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UNIVERSIDADE DO VALE DO PARAÍBA – UNIVAP INSTITUTO DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO – IP&D CLEBER RICACHENEVSKY DETERMINAÇÃO DE CLORIDRATO DE FLUOXETINA EM MEDICAMENTOS POR ESPECTROSCOPIA VIBRACIONAL NO INFRAVERMELHO COM TRANSFORMADA DE FOURIER São José dos Campos, SP 2015

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UNIVERSIDADE DO VALE DO PARAÍBA – UNIVAP

INSTITUTO DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO – IP&D

CLEBER RICACHENEVSKY

DETERMINAÇÃO DE CLORIDRATO DE FLUOXETINA EM MEDICAMENTOS POR ESPECTROSCOPIA VIBRACIONAL NO INFRAVERMELHO COM

TRANSFORMADA DE FOURIER

São José dos Campos, SP

2015

CLEBER RICACHENEVSKY

DETERMINAÇÃO DE CLORIDRATO DE FLUOXETINA EM MEDICAMENTOS POR ESPECTROSCOPIA VIBRACIONAL NO INFRAVERMELHO COM

TRANSFORMADA DE FOURIER

Dissertação apresentada ao Programa de Pós Graduação em Bioengenharia, do Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento – IP&D da Universidade do Vale do Paraíba - UNIVAP, como complementação aos créditos necessários para obtenção do título de Mestre em Bioengenharia. Orientadores: Profa. Dra. Kumiko Koibuchi Sakane Prof. Dr. Milton Beltrame Júnior

São José dos Campos, SP

2015

FICHA CATALOGRÁFICA

CLEBER RICACHENEVSKY

DETERMINAÇÃO DE CLORIDRATO DE FLUOXETINA EM MEDICAMENTOS POR ESPECTROSCOPIA VIBRACIONAL NO INFRAVERMELHO COM

TRANSFORMADA DE FOURIER

Dissertação aprovada como requisito parcial à obtenção do grau de Mestre em Bioengenharia, do Programa de Pós-graduação em Bioengenharia, do Instituto de Pesquisa da Universidade do Vale do Paraíba , São José dos Campos, SP, pela seguinte banca examinadora:

Prof.a Dr.a Andreza Ribeiro Simioni (UNIVAP)

Prof.a Dr.a Kumiko Koibuchi Sakane (UNIVAP)

Prof. Dr. Milton Beltrame Júnior (UNIVAP)

Prof.ª Dr.ª Andrea Santos Liu (IFSP)

Profª. Drª. Sandra Maria Fonseca da Costa

Diretora do IP&D – UNIVAP

São José dos Campos, 30 de março de 2015.

DEDICATÓRIA

A minha mãe Lina, minha esposa Grazielle e meu

irmão James que, com muito carinho e apoio, não

mediram esforços para está conquista.

A Profa. Dra. Kumiko pela acolhida, carinho e

ensinamentos, minha gratidão eterna.

AGRADECIMENTOS

Primeiramente а Deus quе permitiu quе tudo isso acontecesse, ао longo dе minha vida, е nãо

somente nestes anos na universidade, mаs que еm todos оs momentos é o maior mestre qu е

alguém pode conhecer.

A minha mãe Lina, pela confiança sempre depositada em mim e pelo exemplo de coragem e

determinação.

Ao meu pai David (in memorian), pelo carinho e amizade sempre demonstradas em todos os

momentos.

A minha querida esposa Grazielle, pela compreensão em todos os momentos vividos nesta

vitória que também é dela.

Ao meu filho Adriel, um anjinho que Deus mandou-me e que deu-me muita força e

determinação para concluir mais esta etapa da minha vida.

Aos professores Dra. Kumiko Koibuchi Sakane e Dr. Milton Beltrame Júnior, pela amizade,

paciência na orientação e incentivo que tornaram possível a conclusão dessa dissertação.

A professora Dra. Fernanda Pupio Silva Lima pela receptividade e apoio durante todo o curso.

A Profa. Patrícia Marcondes dos Santos pela ajuda e disponibilidade em todos os momentos.

Aos professores e funcionários da UNIVAP que de alguma forma contribuíram para o

desenvolvimento da pesquisa, em especial a Dona Ivone e Valéria, obrigado pelas

colaborações.

Aos colegas da turma pela convivência e amizade.

RESUMO

A depressão está atualmente entre as doenças mais prevalentes do planeta, interferindo drasticamente na qualidade de vida dos indivíduos, podendo levar a incapacidade por ser uma doença crônica. Os medicamentos antidepressivos inibidores da recaptação da serotonina são bastantes eficazes e com baixo problema de aceitação e extremamente seguros para uso, sendo da linha da frente no tratamento antidepressivo. O amplo uso de cloridrato de fluoxetina nos últimos anos tem requerido o desenvolvimento de métodos de análise, e este trabalho propõe avaliar qualitativamente, através da espectroscopia infravermelha com Transformada de Fourier (FT-IR), medicamentos de referência, genéricos e similares com o princípio ativo cloridrado de fluoxetina. Foram confeccionadas e extraídos os espectros na faixa de 4000 a 700 cm-1, com resolução de 4 cm-1, no modo de transmissão, com 32 varreduras à temperatura controlada de 18 a 20oC. Foi utilizado o espectrofotômetro Spectrum GX FT-IR da Perkin-Elmer, os espectros foram pré-processados com Spectrum 5.2 utilizando correções de linha de base, suavização utilizando algoritmo Savitzky-Golay com 9 pontos e normalização espectral. A banda marcadora da Fluoxetina foi a 1334 cm-1 ( referente a ligação C-F). As bandas das medicações estudadas foram detectadas nas amostras comerciais e no padrão, comprovando a presença do princípio ativo nas formulações. Foram aplicados cálculos de área de banda, verificando que ocorreu degradação progressiva após a data de validade em todos os medicamentos estudados. Dessa forma, a técnica de FT-IR é viável para a qualificação de princípio ativo de medicamentos, por se tratar de uma técnica simples, rápida e de baixo custo, gerando resultados precisos.

Palavras-chave: Espectroscopia infravermelha. Fluoxetina. Inibidor seletivo da recaptação da

Serotonina. Controle de qualidade.

ABSTRACT

Determination of fluoxetine hydrochloride in drugs by vibrational spectroscopy infra-red fourier transform Depression is currently among the most prevalent diseases in the world, interfirindo dramatically the quality of life of individuals, leading to inability to be a chronic disease. Inhibitors antidepressants reuptake serotonin are quite effective and low problem of acceptance and extremely safe to use, with front-line drugs in the antidepressant treatment. The widespread use of Fluoxetine in recent years has required the development of analytical methods, and this work is to assess qualitatively by infrared spectroscopy with Fourier transform (FT-IR), reference medicines, generic and similar to the active ingredient Fluoxetine . Were prepared and extracted spectra in the range 4000-700 cm-1, with a resolution of 4 cm-1 in the transmission mode, with 32 scans at a controlled temperature of 18 to 20oC. Spectrophotometer was used Spectrum GX FT-IR Perkin-Elmer, spectra were pre-processed using Spectrum 5.2 Baseline corrections using Savitzky-Golay smoothing algorithm with 9-point spectral normalization. The marker band Fluoxetine was the 1334 cm-1 (referring to CF bond). The bands of the studied drugs were detected in commercial samples and standard, proving the presence of the active ingredient in the formulations. Band area calculations have been applied, checking progressive degradation that occurred after the expiration date in all the studied drugs. Thus, the FT-IR technique is feasible for qualifying active principle of drugs, because it is a simple technique, fast and low cost, generating accurate results.

Keywords: Infrared spectroscopy. Fluoxetine. Selective serotonin reuptake inhibitor. Quality

control.

LISTA DE TABELAS Tabela 1: Apresenta as regiões do espectro eletromagnético .................................................. 19 Tabela 2: Pesagem amostra e padrão....................................................................................... 26 Tabela 3: Número de onda e descrição aproximada do espectro de Fluoxetina (princípio

ativo) de acordo com Barbosa (2007) .................................................................... 32 Tabela 4: Intensidades integradas (áreas) das bandas de 1334cm-1 e 1224cm-1 em função das

quantidades variadas do medicamento referência ................................................. 34 Tabela 5: Áreas calculadas da banda em 1334cm-1 nos medicamentos comerciais e princípio

ativo ....................................................................................................................... 38 Tabela 6: A porcentagem da redução dos valores da área da banda em 1334cm-1 nos

medicamentos comerciais e princípio ativo ........................................................... 45 Tabela 7: Acompanhamento ao longo dos meses do medicamento similar 4 (MS4) ............. 46

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Estrutura química da fluoxetina. ........................................................................ 14 Figura 2 – Estrutura química do cloridrato de fluoxetina. ................................................... 14 Figura 3 - Absorção e emissão de radiação. ....................................................................... 18 Figura 4 - Alguns modos vibracionais da molécula de CO2. ................................................ 20 Figura 5 - Representação esquemática de uma medida por espectroscopia por transformada

de Fourier de absorção no infravermelho. ......................................................... 21 Figura 6 - Espectrofotômetro Spectrum GX FT-IR da Perkin-Elmer. ..................................... 24 Figura 7 - Prensa a vácuo. ................................................................................................. 25 Figura 8 - Pastilha em KBr e comparação do seu tamanho. ................................................ 27 Figura 9 - Fluxograma das etapas envolvidas na apresentação e discussão de resultados

deste trabalho. ................................................................................................. 28 Figura 10 - Espectro infravermelho de cloridrato de fluoxetina dentro do prazo em

transmitância. .................................................................................................. 29 Figura 11 - Espectro infravermelho de cloridrato de fluoxetina dentro do prazo em

absorbância.................................................................................................... 30 Figura 12 - Espectro infravermelho do medicamento referência em transmitância. ............ 33 Figura 13 - Gráfico de Área da banda em 1334 cm-1 x quantidade de medicamento

referência. ..................................................................................................... 35 Figura 14 - Gráfico de Área da banda em 1244 cm-1 x quantidade medicamento referência 36 Figura 15 - Correlação entre a área de banda de 1334 cm-1 nas diferentes quantidades de

cloridrato de fluoxetina no medicamento referência. ....................................... 37 Figura 16 - Áreas da banda em 1334 cm-1 nos medicamentos comerciais e princípio ativo. 39 Figura 17 - Espectros do medicamento similar 1 (MS1) no prazo e vencido. ........................ 40 Figura 18 - Espectros do medicamento similar 2 (MS2) no prazo e vencido. ........................ 41 Figura 19 - Espectros do medicamento similar 3 (MS3) no prazo e vencido. ........................ 42 Figura 20 - Espectros do medicamento similar 4 (MS4) no prazo e vencido. ........................ 43 Figura 21 - Espectros do padrão (princípio ativo, PA) no prazo e vencido. ........................... 44 Figura 22 - Espectros do medicamento genérico (MG1) no prazo e vencido. ...................... 44 Figura 23 - Superposição de 20 espectros do medicamento similar 4 (MS4). ....................... 47 Figura 24 - Espectros obtidos em 31/08/2010 (a), 31/08/2011 (b) e 31/08/2012 (c), do

medicamento similar 4 (MS4).......................................................................... 48 Figura 25 - Acompanhamento mensal do medicamento similar 4 (MS4). ............................ 48

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

5-HT 5-hidroxitriptamina ou serotonina

ADT Antidepressivo tricíclico

DCB Denominação Comum Brasileira

DCI Denominação Comum Internacional

FT-IR Espectroscopia no infravermelho com transformada de Fourier

IMAO Inibidor da monoaminoxidase

INPI Instituto Nacional de Propriedade Industrial

IP&D Instituto de pesquisa e desenvolvimento

IRSN Inibidor seletivo da recaptação de serotonina e noradrenalina

ISRS Inibidor seletivo da recaptação da serotonina

mg Miligrama

MG Minas Gerais

MG1 Medicamento genérico

MS1 Medicamento similar 1

MS2 Medicamento similar 2

MS3 Medicamento similar 3

MS4 Medicamento similar 4

OMS Organização Mundial da Saúde

P&D Pesquisa e desenvolvimento

PA Princípio ativo

R Coeficiente de correlação

RCE Receita de controle especial

RS Rio Grande do Sul

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 12 1.1 Depressão ........................................................................................................................... 12 1.2 Antidepressivos ................................................................................................................. 13 1.3 Controle de qualidade e estabilidade para medicamentos na indústria farmacêutica

......................................................................................................................................... 15 1.4 Medicamentos Referência, Genérico e Similar .............................................................. 16 1.5 Espectroscopia vibracional no infravermelho ............................................................... 17 2 OBJETIVOS ........................................................................................................................ 23 2.1 Objetivo Geral .................................................................................................................. 23 2.2 Objetivos Específicos ........................................................................................................ 23 3 MATERIAIS E MÉTODOS ............................................................................................... 24 3.1 Local de estudo ................................................................................................................. 24 3.2 Equipamentos utilizados .................................................................................................. 24 3.3 Amostras utilizadas .......................................................................................................... 25 3.3.1 Princípio ativo ................................................................................................................. 25 3.3.2 Medicamentos referência, genérico e similar do cloridrato de fluoxetina ................... 25 3.4 Pesagem das amostras e do padrão ................................................................................. 26 3.5 Confecção das pastilhas de KBr ...................................................................................... 26 3.6 Obtenção dos espectros infravermelhos de fluoxetina (princípio ativo) e

Medicamento Referência. ............................................................................................. 27 4 RESULTADOS E DISCUSSÃO ........................................................................................ 28 4.1 Obtenção dos espectros infravermelhos de cloridrato de fluoxetina (princípio ativo) e

sua atribuição aproximada ........................................................................................... 28 4.2 Escolha da banda analítica e estudo de sua sensibilidade em função da quantidade

variada de princípio ativo em medicamento de referência ....................................... 33 4.3 Cálculo da área da banda de 1334 cm-1 em medicamentos comerciais e Fluoxetina

dentro e fora do prazo da validade. ............................................................................. 37 4.4 Acompanhamento mensal do espectro de medicamento similar 4 (MS4) durante 2

anos após o prazo de validade ...................................................................................... 46 5 CONCLUSÃO ...................................................................................................................... 50 REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 51

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1 INTRODUÇÃO

1.1 Depressão

Sendo um problema de saúde pública que gera altos custos, a depressão é tratada em

um segundo plano e negligenciada pelas políticas de saúde pública de diversos países

(THOMPSON et al., 2001; FLECK, 2009). Para psiquiatria moderna a depressão é uma

alteração bioquímica do cérebro, afetando o funcionamento normal do organismo, gerando

consequências na vida pessoal, desde a parte emocional até a social (SOLOMON, 2002). No

século I a.C., a depressão já era descrita por Atreteu da Capadócia (CORRÊA, 1995). Em

1860 o termo depressão já era empregado em dicionários médicos, fazendo referência a

condição diminuída do ânimo de uma pessoa acometida por uma doença. O psiquiatra alemão

Karl Kahlbaum em 1882, usando a expressão “ciclotimia”, fez o detalhamento da mania e da

depressão como fases da mesma patologia (ABREU, 2007).

Foram descritos por Kaplan e Sadock três usos diferentes para o termo depressão: à

tristeza e o desânimo utilizado pelo leigo e não está ligado a uma doença; o uso em

psiquiatria, a qual se refere a um sintoma geralmente ligado ao humor depressivo; e o uso para

definir uma síndrome, a partir de um conjunto de sintomas. O termo depressão aparece com

significados diversos em vários campos das ciências. O neurofisiologista refere-se a depressão

como qualquer diminuição na atividade eletrofisiológica, já o farmacologista considera

depressão como o efeito de drogas que diminuem a atividade de um órgão (KAPLAN;

SADOCK; GREBB, 1997).

A depressão atualmente está entre as doenças mais prevalentes no planeta

(MATHERS; LOPEZ; MURRAY, 2006). A qualidade de vida dos indivíduos tem um

decaimento drástico, por ser uma doença crônica e que provoca em muitos casos a

incapacidade (VERSIANI, 2004).

Foi demonstrado por Vindel et al. (2012) em seu trabalho de revisão de literatura,

que a depressão deve ser corretamente diagnosticada e tratada, não somente para ‘reduzir

custos, mas principalmente para poder propiciar uma melhor qualidade de vida ao indivíduo.

A Organização Mundial de Saúde (OMS) apresenta dados indicando que 13-20% da

população mundial apresentam sintomas depressivos, sendo 2-3% desse total atribuídos a

pessoas com transtornos afetivos graves, dos quais 15-30% cometem suicídio ou são

potenciais suicidas. Que mesmo utilizando terapia medicamentosa, 30% destes pacientes com

o diagnóstico para depressão, não respondem a farmacoterapia, devido a vários fatores, entre

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eles o tempo de latência do medicamento e os seus efeitos adversos, os quais levam inúmeros

indivíduos abandonar o tratamento (RATES, 2001).

Sendo uma das doenças mais comuns em psiquiatria e reconhecida em todo o

mundo, aflige uma grande parcela da população, independente de idade, raça ou sexo,

tornando-se uma doença de forte impacto negativo na vida pessoal, profissional e social na

atualidade, estando entre as seis principais causas de incapacidade e tendo projeções para

2030, como a principal causa (WORLD..., 2011).

Elevadas taxas de morbidade e mortalidade estão associados a indivíduos que

apresentam esta patologia (FORTUNATO et al., 2009). Também é associado pela

fisiopatologia o fato de uma redução de serotonina, noradrenalina, dopamina entre outros

neurotransmissores que fazem parte do importante sistema de monoaminas (MANJI;

DREVETS; CHARMEY, 2001). Estudos afirmam que pacientes com depressão também

possuem alterações no sistema endócrino (DRZYZGA; MARCINOWSKA; OBUCHOWICA,

2009). Neste panorama, a descoberta de novos fármacos mais seguros e sem reações adversas,

representa um grande investimento na saúde pública, que somente no inicio deste milênio

representa um mercado estimado de 10 a 20 bilhões de dólares (SKOLNICK, 1999).

No presente estudo utilizamos a técnica de FT-IR para analisar amostras de

medicamentos comerciais (referência, genérico e similar) que apresentavam como princípio

ativo o cloridrato de fluoxetina.

1.2 Antidepressivos

Segundo Sena (2009) desde a década de 1950, com a descoberta da ação terapêutica

dos antidepressivos tricíclicos (ADTs) e dos inibidores da monoaminoxidase (IMAOs),

inúmeros grupos de drogas foram acrescentados ao arsenal terapêutico, entre eles os

inibidores seletivos da recaptação da serotonina (ISRSs), os inibidores da recaptação de

serotonina e noradrenalina (IRSNs), o antagonista noradrenérgico e serotoninérgico específico

(mirtazapina), os antagonistas 5-HT2, a bupropiona e, mais recentemente a agomelatina. O

organismo normal não é influenciado de maneira destacada por nenhuma droga

antidepressiva, apenas irão corrigir situações de funcionamento anormal (MORENO;

MORENO; SOARES, 2002).

Segundo Kaplan e Sadock (2008), os antidepressivos da recaptação da serotonina

(ISRSs) são medicamentos bastante eficazes e com baixos problemas de aceitação e

extremamente seguros para uso, sendo medicamentos da linha da frente no tratamento

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antidepressivo, isto levou a torná-los os medicamentos mais comercializados e conhecidos no

mundo por meio do Prozac®, conforme Tolman (2009).

Segundo Fátima, Lapis e Pilli (2005) os antidepressivos que apresentam a

subestrutura 3-ariloxi-3-fenilpropilamina (como é o caso da fluoxetina) estão entre os

fármacos mais importantes para serem utilizados no tratamento de disfunções psiquiátricas.

Figura 1 - Estrutura química da fluoxetina.

Fonte: Autor.

Figura 2 – Estrutura química do cloridrato de fluoxetina.

Fonte: Autor.

Na figura 1, está representada a 3-5 fluoxetina, inibidor seletivo da recaptação da

serotonina (ISRS), sendo uma droga amplamente utilizada na clínica médica para tratamento

da depressão (FÁTIMA; LAPIS; PILLI, 2005) e na figura 2 está o cloridrato de fluoxetina,

sendo esta a fórmula farmacêutica utilizada nos medicamentos.

Segundo Szabo, Montigny e Blier (1999) o cloridrato de fluoxetina promove em

algumas áreas do cérebro um aumento da neurotransmissão serotoninérgica, pelo aumento da

liberação de serotonina, como resultado da dessensibilização dos autoreceptores 5-HT

somatodendríticos e terminais, os quais, regularmente, exercem efeito negativo sobre

neurônios serotonérgicos.

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A fluoxetina é um dos fármacos da classe do IRSS, que surgiu como resultado de

pesquisa racional para encontrar medicamentos tão eficazes quanto os antidepressivos

tricíclicos (ADT), com mínimos problemas de tolerabilidade e segurança. A potência da

inibição de recaptação da serotonina é variada, assim como a seletividade por noradrenalina e

dopamina (GOODNICK; GOLDSTEIN, 1998). A fluoxetina é o protótipo dos fármacos

antidepressivos que inibem seletivamente a recaptura de serotonina de forma potente, o que

resulta uma potencialização da neurotransmissão serotonérgica (HARVEY; CHAMPE, 2001).

O amplo uso desse medicamento nos últimos anos tem requerido o desenvolvimento de

métodos de análise, não somente destinados para o controle de qualidade, nas preparações

farmacêuticas, mas também para fluídos biológicos.

Existem diversas metodologias analíticas para a determinação do cloridrato de

fluoxetina em produtos comerciais, tais como espectrofotometria (DARWISH, 2005), os

métodos cromatográficos (NEVADO et. al., 2006) e a cromatografia líquida de alta eficiência

(FREGONEZI-NERY, 2008)

Segundo Souza et al. (2004) a técnica de espectroscopia no infravermelho não era

muito utilizada por problemas inerentes a técnica, mas com o avanço da informática através

de programas mais sofisticados, aliado a utilização da transformada de Fourier, a técnica

atualmente é de extremo valor para análise de misturas complexas, como os medicamentos.

Por ser a espectroscopia vibracional no infravermelho uma técnica rápida de ser

executada, ter alta sensibilidade, muito segura e de baixo custo, a mesma pode ser empregada

no controle de qualidade do cloridrato de fluoxetina na indústria farmacêutica, com enorme

vantagem em comparação com outras técnicas analíticas existentes.

1.3 Controle de qualidade e estabilidade para medicamentos na indústria farmacêutica

Segundo Remington (1987), a indústria farmacêutica é de extrema importância no

fluxo da assistência à saúde, bem como no desenvolvimento e pesquisa de produtos que

contribuem de forma significativa com a saúde.

O monitoramento continuo da qualidade dos medicamentos disponíveis no Brasil, é

fundamental para se garantir segurança e efeito na farmacoterapêutica. A indústria

farmacêutica é obrigada a realizar vários testes e manter um rigoroso controle para garantir e

manter a qualidade do medicamento, sendo que essa qualidade não é apenas uma

consequência comercial, mas também lícita e moral (BRASIL, 2010; BRASIL, 1976; ZENI,

2005).

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Um medicamento é compreendido como estável quando a qualidade da formulação

consegue manter suas características físico-químicas, microbiológicas, terapêuticas e

toxicológicas (GENARO et al., 2000 apud MURAKAMI et al., 2009; VADAS, 2000 apud

MURAKAMI et al., 2009). A adulteração de um medicamento ocorre quando ele não reúne as

características de qualidade e pureza que é presumido que contenha (LACHMAN; LUCA;

AKERS, 2001).

Segundo Kohler et al., 2009 e Camargo, Sá e Nogueira (2011), quando os valores de

princípio ativo apresentados pelos medicamentos diferem dos valores esperados, pode ocorrer

falta de eficácia farmacológica devido a doses menores que as prescritas ou intoxicação

devido as doses bem maiores que as recomendadas, ocorrendo muitas vezes complicações

para manter o paciente aderido ao tratamento.

1.4 Medicamentos Referência, Genérico e Similar

Sendo considerados importantes recursos de saúde, os medicamentos visam diminuir

o sofrimento, cessar o processo patológico, nos casos de doenças agudas e curáveis, e oferecer

uma qualidade de vida saudável para as pessoas portadoras de doenças crônicas. A Política

Nacional de Medicamentos (BRASIL, 1998) entrou em vigor no ano de 1998, e tem como

suas diretrizes, promover o uso racional dos medicamentos, dando acesso à população aqueles

medicamentos considerados essenciais, bem como garantir a necessária segurança, eficácia e

qualidade dos medicamentos utilizados. Tendo a ação governamental organizada em três

eixos principais: regulação sanitária, regulação econômica e assistência farmacêutica, a qual

desenvolve ações focadas como pesquisa, desenvolvimento e produção de insumos

farmacêuticos e medicamentos, isto para oferecer acesso a medicamentos essenciais e o seu

uso racional em todas as etapas da recuperação da saúde (BRASIL, 2004; BELTRAME,

2002).

A Lei de Patentes (BRASIL, 1996) que da garantia e incentiva a Pesquisa e

Desenvolvimento (P&D), protege o produto geralmente por até 20 anos segundo Teixeira

(1997). Este período é contado desde a data de pedido de patente junto ao Instituto Nacional

de Propriedade Industrial (INPI), estando dentro deste prazo todas as fases de Pesquisa e

Desenvolvimento, restando no final menos de 10 anos para exploração comercial

propriamente dita do produto. Segundo Souza e Souza (2007), após as patentes expirarem

existe um enorme problema nas indústrias farmacêuticas: a entrada permitida de

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medicamentos genéricos e similares no mercado, tornando a concorrência acirrada e o

mercado desequilibrado.

A Lei nº 9787/99 (BRASIL, 1999) instituiu o medicamento genérico e conceituou os

diferentes tipos de medicamentos:

“Medicamento de referência – produto inovador registrado no órgão federal responsável pela vigilância sanitária e comercializado no País, cuja eficácia, segurança e qualidade foram comprovadas cientificamente junto ao órgão federal competente, por ocasião do registro; Medicamento genérico – medicamento similar a um produto de referência ou inovador, que se pretende ser com este intercambiável, geralmente produzido após a expiração ou renúncia da proteção patentária ou de outros direitos de exclusividade, comprovada a sua eficácia, segurança e qualidade, e designado pela DCB (Denominação Comum Brasileira) ou, na sua ausência pela DCI (Denominação Comum Internacional); Medicamento similar – aquele que contém o mesmo ou os mesmos princípios ativos, apresenta a mesma concentração, forma farmacêutica, via de administração, posologia e indicação terapêutica, preventiva ou diagnóstica, do medicamento de referência registrado no órgão federal responsável pela vigilância sanitária, podendo diferir somente em características relativas ao tamanho e forma do produto, prazo de validade, embalagem, rotulagem, excipientes e veículos, devendo sempre ser identificado por nome comercial ou marca” (BRASIL, 1999).

1.5 Espectroscopia vibracional no infravermelho

Tem-se o século dezenove como o princípio da espectroscopia no infravermelho com

o trabalho precursor de Frederick William Herschel. Em 1800, quando executava uma

experiência que utilizava um prisma para separação de faixas do espectro ligadas à região do

visível, Herschel percebeu que uma das cores divididas pelo prisma apresentava uma

quantidade de energia diferente, então utilizou um termômetro para acompanhar a quantidade

de energia associada a cada cor, verificou que abaixo do vermelho, onde não existia mais luz

visível, era a região onde ocorria maior temperatura (BURNS; CIURCZAK, 2001).

Por apresentar grande potencialidade na caracterização e quantificação de distintos

compostos químicos, a espectroscopia no infravermelho alcançou enorme desenvolvimento.

Devido a dificuldades operacionais no início, a técnica tinha sua utilização reduzida

basicamente para identificação e quantificação de poucas espécies químicas em casos muito

específicos (WORKMAN, 1996).

O monitoramento da qualidade e o controle da produção na indústria petroquímica,

foi a primeira aplicabilidade da espectroscopia no infravermelho, na época da segunda grande

guerra mundial. Produtos derivados do petróleo foram os principais compostos monitorados

pela técnica, e as grandes companhias químicas como, Dow, Shell e Cyanamid projetavam os

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equipamentos utilizados, os quais eram configurados somente para medir absorção na região

do infravermelho médio (COATES, 1999).

Segundo Simões (2008), a crescente aplicação da espectroscopia no infravermelho

pode beneficiar o controle da qualidade, desde a indústria farmacêutica até a petroquímica,

pois as análises realizadas com a técnica são capazes de afirmar a autenticidade, qualidade e

características do composto em estudo.

Segundo Berthomieu e Hienerwadel (2009), existe uma grande aplicabilidade da

espectroscopia no infravermelho com transformada de Fourier (FT-IR), que vai desde a

análise de moléculas menores até complexos sistemas como células e tecidos. Entre as

espectroscopias vibracionais, a do infravermelho teve uma avanço extraordinário,

principalmente devido a existência dos espectrômetros de infravermelho estarem presentes na

maioria dos laboratórios de pesquisa, sendo viável utilizar as amostras em estado sólido,

cristalino ou amorfo, soluções aquosas, solventes orgânicos, filmes, pastilhas de KBr e

membranas (MANTSCH; CHAPMAN, 1995; FORATO; BERNARDES; COLNAGO,1998;

COLNAGO, 1991).

A espectroscopia no infravermelho ocorre devido à interação da radiação, no caso

infravermelha, com a matéria, ocorre o acoplamento do campo elétrico oscilante da vibração

molecular e o da radiação incidente. No espectro eletromagnético, a faixa que corresponde a

radiação infravermelha, está situado entre o visível e microondas, onde a faixa importante

situa-se na região de 4000 a 400cm-1 (CANTOR; SHIMMEL, 1980).

Figura 3 - Absorção e emissão de radiação.

Fonte: Davidson, 2014.

Existe uma regra de seleção específica que diz que para ocorrer atividade de qualquer

modo vibracional no infravermelho, o mesmo deve ocasionar a variação do momento dipolo

elétrico da molécula, sendo assim, possibilita o seu acoplamento com o campo elétrico da

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radiação eletromagnética (SALA, 1995). Na figura 3 temos um esquema ilustrativo da

absorção e da emissão de radiação.

Para entender o momento dipolo elétrico, considera-se os átomos de uma molécula X

como partículas carregadas. Durante uma vibração molecular pode ocorrer alteração da carga

da molécula X, pois ocorreu neste caso uma mudança na geometria da molécula que poderá

interferir na redistribuição de elétrons. Considerando como exemplo a molécula de ácido

clorídrico (HCl), o átomos de cloro possuem eletronegatividade maior com excesso de carga

negativa, por outro lado o hidrogênio possui um excesso de carga positiva, por isso, a ligação

de HCl é apontado como um dipolo. Quando a luz projetar-se nesta molécula, o campo

elétrico oscilante exerce uma força sobre o átomo positivo, em um sentido e uma força em

sentido contrário sobre o átomo negativo. Se o seu dipolo sofrer mudança durante a vibração,

este modo vibracional é dito ativo no infravermelho. (COLTHUP; DALY; WIBERLEY,

1990).

A região do espectro eletromagnético que está localizada na faixa de número de

ondas entre 14290 e 200cm-1 denomina-se energia infravermelha. É denominada

infravermelho médio a que está situada na faixa entre 4000 a 400cm-1 sendo a mais utilizada

para pesquisa de compostos orgânicos, enquanto a região na faixa entre 14290 a 4000cm-1 é

chamada de infravermelho próximo, tendo recebido nos últimos tempos bastante atenção,

principalmente em relação a análises quantitativas de substâncias com matrizes complexas

(BARBOSA, 2007). A tabela 1 apresenta as regiões do espectro eletromagnético desde a

região de raio X até a de ondas de rádio.

Tabela 1: Regiões do espectro eletromagnético.

Nome da região Limites aproximados de comprimento de onda, ʎ Metros Unidade usual

Raio X 10-12 – 10-8 10-2 – 102 Å Ultravioleta afastada 10-8 – 10-7 10 – 200 nm Ultravioleta próximo 2 x 10-7 – 2 x 10-7 200 – 400 nm Visível 4 x 10-7 – 7,8 x 10-7 400 – 780 nm Infravermelho próximo 7,8 x 10-6 – 2,5 x 10-6 0,78 – 2,5 μm ou 14290 – 4000 cm-1 Infravermelho médio 2,5 x 10-6 – 5 x 10-5 2,5 – 50 μm ou 4000 – 200 cm-1 Infravermelho distante 5 x 10-5 – 10-3 50 – 1000 μm Microondas 10-3 – 1 0,1 – 100 cm Ondas de rádio 1 - 103 1 – 1000 m Fonte: Barbosa (2007).

20

A determinação do número de modos vibracionais de uma molécula é definido de

acordo com seus graus de liberdade de vibração, ou seja, uma molécula não linear (de n

átomos) tem 3n-6 graus de liberdade vibracionais, mas as moléculas lineares vão apresentar

3n-5 graus de liberdade vibracionais (CANTOR; SCHIMMEL, 1980), conforme exemplo da

figura 4.

Figura 4 - Alguns modos vibracionais da molécula de CO2.

Fonte: Larsen, 2015.

Geralmente quando analisamos átomos iguais, ligações triplas absorvem em maiores

frequências, depois as ligações duplas e a seguir as simples, devido à maior constante de força

da ligação triplas em relação às outras ligações. (BARBOSA, 2007).

A radiação eletromagnética para ser absorvida pela molécula deverá sofrer uma

mudança do seu momento dipolar durante a absorção (MADDAMS; BOWER, 1992).

A radiação infravermelha vai ocasionar alteração nos modos rotacionais e

vibracionais da molécula, enquanto a radiação na região do ultravioleta e do visível

ocasionará transição eletrônica na molécula. A região de maior importância do ponto de vista

da caracterização de compostos orgânicos situa-se no espectro da região de 4000 a 400cm-1 e

geralmente vai apresentar bandas de absorção em vez de linhas, pois para cada mudança de

nível vibracional, está associada uma série de transições rotacionais (BARBOSA, 2007).

A intensidade da absorção de radiação infravermelha por uma amostra versus a

medida do comprimento de onda e/ou do número de onda caracteriza espectro infravermelho

(FT-IR) (KONG; YU, 2007).

O espectrofotômetro (FT-IR) é composto por três componentes básicos: fonte de

radiação, interferômetro e detector, como podemos observar na figura 5. O interferômetro de

Michelson é constituído por dois espelhos (um fixo e um móvel) e um divisor de feixe (beam-

21

splitter). Cinquenta por cento da radiação incidente da fonte para o espelho móvel é

transmitido por este divisor de feixes, sendo refletido os outros cinquenta por cento para o

espelho fixo. Já os dois feixes são refletidos pelos espelhos para o divisor, onde se

recombinam. Se existir uma distância igual entre os dois espelhos e o divisor, as amplitudes

vão combinar-se construtivamente. As amplitudes irão combinar-se destrutivamente, caso o

espelho móvel mova-se a uma distância de ʎ /4 do divisor. O somatório de todas as interações

construtivas e destrutivas de cada componente, vai resultar em um sinal complexo que

denomina-se interferograma, no caso da radiação infravermelha (policromática). A

transformada de Fourier converte os dados obtidos no interferômetro em um espectro que vai

relacionar a intensidade versus número de onda (HELFER et.al., 2006).

Figura 5 - Representação esquemática de uma medida por espectroscopia por transformada de Fourier de

absorção no infravermelho.

Fonte: UNESP, 2015.

Quando ocorre a absorção da radiação infravermelha por uma molécula na região de

10000cm-1 e 100cm-1 , esta radiação promoverá uma mudança nos modos vibracionais da

molécula, alterando energia de vibração molecular, possibilitando o seu estudo sob a forma de

um espectro infravermelho de absorção (BARBOSA, 2007; SIMÕES, 2008).

Espectros de absorção infravermelho fornecem informações sobre os modos de

vibração molecular, cada modo com uma frequência característica que depende dos elementos

envolvidos. Os modos vibracionais podem ser representados por estiramento de ligações,

22

deformações angulares no plano ou fora do plano, torção das ligações em torno de um eixo e

assim por diante.

Certos grupos de átomos dão origem a bandas que ocorrem mais ou menos na mesma

frequência independentemente da estrutura da molécula embora o espectro infravermelho seja

característico da molécula como um todo. É justamente a presença dessas bandas chamadas

características de grupos que permite obter informações estruturais úteis para fazer a

caracterização (SILVERSTEIN; WEBSTER; KIEMLE, 2005).

Segundo Stevenson (1994), a região de interesse para a espectroscopia é a

compreendida entre 4000 a 400cm-1.

Entre as várias vantagens inerentes ao uso da transformada de Fourier cita-se a

obtenção do espectro em menos de um segundo (SKOOG; HOLLER; NIEMAN, 2002).

Foi desenvolvida por Mallah et al. (2011), uma técnica para determinar o antibiótico

Azitromicina via espectroscopia infravermelha com transformada de Fourier, através de

pastilhas prensadas de KBr.

Essa técnica vem sendo utilizada frequentemente como uma importante ferramenta

analítica em caracterizações qualitativas e quantitativas de diferentes compostos. Essas

análises podem ser realizadas em compostos nos mais variados estados, como: líquidos,

sólidos, semissólidos e outros (SKOOG; HOLLER; NIEMAN, 2002; SCHRADER, 1995;

BURNS; CIURCZAK, 2001).

23

2 OBJETIVOS

2.1 Objetivo Geral

Estudar amostras comerciais de medicamentos de referência, genéricos e similares,

na apresentação farmacêutica de cápsulas e comprimidos disponíveis no mercado, e que

contenham em sua composição o princípio ativo cloridrato de fluoxetina, utilizando a técnica

de espectroscopia vibracional no infravermelho com transformada de Fourier (FT-IR)

2.2 Objetivos Específicos

• Obter, analisar e interpretar espectros na região do infravermelho, de possíveis

bandas analíticas características do princípio ativo cloridrato de fluoxetina;

• Verificar se o princípio ativo das amostras sofrem degradação com o tempo;

• Estabelecer a espectroscopia vibracional no infravermelho como uma técnica

de controle de qualidade para o princípio ativo cloridrato de fluoxetina.

24

3 MATERIAIS E MÉTODOS

3.1 Local de estudo

O estudo foi realizado no Laboratório de Espectroscopia Vibracional no

Infravermelho do Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento (IP&D) da Universidade do Vale

do Paraíba (UNIVAP), na cidade de São José dos Campos – SP.

3.2 Equipamentos utilizados

Espectrofotômetro Spectrum GX FT-IR da Perkin-Elmer;

Balança analítica de precisão Mettler Toledo AG135;

Software Spectrum 5.3 da Perkin-elmer;

Software Origin 7.5;

Pastilhador Perkin-Elmer;

Pistilo de Agar;

Prensa a vácuo Tecnal TE-058;

Almofariz de Agar.

Figura 6 - Espectrofotômetro Spectrum GX FT-IR da Perkin-Elmer.

Fonte: Autor.

Na figura 6 o espectrofotômetro utilizado no estudo.

25

Figura 7 - Prensa a vácuo.

Fonte: Autor.

A figura 7 apresenta a prensa a vácuo utilizada no estudo.

3.3 Amostras utilizadas

As amostras utilizadas foram adquiridas em drogarias e/ou farmácias no RS e MG,

conforme legislação sanitária vigente e estavam dentro do prazo de validade.

3.3.1 Princípio ativo

A amostra do princípio ativo padrão do medicamento cloridrato de fluoxetina, foi

comprada segundo a legislação vigente (Portaria 344/98), utilizando-se uma RCE (receita de

controle especial) em uma farmácia de manipulação devidamente autorizada a funcionar pela

Vigilância Sanitária em Minas Gerais.

3.3.2 Medicamentos referência, genérico e similar do cloridrato de fluoxetina

Foram adquiridos conforme prevê a legislação sanitária vigente, em drogarias

autorizadas a funcionar pelos órgãos competentes nos estados de MG e RS.

26

Utilizaram-se seis amostras (1 referência, 1 genérico e 4 similares) de cloridrato de

fluoxetina todas na apresentação de 20mg de princípio ativo, as amostras foram monitoradas

através do número do lote, data de fabricação e data de validade.

3.4 Pesagem das amostras e do padrão

Foram pesadas 1,0 mg de cada uma das seis amostras e para o padrão (princípio ativo

puro) conforme tabela 2, as mesmas foram reservadas, para posterior confecção da pastilha

com KBr.

Tabela 2. Pesagem amostra e padrão

Medicamento Massa (mg) Referência 1,0 Genérico 1,0 Similar 1 1,0 Similar 2 1,0 Similar 3 1,0 Similar 4 1,0 Fluoxetina Padrão (P.A.) 1,0

Fonte: Autor

3.5 Confecção das pastilhas de KBr

As amostras pesadas e que estavam reservadas, foram misturadas com 150 mg KBr e

maceradas em almofariz de Agar individualmente. Logo após foram levadas para Prensa à

vácuo aonde foram prensadas, em seguida foi realizada as leituras dos espectros do

Espectrofotômetro Spectrum GX FT-IR da Perkin-Elmer.

27

Figura 8 - Pastilha em KBr e comparação do seu tamanho.

Fonte: Autor.

Na figura 8 observa-se a pastilha em KBr pronta e uma comparação do seu tamanho.

3.6 Obtenção dos espectros infravermelhos de fluoxetina (princípio ativo) e

Medicamento Referência.

Os espectros infravermelhos foram obtidos na faixa de 4000 a 700 cm-1, com

resolução de 4 cm-1, no modo de transmissão, com 32 varreduras a temperatura controlada de

18 a 20 oC. O espectrofotômetro utilizado foi o Spectrum GX FT-IR da Perkin-Elmer.

Para os tratamentos em transmitância, os espectros foram pré-processados com o

software Spectrum 5.2, foram realizadas correções de linha de base e suavização espectral

utilizando algoritmo Savitzky-Golay com 9 pontos. Para os tratamentos em absorbância, foi

acrescentada a normalização espectral.

A obtenção dos espectros consta de três partes:

1. Os espectros de cloridrato de fluoxetina (princípio ativo) e de referência com o

KBr foram obtidos para análise e identificação das bandas analíticas que evidencia a presença

de princípio ativo nos medicamentos comerciais.

2. Foram obtidos os espectros dos medicamentos dentro do prazo de validade e em

outro momento do estudo os espectros fora do prazo: princípio ativo (PA), dos similares (S1;

S2; S3 e S4) e do genérico (G1) com o intuito de observar a alteração da quantidade do

princípio ativo ao decorrer do tempo.

3. Foram obtidos os espectros do medicamento similar 4 (S4) durante dois anos

depois da data de validade, 8/2010 para verificar a degradação em função do tempo.

28

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Figura 9 - Fluxograma das etapas envolvidas na apresentação e discussão de resultados deste trabalho.

Fonte: Autor.

A figura 9 apresenta um fluxograma das etapas envolvidas na apresentação e

discussão de resultados deste trabalho.

4.1 Obtenção dos espectros infravermelhos de cloridrato de fluoxetina (princípio ativo) e

sua atribuição aproximada.

Os espectros de cloridrato de fluoxetina dentro do prazo foram tratados em

transmitância e em absorbância, conforme mostrados nas figuras 10 e 11 respectivamente.

A transmitância é a razão entre a intensidade da radiação transmitida por uma

amostra e a intensidade da radiação incidente e a absorbância é o logaritmo decimal do

inverso da transmitância (SILVERSTEIN; WEBSTER; KIEMLE, 2005).

29

Figura 10 - Espectro infravermelho de cloridrato de fluoxetina dentro do prazo em transmitância.

4000 3500 3000 2500 2000 1500 1000 500

10

20

30

40

50

60

Tran

smitâ

ncia

(%)

Número de onda (cm-1)

123 4

5

6

7

8

9

10

11,12

13

14,15

16

17

18

19

20

Fonte: Autor.

Na figura 10 observa-se gráfico em transmitância do espectro de cloridrato de

fluoxetina dentro do prazo de validade.

30

Figura 11 - Espectro infravermelho de cloridrato de fluoxetina dentro do prazo em absorbância.

4000 3500 3000 2500 2000 1500 1000 500

0,2

0,3

0,4

0,5

0,6

0,7

0,8

0,9

1,0

1,1

Abso

rbân

cia

Número de onda (cm-1)

Fonte: Autor.

Na figura 11 observa-se gráfico em absorbância do espectro de cloridrato de

fluoxetina dentro do prazo de validade. Um espectro no infravermelho geralmente apresenta

um grande número de bandas de absorção e para interpretação destes espectros a experiência

e o conhecimento do pesquisador são fundamentais. As condições que devem ser satisfeitas

para a sua análise quantitativa são: os espectros devem possuir uma boa resolução e

intensidade definida; a amostra em teste deve ser razovelmente pura; é necessário utilizar

padrões para calibração do espectrofotômetro para que as bandas possam ser observadas nas

frequências ou comprimentos de ondas corretas e por último é importante especificar o

método de manipulação das amostras. A atribuição vibracional para o cloridrato de fluoxetina

baseou-se nas comparações com os compostos semelhantes apresentados na literatura

(BARBOSA, 2007; SILVERSTEIN; WEBSTER; KIEMLE, 2005).

O espectro no infravermelho do cloridrato de fluoxetina foi dividido em três regiões

sendo a primeira de 4000 a 1700 cm-1, a segunda de 1700 a 1000 cm-1 e a terceira de 1000 a

500 cm-1 conforme a tabela 3. A região de 4000 a 1700 cm-1 corresponde às vibrações das

ligações N-H de aminas e C-H dos grupamentos –CH3 e –CH2 e compostos aromáticos (o

número de bandas depende do grau de substituição do anel). Encontram-se também as bandas

de intensidades fracas que são as de combinações e sobreton dos compostos aromáticos.

31

Segundo Luz (2003), os sobretons são bandas com valores de frequência correspondentes a

múltiplos inteiros daqueles das vibrações normais ou fundamentais que ocorrem na região do

infravermelho médio. Por exemplo, seja v o valor da frequência de um dado modo normal de

vibração, os sobretons vão aparecer com valores aproximados de 2v, 3v, e assim

sucessivamente.

A região de 1700 a 500 cm-1 é considerada por muitos a região de impressão digital

muito utilizada para a identificação e caracterização das estruturas moleculares.

Na região de 1700 a 1000 cm-1, encontram-se importantes modos de vibração dos

estiramentos da ligação C-C do anel, das deformações angulares no plano C-H do anel, dos

estiramentos das ligações C-O e C-F. As intensidades, o número e a posição destas bandas

dependem do padrão de substituição. As bandas das vibrações de estiramento das ligações C-

F e C-O são observadas nesta região sendo mais intensas do espectro de fluoxetina.

A região de 1000 a 500 cm-1 corresponde às vibrações das deformações angulares

fora do plano da ligação C-H e deformação do esqueleto do anel. O número de bandas e suas

intensidades dependem do número de hidrogênios adjacentes portanto algumas vezes são

utilizadas para fins de caracterização do padrão de substituição do anel.

32

Tabela 3. Número de onda e descrição aproximada do espectro de fluoxetina (princípio ativo) de acordo com Barbosa (2007)

Número de onda (cm-1) Atribuições aproximadas Região 1: 4000 a 1700 cm-1 1.2964 Estiramento assimétrico da ligação C-H dos grupos -CH3 e –CH2- 2. 2811 Estiramento simétrico da ligação C-H dos grupos -CH3 e –CH2- 3.2733 Bandas múltiplas de combinações de aminas Região 2: 1700 a 100 cm 4.1616 Estiramento da ligação C=C do anel aromático 5.1586 Estiramento da ligação C=C do anel aromático 6.1518 Estiramento da ligação C=C do anel aromático 7.1334 Estiramento da ligação C-Cl do CF3 8.1244 Estiramento da ligação C-N 10.1163 Deformação angular C-H no plano do anel aromático 11.1123 Estiramento assimétrico da ligação C-O-C formando desdobramento

por ressonância 12.1110 Estiramento assimétrico da ligação C-O-C formando desdobramento

por ressonância 13.1070 Deformação angular C-H no plano do anel aromático 14.1050 Estiramento simétrico da ligação C-O-C (desdobramento da banda de

1041 cm-1) 15.1041 Estiramento simétrico da ligação C-O-C Região 3: 1000 a 500 cm-1 16.958 Deformação angular C-H do anel fora do plano 17.840 Deformação angular C-H do anel fora do plano 18.764 Deformação angular C-H do anel fora do plano 19.700 Deformação do esqueleto do anel 20.647 Deformação do esqueleto do anel

Fonte: Autor.

33

4.2 Escolha da banda analítica e estudo de sua sensibilidade em função da quantidade

variada de princípio ativo em medicamento de referência

Comparando os espectros do cloridrato de fluoxetina (PA) e do medicamento de

referência, observou-se a presença de cinco bandas intensas:

1616 cm-1

1334 cm-1

1244 cm-1

1163 cm-1

1110 cm-1

As suas atribuições são apresentadas na tabela 3. Os contornos destas bandas alteram

muito pela superposição das bandas de excipientes.

A figura 12 mostra o espectro de medicamento de referência com bandas escolhidas

em destaque.

Figura 12 - Espectro infravermelho do medicamento referência em transmitância.

4000 3500 3000 2500 2000 1500 1000 500

10

15

20

25

30

35

Tran

smitâ

ncia

(%)

Número de onda (cm-1)

Fonte: Autor.

34

As bandas características do princípio ativo nos espectros dos medicamentos de

referência indicam a presença do princípio ativo nas amostras analisadas. Assim os espectros

indicam qualitativamente a existência do princípio ativo nas suas formulações.

Para estudar a sensibilidade das bandas escolhidas com as quantidades variadas do

medicamento de referência, foram escolhidas duas: 1334 e 1244 cm-1 que se encontram numa

região livre das bandas de excipientes. Esta escolha foi justificada pela sua localização numa

região relativamente livre de bandas intensas de excipientes e pela definição no contorno das

bandas, geralmente a superposição das bandas faz com que aumente a largura devido às

interações intermoleculares.

Para realizar a análise quantitativa, foram obtidos espectros (em absorbância) que

mostram as intensidades dessas duas bandas em função de quantidades diferentes do

medicamento de referência. Torna-se importante esta análise pois apesar de excipientes serem

farmacologicamente inativos usados como coadjuvantes na formulação, os espectros podem

mostrar a diferença principalmente em intensidade.

As intensidades integradas ou áreas foram calculadas nos intervalos de 1349 a 1284

cm-1 para a banda de 1334 cm-1 e 1284 a 1218 cm-1 para a banda de 1244 cm-1.

A tabela 4 e as figuras 12 e 13 mostram que as áreas destas duas bandas aumentam

com o aumento de medicamento de referência. Percebe-se também que as áreas apresentam

coeficiente de correlação com valores bem próximos a 1, comprovando a linearidade da

curva.

Tabela 4. Intensidades integradas (áreas) das bandas de 1334 cm-1 e 1244 cm-1 em função das quantidades variadas do medicamento referência. Med. Referência/KBr (mg/mg) 1334 cm-1 1244 cm-1

0,6/150 12,982 14,248 0,9/150 14,680 15,527 1,2/150 16,020 16,518 1,5/150 17,862 17,163 1,8/150 20,367 21,610 Coeficiente de correlação, r r2=0,9934 r2=0,9254 Fonte: Autor.

A equação da reta ajustada para a banda de 1334 cm-1 do medicamento de referência

foi de y = 9,20 + 5,98 X com r2 = 0,9934 e para a de 1244 cm-1 foi de y = 10,47 + 5,45 X com

r2 = 0,9254.

35

Apesar de duas bandas analisadas apresentarem os valores de coeficiente linear

próximo a 1, a de 1334 cm-1 foi escolhida como banda marcadora referente ao modo

vibracional do estiramento da ligação C-F pela sua maior intensidade na região central do

espectro e pelo melhor ajuste de curvas mostrado nas figuras 13 e 14.

Figura 13 - Gráfico de Área da banda em 1334 cm-1 x quantidade de medicamento referência.

0,6 0,8 1,0 1,2 1,4 1,6 1,812

13

14

15

16

17

18

19

20

21

Área

Quantidade de medicamento (mg)

Banda: 1334 cm-1

r2=0,9934

Fonte: Autor.

36

Figura 14 - Gráfico de Área da banda em 1244 cm-1 x quantidade medicamento referência.

0,6 0,8 1,0 1,2 1,4 1,6 1,8

14

15

16

17

18

19

20

21

22

Área

Quantidade de medicamento (mg)

Banda: 1244 cm-1

r2 = 0,9254

Fonte: Autor.

Para uma interpretação melhor da proporcionalidade entre as intensidades integradas

da banda escolhida e a quantidade do medicamento de referência, obteve-se a figura 15 em

que é mostrada uma comparação dos espectros das diferentes quantidades de medicamentos

de referência.

A intensidade integrada ou área de uma banda de absorção é proporcional à

quantidade de componente que a produziu, portanto a quantidade de um composto presente

numa amostra pode ser estimada através da curva de calibração (STUART, 2004).

37

Figura 15 - Correlação entre a área de banda de 1334 cm-1 nas diferentes quantidades de cloridrato de fluoxetina no medicamento referência.

1360 1350 1340 1330 1320 1310 1300 1290

0,0

0,5

1,0Ab

sorb

ância

Número de onda (cm-1)

0,6 mg 0,9 mg 1,2 mg 1,5 mg 1,8 mg

Fonte: Autor.

Na figura 15 observamos a correlação existente entre a área de banda de 1334 cm-1

nas diferentes quantidades de cloridrato de fluoxetina (medicamento referência) utilizadas no

estudo.

4.3 Cálculo da área da banda de 1334 cm-1 em medicamentos comerciais e Fluoxetina

dentro e fora do prazo da validade.

A tabela 5 demonstra as áreas calculadas para o medicamento genérico, similares e

princípio ativo utilizados no estudo. Inicialmente, os espectros foram obtidos em 2009

quando os medicamentos encontravam-se dentro do prazo de validade e posteriormente em

2014 realizadas novas medições com obtenção de novas pastilhas quando os medicamentos já

estavam vencidos.

38

Tabela 5. Áreas calculadas da banda em 1334 cm-1 nos medicamentos comerciais e princípio ativo.

Medicamento Data Validade Espectro obtido com

medicamento no prazo validade 2009

Espectro obtido com medicamento vencido

2014

MS1 05/2012 35,8525 31,2142 MS2 06/2011 32,8859 31,5687 MS3 04/2011 28,6788 26,4286 MS4 08/2010 38,4776 34,8854 PA 02/2011 26,8528 23,9877 MG1 09/2011 33,0209 28,5036 Fonte: Autor.

Legenda: MS1 Medicamento Similar 1 MS2 Medicamento Similar 2 MS3 Medicamento Similar 3 MS4 Medicamento Similar 4 PA Princípio Ativo MG1 Medicamento Genérico

A tabela 5 apresenta as áreas calculadas da banda em 1334 cm-1 nos medicamentos

similares, genérico e no princípio ativo. Para uma melhor observação e visualização dos dados

da tabela 5, os valores das áreas estão demonstrados na figura 16.

39

Figura 16 - Áreas da banda em 1334 cm-1 nos medicamentos comerciais e princípio ativo.

1 2 3 4 5 60

5

10

15

20

25

30

35

40Ár

eas

Medicamentos

noprazo vencido

Fonte: Autor.

Na figura 16 comparação das áreas da banda em 1334 cm-1 nos medicamentos

comerciais e princípio ativo dentro e fora do prazo de validade.

Legenda 1. MS1 Medicamento Similar 1 2. MS2 Medicamento Similar 2 3. MS3 Medicamento Similar 3 4. MS4 Medicamento Similar 4 5. PA Princípio Ativo 6. MG1 Medicamento Genérico

Os espectros resultantes das medidas realizadas de medicamentos similares, padrão

(princípio ativo) e do genérico podem ser observadas nas figuras 17, 18, 19, 20, 21 e 22.

As variações das intensidades das bandas analisadas em transmitância são ilustradas

nas figuras.

40

Figura 17 - Espectros do medicamento similar 1 (MS1) no prazo e vencido.

4000 3500 3000 2500 2000 1500 1000 500

Tran

smitâ

ncia

Número de onda (cm-1)

noprazo vencido

Fonte: Autor.

Na figura 17 observa-se gráfico em transmitância do espectro do medicamento

similar 1 (MS1) de cloridrato de fluoxetina dentro e fora do prazo de validade.

41

Figura 18 - Espectros do medicamento similar 2 (MS2) no prazo e vencido.

4000 3500 3000 2500 2000 1500 1000 500

Tran

smitâ

ncia

Número de onda (cm-1)

noprazo vencido

Fonte: Autor.

Na figura 18 observa-se gráfico em transmitância do espectro do medicamento

similar 2 (MS2) de cloridrato de fluoxetina dentro e fora do prazo de validade.

42

Figura 19 - Espectros do medicamento similar 3 (MS3) no prazo e vencido.

4000 3500 3000 2500 2000 1500 1000 500

Tran

smitâ

ncia

Número de onda (cm-1)

noprazo vencido

Fonte: Autor.

Na figura 19 observa-se gráfico em transmitância do espectro do medicamento

similar 3 (MS3) de cloridrato de fluoxetina dentro e fora do prazo de validade.

43

Figura 20 - Espectros do medicamento similar 4 (MS4) no prazo e vencido.

4000 3500 3000 2500 2000 1500 1000 500

Tran

smitâ

ncia

Número de onda (cm-1)

noprazo vencido

Fonte: Autor.

Na figura 20 observa-se gráfico em transmitância do espectro do medicamento

similar 4 (MS4) de cloridrato de fluoxetina dentro e fora do prazo de validade.

44

Figura 21 - Espectros do padrão (princípio ativo, PA) no prazo e vencido.

4000 3500 3000 2500 2000 1500 1000 500-30

-20

-10

0

10

20

30

40

50

60Tr

ansm

itânc

ia

Número de onda (cm-1)

noprazo vencido

Fonte: Autor.

Na figura 21 observa-se gráfico em transmitância do espectro do princípio ativo (PA)

de cloridrato de fluoxetina dentro e fora do prazo de validade.

Figura 22 - Espectros do medicamento genérico (MG1) no prazo e vencido.

4000 3500 3000 2500 2000 1500 1000 500

Tran

smitâ

ncia

Número de onda (cm-1)

no prazo vencido

Fonte: Autor.

45

Na figura 22 observa-se gráfico em transmitância do espectro do medicamento

genérico (MG1) de cloridrato de fluoxetina dentro e fora do prazo de validade.

Para o cálculo de porcentagem de possível degradação com o tempo, considerou-se a

área da banda em 1334 cm-1 do medicamento dentro do prazo como 100 % e foi aplicada

uma regra de três simples, para obter a redução do valor da área no medicamento vencido. Os

resultados são apresentados na tabela 6.

Tabela 6. A porcentagem da redução dos valores da área da banda em 1334 cm-1 nos medicamentos comerciais e princípio ativo.

Datas de obtenção dos

espectros de medicamentos

Medicamentos No prazo Fora do prazo Data de

validade

Porcentagem de

redução (%)

MS1 02/2010 03/2014 05/2012 12,4

MS2 11/2009 03/2014 06/2011 4,0

MS3 10/2009 03/2014 04/2011 7,9

MS4 11/2009 03/2014 08/2010 9,3

PA 11/2009 04/2014 02/2011 10,7

MG1 11/2009 03/2014 09/2011 13,7 Fonte: Autor.

A tabela 6 apresenta a porcentagem de redução dos valores da área da banda em1334

cm-1 nos medicamentos similares, genérico e no princípio ativo com o passar do tempo. Com

os resultados mostrados na tabela 6 e na figura 16, foi possível afirmar que os lotes dos

medicamentos genérico, similares e princípio ativo analisados neste trabalho apresentaram

uma redução na intensidade da banda em 1334 cm-1 que representa a vibração da ligação C-F.

A quantidade da luz transmitida numa amostra é proporcional a quantidade da amostra

(STUART, 1997), pode-se sugerir a degradação dos medicamentos com o decorrer do tempo.

Entretanto, situações de interação dos modos vibracionais entre o princípio ativo e os

excipientes podem produzir superposição de vários componentes alterando seus espectros o

que pode justificar a porcentagem variada de redução em medicamentos analisados.

46

4.4 Acompanhamento mensal do espectro de medicamento similar 4 (MS4) durante 2

anos após o prazo de validade

Foi selecionado o medicamento similar 4, por ser o primeiro a ter o seu prazo de

validade expirado para realizar um acompanhamento durante vários meses (20 medições).

Abaixo apresenta-se a tabela com as variações das áreas de bandas em 1334 cm-1 em função

de tempo.

Tabela 7. Acompanhamento ao longo dos meses do medicamento similar 4 (MS4).

Numeração Data de obtenção dos espectros Área 1 31/08/10 38,5858 2 30/09/10 38,5851 3 29/10/10 38,4376 4 30/11/10 38,5892 5 29/12/10 38,6283 6 31/01/11 38,4831 7 - - 8 31/03/11 38,0552 9 29/04/11 37,1756 10 31/05/11 37,7506 11 30/06/11 37,6491 12 29/07/11 37,5342 13 31/08/11 37,8349 14 27/09/11 37,0253 15 25/10/11 37,4231 16 - - 17 - - 18 25/01/12 37,2552 19 28/02/12 36,7564 20 30/03/12 36,3897 21 - - 22 - - 23 30/06/12 35,3168 24 31/07/12 35,0879 25 31/08/12 34,7828

Fonte: Autor.

Na tabela 7 está apresentado as medições do medicamento similar 4 (MS4) durante

vários meses e os respectivos espectros com as 20 medições são apresentados na figura 23.

Os três espectros apresentados na figura 24 mostram a variação que ocorre durante o ano.

47

Figura 23 - Superposição de 20 espectros do medicamento similar 4 (MS4).

4000 3500 3000 2500 2000 1500 1000 500

5

10

15

20

25

30

35

40

Tran

smitâ

ncia

(%)

Número de onda (cm-1)

Fonte: Autor.

48

Figura 24 - Espectros obtidos em 31/08/2010 (a), 31/08/2011 (b) e 31/08/2012 (c), do medicamento similar 4 (MS4).

4000 3500 3000 2500 2000 1500 1000 500

Número de onda (cm-1)

(a)

(b)

(c)

Fonte: Autor.

Figura 25 - Acompanhamento mensal do medicamento similar 4 (MS4).

0 5 10 15 20 25

34,5

35,0

35,5

36,0

36,5

37,0

37,5

38,0

38,5

39,0

Área

Medições

Acompanhamento mensal - MS4

Fonte: Autor.

49

Na figura 25 está representado as medições do medicamento similar 4 (MS4) ao

longo de vários meses .

A equação da reta ajustada para a banda de 1334 cm-1 do medicamento similar 4

(MS4) foi de y = 39,1 – 0,14 X com R = -0,9366 onde R representa coeficiente de

determinação que é R = r2. O sinal negativo significa que a área da banda em 1334 cm-1

diminui com o decorrer do tempo e o seu coeficiente de correlação, r, é ainda muito próximo a

1, significando forte linearidade.

Os resultados do trabalho são claros quanto a degradação do medicamento com o

passar do tempo, essa degradação se ocorresse dentro do prazo de validade, o paciente na

maioria das vezes não perceberia, o que comprometeria significativamente o tratamento

farmacoterapêutico prescrito, causando danos muitas vezes irreversíveis ao paciente. Nota-se

no estudo uma degradação progressiva do medicamento a partir da perda da validade tanto no

princípio ativo, como nos medicamentos similares, genérico e de referência. Sendo eles

desenvolvidos e produzidos para gerar benefícios aos pacientes, mas por outro lado podendo

causar graves danos à saúde se produzidos, transportados, armazenados ou utilizados de

forma inadequada como os medicamentos vencidos. O processo de degradação pode gerar a

ineficiência farmacológica comprometendo todo o tratamento preconizado, e até mesmo

desencadear eventos adversos nos pacientes, muitas vezes representando um risco potencial à

saúde.

50

5 CONCLUSÃO

Conclui-se com o estudo que os medicamentos com o passar do tempo sofrem

degradação na sua estrutura por vários fatores e que esta, é nitidamente visualizada nos

espectros através da diminuição das bandas marcadoras, no caso deste estudo ficou

evidenciada a banda em 1334cm-1.

O estudo foi realizado com a Fluoxetina devido ao grande uso mundial não racional

deste antidepressivo. Nota-se claramente que quanto maior a quantidade do princípio ativo

presente no medicamento, maior será a área da banda absorvida no FT-IR, mostrando uma

relação direta entre quantidade de PA e absorção no espectro. As bandas características do

cloridrato de fluoxetina foram identificadas nos espectros dos medicamentos comerciais e no

princípio ativo.

É possível comprovar a viabilidade de utilização da técnica de espectroscopia

infravermelha através de cálculos de áreas de banda para a análise qualitativa e pode-se

afirmar que ela apresenta potencial para ser utilizada na quantificação do princípio ativo nos

medicamentos comerciais. Assim a técnica de espectroscopia infravermelha com

transformada de Fourier pode ser de grande interesse e bastante útil no controle de qualidade

de medicamentos, por se tratar de uma técnica simples, rápida e de baixo custo, gerando

resultados precisos.

Como trabalhos futuros, sugere-se um estudo envolvendo outras classes de

antidepressivos que não os inibidores seletivos da recaptação da serotonina.

51

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