UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS FACULDADE DE...
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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS
FACULDADE DE ENGENHARIA QUÍMICA
ÁREA DE CONCENTRAÇÃO
DESENVOLVIMENTO DE PROCESSOS BIOTECNOLÓGICOS
DESENVOLVIMENTO TECNOLÓGICO DA EXTRAÇÃO DA
SERICINA E PREPARAÇÃO DE NANOPARTÍCULAS PARA
APLICAÇÃO EM COSMÉTICOS
FARM. AMANDA GOMES MARCELINO
AUTORA
PROFA DRA MARIA HELENA ANDRADE SANTANA
ORIENTADORA
DISSERTAÇÃO DE MESTRADO APRESENTADA À FACULDADE DE ENGENHARIA QUÍMICA COMO PARTE DOS REQUISITOS PARA A OBTENÇÃO DO TÍTULO DE MESTRE EM ENGENHARIA QUÍMICA
CAMPINAS - SÃO PAULO
DEZEMBRO - 2008
iv
AGRADECIMENTOS
Esse trabalho contou com a colaboração de muitas pessoas com as
quais tive o prazer de conviver e aprender muito durante esses anos.
Agradeço principalmente à professora Maria Helena, pela sua
orientação, apoio, incentivo e dedicação.
Agradeço à equipe da empresa Chemyunion, especialmente à
Carmen, Cecília, Marcos e Márcio, pelas discussões que contribuíram com
o desenvolvimento deste trabalho.
Agradeço ao Prof. Dr. César Costapinto Santana por ter
disponibilizado o uso do equipamento Autosizer® 4700 em seu laboratório.
Agradeço ao professor Prof. Dr. Nelson Durán, por ter disponibilizado
o ZetaSizer Nano® em seu laboratório.
Agradeço à empresa Evic Brasil pela utilização do Glossmetter e do
Colorímetro nos ensaios em mechas de cabelos.
Agradeço ao Laboratório de Recursos Analíticos e de Calibração da
Faculdade de Engenharia Química.
Agradeço à Profa. Dra. Marisa Beppu por ceder os fios de seda no
início deste trabalho.
Agradeço aos meus colegas da Unicamp: Aline, Amós, André,
Andréa, Beatriz, Carla, Danilo, Luciana, Lucimara Lopes, Lucimara Torre,
Pablo, Patrícia, Reinaldo, Silas, Sônia, Thaís e Viviane pela amizade e
pelos bons momentos que passamos. Agradeço especialmente ao Gilson
pela pronta disposição em nos auxiliar no dia-a-dia do laboratório.
Agradeço à Deus por me conceder a oportunidade de realizar esse
trabalho, à minha família por sempre me apoiar em todas as minhas
escolhas e ao Ivan, por me incentivar a seguir este caminho e me apoiar
durante todo ele.
Agradeço à Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP) e à
Chemyunion Química Ltda. pelo apoio financeiro.
v
RESUMO
Este trabalho apresenta o desenvolvimento de nanopartículas de sericina
para aplicação no tratamento cosmético dos cabelos. As nanopartículas
foram obtidas a partir de soluções de sericina previamente extraídas de
casulos ou fios de seda e formadas através de complexação eletrostática
com goma guar. A superfície das nanopartículas foi modificada através da
incorporação de agentes tensoativos catiônicos, com a finalidade de
conferir-lhe densidade de carga positiva adequada para a adsorção aos
fios de cabelo. O processo de produção envolveu as etapas de extração
da sericina dos casulos ou fios de seda, reticulação, e modificação da
superfície das nanopartículas. A extração foi realizada em autoclave ou a
pressão atmosférica, utilizando água ou solução de carbonato de sódio
como solventes. Durante a complexação foi estudada a influência da
utilização de diferentes concentrações goma guar quaternizada, assim
como a forma de adição desse agente, que foi feita em pó e em solução
aquosa. A modificação na superfície das partículas foi feita com os
tensoativos catiônicos cloreto de cetiltrimetil amônio (CTAC) e cloreto de
behenyltrimetil amônio (BTAC), isoladamente e em mistura a diferentes
proporções. A incorporação dos tensoativos catiônicos foi feita na
presença dos eletrólitos resultantes da extração ou após separação das
nanopartículas através de precipitação com etanol e posterior
ressuspensão em água. Os efeitos foram analisados em termos de
rendimento dos processos, tamanho das nanopartículas e potencial zeta.
O poliquaternium 7, um derivado de amônia quaternária, foi adicionado à
suspensão de nanopartículas como agente de viscosidade. Os resultados
obtidos mostram a factibilidade da produção de nanopartículas de sericina
com propriedades sensoriais promissoras para o condicionamento de
cabelo danificado. O processo de produção é simples, escalonável e de
fácil transferência para o setor industrial.
vi
ABSTRACT
This work presents the development of sericin nanoparticles applied
to the cosmetic treatment of hair. The nanoparticles were obtained from
sericin solutions, previously extracted from cocoons or silk yarn, and
formed through electrostatic complexation with guar gum. The surface of
the nanoparticles was modified through the incorporation of cationic
surfactant agents, in order to obtain positive charge density, suitable for
the adsorption on the hair surface. The production process involved the
steps of sericin extraction from the cocoons or silk yarn, complexation and
modification of the nanoparticles surface. The extraction was performed in
autoclave and atmospheric pressure, using water or an aqueous solution
of sodium carbonate as solvents. During the complexation was studied the
effect of different concentrations of guar gum, as well as how to add this
agent, which was made in powder and in an aqueous solution. The surface
modification of particles was made with the cationic surfactant cetiltrimetil
ammonium chloride (CTAC) and behenyltrimetil ammonium chloride
(BTAC), alone and in combination with different proportions. The
incorporation of cationic surfactant was made in the presence of
electrolytes, resulting from the extraction, or after separation of the
nanoparticles by precipitation with ethanol and resuspended in water later.
The effects were analyzed in terms of efficiency of processes,
nanoparticle size and zeta potential. The poliquaternium 7, a quaternary
ammonium derivative, was added to the nanoparticles suspension as a
viscosity agent. The results show the feasibility of output of sericin
nanoparticles with promising sensory properties for the conditioning of
damaged hair. The production process is simple, scalable and easy to
transfer to the industrial sector.
vii
SUMÁRIO
1. Introdução...............................................................................................1
2. Objetivos .................................................................................................4
3. Revisão Bibliográfica ..............................................................................5
3.1. A Seda .................................................................................................5
3.1.1. Origem e disseminação da sericicultura ...........................................5
3.1.2. Composição da seda ........................................................................7
3.1.3. Aplicação na Indústria de Fiação ......................................................9
3.2. A sericina ...........................................................................................10
3.2.1. Extração e Separação.....................................................................10
3.2.2. Propriedades Físico-Químicas........................................................16
3.2.3. Aplicações.......................................................................................18
3.3. Nanopartículas...................................................................................20
3.4. Nanopartículas para aplicação em cosméticos..................................22
3.5. Preparação de partículas de proteína através da formação de
Complexos de Polieletrólitos (PECs) ........................................................25
3.6. Estabilidade das nanopartículas ........................................................30
3.6.1. Secagem por atomização ...............................................................31
3.6.2. Liofilização ......................................................................................32
3.7. O Cabelo Humano .............................................................................33
3.8. Condicionamento dos cabelos ...........................................................35
3.8.1. Agentes Condicionantes dos Cabelos ............................................36
3.8.1.1. Goma Guar Quaternizada (JaguarC13 ®) ...................................36
3.8.1.2. Cloreto de Cetiltrimetil amônio e Cloreto de Behenyltrimetil amônio
..................................................................................................................38
viii
3.8.1.3. Poliquaternium 07 ........................................................................39
4. Materiais e Métodos..............................................................................40
4.1. Materiais ............................................................................................40
4.2. Métodos .............................................................................................40
4.2.1. Extração da Sericina.......................................................................40
4.2.1.1. Matéria-prima...............................................................................42
4.2.1.2. Extração em autoclave.................................................................43
4.2.1.3. Extrações sob pressão atmosférica .............................................44
4.2.1.3.1. Extração em banho termostático...............................................44
4.2.1.3.2. Extração em Tanque agitado ....................................................45
4.2.1.3.3. Extração em coluna de recheio.................................................45
4.2.1.3.3.1. Escalonamento do processo de extração em coluna de recheio
..................................................................................................................46
4.2.2. Produção das nanopartículas de sericina .......................................48
4.2.2.1. Reticulação na presença de conservantes. .................................51
4.2.2.2. Secagem das nanopartículas.......................................................51
4.2.3. Precipitação das nanopartículas de sericina com etanol ................52
4.2.4. Formação de nanopartículas de sericina recobertas (NR)..............52
4.2.4.1. Recobrimento com cloridrato de arginina.....................................53
4.2.4.2. Recobrimento com BTAC e CTAC...............................................53
4.2.5. Adição de agente de viscosidade às nanopartículas de sericina
recobertas.................................................................................................54
4.2.6. Caracterização da proteína Sericina obtidas nas extrações ...........55
4.2.6.1. Determinação da Massa Molecular da Sericina em solução........55
4.2.6.2. Determinação do teor de proteína na SS pela metodologia de
Bradford ....................................................................................................57
ix
4.2.6.3. Determinação de nitrogênio total na SS pela metodologia de
Kjedahl......................................................................................................58
4.2.7. Caracterização de nanopartículas ..................................................59
4.2.7.1. Diâmetro hidrodinãmico ...............................................................59
4.2.7.2. Potencial Zeta ..............................................................................61
4.2.7.3. Morfologia das nanopartículas em solução..................................62
4.2.7.4. Morfologia das nanopartículas de sericinna secas ......................63
4.2.8. Avaliação do efeito das nanopartículas de sericina recobertas em
mechas de cabelos. ..................................................................................63
4.2.8.1. Análise de Brilho em mechas de cabelos ....................................63
4.2.8.2. Análise de volume das mechas ...................................................64
4.2.8.3. Geração de imagens por microscopia eletrônica de varredura....65
5. Resultados e Discussão........................................................................66
5.1. Extração da Sericina..........................................................................66
5.1.1. Matéria-Prima .................................................................................66
5.1. 2. Extração em autoclave...................................................................66
5.1.3. Extração sob pressão atmosférica..................................................68
5.1.3.1. Extração em banho termostático .................................................69
5.1.3.2. Extração em tanque agitado ........................................................69
5.1.3.3. Extração em coluna de recheio....................................................71
5.1.3.4. Extração em coluna-Planta Piloto ................................................73
5.2. Distribuição de Massa Molecular .......................................................75
5.3. Formação das nanopartículas de sericina e determinação do diâmetro
hidrodinâmico............................................................................................77
5.3.1. Agregados protéicos e nanopartículas de sericina formadas com
solução obtida da extração em autoclave.................................................78
x
5.3.2. Agregados proteicos - extração com carbonato de sódio ...............80
5.3.3. Nanopartículas preparadas a partir de solução de sericina obtidas
por extração em autoclave........................................................................81
5.3.4. Nanopartículas preparadas com a sericina extraída em carbonato de
sódio .........................................................................................................83
5.3.4.1. Influência da goma guar quaternizada na formação das
nanopartículas de sericina ........................................................................83
5.3.4.2. Nanopartículas obtidas utilizando-se goma guar quaternizada em
pó..............................................................................................................86
5.4. Precipitação das partículas de sercina com etanol ............................88
5.5.Caracterização das nanopartículas de sericina após recobrimento com
materiais catiônicos ..................................................................................89
5.5.1.Diâmetro e potencial zeta das nanopartículas de sericina recobertas
com cloridrato de arginina.........................................................................89
5.5.2. Diâmetro e potencial zeta das nanopartículas de sericina recobertas
com CTAC ................................................................................................92
5.5.3. Potencial zeta das nanopartículas de sericina recobertas com BTAC
..................................................................................................................94
5.5.4. Diâmetro e potencial zeta das nanopartículas de sericina recobertas
com mistura de CTAC e BTAC .................................................................94
5.5.4.1. Diâmetro e potencial zeta das nanopartículas de sericina
precipitadas com etanol e recobertas com mistura de CTAC e BTAC......95
5.5.4.2. Diâmetro e potencial zeta das nanopartículas obtidas na solução
de extração e recobertas com mistura de CTAC e BTAC.........................97
5.6. Influência dos conservantes na formação das nanopartículas de
sericina ...................................................................................................103
5.7. Análise das partículas de sericina secas por atomização e por
liofilização ...............................................................................................104
xi
5.7.1. análise da morfologia das partículas de sercina secas por
atomização e por liofilização ...................................................................104
5.7.2. Diâmetro das partículas de sercina formadas pela ressuspensão dos
pós em água ...........................................................................................107
5.8. Morfologia das nanopartículas de sericina recobertas com ctac......108
5.9. Análise dos fios de cabelos – eficácia do tratamento ......................108
5.9.1. Efeito de brilho em mechas de cabelos ........................................108
5.9.2. Efeito de diminuição de volume em mechas de cabelos...............110
5.9.3. Imagens das fibras capilares analisadas por Microscopia Eletrônica
de Varredura...........................................................................................112
6. Conclusões .........................................................................................114
7. Sugestões para trabalhos futuros .......................................................116
8. Referências Bibliográficas...................................................................117
xii
LISTA DE FIGURAS
Figura 1: (a) Lagartas construindo casulos (b) Casulo (c) Pupa no interior
do casulo (Brancalhão, 2005) .....................................................................5
Figura 2: Metamorfose do inseto (Brancalhão, 2005) .................................6
Figura 3: Estrutura da fibroína constituída de folhas beta antiparalelas
(Lehninger, 2003)........................................................................................8
Figura 4 Representação esquemática das nanocápsulas e nanoesferas
poliméricas (Schaffazick et al, 2003). .......................................................22
Figura 5: Principais tendências nas interações entre proteínas e
polissacarídeos (Ye, A., 2008) ..................................................................26
Figura 6: Representação esquemática da estruturas "ladder-like" e do
modelo "scrambled-egg”. Preto representa o maior poliíon (negativo) e
cinza representa o poliíon de carga oposta (positivo). (a) mostra a
representação "ladder-like" onde ocorre um pareamento insuficiente de
íons em certas condições estequiométricas permitindo a formação de
agregados insolúveis e PECs solúveis (b) mostra o modelo "scrambled-
egg”, onde polímeros de tamanhos semelhantes se complexam formando
PECs insolúveis sob certas condições (Hartig et al, 2007). ......................27
Figura 7: Etapas do processo de secagem por atomização
(http://irtec1.irtec.bo.cnr.it/proc-spray-drying.htm, 2008)...........................31
Figura 8: Liofilizador de bancada
(www.liobras.com.br/biofreezer_l202_page.htm)......................................33
Figura 9: (a) Esquema da estrutura da fibra capilar (b) Seção transversal
da fibra capilar humana (Wei et al., 2005). ...............................................34
Figura 10: Estrutura Química da Goma Guar ...........................................37
Figura 11: Goma Guar Quaternizada - JaguarC13 ® ...............................37
Figura 12: Estrutura molecular do CTAC (R=C16) e BTAC (R=C22) .......38
xiii
Figura 13: Estrutura molecular do Poliquaternium 07® (Monteiro et al,
2003).........................................................................................................39
Figura 14: Representação esquemática do sistema utilizado para extração
da sericina.................................................................................................47
Figura 15: Estrutura molecular (a) ácido aspártico (b) Goma Guar
Quaternizada (Material Técnico Phytophora, revendora Rhodia). ............49
Figura 16:Identificação das camadas carregadas em torno de uma
partícula (Malvern Instruments)) ...............................................................62
Figura 17: Extração em coluna recheada com casulos secos ..................72
Figura 18: Eletroforese SDS –PAGE em gel acrilamida 7,5%.
(M)Marcadores; (1)Solução obtida pela extração com Na2CO3 a 900C e
(2) Solução obtida pela extração com Na2CO3 a 350C; (3) Solução obtida
pela extração com água a 1200C; (4)Solução obtida pela extração com
Na2CO3 a 900C e ajustada para neutralidade (pH7) ...............................76
Figura 19: Eletroforese SDS –PAGE em gel acrilamida 10%.
(M)Marcadores; (1)Solução obtida pela extração com Na2CO3 a 900C e
(2) Solução obtida pela extração com Na2CO3 a 350C; (3) Solução obtida
pela extração com água a 1200C; (4)Solução obtida pela extração com
Na2CO3 a 900C e ajustada para neutralidade (pH7). ..............................76
Figura 20: Diâmetro médio dos agregados protéicos em diferentes
temperaturas de extração (a) 1200C (b) 1240C (c) 1260C (Análise por
intensidade de luz espalhada). .................................................................79
Figura 21: Distribuição de tamanho dos agregados protéicos obtidos por
extração com solução Na2CO3 (Análise por intensidade de luz
espalhada). ...............................................................................................81
Figura 22: Diâmetro médio das nanopartículas obtidas a partir da sericina
extraída nas temperaturas: (a) 1200C (b) 1240C (c) 1260C (Análise por
intensidade de luz espahada). ..................................................................82
xiv
Figura 23: Diâmetro das nanopartículas de sericina formadas com
diferentes concentrações de goma guar quaternizada em solução (% m/v):
(a) 0,002; (b) 0,004; (c)0,02; (d) 0,03; (e) 0,035; (f)0,04; (g)0,05; (h) 0,1; (i)
0,14 (Análise por intensidade de luz espalhada). .....................................86
Figura 24: Diâmetro das nanopartículas de sericina formadas com
diferentes concentrações de goma guar quaternizada em pó: (a) 0,03% (b)
0,035% e (c) 0,04% (Análise por intensidade de luz espalhada). ............88
Figura 25: Diâmetro das nanopartículas de sericina recobertas com
diferentes concentrações de Cloritdrato de arginina ((a) 0,1; (b) 0,25;
(c)0,5; (d) 1,0; (e) 2,5; (f)5,0; (g)10,0 (Análise por intensidade de luz
espalhada). ...............................................................................................91
Figura 26: Diâmetro das nanopartículas de sericina (precipitadas com
etanol) recobertas com CTAC à: (a) 0,1; (b) 0,25 (Análise por intensidade
de luz espalhada)......................................................................................93
Figura 27: Diâmetro das nanopartículas de sericina (precipitadas com
etanol) recobertas com mistura CTAC/BTAC nas concentrações à: (a)
0,2/0,8%; (b) 0,5/0,5% (c)0,8/0,2% (Análise em intensidade de luz
espalhada). ...............................................................................................96
Figura 28: Diâmetro das partículas recobertas com 0,2% de BTAC e 0,8%
de CTAC (a) número (b) intensidade. .......................................................98
Figura 29: Diâmetro das partículas recobertas com 0,2% de BTAC e 1,5%
de CTAC (a) número (b) intensidade. .......................................................98
Figura 30: Diâmetro das partículas recobertas com 0,2% de BTAC e 2,5%
de CTAC (a) número (b) intensidade. .......................................................99
Figura 31: Diâmetro das partículas recobertas com 0,4% de BTAC e 1,6%
de CTAC (a) número (b) intensidade. .......................................................99
Figura 32: Diâmetro das partículas recobertas com 0,4% de BTAC e 3,0%
de CTAC (a) número (b) intensidade. .....................................................100
xv
Figura 33: Diâmetro das partículas recobertas com 0,4% de BTAC e 5,0%
de CTAC (a) número (b) intensidade. .....................................................100
Figura 34: Diâmetro das partículas recobertas com 0,6% de BTAC e 2,4%
de CTAC (a) número (b) intensidade. .....................................................101
Figura 35: Diâmetro das partículas recobertas com 0,6% de BTAC e 4,5%
de CTAC (a) número (b) intensidade. .....................................................101
Figura 36: Diâmetro das partículas recobertas com 0,6% de BTAC e 7,5%
de CTAC (a) número (b) intensidade. .....................................................102
Figura 37: Diâmetro das nanopartículas de sericina formadas (a) antes e
(b) depois da adição dos conservantes. .................................................104
Figura 38: Morfologia das partículas de sericina, secas por spray, com as
seguintes concentrações de goma guar (a) 0; (b) 0,03% (c) 0,035% e (d)
0,04%......................................................................................................105
Figura 39: Morfologia das partículas de sericina, secas por liofilização,
com as seguintes concentrações de goma guar (a) 0; (b) 0,03% (c)
0,035% e (d) 0,04%. ...............................................................................106
Figura 40: Nanopartículas de sericina recobertas com1% de CTAC......108
Figura 41: Porcentagem de aumento de brilho nos cabelos virgens
tratados com Placebos (P) e com Nanopartículas de Sericina (N) em
diferentes concentrações, onde (P1%) solução aquosa do placebo a 1%,
(P3%) solução aquosa do placebo a 3%, (P5%) solução aquosa do
placebo a 5%, (N1%) dispersão de nanopartículas de sericina em água a
1%, (N3%) dispersão de nanopartículas de sericina em água a 3%, (N5%)
dispersão de nanopartículas de sericina em água a 5%.........................109
Figura 42: Porcentagem de aumento de brilho nos cabelos danificados
tratados com Placebos e com Nanopartículas de Sericina em diferentes
concentrações, onde (P1%) mecha tratada com solução aquosa do
placebo a 1%, (P3%) mecha tratada com solução aquosa do placebo a
3%, (P5%) mecha tratada com solução aquosa do placebo a 5%, (N1%)
dispersão de nanopartículas de sericina em água a 1%, (N3%) dispersão
xvi
de nanopartículas de sericina em água a 3%, (N5%) dispersão de
nanopartículas de sericina em água a 5%. .............................................110
Figura 43: Redução de volume das mechas (cm) nos cabelos tratados
com Controle (C), Placebos (P) e com Nanopartículas de Sericina (N) em
diferentes concentrações: (P1%) solução aquosa do placebo a 1%, (P3%)
solução aquosa do placebo a 3%, (P5%) solução aquosa do placebo a
5%, (N1%) dispersão de nanopartículas de sericina em água a 1%, (N3%)
dispersão de nanopartículas de sericina em água a 3%, (N5%) dispersão
de nanopartículas de sericina em água a 5%. ........................................111
Figura 44: Fios de cabelos virgens .........................................................112
Figura 45: Fios de cabelos danificados...................................................112
Figura 46: Fios de cabelos tratados com nanopartículas de sericina .....113
xvii
LISTA DE TABELAS
Tabela 1: Composição de aminoácidos da sericina (Zhang et al, 2004).....9
Tabela 2: Massa de proteína recuperada por precipitação com acetato e
com álcool, a partir de 100 mL extrato (com 52,8 mg de N) obtido a
diferentes temperaturas de extração (Kodana, 1926)...............................12
Tabela 3: Rendimento das extrações pela precipitação da sericina com
etanol em diferentes concentrações (Hong et al, 2006)............................13
Tabela 4: Taxa de degomagem e conteúdo de sericina da fibra de seda
em várias condições de degomagem (Ki et al, 2007). ..............................16
Tabela 5: Classificação visual das transições de fases de uma mistura de
biopolímeros (Prata, 2006)........................................................................28
Tabela 6: Métodos, Solventes e Matéria Prima (MP) para Extração da
Sericina. ....................................................................................................42
Tabela 7: Condições experimentais utilizadas na extração em autoclave.44
Tabela 8: Condições experimentais utilizadas nas extrações realizadas em
planta piloto...............................................................................................48
Tabela 9: Concentrações de goma guar quaternizada utilizadas na
produção das nanopartículas....................................................................50
Tabela 10: Concentrações de BTAC e CTAC usados separadamente no
recobrimento das NS, com remoção do sal. .............................................53
Tabela 11: Concentrações das formulações (2,7% de proteína) preparadas
com misturas de CTAC e BTAC, com remoção do sal. ............................54
Tabela 12: Concentrações das formulações preparadas com misturas de
CTAC e BTAC, sem remoção do excesso e eletrólitos.............................54
Tabela 13: Teor de proteína nas soluções de sericina obtidas através da
extração com os fios e com os casulos, na extração em autoclave..........68
Tabela 14: Teor de proteína nas soluções de sericina obtidas através da
extração com os fios. ................................................................................69
xviii
Tabela 15: Concentração de nitrogênio total e proteína nas soluções
obtidas por extração com solução aquosa de Na2CO3 em tanque agitado,
à 80-900C. ................................................................................................70
Tabela 16: Concentração de proteína na solução de sericina obtida da
extração dos casulos (picados e íntegros), com solução aquosa de
Na2CO3 em tanque agitado, à 80-900C...................................................71
Tabela 17: Concentração de proteínas em diferentes tempos da extração,
utilizando casulos secos e picados, à 80-900C. .......................................72
Tabela 18: Concentração de proteínas em diferentes tempos da extração
em coluna (casulos intumescidos), à temperatura 80-900C .....................73
Tabela 19: Teor de proteína e rendimento das extrações realizadas em
planta piloto, à temperatura 80-900C, utilizando método de Bradford para
quantificação.............................................................................................74
Tabela 20: Potencial Zeta da Solução de Sericina e de uma Solução de
Goma Guar Quaternizada, em pH 5,5, em água. .....................................78
Tabela 21: Diâmetro médio dos agregados protéicos após a extração com
água (Análise em número)........................................................................79
Tabela 22: Diâmetro médio das partículas logo após a reticulação (Análise
em número)...............................................................................................81
Tabela 23: Diâmetro das partículas de sericina formadas com diferentes
concentrações de solução de Goma Guar Quaternizada. ........................84
Tabela 24: Diâmetro (em número) das nanopartículas de sericina
formadas com diferentes concentrações de goma guar quaternizada em
pó..............................................................................................................87
Tabela 25: Rendimento das precipitações com etanol 96% .....................89
Tabela 26: Distribuição de tamanho (em número) e potencial zeta das
nanopartículas de sericina obtidas em solução e recobertas com arginina.
..................................................................................................................90
xix
Tabela 27: Diâmetro (em número) e potencial zeta das partículas
recobertas com CTAC ..............................................................................92
Tabela 28: Potencial zeta das partículas recobertas com BTAC ..............94
Tabela 29: Diâmetro e potencial zeta das partículas precipitadas com
etanol recobertas com mistura de CTAC e BTAC.....................................95
Tabela 30: Potencial zeta das nanopartículas de sericina em solução
recobertas com mistura de CTAC e BTAC ...............................................97
Tabela 31: Influência da ordem de adição dos conservantes no diâmetro
hidrodinâmico das partículas. .................................................................103
Tabela 32: Diâmetro médio das partículas formadas a partir da
ressuspensão em água dos pós obtidos por atomização e por liofilização
(Análise em número de partículas). ........................................................107
xx
NOMENCLATURA
BTAC: Cloreto de beheniltrimetil amônio
CTAC: Cloreto de cetiltrimetil amônio
MEV: Microscopia Eletrônica de Varredura
MM: Massa Molecular
NLC: Nanocarreadores lipídicos sólidos
NP: Nanopartícula
NR: Nanopartículas de sericina recobertas
NS: Nanopartículas de sericina
PCS: Photo correlation spectroscopy (Espectroscopia de Correlação de
Fótons)
PEC: Complexo de polieletólitos
PZ: Potencial Zeta
SLN: Nanopartícula lipídica sólida
SS: Solução de sericina
1
1. INTRODUÇÃO
A nanotecnologia está sendo um dos principais recursos para o
desenvolvimento e inovação na área cosmética. Os avanços no
desenvolvimento de produtos de base nanotecnológica têm trazido
expressivos benefícios aos cosméticos para aplicação em pele e cabelos.
Desde 1995 grandes empresas internacionais como a L’Oreal e Lancôme
têm utilizado micro e nanopartículas em cremes e filtros solares, obtendo
maior eficiência na estabilidade e nos efeitos dos compostos ativos
incorporados. A partir do ano 2000, foram identificadas patentes com a
utilização de nanopartículas em produtos para cabelo como xampus e
condicionadores.
A seda derivada do bicho-da-seda Bombyx mori é constituída
principalmente das proteínas sericina e fibroína. A sericina constitui cerca
de 25-30% da proteína da seda e envolve a fibra de fibroína com
sucessivas camadas adesivas que ajudam na formação dos casulos. A
sericina é constituída principalmente dos aminoácidos: serina (31%), ácido
aspártico (18%), glicina (19%) e treonina (8%), e representa a fração
protéica da seda solúvel em água. A sericina é considerada como “cola
hidrofílica”, devido à sua propriedade de adesão das fibras de fibroína.
Os peptídeos de sericina possuem aplicações importantes em toda a
faixa de massa Molecular. Peptídeos com massa Molecular maior que 20
kDa estão sendo investigados para utilização como materiais médicos,
biomateriais degradáveis, polímeros compostos, biomembranas
funcionais, hidrogéis e fibras funcionais. Já os de baixa massa Molecular
(< 20 kDa), ou hidrolisados, são utilizados em cosméticos, incluindo
produtos para cuidados da pele e dos cabelos, além de possuírem
propriedades antioxidante, anticoagulante, previnem o câncer de pele.
Adicionalmente, a sericina possui atividade de hidratação da pele
(possivelmente devido ao alto conteúdo de serina), ação anti-rugas, pode
ser aplicada como antioxidante em medicina, cosméticos, alimentos e
aditivos alimentares, possui atividade antibacteriana, é resistente à
2
radiação ultra-violeta e absorve e libera a umidade facilmente. Além
disso, possui alta afinidade por outras proteínas, sendo capaz de se ligar à
queratina da pele e dos cabelos, formando um filme resistente, hidratante
e protetor, conferindo boas propriedades de barreira.
As fibras capilares, estruturas derivadas da epiderme, possuem entre
50-100 µm de diâmetro e consistem da cutícula e córtex e, em alguns
casos, da medula na região central. Todas elas são compostas por células
mortas, preenchidas principalmente com a proteína queratina. Os
principais constituintes do cabelo são: proteína, lipídeo, água e melanina.
O condicionamento dos cabelos tem o efeito contrário ao de
limpeza e envolve a adição ou reposição de compostos capazes de
promoverem efeitos sensoriais como suavidade, maciez e facilidade de
pentear, além dos efeitos visuais de brilho e acomodação de fios rebeldes.
Para obtenção desses efeitos os condicionadores devem possuir caráter
iônico positivo, para prolongar a sua permanência nos fios de cabelo que
possuem caráter iônico negativo, como será visto na Seção 3.7.
As aplicações inovadoras da nanotecnologia no setor de cosméticos,
a crescente demanda para produtos eficazes para o cuidado dos cabelos
e as propriedades funcionais da sericina, motivaram o desenvolvimento
desta pesquisa que trata do desenvolvimento tecnológico de
nanopartículas de sericina para aplicações em produtos para tratamento
de cabelos.
Este trabalho envolveu tanto a concepção de nanopartículas
funcionais quanto do seu processo de produção, desde a extração da
sericina, produção das nanopartículas, e modificações eletrostáticas na
sua superfície.
Nesta dissertação, são apresentados os resultados obtidos relativos
aos processos de extração da sericina, produção das nanopartículas e
modificações de carga na sua superfície. A caracterização das
nanopartículas produzidas é apresentada em termos de diâmetro
hidrodinâmico e distribuição populacional, potencial zeta e morfologia.
3
A aplicação das nanopartículas em mechas de cabelos mostrou
grande potencial como produto para recuperação de cutículas danificadas,
com promoção do aumento do brilho e diminuição de volume.
4
2. OBJETIVOS
O principal objetivo deste trabalho foi a preparação de nanopartículas
para aplicação capilar.
O tema foi abordado através dos seguintes aspectos:
� Extração da sericina da seda, através de um método eficiente e
escalonável;
� Formação de nanopartículas por reticulação eletrostática;
� Avaliação dos métodos de secagem;
� Precipitação da nanopartículas para separação de eletrólitos;
� Recobrimento com tensoativos catiônicos
� Caracterização físico-química
� Ensaios de eficácia do produto
5
3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
3.1. A SEDA
3.1.1. ORIGEM E DISSEMINAÇÃO DA SERICICULTURA
A seda é uma fibra natural secretada pelo inseto Bombyx mori,
conhecido como bicho-da-seda, com a finalidade de protegê-lo dentro do
casulo (Figura 1) durante a sua transformação em pupa e
subsequentemente em mariposa (Figura 2).
Ao contrário de outras espécies, o Bombyx mori não sobrevive por
muito tempo sozinho no ambiente. Portanto, a sua criação deve ser feita
em ambiente fechado, chocando os ovos colocados na estação
precedente e alimentando as lagartas com as folhas de amoreira. A
produção dos casulos (sericicultura) envolve tanto o cultivo das amoreiras
para prover a alimentação, quanto a criação dos bichos-da-seda
(Frederico, 1997).
(a) (b) (c)
Figura 1: (a) Lagartas construindo casulos (b) Casulo (c) Pupa no interior do
casulo (Brancalhão, 2005)
6
Figura 2: Metamorfose do inseto (Brancalhão, 2005)
A primeira evidência arqueológica da utilização da seda data de
algum momento entre 2850 e 2650 a.C., no norte da China, mas sabe-se
muito pouco sobre as primeiras fases da história da indústria da seda. A
partir do primeiro milênio a.C. a China começou a exportar produtos de
seda manufaturados. Esses artigos eram vendidos até a Grécia e Roma
através da famosa rota da seda.
A China manteve o monopólio deste negócio por muitos séculos, que
acabou entre 200-300 a.C., durante um período de tumulto político. Os
ovos de bicho-da-seda foram contrabandeados para a Coréia, Ásia central
e Índia. A próxima onda de expansão da seda começou alguns séculos
mais tarde, em 300-400 d.C. com o início da produção de seda no Japão.
Em 552-556 d.C. a sericicultura alcançou a costa do Mediterrâneo e a
posterior expansão da sericicultura para o oeste foi interrompida em
alguns países, principalmente pela baixa condição econômica.
Eventualmente, os muçulmanos levaram a sericicultura para a Espanha
(séc. IX) e para a Sicília (séc. XI). A partir daí iniciou-se uma marcha lenta
para o norte, ao longo da Península Itálica, chegando à França no início
do século XV, com a produção da seda em larga escala iniciando-se
alguns anos mais tarde. No fim do século dezessete, a produção de seda
Pupa
Lagarta
Mariposa
7
se propagou pela Ásia e por tudo sul da Europa, permanecendo assim
pelos três séculos seguintes. A quantidade de seda comercializada
cresceu vinte vezes de 1820 a 1920 e, de 1870 a 1929, o valor da seda
comercializada subiu nove vezes. Esse crescimento foi abruptamente
interrompido entre 1929 e 1950, em virtude da Grande Crise, da 2ª Guerra
Mundial e da invenção de inúmeros substitutos sintéticos. A sericicultura
desapareceu totalmente da Europa e do Oriente Médio, e a produção
japonesa caiu para dois terços. A China permaneceu como único
exportador de seda, e tem sido acompanhada, em tempos recentes, por
concorrentes como o Brasil, Tailândia e Coréia do Sul (Frederico, 1997).
3.1.2. COMPOSIÇÃO DA SEDA
A seda derivada do bicho-da-seda Bombyx mori é constituída
principalmente das proteínas sericina e fibroína. A sericina constitui cerca
de 25-30% da proteína da seda e envolve a fibra de fibroína com
sucessivas camadas adesivas que ajudam na formação dos casulos
(Zhang, 2002).
A fibroína constitui 70-80%, é o principal produto no processamento
da seda e é uma fibra natural valiosa, com brilho e agradável ao tato. Além
do uso como fibra têxtil, a fibroína tem sido recentemente estudada para
outras aplicações como material funcional para produtos alimentícios,
cosméticos e farmacêuticos. Trata-se de uma proteína fibrosa, altamente
insolúvel em água, com alta massa Molecular, da ordem de 25 a 350
kDa,e estrutura constituída por uma série de folhas beta antiparalelas,
intercaladas com segmentos peptídicos irregulares, como apresentada na
Figura 3. Mais de 90% dos aminoácidos são glicina (Gli), alanina (Ala) e
serina (Ser). A repetição Gli-Ala-Gli-Ala-Gli-Ser produz aumento da
natureza cristalina da fibra da seda (Miyaguchi, 2005; Cozzone, 2002;
Handbook of Fiber Chemistry, 1998).
8
Figura 3: Estrutura da fibroína constituída de folhas beta antiparalelas
(Lehninger, 2003)
A sericina é uma proteína globular, solúvel em água e possui uma
ampla faixa de massa molecular, variando de 10 a mais de 300 kDa
(Zhang et al, 2004). É constituída por 17 aminoácidos e dentre os
principais estão a serina (31%), a glicina (19,1%), o ácido aspártico
(17,8%), a e a treonina (8,0%). A Tabela 1 mostra a composição completa
de aminoácidos na sericina (Kato et al, 1997).
Ala Cadeia lateral Gli Cadeia lateral
9
Tabela 1: Composição de aminoácidos da sericina (Zhang et al, 2004)
Aminoácido %Mol
Serina 31,00
Glicina 19,1
Ácido aspártico 17,8
Treonina 8,0
Ácido glutâmico 4,4
Arginina 3,9
Alanina 3,8
Tirosina 3,3
Valina 3,1
Lisina 2,7
Histidina 1,0
Leucina 0,8
Isoleucina 0,4
Prolina 0,4
Fenilalanina 0,2
Cisteína <0,05
Metionina <0,05
A sericina ocorre principalmente em estrutura randômica enovelada e
amorfa e, em menor extensão, como uma estrutura organizada em folha
do tipo beta (Padamwar, 2005). Ela pode ser reticulada, copolimerizada ou
misturada com qualquer outro material macromolecular, principalmente
polímeros sintéticos, para produção de materiais com melhores
propriedades (Sarovart et al, 2003).
3.1.3. APLICAÇÃO NA INDÚSTRIA DE FIAÇÃO
O processamento dos casulos para utilização na indústria de fiação
inicia-se com o processo de secagem dos casulos. A secagem tem por
objetivos: a) interromper o processo da metamorfose da crisálida,
induzindo a sua morte evitando assim a sua saída dos casulos, como
10
mariposa, o que provoca a perda do casulo pelo rompimento do fio, b)
eliminar a umidade excessiva dos casulos, que prejudica a fiação. Nessas
condições, o comprimento dos fios de seda nos casulos varia
normalmente de oitocentos a mil e quinhentos metros, com espessura de
2mm (Holanda et al 2004).
A produção de seda bruta requer que parte da sericina seja removida
dos casulos. A remoção é feita pelo processo de degomagem, utilizando-
se água quente (aproximadamente 600C), a fim de dissolver a sericina e
liberar os fios para a posterior fiação.
(http://www.bndes.gov.br/conhecimento/setorial/is11seda.pdf).
De acordo com Zhang (2002), estima-se que a produção anual de
casulos no mundo é cerca de um milhão de toneladas (massa fresca), o
que é equivalente à quatrocentos toneladas de casulos secos. O
processamento da seda bruta gera cerca de cinquenta toneladas de
sericina anualmente, cuja recuperação e aproveitamento poderia
representar uma economia significativa, um benefício social e ambiental
(Zhang, 2002 e Wu, 2006).
3.2. A SERICINA
3.2.1. EXTRAÇÃO E SEPARAÇÃO
A extração ou remoção da sericina dos casulos, também conhecida
como degomagem, é feita por via física ou química. No primeiro caso, os
processos são bem conhecidos e baseiam-se principalmente na
solubilidade dessa proteína em água.
Os métodos de degomagem que utilizam enzimas como agentes são
mais eficazes e envolvem economia em termos de água, energia,
produtos químicos, e do tratamento de efluentes. Entretanto, o alto custo
das enzimas tem limitado a sua aplicação industrial (Lamoolphak et al,
2008).
11
Há vários métodos físicos descritos na literatura para a remoção da
sericina, sendo os mais estudados: a extração em água através da
utilização de alta pressão e a extração com soluções aquosas alcalinas.
Os primeiros métodos de extração da sericina utilizavam água em
ebulição e foram realizados por Cramer em 1895 e por Bondi em 1902,
como descritos no trabalho de Kodama (1926). Cramer extraiu a sericina
em água fervente, promoveu a sua precipitação com ácido acético e em
seguida decompôs esse precipitado com sulfeto de hidrogênio, separando
a proteína com etanol. Bondi também estudou a extração com água em
ebulição e a recuperação da proteína foi realizada através de dois
métodos. Primeiro o extrato foi evaporado, o material obtido lavado com
água, dissolvido em uma solução alcalina e precipitado com etanol. No
segundo método a proteína foi precipitada com ácido acético e o
precipitado obtido foi tratado com álcool.
Modificando a metodologia de separação da sericina usada por
Bondi, Kodama (1926), após extrair a sericina de cerca de 100 g de
casulos em água em ebulição, estudou a precipitação da proteína em
solução pela adição ácido acético (até pH 3,8). O precipitado foi separado
por decantação, lavado com água e aquecido com 25% de álcool até que
esse ficasse incolor. Cerca de 27 g de pó foi obtido pelo tratamento desse
precipitado com álcool e éter.
Kodama (1926) estudou também a extração da sericina em água sob
pressão, a partir de 20 g de casulos e 500 mL de água destilada, à 100 e a
1050C, durante uma hora. Esse procedimento foi repetido três vezes e a
água renovada a cada extração. A recuperação da proteína foi realizada
através da adição de ácido acético (até pH 3,8) ou álcool. Foi
demonstrado que a extração à 1050C é mais efetiva do que a 1000C, onde
os rendimentos, em porcentagem de Nitrogênio no extrato, foram de
0,165% e 0,150%, respectivamente, somando-se as três extrações.
Quanto maior a temperatura utilizada na extração, menor foi a quantidade
de proteína precipitada pelo acetato e maior a concentração de álcool
12
necessária para a precipitação da proteína no extrato (Tabela 2).
Concluiu-se, portanto, que o aquecimento a altas temperaturas causa
alguma mudança na proteína ou na sua decomposição.
Tabela 2: Massa de proteína recuperada por precipitação com acetato e
com álcool, a partir de 100 mL extrato (com 52,8 mg de N) obtido a
diferentes temperaturas de extração (Kodana, 1926).
Nitrogênio (mg) – precipitação
com diferentes concentrações de
álcool Temperatura da
Autoclave (0C)
Nitrogênio (mg)
precipitação
com acetato 25% 40% 50% 75%
100 32,1 20,0 20,4 20,4 20,4
105 12,4 36,1 37,5 38,0 38,0
110 10,2 29,9 40,6 41,0 41,0
112 9,4 29,9 40,0 41,0 41,0
125 7,1 26,8 31,1 26,4 44,0
130 6,2 7,0 16,9 25,2 40,2
140 6,2 0,6 6,6 10,2 14,6
Kurioka et al (2004) compararam a extração em água sob pressão,
com a extração alcalina e ácida. A degomagem alcalina foi feita com
solução de carbonato de sódio 0,5% (m/v), a extração em água sob
pressão foi feita a 110, 115 e 1210C e a extração ácida foi feita com
solução aquosa de ácido cítrico 1,25% em ebulição. O rendimento da
sericina em pó obtido pela degomagem ácida foi comparável ao obtido
pela degomagem alcalina e em água quente. A média de perda de massa
dos casulos na extração ácida foi de 27,8% e nas extrações alcalina e em
água foi de 25,7% e 21%, respectivamente.
A extração da sericina dos casulos em água sob pressão também foi
estudada por Hong et al (2006). A solução obtida foi concentrada pela
13
vaporização da água a 400C, secada por spray-dryer e o pó resultante foi
solubilizado em água destilada (razão 1:10) e refrigerado à 40C. A
precipitação foi feita com diferentes proporções de etanol (-180C), e
centrifugada a 3500 rpm por 20 minutos. O material precipitado foi
reservado e o etanol residual evaporado a 400C e liofilizado. Para
obtenção do teor de nitrogênio solúvel, determinou-se o teor de nitrogênio
do pó obtido por atomização e, após a solubilização desse pó em água e
centrifugação, determinou-se também o teor de nitrogênio do
sobrenadante. Dessa maneira o rendimento em termos de nitrogênio
solúvel, que correspondem à sericina, foi 95%. O rendimento da
precipitação da sericina com etanol aumenta com o aumento da
concentração de etanol (Tabela 3).
Tabela 3: Rendimento das extrações pela precipitação da sericina com
etanol em diferentes concentrações (Hong et al, 2006)
Concentração de etanol (% v/v) Rendimento da extração (% m/m)
30 46,1
50 52,1
70 61,2
75 63,6
90 71,3
Lamoolphak et al (2008) baseados na baixa eficácia da extração com
água em ebulição, propuseram a extração da sericina utilizando água
subcrítica, ou seja, água pressurizada à temperaturas acima da
temperatura de ebulição da água mas abaixo da temperatura crítica, na
remoção da sericina da seda. Nesse trabalho foram analisados os efeitos
da temperatura (120-1600C), da razão entre seda:água (1:20, 1:50 e
1:100) e do tempo de reação (10-60 min) no rendimento dos produtos. Em
baixas temperaturas (120 e 1300C) foram obtidos produtos mais viscosos
14
daqueles obtidos em temperaturas maiores e observou-se também a
gelificação desses produtos após o resfriamento. A massa de resíduo não
alterou significativamente com o aumento da temperatura de 120 para
1600C, indicando que a maior parte da fibroína não foi hidrolisada nessa
temperatura. A solução de sericina obtida após 30 minutos de extração à
baixas temperaturas continha misturas complexas de polipeptídeos com
massas moleculares que variavam de 10 - 225 KDa. Com tempo de
reação menor (10 minutos) os produtos obtidos apresentaram massas
moleculares entre 100 - 225 KDa. Foi observado que mesmo após 10
minutos à 1200C, a sericina pôde ser completamente removida e portanto,
a quantidade de proteína na solução de sericina não é significativamente
afetada pela temperatura e tempo de reação estudados. Ainda nesse
trabalho foi demonstrado a influência da razão mássica entre seda:água
na taxa de decomposição da proteína. Para razões menores (1:100) a
taxa de decomposição da sericina em peptídeos e aminoácidos foi menor,
quando comparado a razões maiores (1:50 e 1:20). Segundo os autores,
isso pode ter acontecido pois, no último caso, a viscosidade da proteína
pode aumentar a resistência à transferência de massa, limitando a taxa de
reação.
Muitos outros trabalhos na literatura descrevem a remoção da
sericina por degomagem alcalina para o aproveitamento da fibroína nas
mais diversas áreas, sem, no entanto, preocuparem-se com o rendimento
do material solúvel removido.
Ellis (1932), em sua patente sobre tratamento de tecidos, descreve a
degomagem da seda utilizando-se soluções de sais alcalinos orgânicos e
inorgânicos (como silicatos, boratos, carbonatos) e banhos contento
sabões, em pH 10-10,5 e temperatura de 800C.
A extração básica descrita por Li et al (2002), utiliza solução aquosa
de carbonato de sódio 0,5% (m/v), a 950C por 1 hora, para a completa
remoção da sericina da seda, com o objetivo de estudar a formação de
15
géis de fibroína e álcool polivinílico com potencial para utilização como
substrato em cultura de células.
Yeo et al (2002), com o objetivo de preparar microesferas de fibroína,
isolaram a sericina pela extração com solução de Na2CO3 0,3% (m/v) e
sabão de Marselha 0,5%, a 1000C por 1 hora, duas vezes.
Li, K. H. (2003) em seu trabalho sobre a influência da sericina na
cristalização da fibroína para preparação de um filme formado por essas
proteínas, isolou a sericina através da extração alcalina com uma solução
aquosa (Na2CO3 0,5% e sabão de Marselha 0,3% (m/v)) em ebulição, por
1 hora.
Ki et al (2007) em seu trabalho sobre o efeito da sericina residual na
estrutura e na propriedade mecânica do filamento de seda extraíram a
sericina dos casulos, previamente secos, com água a e com misturas em
diferentes concentrações de sabão de Marselha e carbonato de sódio, a
1000 C, durante 1 h. A taxa de degomagem foi calculada através da
Equação 1 e o conteúdo de sericina residual foi calculada de acordo com
a Equação 2, onde d é a taxa de degomagem.
100)deg1(
)( 00 ×
−=
casulosdetotalmassa
omadoscasulosdemassaDegomagemdeTaxa
Equação 1
1001
266,011)(Re 0
0 ×
−−
−=d
SericinadesidualConteúdo Equação 2
Os resultados obtidos pelos autores mostram o aumento na taxa de
degomagem com o aumento da concentração de sabão e de carbonato de
sódio, como mostrado na Tabela 4.
16
Tabela 4: Taxa de degomagem e conteúdo de sericina da fibra de seda em
várias condições de degomagem (Ki et al, 2007).
Condição Água em
ebulição 1000C
Sabão 0,012%
Na2CO3 0,008%
(m/v)
Sabão 0,024%
Na2CO3 0,016%
(m/v)
Sabão 0,3%
Na2CO3 0,2%
(m/v)
Taxa de
degomagem (%) 9,5 13,1 18,8 26,6
Conteúdo de
sericina (%) 18,9 15,5 9,6 0
3.2.2. PROPRIEDADES FÍSICO-QUÍMICAS
A sericina produzida pelo bicho da seda Bombyx mori é constituída
por frações com diferentes massas moleculares e a separação dessas
frações (Takasu et al, 2002), assim como as propriedades de gelificação e
solubilidade dessa proteína, são assuntos bastante estudados.
Os métodos tradicionais de extração (descritos no item 3.2.1) usam
soluções aquosas ácidas ou alcalinas, ou ainda, altas pressões, o que
resulta em redução da massa molecular causada por hidrólise. Quando a
sericina é dissolvida em um solvente polar, hidrolisada em soluções
ácidas, alcalinas ou degradada por proteases, o tamanho resultante das
suas moléculas depende de fatores como pH, temperatura e tempo de
processamento. Os peptídeos pequenos resultantes são solúveis em água
fria e podem ser recuperados nos estágios iniciais de produção da seda
bruta. Peptídeos maiores são solúveis em água quente e podem ser
obtidos nos estágios finais do processamento da seda (Zhang, 2002).
Na tentativa de identificar os vários tipos de sericina, e extrair essa
proteína íntegra, inibindo a redução de massa molecular causada pela
hidrólise, utilizou-se solução aquosa de tiocianato de lítio na preparação
de uma solução contendo sericina e fibroína. Para remoção do sal,
procedeu-se a diálise contra água e a solução resultante foi analisada por
eletroforese SDS-PAGE, mostrando bandas que iam de 20 a mais de 400
17
KDa. Dentre elas comprovou-se que duas são derivadas da fibroína (300 e
20 KDa), uma vez que após a degomagem dos casulos, e solubilização
em solução de tiocianato de zinco, confirmou-se a presença dessas duas
bandas. Dessa maneira, atribuiu-se as outras bandas à proteína sericina
(400, 250 e 150 KDa). Paralelamente, extraiu-se a sericina diretamente
da glândula sericígena do bicho-da-seda (Midlle Silk Gland), dividindo-a
em três partes distintas (anterior, média e posterior) e solubilizando-as em
água. Quando da eletroforese dessas soluções, verificou-se a presença de
três componentes principais que correspondiam àqueles observados
anteriormente. O maior peptídeo (400 KDa) foi encontrado na parte média
dessa glândula e portanto foi denominado sericina M. As duas bandas ao
redor de 250 KDa, foram encontradas na parte anterior da glândula
sericígena e por isso foram denominadas sericina A. A banda por volta de
150 KDa foi encontrada abundantemente na parte posterior da glândula e
foi denominada sericina P (Takasu et al, 2002).
Tsubouchi et al (2004) identificaram e quantificaram quatro frações
de sericina: A, B, C e D. A sericina A apresentou uma massa molecular
em torno de 400 kDa. A fração D possui aproximadamente 250 kDa, a
sericina B possui cerca de 200 kDa e a C apresenta massa molecular de
35 kDa, e correspondem a aproximadamente 45%, 34%, 15,5% e 5,3%,
respectivamente. Nesse trabalho os autores concluíram que quando a
seda passa pelo processo de degomagem as frações B e D, que são mais
fáceis de serem dissolvidas em água, são removidas nos primeiros
estágios.
Quando a degomagem é feita com aquecimento, quanto mais
distante da neutralidade estiver o pH, mais fácil será a remoção da
sericina.
A formação espontânea de géis após a extração ácida foi estuda por
Kurioka et al (2004), que comparou as extrações ácida e alcalina da
sericina. Esses géis foram estáveis por pelo menos 5-8 meses à 100C, e
puderam ser resolubilizados por aquecimento à 980C. Por outro lado, na
18
extração alcalina, a proteína não apresentou a capacidade de formação de
gel.
A solubilidade da sericina em água está relacionada à sua estrutura e
diminui quando as suas moléculas adquirem o estado cristalino
característico da estrutura de folhas beta (Kweon et al, 2000). A sericina
possui ainda propriedade de gelificação dependente da temperatura, a
qual se deve à mudança da sua estrutura de aleatória randômica para a
estrutura organizada de folha beta. Desse modo, a sericina dissolve-se
facilmente a 50-600C e gelifica-se reversivelmente com o abaixamento da
temperatura (Padamwar, 2005).
O ponto isoelétrico da sericina determinado por Kodama (1926) é
cerca de 3,9. Essa proteína pode ser considerada como uma “cola
hidrofílica” devido a sua propriedade de adesão das fibras de fibroína.
3.2.3. APLICAÇÕES
Os peptídeos de sericina de alta massa molecular (> 20 KDa) estão
sendo investigados para utilização como materiais médicos, biomateriais
degradáveis, polímeros compostos, biomembranas funcionais, hidrogéis e
fibras funcionais e tecidos. Já os de baixa massa molar (< 20 KDa), ou
hidrolisados, são utilizados em cosméticos, incluindo produtos para
cuidados da pele e dos cabelos (Zhang, 2002).
Kato et al (1998) demonstraram a primeira evidência da ação
antioxidante da sericina através do estudo da inibição da atividade da
tirosinase (polifenol oxidase), enzima responsável pelas reações de
escurecimento (Maillard) de vários alimentos e biossíntese da melanina,
sugerindo que este biomaterial é uma valiosa matéria-prima para a
indústria de alimentos e de cosméticos.
A supressão da incidência e do número de câncer de cólon através
da ingestão de sericina foi descrita no trabalho de Sasali et al (2000). Essa
proteína também mostrou forte efeito anti-tumoral em modelos de pele
19
animal, sugerindo sua aplicação como agente preventivo contra o câncer
de pele (Zhaorigetu et al, 2003).
Dentre outras propriedades, a sericina possui atividade de hidratação
da pele (possivelmente devido ao alto conteúdo de serina) e ação anti-
rugas (Kato et al, 1998), possui atividade antibacteriana, é resistente à
radiação ultra-violeta e absorve e libera a umidade facilmente (Zhang,
2002). Além disso, possui alta afinidade por outras proteínas, sendo capaz
de se ligar à queratina da pele e dos cabelos, formando um filme
resistente, hidratante e protetor, conferindo boas propriedades de barreira
(Tyrrell et al, 2003).
Zhang et al (2004) prepararam micropartículas de sericina da ordem
de 1-30 µm, as quais foram reticuladas quimicamente com a enzima L-
asparaginase e utilizadas para tratamento de leucemia linfoblástica.
Géis de sericina foram preparados usando pluronic PF-127 e
carbopol 934 P como estabilizantes, com a finalidade de investigar os
efeitos de hidratação dessa proteína, os quais foram demonstrados pela
diminuição da impedância e pelo aumento nos níveis de hidroxiprolina e
hidratação das células epidérmicas. Além disso, foi observada a
diminuição da perda de água transepidermal (TEWL), devido ao efeito
oclusivo, que previne a perda de água da camada superior da pele
Padamwar et al (2005).
Aramwit et al (2007) estudaram os efeitos da sericina na cicatrização
e diminuição do tamanho de feridas em ratos. Um creme contendo 8% de
sericina não mostrou nenhum efeito tóxico nos ratos, mostrando-se seguro
e biocompatível, sendo que as reações inflamatórias da pele, nas feridas
tratadas com sericina, mostraram-se menores do que aquelas tratadas
com o controle. A cicatrização das feridas tratadas com o creme contendo
sericina foi mais rápida do que a cicatrização das feridas tratadas com o
controle (11 vs. 15 dias).
O uso de sericina na formulação de um cosmético para as unhas foi
patenteado por Yamada et al (2007). Segundo os autores, a sericina na
20
concentração de 0.2 a 20%, é capaz de diminuir a secura das unhas,
tornando-as brilhantes e mantendo ou melhorando a sua saúde.
Fox et al (2006), descreveram os estudos realizados por Yao (2004),
que mostrou a relação entre a massa molecular de peptídeos de sericina e
os seus efeitos nos cuidados com os cabelos. Neste trabalho foram
estudadas influência da adsorção desses peptídeos na superfície e nas
propriedades mecânicas dos cabelos humanos. Os peptídeos que tiveram
maior afinidade ao cabelo humano, formaram um filme transparente na
superfície, protegendo-os dos danos causados por fatores externos,
conferindo brilho e elasticidade, e facilitando a penetração para a
reparação do cabelo danificado.
3.3. NANOPARTÍCULAS
O domínio da nanotecnologia está compreendido entre 1nm e 1cm.
Essa ciência tem evoluído muito nos últimos anos devido ao fato de os
materiais em escala nanométrica apresentarem novos comportamentos
e/ou propriedades diferentes daqueles que apresentam em escala
macroscópica.
Atualmente, a utilização de sistemas carreadores de bioativos para a
liberação em sítios específicos é área de intensa pesquisa. Esses
sistemas incluem os lipossomas e as nanopartículas (Schaffazick et al,
2003).
Lipossomas ou vesículas lipídicas são estruturas esféricas,
compostas por bicamadas fosfolipídicas, que encapsulam no seu interior
parte do solvente aquoso do meio no qual ele está disperso. Podem
apresentar uma ou várias lamelas concêntricas, variando o tamanho de
poucos nanômetros até algumas dezenas de micrômetros. A bicamada
pode acomodar em seu interior ativos lipofílicos (Lasic, 1993).
Porém, alguns problemas associados à essas vesículas tais como
baixa eficiência de encapsulação, rápida liberação de ativos hidrofílicos na
21
presença de elementos sanguíneos e baixa estabilidade durante a
estocagem, fazem das nanopartículas (NPs) uma alternativa interessante,
com algumas vantagens em relação aos lipossomas como aumento da
estabilidade dos bioativos e propriedades úteis de liberação controlada
(Soppimath et al, 2001).
Dentre os sistemas nanoparticulados, os mais recentes são as
nanopartículas lipídicas sólidas (SLN) e os carreadores lipídicos
nanoestruturados (NLC) utilizados principalmente para a encapsulação de
ativos lipofílicos. As SLNs são derivadas das nanoemulsões O/A pela
substituição dos lipídeos líquidos (óleo) por lipídeos sólidos, sendo sólidos
à temperatura corpórea (370C) (Muller et al, 2007). As SLNs foram a
primeira geração de partículas lipídicas desenvolvidas, porém
apresentaram problemas de baixa eficiência de encapsulação devido à
matriz da partícula formar uma estrutura de cristal relativamente perfeita,
com espaço limitado para acomodar o ativo, o que pode levar à sua
expulsão durante o armazenamento. Em contraste, as NLCs, usam uma
mistura lipídica (lipídeos sólidos e líquidos à temperatura ambiente) com
moléculas estruturadas em diferentes tamanhos que distorcem a formação
de um cristal perfeito. Dessa maneira, a matriz da partícula possui muitas
imperfeições criando espaços para a acomodação do ativo na forma
molecular, promovendo o aumento da eficiência de encapsulação e a
liberação mais lenta do ativo da matriz (Muller et al, 2007).
Outros sistemas bastante estudados atualmente são as
nanopartículas poliméricas, que incluem as nanocápsulas e as
nanoesferas, diferenciadas de acordo com a organização estrutural e a
composição (Figura 04). As nanocápsulas possuem um invólucro de
polímero biodegradável e um núcleo oleoso, sendo que o ativo pode estar
dissolvido no núcleo oleoso ou adsorvido ao invólucro polimérico
(Schaffazick et al, 2003). Lambert et al (2000) desenvolveram
nanocápsulas lipofílicas com núcleo aquoso, utilizando
poliisobutilcianoacrilato.
22
As nanoesferas são sistemas poliméricos matriciais no qual o ativo
está uniformemente distribuído (Soppimath et al, 2001).
Figura 4 Representação esquemática das nanocápsulas e nanoesferas
poliméricas (Schaffazick et al, 2003).
Essas partículas podem ser preparadas através de uma variedade de
técnicas, algumas envolvendo a utilização de solventes e componentes
potencialmente tóxicos. Para relevar essas limitações de processo, têm
sido desenvolvidas nanopartículas hidrossolúveis, biodegradáveis, obtidas
a partir de polímeros e polieletrólitos. Essas NPs, denominadas dispersões
de complexos de polieletrólitos (PECs), resultam de interações
eletrostáticas fortes entre microdomínios carregados de pelo menos dois
polieletrólitos de cargas opostas (Hartig et al, 2007).
Entre os polímeros naturais utilizados na produção de nano e
microesferas estão a albumina, gelatina, colágeno, quitosana, entre outros
(Oliveira, 2005).
3.4. NANOPARTÍCULAS PARA APLICAÇÃO EM COSMÉTICOS
Nos últimos anos têm ocorrido avanços na área cosmetológica,
realizados pelas empresas de ponta do setor, sendo esta uma área em
franca expansão com fins dos mais lucrativos (Schmaltz et al, 2005).
A definição legítima de cosmético é um produto que melhora a
aparência, auxilia na higiene pessoal e não afeta a estrutura ou a função
da pele. Produtos cosméticos não possuem, portanto, fármacos ativos
(Jackson, 1999).
Parede Polimérica
Núcleo
Ativo Ativo
Matriz Polimérica
23
O departamento americano “Food and Drud Administration” (FDA)
define cosmético como (1) artigos destinados a serem esfregados,
vertidos, espalhados ou borrifados, ou aplicado de outra maneira no corpo
humano, com o objetivo de limpeza, embelezamento, promoção de
atratividade, ou alteração da aparência e (2) artigos destinados ao uso
como componentes de quaisquer desses artigos, exceto aqueles que não
incluam o termo sabão. O FDA não reconhece nenhuma categoria como
“cosmecêutico”. Um produto pode ser um fármaco, um cosmético ou a
combinação dos dois, mas o termo “cosmecêutico” não tem significado
sob a lei norte-americana (http://www.fda.gov).
A nanotecnologia está sendo um dos principais recursos para o
desenvolvimento e inovação na área cosmética. As empresas do ramo
destinam cada vez mais recursos para pesquisas nesta nova opção
tecnológica (Schmaltz et al, 2005).
Os lipossomas representam o sistema carreador de cosmético mais
inovador dos anos 80, introduzidos no mercado pela companhia Dior em
1986 (produto Capture). Apesar das características positivas, o maior
problema hoje é a sua estabilidade física limitada (Muller et al, 2007).
Em 1995, as nanocápsulas poliméricas foram introduzidas no
mercado cosmético pela L’Oreal. Subseqüentemente, vários artigos
científicos baseados na penetração cutânea e distribuição de fármacos e
cosméticos encapsulados em nanopartículas poliméricas foram publicados
(Guterres et al, 2007).
A Lancôme lançou há alguns anos um produto cosmético contendo
nanocápsulas de vitamina E (Primordiale). A proposta é de que a vitamina
se distribua largamente através das camadas externas da pele formando
um gradiente. A eficácia da vitamina E protegida, quando incorporada em
nanopartículas foi mostrada in vivo (Jansen et al, 2001). Dingler et al
(1999) mostraram que a incorporação de vitamina E em SLN é capaz de
estabilizar quimicamente esse ativo. As partículas ultrafinas formam um
24
filme adesivo fino na pele, levando a um efeito oclusivo e à hidratação, o
que promove a penetração da vitamina E na pele.
Zulli et al (2001) encapsularam Uvinil T 150 (filtro UV-B) em
nanopartículas lipídicas. Eles observaram uma afinidade quase cem vezes
maior do Uvinil T ao cabelo nas partículas carregadas positivamente
comparadas àquelas carregadas negativamente.
Shefer et al patentearam em 2002 um sistema de liberação
controlada para produtos de cuidados com os cabelos como xampus e
condicionadores, incluindo nanopartículas formadas por polímeros e
copolímeros hidrofóbicos, em combinação com agentes condicionantes
catiônicos para melhorar o sistema de deposição nos cabelos. As
nanopartículas, formadas por um núcleo sólido e uma superfície externa
catiônica, incluem ingredientes ativos e marcadores sensoriais. A
substantividade das nanopartículas foi avaliada através da análise de
amostras de cabelos tratadas com as nanopartículas por microscopia
eletrônica de varredura.
As NLCs foram desenvolvidas em 1999 e o primeiro produto
introduzido no mercado em 2005, pela companhia alemã Dr. Rimpler, foi o
NanoRepair Q10 Cream e NanoRepair Q10 Serum (Muller et al, 2007).
Nanopartículas de sericina de 200 a 400 nm foram obtidas por
autoagregação para aplicação cosmética, através da conjugação química
da proteína sericina com polietilenoglicol ativado em meio básico, à 40C,
durante 12 horas aproximadamente. Em seguida, essa solução foi
dialisada contra água por dois dias, e para a formação das nanopartículas,
o conjugado foi solubilizado em etanol e dialisado contra água novamente
por dois dias (Cho et al, 2003).
25
3.5. PREPARAÇÃO DE PARTÍCULAS DE PROTEÍNA ATRAVÉS DA FORMAÇÃO DE
COMPLEXOS DE POLIELETRÓLITOS (PECS)
As preparações de micro e nanopartículas para aplicações
farmacêutica e cosmética têm sido bastante estudadas. Dentre os vários
métodos utilizados para a preparação de micro/nanopartículas de proteínas
destaca-se a formação de complexos de polieletrólitos.
Uma mistura de dois biopolímeros terá o comportamento de fases
determinado por parâmetros físico-químicos como a estrutura dos
polímeros em solução (Schmitt et al, 1998). Essas misturas são geralmente
instáveis, com a separação em duas fases (Ye, A., 2008), onde as forças de
desestabilização são maiores do que as forças de estabilização, podendo
ocorrer a segregação de cada macromolécula em fases separadas,
conhecida por incompatibilidade termodinâmica (Schmitt et al, 1998). Uma
mistura diluída de biopolímeros (proteína e polissacarídeo) que não
interagem, pode ser co-solúvel, formando uma solução estável. Porém, se a
proteína e o polissacarídeo apresentam atração eletrostática, pela presença
de grupos com cargas opostas, ocorrerá a coacervação complexa ou
separação de fase associativa como ilustrado na Figura 5 (Ye, A., 2008).
26
Figura 5: Principais tendências nas interações entre proteínas e
polissacarídeos (Ye, A., 2008)
Portanto, a formação de complexos de polieletrólitos consiste na
mistura de soluções de poliânions e policátions permitindo a agregação
espontânea com a liberação de contra-íons (Dautzenberg, 2000). A força
molecular predominante na agregação dos polieletrólitos é a forte
interação eletrostática. Entretanto, ligações de hidrogênio, interações
hidrofóbicas e forças de van der Waals complementam a formação dos
PECs. A formação dos PECs é composta de duas etapas principais: (1) o
processo de difusão cinética do entrelaçamento mútuo entre polímeros,
que ocorre em um espaço de tempo relativamente curto e depende das
diferenças dos tamanhos molares e (2) o rearranjo termodinâmico dos
agregados simples já formados devido a mudança conformacional e
desentrelaçamento (Hartig et al, 2007).
Dois modelos estruturais de PECs são descritos na literatura,
baseados nas características dos grupos de poliíons, na estequiometria e
massa molecular (Figura 6): o modelo "ladder-like", onde a formação dos
complexos ocorre em nível molecular, através de adaptação
Insolúvel (Separação de Fases)
Incompatibilidade
Separação de Fases
Co-solubilidade
Sem Separaração de Fases
Solúvel
Complexos
Polissacarídeo Proteína
27
conformacional e o modelo “scrambled-egg”, onde um grande número de
cadeias são incorporadas no interior das partículas.
Figura 6: Representação esquemática da estruturas "ladder-like" e do
modelo "scrambled-egg”. Preto representa o maior poliíon (negativo) e
cinza representa o poliíon de carga oposta (positivo). (a) mostra a
representação "ladder-like" onde ocorre um pareamento insuficiente de
íons em certas condições estequiométricas permitindo a formação de
agregados insolúveis e PECs solúveis (b) mostra o modelo "scrambled-
egg”, onde polímeros de tamanhos semelhantes se complexam formando
PECs insolúveis sob certas condições (Hartig et al, 2007).
De acordo com Hartig et al (2007), três tipos de complexos de
polieletrólitos aquosos podem ser formados:
� PECs solúveis: sistemas macroscopicamente homogêneos, contendo
pequenos PECs agregados;
� Coloidais turvos: sistemas de PECs na transição para separação de
fases, exibindo um aparente espalhamento de luz;
� Sistema de duas fases, com um sobrenadante líquido e um precipitado
de PEC, que são isolados como um sólido após lavagem e secagem.
A Tabela 5 apresenta um resumo do comportamento das
macromoléculas em solução.
28
Tabela 5: Classificação visual das transições de fases de uma mistura de
biopolímeros (Prata, 2006).
Clara Turva Duas Fases Precipitado Interações fracas. Os polieletrólitos possuem baixa densidade de carga iônica
efetiva
Maior densidade de cargas. A
interação entre os polieletrólitos é mais forte, mas
não ocorre separação
macroscópica de fases.
Um ligeiro aumento na
densidade de cargas é capaz de
promover a separação
associativa das macromoléculas
O precipitado se forma devido ao grande número
de formas iônicas ligadas.
A formação dos PECs é governada pela força e localização dos
grupos iônicos, pela rigidez da cadeia polimérica, por precursores
químicos, pH, temperatura, intensidade de mistura e outros fatores
controláveis (Hartig et al, 2007).
A investigação teórica da formação de PECs é importante para o
desenvolvimento da teoria de separação de fases num sistema de
polieletrólitos contendo poliíons de cargas opostas. Esse fenômeno
estudado pela primeira vez por Bungenberg de Jong foi denominado
coacervação complexa (Borue et al, 1990).
Coacervação é a separação em duas fases líquidas num sistema
coloidal. A fase mais concentrada no componente coloidal é o coacervado
e a outra fase é a solução em equilíbrio. A separação de fase associativa
entre dois polímeros ocorre quando há atração eletrostática (Kruif et al,
2004).
O fenômeno de coacervação pode ser definido como simples ou
complexo, dependendo se o sistema contem um ou mais biopolímeros
(Burgess, 1994, in Schmitt et al, 1998). A presença de sal no sistema pode
não somente suprimir a coacervação, mas também aumentá-la (Borue et
al, 1990).
29
Atualmente, a coacervação complexa entre biopolímeros é utilizada
em produtos alimentícios, farmacêuticos, médicos e cosméticos (Schmitt
et al, 1998).
Ye et al (2006) preparam nanopartículas através da complexação
eletrostática entre caseinato de sódio e goma arábica. Os complexos
apresentaram-se estáveis e solúveis em uma faixa de pH de 5.4 a 3.0,
com proporção específica de caseinato de sódio e goma arábica,
dependente também da força iônica. As partículas formadas apresentam
diâmetro médio de cerca de 100-200 nm, obtido por espectroscopia de
correlação de fótons e morfologia esférica, obtida por Microscopia
Eletrônica de Transmissão. Postula-se neste trabalho que a estrutura das
nanopartículas compreende um núcleo protéico agregado, protegido de
sucessivas agregações através da repulsão estérica de uma ou mais
moléculas de goma arábica unidas eletrostaticamente.
A coacervação complexa entre fibroína da seda (SF) e ácido
hialurônico (HA) foi descrita por Malay et al (2006) como uma promessa
no desenvolvimento de novos biomateriais, com novas propriedades. A
formação do complexo, investigada pelo monitoramento da turbidez do
sistema sob lenta acidificação, se deu entre pH 2,5 a 3,5, onde o
complexo apresentou maior turbidez e menor viscosidade. A turbidez é
proporcional tanto à massa molecular quanto à concentração de partículas
no sistema. A complexação se dá entre os grupos amino protonadados da
SF e os grupos carboxila desprotonados do polissacarídeo (HA). O
complexo formado apresentou relação de cargas não estequiométrica,
com excesso de cargas negativas provenientes do HA, que favoreceu a
estabilização dos coacervados, inibindo interações entre eles.
30
3.6. ESTABILIDADE DAS NANOPARTÍCULAS
As suspensões coloidais homogêneas tendem a não separar porque
partículas submicrométricas sedimentam tão lentamente que esse efeito é
eliminado pelos movimentos de difusão e convecção. O movimento de
partículas em escala coloidal é conhecido como o movimento Browniano,
onde as partículas mudam de direção continuamente em conseqüência de
colisões aleatórias com as moléculas do meio no qual estão suspensas,
com outras partículas, e com as paredes do recipiente onde estão
armazenadas. Em conseqüência do movimento, essas partículas
difundem de uma região mais concentrada para uma região menos
concentrada, até que a concentração esteja uniforme. As forças
gravitacionais e o movimento Browniano opõem-se entre si e estão
relacionadas ao tamanho de partícula. As partículas submicrométricas
estão na faixa de tamanho onde o movimento browniano domina sobre as
forças gravitacionais, portanto elas tendem a permanecer suspensas .
Porém as nanopartículas podem ser desestabilizadas, por exemplo,
pela adsorção de moléculas ativas que promovem sua agregação ou, no
caso de suspensões carregadas, pela adsorção de contra-íons na dupla
camada elétrica, promovendo a coagulação das partículas. A estabilidade
química desses sistemas depende das condições de estocagem (da
temperatura e do pH do meio) e da composição exata da formulação
armazenada (da massa molecular do polímero usado na preparação, por
exemplo). Geralmente as nanopartículas apresentam uma pobre
estabilidade em longo prazo. Os principais obstáculos que limitam o uso
destas nanopartículas é a instabilidade física (agregação/fusão da
partícula) e/ou instabilidade química (hidrólise dos polímeros que dão
forma às nanopartículas) descritas acima, que são observadas
freqüentemente quando estas suspensões aquosas são armazenadas por
um tempo prolongado. Contudo, estabilidade física e química das
nanopartículas pode ser aumentada pela remoção da água desses
31
sistemas. Os processos mais comumente utilizados, que permitem
converter soluções ou suspensões em sólidos com boa estabilidade são a
liofilização e a secagem por atomização (Abdelwahed et al, 2006).
3.6.1. SECAGEM POR ATOMIZAÇÃO
O processo de secagem por atomização, ou “spray-drying” envolve
quatro etapas, como mostrado na Figura 7:
� atomização da solução de alimentação;
� contato das gotículas produzidas com o fluido de secagem
(normalmente ar);
� evaporação do solvente;
� recuperação do produto.
Figura 7: Etapas do processo de secagem por atomização
(http://irtec1.irtec.bo.cnr.it/proc-spray-drying.htm, 2008).
32
A secagem por atomização apresenta como vantagens a
simplicidade, reprodutibilidade, baixo custo e condições brandas de
operação. Além de ser um processo esterilizável e escalonável (Alves,
2003). Nesse processo o fluido é atomizado usando-se um atomizador do
tipo rotatório (rotatory) ou duplo fluído (nozzle) e as gotículas entram
imediatamente em contato com o fluxo de ar quente do meio. O tempo de
secagem das gotas é muito pequeno em comparação a outros processos
de secagem, permitindo o processamento de materiais extremamente
termosensíveis (Nath et al, 1998). O controle da umidade é feito através
da regulagem do fluxo de ar e da temperatura. Quanto maior a
temperatura de secagem e o conteúdo de sólidos, maior é a eficiência do
processo (Masters, 1972).
3.6.2. LIOFILIZAÇÃO
A liofilização é um processo relativamente lento e caro, aplicado
especialmente para produtos com alto valor agregado. Esse processo
pode ser dividido em três etapas: congelamento (solidificação), secagem
primária (sublimação do gelo) e secagem secundária (dessorção da água
não congelada). Na primeira etapa a suspensão líquida é congelada,
formando-se os cristais de gelo. A secagem primária envolve a sublimação
do gelo do produto congelado e, no final da sublimação um material
poroso é obtido, sendo que esses poros correspondem aos espaços
ocupados pelos cristais de gelo. A secagem secundária envolve a
remoção da água absorvida do produto, água esta que não congelou na
primeira etapa e, portanto, não foi sublimada. O liofilizador típico, como
mostrado na Figura 8, consiste em uma câmara de secagem contendo
prateleiras com temperatura controlada, que é conectada a uma câmara
de condensação. Essa, por sua vez, abriga uma série de placas ou
bobinas capazes de manter a temperatura muito baixa (menor que −500C).
Uma ou mais bombas de vácuo, em série, são conectadas a câmara de
33
condensação para que se consigam pressões na escala de 4 a 40 Pa, no
sistema inteiro, durante a operação (Abdelwahed et al, 2006).
Figura 8: Liofilizador de bancada (www.liobras.com.br/biofreezer_l202_page.htm)
3.7. O CABELO HUMANO
As fibras capilares, estruturas derivadas da epiderme, possuem entre
50-100 µm de diâmetro e são constituídas da cutícula e córtex e, em
alguns casos, da medula na região central, como se observa pela Figura
9. Todas elas são compostas por células mortas, preenchidas
principalmente com a proteína queratina (Weia et al, 2005). Os principais
constituintes do cabelo são: proteína, lipídeo, água e melanina. O córtex é
o maior em volume e contribui principalmente com as propriedades de cor
e mecânicas do cabelo. É constituído de células na forma de haste,
intimamente empacotadas, preenchidas com filamentos de queratina, que
são orientados paralelamente ao eixo longitudinal do cabelo (Harrison et
al, 2004).
34
(a) (b)
Figura 9: (a) Esquema da estrutura da fibra capilar (b) Seção transversal
da fibra capilar humana (Wei et al., 2005).
A queratina é caracterizada pelo alto teor de cisteína, um aminoácido
que tem a capacidade de reticular a proteína pelas suas ligações
dissulfeto intermoleculares, conferindo altas propriedades mecânicas
(Weia et al, 2005).
A cutícula consiste de seis a oito camadas de células achatadas e
sobrepostas e tem influência marcante na aparência dos cabelos. No
cabelo virgem a cutícula tem aparência lisa que permite a reflexão da luz,
reduz o atrito entre os fios do cabelo, sendo responsável pelo brilho e
textura dos cabelos. Os danos na cutícula podem ser causados pelo atrito
mecânico durante a escovação e/ou pela temperatura elevada do secador
(Harrison et al, 2004).
A medula, quando presente, geralmente corresponde a uma pequena
porcentagem da massa total do cabelo e acredita-se que tem uma
contribuição desprezível para as propriedades mecânicas da fibra capilar
(Weia et al, 2005).
A superfície dos cabelos possui característica aniônica devido à
presença dos grupos sulfonato e carboxila nas proteínas e nos lipídeos
Proteína alfa-hélice
Medula
Protofibrila
Córtex
Cutícula
Cutícula
Córtex
Camada A
Exocutícula
Endocutícula
Membrana Celular complexa
35
que constituem suas fibras. Quando os cabelos são expostos a radiação
ultravioleta ou descolorados com peróxido de hidrogênio, as pontes
dissulfeto presentes na cisteína são oxidadas a sulfonato. A concentração
dessas cargas negativas pode variar ao longo da superfície dos cabelos
em decorrência de tratamentos químicos ou exposição a fatores
ambientais como a radiação ultravioleta. Essa variação é um fator que
pode afetar a adsorção de compostos catiônicos na superfície dos cabelos
(Stranick, 1996).
Atualmente, há grande necessidade de se tratar dos cabelos
danificados ou enfraquecidos resultante de tratamentos químicos como
descoloração, tinturas e alisamentos. Assim, um dos grandes desafios da
indústria cosmética é inovar com produtos para condicionamento de
cabelos, que atuem fornecendo-lhe substantividade, com alta eficiência na
reparação das cutículas, resultando na melhoria dos efeitos sensoriais,
tais como brilho e maciez, além da redução do volume dos cabelos.
A nanotecnologia tem se destacado como alternativa para o
desenvolvimento e inovação na área cosmética, contando com
investimentos elevados em pesquisa e desenvolvimento por parte das
empresas do ramo (Schmaltz et al, 2005).
3.8. CONDICIONAMENTO DOS CABELOS
O condicionamento dos cabelos é o contrário da limpeza. Em
contraste com os xampus, que envolvem a remoção de materiais da
superfície do cabelo, o condicionamento é a ação de colocar de volta
quantidades devidas de ingredientes apropriados. Enquanto o xampu
depende da ação de materiais aniônicos, o condicionamento dos cabelos
requer o uso de materiais que sejam diferentes em aspectos como caráter
iônico, propriedades de superfície e características de solubilidade (Wong,
2003).
Uma exigência para um agente condicionante efetivo de cabelos é o
próprio grau de substantividade dado ao cabelo (Wong, 2003). O termo
36
“substantividade”, na indústria de cuidados com os cabelos, refere-se à
deposição de ingredientes ativos ou marcadores sensoriais no cabelo e a
retenção e percepção desses marcadores na superfície do cabelo tratado
(Shefer et al, 2002). Com o condicionamento dos cabelos, é esperada
uma sensação de suavidade, maciez e facilidade ao pentear (Wong,
2003).
Os agentes condicionantes efetivos de cabelos são em geral
catiônicos e muito menos solúveis em água. Os mais comumente
utilizados são compostos quaternários de amônio, polímeros catiônicos, e
óleos de silicone. A substantividade dos materiais catiônicos é devido à
forte interação entre as cargas positivas e a superfície do cabelo
carregada negativamente (Wong, 2003).
3.8.1. AGENTES CONDICIONANTES DOS CABELOS
3.8.1.1. GOMA GUAR QUATERNIZADA (JAGUARC13 ®)
As gomas guar quaternizadas são derivados catiônicos da goma
galactomanana (guar) e a massa molar desses derivados estão
normalmente em torno de 50 a 2500 KDa (Dias, 2003).
A goma guar utilizada na preparação desses derivados é obtida
naturalmente de uma planta chamada Guar (Cyamopsis tetragonoloba (L.)
Taub (http://www.lsbu.ac.uk/water/hygua.html).
A goma guar é um hidrocolóide natural acumulado no endosperma
das sementes da planta guar. A estrutura macromolecular da guar está
entre um colóide esférico (como a amilopectina) e um hidrocolóide linear
(como a celulose). A espinha dorsal é formada por unidades de manose
unidas por ligações glicosídicas beta 1,4, onde cada segunda unidade é
ramificada com uma galactose unida por ligação alfa 1,6 (Figura 10).
Como a maioria dos polissacarídeos, a goma guar possui dois ou três
grupos hidroxila livres na unidade de manose da cadeia principal ou nas
cadeias laterais de galactose (Ray et al, 2005).
37
Figura 10: Estrutura Química da Goma Guar
A goma guar quaternizada (Jaguar C 13S®) é um derivados catiônico
da goma guar comercializado pela empresa Rhodia (Dias et al, 2003). Sua
estrutura molecular é representada na Figura 11.
Figura 11: Goma Guar Quaternizada - JaguarC13 ®
A goma guar quaternizada é um polímero de alta massa molar, que
fornece excelentes propriedades condicionantes para produtos de
cuidados da pele e dos cabelos. Usado em xampus, cremes rinse, loções,
cremes e outros produtos de cuidado pessoal (www.Rhodia.com, 2007).
Catiônica / Guar Quaternizada
38
3.8.1.2. CLORETO DE CETILTRIMETIL AMÔNIO E CLORETO DE BEHENYLTRIMETIL
AMÔNIO
O cloreto de cetiltrimetil amônio (CTAC) e o cloreto de beheniltrimetil
amônio (BTAC) são sais de amônio quaternário e possuem pelo menos
um átomo de nitrogênio, com quatro grupos alquilas ou arilas ligados á
eles. O CTAC apresenta um grupo alquila com 16 carbonos e no BTAC o
grupo alquila é constituído por 22 carbonos. Sua estrutura molecular está
apresentada na Figura 12 (Tismaneanu, 2001).
Figura 12: Estrutura molecular do CTAC (R=C16) e BTAC (R=C22)
(Barbosa et al, 2006)
Esses compostos são sempre catiônicos independentemente do pH
do meio e, por essa razão, são em geral incompatíveis com tensoativos
aniônicos (Wong, 2003).
Os grupos alquilas longos promovem uma melhora da deposição nos
cabelos, levando a benefícios condicionantes como melhora da suavidade
em cabelos secos, comparados à tensoativos catiônicos com grupos
alquilas menores. Acredita-se também que esses compostos possam
reduzir a irritação, comparados aos tensoativos com grupos alquila
menores (Midha et al, 2006). Tratam-se de matérias-primas essenciais,
que são adsorvidas na superfície dos cabelos, aumentando a flexibilidade
das fibras e reduzindo a fricção entre elas (Akatsuka et al, 2006).
O CTAC é o principal monoalquil quaternário e, pelo seu custo
benefício, é largamente aplicado à formulações de produtos
condicionantes para os cabelos.
39
Portanto, as propriedades dos diferentes derivados de amônio
quaternário estão relacionadas à densidade catiônica e ao número e
tamanho das cadeias alquílicas presentes na molécula. Quanto mais
cadeias estiverem presentes e quanto maiores elas forem, maior o poder
de lubrificação (Correa, 2006).
3.8.1.3. POLIQUATERNIUM 07
Polímeros catiônicos são bastante utilizados na formulação de
xampus. Estes compostos conduzem à modificações na superfície que
variam da formação de uma película de proteção nas fibras do cabelo à
ação sinérgica que melhora o desempenho de outros produtos para a
melhoria de aspectos como maciez e a facilidade de penteado. O
Poliquaternium 07 é um copolímero catiônico, constituído de acrilamida e
cloreto de dialildimetil amônia. Sua fórmula molecular é apresentada na
Figura 13 (Monteiro et al, 2003).
Figura 13: Estrutura molecular do Poliquaternium 07® (Monteiro et al,
2003)
O Poliquaternium 7® É utilizado como agente anti-estático, formador
de filme e fixador de cabelo em uma variedade de cosméticos, e
considerado seguro para o uso em formulações cosméticas (Andersen,
1996).
40
4. MATERIAIS E MÉTODOS
4.1. MATERIAIS
A sericina foi extraída de fios de seda e de casulos de bicho-da-seda,
(Bratac AS -Bastos, SP), utilizando-se água deionizada ou solução aquosa
de carbonato de sódio p.a. (Merck). A Goma Guar Quaternizada – Jaguar
C 13S® – (Rhodia Brasil) foi usada na complexação da sericina para a
formação das nanopartículas, cuja superfície foi recoberta com o cloreto
de cetiltrimetil amônio (Capuani), cloreto de beheniltrimetil amônio (KCI
Limited) e cloridrato de arginina (Ajinomoto). O Poliquaternium 7 (Galaxy
Surfactants) foi usado como agente de viscosidade. O fenoxietanol e o
sorbato de potássio foram os conservantes antimicrobianos utilizados.
4.2. MÉTODOS
4.2.1. EXTRAÇÃO DA SERICINA
A extração da sericina dos fios de seda e dos casulos de bicho-da-
seda foi estudada por 02 métodos: (i) extração à pressão atmosférica (ii)
extração em autoclave.
As extrações em autoclave, descritas na Seção 4.2.1.2, utilizaram
fios de seda ou casulos, e água deionizada como solvente. Os fios foram
usados íntegros (como recebidos do fornecedor) e os casulos foram
usados tanto íntegros quanto picados em tamanhos da ordem de 1cm2.
As extrações à pressão atmosférica foram feitas em banho
termostático sem agitação, em tanque com agitação mecânica e em
colunas de recheio, utilizando como solventes solução aquosa de
carbonato de sódio ou água deionizada.
As extrações em tanque agitado, com água ou solução de carbonato
de sódio 0,5% (m/v) são descritas na Seção 4.2.1.3.2.
41
A extração da sericina dos casulos em coluna foi feita tanto em
escala laboratorial quanto em escala piloto, como descrito nas Seções
4.2.1.3.3 e 4.2.1.3.3.1, respectivamente.
Para a determinação do teor de proteína nas soluções de sericina
extraídas foi usada a metodologia de Bradford, descrita na Seção 4.2.8.2.
Trata-se de uma técnica simples, rápida e barata; porém, é uma medida
comparativa em relação à proteína BSA. Portanto, para se obter a
concentração real (CR) de proteína extraída, fez-se uma curva de
calibração da dosagem de proteína obtida por Bradford (em diferentes
concentrações) versus a massa de proteína obtida pelo processo de
liofilização dessas soluções, nas mesmas concentrações, onde houve
perda somente de água.
A metodologia de Kjedahl descrita na Seção 4.2.8.3 também foi
utilizada, em alguns casos, para determinação do teor de nitrogênio e,
através da multiplicação pelo fator de conversão para proteína, obteve-se
a concentração real (CR) de proteína.
O Rendimento (% de proteína extraída) foi calculado a partir da
concentração real de proteína (CR) obtida, multiplicada pela massa
solução de sericina ao final de cada extração, em relação à massa inicial
de matéria-prima (MP) usada para as extrações, como é mostrado na
Equação 3.
××=Ο
Ο
MPMassa
SSfinalMassaCRExtraídaoteína
100Pr
Equação 3
A Tabela 6 resume os métodos de extração, solventes e pré-
tratamento das matérias-primas utilizadas neste trabalho.
42
Tabela 6: Métodos, Solventes e Matéria Prima (MP) para Extração da
Sericina.
Sol-
vente Matéria-prima Método Seção
Fios
Casulos picados e íntegros
Autoclave 4.2.1.2
Ág
ua
Fios Tanque agitado 4.2.1.3.2
Fios Banho
termostático 4.2.1.3.1
Casulos íntegros Tanque agitado 4.2.1.3.2
Casulos
picados Tanque agitado 4.2.1.3.2
Casulos picados e secos Coluna escala
lab. 4.2.1.3.3
Casulos picados e intumescidos Coluna escala
lab. 4.2.1.3.3
Casulos picados e secos Coluna-escala
piloto 4.2.1.3.3.1
Na
2CO
3
Casulos íntegros e secos Coluna-escala
piloto 4.2.1.3.3.1
4.2.1.1. MATÉRIA-PRIMA
As matérias-primas utilizadas para extração da sericina, os fios de
seda e os casulos de bicho-da-seda, tiveram o teor de proteína total
determinado pela metodologia de Kjedahl.
43
Inicialmente a sericina foi extraída dos fios de seda doados pela
empresa Bratac SA. Porém, sabe-se que para a produção dos fios de
seda, os casulos são antes submetidos ao processo de degomagem, ou
seja, a remoção de parte da sericina para facilitar a fiação da seda.
Portanto os fios possuem, teoricamente, menor teor de sericina do que os
casulos e, além disso, o fio trata-se de um produto com maior custo, uma
vez que já passou por um processamento. Por essa razão, foi estudada
também a extração da sericina a partir dos casulos.
Os fios de seda utilizados nas extrações não passaram por nenhum
processamento prévio.
Os casulos foram utilizados tanto íntegros quanto pré-processados.
Os pré-processamentos empregados foram: (i) picagem, feita
manualmente com tesoura, obtendo-se pedaços de aproximadamente
1cm2 e (ii) intumescimento, onde os casulos permaneceram 05 minutos
em contato com a solução extratora de Na2CO3, antes do recheio da
coluna, sendo essa solução posteriormente utilizada no processo de
extração.
4.2.1.2. EXTRAÇÃO EM AUTOCLAVE
A extração da sericina em autoclave foi realizada partindo-se de 12,5
g de casulos íntegros ou fios de seda em 300 mL de água, e de 22,5 g de
casulos picados e 400 mL de água. Devido à perda de água durante o
processo, tanto por evaporação quanto pela absorção da solução pelas
MPs, a massa final de solução obtida foi pesada após cada extração para
o cálculo do rendimento. Após a extração, a solução de sericina foi filtrada
para a remoção do material insolúvel. As condições experimentais de
tempo e temperatura empregadas estão expostas na Tabela 7.
44
Tabela 7: Condições experimentais utilizadas na extração em autoclave.
Matéria-prima Tempo (h) Temperatura (0C)
Fios 1,0 120
Casulos Íntegros 1,0 120
1,0 120
1,4 124 Casulos picados
1,5 126
4.2.1.3. EXTRAÇÕES SOB PRESSÃO ATMOSFÉRICA
A extração da sericina sob pressão atmosférica foi feita em tanque
agitado, em banho termostático sem agitação e em coluna de recheio. O
processo de extração em coluna foi escalonado para a preparação de
lotes piloto.
4.2.1.3.1. EXTRAÇÃO EM BANHO TERMOSTÁTICO
A extração em banho termostático, sem agitação, foi realizada
partindo-se de 25,00 g de fios de seda imersos em 300 mL de solução
aquosa de carbonato de sódio 0,5% (m/v), por 30 minutos. Esse
procedimento foi realizado três vezes, trocando-se a solução extratora. Ao
final, os fios foram lavados com 300 mL de água. As soluções
provenientes das 03 extrações foram misturadas à água de lavagem. Esse
procedimento foi feito à 350C e a 85-900C.
Após as extrações, as soluções foram filtradas para a remoção da
fibroína em seguida foi feita a dosagem de proteína total por Bradford
(4.2.8.2) e o cálculo do rendimento das extrações baseado na massa de
sericina extraída.
Uma parte da sericina extraída à 850C foi armazenada durante um
mês em pH básico (10,4) (a 80C), outra parte teve o pH ajustado para
45
neutralidade logo após a extração, sendo então submetidas às análises de
massa molecular por Eletroforese SDS-PAGE (4.2.8.1), a fim de verificar
se a estocagem em pH básico influenciaria no tamanho dos peptídeos
extraídos.
4.2.1.3.2. EXTRAÇÃO EM TANQUE AGITADO
A extração em tanque agitado foi feita em água e em solução aquosa
de carbonato de sódio.
Na extração com água deionizada, 12,5 g de fios de seda foram
imersos em 300 g do solvente, a 950C, sob agitação mecânica (100rpm),
durante 3 horas. O teor de proteínas na solução extraída foi analisado pela
metodologia de Bradford para o cálculo da porcentagem de proteína
extraída.
Para a extração com solução aquosa de carbonato de sódio, 25 g de
fios foram submetidos a 3 extrações (com temperatura entre 80-900C),
trocando-se a solução extratora a cada 30 minutos, com o objetivo de
verificar o tempo suficiente para remoção da maior parte da proteína. A
concentração de proteínas foi obtida através da dosagem de Nitrogênio
total pela Metodologia de Kjedahl.
A sericina foi também extraída a partir de 12,5 g de e casulos
íntegros e picados em 200 g solução aquosa de carbonato de sódio 0,5%
(m/v), sob agitação mecânica a100 rpm.
4.2.1.3.3. EXTRAÇÃO EM COLUNA DE RECHEIO
A extração em coluna foi realizada com o objetivo de obter soluções
mais concentradas e facilitar o escalonamento do processo.
Uma coluna de vidro encamisada, de dimensões 22 x 5 cm (altura x
diâmetro), foi recheada com 25 g de casulos secos e picados. Por essa
46
coluna, alimentada pela base do leito e com vazão de 5 L/h, foram
recirculados 700 mL de solução aquosa de Na2CO3 0,5% (m/v), a 900C.
A extração em coluna também foi realizada com os casulos
previamente intumescidos. Recheou-se uma coluna com 45 g de casulos
picados, que haviam sido previamente imersos em 400 mL solução de
Na2CO3 à 900C, durante 5 minutos. A mesma solução foi passada através
da coluna, com auxílio de uma bomba peristáltica, na vazão 5 L/h.
Durante as extrações foi determinado o teor de proteína por Bradford
periodicamente, por até 2 horas.
4.2.1.3.3.1. ESCALONAMENTO DO PROCESSO DE EXTRAÇÃO EM COLUNA DE
RECHEIO
Para o aumento de escala do processo de extração foi feito um
projeto piloto com capacidade para produção de 10 L de solução de
sericina. A Figura 14 é uma representação esquemática do sistema
utilizado.
As colunas 1 e 2 possuem capacidade de 5 L cada uma e dimensões
25 x 15 cm (altura x diâmetro), ambas com base e topo cônicos de 10 cm
de altura. O misturador apresenta dimensões 31,5 x 28,5 cm (altura x
diâmetro), com capacidade para 20 L.
As extrações foram feitas com os casulos secos (picados e íntegros),
com solução aquosa de carbonato de sódio 0,5% (m/v) entre 85-900C.
47
Figura 14: Representação esquemática do sistema utilizado para extração
da sericina.
Aqui se tornou difícil o processo de intumescimento prévio dos
casulos, uma vez que teriam que ser imersos na solução extratora antes
do recheio da coluna, requerendo a utilização de outro tanque, além de
um sistema para realizar a transferência. Dessa forma, o recheio das
colunas foi feito com os casulos secos, que foram realimentados nas
colunas durante o processo de extração. Abaixo há uma breve descrição,
em tópicos, de um processo de extração realizado na planta piloto:
� Doze litros de solução extratora de carbonato de sódio foram
aquecidos entre 85-900C e foram reservados 1,1 Kg de casulos.
� Cada coluna foi completamente recheada com uma parte (aprox.
1/8) dos casulos secos. A solução extratora foi bombeada através da
coluna 1 durante 30 minutos e em seguida essa solução foi esgotada
no misturador.
Bomba
48
� A solução extratora foi bombeada através da coluna 2 por mais 30
minutos e esgotada no misturador.
� Esse procedimento foi repetido quatro vezes sendo que, após cada
ciclo de 30 minutos, a coluna era realimentada com casulos secos.
Isso porque os casulos acabam se compactando pelo efeito da
passagem da solução extratora, criando um “volume morto” nas
colunas, o qual era preenchido com mais casulos secos, até que
todos os 1,1 Kg fossem carregados.
O teor de Nitrogênio total das soluções extraídas foi determinado
pela Metodologia de Kjedahl e o rendimento das extrações calculado
através da porcentagem de proteína extraída em função da massa inicial de
casulos. A Tabela 8 resume as condições utilizadas nesses estudos.
Tabela 8: Condições experimentais utilizadas nas extrações realizadas em
planta piloto.
Casulos (g) Picados Íntegros Vazão (L/min)
X 6,2
X 16,4
1100
X 6,2
4.2.2. PRODUÇÃO DAS NANOPARTÍCULAS DE SERICINA
As nanopartículas de sericina (NS) foram produzidas na própria
solução de sericina obtida na extração. A goma guar quaternizada ou
Jaguar C13 S®, cuja estrutura está representada na Figura 15b, foi
utilizado como agente de complexação (MM=1,8x106 kDa). A formação
das partículas ocorreu em pH 5,5 e, onde a goma e a proteína sericina
possuem cargas opostas, o que foi confirmado pela medida do Potencial
zeta de cada um deles. O aminoácido ácido aspártico é o que mais
contribui para a carga aniônica da sercina (Figura 15a).
49
(a)
(b)
Figura 15: Estrutura molecular (a) ácido aspártico (b) Goma Guar Quaternizada
(Material Técnico Phytophora, revendora Rhodia).
Para a preparação das nanopartículas, utilizou-se solução de sericina
na concentração de 1 mg/mL e diferentes quantidades de solução de
goma guar quaternizada 1% (m/v), como apresentado na Tabela 9. O
processo foi feito sob agitação mecânica, a 1000 rpm, durante 30 minutos,
à temperatura ambiente.
Catiônica / Guar Quaternizada
50
Tabela 9: Concentrações de goma guar quaternizada utilizadas na
produção das nanopartículas.
Concentração (% m/v)
0,002 0,03 0,05
0,004 0,035 0,1
0,02 0,04 0,14
A escolha da concentração adequada de goma a ser utilizada foi
baseada no diâmetro hidrodinâmico das partículas formadas, analisado
por Espectroscopia de Correlação de Fótons (PCS), descrita na Seção
4.2.9.1. A relação mássica entre os polieletrólitos (sericina e goma guar
quaternizada) foi calculada através da razão molar de cargas, apresentada
na Equação 4.
A razão molar de cargas é o parâmetro de controle do tamanho e
reprodutibilidade da produção das nanopartículas, sendo também o fator
de escalonamento para a sua produção em maior escala.
( )
××
×=
+
+
−
−
+−1200
18,0
)(
)(
)(
)(
/DSM
MW
MW
MR
JG
JG
P
P
Equação 4
onde,
R-/+: Razão de cargas;
M(P-):Massa proteína (g);
M(JG+): Massa de goma guar quaternizada (g);
MW(P-):Massa molecular média da proteína;
MW(JG+): Massa molar média da goma guar quaternizada
51
DS: Grau de derivação substituição catiônica = 0,1
0,18 = fração molar de ácido aspárticos presente na sericina
1200: número de monômeros presente na molécula do polímero catiônico
A reticulação da sericina também foi feita com a Goma Guar
quaternizada em pó, utilizando-se as mesmas concentrações de polímero
presentes na solução, para comparação com os diâmetros obtidos no
procedimento anterior.
4.2.2.1. RETICULAÇÃO NA PRESENÇA DE CONSERVANTES.
A reticulação da solução de sericina (SS) com goma guar
quaternizada foi realizada antes e após a adição dos conservantes sorbato
de potássio (0,4% m/m) e fenoxietanol (0,7% m/m), a fim de verificar a
influência deles na formação das partículas, as quais foram analisadas
através da medida do diâmetro hidrodinâmico por PCS (4.2.9.1).
4.2.2.2. SECAGEM DAS NANOPARTÍCULAS
As nanopartículas de sericina (NS), com concentrações de goma
iguais a 0,03; 0,035 e 0,04% (m/v), obtidas em solução, foram secas por
atomização, e por liofilização.
A secagem por atomização foi feita em equipamento Labmaq,
modelo LM MSD 1.0, com bico atomizador do tipo duplo fluido com
diâmetro de 1mm, utilizando-se vazão de 15mL/min para a alimentação da
solução de sericina, sendo as temperaturas na entrada e na saída do
spray-dryer 1100C e 580C, respectivamente.
A secagem por liofilização foi realizada em equipamento marca
LIOBRAS, modelo L101. As suspensões contendo as nanopartículas
foram previamente congeladas com nitrogênio líquido e liofilizadas por 24
horas.
52
Os pós obtidos em ambos os processos foram analisados através de
Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV) e em seguida foram
ressuspensos em água (cerca de 40 mg pó/10 mL de água), sob agitação
mecânica de 1000 rpm, por 30 minutos, para análise do diâmetro
hidrodinâmico das partículas por PCS .
4.2.3. PRECIPITAÇÃO DAS NANOPARTÍCULAS DE SERICINA COM ETANOL
Com o objetivo de separar as NS do excesso de eletrólitos,
presentes no meio, em decorrência das etapas de extração e ajuste de
pH, foi feita a precipitação das NS em solução com etanol 96%.
Diferentes proporções entre suspensão de nanopartículas:etanol
foram estudadas para se chegar a um melhor rendimento (1:1,5; 1:2; 1:3)
A precipitação foi feita em temperatura entre 5-100C durante 1 hora.
Após esse tempo as amostras foram centrifugadas a 3200 rpm por 20
minutos, secas no ambiente e ressuspensas em água na concentração
requerida.
4.2.4. FORMAÇÃO DE NANOPARTÍCULAS DE SERICINA RECOBERTAS (NR)
Como visto na Seção 3.7, os cabelos possuem superfície carregada
negativamente e, como isso, os materiais condicionantes, os quais
geralmente possuem cargas positivas foram utilizados para recobrir as
nanopartículas de sericina.
Portanto, a fim de tornar as partículas de sericina com valores
positivos de potencial zeta, após a reticulação com goma guar, promeveu-
se o recobrimento com materiais catiônicos como cloridrato de arginina e
com os tensoativos catiônicos CTAC e BTAC, em diversas concentrações.
53
4.2.4.1. RECOBRIMENTO COM CLORIDRATO DE ARGININA
Após a reticulação da proteína com a goma guar quaternizada em
solução, foi adicionado o cloridrato de arginina nas seguintes
concentrações: 0,1%; 0,25%; 0,5%; 1,0%; 2,5%; 5,0% e 10% (m/v), á
temperatura ambiente e sob agitação magnética, durante 10 minutos. Em
seguida foi feita a medida do potencial zeta (4.2.9.2)
4.2.4.2. RECOBRIMENTO COM BTAC E CTAC
O recobrimento das NS com os tensoativos BTAC e CTAC, foi feito
na presença e na ausência do excesso de eletrólitos, ou seja, nas
partículas que precipitadas com etanol e ressuspensas e nas partículas
que não passaram por essa etapa.
O BTAC e o CTAC foram adicionados em solução, em banho de gelo
a 70C sob agitação magnética durante 10 minutos. As concentrações
utilizadas desses materiais estão apresentadas nas Tabelas 10, 11 e 12.
Essas amostras foram analisadas quanto ao Potencial Zeta e ao
diâmetro hidrodinâmico, nas Seções 4.2.9.2 e 4.2.9.1, respectivamente.
Tabela 10: Concentrações de BTAC e CTAC usados separadamente no
recobrimento das NS, com remoção do sal.
CTAC (%) BTAC (%)
0,25 -
1 -
2 -
- 1
- 2
54
Tabela 11: Concentrações das formulações (2,7% de proteína) preparadas
com misturas de CTAC e BTAC, com remoção do sal.
BTAC (%) CTAC(%)
0,2 0,8
0,5 0,5
0,8 0,2
0,4 1,6
1,0 1,0
1,6 0,4
Tabela 12: Concentrações das formulações preparadas com misturas de
CTAC e BTAC, sem remoção do excesso e eletrólitos.
Proteína (%) BTAC (%) CTAC(%)
2,4 0,2 0,8
2,4 0,2 1,5
2,4 0,2 2,5
2,13 0,4 1,6
2,13 0,4 3,0
2,13 0,4 5,0
1,19 0,6 2,4
1,19 0,6 4,5
1,19 0,6 7,5
4.2.5. ADIÇÃO DE AGENTE DE VISCOSIDADE ÀS NANOPARTÍCULAS DE SERICINA
RECOBERTAS
Às nanopartículas de sericina recobertas (NR), foi adicionado 25% de
poliquaternium 07, usado como agente de viscosidade, com o objetivo de
fornecer maior estabilidade à preparação.
55
4.2.6. CARACTERIZAÇÃO DA PROTEÍNA SERICINA OBTIDAS NAS EXTRAÇÕES
As soluções de sericina (SS), obtidas pelos diferentes métodos de
extração, foram caracterizadas quanto ao teor de proteína pela
metodologia de Bradford ou pela metodologia de Kjedahl. A massa
molecular dos peptídeos formados, em alguns casos, foi determinado por
eletroforese SDS-PAGE. As sub-Seções a seguir descrevem as
metodologias e os fundamentos dessas técnicas.
Essas soluções também foram caracterizadas quanto diâmetro
hidrodinâmico dos agregados protéicos presentes em solução, antes da
reticulação da proteína. A técnica utilizada nesse caso foi a
Espectroscopia de Correlação de Fótons (PCS), descrita na Seção
4.2.9.1.
4.2.6.1. DETERMINAÇÃO DA MASSA MOLECULAR DA SERICINA EM SOLUÇÃO
Foi determinada a massa molecular das soluções de sericina obtidas
da extração dos fios: (i) com carbonato de sódio em banho termostático à
900C; (ii) a 350C, ambas armazenadas em pH básico durante 30 dias; (iii)
com água a 1200C (iv) com carbonato de sódio a 900C, e pH ajustado para
a neutralidade logo após a extração.
As placas para eletroforese foram preparadas com géis de acrilamida
nas concentrações 7,5 e 10%. As amostras foram diluídas com tampão
de desnaturação até concentração entre 0,1-1,0mg;/mL, e em seguida
foram adicionadas duas gotas de glicerol. A mistura foi agitada e aquecida
por 5-7 minutos à 1000C. Os marcadores foram preparados da mesma
forma.
As placas foram preenchidas com os géis de separação e de
concentração. Colocou-se o tampão de corrida nas cubas e injetou-se 5-
12mL de amostra em cada poço. A corrida eletroforética foi realizada sob
56
tensão de 180 V, durante aproximadamente 60 minutos e a revelação dos
géis foi feita através de coloração com nitrato de prata/ditiltrietol.
A eletroforese é um método relacionado com a migração de
partículas carregadas em um determinado meio, sob a influência de uma
diferença de potencial. Nos dias atuais, a eletroforese de proteínas e
peptídeos é muito desenvolvida em meios gelatinosos como gel de
poliacrilamida e gel de agarose (Junior, 2001). A eletroforese permite a
determinação de propriedades cruciais de uma proteína como seu ponto
isoelétrico e massa molecular aproximada.
Na eletroforese, a força que move a macromolécula é o potencial
elétrico (E). A mobilidade eletroforética da molécula (µ) é a relação entre a
velocidade da partícula (V) e o potencial elétrico. A mobilidade
eletroforética é também, igual à carga líquida da molécula (Z) dividida pelo
coeficiente de fricção (f). Assim:
µ = V/E = Z/f
A eletroforese de proteínas é geralmente realizada em géis feitos de
polímeros entrecruzados de poliacrilamida. O gel de poliacrilamida
funciona como uma peneira molecular, reduzindo a velocidade de
migração das proteínas em proporção aproximada à massa molecular.
O SDS (dodecilsulfato de sódio) é um detergente que se liga à
maioria das proteínas, adicionando grande quantidade de carga negativa e
tornando insignificantes as cargas intrínsecas da proteína. A conformação
nativa das proteínas é alterada quando o SDS liga-se a elas e a maioria
adquire a mesma forma geométrica, tornando-se muito semelhantes entre
si e, por essa razão, passam a ter a mesma relação entre a carga elétrica
e a massa. Assim, a eletroforese na presença de SDS separa as proteínas
quase exclusivamente pela massa molecular, com os peptídeos menores
migrando mais rapidamente. Depois de realizada a eletroforese as
proteínas são visualizadas pela adição de um corante, como o Coomassie
Blue (Lehninger, 2003).
57
4.2.6.2. DETERMINAÇÃO DO TEOR DE PROTEÍNA NA SS PELA METODOLOGIA DE
BRADFORD
A determinação do teor de proteína por essa metodologia envolveu
inicialmente a preparação do Reagente de Bardford e da curva de
calibração para o microensaio foi feita com a proteína BSA (Bovine Serum
Albumin).
As amostras de sericina extraídas da seda foram adequadamente
diluídas (concentração máxima 0,1 mg/mL) e em seguida cerca de 1000
µL do reagente de Bradfoord foram adicionados a 100 µL dessa amostra.
Após homogeneização, aguardou-se aproximadamente 10 minutos e foi
feita a leitura em espectrofotômetro em comprimento de onda de 595 nm.
As concentrações foram determinados através da curva de calibração da
proteína BSA e os resultados expressos em mg/mL, em relação à proteína
BSA. Todas as amostras foram analisadas em triplicata.
Esse método trata-se uma técnica espectrofotométrica para a
determinação de proteínas totais que utiliza o corante de “Coomassie
brilliant blue” BG-250. A ligação do corante com a proteína causa uma
mudança na absorção máxima do corante de 365 para 595 nm. Baseia-se
na interação entre o corante BG-250 e macromoléculas de proteínas que
contém aminoácidos de cadeias laterais básicas ou aromáticas. No pH de
reação, a interação entre a proteína de alta massa molecular e o corante
BG-250 provoca o deslocamento do equilíbrio do corante para a forma
aniônica, que absorve fortemente em 595 nm.
A falta de linearidade na lei de Beer-Lambert tem sido observada
devido a uma variação do pH quando da adição da amostra ao reagente
BG-250. Existem poucas substâncias, citadas na literatura, que são
interferentes no método de Bradford. Estes interferentes normalmente
reagem com as proteínas impedindo a reação com o corante BG-250 ou
reagem com o corante causando aumento na absorbância. (Zaia, 1998)
58
4.2.6.3. DETERMINAÇÃO DE NITROGÊNIO TOTAL NA SS PELA METODOLOGIA DE
KJEDAHL
Para determinação do teor de nitrogênio pela metodologia de Kjedahl
utilizou-se Unidade de Digestão K-424 na fase de digestão, Scrubber B-
414: para captação os gases liberados no processo de digestão e Unidade
de destilação B-324 na fase de destilação, todos da marca BUCHÜ
A cada tubo digestor foram adicionados 0,5 g de amostra, 10 g de
mistura catalítica (sulfato de potássio e sulfato de cobre) e 20 mL de ácido
sulfúrico concentrado. O tubo foi então colocado na Unidade Digestora à
4500C, por cerca de 1 hora, até a solução tornar-se clara. Durante a
digestão os vapores de ácido sulfúrico são neutralizados na unidade
Scrubber. Após resfriamento à temperatura ambiente, conectou-se o tubo
digestor com a amostra na Unidade de Destilação.
Em um erlenmeyer de 500 mL adicionou-se 30 mL de solução
receptora de N (ácido bórico + azul de metileno + vermelho de metila),
onde foi mergulhada a extremidade afilada do condensador.
Procedeu-se então o programa de destilação: o equipamento
adicionou 60 ml de solução aquosa de ácido bórico 20% (m/v) no
erlenmeyer contendo a solução receptora, em seguida adicionou 60 mL de
água destilada e 80 mL de solução aquosa de NaOH 32% (m/m), no tubo
digestor contendo a amostra. O equipamento realizou um pré-
aquecimento do sistema e iniciou a destilação, conforme programação.
Retirou-se o erlenmeyer da unidade de destilação e titulou-se a
amostra com solução de ácido sulfúrico 0,1 N, até ocorrer mudança da
coloração de verde para rosa.
Os cálculos para se encontrar o teor de nitrogênio e proteína foram
feitos através das equações 05 e 06, respectivamente:
( )m
fcVnitrogêniomm
14,0/%
××=
Equação 5
59
( )m
FfcVproteínamm
×××=
14,0/%
Equação 6
Onde:
V= Volume da solução de ácido sulfúrico 0,1 N gasta na Titulação
fc = fator de correção da solução de ácido sulfúrico 0,1 N
F= Fator de conversão de Nitrogênio para proteína, (para a sericina = 6,5)
m= massa da amostra (g).
Na presença de H2SO4 e dos catalisadores (K2SO4 e CuSO4), os
nitrogênios de aminas presentes na maioria sos materiais orgânicos são
convertidos em sulfato de amônia [(NH4)2SO4]. Amônia livre e amônica
ligada ao nitrogênio são também convertidas a (NH4)2SO4 . A amônia é
destilada a partir de um meio alcalino, fixada em solução de ácido bórico e
titulada com ácido sulfúrico 0,1N.
4.2.7. CARACTERIZAÇÃO DE NANOPARTÍCULAS
4.2.7.1. DIÂMETRO HIDRODINÃMICO
O diâmetro hidrodinâmico das NS e das NR foi caracterizado por
espectroscopia de correlação de fótons (PCS), utilizando laser de alta
potência. O sinal foi analisado através do espalhamento de luz, quasi
elastic light scattering. O equipamento (Autosizer 4700 – Malvern) foi
regulado para um ângulo de 900C em relação ao feixe de luz incidente
(laser He-Ne) e as amostras foram diluídas em água para reduzir a
turbidez e a viscosidade das dispersões.
As partículas em suspensão estão em movimento constante devido
às colisões entre as moléculas do meio. Quanto menor a partícula, mais
rapidamente ela se movimenta, fenômeno esse denominado movimento
60
Browniano. A taxa de flutuação da intensidade de luz espalhada varia de
acordo com a velocidade de difusão, e o diâmetro médio é determinado
através da equação de Stoke-Einstein (Equação7).
R
TD
πηκ6
=
Equação 7
Onde:
κ = constante de Boltzmann
T= temperatura absoluta
R = raio das nanopartículas
η = viscosidade da solução dispersante
A primeira distribuição gerada pela análise de dados, e portanto a
mais exata, é a distribuição de intensidade de luz espalhada pelas
partículas. A partir da distribuição de intensidade são geradas as
distribuições em volume e número de partículas. A distribuição de
intensidade, volume e número são proporcionais ao diâmetro elevado à
sexta, terceira e primeira potência, respectivamente.
(http://www.malvern.co.uk/home/index.htm)
Portanto, torna-se necessário considerar as distribuições em volume
ou número sempre associadas à distribuição por intensidade, para análise
mais completa dos resultados.
61
4.2.7.2. POTENCIAL ZETA
Neste trabalho todas as medidas de potencial zeta foram feitas em
equipamento Zetasizer ® Nano (Malvern). As amostras foram previamente
diluídas em água e injetadas nas cubetas com o auxílio de uma seringa. O
equipamento realiza 10 medidas de cada amostra, os resultados são
fornecidos em miliVolts (mV).
Como regra geral, dispersões com potencial zeta maior que 30 mV
(em valor absoluto) são fisicamente estáveis, maior do que 60 mV
mostram excelente estabilidade, e abaixo de 5 mV elas apresentam
pronunciada agregação. Esses limites não são rígidos, e consideram
regiões otimizadas.
O Potencial zeta é uma medida eletrocinética que envolve efeitos de
movimento e fenômeno elétrico na dupla camada (Stern e difusa) (Figura
16). Estas camadas são formadas pela presença de contra-íons ao redor
da superfície coloidal para neutralizar suas cargas. A camada Stern é a
mais próxima e a primeira a envolver o colóide, tendo como principal
característica uma grande rigidez, pois é formada apenas pelos contra-
íons. A camada difusa também é formada por contra-íons que estão em
equilíbrio dinâmico, no qual tentam se aproximar do colóide, sofrendo
repulsão pela presença da camada Stern. Esta variação de contra-íons
que ocorre entre a superfície do colóide e o seio do líquido promove a
formação de um potencial elétrico, que é denominado potencial de
superfície. Assim, se um campo elétrico é aplicado, o fenômeno de
eletroforese ocorre, pois a partícula coloidal irá movimentar-se, com
mobilidade que depende do potencial elétrico criado entre a camada que
envolve a partícula e o seio do líquido, além da viscosidade, da constante
dielétrica do meio e da intensidade do campo elétrico.
Neste contexto, o potencial zeta é a medida de um fenômeno de
superfície, definido como potencial elétrico no ponto que separa a camada
Stern e difusa e é dependente também da mobilidade eletroforética.
62
Figura 16:Identificação das camadas carregadas em torno de uma
partícula (Malvern Instruments))
4.2.7.3. MORFOLOGIA DAS NANOPARTÍCULAS EM SOLUÇÃO
A morfologia das nanopartículas de sericina, recobertas com os
catiônicos foi analisada através de microscopia eletrônica de transmissão.
Foi adotada a metodologia proposta por NEW (1990), na qual telas de
cobre de 200 mesh foram utilizadas como suporte para a amostra
recoberta com carbono com filme de parlódio com acetato de celulose.
Uma gota da suspensão de partículas (diluída em água 20 vezes) foi
aplicada sobre a tela e incubada à temperatura ambiente. Após cinco
minutos foi retirado o excesso da amostra com uma ponta de papel de
filtro. Uma gota de solução aquosa de acetato de uranila 1% (m/v) foi,
então, adicionada mantendo-se a incubação por mais 1 minuto à
temperatura ambiente, sendo também o excesso eliminado e a tela seca
ao ar. As estruturas foram visualizadas em microscópio Carl Zeiss, CEM
902, equipado com filtro de energia Castaing-Henry-Ottensmeyer, e as
imagens foram captadas através de câmera CCD (Proscan).
63
4.2.7.4. MORFOLOGIA DAS NANOPARTÍCULAS DE SERICINNA SECAS
As NS secas por atomização e por liofilização foram caracterizadas
quanto à morfologia através de microscopia eletrônica de varredura. O
equipamento utilizado foi da marca Leica, modelo LEO 440i. As amostras
de partículas secas foram fixadas em um porta-amostra através de fita
adesiva dupla-face, recobertas com ouro (sob vácuo) e posteriormente
analisadas e fotografadas.
4.2.8. AVALIAÇÃO DO EFEITO DAS NANOPARTÍCULAS DE SERICINA RECOBERTAS
EM MECHAS DE CABELOS.
As nanopartículas de sericina, recobertas com os tensoativos
catiônicos CTAC e BTAC, e suspensas em Poliquaternium 7, foram
aplicadas à mechas de cabelos para avaliação dos seus efeitos no
tratamento cosmético dos cabelos. Todas as mechas foram previamente
lavadas com solução aquosa de lauril éter sulfato de sódio 10% e secas.
Os resultados foram analisados quanto à diminuição de volume e aumento
de brilho dos cabelos, além da avaliação da recuperação das cutículas
dos fios feitas por imagens obtidas por MEV.
4.2.8.1. ANÁLISE DE BRILHO EM MECHAS DE CABELOS
O efeito de brilho em mechas de cabelos caucasianos virgens e
tratados quimicamente por descoloração foi avaliado utilizando-se
equipamento Glossmeter Novo Gloss®. As formulações estudadas nesse
ensaio foram (i) NR dispersas em água em três diferentes concentrações
(1%, 3% e 5%) e (ii) placebo solubilizado em água, nas mesmas três
concentrações. O placebo era composto pelos mesmos componentes da
formulação das NR, com exceção da proteína sericina. Mechas tratadas
somente com água foram utilizadas como controle.
Cada mecha foi imersa nas formulações estudadas, de forma
separada, por 2 minutos. Em seguida elas foram penteadas, secas com ar
64
frio e foram feitas dez medidas de brilho em cada uma. O efeito de brilho
do cabelo foi analisado em termos de porcentagem de aumento de brilho,
comparando-se os valores médios de brilho obtidos das mechas controle
com os valores obtidos das mechas tratadas com as NR e com o placebo.
A técnica de medida do brilho baseia-se no princípio de medida da
intensidade da luz refletida. O cabelo é totalmente esticado e preso à um
suporte onde é iluminado sob uma luz incidente oblíqua (sob ângulo de
850). A luz refletida é registrada de acordo com o ângulo de observação e,
quanto maior a reflexão, maior o brilho. A luz refletida é medida por um
detector e os valores são expressos em unidades de brilho (GU- 0,1 a
1000).
Os resultados foram avaliados através de análise estatística
utilizando-se o teste Tukey-kramer de comparação múltipla, para
verificação do grau de significância do aumento de brilho.
4.2.8.2. ANÁLISE DE VOLUME DAS MECHAS
Este estudo teve como objetivo avaliar o efeito da aplicação das NR
na redução de volume em mechas de cabelo afro-americano tratados
quimicamente (descoloração), comparando-os aos cabelos tratados com
placebo e aos cabelos tratados apenas com água (controle). As
formulações avaliadas nesse ensaio foram as mesmas utilizadas na
Seção 4.2.10.2.
Mechas de cabelo afro-americano, danificadas por descoloração,
foram imersas em cada amostra a ser avaliado durante 2 minutos. Em
seguida as mechas foram penteadas e suspensas em um suporte de
modo a ficarem posicionadas verticalmente para a remoção do excesso de
água, secas com ar frio e fotografadas. A abertura das mechas foi medida
com ao auxílio do software Image Tool.
Os resultados foram avaliados quanto à diminuição de volume das
mechas (em centímetros), e foi feita uma análise estatística utilizando-se o
65
teste Tukey-kramer de comparação múltipla, para verificação do grau de
significância da diminuição de volume das mechas.
4.2.8.3. GERAÇÃO DE IMAGENS POR MICROSCOPIA ELETRÔNICA DE VARREDURA
Após molhadas com água fria, as mechas de cabelos danificados
foram massageadas com o sistema contendo as NR, e secas foram à
temperatura ambiente.
Mechas de cabelos caucasianos virgens e danificadas quimicamente
(após processo de descoloração) foram utilizadas como controle na
geração das imagens. A ação na fibra capilar foi avaliada através da
captação de imagens por SEM, utilizando-se equipamento 6469LV – Jeol
66
5. RESULTADOS E DISCUSSÃO
5.1. EXTRAÇÃO DA SERICINA
A caracterização das matérias-primas utilizadas para extração da
sericina foi feita através da determinação do teor de Nitrogênio total pela
metodologia de Kjedahl (Seção 5.1.1).
Os rendimentos das extrações da sericina, realizadas com os
casulos de bicho-da-seda e com os fios de seda são apresentados nas
sessões 5.1.2 e 5.1.3.
5.1.1. MATÉRIA-PRIMA
O teor de nitrogênio total (sericina + fibroína) nos casulos, dosado
pela metodologia de Kjedahl foi de 15,26% (m/m) e o teor de proteínas,
usando-se como fator 6,5, foi de 99,19% (m/m), já os fios de seda
apresentaram teor de nitrogênio igual à 15,66% (m/m), e 101,8% (m/m) de
proteína.
A diferença entre o teor de nitrogênio nos casulos e nos fios de seda
não é significativa (2,5%). A concentração de proteína total nos fios tende
a ser maior pois esse já sofreu o processo de degomagem que,
juntamente com a sericina, pode ter removido impurezas.
Lembrando que aqui foi determinado o teor total de proteínas, não
sendo possível determinar separadamente sericina sem fazer sua
extração da fibroína.
5.1. 2. EXTRAÇÃO EM AUTOCLAVE
As soluções de sericina obtidas da extração com água, em
autoclave, foram comparadas quanto ao teor de proteína e ao rendimento.
Os resultados apresentados na Tabela 13 mostram que não houve
diferença significativa (6,5%) nos rendimentos da extração realizada com
os casulos íntegros ou com os fios mostrando que o processo de
degomagem realizado antes da fiação da seda deve ter removido uma
67
fração muito pequena de sericina. Portanto, optou-se pela utilização dos
casulos, por ser a matéria-prima de menor custo.
Ainda na Tabela 13, comparando-se agora os rendimentos das
extrações realizadas com os casulos picados e inteiros, a 1200C, vê-se
que não houve diferença significativa (menor que 5%) na porcentagem de
proteína extraída em relação à massa inicial de matéria-prima. A solução
obtida da extração com casulos picados apresentou-se mais concentrada
pois, nesse caso, a relação matéria-prima:solução extratora foi maior.
As soluções extraídas a 1200C gelificaram após 6-8 horas à
temperatura ambiente pela mudança na estrutura da proteína de “random
coil” para folha beta conforme descrito Padamwar et al (2004). A presença
desta nova configuração foi confirmada pelo maior tamanho das partículas
medidas por PCS. A forma de gel dificulta a formação das nanopartículas.
Como estratégia para aumentar o rendimento e diminuir a
gelificação da solução de sericina, foram utilizadas temperaturas maiores
para a extração.
Os resultados apresentados na Tabela 13, mostram que à 124 e
1260C ocorreu aumento significativo nos rendimentos, 33 e 24%
respectivamente, em relação às extrações a 1200C. Entretanto, o
rendimento a 1260C foi cerca de 10% menor, oposto ao esperado. Esse
resultado pode ser devido a própria quantificação pelo método de
Bradford, já que a extração a 1260C tende a produzir peptídeos de menor
massa molecular. Observou-se que a extração em temperaturas mais
elevadas retardou a formação de gel, reduzindo também a viscosidade da
solução final.
68
Tabela 13: Teor de proteína nas soluções de sericina obtidas através da
extração com os fios e com os casulos, na extração em autoclave.
DP: Desvio Padrão de n=3
(i) :Utilizado o método de Bradford para quantificação de proteína.
A extração com água em pressões maiores do que a atmosférica é
promissora para obtenção de solução de sericina livre de eletrólitos, o que
facilitaria o posterior recobrimento das nanopartículas para obtenção da
carga positiva. No entanto, a gelificação apresenta-se como limitação
desse processo, sendo necessário a utilização de maiores pressões para
a quebra das estruturas ou a combinação de pressão, temperatura e baixa
concentração de carbonato de sódio. Por questões de segurança em
laboratório e de dificuldades na transferência de escala desses processos,
os estudos da extração em autoclave não foram continuados.
5.1.3. EXTRAÇÃO SOB PRESSÃO ATMOSFÉRICA
A extração da sericina com solução de carbonato de sódio foi a mais
explorada neste trabalho. Neste item são apresentados os resultados
quanto ao teor de proteína nas soluções de sericina obtidas das
extrações: (i) dos fios de seda em banho termostático, (ii) dos fios e dos
casulos em tanque agitado (iii) dos casulos em coluna de recheio.
Matéria
Prima
Tempo de
extração
(h)
Temp. (0C)
Proteína (i)
(mg/mL
± DP)
Conc. Real
(mg/mL
±DP)
Proteína
extraída
(%±DP)
Casulos
íntegros 1,0 120 0,82 ±0,035 8,82 ±0,38 15,17 ±0,65
Fios 1,0 120 0,78 ±0,028 8,39 ±0,30 14,43 ±0,52
1,0 120 1,15 ±0,047 12,36 ±0,51 15,84 ±0,65
1,0 124 1,57 ±0,04 16,88 ±0,43 23,48 ±0,60 Casulos
picados 1,5 126 1.38±0,054 14,84 ±0,58 20,78 ±0,81
69
5.1.3.1. EXTRAÇÃO EM BANHO TERMOSTÁTICO
A extração da sericina dos fios de seda com solução de carbonato de
sódio em banho termostático, apresentou teor de proteína conforme
mostrado na Tabela 14.
Tabela 14: Teor de proteína nas soluções de sericina obtidas através da
extração com os fios.
Temperatura (0C)
Proteína (i) (mg/ml ± DP)
Conc. Real (mg/mL ± DP)
Proteína extraída (%± DP)
35 0,037 ±0,0032 0,40 ±0,032 1,59 ±0,13
90 0,98 ±0,057 10,54 ±10,62 33,72 ±1,6
DP: Desvio Padrão de n=3 (i) – Utilizado o método de Bradford para quantificação de proteína.
A extração à 900C apresentou rendimento muito superior (maior que
95%), comparando à extração feita à 350C, indicando que a utilização de
altas temperaturas é essencial para a extração da proteína.
A porcentagem de proteína extraída à 900C foi bastante alta, o que
pode estar relacionado com a troca da solução extratora durante o
processo. Porém, a solução foi obtida bastante diluída, já que grande
volume de solução extratora foi utilizado. Portanto, esse método implicaria
em maior custo, além da necessidade de posterior concentração da
solução.
5.1.3.2. EXTRAÇÃO EM TANQUE AGITADO
A extração da sericina dos fios com água (900C), durante 03 horas
sob agitação mecânica, apresentou concentração muito baixa de proteína
(0,014 mg/mL), com 1,79 % de proteína extraída, o que confirma a
necessidade de temperatura e pressão maiores ou utilização de sais para
uma extração mais eficiente.
70
Já a extração da proteína dos fios de seda realizada com solução de
carbonato de sódio, obteve 22% de proteína extraída já nos primeiros 30
minutos. Os principais resultados obtidos são mostrados na Tabela 15.
Tabela 15: Concentração de nitrogênio total e proteína nas soluções
obtidas por extração com solução aquosa de Na2CO3 em tanque agitado,
à 80-900C.
Extração de 30
minutos
Teor de
nitrogênio total
(% ± DP)
Conc. Real
(mg/mL)
Proteína
extraída (%)
1ª 0,31±0,00 20,15 22,41
2ª 0,05±0,00 3,25 4,31
3ª 0,03±0,00 1,95 2,41
DP: Desvio Padrão de n=3
Analisando os resultados, conclui-se que em 30 minutos foi extraída
a maior parte da sericina. Portanto, as outras duas extrações
subsequentes não produziriam aumento substancial no rendimento
encontrado. A soma das porcentagens de proteína extraída nos três casos
corresponde a 29,13 %, valor próximo do teórico esperado da quantidade
de sericina (25-30%).
Os rendimentos das extrações realizadas a partir dos casulos
(íntegros e picados) em solução de carbonato de sódio são mostrados na
Tabela 16. Comparando-se a porcentagem de proteína extraída em 30
minutos, dos fios (22,41%) e dos casulos (24,86 e 27,64) conclui-se que,
nesse tempo de processo, a porcentagem de proteína extraída dos
casulos picados e íntegros foi cerca de 19% e 10% maior do que a
extraída dos fios, respectivamente.
Contudo, como discutido na Seção 5.1, optou-se por extrair a
sericina a partir dos casulos de bicho-da-seda, por ser um material com
menor custo.
71
Tabela 16: Concentração de proteína na solução de sericina obtida da
extração dos casulos (picados e íntegros), com solução aquosa de
Na2CO3 em tanque agitado, à 80-900C.
Matéria-prima Proteína (i)
(mg/ml ±DP)
Conc. Real
(mg/mL ± DP)
Proteína
extraída
(% ± DP)
Casulos íntegros 1,7 ±0.20 18.28 ±2.15 24.86 ±2.93
Casulos picados 1,89 ±0.08 20.32 ±0.88 27.64 ±1.20
DP: Desvio Padrão de n=3
(i): Utilizado o método de Bradford para quantificação de proteína.
A extração com casulos picados (1cm2) e íntegros, apresentou
praticamente o mesmo rendimento, considerando o desvio padrão.
Porém, os casulos de bicho da seda são extremamente leves,
flutuam em água ou na solução de carbonato à temperatura ambiente,
sendo dificilmente imersos totalmente na solução extratora, além de
enroscarem facilmente no impelidor, quando utilizada agitação mecânica,
tornando difícil a remoção da fibroína depois de terminada a extração da
sericina. Para contornar essas dificuldades e obter soluções de sericina
mais concentradas, realizou-se a extração dos casulos em coluna de
recheio.
5.1.3.3. EXTRAÇÃO EM COLUNA DE RECHEIO
As extrações em coluna, em escala laboratorial, foram realizadas
com os casulos picados para facilitar o recheio das colunas, uma vez que
o seu diâmetro interno (5cm) dificultava a alimentação dos casulos
íntegros.
Na primeira extração, onde as colunas foram recheadas com os
casulos secos, houve grande compactação do leito à medida que os
casulos foram se intumescendo, como mostra a Figura 17. O rendimento
da extração foi cerca de 20%, porém as soluções obtidas estavam pouco
72
concentradas (aprox. 14 mg/mL) como mostrado na Tabela 17. Para a
obtenção de soluções mais concentradas seria necessário adicionar mais
casulos à coluna a medida que esses vão intumescendo e compactando.
Para cálculo do rendimento foram sempre consideradas as perdas
por evaporação durante o processo, uma vez que o sistema não era
totalmente vedado.
Figura 17: Extração em coluna recheada com casulos secos
Tabela 17: Concentração de proteínas em diferentes tempos da extração,
utilizando casulos secos e picados, à 80-900C.
Tempo de
extração (h)
Proteína (i)
(mg/mL ±DP)
Conc. Real
(mg/mL ± DP)
Proteína
extraída
(%± DP)
0,5 1,39 ±0,11 14,95 ±1,15 19,91 ±1,53
1,0 1,35 ±0,03 14,52 ±0,27 19,54 ±0,36
1,5 1,36 ±0,02 14,62 ±0,22 19,48 ±0,29
2,0 1,38 ±0,05 14,84 ±0,55 19,77 ±0,73
DP: Desvio Padrão de n=3 (i): Utilizado o método de Bradford para quantificação de proteína.
73
Na extração em coluna, realizada com os casulos previamente
intumescidos, também foram recolhidas alíquotas da solução de sericina,
para determinação de proteína total pelo método de Bradford como
apresentado na Tabela 18.
O intumescimento prévio desses casulos na solução extratora, antes
do recheio da coluna, tornou-os mais flexíveis e deformáveis, permitindo a
utilização de maior massa de casulos e, consequentemente menor volume
de solução extratora, com a obtenção de soluções mais concentradas e de
melhor rendimento como mostrado na Tabela 18.
Tabela 18: Concentração de proteínas em diferentes tempos da extração
em coluna (casulos intumescidos), à temperatura 80-900C
Tempo de
extração (h)
Proteína
(mg/mL± DP)
Conc. Real
(mg/mL ±
DP)
Proteína
extraída
(%± DP)
0,25 4,76 ±0,26 51,18 ±2,80 27,42 ±1,50
0,5 5,43 ±0,05 58,39 ±0,49 31,28 ±0,26
1,0 5,43 ±0,02 58,39 ±0,25 31,28 ±0,13
1,5 5,45 ±0,41 58,60 ±4,45 31,39 ±2,38
DP: Desvio Padrão de n=3
Pelos resultados apresentados concluiu-se que 30 minutos foram
suficientes para a extração e, após esse tempo, a concentração
permaneceu aproximadamente constante.
5.1.3.4. EXTRAÇÃO EM COLUNA-PLANTA PILOTO
O teor de proteína nas soluções de sericina obtidas da extração em
planta piloto e o rendimento, expresso em porcentagem de proteína
extraída estão apresentados na Tabela 19.
74
Tabela 19: Teor de proteína e rendimento das extrações realizadas em
planta piloto, à temperatura 80-900C, utilizando método de Bradford para
quantificação.
Pré -
tratamento
dos casulos
Vazão
(L/min)
Teor de
nitrogênio
total (%)
Conc. Real
(mg/mL)
Proteína
extraída (%)
6,2 0,41 26,7 15,19 picados
16,4 0,31 20,2 16,12
íntegros 6,2 0,43 28,0 14,30
De acordo com os resultados apresentados na Tabela 19, conclui-se
que as duas extrações realizadas na vazão de 6,2 L/min apresentaram
diferença de rendimento de apenas 5,8% e, portanto, é possível realizar o
processo com os casulos íntegros sem comprometimento do rendimento.
Comparando-se as extrações realizadas com os casulos picados, em
nas vazões utilizadas, observa-se que na vazão maior o rendimento do
processo é somente 5,8% maior.
Comparando as extrações em planta piloto e em laboratório,
observa-se diferenças de cerca de 50% em eficiência. Uma causa desse
resultado é a diferença de velocidades superficiais, um fator de
escalonamento importante na extração.
Nos estudos em laboratório a velocidade superficial, definida como a
vazão pela área, era cerca de 255 cm/h. Porém, na coluna piloto essa
velocidade era, no mínimo, 2000 cm/h, considerando a área de cada
coluna e a vazão mínima da bomba (6,2L/h). Sabendo que quanto menor
a velocidade superficial, maior o tempo de contato entre a solução
extratora e o recheio e mais eficiente a extração, esse foi um fator decisivo
na diminuição do rendimento na planta piloto.
75
5.2. DISTRIBUIÇÃO DE MASSA MOLECULAR
As soluções de sericina provenientes da extração dos fios com água
e com solução de carbonato de sódio, foram avaliadas quanto à massa
molecular média por Eletroforese SDS-PAGE. Os géis revelados são
mostrados nas Figuras 18 e 19. A letra M corresponde aos marcadores de
alta massa molecular, os números 1 e 2 referem-se às soluções extraídas
com carbonato de sódio em banho termostático à 900C e 350C,
respectivamente, e armazenadas em pH em torno de 10. A amostra 3
refere-se à extração feita em autoclave, com água à 1200C e a amostra 4
também refere-se à uma solução extraída com carbonato de sódio a 900C,
que teve o pH ajustado para a neutralidade (pH=7) logo após a extração.
Como apresentado anteriormente (Seção 5.1), não houve diferenças
significativas em termos de rendimento nas extrações realizadas com os
casulos e fios de seda em solução de carbonato de sódio. Nessas
condições, admitiu-se que o perfil eletroforético das proteínas
provenientes do casulo é semelhante ao perfil da extração a partir dos fios
de seda.
76
Figura 18: Eletroforese SDS –PAGE em gel acrilamida 7,5%. (M)Marcadores;
(1)Solução obtida pela extração com Na2CO3 a 900C e (2) Solução obtida pela
extração com Na2CO3 a 350C; (3) Solução obtida pela extração com água a
1200C; (4)Solução obtida pela extração com Na2CO3 a 900C e ajustada para
neutralidade (pH7)
Figura 19: Eletroforese SDS –PAGE em gel acrilamida 10%. (M)Marcadores;
(1)Solução obtida pela extração com Na2CO3 a 900C e (2) Solução obtida pela
extração com Na2CO3 a 350C; (3) Solução obtida pela extração com água a
1200C; (4)Solução obtida pela extração com Na2CO3 a 900C e ajustada para
neutralidade (pH7).
77
Conclui-se, portanto, que a faixa de MM da sericina extraída segue o
mesmo perfil descrito na literatura, com a presença de peptídeos de alta
MM, bem como de peptídeos de MM menores que 53 KDa.
A solução de sericina extraída em solução aquosa de carbonato de
sódio à 350C (2) apresentou concentração de proteína muito baixa, não
sendo possível a revelação.
As amostras 1 e 4 apresentaram o mesmo perfil eletroforético,
mostrando que o pH não influenciou significativamente na integridade da
proteína durante os 30 dias de armazenagem em pH 10.4, sob
refrigeração.
Os perfis eletroforéticos mostram que, aparentemente a extração em
meio básico provocou maior fragmentação da proteína (1 e 4), comparada
à extração em autoclave (3).
5.3. FORMAÇÃO DAS NANOPARTÍCULAS DE SERICINA E DETERMINAÇÃO DO
DIÂMETRO HIDRODINÂMICO
As soluções de sericina obtidas das extrações em água e em solução
de carbonato de sódio foram analisadas quanto ao diâmetro hidrodinâmico
(por PCS) dos agregados protéicos formados.
A formação das NS se deu por complexação eletrostática da solução
de sericina com a goma guar quaternizada. A Tabela 20 apresenta os
valores de potencial zeta da solução de sericina e de uma solução de
goma guar quaternizada, mostrando que essas substâncias são
carregadas com cargas opostas sendo possível a atração eletrostática
entre elas.
78
Tabela 20: Potencial Zeta da Solução de Sericina e de uma Solução de
Goma Guar Quaternizada, em pH 5,5, em água.
Substância Potencial Zeta (mV ±DP)
Solução de Sericina
-25,9 ±2,2
Goma Guar Quaternizada
+20,2±1,9
DP: Desvio Padrão de n=3
Em seguida realizou-se um estudo para se achar a concentração
ideal de goma para a reticulação baseando-se nos tamanhos das
partículas formadas e na razão de cargas entre os dois polímeros.
Após a complexação eletrostática dessa proteína com goma guar
quaternizada foram medidos os diâmetros das nanopartículas formadas.
Os resultados das análises, feitas por PCS, estão expressos em termos de
número de partículas e em intensidade de luz espalhada.
5.3.1. AGREGADOS PROTÉICOS E NANOPARTÍCULAS DE SERICINA FORMADAS COM
SOLUÇÃO OBTIDA DA EXTRAÇÃO EM AUTOCLAVE
A partir das soluções de sericina obtidas da extração dos casulos
com água, em autoclave, foi feita a leitura do diâmetro hidrodinâmico dos
agregados protéicos formados logo após a extração e resfriamento dessas
soluções à temperatura ambiente, como mostrado na Tabela 21 e na
Figura 20.
79
Tabela 21: Diâmetro médio dos agregados protéicos após a extração com
água (Análise em número).
DP: Desvio Padrão de n=3
41.1 226.5 1119.0 6504.2
0
10
20
30
40
50
60
70
± 3.7 ± 12.9 ± 379,3 ± 433.2
Diâmetro (nm)
% e
m C
lass
es
38.4 225.9 1066.5
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
± 12.0 ± 12.9 ± 314,3
Diâmetro (nm)
% e
m C
lass
es
(a) (b)
27.3 144.5 698.5
0
10
20
30
40
50
60
± 3.3 ± 14.5 ± 93.1
Diâmetro (nm)
% e
m C
lass
es
Figura 20: Diâmetro médio dos agregados protéicos em diferentes
temperaturas de extração (a) 1200C (b) 1240C (c) 1260C (Análise por
intensidade de luz espalhada).
Tempo e temperatura de extração Diâmetro (nm ± DP)
1,0 h à1200C 39,2 ± 0,5
1,0 h à 1240C 26,9 ± 1,5
1,5 h à 1260C 23,7 ± 2,0
80
Os resultados, analisados por número e por intensidade de luz
espalhada apresentados na Tabela 20 e Figura 20, respectivamente,
mostraram que com o aumento da temperatura de extração ocorreu
diminuição do diâmetro dos agregados. A análise por intensidade de luz
espalhada apresenta três a quatro populações (25-45; 130-240; 605-1500;
6504 nm) dentre as quais predominam a primeira população de acordo
com a análise por número de partículas. A presença de mais de uma
população pode ser justificada pela ampla faixa de massa molecular
apresentada pela sericina.
Uma parte dessa solução foi imediatamente reticulada com goma
guar quaternizada e os resultados são apresentados na Seção 5.3.1.
Outra parte dessa SS foi reservada e analisada após 24 horas em
temperatura ambiente. Nesse caso, o diâmetro médio das partículas
apresentou muito grande, demonstrando agregação das partículas, não
sendo possível a leitura por essa técnica.
5.3.2. AGREGADOS PROTEICOS - EXTRAÇÃO COM CARBONATO DE SÓDIO
As soluções de sericina obtidas por extração com solução de
carbonato de sódio apresentaram agregados protéicos com diâmetro
hidrodinâmico de 20,3 nm com desvio padrão de ± 0,26, de acordo com a
distribuição por número predominante de partículas.
A distribuição de tamanhos por intensidade de luz espalhada é
apresentada na Figura 21, onde há presença de basicamente, duas
populações: a 1ª com diâmetro médio médio de 26 nm e a 2ª com
diâmetro em torno de 230 nm.
81
26.11 244.79
0
25
50
75
± 3.6 ± 11,9
Diâmetro (nm)
% e
m C
lass
es
Figura 21: Distribuição de tamanho dos agregados protéicos obtidos por
extração com solução Na2CO3 (Análise por intensidade de luz espalhada).
Nesse caso os agregados protéicos são menores, comparados aos
agregados presentes na SS obtida da extração em autoclave, como
apresentado na Seção anterior.
5.3.3. NANOPARTÍCULAS PREPARADAS A PARTIR DE SOLUÇÃO DE SERICINA
OBTIDAS POR EXTRAÇÃO EM AUTOCLAVE
As soluções de sericina foram reticuladas com goma guar quaternizada
imediatamente após o resfriamento, e em seguida foi feita a leitura do diâmetro
hidrodinâmico das nanopartículas formadas. Na Tabela 22 são apresentados os
diâmetros analisados por número e na Figura 22 são apresentados os diâmetros
analisados por intensidade de espalhamento da luz.
Tabela 22: Diâmetro médio das partículas logo após a reticulação (Análise em
número).
DP: Desvio Padrão de n=3
Tempo e temperatura de extração Diâmetro (nm ± DP)
1,0 h à1200C 67,0 ± 2,6
1,0 h à 1240C 45,8 ± 1,8
1,5 h à 1260C 63,3 ± 4,7
82
66.2 517.8 4174.2 8394.3
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
± 1.2 ± 30.0 ± 2004.6 ± 2470.3
Diâmetro (nm)
% e
m C
lass
es
45.3 263.4 1778.6 8288.7
0
10
20
30
40
50
60
70
± 1.8 ± 29,1 ± 308,5 ± 278.4
Diâmetro (nm)
% e
m C
lass
es
(a) (b)
62.88 515.37 2664.45
0
25
50
75
±6.2 ± 115.0 ± 580.7
Diâmetro (nm)
% e
m C
lass
es
(c)
Figura 22: Diâmetro médio das nanopartículas obtidas a partir da sericina
extraída nas temperaturas: (a) 1200C (b) 1240C (c) 1260C (Análise por
intensidade de luz espahada).
As partículas formadas apresentam diâmetro maior em relação aos
agregados protéicos apresentados na Seção 5.3.1, indicando a interação
da goma com a sericina.
Após armazenadas por 24 horas, foi novamente medido o tamanho
dessas partículas, que apresentaram-se muito grandes, não sendo
possível a leitura pelo equipamento, o que se deve provavelmente à
mudança de estrutura protéica para folha-beta. Isso dificulta a utilização
dessa técnica de extração para a formação das partículas.
83
Uma alternativa seria a utilização de pressões e temperaturas ainda
maiores para a extração, entretanto, tem-se a limitação da pressão
máxima de segurança para uso da autoclave (recomendada pelo
fabricante), que é de 1,5 Kgf/cm2.
A obtenção de partículas pela extração feita em autoclave é
interessante, pois dispensaria a extração alcalina e conseqüentemente,
eliminaria os eletrólitos do processo, que devem interferir na mudança de
carga das partículas.
5.3.4. NANOPARTÍCULAS PREPARADAS COM A SERICINA EXTRAÍDA EM
CARBONATO DE SÓDIO
Após realizada a extração da sericina em carbonato de sódio, essa
solução foi reticulada com goma guar quaternizada, mantedo-se a mesma
razão molar de cargas.
Nas próximas Seções serão apresentados os resultados de
distribuição de tamanho de partículas, a fim de investigar da concentração
ideal de goma para a formação das nanopartículas de sericina e a
possibilidade de se realizar a reticulação com a goma guar quaternizada
em pó.
5.3.4.1. INFLUÊNCIA DA GOMA GUAR QUATERNIZADA NA FORMAÇÃO DAS
NANOPARTÍCULAS DE SERICINA
Diferentes concentrações de uma solução aquosa de goma guar
quaternizada (1%m/v) foram utilizadas para a reticulação da sericina. Os
diâmetros das nanopartículas formadas estão apresentados, em termos
de número, na Tabela 22, onde é observada sempre a presença de uma
única população. A análise do diâmetro hidrodinâmico pele intensidade de
luz espalhada é apresentada na Figura 23.
84
Tabela 23: Diâmetro das partículas de sericina formadas com diferentes
concentrações de solução de Goma Guar Quaternizada.
Goma guar quaternizada
(% m/v)
Diâmetro (nm ±DP)
0,002 20,6
0,004 21,6 ± 1,06
0,02 24,4 ± 1,4
0,03 31,8 ± 1,2
0,035 31,4 ± 1,13
0,04 226,95 ±125,55
0,05 176,03 ± 81,07
0,1 363,1 ± 71,8
0,14 2548.68 ± 254.8
DP: Desvio Padrão de n=3
Através dos resultados mostrados na Tabela 23, obteve-se a faixa
de diâmetro de partículas requerida, em torno de 30 nm.
A partir da massa de goma adicionada e da massa de sericina
presente em solução, fez-se o cálculo da razão de cargas para manutenção
dessa faixa de tamanho de partículas, chegando-se a um valor de R-/+ =
0,74. Portanto, mantendo-se essa razão de cargas, espera-se que as
partículas formadas permaneçam sempre nessa faixa de tamanho. Nesse
caso as partículas potencial zeta ainda com valor negativo (-18,7 mV ±0,3)
e serão posteriormente recobertas com os materiais catiônicos
A Figura 22, que analisa o tamanho dessas partículas com ralação a
quantidade de luz espalhada, mostra sempre a presença de mais de uma
população. Em (a), (b), (c), (d) e (e) observam-se, basicamente, duas
populações com diâmetro médio de 20-70 e 200-300 nm e em (f), (g) e (h),
tem-se uma população em torno de 200-300 e outra entre 2000-3000 nm,
85
aproximadamente. Isso mostra que o resultado fornecido, em termos de
número de partículas acompanha sempre a primeira população na
avaliação por intensidade.
24.30 255.60 2694.00
0
10
20
30
40
50
60
70
80
±9.3 ± 300.0 ± 911.2
Diâmetro (nm)
% e
m C
lass
es
24.00 239.50 1421.00
0
25
50
75
± 8.3 ± 258,4 ± 890,1
Diâmetro (nm)
% e
m C
lass
es
(a)0,002% (b)0,004
33.70 227.99 2781.64
0
10
20
30
40
50
60
70
± 19,6 ± 262,0 ± 1102,2
Diâmetro (nm)
% e
m C
lass
es
45.88 288.73 3979.57
0
10
20
30
40
50
60
± 36,8 ± 355,5 ± 939,2
Diâmetro (nm)
% e
m C
lass
es
(c) 0,02 (d) 0,03
66.80 331.13 2163.20
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
± 5.9 ± 267.6 ± 866.6
Diâmetro (nm)
% e
m C
lass
es
230.63 2315.95
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
± 79.25 ± 667.0
Diâmetro (nm)
% e
m C
lass
es
(e) 0,035 (f) 0,04
86
180.41 2589.61
0
25
50
75
± 15.1 ± 683.4
Diâmetro (nm)
% e
m C
lass
es
313.02 3109.87
0
10
20
30
40
50
60
70
± 82.7 ± 743.5
Diâmetro (nm)
% e
m C
lass
es
(g) 0,05 h (0,1)
2527.70
0
50
100
± 206.7
Diâmetro (nm)
% e
m C
lass
es
(i) 0,14
Figura 23: Diâmetro das nanopartículas de sericina formadas com
diferentes concentrações de goma guar quaternizada em solução (% m/v):
(a) 0,002; (b) 0,004; (c)0,02; (d) 0,03; (e) 0,035; (f)0,04; (g)0,05; (h) 0,1; (i)
0,14 (Análise por intensidade de luz espalhada).
5.3.4.2. NANOPARTÍCULAS OBTIDAS UTILIZANDO-SE GOMA GUAR QUATERNIZADA
EM PÓ
A reticulação da sericina foi estudada também através da utilização
da goma guar quaternizada em pó, mantendo-se a mesma razão de
cargas. As partículas resultantes apresentaram diâmetros semelhantes
àquelas reticuladas com a goma em solução. A análise de diâmetro por
número (Tabela 24) mostra a presença de uma única classe ou
população.
87
Tabela 24: Diâmetro (em número) das nanopartículas de sericina
formadas com diferentes concentrações de goma guar quaternizada em
pó.
Goma guar quaternizada (% m/v) Diâmetro (nm ± DP)
0,03 25,4 ± 0,8
0,035 30,4 ± 1,3
0,04 42,3 ± 2,1
DP = Desvio Padrão, n=3
A análise de tamanho de dessas partículas, em relação à intensidade
de luz espalhada é mostrada na Figura 24. Observa-se em (a), (b) e (c), a
presença de duas populações principais, uma na faixa de 30-40 nm e a
outra na faixa de 200 nm.
Portanto, conclui-se que é possível fazer a reticulação da proteína
com a goma no estado sólido (na forma de pó), sem que ocorra
modificação na distribuição de tamanho das nanopartículas formadas.
88
34.81 233.32 2477.53
0
10
20
30
40
50
± 22.0 ± 260.4 ± 1449.3
Diâmetro (nm)
% e
m C
lass
es
34.97 207.27 1825.84
0
10
20
30
40
50
60
±12.8 ± 140.0 ± 1059.3
Diâmetro (nm)
% e
m C
lass
es
(a) (b)
41.26 247.31 2227.30
0
10
20
30
40
50
60
70
80
± 3.1 ± 92.7 ± 454.4
Diâmetro (nm)
% e
m C
lass
es
(c)
Figura 24: Diâmetro das nanopartículas de sericina formadas com
diferentes concentrações de goma guar quaternizada em pó: (a) 0,03% (b)
0,035% e (c) 0,04% (Análise por intensidade de luz espalhada).
5.4. PRECIPITAÇÃO DAS PARTÍCULAS DE SERCINA COM ETANOL
A precipitação das NS em suspensão, obtidas em solução de
carbonato, foi feita com etanol 96%, em diferentes proporções, foi
estudada quanto ao rendimento através da massa de precipitado
recuperada. Os valores obtidos são mostrados na Tabela 24.
Após a ressuspensão dessas partículas em água, obtiveram-se
tamanhos de partículas próximos aos obtidos antes da precipitação, na
89
faixa de 55-65 nm (análise por número). Na análise por intensidade foram
observadas basicamente duas populações, em torno de 60 e 350 nm.
Tabela 25: Rendimento das precipitações com etanol 96%
Proporção suspensão de
nanopartículas:etanol
Rendimento (%)
1:1,5 30,7
1:2 50,5
1:3 84,9
O melhor rendimento foi obtido utilizando-se a proporção 1:3v/v
Suspensão de nanopartículas:Etanol. Essas partículas depois de
precipitadas foram novamente ressuspensas em água. Em alguns ensaios
de recobrimento das nanopartículas com catiônicos (Seção 5.6), foram
utilizadas essas partículas ressuspensas, sem a presença de eletrólitos.
5.5.CARACTERIZAÇÃO DAS NANOPARTÍCULAS DE SERICINA APÓS
RECOBRIMENTO COM MATERIAIS CATIÔNICOS
As nanopartículas de sericina, formadas em solução ou após a
precipitação com etanol, foram recobertas com materiais catiônicos (4.2.5)
e analisadas quanto à distribuição de tamanho de partículas e ao potencial
zeta, descritas nas sub-seções abaixo.
5.5.1.DIÂMETRO E POTENCIAL ZETA DAS NANOPARTÍCULAS DE SERICINA
RECOBERTAS COM CLORIDRATO DE ARGININA
As nanopartículas de sericina formadas em solução e recobertas
com cloridrato de arginina foram analisadas quanto ao tamanho (por PCS)
e ao potencial zeta. Os resultados dessas análises são apresentados na
Tabela 26, sendo que o diâmetro é aqui representado em termos de
90
número de partículas. As análises de diâmetro em termos de intensidade
de luz espalhada são apresentados na Figura 25.
Tabela 26: Distribuição de tamanho (em número) e potencial zeta
das nanopartículas de sericina obtidas em solução e recobertas com
arginina.
Arginina (% m/v) Diâmetro
(nm ± DP) Potencial zeta (mV ± DP)
0,1 22,5 ± 0,9 -1,54 ±6,10
0,25 21,0 ± 2,3 -1,65 ± 4,23
0,5 19,7 ± 0,7 -0,29 ± 14,7
1 21,4 ± 1,0 2,58 ± 20,1
2,5 19,6 ± 0,5 2,64 ± 18,2
5 22,7 ± 4,6 2,61 ± 10,9
10 18,5 ± 0,99 3,18 ± 6,08
DP = Desvio Padrão, n=3
34.92 230.89 2272.42
0
10
20
30
40
50
60
± 31.8 ±296.3 ±1071.0
Diâmetro (nm)
% e
m C
lass
es
20.99 150.74 795.45
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
± 3.75 ± 85.4 ± 438.6
Diâmetro (nm)
% e
m C
lass
es
(a) (b)
91
22.40 205.32 2745.43
0
10
20
30
40
50
60
± 8.5 ± 176.6 ± 912.2
Diâmetro (nm)
% e
m C
lass
es
30.24 194.65 3129.65
0
10
20
30
40
50
60
± 18.9 ± 221.6 ± 1137.7
Diâmetro (nm)
% e
m C
lass
es
(c) (d)
20.09 136.94 477.25 3556.37
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
± 2.4 ± 91.4 ± 293.1 ± 365.8
Diâmetro (nm)
% e
m C
lass
es
22.30 144.73 478.13 2434.00
0
10
20
30
40
50
60
± 1.9 ± 70.3 ± 211.8 ± 220.8
Diâmetro (nm)
% e
m C
lass
es
(e) (f)
63.64 289.92 539.14
0
10
20
30
40
50
60
70
± 17,6 ± 99.1 ± 251.7
Diâmetro (nm)
% e
m C
lass
es
(g)
Figura 25: Diâmetro das nanopartículas de sericina recobertas com
diferentes concentrações de Cloritdrato de arginina ((a) 0,1; (b) 0,25;
(c)0,5; (d) 1,0; (e) 2,5; (f)5,0; (g)10,0 (Análise por intensidade de luz
espalhada).
92
As partículas recobertas com arginina permaneceram com diâmetro
na faixa requerida (entre 20 e 30 nm, na análise em número). Na análise
em intensidade de luz espalhada ocorre a presença de basicamente duas
classes, uma de menor tamanho (20- 30 nm) e outra entre 120-230 nm.
Porém, a análise do potencial zeta dessas partículas mostra que,
mesmo utilizando-se 10% de arginina, não foram obtidas partículas com
carga positiva. Isso pode ser devido à presença dos eletrólitos em
solução, que dificultam a mudança de cargas. O potencial zeta obtido,
próximo da neutralidade não é favorável à aplicação pretendida das
nanopartículas, tanto por não contribuir para a estabilidade das
suspensões durante a estocagem, quanto pela baixa adesividade aos fios
de cabelo, que possuem carga negativa.
5.5.2. DIÂMETRO E POTENCIAL ZETA DAS NANOPARTÍCULAS DE SERICINA
RECOBERTAS COM CTAC
As nanopartículas de sericina precipitadas com etanol, ressuspensas
em água (2,8% de proteína) e recobertas com CTAC, foram analisadas
quanto à distribuição de tamanho (PCS) e ao Potencial Zeta. Os
resultados são apresentados na Tabela 27.
Tabela 27: Diâmetro (em número) e potencial zeta das partículas
recobertas com CTAC
Concentração de CTAC
(%)
Potencial Zeta
(mV ±DP)
Diâmetro (nm ± DP)
0,25 +5,21 ±2,63 *
1,00 +22,3 ±3,37 81,1 ± 4,3
2,00 +21,4 ±4,34 34,0 ± 1,13
DP: Desvio Padrão de n=3 * Análise não realizada pois o potencial zeta nessa concentração não satisfazia as características as partículas que desejava-se alcançar.
93
As análises do diâmetro das partículas em intensidade estão
apresentadas na Figura 26.
80.30 962.80 2575.56
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
50
55
± 5.1 ± 485.1 ± 1572.4
Diâmetro (nm)
% e
m C
lass
es
32.90 226.80 787.80 5792.10
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
± 1.3 ± 133.6 ± 470.1 ± 299.2
Diâmetro (nm)
% e
m C
lass
es
(a) (b)
Figura 26: Diâmetro das nanopartículas de sericina (precipitadas com
etanol) recobertas com CTAC à: (a) 0,1; (b) 0,25 (Análise por intensidade
de luz espalhada).
Observa-se com os resultados apresentados na Tabela 27, que o
diâmetro das partículas permanece em até 80 nanômetros e que a sua
carga positiva é atingida com adição de 1% de CTAC.
Na análise de tamanho de partículas por intensidade observa-se a
presença de mais de uma população, sendo que a primeira possui
diâmetro médio em torno de 30-80 nm, como na análise em número. As
outras populações apresentam diâmetro em torno de 1000-2000 nm.
Todas as amostras apresentaram sedimentação expressiva, com a
formação de um precipitado que é facilmente ressuspenso através de
agitação não vigorosa. Para diminuir a sedimentação, foi adicionada às
amostras 25% de Poliquaternium 07, que forneceu viscosidade às
suspensões, reduzindo a sedimentação.
94
5.5.3. POTENCIAL ZETA DAS NANOPARTÍCULAS DE SERICINA RECOBERTAS COM
BTAC
As nanopartículas de sericina precipitadas com etanol e
ressuspensas em água (2,8% de proteína) foram também recobertas com
BTAC. As amostras foram analisadas quanto ao potencial zeta. Os
resultados são apresentados na Tabela 28.
Tabela 28: Potencial zeta das partículas recobertas com BTAC
Concentração de BTAC
(%)
Potencial Zeta
(mV ±DP)
1,00 +25,3 ± 4,5
2,00 +20,3 ± 4,48
DP: Desvio Padrão de n=3
O diâmetro dessas partículas não foi medido pois a suspensão,
mesmo após a adição do agente de viscosidade (Poliquaternium 07),
apresentava muito sedimento e partículas extremente grandes, e portanto,
não puderam ser avaliadas por essa técnica.
5.5.4. DIÂMETRO E POTENCIAL ZETA DAS NANOPARTÍCULAS DE SERICINA
RECOBERTAS COM MISTURA DE CTAC E BTAC
O recobrimento com a mistura dos catiônicos CTAC e BATC foi feito
tanto com as partículas de sericina precipitadas com etanol e
ressuspensas, quanto com as partículas na solução de extração por
carbonato de sódio.
95
5.5.4.1. DIÂMETRO E POTENCIAL ZETA DAS NANOPARTÍCULAS DE SERICINA
PRECIPITADAS COM ETANOL E RECOBERTAS COM MISTURA DE CTAC E BTAC
As partículas de sericina (2,8% de proteína) precipitadas com etanol
e ressuspensas em água foram recobertas com a mistura dos catiônicos
(CTAC e BTAC) em diferentes concentrações.
A Tabela 29 apresenta os resultados de tamanho de partículas (em
número) e potencial zeta das partículas recobertas.
A Figura 27 mostra os diâmetros das partículas analisados por
intensidade de luz espalhada. Em (a) há uma pequena população com
cerca de 30 nm e uma população maior na faixa de 200 nm. Em (b), existe
uma população (cerca de 50%) com 100 nm e outra na faixa dos 300 nm
e,em (c) há cerca de 5% das populações com 50 nm e 80-90% entre 250-
350 nm.
Observa-se que as amostras que contem no máximo 1% da mistura
dos catiônicos apresentam partículas com diâmetro na faixa de poucos
nanômetros (Tabela 28) e carga positiva, como objetiva esse trabalho.
Portanto essas amostras foram selecionadas como as mais promissoras
Tabela 29: Diâmetro e potencial zeta das partículas precipitadas com
etanol recobertas com mistura de CTAC e BTAC.
BTAC CTAC Zeta (mV±DP) Diâmetro (nm ± DP)
0,2 0,8 +23,0± 4,16 31,9 ±2,5
0,5 0,5 +27,5 ±3,67 88,0 ± 9,5
0,8 0,2 +25,8 ±3,97 43,3 ± 7,5
0,4 1,6 +26,4 ± 4,63 *
1,0 1,0 +28,7 ± 4,81 *
1,6 0,4 +31,6 ±4,82 *
DP: Desvio Padrão de n=3
(* )= Diâmetro muito elevado, superior a 1500 nm
96
33.68 218.14 3305.12
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
± 9.3 ± 254.6 ± 1976.5
Diâmetro (nm)
% e
m C
lass
es
80.30 962.80 2575.56
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
50
55
± 5.1 ± 485.1 ± 1572.4
Diâmetro (nm)
% e
m C
lass
es
(a) (b)
50.94 275.80 6518.06
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
± 10.4 ± 284.2 ± 781.4
Diâmetro (nm)
% e
m C
lass
es
(c)
Figura 27: Diâmetro das nanopartículas de sericina (precipitadas com
etanol) recobertas com mistura CTAC/BTAC nas concentrações à: (a)
0,2/0,8%; (b) 0,5/0,5% (c)0,8/0,2% (Análise em intensidade de luz
espalhada).
Nestas condições, as amostras apresentaram sedimentação, porém
menor do que a sedimentação presente quando do uso do BTAC
somente. Essa sedimentação foi contornada com a adição de 25% de
Poliquaternium 07.
97
5.5.4.2. DIÂMETRO E POTENCIAL ZETA DAS NANOPARTÍCULAS OBTIDAS NA
SOLUÇÃO DE EXTRAÇÃO E RECOBERTAS COM MISTURA DE CTAC E BTAC
As nanopartículas de sericina obtidas em solução de carbonato de
sódio foram diretamente recobertas com as misturas dos catiônicos CTAC
e BTAC, sem a remoção prévia dos sais por precipitação com etanol.
Os resultados de Potencial Zeta são mostrados na Tabela 30 e os
diâmetro obtidos das partículas são mostrados em intensidade e número
nas Figuras de 28 a 36.
Tabela 30: Potencial zeta das nanopartículas de sericina em solução
recobertas com mistura de CTAC e BTAC
Proteína (%)
BTAC (%)
CTAC(%)
Potencial Zeta (mv ± DP)
2,4 0,2 0,8 + 11.4 ±3,04
2,4 0,2 1,5 +11.0 ±3,32
2,4 0,2 2,5 +14.9 ±3,36
2,13 0,4 1,6 +13.5 ±3,02
2,13 0,4 3,0 +17.6 ±3,35
2,13 0,4 5,0 +23.0 ±3,88
1,19 0,6 2,4 +19.6 ±3,20
1,19 0,6 4,5 +25.6 ±3,56
1,19 0,6 7,5 +25.5 ±4,35
DP: Desvio Padrão de n=3
Observa-se que as partículas formadas estão todas com carga
positiva, sendo que aumentando a concentração dos catiônicos, há
também aumento do valor do potencial zeta.
98
148.33 451.31 4812.40
0
10
20
30
40
50
60
70
± 14.9 ± 238.5 ±3805.5
Diâmetro (nm)
% e
m C
lass
es
192.80 794.05 4986.72
0
10
20
30
40
50
60
70
± 65.8 ± 1025.6 ±5789.7
Diâmetro (nm)
% e
m C
lass
es
(a) (b)
Figura 28: Diâmetro das partículas recobertas com 0,2% de BTAC e 0,8%
de CTAC (a) número (b) intensidade.
122.25 395.71
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
± 67.0 ± 223.3
Diâmetro (nm)
% e
m C
lass
es
364.07 4752.53 9318.90
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
± 413.5 ± 4167.8 ±3040.5
Diâmetro (nm)
% e
m C
lass
es
(a) (b)
Figura 29: Diâmetro das partículas recobertas com 0,2% de BTAC e 1,5%
de CTAC (a) número (b) intensidade.
99
150.29 456.39 1301.90
0
25
50
75
100
± 8.5 ± 170.6 ± 683.5
Diâmetro (nm)
% e
m C
lass
es
239.75 1376.45 6884.87
0
10
20
30
40
50
60
± 186.1 ± 1579.6 ±4707.9
Diâmetro (nm)
% e
m C
lass
es
(a) (b)
Figura 30: Diâmetro das partículas recobertas com 0,2% de BTAC e 2,5%
de CTAC (a) número (b) intensidade.
178.59 673.20
0
25
50
75
100
± 14.8 ± 509.5
Diâmetro (nm)
% e
m C
lass
es
211.11 797.38 4706.88
0
10
20
30
40
50
± 111.8 ± 613.65 ±4296.5
Diâmetro (nm)
% e
m C
lass
es
(a) (b)
Figura 31: Diâmetro das partículas recobertas com 0,4% de BTAC e 1,6%
de CTAC (a) número (b) intensidade.
100
77.03 413.50
0
25
50
75
100
± 6.3 ± 196.3
Diâmetro (nm)
% e
m C
lass
es
92.65 442.35 4076.12
0
10
20
30
40
50
60
70
± 44.5 ± 509.65 ±4301.9
Diâmetro (nm)
% e
m C
lass
es
(a) (b)
Figura 32: Diâmetro das partículas recobertas com 0,4% de BTAC e 3,0%
de CTAC (a) número (b) intensidade.
36.57
0
50
100
± 1.0
Diâmetro (nm)
% e
m C
lass
es
41.86 273.24 3264.22
0
10
20
30
40
50
60
70
80
± 13.3 ± 274.2 ±2436.8
Diâmetro (nm)
% e
m C
lass
es
(a) (b)
Figura 33: Diâmetro das partículas recobertas com 0,4% de BTAC e 5,0%
de CTAC (a) número (b) intensidade.
101
80.03
0
50
100
± 2.03
Diâmetro (nm)
% e
m C
lass
es
81.42 424.75 2608.99 4519.28
0
10
20
30
40
50
60
± 11.1 ± 232.4 ±2309.8±1276.6
Diâmetro (nm)
% e
m C
lass
es
(a) (b)
Figura 34: Diâmetro das partículas recobertas com 0,6% de BTAC e 2,4%
de CTAC (a) número (b) intensidade.
40.50
0
50
100
± 1.2
Diâmetro (nm)
% e
m C
lass
es
40.90 283.20 2156.20 7376.10
0
10
20
30
40
50
60
70
± 3.8 ± 165.7 ± 758.8±1006.1
Diâmetro (nm)
% e
m C
lass
es
(a) (b)
Figura 35: Diâmetro das partículas recobertas com 0,6% de BTAC e 4,5%
de CTAC (a) número (b) intensidade.
102
1366.51 5693.23
0
10
20
30
40
50
60
70
± 640.8 ±2795.5
Diâmetro (nm)
% e
m C
lass
es
1339.93 6714.43
0
10
20
30
40
50
60
70
± 380.9 ± 1333,6
Diâmetro (nm)
% e
m C
lass
es
(a) (b)
Figura 36: Diâmetro das partículas recobertas com 0,6% de BTAC e 7,5%
de CTAC (a) número (b) intensidade.
Pelos resultados apresentados nos gráficos acima, observa-se que o
tamanho das nanopartículas, após o recobrimento com a mistura de
catiônicos, apresenta-se em uma faixa aceitável, na análise por número
(entre 30-200 nm), para aplicação a que se destina, com exceção da
última amostra. As amostras que apresentaram melhores e menores
tamanhos, em número, estão representadas nas Figuras 32, 33 e 35.
Além disso, devido à presença dos eletrólitos em solução, a
sedimentação dessa amostra é bem menor e a adição 25% de do
Poliquaternium 07 é suficiente para evitar toda a precipitação, apesar da
viscosidade dessas amostras também terem sido menores pela presença
dos sais.
Porém a presença de eletrólitos não é interessante em produtos para
cuidados dos cabelos e por esse motivo as amostras escolhidas para
investigações futuras foram aquelas formadas com as partículas
precipitadas em etanol.
103
5.6. INFLUÊNCIA DOS CONSERVANTES NA FORMAÇÃO DAS NANOPARTÍCULAS DE
SERICINA
Os conservantes fenoxietanol e sorbato de potássio, adicionados
antes e depois da reticulação da sericina com a goma guar, apresentaram
grande influência no diâmetro das partículas no segundo caso. Quando
adicionados após a reticulação, não foi observada alteração no diâmetro
hidrodinâmico das partículas (Tabela 31), que se manteve com uma única
população, na faixa dos 30 nm, quando da análise em número de
partículas.
Tabela 31: Influência da ordem de adição dos conservantes no diâmetro
hidrodinâmico das partículas.
DP: Desvio Padrão de n=3
A análise de tamanho de partículas dessas amostras, apresentadas
por intensidade de luz espalhada, é mostrada na Figura 37. Observa-se
que na amostra (a), onde primeiro foi feita a reticulação, há predominância
de duas populações, sendo que a maior (mais de 50%) apresenta
partículas com 40 nm, em média e a segunda (aprox. 30%) apresenta
partículas com 230 nm em média. Já as partículas que foram reticuladas
após a adição dos conservantes (b), apresentam populações
predominantes com diâmetro médio de 270 e 2000 nm.
Adição de Conservantes
Reticulação Diâmetro (nm ± DP)
1º 2º 36,2 ± 1,3
2º 1º 179,9 ± 115,1
104
41.60 232.76 3197.95
0
10
20
30
40
50
60
± 13.9 ± 185.6 ±1283.3
Diâmetro (nm)
% e
m C
lass
es
277.90 1939.10 6989.60
0
25
50
75
± 64.6 ± 788.5 ±1624.4
Diâmetro (nm)
% e
m C
lass
es
(a) (b)
Figura 37: Diâmetro das nanopartículas de sericina formadas (a) antes e
(b) depois da adição dos conservantes.
Portanto, analisando esses dados, conclui-se a adição dos
conservantes deve ser feita após a formação das partículas para não
perturbar as suas interações eletrostáticas.
5.7. ANÁLISE DAS PARTÍCULAS DE SERICINA SECAS POR ATOMIZAÇÃO E POR
LIOFILIZAÇÃO
As NS (com concentrações de goma 0,03; 0,035 e 0,04% m/v)
obtidas em solução de carboato e secas por atomização e por liofilização
foram analisadas quanto á morfologia, por MEV e após ressuspensas em
água foram analisadas quanto ao diâmetro hidrodinâmico por PCS.
5.7.1. ANÁLISE DA MORFOLOGIA DAS PARTÍCULAS DE SERCINA SECAS POR
ATOMIZAÇÃO E POR LIOFILIZAÇÃO
As nanopartículas de sericina secas por atomização e analisadas por
Microscopia Eletrônica de Varredura são mostradas na Figuras 38.
105
A
B
C
D
Figura 38: Morfologia das partículas de sericina, secas por spray, com as
seguintes concentrações de goma guar (a) 0; (b) 0,03% (c) 0,035% e (d)
0,04%.
Através da Figura 38 observa-se que as partículas de sericina secas
por atomização são esféricas e apresentam diâmetro em torno de 2-3 µm.
As nanopartículas de sericina secas por liofilização e analisadas por
MEV são mostradas na Figura 39.
106
A
B
C
D
Figura 39: Morfologia das partículas de sericina, secas por liofilização,
com as seguintes concentrações de goma guar (a) 0; (b) 0,03% (c)
0,035% e (d) 0,04%.
Observa-se pelas micrografias que, as partículas secas pelo
processo de liofilização apresentam-se fundidas, amorfas, diferentemente
das amostras secas pelo processo de atomização. Isso ocorre,
principalmente, pela natureza da secagem nos dois processos, o primeiro
por sublimação e o segundo por evaporação.
107
5.7.2. DIÂMETRO DAS PARTÍCULAS DE SERCINA FORMADAS PELA
RESSUSPENSÃO DOS PÓS EM ÁGUA
Os pós obtidos por secagem atomização e liofilizados foram
ressuspensos em água e analisados quanto ao diâmetro hidrodinâmico
das partículas por PCS. Os resultados, em número, são apresentados na
Tabela 32.
Tabela 32: Diâmetro médio das partículas formadas a partir da
ressuspensão em água dos pós obtidos por atomização e por liofilização
(Análise em número de partículas).
Goma guar quaternizada
(% m/v) Diâmetro (nm ± DP)
0 20,8 ± 0,35
0,03 43,7 ± 0,47
0,035 23,3 ± 2,4
Ressuspensão das
partículas secas por
spray-drying 0,04 1587,7 ± 1249,1
0 20,1 ± 3,2
0,03 227,2 ± 189,6
0,035 6018,0 ± 1535,5
Ressuspensão das
partículas secas por
liofilização 0,04 6765,7 ± 128,6
DP: Desvio Padrão de n=3
As partículas ressuspensas em água, que haviam sido secas por
atomização, apresentaram diâmetro na mesma faixa de tamanho
apresentada antes da secagem, mesmo a amostra controle, que
representa os agregados protéicos antes da reticulação com a goma.
Porém, as partículas secas por liofilização, quando ressuspensas em
água, apresentaram diâmetros maiores, com exceção do controle, que
apresentou diâmetro igual ao que era medido antes da reticulação.
108
Portanto, a secagem por atomização seria a mais indicada para a
obtenção das nanopartículas.
5.8. MORFOLOGIA DAS NANOPARTÍCULAS DE SERICINA RECOBERTAS COM CTAC
As nanopartículas de sericina, recobertas com 1% CTAC, na
presença do Poliquternium 07, usado como agente de viscosidade, foram
visualizadas por Microscopia Eletrônica de Transmissão (Figura 40).
Por essas imagens verifica-se que essas partículas possuem
predominantemente diâmetro de cerca de 100 nm, o que confirma a leitura
feita pela técnica PCS.
Figura 40: Nanopartículas de sericina recobertas com1% de CTAC
5.9. ANÁLISE DOS FIOS DE CABELOS – EFICÁCIA DO TRATAMENTO
5.9.1. EFEITO DE BRILHO EM MECHAS DE CABELOS
As Figuras 41 e 42 apresentam os resultados de porcentagem de
aumento de brilho nos cabelos virgens e danificados, obtidos por análise
instrumental, resultantes da aplicação das nanopartículas de sericina e de
placebo, comparando-os com o controle. Através da Figura 41 observa-se
que o brilho dos cabelos virgens promovido pela aplicação das
nanopartículas de sericina é superior ao brilho promovido pela adição do
Placebo, nas três concentrações estudadas.
109
A análise estatística revela que o aumento de brilho promovido pelas
nanopartículas de sericina é significativo (P < 0,001) quando comparado
ao aumento de brilho promovido pelos placebos, nas mesmas
concentrações.
% Aumento de brilho - cabelos virgens
P1% N1% P3% N3% P5% N5%-10
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
110
120
130
Amostra
% a
um
ento
de
bri
lho
Figura 41: Porcentagem de aumento de brilho nos cabelos virgens
tratados com Placebos (P) e com Nanopartículas de Sericina (N) em
diferentes concentrações, onde (P1%) solução aquosa do placebo a 1%,
(P3%) solução aquosa do placebo a 3%, (P5%) solução aquosa do
placebo a 5%, (N1%) dispersão de nanopartículas de sericina em água a
1%, (N3%) dispersão de nanopartículas de sericina em água a 3%, (N5%)
dispersão de nanopartículas de sericina em água a 5%.
A Figura 42 compara o aumento de brilho obtido em cabelos
danificados tratados com as nanopartículas de sericina e com Placebo,
tendo como referência cabelos tratados somente com água. Observa-se
novamente nesse caso que o brilho promovido pela aplicação das
nanopartículas de sericina é superior ao brilho promovido pelos placebos,
nas três concentrações estudadas. A análise estatística mostra que o
P < 0,001
P < 0,001
P < 0,001
110
aumento do brilho promovido pelas nanopartículas de sericina é
significativo (P < 0,001) quando comparado ao aumento de brilho
promovido pelos placebos, nas mesmas concentrações.
% Aumento de brilho - cabelos danificados
P1% N1% P3% N3% P5% N5%0
50
100
150
200
250
300
350
Amostra
% a
um
ento
de
bri
lho
Figura 42: Porcentagem de aumento de brilho nos cabelos danificados
tratados com Placebos e com Nanopartículas de Sericina em diferentes
concentrações, onde (P1%) mecha tratada com solução aquosa do
placebo a 1%, (P3%) mecha tratada com solução aquosa do placebo a
3%, (P5%) mecha tratada com solução aquosa do placebo a 5%, (N1%)
dispersão de nanopartículas de sericina em água a 1%, (N3%) dispersão
de nanopartículas de sericina em água a 3%, (N5%) dispersão de
nanopartículas de sericina em água a 5%.
5.9.2. EFEITO DE DIMINUIÇÃO DE VOLUME EM MECHAS DE CABELOS
As nanopartículas de sericina dispersas em água e aplicadas aos
cabelos, mostraram-se eficazes na diminuição do volume das mechas,
sendo que a diminuição de volume promovida pelas nanopartículas foi
maior do que a redução de volume produzida pelo placebo e pela água.
No Figura 43 é apresentada a média observada de redução de
volume das mechas (em cm), com desvio padrão.
P < 0,001
P < 0,001
P < 0,001
111
C P1% P3% P5% N1% N3% N5%0
1
2
3
4
5
6
Amostra
Dim
inuiç
ão d
e vo
lum
e (c
m)
Figura 43: Redução de volume das mechas (cm) nos cabelos tratados
com Controle (C), Placebos (P) e com Nanopartículas de Sericina (N) em
diferentes concentrações: (P1%) solução aquosa do placebo a 1%, (P3%)
solução aquosa do placebo a 3%, (P5%) solução aquosa do placebo a
5%, (N1%) dispersão de nanopartículas de sericina em água a 1%, (N3%)
dispersão de nanopartículas de sericina em água a 3%, (N5%) dispersão
de nanopartículas de sericina em água a 5%.
Através da Figura 43 observa-se que a redução de volume
promovida pelo controle foi superior à redução de volume promovida pelos
placebos a 3% e 5%. Comparando-se o efeito de redução de volume do
controle com o placebo a 1%, percebe-se pequena redução do volume,
porém com baixa significância estatística. Comprovando-se, portanto, que
o efeito dos agentes condicionantes catiônicos presentes na formulação,
nas concentrações aplicadas, é o mesmo da água.
As mechas tratadas com as nanopartículas de sericina, em diferentes
concentrações, apresentaram grande redução no volume quando
comparados a redução de volume promovida pelos placebos e pelo
P<0.001 em relação aos placebos nas mesmas concentrações e em relação ao controle. Portanto, essa redução do volume possui significância estatística.
P<0.01 em relação ao controle, o que indica menor significância estatística.
112
controle, demonstrando o efeito superior das nanopartículas de sericina na
diminuição de volume dos cabelos.
5.9.3. IMAGENS DAS FIBRAS CAPILARES ANALISADAS POR MICROSCOPIA
ELETRÔNICA DE VARREDURA
Através de Microscopia Eletrônica de Varredura foram obtidas
imagens de cabelos virgens (Figura 44), danificados (Figura 45) e tratados
com uma formulação de nanopartículas de sericina recobertas com 0,5% de
BTAC e 0,5% de CTAC (Figura 46).
Figura 44: Fios de cabelos virgens
Figura 45: Fios de cabelos danificados
113
Figura 46: Fios de cabelos tratados com nanopartículas de sericina
Pode-se observar pelas imagens a clara recuperação dos cabelos,
que voltam a ter o mesmo aspecto dos cabelos virgens.
114
6. CONCLUSÕES
Os resultados obtidos permitem as seguintes conclusões:
• A extração da sericina utilizando casulos íntegros é o processo
mais factível de implantação no setor industrial e mais viável
econômicamente.
• A extração em colunas com solução de carbonato de sódio
apresentou rendimentos adequados (31%) em escala de laboratório
• A extração em coluna, em escala piloto apresentou rendimento de
cerca de 15% (50% menor) devido principalmente ao aumento da
velocidade superficial
• A presença de grande quantidade de eletrólitos limita a
incorporação de tensoativos catônicos na superfície das partículas,
e as propriedades sensoriais do produto.
• A extração em autoclave utilizando água como solvente produz
rendimentos também adequados (21%), porém a tendência de
gelificação da solução resultante limita a produção de partículas
com tamanhos na faixa nanométrica.
• A produção das nanopartículas através da reticulação com goma
guar quaternizada mostrou-se factível tanto do ponto de vista de
produto quanto de processo. A goma guar pode ser adicionada na
forma líquida ou na forma de pó sem alteração dos resultados.
• A secagem das nanopartículas por atomização,, possibilitou a
posterior reconstituição dos tamanhos das nanopartículas após
ressuspensão em água, o que não foi conseguido através da
secagem por liofilização.
• A separação das partículas através de precipitação com etanol
apresentou rendimento adequado (80%), dependente da proporção
de etanol utilizada. A ressuspensão das partículas em água
reconstituiu o seu tamanho original.
115
• A incorporação de CTAC e BTAC às nanopartículas produziu as
modificações no potencial zeta pretendidas tanto para a
estabilidade da suspensão quanto para as aplicações no cabelo.
• A modificação do potencial zeta com BTAC e CTAC foi obtida tanto
na presença dos eletrólitos da extração e reticulação, quanto nas
nanopartículas precipitadas com etanol e ressuspensas em água.
• A incorporação do CTAC produziu maior estabilidade à suspensão
de nanopartículas enquanto que o BTAC produz melhores efeitos
sensoriais. A proporção que melhor associou ambos os efeitos foi
1:1, para as nanopartículas precipitadas e ressuspensas em água.
• A adição do Poliquaternium 7 aumentou a viscosidade da
formulação, conferindo-lhe melhor efeito sensorial e estabilidade
através da redução da agregação e sedimentação das
nanopartículas durante a estocagem.
• A formulação de nanopartículas de sericina contendo os
tensoativos catiônicos CTAC E BTAC e o Poliquaternium 7
apresenta propriedades adequadas para aplicações no tratamento
de cabelos.
• O processo completo de extração da sericina, produção das
nanopartículas e modificação da sua superfície é simples,
escalonável e promissor para implantação no setor industrial.
116
7. SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS
São sugeridos os seguintes temas para realização de trabalhos
futuros:
� Extração da sericina sob aplicação de maiores pressões e
temperaturas em reatores adequados bem como a adição de
pequenas quantidades de carbonato de sódio são alternativas
promissoras para contornar a gelificação.
� Extração da sericina em coluna de recheio, em escala piloto ou
industrial, com controle da velocidade superficial.
117
8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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