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UNIVERSIDADE DO VALE DO RIO DOS SINOS - UNISINOS CIÊNCIAS ECONÔMICAS CURSO DE ADMINISTRAÇÃO COM HABILITAÇÃO EM COMÉRCIO EXTERIOR FELIPE JUSTO STAHL O PROCESSO DE LOGISTICA REVERSA NA EXPORTAÇÃO DE CABEÇOTES DA INTERNATIONAL ENGINES SOUTH AMERICA São Leopoldo 2007

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UNIVERSIDADE DO VALE DO RIO DOS SINOS - UNISINOS

CIÊNCIAS ECONÔMICAS CURSO DE ADMINISTRAÇÃO COM HABILITAÇÃO EM COMÉRCIO EXTERIOR

FELIPE JUSTO STAHL

O PROCESSO DE LOGISTICA REVERSA NA EXPORTAÇÃO DE CABEÇOTES DA INTERNATIONAL ENGINES SOUTH AMERICA

São Leopoldo 2007

FELIPE JUSTO STAHL

O PROCESSO DE LOGISTICA REVERSA NA EXPORTAÇÃO DE CABEÇOTES DA INTERNATIONAL ENGINES SOUTH AMERICA

Trabalho de conclusão de curso apresentado como requisito parcial para a obtenção do título de bacharel em Administração de Empresas com habilitação em Comércio Exterior pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos – UNISINOS.

Orientador: Prof. Dr. Carlos A. Diehl

São Leopoldo 2007

DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho inteiramente à minha família e

principalmente aos meus pais Léo e Claudia.

AGRADECIMENTOS

Agradeço a International Engines South America pela receptividade e

colaboração em me permitir realizar este trabalho nesta empresa excepcional,

em especial ao Pietro Salaverry, Genara Rocha, Lia Gregory e Sr. Carlos

Panitz.

Ao Diogo Adlmeier pela sua cooperação e esclarecimentos.

Ao Alexandre Usevicius, ex-chefe e grande amigo, pela sua paciência

indispensável que me foi proporcionado durante o período de trabalho.

Ao Prof. Dr. Carlos Diehl pela orientação e por compartilhar o seu vasto

conhecimento.

Aos meus queridos tios Cleo e Cristina e as primas Carol e Beta por fazerem

parte da minha vida e estarem sempre presentes.

Aos meus amigos que de alguma forma manifestaram seu apoio.

EPÍGRAFE

“Reze como se tudo dependesse de Deus e trabalhe como se tudo dependesse de você”.

Cardeal Shellman

RESUMO

A presente monografia pretende analisar o processo de logística reversa na exportação de cabeçotes de motores na empresa International Engines South America. A Empresa utiliza um novo conceito de embalagens plásticas retornáveis para o envio ao mercado americano e posterior retorno ao ciclo produtivo e tem aplicado, conjuntamente, uma abordagem vinculada às competências do gerenciamento da cadeia de abastecimento no que diz respeito a estratégias de embalagem, transporte, estoque e localização. Foi realizada uma pesquisa qualitativa através de um estudo de caso e buscou-se examinar os principais aspectos do projeto exportação relacionada às causas originárias de um canal logístico reverso com a embalagem e a operação. Para alcançar esta proposta, foi realizada uma exploração intensa de documentos internos e externos adquiridos durante o período da pesquisa, foram feitas entrevistas em profundidade semi-estruturadas e utilizou-se da observação direta não participante. Os resultados da pesquisa demonstram que a International Engines está inserida no campo de atuação da logística reversa e apontam ganhos obtidos através da visão estratégica de sua rede de operações.

Palavras-chave: logística reversa, embalagem, cadeia de abastecimento.

Período: 2007/1.

LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Logística em Números. .............................................................................23

Figura 2: Estrutura da Eficiência no Transporte. ......................................................24

Figura 3: O Papel da Informação na Cadeia de Abastecimento...............................29

Figura 4: Caixa Para Transporte Pesado em Madeira. ............................................37

Figura 5: Gráfico Sobre Papelão Ondulado – Expedição em Milhões de Toneladas............................................................................................................................38

Figura 6: Caixa Normal de Papelão. ........................................................................38

Figura 7: O Processo Completo de Reciclagem do Alumínio. ..................................40

Figura 8: Gráfico Sobre Segmentação do Mercado do Plástico no Brasil ................42

Figura 9: Caixas Plásticas Retornáveis. ...................................................................42

Figura 10: Principais Aspectos Relacionados a Embalagem de Distribuição...........44

Figura 11: Pallets de Madeira...................................................................................47

Figura 12: Representação Esquemática dos Processos Logísticos Direto e Reverso.............................................................................................................................50

Figura 13: Foco de Atuação da Logística Reversa de Bens de Pós-Consumo. .......52

Figura 14: Principais Clientes...................................................................................69

Figura 15: Motor NGD 9.3E......................................................................................69

Figura 16: Volume de Cabeçotes Exportados em Unidades....................................70

Figura 17: Embalagem Retornável...........................................................................74

Figura 18: Sistema de Travamento da Embalagem. ................................................76

Figura 19: Fluxo das Embalagens Retornáveis........................................................77

Figura 20: Representação Logística Internacional Direta e Reversa da Empresa. ..83

Figura 21: Elementos-Chave de Apoio Logístico ao Processo de Logística Reversa.............................................................................................................................87

Figura 22: Performance de Entrega. ........................................................................91

LISTA DE QUADROS

Quadro 1: Comparação entre Prestador de Serviço Tradicional e Operador Logístico Integrado. ...............................................................Erro! Indicador não definido.

Quadro 2: A Logística reversa na Prática................................................................56

Quadro 3: Motivos estratégicos para as empresas operarem os canais reversos. ..57

Quadro 4: Sistema de coleta de dados. ...................................................................61

Quadro 5: Duração média das etapas do processo de logística reversa. ................79

Quadro 6: Sistema VMI de controle de estoque, (Posição em 16.04.2007).............80

Quadro 7: Vantagens apresentadas pelo uso da logística reversa. .........................85

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................10 1.1 DELIMITAÇÃO DO TEMA...................................................................................12 1.2 DEFINIÇÃO DO PROBLEMA..............................................................................12 1.3 OBJETIVOS ........................................................................................................13 1.3.1 Objetivo geral .................................................................................................14 1.3.2 Objetivos específicos.....................................................................................14 1.4 JUSTIFICATIVA ..................................................................................................14

2 LOGÍSTICA EMPRESARIAL.................................................................................16 2.1 LOGÍSTICA .........................................................................................................16 2.1.1 A evolução da logística..................................................................................17 2.2 GESTÃO DA CADEIA DE ABASTECIMENTO....................................................20 2.2.1 Distribuição física...........................................................................................21 2.2.2 Transporte.......................................................................................................22 2.2.3 Armazenagem.................................................................................................25 2.2.4 Estoque ...........................................................................................................26 2.2.5 Informação......................................................................................................28 2.2.6 Terceirização ..................................................................................................30 2.3 EMBALAGEM......................................................................................................33 2.3.1 Embalagem para proteção.............................................................................35 2.3.2 Embalagem para distribuição .......................................................................43 2.4 LOGÍSTICA REVERSA .......................................................................................48 2.4.1 Logística reversa de bens de pós-consumo................................................51 2.4.2 Canais de distribuição de bens de pós-consumo .......................................53 2.4.3 Logística reversa e suas competências .......................................................54

3 MÉTODO E PROCEDIMENTOS............................................................................59 3.1 DELINEAMENTO DA PESQUISA.......................................................................59 3.2 DEFINIÇÃO DA UNIDADE DE ANÁLISE............................................................60 3.3 COLETA DE DADOS ..........................................................................................61 3.4 ANÁLISE DE DADOS..........................................................................................62 3.5 LIMITAÇÕES E DIFICULDADES ........................................................................63

4 ESTUDO DE CASO ...............................................................................................65 4.1 INTERNATIONAL ENGINES SOUTH AMERICA................................................65 4.1.1 Princípios de Gestão......................................................................................66 4.1.2 Recursos humanos ........................................................................................67 4.1.3 Meio ambiente ................................................................................................67 4.1.4 Principais Clientes .........................................................................................68 4.1.5 Produtos..........................................................................................................69 4.2 PROJETO EXPORTAÇÃO: LOGÍSTICA REVERSA ..........................................70 4.2.1 Embalagens Retornáveis...............................................................................71 4.2.2 A Operação .....................................................................................................77

5 ANÁLISE DOS DADOS.........................................................................................84

9

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................................93

7 CONCLUSÃO ........................................................................................................95

REFERÊNCIAS.........................................................................................................97

APÊNDICE A – QUESTÕES DE ENTREVISTA.....................................................101

APÊNDICE B – TÓPICOS GUIAS PARA ENTREVISTA .......................................103

APÊNDICE C – LISTA DE DOCUMENTOS ...........................................................105

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1 INTRODUÇÃO

Nos últimos tempos, os assuntos relacionados à logística têm avançado de

maneira significativa na gestão de suas operações, de forma a redimensionar novos

conceitos na ordem global empresarial. A logística nunca antes desempenhou papel

tão importante nas organizações e vem apresentando uma evolução constante,

sendo hoje um dos elementos chave na estratégia competitiva das empresas.

As mudanças econômicas e tecnológicas criaram novas exigências obrigando

as empresas a se adaptarem a essa nova realidade. O crescente número de clientes

e fornecedores, o aumento das distâncias a serem percorridas e a abrangência

operacional, envolvendo legislação, cultura, e modais de transporte, tudo isso reflete

em maiores custos e aumento da complexidade logística.

A preocupação com estes problemas remete as empresas a desenvolverem

novas considerações logísticas no projeto de seus produtos. As características

destes produtos geralmente moldam a estratégia necessária para deixar os mesmos

disponíveis ao cliente. Essa análise não requer somente o estudo de suas

características, dos meios de produção e de entrega ao cliente final, como a

necessidade de gerenciar os fluxos reversos, onde a ênfase é a reutilização,

reembalagem, renovação ou disponibilização de artigos usados.

Com o objetivo de obter vantagem competitiva, muitas empresas procuram

novos conceitos na busca de melhorias, aumento de produtividade, maior eficiência,

redução de custo e até mesmo a preocupação com normas ambientais, de forma

que sua atividade não tenha impacto algum em agressões aos recursos naturais.

No intuito de atender a essas questões, o seguinte trabalho apresentará como

o processo de logística reversa foi desenvolvido pela empresa International Engines

South America através de seu novo conceito de embalagens retornáveis. Iniciado

em dezembro de 2003 na planta de Canoas (RS), estas embalagens são usadas

para acondicionar os cabeçotes exportados para os Estados Unidos. A logística

reversa, por sua vez, é a área da logística que trata dos aspectos de retorno de

produtos, embalagens ou materiais ao ciclo do negócio ou ao ciclo produtivo inicial.

(LEITE, 2003).

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Para se ter idéia da crescente importância que representam os fluxos

reversos, tanto do ponto de vista estratégico como do ponto de vista econômico,

para alguns setores empresariais, estima-se que atinjam cerca de 35 bilhões de

dólares anuais nos Estados Unidos, ou seja, cerca de 0,5% do Produto Nacional

Bruto (PNB) do país. Levando em consideração que as preocupações com esses

canais reversos são relativamente recentes, mesmo nesse país, pode-se avaliar que

se trata de um valor econômico representativo (ROGERS; TIBBEN-LEMBKE, 1999).

Dessa maneira, por ser uma atividade que ocupa hoje um espaço importante

na operação logística das empresas, quer pelo seu potencial econômico, quer pela

sua importância para a preservação de recursos e do meio ambiente, será

examinado os exatos conceitos por trás do termo e todas as atividades que o

envolvem inclusive uma análise sistematizada e metodológica.

Sendo assim, o trabalho estrutura-se da seguinte maneira:

O primeiro capítulo apresenta a definição do problema, os objetivos propostos

do trabalho e a justificativa de tal estudo.

No capítulo seguinte, consta o referencial bibliográfico introduzindo a logística

empresarial e sua evolução ao longo do tempo, onde o enfoque teórico mais

específico embasa a busca de soluções à problemática definida no projeto. São

fundamentados os conceitos da cadeia de abastecimento e embalagem. Por fim, a

logística reversa e suas competências.

No capítulo 3, é abordada a metodologia da pesquisa científica, a qual visa

proporcionar maior familiaridade com o delineamento do trabalho, as técnicas para a

sua execução efetiva e a construção das hipóteses. Este capítulo assume, em geral,

as formas que permitiram o entendimento ao propósito do estudo.

No capítulo 4, é feita a apresentação da empresa-alvo e a descrição do seu

processo de logística reversa e, posteriormente, no capítulo 5, os resultados

identificados são analisados.

Finalmente, o encerramento do trabalho se dará com as considerações finais

e a conclusão.

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1.1 DELIMITAÇÃO DO TEMA

Este trabalho destina-se ao estudo da logística reversa na empresa

International Engines, a qual desenvolveu um novo conceito de embalagens

retornáveis para a exportação de cabeçotes à sua matriz em Chicago, nos Estados

Unidos. Tal processo, criado a partir da necessidade da elaboração de estratégias

para reduzir custos, não se restringe somente à questão financeira, mas também

inclui maior comprometimento com qualidade, normas ambientais e comodidade ao

cliente.

Será apresentada, também, a nova embalagem, fabricada especialmente

para este processo ser implementado a partir do sistema vaccum forming,

substituindo os modelos de madeira e papelão anteriormente utilizados, sem

reaproveitamento, e que possibilitou diversas vantagens para a viabilidade do alto

volume e a regularidade dos envios ao mercado americano.

1.2 DEFINIÇÃO DO PROBLEMA

O mapa logístico da International Engines South America no Brasil passou,

nos últimos anos, por um processo de mudanças. A partir de 2004, a empresa

iniciou um novo ciclo de exportações. Desta vez, a Empresa teve a oportunidade de

exportar cabeçotes de motores e abastecer diretamente a planta de Melrose Park

em Chicago nos Estados Unidos. Agora a empresa exporta um produto exclusivo

com características até então inovadoras, uma vez que todas suas faces são

usinadas e não há aplicação de óleo protetivo.

Manter volume de exportação é um dos grandes desafios para qualquer

empresa. Muitas delas são estimuladas a produzir uma série de produtos no país

frente aos avanços da globalização e se posicionado como fonte de suprimento

global para diversos mercados ao redor do mundo.

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No entanto, para a inserção ao mercado externo, as empresas devem estar

atentas para os diversos grupos de regulamentações legais quanto à disposição final

de produtos. Alguns países possuem legislações específicas incentivando o uso de

produtos fabricados com materiais reciclados e outros, ainda, adotam a

obrigatoriedade do equilíbrio de produção e reciclagem.

Cada vez mais rigorosas quanto ao descarte de embalagens e inservíveis, as

leis internacionais fazem com que as empresas tenham de desenvolver estratégias

reversas que dêem destinação adequada para as embalagens, insumos e até

mesmo parte de seus produtos (LEITE, 2003).

Esta realidade foi verificada pela International Engines South America. Em

muitos países estrangeiros, as preocupações com o meio ambiente são

indispensáveis, sendo muitas vezes utilizadas como pré-requisito para uma empresa

ingressar neste mercado, obrigando à adoção de medidas que contemplem tais

preocupações, principalmente sob a visão da logística reversa e com relação aos

aspectos que podem vir a modificar suas cadeias de abastecimento.

A gestão logística reversa surge então como proposta voltada a desenvolver

um modelo de gestão limpa e eficiente atendendo as necessidades de clientes

exigentes e respondendo as pressões sociais. O descarte de embalagem, associado

ao respeito ambiental, pode ser também expandido através da implementação de

uma deliberada política de imagem corporativa visando favorecer o reforço de marca

e proporcionando ganhos em termos de competitividade e responsabilidade social.

Para essa pesquisa, então, propõe-se esclarecer a seguinte pergunta: Como

um processo de logística reversa pode contribuir para uma empresa em um projeto

de exportação?

1.3 OBJETIVOS

Com base no contexto anterior, são definidos os objetivos do projeto de

pesquisa.

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1.3.1 Objetivo geral

Analisar o processo de logística reversa na exportação de motores através de

embalagens retornáveis da empresa International Engines.

1.3.2 Objetivos específicos

- Descrever o processo logístico reverso na exportação de cabeçotes;

- Identificar os aspectos logísticos (atividades-chave) necessários e

relacionados à operação da logística reversa;

- Identificar os aspectos relacionados com embalagens retornáveis;

- Analisar os resultados alcançados.

1.4 JUSTIFICATIVA

A proposta de estudo do processo de logística reversa é justificada como

importante, tendo em vista que, para empresas que já dominam os seus canais de

distribuição diretos, podem obter novas vantagens competitivas, utilizando os canais

de distribuição reversos. O que as empresas enviam para o mercado pode voltar sob

a forma de embalagens, produtos ou mesmo informações, aumentando lucratividade

e gerando mais oportunidades de negócio (LEITE, 2003).

A logística reversa é um valioso instrumento para redução dos custos

mercadológicos e melhora da imagem corporativa. Segundo Leite (2003), trata-se de

um novo conceito logístico capaz de promover maior competitividade empresarial na

medida que proporciona às empresas um sistema de apoio à gestão dos fluxos dos

materiais e um maior comprometimento aos recursos no planejamento das cadeias

de abastecimento.

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Além disso, a logística reversa hoje vem ocupando um espaço importante na

operação logística das empresas no que diz respeito a sua importância para a

preservação de recursos e do meio ambiente e o seu impacto na sociedade em

geral.

Notáveis mudanças nas políticas ambientais governamentais e outros fatores

de pressão nos dias atuais têm exigido das empresas consideráveis reavaliações

quanto suas operações, impulsionado-as a uma crescente sensibilidade ecológica

na preservação dos recursos naturais (LEITE, 2003).

Da mesma forma, quando surgem oportunidades, como a de uma operação

logística reversa, visando proporcionar economias nos custos quanto à operação e

embalagem, é de fundamental importância que existam estudos que possibilitem um

maior conhecimento do assunto, para que outras empresas possam ter acesso.

Desse modo, faz-se também oportuna à proposta do projeto de pesquisa,

uma vez que não se possui o conhecimento exato do conceito por trás do termo e

das atividades que o envolvem. Seu assunto é pouco explorado e de conhecimento

restrito em um ambiente internacional.

Finalmente, podemos justificar o projeto de pesquisa viável, considerando que

há o acesso às fontes das informações, imprescindível para que existissem

condições propícias para sua realização no processo investigatório dentro da

empresa e não há custos significativos.

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2 LOGÍSTICA EMPRESARIAL

2.1 LOGÍSTICA

A logística é parte importante do programa estratégico da empresa e uma

fonte de vantagem competitiva. A concepção de logística relaciona o movimento dos

produtos das organizações e a administração dos fluxos com o objetivo de entregar

as mercadorias certas, na quantia certa, no local e no momento certo. (BALLOU,

1995).

A evolução conjunta do pensamento administrativo com as formas de prover

aos clientes o que desejam deforma otimizada é a parte essencial dos negócios.

Focar o controle e a coordenação coletiva das atividades logísticas é o que gera

ganhos substanciais, transformando esta atividade de importância vital para todas as

organizações.

Segundo Ballou (2005), logística é o processo de planejamento,

implementação e controle do fluxo eficiente e economicamente eficaz de matérias-

primas, estoque em processo, produtos acabados e informações relativas desde o

ponto de origem até o ponto de consumo, com o propósito de atender às exigências

dos clientes.

Bowersox (1996), por sua vez, diz que o objetivo da logística é tornar

disponíveis produtos e serviços no local onde são necessários, no momento em que

são desejados. Sendo que a logística envolve a integração de informações,

transporte, estoque, armazenamento, manuseio de materiais e embalagem.

Ainda, pela definição clássica do Council of Logistics Management, Logística

é:

O processo de planejamento, implementação e controle de fluxo e armazenagem eficientes e de baixo custo de matéria-prima, estoques em processo, produto acabado e informações relacionadas, desde o ponto de origem até o ponto de consumo, com o objetivo de atender aos requisitos do cliente.

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A logística é condição vital para a economia empresarial e fator-chave para o

incremento ao comércio internacional. Sua nova ordem de prover níveis de serviços

desejáveis absorvendo custos a porções significativas determinará se a empresa

será competitiva.

2.1.1 A evolução da logística

Anos atrás, a atividade logística nem sempre foi reconhecida pelo seu alto

potencial administrativo encontrado nos dias de hoje. Isto significa que as atividades

de transporte, armazenagem e estoque existiam, porém não havia a prática moderna

aplicada para guiar os passos e configurar os novos padrões mundiais de

excelência.

Conforme Ballou (1995), até cerca de 1950, as atividades-chave em logística

eram descentralizadas e pouco exploradas. Ou seja, não havia responsabilidade

central com os objetivos da empresa, gerando conflitos de comando freqüentes entre

departamentos distintos. As empresas executavam normalmente a atividade

logística puramente funcional, no entanto não existia nenhum conceito ou teoria de

logística integrada.

A atividade logística militar na Segunda Guerra Mundial foi um início para muitos dos conceitos logísticos utilizados atualmente. Infelizmente, o exemplo militar somente influenciou as atividades das firmas comerciais alguns anos depois. Por volta de 1945, algumas empresas já haviam colocado transporte e armazenagem de produtos acabados sob um único gerente. As indústrias alimentícias foram pioneiras neste aspecto (BALLOU, 1995).

Segundo o autor, a partir dos anos 50 a logística propiciou seus primeiros

aparecimentos. Apesar de a distribuição física ser colocada de lado, as condições

econômicas e tecnológicas para esta época1 encorajavam o desenvolvimento de

suas atividades. Novas alterações nos padrões e atitudes da demanda dos

1 O clima econômico geral dos anos 50 era propício para fomentar o interesse em logística. Houve

crescimento econômico substancial após a segunda guerra, seguido de recessão e um período de prolongada pressão nos lucros. (BALLOU, 1995, p.31).

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consumidores estavam ocorrendo. À medida que o acesso a estas mercadorias se

desenvolvia, os produtos alcançavam cada vez mais distâncias maiores.

Na década de 70, a logística empresarial entra como estado de

semimaturidade. Seus princípios básicos haviam sido estabelecidos e as firmas já

podiam colher os benefícios do seu uso. Entretanto, novamente profundas

alterações aconteceriam no mercado mundial. A elevação do preço do petróleo

através dos países da OPEP em 1973, quadruplicada nos sete anos seguintes,

provocou uma diminuição no crescimento produtivo, trouxe a inflação, ao mesmo

tempo em que contribui para a produtividade crescer em um ritmo mais devagar.

(BALLOU, 1995).

Com os custos de transferência e distribuição aumentando neste período,

reduzindo as margens de comercialização e encarecendo os produtos, novas

alternativas de escoamento dos fluxos logístico foram utilizadas. O uso combinado

de caminhão, navio, trem e mesmo avião, começaram a ser explorado, visando à

redução de custos e aproveitamento da capacidade ociosa nas diversas

modalidades.

A preocupação pelos custos toma lugar pela geração de lucros e a filosofia

dominante passou para uma melhor administração dos suprimentos. O preço do

petróleo afetou diretamente aos custos de transporte, impulsionando os assuntos

logísticos à relevância para a alta administração. O alto grau de interesse acabou

levando a logística integrada.

A necessidade do gerenciamento dos fluxos de materiais, informações e financeiro de forma integrada, dentro e fora das organizações, direcionaram as empresas para a adequação de suas estruturas organizacionais, integrando sob um mesmo processo logístico funções diversas de suprimentos, processamento de pedidos, produção e controle de estoques, distribuição física e transporte, caracterizando, desta forma, o conceito de logística integrada. (CARILLO JUNIOR; et. al., 2003, p. 14).

O período compreendido entre 1965 e 1979 foi uma época durante a qual a

distribuição física amadurece e une-se ao gerenciamento de materiais. A maturidade

resultou do fato de que as necessidades do cliente tornaram-se mais exigentes. Este

período é caracterizado pela integração dinâmica e flexível entre os componentes da

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cadeia de suprimento, dentro da empresa e nas inter-relações da empresa com seus

fornecedores e clientes. (CARILLO JUNIOR; et. al., 2003).

Em fins da década de 1980 as empresas interligam-se a cada cliente através

de novas tecnologias de informação. O EDI2 possibilita a obtenção de pedidos

rapidamente e os anos 80 começam a garantir os prazos de entrega.

O desenvolvimento da informática possibilitou, nesta fase da evolução

logística, uma integração dinâmica de conseqüências importantes na agilização da

cadeia de suprimento. Outro aspecto importante foi a maior preocupação com a

satisfação plena do cliente, entendendo como tal não somente o consumidor final.

Na última etapa da logística ocorre um salto qualitativo de maior importância.

Novaes (2001) comenta que as empresas da cadeia de suprimento passam a tratar

a questão logística de forma estratégica, ou seja, em lugar de otimizar pontualmente

as operações, focalizando os procedimentos logísticos como meros geradores de

custo, as empresas participantes da cadeia de suprimento passam a buscar

soluções novas, usando a logística para ganhar competitividade e para induzir novos

negócios. Trata-se do SCM - Supply Chain Management ou Gerenciamento da

Cadeia de Abastecimento3.

Também, segundo Leite (2003), é característica dessa etapa a crescente

preocupação com os impactos da logística no meio ambiente. Um crescente

interesse pela logística reversa, que trata do processo de recuperação de materiais

diversos ao ciclo do negócio, é dita como possível e necessária.

2 A sigla EDI vem do inglês Electronic Data Interchange e significa o Intercâmbio Eletrônico de Dados.

Através da conexão dos computadores do comprador e vendedor, pela tecnologia de intercâmbio eletrônico de dados, transações sem papel são realizadas com custos menores de preparação de pedidos e redução de tempos de reabastecimento. (BALLOU, 2005, p.101).

3 A necessidade de integração logística evoluiu de dentro para fora nas organizações, constituindo um conjunto desde os fornecedores de matérias-primas até o consumidor final, que se inter-relacionam. A esta constituição integrada deu-se o nome de cadeia de abastecimento. (IMAM, 2003, p. 14).

20

2.2 GESTÃO DA CADEIA DE ABASTECIMENTO

As empresas estão operando em um ambiente de negócios caracterizado por

desafios cada vez maiores. As cadeias de abastecimento podem tornar-se vitais

para qualquer segmento da atividade econômica, dado que seu entendimento

efetivo permite às organizações se posicionarem com vantagem competitiva.

A cadeia de abastecimento está vinculada aos desafios atuais de atender às

exigências dos consumidores. Esses desafios envolvem a resolução de interesses e

conflitos desde aspectos estratégicos e operacionais, condições ambientais,

qualidade de vida, até o foco no futuro da organização.

A necessidade de integração logística evoluiu de dentro para fora das

organizações, constituindo um conjunto inter-relacionado, desde os fornecedores de

matérias-primas até o consumidor final. A esta constituição integrada deu-se o nome

de cadeia de abastecimento e o gerenciamento logístico se faz agora com base na

gestão da cadeia de abastecimento. (CARILLO JUNIOR; et. al., 2003).

Segundo Bertaglia (2003), cadeia de abastecimento corresponde ao conjunto

de processos requeridos para obter materiais, agregar-lhes valor de acordo com a

concepção dos clientes e consumidores e disponibilizar os produtos para o lugar

(onde) e para a data (quando) que os clientes e consumidores os desejarem.

Esta perspectiva trata a cadeia de abastecimento como uma união total dos

processos que suportam os fluxos dos materiais para todas as áreas de negócios da

empresa, tais como finanças, marketing e planejamento de recursos, etc. O conceito

inclui todos os elementos logísticos relacionados, coordenando esforços

multifuncionais envolvendo a integração de uma cadeia de valor.

Uma vez entendido o seu papel estratégico, as organizações estarão cada

vez mais voltadas para os clientes. Ou seja, as organizações estarão preparadas

para colaborar em um relacionamento. Assim sendo, a próxima seção focaliza o

entendimento na relação entre os seus principais componentes.

21

2.2.1 Distribuição física

Distribuição física é o ramo da logística empresarial que está associada à

movimentação, estocagem e processamento dos produtos finais até o cliente.

Importantes considerações com relação a custos e oportunidades devem ser feitas

no processo de distribuição, a fim de obter vantagem competitiva e colocar os

produtos ao alcance dos consumidores.

Segundo Ballou (1995), a distribuição é responsável pelo planejamento de

entrega da mercadoria aos clientes, e nela tem-se o fluxo de informações e materiais

que passa por diversas empresas que atuam, ao mesmo tempo, como compradores

e fornecedores.

O objetivo geral da distribuição física, como meta ideal, é o de levar os produtos certos, para os lugares certos, no momento certo e com o nível de serviço desejado, pelo menor custo possível. Há um certo antagonismo em garantir um nível de serviço elevado, ao mesmo tempo em que se pretende reduzir custos. Isso porque as possíveis melhorias no sistema, de uma forma geral, implicam custos maiores de transporte, de armazenagem e de estoque. (NOVAES, 2001, p. 145).

Ballou (1995) cita ainda a administração da distribuição física como tarefa

desenvolvida em três níveis: estratégico, tático e operacional. O problema do

planejamento estratégico é decidir de modo geral qual deve ser a configuração

global do sistema de distribuição. Simplificadamente é a localização dos armazéns,

seleção dos modais de transporte e o projeto de processamento de pedidos.

Administrar a distribuição física no nível tático é utilizar seus recursos.

Quando uma firma investe em alguma parte de seu sistema de distribuição, como,

por exemplo, caminhões, armazéns, dispositivos para transmissão de pedidos ou

equipamentos de manuseio, surge o problema de utilizar estas facilidades de

maneira eficiente.

A administração operacional refere-se às tarefas diárias que o gerente de

distribuição e seus subordinados devem desempenhar para garantir que os produtos

fluam através do canal de distribuição até o último cliente.

22

Por último, Leite (2003) salienta que o retorno de produtos ao início da cadeia

também faz parte do processo de distribuição física, a partir do momento em que a

consciência se volta para o meio ambiente e para a preservação dos recursos, sem

mencionar os custos provocados na cadeia, seja através de devoluções totais e

parciais de produtos, sejam devoluções de produtos vencidos ou obsoletos.

2.2.2 Transporte

A atividade de transporte corresponde à movimentação do produto de um

local a outro e responsável pela geração dos fluxos físicos e a conexão entre os

diferentes estágios ao longo da cadeia logística. O transporte geralmente é o

elemento mais importante nos custos logísticos para a maioria das empresas.

Segundo Chopra e Meindl (2003), dois são os participantes-chaves de

qualquer tipo de transporte que ocorra na cadeia logística, o embarcador, aquele

que necessita do movimento do produto entre dois pontos e o transportador, aquele

que move ou transporta o produto. Ou seja, ao tomar decisões relacionadas ao

transporte, os fatores a serem considerados variam de acordo com a perspectiva do

embarcador ou do transportador.

O objetivo do transportador é tomar decisões de investimentos e determinar

políticas operacionais que maximizem o retorno sobre seus ativos. Questões

relacionadas ao custo do veículo, custo operacional fixo, viagem, quantidade e

custos indiretos, são considerações importantes na determinação de políticas de

preço e operações.

No entanto, as decisões do embarcador incluem o projeto da rede de

transporte, a escolha dos meios de transporte e a designação de um meio de

transporte específico para cada remessa ao cliente de modo a minimizar o custo

total de atendimento do pedido. Desta forma, considerações com relação ao custo

do transporte, custo de estoque, instalações, processamento e nível de serviço são

importantes para a tomada de decisão sobre transporte.

23

Na análise de Ballou (2005), a influência relativa no custo de transporte é

geralmente ponderada em virtude das características específicas da carga. No

entanto, em um contexto de abastecimento, a escolha do modal de transporte

representa também um aspecto logístico importante. Na verdade, observam-se, nos

últimos anos, um aumento no uso do transporte por mais de um modal motivado

principalmente pelo crescente transporte internacional de cargas.

A dominância de modais particulares de transporte é afetada fortemente pela geografia do país e pela proximidade dos principais parceiros de comércio. Países em ilhas como o Japão e a Austrália, devem usar excessivamente os modais aéreo e marítimo. Entretanto, muitos dos países membros da Comunidade Econômica Européia podem utilizar-se dos modais ferroviário, rodoviário e de dutovias. (BALLOU, 2005, p. 130).

Com relação ao Brasil, o gráfico a seguir demonstra a participação por meio

de transporte em milhões de toneladas carregadas nos últimos quatro anos. De fato,

as rodovias permanecem a modalidade dominante na modelagem do transporte no

país.

454448456

566

451420

442 434

330360

394411

0,57 0,57 0,50,480

100

200

300

400

500

600

2005 2004 2003 2002

RodoviárioAquaviário

FerroviárioAéreo

Figura 1: Logística em números.

Fonte: ASLOG – Associação Brasileira de Logística (2005).

O transporte realmente se faz essencial na cadeia de abastecimento. Afinal, é

ele que liga as pontas entre fornecedores, fabricantes, distribuidores e clientes. Em

reportagem publicada na revista HSM Management, de Julho e Agosto de 2000,

mostra como uma empresa pode conseguir eficiência estratégica nos transportes

concentrando-se no gerenciamento das quatro atividades críticas: integração das

24

atividades, planejamento das necessidades, gestão das capacidades e execução

diária. A figura 2 ilustra as características de cada atividade.

Figura 2: Estrutura da eficiência no transporte. Fonte: Bovet, David M4. e Martin, Bob W5, (2000).

Como o transporte influi em toda a cadeia logística, empresas que dominam a

integração de suas atividades podem colher benefícios significativos.

4 David M. Bovet é vice-presidente de prática de gerenciamento de suprimento da Mercer Consulting

em Boston, Massachusstes, EUA. Especializou-se em estratégia da cadeia de suprimento, eficiência dos transportes e logística internacional. (HSM MANAGEMENT, 2000).

5 Bob W. Martin é um dos diretores do escritório da Mercer em São Francisco, Califórnia. Seu trabalho concentra-se nas áreas de criação de modelos de rede e eficiência dos transportes. (HSM MANAGEMENT, 2000).

INTEGRAÇÃO DAS ATIVIDADES Integrar o transporte com: - características do produto. - características da embalagem e do contêiner. - decisão de compra - preço do produto. - decisões sobre localização de fábrica. - escolha do sistema de distribuição. - características da rede de suprimento.

PLABEJAMENTO DAS NECESSIDADES

Definir os programas e serviços de transporte: - pacote de serviços. - capacidade. - modalidade de transporte. - custo. - flexibilidade. Planejamento tático e estratégico.

EXECUÇÃO DIÁRIA

Otimizar as decisões de expedição: - rotas. - carregamento da carga. - escolha da modalidade e serviço. - programação. - consolidação. - equipamentos para o frete.

GESTÃO DAS CAPACIDADES

Projetar, contratar, construir e gerir as seguintes capacidades: - transportadoras. - fornecedores externos. - organização. - processos, políticas e procedimentos. - mensuração do desempenho.

25

2.2.3 Armazenagem

A armazenagem compreende um componente essencial no conjunto de

atividades logísticas. As empresas são incapazes de prever o consumo pelos seus

produtos, o que as leva a trabalhar com estoques reguladores entre demanda e

oferta, necessitando espaço de armazenagem e movimentação interna de materiais.

Se as demandas pelos produtos da empresa forem conhecidas com exatidão e se as mercadorias puderem ser fornecidas instantaneamente, teoricamente não há necessidade para manter espaço físico para o estoque. Entretanto, não costuma ser prático nem econômico operar desta maneira, pois geralmente a demanda não pode ser prevista precisamente. Para alcançar perfeita coordenação entre oferta e demanda, a produção deveria ter tempo de resposta instantâneo e o transporte deveria ser totalmente confiável, com tempo de entrega nulo. Portanto, as empresas usam estoques para melhorar a coordenação entre oferta e demanda e diminuir os custos totais gerando necessidade de espaço de armazenagem e movimentação interna dos materiais. (BALLOU, 1995, p.152).

Ainda, segundo Ballou (1995), existem quatro razões básicas para uma

organização utilizar espaço físico de armazenagem:

- Reduzir custos de transporte e produção: reduzir custos de transporte

pela compensação nos custos de produção e estocagem. Por

conseguinte, os custos totais de fornecimento e distribuição dos

produtos podem ser diminuídos;

- Coordenação de suprimento e demanda: toda vez que fica muito caro

coordenar suprimento e demanda de forma precisa, são necessários

estoques. Geralmente, é necessário ter espaço físico para o inventário,

mas seu custo pode ser contrabalançado pelos melhores preços

obtidos na compra dos commodities;

- Necessidades de produção: a armazenagem pode fazer parte do

processo de produção. Depósitos não servem apenas para manter o

produto durante a fase de manufatura, mas no caso de produtos

taxados, a armazenagem pode ser usada para segurar a mercadoria

até a sua venda;

- Considerações de marketing: é interessante para a área de marketing a

disponibilidade do produto no mercado. Ou seja, pela estocagem do

26

produto próximo aos consumidores, pode-se conseguir entregas mais

rápidas. A melhoria no nível de serviço a melhor entrega, assim como a

maior disponibilidade, pode ter efeito positivo nas vendas.

A armazenagem executa papel-chave para atender as demandas específicas

dos clientes, aumentando a eficiência da movimentação de mercadorias e permitindo

a compensação eficaz dos custos de estocagem com menores custos de transporte.

2.2.4 Estoque

O estoque existe na cadeia de abastecimento devido a uma inadequação

entre o suprimento e a demanda. Na verdade, o grande desafio refere-se ao

balanceamento dos estoques em termos de produção e logística com a demanda do

mercado e o serviço ao cliente.

Um papel importante executado pelo estoque na cadeia de abastecimento é o

de assegurar a disponibilidade de mercadorias pela demanda. O estoque de

segurança, por exemplo, segundo Chopra e Meindl (2003), é o estoque mantido com

o propósito de atender a uma demanda que excede a quantidade prevista para um

determinado período. O mesmo existe, porque as previsões de demanda são

inexatas e pode haver falta do produto caso a demanda real ultrapasse o volume

previsto.

Ter o produto disponível para o momento que o cliente desejar, da mesma

forma, a redução de custos explorada através de qualquer economia de escala

durante a produção e distribuição, também se faz de significativa representatividade

no papel geral dos estoques.

A política de estoques ideal seria aquela decorrente da fabricação de produtos conforme as especificações de clientes, após a colocação de pedidos. Esse sistema não exige a formação de estoque de materiais ou de produtos acabados em antecipações a vendas futuras. Embora um sistema de produção e distribuição sem estoque nem sempre seja possível, é importante considerar que o valor investido em estoque deve ser avaliado em conjunto com outros recursos logísticos, para a obtenção do menor custo total. (BOWERSOX, 1996, p. 226).

27

Ballou (1995), define a utilização dos estoques para uma série de finalidades.

Quais sejam:

- Melhoram o nível de serviço;

- Incentivam economias de produção;

- Permitem economias de escala nas compras e no transporte;

- Agem como proteção contra aumentos de preços;

- Protegem a empresa de incertezas na demanda e no tempo de

ressuprimento; e

- Servem como segurança contra contingências.

Bertaglia (2003), por sua vez, afirma que a compreensão dos objetivos

estratégicos da existência e do gerenciamento dos estoques é fundamental para se

definir metas, funções, tipos de estoques e forma como eles afetam as organizações

em suas atividades produtivas e de relacionamento com o mercado. Sendo assim, o

investimento em estoques possui dois objetivos estratégicos principais:

- Maximizar os recursos da empresa: em muitos casos, a formação de

estoques proporciona um balanceamento das operações da

organização, possibilitando aumento na eficiência operacional, redução

de custos de mão-de-obra e maximização da capacidade instalada.

- Fornecer um nível satisfatório de serviço ao cliente ou consumidor:

Este relacionado ao nível de atendimento que a organização

supostamente pretende oferecer ao cliente e/ou consumidor. Uma

forma de assegurar o atendimento uniforme desejável.

De forma geral, a formulação de uma política de estoques adequada requer o

entendimento do papel do estoque na organização como estratégia fundamental na

definição de suas atividades e relacionamento com o mercado.

28

2.2.5 Informação

A informação pode ser considerada como um dos principais condutores da

cadeia de abastecimento afetando diretamente todas as suas etapas. Servindo

como alicerce entre os diversos estágios, permite que possa coordenar suas ações e

colocar em prática muitos dos benefícios de sua funcionalidade.

Segundo Bertaglia (2003), a tecnologia da informação, por sua vez, começa a

exercer um papel fundamental nas organizações, oferecendo suporte para as

estratégias da empresa, estabelecendo uma conexão entre as ferramentas

tecnológicas e os objetivos corporativos.

Exemplo de sistema de informação como o Gerenciamento de Estoques pelo

Fornecedor (VMI), onde os mesmos são responsáveis por todo o controle de

estoque do cliente, os fornecedores recebem dados sobre consumo, vendas,

estimativas e níveis de estoque, através do intercâmbio de informações baseadas

em EDI.

Nesses sistemas, o fornecedor é o responsável pelo estoque e sua reposição

nos momentos de necessidade a fim de evitar a falta e os excessos. No entanto, o

VMI exige que o cliente compartilhe informações com o fornecedor, pois com base

nos dados recebidos, os fornecedores gerenciam o estoque dentro dos limites

mínimos e máximos estabelecidos e acordados antecipadamente para que se

possam tomar decisões de ressuprimento. (CHOPRA; MEINDL, 2003).

A evolução tecnológica demonstra que a informação é um fator fundamental na definição de modelos de negócio e na elaboração de estratégias para alcançar os objetivos organizacionais e a tecnologia deve ser vista como um dos requisitos da organização. Afinal, atributos de desempenho exigidos pela empresa como velocidade, integração, qualidade e flexibilidade, são fatores que podem ser suportados pela tecnologia da informação. (BERTAGLIA, 2003).

Na análise de Chopra e Meindl (2003), a informação é a chave para o

sucesso, pois permite tomar decisões sobre um amplo escopo que abrange funções

e empresas como mostra a figura abaixo. Por esta razão, no entanto, para serem

úteis na tomada de decisão, as informações devem ter as seguintes características:

29

- As informações devem ser precisas: as informações devem oferecer

um quadro do estado da cadeia ou pelo menos os dados disponíveis

devem criar uma imagem da realidade que esteja no mínimo inclinada

à precisão;

- As informações devem estar acessíveis no tempo certo: para tomar

boas decisões precisa-se de informações atualizadas e de fácil

acessibilidade;

- As informações devem ser úteis: as empresas devem analisar quais

informações devem ser registradas para que fontes valiosas não sejam

desperdiçadas com dados insignificantes.

Figura 3: O papel da informação na cadeia de abastecimento. Fonte: Chopra e Meindel (2003), adaptações do autor.

Por fim, para Ballou (2005), o sistema logístico como um todo é um

subsistema de informações gerenciais que providencia a informação

especificamente necessária para a administração logística, sendo que o principal

propósito de coletar, manter e manipular dados dentro da empresa é tomar decisões,

abrangendo desde o estratégico até o operacional.

Fornecedor Fabricante Distribuidor Cliente

INFORMAÇÃO

Boas Decisões

SUCESSO NA CADEIA DE ABASTECIMENTO

30

2.2.6 Terceirização

A ênfase no negócio central da empresa, procurando focar todos os recursos

e repassando as atividades secundárias ou de suporte para empresas parceiras que

agregam valor, é um processo de gestão pelo qual muitas organizações estão

passando com o desafio da competitividade.

Segundo Novaes (2001), o advento da globalização passou a exigir das

empresas reconfigurações em suas instalações, permitindo o alcance de novas

fronteiras. Porém, essa ampliação dos negócios, sobretudo em mercados altamente

competitivos, requer que os esforços sejam direcionados às atividades críticas para

a sobrevivência, gerando a opção da utilização de terceiros especializados, como

forma de criar valor e diferenciação para o cliente em um único sistema estratégico.

Na análise de Pagnoncelli (1993), os Estados Unidos foram os pioneiros na

adoção da terceirização como estratégia empresarial. A contratação de terceiros

teve início a partir da década de 50, às voltas com a escassez de mão-de-obra

provocada pela Segunda Guerra Mundial, passou a subcontratar atividades

consideradas não essenciais.

O exemplo clássico de terceirização nos Estados Unidos, que serviu para o resto do mundo, é o das montadoras de automóveis. Elas transferem para terceiros a fabricação de praticamente todas as peças, partes e componentes de seu produto, das chapas de aço a mais elementar autopeça. Além disso, subcontratam atividades como distribuição, venda, assistência técnica e manutenção. (PAGNONCELLI, 1993, p.20).

Para Romanoschi (1994), terceirizar é passar atividades e funções a terceiros

especializados. A empresa detém sua atenção voltada à atividade fim; aquela para

qual foi designada mercadologicamente, passando a terceiros a administração das

atividades meio.

Embora os conceitos apontem notoriamente à especialização e ao

direcionamento da empresa para sua atividade principal, terceirizar recomenda a

transformação das práticas e do estilo de administração no que diz respeito aos

valores essenciais de cada empresa.

31

2.2.6.1 Logística Terceirizada

A terceirização logística surge como forma de se conduzir, cada vez mais, as

empresas para os caminhos da especialização e da agilidade, enfatizando como

princípio maior o enfoque em suas atividades fins e compartilhando as capacidades

logísticas desempenhadas por empresas especializadas.

Ballou (1995) defende que, ao repassar algumas atividades para terceiros,

pressupõe-se que os processos logísticos devam corresponder às necessidades da

empresa de forma mais rápida, segura e confiável, uma vez que, estabelecendo a

aliança estratégica6, os serviços serão especializados e a atividade logística melhor

estruturada.

Segundo o Carillo Júnior; et al. (2003), praticamente todas atividades

logísticas podem ser terceirizadas, dentre as quais destacam-se:

- Transportes multi-modais, roteirização, rastreamento;

- Locação de mão-de-obra, equipamentos, armazéns, embalagens

retornáveis;

- Armazéns gerais e alfandegados;

- Serviços gerais em comércio exterior, tais como agenciamento de

transportes, operações de carga e descarga (portuária, ferroviária e

rodoviária), desembaraço aduaneiro, etc.;

- Unitização de cargas, estufamento e desova de contêineres;

- Compras;

- Tecnologia de informação;

6 Alianças estratégicas são parcerias em que duas ou mais empresas realizam um projeto especifico

ou cooperam em determinada área de negócio. As empresas que fazem a aliança partilham os custos, os riscos e os benefícios de explorar e arriscar novas oportunidades de negócios. Esses arranjos incluem joint-ventures, acordos de franquia e licenciamento, P&D conjuntos, operações conjuntas, acordos conjuntos para fornecimento em longo prazo, acordos de marketing e consórcios. (WRIGHT, 2000, p. 145).

32

- Coletas programadas (milk run), cross-docking (transbordo sem

estocagem), recebimento, inspeções, estocagem e abastecimento de

linha;

- Processamento e separação de pedidos (picking), embalagem,

acumulação e expedição.

Ainda, de acordo com o Carillo Junior; et. al., (2003), apesar de cada empresa

possuir uma necessidade própria, a importância do processo de terceirização das

operações logísticas está voltada ao atendimento de dois objetivos principais. São

eles:

- Orientação para custos baixos: sejam eles de armazenagem ou

transporte, na qual o alto grau de concorrência obriga a entrega do

produto ao menor custo possível;

- Diferencial competitivo: como forma de manter ou aumentar a

velocidade de entrega e o nível de serviço ao cliente.

Na essência, os benefícios da terceirização transparecem nas declarações de

empresários, executivos e gerentes de empresas que a utilizam. Há aqueles que

dizem ter concentrado energias em áreas estratégicas, há os que dizem ter agilizado

a produção, a redução de custos é um benefício constante; alguns se capitalizaram

com a redução de imobilizado; a melhoria de qualidade, da produtividade e da

competitividade; enfim, há vantagens de diversos tipos. (PAGNONCELLI, 1993, p.

55).

Segundo Dornier (2000), as empresas decidem terceirizar por cinco grandes

razões estratégicas e táticas, conforme citado abaixo.

Razões estratégicas

1. Melhorar o foco do negócio.

2. Obter acesso à capacidade de nível mundial.

3. Acelerar os benefícios de reengenharia.

4. Compartilhar riscos.

33

5. Liberar recursos para outras finalidades.

Razões táticas

1. Reduzir ou controlar os custos da operação.

2. Tornar disponíveis os fundos de capital.

3. Gerar a introdução de capital.

4. Compensar a falta de recursos internos.

5. Melhorar a gestão de funções difíceis ou fora do controle.

Para Pagnoncelli (1993), a redução de custos não deve ser a finalidade

principal da terceirização. Conforme autor, as empresas que ingressarem na

terceirização apenas pela porta da redução dos custos estarão equivocadas e

correndo sério risco de desarticular suas atividades. A terceirização trará reduções

de custos sim, mas pela via da melhoria de qualidade, da produtividade e,

especialmente, pela focalização naquilo que a empresa faz melhor.

Da mesma forma que transferir atividades para terceiros é válido para muitas

empresas, para tantas outras ainda não se condiz tal estratégia.

2.3 EMBALAGEM

A embalagem de mercadorias assume uma importância significativa ao

processo logístico. É um fator decisivo nos planos operacionais de qualquer

empresa, estando intimamente relacionada com seus lucros, perdas e crescimento

de suas vendas.

De acordo com Moura (1997), a embalagem pode servir a um objetivo

específico ou atender às múltiplas necessidades. No entanto, uma embalagem

perfeita deve contribuir significativamente para as seguintes metas mercadológicas:

34

- Reduzir o custo unitário do produto;

- Provocar a aceitação do produto pelo distribuidor e pelo varejista;

- Provocar a rotação rápida do produto no ponto de venda;

- Contribuir para aumentar o movimento de vendas;

- Preservar o produto na armazenagem, transporte e ponto de venda;

- Penetrar em novos mercados;

- Facilitar ao consumidor o uso do produto;

- Introduzir novos produtos ou modificações no mercado;

- Promover a imagem da empresa e seu produto;

- Atender as regulamentações governamentais;

- Facilitar o manuseio, estocagem e transporte.

A combinação ou a totalidade destes fatores, considerando as características

específicas de um produto e seu mercado deve ser levado em conta na

determinação de uma embalagem.

A embalagem tem um impacto relevante sobre o custo e a produtividade dos sistemas logísticos. A compra de materiais de embalagem, a execução de operações automatizadas ou manuais de embalagem e a necessidade subseqüente de descartar a própria embalagem representam os custos mais evidentes. O que não é imediatamente notado, contudo, é que os custos de compra e de eliminação das embalagens são absorvidos pelas empresas nas pontas extremas do canal de distribuição e que os ganhos de produtividade gerados pela embalagem são diluídos por todo o sistema logístico. Assim, o impacto da embalagem passa facilmente despercebido ou é, no mínimo, subestimado. (BALLOU, 2005, p. 363).

Na quantificação do custo de embalagem é importante ressaltar a

necessidade de se observar os atuais requisitos de muitos países industrializados.

Estes requerem que os materiais usados na embalagem sejam recicláveis, conforme

a tecnologia existente ou possam ser devolvidos ao país fornecedor, de forma

retornável. (BALLOU, 2001).

35

Segundo Gurgel (2000), a embalagem relaciona-se com muitas áreas da

administração de negócios e o seu projeto e uso tem implicações sobre outras

funções, como produção, marketing e controle da qualidade, bem como sobre os

custos do sistema geral. Cada função dentro da empresa tem necessidades e

expectativas sobre a embalagem.

A escolha da embalagem pressupõe a seleção de uma série de requisitos

dentro de limites economicamente aceitáveis, pois pode comprometer a

competitividade da empresa. É preciso acompanhar as tecnologias e materiais

alternativos disponíveis no mercado, pois o custo da embalagem provavelmente

deverá ser compensado pelo aumento da eficiência no transporte e sua distribuição

física.

2.3.1 Embalagem para proteção

Segundo Ballou (1995), a embalagem para proteção é aquela destinada a

proteger o produto, suportando as condições físicas encontradas no processo de

carga, transporte, descarga e entrega. Sua principal função é proteger o conteúdo

dos acasos de movimentação, manuseio e condições atmosféricas garantindo as

suas qualidades e características iniciais.

Na análise de Moura (1997), dois tipos de proteção devem ser considerados:

- Mecânica: choque, vibração, compreensão ou empilhamento;

- Físico-química: oxidação, temperatura, umidade, radiação solar.

Observa-se que o enfoque da embalagem para a proteção se deve em razões

da ocorrência de danos e perdas devidas ao transporte, roubo, armazenagem em

locais errados e deterioração. A logística se deve para incorrer nestas despesas

extras de embalagem e definir o quanto de material de proteção se faz necessário,

determinando o grau de exposição a danos físicos do produto na sua movimentação.

36

A embalagem de mercadorias deve ser resistente o suficiente, conforme a quantidade e intensidade do transporte e armazenagem, assim como a severidade e duração destas condições o qual o produto estará submetido. A embalagem deve também conter e proteger, muitas vezes de uma ampla variedade de perigos tais como choques, compressão, vibração, umidade, calor, radiação solar, oxidação, infestação por animais, mofo e bactérias. (MINISTÉRIO..., 1974).

Caso alguma avaria aconteça ao produto, os danos normalmente são maiores

que os cobertos pelas seguradoras, principalmente se a avaria decorrer de má

qualidade do próprio produto ou mesmo da embalagem que deveria protegê-lo.

Estes danos, além de causarem inestimáveis custos adicionais, comprometerão a

imagem da empresa. (KEEDI; MENDONÇA, 2000).

2.3.1.1 Tipos de materiais

Esta seção tem a intenção de abordar os principais tipos de materiais

utilizados na fabricação de embalagens. Segundo Ballou (1995), dentro de uma

ampla variedade de materiais disponíveis, o tipo mais adequado para o produto é

baseado nas características da mercadoria, modo de transporte e exigências

específicas quanto a requisitos especiais, por parte do cliente ou alguma

regulamentação.

2.3.1.1.1 Madeira

A madeira é um dos materiais mais amplamente utilizado para embalagem.

Os caixotes e engradados de madeira, por exemplo, são embalagens comuns no

transporte de produtos.

No entanto, devido à devastação das matas e ao aparecimento de materiais

concorrentes, como o plástico, além da derivação em papelão ondulado, a madeira

tem perdido utilização.

37

De acordo com o Ministério da Indústria e do Comércio (1975), alguns

cuidados devem ser tomados na escolha do tipo de madeira, no sentido de se

evitarem possíveis problemas de corrosão advindos da própria embalagem. A

madeira úmida pode tornar-se um risco, principalmente se o seu teor de umidade

exceder 18 a 20%, estado este atingido em contato com ar que apresente 85% de

umidade relativa. Os caixotes de madeira são freqüentemente expostos ao tempo e

sob tais condições eles podem absorver grandes quantidades de água.

Figura 4: Caixa para transporte pesado em madeira. Fonte: www.adezan.com.br.

As madeiras, em geral, possuem uma variedade de constituintes orgânicos,

os quais são corrosivos aos metais. Por esta razão, conforme análise do Ministério

da Indústria e do Comércio (1975), não somente sua constituição é corrosiva, como

seus preservativos empregados para alongar a vida útil da madeira contêm largas

faixas de compostos químicos corrosivos intensos, impossibilitando o seu devido uso

em conjunto de outros materiais metálicos principalmente.

2.3.1.1.2 Papelão

O papelão é provavelmente a embalagem mais comum para o transporte de

mercadorias e representa importante proporção dos materiais utilizados no geral. De

acordo com a Associação Brasileira de Logística – ASLOG, o papelão auxilia muito

nas operações de manuseio e estocagem e principalmente na distribuição física. O

38

gráfico a seguir demonstra o consumo do papelão em milhões de toneladas no Brasil

para últimos cinco anos.

1,88

2,132,112,062,05

2,14

1,7

1,8

1,9

2

2,1

2,2

2000 2001 2002 2003 2004 2005

Figura 5: Gráfico sobre Papelão Ondulado – expedição em milhões de toneladas Fonte: ASLOG – Associação Brasileira de Logística, 2005.

Apesar de seu consumo, segundo Ministério da Indústria e do Comércio

(1975), os materiais de papelão enfrentam alguns problemas em locais com alta

umidade relativa e temperatura, pois retardam a secagem da água e possuem

constituintes agressivos aos metais. Apenas caixas fabricadas dentro dos mais altos

padrões de qualidade podem desempenhar bem as suas funções.

Figura 6: Caixa normal de papelão. Fonte: www.klabin.com.br.

A embalagem de papelão, embora também suscetível ao esmagamento e

furto, graças à flexibilidade deste tipo de material, pode evitar a quebra, o que com

outros materiais mais rígidos não ocorre.

39

2.3.1.1.3 Metal

Os metais são usados para fabricar latas, tanques, barris e tambores, e a

chapa de aço e alumínio são as principais matérias-primas utilizadas. Oferecem a

vantagem de resistência a golpes, corrosão e impermeabilidade. Embalagens de

metal hoje são muito mais leves do que costumavam a ser, devido ao uso de formas

convexas.

Segundo a Associação Brasileira de Alumínio – ABAL7, o alumínio se destaca

entre os metais devido às suas características permitirem que se tenha uma diversa

gama de aplicação. O alumínio demonstra em geral uma excelente performance e

entre seus principais atributos, encontram-se:

- Leveza: característica essencial na indústria de transportes,

representando um menor consumo de combustível, desgaste, e maior

capacidade de carga;

- Impermeabilidade e opacidade: não permite a passagem de umidade,

oxigênio e luz;

- Durabilidade: resistência a agentes externos, como raios ultravioletas,

abrasão e corrosão;

- Reciclabilidade: pode ser reaproveitado com a recuperação de parte

significativa do material.

Dentro do contexto da reciclabilidade, a escolha do metal, para aplicação

principalmente em embalagens, pode colaborar também com a preservação

ambiental. Dependendo do produto a reciclar, as perdas na cadeia recuperam-se

retornando ao ciclo produtivo.

7 A Associação Brasileira do Alumínio - ABAL foi fundada em 15 de maio de 1970 pela Alcan Alumínio

do Brasil Ltda, Alcominas (atual Alcoa Alumínio S.A.) e Companhia Brasileira de Alumínio (CBA), empresas produtoras de alumínio primário, além das transformadoras Aisa Alumínio Indústria Ltda, Asa Alumínio S.A. Extrusão e Laminação e Kaiser Alumínio do Brasil S.A.

A organização busca a discussão dos assuntos pertinentes à indústria do alumínio, visando a conciliação de interesses entre produtores e transformadores, a ampliação da representatividade do setor junto ao governo e à comunidade ligada a essa indústria.

40

Figura 7: O Processo Completo de Reciclagem do Alumínio. Fonte: Associação Brasileira do Alumínio – ABL.

Para o Ministério da Indústria e do Comércio (1975), embora os metais

apresentem diversas vantagens, a solda das costuras de um contêiner, às vezes,

apresenta problemas de vazamento se a umidade não estiver adequadamente

vedada. Em transporte marítimo, tambores e barris também podem ficar

enferrujados devido à água do oceano e sua salinidade.

2.3.1.1.4 Plástico

A introdução dos plásticos pode ser considerada uma revolução no campo da

embalagem. A sua abrangência em utilização para as mais diversas formas de

proteção e manuseio permite uma melhor adequação do produto às diversas

maneiras logísticas de movimentação.

41

Os principais tipos de plásticos na embalagem para transporte envolvem

desde recipientes como sacos, tambores, tanques e contêineres, nas formas de

película, tanto termoformáveis ou extensíveis como materiais amortecedores,

(MINISTÉRIO..., 1974).

Evidencia-se também uma ampla concentração de películas e sacos plásticos

na utilização de embalagens com uma série de vantagens de proteção contra

umidade e poeira. Assim sendo, permite a estocagem em área externa, boa coesão

à umidade, pouco peso, facilmente identificável, facilitando a operação.

(MINISTÉRIO..., 1974).

De acordo a ABIPLAST – Associação Brasileira da Indústria do Plástico

(2005), estima-se que 42% de toda a produção de plástico no país é destinada à

fabricação das mais diversas formas de embalagens plásticas como representado no

gráfico a seguir.

A produção mundial de plásticos subiu, entre 1960 e 1994, de seis milhões

para 110 milhões de toneladas. No Brasil, o aumento foi de 50% entre os anos de

1993 e 1998. Esse valor é bastante elevado quando comparado ao crescimento na

produção de metais. O aumento foi alavancando devido ao consumo iniciado em

1989, de garrafas descartáveis do tipo PET, usadas como embalagens de

refrigerantes. O expressivo crescimento se deve principalmente quanto às vantagens

logísticas na distribuição direta e reversa em relação às garrafas de vidro. (LEITE,

2003).

42

Calçados; 3% Laminados; 1%Brinquedos; 1%Utilidades Domésticas;

5%Agrícola; 9%

Componentes Técnicos; 11%

Outros; 7%

Descartáveis; 11%

Construção Civil; 10%

Embalagens; 42%

Figura 8: Gráfico sobre Segmentação do Mercado do Plástico no Brasil Fonte: Associação Brasileira da Indústria do Plástico – ABIPLAST, 2005.

Para Ballou (2005), do ponto de vista logístico, o plástico entra, sobretudo,

objetivando compensar a escassez da madeira. O material plástico é superior em

vários aspectos sanitários, peso, resistência e reciclabilidade. Apesar do custo

referente à sua vida útil ainda ser comparável a da madeira, a possibilidade na

obtenção de ganhos com sua utilização é maior, desde que administrado por meio

de uma rede bem articulada.

Por fim, um importante avanço com a aplicação do plástico é o seu uso no

transporte junto às embalagens, algumas desmontáveis, e em certos casos

retornáveis. (LEITE, 2003).

Figura 9: Caixas plásticas retornáveis. Fonte: www.plastok.com.br.8

8 A PLASTOK atua no ramo de plásticos injetados voltados para a indústria e agropecuária desde

1991 e possui a mais completa linha de estrados e caixas de acordo com as diversas necessidades do mercado.

43

2.3.2 Embalagem para distribuição

A distribuição física preocupa-se em garantir a disponibilidade dos produtos

requeridos pelos clientes à medida que eles os desejam. A logística, no entanto, é a

responsável em verificar como a embalagem afeta a eficiência do manuseio,

armazenagem e movimentação destes produtos até seu destino final.

Ou seja, como a distribuição envolve muitas intermediações de depósitos,

armazéns e revendas, configuradas estrategicamente diferentemente de acordo com

o negócio, as operações dos fluxos de materiais por sua vez, utilizarão os métodos

de movimentação de forma a estabelecer as economias logísticas.

Na análise de Ballou (1995), a embalagem pode ser considerada como um

determinante compensador pela maior eficiência de distribuição que ela acarreta. Os

tipos de equipamentos de movimentação e de armazenagem, a altura de

empilhamento sem o uso de meios auxiliares, a estabilidade das mercadorias e a

densidade da carga unitária, quando mais de um pacote é movimentado de uma

vez, estarão condicionados ao formato original pela qual a embalagem é aplicada ou

foi desenvolvida.

Observa-se na figura abaixo, como as características básicas da embalagem

estão relacionadas com os demais elementos logísticos de transporte,

armazenagem, movimentação e identificação no resultado final da configuração da

embalagem de distribuição.

44

Figura 10: Principais aspectos relacionados a embalagem de distribuição. Fonte: BALLOU, 1995, p.195.

2.3.2.1 Unitização de Carga

Uma importante consideração para a embalagem, no que se refere ao

armazenamento e manuseio, é o conceito de unitização. O conceito de carga

unitária significa o agrupamento de um ou mais itens da carga geral, a serem

movidos como uma unidade única indivisível.

Segundo Moura (1997), carga unitizada constitui um conceito extremamente

simples de diversos volumes de mercadorias acondicionadas de modo a

constituírem “unidades” maiores, de tipos e formatos padronizados, para que

possam ser mecanicamente movimentados ao longo da cadeia de transportes,

eliminando-se assim os múltiplos, dispendiosos e desnecessários manuseios da

carga fracionada.

Ainda de acordo com Moura (1997), uma outra definição mais ampla é

observada e caracterizada por um número de itens, ou blocos de materiais,

45

arranjados ou retidos de tal maneira que a massa pode ser levada e movida como

um objeto único, grande demais para a movimentação manual.

Para Ballou (1995) unitizar significa agrupar vários volumes pequenos ou

grandes em um maior, ou mesmo em um único volume, com o objetivo de facilitar o

manuseio, movimentação, armazenagem e transporte da carga, fazendo com que

sua transferência, do ponto de origem até o seu destino final, possa ser realizada

tratando o total de volumes envolvidos em cada unitização como apenas um volume.

Por fim, Moura (1997), destaca entre as principais vantagens da unitização de

carga as seguintes:

- Redução do número de volumes a manipular;

- Menor número de manuseio da carga;

- Menor utilização de mão-de-obra,

- Possibilidade do uso de mecanização;

- Melhoria no tempo de operação de embarque e desembarque;

- Redução de custos de movimentação e transporte;

- Diminuição de avarias e roubos de mercadorias;

- Redução dos custos de seguros de mercadorias;

- Melhor utilização do espaço disponível;

- Padronização internacional dos recipientes de unitização.

De forma geral, o princípio da unitização é agilizar o escoamento de

mercadorias e possibilitar a redução de custos de manuseio à medida que o

tamanho da carga unitária aumenta.

46

2.3.2.2 Dispositivos de unitização de carga

A unitização pode ser realizada com qualquer unidade de acondicionamento,

que possa servir a este propósito, desde que apresente fácil utilização e

manipulação, viabilidade econômica e cumpra os objetivos totais da unitização de

carga. (KEEDI, 2000).

Para os propósitos da pesquisa dois deles merecem destaque: o pallet e o

contêiner.

2.3.2.2.1 Paletização

Segundo o Ministério da Indústria e do Comércio (1975), a paletização é uma

das primeiras tentativas de unitizar cargas, sendo um processo de colocação ou

fixação de uma remessa sobre um pallet feito de diferentes materiais. Este método

facilita o manuseio mecanizado de carga. Por esta razão, em operações totalmente

paletizadas a carga é muitas vezes colocada em pallets na própria fábrica ou mesmo

direto na linha de produção e, de onde, geralmente, não é retirada até chegar ao seu

consumo total.

De acordo com a publicação da ISO “Recomendação da ISO. Vocabulários de

termos relativos a pallets. Ref. Nr. ISSO/R 445:1965 (EFR)”, um pallet é uma

“Plataforma de carga que consiste basicamente em duas bases separadas por vigas

ou uma base única sustentada por pés, cuja altura é reduzida ao mínimo compatível

com o manuseio por meio de empilhadeiras e caminhões de pallets”.

Para Keedi (2000), a ampla utilidade do pallet no transporte internacional e

estocagem na indústria, redes de distribuição e transporte puderam satisfazer às

necessidades de resistência adequada diante do mau uso e danos acidentais por

meio das embalagens. A paletização permitiu o suporte à carga prescrita durante o

processo de manuseio e estocagem e contribui muito para o transporte de

mercadorias, manuseio mecanizado de carga em caminhões com empilhadeiras, e o

47

desenvolvimento no formato de trens, navios e aeronaves para a movimentação

deste tipo de carga.

O pallet pode ser descartável, ou seja, construído para ser utilizado em

apenas uma viagem, ou pode ser para uso constante. A adoção de cada tipo

depende da logística escolhida, que envolve um estudo sobre custos e o seu

retorno. A figura abaixo ilustra dois modelos de pallets em madeira existentes

atualmente.

Figura 11: Pallets de madeira. Fonte: www.adezan.com.br.

2.3.2.2.2 Conteinerização

A conteinerização permite também o transporte de carga unitizada como uma

unidade indivisível, segura e inviolável. Para Keedi (2000), além de ser utilizada

como forma de unidade para transporte multimodal, o contêiner desempenha

funções como embalagem protetora, contribuindo muito para um desenvolvimento

tranqüilo de um serviço porta a porta, facilitando o transporte por meio do terminal de

carga até o ponto de embarque e desembarque.

Ainda segundo Keedi (2000), o advento da conteinerização traz uma série de

vantagens para o transporte internacional. O gerenciamento rápido de carga, a alta

eficiência nas operações de manuseio de carga e descarga e melhor uso de espaço

nos navios e aeronaves. A segurança na utilização do contêiner também reduz os

riscos de furto, danos e perdas.

48

De acordo com a publicação da ISO “Freight containers. Terminology. Ref.

ISO 830:1981 (E/F/R)”, um contêiner é um artigo de equipamento de transporte, de

caráter permanente e resistente o suficiente para adequar-se a usos repetidos,

especialmente projetados para facilitar o transporte de mercadorias por um ou mais

modos de transporte, sem recarregamento intermediário, equipado com dispositivos

que permitem o seu pronto manuseio, principalmente a sua transferência de um

modo de transporte a outro, projetado para ser fácil de encher e esvaziar.

Para o máximo aproveitamento da capacidade de um contêiner, deve-se determinar sua carga a partir de um sistema modular definido pelas suas dimensões internas. Com esta finalidade, e também para se obter uma maior economia e racionalização na remoção da carga, criou-se a carga unitária, que pode ser definida como uma carga constituída de embalagens de transporte, arranjadas e acondicionadas de modo a possibilitar a sua remoção, transporte e armazenamento por meios mecânicos e como uma unidade (MINISTÉRIO..., 1975, p.15).

Na visão de Ballou (2005), a conteinerização possui as seguintes vantagens a

partir de um processo de unitização de carga. São eles:

- Aumento geral da eficácia da movimentação;

- Redução de avarias durante o manuseio e em transito;

- Redução de ocorrências de furto;

- Redução dos requisitos de proteção proporcionados pelas embalagens;

- Maior proteção contra fatores ambientais;

- Unidade de transporte reutilizável que reduz desperdício e a

necessidade de descarte.

2.4 LOGÍSTICA REVERSA

A logística reversa concentra-se principalmente no estudo dos fluxos

reversos, ou seja, naqueles que fluem no sentido inverso ao da cadeia direta, de

49

forma que o seu entendimento permite às empresas novas relações entre suas

cadeias de abastecimento e os consumidores finais.

De acordo com Leite (2003), trata-se de uma ferramenta de notável

importância, propiciando, entre outros aspectos, maior flexibilidade para o retorno de

produtos ao ciclo de negócio, quer pelo seu potencial econômico, quer pela sua

importância para a preservação dos recursos e do meio ambiente.

Entendemos a logística reversa como a área da logística empresarial que planeja, opera e controla o fluxo e as informações logísticas correspondentes, do retorno dos bens de pós-venda e de pós-consumo ao ciclo de negócios ou ao ciclo produtivo, por meio dos canais de distribuição reversos, agregando-lhes valor de diversas naturezas: econômico, ecológico, legal, logístico, de imagem corporativa, entre outros. (LEITE, 2003, p.16).

Segundo o Council of Logistics Management (1993), “logística reversa é um

amplo termo relacionado às habilidades e atividades envolvidas no gerenciamento

de redução, movimentação e disposição de resíduos de produtos e embalagens

[...]”.

Adaptando esta definição de logística do CLM, Rogers e Tibben-Lembke

(1999), definem a logística reversa como:

O processo de planejamento, implementação e controle da eficiência e custo efetivo do fluxo de matérias-primas, estoque em processo, produtos acabados e as informações correspondentes do ponto de consumo para o ponto de origem com o propósito de recapturar o valor ou destinar à apropriada disposição.

Na análise de Ballou (2005), na definição para o modelo tradicional de

logística, ou seja, o esforço integrado com o objetivo de ajudar a criar valor para o

cliente através do menor custo possível e satisfazer as suas necessidades, já se

deve inclusive fazer menção às questões de logística reversa.

Observa-se a importância às considerações logísticas nas primeiras fases do

projeto do produto, de forma a permitir um suporte logístico integral9 com o intuito de

9 Suporte logístico integral significa ir além da logística reversa e da reciclagem para incluir a

possibilidade de um serviço: retirada do produto de circulação e/ou descarte do produto. Todas as ocorrências possíveis devem ser consideradas nas primeiras fases de projeto do produto para assegurar um eficaz apoio ao ciclo de vida. Esse tipo de processo de projeto examina os meios de reaver produtos ou dispositivos de auxilio ao processamento para reutilizá-los e reciclá-los. (BOWERSOX, 2001, p. 51).

50

atender às ocorrências possíveis de logística reversa e assegurar um eficaz apoio

facilitando as operações envolvidas.

Para Lacerda (2002), o fluxo logístico reverso não é nenhum fenômeno novo.

Exemplos como o gerenciamento do retorno das embalagens e garrafas dos

fabricantes de bebidas, a utilização da sucata pelas siderúrgicas como insumo de

produção e o notável aproveitamento de matéria-prima reciclada pela indústria de

latas de alumínio, vem sendo já praticados tendo desenvolvido meios inovadores na

coleta e retorno destes materiais.

A natureza do processo de logística reversa depende do tipo de material e o

motivo pelo qual ele entrou no sistema. Os produtos, em geral, retornam devido a

uma necessidade de reparo, reciclagem, descarte ou simplesmente porque os

clientes os devolveram. A figura baixo ilustra o processo de logística reversa.

Figura 12: Representação esquemática dos processos logísticos direto e reverso. Fonte: LACERDA, 2002.

Existem, no entanto, setores industriais onde o gerenciamento da logística

reversa é mais recente, como na indústria de eletrônicos, na automobilística e

também no varejo. Todos estes setores lidam com o fluxo reverso de produtos sendo

que se classificam em um processo logístico reverso de pós-consumo. (LEITE,

2003).

51

Para melhor distinção do que representa esta área de atuação da logística

reversa, mostra-se a seguir a caracterização da logística e os canais e distribuição

de bens de pós-consumo.

2.4.1 Logística reversa de bens de pós-consumo

Leite (2003), define a logística reversa de pós-consumo como “a área de

atuação da logística reversa que equaciona e operacionaliza o fluxo físico e as

informações correspondentes de produtos em fim de vida útil ou usados com

possibilidade de reutilização e os resíduos industriais em geral”.

Após o término de sua vida útil, os bens ou seus materiais constituintes são

transformados em produtos denominados de pós-consumo e encaminhados a

destinos finais tradicionais, como a incineração, aterros sanitários e eliminação, ou o

retorno ao ciclo produtivo por meio dos canais de distribuição reversos. (LEITE,

2003).

Para melhor entendimento, na figura 11 são resumidas algumas

possibilidades de atuação da logística reversa de bens de pós-consumo. Ou seja, os

produtos retornam a canais de desmanche, reciclagem ou reuso, com o objetivo

estratégico de agregar valor e estender sua condição de utilidade original e

reintegração a ciclo produtivo inicial.

52

Figura 13: Foco de atuação da logística reversa de bens de pós-consumo. Fonte: LEITE, 2003.

Leite (2003, p.34), ainda classifica de forma geral as seguintes características

dos bens de pós-consumo:

- Bens descartáveis: são os bens que apresentam duração de vida útil

média de algumas semanas, raramente superior a seis meses. Essa

categoria constitui-se tipicamente de produtos de embalagens,

brinquedos, materiais de escritório, suprimentos para computadores,

artigos cirúrgicos, pilhas de equipamentos eletrônicos, fraldas, jornais,

revistas, entre outros;

- Bens Semiduráveis: são os bens que apresentam duração média de

vida útil de alguns meses, raramente superior a dois anos. Trata-se de

uma categoria intermediária de bens como baterias automotivas, óleos

lubrificantes, baterias de celulares, computadores, entre outros;

Bens de pós-consumo

Fim de vida útil

Desmanche

Componentes

Remanufatura

Mercado secundário de componentes

Reciclagem

Retorno ao ciclo produtivo

Em condições de uso

Mercado secundário de matéria - prima

Reuso

Mercado de segunda mão

Indústria

53

- Bens duráveis: são os bens que apresentam duração de vida média útil

variando de alguns anos a algumas décadas. Constituem bens

produzidos para a satisfação de necessidades da vida social e incluem

bens de capital. Fazem parte desta categoria os automóveis,

eletrodomésticos, eletroeletrônicos, máquinas e equipamentos

industriais, edifícios, aviões, construções civis, navios, entre outros.

O foco de atuação da logística reversa para os bens de pós-consumo

dependerá da sua disponibilidade final ao longo da cadeia para estes três tipos de

bens.

2.4.2 Canais de distribuição de bens de pós-consumo

Na análise de Leite (2003), os canais de distribuição reversos de bens de pós-

consumo constituem-se nas diversas etapas de comercialização e processamento

pelas quais fluem os resíduos e os diferentes tipos de bens de utilidade ou seus

materiais constituintes, desde sua coleta até sua reintegração ao ciclo produtivo, por

meio dos subsistemas de desmanche, reciclagem ou reuso.

Segundo o CLM (1993), os canais reversos de “reuso” são definidos como

aqueles em que se tem a extensão do uso de um produto de pós-consumo ou de

seu componente, com a mesma função para a qual foi originalmente concebido, ou

seja, sem nenhum tipo de remanufatura.

Um exemplo de canal reverso de importância econômica crescente é o das embalagens em geral, sejam elas primárias ou de contenção dos produtos, secundárias ou de contenção das primárias ou unitizadas para o transporte. Trata-se de um segmento que tem se adaptado e contribuído de forma significativa para as modificações mercadológicas e logísticas requeridas na distribuição física, garantindo elevada eficiência e tornando-se também altamente descartável. (LEITE, 2003, p.11).

Após os bens atingirem seu efetivo fim de vida útil, o fluxo reverso, por meio

dos sistemas de canais reversos, na impossibilidade de tais revalorizações, são

54

destinados à disposição final em aterros sanitários ou incineração, ou seja, o último

local para o qual são enviados.

2.4.3 Logística reversa e suas competências

A logística reversa concentra-se principalmente no gerenciamento dos fluxos

reversos, ou seja, naqueles que fluem no sentido inverso ao da cadeia direta,

visando agregar valor de diversas naturezas, por meio da reintegração de produtos

ao ciclo produtivo e de negócios.

A seguir, são relacionados os três principais propósitos para operar nos fluxos

reversos.

2.4.3.1 Responsabilidade Social

Um dos principais objetivos gerais das empresas é sua obrigação em conciliar

suas atividades em um modo socialmente responsável. Segundo Wright (2000), a

responsabilidade social refere-se à expectativa de que as empresas ajam de acordo

com os interesses públicos, oferecendo produtos que ajudem a preservar o

ambiente.

Na análise de Leite (2003), aumento da velocidade de descarte dos produtos

após seu primeiro uso, não encontrando canais de distribuição reversos de pós-

consumo devidamente estruturados e organizados, geram a disposição do lixo

urbano como um dos maiores problemas ambientais da atualidade.

Observa-se uma crescente importância do aspecto ecológico como gerador

de pressões sociais e uma clara tendência de que a legislação ambiental caminha

no sentido de tornar as empresas cada vez mais responsáveis por todo o ciclo de

vida de seus produtos.

55

Ainda de acordo com Leite (2003), as empresas estão se defrontando com

condições externas em grandes transformações. Contrariamente às primeiras

legislações do início dos anos 70, cuja tendência era responsabilizar os governos

locais pelo impacto ambiental, essas novas idéias orientam as legislações mais

recentemente a responsabilizar as empresas pelo impacto de seus produtos no

meio-ambiente.

A sensibilidade ecológica, tanto da sociedade como das organizações empresariais, tem se transformado recentemente pela crescente visibilidade das agressões ambientais, seja por serem realmente evidentes ou por informações sobre suas conseqüências, percebidas nos desastres ecológicos. (LEITE, 2003, p. 125).

A logística reversa é uma ferramenta relevante para implantar programas de

produção e consumo sustentáveis eliminando a poluição e o desperdício associado

a materiais de embalagens, assim como proporcionar a reutilização e a reciclagem

de produtos e materiais constituintes.

O conceito de desenvolvimento sustentado, cujo objetivo é o crescimento

econômico minimizando os impactos ambientais, tem sido constantemente utilizado

nos dias de hoje, baseado na idéia de atender às necessidades do presente sem

comprometer as gerações futuras no atendimento de suas necessidades. (LEITE,

2003).

Segundo CLM (1993), uma pesquisa da Cambridge Report utilizando 1250

adultos nos Estados Unidos, em 1992 revelou que 70% concordavam em pagar

preços maiores por produtos que apresentavam menores impactos ao ambiente.

Tal pesquisa indica os interesses ambientais e econômicos, na maioria das

vezes, interligados. Para isso, o quadro abaixo mostra a aplicação prática dos

processos de logística reversa como exemplos de EPR – Responsabilidade

Estendida do Produto10 e equilíbrio desses interesses para empresas já

reconhecidas mundialmente.

10 EPR - Extended Product Responsability - Responsabilidade Estendida do Produto – novo princípio

de proteção ambiental, onde o próprio produtor, que de certa maneira agride o meio ambiente, deve se responsabilizar pelo seu produto até a decisão correta do seu destino após seu uso original.

56

Logística Reversa na Prática Exemplos de EPR – Responsabilidade Estendida do Produto

A empresa Sony Electronics anunciou, em outubro de 2000, um acordo com a empresa Waste Management Inc., estabelecendo um programa de coleta (take back) de seus produtos após uso, sem ônus para o consumidor. O acordo serviu inicialmente para o estado de Minesota, mas deveria ser estendido aos demais estados norte-americanos, sendo intenção da empresa reutilizar peças em condições de uso. A IBM criou o IBM’s PC Recycling Services, que permite ao consumidor retornar os computadores e seus periféricos usados, no estado da Pensilvânia por meio da UPS. A Dell Computer e a Hewlett Packard (HP) modificaram seus projetos de computadores visando facilitar o trabalho de desmontá-los.

Quadro 1: Quadro sobre a Logística reversa na Prática. Fonte: Leite (2003).

Observa-se que as estratégias de gestão ambiental nos processos produtivos

passaram a ser parte integrante da reflexão empresarial, pelo menos nas empresas

líderes e ditas excelentes em seus setores.

O aumento da consciência ecológica dos consumidores e clientes, cada vez

mais perceptível aos impactos dos produtos e processos no meio ambiente, tornam

as empresas mais responsáveis por todo o ciclo de vida de seus produtos e visam

comunicar suas ações devidas como parte da imagem institucional ecológica da

organização.

2.4.3.2 Competitividade e Imagem Corporativa

A logística reversa pode ser utilizada como uma importante ferramenta no

aumento da competitividade e da consolidação de imagem corporativa, quando

concebida como elo de uma cadeia de valor visando um processo integrado na sua

rede de operações.

Segundo Leite (2003), empresas líderes de mercado tem obtido um processo

de diferenciação ao focalizar um relacionamento eficaz entre clientes e

fornecedores, adequando produtos e processos às necessidades e aos valores

corporativos de seus clientes e permitindo duradoura relação de fidelidade nos

negócios.

57

Esta nova concepção estratégica tem permitido ampliar a visão dos fluxos

logísticos para além da entrega dos produtos ao mercado e estabelecendo os fluxos

reversos, por meio da percepção das oportunidades de acréscimo de valor de

diferentes naturezas, que o retorno e a reintegração dos bens e de seus materiais

constituintes ao ciclo de negócios ou ao ciclo produtivo podem oferecer.

Em uma recente pesquisa realizada nos Estados Unidos, muitas empresas

modernas utilizam-se da logística reversa, diretamente ou por meio de terceirizações

com empresas especializadas, principalmente como forma de ganho em

competitividade no mercado, conforme mostram os dados da figura a seguir:

Motivo Estratégico Porcentagem de Empresas Respondentes Aumento da competitividade11 65,2% Limpeza do canal – estoques 33,4%

Respeito às legislações 28,9% Revalorização econômica 27,5% Recuperação econômica 26,5%

Quadro 2: Motivos estratégicos para as empresas operarem os canais reversos. Fonte: ROGERS; TIBBEN-LEMBKE, 1999 apud LEITE, 2003.

Devido à crescente competição no mercado e às políticas contínuas de cortar

custos, várias empresas estão encorajando-se a decidir pela implementação da

logística reversa para seus produtos e embalagens, como causa da necessidade de

diferenciação entre os serviços oferecidos.

2.4.3.3 Dimensão econômica

Apesar da existência de uma enorme economia reversa processada por meio

de condições naturais de demanda e oferta em determinados mercados, o objetivo

de um canal reverso pode ser desenvolvido como a possibilidade de revalorização

11 O motivo estratégico “aumento de competitividade” foi apontado por 65,2% de cerca de 70

empresas que participaram da pesquisa, justificando o estabelecimento de suas redes e parcerias reversas. Os demais motivos, não menos importantes, permitem avaliar as diferentes formas de acréscimo de valor que a logística reversa oferece.

58

financeira, através da reutilização, reaproveitamento ou reuso de materiais

incorporados ao ciclo produtivo inicial.

Segundo Leite (2003), as iniciativas relacionadas à logística reversa têm um

considerável aspecto econômico-financeiro com a utilização de embalagens

retornáveis ou com o reaproveitamento de materiais para produção. A logística, em

geral, não gera receita financeira, mas pode fazer com que uma organização tenha

mais ou menos custos envolvidos no preço final de um produto.

Na análise do CLM (1993), não faltam exemplos de canais de distribuição

reversos em que as condições naturais do mercado permitiram o estabelecimento

das condições essenciais para a consecução do fluxo reverso e o desenvolvimento

de expressivas economias reversas. Para citar alguns exemplos, tem-se o caso dos

metais ferrosos e não ferrosos, papéis, sobras de gorduras de restaurantes, que se

desenvolvem há longo tempo e em diversos países, em função dos efetivos ganhos

proporcionados aos agentes envolvidos.

De acordo com Rogers e Tibben-Lembke (1999), através de pesquisa nos

Estados Unidos, estima-se que o custo da logística reversa de reuso e de

remanufatura chega à cerca de 4% do PIB norte-americano, ou seja, em 35 bilhões

de dólares em 1997.

Deve-se enfatizar que as condições naturais do mercado permitiram, nesses

casos, o estabelecimento e ganhos adequados ao diversos agentes reversos;

portanto, os fatores ecológicos e de legislação não tiveram nenhuma influencia no

desenvolvimento desses canais.

59

3 MÉTODO E PROCEDIMENTOS

A perspectiva da pesquisa é poder esclarecer de maneira coerente como o

problema foi formulado e utilizar uma metodologia adequada para que haja clara

especificação de seu plano.

Neste capítulo, é apresentado o método no qual a pesquisa foi desenvolvida,

a unidade de análise, as principais técnicas de coleta e análise de dados, assim

como as principais limitações e dificuldades ao estudo.

3.1 DELINEAMENTO DA PESQUISA

Esta é uma pesquisa qualitativa. Segundo Roesch (1999), este enfoque

implica em iniciar o estudo com um conjunto de conceitos amplos e de idéias cujo

conteúdo vai consolidando-se durante o processo de coleta das informações e

principalmente através da perspectiva dos indivíduos pesquisados.

Tais características são evidenciadas na freqüência empregada pelo

pesquisador no entendimento do fenômeno de logística reversa sob a perspectiva

dos participantes e, segundo sua própria interpretação dos dados. A intenção com a

pesquisa qualitativa é poder explorar assuntos relacionados à logística reversa e

estar aberto para perceber a individualidade e os significados múltiplos dentro do

contexto da exportação dos cabeçotes na empresa. A presente pesquisa não

procura enumerar ou medir os eventos estudados, nem empregar um instrumental

estatístico em sua análise.

Quanto à estratégia de pesquisa, foi utilizada o estudo de caso, o qual

contribuiu no sentido de definir uma unidade de análise aprofundada e um suporte

teórico como orientação nas etapas de observação e investigação. No entender de

Yin (2001), visa ao exame detalhado de um ambiente, de um sujeito ou de uma

situação em particular, sendo amplamente utilizado em estudos de administração

60

que procuram entender como e porquê certos fenômenos contemporâneos

acontecem.

Ainda, o caráter descritivo deste estudo tem a intenção de compreender o

fenômeno de logística reversa na sua totalidade visando levantar questões e

buscando associações quanto às suas características e aos aspectos relacionados à

logística empresarial. Segundo Yin (2001), um estudo de casos descritivo traça uma

seqüência de eventos tecnicamente únicos em que haverá muito mais variáveis de

interesse do que pontos de dados isolados. Como resultado, a pesquisa de logística

reversa baseou-se em várias fontes de evidências beneficiando-se do

desenvolvimento prévio através de proposições teóricas para conduzir a coleta e a

análise dos dados.

3.2 DEFINIÇÃO DA UNIDADE DE ANÁLISE

Com relação à unidade de análise, foi definido em específico o estudo do

tema de logística reversa da empresa International Engines South America. Este

estudo limita-se ao processo de exportação de cabeçotes para os Estados Unidos,

não tendo a intenção de comparações com outros projetos já existentes na empresa.

O estudo foi concentrado, especificamente, no departamento de logística da

empresa, abrangendo os setores de planejamento e controle da produção, materiais

(embalagem) e comércio exterior (importação e exportação), visto que englobam

assuntos pertinentes ao tema da pesquisa.

Foram utilizados, no total, cinco funcionários da empresa para o processo de

entrevistas, os quais, quatro são analistas de cada um dos setores mencionados

anteriormente, mais o principal gestor da área.

61

3.3 COLETA DE DADOS

A coleta das informações no projeto de pesquisa foi definida através da

combinação de técnicas de coleta de dados primários e secundários conforme

apresentados no quadro abaixo. Segundo Roesch (1999), entende-se por dados

primários aquelas informações obtidas diretamente no campo ou na origem dos

eventos pesquisados; e dados secundários aqueles obtidos em obras bibliográficas

ou relatórios de pesquisas sobre o tema, sendo estes não “criados” pelo

pesquisador.

Quadro 3: Sistema de coleta de dados. Fonte: o Autor.

Portanto, em um primeiro momento a coleta de dados iniciou-se através da

exploração intensa de documentos internos e externos, publicações da empresa,

consultas à revistas especializadas, jornais, bem como dados existentes na forma de

arquivos e relatórios, com o propósito de identificar as relações entre os vários

aspectos do estudo da logística reversa possibilitando um entendimento melhor e

mais fácil do contexto.

Exploração de documentos internos e externos

Textos

Relatórios

Procedimentos

Depoimentos

Atas de reuniões

Arquivos

Entrevistas em profundidade semi-estruturadas

Questões abertas

Tópicos guias

Observação direta não-participante

1ª. Etapa

2ª. Etapa

3ª. Etapa

62

Em uma segunda etapa, com o objetivo de obter um significado que os

entrevistados atribuem às situações da pesquisa (ROESCH, 1999), entrevistas em

profundidade semi estruturada através de questões abertas e tópicos guias foram

utilizados, oferecendo uma visão mais clara e conduzindo o estudo à determinados

rumos específicos.

Com duração média de aproximadamente trinta minutos, e registradas a partir

de um dispositivo de gravação portátil, as entrevistas foram realizadas com alguns

dos membros citados na definição da unidade de análise. Os apêndices A e B

respectivamente, apresentam as principais questões e um modelo de roteiro das

entrevistas aplicadas para a pesquisa.

Por fim, utilizou-se ainda da observação direta de forma aberta, a qual,

segundo Roesch (1999), ocorre quando o pesquisador tem a permissão para realizar

sua pesquisa na empresa e todos sabem a respeito do seu trabalho. No entanto,

não houve intervenção por parte do pesquisador no processo.

Esta etapa foi realizada algumas vezes, sempre quando julgada necessária

para o processo descritivo do caso e acompanhada pelo analista de materiais

(embalagem). A observação direta permitiu um nível de acesso satisfatório para os

esclarecimentos finais, pois se dirigiu à situação de trabalho propriamente dita na

empresa possibilitando anotações de grande valia ao início da análise dos dados.

3.4 ANÁLISE DE DADOS

No que se refere a análise de dados, o confronto do conjunto de informações

adquiridas ocorrereu com base em critérios do método de análise de discurso

observados por Roesch (1999). A escolha desta técnica colabora pois, segundo a

autora, focaliza a linguagem como é usada em textos sociais, escritos ou falados,

incluindo materiais provenientes de entrevistas, respostas abertas de questionários,

discussões de grupo e documentos.

Dessa forma, uma vez identificado o processo de análise dos dados e de

posse dos materiais obtidos da coleta das informações, conforme ateriormente

63

mencionado, foi realizada uma leitura exaustiva destas transcrições. Esse

procedimento foi realizado diversas vezes até o devido entendimento e permitiu o

desenvolvimento de um repertório para o caso da logistica reversa na exportação

dos cabeçotes da empresa alvo. Foram classificados os assuntos referente aos

aspectos da logística reversa, logística empresarial e embalagem em especifico para

a construção do contexto de análise e buscou-se examinar o uso relacionado entres

estes diversos aspectos na obtenção dos resultados finais.

Importantes considerações também foram feitas na escolha da análise de

discurso com relação a adequação na combinação de materiais oriundos de fontes

como conversas informais.

3.5 LIMITAÇÕES E DIFICULDADES

Foram encontrados alguns imprevistos durante o processo de investigação os

quais são detalhados neste trabalho.

Quanto à essência do método de pesquisa qualitativa, sabe-se da existência

de problemas relacionados com o uso da linguagem na expressão de idéias

subjetivas, que segundo Manning (apud NEVES, 1996), ao contrário para métodos

quantitativos, é utilizado de constatações estatísticas para a comparação dos dados

no processo de análise.

Para isso, foi dada ênfase em abordar e relacionar no trabalho de pesquisa

uma mistura de material referencial teórico e intuitivo por parte do pesquisador, de

forma que contribuísse para a melhor compreensão do fenômeno de logística

reversa e, sempre atenuando para a credibilidade do material investigado e

conferindo a possibilidade de confirmar posteriormente os dados pesquisados.

As tarefas da coleta e análise dos dados foram extremamente trabalhosas,

visto que não se encontra muito o assunto de logística reversa disponível na

literatura, dificultando a comparação dos dados com base em um referencial teórico.

Geralmente, o que é encontrado está sendo vinculado com breves comentários

associados à logística empresarial e embalagem de um modo abrangente e sucinto.

64

Muita energia se fez necessária para tornar os dados válidos no processo de análise

da pesquisa, os quais, de acordo com Malhorta (2001), podem acabar não

atendendo especificamente aos objetivos da pesquisa.

Cabe salientar, os problemas de disponibilidade de horários por parte dos

entrevistados: muitos deles foram inacessíveis devido à incompatibilidade dos

horários disponíveis impossibilitando a entrevista com todos os envolvidos

desejados. Fica desta forma limitado a um número restrito em duas a três pessoas

para a obtenção dos dados, dificultando a aquisição de diferentes opiniões sobre os

assuntos tratados na pesquisa.

Algumas informações importantes também podem não ter sido coletadas

devido ao limite de acesso imposto pela empresa: acredita-se que se pesquisador

possuísse algum vínculo empregatício com a empresa, pudesse facilitar a

exploração das mesmas. No entanto, Yin (2001), aponta que embora a falta deste

vínculo possa ser prejudicial, também se faz favorável pelo aspecto de evitar uma

eventual manipulação informal dos dados obtidos. Fato este comumente ocorrido em

observações participantes.

65

4 ESTUDO DE CASO

Neste capítulo, serão apresentadas as características da International

Engines South America e descrito o processo de logística reversa na exportação de

cabeçotes à planta americana em Melrose Park. Após esta etapa, passar-se-á para

a seção metodológica e para os resultados da pesquisa propriamente dita.

4.1 INTERNATIONAL ENGINES SOUTH AMERICA

A International Engines South América é uma empresa do ramo metal-

mecânico, produtora de motores a diesel e líder em tecnologia e desenvolvimento na

América Latina. A empresa é pertencente ao grupo norte-americano Navistar

International desde 1999, com filiais em Indianópolis e Huntsville, e possui sua

matriz localizada em Chicago, nos Estados Unidos.

A Empresa conta com duas unidades no Brasil, localizadas em São Paulo

(SP) e Canoas (RS), e duas na Argentina, em Buenos Aires e Jesus Maria. As

fábricas estão preparadas para competir globalmente, com elevado nível de

automação, modernos equipamentos e programas de gestão da qualidade e

preservação ambiental, assegurando as certificações ISO 9001, QS 9000, ISO/TS

16949 e ISO 14001, OHSAS 18001, além dos requisitos específicos dos clientes.

A International Engines South America teve origem em 1953 com o início de

suas operação no Brasil através da denominação de Motores Perkins S.A. e herdou

uma tradição de mais de 50 anos na produção no mercado brasileiro.

A planta gaúcha, considerada pelo grupo americano a mais moderna e

sofisticada unidade da América Latina, produz uma linha completa de motores

agrícolas e industriais, com a mais avançada tecnologia, atendendo de forma

competitiva e exportando para mais de 30 países da América do Sul, América do

Norte, América Central, Europa e Oceania.

66

Somente em 2002, foram produzidos 76 mil motores, sendo que 50 mil

unidades seguiram para América do Norte e Europa. Em 2003, os números

representaram aproximadamente US$ 200 milhões em exportações, fazendo da

empresa uma das maiores exportadoras nacionais de autopeças, eleita pela Revista

Exame Melhores e Maiores.

4.1.1 Princípios de Gestão

A International Engines produz e comercializa produtos e serviços com valor

percebido pelos seus clientes e a custos competitivos. Para isso, a Empresa possui

uma política de atuar na melhoria contínua de processos, produtos e serviços

amparados por princípios de gestão bem definidos conforme segue abaixo.

Missão:

Oferecer, para os mercados veicular e de equipamentos industriais, motores a

diesel e serviços que reflitam o estado da arte em tecnologia, com qualidade no mais

alto nível de precisão e de conhecimento, assegurando capacidade de competição e

rentabilidade aos nossos clientes, satisfação aos nossos acionistas, crescimento

profissional à nossa gente, contribuindo para o desenvolvimento sustentado da

nossa comunidade.

Política da Qualidade:

Prover produtos e serviços que atendam as expectativas dos clientes dentro

de uma cultura que promova a excelência em qualidade.

Diretrizes

- Exigir qualidade em todos os produtos, serviços e processos;

67

- Responder de maneira eficaz as necessidades dos Clientes;

- Trabalhar com pessoas qualificadas e motivadas, que sejam

inovadoras e responsáveis pela qualidade;

- Prover desenvolvimentos robustos e viáveis, processos capazes e

serviços eficazes;

- Estabelecer e incentivar relações de longo prazo com nossa gente,

fornecedores, acionistas e Clientes;

- Promover a melhoria contínua.

4.1.2 Recursos humanos

A International Engines South America possui 500 funcionários e trabalha de

forma permanente para difundir entre eles os valores de qualidade e segurança,

principal objetivo operacional.

Mantendo a convicção de que o sucesso de seus resultados será proporcional

à competência da sua equipe de colaboradores, o investimento constante em

treinamento e a promoção da qualidade de vida, são alguns dos exemplos que

ilustram o relacionamento da empresa com os seus funcionários.

4.1.3 Meio ambiente

A International Engines está comprometida em atender as mais rígidas

normas de qualidade ambiental, princípios de desenvolvimento sustentável, e prover

um ambiente de trabalho que proteja a saúde e a segurança das pessoas e das

comunidades vizinhas.

A importância destes compromissos tem como objetivo básico o cumprimento

das políticas a seguir.

68

- Requisitos Legais: Conduzir as operações de acordo com os

regulamentos e leis ambientais aplicáveis;

- Instalações ambientalmente amigáveis: Projetar, construir e operar as

nossas plantas de maneira que protejam a saúde e a segurança das

nossas pessoas, das pessoas das comunidades vizinhas e do meio

ambiente;

- Melhoria contínua: Implementar programas de automonitoramento,

avaliação e comunicação para assegurar o cumprimento e a melhoria

contínua na busca das metas ambientais;

- Prevenção à poluição: Exercitar a inovação para otimização do projeto

de ciclo de vida do produto nos nossos processos de manufatura e no

produto final, maximizando a reciclagem e minimizando ou prevenindo

a geração de resíduos, bem como o descarte de contaminantes no

meio ambiente;

- Envolvimento ambiental: Assegurar, através do suporte gerencial e da

educação, que as pessoas compreendam e se responsabilizem por

incorporar a qualidade ambiental na sua conduta profissional;

- Acompanhamento com o governo: Trabalhar com todos os níveis das

organizações governamentais para o desenvolvimento e a

implementação de legislações, regulamentos e políticas ambientais

eqüitativas e efetivas;

- Programas de gestão ambiental: estabelecer e manter procedimentos

e programas para implementar nossa política corporativa de proteção

ao meio ambiente, (INTERNATIONAL, 2007).

4.1.4 Principais Clientes

A International Engines mantém relacionamento comercial com as maiores e

principais montadoras mundiais, entre as quais se destacam:

69

Figura 14: Principais clientes. Fonte: International Engines.

4.1.5 Produtos

A International Engines produz, além do recém-lançado motor NGD 3.0E, o

primeiro do Brasil compatível com a norma européia Euro IV12 e norte-americana

EPA 200713 de emissões de poluentes; motores agrícolas e industriais, além do

veicular HS 2.8L.

Na planta em Canoas, no Rio Grande do Sul, também são produzidos os

cabeçotes dos motores I-6 (seis cilindros), os quais fazem parte deste projeto de

pesquisa do processo de logística reversa. Essas peças são exportadas para os

Estados Unidos e montadas nos motores NGD 9.3E, que finalmente equipam

diversos veículos, como caminhões médios, pesados e ônibus.

Figura 15: Motor NGD 9.3E. Fonte: International Engines. 12 Os padrões europeus de emissões de poluentes são exigências que definem os limites aceitáveis

para veículos novos vendidos em estados membros da União Européia e são definidos em uma série de diretrizes orientadas para uma introdução progressiva de padrões cada vez mais restritos e rigorosos.

13 Nos Estados Unidos, os padrões das emissões de poluentes são controlados pela Agência de Proteção Ambiental (EPA), os quais ajustam limites específicos quanto à quantidade de poluentes liberados no ambiente.

70

4.2 PROJETO EXPORTAÇÃO: LOGÍSTICA REVERSA

As exportações têm sido, para a International Engines South América, um

canal de vendas em franca expansão. Em meados do ano de 2002, a Empresa

recebeu uma oportunidade inédita de abastecer uma das plantas industriais

localizada em Chicago, nos Estados Unidos. A planta de Melrose Park informou que

gostaria adquirir e receber cabeçotes para integrar diretamente o fornecimento na

linha de montagem dos motores.

Inicialmente, o que se pensou foi em utilizar o processo tradicional de

exportação com a utilização de embalagens de papelão para o transporte e

movimentação. As primeiras remessas realmente foram realizadas desta maneira.

No entanto, considerando não somente os gastos de embalagem para o envio, mas

as características da ausência do óleo protetivo no cabeçote, o que deixa o produto

totalmente desprotegido e vulnerável às condições ambientais, a planta americana

informou que não receberia embalagens descartáveis em sua unidade.

O novo programa de remessa dos cabeçotes aos Estados Unidos, iniciado em

janeiro de 2004, constitui um novo ciclo para as exportações da empresa, já

tradicional fornecedora para o mercado internacional. O desafio de abastecer a

planta americana exigiu da empresa o suporte logístico reverso e a capacidade de

identificar e implementar sistemas de apoio focalizados no cliente.

Os volumes de cabeçotes produzidos e fornecidos ao mercado americano

tiveram registros recordes de produção ao longo do programa, sendo que logo em

2004 um total de 60 mil unidades já tinham sido exportadas.

65148

480

5177360576

2003 2004 2005 2006

Volu

me

Figura 16: Volume de cabeçotes exportados em unidades Fonte: International Engines South America.

71

Os cabeçotes exportados passam por um sofisticado processo de logística de

reversa com a utilização de embalagens plásticas retornáveis, e um fornecimento

gerenciado via tecnologias de informação, desde a produção dos cabeçotes até a

entrega no seu destino final na própria linha de montagem. Ao chegarem nos

Estados Unidos, essas peças, consideradas componentes, equipam a versão do

motor I-313 (NGD 9.3E), o qual é utilizado na aplicação em ônibus e caminhões. As

embalagens, por sua vez, são separadas e retornam ao ciclo produtivo reintegrando

ao processo logístico da Empresa.

4.2.1 Embalagens Retornáveis

A idéia de operar através de logística reversa exigiu da empresa o

desenvolvimento de uma nova concepção em embalagem retornável do tipo

exportação diferentemente das anteriores utilizadas em madeira e papelão. Esta

embalagem deveria atender, inicialmente, aos requisitos do projeto não somente

quanto custo e à logística de transporte e movimentação dos cabeçotes, mas

também no que se refere à principal atribuição da embalagem quanto à proteção.

Na verdade, o projeto foi desenvolvido com a utilização de embalagens

descartáveis em papelão reforçado, no entanto como este material possui

propriedades suscetíveis à umidade, muitas vezes é absorvida e transferida aos

cabeçotes oxidando as peças e inviabilizando o seu uso. Esse é um problema que a

Empresa já vinha enfrentando nos seus processos anteriores na exportação dos

motores, pois as peças não recebem aplicação de óleo protetivo.

Mesmo se a empresa decidisse utilizar esta embalagem em papelão para a

exportação dos cabeçotes, mantendo o tradicional envio das peças, a planta

americana exige o recebimento através de embalagens plásticas retornáveis, da

mesma forma como dos seus outros fornecedores locais. Neste caso, dever-se-iam

fazer investimentos nos Estados Unidos em embalagens retornáveis, para receber

os cabeçotes nas embalagens descartáveis, movimentá-las até o armazém, realizar

uma operação de handling e troca de embalagem para então ser feita a entrega ao

cliente.

72

Esta opção foi considerada inválida uma vez que exigiria da empresa

significativos investimentos fora do Brasil, não apenas em embalagens e na

estrutura logística, mas também colocaria em risco um possível problema de

qualidade dos cabeçotes. A intenção era não movimentá-los até o seu próprio uso

na linha de montagem.

Na seqüência, serão abordados os dois aspectos principais quanto ao

desenvolvimento da embalagem retornável, imprescindíveis para viabilizar o projeto

de logística e reversa, quais sejam, o aspecto financeiro e o aspecto operacional.

4.2.1.1 Aspecto Financeiro

Com relação ao aspecto financeiro, foi considerado um estudo de viabilidade

econômica para a utilização das embalagens plásticas retornáveis e eventual

substituição das embalagens tradicionais de exportação em madeira e papelão.

Somente após comprovação dos ganhos a ser obtido o projeto seria aprovado.

Na opção retornável foi levantado um investimento total entre o ferramental,

as bandejas e os pallets, mais todo o custo logístico envolvido, considerando frete,

despachante, armazenagem e outras despesas aduaneiras, tanto no envio como no

posterior retorno, mais custos de depreciação, na ordem de US$ 340 mil por ano. Os

cabeçotes seguiriam para os Estados Unidos para posterior retorno das embalagens

vazias e reintegração ao ciclo produtivo.

Na versão tradicional de exportação através de embalagens descartáveis,

foram considerados, da mesma forma, todos os custos da operação previstos no

horizonte de duração dos três anos de projeto e os investimentos necessários fora

do Brasil e trazidos para o valor presente. Pois mesmo utilizando a versão

tradicional, o cliente exige o recebimento através de embalagens plásticas

retornáveis.

Os custos estimados somaram um total de US$ 910 mil os quais foram

divididos pelo período dos três anos de projeto resultando aproximadamente em

73

US$ 304 mil. Este era o custo anual que a empresa teria caso optasse em utilizar um

processo de exportação através das embalagens descartáveis.

Comparando o valor dos US$ 340 mil das embalagens retornáveis com os

US$ 304 mil das descartáveis e dividindo estes valores se chegou a um payback de

1,2 anos. Ou seja, em uma aplicação bastante generalizada, a empresa constatou

que o tempo de retorno médio do projeto já se tinha logo no início do segundo ano

do projeto exportação. O mesmo demandaria apenas quatorze meses para

recuperação do investimento efetuado através das embalagens retornáveis e, a

partir do 15º mês, receber os benefícios anuais de caixa produzidos pela economia

em custos de um processo tradicional.

4.2.1.2 Aspecto Operacional

Quanto ao aspecto operacional, o desenvolvimento da embalagem retornável

proporcionou à Empresa um novo conceito de movimentação dos cabeçotes o que

difere normalmente das tradicionais embalagens utilizadas em madeira e papelão

nos seus processos de exportação.

O principal agravante apresentado na utilização das embalagens

descartáveis, além de apresentar maiores impactos ambientais, no que se refere ao

consumo de recursos naturais renováveis e geração de resíduos de papelão,

também se tinha um problema com relação ao aproveitamento volumétrico do

contêiner.

Isto se deve ao fato de as embalagens descartáveis transportar uma

quantidade inferior de cabeçotes, restringindo o aproveitamento do contêiner, não

pelo peso, como deveria, mas por uma limitação volumétrica causada pela própria

embalagem. Ou seja, a empresa estaria carregando e exportando menos cabeçotes

do que realmente se tinha capacidade por peso, utilizando-se de embalagens

descartáveis.

74

Desta forma, a utilização de uma embalagem plástica retornável, deveria

reverter esta restrição, restringindo agora o limite do contêiner pelo próprio limite de

peso do cabeçote e não mais por um limite volumétrico.

A utilização da embalagem retornável possibilitou otimizar muito mais o

contêiner estufando-o com 240 unidades, comparado às 216 unidades na versão

anterior com embalagens descartáveis. Esta nova embalagem, também

completamente plástica no seu conjunto pallet e bandejas, totalizou apenas 50kg em

relação aos aproximados 200kg na versão descartável utilizando os racks metálicos.

Cada embalagem possui capacidade para transportar doze cabeçotes em

dois níveis de seis peças, como se pode observar na figura 13 abaixo. Com relação

à proteção anticorrosiva para o cabeçote, foram utilizados sacos plásticos VCI mais

espessos envolvendo os cabeçotes individualmente em cada nível da embalagem.

Figura 17: Embalagem retornável. Fonte: International Engines.

O pallet foi desenvolvido com tecnologia twinsheet14, mais conhecido como

folhas duplas termoformadas e as bandejas fabricadas em polietileno de alta

densidade PEAD 7mm. O pallet ainda possui um quadro plástico feito em

rotomoldagem com interior metálico, dando maior resistência e permitindo um

travamento sistemático do pallet sobre as bandejas durante o empilhamento, mesmo

considerando o interior metálico dos pallets.

14 A tecnologia twinsheet é de procedência norte americana e foi introduzida no Brasil na fabricação

de paletes e bandejas plásticas para o transporte e armazenagem de peças. Este sistema se refere ao processo vácuo-forming utilizando dois moldes simultaneamente, macho e fêmea, resultando em um “colchão de ar interno” que confere à peça resistência mecânica muito superior as peças fabricadas pelo sistema vácuo-forming convencional.

1 embalagem = 12 cabeçotes. (2 níveis de 6 peças cada).

75

O resultado em relação carga/embalagem é de apenas 3,6% por viagem e a

utilização deste tipo de embalagem elimina a geração de resíduos de papelão,

mantendo o processo limpo e sem custos com disposição de material.

Entre as principais características presentes nesta embalagem estão:

a) A capacidade estática para empilhamento de (1+2) embalagens no

armazém nos EUA, o que representava um peso total de 4.200kg

sobre o ultimo pallet e uma capacidade dinâmica para transporte de

(1+1) embalagem de 2.800kg;

b) A capacidade de travamento de uma embalagem sobre a outra;

c) O travamento dos cabeçotes na própria embalagem.

Estas três características identificadas no processo de utilização das

embalagens retornáveis foram severamente testadas em testes dinâmicos práticos

com viagem de ida e volta de Canoas a São Paulo. Foram realizados, também,

testes de resistência do pallet no fornecedor com 4.600kg de carga e um rigoroso

teste de vibração e oscilação, o qual foi requisito do cliente para aprovação da

embalagem, seguindo as normas da ASTM (American Society for Testing and

Materials), realizados no Centro Tecnológico do Instituo de Pesquisas Tecnológicas

em São Paulo.

A embalagem também possui a vantagem de vir já com o pallet, que permite

a movimentação por empilhadeiras, onde foi desenvolvida a capacidade de

travamento de uma embalagem sobre a outra e de travamento dos cabeçotes na

própria bandeja, aumentando a segurança durante as etapas de transporte e

movimentação de carga.

Em todos os ensaios a embalagem foi aprovada. A figura abaixo mostra os

detalhes do sistema de travamento empregados na embalagem retornável.

76

Figura 18: Sistema de travamento da embalagem. Fonte: International Engines.

Para cálculos de custos logísticos de se exportar os cabeçotes em

embalagens retornáveis, o fluxo de retorno destas embalagens foi levado em

consideração no seu desenvolvimento. A embalagem foi projetada de modo a não

necessitar de peação do contêiner no porto (fixação das embalagens com calções

de madeira), sendo cuidadosamente dimensionada com base na quantidade de

cabeçotes que se poderia transportar (capacidade de peso) em função da área

interna disponível do contêiner de 20’, eliminado assim os custos que este processo

requer.

No entanto, com relação ao transporte de retorno, a International Engines

teve um custo adicional, inexistente com a utilização de embalagens na versão

descartável, pois envia ao Brasil um contêiner de 40’ com as embalagens vazias

para retorno ao ciclo do negócio e reintegração ao processo produtivo. Para tanto,

com o melhor e maior aproveitamento do número de cabeçotes enviados por

embarque, e devido ao fato de os custos de aquisição das embalagens retornáveis

ser único, o custo do transporte de retorno das embalagens não resultou em um

impacto significativo.

As mesmas considerações são feitas para os custos administrativos e de

armazenagem, onde a empresa mantém três pessoas no Brasil e nos Estados

Unidos, dedicados especialmente à administração logística, além de contar com seu

próprio operador logístico na terceirização das operações de armazenagem e

transporte.

Para fins de dimensionamento da quantidade de embalagens retornáveis

necessárias para o fluxo logístico direto e reverso, e considerando o lead time

Sistema de travamento do pallet com a bandeja em

situação de empilhamento.

77

estimado em 130 dias, tempo este que separa a data de envio de uma embalagem

até a data do respectivo retorno, foi necessária a aquisição de um total de 3.000 mil

embalagens plásticas retornáveis.

A figura abaixo ilustra o fluxo das embalagens em cada etapa do processo de

logística reversa.

Figura 19: Fluxo das embalagens retornáveis. Fonte: International Engines.

4.2.2 A Operação

O processo tem início pelo recebimento das informações de programação e

release diretamente de Melrose Park via transmissões EDI e através do

departamento de Planejamento e Controle da Produção. Este, por sua vez, analisa

os volumes e a maneira como atendê-los considerando os prazos da produção e o

tempo de trânsito total garantindo que as entregas programadas dos cabeçotes

sejam realizadas just in time, ou seja, nas configurações e na seqüência desejada

Montagem em Canoas Transporte Rodoviário Transporte Marítimo

Retorno embalagens vazias Abastecimento linha em Chicago Transbordo e armazenagem

78

pela planta americana. Quer dizer, no momento em que o motor fabricado em

Melrose Park estiver em linha de montagem, o cabeçote brasileiro já tem que estar

disponível para completá-lo.

O release recebido do cliente geralmente apresenta uma previsão de entrega

em torno de três a quatro meses. Ou seja, para a data que se possui a entrega em

um determinado período à frente na carteira, é considerado o tempo do ciclo total do

processo logístico para o cumprimento dos prazos acordados. Muito importante esta

percepção, visto que utiliza embalagens retornáveis para o transporte,

armazenamento e abastecimento direto ao cliente. Lembrando que a planta de

Melrose Park somente recebe peças através de embalagens retornáveis e no caso

destes cabeçotes em específico, se a empresa não tiver as mesmas disponíveis,

corre-se o risco de atraso e parada de linha na planta americana.

O cabeçote não sai da International se não possuir a embalagem disponível.

Assim sendo, o gerenciamento das atividades de retorno das embalagens é crucial

para o nível logístico de serviço ao cliente ser alcançado.

Para evitar problemas no fluxo das embalagens, na ida e na vinda, a Empresa

controla basicamente quanto dias tem cada etapa do processo. Principalmente os

períodos considerados críticos, como transporte e recintos alfandegados. Este

último, compreendendo desde os pátios da EADI15 em Novo Hamburgo onde a

mercadoria é liberada até o porto de embarque em Rio Grande. Ambos locais

declarados pela Receita Federal sob controle aduaneiro, onde toda a movimentação

de mercadoria e veículos subordina-se às normas aduaneiras.

O que poderia acontecer, geralmente, tanto nas etapas de envio quanto de

retorno, devido às constantes greves de caminhoneiros e Receita Federal ou mesmo

aos gargalos logísticos nos portos brasileiros, é um atraso na ordem de uma semana

a 15 ou 20 dias nos períodos de trânsito e liberação alfandegária. No ano de 2006, a

empresa enfrentou dificuldades nestes aspectos: os embarques que estavam sendo

15 EADI ou Estação Aduaneira de Interior são terminais alfandegados de uso público instalados em

região onde houver expressiva concentração de carga de importação ou destinada à exportação, cuja permissão de funcionamento depende de processo licitatório realizado pela SRF. A EADI destina-se exclusivamente a receber, sob controle fiscal, mercadoria importada ou a exportar, podendo nela ser executados todos os serviços aduaneiros, incluindo os de processamento de despacho. (Maluf, pág. 57, 2000).

79

realizados em uma semana passaram a ser feitos em 15 dias. Para isso, foram

considerados 20 dias para cobrir eventuais problemas no fluxo do processo.

Etapa do procedimento Média em dias

Produção e embalagem 14 Despacho aduaneiro, trânsito aduaneiro, alfândega no

Brasil 6

Embarque marítimo 16 Alfândega nos EUA e transporte até Melrose Park 6

Estoque em Melrose Park antes do uso 30 TEMPO DE ENTREGA 72

Estoque em Melrose Park após o uso (embalagens vazias)

6

Despacho, trânsito até o porto, alfândega nos EUA 8 Trânsito até o Brasil 18

Alfândega no Brasil e trânsito até Canoas 6 Atrasos em embarques 20

TOTAL CICLO LOGISTICA REVERSA 130

Quadro 4: Duração média das etapas do processo de logística reversa. Fonte: International Engines.

Para a estrutura de todo o gerenciamento logístico reverso também é

considerada a utilização de um warehouse para estoque de trinta dias. Todas as

peças exportadas são enviadas para este armazém localizado próximo a Melrose

Park. Até este momento, os cabeçotes ainda pertencem ao inventário geral da

International Engines. Desta forma, a empresa mantém os produtos exigidos pelo

cliente em um local próximo a ele atentando para que não haja interrupções no

fornecimento e se responsabilizando pelo ressuprimento dos mesmos.

O estoque é administrado pela própria International Engines, nos moldes do

sistema de Gerenciamento de Estoque pelo Fornecedor (VMI) e a empresa assume

total responsabilidade pelas decisões acerca dos mesmos. Este sistema permite

compartilhar informações sobre a demanda do cliente e gerenciar as informações

relativas aos níveis de estoque de acordo com as regras comerciais previamente

estabelecidas pela planta americana.

A informação segue através de uma rede EDI de maneira que são atualizadas

a todo o momento. O compartilhamento destas informações é um dos pontos chave

80

para realizar o trabalho de reposição contínua dos cabeçotes de maneira oportuna e

eficiente.

Com relação ao VMI, trata-se de um sistema simples nos formatos HTML

onde mostra uma espécie de conta corrente, com entradas e saídas ou um kardex

eletrônico. A Internet, neste caso, apenas facilita e permite o acesso aqui na própria

empresa ao sistema do cliente lá fora.

É responsabilidade da empresa verificar e monitorar se as políticas impostas

pelo cliente estão sendo praticadas e assegurar a produção dos cabeçotes de forma

coerente, colaborando para uma sincronia melhor entre os processos logísticos de

transporte, armazenagem e estocagem.

Este controle é realizado conforme o quadro abaixo e monitorado através de

um indicador chamado ‘Weeks of Supply’, que compreende quantos dias ou

semanas se possui de peças para o suprimento da demanda do cliente no

warehouse.

VMI (Vendor Managed Inventory)

15 16 17 18 19 20 21 9/4 16/4 23/4 1/5 7/5 14/5 21/5 Weeks

15/4 22/4 30/4 6/5 13/5 20/5 27/5 IESA Production Actual 538 499 480 480 480 480 480

Estoque Canoas 277 IESA Shipment (actual) 960 277 499 480 480 480 480

3PL Arrival 480 240 480 0 960 277 499 3PL warehouse inventory 2196 2085 1818 1421 1858 1510 1422

MPP Forecast 480 351 747 397 523 625 587 Weeks of supply at whse. 4,41 3,75 3,53 2,46 3,01 2,46 2,34

Quadro 5: Sistema VMI de controle de estoque, (Posição em 16.04.2007). Fonte: International Engines.

Este indicador é calculado pelo total de peças em estoque e divido pela média

de consumo para as próximas três semanas. Considerando a semana 15, a

sistemática do cálculo é realizada da seguinte forma:

81

Consumo: (Semana 16 = 351) + (Semana 17 = 747) + (Semana 18 = 397) / 3

= 498 peças.

Weeks of Supply: (Estoque atual = 2.196) / (Média consumo semanal = 498) =

4,41.

Ou seja, as 2.196 peças disponíveis no momento serão suficientes para o

abastecimento de 4,41 semanas. Observa-se que a empresa vem mantendo o

estoque, o suficiente para o atendimento da demanda em um nível ainda superior às

três semanas previamente estipuladas.

A International utiliza o modal rodoviário para todo o percurso compreendido

entre Canoas e o Porto de Rio Grande (local de embarque). Os cabeçotes são

estufados nas próprias instalações da empresa em contêineres de 20’.

Semanalmente, são enviados aproximadamente 1.680 cabeçotes divididos em 240

unidades por contêiner e totalizando em média sete contêineres na semana.

Depois de carregado, o caminhão segue em direção a Estação Aduaneira de

Interior (EADI), em Novo Hamburgo. Neste local, a mercadoria destinada ao exterior

é sujeita ao despacho aduaneiro de exportação e submetida à atribuição da

Instrução Normativa n° 11516. Tal instrução estabelece procedimentos simplificados

para a aplicação dos regimes especiais de admissão e de exportação temporária de

embalagens e outros recipientes envoltórios.

A concessão do regime, por sua vez, é habilitado às empresas que

mantenham um fluxo regular de exportação e importação neste caráter. Liberada a

mercadoria, então, segue em direção a Rio Grande sob regime de trânsito

aduaneiro. Desta forma, a mercadoria chega ao local de embarque desembaraçada

e disponível para o transporte internacional.

Ao chegar ao porto de destino, a mercadoria é retirada do navio e transferida

a um terminal de Cross Docking onde é processada a operação de transbordo da

16 A Instrução Normativa n° 115 estabelece procedimentos simplificados para a aplicação dos

regimes aduaneiros especiais de admissão e de exportação temporária de recipientes, embalagens, envoltórios, carretéis, separadores, “racks”, “clip locks” e outros bens com finalidade semelhante, que ingressem no território aduaneiro ou dele saiam, destinados ao transporte, acondicionamento, preservação ou manuseio de mercadoria importada, exportada, a importar ou a exportar, (SRF, 2001).

82

carga. Esta etapa da operação caracteriza-se principalmente pela simples desova do

contêiner e movimentação da carga para o caminhão.

Foi considerado o alto preço do frete marítimo para o aproveitamento máximo

do contêiner. A International Engines optou por utilizar carga cheia com 27.000kg de

mercadoria. Se somar ao peso do contêiner (2.200kg), a carga total resulta em

quase 30.000kg. No entanto, este peso a empresa apenas pode utilizar para o

modal marítimo, as rodovias americanas possuem um limite máximo de 20.000kg

para utilização no transporte rodoviário impossibilitando o carregamento da carga

cheia diretamente no armazém da Empresa.

Dos 240 cabeçotes recebidos de um contêiner, apenas 180 seguem viagem.

As outras 60 unidades permanecem no aguardo da chegada de novos embarques

por um período máximo de um dia. Apenas no pior dos casos, poderia se ter um

período estendido de uma semana para alguns pallets parados nesse terminal. Ao

completar 180 cabeçotes, novamente é acionado um novo carregamento. No geral,

a cada três contêineres recebidos utiliza-se de quatro carretas para o transporte de

carga.

O armazém localizado próximo à planta de Melrose Park é o próximo destino

dos cabeçotes. Este local é utilizado como um instrumento para viabilizar de forma

ágil o fluxo dos cabeçotes vindos da origem e armazenamento das embalagens

retornáveis. A utilização do armazém permitiu um posicionamento diferenciado para

a empresa, principalmente para a entrega dos cabeçotes, constituindo um ponto de

apoio para um rápido e imediato atendimento às necessidades do cliente e interação

para o processo logístico reverso das embalagens retornáveis.

No geral, o abastecimento da linha de montagem acontece em duas

chamadas ao dia. A planta de Melrose Park puxa as peças conforme a sua

necessidade de produção, cada vez que a entrega é realizada, automaticamente é

dado baixa no estoque, de forma que é possível visualizar a posição do mesmo

atualizada no sistema.

Dentro dos moldes de ressuprimento do VMI onde o fornecedor controla e é

responsável pelos estoques, o cliente não avisa quando da falta de material. A

planta americana mantém apenas um controle de acesso ao sistema de informação

83

para se certificar que a International Engines realmente visualize as movimentações

durante o dia. O acesso deve ser diário e caso isso não ocorra sua nota como

fornecedor é demeritada.

Ao abastecer a planta, as embalagens vazias retornam ao armazém onde são

agrupadas e consolidadas em um contêiner de 40’ para o envio e retorno, onde

serão novamente incorporadas ao ciclo produtivo. Para melhor entendimento do

processo, a figura abaixo ilustra a configuração da operação de logística reversa da

Empresa.

Figura 20: Representação logística internacional direta e reversa da Empresa. Fonte: International Engines.

IESA Port 3PL Chicago

Port MPP 180 Cabeçotes/Truck. 240 Cabeçotes/Ctn. 20’

5 semanas 3 semanas

Ctn. 40’

Porto de Rio Grande Porto de Baltimore/ USA Operador logístico

Planta da International – Melrose Park Plant International Engines South America

84

5 ANÁLISE DOS DADOS

Neste capitulo serão apresentados os resultados obtidos através das

pesquisas e entrevistas sobre o processo de logística reversa da International

Engines na exportação dos cabeçotes aos Estados Unidos.

Para a International Engines, a principal motivação para utilizar os preceitos

de logística reversa foi em razão de atender as exigências prévias da planta de

Melrose Park no recebimento dos cabeçotes. Condição esta inevitável para o

fornecimento, uma vez que a planta americana mantém uma política de

responsabilidade ambiental, impedindo o recebimento de embalagens descartáveis

e exigindo dos seus fornecedores a adequação dos seus processos com

embalagens plásticas retornáveis.

Segundo Leite (2003), é nesse contexto que se insere o problema ecológico

nos canais de distribuição reversos e no campo de atuação da logística reversa.

Observa-se um crescente interesse de empresas modernas pelo envolvimento ativo,

diretamente ou por meio de seus fornecedores e clientes, pelo gerenciamento dos

resíduos.

A sociedade, em todas as partes do mundo, principalmente nos países de

maior desenvolvimento econômico e social, tem demonstrado cada vez mais uma

conscientização quanto à sensibilidade ecológica. No entanto, Rogers e Tibben-

Lembke (1999), apontam que embora a logística reversa possua tendências

ecológicas, o principal conceito que deve estar claro para as empresas é dos

esforços em ordem de recapturar valor por meio da reintegração de materiais ou

produtos ao ciclo produtivo. A ‘logística verde’, por sua vez inclui a medição do

impacto ambiental em particular.

Para a empresa em questão, na análise de Leite (2003), a visão estratégica e

integrada de sua rede de operação tem permitido ampliar a visão dos fluxos

logísticos para além da entrega dos produtos ao mercado, estabelecendo os fluxos

reversos, por meio da percepção das oportunidades de acréscimo de valor de

diferentes naturezas em competitividade, sensibilidade ecológica e imagem

85

corporativa. Segunda a Empresa, as vantagens alcançadas através do processo de

logística reversa são resumidas conforme Quadro 7 abaixo.

Tipo Benefício

Ecológicos

Eliminação da geração de resíduos de papelão, através de: − Reciclagem das embalagens plásticas após o término da sua vida útil; − Reciclagem das embalagens danificadas; e − Os cabeçotes são enviados sem óleo protetivo, eliminando o processo de

lavagem no destino final.

Econômicos

O tempo de retorno do investimento foi estimado em dezoito meses e a economia anual tem se mantido ao redor de R$ 950 mil ao não consumir mais embalagens de papelão, através de:

− Redução no custo da embalagem por viagem; − Capacidade de empilhamento estático de três embalagens no armazém

devido a alta capacidade de carga dos paletes, reduzindo os custos de armazenagem; e

− Maior proteção que as embalagens retornáveis oferecem aos cabeçotes.

Logísticos

Redução na complexidade das operações, obtida através das embalagens retornáveis e:

− melhor aproveitamento do espaço interno dos containers; − não há necessidade de peação do container; − as embalagens são utilizadas diretamente na linha de montagem do cliente; − fluxo de retorno de embalagens balanceado com a mesma quantidade

enviada, a cada sete containers de vinte pés com vinte embalagens retorna um container de quarenta pés com 140 embalagens dos Estados Unidos; e

− o sistema de proteção anti-oxidação com VCI permite uma exportação limpa e segura.

Quadro 6: Vantagens apresentadas pelo uso da logística reversa. Fonte: International Engines.

Dentro dos objetivos mais abrangentes para a Empresa quanto ao processo

de logística reversa foram identificados os seguintes:

a) Decisões relativas ao impacto e custo do projeto do sistema logístico

reverso na contribuição para a receita.

b) Decisões relativas à logística e operação.

Com relação ao primeiro grupo, compreende decisões de saber perfeitamente

o quanto de receita adicional deveria ser poupado através de melhorias incrementais

na qualidade do projeto de logística reversa através da utilização de embalagens

retornáveis.

86

O principal fator que levou a International Engines a adotar as embalagens

retornáveis é de ordem econômica. A redução nos custos propiciada pelo uso de

logística reversa foi decisiva para a sua utilização. Isso comprova as afirmações da

bibliografia consultada, de que empresas líderes em seus setores já apresentam

posicionamento de acréscimo de valor a seus produtos e suas imagens por meio da

logística reversa e que os principais motivos para o uso de embalagens retornáveis,

no Brasil, primeiramente estão relacionados com a economia em custos, Leite

(2003).

Na análise de Ballou (2001), dentre os diversos objetivos pelos quais há

despesas de embalagem encontram-se as seguintes:

• Facilitar a estocagem e o manuseio;

• Promover melhor utilização de equipamentos de transportes;

• Fornecer proteção a produtos;

• Promover a venda de produtos;

• Alterar a densidade de produtos;

• Facilitar o uso de produtos;

• Fornecer valor de reutilização.

Quanto a este aspecto, observa-se, na literatura, importantes considerações

logísticas nas primeiras fases do produto, os quais geralmente moldam a estratégia

necessária para a disponibilidade ao cliente. (BALLOU, 1995). Uma vez que

compreender a natureza do produto pode ser valioso para o projeto do sistema

logístico mais apropriado, a Empresa também explorou a interface dos custos

relacionados com as decisões de embalagem.

As vantagens econômicas do projeto são resultado da otimização no uso dos

contêineres e da elevada taxa de retorno das embalagens vazias, além de

benefícios como garantir a integridade da carga, pois não há manuseio até o

momento da utilização dos cabeçotes na linha de montagem.

87

O resultado gerou uma economia de US$ 900 mil na comparação do que teria

sido gasto no período com o uso das embalagens descartáveis tradicionais de

exportação. A nova concepção de embalagens retornáveis possibilitou também um

carregamento maior de cabeçotes com peso e volume menores da versão anterior.

O segundo grupo, sendo mais especificamente com relação às atividades de

apoio logístico ao processo de logística reversa e, por esta razão, compreendendo

estratégias de transportes, estoque, localização e embalagem, conforme ilustração

da figura 17 e similar ao modelo apresentado por Ballou (2001), como principais

áreas de planejamento.

Figura 21: Elementos-chave de apoio logístico ao processo de logística reversa. Fonte: Criação do Autor, adaptado de Ballou (2001).

Estas, se não bem elaboradas, comprometem as entregas da Empresa à

planta americana, uma vez consideradas fatores-chave de desempenho para a

gestão da cadeia de abastecimento, Carillo Júnior (2003). Operar em logística

reversa exige a coordenação entre as tradicionais funções de negócio dentro da

empresa, bem como a cooperação interempresas.

A seguir serão abordados os principais aspectos, no que se refere às

estratégias consideradas de maior relevância à logística reversa na exportação dos

cabeçotes.

Logística Reversa (International Engines)

Estratégia de Transporte

Estratégia de Estoque

Estratégia de Localização

- Decisões de localização. - Planejamento da rede. - Armazenagem pública/privada.

- Decisões de transporte. - Condições logísticas. - Transbordo de carga. - Tamanho/Consolidação do embarque.

Estratégia de Embalagem

- Decisões de embalagem. - Embalagens retornáveis. - Características do produto. - Unitização. - Proteção.

- Decisões de estoque. - Disponibilidade. - Entrega. - Tecnologia.

88

Estratégia de embalagem:

A estratégia de embalagem envolveu a adoção de embalagens plásticas

retornáveis para o processo de logística reversa em substituição das tradicionais

embalagens descartáveis em madeira e papelão.

Mesmo não considerando comum o uso deste tipo de embalagem em

operações internacionais, devido ao custo de retorno e o alto investimento a ser

depreciado, Leite (2003) afirma que os argumentos favoráveis no caso de sistemas

just in time estão relacionados à necessidade da rápida alimentação em linhas de

montagem, à alta de freqüência de entregas e aos lead times extremamente curtos

exigidos por esses sistemas, que favorecem a utilização deste tipo de embalagens.

Ainda, segundo Leite (2003), as embalagens retornáveis tem sido indicadas,

em função dos custos ambientais que começaram a ser considerados pelas

empresas, devido à obediência à legislação, pela necessidade de aplicação de

normas ambientais do tipo ISO 14000 ou pela necessidade de preservação de

imagem corporativa.

Para a International Engines, a exportação, através de embalagens

descartáveis, além de apresentar maiores impactos ambientais, no que se refere ao

consumo de recursos naturais renováveis e a geração de resíduos de papelão,

também se tinha o problema de aproveitamento do contêiner na questão

volumétrica. Isso se deve ao fato que este tipo de embalagem permite transportar

uma quantidade inferior de cabeçotes, restringindo o aproveitamento do contêiner

não pelo o peso, como deveria, e sim por uma limitação volumétrica gerada pela

própria embalagem.

Pesquisas revelam que, na maioria das vezes, os veículos trafegam com

apenas dois terços da capacidade de carga permitida, já que as embalagens

logísticas atuais não ocupam plenamente o espaço, IMAM (2006).

A esses argumentos favoráveis às embalagens retornáveis e seus acessórios,

pallets e sacos VCI, por exemplo, acrescenta-se o desenvolvimento de técnicas

construtivas engenhosas de acordo com as características do produto, que

permitiram reduções de custo de transporte e movimentação.

89

Cabe citar a estratégia de embalagem como uma alternativa de otimizar a

logística de transporte, estoque e localização, uma vez que, são elas que

possibilitam a operacionalização da logística reversa. O projeto da embalagem

permitiu que não houvesse nenhum manuseio da carga unitizada desde a planta do

Brasil até a linha de montagem nos Estados Unidos.

Ou seja, ela cumpriu suas funções primordiais de garantir a integridade e

conservação dos cabeçotes e ainda otimizou sua utilização logística. Atendeu os

requisitos de unitização, transporte rodoviário, marítimo, transbordo de carga,

estocagem estática, abastecimento automatizado e retorno altamente eficiente para

o Brasil, reduzindo custos e servindo diretamente como unidade de reposição na

linha de montagem.

Estratégia de transporte:

As decisões acerca da estratégia de transporte a ser utilizada pela

International Engines no processo de logística reversa consideram a utilização de

uma combinação dos modais de meios de transporte rodoviário e marítimo,

transbordo de carga e incorrem dos custos relacionados às características da

embalagem.

A atividade de transporte é mais claramente afetada pelo processo de

logística reversa. Segundo a Aslog – Associação Brasileira de Logística, o tempo de

transporte até o local de embarque, cuja média foi de 27 horas em 2003, poderia ser

reduzido em 33% caso as condições logísticas fossem melhoradas.

A operação de transbordo de carga no porto dos Estados Unidos, permitiu à

empresa maximizar a lotação no trecho marítimo e, ao mesmo tempo, respeitar os

limites de peso das rodovias americanas. Esta operação evitou um ônus de 33%

sobre o custo do transporte marítimo e despesas portuárias. Foi possível colocar

vinte pallets nos contêineres de 20’, enquanto que os caminhões que faziam o

trecho entre o porto e a planta de destino só podiam carregar quinze pallets.

Com o projeto da embalagem retornável intimamente relacionado com o

transporte, ela atende eficientemente a uma taxa de retorno de 4:1. Ou seja, a cada

90

embalagem cheia na ida, quatro retornam ocupando as mesmas dimensões e

volume. Com isto o frete de retorno torna-se mais atenuante para a operação de

logística reversa.

Estratégia de estoque:

Como já foi mencionado, a International Engines abastece a planta de

Melrose Park nos mesmos moldes de um suprimento just in time de um fornecedor

local. Isso quer dizer que, o potencial fornecedor passa a ser selecionado também

quanto à performance de entrega. A planta americana realiza esforços para reduzir o

prazo de ressuprimento, utilizando fornecedores localizados próximos à planta e

programando pequenas quantidades em freqüentes entregas.

Os cabeçotes têm pouco valor se não estiverem disponíveis na planta

americana no tempo e no lugar em que ela deseja consumir. Neste caso, a

International Engines, mantém peças suficientes para um atendimento imediato em

trinta dias, caso alguma das etapas falhem. Quando a Empresa incorre em custos

para movimentar os cabeçotes em direção ao cliente e tornar um estoque disponível

de maneira oportuna, o valor que não estava lá antes foi criado. Para Ballou (2001),

esse valor é tão seguro quanto aquele criado através da produção de um produto de

qualidade ou através de preço baixo.

Segundo Chopra e Meindl (2003), a opção entre o nível ótimo de

disponibilidade do produto alto ou baixo depende do foco que a empresa quer dar a

um determinado elemento que acredita poder maximizar seus lucros. A International

Engines, por exemplo, concentrou-se em oferecer um nível razoável em

disponibilidade de cabeçotes e usou sua reputação de responsiva para se tornar

uma empresa de sucesso.

Tal reputação é demonstrada abaixo, através de um gráfico cedido pela

Empresa, nos sentido de ilustrar a total satisfação por parte do cliente quanto à

entrega.

91

Figura 22: Performance de entrega. Fonte: International Engines South America.

Isso porque a Empresa compartilha uma parceria em soluções de tecnologia

nos moldes de um sistema VMI, estoque gerenciado pelo fornecedor. De acordo

com o IMAM (2006), desta forma a empresa ganha em prazo de entrega e

segurança, uma vez que, a qualquer momento pode se verificar a posição, com

precisão, dos níveis de estoque, os quais são monitorados diariamente. Poderá

aumentar ou diminuir sua produção e a empresa se adequar à realidade, mantendo

o nível de abastecimento dentro da normalidade.

Este sistema permite à empresa a garantia de fornecimento e reposição

automática. A International Engines pode, por meio desta ferramenta, programar

melhor o sistema de entrega dos cabeçotes em função da visualização das

informações que o sistema disponibiliza. Pode-se ainda programar sua produção em

função do consumo do cliente, e garantir o abastecimento a custos menores. Trata-

se de um diferencial competitivo, transferindo maior responsabilidade e diminuindo a

freqüência da negociação do cliente com o fornecedor estendendo para uma relação

duradoura em longo prazo.

Estratégia de localização:

A estratégia de localização da International Engines compreende as decisões

quanto aos pontos críticos no planejamento da rede logística onde os cabeçotes e

as embalagens param temporariamente no seu caminho até atingirem os seus

destinos finais. De acordo com Ballou (2001), o problema da configuração da rede é

de grande importância para a empresa, pois a rede pode gerar economias anuais de

5 a 15% dos custos logísticos totais.

92

Cabe citar, neste aspecto, a utilização de um centro de localização de

instalação única para armazenamento e estoque dos cabeçotes na chegada e

consolidação das embalagens para posterior retorno à empresa. Este local facilita o

processo de logística reversa, uma vez que são eles que possibilitam a

operacionalização da entrega just in time ao cliente, da mesma forma, o recebimento

das embalagens para, logo, reenvio e reintegração ao processo logístico inicial.

Está associada também à estratégia de localização, a utilização da Estação

Aduaneira de Interior localizada em Novo Hamburgo para efeitos de despacho

aduaneiro. A decisão de utilizar este Recinto Alfandegádo17 localizado em uma zona

secundária em relação ao território aduaneiro, se dá na medida em que permite

agilidade na realização de operações com mercadorias aos regimes aduaneiros

comuns e suspensivos, em relação aos realizados em zonas primárias. (MALUF,

2000). A preocupação da empresa neste sentido é com o cumprimento do prazo de

entrega, muitas vezes comprometido pelas travas promovidas pela infra-estrutura no

Brasil e a burocracia excessiva que envolve os processos de exportação e

importação.

As eventuais interrupções das atividades em repartições alfandegárias dos

portos podem acarretar em um impacto negativo para o processo de logística

reversa, emperrando tanto o envio dos cabeçotes como o posterior retorno das

embalagens vazias. Estas ineficiências do sistema brasileiro podem vir a causar

deméritos para imagem da empresa no exterior como exportador confiável, custos

adicionais significativos e desnecessários para sua economia e a uma eventual

perda de participação da neste mercado.

Os possíveis estragos impostos devido a estes fatores são consideráveis para

o resultado da empresa.

17 Recintos Alfandegados são locais declarados pela Secretaria da Receita Federal sob controle

aduaneiro, onde toda a movimentação de mercadoria, veículos e pessoas subordinam-se às normas aduaneiras, sendo que existem recintos alfandegados em zonas primárias e zonas secundárias (Maluf, pág. 56, 2000).

93

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A exportação de cabeçotes da International Engines South America está

diretamente relacionada ao seu processo de logística reversa e, mais do que isso,

ao grau de interação entre todos os elementos estratégicos que a compõem no que

se refere à logística empresarial e sua cadeia de abastecimento.

A logística reversa tem sido tratada por meio de vários enfoques pela

empresa. O motivo estratégico de aumentar a competitividade foi apontado como o

mais importante para o estabelecimento de sua rede reversa. Os demais motivos, de

respeito às legislações, não menos importante, permitem avaliar diferentes formas

de acréscimo de valor propiciado pela logística reversa.

A competitividade provém do retorno das embalagens associado à

revalorização econômica, uma vez que reintegram ao ciclo do negócio ou ciclo

produtivo, e geram ganhos financeiros a longo prazo. A colocação do projeto de

embalagem dentro do sistema de abastecimento da empresa trouxe diversos

resultados positivos, os quais, abrangem desde a economia em custos, até

resultados ecológicos e logísticos.

Julgando o processo de logística reversa da International Engines, percebe-se

que os princípios e as filosofias desta ferramenta, já estão sendo praticados de

forma satisfatória e favorável. É possível afirmar que o estágio em que se encontra a

realização deste processo já é também considerado como viabilidade para novos

projetos de exportação a utilização de canais logísticos reversos por meio de

embalagens plásticas retornáveis. Dessa forma, pode-se afirmar que a logística

reversa efetivamente agrega valor à empresa, mas devendo principalmente ser

estabelecida através da perspectiva do cliente.

Em resumo, a International Engines esta preparada para trabalhar nos

mercados mais exigentes do mundo e defende a logística reversa como instrumento

de crescimento e competitividade para a empresa. Como tal propõe mudanças no

enfoque logístico atual. Uma coisa é a infra-estrutura e investimentos necessários

para o desenvolvimento de um processo logístico reverso e sua sinergia no que se

refere aos principais elementos-chave e poder otimizá-los. Outro ponto, comumente

94

desprezado pela maioria das empresas, é a questão da embalagem que deve ser

dedicada aos sistemas logísticos da mesma forma condizente aos requisitos do

cliente em um esforço exportador.

95

7 CONCLUSÃO

A logística reversa tem sido apontada principalmente quanto à obediência das

legislações ambientais e conseqüentemente o atendimento aos requisitos do cliente.

No entanto, seu enfoque pode variar. A natureza das empresas e o contexto em que

se inserem vão demonstrar a sua devida disposição.

Embora se acredite em uma área ainda pouco explorada pelas as empresas,

ou, explorada de forma equivocada, a logística reversa já é comumente vista sendo

realizada, pois seu processo é caracterizado principalmente por operações que

visem o retorno ao ciclo produtivo. Pode-se considerar apenas como não

reconhecida como tal.

Com relação às embalagens retornáveis, podem-se destacar as iniciativas

deste tipo de operação dentro da logística reversa como redutoras de custos e,

principalmente, relacionadas a crescente conscientização ecológica empresarial. O

impacto dos produtos no ambiente, hoje, está sendo tratado com muito mais rigor e

a tendência é de aumento considerável das preocupações com o descarte.

As empresas que estiverem preparadas para atender a estas questões e

operar através de tal maneira aumentarão significativamente sua competitividade no

mercado, visto que tal operação está associada ao respeito ambienta,l da mesma

forma que os ganhos podem ser expandidos através de sua implementação. Aqui se

tratando de ganhos não somente financeiros, mas também em termos de

responsabilidade social.

O Gerenciamento da Cadeia de Abastecimento é outro ponto fundamental

para a logística reversa. Cada vez mais os clientes valorizam produtos com preços

adequados, de alta qualidade, projetados, produzidos e entregues de forma rápida,

confiável e responsável. Sendo assim, a integração dos processos diretos e reversos

com os elementos-chave das empresas se faz necessária para alcançar estes

objetivos, uma vez que resultam em ganhos substanciais, ao passo que, sem esta

união, tudo pode se perder.

96

A logística reversa não deixa de estar relacionada à conservação destes

clientes, fidelizando-os à empresa. Ela torna-se um aspecto empresarial significativo

para a lucratividade, mas exige direcionamento por objetivos estratégicos aos quais

a empresa inteira deve estar orientada.

97

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101

APÊNDICE A – QUESTÕES DE ENTREVISTA

1. A partir de como surgiu a idéia de operar em logística reversa?

2. Qual foi o primeiro passo na configuração da rede logística necessária para o

processo de logística reversa?

3. Quais foram os desafios apresentados pelo projeto de abastecimento de uma

planta localizada nos EUA?

4. Como funciona o processo de logística reversa na exportação de motores?

5.Quais as operações envolvidas no processo de logística reversa na exportação

dos cabeçotes?

8. Quais foram as exigências do cliente para exportação dos motores acontecer

(abastecimento da planta de Melrose Park em Chicago, EUA)?

9. Quais foram as mudanças necessárias para implantação do processo de logística

reversa?

10. Em sua opinião, quais são as principais vantagens e desvantagens de operar em

logística reversa?

11. Em sua opinião, quais as exigências necessárias para uma empresa operar em

logística reversa?

12. Qual a relação custo x benefício da logística reversa no processo de exportação

dos motores?

13. Em sua opinião, explique como a logística reversa pode passar a ser

considerada como um fator de competitividade para a empresa.

102

14. O que ocorreu após o processo de logística reversa em termos de resultado de

imagem, custos e gestão ambiental?

15. O processo de logística reversa ajudou a empresa na obtenção de algum

certificado de qualidade?

16. Qual o grau de complexidade do processo de logística reversa na empresa?

17. Quais indicadores para medir o desempenho para o processo de logística

reversa?

103

APÊNDICE B – TÓPICOS GUIAS PARA ENTREVISTA

PRODUTO

- Características.

- Aplicação.

- Destino.

- Demanda (previsibilidade/estimativas/oscilações).

EMBALAGEM

- Desenvolvimento.

- Fornecedor.

- Função.

- Tipo de material.

- Vantagens e desvantagens.

- Tecnologia.

ESTOQUE E ARMAZENAGEM

- Política de estoque.

- Estoque médio.

- Estoque de segurança.

- Otimização.

104

TRANSPORTE

- Distribuição.

- Volume de carga.

- Freqüência de embarque.

- Rotas de transporte.

- Modalidade de transporte.

- Porto de origem e porto de destino.

- Unitização de carga.

- Confiabilidade na entrega.

LOGÍSTICA REVERSA

- Sistema de informação.

- Processo.

- Terceirização (parceiros e alianças estratégicas).

- Indicadores.

- Resultados.

105

APÊNDICE C – LISTA DE DOCUMENTOS

- Fluxograma do processo logístico reverso.

- Fluxograma do processo de exportação de motores com destino a Chicago,

Estados Unidos.

- Procedimento de processo: logística reversa.

- Procedimento de processo: exportação.

- Procedimento de processo: importação.

- Artigo: “International Engines investe R$1 milhão em nova concepção de

embalagem para exportação”.

- Artigo: “Embalagem tipo exportação”.

- Artigo: “International Engines adota embalagem retornável na exportação de

cabeçotes”.

- Artigo: “International Engines comemora exportação de 40.000 cabeçotes”.

- Artigo: “Logística é base de exportações de motores da International”.

- Artigo: “International reduz custos com nova embalagem para cabeçotes”.

- Artigo: “Plástico agiliza remessas da International”.

- Desenho técnico: embalagem retornável tipo exportação.