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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS - GESTÃO CURSO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS THIAGO SOUZA SENA O IMPACTO DO CLIENTE PARA UM ESCRITÓRIO DE CONTABILIDADE: UMA ABORDAGEM À COMPREENSÃO DO CAPITAL INTELECTUAL. Biguaçu 2007

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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ

CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS - GESTÃO

CURSO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS

THIAGO SOUZA SENA

O IMPACTO DO CLIENTE PARA UM ESCRITÓRIO DE CONTABILIDADE: UMA ABORDAGEM À COMPREENSÃO DO CAPITAL INTELECTUAL.

Biguaçu

2007

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THIAGO SOUZA SENA

O IMPACTO DO CLIENTE PARA UM ESCRITÓRIO DE CONTABILIDADE: UMA ABORDAGEM À COMPREENSÃO DO CAPITAL INTELECTUAL.

Monografia apresentada ao Curso de Ciências Contábeis na Universidade do Vale do Itajaí, do Centro de Ciências Sociais Aplicadas – Gestão como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em Ciências Contábeis.

Orientador: Prof°: Dr. Sérgio Murilo Petri

Biguaçu

2007

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THIAGO SOUZA SENA

O IMPACTO DO CLIENTE PARA UM ESCRITÓRIO DE CONTABILIDADE: UMA

ABORDAGEM À COMPREENSÃO DO CAPITAL INTELECTUAL.

Esta monografia foi apresentada como trabalho de conclusão de curso de Ciências Contábeis da Universidade do Vale do Itajaí e aprovada pela banca constituída pelo orientador e membros abaixo.

Biguaçu, 06 de Novembro de 2007

Professores que compuseram a banca: Prof. Sérgio Murilo Petri (Orientador) Prof. José Luiz da Silva (Membro de Banca) Prof. Francisco Eugênio Pereira (Membro de Banca)

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DEDICATÓRIA

A Jesus Cristo, o Alfa e o Ômega, o Primeiro e o Último, o Princípio e o Fim. Jamais te esquecerei.

Apocalipse 22:13

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DEDICATÓRIA

Ao meu pai Valdir, que me deu força e tranquilidade em todos os momentos.

À minha segunda mãe Edite, por ter me criado e incentivado a estudar, obrigado.

À minha mãe Neiva, por ter me ensinado a lutar com todo o vigor.

Aos meus queridos irmãos, Lúcio, Samuel, Amanda e Jônatas, vocês foram grandes

incentivadores.

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AGRADECIMENTOS

A todas as pessoas que ajudaram na construção deste trabalho de

conclusão do curso, em especial:

O meu orientador, Professor Sérgio Murilo Petri, pela notável orientação,

que me permitiu abrir horizontes, pela disponibilidade instantânea em atender-me.

Aos contadores Luiz Fernando Nicolau Alves e José Dorval Alves, por

ter me dado à oportunidade de aplicar os conhecimentos obtidos durante o curso.

Ao amigo, Júlio César Benavente Ticona, pelo companheirismo e

grandes lições de humildade que me ensinou.

Aos membros da Igreja Adventista do 7º Dia Universitária de Florianópolis, pelo acolhimento e orações direcionadas ao meu sucesso neste

curso.

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RESUMO

O presente trabalho de pesquisa tem como proposição evidenciar o impacto do cliente para um escritório de contabilidade à luz da concepção do capital intelectual, direcionando para uma das partes que o compõem, que é o capital de clientes. Logo no começo, optou-se em fazer uma revisão de conceitos contábeis (princípios, postulados, convenções, contabilidade financeira e gerencial) com o intuito de alinhar a ciência contábil em frente a essa nova demanda. Pôde-se alinha-la na função de controle estratégico, pois se investiga a operacionalização da gerência do capital intelectual. Daí, fez-se uma análise das atribuições do ativo tangível e intangível, neste último, conseguiu-se visualizar a aderência com o capital intelectual. Em seguida, abordou-se o capital intelectual, sua composição e os principais modelos de mensuração. Quanto ao estudo de caso, este foi realizado em uma empresa de prestação de serviços contábeis em que foi aplicado o método proposto por K. E. Sveiby. Na aplicação do modelo, foi possível identificar indicadores importantes, como, por exemplo, os clientes considerados estratégicos para o escritório. Entretanto, o modelo em um primeiro momento será apenas como direcionador, para que de agora em diante com suscetíveis ajustes possa tornar-se um instrumento de gestão.

Palavras-chave: Ativo Intangível. Capital Intelectual. Capital de Clientes.

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LISTA DE QUADROS

QUADRO 1 - FUNÇÕES DA INFORMAÇÃO GERENCIAL CONTÁBIL .......................... 24

QUADRO 2 - CARACTERÍSTICAS BÁSICAS JULGADAS RELEVANTES DA CONTABILIDADE FINANCEIRA E GERENCIAL. ............................................................ 25

QUADRO 3 - ALGUMAS DEFINIÇÕES DE ATIVO.......................................................... 27

QUADRO 4 - OS TRÊS TIPOS DE RECEITAS INVISÍVEIS ............................................ 41

QUADRO 5 – MONITOR DE ATIVOS INTANGÍVEIS ...................................................... 47

QUADRO 6 - MONITOR DE ATIVOS INTANGÍVEIS DE CLIENTES ATUAIS................. 54

QUADRO 7 - MONITOR DE ATIVOS INTANGÍVEIS DE CLIENTES PROPOSTA.......... 55

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LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1 - ESTRUTURA PROVÁVEL CASO O PROJETO DE LEI SE TORNE LEI..... 34

FIGURA 2 - EVIDENCIAÇÃO DO ATIVO TANGÍVEL EM RELAÇÃO AO INTANGÍVEL. 38

FIGURA 3 - COMPOSIÇÃO DO CAPITAL INTELECTUAL.............................................. 39

FIGURA 4 – NAVEGADOR DO CAPITAL INTELECTUAL............................................... 44

FIGURA 5 – NAVEGADOR SKANDIA.............................................................................. 45

FIGURA 6 - DISTRIBUIÇÃO DOS CLIENTES ................................................................. 52

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO............................................................................................................. 11

1.1 JUSTIFICATIVA........................................................................................................... 12

1.2 DEFINIÇÃO DO PROBLEMA...................................................................................... 12

1.3 OBJETIVOS................................................................................................................. 12

1.3.1 Objetivo Geral............................................................................................................. 13 1.3.2 Objetivos Específicos................................................................................................ 13

1.4 DELIMITAÇÃO DO ESTUDO ...................................................................................... 13

1.5 SUPOSIÇÕES ............................................................................................................. 14

1.6 ESTRUTURA DO TRABALHO.................................................................................... 14

2. CONTABILIDADE........................................................................................................ 16

2.1 PRINCÍPIOS, POSTULADOS E/OU CONVENÇÕES DE CONTABILIDADE.............. 18

2.2 CONTABILIDADE FINANCEIRA OU TRADICIONAL.................................................. 20

2.2.1 Conceitos.................................................................................................................... 20 2.2.2 Finalidades ................................................................................................................. 21

2.3 CONTABILIDADE GERENCIAL................................................................................... 22

2.3.1 Conceitos.................................................................................................................... 22 2.3.2 Finalidades ................................................................................................................. 23

2.4 CONTABILIDADE FINANCEIRA X CONTABILIDADE GERENCIAL .......................... 24

3. ATIVO ..........................................................................................................................27

3.1 QUANTO AO ATIVO TANGÍVEL ................................................................................. 27

3.1.1 Conceito...................................................................................................................... 27 3.1.2 Avaliação .................................................................................................................... 29 3.1.3 Registro.......................................................................................................................29 3.1.4 Classificação .............................................................................................................. 30

3.2 QUANTO AO ATIVO INTANGÍVEL.............................................................................. 31

3.2.1 Conceito...................................................................................................................... 31

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3.2.2 Avaliação .................................................................................................................... 33 3.2.3 Registro.......................................................................................................................33 3.2.4 Classificação .............................................................................................................. 35 3.2.5 Capital Intelectual ...................................................................................................... 36 3.2.6 Conceitos.................................................................................................................... 36 3.2.7 Composição do Capital Intelectual........................................................................... 38 3.2.8 Modelos do Capital Intelectual.................................................................................. 41

4. METODOLOGIA .......................................................................................................... 48

4.1 CARACTERIZAÇÃO DA PESQUISA........................................................................... 48

4.2 ESTUDO DE CASO ..................................................................................................... 49

4.3 UNIDADE DE ANÁLISE............................................................................................... 49

4.3.1 Caracterização da Entidade ...................................................................................... 50 4.3.2 Instrumentos .............................................................................................................. 50 4.3.3 Procedimentos Metodológicos................................................................................. 50

5. APLICAÇÃO PRÁTICA............................................................................................... 51

5.1 CONTEXTUALIZAÇÃO DA EMPRESA ....................................................................... 51

5.2 APRESENTAÇÃO DAS INFORMAÇÕES.................................................................... 53

5.3 ANÁLISE DOS RESULTADOS.................................................................................... 56

5.4 VANTAGENS E DESVANTAGENS ............................................................................. 57

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS......................................................................................... 58

6.1 GENERALIDADES....................................................................................................... 58

6.2 QUANTO AO ALCANCE DOS OBJETIVOS PROPOSTOS ........................................ 58

6.3 LIMITAÇÕES DE PESQUISA ...................................................................................... 60

6.4 RECOMENDAÇÕES PARA FUTUROS TRABALHOS................................................ 60

REFERÊNCIAS ....................................................................................................................62

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1. INTRODUÇÃO

Em grande intensidade se tem comentado que as demonstrações contábeis

não refletem a real posição econômico-financeira das organizações, principalmente

quanto ao valor contábil das ações que geralmente se apresentam abaixo dos

valores de mercado. A diferença entre estes dois valores vem sendo considerada

por muitos estudiosos (SÁ, 2000, SVEIBY, 1998; STEWART, 1998; ANTUNES,

2000) como capital intelectual, que tem assumido um papel cada vez mais relevante

no crescimento das empresas. Logo se reconhece que o capital intelectual vem se

apresentando nas organizações como uma grande controvérsia, porque, apesar de

ser identificado como parte do patrimônio, não tem sido contabilizado pelo fato de

não estar previsto nas normas contábeis, pela complexidade de mensuração e

também por haver diversas mudanças que não refletem de forma rápida nos

resultados.

É fato que os ativos intelectuais possuem grande relevância na criação de

valores nos empreendimentos. E a ciência contábil, que tem em sua essência a

mensuração do patrimônio segundo Hendriksen e Van Breda (1999), vem

enfrentando grandes dificuldades na geração destas informações em nível

estratégico para as tomadas de decisões, principalmente nas organizações onde a

parte central de sua operacionalização é o conhecimento, de acordo com Sveiby

(1998), Kaplan e Norton (1997, 2000, 2001 e 2004), Antunes (2000), Ensslin, S.R et

al (2004).

Portanto, em conformidade com essa perspectiva, a ciência contábil tem

como grande desafio conseguir saber a origem e, por conseguinte, o

desenvolvimento e mensuração do capital intelectual, com o propósito de mostrar o

retorno que estes ativos proporcionam para a empresa. Neste aspecto Stewart

(1998, p. XIII) declara que o capital intelectual “constitui a matéria intelectual –

conhecimento, informação, propriedade intelectual, experiência que pode ser

utilizada para gerar riqueza. É a capacidade mental coletiva”.

Stewart (1998, p. 68-69), também o segrega em três partes:

Capital humano, que compreende a fonte de inovação e renovação das pessoas, capital estrutural, formado por processos, bancos de dados, redes, etc. e do capital de clientes, formado pelo valor dos relacionamentos de uma

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empresa com as pessoas com as quais faz negócios, ou seja, o valor do relacionamento com os clientes.

Este último será o centro de convergência deste trabalho de pesquisa.

1.1 JUSTIFICATIVA

Os ativos intelectuais têm se tornado uma nova vantagem em nível

estratégico (Atkison 2000) nos empreendimentos. E isso tem gerado um grande

interesse no aprofundamento do tema por diversos segmentos da sociedade, em

especial na academia e profissionais de áreas afins. Este trabalho de pesquisa

propõe contribuir na análise do capital de clientes em uma empresa de prestação de

serviços contábeis. Embora não haja a propriedade por parte da organização

contábil sobre os clientes, mas há possibilidade de fortalecer os vínculos com a troca

de informações entre as partes com intuito de dar maior segurança na mensuração

do capital de clientes.

1.2 DEFINIÇÃO DO PROBLEMA

Existem evidências de que o capital de clientes tem atuado de forma

preponderante nas empresas do ramo de prestação de serviços contábeis.

Pretende-se assim contribuir com a obtenção de uma resposta para a seguinte

questão:

• É possível medir o impacto de quanto “vale” um cliente para uma

empresa de prestação de serviços contábeis?

1.3 OBJETIVOS

Com o desígnio de elaborar este trabalho de pesquisa, procurou-se alcançar

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os objetivos a seguir propostos.

1.3.1 Objetivo Geral

Evidenciar a relevância da existência e possível medição do capital de

clientes em uma empresa de prestação de serviços contábeis.

1.3.2 Objetivos Específicos

• Examinar o ativo e suas atribuições;

• Embasar teoricamente o capital intelectual, analisando a importância

da existência do capital de clientes em uma empresa de prestação de

serviços contábeis;

• Propor possíveis medidas que venham identificar o valor do capital de

clientes e

• Aplicar um estudo de caso autêntico.

1.4 DELIMITAÇÃO DO ESTUDO

Pelo fato de ser um assunto de grande amplitude, que proporciona grandes

complicações na mensuração contábil dos ativos intelectuais, há certo entusiasmo

em intentar desenvolver um sistema de contabilização similar aos tradicionais.

Entretanto, a abordagem deste estudo ficará restrita ao objetivo central, que é a

possibilidade de medir, evidenciando a relevância da existência do capital de

clientes em uma empresa de prestação de serviços contábeis.

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1.5 SUPOSIÇÕES

Alicerçado no referencial teórico examinado, foi possível apresentar a

seguinte suposição:

• Sabendo-se do valor do cliente para a empresa de prestação de

serviços contábeis, é possível avaliar (medir) ou ter em conta que, caso

houvesse uma perda, o quanto afetaria o faturamento da empresa e

também se saberia se o cliente que quer deixar o escritório contábil

prejudica o faturamento da empresa ou contribui com este, ou seja,

verifica-se a capacidade de gerar lucros no futuro.

1.6 ESTRUTURA DO TRABALHO

Os capítulos que orientarão no processo de elaboração da monografia são

explicados e resumidos a seguir:

O primeiro capítulo apresenta a introdução do trabalho, expressa a

problematização, o objetivo geral e os específicos e também faz uma rápida

exposição da relevância do estudo sobre o capital de clientes.

O segundo capítulo traz considerações quanto ao enquadramento das

ciências contábeis frente a essa nova demanda de registro e controle do patrimônio.

O terceiro capítulo faz considerações sobre o ativo, sua significação,

características, avaliação, registro e composição, ou seja, adere-se ao capital

intelectual, mencionando à importância de um dos elementos que o compõem, que é

o capital de clientes, mostrando a necessidade de seu reconhecimento, destacando

a sua possível medição.

O quarto capítulo detalha a metodologia de pesquisa utilizada para realização

do trabalho.

O quinto capítulo trata-se da aplicação por meio de um estudo de caso que

será executado junto à empresa, que terá como denominação fictícia L&S

Assessoria Contábil SS Ltda.

E no sexto e último capítulo haverá a conclusão, realizando uma comparação

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com a então problematização do estudo, os objetivos e as hipóteses formuladas. Por

fim, listam-se as referências utilizadas na presente pesquisa.

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2. CONTABILIDADE

Este Capítulo fundamenta-se no ramo da contabilidade que o presente

trabalho de pesquisa pretende enquadrar neste vasto campo. Sendo apenas o

começo, optou-se em fazer uma rápida referência sobre a evolução histórica das

ciências contábeis.

O estudo sobre a contabilidade se mostra bastante antigo, segundo

Hendriksen e Van Breda (1999), Iudícibus (2000) há cerca de 4.000 anos de a.C. já

existiam maneiras superficiais de contagem de bens, como por exemplo os

comerciantes que faziam simples transferências mútuas de mercadorias e anotavam

os seus direitos e obrigações para com terceiros, obviamente, tratava-se

simplesmente de reconhecimento físico, sem avaliação monetária. Na análise da

evolução contábil se percebeu que há uma vinculação com o progresso econômico

da sociedade, que para Iudícibus (2000, p. 31)

[...] Em termos do entendimento da evolução histórica da disciplina, raramente o estado da arte se adianta muito em relação ao grau de desenvolvimento econômico, e isto é evidente na evolução das teorias contábeis, onde suas práticas estão diretamente associadas, na maioria das vezes, ao grau de desenvolvimento comercial, social e institucional das sociedades, cidades e nações.

Com essa ótica, se torna fácil a compreensão de o por quê da contabilidade

ter despontado na Itália, em especial nas cidades de Veneza, Gênova, Florença,

Pisa e etc. onde a presença da atividade comercial era muito forte. Diante desse

cenário Hendriksen e Van Breda (1999), Iudícibus (2000), descreve o surgimento do

primeiro método contábil, nos séculos XIII e XIV, desenvolvido e codificado pelo frei

franciscano por nome Luca Pacioli, que escreveu o livro intitulado Summa da

arithmetica, geométrica, proportioni et proportionalitá, com foco principalmente na

matemática, mas que compreendia partes sobre o sistema de escrituração por

partidas dobradas, designado por nome Particulares de Computis et Scripituris que

se tornou a primeira obra publicada descrevendo o sistema de partidas dobradas

que ainda vigora no atual estágio da contabilidade.

No século XIX começa a propagação da escola italiana em particular e em

geral, européia, por meio de figuras importantes como Fábio Besta, Guiseppe

Cerboni, Gino Zappa, Aldo Amaduzzi, Teodoro D’Ippolito e muitos outros, que

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pesquisaram e publicaram estudos que proporcionaram grandes impactos nas

respectivas épocas e provocaram fortes debates entre os conhecedores de uma ou

outra corrente. Pela falta de execução de algumas teorias, a Escola Européia

começou a perder a sua representatividade concernente a algumas deficiências que

segundo Iudícibus (2000, p. 33) pode-se relacionar:

[...] 1 – Relativa falta de pesquisa indutiva; 2 – Preocupação demasiada em demonstrar que a contabilidade é uma ciência do que demonstrar as necessidades informativas dos vários usuários da contabilidade com a não construção de um modelo ou sistema contábil de informação; 3 – Foco excessivo na teoria das contas (partidas dobradas) em detrimento da flexibilidade necessária na contabilidade gerencial; 4 – Falta de aplicação de muitas teorias expostas; 5 – Queda do nível das principais faculdades italianas e a baixa remuneração dos professores, dando expansão mais à imaginação do que à pesquisa de campo e de grupo.

Logo, esse quadro adverso da escola européia teve maior intensidade com o

crescimento da economia norte-americana desde 1920. Com o surgimento das

grandes corporações e também com o desenvolvimento do mercado de capitais, a

escola norte-americana foi fortemente influenciada, já que a sua principal

característica é a predominância da preocupação com o usuário da informação

contábil. Nesse contexto Iudícibus (2000, p. 33-34) menciona a evolução da Escola

Anglo-Saxônica que é a contabilidade norte-americana sustentando-se em cinco

aspectos fundamentais:

[...] 1 – O grande avanço e o refinamento das instituições econômicas e sociais; 2 – O investidor médio é um homem que deseja estar permanentemente bem informado, requerendo dos contadores, demonstrativos contábeis que mostrem as tendências das organizações; 3 – O governo e as universidades norte-americanas investem em pesquisas sobre princípios contábeis; 4 – O surgimento do instituto de contadores públicos Americanos que é um órgão focado em pesquisas contábeis 5 - A criação do FASB (Financial Accounting Standard Board) e do SEC (a CVM deles), que contribui com grandes avanços na pesquisa sobre procedimentos contábeis.

Para Iudícibus (2000) a ascendência da contabilidade no Brasil teve intensa

influência das Escolas Italiana e Européia. Ainda hoje predomina a norte-americana,

que foi aqui implementada pela Lei n.º 6.404 de dezembro/1976 das Sociedades por

Ações sustentada (na parte contábil) nos moldes daquela doutrina.

Na seção seguinte será realizada uma exposição dos aspectos introdutórios

sobre a normatização que a Lei 6404 de 1976 trouxe, quanto à sustentação da

estrutura conceitual básica da contabilidade.

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2.1 PRINCÍPIOS, POSTULADOS E/OU CONVENÇÕES DE CONTABILIDADE

A ciência contábil, que tem como finalidade a mensuração do patrimônio

segundo Hendriksen e Van Breda (1999), está fundamentada em princípios

essenciais que norteiam a atividade profissional e tornam uniformes as práticas

operacionalizadas pelos contadores Marion (1989, 2006). Nessa perspectiva, o

Conselho Federal de Contabilidade (CFC) através da resolução nº. 750, de 29 de

dezembro de 1993, aperfeiçoou os princípios fundamentais. Também a CVM

(Comissão de Valores Mobiliários) por meio da deliberação nº. 29/86, aprovou o

pronunciamento do IBRACON (Instituto Brasileiro de Contadores) no que diz

respeito ao aprofundamento dos princípios fundamentais de contabilidade intitulada

de “Estrutura Conceitual Básica da Contabilidade”. A seguir apresentam-se

sinteticamente os conceitos de Princípios, Postulados e Convenções.

No grupo dos princípios:

• Princípio da Entidade: expressa a separação plena das relações

patrimoniais entre a organização propriamente dita e os membros que a

compõem Fipecafi (2003), Marion (1989, 2006).

• Princípio da Continuidade: mostra que a constituição patrimonial é

influenciada diretamente com a expectativa de desenvolvimento futuro das

atividades da organização Fipecafi (2003), Franco (1996).

• Princípio da Oportunidade: observa o momento e o dimensionamento

ideal, independente da certeza ou não do fato, para o registro das mutações

patrimoniais que uma entidade venha a sofrer Fipecafi (2003), Sá (1999).

• Princípio do Registro Pelo Valor Original: evidencia o reconhecimento do

primeiro valor, que é o constante no autêntico documento original, nas

operações que formam o patrimônio no momento do seu fato gerador

Fipecafi (2003), Franco (1996).

• Princípio da Atualização Monetária: reconhece a inconstância da medida

de valor, que busca estipular o valor justo do componente patrimonial

Fipecafi (2003), Hendriksen e Van Breda (1999).

• Princípio da Competência: prevê a concomitância entre receitas e

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despesas quando houver relação, mesmo que ainda não recebidas, no

sentido de apurar lucro ou prejuízo Fipecafi (2003), Franco (1996).

• O Princípio da Prudência: faz referência à determinação da suposição que

tenha como consequência o menor patrimônio líquido, dando origem a uma

reserva não prevista nas demonstrações contábeis, como garantia do

patrimônio Fipecafi (2003), Sá (1999).

No grupo dos postulados:

• Postulado da Entidade: esclarece que, embora haja a correlação entre as

empresas e seus donos, a contabilidade deve se esforçar na diferenciação

dos patrimônios Fipecafi (2003), Iudícibus (2000).

• Postulado da Continuidade: prevê que o tempo de ação das atividades da

empresa seja freqüente, a não ser que evidentemente algo desfavorável

aconteça Fipecafi (2003), Iudícibus (2000).

No grupo das convenções:

• Convenção da Objetividade: esclarece que a preferência para as

operações relevantes é daquelas que têm sustentação em documentos e

critérios objetivos. Na ausência, prevalecem os critérios de pesquisadores e

de entidades doutrinadas na questão Fipecafi (2003), Iudícibus (2000).

• Convenção da Materialidade: o profissional contábil deve verificar se é

interessante ou não gerar a informação ao usuário, partindo da premissa do

custo versus benefício Fipecafi (2003), Iudícibus (2000).

• Convenção do Conservadorismo: entre as opções concernentes à

composição do patrimônio, prioriza a que evidenciar o menor valor para os

bens e direitos e o maior valor para o passivo Fipecafi (2003), Iudícibus

(2000).

• Convenção da Consistência: prevê que os contabilistas devam

demonstrar a informação contábil, ou seja, as tendências da entidade de

forma clara e de fácil entendimento aos usuários da informação Fipecafi

(2003), Iudícibus (2000).

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2.2 CONTABILIDADE FINANCEIRA OU TRADICIONAL

Esta subdivisão tem como escopo definir o que vem a ser contabilidade

financeira ou tradicional bem como o fim a que se destina, tendo em conta os

princípios, postulados e/ou convenções que devem ser notados no processo de

operacionalização.

2.2.1 Conceitos

A contabilidade é uma ciência social aplicada com o cunho de exatidão muito

forte, para Gonçalves e Baptista (1998) isso se deve pelo fato de possuir objeto

definido e método de investigação que lhe pertence. Também estar em constante

aprimoramento no sentido de obter, registrar, resumir, informar e interpretar

aspectos que modificam a estrutura patrimonial, financeira e econômica das

empresas à luz da estrutura conceitual, que são os princípios, postulados e

convenções que já foram resumidamente mencionados.

Nessa perspectiva de conceituação da contabilidade, Franco (1996, p. 21)

define: É a ciência que estuda os fenômenos ocorridos no patrimônio das entidades, mediante o registro, a classificação, a demonstração expositiva, a análise e a interpretação desses fatos, com o fim de oferecer informações e orientação – necessárias à tomada de decisões – sobre a composição do patrimônio, suas variações e o resultado econômico decorrente da gestão da riqueza patrimonial.

Desde a sua existência, a contabilidade tem focado em seu objeto principal de

estudo que é o patrimônio segundo Hendriksen e Van Breda (1999), seja qual for o

ente, pessoa física ou jurídica, ela tem se utilizado de técnicas desenvolvidas ao

longo do tempo que evidenciam aspectos qualitativos e quantitativos, em que se

destacam as questões de análise e registro dos bens, direitos e obrigações

inerentes à entidade com o propósito de gerar informações úteis para as tomadas de

decisões por parte de seus usuários.

Nessa ótica de verificação do foco da contabilidade Gonçalves e Baptista

(1998, p. 23) interpretam da seguinte maneira: “O objeto da contabilidade é, pois, o

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patrimônio, em torno do qual a ciência contábil desenvolve suas funções, como meio

para alcançar sua finalidade”.

Ou seja, a contabilidade se mostra em qualquer situação que envolva a

evidenciação do patrimônio das entidades.

2.2.2 Finalidades

A contabilidade financeira ou tradicional segundo Franco (1996, p. 22)

compreende as seguintes finalidades básicas no desenvolvimento de suas funções:

A finalidade da contabilidade é, pois controlar os fenômenos ocorridos no patrimônio de uma entidade, através do registro, da classificação, da demonstração expositiva, da análise e interpretação dos fatos nele ocorridos, objetivando fornecer informações e orientação – necessárias à tomada de decisões – sobre sua composição e variações, bem como sobre o resultado econômico decorrente da gestão da riqueza patrimonial.

Nesse contexto, fica evidente que a contabilidade financeira ou tradicional

possui um alvo muito claro, que é o controle e o planejamento, e para atingir tal

finalidade que possibilita decidir entre as mais variadas situações patrimoniais

apresentadas nas entidades, ela se utiliza de técnicas que no conceito de Gonçalves

e Baptista (1998, p. 24) compreendem as seguintes:

[...] Escrituração, registro em livros especiais e em linguagem própria, com observância dos princípios e convenções geralmente aceitos, de todos os fatos que influem na composição do patrimônio, demonstrações contábeis, técnica de elaboração de relatórios sobre o estado do patrimônio e o efeito da gestão administrativa sobre este ao longo do tempo, auditoria contábil, técnica de verificação e avaliação da qualidade confiabilidade dos registros contábeis e das informações produzidas, análise de balanços, processo de avaliação da situação real do patrimônio, no que se refere à capacidade financeira.

As principais Demonstrações Contábeis originadas da Ciência Contábil

segundo Matarazzo (2003, p. 41) tem a seguinte disposição: “Balanço,

demonstração do resultado do exercício, demonstração de lucros ou prejuízos

acumulados ou demonstrações das mutações do patrimônio líquido e

demonstrações das origens e aplicações de recursos”.

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2.3 CONTABILIDADE GERENCIAL

Esta seção tem como intenção determinar o que vem a ser contabilidade

gerencial, também o seu alvo, que está direcionado à exposição de relatórios ou

informativos para o processo de tomada de decisão.

2.3.1 Conceitos

As organizações cada vez mais têm procurado informações no sentido de dar

maior segurança nas tomadas de decisões, com o propósito de elevar a qualidade

de seus produtos ou serviços, fazendo seus clientes se sentirem mais atraídos em

consumi-los.

Diante dessa tendência Crepaldi (2002, p. 18) define amplamente

contabilidade gerencial como:

Ramo da contabilidade que tem por objetivo fornecer instrumentos aos administradores de empresas que os auxiliem em suas funções gerenciais. É voltada para a melhor utilização dos recursos econômicos da empresa, através de um adequado controle dos insumos efetuado por um sistema de informação gerencial.

Nesse particular Crepaldi (2002) utiliza o termo contabilidade gerencial para

evidenciar e interpretar fatos econômicos no âmbito da entidade, ou seja, a análise

dos processos dentro da organização, ele também relata que há uma relação direta

da contabilidade gerencial com a contabilidade de custos, esta última tem dado uma

grande contribuição, principalmente na utilização dos dados de custos na assistência

ao controle e nas tomadas de decisões que sustentem o bom desempenho da

entidade em exercícios futuros.

Segundo Iudícibus (1998, p. 21)

A contabilidade gerencial pode ser caracterizada, superficialmente, como um enfoque especial conferido a várias técnicas e procedimentos contábeis já conhecidos e tratados na contabilidade financeira, na contabilidade de custos, na análise financeira e de balanços etc., colocados numa perspectiva diferente, num grau de detalhe mais analítico ou numa forma de apresentação de classificação diferenciada, de maneira a auxiliar os gerentes das entidades em seu processo decisório.

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O referido autor destaca que essa contabilidade tem como foco central ajudar

a administração a tomar a melhor decisão possível para o seu negócio, também

entende da seguinte maneira: “A contabilidade gerencial, em um sentido mais

profundo, está voltada única e exclusivamente para a administração da empresa,

procurando suprir informações que se ‘encaixem’ de maneira válida e efetiva no

modelo decisório do administrador”.

Ainda mencionando as conceituações, o Instituto de Contadores Gerenciais

(Institute of Management Accounting), citado por Atkinson (2000, p. 67) define

contabilidade gerencial:

Como o processo de identificação, mensuração, acumulação, análise, preparação, interpretação e comunicação de informações financeiras usadas pela administração para planejar, avaliar e controlar dentro de uma empresa e assegurar uso apropriado e responsável dos seus recursos.

Percebe-se que a definição de contabilidade gerencial supracitada focaliza

principalmente as questões operacionais financeiras das entidades, deixando de

mencionar as não-financeiras, entretanto Atkinson (2000) descreve que a informação

gerencial ao longo do tempo vem se expandindo no sentido de prever as operações

não-financeiras.

2.3.2 Finalidades

O objetivo central da contabilidade gerencial é fazer aparecer internamente

informações em níveis financeiros e não financeiros que darão suporte nas decisões

da organização com o intuito de obter sucesso em suas estratégias operacionais.

Nessa perspectiva Atkinson (2000, p. 45) conduz para quatro áreas: o

controle operacional, que se preocupa com as atividades somente, seu modo de

executá-las e as finalidades a serem atingidas. O custeio do produto e do cliente,

pormenorizando os custos dos recursos empregados na parte operacional e

comercial dos produtos, para assim atender a vontade e a exigência do cliente

individualmente. O controle administrativo mostra o progresso administrativo

relacionado às informações fornecidas, dando suporte na tomada de decisão. O

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controle estratégico compreende a competitividade no mercado, tanto no aspecto

tecnológico como no financeiro, objetivando aperfeiçoar suas informações.

Diante dessa premissa, o Quadro 1 a seguir mostra na visão de Atkinson

(2000, p. 45) a diferenciação da posição da informação gerencial contábil da

seguinte forma:

Controle operacional Fornece informações (feedback) sobre a eficiência e a qualidade das

tarefas executadas.

Custeio do produto e do cliente

Mensura os custos dos recursos para se produzir, vender e entregar um

produto ou serviço aos clientes.

Controle administrativo

Fornece informações sobre o desempenho de gerentes e de unidades

operacionais.

Controle estratégico

Fornece informações sobre o desempenho financeiro e competitivo de

longo prazo, condições de mercado, preferências dos clientes e

inovações tecnológicas

Informações não financeiras, (capital intelectual, know how, inovações)

QUADRO 1 - FUNÇÕES DA INFORMAÇÃO GERENCIAL CONTÁBIL

Fonte: Adaptada de Atkinson et al. (2000, p. 45) – Grifo e Complemento do autor.

Entende-se que o enquadramento deste trabalho de pesquisa está na função

de controle estratégico, pois se busca uma aproximação (abordagem) que

operacionalize a gestão do capital intelectual, para isso, portanto, o presente

trabalho visa apresentar uma forma de medir a perda efetiva de um cliente para uma

empresa prestadora de serviços contábeis. Assim julga-se que o controle estratégico

possa contribuir para obtenção dessa abordagem.

2.4 CONTABILIDADE FINANCEIRA X CONTABILIDADE GERENCIAL

Nesta subdivisão apresentar-se-ão diferenças sob o aspecto da contabilidade

financeira ou tradicional em relação à contabilidade gerencial, tendo como premissa,

que na primeira, já se definiu, o ponto de convergência que é gerar informações

padronizadas segundo os princípios, postulados e convenções, já na segunda é

gerar informações padronizadas para o processo decisório.

De acordo com Padoveze (1996, p. 19):

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Apesar de muitos teóricos considerarem que a Contabilidade Gerencial é essencialmente para a tomada de decisão, entendemos que devemos ter também uma estrutura de informações operacionais e repetitivas, que possibilitem auxílio permanente a todo o ciclo administrativo de execução e controle.

Para melhor entender as diferenças entre a contabilidade financeira e a

gerencial, foram retiradas de Atkinson et al. (2000, p. 38) algumas características,

tais como: clientela, propósito, data, restrições, tipo, natureza e escopo. Segue-se,

portanto, esse resumo no Quadro 2. Contabilidade Financeira Contabilidade Gerencial

Clientela Externa: Acionistas, credores, autoridades tributárias.

Interna: Funcionários, administradores, executivos.

Propósito Reportar o desempenho passado às partes externas; contratos com proprietários e credores.

Informar decisões internas tomadas pelos funcionários e gerentes; feedback e controle sobre desempenho operacional; contratos com proprietários e credores.

Data Histórica, atrasada. Atual, orientada para o futuro.

Restrições Regulamentada: dirigida por regras e princípios fundamentais da contabilidade e por autoridades governamentais

Desregulamentada: sistemas e informações determinadas pela administração para satisfazer necessidades estratégicas e operacionais

Tipo de informação

Somente para mensuração financeira

Mensuração física e operacional dos processos, tecnologia, fornecedores e competidores.

Natureza da informação

Objetiva, auditável, confiável, consistente, precisa.

Mais subjetiva e sujeita a juízo de valor, válida, relevante, acurada.

Escopo Muito agregado; reporta toda a empresa.

Desagregada; informa as decisões e ações locais.

QUADRO 2 - CARACTERÍSTICAS BÁSICAS JULGADAS RELEVANTES DA CONTABILIDADE FINANCEIRA E GERENCIAL.

Fonte - Atkinson et al (2000, p. 38)

Tendo em conta que a contabilidade gerencial tem maior potencialidade, ou

seja, melhores particularidades, é que se optou pela realização do presente trabalho

de pesquisa. A escolha é justificada pelo fato de observar a possibilidade de agrupar

várias disciplinas com o arcabouço teórico e prático apresentado no Quadro 2.

Argumenta-se ainda que as informações que devem ser geradas pelo departamento

contábil de uma organização devam prestar auxílio aos tomadores de decisões e

não somente atender ao fisco ou aos bancos entre outros. Também se pode

alicerçar em Atkinson et al. (2000, p. 38) que enfatizam a preocupação com a

natureza da informação “Mais subjetiva e sujeita a juízo de valor, válida, relevante,

acurada” (Quadro 2) e não necessariamente em valores financeiros.

Percebido que a contabilidade gerencial é mais apropriada para atender aos

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objetivos propostos para o presente trabalho de pesquisa, a seguir se pretende

limitar-se à contabilidade gerencial, deixando a contabilidade tradicional ou

financeira.

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3. ATIVO

O presente capítulo abordará o que se entende por ativo, definindo conceitos,

suas características, avaliação, registro e classificação, buscando uma conexão com

o capital intelectual.

3.1 QUANTO AO ATIVO TANGÍVEL

Esta seção exibirá uma exposição geral sobre o ativo tangível, ou seja, o que

se tem mais de publicação do tema, pelo fato de ser mais controlável, mensurável

nos patrimônios das entidades.

3.1.1 Conceito

A contabilidade é uma ciência social aplicada que está em sucessivo

processo de evolução ao longo do tempo, a que já se fez referência, diante desta

definição, Iudícibus (2000) faz uma descrição da evolução histórica quanto às

definições do ativo, citadas por pesquisadores e organizações de renome, logo

abaixo. AUTORES ANO DEFINIÇÕES DE ATIVO

Paton 1924 Ativo é qualquer contraprestação, material ou não, possuída por uma empresa específica e que tem valor para aquela empresa.

O comitê de terminologia do AICPA

1941

Algo representado por um saldo devedor que é mantido após o encerramento dos livros contábeis de acordo com as normas ou os princípios de contabilidade, na premissa de que representa ou um direito de propriedade ou um valor adquirido, ou um gasto realizado que criou um direito.

D’ Auria 1958 O conjunto de meios ou a matéria posta à disposição do administrador para que este possa operar de modo a conseguir os fins que a entidade entregue à sua direção tem em vista.

Sprouse e Moonitz 1962 Ativos representam benefícios futuros esperados, direitos que foram adquiridos pela entidade como resultado de alguma transação corrente passada.

Water B. Meigs e Charles E.Johnson 1962 Recursos econômicos possuídos por uma empresa.

QUADRO 3 - ALGUMAS DEFINIÇÕES DE ATIVO

Fonte: Adaptado de Iudícibus (2000, p. 129-130)

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Diante desse cenário evolutivo, percebe-se de uma forma muito genérica que

o ativo para a contabilidade representa os bens e direitos pertencentes à entidade.

Continuando com as conceituações Iudícibus (2000, p. 142) caracteriza ativo da

seguinte forma: É sua capacidade de prestar serviços futuros à entidade que os controla individual ou conjuntamente com outros ativos e fatores de produção, capazes de se transformar, direta ou indiretamente, em fluxos líquidos de entrada de caixa. Todo ativo representa, mediata ou imediatamente, direta ou indiretamente, uma promessa futura de caixa. Quando falamos indiretamente, queremos referir-nos aos ativos que não são vendidos como tais para realizarmos dinheiro, mas que contribuem para o esforço de geração de produtos que mais tarde se transformam em disponível.

Ainda nessa linha de definições, com base na tese de doutoramento

“Contribuição à Avaliação do Ativo Intangível” de Martins (1972, p. 26-27), pôde se

observar que começa citando a forma mais conservadora concernente à definição do

ativo, cuja principal característica é a posse por parte da entidade, além de possuir

um valor econômico, também que todo e qualquer bem ou direito têm que ser

adquirido por meio de um custo monetário, particularidade esta que inviabiliza a

classificação dos componentes pertencentes ao ativo, como por exemplo um bem

dado de graça não seria considerado ativo, mesmo que tivesse posse e valor

econômico.

A obra também faz referência a definições menos conservadoras, que

evidencia como componente patrimonial todo e qualquer recurso que possua valor

econômico livre de qualquer dependência ou sujeição da forma em que foram

adquiridos.

Neste contexto Martins, (1972, p. 29) relata:

[...] O conceito conservador é o de qualificar o agente como sendo ativo; e o deste outro (mais “econômico”) é o de assim denominar o resultado trazido pelo agente. O computador é um agente que presta diversos serviços, como cálculo e armazenagem de dados, e isso constitui o verdadeiro ativo; o computador é apenas o agente. Economicamente, o agente têm importância apenas na extensão em que pode trazer resultados econômicos futuros. Consideramos, por exemplo, o caso de uma obra artística, uma pintura. O dono da obra possuirá um ativo se ele tiver a possibilidade de vendê-la, de trocá-la por um outro agente que tenha valor econômico, ou obter de outra forma um resultado econômico. Mesmo que o proprietário tenha imensa satisfação em ver e admirar a obra, mas se esta não puder ser utilizada para a obtenção de um resultado econômico não poderá ser considerada um ativo.

Segundo o autor existe uma distinção, ou seja, uma separação entre o agente

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e a conseqüência ocasionada pelo agente, o primeiro está sob o ponto de vista da

contabilidade financeira ou tradicional e o segundo está sob o aspecto da

contabilidade gerencial. Portanto, Martins (1972, p. 30) considera que “Ativo é o

futuro resultado econômico que se espera obter de um agente”. Tal definição é a

mais apropriada para o presente trabalho de pesquisa, ou seja, para o fim a que se

destina será adotada.

3.1.2 Avaliação

A definição de ativo geralmente não evidencia sua medição de acordo com

Martins (1972). Também menciona que a contabilidade através de seus relatórios,

principalmente o balanço patrimonial, tem certa dificuldade na evidenciação de

elementos considerados como ativos e na realidade não são, por não apresentarem

potencialidade econômica. Por outro lado a recíproca é verdadeira, ou seja, existem

elementos que são ativos e não estão sendo demonstrados. Argumenta-se ainda de

uma forma geral que a avaliação do ativo busca atribuir um valor de modo a

evidenciar a sua potencialidade de gerar ganhos para a organização.

3.1.3 Registro

Dentro de uma ótica de critério de mensuração, Martins (1972, p. 34) traz que

“a contabilidade financeira tem seguido a tradição de registrar o ativo pelo seu valor

de custo de aquisição”. Mas ressalta que “esta não é a única possibilidade

existente”.

Para Iudícibus, Martins e Gelbcke (2006, p. 86), o registro dos bens e direitos

segundo a Lei das Sociedades por Ações (Lei 6.404/1976) estabelece, em seu art.

178 que no ativo as contas serão dispostas em ordem decrescente de grau de

liquidez. Ainda discorre que o critério de determinação de curto (ativo circulante),

longo (realizável a longo prazo) e o ciclo operacional é o seguinte (IUDÍCIBUS,

MARTINS e GELBCKE, 2006)

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CURTO PRAZO - Até 1 ano (365 dias) a partir do encerramento do balanço subseqüente ao fato (isto é, até 1 ano posicionando-se na data de encerramento do balanço) ou o tempo do ciclo operacional da empresa se este for maior. LONGO PRAZO - Acima 1 ano (365 dias) a partir do encerramento do balanço subseqüente ao fato (isto é, até 1 ano posicionando-se na data de encerramento do balanço), ou acima do ciclo operacional da empresa. CICLO OPERACIONAL - É o decurso de tempo necessário para a empresa realizar uma operação do seu ramo de negócio, operação esta (no caso de uma indústria) que vai desde o início da produção, venda do produto, financiamento da venda até o recebimento dos recursos financeiros referentes a venda.

3.1.4 Classificação

A classificação do ativo está estabelecida no art. 179 da Lei 6.404/1976. As

contas serão classificadas do seguinte modo:

I - no ativo circulante: as disponibilidades, os direitos realizáveis no curso do exercício social subseqüente e as aplicações de recursos em despesas do exercício seguinte; II - no ativo realizável a longo prazo: os direitos realizáveis após o término do exercício seguinte, assim como os derivados de vendas, adiantamentos ou empréstimos a sociedades coligadas ou controladas (artigo 243), diretores, acionistas ou participantes no lucro da companhia, que não constituírem negócios usuais na exploração do objeto da companhia; III - em investimentos: as participações permanentes em outras sociedades e os direitos de qualquer natureza, não classificáveis no ativo circulante, e que não se destinem à manutenção da atividade da companhia ou da empresa; IV - no ativo imobilizado: os direitos que tenham por objeto bens destinados à manutenção das atividades da companhia e da empresa, ou exercidos com essa finalidade, inclusive os de propriedade industrial ou comercial; V - no ativo diferido: as aplicações de recursos em despesas que contribuirão para a formação do resultado de mais de um exercício social, inclusive os juros pagos ou creditados aos acionistas durante o período que anteceder o início das operações sociais; Parágrafo único. Na companhia em que o ciclo operacional da empresa tiver duração maior que o exercício social, a classificação no circulante ou longo prazo terá por base o prazo desse ciclo.

A seguir serão examinados os ativos intangíveis, propósito do presente

trabalho.

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3.2 QUANTO AO ATIVO INTANGÍVEL

Esta seção tem como principal objetivo realizar a revisão conceitual da

natureza dos ativos intangíveis que segundo Hendriksen e Van Breda (1999)

constituem umas das áreas que proporcionam grandes complicações no contexto da

teoria contábil, essencialmente por apresentar incertezas quanto à medição e seus

valores.

3.2.1 Conceito

O vocábulo intangível advém do latim tangere, que quer dizer “tocar”.

Portanto, tal significação evidencia que os intangíveis são aqueles bens ou direitos

(patentes ou marcas registradas) que não têm composição física, ou seja, são

incorpóreos. Martins (1972, p. 53) menciona a seguinte questão sobre a definição

dos intangíveis:

Se quisermos ligar a etimologia da palavra “Intangível” à definição dessa categoria de Ativos nada conseguiremos, a não ser concluir que não há tal significado etimológico no conceito contábil. Patentes são considerados Ativo Intangível; mas Prêmios de Seguro Antecipados não possuem qualquer caráter de tangibilidade maior do que aquelas, porém não pertencem ao grupo dos Intangíveis. Na verdade, Investimentos, Duplicatas a Receber, Depósitos Bancários, representam todos eles direitos, mas, apesar da falta de existência corpórea, são considerados tangíveis.

Kohler Apud Iudícibus (2000, p. 209) definiu ativos intangíveis como “um ativo

de capital que não têm existência física, cujo valor é limitado pelos direitos e

benefícios que antecipadamente sua posse confere ao proprietário”.

Para Hendriksen e Van Breda (1999, p. 388) os Ativos intangíveis “são

criados quando se gasta caixa (ou seu equivalente) com serviços. Alguns dos ativos

resultantes são conhecidos como despesas diferidas na literatura contábil; outros

são Intangíveis tradicionais.”

Os referidos autores mencionam ativos intangíveis para os dois grupos, além

disso, relata que aquilo que está determinado quanto ao reconhecimento do ativo

tangível deve ser para o intangível também. Por outro lado os mesmos autores,

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Hendriksen e Van Breda (1999), mencionam que existem pesquisadores do assunto

que argumentam que os ativos intangíveis são compostos de características

particulares que os diferenciam dos ativos tangíveis, portanto exigem que tais sejam

tratados de forma diferente. Podem-se citar algumas dessas características:

• A inexistência de usos alternativos;

• A falta de separabilidade e

• A maior incerteza quanto à sua recuperação

No ponto de vista de Hendriksen e Van Breda (1999, p. 388) em relação à

primeira características há um consentimento que

[…] Tanto os ativos não monetários tangíveis quanto os Ativos Intangíveis, retiram seu valor econômico das expectativas de geração de lucros no futuro. Os Ativos tangíveis também possuem valor em usos alternativos e seu valor para a empresa pode, pelo menos em parte, ser comparado a sua condição física, a seu custo de reposição, ao valor de mercado de ativos usados, e ao mercado do produto da empresa. Por outro lado, alguns dizem que, em sua maioria, os ativos intangíveis representam o desenvolvimento de processos ou produtos exclusivos, ou a proteção de superioridade em termos de marketing, nenhum dos quais pode ser transferido a usos alternativos.

Já concernente à suposição da falta de separabilidade, Hendriksen e Van

Breda (1999) mencionam a dificuldade da diferenciação dos ativos intangíveis em

relação aos ativos físicos, ou seja, o valor do intangível só aparece em combinação

com os ativos tangíveis da entidade. E em função de tais características, os

intangíveis apresentam apenas ganhos adicionais. Por outro lado os referidos

autores defendem duas posições contrárias à questão. A primeira é de que existem

ativos intangíveis que possuem separabilidade, como, por exemplo, a compra e

venda dos direitos de autoria, a segunda trata-se da equalização da idéia de que os

intangíveis só se mostram quando relacionados com os ativos tangíveis, ou seja, os

dois conjuntamente são responsáveis pela geração de valores, ressaltando que

ambos devam ser evidenciados dentro de uma possibilidade.

A terceira característica sustenta a incerteza quanto à possibilidade do

recebimento dos benefícios futuros, também a dificuldade de correlação com

receitas ou períodos específicos. Embora haja tal dificuldade, não se pode estender

a todos os ativos intangíveis. Para melhor entendimento Hendriksen e Van Breda

(1999, p. 390) fazem a seguinte afirmação:

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A incerteza pode ser elevada no caso de alguns intangíveis, mas isso não ocorre com todos. O valor de uma educação superior é consideravelmente menos incerto do que o de um equipamento especializado em um novo laboratório de pesquisa. Costumamos capitalizar o custo deste último. Por que não o do primeiro?

Resumidamente, constata-se que o intangível é um ativo e por ser um ativo

deve ser reconhecido nos mesmos moldes que o ativo tangível, desde que haja tal

possibilidade.

3.2.2 Avaliação

Alguns elementos que influenciam para a composição do balanço patrimonial

apresentam grandes complexidades na sua avaliação (medição) por ter

características de intangibilidade, principalmente quando não são identificáveis e

separáveis, tendo como conseqüência o que Hendriksen e Van Breda (1999)

denominam como um problema de custos conjuntos. Quando é possível separar e

identificar, no caso, as marcas, patentes e etc., existe a possibilidade de dar valor.

Hendriksen e Van Breda (1999, p. 391) dizem que “em princípio, a medida mais

informativa é o valor presente de seus benefícios projetados”.

3.2.3 Registro

No que diverge do registro dos ativos tangíveis, o ativo intangível ainda não

possui padronização quanto à forma de registro, a não ser os já tangibilizados, como

por exemplo, Goodwill, Fundo de Comércio, P&D, Propriedade Intelectual, entre

outros poucos, o seu registro acompanha o mesmo preceito dos ativos tangíveis.

Apesar de as pesquisas (estudos) sobre os ativos intangíveis não gerarem

prestígio econômico e acadêmico, após a primeira guerra mundial o crédito referente

ao uso dos ativos intangíveis mudou. Schnorrenberger (2005) argumenta que esse

acontecimento era devido à habilidade humana em lidar com situações não usuais e

de grande pressão. Depois dessas turbulências, os ativos intangíveis voltaram à

função de coadjuvantes no cenário econômico mundial.

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Portanto, com o fim da era industrial, iniciou-se a era do conhecimento. Os

alicerces importantes em gerenciar os ativos intangíveis foram o desenvolvimento

das tecnologias e da comunicação, o patamar comum atingido pelas empresas, o

esgotamento das estratégias de produtividade, a busca por uma diferenciação

competitiva e o incremento do conceito de serviço. Na década de 80, houve uma

intensa busca por uma concepção e nova visão de empresa, objetivando a criação e

a extração de valor. Dentro desse movimento nasce o conceito de Capital

Intelectual, como forma de evidenciar e potencializar a força dos recursos não

materiais (intangíveis), de acordo com Schnorrenberger (2005).

Desse breve conhecimento sobre a origem histórica dos ativos intangíveis, o

presente trabalho apresentará algumas passagens que justificam o não registro.

“O fato de que a diferença entre o valor de mercado e valor contábil está mais

relacionada a ativos intangíveis do que a ativos tangíveis [...]” Sveiby (1998, p. 6).

Nos ativos intangíveis não existe qualquer forma de registrar, pois não foi

estabelecido nenhum procedimento ou padrão. Existe um projeto de lei tramitando,

sobre o qual há insuficiência de mais informações, que teria uma estrutura conforme

apresenta a Figura 1 a seguir.

FIGURA 1 - ESTRUTURA PROVÁVEL CASO O PROJETO DE LEI SE TORNE LEI

Fonte: Projeto Lei nº. 3.741/2000

No que diz respeito à sua liquidez de geração de valor, para cada tipo de

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ativo intangível, seria muito complicado mostrar qual é o mais líquido. Essa

afirmativa baseia-se no sentido de que, para um ativo intangível poder agregar valor,

dependerá de toda uniformidade do ciclo estrutural dos ativos intangíveis.

3.2.4 Classificação

Na mesma linha de raciocínio dos registros, os ativos intangíveis não

possuem uma padronização quanto a sua classificação, apenas os mais usuais e já

tangibilizados, como tratados na seção anterior.

Iudícibus (1998, p. 7-8) apresenta quatro classificações dos ativos intangíveis:

Ativos intangíveis são bens capacitados a contribuírem para a geração de benefícios econômicos em vários períodos futuros, mas não tem existência física, como por exemplo: patentes, marcas, direitos autorais, goodwill, etc. De forma geral, o intangível refere-se a direitos de longo prazo, desenvolvimento de vantagens competitivas ou aquisição de negócios entre empresa. Os ativos intangíveis diferem consideravelmente entre si, em suas características, na vida útil e no relacionamento com as operações da empresa. Podendo ser classificados quanto a: Identificabilidade: patentes, direitos autorais, franquias e outros ativos similares que podem ser identificados com a descrição de seus nomes. Alguns tipos de ativos não têm identificações específicas, sendo o exemplo mais comum o goodwill. Forma de aquisição: podem ser desenvolvidos internamente ou adquiridos. Se forem adquiridos podem ser forma individual, em grupo ou através de combinações de negócios (Business Combination). Determinação de sua vida útil: patentes, direitos autorais e franquias são exemplos de intangíveis com vida útil determinada por lei ou por contrato. Outros ativos intangíveis, como os custos organizacionais, processos secretos e o goodwill, não tem termos legais ou contratuais para o estabelecimento de existência, portanto, a expectativa do período a serem beneficiados pode ser indeterminada quando da aquisição desses ativos. Transferência: patentes, direitos autorais, franquias e outros intangíveis identificados separáveis, que podem ser vendidos. Os custos de organização e o goodwill não podem ser separados da empresa como um todo, sendo, portanto, intransferíveis isoladamente.

Segundo Sveiby (1998) os ativos invisíveis constantes no balanço patrimonial

de uma organização podem ser classificados como um grupo de três elementos:

competência do funcionário, estrutura interna e estrutura externa.

Barbosa e Gomes (2002) propõem a seguinte classificação: conhecimento

dos funcionários; processos facilitadores de conhecimento; relacionamento com

agentes do mercado; e, capacitação em pesquisa e desenvolvimento.

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Várias são as estruturas propostas dos ativos intangíveis, cada autor tem uma

peculiaridade diferente em sua classificação. Apesar disso, a grande maioria dos

autores classificam os ativos intangíveis com base na sua potencialidade de gerar

valor.

Para fundamentar o foco do trabalho, será usada a classificação adotada por

Sveiby (1998), destacando somente o elemento cliente.

3.2.5 Capital Intelectual

Esta subdivisão terá como centro de convergência a realização da revisão

conceitual do capital intelectual, sua estrutura e a influência que exerce na

potencialidade de gerar valor para a organização, fundamentado no modo de pensar

de alguns dos principais estudiosos da questão (SVEIBY, 1998; STEWART, 1998;

EDVINSSON E MALONE, 1998 ANTUNES, 2000), examinando a sua composição,

dando maior ênfase na categoria do capital de clientes. Também serão analisados

brevemente os métodos existentes de mensuração, um dos quais se adotará para o

presente trabalho de pesquisa.

3.2.6 Conceitos

A concepção do capital intelectual abrange a entidade em sua totalidade,

principalmente quando são evidenciadas as questões estruturais, ou seja, para

Edvinsson e Malone (1998), Sveiby (1998), Stewart (1998) é a capacidade de

relacionar-se, conviver ou comunicar-se com os seus clientes e fornecedores,

desenvolvimentos tecnológicos e a capacidade de agir em diversas situações dos

funcionários, tudo isso em conjunto forma aquilo que se denomina como capital

intelectual da organização. Nesse contexto, consideram-se algumas definições.

Stewart (1998, p. XIII) menciona que

O Capital Intelectual é a soma do conhecimento de todos em uma empresa, o que lhe proporciona vantagem competitiva. Ao contrário dos Ativos, com os quais empresários e contadores estão familiarizados – propriedade,

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fábricas, equipamento,dinheiro -, o Capital Intelectual é intangível. É o conhecimento da força de trabalho: o treinamento e a intuição de uma equipe de químicos que descobre uma nova droga de bilhões de dólares ou o know-how de trabalhadores que apresentam milhares formas diferentes de melhorar a eficácia de uma indústria.

Padoveze (2000, p. 8) diz que o Capital Intelectual pode ser compreendido

como um mix que abrange conhecimentos técnicos e um conjunto de

relacionamentos que oportunizam à empresa uma separação frente seus

concorrentes, assegurando-lhe benefícios econômicos superiores aos que obteria se

não dispusesse dessas habilidades.

Brooking (1996, p.12-13, apud Antunes, 2000, p. 78) conceitua Capital

Intelectual como “uma combinação de ativos intangíveis, fruto das mudanças nas

áreas da tecnologia da informação, mídia e comunicação, que trazem benefícios

intangíveis para as empresas e que capacitam seu funcionamento.”

Edvinsson e Malone (1998, p. 40) conceituam o capital intelectual como “a

posse de conhecimento, experiência aplicada, tecnologia organizacional,

relacionamento com clientes e habilidades profissionais que proporcionem [...]

vantagem competitiva”

Os referidos autores supracitados fazem uma metáfora para conceituar o

capital intelectual. Eles mencionam a entidade como se fosse uma árvore, em que a

parte visível (tronco, galhos, folhas e frutos) significa aquelas informações que estão

previstas nas demonstrações contábeis. Já a parte que se encontra abaixo do solo,

ou seja, o conjunto de raízes, expressa os valores ocultos (capital intelectual), que

são os elementos que sustentam a organização que está à vista.

Ainda fazendo uma conexão com o parágrafo acima, Edvinsson e Malone

(1998, p. 28-29) fazem a seguinte declaração:

O valor oculto de uma empresa é o sistema de raízes daquela árvore. Para que a árvore floresça e produza frutos, ela precisa ser alimentada por raízes fortes e sadias. E da mesma maneira que a qualidade do fruto de uma árvore depende de seu conjunto de raízes, a qualidade da organização empresarial da companhia e a solidez de seu capital financeiro constituem igualmente uma função de seus valores ocultos. Cuide dessas raízes e a empresa florescerá; permita que elas sequem ou se tornem avariadas e a empresa, não importando quão sólida pareça, irá finalmente entrar em colapso e morrer.

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FIGURA 2 - EVIDENCIAÇÃO DO ATIVO TANGÍVEL EM RELAÇÃO AO INTANGÍVEL.

Fonte: Adaptado de Lopes (2001, p. 65)

Voltando às conceituações, do ponto de vista de Hugh MacDonald (apud

Stewart, 1998) o capital intelectual “é o conhecimento existente em uma organização

e que pode ser utilizado para criar uma vantagem diferencial para a mesma”. Klein e

Prusak (apud Stewart, 1998) afirmam que o capital intelectual “é o material

intelectual que foi formalizado, capturado e alavancado com a finalidade de produzir

um ativo de maior valor”.

Diante de tais definições, percebe-se que não há discrepâncias quanto aos

elementos que o compõem, logo, diante do exposto fica evidente que há um

consenso dos autores citados, embora a forma de expressão seja diferente, mas a

essência do conceito prevalece.

3.2.7 Composição do Capital Intelectual

Agora serão fundamentadas as diferentes formas, divisões e denominações

dadas ao capital intelectual.

Para Edvinsson e Malone (1998, p. 31-33) os elementos que compõem as

formas do Capital Intelectual são: Capital Humano, Capital de Estrutura e Capital de

clientes. Para as seguintes categorias conforme (Figura 3) listam-se diversos itens

como:

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• Capital humano: compreende o conhecimento, habilidade e experiência

individuais dos empregados e gerentes, criatividade e a inovação

organizacional.

• Capital estrutural: são os sistemas informatizados, a imagem da

empresa, os bancos de dados exatos, os conceitos organizacionais, a

documentação e a propriedade intelectual, que incluem patentes,

marcas registradas e direitos autorais.

• Capitais de clientes: solidez e lealdade dos clientes à organização,

dando origem a indicadores de avaliação de contentamento, vida

longa, possibilidades de redução de preços e até mesmo

demonstração com o bem-estar econômico-financeiro dos clientes de

longa data.

FIGURA 3 - COMPOSIÇÃO DO CAPITAL INTELECTUAL

Fonte: Adaptado Edvinsson e Malone (1998, p. 47) - Grifo do Autor

Segundo Stewart (1998, p. 67-69) só é possível encontrar o capital intelectual

em locais estrategicamente relevantes da organização; o referido autor menciona

três: nas pessoas, nas estruturas e nos clientes. O capital humano é de onde se

origina os processos de mudança, ou seja, a capacidade de substituir pelo novo,

proporcionar coisas novas aos clientes. Mas, para proporcionar coisas novas, é

necessário estrutura de ativos como por exemplo computadores, redes, sistemas de

informações e etc., ou seja, é o capital estrutural. Já o capital de clientes é

constituído pelo valor dos relacionamentos de uma entidade com as pessoas com as

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quais põem em prática as operações. Também faz uma comparação na qual cita

que entre o capital humano, capital estrutural e os clientes, este último é o que tem

mais valia (preço), pelo fato de ser o que “quita” as obrigações. Contudo, mesmo

tendo tal importância, talvez seja o que tem menos significância no gerenciamento

entre todos os intangíveis.

Neste momento será examinado a composição do capital intelectual segundo

o entendimento de Sveiby (1998), focalizando principalmente o elemento “Estrutura

Externa”, que evidencia as relações com os clientes, os demais itens apenas serão

mencionados.

Sveiby (1998, p. 11-12) classifica o capital intelectual em três elementos:

competência de funcionários, estrutura interna e estrutura externa. À competência de

funcionários o autor atribui a capacidade de agir em qualquer situação no sentido de

potencializar a criação de ativos (tangíveis e intangíveis), também ressalta a

intelectualidade dos funcionários, embora não haja a propriedade destes atributos, e

também a evidenciação no balanço patrimonial pelo fato de que não existe

organização sem pessoas. Já a estrutura interna (patentes, computadores, sistemas

de informação) está vinculada aos ativos intangíveis internos da entidade, que dão

suporte a operacionalização das atividades. A estrutura externa é constituída pela

representatividade da organização perante terceiros, pelo relacionamento com os

fornecedores, as marcas e o mais relevante dentre os citados, ou seja, a capacidade

de relacionar-se com os clientes. Segundo Sveiby (1998, p. 212) “todo o tempo que

os funcionários passam trabalhando para os clientes é um tempo potencialmente

destinado a manter, estabelecer e desenvolver relações com os clientes”. O autor

supracitado menciona também que o nível de satisfação dos clientes é de

fundamental importância, isso é evidenciado quando o meio de superar ou resolver

uma dificuldade é apresentado ao mesmo.

Assim sendo, o capital de clientes tornou-se uma fonte de lucros intangíveis, o

que se deve principalmente pelo fato de boa parte dos clientes terem valores de

outras maneiras e não necessariamente o recurso financeiro (dinheiro). Diante disso

Sveiby (1998, p. 140-141) descreve:

Os clientes oferecem treinamentos aos funcionários; eles podem ser utilizados como referências; conversam uns com os outros e, com isso, fazem propaganda e a imagem de uma organização, além de incentivar o desenvolvimento da competência no que diz respeito a clientes, portanto, tem um significado estratégico vital porque o tipo de clientes com os quais

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uma empresa do conhecimento trabalha determina tanto a qualidade quanto a quantidade de suas receitas intangíveis conhecimento. Além disso, em última instância, o fluxo de conhecimento gerado pelos clientes acaba se transformando em uma fonte de receita visível.

Para melhor compreender os tipos de receitas invisíveis, foram retiradas de

Sveiby (1998) algumas informações quanto ao fortalecimento das relações com os

clientes, segue-se o resumo no Quadro 4 MELHORIA DA ESTRUTURA EXTERNA (RELAÇÕES COM

CLIENTES) MELHORIA DA ESTRUTURA INTERNA

MELHORIA DA COMPETÊNCIA DAS PESSOAS

Referências de novos clientes

(reduzindo os custos de

marketing e vendas)

Alavancagem dos projetos de P&D (quando

as soluções desenvolvidas para um cliente

são reaproveitadas)

Aprendizado

(treinamento

prático)

Prestígio (facilitando as vendas

e o recrutamento de pessoal)

Projetos que sustentam a transferência de

conhecimento (tornando a empresa menos

dependente dos indivíduos)

Idéias (para novos

produtos e

serviços)

QUADRO 4 - OS TRÊS TIPOS DE RECEITAS INVISÍVEIS

Fonte: Adaptado de Sveiby (1998, p. 142)

Na seção seguinte serão expostos os principais modelos de mensuração do

capital intelectual.

3.2.8 Modelos do Capital Intelectual

Na visão de Stewart (1998) a possibilidade de medir os ativos intangíveis

(capital intelectual) tem causado grande impacto para as pessoas interessadas no

tema, há de certa forma uma descrença, inclusive para aqueles que reprovam o fato

de a contabilidade tradicional não prever as informações não-financeiras nas

demonstrações contábeis, e ao mesmo tempo existe uma preocupação com as

medidas não comprovadas, ou seja, aquelas que não evidenciam de forma real o

desempenho econômico-financeiro da entidade. Para Stewart (1998, p. 199) “o

capital intelectual depende definitivamente de se encontrar alternativas rigorosas de

acompanhá-lo, correlacionadas a resultados financeiros”.

Ainda nessa linha Stewart (2002, p. 411) em seu livro “A Riqueza do

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Conhecimento” menciona que “não existem normas contábeis referentes ao capital

intelectual. O campo ainda é muito novo e são grandes as áreas desconhecidas.”

Mas, o referido autor considera de fundamental importância que:

As empresas desenvolvam mensurações e indicadores que se relacionem com aspectos importantes de seu próprio desempenho geral, sob diferentes perspectivas. O ponto-chave é selecionar ferramentas de mensuração do capital intelectual e de avaliação da gestão do conhecimento que realmente contribuam para a estratégia e para os resultados financeiros da empresa.

Diante desse cenário, podem-se demonstrar alguns dos principais modelos de

mensuração do capital intelectual das organizações, dos quais comentam-se os

seguintes:

• Razão entre o Valor de Mercado e o Valor Contábil; • Modelo de Stewart - Navegador do Capital Intelectual; • Modelo de Edvinsson & Malone (Modelo Skandia) e • Modelo de Sveiby

Após analisar as características de cada modelo, será escolhido um para o

presente trabalho de pesquisa, com o intuito de verificar a possibilidade de medir o

quanto vale um cliente para uma empresa de prestação de serviços contábeis.

Razão entre o Valor de Mercado e o Valor Contábil

Segundo Stewart (1998) quem determina o preço é aquele que compra, e não

aquele que vende. Logo, o valor de um objeto se define pelo que alguém se dispõe a

pagar por ele, ou seja, isso quer dizer que o preço de uma organização é

estabelecido pelo mercado de ações que o autor já referido expressa da seguinte

forma: preço por ação x número de ações em circulação = valor de mercado.

A relação entre o valor de mercado e o valor contábil é a medida mais

simplista de medição do capital intelectual, pois a própria denominação sinaliza a

forma de cálculo, que é verificada a partir da divisão entre o valor de mercado e o

contábil que ficaria desta forma:

Valor de Mercado Capital Intelectual = ------------------------------

Valor Contábil

Partindo dessa relação, o princípio é que tudo que sobra do valor de mercado

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após a contabilização, ou seja, o fechamento de todas as operações contábeis de

ativos fixos corresponde aos ativos intangíveis (Capital Intelectual). Stewart (1998, p.

201) dá o exemplo da Microsoft que “vale US$ 85,5 bilhões e seu valor contábil é

US$ 6,9 bilhões, então seu capital intelectual é US$ 78,6 bilhões”.

O autor supracitado menciona que essa forma de medição apresenta três

problemas:

• A volatilização do mercado de ações, que muitas vezes apresenta

fatores absolutamente fora do domínio da administração da entidade,

então se a empresa for vendida abaixo dos valores contábeis,

significaria que a organização não teria ativos de capital intelectual?;

• Existem sinais de que os valores contábeis e de mercado sejam

subestimados (lucros maiores ou menores), como incentivo ao

investimento;

• Ainda que seja nobre dizer que a empresa tenha valores relevantes de

ativos intangíveis, como o gerente investidor entenderia tal

informação?

A credibilidade de tal informação teria maior extensão partindo da análise da

razão (valor de mercado versus valor contábil), fazendo comparações entre ramos

semelhantes e não os números sem correlações.

Modelo de Stewart - Navegador do Capital Intelectual

O Navegador do capital intelectual, método desenvolvido por Stewart (1998),

propõe medidas sob vários aspectos, o autor entende que não tem como avaliar a

organização diante de uma única perspectiva, assim como a contabilidade

tradicional que examina um conjunto de índices (rentabilidade do ativo, liquidez

geral, participação de capitais de terceiros e etc.) demonstrando o desempenho

financeiro, a contabilidade do capital intelectual deve prever a análise da

organização. Embora a análise da organização tenha que demonstrar o

desempenho sob várias perspectivas, o referido autor ressalta que o excesso de

medidas não-financeiras não é vantajoso, pois cria um emaranhado de informações

que inviabiliza a tomada de decisão pela sua complexidade de entendimento.

A proposta de Stewart (1998, p. 218) é analisar a organização sob as

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seguintes perspectivas: razão do valor de mercado/valor contábil, medidas de capital

do cliente, medidas de capital humano e medidas de capital estrutural,

demonstrando graficamente de forma circular, separado por várias linhas, onde cada

uma representa o número de indicadores que se deseja avaliar, tem forma de uma

tela de radar, onde para cada elemento que compõe o capital intelectual (humano,

estrutural e cliente) existem indicadores.

Para melhor verificação do Navegador do Capital Intelectual apresenta-se a

Figura 4, retirada e adaptada de Stewart (1998, p. 219), onde “o interior do polígono

mostra os resultados atuais; a parte externa revela o que você deseja”.

FIGURA 4 – NAVEGADOR DO CAPITAL INTELECTUAL

Fonte: Adaptado Stewart (1998, p. 219)

Modelo de Edvinsson & Malone (Modelo Skandia)

Leif Edvinsson, ex-diretor corporativo de capital intelectual do grupo Skandia,

organização sueca que tem como objeto a prestação de serviços financeiros e de

seguros, foi um dos precursores na identificação e medição do capital humano,

percebendo que os ativos registrados na contabilidade tradicional já não

evidenciavam a capacidade competitiva da organização, principalmente pelo fato de

a empresa (Skandia) prestar serviços fundamentados em conhecimento de acordo

com Antunes (1999).

A grande questão com a qual o ex-diretor deparou foi: como encontrar uma

Índice de retenção de

clientes

Valor da marca

Satisfaçãodo cliente

Giros de capital

Custo de substituição de banco de dados

Atitude dos funcionários

Venda de novos produtos como % do total de vendas

Índice de rotatividade de trabalhadores do

conhecimento

MEDIDAS DE CAPITAL

ESTRUTURAL

RAZÃO VALOR DE MERCADO/VALOR

CONTÁBIL

Razão vendas/custo deVendas,gerais &administrativos

MEDIDAS DE CAPITAL HUMANO

MEDIDAS DE CAPITAL DO

CLIENTE

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forma de avaliar um conjunto de ativos ocultos que não eram reconhecidos? Diante

dessa premissa, os estudos foram intensos com o fim de construir um modelo com

uma quantidade considerável de índices e indicadores, que interligados pudessem

medir o capital intelectual da organização, principalmente pelo fato de o

desempenho econômico-financeiro proceder dos ativos invisíveis. Portanto tal

modelo tinha que ser composto de elementos que evidenciassem as informações

financeiras e não financeiras concomitantemente, conforme figura 5

FIGURA 5 – NAVEGADOR SKANDIA

Fonte: Adaptado Edvinsson e Malone (1998, p. 60)

A explicação quanto à formatação do navegador skandia segundo Edvinsson

e Malone (1998, p. 60) é que: “ele não é composto por categorias de capital, mas

por cinco áreas de foco. Em outras palavras, essas são as áreas que a empresa

focaliza sua atenção, e desses focos provém o valor de seu capital intelectual no

âmbito de seu ambiente competitivo”. Estrategicamente as cinco áreas de foco têm a

seguinte interpretação de acordo com Edvinsson e Malone (1998, p. 60-61):

• Foco financeiro: passado da empresa (Balanço Patrimonial);

• Foco no cliente: reflete a situação atual da organização;

• Foco no processo: reflete a situação atual da organização;

• Foco de renovação e desenvolvimento: parcela do capital estrutural

voltado para o futuro e

• Foco humano: é de onde se origina todo o processo no sentido de criar

conhecimento, habilidades para interagir com as outras áreas do

capital intelectual.

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Modelo de Sveiby

Sveiby (1998) propõe um conjunto de indicadores de ativos intangíveis, para

medir o capital intelectual. Esse conjunto demonstra sua distribuição sob três pontos

de vista: competência dos funcionários, estrutura interna e estrutura externa. O

referido autor desenvolveu um modelo destacando estrategicamente vários

indicadores vinculados à organização, entende também que os profissionais

envolvidos devem escolher na avaliação um ou dois (no máximo) índices por

indicador relacionados ao crescimento e renovação, eficiência e estabilidade. O fato

de escolher mais que dois, ao invés de elucidar, poderá confundir o usuário da

informação. Diante desse contexto, optou-se para o presente trabalho de pesquisa

esse modelo, principalmente pelo fato de Sveiby (1998) considerar um sistema de

avaliação não-financeiro para os ativos intangíveis (não convencional), também pela

praticidade na abordagem, para que o usuário da informação possa compreender.

Relacionando o comentário supracitado Sveiby (1998, p. 180) faz a seguinte

declaração:

O sistema de avaliação que proponho não apresenta um quadro completo e abrangente dos ativos intangíveis de uma empresa; um sistema desse tipo não é possível. Essa é a razão pela qual as abordagens abrangentes até agora fracassaram. Ao contrário, a finalidade aqui é ser prático, “abrir algumas janelas” para que os gerentes possam, pelo menos, começar a avaliar suas empresas.

Nessa linha de raciocínio o referido autor propõe um modelo mais

compactado, denominando como “monitor de ativos intangíveis”. Para melhor

facilitar a visualização das características, apresenta-se o quadro abaixo ATIVOS INTANGÍVEIS

Estrutura Externa Estrutura Interna Competência das Pessoas Crescimento/Renovação

Crescimento orgânico do

volume de vendas

Aumento da participação de mercado

Índices de clientes satisfeitos

ou índice da qualidade

Crescimento/Renovação

Investimento em tecnologia da informação

Parcela de tempo dedicado às

atividades internas de P&D

Índice de atitude do pessoal em relação aos gerentes, à cultura

Crescimento/Renovação

Parcela de vendas geradas por clientes que aumentam a

competência

Aumento da experiência média profissional (número de anos)

Rotatividade de competência

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e aos clientes

Eficiência

Lucro por cliente

Vendas por profissional

Eficiência

Proporção de pessoal de suporte

Vendas por funcionário de

pessoal de suporte

Eficiência

Mudança no valor agregado por profissional

Mudança na proporção de

funcionários Estabilidade

Freqüência da repetição de

pedidos

Estrutura etária

Estabilidade

Idade da organização

Taxa de novatos

Estabilidade

Taxa de rotatividade dos profissionais

QUADRO 5 – MONITOR DE ATIVOS INTANGÍVEIS

Fonte: Adaptado de Sveiby (1998, p. 238)

No capítulo seguinte será definido o processo metodológico deste trabalho de

pesquisa. Logo em seguida será realizado o estudo de caso, para verificar a

possibilidade de responder ou não à problematização proposta.

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4. METODOLOGIA

O ato, efeito ou meio de conduzir este trabalho de pesquisa abrange teoria e

prática (qualidade de real), neste contexto esforça-se em tornar melhor, aperfeiçoar

determinado tema científico, na monografia procura-se investigar apenas um tema.

Para Beuren (2003, p. 54): “O rigor científico da pesquisa e a qualidade dos

resultados do estudo dependem da correta definição dos métodos e procedimentos

a serem adotados para a observação e coleta dos dados, a mensuração das

variáveis e as técnicas de análise dos dados”.

4.1 CARACTERIZAÇÃO DA PESQUISA

A essência do estudo apresentado é do tipo exploratório, pois o objetivo central

é evidenciar a relevância da existência do capital de clientes em uma empresa de

prestação de serviços contábeis. Nesse sentido Andrade (2002 apud BEUREN,

2003, p. 80) menciona características fundamentais que evidenciam o estudo

exploratório, como: “proporcionar maiores informações sobre o assunto que se vai

investigar; facilitar a delimitação do tema de pesquisa; orientar a fixação dos

objetivos e a formulação de hipóteses; ou descobrir um novo tipo de enfoque sobre o

assunto”.

Um dos procedimentos a ser utilizados para o desenvolvimento do tema

escolhido é a análise bibliográfica, através de livros, dissertações, teses, artigos,

monografias e internet. De acordo com Gil (1999 apud BEUREN, 2003, p. 87) “a

pesquisa bibliográfica é desenvolvida mediante material já elaborado, principalmente

livros e artigos científicos”. Ressalta-se ainda entre as bibliografias pesquisadas e

estudadas o livro “Capital Intelectual – A Nova Vantagem Competitiva das

Empresas, autoria de Thomas A. Stewart”, “A Nova Riqueza das Organizações, de

Karl Erik Sveiby” e a Tese de Doutoramento do Prof. Eliseu Martins “Contribuição à

Avaliação do Ativo Intangível”.

Quanto à análise da problematização do estudo, foca-se a pesquisa qualitativa.

Nessa acepção Richardson (1999 apud BEUREN, 2003, p. 91) menciona que “os

estudos que empregam uma metodologia qualitativa podem descrever a

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complexidade de determinado problema, analisar a interação de certas variáveis,

compreender e classificar processos dinâmicos vividos por grupos sociais”. Beuren

(2003, p. 92) evidencia que “na pesquisa qualitativa concebem-se análises mais

profundas em relação ao fenômeno que está sendo estudado”.

Embora o cunho deste estudo tenha um delineamento qualitativo, destacam-se

também aspectos quantitativos que ajudarão na busca da solução do problema de

pesquisa.

4.2 ESTUDO DE CASO

O estudo de caso evidenciará a investigação de um único caso, onde se

buscará a possível medição do capital de clientes em uma empresa de prestação de

serviços contábeis. Nesse contexto Gil (1999, p. 73) menciona que “o estudo de

caso é caracterizado pelo estudo profundo e exaustivo de um ou de poucos objetos,

de maneira a permitir conhecimentos amplos e detalhados do mesmo, tarefa

praticamente impossível mediante os outros tipos de delineamentos considerados”.

A coleta dos dados será feita junto à empresa, que terá como denominação

fictícia de L&S Assessoria Contábil SS Ltda. Esse procedimento para Vergara (1998,

p. 45), trata-se da “investigação empírica realizada no local onde ocorre ou ocorreu o

fenômeno ou que dispõe de elementos para explicá-lo”.

4.3 UNIDADE DE ANÁLISE

O estudo de caso será executado em uma empresa de prestação de serviços

contábeis, denominada como L&S Assessoria Contábil SS Ltda.

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4.3.1 Caracterização da Entidade

A empresa supracitada originou-se do Escritório Contábil Jônatas Vieira Lima.

Estabelecida em Florianópolis, a L&S Assessoria Contábil SS Ltda. possui

significativa experiência na esfera contábil, há trinta anos no mercado, sempre

buscando alternativas para melhor assessorar seus clientes e assim fortalecendo

cada dia os vínculos de parcerias.

4.3.2 Instrumentos

Para solução das questões de pesquisa propostas, foram implementados os

seguintes instrumentos durante a realização do estudo de caso:

• Elaboração dos critérios de avaliação do capital de clientes;

• Coleta junto à empresa com base nos critérios;

• Análise de informações, viabilizando a medição do capital de clientes;

• Preparação gráfica dos resultados obtidos e

• Proposta de um modelo de mensuração do capital de clientes.

4.3.3 Procedimentos Metodológicos

Para solução das questões de pesquisa propostas, foram implementados os

seguintes procedimentos durante a realização do estudo de caso:

• Trata-se de uma pesquisa qualitativa e exploratória. Portanto se fez

indispensável o material bibliográfico, com a intenção de interpretar e

embasar teoricamente o estudo em questão. Também a averiguação

das informações coletadas junto à empresa, com a pretensão de medir

o valor do cliente.

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5. APLICAÇÃO PRÁTICA

Neste capítulo, apresenta-se o estudo de caso realizado junto à empresa

com denominação fictícia L&S Assessoria Contábil SS Ltda. Encontra-se

distribuído em quatro subdivisões, dos quais serão apresentados e examinados

os dados da entidade (in loco), também se destacam os critérios de avaliação do

capital de clientes, o enquadramento do modelo proposto no sentido de verificar a

possibilidade de medição do capital de clientes e, por fim, serão analisados os

resultados obtidos, correlacionando com os objetivos propostos neste trabalho de

pesquisa.

5.1 CONTEXTUALIZAÇÃO DA EMPRESA

Selecionada para o presente estudo de caso, a L&S Assessoria Contábil

SS Ltda. é uma empresa privada que tem como objeto a prestação de serviços

contábeis. A seguir alguns serviços prestados:

• Contabilidade: escrituração contábil (livro diário e razão),

elaboração de demonstrações financeiras, balancetes de verificação

e análises contábeis;

• Área Fiscal: planejamento tributário, apuração e preparo de guias

de recolhimento de tributos, elaboração das declarações em todos

os âmbitos (federal, estadual e municipal), atendimento à

fiscalização, escrituração de livros fiscais, parcelamentos,

compensação de tributos e etc.;

• Área de Recursos Humanos: Confecção de folha de pagamento,

gestão de recursos humanos, atendimento à fiscalização e

• Outras: Abertura, legalização e avaliação de empresas.

Encontra-se situada em Florianópolis/SC, possui 2 sócios, sendo um

técnico em contabilidade e o outro bacharel em ciências contábeis; ambos

desempenham papéis essencialmente de administração do escritório. Atualmente

conta com 9 colaboradores em seu quadro funcional, sendo que apenas 1 tem

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formação superior completa (em ciências contábeis), 3 estão em processo de

conclusão, os demais dão suporte nas rotinas da empresa. No momento atual o

escritório supracitado possui em sua carteira precisamente 128 clientes, entre

estes, 18 estão inoperantes (inativos). Cerca de 30% da totalidade da carteira

está inadimplente, inclusive a perspectiva de recebimento é baixíssima. A seguir

menciona-se graficamente a predominância dos ramos de atividades dos clientes:

RAMOS DE ATIVIDADES DOS CLIENTES

COMÉRCIO; 50%

COMÉRCIO E LOCAÇÃO; 1%

COMÉRCIO E SERVIÇO; 8%

CONDOMINO; 3%INDUSTRIA; 5% LOCAÇÃO; 5%

SERVIÇOS; 28%

0

10

20

30

40

50

60

70

1

COMÉRCIOCOMÉRCIO E LOCAÇÃOCOMÉRCIO E SERVIÇOCONDOMINOINDUSTRIALOCAÇÃOSERVIÇOS

FIGURA 6 - DISTRIBUIÇÃO DOS CLIENTES

Fonte: Autor.

Explicando a Figura 6, percebe-se que em 50% (65 clientes) do total da

carteira predomina a atividade comercial, já 28% (36 clientes) constituem

prestação de serviços. Esses são os dois ramos principais a que o escritório

presta serviços contábeis, os demais, ou seja, 22% (27 clientes), são distribuídos

entre as outras atividades já mencionadas no gráfico. Quanto à modalidade

tributária, temos 84 clientes optantes pelo supersimples, 39 enquadrados no lucro

presumido, e 1 no lucro real. Ainda tem-se em conta que:

• Do total da carteira de clientes 18 estão inativos, mas o escritório

fica responsável de fazer as obrigações acessórias junto aos órgãos

competentes.

• 9 clientes estão com dívida parcelada em algum dos âmbitos

(federal, estadual e municipal) e só emitem notas de

saídas/prestação de serviços no valor correspondente às parcelas

que estão por vencer, ou seja, está em processo de

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descontinuidade;

• Praticamente não existe saída de clientes para assinar contrato com

a concorrência, visto que nos últimos 4 anos, houve no máximo 5

casos, em que o cliente rescindiu por estar insatisfeito com a

prestação de serviços;

• Em 2007 13 clientes assinaram contrato com a L&S Assessoria

Contábil SS Ltda.;

• Do total da carteira, 4 clientes possuem apenas 1 dono (1 comércio

e locação, optante pelo simples nacional e 3 prestadoras de serviços

optantes pelo lucro presumido).

• O único cliente optante pelo lucro real tinha um péssimo

relacionamento com o escritório (só mantinha o contrato em vigor,

pois o pai da sócia-administradora é amigo de um dos donos do

escritório), em 2006 o referido cliente era optante pelo lucro

presumido, foi realizada uma reavaliação tributária, tendo como

resultado a redução de tributos a pagar, fortaleceu-se a

comunicação (passou a ser diária), com troca de e-mails, msn (on-

line 8 horas do dia), relatórios e etc. com estas medidas o

relacionamento ficou saudável, abrindo espaço para um aumento

significativo do honorário que passou de R$ 700,00 para R$

1.800,00, que o cliente hoje paga satisfeito e não pretende sair.

• 3 clientes fazem propaganda na televisão (são as vitrines);

• Do total da carteira pode-se considerar que 6 empresas são

fundamentais na composição do faturamento (1 lucro real, 1

comércio e locação e 4 lucro presumido).

Com o levantamento realizado percebe-se a relevância de certos tipos e

qualidades de clientes.

5.2 APRESENTAÇÃO DAS INFORMAÇÕES

Dada a relevância dos clientes, conforme análise realizada na seção

anterior julgou-se procedente aplicar o modelo apresentado no Quadro 5

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elaborado de Sveiby (1998, p. 238), que será adaptado para ser aplicado em um

escritório de contabilidade.

Área de Análises Critérios Indicadores Desempenho da atual Empresa

Crescimento orgânico do volume de prestação de serviços

Não Identificado

Aumento da participação de mercado

Não Identificado

Crescimento/ Renovação

Índices de clientes satisfeitos ou índice da qualidade

Existe uma contradição (alguns não

estão satisfeitos, mas não colaboram para melhorar)

Lucro por cliente

65,17% Eficiência

Prestações de serviços por profissional

Não Identificado

Freqüência da repetição dos serviços

Não Identificado

Estrutura Externa

Estabilidade

Estrutura etária 1980-1990 = 08 clientes 1990-2000 = 32 clientes 2000-2007 = 88 clientes

Investimento em tecnologia da informação

9 Computadores com sistema contábil integrado

Parcela de tempo dedicado às atividades internas de P&D

Não Identificado

Crescimento/ Renovação

Índice de atitude do pessoal em relação aos gerentes, à cultura e aos clientes

Não Identificado

Proporção de pessoal de suporte

66,67% Eficiência

Vendas por funcionário de pessoal de suporte

61,40

Idade da organização

30 anos

Estrutura Interna

Estabilidade

Taxa de novatos

66,67%

Parcela de vendas geradas por clientes que aumentam a competência

0,02%

Aumento da experiência média profissional (número de anos)

4,67 anos

Crescimento/ Renovação

Rotatividade de competência

1,43

Mudança no valor agregado por profissional

Não Identificado

Eficiência

Mudança na proporção de funcionários

33,33%

Competência das Pessoas

Estabilidade Taxa de rotatividade dos profissionais

1,89

QUADRO 6 - MONITOR DE ATIVOS INTANGÍVEIS DE CLIENTES ATUAIS

Fonte: Adaptado pelo Autor.

Com base nesse levantamento realizado no Quadro 6, propôs-se um

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desempenho esperado para a empresa , ou seja, foi possível identificar metas a

serem alcançadas, em um primeiro momento será como um direcionador apenas,

mas no futuro se espera que seja um instrumento de gerenciamento.

Área de Análises Critérios Indicadores Desempenho Esperado para a empresa

Crescimento orgânico do volume de prestação de serviços

Buscar como meta 3 clientes por semestre

Aumento da participação de mercado Manter crescimento atual Crescimento/ Renovação

Índices de clientes satisfeitos ou índice da qualidade

Realizar uma pesquisa de satisfação para obtenção do índice de satisfação

Lucro por cliente Manter crescimento atual Eficiência

Prestações de serviços por profissional

Realizar estudos para estabelecer a distribuição dos serviços por profissional

Freqüência da repetição dos serviços Manter o nível atual

Estrutura Externa

Estabilidade

Estrutura etária Manter crescimento atual

Investimento em tecnologia da informação

Acompanhar tendências de mercado

Parcela de tempo dedicado às atividades internas de P&D

Realizar estudos para identificar melhores práticas para as rotinas do escritório

Crescimento/ Renovação

Índice de atitude do pessoal em

relação aos gerentes, à cultura e aos clientes

Realizar pesquisa de clima organizacional para obtenção deste índice

Proporção de pessoal de suporte Manter o nível atual Eficiência

Vendas por funcionário de pessoal de suporte Manter o nível atual

Idade da organização Manter o nível atual

Estrutura Interna

Estabilidade

Taxa de novatos Manter o nível atual

Parcela de vendas geradas por clientes que aumentam a

competência

Estudo de expansão de prestação de serviços com valor agregado

Aumento da experiência média profissional (número de anos) Manter crescimento atual

Crescimento/ Renovação

Rotatividade de competência Estruturar formas compatíveis de que todos

os profissionais tenham uma noção geral dos serviços prestados na empresa

Mudança no valor agregado por profissional

Desenvolver por meio de capacitações patrocinadas pela empresa

Eficiência Mudança na proporção de

funcionários Manter crescimento atual

Competência das Pessoas

Estabilidade Taxa de rotatividade dos profissionais

Buscar formas de redução

QUADRO 7 - MONITOR DE ATIVOS INTANGÍVEIS DE CLIENTES PROPOSTA

Fonte: Adaptado pelo Autor.

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56

No Quadro 7, identificou-se a meta a ser alcançada pela empresa, a seguir

apresenta-se uma análise dos resultados encontrados.

5.3 ANÁLISE DOS RESULTADOS

Com a realização da aplicação prática deste trabalho de conclusão,

percebeu-se que o escritório de contabilidade não estava tão organizado quanto

se pensava, uma vez que desconhecia o real impacto de seus clientes.

Identificou-se que existem clientes considerados chaves, ou seja, se estes

viessem a sair, causariam um efeito cascata, já que alguns clientes são

considerados como estratégicos, eles possuem de duas a quatro empresas no

escritório e indicam o mesmo para outros clientes.

Também existem os clientes considerados táticos uma vez que o escritório

é uma prestadora de serviços passiva, quase não se esforça para atrair novos

clientes, quando aparecem, geralmente são por indicações.

Existem os clientes operacionais, que na sua grande maioria são empresas

enquadradas na modalidade do Simples Nacional (supersimples) que, caso

houvesse uma rotatividade, ou seja, uma perda, não prejudicaria tanto o

escritório, causaria uma redução no volume de serviços prestados apenas. Com

isso, julga-se ter confirmado a suposição traçada na introdução do referido

trabalho de pesquisa “Sabendo-se do valor do cliente para a empresa de

prestação de serviços contábeis, é possível avaliar (medir) ou ter em conta que,

caso houvesse uma perda, o quanto afetaria o faturamento da empresa e também

se saberia se o cliente que quer deixar o escritório contábil prejudica o

faturamento da empresa ou contribui com este, ou seja, verifica-se a capacidade

de gerar lucros no futuro”, uma vez que se pôde conseguir identificar através da

análise dos indicadores de desempenho quais seriam os clientes considerados

chaves (estratégicos) para o escritório de contabilidade.

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57

5.4 VANTAGENS E DESVANTAGENS

Apresentar-se-ão nessa seção as principais vantagens e desvantagens na

adoção do modelo proposto versus o modelo atual.

Quanto aos benefícios ou vantagens de medir o impacto dos clientes no

negócio analisado, ter-se-ia:

• Identificação dos diferentes tipos de clientes;

• Ter noção do quanto cada um contribui para o negócio;

• Organizar e conhecer cada um dos seus clientes;

• Verificação dos clientes considerados estratégicos;

• Conhecer o número de clientes considerados cativos;

• Ter em conta a participação de cada cliente na composição do

faturamento;

Quanto às desvantagens de se medir o impacto dos clientes no negócio

analisado ter-se-ia:

• Deixar de lado clientes que não sejam estratégicos ou táticos;

• Desconsiderar clientes que não sejam estratégicos

A seguir, apresentam-se as considerações finais do referido trabalho de

conclusão de curso.

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6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A procura com o fim de encontrar reconhecimento e inserção (participação)

no mercado que passa por constantes mudanças, tem feito com que as empresas

apliquem cada vez mais recursos em tecnologias, aperfeiçoamento do conjunto

de colaboradores e implementação de novas ferramentas de gestão. Diante

dessa perspectiva, uma das ferramentas mais utilizadas e conhecidas é medir o

capital intelectual, mais precisamente o capital intelectual dos clientes o que

busca definir metas, objetivos e ações para as empresas.

6.1 GENERALIDADES

Neste trabalho, buscou-se resolver o seguinte problema de pesquisa.

• É possível medir o impacto de quanto “vale” um cliente para uma

empresa de prestação de serviços contábeis?

Quanto à possibilidade e viabilidade de medir quanto vale um cliente, julga-

se ter resolvido e até mesmo pode-se informar que o escritório de contabilidade

conseguiu identificar cada um dos seus tipos de clientes.

O referencial teórico foi apresentado nos capítulos 2 e 3 e ajudou no

embasamento para o desenvolvimento e entendimento do modelo para o estudo

de caso, apresentado no capítulo 5.

Em seguida o atendimento ou não quanto aos objetivos do trabalho de

conclusão de curso.

6.2 QUANTO AO ALCANCE DOS OBJETIVOS PROPOSTOS

O presente trabalho de pesquisa teve como objetivo evidenciar a

relevância da existência e possível medição do capital de clientes em uma

empresa de prestação de serviços contábeis. Cabe ressaltar que esta pesquisa

não pleiteia a exaustão do tema.

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59

Também foram definidos os seguintes objetivos específicos:

• Examinar o ativo e suas atribuições;

• Embasar teoricamente o capital intelectual, analisando a importância

da existência do capital de clientes em uma empresa de prestação

de serviços contábeis;

• Propor possíveis medidas que venham identificar o valor do capital

de clientes e

• Aplicar um estudo de caso autêntico.

Fazendo uma conexão dos quatro objetivos supracitados, foi feito um

esforço no sentido de chegar às seguintes conclusões:

• Para que o primeiro objetivo fosse alcançado, fez-se uma revisão

teórica dos conceitos contábeis (princípios contábeis, contabilidade

financeira ou tradicional e contabilidade gerencial), com o intuito de

buscar o enquadramento do presente trabalho de pesquisa em

algum tema vinculado à ciência contábil, pôde-se aderir à área de

controle estratégico diretamente ligado à contabilidade gerencial.

Logo em seguida ponderou-se sobre as atribuições do ativo,

fazendo uma ligação entre o ativo tangível e o intangível, no sentido

de formar uma similaridade com o capital intelectual.

• Quanto ao segundo objetivo, seguiu-se a mesma linha do primeiro,

ou seja, foi feita uma revisão de conceitos sobre o capital intelectual,

constatando que este possui características de ativo e que deve ser

evidenciado, não necessariamente um valor nas demonstrações

contábeis, mas através de relatórios auxiliares. Verificou-se que o

capital intelectual é composto pela competência de funcionários,

estrutura interna e estrutura externa, e que existem diferentes

instrumentos de evidenciação (modelos) de medição, das quais se

explicaram os principais.

• No terceiro objetivo, e já fazendo uma ligação com o último, foi

proposto o modelo de mensuração do capital intelectual de K. E.

Sveiby, que foi adaptado para um escritório de contabilidade.

Constatou-se que a organização nem sequer tinha informações da

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estrutura de seus clientes e isso dificultou a aplicabilidade, em

decorrência disso tornou-se difícil realizar uma análise de todos os

indicadores de desempenho, apenas alguns foram aproveitados e

estes sinalizaram questões importantes como a obtenção de 65,17%

de margem líquida, 66,67% de proporção do pessoal de suporte,

0,02% de parcelas de vendas geradas por clientes que aumentam a

competência além de outros. Além disso foram sugeridas metas a

serem alcançadas no futuro com o propósito de diminuir o grau de

incerteza na confecção de um instrumento de avaliação dos ativos

intangíveis (capital intelectual) e de dar maior segurança na possível

medição.

Finalmente, com os objetivos argumentados, a suposição, projetada na

introdução, confirmada, julgou-se que o presente trabalho de pesquisa contribuiu

com uma resposta para o problema de pesquisa.

6.3 LIMITAÇÕES DE PESQUISA

São mencionadas nesta subdivisão as limitações de pesquisa. A intenção é

relatar para aquele que lê as dificuldades (obstáculos) que apareceram no

processo de construção do presente trabalho de pesquisa.

Entre algumas, pode-se citar o tempo, pois este é curto para realizar uma

pesquisa desta complexidade. Salienta-se também a questão das incertezas

(imprevisibilidade) quanto à mensuração (medição) do capital intelectual, mais

precisamente o capital de clientes.

Logo a seguir, listam-se algumas recomendações para futuras pesquisas.

6.4 RECOMENDAÇÕES PARA FUTUROS TRABALHOS

No que diz respeito à constituição de outros trabalhos nesse contexto

pesquisado, julga-se que poderá contribuir. Portanto recomenda-se:

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• Analisar e implementar outros modelos de mensuração do capital de

clientes, no sentido de acompanhar se os objetivos estratégicos

identificados estão sendo perseguidos e atingidos;

• Realizar pesquisas de outras abordagens do capital intelectual como

por exemplo a competência de funcionários, estrutura interna e etc.

O presente trabalho permitiu expandir os conhecimentos, bem como

identificar nichos ou mercados de atuação para o profissional de contabilidade,

até então não explorados, ou que, ao menos, não foram identificados na literatura

pesquisada.

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