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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
CURSO DE ODONTOLOGIA
THIAGO BERNARDES NUNES
OBERDAM THIESEN FERREIRA
AVALIAÇÃO DA OCLUSÃO DE PACIENTES TRATADOS
ORTODONTICAMENTE COM APARELHO FIXO
Itajaí, (SC) 2011.
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THIAGO BERNARDES NUNES
OBERDAM THIESEN FERREIRA
AVALIAÇÃO DA OCLUSÃO DE PACIENTES TRATADOS
ORTODONTICAMENTE COM APARELHO FIXO
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como requisito parcial para obtenção do título de cirurgião-dentista do Curso de Odontologia da Universidade do Vale do Itajaí. Orientador: Prof. MSc. Casimiro Manoel Martins Filho
Itajaí, (SC) 2011.
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THIAGO BERNARDES NUNES
OBERDAM THIESEN FERREIRA
AVALIAÇÃO DA OCLUSÃO DE PACIENTES TRATADOS
ORTODONTICAMENTE COM APARELHO FIXO
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como requisito parcial para obtenção do título de cirurgião-dentista do Curso de Odontologia da Universidade do Vale do Itajaí, aos vinte e sete dias do mês de agosto do ano de dois mil e dez, é considerado aprovado.
1. Prof. MSc. Casimiro Manoel Martins Filho ________________________________
Curso de Odontologia da Universidade do Vale do Itajaí (UNIVALI)
2. Prof. MSc. Roberto Carvalho Barros Júnior_______________________________
Curso de Odontologia da Universidade do Vale do Itajaí (UNIVALI)
3. Prof. MSc. Mauro Uriarte Francisco_____________________________________
Curso de Odontologia da Universidade do Vale do Itajaí (UNIVALI)
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Ao meu pai, por preparar-me para o caminho, por ser meu exemplo, meu
ídolo e meu eterno professor. À minha mãe, por amparar-me nas vezes em que
tropecei, por ser meu porto seguro, minha fortaleza. À minha irmã, pela amizade
infinita e presença indispensável. Aos meus queridos avós, meus segundos pais, por
tornarem essa trajetória possível, e percorrerem cada segundo da estrada ao meu
lado. Por fim, aos meus amigos, pelos mais sinceros sorrisos acrescentados à essa
caminhada. Amo todos vocês.
Oberdam Thiesen Ferreira
Dedico este estudo aos meus familiares pelo essencial apoio prestado
durante toda a faculdade. Aos meus amigos pelo incentivo a busca de novos
conhecimentos, a todos os professores que muito contribuíram para a minha
formação, dos quais tenho boas lembranças e ao orientador Casimiro Manoel
Martins Filho, pela sabedoria e dedicação com a qual supervisionou o trabalho,
sendo sensível às diversas situações entraves que lhes foram apresentadas.
Thiago Bernardes Nunes
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AGRADECIMENTOS
À Deus, pela arte da vida. Ao professor Casimiro Manoel Martins Filho, pela
paciência e orientação, indispensáveis para a confecção deste trabalho.
À professora Elisabete Rabaldo Bottan, pelos conselhos sempre bem-vindos
e auxílio na estrutura do projeto.
Aos colegas, futuros companheiros de profissão, pela participação nas
avaliações.
A todos que, de alguma maneira, contribuíram para a execução desse estudo.
Obrigado!
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AVALIAÇÃO DA OCLUSÃO DE PACIENTES TRATADOS ORTODONT ICAMENTE
COM APARELHO FIXO
Thiago Bernardes NUNES e Oberdam Thiesen FERREIRA Orientador: Prof. MSc. Casimiro Manoel MARTINS FILHO Data de defesa: setembro de 2011 Resumo: A correção ortodôntica é uma realidade crescente de tratamento utilizado pela população brasileira como estratégia de movimentações dentárias para a obtenção da estética e da função do sistema estomatognático. Por este motivo, o objetivo deste trabalho foi avaliar a oclusão de pacientes tratados ortodonticamente com aparelho fixo. Foram selecionados para esta pesquisa 18 alunos do Curso de Graduação em Odontologia que realizaram tratamento ortodôntico com aparelho fixo. Estes alunos foram manipulados em relação cêntrica e realizados os movimentos de lateralidade e protrusão sendo registrados os contatos obtidos assim como as trajetórias da mandíbula. Os dados coletados foram registrados, sendo em seguida submetidos à análise percentual e reproduzidos por intermédio de tabelas. Esta análise objetiva visou registrar informações que reproduzissem o perfil da oclusão dos pacientes que realizaram o tratamento ortodôntico sendo comparados e discutidos com os relatos encontrados em pesquisas levantadas na literatura. Os resultados obtidos ficaram assim distribuídos: em relação cêntrica, 38,88% da amostra apresentou contato bilateral em dentes posteriores. Em máxima intercuspidação habitual, 66,66% apresentaram contatos em todos os dentes, sendo que nos movimentos de lateralidade, 33,33% apresentavam guia em grupo e 16,66% guia canina. No movimento de protrusão, observou-se que em 83,25% dos casos todos os incisivos mantinham contato durante a trajetória. Os autores concluíram que mesmo com a obtenção de um resultado estético que satisfaça o paciente, foi observada significativa instabilidade funcional ao final desses tratamentos, ou seja, a prioridade estética do tratamento em muitos casos acaba sobrepondo os aspectos funcionais. Cabe ao profissional ter essa consciência ampla, pois o paciente desconhece os danos que eventuais interferências possam causar ao sistema estomatognático. Palavras-chave: má-oclusão; movimentação dentária; oclusão dentária; ortodontia.
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LISTA DE TABELAS
Gráfico 1 - Tempo de uso do aparelho fixo............................................................................27
Tabela 1 - Contatos dentários encontrados com pacientes manipulados em RC..................28
Tabela 2 - Contatos dentários obtidos com pacientes manipulados em MIH.........................28
Tabela 3 - Guias encontradas com pacientes manipulados em lateralidade.........................29
Tabela 4 - Levantamento obtidos com pacientes realizando protrusão da mandíbula..........29
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SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO........................................................................................................09
2 REVISÃO DE LITERATURA...................................................................................11
3 MATERIAIS E MÉTODOS.......................................................................................25
4 APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS.................................................................27
5 DISCUSSÃO...........................................................................................................30
6 CONCLUSÃO..........................................................................................................35
REFERÊNCIAS..........................................................................................................36
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1 INTRODUÇÃO
Nos últimos anos, a importância em relação à estética cresceu bastante tanto
para a população masculina como para a feminina. Não só ações na área médica,
como as cirurgias plásticas, passaram a chamar o interesse da população, mas,
também, tratamentos que melhoram a posição dos dentes atraíram dezenas de
pessoas aos consultórios dos ortodontistas. Este fato está relacionado de forma
inquestionável ao avanço técnico científico da odontologia e consequente
barateamento dos tratamentos. Com isto, a ortodontia ganhou espaço e, hoje,
dificilmente encontramos alguém que nunca tenha usado aparelho ortodôntico.
A estética é a grande responsável pela explosão da ortodontia nos últimos
anos, mas este é, apenas, um dos objetivos desta importante área odontológica.
Outro objetivo, por vezes esquecido por pacientes e cirurgiões-dentistas, é a
obtenção de uma oclusão harmônica ditada pela excelência de um padrão oclusal.
Este deveria ser sempre lembrado porque é tão, ou mais, importante que a estética
em um tratamento. Os ortodontistas têm dedicado muito dos seus esforços no
sentido de desenvolver um tratamento em que a função e a estética estejam
presentes, não sacrificando uma em detrimento da outra (LOPES et al., 2006).
O padrão oclusal irá determinar a funcionalidade e harmonia para o paciente
que, tendo uma oclusão correta, não terá dores e nem perderá elementos dentais,
seja por desgaste ou trauma por contato prematuro. O ideal sem dúvidas é associar
a funcionalidade e a estética, entretanto, isso nem sempre é obtido. A oclusão é um
relacionamento funcional, ou não, de um sistema integrado de dentes, estruturas de
suporte, articulações e componentes neuromusculares, incluindo aspectos
psicológicos e fisiológicos (ASH; RAMFJORD, 1987).
O tratamento ortodôntico pode produzir uma oclusão funcional aceitável
apenas se os dentes são movimentados para posições que acomodem e não
interfiram com os movimentos mandibulares (CORDRAY, 1996) mas, de acordo com
Ash e Ramfjord (1996), uma oclusão ideal imaginária é raramente vista na
civilização ou até mesmo alcançada ortodonticamente.
Considerando-se os aspectos funcional e estético, teremos uma visão mais
ampla do sucesso dos tratamentos. Deve-se buscar não apenas a estética mas
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também o bem-estar do paciente devolvendo-lhe uma mastigação mais funcional e
harmônica, evitando a dor ou problemas oclusais futuramente.
O objetivo deste estudo foi fazer uma análise funcional da oclusão dos
pacientes que foram submetidos a tratamento ortodôntico. Esta análise terá como
meta a observância de princípios oclusais básicos tais como uma relação cêntrica
com contatos bilaterais simultâneos em dentes posteriores e, guias de oclusão, nos
movimentos laterais e protrusivos da mandíbula. Esta condição permite a
estabilidade e a harmonia dos dentes em consonância com o sistema
neuromuscular e, por este motivo, com menor possibilidade de migração.
O resultado da pesquisa será usado para informar aos pacientes como está
sua oclusão e, quando necessário, orientá-lo na busca de tratamento com o objetivo
de ajuste para evitar futuras migrações dentárias.
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2 REVISÃO DE LITERATURA
Zacbrisson et al. (1998) apresentaram algumas diretrizes sobre como
melhorar alguns tratamentos ortodônticos e, demonstram também que casos
finalizados com excelência apresentam mais estabilidade que os casos que, sob um
exame mais minucioso parecem ter sido subcorrigidos ou expandidos. Na recidiva
rotacional, ocorre um erro comum na ortodontia que é a correção incompleta de toda
a rotação da má-oclusão inicial, o autor utiliza dobras individualizadas no fio para
assegurar a correção rápida e completa de dentes em giroversão, a região ântero-
inferior é a área mais comum para a recidiva e o apinhamento pós-tratamento. A
conduta clínica é certificar-se de que todas as rotações nos dois arcos tenham sido
completamente corrigidas. Na recidiva transversal, a largura intercaninos inferiores
diminui do pós-tratamento até a pós-contenção mesmo quando ocorreu uma
expansão mínima durante a terapia. Os resultados a longo prazo mais satisfatórios
ocorreram pelo menos em parte devido a menor expansão canino-a-canino inferior,
correção mais completa das rotações e um período médio de contenção maior. Sob
a ótica clínica, o melhor guia para a futura estabilidade dentária e forma do arco
pode ser a largura pré-tratamento intercaninos inferior do paciente. Não se deve
buscar um sorriso equilibrado através da expansão lateral e inclinação da dentadura
superior, mas sim, através do ajuste do torque da coroa dos caninos e pré-molares
superiores até a aparência mais estética, inclinando estes dentes nos seus centros
de resistência. Na recidiva vertical, a sobremordida anterior excessiva ou profunda é
uma característica comum de muitas más-oclusões. A sobremordida profunda pode
ser causada pela extrusão dos incisivos superiores, extrusão dos incisivos inferiores
ou uma combinação de ambas. Um fator importante é a demonstração de que o
espaço disponível para os dentes ântero-inferiores diminui quando aumenta a
sobremordida. Para corrigir e manter a correção de uma sobremordida, deve-se
intruir os dentes extruídos e estabelecer uma relação ideal lábio inferior-incisivo
superior e ângulo interincisal. Os meios mecânicos incluem selecionar o torque
adequado do braquete, imbutir o torque adicional nos fios regulares e utilizar molas
com torque auxiliar para aplicar torque radicular lingual extra. A etiologia do
apinhamento inferior com relação aos dentes em erupção nos indivíduos tratados e
não tratados parece ser multifatorial. A força direcionada mesialmente é a causa
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mais importante do apinhamento mandibular tardio no início da adolescência.
Clinicamente, a extração precoce dos terceiros molares inferiores pode fazer com
que os primeiros molares irrompam numa direção menos mesial, os germes do
terceiro molar inferior ocupam espaço. Se forem extraídos, este espaço
provavelmente pode ser utilizado para verticalização distal dos segundos molares
inferiores numa terapia sem extração. Estudos atuais sobre terceiros molares não
estão adequadamente planejados para estabelecer qualquer relação direta entre a
erupção do terceiro molar inferior e o aumento do apinhamento mandibular. Na
contenção prolongada, há poucos estudos científicos sobre sua eficácia. Sem uma
contenção prolongada dos adolescentes tratados ortodonticamente e os pacientes
adultos jovens, vários graus de apinhamento anterior podem ser esperados como
parte do processo de maturação normal, uma mudança lenta e gradual é uma
característica natural, comum a qualquer dentadura, seja ela uma má-oclusão
tratada, uma má-oclusão não tratada, ou uma dentadura normal. A contenção
prolongada é recomendada aos adolescentes para ajudar a neutralizar os efeitos do
período de crescimento pós-puberal, pelo menos até que a situação do terceiro
molar tenha sido solucionada. Este estudo concluiu que a alta prevalência de má-
oclusão residual após a terapia ortodôntica em vários estudos de acompanhamento
prolongado pode ser devido a: correção incompleta de alguns detalhes da má-
oclusão inicial, recidiva do resultado do tratamento, devido a expansão não
intencionada ou deliberada lateral ou frontal, atividade normal do crescimento pós-
puberal e ajustes maxilomandibulares após o período de contenção.
Capote, Orrico e Vieira (2002) avaliaram o padrão oclusal em 38 pacientes
tratados ortodonticamente, comparando-os a 37 pacientes não-tratados. Os grupos
foram comparados quanto ao número de dentes com contato e sem contato, número
de contatos nos lados direito e esquerdo avaliação do número total de contatos em
MIH demonstrou uma média de 25 contatos para a amostra, com uma diferença
significativa entre grupos, sendo que o grupo tratado apresentou maior média em
comparação ao não-tratado. O número de dentes sem contato obteve uma média de
11 dentes para a amostra total, havendo diferença significativa entre grupos; o grupo
não-tratado apresentou maior média em relação ao tratado. Não houve diferença
entre os grupos quanto ao número de contatos nos lados direito e esquerdo.
Nenhum paciente apresentou coincidência de relação cêntrica com máxima
intercuspidação, citada por vários autores como sendo um dos objetivos a serem
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alcançados após o tratamento ortodôntico. Para os pacientes tratados
ortodonticamente, foi encontrado um perfil oclusal ligeiramente mais harmonioso,
visto por maior número de contatos e menor número de dentes sem contato. Os
autores concluíram que maior atenção deve ser dada pelos ortodontistas ao perfil
oclusal adquirido ao final do tratamento, não se levando somente em conta o
resultado estético obtido.
Kuramae et al. (2002) destacaram que a busca pela estabilidade é um dos
principais objetivos do tratamento ortodôntico, além da estética e da função. Os
autores tiveram como objetivo revisar as teorias e conceitos sobre a estabilidade
ortodôntica e os fatores que podem levar à recidiva ortodôntica. Todo tratamento
ortodôntico tem um potencial de instabilidade porque os tecidos gengivais e
periodontais são afetados pelo tratamento e requerem um certo tempo para a sua
reorganização. Após a remoção do aparelho, fatores relacionados a mudanças
produzidas pelo crescimento podem alterar o resultado do tratamento. Os tecidos
moles exercem pressão sobre os dentes instáveis e podem resultar em recidiva. A
normalização da oclusão dentária está na dependência de forças mastigatórias, que,
quando não incidem no longo eixo do dente, podem alterar sua posição e até
provocar desvios do arco dentário. A rotação dentária constitui um dos tipos de
movimento ortodôntico que apresenta menor estabilidade no período pós-
tratamento. As fibras supra alveolares (gengivais e transeptais) são as grandes
responsáveis pela recidiva dos dentes girovertidos. Um erro comum na ortodontia é
a correção incompleta de toda a rotação dentária. Dentre as causas da instabilidade
pós-tratamento, a oclusão dentária tem importância relevante, despertando a
consciência para a oclusão funcional. Os autores concluíram que a recidiva é
multifatorial e de difícil avaliação e que os dentes movimentados pelo tratamento
ortodôntico frequentemente retornam as suas posições originais e estabelecimentos
de pontos de contato e correção de toda a rotação dentária são fatores importantes
no estabelecimento da estabilidade ortodôntica.
Peres, Traebert e Marcenes (2002) identificaram as necessidades de
tratamento ortodôntico normativas avaliando o impacto destas na satisfação com a
aparência e a mastigação e compararam àquelas autopercebidas em um grupo de
adolescentes. Os autores realizaram um estudo transversal que incluiu todos os
alunos entre 14 e 18 anos de idade matriculados em um colégio de Florianópolis,
SC, no ano de 1999. A amostra foi composta por 43,7% de alunos do sexo feminino
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e por 53,7% do sexo masculino. Os alunos foram examinados com relação à
presença de oclusopatias. Um questionário, na forma de entrevista estruturada, foi
aplicado com perguntas a respeito da satisfação com a aparência, satisfação com a
mastigação e percepção quanto à necessidade de tratamento ortodôntico. Foram
considerados com presença de oclusopatia os alunos que apresentaram pelo menos
uma das características relacionadas a Classe I, Classe II e Classe III de Angle. Foi
perguntado aos pacientes quanto a satisfação com a aparência e com a mastigação;
e percepção da necessidade de tratamento ortodôntico. A maioria dos problemas
oclusais anteriores foi associada à insatisfação com a aparência. Nenhum tipo de
oclusopatia foi estatisticamente associado à insatisfação com a mastigação,
mostrando que esses problemas, na forma em que foram medidos, não
apresentaram impacto fisiológico perceptível por esses indivíduos. Os critérios
normativos para tratamento ortodôntico superestimaram a prevalência dos
problemas oclusais quando comparados à percepção dos adolescentes. Os
diastemas foram fatores de risco para necessidade de tratamento ortodôntico,
apesar de não influenciarem na satisfação com a aparência. A utilização apenas de
critérios clínicos para definição de problemas ortodônticos pode estar
superestimando as necessidades de tratamento ortodôntico.
Bósio (2004) afirmou que paradigmas nada mais são do que um conjunto de
modelos, formas ou padrões, e podem ser compostos por várias teorias e hipóteses.
Ao longo dos tempos, novas hipóteses e teorias surgiram e, se estiverem
fundamentadas cientificamente, devem ser seguidas. Durante os anos 70 e 80, a
crença de que a DTM era causada por má oclusão dentária era evidente. A DTM
deveria então desaparecer quando eliminada a má oclusão através de tratamento
ortodôntico. No final dos anos 80 e início dos anos 90, revisões de literatura sobre o
relacionamento dos problemas de articulação temporomandibular e Ortodontia
mostraram que não havia diferença nos sinais e sintomas de DTM entre os
pacientes que eram tratados ortodonticamente e os que não eram tratados.
Disfunção temporomandibular, uma doença multifatorial, é na realidade uma soma
de termos usados para descrever sintomas de diversas causas biológicas. Oclusão,
por si só, é um termo bastante abrangente e pode ser dividido em muitas variáveis.
Talvez seja esta a razão de encontrarmos cada vez menos artigos científicos
discutindo o relacionamento entre oclusão e disfunção temporomandibular.
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Gonçalves Filho, Chaves e Benvenga (2005) destacaram que as Classes III
dentárias podem também refletir uma relação esquelética de Classe III. O
diagnóstico preciso é fundamental para avaliar que tipo de terapêutica é a mais
indicada. O tratamento deve ser iniciado tão logo seja diagnosticado a má-oclusão,
independente do tipo de Classe III, para prevenir que o problema se torne mais
severo e, ocasionalmente, evitar ou reduzir a necessidade de cirurgia ortognática. O
diagnóstico deve ser feito a partir da anamnese, exame clínico facial e intrabucal,
modelos de estudo e com uma cefalometria que tenha aplicação clínica comprovada
e realmente defina as necessidades terapêuticas. A intervenção precoce tem se
mostrado muito importante para que não haja um agravamento do quadro,
influenciando o comportamento psicossocial do paciente. As más-oclusões de
Classe III podem se apresentar com inúmeras variações dentoesqueléticas. Feito o
seu reconhecimento e analisando o seu grau de gravidade, o ortodontista deverá
iniciar o tratamento adequado para a correção de suas características anormais,
baseando seu diagnóstico na anamnese, na avaliação facial e em uma análise
cefalométrica segura e completa.
Maltagliati et al. (2006) verificaram que o sistema de classificação das más
oclusões, desenvolvido por Angle em 1899, tornou-se o mais conhecido e utilizado
no mundo até a atualidade, provavelmente pela simplicidade de compreensão e
abrangência. Só em 1972, Andrews realizou a pesquisa que identificou “as seis
chaves da oclusão normal”, descrevendo as características fundamentais de uma
oclusão dentária sob o ponto de vista morfológico, servindo também como guia para
a finalização adequada dos tratamentos ortodônticos. A amostra de uma oclusão
normal utilizada para a avaliação da prevalência das “seis chaves de oclusão ótima
de Andrews” na população brasileira constituiu-se de 61 pacientes leucodermas (36
do gênero feminino e 25 do gênero masculino, na faixa etária compreendida entre 12
e 21 anos), com oclusão normal natural selecionada de acordo com os princípios de
Andrews. De acordo com os resultados deste trabalho, todos os modelos avaliados
exibiram uma curva de Spee com profundidade menor que 2,5mm demonstrando
que a 6ª chave de oclusão foi a de maior prevalência (100%) nesta amostra. A
avaliação da prevalência das seis chaves de oclusão ótima de Andrews nesta
amostra de oclusão normal permitiu concluir que: 1) a maioria dos casos apresentou
apenas uma (26,2%), duas (36,1%) ou três (27,9%) chaves de oclusão; 2) nenhum
modelo desta amostra apresentou todas as seis chaves de oclusão de Andrews.
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Detofano e Telles (2006) afirmaram que o tratamento ortodôntico é um dos
tratamentos odontológicos mais realizados atualmente, devido à crescente
valorização da estética e á necessidade de melhor funcionamento da mastigação.
Tão importante quanto à estética é a manutenção da estabilidade oclusal e a
harmonia do sistema estomatognático porque, geralmente, a má-oclusão é a
causadora dos principais distúrbios mastigatórios e dor orofacial. O objetivo desse
estudo foi avaliar o padrão oclusal de pacientes tratados ortodonticamente,
analisando a relação cêntrica (RC) com desprogramação sempre que necessário,
analisando também os movimentos lateroprotrusivos e protrusivo da mandíbula e as
respectivas guias de desoclusão. A amostra usada nesse estudo consistiu de 15
pacientes que tinham sido submetidos a tratamento ortodôntico com aparelho fixo,
sendo selecionados entre os alunos do curso de graduação em Odontologia da
Universidade do Vale do Itajaí. Na realização da análise oclusal, foram observados
detalhadamente posição e movimentos mandibulares. A manipulação do paciente
em RC foi precedida de desprogramação neuromuscular através de um JIG de
Lucia. Na amostra analisada, 93,2% dos casos apresentaram contato unilateral na
posição de relação cêntrica, sendo 66,6% dos contatos localizados no lado esquerdo
e 26,6% localizados no lado direito e 50% desses contatos estavam localizados em
pré-molares e 50% em molares. O contato bilateral foi observado em 6,8% dos
pacientes. Em relação ao tipo de guia não houve predominância de guia canina ou
em grupo entre os pacientes observados no estudo. No lado direito, 46,6% dos
pacientes apresentaram guia canina e 46,6% guia em grupo. No lado esquerdo, 60%
dos pacientes apresentaram guia canina e 33,3% guia em grupo. Já a ausência de
guia foi observada em 13,5% dos pacientes avaliados. Foi observado nos pacientes
que participaram da amostra que apesar de terem recebido tratamento ortodôntico
26,6% deles não apresentaram guia anterior enquanto 73,3% apresentaram guia
anterior normal. Os autores concluíram que o tratamento ortodôntico tem conseguido
mais o alinhamento dental e, com isso, o efeito estético, do que, a estabilidade do
sistema estomatognático e sua funcionalidade.
Sperb (2006) constatou que embora a relação entre otalgia e má-oclusão
dentária venha sendo estudada há algumas décadas, não se tem resultados
conclusivos a este respeito. Assim, este trabalho, com o intuito de contribuir para
elucidação de algumas dúvidas, propôs a desprogramação neuromuscular pelo uso
do aparelho de Michigan. A casuística foi de oito pacientes analisados durante oito
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seções compreendidas em um período de dezesseis semanas. A dor de ouvido foi
fator de seleção para o estudo, porém, estava sempre associada a um ou mais
sintomas (dor de cabeça, dores musculares, dor e ruído na ATM). Pacientes que
sofriam de disfunção temporomandibular apresentaram outros sintomas
simultaneamente à dor de ouvido. Oitenta e sete vírgula cinco por cento dos
pacientes apresentaram dor muscular e/ou dor de cabeça ao início do tratamento
(S1), nos quais a cefaleia foi a principal queixa nos pacientes com DTM. Dor e/ou
ruído na ATM, apesar de não se apresentarem no mesmo patamar, não podem ser
descartados, pois têm valores significativos, ocorrendo em 62,5% dos casos. A dor
de ouvido, sintoma presente em 100% dos pacientes selecionados desapareceu em
cerca de 90% já na primeira semana de uso do aparelho. Após algumas poucas
semanas do uso do aparelho de Michigan, a maioria dos sintomas desapareceu ou
reduziu, sugerindo a existência desta relação.
Araújo, Leite e Brito (2007) afirmaram que modificações na distância
intercanina do arco inferior durante o tratamento ortodôntico são consideradas, por
alguns pesquisadores, como instáveis. Foram avaliados 30 pacientes, 23 do gênero
feminino e 7 do gênero masculino, com má oclusão Classe I de Angle, submetidos a
tratamento ortodôntico. A idade média dos pacientes foi de 14 anos, com desvio-
padrão de 2 anos e 7 meses. Foram utilizados 90 modelos do arco inferior em três
épocas: T1 - pré-tratamento; T2 - pós-tratamento e T3 - após um período sem uso
de contenção inferior, que variou de um a oito anos, nos pacientes estudados. Foi
utilizado um paquímetro quadrimensional (Digimess, São Paulo/SP), com 0,05mm
de resolução, para medir a distância do canino permanente de um lado ao canino
permanente do outro lado do arco inferior. Foi utilizada, como referência, a ponta da
cúspide dessa unidade dentária. Nos casos que apresentaram desgaste no topo das
cúspides dos caninos, as medidas foram feitas de acordo com a sugestão de Barrow
e White3, em um ponto de aproximação do local original da ponta da cúspide sobre
o centro da faceta de desgaste. Em 50% dos casos da amostra, a movimentação da
ponta da cúspide foi superior à movimentação da porção cervical da face vestibular,
houve um movimento de inclinação da coroa dos caninos e, nos demais casos
(50%), a movimentação da ponta da cúspide foi igual ou inferior à da porção cervical
da face vestibular, ocorrendo um movimento de translação dos caninos. Durante o
tratamento ortodôntico, houve um aumento da distância intercaninos inferior,
independente do gênero e da realização ou não de extrações de pré-molares. No
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período pós-contenção, houve uma redução da distância intercaninos inferior. A
distância intercanina mostrou capacidade de manter alguma parte da expansão
conseguida quando medida na face vestibular dos caninos. A redução da distância
intercanina inferior ocorreu de forma indiferenciada nos pacientes com diferentes
períodos fora de contenção, indicando que a maioria das alterações ocorre logo
após a remoção das contenções. A distância intercanina inferior dos casos tratados
com extração de pré-molares foi mais expandida durante o tratamento e teve um
ganho real, ao final das observações, maior que os casos tratados sem extração, de
acordo com as medidas feitas na face vestibular.
Camargo et al. (2007) concluíram que é consenso entre estudiosos da
oclusão que um primeiro princípio fundamental é a presença do maior número
possível de contatos cêntricos estáveis bilaterais na posição mandibular de máxima
intercuspidação (MIH). Isso resulta em menor esforço suportado por cada elemento
dental e menor desgaste das superfícies em contato. As evidências clínicas e os
achados dos pesquisadores mostram a necessidade de se avaliar, dentre outros, a
ocorrência de contatos em balanceio em indivíduos durante o ato mastigatório.
Participaram voluntariamente deste estudo trinta indivíduos com idade média de 26
anos (entre 20 e 33 anos). Foi aplicada uma camada da mistura verniz cavitário + pó
do cimento de fosfato de zinco na face lingual do canino superior e face vestibular do
canino inferior esquerdos, bem como em todas as faces oclusais funcionais dos
dentes superiores e inferiores do lado direito. Os dentes mais frequentemente
envolvidos foram os segundos molares (90%), seguidos dos primeiros molares
(50%), e pré-molares (30%). Vinte e três jovens apresentaram contatos do lado de
balanceio bilateralmente, o que representou 76,67% dos participantes. A
metodologia funcional empregada na detecção de contatos em balanceio evidencia
sua presença de maneira clara e precisa.
Oltramari et al. (2007) avaliaram 20 indivíduos do sexo feminino tratados de
má oclusão de Classe II, com idade média inicial de 11 anos. Foram submetidos a
um tratamento em duas fases, a fim de avaliar a sua estabilidade ortodôntica: a
primeira fase consistiu de tratamento ortopédico com Bionator de 12 meses, na
segunda parte do tratamento, já com a dentição permanente, todos os pacientes
foram tratados com aparelhos fixos por um período médio de dois anos. Os
pacientes foram diagnosticadas em relação cêntrica e tratados de acordo com as 6
chaves da oclusão normal e critérios de oclusão funcional (relação cêntrica,
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dimensão vertical, guias anterior e lateral, contatos oclusais e direção das forças
aplicadas aos dentes). Após a remoção dos aparelhos fixos, aparelhos de contenção
foram instalados e mantidos durante dois anos. Cinco anos após a finalização
ortodôntica, a estabilidade oclusal foi avaliada em modelos de gesso, considerando-
se a relação molar e o trespasse horizontal. Todos os pacientes mantiveram a
relação molar normal e o trespasse horizontal obtido ao final do tratamento,
evidenciando uma boa estabilidade oclusal.
Barroso et al. (2008) constataram que, nos tempos atuais, com a
globalização, os indivíduos procuram conhecer melhor o seu problema por meio de
informações específicas, questionamento a profissionais especializados; indagando
a respeito de seu tratamento como um todo. O profissional tem o dever de fornecer
todas as informações necessárias ao indivíduo na consulta inicial, onde neste
primeiro contato se estabelecerá o início de um bom relacionamento
indivíduo/profissional. Considerando as dificuldades e a importância nesta etapa do
pós-tratamento ortodôntico, este artigo volta-se para o estudo da Responsabilidade
Civil do Ortodontista após a terapia ortodôntica, propondo analisar quais as condutas
que os ortodontistas adotam após o término da terapia ortodôntica. Foram
selecionados 990 profissionais especialistas em Ortodontia inscritos no Conselho
Regional de Ortodontia do Rio de Janeiro. Os materiais utilizados (questionário,
ofício explicativo e envelope de retorno) foram enviados aos componentes da
amostra, por meio de carta-resposta, via correio, sem nenhum ônus ao pesquisado.
A distribuição da amostra pelo gênero ficou composta por 196 profissionais do
gênero masculino (58,1%) e 141 profissionais do gênero feminino (41,9%). No
questionário constavam perguntas como: solicitação de uma nova documentação
ortodôntica após o término do tratamento, período de arquivamento da
documentação ortodôntica, frequência ao profissional após o término da terapia
ortodôntica, conduta adotada pelo ortodontista sobre a insatisfação do indivíduo
perante os resultados do tratamento ortodôntico. A partir da análise dos resultados
obtidos neste trabalho, concluiu-se que: após o término da terapia ortodôntica, a
documentação ortodôntica é arquivada pela totalidade dos pesquisados, Sobre a
supervisão do indivíduo no período de pós-contenção, 52,8% dos profissionais
supervisiona de seis em seis meses e 39,9% uma vez por ano. Perante o indivíduo
insatisfeito com os resultados do tratamento ortodôntico, a maioria dos profissionais
(76,5%) relatou que procurariam de qualquer forma evitar uma ação cível. Nos casos
20
de recidiva, 87,2% dos profissionais informaram ao indivíduo que é previsível e
propõem o retratamento ortodôntico.
Brandão e Brandão (2008) constataram que o equilíbrio oclusal é considerado
fator de estabilização dentária e parte importante na busca pela excelência na
ortodontia, estando associado à diminuição do tempo de tratamento. Atualmente,
define-se equilíbrio oclusal como a obtenção de contatos oclusais em que
prevaleçam as resultantes de forças no sentido axial do dente. Da mesma forma, há
necessidade de que se distribua a força da oclusão sobre todos os dentes
posteriores para que haja contatos bilaterais simultâneos e equipotentes, evitando a
sobrecarga em determinadas regiões. A melhor posição para o tratamento
ortodôntico é aquela que pode ser reproduzida a cada consulta do paciente, e a
única posição reproduzível é a Relação Cêntrica (RC). É completamente aceitável
que haja, ao final do tratamento ortodôntico, uma pequena diferença de RC para
MIH de até 3mm. Os contatos nos dentes anteriores devem ser mais leves em
relação aos contatos entre dentes posteriores. O ajuste oclusal não está indicado
como substituto do movimento dentário. Por outro lado, o procedimento é
determinante para diminuir o tempo de tratamento, tornando factível um movimento
dentário desejado, evitando muitas sequelas de trauma oclusal estabelecidas
durante o tratamento ortodôntico. Nunca é demais salientar que não pode existir a
certeza do alcance da estabilidade dos resultados do tratamento só pelo equilíbrio
oclusal. Para tanto, haveria também a necessidade da existência da normalidade
muscular associada à saúde periodontal.
Freitas et al. (2008) concluíram que a avaliação dos resultados dos
tratamentos ortodônticos tem sido realizada, tradicionalmente, apenas baseada em
opiniões subjetivas e em experiências clínicas dos ortodontistas. A avaliação
quantitativa das documentações dos pacientes é extremamente difícil, devido a
vários fatores que afetam o alcance desses resultados, tais como fatores oclusais,
esqueléticos, de tecido mole e problemas funcionais. Na literatura, tem sido relatado
o uso de diversos índices quantitativos para avaliação da necessidade ou dos
resultados dos tratamentos ortodônticos. Diferentes métodos de se avaliar a má-
oclusão foram realizados e dividiram os índices em 5 grupos: diagnóstico,
epidemiológico, necessidade de tratamento, sucesso de tratamento e complexidade
do tratamento. O tratamento ortodôntico realizado por um especialista reduz, em
média, a má-oclusão (índice PAR) em 78%. O índice PAR é capaz de avaliar
21
objetivamente as alterações que ocorrem com o tratamento ortodôntico e as
melhorias conseguidas. Os modelos de estudo referentes às fases inicial e final de
cada paciente foram avaliados. Todas as medidas realizadas foram obtidas
utilizando-se um paquímetro digital. Após a realização da análise estatística
descritiva, pôde-se observar que o índice PAR inicial médio de 29,46 foi reduzido
para 6,32 ao final do tratamento, caracterizando uma redução de 78,54% com o
tratamento ortodôntico. Houve correlação do índice PAR inicial com a correção deste
índice durante o tratamento. Houve um bom padrão de finalização destes
tratamentos ortodônticos e quanto maior a severidade da má-oclusão, maior a
correção com o tratamento.
Conti (2009) afirmou que está tornando-se mais comum a indicação de
pacientes vindo da área médica e das mais diversas especialidades, para tratamento
de processos de dor e/ou disfunção da articulação temporomandibular (ATM), da
musculatura mastigatória e das conhecidas disfunções temporomandibulares (DTM).
Em geral, adolescentes ou adultos jovens que apresentam algum tipo de má oclusão
esquelética e/ou dentária. Muitos ortodontistas afirmam haver uma melhora
acentuada dos sintomas imediatamente após a instalação do aparelho ortodôntico, o
que já seria efeito do "tratamento ortodôntico". Tem sido aceito, no entanto, que
grande parte dessa melhora seja devida ao ato de se instalar e criar um fato "novo"
dentro da cavidade bucal, ou seja, a instalação do aparelho e a manutenção do
mesmo desencadeiam um processo de cognição, onde a nova situação funciona
como um "alerta" para o paciente abandonar os maus hábitos, incrementando o
índice de sucesso do mesmo. Esse mecanismo é muito semelhante àquele causado
inicialmente pela instalação de uma placa oclusal. O paciente ortodôntico pode
apresentar diversos tipos de má oclusão inicial, os métodos empregados para
detectar ou não a presença de DTM são muitos, além da possível existência de
outros fatores etiológicos, já que se trata de uma entidade multifatorial. Indivíduos
submetidos a tratamento ortodôntico não apresentam maior ou menor risco de
desenvolver sinais e sintomas de dor e/ou disfunção da ATM ou da musculatura
mastigatória. Este estudo relata o acompanhamento longitudinal de 20 anos que
procurou observar se havia algum ganho com a realização do tratamento
ortodôntico. Foram examinadas 1081 crianças entre 11 e 12 anos de idade, estas
foram novamente avaliadas após 3, 8 e 20 anos, sendo que, na última avaliação, a
quantidade de indivíduos analisados foi de 337, fato aceitável num estudo
22
observacional de longa duração. Para a mensuração da presença e severidade da
DTM. Foi utilizado o questionário anamnésico de Helkimo, associado a um exame
físico. Quando indicado, o tratamento ortodôntico foi realizado por diversos
profissionais ou na Faculdade de Odontologia de Cardiff, na Grã-Bretanha. Aspectos
psicológicos e comportamentais também foram mensurados por meio de inventários
específicos. A prevalência, como esperado, aumentou de 3% na avaliação inicial
para 17% após 8 anos e diminui para 10% quando os indivíduos já eram adultos, na
avaliação após 20 anos. Um achado importante foi que a realização do tratamento
ortodôntico não alterou de nenhuma forma os valores de prevalência, nem de
incidência (casos novos), em nenhum dos períodos de avaliação. Ainda, os únicos
fatores que foram considerados como preditivos para a presença de DTM na idade
adulta foram o gênero feminino e a presença de sinais e sintomas de DTM na
adolescência. O fato da maior probabilidade de DTM em mulheres é devido,
segundo os autores, a alterações hormonais, a uma maior sensibilidade a estímulos
e à expressão de lassidão ligamentar. O fato da presença da DTM na adolescência
predizer a doença na vida adulta alerta para a necessidade de controle de sintomas
de maneira adequada para essa população, como forma de diminuição de risco
futuro. A manutenção de sintomas por longos períodos leva, frequentemente, a
alterações neuronais que podem se tomar irreversíveis. O controle de sintomas deve
se feito de maneira não-invasiva e reversível. Não se deve sugerir terapia
ortodôntica com o intuito de "prevenir" ou tratar sinais e sintomas de DTM, por outro
lado, também fica entendido que a Ortodontia consciente e bem realizada não deve
ser vista como a "vilã" para pacientes que venham a apresentar DTM.
Henriques et al. (2009) verificaram que 54% dos pacientes do gênero
masculino e 58% do gênero feminino que procuraram soluções para os seus
problemas dentoesqueléticos possuíam a má-oclusão de Classe II. Ela pode se
manifestar precocemente, prejudicando não só a estética, mas também algumas
funções essenciais, como a mastigação, a deglutição e a fonação. As pesquisas
ortodônticas atuais têm se preocupado principalmente com os efeitos do tratamento
ortodôntico, e não com a severidade das más-oclusões e a eficiência dos métodos
de tratamento. Isto se aplica principalmente ao tratamento da má-oclusão de Classe
II. Para que um método de tratamento seja eficiente, não é apenas desejável que ele
corrija a má-oclusão, mas sim que essa correção seja realizada em um período de
tempo razoável, com menor desgaste do paciente e do profissional e com respeito à
23
integridade biológica. Má-oclusão pode ser diagnosticada precocemente, na fase da
dentadura decídua. Esse aparelho constitui-se em um novo dispositivo flexível para
o avanço mandibular, composto por dois módulos flexíveis de força, que minimizam
os problemas causados pela rigidez do aparelho de Herbst, permitindo ao paciente
muito mais liberdade dos movimentos mandibulares, reduzindo o tempo total de
tratamento, pois o aparelho Jasper Jumper é utilizado juntamente ao aparelho fixo.
Os principais resultados esperados com o uso do Jasper Jumper nos casos de más-
oclusões de Classe II são: restrição do deslocamento anterior da maxila e protrusão
mandibular significativa. A amostra utilizada no presente estudo constituiu- se de 94
telerradiografias em norma lateral de 47 jovens, os quais foram distribuídos em dois
grupos: grupo 1, contendo 25 pacientes com idade média de 12,72 anos, tratados
com o aparelho Jasper Jumper por um tempo médio de 2,15 anos; grupo 2
(controle), composto por 22 indivíduos com idade média de 12,67 anos, não-
submetidos a tratamento ortodôntico e com má-oclusão de Classe II, observados por
um período médio de 2,12 anos. O grupo Jasper Jumper apresentou em relação ao
grupo de controle maior restrição do deslocamento anterior da maxila e maior
retrusão maxilar e melhora da relação maxilomandibular, diminuição da convexidade
facial, maior protrusão e intrusão dos incisivos inferiores e maior extrusão dos
molares inferiores. A correção da Classe II no grupo tratado com o aparelho Jasper
Jumper e aparelhagem fixa se deu principalmente devido à restrição do crescimento
maxilar, à protrusão e intrusão dos incisivos inferiores e à extrusão dos molares
inferiores.
Macedo et al. (2009) afirmaram que a contenção e a estabilidade pós-
tratamento ortodôntico constituem-se num dos maiores desafios enfrentados pelos
ortodontistas. O artigo tem como objetivo mostrar que a contenção em ortodontia,
procedimento fundamental no pós-tratamento ortodôntico, visa manter no tempo o
resultado obtido ao final da fase ativa, evitando assim a recidiva. A manutenção das
distâncias intermolares e intercaninos durante o tratamento ortodôntico também
favorece a estabilidade em longo prazo, pois há uma evidência científica que estas
dimensões diminuem durante o período pós-contenção, especialmente quando
expandidos excessivamente durante a terapia. Algumas más-oclusões são
provenientes de desequilíbrios entre as várias estruturas componentes do sistema
mastigatório e provocam alterações como atresias, cruzamentos e outras anomalias
de forma do arco dentário. Com vários fatores interferentes, a única maneira de se
24
manter o alinhamento dentário ideal é, após o tratamento, instalar algumas formas
de contenção permanentes, com as contenções fixas coladas, sendo nos dias
atuais, deixadas em posição na boca do paciente, por longos períodos de tempo. A
contenção em longo prazo, no arco inferior, é aceitável para a maioria dos pacientes
e compatível com a saúde periodontal. O mesmo se repete para os contensores
removíveis. Para indicações de contenções, é necessário considerar fatores como
tipo de má-oclusão original e padrão de crescimento craniofacial; tipo de tratamento
realizado e duração da contenção; necessidade de procedimentos adjuntos para
favorecer a estabilidade; tipo de contenção; condição do periodonto envolvido; e, por
fim, a obtenção do consentimento informado por parte do paciente.
25
3 MATERIAIS E MÉTODOS
Esta pesquisa foi do tipo descritivo transversal com análise de dados
primários. A amostra utilizada nesse estudo consistiu de 18 alunos de ambos os
sexos, que tinham sido submetidos a tratamento ortodôntico com uso de aparelho
fixo, sendo selecionados entre os alunos do curso de graduação em Odontologia da
Universidade do Vale do Itajaí, os quais foram informados sobre a pesquisa,
assinando um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.
Inicialmente, realizou-se uma anamnese detalhada, incluindo a pergunta
sobre os fatos relativos à motivação da realização do tratamento ortodôntico. Em
seguida, foram registradas informações sobre os sinais e sintomas que existiam
antes da realização do tratamento ortodôntico os quais foram comparados com o
quadro clínico apresentado atualmente pelos sujeitos da pesquisa.
Em seguida, realizou-se o exame físico com registro das condições
estruturais dos tecidos moles e duros, assim como características de coloração e
textura.
Na realização da análise oclusal, observou-se detalhadamente as posições e
os movimentos mandibulares. Nesta avaliação, incluíram-se contatos bilaterais
simultâneos em relação cêntrica, presença de guias de oclusão nos movimentos de
lateralidade e de protrusão, preconizados por Martins Filho e Molleri (2007). A
manipulação em relação cêntrica foi precedida de desprogramação neuromuscular
com a utilização de um dispositivo preconizado por Lucia (1964), sempre que foi
necessário para o correto registro da relação cêntrica.
Para a análise dos movimentos mandibulares, foram avaliados os tipos de
guias (canina ou em grupo) e o processamento destas em detrimento da presença
de interferências oclusais nos lados de trabalho ou balanceio e ainda em protrusão.
Os dados coletados foram registrados e processados juntamente com as
informações obtidas na anamnese e no exame físico. Em seguida, foram submetidos
à análise percentual e reproduzidos por intermédio de gráficos do tipo coluna. Esta
análise buscou informações que reproduzam o perfil da oclusão dos pacientes que
realizaram o tratamento ortodôntico sendo comparados e discutidos com os relatos
encontrados em pesquisas levantadas na literatura.
26
Os resultados do estudo foram informados aos pesquisados, principalmente
no que se refere à presença de interferências oclusais que eventualmente possam
causar algum dano ao sistema mastigatório, com o objetivo de encaminhamento ao
profissional habilitado para o correto tratamento.
Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade
do Vale do Itajaí UNIVALI após análise e parecer 263/10 emitido em 27/08/2010.
27
4 APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS
As avaliações oclusais foram realizadas em 18 sujeitos, 8 do sexo masculino
e 10 do sexo feminino com idades entre 20 e 30 anos. Todos os avaliados são
alunos graduandos do curso de odontologia da UNIVALI. Destes, 100% dos sujeitos
da pesquisa relataram como principal motivo do tratamento ortodôntico com
aparelho fixo a estética. Além da estética, para 12 sujeitos (66,6%) o tratamento
ortodôntico auxiliou no tracionamento de dentes, extração de dentes decíduos e
correções de classes de Angle.
Após o tratamento ortodôntico, 16 participantes da pesquisa (88,8%) ficaram
satisfeitos com a estética logo após a conclusão do tratamento (satisfação imediata)
sendo que 2 sujeitos (11,1%) não ficaram satisfeitos com a estética imediatamente
após a retirada do aparelho.
De todos os sujeitos avaliados, registrou-se recidiva em 27,7% dos casos (5
sujeitos), num período de 1 a 5 anos após o tratamento com o aparelho fixo.
Quanto ao tempo de uso dos aparelhos fixos, apenas 1 participante (5,6%)
usou o aparelho por até 1 ano; a maioria utilizou por até 3 anos (gráfico 1).
Gráfico 1 – Tempo de uso do aparelho fixo.
28
Quando se trata de quantas vezes usou o aparelho fixo, quinze pacientes
(83,3%) usaram o aparelho apenas uma vez e três (16,6%) usaram duas vezes.
Quanto à classificação de Angle, 15 (83,3%) apresentavam Classe I, um
paciente (5,5%) Classe II e dois (11,1%) Classe III.
Dentre os pacientes manipulados em Relação Cêntrica (RC), foram
encontrados os seguintes contatos dentais apresentados na tabela 1.
Tabela 1 – Contatos dentários encontrados com pacientes manipulados em RC.
Dentes envolvidos Quantidade (porcentagem)
16 x 46 3 (16,66%)
15 x 46 1 (5,55%)
26 x 36 1 (5,55%)
14 x 44 3 (16,66%)
45 x 16 1 (5,55%)
25 x 35 1 (5,55%)
25 x 36 1 (5,55%)
Contato bilateral 7 (38,88%)
Quando conduzidos para a Máxima Intercuspidação Habitual (MIH), foram
encontrados os seguintes contatos dentários apresentados na tabela 2.
Tabela 2 – Contatos dentários obtidos com pacientes manipulados em MIH.
Dentes envolvidos Quantidade (porcentagem)
Todos os dentes 12 (66,66%)
Exceto pré -molares 2 (11,11%)
Exceto incisivos 2 (11,11%)
Mais contatos em dentes posteriores 0 (0,00%)
Mais contatos em dentes anteriores 2 (11,11%)
Realizações dos movimentos de lateralidade foram encontradas as seguintes
guias de lateralidade descritas na tabela 3.
29
Tabela 3 – Guias encontradas nos movimentos de lateralidade.
Tipo de guia Quantidade (porcentagem)
Guia canina 3 (16,66%) Guia em grupo 6 (33,33%)
Canina e em grupo (uma em cada lado) 2 (11,11%) Guia canina com interferência 2 (16,66%)
Guia em grupo com interferência 3 (11,11%) Sem guias 2 (11,11%)
Os pacientes também foram submetidos a movimentos protrusivos da
mandíbula e apresentaram os resultados apresentados na tabela 4.
Tabela 4 – Levantamentos obtidos com pacientes realizando protrusão da mandíbula.
Contatos em protrusão Quantidade (porcentagem)
Todos os incisivos se tocam 15 (83,25%)
Apenas os incisivos centrais se tocam 2 (11,11%)
Há interferência 1 (5,55%)
Dos 18 pacientes avaliados, 4 deles (22,2%) apresentaram tensão muscular
na região do músculo masseter e músculo temporal. Três deles (16,6%) relataram
dores de cabeça frequente. Dois deles (11,1%), ambos do sexo masculino, tinham
dentes trincados, sendo que em um deles os dentes mapeados eram os elementos
13, 14 e 43 e o outro paciente os elementos 33, 34, 35, 43, 44 e 45.
Quatro pacientes (22,2%) apresentaram mordida profunda. Dois pacientes
(11,1%) tinham apinhamento nos dentes inferiores anteriores.
Dois pacientes (11,1%) eram de difícil manipulação em RC devido a tensão
muscular. Um paciente (5,5%) tinha dor frequente na ATM e dois pacientes (11,1%)
apresentaram sinais de disfunção temporomandibular.
30
5 DISCUSSÃO
Detofano e Telles (2006) afirmaram que o tratamento ortodôntico é um dos
tratamentos odontológicos mais realizados atualmente, devido à crescente
valorização da estética e a necessidade de melhor o funcionamento da mastigação.
Neste estudo foram avaliados os parâmetros oclusais de 18 sujeitos, 8 do sexo
masculino e 10 do sexo feminino. Destes, 100% dos sujeitos da pesquisa relataram
como principal motivo do tratamento ortodôntico com aparelho fixo, a estética. Além
da estética, para 12 sujeitos (66,6%) o tratamento ortodôntico auxiliou no
tracionamento de dentes, extração de dentes decíduos e correções de classes de
Angle. O que vai ao encontro com o estudo realizado por Kuramae et al. (2002), que
destacaram que a busca pela estabilidade é um dos principais objetivos do
tratamento ortodôntico, além da estética e da função, porém, reparamos que a
estética é ainda o principal motivo pela a busca do tratamento.
Após o tratamento ortodôntico, 16 participantes da pesquisa (88,8%) ficaram
satisfeitos com a estética logo após a conclusão do tratamento (satisfação imediata)
sendo que 2 sujeitos (11,1%) não ficaram satisfeitos com a estética imediatamente
após a retirada do aparelho. Detofano e Telles (2006) concluíram que o tratamento
ortodôntico tem conseguido mais o alinhamento dental e, com isso, o efeito estético,
do que, a estabilidade do sistema estomatognático e sua funcionalidade. Já Peres,
Traebert e Marcenes (2002) relatam que a maioria dos problemas oclusais
anteriores foi associada à insatisfação com a aparência. Nenhum tipo de oclusopatia
foi estatisticamente associado à insatisfação com a mastigação, mostrando que
esses problemas, na forma em que foram medidos, não apresentaram impacto
fisiológico perceptível por esses indivíduos. Nos casos de pacientes leigos, isto deve
acontecer pela falta de conhecimento do paciente para com sua oclusão, que só
percebem quando algo está errado quando dores se tornam frequentes.
De todos os sujeitos avaliados, registrou-se recidiva em 27,7% dos casos (5
sujeitos), num período de 1 a 5 anos após o tratamento com o aparelho fixo. Macedo
et al. (2009) afirmaram que a contenção e a estabilidade pós-tratamento ortodôntico
constituem-se num dos maiores desafios enfrentados pelos ortodontistas.
Com vários fatores interferentes, a única maneira de se manter o alinhamento
31
dentário ideal é, após o tratamento, instalar algumas formas de contenção
permanentes, com as contenções fixas coladas, sendo nos dias atuais, deixadas em
posição na boca do paciente, por longos períodos de tempo. Araújo, Leite e Brito
(2007) afirmaram que modificações na distância intercanina do arco inferior durante
o tratamento ortodôntico são consideradas, por alguns pesquisadores, como
instáveis.
O estudo de Zacbrisson et al. (1998) diz que na recidiva rotacional, ocorre um
erro comum na ortodontia que é a correção incompleta de toda a rotação da má-
oclusão inicial. O autor utiliza dobras individualizadas no fio para assegurar a
correção rápida e completa de dentes em giroversão. Kuramae et al. (2002) dizem
que todo tratamento ortodôntico tem um potencial de instabilidade porque os tecidos
gengivais e periodontais são afetados pelo tratamento e requerem um certo tempo
para a sua reorganização. Após a remoção do aparelho, fatores relacionados a
mudanças produzidas pelo crescimento podem alterar o resultado do tratamento. Os
tecidos moles exercem pressão sobre os dentes instáveis e pode resultar em
recidiva. A normalização da oclusão dentária está na dependência de forças
mastigatórias, que, quando não incidem no longo eixo do dente, podem alterar sua
posição e até provocar desvios do arco dentário. Garante também que é um erro
comum na ortodontia a correção incompleta de toda a rotação dentária. Concluem
dizendo que a recidiva é multifatorial e de difícil avaliação e que os dentes
movimentados pelo tratamento ortodôntico frequentemente retornam as suas
posições originais. Estabelecimentos de pontos de contato e correção de toda a
rotação dentária são fatores importantes no estabelecimento da estabilidade
ortodôntica.
Nosso estudo foi um conjunto destas afirmações sobre recidiva, pois
reparamos que houve casos em que a contenção não foi usada corretamente,
geralmente por serem removidas antes do tempo. Os dentes afetados eram
localizados na distância intercanina e sempre girovertidos. Também foi relatado
pelos pacientes que tiveram recidiva, que os dentes que estavam mais fora de
posição e que foram movimentados, voltaram para sua posição de origem.
Quanto ao tempo de uso dos aparelhos fixos, apenas 1 participante (5,55%)
usou o aparelho por até 1 ano. A maioria utilizou por até 3 anos (gráfico 1). Não
conseguimos encontrar na literatura o tempo ideal para um tratamento ortodôntico
32
completo. Acreditamos que deve alterar o tempo de tratamento dependendo da
gravidade do caso.
Dentre os pacientes manipulados em Relação Cêntrica (RC), foram
encontrados os seguintes contatos dentais apresentados na tabela 1. Em 3
pacientes (16,66%) os dentes envolvidos nos contatos quando manipulados em RC
foram o 16x46. Em outros 3 pacientes (16,66%) foi encontrado contato nos
elementos 14x44. Em outros 4 pacientes foram encontrados contatos entre os
elementos 15x46, 26x36, 45x16, 25x35, sendo que cada um destes contatos
representam (5,55%). Nos 7 pacientes restantes (38,88) encontramos o contato
ideal para a RC. Pelo que preconizam os autores Martins Filho e Molleri (2007), que
relatam conceitualmente, em pacientes dentados, a relação cêntrica é uma posição
mandibular com a qual devem existir contatos bilaterais simultâneos em dentes
posteriores. Este tipo de contato ajuda na distribuição de forças, não
sobrecarregando nenhum elemento dental isoladamente.
Quando conduzidos para a Máxima Intercuspidação Habitual (MIH), foram
encontrados os seguintes contatos dentários: em 2 pacientes (11,11%) foram
encontrados contatos em todos os dentes, com exceção dos pré-molares; em outros
2 casos (11,11%) foram encontrados contato em todos os dentes com exceção de
incisivos; outros 2 pacientes (11,11%) foram encontrados mais contato em dentes
anteriores; e em 12 pacientes (66,66%) foram encontrados contatos em todos os
dentes sem exceção, que é o ideal segundo Camargo et al. (2007), que concluem
que é consenso entre estudiosos da oclusão que um primeiro princípio fundamental
é a presença do maior número possível de contatos cêntricos estáveis bilaterais na
posição mandibular de máxima intercuspidação (MIH). Isso resulta em menor
esforço suportado por cada elemento dental e menor desgaste das superfícies em
contato.
Concordamos com os autores do estudo citados a cima com o mesmo
embasamento citado sobre os contatos de relação cêntrica que quanto mais
contatos houver, mais bem distribuída será a força entre os dentes, não
sobrecarregando nenhum elemento dental.
Realizações dos movimentos de lateralidade foram encontradas as seguintes
guias de lateralidade: 3 pacientes (16,66%) continham guia canina, 6 pacientes
(33,30%) apresentavam guia em grupo, 2 pacientes (11,11%) continham guia canina
em um lado e guia em grupo de outro lado, outros 2 pacientes (11,11%) continham
33
guia canina com interferência, 3 pacientes (16,66%) apresentavam guia em grupo
com interferência e outros 2 pacientes (11,11%) não apresentavam guias de
lateralidade. Martins Filho e Molleri (2007) relatam que a guia canina nada mais é do
que uma trajetória lateral ou latero-protrusiva, guiada pela concavidade dos caninos.
Quando na trajetória lateral, pré-molares e molares participam do movimento da
mandíbula simultaneamente ao canino, fica estabelecida guia em grupo com
distribuição de forças, também por meio das vertentes desses dentes. A efetividade
dos contatos deverá ser decrescente de anterior para posterior, predominando a
força maior sempre no dente mais anterior da guia, nesse caso, o canino. Portanto,
mesmo na guia em grupo a função do canino é predominante. Foi observado que
quando há interferência nas guias caninas e em grupo, há geralmente fraturas ou
desgastes nos dentes que estão interferindo no movimento de lateralidade.
Os pacientes também foram submetidos a movimentos protrusivos da
mandíbula e apresentaram os seguintes resultados: em 15 pacientes (83,25%),
todos os incisivos se tocavam, em 2 pacientes (11,11%) apenas os incisivos centrais
se tocavam, e em 1 paciente (5,55%) havia interferência nesse movimento.
Martins Filho e Molleri (2007) relatam que o movimento de protrusão é um
importante movimento mandibular que tem como objetivo a apreensão e o corte dos
alimentos. Dificilmente esse movimento tão somente possui o componente anterior,
pois a distribuição dos dentes anteriores, na arcada, por si só já impediriam esse
movimento puro. Pelo fato de distribuir melhor a força, acreditamos que quanto mais
incisivos envolvidos neste movimento, melhor.
Dos 18 pacientes avaliados, 4 deles (22,2%) apresentaram tensão muscular
na região do músculo masseter e músculo temporal. Conti (2009) afirmou que está
tornando-se mais comum a indicação de pacientes vindo da área médica e das mais
diversas especialidades, para tratamento de processos de dor e/ou disfunção da
articulação temporomandibular (ATM), da musculatura mastigatória e das
conhecidas disfunções temporomandibulares (DTM). Em geral, adolescentes ou
adultos jovens que apresentam algum tipo de má oclusão esquelética e/ou dentária.
Muitos ortodontistas afirmam haver uma melhora acentuada dos sintomas
imediatamente após a instalação do aparelho ortodôntico, o que já seria efeito do
"tratamento ortodôntico". Notamos que os pacientes que apresentavam este tipo de
tensão, geralmente relatavam ter bruxismo ou “apertamento” dos dentes durante a
noite.
34
Dois deles (11,1%), ambos do sexo masculino, tinham dentes trincados,
sendo que em um deles os dentes mapeados foram os elementos 13, 14 e 43 e no
outro paciente os elementos 33, 34, 35, 43, 44 e 45. Os dentes trincados eram
geralmente os que interferiam em guias.
Quatro pacientes (22,2%) apresentaram mordida profunda. Dois pacientes
(11,1%) tinham apinhamento nos dentes inferiores anteriores. Zacbrisson et al.
(1998) relatam que na recidiva rotacional, ocorre um erro comum na ortodontia que é
a correção incompleta de toda a rotação da má-oclusão inicial, o autor utiliza dobras
individualizadas no fio para assegurar a correção rápida e completa de dentes em
giroversão. Estes pacientes relatavam que retiraram a contenção antes do tempo.
Dois pacientes (11,1%) eram de difícil manipulação em RC devido a tensão
muscular.
Um paciente (5,5%) relatava ter dores frequentes na ATM, dois pacientes
(11,1%) apresentaram sinais de disfunção temporomandibular e três pacientes
(16,6%) relataram dores de cabeça frequente. Bósio (2004) relata que disfunção
temporomandibular, uma doença multifatorial, é na realidade uma soma de termos
usados para descrever sintomas de diversas causas biológicas, o que vem ao
encontro de nosso trabalho, pois geralmente quem relatava estes problemas,
apresentava dentes desgastados, interferência nas guias ou dentes trincados.
35
6 CONCLUSÃO
Da análise dos resultados apresentados, pode-se concluir que o objetivo
estético do tratamento ortodôntico foi alcançado por grande parte dos pacientes
analisados. Como a estética era esperada por 100% dos pacientes, as
características oclusais, que são o foco deste trabalho, foram deixadas de lado tanto
por parte dos pacientes, quanto por parte dos profissionais que realizaram os
tratamentos ortodônticos.
Concluímos que fatores recidivantes ao tratamento ortodôntico devem ser
considerados importantes, pois 27,7% dos casos, num período de 1 a 5 anos após a
retirada do aparelho fixo, apresentaram recidiva, levando 16,6% dos pacientes a
terem que utilizar o aparelho por mais de uma vez.
Quando analisados quanto à classificação de Angle, 16,6% casos não
apresentaram Classe I, reforçando a ideia de que a estética pode ser algo subjetivo,
variando de paciente para paciente.
Em Relação Cêntrica (RC), o ideal seria obter contatos bilaterais simultâneos
em dentes posteriores, porém, apenas 38,88% dos casos apresentaram esta
condição. Em Máxima Intercuspidação Habitual (MIH), 44,45% dos casos não foi
notado contatos em todos os dentes. Esses importantes dados são uma das
justificativas que nos leva a afirmar que as características funcionais são por vezes
desprezadas durante o tratamento ortodôntico.
Nos movimentos protrusivos da mandíbula, 83,25% dos pacientes registraram
contatos em todos os incisivos. Por ser uma região mais anterior e trazer consigo os
apelos estéticos, tal resultado representa sucesso na maioria dos casos.
Com base em todos os dados obtidos na realização deste trabalho de
pesquisa, concluímos sem dúvidas que uma avaliação oclusal criteriosa, mesmo em
pacientes submetidos a tratamento ortodôntico, pode apresentar condições não
harmoniosas, grandes recidivas e injúrias ao sistema estomatognático. A falta de
atenção do profissional em considerar as características funcionais ao realizar o
tratamento e o desconhecimento por parte do paciente implicam em resultados não
agradáveis funcionalmente, podendo refletir também em prejuízos estéticos.
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