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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS CURSO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS RENATO CÉZAR DE MIRANDA FAUNA DE CHIRONOMIDAE (DIPTERA) DE CÓRREGOS DO CERRADO GOIANO UTILIZADOS NA CAPTAÇÃO DE ÁGUA PARA ABASTECIMENTO URBANO Aparecida de Goiânia 2013

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS

CURSO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS

RENATO CÉZAR DE MIRANDA

FAUNA DE CHIRONOMIDAE (DIPTERA) DE CÓRREGOS DO CERRADO GOIANO UTILIZADOS NA CAPTAÇÃO DE ÁGUA PARA ABASTECIMENTO URBANO

Aparecida de Goiânia

2013

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RENATO CÉZAR DE MIRANDA

FAUNA DE CHIRONOMIDAE (DIPTERA) DE CÓRREGOS DO CERRADO GOIANO UTILIZADOS NA CAPTAÇÃO DE ÁGUA PARA ABASTECIMENTO URBANO

Monografia apresentada à Universidade Estadual de Goiás como requisito parcial à obtenção do título de Licenciado em Ciências Biológicas.

Orientadora: Mª. Cecília Santiago do Carmo Araújo

Aparecida de Goiânia 2013

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS CURSO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS

Renato Cézar de Miranda

Fauna de Chironomidae (Diptera) de córregos do Cerrado Goiano utilizados na captação de água para abastecimento urbano

Monografia aprovada em ____/____/____ para obtenção do título de Licenciatura em Ciências Biológicas. Banca Examinadora:

_______________________________________ Mª. Cecília Santiago do Carmo Araújo

_______________________________________ M.ª Gislene Lisboa de Oliveira

_______________________________________

M.ª Carla Patrícia Pereira Alves

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DEDICATÓRIA

A minha família, fonte de motivação e apoio

na superação dos obstáculos.

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AGRADECIMENTOS

A minha orientadora Cecília Santiago do Carmo Araújo, pelo comprometimento,

apoio e dedicação.

Ao tutor Celso Pinto Soares Júnior pelas orientações e pela paciência em nos

acompanhar nos trabalhos de laboratório.

Aos amigos Inocêncio, Raúl, Rodrigo e Valmir pela oportunidade de compartilhar

novas experiências de aprendizagem.

A todos que direta ou indiretamente contribuíram para o êxito desta jornada

acadêmica.

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SUMÁRIO

LISTA DE TABELAS .................................................................................................... i

LISTA DE FIGURAS ................................................................................................... ii

LISTA DE APÊNDICES .............................................................................................. iii

RESUMO.................................................................................................................... iv

ABSTRACT ................................................................................................................. v

1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 1

2. OBJETIVOS ............................................................................................................ 5

2.1. Objetivo Geral .................................................................................................. 5

2.2. Objetivos Específicos ....................................................................................... 5

3. MATERIAL E MÉTODOS ........................................................................................ 5

3.1. Descrição da Área de Estudo ........................................................................... 5

3.2. Metodologia de Coleta ..................................................................................... 7

3.3. Análise de dados ............................................................................................ 10

4. RESULTADOS ...................................................................................................... 11

5. DISCUSSÃO ......................................................................................................... 15

6. CONCLUSÃO ........................................................................................................ 19

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................................... 21

APÊNDICE ................................................................................................................ 26

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Estações Amostrais (EA) a montante e a jusante de três Estações de

Captação de Água no Estado de Goiás.

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ii

LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Mapa de localização das três Estações de Captação de Água amostradas

no Estado de Goiás e seus respectivos municípios. 1 - EA M3; 2 - EA J3; 3 - EA M1;

4 - EA J1; 5 - EA M2; 6 - EA J2.

Figura 2: Riqueza de táxons a montante e a jusante de três estações de captação de

água em Goiás.

Figura 3: Abundância de insetos aquáticos a montante e a jusante de três estações

de captação de água em Goiás.

Figura 4: Representação gráfica da relação entre vazão e abundância taxonômica

fornecida pela correlação de Pearson de três estações de captação de água em

Goiás.

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LISTA DE APÊNDICES

Tabela 2: Caracterização física dos pontos de coleta a montante e a jusante de três

Estações de Captação de Água amostradas no Estado de Goiás.

Tabela 3: Variáveis físicas e químicas coletadas em córregos a montante e a jusante

de três Estações de Captação de Água amostradas no Estado de Goiás (Coord.

Geog.=Coordenadas Geográficas; Cond.= condutividade elétrica; Turb.= turbidez;

DO= oxigênio dissolvido; T= temperatura; Veloc.= velocidade média; Cor ap.=cor

aparente).

Tabela 4: Abundância total (N) e riqueza de táxons (S) amostrados em seis pontos,

no Ribeirão Sozinha (Goianápolis/GO; M1 e J1), no Ribeirão Palmital (Luziânia/GO;

M2 e J2) e no Córrego Caidor (Silvânia/GO; M3 e J3).

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RESUMO

A captação de água para abastecimento urbano diminui a vazão dos mananciais, o

que pode provocar alterações na estrutura das comunidades aquáticas,

especialmente em populações de insetos aquáticos. Por esta razão, este trabalho

teve como objetivo avaliar se a diminuição da vazão, em função da captação de

água para abastecimento urbano, altera a abundância e a riqueza de Chironomidae

(Diptera) a jusante, quando comparada a montante, em três córregos goianos. Com

este propósito, no período de estiagem de 2012, deu-se a mensuração de algumas

variáveis limnológicas e a coleta dos insetos aquáticos, a montante e a jusante dos

mananciais amostrados, utilizando-se de um amostrador Surber. Os insetos

coletados foram então triados e identificados até gênero. Em seguida, foi feito um

Teste t pareado, utilizando-se os dados logaritmizados de abundância e riqueza,

para testar se a abundância da fauna de Chironomidae foi alterada a jusante, em

relação a montante, não apresentando diferença significativa (t= 1,25; g.l.= 2; p=

0,33). O Teste t também não apresentou diferença significativa na avaliação da

riqueza de espécies (t= 0,86; g.l.= 2; p= 0,47). A partir dos resultados obtidos, bem

como os táxons identificados, observou-se que, para os mananciais amostrados, a

diminuição da vazão não alterou a abundância e a riqueza das comunidades de

Chironomidae. Supõe-se, então, que a captação de água para o abastecimento

urbano gerou pouco ou nenhum impacto na fauna aquática destes mananciais.

Palavras-chaves: vazão, abundância, riqueza, insetos aquáticos.

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ABSTRACT

The abstraction of water for urban supply decreases the flow of springs, which can

cause changes in the structure of aquatic communities, especially in populations of

aquatic insects. Therefore, this study aimed to assess whether the decrease in flow,

due to the abstraction of water for urban supply, alters the abundance and richness

of Chironomidae (Diptera) downstream compared to upstream, in three Goiás

streams. With this purpose, in the dry season of 2012, gave up the measurement of

some limnological and collection of aquatic insects, upstream and downstream of the

springs sampled using a Surber sampler. The insects collected were then sorted and

identified to genera. Then was made a paired t Test, using data logaritmizados of

abundance and wealth, to test whether the abundance of Chironomidae fauna was

altered downstream relative to upstream, no significant difference (t = 1.25 , g.l. = 2,

p = 0.33). The t Test also showed no significant difference in the evaluation of

species richness (t = 0.86, g.l. = 2, p = 0.47). From the results obtained, as well as

the taxa identified, it was observed that, for the springs sampled, reducing the flow

did not change the abundance and richness of Chironomidae communities. It is

assumed, then, that the abstraction of water for urban supply generated little or no

impact on the aquatic fauna of these springs.

Keyword: flow, abundance, wealth, aquatic insects.

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1. INTRODUÇÃO

Para além da magnitude territorial, o Cerrado contém significativa

biodiversidade, representada por uma grande variedade de espécies animais e

vegetais. Ainda assim, este bioma tem sido reservado à expansão das fronteiras

agrícolas nacionais, evidenciando-o como um dos biomas mais expostos à

degradação ambiental, em função dos processos de antropização (BRASIL, 2010).

Tais processos têm causado danos significativos às áreas protegidas, especialmente

à Reserva Legal (RL) e às Áreas de Preservação Permanente (APPs) das

propriedades rurais (NOGUEIRA, 2011).

A conversão de áreas de Cerrado para uso alternativo do solo,

especialmente para as atividades agropecuárias, reduz a cobertura vegetal nativa,

fragmenta habitats e leva à extinção de milhares de espécies animais e vegetais

(KLINK; MACHADO, 2005). Além disso, contribui para a formação de processos

erosivos e para a contaminação de mananciais (BRASIL, 2010). Nesse cenário, o

Cerrado é um ecossistema extremamente ameaçado, seja em função da expansão

das lavouras de soja, da pesca predatória, da criação de gado ou da extração de

madeira (SHIMANO, 2010).

A alteração dos ecossistemas aquáticos, como consequência destas

atividades, tem sido recorrente nas últimas décadas, o que tem provocado a

degradação dos mananciais hídricos (SOUTO et al., 2011). A retirada da vegetação

ripária tem favorecido o assoreamento dos cursos d’água (SHIMANO, 2010) e a

contaminação dos mananciais por agrotóxicos e fertilizantes (BARBOLA et al.,

2011), modificando significativamente os ambientes aquáticos no que diz respeito às

variáveis limnológicas (vazão, turbidez, pH, dentre outros aspectos). Estas

mudanças ocorrem em diferentes escalas, haja vista que os mananciais hídricos

refletem diretamente os processos de ocupação e uso do solo presentes no entorno.

As comunidades aquáticas, especialmente o grupo dos invertebrados, são

as que melhor retratam as alterações das condições ambientais. Estas comunidades

respondem rapidamente às alterações ocorridas no ambiente, seja através de

extinções locais e/ou do aumento dos táxons tolerantes, modificando a abundância

dos táxons presentes nos mananciais (SHIMANO, 2010). As comunidades

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biológicas destes mananciais são as grandes responsáveis por retratarem os efeitos

da ação do homem no ambiente local (CALLISTO; MORETTI; GOULART, 2001).

Bioindicadores, no entanto, são parâmetros quantitativos ou qualitativos,

de natureza biológica, que refletem as condições do ambiente num momento

determinado, em função de variações naturais ou perturbações do meio (CAIRNS;

PRATT, 1993). Os bioindicadores estão diretamente associados aos elementos

abióticos e são sensíveis às alterações causadas pelo homem (BAGLIANO, 2012).

Em geral, são aplicados em nível de indivíduo, população ou comunidade,

dependendo do interesse do estudo.

Por isso, a biota aquática presente nestes ecossistemas pode ser

utilizada como um bioindicador da qualidade da água. Tal uso é possível mediante o

emprego de técnicas de biomonitoramento, as quais vão retratar as alterações que

ocorrem no habitat, seja de caráter esporádico ou mesmo crônico, em função de

poluição cumulativa (BARBOUR; STRIBLING; KARR, 1995).

As espécies bioindicadoras são sensíveis à alteração de determinadas

variáveis, quer físicas, químicas ou ambientais, qualitativas ou meramente

quantitativas. Eventuais modificações no número, morfologia, fisiologia ou

comportamento da espécie poderá ser associado às mudanças nos limites da

variável considerada (JOHSON; WIEDERHOLM; ROSENBERG, 1993). Assim, o

emprego de bioindicadores, na mensuração de impactos ambientais, permite

identificar a presença de poluentes e estabelecer a forma como estes interagem com

a natureza. Isto ocorre porque os animais, as plantas e os micro-organismos reagem

de forma diferente às modificações do ambiente (SOUZA, 2001).

A qualidade de um bioindicador está relacionada à presença de

determinadas características. Dentre elas está a abundância numérica, ciclo de vida

relativamente longo, mobilidade limitada, distribuição cosmopolita, taxonomia

conhecida, baixa variabilidade genética e ecológica, e adequação para estudo em

laboratório (SILVA; QUEIROZ; TRIVINHO-STRIXINO, 2008). Por esta razão, o uso

de bioindicadores mostra-se mais eficiente do que o monitoramento convencional,

baseado em parâmetros físicos e químicos apenas (KARR, 1998). Parâmetros ex-

situ, por si só, não são suficientes para avaliar os ecossistemas aquáticos, que

devem ser analisados de forma holística, com base em organismos indicadores in-

situ (MOULTON, 1998).

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Entretanto, os métodos químicos apresentam algumas vantagens quando

comparados com os indicadores biológicos. Tais métodos são de fácil padronização,

detalham as mudanças temporais e são precisos na determinação dos agentes

contaminantes (PÉREZ, 1999). Já os indicadores biológicos retratam com mais

precisão os níveis e os efeitos dos poluentes no ecossistema, uma vez que abarcam

um período de tempo mais longo no monitoramento da qualidade da água (TUNDISI;

BARBOSA, 1995).

No Brasil, a Política Nacional de Recursos Hídricos, instituída pela Lei

Federal 9.433/97, privilegia a utilização de indicadores biológicos no

biomonitoramento dos corpos hídricos. Esta medida torna necessária a avaliação

permanente da comunidade biológica, a fim de se garantir a saúde e o bem estar da

população (SILVEIRA; QUEIROZ; BOEIRA, 2004).

Dentre os bioindicadores mais conhecidos, os macroinvertebrados

bentônicos são os mais utilizados para avaliar a qualidade da água e do sedimento.

Isto ocorre em função da sensibilidade dos macroinvertebrados a diversos fatores de

estresse ambiental, por exemplo, disponibilidade de oxigênio, turbidez, temperatura

e vários tipos de poluentes (QUEIROZ; SILVA; TRIVINHO-STRIXINO, 2008).

Os macroinvertebrados bentônicos são organismos macroscópicos, com

parte de seu ciclo de vida no substrato de ambientes aquáticos, refletindo a

diversidade e a distribuição em sistemas lóticos e lênticos (MANTOVANI, 2008).

Neste grupo estão inclusos os protozoários, os vermes, os crustáceos, os moluscos

e os insetos aquáticos (SILVEIRA; QUEIROZ; BOEIRA, 2004).

Estes organismos comportam-se como sentinelas, atuando no

monitoramento contínuo das condições ambientais dos sistemas aquáticos, sejam

na indicação de variações recentes ou ocorridas no passado (CALLISTO; MORETTI;

GOULART, 2001). Assim, alterações nos fatores abióticos relacionados a estes

ambientes, como vazão, temperatura, pH e luminosidade, são impactantes à fauna

aquática (RIBEIRO, 2011).

Dentre os macroinvertebrados bentônicos, os insetos aquáticos são o

grupo mais abundante e têm sido largamente utilizados para o monitoramento dos

ecossistemas aquáticos, inclusive em Protocolos de Avaliação Rápida (instrumentos

utilizados na análise integrada de sistemas aquáticos), por meio de índices métricos,

multimétricos e métodos multivariados (MOLTON, 1998). Em geral, os insetos

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aquáticos são de ampla distribuição e abundância e inclui um elevado número de

espécies, capazes de viver em ambientes preservados ou não (BRITO-JÚNIOR;

ABÍLIO; WATANABE, 2005).

Normalmente, em ambientes impactados, somente as espécies de insetos

que demandam níveis menores de oxigênio sobrevivem e conseguem se

desenvolver (MATSUMARA-TUNDISI, 1999), a exemplo dos dípteros da família

Chironomidae (Classe Insecta). Os organismos desta família estão adaptados a

ambientes poluídos, onde prevalecem substâncias húmicas e fúlvicas (substâncias

orgânicas), com baixa quantidade de oxigênio dissolvido (CAGNA, 2010).

Os insetos da família Chironomidae constituem o grupo de maior

ocorrência dentre os macroinvertebrados bentônicos e estão presentes em diversos

tipos de ambientes (BRITO-JÚNIOR; ABÍLIO; WATANABE, 2005). Este grupo é

altamente influenciado pelas condições do meio e, por vezes, são os primeiros a se

estabelecerem em determinadas áreas, dando início ao processo de colonização

(ABÍLIO et al., 2005).

A velocidade da água e a vazão são algumas das variáveis ambientais

que podem influenciar a estruturação das comunidades de insetos aquáticos (BISPO

et al., 2001), mesmo em relação a família Chironomidae. Alterações na vazão,

decorrentes das chuvas ou de interferências antrópicas, podem ocasionar a

desestruturação do sistema lótico. Sabe-se que o aumento da vazão eleva o

carreamento de sedimentos, detritos vegetais ou mesmo de organismos, diminuindo

a abundância de insetos (BISPO; OLIVEIRA, 1998). Ao contrário, ambientes

estáveis (do ponto de vista da vazão) tendem a apresentar boa estruturação das

comunidades de insetos, com elevação na sua densidade (BISPO et al., 2001), o

que pode favorecer uma diversidade maior de espécies.

Considerando o que foi exposto acima, este trabalho se propôs a avaliar

os impactos da diminuição da vazão na estruturação de comunidades de

Chironomidae (Diptera, Insecta). Sabe-se que a vazão dos córregos amostrados

diminui a jusante, em relação a montante, em função da instalação de Estações de

Captação de Água, pois, para o abastecimento público, faz-se necessário retirar

água do leito do córrego. Supõe-se então que a diminuição da vazão (a jusante da

captação) influencia a distribuição da fauna de Chironomidae, impactando a

composição e a diversidade desta comunidade.

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2. OBJETIVOS

2.1. Objetivo Geral

O objetivo geral deste trabalho foi avaliar os possíveis impactos na

distribuição da comunidade de Chironomidae, mediante a diminuição na vazão de

três córregos goianos em função da instalação de Estações de Captação de Água.

2.2. Objetivos Específicos

Os objetivos específicos deste trabalho foram:

I) Testar se a abundância e a riqueza de Chironomidae se modificam a

jusante, quando comparada a montante dos córregos amostrados, em

função da captação de água para abastecimento urbano;

II) Avaliar se a vazão dos córregos a jusante altera a distribuição da

comunidade de Chironomidae em relação a montante;

III) Registrar a composição da fauna de Chironomidae encontrada nos

córregos amostrados, considerando que estes ambientes são áreas

responsáveis pelo abastecimento de água de três cidades.

3. MATERIAL E MÉTODOS

3.1. Descrição da Área de Estudo

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As áreas tomadas para estudo foram o Córrego Caidor, no município de

Silvânia (GO); o Ribeirão Sozinha, no município de Goianápolis (GO); e o Ribeirão

Palmital, no município de Luziânia (GO).

Com uma área territorial correspondente a 2.345 km², o município de

Silvânia está localizado na porção sudeste do Estado de Goiás, nas coordenadas

geográficas 16º45’17.2” S e 48º40’10.2” W, na unidade geomorfológica conhecida

como Planalto Central Goiano, a uma altitude de 898m em relação ao nível do mar.

É neste município que se situa o Córrego Caidor, uma das áreas de estudo deste

trabalho.

O Córrego Caidor, manancial utilizado para captação de água pela

empresa Saneamento de Goiás S/A (SANEAGO), integra a Bacia Hidrográfica do

Rio Paranaíba, inserindo-se em uma região onde predominam os latossolos (solos

bem estruturados, pobres em nutrientes), os cambissolos (solos constituídos por

material mineral) e os gleissolos (solos ácidos, que apresentam abundância de

água). Na região predomina o clima tropical, sazonal, com duas estações bem

definidas (seca e chuvosa), destacando-se pela baixa umidade e por picos

pluviométricos de alta intensidade e curta duração (PROJETOS, 2008).

O município de Luziânia, com uma área territorial de 3.961 km², está

localizado às coordenadas geográficas 16º15’4.0” S e 47º55’38.8” W e insere-se na

Região Integrada de Desenvolvimento do Distrito Federal e Entorno. O município

também integra a Bacia Hidrográfica do Rio Paranaíba, da qual faz parte o Ribeirão

Palmital, manancial utilizado na captação de água para abastecimento da região. O

Ribeirão Palmital localiza-se paralelamente à Rodovia GO 040 e ocupa uma área de

66,37 km².

A região em que situa o município de Luziânia também é caracterizada

pelo predomínio do clima tropical, com duas estações bem definidas (seca e

chuvosa). O período chuvoso inicia-se no mês de outubro estendendo até o mês de

abril, sendo que os demais meses correspondem ao período seco (GOIÁS, 1994).

O município de Goianápolis possui área territorial de 162 km² e está

localizado às coordenadas geográficas 16º30’39.00” S e 49º 01’26.00” W, na

Mesorregião do Centro Goiano. O Ribeirão Sozinha, de onde é captada a água que

abastece o município, compõe o sistema hidrográfico da bacia do Rio Meia Ponte e

compreende uma área de aproximadamente 452 km².

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O clima na região de Goianápolis é tropical subúmido, com duas estações

bem definidas (seca e chuvosa), cuja média de temperatura varia de 29ºC a 33ºC,

para as máximas, e 14ºC a 20ºC, para as mínimas. No relevo prevalecem

superfícies planas e suavemente onduladas. O solo é composto por latossolos

vermelho, argissolos vermelho e vermelho-amarelo (solos constituídos por material

mineral e argila, profundos e bem drenados), cambissolos (solos constituídos por

material mineral), gleissolos (solos ácidos, que apresentam abundância de água) e

neossolos litólicos (solos muito rasos, não alagados, cuja rocha de origem está a

menos de 50 cm da superfície) (SOUZA, 2010).

As áreas estudadas compreendem regiões de intensa atividade agrícola e

pecuária, com destaques para a produção de soja, milho, feijão, tomate e leite. Estas

atividades impactam diretamente o meio ambiente rural, acentuando as pressões

sobre as Áreas de Preservação Permanente (APP) e, muitas vezes, acabam

comprometendo a qualidade dos ecossistemas aquáticos, seja em função dos

processos de assoreamento (mediante a supressão da mata ripária) ou da utilização

inadequada de defensivos agrícolas, levando à contaminação destes mananciais.

3.2. Metodologia de Coleta

Para a realização deste trabalho foi realizada uma coleta de material no

Córrego Caidor, em Silvânia (GO); no Ribeirão Palmital, em Luziânia (GO), e no

Ribeirão Sozinha, em Goianápolis (GO). A campanha ocorreu durante o período de

estiagem (seca), no mês de setembro de 2012.

As coletas foram realizadas a montante e a jusante do ponto de captação

de água da empresa de Saneamento de Goiás S/A (SANEAGO), em pontos

denominados de Estações Amostrais (EA), tornando possível a identificação de

alterações na fauna de Chironomidae nas áreas próximas a captação. No Ribeirão

Sozinha, os pontos de coleta foram a EA M1 (a montante da captação) e a EA J1 (a

jusante da captação). No Ribeirão Palmital, os pontos de coleta foram a EA M2 (a

montante da captação) e a EA J2 (a jusante da capitação). No Córrego Caidor, os

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pontos de coleta foram a EA "M3" (a montante da captação) e a EA "J3" (a jusante

da captação) (Tabela 1; Figura 1).

Tabela 1: Estações Amostrais (EA) a montante e a jusante de Estações de Captação de Água de três

municípios no Estado de Goiás.

Pontos de Coleta Estações Amostrais Coordenadas Geográficas

Ribeirão Sozinha

(MONTANTE)

EA M1 16º 29' 09.5" S

48º 59' 49.5" W

Ribeirão Sozinha

(JUSANTE)

EA J1 16º 30' 07.1" S

49º 00' 10.8" W

Ribeirão Palmital

(MONTANTE)

EA M2 16º 10' 48.1" S

47º 57' 02.1" W

Córrego Palmital

(JUSANTE)

EA J2 16º 13’ 41.78” S

47º 59’ 3.12” W

Córrego Caidor

(MONTANTE)

EA M3 16º 41' 53.7" S

48º 39' 37.9" W

Córrego Caidor

(JUSANTE)

EA J3 16º 42' 35.3" S

48º 38' 50.0" W

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Figura 1: Mapa de localização das três Estações de Captação de Água amostradas no Estado de

Goiás e seus respectivos municípios. 1 - EA M3; 2 - EA J3; 3 - EA M1; 4 - EA J1; 5 - EA M2; 6 - EA

J2.

As Estações Amostrais foram definidas considerando os locais que

podem refletir os impactos do entorno dos mananciais, inclusive quanto à alteração

na vazão, ou mesmo no nível de conservação. A EA M1 e a EA J1, no Ribeirão

Sozinha, apresentam uma pequena faixa de mata ciliar, com largura inferior a 30m,

circundada por atividades agropecuárias (Tabela 2, no apêndice). A EA M2 e a EA

J2 referem-se a áreas totalmente antropizadas, sem vegetação ripária, onde se

verifica a presença de algumas edificações nas Áreas de Preservação Permanente

(APPs) do Ribeirão Palmital (Tabela 2, no apêndice). Já a EA M3 e a EA J3 referem-

se respectivamente à área de uma represa antiga, construída no leito do Córrego

Caidor, e a um ponto a jusante da captação, com mata ciliar mais preservada

(Tabela 2, no apêndice).

Durante as coletas foram registrados parâmetros ambientais como

condutividade, oxigênio dissolvido (OD), pH, temperatura da água, sólidos totais

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dissolvidos (TDS) e vazão (Tabela 3, no apêndice). Para o cálculo da vazão utilizou-

se o método do flutuador, tendo como resultado o produto da velocidade média da

água por uma área de secção do manancial amostrado. Através destes parâmetros

foi possível verificar se a estrutura das comunidades de insetos sofreu influência em

função da alteração na vazão, bem como se as características naturais das águas

foram alteradas em decorrência do uso e ocupação do solo, e as possíveis

consequências destas alterações para a qualidade da água captada e tratada pela

SANEAGO.

Em relação ao ambiente foram observados aspectos como temperatura,

odor da água e do sedimento, largura e profundidade do curso d’água, tipo de

sedimento presente no leito do córrego, vegetação ciliar, condições das margens,

oleosidade e velocidade da água.

As coletas foram realizadas com a utilização de um amostrador Surber,

confeccionado em tela de nylon, de 250 micrômetros, com 30 centímetros de

diâmetro, por meio do revolvimento total do sedimento. A escolha deste

equipamento deu-se em função de sua adequação às características das áreas

objeto de estudo. Em cada EA foram coletadas cinco unidades amostrais, num raio

de 100 metros, considerando-se uma distância de 20 metros entre cada subamostra.

O material coletado foi acondicionado em potes plásticos, com formol a

4%, etiquetado e transportado ao laboratório para lavagem e triagem. Após a

triagem procedeu-se a montagem das lâminas, com que foi feito com a utilização do

meio de Hoyer (Trivinho-Strixino; Strixino, 1995). Em seguida, os organismos foram

contabilizados e identificados sob microscópio óptico, utilizando-se as chaves

taxonômicas; Trivinho-Strixino, Strixino (1995) e Trivinho-Strixino (2011).

3.3. Análise de dados

Para testar se a abundância da fauna de Chironomidae foi alterada a

jusante, em relação a montante, em função da captação de água para o

abastecimento dos municípios, foi realizado um Teste t pareado (ou para amostras

dependentes), que consiste em estabelecer níveis de semelhança ou de diferença

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para duas medidas na mesma amostra em momentos distintos. O Teste t é um teste

paramétrico (baseado em parâmetros da amostra), efetuado em grupos

dependentes, que tem como premissa a independência das observações, realizadas

em condições de normalidade (HUANG; PAES, 2009). O mesmo teste foi realizado

para a riqueza de táxons. A fim de corrigir a não normalidade (heterocedasticidade)

das variâncias, os dados brutos foram logaritimizados para a realização do Teste t.

A fim de avaliar se a vazão dos córregos a jusante alterou a distribuição

da comunidade de Chironomidae, quando comparada a montante, utilizou-se do

Coeficiente de Correlação de Pearson (r), a partir do qual foi possível verificar a

relação existente entre vazão e abundância (N) de indivíduos. O r de Pearson torna

possível estabelecer o grau de associação linear entre duas variáveis quantitativas,

indicando o nível de dependência entre elas. Este coeficiente varia de -1 a 1 e

quanto maior o seu valor, maior também é a relação entre as variáveis

consideradas, sendo que o valor zero aponta a inexistência de relação entre elas

(FILHO; JÚNIOR, 2009).

4. RESULTADOS

Ao todo foram identificadas 602 larvas de Chironomidae (Tabela 4, no

apêndice), distribuídas nas subfamílias Chironominae (tribos Chironomini e

Tanytarsini), Orthocladiinae e Tanypodinae, abrangendo um total de 64 táxons

(Figura 2; Tabela 4, no apêndice). Destas, 426 foram coletadas a montante e 176 a

jusante (Figura 3; Tabela 4, no apêndice).

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Figura 2: Riqueza de táxons de Chironomidae a montante e a jusante de três estações de captação de água em Goiás.

Figura 3: Abundância de Chironomidae a montante e a jusante de três estações de captação de água em Goiás.

Do total de larvas (N= 602) coletadas verificou-se a dominância da tribo

Chironomini e da subfamília Orthocladiinae, respectivamente, que juntos totalizaram

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73,1% (N= 440) dos espécimes identificados. Esta relação de dominância manteve-

se a jusante e a montante.

A montante, as larvas da subfamília Chironominae corresponderam a

40,1% dos espécimes coletados, enquanto que as subfamílias Orthocladiinae e

Tanypodinae apresentaram, respectivamente, 43% e 16,9% das larvas coletadas

(Tabela 4, no apêndice). Os táxons com maior representatividade foram Polypedilum

(Chironomini; 15%), Cricotopus (Orthocladiinae; 9,4%); Paraphaenocladius

(Orthocladiinae; 6,8%), Onconeura (Orthocladiinae; 5,6%) e Polypedilum (Tripodura)

(Chironomini; 5,16%; Tabela 4, no apêndice).

A jusante, as larvas da subfamília Chironominae corresponderam a 56,8%

dos espécimes coletados. Já as subfamílias Orthocladiinae e Tanypodinae

apresentaram, respectivamente, 25,6% e 17,6% das larvas coletadas. Para este

cenário, os táxons mais abundantes foram Polypedilum (Tripodura) (Chironomini;

9,6%), Thienemanniella (Orthocladiinae; 8,5%); Cryptochironomus (Chironomini;

7,9%), Cricotopus (Orthocladiinae; 5,7%) e Rheotanytarsus (Tanytarsini; 5,1%;

Tabela 4, no apêndice).

Dos mananciais amostrados o Ribeirão Palmital, em Luziânia (GO), foi o

que apresentou maior abundância de organismos, com 62,8% (N= 378) dos

espécimes. Esta relação foi mantida quando se considerou o somatório dos

organismos coletados a montante e a jusante de todos os mananciais. Para o

Ribeirão Palmital, a montante, prevaleceu as larvas da subfamília Orthocladiinae,

com 49% (N= 151) dos espécimes; a jusante as larvas da tribo Chironomini foram as

mais abundantes, com 32,4% (N= 23) dos espécimes.

Quanto à caracterização física dos pontos de coleta verificou-se que

todos eles apresentaram ambientes com indícios de degradação ambiental, como a

redução da vegetação ripária e a ocupação das Áreas de Preservação Permanentes

(APPs), em parte ou na sua totalidade, por campos de pastagem e agricultura. Para

os pontos amostrados, somente no Córrego Caidor, onde foram delimitadas as

estações amostrais EA M3 e EA J3 (Tabela 2, no apêndice), constatou-se a

presença de mata de galeria relativamente preservada. Para os tipos de substrato,

prevaleceram ambientes arenoso-pedregosos. Somente a jusante do Ribeirão

Palmital (EA J2) e a montante do Córrego Caidor (EA M3) prevaleceu o substrato do

tipo argiloso-folhoso.

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Dentre às variáveis físicas e químicas avaliadas, a condutividade, sólidos

totais dissolvidos (TDS), a vazão e o pH foram aquelas que apresentaram variações

mais expressivas. A condutividade variou de 3,78 μS/cm (EA M3) a 91,40 μS/cm (EA

M2); sólidos totais dissolvidos (TDS), de 20,79 mg/L (EA M3) a 502,70 mg/L (EA

M2); a vazão, de 0,16 m3/s (EA J3) a 7,43 m3/s (EA M1) e o pH, de 2,65 (EA J2) a

6,94 (EA M3). As variáveis físicas e químicas tomadas como referência para os

mananciais amostrados foram representadas na Tabela 3, no apêndice.

O Teste t pareado, utilizado para testar se a abundância da fauna de

Chironomidae foi alterada a jusante, em relação a montante, não apresentou

diferença significativa (t= 1,25; g.l.= 2; p= 0,33), ou seja, a abundância de

Chironomidae no trecho a jusante não diferiu da abundância no trecho a montante

das estações de captação de água. O Teste t pareado realizado na avaliação da

riqueza de espécies também não se modificou (t= 0,86; g.l.= 2; p= 0,47) a jusante.

O coeficiente de correlação de Pearson, utilizado para avaliar se a vazão

dos córregos a jusante alterou a estrutura da comunidade de Chironomidae, em

relação aos trechos de montante, indicou baixa relação entre vazão e o número de

indivíduos (r= -0,40), sugerindo que as duas variáveis não variam na mesma

direção. De acordo com o valor de r de Pearson, somente 16% da abundância

taxonômica é dependente da vazão (Figura 4).

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Figura 4: Representação gráfica da relação entre vazão e abundância taxonômica fornecida pela correlação de Pearson de três estações de captação de água em Goiás.

5. DISCUSSÃO

Em ambientes de água doce, a fauna de Chironomidae é uma das que

apresenta maior abundância e riqueza, especialmente em riachos (SANSEVERINO;

NESSIMIAN, 2008). Este grupo habita diferentes tipos de substratos, se alimenta de

diferentes itens alimentares (SANSEVERINO; NESSIMIAN, 2008), e consegue

sobreviver sob condições variadas (PINDER, 1986). Além disso, a estruturação das

assembleias de Chironomidae é influenciada pelas características físicas, químicas

e biológicas do ambiente (ABÍLIO et al., 2005). A maioria dos organismos desta

família é herbívora, detritívora e raspadora (MAZÃO, 2009), o que confere um

importante papel na ciclagem de nutrientes e no fluxo de energia ao longo da cadeia

alimentar (SIMIÃO-FERREIRA et al., 2009). Todas estas características tornam as

larvas de Chironomidae essenciais à limnologia (BRITO-JÚNIOR; ABÍLIO;

WATANABE, 2005), especialmente enquanto indicadoras do estado de conservação

ou degradação de mananciais (ARAÚJO, 2011).

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Para o estudo em questão, a prevalência da subfamília Chironominae se

justifica, tendo em vista que os indivíduos deste grupo sobrevivem em ambientes

com diferentes faixas de pH (PINDER, 1986) e tipos de substratos. A subfamília

Chironominae, especialmente a tribo Chironomini, apresenta alta concentração de

hemoglobina e afinidade pelo oxigênio extracelular (ARAÚJO, 2011), além da

capacidade de tamponamento de hemoglobina (PINDER, 1986).

Tais características conferem a esta subfamília maior tolerância às

variações de pH, oxigênio e ao teor de matéria orgânica (ARAÚJO, 2011),

permitindo a sua sobrevivência em ambientes diversos, sob condições adversas à

maioria dos seres vivos. Esta condição justifica a presença e a dominância de

Chironominae nos mananciais estudados, em que as Estações Amostrais (EAs),

apresentaram variações expressivas para condutividade, sólidos totais dissolvidos

(TDS) e pH (Tabela 3, no apêndice). A exemplo disso, tem-se a abundância de

organismos da tribo Chironomini na Estação Amostral M2 (montante do Ribeirão

Palmital, pH= 3,05), que são tolerantes a ambientes ácidos (PINDER, 1986).

Larvas da subfamília Orthocladiinae também conseguem sobreviver em

habitats variados, seja em água corrente ou não (TRIVINHO-STRIXINO, 2011).

Estas larvas tendem a prevalecer em substratos pedregosos, haja vista o

desenvolvimento de adaptações morfológicas (corpo pequeno, pseudópodos bem

desenvolvidos, procercos posteriores longos) adequadas a estes ambientes

(TAKEBE, 2009). Estas características explicam a dominância de organismos desta

família no Ribeirão Palmital (EA M2), onde predominou o substrato arenoso-

pedregoso tipo cascalho (PINDER, 1986).

Os táxons Polypedilum e Cricotopus, abundantes a montante e a jusante,

apresentam, de modo geral, ampla distribuição geográfica, seja em ambientes

lênticos ou lóticos (TRIVINHO-STRIXINO, 2011). Suas larvas são resistentes à

poluição ambiental e, portanto, muito comuns de serem encontradas em locais com

índices elevados de TDS e condutividade elétrica (ARAÚJO, 2011). Estas

características explicam a abundância dos táxons Polypedilum e Cricotopus na EA

M2 (montante do Córrego Palmital) e do táxon Polypedilum na EA J3 (jusante do

Córrego Caidor).

As larvas do táxon Paraphaenocladius predominaram na EA M2

(montante do Ribeirão Palmital), embora a ocorrência destas larvas não seja tão

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comum (TRIVINHO-STRIXINO, 2011). A maioria das larvas de Onconeura também

foi registrada a montante deste Ribeirão, possivelmente em função das

características do substrato, arenoso-pedregoso tipo cascalho (TRIVINHO-

STRIXINO, 2011).

As larvas de Thienemanniella, aptas a viverem em ambientes poluídos

(SIMIÃO-FERREIRA et al., 2009), mostraram-se abundantes na EA J2 (jusante do

Ribeirão Palmital), que, dos mananciais amostrados, apresentou um dos índices

mais expressivos de TDS (369,05 mg/L), sugerindo elevada quantidade de

componentes químicos dissolvidos na água, o que mostra-se como um indicativo

para a poluição de mananciais (EMBRAPA, 2011). Corroborando esta tese, estas

larvas não foram coletadas na EA M3 e na EA J3 (estações amostrais do Córrego

Caidor), onde se constatou os memores índices de TDS.

A maioria das larvas do táxon Cryptochironommus (65%), típicas de

substratos arenosos (TRIVINHO-STRIXINO, 2011) e também aptas a ambientes

poluídos (BARBOLA et al., 2011), foi encontrada na EA J1 (jusante do Ribeirão

Sozinha). Contudo, estas larvas estiveram ausentes na EA M3 (montante do

Córrego Caidor), com baixo teor de TDS, e na EA J2 (jusante do Ribeirão Palmital),

de substrato arenoso-folhoso.

Larvas de Rheotanytarsus, que vivem aderidas a diferentes tipos de

substratos (TRIVINHO-STRIXINO, 2011), especialmente em pedras e em locais de

correnteza, foram encontradas em maior abundância na EA M1 (montante do

Ribeirão Sozinha) e na EA M2 (montante do Ribeirão Palmital). Dentre os

mananciais amostrados, a EA M1 foi a que apresentou maior vazão (7,43 m3/s),

indicando um ambiente de correnteza. Para estas estações amostrais prevaleceu o

substrato do tipo arenoso-pedregoso, favorável a este táxon especialmente para a

construção de casulos. A combinação destas características indica um ambiente

propício à colonização por larvas de Rheotanytarsus, que normalmente vivem

aderidas a pedras, em ambientes de correnteza, onde a velocidade da água é maior

(ANJOS; TAKEDA; PINHA, 2011).

Numericamente a montante, a abundância da fauna de Chironomidae foi

maior que a da jusante (M= 426 e J= 176). Entretanto, o Teste t pareado mostrou

que, nas estações de captação de água, o trecho a jusante não diferiu do trecho a

montante, em relação à abundância (t= 1,25; g.l.= 2; p= 0,33) e à riqueza (t= 0,86;

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g.l.= 2; p= 0,47), assim como a correlação de Pearson feita entre vazão e

abundância taxonômica, indicando que a baixa relação (r= -0,40) entre estes dois

parâmetros não é expressiva. Estes resultados, embora não possam ser

sustentados por trabalhos equivalentes, sugerem que a diminuição da vazão, em

função da captação de água para o abastecimento urbano, não impactou a

distribuição destas comunidades.

Sob esta perspectiva o resultado deste trabalho mostrou-se positivo e

contrasta com trabalhos com o mesmo delineamento amostral, mas envolvendo

Estações de Tratamento de Esgoto (ETEs). Estudos realizados em córregos do

Estado de Góias, relacionados ao efeito de efluente orgânico sobre a comunidade

de insetos aquáticos (ARAUJO, 2011) e sobre a relação do enriquecimento orgânico

de ambientes aquáticos com a estruturação de assembleias de Chironomidae

(SIMIÃO-FERREIRA et al., 2009), demonstraram que o efeito de uma ETE é

extremamente danoso à fauna aquática. Estes estudos evidenciaram que, nos

córregos utilizados para o lançamento de efluentes orgânicos, a fauna tendeu à

homogeneização, apresentando um boom na abundância de Chironomidae e na

redução da riqueza de espécies a partir da eliminação de táxons sensíveis à

poluição.

Percebe-se assim que o funcionamento de ETEs gera um impacto muito

maior nos mananciais do que as Estações de Captação de Água para o

abastecimento urbano. Em um país como o Brasil, de crescimento populacional

contínuo, em que a demanda por água potável é crescente, estes resultados, ao

mesmo tempo em que são animadores, também são preocupantes. Se, por um lado,

a ampliação no número de Estações de Captação de Água pode representar pouco

ou nenhum impacto à fauna aquática, pelo menos em termos de vazão dos

mananciais, por outro, o lançamento de efluentes nos cursos hídricos pode

ocasionar graves problemas ambientais, inclusive na redução da oferta de água

potável.

Se para este estudo a vazão não foi um fator relevante, ao contrário,

Mazão (2009), ao estudar a influência da complexidade do substrato e do

mesohabitat sobre a fauna de Chironomidae em riachos do Brasil Central, constatou

que a vazão influenciou a composição das comunidades. O aumento da vazão,

especialmente na estação chuvosa, contribui para o carreamento de substrato,

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diminuindo a abundância das larvas de Chironomidae (Mazão, 2009). Já a

diminuição da vazão, comum nos períodos de seca, favorece a estabilização do

ambiente e pode contribuir para o aumento destas larvas (Mazão, 2009). Entretanto,

o mesmo estudo também não identificou relação entre vazão e riqueza.

A vazão natural, no leito de remansos e corredeiras, está associada à

diferenciação de habitats, à oferta de nutrientes e à disponibilidade de matéria

orgânica (MAZÃO, 2009). Maior vazão pode ocasionar a mistura do substrato e

alterar a estrutura das comunidades, seja em relação à abundância e/ou à riqueza

(SANSEVERINO; NESSIMIAN, 2008). O aumento do volume de água diversifica os

ambientes (maior número de habitats disponíveis) e favorece a colonização do

sedimento por uma quantidade maior de organismos (CALISTO; MORETTI;

GOULART, 2001).

Ainda assim, o aumento da vazão tende a desestabilizar os sistemas

lóticos, uma vez que a turbulência da água revolve o substrato, favorecendo o

carreamento de organismos (BISPO et al., 2001). Ambientes com baixa vazão

tendem a estabilidade, com uma melhor estruturação da fauna aquática (BISPO et

al., 2001). Em tais condições a estrutura das comunidades (abundância e riqueza)

não seria afetada, tal como ocorreu com os mananciais estudados neste trabalho,

quando da comparação entre montante e jusante. Neste sentido, a captação de

água para o abastecimento urbano reduziu a vazão natural dos riachos a jusante

dos ambientes aquáticos amostrados, mas não ao ponto de alterar a distribuição da

fauna, como se previa anteriormente.

6. CONCLUSÃO

A captação de água para abastecimento urbano nos córregos amostrados

não impactou a estruturação das comunidades de Chironomidae a jusante, quando

comparada a montante, em termos de riqueza e abundância. Nestes mananciais a

alteração da vazão não se mostrou impactante para alterar a composição das

comunidades a jusante e a montante, inclusive quanto à abundância taxonômica.

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A partir desta observação pode-se inferir que, nestes locais, a riqueza e a

abundância da fauna de Chironomidae foram determinadas por outras variáveis,

possivelmente associadas às características do ambiente, especialmente em relação

ao tipo de substrato. Conclui-se então que a captação de água para o abastecimento

urbano é pouco impactante a fauna aquática, ao contrário das Estações de

Tratamento de Esgoto (ETEs), que modificam o ambiente e alteram a composição

da fauna, especialmente as comunidades de insetos aquáticos.

A fauna de Chironomidae, que foi o objeto deste estudo, é um importante

bioindicador da qualidade das águas continentais, em função de suas características

biológicas. Estes organismos vivem em diferentes tipos de substratos e sua dieta

alimentar é variada, composta por vários itens. Além disso, são tolerantes a

variações nas condições ambientais, como pH, temperatura, condutividade, oxigênio

dissolvido, dentre outras, o que lhes permite sobreviver em ambientes preservados

ou degradados (poluídos).

Os resultados alcançados explicam parte da estruturação destas

comunidades. Contudo, isso não significa que este trabalho possa ser utilizado na

explicação de situações similares, sem a necessidade da realização de estudos

complementares, haja vista que as comunidades aquáticas estão sujeitas aos efeitos

de outras variáveis, que merecem mais estudos. Além disso, por mais eficientes que

sejam os modelos estatísticos empregados, não se pode ignorar a interdependência

da vazão em relação a outras variáveis, cujo grau de associação não se pode

mensurar.

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APÊNDICE

Tabela 2: Caracterização física dos pontos de coleta a montante e a jusante de três Estações de Captação de Água amostradas no Estado de Goiás.

Pontos de Coleta Substrato Vegetação Profundidade

(m)

Largura

(m)

Ribeirão Sozinha

(MONTANTE - M1)

Arenoso-pedregoso Campo de pastagem 0,24 6,00

Ribeirão Sozinha

(JUSANTE - J1)

Arenoso-pedregoso

(cascalho)

Campo de pastagem;

Agricultura

0,35 5,20

Ribeirão Palmital

(MONTANTE - M2)

Arenoso-pedregoso

(cascalho)

Campo de pastagem;

Agricultura

0,10 3,70

Córrego Palmital

(JUSANTE - J2)

Argiloso-folhoso Campo de pastagem;

Agricultura

0,40 2,00

Córrego Caidor

(MONTANTE - M3)

Argiloso-folhoso Mata de Galeria;

Campo de pastagem

0,30 2,30

Córrego Caidor

(JUSANTE - J3)

Arenoso-pedregoso Mata de Galeria;

Campo de pastagem

0,20 1,10

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Tabela 3: Variáveis físicas e químicas coletadas em córregos a montante e a jusante de três Estações de Captação de Água amostradas no

Estado de Goiás (Coord. Geog.=Coordenadas Geográficas; Cond.= condutividade elétrica; Turb.= turbidez; DO= oxigênio dissolvido; T=

temperatura; Veloc.= velocidade média; Cor ap.=cor aparente).

Pontos de

Coleta

Coord. Geog. Cond.

(μS/cm)

Turb.

(NTU)

DO

(mg/L O2)

T

(ºC)

TDS

(mg/L)

Veloc.

(m/s)

Vazão

(m3/s)

pH Cor ap.

(U.C)

EA M1 16º 29' 09.5" S

48º 59' 49.5" W

23,51 18,5 6,80 22 129,30 0,86 7,43 6,10 52

EA J1 16º 30' 07.1" S

49º 00' 10.8" W

25,34 22 139,37 0,71 6,72 6,54

EA M2 16º 10' 48.1" S

47º 57' 02.1" W

91,40 14,43 5,30 26 502,7 0,64 0,87 3,05 42,3

EA J2 16º 13’ 41.78” S

47º 59’ 3.12” W

67,10 22 369,05 0,41 0,65 2,65

EA M3 16º 41' 53.7" S

48º 39' 37.9" W

3,78 13 4,5 23 20,79 0,52 0,82 6,94 40

EA J3 16º 42' 35.3" S

48º 38' 50.0" W

4,03 22 22,165 0,68 0,16 6,52

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Tabela 4: Abundância total (N) e riqueza de táxons (S) amostrados em seis pontos, no Ribeirão Sozinha

(Goianápolis/GO; M1 e J1), no Ribeirão Palmital (Luziânia/GO; M2 e J2) e no Córrego Caidor (Silvânia/GO; M3 e J3).

MONTANTE JUSANTE

TÁXONS M1 M2 M3 N Total J1 J2 J3 N Total

Ordem Diptera

Chironomidae

Chironominae

Chironomini N.I. 1 1 2 4 6

Beardius 2 2

Chironomus 2 2 1 1

Chironomus sp1 1 1

Chironomus sp2 1 1

Cladopelma 1 1

Cryptochironomus 3 1 4 13 1 14

Cryptochironomus (?) 2 2

Endotribelos 1 1 2

Endotribelos sp1 1 5 6 1 3 2 6

Endotribelos sp2 2 2 1 1 2 4

Endotribelos sp3 2 1 3 1 1 2

Aff. Fissimentum 1 1

Aff. Goeldichironomus 1 1

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MONTANTE JUSANTE

TÁXONS M1 M2 M3 N Total J1 J2 J3 N Total

Paratendipes 2 2

Aff. Paratendipes 1 1

Polypedilum 1 54 9 64 1 4 17 22

Polypedilum (?) 1 1 1 1

Polypedilum (Tripodura) 2 17 3 22 3 11 3 17

Polypedilum gr. fallax 2 1 3 1 1 2

Saetheria (?) sp2 1 1

Stenochironomus 4 5 2 11 3 3

Tanytarsini N.I. 1 2 3 2 2

Caladomyia 1 1 1 1

Cladotanytarsus 1 1

Rheotanytarsus 8 8 16 7 2 9

Stempellina 1 1

Stempellinella 1 5 6

Tanytarsus 1 14 15 1 3 4

Orthocladiinae N.I. 3 11 7 21 1 1 2 4

Corynoneura 1 44 45

Cricotopus 3 32 5 40 2 2 6 10

Lopescladius 3 2 5

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MONTANTE JUSANTE

TÁXONS M1 M2 M3 N Total J1 J2 J3 N Total

Nanocladius 1 3 4 6 1 7

Onconeura 23 1 24 1 1

Paracladius 2 2

Paracladius(?) 2 2 1 1

Parametriocnemus 5 2 7 1 1

Parametriocnemus (?) 2 2

Paraphaenocladius 29 29 2 2

Paraphaenocladius (?) 1 1

Thienemanniella 3 3 15 15

Thienemanniella (?) 1 1

Ubatubaneura 1 1

Tanypodinae N.I. 3 1 4 1 2 3

Ablabesmyia 1 1

Ablabesmyia (karelia) 3 10 13 1 1

Ablabesmyia (karelia) (?) 1 1

Djalmabatista 9 9 1 1

Fittkauimyia 3 3

Fittkauimyia (?) 1 1

Hudsonimyia 3 3 1 2 3

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MONTANTE JUSANTE

TÁXONS M1 M2 M3 N Total J1 J2 J3 N Total

Labrundinia 4 4

Larsia 2 3 1 6 2 4 6

Larsia (?) 1 1 2

Aff. Larsia 1 1

Nilotanypus 7 7

Nilotanypus (?) 2 2

Paramerina 1 1

Parapentaneura 8 8 1 1

Pentaneura 1 2 3 6 2 4 2 8

Thienemannimyia gr. 1 1 1 3 2 2

Thienemannimyia gr. (?) 1 1 1 1

Zavrelimyia 1 1

TOTAL 44 307 75 426 41 71 64 176

S Gêneros 19 31 19 41 15 20 23 35