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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ MARIA LÚCIA AGUIAR TEIXEIRA FORMAÇÃO INICIAL E CONTINUADA DE DOCENTES: SABERES PROFISSIONAIS DE PROFESSORES EGRESSOS DO CURSO DE PEDAGOGIA DO CESC/UEMA PARA USO DA INFORMÁTICA NA EDUCAÇÃO FORTALEZA CEARÁ 2013

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ

MARIA LÚCIA AGUIAR TEIXEIRA

FORMAÇÃO INICIAL E CONTINUADA DE DOCENTES: SABERES

PROFISSIONAIS DE PROFESSORES EGRESSOS DO CURSO DE PEDAGOGIA DO

CESC/UEMA PARA USO DA INFORMÁTICA NA EDUCAÇÃO

FORTALEZA – CEARÁ

2013

MARIA LÚCIA AGUIAR TEIXEIRA

FORMAÇÃO INICIAL E CONTINUADA DE DOCENTES: SABERES PROFISSIONAIS

DE PROFESSORES EGRESSOS DO CURSO DE PEDAGOGIA DO CESC/UEMA PARA

USO DA INFORMÁTICA NA EDUCAÇÃO

Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado

Acadêmico em Educação do Programa de Pós-

Graduação em Educação do Centro de

Educação da Universidade Estadual do Ceará,

como requisito para obtenção do título de

mestre em Educação.

Área de Concentração: Formação de

Professores.

Orientadora: Profa. Drª. Silvina Pimentel Silva.

FORTALEZA – CEARÁ

2013

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação

Universidade Estadual do Ceará

Biblioteca Central Prof. Antônio Martins Filho

Bibliotecário Responsável – Francisco Welton Silva Rios – CRB-3/919

T266f Teixeira, Maria Lúcia Aguiar

Formação inicial e continuada de docentes: saberes profissionais de

professores egressos do Curso de Pedagogia do CESC/UEMA para uso da

informática na educação / Maria Lúcia Aguiar Teixeira. -- 2013.

CD-ROM. 114 f. : il. ; 4 ¾ pol.

“CD-ROM contendo o arquivo no formato PDF do trabalho

acadêmico, acondicionado em caixa de DVD Slim (19 x 14 cm x 7 mm)”.

Dissertação (mestrado) – Universidade Estadual do Ceará, Centro de

Educação, Programa de Pós-Graduação em Educação, Fortaleza, 2013.

Área de Concentração: Formação de Professores.

Orientação: Profa. Dra. Silvina Pimentel Silva.

1. Tecnologia da informação e comunicação. 2. Pedagogia – ensino. 3.

Ambiente de aprendizagem. 4. Saberes docentes. 5. Formação continuada –

professores. 6. Educação – informática. I. Título.

CDD: 378.124

O progresso científico e tecnológico que não

responde fundamentalmente aos interesses

humanos, às necessidades de nossa existência,

perde, para mim, sua significação. A todo

avanço tecnológico haveria de corresponder o

empenho real de resposta imediata a qualquer

desafio que pusesse em risco a alegria de viver

dos homens e das mulheres (FREIRE, 2010, p.

130).

AGRADECIMENTOS

A Deus, pelo seu amor sem limite e pela sua bondade em permitir que eu concretizasse este

trabalho.

Ao Gabriel, meu filho a quem impus algumas ausências em decorrência das tarefas do

cotidiano, mas que nunca me privou de sua alegria e de seu companheirismo, deixando os

amigos para ficar comigo em outro estado.

Ao meu marido Bartolomeu, que como companheiro me apoiou e permaneceu em vigília

constante em idas e vindas Caxias-MA / Fortaleza-CE, enquanto produzia este trabalho.

Ao meu irmão Nanô e meu cunhado Paulinho, pelas idas e vindas ao aeroporto e rodoviária,

sempre presentes me auxiliando nessa trajetória.

Aos meus cinco irmãos e minhas seis irmãs e a todos familiares, primos, primas, em especial

a Lídia; cunhadas, cunhados, em especial, Maria Feitosa e Paulinho; sobrinhos, sobrinhas, em

especial à pequena sobrinha Mariana, que em suas orações, pede a DEUS todos os dias, pela

minha felicidade, a Cintia, Dulce, Luciana, Ana Luiza que participaram efetivamente nesta

jornada.

À minha irmã Vanda, que mora comigo e que, no período de meu afastamento, organizou

minha casa e cuidou da Pandora.

À Espírito Santo, companheira das andanças.

À Marinalva, que de seu modo, me apoiou a ir em busca de meu ideal acadêmico em outro

estado, para encurtar a distância, sempre que possível ia ao meu encontro, mais uma vez,

obrigada.

Às minhas amigas e irmãs, Marinalva e Solange Matos, pelo competente e cuidadoso trabalho

de revisão do texto inicial.

À Cleia, minha grande amiga contemporânea e colega de trabalho, pelo apoio e colaboração

sempre dados nos momentos necessários.

À Profa. Sílvia Carvalho, pelo apoio, pela amizade, pelas trocas de experiência.

Às minhas colegas de batalhas, Dalva, Lélia, Rosane, Paixão, Yana, Lacerda, Madalena,

Socorro e Gracinha pelo seu companheirismo e amizade sincera.

Ao meu grupo de discussão, que se mantém desde a formação inicial até os dias atuais, Cleia,

Lourdes Paula, Luz Marina, Rosane.

À minha amiga Jeane, batalhadora, guerreira e solidária em todos os momentos.

À Georgyanna, ex-aluna e colega pelo companheirismo nas viradas de noite enquanto

produzia este trabalho.

À Samara, pelo apoio recebido e pelo incentivo constante.

À Regiane, pela convivência harmoniosa e solidária na acolhida com Gabriel.

À Professora Doutora Silvina Pimentel Silva, orientadora, amiga que me acolheu e colocou à

minha disposição a sua experiência de pesquisadora que muito ajudou na realização deste

trabalho.

À banca examinadora, Professora Doutora Ercília Maria Braga de Olinda e Professor Doutor

Antônio Germano Magalhães Júnior, pelas considerações feitas no trabalho contribuindo de

forma significativa.

A todos os professores do Mestrado que contribuíram nesta caminhada, as Doutoras Susana,

Betânia, Ruthe, Silvia, Socorro Lucena, Marina, Sofia Lerche, Marcília Doutorara Fátima

Leitão e os Doutores João Batista e Jacques Therrien e, agradeço de modo especial e

particular a simpatia e a contribuição da Professora Doutora Mônica.

À professora Ofélia que muito contribuiu com críticas e disponibilizando suas produções para

minhas leituras.

A todos os meus colegas do mestrado que contribuíram com críticas feitas durante a produção

da dissertação, Lourdes, Chico, Rodrigo, Margela, Francisca, Sinara, Regina, Silmara,

Francisca, Marta, Hergiane, Ana Paula, Cláudia, Cláudio, Regina e ao meu grupo de estudo,

Iany, Emanoela, Eunice e Renata, agradeço de modo especial.

Ao meu grupo de pesquisa da Linha Formação e Desenvolvimento Profissional em Educação

(FDPE), da Universidade Estadual do Ceará (UECE).

Aos colegas professores do Departamento de Educação e de Ciências Sociais e Filosofia do

Centro de Estudos Superiores de Caxias (CESC) da Universidade Estadual do Maranhã

(UEMA), pela amizade e apoio, a Diretora do Departamento, Professora Edna Castro e a

chefe de Departamento, Professora Fátima Alencar, pelo espírito de colaboração

demonstrado.

À Universidade Estadual do Ceará pela recepção acolhedora e apoio da coordenação do

mestrado nas pessoas do Professor Doutor Álbio e Professora Doutora Isabel Sabino.

À incansável Joyce, mais que secretária, amiga de todos, meu muito obrigada!

À Universidade Estadual do Maranhão (UEMA) na pessoa do Magnífico Reitor José

Augusto, pela determinação em sua administração.

Ao Centro de Estudos Superiores de Caxias, na pessoa da Diretora, Professora Doutora

Valéria Cristina Soares Pinheiro, pelo apoio quanto à minha liberação para cursar o mestrado;

A Unidade Regional de Educação (URE), pelo apoio na liberação para a realização desse

estudo.

Ao Centro de Ensino Médio Aluísio Azevedo, onde exerço minha profissão de docência do

ensino Básico, na pessoa do Diretor Antonio Concutelli e Diretora Rosário por possibilitarem

meu afastamento, meu sincero agradecimento.

Ao Colégio 7 de Setembro, na pessoa da Coordenadora Rejane e da Supervisora Eunice

Meneses, pela acolhida calorosa ao meu filho, proporcionando tranquilidade para que eu

pudesse realizar esta pesquisa, em especial ao Sistema de Tempo Integral (STI), na pessoa da

Coordenadora Professora Cibele Maia.

Às professoras do CESC/UEMA e professoras do ensino básico egressas do Curso de

Pedagogia do CESC/UEMA e ao multiplicador do Núcleo Tecnológico (NTE)/Caxias,

sujeitos dessa investigação, Marciana, Shirlane, Dulce, Osane, Telma e Vicente, agradeço de

modo especial.

Àquela e aquele que apostaram na escola como instrumento de libertação, apesar das

dificuldades, para lá encaminharam todos seus doze filhos e para mim deixaram um exemplo

de luta, além de muita saudade: minha mãe Dulce e meu pai Euclides (in memorian).

A minha amiga Bebel que foi atender um chamado urgente do PAI e não deu tempo de chegar

até aqui, mas me ensinou muito antes de partir (in memorian).

Ao meu filho Gabriel que de forma muito especial contribuiu nesta empreitada,

garantindo, sobretudo, minha tranquilidade durante a produção desse trabalho.

Aos meus onze irmãos, em especial a Marinalva mais

filha do que irmã e ao Nanô, meu herói.

Aos meus sobrinhos afilhados,

Ywry,

Duduca,

Jaguazinho,

Ana

e

Nani

Dedico

RESUMO

Este estudo discute sobre o processo de construção de saberes docentes, indagando a natureza

destes a partir da interlocução com seus pares, em relação ao que influenciam para o uso

adequado da informática em sala de aula. A ideia central é compreender sobre os saberes

profissionais adquiridos no processo formativo pelos egressos do Curso de Pedagogia do

CESC/UEMA para a utilização dos recursos da informática no exercício da docência. Isso

significa analisar as contribuições dos saberes produzidos na formação inicial e continuada

quanto à utilização das Tecnologias da Comunicação e da Informação (TICs) no exercício da

docência dos egressos do Curso de Pedagogia do CESC/UEMA. É uma pesquisa de natureza

qualitativa, utilizando a estratégia do estudo de caso, focalizando a formação de professores

pedagogos no espaço da Universidade. Os procedimentos utilizados para a coleta de dados

foram o questionário e a entrevista semiestruturada. Teve como sujeitos os professores de

Didática do Centro de Estudos Superiores de Caxias (CESC) da Universidade Estadual do

Maranhão (UEMA), egressos do Curso de Pedagogia e Multiplicador do Núcleo Tecnológico

Educacional (NTE). Os autores que sustentam o aporte teórico dessa pesquisa são Freire,

Lévy, Fuller, Tardif, Gauthier, Pimenta, Valente, André e outros. Esses são alguns dos

aspectos básicos que precisam ser considerados no processo de qualificação dos sujeitos e, em

destaque, daqueles que são profissionais da educação, responsáveis pela retroalimentação do

processo de mudanças. Em nossos achados constatamos que as TICs ainda não se encontram

incorporadas à prática docente, fato que se agrava, ainda, em virtude da falta de manutenção

dos equipamentos por parte do poder público. Apesar da ausência das TICs durante a

formação inicial, os sujeitos demonstraram conhecimentos sobre a importância da utilização

desse recurso tecnológico.

Palavras chave: Tecnologia; Ensinar; Ambiente de aprendizagem; Saberes.

ABSTRACT

The present study discusses the process of building educational knowledge by investigating,

through interlocution between colleagues, what influences educators to adequately

incorporate Information Technology (IT) into the classroom. The main aim is to understand

the development of professional knowledge acquired from the course offered by

CESC/UEMA on the use of computer technology in education. In order to do this, an analysis

is made of the contributions put forth by the professional knowledge acquired at the beginning

and throughout the course towards the use of Information Technology. Using a qualitative

method, this research adopted a case study design. All data was collected through

questionnaires and semi-structured interviews. Critically, the subjects used were professors of

Education from the “Graduate Level Centre of Studies in Caxias” (CESC) of the State

University of Maranhão (UEMA) and graduates and current professors from the Educational

IT Centre (NTE). The theoretical background of this piece stems from work by Freire, Levy,

Fuller, Tardif, Gauthier, Pimenta, Valente, Andre and others. These are some of the basic

aspects that must be considered in the process of qualifying individuals, particularly those

engaged in educational roles, responsible for the feedback in the process of change. Our

findings revealed that IT is not yet fully incorporated into educational practice, and this was

further aggravated by the lack of technological support provided by the public sector. Despite

the absence of IT in the classroom, subjects demonstrated significant understanding of the

relevance and importance of the use of computing technologies.

Key words: Technology; Teaching; Learning environment; Knowledge.

LISTA DE SIGLAS E ABREVITURAS

ANPEd Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Educação

AVA Ambiente Virtual de Aprendizagem

CAPES Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior

CCEAD Coordenação Central de Educação à Distância

CED Centro de Educação

CEIUSE Comissão Especial para integração Universidades – Sistemas de Ensino

CESC Centro de Estudos Superiores de Caxias

CFE Conselho Federal de Educação

CMAE Curso de Mestrado Acadêmico de Educação

CNE Conselho Nacional de Educação

CONCUN Conselho Universitário

Dinter Doutorado Interinstitucional

EQ Estado da Questão

FESM Federação das Escolas Superiores do Maranhão

FFLCH Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas

GT Grupo de Trabalho

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

IPLAC Instituto Pedagógico Latino Americano y Caribeño

LDB Lei de Diretrizes e Bases

LDBEN Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional

MEC Ministério da Educação

Minter Mestrado e Interinstitucional

NTE Núcleo Tecnológico de Educação

PIBEX Programa Institucional de Bolsas de Extensão

PPP Projeto Político Pedagógico

PQD Programa de Qualificação Docente

PROCAD Programa de Capacitação Docente do Sistema Oficial de Educação

PROINFO Projeto Nacional de Informática na Educação

PUC-BH Pontifícia Universidade Católica de Belo horizonte

SEED Secretaria de Educação à Distância

TCC Trabalho de Conclusão de Curso

TDIC Tecnologias Digitais de Informação e Comunicação

TICs Tecnologias da Comunicação e da Informação

UECE Universidade Estadual do Ceará

UEMA Universidade Estadual do Maranhão

UNESCO Organização das Nações Unidas para a educação, a ciência e a cultura

USP Universidade de São Paulo

ZDP Zona de Desenvolvimento Proximal

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 – Produções científicas publicadas nos encontros anuais da ANPEd no GT 8:

Formação de Professores, no período de 2000 a 2011, considerando ano de

publicação, autor e título................................................................................

36

Quadro 2 – Produções científicas publicadas nos encontros anuais da ANPEd no GT

16: Educação e Comunciação, no período de 2000 a 2011, considerando

ano, autor e título............................................................................................

38

Quadro 3 – Trabalhos publicados em periódicos indexados pela CAPES sobre a

temática de investigação, no período de 2000-2011......................................

41

Quadro 4 – Egressos do Curso de Pedagogia.................................................................... 89

LISTA DE MAPAS

Mapa 1 – Relação ensino-aprendizagem- professor-aluno-informática............................ 67

Mapa 2 – Inter-relação professor, aluno, didática............................................................. 68

Mapa 3 – Acepção em torno do enfoque pedagógico e social.......................................... 69

Mapa 4 – Suporte interdisciplinar para o trabalho docente............................................... 70

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO...................................................................................................... 17

1.1 UM PROBLEMA DE PESQUISA CONSTRUÍDO A PARTIR DA PRÁTICA

PROFISSIONAL DOCENTE.................................................................................

17

1.2 OBJETIVOS DA PESQUISA................................................................................. 20

1.2.1 Geral........................................................................................................................ 20

1.2.2 Específicos............................................................................................................... 21

1.3 PERCURSO METODOLÓGICO DA PESQUISA................................................ 22

1.4 LOCAL E ESCOLHA DA INVESTIGAÇÃO....................................................... 23

1.4.1 Escolha dos sujeitos................................................................................................ 23

1.4.2 Conhecendo a instituição....................................................................................... 24

1.5 ESTRUTURA DO TRABALHO............................................................................ 32

2 ESTUDOS SOBRE TECNOLOGIAS DA INFORMÇÃO E COMUNICA-

ÇÃO: o estado da questão.....................................................................................

34

2.1 ESTUDOS MAPEADOS: os primeiros achados..................................................... 35

2.2 CONSTATAÇÕES A PARTIR DO ESTADO DA QUESTÃO............................. 43

3 FORMAÇÃO DOCENTE PARA O USO DAS TECNOLOGIAS.................... 46

3.1 ANTECEDENTES HISTÓRICOS DO USO DAS TECNOLOGIAS NA

ESCOLA..................................................................................................................

46

3.2 EDUCAÇÃO E COMPUTADOR: relação didática pedagógica............................. 48

3.3.1 O aprendizado do professor diante das tecnologias............................................ 55

3.3.2 O uso de softwares educacionais............................................................................ 56

3.3.3 Informática educacional........................................................................................ 60

3.3.4 Sugestões metodológicas para o uso de informática educativa.......................... 62

4 SABERES DOCENTES PARA O USO DAS TICs NA ESCOLA: analisando

os dados...................................................................................................................

73

4.1 FERRAMENTAS TECNOLÓGICAS E INFORMÁTICA EDUCATIVA............ 77

4.2 O QUE SÃO FERRAMENTAS TECNOLÓGICAS.............................................. 78

4.3 AS TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO COMO

APORTE DA FORMAÇÃO DOCENTE...............................................................

79

4.3.1 Tecnologia da informação e da comunicação...................................................... 83

4.3.2 Concepções de aprendizagem na informática...................................................... 83

4.3.3 Informática educativa: computador e internet.................................................... 86

4.4 CONTEXTUALIZANDO O UNIVERSO DA PESQUISA................................... 87

4.5 CONHECENDO OS SUJEITOS PARTICIPANTES DA PESQUISA.................. 88

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................................ 96

REFERÊNCIAS..................................................................................................... 100

BIBLIOGRAFIAS.................................................................................................. 105

APÊNDICES........................................................................................................... 106

APÊNDICE A – TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO.. 107

APÊNDICE B – FORMULÁRIO DE COLETA DE DADOS – QUESTIONÁRIO.. 108

APÊNDICE C – INSTRUÇÕES DE PREENCHIMENTO..................................... 109

APÊNDICE D – ROTEIRO DA ENTREVISTA FEITA COM OS PROFESSO-

RES EGRESSOS DO CURSO DE PEDAGOGIA DO CESC-UEMA...................

110

APÊNDICE E – QUESTIONÁRIO APLICADO AO ALUNO.............................. 111

APÊNDICE F – CRONOGRAMA DE ATIVIDADE DA PESQUISA.................. 112

ANEXO – PRINCÍPIOS NORTEADORES DA FORMAÇÃO DO EDUCA-

DOR UEMA...........................................................................................................

113

17

1 INTRODUÇÃO

Se a escola é boa, ela poderá ficar melhor, mas se a escola é ruim, certamente ficará

pior ainda (ALMEIDA, 1998).

No presente capítulo faremos a introdução do tema abordado, além de apresentar

o problema, os objetivos e o percurso realizado pela pesquisadora, evidenciando questões que

desencadearam a pesquisa.

1.1 UM PROBLEMA DE PESQUISA CONSTITUÍDO A PARTIR DA PRÁTICA

PROFISSIONAL DOCENTE

O estudo situa-se no âmbito das discussões sobre os saberes da informática

constituídos nos processos de formação de professores e insere-se no rol das preocupações da

linha de pesquisa “Formação e Desenvolvimento Profissional em Educação” do Curso de

Mestrado Acadêmico de Educação (CMAE), do Centro de Educação (CED) da Universidade

Estadual do Ceará (UECE). Nas sessões que o compõem buscamos explicitar os contornos

alcançados por esta investigação.

A escola brasileira não está conseguindo acompanhar o desenvolvimento da

sociedade do conhecimento e da comunicação, em comparação aos avanços tecnológicos, por

consequência não vem preparando os alunos no ritmo que a sociedade precisa para

acompanhar os desafios crescentes.

No século XXI, as pessoas têm manifestado novos padrões de comportamento

surgidos devido ao desejo de ascensão social por parte dos cidadãos, exigindo mais da escola

no sentido de oferecer condições de ensino que resultem na melhoria do seu desempenho

escolar e social para a sua inserção num modelo de sociedade em constante transformação.

No âmbito da prática educativa escolar o grande dilema é fazer com que o ensino

responda às necessidades dos aprendizes, um lugar que legitime a posse do conhecimento

para todos, mas que respeite as subjetividades dos educandos.

Hoje, o alcance do conhecimento científico e tecnológico não se restringe somente

à escola, ou às salas de aulas, pois em casa, na rua e em diversos outros espaços, através de

meios tecnológicos pode-se ter acesso tanto à informação quanto ao conhecimento em geral.

A ausência dos recursos tecnológicos no contexto da escola tende a distanciar dela parte de

seus alunos, pois estes acham-na desinteressante em relação ao que ensina, quando não faz

uso das tecnologias modernas. A escola, portanto, não se limita simplesmente a ser um espaço

18

de crítica e síntese das mensagens e informações transmitidas culturalmente pelas velhas e

novas gerações. Colom (1994, p. 78) destaca que esta instituição deve ser:

[...] um espaço onde seja possível, em uma sociedade culturizada pela informação das

multimídias e pela intervenção educativa urbana, realizar a necessária síntese doadora

de sentido e de razão crítica de todas as mensagens e informações acumuladas de

forma diversa e autônoma através dos meios tecnológicos. Síntese e significado quanto

ordenação e reestruturação da cultura recebida em mosaico. De forma a conceber a

escola como espaço de síntese e acreditar nela como possibilitadora de significado

mais do que como estrutura possibilitadora de informação.

Importa destacar que a Universidade Estadual do Maranhão (UEMA) preocupada

com o perfil dos professores em formação no que se refere aos conhecimentos do campo

tecnológico, incluiu em sua matriz curricular as disciplinas Introdução à Ciência da

Computação e Multimeios Aplicados à Educação. Para atender a essa demanda, o Curso de

Pedagogia tem buscado inovar suas ações, destacando reflexões e práticas para aplicar os

recursos tecnológicos em situações de ensino-aprendizagem e em programas de capacitação

de professores. De nossa participação nessas experiências surgiu à inspiração para realizar a

presente pesquisa, intitulada: Formação Inicial e Continuada de Docentes: saberes

profissionais de professores egressos do Curso de Pedagogia do Centro de Estudos Superiores

de Caxias (CESC)/UEMA para uso da informática na educação. Essa discussão incide sobre a

informática como importante ferramenta no âmbito das atividades escolares, mais

precisamente, quanto ao seu uso por parte dos professores egressos do Curso de Pedagogia do

Centro de Estudos Superiores de Caxias (CESC), desta IES.

Na condição de professora da disciplina de Estágio Supervisionado do referido

curso, desenvolvemos uma experiência envolvendo a informática. Tratou-se do Projeto de

Intervenção “Mandacaru”, realizado como atividade de pesquisa na disciplina Prática de

Ensino do Curso de Pedagogia do CESC/UEMA, no âmbito da escola pública do ensino

fundamental. O objetivo fora investigar sobre a utilização do computador como auxiliar da

aprendizagem dos alunos no estudo da matemática. O projeto foi acompanhado pelos

acadêmicos de Pedagogia, e trouxe para esta pesquisadora o interesse em buscar novos

saberes na área em questão. Provocou-nos também a participar de uma Pós-Graduação (Lato

Sensu)1, na área, pela Pontifícia Universidade Católica de Belo horizonte (PUC-BH)

2, com o

intuito de empreender estudos acerca da Informática, defendida por muitos como mola

propulsora da aprendizagem.

1 É uma expressão em latim que significa literalmente em sentido amplo. Também se refere ao nível de pós-

graduação que titula o estudante como especialista em determinado campo do conhecimento 2 O Curso de Pós-Graduação em “Tecnologias em Educação” foi realizado no período de 2006 a 2007.

19

Naquele período, trabalhamos com a disciplina Didática no CESC/UEMA,

momento em que coordenamos o Projeto de Intervenção “Ciranda do Saber” e que nos

oportunizou conviver com escolas de Ensino Fundamental, o que nos fez constatar que as

diversas atividades da educação eram tratadas de forma fragmentada pelos professores, muito

embora desenvolvessem um trabalho considerado “polivalente”. O Projeto trazia, então, a

proposta de desenvolvimento das atividades compartilhadas.

Cumpre destacar que o referido Projeto foi desenvolvido com a participação de

professores de outras disciplinas, tais como: Informática Aplicada à Educação, Metodologia do

Ensino Fundamental e Estágio Supervisionado, em uma ação coletiva desenvolvida na Escola

Pública Unidade Integrada Nossa Senhora dos Remédios. Com base nas observações feitas

pelos alunos da disciplina Didática, e dos depoimentos das professoras da escola, organizamos a

metodologia a ser utilizada pautada na problematização que tornava como base as dificuldades

apresentadas pelos alunos do ensino básico para a utilização da Informática. Trabalhamos os

conteúdos de Português e Matemática, pelo fato de essas disciplinas terem sido apresentadas

pelos alunos como aquelas que ofereciam maiores desafios de aprendizagem.

As experiências vivenciadas com os citados projetos institucionais, motivaram

para fazermos um Mestrado em Ciências da Educação (Stricto-Sensu)3 ofertado pela UEMA

em parceria com Instituto Pedagógico Latino Americano y Caribeño (IPLAC)4. Nesse curso

desenvolvemos uma pesquisa acerca da influência da Informática como esteio de

aprendizagem. A pesquisa foi realizada no ano de 1999 e teve como tema Multimeios Usados

Como Ferramenta na Formação do Professor na Disciplina Didática. Hoje, doze anos depois,

retomamos os resultados desse estudo para investigar sobre os saberes profissionais que

utilizam os egressos do Curso de Pedagogia do CESC/UEMA, para trabalhar informática, em

sua prática docente na educação básica.

Realizamos também um outro curso de Pós-Graduação, em Tecnologias na

Educação, dessa vez na modalidade à distância, oferecido pela Pontifícia Universidade

Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio), ministrado pela Coordenação Central de Educação à

Distância (CCEAD) em parceria com a Secretaria de Educação à Distância do Ministério da

Educação (SEED/MEC) e com o Departamento de Educação da PUC-Rio5, fato que,

despertou ainda mais o nosso interesse pela área, pois pudemos perceber a contribuição

teórica e prática que a informática pode oferecer no processo ensino e aprendizagem.

3 É uma expressão em latim que significa literalmente em sentido estreito. Também se refere ao nível de pós-

graduação que titula o estudante como mestre em determinado campo do conhecimento. 4 O Curso Mestrado em “Ciências da Educação” foi realizado no período de 1997 a 1999.

5 O Curso de Pós-Graduação de “Tecnologia em Educação” foi realizado no período de 2006 a 2007.

20

Paralelamente à realização do curso supracitado, trabalhamos com a disciplina

Estágio Supervisionado em Gestão de Sistemas Educacionais, momento em que coordenamos

um trabalho de intervenção intitulado “Projeto Girassol”, aprovado pelo Programa

Institucional de Bolsas de Extensão (PIBEX), com a finalidade de analisar o baixo

desempenho e as dificuldades encontradas pelos alunos do ensino fundamental em relação às

suas habilidades de cálculo. Esse acontecimento nos incentivou, conjuntamente com as alunas

do curso de Pedagogia, a buscar alternativas com a prática da informática para melhoria da

aprendizagem dos alunos.

No caminho de nossa investigação tivemos muitos desafios, desafios que se

iniciou desde o mestrado em Ciências da Educação, considerando que na época foi uma

formação em serviço que muito dificultou a busca em lidar com o objeto da pesquisa.

A pesquisa atual situada no âmbito da “formação de professores egressos do curso

de Pedagogia para o uso das TICs" nos propocionou a verificar após doze anos, em que

contribuiu os saberes construídos na formação inicial e/ou continuada dos egressos do curso

de pedagogia do CESC/UEMA.

É com base nesses elementos que a problemática dessa investigação se delineou,

ao se propor discutir os saberes profissionais da formação dos egressos do Curso de

Pedagogia do CESC/UEMA para a utilização dos recursos da informática no exercício

da docência.

O pressuposto de que partimos entende que a informática estimula o

desenvolvimento da capacidade de raciocínio e de expressão das pessoas e amplia as

possibilidades de aquisição, transmissão e armazenamento de conhecimento. Desse modo, o

emprego dos meios tecnológicos deve ser visto como ferramenta facilitadora do processo de

aprendizagem. Posto que, como ferramenta na educação, facilitará a aprendizagem ao ajudar na

resolução de problemas do conhecimento, podendo tornar a prática educativa mais produtiva.

1.2 OBJETIVOS DA PESQUISA

1.2.1 Geral

Compreender as contribuições dos saberes produzidos na formação inicial e

continuada quanto à utilização das Tecnologias da Comunicação e da Informação (TICs) no

exercício da docência dos professores egressos do Curso de Pedagogia do CESC/UEMA.

21

1.2.2 Específicos

Analisar as percepções dos professores egressos do Curso de Pedagogia do

CESC/UEMA acerca das abordagens do uso da informática na educação;

Identificar como os egressos do curso de Pedagogia do CESC-UEMA utilizam a

tecnologia da informação e da comunicação em sua prática profissional docente;

Identificar as principais dificuldades encontradas por esses egressos de

Pedagogia na utilização da tecnologia da informação e da comunicação na sua

prática profissional docente;

Apontar sugestões sobre como promover o uso da tecnologia da informação e

da comunicação na formação e na prática profissional docente.

1.3 PERCURSOS METODOLÓGICOS DA PESQUISA

Esta sessão revela os percursos por nós adotados ao longo da investigação, seu

planejamento e rigor nesse caminhar, bem como seu embasamento de apoio ao conhecimento

científico. Desse modo, traz as contribuições teórico-metodológicas com ênfase na natureza e

o tipo de pesquisa, a abordagem metodológica escolhida, bem como as etapas adotadas para

dar respostas às questões contidas nos objetivos, e que apresentam, entre outros desafios, o de

refletir a complexa relação entre a formação e as TICs.

Conforme já mencionamos, esta investigação teve como objetivo maior

compreender as contribuições dos saberes produzidos na formação inicial e continuada dos

professores egressos do curso de pedagogia do CESC-UEMA quanto à utilização das TICs,

relacionando-as com seus saberes e práticas pedagógicas.

Para atender aos objetivos propostos, elegemos a abordagem qualitativa do tipo

estudo de caso que, segundo Bogdan e Biklen (1994, p. 89), quando se referem ao estudo de

caso, acentuam que “Não é por acaso que a maioria dos investigadores escolhe, para seu

primeiro projeto, um estudo de caso”. Estes autores, ao considerarem o estudo de caso como a

metodologia mais eleita por pesquisadores iniciantes, afirmam ser esta metodologia avaliada

pelos pesquisadores como mais simples pelo fato de ter um objeto único de pesquisa.

Contudo, esses autores alertam para o cuidado de não se reduzir a relevância do estudo de

caso, uma vez que este é de grande valor à metodologia em virtude da profundidade que se

atribui ao estudo (BOGDAN; BIKLEN, 1994).

22

Yin (2001, p. 32), por sua vez, considera que o estudo de caso “é uma estratégia

de pesquisa que investiga um fenômeno contemporâneo dentro do seu contexto da vida real,

especialmente quando os limites entre o fenômeno e o contexto não estão claramente

definidos”. Esse autor considera essa estratégia, como outras de pesquisa, uma maneira de

investigar um tópico empírico seguindo um conjunto de procedimentos pré-especificados.

Mediante os arrazoados apresentados, por ser um estudo de caso, exige que

apresente algumas características, tais como: uso de técnicas associadas à observação

participante, pesquisador como instrumento principal na coleta e na análise dos dados; ênfase

no processo e não nos resultados; preocupação com o significado atribuído pelos sujeitos às

suas ações; trabalho de campo e finalmente outras características importantes que são a

descrição e a análise.

André (2008) reporta-se ao tipo de conhecimento que é gerado a partir do estudo

de caso tomando como referência os trabalhos de Merrian (1988) e Stacke (1994), comenta as

características que tornam esse conhecimento diferente do conhecimento derivado de outras

pesquisas: é mais concreto, configura-se com um conhecimento que encontra eco em nossa

experiência porque é mais vivo, concreto e sensório do que abstrato. Mais contextualizado,

pois se consolida nas experiências enraizadas num contexto, assim também os conhecimentos

nos estudos de caso; mais voltado para a interpretação do leitor os leitores trazem para os

estudos de caso as suas experiências e compreensões; distingue os traços característicos da

população de referência determinadas pelo leitor de forma que o leitor da pesquisa possa

reconhecer a população de referência. Enfatiza, ainda, André (2008), que o que define o tipo

de estudo não são as técnicas, e sim o conhecimento que delas advém, que o conhecimento

gerado pelos estudos de caso tem um valor em si mesmo.

As análises dos instrumentais foram importantes para contextualizar, aprofundar e

completar as informações coletadas, sendo, também, um instrumento essencial na

triangulação dos dados.

Ademais, a pesquisa exigiu um trabalho de campo que nos possibilitou uma

proximidade com as pessoas, situações e locais. Por consequência, permitiu descrever o que

envolve o espaço escolar pesquisado compreendendo espaço físico, materiais utilizados,

formação docente, projetos desenvolvidos, participação da comunidade e outros aspectos que

fizeram parte do cenário.

Atentamos ainda para o que dizem Farias, Nunes e Nóbrega-Therrien (2011, p.

104) quando destacam ser importante explicar que: “[...] o pesquisador nem sempre

encontrará as respostas no arcabouço teórico quando estiver em campo, mas fazendo uso de

23

competências anteriormente mencionadas”, como ter sensibilidade, capacidade e preparo para

não se perder no meio das informações adquiridas em campo, será preocupação nossa.

Como estratégias metodológicas desta investigação, optamos pela realização de

um estudo de caso no Núcleo Tecnológico de Educação (NTE), no CESC e em duas escolas

do ensino básico em que atuam professoras egressas do Curso de Pedagogia do

CESC/UEMA, observando as práticas desses professores em turma do ensino básico.

1.4 LOCAL E ESCOLHA DA INVESTIGAÇÃO

O critério para escolha do lócus da pesquisa era que fosse instituição pública onde

atuam os professores egressos da instituição UEMA. O universo geográfico no qual se

desenvolveu a pesquisa foi composto pelo Núcleo de Tecnologia Educacional instalado no

Centro de Ensino Inácio Passarinho, CESC/UEMA, ambos situados no Morro do Alecrim,

bairro de classe média de Caxias e também 02 escolas públicas, Unidade Escolar Municipal Rui

Frazão, localizada no bairro Nova Caxias; Unidade Escolar Marechal Castelo Branco,

localizada no bairro Castelo Branco. Participaram professores egressos do curso de Pedagogia,

que atuam na rede pública, professores da disciplina Didática e Multimeios aplicado à Educação

do CESC/UEMA e um professor que compõe a equipe do Núcleo Tecnológico instalado no

Complexo Educacional de Ensino Fundamental e Médio Inácio Passarinho.

A intenção foi analisar as contribuições da formação dos egressos do

CESC/UEMA para a utilização dos recursos da informática no exercício da docência, bem

como perceber quais estratégias utilizam para aperfeiçoar sua aprendizagem.

1.4.1 Escolha dos sujeitos

O critério para escolha do sujeito da pesquisa era que fossem professores egressos

das citadas instituições e, em particular pedagogos que participaram da pesquisa anterior

(1999). A ideia de incluí-los como sujeitos representa uma tentativa de evidenciar as

alterações ocorridas na realidade atual, assim possibilitar novas análises diante de evidentes

mudanças sobre a formação e a prática desses sujeitos6.

Nos primeiros contatos, utilizamos o questionário para construção do perfil

acadêmico dos professores. Posteriormente, a análise das respostas, contactamos, ainda, com

6 Na época, estes últimos eram alunos do Curso de Pedagogia do CESC/UEMA, hoje atuantes da rede pública de

ensino.

24

cada professora para esclarecer sobre as intenções da pesquisa. As entrevistas foram gravadas,

de acordo com a permissão do grupo. Vale dizer que se tratou de um recurso de coleta de

informação valioso para a pesquisadora, cuja aplicação resultou em subsídios altamente

significativos para a interpretação e a descrição do objeto pesquisado.

A população considerada na pesquisa foi composta de um (01) professor do

Núcleo de Tecnologia Educacional de Caxias, dois (02) professores do CESC/UEMA que

trabalham com as disciplinas Didática e Multimeios aplicados à Educação, e três (03)

professores egressos do Curso de Pedagogia que participaram da pesquisa anterior (1999). Os

participantes da pesquisa são professores da rede pública do município de Caxias-MA,

egressos do CESC/UEMA; professores do CESC/UEMA e multiplicador do NTE/Caxias.

No universo de seis (06) professores/sujeitos, todos são licenciados em Pedagogia,

sendo, um (01) especialista em Informática da Educação, um (01) professor especialista em

Avaliação, um (01) especialista em Educação à Distância e um (02) com curso de capacitação

do projeto PROINFO, atualmente também são professores no ensino básico. Desses, um (01)

é licenciado em Pedagogia e também em Matemática e especialista em Informática da

Educação, porém, todos são egressos da UEMA.

1.4.2 Conhecendo a instituição

A Universidade Estadual do Maranhão teve sua origem na Federação das Escolas

Superiores do Maranhão (FESM) criada pela Lei Estadual 3.260 de 22 de agosto de 1972,

para coordenar e integrar os estabelecimentos isolados do sistema superior no Maranhão.

Constituída inicialmente por quatro unidades de ensino superior: Escola de Administração,

Escola de Engenharia. A Escola de Agronomia e Faculdade de Educação de Caxias, a FESM

incorporou a Escola de Medicina Veterinária em 1975 e a Faculdade de Educação de

Imperatriz em 1979.

A FESM foi transformada em Universidade Estadual do Maranhão pela Lei 4.400

de 30 de dezembro de 1981, UEMA, uma autarquia de natureza especial, vinculada à Secretaria

de Ciências e Tecnologia. Goza de autonomia didático-científica, administrativa e de gestão

financeira e patrimonial, de acordo com o que preceitua o Art. 272 da Constituição Estadual,

cujo funcionamento foi autorizado pelo Decreto Federal 94.143, de 25 de março de 1987.

Criada com a Lei nº 3260/72, a UEMA tem as seguintes finalidades:

Oferecer educação de nível superior, formando profissionais técnicos e

científicos, tendo em vista os objetivos nacionais, regionais e estaduais;

25

Dinamizar a produção científica e a renovação do conhecimento humano

através da pesquisa voltada, sobretudo para a realidade regional;

Promover a participação da comunidade nas atividades de cultura, ensino e

pesquisa;

Organizar a interiorização do ensino superior, através da criação de cursos

notadamente de Agronomia e Medicina veterinária para fazer face às

peculiaridades do mercado de trabalho regional. (Lei de criação da UEMA, nº

4.400/81).

A Estrutura Organizacional da UEMA está dividida em quatro níveis:

I – Nível de Administração Superior:

Conselho Universitário;

Conselho Administrativo;

Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão;

Reitoria.

II – Nível de Assessoramento:

Auditoria;

Gabinete.

III – Nível de Execução Institucional:

Pró-Reitoria de Administração;

Pró-Reitoria de Planejamento;

Pró-Divisão de Serviço Social e Médico;

Pró-Biblioteca Universitária.

IV – Nível de Execução Programática:

Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação;

Pró-Reitoria de Graduação;

Pró-Reitoria de Extensão e Assuntos Estudantis;

Centros (DECRETO ESTADUAL nº 13.819/94).

26

A UEMA funciona em vários "Campis", no interior do Estado, em cidades polos

de desenvolvimento do Maranhão, a saber: São Luís; Caxias; Imperatriz; Presidente Dutra;

Açailândia; Bacabal; Balsas; Santa Inês; Pinheiro; Timon e Coelho Neto.

O CESC, como integrante do “Campus” da UEMA, tem um raio de ação que

engloba as regiões circunvizinhas, não se limitando, pois, ao município onde está sediado. A

organização multicampi é uma decorrência de circunstâncias históricas, em que a ação do

Estado foi determinante. Os Centros que constituem a UEMA têm sólida tradição no campi

do Ensino Superior.

O Curso de Pedagogia do CESC/UEMA teve sua plenificação7 autorizada através

do Parecer de nº 76/85 do Conselho Federal de Educação (CFE) e Portaria, de 23 de junho de

1985 com fins de habilitar para o Magistério das Matérias Pedagógicas do 2º Grau, conforme

documento de 03 de julho de 1989 que solicitava o reconhecimento do curso, tendo como

destaque dois aspectos:

1) A prioridade conferida à educação básica pelo organismo responsável pela

definição da política educacional brasileira;

2) Estudo da realidade do sistema de ensino local, que evidenciou a ocorrência de

pessoal desqualificado para a formação de docentes para o nível elementar.

Na trajetória deste curso, aconteceram duas reformulações curriculares, a primeira

em 1986 e a outra em 1994, tendo em vista o aprimoramento e adequação do curso com a

realidade de Caxias, no sentido de contribuir com a formação de mão de obra da comunidade

caxiense e seu entorno, possibilitar habilitação num primeiro momento em Administração

Escolar (Licenciatura Curta) e a partir de 1986, em matérias Pedagógicas do Magistério do 2.º

Grau (Licenciatura Plena).

A UEMA lançou em 1992 o Programa de Capacitação Docente do Sistema Oficial

de Educação (PROCAD)8, aprovado pela resolução nº 101/92-CONSUN/UEMA do dia

07/12/92, que em seu artigo 1º aprova o mesmo, com o objetivo de oferecer em sua 1ª etapa,

cursos especiais parcelados intensivos de licenciatura plena no “campus de São Luís e nos

“campi” de Caxias, Imperatriz e Bacabal, para qualificar, exclusivamente, professores das

redes oficiais de ensino estadual e municipal”.

7 Momento em que passaram a ser oferecidos Cursos de Licenciatura Plena, deixando de oferecer Cursos de

Licenciatura Curta. 8 Programa de Capacitação Docente do Sistema Oficial de Educação (PROCAD), aprovado pela resolução nº

101/92-CONSUN/UEMA do dia 07/12/92.

27

O referido programa, na versão I, teve como objetivo desenvolver uma política

agressiva de desenvolvimento de recursos humanos, no período de 1993 a 1999, voltada para

a graduação em cursos de licenciatura plena, dos professores em atividade na rede pública de

ensino. Os cursos de licenciatura do PROCAD versão I seguiam a mesma estrutura de

funcionamento curricular dos cursos regulares já existentes na UEMA. Para a sua conclusão,

era necessário elaborar um trabalho, conforme as Normas Gerais do Ensino de Graduação em

seu caput I seção V artigos 51 e 52 que instituem a exigência do trabalho de conclusão de

curso de graduação (TCC) da UEMA.

O Curso evidenciado teve início em janeiro de 1995 com a mesma habilitação do

curso regular, em regime intensivo e parcelado, com uma carga horária de 2.370 horas,

oferecido nos polos de Presidente Dutra e Caxias. Em janeiro de 1999 iniciam-se novas

turmas do PROCAD, versão II, com uma filosofia idêntica ao do Programa na versão I,

introduzidas, porém, poucas modificações, frutos de avaliações e análises realizadas, no

sentido de ampliar o atendimento, dinamizar a execução, atualizar a metodologia e aprimorar

a qualidade da formação oferecida.

A redefinição dos perfis de vários cursos, a revisão dos mapas curriculares dos

cursos de modo geral, além da proposta de um Curso de Pedagogia, com habilitação em

Magistério de disciplinas pedagógicas do Ensino Médio, mas com um caráter mais amplo e

mais atual pela introdução de disciplinas com Educação Especial, Educação Infantil e

Educação de Jovens e Adultos com suas respectivas metodologias, constituem-se nas

principais modificações introduzidas e que, certamente, como possibilidade do Estado de

capacitação de seus professores dentro de um perfil mais adequado às carências regionais.

O Curso de Pedagogia do PROCAD na sua versão II do CESC/UEMA contava,

em 2001, com um total de 161 alunos, sendo 31 em Caxias, 52 em Presidente Dutra, 37 em

Codó, 41 em Timon. Em 2002 contávamos com três turmas em Presidente Dutra, totalizando

75 alunos. As turmas funcionavam em regime intensivo e parcelado nos meses de janeiro,

fevereiro e março, julho e agosto (1ª quinzena), com a mesma habilitação do curso regular.

Apesar de algumas modificações na sua estrutura curricular, sua duração era de três anos e a

integralização curricular com 2.820 horas.

A partir do ano de 2004, o PROCAD na sua versão II deu lugar ao Programa de

Qualificação Docente (PQD), passando por uma ampla reformulação nas estruturas

curriculares dos cursos, ficando o Curso de Pedagogia com uma carga horária de 2.895 horas.

No regime regular, funcionava em 2002 nos turnos matutino, vespertino e noturno, com uma

carga horária total de 2.475 horas, possuindo apenas a habilitação nas Matérias Pedagógicas

28

para o Ensino Médio, em conformidade com o Projeto de Pedagogia/98 da UEMA, mas

devido às transformações sociopolítico, econômico, educacional e tecnológico da sociedade

houve necessidade de ampliar o campo de atuação do pedagogo do CESC/UEMA para

atender as expectativas da sociedade.

Ainda em 2002 foi aprovado o seu novo Projeto Político Pedagógico (PPP). Este

passou por uma ampla reformulação, agora habilitando professores para a docência na

Educação Infantil, anos iniciais do Ensino Fundamental, matérias pedagógicas do ensino

médio e coordenação pedagógica de sistemas, projetos e unidades de ensino, compreendendo

gestão escolar, orientação educacional, supervisão escolar, educação de jovens e adultos e

educação especial respondendo às exigências da sociedade contemporânea no

desenvolvimento das competências essenciais ao exercício da docência. A partir do segundo

semestre de 2003, sua carga horária foi ampliada para 3.240 horas.

Com a aprovação da Resolução CNE nº. 01, de 15 de maio de 2006, que instituiu

as Diretrizes Curriculares Nacionais para o Curso de Graduação Licenciatura em Pedagogia,

houve a necessidade de uma nova reformulação, as quais estão previstas no projeto

pedagógico. A Faculdade de Educação de Caxias9 criada pela Lei 2.821/68, com base na Lei

de Diretrizes e Bases (LDB) 4.024/61, mas já nos termos da reforma universitária, Lei

5540/68, tinha como finalidade formar professores, no menor tempo possível, em cursos de

licenciatura curta, para lecionar no primeiro ciclo do ensino secundário. Esta mudança só foi

instalada na faculdade em (1970), com cursos regulares e parcelados em período de férias, sob

a coordenação pedagógica da missão docente da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências

Humanas (FFLCH) da Universidade de São Paulo (USP), (sua criação antecede a criação da

UEMA em 15 de dezembro de 1977 a Faculdade foi reconhecida pelo Decreto 81.037 e os

cursos pelo parecer e o 2.111/77).

A criação dessa instituição está relacionada à implementação do Projeto Centauro,

tendo como objetivo instalar Faculdade de Formação de Professores para o primeiro ciclo,

9 Atualmente essa instituição de ensino recebe a denominação de Centro de Estudos Superiores de Caxias da

Universidade Estadual do Maranhão (CESC/UEMA). Essa instituição oferece, conforme matricula no primeiro

semestre 2012, retirado do site http://www.uema.br/institucional/uema-em-numeros, os cursos Enfermagem

Bacharelado, 142 alunos matriculados; Medicina Bacharelado, 152 alunos matriculados; Pedagogia Licenciatura,

293 alunos matriculados; História Licenciatura, 182 alunos matriculados; Ciências Licenciatura Habilitação em

Matemática, 08 alunos matriculado; Letras Licenciatura Habilitação Português e Literatura de Língua

Portuguesa, 159 alunos matriculados; Letras Licenciatura Habilitação em Português, Inglês e Respectivas

Literaturas, 110 alunos matriculados; Geografia Licenciatura, 210 alunos matriculados; Ciências Licenciatura

Habilitação em Química, 13 alunos matriculados; Ciências Licenciatura Habilitação em Física, 7 alunos

matriculados; Ciências Licenciatura Habilitação em Biologia, 35 alunos matriculados; Matemática Licenciatura,

115 alunos matriculados; Física Licenciatura, 106 alunos matriculados; Química Licenciatura, 95 alunos

matriculados; Ciências Biológicas Licenciatura, 188 alunos matriculados. Perfazendo um total de 1.780 (hum

mil, setecentos e oitenta) alunos.

29

com a finalidade de suprir a falta de professores qualificados para o nível médio, situação

agravada pela implantação do Projeto Bandeirante em 1968. Este projeto tinha como

objetivo, segundo Fonseca (1984, p. 35) “possibilitar continuidade de estudo aos egressos do

Curso Primário; ajudar na formação da mão de obra especializada para o desenvolvimento e

dar condições para o acesso a curso superior”.

Com base no levantamento junto aos departamentos e direções dos cursos do

CESC/UEMA, no primeiro semestre de 2012 constam em seu quadro docente 183 professores,

sendo 123 efetivos e 58 contratados através de processo seletivo. Dos docentes do quadro

efetivo, conforme dados disponíveis “on-line” na página da UEMA (site http://www.uema.br/

institucional/uema-em-numeros), 17 são doutores e 64 tem a formação de mestre.

Nas suas diversas frentes de atuação, um dos pontos importantes desta instituição

para Caxias e as cidades circunvizinhas no seu quadro de docente e profissional é a área de

saúde, contribuindo para a elevação do nível técnico e cientifico da região, constituído numa

importante referência educacional e científica nos âmbitos local, regional e nacional.

O Curso de Pedagogia, desta IES, teve sua gênese no Curso de Pedagogia

Habilitação em Administração Escolar, criado em 1968, pela Lei nº 2.821/69, e começou

funcionar a partir de 1973. Fonseca (1984, p. 77) ao referir a este fato, destaca,

Nos dias 1 e 2 de dezembro de 1973, foi realizado vestibular para um curso

parcelado em Pedagogia com 96 vagas distribuídas em duas turmas dos quais 80

eram bolsistas, por força de convenio MEC/SE e 16 vagas oferecidas pela

Faculdade, este curso congregou 37 municípios do Maranhão, além de alunos

provenientes da vizinha capital do Piauí.

Nos dias atuais, está organizado a partir do Projeto Pedagógico que tem a seguinte

missão:

[...] orientado pelos princípios de respeito, na solidariedade e ética, a formação de um

pedagogo crítico e consciente do seu papel de mediador e de produtor do

conhecimento no exercício da prática pedagógica, o qual mediará às condições de

desenvolvimento de personalidades críticas, criativas, reflexivas, livres, autônomas,

democráticas e flexíveis, capazes da delimitar e resolver problemas em múltiplas

circunstâncias, na luta pela conquista plena da cidadania (UEMA, 2008, p. 18).

Nesta perspectiva cumpre orientações de seu Projeto Pedagógico destinando-se à:

[...] formação de professores para exercer funções de magistério na Educação

Infantil e nos anos iniciais do Ensino Fundamental, nos cursos de Ensino Médio, na

modalidade Normal, de Educação Profissional na área de serviços e apoio escolar e

em outras áreas nas quais sejam previstos conhecimentos pedagógicos (UEMA,

2008, p. 19).

30

Para tanto, o seu PPP delineia os seguintes elementos centrais que devem nortear

o processo de formação do pedagogo:

O conhecimento da escola como organização complexa que tem a função de

promover a educação para e na cidadania;

A pesquisa, a análise e a aplicação dos resultados de investigações de interesse

da área educacional;

A participação na gestão de processos educativos e na organização e

funcionamento de sistemas e instituições de ensino;

A identificação dos processos pedagógicos em espaços educativos formais e não

formais;

O desenvolvimento de competências concernentes à ampliação do campo de

atuação do licenciado em Pedagogia (UEMA, 2008, p. 19).

Em linhas gerais, o desenho teórico dos cursos do CESC/UEMA, se propõe

desenvolver conhecimentos, habilidades e atitudes que preparam os docentes para um campo

vasto e complexo de funções profissionais, dentre as quais se destacam as exercidas em

órgãos de administração pública, nos seus mais diversos níveis e atuação (educação, cultura,

saúde, esportes, etc.); escolas públicas e particulares de todos os níveis de ensino; instituições

de consultoria e assessoria; empresas de comunicação social; organismos comunitários,

culturais, sindicais e partidários; políticas públicas e privadas de gestão e desenvolvimento de

recursos humanos.

É mister enfatizar que o licenciados em pedagogia do CESC/UEMA, formadores

por excelência de professores, por exemplo, tem o seguinte perfil profissiográfico em

consonância com a Resolução CNE/CP nº 1 de 15/05/2006, que define que o egresso deve

está apto a:

atuar com ética e compromisso com vistas à construção de uma sociedade justa,

equânime, igualitária;

compreender, cuidar e educar crianças de zero a cinco anos, de forma a

contribuir, para o seu desenvolvimento nas dimensões, entre outras, física,

psicológica, intelectual, social;

fortalecer o desenvolvimento e as aprendizagens de crianças do Ensino

Fundamental, assim como daqueles que não tiveram oportunidade de

escolarização na idade própria;

trabalhar, em espaços escolares e não escolares, na promoção da aprendizagem

de sujeitos em diferentes fases do desenvolvimento humano, em diversos níveis

e modalidades do processo educativo;

reconhecer e respeitar as manifestações e necessidades físicas, cognitivas,

emocionais, afetivas dos educandos nas suas relações individuais e coletivas;

ensinar Língua Portuguesa, Matemática, Ciências, História, Geografia, Artes,

Educação Física, de forma interdisciplinar e adequada às diferentes fases do

desenvolvimento humano;

relacionar as linguagens dos meios de comunicação à educação, nos processos

didático-pedagógicos, demonstrando domínio das tecnologias de informação e

comunicação adequadas ao desenvolvimento de aprendizagens significativas;

promover e facilitar relações de cooperação entre a instituição educativa, a

família e a comunidade;

31

identificar problemas socioculturais e educacionais com postura investigativa,

integrativa e propositiva em face de realidades complexas, com vistas a

contribuir para superação de exclusões sociais, étnico-raciais, econômicas,

culturais, religiosas, políticas e outras;

demonstrar consciência da diversidade, respeitando as diferenças de natureza

ambiental-ecológica, étnico-racial, de gêneros, faixas geracionais, classes

sociais, religiões, necessidades especiais, escolhas sexuais, entre outras;

desenvolver trabalho em equipe, estabelecendo diálogo entre a área educacional

e as demais áreas do conhecimento;

participar da gestão das instituições contribuindo para elaboração, implementação,

coordenação, acompanhamento e avaliação do projeto pedagógico;

participar da gestão das instituições planejando, executando, acompanhando e

avaliando projetos e programas educacionais, em ambientes escolares e não

escolares (UEMA, 2008).

O curso em destaque, no seu Perfil Profissiográfico, está estruturado de modo a

fornecer uma base de formação e conhecimento, para que ao final do curso o aluno seja capaz

de atuar na área da educação, com uma formação fundamental centrada nos seguintes aspectos:

Profundo conhecimento da realidade a fim de instrumentalizar o educador da

diversidade das forças que se defrontam no social, bem como de sua recuperação

no contexto educacional;

Sólida fundamentação teórica para garantir a ampla apreensão da dinâmica social

de modo suscitar o entendimento das múltiplas relações do social, face a seus

fundamentos histórico-sociais, filosóficos e políticos;

Consolidação da formação do educador escolar para atuar nos diversos níveis do

ensino e em pesquisas com vistas a promover a prática educativa no contexto

social maranhense. Após esta experiência o profissional poderá exercer a docência

em qualquer modalidade e a pesquisa pedagógica para garantir a produção do

conhecimento científico nessa área (UEMA, 2008).

As habilidades destacadas no perfil profissionográfico denota que a formação do

pedagogo permite um leque de atuação profissional no campo da educação sistemática e não

sistemática. Propicia uma situação de movimento dentre as relações que estabelece no

processo educativo, respondendo assim a complexidade, conflito e a capacidade dialética

deste processo.

Nas suas diversas frentes de atuação – ensino (graduação, especialização, mestrado

e doutorado – MINTER/DINTER10

) pesquisa e extensão o CESC vem se constituindo numa

importante referência educacional e científica nos âmbitos local, regional e nacional.

10

São projetos de Mestrado e Doutorado Interinstitucional (Minter e Dinter) têm como objetivo permitir a

utilização da competência de programas de pós-graduação avaliados com nota igual ou superior a 5 e

reconhecidos pelo CNE/MEC para, com base em formas bem estruturadas de parceria ou cooperação

interinstitucional, viabilizar a formação de mestres e doutores fora dos centros/regiões mais consolidados de

ensino e pesquisa. O foco de cada projeto Minter ou Dinter submetido à avaliação da Coordenação de

Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) deve ser a formação de um único grupo ou turma

especial de alunos de mestrado acadêmico ou doutorado com atividades de ensino e pesquisa que preservem o

nível de qualidade do programa existente na instituição promotora, mas que sejam desenvolvidas no espaço

físico da beneficiária do projeto – ou seja, a receptora. A instituição promotora tem, necessariamente, que ser

responsável pela proposta do curso a ser ofertado por seu programa de pós-graduação que deverá atender aos

requisitos e critérios estabelecidos em edital específico.

32

O curso de pedagogia possui uma dupla função: formação docente para os anos

iniciais do ensino fundamental da educação básica, incluindo a educação infantil, e formação

do pedagogo para atuar no ensino médio, na modalidade Normal, de Educação Profissional na

área de serviços e apoio escolar e em outras áreas nas quais sejam previstos conhecimentos

pedagógicos. É importante destacar, ainda, que o curso tem procurado preparar os futuros

docentes para um campo vasto e complexo de funções profissionais, dentre às quais se

destacam as exercidas em órgãos de administração pública nos seus mais diversos níveis e

atuação (educação, cultura, saúde, esportes, etc.); escolas públicas e particulares de todos os

níveis de ensino; instituições de consultoria e assessoria; empresas de comunicação social;

organismos comunitários, culturais, sindicais e partidários; políticas públicas e privadas de

gestão e desenvolvimento de recursos humanos.

O objetivo geral desse Curso é formar profissionais da educação capazes de

compreender e contribuir, efetivamente, para que a prática educativa possa garantir aos

aprendizes o pleno desenvolvimento de suas habilidades e competências, comprometendo-se,

para tanto, com um projeto de transformação social.

Com base no que foi exposto, é possível verificar que as atividades do profissional

desses cursos são bastante diversificadas. Assim, é possível listá-las da seguinte forma:

planejamento, formulação, acompanhamento e avaliação de políticas, projetos e planos

educacionais; coordenação, supervisão, desenvolvimento e avaliação de atividades

educacionais desenvolvidas em escolas e em outras entidades sociais; produção teórica e

desenvolvimento de metodologias e tecnologias de educação.

1.5 ESTRUTURA DO TRABALHO

O trabalho de investigação está estruturado em cinco capítulos, assim delimitados.

Iniciamos com a introdução abordando o problema da pesquisa e a relação de vida e de

trabalho da autora com o tema investigado. No primeiro capítulo evidenciamos como

chegamos ao tema da pesquisa e, principalmente, destacamos o envolvimento da pesquisadora

com o objeto da pesquisa e o seu percurso metodológico.

No segundo capítulo, destacamos estudos já desenvolvidos sobre tecnologia da

informação, construímos o estado da questão. Mapeados os primeiros achados e as

constatações feitas com base nesses resultados, analisamos os trabalhos que mais se

aproximam do tema em questão, procurando estabelecer relações entre os achados e os

objetivos de nossa pesquisa.

33

No terceiro capítulo, a discussão sobre ferramentas tecnológicas e informática

educativa. Fazemos uma contextualização histórica da informática e apresentamos algumas

conceituações sobre ferramentas tecnológicas.

No quarto capítulo, tratamos sobre a formação do pedagogo para o uso das

tecnologias, destacando os antecedentes históricos do uso da tecnologia, educação e computador:

relação didática-pedagógica, os multimeios na formação do pedagogo, uso da informática no

ambiente escolar, o aprendizado do professor diante das tecnologias, concepções de aprendizagem

na informática, uso de softwares educativos e Informática educacional. Pontuamos, ainda,

sugestões metodológicas para o uso da informática em contextos escolares.

No capítulo cinco, detemo-nos à análise dos dados sem perder de vista os

objetivos propostos da pesquisa. Analisamos os questionários, as entrevistas, como também as

observações realizadas junto aos alunos.

Portanto, o propósito deste estudo é identificar o uso dos aportes tecnológicos nas

escolas, os avanços dos egressos de cursos de formação docentes egressos CESC/UEMA, que

participaram da pesquisa naquela época, bem como as contribuições dos saberes construídos

na formação inicial e ao longo do exercício profissional, quanto à utilização das Tecnologias

da Comunicação e da Informação no trabalho docente.

No primeiro capítulo procuramos apresentar nossas escolhas metodológicas, que

concorreram para o delineamento da nossa investigação. No capítulo seguinte trazemos um

inventário dos estudos sobre esta temática, em nível nacional, momento no qual procuramos

evidenciar as aproximações desses estudos com a nossa temática, bem como procuramos

trazer, também, nossa novidade de investigação, no estado atual da ciência.

34

2 ESTUDOS SOBRE TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO: o

estado da questão

Neste capítulo mapeamos alguns achados de trabalhos de autores que publicaram

na área desta investigação e que serviram para elaboração do Estado da Questão de nosso

objeto de investigação.

O lócus da pesquisa para realização do Estado da Questão (EQ) foram os arquivos

das reuniões da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Educação (ANPED),

levantamento no Portal da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior

(CAPES), o banco de dados de teses e dissertações existentes em Instituições de Ensino

Superior (IES), agrupando os trabalhos científicos em diversas temáticas.

O EQ contribui de forma significativa para toda e qualquer investigação científica,

pois permite que o pesquisador, após mapeamento, identifique trabalhos científicos já

publicados, sobre o tema que investiga, e a partir daí verificar se ele se insere dentro dos

descritores selecionados.

Segundo Nóbrega-Therrien e Therrien (2010, p. 34), nestes estudos encontram-se

“contribuições que subsidiam todas as partes que compõem a investigação científica como um

todo". A finalidade do EQ, de acordo com os autores supracitados, é “levar o pesquisador a

registrar, com suporte em um rigoroso levantamento bibliográfico, como se encontra o tema

ou o objeto de sua investigação no estado atual da ciência ao seu alcance” (NÓBREGA-

THERRIEN; THERRIEN, 2010).

Afirmam ainda os autores que o EQ “contribui para um maior rigor científico e

criticidade no mergulho bibliográfico realizado pelo estudante / pesquisador, de modo a evitar

vieses na construção das categorias teóricas e empíricas que vão ser trabalhadas por ele na

revisão de literatura”. (NÓBREGA-THERRIEN; THERRIEN, 2010, p. 34).

Baseadas nesses argumentos, iniciamos o levantamento bibliográfico voltado para

o tema em análise, fazendo a busca pelos assuntos de interesse da pesquisa. A relevância da

realização do levantamento bibliográfico assume caráter qualitativo no momento que permite

um olhar nas relações intergeracionais, produzindo relações e sentidos que constroem o

cotidiano escolar, ao situar o nosso objeto de estudo dentro do conjunto das pesquisas

produzidas no Brasil no período de 2000 a 2011 sobre o tema, no que diz respeito ao que

podem favorecer a consolidação desse campo de estudos.

Após o levantamento, acessamos periódicos indexados com os Qualis A1, A2, B1

e B2, da CAPES, buscamos artigos na área de conhecimento das Ciências Humanas e

35

Linguísticas voltados para formação de professores, usando as categorias: informática na

educação, tecnologia da informação e da comunicação e computador na educação. Com base

nos bancos Scielo/Eric, encontramos 167 artigos relacionados à formação de professor, mas

apenas 22 artigos, 13% deles, se referem ao nosso tema. Enquanto que nas Reuniões da

ANPED11

, há um total de 446 trabalhos, sendo 249 no GT8 e 215 no GT16. Destes,

relacionam-se ao nosso tema no GT8, apenas 10 trabalhos, e no GT16 temos 74 trabalhos.

Os achados foram agrupados por períodos, tema, metodologia e pelo objeto de

estudo, com importantes contribuições para a concretização do segundo capítulo. As

dissertações e teses que tratam da utilização do computador como ferramenta do ensino,

foram os trabalhos selecionados com prioridade. Nas produções das Reuniões anuais da

ANPED no grupo de trabalho GT8 – Formação de professores e GT16 – Educação e

Comunicação, escolhemos os que se incluem na categoria “Tecnologia/ Educação”, e da

CAPES os Subtemas “Informática educacional”. Estes estudos, “configuram esclarecimento

da posição do pesquisador e de seu objeto de estudo na elaboração de um texto narrativo, a

concepção de ciência e a contribuição epistêmica do mesmo no campo do conhecimento”

(NÓBREGA-THERRIEN; THERRIEN, 2010, p. 37).

2.1 ESTUDOS MAPEADOS: os primeiros achados

O EQ demanda uma vasta compreensão da problemática em tese estabelecida com

base nos registros dos estudos científicos levantados e a análise minuciosa do seu referencial

teórico-metodológico sobre a temática em questão.

A contribuição do pesquisador é algo que necessita estar evidente no EQ. De

acordo com Nóbrega-Terrien e Therrien (2010, p. 34) trabalhar o EQ é:

Uma maneira que o estudante/pesquisador pode utilizar para entender e conduzir o

processo de elaboração de sua monografia, dissertação ou tese, ou seja, de produção

científica com relação ao desenvolvimento de seu tema, objeto de sua investigação. É um

modo particular de entender, articular e apresentar determinadas questões mais

diretamente ligadas ao tema ora em investigação.

Primeiramente, inventariamos os temas que se aproximam da temática desta

pesquisa ao identificar as que forneçam questões para a composição do instrumento de coleta de

dados. Iniciamos a trajetória investigativa por meio dos periódicos nacionais, junto ao Portal da

11

ANPED é uma sociedade civil, sem fins lucrativos, fundada em 1976. A finalidade da Associação é a busca do

desenvolvimento e da consolidação do ensino de pós-graduação e da pesquisa na área da Educação no Brasil.

Disponível em:http://www.anped.org.br.

36

CAPES, na base de dados Scielo, considerados e reconhecidos pela confiabilidade de suas

publicações. O site da CAPES disponibiliza acesso a um banco de dados, a partir do qual

realizamos nossas buscas através das palavras-chave. Os trabalhos coletados na bibliografia

pessoal voltados para essa temática totalizaram 08 achados, no período entre 2000 a 2011.

Ao analisarmos os quadros 1, 2 e 3, procuramos identificar as metodologias e os

sujeitos utilizados pelos pesquisadores. É conveniente observar que sobre a formação de

professor e as TICs, no GT8 houve pouca publicação no âmbito dessa temática em relação ao

número de trabalhos apresentados no período de 2000 a 2011. Já no GT16, no que se refere à

Comunicação e Educação, houve maior publicação em comparação ao GT8 no mesmo

período. Essas publicações instigam a uma reflexão e um debate, para uso das TICs na

formação do professor. Destacamos alguns trabalhos que apresentam convergências em

alguns aspectos.

Quadro 1 – Produções científicas publicadas nos encontros anuais da ANPEd no GT 8: Formação

de Professores, no período de 2000 a 2011, considerando ano de publicação, autor e título

Ano Autor Título

2000 ABRANCHES A Reflexividade como Elemento da Prática Docente: alguns limites para

sua efetivação: o caso da informática na educação.

2001 - Nada identificado

2002 SCHMIDT Lições Sobre a Docência na Mídia: entre professores inteligentes e

professoras dedicadas e afetivas.

2003 CALIXTO

Nem Tudo que Cai na Rede é Peixe: saberes docentes e possibilidades

educativas na/da internet.

FERNANDES Professores e Informática na Educação: saberes e sentimentos.

2004 OLIVEIRA Dialogia Digital: em busca de novos caminhos à formação de

educadores, em ambientes telemáticos.

2005

ROSALEN Formação de Professores para o Uso da Informática nas Escolas:

evidências da prática.

MAZZILLI

A Mudança da Cultura Docente em um Contexto de Trabalho

Colaborativo de Introdução das Tecnologias de Informação e

Comunicação na Prática Escolar.

PESCE Formação de educadores na contemporaneidade: a contribuição dos

ambientes digitais de aprendizagem.

2006 RINALDI; REALI Formação de Formadores: aprendizagem profissional de professoras-

mentoras para uso da informática na educação.

2007 - Nada identificado

2008 - Nada identificado

2009 SANTOS

A Formação dos Professores para o Uso das Tecnologias Digitais nos

GTs Formação de Professores e Educação e Comunicação da ANPED -

2000 a 2008.

2010 LOPES

Formação para o Uso das Tecnologias Digitais de Informação e

Comunicação (TDIC) Nas Licenciaturas Presenciais das Universidades

Estaduais Paulistas.

2011 - Nada identificado

37

As pesquisas de Abranches (2000), Nunes (2005), Pesce (2005), Rinaldi e Reali

(2006), Santos (2009) e Lopes (2010), abordam sobre tecnologia e a formação do professor,

assunto discutido nos seis trabalhos, embora com enfoques diferenciados.

Abranches (2000) fala da prática dos professores multiplicadores dos Núcleos

Tecnológicos do Nordeste do Brasil e critica a ausência de um projeto político pedagógico

voltado para orientar a formação desses docentes.

Nunes (2005) reflete as políticas públicas voltadas para as TICs, tomando como

base a formação inicial dos futuros docentes na Universidade Estadual do Ceará, mostra que

estes futuros docentes utilizam o computador e a internet, sem abordagem pedagógica, apenas

para fins particulares.

Pesce (2005) analisa as contribuições dos ambientes digitais de aprendizagem

para formação docente e ressalta que o uso da tecnologia digital fundamentada em uma

concepção de educação, com base dialógica, proporcionará grandes experiências de

aprendizagem.

Rinaldi e Reali (2006) analisam um processo formativo em informática em um

programa de monitoria online desenvolvido em uma universidade pública de São Paulo em

que apresenta, em seu resultado, ser possível uma formação que atenda as expectativas dos

participantes na construção do conhecimento e de aprendizagem de maneira significativa.

Santos (2009) apresenta uma análise da produção de trabalhos nos grupos GTs 8 e

16 da 23ª a 33ª Reunião Anual da ANPED, no período de 2000 a 2008, bem como o

crescimento de pesquisas que focalizam a temática nos dois GTs analisados; o Quadro 2:

Produções científicas publicadas nos encontros anuais da ANPEd no GT 16: Educação e

Comunicação, no período de 2000 a 2011, considerando ano, autor e título, formação inicial,

formação continuada, promovendo o debate sobre a formação do professor para o uso das

tecnologias digitais.

Lopes (2010) pesquisou a formação inicial do futuro professor da Educação

Básica para o uso das Tecnologias Digitais de Informação e Comunicação (TDIC), com olhar

voltado aos cursos presenciais de licenciatura das universidades estaduais paulistas,

objetivando contribuir para melhor entender como se encontra a formação para o uso das

TDIC nos currículos formais dos cursos que preparam futuros professores para atuar na

Educação Básica. Faz uma análise quantitativa que consistiu, basicamente, em identificar

ocorrências de TDIC nas estruturas curriculares e nos programas de ensino das licenciaturas

das três universidades públicas, incluindo os projetos pedagógicos desses cursos. Apresentou,

38

também, análise qualitativa realizada sobre os PPP, nos quais buscou indícios de uma

proposta de formação para o uso das referidas tecnologias.

Esclarecemos que, apesar dos temas dos trabalhos serem voltados para a temática

informática e formação de professores, ainda são poucos os trabalhos que abordam a

articulação da informática com a formação de professores.

No quadro seguinte tratamos do GT16, Educação e Comunicação nas bases

identificadas acima. Do que se pode constatar, há um aumento das produções em torno da

nossa discussão. Do total de 215 trabalhos publicados, 75 abordam sobre o uso das TICs, mas

alguns deles com foco para Educação à Distância. Vejamos, então.

Quadro 2 – Produções científicas publicadas nos encontros anuais da ANPEd no GT 16:

Educação e Comunciação, no período de 2000 a 2011, considerando ano, autor e título

Ano Autor Título

2000

Duarte Imagens Infantis nos Desenhos Tradicionais e nos Jogos de Computador.

Porto Parcerias entre Universidade e Escola Pública no Trabalho Pedagógico com Mídias e

Temas Culturais.

Silveira Infância na Mídia: sujeito discurso e poder.

Gomes Mídia, Imaginária de Consumo e Educação.

Paiva Redes Cooperativas Virtuais e Formação Continuada de Professores: estudos para a

graduação.

2001

Vermelho Aprendizagem Colaborativa em Ambientes Virtuais de

Aprendizagem: a experiência inédita da PUC-PR.

Santos A Informática Educativa na Educação Especial: O software Educativo Hércules e

Jiló.

Catapan O Ciberespaço e o Novo Modo do Saber: o retorno a si como um inteiramente outro.

Picanço Educação à Distância: solução ou novos desafios?

Monteiro Educação, Comunicação e Tecnologia Educacional: aproximações com campo da

saúde.

Tosta O Computador Não é Uma Lousa: as tecnologias de comunicação e informação e a

prática docente.

2002 Bruno

A linguagem Emocional em Ambientes Telemáticos: tecendo a razão e a emoção na

formação de educadores.

Matta Projetos de Autoria Hipermídia em Rede: ambiente mediador para o ensino-

aprendizagem de história.

2003

Almeida Tecnologia e Educação a Distância: abordagens e contribuições dos ambientes

digitais e interativos de aprendizagem.

Subtil

Laboratório on line de Aprendizagem: uma proposta metodológica de aprendizagem

colaborativa para a educação à distância.

Torres

O PROINFO no entrecruzamento de seus diferentes discursos: um estudo

bakhtiniano.

Vieira

A Construção de Ambientes Virtuais de Aprendizagem: por Autorias Plurais e

Gratuitas no Ciberespaço.

Santos A Constituição Midiática da Norma no Dispositivo da Maternidade.

Amorim Vídeo Política e Experiência: ferramentas para investigar mídia e juventude.

Fischer A Educação à Distância e o Desafio da Formação do Professor Reflexivo: um estudo

sobre as possibilidades da ead na formação pedagógica de professores universitários.

Lima A prática dos multiplicadores dos NTEs e a formação dos professores: o fazer

pedagógico e suas representações.

39

Continuação...

Ano Autor Título

2004

Abranches Linguagens, Tecnologias e Racionalidades Utilizadas na Escola: interfaces possíveis.

Bonilla Hipertexto: outra dimensão para o texto, outro olhar para educação.

Dias Ambientes Virtuais de Aprendizagem: diálogo e processos de subjetivação.

Francisco As tecnologias de informação e comunicação como fator de inclusão social de

crianças em situação de risco.

Gomes Internet e Autonomia: um estudo exploratório.

Ruiz Linguagens internáuticas e viagens ciberespaciais.

Versuti Educação à Distância: problematizando critérios de avaliação e qualidade em cursos

on-line.

2005

Accioly Educação para a Mídia: a televisão como instrumento pedagógico e objeto de estudo.

Almeida A Influência da Mídia na Compreensão de Mundo de Professores da Educação

Básica

Barreto As Tecnologias no Contexto da Formação de Professores

Fantin Novo olhar sobre a Mídia-Educação

Fernandes O Computador/Internet na Formação de Pedagogos: um diálogo possível?

Freitas Letramento Digital e a Formação de Professores.

Girardelo Produção Cultural Infantil Diante da Tela: da TV à internet.

Gutierrez

Mapeando Caminhos de Autoria e Autonomia: a inserção das tecnologias

educacionais informatizadas no trabalho de educadores que cooperam em

comunidades de pesquisadores

Nunes As Tecnologias de Informação e Comunicação na Capital e no Interior do Ceará: um

estudo comparativo sobre a formação de professores.

Pesce Formação de Educadores na Contemporaneidade: a contribuição dos ambientes

digitais de aprendizagem.

Ramos

Aprendizagem Mediada pela Tecnologia Digital: a experiência do fórum virtual de

discussões em um projeto de educação à distância.

As Representações Sociais nos Discursos Midiáticos: novas questões para a

educação.

Silva Interatividade como Perspectiva Comunicacional no Laboratório de Informática: um

desafio ao professor.

2006

Vilares

Da Mídia-Educação aos Olhares das Crianças: pistas para pensar o cinema em

contextos formativos .

Fantin Estudos Sobre Recepção Midiática e Educação no Brasil: percursos e considerações

propositivas.

Zanchetta Jr. Tecnologias de Informação e Comunicação: limites na formação e prática dos

professores.

Gonçalves Ensino à Distância: entre a institucionalidade e a formação de uma nova cultura.

2007

Martins Educação à distância e formação de educadores: a contribuição dos desenhos

didáticos dialógicos.

Oliveira A Sociedade da Comunicação e seus processos constituintes: ciberespaço,

comunidades e ontologias.

Gomes As “novas” tecnologias em nossas vidas e nas escolas: uma análise sobre a

produtividade dos discursos veiculados na Veja e Isto é, de 1998 a 2002.

Rocha Narrativa escolar e texto midiático: subsídios para a formação de professores.

Zanchetta Jr. Brincando na escola: o imaginário midiático na cultura de movimento das crianças.

2008

Munarim Mídia-Educação no Contexto Escolar: mapeamento crítico dos trabalhos realizados

nas escolas de ensino fundamental em Florianópolis.

Pereira Um Estudo Sobre Mídia, Educação e Cultura Jovem: quando “ter atitude” é ser

diferente para ser igual.

Schmidt

Inovações na Docência Universitária: tecnologias de informação e comunicação na

(re) elaboração de materiais didáticos na modalidade à distância.

Mallmann Nem Inimiga, Nem Aliada: percepções sobre a mídia na prática docente.

Tosta Rádio e a TV por Meio da Web: possibilidades de uma nova formação.

Sobreira Rádio e a TV por Meio da Web: possibilidades de uma nova formação.

40

Continuação...

Ano Autor Título

2008

Moita Second Life e Estratégias de Estudo: interface no aprendizado de universitários

brasileiros.

Branco Educação a Distância para Professores em serviço – a voz das cursistas.

Pinto Avaliar a Aprendizagem na Educação Online: a transposição de procedimentos

presenciais e a dinâmica específica da web

Mattar Neto O Uso do Second Life como Ambiente Virtual de Aprendizagem.

Zanchetta Jr. Texto Midiático e Professores da Escola Básica.

2009

Freitas Mídia e Educação: campos em conflito em Portugal

Zanolla O Videogame no Crepúsculo da Educação – a produção de sentido na interface com a

comunicação Afetividade, Aprendizagem e Tutoria Online.

Oliveira A Comunicação On-line entre Professores e Alunos: um estudo da unisul virtual

Schneider Universitários S/A: empreendedorismo e gestão dos talentos nas mídias

contemporâneas

Silva As Novas Educações e os Potenciais da TV e das Redes Digitais

Pretto Como Alunos Percebem as Tecnologias Digitais no Laboratório da Escola:

problemas de aprendizagem e os caminhos apontados pela teoria da prática.

Freitas Janela Sobre a Utopia: computador e internet a partir do olhar da abordagem

histórico-cultural.

2010

Guimarães Textos Multimidiáticos na Escola

Vizentim Os Recursos de Linguagem como Contribuição à Construção de Sentidos entre

Formadores e Professores Universitários em Formação no Contexto Digital.

Caiado As Tecnologias Digitais da Informação e Comunicação em Livros Didáticos de

Língua Portuguesa

Quiles As Salas de Tecnologias Educacionais - modos de ensinar e de aprender como

traduções de cultura escolar

Fantim Interfaces da Docência (des) Conectada: usos das mídias e consumos culturais de

professores.

2011 – Nada identificado

Destacamos, para comentários, sobre as produções dos autores, Duarte (2000),

Francisco (2004), Nunes (2005), Pesce (2005), Fantin e Rivoltella (2010); que ao focarem

seus estudos na tecnologia da informação e comunicação (TIC), apontam para seu uso no

processo de formação docente.

Dessa forma, vale evidenciar Duarte (2000), no qual propõe um debate sobre o

papel dos ícones e das imagens na formação das crianças, o autor investiga, nesse trabalho, as

representações da mídia e as implicações pedagógicas no mundo midiático.

Francisco (2004) situa seu trabalho em discussão teórico-vivencial sobre

ambientes virtuais de aprendizagem, discorre sobre os agenciamentos de enunciação de tais

ambientes e das interações decorrentes, as ferramentas de intervenção, bem como mecanismos

de avaliação com as práticas da ação pedagógica.

Nunes (2005) e Pesce (2005) focam em sua pesquisa, a formação inicial dos

futuros docentes na Universidade Estadual do Ceará, apontando que estes lidam com internet

sem estabelecer uma relação pedagógica para sua prática, utilizando esse recurso de forma

pessoal.

41

Pesce (2005) discute à medida que os ambientes digitais de aprendizagem podem

contribuir para formação de educadores e tem como objetivo contribuir com o

desenvolvimento e implantação de ações de formação docente online, voltadas ao humanismo

e à emancipação do profissional da educação.

Fantin (2010) aprimora a discussão sobre como as tecnologias estão presentes na

vida pessoal e profissional dos professores, o que eles fazem em seu tempo livre e como

usufruem de seus bens culturais, a investigação procede a partir das vozes dos próprios

professores. Em uma análise parcial, aponta indícios de uma transformação em relação a

presença das TICs e sugere interfaces para além das dimensões de uso pessoal e profissional

na prática docente.

Partindo das considerações dos pesquisadores acima citados sobre uso das TICs e

formação docente, percebemos que mesmo os professores acreditando que a linguagem

audiovisual chama maior atenção dos alunos, continuam desenvolvendo seu trabalho docente

de forma a valorizar o trabalho escrito, coibindo o questionamento do que veem, a

comparação e/ou o estabelecimento de relações, ações próprias para lidar com as TICs.

Quadro 3 – Trabalhos publicados em periódicos indexados pela CAPES sobre a temática de

investigação, no período de 2000-2011

Ano Autor Título

2000 Cordeiro A informática como instrumento de desenvolvimento da qualidade do processo

ensino-aprendizagem.

2002 Castro “Alfabetização Digital: uma necessidade social no contexto escolar”.

2002 Loureiro A escola na era digital: a topologia das redes de informação.

2003 Lima Uso do Computador no Processo Ensino-Aprendizagem: preocupação para

professores.

2004 Nascimento

As Novas Tecnologias da Informação e da Comunicação e a Formação do

Educador: um estudo sobre a capacitação em informática educativa promovida

pelo PROINFO-MA.

2005 Lopes A Interação dos Professores com a Internet em Sala de Aula.

2006 Pagnez Projeto Eureka: A implantação da informática educativa na rede municipal de

Campinas no período de 1989-1997.

2007 Cunha As Novas Dimensões da Práxis Docente na Escola Pública com a Inserção da

Internet na Relação Ensino-Aprendizagem.

2008 Santos

Multimeios Ludo Pedagógicos como Ferramenta para a Aprendizagem

Significativa em Ciências no Ensino Fundamental na Construção da Educação de

Jovens e Adultos: um estudo sobre a motivação.

2009 Heredia Tecnologia Educativa En El Salón de Clase.

2010 Dantas Sem: uma Proposta Metodológica para o Uso dos Softwares na Educação.

2011 Tortoreli A Interação do Professor e Alunos no Ambiente Virtual de Aprendizagem.

Tivemos como critério de escolha os trabalhos de Lopes (2005), Cunha (2007) e

Tortoreli (2011) considerando o nosso objeto de estudo na medida em que analisam o

42

processo formativo e a relação com recursos virtuais, exigindo mudanças nos sistemas de

ensino na esfera brasileira.

Lopes (2005) pretende compreender a práxis pedagógica dos professores da escola

pública na perspectiva do uso da Internet na relação ensino- aprendizagem. A Internet, sendo

um instrumento que propicia várias possibilidades comunicacionais, está interferindo

significativamente no processo de busca de informações vigente da mídia em geral. Ela é

rápida e globalizada, onde podemos ter acesso as mais variadas informações de todas as partes

do mundo e em todos os idiomas.

A pesquisa teve como objetivo “verificar a ocorrência da interação dos educadores

da escola com a Internet em suas disciplinas”. Os resultados da pesquisa apontaram que em

sua maioria, os educadores da amostra estudada consideraram importante o uso da Internet em

suas disciplinas. Estes profissionais ressaltaram também a necessidade de maior acesso a esta

ferramenta na escola, para que pudesse ser utilizada com mais eficiência na relação ensino-

aprendizagem. A pesquisa apontou também a importância do uso da Internet na escola e a

participação dos professores em cursos de informática e de utilização da internet.

Cunha (2007) analisa as novas dimensões da práxis docente no contexto da fonte

de informação disponível como instrumento pedagógico na escola, procurando responder ao

seguinte questionamento: Como o professor da escola pública está conduzindo sua práxis

pedagógica a partir da utilização da Internet na relação ensino aprendizagem? Para tanto

objetiva compreender como ocorre o redimensionamento da práxis pedagógica dos

professores da escola básica na perspectiva do uso da Internet na relação ensino-

aprendizagem.

Tortoreli (2011), no artigo ”a interação do professor e alunos no ambiente virtual

de aprendizagem: a ferramenta síncrona CHAT”, analisa a interação do professor e alunos no

Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA) por meio da ferramenta síncrona (chat), no curso

de Licenciatura em Pedagogia a distância de uma instituição superior privada do Norte do

Paraná. Para tanto, a problemática foi delineada a partir da indagação: como se estabelece a

interação de professor e alunos no ambiente virtual de aprendizagem? Para responder a essa

pergunta, foi preciso circunstanciar o que são os ambientes virtuais de aprendizagem e qual o

papel do professor e dos alunos nesses ambientes, bem como explicitar uma concepção de

interação. A pesquisa foi realizada com 30 (trinta) sujeitos da disciplina de Metodologia do

Ensino de História.

43

2.2 CONSTATAÇÕES A PARTIR DO ESTADO DA QUESTÃO

Este item corresponde a um recorte do estado que se encontra a pesquisa voltada

para Tecnologia da Informação e da Comunicação produzido a partir de documentos

elaborados no período de 2000/2011.

Para explicitar o modo de construção do objeto de estudo aqui referenciado, os

estudos identificados registram os vários movimentos compreendidos, tais como: Reuniões da

ANPEd, levantamento no portal da CAPES. O primeiro momento constou das buscas sobre os

estudos que têm como enfoque as tecnologias e sua relação com a educação-ensino.

Posteriormente, apresentamos o mapeamento de três blocos de teses e dissertações,

identificando as políticas e propostas de inserção das TICs na escola, bem como a formação de

professores nas suas mais variadas formas: inicial e continuada, presencial e a distância, como

formação e capacitação; e às práticas desenvolvidas nos diferentes espaços pedagógicos.

É importante destacar que o presente estudo não tem a pretensão de dar conta de

toda a leitura das dissertações e teses, pois nos detivemos apenas nas leituras comparativas

dos trabalhos, na metodologia, sujeito e referencial teórico, os quais foram utilizados para

situar os achados e, consequentemente, proceder as análises. Diante dessas constatações,

traçamos uma visão panorâmica, apontando o que possa vir a favorecer a consolidação dos

estudos marcados pelo movimento de aproximação de educação e tecnologia, mais

precisamente das tecnologias da informação e da comunicação.

Dois aspectos foram evidenciados e analisados a título de compreensão do

presente recorte. O primeiro está relacionado à formação do professor e à condição em que se

encontra a pesquisa nessa área de saber; o segundo, à área específica, tecnologias da

informação e da comunicação.

Ao analisarmos trabalhos com temas voltados para formação de professores

abrangendo tecnologias digitais, priorizamos o período de 2000 a 2011, incluindo o que se

refere à pesquisa realizada anteriormente sobre multimeios usados como ferramenta na

Formação do Professor na disciplina Didática, como também, o período que evidencia uma

maior preocupação dos pesquisadores com formação de professores.

Ademais, ao verificarmos as publicações, no portal da ANPEd, encontramos nos

anos de 2000 a 2011, 10 trabalhos no GT8 – Formação de Professores e 72 no GT16 –

Educação e Comunicação. Com base nas leituras dos resumos dos trabalhos, percebemos uma

fundamentação acerca do uso das TICs na formação docente, contudo sem um

aprofundamento epistemológico sobre seu processo ensino e aprendizagem. A ideia foi a de

44

refletir como a questão da formação dos professores para uso das tecnologias digitais está

sendo contemplada nas reuniões anuais da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa

em Educação, nos Grupos de Trabalho Formação de Professores (GT8) e Educação e

Comunicação (GT16).

No período a que nos referimos, localizamos 464 trabalhos, sendo 249 no GT8

Formação de Professor e 215 no GT16 Educação e Comunicação. Desse total, identificamos

10 trabalhos, no GT8, 59 trabalhos, no GT16, voltados para nossa temática. Os resultados

apresentam o crescimento de pesquisas que focalizam a temática em diferentes frentes,

apontando uma formação inicial distante do uso de recursos tecnológicos, para uma formação

continuada descontextualizada e centrada nas questões técnicas do computador/internet. Isso

preocupa, considerando o entendimento de ser a formação do professor essencialmente um ato

político, sobretudo que deve ser construída a partir do contexto histórico, político e cultural no

qual estamos inseridos e as tecnologias como produção cultural não podem ser excluídas da

escola, da formação, da prática docente e das pesquisas.

Dos 69 achados em teses e dissertações, nos grupos de trabalhos GT8 e GT16, que

tratam da formação de professor, apenas 05 teses e 05 dissertações possuem temas mais

próximos desta pesquisa, com destaque nas TICs na formação de professor e que levam em

conta a importância do uso das TICs na educação no momento atual. Embora tenham temas

ligados às tecnologias, não são voltados diretamente para a formação do professor nem

tampouco para o processo ensino aprendizagem, ficando focadas em questões técnicas,

internet e computador.

O baixo número de trabalhos nesta área, expressa no recorte desses achados,

demonstra a relevância desse tema de pesquisa. Dos achados, o que mais se aproximam do

nosso objeto é o trabalho de Pesce (2005), publicado na 28ª Reunião da ANPEd (GT8)

(Quadro 2) com a temática Formação de Educador na Contemporaneidade: a contribuição dos

ambientes virtuais de aprendizagem, apresentando como problematização a seguinte questão:

em que medida os ambientes digitais de aprendizagem podem contribuir para formação de

educadores.

Pesce (2005) argumenta, em seu trabalho “se o uso das TICs for relacionado com

as concepções de educação de forma dialógica será uma experiência rica em aprendizagem”.

Nesse sentido, acreditamos que a temática que ora defendemos poderá contribuir,

considerando nossa problematização: discutir os saberes profissionais da formação dos

egressos de Cursos do CESC/UEMA para a utilização dos recursos da informática no

exercício da docência.

45

Reafirmamos, ao recorrer às leituras dos mapeados e publicados nos dois grupos

supracitados, que nenhuma dessas pesquisas, investigou a contribuição em utilizar a

informática educativa, o computador/internet, na formação docente, como recurso que, na sua

prática profissional busca dialogar com as TICs como auxiliares dos processos de ensino e

aprendizagem dos alunos. Este é o diferencial desta pesquisa, ao visar atingir os objetivos

declarados, tracejados para essas análises.

Em nosso próximo capítulo tratamos especificamente da formação docente

voltada para o uso das tecnologias. Fazemos, primeiramente, uma breve incursão pela história

das tecnologias no contexto escolar. Em seguida, trazemos uma interdependência entre

educação e computador, vinculando estes como uma relação dialética. Na sequência,

apresentamos as ferramentas tecnológicas em uma concepção de ensino e aprendizagem

diferenciada das que utilizam as metodologias tradicionais.

46

3 FORMAÇÃO DOCENTE PARA O USO DAS TECNOLOGIAS

3.1 ANTECEDENTES HISTÓRICOS DO USO DAS TECNOLOGIAS NA ESCOLA

O processo de desenvolvimento tecnológico com a difusão da eletrônica, da

informática e a telemática, influenciando a sociedade em suas diversas formas de

manifestação, ampliou as oportunidades de aquisição do conhecimento diante de uma maior

expansão do uso dos aparatos tecnológicos disponíveis. O sistema educacional é atingido por

esse desenvolvimento acelerado. Desta forma, à proporção que os meios de produção e os

instrumentos de trabalho sofrem mudanças, há implicações nítidas para o sistema educacional

como um todo. A escola precisa munir-se de condições, apropriadas para dar conta desses

acontecimentos.

Já em meados da década de 50, quando começaram a ser comercializados os

primeiros computadores com capacidade de programação e armazenamento de informação,

apareceram as primeiras experiências do seu uso na educação. No entanto, a ênfase dada

nessa época era praticamente a de armazenar informação em uma determinada sequência e

transmiti-la ao educando. Na verdade, era a tentativa de implementar a máquina de ensinar

idealizada por Skinner. Hoje, a utilização de computadores na educação é muito mais

diversificada, interessante e desafiadora, do que simplesmente a de transmitir informação ao

aluno. O computador pode ser também utilizado para enriquecer ambientes de aprendizagem e

auxiliar o aprendiz no processo de construção do seu conhecimento.

É reconhecido que algumas mudanças tecnológicas já foram incorporadas à

escola, porém são inexpressivas diante da célere evolução no espaço de criação das novas

tecnologias no mundo cibernético. Essa afirmação justifica-se, pois, é sabido que nem mesmo

o computador é recurso disponível em todas as escolas, o que contribui para que não possa

competir em pé de igualdade com as que vêm acompanhando e usufruindo das possibilidades

ofertadas pelo mercado. Esse fato pode colocar a escola num patamar de atraso em relação ao

que possa beneficiar-se ou oferecer em relação ao que possa advir do propiciado pelos

avanços tecnológicos incorporados por outros contextos.

Hoje, com a visão de produtividade, busca-se em maior escala garantias de

qualidade, uma vez que a sociedade vem se adequando e evoluindo de acordo com as

exigências da competitividade do mercado. Desse modo, a função da escola é formar cidadãos

para atender a demanda social, em que a informática se em constitui uma necessidade.

47

Vários são os estudiosos que apresentam a educação no mundo de hoje com

tendências tecnológicas, tais como: Abranches (2000), Loureiro (2002), Rinaldi e Reali

(2006), Santos (2009), Tortoreli (2011) e outros. A relação educação e tecnologia está

presente em muitos dos estudos que têm dedicado análises ao contexto educacional atual, os

quais vislumbram perspectivas para um novo tempo, marcado por avanços acelerados, tendo

como premissas atender as imposições de realizar mudanças constantes para adequar-se ao

vigente modelo de produção.

Bastos (1998) lembra que a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional

(LDBEN, nº 9394/96) recomenda o uso das tecnologias trazendo referências explícitas e

implícitas sobre tecnologia, como o domínio dos princípios científicos e tecnológicos que

presidem a produção moderna, o incentivo ao trabalho de pesquisa e investigação científica,

visando ao desenvolvimento da ciência e da tecnologia, a determinação de uma educação

profissional, integrada às diferentes formas de educação, ao trabalho, à ciência e à tecnologia,

sobre isso vejamos abaixo a redação dada pela Lei nº 11.741, no Capítulo III, denominado:

Da Educação Profissional e Tecnológica12

.

Nele, a educação profissional e tecnológica, no cumprimento dos objetivos da

educação nacional, deva integrar-se aos diferentes níveis e modalidades de educação e às

dimensões do trabalho, da ciência e da tecnologia (NR)13

(Art.39 LDB 9394/96). O mesmo

capítulo, parágrafo 1º, determina que:

Os cursos de educação profissional e tecnológica poderão ser organizados por eixos

tecnológicos, possibilitando a construção de diferentes itinerários formativos,

observadas as normas do respectivo sistema e nível de ensino (BRASIL, 1996).

Por conseguinte, define que esse tipo de educação abrangerá os seguintes cursos:

I - de formação inicial e continuada ou qualificação profissional;

II - de educação profissional técnica de nível médio;

III - de educação profissional tecnológica.

No parágrafo III da Lei nº 9394/96 determina que “Os cursos de educação

profissional tecnológica de graduação e pós-graduação organizar-se-ão, no que concerne a

objetivos, características e duração, de acordo com as diretrizes curriculares nacionais

estabelecidas pelo Conselho Nacional de Educação” (BRASIL, 1996).

12

Redação dada pela Lei Nº 11.741, de 16 de julho de 2008 à LDB. 13

Norma Reguladora.

48

A lei supracitada reconhece, por outro lado, que o conhecimento adquirido na

educação profissional e tecnológica, inclusive no trabalho, poderá ser objeto de avaliação,

reconhecimento e certificação para prosseguimento ou conclusão de estudos (Art.41 acrescido

da redação dada pela Lei nº 11.741/2008) (BRASIL, 1996).

Com base no exposto acima, podemos perceber, que na legislação, existe uma

grande preocupação com a educação profissional e tecnológica, bem como com reformas que

atendam as novas exigências, sobretudo no que diz respeito a essa modalidade e as

transformações na prática social e do trabalho, no sentido de oferecer uma base científica,

tecnológica e competência para se adequar às constantes mudanças que se processam no

mundo do trabalho. Por conseguinte, o sentido atribuído ao computador é de facilitador de

aprendizagem, peça essencial no mundo do trabalho, uma vez que os avanços são expressos

via da informática e se reproduz de forma semelhante em diferentes países.

3.2 EDUCAÇÃO E COMPUTADOR: relação didático-pedagógica

O uso do computador como tecnologia de educação favorece para que os

conceitos de ensino sejam conferidos de forma mais concreta e atrativa oportunizando ao

aluno a simular e ver os vários aspectos da realidade, com vistas à melhoria de sua

aprendizagem.

Nesse âmbito, destacamos duas concepções que respaldam o uso do computador

na Educação, compreendendo a utilização para o ensino de conteúdos disciplinares e o

emprego enquanto meio de facilitar o desenvolvimento cognitivo. Em favor da segunda

concepção, o autor abaixo argumenta:

Para que o professor tenha condições de criar ambientes de aprendizagem que

possam garantir esse movimento (contínuo de construção e reconstrução do

conhecimento) é preciso reestruturar o processo de formação, o qual assume a

característica de continuidade. Há necessidade de que o professor seja preparado

para desenvolver competências, tais como: estar aberto a aprender a aprender, atuar

a partir de temas emergentes no contexto e de interesse dos alunos, promover o

desenvolvimento de projetos cooperativos, assumir atitude de investigador do

conhecimento e da aprendizagem do aluno, propiciar a reflexão, a depuração e o

pensar sobre o pensar, dominar recursos computacionais, identificar as

potencialidades de aplicação desses recursos na prática pedagógica, desenvolver um

processo de reflexão na prática e sobre a prática, reelaborando continuamente teorias

que orientem sua atitude de mediação (ALMEIDA, 1998, p. 2-3).

Partindo desse entendimento, necessário se faz rever o currículo da escola para

que possa ampliar e favorecer a inclusão de práticas inovadoras às situações de sala de aula.

49

Nessa perspectiva, alunos e professores, com uso do computador, disporão de uma ferramenta

que pode ser coadjuvante na promoção do desenvolvimento cognitivo e da ampliação da

oportunidade de o aluno perceber e corrigir o erro, em tempo real, quando cometido.

Atualmente, as mudanças curriculares na formação do professor se constituem

uma necessidade nas instituições de ensino, as discussões realizadas nas universidades em

relação a essas mudanças, passam pelas disciplinas básicas, essencialmente pela disciplina

Didática, questionando quanto à interdisciplinaridade, se os créditos práticos da disciplina

atendem as demandas do mercado ou se o ensino está voltado para inclusão das novas

tecnologias. Essas reflexões vêm proporcionando aos professores pensarem em novas

metodologias.

Na verdade, o uso de informática como ferramenta exige uma concepção de

ensino e aprendizagem diferenciada das que utilizam metodologias tradicionais. Ademais,

exige clareza em relação a que corrente filosófica o professor se respalda, que embasamento

teórico sustenta sua prática, a que concepção se filia, ou seja, se Empirista, Racionalista ou

Sócio-Construtivista.

Cumpre destacar que na concepção empirista, o sujeito é visto como uma folha

em branco e o conhecimento é uma cadeia de ideias formada a partir do registro dos fatos,

reduzida a uma simples cópia do real. Em decorrência de sua base gnosiológica, as

investigações formam a concepção denominada Associacionista, expressada no Behaviorismo

que tem como referências máximas Watson, W. Thorndinke, I. Paulov e Skinner.

Na concepção behaviorista, a aprendizagem é tida como mudanças de

comportamento, espelhada no que a psicologia define enquanto ciência do comportamento.

Aprendizagem e conhecimento são resultados da experiência envolvendo a associação de

estímulos e respostas.

A filiação a essas concepções perdura até hoje na prática de professores que

trabalham com objetivos comportamentais, definição de estratégias de ensino tomando como

base os objetivos explicitados; ou ensino programado.

A visão racionalista pressupõe que o conhecimento antecede a experiência e é

fruto de estruturas racionais pré-formadas do sujeito. Segundo seus expoentes Koffka, Kohler

e Lewin o sujeito reage a configurações perceptuais, ou seja, Gestalt.

Na visão construtivista, ao contrário da empirista e racionalista, o conhecimento

procede de construções sucessivas com elaborações constantes de estruturas novas. Nesta

acepção, a aprendizagem é resultante da relação sujeito / objeto. Destacam-se nesta concepção

Jean Piaget, Vygosky, Leontiev e outros.

50

O uso do computador articula-se com diversas e até divergentes concepções de

aprendizagem, mas é admitido como instrumento fundamental para o desenvolvimento da

inteligência. Um paradigma que promove a aprendizagem ao invés do ensino, que coloca o

controle do processo aprendizagem com o aluno e que auxilia o professor a entender que o

ensino não é somente a transferência de conhecimento, mas um processo de construção do

conhecimento pelo aluno, produto de seu engajamento intelectual.

Melhor esclarecendo, o computador, como instrumento auxiliar de aprendizagem

não deve ser modismo. A inclusão de ferramentas dessa natureza possibilita a implementação

do paradigma de base construcionista. O computador, segundo esse paradigma, deve ser

usado como uma ferramenta que facilita a descrição, a reflexão e a depuração de ideias.

Deverá, portanto, favorecer as soluções pedagógicas no processo de ensino-aprendizagem, de

modo a contribuir para a facilitação da assimilação dos conteúdos de sua aprendizagem. O

computador, enquanto tecnologia, não resolverá por si só as graves distorções educacionais

observadas no campo da educação. Porém, dependendo do modo como venha a ser utilizado

poderá, simplesmente, validar a educação hoje, questionada.

Atualmente, as novas tecnologias têm exercido uma grande influência na

educação e trazido grandes benefícios para o mundo do trabalho, da escola, da sociedade em

geral, O computador poderá enriquecer ambientes de aprendizagem, ajudar na interação com

objeto do conhecimento para a aquisição de novas aprendizagens.

Do que sabemos, a introdução de novas tecnologias na educação tem

desencadeado posições respaldadas no ceticismo, na indiferença e no otimismo. Os que

defendem uma posição cética a esse respeito, mas acham que a escola está pobre e necessita

melhorar seu aspecto e o salário do professor, acompanhados de mudanças pedagógicas.

Porém, não consideram importante informatizar a escola. Outro argumento, é que a

informática causará a desumanização e o computador substituirá o professor, e em

consequência o aluno terá formação desumana uma vez que passará a ter contato com uma

máquina fria e robótica.

Outro argumento preponderante é de que um grande desafio seja a dificuldade de

adaptação da gestão escola, dos professores e dos pais a um modelo de ensino que eles não

vivenciaram. Nesse rol há os indiferentes, os desinteressados e apáticos, a espera do rumo que

a tecnologia possa tomar para, então, se definirem. Já os otimistas têm outros argumentos,

acham que pelo fato de outros países, estados ou outras escolas adotarem o computador, as

demais também têm que adotá-lo, pois o computador é parte da vida da escola, cabendo a ela

preparar o aluno para conviver com essa tecnologia. Esse tipo de argumento tem levado

51

muitas escolas a introduzirem conteúdos tecnológicos como disciplina, ensinando ao aluno

noções de computação. Isso foge a ideia de constituir-se em auxílio no processo ensino-

aprendizagem, pois aprender sobre computador não é aprender através do computador.

Entre outros arrazoados há os que definem que o uso do computador despertará a

curiosidade do aluno, tornando a escola mais motivada e interessante. Nesta dimensão poderá

contribuir para o que Comenius (2006, p. 12) já defendia há quatro séculos atrás “que nas

escolas haja menos conversa, menos enfado, e trabalho inúteis, mais tempo livre, mais alegria

e mais proveito”. E também chama atenção quanto ao aspecto de motivar e despertar a

curiosidade do aluno. Este tipo de argumento mostra o desencontro pedagógico em que a

escola se encontra em relação ao uso do computador, e pelo que acontece no interior dela no

âmbito afetivo, cultural, social, intelectual.

Contrapondo-se a esse ideal, o computador como ferramenta deverá ser

incorporado à prática pedagógica para que possa ser recurso atrativo no desenvolvimento do

raciocínio e da resolução de problemas. Do que entendemos, esse comportamento pedagógico

deve ter como finalidades a de auxiliar o professor a compreender que a educação não se

restringe a transmissão de conhecimento, mas instrumento do processo de construção desse

conhecimento.

O uso do computador no paradigma construtivista ou sócio-interacionista deve ser

como uma ferramenta que facilita a descrição, a reflexão e a depuração das idéias. Necessário

se faz a mudança de paradigma por parte do processo formativo para que contribua na

formação de profissionais capazes de criarem, pensarem novos métodos de produção de bens

e de serviços mais econômicos, mais eficientes.

No processo de ensino e aprendizagem o professor é fundamental, portanto não

será substituído pelo computador, mas dele se utilizará como recurso didático auxiliar dos

processos de ensino.

As práticas pedagógicas mais usadas se apoiam no paradigma instrucionista e

construcionista, segundo Valente (2002b). O paradigma instrucionista trata o desenvolvimento

em forma de tutorial exercício-e-prática ou jogo. Já no construcionista, segundo Papert (1994), a

“construção do conhecimento se dá quando o aluno constrói um objeto do seu interesse”,

portanto, é diferente do construtivismo de Piaget, em que o aluno constrói seu “conhecimento”,

o objeto pelo qual está motivado, tornando a aprendizagem mais significativa.

Na visão instrucionista o software detém as informações e apresenta com toda

clareza, empregando recursos sensoriais de multimídia (sons, desenhos, gráficos, vídeos,

textos), cabendo ao professor integrar a exploração do programa às demais atividades de sala

52

de aula. Na visão construcionista, professor cria ambiente de aprendizagem que possa garantir

movimento contínuo de construção, desafia e motiva para a exploração, a reflexão,

assimilação de ideias e a descoberta de conceitos envolvidos nos problemas, tendo por base a

epistemologia genética piagetiana, em que o conhecimento é construído na relação sujeito-

objeto, essa interação propicia a construção e a reconstrução do conhecimento.

Partindo dessa compreensão, o computador funciona como instrumento que ajuda

a pensar e a representar ideias, permitindo comparar o resultado pretendido com o obtido,

podendo constituir-se em aporte de mudanças, provocar motivação nos alunos, utilizando

como ponto de partida de seu trabalho os conhecimentos do dia a dia inerentes ao contexto,

trabalhados com o uso de todos os meios tecnológicos, ampliando ambientes de aprendizagem

já existentes.

Cabe ao professor selecionar entre as diversas ferramentas aquelas que melhor se

adequem a transmissão dos conteúdos curriculares. A ilustração disso, encontra-se no

hipertexto14

, oferece grande potencial para o processo de ensino aprendizagem, pois retoma e

transforma antigas interfaces da escrita. Porém, a noção de interface não deve ser limitada às

técnicas de comunicação contemporâneas, a impressão, à primeira vista, é sem dúvida um

operador quantitativo, multiplicar as cópias, entretanto representa a invenção, em algumas

décadas, de uma interface padronizada extremamente original: página de título, cabeçalhos,

numeração regular, sumários, notas, referências.

Todos esses dispositivos lógicos, classificatórios e espaciais sustentam-se uns aos

outros no interior de uma estrutura admiravelmente sistemática: não há sumário sem que haja

capítulos apresentados; não há sumários, índices, remissão a outras partes do texto, nem

referências precisas a outros livros sem que haja páginas uniformemente numeradas. Estamos

tão habituados com esta interface que nem notamos mais que existe. Mas no momento,

possibilitou uma relação com o texto e com a escrita totalmente diferente da que fora

estabelecida com o manuscrito: possibilidade de exame rápido do conteúdo, de acesso não

linear e seletivo ao texto, de segmentação do saber em módulos, de conexões múltiplas a uma

infinidade de outros livros graças às notas de pé de página e às bibliografias.

Diferentemente, os documentos convencionais são limitados a apresentarem

textos e gráficos, os sistemas de hipermídia permitem a utilização de som, sequência de vídeo

e animação. A estrutura dos hiperdocumentos pode ser alterada dinamicamente, os nós de

14

Conforme definição de Lévy (2004, p. 254) “Hipertexto é uma forma não linear de apresentar e consultar

informações”.

53

informação podem ser atualizados, outros podem ser criados, flexibilidades não admitidas nos

textos convencionais.

Em um hipertexto as informações são armazenadas em nós que são conectadas

por ligações, formando uma rede de informações associadas. Na maioria dos sistemas de

hipertexto, um nó de informação pode ter várias ligações, para outros nós de informações no

qual o usuário poderá incluir suas próprias ideias. No hipertexto, por exemplo, baleia liga com

mamífero, que liga com vertebrado e assim por diante, não ficando o leitor restrito a seguir

estrutura da matéria em questão e da lógica da sequência com que o autor aborda o tema,

ficando o texto subordinado ao leitor e não ficando o leitor ao texto, permitindo assim, maior

significado a leitura.

Quando se fala no uso do microcomputador na escola, muitos professores se

espantam. A maioria deles não sabe utilizá-lo, a dificuldade de manutenção é tanta, que

quando a escola possui a máquina, estas ficam guardadas em local seguro, e de difícil acesso,

vistas por muitos como algo intocável.

Os alunos nos cursos regulares de formação de professores estão habituados a um

regime de estudo através de textos e sentem-se inseguros para enfrentar inovações. Inseguros

para usarem recursos que a escola às vezes oferece tais como: vídeo, slide, filme e outros.

Com tantas inseguranças, terminam lançando mão de texto e explanação oral, por já estarem

mais acostumados e, por considerarem de mais fácil execução.

Paulo Freire nos mostra através de sua teoria pedagógica a importância de realizar o

ensino a partir da experiência do aluno. Assim sendo, o ponto de partida é o conhecimento

prévio adquirido por ele. Aliado a isto o movimento, o som e a imagem ajudam e facilitam o

acesso ao conhecimento. Partir da incorporação da experiência do aluno poderá ser partir do

sentido virtual (som, movimento e imagem) nas telas televisivas como alternativa motivacional

da busca de novos saberes, aquisição de habilidades e valores o que exige romper com uma

prática docente que tem se caracterizado por processos autoritários, desenvolvendo

procedimentos que levam a negação do sujeito e de outras formas de aprendizagem.

Nas etapas de desenvolvimento do homem a ligação com o desenvolvimento da

cultura e da sociedade é inquestionável. Ativamente os homens se apropriam dos objetos ou

dos fenômenos que são os produtos do desenvolvimento pessoal e social. A principal

característica do processo de apropriação ou de aquisição é criar no homem aptidões e novas

funções psíquicas para lidar com os desafios próprios das situações por ele experienciadas.

É na função psíquica que o ser humano se diferencia dos outros animais, o que

assimila resulta de processos de reprodução historicamente herdada da espécie humana,

54

enquanto no animal é o resultado de uma adaptação individual do comportamento genérico de

sua espécie. Segundo Vygotsky (1998), a compreensão do ser humano depende da

internalização das formas culturalmente dadas pelo funcionamento psicológico. As

concepções de Vygotsky sobre a base biológica do funcionamento psicológico também se

fundamentam no paradigma materialista-dialético. Ele dá especial importância ao cérebro:

A estrutura e o funcionamento do cérebro humano, que levariam milhões de anos

para evoluir, também passam por mudanças no curso do desenvolvimento do

indivíduo, devido à interação do homem com o meio físico e social (VYGOTSKY,

1998, p. 35).

O uso da informática na educação que se sustenta na vertente construcionista

depende, em grande parte de um trabalho colaborativo, envolvendo principalmente a gestão

da escola e seu corpo docente, Nessa vertente, o aluno precisa ter domínio do uso do

computador através de um software para desenvolver uma apresentação sobre determinado

tema ou resolver uma situação-problema, sendo o aluno “construtor ativo de suas próprias

estruturas mentais” (PAPERT, 1985, p. 33). Isso nos recomenda lembrar que mudanças

estruturais e pedagógicas só poderão vir acontecer se a comunidade escolar estiver receptiva

para compreender suas implicações.

A viabilização do trabalho de informática na educação exige um bom

planejamento organizacional adequado às necessidades dos alunos e, também a

disponibilidade de condições, de equipamentos e de materiais de consumo, sem o que se

transformam em obstáculos para a prática e desenvolvimento do trabalho. Segundo Moraes

(1997), em um movimento de mudança, o professor passa a ter um papel fundamental de

articulador e mediador entre o conhecimento elaborado e o conhecimento a ser produzido.

A ciência está exigindo uma nova visão de mundo, diferente e não fragmentada. A

atual abordagem que analisa o mundo em partes independentes já não funciona. Por

outro lado acreditamos na necessidade de construção e reconstrução do homem e do

mundo, tendo como um dos eixos fundamentais, a educação, reconhecendo a

importância de diálogos que precisam ser restabelecidos, com base em um enfoque

mais holístico e em um modo menos fragmentado de ver um mundo e nos

posicionarmos diante dele. Já não podemos prescindir de uma visão mais ampla,

global para que a mente humana funcione de modo mais harmonioso no sentido de

colaborar para a construção de uma sociedade mais ordenada, justa, humana,

fraterna e estável (MORAES, 1997, p. 20).

A valorização e o respeito ao trabalho de cada docente é de suma importância para

que o professor prossiga, engajando-se cada vez mais em um projeto que deve ser, ao mesmo

tempo, coletivo e individual.

55

3.2.1 O aprendizado do professor diante das tecnologias

O conhecimento que o professor dispõe frente às TICs é percebido na ação dos

docentes quanto ao uso de ferramentas tecnológicas. Os saberes adquiridos nessa área

provocam mudanças no âmbito educacional, o que confirma S. Papert através da parábola.

Um grupo de viajantes do tempo de um século anterior, entre eles um grupo de

cirurgiões “e outros de professores primários, cada qual ansioso para ver o quanto

ocorreram às mudanças em sua profissão há cem anos ou mais no futuro”. Imagine o

espanto de os cirurgiões entrando numa sala de tipo de operações de um hospital

moderno. Embora pudessem até mesmo ser capazes de adivinhar o órgão-alvo, na

maioria dos casos seriam incapazes de imaginar o que o cirurgião estava tentando

fazer ou qual a finalidade dos muitos aparelhos estranhos que ele e sua equipe

cirúrgica estavam utilizando. Os rituais de antissepsia e anestesia, os aparelhos

eletrônicos com seus sinais de alarme e até mesmo as intensas luzes, tão, tão

familiares às plateias de televisão, seriam completamente estranhos para eles. Os

professores viajantes do tempo responderiam de uma forma muito diferente a uma

sala de aula de primeiro grau moderna. Eles poderiam sentir-se intrigados com

relação a algumas poucos objetos estranhos. “Poderiam perceber que algumas

técnicas-padrão mudaram e provavelmente discordariam entre si quanto a se as

mudanças que observaram foram para melhor ou para pior, mas perceberia

plenamente a finalidade, assumir a classe.” (PAPERT, 1994, p. 32).

A maioria das escolas, nos dias de hoje, ainda mantém seu ensino baseado na

oralidade e as salas de aulas disponibilizam quadros brancos com alunos ouvintes, passivos e

professores repetidores de teorias reproduzidas nos livros didáticos ao que parece, falta-lhes o

entendimento de que os recursos da multimídia, da internet e da realidade virtual, criam

condições para o professor arquitetar através de técnicas computacionais de como integrar o

computador na sua prática pedagógica, possibilitando a transição de um sistema de ensino

com base instrucionista para uma abordagem construcionista voltada para resolução de

problemas específicos do interesse do aluno.

A opção por uma prática que se funda nessa concepção deve ser orientada a partir

de uma nova lógica e uma nova cultura. Uma lógica fundamentada na exploração de

relacionamento não excludente e que enfatizem várias possibilidades de encaminhamento das

ações, estimulantes da possibilidade de outras relações entre áreas do conhecimento

aparentemente distintas. As práticas que se sustentam nessa abordagem, alteram

principalmente os procedimentos didáticos, exigindo que o professor se posicione como

aliado, um parceiro no sentido de encaminhar e orientar o aluno diante das possibilidades e

formas de se relacionar com o conhecimento.

Nesse sentido, a dinâmica da sala de aula em que alunos e professores encontram-

se fisicamente presentes, também se altera. As atividades didáticas orientam-se para

56

privilegiar o trabalho em grupo, em que o professor passa a ser um dos membros

participantes. Nestes grupos, o tempo e o espaço são os da experimentação, da pesquisa e da

ousadia em busca de caminhos e de alternativas possíveis, de diálogos e trocas sobre os

conhecimentos em pauta, de retroalimentação permanente de tudo e de todos.

Para tanto, necessário se faz conhecer que papel a tecnologia da informação e

comunicação representam no processo de aprendizagem dos docentes e consequentemente,

dos estudantes. Segundo Barba et al. (2012, p. 80), “as tecnologias digitais podem

desempenhar o papel de ferramentas que permitem aos docentes, na qualidade de estudantes,

alcançarem seu potencial de aprendizado”.

A implicação dessas ideias nas práticas da escola é evidente. Em particular com a

promulgação da Lei de Diretrizes e Bases (LDB) nº 9394/96), ao definir a criação de uma

política nacional de formação dos profissionais da educação. Dela resulta o Projeto de

Formação docente Acordo Brasil – Organização das Nações Unidas para a educação, a

ciência e a cultura (UNESCO), a constituição pelo MEC da Comissão Especial para

integração Universidades – Sistemas de Ensino (CEIUSE) encarregado de definir o processo

para elaboração da matriz referencial desta política e da elaboração dos “Subsídios

profissionalização do Magistério”. Entretanto, a sua ação sofre concorrência no órgão

ministerial, uma vez que o próprio MEC apresenta propostas de mudanças no tocante de

emissão de Portaria que cria o Esquema I destinado à complementação pedagógica dos

portadores de disciplina de cursos superior que não as licenciaturas. Os sistemas educacionais

dos diversos estados brasileiros imprimiram mudanças para atender as exigências impostas.

O uso da TIC aplicada à educação é um aspecto que está sendo inserido na

realidade educacional do Maranhão. A proposta do Projeto Nacional de Informática na

Educação (PROINFO) é uma ilustração desse tipo de projeto, que possibilita a ampliação do

uso qualitativo e quantitativo das TICs, atingindo um maior número de escolas, dando

condições para instrumentalizar para a utilização dessas na prática de ensino dos professores.

Com base no pensamento de Doll (1997), acreditamos que o uso das TICs na

formação do professor, permitirá atingir novas maneiras de enfrentar e estruturar as atividades

a serem desenvolvidas e para lidar com os recursos delas advindos.

3.2.2 O uso de softwares educacionais

Os softwares educacionais de que falamos são concebidos de acordo com uma

abordagem instrucionista ou construcionista, uma vez que trazem subjacentes as noções de

57

informações programadas, conceitos com precisão, clareza e objetividade fazendo com que o

aluno estabeleça com os recursos sensoriais e de multimídia, associações que são reforçadas

pelas respostas fornecidas pela máquina, facilitando na memorização das informações e

aquisição de novos conhecimentos.

Os softwares de um modo geral podem ser classificados de acordo com algumas

características:

Tutoriais: apresentam instruções para a realização de determinadas tarefas,

geralmente possuem pouca interatividade, em consequência da baixa

interatividade, deixa o usuário passivo.

Exercitação: possibilitam atividades interativas através de respostas a questões

apresentadas. O professor pode inicialmente anunciar conteúdos disciplinares

na sala de aula e depois efetuar exercitações de alguns conceitos com o auxilio

do computador.

Investigação: São programas onde podemos buscar e encontrar muitas

informações a respeito de vários assuntos, como exemplo as enciclopédias, que

proporcionam a localização das informações de forma precisa.

Simulação: os softwares simuladores são em geral motivadores para os alunos,

pois permitem que os mesmos interajam virtualmente e experimentem

situações diversas.

Qualquer programa que seja utilizado com o objetivo de proporcionar a

aprendizagem, ou seja, para atingir resultados educativos, pode ser considerado um software

educacional. Programas como editores de textos, eletrônica, entre outros não foram

desenvolvidos com fins educativos, no entanto podem ser, dependendo do uso que deles se faça.

A abordagem construcionista propõe o uso do computador para a elaboração de

conhecimentos significativos fundamentadas na epistemologia genética piagetiana em que o

sujeito e o objeto formam uma totalidade, cuja interação favorece a formação de estruturas

mentais complexas e a construção e reconstrução permanente do conhecimento, em ambiente

que priorizem a descoberta da aprendizagem. Neste sentido, destacam-se os softwares como

editores de desenho, sistema de autoria e linguagem de programação. Cabe lembrar que os

softwares educativos englobam uma visão filosófica de ensino e aprendizagem, podendo ser

ela empirista, racionalista ou interacionista, pois de acordo com estas concepções, o

conhecimento provém da experiência, é anterior a experiência ou resulta da relação sujeito

objeto onde a relação acontece de forma horizontal.

58

A opção por uma dessas concepções de aprendizagem direciona o uso da

informática na educação. A escolha inadequada por uma delas, poderá reforçar a robotização

do aluno e do professor, mas quando adequadamente, pode promover o desenvolvimento

intelectual do aluno, ajudando a superar o estágio de desenvolvimento em que a pessoa se

encontra, mediante trocas entre o sujeito e objeto da aprendizagem.

Trabalhar com informática na educação supõe a opção por um paradigma, ter

clareza da proposta pedagógica, social, cultural e política que defende, utilizando o

computador como uma ferramenta que venha a propiciar ação/reflexão consistente dos

conteúdos de ensino.

Ademais, considerar as relações que o homem estabelece na sociedade atentando

que a tecnologia, por não ser neutra, tende a obedecer às leis da sociedade em que se insere,

repercutindo no fazer da escola. A inclusão da informática, portanto, pode representar para os

alunos a realização de atividades mais significativas e também permitir a avaliação constante

das aquisições intelectuais com o uso do computador, levando em conta o planejamento de

prioridades de atividades que devem ser desenvolvidas. Ao mesmo tempo, compreender que o

aluno é dirigente na relação com o computador na elaboração do conhecimento.

A inclusão das TICs como meios tecnológicos devem estar a serviço da

transformação da realidade do ensino, o que ordena para o professor um novo estilo de

comportamento em sala de aula, sem prescindir da participação e intervenção dos gestores, ao

garantir ou incentivar a capacitação do professor para desempenhar suas funções com o

domínio dos recursos computacionais. Para tanto, se deve ter consciência que uma necessária

mudança na escola não se dar por ser uma transformação determinada pela tecnologia, mas

por opção fundada numa nova compreensão de ensino e de aprendizagem.

Para Valente (1981) ao modificar-se a prática da escola, modifica-se também o

papel do professor, de passador ou repassador de informação para mediador-dirigente do

processo ensino-aprendizagem. O uso do computador deve ser visto, então, como instrumento

de motivação para alunos e professores numa inserção não autoritária, mas com finalidades

definidas pelo professor.

A utilização da informática na escola como ferramenta, propicia uma melhor

qualidade do ensino, mas não deve acontecer de forma mecânica sem ligação com uma

abordagem teórica nem como complementação de disciplina nem como mera transmissão de

conteúdos. Quando utilizada como ferramenta pedagógica torna o aluno seguro no uso dos

softwares no dia-a-dia. Porém, a utilização somente como o enfoque social ou conteúdo

tecnológico não possibilita relacionar as ferramentas tecnológicas com o aprendido no

59

cotidiano, como por exemplo, caixas eletrônicos, terminais de consultas de preços nos

supermercados, deixa de ter finalidades educativas.

As reflexões em torno dessas questões nos indicam pensar em dois importantes

pontos de discussão: a educação para a era da informática e a educação pela informática. A

primeira, acreditamos ser o que embasa o PROINFO um programa que permite ao aluno

tomar conhecimento das novas tecnologias e saber utilizá-las impedindo que essas técnicas o

dominem, ou escravize-os. Educar com a informática é, sem dúvidas, por nas mãos do

professor a possibilidade de um trabalho mais atrativo e inovador, incluindo realizar tarefas

difíceis de serem realizadas. Porém, sabe-se que essa ferramenta por si só, não constitui

mudanças para a educação. Portanto, o professor deve criar uma proposta de ação

didaticamente planejada para complementar o disponibilizado pelos sites da internet,

acrescida do definido nos objetivos a serem alcançados e previstos para o que se pretende

estudar e aprender. Magalhães Júnior (2010, p. 123), quanto trata da utilização de um

software para pesquisas escolares enfatiza: “A escolha de um software deve considerar os

tipos de fonte que estão sendo utilizadas e a facilidade de manuseio da ferramenta por todos

que estão envolvidos na coleta, organização e análise dos dados.”

No momento atual, as novas tecnologias oferecem através da internet um novo

meio de comunicação e expressão que modifica o acesso à informação, diferenciado de outros

meios simbólicos ao permitir ao aluno ter um elevado nível de desempenho em suas

atividades. A utilização da informática na escola deve obedecer a uma sintonia social,

rompendo a distância entre a realidade dentro e fora da escola.

Reconhecidamente, a tecnologia educativa tem enfrentado nos últimos trinta anos

um caminho de contradições quanto às mudanças de objetivos, manifestando-se de modo não

científico por não possuir um sistema de conhecimento próprio que se aplique à prática social,

e não demonstre objeto de estudo totalmente definido.

De fato, a tecnologia não é a solução dos problemas. Porém, pode-se com ela

estruturar sistemas educativos mais eficazes. Diante da realidade em que vivemos o

computador na escola não significa meramente um apelo de marketing, uma vez que vem

acontecendo de modo mais constante o uso desta máquina, sobretudo nas escolas particulares.

Esse fato não deve ser visto somente como um diferencial para dar prestígio a uma escola,

mas o que interessa é a sua utilização com fins de atingir objetivos a serem perseguidos pelo

professor ao utilizar bem os recursos que os programas da informática oferecem. Referente a

essa ideia, Magalhães Júnior (2010, p. 125) destaca:

60

Os sistemas computacionais não resolverão todas as problemáticas que as análises

sociais requerem a cada novo desafio de pesquisa, mas podem ser ferramentas de

otimização, proporcionando melhor organização das fontes e mais tempo para o

pesquisador no tratamento dos dados e na escritura de suas pesquisas. O software, por

si, não representa a qualidade positiva ou negativa do trabalho investigativo. [...] ele é

uma ferramenta que auxilia. O pesquisador é quem, por meio de seu estudo teórico e

metodológico, realiza suas interpretações e atribui sentido à realidade estudada.

Notadamente, a informática veio modificar a linguagem e a forma de comunicação

na sociedade globalizada, em que o uso de expressões na comunicação e na linguagem deixou

de ser específica da área e passou a ser usual, ou seja, imperativo ao recorrermos aos aparatos

tecnológicos, facilitadores da troca de experiências entre professores e alunos. Com isso o

professor intervém como coordenador do processo ensino-aprendizagem, para tanto ele precisa

ser inovador e aberto, para ajudar o aluno a localizar uma informação em rede desconhecida,

portanto para mediar o acesso e o confronto das informações.

3.2.3 Informática educacional

A globalização como geradora de novas necessidades trouxe para a Informática o

desafio de renovação permanente, ordenando uma reorganização dos modos de busca do

conhecimento e, por consequência, um reordenamento dos currículos escolares.

Articular a didática do professor à informática uma possibilidade de

desenvolvimento de habilidades gerais a serem utilizados na pesquisa de métodos e

modalidades de verificação diferentes para resolução de problemas, como também ordenar e

classificar informação para fins específicos e para replanejamento do próprio trabalho.

O trabalho do professor demanda além da posse de uma cultura geral, um esforço

contínuo de atualização científica, seja na disciplina que ministra ou em outras áreas

relacionadas. O professor precisa articular a cultura geral a especialização interdisciplinar e a

busca de conhecimentos conexos com a disciplina que ministra. Todas as disciplinas precisam

estar conectadas aos conteúdos e valores sociais que definam a atuação do cidadão.

A interdisciplinaridade dos conteúdos supõe decisão, reflexão, criação e

descoberta, geradores do poder não centralizados. Embora os professores não sejam uma

espécie em extinção, não serão os mesmos, pois a escola exige uma nova atitude em relação

ao aluno, aos conteúdos ensinados e ao processo pedagógico. A competência profissional é

um dos compromissos políticos que o professor precisa assumir.

Acreditamos que para trabalhar bem o conteúdo do ensino o professor precisa ter

profundo conhecimento do que se propõe a ensinar. Isso não significa uma postura prepotente

61

que pressupõe uma forma estanque de conhecer. “Ao contrário, o professor que domina o

conteúdo é aquele que trabalha com a dúvida, que analisa sua matéria de ensino e é

profundamente estudioso naquilo que lhe diz respeito” (FREIRE, 1989, p. 143).

Para tanto, não basta modernizar o sistema educacional nem apenas alardear

novos métodos e estratégias de ensino. A disciplina Informática deverá favorecer a construção

de projetos interdisciplinares de trabalho, subsidiando aos educadores a produzir trabalhos

articulados entre si e em consonância com as exigências da comunidade escolar. Por sua vez,

“o aluno deve reconhecer a informática como ferramenta para novas estratégias de

aprendizagem nas diversas áreas do conhecimento” (BRASIL, 1998).

As constantes mudanças no mundo atual provocam barreiras ideológicas, culturais

e comerciais, não rapidamente resolvidas. Com a globalização a competitividade se impõe e

presencia-se em desenvolvimento o aumento do ensino pela informação e pela mídia e, em

especial com o auxílio da Internet, embora sem muita eficácia para garantir um ensino de

melhor qualidade.

O desenvolvimento de uma consciência crítica que permita ao homem transformar

a realidade se faz cada vez mais urgente. Na medida em que os homens, dentro da sociedade,

vão respondendo aos desafios do mundo, vão temporalizando os espaços geográficos e vão

fazendo história pela sua própria atividade criadora (FREIRE, 2005).

Os Parâmetros Curriculares Nacionais do Ensino Médio (BRASIL, 1999, p. 35)

vigentes, recomendam e definem competências e habilidades a serem desenvolvidas para a

utilização da informática, envolvendo:

a) Representação e comunicação

Construir, mediante experiências práticas, protótipos de sistemas

automatizados em diferentes áreas, ligadas à realidade do estudante, utilizando

para isso conhecimentos interdisciplinares;

Conhecer a informática como ferramenta para novas estratégias de

aprendizagem, capaz de contribuir de forma significativa para o processo de

construção do conhecimento, nas diversas áreas.

b) Investigação e compreensão

Identificar os principais equipamentos de informática, reconhecendo-os de

acordo com suas características, funções e modelos;

62

Compreender as funções básicas dos principais produtos de automação do

micro – informática, tais como sistemas operacionais, interfaces gráficas,

editores de textos, planilhas de cálculos e aplicativos de apresentação.

c) Contextualização sócio-cultural

Conhecer o conceito de rede, diferenciando as globais, como a Internet, que teria

a finalidade de incentivar a pesquisa e a investigação graças às formas digitais e

possibilitar o conhecimento com outras realidades, experiências e culturas locais

ou comparativas, como a intranets, que teriam a finalidade de agilizar ações

ligadas a atividades profissionais, dando ênfase a trabalhos em equipe;

Compreender conceitos computacionais, que facilitem a incorporação de

ferramentas específicas nas atividades profissionais;

Reconhecer o papel da informática na organização da vida sociocultural e na

compreensão da realidade, relacionado o manuseio do computador a casos

reais, seja no mundo do trabalho ou na vida privada.

A LDBEN nº 9394/96, no Art. 36, parágrafo 1º, destaca a informática como

realidade que cerca a vida brasileira em todos os ambientes independente da região, abrindo

perspectiva para o debate acerca do assunto “domínio dos princípios científicos e tecnológicos

que presidem a produção moderna”; (BRASIL, 1996).

Percebemos que a construção da competência específica do professor relativa ao

domínio dos instrumentos informatizados não deve ser isolado do processo de construção de

sua competência profissional que é o processo mais amplo. Por isso, a base é o trabalho

planejado e interdisciplinar, perseguindo objetivos pré-estabelecidos. Segundo os Parâmetros

Curriculares Nacionais do Ensino Médio (BRASIL, 1999), há uma necessidade de se romper

com os modelos tradicionais, para a construção da cidadania, priorizando, o desenvolvimento

da autonomia intelectual e pensamento crítico.

3.2.4 Sugestões metodológicas para o uso de informática educativa

A formação do pedagogo orienta-se fundamentalmente pelos conhecimentos

advindos do campo pedagógico e das ciências que tratam do embasamento teórico e

metodológico que fortalece a prática pedagógica. Tal fato acontece porque são conteúdos que

63

têm como característica explicar e estudar o processo de ensino voltado para um conjunto de

conhecimentos, habilidades e valores fundamentais para docência. Esses conhecimentos são

basilares para o “saber fazer” do educador.

Nesse processo de aprendizagem as estratégias pedagógicas podem favorecer a

um ensino reflexivo, programado para que o educando passe da condição de objeto para

tornar-se sujeito ativo da busca do conhecimento, sendo o computador um forte aliado. Este

permite imediato ajuste e correção e, ainda, que se trabalhe com unidade didática que conduz

a modificações no currículo disciplinar, fazer ajustes diversos, diversificar as atividades,

torná-las mais atrativas e provocativas.

A informática poderá tornar a prática educacional mais produtiva ao trazer uma

leitura diferenciada da realidade, recomendar o uso de propostas metodológicas alternativas e

a vantagem de proporcionar de forma mais efetiva o envolvimento do aluno nas ações,

permite à correção imediata, um relacionamento interativo além de possibilitar uma

transformação temporal e funcional entre fala e escrita. O controle da máquina é de quem a

opera, assim é possível respeitar o ritmo de aprendizagem do aluno e, também entre outras

possibilidades a de permitir diferentes modos de resolver um mesmo problema, oportunizando

a integração do pensamento lógico-dedutivo favorecer ao desenvolvimento das capacidades

lógicas e criativas do aluno.

Nesta perspectiva, a reflexão acontece antes, durante e após a ação e o professor

com os conhecimentos da Didática atua como mediador no processo de aprendizagem

reduzindo à distância entre o nível real de desenvolvimento do sujeito, no qual ele poderá

resolver sem ajuda ou com a ajuda de outros, seus problemas, ou seja, a Zona de

Desenvolvimento Proximal (ZDP) promovendo a elaboração de novos conhecimentos,

Vygotsky (1998, p. 112) conceitua como:

Zona de Desenvolvimento Proximal (ZDP) é a distância entre o nível de

desenvolvimento real, que se costuma determinar através da solução independente

de problemas, e o nível de desenvolvimento potencial, determinado através da

solução de problemas sob a orientação de um adulto ou em colaboração com

companheiros mais capazes.

Com o uso do computador o aluno visualiza suas construções mentais,

estabelecendo uma relação dialética entre o concreto e o abstrato, propicia ambiente de

aprendizagem ativa, favorável à analise de teorias e hipóteses. O erro, nessa situação, constitui

um objeto de análise, pode oportunizar a reformulação em um processo de reflexão a partir da:

Execução reflexão depuração

64

O que podemos caracterizar a partir da concepção de Paulo Freire, que valoriza a

dinâmica da ação pedagógica partindo da vivência do aluno, (senso comum) fortalecendo o

esquema anterior. Quando pleiteia:

Prática teoria prática

A reflexão crítica é um ponto primordial que o educador tem que sempre inserir

na sua ação pedagógica, pois mediante essa relação se fará uma formação permanente dos

professores.

Por isso é que, na formação permanente dos professores, o momento fundamental é

o da reflexão crítica sobre a prática. É pensando criticamente a prática de hoje ou de

ontem que se pode melhorar a próxima prática. O próprio discurso teórico,

necessário à reflexão crítica, tem de ser de tal modo concreto que quase se confunda

com a prática (FREIRE, 2010, p. 39).

O professor ao vivenciar com os alunos esse ciclo, reflete com eles sobre a ação

realizada, ao mesmo tempo testa e levanta hipóteses sobre a prática, faz análises e a

intervenção foi adequada e depura sua situação. Dessa forma o professor tem autonomia para

vivenciar a sua aprendizagem e de seus alunos, Valente (2002a, p. 93) isso acontece “em um

processo de preparação que se desenvolve segundo o ciclo descrição – execução – reflexão -

depuração”.

De acordo com o autor abaixo:

A formação adequada para promover a autonomia é coerente com um paradigma de

preparação de professores críticos-reflexivos, comprometidos com o próprio

desenvolvimento profissional e que se envolvam com a implementação de projetos que

serão atores e autores da construção de uma prática pedagógica transformadora. É

preciso valorizar os saberes e as práticas dos professores e trabalhar os aspectos teóricos

e conceituais implícitos, muitas vezes desconhecidos por eles, além de instituir conexões

entre o saber pedagógico e o saber científico (ALMEIDA, 2000, p. 111).

Isso nos faz refletir que função do professor é ensinar o aluno a aprender de forma

ativa e participativa e este, ensinar o que aprendeu. Nesse momento, o professor tem que

“saber fazer”, para poder intervir com qualidade e competência para, exercer o seu papel de

mediador, impulsionar o salto qualitativo do aluno, uma ação que exige conhecimentos,

habilidades e comprometimento com a prática.

Retomando a Freire (2010), concordamos com a sua proposição ao afirmar que é

por meio do exercício da reflexão em um nível crítico que o professor poderá transformar suas

práticas atuais e melhorar sua futura prática. Nesse aspecto, o discurso teórico se acerca da

65

prática a ponto de ambos se encontrarem. E isso só se torna possível mediante um primeiro

movimento de distanciamento desta, a ponto de enxergá-la como objeto de análise própria do

professor, para depois dela se reaproximar, num contínuo processo de redimensionamento da

atividade docente.

Essa abordagem se inscreve dentro de uma concepção dialética de aprendizagem,

pois guarda a oportunidade de descoberta da grandeza de aprender a partir dos próprios erros,

da própria organização que o aluno realiza enquanto sujeito criativo, reflexivo e produtivo.

O professor atua como agente de articulação deve valorizar as necessidades dos

seus alunos, utilizando os conhecimentos do dia-a-dia com o uso de todos os meios

tecnológicos disponíveis como marco de seu trabalho pedagógico. A ação, enquanto professor

mediador é fundamental para exercer o seu trabalho pedagógico de modo científico e

intencional.

No modelo tradicional de ensino, em geral, o processo educativo restringe-se à

transferência de conhecimentos desvinculados das relações sociais, limitando-se a mera

reprodução de ideias, e “o professor se torna exatamente o especialista em transferir

conhecimento [...]”. (FREIRE, 1989, p. 18).

Diferentemente, de tirar proveito dos recursos que a informática propicia, a

maioria das escolas utiliza a informática como estratégia de marketing, nesse ponto não se

apresenta com potencial de ser uma metodologia que articulada os interesses e necessidades

dos alunos e sua integração ao campo social e pedagógico. As informações decorrentes desses

ambientes não são isoladas, ou acontecimentos fixos, captados em um instante de mera

observação. Eles se dão em um contexto fluente de relações: são “fenômenos” que não se

reduzem às percepções sensíveis e aparentes, mas se manifestam em uma complexidade de

oposições, de revelações e de ocultamentos. Essa compreensão nos levou a recorrer às

entrevistas com sujeitos desta pesquisa na qual o investigado pode expor seu pensamento no

que diz respeito a essas questões.

A pesquisa aqui delineada se fundamenta na concepção de Chizzotti que afirma:

“É preciso ultrapassar sua aparência imediata para descobrir sua essência” (CHIZZOTTI

1991, p. 84). Na tentativa de ultrapassar o que aparentemente é óbvio encontramos o desafio

de perquirir novos modelos para a realização de nossas ações docentes.

De acordo com o Dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora, modelo é um

protótipo ou exemplo que se pretende reproduzir ou imitar. Não é o que queremos.

Entendemos por modelo uma representação planejada de como deve acontecer o uso dos

multimeios como ferramenta no processo ensino-aprendizagem que oferece suporte para

66

formação do pedagogo, enquanto docente e mediador do ensino no âmbito da escola de

educação básica.

Portanto, para a concretização de um modelo que incorpore os usos da informática

na educação é importante que se tenha claro que o profissional precisa estar apto para

trabalhar como os meios tecnológicos. Inferimos que este profissional deva ter

conhecimentos, habilidades e domínios sobre os multimeios não só como recursos

tecnológicos, mas como recursos pedagógicos, com possibilidade de proporcionar a dinâmica

do processo ensino-aprendizagem.

Estes pressupostos estão fundamentados na vinculação teoria e prática que é

mediada pela comunicação, na qual Freire (2005) valoriza como dialogicidade, que em seu

entendimento é a essência da educação como prática da liberdade.

Se nos revela como algo que já poderemos dizer ser ele mesmo: Mas, ao

encontrarmos a palavra, na análise do diálogo, como algo mais que um meio para

que ele se faça se nos impõem buscar, também seus elementos constitutivos

(FREIRE, 2005, p. 89).

A teoria oferece suporte para uma prática coerente e organizada e a prática, por

sua vez subsidia as teorias. Neste processo, organiza a ação didática dos professores e

possibilita ainda a formação do pedagogo, que no momento da ação pedagógica utiliza os

multimeios como ferramenta educacional.

Ensinar com as novas mídias significa acima de tudo mudança de paradigmas

convencionais de ensino que se fundamenta no estruturalismo ou positivismo, até então

adotados, que mantém distantes professor e aluno por dar ênfase na educação baseada na

transmissão de conhecimentos.

A mudança para um paradigma que considere a informática produtora de

conhecimentos e o aluno e professor como sujeito ativo e proativo pode-se exemplificar com

a internet como um novo meio de comunicação que possa ajudar a modificar formas atuais de

ensinar e aprender com criatividade.

As ideias aqui apresentadas se inspiram na concepção que valoriza a ação do

homem frente ao contexto sócio histórico mediatizado pelo trabalho, fonte de conhecimento e

organização da cultura. Portanto, o homem é um possibilitador criativo de mudanças,

conforme o seu processo de interação com o mundo. É nessa compreensão que a essência

criadora do homem permite que ele entenda que a transformação social passa pela condição

de desenvolvimento do homem enquanto ser social e histórico.

67

Após entrevistas com professores e alunos, realizadas neste processo

investigativo, sobre suas diferentes concepções pedagógicas, constatamos que embora de

maneira tímida, já se manifestam diversas formas de utilização da informática como recursos

pedagógicos no processo ensino-aprendizagem, na sua maioria, como meio de motivação

didática ou apenas como um instrumento de exposição e não como recurso pedagógico

gerador de conhecimentos e habilidades.

O modelo que nos referencia é composto de vários mapas conceituais e tem como

ponto básico usar os multimeios como ferramenta, sendo fundamental o papel mediador do

professor que entende ser o aluno sujeito da aprendizagem.

Ademais, sustenta essa ideia a concepção de uma atitude interdisciplinar que tem

como pressuposto básico o princípio da dialética – a unidade na diversidade, tendo assim uma

relação recíproca possibilitadora do diálogo. Nesse sentido, ocorre uma inter-relação que

provoca novas atitudes frente ao conhecimento. Vejamos a seguir proposições que apontam

para a criação e implementação de novas concepções para desenvolver ações que envolvem a

relação ensino-aprendizagem- professor-aluno-informática.

Mapa 1 – Relação ensino-aprendizagem- professor-aluno-informática

Professor mediador

Professor cria ambiente de aprendizagem:

A sugestão é que as atividades realizadas no curso das disciplinas para transmissão,

assimilação de cada uma, tendo o professor como mediador e facilitada pela utilização da

informática dos fundamentos teóricos e metodológicos de cada uma, tendo, o professor, como

PROFESSOR

ALUNO

DIDÁTICA

INFORMÁTICA

68

mediador, e facilitado pela utilização da informática como geradores dos conhecimentos e de

habilidades na melhoria da formação do aluno de Pedagogia, tendo como ênfase um trabalho do

professor no ensino fundamental. Este mapa direciona a inter-relação professor, aluno, Didática,

por exemplo, midiatizada pela ação do professor frente aos meios informáticos.

Mapa 2 – Inter-relação professor, aluno, didática

Aluno sujeito da aprendizagem.

Professor

O aluno pode ser capaz de executar de maneira autônoma suas atividades se a sua

formação mediou neste sentido e os multimeios contribuíram como canal de comunicação para

trocas de experiências e produção de conhecimentos que instrumentalizem a prática do professor.

Nesta concepção, a relação professor-aluno tem significado importante para a

organização de um trabalho em que a educação é um processo de humanização que, segundo

Paulo Freire, se fundamenta na relação dialógico-dialética entre educadores e educandos,

neste ponto o professor não deve se colocar como detentor do saber, mas numa posição de que

sabe, mas não sabe tudo.

Portanto, o papel do professor é de dirigente e mediador que busca vinculação

entre o seu discurso e sua prática, reconhecendo como sujeito e ator do ato intencional de

educar sistematicamente. O mapa seguinte expressa acepção em torno do enfoque pedagógico

e social.

INFORMÁTICA ALUNO

69

Mapa 3 – Acepção em torno do enfoque pedagógico e social

Um instrumento possibilitador de conhecimento.

Conciliações dos enfoques Pedagógicos e Social.

Professor

O importante não é usar a informática somente como instrumento pedagógico,

mas entender a função social da escola para direcionar a formação do professor (pedagogo)

capaz de atuar frente à sociedade informatizada. Portanto, no processo ensino-aprendizagem

deve mediatizar tanto a função social como a função pedagógica.

Os meios informáticos não são ferramentas exclusivas da escola, mas pertencem a

toda sociedade, a sua dinâmica está intrinsecamente ligada à forma como o homem se

relaciona com a natureza. Por esta razão, olhar os multimeios como possibilitador de

conhecimento somente no enfoque pedagógico é negar toda a construção histórica do homem.

A dinâmica da vida social hodierna faz com que a todo momento o homem se defronte com as

demandas do mundo tecnológico. Neste universo a escola tem papel preponderante, uma vez

que sua função precípua é sistematizar e organizar os conhecimentos, as habilidades

construídas historicamente pela prática social da humanidade e de socializar esses construtos

para as novas gerações. Nessa acepção, a escola é concebida como espaço de síntese, como já

explicado anteriormente. O modelo abaixo representa o suporte interdisciplinar para o

trabalho docente.

Social Pedagógico

70

Modelo 4 – Suporte interdisciplinar para o trabalho docente

Modelo básico definido tem suporte interdisciplinar.

Interdisciplinaridade.

Portanto, no modelo acima apresentado, o aluno ao interagir com um software

educativo em interfaces com a máquina, torna-se sujeito de sua aprendizagem com uma

compreensão de totalidade, tendo como eixo das reflexões o conteúdo das disciplinas

produtoras desses conhecimentos de forma interdisciplinar.

Considerando que o computador está presente em praticamente todos os

ambientes que os alunos frequentam, o professor pode trabalhar a informática como

ferramenta importante para o desenvolvimento dos processos de ensino-aprendizagem. Para

tanto, o professor formador deve incluir nas unidades de ensino a discussão sobre recursos do

uso do computador e de softwares educativos, avaliando quais os mais adequados e porque os

são, após definir na proposta pedagógica da Universidade em relação ao uso da informática

por todos os professores, e assim, os alunos devem ser vistos como multiplicadores dentro do

ambiente escolar onde atuam.

PROFESSOR ALUNO DO CURSO

DE PEDAGOGIA

DIDÁTICA

INFORMÁTICA

OUTRAS

DISCIPLINAS

AS

71

A ideia de trabalho na sala de aula ou laboratório recomenda que dois alunos usem

um mesmo computador para que a interação com a máquina não aconteça de modo isolado. A

interação com os pares faz com que o aluno se relacione com o outro e com a máquina.

Professores, ao falarem de sua relação com os recursos tecnológicos em sua

prática na escola, declaram que conduz os alunos ao ambiente de informática e de modo

interdisciplinar trabalha com estes alunos através de tema gerador, abordando o “leque” de

disciplinas e, também avaliam posteriormente à sua adequação e aplicabilidade.

O caráter relativamente novo da inclusão dos meios digitais na escola trouxe

inúmeros impasses. Em parte, por falta de uma base teórica e prática de saber aplicar a

tecnologia, sobretudo porque o professor não aprendeu a manusear bem a máquina ou a

internet no desenvolvimento de estratégias de aprendizagem que contribuam para uma maior

eficácia da assimilação dos conteúdos trabalhados.

A atuação com modelo interdisciplinar passa também pelo entendimento de como

promover a interdisciplinaridade, ou seja, para manter uma inter-relação entre as disciplinas,

estabelecendo uma unidade dialética entre os conhecimentos socializados na escola,

eliminando barreiras entre as disciplinas e as pessoas.

Para melhor explicar esta concepção serão apresentados, como objetivo de atender

as metas propostas por este trabalho de investigação, destacando os seguintes passos:

Sensibilizar os professores e os alunos de Pedagogia para o uso da informática

como ferramenta e sua importância no processo ensino-aprendizagem;

Planejar os temas a serem trabalhados de acordo com os objetivos

estabelecidos;

Estabelecer critérios de avaliação para software educativo, tendo em vista a

concepção pedagógica nele contida;

Escolher e avaliar os softwares educativos a serem utilizados;

Trabalhar com tema gerador, abordando todos os aspectos a serem explorados

no ambiente de informática;

Estabelecer uma atividade prática usando os multimeios no ensino básico como

vista a vinculação prática-teórica-prática;

Avaliar as atividades práticas propostas.

O projeto “Vamos conhecer o teatro no Brasil” desenvolvido na disciplina

Didática, explicitado abaixo, ilustra uma experiência baseada no modelo metodológico

72

proposto, após ter trabalhado os conteúdos conhecimentos disciplinares, neste caso a Didática,

ao priorizar uma metodologia de conhecimento específico com uso dos multimeios,

compreendidos por:

a partir do tema do projeto o aluno navega na Internet conhecendo o teatro no

Brasil e no mundo para analisar o contexto histórico, dados geográficos e

estatísticos, localização etc. A partir desse estudo investigativo, o aluno

produzirá texto sobre o assunto e realiza outras atividades provocadas pelo

professor ou mesmo pela curiosidade dos alunos. Assim, professores e alunos

vão criando outros modos de aprofundar os estudos sugeridos.

O pedagogo que se forma na UEMA se rege por uma proposição de PPP que

manifesta preocupação com a valorização do homem enquanto sujeito, propõe desenvolver

atividades investigativas e criativas que estejam relacionadas com a essência do homem, em

atos que valorizam a relação recíproca dos sujeitos, Os alunos a ela submetidos devem sentir-

se desafiados a usar os multimeios como ferramenta tanto na sua formação como na sua

prática social, tencionando promover a reversão de atos educativos inconsequentes e poucos

eficazes para o que os alunos precisam saber para enfrentar as exigências de uma sociedade

que está em constante transformação.

O trabalho docente deve ter como postulado garantir o planejamento das

atividades escolares com propósito de avalizar a aproximação com a realidade dos alunos e de

suas experiências dentro da expectativa de que os conteúdos escolares / curriculares tenham

sentido em suas vidas, facilitem o seu aprendizado positivamente, possibilitando uma melhor

convivência com uma sociedade informatizada e em constante mudança e, ao mesmo tempo,

cabe aos seus professores o domínio de estratégias para uma participação ativa neste modelo

de sociedade.

Neste aspecto professores, alunos, gestores e comunidade em geral tem papel

preponderante no processo educativo, para transcender relações excludentes e contraditórias

no convívio social. No próximo capítulo convidamos a refletir sobre os saberes docentes para

o uso das TICs na educação a partir de depoimentos dos sujeitos da pesquisa.

73

4 SABERES DOCENTES PARA O USO DAS TICS NA ESCOLA: analisando os dados

No presente capítulo, discutimos sobre os saberes docentes, contextualizamos

aspectos da evolução histórica da tecnologia, abordamos alguns conceitos sobre a temática em

estudo, procurando identificar finalidades pedagógicas do uso das TICs e o que aprenderam

os professores para utilizá-las em suas práticas.

O Relatório para a UNESCO da Comissão Internacional sobre Educação do

século XXI, atribui à educação um papel ambicioso no:

[...] no desenvolvimento dos indivíduos e das sociedades, (pois) encaramos o

próximo século como um tempo em que, por toda a parte, indivíduos e poderes

públicos considerarão a busca do conhecimento, não apenas como meio para

alcançar um fim, mas como fim em si mesmo. (Por isso) todos vão ser encorajados a

aproveitar as ocasiões de aprender que se lhes oferecem ao longo da vida e terão

possibilidade de fazê-lo (DELORS et al., 2001, p. 152).

Nesta perspectiva cabe indagar: no processo de formação inicial e continuada do

professor, que saberes adquiriram para lidar com a educação deste século, como definido no

relatório da UNESCO?

Para atingir o que indagamos, enveredamos nos argumentos de alguns teóricos,

nos quais os apoiamos, quando categorizam os saberes docentes. Destacam-se: Pimenta et al.

(2005), Tardif e Gauthier (2010). Estes têm procurado mostrar a importância de múltiplos

saberes na formação para o exercício da atividade docente. Os dois primeiros (TARDIF;

GAUTHIER, 2010, p. 482, 483) afirmam que, “O saber do docente é plural [...]”. Pimenta et

al. (2005, p. 45) defende que “A formação passa sempre pela mobilização de vários tipos de

saberes: saberes de uma prática reflexiva, saberes de uma teoria especializada, saberes de uma

militância pedagógica”. Nóvoa (1995, p. 25) assevera que a formação:

[...] não se constrói por acumulação (de cursos, de conhecimentos ou de técnicas),

mas sim através de um trabalho de reflexividade crítica sobre as práticas e de (re)

construção permanente de uma identidade pessoal. Por isso é tão importante investir

na pessoa e dar um estatuto ao saber de experiência.

Embora os teóricos concebam o saber do professor de forma pluralizada, os

definem também de forma diferenciada. Tardif e Gauthier (2010, p. 484) elencam que são

diversos os saberes que fundamentam a ação docente. Para eles, os saberes da experiência são

os voltados para a prática docente. Para Pimenta et al. (2005, p. 30), “os saberes da

74

experiência são os trazidos da formação inicial, entendida como a que possibilita a aquisição

de uma fundamentação teórico-didático-metodológica para o exercício profissional”.

A sistematização de Pimenta et al. (2005), privilegia três categorias que

delimitam os saberes da docência – a experiência – produzidos pelos professores no seu

cotidiano docente, num processo permanente de reflexão sobre sua prática, mediados pelas

experiências de outros profissionais. Os saberes da docência – o conhecimento – a relação

entre ciência e produção material, produção existencial, sociedade informática. A vinculação

do conhecimento de maneira que se torne útil e pertinente, produzindo novas formas de

desenvolvimento e progresso. E, por fim, os – saberes pedagógicos remetendo-os à

construção de saberes a partir das necessidades pedagógicas postas pelo real.

Os conhecimentos ligados ao fazer pedagógico constituem os saberes que são

mobilizados pelo professor em sua prática cotidiana. Gauthier (2010) denominam esses saberes

de: saber disciplinar aquele produzido pelos pesquisadores nas diversas áreas do

conhecimento, conceitos e métodos relativos a uma disciplina; saber curricular é o saber que a

escola como instituição seleciona e organiza para ser ensinado nos programas/currículos

escolares; saberes das ciências da educação refere-se aos saberes que todo professor adquire

durante a sua formação a respeito da educação e do seu ofício; saberes da tradição pedagógica

diz respeito ao saber das aulas e estão relacionados com a representação prévia que cada

professor tem da escola e adaptados pelo saber experiencial do dia-a-dia da prática pedagógica;

saber da ação pedagógica é o saber experiencial dos professores que é testado com pesquisas

realizadas em sala de aula; saber experiencial é um saber que se limita às experiências de cada

professor em sua sala de aula ao longo da sua carreira, composto por pressupostos não

verificados cientificamente.

Os saberes aqui discutidos são de uma grande importância para o trabalho

docente, considerando sua “heterogeneidade” oriunda das instituições de formação e da

situação do corpo docente diante dos pares. Tardif (2011, p.49-50) comenta:

O docente raramente atua sozinho. Ele se encontra em interação com outras pessoas, a

começar pelos alunos. A atividade docente não é exercida sobre um objeto, sobre um

fenômeno a ser conhecido ou uma obra a ser produzida. Ela é realizada concretamente

numa rede de interações com outras pessoas, num contexto onde o elemento humano é

determinante e dominante e onde estão presentes símbolos, valores, sentimentos,

atitudes, que são passíveis de interpretação e decisão que possuem, geralmente, um

caráter de urgência. Essas interações são mediadas por diversos canais: discurso,

comportamentos, maneiras de ser, etc. Elas exigem, portanto, dos professores, não um

saber sobre um objeto de conhecimento nem um saber sobre uma prática e destinado

principalmente a objetivá-la, mas a capacidade de se comportarem como sujeitos,

como atores e de serem pessoas em interação com pessoas.

75

Podemos perceber que os saberes são construídos no coletivo, seja a partir da

prática, da experiência ou mesmo da formação inicial e/ou continuada conforme defendem os

autores citados e outros.

O saber profissional dos professores é, portanto, na interpretação de Tardif (2008,

p. 36), “um saber múltiplo, uma amálgama de diferentes saberes, provenientes de saberes

oriundos da formação profissional e de saberes disciplinares, curriculares e experienciais”.

Baseada no autor, é inconcebível uma classificação para os saberes docentes sem considerar a

relação com os diversos saberes e seu uso ou ainda as suas condições de apropriação e

construção com suas origens. Tardif (2008, p. 38) comenta que:

[...] Além dos saberes produzidos pelas ciências da educação e dos saberes

pedagógicos, a prática docente incorpora ainda saberes sociais definidos e

selecionados pela instituição universitária. Estes saberes integram-se igualmente à

prática docente através da formação (inicial e contínua) dos professores nas diversas

disciplinas oferecidas pela universidade. Podemos chamá-las de saberes

disciplinares. São saberes que correspondem aos diversos campos do conhecimento,

aos saberes de que dispõe a nossa sociedade, tais como se encontram hoje integrados

nas universidades, sob a forma de disciplinas, no interior de faculdades e de cursos

distintos.

Vale ressaltar, a necessidade de o professor ser profundo conhecedor da disciplina

que leciona, pois o saber escolar está fundamentalmente articulado ao conteúdo disciplinar,

necessitando, portanto, domínio do professor acerca do conteúdo a ser trabalhado.

Observamos que os saberes do professor se constroem com o tempo, segundo

Tardif (2002) são temporais porque passam por transformações vinculadas às etapas da

carreira docente, distinguindo diferentes fases na vida e prática dos docentes. Tardif (2002)

caracteriza o saber experiencial como um saber interativo, complexo, prático, existencial e

principalmente por influenciar na personalidade do professor, este possibilita ao docente

refletir de forma crítica a sua prática, na perspectiva de minimizar as dificuldades existentes,

além de que é formado pela junção de outros saberes, porém é transformado e construído no

cotidiano docente.

Ainda conforme Tardif (2002, p. 273), “[...] quanto mais um saber é

desenvolvido, mais se revela longo o processo de aprendizagem”.

O saber experiencial também pode ser advindo do saber da prática pesquisadora

que a princípio todo professor deveria estar informado. Nessa perspectiva, Freire (1996, p.

29) vem afirmar que:

76

Não há ensino sem pesquisa e pesquisa sem ensino. Esses que-fazeres se encontram

um no corpo do outro. Enquanto ensino continuo buscando, reprocurando. Ensino

porque busco, porque indaguei, porque indago e me indago. Pesquiso para constatar,

constatando intervenho, intervindo educo e me educo. Pesquiso para conhecer, o que

ainda não conheço e comunicar ou anunciar a novidade.

O saber experiencial refere-se à vivência do professor, que ao realizar julgamentos

privados, acaba elaborando ao longo do tempo uma jurisprudência composta de estratégias, de

maneiras de fazer que, apesar de avaliadas, permanecem limitadas na sala de aula.

A pertinência da afirmativa de que só ensinamos o que sabemos reforça a

compreensão da necessidade de domínio por parte dos docentes dos saberes específicos e

pedagógicos que fundamentam a sua prática de ensino. Desse modo, os profissionais que

desenvolvem atividades docentes precisam estar preparados para lidar com as situações

diversas que permeiam o cotidiano da escola para, conjuntamente, com os alunos produzirem

os conhecimentos de que precisam para enfrentar os desafios de uma sociedade complexa,

recheada de desafios e em constante transformação.

Desse modo, em particular, não pode o ensino da Universidade, de quem mais se

espera, ficar limitado à aplicação de técnicas ou de teorias já consagradas. Cumpre-

lhe optar pela construção de novos procedimentos de ação, de outros modos de

enfrentar e definir a natureza dos processos formativos, participando da reconstrução

permanente dos significados sociais das profissões, dos saberes necessários ao

exercício das tarefas a serem realizadas no mundo do trabalho e nas relações que o

homem estabelece com os outros homens (SILVA, 2008, p. 51).

As demandas desse tipo de sociedade colocam para docentes e discentes que

precisam apreender, continuamente, os saberes exigidos para realizar as tarefas próprias de

seus mister. Por consequência, para entender que os espaços da escola estão implicados pelas

diversas mudanças e pelas interferências que acontecem extra-muros, trazendo-lhe inúmeras

consequências. Pois, na escola presentificam-se os problemas que interferem na aprendizagem

desde os mais simples aos mais complexos, mas também abundam os que decorrem dos

atrasos ou dos avanços tecnológicos, das questões econômicas, políticas e sociais.

Se os saberes disciplinares e curriculares não dão conta das demandas dessa

sociedade complexa e contraditória, é preciso, então, um conjunto de saberes de que o docente

deve se utilizar para organizar sua prática. Estes envolvem um conjunto de saberes

mobilizados pelos professores em seu fazer docente, no confronto com as contradições

inerentes à sua profissão. Essa definição tem consonância com as ideias de Tardif (2002, p.

223), quando este denomina saber como um: “construto social produzido pela racionalidade

77

concreta dos atores, por suas deliberações, racionalizações e motivações que constituem a

fonte de seus julgamentos, escolhas e decisões”.

O campo de conhecimento do professor é vasto e múltiplo. Este profissional tem

sua identidade constituída de saberes da formação e de saberes da experiência. Os saberes de

formação vêm carregados do discurso acadêmico e seguem produzindo conhecimentos que,

muitas vezes desconsideram os principais atores envolvidos no processo, ou seja, os próprios

professores. Já os saberes da experiência são fundamentados na prática cotidiana e no

conhecimento da realidade vivida. Tardif (2002) chama a atenção para o fato de que o ensino

provém da história de vida do professor e do seu desenvolvimento durante toda a sua carreira

profissional. Ele ainda evidencia a importância dos saberes da experiência, que vão

moldando-se no decorrer da história pessoal de cada um.

Tais questões são emblemáticas para o alcance de soluções. Porém, não é objetivo

desta investigação discutir a busca de soluções. Pois, a sua intenção é direcionar o olhar para

os saberes elaborados pelos professores para o uso dos recursos tecnológicos no âmbito do

ensino no espaço de sua formação inicial.

Fróes (2008) argumenta que os recursos tecnológicos fascinam, mas também nos

assustam. Isto é pertinente, pois desde a criação da máquina a vapor, a invenção do

computador os hábitos se transformaram e trouxeram intensas mudanças para os diversos

setores sociais. Nesse movimento, a multimídia e a internet vêm insurgindo-se nos diversos

ambientes educacionais, organizados em aportes instrumentalizadores das atividades

desenvolvidas nas relações de trabalho, nos ambientes de estudo, interferindo nas diversas

concepções e formas de interpretar o mundo em suas múltiplas relações.

Discorrer sobre questões que permeiam a evolução e a conceituação da tecnologia

é o caminho que seguimos para uma melhor compreensão desse campo.

4.1 FERRAMENTAS TECNOLÓGICAS E INFORMÁTICA EDUCATIVA

O termo Tecnologia originou-se do verbo grego tictein e significa criar, produzir e

téchne, que para os gregos era o conhecimento prático que objetiva um fim concreto.

Até a década de 1950, o uso do termo tecnologia abrangia uma crescente gama

de meios, processos e ideias, além de ferramentas e máquinas. A partir de então surge um

novo conceito, o qual envolve os meios ou atividades mediante as quais os seres humanos

tentam mudar.

78

Para Vargas (1994), o significado de tecnologia é bastante vasto, sendo abordado

sob vários enfoques, a saber: utilização no sentido de técnica; emprego com referências às

máquinas, equipamentos, em sua fabricação ou mesmo desde a sua utilização ao manejo

deles, aos aspectos econômicos da tecnologia e seus efeitos sobre a sociedade. O autor define

tecnologia como “[...] aplicação de teorias, métodos e processos científicos às técnicas”, e

acrescenta que [...] a tecnologia como aplicação científica é característica da sociedade

moderna. É um saber aplicado integrante de nossa cultura” (VARGAS, 1994, p. 224-225).

Atualmente, vincula-se tecnologia ao “acesso cultural de um povo, condicionada

às relações sociais, políticas e econômicas que se constituem em um espaço e num tempo

determinado” (SANCHO, 2001, p. 56).

Segundo Sancho (2001), as tecnologias podem ser classificadas em três grupos

que apresentam as formas como nos relacionamos com o mundo, e como os diversos sistemas

produtivos estão organizados.

a) Tecnologia Física: são as inovações de instrumentos físicos como: caneta, livro,

telefone, aparelho celular, computadores;

b) Tecnologias Organizadas: são as formas de como nos relacionamos com o

mundo e como os sistemas produtivos se organizam como sistema de produção

enxuto;

c) Tecnologia Simbólica; engloba os modos de comunicação entre as pessoas,

estruturação dos idiomas escritos e falados, a forma como as pessoas se

comunicam (SANCHO, 2001, p 27).

4.2 O QUE SÃO AS FERRAMENTAS TECNOLÓGICAS

Todas as formas tecnológicas servem ao processo de transmissão de

conhecimento, seguindo a lógica cultural da transmissão de geração a geração. Segundo

Filatro (2004, p. 43), a tecnologia da informação e comunicação “é o processo de produção,

armazenamento, recuperação, consumo e reutilizado de informações dinâmicas e em

constante processo de atualização”.

Nessa acepção, tecnologia é o resultado da produção social dentro do conceito

trabalhado de cultura digital. De acordo com Tajra (2001), ao escolhermos uma tecnologia,

estamos intrinsecamente optando por um tipo de cultura a qual está relacionada com o

momento social, político e econômico. Tecnologia aplicada à educação, corresponde aos

instrumentos utilizados no processo de ensino e de aprendizagem que, segundo Tajra (2001),

são denominados de tecnologias educacionais.

79

4.3 AS TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO COMO APORTE DA

FORMAÇÃO DOCENTE

Entendemos que o sucesso da prática do professor esteja diretamente ligado à sua

formação, às suas experiências individuais e coletivas, aos saberes construídos no curso do

desenvolvimento profissional. Ao mesmo tempo, o preparo dos professores na formação

inicial ou continuada é possibilidade de construírem um repertório de saberes para lidarem

com as diversas situações inerentes ao exercício da profissão.

No contexto atual, o domínio dos conteúdos do âmbito tecnológico é condição

para que os docentes adotem em suas práticas os recursos dele provenientes, hoje,

introduzidos de forma acelerada nos diversos contextos. De modo que, na formação do

professor deve ter um espaço em que disponha de aprendizagens dessa área para que se

familiarize com recursos da informática e também aprenda utilizá-los em favor da melhoria da

qualidade do ensino.

O desenvolvimento de uma competência nesse sentido reclama pela organização de

ambientes de aprendizagem adequados a esses fins, sem o que não será possível dar conta das

tarefas solicitadas pelos avanços tecnológicos crescentes na sociedade atual. Integram-se a esse

procedimento a capacidade de estar aberto para aprender, para acreditar que possam assumir

projetos cooperativos, interdisciplinares com a aplicação de tais recursos na prática pedagógica.

Aprender a conviver com ambientes de aprendizagem diversificados é essencial

para que o professor assuma o papel de mediador da aprendizagem do aluno, quando

educador e educando são, portanto, sujeitos de um processo em que crescem juntos.

Desta maneira, Freire (2004, p. 68) afirma que:

[...] o educador já não é mais aquele que apenas educa, mas o que, enquanto educa, é

educado, em diálogo com o educando que, ao ser educado, também educa. Ambos,

assim, se tornam sujeitos do processo em que crescem juntos e em que os

“argumentos de autoridade” já não valem. E para ser autoridade, funcionalmente, é

necessário estar a favor da liberdade e não contra a mesma. E ninguém educa

ninguém e tão pouco educa a si próprio: os homens educam em comunhão

mediatizados pelo mundo.

Esse entendimento não nega os inúmeros desafios que permeiam as situações de

sala de aula ou incitam para a realização de pesquisas que conduzam a lidar com essas

realidades. O computador e a internet são recursos para a representação e testagem para

articulação entre velhos e novos conhecimentos adquiridos para a construção e assimilação de

conhecimentos universais.

80

O acesso a esses recursos poderá seguir programas personalizados em termos de

conteúdo, por iniciativa própria ou por orientação do responsável pelas situações de

aprendizagem, disponho da vantagem de que o computador libera o aluno das limitações de

espaço e tempo. A aquisição de conhecimentos, o seu aprofundamento e a sua aferição podem

ser feitos onde e quando o computador estiver disponível.

Ademais, tal recurso oferece ainda a vantagem de dar movimento à palavra

escrita, deixando de ser estática e imobilizada para sempre com tinta indelével, para adquirir a

mesma mobilidade que o vídeo dar à imagem. O computador tanto pergunta quanto responde,

nada é permanente e sua presença altera a rotina da escola e de suas práticas. Necessário,

porém, se faz que o professor reoriente sua carga horária de trabalho para incluir o tempo de

pesquisar sobre as melhores formas interativas de desenvolver as atividades, fazendo uso dos

meios digitais disponíveis.

De modo que, o computador como recurso educacional deve estar disponível na

escola, embora exija dos professores um conhecimento específico da área de informática

necessário para que possam usá-lo e adequá-los como suporte de suas aulas. Os

microcomputadores podem representar uma possibilidade de lidar melhor e mais

eficientemente com alguns tópicos de ensino, auxiliar no processo aprendizagem e no

desenvolvimento cognitivo dos estudantes.

O uso do microcomputador juntamente com a internet, oportuniza ao aluno e ao

professor transformá-los em ferramentas de ensino e aprendizagem não só na escola, mas

também fora dela e até mesmo como “prótese”15

para portadores de dificuldade física.

Saber pensar e acessar o conhecimento mediado pelas novas tecnologias é

habilidade cada vez mais valorizada na sociedade. A tecnologia enquanto ferramenta não é

um instrumento que ensina ao aluno, mas que pode ajudar a desenvolver essa tarefa. O uso da

tecnologia não é algo novo ou inusitado. Ao analisarmos o passado tecnológico pensamos no

barro, ferro, cerâmica, pedra e outros. Se pensarmos no presente, temos a gravação em vídeo

ou por computador.

As tecnologias em todos os tempos alteram as formas de reter a lembrança,

permitindo que o homem armazene e movimente a memória humana em relação a diversos

tempos. Portanto, ao invés de meramente coletar informação os alunos podem organizá-las

em do que busca. Essas mudanças, com a presença do computador, da internet e o auxílio do

15

Prótese é o componente artificial que tem por finalidade suprir necessidades e funções de indivíduos

seqüelados por amputações, traumáticas ou não.

81

professor propiciam condições para o aluno exercitar a capacidade de procurar e selecionar

informação, resolver problemas e aprender de modo autônomo.

Na atualidade, o acúmulo de informações que ajuda a armazenar contribui para

registrar fatos, manter viva as memórias, impondo uma nova ordem nas formas tradicionais de

compreender e agir sobre o mundo. É oportuno dizer que mesmo em uma era de pleno

crescimento desse campo a primeira oportunidade para muitos professores do ensino básico

de se apropriar do computador de maneira a ampliar seus estilos pessoais de ensinar foi o

LOGO16

desenvolvido por Papert. Para ele, criador da linguagem LOGO, o computador é o

Proteu das máquinas, evocando a figura mitológica grega, o habitante dos mares que podia

mudar de forma livre. A metáfora nos mostra o uso diversificado do computador, quando bem

utilizado, pode manter o aluno constantemente ativo, possibilitando mudanças de atitude e na

solução de problemas.

Cumpre lembrar que a linguagem LOGO foi concebida sob as bases teóricas da

epistemologia genética de Jean Piaget e, nesse ambiente, o sujeito aprende construindo o seu

próprio conhecimento e mais que isso, tem a consciência de que está se desenvolvendo e

produzindo saber. Papert (1985) avançou um pouco em relação à teoria piagetiana ao

trabalhar em uma perspectiva mais intervencionista, com aspecto claramente educacional. Seu

interesse, por um lado, pautava-se nas estruturas mentais em via de se desenvolver, e por

outro, no planejamento de ambientes educacionais que estivessem em sintonia com essas

estruturas potenciais. A Tartaruga17

foi o recurso utilizado e que melhor atendia a esses dois

aspectos, resultando no que ele denominou de “micromundo da tartaruga”18

que é constituído

a partir do ambiente de programação baseado na linguagem Logo. O centro micromundo é a

tartaruga, objeto controlável que aparece na tela e oferece uma conexão entre o mundo real e

concreto e o mundo virtual e abstrato do computador. Os alunos controlam a tartaruga com

comandos icônicos que a fazem se deslocar, girar, pausar, desenhar com um lápis, modificar

sua aparência e carimbar a sua figura, tocar música e muito mais.

O micromundo da Tartaruga permite à criança, com ideais e conceitos, descobrir

combinações e conexões, de forma simples, como se estivesse brincando. Ou o que é mais

importante, ao trabalhar com LOGO, “a criança constrói os seus próprios micromundos

pessoais” (PAPERT, 1985, p. 194).

16

O Logo é uma linguagem de programação que permite aos alunos, através de comandos simples, criarem os

próprios mundos virtuais (PAPERT, 1985). 17

Tartaruga é um robô gráfico, na programação Logo, pronto para responder aos comandos do usuário. 18

Segundo Papert (1985), os micromundos servem para descrever ambientes de aprendizagem exploratória que

utilizam tartarugas Logo para aprender princípios de geometria.

82

Nesses micromundos particulares a criança ou adulto constituem-se em

epistemólogo, na medida em que assumem o controle da sua própria produção, tendo como

meio a reflexão e a depuração de suas ideias, sem deixar, contudo, de ser um sujeito

psicológico, pois em relação a construção do conhecimento, a motivação, o prazer, a

satisfação e o envolvimento são os ingredientes básicos de uma aprendizagem bem sucedida

com base interdisciplinar.

Os paradigmas de aprendizado embutidos nesses sistemas, isto é, a maneira de se

entender o ensino/aprendizado, refletem e situam o contexto educacional vigente à época. A

chamada “instrução programada”19

foi a base para os primeiros sistemas e representava uma

automatização do processo de ensino/aprendizado consistente com as possibilidades

tecnológicas vigentes. Essa classe de sistemas continuou a evoluir, até os dias de hoje,

incorporando avanços tecnológicos.

A proposta LOGO, por sua vez, se constituiu de métodos fundamentados em

concepção inspirada na teoria construtiva em que a assimilação de novos conteúdos tem base

nas estruturas cognitivas construídas pelo sujeito através de sua ação sobre o meio social,

proposta considerada a mais acessível, para a educação no século XX.

A articulação entre linguagem e pensamento é produzida continuamente. São as

palavras que permitem fazer classificações, seriações e multiplicações. A aprendizagem da

linguagem de programação não deve ter influência essencial no desenvolvimento da

inteligência, o uso de determinadas linguagens ajuda o aluno adquirir certa disciplina de

raciocínio. Vejamos o que diz Piaget (1972, p. 23), a este respeito

Sem dúvida, a linguagem representa uma condição necessária para a construção das

estruturas lógicas, pelo menos no nível das estruturas proporcionais, mas não

constitui condição suficiente de formação, menos ainda do que concerne às

estruturas lógico-Matemáticas mais elementares.

O computador ao ser utilizado pelo aluno permite a integração entre os conteúdos

e a forma como o aluno os estrutura, promovendo o desenvolvimento de novas e mais

complexas estruturas de pensamento. O aluno, a partir de um determinado tema realiza

pesquisas na internet, interage com o seu contexto, assimilando as informações pertinentes

aos seus interesses.

19

Instrução programada, segundo Wikipédia – a enciclopédia livre, é o nome da mais conhecida

aplicaçãoeducacional desenvolvida por Burrhus Frederic Skinner, psicólogo, nascido nos Estados Unidos em

1904. Consiste em dividir o material a ser ensinado em módulos, ou seja, pequenos segmentos logicamente

encadeados.

83

Tanto o pensamento político-pedagógico de Paulo Freire e a teoria Histórico –

Cultural de Vygotsky na qual as “funções psicológicas superiores”20

têm origem social,

partem da premissa de que o homem é um ser social por natureza, um produto de história

social e sujeito ativo das relações sociais respaldam essa perspectiva de ensino

4.3.1 Tecnologia da informação e da comunicação

Em se tratando de educação tecnológica, não encontramos um consenso quanto ao

seu significado. Bastos (1998, p. 34) entende que a educação tecnológica “segue os caminhos

das inovações não como descoberta em si, mas como busca de compreensão dos novos papéis

e funções que o homem tem na sociedade, oriundos, por sua vez das novas relações sociais”.

Neste sentido, concordamos com Bastos ao referir-se a função da escola de ser

agente permanente da aprendizagem do homem, com capacidade de estimular ações que

favoreçam a formação dos que aprendem. Nessa perspectiva as TICs são mediadoras e,

potencialmente, instrumentos provocativos do querer aprender, do acesso à informação e ao

conhecimento de modo mais prazeroso.

4.3.2 Concepções de aprendizagem na informática

Todo processo de aprendizagem respalda-se em uma matriz teórica que o

alimenta. Isso remete a compreender que a teoria implícita neste referencial, embora o

professor não perceba claramente a concepção teórica a que se filia ela orienta a sua prática.

No confronto de teoria e prática se pode perceber a contribuição da concepção que subjaz o

seu entendimento de mundo. De modo que, para entender as concepções de aprendizagem que

subsidiam o fazer docente, é necessário refletir sobre a prática pedagógica do professor,

levando em consideração os valores que este professor traz como também a concepção

político-pedagógico que fundamenta sua formação.

20

São funções de origem social; estão presentes somente no homem; caracterizam-se pela intencionalidade das

ações, que são mediadas. Elas resultam da interação entre os fatores biológicos (funções psicológicas

elementares) e os culturais, que evoluíram no decorrer da história humana. Dessa forma, Vygotsky considera que

as funções psíquicas são de origem sociocultural, pois resultaram da interação do indivíduo com seu contexto

cultural e social.

As funções psicológicas superiores, apesar de terem sua origem na vida sociocultural do homem, só são

possíveis porque existem atividades cerebrais. Ou seja, essas funções não têm sua origem no cérebro, mas não

existem sem ele, pois se utilizam das funções elementares que, em última instância, estão ligadas aos processos

cerebrais.

84

Muitas das concepções que embasam as práticas docentes dos profissionais da

educação são adquiridas por meio da comunicação, mensagem comunicada, exposição oral, texto

escrito linear ou texto não linear, como fruto de suas aprendizagens. O aprender com a utilização

de um meio digital de ensino requer uma reestruturação nos demais meios e um questionamento

acerca de como cada um desses meios afeta os alunos no sentido de despertar-lhes curiosidade

para buscar informações, além de prazer, desejo de compartilhar o conhecimento com outras

pessoas, de construir, de olhar sobre o mundo fora do espaço da escola.

No âmbito escolar, vários são os fatores que interferem nos resultados esperados em

relação ao que os professores ensinam. Destacam-se as condições estruturais da instituição de

ensino, as condições de trabalho dos docentes, as condições sociais dos alunos, os recursos

didáticos disponíveis. Associam-se, também, as estratégias de ensino utilizadas pelos docentes

com fim de motivar e envolver os alunos no seu aprendizado, considerando as possibilidades de

múltiplas vivências de conhecimento pelo uso de alguns meios digitais de comunicação. Cabe

esclarecer que os meios de comunicação, são instrumentos que auxiliam o professor e alunos a

receber ou transmitir informação, ajudando no diálogo com o outro, além de permitir que nos

comuniquemos com as pessoas em maiores distâncias em menor espaço e tempo.

A missão do professor no exercício de sua atividade docente é ”transmitir ao

aluno, o que a humanidade já aprendeu acerca de si mesma e da natureza, tudo o que ela criou

e inventou de essencial” (DELORS et al., 1998, p. 19). Porém, com as precariedades dos

sistemas educativos, em destaque nos países mais pobres, essa missão se torna difícil de ser

cumprida. O avanço tecnológico e a naturalização das fortes alterações comportamentais,

sobretudo dos jovens, aumentam a tensão na busca de alternativas metodológicas que possam

atrair os estudantes para o mundo do saber, o qual exige certo rigor e disciplina.

Neste sentido, a criação de ambientes de aprendizagem que garantam a construção

e reconstrução do conhecimento, implica em reestruturação do processo de formação dos

docentes para o alcance de competências para que possa atender as demandas do exercício

profissional, comprometidos não com a reprodução, mas com a construção conhecimento,

com o aprender a aprender e a empreender; atuando de modo a atender os interesses dos

alunos desenvolvendo projetos cooperativos, assumindo postura investigativa diante do que

precisam conhecer, Pois, na sua função de mediador cumpre romper com as práticas

tradicionais, atentando para uma ação interdisciplinar envolvendo fatores afetivos e sociais,

convergindo para o que Pierre Lévy chama de aprendizagem cooperativa. Nessa perspectiva,

ressalta o autor:

85

Os professores aprendem ao mesmo tempo em que os estudantes e atualizam

continuamente tanto os seus saberes 'disciplinares' como suas competências

pedagógicas... a partir daí, a principal função do professor não pode mais ser uma

difusão dos conhecimentos, que agora é feita de forma mais eficaz por outros meios.

Sua competência deve deslocar-se no sentido de incentivar a aprendizagem e o

pensamento (LÉVY, 2004, p. 171).

As novas tecnologias indiscutivelmente não substituem o professor, mas

interferem modificando algumas de suas ações. De modo geral, o professor é acima de tudo

um estimulador da curiosidade do aluno para querer conhecer, para pesquisar, para buscar

informações. Portanto, também lhe cabe coordenar avaliar os resultados do processo de

apresentação dos resultados estando distante ou próximo dos alunos. Assim, questiona,

reforça resultados apresentados, contextualizando-os, portanto age como interlocutor entre

eles e a realidade. Longe ou distante pode receber mensagens via e-mail, passar informações

complementares para adaptar os estudos ou a aula ao ritmo de cada um. Assim sendo, o

processo de ensino-aprendizagem ganha dinamismo, inovação e poder de comunicação, até

agora em muitas das escolas subutilizados, ou pouco disponíveis para uso.

Os recursos tecnológicos não devem ser encarados apenas para dizermos que

somos atualizados frente as inovações tecnológicas, mas instrumento capaz de propiciar o

desenvolvimento intelectual e o pensamento reflexivo, exigindo que o professor saiba utilizá-

lo, escolhendo métodos adequados para a sua utilização.

A incorporação de mudanças no modo de conhecer e aprender os conhecimentos

produzidos com a interferência dos recursos digitais, usados nas diversas disciplinas do

currículo de modo não fragmentado, exige um preparo dos professores para que aprendam a

utilizar adequadamente esses meios. É com o domínio desses saberes que o professor poderá

estar criando efetivo ambiente de aprendizagem, capaz de conduzir o aluno à descoberta e a

construção do conhecimento, através dos softwares utilizados em que o professor assume o

papel de mediador da criação de ambientes interdisciplinares de aprendizagem.

Pensamos que seja o referencial teórico construcionista, de acordo com a

concepção defendida por Seymour Papert, que o professor promova uma aprendizagem que

tenha a preocupação de o aluno construir o seu conhecimento num ambiente que o desafie e

motive à elaboração de conceitos. O professor como mediador e dirigente da aprendizagem

significativa cabe trabalhar articulado com interesses e necessidades de seus alunos, principal

sujeito da aprendizagem.

A importância da colaboração de um ambiente computacional adequado à

produção do conhecimento torna-se necessário, devendo constituir-se em ambientes livres e

86

abertos ao diálogo. A interação entre os parceiros quando sentados ao lado do computador

para desenvolver atividades de pesquisa juntamente com outros colegas uma oportunidade de

gerar uma grande equipe que busca a produção individual e coletiva do conhecimento,

constantemente. Através disso tudo o aluno ganhará mais confiança para produzir algo, criar

mais livremente, sem medo dos erros que possa cometer, aumentando sua autoconfiança, sua

autoestima, na aceitação de críticas, discussões de um trabalho feito pelos seus próprios pares.

4.3.3 Informática educativa: computador e internet

Quanto à informática educativa compactuamos com Valente (2002a) quando

define como a que é aplicada a educação com a utilização pelo professor, em uma disciplina

curricular, dos potenciais educacionais do computador e da internet ao alternar

adequadamente, atividades não informatizadas de ensino e de aprendizagem a outras

atividades que usam computador. Para ele, antes de se utilizar o computador em qualquer uma

de suas formas, é preciso ter clareza do potencial que possui, das vantagens e desvantagens de

seu uso. Textualmente afirma:

Importante lembrar que a diferente modalidade do uso do computador na educação

vai continuar coexistindo. Não se trata de uma substituir a outra, como aconteceu

com a introdução de outras tantas tecnologias na nossa sociedade. O importante é

compreender que cada uma destas modalidades apresenta características próprias,

vantagens e desvantagens. Estas características devem ser explicitadas e discutidas

de modo que as diferentes modalidades possam ser usadas nas situações de ensino-

aprendizagem que mais se adéquam (VALENTE 1993, p. 27).

De acordo com o autor citado, o termo informática na educação refere-se a

inserção dos recursos da informáticas através do computador e da internet no processo de

aprendizagem para introduzir e desenvolver os conteúdos curriculares em todos os níveis e

modalidades de educação.

Nessa acepção, a informática pode ser utilizada como ferramenta educacional que

auxilia ao professor para exercer a condição de mediador de uma aprendizagem que precisa

ser autônoma e criativa do aluno, embora subsidiado pela concepção que tenha do uso dessa

ferramenta e de suas finalidades.

Em se tratando da Internet, Castells (2003, p. 34), considera que “é um meio de

comunicação que permite intercâmbio de muitos com muitos, num momento escolhido, em

escala global” e que permite o diálogo com culturas diversas. E ainda, na sequência ressalta

que, “a cultura é um conjunto de valores e crenças que formam o comportamento”

87

(CASTELLS, 2003, p. 34). Concordamos com o autor ao evidenciar o uso da internet

relacionado à questão cultural, como uma forma de comunicação através de ícones, ruídos e

outros códigos que expressam a maneira cultural de diversos povos. Entendemos, portanto,

que os sujeitos participantes, neste caso, professor e aluno, através desse recurso, podem

interagir com outros conteúdos, com realidades diversas e com outras formas de ensinar e

aprender. O acesso à internet facilita a participação no mundo digital ao disporem de ambiente

colaborativo com condições físicas e materiais, capazes de garantir as condições para o uso

adequado de tal ferramenta.

4.4 CONTEXTUALIZANDO O UNIVERSO DA PESQUISA

Nesta sessão procedemos uma incursão pelo espaço da investigação,

apresentamos o lócus e os sujeitos da pesquisa, dialogamos com os entrevistados, refletimos

sobre nossas interpretações e compreensões nesta caminhada.

O Maranhão é o segundo Estado brasileiro em extensão territorial da Região

Nordeste, ocupando uma superfície de 333.365 km², tem 80% de seu território na Amazônia, o

que lhe confere condição de zona de transição – meio norte. Conta com 217 municípios, dos quais

Caxias é o terceiro mais importante do estado em termo de contingente populacional, economia e

estrutura social. Ocupando uma área de 5.151 km², a população economicamente ativa de Caxias,

em 2010, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), é de 155.129

habitantes dos quais 54% se encontram no setor primário, 13% no secundário e 33% no terciário,

o que mostra ser sua economia essencialmente baseada na agropecuária.

O Censo Escolar no ano de 2010 mostra que o município de Caxias dispunha de

um total de 322 escolas, assim distribuídas: 89% pertencem à rede municipal de ensino, o que

equivale a 285 unidades escolares; 8% pertencem à rede estadual de ensino, o que

corresponde a 27 unidades escolares; 3% pertencem à rede particular de ensino que representa

10 unidades escolares. Dentre as unidades escolares pertencentes à rede municipal, 32 estão

localizadas na área urbana, o que equivale a 11%. Encontram-se ainda, no município de

Caxias, 28 unidades escolares comunitárias conveniadas com a Secretaria Municipal de

Educação e 03 centros de Ensino Médio.

Na rede municipal de ensino existe um contingente de 1.484 professores, deles

341 possuem curso superior (Licenciatura), 1006 pós-graduados (Especialização), 20

cursaram magistério em nível de Ensino Médio. São 80 professores em processo de formação

88

cursando licenciatura e 40 possui o Magistério e estudo adicionais21

. Na realidade educacional

brasileira, é inadmissível a existência de professores sem formação para uso dos multimeios,

já que as exigências por educação primam por uma educação que favoreça a construção de

valores e a busca da cidadania plena. Na sociedade maranhense e, particularmente caxiense,

historicamente marcada por uma geração em mudanças, é inconcebível que no terceiro

milênio o profissional de educação não tenha acesso à informática. As políticas de educação

asseguradas na LDB nº 9394/96 têm demonstrado interesse no desenvolvimento de uma

escola de qualidade, para tanto implantou o Programa Nacional de Informática na Educação

(PROINFO), criado pela Portaria MEC nº 522, publicada em 09/04/1997, inserida no

conjunto de ações voltadas ao fortalecimento da ação pedagógica do professor na sala de aula.

O referido programa amparou-se nas disposições previstas na Lei de Diretrizes e

Bases (Lei nº 9.394/96), especialmente no Art. 35, Inciso IV, ao determinar que o ensino

médio, “etapa final da educação básica, com duração mínima de três anos, terá como

finalidades a compreensão dos fundamentos científico-tecnológicos dos processos produtivos,

relacionando a teoria com a prática, no ensino de cada disciplina” (BRASIL, 1996).

Neste sentido, o programa acima anunciado teve como finalidade disseminar o

uso pedagógico das novas tecnologias nos estabelecimentos de ensino da educação básica

pertencentes às redes estadual e municipal.

Como resultante dessa política o Núcleo de Tecnologia Educacional na cidade de

Caxias-MA recebeu equipamentos de última geração, Internet, dois laboratórios de informática,

um composto de dez computadores conectados a internet, uma impressora e o outro composto por

17 computadores, também conectado à internet, com recursos humanos qualificados, uma vez que

todos foram capacitados em Informática Educativa22

. Este núcleo desenvolve suas atividades

voltadas para a capacitação dos professores dos estabelecimentos de ensino.

4.5 CONHECENDO OS SUJEITOS PARTICIPANTES DA PESQUISA

Os procedimentos utilizados para análise dos dados partiram dos questionários

aplicados e na sequência a realização de entrevistas com os egressos do Curso de Pedagogia

21

Curso Normal, também conhecido como Magistério de 1° grau ou Pedagógico é um tipo de habilitação para o

magistério nas séries iniciais do ensino fundamental. Era um curso secundário, equivale nos moldes atuais, a um

curso profissionalizante em três anos. Por opção, o professor podia complementar em mais um ano, o chamado

quarto normal, também chamado de Estudos Adicionais, em uma área específica que o habilitava a atuar até a 6ª

série (atual 7º ano). 22

Neste Programa, os equipamentos foram adquiridos através de convênio entre MEC e Secretaria Estadual de

Educação.

89

do CESC/UEMA, professores das disciplinas Multimeios aplicados à Educação e Didática do

CESC e multiplicador do PROINFO.

Como forma de proteger os sujeitos da pesquisa, eles recebem, neste trabalho,

nomes fictícios23

.

Quadro 4 – Egressos do Curso de Pedagogia

Sujeitos Formação Enquadramento Funcional

Malva do reino Pedagogia Professor de Didática (CESC/UEMA).

Hortelã Pedagogia Professores da Educação Básica

Alecrim Pedagogia Professores da Educação Básica

Cidreira Pedagogia Multiplicador do NTE/Caxias

Alfazema Pedagogia Professores da Educação Básica

Mate Pedagogia Professor de Mulltimeios aplicado à Educação (CESC/UEMA)

Fonte: elaboração da autora.

Complementam esses dados os resultados da pesquisa realizada em 1999, quando

discutimos sobre as práticas metodológicas dos multimeios, como ferramenta educacional, na

disciplina Didática no curso de Pedagogia. A mesma teve como objeto de estudo “a utilização

dos multimeios na formação do professor”. O objetivo geral era analisar as práticas

metodológicas dos multimeios, como ferramenta de aprendizagem, na disciplina Didática do

curso de Pedagogia e, como objetivos específicos identificar as práticas adotadas, pelos

professores de Didática, para trabalhar com os multimeios no curso de Pedagogia; e sugerir

uma metodologia para uso dos multimeios, como ferramenta educacional, na disciplina

Didática. O universo pesquisado foi composto por professores do CESC/UEMA da disciplina

Didática, Multimeios aplicados à Educação, e alunos do 8º período do Curso de Pedagogia,

cursando as referidas disciplinas e com os multiplicadores do NTE/MA (Caxias-MA).

Naquela época foi desenvolvida uma pesquisa empírica de caráter descritiva e interventiva

com propósito de vivenciar uma realidade sobre o uso dos multimeios na disciplina Didática e

por fim, intervir com uma sugestão metodológica para uso dos multimeios em sala de aula

visando uma melhoria do processo ensino aprendizagem.

Hoje, doze anos após o desenvolvimento daquela pesquisa, voltamos a investigar

(2012), sobre as mudanças ocorridas na atuação dos egressos do Curso de Pedagogia, hoje,

docentes de escolas públicas. Retomamos os resultados desse estudo para investigar sobre os

saberes profissionais que utilizam os egressos do Curso de Pedagogia do CESC/UEMA, para

trabalhar informática, em sua prática docente na educação básica.

23

Utilizamos para nomear os sujeitos da pesquisa, nomes fictícios de ervas medicinais que ajudam na prevenção

e/ou cura de doenças. Hortelã, Malva do Reino, Mate, Cidreira, Alecrim e Alfazema.

90

As entrevistas realizadas com os participantes da pesquisa, professores do Centro

de Estudos Superiores de Caxias todos egressos de cursos do CESC/UEMA, tiveram

objetivos de investigar sobre os saberes adquiridos no processo formativo para a utilização da

informática em seu trabalho docente. No transcurso deste tópico transcreveremos algumas de

suas falas por nos permitirem conhecer o que pensam esses docentes sobre seu (des) preparo

para lidar com os recursos da informática. De início, destacamos quando falam de suas

relações com a informática no contexto da formação ao afirmarem:

Minha convivência com as TIC foi de forma superficial em minha formação inicial, Como

trabalho muito com projetos, senti grande necessidade de saber lidar e articular esses

conhecimentos informáticos, busquei nos cursos de formação continuada, pagando do meu

recurso, fui aprendendo com a necessidade e a prática da docência (Malva do Reino).

Apesar de ter participado de vários cursos oferecidos pelo PROINFO-MA, não adquiri saberes

pedagógicos voltados para o uso das TICs, me senti perdida nessa área, busquei em leituras e

com os próprios alunos fui acumulando alguns saberes que me estimularam a buscar mais

conhecimentos (Alfazema).

Em suas declarações ambos os sujeitos retrocitados não reconhecem que a

formação inicial tenha contribuído para a aquisição de saberes necessários ao desempenho

profissional. Fora deste espaço está a referência para a aprendizagem desses conhecimentos.

A formação continuada aparece como relevante para as aprendizagens da área da informática.

Desse modo, destacam-na como o lócus mais importante para o que aprenderam. De acordo

com os dois depoimentos, a apropriação da competência para o uso da informática se deu

muito mais por iniciativa própria, devido à necessidade dos sujeitos, do que por meio da

formação inicial.

Mediante o teor de seus depoimentos, cabe indagar: que competência tem esses

docentes para desenvolverem propostas de ensino que envolvam conhecimentos da informática?

A pertinência do argumento de que não se ensina o que não se sabe pode explicar e justificar

porque professores não utilizam os conteúdos da informática em sala de aula, mesmo dispondo

de recursos tecnológicos na escola. Atribuir-lhes responsabilidades, ao que nos parece, é uma

incoerência, pois tais conteúdos não fizeram parte de seus currículos de formação.

Aprender com alunos é próprio da relação professor-aluno nos ambientes de

aprendizagem. Porém, neste caso, do que compreendemos, considerando a especificidade de

um conhecimento ainda cheio de dúvidas (o campo da informática), não é plena a sua

aplicabilidade, cabendo aos docentes mediarem os estudos dos aprendizes, atuando como seu

planejador, organizador e dirigente. Condição prejudicada mediante esse agravante.

91

Argumentando a esse pensamento, Almeida (1998, p. 2-3) afirma que:

Para que o professor tenha condições de criar ambientes de aprendizagem que

possam garantir esse movimento (contínuo de construção e reconstrução do

conhecimento) é preciso reestruturar o processo de formação, o qual assume a

característica de continuidade. Há necessidade de que o professor seja preparado

para desenvolver competências, tais como: estar aberto a aprender a aprender, atuar

a partir de temas emergentes no contexto e de interesse dos alunos, promover o

desenvolvimento de projetos cooperativos, assumir atitude de investigador do

conhecimento e da aprendizagem do aluno, propiciar a reflexão, a depuração e o

pensar sobre o pensar, dominar recursos computacionais, identificar as

potencialidades de aplicação desses recursos na prática pedagógica, desenvolver um

processo de reflexão na prática e sobre a prática, reelaborando continuamente teorias

que orientem sua atitude de mediação.

À escola, aos gestores e professores, no que lhes afeta, cumpre envidar esforços

para superar lacunas quanto à subutilização das TICs como recurso facilitador da

aprendizagem, seja através de mudanças nos currículos escolares, no desenvolvimento de

ações que visem à obtenção e aplicação de informações que circulam na internet e em suas

redes sociais por meio do computador. O que não garante o uso desses recursos porque

existem diversos entraves que dificultam a utilização das novas tecnologias no cotidiano.

Nas observações procedidas junto aos alunos de Pedagogia do 8º período, da

pesquisa anterior (1999), durante as atividades desenvolvidas com o uso dos multimeios na

disciplina Didática, no momento de execução das aulas, demonstraram, que apesar de já terem

cursado as disciplinas Introdução à Ciência da Computação, Informática e Multimeios Aplicado

à Educação, ainda havia muitas dificuldades em trabalhar com o referido recurso tecnológico

enquanto ferramenta de aprendizagem. Esta análise foi fundamentada em 08 observações.

Atualmente, ao retornarmos a pesquisa pensamos ser importante indagar agora o que mudou no

contexto do uso das TICs na formação do professor, bem como, dos saberes dos docentes para

utilização das TICs como auxilio no processo ensino aprendizagem, considerando o interstício

existente entre a realização do primeiro estudo (1999) e o atual (2012).

A aula com mídias é muito interessante, mas a mídia chama mais atenção do que o

conteúdo, porque o professor expõe a aula, mas não faz intervenção e nós não interagimos

(Hortelã, 1999).

O que aprendi na graduação acerca das TICs, me ajudou muito, mas não o suficiente para

eu desenvolver um bom trabalho, tive que fazer outros cursos, buscar novos

conhecimentos, trocar ideias com outros professores e as vezes até mesmo com os alunos

(Malva do Reino).

Trabalho e gosto das TICs em minha prática, só que é muito difícil, na Faculdade não dar

tempo para muita coisa, na escola os recursos são reduzidos e/ou escondidos, tive que

buscar outros conhecimentos na vida, comecei a perceber que os meninos estavam além de

92

mim, muitos tinham acesso à informática, aí para aproveitar o potencial deles, resolvi

montar um projeto de informática na minha disciplina de Português, nesse momento senti

falta de saber para esse campo. Procurei ajuda no NTE, fiz curso e deu certo. Acho que a

graduação deveria preparar melhor (Hortelã, 2012).

Com base nos depoimentos acima, podemos perceber que tanto na pesquisa

anterior, (Hortelã, 1999), como na pesquisa atual, Malva do Reino e Hortelã (2012),

demonstraram, em seus depoimentos, a lacuna do conhecimento, no que diz respeito às TICs

enquanto ferramenta de aprendizagem, tanto na formação inicial, como também na formação

continuada. Dessa forma, podemos dizer que a utilização das TICs na formação de docente,

deve ser fundamentada em concepções de educação que considere não só o utilizar como

recurso mas, utilizar de forma reflexiva.

A respeito disso, Valente e Almeida (1997, p. 14) afirmam que:

A formação do professor deve prover condições para que ele construa conhecimento

sobre as técnicas computacionais, entenda por que e como integrar o computador na

sua prática pedagógica e seja capaz de superar barreiras de ordem administrativa e

pedagógica. Essa prática possibilita a transição de um sistema fragmentado de

ensino para uma abordagem integradora de conteúdo e voltada para a resolução de

problemas específicos do interesse de cada aluno. Finalmente, deve-se criar

condições para que o professor saiba recontextualizar o aprendizado e a experiência

vivida durante a sua formação para a sua realidade de sala de aula compatibilizando

as necessidades de seus alunos e os objetivos pedagógicos que se dispõe a atingir.

Analisando o questionário aplicado aos egressos do curso de Pedagogia, hoje,

docentes da rede pública, podemos observar que 100% acham necessária a inclusão da

informática como componente curricular no processo de formação do pedagogo. Reconhecem

igualmente que o computador jamais substituirá o professor. Vejamos o que dizem:

Acho necessária a capacitação dos professores para atuarem com a informática educativa. A

informática educativa refere-se ao uso didático dos equipamentos, portanto é mais complexo do

que utilizá-los administrativamente. Requer fundamentação teórica e mudanças de paradigmas

(Malva do Reino).

Acho importante a inclusão do uso das TICs na Matriz Curricular no curso de formação inicial do

professor, para que possa inserir em sua prática, incorporado a uma concepção filosófica,

visando aprendizagem dos alunos para que estes possam refletir sobre seu uso, retirando proveito

desse instrumento no seu campo de ação, eu, por exemplo, utilizo para incrementar a aula, mas

não faço fundamentada em concepção, por falta de conhecimento, vou inventando (Mate).

As professoras reconhecem a importância do uso das TICs como ferramenta didática

defendendo a inclusão desse conhecimento na matriz curricular dos cursos de formação. Porém,

expressam o não domínio desses saberes, por isso reconhece que o utiliza para fundamentar a

aula, mas não se fundamenta em concepções teóricas, por falta de conhecimento.

93

Diferentemente, há ainda entre os professores entrevistados os que têm

conhecimentos de informática, sendo dois (02) professores especialistas em Informática na

Educação, um professor que trabalha com a disciplina Informática e Multimeios Aplicados à

Educação o CESC/UEMA, afirmam ter um conhecimento técnico sobre computação e

conhecimento significativo em tecnologia educativa voltada para TV e vídeo. Porém, nenhum

destes (100%) desenvolve atividades fundamentadas em uma concepção voltada para o uso da

Informática aplicada no processo ensino/aprendizagem. Entre estes os que argumentam:

As turmas são numerosas, existe uma variação pela quantidade de alunos existentes,

embora não me baseie em concepção de Informática educacional, quando a turma é

pequena, faço um trabalho legal no laboratório, mas às vezes a burocratização atrapalha,

tenho que obedecer ao tempo aí não dar para fazer quase nada, a reflexão sobre o feito

(Cidreira).

Na fala da professora está explicita a esporadicidade do uso da informática,

portanto não cumpre um programa com essa finalidade. A sua prática com informática se

desenvolve de forma não sistemática e acusa a burocracia por esta razão, mas argumenta que

este fato encontra justificativa na quantidade numerosa de alunos na sala de aula, no tempo.

No momento atual, há consenso de que a participação na sociedade e na atividade

econômica exige domínio de diferentes modos de comunicação, de compreensão do uso de

tecnologias modernas no processo de aprender a aprender. E isso exige políticas de

universalização do ensino e a garantia de um mínimo de uso dos recursos tecnológicos.

No CESC/UEMA, os dados indicam um grande distanciamento da legislação

educacional (LDB nº 9394/96), pois os alunos do curso de Pedagogia ao serem questionados

sobre o uso de recursos tecnológicos no exercício de suas atividades, 100% destacaram que os

meios de comunicação e informação utilizadas por eles são a televisão, revistas e livros,

somente 7% usam o computador como meio de comunicação (APÊNDICE F).

No que se refere à ordem de prioridade dos meios de comunicação e informação,

ficou evidenciado que 100% dos egressos do curso de pedagogia que responderam o

questionário, têm a televisão como meio de comunicação mais importante. Outro ponto que

merece destaque é que 80% dos alunos entrevistados colocaram o livro em quarta (4ª) posição

na ordem de prioridade, fato que indica ser o livro um recurso utilizado com pouca frequência

no processo ensino/aprendizagem, contrapondo-se ao que afirmaram (05), no item dois do

questionário (APÊNDICE F), quando destacaram o livro como um recurso utilizado como

meio de comunicação (APÊNDICE F).

94

Na análise dos dados coletados junto ao corpo docente, verificamos que embora

as TICs ainda não se encontrem incorporadas à prática docente, é importante que o professor

passe por um processo de formação continuada para atuar com a informática educativa.

Também nos resultados ficou evidenciada a denúncia da falta de uma

infraestrutura ou de manutenção dos equipamentos por parte do poder público. Mas reconhece

que por falta de formação termina trabalhando somente a teoria, “mesmo sem saber,” diz a

professora. Defende a importância da formação para esse fim, além de ser importante que o

professor entenda a filosofia e a ideologia subjacente a essa tecnologia.

Acho complicado utilizar às TICs no processo ensino aprendizagem pela falta de estrutura,

coisa pública. A manutenção depende de vários processos, acaba se trabalhando mais

teoria, mesmo sem saber, por falta de formação, e os alunos terminam aprendendo mais

fora da Instituição do que propriamente, e na Instituição (Cidreira).

Quanto à utilização dos meios de comunicação, ficou claro que somente 12% dos

professores entrevistados usam o computador, mas 100% utilizam o telefone, TV e Revista

como meio de comunicação (APÊNDICE F).

Constatamos ainda que apesar das TICs não estarem presentes durante o processo

educativo, os professores participantes das entrevistas demonstraram conhecimentos sobre a

importância da utilização desse recurso tecnológico, embora destaquem que jamais poderá

substituir o professor. Vejamos:

O computador jamais poderá substituir o professor, pois ele é apenas uma máquina

controlada pelo homem. O professor é que é o orientador no processo, não podendo

esquecer que ele não pode ficar alheio ao avanço tecnológico no nosso atual contexto. O

computador é desprovido de emoções, sentimentos, dom este do ser humano (Alecrim).

O computador é uma máquina, manipulada pelo homem, ele jamais substituirá o professor,

só que o professor precisa está qualificado para poder acompanhar o desenvolvimento

tecnológico nos dias atuais. O professor será sempre o mediador no processo ensino

aprendizagem (Alecrim).

Percebemos pelos depoimentos, a necessidade de incluir as TICs na prática

pedagógica, alicerçada em uma concepção de educação ainda na formação inicial do

professor. Tanto Jasmim como Alecrim, ratificam pensamentos comuns relativos às TICs.

É importante ressaltar que no ano de 1999, época da pesquisa anterior, visitamos

três instituições da rede particular de Ensino que desenvolvem projetos de Informática

Educativa, sendo duas instituições de Belo Horizonte-MG e uma de Teresina-PI, com objetivo

de analisar e avaliar as experiências de Projetos de Informática na Educação já em

95

desenvolvimento. Constatamos que embora as escolas já desenvolvessem um Projeto de

Informática na Educação, os professores, quando entrevistados sobre como utilizavam os

multimeios disponíveis na escola, ou seja, Internet, softwares educativos, afirmaram que

sentiam dificuldades tendo em vista não estarem capacitados teoricamente. Por consequência,

os resultados obtidos com uso dos multimeios se distanciavam dos estabelecidos no projeto da

escola, uma vez que os professores não conseguiam perceber as TICs como ferramenta de

aprendizagem, mas, como instrumento de modernização. O aluno por sua vez, lidava com

instrumentos em casa, como jogos ou navegar na Internet pelo simples prazer.

Na pesquisa atual, percebemos que a situação não é muito diferente. Na entrevista

aos professores do CESC/UEMA e professores do Núcleo Tecnológico, quando questionados

sobre o uso de recurso tecnológico durante o processo docente educativo, 100% afirmaram

usar a TV, Vídeo e projetor multimídia, somente 25% usam o computador apenas na

preparação de outros recursos, como: projeção, textos dentre outros (APÊNDICE E), o que

demonstra que as TICs estão subutilizadas na prática docente.

A partir das entrevistas realizadas com os sujeitos, e, considerando as análises

durante o posicionamento dos professores do Centro de Estudos Superiores de Caxias-

CESC/UEMA e egressos para a utilização da informática em seu trabalho docente,

transcrevemos algumas de suas falas:

Acho que minha formação inicial foi satisfatória, trabalhei muito com projetos de

informática, tive sorte porque a professora procurava inovar, isso me ajudou muito,

quando fui para o campo de trabalho foi fácil dar continuidade, o difícil é a escassez dos

equipamentos (Mate).

Participei de Projeto de Intervenção da UEMA como estagiária e depois como professora,

me ajudou muito mais não o suficiente, tive que ir inventando, participando de cursos no

NTE, hoje gosto de trabalhar utilizando projeto de informática, acho que os alunos

aprendem melhor, postam trabalhos online, é muito legal até no nosso relacionamento

(Hortelã).

Mais uma vez, constatamos a importância da inclusão das TICs nas escolas, embora

esses depoimentos não correspondam ao pensamento de outros que participaram da investigação

relativa às TICs quanto à necessidade da utilização enquanto recurso auxiliar de aprendizagem. E

para não finalizarmos a discussão, deixamos em aberto para outros pesquisadores que queiram

contribuir, no próximo capítulo apresentamos nossas considerações finais.

96

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Na formação do pedagogo de Caxias, conforme sua matriz curricular são as

disciplinas da área da Informática e Didática, que devem oferecer os embasamentos teóricos e

metodológicos que propiciam subsídios para o desenvolvimento de competências que

fortalece a prática pedagógica para o “saber fazer” do educador.

Na sequência de nossa pesquisa, investigando sobre saberes profissionais da

formação dos egressos do curso de pedagogia do CESC/UEMA para utilização das TICs no

exercício da docência, tivemos grandes momentos de reflexão, sobretudo, quando

comparávamos à investigação anterior (1999), ocasião do Mestrado em Ciências da Educação,

momento que investigávamos sobre a utilização dos multimeios na disciplina Didática, cujo

objeto de estudo era o processo de formação do professor na disciplina Didática. A pesquisa

atual, também está relacionada à formação de professores, desta vez, formação inicial e

continuada dos egressos do curso de Pedagogia, bem como seus saberes, para o uso da

informática em sua prática docente.

A investigação aqui apresentada teve como ponto de partida a inquietação da

problematização articulada com a vida profissional da pesquisadora. Em seguida tivemos a

grande contribuição do estado da questão que nos auxiliou no decorrer da investigação.

Para complementar o estudo, buscamos conhecer como vem se dando o processo

de Educação continuada dos professores egressos do curso de pedagogia do CESC/UEMA

para a utilização da informática em sua prática docente.

Para o desenvolvimento do estudo, optamos por uma pesquisa qualitativa do tipo

estudo de caso, que

[...] permite que se chegue bem perto da escola para tentar entender como operam no

seu dia-a-dia os mecanismos de dominação e de resistência, de opressão e de

contestação ao mesmo tempo em que são veiculados e reelaborados conhecimentos,

atitudes, valores, crenças, modos de ver e de sentir a realidade e o mundo (ANDRÉ,

1983, p. 41).

As técnicas utilizadas para coleta de dados, foram questionários, entrevistas,

observações.

O trabalho informatizado disponibiliza meios e recursos que tornam o exercício da

prática educacional mais produtiva, oportunizando uma leitura diversificada da realidade

decorrente da adoção dessas novas metodologias, proporcionando um relacionamento interativo

97

imediato com o objeto do conhecimento, permitindo uma transformação temporal e funcional

entre fala e escrita, em decorrência da velocidade do acesso via computador, com respeito ao

ritmo de aprendizagem do aluno e possibilita diferentes modos de resolver um mesmo

problema. A informática na educação oferece oportunidade de integração do pensamento

lógico-dedutivo e o desenvolvimento das capacidades lógicas e criativas do aluno.

A informática utilizada como estratégia de marketing pela maioria das escolas não

se coaduna com uma metodologia que usa o ambiente da informática articulada aos interesses

e necessidades dos alunos integrados ao campo social e pedagógico.

O buscar dos trabalhos do outrem, através do estado da questão, foi um convite à

reflexão sobre nova forma de relacionar leituras em função da organização de conhecimento.

Assim, no primeiro contato, procuramos estabelecer as relações entre a pesquisa anterior

(1999), com a pesquisa atual (2012). Num segundo momento, de posse dos achados,

buscamos aqueles que focalizavam mais próximo de nossa pesquisa.

Estes pressupostos estão fundamentados na vinculação teoria e prática que é

mediada pela comunicação, a qual Freire (2005) valoriza como dialogicidade que, do ponto de

vista de seu entendimento é a essência da educação como prática da liberdade.

A teoria oferece suporte para uma prática coerente e organizada e a prática

subsídios para as teorias. Neste processo, organiza-se a ação do professor, subsidiada pelos

recursos da Informática que, no momento da ação pedagógica, utiliza os multimeios como

ferramenta educacional. Ensinar com apoio nas novas mídias significa, acima de tudo,

mudança de paradigmas convencionais de ensino fundamentados no estruturalismo e

positivismo, até então adotados, que mantém distantes professor e aluno e dá ênfase a uma

concepção de ensino fundamentada na transmissão de conhecimentos.

A mudança para um paradigma que considere os multimeios produtores de

conhecimentos e o aluno e professor como sujeito ativo e pró – ativo pode-se exemplificar

com a internet que é um meio de comunicação que pode ajudar a modificar formas atuais de

ensinar e aprender com criatividade.

Esta investigação se fundamenta na concepção dialética, em que valoriza a ação

do homem frente ao contexto sócio-histórico mediatizado pelo trabalho, fonte de

conhecimento e organização da cultura. Nessa concepção, a criatividade se expressa na

essência do conhecimento enquanto ser transformador. Portanto, o homem é um possibilitador

criativo conforme o seu processo de interação com o mundo.

98

Compreender que a essência criadora do homem como atividade fundamental que

o torna homem, permite entender que o trabalho de transformação passa por esta categoria,

condição de desenvolvimento do homem ser social e histórico.

O uso das TICs como ferramenta, deve estar fundamentado na concepção de ser

criador, condição de formar o nível mais avançado de conhecimento, impulsionando as

“funções psicológicas superiores” (VYGOTSKY, 2001, p. 29)24

, condição para tornar o

homem competitivo frente às exigências da sociedade atual.

Para desenvolver um projeto de informática é necessário o uso adequado de

softwares, além de todo um conjunto de materiais educativos para que preencha o planejado

para as aulas na escola de todos os dias da semana. Os softwares educativos trazem implícitos

os conceitos de ensino, aprendizagem e conhecimento, os quais, quando identificados pelo

professor favorecem a sua adequada seleção, segundo os objetivos pedagógicos e do ensino. A

intervenção do professor na aplicação de qualquer software educativo é necessária no processo

ensino-aprendizagem. A criação de um novo modelo de educação que englobe os recursos

computacionais provoca mudanças, amparando a criação de uma nova ordem para que não se

tornem apenas meio de informações como diversas outras tecnologias educacionais. Essas

demandas exigem do professor um saber construído sobre o campo tecnológico.

Para que o aluno possa construir e socializar conhecimento, desenvolver a

criatividade com autonomia é preciso dar ao professor a oportunidade de analisar e reelaborar

a sua prática pedagógica, respeitando o seu estilo de atuação. Com esse pressuposto, a

formação do professor para o uso pedagógico do computador trabalha o saber advindo da

prática pedagógica, articulando com teorias educacionais e das diversas ciências. O espaço de

formação assim organizado configura-se como um ambiente de liberdade que incita a

experimentar e socializar experiências e aprendizagens.

Para que o uso da informática na educação tenha sucesso, é necessário que haja

disponibilidade de equipamentos, softwares e apoio político – pedagógico para a adoção de

uma nova perspectiva educacional, redefinindo os conceitos das formas de conhecer, de

ensinar, tendo o professor como elemento indispensável.

Assim, pode o professor utilizar o computador para representar, selecionar e

buscar informações articulando com atividades que visam promover a elaboração de

conhecimentos e a aprendizagem do aluno. Ao interagir com os meios tecnológicos poderá

dispor de estratégias que possam propiciar o envolvimento integral do aluno: o racional e o

24

Vygotsky, define como mecanismo intencional, ações conscientemente controladas, processos voluntários que

dão ao sujeito a possibilidade de independência em relação às características do momento e espaço presente.

99

emocional; a análise lógica, distinguir o imaginário do intuitivo; a imagem e o som, que

levem a pessoa do aluno e do professor para viagens imaginárias no mundo da informação e

do conhecimento.

Nessa interpretação, o professor deve refletir sobre sua identidade profissional

com as novas tecnologias educacionais para usufruto da melhoria do ensino. Pois, no sentido

pedagógico, as tecnologias redimensionam e alternam para uma aproximação entre o espaço

da escola e o mundo vivido pelo aluno cotidianamente, extrapolando para outros locais de

aprendizagem com os quais o aluno interage ou pode interagir.

Partindo da análise dos dados, podemos observar, com facilidade, que a inclusão das

TICs na formação inicial e continuada do professor é uma necessidade, porém. ela não deve vir

desarticulada das teorias de ensino. O professor deverá praticar o que aprendeu durante a sua

formação acadêmica, colocando em prática as teorias estudadas durante o curso, por isso é

fundamental que ele estabeleça relação entre as teorias educacionais e a prática docente.

No caminho de nossa investigação tivemos muitos desafios, desafios que se

iniciou desde o mestrado em Ciências da Educação, considerando que na época foi uma

formação em serviço que muito dificultou a busca em lidar com o objeto da pesquisa.

A pesquisa atual situada no âmbito da “formação de professores egressos do curso

de Pedagogia para o uso das TICs” nos proporcionou a verificar após doze anos, em que

contribuiu os saberes construídos na formação inicial e/ou continuada dos egressos do curso

de pedagogia do CESC/UEMA.

Com base nessas considerações, observamos que apesar das mudanças percebidas,

no contato com os sujeitos, no que diz respeito à formação inicial e continuada do professor e

o uso das TICs no processo de aprendizagem, nenhuma dessas pesquisas, entretanto,

investigou como trabalhar visando sua futura prática e o processo ensino aprendizagem

formal do curso de Pedagogia, em busca da presença e da articulação pedagógica das TICs.

Este é um diferencial desta pesquisa, na qual se buscou atingir os objetivos delineados nessa

pesquisa. O estado da questão fez com que percebêssemos a lacuna existente nos trabalhos,

com temas voltados para inclusão das tecnologias na formação do professor.

Uma escola de qualidade e democrática faz-se também com a socialização dos

meios digitais. Sem intenção de concluir o estudo, sugerimos a utilização da informática como

um recurso pedagógico que contribuirá na melhoria de qualidade do ensino. Tal trabalho

metodológico permite a compreensão do uso das TICs enquanto auxílio no processo ensino

aprendizagem, para que no momento da Prática de Ensino, o aluno tenha o referencial teórico

e metodológico, o que impulsionará a sua ação enquanto professor do ensino básico.

100

REFERÊNCIAS

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23., 2000, Caxambu. Anais... Caxambu: ANPED, 2000.

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106

APÊNDICES

107

APÊNDICE A – TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Instituição: Universidade Estadual do Maranhão

Curso: Mestrado Acadêmico em Educação

Programa: Programa de Pós-Graduação em Educação: PPGE-UECE

Mestranda: Maria Lúcia Aguiar Teixeira

Orientadora: Profa. Dra. Silvina Pimentel Silva

Prezado (a) professor (a),

Estamos desenvolvendo a pesquisa FORMAÇÃO INICIAL E CONTINUADA DE

DOCENTES: SABERES PROFISSIONAIS DE PROFESSORES EGRESSOS DO CURSO

DE PEDAGOGIA DO CESC/UEMA PARA O USO DA INFORMÁTICA NA

EDUCAÇÃO, tendo como objetivo compreender as contribuições dos saberes produzidos na

formação inicial e continuada quanto à utilização das tecnologias da comunicação e da

informação (TICs) no exercício da docência dos professores egressos do curso de pedagogia

do CESC/UEMA. Por meio deste documento vimos solicitar a sua participação nesta

pesquisa, que é dirigida a professores da rede pública de ensino. Os participantes terão

mantido o seu anonimato em citações nesta investigação e em outras dela decorrentes.

Informamos também que não haverá qualquer espécie de remuneração ou reembolso em

virtude da sua participação. Se necessário, entre em contato com a responsável pela pesquisa:

Maria Lúcia Aguiar Teixeira ([email protected]).

Agradeço antecipadamente a sua contribuição.

___________________________________

Maria Lúcia Aguiar Teixeira

Caxias, abril de 2012.

-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------

---

(Destacar)

Tendo sido informado (a) sobre a pesquisa FORMAÇÃO INICIAL E CONTINUADA DE

DOCENTES: SABERES PROFISSIONAIS DE PROFESSORES EGRESSOS DO CURSO

DE PEDAGOGIA DO CESC/UEMA PARA O USO DA INFORMÁTICA NA EDUCAÇÃO

concordo participar da referida investigação, de forma livre e esclarecida.

Nome:

Assinatura:

Caxias-MA, ____ de _______________ de ____________

108

APÊNDICE B – FORMULÁRIO DE COLETA DE DADOS-QUESTIONÁRIO

Dados Gerais – Professor da UEMA e do NTE

1. Sexo:

( )- Masculino ( )- Feminino

2. Idade

( )- Mais de 20 anos ( )- Mais de 30anos ( )- Mais de 40 anos

( )- Mais de 50 anos ( )- Mais de 60 anos ( )- Mais de 70 anos

3. Tempo de serviço:

( ) Mais de um ano ( ) Mais de dois anos ( ) Mais de três anos ( ) Mais de quatro

anos

4. Regime de Trabalho:

( ) -20 H ( )- 40 H ( )- Dedicação Exclusiva (D E)

5. Sua última titulação

( ) Bacharelado/ Licenciatura ( ) Especialização

( ) Mestrado ( ) Doutorado ( ) Pós-Doutorado

6. Classe de Magistério

( ) Auxiliar ( ) Assistente ( )Adjunto ( ) Titular

7. Ocupa cargo de chefia

( ) sim ( ) Não

8. Departamento de lotação

( ) Educação e Filosofia ( )Pedagogia ( ) Letras

( ) Química/ Biologia ( ) Física/ Matemática ( ) Outro

109

APÊNDICE C – INSTRUÇÕES DE PREENCHIMENTO

1. Leia com atenção cada questão.

2. Ao lado de cada questão você encontrará uma escala de 5 a 1

3. Assinale somente uma vez cada questão o numero melhor expresse a sua opinião

O número 5(cinco) corresponde ao grau máximo

O número 4(quatro) corresponde a um valor entre o grau máximo e médio

O número 3 (três) corresponde a um valor médio

O número 2 (dois) corresponde ao valor entre o grau médio e o mínimo

O número 1(um) corresponde ao valor mínimo

A tabela abaixo irá ajudar sua compreensão

5 4 3 2 1

sempre Frequentemente Ás vezes Poucas vezes nunca

Ótimo bom Regular Pouco satisfatório ruim

Muitíssim

o

Muito Razoável Pouco nada

Questões

5 4 3 2

1. Você acha que a estrutura tecnológica do CESC/UEMA ( laboratório,

salas de aulas e equipamentos de informática ) atendem à necessidade de

crescimento e desenvolvimento exigidos pelos alunos?

2. Na sua opinião, os saberes construídos na formação inicial está

preparando os alunos para competir com as outras universidades frente a

um ambiente educacional para utilização das TICs.

3. No seu entender, a UEMA é reconhecida pela comunidade como uma

organização que acompanha as mudanças tecnológicas e as repassa para

seus alunos e sua comunidade.

4. No seu departamento, os docentes são estimulados a se aperfeiçoarem

em nível profissional?

5. Atualmente, você utiliza a internet como ferramenta de ajuda no

processo ensino aprendizagem?

6. Você acha importante o uso da internet na área educacional?

7. Você acha necessário o domínio dos recursos computacionais na

formação do pedagogo?

8. Você acha que os saberes construídos ao longo do curso de Pedagogia

tem ajudado, quanto ao uso tecnológico, tem influenciado em sua

docência?

9. Na sua opinião, você acha que os egressos do curso de Pedagogia do

CESC/UEMA têm demonstrado, na sua atuação docente, preocupação em

melhorar seu desempenho?

10. Em geral, qual sua opinião sobre o desempenho docente dos egressos

do curso de Pedagogia quanto ao uso da informática educacional.

110

APÊNDICE D – ROTEIRO DA ENTREVISTA FEITA COM O PROFESSOR EGRESSO

DO CURSO DE PEDAGOGIA DO CESC UEMA – TURMA 2000.

Objetivo:

Detectar o nível de conhecimento de informática educativa e os saberes dos

professores egressos do curso de Pedagogia turma 2000 ação docente. Total do

universo entrevistado: 08 professores.

Professor entrevistado ________________________________________

Curso ___________________________________________________

Escola _____________________________________________________

Data de entrevista ________/__________/_________.

De acordo com seus conhecimentos responda:

1. Quais os instrumentos tecnológicos que você conhece que estão incorporados no seu

ambiente educacional?

2. Você utiliza as produções tecnológicas que sua escola tem disponível?

3. Se você utiliza as produções tecnológicas, costuma vincular a didática?

4. Para você, quais os impactos que a tecnologia vem causando na educação?

5. Você acha necessária a formação dos professores para atuarem com a informática

educativa? Comente.

6. Você utiliza o computador como ferramenta que ajudará no processo ensino/aprendizagem?

De que forma?

7. Quais os softwares que você conhece?

8. Quais os aspectos utilizados por você na avaliação de software educativo?

9. Você acha importante o uso da internet na área educacional?

10. Pontue 3 vantagens do uso das TICs na educação.

11. Destaque 3 dificuldades para utilização dos recursos que a internet proporciona na

educação.

12. Relacione os equipamentos eletrônicos que possui em casa.

13. Quais os meios de informação que você mais utiliza?

14. Qual o recurso tecnológico que você mais utiliza para facilitar o processo ensino/

aprendizagem?

15. Como você lida com a Internet, em seu trabalho docente e quais estratégias adotadas?

16. Você, egresso do Curso de Pedagogia e atualmente exerce a profissão docente. Que

saberes, em sua formação, contribui com maior frequência para utilização das TICs na

educação, visando o processo ensino aprendizagem e em que momento da formação esses

saberes são mais expressivos?

17. Dê sua opinião sobre o uso da informática na educação.

111

APÊNDICE E – QUESTIONÁRIO APLICADO AO ALUNO

Prezado Aluno,

Este questionário tem como objetivo:

Coletar dados sobre a utilização da tecnologia da informação e comunicação, na formação do

aluno do curso de Pedagogia do CESC/UEMA, com a finalidade de realizar pesquisa do

Curso de Mestrado Acadêmico em Educação pela Universidade Estadual do Ceará.

Total do universo pesquisado: 06 alunos.

1. Período de frequência no Ensino Superior:

( ) Menos de 01 ano ( ) Mais de 02 anos

( ) Mais de 03 anos ( ) Entre 03 a 04 anos

2. Meio de comunicação que costuma utilizar:

( ) Fax ( ) TV ( ) Rádio ( ) Revista ( ) Telefone

( ) Computador ( ) Jornal ( ) Email

3. Você tem noções de Informática Educativa?

( ) Sim ( ) Não

4. Recursos tecnológicos disponíveis para você em casa:

( ) Fax ( ) Email ( ) Computador

( ) Telefone Fax ( ) Modem ( ) Provedor internet

5. Enumere por ordem de prioridade para você, meios de comunicação:

( ) Fax ( ) E mail ( ) Computador

( ) Telefone Fax ( ) Modem ( ) Provedor internet

( ) TV ( ) Livro ( ) Jornal impresso

6. Você conhece um ambiente de Informática Educativa?

( ) Sim ( ) Não

7. Se respondeu sim, qual a característica predominante nos softwares utilizados:

( ) Tutoriais ( ) Banco de dados ( ) Simulação

( ) Planilhas Eletrônicas ( ) Jogos ( ) Editores de texto

( ) Outros __________________________________

8. Ainda com base na questão de número 06, os computadores no ambiente de informática

estão interligados em rede?

( ) Sim ( ) Não

9. Você acha necessário o domínio dos recursos computacionais na formação do pedagogo?

( ) Sim ( ) Não

10. Existe vários pensamentos do uso da informática, um deles é achar que o computador

substituirá o professor, você acha que isso poderá acontecer?

( ) Sim ( ) Não

Justifique sua resposta

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

________________________________________________________________________

112

APÊNDICE F – CRONOGRAMA DE ATIVIDADES DA PESQUISA

ANOS

2012 2013

ATIVIDADES /

AÇÕES

MAI

JUN

JUL

AGO

SET

OUT

NOV

DE

Z

JAN FE

V MAR

Contato com as

professoras egressas do

curso de Pedagogia do

CESC

X X X X X X X X

X

Visita às escola

X X X X

X

Visitas ao CESC

X X

X

Visitas ao NTE X X X X X

Entrevista X X

Transcrição da

Entrevista X

Encontro com os

sujeitos da Pesquisa X X X X

Encerramento das

visitas

X

Submissão do Projeto à

Banca para

Qualificação X

Apresentação da

Pesquisa

X

113

ANEXO – PRINCÍPIOS NORTEADORES DA FORMAÇÃO DO EDUCADOR UEMA

Todos os profissionais que se dirijam para as atividades educacionais devem

ser formados como educadores.

Os educadores devem ser formados para a compreensão da realidade

educacional brasileira de forma a aprendê-la na sua totalidade e complexidade.

A formação do professor, como educador é a base da identidade da formação

do pedagogo, portanto a formação do especialista deve ser feita base em uma

clara destinação profissional, que se define, especialmente, pela revisão da

atual divisão do trabalho no campo educacional.

A formação do educador deve vir conjugada a uma revisão da divisão do

trabalho no interior dos sistemas escolas, de modo a entender as reais

necessidades da educação brasileira bem como a revalorizar o trabalho

docente.

A nova formação do professor enquanto educador, deve pressupor a

valorização da formação geral e pedagógica de modo que o professor se torne

eficaz interessado divulgador de conhecimentos históricos e criticamente

acumulados, para que o maior números de indivíduos possa deles se apropriar,

através do Ensino Fundamental e Médio, bem como se torne capaz de

compreender o sentido educativo dos conhecimentos que transmite e suas

implicações sociais.

Aos educadores deve ser garantida a integração entre a teoria e prática na

formação de sua concepção de educação e na sua seção educativa.

A Universidade Estadual do Maranhão através do curso de Pedagogia, no bojo das

iniciativas e intenções que fazem prosperar cursos, seminários, congressos, simpósios, estaria

ao entendimento das exigências da sociedade que espera na virada do século;

desenvolvimento de raciocínio analítico, habilidade e rapidez para processar informação e

tomar decisões; sólido domínio dos códigos instrumentais da linguagem, da matemática e dos

conteúdos científicos; formação de competências sociais: liderança, iniciativa, capacidade de

tomar decisões, autonomia no trabalho, habilidade de comunicação etc. revelando assim as

características do educador com:

Possibilidade (capacidade) de ler a realidade, de conhecê-la, de interpretá-la;

Intencionalidade em suas ações, capacidade de colocar seus objetivos com

clareza e ética;

Capacidade de compreender o que acontece no fenômeno educação, seus

determinantes históricos, suas relações com a sociedade, com a vida dos alunos

e com a sua própria, para que possa adequar sua ação de intermediação para a

formação do tipo de homem intentado;

114

Capacidade de conhecer e transformar a atividade e a realidade;

Capacidade de refletir a realidade objetiva e o seu próprio ser, utilizando como

instrumento a linguagem;

Capacidade de decidir e de agir responsavelmente para alcançar um fim

determinado em face a realidade;

O seu conhecimento da realidade possibilita-lhe a avaliá-la de acordo com seu

conjunto de valores, ideias e crenças.

Assim o educador consciente não é alguém alheio e alienado no mundo e ao que acontece,

mas a ele pertence e nele participa.

Retirado Projeto Político Pedagógico do Curso de Pedagogia – (UEMA, 2008).