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0 UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ MARCIA INÊZ BONACOLSI POSSAMAI TURISMO DE NEGÓCIOS E EVENTOS Estudo da configuração da cidade de Rio do Sul - SC, a partir do aglomerado de empresas da moda jeans Balneário Camboriú – SC 2016

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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ

MARCIA INÊZ BONACOLSI POSSAMAI

TURISMO DE NEGÓCIOS E EVENTOS

Estudo da configuração da cidade de Rio do Sul - SC, a partir do aglomerado de

empresas da moda jeans

Balneário Camboriú – SC

2016

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UNIVALI UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ

Pró- Reitoria de Pesquisa, Pós-Graduação, Extensão e Cultura – ProPPEC Programa de Pós-Graduação em Turismo e Hotelaria – PPGTH

Curso de Mestrado Acadêmico em Turismo e Hotelaria

MARCIA INÊZ BONACOLSI POSSAMAI

TURISMO DE NEGÓCIOS E EVENTOS

Estudo da configuração da cidade de Rio do Sul - SC, a partir do aglomerado de

empresas da moda jeans

Dissertação apresentada ao colegiado do PPGTUR para o requisito parcial à obtenção do grau de Mestre em Turismo e Hotelaria – área de concentração: Planejamento e Gestão do Turismo e da Hotelaria – Linha de Pesquisa: Gestão das Empresas de Turismo. Orientador: Prof. Dr. Carlos Marcelo Ardigó

Balneário Camboriú – SC

2016

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DEDICATÓRIA

Meu marido Elísio, exemplo de vida e dedicação, o

qual me incentivou ativamente nesta conquista. Se

aqui estou, foi pelo seu apoio e compreensão com

as minhas ausências e distanciamento pelas muitas

horas destinadas a esta pesquisa, mas o

companheirismo e o amor foram elementos

essenciais para juntos chegarmos até aqui. A

conquista é nossa!

Meus amados filhos, Elísio Filho e Stéphanie

Helouise, meus orgulhos e preciosidades!

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AGRADECIMENTOS

Escrever esta seção é uma prece de louvor a Deus, pelas pessoas maravilhosas

que Ele colocou em meu caminhar nesta trajetória.

Por todos os professores e secretária do PPGTH, imensa admiração e respeito. A

todos vocês, permanente gratidão pelos ensinamentos, contribuições e

aconselhamentos durante o período deste curso de mestrado.

Agradeço aos participantes das entrevistas pela disponibilidade, presteza e bem

receber, transmitindo-me conhecimento e satisfazendo minhas curiosidades:

Augusto Roberto Schlemper - Beto (Indulto Jeans), Cleber Stassun (ACIRS),

Denilson Jose da Silva (Daksul Jeans), Dirce Maria Sborz (Rafree Jeans), Ivan

Molinari (SINFIATEC/Divero Jeans), Marco Aurélio Rosar (PMRS), Orlando Molinari

(Monnari Jeans), Paulo Cesar Sabbatini Rocha (SEBRAE), Pedro Leal da Silva Neto

(SINFIATEC/Tlic Rio), Zilton Pedro de Souza (PMRS). Muito Obrigada!

Bianca Paiva, a menina simpatia! Breve convivência, porém carinho imenso e

amizade eterna. Agradeço-te pela constante disponibilidade e afeição.

Fernanda de Souza Farias, um anjo de cabelos negros... Você é um ser humano de

elevada solidariedade e sensibilidade. Esteve presente em todas as etapas desta

trajetória e generosamente não poupou tempo ou disponibilidade para me auxiliar

sempre que solicitada (e como foi solicitada...). Aqui, iniciou uma história de

admiração e grande amizade. Minha gratidão e carinho eterno por você.

Agradecimento e reconhecimento ao professor Dr. Carlos Marcelo Ardigó, orientador

desta dissertação, que em momento algum deixou de prestar-me conselhos, críticas

ou inúmeros esclarecimentos, que de forma competente e muito paciente conseguiu

transmitir através de seu vasto conhecimento, preciosas recomendações e

intervenções. Professor, tua generosidade, sabedoria e dedicação foram

fundamentais neste processo. Agradeço-te imensamente!

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Professores que compuseram a banca de avaliação Dr. Clóvis Reis (FURB/SC) e Dr.

Luiz Carlos da Silva Flores (UNIVALI), por vocês respeito, admiração e

agradecimento pelas preciosas críticas e observações as quais muito enalteceram

esta dissertação. Muito Obrigada!

Várias foram as pessoas que acompanharam e auxiliaram-me nesta trajetória,

algumas nem imaginam quão valiosas foi a sua contribuição, seja com incentivo,

cooperação, conhecimento, carinho ou amizade. Aqui, portanto, meu agradecimento

a todos que em algum momento da pesquisa contribuíram para o resultado deste

estudo.

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O futuro das regiões têxtil-vestuaristas de Santa Catarina há de ser influenciado pelas opções dos grupos de atores sociais

territorializados quanto aos caminhos a serem percorridos. As escolhas dizem respeito aos tipos de trajetórias vislumbradas

em meio às (e sob as pressões das) novas condições de concorrência impostas nesta aurora do século XXI.

Hoyêdo Nunes Lins

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RESUMO

O Turismo de Negócios e Eventos é recente no Brasil, porém, os argumentos dos benefícios gerados para o desenvolvimento local em função de suas potencialidades e oportunidades de incremento socioeconômico são fortes. Diante deste contexto, este trabalho teve como objetivo analisar a configuração que se apresenta na cidade de Rio do Sul – SC, a partir do aglomerado de empresas da moda jeans, que pode contribuir para o desenvolvimento do turismo de negócios e eventos. Quanto aos objetivos específicos, descrever de maneira histórica, econômica e demográfica o município de Rio do Sul; Levantar a existência de intervenções governamentais, não governamentais e privadas com vistas ao desenvolvimento da moda jeans; identificar forças, fraquezas, eventos impulsionadores e restritivos que influenciam ou interferem no desenvolvimento do turismo de negócios e eventos, ligados a moda jeans, na cidade de Rio do Sul. A fundamentação teórica foi construída a partir dos temas: Turismo; Turismo de Negócios e Eventos; Cluster; APL e Desenvolvimento Regional. O estudo possui abordagem qualitativa, de caráter exploratório e descritivo. Os procedimentos utilizados para a coleta de dados primários e secundários foram múltiplos, incluindo o levantamento bibliográfico, realizado junto às bases de dados e periódicos científicos, o documental e a pesquisa de campo, esta realizada através de entrevista em profundidade com roteiro semiestruturado. Este último procedimento foi aplicado junto a representantes locais que possuem conhecimento do objeto de estudo. Dentre os principais resultados cita-se Rio do Sul como principal cidade do Alto Vale do Itajaí e as inúmeras empresas do segmento jeans as quais impulsionam a economia local. Quanto às intervenções governamentais, não governamentais e privadas, são pouco perceptíveis as ações com enfoque no desenvolvimento econômico da cidade. Dentre os principais resultados dos pontos fortes está a alta qualidade do produto jeans produzido na cidade. Porém, um dos principais pontos fracos identificados é a pouca evidência da imagem “Rio do Sul capital do jeans”. As más condições da BR 470 e a potencial ocorrência de enchentes apresentam-se como grandes entraves para o desenvolvimento do turismo de negócios e eventos no município. Contudo inúmeras são as possibilidades de crescimento para a cidade com olhares direcionados ao turismo neste segmento, tais como: a construção de um centro de eventos adequado a grandes feiras, oportunizando integração com demais roteiros de compras, a realização de rodadas de negócios e eventos de moda, para atrair potenciais clientes de outras regiões. Palavras-chave: Turismo de Negócios e Eventos. Aglomerado Empresarial. Segmento Jeans. Desenvolvimento Regional.

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ABSTRACT

Business and Events Tourismis relatively recent in Brazil, but the benefits for local development, based on its potential and opportunities for socio-economic growth opportunities are great. Within this context, this study analyses the configuration presented in the city of Rio do Sul, Santa Catarina, based on the fashion jeans business cluster, which can contribute to the development of business and events tourism. As specific objectives, we sought to: describe the historical, economic and demographic dimensions of the city of Rio do Sul; to investigate the existence of governmental, non-governmental and private sector intervention to encourage the development of the (jeans fashion) segment; and to identify strengths, weaknesses, opportunities and threats that influence or interfere in the development of business and events tourism linked to the jeans fashion industry in the city. The theoretical foundation was based on the themes: Tourism; Business and Events Tourism; Cluster; LPA and Regional Development. The study uses a qualitative, exploratory and descriptiveapproach. We used multiple procedures to collect primary and secondary data, including a literature search of scientific databases and periodicals, document research, and field research through in-depth interviews with a semi-structured script. The latter procedure was applied to local representatives who had a knowledge of the object of study. Among the main results, Rio do Sul is cited as the main city of the Alto Vale do Itajaí region, and the numerous companies in the jeans segment help boost the local economy. In relation to governmental, non-governmental and private intervention, strategic actions formalized by the public administration that focus on the economic development of the city are barely perceptible. Among the main results for strengths is the quality of jeans product manufactured in the city. However, one of the main weaknesses identified is the lack of evidence of the image "Rio do Sul jeans capital". The poor conditions of the BR 470 highway, and the potential for flooding in the region, are major obstacles to the development of business and events tourism in the city. On the other hand, there are many opportunities for growth for the city, linked directly to tourism in this segment, such as: the construction of an events center capable of hosting large tradefairs and providing opportunities for integration with the other business circuits, as well as business rounds and fashion events, to attract potential clients from other regions. Keywords: Business and Events Tourism. Business Cluster. Jeans Segment. Regional Development.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 01 – Elemento central de investigação..................................................... 23

Figura 02 – Mapa estrutural da pesquisa............................................................. 33

Figura 03 – Representação esquemática agentes do turismo de negócios e eventos..................................................................................................................

43

Figura 04 – Definição de clusters na percepção de diferentes autores............... 64

Figura 05 – Os três pilares da metodologia APL.................................................. 71

Figura 06 – Cluster Turístico diante de diferentes autores................................... 75

Figura 07 – Representação de um cluster turístico.............................................. 76

Figura 08 – Modelo de Cluster e Turismo............................................................ 77

Figura 09 – Percurso metodológico da pesquisa................................................. 79

Figura 10 – Fases da Pesquisa............................................................................ 95

Figura 11 – Duração das entrevistas/ Gravações................................................ 96

Figura 12 – Região e municípios abrangidos pela AMAVI................................... 108

Figura 13 – Traçado definido para a Ferrovia da Integração............................... 114

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 01 – Evolução da balança comercial de Rio do Sul, no período de 2004 a 2011.......................................................................................................... 126

Gráfico 02 – Número de empresas e empregos formais de Rio do Sul, segundo o setor, em 2011..................................................................................... 127

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LISTA DE QUADROS

Quadro 01 – Autores pesquisados na presente seção........................................ 37

Quadro 02 – Particularidades do turismo............................................................. 39

Quadro 03 – Segmentos turísticos....................................................................... 40

Quadro 04 – Diferenças e/ou semelhanças de turismo de eventos, turismo de negócios e turismo de negócios e eventos...........................................................

47

Quadro 05 – Exemplos de tipos e formatos de encontros do segmento.............. 48

Quadro 06 – Diferentes designações para APL................................................... 66

Quadro 07 – Classificação de tipos de documentos utilizados em pesquisa bibliográfica...........................................................................................................

82

Quadro 08 – Levantamento bibliográfico nas bases de dados............................ 85

Quadro 09 – Participantes da Pesquisa............................................................... 89

Quadro 10 – Variáveis e fontes do roteiro semiestruturado................................. 93

Quadro 11 – Etnias que colonizaram o Alto Vale do Itajaí e festas e eventos constantes no calendário turístico da AMAVI........................................................ 110 Quadro 12 – Fases do processo de formação socioeconômica do Alto Vale do Itajaí....................................................................................................................... 112

Quadro 13 – Trajetória SINFIATEC...................................................................... 124

Quadro 14 – Maiores empresas de Rio do Sul.................................................... 128

Quadro 15 – Percepção de tendência de desenvolvimento da moda jeans na região..................................................................................................................... 140 Quadro 16 – Análise léxica relativa às perspectivas futuras ao desenvolvimento do setor..................................................................................... 143

Quadro 17 – Síntese da opinião dos entrevistados.............................................. 148

Quadro 18 – Análise léxica papel de Rio do Sul para a região............................ 152

Quadro 19 – Análise léxica principais eventos na cidade.................................... 156

Quadro 20 – Análise léxica atrativos turísticos..................................................... 160

Quadro 21 – Análise léxica pontos positivos da cidade....................................... 162

Quadro 22 – Pontos fortes e fracos de Rio do Sul............................................... 164

Quadro 23 – Possíveis cidades para construir parcerias..................................... 168

Quadro 24 – Rodadas de Negócios..................................................................... 171 Quadro 25 – Conjunto de eventos impulsionadores (Oportunidades) e restritivos (Ameaças) para a cidade de Rio do Sul............................................... 173

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LISTA DE TABELAS

Tabela 01 – Relação de empresas e colaboradores do ramo têxtil no Alto Vale e Rio do Sul...........................................................................................................

22

Tabela 02 – População total por município e estimativa para 2015.................... 109

Tabela 03 – Principais índices de desenvolvimento humano de Rio do Sul........ 117

Tabela 04 – Ramo de atividade e quantidade de empresas de Rio do Sul, ligadas ao SINFIATEC.......................................................................................... 144

Tabela 05 – Cidades e quantidade de empresas conveniadas ao SITITEV........ 144

Tabela 06 – Relação de empresas do município, ligados ao serviço têxtil segundo o porte.................................................................................................... 145

Tabela 07 – Relação de empregos do município, ligados ao serviço têxtil segundo o porte.................................................................................................... 145

Tabela 08 – Hotéis da cidade de Rio do Sul......................................................... 158

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

AC – Análise de conteúdo ACIRS – Associação Comercial e Industrial de Rio do Sul AMAVI – Associação dos Municípios do Alto Vale do Itajaí AMPE – Associação de Micros e Pequenas Empresas APL – Arranjo Produtivo Local AUDACES – Software de Modelagem Industrial BDTD – Biblioteca Digital de Teses e Dissertações BESC – Banco do Estado de Santa Catarina BNDES – Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social CAPES – Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior CNAE – Classificação Nacional de Atividades Econômicas DETRAN – Departamento de Trânsito EBSCO – Elton B Stephens Company (Companhia Elton B. Stephens) EFSC – Estrada de Ferro Santa Catarina EMBRATUR – Instituto Brasileiro de Turismo EPAGRI – Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina FAMESUL – Faculdade Metropolitana de Rio do Sul FENAJEANS – Feira Nacional do jeans. FERSUL – Feira Multissetorial do Alto Vale do Itajaí FIEMG – Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais FIESC – Federação das Indústrias de Santa Catarina GE – Grande Empresa HABITAVI – Feira da Habitação e da Construção Civil do Alto Vale do Itajaí IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística ICCA – Internacional Congress and Convention (Associação Internacional dos Congressos e Convenções) IDH – Índice de Desenvolvimento Humano IDH-E – Índice de Desenvolvimento Humano - Educação IDH-L – Índice de Desenvolvimento Humano – Longevidade (ou saúde). IDH-M – Índice de Desenvolvimento Humano Municipal IDH-R – Índice de Desenvolvimento Humano - Renda IEL – Instituto Euvaldo Lodi IEVC – Indicadores Econômicos de Viagens Corporativas IFC – Instituto Federal Catarinense MDE – Média Empresa ME – Micro Empresa MERCOSUL – Mercado Comum do Sul MPEs – Micros e Pequenas Empresas MTE – Ministério do Trabalho e Emprego MTur – Ministério do Turismo NEP – Núcleo de Educação Profissional OMT – Organização Mundial de Turismo ONU – Organização das Nações Unidas PEs – Pequenas Empresas PIB – Produto Interno Bruto PMRS – Prefeitura Municipal de Rio do Sul PNMT – Programa Nacional de Municipalização do Turismo

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PNT – Plano Nacional de Turismo PNUD – Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento PR – Paraná PRONATEC – Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego RAIS – Relação Anual de Informações Sociais RBTUR – Revista Brasileira de Turismo RedeSist – Rede de Pesquisa em Sistemas Produtivos e Inovativos Locais RTVA – Revista Turismo: Visão e Ação SC – Santa Catarina SCIELO – Scientific Electronic Library Online (Biblioteca Científica em linha Eletrônica) SEBRAE – Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas SENAC – Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial SENAI – Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial SENAT – Serviço Nacional de Aprendizagem do Transporte SESC – Serviço Social do Comércio SESCOOP – Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo SESI – Serviço Social da Indústria SEST – Serviço Social do Transporte SINFIATEC – Sindicato das Indústrias da Fiação, Tecelagem, Confecção e do Vestuário do Alto Vale do Itajaí. SINTEX – Sindicato das Indústrias de Fiação, Tecelagem e do Vestuário de Blumenau. SITITEV – Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Fiação, Tecelagem e do Vestuário de Rio do Sul e Região. SP – São Paulo UFRJ – Universidade Federal do Rio de Janeiro, UNIASSELVI – Centro Universitário Leonardo da Vinci UNIDAVI – Universidade do Alto Vale do Itajaí UNWTO – United Nations World Tourism Organization (Organização Mundial de Turismo das Nações Unidas). US$ – Dolar Americano WTO – World Tourism Organization (Organização Mundial de Turismo)

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO................................................................................................. 18

1.1 Contextualização do tema.......................................................................... 18

1.2 Delimitação do problema de pesquisa...................................................... 24

1.3 Objetivos...................................................................................................... 26

1.3.1 Objetivo Geral............................................................................................ 26

1.3.2 Objetivos Específicos................................................................................. 27

1.4 Justificativa................................................................................................. 27

1.5 Organização do trabalho............................................................................ 32

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA....................................................................... 35

2.1 Turismo......................................................................................................... 38

2.2 Turismo de Negócios e Eventos................................................................ 41

2.2.1 O Turista no segmento de Negócios e Eventos......................................... 45

2.2.2 Diferenças e semelhanças entre o Turismo de Negócios e Eventos......... 47

2.3 Perspectivas ao Desenvolvimento Regional............................................ 52

2.3.1 Turismo e Desenvolvimento Regional........................................................ 55

2.3.2 Cluster........................................................................................................ 60

2.3.3 Arranjos Produtivos Locais – (APL): A naturalização do cluster no Brasil. 65

2.3.4 A metodologia APL..................................................................................... 70

2.3.5 Tipos e fases.............................................................................................. 72

2.3.6 Cluster no Turismo – a atividade turística como elemento central............. 74

3 METODOLOGIA ............................................................................................. 78

3.1 Delineamento de pesquisa......................................................................... 79

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3.2 Fonte dos dados.......................................................................................... 83

3.3 Participantes da pesquisa.......................................................................... 87

3.4 Instrumentos de coleta de dados.............................................................. 90

3.5 Análise e apresentação dos dados........................................................... 94

3.5.1 Fase 01 – Concretização das entrevistas.................................................. 95

3.5.2 Fase 02 – Transcrição das entrevistas...................................................... 96

3.5.3 Fase 03 – Análise das entrevistas............................................................. 97

3.5.4 Fase 04 – Validação dos Resultados......................................................... 101

4 RESULTADOS DA PESQUISA....................................................................... 105

4.1 Descrição histórica, econômica e demográfica do município de Rio do Sul................................................................................................................. 105

4.1.1 Localização do Alto Vale do Itajaí e formação da AMAVI (Associação dos Municípios do Alto Vale do Itajaí).................................................................

105

4.1.2 Demografia da região do Alto Vale do Itajaí............................................... 109

4.1.3 Colonização e formação étnica do Alto Vale do Itajaí................................ 110

4.1.4 Desenvolvimento histórico e econômico.................................................... 111

4.1.5 A cidade de Rio do Sul – caracterização geográfica e demográfica.......... 116

4.1.6 Um breve relato sobre a história de Rio do Sul.......................................... 117

4.1.7 A economia do município – década de 30 às primeiras décadas do Século XXI ..........................................................................................................

120

4.2 Caracterização do polo de moda jeans e a configuração do aglomerado de Rio do Sul e região ................................................................

129

4.2.1 Como tudo começou.................................................................................. 129

4.2.2 Rio do Sul e o Alto Vale – indícios qualitativos da constituição do polo de moda ............................................................................................................. 134 4.2.2.1 Análise de dados primários relativos aos indícios qualitativos da constituição do polo de moda.............................................................................. 136 4.2.3 Rio do Sul e o Alto Vale – Indícios quantitativos da constituição do polo de moda.............................................................................................................. 143 4.3 Intervenções governamentais, não governamentais e privadas em relação ao setor (moda jeans)..........................................................................

146

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4.4 Análise das forças e fraquezas que influenciam no desenvolvimento do turismo de negócios e eventos, ligados a moda jeans, na cidade de Rio do Sul...........................................................................................................

153

4.4.1 Síntese dos pontos fortes e fracos ............................................................ 163

4.5 Eventos impulsionadores (Oportunidades) e restritivos (Ameaças) e a interferência no desenvolvimento do turismo de negócios e eventos, relacionados à moda jeans, na cidade de Rio do Sul....................................

167

4.5.1 Síntese dos impulsionadores (Oportunidades) e restrições (Ameaças).... 173

4.6 Resultados da validação dos pontos fortes e fracos e dos impulsionadores e restritivos ......................................................................... 175

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................................. 179

REFERÊNCIAS.................................................................................................. 189

APÊNDICES....................................................................................................... 205

APÊNDICE A – Roteiro da entrevista com empresários das confecções de jeans.................................................................................................................... 206 APÊNDICE B – Roteiro da entrevista com o Prefeito Municipal, Secretário Municipal de Turismo e Secretário de Desenvolvimento Econômico................. 209 APÊNDICE C – Roteiro da entrevista com os representantes do SINFIATEC (Sindicato das Indústrias da Fiação, Tecelagem, Confecções e do Vestuário do Alto Vale do Itajaí), SEBRAE e ACIRS (Associação Comercial e Industrial de Rio do Sul)...................................................................................................... 212

APÊNDICE D – Carta de apresentação da mestranda aos entrevistados.......... 215

APÊNDICE E – Carta de solicitação de validação dos resultados aos entrevistados....................................................................................................... 216

ANEXOS............................................................................................................. 217

ANEXO A – Protocolo de solicitação.................................................................. 218

ANEXO B – LEI Nº 4201, Lei Municipal de incentivos às empresas.................. 219

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1 INTRODUÇÃO

O presente estudo insere-se no campo do turismo, mais especificamente na área

das ciências sociais aplicadas. A contextualização do tema bem como sua

justificativa, a pergunta de pesquisa e os objetivos são abordados a seguir,

capitaneados pela ênfase aos estudos relacionados especificamente pelo turismo,

turismo de negócios e eventos e sua relação com a caracterização de um

aglomerado industrial e desenvolvimento regional.

1.1 Contextualização do tema

O termo “turismo” origina-se da palavra francesa tour, que por sua vez deriva do

latim tornare que significa “dar uma volta”, ou seja, o turismo sugere um giro

espacial, em um deslocamento espacial e posteriormente regresso ao local inicial

(CAMARGO, 2000). Assim sendo, esta atividade é exercida através de movimento

temporário de pessoas para um determinado local, durante um determinado tempo.

Mais especificamente, o conceito de turismo empregado para o desenvolvimento

desta dissertação, é o mesmo utilizado pelo Ministério do Turismo através da Lei

11.771, de 17 de setembro de 2008, que considera turismo as atividades realizadas

por pessoas físicas durante viagens e estadas em lugares distintos de seu entorno

habitual, por um período consecutivo inferior a um ano, com o intuito de lazer,

negócios e outros (BRASIL, 2008).

As motivações para viagens são diversas, mas sem dúvida o lazer e os negócios

são as que mais se sobressaem. Viagens para fins de realização de trocas

comerciais são antigas e precedem inclusive as viagens por prazer (BARBOSA,

2002).

Apesar das discussões existentes em relação ao fenômeno do turismo, é eminente

neste estudo o destaque econômico. De acordo com o World Tourism Organization

(OMT, 2015) - o turismo é um setor estratégico que tem a capacidade de gerar

oportunidades de emprego e diminuir a pobreza nos países em desenvolvimento.

Considerando-se a atual necessidade que o Brasil apresenta em aumentar a oferta

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de empregos, a atividade turística passa a ser reconhecida como um setor

estrategicamente importante para gerar negócios, atrair investimentos e aumentar os

postos de trabalho.

As viagens e estadas devem gerar movimentação econômica, trabalho, emprego,

renda e receitas públicas, constituindo-se instrumento de desenvolvimento

econômico e social, promoção e diversidade cultural e preservação da

biodiversidade (BRASIL, 2008).

Entre os negócios gerados pela atividade turística, consistem no envolvimento direto

e também indireto de inúmeros outros setores, constituindo uma rede inter-

relacionada, as quais devem funcionar harmoniosamente. Na visão de Porter (1986),

a maneira como se desenvolve a rede de negócios de determinado setor influencia

diretamente na forma de competir das empresas que o integram, visto que

estratégias podem ser estabelecidas, isoladamente e em conjunto, alterando assim

o nível de competição do setor.

Inserido neste contexto e conforme o Estudo da Competitividade realizado pelo

Ministério do Turismo e publicado em 2010, o segmento do turismo de negócios e

eventos já se apresentava como um dos mais promissores do turismo. O Brasil vem

se posicionando como um dos principais destinos de negócios por conta do seu

desenvolvimento industrial e respectivos produtos, tanto para exportação, como para

a comercialização interna: calçados, joias, têxteis, alimentação, plásticos, materiais

de construção, aviação, moda, além das áreas de telecomunicação, biotecnologia,

finanças e do artesanato (BRASIL, 2010a).

Para Davidson (1994), o turismo de negócios refere-se a pessoas viajando com

propósito relacionado ao seu trabalho, ele também o considera como a forma mais

antiga de turismo. Goeldner e Ritchie (2006), por exemplo, incluem na sua definição

de turismo as pessoas que estão participando de convenções, conferências de

negócios ou algum tipo de atividade de negócios ou profissional, assim como

relacionada a estudos ou pesquisas científicas, já que elas também participam e

usufruem da cadeia do turismo.

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Poleza, Butzke e Rischbieter (2007, p.1), já mencionavam que, a atividade turística

vinha sendo tema de inúmeros encontros, reflexões acadêmicas, projetos e

apresentava-se à administração pública como um desafio e uma possibilidade

concreta de crescimento econômico. Muitos administradores públicos estimulavam o

turismo em sua região e ou município.

Conforme Azevedo e Giuliani (2006), o turismo de negócios se destaca pela sua

representatividade no crescimento da economia de qualquer país, pois além da

receita financeira que gera, pode passar a incrementar o número de visitas.

Contudo, cabe ao setor privado em parceria com os órgãos oficiais de turismo, a

definição de estratégias para ampliar o tempo de permanência do turista de

negócios e eventos, o estímulo à oferta de serviços e estruturas adequadas e de

qualidade (BRASIL, 2010).

Com investimentos em infraestrutura e a promoção da imagem do Brasil no exterior,

esse tipo de turismo vem apresentando números expressivos no país, porém a

consolidação desse segmento exige melhor estruturação e organização quanto à

oferta de serviços qualificados (BRASIL, 2010).

Portanto Meneghel e Tomazzoni (2012) afirmam que o sucesso da implementação

de propostas de desenvolvimento do turismo depende da solidez, da clareza e da

competência da comunicação entre os atores e as comunidades responsáveis pelo

setor, tendendo ao seu comprometimento e participação nas decisões e realizações.

Sobre a oportunidade de comercialização Barros e Moreira (2005), destacavam que

na atividade turística, as alianças e a cooperação entre as empresas podem ser

consideradas como premissas para o desenvolvimento de negócios.

Determinados eventos podem resultar em reuniões para a concretização de

negócios e algumas vezes há a utilização de estruturas comuns, como centro de

convenções, hotéis, salas e outros espaços específicos, reforçando a inter-relação

levando a consolidar a denominação “Turismo de Negócios e Eventos”, ainda que

possam ocorrer de forma independente (BRASIL, 2010).

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O turismo de negócios e eventos apresenta características bastante semelhantes

dentre elas alta rentabilidade, haja vista que o turista de negócios apresenta gasto

médio maior que o turista de lazer. Além disso, o turista participante de um evento

em um destino o qual não conhecia, costuma retornar com o intuito de lazer e com

mais tempo, o que propicia maior permanência no destino.

Kotler, Haider e Rein (1994, p. 106) afirmam que “vender um local significa fazer

com que ele satisfaça as necessidades de seu público-alvo”, os quais podem ser

estendidos para todas as estruturas e grupos sociais envolvidos, contribuindo para a

divulgação dos atrativos e consequentemente maiores será a interferência

econômica e social, pois pode envolver um grande número de profissionais e

serviços, desta forma, gerando empregos fixos e temporários dinamizando a cidade

sede.

Normalmente o turista de negócios e eventos necessita da emissão de notas fiscais

para comprovação de despesas junto à empresa ou instituição a qual faz parte,

ocasionando assim aumento da arrecadação de impostos, muito embora para que

isto ocorra, empreendimentos como hospedagens, transportadoras, agências

emissivas e receptivas, organizadores de eventos, empresas de lazer e demais,

precisam se conectar para aperfeiçoar, qualificar e então vender o destino turístico.

Essa situação pode ser observada em diferentes regiões e envolver diferentes

indústrias. Inclui-se nisso a região do Alto Vale no estado de Santa Catarina,

representada pela Associação dos Municípios do Alto Vale do Itajaí (AMAVI), a qual

tem importância fundamental diante dos desejos das administrações municipais que

procuram projeção para seus municípios por visualizarem efeitos multiplicadores e

incremento do setor econômico.

Porém o desafio é significativo, já que, conforme Poleza, Butzke e Rischbieter

(2007) a experiência dos municípios pertencentes à área de abrangência da AMAVI,

no que tange ao turismo, vem sendo incipiente. Poucos são os municípios com

estrutura turística definida e operando em bases participativas.

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Dos 28 municípios que formam a AMAVI, Rio do Sul é o principal centro urbano da

região do Alto Vale do Itajaí, porém, a cidade mostra-se pouco expressiva

economicamente em relação ao turismo, principalmente relativo a negócios e

eventos. Neste sentido, esta pesquisa poderá auxiliar na compreensão da maneira

que se reconheça a cidade importante polo de desenvolvimento de turismo de

negócios e eventos, em especial relacionados às inúmeras confecções de jeans,

como pode ser observado na Tabela 01.

Tabela 01 – Relação de empresas e colaboradores do ramo têxtil no Alto Vale e Rio do Sul. Empresas/Colaboradores Total Empresas conveniadas ao SITITEV 805 Colaboradores conveniados ao SITITEV 9113 Empresas de Rio do Sul, ligadas ao serviço têxtil 408 Empresas de Rio do Sul, ligadas ao SINFIATEC 319 Colaboradores em Rio do Sul, ligados ao serviço têxtil 2495

Fonte: SEBRAE (2013, p. 107 e 117), SITITEV (2015) e SINFIATEC (2015)

Segundo o SEBRAE (2013) adotando-se como referência dezembro de 2011,

existiam em Rio do Sul 4.960 empresas formalmente estabelecidas, destas 408

ligadas ao serviço têxtil, o que corresponde a 8,22% do total de empreendimentos

na cidade. Emprega 2.495 funcionários, residentes do município ou oriundos de

municípios vizinhos, e esta proximidade gera concentração urbana em seu entorno,

desfrutando de mão de obra acolá existente e tal população demanda atividades dos

diversos setores da economia.

Estudos realizados por França (2014) apresenta o município de Rio do Sul com

intensa diversificação de suas atividades produtivas, que evidenciam em três

complexos industriais: o eletrometalmecânico, o alimentar e o vestuarista.

Essa situação vai de encontro com as perspectivas do Ministério do Turismo, que,

conforme já mencionado anteriormente se destacam entre outros setores, nas áreas

têxteis e moda. Referente à área de eventos, o desenvolvimento pode ser

exemplificado com o crescimento do setor de feiras, uma excelente oportunidade

para negociação dos produtos, haja vista que as maiores e mais significativas feiras

comerciais da América Latina estão sediadas no Brasil (BRASIL, 2010).

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Outra característica é a possibilidade de interiorização da atividade turística, desde

que cidades menores, caso de Rio do Sul-SC, apresentem condições estruturais

necessárias para a realização de negócios ou eventos, contribuindo para o

crescimento dos negócios locais através do intercâmbio comercial e empresarial

além de contatos diretos entre fabricantes e consumidores (BRASIL, 2010).

Em essência, o elemento central de investigação é representado pela atividade

Negócios e Eventos (Figura 01), em sua interseção com os estudos relacionados

especificamente pelo Turismo, com foco em Aglomerado de Empresas e

Desenvolvimento Regional.

Figura 01 – Elemento central de investigação.

Fonte: elaborado pela autora (2015). Nota*: Elemento central para a existência formal de um APL

De acordo com Porter (1999, p.209) “os aglomerados são concentrações

geográficas de empresas inter-relacionadas, fornecedores especializados,

prestadores de serviços, empresas em setores correlatos e outras instituições

específicas”. Ainda para o autor, os aglomerados ocorrem nos mais diversos setores

econômicos, sejam estes em economias avançadas ou em desenvolvimento, em

áreas rurais ou urbanas e em diferentes níveis geográficos, estimulando a

capacidade de competição e consequentemente a formação de novas empresas, o

que expande e reforça a própria região.

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Tendo em vista a figura anterior a qual representa a dinâmica dos assuntos que

serão abordados neste estudo, a partir de então se apresenta os objetivos e a

justificativa para que a presente dissertação assuma seu carácter relevante.

1.2 Delimitação do problema de pesquisa

O estado de Santa Catarina destaca-se a nível nacional no segmento têxtil bem

como no de confecções, em especial a região do Vale do Itajaí e Norte catarinense,

principalmente as cidades de Blumenau, Brusque, Jaraguá do Sul, Pomerode, onde

estão situadas as maiores empresas do setor as quais são: Karsten, Altenburg,

Teka, Marisol, Dudalina, Sulfabril e as centenárias Buettner e Hering (SEBRAE,

2013).

Romero et al (1994) já apontava que na região do Vale do Itajaí, concentrava-se o

maior polo de malharia de Santa Catarina, o qual foi confirmado pelo SINFIATEC

(2015). Isto se deve ao fato de que as primeiras unidades fabris têxteis catarinenses

localizaram-se nesta região no final do século XIX, criadas por iniciativas de

artesões e operários de origem europeia que emigraram em grande quantidade da

Alemanha, resultante das crises econômicas e transformações políticas

institucionais. Estes imigrantes eram de origem urbana e com formação operária,

comercial, industrial e intelectual, o que contribuiu para a criação das empresas

nesta região (BOSSLE, 1988).

Diante do exposto percebe-se que o setor do vestuário exerce importante papel na

economia catarinense e que cada região do estado tem uma aptidão específica.

Localizada no Alto Vale do Itajaí, a cidade de Rio do Sul ocupa lugar relevante na

economia catarinense. O município destaca-se na área industrial, com foco nos

setores metalomecânico, eletrônico e vestuário, neste último principalmente na

confecção de jeans wear.

Klug e Dirksen (1999) discorrem que no âmbito histórico, pode-se assegurar que as

empresas de confecções se estabeleceram após a crise econômica gerada pelos

planos governamentais da década de 80, com o fechamento de grandes empresas

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têxteis existentes na cidade tais como Sulfabril e Novelsul geradoras de inúmeros

empregos.

Diante do desemprego e com a necessidade de contribuir com a renda familiar,

costureiras e modelistas começaram a colocar em prática suas habilidades até então

adquiridas na indústria têxtil. A habilidade e competência podiam assim ser aliadas a

uma indústria que possui certamente um mercado cativo. Segundo Rigueiral (2002,

p.2), “as roupas têm sido usadas não só como proteção, mas como símbolo de

distinção. Como um meio de atração, ou para identificação ou expressar ideias”.

A produção iniciou em 1984 quando, para contribuir no aumento da renda familiar, a

dona-de-casa, Dalva Maschio, começou a fabricar peças com jeans. A confecção

somente de calças, era feita com pouca tecnologia. Ela cortava os moldes no chão

da casa e a costura era feita em máquinas manuais. Com o avanço nas vendas o

provisório precisou ser modificado, ampliado e além da necessidade de melhorar o

maquinário. Surgiu ai a Daksul, primeira fábrica de jeans do município (SINFIATEC,

2015).

Com o passar dos anos a produção foi aumentando. Novas empresas surgiram e

Rio do Sul conseguiu o mérito de ser considerada capital do jeans, mesmo que a

confecção de peças ainda seja recente no município. Pode-se dizer que a maioria

iniciou da mesma forma: com uma pequena facção de fundo de quintal, onde várias

costureiras, com pouca experiência confeccionavam calças jeans. Os moldes eram

desenhados de forma artesanal. Botões, linhas e inclusive o jeans eram buscados

em outras cidades. A lavação e o tingimento feitos fora da região (SINFIATEC,

2015).

Porém, com a crescente expansão das confecções jeans wear, o segmento

impulsionou o surgimento das lavanderias, facções, lojas de aviamentos, máquinas

e equipamentos, bem como a qualificação dos funcionários.

Nestas circunstâncias, pode-se destacar que a maioria das confecções rio-sulenses

iniciaram suas atividades com base empírica, ou seja, sem estudos formais de

viabilidade técnica e econômica, para certificar-se do retorno do investimento em

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longo prazo. Recursos financeiros escassos que para a grande maioria foram

investidos com iniciativa dos proprietários que no início sem formalizar o negócio ou

registrar as atividades, sempre com a família na liderança do empreendimento.

Através do Sindicato das Indústrias da Fiação, Tecelagem, Confecção e do

Vestuário do Alto Vale do Itajaí (SINFIATEC), os empresários procuram estar

presentes nos eventos para que possam divulgar o jeans da cidade. As empresas

levam as marcas para fora do estado e com elas o nome de Rio do Sul, a capital

catarinense do jeans.

Contudo, apesar desta evolução, iniciativas de eventos específicos ligados ao

negócio do jeans ainda não estão sendo capitaneados para sua realização no

próprio município, o que poderia não somente fortalecer a indústria ligada ao

segmento, presentes em Rio do Sul e Região, como também o desenvolvimento

local de uma forma mais abrangente, incluindo o turismo de negócios e eventos.

Neste contexto apresenta-se a seguinte pergunta que norteou este estudo:

Qual configuração se apresenta na cidade de Rio do Sul – SC, a partir do

aglomerado de empresas da moda jeans, que pode contribuir para o

desenvolvimento do turismo de negócios e eventos?

1.3 Objetivos

A partir deste questionamento, é possível estabelecer o seguinte objetivo geral de

pesquisa e seus desdobramentos específicos:

1.3.1 Objetivo Geral

Analisar a configuração que se apresenta na cidade de Rio do Sul – SC, a partir do

aglomerado de empresas da moda jeans, que pode contribuir para o

desenvolvimento do turismo de negócios e eventos.

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1.3.2 Objetivos Específicos

a) Descrever de maneira histórica, econômica e demográfica o município de Rio do

Sul, caracterizando o polo de moda jeans e a configuração do aglomerado industrial;

b) Levantar a existência de intervenções governamentais, não governamentais e

privadas que fomentem o setor (moda jeans) com vistas ao seu desenvolvimento;

c) Identificar forças e fraquezas que influenciam no desenvolvimento do turismo de

negócios e eventos, ligados a moda jeans, na cidade de Rio do Sul;

d) Identificar eventos impulsionadores e restritivos que podem interferir no

desenvolvimento do turismo de negócios e eventos, relacionados à moda jeans, na

cidade de Rio do Sul.

1.4 Justificativa

Nesta fase da pesquisa, em observação ao que Richardson (2007) discorre, devem-

se explicar os motivos que levam à efetivação do esforço de pesquisa. Castro (1977)

reflete que a partir do tema deve-se desenvolver um trabalho que vise buscar uma

junção da teoria com a realidade, que o autor considera o foco mais fértil para o

pesquisador trabalhar. O autor define ainda que a pesquisa deve ser original,

importante e viável. Original, quando seus resultados surpreendem e mostram novos

caminhos. Importante, quando o resultado afeta substancialmente a sociedade e

conota avanços para a mesma. E viável, se tendo mensurado os diversos aspectos

pertinentes, a pesquisa ainda possa vir a ser realizada.

Lakatos e Marconi (2010, p.107) esclarecem que a justificativa é “[...] a exposição

sucinta, porém completa, das razões de ordem teórica e dos motivos de ordem

prática que tornam importante a realização da pesquisa”. É também considerado o

único inciso do trabalho que apresenta respostas ao questionamento “Por quê?”, por

isso para estabelecer a justificativa, é necessário ao pesquisador além de

conhecimento científico sobre o tema, criatividade e capacidade de argumentação

para convencer pessoas ou entidades que irão analisar o trabalho.

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Portanto, vale salientar que a atividade turística teve um crescimento significativo

nos últimos anos, principalmente através da globalização da economia, ocasionando

mudanças sociais, políticas e econômicas em nível mundial. Segundo Cunha e

Cunha (2005), o aumento do número de viagens de negócios e as conquistas

sociais (férias remuneradas e finais de semana prolongados), têm agido como

acelerador do processo de crescimento e globalização do turismo.

De acordo com estudo do Ministério do Turismo, o turismo de negócios é o segundo

maior fator de atração de estrangeiros para o Brasil. Responde por 25,3% do volume

de visitantes de outros países. O gasto médio diário deste público é de US$ 102,18,

cerca de 50% maior que o dos turistas que viajam a lazer. Com a marca de 291

eventos realizados, o Brasil é um dos dez países que mais sediaram eventos

internacionais em 2014. Conforme a Associação Nacional de Congressos e

Convenções (ICCA, em sua sigla inglesa) o Brasil é o único país da América Latina

que integra o grupo do Top 10, o qual conta com potências como Estados Unidos,

Alemanha e Espanha, os três primeiros colocados no ranking1.

A excelente colocação do País em realização de eventos mostra a importância em

atrair estudos e pesquisas nas diversas áreas do conhecimento, profissionalizando o

mercado, oportunizando crescimento e possibilitando que seja realizada também em

maior número de cidades brasileiras.

A realização desta dissertação e sua importância são fortalecidas a partir da

pesquisa na literatura, através da qual se apurou que há pouco estudo relevante

acerca de turismo de negócios e eventos genuinamente, em especial na área central

do presente trabalho, relacionado a aglomerados industriais, elementos primários da

concepção de clusters.

Além disso, sua importância também torna a escolha do tema um argumento

fundamental, pois deve possibilitar maior compreensão para promover alternativas

de desenvolvimento econômico na região.

1Dados da Associação Brasileira de Empresas de Eventos. Disponível em: <http://www.abeoc.org.br/2015/05/brasil-e-um-dos-dez-paises-que-mais-sediam-eventos-internacionais/#sthash.syq4FbXu.dpuf>. Acesso em: 03 jun 2015.

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Para maior aprofundamento na pesquisa e argumento sólido utilizou-se do

conhecimento de renomados autores em cada área. O presente estudo está inserido

no campo do turismo, sendo que o segmento turismo de negócios e eventos é o foco

principal de discussão. Para aprofundamento sobre turismo incluem-se fontes como:

Mathieson e Wall (1992); UNWTO (1994 e 2010); Hoeller (2000); Lovelock e Wright

(2001); Veríssimo et al. (2005); Zotz (2006); Souza e Silva (2007); Otgaar et al.

(2008); Netto (2010).

Enquanto que para os estudos sobre turismo de negócios e eventos ancorou-se nos

escritos de Andrade (1995,1997); Hoeller (2000); Oliveira (2000); Nakane (2000);

Beni (2001); Britto e Fontes (2002); Tenan (2002); Chagas (2004); Steinberg (2010);

Martins e Murad (2010) e Mota Filho (2011). Sobre este tema há inúmeros estudos,

muito embora a maior relevância seja para turismo de eventos unicamente.

Por sua vez sobre aglomerados industriais e especificamente clusters, as fontes

utilizadas foram Humphrey e Schmitz (1995); Rosenfeld (1996); Lopes Neto (1998);

Grupo C&S; Porter (1998 e 1999); Amaral Filho (1999); Altemburg e Meyer-Stamer

(1999); Zaccarelli (2000); FIEMG (2000); Igliori (2001); Monitor Group (2001);

Almeida, Fischmann (2002); e Garrido (2001). Procurou-se também maior

embasamento sobre cluster e turismo, o qual se mostrou ainda bastante incipiente

na literatura, apresentando autores como Porter (1999); Monfort e Vicente (2000);

Beni (2003); Igliori (2001); Garrido (2001); Cunha e Cunha (2005). Nestes casos,

inclusive, os clusters são de aglomerados de atividades ligadas ao turismo, o que

difere deste estudo, já que a atividade principal aqui identificada é a indústria da

moda jeans, sendo o turismo de negócios e eventos uma potencial atividade à

jusante e interligada à primeira.

De forma complementar a discussão de cluster, o tema arranjos produtivos locais

também foi investigado a partir de Colletis (1990); Camagni (1991); Courlet e

Pecquer (1991); Souza (1995); Cassiolato e Lastres (1999); Costa (2001); Gorayeb

(2002); Albagli e Britto (2003); Lemos, Albagli e Szapiro (2004); Paula (2004);

BNDES (2004) e Tomazzoni (2008).

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E por fim sobre desenvolvimento regional o qual é um tema bastante atual, há uma

imensidade de discussões. Dentre este, o estudo embasou-se em fontes como:

Cooper et al. (1996); Amaral Filho (1999 e 2001); Lage e Milone (2000); Bacelar

(2000); OMT (2001 e 2004); Ruschmann (2003); Coriolano (2003); Silva (2004);

Bresser Pereira (2003); Barbará, Leitão e Fontes Filho (2007); Brasil (2007b);

Cortes-Jiménez (2008); Fratucci (2009); Alves (2010); e Barbosa (2011).

Fator também que evidencia a importância desta pesquisa, é que o resultado obtido

poderá se tornar fonte para estudos futuros na mesma cidade ou até em outras

regiões, evidenciado a que o tema pode ser explorado em diferentes realidades, seja

em estudos da mesma natureza, como também na contribuição de construtos para a

pesquisa quantitativa.

Relativo à escolha do objeto de estudo, o Alto Vale e especificamente a cidade de

Rio do Sul tem reconhecimento no estado de Santa Catarina em virtude do grande

número de indústrias da moda existentes, as quais agregam empresas de fiação,

tecelagem, confecção, vestuário e lavanderias, promovendo e divulgando o potencial

têxtil da região através da qualidade dos produtos e variedades da produção

(SINTEX, 2015). Contudo, apesar das evidências de aglomeração industrial, os

primeiros indícios são de que não há arranjo produtivo local realmente estabelecido.

De qualquer forma se compreende, portanto, que o setor do vestuário exerce

preponderante papel na economia local, o que faz com que o turismo de negócios e

eventos apresente um potencial latente na cidade de Rio do Sul, haja vista a

quantidade de transações comerciais geradas no município através das indústrias

de confecção têxtil, números mencionados ao longo desta dissertação.

Esforços neste sentido já foram desenvolvidos. Em 2006 foi realizada a 1ª Feira

Nacional do jeans – FENAJEANS, inclusive tendo este nome incluído no registro

nacional de marcas e patentes. Porém, nem todas as empresas de confecção

obtiveram o sucesso almejado ou mesmo o retorno financeiro esperado, motivo que

levou algumas marcas de destaque no município deixar de participar, o que

acarretou na extinção da feira.

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De acordo com França (2014, p. 28), uma vez concentradas empresas e pessoas a

atração de novos investimentos é inevitável. A grande maioria das cidades vizinhas

tem sua economia direcionada para a agricultura e por ser Rio do Sul a mais

desenvolvida cidade do Alto Vale e com diversas empresas no ramo têxtil, atrai

inúmeras pessoas da região a procura de emprego e consequentemente melhores

salários, reunindo a população urbana em serviços que complementam a produção

bem como dedicadas a atender as demandas de vendas, porém, com o custo de

vida mais elevado, alguns empreendedores vislumbraram a possibilidade de

investimento nas cidades próximas, fazendo com que mais localidades

aumentassem e diversificasse seu espaço econômico, permitindo efeito

socioeconômico irradiador.

Perroux (1982) prega que, o espaço econômico é um campo de forças, um espaço

polarizado. A concentração de indústrias provoca efeitos sobre o conjunto da

economia, beneficiando regiões que ela polariza. Assim sendo, todas as unidades

econômicas trabalham absorvendo e irradiando forças, ainda que estas sejam

completamente desiguais.

Dessa forma, a presente pesquisa apresenta-se como relevante, pois, também

contribuirá para com os empresários têxteis no intuito de conhecer melhor a

realidade, potencializando as atividades econômicas das empresas locais e,

consequentemente, uma melhor condição de desenvolvimento local. E caso se

confirme a propensão, espera-se que se reconheça a cidade como importante polo

de desenvolvimento de turismo de negócios e eventos.

Observados os aspectos de ordem teórica e prática que justifiquem as escolhas e

sabendo da enorme capacidade têxtil e o interesse do poder público regional em

incrementar o setor turístico, com ações já existentes como os “quatro cantos” na

modalidade turismo rural, é que se optou pela linha de pesquisa de planejamento do

destino turístico que viabiliza uma nova visão dos destinos turísticos em sua

potencialidade nos diversos níveis e espaços.

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1.5 Organização do trabalho

A presente dissertação está estruturada em cinco capítulos. No primeiro deles, a

introdução, que contextualiza o tema, destacando a relevância e a justificativa para o

estudo do mesmo, os objetivos geral e específicos, bem como estabelece definições

iniciais no processo metodológico que nortearão o leitor ao entendimento da

pesquisa.

O segundo capítulo é a fundamentação teórica, também conhecida como referencial

teórico. Esse capítulo é resultado da revisão literária ocorrida em todo o processo da

pesquisa e está dividido em quatro itens. O primeiro item aborda o conceito de

turismo. No segundo a segmentação turismo de negócios e eventos, sua

conceituação, bem como diferenças e semelhanças entre ambos. No terceiro

apresenta-se cluster e APL – arranjos produtivos locais. No quarto item apresentam-

se os preceitos de desenvolvimento regional.

O capítulo três aborda a metodologia utilizada no desenvolvimento do estudo,

mostrando o método adotado, a abordagem, a natureza da pesquisa, os objetivos e

os procedimentos técnicos. A partir dos procedimentos, geraram-se duas etapas

metodológicas: o levantamento bibliográfico e o levantamento de campo. O método

que norteou toda a pesquisa foi o científico. A pesquisa é definida como qualitativa e

caracteriza-se como básica, por não ter como objetivo a aplicação prática da

pesquisa. Os objetivos são denominados descritivos e explicativos. Como técnica de

pesquisa utilizou-se a pesquisa bibliográfica. Para o levantamento de campo, foi

esquematizada a tipologia e as perguntas de pesquisa, a escolha dos partícipes da

pesquisa, os procedimentos e instrumentos para coleta e análise dos dados.

No quarto capítulo são abordados os resultados da pesquisa. Estes foram

delineados de acordo com os objetivos específicos do estudo. De forma sintética, faz

referência aos fatos e contexto históricos mais relevantes na formação econômica

da região do Alto Vale do Itajaí em especial do município de Rio do Sul, alçados

mediante revisão bibliográfica disponível sobre o assunto, assim como da

apresentação dos dados primários gerados com as entrevistas aplicadas aos

participantes do estudo.

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Figura 02 – Mapa estrutural da pesquisa.

Fonte: elaborado pela autora (2015).

CAPÍTULO 1

CAPÍTULO 2

CAPÍTULO 3

INTRODUÇÃO

REFERENCIAL TEÓRICO

METODOLOGIA

Contextualização do tema

Delimitação do problema de pesquisa

Definição dos objetivos

Justificativa da pesquisa

Organização do trabalho

Turismo/Turismo de Negócios e Eventos

Perspectivas ao Desenvolvimento Regional

Cluster/Arranjos Produtivos Locais

Delineamento da pesquisa

Fonte dos dados

Análise e apresentação dos dados

CAPÍTULO 4 RESULTADOS Descrição histórica, econômica e demográfica do município de Rio do Sul

CAPÍTULO 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Resposta do problema de pesquisa e recomendações para novas pesquisas.

Caracterização do polo de moda jeans e a configuração do aglomerado de Rio do Sul e região

Contextualização do tema

Delimitação do problema de pesquisa

Participantes da pesquisa

Instrumentos de coleta de dados

Análise das forças e fraquezas que influenciam no desenvolvimento do turismo de negócios e eventos, ligados a moda jeans, na cidade de Rio do Sul.

Eventos impulsionadores (Oportunidades) e restritivos (Ameaças) e a interferência no desenvolvimento do turismo de negócios e eventos, relacionados à moda jeans, na cidade de Rio do Sul.

Resultados da validação dos pontos fortes e fracos e dos impulsionadores e restritivos

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Como visualizado de forma sintética o delineamento estrutural da pesquisa na

Figura 02, o quinto e último capítulo é composto da conclusão e recomendações,

resultado da aplicação e interpretação da pesquisa. Posteriormente, foram

apresentados os elementos pós-textuais: referências, apêndices e anexos utilizados

na presente dissertação.

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2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

O comportamento do homem da sociedade atual está em permanente evolução,

este vive uma busca contínua por conhecimento e realizações que o satisfaça em

diversos segmentos. Esta evolução a qual está cada dia mais inserida ao meio, e

relacionada à alta tecnologia aplicada ao cotidiano e a mídia crítica e também

acrítica e invasiva que chega a todas as classes sociais, tornando mais veloz este

processo de transformação e estabelecendo o perfil de homem mais crítico e

exigente.

Tais exigências também estão relacionadas à curiosidade em descobrir o diferente e

o moderno, ressaltando o criativo e o inusitado. O diferente e inusitado através do

fascínio e inspiração que as viagens são capazes de exercer sobre o ser humano

em busca de emoções e sentimentos em contato com inúmeras miscelâneas

culturais, seus hábitos e costumes.

O moderno e criativo através das inovações advindas da criatividade, considerada

hoje principal recurso precursor ao desenvolvimento econômico, alavancando assim

o turismo de negócios e eventos. Segundo Gomes (2008, p. 26), a criatividade tem

sido reconhecida como importante estratégia para o desenvolvimento econômico,

tornando-a um fator relevante para a determinação do sucesso de uma economia

local inserida num mundo pós-globalizado em permanente mudança. Deste modo, a

criatividade passa a ser decisiva no processo de inovação que combina ideias,

habilidades, tecnologia, produção, gestão e mercado.

Ser diferente num mercado que pouco se cria e tudo se copia bem como diante do

avanço da indústria chinesa, competir economicamente não tem sido tarefa fácil. É

necessário criatividade e inovação. Com este pensamento Campos, Caleffi e Souza

(2005) salientam que é importante a presença de pequenas empresas com

características técnico profissionais, bastante inovadoras e especializadas na

produção de produtos com qualidade e preço flexível, competitivas no mercado

internacional, destinada a uma clientela exigente.

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As empresas precisam se diferenciar, a fim de fugir dos processos de globalização e

comoditização decorrentes deste tipo de cenário em que só resistem às

organizações capazes de se ajustarem às mudanças constantes, para alcançar a

satisfação do cliente.

De acordo com o Ministério do Turismo, a globalização da economia, o

desenvolvimento tecnológico e o consequente aprimoramento dos meios de

transporte e comunicação, entre outros fatores, facilitaram e estimularam a

movimentação turística mundial e, de modo especial, os deslocamentos para fins de

conhecimento, troca de informações, promoção e geração de negócios (BRASIL,

2010a).

Partindo do princípio de que as viagens proporcionam transformação e atualização,

além de conhecimento e espirito inovador, no presente trabalho será abordado

questões relacionadas ao turismo, especificamente de negócios e eventos, com

intuito de estudar a capacidade deste tipo de atrativo, em estimular o

desenvolvimento de uma localidade com reduzida inclinação para o turismo, mas

que concentra grande número de empresas ligadas a uma mesma indústria.

Ainda neste capítulo serão apresentados os conceitos de turismo e alguns de seus

segmentos com ênfase para o turismo de negócios e eventos o qual é um dos temas

principais do presente trabalho, abordando diferenças e semelhanças, entre o

turismo de negócios e eventos e sua relação com clusters, APL e desenvolvimento

regional.

O turismo passou a ter um papel primordial no desenvolvimento do mercado, haja

vista as alterações ocorridas no comportamento dos turistas e o crescimento da

competividade entre os destinos. Para tanto, é necessário saber, primeiramente, o

que significa o turismo enquanto fenômeno, atividade e indústria, pois este, irá

permear as descrições, análises e críticas da presente dissertação perante o tema

aqui abordado. Estas definições implicam, acima de tudo, que o turismo, um campo

das ciências sociais, é uma relação entre pessoas e consequentemente lugares e

esta sociabilidade do turismo é inerente ao âmago humano, “cuja essência é a sua

sociabilidade permanente” (BRESSAN, 2008, p. 07).

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A seção a seguir trata da abordagem conceitual do turismo, apresentando os

referenciais teóricos que estruturam esta atividade e a segmentação turística que é

bastante ampla, além de alguns aspectos de evolução histórica, de acordo com a

literatura pesquisada. As segmentações reúnem características específicas que

delimitam o público-alvo, exemplos destas são: turismo de aventura, turismo social,

ecoturismo, turismo de sol e praia, turismo rural, turismo cultural, turismo de

negócios e eventos entre outros, porém, esta última, será abordada mais

profundamente principalmente por ter uma relação mais próxima com os demais

estudos desta seção os quais são cluster, tipos e fases do cluster, APL – arranjo

produtivo local e desenvolvimento regional.

Quadro 01 – Autores pesquisados na presente seção. Assunto Autores

Turismo UNWTO (1994 e 2010); Netto (2010); Zotz (2006); Mathieson e Wall (1992); Lovelock; Wright (2001); Veríssimo et al. (2005); Otgaar, et al. (2008); Hoeller (2000); Souza; Silva, 2007, Inácio (2007).

Turismo de negócios e eventos

Nakane(2000); Chagas (2004); Britto; Fontes (2002); Hoeller (2000); Oliveira (2000); Tenan (2002); Andrade (1997, 1995); Martins, Murad (2010); Steinberg (2010); Mota, Filho (2011); Beni (2001).

Cluster

Kotler; Jatusripitak; Maesincee (1997); Almeida, Fischmann (2002); Zaccarelli (2000); Porter (1998 e 1999); Humphrey e Schmitz (1995); Rosenfeld (1996); Amaral Filho (1999); Lopes Neto (1998); Grupo C&S; Altemburg e Meyer-Stamer (1999); Garrido (2001); Igliori (2001); Monitor Group (2001); FIEMG (2000);

Cluster no turismo Porter (1999); Monfort e Vicente (2000); Beni (2003); Igliori (2001); Garrido (2001); Cunha e Cunha (2006);

APL – Arranjos Produtivos Locais

Albagli e Britto (2003); Lemos; Albagli; Szapiro (2004); Gorayeb (2002); Garofoli (1993,1994); Costa (2001); Cassiolato; Lastres (1999, 2005); Souza (1995); Courlet; Pecquer (1991); Colletis (1990); Crevoisier; Maillat (1991); Camagni (1991); European Communities (2002), Tomazzoni (2008); Paula (2004); BNDES (2004); RedeSist (2016), Lemos (2004).

Desenvolvimento regional

BRASIL (2007b); Amaral Filho (1999 e 2001); Bresser Pereira (2003); Bacelar (2000); Ruschmann (2003); Cortes-Jiménez (2008); Barbosa (2011); Cooper et al. (1996); Lage & Milone (2000); Silva (2004); OMT (2004 e 2001); Alves (2010); Barbará; Leitão; Fontes Filho; Rodrigues; Malo (2006); Coriolano (2003); Fratucci (2009); Kotler et al. (2005)

Fonte: elaborado pela autora (2015)

No Quadro 01 apresentam-se os diversos autores pesquisados, para abordar esses

e diante de diferentes pensamentos sobre a área de estudo.

A seção a seguir, inicialmente, trata da abordagem conceitual do turismo,

apresentando os referencias teóricos que estruturam esta atividade, além de alguns

aspectos de evolução histórica, de acordo com os tópicos e literatura mencionada no

quadro anterior.

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2.1 Turismo

A primeira e conhecida descrição da Organização Mundial de Turismo, na

publicação intitulada de Recommendations on Tourism Statistics, a qual fundou as

bases conceituais do turismo mundial descreve o turismo como, “as atividades de

pessoas em viagem e sua permanência nos lugares fora de sua residência habitual

por não mais do que um ano consecutivo por lazer, negócios e outros propósitos”

(OMT, 1998, p. 46).

Porém com a constante transformação e atualização vivenciada, e atenta a isto,

através da mais recente revisão da famosa publicação de 1994, a UNWTO vem

tentando ampliar o conceito de turismo o qual, atualmente de acordo com esta

organização, pode ser visto como:

Um fenômeno social, cultural e econômico que implica a deslocação de pessoas para países ou lugares fora do seu ambiente habitual para fins pessoais ou de negócios / profissionais. Estas pessoas são chamadas visitantes (que podem ser turistas ou excursionistas; residentes ou não residentes) e do turismo tem a ver com suas atividades, algumas das quais implicam despesas turismo. Como tal, o turismo tem implicações sobre a economia, sobre o meio ambiente natural e construído, sobre a população local no destino e sobre os próprios turistas (OMT, 2015, p. 01).

No entanto, para fins técnicos e acadêmicos, será classificado o turismo como

proposto pelo Governo Federal Brasileiro na Lei 11.771 – Capítulo I – Disposições

Preliminares – Artigo 2º conhecida como Lei Geral do Turismo a qual considera

turismo como:

As atividades realizadas por pessoas físicas durante viagens e estadas em lugares diferentes do seu entorno habitual, por um período inferior a 1 (um) ano, com finalidade de lazer, negócios ou outras. Parágrafo único. As viagens e estadas de que trata o caput deste artigo devem gerar movimentação econômica, trabalho, emprego, renda e receitas públicas, constituindo-se instrumento de desenvolvimento econômico e social, promoção e diversidade cultural e preservação da biodiversidade (BRASIL, 2008, p. 01).

De uma forma holística, turismo é, também, o conjunto de todas as atividades,

relações e fenômenos sociais, políticos, econômicos e ambientais entre viajante e

destino visitado (NETTO, 2010).

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Inácio (2007) destaca que após um período onde se notavam as localidades

turísticas apenas como point, distante do seu entorno em que relações com o

exterior se apresentavam apenas no sentido de atrair mais turistas, algumas

disciplinas, principalmente a Geografia, contribuíram para uma compreensão mais

crítica dos points turísticos. Observações advindas deste “olhar geográfico” são,

exatamente, de que não há um point, mas sim uma região, onde há todo um

movimento social, cultural, político e econômico.

Segundo Mathieson e Wall (1992, p. 38), o turismo apresenta quatro particularidades

que o distinguem das demais atividades que envolvem transações internacionais:

Quadro 02 – Particularidades do turismo. a) É um “bem invisível” de exportação, porque gera um expressivo fluxo de ingresso de divisas, mas não existe um produto a ser embarcado de um local para outro; é, geralmente, consumido no local onde é produzido; só pode ser consumido in loco. b) Os destinos turísticos requerem bens e serviços auxiliares, criando-se oportunidade para geração de negócios diretos, indiretos e induzidos. c) É um produto fragmentado e, ao mesmo tempo, capaz de integrar-se ou afetar diretamente outros setores da economia, estimulando o desenvolvimento de outras atividades econômicas (comércio, transportes, meios de hospedagem, agências de viagens, artesanato, serviços de apoio), estimula o desenvolvimento da infraestrutura (estradas, aeroportos, saneamento, energia, entre outros), depende da sustentabilidade cultural e ambiental e tem um forte efeito indutor na geração de renda e emprego local. d) É uma atividade altamente instável, sujeita a fortes variações sazonais, a influências externas imprevisíveis, a natureza heterogênea das motivações e expectativas do turista.

Fonte: adaptado de Mathieson e Wall (1992).

Deve-se ressalvar, no entanto, que concernente à infraestrutura, esta deve caber ao

Estado, mas por outro lado, conforme afirma Zotz (2006, p. 36):

[...] é preciso entender – e aceitar – que turismo é um ‘negócio’, ou seja, atividade econômica com fins lucrativos. Como o Brasil é um país com sistema capitalista, e como este ‘negócio’ gera lucros para a iniciativa privada, é natural que a responsabilidade maior pelo aporte de recursos no setor seja de sua competência. Nem sempre isso acontece, principalmente porque parcela expressiva do empresariado brasileiro tem cultura paternalista.

A segmentação é uma forma de organizar o turismo para fins de planejamento,

gestão e mercado. Segmentar é dividir a demanda em grupos diferentes nos quais

todos os clientes compartilham características relevantes que os distinguem de

clientes de outros segmentos (LOVELOCK; WRIGHT, 2001).

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Os segmentos turísticos podem ser estabelecidos a partir dos elementos de

identidade da oferta, ou seja, o que o destino possui como atratividade e também

das características e variáveis da demanda, que diz respeito ao comportamento e

tomada de decisões do turista (BRASIL, 2010b).

A identificação e definição dos segmentos turísticos são de extrema importância

para a criação de estratégias com vistas ao desenvolvimento do turismo, uma vez

que através desta é possível atender e atrair diferentes públicos. Neste sentido, com

o intuito de promover o entendimento e orientar o setor quanto a algumas

terminologias, abordagens e delimitações da segmentação turística, serão descrito a

seguir com definições do Ministério do Turismo, bem como de outros autores

abordados no Quadro 03.

Quadro 03 – Segmentos turísticos. Segmentos Definição

Ecoturismo

É um segmento da atividade turística que utiliza, de forma sustentável, o patrimônio natural e cultural, incentiva sua conservação e busca a formação de uma consciência ambientalista através da interpretação do ambiente, promovendo o bem-estar das populações;

Turismo cultural Compreende as atividades turísticas relacionadas à vivência do conjunto de elementos significativos do patrimônio histórico e cultural e dos eventos culturais, valorizando e promovendo os bens materiais e imateriais da cultura;

Turismo de estudo e intercâmbio

Constitui-se da movimentação turística gerada por atividades e programas de aprendizagem e vivências para fins de qualificação, ampliação de conhecimento e de desenvolvimento pessoal e profissional;

Turismo de esporte

Compreende as atividades turísticas decorrentes da prática, envolvimento ou observação de modalidades esportivas;

Turismo de pesca

Compreende as atividades turísticas decorrentes da prática da pesca amadora;

Turismo náutico Caracteriza-se pela utilização de embarcações náuticas com a finalidade da movimentação turística;

Turismo de aventura

Compreende os movimentos turísticos decorrentes da prática de atividades de aventura de caráter recreativo e não competitivo;

Turismo de sol e praia

Constitui-se das atividades turísticas relacionadas à recreação, entretenimento ou descanso em praias, em função da presença conjunta de água, sol e calor;

Turismo de saúde

Constitui-se das atividades turísticas decorrentes da utilização de meios e serviços para fins médicos, terapêuticos e estéticos;

Turismo rural É o conjunto de atividades turísticas desenvolvidas no meio rural, comprometido com a produção agropecuária, agregando valor a produtos e serviços, resgatando e promovendo o patrimônio cultural e natural da comunidade;

Espeleoturismo Turismo em cavernas (VERÍSSIMO et al., 2005; SPOLADORE, 2006). [...] Variando entre possibilidades contemplativas, interativas, educacionais e até mesmo espirituais ou esotéricas (BRASIL, 2005).

Turismo desportivo

Entende-se “todas as atividades específicas de viagens com vistas ao acompanhamento, desempenho e participação exercidos em eventos desportivos” (ANDRADE, 2000, p.75).

Turismo industrial

É um tipo de turismo que envolve visitas a empresas operacionais ou não, cujo negócio central não é a atividade turística, e que oferece aos visitantes uma experiência relacionada com o produto, o processo de produção, as aplicações

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Segmentos Definição e os antecedentes históricos (OTGAAR, et al., 2008).

Turismo de eventos

É a parte do turismo que leva em consideração o critério pertinente ao objetivo da atividade turística. “É praticado com interesse profissional e cultural através de congressos, convenções, simpósios, feiras, encontros culturais, reuniões internacionais, entre outros” (HOELLER, 2000, p.75).

Turismo de negócios

Refere-se a “quem viaja a negócios referentes aos diversos setores da atividade comercial ou industrial ou para conhecer mercados, estabelecer contatos, firmar convênios, treinar novas tecnologias, vender ou comprar bens ou serviços, denomina-se turismo de negócios, turismo técnico, viagem de negócios” (ANDRADE, 2000, p. 73).

Turismo de congresso ou Turismo de convenções

Entende-se o conjunto de atividades exercidas pelas pessoas que viajam a fim de participar de congressos, convenções, assembleias, simpósios, seminários, reuniões, ciclos, sínodos, concílios e demais encontros que visam ao estudo de alternativas, de dimensionamentos ou de interesses de determinada categoria profissional, associação, clube, crença religiosa, corrente científica ou outra organização com objetivos nos campos científicos, técnicos e religiosos para o atingimento de objetivos profissional-cultural, técnico-operacional, de aperfeiçoamento setorial ou de atualização (ANDRADE, 2000).

Fonte: adaptado de Brasil (2010b).

De acordo com o quadro apresentado é grande a segmentação turística, porém é

necessário entender quais os segmentos de oferta podem ser trabalhados em uma

determinada localidade, identificando a vocação e potencialidades do destino para

determinado tipo de atividade/turismo que pode ser ofertado junto ao público de

interesse. Nos estudos de Souza e Silva (2007, p.110) os mesmos já observaram

que:

o turismo é a atividade econômica que mais cresce no mundo, e uma fatia da economia desse mercado se relaciona com o setor de eventos. Os impactos econômicos causados por esse segmento são inúmeros, além de reduzir os problemas de sazonalidade. O evento é um gerador de demanda para o núcleo, de empregos e de imposto, incentiva o investimento privado e traz maior movimentação às cidades. O turismo de eventos é, pois, um investimento e não só eventual lazer ou diversão.

A troca de experiências, aliada a novos conhecimentos e informações no mundo dos

negócios, estimulou a necessidade de um novo segmento para o turismo,

configurando assim a oferta turística denominada turismo de negócios o qual neste

contexto, será conceituado de acordo com alguns indicadores e literatura disponível.

2.2 Turismo de Negócios e Eventos

Os deslocamentos realizados para trocas comerciais e para participação em eventos

ocorrem desde as antigas civilizações e tornaram-se comuns a partir da Revolução

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Industrial, quando as viagens tomaram grande impulso, facilitadas principalmente

pelo aprimoramento dos meios de transporte e de comunicação.

Na perspectiva de Chagas (2004, p. 17),

[...] um fator que muito tem contribuído para o aumento do turismo mundial é o crescimento progressivo das relações comerciais entre os diferentes mercados globalizados, provocando um aumento desses deslocamentos geográficos, não só por motivo de lazer, mas, por negócios, estudo ou reuniões profissionais.

A realização de negócios e reuniões de trabalho, e a aquisição de conhecimentos

por meio da participação em eventos estão entre as crescentes motivações para a

prática do turismo na atualidade. “Nos últimos anos, a atividade de eventos vem

sendo analisada e considerada como uma atividade turística, pois, quando ocorre

em uma localidade, utiliza toda a sua estrutura (transportes, meios de hospedagem,

estabelecimentos de alimentos e bebidas, comércio local, etc.)” (NAKANE, 2000,

p.85).

A seguir, pode-se analisar a representação esquemática de movimentação de

diversos setores da economia, diante da interferência do turismo de negócios e

eventos em uma localidade (Figura 03), destacando que os Órgãos Oficiais de

Turismo e os Conventions & Visitors Bureaux podem agir como intermediários ou

como apoiadores.

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Figura 03 – Representação esquemática agentes do turismo de negócios e eventos.

Fonte: Brasil (2010a).

O aumento do fluxo de pessoas que se deslocam para as áreas receptoras do

turismo de negócios e eventos, alavanca o consumo e consequentemente a

movimentação de diversos setores da economia.

Turismo de eventos é, portanto, “o segmento de turismo que cuida dos vários tipos

de eventos que se realizam dentro de um universo amplo e diversificado” (BRITTO;

FONTES, 2002, p.30). Uma complementação a essa primeira definição é dada por

Hoeller (2000 apud TENAN, 2002, p. 10-11), que caracteriza o turismo de eventos

como:

a parte do turismo que leva em consideração o critério relacionado ao objetivo da atividade turística. É praticado com interesse profissional e cultural por meio de congressos, convenções, simpósios, feiras, encontros culturais, reuniões internacionais, entre outros, e é uma das atividades econômicas que mais crescem no mundo atual.

O turismo de eventos, por sua vez, subdivide-se nas categorias regional, nacional e

internacional, e, por definição, é aquele:

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Praticado por quem deseja participar de acontecimentos promovidos com o objetivo de discutir assuntos de interesses comuns (profissionais, entidades associativas, culturais, desportivas) ou para expor ou lançar novos artigos no mercado (OLIVEIRA, 2000, p. 64).

Fato é que alguns tipos de eventos podem, também, proporcionar a concretização

de negócios, o que dificulta a tarefa de distingui-los. Além disso, podem pressupor a

utilização de estruturas comuns, como centros de convenção, hotéis, salas e outros

espaços específicos (BRASIL, 2008).

A conceituação a respeito do turismo de negócios é bastante controvertida. Tenan

(2002) afirma que grande parte das definições de turismo existentes exclui as

viagens de caráter lucrativo. Ademais, é tarefa bastante complicada a delimitação

das motivações das viagens de negócios. De acordo com a definição de Oliveira

(2000), o turismo de negócios é aquele efetuado “por executivos que viajam para

participar de reuniões com seus pares, para visitar os fornecedores dos produtos

que comercializam e fechar negócios. Trata-se de um público exigente, que requer

muitas atenções”.

Entende-se por turismo de negócios o conjunto de atividades de viagem, de

hospedagem, de alimentação e de lazer praticado por quem viaja a negócios

referentes aos diversos setores da atividade comercial ou industrial ou para

conhecer mercados, estabelecer contatos, firmar convênios, treinar novas

tecnologias, vender ou comprar bens ou serviços (ANDRADE, 2000).

Em uma definição mais recente, de acordo com o Ministério do Turismo, “turismo de

negócios e eventos compreende o conjunto de atividades turísticas decorrentes dos

encontros de interesse profissional, associativo, institucional, de caráter comercial,

promocional, técnico, científico e social” (BRASIL, 2010a, p.46).

A atividade do turismo de negócios no Brasil é recente, mas já traz alguns

benefícios. “Este mercado está muito desenvolvido na Europa e nos Estados

Unidos, onde já existem associações dedicadas ao tema há mais de 45 anos”

(MARTINS, MURAD, 2010, p. 19-20).

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Como observado, o termo negócios sugere uma variedade de atividades como:

venda, compra de produtos, estabelecimento de contatos comerciais, treinamentos,

reuniões, visitas, participação em congressos, eventos entre outros. No turismo de

negócios as motivações de viagens são para efetivar estas atividades.

2.2.1 O Turista no segmento de Negócios e Eventos

Consiste no conjunto de atividades turísticas decorrentes de encontros de interesse

profissional, associativo, institucional, de caráter comercial, promocional, técnico,

científico e social. Atualmente, as viagens por motivações de negócios apresentam-

se como a terceira maior despesa das empresas, perdendo para os investimentos

em tecnologia e recursos humanos (STEINBERG, 2010; MARTINS; MUDARD,

2010).

O segmento corporativo, segundo dados dos Indicadores Econômicos de Viagens

Corporativas (IEVC), atraiu mais de 200 mil empregos (MARTINS; MUDARD, 2010),

agregando mão-de-obra e conhecimentos nas atividades em prol do exercício do

turismo de negócios e estimando um resultado de R$ 33 milhões em 2008 (SILVA,

2015).

Essa demanda de clientes apresenta características bem distintas de outros tipos de

turismo. Uma das principais peculiaridades desse segmento é que a atividade

turística acontece sem necessidade de atrativos turísticos tradicionais no destino, já

que a motivação da viagem é o negócio (MOTA; FILHO, 2011).

O fator tempo e clima também não interferem na motivação do turista de negócios;

exceto em casos extremos, é indiferente se chove, faz sol ou frio; ele viaja seguindo

seu cronograma de atividades, haja vista que a organização é feita com bastante

antecedência, fato que garante a presença dos participantes.

Além disso, o turismo de negócios colabora na divulgação dos atrativos naturais, culturais e sociais da região sede do evento e utiliza os recursos em momento de baixa estação, ou seja, quando sua procura não é tão significativa por parte dos turistas de lazer (NAKANE, 2000, p.85).

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O Ministério do Turismo aponta que a atividade proposta com o turismo de negócios

é uma oportunidade para o equacionamento de períodos sazonais, proporcionando

equilíbrio na relação entre oferta e demanda durante alguns meses do ano (BRASIL,

2010a). Os viajantes de negócios não esperam e nem precisam de períodos de

férias para viajar e visitar lugares. Acontecem a qualquer tempo, de acordo com a

necessidade de sua empresa.

O turista de negócios refere-se a “quem viaja a negócios referentes aos diversos

setores da atividade comercial ou industrial ou para conhecer mercados, estabelecer

contatos, firmar convênios, treinar novas tecnologias, vender ou comprar bens ou

serviços, denomina-se turismo de negócios, turismo técnico, viagem de negócios”

(ANDRADE, 1995, p. 73-74).

Esses viajantes são funcionários com a responsabilidade de fechar negócios,

participar de reuniões, fazer vendas, assistência técnica, em localidades diferentes

de onde reside e trabalha, tanto no seu país como no exterior (MARTINS; MURARD,

2010).

Beni (2001) define os turistas de negócios como aqueles que se deslocam no intuito

de realizarem transações e atividades profissionais, comerciais e industriais,

acrescentando tratar-se de turistas potenciais, uma vez que empregam seu tempo

livre no consumo de equipamentos e serviços turísticos.

O turista de negócios e eventos, doméstico e internacional, segundo o Ministério do

Turismo apresenta algumas características comuns: Escolaridade superior; poder

aquisitivo elevado; exige praticidade, comodidades, atendimento e equipamentos de

qualidade; representa organizações e empresas; realiza gastos elevados em

comparação a outros segmentos; permanência média de quatro dias (doméstico) e

de oito dias (internacional) (BRASIL, 2010a, p. 27).

Durante o período da viagem, ele representa a empresa. Toda rotina de sua viagem

deve acontecer em favor dos interesses da empresa. Além disso, eles buscam

otimizar e aproveitar o tempo da melhor forma. Segundo o Ministério do Turismo,

“trata-se de uma clientela importante, que viaja durante o ano todo, independendo

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da estação do ano e a boa receptividade do turista de negócios e eventos, quando

satisfatória e surpreendente, agrega valor aos negócios em questões” (BRASIL,

2010a, p. 36).

2.2.2 Diferenças e semelhanças entre o turismo de negócios e eventos

Faz-se necessária, portanto, uma diferenciação entre turismo de negócios e turismo

de eventos, como verificado nas palavras de Tenan (2002, p. 12):

A maior parte das viagens de negócios inclui eventos e as viagens para participar de eventos normalmente têm caráter profissional. No entanto, turismo de negócios não é sinônimo de turismo de eventos. Um empresário pode viajar para fechar um negócio sem que haja qualquer evento incluído na sua programação. Um turista que viaja para participar de uma festa popular, ou um estudante que viaja para um evento acadêmico, não faz uma viagem de negócios.

O Quadro 04 a seguir apresenta as principais diferenças e ou semelhanças do

segmento, bem como a conceituação do sujeito que se propõe a atividade, segundo

diferentes autores:

Quadro 04 – Diferenças e/ou semelhanças de turismo de eventos, turismo de negócios e turismo de negócios e eventos. Segmentação Diferenças/Semelhanças

Turismo de eventos

O segmento de turismo que cuida dos vários tipos de eventos que se realizam dentro de um universo amplo e diversificado (BRITTO; FONTES, 2002, p. 30). A parte do turismo que leva em consideração o critério relacionado ao objetivo da atividade turística. É praticado com interesse profissional e cultural por meio de congressos, convenções, simpósios, feiras, encontros culturais, reuniões internacionais, entre outros, e é uma das atividades econômicas que mais crescem no mundo atual (HOELLER, 1999 apud TENAN, 2002, p. 10-11). Praticado por quem deseja participar de acontecimentos promovidos com o objetivo de discutir assuntos de interesses comuns (profissionais, entidades associativas, culturais, desportivas) ou para expor ou lançar novos artigos no mercado (OLIVEIRA, 2000, p. 64).

Turismo de negócio

É aquele efetuado por executivos que viajam para participar de reuniões com seus pares, para visitar os fornecedores dos produtos que comercializam e fechar negócios (OLIVEIRA, 2000). O conjunto de atividades de viagem, de hospedagem, de alimentação e de lazer praticado por quem viaja a negócios referentes aos diversos setores da atividade comercial ou industrial ou para conhecer mercados, estabelecer contatos, firmar convênios, treinar novas tecnologias, vender ou comprar bens ou serviços. (ANDRADE, 1997, p. 73). Consiste no conjunto de atividades turísticas decorrentes de encontros de interesse profissional, associativo, institucional, de caráter comercial, promocional, técnico, científico e social. Atualmente, as viagens por motivações de negócios apresentam-se como a terceira maior despesa das empresas, perdendo para os investimentos em tecnologia e recursos humanos (STEINBERG, 2010; MARTINS; MUDARD, 2010).

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Segmentação Diferenças/Semelhanças Turismo de negócios e eventos

“Compreende o conjunto de atividades turísticas decorrentes dos encontros de interesse profissional, associativo, institucional, de caráter comercial, promocional, técnico, científico e social” (BRASIL, 2010a, p.46).

Turista de negócios

Refere-se a “quem viaja a negócios referentes aos diversos setores da atividade comercial ou industrial ou para conhecer mercados, estabelecer contatos, firmar convênios, treinar novas tecnologias, vender ou comprar bens ou serviços, denomina-se turismo de negócios, turismo técnico, viagem de negócios” (ANDRADE, 1995, p. 73-74). Define os turistas de negócios como aqueles que se deslocam no intuito de realizarem transações e atividades profissionais, comerciais e industriais, acrescentando tratarem-se de turistas potenciais, uma vez que empregam seu tempo livre no consumo de equipamentos e serviços turísticos (BENI, 2001).

Fonte: elaborado pela autora (2015)

Conforme Tenan (2002), apesar de, em grande parte dos casos, serem atividades

complementares, não se caracterizam da mesma maneira. Tanto para a elaboração

de políticas públicas como para a orientação aos prestadores de serviços do turismo

de negócios e eventos, é importante ter o conhecimento dos tipos e formatos de

encontros. A classificação dos encontros por tipos e formatos permite diagnosticar

necessidades de infraestrutura e serviços para sua realização.

Alguns dos tipos e formatos de maior representação para o turismo de negócios e

eventos serão apresentados no Quadro 05 a seguir:

Quadro 05 – Exemplos de tipos e formatos de encontros do segmento. Atividade Equalização

Missões empresariais

Projetos geralmente organizados e coordenados por entidades de classe e órgãos do governo. Trata-se da formação de grupos de empresários para visitar potenciais mercados externos e identificar novas oportunidades de negócios.

Visitas técnicas

Atividades organizadas por determinados grupos para observar técnicas de excelência da área na qual atuam em centros de pesquisas, empresas, entidades, universidades. A programação de uma visita técnica pode incluir palestras e explanações teóricas, degustações (alimentos e bebidas), observação participativa e um showroom.

Viagens corporativas

Viagens individuais ou em pequenos grupos, com objetivos diversos, conforme a necessidade da empresa ou do profissional. Normalmente são ocasionadas pela participação em reuniões, prospecção de mercados, visita a clientes e fornecedores, acompanhamento de projetos e investimentos, monitoramento de filiais e franquias, estabelecimento de acordos e convênios, compra ou venda de produtos/serviços, entre outros interesses.

Reuniões de negócios

Encontros que objetivam a prospecção de clientes, o fechamento e/ou a discussão de contratos, a apresentação de propostas, o desenvolvimento e o acompanhamento de projetos, consultorias, entre outros.

Rodadas de negócios

Reuniões pré-agendadas entre produtores e compradores, geralmente realizadas paralelamente a feiras. Durante as reuniões, as empresas apresentam suas ofertas e demandas podendo concretizar negócios naquele momento ou apenas realizar um contato inicial. Quando os encontros comerciais não são agendados e cronometrados, em vez de Rodadas, são chamados apenas de Encontros de Negócios.

Feiras Reuniões pré-agendadas entre produtores e compradores, geralmente realizadas

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Atividade Equalização paralelamente a feiras. Durante as reuniões, as empresas apresentam suas ofertas e demandas podendo concretizar negócios naquele momento ou apenas realizar um contato inicial. Quando os encontros comerciais não são agendados e cronometrados, em vez de Rodadas, são chamados apenas de Encontros de Negócios.

Convenções

Encontros normalmente realizados por empresas nos quais participam seus colaboradores e/ou parceiros. Sua finalidade pode ser a avaliação de desempenho, lançamento de novos produtos, discussão de planejamentos estratégicos. A grande finalidade é a integração das pessoas dentro de um objetivo que a empresa ou organização deseja que seja atingido. Convenções poderão também ter como público participante as empresas de um mesmo segmento, sendo, nesse caso, promovida pela associação correlata. Exemplificando: convenções de empresas jornalísticas, supermercadistas, atacadistas etc.

Congressos

De grande importância, amplitude, porte e número de participantes, promovidos por entidades ou associações de classe, visa apresentar e discutir assuntos da atualidade e de interesse específico de determinada área ou ramo profissional. São compostos por vários tipos de atividades, muitas vezes até simultâneas, tais como mesas-redondas, colóquios, simpósios, palestras, entre outras. Normalmente esses eventos ocorrem com frequência determinada, alternando os destinos-sede. Têm uma duração média de três a cinco dias.

Seminários

De caráter estritamente técnico e bastante semelhante a um curso, reúnem um número limitado de pessoas de mesmo nível de qualificação. É constituído de três etapas: exposição do tema, discussão e conclusão, sendo que durante as discussões os participantes são divididos em grupos menores orientados por um coordenador.

Workshops

Têm características similares aos seminários, sendo o encontro de pessoas com interesses comuns onde o palestrante coloca sua experiência e trabalho, com a realização de atividades práticas sobre o tema desenvolvido. No turismo, frequentemente são utilizados para contatos entre prestadores de serviços (fornecedores) e contratantes, em uma formatação semelhante a uma junção entre feira e rodada de negócios.

Conferências

Eventos similares a uma palestra, no entanto com mais formalidades. Consistem na apresentação de um tema por especialista qualificado, para um público numeroso de bom nível de qualificação, com duração rápida. A videoconferência é uma conferência realizada a distância para pessoas em diferentes locais, utilizando-se de linha de satélites e um espaço físico próprio.

Cursos De finalidade educativa, caracterizam-se pela apresentação de determinado tema com o objetivo de capacitar os participantes por meio da aquisição de novos conhecimentos, treinamento ou reciclagem.

Fonte: elaborado pela autora, adaptado de Brasil (2010a, p. 20).

É importante compreender os formatos possíveis e as atividades que mais se

adequam à proposta solicitada, bem como verificar se os espaços e os serviços

disponíveis correspondem à demanda para a realização do evento de negócios.

Muito embora o desenvolvimento do segmento em um destino competitivo não

depende somente de valores como inovação, diversificação e receptividade, o

destino deve planejar e executar uma série de ações que permitam não só a

estruturação dos negócios e dos eventos na localidade ou região, mas também a

sua expansão e sustentabilidade (BRASIL, 2010a).

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No turismo de negócios e eventos, as iniciativas para atrair diversos tipos de

encontros dependem da parceria das organizações responsáveis pela geração,

captação e realização das atividades comerciais, industriais e técnicas-científicas

que alimentam o segmento. A cidade receptora deve funcionar como centro urbano,

com uma infraestrutura mínima para atender ao púbico corporativo, contando com

uma boa rede de comunicações e logística para deslocamento interno (MOTA;

FILHO, 2011).

De acordo com o Ministério do Turismo, para o desenvolvimento do segmento faz-se

necessário, a integração e cooperação dos empresários, compreendendo que nos

dias atuais são os destinos que competem e não mais empresários locais de um

mesmo setor (BRASIL, 2010a).

Portanto para se efetivar as parcerias o Ministério do Turismo recomenda:

• Identificar líderes entre os atores da cadeia produtiva;

• Analisar e avaliar parcerias já constituídas;

• Estabelecer metas para a formação de novas parcerias;

• Adesão de parcerias reais e potenciais, com o sistema “S” e as instituições

de ensino tanto técnicas quanto superior na área de turismo2;

• Instituir um fórum de discussão permanente para debater assuntos de

interesse comum (BRASIL, 2010a).

É necessário que toda a localidade esteja preparada para a consolidação do turismo

de negócios e eventos, que só vem a crescer no país, estabelecendo-se ano a ano

como um dos segmentos mais importantes do Brasil, sendo comprovado pelos

rankings anuais da International Congress & Convention Association (ICCA)

(BRASIL, 2010a, p.58).

2 Previstas pela Constituição Federal do Brasil, representa conjunto de instituições com o intuito de qualificar e promover o bem estar social de seus trabalhadores, entre elas: Serviço Social da Indústria (SESI), Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI), Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (SENAC), Serviço Social do Comércio (SESC), Serviço Social do Transporte (SEST), o Serviço Nacional de Aprendizagem do Transporte (SENAT), Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo (SESCOOP) e o Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE).

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Do ponto de vista dos negócios e eventos, observa-se nos clusters um ambiente

favorável à formação de novas empresas, principalmente porque as lacunas em

produtos e serviços se tornam mais facilmente perceptíveis, convidando novos

empreendedores a suprirem essas faltas, ou, até mesmo, a descobrirem novas

oportunidades de mercado baseados na evolução crescente a que se submetem

determinados segmentos empresariais estratégicos, a exemplo do turismo.

Em ambientes cada vez mais competitivos, os clusters de negócios se constituem

uma alternativa estratégica para as empresas afrontarem o mercado com maiores

chances de sucesso, pois alianças vêm gerando melhoria da qualidade dos serviços

e referências nos negócios, bem como maior visibilidade através de atividades com

outros membros do cluster e envolvimento com grandes eventos (NOVELLI;

SCHMITZ; SPENCER, 2006).

Segundo Acerenza (2002, p. 245), os eventos constituem-se como um importante

atrativo turístico.

As atrações de eventos, por sua vez, são aquelas em que um acontecimento constitui o principal fator para que o turista visite o lugar, como é caso das feiras e exposições, congressos e convenções, e os acontecimentos especiais, tais como: um evento esportivo, um festival ou um concurso de beleza.

Ainda conforme Acerenza (2002) para as empresas recém-criadas, o cluster

constitui uma oportunidade para saber mais sobre o mercado, o meio ambiente e

potenciais parcerias em futuros eventos. Já de maneira geral, de acordo com

Haddad (1999) a essência de desenvolvimento de clusters é a criação de

competências produtivas especializadas dentro de regiões para a elevação de seu

desenvolvimento econômico, ambiental e social.

Com o exposto, e diante de diferentes abordagens dos autores é importante e

necessário conhecer o conceito de cluster, assunto que terá maior enfoque em

seção adiante, sendo primeiramente efetuados estudos relativos ao

desenvolvimento regional, para assim uma maior compreensão da presente

dissertação.

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2.3 Perspectivas ao Desenvolvimento Regional

O desenvolvimento regional pode ser apresentado em duas correntes principais, de

acordo com suas origens e processos de instalação. A primeira está relacionada ao

planejamento centralizado do Estado Nacional, também entendido como

desenvolvimento de “cima para baixo”. A história econômica associa essa corrente

aos grandes projetos estruturantes (a exemplo dos complexos industriais), que

foram concebidos a partir de uma política voltada para a produção nacional. Nessa

linha de pensamento, Bresser-Pereira (2006, p.1), define desenvolvimento

econômico da seguinte forma:

O desenvolvimento econômico é um fenômeno histórico que passa a ocorrer nos países ou estados-nação que realizam sua revolução capitalista, e se caracteriza pelo aumento sustentado da produtividade ou da renda por habitante, acompanhado por sistemático processo de acumulação de capital e incorporação de progresso técnico.

A segunda corrente também conhecida como desenvolvimento endógeno, ou ainda

desenvolvimento local, propõe um movimento de “baixo para cima” e, mesmo nos

dias atuais, é caracterizada como forma alternativa de desenvolvimento. É

estabelecida a partir do sistema produtivo local, aproveitando as potencialidades

socioeconômicas intrínsecas. A esta se vinculam vários conceitos que serão

apresentados no decorrer deste trabalho. Bacelar (2000) argumenta que o

desenvolvimento local é resultante da capacidade dos atores locais se estruturarem

e se mobilizarem, tendo como base não somente as potencialidades, mas também

sua matriz cultural. Nas palavras de Amaral Filho (1999, p. 1282), “desenvolvimento

endógeno” pode ser entendido como:

[...] um processo de crescimento econômico implicando uma continua ampliação da capacidade de agregação de valor sobre a produção bem como da capacidade de absorção da região, cujo desdobramento é a retenção do excedente econômico gerado na economia local, e/ou a atração de excedentes provenientes de outras regiões. Este processo tem como resultado a ampliação do emprego, do produto e da renda local ou da região mais ou menos definido dentro de um modelo especifico de desenvolvimento regional.

Sobre as probabilidades de desenvolvimento dos lugares, Kotler et al. (2005, p.45)

salientam que “o potencial de um local não depende tanto da sua localização

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geográfica, seu clima e seus recursos naturais quanto da vontade, da habilidade, da

energia, dos valores e da organização das pessoas”. Manifestam-se ainda

enfatizando que se faz necessário também fazer um planejamento estratégico com

representações mistas dos setores público e privado, pois, “o menos desejável é

fazer poucas coisas” (KOTLER et al. 2005, p. 41).

Os projetos de desenvolvimento podem estar relacionados a algum tipo de vocação

da região, como algumas atividades típicas ou históricas, ou a existência de

atividade econômica criada pelo planejamento em função da vontade política das

lideranças locais ou regionais (AMARAL FILHO, 1999).

As identidades e diversidades culturais transformadas em produto de consumo têm

colaborado imensamente com o desenvolvimento do turismo, como atividade

econômica. Através das atividades turísticas, os patrimônios culturais, em suas mais

diversas dinâmicas e manifestações, tem conquistado visibilidade e valorização no

mercado cada vez mais competitivo e globalizado.

Uma grande tendência na revitalização de um local é o desenvolvimento de uma herança, a tarefa de preservar a história dos lugares, suas edificações, sua gente e seus costumes, o maquinário e outros artefatos que retratam a história. Existem inúmeros exemplos de locais que redescobrem seu passado, tiram proveito de ser uma cidade natal de uma pessoa famosa, de um evento, de uma batalha ou de outras preciosidades ocultas (KOTLER; JATUSRIPITAK; MAESINCEE,1997, p.221).

É através do turismo que algumas cidades encontram sua principal atividade

econômica, agregando valores às localidades, gerando empregos e fonte de renda.

De acordo com Ruschmann (2003) e Cortes-Jiménez (2008), uma característica do

turismo é a de ter uma taxa de crescimento constante que está relacionada ao

desenvolvimento econômico.

Com o intuito de promover o desenvolvimento dessas regiões turísticas do Brasil,

foram elaborados documentos técnico-orientadores com o passo a passo para a

implementação do Programa de Regionalização do Turismo – Roteiros do Brasil.

Dessa forma, cada região pode identificar o seu estágio de desenvolvimento e

começar a implementar as diretrizes da regionalização do turismo (BRASIL, 2007b).

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Por região turística entende-se como o espaço geográfico que apresenta

características e potencialidades similares e complementares, capazes de serem

articuladas e que definem um território, delimitado para fins de planejamento e

gestão. Assim, a integração de municípios de um ou mais estados, ou de um ou

mais países, pode constituir uma região turística (BRASIL, 2007b).

No Brasil, a regionalização surgiu a partir da observação de fatos que vinha

ocorrendo em alguns estados brasileiros em que os visitantes eram direcionados

para uma região e não somente para um determinado município. Dessa maneira,

para começar o trabalho de regionalização do turismo, em 2004 foi realizado o

mapeamento do território nacional, sendo então, elaborado o 1º Mapa da

Regionalização do Turismo, com a definição de 219 regiões turísticas com 3.203

municípios. Nos anos seguintes, o recorte foi reformulado em 2006 e 2009, com a

fixação de 276 regiões a serem trabalhadas, juntando um total de 3.635 municípios

(BARBOSA, 2011).

Ainda de acordo com Amaral Filho (2001, p.278), dependendo da situação, o

segmento do turismo, por exemplo, pode ser uma das inúmeras opções que se

aproximam do paradigma de desenvolvimento endógeno sustentado na medida em

que consegue conjugar vários elementos importantes para o desenvolvimento local

ou regional: (i) forças sócio-econômicas, institucionais e culturais locais, (ii) grande

número de pequenas e médias empresas locais, ramificadas por diversos setores e

sub-setores, (iii) indústria limpa, (iv) globalização da economia local, através do fluxo

de valores e informações nacionais e estrangeiras, sem que essa globalização crie

um efeito “trade-off” em relação ao crescimento da economia local, pelo contrário.

Por outro lado, esse tipo de atividade tem outra vantagem que é aquela de

possibilitar a transformação de “fatores dados” em “fatores dinâmicos”, diminuindo,

em muito, os custos de criação e de implantação que envolve qualquer projeto novo

de desenvolvimento. O modelo de gestão descentralizada do turismo, implantado no

País pelo Ministério do Turismo apoiado por seus colegiados parceiros, proporciona

que cada Unidade Federada, região e município busquem suas próprias alternativas

de desenvolvimento, de acordo com suas realidades e especificidades.

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Além desses pontos, duas dimensões importantes podem ser estabelecidas no

contexto do turismo: a primeira se refere à denominada “indústria do turismo”,

caracterizada como o conjunto das empresas prestadoras de serviços de

hospedagem, alimentação, transporte, agenciamento, entretenimento e outros

fornecedores que compõem o produto turístico (COOPER et al., 1996, p. 3).

A segunda dimensão denominada “economia do turismo”, conforme Lage e Milone

(2000, p. 117), assumem um espectro mais amplo porque esta indústria passa a ser

posicionada no contexto da economia mundial, relacionando-se direta e

indiretamente com outros setores produtivos, na condição de indutor ou supridor de

demandas, agregada à renda e ao produto nacional gerando desenvolvimento

econômico e movimentação de riquezas entre setores e regiões.

Assim, ratificam-se os escritos de Schumpeter quando o mesmo afirma que, o

processo de desenvolvimento econômico está condicionado a existência de

empresários inovadores e de novas combinações produtivas. Silva (2004) coloca

que de acordo com a teoria schumpeteriana do desenvolvimento, essas “novas

combinações”, é que vão definir uma situação ou um processo de desenvolvimento,

e consistem, no emprego diferente dos recursos produtivos disponíveis no sistema

econômico.

Diante do exposto, observa-se que o turismo se apresenta como uma nova visão

estratégica de desenvolvimento, com possibilidades reais de maximizar as

potencialidades locais, bastando que essas sejam capazes de aproveitar esse

fenômeno, e transformá-lo em uma alavanca de crescimento econômico para toda a

sociedade.

2.3.1 Turismo e Desenvolvimento Regional

A atividade do turismo tem sido o foco do planejamento regional tanto dos países

desenvolvidos como em desenvolvimento, com papel relevante na definição de

diretrizes, estratégias e ações governamentais de caráter intervencionista

direcionada para reduzir as desigualdades sociais e regionais na busca de um

desenvolvimento sustentável. O turismo como setor estratégico nos planos de

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desenvolvimento local, vem recebendo atenção especial da Organização Mundial do

Turismo – OMT, com estudos e sugestões de modelos de planejamento (OMT,

2004).

Com base nas análises de Meneghel e Tomazzoni (2012, p.248), constata-se que o

turismo apresenta, de acordo com OMT, probabilidades favoráveis de

desenvolvimento socioeconômico, em função de suas potencialidades e

oportunidades. Porém é, necessária gestão competente e comprometimento dos

atores responsáveis. A gestão dinâmica do desenvolvimento do turismo fundamenta-

se na visão de regionalidade e das suas inúmeras dimensões e redes de

cooperação.

Sendo o turismo um fenômeno que contribui para o desenvolvimento de uma região,

notadamente no que se refere à geração de emprego, renda, e preservação da

paisagem, a Organização Mundial do Turismo (OMT, 2001), afirma também que o

desenvolvimento do turismo está ligado ao desenvolvimento econômico do Brasil,

tendo seu impulso, sobretudo, a partir das décadas de 1960 e 1970, em função do

desenvolvimento estrutural então ancorado no processo de promover a

desenvolução industrial que transformava o país.

Essas modificações políticas e econômicas se deram especialmente, a partir do

chamado “milagre econômico brasileiro”, de 1968 a 1974, época em que o

crescimento econômico acelera-se e diversifica-se, devido à determinação dos

governos militares de fazer do Brasil uma “potência emergente”. Nessa fase foram

viabilizados fortes investimentos em infraestrutura e industrialização e observou-se

um crescimento contínuo das classes médias nas grandes cidades, bem como, nas

cidades menores e no campo devido à agroindústria modernizada (ALVES, 2010).

A expansão da classe média nesse período, por conseguinte, promoveu um

crescimento da urbanização, do consumo e do crédito, permitindo que o turismo

lograsse um desempenho de destaque, tornando-se, objeto de pesquisa e de

atenção tanto dos órgãos públicos, como também privados (ALVES, 2010, p. 12).

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No âmbito público e privado ressalta-se a governança como um meio de se atingir a

gestão dos movimentos turísticos que veem surgindo: “a parceria entre o público e

privado mostra-se essencial, de forma que a governança se apresenta e ganha ares

de essencialidade para as políticas de desenvolvimento regional do turismo”

(BARBARÁ; LEITÃO; FONTES FILHO, 2007, p.4).

Para maior entendimento sobre a participação da governança para o

desenvolvimento local, torna necessária sua conceituação:

Governança aparece como poder partilhado ou ação coletiva gerenciada, sendo particularmente pertinente para tratar organizações de natureza cooperativa, democrática e associativa. O termo torna-se uma categoria analítica, associada a conceitos como participação, parceria, aprendizagem coletiva, regulação e práticas de bom governo, tal como orçamento participativo e ações de desenvolvimento local e regional (RODRIGUES; MALO, 2006, p.32).

Com efeito, o turismo, aliado ao lazer, à cultura, e à preocupação com a qualidade

de vida, se desenvolveu nas sociedades pós-industriais, fato que faz da atividade

turística uma alternativa, por vezes, única, para o desenvolvimento local, sendo

assim, levado em consideração de forma séria, por alguns governos, estudiosos e

comunidades (ALVES, 2010, p. 12).

Para tanto de acordo com Tomazzoni (2008, p. 62) é preciso que os recursos

advindos dos impostos e divisas geradas pelo turismo sejam aplicados na prática de

melhorias de toda a infraestrutura urbana e rural. As administrações públicas teriam

um desempenho coerente ao priorizar o bem-estar da comunidade local,

proporcionando melhores condições de habitação, saúde, segurança, alimentação,

saneamento básico, bem como lazer e recreação.

Coriolano (2003) afirma que a partir de modelos voltados para o “desenvolvimento”,

as pessoas que haviam perdido a capacidade de reagir, de sonhar e produzir

utopias começa a reagir. São novas experiências voltadas às práticas de

desenvolvimento local, incentivadas pelo turismo.

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Pode-se dizer a partir de então que a atividade turística está correlacionada com o

crescimento da economia, e que o desenvolvimento do turismo resulta do

crescimento econômico do Brasil.

Como setor econômico, o turismo programa espaços de comunicação, de permuta

de informações e de conhecimento, assim sendo de acordo com Aulicino (2011), a

atividade turística pode se constituir em alicerce de desenvolvimento regional, isto é,

uma atividade básica que estimula atividades não básicas, em grau de municípios,

mas que ultrapassam para o entorno.

Dessa forma, a implantação do PNT - Plano Nacional de Turismo proporcionou ao

turismo, o reconhecimento como:

[...] uma atividade de importância fundamental para o crescimento da economia do País devido não somente a sua contribuição significativa para o aumento do PIB, como também pela potencial capacidade de geração de trabalho, ocupação e renda, com impactos na melhoria da qualidade de vida da população (BRASIL, 2007a, p. 24).

Diante disso, o desenvolvimento do turismo no Brasil está centrado na

regionalização implantada pelo PNT, que propõe a estruturação, o ordenamento e a

diversificação da oferta turística no País, que se constitui no referencial da base

territorial do Plano Nacional de Turismo (ALVES, 2010, p. 12).

O PNT foi a evolução natural do Programa Nacional de Municipalização do Turismo

(PNMT3) haja vista, que o desenvolvimento regional, se faz possível com maior

agilidade, quando a unidade base da região, o município, possui uma infraestrutura

primária e atrativos qualificados para atrair e distribuir turistas para seu entorno,

contribuindo assim, para dinamizar a economia da região em que está inserido

(ALVES, 2010, p. 12).

Fratucci (2009, p. 391), critica o descaso das políticas públicas atuais para o

ordenamento do turismo nacional e sugere “a possibilidade da consolidação de

3 O PNMT instituído em 1994 objetivava a conscientização, estímulo e capacitação nos municípios no sentido de estimulá-los para que reconhecessem a importância do turismo como gerador de emprego e renda, conciliando o crescimento econômico com a preservação dos patrimônios ambiental, histórico e cultural.

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redes regionais como novas instâncias de governança para tal função, desde que

sejam frutos de processos endógenos, participativos e realmente democráticos”.

Cabe destacar que é imprescindível que haja políticas públicas no sentido de evitar

a degradação das cidades e da própria atividade econômica turística, em

consequência do desenvolvimento desordenado do turismo. Não obstante, é

importante salientar que uma política pública mobilizadora capaz de promover

mudanças por meio de um planejamento sistematizado e participativo, certamente

poderá coordenar o processo de desenvolvimento turístico de forma regionalizada

no Brasil (ALVES, 2010, p. 12).

Para Ruschmann (2003, p.84), os objetivos do planejamento turístico podem

envolver localidades, regiões, países e até continentes, e envolvem tanto órgãos

públicos e empresas privadas deste ramo de atividade, como também fatores

influenciadores em todos os níveis.

Nesse sentido, de acordo com o MTur, o Programa de Regionalização do Turismo –

Roteiros do Brasil, tem como premissa, promover formas de coordenação entre

organizações sociais, agentes econômicos e representantes políticos, superando a

visão estritamente setorial do desenvolvimento, visando a integração regional

através de projetos de valorização e inclusão social no desenvolvimento do turismo,

fortalecendo a inserção socioeconômica da população local nas atividades

relacionadas com o turismo (BRASIL, 2007b).

O desenvolvimento regional do turismo, segundo o Ministério do Turismo do Brasil

(2007b), está ancorado na integração dos atores das comunidades para concepção

de regiões com potencialidades para que, unidas, sejam uma força atrativa de fluxos

e de investimentos. Somente é possível a integração com participação e diálogo

entre os atores envolvidos.

Meneghel e Tomazzoni (2012, p. 257), enfatizam a importância da comunicação e

entendimento dos atores envolvidos no turismo e desenvolvimento regional, emitindo

seu parecer:

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Conhecer e entender os atores e as políticas públicas de desenvolvimento regional, utilizar os melhores meios e determinar estratégias de comunicação para atingir os fins esperados são algumas ações para integração regional do turismo. Analisar o ambiente em que estão inseridos os processos de regionalização e do desenvolvimento turístico, bem como os fatores importantes que impactam na sua cultura, é fator essencial da comunicação eficiente e eficaz. O processo de regionalização é feito por pessoas e com pessoas, e para que as pessoas se entendam, é necessário diálogo e comunicação planejada e eficiente, visando à mobilização, à conscientização e à vontade de mudança.

A comunicação responsável e participativa é imprescindível para o desenvolvimento

regional do turismo e trabalhar em conjunto é uma tarefa muito mais difícil do que

fazer um trabalho solitário, porém, a condição de sobrevivência em tempos de

extrema competitividade surge do fortalecimento do grupo.

2.3.2 Cluster

A terminologia cluster é de origem inglesa e é utilizada para descrever um

agrupamento de objetos similares, (ALMEIDA; FISCHMANN, 2002; ZACCARELLI,

2000). A tradução literal para o termo é “agrupamento”, “cacho”, “ramalhete”, etc.,

comunicando a ideia de conjunto interligado e próximo. A utilização desse termo

para definir um modelo de integração multiorganizacional sugere uma unidade de

propósito, em um espaço restrito, adicionado por um resultado final único

(GARRIDO, 2001, p. 54).

O conceito de clusters começa a ser delineado no final da década de 70, nos

estudos de Michael Porter sobre competitividade, talvez o conjunto mais completo

de reflexões sobre o assunto. Para Porter (1999, p.211), cluster: “[...] é um

agrupamento geograficamente concentrado de empresas inter-relacionadas e

instituições correlatas numa determinada área, vinculadas por elementos comuns e

complementares”.

Porter (1998) ainda utiliza-se da palavra cluster para descrever o agrupamento de

empresas da mesma indústria e afirma que, em uma economia globalizada, muitas

das vantagens competitivas dependem de fatores locais e, por este motivo, as

concentrações geográficas de empresas ganham importância.

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De acordo com Porter (1999, p. 104),

um cluster geralmente melhora a reputação de uma região em determinado setor, aumentando as oportunidades de os compradores procurarem as empresas ali sediadas. A reputação da Itália em moda e design, por exemplo, beneficia as empresas ligadas a produtos de couro, calçados, vestuários e acessórios.

A vantagem competitiva de um local, região ou cidade não surge habitualmente em

empresas isoladas, mas em clusters de empresas, ou seja, em empresas da mesma

indústria, atreladas entre si através de relações do tipo cliente/fornecedor (KOTLER;

JATUSRIPITAK; MAESINCEE, 1997). Sendo assim, os clusters representam

melhoria de relações e infraestrutura numa determinada área.

Segundo Lastres e Cassiolato (2003), o termo cluster faz referência a aglomerados

territoriais de empresas, desenvolvendo atividades semelhantes.

Posteriormente, outros autores e instituições, que passaram a adotar o modelo de

clusters, assim o definiram: No contexto dos estudos empresariais esta terminologia

é empregada quando em uma determinada região geográfica um grande número de

empresas dedica-se a produzir o mesmo tipo de produto ou serviço (ALMEIDA;

FISCHMANN, 2002; ZACCARELLI, 2000).

Zaccarelli (2000, p.198) afirma que, “o cluster existe naturalmente, mesmo que as

empresas que dele participam não tenham consciência de sua existência”, e

esclarece que “um cluster não é uma organização formalizada de empresas, na qual

elas se inscrevem e ganham uma carteirinha de membro do cluster, como se fosse

um clube ou associação”. Humphrey e Schmitz (1995, p.8), por sua vez o definem

como:

uma concentração geográfica e setorial de empresas. Tal concentração será beneficiada por economias externas – o surgimento de fornecedores para matérias primas e componentes, maquinário novo e de segunda-mão, peças de reposição, concentração de trabalhadores com habilidades setoriais específicas, podendo também atrair agentes de vendas para mercados distantes e serviços especializados de caráter técnico, financeiro e contábil.

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Schmitz (1997) descreve que clusters permitem alcançar ganhos de eficiência

coletiva, proporcionando vantagens competitivas as quais, raramente, empresas

isoladas alcançariam. Na mesma linha de pensamento está Zaccarelli et al. (2008),

afirmando que as empresas pertencentes aos clusters de negócios obtêm maiores

vantagens competitivas sobre empresas concorrentes individuais.

Rosenfeld (1996) contribui relatando que o cluster pode ser interpretado como uma

aglomeração de empresas independentes concentradas em determinado espaço

geográfico, que se beneficiam das mesmas oportunidades e enfrentam as mesmas

dificuldades.

Os operadores do projeto Chihuahua Siglo XXI – México (1998): refletem que o

cluster pode ser entendido como um grupo econômico formado por empresas ou

indústrias abrigadas em uma região, apoiadas por outras que fornecem matéria

prima e serviços sustentados por organizações com profissionais qualificados, altas

tecnologia, ambiente propício para os negócios e infraestrutura física (LOPES

NETO, 1998).

Altemburg e Meyer-Stamer (1999), em seus estudos e experiências na América

Latina, definiram que clusters são aglomerações razoavelmente extensa de firmas,

em uma área espacialmente delimitada, com perfil de especialização distinto e na

qual o comércio entre empresas é substancial.

A Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais, (FIEMG), no Projeto Cresce

Minas:

[...] um conjunto de empresas e entidades que interagem, gerando e capturando sinergias, com potencial de atingir crescimento competitivo contínuo superior ao de uma simples aglomeração econômica. Nele, as empresas estão geograficamente próximas e pertence à cadeia de valor de um setor industrial. Essa integração das empresas gera, entre outros benefícios, redução de custos operacionais, e dos riscos apresentados, aumento da qualidade dos produtos e serviços, acesso à mão de obra mais qualificada, atração de capital, criação de empreendedores e melhor qualidade de vida (FIEMG, 2000, p. 16).

Após estudos sobre clusters industriais e suas origens no campo teórico, Igliori

(2001, p. 111) emitiu a seguinte definição: “[...] o cluster é caracterizado pela

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concentração espacial e setorial de empresas, em que o desempenho dessas, pelo

menos parcialmente, é explicado pela interdependência existente entre firmas”.

A Monitor Group (2001, p. 33), consultoria contratada pelo Governo da Bahia para

estabelecimento do Cluster do Entretenimento da Bahia: “Cluster é um conjunto de

empresas e entidades paralelas que estão direta e indiretamente relacionadas à

cadeia produtiva de uma indústria de uma região e envolve organizações do setor

público, privado e institucional”.

O investimento em bens públicos é geralmente considerado como função do

governo, mas o conceito de cluster evidencia que os recursos e as instituições locais

beneficiam as empresas. Nesse sentido, as associações comerciais podem se

transformar em fóruns para a troca de ideias e em centros de ação coletiva para

superar obstáculos que contrapõe a produtividade e o crescimento.

Analisando as definições anteriormente apresentadas, além de outras disponíveis na

literatura sobre o tema, pode-se verificar que, apesar de reduzidas variações

conceituais, estão presentes essas premissas básicas, quais sejam, a concentração

geográfica de um setor produtivo, que compartilha os mesmos propósitos e almeja o

alcance de resultados coletivos.

Garrido (2001) reúne uma série de conceitos sobre cluster, que podem ser

visualizados de modo sintético na Figura 04.

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Figura 04 – Definição de clusters na percepção de diferentes autores.

Fonte: elaborado pela autora, adaptado de Garrido (2001).

Além de melhorar a produtividade, os clusters desempenham um papel primordial na

capacidade de inovação permanente das empresas. Já que os consumidores mais

exigentes costumam fazer parte do cluster, as empresas participantes geralmente

dispõem de opções mais adequadas para o mercado do que seus concorrentes

isolados.

Ao mesmo tempo, o contato permanente com outras entidades do cluster contribui

para que, as empresas saibam com antecedência como a tecnologia está evoluindo,

qual a disponibilidade de componentes e máquinas, quais os novos conceitos de

serviço e marketing, elevando assim o poder econômico das mesmas (PORTER,

1999).

A noção de cluster assemelha-se perfeitamente à ideia de arranjos produtivos locais

(APL). Alguns autores abordam ambas as terminologias ao se referir às

aglomerações de empresas especializadas em produtos ou serviços com ênfase

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numa área geográfica limitada. O conceito de APL é introduzido de forma integrada

e mostra-se abrangente e complexo ao buscar esclarecer os elos de encadeamento.

Geralmente, um arranjo produtivo é compreendido como uma aglomeração

produtiva de pequenas e médias empresas de uma mesma atividade econômica,

que cooperam e competem entre si. Os objetivos são idênticos, todos direcionados

ao estimulo do desempenho e competitividade das indústrias através do incentivo à

inovação, no intuito de promover o desenvolvimento econômico e social sustentável.

A discussão teórica pode ter diversos destaques, mas o que vale é aplicar a teoria

adequada para transformar a realidade. O modelo APL é adequado às ideias das

teorias econômicas apresentadas neste capítulo, quanto à função, a

responsabilidade e aos papéis dos atores no desenvolvimento regional, pois ele

contempla o comprometimento das organizações públicas e privadas.

O conceito de arranjos produtivos locais – APL – será abordado com mais detalhes

na seção seguinte.

2.3.3 Arranjos Produtivos Locais – (APL): A naturalização do cluster no Brasil

Arranjos produtivos locais segundo o Dicionário Aurélio podem ser expressos como

tradução da palavra inglesa cluster, que significa grupamento ou aglomeração

(FERREIRA, 2004).

Os APLs constituem um meio de potencializar as ações de políticas públicas e

representam uma alternativa funcional para as empresas que buscam dinâmicas

produtivas e tecnológicas. A analogia do termo APL com o termo cluster, e outros,

pode ser observada na afirmação de Gorayeb (2002, p.24-25) em que a

denominação referente às aglomerações setoriais de PEs não é homogênea na

literatura e nos programas públicos de desenvolvimento regional e industrial,

englobando diversas designações, entre as quais se destacam no Quadro 06.

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Quadro 06 – Diferentes designações para APL. Designações para APL Autores

Sistemas de pequenas empresas (GAROFOLI, 1994) Sistemas produtivos descentralizados (COSTA, 2001) Sistemas produtivos localizados (VIDAL, 2000) Arranjos locais de PEs (CASSIOLATO; LASTRES, 1999) Modelo comunitário (SOUZA, 1995)

Clusters (MARSHALL, 1982; PORTER, 1999; SCHMITZ, 1997)

Sistemas industriais locais (COURLET; PECQUER, 1991; COLLETIS, 1990)

Sistemas produtivos locais (GAROFOLI, 1993)

Milieu innovateurs- (Ambiente inovador) (CREVOISIER; MAILLAT, 1991; CAMAGNI, 1991)

Clusters regionais e rede de inovação regional (EUROPEAN COMMUNITIES, 2002) Fonte: elaborado pela autora (2015).

Posto isso, esse modelo de regionalização estimula e produz vínculos de parceria,

integração e cooperação dos setores, que geram produtos e serviços capazes de

inserir no setor produtivo da economia, unidades produtivas de base familiar, formais

e informais, micro e pequenas empresas, que se reflete no estado de bem-estar das

populações (BRASIL, 2007a). Esse paradigma, caracterizado pela integração e

correlação de responsabilidades, é também, o que distingue os chamados arranjos

produtivos locais do turismo.

Diante do exposto, pode-se inferir de acordo com o BNDES (2004), que as pessoas,

empresas e instituições envolvidas com um APL percebem que sua prosperidade

depende da prosperidade do país, ou seja, elas não são de maneira nenhuma

indiferentes ao futuro da nação. Também precisam entender que um APL gera

impactos socioambientais e que tais impactos deverão ser essencialmente levados

em consideração pelo conjunto de empresas que o constitui (REDESIST, 2016).

A ocorrência de um aglomerado como um APL é definido por Porter (1999, p. 216)

como, propenso a ocorrer em diversos setores locais, tais como restaurantes, hotéis,

confecções e agricultura, independente de economias mais expressivas ou

minoritárias e em vários espaços geográficos (países, estados, metrópoles ou

pequenos municípios). Muito embora seja mais representativa em economias

avançadas é possível também a ocorrências em economias em desenvolvimento,

especialmente com a incidência de pessoas trabalhando próximas geograficamente

e numa mesma área de conhecimento, pois facilita a troca de experiências e

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informações, representando vantagens competitivas nos chamados aglomerações,

clusters ou APLs (arranjos produtivos locais).

Para Lastres e Cassiolato (2003, p.27) conforme a definição proposta pela RedeSist,

arranjos produtivos locais são aglomerações territoriais de agentes econômicos,

políticos e sociais – com foco em um conjunto específico de atividades econômicas

– que apresentam vínculos, mesmo que incipientes. Geralmente, envolvem a

participação e a interação de empresas – que podem ser desde produtoras de bens

e serviços finais, até fornecedoras de insumos e equipamentos, prestadores de

consultorias e serviços, comercializadoras, clientes, entre outros – e suas variadas

formas de representação e associação. Incluem também instituições públicas e

privadas voltadas para: formação e capacitação de recursos humanos (como

escolas técnicas e universidades); pesquisa, desenvolvimento e engenharia; política,

promoção e financiamento.

Para o Castro (2009), arranjos produtivos são aglomerações de empresas

localizadas em um mesmo território, que apresentam especialização produtiva e

mantêm algum vínculo de articulação, interação, cooperação e aprendizagem entre

si e com outros atores locais tais como governo, associações empresariais,

instituições de crédito, ensino e pesquisa. Um arranjo produtivo local é caracterizado

pela aglomeração de um número significativo de empresas que atuam em torno de

uma atividade produtiva principal. Para isso, é preciso considerar a dinâmica do

território em que essas empresas estão inseridas.

Segundo Calaes (2006, p. 141) “[...] Território é um campo de forças, uma teia ou

rede. Nesse sentido, o arranjo produtivo local também é um território onde a

dimensão constitutiva é econômica por definição, apesar de não se restringir a ela.

Portanto, compreende um recorte do espaço geográfico que possua sinais de

identidade coletiva”.

Além disso, para uma maior eficiência coletiva é necessário ter a capacidade de

direcionar as expectativas de desenvolvimento estabelecendo parcerias e

compromissos para manter os investimentos de cada ator no próprio território

promovendo integração econômica e social no próprio local.

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Albagli e Britto (2003) conceituam arranjo produtivo local, como um tipo especial de

cluster e que, genericamente, cluster é agrupamento territorial de agentes

econômicos que desenvolvem atividades similares. Consideram essa abordagem

análoga ao conceito de arranjos produtivos locais. Estes, por sua vez, são

aglomerações territoriais com foco em um conjunto específico de atividades

econômicas, com vínculos e interdependências. Assim sendo,

O aumento da importância conferida às aglomerações produtivas vem se fazendo sentir, no mundo e no Brasil, marcadamente a partir da década de 1990, apesar de esta não ser uma abordagem necessariamente inédita. Os termos utilizados para designar tais aglomerações têm sido os mais variados – tais como polos, clusters, distritos industriais, cadeias produtivas locais –, sendo também diversas as concepções que lhes estão subjacentes. Nos primeiros anos do novo século, a incorporação dessas noções já era clara no cenário nacional. Recentemente o termo arranjos produtivos locais difundiu-se de modo extremamente rápido, substituindo, na terminologia da grande maioria das agendas políticas, outros termos análogos. Essa uniformização de terminologias é percebida, pelos agentes de política, como representando uma significativa contribuição aos esforços de coordenação e de articulação de suas ações e, deste modo, como favorecendo sua maior efetividade. Nota-se a disposição dos diferentes organismos e instâncias em contribuir e participar dos esforços de integração e coordenação de suas iniciativas, apesar de diferentes estágios de implementação das ações em cada um deles. Cabe, porém, um alerta para que a adoção generalizada do termo APL corresponda de fato a uma mudança de abordagem, e não apenas à manutenção de antigas visões sob novas roupagens para acompanhar uma moda ou mesmo garantir recursos públicos e espaços políticos. Isto significa que a adesão ao uso do termo APLs não deve representar uma mera mudança de terminologia, mas sim a incorporação de um novo conceito e de uma nova abordagem, de modo a se alcançarem, de fato, os benefícios dessa incorporação. A vantagem em se adotar um novo conceito no âmbito da formulação de políticas reside justamente no que este pode contribuir na compreensão e implementação de novas formas de intervenção. Ou seja, a adoção do termo APLs terá sentido na medida em que contribua para a obtenção de melhores resultados, do ponto de vista das políticas de desenvolvimento do país (LEMOS; ALBAGLI; SZAPIRO, 2004, p. 54-55).

No entanto, o objetivo de Castro (2009, p. 6) ao atuar em arranjos produtivos locais,

“é promover a competitividade e a sustentabilidade dos micro e pequenos negócios,

estimulando processos locais de desenvolvimento”. Além disso,

As aglomerações de empresas que desenvolveram atividades cooperativas e um processo de criação e difusão do conhecimento enraizado na localidade podem ser uma grande chance para o desenvolvimento nacional e regional em um mundo globalizado, onde os movimentos de capitais e de mercado estão cada vez mais livres (BNDES, 2004, p. 11).

Nesse contexto, para Campos, Callefi e Souza (2005, p. 166),

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As aglomerações produtivas encontram-se geralmente associadas a trajetórias históricas de construção de identidade e de formação de vínculos territoriais (regionais e locais), a partir de uma base social, cultural, política e econômica comum.

Para Paula (2004), a formação de um APL advém da necessidade de deslocar o

olhar das empresas, consideradas isoladamente, para o ‘território’, a fim de que esse

se torne ‘competitivo’, ou seja, que reúna as condições para promover o

adensamento empresarial, o dinamismo socioeconômico e a especialização

produtiva dos territórios.

Segundo Lemos (2004, p. 8) “O grau de parcerias e cooperação entre os agentes

sociais é que vai caracterizar a existência de aglomerados ou arranjos produtivos

locais”. O modelo de arranjos produtivos locais tem sido estudado e discutido como

um mecanismo que contribui para o aumento da competitividade das empresas

trazendo benefícios para o desenvolvimento local em tempos de globalização. Muito

embora, para Lemos (2004) nem todo agrupamento traz consigo uma vantagem

competitiva para as organizações que o compõe, pois, o desenvolvimento de maior

número de empresas numa região não garante melhorias econômicas nem

contempla a concorrência.

Os APLs são constituídos em seu ventre, por empresas pertencentes à mesma

cadeia produtiva, que atuam em parceria objetivando o aumento do mercado. A

expectativa e intuito comum de um APL é que o esforço competitivo seja menor do

que a empresa atuar de forma independente (ALVES, 2010).

De acordo com o referencial teórico exposto, o APL fundamenta-se essencialmente

no conceito da territorialidade. Os valores comuns não se limitam, entretanto, a um

mapa geográfico, pois o território econômico é muito mais abrangente e rico.

Paradoxalmente, frente à globalização, o conhecimento é mais oculto, mais

localizado, especializado, exclusivo. Isso estabelece que se respeitem os valores

culturais, se preservem as identidades, mas sem desconsiderar o que se passa no

mundo, pois, para a formação socioeconômica, é preciso que haja constante

interação (TOMAZZONI, 2008, p.51).

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Para esta dissertação será adotada a terminologia APL também como sinônimo de

Cluster, principalmente considerando os estudos de aglomerados empresarias.

Como referência será evidenciada o conceito de Albagli e Britto (2003), os quais

definem arranjo produtivo local como aglomerações territoriais com direcionamento

em um conjunto específico de atividades econômicas, com vínculos e

interdependências. Assim sendo, são empresas que trabalham a reciprocidade entre

as mesmas, gerando cooperação e aprendizagem entre si, porém sem deixar de

serem independentes uma das outras. Ainda segundo Albagli e Britto (2003), a

terminologia APL difundiu-se rapidamente, substituindo outros termos idênticos em

sua conceituação.

2.3.4 A metodologia APL

O objetivo do APL é estudar o conjunto de empresas, pois elas são o foco da

inovação, submetidas às limitações dos condicionantes macroeconômicos. As

unidades de análise são os aglomerados de agentes econômicos, políticos e sociais.

Estuda-se, por exemplo, o arranjo produtivo do polo têxtil da cidade de Cianorte

(PR), e não o município de Cianorte. Para identificar uma rede de organizações, a

metodologia do APL reúne informações, para a elaboração de projetos, visando ao

fortalecimento dos elos presentes, buscando complementar o arranjo com os elos

faltantes e agindo de forma eficaz nos elos de valor. A metodologia do APL enfatiza

ainda que as questões climáticas e ambientais impõem uma postura ecologicamente

correta, visando ao desenvolvimento econômico sustentável (TOMAZZONI, 2008,

p.51).

O Arranjo Produtivo é Local – APL é um método aplicado a contextos de

organizações analisados sob a conceituação de rede para entender como e por que

as aglomerações se desenvolvem. A metodologia do APL foi criada por um grupo de

pesquisadores da UFRJ – Universidade Federal do Rio de Janeiro, que constituem a

RedeSist – Rede de Pesquisa em Sistemas Produtivos e Inovativos Locais. A

metodologia do APL pondera que é necessária a interação conceito-realidade, que

pode ser sob ângulos diversos de acordo com cada situação vivenciada, experiência

do agente observador e de cada rede analisada. Evidencia-se a atenção com a

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elaboração dos conceitos para emprego adequado das ferramentas ou instrumental,

pois novos olhos possibilitam ver a realidade de modos diferentes.

A metodologia do APL não se propõe a apresentar nada de extraordinariamente

novo, apenas enfoca aspectos aos quais outros pesquisadores não se têm dedicado

a analisar em maior profundidade. Não é um modelo obrigatório de arranjo, apenas

uma sugestão. A metodologia do APL estrutura-se, ainda, em critérios de estudo

como: relevância econômica no contexto regional; capacidade endógena e difusão

do progresso técnico; possibilidades de exportação; capacidade de absorção de

mão-de-obra (TOMAZZONI, 2008, p.51).

Figura 05 – Os três pilares da metodologia APL.

Fonte: adaptado de Tomazzoni (2008, p. 53).

A capacidade de inovar só é possível se houver cooperação. Identificando segundo

Lastres e Cassiolato (2003), os tipos de mecanismos de cooperação em arranjos

produtivos locais cita-se a cooperação produtiva que propõe a obtenção de

economias de escala e de intenção, bem como a melhoria dos índices de qualidade

e produtividade; outro é a cooperação inovativa, referente à cooperação para

formação da mão-de-obra e para a resolução de problemas comuns (REDESIST,

2016).

Os enraizamentos da cooperação e da inovação são inviáveis sem um processo de

aprendizagem constante, oferecido pela empresa e por um conjunto de atores

econômicos, sociais e políticos. A constante busca por inovação é uma

característica essencial e fundamental do arranjo produtivo local. “A capacidade

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inovadora deve ser entendida como qualquer mudança que proporcione algum tipo

de vantagem, como ganhos de competitividade e de produtividade”. Diante desse

contexto, supõe-se que, um motivo para isso seja “a conexão entre produtos locais e

cultura local, que provém entre outros aspectos, da transmissão de relatos, hábitos,

crenças e costumes de um conjunto de pessoas”. Essas características que refletem

a cultura de um povo acabam por moldar o perfil de uma região, o que, por

conseguinte, refletem na sociedade e condicionam o desenvolvimento local

(TOMAZZONI, 2008, p. 51).

Ratifica esse pensamento Paula (2004), discorrendo que a chave do

desenvolvimento não está apenas na capacitação dos empreendedores, e sim que,

concentrar esforços no preparo gerencial de pessoas para melhor gerirem os

negócios, resultaria numa maior capacidade de gerar desenvolvimento.

Respeitante esse tema, cabe salientar que aglomerações como um APL, quando

bem desenvolvido, são catalisadores do desenvolvimento de suas regiões e

costumam ter instituições que lideram, cooperativamente com os governos locais,

ações de planejamento participativo e cooperação (BNDES, 2004).

O conceito de APL é atualmente utilizado como principal metodologia para avaliação

da competitividade das regiões e também para auxiliar os governos locais na

identificação de áreas prioritárias para intervenções e para a melhoria das condições

de educação, saúde, infraestrutura, treinamento, tecnologia, entre outros (SEBRAE,

2015).

A especificidade dos arranjos produtivos faz com que uma política de promoção dos

mesmos envolva, fundamentalmente, instituições públicas, privadas e atores locais,

de modo a criar condições para a cooperação e para o desenvolvimento local e

regional, assunto que será abordado em uma seção posterior.

2.3.5 Tipos e fases

Baseando-se nas teorias anteriormente citadas, Porter (1999) cria o conceito de

Cluster Econômico, o qual servirá como base para os estudos de desenvolvimento

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turístico-econômico e regional. Posteriormente, quando definiu e caracterizou a

ocorrência dos clusters, Porter (1999) assim se expressou:

Os aglomerados ocorrem em muitos tipos de setores, em campos maiores ou menores e mesmo em alguns negócios locais, como restaurantes, revendedoras de automóveis e antiquários. Estão presentes em economias grandes e pequenas, em áreas rurais e urbanas, e em vários níveis geográficos (por exemplo, países, estados, regiões metropolitanas e cidades). Encontra-se em economias avançadas e em desenvolvimento, embora os existentes em economias avançadas tendam a ser muito mais desenvolvidas. Nesse sentido, os clusters afetam a capacidade de competição de três maneiras principais: aumentando a produtividade das empresas sediadas na região; indicando a direção e o ritmo da inovação, que sustentam o futuro crescimento da produtividade; estimulando a formação de novas empresas, o que expande e reforça o próprio cluster (PORTER 1999, p. 102).

De acordo com Porter (1999) os clusters geram tanto a concorrência como a

colaboração. Além disso, o cluster pode tornar as compras mais atraentes para os

clientes, que têm a oportunidade de visitar vários fornecedores em uma única

viagem, comparando as ofertas. No caso de clusters com grande participação de

pequenas e médias empresas – como os de turismo, vestuário e agricultura–, há

uma enorme necessidade de órgãos coletivos que assumam funções que levem a

economias de escala.

Outra referência importante na obra de Porter (1986, p. 187), fora do setor industrial,

se encontra nas suas teorias sobre formulação de estratégias competitivas nas

chamadas “indústrias” fragmentadas. O autor relaciona áreas como: “[...] prestação

de serviços, varejo, distribuição, fabricação de madeiras, produtos agrícolas e

negócios ‘criativos’ [...] deixando evidente desde o começo de seus estudos sobre

competitividade, uma concepção mais aberta e abrangente”.

O padrão de crescimento do turismo mundial e o surgimento de novos produtos

turísticos em todo o mundo impõe a necessidade de acompanhamento das

vantagens competitivas que poderão ser estruturadas e monitoradas a partir do

modelo de cluster em destinos turísticos.

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Poucos autores se referem a cluster fora do setor industrial. Dentre os autores

citados neste trabalho, está Porter (1999, p.105) que menciona a formação e

aplicação desse modelo de cluster para o setor turístico.

Como o foco principal deste trabalho está direcionado para aplicação de cluster no

setor de turismo, passa-se a comentar alguns aspectos que foram avaliados como

relevantes para recomendação do modelo.

2.3.6 Cluster no turismo – a atividade turística como elemento central

De acordo com Porter (1999) a formação de clusters de turismo nos países em

desenvolvimento pode contribuir tanto para melhorar a infraestrutura de cidades

afastadas como para distribuir a atividade econômica.

Monfort e Vicente (2000, p. 46) propõem o seguinte conceito de cluster turístico,

adaptado a partir do conceito de Aglomerações de Porter:

O conjunto complexo de diferentes elementos, entre os quais se encontram os serviços prestados por empresas ou negócios turísticos (alojamento, restauração, agência de viagens, parques – aquáticos, temáticos, etc.); a riqueza que proporciona a experiência das férias de um turista; o encontro multidimensional entre empresas e indústrias relacionadas; as infra-estruturas de comunicação e transporte; as atividades complementares (dotação comercial, tradição em feiras, etc.); os serviços de apoio (formação e informação, etc.); e os recursos naturais e as políticas institucionais.

Beni (2003) define cluster turístico enfatizando a articulação entre os agentes e a

cooperação através da formação de redes de empresas, emitindo sua definição

como:

[...] o conjunto de atrativos com destacado diferencial turístico, concentrado num espaço geográfico delimitado dotado de equipamentos e serviços de qualidade, de eficiência coletiva, de coesão social e política, de articulação da cadeia produtiva e de cultura associativa, e com excelência gerencial em redes de empresas que geram vantagens estratégicas comparativas e competitivas (BENI, 2003, p.74).

Considerando que o fenômeno turístico se caracteriza por compor-se de um

aglomerado de elementos – hospedagem, alimentação, entretenimento, lazer,

recreação, etc. – estruturados no entorno dos recursos naturais ou histórico-culturais

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e que, clusters econômicos são caracterizados, segundo Igliori (2001, p. 111), “[...]

pela concentração espacial e setorial de empresas, em que o desempenho dessas,

pelo menos parcialmente, é explicado pela interdependência existente entre firmas”,

pode-se inferir que um cluster turístico compreenda o conjunto de empresas

privadas e instituições públicas que interagem em prol da atividade turística.

De acordo com a percepção de diferentes autores, fica assim caracterizado cluster

turístico, na Figura 06.

Figura 06 – Cluster Turístico diante de diferentes autores

Fonte: elaborado pela autora (2015)

Sob esta ótica, os atores do cluster aprenderão a utilizar a produção das fazendas,

as paisagens, a cultura local, a hospitalidade e a diversidade culinária regional,

como atrativos turísticos propriamente ditos.

Porter (1999, p.105), menciona a formação e aplicação deste modelo para o setor de

turismo, ao afirmar que “[...] a satisfação do turista depende não apenas do apelo da

atração primária do local, mas também da qualidade e eficiência das empresas

correlatas – hotéis, restaurantes, centros comerciais e meios de transportes”. Como

os membros do cluster são mutuamente dependentes, o bom desempenho de um

pode aumentar o sucesso dos demais, os quais precisam atuar em cooperação para

atingir o objetivo maior que é o aperfeiçoamento do produto turístico.

Cunha e Cunha (2005) desenvolveram um modelo de representação de um cluster

turístico, que pode ser visualizado na Figura 07.

Através dessa representação é possível identificar um ajustamento interno entre as

variáveis apresentadas. Esse ajuste inclui o conjunto de atrações turísticas que

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desempenhem motivação sobre os turistas, inclui também, um agrupamento de

empresas que prestam serviços turísticos, setores de apoio à prestação de serviços

turísticos, infraestrutura básica adequada e de baixo custo, além disso, inclui

empresas que proporcionem qualificação especializada, informações e capital

financeiro. As partes do aglomerado em geral são dependentes umas das outras e o

deficitário desempenho de uma delas pode comprometer o sucesso das outras, pois

o cluster turístico se relaciona e interage não apenas com elementos internos, mas

também com ambientes externos: governo, federações e associações empresariais,

instituições de ensino e centros de pesquisa e demais órgãos que exerçam

influência sobre a atividade turística (CUNHA; CUNHA, 2005).

Figura 07 – Representação de um cluster turístico.

Fonte: Cunha e Cunha (2005, p.61).

Com a formação de um cluster turístico é possível ganhos em qualidade e reforço de

valores que raramente seria possível individualmente, haja vista a interligação entre

os setores.

Ainda sobre a relação entre cluster e turismo tem-se o modelo de Garrido (2001, p.

90) que retrata alguns aspectos relevantes para a indicação de um agrupamento

turístico. Na Figura 08 é possível citar alguns desses aspectos.

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Figura 08 – Modelo de cluster e turismo

Fonte: elaborado pela autora com base em Garrido (2001, p. 90).

Mediante as várias formas de cooperação entre as empresas vale ressaltar o

turismo, pois os serviços se integram de forma coletiva para satisfazer as

necessidades do cliente. Diante disso, Porter ressalta que, um cluster, geralmente,

“melhora a reputação de uma região em determinado setor”, atraindo compradores

para as empresas ali sediadas (PORTER, 1999, p. 105).

Do ponto de vista do desenvolvimento, observa-se que os clusters favorecem um

ambiente para a formação de novas empresas, principalmente porque se torna mais

perceptível a falta de alguns produtos ou serviços, atraindo novos empreendedores

a suprir tais necessidades, a exemplo do turismo em evolução crescente.

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3 METODOLOGIA

Na metodologia deve conter os passos adotados pelo autor, os caminhos

percorridos para chegar aos objetivos, às especificações técnicas empregadas,

indicação de como foi selecionada a amostra, os instrumentos de pesquisa utilizados

e inclusive mostrar como os dados foram tratados e analisados (SILVA; MENEZES,

2005).

De acordo com Lakatos e Marconi (2010), não há ciência sem o emprego de

métodos científicos, o qual segundo Gerhardt e Silveira (2009, p.25), “é a expressão

lógica do raciocínio associada à formulação de argumentos convincentes. Esses

argumentos, uma vez apresentados, têm por finalidade informar, descrever ou

persuadir um fato, através dos procedimentos metodológicos”.

Segundo Vergara (2009, p. 3), “o método é um caminho, uma forma, uma lógica de

pensamento”. É também definido como “um conjunto de processos usados na

investigação e na demonstração da verdade” (CERVO; BERVIAN, 1996, p. 23).

Deste modo, neste capítulo será descrito o tipo de pesquisa e os procedimentos

metodológicos que nortearão o presente estudo. O mesmo é organizado conforme o

delineamento da pesquisa, fonte dos dados, instrumento de coleta dos dados,

análise e apresentação dos dados. A partir de então, duas etapas foram constituídas

e explicitadas, etapa 1 – pesquisa bibliográfica e na etapa 2 – levantamento dos

dados primários. Na etapa um, é apresentada toda a pesquisa realizada nos bancos

de dados científicos dos temas relativos ao elemento de estudo que forneceram

embasamento a dissertação. Quanto à etapa dois, é especificado o lócus da

pesquisa, a definição da população e amostra, instrumento de coleta de dados e

coleta e análise de dados. A Figura 09 expõe uma visão geral do percurso

metodológico da pesquisa.

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Figura 09 – Percurso metodológico da pesquisa

Fonte: Elaborado pela autora (2015).

Assim, Lakatos e Marconi (2010), afirmam que os procedimentos metodológicos são

um conjunto de atividades sistemáticas e coerentes, que orienta e traça o caminho

do conhecimento a ser seguido, transmite maior confiabilidade, permitem alcançar o

objetivo, detectando erros e auxiliando as decisões do cientista.

3.1 Delineamento da pesquisa

Neste trabalho será utilizada a pesquisa exploratória com abordagem

predominantemente qualitativa. Fato é que, o objetivo de uma pesquisa de tipo

exploratório, segundo Lakatos e Marconi (2010, p. 171) tem grande aderência com o

perfil do presente estudo: “[...] formulação de questões ou de um problema, com

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tripla finalidade: desenvolver hipóteses, aumentar a familiaridade do pesquisador [...]

ou modificar e clarificar conceitos”.

Através da pesquisa exploratória é possível obter informações de forma ampla; a

técnica de obtenção é flexível e não estruturada; a amostra empregada é simples e

a análise dos dados é qualitativa (MALHOTRA, 2011). Ela permite aperfeiçoar

ideias, é intuitiva e tem a característica de possibilitar um planejamento flexível,

podendo empregar levantamento bibliográfico e obtenção de respostas aos

questionamentos junto a pessoas experientes (DENCKER, 2003).

Para Triviños (1987), a pesquisa exploratória é um meio para possibilitar maior

familiarização com o problema. Isto, porque o estudo exploratório utiliza métodos

amplos e versáteis, como o levantamento de fontes secundárias, entrevistas,

depoimentos, relatos de experiências e observações participantes (MATTAR, 2008).

Neste tipo de estudo interpretativo, a análise é um processo emergente, pois o

pesquisador desenvolve empatia com os dados, a fim de entender o que estes

relevam em termos da realidade dos participantes, bem como observações nas

organizações, atividades e interações, levando em consideração o contexto

(ROESCH, 2005).

A pesquisa qualitativa, por sua vez, visa a uma melhor compreensão do cenário do

problema. Ela também é adequada para situações incertas, como quando os

resultados conclusivos são diferentes das expectativas iniciais, além dos dados não

serem analisados de maneira estatística (MALHOTRA, 2011).

Entende-se por pesquisa qualitativa, aquela que procura não enumerar ou medir os

fenômenos ou eventos estudados, nem utiliza a análise estatística dos dados

(GODOY, 1995). Assim, a pesquisa qualitativa busca compreender um fenômeno

através de uma análise holística, com a coleta de diferentes tipos de informações no

contexto em que o fenômeno ocorre (YIN, 2001).

A pesquisa qualitativa não se preocupa com representatividade numérica, mas, sim,

com o aprofundamento da compreensão de um grupo social, de uma organização,

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etc. Os pesquisadores que adotam a abordagem qualitativa opõem-se ao

pressuposto que defende um modelo único de pesquisa para todas as ciências, já

que as ciências sociais têm sua especificidade que implica numa metodologia

própria (GOLDENBERG, 1997).

Para Minayo (2001), a pesquisa qualitativa trabalha com o universo de significados,

motivos, aspirações, crenças, valores e atitudes, o que corresponde a um espaço

mais profundo das relações, dos processos e dos fenômenos que não podem ser

reduzidos à operacionalização de variáveis. Na pesquisa qualitativa, o cientista é ao

mesmo tempo o sujeito e o objeto de suas pesquisas.

Deslauriers (1991, p.58) acredita que “[...] o que importa é que ela seja capaz de

produzir novas informações”. Porém o pesquisador não pode fazer julgamentos nem

permitir que seus preconceitos e crenças contaminem a pesquisa, então se faz

necessário ficar inerte aos comentários.

Portanto, as pesquisas de tipologias exploratória e qualitativa apresentam-se como

opções adequadas a este estudo, uma vez que o turismo de negócios e eventos, de

forma conjunta com o tema APL, considerando seu elemento essencial –

Aglomeração Empresarial – suscita uma situação ainda relativamente nova e

desprovida de estudos mais aprofundados, permitindo uma abordagem previamente

mais flexível.

As estratégias a serem utilizadas também contribuem de forma integrada com essa

maneira de abordar o fenômeno. Citam-se assim os procedimentos de pesquisa

bibliográfica, documental e entrevista em profundidade.

A pesquisa bibliográfica é um elemento central em pesquisas de natureza científica,

acerca dos temas relacionados ao objeto de estudo que deram suporte à

dissertação. Tem o propósito de fornecer a fundamentação teórica ao estudo, pois

permite ao investigador uma cobertura ampla dos fenômenos pesquisados (GIL,

2010). Köche (2009), afirma que a pesquisa bibliográfica é aquela que se

desenvolve tentando explicar um problema, utilizando o conhecimento disponível a

partir das teorias publicadas em livros ou obras congêneres.

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É feita a partir do levantamento de referências teóricas já analisadas, e publicadas

por meios escritos e eletrônicos, como livros, artigos científicos, páginas de web

sites. Fonseca (2002), explica que qualquer trabalho científico tem início com uma

pesquisa bibliográfica, a qual permite ao pesquisador conhecer o que já se estudou

sobre o assunto. Existem, porém, pesquisas científicas que se baseiam

exclusivamente na pesquisa bibliográfica, procurando referências teóricas

publicadas com o objetivo de obter informações ou conhecimentos precedentes a

respeito do problema o qual se procura a resposta.

Sendo assim, a etapa exploratória do presente estudo incialmente partiu da

pesquisa bibliográfica, possibilitando aprofundamento dos conceitos e temas aqui

desejados para a fundamentação teórica.

Quanto à pesquisa documental Lakatos e Marconi (2010), explicam que é aquela

coletada de fontes primárias, tais como documentos escritos ou não, pertencentes a

arquivos públicos; arquivos particulares de instituições e domicílios e fontes

estatísticas. No Quadro 07 apresenta-se uma síntese dos tipos de documentos

utilizados em pesquisa bibliográfica.

Quadro 07 – Classificação de tipos de documentos utilizados em pesquisa bibliográfica Classificação Tipo Descrição

Natureza dos Documentos

Fontes São todos os documentos ligados diretamente ao objeto do estudo, ou ao fato estudado, porém ainda no seu estado

bruto.

Forma dos documentos

Trabalhos É todo e qualquer estudo científico, elaborado a partir das fontes e relacionado ao objeto do estudo.

Manuscritos Materiais não impressos Impressos Livros, folhetos, catálogos, textos legais entre outros. Periódicos Revistas, boletins, jornais, anuários entre outros.

Fonte: adaptado de Cervo e Bervian (1996).

Com relação à entrevista de profundidade Malhotra (2011), diz que se trata de

entrevista, isto é, o entrevistador bastante hábil, instiga o respondente com o intuito

de descobrir motivações, crenças, atitudes e sensações sobre determinado assunto,

sendo que a principal vantagem das entrevistas de profundidade é a pesquisa

exploratória, que proporciona diagnóstico pessoal e entendimento. O autor

acrescenta que a entrevista de profundidade pode ser de grande validez quando os

problemas de pesquisa requerem, discussão de temas confidenciais, compreensão

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detalhada de um comportamento complexo, entrevistas com profissionais e com

concorrentes.

A intenção de utilizar a entrevista como método de coleta de dados na presente

pesquisa, é explorar os pontos de vista, vivências, crenças e/ou motivações dos

atores sobre questões específicas, atendendo principalmente a finalidade

exploratória, ao abordar experiências e pontos de vista dos indivíduos inseridos

neste contexto.

3.2 Fonte dos dados

De acordo com o objetivo proposto, utilizar-se-á de fontes secundárias e primárias.

No primeiro caso, dados secundários sobre os quais Cooper e Schindler (2003, p.

132) argumentam que o:

[...] primeiro passo em um estudo exploratório é a busca de literatura secundária. Estudos feitos por terceiros, com seus próprios objetivos, representam dados secundários. É ineficiente descobrir novamente através da coleta de dados primários ou de pesquisa original o que já foi feito e registrado em um nível suficiente para que a diretoria tome uma decisão.

Pesquisas em fontes governamentais, instituições não governamentais, publicações

em jornais e revistas especializadas, teses, dissertações e livros, serão utilizados

para a coleta de dados no presente trabalho. Conforme Cooper; Schindler (2003),

informações de fontes secundárias nos auxiliam na decisão do que precisa ser

efetivado e podem ser uma imensa fonte de hipóteses.

Para que o desenvolvimento dos estudos da presente pesquisa pudesse ser

iniciado, levou-se em consideração a necessidade e relevância do levantamento do

conhecimento científico produzido acerca da temática em pauta, justamente com a

finalidade de permitir com que o pesquisador estivesse revestido do conhecimento

necessário, capaz de desenvolver análises e conjunturas futuras.

A esse levantamento das produções é que se denomina Estado da Arte. Assim, faz-

se necessário ressaltar que, inicialmente, para o levantamento de dados sobre o

assunto foram utilizadas as bases de Pesquisa “Portal EBSCO” (Elton B Stephens

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Company), SCIELO (Scientific Electronic Library Online), BDTD (Biblioteca Digital de

Teses e Dissertações) e Revistas científicas de turismo como: RBTUR (Revista

Brasileira de Turismo) e RTVA (Revista Turismo: Visão e Ação) em base especifica

dos estudos de Turismo e Hospitalidade. A procura foi efetuada também na língua

inglesa, além da consulta ao MTur e as mais importantes revistas científicas em

turismo e hotelaria de produção nacionais.

As cinco palavras-chave: Turismo de Eventos, Turismo de Negócios, Cluster

Turístico, APL e Desenvolvimento Regional, foram pesquisadas em português,

espanhol e inglês com recorte temporal de 10 anos nas bases de dados: SciELO,

EBSCO, CAPES, BDTD, RBTUR, TURISMO VISÃO E AÇÃO. Porém, as palavras

“Alto Vale do Itajaí” e “Rio do Sul” também foram incluídas no intuito de produzir

mais resultados e por fazerem parte de artigos e dissertações encontradas os quais

foram de interesse da pesquisadora, inclusive um trabalho de 2002 em que o

assunto principal trata da região no qual o município de Rio do Sul está inserido,

pois o recorte temporal foi apenas dos últimos 10 anos.

O Quadro 08 a seguir, apresenta apenas as palavras-chave turismo de negócios,

eventos, cluster turístico, APL e desenvolvimento regional relacionadas diretamente

ao segmento turístico estudado, os quais foram pesquisados individualmente e

também em conjunto.

Ao utilizar “turismo de eventos”, logo os títulos são relacionados apenas a eventos,

sem ligação alguma aos negócios. Quando utilizado a palavra chave turismo de

negócios, houve pouco assunto de relevância encontrado, e na maioria das vezes

destacando-se como “negócios de turismo”. No entanto quando aplicado a palavra

turismo de negócios e eventos, encontra-se inúmeros documentos, mas na grande

maioria a relevância está direcionada apenas aos eventos.

Cluster turístico e APL, observando a essência do aglomerado empresarial, assim

como desenvolvimento regional, foram pesquisados com a mesma intensidade.

Cluster turístico há poucos documentos para ser explorado, haja vista ser

insignificante a quantidade de itens encontrados, bem como APLs no circuito

turístico. Sobre desenvolvimento regional, inúmeros exemplares foram encontrados

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e como estratégia de refinamento para o termo acrescentou-se a palavra “turístico",

ou, utilizou-se “texto completo”, “revistas cientificas”, além da opção “Revistas

Acadêmicas revisadas por pares”, com recorte temporal de 2009 a 2015, a fim de

levantar o material mais recente sobre o assunto.

Quadro 08 – Levantamento bibliográfico nas bases de dados.

Base de dados

Palavra-chave Total de

trabalhos encontrados

Trabalhos relevantes

Observações

Revista Turismo:

Visão e Ação

Turismo de eventos 38 01 -

Turismo de negócios 0 0 - Cluster turístico 0 0 - APL de turismo 0 0 -

Desenvolvimento regional 21 03 -

Scielo

Turismo de eventos 23 04 - Turismo de negócios 20 03 -

Cluster turístico 10 02 - APL de turismo 2 01 -

Desenvolvimento regional 06 0 -

Periódico CAPES

Turismo de eventos 598 19 - Turismo de negócios 229 01 -

Cluster turístico 117 05 - APL de turismo 05 0 -

Desenvolvimento regional 114 07 -

RBTur

Turismo de eventos 56 0 - Turismo de negócios 65 0 -

Cluster turístico 03 01 - APL de turismo 02 0 -

Desenvolvimento regional 22 03 -

BDTD

Turismo de eventos 145 07 - Turismo de negócios 89 04 - Turismo de Negócios

e Eventos 25 0 -

Cluster turístico 16 04 - APL de turismo 07 0 -

Desenvolvimento regional 170 08 -

EBSCO

Turismo de eventos 79 02 Como estratégia de refinamento para o termo, utilizou-se o

recurso “texto completo”, “data de

publicação 2009 - 2014” e “revistas científicas”

Turismo de negócios 83 06 Cluster turístico 12 02 APL de turismo 04 0

Desenvolvimento regional 123 03

Fonte: elaborado pela autora (2015).

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Mediante a pesquisa, ficou constatado que há pouco estudo relevante acerca de

turismo de negócios puramente, pois só foi catalogado aquilo que poderá ser útil

como fonte de referência. Após a leitura detalhada do conteúdo de cada documento,

elaborou-se uma síntese e selecionaram-se trechos referenciais sobre a evolução,

as características e os aspectos conceituais de relevância ao estudo.

Vale ressaltar que além das bases anteriores mencionadas, o estudo progrediu para

os sistemas de bibliotecas e repositórios de dissertações e teses de universidades e

faculdades públicas e privadas.

Considerando ainda os dados secundários, por meio do procedimento de

levantamento documental, incluem-se também informações contidas em bases de

dados e mapeamentos realizados através das secretarias governamentais nas

esferas municipal, estadual e federal, referentes à demografia e economia,

permitindo diversos níveis de conhecimento acerca do desenvolvimento econômico

da região. Informações contidas em bancos de dados oficiais e de reconhecida

confiabilidade, como o IBGE, SEBRAE, CNAE que tornaram este estudo mais

significativo a partir de fontes e documentos, reconhecidamente confiáveis, como

publicações especializadas, livros, revistas, boletins e outros tipos de informação

dos órgãos relacionados ao turismo (Ministério do Turismo, EMBRATUR).

Nos secundários, incluem-se também os dados disponibilizados em fontes sindicais,

(SITITEV, SINFIATEC) e associações (AMAVI, ACIRS). Portanto fica explícito o

caráter de pesquisa como exploratória haja vista que buscam uma abordagem do

fenômeno pelo levantamento de informações que poderão levar o pesquisador a

conhecer mais a seu respeito.

Já a pesquisa de dados primários, segundo Mattar (2008, p. 159) são aqueles que

ainda não foram antes coletados. Eles são pesquisados com o objetivo de atender

às necessidades específicas da pesquisa em andamento. Cooper e Schindler

(2003), explicam que os objetivos da exploração podem ser alcançados com

diferentes técnicas, sendo as qualitativas as mais aplicadas.

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3.3 Participantes da pesquisa

Uma das mais importantes fases da pesquisa científica é delimitar o foco de estudo.

É essencial definir qual será a principal fonte de informação a ser coletada. Essa

fonte pode ser caracterizada por uma pessoa, um grupo, uma empresa ou até

mesmo os moradores de um município (GERHARDT; SILVEIRA, 2009).

Segundo Minayo (2001, p.43), “a pesquisa qualitativa não se baseia no critério

numérico para garantir sua representatividade”, e sim, se os indivíduos sociais

escolhidos têm importância na abordagem do assunto investigado, e define: “a

amostragem boa é aquela que possibilita abranger a totalidade do problema

investigado em suas múltiplas dimensões”.

Especificamente para este estudo, a decisão das fontes dos dados teve como base

os agentes classificados como apoiadores, entre aqueles pertencentes aos

denominados agentes do turismo de negócios e eventos, apresentado no

documento de orientações básicas para o turismo de negócios e eventos do

Ministério do Turismo (BRASIL, 2010a), já mencionado na fundamentação teórica

(Figura 03 do item 2.2). Neste inclui-se os representantes do governo, do Sistema S,

das Associações de Classe, de Órgãos Oficiais de Turismo, entre outros. Neste

caso, outros foram considerados os empresários do setor, intensificando a própria

participação da já mencionada Associações de Classe.

Desta forma, a presente pesquisa direcionada para o universo das confecções de

jeans presentes na cidade de Rio do Sul, abordou as empresas locais, estas

representadas pela pessoa de seus proprietários. O critério para as suas escolhas

foi o tempo de atuação, definindo-se empresas com mais de 15 anos de fundação,

por possuírem maior conhecimento histórico da evolução do setor na região. A

definição teve ainda como consequência a participação de empresas com renome

nacional e de forte geração de emprego na comunidade. Porém reforça-se que estas

duas últimas características não foram os determinantes da escolha.

No que se refere às entidades representativas, incluiu-se o Sindicato das Indústrias

da Fiação, Tecelagem, Confecções e do Vestuário do Alto Vale do Itajaí

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(SINFIATEC), na pessoa de seu presidente senhor Ivan Molinari o qual também é

empresário no segmento de confecção de jeans. O senhor Pedro Leal da Silva Neto

vice-presidente do SINFIATEC, diretor da FIESC (Regional do Alto Vale do Itajaí) e

empresário do ramo têxtil. No setor de turismo da prefeitura de Rio do Sul, o senhor

Marco Aurélio Rosar, o qual também responde pela secretaria de Desenvolvimento

Econômico e Empreendedorismo, além do senhor Zilton Pedro de Souza assessor

especial de gabinete do prefeito municipal. Respondendo pela Associação

Comercial e Industrial de Rio do Sul (ACIRS) o secretário executivo senhor Cleber

Andrei Seemann Stassun, e pelo SEBRAE agência de Rio do Sul, o analista técnico

da unidade senhor Paulo Cesar Sabbatini Rocha, responsáveis indicados pelas

respectivas unidades de análise.

A validação da escolha deste último encontra justificativa nas palavras de Campos et

al. (2010, p. 95), que diz:

O campo de atuação dos dois principais órgãos que apoiam APLs no estado de Santa Catarina revela, também, a ênfase das ações de apoio como políticas de estímulo às micro e pequenas empresas, quais sejam: o SEBRAE-SC, dirigido especificamente para as MPEs, e a EPAGRI, cujos programas de APLs afetam aglomerações de pequenos produtores na área agrícola.

Tal atuação de apoio às Micro e PE através do SEBRAE, torna imprescindível o

questionário junto ao analista técnico da unidade de Rio do Sul.

Definido os participantes, o convite ocorreu inicialmente por meio de contato por

telefone acerca da pretensão da pesquisa. Posteriormente foi enviado e-mail aos

mesmos contendo a carta de apresentação da mestranda e o questionário. A

finalidade era de que os mesmos se familiarizassem com o conteúdo e/ou pudessem

consultar algum dado.

A seguir foi agendado data, hora e local para concretizar a entrevista com os

representantes sociais (apoiadores). As entrevistas foram realizadas pessoalmente

pela mestranda junto aos entrevistados predefinidos, e realizada no período de 26

de novembro a 11 de dezembro de 2015. A relação destes participantes, entidades

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ou empresas que representam, bem como características pessoais, são listadas no

Quadro 09.

Quadro 09 – Participantes da Pesquisa Entrevistado Empresa/Entidade Características do entrevistado

Augusto Roberto Schlemper (Beto) Indulto Jeans

- Diretor Presidente da Indulto Jeans Wear, empresa que iniciou as atividades no segmento de jeans há 13 anos, porém com conhecimento no ramo desde quando sócio-proprietário da Alvo da Moda Jeans, ou seja, com atividades no setor há mais de 15 anos.

Denilson Jose da Silva Daksul jeans

- Diretor Presidente da empresa pioneira no segmento jeans na cidade, através da sua mãe Dalva Maschio, e está em funcionamento desde 1971.

Dirce Maria Sborz Rafree Jeans

- Gerente Administrativa da empresa, a qual consta também como uma das percursoras da moda jeans na cidade juntamente com a irmã Dalva Maschio.

Ivan Molinari Divero Jeans - Administrador da Divero Jeans, empresa que está no mercado desde 1993. - Presidente do SINFIATEC.

Orlando Molinari Monnari Jeans -Diretor Presidente da empresa Monnari Jeans, a qual está no mercado desde 01/09/1990.

Pedro Leal da Silva Neto Tlic Rio

- Diretor Presidente da Leal Modas, empresa que teve início de atividades em 1972 com sua mãe a senhora Edla LeaL da Silva. - Vice-Presidente do SINFIATEC entidade a qual já presidiu por quatro anos. - Diretor da FIESC (Regional do Alto Vale).

Marco Aurélio Rosar Prefeitura Municipal de Rio do Sul

- Secretário Municipal de Desenvolvimento Econômico, Empreendedorismo e Turismo.

Zilton Pedro de Souza Prefeitura Municipal de Rio do Sul

- Assessor especial de gabinete do prefeito municipal.

Cleber Andrei Seemann Stassun ACIRS

-Secretário executivo da ACIRS -Membro do Conselho de Desenvolvimento Regional da 12ª ADR de Rio do Sul (SDR) - Suplente da Comissão Municipal de Desenvolvimento Econômico. - Secretário do Conselho Curador da Fundação Estrada de Ferro Vale do Itajaí- TREMTUR.

Paulo Cesar Sabbatini Rocha SEBRAE - Analista Técnico da unidade de Rio do Sul

Fonte: elaborado pela autora (2016)

É relevante destacar que todos os participantes da pesquisa aceitaram prontamente

e colocaram-se à disposição para demais informações necessárias. Outro ponto a

salientar é que o senhor Ivan Molinari, respondeu tanto como representante de sua

empresa, como também pelo cargo de presidente do SINFIATEC. Isso explica o

número de entrevistas (11) ser maior que o número de entrevistados listados (10).

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3.4 Instrumentos de coleta de dados

Além dos dados secundários provenientes dos relatórios e fontes oficiais que

permitiram caracterizar a estrutura do aglomerado em função do APL na região de

Rio do Sul, foram também elaborados instrumentos de coleta de dados primários

através da definição de um roteiro semiestruturado, aplicado por meio de

entrevistas.

Entrevistas não diretivas ou em profundidade foram utilizadas em momentos

necessários para permitir divagação sobre o tema, por serem formuladas de forma

mais aberta permitindo um diálogo entre entrevistado e entrevistador acerca de

ideias e percepções sobre o objeto de estudo.

[...] o diálogo entre entrevistador e entrevistado é conduzido pelo primeiro sem estruturação do problema. As questões são organizadas para explorar um tema, aprofundá-lo, descrever processos, compreender o passado vivi do papel do entrevistado, identificar problemas, padrões de comportamento, reunir elementos para a compreensão de uma situação ou de um problema (LEAL, 2011, p. 54).

A entrevista não diretiva ou em profundidade encaixa-se perfeitamente com a

metodologia do presente estudo, uma vez que aplicada a diferentes entidades e

atores locais. Este tipo de entrevista é recomendado para estudos exploratórios,

como é a natureza desta dissertação, cuja intenção é a procura por percepções,

ideias, conceitos dos sujeitos entrevistados ou dos objetos de estudo, assim como

para pesquisas descritivas que buscam mapear uma situação ou campo de análise

(LEAL, 2011).

Com referência à entrevista semiestruturada, a qual é um dos instrumentos de coleta

de dados do presente estudo, Triviños (1987, p. 146), argumenta que:

A mesma tem como característica questionamentos básicos que são apoiados em teorias e hipóteses que se relacionam ao tema da pesquisa. Os questionamentos dariam frutos a novas hipóteses surgidas a partir das respostas dos informantes. O foco principal seria colocado pelo investigador-entrevistador.

Complementa o autor, afirmando que a entrevista semiestruturada “[...] favorece não

só a descrição dos fenômenos sociais, mas também sua explicação e a

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compreensão de sua totalidade [...]”, além de manter a presença consciente e

atuante do pesquisador no processo de coleta de informações (TRIVIÑOS, 1987, p.

146).

Enquanto Manzini (1990/1991) conclui afirmando que a entrevista semiestruturada

está focada em um assunto sobre o qual é elaborado um roteiro com perguntas

essenciais, complementadas por outras questões intrínsecas às circunstâncias no

momento da entrevista. Para o autor, esse tipo de entrevista pode fazer surgir

elementos e informações de forma espontânea e as respostas não estão

dependentes a uma padronização de alternativas.

Ambos os autores se referem à necessidade de perguntas principais para atingir o

objetivo da pesquisa. Dessa forma, Manzini (2003), destaca que é possível coletar

informações através da elaboração de um roteiro com perguntas que atendam os

objetivos pretendidos. O roteiro conviria, então, além de coletar as informações

básicas, como um meio para o pesquisador se aprofundar para o processo de

conversação com o informante.

Em termos de aplicação, a entrevista semiestruturada é similar a uma

conversa/diálogo com o entrevistado. Baseia-se em certos assuntos que se pretende

focar, não tão rígida como uma entrevista formal. Permite aprofundar questões, além

da flexibilidade e adaptação da entrevista ao entrevistado, e permite compreender

de forma mais profunda tópicos de interesse para o desenvolvimento de questões

relevantes e significantes (MANZINI, 2003).

Tendo como ponto de partida a questão relacionada à configuração que se

apresenta na cidade de Rio do Sul – SC, a partir do aglomerado de empresas da

moda jeans, que pode contribuir para o desenvolvimento regional, por meio do

turismo de negócios e eventos, algumas indagações surgem e se transformaram em

questões direcionadoras para o estudo. Destas questões derivaram-se objetivos, os

quais são caminhos para desvendar a trajetória do desenvolvimento na região, a

evolução do polo, além de elaborar uma avaliação dos dados coletados a partir do

ponto de vista do turismo de negócios e eventos.

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Mais especificamente, objetivou-se identificar e analisar, as relações lógicas

necessárias com outras atividades turísticas (turismo rural, agroturismo, hotelaria,

gastronomia, turismo cultural, etc.), ou com diferentes setores da atividade

econômica (agroindústrias, metalomecânica, comércio etc.) que potencializem, a

partir do aglomerado, o desenvolvimento de turismo de negócios e eventos. Com

isto, o propósito foi produzir um material significativo que possa embasar políticas

públicas e setoriais para um olhar positivo para o turismo de negócios e eventos na

cidade de Rio do Sul.

O roteiro semiestruturado (apêndice A, B e C) foi organizado em quatro blocos, de

acordo com a seguinte descrição:

• Bloco 01- História do município e potencial APL da moda jeans, com quatro

questões.

• Bloco 02- Fomento ao setor de moda jeans, com vista ao desenvolvimento

local, obtendo doze questões.

• Bloco 03- Forças e fraquezas direcionadas ao desenvolvimento do turismo de

negócios e eventos, com treze perguntas.

• Bloco 04- Oportunidades e ameaças que interferem no desenvolvimento do

turismo de negócios e eventos ligados à moda jeans, com cinco

questionamentos.

As variáveis (categorias de análise), e as fontes utilizadas correspondentes aos

objetivos são apresentadas no Quadro 10.

Apesar da estrutura e variáveis comuns, para a amostra foram aplicados três

roteiros, com mínimas diferenças de conjugações verbais entre as questões. Um

deles foi para os empresários do jeans (Apêndice A), outro para os representantes

de órgãos municipais (Apêndice B) e, por último, para os representantes de

entidades (SINFIATEC, SEBRAE e ACIRS) - (Apêndice C). O propósito foi adequá-

los exatamente ao perfil do respondente. Assim, os roteiros semiestruturados foram

examinados quanto à: quantidade de perguntas para atingir cada objetivo; análise da

adequação das perguntas a cada grupo de entrevistado; sequência adequada das

perguntas do roteiro para as entrevistas.

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Quadro 10 – Variáveis e fontes do roteiro semiestruturado. OBJETIVO 01- HISTÓRIA E POTENCIAL LOCAL Autores

1- Perspectiva futura econômica e turística Ardigó (2002) adaptado de Kotler; Haider e Rein (1994) e de Kotler; Jatusripitak e Maesincee (1997)

2- Existência de cooperação entre os empresários Menezes (2009) Adaptado de RedeSist (2016)

3- Tipos de cooperação entre indústrias de confecção Menezes (2009) Adaptado de RedeSist (2016)

4- Tendência do desenvolvimento econômico Menezes (2009) Adaptado de RedeSist (2016)

OBJETIVO 02- FOMENTO AO SETOR DE MODA JEANS Autores

1- Estratégias de desenvolvimento econômico Ardigó (2002) adaptado de Kotler; Haider e Rein (1994) e de Kotler; Jatusripitak e Maesincee (1997)

2- Atuações governamentais ao desenvolvimento da região

Menezes (2009) Adaptado de RedeSist (2016)

3- Articulação para estimular moda jeans Lemos (2004) 4- Fortalecimento do segmento Lemos (2004) 5- Trabalho em conjunto Lemos (2004)

6- Promoção de espaços de discussão Menezes (2009) Adaptado de RedeSist (2016)

7- Atividades integradas Menezes (2009) Adaptado de RedeSist (2016)

8- Parcerias com entidades de classe Ardigó (2002) adaptado de Kotler; Haider e Rein (1994) e de Kotler; Jatusripitak e Maesincee (1997)

9- Formas de cooperação 2013/2015 Lemos (2004)

10- Papel de Rio do Sul com o desenvolvimento da região Menezes (2009) Adaptado de RedeSist (2016)

11- Ações conjuntas com outros municípios Menezes (2009) Adaptado de RedeSist (2016)

12- Cenários da moda jeans Menezes (2009) Adaptado de RedeSist (2016)

OBJETIVO 03- FORÇAS E FRAQUEZAS Autores

01- Problemas atrasando o desenvolvimento da cidade Menezes (2009) Adaptado de RedeSist (2016)

02- Valorização do saber e cultura local Inácio (2007) 03- Demanda de turistas Inácio (2007) 04- Eventos no município e fluxo de turistas Inácio (2007) 05- Ações direcionadas ao turismo de Negócios e Eventos Lemos (2004)

06- Integração dos agentes nos eventos Lemos (2004) 07- Estruturas de suporte municipal nos eventos Variáveis complementares 08- Estrutura hoteleira Variáveis complementares 09- Atrativos turísticos Variáveis complementares 10- Ausência de empresas de jeans em eventos Lemos (2004) 11- Potencial de crescimento turístico Lemos (2004)

12- Pontos positivos que podem potencializar turismo Menezes (2009) Adaptado de RedeSist (2016)

13- Fortalecimento do aglomerado de empresas Menezes (2009) Adaptado de RedeSist (2016)

OBJETIVO 04- OPORTUNIDADES E AMEAÇAS Autores

01- Regiões parceiras Ardigó (2002) adaptado de Kotler; Haider e Rein (1994) e de Kotler; Jatusripitak e Maesincee (1997)

02- Regiões ou cidades que competem Ardigó (2002) adaptado de Kotler; Haider e Rein (1994) e de Kotler; Jatusripitak e Maesincee (1997)

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OBJETIVO 04- OPORTUNIDADES E AMEAÇAS (Cont.) Autores (Cont.)

03- Destinos agressivos Ardigó (2002) adaptado de Kotler; Haider e Rein (1994) e de Kotler; Jatusripitak e Maesincee (1997)

04- Intervenções de fatores ambientais externos Ardigó (2002) adaptado de Kotler; Haider e Rein (1994) e de Kotler; Jatusripitak e Maesincee (1997)

05- Projeção de Rio do Sul no Turismo de Negócios e Eventos Lemos (2004)

Fonte: elaborado pela autora (2016) com base nos autores listados

3.5 Análise e apresentação dos dados

As técnicas de análise qualitativas dos dados empregados neste estudo foram

baseadas em análise de conteúdo, apoiando principalmente os direcionamentos das

pesquisas realizadas com os procedimentos do tipo documental e da entrevista em

profundidade. Segundo Lakatos e Marconi (2010, p. 165) esta etapa inicia-se com a

aplicação do instrumento organizado, alertando ainda que se trata de uma “tarefa

cansativa e toma, quase sempre, mais tempo do que se deseja [...]”. Desta forma,

“[...] exige do pesquisador paciência, perseverança e esforço pessoal, além do

atento registro dos dados e de um bom preparo anterior”.

Esses cuidados foram determinantes nas diferentes e complementares etapas,

procedimentos e de análise dos dados coletados. Relativo aos dados coletados por

meio dos documentos, a análise ocorreu com o intuito de apresentar elementos

representativos da localidade investigada, fossem eles qualitativos (textos), ou

quantitativos (dados estatísticos diversos), provenientes de números de empresas,

empregos dentre outros, que pudessem representar sua condição passada e

presente.

Por meio desses dados secundários, possibilitou-se realizar comparativos no

contexto estadual e até mesmo nacional, relativos a índices econômicos e sociais

durante o período da pesquisa. A apresentação se deu pela construção de textos

descritivos, tabelas e quadros resumos, possibilitando seu melhor entendimento e

visualização.

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Pertinente aos dados gerados com a aplicação da entrevista, o preparo ocorreu e

levou a uma organização de estudo desenvolvida em quatro fases, descritas na

sequência e a seguir e representadas na Figura 10.

Figura 10 – Fases da pesquisa

Fonte: elaborado pela autora (2016)

3.5.1 Fase 01- Concretização das entrevistas

A partir da obtenção e análise inicial dos dados secundários, e de concluir a

organização das questões norteadoras do presente estudo, foi chegada a hora do

trabalho de campo propriamente dito. Nesta fase, por meio do roteiro

semiestruturado, as entrevistas foram realizadas pessoalmente pela mestranda, no

período de 26 de novembro a 11 de dezembro de 2015. Foram executadas nesta

etapa onze entrevistas com participantes considerados fundamentais, conforme

exposto na seção 3.3 deste capítulo. A Figura 11 evidencia o tempo de gravação

realizado com cada um dos entrevistados.

1

2

3

4

3.5.1 - Concretização das entrevistas

3.5.2 - Transcrição das entrevistas

3.5.3 - Análise das entrevistas

3.5.4 - Validação dos resultados

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Figura 11 – Duração das entrevistas/ Gravações

Fonte: Elaborado pela autora (2016).

O roteiro utilizado para a entrevista foi basicamente o mesmo para todos os

respondentes, mas observa-se grande diferença no tempo de gravação de cada

entrevistado. Há indicativos de que a familiarização com o assunto ou motivação

pelo mesmo dependendo da vivência de cada indivíduo, possa ter contribuído com

essas diferenças. Além disso, a própria condução por parte da pesquisadora, na

medida em que a experiência de aplicação se ampliava, também pode ser

considerada outra variável de interferência neste tempo.

Como o roteiro das entrevistas já havia sido enviado anteriormente a cada

entrevistado, para que os mesmos se familiarizassem com o conteúdo, as mesmas

foram realizadas no local de trabalho de cada participante selecionado (Quadro 09),

ou seja, nas empresas, Prefeitura Municipal, sede da entidade, associações ou

sindicato. Apenas o senhor Augusto Roberto Schlemper (Indulto Jeans), concedeu

entrevista no sindicato patronal, haja vista que na data da realização, sua empresa

já estava em férias coletivas. Para a captura das gravações foi utilizado aparelho de

celular, e neste caso dois Iphones para evitar qualquer possível imprevisto.

3.5.2 Fase 02 – Transcrição das entrevistas

De acordo com Caregnato e Mutti (2006), quando se opta por fazer uma entrevista

gravada e para a análise da mesma decide-se pela transcrição da gravação, não há

um caminho pronto para efetivar a análise. São somente após diversas leituras que

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poderão ser identificadas linhas temáticas, que surgem em que o enunciado leva ao

enunciável e vice-versa, descobrindo-se notas linguísticas cujo trabalho discursivo

será explorado, recortando as formulações nas quais emergem tal ênfase.

Assim, na operacionalização desta fase, quando da transcrição de áudio para texto,

foi necessário manter máxima atenção no que foi falado, percebendo o que foi ou

não perguntado, no que foi ou não respondido e no que está inaudível ou

incompreensível. Ou seja, ao transcrever foi necessário escutar várias vezes as falas

gravadas, e por diversas vezes retroceder a gravação para escutar e reescutar

pequenos trechos gravados para poder transcrevê-los fielmente, inclusive com os

jargões de cada entrevistado.

Segundo Manzini (2006) neste momento o pesquisador se distancia do papel de

pesquisador-entrevistador e se coloca no papel de interpretador de dados e ainda

afirma que desta forma pode-se interpretar que o pesquisador construiu e vivenciou

contextos diferentes que foram decisivos para alçar seus objetivos.

Ao mesmo tempo em que ouvia as gravações, as falas dos entrevistados foram

sendo transcritas no programa Microsoft Word obedecendo a ordem das perguntas,

as quais já estavam previamente descritas, sendo então inseridas as respostas.

Somente após esta etapa é que o conteúdo das entrevistas foi inserido no software

sphinx (2002), para a realização da análise léxica.

3.5.3 Fase 03 – Análise das entrevistas

Uma vez os dados coletados e registrados, surgem as etapas das respostas,

analisadas nesta terceira fase. Gil (2010, p. 166), ressalta que após a etapa de

coleta o pesquisador precisa ancorar-se em seus dados com o intuito de analisá-los

e interpretá-los. O autor ainda cita que apesar de serem conceitos distintos, os

mesmos estão intimamente relacionados. A análise “tem como objetivo organizar e

resumir os dados de forma tal que possibilitem o provimento de respostas ao

problema proposto para averiguação”. Paralela a esta fase, a interpretação “tem

como objetivo a ampla busca das respostas, o que é feito mediante sua ligação a

outros conhecimentos anteriormente obtidos”.

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Segundo Flick (2009, p. 276), “a interpretação de dados é a essência da pesquisa

qualitativa”. Além disso, é importante destacar, de acordo com Vygotsky (2000, p.

130), que “para compreender a fala de outrem não basta entender as suas palavras

– temos que compreender o seu pensamento. Mas nem mesmo isso é suficiente –

também é preciso que conheçamos a sua motivação”.

Caregnato e Mutti (2006) aludem que, a maioria das pesquisas se baseia na

entrevista e interpretá-la de forma ideal é ilusório, pois não há uma análise melhor

ou pior, mas sim aquela em que o pesquisador a faça de forma conhecedora dos

diversos tipos de análise existentes na pesquisa qualitativa. Assim, a escolha deve

ser uma reflexão consciente da sua responsabilidade e conhecimento. As autoras

ainda argumentam que:

Na interpretação é importante lembrar que o analista é um interprete, que faz uma leitura também discursiva influenciada pelo afeto, sua posição, suas crenças, suas experiências e vivências; portanto, a interpretação nunca será absoluta e única, pois também produzirá seu sentido (CAREGNATO; MUTTI, 2006, p. 682).

Sendo assim na interpretação sempre é possível algum equívoco, pois por mais

evidente que ela seja, na realidade os sentidos não são tão claros quanto parecem.

Consciente desses desafios, diante da transcrição das entrevistas para texto, neste

estudo muitas vezes foi ainda necessário recorrer novamente às gravações e

conferidas às escritas, de tal forma que se pudesse ampliar a confiabilidade dos

resultados.

Para a análise das respostas e de acordo com técnicas sugeridas pela literatura,

levantou-se que existem diferentes técnicas à disposição do pesquisador, com

particularidades que as tornam mais apropriadas a determinados métodos ou linhas

de pesquisa. Basicamente, segundo Ryan e Bernard (2000), existem dois caminhos

a seguir no caso de entrevistas em profundidade: proceder a uma análise

fundamentada em palavras ou em blocos de texto. No primeiro grupo incluem-se

técnicas como “palavra-chave em contexto”, contagem de palavras, redes

semânticas e mapas cognitivos. Em comum entre elas está a redução do texto ao

significado de algumas palavras específicas, retirando-as do contexto e ignorando

nuances próprias da fala.

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Ao contrário, a análise de blocos de texto, enfoca sobre fragmentos da fala de um

entrevistado, levando o pesquisador a gerar uma síntese e uma tentativa de

compreensão do sentido do discurso (RYAN; BERNARD, 2000). Entre os dois

grupos, a convergência está na tentativa de compreender a entrevista na sua

totalidade.

Em blocos de texto há duas principais técnicas de análise (SILVERMAN, 2000): a

análise de conteúdo e a análise de discurso. Nesta dissertação a técnica norteadora

para o estudo foi a análise de conteúdo, que de acordo com Bardin (2006) é o

procedimento mais utilizado em pesquisas qualitativas. A análise de conteúdo (AC)

segundo Bardin (2006, p. 38), consiste em: “um conjunto de técnicas de análise das

comunicações, que utiliza procedimentos sistemáticos e objetivos de descrição do

conteúdo das mensagens”. Seu principal objetivo é promover uma categorização dos

elementos do texto de maneira sistemática e objetiva, aferir ordenamento ao material

bruto oriundo das transcrições.

Diante das afirmações, compreende-se que a análise de conteúdo é um conjunto de

técnicas de análise de comunicações, que tem como objetivo superar as incertezas

e enaltecer o conteúdo dos materiais coletados, para descobrir o que é questionado.

Para Flick (2009, p. 291), a análise de conteúdo “é um dos procedimentos clássicos

para analisar o material textual, não importando qual a origem desse material”. No

entanto, Bauer e Gaskell (2008), lembram que os materiais textuais escritos são os

mais habituais na análise de conteúdo, podendo ser manejados pelo pesquisador na

investigação por respostas aos assuntos pesquisados.

Neste processo, Chizzotti (2006) enfatiza que o pesquisador precisa identificar entre

os diversos procedimentos, o mais apropriado para o material a ser analisado, como

análise léxica, análise de categorias, análise da enunciação e a análise de

conotações.

Haja vista a grande diversidade terminológica, mesmo que muito próximas, as

etapas balizadoras do presente estudo são as técnicas propostas por Bardin (2006),

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por sua ampla utilização e popularidade nas pesquisas, as quais são organizadas

em três etapas:

• Pré-análise: Fase que compreende a organização do material. É um primeiro

contato com os documentos que serão submetidos à análise

• Elaboração do material: São escolhidas as unidades de codificação

(Transformação por meio de recorte, agrupamento e enumeração, com base

em informações textuais) e definição de categorias de análise.

• Tratamento dos resultados, inferência e interpretação – Ancorado nos

resultados brutos, o pesquisador procurará torná-los significativos e válidos,

através de interpretações e análise intuitiva, reflexiva e crítica.

Importante destacar que ao longo dos anos a análise de conteúdo, enquanto

técnicas de análise de comunicações passaram por reformulações desde os

primeiros preceitos, influenciadas pelo uso do computador e existência de softwares

que auxiliam no processo de organização do material e codificação de dados.

Adequar à estruturação desta fase para validação dos resultados da pesquisa é de

infinita importância e necessita de especial atenção, para o alcance dos objetivos do

estudo.

Com vistas a responder ao problema e aos objetivos que esta pesquisa se propôs,

os dados coletados previamente foram também analisados por meio da análise

lexical utilizando o software Sphinx Plus2, versão 4.0. Trata-se de um software que

permite uma melhor análise e visualização de dados textuais, provindo neste caso

das entrevistas. A análise textual foi realizada a partir do Atelier lexical. Como o

próprio tutorial do programa Sphinx (2002) explica, o atelier lexical aceita que o

pesquisador tenha acesso a uma listagem de todas as palavras que foram

empregadas nas respostas abertas, e também apresenta uma contagem, indicando

quantas vezes cada palavra foi usada no conjunto de respostas. São inúmeros os

recursos úteis para em análises aprofundadas.

Para dar início a análise propriamente dita, foi extraída palavras chaves de cada

variável enumerada e inserido no programa como “elaboração do questionário”. Em

seguida inseridas as respostas de todos os entrevistados de acordo com a pergunta,

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no campo “coleta das respostas” e a partir de então surgem na tela cada palavra

com a quantidade de vezes que foi utilizada. Nesta etapa de “tratamentos e

análises” foi possível ter acesso à barra de botões com ferramentas e funções que

auxiliam no processo de análise:

• Deletar – Permite apagar determinadas palavras, apenas da listagem, não

das respostas.

• Ordenar – Permite ao pesquisador classificar as palavras de acordo com um

critério determinado, por ordem alfabética, quantidade de ocorrências e

demais.

• Reagrupar – Ordenado em ordem alfabética, ao encontrar duas palavras com

o mesmo significado ou mesma raiz, pode-se juntar ambas, realizando uma

considerável diminuição na quantidade de palavras. As palavras reagrupadas

aparecem em cores diferentes das demais (laranja).

Ainda foi possível apagar palavras que não contem significado quando utilizadas

isoladamente, por exemplo: “e, para, mas, porém”, clicando no botão reduzir para

determinar parâmetros para a redução. Também foram ignoradas palavras com

determinado número de caracteres para facilitar a análise posterior.

Ao término desta etapa o trabalho consistiu em ler cada resposta e verificar se a

marcação estava correta, e conferir o total de palavras válidas restantes, para dar

início à validação.

3.5.4 Fase 04 – Validação dos Resultados

No universo de pesquisas qualitativas são inúmeras as definições e critérios de

validação de resultados. Para Maxwell (1992, p. 284) a “validade não é propriedade

particular de um método, mas ela pertence aos dados, somas ou conclusões

alcançadas pela utilização de um método, em um contexto particular para um

propósito particular”. Diferentes situações levam a adaptação de diferentes métodos,

a fim de manter coerência entre os estudos, métodos e técnicas no decorrer de toda

pesquisa.

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102

A validade refere-se à constatação dos resultados como verdadeiros e confiáveis,

nas mais diversas concepções adotadas. Está relacionada ao fato dos resultados

refletirem com precisão a situação analisada e serem confiáveis no âmbito de que

não há razões para deles duvidar; ou seja, a pesquisa é válida se as evidências

fornecem consistência necessária às suas conclusões (GUION, 2002). Em elevado

grau de confiabilidade e validade oferece não apenas a confiança nos dados

recolhidos, mas, mais importante, a confiança na aplicação e utilização dos

resultados (RIEGE, 2003). Portanto a validação equivale ao impacto causado pela

realização da pesquisa, o qual mediante o empenho na mesma poderá ocasionar

um resultado de evolução em direção à mudança social (CHO; TRENT, 2006).

Na literatura, vários são os procedimentos descritos como formas de se

problematizar temas relacionados à validade de uma pesquisa qualitativa. Assim

sendo Whittemore, Chase e Mandle (2001), apresentam diversas técnicas para que

um estudo qualitativo possa comprovar validade, as quais são divididas em quatro

tipos: Considerações de design; geração de dados; análise e apresentação. Todas

as técnicas são importantes para demonstrar a validade de um estudo por

apresentarem algum nível de apropriação adequada aos diversos desenhos das

pesquisas, dentre as mais utilizadas para cada uma dos tipos estão: triangulação

dos dados (utilização de diferentes estratégias de coleta e análise de dados);

demonstração de saturação dos dados; checagem com experts; e fornecimento de

descrições detalhadas.

No entanto algumas medidas também foram adotadas na presente dissertação para

garantir sua confiabilidade. Aqui as considerações de design apresentada através da

triangulação dos dados teóricos e metodológicos são apresentados por Goulart e

Carvalho (2005) como a “musculação intelectual”, que prepara o pesquisador para

as práticas de pesquisa, e sustenta a confiabilidade do estudo. Neste ponto ressalta-

se a utilização de diversas fontes de pesquisas adotadas para embasamento

evidente, tais como entrevistas, observações e consultas a materiais diversos,

impedindo que apenas uma fonte de dados fosse utilizada. Valeu-se também de

matérias adicionais – artigos acadêmicos, revistas, boletins, jornais, livros, catálogos,

compondo uma base de dados, as quais pudessem ser utilizadas no transcorrer da

dissertação.

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A realização de entrevistas com público de diferentes perfis gerando amplitude a

respeito do fenômeno pesquisado (empresários do segmento jeans, representantes

públicos, de associações e sindicais), foi o ponto culminante da investigação, de

forma a constituir uma memória escrita do processo de pesquisa, com anotações

que contemplaram comentários referentes à entrevista, situações vivenciadas,

reproduções de diálogos. Cautela foi tomada para evitar vieses durante e após as

entrevistas, que pudessem distorcer os relatos ou informações obtidas, visando

controlar e enriquecer constatações bem como confirmar e reafirmar validade e

confiabilidade (GÜNTHER, 2006).

Na fase seguinte da investigação, a entrevista tomou forma com a transcrição de

áudio para texto, ou seja, foi necessário escutar e reescutar várias vezes as falas

gravadas para confirmar informações registradas e poder transcrevê-las fielmente.

Concluída a discussão, interpretação e submissão dos primeiros resultados da

análise, estando estes organizados e sintetizados nos Quadros 22 e 25, de pontos

fortes e fracos e eventos impulsionadores e restritivos foram apresentados aos

participantes da pesquisa, de modo a avaliarem sua validade. Foram convidados

três dos entrevistados a participar da validação dos dados e assim constituídos: um

empresário, um representante do governo local e um representante das entidades. A

escolha recaiu sobre estes por representarem um de cada setor pesquisado, além

de serem informantes da pesquisa e conhecedores do tema em questão.

Os três entrevistados foram convidados a fazer uma apreciação dos resultados do

trabalho, informando seguindo os critérios de Lincoln e Guba (1985): se os

resultados ali descritos confirmavam a experiência vivida no cotidiano; se há alguma

surpresa em relação aquilo que observam em suas atividades profissionais; e se há

discordâncias, acréscimos ou quaisquer comentários que consideram relevantes a

respeito dos mesmos.

Para a realização da análise dos resultados pelos entrevistados, primeiramente os

mesmos foram contatados via telefone, dando-lhes informações sobre o processo de

validação e em seguida solicitadas a sua participação. Uma vez aceita, o material

foi-lhes enviado por e-mail, sendo na primeira página apresentada as instruções

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para realização da validação (Apêndice D) e nas seguintes foi apresentada a síntese

dos resultados através de um quadro constando a síntese dos pontos fracos e

pontos fortes, e outro quadro com a síntese do conjunto de eventos impulsionadores

(oportunidades) e restritivos (ameaças) para a cidade de Rio do Sul, de modo a

promover a leitura e sua compreensão.

O retorno do material foi feito por e-mail e em seguida analisados e descritos os

resultados. Tal procedimento teve o intuito de promover aos entrevistados

conhecimento sobre os resultados da pesquisa dando-lhes possibilidade de

visualizar o segmento de moda jeans, além da sua própria empresa ou instituição.

Os resultados deste procedimento serão apresentados no próximo capítulo.

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4 RESULTADOS DA PESQUISA

No presente capítulo apresenta-se a caracterização da região de abrangência da

AMAVI – Associação dos Municípios do Alto Vale do Itajaí e do e do município de

Rio do Sul. A região e com maior ênfase a cidade de Rio do Sul por ser o principal

agente do presente estudo são contemplados com breve análise acerca de aspectos

históricos, políticos e atividade econômica, advindas da indústria, comércio e

prestação de serviços; elementos demográficos relativos ao tamanho e crescimento

populacional. Além disso, a aptidão de Rio do Sul como polo de moda têxtil e do

vestuário.

4.1 Descrição histórica, econômica e demográfica do município de Rio do Sul

Nesta seção apresenta-se uma contextualização acerca da região do Alto Vale do

Itajaí, sua característica geográfica, indicadores populacionais, desenvolvimento

socioeconômico e político-administrativo, dados sobre a atividade turística e demais

informações, possibilitando assim maior conhecimento das tendências e condições

prósperas da região, no qual a cidade de Rio do Sul está inserida.

Referente ao município mencionado, discorre-se sobre a história de Rio do Sul num

breve relato, sua caracterização geográfica e demográfica bem como abreviada

descrição referente a economia do município – década de 30 às primeiras décadas

do Século XXI, adicionado à sua disposição como polo de moda vestuarista e a

formação do potencial Arranjo Produtivo Local da cidade e região.

4.1.1 Localização do Alto Vale do Itajaí e formação da AMAVI (Associação dos

Municípios do Alto Vale do Itajaí).

O Alto Vale do Itajaí está localizado na região central do estado de Santa Catarina,

limitando-se ao leste com o Médio Vale do Itajaí e da Grande Florianópolis; ao sul,

com a Região Serrana; ao norte, com o Planalto Norte Catarinense e, a oeste, com a

região do Alto Vale do Rio do Peixe.

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A região do Alto Vale do Itajaí é formada por 28 municípios elencados a seguir e

possui uma área territorial aproximada de 7.524 km², o que corresponde a 7,78% da

área do território catarinense, e população de 269.424 habitantes (IBGE, 2016).

Na década de 1960 com o intuito de enfrentar os limites do governo federal e

estadual na promoção do desenvolvimento, surgem no Brasil e em Santa Catarina

as associações de municípios. Os municípios precisavam aumentar seu poder

reivindicatório e o associativismo surge como possibilidade de alavancar os

interesses coletivos e a resolução de problemas comuns (LEAL, 1975; SOUTO-

MAIOR, 1992).

Segundo Souto-Maior (1992, p.62):

Embora num primeiro momento a cooperação possa ter resultado de um certo ‘espírito de mendicância coletiva’ prevalecente, [...], os germes da conscientização quanto à natureza comum dos problemas e das soluções já foram lançados devendo produzir frutos para o planejamento e o desenvolvimento microrregional.

A participação das associações de municípios no sistema federal e estadual de

planejamento iniciou com os termos de referência para os planos microrregionais de

desenvolvimento integrado na década de 1960 (MINISTÉRIO DO INTERIOR, 1972).

Em 1964 por iniciativa da Câmara Junior de Rio do Sul, foi fundada a AMAVI –

Associação dos Municípios do Alto Vale do Itajaí, com o objetivo maior de sediar e

representar força política junto ao governo estadual e federal e através do

associativismo. A AMAVI é uma entidade com personalidade jurídica, de direito

privado, sem fins lucrativos e com duração indeterminada. Sua história pode ser

dividida em três períodos, segundo Butzke (2007): um primeiro período que vai de

1964 a 1969 atuava como fórum de discussão, não possuía sede nem funcionários.

Um segundo período, de 1970 a 1975 que marcou a contratação do primeiro

funcionário e o envolvimento formal da AMAVI com o sistema federal e estadual de

planejamento através dos termos de referência. Um terceiro período, de 1976 até os

dias atuais, no qual se destaca a contratação da equipe técnica, a construção da

própria sede, a prestação de serviços especializados aos municípios associados e

disponibiliza assessoria nas áreas administrativa, social, jurídica, engenharia,

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arquitetura, urbanismo, turismo, educação, contabilidade, informática, topografia e

econômica, principalmente aos pequenos municípios que não tem condições de

contratar seu próprio corpo técnico, além do envolvimento nas experiências de

planejamento regional.

Na lista de objetivos fixados nos seus estatutos (AMAVI, 2007), estão contemplados:

(i) a ampliação e o fortalecimento da capacidade administrativa, econômica e social

dos municípios, prestando-lhes assistência técnica: (ii) a promoção da cooperação

intermunicipal e intergovernamental; e (iii) o registro para efeitos de lavra em

benefício dos municípios associados, de jazidas e recursos minerais existentes na

região.

Entretanto os planos regionais realizados por iniciativa dos governos federal e

estadual sofrem com a descontinuidade das gestões e com a fragmentação de

iniciativas, motivo pelo qual através do associativismo encontram força maior para as

conquistas regionais.

A Associação dos Municípios do Alto Vale do Itajaí – AMAVI é composta por 28

municípios e a Figura 12 apresenta a localização da região no estado, bem como os

municípios que compõem a região.

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Figura 12 – Região e municípios abrangidos pela AMAVI.

Fonte: adaptado da AMAVI (2014).

Os 28 municípios, que formam a AMAVI, a saber: Agrolândia, Agronômica, Atlanta,

Aurora, Braço do Trombudo, Chapadão do Lageado, Dona Emma, Ibirama, Imbuia,

Ituporanga, José Boiteux, Laurentino, Lontras, Mirim Doce, Petrolândia, Pouso

Redondo, Presidente Getúlio, Presidente Nereu, Rio do Campo, Rio do Oeste, Rio

do Sul, Salete, Santa Terezinha, Taió, Trombudo Central, Vidal Ramos, Vitor

Meireles e Witmarsum (AMAVI, 2014).

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4.1.2 Demografia da região do Alto Vale do Itajaí

Os municípios da região são, na sua grande maioria, de pequeno porte e tem o

município de Rio do Sul como cidade polo, principal centro urbano da região. A

população conforme Censo 2010 e estimativa 2015 conforme o IBGE são descritas

na Tabela 02.

Tabela 02 – População Total por Município e estimativa para 2015

Município População 2010

(em nº de Habitantes)

Estimativa 2015 (em nº de

Habitantes)

Evolução 2010/2015

(%) Agrolândia 9.323 10.272 10,17

Agronômica 4.904 5.306 8,19 Atalanta 3.300 3.282 -0,99 Aurora 5.549 5.674 2,25

Braço do Trombudo 3.457 3.654 5,69 Chapadão do Lageado 2.762 2.912 5,43

Dona Emma 3.721 3.997 7,41 Ibirama 17.330 18.412 6,24 Imbuia 5.707 6.040 5,83

Ituporanga 22.250 24.061 8,14 Jose Boiteux 4.721 4.862 2,98 Laurentino 6.004 6.598 9,89

Lontras 10.244 11.393 11,21 Mirim Doce 2.513 2.424 -0,96 Petrolândia 6.131 6.080 -0,99

Pouso Redondo 14.810 16.424 10,89 Presidente Getúlio 14.887 16.474 10,66 Presidente Nereu 2.284 2.309 1,09

Rio do Campo 6.192 6.113 -0,98 Rio do Oeste 7.090 7.392 4,25

Rio do Sul 61.198 67.237 9,86 Salete 7.370 7.594 3,03

Santa Terezinha 8.767 8.864 1,10 Taió 17.260 18.060 4,63

Trombudo Central 6.553 7.057 7,69 Vidal Ramos 6.290 6.366 1,20

Vitor Meirelles 5.207 5.123 -0,98 Witmarsum 3.600 3.841 6,69

Total 269.424 287.821 6,82 Fonte: adaptado do IBGE (2016).

De acordo com o Plano Regional de Mobilidade (AMAVI, 2014, p. 18), as ocupações

urbanas se fizeram em áreas relativamente planas e próximas aos cursos d’água,

tais como o rio Itajaí do Sul e Itajaí do Oeste. A bacia do rio Itajaí apresenta uma

área três vezes superior à das demais bacias do litoral catarinense e tem seus

formadores em regiões mais elevadas, razão pela qual suas águas atingem a parte

baixa da bacia com bastante rapidez. Por esse motivo a bacia do rio Itajaí é a que

está mais propensa a enchentes e inundações frequentes e constantes e têm-se

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constituído, ao longo do tempo, no principal desastre natural no estado, causando

problemas sociais e econômicos na maioria de seus municípios, haja vista a

ocupação residencial e comercial nas proximidades dos rios.

4.1.3 Colonização e formação étnica do Alto Vale do Itajaí

Colonizado por europeus, principalmente italianos e alemães, os valores e costumes

dos antepassados são conservados através da dança, gastronomia, folclore e festas

tradicionais, bem como nas obras arquitetônicas que abrigam hospitais, igrejas e

indústrias, nas rodas d’agua, moinhos e engenhos conservados até os dias atuais.

Nos encontros dominicais que acontecem nas capelas e igrejas de cada localidade

estão preservadas as tradições religiosas (AMAVI, 2004). A forte presença de

elementos culturais, das diversas etnias, mantém acesas as tradições e costumes

dos colonizadores. No Quadro 11 são apresentadas as festas e eventos presentes

em cada um dos municípios que se integram a região.

Quadro 11 – Etnias que colonizaram o Alto Vale do Itajaí e festas e eventos constantes no calendário turístico da AMAVI. Cidade Colonização Festas e Eventos Rio do Sul Alemã e Italiana Motosul, Festa do Bolão, Show de Natal. Agrolândia Alemã Carnaval de Rua, Festa da colheita. Agronômica Alemã e Italiana Festa do Senhor Bom Jesus, Festa da Padroeira Nossa

Senhora do Caravaggio, Festa da Colheita da Igreja Evangélica, Festa do Rei e Rainha do Tiro e do Bolão, Festa Estadual do arroz, Festa das Tradições.

Atalanta Alemã e Italiana Festa do Colono e do Motorista, Festa da Ecologia. Aurora Alemã Não há eventos no calendário oficial do município Braço do Trombudo

Alemã Festa do Rei e Rainha do Tiro e Bolão, Festa da Colheita, Festa de São João, Festa da Cultura Alemã.

Chapadão do Lageado

Alemã Festa Natalina

Dona Emma Alemã e Italiana Não há eventos no calendário oficial do município. Ibirama Alemã Não há eventos no calendário oficial do município Imbuia Alemã Festa Estadual do Milho Verde Ituporanga Alemã Festa Nacional da Cebola, Festa da Igreja Matriz Santo

Estevão, Festa do Seminário São Francisco de Assis. José Boiteux Alemã Mostra da Cultura Indígena, Festa do Colono e do Motorista. Laurentino Alemã e Italiana Festa do Queijo Lontras Alemã Festa do Motorista Mirim Doce Alemã e

Açoriana Festa do Melhor Arroz, Festa de Natal.

Petrolândia Alemã e Italiana Não há eventos no calendário oficial do município Pouso Redondo

Alemã e Italiana Festa Estadual do Tropeiro

Presidente Getúlio

Alemã e Suíça Carnaval de Rua, Expofeira Estadual do Leite, Natal Mágico.

Presidente Alemã e Italiana Festa do Colono, Natal na Praça.

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Cidade Colonização Festas e Eventos Nereu Rio do Campo Alemã e Italiana Não há eventos no calendário oficial do município Rio do Oeste Italiana Festa Estadual da Polenta Salete Alemã e Italiana Festival de Dança, Festival de Voo Livre. Santa Terezinha

Polonesa e Ucraniana

Festa Regional do Mel

Taió Alemã e Italiana Carnaval de Rua, Festa Regional do Galeto. Trombudo Central

Alemã e Italiana Acolhida na Colônia, Natal Encantado, Espetáculo de Dança.

Vidal Ramos Alemã e Italiana Doce Festa, Acolhida na Colônia. Vitor Meirelles Alemã e Italiana Acolhida na Colônia, Festa do Agricultor, Festa da Padroeira

Santa Catarina. Witmarsum Russa Festa do Colono e Motorista

Fonte: adaptado de AMAVI (2014).

4.1.4 Desenvolvimento histórico e econômico

A trajetória de desenvolvimento do Alto Vale até os anos 2000, de acordo com

Menezes (2014), foi marcada pelo isolamento geográfico e econômico das frentes

de colonização, que fez com que as pessoas ali sediadas produzissem quase tudo

de que necessitavam para sobreviver. Somado à economia agropecuária de

subsistência, o setor madeireiro foi fortalecido pela abundância de florestas,

tornando-se o principal motor da economia no período seguinte ao da colonização. A

partir das mudanças na legislação ambiental e do esgotamento progressivo dos

recursos florestais, o ciclo madeireiro entrou, todavia, em decadência. Desse modo,

a reconfiguração socioeconômica acarretou o surgimento de outros setores, a

exemplo do metalomecânico; do têxtil-vestuarista; do madeireiro, centrado no

reflorestamento com espécies exóticas; e da agroindústria; além do terciário,

centrado no turismo. Conforme autora, as fases marcantes desse processo de

desenvolvimento regional são destacadas no Quadro 12.

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Quadro 12 – Fases do processo de formação socioeconômica do Alto Vale do Itajaí. Periodização e evolução da socioeconômica do Alto Vale do Itajaí

1850 – 1920 1920 – 1960 1960 – 1990 1990 – 2000

Ênfase

- Processo de formação das vilas;

- Economia de subsistência e cooperação

(extrativismo/ Agricultura).

- Extrativismo madeireiro;

- Agricultura e cooperativismo; - Surgimento de alguns poucos

setores.

- Crise do setor madeireiro;

- Busca de alternativas para a região;

- Surgimento das primeiras empresas do

segmento – fruto da proximidade com o

Médio Vale.

- Ascenção e proliferação da MPEs do setor

têxtil vestuarista, - Fortalecimento

de outros setores.

Problemas - Indígenas;

- Dificuldade de transporte.

- Indígenas; - Dificuldade de transporte e de

acesso à energia elétrica.

- Êxodo das pessoas e de empresas/ capitais.

- Êxodo agrícola; -Enfraquecimento

da cultura e cooperativismo

local. Fonte: Menezes (2014, p.21).

O movimento histórico e socioeconômico do Alto Vale do Itajaí é marcado por crises

econômicas e escassez de recursos naturais que culmina no surgimento do

segmento têxtil-vestuarista, o qual ainda representa uma atividade de significativa

importância para a geração de emprego e renda em toda a microrregião (MENEZES,

2014, p. 19).

Desde 2005, todos os municípios do Alto Vale do Itajaí optaram por elaborar seu

Plano Diretor Participativo. Com a elaboração dos Planos Diretores, cada município

definiu seu zoneamento, urbano e rural, levando em consideração suas vocações e

particularidades. Assim, diversifica-se entre os três setores da economia: o primário

o qual está relacionado à agricultura, o secundário com expressiva participação

industrial e o terciário com grande destaque comercial e prestadoras de serviços,

onde cada setor tem a sua evidência e importância para o desenvolvimento da

região.

A declividade acentuada bastante perceptível na maioria dos municípios da região,

permitiu a expansão da atividade agrícola, que tem como característica a

predominância de pequenas propriedades com mão de obra familiar. O setor

agropecuário se destaca no Alto Vale do Itajaí com a produção de cebola, fumo,

arroz, milho, leite, suínos e frangos. Segundo (AMAVI, 2014), no Alto Vale existem

cerca de 25 mil produtores rurais, porém a região tem sofrido nas últimas décadas

com uma diminuição crescente da população rural.

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Uma das principais características do Alto Vale no setor industrial é a diversificação

e a especialização nos principais setores da indústria, com significativa inserção

nacional e internacional. Destacam-se as indústrias madeireiras, metalomecânica,

têxtil, de papel, cerâmica, agroindústrias, em especial os frigoríficos que abatem

bovinos, suínos e aves, conservas e laticínios. De acordo com dados da Secretaria

de Estado da Fazenda/SC em 2008, o setor apresenta 2,2 mil empreendimentos,

distribuídos nos 28 municípios da região, empregando aproximadamente 29 mil

trabalhadores.

No segmento comércio e serviços as atividades que mais se destacam são as de

autopeças, máquinas agrícolas, alimentos, fertilizantes, defensivos agrícolas,

combustíveis e materiais de construção, que atendem parte das demandas

regionais. Em 2008 as atividades comerciais de varejo e atacado somavam 4,6 mil

estabelecimentos e empregaram 17 mil trabalhadores (AMAVI, 2014, p. 24).

A principal artéria do Vale do Itajaí no escoamento e recebimento destas

mercadorias e de deslocamento do oeste e do Planalto Serrano ao litoral de Santa

Catarina é a Rodovia BR 470. É a única rodovia federal que corta a região e

representa uma das principais vias de acesso ao porto de Itajaí, ao aeroporto de

Navegantes e uma das principais vias do MERCOSUL, fazendo interligação viária

com as BR’s 101 e 116. Dentre as oito rodovias estaduais que cortam a região a

principal é a SC-350, por constituir-se a alternativa mais próxima de ligação entre o

Alto Vale com Florianópolis.

Apesar de não haver rodovias duplicadas e em alguns trechos localizarem-se no

perímetro urbano de algumas cidades ocasionando inúmeros acidentes, a região

tem boa infraestrutura logística com relação ao transporte de cargas, com ligação

rápida aos portos do estado, permitindo a movimentação de cargas por toda a

região. Por ser uma região em crescente desenvolvimento, a situação econômica da

população permite algumas facilidades na aquisição de bens de consumo, tais como

veículos automotores e na maioria das famílias é corriqueiro ter mais de um

automóvel. Tal fato elevou consideravelmente a quantidade de veículos na região

sendo que o número de automóveis licenciados no Alto Vale segundo (DETRAN,

2016), até o mês de fevereiro de 2016 é de 111.250, e destes 29.029 automóveis

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estão emplacados em Rio do Sul, representando 26,09% no total. A frota total da

região chega a 201.174 veículos, considerando além dos automóveis, os caminhões,

caminhonetes, motocicletas, motonetas, ônibus, utilitários e outros.

Em virtude disto, em 2013, as lideranças políticas, empresariais e entidades

representativas da sociedade da região, voltaram a se manifestar sobre a

importância da Ferrovia da Integração, através da realização de eventos em

Florianópolis, Itajaí, Rio do Sul, Curitibanos e Chapecó e de abaixo-assinado.

O traçado defendido para a Ferrovia da Integração percorreria as cidades de Itajaí,

Blumenau, Rio do Sul, Correia Pinto, Curitibanos, Campos Novos, Joaçaba,

Xanxerê, Chapecó, Maravilha, São Miguel do Oeste e Dionísio Cerqueira. O traçado

contemplaria importante eixo de integração catarinense, favorecendo no crescimento

de microrregiões que necessitam de investimentos estratégicos em infraestrutura,

como o Alto Vale do Itajaí, que reúne cerca de 10% dos municípios catarinenses e

deve grande parte de seu desenvolvimento à construção da extinta Estrada de Ferro

Santa Catarina – EFSC (Figura 13).

Figura 13 – Traçado definido para a Ferrovia da Integração.

Fonte: AMAVI (2014).

No Município de Lontras há um aeródromo oficial, mas o mesmo é administrado pela

Prefeitura de Rio do Sul, o qual atende o setor empresarial do Alto Vale do Itajaí e

entidades governamentais e militares quando necessário. O aeródromo Helmuth

Baumgarten conta com uma área de 266.784,48m², pista asfáltica de 1.100 metros,

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recebendo voos particulares e aviões de pequeno porte. As cidades de Trombudo

Central e Rio do Oeste dispõem ainda de pistas de pouso particulares (AMAVI,

2014).

No que compreende o turismo, os recursos naturais existentes oportunizam a prática

do turismo de aventura, tais como rafting, canoagem, boia-cross e as fontes de

águas sulfurosas também representam oportunidades de ampliação da atividade

turística na região.

Com destaque para o jeans, o turismo de compras consolida-se através dos polos

criados no entorno da BR 470 pelo setor de confecções e o turismo industrial é

alavancado através dos setores alimentício, metal-mecânico, madeireiro e de

medicamentos. Pelo contexto agrícola da região, o agroturismo merece destaque

com o autêntico café colonial ou almoço caseiro a base de produtos cultivados ou

produzidos nas propriedades rurais que guardam receitas deixadas pelos imigrantes,

além do artesanato diversificado (AMAVI, 2014, p. 9).

A experiência dos municípios pertencentes à área de abrangência da AMAVI ainda é

bastante principiante, com relação ao turismo, porém o Alto Vale do Itajaí está

incluso no processo de interiorização da atividade turística em Santa Catarina e, o

associativismo municipal representado pela Associação dos Municípios do Alto Vale

do Itajaí, tem importância fundamental neste processo.

As fragilidades estão associadas à falta de estrutura das prefeituras, amadorismo no

tratamento do turismo, o desconhecimento do potencial turístico local e regional, a

falta de documentação histórica e valorização da mesma e o descaso ao meio

ambiente. A fim de resolver as fragilidades e estimular os trunfos, “as cidades

precisam estabelecer pactos de desenvolvimento, interligando projetos e ações num

pensamento conjunto de parcerias com ganhos para o todo” (POLEZA, 2001, p. 76).

Diante deste pensamento, quem sabe, o turismo do Alto Vale do Itajaí, passe de

“fim” do planejamento a “meio” e a ser prática mais integrada de desenvolvimento,

na qual o bem-estar de todos seja o objetivo principal.

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116

É importante destacar que apesar da dinâmica sobre o Alto Vale do Itajaí, o foco

principal do estudo é o município de Rio do Sul, abordado a seguir.

4.1.5 A cidade de Rio do Sul – caracterização geográfica e demográfica

Rio do Sul, localizada no estado de Santa Catarina, região sul do Brasil, é o principal

município da região do Alto Vale do Itajaí. Faz divisa com as cidades de Laurentino,

Agronômica, Aurora, Lontras, Ibirama e Presidente Getúlio. Atualmente sua

extensão territorial de 260,357km² e densidade demográfica (hab/km²): 236,83 está

distribuída e composta pelos seguintes 25 bairros: Centro, Bela Aliança, Fundo

Canoas, Taboão, Valada Itoupava, Jardim América, Santana, Eugênio Schneider,

Laranjeiras, Boa Vista, Albertina, Brehmer, Rainha, Valada São Paulo, Barra

Itoupava, Santa Rita, Navegantes, Canta Galo, Canoas, Progresso, Pamplona,

Sumaré, Budag, Barragem e Barra do Trombudo (RIO DO SUL, 2015).

É entrecortada pelos rios Itajaí do Sul e Oeste, cuja convergência dá origem ao

grande Itajaí-Açú, que se perfila ao longo das cidades do Verde Vale do Itajaí. Sua

população, segundo dados do censo demográfico de 2010 (IBGE, 2016) eram de

61.198 habitantes, dos quais 56.785 residiam na área urbana e 4.413 na área rural

do município. Conforme mesma fonte, em 2015 a estimativa é de que a população

de Rio do Sul alcance a marca de 67.237 habitantes (IBGE, 2016).

Este aumento populacional pode ser comprovado nas pesquisas realizadas pelo

IBGE, onde já no Censo de (2000), classificou Rio do Sul como o município mais

populoso da região do Alto Vale do Itajaí, com uma elevada taxa de urbanização,

sendo 93,74% da população concentrada nas áreas urbanas, e 6,26% concentradas

em áreas rurais. Desde a sua criação, foi considerado como o município pólo da

microrregião, e denominado como sendo a capital do Alto Vale. Desde então, o

município passa por uma rápida concentração populacional.

Sua posição geográfica entre a Serra do Mar e a Serra Geral a 27°12´15” de latitude

oeste. Com altitude de 339,88m acima do nível do mar, seu ponto culminante é a

Serra do Mirador a 824m, onde nasce o Ribeirão das Cobras, na divisa com o

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município de Presidente Getúlio, possui temperatura média anual de 18°C, com

máxima de 34°C e mínima de 5°C (RIO DO SUL, 2015).

Possui um alto índice de desenvolvimento humano municipal na dimensão

longevidade com esperança de vida ao nascer de 76,02 anos, de acordo com dados

do censo do IBGE (2016).

O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) é uma medida comparativa que

engloba três dimensões: riqueza, educação e esperança média de vida. É um

critério padronizado internacional de avaliação e medida do bem-estar de uma

população elaborado pela ONU (RIO DO SUL, 2015).

O Índice de Desenvolvimento Humano Municipal Longevidade (IDHM), é composto

pelo indicador esperança de vida ao nascer. Esse indicador mostra o número médio

de anos que as pessoas viveriam a partir do nascimento, mantidos os mesmos

padrões de mortalidade observados no ano de referência (PNUD, 2013).

Os principais índices de desenvolvimento humano da cidade, com base no Atlas de

Desenvolvimento Humano no Brasil, PNUD de 2010, podem-se observar na Tabela

03.

Tabela 03 – Principais índices de desenvolvimento humano de Rio do Sul IDH-E IDH-M IDH-R IDH- L Média Geral 0,727 0,802 0,793 0,894 0,804

Fonte: PNUD (2015).

A cidade ocupa o 7º lugar geral no IDH na posição do estado, mas no quesito IDH-L

ocupa o 4º lugar estadual, sendo considerado nível muito alto de qualidade de vida

(PNUD, 2015).

4.1.6 Um breve relato sobre a história de Rio do Sul

O processo histórico da colonização e formação econômica de Rio do Sul

compreende um espaço inicialmente habitado pelos índios Xokleng, sendo que no

século XIX, passa a ser ocupado com a imigração europeia, em especial alemães e

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italianos, que em contato com os indígenas ocasiona grandes conflitos entre os

mesmos. Muller (1987) estima que, dois terços desta população tenham sido

exterminados nos primeiros anos de convívio.

A historiadora Dagnoni (2008), conta que com o estabelecimento da colônia de

Blumenau, Emil Odebrecht promoveu expedições abrindo um caminho para

cargueiros e os imigrantes que habitavam Blumenau antes da colonização,

gradativamente se deslocam para as terras vagas.

Num primeiro momento, Rio do Sul começa a surgir com a tentativa de integração

das povoações litorâneas e da serra catarinense, estando a região do Vale do Itajaí

ao centro, ocasionando um vazio e a ocupação deste espaço constituía-se uma

necessidade (DAGNONI, 2008).

O Rio Itajaí-açu, desempenhou papel fundamental na fixação dos colonizadores no

Alto Vale do Itajaí e em 1890 foi construído uma balsa para facilitar a comunicação

entre a colônia de Blumenau e Lages fora do período de estiagem. Neste período, o

balseiro Basílio Correa de Negredo construiu sua choupana, que marcou o ponto

inicial da formação do núcleo com características rurais que teve início oficialmente

no ano de 1892, com a chegada do primeiro colono, vindo de Blumenau, Francisco

Frankenberger (RIO DO SUL, 2015).

O movimento migratório para as terras do Alto Vale, intensificaram-se a partir da

segunda década do século XX, os núcleos coloniais se expandiam e o comércio

também vivia alterações, consequentemente a comercialização de produtos passou

a ganhar cada vez mais peso nas atividades dos colonos (CAMINHOS DO ALTO

VALE, 2015).

Fato que desencadeou ainda mais o crescimento da região foi a construção da

estrada de ferro, (hoje extinta), permitindo a exploração de novas fontes de

economia, como foi o caso da madeira, acelerando o processo de desenvolvimento

da cidade principalmente a partir da década de 30. Tal década que devido á

inúmeras realizações e com grande interesse político faz com que Rio do Sul

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conquiste sua emancipação política e a independência de Blumenau, em 15 de abril

de 1931 (RIO DO SUL, 2015).

Entre os anos de 1968/1969 com a conclusão da BR 470, a estrada de ferro já não

visava mais lucro e os cargueiros com trinta vagões que cruzavam diariamente a

cidade, passaram a ser um estorvo para a comunidade que passou a conhecer os

modernos e rápidos caminhões para transporte. A ferrovia encerrou suas atividades,

no dia 13 de março de 1971 e a antiga estação, hoje abriga o Museu Histórico

Cultural de Rio do Sul Victor Lucas (AMAVI, 2014).

A ponte dos arcos que obedeceu na época às necessidades de seu tempo,

passando por ela os trens de carga, também passou a ser um dos cartões postais

da cidade na atualidade, preservando a memória de Rio do Sul acompanhando o

desenvolvimento da cidade.

Porém, o principal cartão postal da cidade de Rio do Sul é a Catedral São João

Batista, que após a inauguração da pedra fundamental, em 1949, começou a ser

construída em 1950, foi concluída em 1957, tornando-se a construção símbolo do

Alto Vale do Itajaí.

As décadas de 50 e 60 marcam um período de grande número das principais

edificações no centro: indústrias, igrejas, hospitais, residências, banco, colégios e

partir de 1970 há um considerável aumento no número de indústrias e

estabelecimentos comerciais alavancando significativamente o número de

habitantes entre os anos de 1970 e 1980 (KLUG; DIRKSEN, 1999, p. 142). Devido

ao processo de migração segundo Diel e Kroetz (2008, p. 305), tornou-se necessário

à diversificação das atividades econômicas fortalecendo o setor terciário que surgia

para dar suporte às indústrias especialmente ligadas às atividades madeireiras,

como serrarias e fábricas de móveis.

Mas a madeira está chegando ao fim, e com ela o esplendor que a cidade ostenta

na beleza das casas, principalmente quando a cidade é acometida por forte crise

econômica principalmente após a enchente de 1983, ocasionando grandes prejuízos

ao setor econômico do município (KLUG; DIRKSEN, 1999, p 143). Ao tentar

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reerguer-se, de acordo com Klug e Dirksen (1999, p.169) houve um maior

desenvolvimento do setor ligado à transformação de minerais não metálicos,

mobiliário, produtos alimentares e, novamente, os ligados ao vestuário, destacando

a produção de tecidos. Em função disto, Rio do Sul ganhou destaque na produção

de jeans.

4.1.7 A economia do município – década de 30 às primeiras décadas do Século XXI

Com uma população já bastante considerável, os habitantes em sua maioria

possuidores de grandes extensões de lotes rurais trabalhavam na agricultura, muito

embora na década de 30, com a extração da madeira, a cidade obteve um

desenvolvimento acelerado também em virtude de boa localização geográfica. Até a

década de 50 e 60, a maior concentração da população é no meio rural, sendo que a

partir de então a situação tende a inverter-se, o que também ocorre em nível

nacional. Conforme o que aponta trechos da obra de Klug e Dirksen (1999), graças

aos recursos provenientes da madeira, é considerável o desenvolvimento da cidade

como eixo prestador de serviços regionais.

A década de 40 registra significativo crescimento urbano decorrente da expansão da

indústria e do comércio e na transição para os anos 50 o desenvolvimento está

perceptível. O Jornal Últimas Notícias, de 06 de setembro de 1956, trazia a seguinte

manchete: “Rio do Sul moderniza-se com a colocação de luminosos”. A cidade vem

tomando um aspecto mais belo e de mais moderna com a colocação de anúncios

luminosos por parte de várias firmas comerciais que funcionam nesta praça.

As décadas de 50 e 60 marcam um período de grande número das principais

edificações no centro: indústrias, igrejas, hospitais, residências, banco, colégios e

casas comerciais, bem como grande desenvolvimento no setor de transporte

coletivo. Sente-se então a necessidade de aumentar a capacidade energética no

município para atender à demanda do seu desenvolvimento urbano e industrial

(KLUG; DIRKSEN, 1999, p. 142).

A partir de 1970 há um considerável aumento no número de indústrias e

estabelecimentos comerciais. Informações obtidas na FIESC mostram que, de 1970

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a 1980 as empresas com maior destaque foram a metalúrgica, madeira e artigos de

vestuário.

Diel e Kroetz (2008) corroboram dizendo que entre os anos de 1970 e 1980 houve

um aumento significativo no número de habitantes do município de Rio do Sul. Isso

pode ser entendido como um dos reflexos do desenvolvimento urbano da região.

Em Rio do Sul, devido ao processo de migração tornou-se necessário à

diversificação das atividades econômicas, e consequentemente do fortalecimento do

setor terciário que surgia para dar suporte às indústrias principalmente ligadas às

atividades madeireiras, como serrarias e fábricas de móveis. Com o passar dos

anos, e com a caracterização do município como polo da microrregião, aumentou

ainda mais a migração de pessoas, as quais vinham para trabalhar nas indústrias e

empresas da região. Estes emigrantes concentravam-se normalmente nas áreas

urbanas, o que tornou o município cada vez mais populoso. Este processo vem ao

encontro da ideia de Kon (1992), onde destaca que uma economia, para sair de um

passado agrário para um futuro industrial, é necessário que passe inicialmente por

uma concentração de pessoas e atividades nas cidades.

Mas a madeira está chegando ao fim, e com ela o esplendor que a cidade ostenta

na beleza das casas, na pujança do comércio e na construção de prédios diversos.

Constata-se uma estagnação da economia do município desde fim da década de 70

e ao longo de toda década de 80, quando a cidade é acometida por forte crise

econômica principalmente após a enchente de 83 (KLUG; DIRKSEN, 1999, p 143).

Durante as enchentes de 1983 e 1984, Rio do Sul e todo o Alto Vale do Itajaí tiveram

grandes prejuízos não só materiais, mas também em vidas humanas. Das 125

indústrias existentes, 120 foram atingidas pela catástrofe, 70% da área urbana foi

afetada e a agricultura foi completamente destruída.

De acordo com Klug e Dirksen (1999, p.169) de 1980 a 1989, houve um maior

desenvolvimento do setor ligado à transformação de minerais não metálicos,

mobiliário, produtos alimentares e, novamente, os ligados ao vestuário. Em função

disto, Rio do Sul ganhou destaque na produção de tecidos, produzindo o jeans de

melhor qualidade no estado de Santa Catarina. Tal fato mereceu destaque no jornal

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Diário Catarinense em 27 de dezembro de 1993 com a seguinte notícia: “A cidade

do jeans: Rio do Sul é conhecida como a cidade que produz o jeans de melhor

qualidade no estado, que depois de vendido para grandes fabricantes de roupas é

transformado em calças de grifes famosas”.

A partir da década de 90 se por um lado desenvolviam-se pequenas empresas com

seus proprietários que se dirigiam aos grandes centros urbanos brasileiros para

pesquisar tendências da moda, por outro lado a Sulfabril deslanchava no mercado

nacional. Matéria veiculada no Jornal de Santa Catarina (MATTHES, 2014, s.p.)

noticiava o desempenho da empresa em 1994: “[...] faturamento chega a US$ 140

milhões, 5,6 mil funcionários e produção mensal de 5,1 milhões de camisas”.

De acordo com França (2014, p. 95) nessa mesma época, faccionistas do município

e os sindicatos deste setor em Rio do Sul, afirmam haver cerca de 1200 funcionários

na unidade rio-sulense da Sulfabril a qual abriu as portas no início da década de

1980, e menos de 15 anos depois já empregava mais de mil funcionários, alavancou

o crescimento da população urbana do município, atraindo trabalhadores de outros

municípios da redondeza e até mesmo de Blumenau.

Junto da Sulfabril, aumentava também o restante do setor em Rio do Sul:

As primeiras empresas que foram criadas em Rio do Sul [...] ainda trabalhavam com jeans bruto, conforme a matéria prima vinha das fábricas. [...] Com o tempo surgiram as lavações de jeans em Rio do Sul e aos poucos o setor foi se profissionalizando. O trabalho com o jeans e moda em geral começava a se consolidar como uma importante atividade econômica (SINFIATEC, 2012, p. 11).

Com intuito de alavancar a venda dos produtos de vestuário da região, foram

inaugurados no início dos anos 1990 dois centros comerciais destinados às

empresas de confecção do Alto Vale. O primeiro destes centros, o “Fabricenter”,

começou a funcionar em 1993, “[...] com 14 lojas, pontos de venda direta de fábrica,

atendendo no atacado e varejo” (FABRICENTER, 2015, s.p.). As vendas no varejo

eram feitas, sobretudo, para a população local, enquanto as vendas no atacado

implicavam toda a região sul do País.

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O sucesso do Fabricenter em todos esses anos foi sempre pautado no trabalho de parceria. De um lado, com os agentes de viagens, responsáveis por trazer os lojistas/compradores das mais diversas regiões. E, de outro, os lojistas/vendedores que procuram, com a qualidade de seus produtos, fidelizar seus clientes (FABRICENTER, 2015, s.p.).

O grande sucesso da Fabricenter abriu caminho para que, no ano seguinte – 1994 –,

fosse inaugurado o “Polo Têxtil”, centro comercial que reunia lojas das empresas

confeccionistas da cidade de Rio do Sul e da região. O objetivo da criação era “[...]

atender a demanda de ônibus de turismo de compras que passavam na BR 470,

vindos do Oeste Catarinense, Rio Grande do Sul e outros estados”

(POLOSHOPPING, 2015).

No dia 13 de novembro de 2009, o Polo Têxtil passou a ser Polo Shopping devido a

diversidade de segmentos. Atualmente com área de aproximadamente 3.000 m² e

50 lojas, possuem produtos têxteis, calçados, artigos para presentes, bijuterias e

acessórios, assim como na área de alimentação, tendo o restaurante e pizzaria

(POLOSHOPPING, 2015).

É importante ressaltar que nos dias atuais os dois centros de moda continuam suas

atividades, porém a Fabricenter vende somente no atacado e o Polo Shopping

comercializa seus produtos no varejo e atacado.

Entretanto, conforme Goularti Filho (2002), a década de 1990 foi marcada não só

pela desverticalização da produção, mas também pela retração das atividades desse

setor em grande escala. Isso também afetou o Vale do Itajaí e muitas empresas,

como a Sulfabril, não conseguiram atravessar a crise econômica. Tal empresa, que

chegou a ser a segunda maior do ramo têxtil na América Latina, começou a

enfrentar problemas financeiros sérios, com reflexos principalmente junto aos

trabalhadores. Demissões consideráveis passaram a ocorrer e folhas salariais foram

atrasadas; em setembro de 1999, a empresa declarou falência, mesmo que tenha

continuado a operar em razão de determinação judicial.

Com a falência da Sulfabril, muitos ex-funcionários dessa empresa tentaram abrir

seu próprio negócio e algumas empresas com situação mais confortável

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consolidaram-se no mercado, tais como: Monnari, Visual, Brix, Star Luck, Carlan,

Dulmar, Rafree e Costa Pública.

Foi a alternativa que sobrou na época: o desemprego aqui no município era grande. E era o que as pessoas que saíram da Sulfabril sabiam fazer, porque a grande maioria tinha vindo da roça. Existia uma prioridade na Sulfabril para contratar o pessoal que trabalhava na agricultura – as dificuldades que essas pessoas sofreram na roça fazem elas valorizarem muito o trabalho (PRESIDENTE DO SITITEV, 2013, p.99).

Com um olhar histórico sobre o SINFIATEC, França (2014, p.99), caracteriza três

diferentes momentos da atuação do sindicato, conforme o Quadro 13:

Quadro 13 – Trajetória SINFIATEC. 1992 a 2003 Grande esforço se concentrou na qualificação da mão obra, em parcerias com

as instituições de ensino locais; 2003 a 2005 Ganhou destaque a divulgação das confecções do município em nível nacional,

com a “cunhagem” da ideia de Rio do Sul como capital do jeans; e 2006 em diante Adquire ênfase o engajamento do sindicato em fomentar o associativismo entre

as empresas. Fonte: Elaborado pela autora (2015).

Sobre o associativismo que o SINFIATEC buscou promover, diz Fronza (2012, p.

23):

[...] foi iniciada uma mobilização para criar um Arranjo Produtivo Local (APL), que seria uma associação de empresas para viabilizar a compra de matéria-prima na própria região, além de promover debates, negócios e compras conjuntas. O projeto não teve continuidade [...].

A preocupação em aproximar as empresas vestuaristas da região encontra respaldo

nas palavras do ex-presidente do SINFIATEC: “O empresário do Alto Vale precisa

ver que o concorrente não é a fábrica do lado dele, mas sim os produtos vindos de

fora. [...] Então temos que nos remodelar e crer que o governo federal venha a dar

respaldos nesse sentido. [...] Temos que nos planejar melhor e acredito que o

associativismo vai ser uma boa saída” (FRONZA, 2012, p. 23).

A presidente do SITITEV diz que:

Hoje falta mão de obra, e então há uma concorrência muito grande. Por 50 reais a mais os funcionários estão trocando de empresa [...]. No setor da costura não tem desemprego: quem quiser trabalhar consegue. O pessoal

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aprende rápido, e a qualificação não é o problema (PRESIDENTE DO SITITEV, 2013, p.100).

Porém enfatiza que o principal entrave para estabelecer a atividade produtiva

vestuarista em Rio do Sul mais uma vez é a BR-470: “Os ônibus [com compradores]

que vêm pelo litoral já não vêm para Rio do Sul. Vão a Criciúma, Blumenau e

Indaial. Esse é um dos grandes entraves para o crescimento local” (PRESIDENTE

DO SINFIATEC, 2014, p. 101).

Segundo Diel e Kroetz (2008), Rio do Sul classifica-se como um dos mais

importantes municípios em termos da geração de emprego e renda, e polo de

compras. De acordo com França (2014), o município conta com fortes indústrias em

vários segmentos, (metalomecânico, alimentício e têxtil) com reconhecimento não

apenas no cenário nacional, como também internacional, tais como Brevil, Grubras,

Royalciclo, Weber-Bovenau, Vedamotors, Metalúrgica Riosulense, H. Brehmer, e

Frahm, por sua vez, figuram entre as três maiores produtoras nacionais de

equipamentos eletrônicos de comunicação, além do Frigorifico Riosulense com a

atividade alimentícia. Complementando este cenário, um setor de prestação de

serviços e atividades ligadas ao comércio bem diversificado em relação aos

municípios menores, da região. Por fim, é preciso sublinhar que as atividades

ligadas à produção de artigos do vestuário têm crescido e, por consequência, as

empresas inseridas também crescem.

Segundo o SEBRAE (2013, p.47) tomando-se como referência dezembro de 2011,

existiam em Rio do Sul 4.960 empresas formalmente estabelecida, as quais geraram

29.056 postos de trabalho com carteira assinada e de acordo com a Secretaria do

Desenvolvimento Econômico do município (2007), a economia está pautada nos três

setores econômicos: a) primário; b) secundário e o c) terciário.

Em 2011 a cidade exportou um total de US$ 174.911.530 (total de 24 empresas

exportadoras) e importou US$ 16.375.398, apresentando um saldo positivo de US$

158.536.132,00 na balança comercial do município (SEBRAE, 2013, p.41).

O Gráfico 01 a seguir apresenta a evolução da balança comercial do município para

o período de 2004 a 2011.

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Gráfico 01 – Evolução da balança comercial de Rio do Sul, no período de 2004 a 2011.

Fonte: (SEBRAE, 2013, p. 42).

Cada setor tem a sua participação e importância para o desenvolvimento econômico

do município e apresenta um PIB de R$ 2.6 bilhões (IBGE, 2016).

Esses macro setores estão organizados no município, segundo SEBRAE (2013), da

seguinte forma:

a) Setor Primário: na agricultura, são 1.040 propriedades rurais contemplando 1.322

famílias, perfazendo um total de 3.232 pessoas, caracterizando uma agricultura

familiar típica, contendo 46 empresas direcionadas para agricultura, pecuária,

produção florestal, pesca e aquicultura (SEBRAE, 2013). Este setor apresenta um

PIB de 9.5 milhões (IBGE, 2016);

b) Setor Secundário: Com aproximadamente 1029 indústrias, segundo (SEBRAE,

2013, p. 49), representando o setor de grande importância na geração de emprego e

renda para o município. Neste setor estão indústrias com destaque nacional e

mundial, produzindo componentes e equipamentos automotivos, máquinas,

(acessórios industriais e fundidos em geral); Indústria Mecânica (caldeiras,

equipamentos para indústria de papelão, torno mecânico e prensas); Indústria de

Componentes Eletroeletrônicos, Indústria de Produtos Alimentícios (carnes e

derivados e condimentos); Indústria Moveleira (copas, cozinhas, dormitórios e

demais artigos no ramo); e a Indústria Têxtil e do Vestuário que gera

aproximadamente 2.495 empregos diretos (SEBRAE, 2013) e 3.500 empregos

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indiretos na cidade, na indústria do jeans, meia malha e lingerie; O setor secundário

colabora com um PIB de 1.084 bilhões (IBGE, 2016).

c) Setor Terciário: Na área comercial e prestação de serviços, Rio do Sul destaca-se

por ser polo da região considerado referência para compras e serviços. Conta com

1.943 empresas comerciais, e 1.942 prestadoras de serviços (SEBRAE, 2013, p.48),

que se desenvolveram buscando atender as funções intermediárias e

complementares aos demais setores, e apresenta um PIB de 1.228 bilhões, (IBGE,

2016).

A representação gráfica da configuração setorial do município é detalhada a seguir

no Gráfico 02:

Gráfico 02 – Número de empresas e empregos formais de Rio do Sul, segundo o setor, em 2011.

Fonte: (SEBRAE, 2013, p. 47).

A partir destas informações relativas ao número de empresas e empregos, e do PIB

da cidade de Rio do Sul, de maneira geral, pode-se dizer que a economia do

município diversifica-se entre os três setores econômicos, sendo o setor secundário

e o terciário de maior relevância econômica.

De acordo com os dados da RAIS/MTE (2012), cinco atividades são relevantes não

apenas para o município, mas para o estado de Santa Catarina. Rio do Sul é o 10º

maior empregador em confecções do estado, o 9º na fabricação de máquinas e

equipamentos, o 6º na fabricação de produtos eletrônicos e também de

equipamentos de transporte (exceto veículos automotores), e o 4º na fabricação de

autopeças – 8,57% do emprego catarinense nesta última atividade estão em Rio do

Sul.

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A dinâmica economia local, tem se mostrado relevante e consequentemente

determinado amplo impacto positivo para sociedade inserida no município, tais como

alguns importantíssimos que se fazem presente no Quadro 14 a seguir:

Quadro 14 – Maiores empresas de Rio do Sul. Brevil - Fabricante de equipamentos para movimentação e elevação de cargas (brevil.ind.br). Frahm - Fabricante de caixas acústicas e amplificadas (frahm.com.br) Frigorífico Riosulense - Maior empresa rio-sulense em termos de faturamento, vende carne suína para mais de 30 países, outorgando a 555ª posição no ranking das 1000 maiores empresas exportadoras brasileiras (VALOR ECONÔMICO, 2012). Em Santa Catarina, é a 11ª maior empresa exportadora (FIESC, 2013). Grubras - Fabricante de gruas para construção civil. É fornecedora das principais montadoras de motocicleta instaladas no Brasil, e também para fabricantes de equipamentos utilizados em jardins e no manejo de áreas florestais (grubras.ind.br). H-Bremer - A empresa produz energia térmica e energia elétrica com capacidade de 80 a 1800 kg vapor/hora, destinados a diversos segmentos industriais. É um dos maiores fabricantes de caldeiras do Brasil (bremer.com.br). Metalciclo/Royalciclo - produz sellins das marcas do grupo SelleRoyal para toda a América Latina. É atualmente a maior da América Latina e a 5ª maior empresa do mundo na fabricação de pedais, tendo produzido 8,6 milhões de pares de pedais em 2013 (royalciclo.com.br). Metalúrgica Riosulense - Trata-se da maior fabricante latino-americana de guias, sedes e tuchos mecânicos de válvulas e fundidos em ligas especiais, fornecendo para as principais montadoras de veículos automotivos do Brasil e mais 25 países (riosulense.com.br). Vedamotors - Se consolidou como o principal fabricante de juntas e sistema de vedação para motores de motocicletas, motosserras, motores marítimos e juntas industriais para o mercado mundial (vedamotors.com.br). Weber-Bovenau - É a maior fabricante de macacos e equipamentos hidráulicos do ocidente, sendo líder de vendas e no fornecimento para a América do Sul (bovenau.com.br).

Fonte: elaborado pela autora (2015).

Como pode ser observado, Rio do Sul exibe uma dinâmica considerável no quesito

empresas com renome nacional e internacional, principalmente pelas exportações

para países até então de difícil aceitação por produtos oriundos de outras nações,

como é o caso dos critérios exigidos pelo Japão. No entanto, o Frigorífico

Riosulense exporta carne suína para tal país, notícia amplamente comemorada pela

empresa, conforme relato a seguir:

Um marco na história do comércio do Alto Vale do Itajaí [...]: a Pamplona Alimentos confirmou o embarque da primeira carga de carne suína com destino ao Japão. [...] O japonês decidiu comprar da Pamplona porque sabe da procedência daquilo que produzimos no Alto Vale. Eles têm também o melhor e mais completo certificado sanitário que existe. Exportar para o Japão significa hoje estar apto a exportar para qualquer outro país (FRANZOI, 2013, p. 1).

Este relato confirma a propensão que Rio do Sul exibe, para que se reconheça a

cidade como importante polo de desenvolvimento de turismo de negócios e eventos.

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4.2 Caracterização do polo de moda jeans e a configuração do aglomerado de

Rio do Sul e região

Na seção a seguir, serão apresentados alguns indícios qualitativos bem como

quantitativos da constituição do polo de moda no Alto Vale do Itajaí e em especial na

cidade de Rio do Sul, o qual consiste como o maior e mais importante centro de

moda da região, contextualizado a partir do ciclo da madeira até a crise e

instabilidade político-econômica, situação desencadeadora de alternativas de

desenvolvimento local.

4.2.1 Como tudo começou

Com os impactos socioambientais negativos do extrativismo madeireiro

descontrolado, surgem mudanças favoráveis ao declínio dessa atividade. Com o

esgotamento das florestas e das restrições impostas pela legislação ambiental,

observa-se o esgotamento do ciclo da madeira e o surgimento de uma crise

responsável pelo agravamento do êxodo rural (ZANELLA, 2006).

Além da crise do ciclo da madeira, de acordo com Zanella (2006), a região sofria

com a carência de recursos governamentais para a melhoria da infraestrutura local,

porém os impactos da possível crise foram amortecidos com uma série de fatores

que era responsável pelo bom andamento da economia rio-sulense naquele período

(década de 1970), que segundo França (2014, p.62) foram: i) a dinamização

econômica na esfera nacional, com a entrada no “milagre econômico”, e a reboque

dos maciços investimentos estatais; ii) crescente urbanização da população

brasileira, provocando aumento sobretudo do consumo de bens duráveis e semi-

duráveis; iii) crescimento do setor terciário em Rio do Sul, dada a centralidade do

município em escala de Alto Vale; iv) crescimento de outros setores da economia de

Rio do Sul, principalmente o eletrometalmecânico e o alimentar, sob forte estímulo

dos processos relacionados aos fatores i e ii; v) a maturação dos investimentos

ligados à “era da madeira”, envolvendo, por exemplo, estradas, energia elétrica e

linhas de telefone.

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Não foi por mera coincidência que na década de 1970 se instalavam, no município,

lojas de departamento de grande porte, a maioria delas oriundas do Paraná: Hermes

Macedo, Prosdócimo, Arapuã e Koerich (TOMASINI; HOERHANN, 2000, p. 169). O

crescimento comercial fazia-se sentir na elaboração do primeiro Plano Diretor da

cidade. Poleza (2003, p. 68) ressalta, com efeito, que “uma extensa área foi

destinada ao comércio, talvez em função da intenção de solidificar a condição de

Capital Comercial do Alto Vale”.

Também houve investimentos por parte do setor bancário na cidade. Em 1965 era

inaugurado o Besc, o Unibanco surgia em 1971, a Caixa Econômica Federal

inaugurava sua sede própria em 1976, e em 1977 chegava o Itaú. Assim, o setor

terciário acentuava a centralidade de Rio do Sul sobre o Alto Vale, o que permitiu

fôlego à economia do município, representando mais um elemento amortecedor dos

reflexos do fim da “era madeireira”.

Entretanto, o início da década de 1980 traria consideráveis desafios para o espaço

urbano rio-sulense. Poleza (2003, p. 70) observou um importante problema que se

formava no município: “[o] meio urbano ignorava os rios que passavam

inexpressivamente por dentro da cidade em leitos cada vez mais reduzidos,

carregando lixos domésticos e industriais, em muitas vezes incomodando, mas só

àqueles que moravam em áreas baixas”. Isto é, enquanto a área urbana do

município crescia fazendo vistas grossas para os rios que a cortam, os efeitos

devastadores de uma possível cheia na região eram potencializados.

E neste cenário, comunidades ali enraizadas vivenciaram duas das maiores

enchentes já registradas na região nos anos de 1983 e 1984, alcançaram

intensidade catastrófica o que tornara a situação ainda mais alarmante.

Dados apresentados por Poleza (2003, p. 75) indicam que “[...] o número de

flagelados chegou a 25.000 habitantes [...] em Rio do Sul”. Tanto contingentes

instalados em áreas periféricas como moradores em localizações caracterizadas por

habitações de padrão mais elevado viram seus imóveis ficarem sob as águas. “As

inundações expressivas, duradouras e sucessivas romperam com situações ligadas

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ao ritmo de atividades, já abaladas pela recessão da economia [...] em função do fim

do ciclo da madeira” (POLEZA, 2003, p. 77).

Tomasini e Hoerhann (2000, p. 169) oferecem informações sobre o setor

empresarial: “[...] das 125 [empresas] existentes, 120 foram atingidas pela

catástrofe, 70% da área urbana foi afetada e a agricultura foi completamente

destruída”.

Neste momento, independente da classe social, a população passou a participar de

maneira conjunta em busca de soluções inovadoras para a resolução de problemas

comuns. Atenta a situação os residentes tomam consciência da importância no

planejamento preventivo no desenvolvimento urbano regional.

Em 1985, menos de dois anos após as enchentes – o que sugere rapidez na

reconstrução do município –, Saul (2000, p. 112) destaca os seguintes aspectos do

desenvolvimento social e econômico rio-sulense:

Segundo a revista Dirigente Municipal [em março de 1985], do grupo Visão, Rio do Sul ficou em 203º lugar entre os quinhentos municípios mais desenvolvidos do Brasil, levando em conta alguns critérios, como arrecadação federal e estadual, ligações elétricas e de esgoto e leitos hospitalares, entre outros.

Importa enfatizar que na região a extração da madeira, desde o período da

colonização influenciou o surgimento de várias outras atividades econômicas como,

por exemplo, mão-de-obra especializada na reparação dos equipamentos de

extração, processamento e transporte, emergindo assim o setor metalomecânico.

A produção de papel e papelão foi outro segmento que se consolidou em virtude da

extração madeireira, obtendo fortalecimento com a atividade de reflorestamento com

espécies exóticas.

Durante praticamente uma década os rio-sulenses e, como consequência, todo o Alto Vale, viveram esse período de colapso econômico e este fato gerava uma preocupação constante. Os industriais, os políticos, a imprensa, os munícipes em geral, todos estavam preocupados com o futuro econômico de Rio do Sul e buscavam soluções para o problema (ZANELLA, 2006, p. 39).

A instabilidade refletiu também no cenário estadual,

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[...] a partir da metade da década de 1960, Rio do Sul e região acordaram para uma nova realidade econômica. As ideias dos industriais rio-sulenses em buscar soluções para o retrocesso econômico provocado pela “quebra” das serrarias, aliadas às esperanças emanadas do Presidente Castelo Branco e às ações desenvolvimentistas do Governo Celso Ramos, produziram efeitos positivos (ZANELLA, 2006, p. 46).

Em meio à crise e instabilidade político-econômica, as autoridades locais

preocupadas com a situação do Alto Vale encomendaram um estudo sobre

alternativas de desenvolvimento local (TRICHES et. al., 2015). A pesquisa confirmou

a potencialidade dos segmentos metalomecânico e de confecções na busca de

revitalização socioeconômica da região. O segmento de confecções surgiu em 1978

quando a cidade de Blumenau buscava formação de mão de obra local com intuito

de interiorização do setor têxtil-vestuarista.

O ponto inicial foi a instalação das empresas Daksul e Tecidos Leal (TRICHES et.

al., 2015), apesar de já existir a empresa Deola desde 1974. A instalação de duas

grandes indústrias do Médio Vale na estruturação do setor vestuarista no Alto Vale

emerge com expressividade, o da Hering (em Ibirama) e o da Sulfabril (em Rio do

Sul). A Hering, fundada em Ibirama no ano de 1985, mantém até hoje suas

atividades neste município desempenhando um papel de grande relevância na

dinamização socioeconômica do conjunto da região com investimento na

capacitação da mão-de-obra local e também na subcontratação de atividades de

facções junto aos municípios vizinhos.

Por sua vez, a Sulfabril estabeleceu-se em Rio do Sul por volta de 1980, contratando

nesta mesma época 700 empregados, atuando fortemente no desenvolvimento

regional. Nos anos de 1990 entra em crise e, em 1996, inicia as rescisões

contratuais. A falência foi decretada em 1999, ocasionando o desemprego em

massa das empregadas, que passaram a concentrar seu trabalho nas chamadas

facções – inicialmente sob a forma de pequenas empresas de “fundo de quintal”.

A falência da Sulfabril provoca uma reorganização do setor de confecções no

município, favorecendo o empreendedorismo e a diversificação produtiva. A

experiência adquirida pelos funcionários da empresa viabilizou o surgimento das

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facções, que realizavam prestação de serviços para empresas de Blumenau (Médio

Vale) e também para empresas localizadas em Rio do Sul.

Segundo Menezes (2014), a atividade de confecção de produtos de malha (algodão)

era fruto da atividade exercida por Blumenau, mas nesse período a produção de

jeans também passou a se destacar. A confecção de jeans emerge em Rio do Sul

em 1978, por iniciativa de Dalva Maschio à frente da empresa e surge então a

Daksul, primeira fábrica de jeans do município. Segundo informações

documentadas:

Dalva diz que começou a costurar por necessidade, a família era muito pobre e ela precisava ajudar no orçamento. A saída encontrada: fabricação de jeans. [...] Ela fabricava algumas peças durante a semana, e com as sacolas em mãos, saía na outra para vender. Tudo era feito manualmente [...] As peças eram cortadas no chão e a comercialização feita de porta em porta. Com o tempo, Dalva conquistou clientela e passou a investir em maquinário. [...] o crescimento foi gradativo (RIO DO SUL, 2005, p. 14).

A partir de então, as mulheres, geralmente excluídas do mercado de trabalho,

passam a ganhar força e a contribuir com a renda familiar num período promissor,

em muitos casos ultrapassando o salário do cônjuge.

Vale salientar que como anteriormente trabalhavam com equipamentos modernos

para a confecção de produtos de malha-algodão, foi necessário mudança diante de

pouca tecnologia e novo aprendizado para a fabricação somente de calças em

jeans, as quais eram costuradas em máquinas manuais. Com o passar dos anos a

produção foi aumentado e novas empresas surgiram. Pode-se ainda dizer que a

maioria iniciou da mesma forma: com uma pequena facção de fundo de quintal,

onde várias costureiras, com pouca experiência confeccionavam calças jeans. Os

moldes eram desenhados de forma artesanal. Botões, linhas e inclusive o jeans

eram buscados em outras cidades. A lavação e o tingimento eram feitos fora da

região.

Segundo Menezes (2014), por volta da década de 1990, a qualidade do jeans de Rio

do Sul ganha progressivamente espaço no mercado e torna-se o carro chefe de

muitos municípios do Alto Vale.

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4.2.2 Rio do Sul e o Alto Vale – indícios qualitativos da constituição do polo de moda

O grande número de empresas que atuam no ramo jeans wear, garante à cidade de

Rio do Sul o título de capital do jeans, conquista alcançada pela união do setor que

trabalha em parceria. Sem dúvida, o título é impulsionado pelo grande número de

empresas que atuam no setor e pela excelente qualidade dos produtos.

A região do Alto Vale do Itajaí, como um todo, é reconhecida no estado pela sua

força na indústria da moda – que agrega empresas de fiação, tecelagem, confecção,

lavanderias e vestuário, por exemplo. Tendo em vista o desenvolvimento do setor de

confecções no Alto Vale do Itajaí, sentiu-se a necessidade da formação de um

sindicato patronal para atender os interesses específicos do empresariado sediado

em 23 municípios do Alto Vale. E assim em 17 de agosto de 1992, foi fundado o

Sindicato das Indústrias da Fiação, Tecelagem, Confecções e do Vestuário do Alto

Vale do Itajaí (SINFIATEC), o qual também tem a finalidade de promover e divulgar

o potencial têxtil da região, onde são consumidos 400 mil metros de jeans por mês

(RIO DO SUL, 2005).

O período foi marcado também pelas ações do Sindicato dos Trabalhadores nas

Indústrias de Fiação Tecelagem e do Vestuário de Rio do Sul e região do Alto Vale

(SITITEV), entidade representativa dos trabalhadores, cuja base territorial abrangia

os municípios de Rio de Sul, Ituporanga, Laurentino, Rio do Oeste, Pouso Redondo,

Taió, Trombudo Central, Aurora, Rio do Campo, Salete, Agronômica, Petrolândia,

Presidente Nereu, Vidal Ramos, Mirim Doce, Braço do Trombudo, Imbuia e Lontras.

Através do SINFIATEC os empresários procuram estarem presentes nos eventos

para que possam divulgar o jeans da cidade. As empresas levam as marcas para

fora do estado e com elas o nome de Rio do Sul. Também as costureiras procuram

fazer o trabalho da melhor forma possível e têm como prioridade a qualidade das

peças. Outro objetivo da associação é potencializar as indústrias e colaborar na

divulgação e credenciamento dos associados em feiras, além de promover palestras

em parceria com demais entidades.

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O SINFIATEC disponibiliza alguns trabalhos a empresas associadas e procura ter

convênios com entidades do município como: Associação Empresarial de Rio do Sul

(ACIRS): Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI) e Núcleo de

Educação Profissional (NEP) que ajudam no desenvolvimento do setor. Desta forma

o NEP e o (SENAI), auxiliam as pessoas que têm este objetivo. O NEP fornece o

curso de costura industrial em jeans. Nele pedaços de tecidos, sem utilidades nas

confecções, são doados para aprendizes que, com auxílio de professores os

transformam em criativas peças de roupas ou de decoração. Já o SENAI oferece

desde os cursos básicos até curso superior em modelagem.

Ainda na cidade de Rio do Sul é oferecido o curso superior de design moda pela

UNIASSELVI/FAMESUL, o qual agrega conhecimento e qualificação para dezenas

de estudantes da região. A cada estação a moda surge com novas tendências,

novos estilos e novos detalhes são criados, sempre com o intuito de inovar. Para

que isso aconteça com êxito as costureiras/costureiros, estilistas, designers e

modelistas precisam estar qualificados e atualizados, pois um dos problemas da

região é a escassez de mão-de-obra, caracterizando fator que impede o crescimento

do setor.

No entanto, empresários da região acreditam que o tempo dos cursos ministrados

pelas instituições são relativamente longos, o que impede que funcionários possam

concluí-los, haja vista que muitos começam o curso e pela escassez de mão de obra

são chamados por alguma empresa, antes mesmo de ter o diploma ou certificado

em mãos (PREFEITURA DE RIO DO SUL, 2005).

O setor público como Prefeitura Municipal e as Secretarias de Desenvolvimento

Regional colaboram para que o título de capital do jeans se consolide já que o jeans

traz benefícios econômicos ao município fornecendo cursos de qualificação em corte

e costura gratuito às pessoas com baixa renda, bem como tem incentivado a criação

de uma fábrica de acessórios e periféricos para o setor de confecção de jeans

(PREFEITURA DE RIO DO SUL, 2005).

O setor de vestuário, também está inserido na Feira Multissetorial do Alto Vale do

Itajaí (FERSUL), realizada pela Associação Empresarial de Rio do Sul (ACIRS),

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desde 2007 que colabora na divulgação do jeans rio-sulense, porem em tal data, a

feira aconteceu em uma época de poucas vendas para o vestuário, motivo que levou

algumas marcas de destaque no município deixar de participar, mesmo com o lucro

que alguns empresários obtiveram e com a divulgação e incentivo apresentado no

setor.

Desde 2007, o setor de vestuário, participa da Feira Multissetorial do Alto Vale do

Itajaí (FERSUL), uma realização da Associação Empresarial de Rio do Sul (ACIRS),

divulgando as empresas participantes, sendo o principal evento de negócios

realizado na região metropolitana do Alto Vale do Itajaí, em Santa Catarina.

Integrante do Calendário Brasileiro de Feiras e Exposições – dos Ministérios das

Relações Exteriores e do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior – é

divulgada no Brasil e no exterior, o que possibilita a atração de um público cada vez

mais direcionado e de novas oportunidades aos expositores. A feira ainda oportuniza

sessões de negócios, palestras e consultorias gratuitas em gestão.

4.2.2.1 Análise de dados primários relativos aos indícios qualitativos da constituição

do polo de moda

Um polo, ou também denominado aglomerado especializado, conforme Porter

(1999), tem como significado a “concentração geográfica e setorial de empresas e

instituições que em sua interação geram capacidade de inovação e conhecimento

especializado”.

Essa situação, conforme dados relatados nas seções anteriores e evidenciadas

nesta seção, é passível de verificação na região, primeiro por existir a concentração

de empresas voltadas ao mesmo segmento de produtos, especialmente aquelas

direcionadas à moda jeans. Segundo, por considerar que, conforme os atores locais

representativos dos diferentes grupos de interesse, inclusive do setor de moda

jeans, aludem sobre a existência de cooperação, similar a interação mencionada por

Porter (1999). Contudo, essa percepção é identificada em intensidades distintas,

como descritas a seguir, organizado em tópicos.

a) Cooperação entre os empresários da região em especial da moda jeans:

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Para Augusto Roberto (Beto) da Indulto Jeans,

[...] Há muita cooperação [...] a gente não se vê em momento algum como concorrente [...], pelo contrário, a gente troca informações [...] isso que ainda une a nossa classe aqui. Tanto que a minha fábrica tá em ampliação, a minha matéria prima e o meu produto estão guardados no galpão do Orlando da Monnari [...]. Então, dá pra ver que há cooperação.

Denilson Jose da Silva da Daksul Jeans comunga da mesma opinião e afirma:

No setor jeans existe uma parceria enorme. [...] todos eles eu ajudei. Isso criou um vínculo muito legal [...]. Onde eles também me ajudam até hoje. Um troca ideia com o outro. Nós não somos concorrentes entre nós mesmos, [...] quando há possibilidade de uma máquina, de melhorar, eu estou sempre com as portas abertas e, Graças a Deus nunca ninguém me negou [...].

A empresária Dirce Maria Sborz (Rafree Jeans), apenas discorda dos seus colegas,

quando o quesito é eventos e afirma que, “para eventos não”. No entanto a mesma é

enfática ao falar sobre ajuda mútua:

[...] eu acho que existe uma cooperação muito grande entre nós. Se você precisar de uma coisa, de uma empresa ou de outra, existe uma cooperação muito grande, tanto se você precisar de uma matéria prima, tanto se você precisar falar de algum, alguma coisa que aconteceu na tua empresa com outra existe, essa cooperação [...].

Considerando os laços de cooperação existente entre os entrevistados, observa-se

sim uma prerrogativa da rede de amigos, não atingindo ainda o aglomerado de

empresas do segmento de moda jeans na sua totalidade. Os depoimentos neste

enfoque são evidentes: Denilson Jose da Silva (Daksul Jeans) enfatiza “[...] temos

uma amizade enorme [...]. Isso que é bem legal, a gente se encontra quase todo dia

no café 10, 12 confeccionistas”. Beto (Indulto Jeans) confirma em suas palavras:

“[...] eu particularmente, sou muito amigo dos empresários do setor do jeans.

Costumo tomar café [...] a gente vai final de ano passar juntos, viaja juntos [...] nós

temos um pessoal ali que a gente é bem amigo, bem próximo [...]”.

Já no entendimento de Orlando Molinari (Monnari Jeans), amizade existe sim entre

os empresários, porém ao falar sobre cooperação o pensamento difere dos colegas

e afirma:

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[...] ainda existe a falta de cooperativismo, existe muita falta de cooperativismo, as pessoas só vão e participam no momento em que eles estão na argola, que realmente eles, poxa, eu vou ter que ver porque eu sofri muito com isso [...]. Às vezes os interesses particulares falam mais alto do que os interesses coletivos. Só há uma participação no momento em que existe uma espremedeira, um problema pela frente, então vamos nos reunir, pra ver o que nós vamos resolver. Mas há sim, em minha opinião, tanto aqui na nossa região como a nível nacional, uma falta de consciência do cooperativismo, dentro dos empresários.

O também empresário, porém presidente do Sinfiantec, Ivan Molinari, da Divero

Jeans, quando o assunto é cooperação assim se manifesta:

[...] Ainda que um pouco tímida, ela existe sim entre alguns grupos de empresários do ramo. Cooperação em informações comerciais, de tecnologia, formas de fabricação, produto de fornecedores, novos fornecedores, mercado que atua, e também através do sindicato patronal têxtil.

Complementado a fala de Ivan, o Senhor Pedro Leal da Silva Neto, proprietário da

Tlic Rio e vice-presidente do SINFIATEC discorre sobre a atuação do sindicato

patronal para apoiar a ampliação desse relacionamento:

[...] tem palestra que o sindicato contrata, que a nossa federação contrata, isso une a turma [...]. Essas ações através da FIESC, juntamente com os sindicatos, a gente consegue trazer muita informação para as empresas e pra comunidade no geral, do setor.

Já de acordo com Paulo Cesar Sabbatini Rocha representante do SEBRAE, o

sindicato patronal existe, porém os empresários reúnem-se apenas para discutir

sobre acordos coletivos ou formação de mão de obra, havendo um sindicato muito

grande para resolver apenas questões trabalhistas ou questões econômicas ou

estruturantes do setor. Apesar disso, afirma que a cooperação entre os empresários

existe e, de maneira geral, são as entidades representativas trabalhando e fazendo

suas funções.

Para o desenvolvimento de um ambiente de negócios mais propício, a relação com

sindicatos patronais, SEBRAE e associações comerciais é fundamental. Porém deve

ir, além disso, envolvendo também o governo em suas diferentes esferas. Esse é

motivo pelo qual também representantes destes atores foram entrevistados para

expressar sua opinião sobre a configuração do potencial aglomerado da moda jeans,

presente na cidade de Rio do Sul e região.

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Neste sentido o senhor Zilton Pedro de Souza, assessor especial de gabinete do

prefeito municipal reflete que a cooperação entre o setor de moda jeans no

município ocorre timidamente e falta mais afinidade, mais reuniões e planejamento.

De encontro a esta opinião, Marco Aurélio Rosar secretário municipal de

Desenvolvimento Econômico, Empreendedorismo e Turismo acredita que já houve

mais entrosamento entre o setor. Além disso, relata que, quanto à cooperação “[...]

já foi mais forte, como já fizemos alguns anos atrás, a rodada de negócios. Há

alguns anos atrás, acho que foi em 2012, 2011 2010, já tivemos mais atividades”.

Segundo o secretário executivo da Associação Comercial e Industrial de Rio do Sul,

Cleber Andrei Seemann Stassun, a ACIRS tem promovido ações voltadas para a

reorganização do setor. Entretanto a iniciativa não prosperou. Em sua opinião:

O setor de vestuário, confecção, por exemplo, tem o sindicato patronal que os representa. Talvez no sindicato possa estar mais latente assim, essa situação da cooperação. Nós já tentamos aqui fazer núcleos setoriais com empresas do setor têxtil, nenhum deles teve sucesso e não foi uma tentativa apenas. Acredito que seja um setor que precise em algum momento ter uma visão um pouquinho diferente sobre essa necessidade da organização deles, e talvez muito do que se perdeu assim nos últimos anos em termos de referência de Rio do Sul como capital do jeans que a gente ouvia, deve-se um pouco a essa falta de cooperação específica no setor. A partir do momento em que todo o setor entende que ele é expressivo, que ele é relevante e que os empresários trabalham dentro de uma mesma linha no mesmo foco e tentando junto fazer projetos, por exemplo, uma feira específica do setor, algo nesse sentido, e se até agora não conseguiram, demonstra que falta ainda esse entendimento, que a cooperação é necessária para eles.

Na circunstância desta pesquisa, de acordo com Menezes (2009, p. 227) o conceito

de cooperação caracteriza uma relação de ajuda mútua entre indivíduos, grupos e

instituições, voltada para a conquista de objetivos comuns e utilizando métodos mais

ou menos consensuais. Neste contexto Denilson Jose da Silva (Daksul Jeans)

acredita que, “[...] no jeans existe uma cooperação enorme, [...] eles (empresários),

não levam como um concorrente”. Neste aspecto, a cooperação opõe-se, de certa

forma, à competição (PECQUEUR, 2004; BECATTINI, 1999; BAGNASCO, 1999).

Mas, Beto (Indulto Jeans), sente pesar em afirmar “[...] infelizmente tem uma parcela

que não participa disso, se afasta”.

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De acordo com Cassiolato e Lastres (1999), o significado genérico do termo

cooperação, refere-se ao trabalho em comum, envolvendo relações de confiança

mútua e coordenação, em níveis diferenciados, entre os atores. Esse significado vai

de encontro ao que expressa o senhor Orlando Molinari (Monnari Jeans),

reconhecendo que “[...] porque a força é fundamental pra você conquistar aquilo que

é de interesse coletivo né [...]”.

b) Tendência de desenvolvimento do setor:

Além das relações e da situação atual, quando se busca uma avalição do que se

espera para o futuro, relativo à tendência de desenvolvimento do setor da moda

jeans na região, a maioria dos entrevistados atribuem uma estabilização ao setor,

(Quadro 15) haja vista o cenário político brasileiro atual, ocasionando “desconfiança

e medo em investir”, conforme palavras do senhor Pedro Leal da Silva Neto

(SINFIATEC/Tlic Rio).

Quadro 15 – Percepção de tendência de desenvolvimento da moda jeans na região

Entrevistado Empresa/ Entidade/Setor

Opinião do Entrevistado

Augusto Roberto Schlemper (Beto)

Indulto Jeans

[...] quem tá investindo no setor, quem tá investindo na marca, quem tá investindo, planejando um futuro, quem tá ampliando, quem tá buscando, é crescimento, em busca de crescimento, mas a gente nota que muitas marcas que ate mesmo que já foram consolidadas, estabilizaram, regrediram e algumas até fecharam tá,[...] mas também muitas crescerem ou vem se mantendo no mercado, mais se mantendo do que crescendo tá.

Denilson Jose da Silva Daksul Jeans

Eu acho que nós vimos um ritmo muito bacana de crescimento de qualidade, talvez não tanto de produção, mas qualidade. Rio do Sul, é, tem se destacado com um produto bem elaborado, [...]

Dirce Maria Sborz Rafree Jeans Eu gostaria que eu pudesse te dizer certa e concreta

estabilizada, mas eu ainda tô mais pra diminuição. [...].

Ivan Molinari Divero Jeans

Vejo que a tendência é que haja uma estabilização no número de empresas, porém as empresas que estão no mercado a tendência que elas se desenvolvam cada vez mais com o passar dos anos. [...]

Orlando Molinari Monnari Jeans

[...] Procurar manter o negócio, se precisar dar dois passos pra trás, pra você não ter problemas futuros né, porque o governo, hoje, infelizmente, ele tá assim, ele tá em cima, ele quer tirar de você à base de impostos, [...] você tem que tomar cuidado [...] pra que na hora que voltar a seriedade do país, você tá com todo o negócio montado pra, novamente, crescer [...]

Pedro Leal da Leal Modas [...] o jeans ele, é, ele realmente diminuiu um pouco o

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Entrevistado Empresa/

Entidade/Setor Opinião do Entrevistado

Silva Neto volume, muito embora a qualidade nossa é de alto nível, certo? Um valor agregado. Não é que diminuiu, o pessoal partiu pra outras áreas, por exemplo, lingerie, que é uma coisa que é muito forte aqui, nós temos empresas é confecções de alfaiataria né? É, roupa infantil [...] diversificou mais [...] Agora estabilizou tudo, né? Nós tivemos um decréscimo nas vendas na ordem de 20, 25% geral, mas deve ser por causa da crise do país, né? [...] nós temos um monte de recurso que não tá entrando. Tá, isto dificulta o poder econômico, né? Ninguém quer investir, tá todo mundo com medo de investir.

Marco Aurélio Rosar

Prefeitura Municipal de Rio do Sul

[...] eu vejo hoje, uma estabilização, agora esse momento a gente não pode falar, porque com quem a gente conversa da parte dos segmentos, por esse momento politico, esse momento de crise, que quem eu converso é em torno de 30 a 40% menos de vendas [...]

Ivan Molinari Presidente do SINFIATEC

A tendência é que as empresas cada vez mais invistam em tecnologia, em produtos e diferenciação, para se destacar no mercado, o que levará a um crescimento das mesmas e da região.

Zilton Pedro de Souza

Prefeitura Municipal de Rio do Sul

Ah, de crescimento, sem dúvida, desde que haja mais divulgação, a gente observa que falta divulgação [...]

Cleber Andrei Seemann Stassun

ACIRS

[...] nos últimos 12 meses principalmente, seguindo a tendência que é da própria economia, a gente tem sentido uma redução no número de empregos no setor do vestuário como um todo [...] na verdade pode ser uma desaceleração, mas isso claro em função de um problema nacional. [...] há uma tendência de crescimento, porque comer e se vestir todo mundo precisa e se você tem um produto bom, que as pessoas querem e desejam, [...] vai, ter sucesso ai para frente.

Paulo Cesar Sabbatini Rocha

SEBRAE Eu acho que vai ficar estável, porque depende de investidor, depende de empreendedor. [...]

Fonte: elaborado pela autora (2016)

Observa-se de maneira geral que a atual situação econômica vivenciada pelo Brasil

vem afetando a percepção dos respondentes, impedindo muitas vezes uma

abstração mais voltada para o futuro, ou ainda muito impactada pelos maus

resultados do presente. Mesmo assim muito embora a perspectiva seja de

estabilização, alguns entrevistados acreditam no crescimento do setor tão logo os

processos econômicos instáveis do país, deixem de ser um obstáculo ao seu

desenvolvimento.

O senhor Orlando Molinari (Monnari Jeans), reflete sobre as incertezas

administrativas que caracterizam a crise política, transferindo sensação de risco para

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142

todos os setores da economia, com corrupção, entraves burocrático-administrativos

e excessivas intervenções no funcionamento do mercado como causas da

generalizada desconfiança da atividade empresarial, haja vista a dificuldade que

está no momento em que empresas são forçadas a grandes sacrifícios financeiros,

uma vez que o governo quer tirar dos contribuintes à base de impostos. E conclui

dizendo, que no momento em que novamente a estabilidade política e econômica do

Brasil retornar com seriedade, ainda acredita numa mudança para melhor, “aí sim

você vai tomar coragem e vai dizer: - Não, agora vamos reinvestir, vamos

novamente tomar o rumo do crescimento”.

Para Ivan Molinari (SINFIATEC/Divero Jeans): “A tendência é que as empresas cada

vez mais invistam em tecnologia, em produtos e diferenciação, para se destacar no

mercado, o que levará a um crescimento das mesmas e da região”.

Denilson Jose da Silva (Daksul Jeans) acredita que a população está á procura de

produtos com melhor qualidade, “então estamos realmente acertando no alvo”, diz

ele, e para Cleber Stassun (ACIRS), há uma tendência de crescimento para os

próximos anos diante da nova visão dos empresários da moda da região, de que ele

não vende mais roupa, ele está entregando algo com valor agregado, nos últimos

anos deixou de fazer roupa e hoje faz moda, faz tendência. Diante disto, Zilton

Pedro de Souza (PMRS), acrescenta: “Temos bastantes indústrias boas,

competitivas, [...] o que falta realmente no crescimento, é a divulgação em termos de

sul do Brasil”.

Considerando os principais aspectos resultantes das opiniões dos respondentes

participantes deste estudo, as perspectivas futuras foram agrupadas por meio de

uma análise léxica, recuperando as expressões utilizadas em maior ocorrência,

dentre as 567 palavras utilizadas nas respostas. No Quadro 16, destaca-se a síntese

apurada.

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Quadro 16 – Análise léxica relativa às perspectivas futuras ao desenvolvimento do setor

Categorização Expressões e agrupamentos utilizados Frequência

da Ocorrência

Menções negativas

Não 36 Problema (s) / Preocupação (Preocupados) / Seriedade (Sério) / Difícil (Dificuldade; Dificilmente; Dificulta) 21

Brasil / País 12

Crise / Difícil 11

Governo / Política 9

Diminuição / Redução / Decréscimo / Desaceleração 7

Economia 6

Menções positivas

Crescendo 15

Acreditando 7

Competência 5 Fonte: recuperação léxica a partir de dados primários provenientes da entrevista semiestrutura (2015).

Como já observado em outros momentos desta avaliação da perspectiva futura, os

termos listados no quadro, mais voltados a uma categorização negativa são aqueles

que mais se destacam nos depoimentos levantados. Sugerem que há uma avaliação

mais pessimista, principalmente considerando as preocupações existentes

relacionadas à atual situação econômica e política do país. Mas há os que

consideram que acreditam na competência local, de fazerem a diferença no

mercado a partir das suas competências.

4.2.3 Rio do Sul e o Alto Vale – Indícios quantitativos da constituição do polo de

moda

De acordo com pesquisas realizadas pelo SINFIATEC, grande parte das empresas

do Alto Vale é formada por um perfil de micro e pequena. Nele o jeans continua

sendo o destaque, seguido da “modinha” em malha.

Segundo o SINFIATEC, dos 28 municípios que compõem a AMAVI, 23 possuem

atividades ligada ao ramo têxtil, totalizando 842 empresas. Destas 319 estão

localizadas na cidade de Rio do Sul, conforme Tabela 04.

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Tabela 04 – Ramo de atividade e quantidade de empresas de Rio do Sul, ligadas ao SINFIATEC.

Ramo de Atividade Quantidade de

Empresas Proporção do total

(%) Confecções de peças do vestuário 229 71,78

Roupa Intima 22 6,91 Acessórios do vestuário 7 2,20

Artigos de lã 1 0,31 Malharias 1 0,31 Uniformes 3 0,94 Facções 47 14,74

Lavanderias 8 2,50 Tinturaria 1 0,31

Total 319 100% Fonte: SINFIATEC (2015).

O segmento de confecções influencia substancialmente o nível de empregabilidade

na região, porém a economia local é bastante diversificada, dos quais, muitos

também se consolidaram durante processo de industrialização regional.

Já segundo o SITITEV (2015), 9.113 funcionários fazem parte do sindicato na região

do Alto Vale do Itajaí que possui 787 confecções, nove fiações e tecelagem e nove

lavanderias, as quais estão distribuídas nas seguintes cidades de acordo com a

Tabela 05.

Tabela 05 – Cidades e quantidade de empresas conveniadas ao SITITEV.

Cidade Quantidade

de empresas

Proporção do total de

empresas no município em

relação ao total da

região (%)

Número de

colaboradores

Proporção do total de colaboradores no município em

relação ao total da região

(%)

Agrolândia 42 5,22 935 10,16 Agronômica 13 1,62 74 0,81

Atalanta 10 1,24 162 1,78 Aurora 13 1,62 129 1,42

Braço do Trombudo 03 0,38 6 0,10

Chapadão do Lageado 03 0,38 16 0,18

Imbuia 02 0,24 25 0,27 Ituporanga 62 7,71 763 8,30 Laurentino 42 5,22 499 5,48

Lontras 63 7,83 672 7,37 Mirim Doce 07 0,87 163 1,79 Petrolândia 11 1,38 165 2,12

Pouso Redondo 50 6,22 624 6,80 Presidente Nereu 08 0,99 63 0,69

Rio do Campo 18 2,25 183 2,01 Rio do Oeste 42 5,23 532 5,84

Rio do Sul 277 34,42 3086 33,76 Salete 60 7,46 412 4,52

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Cidade Quantidade

de empresas

Proporção do total de

empresas no município em

relação ao total da

região (%)

Número de

colaboradores

Proporção do total de colaboradores no município em

relação ao total da região

(%)

Taió 59 7,34 356 3.90 Trombudo Central 15 1,87 235 2,56

Vidal Ramos 04 0,51 13 0,14 Total 805 100,0 9113 100,0

Fonte: SITITEV (2015).

Uma importante característica do Alto Vale diz respeito ao fato das atividades

econômicas desenvolvidas concentrarem um grande número de empresas de

pequeno e médio porte, de cunho familiar, especialmente aquelas do segmento têxtil

vestuarista, como pode ser observado na Tabela 06.

Tabela 06 – Relação de empresas do município, ligados ao serviço têxtil segundo o porte. Grupo de Atividade Econômica (2013) Rio do Sul ME PE MDE GE Total Tecelagem, exceto malha. 02 02 Fabricação de tecidos de malha 02 02 Acabamentos em fios, tecidos e artefatos têxteis. 08 08 Fabricação de artefatos têxteis, exceto vestuário. 13 13 Confecção de artigos do vestuário e acessórios 342 37 379 Fabricação de artigos de malharia e tricotagem 03 01 04

Fonte: SEBRAE (2013, p. 107).

O número de empregos ligados ao serviço têxtil segundo o porte pode ser analisado

na Tabela 07, o qual demonstra que a atividade é exercida em Micros e Pequenas

Empresas no município. Segundo o SEBRAE (2013 p.117) a maior

representatividade econômica do grupo têxtil está no de confecções de artigos do

vestuário e acessórios com 10,0% em âmbito municipal e 2,3% a nível estadual.

Tabela 07 – Relação de empregos do município, ligados ao serviço têxtil segundo o porte. Grupo de Atividade Econômica (2013) Rio do Sul ME PE MDE GE Total Tecelagem, exceto malha. Fabricação de tecidos de malha 08 08 Acabamentos em fios, tecidos e artefatos têxteis. 19 19 Fabricação de artefatos têxteis, exceto vestuário. 36 36 Confecção de artigos do vestuário e acessórios 1.062 1.339 2.401 Fabricação de artigos de malharia e tricotagem 10 21 31 Total 2.495

Fonte: SEBRAE (2013, p. 117).

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146

Diante do complexo vestuarista de Rio do Sul, em que inúmeras micros e pequenas

empresas de confecções ou até mesmo as fações permitindo o trabalho domiciliar,

auxiliam para que o município se concretize através do potencial têxtil da região

como também polo de turismo de negócios e eventos, junto ao diversificado parque

industrial.

Diante deste cenário de estabilização no desenvolvimento da moda jeans na região,

os resultados para o objetivo dois pretendem apontar a existência de intervenções

governamentais, não governamentais e privadas que possibilitem alavancar o setor

e perceber as estratégias possíveis executadas pelos governantes e ou atores locais

para fortalecer o segmento, e ampliar ou sustentar uma posição anteriormente

alcançada no mercado.

4.3 Intervenções governamentais, não governamentais e privadas em relação

ao setor (moda jeans)

O desenvolvimento local contempla diferentes correntes que visam explicar os

determinantes de sua realização. Amaral Filho (1999) alega que projetos de

desenvolvimento podem estar relacionados à vocação da região ou a existência de

atividade econômica criada pelo planejamento em função da vontade política das

lideranças locais ou regionais.

Considerando este último aspecto, nesta etapa procurou-se levantar possíveis

intervenções governamentais, não governamentais e até mesmo privadas, que

estimularam ou que podem ainda vir a estimular a indústria da moda jeans na região

de Rio do Sul. Na prática levantaram-se as percepções e opiniões dos diferentes

participantes, representantes dos diferentes grupos, em função das variáveis de

estudo (já apresentadas na revisão de literatura e na metodologia), algumas delas

agrupadas: ações governamentais e efetividade para o desenvolvimento; articulação

para estimular a moda jeans; fortalecimento do segmento; trabalho em conjunto;

promoção de espaços de discussão; atividades integradas; parcerias com entidades

de classe; formas de cooperação (2013-2015); papel de Rio do Sul para o

desenvolvimento da região; ações conjuntas com outros municípios; cenário da

moda jeans.

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a) Ações governamentais de desenvolvimento e sua efetividade:

Quando indagados sobre a existência dessas intervenções todos os empresários

responderam que desconhecem tais ações. Denilson Jose da Silva (Daksul Jeans),

por exemplo, argumenta essa posição com uma resposta enfática dizendo que “Não,

nada tem sido feito, nada, absolutamente nada”. Outra opinião aderente a esta

posição é mencionada por Paulo Cesar Sabbatini Rocha (SEBRAE), mencionando

que: concordar.

Não, nem no jeans nem em outros setores. Isto é uma grande queixa dos empresários quando a gente conversa de que não se existe uma política pública pró desenvolvimento econômico. A própria secretaria de desenvolvimento econômico é muito mais uma secretaria de eventos que desenvolvimento econômico. Nós não temos nenhum projeto estruturado, focado e as políticas públicas são muito pequenas.

O empresário Orlando Molinari (Monnari Jeans) também concorda com a situação

da falta de incentivo, mas isso é uma situação atual. Porém, recorda-se que:

[...] Nós tivemos dois pontos que a gente teve um incentivo e que, de certa forma, nos ajudou. Foi quando nós éramos bem ainda desconhecidos no mercado. Isso eu não posso te dizer com precisão, mas acredito que foi o primeiro mandato do Nodge Enéas.Pellizzetti. Ele na época fez a primeira feira aqui em Rio do Sul, eu lembro que ele colocou outdoors e tal lá no Rio Grande, no estado de Santa Catarina, entradas do estado e tal. Colocando que Rio do Sul tinha uma atividade, que era na época o jeans [...], aí eu lembro que começou a vir um ônibus, outro ônibus [...] O estadual na época do Luiz Henrique da Silveira, ele fez uma redução, porque o estado do Paraná, principalmente o norte, lá do Paraná, eles tinham uns incentivos lá do governo do estado do Paraná, que a empresa têxtil poderia ter uma redução de impostos e o governo do estado de Santa Catarina na época do Luiz Henrique da Silveira, ele vendo isso e a gente aqui perdia evidentemente na concorrência [...].

Pode-se destacar de forma geral que para o setor têxtil especifico, o apoio foi na

questão dos resíduos. Segundo Pedro Leal da Silva Neto (SINFIATEC/Tlic Rio) “[...]

nós temos um projeto de coleta de resíduos sólidos pras indústrias têxteis, que hoje

isso é um grande problema [...]”. Menciona ainda que “[...] a prefeitura foi parceira, é

parceira do sindicado, na questão do transporte desse resíduo até às empresas

recicladoras, quando nós precisamos de uma área de, de, pra estocar esse material,

a prefeitura foi parceira também”.

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b) Articulação para estimular o aglomerado de moda jeans:

Zilton Pedro de Souza (PMRS) visualiza que há pouca ligação entre os agentes

locais e o governo municipal com intuito de estimular o aglomerado de moda jeans

na cidade, e atribui tal situação às grandes dificuldades financeiras que assolam os

municípios, porem admite que “deveria existir mais”. Paulo Cesar Sabbatini Rocha

(SEBRAE) lembra que existem apenas pequenas ações e alguns cursos que a

prefeitura organizou como, por exemplo, o PRONATEC, mas o mesmo não é

direcionado apenas ao jeans, mas também a outros segmentos de confecções.

Para Ivan Molinari (SINFIATEC/Divero) e Pedro Leal da Silva Neto (SINFIATEC/Tlic

Rio) relatam que existem apenas algumas ações com iniciativa do sindicato patronal

e a FIESC, através de cursos e palestras na tentativa de buscar melhorias para o

setor, e em nenhum momento há interferência do governo. Essa situação é descrita

de forma resumida no Quadro 17.

Quadro 17 – Síntese da opinião dos entrevistados

Intervenções governamentais

Intervenções não governamentais

Intervenções privadas

Empresários Desconhecem Desconhecem Desconhecem Entidades de Classe

Não há interferência. Palestras e cursos (PRONATEC)

Não há

Governo Há pouca, deveria existir mais e atribui isto às dificuldades financeiras dos municípios.

Desconhecem Desconhecem

Fonte: desenvolvido pela autora (2016)

No entanto para os empresários entrevistados o que se observa é que está

passando despercebida qualquer iniciativa, pois todos admitem não ter

conhecimento de alguma articulação que possa estar ocorrendo para estimular o

setor.

Cleber Stassun (ACIRS) lembra que uma das bandeiras da classe empresarial hoje

é a criação de um conselho municipal de desenvolvimento para discutir

estrategicamente o desenvolvimento do município. Marco Aurélio Rosar (PMRS)

menciona a tentativa já a alguns anos de criar um conselho municipal de

desenvolvimento econômico, que deverá ser gerenciado por 20 entidades. Segundo

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o mesmo, atualmente a lei está praticamente pronta, necessitando apenas de

pequenos ajustes. Zilton Pedro de Souza (PMRS) cita a existência da Lei de

Incentivo à Indústria (Anexo 01) que é ofertada através da Secretaria da Indústria e

Comércio.

Porém, Beto (Indulto Jeans) relata sobre algumas dificuldades de infraestrutura,

como por exemplo, a de conseguir a pavimentação asfáltica no acesso à sua

empresa, que mesmo pagando pela execução, foi necessário até abaixo-assinado.

Define que “realmente é carente de apoio”.

c) Fortalecimento do segmento:

As organização e agentes que trabalham em conjunto para fortalecer o segmento de

confecções da moda jeans, mais citados pelos entrevistados foram SINFIATEC,

SESI, SENAI, FIESC, SEBRAE. Ações efetuadas através de palestras, cursos,

mesas redondas, serviços ofertados com custo menor para associados e viagens à

Feira do Jeans no exterior. Contudo, apesar da existência, Dirce Maria Sborz

(Rafree Jeans) menciona que poderia haver mais ações.

d) Trabalho em conjunto:

Para Cleber Stassun (ACIRS), ainda não é perceptível trabalho amplo, efetivo, de

cooperação, sinergia entre diversos atores focados no setor e ainda comenta: “falta

uma articulação e um olhar institucional diferente, tanto dos diversos atores, pra que

a gente consiga voltar a ter orgulho de ostentar o slogan de Rio do Sul, como capital

do jeans”.

e) Promoção de espaços de discussão e atividades integradas:

Com referência aos espaços de discussão visando o fortalecimento do segmento de

moda jeans promovidos pelo governo municipal e a promoção de parcerias com as

demais entidades de classe, os respondentes desconhecem a existência, no entanto

Pedro Leal da Silva Neto (SINFIATEC/Tlic Rio) expõe que a prefeitura sempre se

mostra parceira.

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Zilton Pedro de Souza (PMRS) diz que são ofertados (pavilhão, melhorias em

acesso) especialmente para exposições e feiras o que a prefeitura tem disponível e,

dentro das suas possibilidades. Mas reforça que faltam mais ações entre os

empresários e o governo. Somente assim seriam possíveis atividades integradas,

entre setores complementares, unindo ainda algum segmento turístico.

f) Parcerias com entidades de classe:

Essa relação, por sua vez, não é visualizada por boa parcela dos entrevistados, que

não relataram essa perspectiva. Mas outra voz que surge neste caminho é a de

Dirce Maria Sborz (Rafree Jeans), que acredita que deveria sim haver espaço

estruturado para que fosse possível fazer os lançamentos de coleções de moda na

própria cidade, valorizando o que é do município. Para Cleber Stassun (ACIRS), tal

possibilidade, sempre vai existir, desde que os atores entendam que ela é

necessária e possa trazer resultados positivos.

Marco Aurélio Rosar (PMRS) diz haver no Polo Fashion a entrega de material

promocional da cidade de Rio do Sul, bem como mapas dos centros de compras.

Essas são iniciativas que tentam viabilizar o turismo.

g) Formas de cooperação (2013-2015):

De forma pontual, o fortalecimento do segmento de confecção da moda jeans,

algumas ações de cooperação foram realizadas entre os anos 2013 a 2015 com

outros agentes da região, estes citados pelo senhor Ivan Molinari e Pedro Leal da

Silva Neto (presidente e vice-presidente do SINFIATEC respectivamente e

empresários), as quais foram baseadas principalmente em capacitação de

colaboradores e gestores através do SEBRAE, SENAI e FIESC e o IEL4 (Instituto

Euvaldo Lodi) que pertence a FIESC, o qual possui convênio com a UNIDAVI e

UNIASSELVI, para acompanhar os estudantes como estagiários nas empresas para

depois de formado este continuar na própria empresa, ou melhor, se desenvolver 4 Consiste na captação e encaminhamento de estudantes para realização de estágio nas empresas (obrigatório ou não), por meio do levantamento das competências técnicas e comportamentais para as vagas ofertadas. (http://ns022.fiescnet.com.br/web/pt/info/programa-estagio- responsável).

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profissionalmente. “E menor aprendiz também é um apoio muito interessante, o

convênio que nós fizemos entre o SENAI com as empresas”, diz senhor Pedro Leal

da Silva Neto (SINFIATEC/Tlic Rio).

h) Papel de Rio do Sul para o desenvolvimento da região; ações conjuntas com

outros municípios e cenário da moda jeans:

Na opinião dos entrevistados Rio do Sul tem papel preponderante para com o

desenvolvimento da região e diversos são os motivos. Cleber Stassun (ACIRS) cita

como exemplos os serviços ofertados na área da saúde, educação, pelo comércio

que é referência e principalmente sua independência econômica com a

diversificação do comércio e da indústria, tornando-se uma cidade catalizadora, nas

palavras do secretário Marco Aurélio Rosar (PMRS). O senhor Pedro Leal da Silva

Neto (SINFIATEC/TlicRio), acrescenta: “aqui também estão presentes o SENAI, o

SESI, e aqui concentra a maior número de confecções”. “Concentra um grande

número de empresas e também recursos tecnológicos”, menciona Ivan (SINFIATEC/

Divero) e complementa dizendo que Rio do Sul é considerada um polo regional na

confecção de jeans e possui grande reconhecimento a nível nacional em qualidade,

diferenciação de peças, e tecnologia aplicada.

“Tem todas as condições de continuar atraindo pessoas, os consumidores de outras

regiões pra cá, principalmente de municípios vizinhos e nessa questão do jeans”,

afirma Cleber Stassun (ACIRS). A excelente qualidade de vida oferecida à

população a partir das empresas de moda jeans é citada pelo senhor Orlando

Molinari (Monnari Jeans):

[...] As pessoas que hoje estão com uma qualidade de vida excelente que tem duas, três TVs em casa, que tem um ou dois carros, que ninguém anda mais de bicicleta e de ônibus, praticamente, tá e que todos estão empregados, todos estão fichados, todos estão com todos os direitos resguardados, em toda nossa região. Eu desconheço, quem hoje tem um negócio que não tá totalmente regularizado. Então, isso acho que foi um avanço enorme, [...] e qual é o setor que mais emprega hoje? Disparado é o setor têxtil.

Denilson Jose da Silva (Daksul Jeans) discorre:

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Eu considero ainda como um bom polo, não resta dúvida que tem potencial até para crescer muito, boas lavanderias, muita estrutura, mecânico, a sustentação de Rio do Sul é muito grande, porque quando nós iniciamos nós tínhamos que lavar uma calça ou comprar uma agulha, precisávamos deslocar um carro à Blumenau, um mecânico custava uma verdadeira fortuna que tinha que vir também de Blumenau, que hoje custa, né. Então tudo isso hoje, nós temos que considerar um polo razoável.

Porém a senhora Dirce Maria Sborz (Rafree Jeans), a qual faz parte do início da

história do jeans na cidade, faz suas ressalvas e comenta:

É, aí eu fico na dúvida de dizer, mas como eu já comentei, eu não me sinto bem em dizer que Rio do Sul é o polo do jeans, porque eu acho que a gente poderia ter crescido muito mais. Acho que foi iniciado um trabalho bom e foi parado. Então hoje a gente fala em Rio do Sul capital do jeans, mas uma capital do jeans sem ninguém sabe quantas peças são produzidas, tá. Ah, quantas empresas tem, quantos funcionários em Rio do Sul trabalham com ela dentro do setor têxtil, é um número que fica vago, então você não tem algo concreto pra dizer que é a capital do jeans.

Diante deste pensamento o senhor Paulo Cesar Sabbatini Rocha (SEBRAE),

acrescenta: “A capital do jeans é um título que já se perdeu, isso é um estigma que

nem se usa mais. Nem as próprias empresas se utilizam disso, inclusive fecharam-

se várias empresas dessa época da capital pra cá”.

Foram agrupadas através de análise léxica as expressões que mais sobressaíram

de acordo com as opiniões dos respondentes quanto à questão do papel que Rio do

Sul representa para a região. No Quadro 18 apresenta-se esta síntese promovida

com a análise léxica.

Quadro 18 – Análise léxica papel de Rio do Sul para a região

Categorização Expressões e agrupamentos utilizados Frequência

da Ocorrência

Menções positivas

De característica geográfica: Região (13) / Polo (12) / Cidade (10) / Capital (9) / Município (3) / Nacional (2) 49 De característica setorial: Jeans (18) / Empresa (17) / Têxtil (6) / Confecções (3) / Facção (2) / Indústria (1) 47 De característica por adjetivação: Principais (13) / Grande (6) / Maior (5) / Melhor (4) / Importante (4) / Qualidade (3) / Expressivas (1) / Potencial (1) 37 De característica verbal: Concentrar (4) / Crescer (2) / Atrair (1) / Fortalecer (1) 8

Menções negativas

De característica verbal: Perder (6) / Cair (2) 8

De característica situacional: Dificuldade 1 Fonte: recuperação léxica a partir de dados primários provenientes da entrevista semiestrutura (2015).

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Como já evidenciado anteriormente relativo ao papel que a cidade de Rio do Sul

representa para a região do Alto Vale do Itajaí, nos termos listados no quadro as

menções positivas são as mais relevantes nos depoimentos relatados pelos

entrevistados. Reconhecem a qualidade dos serviços prestados nos mais diversos

segmentos, mas principalmente a importância que o setor têxtil representa para o

mercado regional. Somente demonstram certa preocupação com a possibilidade de

perder o título de capital do jeans para regiões mais estruturadas e que competem

até mesmo de forma agressiva com a região.

Os dados coletados na pesquisa de campo demonstram perante os entrevistados

que são insuficientes as intervenções advindas dos setores governamentais e

privados para estruturar e alavancar o setor de moda jeans do Alto Vale. Isso ocorre

mesmo diante da cidade de Rio do Sul ser considerada polo da região, através de

seus serviços prestados, quantidade e qualidade das indústrias e comércios ali

existentes. Desta forma, torna-se complexo continuar ostentando o título de Rio do

Sul capital do jeans.

Conclui-se esta etapa da pesquisa sobre as intervenções governamentais, não

governamentais e privadas que fomentam o setor de moda jeans. A seguir de

acordo com os objetivos propostos serão identificados as forças e fraquezas

capazes de influenciar no desenvolvimento do turismo de negócios e eventos na

cidade.

4.4 Análise das forças e fraquezas que influenciam no desenvolvimento do

turismo de negócios e eventos, ligados a moda jeans, na cidade de Rio do Sul.

Com o propósito de analisar a configuração que se apresenta na cidade de Rio do

Sul – SC, a partir do aglomerado de empresas da moda jeans, com vistas a

contribuir para o desenvolvimento regional, por meio do turismo de negócios e

eventos, neste estudo fez-se necessário identificar as forças e fraquezas que podem

interferir nesta condição, sendo este o terceiro objetivo da presente dissertação.

Para Kotler; Jatusripitak e Maesincee (1997), a apreciação dos pontos fortes e

fracos de um lugar dá a amplidão de seu desenvolvimento e recomendam as

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necessidades de redirecionamentos de suas forças e fraquezas, objetivando ampliar

seu desenvolvimento futuro. Este é o momento propício para evidenciar as

qualidades locais e transformá-las em riquezas.

Considerando-se essa intenção, o levantamento e a análise foram instituídos com

base em um conjunto de variáveis (já discutidos na fundamentação teórica e

metodologia), incluindo: problemas atrasando desenvolvimento; valorização do

saber e cultura local; demanda de turistas; eventos marcantes; ações direcionadas

ao turismo de negócios e eventos; integração dos agentes e estrutura de suporte

para eventos; estrutura hoteleira; atrativos turísticos; eventos envolvendo as

empresas de jeans; potencial de crescimento; pontos positivos que poderiam

potencializar o turismo; e fortalecimento do aglomerado de empresas.

a) Problemas que impactam negativamente no desenvolvimento:

Ao fazer uma análise dos principais problemas presentes no município os quais

podem atrasar o desenvolvimento do mesmo, todos foram enfáticos em dizer que as

más condições e falta de duplicação da BR 470, a qual corta as principais cidades

da região, constitui o principal entrave para o progresso, haja vista ser o único

acesso para recebimento de mercadorias ou escoamento da produção do Vale.

De acordo com o senhor Pedro Leal da Silva Neto (SINFIATEC/Tlic Rio), há vinte

anos a Fabricenter recebia inúmeros ônibus semanais advindos do Rio Grande do

Sul, no entanto nos dias atuais visitam somente Criciúma até a cidade de Brusque

através da BR 101.

Mencionado também pelos entrevistados a falta de políticas públicas estruturantes e

incentivos fiscais que possam colaborar para um ambiente favorável ao

desenvolvimento. Para Paulo Cesar Sabbatini Rocha (SEBRAE), o poder público

municipal e regional estão há muito tempo trabalhando apenas na linha da reação e

não na ação, desta forma deixando de atrair novas empresas para a região, lembra

Cleber Stassun (ACIRS) e indaga:

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[...] se uma indústria vem se instalar em Rio do Sul, onde é que ela vai se instalar? A questão de áreas industriais, áreas específicas, todo o planejamento do município, territorial, urbano, tem que pensar isso também, tem que estar muito focado nisso, na preocupação com o desenvolvimento econômico, questão de tributos né [...].

“[...] Muitas obras hoje estão paradas por falta de recurso, que não é um assunto

específico de Rio do Sul nem do Alto Vale, mas de todo o Brasil”, lembra Zilton

Pedro de Souza (PMRS). Sem os incentivos fiscais e falta de recursos financeiros

torna-se preocupante também a capacitação de funcionários os quais são

aproveitados mão de obra da região, uma vez que através do SENAC e SESI, são

ofertados novos conhecimentos e qualificação. Senhor Pedro Leal da Silva Neto

(SINFIATEC/Tlic Rio), fala da pretensão de criar um selo para ser colocado na

etiqueta das roupas informando que o produto é de Santa Catarina, pela questão do

valor agregado, do diferencial que é um produto de excelente qualidade, valorizando

os produtos da região.

b) Valorização do saber e cultura local:

O aproveitamento de mão de obra local sempre foi valorizado, de acordo com

Orlando Molinari (Monnari jeans). O mesmo acrescenta que, o conhecimento e

qualificação sempre foi uma busca constante dentro das empresas de jeans e o

treinamento é exercido dentro da própria empresa, através dos demais funcionários.

Muito embora o SENAC e SESI também trouxessem cursos para qualificar

costureiras, bordadeiras e modelistas. “[...] Eu mesmo busquei pessoas de fora pra

trazer pra cá, pra ensinar, pra ver como é que funcionava [...] o Audaces [...] a

questão de modelagem”.

A cultura local é outro ponto forte do município. De acordo com Zilton Pedro de

Souza (PMRS):

[...] Rio do Sul recebeu prêmio na mídia nacional pelo desenvolvimento da Cultura. No nosso município a cultura é muito desenvolvida e constantemente ta ganhando prêmio a nível de estado, a nível nacional. É um privilégio de Rio do Sul porque todos os prefeitos que por aqui passaram prestigiaram muito a cultura, que hoje tem uma fundação, muitos funcionários tratando exclusivamente desse assunto.

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c) Eventos marcantes e a atual demanda de turistas

Os principais eventos realizados na cidade, relatados pelos entrevistados são a

Feira do Livro; a Kegelfest a qual mudou o nome para Festival, Sabores e Tradições;

Feira Ponta de Estoque; Ânima Italiana; Circuito Marcio May; Festa de São João que

é centenária; porém a mais expressiva por trazer maior número de público e

recursos financeiros é a FERSUL, a qual é diretamente ligada ao setor de negócios

e eventos, porém a que traz maior número de turistas é o Motosul, muito embora

não seja feito monitoramento acerca do fluxo de visitantes em nenhum destes

eventos.

Considerando as principais menções resultantes das opiniões dos respondentes

participantes deste estudo sobre os eventos mais marcantes da cidade de Rio do

Sul a grande maioria diz não considerar grandes eventos existentes na cidade,

apenas encontros organizados por grupos de amigos ou pequenas feiras para

alavancar um setor específico. Porém, as expressões mais citadas foram agrupadas

por meio de uma análise léxica, descritas no Quadro 19 e apresentadas a seguir.

Quadro 19 – Análise léxica principais eventos na cidade

Categorização Nomes mencionados Frequência

da Ocorrência

Festas

FERSUL 11

Kegelfest 7

Motosul 7

HABITAVI 2

São João 2

Ânima italiana 1 Fonte: recuperação léxica a partir de dados primários provenientes da entrevista semiestrutura (2015).

Cabe ressaltar que todos os entrevistados consideram de grande importância a

realização de eventos que possam alavancar a economia da cidade e citam a

FERSUL como o principal evento de negócios do município, seguido pela HABITAVI,

porém faz-se necessário reestruturação e maior investimento para que sejam

visíveis a demais regiões. Com exceção do Motosul considerado o único capaz de

atrair turistas para a cidade, as demais mencionadas são apenas festas ou

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encontros que traduzem poucos recursos financeiros ao município, inclusive a festa

de São João realizada há mais de cem anos.

d) Ações direcionadas ao turismo de negócios e eventos, Integração dos

agentes, Estrutura de suporte para eventos e estrutura hoteleira:

Eventos significam, conforme Matias (2001, p 61-62), “o conjunto de atividades

profissionais desenvolvidas com o objetivo de alcançar seu público-alvo [...]”.

Medeiros (1999) relata que alguns aspectos devem ser considerados e analisados

durante o pré-evento de acordo com a tipologia do evento, e um fator determinante é

o local em que será realizado, este que é um elemento preponderante para o

sucesso do evento, pois são fatores que irão decidir a escolha do espaço.

Cleber Stassun (ACIRS) menciona o fato de Rio do Sul, ter as principais empresas

organizadoras de evento do estado presentes no município, como a Marcante

Eventos; a Consoli Eventos; e a Luciana Mazzini, que atendem em todo estado de

SC e são empresas consolidadas no mercado.

A maioria destes eventos anteriormente mencionados é realizada no pavilhão

Hermann Purnhagen, diz Cleber Stassun (ACIRS), que acrescenta que é:

[...] uma antiga fábrica que foi adaptada minimamente para receber eventos, então, não se tem um espaço adequado e pensado para fazer eventos em Rio do Sul [...], nós (ACIRS), já nos propusemos a pagar, por exemplo, um projeto pra que o município pudesse captar o recurso, mas ainda não tivemos do poder público um respaldo muito grande [...]. O único espaço que nós temos disponível, tá praticamente locado o ano inteiro, então ele acaba sendo por existir só essa estrutura também, um forte inibidor do desenvolvimento, desse turismo de eventos, porque você muitas vezes deixa de fazer um evento, porque não tem mais espaço no calendário e não tem outras alternativas.

Quanto à localização do pavilhão Hermann Purnhagen é de fácil acesso por ser a

poucos metros da BR 470 e da entrada principal da cidade. Sua capacidade de

público é pouco conhecida pelos entrevistados. Porém, Marco Aurélio Rosar (PMRS)

esclarece que a capacidade total é para 8000 pessoas em 4.750 m2, com cozinha,

banheiros e estacionamento para 800 carros. Além da sua localização estratégica,

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tem boa proximidade com os hotéis da cidade, o qual de acordo com Marco Aurélio

Rosar (PMRS) a capacidade aproximada é para 700 hóspedes.

Quanto à estrutura hoteleira da cidade Paulo Cesar Sabbatini Rocha (SEBRAE) diz

que: “[...] em quantidade ela é até razoável, pelo tamanho da cidade você tem

bastantes leitos, o que ela tá é velha”. Já Pedro Leal da Silva Neto (SINFIATEC/Tlic

Rio) define-a como pequena e defasada.

Na opinião de Ivan Molinari (SINFIATEC/Divero Jeans), comum com a de Denilson

Jose da Silva (Daksul Jeans), a mesma é fraca para eventos de grande porte, sem

estrutura hoteleira em toda a região. Paulo Cesar Sabbatini Rocha (SEBRAE)

complementa que “[...] são hotéis que estão preparados para atender o viajante, mas

não estão preparados para receber um turista um pouco mais exigente”. Reforça

que “[...] apenas o Hotel do Tinho, Aliança Express e o Hotel Bergozza, o qual é o

mais novo da cidade se distanciam um pouco da hotelaria voltada para o baixo

preço”. Para o viajante, “dificultando a disponibilidade de leitos em eventos

direcionados ao turismo de negócios”, opina Cleber Stassun (ACIRS).

Como não foi encontrada em nenhum registro oficial a capacidade hoteleira exata da

cidade, foi efetuado levantamento junto às organizações hoteleiras. O resultado

pode ser observado na Tabela 08.

Tabela 08 – Hotéis da cidade de Rio do Sul Hotel Ano de

Fundação Total de

apartamentos Quantidade de

hóspedes Hotel Real Década de 40 25 52 Hotel Riosulense 1948 42 72 Hotel Demarchi 1972 27 55 Hotel Ferrari 1973 45 55 Hotel Meneghetti 1985 25 50 Hotel Schreiber 1996 48 100 Eduardo’s Hotel 1997 45 80 Hotel do Tinho 1998 33 80 Hotel Pamplona 1999 44 96 Hotel do Mauri 2001 20 70 Hotel Aliança Express 2004 69 138 Hotel e Pousada Alto Vale 2004 30 70 Hotel Bergozza 2012 33 76

TOTAL 486 994 Fonte: Elaborado pela autora (2016).

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Como pode ser observado na tabela anterior, com exceção do Bergozza, os demais

hotéis de Rio do Sul são estruturas antigas e a maioria com mais de 10 anos. Em

princípio apenas o Aliança Express satisfaz hospedes mais exigentes. Com

administração familiar e voltados para viajantes, representantes comerciais ou para

quem está apenas de passagem pela cidade, nenhum possui área de lazer. A

capacidade hoteleira é considerada pelos entrevistados razoável, haja vista não

haver grande movimentação de turistas na cidade. Porém, por ocasião de grandes

eventos, caso mantenha-se a mesma infraestrutura, certamente ficaria

comprometida.

e) Atrativos turísticos:

Considerando o conjunto de atrativos turísticos com destacado diferencial, pouco foi

mencionado pelos entrevistados, até porque segundo Paulo Cesar Sabbatini Rocha

(SEBRAE):

[...] os atrativos locais eles estão dispersos, ninguém sabe quais são. E se tem, eles não têm acesso. Quer dizer, eu não posso considerar uma cachoeira um atrativo se não posso visitar, se chego lá não tem ninguém pra me receber, quer dizer, uma coisa é o atrativo outra coisa é o equipamento turístico né. Então nós temos vários atrativos, mas esses atrativos não necessariamente são equipamentos turísticos que permitam ou a visitação ou a utilização do turista.

Um dos cartões postais do Alto Vale é evidenciado por Dirce Maria Sborz (Rafree

Jeans), [...] a gente sai do Brasil, vai para exterior para visitar uma igreja e, talvez,

não seja nem 10% tão linda quanto a nossa Catedral. Só que, talvez, nós não

estamos sabendo apresentá-la. Na opinião de Zilton Pedro de Souza (PMRS), na

cidade há bons atrativos turísticos que precisam de divulgação e condições

apropriadas para receber o turista, falta um trabalho integrado com outros

municípios, a nível de Alto Vale. Para Cleber Stassun (ACIRS), Rio do Sul hoje, é

um importante polo de geração de cultura, mas ainda não se tem uma visão tão

clara de quanto isso impacte o desenvolvimento do turismo enquanto atração de

fluxo de pessoas para o município, porém acredita que esta visibilidade esteja

crescendo.

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Em atenção aos atrativos turísticos mencionados pelos entrevistados foram

agrupadas por meio de análise lexical as principais situações elencadas e descritas

no Quadro 20.

Quadro 20 – Análise léxica atrativos turísticos

Categorização Expressões e agrupamentos utilizados Frequência

da ocorrência

Principais Atrações.

De característica geográfica: Município (6) / região (4) / cidade (2) 12 De característica natural: Agua (4) / cachoeira (4) / encontro dos rios (1) / naturais (1) / parques (1) 11 De característica arquitetônica: Igreja (3) / catedral (1) / arquitetura (1) / residências (1) / pousadas (1) / 7 De característica turística: Propriedades (1) / rurais (1) / Quatro cantos (3) / acolhida na colônia (4) / 9 De característica por adjetivação: Linda (2) / bonita (4) / belezas (1) / belíssima (1) 8

Situação atual

De característica verbal: Crescer (2) / desenvolver (2) / Fortalecer (1) 5 De característica situacional positiva: Grande (2) / Forte (1) / Expressivos (1) 4 De característica situacional negativa: Falta estrutura (2) / Fraco (1) / Fraquíssimo (1) 4

Fonte: recuperação léxica a partir de dados primários provenientes da entrevista semiestrutura (2015).

Apesar de considerarem poucos os atrativos turísticos e os existentes com deficitária

estrutura para receber os turistas ou visitantes, todos concordam que com empenho

de todos é possível fortalecer a cidade neste quesito, principalmente pelas belezas

naturais. É uma região com inúmeras cachoeiras, propriedades rurais, onde é

possível realizar projetos como o Quatro Cantos e a Acolhida na Colônia. A Catedral

São João Batista é considerada o principal cartão postal do Alto Vale com sua

maravilhosa arquitetura neogótica.

f) Eventos envolvendo as empresas de jeans:

Rio do Sul é considerada a capital do jeans, porém, não existe nenhum evento

envolvendo estas empresas especificamente, fator que inibe maior visibilidade em

um mercado promissor. Para Ivan Molinari (SINFIATEC/Divero Jeans), falta a

iniciativa e organização das empresas do segmento e das entidades representativas.

Do mesmo pensamento convergem Dirce Maria Sborz (Rafree Jeans), Denilson

Jose da Silva (Daksul Jeans) e Paulo Cesar Sabbatini Rocha (SEBRAE). Beto

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(Indulto Jeans) cita que [...] falta interesse político e projetos voltados para eventos o

que inclusive estaria arrecadando para o município se fosse bem explorado.

Pedro Leal da Silva Neto (SINFIATEC/Tlic Rio) recorda que já foi comentado entre

os empresários, “mas nunca se fez nada de concreto [...]”. Paulo Cesar Sabbatini

Rocha (SEBRAE) argumenta que ninguém vai iniciar um evento do jeans se o

empresário não quiser expor ou se ele não quiser liderar esse processo. Orlando

Molinari (Monnari Jeans) ressalta que é necessário ser algo muito bem organizado e

estruturado quanto a local, espaço, restaurantes, hotéis, acesso, porém, acredita

que deva existir sim, um evento reunindo as empresas de moda jeans, mesmo

sendo algo complicado para realizar e necessitando de investimentos.

g) Potencial de crescimento através do turismo:

Os demais empresários entrevistados acreditam também no crescimento do turismo

de negócios e eventos na cidade de Rio do Sul através da indústria do jeans e

pronunciam-se:

Dirce Maria Sborz (Rafree Jeans):

Eu acredito. Eu acredito, porque nós temos um jeans muito bem feito, um jeans de qualidade, atualizado, que é um jeans bom, tá. Então, se você for, assim, em outros locais você vai encontrar o jeans, mas o nosso jeans, ele é muito bem feito, muito bem acabado, bem atualizado. Então, nós temos tudo isso nas mãos pra fazer.

Da mesma forma Denilson Jose da Silva (Daksul Jeans), argumenta:

Acredito, com certeza. É só a gente se dedicar, pegar junto as fábricas junto com os órgãos públicos, acho que nós temos como crescer muito em relação a isso. E há uma necessidade de fazer isso, porque hoje, talvez, existe muita região e falar em Rio do Sul capital do jeans, fábrica de jeans, nem faz ideia. Eles conhecem Cianorte, eles conhecem Brusque, eles conhecem outras regiões, mas Rio do Sul ainda é muito pouco divulgado foi feito pouco trabalho.

Ivan Molinari (SINFIATEC/Divero Jeans) é enfático em dizer: “Existe um bom

potencial, principalmente no que diz respeito a eventos de moda, porém é preciso

uma integração maior entre as empresas”. Beto (Indulto Jeans) acredita que tem

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potencial, pela qualidade dos produtos. E Cleber Stassun (ACIRS) complementa:

“depende é claro de investimentos públicos na infraestrutura, na área hoteleira, e

principalmente da organização do setor, que é algo preponderante pra que isso

aconteça”. Orlando Molinari (Monnari Jeans), ainda enfatiza que um evento deste,

pode ter um efeito irradiador, fazendo com que diversos níveis da economia da

cidade e região, sintam-se atraídos e invistam em seus negócios ou abram novos

negócios.

h) Pontos positivos que poderiam potencializar o turismo:

De acordo com Marco Aurélio Rosar (PMRS), a cidade tem alguns pontos positivos

os quais podem potencializar essas atividades. Além de ser uma cidade receptiva,

possui os dois centros comercias a Fabricenter e o Polo Fashion que já estão

consolidados neste contexto. Para Zilton Pedro de Souza (PMRS), a localização

estratégica da cidade praticamente no centro do estado de Santa Catarina e às

margens da BR 470, facilita o acesso de outras regiões do estado, itens

evidenciados também por Beto (Indulto Jeans) além de ser considerada a capital do

jeans. O grande número de empresas, a diversificação de produtos em outros

segmentos e a excelente qualidade dos artigos ofertados, são citados por Ivan

Molinari (SINFIATEC/Divero Jeans) e Cleber Stassun (ACIRS), também para o

fortalecimento do aglomerado de empresas de moda jeans e potencializar o turismo

de negócios e eventos na cidade. Todos estes pontos positivos citados pelos

entrevistados foram evidenciados também na análise léxica, cujo resultado é

apresentado no Quadro 21.

Quadro 21 – Análise léxica pontos positivos da cidade

Categorização

Expressões utilizadas Frequência

da Ocorrência

Oferta local Produto (10) / Diferenciado (1) / Qualidade (1) / Sensacional (1) / Ótimos (1) / Diversificados (1) / Jeans (5) / Moda (2) / Têxtil (2) / Lingerie (1) / Roupas (1) / Malharia (1) / Outlet (1) / 28

Elemento Humano

Pessoa (s) (11) / Profissionais (1) / Receptivos (2) / Dedicados (1) / Hospitaleiros (1) 16

Localização Central (5) / Atrativa (4) / Estratégica (5) 14 Fonte: Fonte: recuperação léxica a partir de dados primários provenientes da entrevista semiestrutura (2015).

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Diante da avaliação dos entrevistados os termos listados no quadro relativo aos

pontos positivos presentes na cidade os quais são passíveis de incremento ao

turismo de negócios e eventos os que mais se destacam são a alta qualidade e a

diversificação dos produtos do segmento têxtil produzidos por profissionais

qualificados da região. Também surgem aspectos como a localização estratégia da

cidade no centro do estado de Santa Catarina, além de um povo receptivo e

hospitaleiro.

i) Fortalecimento do aglomerado de empresas:

Pedro Leal da Silva Neto (SINFIATEC/Tlic Rio) reforça falando da excelente

qualidade e do valor agregado do jeans da cidade que o torna conhecido em todo o

País, através dos representantes comerciais de algumas empresas. “[...] em matéria

de empresas hoje, tem mais empresas de jeans que qualquer outro setor na cidade”,

informa Dirce Maria Sborz (Rafree Jeans). Para Denilson Jose da Silva (Daksul

jeans), “[...] Maior foco pra Rio do Sul, apesar de faltar divulgação, são as fábricas

de jeans, das confecções que tem condições de melhorar e crescer muito, com

certeza”. Zilton Pedro de Souza (PMRS) afirma “[...] Sem dúvida alguma colocar a

cidade, colocar a região como potencial do Jeans é algo muito atrativo à nível de

Estado, e à nível de Brasil”.

Orlando Molinari (Monnari jeans), defende a ideia de fazer algum evento paralelo a

FERSUL, aproveitando assim a concentração de pessoas “[...] pra mostrar o que

realmente nós temos”. O mesmo refere-se aos mais diversos segmentos como

agricultura, artístico e cultural, evidenciando os costumes da região e acrescenta

“[...] Mas isso teria que ser uma coisa muito bem planejada, bem pensada, teria que

ter o apoio começando a criar essa cultura dentro desse associativismo de pessoas,

das empresas, dos agricultores, do poder público”.

4.4.1 Síntese dos pontos fortes e fracos

De acordo com Kotler et al. (2005), a prosperidade ou declínio de uma cidade

ultrapassa as medidas fiscais e econômicas, pois as cidades são muito mais do que

orçamentos ou negócios, compreendem pessoas, culturas, heranças históricas,

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patrimônio físico e conveniências. Como tal, surge a necessidade de uma avaliação

de abrangência econômica e social especialmente numa tentativa de compreender

os principais componentes, ao mesmo tempo em que se procura fazer uma análise

adequada de ideias e processos para a realidade territorial da localidade. Deve-se

assim elaborar um diagnóstico dos principais pontos fortes e fracos, de maneira que

se transformem num aumento da atratividade da cidade tanto para os moradores,

visitantes, turistas ou para o mercado econômico.

Assim sendo, é pertinente desenvolver uma averiguação sobre esta realidade, mas

que conceba um importante contributo para a configuração dos territórios ao mesmo

que funcionam como instrumentos de desenvolvimento regional (CIDRAIS, 2001).

Para tanto, busca-se alcançar informações e conhecimentos úteis à própria cidade

com intuito de se obter benefícios ao nível da valorização da cidade e da sua

posição competitiva, bem como procurar satisfazer as necessidades, desejos e

interesses dos diferentes públicos nela inseridos.

No Quadro 22 são apresentadas, conjuntamente, algumas percepções consideradas

relevantes a respeito dos pontos fortes e fracos da cidade de Rio do Sul, relatados

pelos participantes da pesquisa e identificados por meio dos dados secundários.

Quadro 22 – Pontos fortes e fracos de Rio do Sul Pontos fortes Pontos fracos

Concentração de negócios ligados à moda jeans na cidade é superior (Dirce Maria Sborz – Rafree Jeans).

Tímida participação dos confeccionistas junto ao sindicato patronal – SINFIATEC (Orlando Molinari – Monnari jeans, Ivan Molinari – Divero jeans).

Alta qualidade no produto jeans, produzindo moda e tendências. (Cleber Stassun - ACIRS).

Não há monitoramento de turistas (Marco Aurélio Rosar – PMRS)

Cooperação, mesmo que parcial entre determinado grupo de confeccionistas (Ivan Molinari- Divero Jeans)

Rede hoteleira de qualificação média à baixa, considerada fraca para eventos de grande porte. (Ivan Molinari - SINFIATEC/Divero Jeans, Denilson Jose da Silva - Daksul Jeans).

Diversificação de produtos têxteis: malharia, lingerie, infantil. (Ivan Molinari (SINFIATEC/Divero Jeans e Pedro Leal da Silva Neto – SINFIATEC/Tlic Rio).

Baixa qualificação de mão de obra existente e falta de cursos preparatórios para aperfeiçoamento. (Dirce Maria Sborz – Rafree Jeans e Ivan Molinari – Divero jeans).

Existência de espaço para eventos em boa localização na entrada principal da cidade. (Marco Aurélio Rosar- PMRS)

O único espaço para eventos é inadequado em suas estruturas físicas (Cleber Stassun-ACIRS).

Localização geográfica da cidade (no centro do estado) e aproximadamente a 200 km dos estados do Paraná (ao norte) e Rio Grande do Sul (ao sul). (Augusto Roberto Schlemper, Beto – Indulto Jeans).

Falta de integração entre os setores públicos e entidades representativas (todos os respondentes)

Oferta de eventos na cidade como FERSUL, Poucos atrativos turísticos e os existentes

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Pontos fortes Pontos fracos HABITAVI, Motosul (todos os respondentes) apresentados de forma pouco expressiva. Paulo

Cesar Sabbatini Rocha (SEBRAE).

Principal cartão postal do Alto Vale a Catedral São João Batista (Orlando Molinari – Monnari jeans)

Aeroporto municipal precário (Orlando Molinari – Monnari jeans, Pedro Leal da Silva Neto – SINFIATEC/Tlic Rio, Paulo Cesar Sabbatini – SEBRAE)

Receptividade da população (Zilton Pedro de Souza – PMRS)

Distância considerável em relação aos principais aeroportos do estado. (Orlando Molinari – Monnari jeans, Pedro Leal da Silva Neto – SINFIATEC/Tlic Rio, Paulo Cesar Sabbatini – SEBRAE)

Valorização da mão de obra local em que são empregados pessoas da cidade ou da região. (Denilson Jose da Silva – Daksul jeans e Augusto Roberto Schlemper – Indulto jeans, e Pedro Leal da Silva Neto-SINFIATEC/Tlic Rio, Orlando Molinari – Monnari jeans, Dirce Maria Sborz – Rafree Jeans, Ivan Molinari- SINFIATEC/ Divero jeans).

Reivindicações elevadas por parte do SITITEV. (Denilson Jose da Silva – Daksul jeans e Augusto Roberto Schlemper – Indulto jeans).

Presença e parcerias com o SENAC, SENAI, SESI. (Ivan Molinari e Pedro Leal da Silva Neto, presidente e vice-presidente do SINFIATEC respectivamente e empresários).

Falta de divulgação do slogan: Rio do Sul capital do jeans. (Cleber Stassun - ACIRS).

A cidade ocupa o 7º lugar geral no IDH na posição do estado, mas no quesito IDH-L ocupa o 4º lugar estadual, sendo considerado nível muito alto de qualidade de vida (PNUD, 2015).

Baixo nível de reaproveitamento dos resíduos têxteis (Pedro Leal da Silva Neto - SINFIATEC/Tlic Rio).

Alto índice de desenvolvimento humano municipal na dimensão longevidade com esperança de vida ao nascer de 76,02 anos, de acordo com dados do censo do IBGE (2016).

Baixa estrutura gastronômica - Restaurantes, bares e lanchonetes. (Paulo Cesar Sabbatini Rocha - SEBRAE e Pedro Leal da Silva Neto -SINFIATEC/Tlic Rio).

Baixo índice de criminalidade. (Zilton Pedro de Souza – PMRS)

Ausência de um selo que remeta a imagem da cidade nos produtos ali produzidos - identidade local. (Pedro Leal da Silva Neto – SINFIATEC/Tlic Rio).

Capital do Alto Vale do Itajaí (todos os respondentes) e cidade sede da AMAVI, que tem como objetivo sediar e representar força política junto ao governo estadual e federal e através do associativismo juntamente com mais 27 municípios do Alto Vale do Itajaí (AMAVI, 2007).

Poucas ações direcionadas ao turismo de negócios e eventos por parte dos mecanismos oficiais. Augusto Roberto Schlemper - Beto (Indulto Jeans).

Principais empresas de eventos do estado estão sediadas na cidade de Rio do Sul -Consoli, Marcante, Luciana Mazzini. Cleber Stassun – ACIRS)

Falta de planejamento territorial e urbano para implantação de novas indústrias. (Paulo Cesar Sabbatini Rocha – SEBRAE, Cleber Stassun – ACIRS)

Diversidade econômica com a presença de empresas exportadoras de grande porte do setor alimentício e metalomecânico (Marco Aurélio Rosar – PMRS, Cleber Stassun - ACIRS, Ivan - SINFIATEC/ Divero); Em 2011 a cidade exportou um total de US$ 174.911.530 (total de 24 empresas exportadoras) e importou US$ 16.375.398, apresentando um saldo positivo de US$ 158.536.132,00 na balança comercial do município (SEBRAE 2013, p.41); e Economia diversificada:

Desunião e falta de projetos para o desenvolvimento econômico e turístico local. (Paulo Cesar Sabbatini Rocha – SEBRAE, Cleber Stassun – ACIRS)

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Pontos fortes Pontos fracos Indústria, comércio, prestação de serviços, agricultura (AMAVI, 2014). Atrativos Culturais e Projeto Quatro Cantos, Acolhida na Colônia, Agroturismo. (AMAVI, 2014, Marco Aurélio Rosar – PMRS, Zilton Pedro de Souza - PMRS).

-

Bom nível de preservação do patrimônio histórico e cultural. (Marco Aurélio Rosar – PMRS, Zilton Pedro de Souza – PMRS, Cleber Stassun - ACIRS). E forte presença de elementos culturais das diversas etnias mantem acesas as tradições e costumes dos colonizadores (AMAVI, 2004).

-

Centro de formação acadêmica (UNIDAVI, FAMESUL, IFC, SENAC) e cursos técnicos no SENAI (AMAVI, 2014).

-

Boa infraestrutura de saúde, com Hospital Regional Alto Vale do Itajaí e Hospital Samária (Cleber Stassun - ACIRS, Pedro Leal da Silva Neto – SINFIATEC/Tlic Rio).

-

Rio do Sul é o 10º maior empregador em confecções do estado, o 9º na fabricação de máquinas e equipamentos, o 6º na fabricação de produtos eletrônicos e também de equipamentos de transporte (exceto veículos automotores), e o 4º na fabricação de autopeças – 8,57% do emprego catarinense nesta última atividade estão em Rio do Sul. (RAIS/MTE, 2012).

-

Concentração produtiva - Dos 28 municípios que compõem a AMAVI, 23 possuem atividades ligadas ao ramo têxtil, totalizando 842 empresas. Destas 319 estão localizadas na cidade de Rio do Sul. (SINFIATEC, 2015).

-

Fonte: organizado pela autora conforme dados primários e secundários levantados no estudo

Segundo Kotler et al. (2005), um local não tem necessidade de corrigir todos os seus

pontos fracos ou apresentar todos os seus pontos fortes, até porque alguns destes

aspectos podem não ser tão importantes, devendo ser examinados mais

minuciosamente pelos gestores e responsáveis pelo marketing da cidade, quais os

pontos fortes e fracos mais condizem com seu mercado alvo afetando de forma

positiva ou negativa.

Considerando esta citação e os dados levantados, é imprescindível que cada

governante ou responsáveis por setores, fique atento as necessidade e prioridades

da população ou de cada grupo sem generalizar, pois, cada mercado tem suas

preferências podendo ser afetado de forma negativa, caso não seja dado a devida

importância.

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Conclui-se esta etapa de identificação das forças e fraquezas que podem influenciar

no desenvolvimento do turismo de negócios e eventos, ligados a moda jeans, na

cidade de Rio do Sul, apresentando a seguir com o mesmo intuito as oportunidades

e ameaças.

4.5 Eventos impulsionadores (Oportunidades) e restritivos (Ameaças) e a

interferência no desenvolvimento do turismo de negócios e eventos,

relacionados à moda jeans, na cidade de Rio do Sul.

Nesta etapa identificaram-se possíveis oportunidades, aqui abordadas como

impulsionadores, e as ameaças, levantada junto aos respondentes como eventos

restritivos, que podem interferir no desenvolvimento do turismo de negócios e

eventos, aliados à moda jeans na cidade de Rio do Sul. Considerando esse intento,

o levantamento e a análise foram organizados com apoio em um conjunto de

variáveis (já discutidos na fundamentação teórica e metodologia) e incluem:

construção de parcerias; regiões ou cidades que competem; interferência de fatores

ambientais externos; e construção de território turístico através da moda jeans.

É indispensável, de acordo com Kotler (2000), que os gestores públicos, entidades e

empresários de uma localidade identifiquem as oportunidades e ameaças

associadas a cada tendência ou mudanças importantes ao seu desenvolvimento,

pois ao serem analisadas criteriosamente podem descobrir importantes mercados.

a) Construção de parcerias:

A construção, manutenção e fortalecimento de parcerias, entre cidades próximas ou

distantes, e entre organizações, mesmo que concorrentes, porém com objetivos

comuns, suplantam o surgimento de estratégias convenientes para a sobrevivência.

Quando questionados sobre a possibilidade de se construir parcerias com outras

cidades ou regiões, a maioria dos entrevistados, conforme descrito no Quadro 23,

pensam ser positiva a oportunidade de partilhar habilidades e ampliar conhecimento.

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Quadro 23 – Possíveis cidades para construir parcerias Entrevistado Opinião

Dirce Maria Sborz (Rafree Jeans)

Eu consideraria Criciúma, mas Ituporanga tá se destacando no país todo, é uma cidade pequena, mas tá se destacando [...], então por que não nós nos juntarmos? Com todo o Alto vale, né.

Denilson Jose da Silva (Daksul Jeans)

Criciúma, eu acho que fica um pouco difícil porque fica muito distante, são regiões totalmente desligadas. Brusque e Rio do Sul, de repente. Fazer uma rodada de negócios só pras empresas de Rio do Sul, por que não? Qual o custo que nós teríamos? Não seria tão alto, falta realmente alguém organizar isso, alguém começar a reunir [...].

Paulo Cesar Sabbatini Rocha (SEBRAE)

Ah, eu acho difícil você trazer, porque as outras regiões são regiões concorrentes né.

Ivan Molinari (SINFIATEC/Divero Jeans)

Poderia se construir algumas parcerias a nível internacional. O que poderia se fazer é trazer mais palestras e eventos de moda, para trazer profissionais e potenciais clientes de outras regiões.

Pedro Leal da Silva Neto (SINFIATEC/Tlic Rio

Eu acho que sim, com Blumenau. [...] é um dos principais polos têxteis do Brasil. É, ele não é tão especifico no Jeans, é mais de malha, mas a gente podia participar de convênio.

Orlando Molinari (Monnari Jeans)

[...] o que importa é envolver as pessoas, isso seria interessante. Se você for analisar pra dar certo um negócio, as pessoas precisam criar uma cultura e elas têm que saber que elas vão fazer aquilo porque gostam daquilo [...].

Augusto Roberto Schlemper (Beto) (Indulto Jeans)

[...] eu acho até que poderíamos trabalhar com algumas regiões, alguns municípios [...]

Cleber Stassun (ACIRS)

Poderia estar mais integrada por meio de roteiros de compras com a região de Brusque e Blumenau, que são muito fortes.

Zilton Pedro de Souza (PMRS)

Em nível de Alto Vale, todas as cidades. Todos os projetos que fizerem em nível de Alto Vale, Rio do Sul e os demais municípios, tem que ser um trabalho integrado. Porque se integrar, a força é maior, a repercussão é maior e o resultado é mais positivo, sem dúvida, unindo todos os municípios é mais produtivo.

Fonte: elaborado pela autora (2016)

Torna-se imprescindível avaliar, no planejamento estratégico, o comportamento das

organizações frente às forças competitivas do mercado, portanto foi analisada junto

aos entrevistados a existência de cidades ou regiões que competem com Rio do Sul

no segmento de moda jeans, bem como diagnosticar o grau de concorrência.

b) Regiões ou cidades que competem;

A cidade de Cianorte no estado do Paraná foi a mais citada, com maquinários mais

avançados e shoppings que vendem no atacado, “oferecem até mesmo ônibus

gratuitos para os compradores de diversas regiões”, como comentou Marco Aurélio

Rosar (PMRS).

Para Denilson Jose da Silva (Daksul Jeans), a cidade de Rio do Sul está muito bem

colocada no ranking no País e de acordo com Pedro Leal da Silva (SINFIATEC/Tlic

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Rio) Rio do Sul é o segundo maior polo de moda jeans do Brasil, só perdendo para

São Paulo. Neste sentido Ivan Molinari (SINFIATEC/Divero Jeans) é enfático em sua

observação dizendo que “procuramos nos diferenciar pelo produto e serviço

oferecido”. A concorrência com São Paulo de acordo com Orlando Molinari (Monnari

Jeans) é desleal, pois é sabido que muitas empresas trabalham em regime de

escravidão, por quatorze, quinze horas diárias e sem pagamento de impostos e a

matéria prima recebida, muitas vezes é de origem duvidosa.

Paulo Cesar Sabbatini Rocha (SEBRAE) cita que levou um grupo de confeccionistas

para o interior de São Paulo, com o intuito de conhecer o sistema de trabalho da

região:

Nós fomos a São José, Rio Claro, fomos a São Paulo conhecer a produtividade. Aqui o que a gente leva 15minutos na operação da costura do bolso, lá eles levam 1minuto ou 30segundos, altamente mecanizado, altamente produtivo. Então aqui nós estamos muito atrasados em relação à produtividade.

Já em Santa Catarina a cidade evidenciada é Criciúma, no sul do estado. Beto

(Indulto Jeans) confirma que é um concorrente forte, com potencial e grandes

marcas, assim como Kleber Stassun (ACIRS) que converge da mesma opinião.

Zilton Pedro de Souza (PMRS) se pronuncia: “[...] o sul do estado, é um grande polo

hoje da marca jeans que tá sem dúvida alguma, competindo com a região. Eles são

mais agressivos, são mais organizados e estão tendo melhores resultados que a

região de Rio do Sul”.

c) Interferência de fatores ambientais externos

Outro agravante citado são os fatores externos que prejudicam um maior

desenvolvimento da região os quais, além das más condições de acessibilidade da

BR 470, são a alta carga tributária cobrada até chegar ao consumidor final. Segundo

Paulo Cesar Sabbatini Rocha (SEBRAE):

[...] a substituição tributaria é um artificio aí que tá dificultando a venda de nossos produtos em alguns estados, Rio de Janeiro, Paraná, que aí o custo do nosso produto em função do cálculo tributário atrapalha. [...] O fato da substituição tributaria ter que pagar mais imposto, tem uma diferença de

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imposto até não sei dizer qual o calculo, mas tem algo que dificulta a gente vender pra alguns estados fora de Santa Catarina.

Mesmo com a alta taxa de desemprego que se assola sobre o país, retraindo as

vendas o qual mencionou Orlando Molinari (Monnari Jeans), Ivan Molinari

(SINFIATEC/Divero Jeans) acredita que a solução está em maior investimento da

parte governamental em liberação de recursos para pesquisa, bem como maior

investimento em tecnologias e capacitação de colaboradores, pois com maior

diversificação e agregando valor aos produtos. Isso tem se mostrado que este é o

caminho certo para o sucesso, conforme também evidenciou Cleber Stassun

(ACIRS).

Beto (indulto jeans) menciona que para driblar a crise apostou em melhorar a

qualidade do seu produto, melhorar a apresentação da marca, com matéria prima

superior, como por exemplo, metais da Reuter do Rio Grande do Sul, os mesmo que

fornecem para Morena Rosa e para a Lança Perfume. Investiu também muito em

divulgação, através de redes sociais e está projetando vendas pela internet também:

“[...] Fiz campanha no exterior, a gente foi pro Atacama no Chile pra fazer o nosso

catálogo e não foi diferente agora da campanha de inverno de 2016. Eu fui pra

Chicago nos Estados Unidos pra fazer a minha campanha [...]”.

d) Construção de território turístico através da moda jeans;

A destinação para o produto jeans de Rio do Sul é uma preocupação de Dirce Maria

Sborz e converge com Beto (Indulto Jeans), ao se dizer determinada, e acreditar na

possibilidade das empresas de jeans da região avançar para um cenário favorável

ao turismo de negócios e eventos, com a iniciativa e união de todos os empresários

do setor. Paulo Cesar Sabbatini Rocha (SEBRAE) concorda: “É, teria que ter

iniciativa dos empresários do setor ou alguém que queira empreender no segmento

né [...], que queira promover um evento”. “Transformar Rio do Sul em referência

nacional em jeans, e mais ambicioso ainda seria transformar a cidade de Rio do Sul

em referência nacional em escola do jeans” se manifesta Ivan Molinari

(SINFIATEC/Divero Jeans).

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Zilton Pedro de Souza (PMRS) diz que o que falta é organização entre empresários

e poder público, para poder divulgar, nos mais diversos meios de comunicação o

excelente produto que a cidade possui. Denilson Jose da Silva (Daksul Jeans) se

manifesta: “Eu acho interessante Rio do Sul trabalhar na divulgação geral, então

pegar todos que vendem na pronta entrega, de repente, fazer uma divulgação de

Rio do Sul como um Polo Têxtil, um Polo Têxtil de qualidade hoje [...]”. Orlando

Molinari (Monnari Jeans), complementa:

E eu acredito que teria que ser dessa forma sim, porque às vezes as pessoas estão, hoje, muito ocupadas com cada um com seu negócio [...] não estão pensando na questão coletiva. [...] teria que ter um projeto sério, dentro do poder público, com a AMAVI junto. [...] Mas teria que criar essa cultura e motivar quem tá aderindo a isso aí, né? Ter uma motivação. Então, podem–se tornar as coisas bem simples e objetivas, e plantar, plantar as sementes no ponto certo, fazer projetos. Onde é que nós queremos chegar? Quando nós vamos começar? Quanto tempo nós vamos projetar? Como nós vamos querer chegar? Então eu acho que isso [...], tem que ser muito bem trabalhado para as pessoas que vão estar envolvidas terem uma confiabilidade naquele projeto.

Cleber Stassun (ACIRS) reforça o pensamento dos demais:

[...] Potencial, nós temos todo potencial. O que se precisa eu acho que, são todos esses atores que integram o desenvolvimento, desde o município, o estado, as entidades de classe, os próprios empresários, fazerem isso. [...] o turismo de eventos, tem um potencial muito grande, a gente consegue ver isso, pela própria consolidação de feiras que a gente tem, hoje a gente já pensa em fazer outras feiras, já cogitamos fazer feiras na área não só do jeans mas do vestuário, feiras específicas, se não feiras, sessões de negócios [...].

As rodadas de negócios também foram bastante cogitadas entre os empresários,

conforme Quadro 24:

Quadro 24 – Rodadas de Negócios Entrevistado Opinião

Cleber Stassun (ACIRS)

Brusque tem sessões muito tradicionais na área da confecção, e a gente acredita que assim tem um potencial muito grande, mas depende desse interesse, depende dessa sinergia, digamos assim, desse arranjo institucional, porque quando a gente consegue criar um arranjo com essa sinergia, pensando nas propostas, construindo projetos e tal, certamente nós conseguimos alcançar resultados.

Denilson Jose da Silva (Daksul Jeans)

Criar uma feira, uma rodada de negócios, que tenha um nome diferente. Por que não nós criarmos? [...] Hoje nós poderíamos aproveitar o pavilhão da prefeitura [...] cada um ter o compromisso de trazer 20, 30 empresas e onde nós, talvez, conseguíssemos apresentar. Uma mesa redonda, uma rodada de negócios mesmo [...] Brusque deu certo, de repente, Rio do Sul também pode dar certo, tentar né! Não custa tão caro pra iniciar um processo desses, cada um arca com seu mostruário, com seus stands e as vantagens que a prefeitura pode ceder [...]

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Entrevistado Opinião porque pra você hoje fazer uma feira tá custando muito caro em alguns locais, então fica pensando será que vai vender? Se não vender?. Rio do Sul não teríamos esse prejuízo, não tem o deslocamento que é muito caro hoje, pra você deslocar cadeiras, mesas, tem que ter caminhões levar lá pra você fazer um stand bonito, então só o custo de frete, de pessoas você vai ter que mandar lá pra montar, desmontar. Tudo isso é muito caro, então, é onde os empresários ficam pensando, vale a pena? Muitas vezes não vale. Agora, acho que em Rio do Sul valeria, e nós temos tudo na mão.

Paulo Cesar Sabbatini Rocha (SEBRAE)

Em Brusque tem a rodada de negócios que iniciou com a AMPE- Associação de Micros e Pequenas Empresas e trazem compradores do Brasil inteiro, e as empresas de Rio do Sul vão à Brusque pagam pra AMPE para serem expositores no projeto lá, né. Então falta iniciativa, falta capital humano, falta liderança, alguém que queira fazer a diferença.

Fonte: elaborado pela autora (2016)

Para Marco Aurélio Rosar (PMRS), existe a possibilidade sim, de sindicatos,

empresários e associações estruturar um evento. Lembra que a FERSUL, foi criada

com o intuito de mostrar o polo industrial da região e como havia muitas empresas

no ramo da habitação, desvincularam-se e criaram a feira de habitação (HABITAVI).

No entanto com o segmento do jeans foi diferente, não houve resultados positivos,

mas, os tempos são outros e como pode ser aproveitada uma estrutura já existente,

poderá surtir efeitos desejados.

Porém, Paulo Cesar Sabbatini Rocha (SEBRAE) e Pedro Leal da Silva Neto

(SINFIATEC/Tlic Rio) alertam para os problemas estruturais. Segundo os mesmos,

não há um centro de eventos com boa estrutura para abrigar um evento num porte

diferenciado, como o segmento de moda. Não há acesso de logística de aeroporto,

estradas, BR 470, restaurantes, nem mesmo hotéis preparados para receber o

turista de negócios e eventos, necessitando de muitas melhoras nas estruturas

físicas. Tudo isso são impeditivos que interferem no sucesso de um grande evento.

“A gente não vê muita perspectiva”, profere Pedro Leal da Silva Neto

(SINFIATEC/Tlic Rio).

No entanto Cleber Stassun (ACIRS) se pronuncia positivamente:

Todas as grandes conquistas que Rio do Sul teve, na construção da sua história, elas dependeram do engajamento, da sinergia entre o poder público e a sociedade civil organizada, [...], como o hospital regional, o aeroporto de Lontras, a abertura de estradas, questões de telefonia, [...], escola agro técnica, centro universitário [...]. Tudo isso só se construiu diante desta sinergia, e essa sinergia que já construiu muito no passado, pode construir muito no futuro e no presente, e se perdeu talvez um pouco

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em Rio do Sul do idealismo, muitas pessoas que estão aqui atrás (referindo-se à galeria de fotos de ex-presidentes da ACIRS), tiveram grandes ideias. [...] e esse protagonismo de algumas pessoas que talvez levou as outras a se envolver, a gente sente um pouco de falta hoje, um vazio, entende? Mas, potencial a gente tem todo.

Conclui-se desta forma esta etapa de identificação dos eventos impulsionadores e

restritivos e a interferência no desenvolvimento do turismo de negócios e eventos,

relacionados à moda jeans, na cidade de Rio do Sul, apresentando a seguir a

síntese das oportunidades e ameaças diagnosticadas.

4.5.1 Síntese dos impulsionadores (Oportunidades) e restrições (Ameaças)

De acordo com o posicionamento teórico e visualização dos entrevistados, é

apresentado no Quadro 25 o resumo dos eventos externos impulsionadores

(oportunidades) e dos eventos restritivos (ameaças) para a cidade de Rio do Sul,

estas que devem ser analisadas com mais profundidade com o intuito de identificar

as merecedoras de abordagem pelos meios competentes. De acordo com Kotler et

al. (2005), todas as oportunidades devem ser avaliadas conforme sua atratividade e

probabilidade de êxito, bem como as ameaças que também devem ser classificadas

de acordo com sua importância, observando o grau de gravidade e probabilidade de

sua ocorrência.

Quadro 25 – Conjunto de eventos impulsionadores (Oportunidades) e restritivos (Ameaças) para a cidade de Rio do Sul

Eventos impulsionadores (Oportunidades) Eventos restritivos (Ameaças) Manutenção da cotação do Dólar em alta deixa o produto chinês mais caro (Pedro Leal da Silva Neto – SINFIATEC/Tlic Rio).

Baixo preço praticado pelas empresas sediadas nas cidades competidoras (Criciúma – SC, Cianorte – PR, São Paulo – SP).

Potencial regionalização do aeroporto (Paulo Cesar Sabbatini Rocha – SEBRAE)

Maquinários avançados utilizados pelas empresas sediadas nas cidades competidoras (Criciúma – SC, Cianorte – PR, São Paulo – SP).

Potencial ampliação na arrecadação a partir da constituição do município com eventos e negócios ligados à sua característica industrial (Zilton Pedro de Souza – PMRS), Marco Aurélio Rosar – PMRS.

Substituição tributária, dificultando vendas para alguns estados. (Paulo Cesar Sabbatini Rocha – SEBRAE)

Possível ampliação e melhoria da rede hoteleira e gastronômica (Orlando Molinari – Monnari Jeans, Dirce Maria Sborz – Rafree Jeans).

Rodadas de negócios em Brusque, direcionadas para todo o Brasil. (Denilson Jose da Silva – Daksul Jeans, Pedro Leal da Silva Neto – SINFIATEC/Tlic Rio).

Crescimento de atividades ligadas ao turismo de negócios e eventos e criação de Rodadas de negócios. (Denilson Jose da Silva – Daksul Jeans, Augusto Roberto Schlemper - Indulto Jeans, Cleber Stassun – ACIRS, Pedro Leal

Incredibilidade ao setor público (Paulo Cesar Sabbatini Rocha – SEBRAE, Orlando Molinari – Monnari Jeans).

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Eventos impulsionadores (Oportunidades) Eventos restritivos (Ameaças) da Silva Neto – SINFIATEC/Tlic Rio). Realização de palestras e eventos de moda, para trazer profissionais e potenciais clientes de outras regiões. (Orlando Molinari – Monnari Jeans, Dirce Maria Sborz – Rafree Jeans). O turismo de negócios e eventos oportuniza a criação de novos negócios em parcerias com demais segmentos e cidades do Alto Vale. (Orlando Molinari – Monnari Jeans, Zilton Pedro de Souza – PMRS).

Potencial regionalização do aeroporto de Criciúma. (Paulo Cesar Sabbatini Rocha – SEBRAE)

Oferta de cursos direcionados a moda jeans, transformando Rio do Sul em referência nacional em escola de jeans. (Ivan Molinari – SINFIATEC/Divero Jeans)

Burocratização dos órgãos governamentais. (Orlando Molinari – Monnari Jeans, Pedro Leal da Silva Neto – SINFIATEC/Tlic Rio).

Consolidação de Rio do Sul em referência nacional em jeans (Ivan Molinari – SINFIATEC/Divero Jeans).

Crise financeira no País. (Orlando Molinari – Monnari Jeans).

Captação e desenvolvimento de parcerias internacionais. (Ivan Molinari – SINFIATEC/Divero Jeans)

Potencial ocorrência de enchentes – (Denilson Jose da Silva – Daksul Jeans). Região propensa às enchentes e inundações frequentes, devido a bacia do rio Itajaí apresentar uma área três vezes superior à das demais bacias do litoral catarinense. (AMAVI, 2014)

Construção de um centro de eventos adequado a grandes feiras. (Cleber Stassun – ACIRS).

Precariedade de logística com as más condições da BR 470. (Por todos os entrevistados)

Integração com demais roteiros de compras. (Orlando Molinari – Monnari Jeans, Cleber Stassun – ACIRS).

Redirecionado pelos guias para outros polos de venda de produtos têxteis, diminuindo o movimento nos dois maiores centros de vendas de confecções: Fabricenter e Polo Fashion. (Pedro Leal da Silva Neto – SINFIATEC/Tlic Rio).

Falta de incentivos e políticas públicas para o setor têxtil e demais indústrias. (Denilson Jose da Silva – Daksul jeans e Augusto Roberto Schlemper – Indulto jeans).

Fonte: organizado pela autora conforme dados primários e secundários levantados no estudo

Com base nos objetivos propostos, conclui-se então a identificação das

oportunidades e ameaças que podem interferir no desenvolvimento do turismo de

negócios e eventos, aliados à moda jeans, na cidade de Rio do Sul.

Apresentado os resultados das análises oriundas da pesquisa de campo, no próximo

capitulo é exibida as considerações finais e sugestões pertinentes a presente

dissertação.

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4.6 Resultados da validação dos pontos fortes e fracos e dos impulsionadores

e restritivos

Seguindo os procedimentos metodológicos para validação dos resultados na visão

de Goulart e Carvalho (2005, p.135) “o essencial é que todo processo de pesquisa

necessita ser conscientemente executado e precisamente documentado”, para tal,

ancorou-se na triangulação dos dados para o entendimento das concordâncias e

contradições na contextualização das observações dos entrevistados.

A triangulação segundo Lapièrre (2008) faz parte das estratégias para aumentar a

credibilidade e confiabilidade da pesquisa qualitativa que em atenção aos critérios

de Lincoln e Guba (1985) são: confirmação, surpresa ou discordância com o

resultado de algum item estudado. No entanto, os entrevistados consultados na fase

de validação apontaram concordância com a grande maioria dos resultados obtidos,

os quais resultam na realidade local e que vivenciam na sua atividade profissional.

Porém também fazem ressalvas referentes a alguns dos pontos apresentados.

O entrevistado Cleber Stassum (ACIRS), observou que as abordagens e desafios

acerca de cooperação e sustentabilidade do setor de moda jeans, no decorrer das

entrevistas foram evidenciados mais pelas entidades e seus representantes do que

pelo poder público. Também fez menções quanto aos três portais turísticos

construídos em Rio do Sul há alguns anos e ressalta: “Um foi construído em local

proibido e teve de ser derrubado, outro está abandonado e já serviu de abrigo para

moradores em situação de rua e um funciona de forma insipiente, na Praça

Ermembergo Pellizzetti”.

Todo atrativo turístico depende de uma estrutura física que receba bem os turistas.

Dentre tais estruturas de acordo com Beni (2001) estão os centros de informações

turísticos e entretenimentos, instalações indispensáveis as quais oferecem

facilidades através de publicações que auxiliam o turista a transitar na localidade

como folders, mapas e guias.

Na percepção de Dias (2005) cada região apresenta particularidades, oferecendo

produtos que não são encontrados em outras regiões, e sempre existem pessoas de

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diferentes lugares, interessados na aquisição destes produtos. O Ministério do

Turismo (2010) enfatiza que as tendências de consumo são oportunidades para

apreciar a diversidade e as particularidades do Brasil. Por isso, propõe a

segmentação como uma estratégia para estruturação e comercialização de destinos

e roteiros turísticos valorizando os importantes aspectos de cada região.

Cleber Stassum (ACIRS) emite ainda os seguintes questionamentos: “Como está o

Programa Quatro Cantos? Quantos empreendimentos locais estão vinculados ao

Acolhida na Colônia e quais os resultados de tudo o que foi citado?”.

Avaliar o mercado, segundo o Ministério do Turismo (2010) não é apenas perceber a

demanda dos turistas e seus padrões de consumo, mas entender as transformações

e tendências que estão ocorrendo nos comportamentos de consumo, e ainda alerta

que é preciso entender quais os segmentos de oferta podem ser evidenciados em

uma localidade, avaliando a vocação e potencialidades do destino para determinado

tipo de atividade turística que pode ser trabalhado.

Para o entrevistado Marco Aurélio Rosar (PMRS), os empresários do ramo do jeans

se posicionaram de forma confortável em relação à criação de eventos do setor em

Rio do Sul. O mesmo afirma que “quando procurados para organizar, formatar e

contribuir, ficam distantes da realidade de seus discursos”.

Segundo Mechanic (1989 apud GROULX, 2008), de maneira crítica trata-se de uma

situação difícil, pois o que para um julga importante em suas observações, para

outros pode ser muito subjetivo.

O entrevistado Cleber Stassum (ACIRS), enfatiza a importância de se ouvir a rede

hoteleira acerca dos resultados da pesquisa, haja vista que a grande maioria não

possui a visão apresentada, e ainda argumenta:

Alguns empresários ainda não enxergam as deficiências de seus empreendimentos. Penso que precisamos sim, de mais e melhores leitos e de novas opções. É fundamental e preponderante para o desenvolvimento de todo o turismo nesta região. Não há, também, uma visão mais crítica dos agentes públicos sobre a precariedade da nossa estrutura destinada aos eventos. Como realizar um grande congresso ou mais feiras sem

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infraestrutura adequada? Não há milagre. Só iremos avançar a construção e o desenvolvimento de uma visão estratégica, compartilhada e perseguida por todos os atores.

Quanto ao entrevistado Orlando Molinari (Monnari Jeans), observou que diante das

colocações relativas aos pontos fracos, verifica que após a entrevista concedida no

mês de dezembro até então, houve maior aderência às reuniões e encontros

sindicais e algumas atitudes positivas foram adotadas, porém, não descaracterizou a

situação daquele momento.

O entrevistado Cleber Stassum (ACIRS), foi bastante crítico perante os eventos

impulsionadores e restritivos apresentados e faz suas colocações, aqui expostos na

íntegra:

Discordo que Rio do Sul tenha baixos índices de criminalidade. Penso que estão em crescimento e a estrutura da segurança pública é calamitosa com perspectivas ainda piores para o curto e médio prazos. Quanto ao nível de preservação de nosso patrimônio histórico, é questionável. Grande parte de nossas construções históricas, sobretudo residenciais, já veio abaixo, com aval do próprio poder público. Também é questionável que a existência das Rodadas de Negócio em Brusque seja uma ameaça. Vejo como uma oportunidade. Se é bom para eles, também pode ser para nós. As empresas precisam acreditar que o associativismo, a união coletiva de esforços, pode trazer resultados. Combinando a sinergia do setor e a expertise de atores locais, eventos similares poderiam ser realizados em nossa região. Quanto ao baixo preço praticado em outros polos, o que dizer se comparados aos dos produtos chineses mesmo em tempos de Dólar alto? Não podemos competir apenas pelo preço. Por fim, concordo que estamos a uma distância considerável dos aeroportos regionais e principais. Entretanto, a comunicação com estes locais está completamente prejudicada em função dos elevados níveis de serviço das rodovias. É inadmissível que o acesso a um aeroporto localizado a 140 quilômetros (Navegantes) seja feito em tempo médio de 4 horas. Estamos a 180 quilômetros da capital e levamos 3 horas ou 4 horas para atingi-la. Os moradores de Chapecó, distante 550 quilômetros de Florianópolis, chegam a capital em menos de 2 horas com o transporte aéreo. Diante disso o que podemos afirmar é que estamos em uma das regiões mais isoladas do estado.

O Ministério do Turismo (2010) recomenda que para que a segmentação do turismo

seja concreta, é preciso conhecer densamente as características do destino: a oferta

(atrativos, infraestrutura, serviços e produtos turísticos) e a demanda (as

especificidades dos grupos de turistas que já o visitam ou que virão a visitá-lo), pois

só assim, entendendo melhor os desejos da demanda e promovendo a qualificação

ou aperfeiçoamento de seus destinos e roteiros haverá maior facilidade de inclusão,

posicionamento ou reposicionamento no mercado.

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Diante das observações dos entrevistados, os problemas estruturais e logísticos

constituem-se em grandes entraves para que a cidade de Rio do Sul ingresse no

segmento de turismo de negócios e eventos, além da falta de aliciamento e

comprometimento de todos os atores que, deste segmento, poderiam beneficiar-se.

Perante o exposto, pode-se concluir que os resultados da pesquisa foram validados

e considerados relevantes segundo os entrevistados, pois foram expostas muitas

das expectativas e dificuldades vivenciadas, resultantes da realidade local.

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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Analisar a configuração que se apresenta na cidade de Rio do Sul – SC, a partir do

aglomerado de empresas da moda jeans, que pode contribuir para o

desenvolvimento do turismo de negócios e eventos, significou, antes de tudo,

compreender como a necessidade e o idealismo podem transformar a economia de

uma cidade e região.

Para que essa análise fosse possível, foram definidos quatro objetivos específicos.

Inicialmente focou-se em descrever de maneira histórica, econômica e

demográfica o município de Rio do Sul, caracterizando o polo de moda jeans e a

configuração do aglomerado industrial (seção 4.1); na sequência levantou-se a

existência de intervenções governamentais, não governamentais e privadas que

fomentem o setor (moda jeans) com vistas ao seu desenvolvimento (seção 4.2);

identificou-se forças e fraquezas que possam influenciar o desenvolvimento do

turismo de negócios e eventos, ligados a moda jeans (seção 4.3); e por fim, os

eventos impulsionadores e restritivos que podem interferir no desenvolvimento do

turismo de negócios e eventos, relacionados à moda jeans, na cidade de Rio do Sul

(seção 4.4).

A metodologia utilizada possibilitou alcançar todos os objetivos propostos pela

presente pesquisa (sintetizados a seguir) de maneira a atingir o objetivo geral e

responder ao problema de pesquisa, bem como atribuiu confiabilidade diante dos

resultados obtidos.

Relativo ao primeiro objetivo, no processo histórico da formação da região do Alto

Vale do Itajaí em especial Rio do Sul, encontra-se os imigrantes italianos e alemães

que bravamente desvendaram estas terras, cujos descendentes com forte

empreendedorismo cravaram seus negócios, fazendo surgir uma economia

diversificada envolvendo toda a sociedade local.

Rio do Sul começa a surgir com a tentativa de integração entre as povoações do

litoral e da serra catarinense, ligado fundamentalmente pela extração da madeira.

Desta atividade surgem as serrarias e em consequência, pequenas oficinas

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mecânicas para atender demandas por serviços técnicos, o que mais tarde tornar-

se-iam o complexo metalomecânico atual. Gradativamente com o declínio das

atividades madeireiras, nas décadas de 1960 e 1970 a economia do município é

ameaçada, porém, o esforço de protagonistas interessados no desenvolvimento,

surge à diversificação do parque industrial rio-sulense, a qual passou a se consolidar

na década de 1980.

Nasce então um novo eixo de dinamismo econômico, através das indústrias

metalomecânica, vestuarista e alimentar. Mas a fase de desenvolvimento torna-se

de recomeço diante das enchentes que atingiram o município em 1983 e 1984. Já os

anos 90 a crise financeira que assolou o país, causaram duras consequências para

a Sulfabril, empresa têxtil que empregava centenas de funcionários da região e

fecha suas portas. Assim ainda que a Sulfabril tenha sucumbido, surge então o

complexo vestuarista rio-sulense, haja vista o surgimento de diversas micros e

pequenas facções e confecções. Para alavancar a venda dos produtos têxteis da

região, em especial o jeans, foi inaugurado ainda nos anos 90 dois centros

comerciais destinados exclusivamente às confecções do Alto Vale, o Fabricenter e o

Polo Têxtil. A dinâmica do setor têxtil local e a qualidade do jeans de Rio do Sul

ganhou espaço no mercado e garantiu a cidade o título de capital de jeans.

Diante destes elementos identificados e analisados neste estudo, constatou-se a

existência na cidade de Rio do Sul, e nos municípios circunvizinhos a esta cidade,

compreendidos na região do Alto Vale do Itajaí, de um padrão de desenvolvimento

pautado em pequenas e médias empresas familiares, estas, em grande parte bem

sucedidas. Isso também contribuiu para que a cidade e a região alcançassem

indicadores socioeconômicos acima da média estadual e até mesmo do país.

Diante das análises a respeito da existência de cooperação, a pesquisa permitiu

constatar que há certa evidência de entrosamento por parte dos empresários, que

pode ser à base de uma dinâmica de fortalecimento das suas empresas e do

fortalecimento e consolidação de um potencial polo produtor. Isso se dá, muito

embora não existam proeminências convincentes da prática de associativismo, pois

há pouca participação junto ao sindicato patronal. Portanto conclui-se que os laços

de cooperação constituem do privilégio de um grupo de amigos ou de associações

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empresariais e sindicais, não atingindo ainda o aglomerado de empresas

conectadas ao segmento têxtil vestuarista existente na cidade e no Alto Vale do

Itajaí.

O trabalho de parcerias ainda é muito aquém da necessidade, principalmente

quando a tendência de desenvolvimento do setor é de estabilização, perante a

opinião da maioria dos entrevistados, sendo o atual cenário político brasileiro

causador de desconfiança e incertezas diante da pretensão de investimentos.

No que competem às intervenções governamentais, não governamentais e privadas,

são poucas as ações estratégicas formalizadas pela gestão pública com enfoque no

desenvolvimento econômico que pudessem ser perceptíveis para a maioria dos

entrevistados. A intenção da classe empresarial de criar um conselho municipal para

discutir estratégias de desenvolvimento econômico envolvendo aproximadamente

vinte entidades poderá significar um avanço para dirimir dificuldades de

infraestrutura e logística. Esse esforço poderia representar a junção de forças para

lidar com situações como os transtornos com deslocamento por rodovias em mau

estado de conservação, em especial a BR 470, a qual corta o município e

praticamente todo o Alto Vale do Itajaí.

Outra proposta em execução e que pode tornar-se importante composição para um

território desenvolvido, é o traçado defendido para a ferrovia da integração, o qual

contemplaria desde a cidade de Dionísio Cerqueira no Oeste do estado e divisa com

a Argentina. Percorreria assim o Alto Vale até a cidade de Itajaí, litoral catarinense,

favorecendo no crescimento de microrregiões que necessitam de investimentos

estratégicos. Além disso, uma série de proposições do poder público e outros atores

em geral para a melhoria da malha viária de acesso à região também são

merecedores de empenho imediato para que se obtenha êxito. Em especial, no que

se refere ao traçado da ferrovia, pois outras regiões já demonstraram interesse local

para com a ferrovia da integração.

As ações entre empresários, governo municipal e outras entidades não

governamentais, podem ser consideradas, até então, pouco relevantes. Com o

engajamento das organizações e agentes trabalhando em conjunto SINFIATEC,

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SESI, SENAI, FIESC, SEBRAE, é possível construir uma base dinâmica para

fortalecer laços de cooperação entre o segmento de moda jeans junto aos demais

setores da economia local e o governo municipal, promovendo espaços de

discussão e visando à promoção de parcerias, pois somente assim, como base nos

argumentos encontrados no estudo, seriam possíveis atividades integradas, entre

setores complementares e algum segmento turístico, em especial o turismo de

negócios e eventos, possibilitando fortalecer o título de Rio do Sul capital do jeans.

Sintonizar as conexões com demais setores econômicos, de maneira planejada,

incrementando uma organização cooperativa e munida da importância da atividade

turística, são ações que derivam de grande esforço advindo, não apenas de

governantes ou empresários, mas de toda uma sociedade que dela se beneficia.

No que diz respeito à cidade de Rio do Sul para com o desenvolvimento da região, o

estudo permitiu constatar entusiasmo na percepção dos entrevistados quanto a sua

importância, incidindo positivamente sobre todos os quesitos analisados. Os serviços

ofertados na área da saúde, educação, agricultura, a diversificação do comércio, da

indústria e prestação de serviços atrai consumidores de municípios vizinhos

diariamente. Apontada como polo regional na confecção de jeans, permite

reconhecimento a nível nacional pela qualidade, diferenciação e tecnologia aplicada

ao produto. Porém, mesmo com a excelente qualidade de vida oferecida a

população advinda do trabalho nas empresas de moda jeans, deixa transparecer a

preocupação em como manter o título de capital do jeans, aspecto que não pode ser

desconsiderado, haja vista todo o potencial e força criativa e transformadora de uma

comunidade, que, no entanto ainda não visualiza o jeans como sinalizador para

alavancar o setor turístico da cidade.

Quanto à análise de planos de ações comuns com outros municípios, não existem

evidências convincentes no Alto Vale do Itajaí de dinâmicas que mereçam destaque

junto às empresas de jeans, ate mesmo a participação junto ao sindicato patronal é

inexpressiva por parte dos confeccionistas, os quais poderiam valer-se de suas

empresas para expor seus produtos em conjunto, possibilitando o fortalecimento e

reconhecimento do turismo de negócios e eventos direcionados a moda jeans na

região.

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Aprofundando-se na análise, identificaram-se forças e fraquezas que possuem

capacidade de influência no desenvolvimento do turismo de negócios e eventos,

ligados a moda jeans. Assim, na totalidade das entrevistas realizadas e com base na

síntese das interpretações dos entrevistados, consta a ideia de que a BR 470

configura hoje o maior entrave para as atividades das empresas rio-sulenses,

acarretando em um obstáculo ao desenvolvimento local e regional. Porém outras

limitações são perceptíveis tais como: o poder público municipal e regional

trabalhando apenas na linha da reação e não da pro ação, muito em virtude da falta

de recursos financeiros, da inexistência ou falta de divulgação de políticas públicas

estruturantes e de incentivos fiscais para manutenção e ampliação das empresas, já

existentes ou instalação de novas indústrias. Falta integração entre o poder público,

empresários e entidades representativas. Falta de maior proximidade e união entre

os empresários da moda jeans, comprometendo inclusive a capacitação e

qualificação de mão de obra local, assim como a inexistência de espaços de

discussão sobre alternativas de desenvolvimento do setor de moda jeans.

São poucos os eventos relevantes na cidade. O mais citado pelo meio empresarial é

a FERSUL o qual é realizado a cada dois anos e atrai o visitante de negócios. Porém

o Motosul é o que atrai maior número de turistas para a cidade e ambos são

realizados no centro de Eventos Hermann Purnhagen, uma antiga fábrica adaptada

para receber eventos.

A cidade possui um complexo hoteleiro de classificação modesta e insuficiente

número de leitos. Quanto aos atrativos turísticos locais, estes estão dispersos e

organizados de forma amadora. Em nenhum momento são realizados

monitoramentos de fluxo de turistas, valendo ressaltar que a falta destes dados

compromete o planejamento turístico local, necessitando de maior atenção das

autoridades competentes.

A capital do jeans constitui-se de um aglomerado de empresas, em número

expressivo de MPEs, algumas de cunho familiar atreladas por laços de proximidade,

confiança, com alto grau de empreendedorismo e atentos a correta adequação das

condições de trabalho. No entanto, não se prevalecem deste título para realização

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de eventos voltados a atividade. Isto é atribuída a falta de iniciativa e entrosamento

por parte de empresários, juntamente com órgãos governamentais.

Relativo ao crescimento turístico em Rio do Sul por meio do turismo de negócios e

eventos ligados a indústria dos jeans, pode-se constatar que esta certeza é

reconhecida por todos os participantes da pesquisa como possível. Porém também

reconhecem que é necessária uma interação maior entre as empresas do segmento

para alavancar o setor e a economia da cidade, principalmente pela qualidade dos

produtos oferecidos. Conforme citado, possivelmente haveria um efeito irradiador e

atingiria outros setores econômicos da região. Conclui-se, portanto que a união e

organização das empresas do segmento e das entidades representativas são

imprescindíveis para iniciar um evento do jeans e o empresário precisa se expor e

liderar esse processo.

Observados os pontos positivos presentes além da receptividade, os entrevistados

citaram: o grande número de empresas, a diversificação dos produtos nos mais

diversos segmentos e a excelente qualidade dos artigos ofertados, o que enaltece a

cidade. Os dois centros comerciais Fabricenter e Polo Fashion e a localização

estratégica da cidade, no centro de Santa Catarina e às margens da BR 470,

facilitando o acesso de outras regiões do estado.

O Hospital Samaria e Hospital Regional, ambos referência regional em algumas

enfermidades igualmente é apontado como destaque. Existência de escolas técnicas

que permitem a qualificação de mão de obra metalomecânica e têxtil, três

instituições de ensino superior, alto índice de qualidade de vida, três das maiores

empresas de eventos do estado sediadas no município, ser a capital da AMAVI que

contempla 28 municípios e a capital do jeans, são outros pontos apontados como de

grande relevância.

Pode-se constatar que os pontos positivos presentes na cidade e evidenciados

neste estudo devem ser considerados, por apresentar grande significância na

economia, não apenas local, mas com representatividade inclusive internacional. O

segmento de moda jeans é citado pelos entrevistados como o setor que mais

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emprega na região, com empresários atentos ao controle de qualidade dos produtos

emergindo uma das maiores economias do estado e oportunidade de empregos.

Portanto, conclui-se que a região possui importantes ferramentas para alavancar o

turismo de negócios e eventos, por seu nível significativo de representatividade

estadual, a grande geração de empregos e apreciada pela qualidade dos produtos

apresentados.

Por fim, quanto às oportunidades e ameaças aliadas a moda jeans, que podem

interferir no desenvolvimento do turismo de negócios e eventos, foram identificadas

cidades que podem conferir importantes parcerias como Blumenau e Brusque por

serem mais próximas da região do Alto Vale, e por atuarem em diferente segmentos

têxteis. Porém, de acordo com a análise proposta, da mesma forma que constam

como parceiras podem ser visualizadas como concorrentes, a exemplo de Criciúma,

que também é expoente na moda jeans. Outras cidades, como São Paulo, apesar

da distância, são apontadas como concorrentes, haja vista o baixo preço

comercializado nos produtos, advindos de mão de obra barata e pouco qualificada

ou mesmo pela utilização de tecnologia mais avançada do que aquelas empregadas

pela indústria local. No entanto a cidade de Cianorte muito preocupa, por sua

organização junto aos empresários. Conclui-se que os mesmos municípios podem

ser tanto considerados aliados como concorrentes, dependendo das pretensões

estratégicas futuras e adjacentes.

Acesso às novas tecnologias e diferentes padrões tecnológicos existentes; conexão

com centros de pesquisa de tendências; capacitação de colaboradores; instituições

de ensino de apoio ao setor; abundância de mão de obra jovem; identidade cultural

local; situação econômica brasileira; integração entre os setores públicos,

empresários e entidades privadas representativas; condições de acessibilidade da

BR 470; carga tributária, incentivo fiscal e investimentos governamentais, são fatores

que intervêm negativamente ou positivamente dependendo da sua presença,

ausência ou intensidade com que é visualizada perante o setor de moda jeans, e

consequentemente a possibilidade do desenvolvimento do turismo de negócios e

eventos.

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Diante de tais colocações conclui-se que dependendo do grau em que cada situação

é aparente, poderá contribuir para com a região, revertendo situações desfavoráveis,

tornando-as benéficas para a concretização de desenvolvimento local. Neste caso,

por meio da constituição do turismo de negócios e eventos, ligado especificamente à

indústria da moda jeans.

Com base nestas argumentações, conclui-se o presente estudo respondendo de

forma sintética a questão problema pertinente à configuração que se apresenta na

cidade de Rio do Sul – SC, a partir do aglomerado de empresas da moda jeans, que

pode contribuir para o desenvolvimento do turismo de negócios e eventos. Diante da

expressiva representatividade econômica que o aglomerado de empresas de moda

jeans de Rio do Sul possui perante o estado de Santa Catarina, adicionado à alta

qualidade do produto jeans, significa uma poderosa força propulsora de crescimento

de um conjunto de agentes econômicos relevantes, servindo de base e estimulo

para com o desenvolvimento do turismo de negócios e eventos no município,

fortalecendo toda região que dele se beneficia.

A construção de território turístico através da moda jeans para a cidade de Rio do

Sul é visualizada positivamente pelos entrevistados. São unanimes em afirmar que

com iniciativa e organização dos empresários, poder público, entidades

representativas e sindicais há grande possibilidade de alavancar o turismo de

negócios e eventos, mesmo com todos os percalços e dificuldades existentes no

presente. Entre eles a infraestrutura hoteleira, acessibilidade ou local adequado para

realização de eventos de maior porte.

No entanto conclui-se que está faltando maior entrosamento e alguém que tome a

iniciativa para a realização deste processo, para impulsionar projetos mais

ambiciosos que exigem um esforço de coordenação do aglomerado de empresas

instaladas na região. É necessário trabalhar de forma planejada, coordenada,

integrada, envolvendo organizações, comunidade local, poder público, instituições,

que consequentemente, obterão melhores oportunidades e resultados, além dos

diversos segmentos que seriam beneficiados com tal ação.

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Importante destacar que algumas limitações devem ser consideradas quanto aos

resultados apurados no estudo. Entre eles a influência da atual situação política e

econômica que se apresenta no Brasil no período da coleta. De certa forma, a

apreensão e o pessimismo podem ser aflorados instantaneamente e o pensamento

de cada entrevistado ser desvirtuado perante a realidade vivida pela sua empresa ou

instituição. Ressalta-se também que cada empresário tem uma visão perante os

interesses da sua empresa e na maioria das vezes divergindo com as demais do

mesmo setor, fazendo analogia ao conceito de aglomerado empresarial em que são

setores do mesmo segmento, porém são interdependentes. Outro fato que merece

ser destacado é que a entrevista foi realizada no final de ano, praticamente já no

período em que as empresas começam as férias coletivas, onde após meses de

labutação, a fadiga ou ansiedade possa interferir nas respostas. Salienta-se também

que, somente uma parte dos empresários da moda jeans foi entrevistada,

representando o grande grupo. Portanto, cabe lembrar que os resultados dos

levantamentos por amostragem estão sempre sujeitos a certo grau de incerteza, a

qual pode ser reduzida quando se obtém maior número de amostras e se utilizam

aperfeiçoados instrumentos de medida.

Como sugestão para futuras investigações verifica-se a necessidade da pesquisa

abordar maior número de empresários da moda jeans, distribuídas entre

proprietários de Micro e PE empresas, inclusive lavanderias e tinturarias, além de

variado tempo de desempenho no mercado. Essa ampliação possibilitaria a coleta

de dados que propiciasse o confronto de opiniões, haja vista diferentes realidades

vivenciadas pelos mesmos, uma vez que no presente estudo limitou-se a empresas

com mais de 15 anos de atuação.

Sugere-se também aplicação de pesquisa com os turistas e visitantes que

frequentam a cidade para compras, com o intuito de conhecer a demanda e o perfil

de cada qual buscando informações que possam ser analisadas e aproveitadas em

futuras decisões, tais como atrativos, instalações, serviços, infraestrutura, imagem e

ciclo de vida do produto. Esses dados poderão ser úteis para auxiliar os empresários

do setor e o poder público no planejamento de suas estratégias de divulgação e,

também, para que possam oferecer melhores condições aos mesmos, a fim de que

estes se sintam motivados a recomendar a cidade ou queiram novamente retornar.

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Quanto às sugestões para o desenvolvimento local a partir do aglomerado e do

turismo de negócios e eventos, com base nos achados do estudo, sugere-se

também uma reorganização consistente do setor da moda jeans. Isso poderia

ocorrer por meio de encontros periódicos entre os diversos atores envolvidos,

ocasionando maior integração e entrosamento, seja entre os proprietários das

empresas, SINFIATEC, associações de classe ou poder público local. O intuito é o

de agregar um modelo de desenvolvimento possuidor de identidade territorial,

adequado a fortalecer a atividade já consolidada no Alto Vale do Itajaí, para que Rio

do Sul continue ostentando fortemente o título de capital do jeans. Esse se constitui

como parte de um processo mais ambicioso e avançar na atividade turística de

negócios e eventos.

Colocar em prática a pretensão de criar um selo para acompanhar as etiquetas das

roupas fabricadas na região, instituindo uma identidade local e evidenciando a

qualidade dos produtos ofertados, a fim de resolver as fragilidades e estimular o

trunfo de ser a capital do jeans.

Por fim, para que uma cidade possa se inserir no segmento turístico, faz-se

necessário fazer monitoramento da demanda de turistas na cidade, o que não ocorre

atualmente. Com a já existência da secretaria de turismo no município, torna este

aspecto mais fácil de obter tais números, pois só assim, poderá ser constatada a

viabilidade da realização e sucesso de cada evento.

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REFERÊNCIAS

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APÊNDICES

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APÊNDICE A – Roteiro da entrevista com empresários das confecções de jeans

Bloco 01 - história e potencial local

1. Como você avalia o futuro econômico e turístico de Rio do Sul?

2. De maneira geral, você avalia que existe cooperação entre os empresários da

região?

3. E entre as empresas da indústria de confecções, especificamente os da moda

jeans, ocorrem formas de cooperação? Quais seriam essas formas? (Troca de

conhecimento e inovações tecnológicas; existência de parcerias, espaços comuns

de discussão sobre o setor e sobre a economia regional; existência de associação

de classe, existência de cooperativas e consórcios, etc).

4. A tendência de desenvolvimento do setor da moda jeans na região é de

crescimento, estabilização ou diminuição? Quais são as razões para acreditar nessa

tendência?

Bloco 02 – Fomento ao setor da moda jeans

1. Você tem conhecimento da existência de ações estratégicas formalizadas pela

gestão pública atual para alavancar e apoiar o desenvolvimento econômico do

município? Quais? Existem resultados mensuráveis destas ações?

2. Em sua opinião, a prefeitura e o próprio governo do estado tem atuado de

maneira efetiva para o desenvolvimento do Alto Vale do Itajaí e do segmento de

confecções da moda jeans da região? De que maneira?

3. Existe articulação entre os diversos agentes locais e o governo municipal para

estimular o segmento de confecções da moda jeans? Como ocorre esse processo?

4. Quais organizações e agentes trabalham em conjunto para fortalecer o

segmento de confecções da moda jeans? (Comércio, associações, empresários,

governo municipal, governo estadual).

5. Como ocorre o trabalho em conjunto? (Os agentes locais cooperam?

Competem? Aprendem uns com os outros? Que ações evidenciam o trabalho em

conjunto?).

6. O governo municipal e nos demais níveis promovem espaços de discussão para

fortalecer o segmento de confecções da moda jeans? Quais?

7. Existem mecanismos que permitem a viabilidade econômica de atividades

integradas, entre setores complementares? (Exemplo: o setor de confecções de

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maneira geral com o segmento de confecções da moda jeans, ou outros setores,

unindo a algum segmento turístico?).

8. Os gestores públicos municipais promovem parcerias com as demais entidades

de classes e setores privados do município, visando à discussão do

desenvolvimento econômico sustentado da cidade, bem como do segmento de

confecções da moda jeans?

9. Quais as formas de cooperação realizadas durante os últimos anos 2013 a

2015, com outros agentes da região (empresas, universidades, SENAI, sindicato,

ACIRS) para fortalecer o segmento de confecções da moda jeans? (Exemplo:

compra de equipamentos, desenvolvimento de produtos, capacitação de recursos

humanos, reivindicações, participação em feiras ou outras.).

10. Na sua opinião, qual o papel da cidade de Rio do Sul para com o

desenvolvimento da região? Ela pode ser considerada como polo regional, no

segmento de confecções da moda jeans? Por quê?

11. Você tem conhecimento da existência de ações comuns que visam o

desenvolvimento econômico em conjunto com outros municípios? (Quais

municípios? Quais ações? Existem resultados mensuráveis destas ações?).

12. Como se encaixa neste cenário o segmento de confecções da moda jeans?

Bloco 03- Forças e fraquezas

1. Na sua opinião, quais os principais problemas presentes no município que

podem estar atrasando o desenvolvimento mais equilibrado da cidade?

2. Há um processo de valorização do saber e cultura local? Através dos sistemas

produtivos? Através de atividades culturais?

3. Você tem conhecimento se o governo local e em outros níveis mantem o

monitoramento da demanda de turistas na cidade?

4. Quais os eventos mais marcantes no município e o fluxo de turistas nestes

eventos?

5. Existe alguma ação direcionada ao Turismo de Negócios e Eventos no

município?

6. Como se dá a integração dos agentes (atores locais) nestes eventos? Como se

envolvem? Qual a evolução do setor turístico?

7. Quais são as estruturas de suporte municipal para eventos? Tem conhecimento

da capacidade máxima de pessoas em cada uma delas?

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8. Como você avalia a estrutura hoteleira atual de Rio do Sul?

9. Como avalia os atrativos turísticos locais?

10. Rio do Sul é considerada a capital do jeans, porém, não existe nenhum evento

envolvendo estas empresas especificamente. Na sua opinião, qual o motivo desta

ausência?

11. Acredita que há potencial de crescimento turístico por meio do Turismo de

Negócios e Eventos ligados a indústria do jeans, para a cidade de Rio do Sul?

12. Quais pontos positivos estão presentes na cidade, que poderiam potencializar

essas atividades?

13. O segmento de confecções da moda jeans pode contribuir para o fortalecimento

do aglomerado de empresas e consequentemente para a formação de uma imagem

positiva do território (região), tanto para os atores locais quanto para os visitantes,

que possa potencializar o Turismo de Negócios e Eventos?

Bloco 4- Oportunidades e ameaças

1. Existem regiões ou cidades com as quais poderia se construir parcerias para o

desenvolvimento do Turismo de Negócios e Eventos em Rio do Sul, relacionadas ao

segmento de confecções da moda jeans?

2. Existem regiões ou cidades que competem com Rio do Sul, no segmento de

confecções da moda jeans?

3. São destinos agressivos? Como competem?

4. Há fatores ambientais externos que podem interferir positivamente ou

negativamente no desenvolvimento local, observando mais especificamente o

segmento de confecções da moda jeans? Politica estaduais/nacionais? Novas

tecnologias? Situação natural/ecológica ou que se deve estar atento? Mudança no

comportamento da sociedade? Infraestrutura de esfera estadual e federal? Situação

econômica?

5. Quais as possibilidades de seguir um processo mais ambicioso e avançar para a

construção de um território para projetar Rio do Sul, calcado na atividade turística,

no setor de eventos, tendo o segmento de confecções da moda jeans como um dos

atrativos?

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APÊNDICE B – Roteiro da entrevista com o Prefeito Municipal, Secretário Municipal

de Turismo e Secretário de Desenvolvimento Econômico.

Bloco 01 - História e potencial local

1. Como você avalia o futuro econômico e turístico de Rio do Sul?

2. De maneira geral, você avalia que existe cooperação entre os empresários da

região?

3. E entre as empresas da indústria de confecções, especificamente os da moda

jeans, ocorrem formas de cooperação? Quais seriam essas formas? (Troca de

conhecimento e inovações tecnológicas; existência de parcerias, espaços comuns

de discussão sobre o setor e sobre a economia regional; existência de associação

de classe, existência de cooperativas e consórcios, etc).

4. A tendência de desenvolvimento do setor de moda jeans na região é de

crescimento, estabilização ou diminuição? Quais são as razões dessa tendência?

Bloco 02 – Fomento ao setor da moda jeans

1. Existem ações estratégicas formalizadas pela gestão pública atual para

alavancar e apoiar o desenvolvimento econômico do município? Quais? Existem

resultados mensuráveis destas ações?

2. A Prefeitura e o próprio governo do estado, tem atuado de maneira efetiva

para o desenvolvimento do Alto Vale do Itajaí e do segmento de confecções da

moda jeans da região? De que maneira?

3. Existe articulação entre os diversos agentes locais e o governo municipal para

estimular o segmento de confecções da moda jeans? Como ocorre esse processo?

4. Quais organizações e agentes trabalham em conjunto para fortalecer o

segmento de confecções da moda jeans? (Comércio, associações, empresários,

governo municipal, governo estadual).

5. Como ocorre o trabalho em conjunto? (Os agentes locais cooperam?

Competem? Aprendem uns com os outros? Que ações evidenciam o trabalho em

conjunto?).

6. O governo municipal e nos demais níveis promovem espaços de discussão

para fortalecer o segmento de confecções da moda jeans? Quais?

7. Existem mecanismos que permitem a viabilidade econômica de atividades

integradas, entre setores complementares? (Exemplo: o setor de confecções de

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maneira geral com o segmento de confecções da moda jeans, ou outros setores,

unindo a algum segmento turístico?).

8. Os gestores públicos municipais promovem parcerias com as demais

entidades de classes e setores privados do município, visando a discussão do

desenvolvimento econômico sustentado da cidade, bem como do segmento de

confecções da moda jeans?

9. Quais as formas de cooperação realizadas durante os últimos anos 2013 a

2015, com outros agentes da região (empresas, universidades, SENAI, sindicato,

ACIRS) para fortalecer o segmento de confecções da moda jeans? (Exemplo:

compra de equipamentos, desenvolvimento de produtos, capacitação de recursos

humanos, reivindicações, participação em feiras ou outras.).

10. Na sua opinião, qual o papel da cidade de Rio do Sul para com o

desenvolvimento da região? Ela pode ser considerada como polo regional, no

segmento de confecções da moda jeans? Por quê?

11. Existem ações comuns que visam o desenvolvimento econômico em conjunto

com outros municípios? (Quais municípios? Quais ações? Existem resultados

mensuráveis destas ações?).

12. Como se encaixa neste cenário o segmento de confecções da moda jeans?

Bloco 03- Forças e fraquezas

1. Na sua opinião, quais os principais problemas presentes no município que

podem estar atrasando o desenvolvimento mais equilibrado da cidade?

2. Há um processo de valorização do saber e cultura local? Através dos

sistemas produtivos? Através de atividades culturais?

3. O governo local e em outros níveis mantem o monitoramento da demanda de

turistas na cidade?

4. Quais os eventos mais marcantes no município e o fluxo de turistas nestes

eventos?

5. Existe alguma ação direcionada ao Turismo de Negócios e Eventos no

município?

6. Como se dá a integração dos agentes (atores locais) nestes eventos? Como

se envolvem? Qual a evolução do setor turístico?

7. Quais são as estruturas de suporte municipal para eventos? Tem

conhecimento da capacidade máxima de pessoas em cada uma delas?

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211

8. Como você avalia a estrutura hoteleira atual de Rio do Sul?

9. Como avalia os atrativos turísticos locais?

10. Rio do Sul é considerada a capital do jeans, porém, não existe nenhum

evento envolvendo estas empresas especificamente. Na sua opinião, qual o motivo

desta ausência?

11. Acredita que há potencial de crescimento turístico por meio do Turismo de

Negócios e Eventos ligados a indústria do jeans, para a cidade de Rio do Sul?

12. Quais pontos positivos estão presentes na cidade, que poderiam potencializar

essas atividades?

13. O segmento de confecções da moda jeans pode contribuir para o

fortalecimento do aglomerado de empresas e consequentemente para a formação

de uma imagem positiva do território (região), tanto para os atores locais quanto

para os visitantes, que possa potencializar o Turismo de Negócios e Eventos?

Bloco 4- Oportunidades e ameaças

1. Existem regiões ou cidades com as quais poderia se construir parcerias para

o desenvolvimento do Turismo de Negócios e Eventos em Rio do Sul, relacionadas

ao segmento de confecções da moda jeans?

2. Existem regiões ou cidades que competem com Rio do Sul, no segmento de

confecções da moda jeans?

3. São destinos agressivos? Como competem?

4. Há fatores ambientais externos que podem interferir positivamente ou

negativamente no desenvolvimento local, observando mais especificamente o

segmento de confecções da moda jeans? Politica estaduais/nacionais? Novas

tecnologias? Situação natural/ecológica ou que se deve estar atento? Mudança no

comportamento da sociedade? Infraestrutura de esfera estadual e federal? Situação

econômica?

5. Quais as possibilidades de seguir um processo mais ambicioso e avançar

para a construção de um território para projetar Rio do Sul, calcado na atividade

turística, no setor de eventos, tendo o segmento de confecções da moda jeans como

um dos atrativos?

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APÊNDICE C – Roteiro da entrevista com os representantes do SINFIATEC

(Sindicato das Indústrias da Fiação, Tecelagem, Confecções e do Vestuário do Alto

Vale do Itajaí), SEBRAE e ACIRS (Associação Comercial e Industrial de Rio do Sul).

Bloco 01 - História e potencial local

1. Como você avalia o futuro econômico e turístico de Rio do Sul?

2. De maneira geral, você avalia que existe cooperação entre os empresários da

região?

3. E entre as empresas da indústria de confecções, especificamente os da moda

jeans, ocorrem formas de cooperação? Quais seriam essas formas? (Troca de

conhecimento e inovações tecnológicas; existência de parcerias, espaços comuns

de discussão sobre o setor e sobre a economia regional; existência de associação

de classe, existência de cooperativas e consórcios, etc).

4. A tendência de desenvolvimento do setor de moda jeans na região é de

crescimento, estabilização ou diminuição? Quais são as razões dessa tendência?

Bloco 02 – Fomento ao setor da moda jeans

1. Você tem conhecimento da existência de ações estratégicas formalizadas

pela gestão pública atual para alavancar e apoiar o desenvolvimento econômico do

município? Quais? Existem resultados mensuráveis destas ações?

2. Em sua opinião, a Prefeitura e o próprio governo do estado tem atuado de

maneira efetiva para o desenvolvimento do Alto Vale do Itajaí e do segmento de

confecções da moda jeans da região? De que maneira?

3. Existe articulação entre os diversos agentes locais e o governo municipal para

estimular o segmento de confecções da moda jeans? Como ocorre esse processo?

4. Quais organizações e agentes trabalham em conjunto para fortalecer o

segmento de confecções da moda jeans? (Comércio, associações, empresários,

governo municipal, governo estadual).

5. Como ocorre o trabalho em conjunto? (Os agentes locais cooperam?

Competem? Aprendem uns com os outros? Que ações evidenciam o trabalho em

conjunto?).

6. O governo municipal e nos demais níveis promovem espaços de discussão

para fortalecer o segmento de confecções da moda jeans? Quais?

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7. Existem mecanismos que permitem a viabilidade econômica de atividades

integradas, entre setores complementares? (Exemplo: o setor de confecções de

maneira geral com o segmento de confecções da moda jeans, ou outros setores,

unindo a algum segmento turístico?).

8. Os gestores públicos municipais promovem parcerias com as demais

entidades de classes e setores privados do município, visando à discussão do

desenvolvimento econômico sustentado da cidade, bem como do segmento de

confecções da moda jeans?

9. Quais as formas de cooperação realizadas durante os últimos anos 2013 a

2015, com outros agentes da região (empresas, universidades, SENAI, sindicato,

ACIRS) para fortalecer o segmento de confecções da moda jeans? (Exemplo:

compra de equipamentos, desenvolvimento de produtos, capacitação de recursos

humanos, reivindicações, participação em feiras ou outras.).

10. Na sua opinião, qual o papel da cidade de Rio do Sul para com o

desenvolvimento da região? Ela pode ser considerada como polo regional, no

segmento de confecções da moda jeans? Por quê?

11. Você tem conhecimento da existência de ações comuns que visam o

desenvolvimento econômico em conjunto com outros municípios? (Quais

municípios? Quais ações? Existem resultados mensuráveis destas ações?).

12. Como se encaixa neste cenário o segmento de confecções da moda jeans?

Bloco 03- Forças e fraquezas

1. Na sua opinião, quais os principais problemas presentes no município que

podem estar atrasando o desenvolvimento mais equilibrado da cidade?

2. Há um processo de valorização do saber e cultura local? Através dos

sistemas produtivos? Através de atividades culturais?

3. Você tem conhecimento se o governo local e em outros níveis mantem o

monitoramento da demanda de turistas na cidade? Utiliza estes dados?

4. Quais os eventos mais marcantes no município e o fluxo de turistas nestes

eventos?

5. Existe alguma ação direcionada ao Turismo de Negócios e Eventos no

município?

6. Como se dá a integração dos agentes (atores locais) nestes eventos? Como

se envolvem? Qual a evolução do setor turístico?

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7. Quais são as estruturas de suporte municipal para eventos? Tem

conhecimento da capacidade máxima de pessoas em cada uma delas?

8. Como você avalia a estrutura hoteleira atual de Rio do Sul?

9. Como avalia os atrativos turísticos locais?

10. Rio do Sul é considerada a capital do jeans, porém, não existe nenhum

evento envolvendo estas empresas especificamente. Na sua opinião, qual o motivo

desta ausência?

11. Acredita que há potencial de crescimento turístico por meio do Turismo de

Negócios e Eventos ligados a indústria do jeans, para a cidade de Rio do Sul?

12. Quais pontos positivos estão presentes na cidade, que poderiam potencializar

essas atividades?

13. O segmento de confecções da moda jeans pode contribuir para o

fortalecimento do aglomerado de empresas e consequentemente para a formação

de uma imagem positiva do território (região), tanto para os atores locais quanto

para os visitantes, que possa potencializar o Turismo de Negócios e Eventos?

Bloco 4- Oportunidades e ameaças

1. Existem regiões ou cidades com as quais poderia se construir parcerias para

o desenvolvimento do Turismo de Negócios e Eventos em Rio do Sul, relacionadas

ao segmento de confecções da moda jeans?

2. Existem regiões ou cidades que competem com Rio do Sul, no segmento de

confecções da moda jeans?

3. São destinos agressivos? Como competem?

4. Há fatores ambientais externos que podem interferir positivamente ou

negativamente no desenvolvimento local, observando mais especificamente o

segmento de confecções da moda jeans? Politica estaduais/nacionais? Novas

tecnologias? Situação natural/ecológica ou que se deve estar atento? Mudança no

comportamento da sociedade? Infraestrutura de esfera estadual e federal? Situação

econômica?

5. Quais as possibilidades de seguir um processo mais ambicioso e avançar

para a construção de um território para projetar Rio do Sul, calcado na atividade

turística, no setor de eventos, tendo o segmento de confecções da moda jeans como

um dos atrativos?

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APÊNDICE D – Carta de apresentação da mestranda aos entrevistados

UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ Pró- Reitoria de Pesquisa, Pós-Graduação, Extensão e Cultura – ProPPEC

Programa de Pós-Graduação em Turismo e Hotelaria – PPGTH Curso de Mestrado Acadêmico em Turismo e Hotelaria

Caro respondente, este questionário é parte da pesquisa desenvolvida para a dissertação de Mestrado em Turismo e Hotelaria da mestranda Marcia Inêz Bonacolsi Possamai, orientada pelo professor Dr. Carlos Marcelo Ardigó. O trabalho tem como objetivo, analisar os fatores e as potencialidades do aglomerado da moda jeans de Rio do Sul – SC, e sua contribuição para o desenvolvimento regional, a partir do Turismo de Negócios e Eventos.

A pesquisadora está à disposição para auxiliá-lo no caso de dúvidas através do e-mail, [email protected] ou fone (47) 3521-4080 ou 9116-4858.

Sua opinião é muito importante para o êxito da pesquisa.

Grata!

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APÊNDICE E – Carta de solicitação de validação dos resultados aos entrevistados

UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ Pró- Reitoria de Pesquisa, Pós-Graduação, Extensão e Cultura – ProPPEC

Programa de Pós-Graduação em Turismo e Hotelaria – PPGTH Curso de Mestrado Acadêmico em Turismo e Hotelaria

Caro entrevistado, a seguir estão listados os principais resultados da pesquisa da qual você participou, desenvolvida para a dissertação de Mestrado em Turismo e Hotelaria da mestranda Marcia Inêz Bonacolsi Possamai, orientada pelo professor Dr. Carlos Marcelo Ardigó. Relembrando que o trabalho tem como objetivo, analisar os fatores e as potencialidades do aglomerado da moda jeans de Rio do Sul – SC, e sua contribuição para o desenvolvimento regional, a partir do Turismo de Negócios e Eventos. Tais resultados foram obtidos após análise das transcrições das entrevistas realizadas.

Uma vez encerrada a leitura dos resultados, por favor, responda às seguintes questões:

1- Os resultados confirmam o que você observa na sua atividade profissional? Por quê?

2- Os resultados trouxeram algum componente novo e/ou surpreendente, em relação àquilo que você observa? Se sim, qual? Por quê?

3- Há discordâncias, acréscimos, observações ou quaisquer comentários que considera relevante a respeito dos resultados obtidos? Se sim, quais?

As respostas às questões podem ser efetuadas neste mesmo arquivo e enviadas para o e-mail: [email protected]

A pesquisadora está à disposição para auxiliá-lo no caso de dúvidas através do e-mail, acima ou fone (47) 3521-4080 ou 9116-4858.

Sua opinião é muito importante para o êxito da pesquisa.

Grata!

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ANEXOS

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ANEXO A – Protocolo de solicitação Protocolar Solicitação Empresa Cnpj Endereço Solicitação Solicitamos o incentivo dos serviços descritos abaixo conforme lei municipal de incentivos (Lei nº 4541/2007). -10 (dez) hs de serviços de terraplenagem e ou máquinas similares -até 50 (cinqüenta) m3 de aterro Att Nome Assinatura Documentos Necessários a) ato constitutivo, estatuto ou contrato social em vigor, devidamente registrado em se tratando de sociedades comerciais, e, no caso de sociedade por ações, acompanhado de documentos de eleição de seus administradores; b) inscrição do ato constitutivo, no caso de sociedades civis, acompanhada de prova de diretoria em exercício; c) prova de inscrição no cadastro nacional de pessoas jurídicas - CNPJ; d) prova de regularidade com a Fazenda Federal, Estadual e Municipal; e) balanço patrimonial e o demonstrativo do resultado dos últimos três exercícios que comprovem a boa situação financeira da empresa; f) atividades, objetivo, tipo de empresa; g) capital registrado da empresa e o valor integralizado

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ANEXO B – Lei Municipal de incentivos às empresas.

Lei Municipal de incentivos às empresas. LEI Nº 4201, de 11 de julho de 2005. "INSTITUI O PLANO MUNICIPAL DE INCENTIVOS ÀS EMPRESAS E DÁ OUTRAS PROVIDÊNCIAIS." O PREFEITO MUNICIPAL DE RIO DO SUL: Faço saber a todos os habitantes deste município, que a Câmara de Vereadores decretou e eu sanciono a seguinte Lei: Título I Disposições Gerais Art. 1º-- Fica instituído o Plano Municipal de Incentivos às Empresas, que tem por objetivo incentivar as empresas industriais, comerciais, agroindustriais, tecnológicas e prestadoras de serviço, que pretendam instalar-se no Município como também as já instaladas com proposta de ampliação que gere novos empregos. Art. 2º - Os incentivos físicos, fiscais ou financeiros, previstos nesta Lei, poderão ser concedidos, cumulativamente ou não, às entidades previstas no artigo anterior, desde que proporcionem incremento de empregos e impostos. Título II Do Cadastro das Empresas Art. 3 - Os interessados em participarem do Plano Municipal de Incentivos às Empresas, para implantação, transferência e/ou ampliação da empresa, deverão encaminhar requerimento endereçado ao Secretário do Desenvolvimento Econômico e Empreendedorismo, instruindo-o com o anteprojeto do empreendimento, anexando os seguintes documentos e informações, quando for o caso: a) ato constitutivo, estatuto ou contrato social em vigor, devidamente registrado em se tratando de sociedades comerciais, e, no caso de sociedade por ações, acompanhado de documentos de eleição de seus administradores; b) inscrição do ato constitutivo, no caso de sociedades civis, acompanhada de prova de diretoria em exercício; c) prova de inscrição no cadastro nacional de pessoas jurídicas - CNPJ; d) prova de regularidade com a Fazenda Federal, Estadual e Municipal; e) prova de regularidade relativa à Seguridade Social e ao Fundo de Garantia por Tempo de Serviço; f) balanço patrimonial e o demonstrativo do resultado dos últimos três exercícios que comprovem a boa situação financeira da empresa; g) atividades, objetivo, tipo de empresa; h) capital registrado da empresa e o valor integralizado; i) no caso de empresa a constituir, informar o capital que será registrado e o valor do capital a ser integralizado; j) cronograma de investimentos; l) previsão do faturamento mensal dos 18 (dezoito) meses seguintes ao início ao funcionamento; m) cronograma de contratação de empregados; n) área pleiteada ou serviço, especificando com unidade de medida; o) cópia da matrícula do imóvel ou cópia do contrato de locação; p) certidão negativa de protestos (últimos cinco anos) e do cartório de distribuição da comarca (últimos dez anos) dos sócios ou diretores da empresa. Art. 4º - Ao requerer inscrição no Plano Municipal de Incentivos às Empresas, a empresa interessada fornecerá os elementos necessários à satisfação das exigências do artigo anterior.

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Título III Dos Incentivos Físicos, Fiscais e Econômicos Art. 5º - Os incentivos físicos, econômicos e as isenções fiscais constituem, isolada ou cumulativamente, em: I - execução, em no máximo de 60% (sessenta por cento), dos serviços de terraplenagem, aterro, corte, vias de acesso à empresa beneficiada e serviços de horas máquinas e equipamentos; II - implantação e/ou melhoria de rede de alta tensão de energia elétrica e iluminação pública, em até 30% (trinta por cento); III - isenção em até 50% (cinqüenta por cento) da Taxa de Licença para Localização e Permanência no Local, bem como sua renovação anual de até 05 (cinco) anos; IV - isenção em até 50% (cinqüenta por cento) do Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana - IPTU pelo prazo de até 05 (cinco) anos; V- isenção de emolumentos relativos a análise e aprovação de projetos, conforme interesse público; VI - isenção em até 50% (cinqüenta por cento) de ISS para as obras e serviços executados para a implantação e/ou ampliação de projetos das entidades beneficiadas por esta Lei de Incentivos. § 1º - Para concessão de incentivo em até 40% (quarenta por cento) dos serviços constantes do inciso I, somente serão exigidos os documentos constantes do artigo 3º, alíneas a, b, c, d, g, n, o. § 2º - Para os benefícios superiores a 40% (quarenta por cento) serão exigidos todos os itens constantes do artigo 3º e aprovação da Comissão Municipal de Desenvolvimento Econômico. § 3º - A concessão dos incentivos dos incisos I e II somente será deferida após a verificação e aprovação do pedido pela Secretaria Municipal de Obras e Serviços Urbanos. § 3º - Quando os pedidos de incentivo forem de até 10 (dez) hs de serviços de terraplenagem e ou de até 50 (cinqüenta) m3 de aterro, ficam os requerentes dispensados da apresentação dos documentos previstos nas alíneas "e, i, j, l, m, n, o, p", do artigo 3º desta Lei, e excepcionalmente nestes casos, o incentivo será de 100% (cem por cento). (Redação dada pela Lei nº 4541/2007) § 4º - Após a concessão do incentivo terá o interessado o prazo máximo de 180 (cento e oitenta) dias para dar início a implantação de empresa ou ampliação. § 5º - A concessão dos incentivos previstos nos incisos I e II deste artigo, somente serão deferidos após a verificação e disponibilidade do atendimento junto a Secretaria Municipal de Obras e Serviços Urbanos. (Acrescido pela Lei nº 4541/2007) Art 6º - A Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico e Empreendedorismo poderá solicitar a Secretaria Municipal de Planejamento a Consulta Prévia para Viabilidade de empresas. Capítulo II Das Isenções Art. 7º - As isenções de impostos e taxas municipais poderão ser concedidas pelo prazo de: I - até 02 (dois) anos, para as entidades com geração de no mínimo 03 (três) empregos; II - até 03 (três) anos, para as entidades com geração de no mínimo 10 (dez) empregos; III - até 05 (cinco) anos, para as entidades com geração de no mínimo 25 (vinte e cinco) empregos.

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Parágrafo único: As isenções serão concedidas a contar da data da concessão do benefício pelo Chefe do Poder Executivo Municipal. Título IV Das Organizações da Entidade Beneficiada Art. 8º - As empresas beneficiadas deverão apresentar e comprovar, anualmente, à Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico e Empreendedorismo relatórios que comprovem o aumento de empregos e faturamento. Art.9º - Após 30 (trinta) dias do final de cada exercício, deverá a empresa beneficiada apresentar à Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico e Empreendedorismo comprovantes de números de empregados devidamente registrados. Título V Da Perda do Benefício e das Penalidades Art.10 - empresa que for beneficiada perderá os direitos decorrentes desta Lei, caso, sem motivo justificado: I - paralisar por mais de 03 (três) meses suas atividades; II- alterar o ramo de atividade sem autorização prévia; III- alienar ou locar, no todo ou em parte, sem a expressa autorização do Poder Executivo; IV - atrasar injustificadamente a implantação do projeto; V - descumprir as cláusulas, projetos ou prazos; VI - for decretada a falência ou a instauração de insolvência civil; VII - dissolver a sociedade. Art. 11 - A entidade beneficiada que não cumprir com a finalidade da presente Lei ou rescindir o contrato, terá os valores restabelecidos por lançamentos de ofício e cobrados com os respectivos acréscimos legais, retroagindo a data da concessão do benefício. Título VI Da Comissão Municipal de Desenvolvimento Econômico Art. 12 - Fica criada a Comissão Municipal de Desenvolvimento Econômico, órgão consultivo com a incumbência de assessorar o Chefe do Poder Executivo na execução da presente Lei. Art. 13 - A Comissão Municipal de Desenvolvimento Econômico será composta pelos seguintes membros: I-o Secretário Municipal de Desenvolvimento Econômico e Empreendedorismo; II- o Secretário Municipal de Planejamento, Urbanismo e Meio Ambiente; III- o Secretário Municipal da Fazenda; IV- o Secretário Municipal de Obras e Serviços Urbanos; V- 01 (um) representante da Associação Comercial e Industrial de Rio do Sul; VI- 01 (um) representante da Câmara de Dirigentes Lojistas; VII - 01 (um) representante do Sindicato dos Empregados no Comércio de Rio do Sul;

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VIII - 01 (um) representante do Sindicato dos Empregados da Indústria de Rio do Sul; IX- 01 (um) representante da Associação dos Engenheiros e Arquitetos do Alto Vale do Itajaí. § 1º - Compete ao Chefe do Poder Executivo nomear os membros da Comissão Municipal de Desenvolvimento Econômico. § 2º - As entidades não governamentais deverão indicar sempre o titular e um suplente. § 3º - A presidência do Conselho Municipal de Desenvolvimento Econômico será exercida pelo Secretário de Desenvolvimento Econômico e Empreendedorismo. Art. 14 - O mandato dos membros da Comissão Municipal de Desenvolvimento Econômico, é dois anos, facultada a recondução. Parágrafo único: A participação dos membros da Comissão terá caráter gratuito e considerado serviço público relevante. Art. 15 - O Conselho Municipal de Desenvolvimento Econômico é um órgão consultivo do Município, criado para orientar, através de pareceres, a aplicação de incentivos fiscais e econômicos para a política de expansão de empresas industriais, comerciais, agro-industriais, tecnológicas e prestadoras de serviço para a geração de mão de obra e empregos ou outros interesses econômicos para o Município, inclusive em grau de recursos administrativos e fiscais. Art. 16 - A Comissão se reunirá a critério do Secretário de Desenvolvimento Econômico e Empreendedorismo, sempre que houver necessidade de análise dos pedidos de incentivos fiscais e econômicos. Parágrafo único - A comissão será convocada com no mínimo cinco dias de antecedência. Art. 17 - Compete à Comissão: I - examinar os pedidos de habilitação ao Plano Municipal de Incentivos às Empresas, elaborando os pareceres relativos à oportunidade e viabilidade econômica dos projetos; II - apresentar proposta de incentivos a serem concedidos aos interessados; III - encaminhar para homologação do Chefe do Poder Executivo os processos de habilitação. Parágrafo único - As decisões da Comissão Municipal de Desenvolvimento Econômico, sobre os assuntos a ela submetidos, serão tomadas por maioria simples de voto. Art. 18 - Não será submetida à apreciação da Comissão os pedidos de incentivos constantes do artigo 5º, inciso I, até o limite estabelecido pelo parágrafo primeiro. Ar.t. 18 - Não será submetida à apreciação da Comissão Municipal de Desenvolvimento Econômico, os pedidos de incentivos constantes do artigo 5º, inciso I, nos limites estabelecidos pelos parágrafos 1º e 3º da presente Lei. (Redação dada pela Lei nº 4541/2007) Art. 19 - A concessão dos Incentivos mencionados nesta lei, será formalizada através de Decreto do Chefe do Poder Executivo Municipal, com base em parecer exarado pela Comissão quando submetida. Título VII Das Disposições Finais Art. 20 - Aprovado o pedido para implantação, transferência ou ampliação da entidade, o interessado deverá firmar documento onde serão mencionados os benefícios concedidos e os encargos assumidos de acordo com o projeto apresentado.

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Art. 21 - Às empresas beneficiadas com os incentivos econômicos e isenções fiscais desta Lei é vedado usufruir da isenção dos tributos municipais, sem que tenha iniciado a implementação do respectivo plano. Art. 22 - As despesas decorrentes da execução da presente Lei correrão por conta de dotação própria do orçamento vigente. Parágrafo único. Nenhuma empresa ou grupo empresarial poderá receber como benefício desta Lei mais de 20% (vinte por cento) do total da dotação orçamentária prevista para este fim. Art. 23 - Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação. Art. 24 - Revogam-se as disposições em contrário, em especial a Lei Municipal nº 2.800/93. GABINETE DO PREFEITO MUNICIPAL 11 de julho de 2.005. MILTON HOBUS Prefeito Municipal ANEXO I DEMONSTRATIVO DO IMPACTO ORÇAMENTÁRIO E FINANCEIRO DA RENUNCIA FISCAL REFERENTE ÀS ISENÇÕES DE IMPOSTOS MUNICIPAIS DECORRENTES DA PRESENTE LEI. Exercício 2006.......R$ 10.000,00 Exercício 2007.......R$ 10.000,00 Exercício 2008.......R$ 10.000,00 Total........................R$ 30.000,00 ANEXO II DECLARAÇÃO Declaramos para os fins previstos na Lei de Responsabilidade Fiscal (Lei Complementar nro. 101 de 04 de maio 2000), que a renúncia de receita prevista no presente Projeto de Lei não afetará as metas fiscais previstas na Lei de Diretrizes Orçamentárias - Lei nro. 4.125 de 27 de outubro de 2004, em virtude de que a Lei nro. 2.800 de 24 de Agosto de 1993 já previa a concessão de isenção de impostos municipais como modo de incentivo fiscal à instalação de empresas neste Município. Rio do Sul, 11 de Julho de 2005. MILTON HOBUS Prefeito Municipal

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