UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ FACULDADE DE...

65
UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ FACULDADE DE VETERINÁRIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS VETERINÁRIAS MESTRADO ACADÊMICO EM CIÊNCIAS VETERINÁRIAS RAFAELA DAMASCENO MAGALHÃES ANÁLISE MOLECULAR POR PCR EM TEMPO REAL PARA A IDENTIFICAÇÃO DA PREFERÊNCIA ALIMENTAR DE FLEBOTOMÍNEOS TRANSMISSORES DAS LEISHMANÍASES FORTALEZA CEARÁ 20 16

Transcript of UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ FACULDADE DE...

UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ

FACULDADE DE VETERINÁRIA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS VETERINÁRIAS

MESTRADO ACADÊMICO EM CIÊNCIAS VETERINÁRIAS

RAFAELA DAMASCENO MAGALHÃES

ANÁLISE MOLECULAR POR PCR EM TEMPO REAL PARA

A IDENTIFICAÇÃO DA PREFERÊNCIA ALIMENTAR DE FLEBOTOMÍNEOS

TRANSMISSORES DAS LEISHMANÍASES

FORTALEZA – CEARÁ

20 16

RAFAELA DAMASCENO MAGALHÃES

ANÁLISE MOLECULAR POR PCR EM TEMPO REAL PARA

A IDENTIFICAÇÃO DA PREFERÊNCIA ALIMENTAR DE FLEBOTOMÍNEOS

TRANSMISSORES DAS LEISHMANÍASES

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-

graduação em Ciências Veterinárias da Faculdade

de Veterinária da Universidade Estadual do Ceará,

como requisito parcial para a obtenção do grau de

Mestre em Ciências Veterinárias.

Área de Concentração: Reprodução e Sanidade

Animal.

Linha de Pesquisa: Reprodução e Sanidade de

Carnívoros, Onívoros e Aves.

Orientadora: Dra. Luciana Magalhães Melo.

Coorientadora: Dra. Ana Corolina Fonseca Lindoso

Melo.

FORTALEZA – CEARÁ

2016

Dedico a minha Mãe, Maria Darci Vieira

Damasceno (In memorian), que sempre me

acompanhou durante essa caminhada e sonhou

com esse momento, e de que hoje, junto de

Deus, está muito feliz com essa realização.

AGRADECIMENTOS

A Deus, pela dádiva da vida.

À Universidade Estadual do Ceará e ao Programa de Pós-Graduação em Ciências Veterinária,

por disponibiliza a infraestrutura necessária para o desenvolvimento do projeto de pesquisa.

À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) pelo fornecimeto

da bolsa de Pós-Graduação.

À Dra. Claudia Maria Leal Bevilaqua pelos ensinamentos, paciência e confiança depositada ao

longo do mestrado.

À Dra. Luciana Magalhães Melo, pelos ensinamentos, paciência e por disponibilizar a estrutura

do Laboratório de Fisiologia e Controle da Reprodução (LFCR).

À Dra. Ana Carolina Fonseca Lindoso Melo por todos os momentos de disponibilização de seus

conhecimentos como coorientadora;

Aos funcionários do PPGCV, em especial a Maria da Silva Moura (ELI), pelo apoio e amizade

durante o mestrado.

A minha mãe, Maria Darci Vieira Damasceno e minha avó, Maria Isles Vieira Damasceno, pelo

amor, carinho, e acima de tudo, o apoio para que eu pudesse caminhar em busca dos meus

objetivos.

Ao meu namorado, Sthanney Lopes Soares, por todo amor, dedicação, carinho e

companheirismo.

A todos os integrantes do LABODOPAR, pela amizade e cooperação ao longo desses dois anos

de trabalho. Em especial às Dras. Ana Caroline Moura e Fernanda Rondon, obrigado pela

contribuição na parte experimental e pelos ensinamentos.

Aos alunos de iniciação científica, Kaliu e Jeferson pelo apoio durante toda a execução do

trabalho.

Enfim, a todos vocês, meu muito obrigado!

RESUMO

A investigação do hábito alimentar de flebotomíneos tem grande significado ecológico e

epidemiológico. Diferentes metodologias, incluindo uso de técnicas sorológicas, foram

utilizadas para identificação das fontes de repasto. Contudo, abordagens moleculares com

elevada sensibilidade e especificidade têm se sobressaído como importantes ferramentas nessa

área. Estratégias de amplificação de genes mitocondriais, como o citocromo b, através de PCR

convencional ou PCR em tempo real vêm sendo empregadas com elevados índices de detecção.

No entanto, a inadequada especificidade das abordagens de amplificação gênica empregadas

demanda a utilização conjunta de técnicas auxiliares que contribuem para aumentar o tempo de

execução e os custos do processo. Assim, uma estratégia metodológica ideal deve ser capaz de

aliar alta sensibilidade de detecção, especificidade compatível para repasto sanguíneo em

múltiplas espécies animais, além de baixo custo. Nesse sentido, o presente trabalho objetivou

desenvolver uma nova abordagem de PCR em tempo real com SYBR Green baseada na

amplificação das regiões do genoma mitocondrial (WMG-qPCR) que são menos conservadas

entre humanos (Homo sapiens), caninos (Canis lupus familiaris), felinos (Felis catus), murinos

(Rattus novergicus) e galináceos (Gallus gallus). Para tanto, na primeira etapa experimental,

três protocolos de extração de DNA foram ajustados e adequados para que se obtivessse

amostras de DNA mitocondrial (mtDNA) com rendimento e qualidade adequada para uso na

WMG-qPCR. Na segunda etapa experimental, a especificidade das amplificações foi testada

através de ensaio de reação-cruzada com o DNA das espécies animais. A sensibilidade das

reações foi determinada por construção de curvas-padrão com concentrações de DNA

equivalentes a 0,1 x 106 a 1 µl de sangue extraído a partir de cada espécie animal. O DNA de

flebotomíneos machos da espécie Lutzomyia longipalpis também foi utilizado nas reações para

a exclusão de falsos positivos. Dentre os principais resultados destacaram-se o kit baseado em

ligação de DNA total em resina de sílica que foi capaz de obter maior quantidade de mtDNA;

a metodologia WMG-qPCR que apresentou alta sensibilidade e espécie-especificidade sendo

capaz de promover a detecção de 26, 84, 130, e 320 fg DNA em 10 pL de sangue de felino,

humano, canino e murino, respectivamente; além disso, foi capaz de amplificar 5pg de DNA

em 5 pL de sangue de galináceo. Assim, a metodologia WMG-qPCR se apresentou como

importante ferramenta para investigação de repasto sanguíneo, devido a sua capacidade de

diferenciar possíveis fontes preferenciais de Lutzomyia spp.

Palavras chave: Repasto sanguíneo, Lutzomyia, Leishmania, qPCR, Leishmaníases.

ABSTRACT

Study meal sandfly habit has great ecological and epidemiological significance. Different

methods, including use of serological techniques were used to identify the sources of repast.

However, moleculares approaches with high sensitivity and specificity have excelled as

important tools in this area. Mitochondrial gene amplification strategies, such as cytochrome b,

using conventional PCR or real time PCR have been used with high levels of detection.

However, inadequate specificity of gene amplification approaches employed demand the joint

use of ancillary techniques that contribute to increase the runtime and process costs. Thus, an

ideal strategy methodology should be able to combine high detection sensitivity, specificity

compatible for blood feeding in multiple species, and low cost. Thus, this research project aims

to develop a new PCR approach in real time with SYBR Green based on amplification of

regions of the mitochondrial genome (WMG-qPCR) that are less conserved between human

(Homo sapiens), dogs (Canis lupus familiaris), cats (Felis catus), mice (Rattus norvegicus) and

chickens (Gallus gallus). Therefore, the first experimental stage, three DNA extraction

protocols will be adjusted and appropriate in order to obtain mitochondrial DNA samples

(mtDNA) yield and quality suitable for use in WMG-qPCR. In the second experimental stage,

the specificity of the amplifications will be tested through cross-reaction assay with the DNA

of the animal species. The sensitivity of the reactions will be determined by construction of

standard curves with DNA concentrations equivalent to from 0.0000001 to 1 ml of blood drawn

from each animal species. The DNA of male sandflies of the Lutzomyia longipalpis species

will also be used in the reactions to the exclusion of false positives. Among the most important

results is emphasized that the kit based on the total DNA binding silica resin was able to achieve

greater amount of mtDNA; WMG-qPCR methodology showed high sensitivity and species-

specificity being capable of promoting the detection of 10 uL of blood, equivalent to 26, 84,

130, and 320 fg DNA feline, human, canine and murine respectively; Furthermore, he was able

to amplify 5 gallinaceous blood pL (5 pg DNA). The WMG-qPCR methodology presented as

an important tool for blood feeding research due to their ability to differentiate possible

preferred sources of Lutzomyia spp.

Keywords: Blood meal, Lutzomyia, Leishmania, qPCR, Leishmaniasis.

LISTA DE FIGURAS

REVISÃO DE LITERATURA

Figura 1 – Pleomorfismo de Leishmania sp. A) forma amastigota, intracelular,

dentro de uma célula fagocítica mononuclear de hospedeiro

vertebrado. B) forma promastigota, extracelular, com corpo

fusiforme e flagelo longo, presente no trato intestinal de insetos

vetores. Fonte: BRASIL (2006).................................................................

13

Figura 2 – Ciclo de transmissão de Leishmania sp. Setas azuis representam o ciclo

de vida do parasito no homem; no inseto é representado pelas setas

vermelhas. Fonte: Center for diseases Control and Prevetion

(Adaptado)..................................................................................................

17

CAPITULO 1

Figure 1 – Schematic representation of WMG-qPCR primer distributions on

mitochondrial genomes. Graphical circular notations of cats (Felis

catus), humans (Homo sapiens), rats (Rattus novergicus), dogs (Canis

lupus) and chickens (Gallus gallus) genomes, as the Genbank accession

numbers, were presented. The relative position of the primer pairs

(Camt1, Hmt1, Hmt2, Hmt3, Rmt1, Rmt2, Rmt3, Dmt1, Chmt1,

Chmt2, Chmt3, Chmt4, Chmt5 and Chmt6) and the main

mitochondrial genes were also shown. D-loop: displacement loop; 12S

rRNA and 18S rRNA: ribosomal RNA genes; ND1 (to 6): NADH

dehydrogenase subunit 1 (to 6) gene; COX1 (to 3): cytochrome c

oxidase subunit 1 (to 3) gene; ATP6: subunit-6 ATP-synthase gene;

ATP8: subunit-8 ATP-synthase gene; CYTB: cytochrome

b….……………………...............................................................................

49

Figure 2 – Comparisons of DNA extraction kits for WMG-qPCR. A) Validation

of Hmt3 and L1F primer pairs for quantitative purposes. Efficiency,

linearity (R2) and curve equation were presented. B) Total-DNA and

mtDNA quantifications. K1: protein/DNA-precipitation kit; K2:

resin-based total DNA purification kit; K3: resin-based plasmid

DNA purification kit. DNA extraction kits were compared within the

mtDNA (A,B: P < 0.05) or total DNA (a,b: P < 0.05)

quantifications................................................…………………….……

50

Figure 3 Specificity of WMG-qPCR primers. The pairs Dmt1, Camt1, Hmt2,

Rmt2 and Chmt6 were tested for cross-reaction with blood DNA

samples of Dog, Cat, Human, Chicken and Rat. Negative controls

were prepared with water in substitution to DNA template. The Ct

values were achieved in the presence of DNA amount equivalent to

1 μL blood of each animal species (0.1 μL for chicken). Melting

temperature (Tm) of amplicons were

shown....................….……………...……………………………………

51

Figure 4 Standard curves of WMG-qPCR amplifications. Sensitivities were

accessed by serial dilution of DNA obtained from 50 µL blood of

each animal species. Curves were plotted from 0.01 pL to 1 μL blood

for human, dog, cat and rat and from 0.005 pL to 0.5 μL blood for

chicken. The primer sensitivity (dotted arrows) was established by

the lower blood volume that could be successfully amplified in the

triplicate reactions, and were also expressed as equivalent DNA

amount

(fg)..........……………………...…………………………………………

52

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

Ct Ciclo do limiar de detecção da fluorescência;

CAPES Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior;

Cyt b Citocromo b;

DNA Ácido desoxiribonucléico;

ELISA Reação de Imunofluorescência Indireta;

IRM Intradermorreação de Montenegro;

kDNA DNA de cinetoplasto;

L. chagasi Leishmania chagasi;

L. cruzi Lutzomyia cruzi;

L. infantum Leishmania infantum;

L. longipalpis Lutzomyia longipalpis;

LCM Leishmaníase tegumentar cutâneo-mucosa;

LV Leishmaníase visceral;

LTD Leishmaníase tegumentar difusa;

LTL Leishmaníase tegumentar localizada;

LT Leishmaníase tegumentar;

MS Ministério da saúde;

MTHD Metilenotetrahidrofolato desidrogenase;

NNN Novy, MacNeal e Nicolle;

pg Picograma

PCR Reação em Cadeia da Polimerase;

pnoc Prepronociceptina;

qPCR Reação em Cadeia da Polimerase em tempo real;

RFLP Restriction Fragment Length Polymorfism;

RLB Reverse Line Blotting;

WHO World Health Organization;

WMG Whole Mitochondrial Genome;

µm Micrômetro.

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 12

2 REVISÃO DE LITERATURA ................................................................................ 13

2.1 LEISHIMANÍASES .................................................................................................. 13

2.1.1 Agentes etiológicos ....................................................................................................13

2.1.2 Sintomatologia ........................................................................................................... 14

2.1.3 Diagnóstico ................................................................................................................ 15

2.1.4 Ciclo de transmissão ................................................................................................. 17

2.2 VETORES FLEBOTOMÍNEOS ................................................................................ 18

2.2.1 Morfologia e biologia ................................................................................................ 18

2.3 TRIAGENS DE REPASTO SANGUÍNEO ............................................................... 19

2.3.1 Estratégias imunológicas .......................................................................................... 19

2.3.2 Estratégias moleculares ............................................................................................ 20

3 JUSTIFICATIVA ..................................................................................................... 25

4 HIPOTESE CIENTIFICA ....................................................................................... 26

5 OBJETIVOS ............................................................................................................. 27

5.1 GERAL ....................................................................................................................... 27

5.2 ESPECÍFICOS ............................................................................................................. 27

6 CAPITULO I .............................................................................................................. 28

7 CONCLUSÕES ........................................................................................................... 54

8 PERSPECTIVAS ....................................................................................................... 55

REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 56

12

1 INTRODUÇÃO

As Leishmaníases são antropozoonoses causadas por protozoários intracelulares do

gênero Leishmania, que podem apresentar-se de duas formas clinicas: Leishmaníase

Tegumentar (LT) e Leishmaníase Visceral (LV). A transmissão aos seus hospedeiros se dá pela

picada de flebotomíneos fêmeas infectadas (LAINSON E SHAW, 1987; REY, 2011). Apenas

as fêmeas são hematófagas, pois necessitam de alimentação sanguínea para a ovogênese

(FONTELES et al., 2009).

A investigação na biologia destes insetos, principalmente em relação a fonte

alimentar, tem grande significado ecológico e epidemiológico, pois propicia o conhecimento

sobre a preferência por hospedeiros em condições naturais e indica o papel protetor que certos

animais podem desempenhar em relação ao homem nas áreas de transmissão da doença

(FONTELES et al., 2009; QUARESMA et al., 2012).

Diferentes metodologias têm sido utilizadas para identificação dessas fontes

alimentares. Dentre os métodos sorológicos, destacam-se os ensaios de antígeno-anticorpo com

a precipitina (OLIVEIRA-PEREIRA et al., 2008) e a técnica de ELISA (MARASSÁ, et al.,

2013). No entanto, algumas limitações como a exigências de sangue relativamente fresco, baixa

sensibilidade e a possibilidade de reação cruzada entre as espécies tornaram essas técnicas

ultrapassadas (HAOUAS et al., 2007).

Atualmente abordagens moleculares com elevada sensibilidade e especificidade, como

a reação em cadeia da polimerase (PCR) convencional e em tempo real (qPCR), vêm sendo

ferramentas importantes nessa área (PAIVA-CAVALCANTI et al., 2010). Estratégias de

amplificação de genes mitocondriais, como os do citocromo b, através de PCR convencional

(JIMÉNEZ et al., 2013; GARLAPATI et al., 2012) ou PCR em tempo real (SALES et al, 2015)

vêm sendo empregadas com elevados índices de detecção. Contudo, a inadequada

especificidade das abordagens de amplificação gênica empregadas, demandam a utilização

conjunta de técnicas auxiliares, como sequenciamento de DNA (SALES et al, 2015), o que

contribui para aumentar o tempo de execução e os custos do processo. Assim a descrição de

uma abordagem metodológica de identificação de preferência alimentar com base na

amplificação por PCR em tempo real com oligonucleotídeos específicos desenhados a partir do

genoma mitocondrial completo de possíveis hospedeiros das leishmaníases é uma alternativa

que contribuirá com o aprimoramento no tempo e no custo desta técnica.

13

2 REVISÃO DE LITERATURA

2.1 LEISHIMANÍASES

2.1.1 Agentes etiológicos

As Leishmaníases têm como agentes causadores, protozoários intracelulares

obrigatórios pertencentes à Ordem Kinetoplastida, Família Trypanosomatidae e Gênero

Leishmania (LEVINE et al., 1980). As espécies de Leishmania assumem características

morfológicas diferentes (pleomorfismo) de acordo com seu ciclo de vida e hospedeiro que

habitam, possuindo duas formas de vida. A forma amastigota (Figura 1A): arredondada e com

presença de flagelo rudimentar, a qual está presente no sistema fagocitário de hospedeiros

mamíferos, e a forma promastigota: fusiforme e com flagelo exteriorizado (Figura 1B) que vive

no meio extracelular, na luz do trato digestivo dos insetos vetores, os hospedeiros invertebrados

(DOSTÁLOVÁ E VOLF, 2012).

Figura 1: Pleomorfismo de Leishmania sp. A) forma amastigota, intracelular, dentro de uma

célula fagocítica mononuclear de hospedeiro vertebrado. B) forma promastigota, extracelular,

com corpo fusiforme e flagelo longo, presente no trato intestinal de insetos vetores. Fonte:

BRASIL (2006).

A classificação taxonômica mais atual divide o gênero Leishmania em dois sub-

gêneros: Viannia (LAINSON E SHAW, 1987) que inclui os complexos: braziliensis, guyanensis,

naiffi e lainsoni; e sub-gênero Leishmania (ROSS, 1903) que possui os complexos: donovani,

infantum, tropica, aethiopica, major e mexicana (NCBI, 2016). Estes diferentes complexos

B A

14

albergam as espécies de agentes etiológicos envolvidos no acometimento das leishmaníases

tegumentar (LT) e visceral (LV) (SAHA et al., 2005; SERIN et al., 2005; OMS, 2016).

Em relação à etiologia da forma tegumentar, já foram descritas onze espécies nas

Américas, no entanto, no Brasil, foram encontradas somente sete espécies: L. (Leishmania)

amazonensis, L. (Viannia) braziliensis, L. (Viannia) guyanensis, L. (Viannia) lainsoni, L.

(Viannia) lindenberg, L. (Viannia) naiffi e L. (Viannia) shawi (LAINSON E SHAW, 1987; MS,

2000; QUARESMA, 2011).

Na forma visceral, a espécie envolvida na América do Sul é Leishmania infantum

(DANTAS-TORRES, 2006), descrita anteriormente como Leishmania chagasi na década de 30

por Cunha e Chagas (1937). Entretanto, nos últimos anos estudos moleculares confirmaram a

suspeita de que L. chagasi seria idêntica a L. infantum (MAURICIO et al., 2000),

convencionando-se então esta última nomenclatura.

2.1.2 Sintomatologia

A LV é caracterizada por lesões que afetam os órgãos internos, levando

frequentemente a óbito na ausência de tratamento. Acomete principalmente pacientes

imunodeprimidos, crianças e idosos. A forma visceral é demonstrada pelo intenso dano em

órgãos vitais e anemia grave, sendo uma síndrome clínica, caracterizada por febre irregular de

longa duração, desnutrição, hepatoesplenomegalia, leucopenia e trombocitopenia (BRASIL,

2006).

A LT, por sua vez, ocasiona diferentes lesões na pele, podendo subdividir-se em

três formas: a LT localizada (LTL), que causa lesões ulcerosas em nível de pele, geralmente no

local da picada do flebotomíneo; a LT disseminada ou difusa (LTD) que provoca erupções

disseminadas pelo corpo; e a LT mucocutânea (LCM), que afeta a pele e mucosas,

principalmente, do nariz e da boca causando mutilações faciais e, consequentemente,

desconfortos físicos e psicológicos. (WHO, 2010; REY, 2011; NEVES, 2012).

A leishmaníase mucocutânea é a variação clínica mais prevalente na América do

Sul, caracterizada por nódulos sintomáticos que se iniciam mais frequentes em membros

inferiores, com posterior ulceração e consequências estéticas graves para o paciente. Estima-se

que 40% dos pacientes desenvolvem lesões secundárias no complexo naso-faríngeo, com

evidente obstrução nasal, perfuração de septo e destruição da cartilagem nasal (MS, 2000).

15

2.1.3 Diagnóstico

O diagnóstico das leishmaníases é realizado a partir do exame clínico, dados

epidemiológicos e técnicas laboratoriais, que se constitui por métodos: parasitológico,

imunológico e molecular. O diagnóstico parasitológico consiste na demonstração do parasito,

e pode ser realizado por pesquisa direta e indireta. O diagnóstico direto consiste na pesquisa de

formas amastigotas em microscopia óptica de material obtido, geralmente de lesões ou

aspirados de baço, fígado ou medula óssea (SUNDAR E RAI, 2002; ALVES E

BEVILACQUA, 2004).

Na pesquisa indireta pode ser realizado o cultivo in vitro da amostra clínica suspeita

e inoculação em animais de laboratório, usualmente hamsters (Mesocricetus auratus). O cultivo

in vitro pode ser realizado em meio sólido monofásico (meio de Schneider) ou,

preferencialmente, em meio bifásico (meio NNN – Novy, MacNeal e Nicolle) coberto com um

meio líquido (meio de Schneider) contendo entre 10 – 30% de soro fetal bovino (SFB). O

período de cultivo é de 4 a 5 semanas à temperatura de 22-28°C, até que as promastigotas de

Leishmania spp. possam ser visualizadas por microscopia invertida ou ótica (SCHUSTER E

SULLIVAN, 2002; SUNDAR e RAI, 2002; BRASIL, 2006).

As técnicas sorológicas demonstram a presença de anticorpos reativos contra o

parasito (ZIJLSTRA et al., 2001). Dentre os testes sorológicos mais citados e recomendados

para inquéritos em saúde pública são, o ensaio de imunoadsorção ligado à enzima (ELISA) e a

reação de imunofluorescência indireta (RIFI) os quais permitem avaliar, de forma indireta, a

infecção pela expressão dos níveis de anticorpos circulantes (BRASIL, 2006).

A técnica ELISA, é fundamentada na imunodetecção de antígenos solúveis

(METTLER et al., 2005), por meio da implementação de antígenos ou anticorpos acoplados a

uma enzima e a presença de um anticorpo de detecção, desencadeando uma reação

colorimétrica (SRIVIDYA et al., 2012). Já a metodologia da imunofluorescência indireta é uma

técnica usada para a detecção e localização de antígenos em células e tecidos, no entanto

apresenta limitações principalmente pela baixa reprodutibilidade e resultados falso-positivos.

Já foram relatadas reações cruzadas com Trypanosoma cruzi, Trypanosoma caninum, L.

braziliensis e Ehrlichia canis (SILVA et al., 2011). Além disso, o RIFI pode ser impraticável

em áreas rurais por causa da falta de equipamentos de laboratório e técnicos qualificados para

interpretar os resultados (COURA-VITAL et al., 2014).

16

Dentre os testes sorodiagnósticos para a leishmaníase tegumentar humana o

primeiro a ser utilizado ainda na década de 30 foi a Intradermorreação de Montenegro (IRM),

que mede a hipersensibilidade celular tardia. A IRM detecta a resposta imune celular adquirida

que se desenvolve pela ativação dos linfócitos T sensibilizados que mediam a atração para o

sítio de inoculação e, posteriormente, ativam macrófagos, monócitos e linfócitos. As células

ativadas, entre elas os macrófagos, se acumulam causando inchaço e eritema local. O processo

inflamatório instaurado induz os macrófagos e os linfócitos a liberarem enzimas, causando

destruição tissular. O grau de resposta é medido 48 ou 78 horas após a injeção intradérmica e

uma enduração de 5 mm ou mais em seu maior diâmetro é considerada positiva (MS, 2000).

Atualmente, outras técnicas diagnósticas que vêm sendo utilizadas como

ferramenta para detecção de Leishmania em amostras clínicas de humanos e animais são as

técnicas moleculares (BRANDÃO-FILHO et. al. 2003; VAN WYSNSBERGHE et al., 2009).

Dentre as técnicas mais modernas utilizadas para o diagnóstico das leishmanioses, destacam-se

as técnicas, Reação em Cadeia da Polimerase (PCR), que permite a amplificação in vitro de

sequências de nucleotídeos e apresenta-se como método bastante sensível e especifico para

detectar DNA de Leishmania spp. em ampla variedade de amostras biológicas (ALVAR et al.,

2004). Como também a PCR em tempo real (qPCR), método quantitativo baseado no

monitoramento dos ciclos de amplificação do DNA-alvo. Assim, pode ser utilizada para

determinação da carga parasitária de forma acurada e sensível, permitindo a detecção de

pequenas quantidades de DNA do parasito (GALLETTI et al., 2011).

A escolha dos primers utilizados nas reações de PCR e qPCR é de fundamental

importância para a técnica e permite diferenciar espécies dos subgêneros Leishmania e Viannia

(NEITZKE-ABREU et al., 2013). Nesse sentido, vários genes-alvos têm sido estudados, tais

como os que codificam a enzima glicose-6-fosatodesidrogenase, as proteínas do choque térmico

(GOTO & LAULETTA LINDOSO, 2010), a polimerase-alfa, a subunidade ribossomal 18S

(BEZERRA-VASCONCELOS et al., 2011), a MTHD (proteína similar à

metilenotetrahidrofolato desidrogenase), a RNase III (RODRIGUES et al., 2014), além do

próprio DNA não-cromossomal de cinetoplasto, kDNA (BEZERRA-VASCONCELOS et al.,

2011; RODRIGUES et al., 2014).

Assim, tanto a PCR convencional, quanto a qPCR, têm permitido a identificação da

espécie de Leishmania em questão, e, consequentemente, o direcionamento das devidas ações

epidemiológicas de controle e adequação ao tratamento utilizado.

17

2.1.4 Ciclo de transmissão

O ciclo de transmissão (Figura 2) dos parasitas causadores das leishimaníases se

inicia quando o inseto vetor durante seu repasto sanguíneo no hospedeiro vertebrado ingere junto

com o sangue as formas amastigotas. No intestino do inseto estas formas sofrem diversas

diferenciações, processo denominado de metaciclogênese, até se tornarem formas infectantes,

chamadas de promastigotas metacíclicas. Estas formas migram para a parte anterior do sistema

digestório do inseto, que no próximo repasto sanguíneo serão regurgitados no local da picada

juntamente com a saliva que contém um peptídeo vasodilatador e imunomodulador que

contribuirá para a infecção no hospedeiro (OLIVEIRA et al, 2003; BRODIE et al, 2007).

No hospedeiro vertebrado os parasitas são fagocitados pelas células do sistema

fagocítico mononuclear e se diferenciam em amastigotas, as formas imóveis. Logo se inicia o

processo de divisão binária no interior dos macrófagos até causar rompimento destas, e assim,

amastigotas serão liberadas no meio extracelular podendo ser fagocitadas por outros macrófagos,

expandindo a infecção que se dissemina por via linfática e/ou sanguínea, permitindo então a

infecção de outros flebótomos durante a hematofagia neste hospedeiro (BRASIL, 2006).

Figura 2: Ciclo de transmissão de Leishmania sp. Setas azuis representam o ciclo de vida do

parasito no homem; no inseto é representado pelas setas vermelhas. Fonte: Center for diseases

Control and Prevetion (Adaptado).

18

2.2 VETORES FLEBOTOMÍNEOS

O modo de transmissão das leishmaníases aos seus hospedeiros se dá através da

picada de fêmeas de flebotomíneos infectadas, as quais são classificados na Ordem Diptera;

Subordem Nematocera; Família Psycodidae; Subfamília Phlebotominae e Gênero Lutzomyia

no Novo mundo (ALVAR, 1997). Estes insetos possuem pequenas dimensões, medindo de dois

a três milímetros, corpo densamente piloso e coloração amarelo-palha (ADLER, 1964;

SCHLEIN E WARBURG, 1986; YOUNG E LAWYER, 1987).

Existe, atualmente, cerca de 900 espécies de flebotomíneos descritas, destas,

aproximadamente 100 espécies são suspeitas de agirem como vetores de Leishmania spp., mas

pouco menos de 50 são realmente vetores comprovados (LAINSON E RANGEL, 2005). A

maioria das espécies estão presentes nas regiões tropicais e subtropicais ocupando uma

variedade de nichos ambientais. No entanto, o crescente desmatamento e o avanço da

urbanização estimularam esses insetos a se adaptarem aos ambientes peridomésticos,

modificando o perfil essencialmente rural da doença (ANDRADE FILHO, et al., 2001;

BRASIL, 2006).

A principal espécie envolvida na transmissão da LV no Brasil é Lutzomyia longipalpis

(LUTZ E NEIVA, 1912). No entanto, outras espécies de flebotomíneos têm sido incriminadas

na transmissão de L. infantum. Lutzomyia cruzi foi recentemente apontado no estado do Mato

Grosso e Mato Grosso do Sul, assim como, Lutzomyia evansi na Colômbia e Venezuela

(SANTOS et al., 1998; MONTOYA-LERMA et al., 2003; MISSAWA E LIMA, 2006; SILVA

et al., 2008).

2.2.1 Morfologia e biologia

Os flebotomíneos são insetos cujo ciclo de vido é caracterizado pela holometabolia,

com desenvolvimento em quatro estágios: ovo, larva (com quatro estádios), pupa e adulto

(YOUNG E DUNCAN, 1994; MAROLI et al., 2013). Seus ovos são elípticos, medem

aproximadamente 300 a 500 μm de comprimento por 70 a 150 μm de largura e são depositados

sob a forma de pequenos amontoados, são esbranquiçados no momento da postura, mas após

algumas horas tornam-se castanho-escuros (YOUNG E DUNCAN, 1994; COSTA et al., 2013).

As larvas são brancas, pequenas e de aspecto vermiforme e após a eclosão começam a se

alimentar da matéria orgânica do solo (YOUNG E DUNCAN, 1994; RANGEL E LAINSON,

19

2003). A pupa possui coloração esbranquiçada ou amarelada, tornando-se escurecida quando

próximo a emergência do inseto adulto e é constituída por 13 segmentos, sendo que os quatro

primeiros constituem o cefalotórax e os demais constituem o abdômen (RANGEL E

LAINSON, 2003; MAROLI et al., 2013).

A postura ocorre geralmente em locais úmidos com presença de matéria orgânica e

após 10 dias ocorre a eclosão dos ovos. O ciclo desde o ovo à forma adulta pode ocorrer em 30

dias e seu período de vida como adulto pode chegar a 29 dias (KILLICK-KENDRICK, 1999).

Os flebotomíneos adultos são insetos pequenos, medem cerca de 2 a 3 milímetros, tem

coloração acastanhada, pousam com asas abertas e seus voos são curtos. Tanto machos como

fêmeas, necessitam realizar ingestão de carboidratos, que fornecem a energia necessária à

sobrevivência e às atividades de deslocamento, acasalamento e postura. Assim, os açúcares

ingeridos pelos flebotomíneos correspondem à fonte de energia necessária para estes insetos,

sem a qual viveriam apenas poucos dias após emergir. As principais fontes são glicose, frutose

sacarose, maltose, dentre outros. Na natureza, as principais fontes destes carboidratos são

provenientes de seiva vegetal, néctar de flores e de frutos e secreções de afídeos (RANGEL E

LAINSON, 2003).

As fêmeas apresentam um aparelho bucal do tipo sugador-picador adaptado para

picar a pele de vertebrados e sugar o sangue, isso se deve ao hábito hematófago que estas

possuem. A realização do repasto sanguíneo por parte das fêmeas é imprescindível à maturação

ovariana e, consequentemente, ao completo ciclo reprodutivo desses insetos (YOUNG E

DUNCAN, 1994; MAROLI et al., 2013), embora a autogenia (desenvolvimento de ovos sem

haver repasto sanguíneo) ocorra na primeira postura em algumas espécies (RANGEL E

LAINSON, 2003; WHO, 2010). Sua preferência alimentar é bastante eclética, o que justifica

sua presença em locais onde vivem galináceos, suínos, caprinos e equinos (BARATA et al.,

2005; MONTEIRO et al., 2005; OLIVEIRA-PEREIRA et al., 2008; FONTELES et al., 2009).

2.3 TRIAGENS DE REPASTO SANGUÍNEO

2.3.1 Estratégias imunológicas

Diferentes metodologias vêm sendo utilizadas para identificação de fontes

alimentares de vetores flebotomíneos com intuito de avaliar adequadamente a sua preferência

alimentar. Dentre os métodos sorológicos, os mais utilizados baseavam-se em ensaios de

20

antígeno-anticorpo como a técnica de precipitina, empregada como uma importante ferramenta

para identificação de fontes de repasto sanguíneo de vetores (OLIVEIRA-PEREIRA et al.,

2008). Esta técnica tradicional se caracteriza pela interação de proteínas presentes no soro

proveniente do sangue digerido pelos artrópodes, confrontado com os anticorpos adequados

dos possíveis hospedeiros (LOROSA, 1998). Embora esta tenha sido muito utilizada, sua

sensibilidade e especificidade são baixas, o que dificulta a sua utilização com insetos de

pequeno porte (MARASSÁ, et al., 2004).

Outra metodologia sorológica utilizada é a técnica ELISA (MARASSÁ, et al.,

2013) que apresenta vantagens ao obter um aumento na sensibilidade, permitir o processamento

de um grande número de amostras e poder reconhecer fontes sanguíneas em amostras contendo

quantidades reduzidas de sangue recém-ingerido (MARASSÁ et al., 2013). No entanto, a

presença de alguns limites, como a possibilidade de reação cruzada entre as espécies, a

necessidade de produção de anticorpos específicos para uma ampla variedade de hospedeiros

potenciais e a incapacidade de revelar reservatórios não esperados tornaram essas técnicas

ultrapassadas (HAOUAS et al., 2007).

2.3.2 Estratégias moleculares

Nas últimas décadas, as biotécnicas moleculares, especialmente, baseadas na

amplificação por PCR do DNA do sangue presente nos flebotomíneos, trouxeram a

possibilidade de aplicações metodológicas com sensibilidade compatível com o tamanho

reduzido do vetor (SANT’ANNA et al., 2008; QUARESMA et al., 2012; HAOUAS et al.,

2007). Nesse contexto, algumas estratégias metodológicas direcionadas à amplificação de

genes nucleares (como o que codifica a prepronociceptina, pnoc) e de genes mitocondriais

(como o do citocromo b, cyt b) vem sendo testadas através de PCR convencional ou qPCR.

Além disso, várias técnicas auxiliares também já foram empregadas com o objetivo de

incrementar a especificidade das identificações, como uso de múltiplos iniciadores

(SANT’ANNA et al., 2008), digestão com enzima de restrição (SOARES et al., 2014),

hibridização com sondas de DNA (GARLAPATI et al., 2012) ou sequenciamento de DNA

(SALES et al., 2015).

O primeiro método molecular desenvolvido utilizou a PCR convencional, para

amplificação do gene pnoc, associada ao sequenciamento de DNA (HAOUAS et al., 2007).

Nesse estudo, a eficiência de detecção do gene pnoc em flebotomíneos capturados em campo

21

foi de 79% (77/97), sendo superior àquelas obtidas pelo uso de testes imunológicos baseados

em ELISA (NGUMBI, et al., 1992; COLMENARES; 1995; BONGIORNO, et al., 2003). Por

outro lado, Baum et al. (2015) conseguiram determinar a fonte de repasto sanguíneo em apenas

29% (27/93) dos flebotomíneos utilizando a amplificação desse mesmo gene. Esse achado pode

ter sido atribuído à ausência do gene pnoc em aves, tornando factível sua amplificação apenas

em mamíferos. Além disso, a possibilidade de degradação enzimática no DNA presente no

intestino dos flebotomíneos pode ter maior impacto sobre o gene pnoc uma vez que este só

apresenta uma única cópia por genoma mamífero (ZAVERI et al., 2000).

Apesar de terem aumentado a eficiência de detecção de repasto, quando

comparadas às técnicas imunológicas, as abordagens de amplificação do gene pnoc não foram

conclusivas quanto à especificidade. Os estudos realizados não incluíram testes direcionados

de reação cruzada, utilizando apenas amostras de campo de fêmeas ingurgitadas de

flebotomíneos. Assim, Haouas et al. (2007) sequenciaram os 77 produtos de PCR obtidos e

identificaram apenas três espécies hospedeiras: bovina (71/77), humana (4/77) e equina (2/77).

Similarmente, Baum et al. (2015) identificaram a ocorrência de repasto somente em suínos

(13/27), cães (9/27) e equídeos (1/27).

Outra vertente de estudos vem consolidando a utilização do DNA mitocondrial

(mtDNA) na identificação das fontes de repasto sanguíneo em flebotomíneos. A escolha desse

DNA-alvo, a exemplo das investigações forenses, se deve à maior estabilidade do DNA dupla-

fita circular, quando comparado ao DNA nuclear (ANDRÉASSON et al., 2006), bem como à

multiplicidade de cópias que naturalmente existem nas células eucarióticas (BROWN, 1985).

Diante disso, Paternina et al. (2016) realizou um estudo comparativo entre o gene

mitocondrial cyt b e o gene nuclear pnoc, através de PCR convencional e sequenciamento de

DNA. Como esperado, a eficiência de detecção do repasto com gene cyt b (74%) foi muito

superior àquela obtida com pnoc (7%). Adicionalmente, o valor supreendentemente baixo

obtido com o gene nuclear foi atribuído a falhas nas etapas de amplificação (21% das 141

amostras totais) e de sequenciamento (33% das 30 amostras amplificadas). A despeito disso, a

amplificação do gene cyt b permitiu a identificação de 10 espécies de vertebrados nas quais 8

espécies de flebetomíneos realizaram repasto sanguíneo. Além disso, as fontes de repasto de 37

amostras (26%) não puderam ser identificadas, porque o gene cyt b de flebotomíneo foi

amplificado em detrimento ao do hospedeiro.

Ozbel et al. (2016) também realizaram a identificação da preferência alimentar de

flebotomíneos através de PCR convencional com amplificação do gene cyt b associada a

22

sequenciamento de DNA. Nesse estudo, as fontes de repasto de 80% (12/15) das fêmeas de

Phlebotomus tobbi foram identificadas: humano (8/12), cão (3/12) e rato (1/12). Similarmente,

Maia et al. (2015) utilizando a mesma estratégia de identificação, conseguiram amplificar o

DNA hospedeiro presente em 43 espécimes de um total de 78 fêmeas capturadas (3

Phlebotomus ariasi, 49 Phlebotomus perniciosus, 1 Phlebotomus sergenti e 25 Sergentomyia

minuta). As fontes de alimentação de 69,77% (30/43) foram identificadas após sequenciamento:

equino (12/30), galináceo (5/30), humano (4/30), (3/30), suíno (2/30), bovino (2/30), ovino

(1/30) e lagarto (1/30).

Além do sequenciamento, outras estratégias auxiliares foram empregadas com o

objetivo de incrementar a especificidade na identificação dos repastos sanguíneos em

flebotomíneos, como uso de múltiplos iniciadores (SANT’ANNA et al., 2008), digestão com

enzima de restrição (SOARES et al., 2014) e hibridização com sondas de DNA (GARLAPATI

et al., 2012). Adicionalmente, essas investigações foram predominantemente baseadas na

amplificação do gene mitocondrial cyt b, presente em todos os vertebrados, aumentando assim

a eficiência de detecção das amplificações, quando comparado ao gene pnoc.

Nesse contexto, Sant’anna et al. (2008) realizaram amplificação simultânea das

sequências do cyt b de mamíferos e de aves em uma única reação de PCR (PCR multiplex),

utilizando iniciadores específicos para humanos, cães e galiformes. Tal estudo obteve

sensibilidade de 74%, sendo capaz de identificar a fonte de repasto sanguíneo de 43 dos 58

flebotomíneos capturados: 41 (70,7%) foram positivos para galinhas e 2 (3,4%) para cães. A

ausência de amplificação do DNA nas 15 amostras remanescentes pode ter sido causada pela

presença de sangue de outras espécies animais, não avaliadas na PCR multiplex, ou pela

digestão do sangue no intestino do flebotomíneo. Similarmente aos estudos com o gene pnoc,

não houve avaliação de reação cruzada entre as espécies animais, uma vez que apenas amostras

obtidas em campo foram utilizadas.

Uma outra abordagem, denominada PCR-RFLP, baseou-se na identificação da

espécie animal através do padrão de digestão produzido por enzimas de restrição (RFLP,

Restriction Fragment Length Polymorfism) sobre o produto de PCR do cyt b (QUARESMA et

al., 2012; SOARES et al., 2014). Assim, Quaresma et al. 2012, utilizando as enzimas TaqI,

HaeIII e MwoI, identificaram a fonte alimentar de 23 (60,5%) das 38 fêmeas ingurgitadas de

Psychodopygus lloydi. Os perfis de bandas das amostras foram comparados com os padrões de

digestão de diferentes hospedeiros vertebrados (controles). Um total de 8 flebotomíneos

(34,8%) produziram perfis de bandas específicas para primatas, 6 (26,1%) para aves e 9 (39,1%)

23

apresentaram padrões mistos, sugerindo que as fêmeas podem ter se alimentado de mais de um

hospedeiro. Esses padrões mistos foram roedor/marsupial (4/9), humano/galinha (2/9) e

roedor/marsupial/humano (1/9), além de outras combinações com vários hospedeiros não-

definidos (2/9). Além disso, as fontes alimentares de um total de 15 amostras não foram

identificadas.

Em 2014, SOARES et al. também aplicaram PCR-RFLP para estudo de repasto de

L. longipalpis, digerindo os produtos amplificados de 358pb do cyt b com as enzimas AciI, AluI,

HaeIII e RsaI. Após análise inicial in silico, os perfis de fragmentos de restrição de 10 espécies

de vertebrados (Homo sapiens, Rattus norvegicus, Didelphis marsupialis, Canis familiaris,

Felis catus, Sus domesticus, Bos taurus, Gallus gallus, Equus caballus e Cerdocyon thous)

foram validados com o DNA obtido de amostras de sangue ou tecidos animais. Posteriormente,

de um total de 80 fêmeas ingurgitadas de Lu. longipalpis obtidas em campo, foi possível

amplificar 76 amostras (95%), dentre as quais, 10 foram escolhidas aleatoriamente para

digestão dos seus produtos de PCR com enzimas de restrição. Assim, foi possível identificar a

fonte de repasto em 4 amostras (40%): Homo sapiens (1/4), Bos taurus (1/4) e Equus caballus

(2/4). Os perfis não identificados apresentaram quantidades insuficientes de DNA, resultando

em bandas eletroforéticas fracas ou mesmo ausentes, inviabilizando a análise.

Outra abordagem utilizada na investigação das fontes de repasto sanguíneo de

flebotomíneos associou a PCR convencional com a hibridização com sondas de DNA (ABBASI

et al., 2009; GARLAPATI et al., 2012). Nessa estratégia, denominada PCR-RLB, sondas

espécie-específicas de DNA são ligadas a uma membrana de nylon (RLB, Reverse Line

Blotting) e, em seguida, os produtos biotinilados oriundos da amplificação do gene cyt b são

submetidos a uma reação de hibridização com as sondas imobilizadas. A revelação pode ser

colorimétrica ou quimioluminescente. A vantagem mais evidente dessa abordagem

metodológica é a sensibilidade, sendo capaz de detectar uma quantidade tão pequena quanto 1

pg de DNA na reação, por até 96h pós-repasto realizado em homem, galinha ou pombo

(ABASSI et al., 2009). Esse achado é especialmente relevante devido ao tamanho diminuto dos

insetos flebotomíneos. Assim, quando aplicada a amostras de campo, PCR-RLB permitiu

identificar a fonte de repasto sanguíneo em 65% (288/442) das amostras de Phlebotomus

argentipes (GARLAPATI et al., 2012) e 76% (68/89) de Phlebotomus papatasi (ABASSI et

al., 2009). Por outro lado, os autores deixam claro que a construção de sondas específicas para

um grande número de espécies hospedeiras é laboriosa e difícil de otimizar. Adicionalmente,

24

vários problemas com a hibridização cruzada das sondas entre as espécies animais foram

observados.

Finalmente, devido à alta sensibilidade intrínseca à qPCR, essa técnica vem sendo

aplicada em investigações de repasto sanguíneos, não só em flebotomíneos (SALES et al.,

2015), como também em pulgas (GRAHAM et al., 2012; 2013; WOODS et al., 2009),

triatomíneos (MOTA et al., 2007) e culicídeos (VAN DEN HURK et al., 2007).

Assim, Sales et al. (2015), desenharam iniciadores para qPCR do gene cyt b, com

base nas sequências gênicas de cão, gato, cavalo, galinha, rato e humano. Os autores obtiveram

sensibilidade adequada demonstrada pela capacidade de detecção nos ensaios de até 1 pg de

DNA. No entanto, amplificações inespecíficas foram observadas nos ensaios de reação cruzada

entre algumas espécies animais. Assim, iniciadores para cyt b de galinha também amplificaram

DNA de homem e de rato. Iniciadores construídos para gato amplificaram inespecificamente o

DNA de cavalo, cão, rato, galinha e homem. Já os iniciadores desenhados para humanos

geraram produtos inespecíficos com o DNA de cão, gato e rato. Dessa forma, a técnica de

sequenciamento de DNA foi necessária para viabilizar a identificação do repasto nas amostras

coletadas em campo, produzindo 91% (91/100) de eficiência na detecção das espécies

hospedeiras que incluíram: homem (73%), galinha (23%), cão (22%), cavalo (15%), rato (11%)

e gato (2%).

Os diversos estudos para identificação das fontes alimentares de flebotomíneos

através da amplificação de mtDNA vêm utilizando exclusivamente iniciadores desenhados para

regiões conservadas entre as espécies animais, como o gene cyt b. Consequentemente, a baixa

especificidade nessa detecção ainda é evidente nas diversas investigações e tem sido apenas

parcialmente contornada pela utilização de técnicas auxiliares à PCR, como RFLP, RLB,

sequenciamento etc. O desenho de iniciadores para novos alvos moleculares de cada espécie

animal pode ser o passo-chave para o desenvolvimento de uma estratégia metodológica mais

bem-sucedida.

Nesse sentido, o desenho de iniciadores com base no genoma mitocondrial

completo (WMG, Whole Mitochondrial Genome) pode ser uma abordagem promissora. Esse

processo pode ser especialmente amparado pela elevada estabilidade dos genes mitocondriais

(pouco susceptíveis à recombinação gênica) e pela ampla disponibilidade das sequencias

completas das diferentes espécies animais no banco de dados na internet, permitindo uma

extensa comparação entre as mesmas (PERKINS e SCHALL, 2002).

25

3 JUSTIFICATIVA

A identificação da fonte alimentar de flebotomíneos tem sido muito importante para a

adoção de medidas de prevenção e controle das leishmaníases. O conhecimento da preferência

alimentar destes insetos por décadas foi pouco alcançado com técnicas tradicionais. Isso se deve

especialmente à dificuldade de detecção do sangue no intestino do flebotomíneo, em face do

seu diminuto tamanho. As abordagens moleculares têm revolucionado essa vertente de

investigação, devido sua alta sensibilidade e possibilidade de ajuste para alta especificidade.

Nesse contexto, uma estratégia metodológica molecular ideal para investigações de

preferência alimentar de flebotomíneos deve ser capaz de aliar alta sensibilidade de detecção,

especificidade compatível com repasto sanguíneo realizado em múltiplas espécies animais,

além de baixo custo de aplicação. A identificação do sangue ingerido por fêmeas de

flebotomíneos baseada na detecção de DNA do hospedeiro por PCR em tempo real utilizando

SYBR Green é uma alternativa.

As informações obtidas através desses estudos poderão contribuir para o entendimento

da biologia de flebotomíneos vetores e serão de grande importância e aplicabilidade na

epidemiologia das leishmaníases visceral e tegumentar.

26

4 HIPÓTESE CIENTÍFICA

A PCR em tempo real com SYBR Green® utilizando iniciadores desenhados a partir do

genoma mitocondrial completo de humanos (Homo sapiens), caninos (Canis lupus familiaris),

felinos (Felis catus), murinos (Rattus novergicus) e galináceos (Gallus gallus) é capaz de

identificar a fonte de repasto sanguíneo de flebotomíneos Lutzomyia spp.

27

5 OBJETIVOS

5.1 OBJETIVO GERAL

Desenvolver uma metodologia de PCR em tempo real com SYBR Green®, baseada em

genoma mitocondrial completo (WMG-qPCR), para identificação das espécies animais fontes

de repasto sanguíneo para fêmeas de flebotomíneos.

5.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Estabelecer um protocolo de extração de DNA mais adequado para utilização em

WMG-qPCR, utilizando a espécie humana (Homo sapiens) como referência;

Comparar o rendimento de três métodos com diferentes princípios de extração de DNA,

utilizando a espécie humana (Homo sapiens) como referência;

Desenhar iniciadores específicos para humanos (Homo sapiens), caninos (Canis lupus

familiaris), felinos (Felis catus), murinos (Rattus novergicus) e galináceos (Gallus

gallus), utilizando o genoma mitocondrial completo dessas espécies;

Avaliar a especificidade das amplificações de WMG-qPCR para as 5 espécies animais,

na presença de DNA do flebotomíneo Lutzomyia sp.;

Determinar a sensibilidade das reações de WMG-qPCR para as 5 espécies animais.

28

6 CAPÍTULO 1

Um novo qPCR de Genoma Mitocondrial Completo com SYBR Green®

para identificar repasto sanguíneo de flebotomíneos

A new Whole Mitochondrial Genome qPCR (WMG-qPCR) with SYBR Green®

to identify phlebotomine sand fly blood meals

Periódico: Acta tropica

(Submetido em 26 de Agosto de 2016)

Qualis: A2

29

A new Whole Mitochondrial Genome qPCR (WMG-qPCR) with SYBR Green® to

identify phlebotomine sand fly blood meals

Ana Caroline M. Rodriguesa, Rafaela. D. Magalhãesa, Kalil A. M. Romcya, Jeferson L. S.

Freitasa, Ana Carolina F. L. Melob, Fernanda C. M. Rodona, Claudia M. L. Bevilaquaa, Luciana

M. Meloa*.

aLaboratory of Parasitology Diseases. Veterinary School. State University of Ceará, Av. Doutor

Silas Munguba, 1700, Campus do Itaperi, Fortaleza-CE, Brazil, 60714-903.

bLaboratory of Parasitology. Medicine School. Federal University of Ceará, Rua Alexandre

Baraúna, 949, Campus Porangabuçu, Fortaleza-CE, Brazil, 60430-160.

*Corresponding author: Luciana M. Melo. Tel.: +55 85 31019861; fax: +55 85 31019840 E-

mail address: [email protected]

30

Abstract

Phlebotomine sand flies are blood-feeding insects of marked medical and veterinary

significance. Investigations on the biology of these insects hold great importance for both

ecological and epidemiological purposes. The present work describes a new approach for real-

time PCR (qPCR) with SYBR Green®, named WMG-qPCR, to identify phlebotomine blood

meals. The novelty of the assay was to design primers based on the Whole Mitochondrial

Genome (WMG) of the potential hosts (human, dog, cat, brown rat and chicken) aiming to

amplify through qPCR the regions of mitochondrial DNA (mtDNA) which are less conserved

among all species. Initially, the best method for mtDNA extraction to be applied in WMG-

qPCR was determined. Afterwards, amplification specificities were accessed by cross-reaction

assays with mtDNA samples from all animal species, besides phlebotomine DNA. Finally, the

selected primers were also tested for their limit of DNA detection through standard curves

constructed by serial dilution of blood DNA obtained for each target animal species. The

WMG-qPCR was able to detect as low as 10 pL of blood, equivalent to 26, 84, 130, and 320 fg

DNA of cat, human, dog and rat, respectively. The assay was also capable to amplify as low as

5 pL of chicken blood (5 pg DNA). In conclusion, WMG-qPCR seems to be a promising tool

to identify phlebotomine blood meals, with high species-specificity and sensitivity.

Furthermore, as no supplementary techniques are required, this new approach presents

minimized costs and simplified technical-training requirements for execution.

Keywords: real-time PCR, blood feeding, Lutzomyia, mtDNA, sandfly

31

1. Introduction

Sand flies are vectors capable of transmitting various diseases, such as arboviruses,

trypanosomiases and leishmaniasis (Adler and Theodor, 1957; Alexander, 2003; Rassi et al,

2012.). Visceral leishmaniasis (VL) is caused by the protozoan Leishmania infantum (Dantas-

Torres, 2006). In Brazil, the most important sand fly species in VL transmission are Lutzomyia

longipalpis and Lutzomyia cruzi (Queiroz et al., 2012). VL is a serious parasitic disease with a

high mortality rate among untreated patients, it is one of the five parasitic diseases of major

concern for the World Health Organization (WHO, 2016).

Investigations on the biology of these insects hold great importance for both ecological

and epidemiological purposes. Studying the blood-feeding pattern of these insects may help in

the understanding of their interactions with potential reservoir hosts of Leishmania parasites.

Different serological methods have been traditionally applied to study the blood-feeding

behavior of sand flies, including the precipitin test (Baum et al., 2013; Nery et al., 2004) and

ELISA (Afonso et al., 2012; Marassá et al., 2004). However, these methods present some

technical limitations (e.g., the possibility of cross-reactivity between species, the need for

producing specific antibodies to several species, and the inability to discover unpredicted hosts)

(Haouas et al., 2007).

In the last decades, molecular methods have been developed for sand flies blood meal

identification, including PCR. The DNA amplification from blood present in sand flies, have

brought the possibility of methodological applications with sensitivity compatible to the

reduced size of these vectors (Sant'Anna et al, 2008; Haouas et al, 2007). Strategies for

mitochondrial DNA amplification (mtDNA), like that using the cytochrome b gene (CYTB),

based on either conventional PCR (Abbasi et al., 2009; Jiménez et al., 2013; Garlapati et al.,

2012) as real time PCR (Sales et al., 2015) have been used with high levels of sensibility.

However, the genetic marks employed have demonstrated low specificity, requiring the use of

32

auxiliary techniques, like DNA sequencing for sand fly blood meal identification (Sales et al.,

2015).

In these circumstances, an ideal methodological strategy to investigate sand flies feeding

preferences should be able to combine high sensitivity, specificity and low cost of application.

Given this background, the current investigation describes a new approach for qPCR with

SYBR Green® based on amplifications of mtDNA regions which were less conserved between

human (Homo sapiens), dog (Canis lupus familiaris), cat (Felis catus), rat (Rattus norvegicus)

and chicken (Gallus gallus). Furthermore, aspects such as sensitivity and specificity of these

reactions and the best method to obtain the DNA samples are also described.

2. Materials and Methods

2.1. Declaration of ethics

This study was carried out in strict accordance with the guidelines for the ethical use of

animals in research. The Animal Ethics Committee from the State University of Ceará

(CEUA/UECE n.12236895-9) also approved the experimental protocol. Additionally, this

study was carried out in strict accordance with the guidelines for the ethical use of animals in

research (ASAB, 2006).

2.2. Experimental design

The present investigation was divided into two experimental steps. The first experiment

aimed to select the best method for DNA extraction for WMG-qPCR. To achieve this end, DNA

from human-blood samples was obtained using three different extraction methods (K1, K2 and

K3). The methods were compared by both fluorimetric DNA measurements and mtDNA

quantifications.

33

In the second experiment, several primers were designed based on the whole

mitochondrial genome (WMG) of humans (Homo sapiens), dogs (Canis lupus familiaris), cats

(Felis catus), rats (Rattus norvegicus) and chickens (Gallus gallus) and used for qPCR reactions

(named WMG-qPCR). Thereafter, the best primers were selected according to specificity in

cross-reaction assays with DNA of all animal species and L. longipalpis. Additionally, the

sensitivity of the amplifications were determined by construction of standard curves with serial-

dilution of blood DNAs.

2.3. Biological samples

Blood samples from five different animal species were used: Homo sapiens, Rattus

norvegicus, Felis catus, Canis familiaris and Gallus gallus. A total volume of 1 mL of

peripheral blood was collected from three to five specimens from each animal species. Aliquots

of blood samples were stored in a freezer at -80°C until the DNA extraction.

In addition, ten males of Lutzomyia longipalpis sand fly were collected using CDC light

traps (John W. Hock Company, Gainsville, Florida) in the city of Fortaleza, in Ceará state,

Brazil. The insects’ identification was based on the external morphological features (Young

and Duncan, 1994) and performed by technicians of Zoonosis Control Center of Health's

Secretary of Fortaleza. The specimens were preserved in individual tubes at -80°C until DNA

extraction.

2.4. DNA extraction

In the first experiment, human DNA was extracted from 50µL of blood using

commercial kits (K1, K2 and K3) which are based on distinct principles: K1) Wizard Genomic

DNA Purification (Promega, Madison, USA) based on both protein and DNA precipitation;

K2) Wizard SV Genomic DNA Purification System Kit (Promega, Madison, USA) in which

34

DNA binds to silica resin; K3) PureLink Quick Plasmid Miniprep Kit (Invitrogen, Carisbad,

California, USA) designated for resin-based plasmid DNA purification. The protocols were

carried out complying with the manufacturer’s instructions, with slight modifications for blood.

The DNA samples were eluted (or solubilized) in 50µL DNase-free water, aliquoted and stored

at -80°C until qPCR for mtDNA quantifications.

In the second experiment, the K2 method was used to obtain the DNA samples from

blood of the five animal species. Additionally, DNA from ten male phlebotomies was obtained

following the manufacturer's instructions adapted for insects. Thus, a disruption step was

performed in 2mL grinding tubes with 1.4mm ceramic beads (Bertin Technologies, France) and

Precellys 24 equipment (Bertin Technologies, Orléans, France) set for three cycles of 20

seconds at 6,500rpm interspaced by 15 seconds. All DNA samples were eluted in 50µL DNase-

free water, aliquoted and stored at -80°C until accomplishing WMG-qPCR reactions.

All DNA samples were quantified using the reagent Quant-iT dsDNA high-sensitivity

assay or Quant-iT dsDNA Broad-Range assay and Qubit 2.0 Fluorometer equipment

(Invitrogen, Carisbad, California, USA) following the manufacturer's recommendations.

2.5. qPCR reactions

The reactions for mtDNA quantifications and WMG-qPCR were similar in general

conditions, with exception of both primer and template DNA concentrations (described in the

correspondent sections). Thus, amplification reactions consisted of 20µL total volume

containing 10µL of 2x FastStart Universal SYBR-Green Master Mix (Roche, Mannheim,

Germany), 2µL of primers, 1µL of DNA sample and 7µL of ultrapure water. Amplifications

were performed in triplicate per sample for each gene.

The thermal cycling consisted of initial incubation 95ºC for 10min, followed by 40

cycles of amplification at 95ºC for 15 s and 60ºC for 45s and was performed in the thermocycler

35

Mastercycler EP Realplex 4S (Eppendorf, Hamburg, Germany). Specificity was ascertained

after completion of the amplification in the presence of SYBR Green by a melting procedure

(55–95ºC, starting fluorescence acquisition at 55ºC and taking measurements at 10 s intervals

until the temperature reached 95ºC). Threshold and threshold cycle (Ct) values were

automatically determined by Realplex 2.2 software (Eppendorf, Hamburg, Germany) using

default parameters.

2.6. mtDNA quantifications

In the first experiment, DNA extraction methods (K1, K2 and K3) were compared by

relative quantitation of mtDNA using the DDCt method (Livak and Schimittgen, 2001). Thus,

among the primers designed for mtDNA amplifications in human (Figure 1), the pair Hmt3-

F/Hmt3-R was selected for use in this assay because the amplification efficiency was

compatible with quantitative aims. Additionally, data normalization was performed through

amplification of a Long Interspersed Nuclear Element, (LINE) sequence, using the primers L1-

F: GCTGGATATGAAATTCTGGGTTGA and L1-R: AGGAAATACAGAGAACGCCACA

A, previously reported by Pal et al. (2010). All reactions were set with 0.6μM primers and 0.5ng

total DNA. Negative controls consisted in reactions without template DNA.

2.7. Primer design for WMG-qPCR

In the second experiment, primers for WMG-qPCR were designed using the

PrimerBlast software (Ye et al, 2012, available at: https://blast.ncbi.nlm.nih.gov/Blast.cgi) and

the complete sequences of mitochondrial genomes of humans, dogs, cats, rats and chickens

(Figure 1). Additionally, the PrimerBlast parameters were adjusted to exclude amplifications in

L. longipalpis, Lutzomyia migonei, L. infantum and Leishmania braziliensis (GenBank taxids

7200, 85761, 5671 and 5660, respectively). The primers were also analyzed in silico for

36

unintended secondary structures using OligoAnalyzer 3.1 software (available at:

www.idtdna.com/calc/analyzer). Finally, multiple alignments of target regions for the designed

primers were also inspected to access the level of sequence conservation between the animal

species using the Clustal Omega software (Sievers et al., 2011, available at:

www.ebi.ac.uk/Tools/msa/clustalo).

2.8. WMG-qPCR specificity

The amplification specificities were determined by cross-reaction assays with DNA

samples from all five animal species, besides phlebotomine DNA. Thus, each primer pair

(Figure 1) was subjected to WMG-qPCR reactions in the presence of DNA mass equivalent to

1 μL blood of each animal species (32.0 ng for rat, 8.4 ng for human, 2.6 ng for cat and 13.2 ng

for dog), except for chicken, in which the DNA amount was 100 ng (equivalent to 0.1 μL blood).

Cross-reaction was also tested in the presence of DNA equivalent to 0.2 phlebotomine (DNA

from 10 L. longipalpis males eluted in 50 μL water). Finally, all WMG-qPCR reactions were

set with 0.3 μM primers, except Hmt3-F/Hmt3-R, for which the best concentration was 0.6 μM.

Furthermore, negative controls were also prepared with water instead of template DNA.

2.8. WMG-qPCR sensitivity

The primers selected in cross-reaction assays were also tested for their limit of DNA

detection. Then, the sensitivities of WMG-qPCR amplifications were analyzed through

standard curves constructed by serial dilution of DNA obtained from 50 µL blood of each

animal species. Thus, curves were plotted from 0.01 pL to 1 μL blood for human, dog, cat and

rat and from 0.005 pL to 0.5 μL blood for chicken. The WMG-qPCR sensitivity was established

by the lower blood volume that could be successfully amplified in the triplicate reactions.

37

2.8. Data and Statistical Analysis

The total DNA concentrations (in ng/µL) and the mtDNA amplification levels (in

relative units) were both expressed as mean (± SD) of three or four replicates. The groups (K1,

K2 and K3) were compared using the one-way ANOVA, followed by Sidak’s multiple

comparisons test. The melting curves of the WMG-qPCR amplicons were constructed by

plotting the inverse negative derivative of the fluorescence signal versus temperature (expressed

in ° C) and qualitatively analyzed. The Ct and melting temperature (Tm) data were expressed

as the mean (± SD) of three or more measurements. The software GraphPad Prism 7 (GraphPad

Software, Inc., La Jolla, USA) was used for all statistical analyzes, and the value of P<0.05 was

set as the limit for statistical significance.

3. Results

3.1. mtDNA quantifications

The preliminary aim of the present investigation was to choose the best mtDNA

extraction method to be applied to WMG-qPCR. Thus, we first compared the total DNA amount

yielded by the methods. The K2 kit produced 274.0±6.2 ng total DNA which was higher than

(P<0.0001) K1 (203.0±17.0 ng) and K3 (174.5 ± 2.8 ng). Additionally, K3 generated less total

DNA than K1 (P<0.05).

Second, the mtDNA quantifications were achieved by amplification of DNA samples

with both Hmt3-F/Hmt3-R and L1-F/L1-R primers (Figure 2). Primarily, amplification

efficiencies (98% for Hmt3 and 96% for L1F) were determined to be compatible with qPCR

(Figure 2A). Despite of all DNA extraction methods being able to produce amplicons

throughqPCR (Figure 2B), the resin-based commercial kit (K2) was suitable for greater mtDNA

amplification when compared to K1 (P<0.0001) and K3 (P<0.01). Additionally, K1 yielded less

mtDNA than K3 method (P<0.0001).

38

3.2. WMG-qPCR specificity and primer selection

A total of 16 primer pairs were drawn for WMG-qPCR and subjected to cross-reaction

selection with blood DNA from all animal species and from phlebotomine. Thus, the primer

pairs Dmt1, Camt1, Hmt2, Rmt2 and Chmt6 produced specific amplicons with the target DNA

and Tm (° C) of the products were shown in Figure 3. The Ct values in the presence of DNA

amount equivalent to 1 μL blood of each animal species varied from 13.01 ± 0.04 (for Rmt2

with rat DNA) to 14.95 ± 0.15 (for Camt1 with cat DNA). Additionally, the Ct was

13.66 ± 1.18 for Chmt6 with DNA from 0.1 μL chicken blood. Despite of some unspecific

amplicons being generated with Rmt2 and DNA from the species other than rats, the produced

Ct values ranged from 29.36 ± 0.24 to 35.96 ± 0.99 with chicken and cat DNA samples,

respectively. Finally, some light noises were observed in the melting curves drawn for Hmt2,

Camt1 and Dmt1 primers with non-target samples, but the observed Ct values were always

higher than 30 (data not shown).

3.3. WMG-qPCR sensitivity

The selected primers pairs Dmt1, Camt1, Hmt2 and Rmt2 were able to detect as low as

10 pL blood of dog, cat, human and rat, respectively, in triplicate WMG-qPCR reactions (Figure

4). Furthermore, the pair Chmt6-F/Chmt6-R was capable to amplify only 5 pL of chicken blood.

Although we did not aim to select primers for quantitative purposes, the amplification

parameters of standard curves were also presented for each primer pair.

4. Discussion

In the present study we developed a new approach of SYBR Green®-based qPCR assays

aiming to identify female sand fly blood meals. The novelty of the present work was to design

primers based on the complete mitochondrial genome of the five animal species. Thus, different

39

from the other reports that elected only one gene to amplify, particularly the cyt b (Sales et al.,

2015), we used the PrimerBlast software to design primer pairs in mitochondrial genome

regions less conserved between all species. Our approach named WMG-qPCR (Whole

Mitochondrial Genome qPCR) was able to specifically amplify the mtDNA target regions with

high sensitivity, detecting the DNA amount equivalent to the thousandth part of one microliter

blood volume.

Initially, we investigated the best method for DNA extraction to be applied in WMG-

qPCR. Thus, we compared commercial kits with different DNA extraction principles: protein

and DNA precipitations (K1), total-DNA-binding silica resin (K2) and plasmid-binding silica

resin (K3). To accomplish this aim, both total DNA and mtDNA were quantified, by fluorimetry

and qPCR (with Hmt3 and L1F primers), respectively. Since total DNA is composed by both

nuclear and mitochondrial DNA, the fluorimetric quantification is not sufficient to elect the best

DNA-extraction method to be applied on mtDNA amplifications. Thus, for WMG-qPCR, we

selected the method K2 because it yielded greater amount of mtDNA than K1 and K3. The K2

method also produced the highest total-DNA mass, but we did not used this criteria to select it.

Most commercially available silica-column methods rely on high concentrations of

chaotropic salts and low pH to promote the binding of negatively charged DNA phosphate

backbones to positively charged silica column. The total amount of DNA that adsorbs to silica

depends on solution pH, ionic strength, electrolyte type, valency, and conformation of DNA

(i.e., linear or circular shape and level of coil) (Svozil et al., 2008). Since mtDNA properties

are somewhat similar to those of bacterial plasmid (i.e. both are double-strand circular DNA),

commercial kits for plasmid extraction hasbeen successfully used for both extraction and

enrichment of mtDNA from eukaryotic cells (Defontaine et al., 1991; Peloquin et al., 1993). In

the present work, we also could indicate plasmid-extraction method (K3) for WMG-qPCR

because it provided the second best level of mtDNA, when compared with the two commercial

40

kits tested. Despite of the K1 method producing great quantities of total DNA, it yielded the

lowest mtDNA amount. Since this method relies on a series of precipitation steps to purify high-

molecular-weight DNA, mtDNA could not be effectively recovered by this approach, as

mitochondrial genome has a low molecular weight, i.e. ~16Kbp (Jessie et al., 2001).

After we have settled that the K2 method was be able to produce great amounts of

mtDNA for qPCR applications, it was used to obtain the samples for the subsequent WMG-

qPCR assays. Thus, mtDNA from animal blood samples (dog, human, cat, rat and chicken) and

sand flies were used to access specificity and sensitivity of WMG-qPCR. First, we selected

primer pairs presenting proper target amplification without cross-reaction. Thus, the primer

pairs Dmt1, Camt1, Hmt2, Rmt2 and Chmt6 produced specific amplicons in the presence of the

target DNA, as indicated by only one sharp single-peak in melting curves of PCR products.

In order to select the primers above, we designed a variable number of pairs for each

animal species. Thus, for dog and cat, we tested only one primer pair (Dmt1 and Cmt1) which

works properly in cross-reaction assays. On the other hand, for humans and rats, it was

necessary to investigate three pairs of primers for each one. Unwanted products occurred for

Hmt1 reactions (targeting human COX1 gene) with both rat (Tm 82.4±0.1) and sand fly (Tm

82.0±0.1) samples. Additionally, these primers also produced unspecific sign with cats,

chickens and dogs DNA. The Rmt1 primers (for rat 16S rRNA gene amplification) produced

unexpected amplicons with humans (Tm 76.8±0.1), cats (Tm 77.8±0.1) and dogs (Tm 78.3±0.1)

samples and they were unspecific in reactions with chickens DNA. The Rmt3 pair, designed to

amplify rat ND1 gene, generated unwanted products with cats (Tm 77.5±0.2) and chickens (Tm

82.4±0.2) templates and it was nonspecific with humans and dogs. The highest number of

primer pairs investigated in cross-reaction assays was six, for chicken. The pairs Chmt1 and

Chmt2 (for ND2 and ND5 genes, respectively) generate primer-dimers, indicated by double-

peak in melting-curves of the PCR products. Unwanted products were observed for Chmt4

41

(targeting chicken ND5 gene) with dogs (Tm 79.9±0.10) and for Chmt5 with both cats

(80.7±0.0) and rats (Tm 79.5±0.00).

Several methodologies have been used to detect the blood meal in phlebotomine vectors,

incidentally, genetic markers have been employed including mitochondrial (e.g., cytochrome

b; Baum et al., 2015; Anaguano et al., 2015) and nuclear (e.g., prepronociceptin; Paternina et

al., 2016) genes. The former approach takes advantage of the high stability of mtDNA (Savu et

al., 2011). However, all these approaches have shown limitations regarding specificity,

requiring the use of auxiliary techniques, such as DNA sequencing, to identify blood meal in

sand flies. In the present work, we improved specificity of real-time PCR method with SYBR

Green® using no supplementary technology, as DNA sequencing or probes. Besides the

mtDNA stability, our strategy based on WMG is strongly supported by the wide availability of

complete genome sequences in online database, as GenBank. Additionally, primer-design

software can choose less-conserved regions across animal species, since the sequence lengths

of mitochondrial genomes (~16,000 bp) are higher than a single gene (e.g., ~1,500 bp for cyt

b).

The cross-reaction assays also provided the early indicatives of primer sensitivities

through Ct values (ranging from 13.0 to 14.9 for selected primers) in the presence of DNA

equivalent to 1 µL blood (0.1 µL for chicken). Then, the Chmt3 primers (targeting chicken

ATP6 gene) was wasted because their low sensitivity (Ct = 19.3±0.0) despite of no unspecific

products. Finally, both Hmt2 and Hmt3 pairs (designed for human ND6 gene) presented no

unspecific amplicons, but the former was select based on Ct values (14.2±0.0 and 15.1±0.1,

respectively) in the presence of DNA from 1 µL blood.

Subsequently, the primers Dmt1, Camt1, Hmt2, Rmt2 and Chmt6, selected in cross-

reaction assays, were also tested for their detection limit (i.e., sensitivity) through WMG-qPCR

standard curves. Several methodologies have been used to detect the blood meal in mosquitoes

42

(Kent, 2009), but some biological differences make it difficult to extrapolate the results for sand

flies. The most important issue is the amount of blood imbibed in the midgut, i.e. up to 1 L

for sand flies (Daba et al., 2004) and 2-6 L for mosquitoes (Clements, 1992). Thus, it is

essential to have a technique sensitive enough to detect DNA minimal amounts In this context,

the researchers are beginning to investigate sand fly blood meals by real-time PCR (Sales et al.,

2015). Here, the WMG-qPCR assay allowed to detect as low as 26 fg of DNA (equivalent to

10 pL of cat blood). Indeed, this sensitivity was almost four times greater than the best result

reported by Sales et al. (2015), i.e., 100 fg human DNA, using qPCR amplification of CYT B

gene. Concerning qPCR sensitivity, our results were also better than that reported for other

species: eight times for dogs (130 fg vs 1 pg), three times for rats (320 fg vs 1 pg) and 40 times

for cats (26 fg vs 1 pg). However, for both human and chicken, the detection limits were almost

similar (84 vs 100 fg and 5 vs 10 pg, respectively). Since the authors also targeted mtDNA, it

is possible that the use of auxiliary techniques, as DNA sequencing, could have decreased qPCR

sensitivity when compared to WMG-qPCR.

5. Conclusion and perspectives

The SYBR Green®-based WMG-qPCR standardized herein represents promising tool

to identify phlebotomine sand fly blood meals. Our new methodological approach is highly

sensible and species-specific. Furthermore, as no supplementary techniques are required, the

WMG-qPCR presents minimized costs and simplified technical-training requirements for

execution. Finally, the most imminent perspective of our research group is to apply this

methodology in field-collected sand flies, particularly Lutzomyia spp. This plan will contribute

to understand the biology of Leishmania vectors in endemic areas of Brazil and ultimately

validate the WMG-qPCR for blood meal investigations.

43

Conflict of interest

There is no conflict of interest involved in this manuscript.

Acknowledgements

R. D. Magalhães and A. C. M. Rodrigues are recipients of CAPES (Brasilia, Brazil) grants. K.

A. M. Romcy and J. L. S. Freitas thank CNPq (Brasilia, Brazil) and FUNCAP (Fortaleza,

Brazil), respectively, for their scholarships. C. M. L. Bevilaqua is a Senior Researcher of CNPq

(303018/2013-5). The authors gratefully acknowledge the staff for management and other

technical assistance with the animals needed for this project.

References

Abbasi, I., Cunio, R., Warburg, A., 2009. Identification of blood meals imbibed by

phlebotomine sand flies using cytochrome b PCR and reverse line blotting. Vector Borne

Zoonotic Dis 9, 79-86.

Adler, S., Theodor, O., 1957. Transmission of disease agents by phlebotomine sandflies. Annu

Rev Entomol 2, 203-226.

Afonso, M.M.S., Duarte, R., Miranda, J.C., Caranha, L., Rangel, E.F., 2012. Studies on the

feeding habits of Lutzomyia (Lutzomyia) longipalpis (Lutz &amp; Neiva, 1912) (Diptera:

Psychodidae: Phlebotominae) populations from endemic áreas of American Visceral

Leishmaniasis in Northeastern Brazil. J Trop Med 2012, 1-4.

Alexander, B., Maroli, M., 2003. Control of phlebotomine sandflies. Med Vet Entomol 17, 1-

18.

Anaguano, D.F., Ponce, P., Baldeón, M.E., Santander, S., Cevallos, V., 2015. Blood-meal

identification in phlebotomine sand flies (Diptera: Psychodidae) from Valle Hermoso, a high

prevalence zone for cutaneous leishmaniasis in Ecuador. Acta Trop 152, 116-120.

44

ASAB, 2006. Guidelines for the treatment of animals in behavioral research and teaching.

Animal Behaviour 71, 245-253.

Baum, M., De Castro, E.A., Pinto, M.C., Goulart, T.M., Baura, W., Klisiowicz, D.R., Vieira

Da Costa-Ribeiro, M.C., 2015. Molecular detection of the blood meal source of sand flies

(Diptera: Psychodidae) in a transmission area of American cutaneous leishmaniasis. Acta Trop

143, 8-12.

Clements, A., 1992. The biology of mosquitoes. vol. 1 Development, nutrition and

reproduction, first ed. Chapman & Hall: London, pp 509.

Daba, S., Daba, A., Shehata, M.G., El Sawaf, B.M., 2004. A simple micro-assay method for

estimating blood meal size of the sand fly, Phlebotomus langeroni (Diptera: Psychodidae). J

Egypt Soc Parasitol. 34, 173.

Dantas-Torres, F., 2006. Leishmania infantum versus Leishmania chagasi: do not forget the

law of priority. Mem Inst Oswaldo Cruz 101, 117–118.

Defontaine, A., Lecocq, F.M., Hallet, J.N., 1991. A rapid miniprep method for the preparation

of yeast mitochondrial DNA. Nucleic Acids Res 19, 185.

Garlapati, R.B., Abbasi, I., Warburg, A., Poché, D., Poché, R., 2012. Identification of

bloodmeals in wild caught blood fed Phlebotomus argentipes (Diptera: Psychodidae) using

cytochrome b PCR and reverse line blotting in Bihar, India. J Med Entomol. 49, 515–21.

Haouas, N., Pesson, B., Boudabous, R., Dedet, J.P., Babba, H., Ravel, C., 2007. Development

of a molecular tool for the identification of Leishmania reservoir hosts by blood meal analysis

in the insect vectors. Am J Trop Med Hyg 77, 1054-1059.

Jessie, B.C., Sun, C.Q., Irons, H.R., Marshall, F.F., Wallace, D.C., Petros, J.A., 2001.

Accumulation of mitochondrial DNA deletions in the malignant prostate of patients of diferente

ages. Exp Gerontol 37, 169-174.

45

Jiménez, M., González, E., Iriso, A., Marco, E., Alegret, A., Fúster, F., Molina, R., 2013.

Detection of Leishmania infantum and identification of blood meals in Phlebotomus

perniciosus from a focus of human leishmaniasis in Madrid, Spain. Parasitol Res 112, 2453-

2459.

Kent, R.J., 2009. Molecular methods for arthropod bloodmeal identification and applications to

ecological and vector-borne disease studies. Mol Ecol Resour 9, 4–18.

Livak, K.J., Schmittgen, T.D., 2001. Analysis of relative gene expression data using real-time

quantitative PCR and the DDCt method. Methods 25, 402–408.

Marassá, A. M., Consales, C. A., Galati, E. A. B., 2004. Enzyme-linked immunosorbent assay

biotin/avidin method standardization, for identification of Lutzomyia (Lutzomyia) longipalpis

bloodmeals (Lutz & Neiva). Rev. Soc. Bras. Med. Trop. 37, 441-446.

Nery, L.C.R., Lorosa E.S., Franco A.M.R.,2004. Feeding Preference of the Sand Flies

Lutzomyia umbratilis and L. spathotrichia (Diptera: Psychodidae, Phlebotominae) in an Urban

Forest Patch in the City of Manaus, Amazonas, Brazil. Mem Inst Oswaldo Cruz 99, 571-574.

Pal, A., Srivastava, T., Sharma, M. K., Mehndiratta, M., Das, P., Sinha, S., Chattopadhyay, P.,

2010. Aberrant methylation and associated transcriptional mobilization of Alu elements

contributes to genomic instability in hypoxia. J Cell Mol Med 26, 46-54.

Paternina, L.E., Vergara, D.V., Ricardo, L.R., Dória, A.P., Gómez, M.P., Martínez, L.,

Queiroz, M.F.M., Varjao, J.R., Moraes, S.C., Salcedo, G.E., 2012. Analysis of sandflies

(Diptera: Psychodidae) in Barra do Garças, State of Mato Grosso, Brazil, and the influence of

environmental variables on the vector density of Lutzomyia longipalpis (Lutz & Neiva, 1912).

Rev. Soc. Bras. Med. Trop. 45, 313-317.

Peloquin J.J., Bird D.M., Platzer E.G., 1993. Rapid miniprep isolation of mitochondrial DNA

from metacestodes, and free-living and parasitic nematodes. J. Parasitol 79, 964–967.

46

Rassi, Y., Alireza, S.D., Mohammad, A.O., Mohammad, R.A., Fatemeh, M., Ahmadali, E.,

Zabiholah, Z., Ezatoldin, J., 2012. First report on natural infection of the Phlebotomus tobbi by

Leishmania infantum in northwestern Iran. Exp Parasitol 131, 344-349.

Sales, K.G.S., Costa, P.L., Morais, R.C.S., Otranto, D., Brandão-Filho, S.V., Cavalcanti, M.P.,

Dantas-Torres, F., 2015. Identification of phlebotomine sand fly blood meals by real-time PCR.

Parasites Vectors 8, 4-9.

Sant'Anna, M.R., Jones, N.G., Hindley, J.A., Mendes-Sousa, A.F., Dillon, R.J., Cavalcante,

R.R., Alexander, B., Bates, P.A., 2008. Blood meal identification and parasite detection in

laboratory-fed and field-captured Lutzomyia longipalpis by PCR using FTA databasing paper.

Acta Trop 107, 230-237.

Savu, O., Sunkari, V.G., Botusan, I.R., Grunler, J., Nikoshkov, A., Catrina, S.B., 2011. Stability

of mitochondrial DNA against reactive oxygen species (ROS) generated in diabetes. Diabetes

Metab Res Rev. 27, 470-479.

Sievers, F., Wilm, A., Dineen, D., Gibson, T.J., Karplus, K.L.I.W., Lopez, R., Mcwilliam, H.,

Remmert, M., Söding, J., Thompson, J.D., Higgins, D.G., 2011. Fast, scalable generation of

high-quality protein multiple sequence alignments using Clustal Omega. Mol. Syst. Biol. 7,

539.

Svozil, D., Kalina, J., Omelka, M., Schneider, B., 2008. DNA conformations and their sequence

preferences. Nucleic Acids Res 36, 3690-3706.

WHO (World Health Organization). Health topics: Leishmaniasis.

http://www.who.int/topics/leishmaniasis/en/ (accessed 05.02.16).

Ye, J., Coulouris, G., Zaretskaya, I., Cutcutache, I., Rozen, S., Madden, T., 2012. Primer-

BLAST: A tool to design target-specific primers for polymerase chain reaction. BMC

Bioinformatics 13, 134.

47

Young, D.G., Duncan, M.A., 1994. Guide to the identification and geographic distribution of

Lutzomyia sand flies in Mexico, the West Indies, Central and South America (Diptera:

Psychodidae). Mem. Am. Entomol. Inst. 54, 1–881.

48

FIGURES

Fig. 1. Schematic representation of WMG-qPCR primer distributions on mitochondrial

genomes. Graphical circular notations of cats (Felis catus), humans (Homo sapiens), rats

(Rattus novergicus), dogs (Canis lupus) and chickens (Gallus gallus) genomes, as the Genbank

accession numbers, were presented. The relative position of the primer pairs (Camt1, Hmt1,

Hmt2, Hmt3, Rmt1, Rmt2, Rmt3, Dmt1, Chmt1, Chmt2, Chmt3, Chmt4, Chmt5 and Chmt6)

and the main mitochondrial genes were also shown. D-loop: displacement loop; 12S rRNA and

18S rRNA: ribosomal RNA genes; ND1 (to 6): NADH dehydrogenase subunit 1 (to 6) gene;

COX1 (to 3): cytochrome c oxidase subunit 1 (to 3) gene; ATP6: subunit-6 ATP-synthase gene;

ATP8: subunit-8 ATP-synthase gene; CYTB: cytochrome b.

49

Fig. 2. Comparisons of DNA extraction kits for WMG-qPCR. A) Validation of Hmt3 and L1F

primer pairs for quantitative purposes. Efficiency, linearity (R2) and curve equation were

presented. B) Total-DNA and mtDNA quantifications. K1: protein/DNA-precipitation kit; K2:

resin-based total DNA purification kit; K3: resin-based plasmid DNA purification kit. DNA

extraction kits were compared within the mtDNA (A,B: P < 0.05) or total DNA (a,b: P < 0.05)

quantifications.

50

Fig. 3. Specificity of WMG-qPCR primers. The pairs Dmt1, Camt1, Hmt2, Rmt2 and Chmt6

were tested for cross-reaction with blood DNA samples of Dog, Cat, Human, Chicken and Rat.

Negative controls were prepared with water in substitution to DNA template. The Ct values

were achieved in the presence of DNA amount equivalent to 1 μL blood of each animal species

(0.1 μL for chicken). Melting temperature (Tm) of amplicons were shown.

51

Fig. 4. Standard curves of WMG-qPCR amplifications. Sensitivities were accessed by serial dilution of DNA obtained from 50 µL blood of each

animal species. Curves were plotted from 0.01 pL to 1 μL blood for human, dog, cat and rat and from 0.005 pL to 0.5 μL blood for chicken. The

primer sensitivity (dotted arrows) was established by the lower blood volume that could be successfully amplified in the triplicate reactions, and

were also expressed as equivalent DNA amount (fg).

52

A new Whole Mitochondrial Genome qPCR (WMG-qPCR) with SYBR Green® to

identify phlebotomine sand fly blood meals

Research highlights:

WMG-qPCR is a real-time PCR method without probes to identify sandfly blood

meals.

Primers were based on the Whole Mitochondrial Genome (WMG) of the potential

hosts.

A resin-based commercial kit extracts DNA suitable for WMG-qPCR.

WMG-qPCR detected 10pL blood of cat, human, dog or rat, and 5pL blood of

chicken.

53

A new Whole Mitochondrial Genome qPCR (WMG-qPCR) with SYBR Green® to

identify phlebotomine sand fly blood meals

Ana Caroline M. Rodriguesa, Rafaela. D. Magalhãesa, Kalil A. M. Romcya, Jeferson L. S.

Freitasa, Ana Carolina F. L. Melob, Fernanda C. M. Rodona, Claudia M. L. Bevilaquaa,

Luciana M. Meloa*.

Graphical Abstract:

Whole mitochondrial genome of chickens and humans used to design primers for WMG-

qPCR, a real-time PCR method to identify phlebotomine blood meals.

54

7 CONCLUSÕES

A estratégia metodológica de WMG-qPCR padronizada no presente para investigação

de repasto sanguíneo em fêmeas de flobotomíneos apresentou alta sensibilidade e espécie-

especificidade.

Na abordagem, foram selecionados primers capazes de promover a detecção de

concentrações de DNA de 26, 84, 130, and 320 fg DNA para gato, homem, cão e rato,

respectivamente, senda estas equivalentes a 10 pL de sangue. Além disso, foi capaz de

amplificar DNA equivalente a 5 pL de sangue de galinha (5 pg de DNA).

Finalmente, a metodologia de WMG-qPCR não requer técnicas complementares, o que

minimiza seus custos de execução e requerimentos técnicos de aplicação.

55

8 PERSPECTIVAS

A perspectiva mais iminente é a aplicação da metodologia de WMG-qPCR em

flebotomíneos coletados em campo, particularmente Lutzomyia spp. Essa aplicação irá

contribuir para a compreensão da biologia dos vetores das leishmaníases em áreas endêmicas

do Brasil. Finalmente, também irá validar o WMG-qPCR como ferrramenta para investigações

de fontes de repasto sanguíneo. De maneira mais ampla, essas descobertas irão contribuir para

o conhecimento do comportamento alimentar dos flebotomíneos e direcionamneto das medidas

de controle desses vetores.

56

REFERÊNCIAS

ABBASI, I.; CUNIO, R.; WARBURG, A. Identification of blood meals imbibed by

phlebotomine sand flies using cytochrome b PCR and reverse line blotting. Vector-Borne and

Zoonotic Diseases, v. 9, n. 1, p. 79-86, 2009.

ADLER, S. Leishmania. Advances in Parasitology, v. 2, p. 35-91, 1964.

ALVAR, J.P.E. Las Leishmaniasis. De la biología al control. Junta de Castilla, p. 20, 51, 59,

103, 104, Léon, 1997.

ALVES, W. A.; BEVILACQUA, P. D. Reflexões sobre a qualidade do diagnóstico da

leishmaniose visceral canina em inquéritos epidemiológicos: o caso da epidemiologia de Belo

Horizonte, Minas Gerais, Brasil, 1993-1997. Caderno de Saúde Pública, v. 20, n.1, p.259-

265, 2004.

ANDRADE FILHO, J. D., et al. Flebotomíneos do Estado de Tocantins, Brasil (Díptera:

Psycodidae). Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical, v. 34, n. 4, Uberaba,

2001.

ANDRÉASSON, H. et al. Nuclear and mitochondrial DNA quantification of various forensic

materials. Forensic Science International, v.164, n.1, p.56-64, 2006.

BARATA R. A., et al. Aspectos da ecologia e do comportamento de flebotomíneos em área

endêmica de leishmaniose visceral, Minas Gerais. Revista da Sociedade Brasileira de

Medicina Tropical, v. 38, p. 421, 2005.

BAUM, et al. Molecular detection of the blood meal source of sand flies (Diptera: Psychodidae)

in a transmission area of American cutaneous leishmaniasis, Paraná State, Brazil. Acta tropica,

v. 143, p. 8-12, 2015.

BEZERRA-VASCONCELOS, D. R., et al. Real-time PCR to assess the Leishmania load in

Lutzomyia longipalpis sand flies: Screening of target genes and assessment of quantitative

methods. Experimental Parasitology, v. 129, p. 234–239, 2011.

BONGIORNO, G. et al. Host preferences of phlebotomine sandflies at a hypoendemic focus of

canine leishmaniasis in central Italy. Acta Tropica, v. 2, p. 109–116, 2003.

57

BRANDÃO-FILHO, S. P., et al. Wild and synanthropic hosts of Leishmania (Viannia)

braziliensis in the endemic cutaneous leishmaniasis locality of Amaraji, Pernambuco State,

Brazil. Transactions of the royal society of tropical medicine and hygiene, v. 97, n. 3, p.

291-296, 2003.

BRASIL, Ministerio da Saude 2006 – Manual de vigilancia e Controle da Leishmaniose

Visceral – Secretaria de Vigilancia em Saude – Departamento de vigilância e epidemiologia-

3a imp. Brasilia – DF.

BRODIE, T. M., et al. Immunomodulatory effects of the Lutzomyia longipalpis salivary gland

protein Maxadilan on mouse macrophages. Infection and immunity, v. 75, p. 2359-2365,

2007.

BROWN, W. M. The mitochondrial genome of animals. In: MACINTYRE, R. J. Molecular

Evolutionary Genetics, Michigan: Plenum Press, 1985, p. 95–130.

CALVOPINA, M., et al. Epidemiology of leishmaniasis in Ecuador: current status of

knowledge - A review. Memórias do Instituto Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro, v. 99, n. 7, p.

663-672, 2004.

COLMENARES, M. et al. Identification of blood meals of Phlebotomus perniciosus (Diptera:

Psychodidae) in Spain by acompetitive enzyme-linked immunosorbent assay biotin/avidin

method. Journal of Medical Entomology, v. 32, p. 229–233, 1995.

COSTA, P. L. et al. Ecology of Lutzomyia longipalpis in an area of visceral leishmaniasis

transmission in north-eastern Brazil. Acta Tropica, v. 126, n. 2, p. 99-102, 2013.

COURA-VITAL, W. et al. Evaluation of change in canine diagnosis protocol adopted by the

visceral leishmaniasis control Program in Brazil and a new proposal for diagnosis. PLoS ONE,

v. 9, n. 3, p. 910, 2014.

CUNHA, A. M., CHAGAS E. Nova espécie de protozoário do gênero Leishmania patogênico

para o homem. Leishmania chagasi, Nota prévia Hospital, v. 11, p. 148-152, 1937.

DANTAS-TORRES F. Leishmania infantum versus Leishmania chagasi: do not forget the law

of priority. Memórias do Instituto Oswaldo Cruz, v. 101, p. 117–118, 2006.

58

DOSTÁLOVÁ, A., VOLF, P. Leishmania development in sand flies: parasite-vector

interactions overview. Parasites & vectors, v. 5, n. 1, p. 1, 2012.

FONTELES, R. S. et al. Preferência alimentar sanguínea de Lutzomyia whitmani (Diptera,

Psychodidae) em área de transmissão de leishmaniose cutânea americana, no Estado do

Maranhão, Brasil. Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical, v. 42, p. 647-650,

2009.

GALLETTI, E., et al. Development of a minor groove binding probe based real-time PCR for

the diagnosis and quantification of Leishmania infantum in dog specimens. Research in

veterinary science, v. 91, n. 2, p. 243-245, 2011.

GARLAPATI R. B., ABBASI I., WARBURG A., POCHÉ D., POCHÉ R. Identification of

bloodmeals in wild caught blood fed Phlebotomus argentipes (Diptera: Psychodidae) using

cytochrome b PCR and reverse line blotting in Bihar, India. Journal of Medical Entomology,

v. 49, n. 515, p. 21, 2012.

GOTO, H., LINDOSO, J. A. L. Current diagnosis and treatment of cutaneous and

mucocutaneous leishmaniasis. Expert review of anti-infective therapy, v. 8, n. 4, p. 419-433,

2010.

GRAHAM, C. B. et al. Combining real-time polymerase chain reaction using SYBR Green I

detection and sequencing to identify vertebrate blood meals in fleas. Journal of Medical

Entomology, v. 49, n. 6, p. 1442-1452, 2012.

HAOUAS, N. et al. Development of a molecular tool for the identification of Leishmania

reservoir hosts by blood meal analysis in the insect vectors. The American Journal of

Tropical Medicine and Hygiene, v. 77, n. 6, p. 1054-1059, 2007.

JIMÉNEZ, M. G. E. et al. Detection of Leishmania infantum and identification of blood meals

in Phlebotomus perniciosus from a focus of human leishmaniasis in Madrid, Spain.

Parasitaology Research, v. 112, n. 7, p. 2453-2459, 2013.

KILLICK-KENDRICK, R. The biology and control of phlebotomine sand flies. Clinics in

Dermatology, v. 17, p. 279-289, 1999.

59

LAINSON, R., SHAW, J. J. Evolution, classification and geographical distribution. In: The

Leishmaniasis in Biology and Medicine, v. 1, p. 1- 120, 1987.

LAINSON, R; RANGEL, E. Lutzomyia longipalpis and the eco-epidemiology of American

visceral leishmaniosis, with particular reference to Brazil – A Review. Memórias do Instituto

Oswaldo Cruz, v. 100, p. 811-827, 2005.

LEVINE, N. D., et al. A newly revised classification of the Protozoa. Journal of Protozoology,

v. 27, p. 37–58, 1980.

LOROSA, E. S. et al. Estudo da infecção natural e da fonte alimentar do Triatoma sordida

(STAL, 1859), (Hemíptera-Reduviidae) na região norte de Minas Gerais, Brasil, através da

reação de Precipitina. Entomologia y Vectores, v. 5, p. 13-22, 1998

LUTZ, A., NEIVA, A. Contribuição para o conhecimento das espécies do gênero Phlebotomus

existentes no Brasil. Memórias do Instituto Oswaldo Cruz, v.4. p. 84- 85, 1912.

MARASSÁ, A. M. et al. Blood feeding patterns of Nyssomyia intermedia and Nyssomyia neivai

(Diptera, Psychodidae) in a cutaneous leishmaniasis endemic area of the Ribeira Valley, State

of São Paulo, Brazil. Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical, v. 46, n. 5, p.

547-554, 2013.

MARASSÁ, A. M. et al. Enzyme-linked immunosorbent assay biotin/avidin method

standardization, for identification of Lutzomyia (Lutzomyia) longipalpis bloodmeals (Lutz &

Neiva). Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical, v. 37, n. 6, p. 441-446, 2004.

MAROLI, M., et al. Phlebotomine sandflies and the spreading of leishmaniases and other

diseases of public health concern. Medical and Veterinary Entomology, v. 27, n. 2, p. 127-

147, 2013.

MAURICIO, I. L., et al. The strange case of Leishmania chagasi. Parasitology Today, v. 16,

n. 5, p. 188-189, 2000.

METTLER, M. et al. Evaluation of enzyme-linked immunosorbent assays, an

immunofluorescent-antibody test, and two rapid tests (immunochromatographic-dipstick and

60

gel tests) for serological diagnosis of symptomatic and asymptomatic Leishmania infections in

dogs. Journal Clinical Microbiology, v. 43, n. 11, p. 5515-5519, 2005.

MINISTÉRIO DA SAÚDE. Manual de controle da leishmaniose tegumentar americana. 5ª ed.

Brasília: Brasil. Fundação Nacional de Saúde, 2000. 62 p

MISSAWA, N. A.; LIMA, G. B. M. Distribuição Espacial de Lutzomyia longipalpis (Lutz &

Neiva, 1912) e Lutzomyia cruzi (Mangabeira, 1938) no Estado de Mato Grosso. Revista da

Sociedade Brasileira de Medicina Tropical, v. 39, p. 337-340, 2006.

MONTALVO, A. M., et al. Diagnóstico de la leishmaniasis: de la observación microscópica

del parásito a la detección del ADN. Revista Cubana de Medicina Tropical, v. 64, n. 2, 2012.

MONTEIRO, E. M., et al. Leishmaniose visceral: estudo de flebotomíneos e infecção canina

em Montes Claros, Minas Gerais. Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical, v.

38, p. 147-152, 2005.

MONTOYA-LERMA, J., et al. Comparative vectorial efficiency of Lutzomyia evansi and Lu.

longipalpis for transmitting Leishmania chagasi. Acta Tropica, v. 85, n. 1, p. 19-29, 2003.

MOTA, J. et al. Identification of blood meal source and infection with Trypanosoma cruzi of

Chagas disease vectors using a multiplex cytochrome b polymerase chain reaction assay.

Vector Borne and Zoonotic Diseases, v. 7, n. 4, p. 617-627, 2007.

NCBI – National Center for Biotechnology Information. Taxonomy Browser: Leishmania.

Disponível em: <http://www.ncbi.nlm.nih.gov/Taxonomy/taxonomyhome.html/> Acesso em:

02 de maio de 2016.

NEITZKE-ABREU, Herintha Coeto et al. Detection of DNA from Leishmania (Viannia):

accuracy of polymerase chain reaction for the diagnosis of cutaneous leishmaniasis. PloS one,

v. 8, n. 7, p. 624, 2013.

NEVES D. P., MELO A. L., GENARO O., et al. Parasitologia Humana. 12ª ed. São Paulo:

Atheneu; 2012.

61

NGUMBI, PHILIP M. et al. Identification of phlebotomine sandfly bloodmeals from Baringo

district, Kenya, by direct enzyme‐linked immunosorbent assay (ELISA). Medical and

veterinary entomology, v. 6, n. 4, p. 385-388, 1992.

OLIVEIRA, A. G.; et al. Estudo de flebotomíneos (Diptera: Psychodidae, Phlebotominae) na

zona urbana da Cidade de Campo Grande, Mato Grosso do Sul, Brasil, 1999-2000. Cadernos

de Saúde Pública, v. 19, p. 933–944, 2003.

OLIVEIRA-PEREIRA, Y. N. et al. Preferência alimentar sanguínea de flebotomíneos da

Amazônia do Maranhão, Brasil. Cadernos de Saúde Pública, v. 24, n. 9, p. 2183-2186, 2008.

OMS (Organização Mundial de Saúde). Health topics: Leishmaniasis. Disponível em:

<http://www.who.int/topics/leishmaniasis/en/> Acesso em: 02 de maio de 2016.

ÖZBEL, Y., et al. Molecular detection and identification of Leishmania spp. in naturally

infected Phlebotomus tobbi and Sergentomyia dentata in a focus of human and canine

leishmaniasis in western Turkey. Acta tropica, v. 155, p. 89-94, 2016.

PAIVA-CAVALCANTI, M.; REGIS-DA-SILVA, C. G.; GOMES, Y. M. Comparison of real-

time PCR and conventional PCR for detection of Leishmania (Leishmania) infantum infection:

a mini-review. Journal of Venomous Animals and Toxins including Tropical Diseases, v.

16, n. 4, p. 537-42, 2010.

PATERNINA, L. E., et al. Evidence for anthropophily in five species of phlebotomine sand

flies (Diptera: Psychodidae) from northern Colombia, revealed by molecular identification of

bloodmeals. Acta tropica, v. 153, p. 86-92, 2016.

QUARESMA, P. F., et al. Natural Leishmania sp. reservoirs and phlebotomine sandfly food

source identification in Ibitipoca State Park, Minas Gerais, Brazil. Memórias do Instituto

Oswaldo Cruz, v. 107, n. 4, p. 480-485, 2012.

QUARESMA, P. F., et al. Wild, synanthropic and domestic hosts of Leishmania in na endemic

area of cutaneous leishmaniasis in Minas Gerais State, Brazil. Transactions of the royal

society of tropical medicine and hygiene, v. 105, p. 579–585, 2011.

62

RANGEL, E. F.; LAINSON, R. Ecologia das leishmanioses: distribuição de habitats. In:

______. Flebotomíneos do Brasil. 1. ed. Rio de Janeiro: Fundação Oswaldo Cruz, 2003. p.

240-245.

REY, L. Bases da Parasitologia Médica. 3ª ed. São Paulo: Guanabara Koogan; 2011.

RIBEIRO, J. M. C.; SCHNEIDER, M.; GUIMARÃES, J. A. Purification and characterization

of prolixin S (nitrophorin 2), the salivary anticoagulant of the blood-sucking bug Rhodinus

prolixus. Biochemical Journal, London, v. 308, n. 1, p. 243-249, 1995.

RODRIGUES, A. C. M. et al. Epidemiological survey of Lutzomyia longipalpis infected by

Leishmania infantum in an endemic area of Brazil. Revista Brasileira de Parasitologia

Veterinária, v. 23, n. 1, p. 55-62, 2014.

ROLAO, N. et al. Quantification of Leishmania infantum parasites in tissue biopsies by real-

time polymerase chain reaction and polymerase chain reaction-enzyme-linked immunosorbent

assay. Journal of Parasitology, v. 90, n. 5, p. 1150-1154, 2004.

ROSS, E. Notes on the bodies recently described by Leishmann and Dovovan. British Medical

Journal, Londres, v.2, p. 1261-1262, 1903.

SAHA, S., et al. Leishmania promastigote membrane antigen-based enzyme-linked

immunosorbent assay and immunoblotting for differential diagnosis of Indian post-kala-azar

dermal leishmaniasis. Journal of Clinical Microbiology, v. 43, n. 3, p. 1269, 2005.

SALES, K. G., et al. Identification of phlebotomine sand fly blood meals by real-time PCR.

Parasites & vectors, v. 8, p. 1-6, 2015.

SANT’ANNA, M. R. V. et al. Blood meal identification and parasite detection in laboratory-

fed and field-captured Lutzomyia longipalpis by PCR using FTA databasing paper. Acta

Tropica, v. 107, n. 3, p. 230-237, 2008.

SANTOS, S. O., et al. Incrimination of Lutzomyia cruzi as a vector of American visceral

leishmaniasis. Medical and veterinary entomology, v. 12, n. 3, p. 315-317, 1998.

63

SCHLEIN, Y., WARBURG, A. Phytophagy and the feeding cycle of Phlebotomus papatasi

(Diptera: Psychodidae) under experimental conditions. Journal of medical entomology, v. 23,

p. 11-15, 1986.

SCHUSTER, F. L., SULLIVAN, J. J. Cultivation of clinically significant hemoflagellates.

Clinical Microbiology Reviews, v. 15, n. 3, p. 374-89, 2002.

SERIN, M. S., et al. Rapid diagnosis and genotyping of Leishmania isolates from cutaneous

and visceral leishmaniasis by microcapillary cultivation and polymerase chain reaction-

restriction fragment length polymorphism of miniexon region. Diagnostic microbiology and

infectious disease, v. 53, n. 3, p. 209-14, 2005.

SILVA, D. A. et al. Laboratory tests performed on Leishmania seroreactive dogs euthanized by

the leishmaniasis control program. Veterinary parasitology, v. 179, n. 1, p. 257-261, 2011.

SILVA, E. A., et al. Detection of Leishmania DNA in phlebotomines captured in Campo

Grande, Mato Grosso do Sul, Brazil. Experimental Parasitology, v. 119, n. 3, p. 343-348,

2008.

SILVEIRA, F. T., et al. Leishmaniose Cutanea na Amazônia: Isolamento de Leishmania

(Viannia) lainsoni do Roedor Agouti paca (RODENTIA: DASYPROCTIDAE), no Estado do

Pará, Brasil. Revista do Instituto de Medicina Tropical de São Paulo, v. 33, p. 18-22, 1991.

SOARES, V. Y. R., et al. Identification of blood meal sources of Lutzomyia longipalpis using

polymerase chain reaction-restriction fragment length polymorphism analysis of the

cytochrome B gene. Memórias do Instituto Oswaldo Cruz, v. 109, n. 3, p. 379-383, 2014.

SRIVIDYA, G. et al. Diagnosis of visceral leishmaniasis: developments over the last decade.

Parasitology research, v. 110, n. 3, p. 1065–78, 2012.

SUNDAR, S.; RAI, M. Laboratory diagnosis of visceral leishmaniasis. Clinical and

Diagnostic Laboratory Immunology, v.9, n.5, p.951-958, 2002.

VAN DEN HURK, A. F.; SMITH, I. L.; SMITH, G. A. Development and evaluation of real-

time polymerase chain reaction assays to identify mosquito (Diptera: Culicidae) bloodmeals

64

originating from native Australian mammals. Journal of Medical Entomology, Honolulu, v.

44, n. 1, p. 85-92, 2007

VAN WYNSBERGHE, N. R. et al. Comparison of small mammal prevalence of Leishmania

(Leishmania) Mexicana in five foci of cutaneous leishmaniasis in the state of Campeche,

Mexico. Revista do Instituto de Medicina Tropical de São Paulo, v.51, n.2, p.87-94, 2009.

WHO. Control of the leishmaniases. World Health Organ Tech Rep Ser, n. 949, p. xii – xiii,

1 – 186, back cover, 2010.

WOODS, M. E. et al. Identification of flea blood meals using multiplexed real-time polymerase

chain reaction targeting mitochondrial gene fragments. American Society of Tropical

Medicine and Hygiene, v. 80, n. 6, p. 998-1003, 2009.

YOUNG, D. G.; DUNCAN, M. A. Guide to the identification and geographic distribution of

Lutzomyia sand flies in Mexico, the West Indies, Central and South America (Diptera:

Psychodidae). Memoirs of the American Entomological Institutev, v. 54, p. 180-881, 1994.

YOUNG, D. G., LAWYER, P. G. New world vectors of the Leishmaniases, in: Current Topics

in Vector Research. Harriz, K.F. (Eds). Spring-Verlag, New York, p.29-71. 1987.

ZAVERI, N. T.; GREEN, C. J.; TOLL, L. Transcriptional regulation of the human

prepronociceptin gene. Biochemical and Biophysical Research Communications, v. 276, n.

2, p. 710-717, 2000.

ZIJLSTRA E. E., et al Diagnosing visceral leishmaniasis with the recombinant k39 strip test:

experience from the Sudan. Tropical Medicine and International Health, v. 6, p. 108-113,

2001.