesse momento: necessidades espirituais, fisiológicas, econômica, social. Muitos pacientes que estão morrendo aqui são arrimos da casa e daí vai morrer como vai ficar? Então tem tudo isso que o Serviço Social entraria nesse momento. (E5)

A família ouve da Enfermagem e médicos, é importante que a Assistente Social de a visão dela do paciente terminal. Ela já sabe que o paciente é paliativo, não tem o que fazer, que a família precisa do apoio para aquele momento. (E10)

Em relação aos cuidados paliativos, o hospital conta com uma comissão,

que realiza estudos para viabilizar a implantação de uma unidade que oportunize

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este cuidado aos pacientes que se encontram nessa modalidade terapêutica. Os

enfermeiros sugerem que os Assistentes Sociais que tem suas práticas voltadas ao

acolhimento ao luto participem da organização deste trabalho. Ressalta-se que:

os Assistentes Sociais em cuidados paliativos contribuem para o fortalecimento das relações entre pacientes e seus entes queridos, providenciam os recursos necessários aos cuidados básico dos indivíduos para que o mesmo tenha uma morte digna. (HERMES; LAMARCA, 2013, p.2582).

[...] essa Comissão de Cuidados Paliativos, a ideia não é só pensar no paciente institucionalizado, mas no paciente que eu possa acompanhar ambulatoriamente e mandar para casa. E, dar um suporte para a família em domicilio-o Hospital Erasto Gaertner tinha um grupo chamado GISTO, que era um grupo de acompanhamento dos pacientes em terminalidade em casa, era o Assistente Social, a Enfermeira e o médico. Eles faziam visitas em casa orientavam a família e eles davam esse suporte quando acontecia o óbito. (E3)

O cuidado paliativo é um cuidado integral oferecido ao paciente e sua

família, com abordagem de equipe multidisciplinar, que visa prevenir e aliviar o

sofrimento humano em todas as suas dimensões. Com foco no controle da dor e

alívio dos sintomas, “a questão crucial em cuidados paliativos é a qualidade de vida

em questão, e não apenas o tempo atribuído a ela” (MELO; CAPONERO, 2009,

p.257).

Outro aspecto que se pode apontar como sugestão e mostrado nas falas dos

enfermeiros é a necessidade do Assistente Social atuando na Unidade de Urgência

e Emergência Adulto, durante o período da manhã e tarde. Ressalta-se que,

atualmente, a unidade, conta com uma profissional, que atua em um período, porém

não comtempla todas as demandas da unidade.

Para as famílias, que residem em outras cidades ou estados distantes, seria

de grande impacto, pois no caso de óbito de pacientes que não são provenientes de

Curitiba, tem toda uma logística em relação ao translado.

Se houvesse o Assistente Social participando das atividades da equipe, este

sabendo da eminência do óbito que necessita de translado com TFD, já poderia

manter contato e ter informações de como proceder caso ocorra o óbito no final de

semana, feriado ou no período noturno.

O Serviço Social já teria os contatos e os familiares não necessitariam

aguardar o próximo dia útil para contatar o TDF de origem, para então tomar as

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providências burocráticas para regressar a sua cidade de origem, acompanhado do

corpo de seu familiar falecido.

Aqui nós temos bastante fluxo de pacientes graves, se tivesse um Assistente Social, uma sala de Serviço Social disponível aqui no prédio seria muito bom para nós.Porque tudo acaba sendo lá, até para o deslocamento dos familiares, porque tudo fica lá do outro lado, nós ficamos no anexo, então estamos do lado de cá e tudo que acontece fica do lado de lá.Se tivesse disponibilidade de ter um profissional do Serviço Social aqui conosco, direto não só nos finais de semana, mas sempre, seria bom. (E9)

Em minha opinião é muito importante que tivesse uma Assistente Social direto nas UTIs, se tivesse uma pelo menos no prédio aqui: na semi-intensiva /intensiva e no pronto atendimento, porque chega ao pronto atendimento pode ir a óbito, chega à emergência pode ir a óbito, chega à UTI pode ir a óbito. (E10)

No HC é não ter Assistente Social atuando na UTI, Semi e PA, mas ai é uma questão de falta de RH, de concurso. (E13)

Considerando que o maior número de óbitos acontece no anexo H, em que

estão localizadas: pronto atendimento, unidade semi-intensiva e unidade de terapia

intensiva, entende-se que seria relevante o Serviço Social contar com um espaço

para acolhimento dos familiares que recebem a notícia do óbito, neste prédio. Os

enfermeiros também reforçam esta necessidade:

[...] nem temos um local adequado para isso, a notícia é dada na frente da UTI nas cadeiras ali, então não tem um acolhimento adequado na estrutura nossa hoje da UTI, então falta muito nesta questão [...]. (E1)

Eu muitas vezes eu os convido, para improvisar para fazer a orientação, seria ótimo que tivesse uma sala do Serviço Social no PA. (E8)

Os residentes de Psicologia desempenham suas atividades durante o

horário comercial, mas considerando que os óbitos acontecem em todos os turnos,

entende-se que há necessidade de ampliar o número de profissionais, atualmente, a

instituição conta com 03 residentes, para então diversificar o horário dos residentes

de psicologia para que não haja vacância nos demais turnos, pois é fundamental a

presença deste profissional para prestar atendimento apropriado às famílias durante

e após a notícia do óbito, como se pode perceber nas falas:

[...] outros profissionais que são importantíssimos nesse processo, como o psicólogo... A presença dos profissionais em todos os turnos, a presença das pessoas que fazem este acolhimento, precisamos desses profissionais em todos os momentos. (E2)

Considerando que, no momento posterior ao óbito, existem dificuldades de

concentração por parte dos familiares para assimilar todas as informações conforme

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ressaltam Basso e Marin (2010), entende-se que é necessária a elaboração de um

folder com informações pertinentes, tais como: prazo para registro do óbito e

endereço, telefone, horário de atendimento do cartório em que será registrado o

óbito; como proceder em caso de a família necessitar da cópia de prontuário; quais

os trâmites para ter o laudo da autópsia; informações sobre o preenchimento de

laudo para seguradoras; telefone de contato do Serviço Social do acolhimento ao

luto para esclarecer possíveis dúvidas.

O HC oferece o serviço de apoio e acompanhamento ao luto por meio do

ambulatório de saúde mental, portanto outra sugestão é ter uma rotina para

encaminhar ao Grupo de acolhimento às pessoas e famílias enlutadas. Entende-se

que o momento é oportuno para divulgar, convidar e incentivar a presença dos

familiares para participar do grupo, seria esta uma forma de finalizar o atendimento

do Serviço Social para os familiares enlutados.

O grupo de acolhimento é destinado ao atendimento de todas as famílias

que residem em Curitiba e região metropolitana, que perderam pessoas queridas

durante tratamento no Hospital. O grupo iniciou suas atividades em 2008, como uma

ação do Comitê de Humanização e Comissão de Tanatologia.

Ele é realizado na última segunda-feira do mês. É um espaço para os

participantes se expressarem sobre a perda, oferece acolhimento e apoio para

vivenciar e superar o luto. É um apoio importante que a instituição oferece que

poderá contribuir significativamente com a elaboração do processo de luto, há o

atendido de Psicólogos, Residentes e Assistentes Sociais.

Quando acontece o óbito a comunicação imediata com o Serviço Social é

muito importante. Os enfermeiros entrevistados informam a dificuldade de

comunicação imediata com o Assistente Social, principalmente, nos plantões de final

de semana, feriados e noturno. Nesse sentido, entende-se que é fundamental o

Serviço Social contar com um celular institucional, conforme se pode acompanhar

nas falas dos enfermeiros:

[...] ou um celular do Serviço Social aqui que no plantão ele pudesse atender, esta atendendo um familiar lá na cardio, eu ligo pro celular dele e ele fala que esta atendendo eu já sei e posso falar para o familiar aqui você aguarda um pouquinho , vai demorar tanto tempo mais ou menos ele esta atendendo outro familiar que esta passando o mesmo processo que você , ele vai entender . (E5)

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[...] no final de semana existe uma Assistente Social que fica de plantão no Hospital inteiro, temos dificuldade de conseguir contato, mas não é que o problema seja com a Assistente Social, é questão de dinâmica da instituição mesmo.Porque tem uma pessoa que naquele momento ela é resposável por aquilo, mas ela tem vários lugares para atender e ela acaba tendo que se deslocar, nós temos dificuldade para encontra-la naquele momento [...]. (E9)

Teria que ter um bip. Na questão do óbito [...]. (E13)

Quando se acompanham as famílias ao necrotério, se presencia situações

que têm mais de um corpo no ambiente. Compreende-se que é recomendável neste

momento que as famílias só visualizem o corpo de seu familiar. Nesse sentido,

sugere-se que o necrotério utilize um biombo. Outra situação também que se tem

presenciado, quando o corpo está na câmara fria, sugere-se, então, que o corpo

seja retirado desta não na presença da família. Acredita-se que estas ações são

indispensáveis para humanizar este momento perante as famílias.

Outra questão a ser melhorada corresponde ao fluxo de comunicação e

informação do óbito, principalmente quando o óbito ocorre próximo de trocas de

plantões. Muitas vezes, a enfermagem não comunica o óbito ao Serviço Social no

tempo real, assim, a família não é chamada para comparecer ao hospital (quando

não há acompanhante).

Há situações em que o óbito aconteceu horas passadas e a família

desconhecia, comparece no horário determinado para visita e é neste momento que

a equipe percebe que o Serviço Social não foi comunicado do óbito. Entende-se que

para evitar que essa situação lamentável continue acontecendo é relevante contar

com outra forma de comunicação, a informação por escrito, conforme sugere E1:

Essa questão de ter uma forma de notificação, por escrito, não sei talvez nessa forma de notificação do óbito da unidade para o Serviço Social ainda só via telefone esta deixando um pouquinho a desejar não para o Serviço Social pelas equipes que acabam não notificando, as duas vezes que tivemos o problema aqui foi a questão da equipe mesmo que esqueceu de notificar de avisar o Serviço Social. (E1)

Sugere-se utilizar um único fluxo e formulário. Acredita-se que o uso de um

fluxo único servirá para formalizar a comunicação com o Serviço Social, todavia

haverá necessidade de preencher a requisição com uma via a mais, a qual será

entregue ao Serviço Social, no momento em que a enfermagem retorna a clínica,

após deixar o corpo no necrotério.

Deste modo, o fluxo deverá ser: quando acontece o óbito, o profissional da

enfermagem responsável pela clínica comunica o Serviço Social via telefone e

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preenche um formulário denominado “Notificação de óbito” (nome completo do

paciente; registro do HC; clínica, data e horário do óbito; nome do médico e

enfermeiro responsável – (Anexo D)‡ e, encaminha o corpo até o necrotério do

Hospital com a “Notificação de óbito” devidamente preenchida. O técnico do

necrotério receberá o corpo com uma via do formulário (1ª via), assinará e informará

a hora que recebeu o corpo (3ª via).

A sala do Serviço Social do Acolhimento ao luto está localizada no corredor

ao lado do necrotério, após a entrega do corpo no necrotério e no retorno à unidade

de origem, os profissionais da enfermagem entregam uma via da requisição (2ª via)

para o Assistente Social do acolhimento ao luto e este dá o recebido na mesma via

(3ª via) que o técnico do necrotério o fez. Nos feriados, finais de semanas ou plantão

noturno, a requisição deverá ser entregue na sala do plantão do Serviço Social, que

se localiza no térreo do mesmo prédio (prédio central).

Considerando os fatos relatados, apresenta-se um fluxograma, que

contemple as sugestões que são propostas para atuação do Assistente Social no

acolhimento ao luto, o qual é composto da seguinte descrição:

Ao ocorrer o óbito, o Serviço Social é comunicado pelo profissional

enfermeiro responsável da unidade, por telefone e informa se a família se encontra

presente ou não. Em seguida, preenche o formulário de “Notificação de Óbito”.

Se a família não estiver presente, o Assistente Social acessa o cadastro de

internação e localiza os contatos da família, convoca a família para comparecer com

urgência e, com os devidos documentos, esta é orientada a procurar o médico

responsável pelo paciente na Unidade.

Quando a família convocada demora a comparecer são realizados novos

contatos no sentido de entender o que está causando a demora, como também

reforçar a urgência do comparecimento. Ressalta-se que o Serviço Social nunca

comunica o óbito à família.

Assim que a família comparecer na clínica, o Serviço Social é comunicado

pelo enfermeiro responsável da unidade por telefone.

O corpo é identificado, pela enfermagem, sendo preparado e transportado

para o necrotério do hospital, acompanhado do formulário de Notificação de Óbito. ‡ Formulário de Notificação de óbito, em três vias: a 1ª via acompanha o corpo e permanece no necrotério; a 2ª via pertence ao Serviço Social e; 3ª via retorna à clínica em que ocorreu o óbito, anexada ao prontuário do paciente.

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Os familiares recebem os esclarecimentos acerca do óbito pelo médico,

sendo que um psicólogo participa e acompanha este momento. A família é abordada pelo Assistente Social, que confirma se o médico já

prestou os esclarecimentos sobre o óbito. O Assistente Social e o Psicólogo acolhem

a família. Após, o Assistente Social explica seu papel e identifica entre os familiares

a pessoa que tem melhores condições emocionais de receber orientação sobre os

trâmites burocráticos. Se necessário, faz contato com outros familiares. Estes são

convidados para acompanharem o Assistente Social à sala do Acolhimento ao Luto

ou para sala do plantão do Serviço Social.

O profissional, então, confirma se a família possui documentos do paciente,

orienta sobre os procedimentos a serem feitos junto ao Serviço Funeral Municipal e

ao Cartório para a emissão da Certidão de Óbito. Também deve verificar se a família

possui plano funeral e se tiver aciona este serviço.

Se houver necessidade de autópsia, deve-se verificar se a família tem

dúvidas sobre o procedimento. Se necessário, solicita ao médico e/ou ao patologista

esclarecimentos sobre os questionamentos feitos pela família. Serviço Social e Psicologia acompanham familiares ao necrotério para ver o

corpo, preenchem os dados de identificação da DO e para assinar livro de óbito. O

Serviço Social providencia a assinatura do médico na DO e a entrega à família.

Quando a família tem Plano Funerário, o Serviço Social encaminha a este,

quando a família não tem plano funerário, o Serviço Social encaminha a família ao

Serviço Funerário Municipal. Finaliza-se o atendimento informando aos familiares

sobre o Grupo de apoio às pessoas e famílias enlutadas, entrega o convite para

participar do grupo com data, horário e local. Também deve fornecer o folder do

Serviço Social de acolhimento ao luto e, se colocar à disposição para qualquer

dúvida.

Como forma de facilitar a compreensão do processo, se apresenta a seguir a

figura 1 com o fluxograma desta condição proposta.

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Figura 1 – Fluxograma de atendimento ao óbito

Fluxograma de óbito atualFluxograma de Óbito Proposto

Sim

Não

Legenda:

SS: Serviço SocialDO: Declaração de Óbito

SFM: Serviço Funerário Municipal

Enf: EnfermeiroPsico - Psicologia

Óbito

SS convoca a família

SS dá orientações sobreAutópsia,

Liberação do corpo e sepultamento

Enfermagem informa SS via telefone e escrito

SS e Psico acompanham ao necrotério, D.O/livro/corpo

SS entrega DO assinada pelo médico

Encaminha o familiar ao SFM para tomada de medidas

necessárias

Encaminha ao Plano funerário

SS e Psico acolhem a familia

a família está presente?

Família recebe e a notícia do óbito

Enf. Informa que a família já recebeu a

notícia e está na clínica

Fonte: Dados de Pesquisa 2014.

O estudo realizado possibilitou a elaboração de uma síntese propositiva a

fim de programar estratégias que possam melhor qualificar o atendimento do

Assistente Social no processo de acolhimento ao luto.

Para tanto, esta síntese propositiva será apresentada às Assistentes Sociais

do acolhimento ao luto, Supervisão Técnica do Serviço Social, e Gerência da

UNIMULT, para que as estratégias levantadas no estudo sejam avaliadas quanto a

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possibilidade de viabilização das mesmas, e também se sugere quais os

encaminhamentos necessários para implementação destas.

Esta pesquisa aponta a necessidade da instituição melhorar sua ambiência,

oferecendo aos acompanhantes dos pacientes um local para higiene, refeição e

poltronas para descanso. Entende-se que estas sugestões podem ser apresentadas

ao Comitê de Humanização, para que seja levado ao debate junto aos seus

membros, a fim de que sejam viabilizadas estas e também outras ações e que o

Comitê entenda como necessárias.

Quanto a unidade de cuidados paliativos, a instituição já vislumbra e para

tanto está realizando estudos, com um grupo de servidores, para que futuramente

possam oportunizar este cuidado aos pacientes.

No estudo, os enfermeiros referem falta de um Assistente Social em tempo

integral, assim como de um local para acolher os familiares que recebem a notícia

do óbito. Diante disso, recomenda-se a Supervisão Técnica do Serviço Social

dialogar com as gerencias UNIMULT e UUEA para vislumbrar uma alternativa que

possa solucionar esta demanda.

Também foi abordada a necessidade de maior número de Psicólogos, cujo

atendimento é fundamental no momento do óbito. Compreende-se que este assunto

deva ser levado ao conhecimento da Supervisão da Psicologia e Gerência

UNIMULT, para os encaminhamentos necessários, visando oportunizar maior

número de profissionais para suprir necessidade apresentada.

Sugere-se a elaboração um folder informativo com questões relacionadas

aos encaminhamentos pós-óbito, nesse sentido esta sugestão deve ser apreciada e

avaliada pelas Assistentes Sociais do acolhimento ao Luto em conjunto com a

Supervisão Técnica do Serviço Social.

Entendemos que todas as famílias enlutadas devam ser informadas do

trabalho realizado no Grupo de acolhimento às pessoas e famílias enlutadas, para

tanto entendemos a necessidade da apresentação desta sugestão às Assistentes

Sociais do Acolhimento ao luto e Supervisão Técnica do Serviço Social.

Entende-se que é fundamental o Serviço Social contar com um celular

institucional a fim de viabilizar a comunicação imediata com os Assistentes Sociais

plantonistas, e também com as Assistentes Sociais do acolhimento ao luto. Esta

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sugestão devera ser levada ao conhecimento da Supervisão Técnica do Serviço

Social e Gerência da UNIMULT.

Quanto a apresentação do corpo no necrotério, sugere-se um biombo e

também caso o corpo esteja na câmara fria que este nunca deva ser retirado na

presença da família. Sugere-se que estas ações sejam apresentadas, após

avaliação e concordância das Assistentes Sociais do acolhimento ao luto,

Supervisão Técnica e Gerência UNIMULT à Gerência da UAD (Unidade de Apoio ao

Diagnóstico), a qual poderá promover treinamento aos técnicos de necrotério,

visando adotar nova rotina.

Para minimizar as falhas de comunicação quando ocorre óbito, sugere-se a

implantação e formalização de comunicação por escrito, utilizando-se o formulário de

notificação de óbito. Para tanto, entende-se a necessidade da avaliação junto as

Assistentes Sociais do acolhimento ao luto e Supervisão Técnica do Serviço Social,

Gerência UNIMULT e também a Gerência da UAD.

Quanto a educação permanente, entende-se que esta poderá ser viabilizada

via Supervisão Técnica e Gerência UNIMULT.

Entendemos a “educação permanente como um processo dinâmico e

contínuo de construção do conhecimento”, como meio de crescimento e

aperfeiçoamento profissional necessário para promover a melhoria da qualidade da

atuação profissional dos Assistentes Sociais no ambiente hospitalar. (SCHIAVON;

MANTOVANI; MÉIR, 2007, p.478).

Para Campos et al. (2006, p. 43), o conceito de educação permanente

pressupõe a “noção de aprendizagem significativa, que vincula o aprendizado a

elementos que façam sentido para os sujeitos envolvidos, de modo que os

processos de capacitação sejam estruturados a partir da problematização dos

processos de trabalho”. Portanto, para que essa proposta seja efetivada será

necessário que a educação permanente seja implantada no hospital, desse modo, é

possível apresentar e refletir junto aos trabalhadores as mudanças indispensáveis

para melhor qualificar o atendimento aos familiares no processo de acolhimento ao

luto.

Ressalta-se que ações de humanização são fundamentais no contexto

hospitalar, uma vez que as famílias se encontram em sofrimento devido ao processo

de doença de seu familiar querido, e independente de ocorrer o óbito, entende-se

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que todas as estratégias propostas são relevantes para humanizar o atendimento no

contexto hospitalar.

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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Considerando que a morte no ambiente hospitalar acontece, mesmo com

toda tecnologia disponível, dessa forma se entende que há necessidade de maior

contato e permanência das famílias nos ambientes intensivos, pois a família quando

bem orientada e acompanhada poderá permanecer junto do paciente. Sua presença

é de extrema importância e poderá contribuir, de forma relevante, na recuperação ou

em caso de terminalidade proporcionar mais dignidade ao paciente e sua família no

momento de finalização de vida.

Ressalta-se que os familiares quando são autorizados pela enfermagem tem

acompanhado seu familiar, porém os dados da pesquisa demonstram que cabe ao

Hospital tomar algumas medidas, entre as quais se podem expor o acesso e

possibilitar a permanência dos familiares com mais conforto e bem estar ao lado do

ente hospitalizado em fase terminal.

Os resultados contribuem para reforçar a importância da atuação do

Assistente Social no acolhimento ao luto, haja vista que são imprescindíveis as

orientações e os encaminhamentos recebidos pelas famílias, por estes profissionais,

referentes aos direitos e deveres relacionados ao sepultamento.

A intervenção do Serviço Social com comprometimento, eficiência, agilidade

e respeito à dor vivenciada é decisiva para tranquilizar e amenizar o sofrimento das

famílias, que estão abaladas com a perda de seu familiar. Portanto, é o Assistente

Social que dá apoio, acompanha, direciona e faz os encaminhamentos necessários

às famílias.

Entende-se que sempre que for possível, o Assistente Social deva participar

da notícia do óbito, porque este profissional tem muito a contribuir. Para tanto,

entende-se que é necessária a atuação de um Assistente Social em período integral,

ou seja, um profissional exclusivo para atuar no acolhimento ao luto nos plantões de

finais de semana, feriados e período noturno.

Inclusive a participação da Psicologia e da Enfermagem no acolhimento em

conjunto com o Serviço Social é fundamental, acredita-se que quanto mais

profissionais possam prestar atendimento às famílias nesse momento extremamente

triste, mais confiante poderá ficar o familiar frente a essa perda. A intervenção

multidisciplinar no acolhimento ao luto possibilitará aos profissionais refletir sobre

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suas práticas e, assim, novas ações surgirão contribuindo para humanização da

morte e do processo de morrer. Esta prática poderá ter impacto positivo para todos

os profissionais envolvidos, mas principalmente para os familiares.

Na atuação da pesquisadora foi possível perceber que as famílias sempre

manifestam interesse em acompanhar a profissional até a unidade, em que

aconteceu o óbito. Ressalta-se que o familiar é informado que não há necessidade

de seu deslocamento, dessa forma pensa-se em minimizar a exposição ou o

desconforto de retornar ao local em que aconteceu o óbito. Quando se segue para

providenciar a assinatura da equipe médica da DO, se entende que esta ocasião é

oportuna para agradecer a enfermagem pelo cuidado e, também, se despedir dos

mesmos de forma carinhosa recebendo palavras de conforto, minimizando o

sofrimento.

Mesmo em sofrimento, as famílias se mostraram receptivas para

participarem da pesquisa. Foi possível observar a necessidade dos familiares em

relembrar e partilhar as lembranças da vida familiar vivenciados com o falecido. E,

estes familiares demonstraram surpresa de o Hospital oferecer este apoio, que

consideram tão necessário. Ressaltaram que a intervenção do Assistente Social é

importante, e que foi este profissional que acompanhou a família em todo o

processo.

Os familiares apontaram como positivo a postura do Assistente Social,

porque transmite tranquilidade, confiança, credibilidade, ou seja, para as famílias

todas as ações realizadas pelo Serviço Social após a notícia do óbito foram muito

significativas. Sugerem que este Serviço seja disponibilizado a toda rede de saúde.

As famílias demonstram gratidão pelo tratamento recebido no Hospital, expressam

tranquilidade por seu familiar ter falecido na instituição, pois afirmam que o Hospital

oportunizou tudo que foi possível em relação aos procedimentos, medicação e

atendimentos realizados por equipe altamente qualificada, enfim comparam a

assistência disponibilizada com os atendimentos realizados em outros serviços de

saúde.

Os profissionais enfermeiros apontam sugestões de melhoria quanto ao

conforto necessário para os acompanhantes em relação à necessidade de uma

unidade de cuidados paliativos e a participação do Assistente Social no processo.

Compreendem a necessidade de um profissional do Serviço Social nas unidades

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intensivas durante 24 horas. Sentem falta do Psicólogo em todos os turnos

participando do acolhimento junto com o Assistente Social.

Deste modo, entende-se que a instituição poderia possibilitar a atuação de

mais residentes de psicologia, visando o atendimento mais apropriado e necessário

aos familiares de pacientes em óbito em todos os turnos.

Houve a sugestão de que haja um celular institucional e que aconteça a

comunicação, por escrito, da ocorrência do óbito e, por fim, uma sala no prédio para

o Serviço Social realizar o acolhimento.

O presente estudo permitiu uma reflexão acerca de todo o processo de

atuação do Serviço Social no acolhimento ao luto, propiciando uma visão do

atendimento de forma global e a intervenção de outros profissionais envolvidos nas

atividades, bem como permitiu a pesquisadora ver e apontar sugestões a serem

consideradas pelo Hospital, as quais conferem mais humanização ao processo, já

descritas na síntese propositiva.

Pode-se ressaltar a escassa fonte de referências nacionais que retratem as

práticas dos Assistentes Sociais voltadas ao acolhimento ao luto.

Sugere-se a realização de outros estudos sobre a prática de trabalho de

outras categorias profissionais sobre suas atuações nas situações que envolvem o

óbito hospitalar, dessa forma se acredita que importantes ações surgirão que

oportunizem uma morte humanizada e que preparem os profissionais para

interagirem, de forma qualificada, no processo de luto.

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ANEXO A – ARTIGO

Atuação do serviço social no acolhimento ao luto

Procedure of social service in the reception on mourning

Rosilda de Paula Brozosky* Juliana Vieira de Araujo Sandri**

RESUMO

No ambiente da saúde a morte é uma possibilidade e no cotidiano hospitalar quando acontece o óbito, o Serviço Social é acionado para proporcionar acolhimento aos familiares. O objetivo deste artigo é apresentar a atuação do Serviço Social no acolhimento ao luto, do Hospital de Clínicas da UFPR. O cenário do estudo é o Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Paraná, este é um estudo de abordagem qualitativa, de caráter descritivo exploratório, os sujeitos que participam da pesquisa são os familiares de pacientes que realizavam tratamento no hospital, em que ocorreu o óbito no período de abril e maio/2014. E, também, os enfermeiros das unidades intensivas que participam do atendimento aos familiares no momento do óbito. Os dados foram coletados através de entrevistas semiestruturadas, após aprovação do projeto pelos Comitês de Ética em Pesquisa da UNIVALI e do HC-UFPR. Os dados coletados foram organizados, analisados e interpretados por meio de análise temática. Os resultados apontam que a intervenção do Assistente Social com comprometimento, eficiência, agilidade e respeito à dor vivenciada é decisiva para tranquilizar e amenizar o sofrimento das famílias. Assim como as orientações e encaminhamentos sobre os direitos e deveres das famílias relacionados ao sepultamento.

Palavras Chave: acolhimento, luto, Serviço Social.

ABSTRAT:

In the healthcare environment, death is a real possibility and in the hospital routine when death happens, the Social Service is triggered to provide care to family members. The objective of this paper is to present the procedure of the Social Work in the grief time in the UFPR Clinical Hospital. The setting of the study is the Federal University of Paraná Clinical Hospital, this is a qualitative study of descriptive exploratory character, the subjects of the research are the relatives of patients who were undergoing treatment at the hospital, where death occurred between April and May / 2014. Also participate in this study the nurses of intensive care units in the service to the family at death. Data were collected through semi-

* Assistente Social. Discente do Programa de Mestrado em Saúde e Gestão do Trabalho da Universidade do Vale do Itajaí (UNIVALI). Itajaí, Santa Catarina, Brasil. E-mail: [email protected] ** Enfermeira. Doutora em Enfermagem. Docente do Programa de Mestrado em Saúde e Gestão do Trabalho da UNIVALI. Itajaí, Santa Catarina, Brasil. E-mail: [email protected]

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structured interviews, after approval of the project by the Ethics Committee on Research of UNIVALI and HC-UFPR. The data collected were organized, analyzed and interpreted through thematic analysis. The results show that the intervention of the social worker with commitment, efficiency, agility and respect for experienced pain, is crucial to reassure and ease the suffering of their families so the guidelines and referrals on the rights and duties of families related to mourning. Keywords: Reception on mourning, Grief time, Social Service

INTRODUÇÃO

O acolhimento faz parte do processo interventivo dos assistentes sociais e reúne três

elementos que interagem, e são eles a escuta, a troca de informações e o conhecimento da

situação em que se encontra o usuário (CHUPEL, 2010, p.55).

A perda de uma pessoa amada é uma das experiências mais dolorosas que o ser

humano pode vivenciar, podendo levar ao desespero. Kubler-Ross (1996, p.199-200) refere

que “a dor é grande, porque a perda é grande. A morte nos separa de todos os que

queremos muito, inclusive de nós mesmos. É a última das separações”.

Embora a morte seja algo certo na vida das pessoas, poucos são aqueles que estão

preparados para enfrentar a perda de alguém próximo e querido e, quando este é um

familiar, a aceitação torna-se mais difícil.

Diante dessa realidade, nas instituições de saúde é necessário que exista um local

adequado para que os familiares possam expressar sua dor, sofrimento e insatisfação

quando são notificados do óbito do ente que estava hospitalizado.

O momento da concretude da morte leva as pessoas a ficarem transtornadas e sem

saberem o que fazer. Quando esta ocorre em um ambiente hospitalar com normas e rotinas

específicas que necessitam ser seguidas, é importante que haja um profissional capacitado

que acolha e faça a condução e orientações necessárias para o familiar enlutado,

viabilizando o processo de liberação do corpo.

Portanto, o Assistente Social tem como uma de suas atribuições, referentes a situação

de óbito, a condução desse processo junto aos familiares. Sendo assim, a atuação do

Assistente Social visa minimizar o tempo de permanência do familiar e do corpo no hospital,

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viabilizando os encaminhamentos burocráticos, proporcionando um atendimento

humanizado e acolhedor.

Neste contexto, o Assistente Social interage “com pessoas fragilizadas que nos pedem

um gesto humano: um olhar, uma palavra, uma escuta atenta, um acolhimento, para que

possam se fortalecer na sua própria humanidade” (MARTINELLI, 2011, p.499).

O Serviço Social do acolhimento ao luto no Hospital de Clínicas faz parte de uma

política de humanização do Hospital e tem seu histórico embasado nas ações do Comitê de

Humanização, o mesmo surgiu a partir das discussões, momento em que os servidores

levaram ao conhecimento do Comitê as situações presenciadas e vividas pelas famílias após

acontecer o óbito. Relataram as dificuldades que as famílias enfrentavam para obter a

Declaração de Óbito (DO).

Diante desse relato, o Comitê organizou um grupo de trabalho com representação de

vários serviços envolvidos nas situações de óbito, tais como: serviço de anatomia, de

enfermagem, do serviço social, da medicina a fim de debater, entender e encontrar

alternativas para humanizar o atendimento após o óbito. Deste modo, os funcionários das

unidades foram orientados em relação ao preparo do corpo§. E, aos médicos foi promovido

treinamento sobre o preenchimento da DO e, determinado ao técnico do necrotério a

atribuição do preenchimento dos dados de identificação da DO.

O atendimento do Serviço Social era realizado dentro das possibilidades do Assistente

Social de cada unidade, os quais atendiam as famílias em sala compartilhada com outros

profissionais, seja nas enfermarias das clínicas, seja nos corredores do Hospital. Frente a essa

situação surgiu a necessidade de criar um serviço com a responsabilidade de acompanhar,

executar, ter conhecimento da rede sócio assistencial, em que também fosse suporte para

os setores envolvidos, bem como para os familiares dos pacientes quando ocorresse o óbito.

Deste modo, o Comitê compreendeu que cabia ao Serviço Social elaborar um projeto

para atuação no óbito, o qual foi amplamente discutido com todos os serviços envolvidos e

este foi apresentado e aprovado pela Direção do Hospital e, assim, houve o início das

atividades no acolhimento ao luto.

Portanto, acontecendo o óbito este serviço é acionado para atender, exclusivamente,

os familiares do paciente que foi a óbito. Os assistentes sociais acompanham as famílias

§ Retirar acessos e sondas, procedimentos básicos necessários para levar o corpo ao necrotério.

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enlutadas, atuando de forma ética, humana, prestando todo apoio e orientação necessária

para a liberação do corpo o quanto antes do hospital.

Assim, este estudo tem o objetivo apresentar a atuação do Assistente Social no

processo de acolhimento ao luto junto os familiares em processo de luto do Hospital de

Clínicas da Universidade Federal do Paraná. Acredita-se que a pesquisa possibilitará melhor

entendimento da finitude humana e, dessa forma, possa contribuir para uma abordagem

profissional humanizada junto aos familiares enlutados.

METODOLOGIA DA PESQUISA

Pesquisa descritiva e exploratória, com abordagem qualitativa, desenvolvida em um

hospital de ensino da Cidade de Curitiba no estado do Paraná, reconhecido centro de

excelência em atendimento, ensino e pesquisa, e faz parte da dissertação do Curso de

Mestrado Profissional em Saúde e Gestão do Trabalho da UNIVALI - Universidade do Vale do

Itajaí em Santa Catarina.

Os sujeitos corresponderam a nove famílias enlutadas que foram atendidas pelo

Serviço Social e treze enfermeiros que prestaram cuidados aos pacientes em óbito e seus

familiares. A escolha da coleta de dados aconteceu nos meses de abril e maio de 2014 e,

vem de encontro ao procedimento metodológico de amostragem não probabilística

intencional, proposto por Leopardi (2011, p.157), em que o pesquisador pode escolher um

período de tempo para coletar os dados.

Para coleta de dados foi utilizada entrevista gravada com roteiro semiestruturado,

técnica que permite conhecer a população estudada. Conforme Marsiglia (2009, p.392), “na

entrevista semiestruturada, estruturada ou padronizada o pesquisador aborda alguns

tópicos e os sujeitos que participam do estudo falam o que pensam sobre eles”. Portanto, foi

utilizado um roteiro distinto de perguntas para cada um dos grupos de sujeitos pesquisados,

estas foram gravadas e transcritas, na integra, objetivando garantir a coerência e

fidedignidade dos dados coletados, facilitando a sua análise.

Os familiares enlutados foram convidados a participar da pesquisa via contato

telefônico, sendo que os contatos aconteceram após o oitavo dia do óbito. Contudo, foi

ressaltado que se teve muito cuidado para não pressionar o familiar respeitando seu tempo

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de luto, os mesmos foram informados que caso não apresentassem condições de participar

da entrevista, no dia agendado poderiam informar para cancelar ou reagendar.

As entrevistas ocorreram nos locais e datas conforme disponibilidade dos familiares.

Se houvesse necessidade de um acompanhamento mais próximo aos familiares

participantes, os mesmos poderiam ser encaminhados ao Grupo de acolhimento às pessoas

e famílias enlutadas, no Ambulatório de Saúde Mental do Hospital.

As entrevistas com os enfermeiros ocorreram no próprio Hospital, tendo sido

acordado com os profissionais o melhor horário, para que não houvesse interferência no

desempenho de suas atividades profissionais. Todavia foram escolhidos ambientes que

possibilitassem tranquilidade e sem ruídos externos. Procurou-se convidar os enfermeiros de

todos os turnos. Ressalta-se que as entrevistas com os enfermeiros também obedeceu aos

mesmos quesitos de disponibilidade.

A coleta de dados foi encerrada na ocorrência da saturação dos dados. O fechamento

amostral por saturação teórica é operacionalmente definido como a suspensão de inclusão

de novos participantes quando os dados obtidos passam a ser repetitivos e na avaliação do

pesquisador não é mais relevante persistir na coleta de dados (FONTANELLA; RICAS;

TURATO, 2008, p. 17).

O tratamento dos dados foi feito pela Análise Temática, pois este método possibilita

compreender o verdadeiro sentido das comunicações, por meio de seu conteúdo e

significações explícitas ou latentes (MINAYO, 2012, p.86).

No entanto, antes de qualquer contato com os participantes do estudo, foram tomados

os cuidados éticos, que são indispensáveis quando se trata de pesquisa envolvendo pessoas.

Neste sentido, a pesquisadora inicialmente seguiu o que preconiza a Resolução do CNS

466/2012 sobre as diretrizes e normas reguladoras para pesquisa em seres humanos, ou

seja, o projeto de pesquisa inicialmente foi avaliado e aprovado em 28/02/2014 pelo Comitê

de Ética e Pesquisa (CEP) da Univali, com o parecer consubstanciado número 553.267. E, este

foi, posteriormente, apresentado ao Cep do Hospital de Clínicas da Universidade Federal do

Paraná, tendo sua aprovação em 28/04/2014 com o parecer consubstanciado número

627.691. No entanto, a pesquisa foi iniciada, somente, após aprovação de ambos os Comitês

de Ética em Pesquisa.

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O anonimato dos sujeitos participantes está mantido em caráter confidencial, sendo

que os mesmos receberam codinomes de F para familiar e E para enfermeiro, seguido da

ordem numérica a partir da temporalidade da entrevista.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Após a transcrição e leitura é apresentada a percepção dos enfermeiros e familiares

sobre a atuação do Assistente Social no óbito, e foram levantadas duas temáticas, que são

acolhimento e orientações burocráticas realizadas pelo Serviço Social. A análise de dados

estabeleceu uma relação da percepção dos familiares e enfermeiros da Unidade de Urgência

e Emergência Adultas do Hospital de Clínicas acerca da atuação do Assistente Social no

acolhimento ao luto.

ACOLHIMENTO

O Serviço Social é comunicado do óbito pela enfermagem e, em seguida, acessa o

cadastro de internação para localizar a família. Feito isso, a família é chamada para

comparecer com urgência, portando documento oficial com foto do paciente e familiar e

também comprovante de residência do paciente. Todavia, é o médico da Clínica onde o

paciente esteve internado que informa o óbito ao familiar. (ANDREIU; CASTRO, 2012).

Pode-se perceber como acontece o processo através das falas dos enfermeiros:

[...] teve óbito eu avisei [...] o paciente indo a óbito não me traz preocupação, eu sei que vai ter continuidade pelo Serviço Social[...]. (E1)

[...] primeiro contato que fazemos com o Serviço Social é para entrar em contato com a família, para a família vir [...] . (E7)

[...] são as Assistentes Sociais que fazem o contato o quanto antes com a família, é importante que esta família seja comunicada, e são elas que fazem este primeiro contato, nós avisamos o momento do óbito, elas entram em contato com a família e nos dão retorno depois para a família vir receber no local adequado esse ente que foi a óbito. (E8)

[...] ligamos e falamos o paciente tal foi a óbito tal hora, a Assistente Social vai ao registro e pega o contato e liga para a família, eu sei que é uma posição difícil falar de óbito por telefone, ela não pode falar, ela fala que esta passando mal para a família vir aqui falar com o médico. Mas quando ela fala que é para vir aqui com

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documentos à família já sabe, já foi conversado com a família, já esta ciente da situação. (E10)

Nas entrevistas, os familiares informam que receberam chamado do hospital, para

comparecer, não identificam quem foi o profissional, por não conhecer o processo de

trabalho referente a este momento.

Quando a família se encontra presente no momento do óbito, ela é abordada pelo

Serviço Social no local da ocorrência. O Assistente Social se apresenta, informa seu papel e

identifica os membros da família (ANDREIU; CASTRO, 2012).

Neste momento, os familiares presentes são acolhidos e informados do óbito e dos

procedimentos necessários ou no caso dos familiares serem chamados para comparecerem

ao hospital, após receberem a notícia do óbito, dada pelo médico, são encaminhados para o

acolhimento com o Assistente Social. O acolhimento é realizado de forma humana, cordial,

sensível e profissional, enquanto são realizados os encaminhamentos das questões legais,

que envolvem a liberação do corpo e do sepultamento.

O fato de o Assistente Social acolher e acompanhar a família ao mesmo tempo,

humaniza os encaminhamentos das questões legais, tranquiliza e referencia as famílias em

um momento, em que a alma sente dor e a emoção se sobrepõe à razão. Neste contexto,

“acolher significa oferecer ou obter refúgio, proteção, ou conforto físico, proteger, abrigar,

amparar.” (HENNINGTON, 2005, p. 259).

Pode-se compreender com os relatos dos enfermeiros que o Assistente Social é o

profissional que realiza o acolhimento, no momento do óbito, e esta intervenção contribui

para minimizar o sofrimento enfrentado pelos familiares:

[...] de acolher esta família, é imprescindível porque a família fica perdida, muitas vezes não consegue nem fazer uma ligação. Então é imprescindível o papel dela nesse momento, nesse acolhimento, nesse processo. Para a família é imprescindível, a família se sente mais segura, respeitada e acolhida. (E5)

[...] acionamos o Serviço Social para fazer o acolhimento da família. (E6)

[...] o Serviço Social é bem bom o que eles fazem, a parte do acolhimento quando a família esta aqui.(E9)

[...] a família se sente mais segura, mais assistida, mais acolhida. (E10)

[...] eu quero destacar esta parte da humanização perante as famílias os acompanhantes que é muito importante neste momento [...]. (E8)

[...] ter a humanização para o familiar... [...] acolhimento [...]. (E13)

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Para Matias (2008, p. 203), as dificuldades que os profissionais de saúde sentem para

intervir, em situações de morte, acontecem devido a sua preparação técnica voltada para

uma rotina pautada na busca do bem estar e ações que visam à preservação da vida. A fala

do enfermeiro retrata esta dificuldade:

[...] com relação ao óbito eu considero assim o Serviço Social a abordagem que ele faz com relação ao acolhimento, a família, as pessoas que estão presentes no momento do óbito e os familiares que veem posteriormente considero isso um ponto positivo esse acolhimento. E, o contato inicial com a família eu acho um passo muito difícil, é uma coisa muito difícil, que o fato de você escutar, sentar com a família de você fazer esse acolhimento, nós tentamos, mas eu confesso que é muito difícil, eu acho que o Assistente Social ele acaba conseguindo trabalhar isso de uma forma mais tranquila. (E2)

Em relação a este momento, Parkes (1998, p.245) diz que “olhar de frente para os

problemas do luto e do enlutamento em lugar de voltar às costas para eles, é a chave para

um trabalho bem sucedido com o luto, para o que sofre , o que ajuda, o planejador e o

pesquisador”.

Nos relatos os enfermeiros compreendem que o Assistente Social está mais preparado,

tecnicamente, para intervir no momento do óbito junto às famílias:

[...] é a questão do preparo mesmo, preparo de conhecimento de todo o processo. A experiência e qualificação profissional que tem para isso, para lidar com essa questão [...]. (E1)

[...] o Assistente Social tem preparo[...].(E7)

São as interrogações que a família tem e que o Serviço Social tem como conduzir, tem todo o processo para ser acompanhando e orientada a essas famílias. (E8)

A Assistente Social tem perfil para isso, tem esse preparo e só tem aquela pessoa para assistir naquele momento, e nós não temos só aquela pessoa para assistir, tem que cuidar do corpo para levar ao necrotério e ainda cuidar dos demais pacientes da unidade. (E10)

O Assistente Social talvez por vir de fora e não acompanhar o processo da doença e do fim daquela vida consiga passar mais informações, e está mais preparado [...]. (E11)

[...] então elas são as pessoas mais habilitadas para fazer isso porque tem o conhecimento[...].(E12)

Quanto a este contexto, Lemos (2009, p.123) ressalta que para o Serviço Social não é

facil intervir apoiando as famílias no momento de morte,“exige de nós, maturidade,

profissionalismo, conhecimento mas, antes de tudo sensibilidade”.

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Nas falas dos familiares entrevistados pode-se acompanhar qual é a percepção acerca

da intervenção do Assistente Social:

Ela é como posso falar para você, ela é capacitada para explicar nessa hora difícil, para fazer você entender nesse momento difícil, ela é muito atenciosa. (F2)

Ela foi muito solidaria, a profissional que estava aqui no dia parece que ela é uma pessoa vocacionada[...]. (F9)

Em relação a esta conduta profissional se utiliza-se o conceito de Pessini; Bertachini

(2004, p.4) em que, “destaca-se, nesse contexto, a presença solidária do profissional com

habilidades humana e científica, bem como ser indispensável a solidariedade e o

atendimento digno com calor humano são imprescindíveis”.

ORIENTAÇÕES BUROCRÁTICAS

Esta temática se refere a todos os encaminhamentos e orientações que os familiares

recebem do Serviço Social após o acolhimento até a liberação do corpo para sepultar, quais

sejam: verificar a necessidade da autopsia, acompanhar o familiar ao necrotério para ver o

corpo, preencher a declaração de óbito (DO) e Livro de Registro de Óbitos, informar e

esclarecer a família sobre seus direitos e deveres relacionados ao sepultamento e viabilizar a

entrega da DO.

Quando há necessidade de autópsia, cabe ao Serviço Social contatar o familiar (de

primeiro grau) para autorizar ou não o procedimento. Este procedimento é necessário

quando os profissionais médicos que, em determinados casos, não têm o diagnóstico e se

veem impossibilitados de assinar a DO e, algumas famílias, que são enfáticas em não

autorizar a necropsia, podendo gerar conflito entre equipe de saúde e familiares. Nesses

casos, o Assistente Social atua como mediador, mas em todos os casos, prevalece sempre a

vontade da família (ANDREIU; CASTRO, 2012).

Para os autores Idalino, Gomes e Cury (2004), a autópsia é um procedimento

fundamental para esclarecer o motivo do óbito, sua finalidade é confirmar ou alterar

o diagnóstico, ou também para identificar outros dados que ainda não haviam sido

identificados clinicamente.

Através das falas, percebe-se que o Serviço Social é acionado para participar dos

trâmites burocráticos que envolvem a autópsia.

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Ela perguntou se agente queria a autópsia para saber a causa da morte. (F2)

[...] no momento foi mais falado sobre a autópsia porque eu queria [...]. (F6)

[...] para nós (P.A), uma época tínhamos muitos mais óbitos, ou, o paciente já chegava em óbito, então tem uma conduta pela Serviço Social e também pelo Hospital se vai liberar esse corpo ou acionar o IML. Nós da Enfermagem fazemos o contato com o Serviço Social. (E8)

Eles têm medo que o ente querido que fosse a óbito acabe passando por procedimento de estudo, porque o Hospital [...] é um Hospital escola e quando o Serviço Social orienta e dá suporte eles ficam mais tranquilos. (E13)

A autópsia somente é realizada se for necessário para esclarecer a causa do óbito e

com autorização da família. A fala do enfermeiro retrata a preocupação dos familiares em

relação ao procedimento, por entender que o fato do óbito ocorrer num hospital de ensino,

será obrigatório realizar a autópsia. Mas com os esclarecimentos do Serviço Social, os

familiares entendem que o procedimento só será realizado com a autorização da família.

O Assistente Social esclarece todas as dúvidas referentes aos trâmites burocráticos

necessários para liberação do corpo do Hospital para que o velório e o sepultamento

aconteçam o mais breve possível. Como se pode acompanhar nas falas de familiares e

enfermeiros que relatam esta intervenção:

A Assistente Social falou bastante coisa sobre a liberação [...]. (F4)

Ela recebeu a nossa família para falar tudo o que tinha que ser feito dali em diante para o corpo sair do Hospital. (F8)

[...] vocês vêm para poderem se inteirar da situação social e para a liberação, tanto a liberação do corpo em si e também da condução desse preparo para a família conduzir para um enterro digno, isso é muito importante. (E8)

[...] a família fica muito preocupada de como proceder, já sabe que o familiar morreu, agora preciso saber como encaminhar o corpo e como resolver[...] . (E9)

Alguém para direcionar: liberação do corpo [...]. (F13)

Na situação do óbito é necessária a atuação de um profissional com formação e

sensibilidade para orientar, encaminhar, tomar providências junto aos que sofrem com a

perda, conforme Dutra (2010) uma vez que envolve informações referentes aos benefícios

essenciais para prover um funeral digno, que os familiares muitas vezes desconhecem.

Quando a família possui plano funerário, o Serviço Social realiza contato com o

mesmo, encaminha a família com a documentação necessária. Estas orientações são

encontradas nas seguintes falas:

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Ela deu aquela guia amarela e branca e, explicou que com aquele papel tínhamos que ir até o plano funerário. (F1)

Ela entregou o documento para irmos ao Serviço Funerário, levar o documento. (F2)

Ela explicou certinho, ela deu as informações onde tinha que ir para tirar a via FAF, lá no Cemitério Central. Como agente já tinha plano funerário, ela ligou lá na funerária eles já vieram para nos acompanhar até o serviço funerário municipal. (F3)

[...] então pensei que essa parte fosse bem complicada, mas a ...me orientou que se a gente fosse fazer por nossa conta seria de uma forma e se a gente optasse pela funerária seria de outra forma, e a gente optou pela funerária fazer. (F7)

Ela fez a ligação para o nosso plano funerário explicou onde agente tinha que ir depois do Hospital. (F8)

[...] orientação de como vai proceder à questão de funerárias e tudo mais que a gente realmente não sabe... Fazer a orientação correta desde a questão de funerária, mais ou menos o tempo que leva a documentação [...]. (E1)

Vocês vão dar o encaminhamento burocrático do óbito aqui dentro, vão articular se ele tem plano funerário ou não, ter esse suporte social para ele mesmo, é fundamental, é um problema a menos para eles , é um problema importante. (E5)

[...] após o óbito para conduzir e esse trâmite também com a funerária, com a liberação do corpo aqui do próprio Hospital, das normas e rotinas aqui do nosso Hospital, então são elas que vão conduzir essa situação depois do óbito. Toda essa documentação/toda essa rotina, que eu me refiro a isso, são os documentos as normas que são necessárias para legalizar ter toda a segurança da família conduzir à funerária e depois ser liberado. (E8)

[...] explicar como funciona a central de luto[...]. (E9)

O Assistente Social orienta acerca dos procedimentos do Serviço Funerário Municipal,

órgão administrado pelo Departamento de Serviços Especiais da Secretaria Municipal do

Meio Ambiente da Prefeitura Municipal de Curitiba. É o órgão fiscalizador e regulador das

agências permissionárias em Curitiba, em que o familiar apresentará a 1ª via da DO,

documento oficial que será utilizado para registro da certidão de óbito em cartório

autorizando e o sepultamento. A DO é fornecida e controlada pela Secretaria Municipal de

Saúde de Curitiba – Setor de Epidemiologia. A 1ª e 2ª vias são entregues aos familiares. A 3ª

via fica na instituição, que após utilização pelo setor de Epidemiologia do Hospital, retorna a

Anatomia Patológica para arquivo permanente (ANDREIU; CASTRO, 2012).

No Serviço Funerário Municipal (SFM), o familiar será atendido por um servidor, o qual

irá emitir a Ficha de Acompanhamento Funeral (FAF). Este documento contém dados da

pessoa falecida, da pessoa declarante, do óbito, do funeral, da funerária e do servidor

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atendente no SFM. É emitida em quatro vias, sendo que a 4ª via é entregue ao funcionário

do necrotério do Hospital, quando a funerária vier retirar o corpo, que só é liberado do

hospital mediante a apresentação da FAF pelo agente da funerária. Esta via ,futuramente

será recolhida pelo servidor fiscal do SFM, quando vier na instituição conferir a FA,F com as

anotações realizadas no livro de registro de óbitos.

Quando a funerária vier retirar o corpo, o agente funeral apresentará a 4ª via da FAF

ao funcionário do necrotério. Este, por sua vez, lançará no livro de registro de óbitos, os

dados relativos a funerária, como: nome e endereço, o nome do motorista e seu RG,

identificação do veículo, placas e, finalmente, solicitará ao agente assinatura para a retirada

do corpo. Neste momento, irá marcar o horário em que a funerária saiu do necrotério com o

corpo. (ANDREIU; CASTRO, 2012).

O Assistente Social orienta os familiares, que não possuem condições financeiras para

o sepultamento, quanto a gratuidade (fornecimento de urna, carro funerário e local para

sepultamento).Conforme se pode acompanhar nas falas:

[...] se você não tivesse condições de pagar a Prefeitura é obrigado fornecer. (F2)

Nós estávamos sem dinheiro nenhum para o sepultamento, a Assistente Social tentou e conseguiu que a Prefeitura de Piraquara para cobrir para nós. (F6)

[...] também a questão dos encaminhamentos que são feitos do paciente e de seus familiares em relação aos direitos que eles têm. Escutar qual é a necessidade e realmente fazer estes encaminhamentos... Informar quais os direitos que eles têm e como eles podem buscá-los [...]. (E2)

Às vezes é uma família que não tem como comprar o caixão, qual é o papel dela nesse sentido? Não é de comprar, mas qual é o caminho que ela vai orientar para essa família. (E4)

[...] em caso que já tivemos de família extremamente humilde, que não sabia como proceder ,eu sei que foi ela que fez toda essa orientação ,a orientação para o sepultamento gratuito.Esses detalhes, os critérios nós não sabemos,nós temos muitas dúvidas nesse sentido , elas sempre estão resolvendo. (E9)

Nas situações em que a família não tem condições de prover o sepultamento ,

conforme Hermes e Lamarca (2013) cabe ao Assistente Social orientar e encaminhar aos

serviços disponíveis, a fim de que a família possa acessar a rede de suporte, para um

sepultamento digno .

Conforme se pode acompanhar nos relatos de familiares e enfermeiros, o Assistente

Social é o profissional que acompanha os familiares ao necrotério para que possam ver seu

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ente querido e também para o preenchimento do livro de óbitos e Declaração de Óbito, esta

é uma atribuição muito importante neste momento em que as famílias se encontram

fragilizadas e perdidas.

[...] ela conversa e encaminha para o necrotério onde está o corpo [...]. (E 5)

[...] acolhimento de ir ate o necrotério. (E13)

[...] acompanhou para ver o corpo. (F3)

[...] se eu queria ver meu pai, eu falei que queria ver, então nós fomos com ela conversando até o outro prédio para ver ele [...]. (F4)

Eu fui até o quarto, mas já tinham levado o corpo para o necrotério. Era uma Assistente Social lá do outro prédio que atendeu e nos acompanhou. (F5)

E, aí ela me fez algumas perguntas, se eu queria ver ou não o corpo de minha mãe, eu disse que não. (F7)

Depois da Assistente Social de explicar eu pedi para ver a minha esposa, nós fomos até o necrotério para eu ver [...]. (F8)

O Assistente Social, também, se responsabiliza em retornar à Clínica em que o paciente

faleceu, para a assinatura da DO pelo médico, evitando, desta forma o retorno doloroso da

família ao setor da ocorrência do óbito, sendo que esta intervenção possibilita agilidade na

liberação do documento. Conforme relato de F2:

Tinha os documentos com assinatura para esperar, ela que cuidou de tudo, nós ficamos ali sentadinhos juntos esperando [...]. Então ela correu atrás de tudo [...]. Assistente Social que acompanhou tudo [...]. Ela sabe o que fazer esta dentro do Hospital, os médicos estão lá em cima ou foram embora, você não sabe com quem falar então você conversa com o Assistente Social ela explica tudo, vai pegar a assinatura de lá e vem, é importante. Se não, você tem falar com tal pessoa, você vai procurar como você vai achar uma pessoa dentro daquele Hospital grande e chorando [...]. (F2)

Nesse sentido, Basso e Marin (2010) referem que a perda de uma pessoa querida é

uma das experiências mais tristes e doloridas que um ser humano pode viver, é um processo

que dificulta a concentração em assuntos que não sejam relacionados ao processo de luto.

Desta forma, é fundamental um profissional com disponibilidade para orientar e

acompanhar o processo burocrático.

Os papéis, a guia estavam com ela, ela nos deu. (F3)

Ela já deu o papel pronto para nós. (F4)

Ela já encaminhou, já levou e voltamos fomos para o necrotério de lá fomos pegar a assinatura do medico e ela junto. Ela só nos soltou na saída. (F7)

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Subimos até onde ela ficou internada para a médica assinar o documento, a Assistente Social disse que a família não precisava ir, podia ir se tivesse alguma dúvida [...]. Acompanhou a gente no Hospital até liberar os papeis todos [...]. (F8)

Ela foi lá dentro e levou o prontuário e voltou e informou que ele assinaria. Ela não tinha certeza que ele assinaria ou não porque o falecido não era paciente dele.Ele, também, teve bom senso e sensibilidade naquele momento e assinou.(F9)

[...] depois o retorno é trazer o atestado de óbito para o médico assinar, já fizeram os encaminhamentos com a família [...]. (E5)

[... ] agora toda a parte burocrática, a parte da papelada a Assistente Social que encaminha. (E6)

[...] essa parte burocrática de encaminhamento,como não somos nós que fazemos, eu tenho dúvidas no preenchimento de formulários[...]. (E9)

[...] assinar um papel e pedir para o médico assinar [...]. (E13)

A família já está em sofrimento e ainda tem que pensar nos trâmites burocráticos que

são tão necessários, portanto é muito importante que a família possa ter o Serviço Social

apoiando, orientando e dando agilidade na resolução dos documentos necessários. Dessa

forma, a família pode ter mais tranquilidade e seguir ao encontro de parentes e amigos, que

contribuirão na elaboração do luto. Conforme ressalta Knapik (2011, p.44) “essa é uma

finalização de procedimentos no ambiente hospitalar com humanização”.

Em situações de conflito entre família e equipe, em que a família não aceita o óbito, o

Serviço Social é chamado para intervir:

[...] às vezes ocorre o atrito a família, não aceita e quem acaba acalmando é o Serviço Social. A família é constante aqui e às vezes pega birra com o médico, o médico é muito ríspido. Eles acham que a equipe da UTI é incompetente ou coisa assim, então precisa de alguém de fora que geralmente é o Serviço Social que vem e faz, acalma tudo, então digamos é a nossa salvação, se deixar para agente acalmar aqui dentro a gente não consegue, e a gente sabe que sempre gera atrito, e quem acaba acalmando todo esse atrito é o Serviço Social, acaba acalmando a família e dando sequência. (E1)

Em relação a esta situação, se busca respaldo em Lemos (2009, p.121), o qual aponta o

Assistente Social, enquanto “facilitador nas relações interpessoais” e como integrante da

equipe de saúde, sendo o profissional habilitado para intervir no momento, possibilitando

esclarecimento e comunicação.

A perda de um familiar são situações que geralmente trazem dor, sofrimento, angústia

e aflição aos familiares, sendo assim, o cuidado e a abordagem realizada pelo Serviço Social

são imprescindíveis para minimizar e apoiar os familiares em seu processo de luto. Portanto,

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a presença e a intervenção do Assistente Social acompanhando, orientando e direcionando

as famílias contribuem de forma decisiva para a finalização de procedimentos burocráticos

necessários no hospital de forma humanizada. Seria oportuno que no momento do óbito

houvesse a participação dos residentes de psicologia em todos os turnos, para que

pudessem dar o suporte psicológico e interceder se houver necessidade.

Compreendemos que a humanização não deve ser entendida como uma atribuição

exclusiva do Serviço Social compreende um processo coletivo de todos os profissionais da

saúde. A sensibilidade e dedicação da equipe de enfermagem, a conduta compreensiva do

médico na comunicação do óbito e o atendimento dos residentes de psicologia fazem o

conjunto necessário de ações para que este processo seja menos sofrido para as famílias

enlutadas.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os resultados apontados neste estudo contribuem para reforçar a importância da

atuação do Assistente Social no acolhimento ao luto, e demonstram que são imprescindíveis

as orientações e os encaminhamentos recebidos pelas famílias referentes aos direitos e

deveres relacionados ao sepultamento. A intervenção do Serviço Social com

comprometimento, eficiência, agilidade e respeito à dor vivenciada, é decisiva para

tranquilizar e amenizar o sofrimento das famílias, que estão abaladas com a perda de seu

familiar. Portanto é o Assistente Social que dá apoio, acompanha, direciona e faz os

encaminhamentos necessários às famílias.

Mesmo em sofrimento a família mostrou-se receptiva para participar da pesquisa. Foi

possível observar a necessidade dos familiares em relembrar e partilhar conosco lembranças

da vida familiar vivenciados com o falecido. E, demonstraram surpresa de o Hospital

oferecer este apoio, que consideram tão necessário. Ressaltam que a intervenção do

Assistente Social é importante, e que foi este profissional que os acompanhou em todo o

processo. Apontam como positivo a postura do Assistente Social porque transmite

tranquilidade, confiança, credibilidade, ou seja, para as famílias todas as ações realizadas

pelo Serviço Social após a notícia do óbito foram muito significativas. Sugerem que este

Serviço seja disponibilizado a toda rede de saúde.

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Entendemos que a participação da Psicologia e da Enfermagem no acolhimento, em

conjunto com o Serviço Social é fundamental, pois acreditamos que os profissionais que

prestam atendimento às famílias nesse momento extremamente triste têm muito a

contribuir.

Acreditamos que a intervenção multidisciplinar no acolhimento ao luto possibilitará

aos profissionais refletir sobre suas práticas nesse contexto e assim novas ações surgirão

contribuindo para a humanização da morte e do processo de morrer. Esta prática poderá ter

impacto positivo para todos os profissionais envolvidos, mas principalmente para os

familiares.

REFERÊNCIAS

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ANEXO B – PARECER CEP UNIVALI

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anexo c - parecer CEP HC

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ANEXO D - FORMULÁRIO NOT ÓBITO

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APÊNDICE A – SOLICITAÇÃO DE AUTORIZAÇÃO PARA COLETA DE DADOS

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APÊNDICE B – TERMO DE ANUENCIA DA INSTITUIÇÃO CO-PARTICPANTE

PARA COLETA DE PESQUISA ENVOLVENDO SERES HUMANOS

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APÊNDICE C – DECLARAÇÃO AO COMITE DE ÉTICA EM PESQUISA DO HC

UFPR

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APÊNDICE D – SOLICITAÇÃO DE ACESSO INSTITUCIONAL – UNIMULT

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APÊNDICE E – AUTORIZAÇÃO UNIMULT E SERV PSICOLOGIA

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APÊNDICE F – SOLICITAÇÃO DE ACESSO INSTITUCIONAL

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APÊNDICE G – COMITE DE ÉTICA EM PESQUISA SETOR DE CIÊNCIAS DA

SAÚDE DA UFPR

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APÊNDICE H – TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESLCARECIDO

(FAMILIARES)

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APÊNDICE I - TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

(PROFISSIONAIS DE SAÚDE)

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APÊNDICE J – TERMO DE UTILIZAÇÃO DE DADOS

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APÊNDICE K - ANALISE DO MERITO

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APÊNDICE L - ROTEIRO DE ENTREVISTA FAMILIAR

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APÊNDICE M - ROTEIRO DE ENTREVISTA PROFISSIONAIS DE SAÚDE