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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS SOCIAIS CURSO DE MESTRADO PROFISSIONAL EM PLANEJAMENTO E POLÍTICAS PÚBLICAS SILVIA KATAOKA DE OLIVEIRA MODELO DE AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO DE GESTÃO PARA HOSPITAIS SECUNDÁRIOS NO SETOR PÚBLICO BRASILEIRO FORTALEZA 2009

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS SOCIAIS

CURSO DE MESTRADO PROFISSIONAL EM PLANEJAMENTO E POLÍTICAS PÚBLICAS

SILVIA KATAOKA DE OLIVEIRA

MODELO DE AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO DE GESTÃO PARA HOSPITAIS SECUNDÁRIOS NO SETOR PÚBLICO BRASILEIRO

FORTALEZA 2009

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SILVIA KATAOKA DE OLIVEIRA

MODELO DE AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO DE GESTÃO PARA HOSPITAIS

SECUNDÁRIOS NO SETOR PÚBLICO BRASILEIRO

Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado Profissional e Políticas Públicas, do Centro de Estudos Sociais Aplicados, da Universidade Estadual do Ceará, como requisito parcial para obtenção do grau de Mestre. Orientador: Prof. Ph. D. Paulo César de Sousa Batista

FORTALEZA 2009

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SILVIA KATAOKA DE OLIVEIRA

MODELO DE AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO DE GESTÃO PARA HOSPITAIS SECUNDÁRIOS NO SETOR PÚBLICO BRASILEIRO

Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado Profissional e Políticas Públicas, do Centro de Estudos Sociais Aplicados, da Universidade Estadual do Ceará, como requisito parcial para obtenção do grau de Mestre. Orientador: Prof. Ph. D. Paulo César de Sousa Batista .

Aprovada em: 29/12/2009

BANCA EXAMINADORA

____________________________________________ Prof. Ph.D. Paulo César de Sousa Batista (Orientador)

Universidade Estadual do Ceará

___________________________________________ Prof. Dr. Paulo César de Almeida Universidade Estadual do Ceará

__________________________________________ Prof. Dr. Roberto Sérgio Farias de Souza

Universidade do Vale do Acaraú

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A Jeová, Deus, que colocou as pessoas certas no meu caminho, mantendo-as ao meu lado, sempre que foi preciso. Aos meus pais, Mario e Lourdinha, pelo exemplo de amor e dedicação, ao meu esposo, Tonguinho, e as minhas filhas, Ester e Natalia. DEDICO

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AGRADECIMENTOS

Ao Secretário Bismarck Maia, que oportunizou a minha participação no Curso de Mestrado

Profissional em Planejamento e Políticas Públicas, com recursos do PRODETUR, por meio do

Banco do Nordeste.

Ao Dr. João Borges, Diretor Geral do Hospital Municipal Dr. João Elísio de Holanda, a

diretora Mariâm Lopes e aos diretores Fernando Carvalho e Barbosa Júnior, que colaboraram

e acreditaram nesse trabalho, abrindo as portas dessa instituição à realização dessa dissertação.

Ao professor Paulo César de Sousa Batista, que pelo seu vasto e brilhante conhecimento, me

proporcionou grande crescimento profissional e pessoal na orientação desta dissertação, e,

também, por confiar e acreditar no meu trabalho.

Ao Professor Horácio Frota, coordenador do mestrado, cuja competência e dedicação têm

permitido que muitos profissionais no Estado tenham uma melhor qualificação técnica.

A amiga Socorro Lima, pela ajuda e leal parceria profissional.

Aos companheiros e companheiras do GesPública, nacional e local, pela colaboração ao

compartilhar conhecimentos e experiências.

Aos amigos de trabalho, pelo incentivo e ajuda profissional: Ariana Falcão, Edmar Mendes,

Desirée Mota, Lúcia Cidrão, Soraya Victor, Ernesto Sabóia, Fernando Carvalho (Etice), Alda

Oliveira, Wilton Bessa, Márcia Ximendes, Lúcia Pompeu, Osterne Feitosa e Simone

Nascimento.

Aos amigos e parentes (em especial Gorete Fontenele) pela compreensão da minha ausência

em vários momentos importantes de suas vidas, mas que já sinalizaram que irão me aceitar de

volta.

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RESUMO

Este estudo propõe uma metodologia para medição da performance através da implantação do Balanced Scorecard (BSC), no Hospital Municipal João Elísio de Holanda – HMJEH. O Hospital presta assistência no nível secundário de complexidade do sistema de saúde pública, sendo localizado na cidade de Maracanaú, Estado do Ceará, e mantido pela Prefeitura Municipal dessa Cidade. Metodologicamente, a pesquisa é um Estudo de Caso do Hospital, e utiliza como métodos auxiliares a entrevista e a realização de painéis e oficinas de trabalho. O estudo tem como contexto a evolução da gestão pública e do sistema de saúde no Brasil e assenta-se teoricamente nas contribuições sobre desempenho, avaliação de desempenho e na contribuição de autores como Kaplan e Norton (1997). São ainda relevantes as concepções teóricas e a sistemática de avaliação de desempenho do Modelo de Excelência de Gestão Pública – MEGP, do Programa Nacional de Gestão Pública e Desburocratização. O modelo de avaliação proposto é composto de quatro perspectivas para medir o desempenho do hospital, que são: Sustentabilidade, Aprendizado e Crescimento, Modernização Administrativa e Stakeholders, apresentadas, com suas relações de causa e efeito, por meio de um Mapa Estratégico. Como parte da proposta foram especificados indicadores para cada uma das perspectivas, de forma a possibilitar a medição e o acompanhamento do sucesso das estratégias definidas para a instituição, contemplando a formação das equipes, a definição e desenvolvimento dos planos de ação e a montagem do sistema de informações sobre os resultados dos indicadores do BSC e dos indicadores dos planos de ação. Para o sucesso da implementação e da utilização do modelo, foi ainda definido o processo de monitoramento e análise desses indicadores, bem como explicitados os fatores facilitadores e dificultadores e as mudanças necessárias ao Hospital. Como o modelo pode ser utilizado em qualquer tipo de organização pública, ajustadas às suas especificidades, sugere-se sua implementação e o monitoramento dos resultados, de modo a consolidar esta proposta como referência em modelo de avaliação de desempenho de organizações públicas em geral. Palavras-chave: Avaliação Desempenho, Balanced Scorecard, Gestão Pública e Gestão Hospitalar.

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ABSTRACT This study proposes a methodology to measure the performance of the County Hospital João Elísio de Holanda (Hospital Municipal João Elísio de Holanda) – HMJEH through the implementation of a Balanced Scorecard (BSC). This hospital provides assistance at the secondary level of complexity of the public health system; it is located in Maracanaú, state of Ceará, and it is maintained by the City Government. Methodologically, this research is a Case Study of the hospital, and it utilizes as auxiliary methods interviews and workshop panels. The study has as context the evolution of the public management and of the health system in Brazil and theoretically it fits within the contributions about performance, performance evaluation, and on the contributions of the authors Kaplan and Norton (1997). Also important are the theoretical conceptions and the systematic performance evaluation of the Public Management Model of Excellency – MEGP, of the National Program of Public Management and Elimination of Bureaucracy. The model of evaluation proposed is composed of four perspectives to measure the performance of the hospital, which are: Sustainability, Learning and Growth, Administrative Modernization, and Stakeholders presented with their cause and effect relationships through a Strategic Map. As part of the proposal, indicators were specified for each of the perspectives in order to make possible the measurement and follow up of the success of the strategies defined for the institution, contemplating the teams formation, the definition and development of action plans, the development of the information system about the results of the indicators of the BSC and of the indicators of the action plans. To ensure the success of the implementation and use of the model, the process for monitoring and analyzing these indicators was defined, the factors that would facilitate or make it more difficult were made explicit, as well as the necessary changes in the Hospital. Since the model can be used at any type of public organization, with adjustments to its specificities, it is suggested to implement and monitor the results in such a way to consolidate this proposal as a reference model of performance evaluation for public organizations in general. Key-words: Performance Evaluation, Balanced Scorecard, Public Management, and Hospital Management.

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SUMÁRIO

LISTA DE QUADROS.............................................................................................................9

LISTA DE FIGURAS.............................................................................................................11

LISTA DE TABELAS............................................................................................................12

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ...........................................................................13

INTRODUÇÃO ......................................................................................................................15

1 A EVOLUÇÃO DA GESTÃO PÚBLICA NO BRASIL........... .......................................19

1.1 Reforma Administrativa da Nova República: concepção, características e objetivos

.............................................................................................................................................. 21

1.2 Gestão Pública Gerencial............................................................................................. 26

1.3 Gestão Pública Orientada para Resultados ............................................................... 30

2 O SISTEMA DE SAÚDE E A ORGANIZAÇÃO HOSPITALAR.... .............................36

2.1 O Setor de Saúde........................................................................................................... 36

2.1.1 O Setor Público de Saúde ........................................................................................ 38

2.1.2 O Setor Privado de Saúde........................................................................................ 42

2.2 Papel do Hospital no Sistema de Saúde...................................................................... 44

2.3 Empresa de Saúde e suas Singularidades................................................................... 46

2.4 Gestão Hospitalar ......................................................................................................... 49

2.4.1 A Qualidade no Setor de Saúde............................................................................... 56

2.4.2 A Qualidade nos Hospitais Brasileiros.................................................................... 59

3 AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO ..................................................................................62

3.1 O Conceito de Desempenho Organizacional e sua Aplicação em Organizações de

Saúde.................................................................................................................................... 62

3.1.1 Indicadores de Desempenho.................................................................................... 64

3.1.2 Modelos de Decisão ................................................................................................ 66

3.1.3 Modelos de Mensuração.......................................................................................... 69

3.1.3.1 Modelo de informação...................................................................................... 71

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3.1.4 Acreditação Hospitalar ............................................................................................ 72

3.2. Avaliação de Desempenho no Setor Público Brasileiro - Modelo de Excelência de

Gestão (MEGP) do GesPública ......................................................................................... 75

3.2.1 Princípios e Fundamentos do MEGP ...................................................................... 78

3.2.2 Instrumentos para a Avaliação da Gestão Pública .................................................. 80

3.2.3 Diretrizes para a Pontuação ..................................................................................... 84

3.3 Avaliação de Desempenho na Abordagem do Balanced Scorecard.......................... 85

3.3.1 Perspectiva Financeira.......................................................................................... 90

3.3.2 Perspectiva dos processos Internos ......................................................................... 91

3.3.3 Perspectiva do Cliente ............................................................................................. 93

3.3.4 Perspectiva da Aprendizagem e Crescimento ......................................................... 95

3.4 Análise de Stakeholders................................................................................................ 96

4 METODOLOGIA..............................................................................................................100

4.1 Natureza da Pesquisa ................................................................................................. 100

4.2 Pesquisa Exploratória ................................................................................................ 103

4.3 Delineamento da Pesquisa.......................................................................................... 104

4.4. Tratamento e Análise dos Dados.............................................................................. 107

5 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS ................................................108

5.1 Caracterização do Campo Empírico da Investigação ............................................. 109

5.2. Missão e Visão............................................................................................................ 111

5.3. Escopo do Hospital: Usuários, Produtos, Serviços e Região de Atendimento ..... 111

5.4 Diagnóstico Estratégico.............................................................................................. 112

5.5 Análise dos Stakeholders do HMJEH........................................................................ 116

5.6 Apresentação das Definições Estratégicas................................................................ 124

5.7 Construção do Mapa Estratégico e dos Indicadores ............................................... 128

5.8 Metodologia de Monitoramento e Análise dos Indicadores.................................... 136

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...............................................................................146

APÊNDICE A .......................................................................................................................154

RESUMO...............................................................................................................................154

AUTOAVALIAÇÃO DO HOSPITAL MUNICIPAL DR. JOÃO ELÍSIO DE

HOLANDA............................................................................................................................154

APÊNDICE B.......................................................................................................................163

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RESUMO DO MAPEAMENTO DO PROCESSO SAME...............................................163

ANEXO I ...............................................................................................................................170

ANEXO II..............................................................................................................................171

ANEXO III ............................................................................................................................173

QUADRO DE PONTUAÇÃO (%) - RESULTADOS ORGANIZACIONA IS..............173

ANEXO IV ............................................................................................................................174

QUESTIONÁRIOS DA PESQUISA...................................................................................174

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LISTA DE QUADROS

QUADRO 1: Classificação do Setor Privado de Saúde ........................................................... 42

QUADRO 2: Definição do Setor Supletivo de Saúde.............................................................. 43

QUADRO 3: Tipos de Local de Atendimento por Assistência à Saúde .................................. 46

QUADRO 4: As Sete Perspectivas Estratégicas Hospitalares ................................................. 50

QUADRO 5: Componentes da Gestão Operativa Hospitalar................................................... 51

QUADRO 6: Aspectos para Gerenciamento na Instituição Hospitalar.................................... 54

QUADRO 7: Missões da Gerência na Instituição Hospitalar .................................................. 54

QUADRO 8: Pilares da Qualidade e Seus Conceitos .............................................................. 57

QUADRO 9: Conceitos da Teoria Geral de Sistemas.............................................................. 57

QUADRO 10: Fases do Processo Decisório ............................................................................ 68

QUADRO 11: Descrição dos Tipos de Mensuração................................................................ 70

QUADRO 12: Características Distintas entre Administração Pública e Privada..................... 76

QUADRO 13: Princípios Constitucionais da Gestão Pública.................................................. 78

QUADRO 14: Fundamentos da Gestão Pública ...................................................................... 79

QUADRO 15: Critérios do MEGP - GesPública ..................................................................... 82

QUADRO 16: Critérios de Avaliação...................................................................................... 83

QUADRO 17: Critérios e Pontuações Máximas do GesPública.............................................. 85

QUADRO 18: Atributos para a Identificação das Diferentes Classes de Stakeholders........... 97

QUADRO 19: Usuários, Principais Produtos/Serviços e Municípios atendidos pelo HMJEH

................................................................................................................................................ 112

QUADRO 20: Análise do Ambiente Externo ........................................................................ 114

QUADRO 21: Análise do Ambiente Interno ......................................................................... 115

QUADRO 22: Relação dos Principais Stakeholders e do Papel Exercido em Relação à

Saúde/HMJEH........................................................................................................................ 117

QUADRO 23: Relação das CLASSES de Stakeholders considerando os atributos da Teoria

................................................................................................................................................ 118

QUADRO 24: Jogos de Atores do HMJEH........................................................................... 121

QUADRO 25: Desafios Estratégicos e Objetivos Associados...............................................122

QUADRO 26: Matriz dos Atores x Objetivos (MAO) .......................................................... 124

QUADRO 27: Descrição dos Indicadores da Perspectiva dos Stakeholders......................... 129

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QUADRO 28: Descrição dos Indicadores da Perspectiva da Modernização Administrativa 131

QUADRO 29: Descrição dos Indicadores da Perspectiva Aprendizado e Crescimento........ 133

QUADRO 30: Descrição dos Indicadores da Perspectiva Financeira.................................... 134

QUADRO 31: Informações X Partes Interessadas................................................................. 136

QUADRO 32: Principais Indicadores do HMJEH................................................................. 137

QUADRO 33: Reuniões de Acompanhamento e Avaliação de Desempenho do HMJEH.... 139

QUADRO 34: Indicadores de Acompanhamento e Monitoramento dos Indicadores e dos

Planos de Ação ....................................................................................................................... 140

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LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1: Pirâmide do Sistema de Saúde.............................................................................. 45

FIGURA 2: Modelo de Decisão. .............................................................................................. 67

FIGURA 3: Níveis de Mensuração de Sistemas Organizacionais. .......................................... 70

FIGURA 4: Integração dos Modelos de Decisão, de Mensuração e de Informação................ 71

FIGURA 5: Diagrama do PDCA.............................................................................................. 80

FIGURA 6: Representação do Modelo de Excelência em Gestão Pública, em blocos............ 81

FIGURA 7: Instrumentos para Avaliação da Gestão Pública. ................................................. 84

FIGURA 8: As quatro perspectivas.......................................................................................... 89

FIGURA 9: Cadeia de Valor na Formulação do BSC.............................................................. 91

FIGURA 10: Perspectiva clientes esquema relacional............................................................. 94

FIGURA 11: Classes qualitativas e tipos de Stakeholders....................................................... 98

FIGURA 12: Percurso Metodológico da Investigação........................................................... 100

FIGURA 13: Fases da Autoavaliação .................................................................................... 105

FIGURA 14: Estrutura organizacional do HMJEH................................................................ 110

FIGURA 15: Mapa Estratégico do Hospital de Maracanaú................................................... 135

FIGURA 16: Ciclo do Aprendizado Organizacional ............................................................. 141

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LISTA DE TABELAS

TABELA 1:Quantidade de respondentes por stakeholder do HMJEH.................................. 106

TABELA 2: Quadro de Pessoal.............................................................................................. 111

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ANS – Agência Nacional de Saúde Suplementar

ANVISA – Agência Nacional de Vigilância Sanitária

APO – Administração por Objetivo

BSC – Balanced Scorecard

CBC – Colégio Brasileiro de Cirurgiões

CEO – Centro de Especialidades Odontológicas

CIT – Comissão de Intergestão Tripartite

CNS – Conselho Nacional de Saúde

COMAS e CONASEMS – Conselhos Nacional de Secretários Estaduais e de Secretários

Municipais de Saúde

COSEMS – Conselho dos Secretários Municipais de Saúde

DASP – Departamento de Administração do Serviço Público

EQ – Escritório da Qualidade

FNPQ – Fundação para o Prêmio Nacional da Qualidade

GesPública – Programa Nacional de Gestão Pública e Desburocratização

GM – Gabinete do Ministério da Saúde

HMJEH – Hospital Municipal Dr. João Elísio de Holanda

IAG – Instrumento de Avaliação de Gestão

JIT – Just-In-Time

LOS – Leis Orgânicas da Saúde

LRF – Lei de Responsabilidade Fiscal

MACTOR - Metodologia dos Atores, Objetivos e Relações de Força

MARE – Ministério da Administração Federal e Reforma do Estado

MEGP – Modelo de Excelência de Gestão Pública

NOB – Normas Operacionais Básicas

NPM – Nova Gestão Pública

OMS – Organização Mundial da Saúde

ONA – Organização Nacional de Acreditação Hospitalar

OPAS – Organização Pan-Americana de Saúde

PA – Plano de Ação

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PAB – Piso de Assistência Básica

PBQP – Programa Brasileiro de Qualidade e Produtividade

PDCA – Ciclo Deming da Qualidade / Plan, Do, Check e Action

PDRAE – Plano Diretor da Reforma do Estado

PPA – Plano Plurianual

PPI – Programação Pactuada e Integrada

PQGF – Prêmio Nacional de Gestão Pública

PQSP – Programa da Qualidade no Serviço Público

PrND – Programa Nacional de Desburocratização

PSF – Programa de Saúde da Família

SAME – Serviço de Arquivos Médicos e Estatística

SWOT - Strengths, Weaknesses, Opportunities e Threats

SUS – Sistema Único de Saúde

TCU – Tribunal de Contas da União

TQM – Total Quality Management

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INTRODUÇÃO

As constantes mudanças ocorridas na tecnologia, ciência, meios de comunicação e

economia, dentre outros, têm influenciado diretamente a sociedade e, consequentemente, as

empresas e instituições prestadoras de serviços a promoverem mudanças para se ajustar aos

complexos ambientes em transformação, manterem-se competitivas e satisfazer seus clientes

ou usuários.

Semelhantemente às empresas da iniciativa privada, as instituições públicas têm,

nas últimas décadas, buscado mecanismos capazes de reinventar-se e de modernizar seus

modelos de gestão.

Apesar de não se orientarem por critérios empresariais que visam à maximização

do lucro, as organizações públicas têm sido cobradas no sentido de aumentar o seu nível de

eficiência e eficácia, produzindo serviços públicos de melhor qualidade para atender a

demanda dos cidadãos usuários.

Além disso, as dificuldades do cenário econômico mundial têm reduzido as

receitas públicas e as possibilidades de gastos, fatores que se acrescem às pressões da

sociedade para induzir a gestão estratégica dos recursos públicos e da avaliação de

desempenho.

Paralelamente, as idéias sobre a melhoria da gestão pública beneficiaram-se das

contribuições de Peter Drucker, cujas idéias influenciaram a revolução da gestão privada e

pública, conforme Osborne e Gaebler (1994). Posteriormente, na década de 90, esses autores

também contribuíram significativamente para difundir as idéias inovadoras aplicadas à gestão

pública através da publicação do livro “Reinventando o Governo. Como o espírito

empreendedor está transformando o setor público”.

Os conceitos de desempenho e gestão por resultados, ou como preferiram esses

autores, o “Governo de resultados”, emergiram no século passado e significaram a

transferência do foco da gestão da burocracia para o beneficiário da ação do Governo: o

cidadão. Essa mudança também implicou na necessidade de medir a performance das

organizações públicas, o que, em si, desencadeia um processo de aprendizado pela

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necessidade de se investigar as causas do desempenho aferido, levando a aperfeiçoamentos

nos governos e órgãos que a adotaram.

A força dos mecanismos de avaliação dos resultados, dentre outros aspectos, pode

ser encontrada nos princípios de “que tudo que é avaliado se realiza; se os resultados não

forem avaliados, não há como distinguir sucesso de insucesso e quem não pode ver o sucesso,

não pode aprender com ele” (OSBORNE; GAEBLER, 1994, p.157).

Estabelecida a importância de se medir o resultado das organizações públicas,

houve a necessidade de avançar nas questões conceituais associadas a essa avaliação, entre as

quais, o próprio conceito de resultados e a construção de sistema de informações capaz de

recolher os dados requeridos pelo cálculo dos diversos indicadores de desempenho.

Tendo esses desafios presentes, este trabalho de pesquisa procurou aplicar o

conceito de gestão por resultados a uma organização do setor público cearense, como estudo

de caso, tendo sido escolhido para isto o Hospital Municipal Dr. João Elísio de Holanda

(HMJEH).

Fundado em 1952, o hospital HMJEH foi concebido como um sanatório de

tuberculose, vinculado ao Ministério da Saúde. Essa instituição de saúde exerceu uma forte

influência no desenvolvimento da região de Maracanaú, com melhoria do transporte

rodoviário e ferroviário, abertura de novas oportunidades de emprego, além de ter propiciado

a criação do primeiro banco de sangue da região e da primeira biblioteca especializada, com

um inovador serviço de documentação científica.

Em 1982, o Hospital Municipal Dr. João Elísio de Holanda passou à condição de

hospital geral, tornando-se posteriormente uma unidade pública integrante do Sistema Único

de Saúde – SUS. O Hospital é atualmente uma instituição de médio porte com nível de

complexidade secundário e desenvolve atividades de medicina curativa de abrangência geral,

que atende a 8 municípios do estado do Ceará, com o total de, aproximadamente, 420.000

habitantes. O HMJEH tem um complexo sistema de serviços que contempla 19 especialidades

médicas em sua Policlínica e 7 especialidades odontológicas no Centro de Odontologia.

Diante da relevância de sua atuação, o hospital foi escolhido como estudo de caso nesta

pesquisa.

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O modelo selecionado para servir de paradigma nessa aplicação é o Balanced

Scorecard (BSC), sistema balanceado de indicadores desenvolvido por Kaplan e Norton

(1997), que tem recebido larga aplicação em organizações e empresas públicas e privadas. Faz

parte ainda do referencial do trabalho a Teoria da Gestão por Resultados e o Modelo de

Excelência de Gestão Pública – MEGP, do Programa Nacional de Gestão Pública e

Desburocratização – GesPública, de iniciativa do Governo Federal, presentemente em difusão

no conjunto de organizações públicas no estado do Ceará.

Em vista disso, este trabalho dissertativo, tem caráter de pesquisa empírica

participativa, sendo orientado pelo seguinte questionamento: Qual a metodologia adequada à

medição do desempenho em um hospital público?

Na solução desse questionamento, as dificuldades inerentes à complexidade de

organizações profissionais como um hospital e, ao mesmo tempo, a condição de organização

pública, são consideradas, assim como a necessidade de mudanças na própria cultura interna,

que são previsíveis, quanto à forma como profissionais e gestores em saúde vêem a gestão e a

medição de resultados em gestão.

Os hospitais públicos têm realidades complexas representadas pela combinação

dos fatores específicos de sua natureza de organizações de saúde, com um quadro de escassez

crônica de todos os recursos decorrente da demanda reprimida por serviços de saúde de

populações pobres afetadas por uma situação sócio-econômica adversa.

Essa situação conduz, na maioria das vezes, a grandes dificuldades na definição de

um rumo estratégico e no foco da gestão de recursos públicos para esse tipo de serviço

prestado ao cidadão, o que justifica a escolha desse tipo de organização como objeto do estudo

e da experimentação desta dissertação.

Feitas essas considerações, o objetivo geral deste trabalho é o de oferecer uma

proposta de modelo de medição de desempenho adequado a organizações hospitalares

públicas. Os objetivos específicos decorrentes podem, portanto, ser enunciados como:

a) Definir as perspectivas do modelo e os indicadores específicos adequados à

medição do desempenho da gestão do hospital público, levando em conta suas

especificidades;

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b) Definir a metodologia de monitoramento e avaliação dos indicadores gerenciais

do modelo, a serem utilizados como auxiliares ao processo decisório e de

aprendizado;

c) Definir as etapas de implantação do modelo de avaliação de desempenho;

d) Identificar as mudanças internas preparatórias à implantação do modelo de

avaliação de desempenho, orientando a execução dessas medidas pelas equipes

internas do hospital.

No cumprimento desses objetivos, esta dissertação foi estruturada em cinco

capítulos, além da introdução e das considerações finais.

O primeiro capítulo trata da evolução da gestão pública, compreendendo o

desenvolvimento dos conceitos e da prática de gestão desde a reforma da Nova República, nos

anos 30, até os modernos conceitos do gerencialismo e da gestão por resultados, onde foram

abordadas as concepções básicas do planejamento estratégico e do Balanced Scorecard; o

segundo capítulo aborda a estrutura da atual organização do sistema de saúde brasileiro e das

origens da instituição hospitalar; no terceiro capítulo, são discutidos os modelos de

ferramentas de avaliação de desempenho de organizações; o capítulo quatro expõe

detalhadamente a metodologia utilizada durante o desenvolvimento desta pesquisa; no quinto

e último capítulo é feita a análise do corpus estudado e a apresentação das conclusões obtidas.

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1 A EVOLUÇÃO DA GESTÃO PÚBLICA NO BRASIL

Este capítulo apresenta uma revisão bibliográfica de temas pertinentes à

fundamentação teórica desta pesquisa, que tem como foco central propor um modelo de

medição de desempenho, na melhoria da gestão em uma organização hospitalar pública, no

Brasil.

Inicialmente, trata-se da reforma administrativa ocorrida no Brasil durante a Nova

República, e dos fatos que contribuíram para o cenário atual da administração pública. Em

seguida, comenta-se a respeito da gestão pública gerencial cujo modelo descentraliza os

poderes de decisão do Estado, proporcionando maior autonomia às entidades (estados,

municípios, servidores) na execução do serviço público. Finalizando este primeiro capítulo, é

abordada a gestão pública orientada para resultados que tem seus procedimentos focados na

meta central da administração pública: a satisfação do cidadão.

Conforme Ferreira et al. (2006), três abordagens administrativas surgiram ao

longo da história para contextualizar uma visão em torno de modelos típicos das organizações

de trabalho: Abordagem Estrutural, Abordagem Humanística e Abordagem Integrativa.

Os autores sugerem que a gestão pública burocrática, por exemplo, cujo objetivo

principal é organizar detalhadamente e dirigir rigidamente as atividades de uma instituição

com a maior eficiência possível, tem seus princípios originados na abordagem estrutural,

fortemente influenciada por ideologias racionalistas e mecanicistas que marcaram a

Revolução Industrial e as sociedades que se formaram posteriormente.

Ferreira et al. (op. cit.) afirmam que, durante algum tempo, esse modelo adaptou-

se muito bem ao sistema capitalista por atender à demanda de integração e controle que

caracterizava o modo de produção da época. Conforme Weber (2000), isto acontecia porque o

capitalismo baseia-se no trabalho coletivo, o qual requer uma divisão metódica do trabalho,

separando-se nitidamente as funções de direção e de execução, ou seja, uma vez

transformados em coletivo os procedimentos de produção, era necessário uma coordenação

diretiva dos trabalhadores. Esta visão tornou-se cultura no funcionalismo público e, até hoje,

ainda subsiste em algumas áreas da administração estatal com características tais como:

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separação entre propriedade e administração; caráter legal das normas e regulamentos;

hierarquia da autoridade; impessoalidade nas relações; rotinas e procedimentos padronizados.

De acordo com Ferreira et al. (2006), a abordagem humanista foi além da

preocupação exclusiva com a produção e introduziu reflexões acerca das relações

psicossociais existentes nas empresas/instituições, em especial às formas de liderança e

trabalho em equipe. Essa perspectiva orienta que as organizações tenham “em seus quadros

pessoas que gostam do que fazem e que sejam capazes de manter um continuum de harmonia

entre seus ambientes de trabalho” (FERREIRA, 2006, p.92).

Apesar dessas características, o modelo de gestão humanista foi duramente

criticado pelo fato de invadir a vida pessoal do funcionário. Para Ferreira et al. (op. cit), antes

do advento dessa abordagem:

as pessoas procuravam as organizações formais para trabalhar e receber salários, havendo uma fronteira clara entre as empresas e a vida pessoal dos seus funcionários. O comportamentalismo surgiu (...), sufocando outros espaços sociais e difundindo uma perversa lógica de dominação e controle social. (FERREIRA, 2006, p.98)

Os autores apontam que a falta de integração entre a empresa e o meio sócio-

cultural em que está inserida foi a causa principal para a rejeição da abordagem humanista,

fazendo-se necessário o surgimento de outros modelos que suplantassem essa limitação. E

assim surge a abordagem integrativa, fruto do trabalho de escolas clássico-científicas e de

relações humanas.

Para Ferreira et al. (op. cit.), o modelo integrativo representa as primeiras

contribuições da teoria administrativa e gerencial relacionadas aos complexos processos de

mudança organizacional. Essa abordagem une algumas características dos modelos anteriores

e integra a preocupação com a força de trabalho (os profissionais envolvidos) à necessidade de

planejamento e estabelecimento de metas para a obtenção de resultados em uma organização.

Assim, pode-se dizer que o modelo de gestão, foco de interesse nesta pesquisa,

teve seus princípios influenciados pela abordagem integrativa, uma vez que o modelo a ser

proposto busca contemplar os processos envolvidos na reforma da administração pública

brasileira.

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21

1.1 Reforma Administrativa da Nova República: concepção, características e objetivos

Conforme Pereira (2001), as constantes mudanças tecnológicas, econômicas,

políticas, sociais e administrativas do cenário mundial influenciam a sociedade de tal forma

que atingem também o modo de atuação do Estado. No entanto, nem todos os governos

conseguem acompanhar o ritmo acelerado dessas mudanças, pois, para que isso ocorra, é

necessária a existência de estruturas governamentais ágeis e flexíveis que viabilizem o

desempenho satisfatório das funções públicas, libertando-as da lentidão burocrática e da

cultura do desperdício material.

Na tentativa de atingir esse patamar de transformações, a Administração Pública

Federal Brasileira tem, segundo o autor, passado por movimentos periódicos e sofrido

freqüentes reformas, desde longo tempo.

De acordo com Marini (1999), o ritmo acelerado no desenvolvimento da indústria

brasileira na década de 30, levou o Estado a concentrar sua atenção na produção e a combater

os excessos do modelo patrimonialista, cuja característica principal era a confusão entre o

interesse público e o privado.

Segundo Pereira (2001), a tentativa de introduzir o modelo burocrático na

administração pública originou a criação do Departamento de Administração do Serviço

Público - (DASP), em 1936, e da primeira autarquia que descentralizou a prestação dos

serviços públicos para a administração direta, dois anos depois.

De acordo com Pereira e Spink (1998), a criação do DASP não apenas representou

a primeira reforma administrativa do país, com a implantação da administração pública

burocrática, como também a afirmação dos princípios centralizadores e hierárquicos da

burocracia clássica. Os autores explicam que o Departamento era responsável pela formação

dos administradores públicos do primeiro escalão e fixação do orçamento nacional, como

também pelo estabelecimento de critérios profissionais para ingresso no serviço público, pelo

desenvolvimento do plano de carreiras e de regras de promoção baseadas no mérito.

Entretanto, embora tenha contribuído com um dos primeiros grandes passos em direção à

reforma administrativa, o DASP não adotou uma política voltada aos recursos humanos que

respondesse às necessidades do Estado.

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Pereira e Spink (op. cit.) afirmam que a prática da administração pública formal,

alicerçada em princípios burocráticos, buscava contrapor-se ao patrimonialismo e ao

nepotismo, contudo, não conseguiu extingui-los, pois ainda perduram em algumas esferas da

administração pública.

Pereira (2001) menciona que a criação do Ministério da Desburocratização,

chefiado por Hélio Beltrão, no início dos anos 80, representou nova tentativa de reformar a

burocracia do serviço público. As ações do Programa Nacional de Desburocratização - (PrND)

definidas pelo Ministério buscavam a descentralização do poder, o combate ao excesso de

formalismo no processo administrativo e a implantação de uma administração pública

eficiente voltada para a sociedade. Segundo Beltrão (1984 apud PEREIRA, 2001, p.238), as

medidas políticas propostas visavam “retirar o usuário da condição colonial de súdito para

investi-lo na de cidadão, destinatário de toda a atividade do Estado”.

Pereira (2001) salienta que, apesar da aparente conquista democrática, o processo

de descentralização e desburocratização do gerenciamento da administração pública ficou, na

realidade, paralisado. O autor aponta como causas dessa estagnação a autonomia para os

estados e municípios que, embora indispensável, agravou a crise fiscal do Governo e a divisão

dos cargos da administração pública entre os partidos vitoriosos, durante esse período, o que

contribuiu para o ressurgimento da prática patrimonialista no Brasil.

O retrocesso aumentou com a promulgação da Constituição em 1988. Conforme

Pereira (op. cit.), as normas burocráticas adotadas no núcleo do Estado foram estendidas,

quase na íntegra, para os serviços públicos e as empresas estatais, gerando uma rigidez no

sistema estatal. A partir da nova Constituição, o Poder Executivo perdeu sua autonomia para

estruturar as repartições públicas, instituindo-se a obrigatoriedade de regime jurídico único

para os servidores civis da união, dos estados e dos municípios.

Embora tenha instituído a obrigatoriedade de concurso público para entrada no

serviço público, a Constituição de 1988 concedeu estabilidade aos servidores civis, o que,

segundo Pereira (op. cit.), impedia o ajuste dos quadros funcionais e dificultava a cobrança de

resultados.

Não obstante a desintegração do aparelho estatal durante o Governo Collor, que

provocou a demissão em massa de funcionários, o autor sugere que esse mesmo governo pode

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23

ser responsabilizado, ainda que indiretamente, pela qualidade que surgiu na década de 90. A

abertura da economia brasileira ao mercado internacional, através da redução das alíquotas de

importação, ocasionou um aumento na qualidade e na competitividade dos produtos nacionais.

Em virtude disto, o Governo Federal lançou o Programa Brasileiro de Qualidade e

Produtividade – PBQP do qual, um ano mais tarde, originou-se o Subcomitê Setorial da

Administração Pública, com a função de introduzir práticas gerenciais no setor público

visando à melhoria da qualidade e a reformulação dos procedimentos processuais em prática,

agregando-lhes eficiência e eficácia. Contudo, em virtude da burocracia ainda existente na

administração pública, o Programa não teve o êxito esperado nos primeiros anos.

Diante da realidade enfrentada pela administração pública brasileira, e na tentativa

de instituir um Prêmio Nacional da Qualidade que incentivasse uma reação rumo às melhorias

das práticas gerenciais, em 1991, surge, de acordo com Melgaço (2003), a Fundação para o

Prêmio Nacional da Qualidade – FPNQ, baseado no prêmio americano ‘Malcolm Baldridge

National Quality Award’. Com essa iniciativa, o sistema de gestão por excelência consolidou-

se também como prática nas instituições públicas do Brasil.

Conforme Melgaço (op. cit.), o Governo seguinte, do Presidente Itamar Franco,

pouco fez pela reforma do Estado, limitando-se a restabelecer os salários dos servidores,

drasticamente reduzidos no Governo Collor. O assunto somente retorna ao centro das

discussões em 1994, durante a campanha presidencial. A crise fiscal, a persistência da cultura

burocrática em meio a práticas patrimonialistas e o profundo déficit de desempenho em termos

de quantidade e qualidade na prestação de serviços públicos levaram os então candidatos a

debaterem acerca da necessidade de direcionar a administração pública para o cidadão com

suas atividades focadas em resultados, como forma de levar o Estado a reavaliar suas funções,

objetivos e procedimentos de trabalho.

Agindo-se nesse sentido, em 1995, é criado o Ministério da Administração Federal

e Reforma do Estado (MARE), contudo, de acordo com Pereira (2001), o Órgão não tinha

poder suficiente para a implementação da reforma almejada. Por esse motivo e sob a

justificativa de que somente um ministério que controla o orçamento público teria poder para

executar a reforma gerencial, três anos mais tarde, o Presidente Fernando Henrique Cardoso

autoriza a fusão do MARE ao Ministério do Planejamento, dando origem ao Ministério do

Planejamento, Orçamento e Gestão.

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Conforme Pereira (op. cit.), o ministério não deu a devida atenção à nova missão

de reestruturação do serviço público alegando que a SEGES, secretaria do ministério

responsável pela gestão, não possuía quadro de pessoal tampouco poder suficiente para

implementar a reforma.

As secretarias de Planejamento e Investimento e a de Orçamento Federal não

tinham nenhum interesse de participar da realização do novo processo, como consequência, o

orçamento não foi diretamente relacionado com o programa de gestão. Os concursos públicos

anuais para as carreiras de Estado foram interrompidos a título de economia fiscal. Rezende

(2002) aponta a extinção do MARE e a preocupação com a economia como causas da

substancial alteração da política de reformas, a qual perdeu o foco na gestão para se dedicar

ao ajuste fiscal.

Na tentativa de solucionar mais esse entrave, foi aprovada a Lei de

Responsabilidade Fiscal – LRF e lançado o Programa Avança Brasil - Plano Plurianual (PPA)

2000/2003. O PPA 2000/2003 era formado por cerca de 350 programas de governo que

propunham um plano de desenvolvimento, abalizado em estratégias governamentais

destinadas a consolidar a estabilidade econômica com crescimento sustentado.

Segundo Martins (2001), os programas observavam diversos critérios, como a

concepção de eixos de desenvolvimento, estabelecidos de acordo com uma logística territorial,

de infra-estrutura e mercado, bem como metodologia de identificação de ações públicas. O

novo conceito de programa organizava, na figura do gerente de programa, as demandas e os

recursos do governo de acordo com os problemas e ser resolvidos. Contudo, tal qual as

tentativas anteriores, o Programa Avança Brasil teve, conforme o autor, uma baixa

importância estratégica, em função da baixa adesão dos personagens econômicos públicos e

privados nacionais à concepção dos eixos de desenvolvimento. Em relação a isto, Martins

(2001, p.8) sugere que o Plano Plurianual “poderia ser uma grande oportunidade de busca de

direcionamento, de aprendizado estratégico, mas tende a tornar-se um plano burocrático, com

baixa legitimidade e adesão intra e extra governo”.

Além da pouca expressão e apoio ao PPA, severas limitações metodológicas

relativas ao desenho dos programas, sua implantação e monitoramento e, sobretudo, à baixa

atenção dispensada à necessidade de promoção de transformações organizacionais

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25

dificultaram a implementação do Avança Brasil. Chegou-se, então, à conclusão que somente o

estabelecimento de metas e gerentes não era suficiente para a obtenção dos resultados.

Em 2003, buscando corrigir os erros metodológicos do Plano Avança Brasil, é

lançado o PPA 2004-2007 – Plano Brasil de Todos, que apresentava os seguintes (mega)

objetivos: a) inclusão social e decréscimo das desigualdades sociais; b) desenvolvimento com

geração de trabalho, emprego e renda e ambientalmente sustentável; e, c) promoção e

expansão da cidadania e fortalecimento da democracia. A partir dessas metas, procurou-se

capacitar e estimular a aprendizagem contínua de gerentes e servidores públicos em gestão

pública, com foco em planejamento, gerenciamento e avaliação de programas.

Para Marini (2003), a reforma de 2003 herda alguns aspectos da Reforma do

Aparelho do Estado ocorrida em 1995. Embora a crise fiscal e administrativa continue

presente, a estratégia de enfrentamento da mesma nega, explicitamente, a crise do Estado e

tenta inverter a situação afirmando que o Governo deve ser mais atuante e assegurar direitos

civis e sociais.

Em 2004, o atual governo Lula elaborou uma agenda baseada em ações voltadas

para a melhoria da qualidade do gasto público e para o aumento da qualidade e

desburocratização dos serviços públicos com o foco em resultados na administração pública.

Nesse contexto, o Programa da Qualidade no Serviço Público – PQSP e a

Desburocratização fundem-se para a formação do Programa Nacional de Gestão Pública e

Desburocratização – GesPública, Decreto Nº 5.378, de 05 de fevereiro de 2005, com a

finalidade de contribuir para a melhoria da qualidade dos serviços públicos prestados aos

cidadãos e para o aumento da competitividade do país. O programa busca promover a

construção de organizações públicas de alto desempenho e elevar a satisfação do cidadão com

a administração pública.

As tentativas de reforma administrativa discutidas até o momento não esgotam os

fatos ocorridos durante a Nova República na busca de um serviço público de excelência e de

atendimento as necessidade do cidadão. Contudo, os programas e ações comentados

demonstram o contexto em que a necessidade de uma gestão pública gerencial surgiu no

Estado brasileiro.

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26

1.2 Gestão Pública Gerencial

Na última década, a discussão em torno da reforma do Estado e da implementação

da nova gestão pública tornou-se, de acordo com Pereira (2001), tema central na vida das

sociedades contemporâneas. Entende-se que a nova gestão pública é o canal pelo qual a

eficiência das ações governamentais pode ser melhorada, de maneira que os serviços prestados

pela administração pública concentrem seus esforços no cidadão, colocando seus processos

burocráticos internos em segundo plano.

Pereira (op. cit.) ressalta que no Brasil, os debates não ignoram tal necessidade.

Cada vez mais se percebe nos governantes, técnicos e servidores públicos a preocupação com

a construção de um modelo de gestão pública capaz de tornar o Governo mais transparente e

voltado para o interesse público, mais flexível às necessidades sociais e participativas dos

cidadãos brasileiros, bem como mais eficiente na relação com a economia e a prestação dos

serviços públicos.

Importante frisar que a necessidade de uma reforma administrativa pública não foi

arbitrária. Conforme Pereira (1996), ela surgiu principalmente da mudança de consciência dos

cidadãos e do reconhecimento de que a administração pública burocrática não correspondia às

demandas que a sociedade civil apresentava aos governos por ela eleitos.

Na tentativa de acompanhar todo esse movimento, em 1995, chegou ao Brasil o

New Public Management (Nova Gestão Pública ou NPM). Pereira (2001) explica que esse

movimento busca implantar o modelo de administração pública gerencial e baseia-se nos

seguintes princípios:

a) reorientação dos mecanismos de controle (os quais devem ser baseados em indicadores de resultados ao invés de primordialmente focados nos meios e recursos);

b) foco na racionalização de recursos (aumentar a produtividade na administração pública melhorando a qualidade dos seus gastos);

c) focalização da ação do Estado no cidadão;

d) flexibilidade administrativa (autonomia para as organizações públicas);

e) controle social através da prestação social de contas e avaliação de desempenho; e,

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27

f) valorização do servidor1.

Como resultado da implantação desse novo modelo de gestão gerencial, o Plano

Diretor da Reforma do Estado – PDRAE (1995) propõe-se a:

dar um salto adiante, no sentido de uma administração pública que chamaria de “gerencial”, baseada em conceitos atuais de administração e eficiência, voltada para o controle dos resultados e descentralizada para poder chegar ao cidadão, que, numa sociedade democrática, é quem dá legitimidade às instituições e que, portanto, se torna cliente privilegiado dos serviços prestados pelo Estado. (BRASIL, 1995, p.8)

A transição de um modelo de administração pública burocrática para o gerencial

provoca mudanças não apenas de comportamentos, mas também de valores. Novos valores e

práticas gerenciais precisam ser consolidados de forma que seu foco esteja voltado para os

resultados, atendimento ao usuário, eficiência dos processos e qualidade dos serviços, dentre

outros.

Por outro lado, determinados parâmetros do modelo burocrático não podem ser

ignorados, afinal, práticas como o processo seletivo público e prestação de contas aos órgãos

de controle, por exemplo, são imprescindíveis a uma reforma focada para o atendimento ao

cidadão. A concretização de produtos que, efetivamente, agreguem valor à sociedade, requer

um modelo de gestão pública que não esteja voltado exclusivamente para a provisão de bens e

serviços aos seus usuários, mas para a criação de um diálogo permanente com a sociedade, por

meio da participação social e do respeito aos valores constitucionais e democráticos.

Para alcançar tais fins, o PDRAE estipulou as seguintes metas: a) aumentar a

capacidade administrativa do Estado; b) limitar as funções do Estado àquelas que lhe são

próprias; c) descentralizar para estados e municípios as ações de caráter local; d) transferir,

parcialmente, para os estados as ações de cunho regional; e, e) adjudicar ao Estado novas

possibilidades de desenvolvimento.

1 Quanto a esse último aspecto, Marini (2003) salienta que, para a implantação de uma nova gestão pública, mais importante que mudar sistemas, organizações e legislação, é criar condições objetivas de desenvolvimento/capacitação das pessoas que conduzirão e realizarão as reformas. Em outras palavras, o modelo de gestão precisa contemplar uma assistência voltada para a força humana do serviço público a fim de que as transformações esperadas ocorram, pois quem coloca todo o planejamento em prática são as pessoas, ou seja, o servidor público.

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Esse processo de transformação possui um grau elevado de complexidade e um

longo prazo para se estabelecer de forma concreta, uma vez que a descentralização de

atividades concede poder de decisão para os indivíduos e para as equipes, responsabilizando-

os pelo alcance dos resultados.

Em suma, a gestão gerencial pública poderia ser considerada como um modelo

flexível e eficiente cujo poder de decisão é descentralizado para estados e municípios em

busca de maior eficiência e autonomia nos serviços focados no cidadão/sociedade, os reais

clientes do serviço público. Conforme Pereira (1998):

A administração gerencial deve estar fortemente voltada para a satisfação do usuário final dos serviços de caráter público, o chamado “cliente”, na abordagem da iniciativa privada. Isso pressupõe a ampla disseminação de mecanismos de aferição da satisfação do cidadão com os serviços públicos e de transparência no acesso a informações. (PEREIRA, 1998, p.20)

A ênfase, antes dispensada aos procedimentos formais, é voltada para os

resultados com controle administrativo a posteriori. Considerado o responsável pela real

implantação do modelo, o servidor público também recebe tratamento diferenciado e

investimento em sua capacitação. Os indicadores desse modelo de gestão gerencial são:

eficiência, eficácia e efetividade.

Quanto aos indicadores, não há na literatura um consenso em relação à definição

dessas palavras. Para Vale (1994 apud VILLARINHO, 1999), por exemplo, a eficácia é

avaliada por indicadores de qualidade que refletem a posição da empresa na geração do

produto ou serviço no intuito de atender às necessidades do cliente; já a eficiência busca a

racionalização no uso dos recursos disponíveis.

Os Indicadores de Desempenho (2005), documento do Programa Excelência

Gerencial do Exército Brasileiro, aduzem uma definição semelhante à de Vale (op. cit.). Nessa

obra, a eficácia também é medida pela qualidade, centrada no índice de satisfação dos clientes

e as características do produto/serviço. A efetividade, por sua vez, avalia o impacto das

conseqüências da prestação dos produtos/serviços, enquanto a eficiência considera a

produtividade.

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29

Pelos conceitos adotados no documento Técnicas de Auditoria: Indicadores de

Desempenho e Mapa de Produtos (2002) do Tribunal de Contas da União (TCU) entende-se

que:

i) Eficiência - é a relação entre os bens e serviços gerados por uma atividade e os

custos dos insumos empregados em um determinado período de tempo;

ii) Eficácia - é o grau de alcance das metas programadas em um determinado

período de tempo, independente dos custos implicados;

iii) Efetividade - é a relação entre os impactos reais observados na população e os

impactos que seriam esperados decorrentes da ação institucional.

Comparando as definições expostas, nota-se que a definição de eficácia

apresentada por Vale (op. cit.) é um pouco mais abrangente que esta última do TCU. No

entanto, elas não são opostas, antes se complementam, uma vez que a qualidade é um item de

extrema importância na conquista da satisfação do cliente.

Com base nas definições expostas, conclui-se que uma instituição governamental

pode comprometer a qualidade da prestação do serviço se buscar apenas a eficiência, pela

redução de custos e aumento da produtividade. Além disso, tornar-se eficiente e eficaz na

oferta de um produto e/ou serviço não implica em alcançar a efetividade, meio pelo qual são

gerados benefícios, impactos diretos ou indiretos no cumprimento de sua atividade.

Em regimes democráticos, a eficiência, a competência e a probidade no uso de

recursos públicos constituem, de acordo com Arretche (2001), um dos requisitos para a

confiança no Estado e suas instituições. A perspectiva dos processos internos, adaptada aos

preceitos da Nova Gestão Pública, deve estar focada na eficiência das ações públicas, ou seja,

um Estado que busca a eficiência procura evitar o desperdício e a má utilização dos recursos.

A racionalização dos recursos públicos é o meio pelo qual o Estado pode fortalecer a

democracia, compensar e satisfazer o contribuinte (obrigado a pagar impostos para a

manutenção dos serviços públicos) e criar condições para a ampliação da prestação dos

serviços estatais.

Preocupados com o assunto, Arretche (2001) e Osório (2003) afirmam que não é

possível analisar a eficiência dissociando-a da efetividade e isto porque “otimizar os recursos

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públicos sem oferecer bons serviços ou sem resolver os problemas sociais é incompatível com

os valores defendidos na democracia” (OSÓRIO, 2003. p.43). Um programa de vacinação, por

exemplo, pode ser bem-sucedido em termos de sua eficácia ao cumprir ou ultrapassar a meta

de vacinação estabelecida em um prazo dado. Todavia, isto não implica dizer que o programa

atingiu o indicador de efetividade, considerando que somente reduziu a doença que se

propunha erradicar.

Com base no exposto, conclui-se que os indicadores de eficiência, eficácia e

efetividade podem ser melhores avaliados pelos produtos alcançados na prestação do serviço,

ou seja, pelos seus resultados. Dessa forma, o modelo de gestão a ser adotado precisará

incorporar o monitoramento a ele inerente, isto é, dirigir seus procedimentos e práticas de

forma a obter os resultados esperados.

1.3 Gestão Pública Orientada para Resultados

Para Bowersox et al. (1996), o modelo de gestão que tem por essência o

estabelecimento de metas e controles para a obtenção de êxito no que foi planejado é

conhecido como Administração por Objetivo (APO) ou Gestão por Resultados.

Segundo os autores, a proposta APO consiste em um planejamento desenvolvido

pelos gestores de uma organização no qual são apontados os objetivos propostos para

determinada ação. Os objetivos são traduzidos em planos de ação e repassados para os

gestores das diversas áreas de responsabilidade, que deverão descrever as posições alcançadas.

Importante ressaltar que a estrutura organizacional deve ser consistente com a

capacidade para alcançar os objetivos estabelecidos sob pena de fracassar em todo o

planejamento realizado.

Bowersox et al. (1996) explicam que, após a delegação de atividades aos gestores,

individualmente ou em equipe, deve-se ainda estabelecer padrões de desempenho para guiá-

los em suas atividades. Como forma de motivar (ou recompensar) os gestores, que alcançarem

os padrões de desempenho estabelecidos, é importante a elaboração de uma estrutura de

avaliação e recompensa de desempenho. Cada gestor deverá ser avaliado em seu grau de

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31

sucesso quanto ao alcance dos padrões de desempenho estabelecidos, momento em que ações

corretivas necessárias devem ser implementadas.

Com base no que foi discutido até o momento, pode-se dizer que a Administração

por Objetivo depende fortemente do planejamento que, quando aprovado, se torna base

(padrão) para a mensuração de desempenho operacional.

Ainda em relação ao assunto, Horngren (apud OLIVA; BORBA, 2004) defende a

idéia de que, para a estruturação adequada de um sistema de controle gerencial, é necessário

utilizar medidas financeiras e não-financeiras no mesmo nível de importância, no intuito de

alinhar os indicadores às metas da organização e contemplar todas as atividades-chave. Esse

sistema de controle gerencial deverá ser objetivo e facilmente mensurável para o uso

sistemático dos funcionários, a fim de se tornar uma ferramenta de avaliação de desempenho

da equipe com vistas à recompensa pelos resultados alcançados.

Conforme Miranda e Silva (2001), o investimento em sistemas de mensuração de

desempenho é extremamente importante para:

controlar as atividades operacionais da empresa; alimentar os sistemas de incentivo dos funcionários; criar, implantar e conduzir estratégias competitivas; identificar problemas que necessitem intervenção dos gestores; verificar se a missão da empresa está sendo atingida; e controlar o planejamento. (MIRANDA; SILVA, 2001, p.132)

Em outras palavras, o sistema de avaliação de desempenho em uma empresa,

quando bem estruturado e executado, é capaz de beneficiar toda a estrutura da empresa ou

instituição. Mesmo que os objetivos propostos no planejamento não tenham sido alcançados, o

sistema propicia mecanismos para o ajuste das metas de forma executável.

No que diz respeito ao sistema gerencial do Estado, vale ressaltar que, na proposta

do PDRAE, a relação entre o núcleo estratégico (governantes estatais) e as demais

organizações deixaria de ser de subordinação burocrática para se tornar contratual em

consonância com os preceitos da NPM. Assim, os controles seriam centrados em resultados e

custos, orientados para satisfação dos cidadãos. Esta, por sua vez, seria conseqüência da

divulgação dos resultados dos contratos para favorecer a transparência e permitir um maior

controle social. Como consequência, os contratos passaram a ser formalizados com o

estabelecimento de compromissos de resultados, tendo como contrapartida a garantia de

recursos e aumento de autonomias.

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32

Nesse mesmo período, foram difundidas, de acordo com Miranda e Silva (2001),

diversas ações transformadoras com vistas à superação da cultura burocrática e expansão da

capacidade de obter mais resultados a partir dos recursos existentes. Dentre essas ações,

podemos citar: a revisão da reforma constitucional e da legislação corrente; o processo de

valorização do servidor por meio de uma nova política de recursos humanos, da intensificação

da capacitação de funcionários, do fortalecimento de um plano de carreiras e da reavaliação da

política de remuneração, no intuito de viabilizar o processo de modernização administrativa a

partir de uma mudança cultural nas instituições públicas e na sociedade de um modo geral.

Além dessas inovações, criou-se, em 1996, o Prêmio Helio Beltrão – Concurso de

Inovações na Gestão Pública que, desde então, tem a missão de identificar e divulgar as

experiências de gestão executadas na administração pública federal, segundo os princípios da

administração gerencial.

Outra iniciativa nesse mesmo sentido veio em 2001, com a Fundação Prêmio

Nacional de Qualidade (FPNQ), um comitê que discutia as melhores práticas na área de

medição do desempenho global. Em seu relatório, o comitê afirmou que “o estudo das

organizações que têm se mantido em liderança em seus setores de atuação por longos

períodos, mostra que a habilidade de medir sistematicamente seu próprio desempenho é uma

característica sempre presente” (FPNQ, 2001, p.7).

Segundo a avaliação do Comitê, as empresas/organizações precisam encontrar

soluções competentes para os desafios do dia-a-dia se quiserem construir o futuro desejado.

Superar essas dificuldades é justamente o escopo da gestão estratégica. Ela é um processo de

ação gerencial sistemática e contínua que visa assegurar à organização, simultaneamente,

senso de direção e continuidade a longo prazo e flexibilidade e agilidade nas decisões.

Assim o planejamento estratégico tem sido uma das técnicas mais utilizadas na

gestão estratégica, pois permite que a organização se volte para o futuro e para o seu ambiente

externo, com o objetivo de promover a melhoria do desempenho. Isto é contemplado em sua

metodologia de desenvolvimento, onde o estudo de cenários com diagnósticos estratégicos

considera além do ambiente externo, o ambiente interno, permitindo por meio de comparações

e ponderações dos fatores desses cenários, que seja estabelecida a postura estratégica da

organização.

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33

O desenvolvimento do planejamento estratégico começa com a definição de

missão, visão e valores da organização junto com a análise de competitividades externas,

econômicas e ambientais, que podem ser descritas em atributos como pontos fortes, pontos

fracos, oportunidades e ameaças da empresa, abreviadas como SWOT (Strengths,

Weaknesses, Opportunities e Threats).

Os atributos externos e internos, quando bem analisados por meio da matriz de

SWOT, ajudam a equipe executiva a compreender as questões-chave a serem abordadas

durante o desenvolvimento da estratégia. De posse dessas informações os gestores podem

explorar “os pontos fortes para o aproveitamento das oportunidades e para prevenção de

ameaças, ao mesmo tempo em que se mantêm alertas em relação aos pontos fracos e às

ameaças a serem superados pela estratégia” (KAPLAN; NORTON, 2008, p. 50).

Drucker (1984) afirma que o planejamento estratégico organiza as atividades

necessárias à execução das decisões que, por meio de uma retroalimentação organizada e

sistemática, mede seus resultados em confronto com as expectativas alimentadas. Assim o

autor avalia o planejamento estratégico como um processo contínuo que minimiza os riscos na

tomada de decisões.

De acordo com esse entendimento, Oliva e Borba (2004) concordam que o

planejamento estratégico busca essencialmente a definição de diretrizes e estratégias para o

desenvolvimento da instituição. E a estratégia definida visa à vantagem competitiva. Ambas,

por seu turno, dependem da relação da empresa com seu entorno, ou seja, as partes

interessadas formadas por clientes, fornecedores e concorrentes - stakeholders. A interação

com esses componentes deve ser planejada e balanceada entre si, em processo integrado de

planejamento, para que eles tenham no sistema de gestão e controle, o complemento do ciclo

de planejamento da organização.

Desta forma, as definições dos objetivos e estratégias que surgem como resultados

das avaliações dos ambientes internos e externos da organização, no momento do

planejamento, servem de base para definir o caminho a ser seguido pela organização. Uma vez

que esses objetivos e estratégias sejam selecionados, chega o momento da implementação da

estratégia, que deverá ser precedida pela elaboração dos planos de ação. Nessa fase, são

definidos os indicadores, medidas fundamentais que servirão para acompanhar e avaliar a

execução da estratégia.

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34

O planejamento estratégico tem se mostrado como uma base instrumental do

Balanced Scorecard – BSC, ferramenta de gestão estratégica utilizada por organizações

públicas e privadas em cerca de 45% das empresas européias e 50% das empresas americanas

apontadas na Fortune 1000 (SANTINI JÚNIOR, 2005).

Esse sistema foi elaborado por Robert S. Kaplan2 e David P. Norton3 na tentativa

contemplar uma forma de avaliação relacionada aos ativos intangíveis4 que fosse além das

medidas tradicionais contábeis e financeiras, visto que tais medidas não são suficientes para

assegurar à organização o desempenho almejado.

Para Kaplan e Norton (1997), no atual cenário competitivo em que o mundo é

regido por aqueles que dominam o conhecimento da informação, é impossível gerenciar o que

não pode ser medido. Por essa razão, é mister a criação de indicadores que avaliem

apropriadamente o desempenho desses ativos.

Um estudo minucioso dos ativos de organizações viabiliza a identificação de

objetivos estratégicos que podem ser organizados em quatro perspectivas: Financeira, Cliente,

Processos Internos, Aprendizado e Crescimento. Essas perspectivas são relacionadas por um

aspecto de causa e efeito que permite aos gestores/gerentes perceberem as correlações entre

diversas áreas e atividades na empresa. A relação de causa e efeito garante um encadeamento

entre os objetivos das perspectivas, tais como: melhoria contínua, responsabilização das

equipes e o processo de inovação, de forma a refletir as relações de causa e efeito assumidas

na formulação das estratégias.

No intuito de satisfazer os stakeholders (os acionistas, os clientes e os

funcionários)5, o balanceamento de todas as perspectivas oferece à organização uma rápida e

abrangente visão de seu negócio, ou seja, os indicadores financeiros tradicionais retratam o

passado da organização enquanto outro conjunto de indicadores impulsionam o seu

desempenho futuro. E é isto o que, na visão de Kaplan e Norton (op. cit.), o BSC proporciona 2 Professor na Harvard Business School. 3 Presidente da Balanced Scorecard Collaborative, Inc. 4 Os ativos intangíveis são os produtos e serviços de alta qualidade, a percepção do cliente, o uso da

tecnologia da informação, processos internos eficientes, habilidades da força de trabalho e o clima organizacional de cada empresa.

5 O BSC centra suas atenções basicamente nos acionistas, clientes e funcionários, entretanto, sob a perspectiva de uma análise mais ampla, a sociedade, o governo, os fornecedores e o meio-ambiente também são considerados interessados no desempenho da empresa/organização, sobretudo, tratando-se de uma instituição pública.

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35

aos seus usuários: o acompanhamento do desenvolvimento financeiro que monitora, ao

mesmo tempo, o progresso na construção de capacidades e na aquisição dos ativos intangíveis

necessários para o crescimento futuro. Assim, sistemas de mensuração estratégicos, como o

BSC, e o planejamento estratégico são instrumentos contemporâneos das novas idéias de

gestão, que deram origem a NPM. A revisão de literatura neste capítulo também revelou a

preocupação de acadêmicos, gestores e funcionários públicos com a mudança da realidade da

administração pública, notadamente, no que tange à busca da eficiência, da eficácia e da

efetividade das iniciativas das organizações voltadas para a satisfação do seu principal cliente:

o cidadão. Os êxitos e fracassos, além das inovações e modificações, promovidas na tentativa

de que o serviço público oferecido à sociedade seja de qualidade, deixa clara a complexidade

de todo o processo.

A discussão sobre essas ferramentas representa referencial teórico desta

investigação, uma vez que o BSC é o modelo escolhido para apoiar a aplicação da gestão de

resultados na organização hospitalar, escolhida para ser o campo empírico do trabalho.

Por essa razão, o próximo capítulo aborda o sistema de saúde e a organização

hospitalar, com destaque para o papel exercido pelos hospitais dentro do sistema de saúde e

suas peculiaridades em relação a outros tipos de organizações. Uma crítica comparativa entre

os modelos de gestão, voltados para a qualidade no setor público e nos hospitais brasileiros,

encerra essa parte.

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36

2 O SISTEMA DE SAÚDE E A ORGANIZAÇÃO HOSPITALAR

No capítulo anterior foi discutida, a perspectiva histórica da reforma

administrativa no Brasil e o contexto em que se desenvolveu o interesse por uma mudança nos

princípios patrimonialista e burocrático que, até então, dominavam a cultura no serviço

público. O presente capítulo trata de questões estruturais e gerenciais, especificamente, na

rede de saúde e na organização hospitalar.

Inicialmente, serão abordados aspectos relacionados com o setor de saúde, nos

moldes em que se apresentam atualmente, contemplando as funções da organização hospitalar

no sistema de saúde e, conseqüentemente, na sociedade. Antes de passar à gestão hospitalar,

propriamente dita, é mister uma reflexão acerca das peculiaridades que pairam sobre esse tipo

de organização, com destaque para os motivos que justificam a proposta de elaboração de

modelo de avaliação do desempenho de gestão na área hospitalar.

2.1 O Setor de Saúde

O conceito de saúde foi entendido por muito tempo, de maneira restrita, como

basicamente a ausência de doença. Contudo, a Organização Mundial de Saúde ampliou esse

conceito para contemplar o bem-estar físico, mental e social das pessoas. Dessa forma, o

cuidado com a saúde mostrou-se mais abrangente, exigindo a consideração de ações

intersetoriais e interdisciplinares que criassem condições de vida saudável para todas as

pessoas (TANCREDI, 2002).

Assim a carta de Ottawa, elaborada na Primeira Conferência Internacional sobre

Promoção da Saúde, em 1986, no Canadá, explica esse conceito ampliado de saúde:

processo de capacitação da comunidade para atuar na melhoria da sua qualidade de vida e saúde, incluindo maior participação no controle desse processo. Para atingir um estado de completo bem-estar físico, mental e social, os indivíduos e grupos devem saber identificar aspirações, satisfazer necessidades e modificar favoravelmente o meio ambiente (...). Assim a promoção de saúde não é responsabilidade exclusiva do setor de saúde e vai para além de um estilo de vida saudável, na direção de um bem-estar global. (BRASIL, 1996)

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37

Paralelamente a essa tendência, a evolução da assistência à saúde foi

acompanhada de uma elevação da complexidade das ações e dos altos custos dos

procedimentos envolvidos.

De fato, segundo Oliva e Borba (2004), em 1990, os gastos com saúde no mundo

chegaram a aproximadamente 1,7 trilhões de dólares americanos, equivalente a 8% do produto

mundial. Os autores também comentam o resultado de um estudo feito entre 1970-90, que

avaliou a realidade de 8 países do primeiro mundo6, onde se observou um crescimento de

650% nos custos com saúde, enquanto o PIB desses países passou de 5,8% para 8,2%, em

média, apresentando um crescimento de somente 41%.

Esses dados mostram a crise que tem se instalado no sistema de saúde em todo o

mundo, que além de ter seus custos cada vez mais elevados, ainda contempla um aumento

crescente no número de excluídos do sistema.

Assim sendo, com recursos escassos frente à demanda crescente por serviços, os

setores público e privado buscam racionalizar seus custos com saúde procurando alternativas

mais eficientes de produção de serviços, eliminando consumos desnecessários e selecionando

bens e serviços mais adequados às suas atividades. Essa estratégia procura equilibrar os

objetivos da equidade, da eficiência e da qualidade, sem deixar de buscar a capacidade de

inovar e criar requisitos fundamentais à manutenção e ao desenvolvimento do bem-estar

requerido pelos cidadãos (OLIVA; BORBA, 2004).

No Brasil, a estrutura da saúde pública tem sido construída com a participação do

governo e da sociedade, passando por inúmeras transformações com vistas a superar as

dificuldades e atender da melhor forma possível os anseios sociais. Por essa razão,

representantes do governo, instituições de saúde e sociedade civil organizada têm procurado

representar os interesses coletivos perante o Estado, que aparece como mediador, executor

e/ou financiador das políticas públicas de saúde. A formatação desse processo, com suas

complexidades e abrangência, é tratada nos subitens a seguir, no intuito de propiciar um maior

entendimento sobre o sistema de saúde e as organizações hospitalares.

6 Canadá, Dinamarca, França, Alemanha, Holanda, Espanha, Reino Unido e Estados Unidos.

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38

2.1.1 O Setor Público de Saúde

A Constituição Federal de 1988 aprovou a reforma sanitária brasileira com o

objetivo de reestruturar financeira, organizacional e institucionalmente o setor público de

saúde sobre três eixos principais: a) transferir a responsabilidade da prestação da assistência à

saúde do governo da União para os governos locais; b) consolidar o financiamento e a

provisão de serviços públicos de saúde orientando-os para a eqüidade, a universalidade e a

integralidade da atenção; e, c) facilitar a participação efetiva da comunidade no planejamento

e controle do sistema de saúde (BRASIL, MS, 1987).

O texto constitucional configura a saúde como um direito de todos e um dever do

Estado, sob a garantia de políticas econômicas e sociais para o setor e sob o Sistema Único de

Saúde - SUS de caráter público, federativo, descentralizado, participativo e de atenção

integral. O SUS, regulamentado pela Lei 8.080/90, agrega todos os serviços públicos (nos

níveis federal, estadual e municipal) e os serviços privados, quando credenciados por contrato

ou convênio (BRASIL, op. cit.).

Anteriormente, no início da década de 80, já existia o esforço de se tentar

consolidar o processo de expansão da cobertura assistencial iniciado em meados dos anos 70,

em atendimento à proposta da Organização Mundial da Saúde - OMS, na Conferência da

Alma-Ata, em 1978, que preconizava “Saúde para Todos no ano 2000”, com foco,

principalmente, na atenção primária à Saúde.

Segundo Malik e Schiesari (2002), esse período coincide com o começo do

Movimento da Reforma Sanitária Brasileira que defendia a construção de uma política de

saúde efetivamente democrática, que considerava a descentralização, universalização e

unificação, elementos essenciais para a reforma do setor. Várias foram as propostas de

implementação desse plano até que, em março de 1986, na 8° Conferência Nacional de

Saúde, ficaram consagrados os princípios preconizados pelo Movimento da Reforma

Sanitária.

Assim, em 1987, é implementado o Sistema Unificado e Descentralizado da Saúde

(SUDS), que adota como diretrizes a universalização e a equidade no acesso aos serviços, a

integralidade dos cuidados, a regionalização dos serviços de saúde, a implementação de

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39

distritos sanitários, a descentralização das ações de saúde, o desenvolvimento de instituições

colegiadas gestoras e o desenvolvimento de uma política de recursos humanos.

Em outubro de 1988, com a nova Constituição, fica consagrado todo o esforço do

Movimento que garante a criação do SUS, ocorrida em 1990, como resultado da determinação

do artigo 196, onde consta que “a saúde é um direito de todos e dever do Estado”. A

reorganização institucional definida nessa legislação e o processo de descentralização foram

regulamentados por Normas Operacionais Básicas (NOB) aprovadas nas instâncias colegiadas

da Direção Nacional do Sistema: a Comissão de Intergestão Tripartite (CIT) e o Conselho

Nacional de Saúde (CNS) (MALIK; SCHIESARI, 2002).

O sistema de serviços de saúde brasileiro, definido pela NOB 01/96, está formado

por uma rede complexa de provedores e financiadores, que engloba os segmentos público e

privado. O segmento público é composto por provedores das três esferas de governo, assim

concebidos: no nível federal, com o Ministério da Saúde (gestor nacional do SUS), os

hospitais universitários do Ministério da Educação e os hospitais de serviços pertencentes às

Forças Armadas; e, nos níveis estadual e municipal, com uma ampla rede de estabelecimentos

governamentais próprios.

A NOB 01/96 também cria o mecanismo da Programação Pactuada e Integrada

(PPI) que compreende três campos de custeio da assistência do SUS: assistência hospitalar e

ambulatorial; vigilância sanitária e epidemiologia; e controle de doenças.

A articulação das ações do SUS nas três esferas de gestão governamental funciona

por meio de duas instâncias de negociação e pactos: no âmbito estadual, a Comissão de

Intergestão Bipartite, com representação paritária da Secretaria Estadual de Saúde e do

Conselho dos Secretários Municipais de Saúde (COSEMS), e, no âmbito nacional, a

Comissão de Intergestão Tripartite, com representação paritária do Ministério da Saúde e dos

Conselhos Nacional de Secretários Estaduais e de Secretários Municipais de Saúde (COMAS

e CONASEMS). Os acordos alcançados nessas comissões são formalizados no nível de esfera

de gestão correspondente (BRASIL, LOS, 1990).

Em 2006, foi definido um novo instrumento de compromisso, o “Pacto pela Vida,

em Defesa do SUS e da Gestão”, resultado de um longo processo de negociação entre os

gestores, iniciado em 2003 (Portaria GM Nº 399; 22 de fevereiro de 2006). O Pacto, aprovado

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pela CIT e pelo CNS, em fevereiro de 2006, estabelece uma nova dinâmica nas relações de

intergestão do SUS e introduz mudanças nos processos de articulação entre os níveis Federal,

Estadual e Municipal do Governo e incluem: a) a substituição do processo de habilitação pela

adesão solidária aos Termos de Compromisso da Gestão; b) a regionalização solidária e

cooperativa como eixo estrutural do processo de descentralização; c) a integração de várias

formas de utilização dos recursos federais; e, d) a unificação dos diferentes pactos pré-

existentes (Pacto da Assistência Básica, da Vigilância, e outros acordos).

A participação da sociedade acontece por meio dos conselhos e das conferências

de saúde onde são definidas as estratégias e avaliadas a execução da política sanitária em

todos os seus aspectos. Os conselhos e as conferências contam com representantes de todas as

instâncias governamentais (Governos Federal, Estaduais e Municipais), dos prestadores de

serviços, dos profissionais da saúde e dos usuários. Os dois últimos grupos têm representação

paritária em relação aos conjuntos de representantes dos dois primeiros grupos (BRASIL, op.

cit.).

Outra relevante ação do Governo para reduzir a desigualdade e estimular a

reorientação da assistência na estrutura de um modelo universal e integral, antes centrado

excessivamente na assistência hospitalar, foi a criação dos chamados Piso de Assistência

Básica (PAB) e Programa de Saúde da Família (PSF).

O PAB define os recursos destinados à assistência básica nos municípios,

principalmente nas ações ligadas à Programação Pactuada e Integrada (PPI). Já o PSF,

principal programa de incentivo, lançado em 1994, oferece assistência integral de saúde a

grupos de pessoas por área territorial, por meio de equipes multiprofissionais compostas por,

no mínimo, um médico, um enfermeiro, auxiliares de enfermagem e agentes comunitários de

saúde. O PSF veio a substituir, de forma ampliada, a iniciativa anteriormente executada pelos

agentes comunitários de saúde. Segundo a OPAS, 2007, atualmente, cada equipe do PSF pode

vir a ser responsável pelo acompanhamento de até 1.000 famílias. Em 2005, esse programa já

estava presente em 4.837 municípios, atendendo em torno de 40% da população brasileira.

O financiamento do poder público que garante os recursos para o SUS provém das

três instâncias governamentais que o compõem, sendo que o Governo Federal é responsável

pela maior parte desses recursos. Em 2004, o percentual gasto pelos Estados e pelo Distrito

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41

Federal com recursos para o SUS correspondeu a 26,6, o dos municípios foi de 22,7, enquanto

que ao Governo Federal participou com o percentual de 50,7 (OPAS, 2007).

Ao Ministério da Saúde coube a definição dos critérios de regulamentação,

fiscalização e controle de toda a produção de bens e serviços no setor sanitário, principalmente

no âmbito das ações de saúde, tanto ambulatoriais como hospitalares, nos diversos níveis de

complexidade (básica, média e alta).

Como estratégia para regular a oferta e a demanda em saúde foram criados os

“complexos reguladores”, que organizam de maneira articulada e integrada o conjunto de

ações de normalização do acesso à assistência (centrais de internação, centrais de consultas e

exames, protocolos assistenciais), na tentativa de adequar a oferta de serviços da Saúde às

necessidades realmente existentes (BRASIL, 2005).

O controle sanitário da produção e comercialização de produtos e serviços de

interesse da saúde, processos, insumos e tecnologias, são exercidos pelos órgãos federais,

estaduais e municipais que compõem o Sistema Nacional de Vigilância Sanitária. O

Ministério da Saúde coordena o sistema por intermédio da Agência Nacional de Vigilância

Sanitária - ANVISA (BRASIL. Lei No 9.782, de 1999), cuja esfera de atuação inclui ainda o

controle sanitário de portos, aeroportos e fronteiras.

O exercício das diferentes profissões de saúde está sujeito à regulamentação por

meio da vigilância sanitária federal. Cabe também aos conselhos profissionais a

responsabilidade do controle do exercício das profissões de assistência à saúde, que mantêm

delegações regionais com jurisdição em cada Estado da Federação. Estes conselhos são

entidades públicas não estatais, criadas por lei e com autonomia para supervisionar os

aspectos éticos e legais do exercício profissional nas suas respectivas jurisdições.

Desta forma, o setor público de saúde, além do atendimento à demanda universal

dos serviços coletivos (vigilância epidemiológica e sanitária, controle de doenças

transmissíveis, etc.), é responsável também por garantir assistência ambulatorial para 75% da

população, uma vez que somente 25% dela é assistida por planos ou seguros de saúde

privados (BRASIL, op. cit.).

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42

2.1.2 O Setor Privado de Saúde

O atendimento de saúde no segmento privado pode acontecer de duas maneiras:

por entidades com fins lucrativos ou por entidades beneméritas. Os planos e seguros de saúde,

integrantes do sistema privado, oferecem cobertura a 24,5% da população, sendo 44% titulares

desses planos e 56%, dependente. Parte deste universo, nos casos de tratamentos mais

complexos, também utiliza o sistema público de saúde, como acontece nas instituições

hospitalares onde o sistema se baseia predominantemente no reembolso público dos serviços

prestados por essas entidades privadas, chegando a 80% os estabelecimentos hospitalares que

prestam serviços ao SUS (OPAS, 2007).

Acredita-se que menos de um terço da população brasileira não tenha acesso a

nenhum serviço de saúde, apesar do que está garantido na Constituição. Isto acontece devido

às deficiências na prestação de serviços no setor público o que tem contribuído para a

expansão do setor privado de assistência que, segundo Oliva e Borba (2004), pode ser

classificado em 3 grupos, conforme apresentado no Quadro 1, abaixo.

QUADRO 1: Classificação do Setor Privado de Saúde

GRUPO DESCRIÇÃO

Segmento não lucrativo Sem fins comerciais é formado por entidades filantrópicas, representado principalmente pelas Santas Casas e pelas instituições formadas por grupos de imigrantes.

Lucrativo complementar Também denominado de Setor Supletivo de Saúde, é formado pelas empresas de assistência médica e seguradora.

Lucrativo assistencial Formado por instituições assistenciais que geralmente não mantêm nenhum vínculo com o SUS.

Fonte: adaptado de OLIVA; BORBA (2004).

Já a OPAS (1998) classifica o segundo grupo, atividades do Setor Supletivo de

Saúde, em quatro categorias: duas na modalidade de pré-pagamento, medicina de grupo e

cooperativas médicas; os planos de saúde de empresas em modalidades que compreendem

uma combinação de serviços de autogestão e compra de serviços de terceiros; e os seguro-

saúde, modalidade de cobertura por indenização ao segurado ou a terceiros.

Essas categorias são assim definidas por Oliva e Borba (2004), conforme

definição no Quadro 2.

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QUADRO 2: Definição do Setor Supletivo de Saúde CATEGORIA DESCRIÇÃO

Medicina de grupo Utiliza a rede de servidos e hospitais por meio do sistema de pré-pagamento dos serviços.

Cooperativas São formadas por médicos que participam pelo sistema de cotas. Oferecem planos individuais e coletivos para empresas e utilizam os serviços próprios e contratados.

Seguro-saúde Não possui hospitais ou médicos próprios, trabalhando no sistema de reembolso de despesas e pagamente à rede.

Planos de administração Administram planos contratando médicos e hospitais indicados pela própria empresa e funcionando como sistema de pagamento pelos serviços prestados.

Autogestão Os contratos são feitos internamente nas empresas, ou por caixas beneficentes, ou ainda por terceirização do serviço por meio de consultorias. O contrato de prestação de serviços é feito diretamente entre a empresa e o credenciado.

Fonte: adaptado de OLIVA; BORBA (2004).

As empresas nas modalidades de medicina em grupo e cooperativas geralmente

possuem laboratórios, hospitais, além de outros recursos próprios e normalmente não atendem

aos SUS.

A distribuição no mercado do Setor Supletivo de Saúde, na década de 90, tinha a

seguinte configuração: medicina de grupo - 47% do mercado; cooperativas médicas - 25%;

planos de saúde de empresas - 20%; e, seguro-saúde - 8% (OPAS, 1998).

A Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), desde 1998, monitora a

evolução dos preços dos planos privados, assim como a de seus prestadores e dos insumos

utilizados, autoriza operações empresariais de subdivisão, fusão, incorporação, modificação

ou a transferência do controle acionário e supervisiona a articulação com as entidades de

defesa do consumidor.

Desde que se iniciou a regulamentação estatal à assistência prestada pelos planos

privados, foram introduzidas mudanças importantes no setor que tiveram forte impacto sobre a

sua dinâmica e sobre suas estratégias competitivas. Um estudo recente mostrou uma redução

de 17%, entre 2000 e 2003, no número de empresas de “medicina de grupo”, que funcionam

como um sistema de pré-pagamento, e de 23% no âmbito das empresas de autogestão. No

mesmo período, o número de seguradoras registradas aumentou de 4 para 14, o de

administradoras, de 28 para 37, configurando-se um aumento de 32% (OPAS, 2007).

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44

2.2 Papel do Hospital no Sistema de Saúde

A Organização Mundial a Saúde (OMS), em seu relatório n° 122, de 1957, define a

instituição hospitalar como:

parte integrante de uma organização médica e social, cuja função básica consiste em proporcionar à população assistência médico-sanitária completa, tanto curativa como preventiva, sob quaisquer regimes de atendimento, inclusive domiciliar e cujos serviços externos irradiam até o âmbito familiar, constituindo-se também em centro de educação, capacitação de recursos humanos e de pesquisas em saúde, bem como de encaminhamentos de pacientes, cabendo-lhes supervisionar e orientar os estabelecimentos de saúde a ele vinculados tecnicamente. Assim o hospital é também um centro de investigação biopsicossocial. (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 1957)

No Brasil, conforme apontado anteriormente, o atendimento das demandas

sanitárias no âmbito governamental, que contempla os serviços prestados aos cidadãos e às

exigências ambientais, são de responsabilidade do SUS que o classifica em três grupos:

i) Serviços assistenciais - voltados para os indivíduos ou coletividades, são

prestados em centros de atenção ambulatorial, hospitalar e domiciliar;

ii) Intervenções ambientais - compreendendo o controle de vetores e hospedeiros,

o saneamento ambiental e as condições sanitárias dos ambientes de vida e

trabalho; e,

iii) Políticas externas ao setor saúde - voltadas para os determinantes sociais do

processo saúde-doença (OPAS, 1998).

No caso dos serviços assistenciais, segundo Oliva e Borba (2004), eles ainda

podem ser subdivididos em: promoção de saúde, prevenção e serviços curativos. A atividade

de promoção de saúde parte do próprio indivíduo, pois envolve seu estilo de vida e a

qualidade do meio ambiente em que ele vive. A prevenção acontece por meio das campanhas

direcionadas para alertar a população contra os riscos de hábitos não saudáveis e do

diagnóstico tardio de algumas enfermidades. Já os serviços curativos são os principais

responsáveis pelos serviços de assistência à saúde no Brasil, onde os serviços médicos e

hospitalares focam mais a doença do que a saúde.

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Os serviços curativos, conforme propõem Oliva e Borba (op. cit.), podem ser

separados de acordo com o nível de atenção que é dado à população (ver Figura 1).

FIGURA 1: Pirâmide do Sistema de Saúde.

Fonte: ALENCAR apud OLIVA; BORBA (2004).

Os atendimentos recebidos pelos usuários em ambulatórios ou consultórios são

classificados como serviços de atenção primária. Já nos serviços prestados por intermédio de

instituições de médio porte, hospitais de distritos, a classificação passa a ser atenção

secundária. No caso da atenção terciária, o atendimento é realizado em hospitais

especializados (OLIVA; BORBA, 2004).

Ainda de acordo com os autores, os serviços de assistência à saúde são

executados nesses diferentes tipos de estabelecimentos, dependendo de sua complexidade,

Quadro 3.

Sistema de atenção

A Saúde em nível de distrito

Secundário

Primário

Esferas de atendimento Locais de atendimento

Terciário Hospitais especializados

Hospitais de distrito

Centros de saúde

Domiciliar

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QUADRO 3: Tipos de Local de Atendimento por Assistência à Saúde LOCAL DE ATENDIMENTO ASSISTÊNCIA À SAÚDE

Posto de saúde Faz atendimentos nos procedimentos mais simplificados, para uma população entre 500 e 2.000 habitantes, com profissionais de nível médio.

Centro de saúde Realiza procedimentos mais complexos, conta com assistência médica com pouca tecnologia e disponibiliza profissionais de nível superior.

Unidade mista Faz as atividades de um centro de saúde mais a internação, dispõe de mais recursos tecnológicos e equipe com médicos especialistas.

Policlínica Apresenta atendimento ambulatorial especializado, só atuando nessa área.

Pronto-socorro Atende situações de emergência e urgência médica, dispondo de recursos tecnológicos e humanos variados.

Hospital Voltado principalmente para assistência médica em regime de internação, sendo alguns deles voltados para o atendimento especializado.

Fonte: adaptado de OLIVA; BORBA (2004).

As peculiaridades do funcionamento dos hospitais, objeto do estudo de caso desta

dissertação, são apresentadas na secção seguinte.

2.3 Empresa de Saúde e suas Singularidades

O hospital é uma das mais complexas organizações da sociedade por apresentar

uma equipe multidisciplinar com elevado grau de autonomia para dar assistência à saúde em

caráter preventivo, curativo e reabilitador a pacientes em regime de internação. Além disso,

ainda se constitui num espaço de prática de ensino-aprendizagem e produção científica

(AZEVEDO, 1993).

Essa complexidade pode ser explicada por uma série de características singulares à

sua constituição formal e operacional:

i) A individualidade e a personalização que caracterizam seus serviços de atenção

à saúde;

ii) A baixa importância econômica de suas atividades em relação ao valor social e

humanitário que ele produz;

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iii) A dependência às necessidades e às demandas da comunidade, além de ser,

potencialmente, um fator indutor delas;

iv) A vulnerabilidade em relação às situações de emergência;

v) A natureza de seu processo de produção, que se constitui de pessoas cuidando

de pessoas;

vi) A dificuldade da autoridade do gestor pela inexistência de uma única linha de

comando;

vii) A operacionalidade baseada na coordenação dos esforços e atividades dos

diferentes grupos de profissionais especializados e interdependentes,

conseqüência do fato de ser uma organização formal e, em certa medida,

burocrática;

viii) A demonstração de sua eficiência por meio do beneficio social; e,

ix) A constante incorporação de tecnologia, o que aumenta sua credibilidade

perante a sociedade (GONÇALVES, 1983; DARR, 1997 apud ZOBOLE,

2004).

Díaz (2003) inclui ainda outras características como:

x) A gerência que acontece por transferência de risco, tornando-se por isso

indispensável o planejamento participativo;

xi) O principal insumo que é quem vai receber o serviço, exigindo o respeito à sua

autonomia, devendo-se diminuir seu tempo de intervenção; e por último,

xii) Os pacientes que não pagam, deixando de existir um controle direto do

consumidor, nos casos das organizações públicas.

Além dessas características, o hospital contempla um universo de diferentes tipos

de recursos materiais e humanos que, na busca das finalidades de assistência, ensino e

pesquisa, se articulam em sistemas de lógicas totalmente distintas. Esses sistemas incluem o

assistencial, voltado para os cuidados direto à pessoa e marcado pela lógica da significação, e

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o administrativo, que utiliza a lógica racionalizadora típica de empresas, praticada por

profissionais voltados ao provimento de recursos material, pessoal e financeiro, necessários ao

atendimento das atividades fins do hospital, “buscando pelo controle social e pelos meios de

produção fazer frente aos altos custos, o que nem sempre constitui tarefa simples” (LÉVY e

Col. 1981 apud ZOBOLE, 2004, p.35).

Assim, considerando os recursos utilizados na estrutura hospitalar, que possui uma

gama de diferentes tipos de profissionais, inúmeros serviços inter-relacionados, recursos

tecnológicos de última geração e organização científica e burocrática compatível com as

atividades a serem desempenhadas, questiona-se: o hospital poderia ser visto como empresa?

Se for, como ele deveria ser administrado? (ZOBOLE, 2004).

Para responder a essas perguntas, a autora realizou uma análise comparativa entre

as características da empresa e do hospital, citando alguns pontos de convergência e de

distanciamento entre os dois conceitos. Dentre eles, foi destacado como uma das principais

divergências o fato de um hospital ser uma instituição que se sustenta no interesse coletivo da

saúde e o persegue independentemente de questões financeiras, característica que não

acontece numa empresa de mercado cujo principal foco é o lucro. Por outro lado, como

convergência, foi visto que muitas de suas práticas administrativas são formalmente próprias

de empresas o que aproxima a instituição hospital deste conceito.

O interesse coletivo pela saúde faz com que o setor operacional na organização

hospitalar concentre o poder sob o aspecto estrutural de uma burocracia profissional. Os

padrões de seus procedimentos, princípios éticos e legais, são definidos e fiscalizados por

entidades do governo e de diversas categorias profissionais externas ao seu ambiente, o que

confere ao corpo técnico autonomia e independência da gerência estratégica. Isso contribui

para que as organizações hospitalares, públicas ou privadas, estejam inseridas num ambiente

complexo e singular que as condicionam a um funcionamento inadequado diante da lógica da

característica de empresa de mercado.

Por último, a pluralidade das partes interessadas no funcionamento de uma

organização hospitalar é outra característica que merece destaque, por conferir-lhe

complexidade pela diversidade de interesses a contemplar:

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i) Dos usuários - que demandam assistência das mais variadas formas;

ii) Dos trabalhadores da saúde - que buscam melhores remunerações e condições

de trabalho;

iii) Dos acionistas, em se tratando de hospital privado - que objetiva o lucro, ou

de representantes da sociedade ou do Governo, no caso de organizações sociais

ou públicas;

iv) Dos empresários que mantêm relação comercial com o hospital, fabricantes e

distribuidores de insumos, seguradoras e planos de saúde – que também

visam o lucro; e, finalmente,

v) Dos poderes formalmente constituídos na gerência hospitalar e no governo -

que têm seus interesses focados nos objetivos técnicos e no alcance de metas

programáticas da política de saúde (NOGUEIRA, 1994).

2.4 Gestão Hospitalar

Existem vários sistemas que se pode utilizar na gestão de uma organização, dentre

eles encontra-se o sistema holístico que busca o atendimento das “necessidades dos

stakeholders de forma harmônica, juntando o pragmatismo da busca de metas, mas com

respeito à dignidade humana no trabalho por meio de uma seleção de ferramentas de gestão

dos grandes modelos de gestão atual” (OLIVA; BORBA, 2004, p.45).

Para Díaz (2003), no caso dos hospitais, a metodologia mais efetiva para sua

gestão é a construção de consensos para o estabelecimento de objetivos, metas e tomadas de

decisões. Ele defende que a participação nesses consensos deve ser ampla, acontecendo em

todos os níveis de gerência da instituição hospitalar, com o objetivo de melhorar a produção e

humanizar a atenção.

Gerenciar um hospital supõe planejar, dirigir, coordenar, motivar as pessoas, controlar o que se faz para conseguir as finalidades da instituição. As características das complexidades da organização hospitalar impõem estilos de condução participativa (MARIN, 2002 apud DÍAZ, 2003, p.56, tradução nossa).

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50

O modelo de gerência administrativa do hospital proposto por Díaz (op. cit.) deve

ser o participativo buscando acordos pelos objetivos institucionais. Deve ocupar-se dos

processos gerenciais para que estes possam ser geridos a partir de uma visão sistêmica de

interação e interatuação para a melhoria dos seus sete campos de ação que são: a) relacionar

o hospital com o entorno político, setorial e social; b) construir os objetivos em médio prazo;

c) melhorar os aspectos produtivos (gestão por processo); d) melhorar a gestão cotidiana; e)

conter o aumento dos gastos; f) racionalizar os custos; e, g) melhorar a capacidade técnica e

o clima organizacional.

O autor defende que a gestão profissional dos hospitais, com o compartilhamento

das responsabilidades e das tomadas de decisões, permitirá o desenvolvimento da instituição

como uma empresa de conhecimento e de relações humanas, de construção de missão e de

visão compartilhada, impulsionada por valores institucionais onde as equipes de trabalho,

com uma concepção sistêmica organizacional, estarão motivadas a vencer os desafios para

atingir as metas.

Para Diaz (op. cit.), um hospital é uma empresa de multiprodutos que deve ser

eficiente porque os recursos são limitados e a demanda é crescente. É uma instituição que

deve desenvolver mecanismos de aprendizagem organizacional em vários aspectos

procurando manter o foco estratégico nas perspectivas apresentadas no Quadro 4, ajudando no

contexto político e melhorando todo o sistema de saúde.

QUADRO 4: As Sete Perspectivas Estratégicas Hospitalares PERSPECTIVAS ESTRATÉGICAS

1 – Econômica, Financeira, Orçamentária, Faturamento. 2 – Produção, Utilização. 3 – Qualidade Técnica. 4 – Formação, Aprendizagem, Processos. 5 – Satisfação do usuário e do cliente interno. 6 – Resposta aos requerimentos da comunidade, demandas sanitárias. 7 – Influência política, definindo prioridades.

Fonte: adaptado de DÍAZ (2003).

Além disso, Pérez (2001 apud DÍAZ, 2003) acredita que uma empresa sanitária

que deseje aumentar sua competência deve começar a diferenciar sua gestão em: a) gestão

estratégica; b) gestão executiva; e, c) gestão operativa.

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51

A Gestão Estratégica é o processo no qual a alta direção ou gerência planeja sobre

os objetivos a curto, médio e longo prazo, analisando o ambiente externo de mercado,

procurando identificar como irá superar suas ameaças, aproveitar suas oportunidades e usar as

políticas que servirão para melhorar seus relacionamentos com os usuários, empregados e

comunidade (FORTUNA apud DÍAZ, 2003).

A Gestão Executiva é que deve implementar as diretrizes estratégicas na produção

assistencial, solucionando os problemas para que a sua direção possa desenvolver a gestão

operativa.

Por sua vez, a Gestão Operativa está sustentada na gestão de vários segmentos do

ambiente hospitalar, quais sejam: gestão de pacientes, gestão clínica, gestão de variabilidade,

gestão de processos e na atenção médica que compreende distintos aspectos da produção

assistencial (DÍAZ, 2001).

QUADRO 5: Componentes da Gestão Operativa Hospitalar GESTÃO OPERATIVA

Gestão de Pacientes Gestão Clínica Gestão de Variabilidade Gestão de Processos Gestão da Atenção Médica

Fonte: adaptado DÍAZ (2001)

i) Gestão do paciente - está voltada para a melhoria da eficiência institucional, e

procura facilitar o acesso dos serviços aos usuários, com menos burocracia, mais

satisfação, ouvidoria e diligência. Ela tem como pilares “os serviços de admissão,

atenção ambulatorial, emergência, atenção médica imediata, unidade de

consultórios externo e estudos complementares distribuídos em blocos funcionais”.

(DÍAZ, 2003, p. 60).

ii) Gestão clínica - refere-se à administração da prática assistencial que permite

oferecer aos usuários os melhores resultados assistenciais possíveis (efetividade),

demonstrando capacidade de melhorar o quadro clínico do paciente (eficácia), com

o menor inconveniente para o paciente e os menores custos para a sociedade

(eficiência). A gestão participativa com objetivo nos serviços deve ter por base a

gestão clínica porque ela gera o impulso que provem do núcleo do trabalho clínico.

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52

iii) Gestão de variabilidade - fundamenta-se nas coisas mutáveis como os pacientes, a

evolução tecnológica, a organização da oferta, os incentivos e o despreparo

profissional. É a conformação de uma organização de alto desempenho onde os que

constituem o núcleo operativo estão capacitados no âmbito terciário, no qual exige

uma condição importante de seu nível de independência e autonomia nas decisões

relacionadas com os pacientes.

iv) Gestão por processos assistências - é o conjunto de procedimentos diagnósticos,

terapêuticos e preventivos complexos que servem para alterar o curso natural da

doença, prevenir, curar, reabilitar, dando respostas às expectativas dos clientes

internos e dos usuários.

v) Gestão da atenção médica – leva os gestores a compreenderem e atuarem num

contexto de especificidades de atenção médica adquirindo de forma permanente,

novas capacidades que os habilitam na formulação inteligente de objetivos e

controles de gestão. Isto traduz um novo marco dentro da gerência institucional

hospitalar que é a produtividade social, que consiste em maximizar a eficácia de

atenção, a satisfação do usuário, gastando a menor quantidade de recursos possíveis.

O autor coloca que o hospital deve ser gerido como uma empresa, porque a saúde

é responsabilidade do Estado, portanto ele deve prover resultados efetivos, eficiente, que

assegurem os aspectos de equidade e respostas integradas ante o aumento da demanda. Neste

processo, uma das ações mais importantes que deve ser priorizada é o esforço para se

introduzir uma gestão eficiente dos prestadores de serviços sanitários, desenvolvendo

estratégias e ferramentas para implementar essas mudanças, focando assim na melhoria do

sistema de saúde. Um dos recursos fundamentais para essa mudança está nos dirigentes, na

transformação da função gerencial e na participação dos atores. Para Bourdieu (1993 apud

DÍAZ, 2003):

ator não é aquele que atua conforme o lugar que ocupa na organização social, e sim o que modifica o entorno material e todo o ambiente social em que está colocado ao transformar a divisão do trabalho, os modos de decisão, as relações de dominação e as orientações culturais. Pode se tratar de uma pessoa ou uma equipe. (BOURDIEU, 1993 apud DÍAZ, 2003, p.61, tradução nossa)

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53

Hoje, o grande desafio do Gestor Hospitalar é o desenvolvimento gerencial. A

função de direção necessita de um apoio claro pela existência de uma interfase hierárquica

complexa entre a influência política, a configuração da rede de serviços e as necessidades da

comunidade (DÍAZ, 2003). As autoridades hospitalares devem reconhecer que são gestores de

uma rede, isto é, que eles são o ponto de destino de uma transferência de risco cuja autoridade

de gerenciamento é parcial, pois muitas vezes necessitam de poder, porém não dispõem de

instrumentos de gestão adequados. Existe um distanciamento complexo entre os gestores e os

profissionais da área que emperram a evolução das instituições, aumentando os custos,

colocando em dificuldade a imagem corporativa e interferindo na formação das áreas clínicas.

Díaz (2002) diz que para diminuir essa lacuna entre gestores e profissionais, deve-

se implementar três ações básica:

i) Melhorar a formação e o aperfeiçoamento dos gestores – os investimentos na

formação e aperfeiçoamento não devem focar somente nas aquisições de

conhecimentos e habilidades, mas gerar e compartilhar dúvidas, visões,

compromissos frente aos agentes sanitários e à sociedade, dividindo não apenas

os problemas de seu meio e de seus usuários, mas também o conhecimento da

complexidade dos paradigmas envolvidos no processo de melhorias;

ii) Modificar o sistema financeiro insuficiente e de caráter histórico – antes de

definir os gastos a serem realizados com a saúde por meio de análises

econômicas e de mercados, deve-se, primeiramente, analisar quanto será

necessário para atender as necessidades existentes e, somente a partir daí,

definir como resolvê-las; e,

iii) Transformar o esquema contratual – este último item envolve desde o

compromisso de gestão assumido pela empresa até o gerenciamento do fator

humano, que envolve os profissionais atuantes, os demais funcionários, como

também o cidadão que se dirige à instituição para suprir alguma necessidade

relacionada à área fim.

Rubio (apud DÍAZ, 2003) descreve o que se deve gerenciar numa instituição

hospitalar, em 8 itens que são apresentados no Quadro 6.

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QUADRO 6: Aspectos para Gerenciamento na Instituição Hospitalar O QUE SE DEVE GERENCIAR JUSTIFICATIVA 1 A saúde das pessoas Porque num hospital os profissionais lidam com coisas bem

diferentes como nascimento e a morte. São ações integradas e complementares.

2 Os processos produtivos Porque são seqüências de ações e intervenções dirigidas na entrega de serviço integral ao usuário.

3 A gestão do conhecimento Pela necessidade de aumentar a competência, melhorar em aspectos técnicos e em serviço ao usuário, além de buscar incorporar novos avanços técnicos.

4 Interrelações pessoais O hospital é uma instituição de máxima interrelação social. As pessoas que estão ou se sentem enfermas são ajudadas por outras que se sentem saudáveis. Isso faz com que seja a organização mais complexa de se gerir.

5 Os interesses das cinco coletividades que o integram

Os cidadãos, os profissionais da área de saúde, as pessoas e, geral, os gestores e os proprietários, porque conforme visto anteriormente, têm interesses distintos.

6 O grande volume de recursos econômicos

Dos quais 70% englobam recursos humanos.

7 A práxis médica e a medicina defensiva

Pelos conflitos de interesses em relação aos objetivos organizacionais.

8 A necessidade de objetivar os interesses de distintas coletividades e a luta pelo poder

Pelos conflitos de interesses em relação aos objetivos organizacionais

Fonte: Adaptado de DÍAZ (2003).

Rubio (op. cit.) ainda apresenta, no Quadro 7, as principais responsabilidades da

gerência.

QUADRO 7: Missões da Gerência na Instituição Hospitalar ITEM MISSÕES DA GERÊNCIA

1 Conduzir o hospital ao cumprimento da missão. 2 Relacionar o hospital com o diretório ou conselho de administração. 3 Relacionar a instituição com seu entorno. 4 Desenvolver a gestão estratégica. 5 Conter o aumento dos gastos e reduzir os custos. 6 Implementar o controle integrado da gestão. 7 Melhorar o clima organizacional.

Fonte: Adaptado de DÍAZ (2003).

Basicamente administrar um hospital consiste em conduzi-lo ao cumprimento de

sua missão ou razão de ser. Para essa condução ser possível é necessário ter uma visão e fixar

objetivos coerentes com essa visão. A estratégia e a visão da empresa de saúde devem estar

alinhadas com o compromisso da organização e de seus integrantes. Sem visão é impossível

decidir racionalmente, não se tem noção do futuro e não há meta a ser alcançada (DÍAZ,

2002).

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55

A visão compartilhada é o que se vê nas organizações inteligentes. Ela deve ser

clara e conter os valores organizacionais para que possa ser repassada para toda a organização

buscando o comprometimento das equipes de trabalho.

Isso implica inicialmente em três tarefas vinculadas com o pensamento

estratégico, que só podem ser implementadas por meio de planejamento, organização,

execução, coordenação e controle da gestão:

i) Vincular o hospital com seu entorno – isto é, com os usuários, as áreas de

influência e programática, os provedores e competidores, buscando as

oportunidades, identificando as falhas de mercado, detectando as divergências

de informações, levantando a demanda sanitária, trabalhando em redes de

serviços e melhor orientando as ações para os pacientes de primeiro nível de

atenção;

ii) A gestão, o gerenciamento e o controle integral – consiste em coordenar e

motivar as pessoas para conseguir os objetivos planejados; e,

iii) Manter o clima organizacional para o desenvolvimento máximo da

capacidade de seus integrantes – é a base para a geração do compromisso,

de atitude e da parceria.

Díaz (2003) considera que todos esses fatores são necessários para que o

gerenciamento do hospital deixe de ser uma burocracia profissional para tornar-se um hospital

com características de autogerenciamento e possa evoluir futuramente para uma

autogovernabilidade.

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56

2.4.1 A Qualidade no Setor de Saúde

A preocupação com a qualidade na área da saúde esteve presente desde as

primeiras organizações voltadas para os cuidados aos enfermos. Mas, somente na metade do

século XIX, durante a guerra da Criméia, é que se tem registro da implantação do primeiro

modelo de melhoria contínua de qualidade em saúde pela enfermeira inglesa Florence

Nightingale, onde ela executou práticas relativas ao controle de infecção, diminuindo

consideravelmente o número de soldados que morriam, apenas pelo cuidado em separar os

enfermos infectados dos não infectados. Porém a sistematização e os primeiros modelos

voltados à gestão da qualidade da assistência médica e hospitalar só aconteceram a partir de

1913, pelo médico cirurgião norte-americano Ernest Amory Codman, quando ele publicou

seus primeiros trabalhos sobre a necessidade e a importância de se garantir a qualidade dos

resultados das intervenções médicas nas ações de saúde (GASTAL; QUINTINO NETO,

1997).

Na questão da qualidade, há um consenso no setor saúde que os programas de

qualidade devam focar, além das condições de infraestrutura física, os processos e os

resultados. Este conjunto, apesar de identificar elementos importantes e imprescindíveis para a

qualidade dos serviços, o que se tem observado é que ele se restringe ao diagnóstico e ao

posicionamento das organizações com base em modelos referenciais. Geralmente, o que se

tem visto é a identificação do problema sem apontar sua solução, o que induz à

descontinuidade do processo de melhoria (VIEIRA; CARVALHO, 1999).

Donabedian (1990) ampliou o conceito de qualidade em saúde com o que ele

chamou de “sete pilares da qualidade”: eficácia, efetividade, eficiência, otimização,

aceitabilidade, legitimidade e equidade, Quadro 8.

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QUADRO 8: Pilares da Qualidade e Seus Conceitos PILARES DA QUALIDADE

DESCRIÇÃO

EFICÁCIA O melhor que se pode fazer para melhorar a saúde nas condições mais favoráveis, dado o estado do paciente e mantidas constantes as demais circunstâncias.

EFETIVIDADE O grau em que o cuidado, cuja a qualidade está sendo avaliada, alça-se ao nível de melhoria da saúde, que os estudos de eficácia tem estabelecido como alcançáveis.

EFICÊNCIA É a medida do custo com o qual uma dada melhoria na saúde é alcançada. Se duas estratégias de cuidado são igualmente eficazes e efetivas, a mais eficiente é a de menor custo.

OTIMIZAÇÃO Medida onde os efeitos do cuidado da saúde não são avaliados em forma absoluta, mas relativamente aos custos; onde adicionar benefícios pode não ser viável devido ao alto incremento nos custos.

ACEITABILIDADE

Sinônimo de adaptação do cuidado aos desejos, expectativas e valores dos pacientes e de suas famílias. Depende da efetividade, eficiência e otimização, além da acessibilidade do cuidado, das características da relação médico-paciente e das amenidades do cuidado.

LEGITIMIDADE Aceitabilidade do cuidado da forma em que é visto pela comunidade ou sociedade em geral.

EQUIDADE Princípio pelo qual se determina o que é justo ou razoável (aceitável) na distribuição do cuidado e de seus benefícios entre os membros de uma população.

Fonte: Adaptado de DONABEDIAN (1990).

Donabedian (1992) também definiu um quadro conceitual fundamental para o

entendimento da avaliação de qualidade em saúde envolvendo estrutura, processo e resultado,

que correspondem às noções de Teoria Geral de Sistemas: input-process-output (Quadro 9).

QUADRO 9: Conceitos da Teoria Geral de Sistemas ITEM DESCRIÇÃO

ESTRUTURA Recursos físicos, humanos, materiais e financeiros necessários para a assistência médica. Inclui financiamento e disponibilidade de mão de obra qualificada.

PROCESSO Atividades envolvendo profissionais de saúde e pacientes, com base em padrões aceitos. A análise pode ser sob o ponto de vista técnico e/ou administrativo.

RESULTADO Produto final da assistência prestada, considerando saúde, satisfação de padrões e de expectativas.

Fonte: Adaptado de DONABEDIAN (1992).

a) Estrutura – envolve a parte física, a disponibilidade de equipamentos, organização

dos serviços até a capacitação dos indivíduos que prestam serviços. Apesar da

dificuldade em quantificar a influência desses componentes na qualidade final da

assistência prestada, não há dúvida que as estruturas mais adequadas aumentam a

probabilidade da assistência prestada ser de melhor qualidade.

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58

b) Processo – são as atividades desenvolvidas entre os profissionais de saúde e os

pacientes. É sobre essas relações que se obtêm os resultados da assistência. Nos

processos aparecem os aspectos éticos e da relação médico/profissional/equipe de

saúde-paciente. Normalmente tudo que diz respeito ao tratamento diretamente e no

momento em que ele está ocorrendo pode ser considerado um processo.

c) Resultado – devido à dificuldade de uma definição precisa acerca da boa prática

médica, o resultado da assistência se restringe às mudanças observadas no estado e

saúde do paciente, que podem ser atribuídas à assistência médica. Porém para que

isso corresponda à mensuração precisa da qualidade da assistência médica, é

necessário isolar as demais causas das mudanças.

Essa classificação proposta por Donabedian (op. cit.) tem por objetivo a

sistematização da complexidade da saúde, permitindo que, a partir dela, se estabeleçam

indicadores específicos para cada uma das dimensões consideradas. O autor desenvolveu esse

trabalho a partir do monitoramento do desempenho clínico objetivando a melhoria da

qualidade, pois segundo ele, o desempenho da atividade médica é o foco central e tudo se

passa a partir da ótica desse profissional.

Gurgel e Vieira (2002) defendem que a teoria sistêmica tem se mostrado

insuficiente para o desenvolvimento de programas de qualidade e processos de mudanças

sustentáveis com possibilidades de êxito no setor de saúde. Isto ocorre devido à complexidade

do setor e aos inúmeros trade–off a considerar, sobretudo quanto à satisfação do cliente em

conflito direto com a racionalidade técnica do processo de trabalho em saúde.

A percepção da qualidade, e conseqüentemente seu gerenciamento, poderá variar

amplamente dependendo da forma de sua implementação, pois sofre grande influência do

grupo da organização que estará conduzindo o processo, podendo vir a comprometer a

precisão e confiabilidade dos resultados obtidos (VIEIRA, 1997 apud GURGEL; VIEIRA,

2002).

Estas disjunções teórico-conceituais apresentadas e os problemas metodológicos

dos programas têm levado à aplicação de soluções superficiais que não geram ganho

institucional ou não resolvem o problema na origem, restringindo-se, muitas vezes, à

aplicação de um pequeno conjunto de técnicas, incompatíveis com o grande número de

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59

variáveis e elementos estruturais envolvidos em seus processos (GASTAL; QUINTO NETO,

1997).

Malik e Schiesari (2002, p. 8) também entendem a complexidade na avaliação da

qualidade em sistemas de saúde e sugerem seu desenvolvimento de maneira global, tendo em

vista que “as metodologias de avaliação disponíveis são muito mais apropriadas para

responder às características dos serviços de saúde de modo isolado, ou aplicáveis a programas

em desenvolvimento ou desenvolvidos”.

Conforme Vieira (1997 apud GURGEL; VIEIRA, 2002), a Gestão Estratégica da

qualidade engloba uma multiplicidade de fatores muito difíceis de enquadrar num esquema

prescritivo simplificado. Para isso, é necessária uma abordagem da realidade organizacional

que fundamente a ação gerencial a partir de um conjunto amplo de teorias não-circunscritas ao

ambiente intraorganizacional.

Neste sentido, a evolução dessas práticas no setor saúde deve enfatizar aspectos

gerenciais aliados aos processos assistenciais (GASTAL; QUINTO NETO, 1997),

fundamentados na perspectiva do direito à saúde como um bem público, dentro do contexto da

cidadania.

2.4.2 A Qualidade nos Hospitais Brasileiros

Nos últimos anos, os hospitais brasileiros têm procurado melhorar seus processos

de gestão tentando mudar a imagem de instituição de baixa qualificação para atendimento à

população usuária, que muitas vezes enfrenta a realidade de não ser bem atendida. Em função

da conscientização da população em relação aos seus direitos e da cobrança do governo

sentindo-se pressionado por seus eleitores, os hospitais começam a implementar melhorias nos

processos de gestão, buscando resgatar a credibilidade e o respeito de seus serviços e de seus

profissionais. Assim, motivados por esse desejo, os hospitais começaram a aderir aos

programas de qualidade.

Comprovar excelências nos serviços é uma tendência cada vez mais forte entre as

empresas da saúde, atribuídas não somente ao cumprimento das imposições legais, mas

também na necessidade de credibilidade junto a seus clientes. Com referência à qualidade no

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60

setor de saúde Novaes (1998 apud AZEVEDO, 2002, p.3) afirma que “o desenvolvimento de

Programas de Garantia de Qualidade é uma necessidade em termos de eficiência e uma

obrigação do ponto de vista ético e moral”.

Para o autor existem, no mínimo, quatro formas de avaliar e atestar a qualidade

dos serviços de uma instituição hospitalar no Brasil. A primeira delas é composta por um

conjunto de procedimentos burocráticos que habilita a organização para o funcionamento na

área de saúde, que são a habilitação e a licença sanitária ou alvará, fornecidas pela autoridade

sanitária jurisdicional, pela Agência de Vigilância Sanitária ou por outra entidade com

autoridade e competência para este propósito.

A segunda forma de avaliação acontece no momento de classificar os serviços que

são prestados pela instituição. Por meio desse critério de classificação é possível determinar as

funções, a concentração das atividades e os benefícios de acordo com o tipo de

estabelecimento em análise. Essa categorização é que determina quais os serviços que podem

ser prestados e quais são as redes provedoras.

A terceira forma de avaliação acontece por meios dos programas de autoavaliação

(pesquisa “in loco”) onde são monitoradas as atividades hospitalares, baseadas em critérios

aceitáveis e explícitos de desempenho.

Por último, há a Acreditação Hospitalar que é o método de avaliação externa dos

recursos institucionais, voluntário, periódico e reservado, que tende a garantir a qualidade da

assistência por meio de padrões previamente definidos.

O objetivo de todas essas práticas é garantir a qualidade da prestação dos serviços

hospitalares aos cidadãos usuários, incentivando as organizações de saúde à continua busca de

melhoria em seus processos.

Os autores Malik e Schiessari (2002), além da Acreditação Hospitalar da

Organização Nacional de Acreditação (ONA), apontam outros dois modelos de avaliação

externa da qualidade bastante conhecidos que são a International Standardization

Organizations (Normas ISO) e o Prêmio Nacional da Qualidade (PNQ).

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61

Ainda existe o Prêmio Nacional de Gestão Pública (PQGF), que é o Prêmio

Qualidade do Governo Federal cuja finalidade é reconhecer e premiar as organizações

públicas com qualidade em gestão, que comprovem alto desempenho institucional.

O Prêmio tem o propósito de contribuir para a transformação da gestão pública

estimulando, pelo reconhecimento, aquelas que evidenciam melhoria gerencial na direção da

inovação, da redução de custos, da qualidade dos serviços e da satisfação do cidadão.

O PQGF acontece em ciclos anuais de premiação onde são avaliados e

reconhecidos os processos de gestão de cada instituição candidata, tomando-se por base o

Modelo de Excelência em Gestão Pública – MEGP, do GesPública.

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3 AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO

Este capítulo apresenta uma abordagem sobre a medição de desempenho como um

instrumento de gestão. Essa abordagem é realizada a partir da revisão da literatura relacionada

ao processo de estruturação de um Sistema de Administração do Desempenho, apresentando

as etapas que devem contemplar este método.

Em princípio é exposto um breve histórico acerca da evolução das medidas de

desempenho e também das principais características do processo de medição. Depois são

apresentados e discutidos os principais modelos de decisão, de mensuração e métodos,

classificações e abordagens encontradas na literatura para o desenvolvimento e

implementação de sistemas de indicadores de desempenho.

Como modelos de avaliação de gestão são apresentadas as metodologias de

Acreditação Hospitalar e da Autoavaliação de Gestão do Programa do Governo Federal do

GesPública, no modelo de 250 pontos.

Na última seção, o modelo do Balanced Scorecard é apresentado, com a discussão

das perspectivas e da sistemática de estabelecimento de estratégias e de indicadores de

avaliação.

3.1 O Conceito de Desempenho Organizacional e sua Aplicação em Organizações de

Saúde

Até a década de 80, havia uma predominância de utilização de medidas de

desempenho relacionadas à eficiência, tais como a produtividade física e financeira (por

exemplo, custo e lucratividade). Segundo Bonnelli et al. (1994), a razão para o uso dessas

medidas era a existência de paradigmas taylorista e fordista de padronização em massa e

eficiência que dominavam as práticas gerenciais durante esse período.

No Japão, durante os anos 50, as empresas, como a Toyota Motors, precisaram

fazer alterações na organização de seus processos de produção devido à introdução de

conceitos voltados à flexibilidade como eficiência, redução de estoques, parcerias com

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63

fornecedores e foco nos requisitos dos clientes (SHINGO, 1996). Como conseqüência disso,

houve a necessidade de introduzir e implantar novas tecnologias e filosofias de gestão e

produção, como a Gestão da Qualidade Total (TQM) e o Just-In-Time (JIT), para que as

empresas pudessem estar inseridas nesse novo ambiente competitivo.

Verificou-se que somente os dados fornecidos pelos indicadores voltados ao

modelo tradicional de contabilidade de custo não eram suficientes para fornecer informações

que possibilitassem avaliar o grau de competitividade dessas empresas no contexto de

mercado. Seriam necessárias informações complementares que avaliassem a organização sob

vários aspectos.

Na concepção de Moreira (1996):

Um Sistema de Medição de Desempenho é um conjunto de medidas referentes à organização como um todo, às suas partições (divisões, departamento, seção etc.), aos seus processos, às suas atividades organizadas em blocos bem definidos, de forma a refletir as diferentes características de desempenho em cada nível da empresa (MOREIRA, 1996, p.17).

Logo, o sistema de medição de desempenho tem por objetivo estabelecer o grau de

evolução, estagnação ou involução dos processos e atividades da empresa, assim como o grau

da adequação ao uso de seus bens e serviços. Ele deve fornecer informação adequada e no

momento preciso, a fim de prover ações preventivas e/ou corretivas que levem à conquista de

metas e objetivos da empresa.

Para Bond et al. (2001), o desempenho das organizações é o produto da análise de

todas as atividades de uma empresa, desde a formulação das estratégias até a análise de ações

e resultados alcançados. Portanto, o gerenciamento do desempenho pode indicar se as

empresas irão ou não conseguir atingir as metas estabelecidas.

Contudo, para gerenciar o desempenho de uma organização há necessidade de um

sistema de medição que permita o monitoramento, manutenção e controle das atividades; além

de viabilizar o seu crescimento e aprimoramento contínuo. Surge, assim, a importância

atribuída aos indicadores no controle das operações, quais sejam: conhecer e identificar pontos

críticos que possam vir a comprometer o desempenho e auxiliar no processo de

implementação e gerenciamento das melhorias e mudanças (BOND, 2001.).

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Ademais, essas mudanças fizeram com que as empresas começassem a sentir a

necessidade de introduzir medidas quantitativas e qualitativas em seus controles, que

permitissem avaliar seus desempenhos relativos a essas novas dimensões competitivas.

Kaplan e Norton (1996) destacam que a base para o sucesso de um sistema de

medição de desempenho, tem como princípio: medir somente as coisas que indiquem o

sucesso organizacional; manter um conjunto de medidas equilibradas, considerando as

perspectivas das pessoas que tomam decisões, incentivando a participação sobre o que deve

ser medido; envolver os funcionários na configuração e implementação do quadro de

indicadores de desempenho; alinhar os objetivos e as estratégias organizacionais com as

medidas, de forma a proporcionar suporte à tomada de decisões; e orientar os esforços para

cumprimento das metas estabelecidas.

De acordo com Gonçalves (2002), aplicar bem os indicadores para a medição de

desempenho, possibilitando um maior conhecimento dos processos relacionados aos pontos

críticos de sucesso, permitindo uma avaliação contínua da eficiência dos processos e das

pessoas, deve ser uma característica fundamental nas organizações. Dessa forma a gestão

organizacional deve estar fundamentada nos resultados apresentados por seus indicadores de

desempenho.

No setor público, onde a prática mais comum tem sido a avaliação ligada ao

controle tendo como premissa básica o cumprimento dos requisitos legais, o processo de

avaliação é mais complexo, pois deve ainda considerar os resultados sociais gerados. Assim, a

natureza da avaliação da gestão do setor público tem um foco diferenciado do setor privado

que é predominantemente administrativo.

3.1.1 Indicadores de Desempenho

Segundo Oliva e Borba (2004), para o desenvolvimento de um Sistema de

Administração do Desempenho, primeiro é necessário passar pelo entendimento das

classificações dos indicadores tratadas na literatura.

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65

Os autores destacam as classificações de maior importância, que são:

a) Financeiro versus não financeiro – além dos indicadores financeiros são

necessários outros tipos de indicadores não-financeiros para complementar o

Sistema de Administração do Desempenho;

b) Global versus parcial – os indicadores globais auxiliam a alta administração,

enquanto os indicadores parciais são orientados para os gestores médios e suas

áreas de atuação;

c) Interno versus externo – os indicadores internos servem para monitorar os aspectos

internos da organização e os externos para monitorar o ambiente externo da

organização, tais como clientes e fornecedores;

d) Hierarquia organizacional – o enfoque nessa classificação é a utilização da

estrutura organizacional que define as relações verticais da organização com base

para integração dos indicadores de desempenho; e,

e) Área de aplicação – o entendimento é que cada unidade na organização precisa ter

seus próprios indicadores de desempenho.

O passo seguinte para o desenvolvimento de um Sistema de Administração de

Desempenho, para Flapper et al. (apud OLIVA; BORBA, 2004), consta de um método que

deve conter, no mínimo, três etapas: a) definição dos indicadores de desempenho; b)

definição das relações entre eles; e, c) fixação de metas de valores para eles.

Na Etapa 1 – Definição dos Indicadores de Desempenho, podem ser consideradas

duas abordagens, tanto de baixo para cima (operacional/estratégico) como de cima para baixo

(estratégico/operacional). No primeiro caso, os indicadores partem das atividades realizadas

na organização e, no segundo, o foco está nas funções da organização e nas responsabilidades

de quem executa as atividades.

Na Etapa 2 – Definição das Relações entre os Indicadores de Desempenho, as

relações entre os indicadores podem ser de dois tipos, relações internas, usadas dentro do

contexto de uma função e relações externas, quando se usa indicadores de diferentes funções.

Na Etapa 3 – Fixação de Metas de Valores para os Indicadores de Desempenho,

um sistema de Administração de Desempenho não é caracterizado somente por um conjunto

de Indicadores de Desempenho, mas também pelo alcance de valores que justificam suas

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66

diferentes ações. As metas devem ser negociadas tanto para atender aos objetivos da alta

administração, como também para ser viável a sua execução por quem operacionaliza as

atividades.

Os autores chamam a atenção para o cuidado que se deve ter com a atualização dos

indicadores após a implantação do Sistema de Administração de Desempenho. Além disso,

eles alertam para o fato de que o Sistema é específico para a realidade da organização, na

época da sua definição. Caso aconteça alguma mudança no ambiente de negócio da

organização, o Sistema deve ser novamente formatado para a nova realidade.

Apesar de existirem diversas propostas de Sistemas de Administração de

Desempenho, Oliva e Borba (2004) identificaram os três pontos comuns a todas elas, que são:

a) as medidas de desempenho devem derivar da estratégia de negócio; b) há uma hierarquia

no conjunto das medidas de desempenho, devendo ocorrer uma integração nas funções de

negócio; e, c) as medidas devem refletir todo o ambiente de negócio.

Desta forma, a medida de desempenho deve estar presente em todos os níveis

hierárquicos, ou seja, alta administração, nível operacional e ambiente empresarial interno e

externo. E os indicadores de desempenho devem permitir a mensuração, análise e

aperfeiçoamento dos resultados do negócio da empresa, para que os administradores possam

alinhar a estratégia e os objetivos ao desempenho global do negócio (OLIVA; BORBA, 2004).

Para o sucesso na implementação de uma estratégia de negócio é necessário ainda

que a empresa equilibre à estratégia discutida e divulgada, um sistema de gestão coerente e

um sistema de administração de desempenho adequado. Porém de nada adiantará tudo isso se

a empresa não dispuser de ferramentas que auxiliem a análise e a tomada de decisão a respeito

do que fazer com os resultados alcançados por esses indicadores.

3.1.2 Modelos de Decisão

O significado da palavra modelo, como afirma Guerreiro (1989 apud SANTOS;

PONTE, 1998), é uma representação simplificada da realidade com o objetivo de facilitar a

compreensão de estruturas e relações complexas, por meio da identificação de aspectos

fundamentais relativos ao problema enfocado.

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67

Ao considerar a administração sob uma perspectiva científica, Cornélio (1999)

aborda a influência da Teoria Clássica da Administração dominada, principalmente, pela

racionalidade econômica. Segundo os pressupostos da Teoria Clássica, a tomada de decisão

deverá ser baseada em um processo de seleção e escolha que conduza àquela alternativa que

for considerada ótima para a organização.

O estudo da decisão por meio de ações prescritivas e normativas estabelece regras

e modelos que criam condições para que o tomador de decisão faça uma escolha racional,

baseada na melhor opção dentre as alternativas que se apresentam. No sistema empresa, para

Oliva e Borba (2004), o modelo de decisão é um elemento de apoio ao processo decisório, que

permeia todo o processo de gestão. Ele é uma ferramenta que dá suporte aos gestores que os

utilizam para predição dos resultados que virão das alternativas avaliadas, que deverão resultar

na melhor escolha. A Figura 2 apresenta o fluxo de um modelo de decisão.

Para Guerreiro (1989 apud SANTOS; PONTE, 1998), o processo de tomada de

decisão deve, além de compreender as fases de planejamento, execução e controle, considerar

também as crenças, princípios e valores dos gestores e das partes interessadas da organização,

tendo por finalidade orientar todo o processo administrativo da organização. Outro ponto

importante a ser mencionado diz respeito à incerteza inerente ao processo de escolha, que

tende a diminuir quando utilizados modelos consistentes de decisão.

FIGURA 2: Modelo de Decisão. Fonte: Adaptado de FIPECAFI (1998, p.5).

MODELO DE GESTÃO MISSÃO, CRENÇA E VALORES

PLANEJAMENTO EXECUÇÃO CONTROLE /

Tomada de decisão

IDENTIFICAÇÃO DO PROBLEMA

FORMULAÇÃO DAS

ALTERNATIVAS

AVALIAÇÃO DAS

ALTERNATIVAS

SELEÇÃO DE UMA

ALTERNATIVA

MODELO DE DECISÃO

AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO PROCESSO DE GESTÃO

PROCESSO DECISÓRIO

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68

Para os autores, as decisões são tomadas tanto no nível estratégico como no

operacional e administrativo, e são assim compreendidas: as decisões estratégicas estão

relacionadas com o ambiente da organização; as decisões operacionais envolvem a

transformação interna dos recursos; e as decisões administrativas preocupam-se com a

estruturação dos recursos da empresa de modo a criar possibilidades de execução com os

melhores resultados.

Santos e Ponte (1998) concluem que a estruturação do processo decisório na

concepção de vários autores, Guerreiro (1989), Almeida (1996) e Santos (1995), convergem

para as fases demonstradas no Quadro 10:

QUADRO 10: Fases do Processo Decisório FASE DESCRIÇÃO

Caracterização da necessidade de decisão Momento em que se define o objeto da decisão, ou seja, o que precisa ser resolvido.

Definição do objetivo Identificação dos objetivos que devem ser alcançados com a solução do problema

Definição e obtenção de informações relevantes

Fase de definição e levantamento de informações sobre as variáveis que devem ser consideradas no processo de tomada de decisão

Formulação das alternativas Fase em que são formuladas as diversas opções de ação que poderão solucionar o problema

Avaliação das alternativas Fase de ponderação e análise das conseqüências derivadas das várias alternativas de solução do problema

Escolha da alternativa Fase da escolha da alternativa que melhor se adequa à solução do problema

Fonte: Adaptado de SANTOS; PONTE (1998).

Os modelos de decisão permitem que as consequências das várias alternativas

sejam avaliadas antes de se tomar a decisão, possibilitando ao decisor escolher aquela que

apresente os melhores resultados. Constituem, assim, um procedimento estruturado, no qual as

diversas variáveis que impactam a decisão podem ser organizadas e examinadas de modo

sistemático e consistente. Conforme definido por Santos (1995 apud SANTOS; PONTE,

1998):

diferentes tipos de modelos de decisão poderão compor o banco de modelos do decisor; conforme a natureza da situação decisória, alguns modelos serão mais apropriados do que outros. O tipo mais adequado dependerá da natureza matemática ou não das variáveis envolvidas, dos objetivos do decisor, do grau de controle exercido sobre as variáveis de decisão e do nível de certeza associado com o ambiente da decisão. (SANTOS, 1995 apud SANTOS; PONTE, 1998, p. 45)

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69

Segundo Oliva e Borba (2004), quando o gestor toma decisão pela melhor

alternativa de solução, na verdade ele está procurando maximizar o volume de produtos ou

serviços de suas respectivas áreas de responsabilidade, visando à redução de custos,

esforçando-se para ser eficiente segundo algum critério operacional.

Conforme os autores, essa busca de maximização de resultados com a redução de

custos “requer então um modelo de mensuração que traduza para a mesma linguagem os

critérios de eficiência operacional” (OLIVA; BORBA, 2004, p.84).

3.1.3 Modelos de Mensuração

Shank e Govindarajan (1999) mencionam que, até a década de 80, a mensuração

de desempenho era feita, quase que exclusivamente, com enfoque em aspectos financeiros,

divulgados por meio de relatórios financeiros. Estes relatórios limitavam-se a fornecer

demonstrativos de desempenho financeiro periódicos após a consecução dos fatos, mas sem os

devidos esclarecimentos sobre os fatores que afetavam o desempenho da empresa.

Como somente informações financeiras não são suficientes para gerenciar a

melhoria de desempenho de uma organização, determinar o que medir passa, então, a ser a

primeira questão enfrentada pelos dirigentes quando se pensa em implantar um Sistema de

Administração de Desempenho.

As mensurações são necessárias, no contexto empresarial, para expressar objetivos

e clarificar metas, bem como para controlar e avaliar os resultados das atividades envolvidas

nos processos para atingir as metas.

Os níveis de mensuração que integram os Sistemas Organizacionais, sugeridos por

Sink e Tuttle (apud OLIVA; BORBA, 2004), são os apresentados na Figura 3.

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FIGURA 3: Níveis de Mensuração de Sistemas Organizacionais7. Fonte: Oliva e Borba (2004, p.87)

No Quadro 11 encontram-se as explicações referentes a Figura 3, que mostra os

Níveis de Mensuração de Sistemas Organizacionais.

QUADRO 11: Descrição dos Tipos de Mensuração

MENSURAÇÃO DESCRIÇÃO

1. Eficiência Preocupa-se com o menor custo possível por unidade produzida. É a razão entre os recursos estimados e os realmente consumidos na consecução dos objetivos, metas e atividades.

2. Eficácia Relação entre resultados obtidos e resultados planejados. É a realização dos propósitos, objetivos, metas e atividades em quantidade, qualidade e prazo adequado. Relação entre os outputs produzidos por um sistema organizacional num determinado período de tempo e os inputs requeridos para produzir os mesmos outputs. Pode ainda ser classificada em: 3.1. Produtividade Parcial

Quando se considera apenas um dos insumos utilizados, podendo ser mão de obra, capital, energia, matérias-primas, etc.;

3.2. Produtividade Total dos Fatores

Quando se utilizam os insumos de capital e de mão de obra, simultaneamente, que são avaliados de acordo regras pré-estabelecidas que permite uma medida única desses insumos;

3. Produtividade

3.3. Produtividade Múltipla de Fatores

Quando outros fatores (particularmente matérias primas e energia), além da mão de obra e do capital são considerados.

4. Resultado Econômico Está relacionado ao lucro e renda. Os autores entendem que o valor da empresa corresponde ao fluxo de benefícios futuros trazidos a valor presente, ou seja, benefícios significando lucro econômico.

5. Eficácia Empresarial A Administração por Objetivos focaliza a eficácia das áreas que integram as organizações. Assim, a eficácia da Gestão é o grau com que os gestores atingem os níveis de exigências estabelecidos para os resultados associados aos seus cargos.

Fonte: Adaptado de Oliva e Borba (2004, pp.86-94)

7 Q1, Q2, ....Q6 = Pontos de Verificação da Qualidade PO = Produtos Obtidos

PE = Produtos Esperados CPR = Consumo Previsto de Recursos CER = Consumo Efetivo de Recursos

Q6

Sistemas fornecedores

Recursos (INPUT)

Processo de transformação

(Atividade)

Produtos (OUTPUT)

Sistema cliente

Resultado da cadeia do valor

Q1 Q2 Q3 Q5

Eficiência (CPR/CER) 1ª

Eficácia (PO/PE) 1ª

Produtividade [(PO/PE)/(CPR/CER)] 1ª

Resultado interno

Q4 Q3 Q5

Interno

Externo

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71

3.1.3.1 Modelo de informação

Segundo Lemes (1996, p.99), “Informação é um conjunto de dados, que produz

um conhecimento lógico e útil para o receptor da mensagem”.

Guerreiro (1995) estende essa definição e menciona que modelo de informação é

um conjunto de critérios e procedimentos padronizados que definem a comunicação das

informações nas organizações. O modelo deve definir: como as informações serão distribuídas

aos gestores e seus colaboradores; como elas poderão ser acessadas diretamente por eles,

permitindo a facilidade de interação dos usuários por meio de um banco de dados unificado e

estruturado pelo conceito de engenharia da informação; e como serão fornecidas com

oportunidades para ações gerenciais no momento da ocorrência dos eventos. Vale acrescentar

que essas características devem apresentar uma relação custo/beneficio favorável.

A disponibilização das informações, além de favorecer diretamente o aumento da

produtividade nas organizações, contribui, indiretamente, “como um mecanismo poderoso

para reforçar o sentido de liderança de vários postos da estrutura hierárquica” (Passos, 1999,

p.51). Essa informação útil deve estar disponível para cada posto de trabalho no momento

exato de sua utilização e com o conteúdo adequado à necessidade do usuário.

A integração dos modelos de decisão, de mensuração e de informação pode ser

visualizada na Figura 4, a seguir:

FIGURA 4: Integração dos Modelos de Decisão, de Mensuração e de Informação Fonte: Oliva e Borba (2004, p.105).

Modelo de

mensuração

Modelo de

decisão

Modelo de

informação

Tomada de

decisão

Informação

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3.1.4 Acreditação Hospitalar

A Acreditação Hospitalar está relacionada à origem da palavra “acreditar”, que

significa dar crédito, merecer confiança e credibilidade.

O processo de Acreditação consiste numa avaliação da Qualidade dos Serviços,

tendo como referência padrões pré-definidos que expressam a visão de grupos da sociedade

interessados em garantir as boas práticas dos serviços prestados na área de saúde (ONA,

2001).

Os primeiros registros que fazem referência à padronização de hospitais datam de

1913, quando o Dr. Ernest Codman apresentou à Sociedade Médica do Condado de Filadélfia

(EUA) sua dissertação "O Produto dos Hospitais". A obra pretendia estimular a reflexão e o

debate em torno da padronização dos hospitais, para que fosse possível melhorar a qualidade

dos produtos e do emprego dos recursos, melhorando a organização como um todo (MALIK;

SCHIESSARI, 2002).

Com a nova proposta do Dr. Ernest Codman, alguns médicos se reuniram para

formar o Colégio Americano de Cirurgiões, que instituiu o primeiro Programa de

Padronização de Hospitais, evoluindo, cinco anos depois, para a adoção de um padrão oficial

denominado "Padrão Mínimo". Porém a Acreditação de organizações de saúde só surgiu nos

Estados Unidos a partir de 1951, quando foi criada a Joint Commission, formada pela

American College of Surgeons, American College of Physicians, American Hospital

Association, American Medical Association e Canadian Medical Association (MALIK;

SCHIESSARI, 2002).

Aos poucos a Acreditação foi se estendendo para outros países, inclusive o Brasil,

onde, em 1945, o Colégio Brasileiro de Cirurgiões – CBC publicou documento contendo os

critérios mínimos para sua realização. Em 1992, houve a primeira reunião sobre Acreditação

promovida pela Organização Pan-Americana de Saúde – OPAS, em Brasília.

Atualmente, o Governo Brasileiro, por meio do Ministério da Saúde, desenvolve o

Programa Brasileiro de Acreditação Hospitalar com base no Programa de Garantia e

Aprimoramento da Qualidade em Saúde, criado pela Portaria GM/MS 1.107, de 14 de junho

de 1995.

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73

Em novembro de 1997, aconteceu a revisão, adaptação e redação do manual

brasileiro de Acreditação hospitalar a partir do manual para Acreditação de hospitais na

América Latina e no Caribe – OPAS. Isto foi resultado da necessidade que as Instituições e

Associações de saúde brasileiras sentiam em construir um instrumento de avaliação adaptado

à realidade nacional.

Segundo Quinto Neto (1997), cinco aspectos foram considerados para esta

criação: a) a falta de uma tradição de autoavaliação e de rigorosa revisão interna nos hospitais;

b) o impacto insignificante dos programas de garantia da qualidade onde não existem

programas de Acreditação; c) a dificuldade dos administradores hospitalares de decidirem

sobre procedimentos inadequados realizados pelo pessoal técnico; d) a carência de

informações concretas sobre a eficiência, a adequação e a eficácia dos serviços de saúde; e, e)

a pressão externa sobre os serviços de saúde.

A consolidação da versão final do manual brasileiro de Acreditação Hospitalar

aconteceu em março de 1998. No dia 05 de maio de 1999, foi assinada a Ata de instituição da

Organização Nacional de Acreditação (ONA). O processo de Acreditação Hospitalar no

Brasil, nos dias atuais, está sendo operacionalizado pela ONA, com reconhecimento do MS

por meio da Portaria 538, de 17 de abril de 2001 (MS).

Em 17 de abril de 2002, o Ministério da Saúde e a ONA firmaram convênio por

meio da Portaria nº 538, na qual reconheceram o "Sistema Brasileiro de Acreditação” como a

única ferramenta de avaliação da qualidade dos hospitais no país, estabelecendo o

compromisso de que o processo de Acreditação tivesse o foco nas estratégias do setor saúde

dos programas do governo. A ANVISA, que também é parceira nesse processo, formalizou

este ato por meio da Resolução/ANVISA nº 921, de maio de 2002. Estas parcerias têm

permitido o planejamento em conjunto das ações de forma coerente, dentro da dimensão de

cada órgão, aumentando as possibilidades de interação e discussões entre essas entidades.

O Sistema Brasileiro de Acreditação tem por objetivo promover o

desenvolvimento e a implementação de um processo permanente de avaliação de saúde,

permitindo o aprimoramento contínuo da atenção, de forma a garantir a qualidade na

assistência de saúde de nossos cidadãos, em todas as organizações prestadoras de serviços de

saúde do país.

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74

Dentre as principais vantagens da Acreditação, pode-se destacar a segurança para

os pacientes e profissionais e a qualidade da assistência, promovendo uma melhor construção

de equipe e melhoria permanente nos procedimentos hospitalares. Outra vantagem é a

possibilidade de se utilizar a Acreditação como um instrumento de gerenciamento, pois

contempla critérios e objetivos concretos adaptados à realidade brasileira.

Baseada nos padrões definidos pela ONA (2001), de acordo com requisitos de

complexidade, a organização pode ser classificada em três níveis. Para cada nível são

definidos itens de verificação que orientam a visita e a preparação do hospital. Os três níveis

de complexidade são crescentes e cada um deles tem princípios específicos, que são:

• Nível 1 – segurança: é a referência básica, isto é, o limite essencial da

qualidade com o qual deve funcionar um serviço hospitalar;

• Nível 2 – organização: demonstra evidências da adoção de planejamento na

organização da assistência hospitalar;

• Nível 3 – práticas de gestão e qualidade: evidências de políticas institucionais

globais e sistêmicas de melhoria contínua.

A avaliação é feita por meio de lista de itens de verificação, da observação do

local, do contato com os profissionais dos diversos serviços e cargos e com clientes e

familiares. Baseados nos dados, os avaliadores podem considerar o hospital como não

acreditado, acreditado, acreditado pleno ou acreditado com excelência.

É importante ressaltar que a Acreditação Hospitalar não é imposta pelo governo e,

sim, solicitada pelo próprio hospital ou instituição de saúde. O hospital ou serviço de saúde

que recebe o certificado de Acreditação tem sua imagem melhorada perante a opinião pública,

fortalecendo a confiança da comunidade. Caso o serviço de saúde não seja Acreditado,

receberá o relatório contendo os itens não atingidos e poderá solicitar nova visita após um ano,

se, porventura, tiver interesse em receber este reconhecimento (MALIK; SCHIESSARI,

2002).

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75

3.2. Avaliação de Desempenho no Setor Público Brasileiro - Modelo de Excelência de

Gestão (MEGP) do GesPública

A avaliação como técnica de gestão administrativa ajuda a melhorar o

desempenho das organizações porque produz informações necessárias ao conhecimento dos

processos e de seus resultados, baseado nas estratégias e planos, propiciando o entendimento

das distorções que afetam o seu sistema produtivo.

Por estes motivos, as empresas necessitam realizar a medição de seu desempenho,

para que possam identificar as atividades que agregam valor aos seus produtos e/ou serviços,

realizar comparações de desempenho com seus concorrentes e rever estratégias

organizacionais para curto, médio e longo prazo com foco na melhoria dos resultados.

No Brasil, as organizações públicas têm focado a avaliação de gestão, quase que

exclusivamente, nas funções de controle com ênfase no cumprimento dos requisitos legais,

principalmente aos que dizem respeito ao uso dos recursos financeiros. O objetivo dessa

avaliação praticamente se resume na análise dos resultados obtidos entre o orçamento previsto

e o executado (LIMA, 2007).

O autor destaca ainda que, apesar desse tipo de avaliação ser necessário, ele é

muito restrito, pois não considera objetivos e resultados de longo prazo que é a principal

função de uma avaliação de gestão. Nesse tipo de avaliação, é possível até igualar o

orçamento previsto ao executado sem, no entanto, caminhar em direção aos objetivos da

missão da organização.

Sá (2005) destaca que a dificuldade em avaliar a gestão pública deve-se à

existência de muitos fatores intangíveis, peculiares às organizações públicas, que dificultam a

identificação de indicadores para aferição. Isso faz com que a natureza da avaliação no setor

público se diferencie do setor privado, tornando-se necessária a utilização de modelos

distintos. No Quadro 12 são apresentadas algumas dessas diferenças.

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QUADRO 12: Características Distintas entre Administração Pública e Privada Característica Administração Pública Administração Privada

Objetivo

Regida pela supremacia do interesse público.

Conduzida pela autonomia da vontade privada.

Publicidade

Necessidade de controle social que implica em garantia da transparência.

Preservação e proteção dos interesses dos dirigentes e acionistas.

Pessoas

Tratar todos igualmente e com qualidade. Pode usar estratégias de segmentação de “mercado”, diferenciando o atendimento de seus cliente.

Receita Busca gerar valor para a sociedade. Busca o lucro. Mantenedores Contribuições compulsórias de cidadãos e

empresas. Recursos particulares com interesses capitalistas.

Legislação

Só pode fazer o que a lei permite. Pode fazer tudo que a lei não proíbe.

Fonte: Adaptado do IAPG (2008/2009) – GesPública.

Para a medição do desempenho organizacional, Rummeler e Barche (1994)

definem três níveis possíveis de avaliação. O primeiro nível diz respeito ao gerenciamento da

organização; o segundo nível, ao gerenciamento dos processos; e, o terceiro nível, ao

gerenciamento do trabalho dos executores.

Já para um sistema de avaliação de resultados da gestão pública, Ospina (2002)

sugere um modelo composto de três enfoques de análise: macro, médio e micro. O macro

trataria do desempenho do governo na implementação de suas políticas públicas, o médio

consideraria o desempenho das organizações públicas e o micro mediria a contribuição

produzida pelo desempenho dos servidores no cumprimento da missão.

Além disso, Ospina (2002) ainda destaca a diferença entre os termos “medição do

desempenho” e “gestão do desempenho”, mostrando que o primeiro se refere à criação de um

sistema de indicadores com mecanismos de medição para aferir o desempenho das políticas,

organizações e servidores públicos; e o segundo se refere ao uso dessas informações no

momento das tomadas de decisões dos gestores das organizações.

O aprendizado gerado quando se usa os indicadores de desempenho de maneira

sistemática e correta, consiste na diferença entre medição e gestão do desempenho. A maior

dificuldade a ser enfrentada consistirá na criação de uma cultura organizacional que priorize o

hábito dessa prática como ferramenta de gestão.

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77

Lima (2007) defende que avaliar um sistema de gestão consiste em verificar a

aderência entre a composição, direcionalidade, princípios e características de um sistema-

modelo.

O autor explica que a composição diz respeito aos elementos que integram o

sistema-modelo onde a direção é caracterizada pelo tipo de liderança; o planejamento requer

planos e estratégias; o cidadão e a sociedade são os mantenedores e destinatários dos serviços

da organização; a gestão corporativa da informação e do conhecimento devem servir de base

para a tomada de decisões; a força de trabalho deve ser motivada e capacitada para exercer

suas funções; os processos devem ser eficientes; e os resultados devem atender aos objetivos

da missão da organização.

No Brasil, o Ministério de Planejamento, Orçamento e Gestão, por meio do

Programa Nacional de Gestão Pública e Desburocratização – GesPública, compreendendo que

um dos maiores desafios do setor público brasileiro é de natureza gerencial, buscou um

modelo de gestão focado em resultados e orientado para o cidadão.

Esse modelo de excelência em gestão se baseou em modelos de padrão

internacional, expressando o entendimento vigente sobre o “estado da arte” da gestão

contemporânea. Ele foi concebido partindo-se da premissa de que a administração pública tem

que ser excelente sem deixar de considerar sua natureza pública. Considerando esses fatores

foi definido o Modelo de Excelência de Gestão Pública – MEGP.

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78

3.2.1 Princípios e Fundamentos do MEGP

O Modelo de Excelência de Gestão Pública – MEGP tem como base os cinco

princípios Constitucionais da administração pública e como pilares os treze fundamentos da

excelência gerencial que, juntos, indicam os valores e diretrizes estruturais que devem orientar

o funcionamento do sistema de gestão das organizações públicas.

Os princípios constitucionais são os citados no artigo 37, da Constituição da

República Federativa do Brasil, 1988, que diz: “a administração pública direta e indireta de

qualquer dos poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá

aos princípios da legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência” (CF, 1988,

Art.37). Dessa forma, a gestão pública tem que ser legal, impessoal, moral, pública e

eficiente, conforme descritos abaixo, Quadro 13:

QUADRO 13: Princípios Constitucionais da Gestão Pública Princípio Constitucional Descrição

Legalidade Estrita obediência à lei, pois nenhuma gestão poderá ser reconhecida como de excelência à revelia da lei.

Impessoalidade Não fazer acepção de pessoas, sendo os tratamentos diferenciados restritos aos casos previstos em lei.

Moralidade Pautar a gestão pública por um código de moral, que são princípios de aceitação pública.

Publicidade Ser transparente, dar publicidade aos fatos e aos dados induzindo ao controle social.

Eficiência Maximizar o que deve ser feito ao menor custo possível, ou seja, buscar a melhor relação entre qualidade do serviço e qualidade do gasto.

Fonte: Adaptado do GesPública (PQGF 2008/2009, p. 9).

O MEGP tem como fundamentos: o pensamento sistêmico, o aprendizado

organizacional, a cultura da inovação, a liderança e constância de propósitos, a orientação por

processos e informações, visão de futuro, geração de valor, comprometimento com as pessoas,

foco no cidadão e na sociedade, desenvolvimento de parcerias, responsabilidade social,

controle social e, por último, gestão participativa. Conforme diretrizes do Instrumento de

Avaliação da Gestão Pública – Ciclo 2008/2009, do MP/Seges, os fundamentos são assim

definidos, Quadro 14:

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QUADRO 14: Fundamentos da Gestão Pública Fundamento Descrição

Pensamento sistêmico

Entendimento das relações de interdependência entre os componentes internos e externos à organização.

Aprendizado organizacional

É a contínua melhoria da gestão do conhecimento, individuais e coletivos por meio da percepção, reflexão, avaliação e compartilhamento de informações e experiências.

Cultura da inovação Promoção de um ambiente favorável à criatividade, à experimentação e à implementação de novas idéias que possam gerar um diferencial para a atuação da organização.

Liderança e constância de propósitos

Atuação de forma aberta, democrática, inspiradora e motivadora das pessoas, visando ao desenvolvimento da cultura da excelência, à promoção de relações de qualidade e à proteção dos interesses das partes interessadas.

Pensamento sistêmico

Entendimento das relações de interdependência entre os componentes internos e externos à organização.

Aprendizado organizacional

É a contínua melhoria da gestão do conhecimento, individuais e coletivos por meio da percepção, reflexão, avaliação e compartilhamento de informações e experiências.

Cultura da inovação Promoção de um ambiente favorável à criatividade, à experimentação e à implementação de novas idéias que possam gerar um diferencial para a atuação da organização.

Liderança e constância de propósitos

Atuação de forma aberta, democrática, inspiradora e motivadora das pessoas, visando ao desenvolvimento da cultura da excelência, à promoção de relações de qualidade e à proteção dos interesses das partes interessadas.

Orientação por processos e informações

Compreensão e segmentação de um conjunto de atividades e processos da organização que agregue valor para as partes interessadas, sendo que a tomada de decisões e execução de ações deve ter como base a decisão e análise do desempenho, levando-se em consideração as informações disponíveis, além de incluir os riscos identificados.

Visão de futuro Compreensão dos fatores que afetam a organização, seu ecossistema e o ambiente externo no curto e longo prazo, visando a sua perenização.

Geração de valor Alcance de resultados consistentes, assegurando a perenidade da organização pelo aumento do valor tangível de forma sustentada para todas as partes interessadas.

Comprometimento com as pessoas

Estabelecimento de relações com as pessoas, criando condições de melhoria da qualidade nas relações de trabalho, para que elas se realizem profissional e humanamente, maximizando seu desempenho por meio de comprometimento, de oportunidade para desenvolver competências e de empreender com incentivo e reconhecimento.

Foco no cidadão e na sociedade

Direcionamento das ações públicas para atender, regular e continuamente, as necessidades dos cidadãos e da sociedade, na condição de sujeitos de direitos, beneficiários dos serviços públicos e destinatários da ação decorrente do poder de Estado exercido pelas organizações públicas.

Desenvolvimento de parcerias

Aprimoramento de atividades em conjunto com outras organizações com objetivos específicos comuns, buscando o pleno uso das suas competências complementares para desenvolver sinergias.

Responsabilidade social

Atuação voltada para assegurar às pessoas a condição de cidadania com garantia de acesso aos bens e serviços essenciais, tendo, ao mesmo tempo, a preservação da biodiversidade e dos ecossistemas naturais como um dos princípios gerenciais, potencializando a capacidade das gerações futuras de atender suas próprias necessidades.

Controle social Atuação que se define pela participação das partes interessadas no planejamento, acompanhamento e avaliação das atividades da Administração Pública.

Gestão Participativa Estilo de gestão que determina uma atitude gerencial da alta administração que busque o máximo de cooperação das pessoas, reconhecendo a capacidade e o potencial diferenciado de cada um de forma a harmonizar os interesses individuais e coletivos, a fim de conseguir a sinergia da equipe de trabalho.

Fonte: Adaptado do GesPública (PQGF 2008/2009, pp. 10; 16).

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3.2.2 Instrumentos para a Avaliação da Gestão Pública

A estratégia do GesPública quando optou por um modelo de gestão que utilizasse

Critérios de Excelência adotados em vários países, inclusive o Brasil, precisou adaptar a

linguagem, de forma a respeitar a natureza pública de nossas organizações e, ao mesmo

tempo, preservar as características que definem todos os modelos analisados como de

excelência de gestão.

Acrescenta-se ainda, que o modelo utiliza como pilar conceitual o ciclo do PDCA

por ser um método de gerenciamento de processos ou sistemas, que pode ser utilizado como

um caminho para se atingir as metas. Seu uso é uma forma de agregar valor ao produto ou

serviço, por meio da execução dos quatro elementos que compõem o método – Planejar,

Executar, Controlar e Agir – fazendo, assim, a retroalimentação do processo de gestão.

A Figura 5 representa graficamente o PDCA - Plan (Planejar), Do (Executar),

Check (Verificar) e Action (Ação), método que foi utilizado como referência teórica no

Modelo de Excelência de Gestão Pública, do GesPública.

FIGURA 5: Diagrama do PDCA Fonte: Adaptado de GesPública (PQGF 2008/2009, p. 21).

Nesta perspectiva, o Modelo do GesPública (Figura 6), torna-se um sistema

gerencial constituído de oito partes interligadas (agrupadas em 4 blocos), que orienta a adoção

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81

de práticas de excelência em gestão, onde todos os seus componentes estão cobertos por um

Sistema de Informações e Conhecimento, que se relacionam de forma harmônica e integrada,

gerando resultados que permitem a melhoria organizacional, Quadro 15.

FIGURA 6: Representação do Modelo de Excelência em Gestão Pública, em blocos. Fonte: Adaptado de GesPública (PQGF 2008/2009, p. 20).

O Bloco 1, constituído pelos fundamentos de Liderança, Estratégias e Planos,

Cidadãos e Sociedade, corresponde à ação de Planejar. Por meio da liderança forte e da alta

administração, que deve estar focada nas necessidades dos cidadãos-usuários, os serviços, os

produtos e os processos são planejados conforme os recursos disponíveis, para melhor atender

aos objetivos.

O Bloco 2, dos fundamentos de Pessoas e Processos, representa a ação de

Executar o planejamento. Nessa fase acontecem as ações que transformam objetivos e metas

em resultados.

O Bloco 3, do fundamento de Resultado, representa a ação de Verificar , pois

serve para acompanhar o atendimento à satisfação dos destinatários dos serviços e da ação do

Estado, o orçamento e as finanças, a gestão das pessoas, a gestão de suprimento e das

parcerias institucionais, assim como o desempenho dos serviços/produtos e dos processos

organizacionais.

BLOCO 1 BLOCO 2 BLOCO 3

BLOCO 4

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O Bloco 4, do fundamento de Informações e Conhecimento, oferece à organização

a capacidade de Ação (corrigir ou melhorar) suas práticas de gestão, obtendo, como

consequência, a melhoria de seu desempenho.

QUADRO 15: Critérios do MEGP - GesPública

ITEM CRITÉRIO DESCRIÇÃO

1. Liderança Este critério examina a governança pública e a governabilidade da organização, incluindo aspectos relativos à transparência, eqüidade, prestação de contas e responsabilidade corporativa. Também examina como é exercida a liderança, incluindo temas como mudança cultural e implementação do sistema de gestão da organização. O critério aborda a análise do desempenho da organização enfatizando a comparação com o desempenho de outras organizações e a avaliação do êxito das estratégias.

2. Estratégias e

Planos

Este critério examina como a organização, a partir de sua visão de futuro, da análise dos ambientes interno e externo e da sua missão institucional formula suas estratégias, as desdobra em planos de ação de curto e longo prazos e acompanha a sua implementação, visando o atendimento de sua missão e a satisfação das partes interessadas

3. Cidadãos Este critério examina como a organização, no cumprimento das suas competências institucionais, identifica os cidadãos usuários dos seus serviços e produtos, conhece suas necessidades e avalia a sua capacidade de atendê-las, antecipando-se a elas. Aborda também como ocorre a divulgação de seus serviços, produtos e ações para fortalecer sua imagem institucional e como a organização estreita o relacionamento com seus cidadãos usuários, medindo a sua satisfação e implementando e promovendo ações de melhoria.

4. Sociedade Este critério examina como a organização aborda suas responsabilidades perante a sociedade e as comunidades diretamente afetadas pelos seus processos, serviços e produtos e como estimula a cidadania. Examina, também, como a organização atua em relação às políticas públicas do seu setor e como estimula o controle social de suas atividades pela Sociedade e o comportamento ético.

5. Informação e

Conhecimento

Este critério examina a gestão das informações, incluindo a obtenção de informações comparativas pertinentes. Também examina como a organização identifica, desenvolve, mantém e protege os seus conhecimentos.

6. Pessoas Este critério examina os sistemas de trabalho da organização, incluindo a organização do trabalho, a estrutura de cargos, os processos relativos à seleção e contratação de pessoas, assim como a gestão do desempenho de pessoas e equipes. Também examina os processos relativos à capacitação e ao desenvolvimento das pessoas e como a organização promove a qualidade de vida dos indivíduos interna e externamente ao ambiente de trabalho.

7. Processos Este critério examina como a organização gerencia, analisa e melhora os processos finalísticos e os processos de apoio. Também examina como a organização gerencia o processo de suprimento, destacando o desenvolvimento da sua cadeia de suprimento. O critério aborda como a organização gerencia os seus processos orçamentários e financeiros, visando o seu suporte.

8. Resultados Este critério examina os resultados da organização, abrangendo os orçamentários financeiros, os relativos aos cidadãos-usuários, à sociedade, às pessoas, aos processos finalísticos e processos de apoio, assim como aos relativos ao suprimento. A avaliação dos resultados inclui a análise da tendência e do nível atual de desempenho, pela verificação do atendimento dos níveis de expectativa das partes interessadas e pela comparação com o desempenho de outras organizações.

Fonte: Adaptado do GesPública (PQGF 2008/2009, pp. 25; 61).

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Para efeito da avaliação da gestão pública, os oito critérios do Modelo de

Excelência em Gestão Pública foram transformados em Critérios de Avaliação da Gestão

Pública. A esses critérios foram incorporados referenciais de excelência (requisitos) a partir

dos quais a organização pública pode implementar ciclos contínuos de avaliação e melhoria de

gestão.

Na dimensão de processos gerenciais, critérios de 1 a 7, são avaliados os fatores

Enfoque, Aplicação, Aprendizado e Integração. Na dimensão dos resultados gerenciais

são avaliados os fatores Relevância, Tendência e Nível Atual. Esses fatores referem-se ao

grau em que as práticas de gestão da organização estão dispostas, conforme descritos no

Quadro 16.

QUADRO 16: Critérios de Avaliação

FATORES DE AVALIAÇÃO

SUBFATORES DESCRIÇÃO

ADEQUAÇÃO Atendimento aos requisitos do critério ou item, incluindo os mecanismos de controle, de forma apropriada ao perfil da organização.

ENFOQUE

PROATIVIDADE Capacidade de se antecipar aos fatos, a fim de prevenir a ocorrência de situações potencialmente indesejáveis e aumentar a confiança e a previsibilidade dos processos.

DISSEMINAÇÃO Implementação, horizontal e vertical, pelas áreas, processos, produtos e/ou pelas partes interessadas, conforme pertinente ao item, considerando-se o perfil da organização.

APLICAÇÃO

CONTINUIDADE Utilização periódica e ininterrupta. APRENDIZADO REFINAMENTO Decorrentes do processo de melhorias, tanto incrementais

quanto de ruptura. COERÊNCIA Relação harmônica com as estratégias e objetivos da

organização. INTER -RELACIONAMENTO

Implementação de modo complementar com outras práticas de gestão da organização, quando apropriado.

INTEGRAÇÃO

COOPERAÇÃO Colaboração entre as áreas da organização e entre a organização e as suas partes interessadas, onde pertinente, na implementação das práticas de gestão.

RELEVÂNCIA Importância do resultado para determinação do alcance dos objetivos estratégicos e operacionais da organização.

TENDÊNCIA Comportamento ao longo do tempo.

RESULTADO

NÍVEL ATUAL Comparação do valor atual em relação às informações comparativas pertinentes.

Fonte: Adaptado de Brasil, IAPG 2008/2209.

O GesPública disponibiliza três instrumentos que amplia o processo progressivo

de melhoria da Gestão, quais sejam: Instrumento de Avaliação de Gestão Pública – IAPG de

duzentos e cinqüenta (250), IAPG de quinhentos (500) e IAPG de mil (1.000) pontos,

conforme apresentado na Figura 7. Os três instrumentos contêm o mesmo conjunto de

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conceitos e parâmetros de avaliação da gestão do MEGP, aprofundando apenas o nível de

exigência de cada um deles.

FIGURA 7: Instrumentos para Avaliação da Gestão Pública. Fonte: Ministério do Planejamento (2009).

No escopo deste trabalho é utilizado o instrumento de 250 pontos estruturado em

oito Critérios e 44 itens. Optou-se pela utilização desse instrumento em virtude do Hospital

Municipal Dr. João Elísio de Holanda não ter experiência no uso de autoavaliação, no modelo

do GesPública.

3.2.3 Diretrizes para a Pontuação

O sistema de pontuação tem por objetivo determinar o estágio de maturidade da

gestão da organização considerando os requisitos baseados nos fundamentos do MEGP,

levantados na análise dos Processos Gerenciais e dos Resultados Organizacionais.

Esse resultado é identificado em uma das Faixas de Pontuação Global da tabela

do MEGP (Anexo I), onde está descrito o perfil de gestão da organização.

a) Os critérios relativos aos processos gerenciais são pontuados segundo as diretrizes

do “Quadro de Pontuação (%) – Processos Gerenciais”, Anexo II e de acordo com

a seguinte seqüência:

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i. Determina-se o nível que melhor explica o estágio de cada um dos fatores de avaliação Enfoque / Aplicação / Aprendizado / Integração;

ii. O valor percentual do critério é igual ao do fator de menor avaliação, acrescido de 10 pontos percentuais caso, pelo menos, 2 outros fatores estejam em estágio superior; e,

iii. Multiplica-se o percentual encontrado pela pontuação máxima do critério. A pontuação do critério será o valor dessa multiplicação.

b) Os Critérios relativos aos resultados organizacionais são pontuados segundo as

diretrizes do “Quadro de Pontuação (%) – Resultados Organizacionais”, Anexo

III e de acordo com a seguinte seqüência:

i. Determina-se o nível que melhor explica o estágio de cada um dos fatores de avaliação Relevância / Tendência / Nível atual;

ii. O valor percentual do critério é igual ao do fator de menor avaliação, acrescido de 10 pontos percentuais caso os outros 2 fatores estejam em estágio superior; e,

iii. Multiplica-se o percentual encontrado pela pontuação máxima do critério (ver Quadro 17). A pontuação do critério será o valor dessa multiplicação.

c) A pontuação final é a soma da pontuação dos critérios, conforme se apresenta no

Quadro 17. E, para se obter o percentual de aderência aos critérios, basta utilizar

o percentual máximo em substituição à pontuação máxima.

QUADRO 17: Critérios e Pontuações Máximas do GesPública Critérios de Avaliação Pontuação Máxima

1. LIDERANÇA 22 2. ESTRATÉGIAS E PLANOS 22 3. CIDADÃOS 22 4. SOCIEDADE 22 5. INFORMAÇÕES E CONHECIMENTO 22 6. PESSOAS 22 7. PROCESSOS 22 8. RESULTADOS 96

TOTAL 250

Fonte: Adaptado do IAG 250 pontos GesPública (2008).

3.3 Avaliação de Desempenho na Abordagem do Balanced Scorecard

A metodologia do Balanced Scorecard – BSC, desenvolvida por Robert Kaplan e

David Norton, se consolidou numa importante ferramenta para implementação da estratégia

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das organizações. Ela foi proposta com o objetivo de traduzir e comunicar a estratégia e a

visão de uma organização, por meio de um conjunto coerente de indicadores, para facilitar e

estimular o uso pela liderança de mensurações abrangentes, direcionadas pela estratégia e pela

comunicação de prioridades.

Segundo Kaplan e Cooper (1998), o BSC foi definido inicialmente por seus

criadores como um conjunto de indicadores que ofereceriam à alta gerência uma rápida e

ampla visão do negócio sob quatro perspectivas distintas. Elas fazem alusão à necessidade do

balanço entre os objetivos de curto e longo prazo, entre as medidas financeiras e não

financeiras e entre as perspectivas externas e internas.

Posteriormente, devido ao seu sucesso junto às empresas privadas, a aplicação do

modelo foi se expandindo, tornando-se cada vez mais abrangente, passando a ser utilizado em

corporações, universidades, empresas sem fins lucrativos e entidades governamentais.

O desenvolvimento conceitual e estrutural do BSC ocorreu em fases, sendo

estimulado pela experiência dos autores com os resultados de casos de sua aplicação, os quais

evidenciavam limitações ou possibilidades de novos usos para expansão do conceito. Tendo

sido inicialmente concebido como um modelo de mensuração de desempenho, o BSC é hoje

considerado um sistema de gestão estratégica, resultado de uma evolução que pode ser

identificada por três fases.

A primeira fase corresponde a sua concepção e introdução no mercado, em 1992,

como um sistema de mensuração de desempenho que era composto por quatro perspectivas

que favorecia o desenvolvimento de mensurações mais holísticas do desempenho

organizacional. Essa proposta tinha por objetivo proporcionar uma visão abrangente, rápida e

menos complexa do desempenho organizacional, integrando os indicadores de resultado

(lagging indicators) – medidas da tradicional perspectiva financeira – aos indicadores de

direcionamento do desempenho futuro (leading indicators), desenvolvidos a partir de três

perspectivas adicionais: do cliente, dos processos internos e de aprendizado e crescimento.

A segunda fase teve início em 1993, quando se passou a perceber a importância de

conectar a mensuração do desempenho à estratégia decorrente de estudos de Kaplan e Norton

com a Rockwater e a FMC Corporation. Nesse estágio, o BSC começa um movimento para se

tornar um sistema de gestão estratégica, com a finalidade de conectar os objetivos e as

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iniciativas operacionais de curto prazo de uma organização, utilizando, segundo Kaplan e

Norton (2000), como meio para promover essa conexão em seus quatro processos gerenciais

que são:

a) Tradução da visão – ajuda os gerentes a desenvolver o consenso em torno da

estratégia da empresa, expressando-a em termos que orientam a ação no nível

local;

b) Comunicação e conexão – permite que os gerentes comuniquem a estratégia para

cima e para baixo na organização e a conecte às metas das unidades e dos

indivíduos;

c) Planejamento de negócios – permite que a empresa integre o plano de negócio e o

plano financeiro; e, finalmente,

d) Feedback e aprendizado – proporciona à empresa a capacidade de aprendizado

estratégico, que consiste em reunir feedback, testar as hipóteses em que se baseou a

estratégia e efetuar os ajustes necessários.

A terceira fase é iniciada a partir da expansão das aplicações do BSC como um

sistema de gestão estratégica com a incorporação dos cinco princípios que a liderança deve

compreender e implementar, para estabelecer as condições necessárias para a realização dos

quatro processos gerenciais e os mapas estratégicos. Os mapas estratégicos representam as

quatro perspectivas e suas inter-relações e são utilizados para traduzir a estratégia em planos

de ação (KAPLAN; NORTON, 2001). Os cinco princípios de uma organização orientada para

a estratégia são assim descritos por Herreiro (2005):

a) Mobilizar a mudança por meio da liderança executiva – a liderança é o ponto de

partida, devendo existir um patrocinador executivo da alta administração que deve

assumir como líder do processo e, junto com a equipe, definir a missão, a visão, os

valores e a estratégia da organização.

b) Traduzir a estratégia em termos operacionais – traduzir a visão e a estratégia em

objetivos e medidas, por meio de um conjunto transparente e equilibrado de

perspectivas, incluindo as medidas dos resultados desejados e dos processos

capazes de assegurar a obtenção desses resultados no futuro. De acordo com

Kaplan e Norton (2004), para descrever a estratégia e construir o scorecard de

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88

indicadores, são definidas as metas, elaboradas e priorizadas as iniciativas e

atribuídas responsabilidades de modo que todos possam entendê-las. O mapa

estratégico é utilizado como instrumento de comunicação para mostrar a correlação

de causa e efeito como, por exemplo, os ativos intangíveis se transformam em

resultados financeiros (tangíveis). É fundamental que se defina claramente a visão

de futuro da empresa para toda a organização, criando assim aspirações

compartilhadas. Deve-se criar um modelo holístico da estratégia, mostrando à

todos os funcionários como eles podem contribuir para o sucesso organizacional,

dando foco aos esforços de mudança. Se os objetivos e medidas certos forem

identificados, haverá sucesso na implantação.

c) Alinhar a organização com sinergia – a sinergia passa a existir a partir do

envolvimento e comprometimento de todos. Nesta etapa é feita a definição do

papel da corporação ou matriz, o alinhamento entre corporação, unidade de

negócio, unidades de apoio, parceiros externos e o conselho de administração. O

desafio é integrar as estratégias das unidades de negócios, das áreas e dos

indivíduos com a estratégia da organização, promovendo sinergia e utilizando os

temas e prioridades estratégicas como instrumento de gestão e comunicação.

Estabelecida essa sinergia, o todo passa a ser maior que a soma das partes e essas

partes, interessadas entre si, tornam-se então alinhadas.

d) Motivar para transformar a estratégia em tarefa cotidiana de todos – a estratégia

passa a ser tarefa de todos por meio da contribuição individual para sua

implementação. Nesta etapa é feita a promoção da consciência estratégica pela

divulgação de procedimentos de ação da diretoria às equipes, educando todos sobre

os conceitos de negócio e de estratégia competitiva da organização. Também são

feitos o alinhamento dos objetivos pessoais, dos incentivos pessoais (sistema de

remuneração e recompensa) e o alinhamento do desenvolvimento de competências

vinculando-os às formas de ação. O desafio é traduzir a estratégia em termos

operacionais.

e) Transformar estratégia em processo contínuo por meio do aprendizado – nesta

etapa é feita a implantação do sistema de reporting; a realização de reuniões de

aprendizado estratégico; a integração do planejamento de RH e TI à estratégia; a

conexão entre compartilhamento de conhecimentos e gerenciamento da estratégica

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89

e a criação da unidade de gestão estratégica. Neste quinto princípio desenvolve-se

o sistema de feedback, potencializando o processo de aprendizado organizacional.

O BSC, conforme visto, é um Sistema de Avaliação de Desempenho Empresarial,

cujo principal diferencial é reconhecer que os indicadores financeiros, por si só, não são

suficientes num processo de avaliação, uma vez que somente apresentam os resultados dos

investimentos e das atividades, não contemplando os impulsionadores de rentabilidade de

longo prazo.

O BSC complementa as medições financeiras com avaliações sobre o cliente,

identifica os processos internos que devem ser aprimorados e analisa as possibilidades de

aprendizado e crescimento, assim como os investimentos em recursos humanos, sistemas e

capacitação que poderão mudar substancialmente todas as atividades. Por isso, difere das

ferramentas tradicionais de Avaliação de Desempenho por ampliar o escopo dos indicadores,

não se limitando apenas à análise de resultados financeiros.

As perspectivas do BSC estão inter-relacionadas por meio de conexões

denominadas de causa e efeito, de cima para baixo e de baixo para cima (Figura 8).

FIGURA 8: As quatro perspectivas Fonte: Adaptado de Kaplan e Norton (2001, p. 89).

Finance ira “Se formos bem sucedidos, como cuidamos dos nossos acionistas?”

Cliente

“Para realizar a visão, como devemos cuidar dos clientes?”

Interna

“Para satisfazer os nossos clientes, em quais processos internos devemos ser excelentes?”

“Para realizar a visão, como a organização deve aprender e melhorar?”

Aprendizado e Crescimento

Visão e Missão

Objetivos Indicadores Metas Benefícios

Objetivos Indicadores Metas Benefícios

Objetivos Indicadores Metas Benefícios

Objetivos Indicadores Metas

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Os resultados, objetivos, mensurações e metas são definidos de cima para baixo, a

partir do propósito da organização e dos resultados almejados para os acionistas e clientes,

delimitando-se os objetivos, mensurações, metas e iniciativas para as quatro perspectivas,

começando pela financeira. A obtenção dos resultados definidos é direcionada de baixo para

cima, ou seja, os resultados de uma perspectiva inferior direcionam o alcance dos resultados

da próxima perspectiva, que lhe é superior. Essa estrutura interliga as perspectivas de

processos, pessoas, tecnologias e culturas com a proposta de valor para os clientes e com os

objetivos financeiros para os acionistas (KAPLAN; NORTON, 2008).

3.3.1 Perspectiva Financeira

As medidas financeiras indicam se a estratégia da organização, sua implementação

e execução estão contribuindo para melhoria dos resultados financeiros. Ela tem a capacidade

de sintetizar as conseqüências econômicas imediatas de fatos já ocorridos. As inovações no

BSC ocorrem nas outras três perspectivas que assegurarão o desempenho financeiro futuro.

Kaplan e Norton (1997) mencionam que os objetivos e medidas financeiras devem

desempenhar um duplo papel: definir o desempenho financeiro esperado da estratégia,

satisfazendo as necessidades dos acionistas e servir de meta principal para os objetivos e

medidas de outras perspectivas do Balanced Scorecard.

A perspectiva financeira deverá ser montada a partir de três itens:

i) Crescimento e mix de receita – deverá focar a ampliação da oferta de produtos e

serviços, a conquista de novos mercados e as alterações do mix de produtos e

serviços. A medida mais comum de aumento de receita, nas diversas fases da

empresa, são os percentuais de aumento de vendas e participação de mercado

para regiões, mercados e clientes. No caso de empresas hospitalares, pode-se

considerar como exemplo: aumento do número de serviços, tais como: tipos de

cirurgias e atendimentos ambulatoriais, entre outros.

ii) Redução de custos e aumento da produtividade – ações que busquem baixar o

custo direto e indireto de produtos e serviços, bem como otimizar a utilização

de recursos.

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91

iii) Utilização dos ativos e estratégias de investimentos – utilização de forma

adequada dos ativos financeiros e físicos.

3.3.2 Perspectiva dos processos Internos

Uma vez definidos os objetivos em relação aos clientes e em relação às

perspectivas financeiras, a organização passa a identificar os processos críticos nos quais a

empresa deve buscar a excelência visando atender aos objetivos dos clientes e dos acionistas.

Os processos internos priorizados serão os que irão gerar maior impacto na

satisfação dos clientes e, dessa forma, auxiliar no aumento da competitividade da organização

no mercado. Nesse caso, os fatores que se destacam são: a produtividade, a eficiência, a

qualidade e o tempo de resposta.

Deve-se ter o cuidado de procurar medir somente os processos críticos e neles

mensurar o que for realmente essencial. Essas medidas, como também seus objetivos, devem

refletir a importância que a alta administração atribui a cada um dos fatores, para que toda a

organização se comprometa e foque em seus resultados.

Segundo Kaplan e Norton (2000), a habilidade de desenvolver uma estratégia

bem-sucedida e sustentável consiste em assegurar o alinhamento entre as atividades internas

da organização e a proposição de valor para o cliente. As atividades de uma organização estão

incorporadas nos processos internos que compõem sua cadeia de valor.

A cadeia de valor genérica, Figura 9, que servirá de base na definição da perspectiva

de processos internos do BSC inclui três processos principais: inovação, operações e serviços

de pós-venda (KAPLAN; NORTON, 1997).

FIGURA 9: Cadeia de Valor na Formulação do BSC. Fonte: Adaptado de Kaplan e Norton (1997).

Necessidade do Cliente

Identificar mercado

Criar produto ou serviço

Produzir produto ou serviço

Entregar produto ou serviço

Serviços ao cliente

Necessidade do cliente satisfeita

Inovação

Operações

Serviços

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a) Inovação - o processo de inovação deve ser considerado como um elemento

interno crítico do processo de criação de valor, não como elemento de apoio. Ele

envolve atividades internas de pesquisa e desenvolvimento de produtos e serviços

até a formação de parcerias com outras organizações para esse objetivo.

Para Kaplan e Norton (1997), o processo de inovação é um ciclo de longa duração,

que os autores chamam de “a onda longa da criação de valor”. Ele possui dois componentes:

a identificação do mercado e a idealização da oferta de produtos e serviços. Nesse processo, a

empresa (ou organização) cria valor projetando e desenvolvendo novos produtos ou serviços

que lhes permitem atingir novos mercados, satisfazendo as crescentes demandas de

exigências dos clientes.

b) Operações – os processos operacionais envolvem as questões relacionadas à

gestão da cadeia de fornecimento e da capacidade como, por exemplo: redução

de tempos e custos, melhoria da qualidade etc. Eles são definidos por Kaplan e

Norton (op. cit.) como a “onda curta da criação de valor”, na qual as empresas

oferecem aos clientes e mercado produtos e serviços já existentes. Este

processo tem início quando o cliente faz um pedido e termina quando o

produto, ou prestação do serviço, lhe é entregue.

Por serem essas operações repetitivas, elas permitem a utilização de técnicas de

administração científica para o gerenciamento do recebimento e do processamento dos

pedidos dos clientes e dos processos de suprimentos, produção e entrega.

c) Serviços – ou processos de gerenciamento do cliente, englobam serviços aos

clientes, assessoria, gestão do relacionamento etc. Nesse tipo de processo,

encontram-se os serviços de pós-venda que incluem garantia e conserto,

correção de defeitos e devoluções, além de outros. Para os autores, um dos

fatores importantes da proposta de valor para serviço pós-venda são os

serviços e garantias baseados em eficiência, cortesia e confiabilidade.

Já em Kaplan e Norton (2001), o modelo da cadeia de valor genérica foi

expandido para quatro conjuntos genéricos de processos de negócio, considerando que a

estratégia de uma organização pode enfocar, em um dado período, um ou mais temas

estratégicos globais, que podem ser categorizados em: construir a franquia, aumentar valor

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para os clientes, atingir a excelência operacional e ser bom cidadão corporativo. O quarto

processo que passou a compor a cadeia de valor genérica redefinida por esses autores foram os

processos reguladores e ambientais. Esses processos envolvem iniciativas relacionadas à

preservação do meio ambiente, ao desenvolvimento e assistência social, às condições do

ambiente de trabalho etc.

Todos esses processos de negócios são importantes, porém a empresa deve buscar

a excelência nos processos que provocam o maior impacto na proposta de valor para os seus

clientes.

3.3.3 Perspectiva do Cliente

Kaplan e Norton (1996) mencionam que, atualmente, os clientes têm aparecido

como a principal prioridade da gestão das organizações. Mesmo as empresas que têm por

objetivo a maximização do lucro para os acionistas ou as organizações sem fins lucrativos têm

colocado o cliente no centro de atenção de sua gestão.

O BSC permite que os gestores consigam definir sua missão e visão sobre os

clientes, direcionando a organização para a satisfação de suas necessidades nos segmentos e

mercado de atuação que são alvo da organização. Se, no passado, as empresas focavam na

produção fazendo com que os clientes se adaptassem às suas ofertas, hoje, a diversidade de

fornecedores tem feito com que as empresas tenham que adaptar seus processos produtivos às

suas necessidades, invertendo-se os papéis.

Para que se definam os objetivos dessa perspectiva, os autores recomendam:

delimitar claramente os clientes e os segmentos de mercado-alvo por meio de pesquisa de

mercado; direcionar o foco para esses segmentos; determinar os objetivos e as medidas

essenciais para cada um deles.

Então, conforme se apresenta na Figura 10, independente do tipo de empresa, as

medidas mais importantes para a avaliação dessa perspectiva são: a participação no mercado,

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a retenção de clientes, a atração de novos clientes, a satisfação dos clientes e a rentabilidade

dos clientes. Podemos, assim, descrever essas medidas:

a. Participação de mercado – demonstra a fatia do mercado que o negócio detém ou

deverá deter em termos de clientes, valores gastos ou volume unitário vendido;

b. Captação de clientes – mede, em termos absolutos ou relativos, a intensidade com

que uma unidade de negócios atrai ou conquista novos clientes ou negócios;

c. Retenção de clientes – avalia e controla a intensidade com que uma unidade de

negócios retém relacionamentos contínuos com seus clientes;

d. Satisfação dos clientes – mede o nível de satisfação dos clientes de acordo com

critérios específicos de desempenho dentro da proposta de valor; e, finalmente,

e. Lucratividade dos clientes – mede os lucros líquidos gerados pelos clientes ou

segmentos, sendo deduzidas as despesas utilizadas para sustentar esses clientes.

FIGURA 10: Perspectiva clientes esquema relacional Fonte: Adaptado de Kaplan e Norton (1996).

O conceito fundamental para o entendimento das medidas de satisfação, captação,

retenção e participação de mercado, na concepção de Kaplan e Norton (1997), é a proposta de

valor. As propostas de valor são os atributos oferecidos pelos fornecedores por meio de

produtos e serviços aos clientes que podem ser divididos em três categorias:

a. Atributos dos produtos/serviços - esses atributos contemplam a funcionalidade do

produto/serviço, seu preço e qualidade;

Participação de mercado

Atração de novos clientes

Rentabilidade do cliente

Retenção de clientes

Satisfação do cliente

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b. Relacionamento com os clientes - este atributo refere-se à disponibilidade dos

produtos/serviços, taxa do tempo de resposta e entrega e o conforto do cliente.

Neste tributo é que se tem a resposta do porquê do cliente escolher uma ou outra

empresa;

c. Imagem e reputação - a dimensão deste atributo reflete os fatores intangíveis que

atraem um cliente para a empresa.

3.3.4 Perspectiva da Aprendizagem e Crescimento

Essa perspectiva serve de base para que as outras três perspectivas atinjam seus

objetivos, focando no que é prioritário para estabelecer um ambiente favorável à melhoria e ao

crescimento organizacional. Segundo Kaplan e Norton (1997), esta perspectiva identifica a

infraestrutura necessária para gerar crescimento e melhoria em longo prazo, baseadas em três

fatores principais:

a. Pessoas - medidas baseadas nos funcionários que incluem satisfação, retenção,

treinamento e habilidades dos funcionários com vetores específicos dessas medidas

genéricas;

b. Sistemas - é a capacidade dos sistemas de informação prover informações. Ela é

medida pela disponibilidade em tempo real, para os funcionários que se encontram

na linha de frente da ação e tomada de decisões, de informações relevantes e

precisas sobre clientes e processos internos;

c. Procedimentos organizacionais - promovem o alinhamento dos incentivos aos

funcionários estratégicos da organização e os índices de melhoria dos processos

críticos, internos ou voltados para clientes.

De acordo com Kaplan e Norton (2000), a estratégia de aprendizado e crescimento

define os ativos intangíveis necessários ao desempenho das atividades organizacionais e dos

relacionamentos com os clientes em níveis de qualidade cada vez mais elevados. Esses ativos

envolvem três categorias principais:

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96

a. Competências estratégicas – habilidades e conhecimentos estratégicos

indispensáveis para que a força de trabalho possa atender aos objetivos da

organização;

b. Tecnologias estratégicas – sistemas de informação, bancos de dados, ferramentas e

redes imprescindíveis à implementação da estratégia;

c. Clima para a ação – clima organizacional favorável à motivação, capacitação e

alinhamento da força de trabalho em apoio à estratégia.

Kaplan e Norton (2000) ressaltam que a perspectiva de aprendizado e crescimento

é inserida na base do scorecard porque constituem o alicerce de tudo que se ergue acima,

cujas iniciativas são os vetores mais importantes dos resultados da estratégia.

3.4 Análise de Stakeholders

As organizações contemporâneas têm aprendido a lidar com novos desafios mais

rapidamente devido ao fato do ambiente externo ser altamente dinâmico e influenciado, como

por exemplo, pela globalização e a evolução tecnológica (OLIVEIRA; FORTE, 2003).

Acompanhando essa tendência, o ambiente interno das organizações também apresenta

constantes modificações resultantes de vários fatores, dentre eles a mão-de-obra e acesso a

mercados protegidos e recursos financeiros ou a matéria-prima.

Nesse contexto surge a importância dos stakeholders para as organizações que

necessitam de bons resultados para garantir sua contínua sobrevivência no mercado. Segundo

Freeman e Liedtka (1997, p. 286), a abordagem dos stakeholders está “conectada a uma

tradição muito antiga que observa os negócios como uma parte integrada à sociedade, ao invés

de uma instituição que é separada e puramente econômica por natureza”.

Segundo Freeman e Reed (1983), stakeholder é qualquer grupo ou indivíduo que

pode afetar o alcance dos objetivos da organização e que é afetado pelo alcance dos objetivos

da organização. Dentre esses grupos estão os concorrentes, sindicatos, empregados e

acionistas, que dependendo dos objetivos organizacionais, eles podem ser ampliados.

No estudo de caso do HMJEH, objeto desta pesquisa, serão identificados os

stakeholders que têm poder de influenciar a organização, assim como entendidas suas

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97

expectativas em relação a essa organização. Para o alcance desses objetivos serão utilizados

dois métodos combinados. O primeiro método, baseado na teoria dos stakeholders, irá tratar

da identificação considerando os critérios de poder, urgência e legitimidade. O segundo

método, o MACTOR (Metodologia dos Atores, Objetivos e Relações de Força), será aplicado

com o objetivo de melhor entender as expectativas dos stakeholders.

Para os autores, Roberto e Serrano (2007), a distancia entre a empresa e os

stakeholders é cada vez menor quando se pensa na constituição do desempenho empresarial.

E, essa proximidade aumenta, quanto maior for o grau de prioridade concedido pelos gestores

à esses grupos de interesse.

Para tratar desses aspectos relacionais entre a organização e seus stakeholders,

Mitchell, Agle e Wood (1997) apresentam a “Teoria da Saliência”. Essa teoria seria definida a

partir da inter-relação de três atributos: poder, legitimidade e urgência, de acordo com as

classes definidas no Quadro 18.

QUADRO 18: Atributos para a Identificação das Diferentes Classes de Stakeholders

Poder

Pode influenciar nas decisões sob a forma normativa (exigências, leis), coercitiva e utilitária, ou seja, domínio de alguns dos seguintes elementos: recursos, tecnologia, conhecimento ou prerrogativas legais.

Legitimidade Condição social desejável pela organização, construída a partir de um sistema de normas, valores e crenças presentes nos indivíduos, nas organizações e na sociedade .

Urgência É definida pelo grau de atenção reinvidicada pelo stakeholder. Pode atrair a atenção do gestor pela exigência em ser atendido.

Poder Urgência

Dependentes - não possuem legitimidade e seu poder não é recíproco, dependente de outros stakeholders ou gestores da organização para terem suas expectativas atendidas.

Poder Legitimidade

Dominantes – têm mecanismos formais para influenciar as decisões da organização e podem ser representados por acionistas, credores, lideres da comunidade e investidores.

Legitimidade Urgência

Perigosos – por não ter poder de influenciar a organização, eles poderão tentar obter o poder por meio da coerção ou violência.

Fonte: Adaptado de Mitchell, Agle e Wood (1997)

Segundo os autores, os atributos que compõem a “Teoria da Saliência” podem

ser combinados originando sete possíveis classes de stakeholders, que formariam 3 grandes

grupos: i) latentes, são aqueles que possuem apenas um dos três atributos conforme quem os

avalia (Adormecido, Discricionário ou Reclamante); ii) com expectativas, são aqueles

formados pela interseção de dois tipos de grupos de interesse (Dominante, Perigoso e

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98

Dependente), e iii) definitivo, formado pelos stakeholders que possuem os três atributos,

Figura 11.

Assim, segundo Mitchell, Agle e Wood (1997), o alto grau de saliência ocorrerá

quando os stakeholders conseguirem obter os três atributos: poder, legitimidade e urgência.

Desta combinação surge a sétima classe, que é classificada como “definitivo, decisivo”,

condição esta, onde os gestores darão prioridade para atender as expectativas.

FIGURA 11: Classes qualitativas e tipos de Stakeholders Fonte: Roberto e Serrano (2007)

Para melhor entender as expectativas dos stakeholders será utilizado o método

MACTOR (Metodologia dos Atores, Objetivos e Relações de Força), onde são valorizadas as

relações de força entre os atores e feito um estudo sobre suas convergências e divergências em

relação a um determinado número de posturas e objetivos associados.

Inspirado na teoria dos jogos e na análise sociológica das organizações, o método

MACTOR foi desenvolvido em 1990 por Michel Godet e sua equipe, François Bourse e

Francis Meunier. Este método é um excelente instrumento de análise dos jogos entre

diferentes atores, que permite organizar a informação de uma forma sistemática e

simplificada.

O método MACTOR é uma ferramenta de análise prospectiva que, conforme

descrito por Godet (1993, p.41), se baseia principalmente nas seguintes ações: “i) desenvolver

modelos lógicos para tratamento de variáveis-chave do futuro; ii) analisar o jogo entre os

Page 101: universidade estadual do ceará departamento de ciências sociais ...

99

atores envolvidos (dinâmica e conflitos); iii) reduzir a incerteza; iv) construir os cenários; e,

v) definir as opções estratégicas.”

Batista et al. (2006), afirmam que com essas características, o MACTOR

apresenta-se como uma ferramenta para definir as implicações estratégicas de cada

stakeholder na arena de atuação, contribuindo dessa forma para a construção de estratégias

que atendam aos interesses de todos, considerando sempre as bases éticas das relações.

Dessa forma, para o desenvolvimento desse trabalho a pesquisa será aplicada de

modo parcial, com o objetivo de investigar as implicações estratégicas dos stakeholders do

HMJEH, na seguinte sequência:

i) identificação dos atores envolvidos;

ii) aplicação da pesquisa para confirmação dos objetivos;

iii) construção do quadro de estratégias dos atores; e,

iv) identificação dos desafios estratégicos e objetivos associados.

A importância deste capítulo à pesquisa em tela, deve-se ao fato da apresentação

detalhada de alguns dos modelos de gestão de maior destaque no mercado como o sistema

Balanced Scorecard – BSC e sobretudo, daquele dirigido ao serviço público, a saber, o

GesPública.

A metodologia de análise de Stakeholder proposta neste capítulo é aplicada para

auxiliar a estruturar melhor o modelo de avaliação de desempenho de gestão, com o intuito de

potencializar seus resultados.

Na próxima seção é apresentada a metodologia utilizada na aplicação da pesquisa

com a descrição de seus objetivos, da sua natureza e de seu delineamento.

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100

4 METODOLOGIA

Este capítulo descreve a metodologia utilizada no desenvolvimento desta

dissertação com vistas ao cumprimento do objetivo de identificar as contribuições que a

implantação de modelos de medição de desempenho oferece às organizações hospitalares

públicas. A ilustração do percurso metodológico adotado é feita na Figura 12, que indica a

natureza da pesquisa, as técnicas de coleta de dados, procedimentos técnicos e técnicas a

serem adotadas na análise dos dados, além do roteiro a ser seguido na investigação.

FIGURA 12: Percurso Metodológico da Investigação Fonte: a autora

4.1 Natureza da Pesquisa

A pesquisa pode ser definida como uma:

atividade básica das ciências na sua indagação e descoberta da realidade. É uma atitude e uma prática teórica de constante busca que define um processo intrinsecamente inacabado e permanente. É uma atividade de aproximação sucessiva da realidade que nunca se esgota, fazendo uma combinação particular entre teoria e dados. (MINAYO, 1993, p.23).

Percurso Metodológico da Investigação

Abordagem Metodológica

Referencial Teórico e Empírico

Quadro da Referência Teórica:

Gestão Pública. Sistema de Saúde e

Organização Hospitalar.

Avaliação de Desempenho (MEGP e BSC).

Quadro da Referência Empírica:

Histórico e Perfil do

Hospital Municipal Dr. João Elísio de Holanda – HMJEH.

Roteiro do Estudo de Caso

Apresentação do Campo

Empírico : HMJEH.

Identificação dos Steak –

holders e Expectativas

Definições Estratégicas do

HMJEH.

Definição dos elementos

estruturantes e Indica- dores; Construção do Mapa Estratégico .

Metodologia de Análise Crítica

dos Indicadores.

Procedimento Técnico:

Pesquisa Qualitativa Objetivo : Identificar as contribuições que a implantação de modelos de medição de desempenho oferece a melhoria das organizações hospitalares públicas.

Suporte técnico-metodológico

Teoria da Saliência Pesquisa Participante Método Mactor

Técnicas de Coleta:

Pesquisa Documental e

Bibliográfica Observação Participante Entrevistas em Grupo Grupo Focal

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101

Por ser um processo formal e sistemático, segundo Gil (1999), a pesquisa tem um

caráter pragmático de desenvolvimento de um método científico. Seu principal objetivo é

descobrir respostas para problemas mediante a utilização de práticas científicas sob

metodologias diversas.

No caso específico deste trabalho o problema está associado à contribuição que o

uso de métodos de avaliação de desempenho pode oferecer à melhoria das práticas de gestão

organizacional.

Para avaliar essa contribuição, foi necessário o desenho de uma pesquisa que

envolvesse desde a seleção do modelo de avaliação de desempenho adequado a essas

organizações, até sua construção, proposta para implementação e, finalmente, os resultados

esperados. Essas etapas existiram para que fosse possível avaliar a contribuição que essa

avaliação pode oferecer à melhoria da gestão da organização estudada e, por conseqüência, às

das instituições de sua categoria. Esses passos e resultados intermediários para a consecução

do objetivo foram definidos em termos dos objetivos específicos da investigação.

O conceito de desenho da investigação foi definido por Goulart e Carvalho (2005,

p. 125) como “a concepção global da investigação, desde a idéia inicial a respeito da temática

de interesse e elaboração de um projeto, até a forma pela qual serão divulgados os resultados”.

Em vista do propósito da investigação, foi necessária a utilização de um estudo de

caso, como estratégia de pesquisa, que teve como campo empírico o Hospital Municipal Dr.

João Elísio de Holanda, de Maracanaú, município da Região Metropolitana de Fortaleza, no

qual está localizado o maior parque industrial do Estado do Ceará.

As múltiplas formas de investigação envolvidas no estudo de caso favoreceram a

classificação da natureza da pesquisa sob três diferentes aspectos: i) do ponto de vista de sua

natureza, esta é uma pesquisa aplicada, empírica e participante; ii) quanto à abordagem do

problema, trata-se de uma pesquisa qualitativa; e, iii) sob a perspectiva de seus objetivos, tem-

se uma pesquisa exploratória.

O estudo de caso é normalmente associado à abordagem qualitativa, dentre outros

aspectos por três pressupostos principais (Goulart e Carvalho, 2005), a saber:

Page 104: universidade estadual do ceará departamento de ciências sociais ...

102

i) epistemológico, porque o pesquisador interage com o objeto ou sujeitos

pesquisados;

ii) axiológico, considerando que o papel dos valores são assumidos e compõem

o estudo;

iii) metodológico, por tratar-se de processo indutivo, onde padrões e teorias são

utilizados para o entendimento do fenômeno estudado e a acurácia e

consistência do processo de pesquisa são obtidos pela verificação e pela força

da argumentação teórica.

De fato, na implementação da pesquisa houve um relacionamento e atuação direta

e prolongada com o ambiente e a situação investigada, os agentes envolvidos com o problema,

sendo observados, selecionados, analisados e interpretados os dados coletados no ambiente em

estudo. Todo o processo de pesquisa foi caracterizado pela existência de uma relação

dinâmica com o hospital, onde a interpretação dos fenômenos e a atribuição de significados

foram básicas. O hospital foi a fonte direta para coleta de dados, que foram analisados e cujos

resultados levaram a concepção do modelo de avaliação de desempenho de gestão, foco

principal da abordagem.

A caracterização da pesquisa como aplicada resulta de que para o

desenvolvimento do objetivo central foi necessário a utilização do Balanced Scorecard e da

metodologia de autoavaliação do GesPública, contemplando avaliações de situações reais do

hospital, de forma interativa, gerando, além disso, informações que foram usadas para a

intervenção na dinâmica do funcionamento do hospital por parte dos seus gestores.

A pesquisa pode ser classificada como exploratória porque favoreceu maior

familiaridade com o problema e o campo empírico da investigação com vistas a definir e

construir o modelo adequado à avaliação de desempenho da organização e à identificação da

contribuição que essa ferramenta pode oferecer à contínua melhoria da gestão.

A pesquisa pode ainda ser caracterizada como participante considerando o ativo

envolvimento da pesquisadora na implementação específica das metodogias de avaliação da

gestão do hospital (autoavaliação do GesPública) e da construção das perspectivas, mapa

estratégico e indicadores de desempenho integrantes das etapas de construção o Balanced

Scorecard.

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103

4.2 Pesquisa Exploratória

Em relação aos procedimentos técnicos mencionados por GIL (1991), este Estudo

de Caso contemplou:

a) Pesquisa Bibliográfica – levantamento teórico a partir de material já publicado,

constituído principalmente de livros, artigos de periódicos e de eventos de

caráter científico, além de material disponibilizado na Internet;

b) Pesquisa Documental – obtida com a gerência administrativo-financeira e a

Diretoria Técnica do hospital contemplando registros históricos da organização,

desde o planejamento estratégico até os índices de informações do Sistema de

Saúde e da gestão administrativa e financeira;

c) Entrevistas - com a finalidade de se obter uma visão de posicionamento a

respeito da possibilidade de adoção do modelo a ser proposto, da possível

aderência ou rejeição dos gestores e da equipe técnica do hospital em relação

ao modelo, e dos resultados esperados com a adoção do novo sistema.

Além disso, houve um envolvimento cooperativo com os funcionários e gestores

do hospital a partir de encontros de trabalho e oficinas necessários ao desenvolvimento do

estudo. A participação ativa de ambos os lados nas atividades foi considerada fundamental

para a efetividade do modelo proposto.

O levantamento bibliográfico dos temas serviu de base para a compreensão da

realidade da administração pública, sistema de saúde e hospitalar além dos modelos de

avaliação de gestão, envolvendo o estudo do referencial teórico sobre Gestão Pública no

Brasil, o Sistema de Saúde e as Organizações Hospitalares, Avaliação de Desempenho,

incluindo a metodologia do GesPública e do Balanced Scorecard.

A pesquisa documental compreendeu o levantamento dos registros históricos do

Hospital Municipal Dr. João Elísio de Holanda, além de informações sobre o conteúdo de seu

planejamento, sua atual estrutura organizacional e sistemas de informações.

Page 106: universidade estadual do ceará departamento de ciências sociais ...

104

As entrevistas foram realizadas inicialmente na fase exploratória com o objetivo

de investigar a aceitação de modelos de mensuração do desempenho, envolvendo membros da

Direção do Hospital, gestores intermediários e chefes de equipe, além de outras lideranças e

partes interessadas identificadas na perspectiva da Teoria dos Stakeholders.

4.3 Delineamento da Pesquisa

O delineamento da pesquisa compreendeu o estudo de caso, que se trata de

estratégia preferida quando se colocam questões do tipo “como” e “por que”, quando o

pesquisador tem pouco controle sobre os eventos e quando o foco se encontra em fenômenos

contemporâneos inseridos em algum contexto da vida real (YIN, 2001).

Além disso, foi adequado em função da complexidade e da peculiaridade do

fenômeno estudado, do relato rico e holístico envolvido na investigação, na profundidade de

análise requerida sobre o objeto da investigação, e na sua relação com o contexto, além da

deficiência teórica sobre o assunto.

Esses elementos estavam, de fato, presentes na investigação levada a cabo no

HMJEH, uma vez que a avaliação de desempenho da gestão envolveu múltiplas dimensões da

organização, de modo a configurar uma visão balanceada da performance, além de

compreender fatores internos e externos a organização. O desempenho da gestão é ainda um

fenômeno sujeito às perplexidades e seu estudo em organizações da área de saúde não é

comum, considerando que essas instituições são focadas na avaliação das ocorrências da

assistência e em questões epidemiológicas.

O delineamento da pesquisa ocorreu em 10(dez) etapas indicadas a seguir:

Etapa 1 – Investigação do Campo Empírico, compreendendo o levantamento das

responsabilidades legais do hospital e de elementos da estrutura organizacional do HMJEH e

de números agregados capazes de caracterizar sua atividade assistencial;

Etapa 2 – Realização de oficina de autoavaliação através da metodologia do

GesPública. As etapas relativas ao desenvolvimento dessa oficina, Figura 13, constaram do

levantamento do perfil da organização, através de gestores selecionados, de modo a promover-

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105

se o nivelamento de conhecimentos sobre a estrutura organizacional, atividades, quadro de

colaboradores do hospital, além da avaliação do modelo de gestão. Sugestões de melhoria

foram feitas ao Hospital, como resultado dessa fase. Todas as atividades envolvidas nesta

etapa estão ilustradas na FIGURA 13.

FIGURA 13: Fases da Autoavaliação Fonte - IAGP GesPública

Etapa 3 – Mapeamento do processo do Sistema de Arquivo Médico e Estatística -

SAME, com o objetivo de melhor se definir e controlar o processo de registro, recuperação e

tratamento das informações e estatísticas dos serviços de atendimento no hospital, condição

essencial para uso de modelos de avaliação baseados em indicadores.

Etapa 4 – Realização da análise do SWOT, a partir do uso dos relatórios das

oficinas de autoavaliação e do mapeamento do SAME, o que ocorreu em onze encontros

presenciais, de quatro horas de duração, envolvendo todas as áreas do hospital, representadas

por 51 servidores e a alta administração. A análise macroambiental do HMJEH serviu de base

para a definição das diretrizes estratégicas do hospital, assim como para a identificação dos

principais objetivos que foram utilizadas nos questionários aplicados aos stakeholders do

HMJEH.

Etapa 5 – Identificação dos principais Stakeholders do hospital, a partir da

aplicação da Teoria da Saliência, que, conforme a tipologia de Mitchell, Agle e Wood (1997),

Inicio

Seleção dos

Avaliadore

Esbo ço do Planejamento De Melhoria

Auto - Avaliação

Elaboração

do perfil Validação

Planejamento da

auto -

Perfil

PMG

1

1 Formulário evidências e Planilha

de Pontuação da Organização

Planilha de Valida ção

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106

podem-se formar até sete classes de grupos de interesses. Essa teoria, descrita no Capítulo 3,

desta dissertação, utiliza os atributos de legitimidade, poder e urgência, para identificar o

grau de prioridade dos stakeholders, classificando-os em três tipos: os latentes, os com

expectativas e os definitivos. Em conformidade com a metodologia utilizada, foram

considerados como principais stakeholders os identificados como definitivos e os com

expectativas.

Etapa 6 – Identificação das coalizões existentes entre os interesses de

stakeholders que podem influenciar indiretamente outros stakeholders, abrindo dessa forma

uma série de oportunidades para a formulação de ações estratégicas de cooperação. Essa

investigação foi feita com a utilização do Método MACTOR. Esse método permite não só a

identificação das estratégias dos diferentes atores, como também as divergências e

convergências entre esses. Para identificar os objetivos dos stakeholders, os problemas e os

meios ou estratégias para solucioná-los, foram feitas entrevistas com auxílio de nove

diferentes questionários (Anexo IV).

Foram entrevistadas pessoas estratégicas de cada um dos segmentos dos

stakeholders: o Diretor Geral do HMJEH, os diretores da Clínica, de Serviços Assistenciais e

Administrativo, a gerente da Ouvidora, a gerente do SPI, coordenadoras do SAME e da

Informática, todos estes do hospital, além do Secretário da Saúde do Município, do Diretor

Geral do Tribunal de Contas dos Municípios, da Diretora da Escola de Contas e Gestão do

TCM, um Líder Comunitário, um Líder Indígena, dentre outros.

A Tabela 1 apresenta o número de respondentes relacionado a cada uma das classes de stakeholders selecionado.

TABELA 1:Quantidade de respondentes por stakeholder do HMJEH Stakeholders Número de respondentes

CONSELHO MUNICIPAL DE SAÚDE 03 SECRETARIA DA SAÚDE DO MUNICÍPIO 03 ALTA ADMINISTRAÇÃO DO HMJEH 04 CORPO CLÍNICO DO HMJEH 05 COLABORADORES DO HMJEH 07 PACIENTES/FAMILIARES DO HMJEH 09 FORNECEDORES DO HMJEH 03 COMUNIDADE 05 TRIBUNAL DE CONTAS DOS MUNICÍPIOS 02 TOTAL 41

Fonte: Dados da Pesquisa

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107

Etapa 7 – Definição das Estratégicas do HMJEH, compreendendo a missão, a

visão de futuro, o escopo de clientes e produtos;

Etapa 8 – Definição dos elementos estruturantes do Modelo do Balanced

Scorecard, envolvendo as perspectivas do negócio do hospital, os indicadores correspondentes

com suas fórmulas de cálculo e a construção do mapa estratégico;

Etapa 9 – Definição da proposta de metodologia para acompanhamento e análise

dos indicadores identificados na etapa anterior;

Etapa 10 – E por fim, foram apresentadas as contribuições que o uso do modelo

de avaliação de desempenho pode oferecer à melhoria da gestão.

4.4. Tratamento e Análise dos Dados

A análise das informações da pesquisa de campo foi feita por meio da análise do

conteúdo das entrevistas, para a investigação das contribuições para a melhoria da gestão a

partir do uso do modelo de avaliação de desempenho.

Segue no decorrer do próximo capítulo, a apresentação dos resultados das diversas

fases da pesquisa apresentadas neste capítulo de metodologia do trabalho.

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108

5 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS

Este capítulo trata dos resultados do estudo de caso do Hospital Municipal Dr.

João Elísio de Holanda, método básico para o cumprimento do objetivo da dissertação de

construir um modelo de medição de desempenho das organizações hospitalares públicas.

O capítulo é iniciado pela apresentação do hospital, o campo empírico da

investigação, compreendendo sua missão, declaração de escopo, produtos, serviços, área de

atuação, modelo organizacional e composição do quadro de colaboradores.

Contempla ainda o capítulo o diagnóstico estratégico do hospital, baseado na

sistemática de autoavaliação do GESPÚBLICA e na metodologia do SOWT, além de

apresentar os resultados da Análise de Stakeholders.

Nas análises realizadas foi levada em conta que o hospital é uma organização de

especialistas, aberta às relações com a comunidade, agências reguladoras e governo

municipal, dentre outros atores.

Em seguida, são descritas as definições estratégicas da organização, assim

entendidas a visão de futuro, os objetivos estratégicos e as perspectivas do negócio da

organização, tendo a contribuição de Kaplan e Norton (2000, 2008) como referencial teórico

relevante.

Prosseguindo o desenvolvimento do capítulo, passa-se a tratar dos indicadores de

desempenho e do mapa estratégico da organização, como uma representação gráfica das

relações de causa e efeito dos indicadores. Finalmente, na última parte é apresentada uma

proposta de metodologia para o monitoramento e análise dos indicadores com o objetivo de

implementar a estratégia do HMJEH.

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109

5.1 Caracterização do Campo Empírico da Investigação

O Hospital Municipal Dr. João Elísio de Holanda (HMJEH), de Maracanaú, Estado

do Ceará, é vinculado à Secretaria de Saúde do Município, e integrante da rede do Sistema Único

de Saúde (SUS).

Fundado em 1952, o hospital foi concebido como um sanatório de tuberculose,

ligado ao Ministério da Saúde e, desde o início de seu funcionamento, passou a ser referência

no cenário nacional em sua especialidade.

Em 1982, o HMJEH passou à condição de Hospital Geral, tornando-se

posteriormente uma unidade pública integrante do Sistema Único de Saúde – SUS. Em 2000,

com o advento da municipalização dos serviços de saúde, a gestão do HMJEH passou a ser de

responsabilidade da Secretaria Municipal de Saúde.

Atualmente o HMJEH é uma unidade hospitalar pública de médio porte e de nível de

complexidade secundária, que oferece atendimento em regime ambulatorial e de internação a

cerca de 420.000 habitantes dos municípios que compõem a 3ª Microrregião de Saúde do

Estado.

A estrutura organizacional da instituição (Figura 14) contempla além da diretoria

geral, mais três diretorias, que compõem a alta administração do hospital: Diretoria Clínica,

Diretoria de Serviços Assistenciais e Diretoria de Serviços de Apoio Gerencial. Para dar

suporte às tomadas de decisão de maneira participativa, o HMJEH conta ainda com seis

comissões formadas por seus colaboradores: Ética Médica; Óbitos, Prontuários e Auditoria;

Padronização de Materiais e Medicamentos; Controle de Infecção Hospitalar; Mortalidade

Materna e Neonatal; Prevenção e Atendimento aos Maus Tratos a Crianças e Adolescentes.

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110

FIGURA 14: Estrutura organizacional do HMJEH Fonte: HMJEH, 2009

Para prestar atendimento aos seus usuários o HMJEH conta, atualmente, com

um quadro de pessoal composto de 1.005 colaboradores. Desse quantitativo de pessoas, 339

(33,7%) são empregados temporários. Nesta modalidade de contratação, o empregado sente-se

instável em relação à manutenção do emprego e insatisfeito com a situação funcional, o que

compromete o clima organizacional da instituição.

DIRETORIA GERAL

DIRETORIA DE SERVIÇOS ASSISTENCIAISDIRETORIA CLÍNICA DIRET. SERV. APOIO GERENCIAL

SECRETARIA

OUVIDORIA

CCIH

COMISSÃO DE ÉTICA

COM. MORTALIDADE MATERNA/NEONATAL

COM. MAUS TRATOS CRIANÇAS/ADOLESCENTES

CONTAS MÉDICAS, ESTATÍSTICAS, ARQUIVO

COMISSÃO PADRONIZAÇÃO MAT/MED

COM. ÓBITOS, PRONTUÁRIOS, AUDITORIA

CLÍNICA MÉDICA

PEDIATRIA

OBSTETRICIA

TISIOLOGIA

CIRURGIA

EMERGÊNCIA

CHEFIAS DE EQUIPE (9)

ALMOXARIFADO

FINANCEIRO

RECURSOS HUMANOS

MANUTENÇÃO

VIGILÂNCIA

SERVIÇOS GERAIS

ATENDIMENTO

ODONTOLOGIA (CEO)

NUTRIÇÃO

CENTRO DE IMAGENS

SERVIÇO SOCIAL

BANCO DE LEITE HUMANO

BANCO DE SANGUE

CENTRO DE REABILITAÇÃO

CENTRO DE ANÁLISES CLÍNICAS

INTERNAÇÃO DOMICILIAR

FARMÁCIA HOSPITALAR

ENFERMAGEM

UNIDADES DE INTERNAÇÃO (5)

CENTRO DE ESPECIALIDADES

CENTRO CIRÚRGICO E DE MATERIAL

CENTRO OBSTÉTRICO

EMERGÊNCIA

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111

Outra modalidade de contratação de técnicos no HMJEH é a realizada por meio

de cooperativas. Nessa condição encontram-se os médicos cujo quantitativo/mês tem se

mantido em torno de 110 profissionais, que sempre sofre alterações conforme a demanda de

serviços. Como este contingente é variável, esse tipo de profissional não foi contemplado na

Tabela 02, onde é apresentada o Quadro de Pessoal, atualmente em exercício no hospital.

TABELA 2: Quadro de Pessoal

Colaboradores Quantidade Percentual %

Servidores Municipais 440 43,8 Cedidos pelo Estado 9 0,9 Cedidos pelo Ministério da Saúde 185 18,4 Servidores Temporários 339 33,7 Ocupantes de Cargos Comissionados 32 3,2 TOTAL 1.005 100,0

Fonte: Autoavaliação do Hospital de Maracanaú - 2009.

5.2. Missão e Visão

O HMJEH tem por missão: Prover a assistência à saúde da população de

Maracanaú e dos municípios integrantes da terceira região de saúde do Estado, por meio de

serviços humanizados e de alta resolutividade.

Já a visão, que tem o papel de orientar a caminhada da organização num rumo de

longo prazo conduzido pela gerência, foi definida pelos profissionais do HMJEH, como sendo:

Ser um hospital de referência estadual na atenção secundária em saúde, com atividades

consolidadas de ensino e pesquisa.

5.3. Escopo do Hospital: Usuários, Produtos, Serviços e Região de Atendimento

No quadro a seguir (Quadro 19), estão relacionados os usuários, os principais

produtos e serviços, além dos municípios que compõem a 3ª Microrregião de Saúde do Estado

atendida pelo HMJEH. Nos serviços oferecidos pelo hospital encontram-se as internações em

6 tipos de clínicas, policlínica com 19 especialidades médicas, centro de análises com 88 tipos

de exames, centro de imagens com 6 tipos de exames, atendimento a mulher além de outros.

Dentre todos os serviços da instituição, destaca-se o de assistência prestada à mulher, que

deverá sofrer melhora considerável pela ampliação da capacidade operacional do Hospital,

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112

particularmente no campo da obstetrícia e da neonatologia, em vista da inauguração das

instalações do Hospital da Mulher, prevista para o primeiro semestre de 2010.

QUADRO 19: Usuários, Principais Produtos/Serviços e Municípios atendidos pelo HMJEH ESCOPO DESCRIÇÃO

Usuários • Recém nascidos, Crianças, Adultos e Idosos.

Principais

Produtos/Serviços

• Serviços ambulatoriais com especialidades em cardiologia, endocrinologia, neurologia, pediatria, pneumologia, dermatologia, pequenas cirurgias, otorrinolaringologia, hematologia, gastroenterologia, urologia, patologia cervical, infectologia (DST/HIV);

• Serviços ambulatoriais para mulher em ginecologia, pré natal risco, mastologia; • Internação em 113 leitos, distribuídos nas clínicas de Pediatria (17), Médica (22),

Tisiologia (18), Obstetrícia (23), Médio Risco Neonatal (8), Emergência (17) e Cirurgia Geral (8);

• Serviço Social; • Odontologia com os serviços de: clínica, cirurgia, odontopediatria, dentística, pacientes especiais, periodontia, endodontia, pacientes soropositivos HIV, emergência 24 horas; • Enfermagem com os serviços de planejamento familiar, estomaterapia e vacinas; • Centro Integrado de Reabilitação com serviços de fisioterapia motora e respiratória,

fonoaudiologia e terapia ocupacional.; • Programa de Internação Domiciliar; • Assistência em Hemoterapia; • Banco de Leite Humano; • Nutrição e Dietética; • Farmácia Hospitalar; • Centro de Imagem com radiologia convencional e contrastada; ultrassonografia

geral, obstétrica e ginecológica; mamografia; tomografia computadorizada (TC); endoscopia digestiva alta; broncoscopia; métodos gráficos: ECG, Ergometria, MAPA, Ecocardiografia;

• Núcleo de Análises Clínicas com serviços de bioquímica, parasitologia, microbiologia, imunologia e hematologia;

Municípios 3ª Microrregião de Saúde do Estado

• Maranguape, Guaiúba, Pacatuba, Redenção, Acarape, Barreira, Palmácia e Maracanaú.

Fonte: Autoavaliação do Hospital de Maracanaú – 2009

5.4 Diagnóstico Estratégico

Nesta etapa foram utilizadas duas metodologias de diagnóstico, sendo a primeira a

autoavaliação do GesPública e a segunda a análise de SWOT. O trabalho de mapeamento do

SAME também ofereceu subsídios ao diagnóstico.

A partir dos objetivos encontrados por meio da aplicação das metodologias, foram

definidos os desafios estratégicos e os objetivos associados a eles, o que subsidiou o Mapa

Estratégico do HMJEH.

a) Autoavaliação do GesPública

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113

A autoavaliação do HMJEH foi iniciada em abril de 2009, com a realização de

oficina do GesPública, que gerou dois produtos: um diagnóstico detalhado da gestão da

instituição e uma proposta de Plano de Melhorias para ser implementado no hospital.

Em seguida, em maio de 2009, foi realizada a oficina de mapeamento do

processo de Sistema de Arquivo Médico e Estatística - SAME, com o objetivo de melhor

definir e controlar o processo de registro, recuperação e tratamento das informações e

estatísticas dos serviços de atendimento no hospital.

Com base nas informações coletadas nos encontros presenciais ocorridos durante a

realização dessas oficinas e com os resultados apresentados em seus relatórios, partiu-se para

a análise de SWOT.

b) Análise de SWOT

Foram identificadas as ameaças e oportunidades relativas ao ambiente externo da

organização, assim como os pontos fortes e fracos de seu ambiente interno, considerando as

informações já compiladas, conforme os Quadros 20 e 21.

Dentre as oportunidades identificadas no ambiente externo, considera-se como

principal, a oportunidade do HMJEH passar a ser um hospital de ensino e pesquisa de uma

das melhores universidades particulares do norte e nordeste do país, a Universidade de

Fortaleza. Esse desafio mobilizará tanto os governantes do município, como a alta

administração do hospital na busca de implementar, com a maior brevidade possível,

melhorias de infraestrutura e investimentos em recursos técnicos para que o hospital possa ser

qualificado pelo Ministério de Educação – MEC, como instituição de ensino.

Outro fator, que também deve ser considerado como motivador para as mudanças,

é o fato da sociedade, consciente de seus direitos, cobrar atendimento de melhor qualidade,

com maior agilidade e resolutividade. Para isso ela tem se mobilizado por meio dos conselhos,

feito articulações políticas, e ainda, tem utilizado os recursos da mídia em geral para

pressionar por essa melhoria nos serviços.

Já na análise das ameaças, dois fatores destacam-se: a insuficiência de recursos

financeiros e a carência de especialidades médicas no mercado. Porém a possibilidade do

credenciamento do hospital pelo MEC poderá contribuir de maneira significativa para

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114

minimizar essa debilidade, pois credenciado pelo MEC a instituição passará a receber mais

recursos financeiros, habilitando-a a pagar melhores salários visando atrair estes profissionais.

Já as correções dos desbalanços de especialidades, dependem de fatores que influenciam a

oferta e a demanda por essas especialidades, que não são influenciáveis pelo hospital.

QUADRO 20: Análise do Ambiente Externo O P O R T U N I D A D E S

• Cobrança da sociedade por serviços de melhor qualidade. • Participação do HMJEH no estabelecimento de políticas com as instâncias de saúde

municipais, regionais e estaduais. • Inserção em Programas do Ministério da Saúde, como: Humanização; Hospitais

Sentinela e ONA. • Tornar-se um Hospital de Ensino, com vínculo com a Universidade de Fortaleza –

UNIFOR.

A M B I E N T E

E X T E R N O

A M E A Ç A S

• Recursos financeiros incompatíveis com as necessidades de custeio e investimento. • Valores da tabela do SUS insuficientes para a cobertura das despesas. • Precariedade da rede pública de saúde, com carência de infraestrutura na região. • Processos administrativos burocráticos. • Dificuldade de relacionamento entre poderes públicos externos ao HMJEH. • Crescente demanda de atendimento em relação à capacidade técnica instalada. • Carência de especialidades médicas para contratação. • Política salarial do Governo.

Fonte: Dados de Pesquisa.

No Quadro 21, que trata dos pontos fortes e fracos do hospital, pode-se destacar o

esforço pessoal de parte dos profissionais, que tem contribuído para os resultados positivos da

instituição. Esse grupo de pessoas, apesar de todas as dificuldades existentes atualmente no

hospital, tem conseguido manter um atendimento aceitável pela instituição e pela comunidade,

o que demonstra a importância do envolvimento da força de trabalho com a missão do

HMJEH.

Outro o ponto forte é o comprometimento do Diretor Geral, e dos demais

Diretores, com a melhoria da gestão, fator que influencia de maneira positiva o clima

organizacional e que se reflete diretamente nos resultados da instituição. O ponto fraco mais

citado pela equipe do HMJEH foi a escassez de recursos financeiros. Esse fator é responsável

pelo aparecimento de uma série de outras fraquezas no hospital, mas poderá ser minimizado

com o credenciamento do hospital como instituição de ensino, conforme abordado

anteriormente.

A deficiência de capacitação dos gestores foi também apresentada como ponto

fraco, a qual poderá ser sanada com um programa de capacitação voltado à utilização de

Page 117: universidade estadual do ceará departamento de ciências sociais ...

115

técnicas modernas de gestão. Isto se faz necessário para que se possa implementar uma gestão

profissional na organização, que envolva toda a equipe técnica no estabelecimento de padrões

de trabalho para orientar a execução adequada dos processos, utilizando indicadores como

base para a tomada de decisões e monitorando os resultados para verificação do cumprimento

das metas estabelecidas.

Além disso, foi colocada a necessidade de se manter um programa de capacitação

continuada, para que a força de trabalho incorpore os princípios de qualidade e humanização

nos procedimentos, visando melhorar o atendimento dos usuários e habilitando o hospital a

apoiar programas criados pelo Ministério da Saúde, tais como: Programa de Acreditação

Hospitalar, Programa de Humanização, Projeto Hospitais Sentinela e Programa de Resíduos

Hospitalares.

Por último, foi citada a ausência de políticas de recursos humanos como ponto

fraco a ser destacado. Como a melhoria na prestação de serviços depende das pessoas, é

necessário estimular e envolver a força de trabalho com os objetivos da instituição, criando

mecanismos que incentive a consecução desses objetivos. Para isso, foi solicitada a

implantação de ações de valorização dos servidores visando motivá-los para o enfrentamento

dos desafios, atualmente postos à instituição.

QUADRO 21: Análise do Ambiente Interno

P F O O N R T T O E S S

• Multidisciplinaridade e amplitude de serviços assistenciais oferecidos à comunidade. • Comprometimento e esforço pessoal de parte dos profissionais, com resultados positivos

na assistência. • Determinação do Diretor Geral em melhorar o modelo de Gestão e em transformar o

HMJEH em um Hospital de Ensino. • Imagem da Instituição. • Ouvidoria. • Transparência da gestão.

A M B I E N T E I N T E R N

O

P F O R N A T C O O S S

• Força de trabalho desmotivada e com diversos vínculos empregatícios. • Profissionais sem qualificação técnica ou com especializações específicas fora de sua área

de atuação. • Gestores não capacitados nas tecnologias de gestão. • Gerenciamento ineficaz de receitas e despesas e de aquisição de bens e serviços. • Ausência de políticas de Recursos Humanos. • Dificuldade de relacionamento entre as áreas. • Tecnologia da Informação obsoleta ou inexistente. • Espaço físico e mobiliário insuficiente e deteriorado, sem manutenção adequada. • Processos de Trabalho indefinidos ou não padronizados. • Princípios da Humanização não incorporados nos processos de trabalho. • Inexistência de política socioambiental.

Fonte: Dados de Pesquisa.

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116

A natureza da missão, da visão de futuro e os resultados e do diagnóstico

estratégico, conduziram à escolha das seguintes estratégias para o HMJEH:

•••• Excelência e humanização na assistência à saúde do paciente; •••• Desenvolvimento e valorização dos colaboradores; •••• Gestão profissional e eficiente na utilização dos recursos e orientada para resultados; •••• Promoção de ações de responsabilidade socioambiental.

5.5 Análise dos Stakeholders do HMJEH

Com base nas informações coletadas nas oficinas realizadas com os técnicos do

hospital e análise da literatura, foram identificados 18 stakeholders do HMJEH, cujas

implicações dos papéis exercidos em relação ao hospital estão descritos no Quadro 22.

Para selecionar os principais stakeholders da instituição, foi utilizada a Teoria da

Saliência e adotados os atributos de legitimidade, poder e urgência, para identificar o grau de

prioridade dos stakeholders, conforme classificação abaixo explicitadas:

a) Latentes – são os stakeholders, que possuem apenas um dos atributos.: adormecido

(poder); discricionário (legitimidade); e reclamante (urgente);

b) Com expectativas – são os stakeholders, que possuem dois atributos: dependentes

(poder e urgência); dominantes (poder e legitimidade); e perigosos (legitimidade e

urgência);

c) Definitivo ou decisivo – são os formados pelos três atributos, que são poder,

legitimidade e urgência.

Dessa forma, baseado nas informações obtidas nos encontros com os gestores do

hospital e com os conceitos dos atributos de poder, legitimidade e urgência, de Roberto e

Serrano (2007), foi descrito o papel de cada um dos stakeholders em relação a sua ligação

com o hospital e, posteriormente, foram analisadas as aderências do grupo considerando os

conceitos da Teoria da Saliência.

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QUADRO 22: Relação dos Principais Stakeholders e do Papel Exercido em Relação à Saúde/HMJEH STAKEHOLDERS DESCRIÇÃO DO PAPEL EXERCIDO

Conselho Municipal Saúde de Maracanaú

O Conselho Municipal de Saúde é um órgão permanente e deliberativo, com representantes do Governo, dos prestadores de serviço, profissionais de saúde e usuários. Atua na formulação de estratégias e no controle da execução da política de saúde, inclusive nos aspectos econômicos e financeiros.

Secretaria de Saúde de Maracanaú

Tem por competência programar, executar e controlar todas as atividades relativas às ações básicas de saúde e de vigilância sanitária do município, bem como promover e desenvolver uma eficiente fiscalização sanitária, dando especial cobertura ao enfoque epidemiológico, concentrando atenção nos produtos, nos serviços e nos fatores ambientais que propiciam risco de saúde.

Comunidade Cidadãos dos 8 municípios atendidos pelo HMJEH. Pacientes/Familiares Cidadãos usuários dos serviços prestados pelo HMJEH. Fornecedores/Prestadores de Serviços

Atendem as necessidades básicas da organização, fornecendo produtos e serviços ao HMJEH.

Alta Administração Gerencia a execução das diretrizes do HMJEH, prestando apoio nas áreas clínica, administrativa, financeira e de comunicação.

Corpo Clínico É o conjunto de médicos que tem a incumbência de prestar assistência aos pacientes do HMJEH.

Colaboradores Equipe de profissionais que executa as atividades relativas à administração e ao funcionamento operacional do HMJEH.

Governo/ANS A ANS tem por finalidade institucional promover a defesa do interesse público na assistência suplementar à saúde, regular as operadoras setoriais - inclusive quanto às suas relações com prestadores e consumidores - e contribuir para o desenvolvimento das ações de saúde no País.

Prefeitura de Maracanaú

A Prefeitura é o órgão responsável pelas ações do Poder Executivo do Município. É comandada pelo Prefeito e dividida em Secretarias, dentre elas a da Saúde.

Conselho Regional de Medicina

É uma autarquia federal responsável por habilitar o médico a exercer seu trabalho e fiscalizar o cumprimento da legislação pertinente à sua profissão.

Conselho Federal de Medicina

CFM, é um órgão que possui atribuições constitucionais de fiscalização e normatização da prática médica.

Ministério Público do Ceará

O MP é uma instituição permanente, essencial à função jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe a defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais e individuais indisponíveis.

Tribunal de Contas do Município - Ceará

Órgão de controle externo competindo-lhe, entre outras, as atividades de apreciar e as julgar as contas de administradores e responsáveis por dinheiros e bens públicos.

Mídia Local Acompanha e divulga informações relativas à área de saúde. Secretaria de Saúde do Estado do Ceará

A Secretaria de Saúde do Estado é responsável pela formulação da Política Estadual de Saúde e de suas diretrizes, norteada pelos princípios do SUS.

Outros hospitais Hospitais da rede pública de saúde do estado do Ceará, que recebem pacientes transferidos do HMJEH.

Fonte: Dados de Pesquisa

Os stakeholders considerados principais para o HMJEH, são os enquadrados na

classificação da Teoria da Saliência como com expectativas e definitivo. O resultado da

análise é apresentado no Quadro 23, onde nove stakeholders foram identificados como sendo

os principais: Conselho Municipal de Saúde; Secretaria de Saúde de Maracanaú; Comunidade;

Pacientes/Familiares; Fornecedores/Prestadores de Serviços; Alta Administração; Corpo

Clínico; Colaboradores e Tribunal de Contas dos Municípios. Os stakeholders selecionados

são do número 1 até o número 9.

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QUADRO 23: Relação das CLASSES de Stakeholders considerando os atributos da Teoria da Saliência

CLASSES

STAKEHOLDERS 1

DOMINANTES (PODER E LEGITIMIDADE) – tem mecanismos formais para influenciar as decisões do HMJEH e é representado por líderes da comunidade.

Conselho Municipal de Saúde de Maracanaú

2

DOMINANTES (PODER E LEGITIMIDADE) – tem mecanismos formais para influenciar as decisões do HMJEH e é representado por líder da comunidade.

Secretaria de Saúde de Maracanaú

3

DEPENDENTE (PODER E URGÊNCIA) – não possuem legitimidade e seu poder depende de outros stakeholders ou gestores da organização para serem atendidos.

Comunidade

4

DEPENDENTE (PODER E URGÊNCIA) – não possuem legitimidade e seu poder depende de outros stakeholders ou gestores da organização para serem atendidos.

Pacientes/Familiares

5

DEPENDENTE (PODER E URGÊNCIA) – não possuem legitimidade e seu poder depende de outros stakeholders ou gestores da organização para serem atendidos.

Fornecedores/Prestadores de Serviços

6

DEFINITIVO (PODER, LEGITIMIDADE E URGÊNCIA) – são os que têm prioridade no atendimento de suas expectativas.

Alta Administração

7

DEFINITIVO (PODER, LEGITIMIDADE E URGÊNCIA) – são os que têm prioridade no atendimento de suas expectativas.

Corpo Clínico

8

DEFINITIVO (PODER, LEGITIMIDADE E URGÊNCIA) – são os que têm prioridade no atendimento de suas expectativas.

Colaboradores

9

PERIGOSO ( LEGITIMIDADE E URGÊNCIA) – tem o poder de influenciar a organização por meio de coerção.

Tribunal de Contas do Município – Ceará

10

DISCRICIONÁRIO (LEGITIMIDADE) – legitimidade construída por meio de um sistema de normas.

Conselho Regional de Medicina

11

DISCRICIONÁRIO (LEGITIMIDADE) – legitimidade construída por meio de um sistema de normas.

Conselho Federal de Medicina

12

DISCRICIONÁRIO (LEGITIMIDADE) – legitimidade construída por meio de um sistema de normas.

Ministério Público do Ceará

13

DISCRICIONÁRIO (LEGITIMIDADE) – legitimidade construída por meio de um sistema de normas.

Governo/ANS

14

DISCRICIONÁRIO (LEGITIMIDADE) – legitimidade construída por meio de um sistema de normas.

Prefeitura de Maracanaú

15

RECLAMANTE (URGÊNCIA) – pode atrair a atenção do gestor pela exigência de ser atendido.

Mídia Local

16

DISCRICIONÁRIO (LEGITIMIDADE) – legitimidade construída por meio de um sistema de normas.

Secretaria de Saúde do Estado do Ceará

18

ADORMECIDO (PODER) – influencia na decisão sob forma utilitária, no provimento de recurso ao HMJEH.

Outros hospitais

Fonte: Dados de Pesquisa

A fase seguinte da pesquisa contemplou a aplicação do Método MACTOR (Matriz

de Alianças e Conflitos: Táticas, Objetivos e Recomendações), gerando o Quadro de

Estratégia dos stakeholders, que contempla em sua diagonal os objetivos, os problemas e os

meios para atingir estes objetivos. Nas linhas do Quadro de Estratégias, foram colocadas as

demandas e expectativas de cada um dos stakeholders, sobre os demais.

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119

Com base nesta matriz, observa-se que a Secretaria da Saúde do Município tem

por objetivo programar, financiar e fiscalizar os serviços prestados aos usuários do HMJEH,

para garantir atendimento pleno de saúde à população, com qualidade e resolutividade. Porém

os recursos financeiros do município destinados ao custeio e investimento do hospital, não são

suficientes para atender a demanda existente. Assim a Secretaria precisa melhorar seu

planejamento no segmento de saúde, encontrando alternativas para minimizar os problemas

decorrentes da carência de profissionais de saúde no mercado e do aumento de demanda de

serviços em saúde, ocasionado, inclusive, pelo aumento da expectativa de vida da população.

Para contornar todas essas dificuldades e atingir seus objetivos, a Secretaria

precisa articular junto aos órgãos competentes um aumento nos repasses de recursos

financeiros e planejar melhor sua aplicação. Mas em relação aos demais stakeholders, a SSM

se posiciona da seguinte maneira:

a) Alta administração – A SSM demanda da alta administração do Hospital que aumente o número de atendimentos e otimize a utilização dos recursos disponíveis;

b) Corpo clínico – A SSM tem a expectativa de que o corpo clínico agilize o atendimento e eleve o nível de satisfação dos usuários;

c) Colaboradores – A SSM demanda dos colaboradores do hospital a melhoria da qualidade da prestação de serviços e o aumento do nível de satisfação dos usuários;

d) Fornecedores – A SSM requer dos fornecedores que forneçam produtos de qualidade com custo adequado e tenham presteza na entrega;

e) Pacientes/Familiares – A SSM solicita aos paciente/familiares que utilizem de forma racional os recursos e serviços disponibilizados pelo hospital e que colaborem na fiscalização da qualidade dos serviços prestados pela instituição;

f) Comunidade – A SSM deseja que a comunidade se dirija ao hospital somente para atendimento de nível secundário e que dê atenção aos programas de prevenção de doenças do MS;

g) TCM – A SSM deseja do TCM maior atuação nas ações de orientação e educação no uso dos recursos públicos para o HMJEH e forneça relatórios de auditoria operacional para subsidiar os gestores do hospital no desempenho de suas atividades.

Pela análise do Quadro 24, das Estratégias, pode-se observar que a alta

administração espera que os cidadãos usuários do hospital se mobilizem e reclamem por

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120

melhores serviços, exigindo mais recursos dos cofres públicos para investimento em

infraestrutura e contratações de médicos, visando a melhoria no atendimento.

O Quadro de Estratégias ainda revela as dificuldades da gestão de pessoas no

hospital, o que se reflete na insatisfação manifestada pelas diferentes equipes de trabalho

motivada, dentre outros aspectos, por um pretenso tratamento diferenciado dado ao corpo

clínico. Foi relatado ainda, insatisfação dos profissionais em relação à alta administração,

explicada, em parte, pela percepção da prática de um modelo de gestão centralizador.

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121

QUADRO 24: Jogos de Atores do HMJEH O JOGO DOS ATORES DO HMJEH

AÇÃO DE SOBRE

CONSELHO MUNICIPAL DE SAÚDE SECRETARIA DA SAÚDE ALTA DIREÇÃO CORPO CLÍNICO COLABORADORES FORNECEDORES

CONSELH

O

MUNIC

IPAL DE

SAÚDE

OBJETIVO: Poder de definir e fiscalizar as diretrizes de atuação do HMJEH. PROBLEMA: Falta de recursos e dificuldade em fazer articulação política.MEIOS: Maior aproximação das instâncias governametais e melhor representatividade da sociedade.

1. Pressão relacionada à liberação de mais recursos para a saúde. 2. Pressão relacionada as diretrizes de atuação do HMJEH.

1. Pressão para ampliar e melhorar o acesso aos serviços do hospital.2. Pressão para melhorar a qualidade na prestação de serviços.

1. Pressão para elevar o nível de satisfação dos usuários.2. Pressão para melhorar a qualidade na prestação de serviços.

1. Pressão para elevar o nível de satisfação dos usuários.2. Pressão para melhorar a qualidade na prestação de serviços.

1. Espera que o HMJEH seja atendido com produtos de qualidade e preços justos.

SECRETARIA

DA S

AÚDE

1. Exerça de forma efetiva seu papel de representante da sociedade nos interesses da saúde.

OBJETIVO: Programar, financiar e fiscalizar os serviços prestados à população dos municípios atendidos,visando a melhoria dos serviços, com resolubilidade. PROBLEMA: Orçamento insuficiente para atender às necessidades de investimento em saúde, falta de planejamento, carência de profissionais no mercado, aumento da demanda por serviços de saúde, aumento da expectativa de vida da população.MEIOS: Articular junto aos órgãos competentes aumento nos repasses de recursos financeiros e fazer planejamento estratégico.

1. Pressão para aumentar o número de atendimento.2. Pressão para otimizar os gastos, com transparência na aplicação dos recursos.

1. Pressão para agilizar o atendimento dos usuários.2. Pressão para elevar o nível de satisfação dos usuários.

1. Pressão para elevar o nível de satisfação dos usuários.2. Pressão para melhorar a qualidade na prestação de serviços.

1. Pressão para fornecer produtos de qualidade com baixo custo.2. Agilidade no fornecimento e qualidade dos produtos e serviços prestados.

ALT

A D

IREÇÃO

1. Pressão junto aos órgãos competentes para alocação de mais recursos para o HMJEH.

1. Articulação e pressão junto às instâncias superiores para o aumento de recursos para o setor de saúde. 2. Estalecer e fortalecer serviços orientados a promoção de saúde de forma sustentável. 3. Maior autonomia para gerir o HMJEH.

OBJETIVO: Garantir atendimento de qualidade, com resolubilidade e satisfação dos usuários. Ter eficiência nos processos. Tornar-se um hospital de ensino e pesquisa.PROBLEMA: Limitação de recursos finaceiros, falta de profissionais no mercado e necessidade de capacitação gerencial e técnica.MEIOS: Adequar a equipe de profissionais do HMJEH e investir em capacitação.

1. Compromisso com a missão e visão do hospital.2. Melhorar a qualidade na prestação de serviços.

1. Melhorar a qualidade na prestação de serviços.2. Melhorar o sistema de informações e estatistica.

1. Provimento de produtos e serviços de qualidade, com preços justos.

CORPO C

LÍNIC

O

1. Ações conjunta com a comunidade para reivindicação de mais recursos para o setor de saúde.

1. Garantia de recursos para o bom funcionamento do HMJEH. 2. Fortalecimento das unidades de atendimento básico de saúde.3. Maior investimento nos programas de prevenção das doenças.4. Articulação junto à Prefeitura para a melhoria do saneamento básico do município.

1. Implantação do PCCS.2. Melhores condições de infraestrutura física, pessoal e material para o execução dos serviços.

OBJETIVO: Melhorar a qualidade na prestação dos serviços. Gestão participativa.PROBLEMA: Deficiência nas condições física, no quadro de pessoal e no fornecimento de material para a prestação dos serviços.MEIOS: Gestão participativa no planejamento e controle das diretrizes, objetivos e metas do HMJEH, capacitar as equipes de serviços e corpo clínico e otimizar os processos.

1. Capacitação continuada e comprometimento com a qualidade na prestação dos serviços.

1. Garantia de entrega de produtos e serviços no prazo com controle de qualidade.

COLA

BORADORES

1. Maior interação de seus membros com a sociedade visando o aumento de recursos para a saúde.2. Apoio na fiscalização da gestão de pessoas no HMJEH.

1. Garantia de recursos para o bom funcionamento do HMJEH.2. Fortalecimento das unidades de atendimento básico de saúde.3. Provimento de pessoas para adequação da força de trabalho do HMJEH.

1. Implantação do PCCS, com isonomia da força de trabalho.2. Aumento de oportunidades de capacitação.3. Melhores condições de infraestrutura física, pessoal e material para a execução dos serviços.4. Gestão participativa.

1. Melhoria na comunicação interna.2. Melhoria do clima organizacional.

OBJETIVO: Melhores condições de trabalho com isonomia de salários e benefícios, estabilidade no emprego e instalações físicas e equipamentos adequados.PROBLEMA: Deficiência na qualificação técnica e na disponibilidade de recursos financeiros para o HMJEH.MEIOS: Reduzir a terceirização de serviços, investir em capacitação e articulação para melhoria de contratação e das condições de trabalho.

1. Fornecimento de produtos e serviços de qualidade.2. Ética e presteza no atendimento das solicitações do HMJEH.

FORNECEDORES

1. Fiscalização visando garantir os recursos para o setor de saúde do município.

1. Pressões para garantia de recursos para o pagamento das faturas de produtos e serviços prestados.

1. Agilidade na aquisição de produtos e serviços e no processo de pagamento das faturas.2. Gerenciamento da qualidade de produtos e serviços dos fornecedores do HMJEH.

1. Atualização no conhecimento de novos produtos do mercado.2. Ética e responsabilidade profissional.

1. Atualização no conhecimento de novos produtos do mercado.2. Ética e responsabilidade profissional.

OBJETIVO: Garantia do fornecimento de produtos e serviços e pagamentos nos prazos previstos.PROBLEMA: Burocracia na administração pública e processo de compras mal definido no HMJEH.MEIOS: Padronzição dos procedimentos, planejamento e controle da qualidade dos fornecedores do hospital.

PACIE

NTE

S/F

AMILIA

RES 1. Mobilização para a garantia de

recursos na prestação de serviços de saúde. 2. Fiscalização visando a ampliação do atendimento de qualidade, para a população. 3. Promova o Controle Social na utilização de recursos na saúde.

1. Garantia de recursos para o bom funcionamento do HMJEH.2. Diversificação de serviços a serem prestados no hospital.3. Aumento no número de atendimentos do HMJEH.4. Concurso público para a adequação do quadro de servidores do hospital.

1. Atendimento de qualidade com foco na humanização.2. Diversificação de serviços a serem prestados no hospital.3. Aumento no número de atendimentos do HMJEH.4. Provimento de serviços médicos, acomodações e alimentação de qualidade.

1. Alto nível de satisfação com o atendimento recebido. 2. Agilidade e qualidade nos serviços recebidos.

1. Atendimento de qualidade com foco na humanização.2. Alto nível de satisfação com os serviços recebidos.3. Agilidade e respeito no atendimento.

1. Ética e responsabilidade no fornecimento de produtos e serviços.

COMUNID

ADE

1. Exerça de forma efetiva o seu papel de entidade responsável pela defesa dos interesses da sociedade, em relação à saúde pública.

1. Garantia de recursos financeiros e humanos para o bom funcionamento do HMJEH.

1. Atendimento de qualidade com foco na humanização.2. Diversificação de serviços a serem prestados no hospital.3. Aumento no número de atendimentos do HMJEH.4. Provimento de serviços médicos, acomodações e alimentação de qualidade. 5.Transparência na aplicação dos recursos do HMJEH.

1. Alto nível de satisfação com o atendimento recebido. 2. Agilidade e qualidade nos serviços recebidos.

1. Agilidade e qualidade nos serviços recebidos, com foco na humanização.

1. Fornecimento de produtos e serviços de qualidade.2. Ética e honestidade no fornecimento de produtos e serviços.

TRIB

UNAL DE C

ONTA

S D

O

MUNIC

ÍPIO

1. Ação mais efetiva na mobilização da sociedade e na definição das diretrizes de saúde para o município.2. Rigor na fiscalização da aplicação dos recursos destinados à saúde no município. 3. Pressão no controle do meio ambiente.

1. Planejamento e controle dos investimentos realizados com recursos destinados à área de saúde. 2. Responsabilidade socioambiental. 3. Estalecer e fortalecer serviços orientados a promoção de saúde de forma sustentável.

1. Atender bem e de forma humanizada a população, garantindo seus direitos constitucionais. 2. Oferecer soluções completas para o cidadão usuário, sustentada pela assistência integral. 3. Responsabilidade socioambiental.

1. Agilidade e qualidade nos serviços prestados à população. 2. Ética profissional. 3. Otimização dos recursos disponíveis.

1. Responsabilidade na prestação de serviços aos cidadãos e uso racional dos recursos disponíveis.

1. Fornecimento de produtos e serviços de qualidade, com preços justos. 2. Honestidade e transparência na execução dos contratos.

Fonte: Dados de Pesquisa

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122

Porém, a principal constatação dessa análise foi a de que todos os stakeholders

desejam que a melhoria na qualidade da prestação de serviços seja o principal objetivo da

instituição, o qual é também compartilhado pelos profissionais que compõem a força de

trabalho do hospital.

Na etapa seguinte, foram identificados os desafios estratégicos como resultado da

análise do Quadro de Estratégia de Atores. Esses desafios estratégicos, impostos pela

interação dos atores e os objetivos de cada um deles para a superação destes desafios, estão

apresentados no Quadro 25. A partir dessas informações, pode-se analisar as implicações das

relações entre os atores, favorecendo a formulação de estratégias para viabilizar os objetivos a

serem perseguidos.

QUADRO 25: Desafios Estratégicos e Objetivos Associados DESAFIOS

ESTRATÉGICOS

OBJETIVOS ASSOCIADOS

O1 Melhorar a qualidade na prestação de serviços.

O2 Melhorar o acesso aos serviços.

O3 Agilizar o atendimento de usuários.

Ser um hospital de excelência e humanização na assistência à saúde do paciente.

O4 Tornar-se um hospital de ensino e pesquisa.

O5 Fortalecer o desempenho individual orientado para resultado.

O6 Prover capacitação técnica para gestores e equipes de serviços, com foco na humanização.

Manter política de desenvolvimento e valorização dos colaboradores.

O7 Prover gestão participativa para resultados.

O8 Padronizar e controlar os processos.

O9 Melhorar o sistema de comunicação.

O10 Sistematizar o uso de ferramentas de gestão.

O11 Disponibilizar equipamentos com tecnologia atualizada.

O12 Ampliar a utilização de recursos tecnológicos.

O13 Melhorar o sistema de informações e estatísticas – SAME.

O14 Melhorar o clima organizacional.

O15 Adequar a equipe de colaboradores às necessidades do hospital.

O16 Garantir o suprimento de produtos e serviços de qualidade.

O17 Aumentar os recursos financeiros para custeio e investimento.

Ter gestão profissional e eficiente na utilização dos recursos e orientada para resultados.

O18 Otimizar gastos.

O19 Prover transparência da alocação e utilização dos recursos. Promover ações de responsabilidade socioambiental. O20 Implementar política de responsabilidade socioambiental.

Fonte: Dados da Pesquisa

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123

Dando sequência aos procedimentos do Método MACTOR, foram avaliadas as

convergências, divergências e neutralidades quanto aos objetivos apresentados no Quadro 25.

O resultado dessa investigação está registrado no Quadro 26, Matriz de Atores e Objetivos

(MAO). As células da matriz podem assumir valores -1, que representa divergência ou

discordância; 0, neutralidade e +1, que significa convergência ou concordância.

Na MAO, as duas últimas colunas do Quadro 26, expressam o número de

convergências (S+) e divergências (S-) de cada ator em relação aos objetivos identificados.

Por outro lado, as duas últimas linhas apresentam a quantidade de atores que concordam ou

discordam em relação a um dado objetivo.

Dos vinte objetivos relacionados, onze receberam concordância unânime dos

stakeholders. Os outros nove objetivos tiveram concordância ou posições de neutralidade.

Grande parte dessas posições de neutralidade foi manifestada por fornecedores, pelos

pacientes e pela comunidade. Baseado nessas informações, pode-se adiantar que não existem

conflitos entre os atores quanto aos objetivos apresentados.

Dentre todos os stakeholders, os fornecedores foram os que apresentaram mais

posições de neutralidade, revelando alheiamento a objetivos que não se referem diretamente a

seus interesses específicos.

Quanto aos objetivos, a menor convergência de interesses na MAO ocorreu em

relação ao Objetivo 10, que trata da sistematização do uso de ferramentas de gestão. Esse

resultado pode representar dificuldade dos atores em identificar os benefícios da melhoria da

gestão para a maior eficiência e eficácia do Hospital, redundando em expansão e melhoria da

qualidade da assistência.

Portanto, baseado nesses resultados, pode-se concluir que, a despeito dos pontos

fracos e dificuldades enfrentadas pelo Hospital, e das insatisfações registradas nos

questionários de pesquisa, não há comprometimento do grau de aceitação dos objetivos

estratégicos da organização.

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124

QUADRO 26: Matriz dos Atores x Objetivos (MAO)

ATORES OBJETIVOS

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 S+ S-

Conselho Munic. A1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1

1

1

1

1 1 1 1 1 20 0

Sec. Saúde A2 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 20 0 Alta Adm. A3 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 20 0

Corpo Clin. A4 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 20 0 Colabor. A5 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 20 0 Fornecedor A6 1 1 1 1 0 0 0 1 0 0 1 1 0 0 0 1 1 1 1 1 12 0 Pacientes/F. A7 1 1 1 0 1 1 1 1 1 0 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 20 0 Comunidade A8 1 1 1 0 1 1 1 1 1 0 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 18 0 TCM A9 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 20 0

S+ 9 9 9 7 8 8 8 9 8 6 9 9 8 8 8 9 9 9 9 9

S- 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 Fonte: Dados da Pesquisa Nota: A descrição dos objetivos pode ser vista no Quadro 25

5.6 Apresentação das Definições Estratégicas

Para validar as etapas da metodologia já realizadas como a análise de SWOT, a

análise dos stakeholders e da matriz de MAO, foi realizada uma reunião com os gestores

estratégicos do HMJEH para validar a Missão e Visão da organização, além dos desafios

definidos no Quadro 25 - Desafios Estratégicos e Objetivos Associados.

A seguir são descritos esses desafios estratégicos e apresentados suas

fundamentações obtidas em pesquisa:

a) Ser um hospital com excelência e humanização na assistência à saúde do

paciente - Todos os stakeholders do HMJEH manifestaram preocupação com a elevação do

nível de satisfação dos usuários com os serviços prestados pelo hospital, resultado que torna

prioritária a medição dessa satisfação e das ações necessárias a elevação do grau percebido

pelos usuários. Um exemplo desse tipo de preocupação pode ser ilustrado pelo depoimento do

Pesquisado No. 28: “Precisa melhorar a qualidade na prestação de serviços. Falta capacitação.

Precisa de maior número de funcionários e falta corpo clinico.”

Page 127: universidade estadual do ceará departamento de ciências sociais ...

125

Dentre as ações identificadas, foram priorizadas a melhoria na qualidade dos

serviços prestados, a agilização do atendimento e, também, maior acessibilidade aos

serviços.

Em relação à acessibilidade, há problemas na infraestrutura física do hospital

dificultando o acesso dos pacientes aos locais de atendimento, além de deficiência de

comunicação visual, necessitando de investimento em sinalização e na divulgação de

informações para melhor orientação dos usuários, conforme as opiniões a seguir:

• “Problema de acesso aos serviços. Dificuldade de acesso nas dependências do hospital. Falta de informações sobre os serviços além do tratamento inadequado dos servidores com os usuários.” (Pesquisado 17)

• “Faltam instrumentos para a divulgação dos serviços para o público interno e externo ao hospital.” (Pesquisado 18)

O projeto que possibilita o hospital tornar-se uma instituição de ensino e pesquisa,

também aparece como uma grande oportunidade no sentido de melhorar a qualidade dos

serviços prestados, pois irá favorecer de forma rápida a qualificação profissional de toda a

força de trabalho, produzir conhecimento de valor científico, assim como irá prover melhorias

em suas instalações, e também, propiciar a atualização dos recursos tecnológicos.

b) Manter políticas de desenvolvimento e valorização dos colaboradores –

Foi sugerido que para melhorar a qualidade na prestação de serviços seria

fundamental o investimento na qualificação da força de trabalho da instituição,

implementando política de desenvolvimento de pessoas com foco na humanização. Também

foi colocada, como forma de incentivar a incorporação dos princípios da qualidade e da

humanização nos processos de trabalho, a adesão do hospital em programas criados em nível

nacional, pelo Ministério da Saúde. Os depoimentos abaixo apóiam a necessidade do

programa de qualificação voltado para a humanização das práticas hospitalares, dentre outros

objetivos.

• “Descaso dos funcionários com a enfermidade dos pacientes e familiares. Falta de explicação dos médicos ao tratamento adequado e má informação nas recepções de emergência e do CEO.” (Pesquisado 18)

• “Necessita que haja realmente pessoas qualificadas e com senso de humanização.” (Pesquisado 33)

Page 128: universidade estadual do ceará departamento de ciências sociais ...

126

• “Ausência de políticas que viabilizem a aplicabilidade de assistência igualitária e humanizada.” (Pesquisado 40)

c) Ter gestão profissional e eficiente na utilização de recursos e orientada para

resultados – Os depoimentos a seguir enfatizam a necessidade de melhorias na gestão do

hospital, incluindo a prática de modelos mais participativos, com o envolvimento dos

colaboradores do hospital e de outros stakeholders.

• “Falta recursos financeiros para investir em ferramentas de gestão.” (Pesquisado 8)

• “Ausência de gerenciamento nos setores e nas clínicas.” (Pesquisado 14)

• “A dificuldade da gestão participativa vem da cultura organizacional, que sofre muita interferência política tendo que muitas vezes contratar pessoas despreparadas tecnicamente para assumir os cargos.” (Pesquisado 16)

• “O atual modelo de gestão não propicia a gestão participativa. Seria bom criar um conselho local, no hospital, com a participação de funcionários e usuários.” (Pesquisado 18)

Em relação à necessidade de melhoria dos processos, foi proposta a otimização

dos principais processos, criando padrões e definindo indicadores para o melhor

monitoramento dos resultados. Na pesquisa, 24% dos consultados que se manifestaram em

relação à gestão, priorizaram essa atividade. Manifestações a respeito são ilustradas abaixo:

• “Há excesso de burocracia, personalização no fluxo, além de desqualificação do servidor.” (Pesquisado 7)

• “Inexistência de documentação dos procedimentos.” (Pesquisado 22)

• “Baixa capacidade gerencial para exercer os papéis de gestão e controle.” (Pesquisado 41)

Outra questão também priorizada, relacionada com o modelo de gestão, foi a

necessidade de se manter um clima organizacional satisfatório (19%), afetado atualmente por

vários fatores como: problemas de comunicação, ausência de Plano de Cargos e Carreira para

os servidores, deficiência na política de valorização do servidor, conforme se depreende das

contribuições transcritas a seguir:

• “Existe muita dificuldade na comunicação interna do hospital. Também há um déficit na política de valorização do servidor.” (Pesquisado 17)

• “Existe muita insatisfação com a diferenciação entre as categorias de servidores. Seria bom que tivesse uma equiparação no tratamento.” (Pesquisado 20)

Page 129: universidade estadual do ceará departamento de ciências sociais ...

127

A tecnologia foi lembrada como suporte para a melhoria das atividades no

hospital. Seu uso no hospital tem se tornado imprescindível e, de fato, isso se comprova

quando 31% dos pesquisados priorizaram ações relativas à ampliação e utilização de recursos

tecnológicos, sendo que 70% desses respondentes são profissionais da casa. Essas

expectativas são enfatizadas nas opiniões abaixo:

• “Falta de informatização na organização, com computadores obsoletos, falta de equipamentos e ausência de rede lógica.” (Pesquisado 8)

• “Ausência de infraestrutura física e lógica da rede e a inexistência de equipamentos que atendam a demanda existente.” (Pesquisado 19)

O planejamento no suprimento de produtos e serviços no HMJEH foi identificado

na pesquisa como fundamental para viabilizar a prestação de serviços de qualidade para os

cidadãos usuários 32% dos consultados disseram que o fornecimento de produtos e serviços

de qualidade, nos prazos definidos em contratos, era necessário para a execução das atividades

no hospital. Depoimentos exemplificativos dessas manifestações são apresentados a seguir:

• “Falta de verbas ou recursos financeiros para fornecer tratamento (ex. medicamentos, curativos, soros).” (Pesquisado 27)

• “Existe problema de reutilização de materiais que deveriam ser descartáveis e falta de medicamentos adequados.” (Pesquisado 30)

• “Faltam recursos financeiros para suprimento de material e medicamento no hospital.” (Pesquisado 31)

• “Pedido de material insuficiente para o que precisa.” (Pesquisado 38)

Após a elevação do nível de satisfação dos usuários com a prestação de serviços

do hospital, a gestão financeira efetiva foi indicada como a segunda maior prioridade, por

56% dos pesquisados, sendo que 52% desses stakeholders consultados eram servidores do

hospital e 48% eram pessoas externas ao HMJEH. Pode-se concluir que o problema da

escassez de recursos financeiro no hospital é de conhecimento de todos e uma preocupação

geral, pois muitas ações relativas à melhoria dos serviços do hospital dependem de aumento

no orçamento.

As alternativas sugeridas para solucionar o problema são: articulação da alta

administração do hospital junto às instâncias políticas superiores; mobilização da sociedade

junto ao conselho municipal de saúde, à prefeitura de Maracanaú e as prefeituras dos

municípios atendidos pelo HMJEH e melhoria no controle dos prontuários. Evidências das

Page 130: universidade estadual do ceará departamento de ciências sociais ...

128

preocupações dos stakeholders com as carências financeiras do Hospital são apresentadas a

seguir:

• “Falta de priorização da saúde por parte da Prefeitura e do Estado.” (Pesquisado 15)

• “Falta de prioridade dos segmentos públicos externos ao município, sobre o HMJEH. Falta de participação dos gestores nas instâncias de definição e distribuição de recursos.” (Pesquisado 20)

• “Ausência de planejamento para a captação de recursos financeiros.” (Pesquisado 23)

• “Escassez de recursos próprios da Prefeitura e subsídio do Ministério da Saúde está defasado.” (Pesquisado 32)

d) Responsabilidade Social – As ações de responsabilidade social de instituições

hospitalares visam priorizar e viabilizar o tratamento preventivo de tudo aquilo que a

organização pode causar de negativo, direta ou indiretamente, à sociedade e aos ecossistemas,

em decorrência de seus produtos, de seus processos e de suas instalações.

Dessa forma, apesar de não ter aparecido nas pesquisas ações visando atender esse

desafio devido à limitação de escolhas de objetivos no formulário, na oficina de autoavaliação

essa pauta foi muito debatida tendo sido inclusive sugeridas ações imediatas do hospital, que

foram definidas em seus Planos de Ação, conforme as sugestões abaixo:

• “O processo de reciclagem de resíduos deverá envolver todos os setores do hospital. Coleta seletiva com identificadores de resíduos (papel, vidro, plástico e resíduo orgânico).”

• “A limpeza da área externa deverá ocorrer com agenda específica e datas determinadas.”

5.7 Construção do Mapa Estratégico e dos Indicadores

A fase seguinte da metodologia foi a construção do Mapa Estratégico baseado nos

objetivos derivados dos desafios estratégicos. Estes objetivos foram agrupados em quatro

perspectivas, quais sejam: sustentabilidade, aprendizado e crescimento, modernização

administrativa e stakeholders, todos levantados a partir da contribuição das partes interessadas

nos resultados da instituição.

Page 131: universidade estadual do ceará departamento de ciências sociais ...

129

No Mapa Estratégico esses objetivos foram conectados por relações de causa e

efeito, dentro da concepção do BSC, mostrando como eles vão contribuir para o alcance da

Missão e Visão do HMJEH (Figura 13), bem como para nortear as ações a serem trabalhadas

na obtenção dos resultados.

Na contextualização das quatro perspectivas do Mapa Estratégico, descritas

abaixo, estão incluídas também as descrições dos indicadores que foram definidos para cada

um dos objetivos estratégicos.

a) Perspectiva dos Stakeholders – A primeira perspectiva do Mapa Estratégico do

HMJEH é denominada de Stakeholders e nessa perspectiva estão contemplados: os cidadãos

usuários e seus familiares; a força de trabalho do hospital composta pela alta administração,

corpo clínico e colaboradores; instituições públicas como Secretaria Municipal de Saúde,

Tribunal de Contas do Município - TCM e o Conselho Municipal de Saúde - CMS; e por fim,

a comunidade.

Nessa perspectiva, a satisfação dos usuários é considerada, por todos os

stakeholders, como objetivo prioritário. Para atingir essa satisfação a instituição deverá

melhorar sua infraestrutura, otimizar seus processos, investir em tecnologia, capacitar seus

técnicos e gestores, melhorar a qualidade técnica, gerenciar o risco clínico, além de aprimorar

e agilizar o atendimento do paciente, ações previstas nas outras perspectivas do BSC do

HMJEH. Para que tudo isso aconteça, o hospital deve ter garantido recursos financeiros

suficientes para apoiar a execução de todas essas ações de melhoria. Logo, a perspectiva dos

Stakeholders é o resultado final do desempenho obtido nos objetivos das demais perspectivas

do Mapa Estratégico.

No Quadro 27, são apresentados os indicadores para a perspectiva Stakeholders:

QUADRO 27: Descrição dos Indicadores da Perspectiva dos Stakeholders OBJETIVO DESCRIÇÃO DO OBJETIVO NOME DO INDICADOR FÓRMULA DE CÁLCULO

Melhorar a qualidade na prestação de serviços.

Prever e suprir as demandas dos cidadãos usuários, de forma plena, ágil e eficaz.

Índice de satisfação dos usuários. Percentual de reclamações da Ouvidoria.

Pesquisa de opinião sobre satisfação. (Quantidade de reclamações / Total de registros de atendimentos) x 100

Fonte: Dados da Pesquisa

Page 132: universidade estadual do ceará departamento de ciências sociais ...

130

b) Perspectiva da Modernização Administrativa – Para dar destaque ao

aprimoramento da gestão, foi criada a perspectiva da Modernização Administrativa por se

tratar de um processo chave para tornar o hospital mais ágil, orientado para resultado e com

foco na satisfação de seu cidadão usuário.

Os objetivos dessa perspectiva interferem de forma direta nos resultados a serem

alcançados na perspectiva superior, dos stakeholders, e foram agrupados em três macros

objetivos: Excelência Operacional, Excelência Clínica e Gestão Profissional. Todos esses

objetivos têm como estratégia o desenvolvimento de melhores serviços, com ganhos de

eficiência em termos de rapidez, flexibilidade, qualidade e otimização de recursos.

Nessa perspectiva foi priorizada a necessidade de otimizar os processos

finalísticos e de apoio, devendo estes serem racionalizados, padronizados e controlados por

meios de indicadores.

Como requisito básico para a garantia de satisfação dos usuários do hospital foi

colocados como Excelência Clínica os objetivos relacionados ao atendimento clínico,

contemplando a agilidade do atendimento, a qualidade técnica da assistência e o

gerenciamento dos riscos associados à ação direta ou indireta dos profissionais em relação aos

cuidados de saúde.

Também foi colocada, a necessidade da garantia do fornecimento de produtos e

serviços de qualidade, nas quantidades e nos prazos estabelecidos, uma vez que sem isso não

há como se fazer assistência à saúde que atenda as expectativas dos stakeholders. Também,

deve-se cuidar de prover e manter infraestrutura adequada para a prestação desses serviços.

Como base para a execução eficiente dos processos, encontra-se a força de

trabalho do HMJEH, que deverá estar motivada por meio de delegação de responsabilidades,

compartilhamento de decisões, ações de capacitação e integração. Como a força de trabalho é

responsável pelos resultados da organização, é fundamental ainda, que se defina um perfil

mínimo de qualificação técnica para cada posto de trabalho do hospital e que sejam definidas

metas para avaliação de desempenho.

Finalizando essa perspectiva foi colocado ainda, como objetivo estratégico, a

gestão participativa, com política de valorização dos servidores e reconhecimento por

Page 133: universidade estadual do ceará departamento de ciências sociais ...

131

resultados, que propiciará o atendimento das metas definidas e acordadas com as gerências

imediatas, contribuindo para o alcance das metas institucionais.

A cultura de gestão profissional deverá ser estabelecida por meio da

sistematização do uso de ferramentas de gestão, que deverão ser avaliadas com base na

quantidade de novas técnicas e práticas de gestão implementadas na instituição. No Quadro

28, a seguir, estão descritos os indicadores definidos para essa perspectiva.

QUADRO 28: Descrição dos Indicadores da Perspectiva da Modernização Administrativa OBJETIVO DESCRIÇÃO DO OBJETIVO NOME DO INDICADOR FÓRMULA DE CÁLCULO

Padronização e controle dos processos.

Diagnosticar, analisar e racionalizar os principais processos e procedimentos, definir indicadores e monitorar os resultados.

Percentual de processos estruturados e controlados.

(Número de processos estruturados e implantados/ Total de processos existentes) x 100

Garantir o suprimento de produtos e serviços de qualidade.

Atender as demandas com excelência na qualidade, nas quantidades e prazos previstos.

Percentual de solicitações atendidas com excelência.

(Número de solicitações atendidas com excelência/ Total de solicitações registradas) x 100.

Sistematizar o uso de ferramentas de gestão.

Implementar técnicas e práticas de gestão visando habilitar a instituição à prestar serviços de excelência, no cumprimento de sua missão.

Medir o quantitativo de técnicas ou práticas de gestão implementadas.

Somatório de técnicas ou práticas de gestão implementadas.

Prover gestão participativa para resultados.

Gerir pessoas para somar esforços e potencializar resultados, por meio de delegação de responsabilidades, compartilhamento de decisões, ações de capacitação, valorização e integração.

Grau médio de consecução dos objetivos.

Média dos percentuais de alcance de metas estabelecidas para os objetivos estratégicos.

Aprimorar e agilizar o atendimento do paciente.

Planejar, sistematizar e agilizar o atendimento dos cidadãos usuários.

Tempo médio de espera para atendimento por tipo de serviço (consulta internamento, exame).

Média mensal do tempo de espera por tipo de serviço e/ou local de atendimento.

Melhorar a qualidade técnica e gerenciar o risco clínico.

Buscar implementar melhorias por meio de novas práticas e monitorar os riscos associados à ação direta ou indireta dos profissionais, resultante da ausência/deficiência de políticas e ações organizadas na prestação de cuidados de saúde.

•••• Inovação em serviços e em condutas médicas.

•••• Percentual de compli- cações ou intercorrências.

•••• Taxa média de infecção hospitalar.

•••• Taxa de mortalidade institucional.

• Número de melhorias ou Novas práticas implementadas. • (Número de complicações ou

intercorrências / Total de pacientes) x 100

• (Número de infecções / Total de pacientes) x 100

• (Número de óbitos institu- sinal / Total de óbitos) x 100

Fonte: Dados da Pesquisa

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132

c) Perspectiva do Aprendizado e Crescimento – Nessa perspectiva foram definidos

três macros processos que são Desenvolvimento de Competências, Clima Organizacional e

Tecnologia e Conhecimento.

No desenvolvimento de competências, o Plano de Capacitação deve ser elaborado

considerando-se a visão da instituição, a qualificação técnica exigida para as funções

existentes no hospital e a formação técnica dos colaboradores. Esse plano deve contemplar

toda a força de trabalho do hospital de forma irrestrita, tantos gestores como servidores,

adequando o nível do treinamento e a carga horária às necessidades de cada um deles. O

indicador desse objetivo é medido com base no número de horas/aula.

Prover um ambiente de trabalho motivador e desafiador irá melhorar o clima

organizacional, o que resultará numa equipe mais comprometida com a visão e missão da

instituição. Também deverão ser definidos procedimentos para melhorar a comunicação da

instituição, tanto entre as áreas do hospital como para a comunidade em geral.

A utilização de tecnologia deve ser incentivada por meio da disponibilização de

equipamentos modernos de TI e da aquisição de novos recursos tecnológicos para

procedimentos clínicos. Além disso, para garantir a disponibilidade de indicadores, será

necessária a implementação de sistemas informatizados eficazes que permitam a produção e

compartilhamento de informações, para todos os níveis gerenciais.

Os sistemas deverão prover ambientes para registro, tratamento e recuperação de

informações gerenciais (indicadores) e assistenciais (prontuário eletrônico), em tempo hábil,

permitindo assim a melhoria na tomada de decisões por parte dos gestores.

Além disso, a qualificação do HMJEH como um hospital de ensino e pesquisa, irá

colaborar para elevar o nível de satisfação dos cidadãos usuários, uma vez que ampliará as

oportunidades de capacitação e desenvolvimento profissional para os servidores, irá prover

aumento no quantitativo da força de trabalho, e contribuirá para a captação adicional de

recursos financeiros.

Os indicadores desses objetivos estão descritos no Quadro 29:

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133

QUADRO 29: Descrição dos Indicadores da Perspectiva Aprendizado e Crescimento OBJETIVO DESCRIÇÃO DO OBJETIVO NOME DO

INDICADOR FÓRMULA DE CÁLCULO

Prover capacitação técnica para gestores e equipes de serviços, com foco na humanização.

Capacitar continuamente gestores para liderar e operar mudanças e o corpo técnico para melhor execução das atividades.

Percentual de Capacitação de lideranças e de equipes de serviços.

(Número de servidores capacitados com no mínimo 40 horas anuais/Total de servidores) x 100

Prover ambiente de trabalho motivador e desafiador.

Promover ações que incentive o trabalho em equipe, a valorização do servidor e o alcance dos resultados esperados.

Grau de satisfação do corpo clínico e dos colaboradores. Índice de Rotatividade (Turn over) Índice de absenteísmo

Pesquisa de Clima Organizacional (Número de substituições/ Total de colaboradores) x 100 (Número de faltas/dias úteis x total colaboradores) x 100

Melhorar o sistema de comunicação.

Desenvolver mecanismos de melhoria na comunicação interna do hospital de forma que as informações sejam confiáveis e disseminadas de forma ágil, chegando à todos da instituição.

Índice de satisfação dos colaboradores com a comunicação.

Pesquisa interna, por meio eletrônico, sobre a satisfação dos colaboradores em relação ao sistema de comunicação.

Disponibilizar equipamentos com tecnologia atualizada.

Investir na aquisição de novos equipamentos, substituindo os que estão obsoletos e garantir a correta manutenção preventiva e corretiva dos equipamentos instalados.

Percentual de equipamentos disponíveis com tecnologia atualizada por equipamentos instalados.

(Número de equipamentos com tecnologia atualizada/ Total de equipamentos instalados) x 100

Ampliar a utilização de recursos tecnológicos.

Informatizar todas as áreas do hospital, investindo no desenvolvimento de sistemas de apoio administrativo, financeiro e sistemas de informações hospitalares, além da aquisição de equipamentos com novas tecnologias para serem utilizados nos procedimentos clínicos.

Modernização tecnológica do HMJEH.

Número de sistemas informatizados implantados e número de equipamentos com novas tecnologias adquiridos.

Tornar-se um hospital de ensino e pesquisa.

Preparar infraestrutura, capacitar corpo técnico, padronizar procedimentos e providenciar documentação para ser credenciado junto ao MEC/MS, como hospital de ensino.

Percentual das ações implementadas do plano de ação (PA) de credenciamento para hospital de ensino.

(Números de ações implementadas do PA/Total de ações necessárias do PA para o credenciamento do hospital) x 100

Fonte: Dados da Pesquisa

d) Perspectiva Sustentabilidade – Essa última perspectiva, a de Sustentabilidade,

funciona como base de todo o Mapa Estratégico, pois as demais perspectivas são

influenciadas diretamente por ela, uma vez que se trata de uma instituição pública, sem fins

lucrativos, e cujos recursos se originam exclusivamente da receita do SUS e de aporte do

Governo Municipal.

O ingresso de recursos do SUS não tem sido suficiente para cobertura das despesas e

para os investimentos na modernização do Hospital, o que requer aportes adicionais do

Governo, que não têm sido viabilizados. Há, portanto, a necessidade de por em prática

estratégias para ampliar a arrecadação do SUS, de outras fontes e do próprio Governo Local;

Page 136: universidade estadual do ceará departamento de ciências sociais ...

134

disso dependendo o Hospital para o cumprimento de seus objetivos estratégicos

compreendidos pelas outras perspectivas.

Paralelamente a isso, a Perspectiva de Sustentabilidade compreende ações de

responsabilidade social, envolvendo a transparência da aplicação dos recursos para melhor

controle, tanto dos órgãos competentes como também da sociedade, e a implantação das

políticas de responsabilidade socioambiental para o hospital, visando a redução dos riscos

ambientais para profissionais, pacientes e comunidade. No Quadro 30 são apresentados os

indicadores dessa perspectiva.

QUADRO 30: Descrição dos Indicadores da Perspectiva Financeira OBJETIVO DESCRIÇÃO DO

OBJETIVO NOME DO

INDICADOR FÓRMULA DE

CÁLCULO Aumentar recursos financeiros para custeio e investimento.

Articular com instâncias governamentais, parcerias com instituições de ensino e outras, visando a captação de recursos para o HMJEH, além de melhorar o registro dos serviços realizados.

Índice de crescimento de receitas. Índice de pactuação. Índice de glosa.

Receitas líquidas do ano / receitas líquidas do ano anterior * 100 Valor produzido / valor pactuado Valor recebido / valor faturado pactuado

Otimizar gastos. Assegurar a utilização racional de recursos materiais, orçamentários e financeiros.

Índice de gastos sobre receitas líquidas. Percentual de Execução orçamentária.

((Custos+despesas) / receitas líquidas) x 100 (Orçamento executado / Orçamento Planejado) x 100

Prover transparência na alocação e utilização de recursos.

O controle social é a principal arma de pressão para se conseguir mais recursos dos governantes para investimento e custeio nos órgãos e entidades que prestam serviços diretos à população.

Percentual de ações realizadas na divulgação da prestação de contas financeira e operacional do HMJEH.

(Número de ações realizadas / Total de ações previstas) x 100

Implementar política de responsabilidade socioambiental.

Definir políticas de responsabilidade socioambiental para o hospital e criar projetos com ações que visem prevenir e reparar os danos causados ao entorno hospitalar.

Percentual de cumprimento das ações definidas para as políticas de responsabilidade socioambiental

(Número de ações concluídas/Total de ações definidas) x 100

Fonte: Dados da Pesquisa

Levando em conta todos os indicadores apresentados para as perspectivas propostas,

bem assim a hierarquia entre elas, o Mapa Estratégico do Hospital foi construído, tendo a feição

apresentada na FIGURA 15.

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135

FIGURA 15: Mapa Estratégico do Hospital de Maracanaú

Perspectiva Modernização Administrativa

Visão: Ser um hospital de referência estadual na atenção secundária em saúde, com atividades consolidadas de ensino e pesquisa.

Missão : Prover a assistência à saúde da população de Maracanaú e dos municípios integrantes da terceira região de saúde do Estado, por meio de serviços humanizados e de alta resolutividade.

Missão

Visão

Perspectiva Sustentabilidade

Financeiro Responsabilidade Social

Aumentar recursos financeiros (custeio e investimento)

Otimizar gastos Prover transparência na alocação e utilização de

recursos

Implantar política de responsabilidade sócio-

ambiental

Perspectiva “ Steakholders ”

Cidadão Usuário Equipe do HJMEH SMS ,TCM e CMS Comunidade

Melhorar a qualidade na prestação de serviços

Tornar-se um hospital de ensino e pesquisa

Excelência Operacional Excelência Clínica Gestão Profissional

Padronizar e controlar processos

Garantir o suprimento de

produtos e serviços de qualidade

Aprimorar e agilizar o atendimento do paciente

Sistematizar o uso de ferramentas de

gestão

Melhorar a qualidade técnica e gerenciar o

risco clínico

Prover gestão participativa por

resultado

Perspec tiva Aprendizado e Crescimento

Desenvolvimento de Competências Tecnologia e Conhecimento

Prover capacitação técnica para gestores e equipes de serviços,

com foco na humanização

Prover ambiente de trabalho motivador e

desafiador

Ampliar a utilização de

recursos tecnológicos

Disponibilizar equipamentos com

tecnologia atualizada

Clima Organizacional

Melhorar o sistema de comunicação

Page 138: universidade estadual do ceará departamento de ciências sociais ...

136

5.8 Metodologia de Monitoramento e Análise dos Indicadores

Para o acompanhamento dos indicadores de desempenho visando atender as

expectativas dos stakeholders da instituição, há necessidade de se criar um sistema de

informações confiável, que seja facilmente acessível e que contribua para mensurar os

resultados e orientar a implementação da estratégia do hospital. Com base nas informações do

Mapa Estratégico do HMJEH, a relação de interesses entre os stakeholders e os tipos de

informações geradas pelos indicadores definidos nas várias perspectivas do BSC é

apresentada no Quadro 31.

QUADRO 31: Informações X Partes Interessadas

Fonte: Dados da Pesquisa

Para cada um dos objetivos estratégicos definidos no BSC devem ser pactuadas

metas e implementadas as ações necessárias ao seu alcance. Para alguns desses objetivos

haverá a necessidade de elaborar Planos de Ação para o alcance das metas cuja execução

deverá, também, ser monitorada por meio de indicadores, de modo a propiciar o

gerenciamento no alcance dos resultados, esperados para o HMJEH.

O Quadro 32 contempla os indicadores relacionados às quatro estratégias do

HMJEH, apresentando proposta de freqüência para análise desses indicadores e indicando

suas posições em relação as perspectiva do BSC do hospital:

Partes Interessadas

Tipo de Informação Con

selh

o M

unic

ipal

de

Saú

de

Sec

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ria

de

Saú

de

do M

unic

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Mun

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io

Satisfação do Usuário X X X X X X X X X Qualidade clínica X X X X X X X X X Aspectos Relativos às Pessoas X X X X X Aspectos Relativos à Gestão X X X X Modernização Tecnológica X X X X X Credenciamento Hospital de Ensino X X X X X Aspecto Financeiro X X X X X X X X X Responsabilidade Social X X X X

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137

a) Excelência e humanização na assistência à saúde do paciente - apresenta

indicadores relacionados com a satisfação dos usuários e a qualidade clínica do hospital,

localizados nas perspectivas Stakeholders e Modernização Administrativa;

b) Desenvolvimento e valorização dos colaboradores – contempla indicadores

relativos aos colaboradores e corpo clínico, e encontram-se nas perspectivas Aprendizado e

Conhecimento e Modernização Administrativa;

c) Gestão profissional - abrange a eficiente utilização de recursos e está orientada

para resultados, contemplando indicadores relacionados à gestão, à modernização tecnológica,

à aspectos financeiros e às ações de credenciamento do hospital pelo MEC e MS e encontram-

se nas perspectivas Aprendizado e Conhecimento, Modernização Administrativa e

Sustentabilidade; e por último,

d) Promoção de ações de responsabilidade socioambiental - com indicadores

relativos as ações definidas para as políticas de responsabilidade socioambiental e

transparência das ações administrativas, encontrando-se todas na perspectiva de

Sustentabilidade.

QUADRO 32: Principais Indicadores do HMJEH

DESAFIOS ESTRATÉGICOS

TIPO DE

INFORMAÇÃO

INDICADOR

FREQUÊNCIA

DE ANÁLISE

BSC

Índice de satisfação dos usuários. Mensal SH

% Reclamações da Ouvidoria. Semanal SH

Satisfação do Usuário

Tempo médio de espera para atendimento por tipo de serviço (consulta, internamento, exame).

Semanal MA

Número de inovação em serviços e condutas médicas.

Trimestral MA

% Complicações ou intercorrências. Mensal MA Taxa média de infecção hospitalar. Mensal MA

Excelência e humanização na assistência à saúde do paciente

Qualidade Clínica

Taxa de mortalidade institucional Mensal MA % Capacitação de lideranças e de equipes de serviços.

Trimestral AC

Grau de satisfação do corpo clínico e dos colaboradores.

Semestral AC

Índice de Rotatividade (Turnover). Semestral AC

Índice de absenteísmo. Mensal AC

Índice de satisfação do corpo clínico e dos colaboradores, com a comunicação.

Semestral AC

Desenvolvi- mento e valorização dos colaboradores

Aspectos Relativos às

Pessoas

Grau médio de consecução dos objetivos. Trimestral MA

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138

QUADRO 32: Principais Indicadores do HMJEH - continuação

DESAFIOS ESTRATÉGICOS

TIPO DE

INFORMAÇÃO

INDICADOR

FREQUÊNCIA

DE ANÁLISE

BSC

% Processos estruturados e controlados.

Semestral

MA

% Solicitações atendidas com excelência. Mensal MA

Aspectos Relativos à

Gestão

Número de técnicas ou práticas de gestão implementadas.

Semestral MA

% Equipamentos disponíveis com tecnologia atualizada.

Semestral AC modernização Tecnológica

Número de sistemas informatizados implantados e equipamentos com novas tecnologias.

Semestral AC

Credencia-mento como Hospital de

Ensino

% Ações implementadas do plano de ação de credenciamento para hospital de ensino

Mensal AC

Índice de crescimento de receitas. Trimestral S

Índice de pactuação. Trimestral S

Índice de glosa. Mensal S

Índice de gastos sobre receitas líquidas. Mensal S

Gestão Profissional eficiente na utilização de recursos e orientada para resultados

Aspectos Financeiros

% Execução orçamentária. Trimestral S

% Ações realizadas na divulgação da prestação de contas financeira e operacional do HMJEH

Semestral S Promoção de ações de responsabilidade socioambiental

Responsabili- dade sócio-

ambiental % Cumprimento das ações definidas para as políticas de responsabilidade socioambiental.

Semestral S

Fonte: Dados da Pesquisa Legenda BSC: SH - Stakeholders, MA – Modernização Administrativa; AC – Aprendizado e Crescimento; S – Sustentabilidade.

O processo de monitoramento requer o concurso de profissionais para comporem

a equipe técnica responsável pela coordenação e, em alguns casos, pela execução das

atividades relativas ao acompanhamento, registro, tratamento e controle dos indicadores, além

da divulgação das informações às partes interessadas. No caso do HMJEH, essa atividade

poderá ser desenvolvida no Escritório de Planejamento e da Qualidade – EPQ, que será

responsável por coletar as informações referentes aos indicadores do BSC e dos Planos de

Ação. Esses indicadores deverão ser consolidados em relatórios gerencias que serão

apresentados aos gestores do hospital, em reuniões sistemáticas, conforme sugestão

apresentada no Quadro 33, mantendo-os atualizados sobre o desempenho do hospital.

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139

QUADRO 33: Reuniões de Acompanhamento e Avaliação de Desempenho do HMJEH Periodicidade Mensal (antes da reunião de Análise Crítica) Participantes Técnicos do EPQ e responsável pelo PA

Reu

niõe

s de

ac

ompa

nham

ento

s do

s P

lano

s de

Açã

o Objetivos • Acompanhar a implementação dos Planos de Ação

• Monitorar os indicadores de resultado e execução do PA • Definir ou repassar as ações corretivas • Registrar as não conformidades, com suas justificativas • Repassar as diretrizes da reunião de Análise Critica • Reforçar a visão e missão do HMJEH

Periodicidade Mensal Participantes Gerente do EPQ e gestores estratégicos do hospital

Reu

nião

de

Aná

lise

Crí

tica

Objetivos • Monitorar os resultados do BSC • Acompanhar os projetos em andamento • Analisar o relatório dos Planos de Ação • Promover as correções de rumo necessárias • Aprovar novos projetos, recursos e investimentos

Periodicidade Trimestral Participantes Gerente do EPQ e Alta Administração

Reu

nião

de

Aná

lise

Crí

tica

de D

esem

penh

o G

loba

l

Objetivos • Monitorar os indicadores do BSC • Acompanhar a implementação das estratégias • Analisar indicadores sobre informações qualitativas, variáveis do

ambiente externo e informações comparativas pertinentes • Deliberar sobre propostas de ajustes apresentadas para os PA e

objetivos estratégicos • Definir novas estratégias, caso seja necessário • Estabelecer prioridades de ações

Fonte: Dados da Pesquisa

O acompanhamento e análise da evolução dos indicadores dos planos de ação (tanto os

de resultados, como os de execução), deverão ser feitos por meio de reuniões de

acompanhamento dos PA, definidas em calendário corporativo, onde o responsável por cada

plano de ação irá prestar contas ao técnico do EPQ sobre o desenvolvimento dos Planos de

Ação sob sua responsabilidade. Nesse momento, o técnico da equipe do EPQ verifica o

cumprimento dos prazos, os resultados obtidos e a definição das ações corretivas, caso sejam

necessárias, registrando as justificativas para as não conformidades identificadas.

De posse das informações referentes aos indicadores do BSC e dos Planos de

Ação, o gerente do EPQ consolida esses indicadores e elabora os relatórios gerenciais que

deverão ser apresentados, mensalmente, aos gestores estratégicos do HMJEH, em reuniões de

análises criticas. As decisões/ações deliberadas por esses gestores deverão constar em ata, que

deverá ser divulgada para todos os envolvidos diretamente nas estratégias da instituição.

No Quadro 34, abaixo, são apresentados alguns dos principais indicadores para

acompanhar e monitorar, de maneira sistemática, os resultados da instituição.

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140

QUADRO 34: Indicadores de Acompanhamento e Monitoramento dos Indicadores do BSC e dos Planos de Ação

OBJETIVO DESCRIÇÃO DO OBJETIVO NOME DO INDICADOR

FÓRMULA DE CÁLCULO

Sistematizar reuniões com gestores para análise dos resultados alcançados.

Para que se possam alcançar os resultados desejados é necessário que os indicadores sejam, sistematicamente, acompanhados, monitorados e analisados pelos gerentes dos planos de ação, gestores estratégicos e alta administração.

Índice de reuniões realizadas. (reuniões com: gerentes dos planos de ação / gerentes estratégicos / alta administração)

(Quantidade e reuniões realizadas / por Reuniões definidas) x 100

Identificar o percentual de etapas dos planos de ação implementadas.

É de fundamental importância para o gerenciamento dos planos de ação, o conhecimento, de maneira tempestiva, das etapas dos planos de ação implementadas para que se possam adotar ações corretivas, quando necessário.

Índice de etapas do plano de ação implementadas.

(Quantidade de etapas das etapas do plano de ação implementadas / Quantidade de etapas do plano de ação definidas) x 100

Identificar os ajustes necessários de forma a garantir a implementação dos planos de ação.

O acompanhamento da realização das providências necessárias ao realinhamento ou correções das atividades previstas para a execução dos planos de ação, deve ser feito em todas as reuniões com os gestores.

Índice de ajustes realizados. (ações de realinhamento ou corretivas)

(Quantidade de ajustes realizados/ Quantidade de ajustes identificados) x 100

Identificar o percentual de planos de ação concluídos.

Para a identificação dos atendimento das metas globais é necessário se conhecer o quanto já se avançou em relação aos objetivos estratégicos definidos.

Índice de planos de ação concluídos.

(Quantidade de planos de ação concluídos / Quantidade de planos de ação definidos) x 100

Fonte: Dados da Pesquisa

As deliberações resultantes da reunião de análise crítica serão utilizadas para

implementar as ações corretivas e as oportunidades de melhorias na organização. Sendo essa

reunião realizada apenas com os gerentes estratégicos, quando pertinente, os resultados

gerados e as principais decisões adotadas deverão, também, ser comunicadas à força de

trabalho e aos demais stakeholders, buscando envolvimento de todos com o alcance dos

objetivos estratégicos.

E, como última etapa do sistema de monitoramento aqui proposto, deverão ser

realizadas reuniões trimestrais com a alta administração e o gerente do EPQ para analisar

criticamente o desempenho global, considerando as estratégias e planos, os processos

principais, os resultados dos indicadores estratégicos e os interesses dos stakeholders.

Nas reuniões de análise crítica global é importante que sejam apresentados os

indicadores sobre informações qualitativas, variáveis do ambiente externo e informações

comparativas pertinentes, pois é o momento em que a alta administração deverá se posicionar

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141

em relação aos resultados obtidos, às propostas de ajustes apresentadas ao realinhamento dos

planos de ação, aos objetivos estratégicos estabelecidos, validando ou sugerindo novas

estratégias de solução.

Nessa etapa ocorre o processo de feedback, pois são apresentados os ajustes

necessários considerando os desvios identificados na estratégia definida, o que conduzirá ao

refinamento e à evolução do processo de Aprendizado Organizacional, fechando-se assim o

ciclo PDCA (Figura 16).

Aprendizado Organizacional

FIGURA 16: Ciclo do Aprendizado Organizacional Fonte: Adaptado do MEGP

Todas essas etapas compõem o modelo de avaliação de desempenho de

organizações hospitalares públicas. Espera-se que, uma vez implantado no HMJEH, esse

modelo funcione como um “painel de bordo” para orientação dos tomadores de decisões

contribuindo para a implementação das estratégias da Instituição e para a melhoria do objetivo

de proporcionar uma assistência à saúde efetiva e humanizada.

Definir PAs

Fazer (D)

Realizar análise crítica global

trimestral com diretoria

Propor ajustes. Disseminar

deliberações para

steakholders

Planejar (P)

Controlar (C) Avaliar (A)

Planejar (P)

Controlar (C) Avaliar (A)

3 x

3 x

3 x

3 x

Fazer (D)

Realizar reunião de

acompanhamento

Definir/ Redefinir

PA e Indicador de BSC

Propor ações de melhoria

Controlar, analisar e gerar relatório de PA e

indicador de BSC

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142

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Apesar de muitos gestores públicos desejarem implementar esse novo modelo de

gestão, muitas organizações não dispõem de mecanismos que viabilizem essas ações,

limitando-os muitas vezes apenas ao cumprimento das exigências legais relativas à execução

do orçamento e a publicização dos seus atos. Entretanto, a sociedade contemporânea,

conhecendo os seus direitos e insatisfeita com os serviços prestados pelos entes públicos, tem

cobrado resultados de maneira enfática, forçando os dirigentes a buscarem mecanismos para

enfrentar esse desafio.

No modelo desenvolvido, que corresponde ao objetivo geral da dissertação, o

BSC foi utilizado como uma ferramenta que permite medir os resultados da estratégia

implementada no hospital. Com base nas informações obtidas durante a interação com a

equipe do HMJEH e seus stakeholders, foram identificados os fatores que deverão ser

trabalhados para a obtenção das mudanças pretendidas, de modo a que o objetivo de maior

hierarquia do modelo – melhoria da qualidade da prestação de serviços – seja obtido. O Mapa

Estratégico do hospital apresenta todos os objetivos pretendidos, e a relação de causa e efeito

entre eles.

Esses objetivos estão integrados as quatro perspectivas para o HMJEH:

Sustentabilidade; Aprendizado e Crescimento; Modernização Administrativa e Steakeholders.

De forma resumida, pode-se dizer que a perspectiva Sustentabilidade foi definida abrangendo

os aspectos financeiros e socioambientais; na perspectiva Aprendizado e Crescimento foi

dada atenção para os colaboradores da instituição, modernização tecnológica e conhecimento,

requisitos básicos para que ocorram as melhorias necessárias; dando destaque ao

aprimoramento da gestão, foi criada a perspectiva Modernização Administrativa; e por

último, foi criada a perspectiva dos Stakeholders, cujos resultados das demais perspectivas

irão propiciar a plena satisfação de institucional e interno do hospital apresenta suas

expectativas.

Foram formulados 17 objetivos estratégicos, que contemplam as expectativas dos

principais stakeholders investigados. A consecução desses objetivos será medida pelo

conjunto de 26 indicadores, inteiramente definidos na proposta do modelo.

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143

Esse conjunto de elementos – perspectivas, objetivos e indicadores – compõe o

Modelo de Avaliação de Desempenho proposto para o hospital, em atendimento ao objetivo

geral da dissertação.

Além disso, em cumprimento aos objetivos específicos, o trabalho contempla a

metodologia de Monitoramento e Análise dos Indicadores, compreendendo desde a formação

das equipes, o desenvolvimento e a implementação dos Planos de Ação, a montagem de

sistema de informações sobre os resultados desses planos e sobre os valores dos indicadores

constantes do modelo. São contempladas, ainda, a sistemática de realização das reuniões de

análise crítica e uma proposta indicadores para o próprio monitoramento desses encontros.

Porém, para que a implementação do BSC no hospital aconteça com sucesso,

alguns problemas foram identificados e merecem tratamento prioritário. A eliminação dessas

fragilidades caracteriza as transformações necessárias ao HMJEH, hospital público municipal,

para que seja possível a implementação de um modelo de medição de desempenho,

questionamento indutor da pesquisa.

Os problemas que necessitam ser minimizados são:

a) A baixa expectativa da força de trabalho em relação à possibilidade de

melhorias na instituição, considerando os sérios problemas financeiros

vivenciados no dia a dia, como, por exemplo, a recorrente falta de material

básico para a realização das atividades;

b) As limitações de recursos financeiros pelo fato de ser uma instituição pública,

onde sua sustentação depende de recursos do SUS e do Governo Municipal, e

este tem restrições financeiras para suprir o hospital dos recursos necessários

ao seu adequado funcionamento;

c) A baixa qualificação técnica da maioria dos colaboradores do hospital,

particularmente no uso de ferramentas de gestão e qualidade;

d) A grande quantidade de servidores temporários (aproximadamente, um terço da

força de trabalho), com baixa remuneração, poucos benefícios e uma situação

funcional instável, condição que compromete o clima organizacional da

instituição, refletindo nos resultados desejados;

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144

e) O baixo nível de informatização do hospital, que compromete a qualidade e

confiabilidade dos dados, o que representa um grande desafio a ser contornado,

uma vez que o BSC trabalha com o monitoramento de indicadores, que devem

ser coletados, registrados, tratados e disponibilizados para todos os

interessados, de maneira tempestiva; e por último,

f) A grande deficiência do sistema de comunicação interna e externa da

instituição, que precisa ser melhorado para promover maior integração das

pessoas e a sinergia necessária à implementação das estratégias do BSC.

A despeito dessas dificuldades, existem dois elementos facilitadores muito

importantes para a implementação do modelo. O primeiro deles reside no fato de que já existe

na instituição a maioria dos procedimentos necessários à geração das informações para a

construção dos indicadores, que necessitam apenas serem compiladas e formatadas de modo

adequado para seu uso. E, o outro elemento facilitador é a simplicidade da ferramenta BSC,

que traduz a estratégia da organização em uma linguagem comum, passando a ser entendida

por todos os colaboradores, em todos os níveis da instituição.

Como forma de dar continuidade ao estudo do desempenho em organizações

públicas de saúde, sugere-se que futuras pesquisas monitorem a experiência de

implementação do modelo, no próprio HMJEH, e avalie sua contribuição na melhoria da

gestão e dos resultados do hospital, bem como, experimente formulações semelhantes ou

adaptadas em outras organizações do setor de saúde, de modo a consolidar uma proposta de

avaliação de desempenho ajustada às especificidades dessas instituições.

Com isso, espera-se que a implementação desse modelo no HMJEH e as melhorias

que dele decorram, contribuam efetivamente para a maior eficácia e eficiência na gestão dos

recursos públicos alocados à instituição e para o adequado exercício de sua missão de

promover a saúde das populações de sua região de atuação, tornando-a uma experiência de

excelência na gestão pública, que possa servir de referência e estímulo para outras

organizações similares.

Finalmente, como o modelo é aplicável a qualquer tipo de organização pública,

sugere-se seu uso em outros órgãos/entidades, como Secretaria do Turismo, Secretaria de

Planejamento e Administração, Secretaria de Segurança Pública, como também em programas

oriundos de políticas públicas de governo, como a Ronda do Quarteirão, entre outros,

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145

fazendo em cada caso específico, os ajustes necessários ao modelo, de modo a adequá-lo às

especificidades de cada uma das atividades desenvolvidas por essas entidades.

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146

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APÊNDICE A

RESUMO

AUTOAVALIAÇÃO DO HOSPITAL MUNICIPAL DR. JOÃO ELÍSIO DE HOLANDA 1. PROCESSOS GERENCIAIS

Critério 1: Liderança

Descrição das Práticas de Gestão – Processos Gerenc iais Critério: 1 Liderança – Alínea A Reuniões esporádicas, apenas quando em situações de emergência, não havendo planejamento estratégico definido e interação eficaz entre os setores. Reuniões programadas com participação dos setores visando integração intersetorial e dos profissionais das diversas categorias. Oportunidades para Melhoria (OM) relativas ao Requi sito 1. Comunicação direta entre as lideranças e esta para os servidores dos seus setores. 2. Desenvolver um estreitamento da relação entre a alta administração e os servidores. Critério: 1 Liderança – Alínea B As decisões são divulgadas para os diversos setores, sem a participação dos atores, causando muitas vezes a não adesão das partes interessadas, invalidando, na maioria das vezes, a implementação das decisões. As decisões são implementadas de maneira co-participativa, ouvindo as partes Interessadas, levantando as necessidades e priorizando as mais urgentes. Oportunidades para Melhoria (OM) relativas ao Requi sito 1. Melhoria da comunicação inter-setorial. 2. As decisões deverão ser comunicadas através de documentos formais e reuniões para facilitar

entendimento e adesão. Critério: 1 Liderança – Alínea C

Para o usuário, a alta administração procurava assegurar o atendimento de suas necessidades. Em relação ao servidor, o atendimento era precário no que se refere às condições de trabalho, humanização a insatisfação dos profissionais. Oportunidades para Melhoria (OM) relativas ao Requi sito Criar uma prática que permita a internalização dos princípios. Critério: 1 Liderança Alínea D Não foi registrada a prática. Oportunidades para Melhoria (OM) relativas ao Requi sito 1. Realizando reuniões com as lideranças dos setores para que os mesmos divulguem as ações com

os demais priorizando as necessidades mais urgentes. 2. Realizando levantamento das necessidades por um grupo de assessores da consultoria. Critério: 1 Liderança – Alínea E Não foi registrada a prática. Oportunidades para Melhoria (OM) relativas ao Requi sito Desenvolver uma ferramenta para analisar criticamente o desempenho, avaliar as práticas de gestão. Critério: 1 Liderança – Alínea F

Não foi registrada a prática. Oportunidades para Melhoria (OM) relativas ao Requi sito Não foi registrada a prática de melhoria.

Fonte: Autoavaliação do Hospital de Maracanaú/2009.

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Critério 2: Estratégias e Planos

Descrição das Práticas de Gestão – Processos Gerenc iais Critério: 2 Estratégias e Planos – Alínea A de ação em fase de implantação e disseminação. Houve um levantamento das necessidades e foram definidos 21 projetos. Oportunidades para Melhoria (OM) relativas ao Requi sito 1. Democratizar as informações. 2. Desenvolvimento de um planejamento estratégico. Antecipar-se aos problemas (pro-ativa). Critério: 2 Estratégias e Planos – Alínea B Os indicadores e as metas foram estabelecidos e estipulados, com prazos, entretanto não foram disseminados pela Assessoria.

Oportunidades para Melhoria (OM) relativas ao Requi sito 1. Disseminar as informações (indicadores, metas e prazos). Integração dos grupos. Critério: 2 Estratégias e Planos – Alínea C Estão sendo alocados recursos financeiros e humanos de acordo com as prioridades do plano de ação. Ex: nutrição, lavanderia e destino do lixo hospitalar. Oportunidades para Melhoria (OM) relativas ao Requi sito Compra de equipamentos. Critério: 2 Estratégias e Planos – Alínea D O plano de ação está sendo comunicado em reuniões quinzenais das lideranças, sendo que as metas e as estratégias ficam restritas aos grupos, não estão sendo repassadas às demais lideranças. Oportunidades para Melhoria (OM) relativas ao Requi sito Disseminar informações através de mural. Critério: 2 Estratégias e Planos – Alínea E Reuniões semanais dos grupos inseridos no plano de ação, com definição de um líder e um secretário, que registram as atividades, os prazos, os responsáveis para avaliar o que foi implementado ou não e redefinir as estratégias. Oportunidades para Melhoria (OM) relativas ao Requi sito Mais integração dos grupos.

Fonte: Autoavaliação do Hospital de Maracanaú/2009.

Critério 3: Cidadãos

Descrição das Práticas de Gestão – Processos Gerenc iais Critério: 3 Cidadãos – Alínea A As necessidades e expectativas de cidadãos-usuários são identificadas por demanda espontânea dos mesmos por meio do: corpo funcional do hospital, principalmente as gerências; serviço de Ouvidoria; administração da instituição; administração municipal; e Conselho Municipal de Saúde. A análise dessas demandas é realizada pelo serviço de Ouvidoria, pelos gestores da instituição e gestão municipal. A utilização dessas informações para definição e melhoria dos produtos, serviços e processos de organização é feita pelos gestores do hospital e administração municipal. Oportunidades para Melhoria (OM) relativas ao Requi sito 1. Aperfeiçoar o serviço de Ouvidoria do hospital (ampliar a divulgação do serviço e investir em

instrumentos de trabalho para o setor). 2. Realizar Investimentos em projetos de avaliação de satisfação dos usuários na instituição. Critério: 3 Cidadãos – Alínea B A divulgação dos produtos e serviços e ações de melhoria da instituição é realizada esporadicamente em jornal periódico de circulação local da administração municipal e no site do Município. Atualmente, não existem padrões de atendimento na instituição. Oportunidades para Melhoria (OM) relativas ao Requi sito 1. Implantação de padrões de atendimento. 2. Criação e análise de indicadores de qualidade. 3. Criação do site do hospital. 4. Criação de um jornal informativo da própria instituição.

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Critério: 3 Cidadãos – Alínea C As reclamações e sugestões que chegam informalmente por meio do cidadão-usuário para o corpo funcional do hospital são acatadas e quando possível atendidas ou comunicadas aos gestores da instituição. Aquelas que chegam formalmente por meio do Serviço de Ouvidoria passam por um processo padrão do serviço. Oportunidades para Melhoria (OM) relativas ao Requi sito Implantação de um sistema padrão de fluxo, centralizado no Serviço de Ouvidoria para todas as demandas (formais e informais). Critério: 3 Cidadãos – Alínea D Não existe. Oportunidades para Melhoria (OM) relativas ao Requi sito 1. Implantação de um projeto de avaliação de satisfação dos usuários. 2. Criação e análise de indicadores de qualidade.

Fonte: Autoavaliação do Hospital de Maracanaú/2009.

Critério 4: Sociedade

Descrição das Práticas de Gestão – Processos Gerenc iais Critério: 4 Sociedade – Alínea A A instituição não possui um plano de gerenciamento de resíduos de serviços de saúde atuante. Os resíduos estão em desacordo com a legislação vigente (RDG) nº 306/Anvisa. Quanto à saúde coletiva, alguns telhados e estruturas físicas acumulam água facilitando a proliferação do mosquito da dengue. No que diz respeito à segurança, podemos relatar que os portões permanecem abertos diuturnamente, permitindo a entrada de qualquer pessoa sem identificação, gerando assim situações de furtos de objetos, bicicletas, carros etc. Podemos dizer também da falta de segurança dos núcleos do hospital para os funcionários e plantonistas. Oportunidades para Melhoria (OM) relativas ao Requi sito 1. Existência de plano de gerenciamento de resíduos de serviços de saúde atuante. Os resíduos

devem ser segregados, transportados, acondicionados, pesados e abrigados adequadamente, de acordo com a legislação vigente.

2. No tocante ao mosquito da dengue, deve-se ter um envolvimento dos agentes de endemias pela Secretaria de Saúde.

3. Segurança armada nas portarias principais. E segurança de controle nas entradas internas do hospital.

4. Criação de um selo de identificação para os carros dos funcionários. 5. Educação para o uso consciente da água e papel. 6. Melhoria do serviço de fonia. Obs.: Através da reciclagem dos resíduos, gerar a captação de recursos para suprimento de fundos para os setores com finalidade de apoio ao bom funcionamento. Critério: 4 Sociedade – Alínea B É precária. Quanto a reciclagem dos resíduos acontece de forma muito reduzida e não envolve todos os setores. Quanto à limpeza da área externa, existe uma parceria com a Secretaria de Obras que vem eventualmente realizar a capinagem. Inexistência de eventos que promovam conscientização e envolvimento da sociedade quanto à responsabilidade socioambiental. Oportunidades para Melhoria (OM) relativas ao Requi sito 1. O processo de reciclagem de resíduos deverá envolver todos os setores do hospital. Coleta

seletiva com identificadores de resíduos (papel, vidro, plástico e resíduo orgânico). 2. A limpeza da área externa deverá ocorrer com agenda específica e datas determinadas. 3. Vídeos informativos nas salas de espera das clínicas. 4. Folders nas áreas de circulação de usuários. 5. Eventos que envolvam a sociedade com a responsabilidade socioambiental.

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Critério: 4 Sociedade – Alínea C Não existe nenhuma forma de comunicação do hospital com a população (reuniões, outdoors, informações veiculadas). Conhecemos a atuação do Serviço Social do registro de nascimento de nascidos vivos.

Oportunidades para Melhoria (OM) relativas ao Requi sito 1. Veiculação de informações através de seminários com a população, através de rádio, televisão,

outdoors. 2. Promoção de ginástica laboral e relaxamento para os funcionários. 3. Criação do “cantinho do bem estar”. 4. Comunicação visual em todos os setores do hospital. 5. Divulgação dos nos de atendimentos realizados mensalmente por todos os serviços em painéis

visíveis ao usuário. Critério: 4 Sociedade – Alínea D Desconhecemos a prática de gestão para estimular o exercício da responsabilidade social.Desconhecemos a existência do código de ética do hospital.Falta de informação para o usuário com relação aos serviços oferecidos.Falta de informação para os funcionários sobre os riscos inerentes a suas funções, CAT – Cadastros de Acidente de Trabalho subnotificados. Oportunidades para Melhoria (OM) relativas ao Requi sito 1. O código de ética se existente deverá ser amplamente divulgado para os funcionários. 2. Humanização do serviço. 3. Informações corretas e precisas dos séricos ofertados e que os funcionários tenham o

conhecimento destas informações mesmo não sendo do setor específico de suas atividades. 4. Informações sobre os riscos inerentes às funções exercidas, pois com o conhecimento levará ao

comprometimento e prevenção de acidentes de trabalho.

Critério: 4 Sociedade – Alínea E Não existe uma sistemática de identificação das necessidades da sociedade através da investigação de dados. Tem prática em relação ao atendimento de pacientes em traumatologia e atendimento em odontologia em pacientes especiais. Oportunidades para Melhoria (OM) relativas ao Requi sito 1. Realização da investigação dos dados. 2. Apoio dos meios de divulgação para eventos temáticos dos diversos serviços oferecidos pela

instituição com calendário pré-definido e com periodicidade mensal. Ex: saúde bucal, saúde mental, nutrição, saúde vocal, DST, planejamento familiar, tabagismo, violência à criança e ao idoso etc., tendo como slogan “conhecendo o seu hospital”.

Fonte: Autoavaliação do Hospital de Maracanaú/2009.

Critério 5: Informações e Conhecimento

Descrição das Práticas de Gestão – Processos Gerenc iais Critério: 5 Informações e Conhecimento – Alínea A As necessidades são identificadas, definidas e implantadas por setores individualmente, com os recursos existentes. Oportunidades para Melhoria (OM) relativas ao Requi sito Integração, participação de todos os níveis gerenciais, na identificação e soluções. Critério: 5 Informações e Conhecimento – Alínea B Não existe segurança devido à fragilidade do sistema de informação. Oportunidades para Melhoria (OM) relativas ao Requi sito Implantação de sistemas de maior confiabilidade, que não permitam subnotificação. Critério: 5 Informações e Conhecimento – Alínea C Precariamente. Oportunidades para Melhoria (OM) relativas ao Requi sito Criar mecanismos para registro de informações que possam auxiliar nas tomadas de futuras decisões.

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Critério: 5 Informações e Conhecimento – Alínea D Atualmente não são utilizadas outras organizações como referencial comparativo. Oportunidades para Melhoria (OM) relativas ao Requi sito Reforçar o sistema de informação que permita estabelecer comparação com organizações similares.

Critério: 5 Informações e Conhecimento – Alínea F Rudimentarmente, com sistema de informação precário e pouco confiável. Oportunidades para Melhoria (OM) relativas ao Requi sito Reforçar tecnologicamente as informações da organização. Fonte: Autoavaliação do Hospital de Maracanaú/2009

Critério 6: Pessoas

Descrição das Práticas de Gestão – Processos Gerenc iais

Critério: 6 Pessoas – Alínea A O Hospital é dividido em Núcleos com organizações próprias. Existem níveis de coordenação com autonomia pontual. O modelo de gestão ainda é centralizado. A força de trabalho é desmotivada. Existem diversos vínculos empregatícios e não existem requisitos técnicos definidos para exercer atividades específicas. Espaço físico deteriorado dificultando a realização das atividades gerando insatisfação. Existem profissionais competentes, porém desmotivados a dar o seu melhor. Existem profissionais com especializações específicas fora de sua área de atuação. Existem pessoas sem qualificação para as funções que exercem. Falta adequação da contratação para atender as necessidades do hospital. Oportunidades para Melhoria (OM) relativas ao Requi sito Hoje para o nível tecnológico, padrões de acessibilidade e proposta de trabalho humanizado, se faz necessário mudar o modelo de gestão de “centralizadora” para uma gestão mais participativa. Desburocratizando processos, agilizando decisões, delegando responsabilidades às pessoas. O profissional tem que ser sujeito do processo. Critério: 6 Pessoas – Alínea B Não existe uma política para estimular a força de trabalho em busca de melhores resultados. Oportunidades para Melhoria (OM) relativas ao Requi sito

1. Implantação de uma política de humanização com usuários e profissionais 2 .Processo de motivação profissional.

Critério: 6 Pessoas – Alínea C Oportunidades para Melhoria (OM) relativas ao Requi sito Planejamento de capacitação profissional para o desenvolvimento de pessoas. Critério: 6 Pessoas – Alínea D Existe de forma fragmentada. Existe, em processo de implantação, o programa de capacitação, porém sem a identificação, o planejamento e a promoção de ações de capacitação e desenvolvimento técnico. Oportunidades para Melhoria (OM) relativas ao Requi sito

1. Identificação das necessidades específicas de cada área. 2. Planejar ações de capacitação. 3. Promover a capacitação para o desenvolvimento técnico.

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Critério: 6 Pessoas – Alínea E Não existe. Oportunidades para Melhoria (OM) relativas ao Requi sito 1.Implantação da CIPA e 2. Implantação da CCIH Existe o setor responsável pela identificação dos perigos e dos risos relacionados a saúde ocupacional, CCIH c/reestruturação. 3. A divulgação das atividades desenvolvidas e processos executados. ERGONOMIA Dar prioridade à preservação da integridade física da força de trabalho, razão pela qual as práticas voltadas para a saúde ocupacional, segurança e ergonomia devem ser tratadas com atenção. Devemos estabelecer métodos que identifiquem os perigos e riscos envolvidos em suas operações e definam formas de reduzir sua importância ou, mesmo, de eliminar os riscos. As atividades de identificação de riscos podem ser realizadas por meio de mapeamento de riscos e análises de probabilidade de ocorrência e impacto.

Em função da gravidade dos riscos identificados, devem ser estabelecidas ações preventivas.

Considerando-se que a segurança das pessoas é bastante dependente de aspectos comportamentais, ações de conscientização quanto aos riscos envolvidos devem também ser consideradas na implementação de ações preventivas.

Critério: 6 Pessoas – Alínea F Não existe. Oportunidades para Melhoria (OM) relativas ao Requi sito

1. Implantação e implementação do RH em seu âmbito geral 2. Contratação de psicóloga para o RH 3. Interação do RH com os servidores (interação) 4. Política de valorização do servidor.

Critério: 6 Pessoas –Alínea G Existe de forma fragmentada. Fonte: Autoavaliação do Hospital de Maracanaú/2009.

Critério 7: Processos

Descrição das Práticas de Gestão – Processos Gerenc iais Critério: 7 Processos – Alínea A Ambulatorial: • O processo de atendimento ambulatorial de forma eqüitativa entre as AVISAS, tendo por base a

população existente conforme o SISREG; • Usuário recebe a guia referência ambulatorial na unidade de saúde por indicação profissional

para a consulta de especialidade que necessita. • Após o atendimento o usuário recebe os devidos encaminhamentos (exames, retornos, outras

especialidades e outros). • Este processo foi desenhado visando a satisfação do usuário e eliminando apadrinhamentos e

outros entraves, objetivando os princípios do SUS. • Obs.: só avaliamos a questão ambulatorial. Ficou faltando: internação hospitalar e domiciliar,

urgência e emergência. • Treinamento de humanização e relações interpessoais.

Oportunidades para Melhoria (OM) relativas ao Requi sito 1. Identificar os motivos dos não-atendimentos, como também quais os usuários atendidos. 2. Identificar a demanda reprimida nas unidades básicas para que possamos planejar as

especialidades a serem contratadas, como também estimar a relação de oferta/demanda. 3. Treinamento de humanização e relações interpessoais.

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Critério: 7 Processos – Alínea B Processo de monitoramento: • As metas são definidas conforme nº de especialidades, especialistas, carga horária e não por

necessidade da população. • A meta é estimada pelo especialista/especialidade e não pela instituição. • O controle dos objetivos atingidos é realizado por comparação de anos anteriores (2006 –

atualmente), por não haver registros. • Ausência de políticas norteadores para a execução dos processos (normas, rotinas e fluxos de

atendimento). • A autonomia administrativa é comprometida das seguintes formas: tem autonomia e não exerce

e não tem autonomia. Existência de profissionais competentes para o cargo e presença de pessoas não habilitadas em cargos de gestão. Oportunidades para Melhoria (OM) relativas ao Requi sito • As metas devem ser definidas em conformidade com a Portaria 1101/SAS/MS, na qual se baseia o atendimento à população. • Elaboração de normas, rotinas e fluxos de atendimento. • Formação pessoal de liderança e gestão pública. Critério: 7 Processos – Alínea C Os processos de análise podem ser: 1. Quantitativo – realizado através da consolidação e envio da produção ambulatorial para o

sistema de informação ambulatorial (SIA/SUS). 2. Qualitativo – inexistente e/ou esporádico. 3. Nos últimos dois anos: 4. A consolidação mensal dos dados; 5. Apresentação dos resultados obtidos durante o ano pelos setores; 6. Elaboração do relatório de gestão; 7. Citamos como uma nova característica no serviço ambulatorial o sistema de regulação dos

procedimentos, onde o acesso do usuário foi facilitado. Oportunidades para Melhoria (OM) relativas ao Requi sito Não foram relatadas oportunidades de melhoria. Critério: 7 Processos – Alínea D Os formulários são selecionados a partir da necessidade da demanda (usuário), da oferta disponível, da possibilidade financeira, do preço e qualidade, da estrutura existente e das políticas do SUS. Oportunidades para Melhoria (OM) relativas ao Requi sito 1. Adequação e manutenção da estrutura física do serviço prestado. 2. Sistemática aquisição e manutenção dos equipamentos. 3. Constante monitoramente dos fornecedores e produtos adquiridos. 4. Adequar temporalmente aquisição a necessidade.

Critério: 7 Processos – Alínea E Os fornecedores são avaliados de modo informal, conforme as insatisfações informadas por setores, serviços, profissionais e usuários. Oportunidades para Melhoria (OM) relativas ao Requi sito 1. Um sistema de ouvidoria. 2. Criar prática de avaliação sistemática e formal dos fornecedores. 3. Fiscal de contrato. 4. Parecer da equipe técnica.

Critério: 7 Processos – Alínea F 1. Elaboração centralizada, a nível da equipe da Secretaria Municipal de Saúde e técnicos da

Secretaria do Planejamento. 2. Gerenciamento do orçamento - realização pela direção do Hospital. 3. O Hospital não tem autonomia financeira.

Oportunidades para Melhoria (OM) relativas ao Requi sito • É democratizar a elaboração e gerenciamento do orçamento, elegendo as prioridades e com a participação dos gestores dos serviços.

• Orçamento participativo. Fonte: Autoavaliação do Hospital de Maracanaú/2009.

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Critério 8: Resultados - Cidadãos - Usuários

Resultados Organizacionais Critério: 8 Resultados - Cidadãos-Usuários

Apresentação objetiva dos resultados em relação ao Requisito Resultados relativos aos cidadãos-úsuários:

Foi recente a implantação dos serviços de ouvidoria, ainda em fase de estruturação, não dispondo de banco de dados para uma avaliação de resultados. 2006 2007 2008

Critério: 8 Resultados - Sociedade Apresentação objetiva dos resultados em relação ao Requisito

Resultados relativos à sociedade: Existe um trabalho social realizado na tisiologia e clínica médica com pacientes sem teto, voltados para a aquisição de documentos e aposentadorias, aquisição de vale-transporte para o paciente internado com TB, para viabilizar a visita de familiares (doação pelo fundo global), bem como aquisição de registro de nascimento em famílias carentes. Desconhecemos os dados relativos à sociedade contabilizados. 2006 2007 2008

Critério: 8 Resultados – Orçmentários e Financeiros

Apresentação objetiva dos resultados em relação ao Requisito Em relação à redução de custos operacionais:

Aquisição de alguns aparelhos: - chip-cell (redução de gastos com telefone fixo); - duplicadora (redução de gastos com impressos); - convênio com a Coelce (para reativar grupo gerador); trocas de lâmpadas e renovação de contratos de manutenção. Diante dessas medidas para contenção de despesa, foi observada uma redução nos valores dos gastos, porém não temos indicadores contabilizados no momento. 2006 2007 2008

Critério: 8 Resultados - Pessoas Apresentação objetiva dos resultados em relação ao Requisito

Resultados relativos às pessoas: Existe trabalho de capacitação com os servidores realizado pela Educação Continuada, CCIH; acompanhamento prático de acadêmicos de enfermagem pela Estomoterapia e acadêmicos de medicina pelos técnicos da Tisiologia; 2. Dificuldade de cumprimento de plano de capacitação devido à alta rotatividade dos servidores, dificultando o desenvolvimento correto das práticas; 3. Existe busca ativa pelo CCIH de infecções hospitalares por clínica, e contabilidade dos índices; 4. Notificação (CCIH) dos acidentes de trabalho com material perfuro-cortante e acompanhamento do servidor com exames/medicamentos; 5.Não temos índices contabilizados dos acidentes e capacitação; 6.Desconhecemos o percentual de absenteísmo e rotatividade dos servidores.

Faturamento/ média mensal 354.665,00 389.943,00 490.537,00

SAI/SIH 426.628,70 487.327.8 60,6237,2

Faturamento anual 4959481 5,58666 5,86666

Leite humano coletado 293 341 479

Leite humano distribuído 100% 100% 100%

Total de atendimento: 2006:155.388; 2007: 131-571; 2008:143.131

155388 131571 143131

Ouvidoria 3.429

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Critério: 8 Resultados – Processos de Suprimento Apresentação objetiva dos resultados em relação ao Requisito

Tempo médio de atendimento pelos fornecedores: Dependendo do tipo de material ou fornecedor, a aquisição é entregue em tempo hábil, porém, na maioria das vezes existe o descumprimento do prazo de entrega do material, prejudicando o andamento do serviço. Critério: 8 Resultados – Processos Finalísticos e A poio

Apresentação objetiva dos resultados em relação ao Requisito 2006 2007 2008

Fonte: Autoavaliação do Hospital de Maracanaú/2009.

Taxa de ocupação - pediatrica 58,6 58,6 72,4 Taxa de mortalidade 0 0 0,2 Taxa de ocupação - tisio 79,1 69,3 90,7 Taxa de mortalidade 18,8 17,2 15,2 Média de permanência/ tisio/dia 29 37 39

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APÊNDICE B

RESUMO DO MAPEAMENTO DO PROCESSO SAME

1 INTRODUÇÃO

O Serviço de Arquivo Médico e Estatística – SAME é uma atividade na área hospitalar responsável pela guarda, inspeção e controle da movimentação dos prontuários médicos (arquivo ativo e inativo), pela coleta de dados, apuração e elaboração de estatísticas, controle da movimentação das fichas de Pronto Atendimento e manutenção do local de guarda de documentos, além de informar o resultado das inspeções realizadas. Os empréstimos dos prontuários, que é realizado mediante autorização por escrito do Coordenador Clínico, também é de responsabilidade da unidade do SAME, que controla sua movimentação e garante a rastreabilidade das informações. Os empréstimos ocorrem dentro ou fora de suas dependências sempre que há necessidade de revisão ou análise dos prontuários pelos setores solicitantes. Além dessas atividades, o SAME realiza a coleta de dados do Censo Diário, que gera as estatísticas relacionadas ao movimento físico do Hospital e as envia para as diversas áreas administrativas e clínicas, visando auxiliar na geração de informações para as tomadas de decisões. Mensalmente o SAME notifica à Secretaria de Saúde, todos os pacientes que saíram de alta hospitalar/óbito com seus respectivos diagnósticos de saída, por meio da “Comunicação de Internação Hospitalar – CIH”, os nascidos vivos na instituição, por meio do “Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos – SINASC” e o Cadastro Nacional dos Estabelecimentos de Saúde – CNES. 2 OBJETIVO

Mapear o processo de Sistemas de Arquivos Médicos e Estatísticas – SAME, do Hospital Dr. João Elísio Holanda, por meio de oficina utilizando a metodologia de simplificação de processos desenvolvida pelo GESPÚBLICA. Na oportunidade foi capacitado um grupo de servidores do hospital na referida metodologia que poderá ser utilizada nos demais setores do hospital.

2.1 Objetivos específicos Detalhar as atividades executadas no processo simplificado. Identificar e propor soluções para as causas de problemas na execução do processo. Identificar oportunidades de melhoria, de forma a garantir tempestivamente as informações do SAME com qualidade. 3 JUSTIFICATIVA

A melhoria do processo de Atividades do SAME faz-se necessária em virtude da

insatisfação de seus usuários em relação a disponibilidade, qualidade e integralidade de suas informações.

O conhecimento da execução do processo é fragmentado, restrito aos envolvidos em cada setor que exerce alguma atividade do processo, não sendo de domínio geral de todos que contribuem para a sua realização. Esse problema tornando-se crítico pela inexistência de pontos de controle na execução desse processo. Além disso, existe a atividade de Contas Médias, que atualmente está integrada ao processo e que deveria ser tratada separadamente.

Visando melhorar a qualidade das informações e implantar controles nos subprocessos contemplados nas atividades do SAME torna-se necessário um novo desenho, que contemple a definição de seu fluxo com indicadores de eficácia e eficiência, além de ações que garantam que todos os envolvidos em sua realização estejam capacitados, com pleno conhecimento das atividades que executam, não se restringindo apenas à sua operacionalização.

Por fim, para que haja uma melhoria de impacto urge a implementação de um sistema informatizado que contemple todas as áreas envolvidas no processo e que estão detalhadas neste documento.

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Figura 1- Fluxograma atual das atividades do SAME d etalhado . Fonte: Oficina de simplificação do processo de atividades do SAME.

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4.5 Análise e Melhoria do Processo 4.5.1 Problemática do processo priorizado

Figura 18 – Análise de causa e efeito do problema do processo priorizado Fonte: Oficina de simplificação do processo de atividades do SAME.

4.5.2.1 Desenho do novo fluxo

Sistema informatizado não atende às necessidades.

Intra -estrutura Materiais RH Equipamentos Método

Finanças Gestão Meio-ambiente

Local inadequado.

Ineficiência de informação em rede.

Inexistência de local para o SAME.

Espaço físico inadequado

Insuficiente informação em rede.

Materiais de consumo

Falta de processo seletivo adequado.

Rotatividade de

Falta de capacitação de pessoal.

Prontuários preenchidos de forma inadequada

Definição da chefia e respeitar os demais profissionais(sem demonstrar competitividade).

Desconhecimento da importância do adequado preenchimento dos formulários.

Médico não preenche CID.

Equipamentos insuficientes (mobiliário).

Equipamentos obsoletos (informática).

Indefinição do papel do SAME.

Falta de controle do censo diário dos pacientes.

Planejamento de compras inadequado.

Inexistência de normas/ POP´s/ fluxos em geral.

Falta de fluxo de pacientes

Retorno finan-ceiro inferior ao necessário produzido.

Alocação inadequada de recursos

Inexistência de gestão do

Gestão de pessoas ineficiente.

Falta de informação na abertura dos prontuários.

Iluminação/local adequado.

Informações inconsistentes, gerando insatisfação dos clientes do SAME.

Comunicação ineficiente entre SAME, clientes e fornecedores.

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166

Figura 19 - Fluxograma da melhoria proposta para o SAME Fonte: Oficina de simplificação do processo de atividades do SAME.

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167

Diagramas de interação dos processos

Finalidade

• Registrar os atendimentos e tratamentos médicos for necidos ao usuário pelo Hospital de Maracanaú.

• Subisidiar a classificação de dados e estatísticas d o SAME. • Viabilizar a rastreabilidade de informações acerca dos atendimentos prestados ao usuário.

ENTRADAS SUBPROCESSO SAÍDAS

Necessidades do cliente

• Treinamento dos envolvidos no processo otimizado.

• Contratação de pessoal

com perfil compatível à execução das atividades relacionadas ao processo.

• Automatização do

processo. • Acesso via internet para

acompanhamento do processo.

Recursos

• POP da sistemática de atendimento médico do hospital (contemplando F3/F1/F7/F6/F8/F11/F12/F14).

• Biros, cadeiras, armários (quantidade a ser averiguada internamente).

• Sistema de registro e controle de informações do SAME.

• Acesso à internet. • Estações de trabalho

(monitores, cpu´s, teclados – quantidade a ser verificada internamente).

• Material de consumo.

Pontos de Controle

• % de

informações corretas nos prontuários.

REGISTRO DE

INFORMAÇÕES DO SAME

- F1 – Boletim de Atendimento Emergencial (BAE). Dados do paciente.

- F4 – Laudo para solicitação de autorização para internação hospitalar. F5 – Folha de exame clínico. F6 – Evolução do caso. F7 – Plano Terapêutico e Tratamentos. F8 – Resumo de alta. F9 – Ficha de controle de antimicrobianos (Farmácia). F11 – Formulário de obstetrícia. F12 – Formulário de pediatria.

- F3 – Ficha de referência e contrareferência. F14 – Requisições.

- F13 – Censo Hospitalar.

- F15 – Boletim de Produtividade Ambulatorial (BPA).

- F16 – Boletim de Produtividade Individual (BPI).

- BAE finalizado.

- F2 preenchido.

- F1/ F3 / F4 / F5 / F6 / F7/ F9 / F14 preenchidos (registros do atendimento e tratamento médico efetuados).

-Censo hospitalar diário elaborado.

- BPA/BPI elaborados.

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168

Finalidade

• Acompanhar a execução dos procedimentos médicos e a resolução de pendências médicas. • Realizar e controlar o censo hospitalar e o control e de antimicrobianos no hospital. • Fornecer dados às Contas Médicas para geração de fa tura.

ENTRADAS SUBPROCESSO SAÍDAS

Necessidades do cliente

Treinamento dos envolvidos no processo otimizado. Contratação de pessoal com perfil compatível à execução das atividades relacionadas ao processo. Automatização do processo. Acesso via internet para acompanhamento do processo.

Recursos

• POP da sistemática de atendimento médico do hospital (contemplando F3/F1/F7/F5/F6/F8/F11/F12/F14).

• POP da elaboração do BPA / BPI.

• Biros, cadeiras, armários (quantidade a ser averiguada internamente).

• Sistema de registro e controle de informações do SAME.

• Acesso à internet. • Estações de trabalho

(monitores, cpu´s, teclados – quantidade a ser verificada internamente).

• Material de consumo.

Pontos de Controle

• % de prontuários encaminhados para faturamento.

Fonte: Oficina de simplificação do processo de atividades do SAME.

CLASSIFICAÇÃO DE

DADOS E ESTATÍSTICAS

- Formulários mensais.

- Formulário de prontuário.

- Prontuário.

- F13 – Censo Hospitalar.

- Formulário.

BAE finalizado.

- F2 preenchido.

- F1/ F3 / F4 / F5 / F6 / F7/ F9 / F14 preenchidos (registros do atendimento e tratamento médico efetuados).

-Censo hospitalar diário Elaborado.

- BPA/BPI elaborados.

- BPA.

- Custos / BPA / AIH (Autorização de Internação Hospitalar).

- Organização de prontuário / dados corretos.

- Censo hospitalar atualizado constando de:

• Demonstrativo de nº de cirurgias.

• Demonstrativo de procedimento ambulatoriais e hospitalares.

• Boletim Mensal de nº de atendimentos.

• Movimento hospitalar de transferências.

• Demonstrativo do número de óbitos.

• Indicadores hospitalares (taxa de ocupação / Média diária de pacientes / Média de permanência / Taxa de Mortalidade Institucional de Geral).

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169

Finalidade

• Enviar prontuários concluídos para o Serviço de Conta s Médicas. • Viabilizar a rastreabilidade de informações acerca dos atendimentos prestados ao usuário.

ENTRADAS SUBPROCESSO SAÍDAS

Necessidades do cliente

Treinamento dos envolvidos no processo otimizado. Contratação de pessoal com perfil compatível à execução das atividades relacionadas ao processo. Automatização do processo. Acesso via internet para acompanhamento do processo.

Recursos

• POP da sistemática de atendimento médico do hospital (contemplando F3/F1/F7/F5/F6/F8/F11/F12/F14).

• POP da organização e controle do arquivamento de registros do Hospital de Maracanaú.

• Biros, cadeiras, armários (quantidade a ser averiguada internamente).

• Sistema de registro e controle de informações do SAME.

• Acesso à internet. • Estações de trabalho

(monitores, cpu´s, teclados – quantidade a ser verificada internamente).

• Material de consumo.

Pontos de Controle

• Índice de perda de prontuários.

Fonte: Oficina de simplificação do processo de atividades do SAME.

ARQUIVAMENTO

- Informação do prontuário.

- Dados de verificação do usuário.

- Formulário.

- Custos / BPA / AIH (Autorização de Internação Hospitalar).

- Organização de prontuário / dados corretos.

- Censo hospitalar atualizado.

- Prontuário/ BPA/ BPI finalizados.

- Prontuário atualizado.

- Prontuário.

- 2ª via de documentos ou declarações.

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170

ANEXO I

TABELA DAS FAIXAS DE PONTUAÇÃO GLOBAL

9

Enfoques altamente proativos, refinados, inovadores, totalmente disseminados, com uso continuado, sustentados por um aprendizado permanente e plenamente integrados. Tendências favoráveis em todos os resultados. Nível atual igual ou superior aos referenciais pertinentes para quase todos os indicadores. Liderança no setor reconhecida como "referencial de excelência" na maioria das áreas, processos ou produtos.

851 – 1.000

8

Enfoques muito refinados, alguns inovadores, proativos, com uso continuado e muito bem disseminados pelas áreas, processos, produtos e/ou partes interessadas. O aprendizado promove fortemente a inovação. As práticas entre itens e critérios são na maioria integradas. Tendências favoráveis em todos os resultados. Nível atual igual ou superior aos referenciais pertinentes para quase todos os resultados, sendo referencial de excelência em muitas áreas, processos ou produtos.

751 – 850

7

Enfoques adequados para os requisitos de todos os itens, sendo a maioria refinada a partir de aprendizado e inovação para muitos itens. Quase todos os requisitos são atendidos de forma proativa. Uso continuado em quase todas as práticas, disseminadas pelas principais áreas, processos, produtos e/ou partes interessadas . Existem algumas falhas na sinergia entre áreas e/ou partes interessadas, afetando eventualmente a integração. Quase todos os resultados apresentam tendência favorável e nenhum apresenta tendência desfavorável. Nível atual superior aos referenciais pertinentes para a maioria dos resultados, sendo considerado líder do ramo e referencial de excelência em algumas áreas, processos ou produtos.

651 – 750

6

Enfoques adequados para os requisitos de todos os itens, sendo alguns refinados e a maioria proativos, bem disseminados pelas principais áreas, processos, produtos e/ou partes interessadas. Uso continuado em quase todas as práticas. As práticas de gestão são coerentes com as estratégias da organização, o refinamento decorre do aprendizado e inovação para muitas práticas do item. Existe inter-relacionamento entre as práticas de gestão, mas ainda existem algumas lacunas de cooperação entre áreas e/ou partes interessadas, afetando em parte a integração. Quase todos os resultados apresentam tendência favorável. O nível atual é igual ou superior aos referenciais pertinentes para a maioria dos resultados, podendo ser considerado líder do ramo.

551 – 650

5

Enfoques adequados para os requisitos de quase todos os itens, sendo vários deles proativos, disseminados pelas principais áreas, processos, produtos e/ou partes interessadas. Uso continuado em quase todas as práticas, com controles atuantes. Existem algumas inovações e muitos refinamentos decorrentes do aprendizado. As práticas de gestão são coerentes com as estratégias da organização, existem algumas lacunas no inter-relacionamento entre as práticas de gestão, e existem muitas lacunas de cooperação entre áreas e/ou partes interessadas, afetando regularmente a integração. A maioria dos resultados apresenta tendência favorável. Nível atual é igual ou superior aos referenciais pertinentes para alguns resultados.

451 – 550

4

Enfoques adequados para os requisitos da maioria dos itens, sendo alguns proativos, disseminados na maioria das áreas, processos, produtos e/ou partes interessadas, com controle das práticas para muitos itens. Uso continuado para a maioria das práticas. O aprendizado, o refinamento e a integração ocorrem para muitos itens. As práticas de gestão são coerentes com a maioria das estratégias da organização, mas existem lacunas significativas no interrelacionamento entre as práticas de gestão. Muitos resultados relevantes são apresentados como decorrência da aplicação dos enfoques. Alguns resultados apresentam tendências favoráveis. Início de uso de informações comparativas.

351 – 450

3

Enfoques adequados aos requisitos de muitos itens com proatividade, estando disseminados em algumas áreas, processos, produtos e/ou partes interessadas. Existem incoerências entre as práticas de gestão e as estratégias assim como existem muitas lacunas no inter-relacionamento entre as práticas de gestão. O aprendizado, o refinamento e a integração ocorrem para alguns itens. Alguns resultados relevantes decorrentes da aplicação dos enfoques, avaliações e melhorias são apresentados com algumas tendências favoráveis.

251 – 350

2

Os enfoques se encontram nos primeiros estágios de desenvolvimento para alguns itens, com práticas proativas, em consideração aos fundamentos da excelência, existindo lacunas significativas na aplicação da maioria deles. Algumas práticas apresentam integração. Começam a aparecer alguns resultados relevantes decorrentes da aplicação de enfoques implementados.

151 – 250

1

Estágios preliminares de desenvolvimento de enfoques, quase todos reativos, associados aos fundamentos da excelência, considerando os requisitos dos Critérios. A aplicação é local, muitas em início de uso, apresentando poucos padrões de trabalho associados aos enfoques desenvolvidos. O aprendizado ocorre de forma isolada, podendo haver inovação esporádica. Não ocorrem o refinamento e a integração. Ainda não existem resultados relevantes decorrentes de enfoques implementados.

0 – 150

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171

ANEXO II

QUADRO DE PONTUAÇÃO (%) - PROCESSOS GERENCIAIS

0% 20% 40% 60% 80% 100% Enfoque

• As práticas de gestão são inadequadas aos requisitos

do item, não são apropriadas ao Perfil, ou

não estão relatadas.

• As práticas de gestão apresentadas são

adequadas para alguns dos requisitos do critério e

apropriadas ao Perfil.

• As práticas de gestão apresentadas são

adequadas para muitos requisitos do critério e apropriadas ao Perfil.

• As práticas de gestão apresentadas são

adequadas para a maioria dos requisitos do critério e

apropriadas ao Perfil.

• As práticas de gestão apresentadas são

adequadas para quase todos os requisitos do

critério e apropriadas ao Perfil.

• As práticas de gestão apresentadas são adequadas

a todos os requisitos do critério e apropriadas ao

Perfil.

� • O atendimento a algum(ns) requisito(s) é

proativo.

• O atendimento a muitos requisitos é proativo.

• O atendimento a maioria dos requisitos é proativo.

Aplicação

• As práticas de gestão adequadas não estão

disseminadas.

• As práticas de gestão adequadas estão

disseminadas em algumas áreas, processos, produtos

e/ou pelas partes interessadas pertinentes.

• As práticas de gestão adequadas estão

disseminadas em muitas das áreas, processos,

produtos e/ou pelas partes interessadas pertinentes.

• As práticas de gestão adequadas estão

disseminadas na maioria das áreas, processos,

produtos e/ou pelas partes interessadas pertinentes.

• As práticas de gestão adequadas estão

disseminadas em quase todas as principais áreas, processos, produtos e/ou pelas partes interessadas

pertinentes.

• As práticas de gestão adequadas estão

disseminadas em todas as principais áreas, processos, produtos e/ou pelas partes interessadas pertinentes.

• Uso não relatado. • Uso continuado em alguma(s) das práticas de

gestão adequadas

• Uso continuado em muitas das práticas de

gestão adequadas.

• Uso continuado na maioria das práticas de

gestão adequadas.

• Uso continuado em quase todas as práticas de

gestão adequadas.

• Uso continuado em todas as práticas de gestão

adequadas.

Aprendizado

• Não há mecanismo de avaliação das práticas de

gestão adequadas.

• Não há melhorias sendo implantadas.

• Há melhorias sendo implantadas.

• Alguma(s) das práticas de gestão adequadas apresenta melhorias

decorrentes do aprendizado.

• Muitas das práticas de gestão adequadas

apresentam melhorias decorrentes do aprendizado.

• A maioria das práticas de gestão adequadas apresenta

melhorias decorrentes do aprendizado.

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172

Integração

• As práticas de gestão adequadas não são coerentes com as estratégias e objetivos da organização.

• Quase todas as práticas de gestão adequadas são coerentes com as estratégias e objetivos da organização.

• Todas as práticas de gestão adequadas são coerentes com as estratégias e objetivos da organização.

• Todas as práticas de gestão adequadas são coerentes com as estratégias e objetivos da organização; a maioria das práticas de gestão adequadas está inter-relacionada com outras práticas de gestão, quando apropriado.

• Todas as práticas de gestão adequadas são coerentes com as estratégias e objetivos da organização; quase todas as práticas de gestão adequadas estão inter-relacionadas com outras práticas de gestão da organização, havendo cooperação entre a maioria das áreas da organização na sua implementação, quando apropriado.

• Todas as práticas de gestão adequadas são coerentes com as necessidades organizacionais ou das partes interessadas e estão inter-relacionadas com outras práticas de gestão, havendo cooperação entre quase todas as áreas da organização na sua implementação, quando apropriado.

Notas: (1) Abrangência: "algum (as)" (>0 e <1/4); "muitas" (= ou >1/4); "maioria" (= ou >1/2); "quase todas" ( = ou >3/4); "todas" (=100%). (2) Para determinação da abrangência do atendimento (alguns, muitas, etc.) considerar que cada pergunta dos critérios de processos gerenciais contempla um ou mais requisitos. (3) Nota zero em "enfoque" implica em nota igualmente zero em "aplicação", "aprendizado" e "integração". (4) Nota zero em "aplicação" implica em nota igualmente zero em "aprendizado".

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173

ANEXO III

QUADRO DE PONTUAÇÃO (%) - RESULTADOS ORGANIZACIONA IS

0% 20% 40% 60% 80% 100%

Relevância

• Não foram apresentados resultados relevantes.

• Alguns dos resultados relevantes foram apresentados

• Muitos dos resultados relevantes foram apresentados.

• A maioria dos resultados relevantes foi apresentada.

• Quase todos os resultados relevantes foram apresentados.

• Todos os resultados relevantes foram apresentados.

Tendência (ver nota 3)

•Tendências desfavoráveis para todos os resultados apresentados ou impossibilidade de avaliação de tendências.

• Tendência favorável em um dos resultados relevantes apresentados.

• Tendência favorável em alguns dos resultados relevantes apresentados.

• Tendências favoráveis em muitos dos resultados relevantes apresentados,.

• Tendências favoráveis na maioria dos resultados relevantes apresentados.

• Tendências favoráveis em quase todos dos resultados relevantes apresentados.

Nível atual

• Não foram apresentadas informações comparativas.

• Foi apresentada pelo menos uma informação comparativa, ainda que o nível atual seja inferior a essa informação.

• Foram apresentadas algumas informações comparativas, ainda que o nível atual seja inferior a essas informações.

•O nível atual de alguns resultados relevantes apresentados é igual ou superior às informações comparativas pertinentes.

• O nível atual de muitos resultados relevantes apresentados é igual ou superior às informações comparativas pertinentes.

• O nível atual de muitos dos resultados relevantes apresentados é igual ou superior às informações comparativas pertinentes.

Notas: (1) Abrangência dos fatores Relevância, Tendência e Nível Atual: "algum (ns)" (> 1 e <1/4); "muitos" (= ou >1/4); "maioria" (= ou >1/2); "quase todos" (. = ou >3/4); "todos" (=1/1). (2) Para avaliar os fatores "tendência” e "nível atual” considerar somente os resultados relevantes apresentados. (3) Nota zero em "relevância" implica em nota igualmente zero nos demais fatores. (4) Para avaliação da tendência, considerar resultados dos dois últimos ciclos de avaliação ou planejamento. (5) Resultado estratégico é aquele utilizado para a determinação do alcance das estratégias.

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174

ANEXO IV

QUESTIONÁRIOS DA PESQUISA

STAKEHOLDER: Tribunal de Contas do Município O presente questionário é parte de um projeto de pesquisa sobre a construção de modelo avaliação de desempenho de organizações hospitalares públicas, a partir da Teoria dos Stakeholders, que realça a importância dos objetivos das diversas partes interessadas da organização. Todas as informações obtidas serão utilizadas para fins exclusivamente acadêmicos, não sendo individualizados os respondentes na análise e apresentação de resultados.

I – CARACTERIZAÇÃO (Responda somente os itens aplicáveis)

1.1. Identificação da Empresa

Nome

Número Total de Funcionários

1.2. Identificação do Respondente

Nome

Cargo que ocupa II – IDENTIFICAÇÃO DO GRAU DE IMPORTÂNCIA DOS OBJETIVOS DOS STAKEHOLDERS

2.1. Objetivos do Tribunal de Contas do Município em relação ao HMJEH Com base em pesquisa, foram identificados os seguintes objetivos do Tribunal de Contas do Município para o HMJEH. Por favor, indique, marcando com X, o grau de importância que atribui a estes objetivos, conforme a escala abaixo. Caso algum objetivo que julgue relevante não tenha sido listado, por favor, acrescente-o com letra de forma, indicando o grau de importância que atribui ao mesmo. (ESCALA: SI – sem importância; PI – pouco importante; I – importante; MI – muito importante)

Marque com X, o grau de importância

OBJETIVOS

SI PI I MI 2.1.1 Prestar assistência humanizada, integral, equânime e universal. 2.1.2 Ser efetivo em relação ao seu papel no Sistema de Saúde

2.1.3 Aplicar de maneira racional e responsável os recursos financeiros e materiais

2.1.4 Prover transparência da alocação e utilização dos recursos

2.1.5 Implementar política de responsabilidade socioambiental

2.1.5 Ser reconhecido e ter credibilidade

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175

QUESTIONÁRIO DA PESQUISA

STAKEHOLDER: Alta Direção O presente questionário é parte de um projeto de pesquisa sobre a construção de modelo avaliação de desempenho de organizações hospitalares públicas, a partir da Teoria dos Stakeholders, que realça a importância dos objetivos das diversas partes interessadas da organização. Todas as informações obtidas serão utilizadas para fins exclusivamente acadêmicos, não sendo individualizados os respondentes na análise e apresentação de resultados.

I – CARACTERIZAÇÃO (Responda somente os itens aplicáveis)

1.1. Identificação do Hospital

Nome

Número Total de Funcionários

1.2. Identificação do Respondente

Nome

Cargo que ocupa

II – IDENTIFICAÇÃO DO GRAU DE IMPORTÂNCIA DOS OBJETIVOS DOS STAKEHOLDERS

2.1. Objetivos da Alta Administração em relação ao HMJEH Com base em pesquisa, foram identificados os seguintes objetivos da Alta Administração para o HMJEH. Por favor, indique, marcando com X, o grau de importância que atribui a estes objetivos, conforme a escala abaixo. Caso algum objetivo que julgue relevante não tenha sido listado, por favor, acrescente-o com letra de forma, indicando o grau de importância que atribui ao mesmo. (ESCALA: SI – sem importância; PI – pouco importante; I – importante; MI – muito importante)

Marque com X, o grau de importância

OBJETIVOS

SI PI I MI 2.1.1 Melhorar a qualidade na prestação de serviços 2.1.2 Aumentar recursos financeiros para custeio e investimentos

2.1.3 Prover capacitação técnica para os gestores 2.1.4 Prover oportunidades de cursos para a equipe de serviços 2.1.5 Melhorar o sistema de informações e estatísticas 2.1.6 Adequar a equipe de colaboradores às necessidades do hospital 2.1.7 Utilizar ferramentas de gestão 2.1.8 Melhorar o acesso aos serviços do hospital 2.1.9 Ampliar a utilização de recursos tecnológicos

2.1.10 Ter acesso a métodos e ferramentas de pesquisa

2.1.11 Melhorar os serviços prestados pelos fornecedores

2.1.12 Comprometer os colaboradores com a missão e visão da instituição

2.1.13 Tornar-se um hospital de ensino e pesquisa

2.1.14 Ser reconhecido e ter credibilidade

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176

QUESTIONÁRIO DA PESQUISA

STAKEHOLDER: Colaboradores O presente questionário é parte de um projeto de pesquisa sobre a construção de modelo avaliação de desempenho de organizações hospitalares públicas, a partir da Teoria dos Stakeholders, que realça a importância dos objetivos das diversas partes interessadas da organização. Todas as informações obtidas serão utilizadas para fins exclusivamente acadêmicos, não sendo individualizados os respondentes na análise e apresentação de resultados.

I – CARACTERIZAÇÃO (Responda somente os itens aplicáveis)

1.1. Identificação do Hospital

Nome Hospital Municipal Dr. João Elísio de Holanda

Número Total de Funcionários 1.005 Servidores/Empregados

1.2. Identificação do Respondente

Nome

Cargo que ocupa

II – IDENTIFICAÇÃO DO GRAU DE IMPORTÂNCIA DOS OBJETIVOS DOS STAKEHOLDERS

2.1. Objetivos dos Colaboradores em relação ao HMJEH Com base em pesquisa, foram identificados os seguintes objetivos dos Colaboradores para o HMJEH. Por favor, indique, marcando com X, o grau de importância que atribui a estes objetivos, conforme a escala abaixo. Caso algum objetivo que julgue relevante não tenha sido listado, por favor, acrescente-o com letra de forma, indicando o grau de importância que atribui ao mesmo. (ESCALA: SI – sem importância; PI – pouco importante; I – importante; MI – muito importante)

Marque com X, o grau de importância

OBJETIVOS

SI PI I MI 2.1.1. Elevar o nível de satisfação dos usuários 2.1.2. Aumentar recursos financeiros para custeio e investimentos

2.1.3. Prover capacitação técnica para os gestores 2.1.4. Prover oportunidades de cursos para as equipes de serviços 2.1.5. Melhorar o sistema de informações e estatísticas 2.1.6. Adequar a equipe de colaboradores às necessidades do hospital 2.1.7. Dispor de processos padronizados e controlados 2.1.8. Ampliar a utilização de recursos tecnológicos 2.1.9 Prover Gestão participativa para resultados

2.1.10 Dispor de Instalações físicas e equipamentos adequados

2.1.11 Disponibilizar acesso a novas tecnologias

2.1.12 Implantar plano de cargos e carreira com política de valorização e recompensa por resultados

2.1.13 Melhorar o sistema de comunicação

2.1.14 Melhorar o clima organizacional

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177

QUESTIONÁRIO DA PESQUISA

STAKEHOLDER: Comunidade O presente questionário é parte de um projeto de pesquisa sobre a construção de modelo avaliação de desempenho de organizações hospitalares públicas, a partir da Teoria dos Stakeholders, que realça a importância dos objetivos das diversas partes interessadas da organização. Todas as informações obtidas serão utilizadas para fins exclusivamente acadêmicos, não sendo individualizados os respondentes na análise e apresentação de resultados.

I – CARACTERIZAÇÃO (Responda somente os itens aplicáveis)

1.1. Identificação do Hospital

Nome Hospital Municipal Dr. João Elísio de Holanda

Número Total de Funcionários 1.005 Servidores/Empregados

1.2. Identificação do Respondente

Nome

Cargo que ocupa

II – IDENTIFICAÇÃO DO GRAU DE IMPORTÂNCIA DOS OBJETIVOS DOS STAKEHOLDERS

2.1. Objetivos da Comunidade em relação ao HMJEH Com base em pesquisa, foram identificados os seguintes objetivos da Comunidade para o HMJEH. Por favor, indique, marcando com X, o grau de importância que atribui a estes objetivos, conforme a escala abaixo. Caso algum objetivo que julgue relevante não tenha sido listado, por favor, acrescente-o com letra de forma, indicando o grau de importância que atribui ao mesmo. (ESCALA: SI – sem importância; PI – pouco importante; I – importante; MI – muito importante)

Marque com X, o grau de importância

OBJETIVOS

SI PI I MI 2.1.1 Aumentar o número de atendimentos 2.1.2 Diversificar os serviços do hospital

2.1.3 Melhorar a qualidade na prestação de serviços 2.1.4 Agilizar o atendimento de usuários 2.1.5 Elevar o nível de satisfação dos usuários 2.1.6 Aumentar a capacidade de captar recursos 2.1.7 Otimizar os gastos 2.1.8 Garantir a transparência da alocação e utilização dos recursos 2.1.9 Realizar parcerias visando ampliar captação de recursos e serviços

para o hospital

2.1.10 Implementar políticas de desenvolvimento de pessoas com foco na humanização

2.1.11 Implantar política de responsabilidade socioambiental

2.1.12 Divulgar informações dos serviços prestados pelo hospital

2.1.13

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178

QUESTIONÁRIO DA PESQUISA

STAKEHOLDER: Conselho Municipal de Saúde O presente questionário é parte de um projeto de pesquisa sobre a construção de modelo avaliação de desempenho de organizações hospitalares públicas, a partir da Teoria dos Stakeholders, que realça a importância dos objetivos das diversas partes interessadas da organização. Todas as informações obtidas serão utilizadas para fins exclusivamente acadêmicos, não sendo individualizados os respondentes na análise e apresentação de resultados.

I – CARACTERIZAÇÃO (Responda somente os itens aplicáveis)

1.1. Identificação da Empresa

Nome

Número Total de Funcionários

1.2. Identificação do Respondente

Nome

Cargo que ocupa II – IDENTIFICAÇÃO DO GRAU DE IMPORTÂNCIA DOS OBJETIVOS DOS STAKEHOLDERS

2.1. Objetivos do Conselho Municipal de Saúde em relação ao HMJEH Com base em pesquisa, foram identificados os seguintes objetivos do Conselho Municipal de Saúde para o HMJEH. Por favor, indique, marcando com X, o grau de importância que atribui a estes objetivos, conforme a escala abaixo. Caso algum objetivo que julgue relevante não tenha sido listado, por favor, acrescente-o com letra de forma, indicando o grau de importância que atribui ao mesmo. (ESCALA: SI – sem importância; PI – pouco importante; I – importante; MI – muito importante)

Marque com X, o grau de importância

OBJETIVOS

SI PI I MI 2.1.1 Aumentar o número de atendimentos 2.1.2 Ampliar e melhorar o acesso aos serviços do hospital 2.1.3 Melhorar a qualidade na prestação de serviços 2.1.4 Agilizar o atendimento de usuários 2.1.5 Elevar o nível de satisfação dos usuários 2.1.6 Melhorar o sistema de informações e estatísticas 2.1.7 Otimizar os gastos 2.1.8 Aumentar a capacidade de captar recursos 2.1.9 Prover transparência da alocação e utilização dos recursos

2.1.10 Realizar parcerias visando ampliar a alocação de recursos e serviços no hospital

2.1.11 Implementar políticas de desenvolvimento de pessoas com foco na humanização

2.1.12 Implementar política de responsabilidade socioambiental

2.1.13 Tornar-se um hospital de ensino e pesquisa

2.1.14

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179

QUESTIONÁRIO DA PESQUISA

STAKEHOLDER: Corpo Clínico O presente questionário é parte de um projeto de pesquisa sobre a construção de modelo avaliação de desempenho de organizações hospitalares públicas, a partir da Teoria dos Stakeholders, que realça a importância dos objetivos das diversas partes interessadas da organização. Todas as informações obtidas serão utilizadas para fins exclusivamente acadêmicos, não sendo individualizados os respondentes na análise e apresentação de resultados.

I – CARACTERIZAÇÃO (Responda somente os itens aplicáveis)

1.1. Identificação do Hospital

Nome Hospital Municipal Dr. João Elísio de Holanda

Número Total de Funcionários 1.005 Servidores/Empregados

1.2. Identificação do Respondente

Nome

Cargo que ocupa

II – IDENTIFICAÇÃO DO GRAU DE IMPORTÂNCIA DOS OBJETIVOS DOS STAKEHOLDERS

2.1. Objetivos do Corpo Clínico em relação ao HMJEH Com base em pesquisa, foram identificados os seguintes objetivos do Corpo Clinico para o HMJEH. Por favor, indique, marcando com X, o grau de importância que atribui a estes objetivos, conforme a escala abaixo. Caso algum objetivo que julgue relevante não tenha sido listado, por favor, acrescente-o com letra de forma, indicando o grau de importância que atribui ao mesmo. (ESCALA: SI – sem importância; PI – pouco importante; I – importante; MI – muito importante)

Marque com X, o grau de importância

OBJETIVOS

SI PI I MI 2.1.1 Elevar o nível de satisfação dos usuários 2.1.2 Aumentar recursos financeiros para custeio e investimentos

2.1.3 Prover capacitação técnica para os gestores 2.1.4 Prover oportunidades de cursos para as equipes de serviços 2.1.5 Melhorar o sistema de informações e estatísticas 2.1.6 Adequar a equipe de colaboradores às necessidades do hospital 2.1.7 Prover processos padronizados e controlados 2.1.8 Ampliar a utilização de recursos tecnológicos 2.1.9 Prover Gestão participativa para resultados

2.1.10 Prover instalações físicas e equipamentos adequados

2.1.11 Disponibilizar acesso a novas tecnologias

2.1.12 Melhorar o clima organizacional

2.1.13 Melhorar o sistema de comunicação

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QUESTIONÁRIO DA PESQUISA STAKEHOLDER: Fornecedores/Prestadores de Serviços O presente questionário é parte de um projeto de pesquisa sobre a construção de modelo avaliação de desempenho de organizações hospitalares públicas, a partir da Teoria dos Stakeholders, que realça a importância dos objetivos das diversas partes interessadas da organização. Todas as informações obtidas serão utilizadas para fins exclusivamente acadêmicos, não sendo individualizados os respondentes na análise e apresentação de resultados.

I – CARACTERIZAÇÃO (Responda somente os itens aplicáveis)

1.1. Identificação do Hospital

Nome

Número Total de Funcionários

1.2. Identificação do Respondente

Nome

Cargo que ocupa

II – IDENTIFICAÇÃO DO GRAU DE IMPORTÂNCIA DOS OBJETIVOS DOS STAKEHOLDERS

2.1. Objetivos dos Fornecedores/Prestadores de Serviços em relação ao HMJEH Com base em pesquisa, foram identificados os seguintes objetivos dos Fornecedores para o HMJEH. Por favor, indique, marcando com X, o grau de importância que atribui a estes objetivos, conforme a escala abaixo. Caso algum objetivo que julgue relevante não tenha sido listado, por favor, acrescente-o com letra de forma, indicando o grau de importância que atribui ao mesmo. (ESCALA: SI – sem importância; PI – pouco importante; I – importante; MI – muito importante)

Marque com X, o grau de importância

OBJETIVOS

SI PI I MI 2.1.1. Pagar preços justos 2.1.2. Garantir agilidade no pagamento das faturas

2.1.3. Melhorar a organização da instituição 2.1.4. Prover processos padronizados e controlados 2.1.5. Gerenciar a qualidade dos serviços e produtos fornecidos ao hospital 2.1.6. 2.1.7. 2.1.8.

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QUESTIONÁRIO DA PESQUISA

STAKEHOLDER: Pacientes/Familiares O presente questionário é parte de um projeto de pesquisa sobre a construção de modelo avaliação de desempenho de organizações hospitalares públicas, a partir da Teoria dos Stakeholders, que realça a importância dos objetivos das diversas partes interessadas da organização. Todas as informações obtidas serão utilizadas para fins exclusivamente acadêmicos, não sendo individualizados os respondentes na análise e apresentação de resultados.

I – CARACTERIZAÇÃO (Responda somente os itens aplicáveis)

1.1. Identificação do Hospital

Nome

Número Total de Funcionários

1.2. Identificação do Respondente

Nome

Cargo que ocupa

II – IDENTIFICAÇÃO DO GRAU DE IMPORTÂNCIA DOS OBJETIVOS DOS STAKEHOLDERS

2.1. Objetivos dos Pacientes/Familiares em relação ao HMJEH Com base em pesquisa, foram identificados os seguintes objetivos dos Pacientes/Familiares para o HMJEH. Por favor, indique, marcando com X, o grau de importância que atribui a estes objetivos, conforme a escala abaixo. Caso algum objetivo que julgue relevante não tenha sido listado, por favor, acrescente-o com letra de forma, indicando o grau de importância que atribui ao mesmo. (ESCALA: SI – sem importância; PI – pouco importante; I – importante; MI – muito importante)

Marque com X, o grau de importância

OBJETIVOS

SI PI I MI 2.1.1. Aumentar o número de atendimentos 2.1.2. Diversificar os serviços do hospital

2.1.3. Melhorar a qualidade na prestação de serviços 2.1.4. Agilizar o atendimento de usuários 2.1.5. Elevar o nível de satisfação dos usuários 2.1.6. Aumentar a capacidade de captar recursos 2.1.7. Prover ambiente físico adequado e limpo 2.1.8. Garantir o suprimento de medicamentos e material necessários ao

funcionamento satisfatório do hospital

2.1.9 Prover alimentação de boa qualidade

2.1.10 Implementar políticas de desenvolvimento de pessoas com foco na humanização

2.1.11 Prover tratamento adequado ao paciente com equipe treinada

2.1.12 Disponibilizar equipamentos com tecnologia atualizada

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QUESTIONÁRIO DA PESQUISA

STAKEHOLDER: Secretaria de Saúde O presente questionário é parte de um projeto de pesquisa sobre a construção de modelo avaliação de desempenho de organizações hospitalares públicas, a partir da Teoria dos Stakeholders, que realça a importância dos objetivos das diversas partes interessadas da organização. Todas as informações obtidas serão utilizadas para fins exclusivamente acadêmicos, não sendo individualizados os respondentes na análise e apresentação de resultados.

I – CARACTERIZAÇÃO (Responda somente os itens aplicáveis)

1.1. Identificação da Empresa

Nome

Número Total de Funcionários

1.2. Identificação do Respondente

Nome

Cargo que ocupa II – IDENTIFICAÇÃO DO GRAU DE IMPORTÂNCIA DOS OBJETIVOS DOS STAKEHOLDERS

2.1. Objetivos da Secretaria da Saúde em relação ao HMJEH Com base em pesquisa, foram identificados os seguintes objetivos da Secretaria de Saúde para o HMJEH. Por favor, indique, marcando com X, o grau de importância que atribui a estes objetivos, conforme a escala abaixo. Caso algum objetivo que julgue relevante não tenha sido listado, por favor, acrescente-o com letra de forma, indicando o grau de importância que atribui ao mesmo. (ESCALA: SI – sem importância; PI – pouco importante; I – importante; MI – muito importante)

Marque com X, o grau de importância

OBJETIVOS

SI PI I MI 2.1.1 Aumentar o número de atendimento 2.1.2 Melhorar a qualidade na prestação de serviços

2.1.3 Ter um modelo de “Gestão Profissional” no hospital

2.1.4 Promover capacitação técnica para os gestores 2.1.5 Promover oportunidades de cursos para equipes de serviços 2.1.5 Melhorar o sistema de informações e estatísticas 2.1.6 Otimizar os gastos 2.1.7 Agilizar o atendimento de clientes 2.1.8 Melhorar o acesso aos serviços do hospital 2.1.9 Elevar o nível de satisfação dos usuários

2.1.10 Implementar políticas de desenvolvimento de pessoas com foco na humanização

2.1.11 Prover transparência da alocação e utilização dos recursos

2.1.12 Implementar política de responsabilidade socioambiental

2.1.13 Tornar-se um hospital de ensino e pesquisa

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VERSO DE TODOS OS QUESTIONÁRIOS

III – IDENTIFICAÇÃO DOS PROBLEMAS 3.1 PROBLEMAS 3.1.1 Aponte os problemas que você identifica para a obtenção dos objetivos, classificados como

importante e muito importante, na pergunta anterior. Siga o modelo do exemplo a seguir: Objetivo: Melhorar o sistema de informações e estatística / Problema: Ausência de sistema informatizado para cadastro e tratamento das informações.

IV – IDENTIFICAÇÃO DOS MEIOS

4.1 MEIOS 4.1.1 Indique os principais meios ou estratégias para solucionar os problemas citados no item anterior.