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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ CENTRO DE ESTUDOS SOCIAIS APLICADAS CURSO DE GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO VANESSA MARIA VASCONCELOS VERAS ESTRATÉGIAS DE INOVAÇÃO: UM ESTUDO DA PRIMEIRA CONSULTORIA DE RESPONSABILIDADE SOCIAL DO CEARÁ FORTALEZA – CEARÁ 2014

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ

CENTRO DE ESTUDOS SOCIAIS APLICADAS

CURSO DE GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO

VANESSA MARIA VASCONCELOS VERAS

ESTRATÉGIAS DE INOVAÇÃO: UM ESTUDO DA PRIMEIRA

CONSULTORIA DE RESPONSABILIDADE SOCIAL DO CEARÁ

FORTALEZA – CEARÁ

2014

VANESSA MARIA VASCONCELOS VERAS

ESTRATÉGIAS DE INOVAÇÃO: UM ESTUDO DA PRIMEIRA CONSULTORIA DE

RESPONSABILIDADE SOCIAL DO CEARÁ

Monografia apresentada ao curso de Graduação em Administração do Centro de Estudos Sociais Aplicados da Universidade Estadual do Ceará como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em Administração.

Orientador: Professor Me. Diego Rodrigues Holanda

FORTALEZA – CEARÁ 2014

Ao Espírito Santo Divino.

AGRADECIMENTOS

Primeiramente agradeço a Deus pelo dom da vida. Por me proporcionar tantos

momentos de aprendizagem e sabedoria, por colocar tantas pessoas importantes no

meu caminho e iluminá-lo ainda mais. A sua presença foi essencial em todo essa

longa caminhada e agora será ainda mais, pois decisões mais importantes virão a

ser tomadas.

Aos meus pais, Iran e Fausta, que independente das minhas escolhas sempre me

apoiaram e me deram ânimo para alcançar os meus sonhos. Estiveram comigo a

cada passo dado, a cada vitória ou derrota e sempre mostraram a mim e a minha

irmã, Maria Eduarda, os verdadeiros valores dessa vida. Também agradeço aos

meus amigos, os quais são poucos, mais de uma imensa importância a minha vida

pessoal e profissional.

Agradeço a Universidade Estadual do Ceará por fazer parte da minha formação,

através do compartilhamento do conhecimento dos professores dessa entidade,

alguns deles sempre estarão em minha mente. Em especial, ao meu professor,

orientador desse trabalho e amigo, Diego Rodrigues Holanda, o qual compartilhou

comigo parte do seu conhecimento e que foi fundamental para a conclusão desse

trabalho. A Empresa Júnior de Administração da UECE, ADM Soluções, por também

me proporcionar tantos momentos de aprendizagem e por me engrandecer como

profissional da Administração.

Por último, gostaria de agradecer a empresa que me disponibilizou espaço e

possibilitou a realização e a concretização desse trabalho. A todos os colaboradores

da organização que cooperaram, em especial ao Maiso Dias, que desde o começo

me incentivou e apoiou as minhas ideias.

RESUMO

Muitas empresas se autodenominam inovadoras, porém será que suas práticas e

processos correspondem a de empresas inovadoras? Sendo assim, esse estudo

tem como propósito geral analisar as etapas que envolvem o processo estratégico

de uma consultoria pioneira especializada em Responsabilidade Social no estado do

Ceará e como objetivos específicos realizar a análise do processo empreendedor da

fundação de uma empresa de Consultoria, identificar se as características da

empresa estudada corroboram com as citadas na revisão teórica, analisar o

planejamento da estratégia da empresa de consultoria e analisar as possíveis

barreiras existentes na execução da estratégia. A metodologia utilizada

primeiramente foi a pesquisa bibliográfica, o qual se baseou no estudo de artigos

científicos, dados de instituições renomadas e livros que tratavam das

características e estratégias de empresas inovadoras, logo após o levantamento

teórico as entrevistas foram elaboradas e aplicadas com os colaboradores da

empresa estudada. Os achados indicam que a organização estudada possui de

forma adaptada a sua realidade, todas as características estratégicas de uma

empresa do Oceano Azul: ela criou espaços de mercado inexplorados, tornou a

concorrência irrelevante na gestão interna, criou e capturou uma nova demanda,

rompeu o trade-off entre valor e custo e alinhou todo o seu sistema de atividades em

busca da diferenciação e baixo custo. Entretanto não foram encontradas as

possíveis barreiras intrínsecas a execução estratégica levantadas pela teoria, o que

não a descaracteriza como uma empresa inovadora, mas que pode tornar essa

ausência de barreiras um novo tema de estudo acadêmico.

Palavras-chave: Empreendedorismo. Estratégias de Inovação. Responsabilidade

Social.

ABSTRACT

Many companies call themselves innovative, but do its practices and processes

correspond to innovative companies? Thus, this study has as general purpose to

analyze the steps involved in the strategic process of a pioneering consultancy

specialized in social responsibility located in the state of Ceará and specific

objectives perform the analysis of the entrepreneurial process of founding a

consulting company, identify whether the company's characteristics studied

corroborate those cited in the literature review, analyze planning consulting firm

strategy and to analyze the existing barriers in the implementation strategy. The used

methodology was first bibliographic research which was based on the study of

scientific articles, data from well-known institutions and books that dealt with

innovative companies’ characteristics and strategies. Right after the theoretical

survey, interviews were carried out and implemented with employees from the same

company. The results show that although the organization has adapted to its reality,

it has all the strategic characteristics of a Blue Ocean company: It has created

unexplored market space; it also has made the competition irrelevant in the internal

management. Besides that, it has created and captured new needs as well as it has

broken the trade-off between cost and value and has aligned all its activities system

in pursuit of differentiation and low cost. However the possible intrinsic barriers to the

strategic execution mentioned by the theory have not been found, it does not turn to

be as an innovative company. Moreover, this lack of barriers would be a new issue to

academic studies.

Keywords: Entrepeneurship. Estrategies Innovation. Social Responsability.

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ......................................................................................... 9

1.1 JUSTIFICATIVA ......................................................................................... 10

1.2 OBJETIVOS ............................................................................................... 11

1.2.1 Objetivo geral ........................................................................................... 11

1.2.2 Objetivos específicos .............................................................................. 11

2 REVISÃO DE LITERATURA ..................................................................... 12

2.1 EMPREENDEDORISMO ........................................................................... 12

2.2 EMPRESAS DO OCEANO AZUL .............................................................. 15

2.3 INOVAÇÃO EM EMPRESAS EMPREENDEDORAS ................................ 17

2.3.1 Estratégias empresariais de inovação ................................................... 20

2.3.2 Estratégias de empresas do oceano azul .............................................. 24

3 METODOLOGIA ........................................................................................ 27

3.1 MÉTODOS DE PESQUISA ....................................................................... 27

3.2 TÉCNICAS DE PESQUISA ....................................................................... 28

3.3 FONTES DE DADOS................................................................................. 31

3.4 DETALHAMENTO DA ENTREVISTA ........................................................ 31

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO ................................................................ 33

4.1 EMPREENDEDORISMO E INOVAÇÃO NA DIALOGUS .......................... 33

4.2 CARACTERÍSTICAS ESTRATÉGICAS DA EMPRESA INOVADORA ...... 37

4.3 BARREIRAS ENCONTRADAS NA EXECUÇÃO DA ESTRATÉGIA ......... 43

5 CONCLUSÃO ............................................................................................ 46

REFERÊNCIAS ......................................................................................... 48

APÊNDICES .............................................................................................. 50

APÊNDICE A – ENTREVISTA 1 ................................................................ 51

APÊNDICE B – ENTREVISTA 2 ................................................................ 52

9

1 INTRODUÇÃO

O termo empreendedorismo teria surgido das ciências econômicas com

os autores Cantillon e Say, os quais no final do século 18 e início do século 19,

respectivamente, teriam saído do campo da economia e explorado temas como

criação de novas empresas, desenvolvimento e gerenciamento de negócios em seus

estudos e obtenção de retornos dos investimentos realizados. Porém, foi com

Schumpeter, em 1928, que houve uma associação entre empreendedorismo e

inovação e percebeu o importante papel dos empreendedores no desenvolvimento

econômico. Além dele, diversos outros economistas contribuíram para o

desenvolvimento do tema, dentre eles: Clark, em 1899; Smith, em 1776, Mill, em

1848, Knight, em 1921, Innis, em 1930 e outros que priorizaram o estudo da

compreensão da função do empreendedor na economia; Higgins, em 1959,

Penrose, em 1959 e Kirzner, em 1976, os quais observaram a capacidade dos

empreendedores de identificar oportunidades de negócios; e Ely e Hess, em 1893,

Oxenfeldt, em 1943 e Schloss, em 1968, que estudaram os criadores de

empreendimentos (FILLION, 1997).

Corroborando com alguns dos autores supracitados, Dornelas (2008)

acredita que o empreendedorismo tem sido um grande aliado no que se refere ao

desenvolvimento econômico, pois ele se atrela ao surgimento das inovações dando

suporte as mesmas. Os países mais desenvolvidos tem se mostrado mais

atenciosos no apoio a atividades empreendedoras do que países em

desenvolvimento, pois elas darão suporte a aspectos econômicos importantes, como

a geração de renda, crescimento econômico e emprego.

A inovação possui laços estreitos com o empreendedorismo e para

Schumpeter (1997 apud SOUZA NETO, 2001), o produto, a produção, a

comercialização/distribuição, o mercado, os componentes/suprimentos e o espaço

da gestão organizacional são aspectos passíveis de inovação. Para o produto a

inovação advém da descoberta de um novo bem ou qualidade para o mesmo; na

produção é possível inovar no processo produtivo; para aproximar ainda mais o

cliente do produto ou serviço é necessário observar a distribuição; nos aspectos de

mercado e componentes/suprimentos deve-se descobrir um novo mercado e novos

componentes de produção; e por último, a gestão, na qual, o empreendedor deve

10

encontrar um método de organização do seu empreendimento a fim de mantê-lo e

assegurar seu crescimento.

O presente trabalho busca analisar a partir do conceito de

empreendedorismo as etapas da estratégia utilizadas por uma empresa inovadora

de Consultoria presente no estado do Ceará, por ser pioneira na área de

Responsabilidade Social Empresarial. O mesmo se encontra organizado da seguinte

forma: o primeiro capítulo trata da Introdução e faz um breve comentário sobre

empreendedorismo e justifica a importância do trabalho; no segundo se encontra o

Referencial Teórico, o qual traz a abordagem teórica do trabalho; o terceiro

corresponde a metodologia do trabalho em geral; o quarto capítulo que compila os

resultados alcançados através da pesquisa; e por último as Considerações Finais

finalizando o trabalho em seus elementos textuais.

1.1 JUSTIFICATIVA

Segundo o Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas - SEBRAE,

(2012), existiam cerca de 27 milhões de empreendedores no Brasil. Ainda de acordo

com a instituição, os empreendedores representam 27% da população adulta

brasileira sendo que em 2002, esse percentual era de 21%. Se comparado a países

como China (são quase 370 milhões) e Estados Unidos (cerca de 40 milhões)

percebe-se que o Brasil ainda tem muito potencial de crescimento.

A importância social e econômica do empreendedorismo, em geral, torna-

se maior ainda em países como o Brasil, que apesar de ainda não possuir políticas

públicas suficientes que favoreçam o surgimento e o desenvolvimento,

principalmente, de micro e pequenas empresas, mas que possui uma população

conhecida como criativa e que reconhece oportunidades de negócio.

De fato existe uma contribuição significativa do desenvolvimento do

empreendedorismo para a economia do país. Segundo Schumpeter (1911 apud

SCHERMA, 2011) os empreendedores são a força motriz do crescimento

econômico, ao introduzir no mercado inovações que tornam obsoletos os produtos e

as tecnologias existentes. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e

Estatística (2008, p. 08) “o fenômeno do empreendedorismo tem sido apontado

como altamente relevante para o crescimento econômico, a produtividade, a

11

inovação e o emprego”. A percepção da atividade empreendedora torna-se ainda

mais ampla na empresa, desde a sua criação, inserção no mercado e crescimento

dentro do mesmo, gerando empregos e renda, refletindo assim na economia da

região na qual ela se encontra.

O empreendedorismo é um assunto bem amplo a ser estudado, por isso a

escolha específica do tema se volta para o empreendedorismo inovador e as

estratégias adotadas pelas empresas, a fim de que o conhecimento sobre o assunto

seja ampliado e aplicado futuramente. O empreendedor inovador brasileiro, segundo

Parolin e Volpato (2012), são aqueles que vislumbram oportunidades de negócio

com o objetivo de explorar novos mercados, oferecer novos produtos e realizar

novos processos de produção.

Dessa forma surgem os seguintes questionamentos: “quais aspectos são

intrínsecos ao processo empreendedor?”, “quais as características de uma empresa

inovadora?”; e “como se realiza o planejamento estratégico em uma empresa

inovadora?”. São esses questionamentos que esse estudo pretende responder.

1.2 OBJETIVOS

1.2.1 Objetivo geral

O objetivo geral desse trabalho é analisar as etapas da estratégia

utilizada por uma empresa inovadora de Consultoria.

1.2.2 Objetivos específicos

a. Analisar o processo empreendedor da fundação de uma empresa de

Consultoria;

b. Identificar se as características da empresa estudada corroboram com

as citadas na revisão teórica;

c. Analisar o planejamento da estratégia da empresa de consultoria;

d. Analisar as possíveis barreiras existentes na execução da estratégia.

12

2 REVISÃO DE LITERATURA

O referencial teórico será constituído dos seguintes aspectos introdutórios

ao assunto abordado: (I) Empreendedorismo; (II) Empresas do Oceano Azul; (III)

Inovação em Empresas Empreendedoras; o qual se divide em Estratégias

empresariais de inovação e Estratégias de empresas do Oceano Azul.

Primeiramente será realizada uma revisão bibliográfica acerca da

evolução do conceito do Empreendedorismo e sobre as empresas do Oceano Azul;

em seguida, será tratado sobre como ocorre a inovação em empresas que prezam

pelo empreendedorismo, além das suas estratégias inovadoras e como as empresas

do Oceano Azul planejam e executam suas estratégias.

2.1 EMPREENDEDORISMO

Um dos autores pioneiros no tema do empreendedorismo foi Schumpeter

(1928 apud FILION, 1997), o qual associou o termo a inovação mostrando que

devem ser criadas novas formas de utilização dos recursos, a fim de que elas

passem a serem utilizadas de uma nova maneira. Além disso, o autor observa que o

empreendedorismo está estreitamente ligado a percepção e ao aproveitamento de

oportunidades no que diz respeito aos negócios.

Sendo mais sucinto, Fillion (1997) apresenta sua definição de

empreendedorismo como sendo o campo de estudo dos empreendedores, deixando

clara a forte ligação entre os termos, os quais se apresentam geralmente juntos nas

pesquisas acadêmicas. Complementando ele afirma que o empreendedorismo se

refere a facilitar a atividade empreendedora através da análise de suas atividades,

caraterísticas, efeitos sociais e econômicos, além dos métodos utilizados para dar

suporte a mesma.

O processo empreendedor abrange tudo aquilo que diz respeito a criação

de novos empreendimentos e envolve três aspectos: o primeiro, diz respeito a

criação de algo novo e que gere valor; segundo, a empresa exige do empreendedor

todo seu tempo e dedicação para que a mesma possa se destacar no mercado e por

fim, o empreendedorismo requer importantes tomadas de decisão, com riscos

13

calculados, e que o empreendedor assuma riscos, porém sem desistir diante dos

erros e falhas que ocorrerão (DORNELAS, 2008).

Essa criação e crescimento de novos e lucrativos negócios somente

torna-se possível quando o empreendedor encontra o que Hisrich, Peters e

Shepherd (2013, p. 06) denomina de 'oportunidades empreendedoras' que são

"situações nas quais novos bens, serviços, matérias-primas e métodos

organizacionais podem ser introduzidos e vendidos por um valor maior do que seu

custo de produção". Isso pode acontecer através da criação de um produto em um

mercado já existente, ou de forma inversa, ou ainda criando-se um novo produto em

um novo mercado. O importante é que o empreendedor perceba que essa

oportunidade é possível e assim possa tomar uma 'ação empreendedora' que se dá

pela criação de novos processos, produtos e/ou mercados em uma empresa já

consolidada ou recém-criada.

Em relação aos tipos de empreendimentos eles podem iniciados por

oportunidade ou por necessidade, sendo esses caracterizados pela criação de

empreendimento autônomo, no qual o empreendedor não possui alternativas de

trabalho e objetiva com esse negócio obter a renda necessária para o sustento

individual ou familiar. Já aqueles são empreendedores que exploram novos

mercados, novos produtos e processos, tornando-se essencial para o

desenvolvimento do empreendedorismo inovador (PAROLIN; VOLPATO, 2008;

INSTITUTO BRASILEIRO DA QUALIDADE E PRODUTIVIDADE, 2012).

Segundo o Instituto Brasileiro da Qualidade e Produtividade (2012), no

Brasil os empreendimentos inovadores ainda tem muito potencial de crescimento.

Para isso são necessários que o empreendedor tenha conhecimento pleno dos

clientes que provavelmente utilizarão os seus produtos/serviços, conhecimento do

mercado em que atuará e também da idade da tecnologia utilizada por ele para que

se possa compreender a realidade tecnológica do respectivo país. Mesmo assim, o

empreendedor que busca a inovação ainda enfrenta muitas dificuldades as quais

são elencadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (2006, p.164-165):

a) dificuldade nos aspectos financeiro e de crédito para adquirir

tecnologia;

b) as políticas de estímulo e subsídios que não correspondem ao

tamanho e suporte financeiro dos empreendimentos;

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c) a grande participação dos custos fixos na estruturação financeira da

empresa, o que acarreta em um maior custo fixo unitário;

d) a incerteza quanto ao retorno do investimento feito no negócio,

ampliado pela pequena participação de mercado;

e) dificuldade em realizar parcerias com grandes empresas/universidades

para o desenvolvimento de atividades inovadoras;

f) em muitas atividades inovadoras, há limite mínimo de inversão. A

escala do negócio não é compatível com a escala do investimento em

inovação.

O conceito de empreendedorismo corporativo ou intraempreendedorismo

também é bastante presente nas empresas, as quais segundo Hisrich, Peters e

Shepherd (2013), sentem-se pressionadas por várias frentes a investir no

desenvolvimento de novos produtos, serviços e processos.

Ainda de acordo com os autores esse ‘empenho empreendedor’ consiste

em quatro elementos-chave: (I) novo empreendimento em que se é criado algo novo

em uma organização já existente, podendo ser um novo conceito dos

produtos/serviços do portfólio da empresa ou a criação de novas unidades

organizacionais mais autônomas; (II) espírito de inovação que envolve o

desenvolvimento e a melhoria de novos produtos através de inovações tecnológicas;

(III) autorrenovação que consiste na renovação das principais ideias organizacionais

que foram fundamentais para a fundação da empresa; e (IV) proatividade, sendo

essa a capacidade que a empresa possui em assumir riscos, ser agressiva e ter

vantagem competitiva em relação aos seus concorrentes (HISRICH; PETERS;

SHEPHERD, 2013).

Com a evolução do conceito de empreendedorismo surge o termo

empreendedorismo inovador, que apesar das limitações encontradas em países

como o Brasil, se encontra em desenvolvimento e possui sua importância econômica

para o país em que se encontra já que insere no mesmo novas tecnologias e

processos, incentivando o aumento da competitividade. Algumas empresas que

exploram a inovação são chamadas de Empresas do Oceano Azul e possuem

características específicas com relação a sua criação e crescimento, além de

desenvolverem estratégias adequadas para os mercados que elas criam e

controlarem as mesmas por meios de proteção a seu objeto inovador.

15

2.2 EMPRESAS DO OCEANO AZUL

As empresas que se desenvolvem em "espaços de mercado ainda

inexplorados, pela criação de demanda e pelo crescimento altamente lucrativo" são

denominadas de empresas do Oceano Azul (KIM; MAUBORGNE, 2005, p.05). Isso

não significa dizer que elas não provem dos oceanos vermelhos, pelo contrário

geralmente são criadas diante da expansão das fronteiras do mercado no qual

atuam e advindas do negócio existente e ainda conseguem tornar a concorrência

irrelevante preocupando-se principalmente com os clientes (KIM; MAUBORGNE,

2005).

Alguns fatores cooperam fortemente para a criação de oceanos azuis.

Para Kim e Mauborgne (2005) o avanço tecnológico contribuiu muito para o aumento

na produtividade de produtos e serviços. A quebra de barreiras comerciais entre

países e os preços praticados mundialmente são facilmente conhecidos e os

mercados para clientes específicos tornam-se cada vez mais escassos. Dessa

forma, a batalha entre oceanos vermelhos fica cada vez mais sangrenta e a

preocupação dos gerentes desses com os oceanos azuis deve ser ampliada (KIM;

MAUBORGNE, 2005).

Segundo os autores supracitados o oceano azul proporciona a essas

empresas um forte potencial de crescimento e lucratividade e com isso a

consequente queda das suas concorrentes. A principal explicação para a criação e

sustentação do alto desempenho dessas organizações é o movimento estratégico,

definido como sendo o “conjunto de decisões e ações gerenciais que resultam em

importantes produtos e serviços capazes de criar novos mercados.” (KIM;

MAUBORGNE, 2005, p.10).

Essas empresas tem a capacidade de atrair clientes de diversos setores

que apresentam produtos/serviços que possuem a mesma funcionalidade ou

oferecem a mesma capacidade básica, porém com formas físicas muito diferentes.

Grandes empresas como Cirque du Soleil, Southwest Airlines e Casella Wines são

exemplos de empresa que criaram seu oceano azul, porém é possível afirmar, após

a realização de análises que pequenas empresas, gestores de várias gerações e

empresas originadas em diferentes países também criem e naveguem por esse

oceano (KIM; MAUBORGNE, 2005).

16

As inovações tecnológicas não são o grande determinante na criação e

desenvolvimento das empresas do Oceano Azul, apesar de em alguns casos serem

incluídas. Também não foram identificadas pelos autores, nenhuma empresa e setor

que tenha conseguido alcançar a excelência perpétua, em vez disso, há uma

padronização nos movimentos estratégicos ao se iniciar a criação e exploração de

oceanos azuis. Outro aspecto característico dessas organizações é a busca pela

diferenciação e liderança de custos ao mesmo tempo, diferentemente das empresas

do oceano vermelho que normalmente possuem a crença da criação de valor ao

cliente a um custo elevado ou de criar o mesmo valor a um custo baixo em relação a

concorrência. Porém, tem-se como característica principal a inovação de valor, a

qual está "relacionada com os atributos que representam valor para os

compradores." (KIM; MAUBORGNE, 2005, p. 190).

No Quadro 1 são apresentadas as principais características referentes a

práticas estratégicas que diferem as empresas do oceano vermelho das do Oceano

Azul. Apesar desse termo se apresentar como recente, as empresas presentes nele

são antigas, para isso basta observarmos os inúmeros setores criados e

aprimorados nesse último século: indústria automobilística, aviação civil, telefonia,

medicina, computação, serviços financeiros, dentre tantos outros. Na verdade os

setores estão sempre buscando evoluir e tornar os processos cada vez mais

eficientes, porém muitos atores ainda tem o pensamento estratégico voltado para o

oceano vermelho, mesmo que as estratégias de inovação se apresentem com um

potencial de alta competitividade (KIM; MAUBORGNE, 2005).

Quadro 1 – Estratégias do Oceano Vermelho vs Oceano Azul

Estratégia do oceano vermelho Estratégia do oceano azul

Competir nos espaços de mercado existentes. Criar espaços de mercado inexplorados.

Vencer os concorrentes. Tornar a concorrência irrelevante.

Aproveitar a demanda inexistente. Criar e capturar a nova demanda.

Exercer o trade-off valor-custo. Romper o trade-off valor custo.

Alinhar todo o sistema de atividades da empresa com sua escolha estratégica de diferenciação ou baixo custo.

Alinhar todo o sistema de atividades da empresa em busca da diferenciação e baixo custo.

Fonte: Adaptado de Kim e Mauborgne (2005, p. 17).

17

2.3 INOVAÇÃO EM EMPRESAS EMPREENDEDORAS

Segundo Drucker (1985, p. 39) a inovação é o "instrumento específico do

empreendedor. É o ato que contempla os recursos com a nova capacidade de criar

riqueza. A inovação, de fato cria um recurso.” A mesma necessita ser percebida pelo

empreendedor, portanto é necessário que ele observe e escute seus clientes, saiba

o que eles necessitam, o que agrega valor para eles, mas que também analise

detalhadamente os números do mercado em que deseja se inserir. Além disso, a

inovação eficaz necessita ser simples porque assim exigem menos recursos e

atendem a um mercado pequeno e limitado, podendo ser ajustada e consertada. Por

fim, a inovação deve ser concentrada e possuir funcionalidade e resultados

específicos (DRUCKER, 1985).

Atualmente é essencial que as empresas invistam em inovação, precisam

ser pioneiras em produtos e serviços, pois isso garante a competitividade delas no

mercado no qual atua. Na gestão das organizações os indivíduos são estimulados a

inovar e a empresa algumas vezes forçada a mudar alguns aspectos, como equipes,

orçamentos, os produtos e até mesmo a própria estratégia (BARLACH, 2009).

A velocidade da inovação, principalmente voltada para o setor tecnológico

é incontestavelmente rápida. No último século viu-se mudanças inimagináveis,

empregos foram extintos e houve uma redefinição dos processos de aprendizagem

e na qualificação dos profissionais, os quais devem estar sempre atualizados

principalmente no que tange aos softwares utilizados nos processos das

organizações e que são rapidamente melhorados (BARLACH, 2009).

Ademais, ela necessita visar a liderança desde o começo, através de

estratégias empreendedoras ela consegue se estabelecer no espaço que lhe

interessa e não cria oportunidades para a concorrência. Inovação requer trabalho,

conhecimento e habilidade do inovador, mesmo com a existência do talento, ainda

assim necessita da disposição, concentração e persistência ao empreendedor

(DRUCKER, 1985).

De acordo com os autores Bessant e Tidd (2007) a inovação possui três

aspectos essenciais:

a) geração de novas ideias: as novas ideias podem surgir de diversas

maneiras: inspiração, advindas de outras ideias ou de resultados de

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pesquisas de mercado. No entanto, cabe a empresa estruturar a melhor

forma e ambiente organizacional que propiciem a geração dessas ideias;

b) a seleção das melhores ideias: a inovação traz consigo as incertezas e

assim faz-se necessário que a empresa selecione essas ideias através do

processo estratégico e as desenvolva, diminuindo a probabilidade de

prejuízos;

c) implementação da nova ideia: nesse aspecto a empresa necessita, não

somente do departamento de projetos, que auxilia na gestão de recursos

e do tempo, mas concretizar esse novo produto ou serviço para o seu

mercado consumidor.

Primeiramente na hierarquia da gestão da inovação desenvolvida por

Senhoras, Takeuchi e Takeuchi (2007), o seu processo é definido como sendo a

visão ampla da geração e desenvolvimento do conhecimento relacionado aos

produtos e processos intrínsecos a organização e esse primeiro nível é mais

abrangente do que o gerenciamento do processo de desenvolvimento de produtos.

Segundo os autores supracitados, a gestão da inovação é composta por dois

subsistemas:

[...] por um lado há o subsistema exógeno à empresa, por onde existem relações de transferência tecnológica e de conhecimentos (Universidades e Centros de Pesquisa) e relações comerciais de compra tecnológica (empresas de bem de capital e fornecedores), e por outro lado existe o subsistema endógeno à empresa, por onde acontece a gestão do processo de desenvolvimento ou aprimoramento de produtos via relações de integração comunicacional entre os diversos departamentos. (SENHORAS; TAKEUCHI; TAKEUCHI, 2007, p. 03).

Em segundo lugar, se encontra a gestão do processo de desenvolvimento

do produto, a qual objetiva a melhoria contínua dos processos técnicos e

organizacionais que serão incluídos nos projetos de desenvolvimento dos novos

produtos, pois aspectos importantes como o controle do custo do produto final

advindo das escolhas realizadas no começo do projeto necessitam de uma gestão

eficiente. Por último, a hierarquia possui como último nível o desenvolvimento do

produto, que diz respeito a ‘materialização operacional de um processo de geração

de inovações sob a forma de produto, constituindo-se no núcleo-duro da

instrumentalização inovativa.” (SENHORAS; TAKEUCHI; TAKEUCHI, 2007, p. 03).

19

A inovação se faz presente nas empresas do Oceano Azul, porém de

forma mais específica, através da inovação de valor, a qual se preocupa em

proporcionar compras de valor ao cliente, tornando a concorrência irrelevante e

explorando novos mercados.

A inovação de valor atribui a mesma ênfase ao valor e à inovação. Valor sem inovação tende a concentrar-se na criação de valor em escala incremental, algo que aumenta o valor, mas não é suficiente para sobressair-se do mercado. Inovação sem valor tende a ser movida a tecnologia, promovendo pioneirismos ou futurismos que talvez se situem além do que os compradores estejam dispostos a aceitar e a comprar. (KIM; MAUBORGNE, 2005, p. 12-13).

As empresas necessitam alinhar quatro pontos a fim de propiciar a

inovação de valor: inovação, utilidade, preço e ganhos de custo. Os mesmos

precisam ser analisados durante o planejamento e execução da estratégia,

conseguindo novos mercados e tornando irrelevante a concorrência (KIM;

MAUBORGNE, 2005).

Através da inovação de valor elas visam também a liderança do setor e

aliam isso ao trade-off valor-custo, diferentemente das empresas de oceano

vermelho que escolhem a busca pela diferenciação ou a competitividade pelo preço.

Através da redução ou até a eliminação de atributos que nunca foram oferecidos

pelo respectivo setor e na medida em que essas empresas aumentam seu volume

de vendas o seu custo de produção diminui ainda mais (KIM; MAUBORGNE, 2005).

Dessa forma a inovação de valor deve ser encarada como estratégia que

envolve todas os processos organizacionais e que reoriente a empresa para a

utilização do empreendedorismo como salto no valor, tanto para os clientes como

para a própria organização. Se houver a ausência dessa abordagem a inovação

permanecerá fora do núcleo da estratégia (KIM; MAUBORGNE, 2005).

Como consequência, temos o efeito que a inovação causa na economia e

na sociedade, nesta última afetando o comportamento dos clientes, independente de

classe social ou profissão. Ela é uma mudança em processo, seja nas empresas de

oceano vermelho ou oceano azul a inovação sempre estar ligada ao mercado e é

guiada pelo mesmo (DRUCKER, 1985). A inovação “deve ser contraposta ao modo

prevalente até então e, desta forma, comprovar que sua substituição pode ser

20

vantajosa em algum nível para um grupo, comunidade ou para a sociedade como

um todo” (BARLACH, 2009, p. 29).

2.3.1 Estratégias empresariais de inovação

Segundo Porter (1999, p. 53) "a essência da estratégia está nas

atividades - a opção de desempenhar as atividades de forma diferente ou de

desempenhar atividades diferentes em comparação com os rivais". Sendo assim,

Drucker (1985) buscou quatro estratégias empreendedoras que corroboram com a

definição supracitada e nos apresenta os aspectos específicos de cada uma.

A primeira estratégia descrita por ele é "Com Tudo e Pra Valer", na qual o

empreendedor visa a liderança permanente do setor em que atuará,

independentemente da criação de um grande negócio, caso isso ocorra que o

mesmo domine o mercado. Essa estratégia necessita de um objetivo ambicioso, o

qual muitas vezes é guiado com um sucesso surpreendente por não-especialistas e

leigos. Para que esse objetivo seja alcançado faz-se necessário que o inovador

esteja concentrado, pois ao apresentar resultados deverá existir de imediato a

mobilização de recursos maciçamente para que o negócio se mantenha na liderança

ao invés de se criar somente mais um mercado para a concorrência (DRUCKER,

1985).

O orçamento de pesquisa deve ser mais elevado depois que a inovação conseguiu resultados mais favoráveis do que os anteriores. Novos usos devem ser encontrados; novos clientes devem ser identificados e persuadidos a experimentar os novos materiais. Acima de tudo o empreendedor que obteve êxito ao adotar 'Com tudo e pra valer' tem que tornar seu produto ou seu processo obsoleto antes que um competidor o faça. O trabalho do sucessor do produto ou processo bem sucedido precisa começar imediatamente, com a mesma concentração de esforços e o mesmo investimento de recursos que levaram ao sucesso inicial. (DRUCKER, 1985, p. 297-298).

A segunda estratégia apresentada pelo autor é "Golpeá-los Onde Não

Estão" divide-se em: imitação criativa e judô empreendedor. A primeira como o

próprio nome diz é uma imitação, porém o imitador consegue compreendê-la melhor

do que o inovador. Essa estratégia aguarda o momento certo para o lançamento do

produto, agora adequado às necessidades dos clientes e em pouco tempo o mesmo

21

alcança a liderança do mercado. A imitação criativa é muito menos arriscada do que

a "Com Tudo e Pra Valer" porque adentra em um mercado já consolidado, já existe

uma demanda para o produto a ser oferecido e as informações desconhecidas ou

incertas podem facilmente serem descobertas por pesquisas de mercado

(DRUCKER, 1985).

O judô empreendedor inicia seu trabalho realizando uma análise do setor,

identificando principalmente os erros dos concorrentes, produtores e fornecedores.

Após isso ele precisa de um setor em que ele alcance sucesso e encontre menor

resistência. Nesse caso, o empreendedor desenha o produto ou serviço ótimo para o

segmento de mercado escolhido, dificilmente sendo atingido pelos concorrentes já

estabelecidos antes que os novatos tenham liderado o segmento em que atuam

(DRUCKER, 1985).

A terceira estratégia apresentada é a de encontrar e ocupar um 'nicho

ecológico' especializado. Nela o inovador necessita de algo realmente novo uma

inovação genuína, que geralmente consiste em uma busca por oportunidades

inovadoras. Geralmente o início de um novo mercado exige que o inovador possua

uma habilidade especializada, por exemplo, os pioneiros na indústria automobilística

eram mecânicos. Outro ponto característico dessa estratégia é a dificuldade da

empresa ser ameaçada por seus clientes e fornecedores, justamente por ser uma

área nova, na qual não se conhece as suas habilidades específicas necessárias.

Apesar das vantagens obtidas pelo nicho de habilidade existem muitas limitações: o

empreendedor necessita estar focado no seu setor específico sem desviar esforços

para outros; outra limitação é o fato do inovador depender de alguém para

disponibilizar seu produto ou serviço no mercado; por fim o maior perigo é se sua

especialidade se torne algo universal (DRUCKER, 1985).

As últimas estratégias descritas por Drucker (1985) consiste na mudança

em valores e características, sendo elas a inovação. Isso não quer dizer que

obrigatoriamente o produto ou serviço será um lançamento, ele pode já estar no

mercado, mas a estratégia o converte em algo novo, que tenha uma nova

funcionalidade e se diferencie economicamente. Essas estratégias conseguem

novos clientes através de quatro maneiras:

22

a) criando utilidade: ela foca totalmente em atender as necessidades do

cliente, a alcançar o seu propósito, tornado o preço praticamente

irrelevante;

b) fixando o preço: permite ao cliente pagar efetivamente pela compra que

realizou e não pelo que o fornecedor produz. O que importa aqui é como

o valor a ser pago se volta para as necessidades reais do consumidor;

c) adaptando-se à realidade social e econômica do cliente: consiste em

adequar a compra as realidades econômicas e sociais dos clientes;

d) proporcionando o que representa verdadeiro valor ao cliente: considera

o cliente como parte do produto ou serviço e parte do que ele compra e

paga pelo mesmo.

Corroborando em parte com as ideias de Porter sobre estratégias de

inovação, Senhoras, Takeuchi e Takeuchi (2007) elaborou um quadro (Quadro 2)

com as principais estratégias empresariais voltadas a inovação e quais aspectos

relacionados as atividades de desenvolvimento da inovação devem ser prioritários

para cada uma das estratégias.

As organizações que investem em inovação conseguem se diferenciar

dos concorrentes permanecendo em uma posição confortável mercadologicamente,

muitas vezes graças aos seus baixos custos ou porque oferece um produto com o

valor maior se comparado a outros permitindo assim que se crie algo equivalente a

um monopólio. Essa busca por lucros cada vez mais altos forçam as empresas a

investirem ainda mais em inovação a fim de se diferenciar dos demais e se bem

sucedido a organização alcança uma posição de monopólio temporário ou se

apropria de um lucro extraordinário (SENHORAS; TAKEUCHI; TAKEUCHI, 2007).

23

Quadro 2 – Estratégias Empresariais de Inovação

Estratégias baseadas

na inovação

Ofensivas

As estratégias ofensivas são adotadas por empresas que querem manter liderança no mercado e que dependem de investimentos pesados em pesquisa e desenvolvimento.

P&D Design Engenharia Produção

MKT Patentes

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xxx Xxx xx xxx xxx

Defensivas

São estratégias adotadas, em geral, pelas empresas que querem seguir o líder, também chamadas de estratégias do segundo melhor. É uma forma bem racional de economizar com grandes investimentos do pioneirismo

x Xxx xx x

Estratégias pobres em inovação

Tradicionais

São adotadas por empresas que atuam em mercados estáveis onde existe pouca ou nenhuma demanda por mudanças. As inovações são pouco relevantes, limitando-se a mudanças mínimas para redução de custos ou aumento da confiabilidade na produção.

xxx

Dependentes

As estratégias dependentes são adotadas por empresas que não tem autonomia para lançar os seus próprios produtos, uma vez que dependem de suas matrizes ou das encomendas de seus novos clientes para inovar.

xxx

Fonte: Adaptado de Senhoras, Takeuchi e Takeuchi (2007)

24

2.3.2 Estratégias de empresas do oceano azul

A estratégia das empresas do Oceano Azul inicia-se na reformulação das

fronteiras do mercado em que atua, a fim de tornar irrelevante a concorrência. São

necessárias seis condições para essa reformulação que podem ser utilizadas por

qualquer tipo de empresa sem a necessidade de se buscar novas informações,

bastando observar as já existentes sob uma nova perspectiva (KIM; MAUBORGNE,

2005).

A primeira condição é examinar os setores alternativos, afinal as

empresas possuem concorrentes em diversos setores externos ao dele, já que

existem diferentes produtos e serviços substitutos, que oferecem as mesmas

funções ou a mesma utilidade. A segunda fronteira é analisar os grupos estratégicos

com o objetivo de conhecer empresas que dentro de um mesmo setor adotam

estratégias semelhantes. A terceira se dar através de um estudo detalhado da

cadeia de compradores para que se possa atender um segmento específico de

clientes. A quarta fronteira diz respeito às ofertas de produtos e serviços que de

alguma forma influenciam na compra do seu produto ou serviço. Na quinta condição

tem-se a análise dos fatores emocionais e funcionais que podem ser utilizados pela

empresa para conquistar os clientes, deixando de lado apelos tradicionais como o

preço e a racionalidade. Por fim, a sexta fronteira que se volta para uma avaliação

das tendências, as quais devem ser decisivas para o empreendimento, irreversíveis

e ter uma trajetória clara (KIM; MAUBORGNE, 2005).

Uma ferramenta importante para empresas do Oceano Azul apresentada

por Kim e Mauborgne (2005) é a matriz de avaliação de valor que funciona como um

instrumento de diagnóstico e também de formulação estratégica. Ela permite uma

análise geral do segmento de mercado em que atua, percebe-se onde os

concorrentes estão investindo e como está sendo a resposta dos respectivos

clientes. Além de produzir três importantes resultados: mostra o que afeta

estrategicamente a concorrência no setor estudado; permite visualizar os atributos

utilizados pela concorrência; e também traça a curva de valor da empresa, a qual

demonstra como se comportam e se comportarão os investimentos das empresas

concorrentes.

25

Para que a empresa possa modificar sua matriz de avaliação de valor é

necessário uma reorientação estratégica em relação aos seus clientes, passando a

se preocupar com os não clientes do setor. Esses não clientes que podem ser

transformados em clientes atuam em três níveis. No primeiro nível estão presentes

os não clientes mais próximos do seu mercado, são aqueles consumidores que

compram um mínimo de produtos do setor, apenas por necessidade. No segundo

tem-se os que se recusam a utilizar os produtos do setor, analisaram as opções mas

as recusaram como alternativa de compra. Finalmente o terceiro nível que são

aqueles compradores mais afastados do mercado do respectivo setor, aqueles que

nunca pensaram em comprar o seu produto ou utilizar os seus serviços (KIM;

MAUBORGNE, 2005)

Além de analisar profundamente os não clientes a fim de torná-los

clientes é necessário que se examine o mapa de utilidade do comprador, o qual

permite a visualização dos aspectos a serem manipulados pela empresa para que

ela forneça uma experiência excepcional de compra aos seus clientes. Esse mapa

também cria condições ao nível estratégico da empresa identificar quais as

utilidades podem ser agregadas ao seu produto ou serviço (KIM; MAUBORGNE,

2005)

Porém de nada adianta se posicionar estrategicamente em um segmento

de um determinado setor e identificar os não clientes se o preço não é atrativo nem

para o consumidor nem é capaz de gerar lucratividade para o negócio. Esse preço

deve ser definido desde o lançamento do produto ou serviço para que aja conquista

da massa dos compradores-alvo. Para isso, Kim e Mauborgne (2005) apresenta a

ferramenta corredor de preço da massa que objetiva determinar o preço do novo

produto ou serviço a fim de torná-lo irresistível ao consumidor, não sendo

necessariamente o mais barato. A primeira etapa para a definição do preço é

identificar o corredor de preço da massa que consiste em compreender qual valor o

cliente está proposto a pagar por esse lançamento. A segunda ajuda a determinar

qual preço deve ser definido para que não atraia a concorrência e isso depende de

dois fatores: o grau de proteção legal que o produto ou serviço possui e se a

empresa apresenta recursos ou capacidades exclusivas que evitem a imitação.

Finalmente a etapa do custo-alvo, a qual se preocupa com o lucro do modelo de

26

negócios e consiste na precificação partindo do preço para o método de custeio a

fim de se tornar inigualável frente a concorrência (KIM; MAUBORGNE, 2005).

Porém, a estratégia não termina no planejamento. A etapa de execução

da estratégias nas empresas do Oceano Azul abrange quatro barreiras: a barreira

cognitiva que impacta na mudança de comportamento dos funcionários; a falta de

recursos, pois quanto maior a mudança estratégica mais recursos a empresa

necessitará; a terceira barreira é a motivação dos funcionários a fim de promover

agilidade nas ações de grandes empresas; e a política organizacional que deve

incentivar as pessoas a irem até o fim do processo de transição estratégica (KIM;

MAUBORGNE, 2005).

Entretanto ainda não é suficiente o planejamento e a execução torna-

se necessário ainda que se controle a estratégia da empresa a fim de evitar

imitações por parte dos concorrentes. Isso pode ser alcançado através de métodos

como conflitos com a imagem da marca, patentes ou licenças, monopólios naturais,

desvantagens de custo aos concorrentes a partir da venda em larga escala da

empresa inovadora, mudanças na política e a empolgação inicial de clientes leais do

inovador de valor (KIM; MAUBORGNE, 2005).

27

3 METODOLOGIA

Nesse tópico será descrita toda a metodologia utilizada para a realização

do trabalho dividindo-se nos seguintes tópicos: Métodos de Pesquisa onde serão

discutidas as atividades utilizadas para atingir o objetivo definido anteriormente,

Técnicas de Pesquisa que descreve quais processos foram realizados a fim de

elaborar o referencial teórico, Fonte de Dados que detalha quais fontes foram

buscadas e Detalhamento da Entrevista que tratará da elaboração e aplicação da

entrevista utilizada na realização do trabalho.

3.1 MÉTODOS DE PESQUISA

O método pode ser definido como sendo as atividades envolvidas

intrinsecamente no alcance do(s) objetivo(s), da forma mais segura e econômica

possível e com a finalidade de orientar o estudo, encontrar os erros cometidos e

contribuir com a tomada de decisão (LAKATOS; MARCONI, 2005). Os objetivos são

cumpridos, de fato, quando as seguintes etapas são seguidas:

a) O problema deve ser claro para que haja o descobrimento do mesmo e

passe para as etapas subsequentes;

b) O problema deve ser preciso ou reelaborado através de conhecimentos

antes desconhecidos pelo pesquisador;

c) Considerar conhecimentos ou instrumentos que sejam relevantes a

pesquisa e tentar solucionar o problema através dos mesmos;

d) Inventar novas ideias ou produzir novos dados empíricos que

solucionem o problema;

e) Obter uma solução para o problema com as possibilidades apontadas

nos tópicos anteriores;

f) Investigar as consequências da solução obtida;

g) Obter a comprovação da solução através do confronto da solução com

a as teorias apresentadas e dos dados empíricos obtidos; e caso não seja

obtido um resultado positivo;

Nesse trabalho foi utilizado o método dedutivo o qual tem como finalidade

explicar o conteúdo das premissas, ou seja, os argumentos desse método estão

28

corretos ou incorretos, não existem espaços para interpretações intermediárias

(LAKATOS; MARCONI, 2005). Esse método foi proposto por racionalistas

(Descartes, Spinoza, Leibniz) e ele parte de princípios reconhecidos como

verdadeiros e indiscutíveis, possibilitando assim a conclusões em virtude de sua

lógica (GIL, 1999). Foi escolhido pelo fato de se utilizar nessa pesquisa fontes

teóricas confiáveis como artigos científicos, dados de institutos renomados e livros

de autores reconhecidos na área que estudam, as quais auxiliarão na obtenção dos

resultados.

O método de procedimento utilizado no trabalho foi o estudo de caso, o

qual, é uma investigação empírica que se volta para a observação do fenômeno

através da fato real, tornando-se mais assertiva quando os limites entre esse

fenômeno e o seu respectivo contexto não estiverem muito bem definidos. Esse

método como estratégia de pesquisa necessita de um planejamento teórico a fim de

conduzir a coleta e análise de dados (YIN, 2001). Realizou-se a procura por uma

empresa que, a princípio, correspondia ao perfil do que seria necessário para o

alcance de resultados relevantes.

3.2 TÉCNICAS DE PESQUISA

A técnica de pesquisa pode ser considerada como um conjunto de

preceitos ou processos que auxiliam alguma ciência ou arte para alcançar seus

objetivos e também como a habilidade de se utilizar de preceitos ou normas

(LAKATOS; MARCONI, 2005).

No caso desse trabalho uma das técnicas utilizadas foi a pesquisa

bibliográfica. Essa técnica abrange qualquer bibliografia pública que seja relacionada

ao assunto, como publicações em geral, meios de comunicação orais e audiovisuais.

O objetivo da mesma é fazer com que pesquisador e materiais escritos sobre o

assunto se interliguem de alguma forma direta, permitindo assim que o

conhecimento se expanda em função da resolução do problema definido

primeiramente e que se alcance conclusões inovadoras sobre determinado tema

(LAKATOS; MARCONI, 2005; MANZO, 1971 apud LAKATOS; MARCONI, 2005).

Uma das vantagens dessa técnica é que ela permite ao pesquisador a

cobertura ampla de fenômenos se comparada com aquela que ele poderia pesquisar

29

de forma direta. Ela se torna mais importante ainda quando o problema de pesquisa

requer dados muito dispersos pelo espaço (GIL, 1999). Para a realização desse

trabalho, essa pesquisa foi feita através de leitura de livros de leitura corrente que

tratavam do assunto a ser explorado, estando em sua maioria presentes na

biblioteca da Universidade Estadual do Ceará e por meio de artigos científicos

encontrados na Internet, em sítios como do Scielo e Google Acadêmico.

Outra técnica utilizada foi a pesquisa de campo que segundo Lakatos e

Marconi (2005) pode ter como objetivo: coletar informações que se relacione com

um determinado problema, comprovar uma hipótese ou descobrir novos fenômenos

ou suas relações através da observação de fatos e fenômenos, na coleta dos dados

e análise de variáveis que se julgue relevantes ao estudo. A pesquisa de campo foi

realizada na empresa estudada, a Dialogus, através de entrevistas com quatro

colaboradores, dentre eles o fundador da empresa, a fim de se coletar dados sobre

a abertura da empresa.

Esse trabalho se enquadra, segundo a classificação de Tripodi et al.

(1975 apud LAKATOS; MARCONI, 2005) como sendo uma pesquisa exploratória.

Essa se caracteriza por possuir pelo menos três objetivos: elaborar hipóteses, fazer

com que o pesquisador se familiarize mais com um determinado assunto ou

desenvolver conceitos (já existentes ou não). O resultado almejado normalmente

são descrições, qualitativas ou quantitativas do objeto que foi escolhido, que devem

ser inter-relacionadas pelo pesquisador e quem podem ser alcançadas através da

utilização de vários procedimentos como entrevista, – a qual será utilizada nesse

estudo – observação participante e análise de conteúdo (LAKATOS; MARCONI,

2005).

Normalmente esse tipo de pesquisa é a primeira etapa de uma

investigação mais ampla e quando o tema é genérico, são necessários

esclarecimento e delimitação que podem ser alcançados através da revisão teórica,

discussão com especialistas e outros procedimentos. Na etapa final desse processo

passa a ser um problema mais esclarecido e passível de investigação mediante

procedimentos sistemáticos (GIL, 1999).

Por fim, também se fez uso da observação direta intensiva através da

realização de entrevistas. Para Lakatos e Marconi (2005, p.197) a entrevista, de

forma bem simples, “é um encontro entre duas pessoas, a fim de que uma delas

30

obtenha informações a respeito de determinado assunto, mediante uma

conversação de natureza profissional.” A entrevista visa a coleta de informações

sobre um determinado assunto com o entrevistado e segundo Selltiz (1965 apud

LAKATOS; MARCONI, 2005) possui seis objetivos:

a) averiguar os fatos ou fenômenos pela visão do entrevistado;

b) analisar a opinião do entrevistado com relação aos fatos observados;

c) compreender como se comportam os sentimentos da pessoa;

d) descobrir qual conduta correta deve ser tomada em algumas situações;

e) perceber como será um futuro comportamento da pessoa através da

conduta adotada pela mesma em situações passadas ou presentes;

f) descobrir que aspectos podem vir a influenciar na opinião do

entrevistado.

A entrevista aplicada se caracteriza por se desenvolver a partir de uma

relação fixa de perguntas de ordem e redação invariáveis para todos os que forem

entrevistados, sendo esses normalmente em grande número (GIL, 1999). A

entrevista apresenta as seguintes vantagens e limitações:

a) a entrevista possibilita a obtenção de dados referentes aos mais

diversos aspectos da vida social;

b) a entrevista é uma técnica muito eficiente para a obtenção de dados

em profundidade acerca do comportamento humano;

c) os dados obtidos são suscetíveis de classificação e de quantificação;

d) não exige que a pessoa entrevistada saiba ler e escrever;

Como limites tem-se:

a) a falta de motivação do entrevistado para responder as perguntas que

lhe são feitas;

b) a inadequada compreensão do significado das perguntas;

c) o fornecimento de respostas falsas, determinadas por razões

conscientes ou inconscientes;

d) a influência exercida pelo aspecto pessoal do entrevistador sobre o

entrevistado;

e) inabilidade ou mesmo incapacidade do entrevistado para responder

adequadamente em decorrência de insuficiência vocabular ou de

problemas psicológicos.

31

Durante a realização das entrevistas houve a possibilidade de

aprofundamento dos temas tratados na mesma o que auxiliou muito na elaboração

do capítulo que trata dos resultados obtidos, além disso não houve a influência de

outras pessoas, já que as entrevistas foram realizadas isoladamente com cada

colaborador.

3.3 FONTE DE DADOS

Como fonte foram utilizados os dados da entrevista estruturada, já

conceituada no tópico anterior e detalhada no próximo. A mesma foi realizada com

quatro colaboradores da empresa de consultoria e os dados coletados foram

utilizados para a obtenção dos resultados da pesquisa e alcance dos objetivos geral

e específicos traçados.

Outra fonte escolhida e já mencionada no item supracitado foi a pesquisa

bibliográfica, caracterizada por ser uma fonte secundária. Existem diversas

variações de fontes bibliográficas, como a imprensa escrita, os meios audiovisuais, o

material cartográfico e as publicações, essa última utilizada no respectivo trabalho.

Ela se caracteriza por abranger livros, teses, monografias, publicações avulsas,

pesquisas e possuir quatro fases distintas: identificação, localização, compilação e

fichamento (LAKATOS; MARCONI, 2005)

3.4 DETALHAMENTO DA ENTREVISTA

A empresa estudada no respectivo trabalho oferece os serviços de

consultoria empresarial, porém com um diferencial para a região Nordeste, todo o

seu portfólio está intrinsecamente ligado a Responsabilidade Social Empresarial

(RSE). Ela tem como missão: “Promover a Responsabilidade Social, aperfeiçoando

os modelos de gestão das organizações através de práticas sustentáveis e do

engajamento de seus públicos de interesse, conquistando, assim, os melhores

resultados e uma maior valorização da marca.”

Possui como principal objetivo alavancar os resultados das empresas

desenvolvendo as organizações, tornando-as socialmente responsáveis, gerando

lucratividade, melhorando o clima organizacional, utilizando de forma mais eficiente

os recursos e promovendo o maior envolvimento e comprometimento de seus

32

colaboradores e parceiros, provando que as boas práticas da RSE podem ser

desenvolvidas em todos os tipos de organizações independentemente do seu

volume de receita ou despesa. A mesma foi escolhida justamente por ser a primeira

empresa de consultoria voltada para a área de responsabilidade social do Ceará,

segundo o Instituto ETHOS (2014). Dessa forma, ela seria um objeto de estudo

adequado para aplicar a teoria sobre o empreendedorismo inovador, foco desse

trabalho.

O primeiro contato com a empresa deu-se logo no início de elaboração

desse trabalho com o fundador da organização, o qual se demonstrou muito aberto a

proposta de se realizar um estudo tendo como objeto a sua empresa e que realizou

uma breve apresentação da criação da empresa e seus processos, tendo como

consequência a confirmação da escolha da empresa para a realização do presente

trabalho. Ao término da elaboração do Referencial Teórico dessa pesquisa, o qual

foi utilizado como base para a elaboração das entrevistas, o contato foi refeito para

que pudessem ser escolhidas as pessoas que seriam entrevistadas.

Devido a empresa possuir uma equipe muito pequena e todos estarem

engajados na estratégia da empresa e na revisão do mesmo, todos foram

entrevistados: o fundador, o qual também tem o cargo de consultor, dois consultores

e a assistente comercial da organização. Dessa maneira, foram obtidos pontos de

vista diferenciados o que somente veio a acrescentar na obtenção dos dados.

As entrevistas estruturadas (Apêndice A e Apêndice B) foram realizadas

nos dias 21 e 26 de novembro de 2014, tendo em cada um a realização de duas

entrevistas. A entrevista do fundador (Apêndice A) da empresa foi diferenciada por

apresentar uma pergunta a mais do que as outras, com a finalidade de tratar do

processo de abertura da empresa. Optou-se em não se identificar os colaboradores

nesse trabalho para que isso não viesse a influenciar nas respostas dos mesmos.

Após a realização das entrevistas foi feita a análise de resultados com o objetivo de

responder os questionamentos apontados no início desse trabalho, comparando as

informações estudadas na revisão bibliográfica e aquelas coletadas através das

respostas dos colaboradores da empresa estudada.

33

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

As entrevistas foram realizadas, como já comentado anteriormente, na

própria empresa nos dias 21 e 26 de novembro de 2014. Buscou-se realizá-las

individualmente para que as respostas não pudessem ser influenciadas e assim não

comprometesse os resultados da pesquisa. Os entrevistados não foram

identificados, sendo no decorrer desse capítulo reconhecidos como Entrevistado 1,

Entrevistado 2, Entrevistado 3 e Entrevistado 4. Assim como na entrevista esse

tópico será dividido em três partes: Empreendedorismo e inovação na empresa

Dialogus; Características estratégicas da empresa inovadora; e explanação sobre as

possíveis barreiras encontradas na execução da estratégia

4.1 EMPREENDEDORISMO E INOVAÇÃO NA DIALOGUS

Para o empreendedor da empresa foi acrescentada uma pergunta que

tratava sobre o processo de abertura da empresa, com a finalidade de saber se foi

criada por necessidade ou oportunidade, quais foram os principais desafios

encontrados e como foi assumir todos os riscos inerentes ao negócio, a princípio

novo no mercado cearense.

A criação da Dialogus veio de uma insatisfação minha no sentido de que as empresas, muitas delas hoje tem uma postura muito assim: a soberana. Eu que produzo, eu que vendo. Você cliente, você fornecedor, se não trabalhar comigo, se não comprar meu produto, pouco me importo, porque eu vou vender pra alguém, eu vou distribuir para outro. E eu sempre que me colocava no lugar do stakeholder [...]. E isso me deixava angustiado e a Dialogus veio pra isso, pra fazer o engajamento e tornar essa relação mais ética entre uma empresa e os públicos com que ela se relaciona e isso de forma muito transparente e como eu tive também desde cedo uma inclinação para essa questão das igualdades, em todos os aspectos, foi quando a Dialogus veio formalmente para eu poder fazer esse trabalho. Unir minha experiência profissional e unir essa minha inclinação, ou essa vontade de querer que as pessoas dentro das empresas tenham o respeito, e esse foi um grande propósito (ENTREVISTADO 2).

Corroborando com Schumpeter (1928 apud FILION, 1999) o qual diz que

o empreendedorismo está ligado a percepção e aproveitamento das oportunidades

pelo empreendedor, nota-se que foi exatamente isso que aconteceu, uma percepção

diferenciada do mercado no qual ele adentraria e uma oportunidade de explorar o

tema da Responsabilidade Social, o mesmo ainda recente no mercado cearense.

34

Porém segundo o entrevistado já era bem discutido no sudeste do Brasil, quando ele

foi estudar lá, e assim sinalizava que seria um tema que logo chegaria ao Nordeste.

A partir disso ele percebeu a oportunidade de ser o pioneiro no estado do Ceará.

Tudo isso seguido de uma ação empreendedora e criando novos processos,

serviços e mercados através de um novo empreendimento (HISRICH; PETERS;

SHEPHERD, 2013). Ainda em relação a abertura da empresa outro aspecto que o

motivou foi a vontade de associar o aspecto acadêmico com o ambiente corporativo.

[...] me apoiou muito que foi a questão acadêmica porque quando eu fui fazer o mestrado e me deparei com o tema do empreendedorismo social e vi que eu poderia trabalhar esse tema também de forma mais corporativa e [...] me considero muito empreendedor, eu não queria que os meus resultados da minha pesquisa ficassem apenas lá no banco de dados na biblioteca da universidade. Eu queria mais, e esse mais se desdobrou no livro que é bem mais prático do que a própria dissertação, [...] e esse livro hoje comercialmente também me ajuda, aqui para Dialogus porque eu dissemino a ideia da sustentabilidade também para as organizações do terceiro setor. Então foi essa minha angustia, essa minha vontade de querer fazer esse trabalho com os stakeholders e também com a área social e eu juntei como trabalhar o social de forma mais empresarial, mais corporativa e assim surgiu a Dialogus (ENTREVISTADO 2).

Um aspecto também abordado nessa pergunta foram os desafios

enfrentados pelo empreendedor antes e durante a abertura da empresa.

Um dos desafios foi e está sendo ainda o entendimento do tema por parte dos empresários então sabia que iria enfrentar essa dificuldade, esse desafio. Como chegar e abordar o tema? [...] Essa está sendo uma grande dificuldade. E considero outra dificuldade o profissional qualificado no tema, porque como nós somos uma empresa especializada no tema de responsabilidade social, a gente não tem muitos profissionais capacitados e de alguma forma sobrecarrega os poucos que temos aqui. [...]Tive uma outra dificuldade no início que foi a questão financeira, então como muitos empreendedores que começam a questão financeira é uma das grandes barreiras e não tinha capital de giro. Porque eu como professor de empreendedorismo, eu ensino hoje que pra qualquer negócio que você for montar, você precisa ter um capital de giro. Eu tinha muito pouco porque a minha outra ocupação me dava essa possibilidade de ter um dinheiro reserva, mas não era de forma planejada um capital de giro e eu considero que esse foi um dos grandes desafios no início [...] a empresa já se pagou em menos de um ano e essa barreira, que foi uma barreira inicial, hoje não é mais (ENTREVISTADO 2).

A maioria dos empreendedores possuem esses desafios na abertura da

empresa inovadora, como por exemplo: a dificuldade nos aspectos financeiros e de

crédito, a incerteza quanto ao retorno do investimento realizado no negócio e no

caso dessa pesquisa, a barreira do tema ser ainda recente e desconhecido pela

35

maioria dos clientes (INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA,

2006). Outra constatação que pode ser realizado através do trecho acima é que

essa empresa se caracteriza como sendo uma empresa do oceano azul já que

houve a criação de uma demanda em um mercado ainda inexplorado, além de

possuir um crescimento lucrativo. (KIM; MAUBORGNE, 2005)

A primeira pergunta comum a todos os entrevistados dizia respeito a

Dialogus ser considerada por eles uma empresa inovadora e em quais aspectos.

Todos concordaram com a afirmação e elencaram alguns pontos, dos quais os

comuns entre as entrevistas foram:

• Serem a primeira consultoria especializada em Responsabilidade

Social no Ceará, associado ao Instituto ETHOS (2014). Todos

comentaram esse ponto, sendo algo positivo, já que o principal aspecto

que faz com que ela seja uma organização inovadora é o fato dela ser

pioneira no mercado que ela atende, garantindo sua competitividade

frente aos concorrentes e possibilitando atrair clientes, principalmente no

começo da atuação da empresa.

• Os serviços oferecidos pela empresa, sendo estes focados na área de

Responsabilidade Social, tem ainda novo no mercado cearense.

• Por terem processos internos que incentivam os colaboradores a

sempre trazer temas novos para serem discutidos na empresa e utilizados

como primeiro passo no processo de inovação, seja em processos

internos ou externos, principalmente nos serviços.

• Possuir uma equipe de parceiros que atuassem juntamente com a

empresa na realização dos serviços que ela oferece.

• Possuir uma comunicação muito próxima e clara com outros públicos,

além dos clientes, através de palestras e treinamentos gratuitos

oferecidos pela organização e parceiros, a fim de ampliar a divulgação do

tema dentro do Estado.

Na segunda pergunta os colaboradores foram convidados a questionar se

a empresa realmente é uma consultoria de sucesso e elencar os principais aspectos

que contribuíram para esse sucesso, destacando o que elas considerasse o

principal. Todos concordaram que a empresa realmente conseguiu ter sucesso e

consideraram os seguintes atributos:

36

O principal aspecto que torna a Dialogus uma empresa de sucesso é o compromisso maior atrelado a sua missão organizacional que é ‘promover a responsabilidade social aperfeiçoando os modelos de gestão das organizações’. Além da especialização dos consultores, eles são consultores especializados na área de Responsabilidade Social, todos tem cursos, tem uma formação ampla e específica da área [...] (ENTREVISTADO 1) Estilo da liderança do empreendedor. [...] o sucesso hoje da organização eu atribuo muito ao meu estilo, por eu ser antenado, por eu ser muito persistente, [...]e também pelo meu estilo workaholic de ser, eu adoro trabalhar e tenho muita energia. Então isso faz a empresa está viva o tempo todo e ela ter sucesso. [...] seria o Plano de Negócio, em segundo lugar, porque pelo Plano de Negócios eu consegui visualizar tudo isso, [...] mas o plano me fez enxergar a curto, médio e longo prazo (ENTREVISTADO 2). O tema hoje, Responsabilidade Social ele tem um nicho, entende? Então assim, eu acho que a gente atua bem nesse nicho, as empresa que atuam com RSE, Responsabilidade Social Empresarial, essas empresas tem um contato com a Dialogus, conhece a Dialogus de alguma maneira. Eu acho que isso é importante para ter sucesso, eu estou na empresa vão fazer cinco meses e é um processo de crescimento. Eu entrei há cinco meses atrás e até agora a empresa vem crescendo, conquista novos clientes, expandiram os processos, então assim o que contribuiu para isso foi a gente ter contato com esse nicho, esse nicho que estuda o tema (ENTREVISTADO 3). Ela já se configura como de sucesso por ser aparentemente que tem pouco tempo, dois anos, pela procura que a gente está recebendo Principalmente pela forma como a gente lida com os nossos clientes, a gente procura ter um atendimento bem próximo com o cliente, onde a gente senta com o cliente, a gente conversa para saber qual a realidade do cliente e desenvolve um projeto adequado a suas necessidades (ENTREVISTADO 4).

Além disso, práticas de intraempreendedorismo estão presentes dentro

da rotina da empresa, que vai desde a criação de novos serviços no portfólio da

empresa, promover o espírito de inovação aprimorando os produtos, se renovando

no que diz respeito as ideias organizacionais e sendo proativa ao assumir riscos e

ser agressiva perante a concorrência (HISRICH, PETERS; SHEPHERD, 2013). A

empresa ainda consegue aliar o desenvolvimento dos profissionais e inovar,

principalmente no que diz respeito aos serviços oferecidos aos clientes.

Nós temos um programa de intraempreendedorismo. O que significa isso? Nós temos uma cultura aqui da meritocracia e independente do tempo de casa a nossa equipe precisa estimulada e desafiada o tempo todo, essa é a palavra ‘desafiada’ e esse programa de intraempreendedorismo é com base nos nossos valores e no que nós consideramos e achamos relevante e estratégico para a geração de resultados. Então a equipe é desafiada e temos vários aspectos: em vivenciar bem nossos valores, fechar contrato, em ter que ler livros, em ter que publicar artigo. [...] Então aquele que consegue cumprir bem esses critérios tem uma premiação no final do mês, [...] que não é financeira,[...] e isso nos ajuda muito porque esse programa

37

de intraempreendedorismo possibilita o nosso funcionário, ele se desenvolver mais ainda,[...] e ele precisa se aperfeiçoar e beneficia a empresa porque ela precisa gerar resultados e nesse momento em que ele é desafiado a empresa consequentemente ganha porque estar ali os critérios que a gente considera fundamentais para uma empresa sobreviver que é a organização, a gestão comercial e que é a sua operação, a consultoria em si (ENTREVISTADO 2).

Através desse programa torna-se possível a inovação dentro da

organização, por meio de reuniões semanais um colaborador é convidado a

presentar um assunto do tema Responsabilidade Social e se discute inovações.

Para os clientes, a equipe é desafiada pelo líder a pesquisar o assunto relacionado

ao projeto em andamento e trazer inovações para o cliente, sempre de forma

contínua, pois há a preocupação com a satisfação do cliente e em agregar valor ao

mesmo.

Temos aqui reuniões toda sexta-feira, [...] e a ideia é que cada um apresente um assunto do tema de responsabilidade social. Naquele momento em que cada um apresenta um tema a gente discute ali inovações sempre, sempre. E no cliente por mais que a gente siga uma metodologia, [...] desafio a equipe a pesquisar aquele assunto pra trazer inovações pro cliente e isso de forma contínua. [...], o cliente quando ele paga, além dele querer ser muito mimado ele quer receber um trabalho de alta qualidade, seja uma empresa pequena, média ou grande. Então a minha preocupação hoje de inovação, ela vai desde uma empresa que a gente trabalha hoje de forma voluntária [...] até um grupo grande de empresas. Então essa é a minha grande preocupação, nas nossas leituras, nas nossas reuniões e no próprio programa de incentivos também a gente consegue contemplar essas inovações (ENTREVISTADO 2).

4.2 CARACTERÍSTICAS ESTRATÉGICAS DA EMPRESA INOVADORA

O Planejamento Estratégico da empresa envolve todos os funcionários e

passa por uma revisão a cada ano. Ele foi elaborado na abertura da empresa (2012)

e tem objetivos traçados até o ano de 2015. Ele se inicia na elaboração de cenários,

onde a equipe estuda os possíveis cenários e seleciona alguns para a estratégia,

realiza-se pesquisas internas, como pesquisas de clima organizacional e de

satisfação do cliente, elabora-se a análise SWOT (Forças, Fraquezas, Ameaças e

Oportunidades) a partir das variáveis apresentadas pela equipe, a identidade da

empresa é revisada, identificando se devem ocorrer mudanças na filosofia da

empresa, no core business, dentre outros, e finaliza na definição dos objetivos e

indicadores estratégicos baseados nas perspectivas do Balance Score Card, sendo

38

essa última etapa, avaliada pelo próprio empreendedor como um ponto a melhorar

no processo estratégico principalmente em relação aos indicadores.

No que diz respeito ao principal objetivo estratégico da Dialogus a equipe

abordou diferentes objetivos que de certa forma lembrava sempre a estratégia da

empresa. Dois dos entrevistados focaram na visão estratégica que a empresa busca

alcançar até o ano de 2015:

[...] visão Dialogus 2015: ‘ser destaque no mercado cearense em responsabilidade social reconhecida por sua equipe especializada contribuindo para o fortalecimento da reputação e lucratividade dos nossos clientes e parceiros em prol do desenvolvimento sustentável’, então isso é a visão da Dialogus, a ambição que ela tem, delimitada até 2015, [...] (ENTREVISTADO 1). A gente fala muito que nós queremos ser referência num tema, a gente é a primeira consultoria, algumas instituições, institutos, organizações do terceiro setor, algumas empresas já nos reconhecem como uma empresa especializada e com foco no tema, então a gente está batalhando sempre para isso, num cenário cearense todo, no geral, a gente seja esse destaque no tema, acho que é isso que a gente vem trabalhando, é por isso que a gente trabalha todo dia para tentar conseguir (ENTREVISTADO 3). Disseminar a Responsabilidade Social no estado do Ceará, esse é o principal objetivo (ENTREVISTADO 4).

O segundo entrevistado abordou o esforço da equipe na melhoria

contínua do relacionamento com o cliente:

Um é ter a gestão do relacionamento do cliente, que é muito, muito forte [...] pra gente manter o cliente sustentável, que é a forma de você gerir o relacionamento com o cliente, atualizado para que nos dê informações sobre o nosso cliente, então esse é um dos grandes objetivos (ENTREVISTADO 2).

Ao analisar de forma geral o mercado em que atuam foram comentados

aspectos como a ausência de concorrentes diretos, que trabalhem com

especialidade na área de Responsabilidade Social, apesar da existência de vários

consultores independentes que são formados nessa área e que atuam no mercado.

Foi destacado também o desconhecimento do marketshare da empresa, porém os

entrevistados reconhecem que a empresa não é líder no setor de prestadora de

consultorias. Por fim, o relacionamento com os stakeholders de maneira

transparente e ética, atualmente fortalecido pela criação do Código de Ética da

organização, o qual facilita o posicionamento dela perante o mercado, e a

comunicação nas redes sociais, nas quais há a preocupação da empresa em

39

repassar uma determinada imagem aos seus seguidores, imagem essa que ela

alcança através da assessoria de uma agencia de comunicação contratada pela

mesma.

Na quarta pergunta deveria ser realizada uma análise geral dos

concorrentes da organização e se existentes, elencar as estratégias utilizadas pela

empresa que se relacionassem com esse aspecto. O objetivo era observar o nível

de preocupação da empresa com seus concorrentes e saber se os mesmos eram

priorizados por ela, já que como descrito no Referencial Teórico desse trabalho as

empresas de Oceano Azul tem como característica tornar irrelevante a concorrência,

focando na inovação de valor ao cliente, porém sempre que possível monitorando a

mesma e analisando suas estratégias (KIM; MAUBORGNE, 2005).

Todos os entrevistados concluíram a inexistência de concorrentes diretos

da empresa, ou seja, consultorias especializadas em Responsabilidade Social,

porém reconhecendo a força de outras grandes consultorias e principalmente do

Serviço Social da Indústria do Ceará – SESI que possuía um departamento

especializado na área e atendia diversas indústrias locais, além dos consultores

independentes que são altamente qualificados e especializados no tema e que

também possuem sua participação no mercado.

Apesar da dificuldade em se monitorar esses concorrentes, devido se

tratar de prestação de serviços, existe um monitoramento informal por parte do

empreendedor da empresa, sendo possível a realização do mesmo por meio da rede

de contatos que o mesmo possui, e assim ele consegue levantar muitas informações

relevantes no que tange à concorrência e também um monitoramento formal que é

através da página da empresa no Facebook, no qual a empresa segue todos os

possíveis e potenciais concorrentes da empresa e assim observa quais as

estratégias ou as possíveis estratégias dos mesmos. Outra prática interessante com

relação a concorrência é o fato de todos estarem cadastrados no banco de dados da

empresa e receberem a newsletter mensal da organização, dessa maneira eles

também tomam conhecimento das ações realizadas por ela. Mesmo assim, o que

foi observado durante as entrevistas, foi o enorme respeito existente entre a

empresa Dialogus e demais empresas e profissionais concorrentes diretos ou não.

A gente conhece muito pouco e não sabe como os concorrentes estão atuando, qual o preço que estão operacionalizando [...]. Pelo mercado ser

40

muito pequeno, não é um produto de prateleira que você vai em qualquer supermercado e você pode ver como o outro está trabalhando, então a gente tem essa dificuldade. Mas a gente procura ter um relacionamento bem amigável com os nossos concorrentes, [...] (ENTREVISTADO 4).

Com relação aos clientes a empresa atende as empresas de pequeno,

médio e grande porte e também as do terceiro setor, mesmo assim através do

feeling da equipe e de um estudo informal, algumas organizações não tiveram, de

forma muito ética, propostas apresentadas por possivelmente não possuírem o perfil

que a empresa almeja em seu cliente. Além disso, a empresa foca muito no tema no

qual ela é especialista, então vários projetos já foram rejeitados porque não se

relacionavam com o mesmo.

A organização se preocupa muito em gerar valor ao cliente através dos

serviços que lhes oferecem, incentivando e promovendo o desenvolvimento dos

seus consultores e permitindo que os mesmos possam inovar dentro da realidade

individual das organizações, por meio de reuniões semanais em que os relatórios

dos clientes são analisados pela equipe e discutidas inovações que serão colocadas

em prática conforme o andamento do projeto. Ao mesmo tempo eles atribuem valor

e inovação, proporcionando compras de valor ao cliente, tornando a concorrência

irrelevante e explorando demandas criadas pela empresa (KIM; MAUBORGNE,

2005).

Geração de valor ao cliente é a preocupação também, não só com o resultado que o cliente quer, mas o cuidado que eu tenho com o cliente o tempo todo. Não só pelo Cliente Sustentável, pelo programa, mas por uma preocupação de estar sempre presente junto ao cliente. [...] Estar presente no cliente, não significa pra gente aqui, estar presencialmente, todos os dias no cliente, é ter comunicação com o cliente via Skype, via e-mail, semanalmente e outra forma também que a gente se posiciona de forma mais sistemática e acredito profissional, toda semana a equipe de consultores eles nos enviam o relatório semanal do cliente. E esse relatório [...] é discutido toda sexta-feira com eles e ali a gente consegue agregar valor para o cliente[...] (ENTREVISTADO 2).

As empresas do Oceano Azul devem se preocupar com os não-clientes

do setor a fim de torná-los clientes e lhes proporcionar uma experiência excepcional

de compra. (KIM; MAUBORGNE, 2005) Com relação a organização estudada ela

não foca nos não-clientes do setor, mas sim em criar uma necessidade nesses

clientes, que a princípio, somente essa empresa pode suprir. Dessa forma, ela

presta seus serviços a clientes do setor em que atua, mas atendendo necessidades

diferenciadas, as quais somente uma empresa especializada em Responsabilidade

41

Social pode atender, como criar políticas de integração das ações promovidas pelo

cliente relacionadas ao tema, otimizar, principalmente as empresas de grande porte,

para participar de grandes premiações também relacionadas ao tema da

Responsabilidade Social e para as organizações que fornecem serviços aos órgãos

públicos que também exigem uma política estruturada e tudo isso influencia na

criação de uma demanda.

No entanto, a organização ainda sofre muita resistência por parte dos

possíveis clientes pelo fato da maioria não ter total conhecimento do tema,

dificultando, em alguns casos, a entrada da consultoria na empresa contratante.

[...] com certeza existe empresa que começa achando uma coisa e realmente termina o projeto e ela fica muito satisfeita, realmente já conhece, já tem um nível de conhecimento maior, tanto é que o primeiro passo para você entrar numa empresa que ela não sabe da área é você sensibilizar a empresa sobre a área. Fazer uma palestra, comunicar o que vai ser feito, o que é a área, para que as pessoas não resistam ainda mais, porque a resistência muitas vezes acontece porque a pessoa não sabe o que vai mudar e porque está mudando. Então esse passo de conscientização é muito importante e contribui muito para o resultado final [...] (ENTREVISTADO 1). [...] com relação a resistência, isso a gente encontra sempre, por se tratar de trabalho de consultoria, [...] fazer com que o tema, logo de início, utilizando um dos princípios da Responsabilidade Social de implantação do tema é você disseminar e conceituar o tem para todo mundo. Então todos tem que entender, [...] as pessoas, elas sabendo o que é a Responsabilidade Social e elas sabendo quais serão os benefícios que elas vão ter com o nosso trabalho, a resistência ela diminui, ela minimiza, [...] então as resistências são minimizadas a partir do momento que eu explico para todo mundo os benefícios e o que é o tema para eles (ENTREVISTADO 2).

Com relação a pergunta do atendimento das necessidades dos clientes

através dos serviços o objetivo era saber se agregavam valor aos clientes se

comparados com os da concorrência. Todos concordaram que a empresa realmente

atende as necessidades dos clientes através do portfólio que ela possui atualmente,

porém ela sempre busca revisá-lo estrategicamente a fim de se manter atualizada.

Por exemplo, a equipe pretende desenvolver um produto voltado especificamente

para a realização de diagnósticos em instituições de ensino em geral, isso

provavelmente se deu devido ao trabalho realizado por eles em uma escola e daí a

foi percebida a necessidade de acrescentar esse serviço.

Quando questionados quanto ao preço dos serviços, todos consideraram

os preços atrativos para os clientes, ressaltando que a opinião dos próprios clientes

42

ainda será conhecida através da pesquisa de satisfação que será realizada com os

clientes que estão realizando projeto e com os que já realizaram. A estratégia

relacionada ao aspecto preço utilizada foi a de penetração de mercado, estratégia

essa mais comum em empresas do Oceano Vermelho que buscam diferenciação ou

competitividade pelo preço. Porém, o negócio pode ser considerado como lucrativo

já que o retorno veio bem antes (menos de um ano) do que era esperado (após o

segundo ano), sendo essa uma característica de empresas do Oceano Azul (KIM;

MAUBORGNE, 2005).

[...] utilizo a precificação por hora de trabalho do consultor, então nós temos hoje um parâmetro que é o Instituto Brasileiro dos Consultores de Organizações – IBCO, [...]eu coloco esse valor menor, porque eu sei que o mercado está aplicando o valor teto máximo, [...] o montante sai menor, então para o mercado o nosso preço ele é menor e isso foi uma estratégia de penetração de mercado, [...] tanto que a gente consegue ganhar concorrências e competição de concorrentes por causa do preço também (ENTREVISTADO 1).

Dessa maneira, a empresa possui algumas características das estratégias

descritas por Drucker (1985) e apresentadas nesse trabalho no capítulo Referencial

Teórico. Aspectos como a realização no início do trabalho uma análise do setor,

identificando os erros dos concorrentes, produtores e fornecedores, sendo essa

análise representada pelo Plano de Negócios elaborado pelo empreendedor da

organização. Após isso, ele desenha o serviço excepcional para o setor escolhido e

que seja dificilmente atingido pelos concorrentes. Uma das características que não

corresponde a essa estratégia é a procura por um mercado que ele encontre

resistência, que foi exatamente o que a empresa encontrou e ainda enfrenta no seu

cotidiano.

Outros aspectos comuns as estratégias descritas pelo autor supracitado é

a busca pela inovação, não necessariamente através do lançamento de um novo

produto ou serviço mas a estratégia o converte em algo novo, que possua uma nova

funcionalidade para o usuário e se diferencie economicamente. Dessa forma, a

empresa alcança clientes focando em atender suas necessidades com a criação de

utilidade e tornado quase irrelevante o preço e percebendo como o valor a ser pago

se volta para as necessidades reais do consumidor, que no caso da empresa

estudada, percebeu-se que realmente ocorre essa preocupação em atender as

necessidades do contratante além das expectativas do mesmo. Além disso, ela

43

considera o cliente como parte do serviço oferecido, buscando de forma contínua

trabalhar juntamente com ele, buscando alcançar sempre os melhores resultados

para a organização (DRUCKER, 1985).

Todas as perguntas feitas aos entrevistados tinham como objetivo

identificar as características estratégicas intrínsecas a uma empresa do Oceano

Azul. Abaixo (Quadro 3) são apresentados de que forma esses aspectos foram

encontrados na organização estudada:

Quadro 3 – Empresas do Oceano Azul e Dialogus

Características de empresas do Oceano Azul Características da Dialogus

Criar espaços de mercado inexplorados. Atua em um setor quase inexistente, sendo a consultoria pioneira na área de Responsabilidade Social.

Tornar a concorrência irrelevante. A preocupação principal da empresa não é com a concorrência, mas sim com o relacionamento com o cliente.

Criar e capturar a nova demanda. Criou uma nova demanda de organizações que querem ou precisam incluir a Responsabilidade Social na gestão.

Romper o trade-off valor e custo. Principalmente, por meio de parcerias a empresa consegue diminuir seus custos e proporcionar valor aos clientes.

Alinhar todo o sistema de atividades da empresa em busca da diferenciação e baixo custo.

A empresa investe em processos inovadores que melhoram a gestão e os serviços aliado a um baixo custo.

Fonte: Elaborado pelo autor.

4.3 BARREIRAS ENCONTRADAS NA EXECUÇÃO DA ESTRATÉGIA

Em relação as barreiras encontradas na execução, segundo Kim e

Mauborgne (2005) são possíveis encontrar quatro barreiras nessa etapa da

estratégia da organização, são elas: a barreira cognitiva; a falta de recursos; a

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motivação dos funcionários; e a política organizacional que deve incentivar as

pessoas a irem até o fim do processo de transição estratégica.

Através das entrevistas realizadas foi possível perceber que as barreiras

de execução estratégica comuns a empresas de Oceano Azul não foram

encontradas pela organização estudada. Os aspectos abordados como barreiras

foram:

• o tamanho da equipe, considerada ainda pequena se comparada com

a demanda crescente de clientes que procuram a empresa e isso tem

como consequência a sobrecarga dos consultores. Talvez, se não forem

tomadas providências isso possa vir a afetar, por exemplo, no aspecto

‘relacionamento com o cliente’, sendo esse bem comentado pelos

colaboradores como sendo um dos objetivos da estratégia atual;

• a cultura da organização, principalmente no que diz respeito aos

valores organizacionais, considerados como sendo muito fortes na cultura

organizacional e que acaba fazendo com que alguns colaboradores não

se adaptem a empresa; e

• o fator externo, relacionado a resistência ou falta de conhecimento do

tema, principalmente por parte de clientes e participantes do Ciclo de

Palestras, programa de palestras e cursos que a empresa oferece

mensalmente aos seus stakeholders.

[...] a questão do Ciclo de Palestras da Dialogus. A gente planejou realizar o ciclo de palestras, o principal objetivo era que as pessoas, os colaboradores das empresas eles viessem aquela palestra, assistisse, se interessasse, passasse a conhecer mais a consultoria e teve uma resistência muito grande das pessoas irem às palestras. Esse ciclo semestral teve muito pouca aceitação das pessoas, as pessoas não compareciam, era muito bem divulgado, muita gente ligava, mas a gente não sabe o que acontece que as pessoas não estão indo as palestras e isso é um tipo de resistência [...]. Outro tipo de resistência também pode ser essa falta de conhecimento das empresas [...] (ENTREVISTADO 1).

[...] na minha visão as barreiras que eu encontrei não foi nem tanto a questão financeira, a questão financeira foi uma barreira para o mercado, para eu me mostrar no mercado, mas internamente que tenha sido a própria cultura, porque quem entra numa empresa ela tem que se adaptar a cultura nossa e por mais que eu escolha aqui a dedo quem entra, é uma cultura diferente[...]. Hoje eu tenho certeza que a equipe que eu tenho aqui, ela acredita no tema. Como a empresa também é visionária eu sempre me preocupei na hora da contratação, saber se eles tem nossos valores, pelo menos eu minimizo essa questão cultural [...] (ENTREVISTADO 2).

45

Eu acho que um grande problema é justamente nós sermos poucos. [...] então assim, a gente está com uma carteira boa de cliente hoje, a gente fica se sobrecarregando, acho que esse é um problema é a falta de estrutura por ainda ser uma empresa pequena, para mim é um dos maiores problemas que tem para entregarmos nossa estratégia e outra é justamente essa aversão ao tema: não sei, não quero saber não quero fazer ação social porque isso não dar resultado, quando na verdade nem é isso. [...] é muito sobrecarregado, mas cada vez que chega uma proposta nova, um cliente novo, eu quero ver [...] (ENTREVISTADO 3).

[...] porque as empresas, muitas delas, nunca nem ouviram falar em Responsabilidade Social, então assim precisava uma cobrança maior das empresas do Sudeste, ou do próprio mercado, dos clientes, exigir das empresas essa postura. Porque realmente chegar em uma empresa e assim a gente está desbravando e nessa ‘coisa’ de desbravar é difícil, ela não é fácil, porque se a gente já tivesse um mercado consolidado tendo a Responsabilidade Social como exigência, com uma prática, como uma postura, seria mais fácil [...] (ENTREVISTADO 4).

46

5 CONCLUSÃO

O primeiro aspecto que buscou-se pesquisar nesse trabalho foi o

processo empreendedor dentro de uma empresa inovadora no estado do Ceará. Os

resultados corroboraram com a teoria quando se trata do fato da empresa criada ser

uma percepção diferenciada do empreendedor do mercado em que ele deseja atuar,

acompanhada por uma oportunidade, no caso, contribuindo assim para a criação da

empresa e consequentemente para seu sucesso. Outro fator que se inclui nesse

aspecto, foram as barreiras encontrados pelo mesmo na abertura da empresa,

sendo os principais: a falta de recursos financeiros, as incertezas quanto ao sucesso

da empresa, que na organização estudada se agravava porque o tema que ela

aborda ainda é relativamente novo no Nordeste e a ausência de profissionais

qualificados e especializados na área de Responsabilidade Social.

No que diz respeito às características dos tipos de empresas estudadas

na teoria os resultados diferenciaram-se mais da teoria se comparados com o

aspecto anterior. Algumas características de empresas do Oceano Azul, como a

busca pela liderança do mercado em que atua e a busca por um segmento que não

traga resistência ao novo negócio não foram encontrados na empresa, pelo

contrário, os entrevistados afirmaram que o foco não é a liderança do setor e que

uma das grandes dificuldades da empresa hoje é em relação ao pouco ou nenhum

conhecimento dos clientes sobre Responsabilidade Social. Porém, muitas outras

características de organizações do Oceano Azul foram encontradas, dentre elas:

uma lucratividade acima do esperado pelo empreendedor; criação de uma demanda

para os serviços que eles oferecem em um mercado ainda inexplorado; a busca por

incluir a inovação de valor em seus serviços e garantir uma experiência excepcional

aos clientes; e busca de parcerias e alianças estratégicas. Assim como foram

encontradas também características de empresas inovadoras como a realização de

um programa de intraempreendedorismo para os colaboradores e incentivos para se

praticar a inovação dentro da empresa, principalmente no que diz respeito aos

serviços oferecidos pela mesma.

No segundo aspecto, o qual trata do planejamento estratégico percebeu-

se que a empresa foca no relacionamento com o cliente. Mesmo não possuindo

concorrentes diretos, ou seja, consultorias especializadas em Responsabilidade

Social, a empresa busca estreitar essa relação com os clientes e com os diversos

47

públicos interessados, basicamente por meio do portfólio que agrega valor as

empresas contratantes a atender as necessidades nelas intrínsecas e da realização

de palestras e cursos que buscam disseminar cada vez mais a área no mercado

local. Concluiu-se que segundo as estratégias desenvolvidas por Drucker (1985) a

empresa estudada possuiu uma preocupação por parte do empreendedor de

analisar o setor em que iria atuar, por meio do Plano de Negócios, a criação de um

serviço que dificilmente teria os mesmos objetivos daqueles oferecidos pelos

concorrentes, a inclusão da inovação nas práticas rotineiras da organização e a

criação de valor aos clientes, essa última identificada também nas características

das empresas do Oceano Azul.

Quanto as barreiras não foram encontradas aquelas apontadas como

sendo comuns as empresas pertencentes ao Oceano Azul, não podendo, a partir

disso, considerar a organização como sendo, em sua totalidade, do oceano

vermelho, mas estudá-la melhor de forma a identificar o porquê da inexistência

dessas barreiras e assim aprimorar o conhecimento acadêmico dessas

características advindas das empresas do Oceano Azul.

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REFERÊNCIAS

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49

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50

APÊNDICES

51

APÊNDICE A – ENTREVISTA 1

ROTEIRO DE ENTREVISTA ESTRUTURADA APLICADO AO FUNDADOR DE

UMA EMPRESA DE CONSULTORIA

1. Comente, de maneira geral, sobre a abertura da empresa (riscos inerentes,

desafios, expectativas e etc.).

2. ‘A Dialogus é uma empresa inovadora’. Você concorda com essa afirmação?

Se sim, comente em quais aspectos você a considera inovadora.

3. ‘A Dialogus é uma empresa de sucesso no mercado em que atua.’ Você

concorda com essa afirmação? Se sim, para você, quais aspectos contribuíram para

esse sucesso (qual o principal)?

4. Qual o objetivo principal que a Dialogus pretende alcançar?

5. Analise de forma geral o posicionamento adotado pela Dialogus em relação a

concorrência do mercado que atua (marketshare, diferencial quanto aos

concorrentes, geração de valor aos clientes, e etc.)?

6. Como você analisa a empresa em relação aos seus concorrentes? Quais

estratégias são utilizadas no que diz respeito a concorrência?

7. Vocês já prestaram um serviço a algum cliente que não se encaixa como

público-alvo da empresa? Se sim, como foi essa experiência?

8. Você considera que os serviços oferecidos pela Dialogus atendem as

necessidades dos clientes? Se não, quais ações estão sendo tomadas pela

empresa?

9. Em relação ao preço dos serviços oferecidos pela empresa, eles são atrativos

para o cliente? Realiza-se algum estudo de mercado para avaliar esse aspecto em

relação a concorrência? Se sim, quais resultados foram encontrados nesse estudo?

10. Quais as principais barreiras que foram encontradas durante a execução da

estratégia da empresa.

52

APÊNDICE B – ENTREVISTA 2

ROTEIRO DE ENTREVISTA ESTRUTURADA APLICADO AOS FUNCIONÁRIOS

EM UMA EMPRESA DE CONSULTORIA

1. ‘A Dialogus é uma empresa inovadora’. Você concorda com essa afirmação?

Se sim, comente em quais aspectos você a considera inovadora.

2. ‘A Dialogus é uma empresa de sucesso no mercado em que atua.’ Você

concorda com essa afirmação? Se sim, para você, quais aspectos contribuíram para

esse sucesso (qual o principal)?

3. Qual o objetivo principal que a Dialogus pretende alcançar?

4. Analise de forma geral o posicionamento adotado pela Dialogus em relação a

concorrência do mercado que atua (marketshare, diferencial quanto aos

concorrentes, geração de valor aos clientes, e etc.)?

5. Como você analisa a empresa em relação aos seus concorrentes? Quais

estratégias são utilizadas no que diz respeito a concorrência?

6. Vocês já prestaram um serviço a algum cliente que não se encaixa como

público-alvo da empresa? Se sim, como foi essa experiência?

7. Você considera que os serviços oferecidos pela Dialogus atendem as

necessidades dos clientes? Se não, quais ações estão sendo tomadas pela

empresa?

8. Em relação ao preço dos serviços oferecidos pela empresa, eles são atrativos

para o cliente? Realiza-se algum estudo de mercado para avaliar esse aspecto em

relação a concorrência? Se sim, quais resultados foram encontrados nesse estudo?

9. Quais as principais barreiras que foram encontradas durante a execução da

estratégia da empresa.