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i UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS INSTITUTO DE BIOLOGIA CÁSSIA MARIA TOLEDO SACCON “ALTERAÇÕES NAS VIAS PROTEOLÍTICAS ENDÓGENAS CAUSADAS PELA PEÇONHA DE Bothrops jararacussu EM MÚSCULO ESQUELÉTICODissertação apresentada ao Instituto de Biologia para obtenção do Título de Mestre em Biologia Funcional e Molecular, na área de Bioquímica. Orientador: Prof. Dr. Stephen Hyslop Co-Orientadora: Profa. Dra. Maria Cristina Cintra Gomes Marcondes Campinas, 2008

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS

INSTITUTO DE BIOLOGIA

CÁSSIA MARIA TOLEDO SACCON

“ALTERAÇÕES NAS VIAS PROTEOLÍTICAS ENDÓGENAS

CAUSADAS PELA PEÇONHA DE Bothrops jararacussu EM

MÚSCULO ESQUELÉTICO”

Dissertação apresentada ao Instituto

de Biologia para obtenção do Título

de Mestre em Biologia Funcional e

Molecular, na área de Bioquímica.

Orientador: Prof. Dr. Stephen Hyslop

Co-Orientadora: Profa. Dra. Maria Cristina Cintra Gomes Marcondes

Campinas, 2008

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Dedicatória

“A TODOS OS ANIMAIS QUE SÃO SACRIFICADOS EM NOME DA CIÊNCIA,

EU DEDICO ESTE TRABALHO.

QUE ESSA VIDA TENHA ABERTO NOVOS CAMINHOS E EXISTÊNCIAS PARA ELES, E QUE O

CONHECIMENTO CIENTÍFICO POSSA VIR A BENEFICIAR MUITOS OUTROS SERES,

TORNANDO ESSAS VIDAS ETERNAMENTE LEMBRADAS.”

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Agradecimentos

Agradeço a Deus em primeiro lugar e sempre por toda força, generosidade, luz e saúde.

Ao meu pai e à minha mãe pelo amor imenso, dedicação, força e compreensão; pelo

exemplo de simplicidade e dignidade. Aos meus irmãos queridos Vinicius e Lucas, pelo apoio e

por tornarem meus dias mais leves e alegres... não esquecendo o Bill, presença especial no nosso

dia-a-dia. Meu eterno agradecimento, carinho e admiração à minha família.

Ao meu orientador Prof. Dr. Stephen Hyslop pela oportunidade de crescimento, pelos

ensinamentos acadêmicos e pela rica contribuição na minha vida.

À minha co-orientadora Profa. Dra. Maria Cristina Cintra Gomes Marcondes por toda

ajuda na realização dos ensaios enzimáticos, disponibilidade nos aparelhos e reagentes e pela

força e compreensão nos momentos importantes.

À Renata, minha irmã (gêmea!) do coração, companheira especial neste mestrado.

Por toda sabedoria que te cerca, pela colaboração, amizade e incentivo em todos os momentos.

Aos técnicos: José Ilton, Rafaela e Maiara por toda disponibilidade e ajuda. Agradeço à

contribuição e atenção de cada um neste trabalho: vocês são fundamentais para a pesquisa!

À minha amiga Andressa, por estar presente nos momentos importantes, pela

disponibilidade em ajudar sempre e principalmente pelo exemplo de força e dedicação. Agradeço

muito à ajuda no primeiro blotting que finalmente deu certo!

À minha querida amiga Paula, por me apresentar o laboratório do Prof. Stephen, pela

força e incentivo e pelos anos de lealdade e amizade.

Agradeço a toda minha família de Tietê, São Paulo e Belo Horizonte e à Juliane, presente

em todos os momentos e sempre pronta a ajudar!

Agradeço especialmente à minha querida avó Dona Cacilda exemplo supremo de força,

alegria, e superação em vida. Meu eterno orgulho e admiração...

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Aos amigos queridos pela força, apoio e por fazerem toda a diferença na minha vida!

Especialmente: Ana, Andrea, Bruna, Camila, Carolina, Fábio, Felipe, Juliana, Lídia, Mirian,

Rafaelle, Renata, Sylvie, Thori e família Higaki.

Aos amigos do laboratório de Farmacologia Bioquímica pela convivência, ajuda e

amizade: André, Adriana, Alessandra, Christiane, Delano, Elionai, Érica, Fernanda, Gustavo,

Juliana, Igor, Kiara, Lourdes, Mariana, Norma, Rafael, Raquel, Renata, Sueli e Thomaz.

Obrigada pelo carinho e paciência. Agradeço especialmente à Juliana, Cristiane e Adriana.

Aos amigos do departamento: Carol, Daniel, Enilton, Letícia, Nádia, Paula, Sandro,

Tatiana e aos funcionários: Bruna, Elaine, Fran e Wanderlei pela ajuda e convivência.

Aos colegas do Biotério: Marcos e “Seu” Miguel pelo auxílio e respeito aos animais e ao

técnico Gildo por ceder seus animais em momentos importantes.

À Priscila pela confiança e disponibilidade do micrótomo.

Aos colegas do Departamento de Fisiologia principalmente à Tatiane e Estella pela

disponibilidade em ajudar e ensinar.

Aos professores da minha banca de qualificação Dra. Carmen Veríssima, Dra. Maria

Alice da Cruz-Höfling e Dr. Sérgio Marangoni pelas valiosas sugestões.

Agradeço a gentileza e as contribuições dos pesquisadores participantes da banca

examinadora Dr. Paulo Flávio Silveira e Dra. Maria Alice da Cruz-Höfling.

A compreensão e carinho dos colegas das Escolas Padre Melico e Leonor Savi Chaib.

À Unicamp e ao curso de Pós-graduação em Biologia Funcional e Molecular pela

oportunidade, e à secretária Andréia pela ajuda e compreensão durante todo mestrado.

À FAPESP e CNPq pelo auxílio financeiro.

E finalmente, a todos que colaboraram de alguma forma para a minha formação pessoal e

profissional.

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"A coisa mais bela que podemos experimentar é o mistério.

Essa é a fonte de toda a arte e ciências verdadeiras."

Albert Einstein

“Seremos tão sábios?

Acreditamos que somos muito mais...

Até nos batizamos como Homo sapiens, título de nobreza e presunção.

No fundo, afirmamos que as outras espécies padecem de certa estupidez: não escrevem

livros nem fazem bombas.

Tenho dúvidas. Tubarões, besouros, lagartixas, formigas... Todos eles carregam em

silêncio, nos seus corpos, uma sabedoria, toda ela a serviço da sua sobrevivência...”

Rubens Alves

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SUMÁRIO

LISTA DE ABREVIATURAS......................................................................................................

x

LISTA DE FIGURAS....................................................................................................................

xi

RESUMO........................................................................................................................................

xiii

ABSTRACT....................................................................................................................................

.

xiv

INTRODUÇÃO.............................................................................................................................

Homeostase protéica..............................................................................................................

Proteases lisossomais.............................................................................................................

Proteases dependentes de cálcio............................................................................................

Sistema ubiquitina-proteossomo............................................................................................

Dano local causado por peçonhas botrópicas.........................................................................

Miotoxinas fosfolipásicas......................................................................................................

Hemorraginas (metaloproteinases)........................................................................................

Degradação de proteínas endógenas por peçonha..................................................................

Regeneração muscular...........................................................................................................

Bothrops jararacussu.............................................................................................................

1

2

2

4

5

8

9

10

12

13

15

OBJETIVOS.................................................................................................................................... 16

MATERIAIS E MÉTODOS.........................................................................................................

Reagentes e peçonha..............................................................................................................

Animais..................................................................................................................................

16

16

17

Procedimento experimental (mionecrose)..............................................................................

Peso dos músculos.................................................................................................................

17

17

Creatina quinase (CK)............................................................................................................ 18

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Aminoácidos livres................................................................................................................

18

Análise histológica.................................................................................................................

Atividades enzimáticas proteolíticas......................................................................................

Western blotting do sistema proteossômico...........................................................................

Tratamento com inibidor proteossômico...............................................................................

Análise estatística...................................................................................................................

19

19

21

22

23

RESULTADOS...............................................................................................................................

1. Caracterização do envenenamento experimental com a peçonha de B. jararacussu...........

1.1. Creatina quinase (CK)....................................................................................................

1.2. Peso dos músculos..........................................................................................................

1.3. Concentração de aminoácidos livres nos músculos........................................................

1.4. Perfil de dano e regeneração muscular (histologia)........................................................

1.4.1. Coloração com Hematoxilina-eosina................................................................

1.4.2. Coloração com Vermelho de picrosirius...........................................................

2. Sistema proteossômico...............................................................................................................

2.1. Atividade e expressão do proteossomo...........................................................................

2.2. Tratamento com inibidor proteossômico (atividade e histologia)...................................

3. Proteases lisossomais e protease dependente de cálcio...........................................................

3.1. Atividade das catepsinas (via lisossomal) e da calpaína (protease dependente de

cálcio)..........................................................................................................................................

24

24

24

24

25

28

28

29

38

38

43

48

48

DISCUSSÃO...................................................................................................................................

52

CONCLUSÕES..............................................................................................................................

63

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.........................................................................................

63

ANEXO........................................................................................................................................... 82

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LISTA DE ABREVIATURAS

aa: Aminoácidos livres

ANOVA: Teste de análise de variância

ATP: Adenosina trifosfato

Ca2+

: Íon cálcio

CK: Creatina quinase

DMSO: Dimetilsulfóxido

DUBs: Enzimas desubiquitinadoras

E1: Enzima 1 (enzima ativadora de ubiquitina)

E2: Enzima 2 (enzima conjugadora)

E3: Enzima 3 (proteína ubiquitina ligase)

EDTA: Ácido etilenodiaminotetracético

HE: Hematoxilina-eosina

i.m.: Intramuscular

i.p.: Intraperitoneal

kDa: kilodaltons

MDa: megadaltons

MG-132: Carbobenzoxi-L-leucil-L-leucil-L-leucinal (inibidor proteossômico)

MMPs: Metaloproteinases de matriz

PBS: Tampão fosfato-salina

PLA2: Fosfolipase A2

PVDF: Membrana polivinilideno difluoreto

SDS: Dodecil sulfato de sódio

Tween 20: Polioxietileno (20) sorbato monolaurato

Ub: Ubiquitina

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Processo de ubiquitinização de uma proteína (substrato) pelas enzimas E1, E2 e

E3.....................................................................................................................................

6

Figura 2: Atividade de CK em plasma de camundongos tratados com a peçonha de

B. jararacussu.................................................................................................................

26

Figura 3: Variação do peso em músculo gastrocnêmio de camundongos injetados com a

peçonha de B. jararacussu..............................................................................................

26

Figura 4: Concentração de aminoácidos livres em músculo gastrocnêmio de camundongos

em diferentes períodos após a injeção da peçonha de B. jararacussu.........................

27

Figura 5: Análise histológica de secções de músculo gastrocnêmio injetado com a peçonha

de B. jararacussu (coloração hematoxilina-eosina)........................................................

30/35

Figuras 6/7: Análise histológica de secções de músculo gastrocnêmio injetado com a

peçonha de B. jararacussu (coloração vermelho de picrosirius)................................

36/37

Figura 8: Atividade quimiotripsina proteossômica em músculo gastrocnêmio em diferentes

períodos após a injeção da peçonha de B. jararacussu..................................................

39

Figura 9: Atividade caspase proteossômica em músculo gastrocnêmio em diferentes

períodos após a injeção da peçonha de B. jararacussu...................................................

40

Figura 10: Atividade tripsina proteossômica em músculo gastrocnêmio em diferentes

períodos após a injeção da peçonha de B. jararacussu...................................................

40

Figura 11: Expressão da subunidade 20Sα proteossômica em músculo gastrocnêmio em

diferentes períodos após a injeção da peçonha de B. jararacussu..................................

41

Figura 12: Expressão Expressão da subunidade 11S proteossômica em músculo gastrocnêmio em

diferentes períodos após a injeção da peçonha de B. jararacussu...................................................

41

Figura 13: Expressão da subunidade 19S reguladora de ATPase proteossômica em músculo

gastrocnêmio em diferentes períodos após a injeção da peçonha de B.

jararacussu......................................................................................................................

42

Figura 14:

Expressão da α-actina em músculo gastrocnêmio em diferentes períodos após a

injeção da peçonha de B. jararacussu.............................................................................

42

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Figura 15: Western blotting das subunidades 20Sα, 19S e 11S do proteossomo e da α-actina

em músculo gastrocnêmio de camundongos em diferentes períodos após a injeção

da peçonha de B. jararacussu.........................................................................................

43

Figura 16: Efeito do tratamento com o inibidor proteossômico MG-132 na atividade da

quimiotripsina proteossômica e na análise histológica morfométrica de músculo

gastrocnêmio injetado com a peçonha de B. jararacussu...........................................

45

Figura 17: Variação do peso muscular no tratamento com o inibidor proteossômico MG-132

de músculo injetado com a peçonha de B. jararacussu...........................................

45

Figura 18: Aspecto histológico de secções de músculo tratado com o inibidor proteossômico

MG-132 (coloração hematoxilina-eosina)...................................................................

46

Figura 19: Aspecto histológico de secções de músculo tratado com o inibidor proteossômico

MG-132 (coloração vermelho de picrosirius).................................................................

47

Figura 20: Atividade da calpaína em músculo gastrocnêmio em diferentes períodos após a

injeção da peçonha de B. jararacussu..........................................................................

49

Figura 21: Atividade da catepsina B lisossomal em músculo gastrocnêmio em diferentes

períodos após a injeção da peçonha de B. jararacussu.................................................

50

Figura 22: Atividade da catepsina H lisossomal em músculo gastrocnêmio em diferentes

períodos após a injeção da peçonha de B. jararacussu...................................................

51

Figura 23: Esquema indicando a ativação e inibição das atividades proteolíticas relacionadas

às alterações histológicas deste estudo........................................................................

62

Figura 24: Esquema hipotético indicando as principais alterações teciduais que ocorrem no

envenenamento botrópico e as possíveis relações com as vias proteolíticas

analisadas neste estudo................................................................................................

62

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RESUMO

O acidente causado por serpentes botrópicas produz intensa hemorragia e mionecrose local, com

perda e degradação tecidual. Neste trabalho, investigamos as atividades do proteossomo (via seletiva

da degradação protéica), catepsinas (proteases lisossomais) e calpaína (protease neutra dependente

de cálcio) no envenenamento causado por peçonha de Bothrops jararacussu. Também analisamos a

capacidade do MG-132, inibidor proteossômico, em atenuar os efeitos causados pela peçonha. A

peçonha (25 µg e 75 µg) foi injetada em músculo gastrocnêmio de camundongos, que foram

sacrificados 1, 3, 6, 12, 24, 48, 72 h e 7, 14, 21, 28 dias após o envenenamento. Os músculos

tratados e contralaterais foram retirados e processados para histologia e para ensaios fluorimétricos e

colorimétricos das enzimas e o sangue foi coletado para quantificação da creatina quinase (CK,

indicador da mionecrose). A peçonha de B. jararacussu causou hemorragia e mionecrose (fase 1, até

6 h a 12 h pós-envenenamento - p.e.), a presença de infiltrado inflamatório e desencadeou a

formação de miotubos e mioblastos (fase 2, de 12 h a 72 h p.e.) e o aparecimento de células

regenerativas com maior deposição de colágeno ao redor dessas células (fase 3, 7-28 dias p.e.). De

modo geral, as alterações mais marcantes ocorreram com a dose maior da peçonha. O dano tecidual

agudo foi confirmado pelo aumento nos níveis plasmáticos de CK entre 1 h e 6 h p.e., com pico em

3 h. Houve redução na concentração de aminoácidos livres do músculo durante as primeiras 24 h,

seguida por retorno a níveis normais. Também houve redução significativa na atividade

proteossomal (até 48 h) nos músculos envenenados seguida por recuperação e aumento significativo

em alguns períodos da regeneração. Nesses períodos de regeneração, houve aumento da expressão

das subunidades 20Sα e 11S do proteossomo, principalmente com a dose maior da peçonha. O

inibidor proteossômico diminuiu a atividade quimiotripsina e o número de células regenerativas,

mas esses efeitos também foram observados no grupo que recebeu apenas o veículo do inibidor

(DMSO). A calpaína foi ativada nas primeiras 6 h após o envenenamento somente com a dose maior

da peçonha. As catepsinas (B e H) exibiram ativação significativa no período de regeneração (de 48

h até 28 dias) nas duas doses aplicadas. Esses resultados indicam que a peçonha de B. jararacussu

afetou diferencialmente as vias proteolíticas estudadas. É possível que a calpaína esteja envolvida na

fase 1 do dano tecidual e que as catepsinas estejam relacionadas à presença de infiltrado

inflamatório (fase 2) ou à regeneração (fase 3). O proteossomo parece não estar relacionado à fase

aguda de degradação tecidual, mas pode estar envolvido na regeneração muscular embora isso ainda

precise ser confirmado.

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ABSTRACT

Bites by Bothrops snakes produce intense local hemorrhage and myonecrosis, often with extensive

tissue degradation. In this work, we investigated the activities of the proteasome (pathway for

selective protein degradation), cathepsins (lysosomal proteinases) and calpains (neutral, calcium-

dependent proteinases) in envenoming by Bothrops jararacussu. We also examined the ability of

MG-132, a proteasome inhibitor, to attenuate the venom-induced effects. Mice were injected with

venom (25 µg or 75 µg) in the left gastrocnemius muscle and then killed 1, 3, 6, 12, 24, 48, 72 h and

7, 14, 21 and 28 days post-venom. The venom-injected and contralateral muscles were removed and

processed for histological analysis or enzymatic assays using fluorimetric or colorimetric substrates.

Blood was also collected for the quantification of plasma creatine kinase (CK, an indicator of

myonecrosis). Bothrops jararacussu venom caused hemorrhage and necrosis (phase 1, up to 6-12 h

post-venom), an inflammatory cell infiltrate and it generated the formation of myotubes and

myoblasts (phase 2, 12-72 h post-venom), and the appearance of regenerative cells with increase of

collagen deposition around these cells (phase 3, 7-28 days post-venom). The alterations were

generally more marked with the higher dose of venom. The early tissue damage was confirmed by

an increase in plasma CK levels 1-6 h post-venom, with a peak at 3 h. The muscle content of free

amino acids decreased during the first 24 h, followed by a return to normal levels. Proteasomal

activity was significantly inhibited for up to 48 h post-venom, followed by recuperation and a

significant increase during muscle regeneration. During regeneration, there was also an increase in

the expression of the 20Sα and 11S proteasomal subunits, mainly with the highest dose of venom.

The proteasomal inhibitor reduced the chymotrypsin activity of the proteasome and the number of

regenerating cells, but these effects were also seen in mice that received vehicle (DMSO) alone. The

highest dose of venom caused an increase in calpain activity in the first 6 h whereas both of the

venom doses significantly increased the activities of cathepsins B and H during the regeneration

phase (48 h–28 days post-venom). These results indicate that B. jararacussu venom differentially

affects the proteolytic activities studied. Calpain may be involved in phase 1 of tissue damage and

cathepsin activity may be related to the presence of an inflammatory infiltrate (phase 2) and/or

regeneration (phase 3). The lack of proteasomal activation in the early stages of envenoming

suggests that this proteolytic pathway is not involved in early venom-induced muscle damage.

However, the involvement of proteasomal activity during muscle regeneration remains to be

established.

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INTRODUÇÃO

Estudos dos danos locais causados pelo envenenamento botrópico, além dos mecanismos

que atenuam tais danos, têm grande relevância clínica, pois podem resultar em terapias que

reduzem a perda de tecido muscular e as seqüelas no indivíduo acidentado (Rosenfeld, 1971; Fan

e Cardoso, 1995; França e Málaque, 2003). Além disso, a ineficiência em neutralizar totalmente

esses danos locais, seja através da soroterapia ou de outros recursos farmacológicos, conduz para

a busca de novas alternativas de tratamento (Escalante et al., 2000; Rucavado et al., 2000). Sendo

assim, é importante e necessário mais conhecimento e informações sobre os mecanismos

envolvidos nas alterações locais do envenenamento botrópico (Teibler et al., 2001; Teixeira et

al., 2003b). Apesar do avanço nessa área, pouco se sabe sobre as mudanças que ocorrem na

célula e os sinais celulares que estão envolvidos no dano local ou que influenciam processos

celulares associados ao envenenamento como a inflamação, ativação da miogênese e

regeneração. As vias de proteólise são estudadas em diversas patologias em que há intensa

degradação de proteínas (Matthews et al., 1989; Mitch e Goldberg, 1996; Solomon e Goldberg,

1996; Voisin et al., 1996; Lecker et al., 1999; Kumamoto et al., 2000; Costelli e Baccino, 2003;

Tisdale, 2005; Argiles et al. 2006). No envenenamento botrópico, há elevada degradação protéica

já que a peçonha botrópica provoca perda de massa muscular, que é verificada tanto experimental

quanto clinicamente (da Silva et al., 2003; Santo Neto et al., 2004). Sendo assim, neste estudo

investigamos a relação entre o envenenamento botrópico e as três principais vias proteolíticas

intracelulares (via proteossômica, via lisossomal e protease dependente de cálcio).

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Homeostase proteíca

Na vida celular normal, as proteínas intracelulares são continuamente hidrolisadas em

seus aminoácidos constituintes e substituídas por novas proteínas recém-sintetizadas em um

processo denominado turnover protéico (Lecker et al., 1999). Embora essa destruição das

proteínas pareça dispendiosa, esse processo é muito importante para homeostase celular. A rápida

remoção de proteínas representa um processo irreversível de regulação, sendo importante para o

controle do crescimento e do metabolismo celular, e também para a adaptação a novas condições

fisiológicas (Mitch e Goldberg, 1996; Lecker et al., 1999). Além disso, o turnover protéico

fornece um mecanismo importante de controle de qualidade que seletivamente elimina proteínas

com mutações ou com conformações anormais (Lecker et al., 1999; Schubert et al., 2000).

Existem três vias principais para a degradação de proteína celular: 1) proteólise pelas

proteases dos lisossomos, 2) proteólise pelas proteases dependentes de cálcio (calpaínas) e 3)

proteólise por peptidases de um complexo multicatalítico conhecido como via ubiquitina-

proteossomo (Mitch e Goldberg, 1996; Voisin et al., 1996; Bonuccelli et al., 2003; Costelli et al.,

2005).

Proteases lisossomais

O lisossomo é um compartimento membranoso denso e ácido (pH 4-5) que contém

aproximadamente 50 enzimas hidrolíticas e representa o principal compartimento intracelular

degradativo das células de mamíferos (Duve, 1983; Kirschke e Barret, 1987; Bechet et al., 2005).

O lisossomo é mantido em pH ácido (4-5) devido às bombas ATP-dependente na membrana

lisossomal que acoplam a hidrólise de ATP à translocação de prótons do citoplasma para o

interior do lisossomo (Duve, 1983; Forgac, 1999). O pH ácido favorece a atividade enzimática

das hidrolases lisossomais e também promove a quebra das interações intramoleculares causando

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o desdobramento dos substratos que foram entregues ao lisossomo (Bechet et al., 2005). As

enzimas lisossomais, responsáveis pela degradação de uma variedade de macromoléculas e até

mesmo de organelas, abrangem proteases, glicosidases, lipases, nucleases e fosfatases (Duve,

1983; Bechet et al., 2005).

Dentre as proteases, as principais representantes são as catepsinas, uma família de

proteases ácidas com baixa especificidade de substrato cuja função é degradar proteínas

intracelulares e extracelulares, via endocitose (Kirschke et al., 1998; Dickinson, 2002; Bechet et

al., 2005). A maioria é cisteíno-peptidase, isto é, possui resíduo de cisteína no sítio ativo, embora

exista uma aspartato-peptidase (catepsina D) (Kirschke et al., 1998; Turk et al., 2001; Dickinson,

2002). Atualmente, existem pelo menos 11 catepsinas caracterizadas, as quais se distinguem com

relação à estrutura e ao substrato (Dickinson, 2002; Bechet et al., 2005). As catepsinas L, B, D e

H são as principais proteases lisossomais e determinam primariamente a capacidade proteolítica

do lisossomo (Kominami et al., 1991; Bechet et al., 2005).

As catepsinas lisossomais abrangem endopeptidases e exopeptidases; as primeiras clivam

ligações peptídicas internas das proteínas e as segundas hidrolisam aminoácidos presentes nas

extremidades C (carboxipeptidases) ou N (aminopeptidases) terminais. A maioria das proteases

de cisteína são somente endopeptidases (catepsinas F, K, L, S e V), mas as catepsinas B e H são

também exopeptidases (carboxipeptidase e aminopeptidase, respectivamente) (Bechet et al.,

2005). No lisossomo, as endopeptidases estão pelo menos 10 vezes mais concentradas que as

exopeptidases e provavelmente iniciam a proteólise lisossomal, pois conforme a atividade das

endopeptidases procede, novos resíduos de C- e N-terminal são formados e servem de substrato

para as exopeptidases (Bechet et al., 2005).

Embora comumente expressas em todos os tecidos, as catepsinas lisossomais revelam

uma distribuição tecido-dependente (Kominami et al., 1985; Bando et al., 1986). Tecidos com

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alta taxa de turnover protéico (rim, baço, fígado e placenta) apresentam alta taxa da expressão de

catepsinas, enquanto baixas concentrações de catepsinas prevalecem em tecido de turnover lento,

como músculos esqueléticos (Bechet et al., 2005). Porém, muitos estudos têm enfatizado a

presença e a importância dessas proteases na homeostase muscular (Kirschke et al., 1983; Takeda

et al., 1992; Belkhou et al., 1994; Bechet et al., 1996, 2005). As catepsinas já foram

caracterizadas em células musculares isoladas (Kirschke et al., 1983; Tassa et al., 2003) e em

células satélites adultas (Jane et al., 2002).

In vitro, todas as proteases lisossomais degradam proteínas miofibrilares purificadas

(Katunuma et al., 1983; Dufour et al., 1989), sendo que a especificidade da hidrólise varia de

uma catepsina para outra. A catepsina H degrada principalmente troponina T (Katunuma et al.,

1983) e a catepsina B hidrolisa principalmente a cadeia pesada de miosina (Schwartz e Bird,

1977) troponina T, e mais lentamente, troponina I e tropomiosina (Noda et al., 1981).

Proteases dependentes de cálcio

A proteólise dependente de cálcio é mediada pelas calpaínas, uma família de cisteíno-

proteases neutras (Guroff, 1964) cuja regulação é complexa e não completamente elucidada

(Costelli et al., 2005). A maioria dos estudos divide essas enzimas em duas isoformas: as μ-

calpaínas e as m-calpaínas, por serem respectivamente ativadas por concentrações μM e mM de

cálcio in vitro (Costelli et al., 2005). As μ-calpaínas e m-calpaínas, que compartilham 50-60% de

homologia, são constituídas por heterodímeros formadas por duas subunidades de 80 kDa e 30

kDa. A primeira contém o sítio catalítico, e a segunda possui funções regulatórias (Carafoli e

Molinari, 1998).

As calpaínas estão normalmente presentes no citoplasma em seu estado inativo. Quando

as concentrações intracelulares de cálcio aumentam, a forma inativa das calpaínas migra para a

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membrana onde é ativada por cálcio, resultando na dissociação dos dímeros e liberação da

subunidade catalítica (Suzuki et al., 1995; Costelli et al., 2005).

Devido à sua especificidade restrita, as calpaínas somente exercem uma proteólise

limitada em seus substratos resultando em alterações irreversíveis, que levam à modificação da

atividade do substrato ou à degradação por outros sistemas proteolíticos (Saido et al., 1994;

Williams et al., 1999; Dickinson, 2002; Costelli et al., 2005). As calpaínas estão envolvidas em

processos importantes como proliferação celular, diferenciação, migração, apoptose e expressão

gênica (Carafoli e Molinari, 1998; Nixon, 2003; Suzuki et al., 2004).

Sistema ubiquitina-proteossomo

A via ubiquitina-proteossomo representa o principal sistema proteolítico do citosol e do

núcleo de todas as células eucarióticas e acredita-se que tenha papel crucial na degradação de

proteínas musculares (Costelli et al., 2005). A via ubiquitina-proteossomo foi descoberta há mais

de 30 anos (Etlinger e Goldberg, 1977; Hershko, 1996), e seu envolvimento nos processos

degradativos foi demonstrado no final da década de 80 (Matthews et al., 1989). A importância

dessa via mereceu o prêmio Nobel de Química em 2004 pelos cientistas Aaron Ciechanover,

Avram Hershko and Irwin Rose (http://nobelprize.org/chemistry/laureates/2004/ public.html).

A degradação de uma proteína pela via ubiquitina-proteossomo envolve dois passos

distintos: a sinalização pela ubiquitina e a degradação dessa proteína pelo proteossomo, com

liberação da ubiquitina livre e reutilizável (Voisin et al., 1996). A ubiquitinização consiste da

ligação covalente de múltiplas moléculas de ubiquitina (Ub), uma proteína de 8 kDa. Essa ligação

é feita por três enzimas diferentes (E1, E2 e E3) (Kisselev e Godberg, 2001). Inicialmente, a E1

ativa a ubiquitina, em uma reação dependente de ATP e transfere-a para a E2, uma enzima

carregadora de ubiquitina. Essa ubiquitina é transferida para um substrato protéico pela E3, uma

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ligase de ubiquitina proteína (Kisselev e Goldberg, 2001; Glickman e Ciechanover, 2002). Isso

permite as proteínas serem reconhecidas e degradadas pelo 26S proteossomo (Kisselev et al.,

1998; Voges et al., 1999). (Figura 1).

Figura 1. Processo de ubiquitinização de uma proteína (substrato) pelas enzimas E1, E2 e E3, o

que possibilita a degradação dessa no complexo multicatalítico 26S proteossomo representado

pela suas subunidades 19S e 20S. Na subunidade 20S, estão evidenciados os anéis exteriores e

interiores ß. A proteína é prontamente degradada em oligopeptídeos e a ubiquitina reciclada para

ser utilizada em posteriores sinalizações (Fonte: Zolk et al., 2006).

O 26S proteossomo (2.5 MDa) consiste de uma partícula central 20S (720 kDa) que é um

cilindro com atividade catalítica, mais dois complexos regulatórios 19S (890 kDa) (Coux et al.,

1996; Baumeister et al., 1998; Stefanelli et al., 1998; Voges et al., 1999). A partícula 19S

controla o acesso dos substratos à subunidade proteolítica 20S (Kisselev e Goldberg, 2001),

reconhecendo as proteínas ubiquitinizadas e permitindo sua entrada através da abertura de um

orifício, em um processo dependente de ATP. A subunidade 19S contém seis subunidades de

ATPase que fornecem energia para seu funcionamento (Soucy et al., 1999). No momento em que

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os substratos ubiquitinizados entram nos canais estreitos do 20S proteossomo, a subunidade 19S

desdobra os substratos protéicos, dissociando-os da ubiquitina com a ajuda de enzimas

desubiquitinadoras (DUBs) e inserindo-os na subunidade 20S (Osna and Donohue, 2007). A

subunidade catalítica 20S é composta de quatro anéis empilhados: dois anéis exteriores

idênticos e dois anéis interiores ß também idênticos (Figura 1). Os seis sítios de peptidases, que

estão localizados na subunidade ß, atuam juntos para clivar a proteína em diversos oligopeptídeos

(Glickman e Ciechanover, 2002; Rock et al., 2004). Dois sítios com atividade semelhante à da

quimiotripsina clivam preferencialmente depois de resíduos hidrofóbicos, dois sítios tipo tripsina

clivam depois de resíduos básicos e dois sítios tipo caspase clivam preferencialmente após

resíduos ácidos (Dick et al., 1998; Nussbaum et al., 1998). Nas células de mamíferos,

encontramos também a subunidade 11S que está envolvida na hidrólise de proteínas

independente de ATP (Kisselev e Goldberg, 2001). Coux e colaboradores (1996) sugerem que a

subunidade 11S se associa a 20S para estimular a atividade peptidásica e pode estar envolvida na

quebra final de peptídeos derivados da degradação protéica.

Com o desenvolvimento de inibidores proteossômico, foi possível verificar que o

proteossomo catalisa a degradação não somente das proteínas de vida curta, mas também de vida

longa, que inclui a grande maioria das proteínas nas células de mamíferos (Rock et al., 1994;

Mitch e Goldberg, 1996; Craiu et al., 1997). Evidências recentes sugerem que o aumento da

degradação de proteína pela via ubiquitina-proteossomo esteja envolvido em diversos transtornos

catabólicos como traumas, acidoses metabólicas, caquexias, queimaduras e jejum (Mitch e

Goldberg, 1996; Voisin et al., 1996; Lecker et al., 1999; Costelli e Baccino, 2003; Tisdale, 2005;

Argiles et al. 2006) e também na patogenia de doenças como atrofia e distrofia muscular

(Matthews et al., 1989; Solomon e Goldberg, 1996; Mitch e Goldberg, 1996; Tawa et al., 1997;

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Gao et al., 2000; Kumamoto et al., 2000; Bonuccelli et al., 2003). Dessa forma, os inibidores

podem ter aplicações importantes in vivo no tratamento farmacológico dessas patologias

(Kisselev e Goldberg, 2001; Bonuccelli et al., 2003). Dentre os inibidores disponíveis

atualmente, o MG-132 é um inibidor potente e seletivo, sendo freqüentemente usado para inibir o

proteossomo (Kisselev and Goldberg, 2001; Elliott et al., 2003).

Dano local causado por peçonhas botrópicas

O envenenamento causado por peçonhas de serpentes do gênero Bothrops é caracterizado

por alterações patológicas no local da picada (hemorragia, edema e necrose tecidual) que

progridem rapidamente depois do acidente (Gutiérrez e Lomonte, 2003; Gutiérrez e Ownby,

2003) e freqüentemente resultam em seqüelas permanentes, com proeminente dano tecidual local,

podendo implicar na perda da função ou até mesmo na amputação do membro afetado

(Rosenfeld, 1971; Fan e Cardoso, 1995; França e Málaque, 2003; Warrell, 2004).

A mionecrose induzida por peçonhas botrópicas é um fenômeno complexo e explicado

por dois mecanismos fundamentais: (1) primeiramente, pela ação miotóxica direta das miotoxinas

fosfolipásicas (PLA2) que podem provocam lesões celulares irreversíveis nas fibras musculares

(Gutiérrez e Lomonte, 1995, 2003; Gutiérrez e Ownby, 2003) e, (2) secundariamente, pela

isquemia tecidual causada por toxinas hemorrágicas (hemorraginas) da peçonha (Gutiérrez et al.,

1995; Kamiguti et al., 1996; Gutiérrez e Rucavado, 2000; Gutiérrez et al., 2005). A isquemia

tecidual pode ser agravada por outros distúrbios como alterações inflamatórias, problemas de

coagulação, síndrome compartimental e compressão tecidual (Fan e Cardoso, 1995; Russell et al.,

1997; França e Málaque, 2003).

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Miotoxinas fosfolipásicas

Diversas miotoxinas já foram isoladas e caracterizadas do gênero Bothrops (Gutiérrez et

al., 1984a; Gutiérrez e Lomonte, 1995; Gutiérrez e Ownby, 2003). Elas são geralmente básicas,

com massas moleculares de ~15 kDa, podendo existir como monômeros ou dímeros, e suas

propriedades estruturais permitem classificá-las como PLA2 (Gutiérrez e Lomonte, 1995,

Lomonte et al., 2003). Embora todas essas miotoxinas apresentem a estrutura de PLA2, algumas

são isentas da atividade fosfolipásica, responsável pela hidrólise dos glicerolfosfolipídios de

maneira dependente de cálcio (Gutiérrez e Ownby, 2003). Essa diferença na atividade enzimática

está relacionada à alteração no resíduo 49 de algumas miotoxinas, com lisina (Lys49) em lugar de

aspartato (Asp49), o que afeta a capacidade dessas proteínas para ligar cálcio, influenciando

assim sua atividade enzimática (Holland et al., 1990; Scott et al., 1992; Arni et al., 1995; Ownby

et al., 1999). Entretanto, ambos os tipos de miotoxinas (Asp49 e Lys49) induzem mionecrose

quando injetadas em animais (Gutiérrez e Lomonte, 1995, 2003; Gutiérrez e Ownby, 2003).

A patogênese da necrose muscular induzida por algumas dessas miotoxinas tem sido

investigada com o uso de técnicas histológicas e de microscopia eletrônica. As diferentes

miotoxinas promovem um padrão similar de alterações patológicas, independente de

apresentarem ou não atividade enzimática. Inicialmente, são produzidas pequenas alterações nas

fibras musculares denominadas lesões delta (espaços triangulares nas fibras transversais, com a

base do triângulo na membrana plasmática). Posteriormente, essas lesões se tornam maiores e

também é observado hipercontração dos miofilamentos e alterações mitocondriais (ruptura das

membranas e formação de densidades floculentas). Os núcleos adquirem aspecto picnótico e as

membranas intracelulares se alteram, com formação de múltiplas vesículas no interior do espaço

celular (Gutiérrez et al., 1984a, 1989, 1991).

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O mecanismo de ação dessas miotoxinas não se encontra plenamente elucidado do ponto

de vista molecular. Diversos estudos indicam que essas miotoxinas lesam diretamente a

membrana plasmática (Brenes et al., 1987; Diaz et al., 1991; Butron et al., 1993a, b; Lomonte et

al., 1994; Gutiérrez e Ownby, 2003; Harris, 2003), desestabilizando a sua estrutura fosfolipídica

e alterando sua permeabilidade para íons e moléculas. O estágio final da degeneração é

provavelmente dependente de Ca2+

, devido à entrada maciça de Ca2+

que segue o gradiente

eletroquímico que normalmente existe através da membrana plasmática (1 mM no fluido

extracelular e 0,1 mM no citosol). Essa entrada maciça provoca a ativação direta de enzimas

dependentes de Ca2+

, como proteases citosólicas, e o colapso da respiração mitocondrial pela

sobrecarga de Ca2+

(Gutiérrez et al., 1984b, 1989; Gutiérrez e Lomonte, 1995; Harris, 2003). A

ativação das proteases citosólicas é responsável pela degradação e perda de diversas proteínas

musculares estruturais (Harris et al., 2003), promovendo a desestabilização do aparelho contráctil

e perda das linhas Z e das bandas A e I (Ishiura et al., 1984; Gutiérrez et al., 1984a, 1990; Harris,

2003). Adicionalmente, a contração das miofibrilas, que é a conseqüência histológica mais

evidente da ação das miotoxinas nas células musculares, ocorre também devido ao influxo de

Ca2+

(Gutiérrez et al., 1984a, 1990; Harris, 2003).

Hemorraginas (metaloproteinases)

As hemorraginas presentes em peçonhas botrópicas são classificadas como

metaloproteinases e inclui uma série de enzimas zinco-dependente de diferentes massas

moleculares que são responsáveis principalmente pelo efeito hemorrágico (Bjarnason e Fox,

1994; Kamiguti et al., 1998; Haiti et al., 1999; Gutiérrez e Rucavado, 2000; Gutiérrez et al.,

2005; Fox e Serrano, 2005). Além de serem responsáveis pela hemorragia, também estão

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envolvidas em alterações patológicas como mionecrose local, danos na pele, edema e outras

reações associadas com a inflamação (Gutiérrez e Rucavado 2000; Gutiérrez et al., 2005).

Essas enzimas são inibidas por agentes quelantes, como o ácido etilenodiaminotetracético

(EDTA), que seqüestram o zinco requerido para sua atividade; tanto a atividade enzimática como

a hemorrágica é inibida por esses agentes (Borkow et al., 1997). De fato, as metaloproteinases

exercem o efeito hemorrágico principalmente através de sua ação proteolítica, que consegue

romper a integridade das paredes vasculares através da degradação dos componentes proteícos da

lâmina basal como laminina, fibronectina e colágeno tipo IV (Baramova et al., 1991; Maruyama

et al., 1992; Rucavado et al., 1995; Gutiérrez e Rucavado, 2000; Gutiérrez et al., 2005; Fox e

Serrano, 2005).

Diversos estudos têm evidenciado que as hemorraginas estão também envolvidas na

patogenia da mionecrose (Queiróz et al., 1985; Gutiérrez et al., 1995; Gutiérrez e Lomonte,

2003). Porém, os mecanismos pelos quais as metaloproteinases de peçonha induzem o dano

muscular não foram plenamente elucidados. Gutiérrez e colaboradores (1995) sugeriram que a

mionecrose ocorre secundariamente à isquemia que se sucede no músculo esquelético, já que as

metaloproteinases alteram drasticamente o fluxo sanguíneo local (Gleason et al., 1983) e muitos

estudos corroboram essa hipótese (ver revisão de Gutiérrez et al., 2005).

As metaloproteinases da peçonha também parecem ser responsáveis pela ativação das

metaloproteinases de matriz (MMPs) endógenas (Rucavado et al., 1998, 2002; Saravia-Otten et

al., 2004) que têm papel importante na degradação controlada de componentes da matriz

extracelular e na remodelagem tecidual que ocorre durante a cicatrização (Saravia-Otten et al.,

2004). As MMPs são sintetizadas e secretadas fisiologicamente como zimógenos (Sternlicht e

Werb, 2001) por células do tecido conectivo e algumas células hematopoiéticas (Brown et al.,

1989; Bierkedal-Hansen et al., 1993). Com o aumento da expressão de MMPs na inflamação

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induzida pela peçonha, ocorre maior degradação da matriz extracelular (Gutiérrez e Rucavado,

2000) permitindo maior distribuição da peçonha, agravando assim o dano tecidual. Além disso, a

degradação da matriz extracelular tem efeitos profundos no comportamento das células próximas

à lesão (Streulli, 1999), ativando ou inativando vias de sinalização celular que interferem no

processo de reparo tecidual, regeneração muscular e angiogênese. Essas alterações podem

contribuir para a perda permanente de tecido característico do envenenamento (Saravia-Otten et

al., 2004).

Devido ao amplo dano tecidual ocasionado pelas metaloproteinases de peçonha e MMPs

endógenas e considerando que a soroterapia não é eficiente na neutralização do efeito local

(Warrell, 1992; Gutiérrez et al., 1998; Escalante et al., 2000; Rucavado et al., 2000), algumas

terapias alternativas já foram propostas para minimizar os danos causados pelas

metaloproteinases. A injeção de CaNa2EDTA e batimastat (um inibidor sintético de MMPs) in

situ atenuou a hemorragia e necrose em animais experimentais (Escalante et al., 2000; Rucavado

et al., 2000). Porém, para uma redução efetiva da mionecrose observada no envenenamento serão

necessários inibidores para as miotoxinas PLA2 (Guitérrez e Ownby, 2003) e para outros

componentes da peçonha que contribuam com a degradação de proteínas musculares estruturais.

Degradação de proteínas endógenas por peçonha

Existe uma bibliografia escassa sobre a degradação de proteínas endógenas por peçonhas.

Porém, utilizando-se a peçonha de Notechis scutatus e as técnicas de imunohistoquímica e

immunoblotting verificou-se uma rápida degradação das proteínas desmina e titina, e uma

degradação mais lenta de distrofina, seguida da miosina e actina (Vater et al., 1992; Harris et al.,

2003). A perda de desmina e titina provavelmente está relacionada à elevação de Ca2+

no citosol

das fibras musculares, o que, por sua vez, ativaria as proteases não-lisossomais que degradam

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essas duas proteínas (Harris et al., 2003) importantes principalmente na manutenção da

estabilidade estrutural do sarcômero (Minajeva et al., 2001). Como conseqüência da perda de

desmina e titina, ocorre uma desagregação das bandas A e I, seguida de liberação de filamentos

de miosina e actina para dentro do citosol onde eles seriam degradados por mecanismos não

conhecidos (Harris et al., 2003). Ishiura et al. (1984) sugeriram que essas proteínas com

degradação tardia sejam substratos de proteinases de macrófagos.

Regeneração muscular

O fenômeno de regeneração muscular que se segue à necrose local tem sido motivo de

numerosos estudos experimentais (Queiróz et al., 1984; Gutiérrez et al., 1991; Arce et al., 1991;

para revisões ver Harris e Cullen, 1990, e Harris, 2003). O passo prévio ao processo de

regeneração muscular é uma reação inflamatória celular com a presença de neutrófilos e

macrófagos (Gutiérrez et al., 1984a, b, 1990) que são responsáveis pela remoção do tecido

necrótico. Depois disso, o músculo esquelético pode se regenerar devido principalmente à

atuação das células satélites, que são células miogênicas localizadas entre a membrana plasmática

e a lâmina basal de fibras musculares adultas (Mauro, 1961; Allbrook, 1981; Grounds, 1991;

Gutiérrez e Rucavado, 2000; Harris, 2003). Durante o processo degenerativo, as células satélites

tornam-se ativadas, diferenciam-se em mioblastos, proliferam-se e fundem-se para formar os

miotubos. Os miotubos, que são células multinucleadas com núcleos centrais enfileirados,

diferenciam-se com o passar do tempo em fibras musculares multinucleadas (Snow, 1977;

Gutiérrez e Ownby, 2003; Harris, 2003; Chargé and Rudnicki, 2004; Tidball, 2005).

Após a necrose muscular induzida pela injeção de frações miotóxicas de peçonhas que

afetam somente as fibras musculares, há progressiva regeneração muscular, com abundantes

células que apresentam núcleo em posição central, aspecto típico de células musculares

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regenerativas (Gutiérrez et al., 1984c, 1989, 1991; Brenes et al., 1987; Diaz et al., 1991; Santo

Neto et al., 2004). O diâmetro, número e morfologia das fibras são normais, exceto pelo núcleo

central (Gutiérrez et al., 1991; Santo Neto et al., 2004). Por outro lado, quando se utiliza

peçonhas brutas que, além de afetarem as células musculares, induzem também hemorragia, a

regeneração muscular é parcial e incompleta, observando-se o aparecimento de tecido de

granulação, fibrose e células regenerativas de tamanho reduzido (Gutiérrez et al., 1984c; Queiróz

et al., 1984; Arce et al., 1991; Salvini et al., 2001). A peçonha bruta, mediante suas

hemorraginas, leva à necrose dos vasos da microcirculação, impedindo a adequada regeneração

muscular devido à isquemia e acentuadas distorções do microambiente (Gutiérrez e Lomonte,

1995, 2003). A regeneração parcial também poderia estar relacionada a um decréscimo no

número de fibras musculares decorrente da morte de células satélites (Santo Neto et al., 2004),

embora, em muitos casos, as células satélites são notavelmente resistentes à peçonha ofídica e

miotoxinas (Harris et al., 2003).

Acredita-se que a preservação do leito vascular, dos fascículos nervosos motores e da

lâmina basal das células musculares, no caso da lesão produzida pelas miotoxinas purificadas,

torne possível a regeneração muscular completa (Allbrook, 1981; Grounds, 1990, 1991; Gutiérrez

et al., 1991; Gutíerrez e Rucavado, 2000). Nesse contexto, uma adequada vascularização permite

a chegada de macrófagos, nutrientes e oxigênio contribuindo com a síntese e a reorganização das

miofibrilas na fase de regeneração (Queiroz et al., 2002; Harris et al., 2003; Santo-Neto e

Marques, 2005). Os macrófagos produzem fatores pró-celulas satélites (citocinas e moléculas

sinalizadoras) que contribuem na ativação da miogênese para que ocorra regeneração (Cantini et

al., 2002; Teixeira et al., 2003a, b; Charge e Rudnicki, 2004; Santo Neto et al., 2004).

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Bothrops jararacussu

A serpente B. jararacussu („jararaca grande‟, no idioma indígena) é encontrada no Brasil,

Bolívia, Paraguai e Argentina (Campbell e Lamar, 2004) e conhecida pela elevada quantidade de

peçonha que produz (Rosenfeld, 1971). A peçonha de B. jararacussu tem alta atividade

hemorrágica e miotóxica (Ferreira et al., 1992), causando mionecrose (Queiróz et al., 1984;

Milani et al., 1997; Ribeiro e Jorge, 1997; Jorge et al., 1999; da Silva et al., 2003; Santo Neto et

al., 2004) acompanhada da liberação de creatina quinase (Melo e Suarez-Kurtz, 1988; Gutiérrez

et al., 1991), efeitos que também são vistos em humanos envenenados por essa espécie (Milani et

al., 1997). Em animais experimentais, a regeneração muscular após a inoculação dessa peçonha é

incompleta, com evidente perda de função e massa muscular, advindo possivelmente do extenso

dano vascular (Queiróz et al., 1984; Gutiérrez et al., 1991; Santo Neto e Marques, 2005), porém a

causa dessa deficiência na regeneração ainda não foi totalmente esclarecida (Santo Neto et al.,

2004).

A mionecrose causada por B. jararacussu está relacionada à ação de duas miotoxinas

principais, a bothropstoxin-I (Lys-49) (Cintra et al., 1993) e a bothropstoxin-II (Asp-49) (Homsi-

Brandeburgo et al., 1988). Ambas possuem estrutura PLA2, sendo que a primeira é desprovida de

atividade fosfolipásica (Rodrigues-Simioni et al., 1995) e a segunda apresenta uma baixa

atividade (Homsi-Brandeburgo et al., 1988), mesmo assim, ambas induzem mionecrose.

Entretanto, não se pode descartar a ação concomitante de metaloproteinases tanto na ação

necrótica quanto na regeneração incompleta. Uma metaloproteinase hemorrágica, nomeada

Bjussu MP-І (60 kDa), foi isolada da peçonha de B. jararacussu (Mazzi et al., 2004). Ainda que

a atividade dessa toxina seja mais baixa que a da peçonha, ela pode ter um papel relevante na

hemorragia local e sistêmica (Mazzi et al., 2004).

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OBJETIVOS

Este estudo teve por objetivos:

1. Investigar as alterações na atividade e expressão do sistema proteossômico em músculo

de camundongos injetados com a peçonha de B. jararacussu.

2. Investigar as alterações nas atividades proteolíticas lisossomais (catepsinas) e protease

dependente de cálcio (calpaína) em músculo de camundongos injetados com a peçonha de

B. jararacussu.

3. Investigar, qualitativamente, a relação entre a atividade dessas vias proteolíticas e o dano

e regeneração muscular em camundongos injetados com a peçonha de B. jararacussu.

MATERIAIS E MÉTODOS

Reagentes e peçonha

Os reagentes para histologia, western blotting e para os ensaios bioquímicos foram

obtidos da Amersham Biosciences (Piscataway, NJ, EUA), Calbiochem (La Jolla, CA, EUA),

Leica (Nussloch, Alemanha), Affinity (Newcastle, UK), Santa Cruz Biotechnologies (Santa Cruz,

CA, EUA), Sigma (St. Louis, MO, EUA) e fornecedores locais.

A peçonha liofilizada de B. jararacussu, extraída de exemplares adultos de ambos os

sexos, foi obtida do Centro de Extração de Toxinas Animais (CETA, Morungaba, SP) e estocada

a -20ºC (lote 04/06).

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Animais

Camundongos machos Swiss (18-25 g), obtidos do Centro Multidisciplinar de

Investigação Biológica (CEMIB) da UNICAMP, foram mantidos a 22ºC em gaiolas plásticas

(5/gaiola) sob ciclo de luz/escuro de 12 horas com acesso livre à água e ração (Nuvital®). Os

protocolos experimentais foram aprovados pela Comissão de Ética em Experimentação Animal

(CEEA) do Instituto de Biologia da UNICAMP (protocolo no

1002-1) e realizados de acordo com

as recomendações éticas gerais do Colégio Brasileiro para Experimentação Animal (COBEA).

Procedimento experimental (mionecrose)

O envolvimento das vias proteolíticas na mionecrose foi avaliado injetando-se a peçonha

de B. jararacussu no músculo gastrocnêmio esquerdo de camundongos anestesiados levemente

com halotano, seguido de sacrifício 1, 3, 6, 12, 24, 48, 72 horas e 7, 14, 21 e 28 dias após a

injeção (i.m.) (n=6 para cada intervalo de tempo). As doses da peçonha de B. jararacussu

utilizadas neste estudo foram 25 µg e 75 µg, ambas diluídas em 50 µL de tampão fosfato-salina

50 mM, pH 7,4 (PBS). Os animais controle receberam injeções de 50 µL de PBS, nas mesmas

condições experimentais. Após o sacrifício com overdose de anestésico (halotano), os músculos

esquerdo (tratado) e direito (contralateral, não injetado) foram dissecados, pesados e processados

para análise histológica ou congelados imediatamente em nitrogênio líquido e armazenados em

biofreezer a -80ºC para análises posteriores (enzimáticas, aminoácidos livres e western blotting).

Peso dos músculos

Alterações no peso úmido dos músculos gastrocnêmio esquerdo injetados com peçonha

foram expressas em porcentagem relativas ao peso dos músculos contralaterais (não injetados,

considerados como 100%) (Gutiérrez et al., 1986b).

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Creatina quinase (CK)

Os níveis de CK na circulação (parâmetro freqüentemente usado como indicador da

mionecrose) foram determinados através da dosagem de CK em amostras de sangue dos

camundongos injetados no músculo gastrocnêmio com as doses de 25 µg e 75 µg da peçonha de

B. jararacussu. Os camundongos controle receberam injeções de 50 µL de PBS, nas mesmas

condições experimentais. Nos intervalos de sacrifício citados anteriormente, o sangue foi

coletado da veia caudal em tubos capilares heparinizados. Após centrifugação dos capilares em

centrífuga para hematócrito durante 5 min, o plasma foi usado para determinação da atividade de

CK a partir de kits comerciais (Bioclim, Belo Horizonte, MG, Brasil). A leitura foi feita em leitor

de microplacas SpectraMax340 (Molecular Devices, Sunnyvale, CA, EUA), no comprimento de

onda de 340 nm. O resultado foi expresso em unidade de CK/L (U/L), em que uma unidade

corresponde à fosforilação de 1 nmol de creatina por minuto, a 37ºC.

Aminoácidos livres

Os aminoácidos livres foram determinados de acordo com o método de Copley (1941).

Neste ensaio, foram utilizados músculos previamente homogeneizados em tampão fosfato de

potássio 0,1 M, pH 7,4, contendo NaCl 0,15 M (KPBS) e centrifugados (18.000 x g, 15 min,

4ºC). Uma alíquota do sobrenadante (25 μL) foi transferida para um tubo, completado com água

destilada (volume final de 200 μL) e em seguida foi adicionado 2 mL de ninhidrina 0,1% diluída

em álcool isopropílico. Os tubos foram vedados para evitar evaporação e então colocados em

banho-Maria a 40ºC, por 45 min. Após este período, as amostras foram centrifugadas (1900 x g,

2 min) e a leitura óptica foi feita em espectrofotômetro (Beckman Coulter DU 800), no

comprimento de onda de 570 nm. A concentração de aminoácidos foi calculada utilizando-se um

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padrão contendo 100 nmol de ácido aminoacético (glicina). Os resultados foram expressos em

micromols de aminoácidos livres/micrograma de proteína (µmols aa/µg de proteína).

Análise histológica

Após o sacrifício dos camundongos nos intervalos de tempo descritos anteriormente, o

músculo gastrocnêmio foi dissecado e colocado imediatamente no fixador paraformaldeído 4%

(preparado em tampão fosfato 0,1 M, pH 7,4) durante 12 h e processado para microscopia de luz.

Para desidratação dos fragmentos dos tecidos, foram utilizados gradientes crescentes de alcoóis

(etanol), seguido de diafanização em xilol, e embebição e inclusão em parafina (Histosec-Merck).

Secções de 5 m de espessura foram obtidas usando um micrótomo (Leica RM 2245, Alemanha),

e as lâminas foram coradas com hematoxilina-eosina (HE) ou vermelho de picrosirius para

análise posterior das alterações histológicas (Boer-Lima et al., 1999, 2002). As lâminas foram

examinadas em microscópio Leica DM 5000 B e as imagens foram capturadas, processadas e

analisadas usando uma câmara CCD LEICA CTR 5000 e softwares de processamento e análise

de imagem LEICA Q Win Plus v.3.2.0. As lâminas coradas com vermelho de picrosirius também

foram examinadas em luz polarizada utilizando o mesmo microscópio.

Atividades enzimáticas proteolíticas

O tecido muscular foi inicialmente homogeneizado em tampão de homogeneização (20

mM Tris, pH 7,5, 1 mM ditiotreitol, 2 mM ATP e 5 mM MgCl2) (Ventrucci et al., 2004) e

centrifugado (9.300 x g, 10 min, 4ºC). O sobrenadante foi utilizado para análise de proteínas

totais segundo o método de Bradford (1976) usando albumina bovina sérica como padrão.

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O sobrenadante também foi utilizado para determinação das seguintes atividades enzimáticas:

quimiotripsina, caspase e tripsina proteossômica, catepsina B e H e calpaína.

A atividade da quimiotripsina proteossomal foi determinada utilizando o substrato

fluorogênico succinil-Leu-Leu-Val-Try-7-amino-4-metilcoumarina (0,167 µg de Suc LLVY-

AMC/µL de Tris-HCl 100 mM, pH 8,0), com excitação em 365 nm e emissão em 460 nm, de

acordo com o método de Orino et al. (1991). A atividade foi avaliada incubando-se 10 μL do

sobrenadante muscular com o substrato em volume total de 100 μL de Tris-HCl 100 mM, pH 8,0.

A atividade enzimática foi medida a cada 1 min durante 25 min, em fluorímetro usando placas

escuras multipoços (leitor de placas Fusion, Perkin Elmer). A atividade foi calculada a partir da

diferença na fluorescência dos tempos zero e após 25 min, e foi expressa como unidades de

fluorescência/μg de proteína/min (U/μg de proteína/min). As atividades tripsina e caspase do

proteossomo foram realizadas de forma semelhante à da quimiotripsina. Porém, os substratos

fluorogênicos utilizados foram Ac-Arg-Leu-Arg-AMC para a tripsina e Ac-Nle-Pro-Nle-Asp-

AMC para a caspase, ambos com excitação em 365 nm e emissão em 460 nm. A diluição, o

tempo de incubação e os cálculos foram exatamente os mesmos utilizados para a análise de

quimiotripsina (Kisselev e Goldberg, 2005) e o resultado também foi expresso como unidades de

fluorescência/μg de proteína/min (U/μg de proteína/min).

As atividades das catepsinas lisossomais foram determinadas utilizando o método

fluorogênico descrito por Barrett (1980). Para a catepsina H, foi utilizado o substrato L-arginina-

AMC HCl e para a catepsina H, Z-Phe-Arg-AMC HCl, ambos com excitação em 365 nm e

emissão em 460 nm. As atividades foram avaliadas incubando-se 10 μL do sobrenadante com os

respectivos substratos, em volume total de 100 μL de tampão de ensaio (200 mM KH2PO4/200

mM Na2HPO4, pH 6,8) para catepsina H (38,5 mM) e em volume total de 100 μL de solução Brij

0,1% para a catepsina B (75,4 mM). O aumento na fluorescência foi medida a cada 1 min durante

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25 min, em fluorímetro para placas escuras multipoços. As atividades foram calculadas a partir

da diferença na fluorescência dos tempos zero e após 25 min, e o resultado foi expresso em

unidades de fluorescência/μg de proteína/min (U/μg de proteína/min).

A calpaína foi avaliada conforme descrita por Jiang et al. (1997), incubando-se 30 μL do

sobrenadante muscular em 150 μL de substrato de reação (imidazol 50 mM, pH 7,5, β-

mercaptoetanol 10 mM, 4 mg de caseína/mL e ázida sódica 1 mM) por 5 min, e posteriormente

adicionando-se 20 μL de CaCl2 50 mM. A leitura foi realizada em leitor de placas multipoços em

filtro de 540 nm. O aumento na absorbância foi medido durante 25 min e a atividade foi

calculada a partir da leitura final e expressa em mili unidades de absorbância/μg de proteína/min

(mU/μg de proteína/min).

Western blotting do sistema proteossômico

Alíquotas (15 µg de proteína/poço) do sobrenadante obtido conforme descrito

anteriormente foram corridas em géis de acrilamida de 12% contendo SDS (Laemmli, 1970),

seguida de western blotting. A eletroforese foi realizada em sistema eletroforético Mighty Small

SE260 (Hoefer-Pharmacia) a 100 V constantes e o marcador molecular (Kaleidoscope, Bio-Rad)

correu paralelo às amostras. Em seguida, as proteínas foram transferidas para membranas de

PVDF 0,45 m (Millipore) (Towbin et al., 1979) em cuba de transferência Mighty Small TE22

(Hoefer-Pharmacia) para a detecção das bandas imunorreativas. Após a transferência, sítios não

específicos na membrana foram bloqueados overnight a 4ºC com 5% de leite desnatado em

solução basal (Tris-HCl 10 mM, pH 7,5, NaCl 150 mM e 0,5% Tween 20). As subunidades do

proteossomo foram analisadas com anticorpos contra as subunidades 20S (anti-camundongo

conjugado à horseradish peroxide – HRP), 19S MSSI reguladora de ATPase (anti-coelho

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conjugado à HRP) e 11S (anti-coelho conjugada à HRP) (todos da Affinity, Newcastle, UK). O

anticorpo anti-actina foi utilizado como controle interno para analisar a quantidade de proteína

aplicada por poço. Todos os anticorpos primários foram diluídos 1:1000 em solução basal

contendo 3% de albumina bovina e foram incubados overnight a 4ºC. Após lavagens em solução

basal, as membranas foram incubadas com um conjugado IgG-peroxidase anti-coelho ou anti-

camundongo, diluído 1:20.000 e 1:30.000, respectivamente, em solução basal. Ao final de 1,5 h a

4ºC, as membranas foram lavadas e as bandas imunorreativas foram detectadas utilizando um kit

de quimioluminescência (Millipore, USA) e documentadas em filme fotográfico (Kodak, São

José dos Campos, SP, Brasil). As imagens foram capturadas (OfficeJet G85, Hewlett Packard) e

analisadas por densitometria óptica da banda utilizando-se o software UN-SCAN-IT gel 6.1 (Gel

& Graph Digitizing Software, Version 6.1, Silk Scientific Corporation, UT, EUA).

Tratamento com inibidor proteossômico

Nestes experimentos, a peçonha de B. jararacussu (75 μg) foi injetada no músculo

gastrocnêmico esquerdo (i.m.) e no quinto dia e no sexto dia após o envenenamento foi injetado o

inibidor protessômico MG-132 (10 μg/g de peso corporal, i.p., em 150 L) (Holecek et al., 2006)

ou o mesmo volume de veículo (DMSO). O inibidor MG-132 foi dissolvido em DMSO

(dimetilsulfóxido) na proporção de 2 μg MG-132/μL de DMSO. No sétimo dia após a injeção da

peçonha, os camundongos foram sacrificados e os músculos gastrocnêmio esquerdo (tratado)

foram retirados e congelados em nitrogênio líquido e armazenados a -80ºC ou processados para

histologia para análises posteriores. (Esse protocolo de tratamento foi utilizado devido à ativação

proteossômica ter ocorrido somente na fase tardia de pós-envenenamento; ver resultados). Os

grupos experimentais utilizados foram (n=6 para cada grupo): controle (injetados i.m. com PBS),

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controle + veículo (injetados i.m. com PBS e i.p. com veículo), peçonha (injetados i.m. com

peçonha), peçonha + veículo (injetados i.m. com peçonha e i.p. com veículo) e peçonha +

inibidor (injetados i.m. com peçonha e i.p. com inibidor).

Para a análise enzimática, os músculos foram homogeneizados, centrifugados e o

sobrenadante foi utilizado para determinação da atividade quimiotripsina proteossômica da

mesma forma descrita anteriormente. Para a análise histológica, os músculos também foram

processados para microscopia de luz conforme já descrito. Para a análise histológica

morfométrica nos grupos deste experimento, foram analisadas duas lâminas (cortes não

sucessivos) coradas com hematoxilina-eosina para cada camundongo. Cada lâmina continha três

cortes sucessivos de tecido muscular, sendo analisados nove campos escolhidos aleatoriamente,

totalizando dezoito campos para cada animal. A análise foi feita em cortes transversais contando

o número de células regenerativas em relação ao número total de células por campo, e o valor foi

expresso em porcentagem. As lâminas coradas com vermelho de picrosirius foram analisadas

apenas qualitativamente.

Análise estatística

Os resultados foram expressos como média ± erro padrão da média (EPM). As

comparações estatísticas foram feitas usando análise de variância (ANOVA) de uma via (Zar,

1996) seguido do teste de Dunnett para comparação dos grupos com seu respectivo controle ou

teste de Tukey para comparação entre grupos, através do software Prism, v. 4.0 (GraphPad Inc.,

San Diego, CA, EUA). Um valor de p<0,05 foi considerado significativo.

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RESULTADOS

Apresentamos os resultados deste trabalho na seguinte ordem: (1) Caracterização

histológica e bioquímica do envenenamento experimental com a peçonha de B. jararacussu, (2)

Atividade e expressão do sistema proteossômico, e o tratamento com o inibidor proteossômico e

(3) Atividades proteolíticas do lisossomo (catepsinas) e da protease dependente de cálcio

(calpaína).

1. Caracterização do envenenamento experimental com a peçonha de B. jararacussu

As doses de 25 g e 75 g da peçonha B. jararacussu utilizadas neste estudo foram

semelhantes ao estudo de Queiroz et al. (1984).

1.1. Creatina quinase (CK)

A Figura 2 mostra a atividade de CK (indicador de lesão muscular) de camundongos

injetados com 25 g e 75 g de peçonha de B. jararacussu no músculo gastrocnêmio. Níveis

plasmáticos elevados de CK foram observados entre 1 h e 6 h após o envenenamento, com o pico

em 3 h, sendo as alterações mais marcantes com a dose maior de peçonha.

1.2. Peso dos músculos

A Figura 3 mostra a variação do peso úmido dos músculos injetados com peçonha. Nas

primeiras 48 h após o envenenamento (fase de dano tecidual, quando ocorre edema) houve

aumento variável no peso dos músculos enquanto que na fase tardia (regeneração, sete dias para

frente) houve redução na massa muscular que foi mais marcante com a dose de 75 g.

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1.3. Concentração de aminoácidos livres nos músculos

A Figura 4 mostra a concentração de aminoácidos livres em músculos gastrocnêmio de

camundongos após injeção da peçonha nas doses de 25 µg e 75 µg. Houve redução significativa

dos aminoácidos livres nos músculos injetados com peçonha nas primeiras horas pós-

envenenamento (primeiras 24 horas), sendo essa redução mais marcante na dose maior. Nos

períodos tardios (sete dias para frente), houve restabelecimento da concentração de aminoácidos

nos músculos injetados.

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C 1h 3h 6h 12h 24h 48h 72h 7d 14d 21d 28d0

1000

2000

3000

4000

500025 g peçonha

75 g peçonha

*

*

**

*

*

Tempo

Ativ

idad

e C

K (

U/L

)

Figura 2. Atividade de CK em plasma de camundongos tratados com 25 μg e 75 μg da peçonha

de B. jararacussu. Os níveis de CK na circulação foram determinados a partir de kits comerciais.

Os resultados foram expressos em unidade de CK/L (U/L), em que uma unidade corresponde à

fosforilação de 1 nmol de creatina por minuto, a 37ºC. Os pontos representam a média EPM

(n=6). *p<0,05 comparado com o controle (C, injetado somente com PBS 50 mM, pH 7,4)

(ANOVA seguida pelo teste de Dunnett).

C 1h 3h 6h 12h 24h 48h 72h 7d 14d 21d 28d0

50

100

150

* *

A

Tempo

% d

e m

udança d

e p

eso

C 1h 3h 6h 12h 24h 48h 72h 7d 14d 21d 28d0

50

100

150 *

*

B

Tempo

% d

e m

udança d

e p

eso

* *

** *

Figura 3. Variação do peso em músculo gastrocnêmio de camundongos injetado com 25 g (A) e

75 g (B) da peçonha de B. jararacussu. A variação do peso (%) foi expressa em relação ao peso

do músculo contralateral (não injetado), considerado como 100%. As colunas representam a

média ± EPM (n=12). *p<0,05 comparado com o controle (C, injetado com PBS 50 mM pH, 7,4)

(ANOVA seguida pelo teste de Dunnett).

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C 1h 3h 6h 12h 24h 48h 72h 7d 14d 21d 28d0.00

0.01

0.02

0.03

0.04

0.05

Músculo injetado

Músculocontralateral

A

* *

Tempo

Concentr

ação d

e a

min

oácid

os li

vre

s

(m

ol a

a/

g d

e p

rote

ina)

C 1h 3h 6h 12h 24h 48h 72h 7d 14d 21d 28d0.00

0.01

0.02

0.03

0.04

0.05

*

Músculo injetado

Músculocontralateral

B

* * * * *

Tempo

Concentr

ação d

e a

min

oácid

os liv

res

(m

ol aa/

g d

e p

rote

ina)

Figura 4: Concentração de aminoácidos livres (aa) em músculo gastrocnêmio de camundongos

em diferentes períodos após a injeção de 25 μg (A) e 75 μg (B) da peçonha de B. jararacussu. A

concentração de aminoácidos foi determinada pelo método de Copley (1941) utilizando-se um

padrão contendo 100 nmol de glicina. Os resultados foram expressos em µmol aa/µg de proteína.

As colunas representam a média EPM (n=6). *p<0,05 comparado com o controle (C, injetado

com PBS 50 mM pH, 7,4) (ANOVA seguida pelo teste de Dunnett).

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1.4. Perfil de dano e regeneração muscular (histologia)

1.4.1. Coloração com Hematoxilina-eosina

A Figura 5(A-U) mostra as alterações histológicas que ocorreram no músculo

gastrocnêmio de camundongo após a injeção da peçonha de B. jararacussu, nas doses de 25 μg e

75 μg. Os músculos controle (injetados com PBS 50 mM, pH 7,4) apresentaram um padrão

histológico típico de músculo esquelético normal, ou seja, sem nenhum sinal de alteração nas

fibras musculares. Os núcleos das fibras estavam localizados na periferia dessas células (Fig.

5A,B,P,R).

Nos músculos injetados com peçonha, foi possível distinguir três fases características de

alterações histológicas. A fase 1 compreendeu os períodos 1, 3 e 6 h na dose de 25 µg (Fig. 5C,E)

e 1, 3, 6 e 12 h na dose de 75 µg (Fig. 5D,F) e foi caracterizada principalmente por hemorragia

acentuada e mionecrose (lesões delta, hipercontração dos filamentos alternando com espaços

celulares desprovidos de miofibrilas, fibras com vacúolos e sem núcleo) (para mionecrose vide

Fig. 5C-F e Q). Algumas áreas apresentaram infiltrados inflamatórios localizados.

A fase 2 incluiu os períodos 12, 24, 48 e 72 h na dose menor (Fig. 5G,I) e 24, 48 e 72 h na

dose maior (Fig. 5H,J) e foi caracterizada principalmente pela presença de infiltrado inflamatório,

mioblastos e miotubos (Fig. 5G-J). Devido à grande quantidade de núcleos desses tipos celulares,

o tecido muscular adquiriu aspecto basófilo (principalmente em 72 h) (Fig. 5I,J). Havia ainda a

presença de hemorragia e de lesões mionecróticas.

A fase 3 compreendeu os períodos de 7, 14, 21 e 28 dias em ambas as doses (Fig. 5L,N

para a dose de 25 g e Fig. 5M,O para a dose de 75 g) e foi caracterizada principalmente por

células regenerativas (núcleo centralmente localizado) (Fig. 5S). A primeira semana (7 dias)

dessa fase continuou marcada pela presença de infiltrado celular, mioblastos e miotubos e

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porções localizadas de células regenerativas (Fig. 5L,M). Nas outras semanas (14, 21 e 28 dias),

predominaram principalmente as células regenerativas (Fig. 5N,O) (para aspectos regenerativos

vide Fig. 5L-O e S).

No músculo contralateral (não injetado com peçonha) houve presença de infiltrado

inflamatório nos seguintes períodos pós-envenenamento: 12, 24, 48 e 72 horas e 7, 14, 21 e 28

dias (dose de 25 μg) e 48 e 72 horas e 7, 14, 21 e 28 dias (dose de 75 μg) (Fig. 5T,U).

1.4.2. Coloração com Vermelho de picrosirius

A figura 6 mostra as alterações na deposição de colágeno em secções de músculo coradas

com vermelho de picrosirius (corante usado para detectar colágeno). Os músculos controle

(injetados com PBS 50 mM, pH 7,4) apresentaram fibras de colágeno no endomísio, perimísio e

epimísio. No epimísio e perimísio, as fibras de colágeno encontravam-se mais abundantes,

tornando o tecido conjuntivo espesso e contínuo. Ao redor das fibras musculares (endomísio), o

colágeno apresentou-se fino (Fig. 6A,B). Nas primeiras horas após a injeção da peçonha (1 e 3 h)

não foi possível detectar alteração na quantidade de colágeno, porém entre 6 e 12 h

principalmente, alguns feixes de colágeno pareciam estar mais finos em algumas porções (Fig.

6C,D). A partir de 24 h pós-envenenamento, iniciou-se um processo de deposição do colágeno no

músculo envenenado, sendo que essa produção foi mais marcante no período de 28 dias (Fig.

6E,F). A figura 7 mostra detalhadamente o processo de deposição das fibras de colágenos que

envolveram primeiramente o infiltrado celular (Fig. 7A,B) e posteriormente as células

regenerativas (Fig. 7C,D). Nesta coloração, foram avaliadas apenas as alterações causadas pela

dose de 75 g.

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30

Figura 5. Aspecto histológico de secção transversal de músculo gastrocnêmio controle de camundongo (injetado com PBS

50 mM, pH 7,4). Coloração: Hematoxilina-eosina (HE).

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31

Figura 5. Aspecto histológico de secção de músculo gastrocnêmio de camundongo na fase 1 após injeção da peçonha de

B. jararacussu, nas doses de 25 µg (C,E) e 75 µg (D,F). Setas – hemorragia, m – mionecrose. Fase 1 compreende os períodos

de 1-6 h (25 µg) e 1-12 h (75 µg). Coloração: Hematoxilina-eosina (HE).

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32

Figura 5. Aspecto histológico de secção de músculo gastrocnêmio de camundongo na fase 2 após injeção da peçonha de

B. jararacussu, nas doses de 25 µg (G,I) e 75 µg (H,J). Seta preta – infiltrado inflamatório, seta vermelha - miotubos.

Fase 2 compreende os períodos de 12- 72 h (25 µg) e 24- 72 h (75 µg). Coloração: Hematoxilina-eosina (HE).

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33

Figura 5. Aspecto histológico de secção de músculo gastrocnêmio de camundongo na fase 3 após injeção da peçonha de B.

jararacussu, nas doses de 25 µg (L,N) e 75 µg (M,O). Setas – infiltrado inflamatório, r – células regenerativas (núcleo

centralizado). Fase 3 compreende os períodos de 7-28 dias em ambas as doses. Coloração: Hematoxilina-eosina (HE).

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34

Figura 5. Aspecto histológico de secção transversal de músculo controle (P e R) e injetado com peçonha de B. jararacussu (75 µg)

(Q e S). Note lesões delta (indicado por D), infiltrado celular (indicado por seta vermelha), hemorragia (indicado por seta preta) e

células regenerativas (indicado por r). Coloração: Hematoxilina-eosina (HE).

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35

Figura 5. Aspecto histológico de secção transversal de músculo controle (T) e músculo contralateral 72 horas após a injeção da

peçonha de B. jararacussu (75 µg) (U) mostrando a presença de infiltrado inflamatório (indicado por setas). Coloração:

Hematoxilina-eosina (HE).

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36

Figura 6. Aspecto histológico de secção de músculo gastrocnêmio injetado com 75 µg da

peçonha de B. jararacussu e corado com vermelho de picrosirius (para detecção de colágeno). A

e B mostram o colágeno no músculo controle, C e D mostram o colágeno entre 6 e 12 h após o

envenenamento, e E e F mostram o colágeno no período de regeneração muscular (7-28 dias pós-

envenenamento). c = colágeno. A,C,E – luz normal, B,D,F – luz polarizada.

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37

Figura 7. Deposição do colágeno em músculo gastrocnêmio injetado com peçonha de B. jararacussu (75 µg). A e B: ocorrência do

colágeno (seta) próximo ao infiltrado inflamatório (24 h a 72 h). C e D: presença do colágeno (c) ao redor das células regenerativas

(r), a partir do sétimo dia. Luz normal em todos os painéis. Coloração: Vermelho de picrosirius.

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38

2. Sistema proteossômico

2.1. Atividade e expressão do proteossomo

O proteossomo, que é a principal via catabólica de mamíferos, foi analisado nas suas

atividades proteolíticas constituintes (quimiotripsina, caspase e tripsina) (Figs. 8-10) e também na

expressão das subunidades que compõem o proteossomo (20Sα, 11S e 19S) (Figs. 11-13). Nas

duas doses de peçonha aplicada, as atividades proteossomais exibiram o mesmo perfil: inibição

nas primeiras 48 h pós-envenenamento e depois disso a atividade se restabeleceu, alcançando em

alguns períodos aumento significativo. Esses períodos em que houve aumento significativo

foram: 7, 14, 21 e 28 dias na dose menor e 7, 14 e 21 dias na dose maior (Figs. 8-10).

A subunidade 20Sα proteossômica (duas bandas de 29 kDa e 32 kDa) encontrou-se

significativamente mais expressa em 7 dias na dose de 25 μg e em 7 e 14 dias na dose de 75 μg

(Fig. 11). A subunidade 11S proteossômica (banda única de 30 kDa) apresentou-se

significativamente mais expressa no período de 72 h a 14 dias na dose de 75 μg, enquanto na

dose menor não houve diferenças significativas em relação ao controle (Fig. 12). A subunidade

19S (banda única de 46 kDa) não apresentou diferença significativa em relação ao controle,

embora se verifique, na dose de 75 μg, uma tendência de aumento da expressão dessa banda no

período de regeneração (principalmente 7 e 14 dias) (Fig. 13). A proteína actina, que foi

analisada para controle da quantidade de proteína por poço, não apresentou diferença

significativa em relação ao controle, embora também se verifique uma tendência de diminuição

(no dano tecidual) e posterior elevação (na regeneração) na dose maior da peçonha aplicada (Fig.

14).

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39

C 1h 3h 6h 12h 24h 48h 72h 7d 14d 21d 28d0

1

2

3

4

5

6

7

**

* * **

*

Músculo injetado

Músculocontralateral

A

*

Tempo

Ativid

ad

e q

uim

iotr

ipsin

a

(U/

g d

e p

rote

ína

/min

)

C 1h 3h 6h 12h 24h 48h 72h 7d 14d 21d 28d0

1

2

3

4

5

6

7

* ** * * *

Músculo injetado

Músculocontralateral

B

Tempo

Ativid

ad

e q

uim

iotr

ipsin

a

(U/

g d

e p

rote

ína

/min

)

**

Figura 8. Atividade quimiotripsina proteossômica em músculo gastrocnêmio de camundongos

em diferentes períodos após a injeção de 25 μg (A) e 75 μg (B) da peçonha de B. jararacussu. A

atividade da quimiotripsina foi determinada utilizando substrato fluorogênico e expressa em

unidades de fluorescência/μg de proteína/min (U/μg de proteína/min). As colunas representam a

média EPM (n=6). *p<0,05 comparado com os respectivos controles (ANOVA seguida pelo

teste de Dunnett).

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40

C 1h 3h 6h 12h 24h 48h 72h 7d 14d 21d 28d0.0

0.2

0.4

0.6

0.8* *

A

*

* *

Tempo

Ativid

ade c

aspase

(U/

g d

e p

rote

ína/m

in)

C 1h 3h 6h 12h 24h 48h 72h 7d 14d 21d 28d0.0

0.2

0.4

0.6

0.8

* * * *

*

B

Tempo

Ativid

ade c

aspase

(U/

g d

e p

rote

ína/m

in)

Figura 9. Atividade caspase proteossômica em músculo gastrocnêmio de camundongos em

diferentes períodos após a injeção de 25 μg (A) e 75 μg (B) da peçonha de B. jararacussu. A

atividade da caspase foi determinada utilizando substrato fluorogênico e expressa em unidades de

fluorescência/μg de proteína/min (U/μg de proteína/min). As colunas representam a média

EPM (n=6). *p<0,05 comparado com o controle (C, injetado com PBS 50 mM pH, 7,4) (ANOVA

seguida pelo teste de Dunnett).

C 1h 3h 6h 12h 24h 48h 72h 7d 14d 21d 28d0.0

0.1

0.2

0.3

0.4

0.5

0.6

0.7

* * **

*

**

A

Tempo

Ativid

ade t

ripsin

a

(U/

g d

e p

rote

ína/m

in)

C 1h 3h 6h 12h 24h 48h 72h 7d 14d 21d 28d0.0

0.1

0.2

0.3

0.4

0.5

0.6

0.7

* * ** *

* *

B

Tempo

Ativid

ade t

ripsin

a

(U/

g d

e p

rote

ína/m

in)

Figura 10. Atividade tripsina proteossômica em músculo gastrocnêmio de camundongos em

diferentes períodos após a injeção de 25 μg (A) e 75 μg (B) da peçonha de B. jararacussu. A

atividade da tripsina foi determinada utilizando substrato fluorogênico e expressa em unidades de

fluorescência/μg de proteína/min (U/μg de proteína/min). As colunas representam a média

EPM (n=6). *p<0,05 comparado com o controle (C, injetado com PBS 50 mM pH, 7,4) (ANOVA

seguida pelo teste de Dunnett).

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41

C 1h 3h 6h 12h 24h 48h 72h 7d 14d 21d 28d0

3

6

9

12

15

*

A

Tempo

Expre

ssão 2

0S

(% p

ixel)

C 1h 3h 6h 12h 24h 48h 72h 7d 14d 21d 28d0

3

6

9

12

15* *

B

Tempo

Expre

ssão 2

0S

(% p

ixel)

Figura 11. Expressão da subunidade 20Sα proteossômica em músculo gastrocnêmio de

camundongos em diferentes períodos após a injeção de 25 μg (A) e 75 μg (B) da peçonha de B.

jararacussu. Os painéis superiores mostram as bandas da subunidade 20S e os painéis inferiores

mostram a densitometria das bandas expressa em % pixel (unidade arbitrária de expressão). As

colunas representam a média EPM (n=5). *p<0,05 comparado com o controle (C, injetado com

PBS 50 mM pH, 7,4) (ANOVA seguida pelo teste de Dunnett).

C 1 3h 6h 12h 24h 48h 72h 7d 14d 21d 28d0

2

4

6

8

10

12

14

A

Tempo

Expre

ssão 1

1S

(% p

ixel)

C 1 3h 6h 12h 24h 48h 72h 7d 14d 21d 28d0

2

4

6

8

10

12

14

**

*

B

Tempo

Expre

ssão 1

1S

(% p

ixel)

Figura 12. Expressão da subunidade 11S proteossômica em músculo gastrocnêmio de

camundongos em diferentes períodos após a injeção de 25 μg (A) e 75 μg (B) da peçonha de B.

jararacussu. Os painéis superiores mostram as bandas da subunidade 11S e os painéis inferiores

mostram a densitometria das bandas expressa em % pixel (unidade arbitrária de expressão). As

colunas representam a média EPM (n=5). *p<0,05 comparado com o controle (C, injetado com

PBS 50 mM pH, 7,4) (ANOVA seguida pelo teste de Dunnett).

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42

C 1h 3h 6h 12h 24h 48h 72h 7d 14d 21d 28d0

5

10

15

20

A

Tempo

Expre

ssão 1

9S

(% p

ixel)

C 1h 3h 6h 12h 24h 48h 72h 7d 14d 21d 28d0

5

10

15

20

B

Tempo

Expre

ssão 1

9S

(% p

ixel)

Figura 13. Expressão da subunidade 19S reguladora de ATPase proteossômica em músculo

gastrocnêmio de camundongos em diferentes períodos após a injeção de 25 μg (A) e 75 μg (B) da

peçonha de B. jararacussu. Os painéis superiores mostram as bandas da subunidade 19S e os

painéis inferiores mostram a densitometria das bandas expressa em % pixel (unidade arbitrária de

expressão). As colunas representam a média EPM (n=5).

C 1h 3h 6h 12h 24h 48h 72h 7d 14d 21d 28d0

3

6

9

12

15

A

Tempo

Expre

ssão a

ctina

(% p

ixel)

C 1h 3h 6h 12h 24h 48h 72h 7d 14d 21d 28d0

3

6

9

12

15

B

Tempo

Expre

ssão a

ctina

(% p

ixel)

Figura 14. Expressão da α-actina em músculo gastrocnêmio de camundongos em diferentes

períodos após a injeção de 25 μg (A) e 75 μg (B) da peçonha de B. jararacussu. Os painéis

superiores mostram as bandas da actina e os painéis inferiores mostram a densitometria das

bandas detectadas em % pixel (unidade arbitrária de expressão). As colunas representam a média

EPM (n=5).

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A C 1h 3h 6h 12h 24h 48h 72h 7d 14d 21d 28d

B C 1h 3h 6h 12h 24h 48h 72h 7d 14d 21d 28d

Figura 15: Western blotting das subunidades 20Sα, 19S e 11S do proteossomo e da α-actina em

músculo gastrocnêmio de camundongos em diferentes períodos após a injeção de 25 μg (A) e 75

μg (B) da peçonha de B. jararacussu. A seqüência horizontal das bandas representa os intervalos

de pós-envenenamento, conforme indicado no topo de cada painel.

2.2. Tratamento com inibidor proteossômico (atividade e histologia)

Tendo em vista o perfil apresentado pela atividade proteossômica (ativada somente na

fase tardia pós-envenenamento), utilizamos um protocolo de tratamento com o inibidor em que

tentamos inibir o aumento da atividade proteossômica no 7º dia após o envenenamento, período

considerado crítico no que se refere às modificações histológicas e bioquímicas. A escolha da

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dose de inibição e a via de administração (10 μg/g de peso corporal, i.p.) baseou-se na literatura

(Holecek et al., 2006) e em testes piloto.

A atividade quimiotripsina proteossômica do músculo envenenado apresentou-se

significativamente diminuída após o tratamento com o inibidor proteossômico MG-132 quando

comparado ao grupo controle e ao grupo que recebeu somente a peçonha. Entretanto,

considerando que a redução observada foi semelhante àquela obtida no grupo controle + veículo,

parece que o inibidor não teve efeito significativo neste experimento (Fig. 16). De modo

semelhante, na análise histológica morfométrica os camundongos tratados com inibidor

mostraram redução na porcentagem de células regenerativas, porém uma redução igual também

foi observada no grupo peçonha + veículo, sugerindo mais uma vez que a diminuição ocorreu

pela ação do veículo (DMSO) (Figs. 16 e 18). Através da análise histológica qualitativa das

lâminas coradas com vermelho de picrosirius, foi observado que os grupos peçonha + veículo e

peçonha + inibidor apresentaram aumento na deposição do colágeno (Fig. 19), reforçando

novamente o efeito do veículo (DMSO) na regeneração muscular. A redução no peso dos

músculos observada nos camundongos tratados com peçonha não foi alterada pelo veículo ou

pelo inibidor (Fig. 17).

O MG-132 tem sido utilizado em diversos estudos tanto in vitro como in vivo, pela sua

potência e especificidade (Kisselev and Goldberg, 2001; Bonuccelli et al., 2003; Elliott et al.,

2003, Holecek et al., 2006). Por causa da interferência do DMSO, foram testados outros veículos

(PBS, Tris, azeite de oliva, Nujol®, -hidróxi- -ciclodextrina) para dissolver o inibidor

proteossômico MG-132, porém sem sucesso, pois o inibidor precipitava. Essas observações

indicam que para avaliar o papel do proteossomo na regeneração há necessidade de usar

inibidores com melhor solubilidade.

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C C +Veic Peç Peç + Veic Peç + Inib0

1

2

3

4

5

*

A

Tratamento

Ativid

ade q

uim

iotr

ipsin

a

(U/

g d

e p

rote

ína/m

in)

C C + Veic Peç Peç + Veic Peç + Inib0

15

30

45

60

75

B

**

Tratamento

% c

élu

las r

egenera

tivas

Figura 16. Efeito do tratamento com o inibidor proteossômico MG-132 na atividade da

quimiotripsina proteossômica (A) e na análise histológica morfométrica (B) de músculo

gastrocnêmio injetado com a peçonha de B. jararacussu (75 μg) ou PBS. O inibidor MG-132 (10

μg/g de peso corporal) ou o veículo (DMSO) foi aplicado i.p. no quinto e no sexto dia após a

injeção de peçonha (ou PBS) e no sétimo dia os camundongos foram sacrificados. A análise

histológica morfométrica foi feita contando o número de células regenerativas em relação ao

número total de células por campo (dezoito campos/camundongo) e o resultado foi expresso em

porcentagem. As colunas representam a média ± EPM (n=6). *p<0,05 comparado com o controle

(C) e com a peçonha (Peç.) (painel A) e *p<0,05 comparado com o controle (C), controle +

veículo (C + Veic.) e com peçonha (Peç.) (painel B) (ANOVA seguida pelo teste de Tukey).

C C+Veic Peç Peç + Veic Peç + Inib0

25

50

75

100

125

** *

Tratamento

% m

udança d

e p

eso

Figura 17. Variação do peso muscular no tratamento com o inibidor proteossômico MG-132 de

músculo injetado com a peçonha de B. jararacussu (75 μg) ou PBS. A variação de peso (%) foi

expressa em relação ao peso do músculo contralateral considerado como 100%. As colunas

representam a média ± EPM (n=6). *p<0,05 comparado com o controle (C) e controle + veículo

(C + Veic.) (ANOVA seguida pelo teste de Tukey).

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Figura 18. Aspecto histológico de músculo tratado com o inibidor proteossômico MG-132. (A) Controle: camundongos que

receberam PBS i.m. e veículo i.p., (B) músculo tratado com peçonha (75 μg), (C) peçonha + veículo, (D) peçonha + inibidor

proteossômico. r – células regenerativas. Coloração: Hematoxilina-eosina.

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Figura 19. Aspecto histológico de músculo tratado com o inibidor proteossômico MG-132. (A) Controle: camundongos que

receberam PBS i.m. e veículo i.p., (B) músculo tratado com peçonha (75 μg), (C) peçonha + veículo, (D) peçonha + inibidor

proteossômico. c – colágeno. Coloração: Vermelho de picrosirius.

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3. Proteases lisossomais e protease dependente de cálcio

3.1. Atividade das catepsinas (via lisossomal) e da calpaína (protease dependente de cálcio)

Outras vias representativas do catabolismo proteíco também foram analisadas neste

trabalho. As atividades das enzimas calpaína, catepsina B e catepsina H do músculo gastrocnêmio

tratado com 25 μg e 75 μg da peçonha de B. jararacussu estão representadas, respectivamente,

nas figuras 20 a 22.

Nos períodos iniciais (1, 3 e 6 h) após a injeção intramuscular da peçonha de B.

jararacussu, a única via ativada significativamente foi da protease dependente de cálcio

(calpaína) e somente na dose de 75 μg (Fig. 20). Nos períodos iniciais pós-envenenamento, as

catepsinas lisossomais não estavam ativadas e na dose maior principalmente, a catepsina H

apresentou-se inibida (Figs. 21 e 22).

Nas duas doses da peçonha, houve uma expressiva ativação das catepsinas B e H nos

períodos mais tardios de pós-envenenamento (48 h até 28 dias) (Fig. 21 e 22). Nos períodos de

ativação, a atividade da catepsina B mostrou-se duas vezes menor na dose de 75 μg em relação à

de 25 μg e o início da ativação ocorreu mais precocemente na dose menor (início da ativação em

48 h na dose menor e em 72 h na dose maior). Além disso, verificou-se certa ativação da

catepsina B nos músculos contralaterais na dose de 75 μg anteriormente à ativação do músculo

tratado (Fig. 21). Nos períodos de ativação, a atividade da catepsina H aumentou 1,5 vezes na

dose de 75 μg em relação à de 25 μg, sendo que o início da ativação também foi mais precoce na

dose menor (início da ativação em 72 h na dose menor e em 7 dias na dose maior). Na dose de 75

μg, a atividade da catepsina H apresentou-se inibida nas primeiras 48 h pós-envenenamento.

Adicionalmente, verificou-se certa ativação da catepsina H nos músculos contralaterais

anteriormente à ativação do músculo tratado, nas duas doses aplicadas (Fig. 22). Em todas as

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atividades proteolíticas analisadas, os músculos contralaterais dos animais controle e os músculos

controle injetados com PBS não apresentaram diferenças significativas (Figs. 20-22).

C 1h 3h 6h 12h 24h 48h 72h 7d 14d 21d 28d0.00

0.01

0.02

0.03

0.04

* **

Músculo injetado

Músculocontralateral

A

Tempo

Ativid

ade c

alp

aín

a

(mU

/g d

e p

rote

ína/m

in)

*

C 1h 3h 6h 12h 24h 48h 72h 7d 14d 21d 28d0.00

0.01

0.02

0.03

0.04

**

*

* *

Músculo injetado

Músculocontralateral

B

* * *

Tempo

Ativid

ade c

alp

aín

a

(mU

/g d

e p

rote

ína/m

in)

Figura 20. Atividade da calpaína em músculo gastrocnêmio de camundongos em diferentes

períodos após a injeção de 25 μg (A) e 75 μg (B) da peçonha de B. jararacussu. A atividade da

calpaína foi expressa em miliunidades de absorbância/μg de proteína/min (mU/μg de

proteína/min). As colunas representam a média EPM (n=6). *p<0,05 comparado com os

respectivos controles (ANOVA seguida pelo teste de Dunnett).

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50

C 1h 3h 6h 12h 24h 48h 72h 7d 14d 21d 28d0.0

0.5

1.0

1.5

2.0

Músculo injetado

Músculocontralateral*

**

*

A

* * *

Tempo

Ativid

ade c

ate

psin

a B

(U/

g d

e p

rote

ína/m

in)

C 1h 3h 6h 12h 24h 48h 72h 7d 14d 21d 28d0.0

0.5

1.0

1.5

2.0

Músculo injetado

Músculocontralateral

* **

**

B

Tempo

Ativid

ade c

ate

psin

a B

(U/

g d

e p

rote

ína/m

in)

****

*

Figura 21. Atividade da catepsina B lisossomal em músculo gastrocnêmio de camundongos em

diferentes períodos após a injeção de 25 μg (A) e 75 μg (B) da peçonha de B. jararacussu. A

atividade da catepsina B foi determinada utilizando substrato fluorogênico e expressa em

unidades de fluorescência/μg de proteína/min (U/μg de proteína/min). As colunas representam a

média EPM (n=6). *p<0,05 comparado com os respectivos controles (ANOVA seguida pelo

teste de Dunnett).

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C 1h 3h 6h 12h 24h 48h 72h 7d 14d 21d 28d0.0

0.5

1.0

1.5

2.0

2.5

3.0

*

* * * * *

Músculo injetado

Músculocontralateral

A

* * * * * * * *

Tempo

Ativid

ade c

ate

psin

a H

(U/

g d

e p

rote

ína/m

in)

C 1h 3h 6h 12h 24h 48h 72h 7d 14d 21d 28d0.0

0.5

1.0

1.5

2.0

2.5

3.0

* *

* ** *

Músculo injetado

Músculocontralateral

** * *

B

* *

** * *

Tempo

Ativid

ade c

ate

psin

a H

(U/

g d

e p

rote

ína/m

in)

Figura 22. Atividade da catepsina H lisossomal em músculo gastrocnêmio de camundongos em

diferentes períodos após a injeção de 25 μg (A) e 75 μg (B) da peçonha de B. jararacussu. A

atividade da catepsina H foi determinada utilizando substrato fluorogênico e expressa em

unidades de fluorescência/μg de proteína/min (U/μg de proteína/min). As colunas representam a

média EPM (n=6). *p<0,05 comparado com os respectivos controles (ANOVA seguida pelo

teste de Dunnett).

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DISCUSSÃO

O envenenamento por B. jararacussu é caracterizado por perda de massa muscular com

conseqüente deficiência funcional muscular (atrofia muscular) (Queiróz et al., 1984; Ribeiro e

Jorge, 1990; Milani et al., 1997; Ribeiro e Jorge, 1997; Jorge et al., 1999; Queiróz et al., 2002; da

Silva et al., 2003; Santo Neto et al., 2004). Embora diversos mecanismos tenham sido sugeridos

para explicar essa perda muscular, a causa exata ainda não foi estabelecida (Santo Neto et al.,

2004).

Em nossas condições experimentais, foi verificada diminuição no peso dos músculos

gastrocnêmio no período de regeneração (7-28 dias), sendo isso mais acentuado na dose maior da

peçonha injetada. Esses resultados, juntamente com as observações macroscópicas neste período

(musculatura reduzida e frágil), apontam para a perda de tecido muscular funcional. Apesar da

porcentagem de peso muscular não diferenciar tecido funcional de tecido fibroso e adiposo, ou

seja, não caracterizar a regeneração de maneira tão precisa como técnicas histológicas, é um

instrumento útil para verificar alterações na massa total do músculo (Gutiérrez et al., 1986b).

Por outro lado, a enzima creatina quinase (CK), que é abundante no citosol de fibras

musculares esqueléticas, é um indicador da lesão muscular do ponto de vista bioquímico. Após o

envenenamento, a membrana plasmática das fibras afetadas perde a capacidade de reter essa

enzima, liberando-a para a circulação sanguínea (Gutiérrez et al., 1991). O perfil da atividade

sérica de CK visto aqui, com pico em 3 h, está de acordo com outros estudos de peçonhas

botrópicas (Gutiérrez et al., 1991, 1995; Costa et al., 1999; Elias et al., 2002) e confirmou a

ocorrência de lesão na fibra muscular.

A análise histológica qualitativa neste estudo mostrou que a hemorragia e a mionecrose

são os eventos iniciais após a injeção da peçonha (Fase 1), devido provavelmente à ação direta de

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componentes da peçonha sobre a microvasculatura e sobre as fibras musculares, respectivamente.

As primeiras alterações observadas como indícios de mionecrose foram as lesões delta (espaços

triangulares nas fibras transversais, com a base do triângulo na membrana plasmática) seguida de

hipercontração dos filamentos (talvez em decorrência do rápido e incontrolado influxo de cálcio)

(Ownby e Colberg, 1988; Gutiérrez et al., 1991). Respostas semelhantes a essas já foram

descritas por outros autores (Queiróz et al., 1984; Gutiérrez et al., 1991; Gutérrez e Lomonte,

1995). Nas primeiras horas (1, 3 e 6 h), a hemorragia foi acentuada devido ao extenso dano que

essa peçonha provoca na microvasculatura local, mediante principalmente metaloproteinases

hemorrágicas (Queiróz et al., 1984; Gutiérrez et al., 1991; Santo Neto et al., 2004; Santo Neto e

Marques, 2005).

Na Fase 2, houve uma intensa reação inflamatória (na dose de 25 µg a partir de 12 h e na

de 75 µg a partir de 24 h) sendo de suma importância para a retirada do material necrosado

(Gutiérrez et al., 1991). Diversos autores destacam a presença de leucócitos polimorfonucleados

(principalmente neutrófilos) e posteriormente de macrófagos (Gutiérrez et al., 1984a, c; Gutiérrez

et al., 1990; Teibler et al., 2001; Teixeira et al., 2003b; Tidball, 2005). Gutiérrez e colaboradores

(1995) observaram massas de miofilamentos nos fagossomos dos macrófagos. Neutrófilos e

macrófagos são importantes para a regeneração muscular pois retiram o tecido necrótico que é

um pré-requisito para que ocorra regeneração e também liberam fatores miogênicos necessários

para a ativação das células satélites (Teibler et al., 2001; Teixeira et al., 2003b). Os mioblastos e

os miotubos encontrados nesta fase possuem a função de promover a miogênese e iniciar a

regeneração muscular (Godinho, 2006). A partir do sétimo dia (Fase 3), em ambas as doses, foi

possível observar a presença de células com o núcleo localizado centralmente, aspecto típico de

células regenerativas. Em todas as considerações citadas acima, o nosso modelo experimental de

envenenamento apresentou alterações histológicas e bioquímicas compatíveis com outros estudos

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com peçonhas botrópicas (Queiróz et al., 1984; Gutiérrez et al., 1991; Gutiérrez e Lomonte,

2003). Segundo Queiroz et al. (1984), a regeneração muscular depende da dose aplicada e, nos

nossos experimentos verificamos alterações teciduais mais marcantes com a dose de 75 µg da

peçonha, principalmente no que se refere a maior extensão da hemorragia e necrose, o que

poderia, de fato, prejudicar a regeneração (Gutiérrez et al., 1991; Santo Neto et al., 2004; Santo

Neto e Marques, 2005).

Neste estudo, também avaliamos as alterações nas fibras de colágeno nos músculos

tratados com 75 µg da peçonha de B. jararacussu, através da coloração com vermelho de

picrosirius. As alterações mais importantes no colágeno de músculos envenenados foram

observadas a partir de 24 h, quando se iniciou uma deposição dessa proteína próxima ao

infiltrado inflamatório (24 h a 72 h). É possível que essa deposição de colágeno esteja

relacionada à proliferação e ativação dos fibroblastos que são responsáveis pela biossíntese de

colágeno (Gutiérrez et al., 1984b; Teibler et al., 2001). O aumento expressivo na deposição de

colágeno a partir do sétimo dia pós-envenenamento provavelmente ocorreu devido à regeneração

parcial ocasionada pela peçonha e caracterizada pela presença de áreas com tecido fibroso, com

abundância de colágeno (Queiroz et al., 1984; Gutiérrez et al., 1985; Teibler et al., 2001). A

peçonha de B. jararacussu diminui o diâmetro de células regenerativas (Teibler et al., 2001), o

que poderia explicar a deposição de colágeno ao redor das células regenerativas, em uma

tentativa de reposição do tecido muscular, com conseqüente redução de sua capacidade funcional.

Pouco se sabe sobre a ativação de vias catabólicas endógenas que podem comprometer ou

beneficiar a lesão tecidual ou a regeneração completa do tecido. Diversas condições catabólicas

(septicemia, jejum, traumas, câncer e distrofias) têm como conseqüência o desgaste muscular

através do aumento excessivo da degradação de proteínas intracelulares (Jepton et al., 1986;

Hasselgren et al., 1986, 1989; Tiao et al., 1994; Voisin et al., 1996; Costelli e Baccino, 2003;

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Costelli et al., 2005). A estimulação das vias catabólicas lisossomal, proteossomal e das proteases

neutras dependentes de cálcio parecem prevalecer de diferentes maneiras nesses modelos de

desgaste (Wing e Goldberg, 1993; Combaret et al., 1996; Voisin et al., 1996). Entretanto, há

fortes evidências que a via proteolítica ubiquitina-proteossomo é a principal via responsável pela

degradação de proteínas intracelulares em mamíferos, incluindo as proteínas musculares de longa

vida, como a actina e a miosina (Furuno et al., 1990; Tiao et al., 1994; Attaix et al., 1998;

Hasselgren et al., 2002; Wyke et al., 2004; Tisdale 2005; Grillari et al., 2006), que representam

80% do total de proteínas musculares (Taillandier et al., 1996).

Ao investigar a atividade e expressão do proteossomo no envenenamento botrópico, nossa

hipótese inicial era de que a ativação desse sistema na fase crítica (aguda) de dano tecidual

pudesse contribuir para a perda de massa muscular observada no envenenamento botrópico. Essa

hipótese inicial baseou-se no fato de que a peçonha botrópica possui a capacidade de ativar

MMPs endógenas que degradam componentes da matriz extracelular, exacerbando o dano

tecidual (Saravia-Otten et al., 2004). Da mesma forma que a matriz extracelular sofre degradação

proteolítica durante o envenenamento, esse mesmo efeito é verificado nas fibras musculares.

Caso fosse comprovado o envolvimento do proteossomo, o uso clínico de inibidores dessa via

poderia contribuir no tratamento local do envenenamento botrópico, já que atualmente esses

inibidores estão sendo utilizados para o tratamento de diversas condições em que há uma

degradação excessiva de proteínas intracelulares (Kisselev e Goldberg, 2001; Bonuccelli et al.,

2003).

Entretanto, conforme demonstrado, as atividades proteossomais (caspase, tripsina e

quimiotripsina) apresentaram inibição no período de dano agudo (até 48 h após o

envenenamento) e aumento na fase de regeneração (7, 14, 21 e 28 dias). A redução na atividade

proteossômica nas primeiras 48 h pós-envenenamento nas duas doses testadas mostra que o

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proteossomo não é ativado pela peçonha botrópica, ao contrário da nossa hipótese inicial e do que

ocorre, por exemplo, com as metaloproteinases de matriz (MMPs) (Rucavado et al., 1998, 2002;

Saravia-Otten et al., 2004). A inibição proteossômica observada pode estar relacionada ao dano e

ruptura celular que comprometeriam a capacidade da célula em sinalizar proteólise

proteossômica. De fato, o proteossomo parece ter sua atividade inibida em outras situações

semelhantes a essa, como desordens inflamatórias e senescência em que há excesso de proteínas

danificadas e oxidadas (Kelvin et al., 2006). Um decréscimo na atividade do proteossomo

também ocorre quando há acúmulo de agregados de proteínas oxidadas insolúveis que não podem

ser degradadas pelo proteossomo e que inibem sua função (Osna e Donohue, 2007).

É interessante notar que a concentração de aminoácidos livres em músculos injetados com

peçonha mostrou um perfil muito semelhante ao das atividades do proteossomo (inibição das

atividades do proteossomo até 48 h e redução da concentração dos aminoácidos livres até 24 h;

após esses intervalos, as atividades proteôssomica e a concentração de aminoácidos

restabeleceram-se). Tal semelhança de perfis faz sentido tendo em vista que a via proteossômica

é o primeiro passo na degradação de proteínas intracelulares em peptídeos, que por sua vez

servem de substratos para uma variedade de peptidases que os degradam em aminoácidos livres.

Assim, a redução na atividade proteossômica resultaria, em última análise, na redução na

quantidade de aminoácidos livres (Ferro et al., 2004). É possível também que tenha ocorrido uma

perda de aminoácidos livres nas primeiras horas após o envenenamento como conseqüência do

dano à membrana plasmática muscular, de modo semelhante ao que ocorre com a CK muscular.

Nesse caso, o restabelecimento da concentração de aminoácidos na fase de regeneração (sete dias

para frente) ocorreria em função da recuperação do tecido.

Tendo em vista essa redução da atividade proteossômica na fase inicial de

envenenamento, decidimos usar o inibidor MG-132 para investigar o papel do proteossomo na

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regeneração muscular após injeção da peçonha de B. jararacussu. Neste caso, a hipótese era que,

na fase tardia, a ativação do proteossomo poderia atrapalhar a regeneração, por degradar

proteínas estruturais e contrácteis importantes para o metabolismo muscular, ou ainda, poderia ter

um papel benéfico na regeneração, permitindo a degradação de proteínas danificadas que

estariam atrasando esse processo. Conforme demonstrado pelos nossos resultados, o tratamento

com inibidor reduziu a atividade quimiotripsina, que é a principal atividade catalítica

proteossômica (Kisselev and Goldberg, 2001; Richardson et al., 2003), porém efeito semelhante

foi obtido também com o veículo (DMSO) sozinho. De modo semelhante, a análise das

alterações histológicas demonstrou que foi o veículo (DMSO) o responsável por diminuir a

porcentagem de células regenerativas e de aumentar a deposição de colágeno. O DMSO

contribuiu para a diminuição das células regenerativas possivelmente pela sua ação

antiinflamatória que atenuaria a liberação de citocinas e fatores pró-células satélites necessários

para a proliferação dessas células e a regeneração (Sojka et al., 1990; Cantini et al., 2002; Charge

e Rudnicki, 2004; Santo Neto et al., 2004). Da mesma maneira, ocorreria a reposição do tecido

muscular pela deposição de colágeno. Possivelmente o uso de outro inibidor proteossômico que

não dependa da solubilização em DMSO como, por exemplo, o PS-341 (Lucker et al., 2003;

Richardson et al., 2003), possa nos oferecer mais informações sobre a atuação do proteossomo na

regeneração muscular causada pelo envenenamento botrópico.

De acordo com a literatura, o aumento da atividade e expressão do proteossomo na fase

tardia pode estar relacionado ao seu papel regulador na proliferação e diferenciação dos

mioblastos (Ebisui et al., 1995; Duguez et al., 2003). Adicionalmente, a ativação poder estar

envolvida na degradação de miofibrilas danificadas ou na resposta imune de células inflamatórias

(Glickman e Ciechanover, 2002). Há também evidências indicando que o proteossomo é

responsável pela regulação e turnover de proteínas críticas envolvidas em grande variedade de

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funções celulares como ciclo celular, proliferação, morte celular, angiogênese, diferenciação, etc.

(Elliott et al., 2003); muitas dessas funções são necessárias para o processo de regeneração. O

aumento na expressão das subunidades 11S e 20Sα nos períodos de regeneração sugere que a

proteólise seja predominantemente independente de ATP, pois somente a partícula 19S é que

possui as subunidades de ATPase que fornecem energia para seu funcionamento (Soucy et al.,

1999).

Dessa forma, até o momento, não conseguimos estabelecer precisamente o papel do

proteossomo na fase de regeneração, entretanto podemos sugerir que o proteossomo não exerce

papel degradativo na fase inicial do envenenamento, pelo menos não a ponto de danificar o

músculo e contribuir para a perda de massa muscular. Como a via proteossômica parece não estar

envolvida na espoliação muscular após o envenenamento, expandimos a investigação para avaliar

a atividade da via lisossomal e da protease dependente de cálcio.

A única via proteolítica ativada nos primeiros momentos de dano (até 6 h após o

envenenamento) foi a calpaína na dose de 75 μg. Essa ativação provavelmente ocorreu devido ao

influxo de íons cálcio que ocorre após o envenenamento (Gutiérrez et al., 1984b, 1989; Gutiérrez

e Lomonte, 1995; Harris, 2003). Essa entrada maciça e descontrolada de cálcio é responsável,

entre outras alterações, pela ativação de enzimas citosólicas dependentes de cálcio (Trump e

Berezesky, 1995), entre elas as calpaínas. De uma forma geral, as calpaínas exercem um papel

mais regulatório que digestivo (Goll et al., 2003), e só desempenham função degradativa quando

a homeostase de cálcio citosólica está pertubada (Anderson et al., 1998; Tidball e Spencer, 2000),

o que parece estar de acordo com o nosso modelo em que há elevação da atividade nos tempos

iniciais com a dose maior da peçonha. O aumento da atividade da calpaína nos períodos de 14

dias e 28 dias pode estar correlacionado ao recrutamento de células satélites (Raynaud et al.,

2004), embora ainda não se sabe ao certo o papel das calpaínas em processos regenerativos.

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Da mesma forma que a via proteossômica, a via lisossomal (representada pelas catepsinas

B e H) também não foi ativada nos períodos iniciais após o envenenamento (até 24 h). Na

verdade, houve uma inibição da catepsina H lisossomal, principalmente na dose maior de

peçonha. As catepsinas possuem inibidores endógenos (cistatinas) que são capazes de inativar as

proteases que escaparam acidentalmente dos lisossomos (Turk et al., 2001). Devido aos danos

provocados pela peçonha, pode ter ocorrido a liberação de enzimas lisossomais que foram

prontamente inibidas pela célula para evitar mais danos, explicando assim a inativação da

catepsina H. Adicionalmente, componentes da peçonha poderiam inibir diretamente a atividade

lisossomal. Essa conclusão é apoiada pela descoberta de inibidores de serino e de cisteíno

proteases em peçonhas de elapídeos (conhecidos como cistatinas de peçonha), que poderiam

inibir as catepsinas lisossomais nessa fase inicial pós-envenenamento. Neste caso, as cistatinas

teriam a função de proteger as proteases da peçonha da inativação causada pelas proteases do

organismo envenenado (Mashiko e Takahashi, 2002). A presença de proteínas semelhantes em

peçonhas botrópicas ainda precisa ser confirmada.

Um evento bastante interessante foi a ativação das catepsinas B e H nos tempos tardios

(48 h até 28 dias). Em estudo semelhante ao nosso, com peçonha de Notechis scutatus (Faiz et

al., 1995), as catepsinas B e H também estiveram ativadas nestes períodos (catepsina B com pico

máximo em 48 h e catepsina H com pico em 72 h). É múltipla a origem celular dessas proteases

ácidas, podendo ser das fibras danificadas (Kominami et al., 1985), de células do infiltrado

inflamatório (Faiz et al., 1995; Teibler et al., 2001), ou até mesmo de células satélites (Kirschke

et al., 1983; Takeda et al., 1992). Alguns estudos de degeneração muscular induzida por toxinas

em que houve infiltração de neutrófilos e macrófagos indicaram que o aumento de proteases

ácidas está correlacionado com a liberação dessas enzimas por essas células fagocitárias (Pluskal

et al., 1978; Gutiérrez et al., 1986a; Gutiérrez e Lomonte, 1989; Faiz et al., 1995; Teibler et al.,

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2001). Outros modelos de miopatias sustentam essa hipótese, destacando que as catepsinas (B e

H) derivam especificamente de macrófagos (Ishiura et al., 1983; Kominami et al., 1984, 1985;

Kiyoshima et al., 1993). Ao mesmo tempo, as catepsinas estão ativadas durante a diferenciação e

fusão das células satélites e no remodelamento tecidual que ocorre na miogênese (Kirschke et al.,

1983; Ebisui et al., 1995; Faiz et al., 1995; Bechet et al., 1991, 2005; Duguez et al., 2003), e a

catepsina B, especificamente tem papel importante na proliferação e diferenciação de células

satélites de camundongos (Jane et al., 2002).

A análise histológica revelou grande quantidade de infiltrado inflamatório e de células

regenerativas nos períodos de ativação das catepsinas B e H, o que poderia justificar o aumento

das catepsinas nesses períodos. Dessa forma, as catepsinas poderiam auxiliar na remoção do

tecido necrótico (no caso de estarem presente nas células inflamatórias) e na regeneração

(presentes nas células regenerativas e nas células inflamatórias), isto é, teriam um papel benéfico

no envenenamento, e não degradativo. De fato, células inflamatórias são importantes tanto na

retirada do tecido necrótico quanto na regeneração (Teibler et al., 2001; Teixeira et al., 2003b).

Em alguns casos, observamos efeitos inesperados no músculo contralateral, especialmente

um aumento em algumas atividades proteolíticas (quimiotripsina, catepsina B e H). Essa ativação

diferencial de enzimas proteolíticas na musculatura contralateral pode ser uma conseqüência da

ação sistêmica de peçonhas botrópicas (Rosenfeld, 1971; Fan e Cardoso, 1995; Russell et al.,

1997; França e Málaque, 2003). Fenômeno semelhante também foi verificado com a peçonha de

N. scutatus (Faiz et al., 1995). A análise histológica desses músculos contralaterais permitiu

correlacionar aumento de infiltrado inflamatório com aumento da catepsina H. Infiltrados

inflamatórios são ricos em enzimas lisossomais como a catepsina H (Ishiura et al., 1983;

Kominami et al., 1984, 1985; Kiyoshima et al., 1993; Faiz et al., 1995). Além disso, algumas

citocinas liberadas no envenenamento (TNF-α e IL-6) têm ação sistêmica e poderiam estimular as

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atividades proteolíticas em outros tecidos, como normalmente verificado em situações como

queimados e septicemia (Tisdale, 2005; Argiles et al. 2006; Costelli et al., 2007).

Por fim, o conhecimento dos mecanismos envolvidos no dano provocado por peçonhas

botrópicas e do papel importante que as metaloproteinases e fosfolipases exercem nesse

fenômeno têm crescido muito nos últimos anos (Gutiérrez e Lomonte, 1995; Gutiérrez e

Rucavado, 2000; Gutiérrez e Lomonte, 2003; Gutiérrez e Ownby, 2003; Gutiérrez et al., 2005).

Por outro lado, o conhecimento do papel de algumas vias intracelulares, especialmente as

proteolíticas, no dano local ainda é restrito (Rucavado et al., 1998, 2002; Gutiérrez e Rucavado,

2000; Saravia-Otten et al., 2004). Conforme demostrado neste estudo, a peçonha de B.

jararacussu é capaz de alterar a atividade de várias vias proteolíticas, com perfis característicos.

Esta é a primeira demonstração de que essas vias proteolíticas estão relacionadas ao dano e à

regeneração muscular no envenenamento botrópico. A investigação da contribuição de cada uma

dessas vias poderá levar ao desenvolvimento de novas terapias para o tratamento do dano e/ou

regeneração local resultantes do envenenamento. A figura 23 mostra a relação das atividades

proteolíticas e as alterações histológicas encontradas neste estudo, enquanto a figura 24 sugere os

possíveis pontos de envolvimento dessas vias proteolíticas nas principais alterações causadas pelo

envenenamento botrópico.

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A FASE 1 FASE 2 FASE 3

Alterações histológicas

Hemorragiae mionecrose

Infiltrado inflamatório, miotubos e mioblastos

Células regenerativas

+

Calpaína Ca2+

+ ++

Catepsinas

Proteossomo

B FASE 1 FASE 2 FASE 3

Alterações histológicas

Hemorragiae mionecrose

Infiltrado inflamatório, miotubos e mioblastos

Células regenerativas

-

Catepsina H

-

Proteossomo

Figura 23. Esquema indicando a ativação (+) (painel A) e inibição (-) (painel B) das atividades

proteolíticas relacionadas às alterações histológicas deste estudo.

Fosfolipases Metaloproteinases

Mionecrose Hemorragia

Perda de massa muscular

Peçonha botrópica

Dano tecidual local

Lesão da membrana plasmática e influxo de cálcio

Inflamação

Retirada do tecido lesado

Ativação da miogênese

Regeneração

Calpaínas

Catepsinas Proteossomo

+

+ +

Figura 24. Esquema hipotético indicando as principais alterações teciduais que ocorrem no

envenenamento botrópico e as possíveis relações com as vias proteolíticas analisadas neste

estudo. A ativação das calpaínas provavelmente ocorre devido ao influxo de cálcio nas primeiras

horas após o envenenamento. A ativação mais tardia das catepsinas pode estar relacionada à

retirada do tecido lesado pelas células inflamatórias e/ou à remodelagem tecidual que ocorre na

regeneração. Também na fase mais tardia, a ativação do proteossomo pode estar relacionada a

diversas funções (ativação dos mioblastos, degradação de miofibrilas danificadas, resposta imune

de células inflamatórias e turnover de proteínas reguladoras críticas para a regeneração). A causa

da perda de massa muscular observada no envenenamento botrópico ainda não está totalmente

elucidada e pode ser que essas proteases estejam de alguma forma relacionada a essa regeneração

parcial. (+) indica ativação na atividade proteolítica.

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CONCLUSÕES

Os resultados obtidos nesta investigação indicam que:

1. A peçonha de B. jararacussu provoca alterações musculares caracterizadas por três fases:

fase 1 em que há dano tecidual (caracterizado por hemorragia, mionecrose e aumento de

CK sérico), fase 2 caracterizada pela presença de infiltrado inflamatório, mioblastos e

miotubos, e fase 3 em que ocorre a presença de células regenerativas.

2. A ativação da atividade e expressão do proteossomo na fase tardia do envenenamento

sugere sua participação na regeneração muscular.

3. O aumento da atividade da calpaína na fase inicial pós-envenenamento pode estar

relacionado ao dano celular.

4. A ativação das catepsinas nas fases de inflamação (fase 2) e regeneração (fase 3), parece

estar relacionada a esses processos importantes de pós-envenenamento.

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ANEXO

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