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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS FACULDADE DE EDUCAÇÃO DENISE DOS SANTOS RODRIGUES MEMÓRIAS E REFLEXÕES CAMPINAS 2005

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS

FACULDADE DE EDUCAÇÃO

DENISE DOS SANTOS RODRIGUES

MEMÓRIAS E REFLEXÕES

CAMPINAS

2005

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS

FACULDADE DE EDUCAÇÃO

DENISE DOS SANTOS RODRIGUES

MEMÓRIAS E REFLEXÕES

Memorial apresentado ao Curso de

Pedagogia – Programa Especial de

Professores em Exercício, nos Municípios

da Região Metropolitana de Campinas, da

Faculdade de Educação da Universidade

Estadual de Campinas, como um dos pré­

requisitos para conclusão da Licenciatura

em Pedagogia.

CAMPINAS

2005

A todos aqueles que, de uma forma ou de outra, contribuíram

para que eu tivesse êxito nesse curso de Pedagogia o meu muito

obrigada.

“A ousadia de ser mestre, mediador, professor está em suas mãos. A fase adulta, que já chegou e foi assumida por você, é o passo mais decisivo para se conviver com a responsabilidade da vida e a liberdade, conferidas pela sua competência e pelo seu status.

Tenha orgulho de sua profissão. Encha o peito e diga o que é, o que sabe, o que estudou, o que é capaz de fazer. Sua vida é um quadro lindo demais para não ter moldura; sua sabedoria, uma escultura de uma arte única que pertence só a você. A sociedade precisa conhecer a sua imagem dentro da moldura que você escolheu.”

Hamilton Werneck

Sumário

Apresentação. Primeiras Palavras............................................................... Página 1

Memórias..................................................................................................... Página 3

Uma nova fase cheia de esperanças........................................................... Página 7

Um novo vestibular...................................................................................... Página 9

A Unicamp.................................................................................................... Página 10

Tendências e Utopias na Educação Infantil................................................. Página 13

A Influência da Mídia na Educação Infantil.................................................. Página 16

A Escola Ideal.............................................................................................. Página 19

Considerações Finais................................................................................... Página 23

Referências Bibliográficas............................................................................ Página 25

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APRESENTAÇÃO

Primeiras Palavras...

Como é difícil escrever um memorial de formação!

No momento em que paramos para relembrar, são tantas as dúvidas

que surgem: o que escrever? O que é importante e o que é relevante? Como

escrever? Para quem escrever? E se a memória não ajudar?

A rememoração é um processo que envolve esforços e dedicação.

Na maior parte das vezes, lembrar não é reviver, mas refazer, reconstruir, repensar, com imagens e idéias de hoje, as experiências do passado. A memória não é sonho, é trabalho. (Bosi, 1995: 55)

Portanto, este memorial não é uma certeza sistemática de afirmações,

mas, certamente, é um apanhado de dúvidas e de algumas certezas provisórias do

meu presente, olhando para o meu passado.

Penso que estamos sempre aprendendo e só deixamos de fazê­lo

quando morremos. Estar vivo é, sobretudo, estar aprendendo!

Procuro­me no passado e outrem me vejo; não encontro a que fui, encontro alguém que a que sou vai reconstruindo, com a marca do presente. Na lembrança, o passado se torna presente e se transfigura, contaminado pelo aqui e agora.

(Soares, 1990)

No tempo vivemos e somos nossas relações sociais, produzimo­nos em

nossa história. Falas, desejos, movimentos, formas perdidas na memória. No tempo

nos constituímos, relembramos, repetimo­nos e nos transformamos, capitulamos e

resistimos, mediados pelo outro, mediados pelas práticas e significados de nossa

cultura. No tempo, vivemos o sofrimento e a desestabilização, as perdas, a alegria e

a desilusão.

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O tempo em que uma pessoa vive, dá­lhe a oportunidade de se conhecer como ser moral, engajado na busca da verdade: no entanto, esse dom que o homem tem nas mãos é ao mesmo tempo delicioso e amargo. E a vida não é mais que a fração de tempo que lhe foi concedida, durante a qual ele pode (e, na verdade, deve) moldar seu espírito de acordo com seu próprio entendimento dos objetivos da existência humana. (Tarkovski, A, 1990: 65)

Assim, dou início ao meu memorial de formação, escrito para conclusão

do curso de Pedagogia, específico para professores em exercício, oferecido pela

Universidade Estadual de Campinas, UNICAMP.

Nele escrevo primeiramente sobre minha formação, minhas memórias,

meus anseios, frustrações, aprendizados e reflexões. Escrevo sobre a influência da

mídia e as tendências e utopias na Educação Infantil – área em que atuo. Antes da

conclusão, faço uma viagem à escola ideal, sempre estabelecendo pontes entre

minha prática em sala de aula e as teorias estudadas e defendidas na Universidade.

No decorrer deste memorial, relato alguns pontos que ficaram mais

registrados em minha memória durante esses três anos de UNICAMP, pontos que

discutimos em sala de aula; pontos que, de alguma forma, me tocaram; pontos que

me fizeram refletir sobre meu trabalho pedagógico, sobre minhas atitudes e crenças.

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Memórias...

“As nuvens mudam sempre de posição, mas são sempre nuvens no céu. Assim, devemos ser todo dia, mutantes, porém, leais com o que pensamos e sonhamos”.

Paulo Bateki

Ano de 1.983. Estou quase acabando a oitava série (Ensino

Fundamental)! Inicio uma nova fase da minha vida. Escolha de uma profissão,

vestibular, novos amigos, nova escola... quanta emoção!

Porém, que profissão escolher?

Dúvidas, muitas dúvidas... o que fazer? Qual caminho seguir?

Duas opções passam por minha cabeça: professora e secretária.

Parece que a escola adivinhou! Vão aplicar um teste vocacional! Agora

vou conseguir decidir qual carreira seguir. Este teste vai me ajudar.

Mera ilusão... igualmente empatadas, quais as profissões que surgiram?

Bingo! Professora e Secretária. Que decepção...

Desde pequena, nas brincadeiras, ou eu era a professora ou a

secretária. A minha dúvida era exatamente aquela que ninguém iria responder...

O curso de Secretariado era na cidade vizinha, escola particular, não

havia transporte, apenas os ônibus intermunicipal.

O curso de Magistério era em um colégio estadual, a uma quadra de

casa. Acabei forçadamente optando pelo Magistério, afinal meu teste tinha mesmo

ficado empatado, diziam meus pais.

Minha mãe foi a maior incentivadora para eu ser professora. Os tempos

estavam difíceis e o magistério, conhecido até então por profissão “espera marido”,

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garantia­me um diploma que me daria um futuro. Meu marido não teria ciúmes e eu

teria tempo para cuidar da minha casa, de meu marido, de meus filhos...

A influência da mãe na escolha da docência como profissão é destacada

por Madalena Assunção. Segundo ela, “é visível a preocupação das mães em

relação à dependência das filhas, que poderiam transformá­las em apenas boas

mães e esposas dedicadas” (1996:90), o que não representa totalmente o futuro, por

elas almejado, para suas filhas. Madalena analisa essa influência como uma

confluência entre gênero, em que, pela proximidade das relações entre mãe e filha,

as primeiras passam às segundas um modelo de mulher, não tão igual, mas

também não tão diferente dos caminhos por elas percorridos.

Voltando à minha história, foi assim que em 1984, após um primeiro

lugar no vestibulinho, pois o primeiro ano era comum tanto ao curso

profissionalizante como ao Colegial (Ensino Médio), ingressei na EEPSG General

Porphyrio da Paz, em Paulínia, rumo ao Magistério.

O curso transcorreu sem nenhum contratempo. Sempre fui uma aluna

dedicada e estudiosa, apesar de discordar plenamente da didática dos professores e

dos conteúdos que nos eram literalmente transmitidos. Um método completamente

tradicional para formar professores completamente tradicionais. Mas eu era

adolescente, naquela época não tinha problema algum para decorar!

No quarto ano do curso começaram os estágios. Era para mim um

martírio ter que ir observar as professoras que se colocavam bem claras quanto a

sua visão: estagiários não sabem nada e são metidos a sabe tudo. Não têm idéia do

que está acontecendo na sala de aula, só vêm uma vez por semana, observam e

descrevem tudo como se as professoras fossem umas bruxas malvadas que só

castigam seus alunos.

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Os estagiários não podiam ver o planejamento, ter acesso aos

conteúdos nem aos alunos. Ficávamos sentados na última carteira, em um canto da

sala, isolados de todos. Só era permitido um estagiário por sala. Se algum aluno nos

pedisse ajuda, era advertido no mesmo instante, diante de todos os outros.

Lembro­me até hoje do dia da minha docência assistida. Eu teria que

planejar e ministrar uma aula, para a Educação Infantil, em comum acordo com a

professora da turma. Não era ela quem escolheria a data. Esta era pré estabelecida

de acordo com a minha professora de Didática.

Nunca mais me esqueci do nome da professora que eu fui estagiária:

Dora. Baixinha, carrancuda, de poucas palavras e muita cara feia! Acho que os

alunos nem respiravam na sala de aula de medo dela!

Ela foi categórica: você não pode introduzir nenhum conteúdo nem

desenvolver nenhum conhecimento. A professora sou eu! Não quero que leia

histórias, ensine música nova nem saia da rotina das crianças. Pergunto: o que me

sobrou?

Na época entrei em desespero... eu tinha apenas 17 anos,

completamente inexperiente, ingênua (é... os adolescentes já foram ingênuos um

dia!). Depois de muito quebrar a cabeça, montei um circuito com mesas, bancos,

cadeiras, cordas e bambolês. Eu tinha uma hora para desenvolver minha atividade

com as crianças.

Quase uma hora antes de a minha professora chegar, a Dora colocou as

crianças em fila, levou­as para o pátio e disse a elas que durante uma hora as

crianças ficariam brincando comigo. Virou as costas e simplesmente desapareceu!

Foi um alvoroço!!

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O circuito já estava montado. Era criança pegando bambolê, outra

puxando a corda, outra subindo nos bancos...

Meu Deus!!! (incrível como nessas horas Ele é o primeiro a ser

lembrado!). E agora? O que fazer? Pânico geral! Minha vontade era de sair

correndo!!

Consegui chamar atenção da turma batendo palmas fortes e cantando

Ciranda Cirandinha. Aos poucos as crianças foram vindo para a ciranda que ia

virando Peixe Vivo. Consegui que se acalmassem um pouco e, antes que minha

professora chegasse comecei o circuito. Eu já não sabia mais o que fazer...

Marinheiro de primeira viagem é fogo!

Hoje, claro, com a experiência que tenho, faria tudo diferente. Inclusive

argumentaria mais com a Dora. Mas, naquela época... sou fruto de uma educação

completamente tradicional, tanto familiar quanto escolar. Estudei em escola de

freiras até a oitava série. Aprendi que não devemos discutir ou argumentar com os

mais velhos. Eles merecem todo nosso respeito e sempre sabem mais que nós.

Têm experiência. Devemos nos calar, ouvir e obedecer.

E foi assim que minha primeira aula foi um desastre, pelo menos aos

meus olhos naquele fatídico dia. Acabei o circuito já com a presença de minha

professora. Relatei a ela o que havia acontecido, juntei minhas coisas e corri para

casa. Chorei, chorei até não ter mais lágrimas para chorar. Agradeci a todos os

santos por não precisar voltar mais para nenhum estágio e porque o curso já estava

nos finalmentes: faltava pouco mais de um mês para acabar.

Completei o curso decidida: nunca serei professora. As professoras são

todas más e não servem para nada, além de mostrar aos alunos que sabem tudo, e

na verdade, não sabem nada!

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E fugi do Magistério como “o diabo foge da cruz”!

Uma nova fase cheia de esperanças...

“A esperança é cheia de confiança. É algo maravilhoso e belo, uma lâmpada iluminada em nosso coração. É o motor da vida. É luz na direção do futuro”.

Conrad de Meeser

Em 1987 ingressei na Pontifícia Universidade Católica de Campinas.

Curso: Letras, claro, Bacharelado em Secretariado Bilíngüe. Começa uma nova fase

em minha vida. Como todo adolescente, tenho certeza que a solução para todos os

meus problemas estão nessa graduação.

Realmente, o curso transcorreu sem nenhum contratempo. Eu adoro

línguas! Logo no terceiro ano teve uma seleção para estagiários em uma empresa

multinacional e eu fui a selecionada. Após oito meses de estágio, fui efetivada.

Todas as portas estavam abertas para mim; os departamentos foram se fundindo

por contenção de despesas, as secretárias sendo demitidas e eu ia sobrevivendo

com elogios. Tinha várias perspectivas de crescimento profissional, o próprio diretor

da área em que eu trabalhava investia muito em minha formação, visando à

substituição de sua secretária. Porém, algo dentro de mim estava inquieto... Eu não

queria ser o bibelô do setor, a babá dos marmanjos, inventando eternas desculpas

às pessoas quando o “circo pegava fogo” e meu chefinho não queria atendê­las.

Após seis anos de conquistas e uma carreira promissora pela frente, sob

vários protestos, tanto do pessoal da empresa como da minha família, “chutei tudo

para o alto” e fui morar no exterior. Lá, comecei um curso de mestrado em Teaching

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English as a Second Language, casualmente na área de Educação. Então, conheci

a obra de Paulo Freire. Foi um fascínio porque ele aproximava o discurso todo que

eu havia estudado durante as aulas tanto do Magistério como da graduação em

Letras, as análises que eu vinha lendo e estudando, de uma perspectiva de ação.

Ele propunha uma forma de educação que eu nunca supus que pudesse existir. A

educação, apontava ele, podia ser distinta de tudo o que ela havia sido para mim a

vida inteira, tanto na escola como em casa. Apaixonada pela perspectiva que eu

vislumbrava pela janela entreaberta, voltei ao Brasil e prestei concurso para

professora de Educação Infantil na Prefeitura Municipal de Paulínia, onde leciono

até hoje!

Ao entrar novamente na sala de aula, dessa vez como professora, mais

madura e mais determinada, tomei consciência do quanto eu não sabia... Apesar

dos meus esforços em estar aberta ao modo de compreender e dizer o mundo dos

meus alunos, eu não sabia como entretecer suas contribuições, não sabia como

articular seus saberes com a formulação sistematizada desses saberes.

Mas eu não desanimei. Com o passar dos anos, mais e mais fui me

encontrando no mundo mágico da Educação. Agora vou me identificando com toda

essa dinâmica, com vontade de conhecer, entender, dominar esse saber tão

especial, tão contagiante. Voltei à universidade para a licenciatura em Letras e, logo

após, para pós­graduação em Psicopedagogia.

Estamos em um processo constante de aprendizagem. A prática é

importante, mas a teoria também o é. E foi assim que após sete anos lecionando, vi

a possibilidade de ampliar ainda mais meus conhecimentos através da parceria

entre a Unicamp e as Prefeituras da Região Metropolitana de Campinas. Um sonho

tão distante, com chance de se tornar realidade!

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Um novo vestibular...

“Quem se rende à tentação do ninho, jamais aprende a voar; quem não se aventura pelos mares, verá o casco de seu barco apodrecer em pleno cais, quem não ousar na vida profissional, ficará superado porque não foi capaz de dialogar com as mudanças que o tempo ofereceu.”

Hamilton Werneck Mais uma vez volto à Universidade, dessa vez para o curso de

Pedagogia e na Unicamp!

Acredito que estudar na Universidade Estadual de Campinas é o sonho

de todo estudante, porém, estava muito longe das minhas expectativas, uma vez

que o curso do Magistério não nos capacitava na área de exatas, que, diga­se de

passagem, nunca me atraiu.

Porém, o curso de Pedagogia – PROESF, Programa Especial para

Formação de Professores em Exercício na Rede de Educação Infantil e Primeiras

Séries do Ensino Fundamental da Rede Municipal dos Municípios da Região

Metropolitana de Campinas – era uma porta enorme! Curso elaborado visando à

uma futura educação continuada e à integração da experiência docente dos

professores em exercício, do desenvolvimento da pesquisa e do aprofundamento

teórico desses professores. Foi feito para mim, pensei. Era o último dia de inscrição

para o vestibular, mas ainda deu tempo.

A proposta do curso está fundamentada na concepção de professor

como profissional do ensino que tem, na tarefa de cuidar da aprendizagem dos

alunos, a perspectiva da construção de uma cidadania consciente e ativa que lhe

permita identificar e posicionar­se às transformações em curso e incorporar­se na

vida produtiva e sócio­política, respeitada a diversidade pessoal e cultural.

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Ótimo, exatamente um curso como esse que eu preciso nesse momento.

Um curso que, entre outros, os conhecimentos da prática serão refletidos,

garantindo novas formas de vinculação entre teoria e prática.

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A UNICAMP...

“É preciso esquecer o aprendido que nos fez adultos para ver o mundo com novos olhos”.

Rubem Alves

Que emoção! O primeiro dia de aula! Por mais que estudemos, o

primeiro é sempre o primeiro. Muitas expectativas, procura por pessoas conhecidas,

novas amizades... Alegria, muita alegria! Sensação de alívio e responsabilidade:

alívio por ter conseguido mais esta vitória; responsabilidade de estar na Unicamp.

Algumas pessoas dizem que as alunas do PROESF entraram pela porta

dos fundos da Unicamp. Eu discordo. Nós também passamos por vestibular, que,

diga­se de passagem, não foi fácil. Estamos em busca de maiores conhecimentos,

de respostas as nossas dúvidas, de novos caminhos a serem percorridos como

todos os estudantes. Nossa diferença: nós temos a prática. Talvez seja esse detalhe

que tanto incomoda...

Para ser sincera, esse preconceito foi para mim uma frustração, mas

também funcionou como uma alavanca para que nós, “proesfenses”, tivéssemos

muito mais garra.

E assim se passaram os três anos e aqui estou eu escrevendo meu

memorial de formação para a conclusão do curso.

Confesso, foi uma vitória! Aprendi muito.

Aprendi, refletindo sobre meu próprio trabalho, o quanto a escola

direciona os saberes de acordo com o que ela acredita e o quanto ignora os

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conhecimentos dos alunos, desvalorizando­os, inclusive, perante seus próprios

saberes, sua bagagem cultural, sua vida.

Aprendo, a cada dia, a “ver” meu aluno, a aceitá­lo como ele é, a

descobrir nele suas habilidades e qualidades, socializando­as da melhor forma

possível, valorizando­as e fazendo­o valorizar­se.

Aprendi que é o modo como se faz a articulação entre o conteúdo e as

situações de vida dos alunos, de modo que saibam porque estão estudando este ou

aquele assunto, é que dá a motivação necessária à aprendizagem.

Aprendi que é preciso desafiar a inteligência do meu aluno e suscitar

nele a vontade de aprender, conforme nos diz Soares (1996), que cabe à escola

organizar criativamente o conhecimento a ser tratado no tempo, produzindo desafios

com este conhecimento, buscando alegria a cada conquista.

É claro que os conhecimentos que adquirimos, as reflexões que

fazemos, não geram mudanças de uma só vez. Processamos as informações e

vamos transformando nosso modo de agir paulatinamente.

Também a mudança nem sempre é fácil, principalmente se levarmos em

consideração que o trabalho do professor e o espaço escolar inserem­se em uma

estrutura mais ampla, que embora pregue a diversidade, trata e avalia os alunos

como se fossem iguais.

Por mais que o professor esteja em sua sala de aula, feche a porta e

trabalhe, de acordo com suas crenças e valores, com o interesse dos seus alunos, o

sistema de ensino sempre encontra uma forma de interferir nessa intimidade e

nesse trabalho, seja pelas avaliações externas, comparações ou crítica ao

desempenho do aluno na fase seguinte.

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Nós, professores, precisamos estar atentos a essa padronização do

sistema. Precisamos tomar consciência do nosso papel, reconhecendo­nos e

valorizando­nos como sujeito ativo e transformador da nossa realidade.

É necessário um enfrentamento ao contexto educacional, através de

uma atitude questionadora e reflexiva, conscientes que podemos ocupar, sim, uma

posição sobre o que se passa dentro da sala de aula e responsabilizarmo­nos pelo

nosso próprio desenvolvimento profissional, pois, como nos diz Cortella (2001),

educar significa conduzir a um lugar diferente daquele em que se está.

Nesse curso encontrei algumas respostas que buscava. Essas respostas

vieram da melhor forma possível: a partir de um processo reflexivo que se instalou

em mim, em um questionamento constante sobre minha prática pedagógica,

proporcionando­me um entendimento melhor dos problemas vivenciados na escola

cotidianamente.

Aprendi muito, porém sei que sempre terei muito a aprender. Como

disse Paulo Freire “... inacabado, sei que sou um ser condicionado, mas consciente

do inacabamento, sei que posso ir mais além dele” (1993, p. 59).

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Tendências e Utopias na Educação Infantil...

“É preciso retirar as disciplinas científicas de suas torres de marfim e deixá­las impregnar­se de vida cotidiana”.

Moreno

Será que temos uma política de educação infantil que vem assegurando

expansão da cobertura, fortalecimento da nova concepção de infância e promoção

da melhoria da qualidade como postulavam os documentos oficiais que o MEC –

Ministério de Educação e Cultura – elaborou em meados da década de 90? Até

agora, em nível nacional, temos mais do que diretrizes e “referencial”?

Em nível local, é preciso que as propostas de formação redundem o

avanço da escolaridade e carreira, o que acontece em poucos municípios. A ação

do MEC tem sido, infelizmente, tênue (para não dizer omissa) em relação a esta

questão, seja pela pequeníssima destinação de recursos para a formação feita pelos

municípios, seja porque a liberação desses recursos não tem implicado em

mudanças de carreira e salário.

Será que existe uma política nacional de formação dos profissionais da

educação infantil? Ou há apenas a compra e venda de pacotes, inclusive com a

intermediação do MEC?

Há a necessidade de construção de um trabalho que contemple as

especificidades e diversidades culturais das crianças sem que haja a proclamação

de um modelo único e verdadeiro. Neste sentido, o que vem sendo realizado em

creches e pré­escolas precisa ser revisto e reavaliado à luz da Pedagogia da

Educação Infantil, no sentido da construção de um trabalho com as crianças de 0 a

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6 anos de idade, que apesar de ser formalmente estruturado pretende garantir a

elas viver plenamente a sua infância sem imposição de práticas ritualísticas

inflexíveis, tais como se cristalizam nas rotinas domésticas, escolares ou

hospitalares. Nós, professores da Educação Infantil, reivindicamos o espaço para a

vida, para a vivência das emoções e dos afetos – alegrias e tristezas – para os

conflitos, confrontos e encontros, para a ampliação do repertório vivencial e cultural

das crianças a partir de um compromisso dos adultos que se responsabilizam por

organizar o estar das crianças em instituições educativas que lhes permitam

construir sentimentos de respeito, troca, compreensão, alegria, apoio, dignidade,

amor, confiança, solidariedade, entre tantos outros. Que lhes garantam acreditar em

si mesmos e no seu direito de viver de forma digna e prazerosa. É importante

destacar a dificuldade que se tem em fazer valer esses princípios na organização do

sistema educacional brasileiro diante das últimas reformas educacionais do governo

brasileiro.

É fato constatado que o nosso sistema regular de ensino, programado

para atender àquele aluno “ideal”, com bom desenvolvimento psicolingüístico,

motivado, sem problemas intrínsecos de aprendizagem e oriundo de um ambiente

sociofamiliar que lhe proporciona estimulação adequada, tem se mostrado incapaz

de lidar com o número cada vez maior de alunos que, devido a problemas sociais,

culturais, psicológicos e/ou de aprendizagem, fracassam na escola.

Nesse contexto, é visível o descontentamento ante a política

educacional brasileira e ante a maneira como vem sendo implantada a reforma

educacional no país, tanto nos aspectos gerais como nos especificamente

relacionados com a educação infantil. A esperança é que os educadores

comprometidos com a defesa da educação e dos direitos das crianças à educação

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infantil continuem a denunciar o que está acontecendo e a realizar estudos,

pesquisas e projetos de ação que nos possibilitem avançar na construção de uma

“Pedagogia da Educação Infantil” e de políticas públicas plurais que contemplem as

diversidades culturais das crianças brasileiras e que sejam orientadas por práticas

que visam à formação de cidadãos e não à de consumidores compulsivos como

pretende o projeto neoliberal em andamento.

Tudo o que é proposto deveria ser avaliado em cada escola e adaptado

à sua realidade.

As mudanças educacionais atingem o cotidiano dos alunos e

professores, alteram as práticas, as relações pedagógicas.

Nós, professores, deveríamos lutar para modificar esse quadro de

passivos na educação. O trabalho de reflexão, questionamento e investigação para

adequação da proposta de trabalho, a concepção de educação, de sociedade que

temos e a que buscamos, faz parte da nossa formação de educadores. O olhar

crítico sobre as concepções que estão presentes em nossa prática é indispensável.

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A Influência da Mídia na Educação Infantil

“A escola tem de se modernizar (...) A escola tem de reencontrar a vida, mobilizá­la e servi­la, dar­ lhe um objetivo. E para isto deve abandonar as velhas práticas, mesmo que elas tenham tido a sua majestade, e adaptar­se ao mundo do presente e do futuro. (...) É necessário, sobretudo, que os pais e os educadores tomem consciência do fato evidente de que a vida mudou, as necessidades das crianças e do meio já não são as mesmas, e que em virtude disto, as respostas de contem já não são forçosamente válidas e é necessário a todo custo reconsiderar os problemas. (...) Nós somos educadores que tentamos, dentro de nossas próprias aulas, fazer passar para a prática as idéias e os sonhos dos teóricos, que devemos assegurar a permanência das nossas funções, aplicando­nos a torná­las mais eficientes. Temos de fazer nascer o futuro no seio do presente e do passado, o que implica não num espetacular apelo à novidade, mas prudência, método e uma grande humanidade.”

Freinet

Foram várias as disciplinas, além das aulas magnas e atividades

culturais, que tivemos nesse curso. Um dos assuntos que mais me chamou a

atenção foi sobre Educação Infantil.

Vários foram os aprendizados, muitas as discussões, pesquisas e

reflexões.

Entre os assuntos, a influência da mídia na Educação Infantil, fez­me

refletir bastante sobre meus conceitos e pré­conceitos.

Os autores que, para mim, mais se destacaram nesse assunto foram

Joe Kincheloe e Shirley R. Steinberg e, baseando­me nos textos, nas pesquisas que

fizemos e nas discussões em sala de aula, relato aqui as minhas reflexões.

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O estresse proveniente das mudanças sócio­política­econômicas dos

últimos vinte anos tem minado a estabilidade da família.

As instituições sociais têm se mostrado lentas para reconhecer

configurações familiares diferentes e as dificuldades especiais que elas encontram.

Sem apoio, a família “pós­moderna” do fim dos anos 90, com seu exército de mães

solteiras ou que trabalham fora, vê­se cercada por problemas oriundos da

feminilização da pobreza e da posição vulnerável da mulher tanto no espaço público

quanto no privado.

A mudança na realidade econômica, associada ao acesso das crianças

a informações sobre o mundo adulto, transformou drasticamente a infância.

Novos tempos prenunciam uma nova era na infância.

Na infância pós­moderna, estar sozinho em casa é uma realidade diária.

Aumentado o tempo de abandono e afastamento, a nova era da infância não pode

escapar da influência da condição pós­moderna com a sua mídia de saturação

eletrônica, inclusive, como forma de preencher o tempo que as crianças estão só. As

crianças pós­modernas são sexualmente esclarecidas e muitas vezes sexualmente

experientes; elas entendem e algumas já tiveram experiência com drogas e álcool; e

novos estudos mostram que muitas vezes elas experimentam as mesmas pressões

que as mães solteiras que trabalham, como esforçar­se para administrar o estresse

da escola, o trabalho em casa e a dinâmica interpessoal da família.

A lógica desse tardio estágio do capitalismo que vivemos hoje é cultural.

A arquitetura, as imagens, os sons, os alimentos, nas suas versões shopping center,

vídeo, MTV, Big Mac, entre outros artefatos culturais, são exemplos da cultura

transformada em mercadorias que vão moldando nossas maneiras de ser e de viver.

Elas vão conformando nosso gosto, nossos sentidos, nossos desejos, nossos

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relacionamento, nossos eus privado e público, enfim, vão modelando nossas

subjetividades e fabricando as identidades, transformando a convivência familiar

destes tempos.

As crianças não estão imunes à essa pletora de interpelações, não estão

localizados no exterior desta política de representação, não estão isentas dos efeitos

da política cultural. Desta forma, as imagens cristalizadas de crianças que inundam

nossos manuais didáticos, nossos livros de psicologia, nossos tratados de

pedagogia cultural da sedução, do fascínio e do prazer, definitivamente, estes entes

criança escapam.

Em um passado recente as informações chegavam às crianças pelo

crivo dos parentes mais velhos. Hoje, pela janela da televisão, tudo é para todos,

não havendo distinção entre gerações ou classes sociais. A cultura da mídia invadiu

a vida cotidiana, transformando nossa experiência temporal e espacial.

A mídia é responsável pelo desaparecimento da idéia de infância, pois

ela rompeu definitivamente com a possibilidade de haver segredos e sentimento de

vergonha do adulto frente à criança. A cultura do consumo é a linguagem da mídia,

a televisão é um dos mais eficazes instrumentos de formação das novas gerações.

A educação brasileira vem passando por intensas mudanças, em

decorrência das transformações econômicas, políticas e sociais a nível mundial.

Estas transformações foram ocasionando mudanças nas concepções de infância,

considerada, hoje, uma etapa importante no processo de construção da cidadania.

A revolução tecnológica nos coloca um desafio fundamental, ou seja, o

de compreendermos que estamos diante do surgimento de uma outra cultura, que

exige de nós uma adaptação nos modos de ver, de ler, de pensar e de aprender.

Não se trata, portanto, de usar a tecnologia como modo de expandirmos as antigas

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formas de ensino­aprendizagem, ou termos a mídia na escola como meio para

amenizar o tédio do ensino, mas trata­se de um modo radicalmente novo de

inserção da educação nos complexos processos de comunicação da sociedade

atual.

A Escola Ideal

“Diante de você há uma tela em branco apoiada em um cavalete. Ela é a sua vida profissional, a paisagem você já escolheu: é a sua profissão. Agora, cabe a você dar o colorido que quiser e a iluminação que desejar!”

Hamilton Werneck

Durante todo o curso, muito vimos sobre como seria a escola ideal,

integrando teoria e prática, professores reflexivos sobre sua prática pedagógica, que

se utilizem de vários recursos para envolver todos os alunos em uma aprendizagem

prazerosa e significativa.

Montamos inclusive uma maquete! O trabalho foi árduo, pesquisas,

dominação de técnicas que não conhecíamos, régua, isopor, anelina, vários

materiais. Não foi fácil, mas como professor não desiste nunca, o esforço valeu a

pena, e a socialização do trabalho foi excepcional!

Levanto aqui alguns pontos que ficaram mais registrados em minha

memória durante todo o curso de PROESF; pontos que me tocaram, de alguma

forma; pontos que me fizeram refletir sobre meu trabalho, minhas atitudes, minhas

crenças; pontos que mexeram com minha estrutura. Pontos que devem fazer parte

da Escola Ideal.

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A escola deve reconhecer e responder às diversidades de seus alunos,

acomodando tanto estilos como ritmos diferentes de aprendizagem e assegurando

uma educação de qualidade a todos, por meio de currículo apropriado, modificações

organizacionais, estratégias de ensino, uso de recursos e parcerias com a

comunidade.

Necessitamos criar ambientes de aprendizagem que propiciem o

desenvolvimento de todas as crianças e oportunidades de elas entrarem em contato

com diferentes tipos de conhecimento por meio de atividades lúdicas, brincadeiras,

criações e oficinas oferecidas pela escola.

A criança na pré­escola estará em contato com um meio rico em

experiências, o que lhe proporcionará ganhos em seu desenvolvimento, pois terão

possibilidades de ampliá­lo, considerando suas especificidades e diferenças de

desenvolvimento, se lhes forem dadas oportunidades de viver as diferenças. As

crianças especiais precisam de adaptações e cuidados especiais, mas também

podem freqüentar a escola regular.

É preciso que a criança tenha a oportunidade de participar da

elaboração das regras, que possa discutir e estabelecer relações. É importante que

desde pequena ela tenha a oportunidade de tomar pequenas decisões e assumir

pequenas responsabilidades.

É claro que isso não se dará de uma hora para outra, para isso ela

precisará interagir em um ambiente em que possa ter a oportunidade de fazer as

experiências morais necessárias, compartilhar, trocar idéias, dialogar, assumir

pequenas responsabilidades, tomar decisões, discutir seus pontos de vista,

expressar livremente seus pensamentos e desejos (o que não significa que serão

atendidos), investigar e estabelecer relações. A construção desse ambiente

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cooperativo em que as regras são refletidas e discutidas e é permitido à criança

perceber as conseqüências de suas atitudes (reciprocidade), propicia situações

favoráveis para que, aos poucos, ela vá se autodisciplinando, regulando seu próprio

comportamento. Assim, evita­se que o sujeito simplesmente se conforme com as

normas e as obedeça exteriormente, devido às manipulações feitas pelos adultos

com as recompensas (presentes, aumento de mesada, passeios, etc) e com as

punições (castigos, ameaças, chantagens, etc).

Para chegar à autonomia, a criança precisa experienciar relações de

cooperação, de respeito mútuo. A cooperação ocorre necessariamente a partir da

convivência da criança com seus pares e com os adultos.

A escola precisa apostar na aplicação de metodologias de ensino que

instrumentalizem os professores para uma ação pedagógica que integre os

conteúdos escolares tradicionais (matemática, português, história, geografia e

ciências) aos conteúdos mais voltados para o cotidiano das pessoas (ética,

sexualidade, meio ambiente, diversidade e sentimentos: temas transversais).

Segundo Vygotsky (1991), o ponto de partida para a aprendizagem deve

ser aquilo que a criança já sabe, levando­a a entrar no caminho da análise

intelectual, da comparação, da unificação e do estabelecimento de relações lógicas.

A aprendizagem depende das características individuais de cada aluno, que

correspondem, em grande parte, às experiências que viveu; que variam em forma e

ritmo, em vista de suas capacidades, motivações e interesses pessoais e também

das pessoas com as quais convive. Nesse sentido é preciso ressaltar o papel da

mediação, entendendo que é na interação entre o sujeito e o mundo e na relação

entre eles que se dá o processo de humanização e de construção de

conhecimentos. Para Vygotsky,

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o desenvolvimento humano depende da interação que ocorre entre as pessoas e da relação com os objetos culturais, uma vez que, com a presença do outro, neste caso o professor mediador, dar­se­á a evolução das formas de pensar da criança, ao mesmo tempo em que esta estará se constituindo como sujeito.

(Colombo, 2002, p. 7)

É importante que haja uma relação afetiva e de diálogo, que o professor

saiba ouvir seus alunos, permitir a interação no grupo, saber respeitá­la e tirar

proveito das relações que ali se estabelecem para garantir que a aprendizagem

aconteça, trabalhar com as necessidades dos alunos e, a partir delas, provocar

novas necessidades. A significância do assunto e da atividade a ser desenvolvida é

essencial para a aprendizagem, pois é o que chama para o envolvimento e para a

vontade de aprender, condições necessárias ao aprendizado.

Um professor preocupado em desenvolver uma prática educativa

significativa para o aluno, que crie e intensifique o desejo de aprender, precisa

acreditar na capacidade que o aluno possui de transformação, criação, descoberta e

crescimento. Tem que considerar que cada aluno traz consigo uma riqueza de

experiências, conhecimentos e possibilidades, que vão se relevando ao longo do

processo, na construção do seu próprio saber.

O professor precisa, ainda, estar atento para perceber as contradições

do grupo, as dificuldades, as frustrações, as identificações com a aprendizagem,

enfim, perceber as características mais evidentes em seu grupo de alunos e estar

sempre buscando novas saídas para as dificuldades que surgem todos os dias,

procurando, assim, favorecer e reforçar a decisão de aprender.

São essas algumas das posturas do professor que discutimos em sala

durante o curso que, de uma forma ou de outra, fizeram­me refletir bastante sobre a

minha prática pedagógica e concluir que deveriam estar sempre presentes na

prática de todos os educadores, idealizando a escola, o ensino, a aprendizagem,

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tornando o ambiente prazeroso e motivador, afinal, quem não gosta de sentir­se

respeitado, incentivado, querido?

Considerações Finais

Ensinar é um exercício de imortalidade. De alguma forma continuamos a viver naqueles cujos olhos aprenderam a ver o mundo pela magia da nossa palavra. O professor, assim, não morre jamais...

Rubem Alves

Nas páginas anteriores fui discorrendo sobre meus aprendizados,

minhas dúvidas e anseios, minha formação, as pontes que estabeleci entre a minha

prática pedagógica e as teorias que estudamos e analisamos durante esse curso de

Pedagogia.

Chego ao final desse memorial com a certeza de que avancei mais uma

etapa em minha vida.

Não tenho dúvidas de que ainda tenho muito a aprender e muito trabalho

pela frente. Mudanças não ocorrem como um passe de mágica, ao contrário,

demandam tempo, persistência, reflexão.

Mudar é difícil, mas só é possível por meio da ação e da verdadeira

paciência que, de acordo com Paulo Freire,

... não se identifica, jamais, com a espera na pura espera. A verdadeira paciência, associada sempre à autêntica esperança, caracteriza a atitude dos que sabem que, para fazer o impossível, é preciso torná­lo possível. E a melhor maneira de tornar o impossível possível é realizar o possível hoje. (1987a, p.61)

Todo o processo de realização desse memorial possibiltou­me aprender

que, a despeito das dificuldades, temos que exercitar pacientemente a nossa crença

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na possibilidade de mudança e a nossa convicção de que vale a pena persistir

nossos sonhos com determinação para torná­los possíveis.

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