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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ – UNIOESTE CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS – CCSA PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU EM GESTÃO DO COOPERATIVISMO SOLIDÁRIO RATING DO SISTEMA CRESOL JUNTO AO BNDES: ANÁLISE QUANTITATIVA E QUALITATIVA ADRIANO MICHELON FRANCISCO BELTRÃO - PR 2009

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ – UNIOESTE CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS – CCSA

PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU EM GESTÃO DO COOPERATIVISMO SOLIDÁRIO

RATING DO SISTEMA CRESOL JUNTO AO BNDES: ANÁLISE QUANTITATIVA E QUALITATIVA

ADRIANO MICHELON

FRANCISCO BELTRÃO - PR 2009

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ADRIANO MICHELON

RATING DO SISTEMA CRESOL JUNTO AO BNDES: ANÁLISE QUANTITATIVA E QUALITATIVA

Monografia apresentada como requisito parcial à obtenção do título de Especialista no curso de Pós-Graduação lato sensu em Gestão do Cooperativismo Solidário da Universidade Estadual do Oeste do Paraná - UNIOESTE, campus de Francisco Beltrão. Orientador(a): Profª Msc. Delci Grapegia Dal Vesco

FRANCISCO BELTRÃO - PR 2009

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ADRIANO MICHELON

RATING DO SISTEMA CRESOL JUNTO AO BNDES: ANÁLISE QUANTITATIVA E QUALITATIVA

TERMO DE APROVAÇÃO

Esta monografia foi julgada e aprovada como requisito parcial para obtenção do título de

Especialista, pós-graduação em Gestão do Cooperativismo Solidário, da Universidade

Estadual do Oeste do Paraná - Unioeste,

campus de Francisco Beltrão-Pr.

Francisco Beltrão, 03 de novembro de 2009

_______________________________

Profª Msc. Ivanira Correia de Oliveira Coordenadora do Curso

BANCA EXAMINADORA

_________________________________________

Profª Msc. Delci Grapegia Dal Vesco Orientadora

_________________________________________

Prof. Msc. José Maria Ramos Examinador

_________________________________________

Prof. Msc. Hugo Chu Chun Wei Examinador

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RESUMO

MICHELON, Adriano. Rating do Sistema Cresol Junto ao BNDES: Análise Quantitativa e Qualitativa. Francisco Beltrão, 2009. 77f. Monografia (Especialista) – Curso de Pós Graduação Lato Sensu em Gestão do Cooperativismo Solidário. UNIOESTE, Campus de Francisco Beltrão.

O credenciamento de cooperativas centrais de crédito como agente financeiro do BNDES é uma prática recente. A Central Cresol Baser representando o Sistema Cresol de Cooperativas de Crédito, foi a primeira Central a ser credencia pelo banco. Apesar de ser uma instituição financeira autorizada e fiscalizada pelo Banco Central, do Brasil nenhuma central de crédito havia conquistado este espaço, tanto que atualmente além da Central Cresol Baser, apenas mais uma central está credenciada como agente financeiro. Este importante avanço, fez com que a área de risco e credenciamento do BNDES desenvolvesse instrumentos complementares para analisar este segmento, como também fez com que as centrais de crédito desenvolvessem metodologias internas e formatos organizacionais, visando atender esta nova demanda. Dentre elas, está a análise qualitativa, a qual busca a essência organizacional e estratégica da instituição, diferentemente da análise quantitativa que analisa somente dados contábeis e econômicos. A análise está segmentada em quatro distintos blocos, compondo trinta e cinco itens de análises, tema este que é o principal objetivo deste trabalho. Utilizou-se como metodologia, a pesquisa qualitativa, pois o estudo se propôs a apresentar os itens da análise qualitativa da instituição. Quanto aos procedimentos técnicos, a pesquisa caracteriza-se como bibliográfica, documental e estudo de caso, ao adotar para elaboração do trabalho, normativos e documentos internos, publicações, bem como o estudo de caso do Sistema Cresol através da Central Cresol Baser, que a partir deste estudo pôde identificar as ações prioritárias para melhorar seu rating, como agente financeiro. O estudo possibilitou conhecer os itens analisados e como os indicadores determinam o grau de risco da instituição e, conseqüentemente sua capacidade de endividamento junto ao BNDES e partir de então, apontar melhorias necessárias, as quais se agruparam em três eixos estratégicos orientadores para Sistema, que são o investimento em tecnologia, reduzir o risco do negócio com a diversificação das propriedades agrícolas financiadas e uma menor dependência da política publica para fomentar seu desenvolvimento.

Palavras-chave: Rating BNDES. Análise Quantitativa e Qualitativa. Classificação de Risco. Central Cresol Baser. Sistema Cresol.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Quadro 01 - Evolução do Sistema Cresol ............................................................................ 12

Quadro 02 - Classificação de Risco e Alavancagem de Acordo com o Rating ..................... 23

Quadro 03 - Evolução do Limite de Crédito e Classificação de Risco com BNDES ............. 24

Figura 01 - Agricultores Familiares Atendidos pela Cresol .................................................... 27

Quadro 04 - Classificação de Desembolso junto ao BNDES por Agente Financeiro ........... 28

Quadro 05 - Projeção de crescimento do Sistema Cresol (2007-2010) ............................... 31

Figura 02 - Área de Atuação do Sistema Cresol ................................................................... 34

Figura 03 - Vértices de Trabalho ........................................................................................... 35

Figura 04 - Foto da Reunião com Banco do Brasil ................................................................ 38

Figura 05 - Organograma Sistema Cresol ............................................................................. 40

Figura 06 - Curso do Cooperativa Escola ............................................................................ 41

Figura 07 - Assembléia da Central Cresol Baser março de 2009 ....................................... 42

Figura 08 - Foto Posse da Nova Diretoria da Cresol Xaxim .................................................. 43

Quadro 06 – Áreas internas das instâncias do Sistema Cresol ........................................... 45

Figura 09 - Evolução do Quadro de Pessoal do Sistema Cresol ......................................... 46

Figura 10 - Tempo de Casa ...................................................................................................46

Figura 11 - Campanha Publicitária de Poupança de 2009/2010 .......................................... 54

Figura 12 - Folder Promocional do Cartão de Crédito Cresol .............................................. 55

Figura 13 - Programa de Proteção Cresol ............................................................................ 56

Figura 14 - Foto da Casa Financiada para Associado Cresol .............................................. 57

Quadro 07- Composição dos Comitês de Crédito ................................................................. 60

Quadro 08 - Alçada Para a Concessão de Crédito .............................................................. 61

Quadro 09 - Pontuação de Risco de Auditoria ..................................................................... 62

Quadro 10 - Ranking Interno das Cooperativas de Crédito ................................................. 65

Quadro 11 - Matriz de Gestão ............................................................................................. 66

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABO – Associação Brasileira de Ouvidores;

ANCOSOL – Associação Nacional de Cooperativas de Crédito Solidária

ATER – Acompanhamento Técnico e Extensão Rural

BACEN – Banco Central do Brasil; BNDES – Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social;

BRDE – Banco Regional de Desenvolvimento;

CAC – Contrato de Abertura de Crédito;

CCF – Cadastro de Cheques sem Fundos;

CFC – Conselho Federal de Contabilidade; CLD – Crédito de Liquidação Duvidosa;

CMN – Conselho Monetário Nacional; CRESOL – Cooperativa de Crédito Rural com Interação Solidária;

COBAN – Cobrança de Títulos Bancários;

FCR – Fundo de Crédito Rotativo;

FGTS – Fundo de Garantia por Tempo de Serviço;

IBCB – Instituto Brasileiro de Ciência Bancária;

INFOCOS – Instituto de Formação do Cooperativismo Solidário;

MDA – Ministério do Desenvolvimento Agrário;

MAPA – Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento;

PACs – Pontos de Atendimento Cooperativo;

PGPAF – Programa de Garantia de Preços da Agricultura Familiar;

PRONAF – Programa Nacional da Agricultura Familiar;

PSH – Programa Social de Habitação;

RH – Recursos Humanos;

SIG – Sistema Informatizado de Gestão;

SIC – Sistema Informatizado de Crédito;

UNICAFES – União Nacional das Cooperativas de Economia Familiar e Economia Solidária;

UFPR – Universidade Federal do Paraná;

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 08

1.1 Tema ............................................................................................................................... 09

1.1.1 Problema da Pesquisa .................................................................................................. 09

1.2 Objetivos ........................................................................................................................ 09

1.2.1 Objetivo Geral .............................................................................................................. 09

1.2.2 Objetivo Específico ...................................................................................................... 09

1.3 Justificativa .................................................................................................................... 09

2 CARACTERIZAÇÃO DA ORGANIZAÇÃO ....................................................................... 11

2.1 Informações Gerais e Históricas .................................................................................. 11

2.2 Estrutura Organizacional ............................................................................................. 12

3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ......................................................................................... 14

3.1 Risco ............................................................................................................................... 14

3.1.1 Conceito de Risco ........................................................................................................ 14

3.1.2 Categorias de Risco .................................................................................................... 14

3.2 Controle ......................................................................................................................... 15

3.2.1 Pressupostos do Controle ........................................................................................... 16

3.2.2 Fatores Humanos no Processo de Controle ................................................................ 16

3.2.3 Controle Interno ........................................................................................................... 17

3.2.4 Componentes dos Controles Internos ......................................................................... 17

3.2.4.1 Ambiente de Controle ............................................................................................... 17

3.2.4.2 Avaliação de Risco ................................................................................................... 18

3.2.4.3 Atividades de Controle .............................................................................................. 18

3.2.4.4 Informações e Comunicações .................................................................................. 18

3.2.4.5 Monitoramento .......................................................................................................... 19

3.3 Princípios para a Supervisão Bancária Eficaz e Definição de Risco ........................ 19

4 METODOLOGIA ................................................................................................................. 21

5 MÉTODO DE AVALIAÇÃO DE RATING DO BNDES ....................................................... 23

5.1 Fundamentação Teórica ............................................................................................... 24 5.2 Análise Qualitativa ......................................................................................................... 26

5.2.1 Ambiente e Característica do Negócio ........................................................................ 26

5.2.1.1 Mercado, Segmento e Nicho .................................................................................... 26

5.2.1.2 Foco de Atuação ....................................................................................................... 28

5.2.1.3 Estratégia de Competição e Crescimento ................................................................ 29

5.2.1.4 Porte, Adequação e Canais de Distribuição ............................................................. 32

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5.2.1.5 Ambiente e Perspectivas .......................................................................................... 34

5.2.1.6 Planejamento Quanto a Eventual Consolidação do Setor ........................................ 34

5.2.1.7 Capacidade de Adaptação a Cenários Adversos ..................................................... 36

5.2.1.8 Relacionamento Com Partes Não Financeiras .......................................................... 36

5.2.1.9 Suporte e Capacidade ao Grupo Pertencente .......................................................... 38

5.2.2 Organização e Gestão Administrativa ......................................................................... 38

5.2.2.1 Estrutura Administrativa ............................................................................................. 39

5.2.2.2 Qualidade da Gestão e Administradores ................................................................... 40

5.2.2.3 Processo Decisório, Alçadas e Delegação de Competências ................................... 42

5.2.2.4 Situação Sucessória .................................................................................................. 43

5.2.2.5 Transparência dos Negócios ..................................................................................... 44

5.2.2.6 Qualidade do corpo funcional e reputação dos administradores ............................... 44

5.2.2.7 Política de Recursos Humanos, Carreira, Plano de Cargos e Salários e Rotatividade

............................................................................................................................................... 46

5.2.2.8 Projeto de Modernização e implantação em andamento .......................................... 49

5.2.3 Aspectos Operacionais e Gestão de Risco .................................................................. 59

5.2.3.1 Estrutura e Canais de Atendimento ........................................................................... 59

5.2.3.2 Avaliação dos Processos Operacionais, Tesouraria, Créditos e Câmbio ................. 60

5.2.3.3 Processo de Aprovação das Operações de Crédito ................................................. 60

5.2.3.4 Acompanhamento de Controle das Operações ........................................................ 61

5.2.3.5 Sistemas, Processos, Instrumentos e Gestão de Risco ............................................ 63

5.2.3.6 Controles Internos e Gestão de Risco ....................................................................... 63

5.2.3.7 Concentração e Diversificação das Operações ........................................................ 63

5.2.3.8 Origens dos Resultados e Níveis de Provisionamento .............................................. 64

5.2.3.9 Sistemas de Informação e Controle .......................................................................... 64

5.2.3.10 Gestão da Cobrança e Recuperação de Créditos Problemáticos ........................... 66

5.2.4 Estrutura e Qualidade dos Ativos e Passivos ............................................................... 67

5.2.4.1 Políticas de “casamento” entre ativos e passivos ...................................................... 67

5.2.4.2 Fontes de Captação (funding) no Brasil e no Exterior e Estabilidade e Acesso aos

Mercados .............................................................................................................................. 68

5.2.4.3 Risco Fora do Balanço (fianças, cessões de carteira coobrigações) ....................... 68

5.2.4.4 Taxas de Juros, Prazos, Moedas de Denominação .................................................. 68

5.2.4.5 Estabilidade, Diversificação e Destinação dos Resultados ...................................... 69

5.2.4.6 Eficiência dos Modelos de Gestão de Risco (liquidez, mercado) ............................. 69

5.2.4.7 Contingências Judiciais (fiscais, tributárias e trabalhistas) ........................................ 69

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................... 71 REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 74

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1 INTRODUÇÃO

O presente trabalho busca retratar uma iniciativa que vem sendo

desenvolvida pelos trabalhadores rurais ligados a movimento sociais, sindicatos e

outras organizações de agricultores familiares na defesa e busca de alternativas de

desenvolvimento rural sustentável, no qual tem como missão fortalecer e estimular

os agricultores por meio do crédito e da apropriação do conhecimento, visando o

desenvolvimento local sustentável. Para atingir este objetivo, é fundamental possuir

uma fonte repassadora de recursos, neste caso o Banco Nacional de

Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), que tem mantido uma relação de

mais de 10 anos com Sistema Cresol e o tem avaliado constantemente em relação a

sua capacidade de endividamento.

O Sistema Cresol é uma instituição financeira que possui como princípios a

democracia, a articulação com os movimentos populares, ser auto-gestionado por

agricultores familiares, a transparência, a descentralização, a honestidade, a

solidariedade, a cooperação e a ética, com práticas diferenciadas do sistema

financeiro tradicional. Sua principal estratégia é captar recursos no município e

reaplicá-lo no próprio município, como também captar recursos estaduais, nacionais

e internacionais para promover o desenvolvimento local sustentável junto ao seu

quadro social.

O estudo faz um relato da iniciação de um Sistema de Cooperativas de

Crédito ligado a Agricultura Familiar que possui de uma trajetória não ligada a

estruturas financeiras tradicionais ou com experiência na área de crédito e com uma

boa classificação de rating junto ao BNDES.

O trabalho retrata, ainda a pesquisa histórica do Sistema Cresol, que apesar

de pouco mais de 14 anos de existência, tem um acúmulo de eventos em relação ao

planejamento e avaliação do mesmo, sendo esta uma prática sistemática do Sistema

Cresol.

O presente estudo será organizado em quatro partes, a saber: na primeira

será apresentada a introdução contendo tema, problema, objetivos e justificativa; na

segunda, o referencial teórico e histórico; na terceira, o estudo de caso, o objeto de

estudo e os resultados obtidos; na quarta e última, apresentam-se as considerações

finais.

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1.1 Tema Sistema de Classificação de Risco do BNDES: Rating do Sistema Cresol.

1.1.1 Problema de Pesquisa

Como é determinado o rating do Sistema Cresol junto ao BNDES?

1.2 Objetivos

1.2.1 Objetivo Geral

Analisar os indicadores que compõem o rating do Sistema Cresol junto ao BNDES.

1.2.2 Objetivos Específicos

• Contextualizar cooperativismo de crédito em especial as cooperativas de crédito rural

com interação solidária.

• Conceituar o risco em uma instituição financeira.

• Apresentar a evolução do rating do Sistema Cresol junto ao BNDES.

• Identificar os itens analisados pelo BNDES na composição do rating.

• Descrever os itens que compõe a análise qualitativa do Sistema Cresol utilizada pelo

BNDES na definição do rating do Sistema.

1.3 Justificativa O presente trabalho deverá servir como uma reflexão teórica dos 14 anos de

atividade, e contribuir para que os temas abordados sejam discutidos pelos diretores das

cooperativas de crédito, e possa contribuir para orientar os principais desafios do Sistema

Cresol, principalmente relacionado ao rating institucional junto ao BNDES.

Também servirá como um momento raro de registro desta história, no qual há muito

pouco estudo sobre o Sistema Cresol e seu relacionamento como o BNDES, e seus

momentos mais ricos nestes 14 anos e que correm o risco de se perderem com passar dos

anos.

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Apoiar na reflexão sobre a ação administrativa e financeira desenvolvida até aqui,

pois a partir de uma experiência de 14 anos, é possível avançar com maior precisão nas

normas, estratégias e planejamento que interferem no crescimento ou no atendimento do

seu público alvo.

Outro fator relevante é contribuir para que seu planejamento estratégico considere

uma reflexão sobre o passado, e também considere o novo cenário econômico e nível de

concorrência que as cooperativas de crédito possam enfrentar.

Será o primeiro estudo realizado pelo Sistema Cresol que apresenta o registro desta

conquista histórica para um sistema de crédito voltado para agricultores familiares. O

presente estudo servirá de base para o Sistema Cresol aperfeiçoar suas ações, a fim de

melhorar seu desempenho no rating do BNDES e, conseqüentemente melhorar seu limite de

crédito junto à instituição.

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2 CARACTERIZAÇÕES DA ORGANIZAÇÃO O Sistema Cresol é composto por cooperativas de crédito rural, denominadas

cooperativas singulares, as quais se integram por meio da Cooperativa Central de Crédito

Rural denominada Cresol-Baser, todas autorizadas e fiscalizadas pelo Banco Central do

Brasil, sendo caracterizadas além de cooperativas também como instituições financeiras

submentendo-se a esta regulamentação.

2.1 Informações gerais e históricas

O Sistema Cresol é uma rede de cooperativas de crédito rural com interação

solidária que busca promover a inclusão social de agricultoras e agricultores familiares, ao

facilitar o acesso a produtos e serviços financeiros. Foi criado com a missão de atuar no

fortalecimento e estímulo da interação solidária entre estes agricultores e suas

organizações, por meio do crédito e da apropriação de conhecimento, visando o

desenvolvimento local com sustentabilidade.

O Sistema Cresol tem por princípios a interação solidária dos agricultores, a

democratização e profissionalização do crédito, a direção e gestão dos próprios agricultores,

a transparência, a descentralização das decisões e o crescimento horizontal da rede de

cooperativas. Princípios que buscam a ampliação do acesso a serviços financeiros, a

transparência e honestidade na gestão, além de buscar contribuir para o desenvolvimento

socialmente justo e não degradante.

O quadro social do Sistema Cresol é composto exclusivamente por agricultores e

agricultoras familiares, que são responsáveis pela administração das cooperativas. Na

maioria dos casos, os diretores e conselheiros conciliam o trabalho na propriedade e na

cooperativa, ou seja, ao mesmo tempo em que mantém o vínculo com a atividade rural,

estão fazendo a gestão de uma instituição de crédito.

Com isso o Sistema visa o fortalecimento do controle social para, mesmo com o seu

crescimento, garantir que a gestão das cooperativas fique nas mãos dos agricultores.

Em 1995 e 1996 foram criadas as primeiras cinco cooperativas de crédito do Sistema

Cresol, que logo em seguida constituíram a Cooperativa Central Base de Serviços Cresol

(Cresol-Baser). O objetivo da Cooperativa Central de Serviços era apoiar suas filiadas no

desenvolvimento de sistemas informatizados de gestão e controle, normatização,

padronização, contabilidade, formação e interlocução. Nos anos seguintes o Sistema Cresol

avançou nos estados Santa Catarina e Rio Grande do Sul, constituindo novas cooperativas.

Mais tarde, a Cooperativa Central de Serviços foi transformada em Cooperativa Central de

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Crédito e para cada grupo de 5 a 15 cooperativas de crédito foram formadas Bases

Regionais de Serviços, visando dar um atendimento mais qualitativo e próximo das

cooperativas singulares (CRESOL BASER, 2008).

Em setembro de 2000 o Banco Central por meio das resoluções 2.608, posterior

2.771 e 2.554 induz o Sistema Cresol a transformar a então base de serviços em uma

Central de Crédito. A partir deste momento a Cooperativa Central de Crédito Rural com

Interação Solidária – CRESOL BASER, passa a responder solidariamente a todas as suas

filiadas, inclusive tendo que absorver possíveis liquidações de cooperativas singulares,

porém conseguiu-se manter o princípio da não centralização financeira, fortalecendo a

autonomia e a gestão local das cooperativas (CRESOL BASER, 2008).

No final de dezembro de 2008 o Sistema Cresol já era formado por 75 cooperativas,

58 pontos de atendimento cooperativo (PACs) e com quadro social de 62.475 associados, e

atuando em mais de 300 municípios nos estados do Paraná e Santa Catarina conforme

demonstra o quadro evolutivo abaixo:

Indic/ano 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 *2005 2006 2007 2008

Coopera-

tivas

5 7 15 28 31 46 71 75 80 59 65 73 75

12 22 40 58

Associados 1.639 2.674 5.898 11.316 15.175 20.540 29.990 42.375 50.450 34.340 41.040 50.885 62.475

* Em 2005 houve desmembramento do Sistema Cresol em duas Centrais de crédito. Estes dados referem-se a Cresol Baser Quadro 01 – Evolução do Sistema Cresol Fonte: Balanços Publicados pelo Sistema Cresol (1996 a 2008)

Segundo Abramovay (2000) a cooperativa de crédito representa a fusão do

associativismo com o mutualismo e o empreendedorismo. O associativismo traz os

mecanismos de mobilização social das pessoas em torno da atividade cooperativa. O

mutualismo a noção de que a participação econômica dos associados demanda

contrapartidas positivas e negativas. Já o empreendedorismo traz a idéia de que as

cooperativas são empresas que surgem da mobilização social e da ajuda mútua, visando o

desenvolvimento de uma coletividade.

2.2 Estrutura Organizacional

O Sistema Cresol Baser está organizado conforme exigências da legislação

regulamentadora do cooperativismo de crédito no Brasil aliado ao processo de

horizontalização e descentralização, com o objetivo único de permitir o controle social.

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Desta forma as atividades estão definidas por área de atuação, em Cooperativas

Singulares, Cooperativas Centrais Bases de Serviços e Cooperativa Central de Crédito,

conforme organização detalhada no item 5.2.2.1 deste trabalho, por estar incluída nos itens

de análise do rating pelo BNDES.

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3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Esta parte da monografia aborda as bases conceituais de concepção de um sistema

de crédito dirigido e administrado por agricultores familiares, como também a análise de

risco e controle, de controles internos, das regulamentações legais e seus reflexos na

gestão do risco operacional das instituições financeiras, do risco operacional, análise

qualitativa e sua metodologia de mensuração e acompanhamento, particularmente a

utilizadas pelo BNDES.

3.1 Risco

A abordagem sobre controles internos exige, primeiramente, descrever sobre risco,

que é a possibilidade de alguma perda acontecer, que está sempre presente nas atividades

de uma cooperativa de crédito como também de seu quadro social.

3.1.1 Conceito de Risco

O conceito de risco pode ser abordado nas mais diversas dimensões, sendo ele para

cooperativas de crédito, bancos ou qualquer forma de investimento. São possíveis os

seguintes destaques: risco é o grau de incerteza a respeito de um evento; risco é a variação

potencial nos resultados; risco é a probabilidade de ocorrerem fracassos; e, risco pode ser

entendido como condições ou fatos que podem criar situações que podem impedir o alcance

dos objetivos estabelecidos, por isso a necessidade de medi-los (CRESOL BASER 1999).

Conforme Paiva (1997), risco e incerteza não podem ser confundidos e devem ser

entendidos de forma distinta. Existe risco quando o tomador da decisão pode decidir em

cima de probabilidades para estimar resultados e a decisão se baseia em dados históricos.

Em sentido contrário, a incerteza ocorre quando as decisões não se baseiam em dados

históricos acerca de um fato e sim em sensibilidade pessoal.

3.1.2 Categorias de Risco

O primeiro passo para verificar a eficácia dos controles existentes e necessários a

uma instituição é identificar formalmente as categorias de risco, as quais estariam sujeitas

suas atividades e produtos.

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De acordo com interpretação em padrões internacionais, que são apoiados por

discussões mantidas entre diversas instituições do exterior e, tendo como base os Princípios

Gerais para a Efetiva Supervisão Bancária, do Federal Reserve System e Basilee Committe

on Banking Supervision, a Diretoria do BNDES definiu que as seguintes categorias de risco

são aplicáveis à Instituição (BNDES, 2008).

a) Risco Legal: Possibilidade de perdas decorrentes da inobservância de dispositivos

legais ou regulamentares, da mudança da legislação ou alterações na jurisprudência

aplicáveis às transações da organização;

b) Risco de Conjuntura: Possibilidade de perdas potenciais decorrentes de

mudanças verificadas nas condições políticas, culturais, sociais, econômicas ou financeiras

do próprio país ou outros países;

c) Risco Operacional e de Sistemas: Possibilidade de perdas associadas à atividade

operacional que envolva fatores díspares como sistemas inadequados (informação ou

suporte), falhas gerenciais, controles defeituosos ou inadequados, fraude ou erro humano e

catástrofes;

d) Risco de Imagem: Possibilidade de perdas decorrentes de a instituição ter seu

nome desgastado, junto ao mercado ou autoridades em razão de publicidade negativa,

verdadeira ou não;

e) Risco de Mercado: Possibilidades de perdas causadas por mudanças no

comportamento das taxas de juros e câmbio, nos preços de ações e de Commodities e no

descasamento entre taxas/preços, razões e moedas/índices;

f) Risco de Crédito: Possibilidade de perdas resultantes da incerteza quanto ao

recebimento de um valor contratado devido pelo tomador de um empréstimo, contraparte de

um contrato ou emissor de um título;

g) Risco de Liquidez: Possibilidade de perdas decorrentes da falta de recursos

necessários ao cumprimento de uma ou mais obrigações em função dos descasamentos de

captações, bem como possibilidade de perdas devido à incapacidade de se desfazer

rapidamente de uma posição, a um preço razoável, ou obter funding devido às condições de

mercado;

3.2 Controle

Controle são todos os dispositivos que permitem, de alguma forma, evitar, minimizar

ou controlar possíveis perdas não inerentes às atividades ou aos produtos e evitar que se

desviem das normas pré-estabelecidas.

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3.2.1 Pressupostos do Controle

Chiavenato (2000) afirma que o controle pressupõe a existência de objetivos e

planos, pois não é possível controlar sem planos que definam o que deve ser feito. Os

planos devem ser completos, definidos e coordenados. Quanto maior o período do

planejamento, mais eficaz será o controle. Nesse caso, o controle verifica se a execução

está de acordo com aquilo que foi planejado. Afirma ainda que controle é uma função

administrativa. Um processo regulatório, parte do processo administrativo, que mede e

avalia o desempenho e toma a ação corretiva quando necessário. Como os outros

processos administrativos, o controle é dinâmico e transitivo.

A finalidade do controle, conforme Chiavenato (2000), é assegurar que os resultados

das estratégias, políticas e diretrizes (elaboradas em nível institucional), dos planos táticos

(elaborados em nível intermediário) e dos planos operacionais, regras e procedimentos

(elaborados em nível operacional) sejam alcançados de acordo com os objetivos

estabelecidos.

Uma característica marcante do sistema de controle é a estabilidade para absorver

interferências externas sem alterações na busca dos objetivos traçados. A função do

controle também tem a finalidade de manter o sistema dentro dos limites considerados

aceitáveis e em equilíbrio dinâmico (CRESOL BASER, 2008).

3.2.2 Fatores Humanos no Processo de Controle

Segundo Chiavenato (2000), para muitos empregados, o controle é usado para

mensurar resultados e para determinar recompensas e punições. É utilizado também, para

ajustar o comportamento das pessoas às exigências e interesses da empresa. Muitas vezes,

os empregados recebem o controle com severas restrições e dessa forma, podem

desobedecer a regras de segurança sem compreenderem que elas são necessárias à sua

própria proteção.

O mesmo autor, também defende que o controle se refere a qualquer processo pelo

qual uma pessoa determina ou afeta intencionalmente um processo executado por outra

pessoa. Nas empresas este processo pode ser manualizado ou formal, como a formulação

de políticas e a tomada de decisões, a descrição pormenorizada de rotinas, exercício de

autoridade na implementação das decisões a aplicação de recompensas e sanções para a

conformidade ou desvios. Ele também pode incluir mecanismos informais e técnicas, com

pressões não legitimadas, discussões informais e tomada de decisão.

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3.2.3 Controle Interno

Almeida (1996), afirma que o controle interno em uma organização é o conjunto de

procedimentos, métodos ou rotinas com o objetivo de proteger os ativos, produzir dados

contábeis confiáveis e ajudar a administração na condução ordenada dos negócios da

empresa.

Controle interno também é destinado a fazer com que, na cooperativa, os

colaboradores respeitem e tenham total aderência às políticas traçadas pela administração

para que a integridade dos ativos seja protegida. Também afirma de forma bastante simples,

que um bom sistema de controle interno funciona como uma “peneira” na detecção de erros

ou irregularidades (CRESOL BASER, 2008).

Dessa forma, particularizando para instituições financeiras, entende-se controle

interno como os diversos instrumentos de medida, de avaliação e de regulamentação

utilizados para verificação de desempenhos operacionais, considerado com mais atenção às

situações que possam gerar maiores perdas financeiras em função de riscos mais elevados.

3.2.4 Componentes dos Controles Internos

A publicação dos 13 Princípios para Avaliação dos Sistemas de Controles Internos,

emanados pelo Comitê de Supervisão Bancária da Basiléia, solidificaram os alicerces dos

controles internos nas instituições financeiras. Se analisados mais detidamente os 13

Princípios e a Resolução 2.554 do BACEN, publicados em setembro de 1998, é possível

agrupar os princípios e resoluções, por assuntos tratados, em cinco grupos, dando origem

aos componentes dos controles internos: ambiente de controle, avaliação de risco,

atividades de controle, informação e comunicação e monitoramento (CRESOL BASER

2008).

3.2.4.1 Ambiente de Controle

O ambiente interno das instituições financeiras deve ser caracterizado pela

preocupação com a consolidação da cultura do controle, para que todo o pessoal da

organização seja influenciado e conscientizado dos benefícios da aplicação do controle.

Esse ambiente deve ser o fundamento para todos os outros componentes de controle

interno, fornecendo disciplina e estrutura. Os fatores do ambiente de controle devem incluir

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integridade, valores éticos e competência das pessoas da instituição; filosofia da

administração e estilo operacional; forma como a administração distribui autoridade e

responsabilidade, e organiza e treina seu pessoal; e a atenção e direção dada pela Diretoria.

3.2.4.2 Avaliação do Risco

As instituições financeiras enfrentam uma série de riscos de origem externa e interna

que devem ser constantemente avaliados. Uma pré-condição para a avaliação de risco é o

estabelecimento de objetivos relacionados a níveis diferentes e internamente consistentes.

A avaliação de risco é a identificação e a análise dos riscos relevantes para o atingimento

dos objetivos, o que cria uma base para se determinar como gerenciá-los. Como as

condições econômicas, setoriais, regulatórias e operacionais continuarão a se alterar, é

necessário criar mecanismos para identificar e tratar esses riscos especiais associados a

essas alterações.

3.2.4.3 Atividades de Controle

As atividades de controle são as políticas e os procedimentos que ajudam a

assegurar o cumprimento das diretrizes gerenciais. Ajudam a assegurar que as ações

necessárias estão sendo tomadas para avaliar os riscos que ameaçam os objetivos da

empresa. As atividades de controle devem ocorrer em toda a organização, em todos os

níveis e em todas as funções. Incluem uma série de atividades tão diversas como

aprovações, autorizações, verificações, reconciliações, análises de desempenho

operacional, segurança de ativos e segregação de funções (CRESOL BASER, 2008).

3.2.4.4 Informações e Comunicação

A informação pertinente deve ser identificada, capturada e comunicada em forma e

periodicidade que permita às pessoas cumprirem suas responsabilidades. Os sistemas

devem produzir relatórios com informações operacionais, financeiras e de compliance que

tornem possível dirigir e controlar os negócios. Eles devem tratar não só dados gerados

internamente, como também informações sobre eventos externos, atividades e condições

necessárias para subsidiar o processo decisório e a divulgação externa. A comunicação

efetiva também deve ocorrer de forma mais ampla, de cima para baixo e em todos os

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sentidos. Todas as pessoas devem receber uma mensagem clara da cúpula de que o

controle deve ser levado a sério. Também deve haver comunicação efetiva com terceiros,

como clientes, fornecedores, órgãos reguladores e acionistas.

3.2.4.5 Monitoramento

O sistema de controle interno precisa ser monitorado – um processo contínuo que

avalia a qualidade do desempenho do sistema. Isso é conseguido por meio de atividades

permanentes de monitoramento, avaliações individuais ou a combinação das duas. O

monitoramento contínuo ocorre no curso das operações e inclui atividades regulares de

gerenciamento e supervisão, ou outras providências tomadas pelas duas durante a

realização das suas tarefas. O escopo e a freqüência de avaliações individuais dependerá,

primeiramente, da avaliação dos riscos e da efetividade dos procedimentos de

monitoramento contínuo. As deficiências nos controles internos devem ser informadas ao

nível superior, e os problemas mais sérios comunicados à alta gerência e à Diretoria.

3.3 Princípios para a Supervisão Bancária Eficaz e Definição de Risco

Tendo em vista à crescente demanda e a sofisticação das operações financeiras,

bem como os vários problemas com falências bancárias, foi criado, em 1975, o Comitê para

Supervisão Bancária da Basiléia, pelos presidentes dos bancos centrais da Bélgica,

Canadá, França, Alemanha, Itália, Japão, Luxemburgo, Holanda, Suécia, Suíça, Inglaterra e

Estados Unidos. Os principais objetivos do comitê foram:

a) prover um fórum de discussões a respeito da condução de problemas de

supervisão;

b) coordenar as responsabilidades de supervisão entre as autoridades dos países

onde operam bancos de atuação internacional;

c) aperfeiçoar os padrões de supervisão bancária, especialmente com relação à

solvência das instituições financeiras.

Em setembro de 1997, o Comitê de Supervisão da Basiléia publicou os 25 Princípios

para um Sistema de Supervisão Bancária Eficaz que trata sobre as responsabilidades do

órgão regulador do sistema, que deve ser independente operacionalmente e ter recursos

adequados. Esse órgão deve ter autonomia para avaliar as condições dos estabelecimentos

licenciados, podendo rejeitar quaisquer propostas, considerando os riscos envolvidos. As

instituições participantes do sistema devem ser avaliadas, inspecionadas e auditadas,

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inclusive quanto às necessidades mínimas de capital. Devem primar por um sistema de

gestão e informações, possuindo controle sobre concentração de créditos, devendo possuir

um controle eficaz sobre risco de mercado. Os supervisores das atividades bancárias devem

certificar-se de que os bancos tenham controles internos adequados e eficazes (IBCB,

1997).

Princípios emanados pelo Comitê de Supervisão da Basiléia, em setembro de 1998,

tratam sobre a avaliação dos sistemas de controles internos, do monitoramento e da cultura

do controle nas instituições financeiras, da avaliação de risco e da informação e

comunicação. Determina que as diretorias dos bancos devem ser responsáveis pelo

adequado e efetivo sistema de controles internos e pela promoção de altos padrões éticos e

de integridade. Todos os funcionários da organização devem entender a importância dos

controles internos e seus papéis no processo. O sistema de controle interno efetivo requer a

segregação de funções, um consistente sistema de informações, canais de comunicação

eficaz e avaliações periódicas pela auditoria interna (IBCB, 1998).

Em setembro de 1998, o BACEN, em sintonia com as normas e recomendações

emanadas pelo Comitê da Supervisão Bancária de Basiléia e Conselho Monetário Nacional,

resolveu determinar às instituições financeiras a implantação e implementação de controles

internos voltados para atividades por elas desenvolvidas, seus sistemas de informações

financeiras, operacionais e gerenciais e o cumprimento das normas legais e regulamentares

a elas aplicáveis.

Para garantir que a Resolução 2.554/1998 fosse cumprida, o CMN autorizou o

BACEN a: determinar a adoção de controles adicionais se constatada a inadequação dos

controles implementados; imputar limites operacionais mais restritivos para as instituições

que deixem de observar as determinações da Resolução; e, baixar normas e adotar

medidas julgadas necessárias à execução da Resolução (CRESOL BASER, 2008).

Em 2000, o BACEN pela Resolução 2.804/2000, dispõe sobre controles do risco de

liquidez. Em 2002, mediante a Resolução 3.056, de 19/12/2002, promove alterações na

Resolução 2.554 e dispõe sobre a auditoria interna das instituições financeiras e demais

instituições autorizadas a funcionar pelo Banco Central do Brasil. Em 2004, pela Resolução

3.198/2004, altera e consolida a regulamentação relativa à prestação de serviços de

auditoria independente para as instituições financeiras, demais instituições autorizadas a

funcionar pelo Banco Central do Brasil e para as câmaras e prestadores de serviços de

compensação e de liquidação, contemplando também todo o sistema cooperativo de crédito

brasileiro (CRESOL BASER, 2008).

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4 METODOLOGIA

O estudo tem características de pesquisa é qualitativa, bibliográfica, documental e

estudo de caso, a partir do estudo de caso Sistema Cresol e seu relacionamento com o

BNDES, relacionados ao rating de classificação de risco da entidade. Para isso foi

necessário utilizar-se de pesquisa documental.

A pesquisa bibliográfica parte do princípio de levantamento de fontes

primárias e secundárias, impressas ou on-line que são pertinentes e relevantes à área de

gestão do conhecimento, criação de gestão do conhecimento, práticas de gestão do

conhecimento, administração pública e análise de ambiente organizacional. A análise destas

fontes permite um entendimento maior referente ao tema e às relações entre autores da

área de gestão do conhecimento e administração pública. Estas fontes fornecem subsídios

para a coleta, análise e sistematização dos dados e apresentação dos resultados obtidos

(ANDRADE, 1999). A pesquisa bibliográfica constitui parte da pesquisa descritiva ou experimental, quando é feita com o intuito de recolher informações e conhecimentos prévios acerca de um problema para o qual se procura resposta ou acerca de uma hipótese que se quer experimentar (CERVO e BREVIAN, 2003, p. 73).

A pesquisa bibliográfica tem como premissa à utilização de trabalhos já elaborados,

como livros e trabalhos científicos, pois leva o pesquisador a recolher informações

preliminares a respeito do problema para que o estudo não se desvincule da realidade já

estudada.

Segundo Silva e Grigolo (2002), a pesquisa documental vale-se de materiais que

ainda não receberam nenhuma análise aprofundada. Esse tipo de pesquisa visa selecionar,

tratar e interpretar as informações brutas, buscando extrair algum sentido e introduzir-lhe

algum valor, podendo desse modo, contribuir com a continuidade científica a fim de que

outros possam voltar a desempenhar futuramente o mesmo papel.

De acordo com Gil (1999), na pesquisa documental existem os documentos de

primeira mão, ou seja, aqueles que não receberam nenhum tratamento analítico tais como

os documentos conservados em órgãos públicos e instituições privadas, e os documentos

de segunda mão que de alguma forma já foram analisados tais como os relatórios de

pesquisa, os relatórios de empresas e as tabelas estatísticas. Deste modo, a pesquisa

documental organiza as informações encontradas dispersas, passando para um patamar de

dados que possam ser úteis, não apenas para o registro de memórias, mas acima de tudo

promover tendências futuras.

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O estudo de caso vem se consolidando com um dos métodos de pesquisa mais

utilizados na área contábil por se tratar de aplicação de teorias e de analises de dados e

conhecimentos. É a forma de se testar e aprofundar teses, conhecimentos e metodologias.

O estudo de caso é caracterizado pelo estudo profundo e exaustivo de um ou de poucos objetivos, de maneira a permitir conhecimentos amplos e detalhados do mesmo, tarefa praticamente impossível mediante os outros tipos de delineamentos considerados (GIL, 1999, pág.73).

O estudo de caso, segundo Beuren (2004, p.23) “investiga fenômenos

contemporâneos dentro de um contexto da vida real, quando as fronteiras entre fenômenos

e contextos não estão claramente evidentes e no qual fontes múltiplas de evidencia são

usadas.” Sendo assim, o estudo de caso analisa casos particulares (referentes a uma única

organização), tendo como objetivo um aprofundamento exaustivo do objeto de estudo ou

fenômeno, o que permite um conhecimento amplo do mesmo, reúne informações

detalhadas e pertinentes com vista a aprendizagem da totalidade de uma situação e

compreende o ambiente para analisá- lo com intensidade.

Na análise quantitativa, são apresentados os indicadores utilizados na avaliação

quantitativa e a evolução do Sistema Cresol na classificação de risco junto ao BNDES, o

que foi possível utilizando-se de documentos contábeis. Na análise qualitativa o estudo

apresentou os 35 itens exigidos pelo BNDES para esta análise. Para tanto, observou-se

estatutos internos, regimentos, manuais operacionais, organograma institucional e

regulamentos vigentes sejam eles internos ou determinados pelo Banco Central.

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5 MÉTODO DE AVALIAÇÃO DE RATING DO BNDES

A descrição do método de avaliação de instituições financeiras credenciadas é

baseada em seus normativos internos publicados em 2008. Como parte integrante do

Modelo de Gestão do Risco Operacional do BNDES, a metodologia do Rating dos agentes

financeiros, revisado em 2007, introduz uma estrutura e métodos mais abrangentes e mais

sensíveis sob duas perspectivas: o rating analisado de forma quantitativa e o rating

analisado de forma qualitativa como mensuração da exposição a riscos para cada agente

financeiro (BNDES 2008).

O rating é uma classificação atribuída aos agentes financeiros credenciados no país

aptos a operar com o BNDES como repassadores de recursos em função do nível de

controle e conformidade observado na condução de seus processos internos. A partir do

rating é possível identificar os agentes financeiros com menor ou maior nível de exposição a

risco em um conjunto de indicadores. A evolução do rating indicará o nível de eficácia das

ações de controle implementadas e sua solidez na busca de recursos junto aos agentes

financeiros.

As agências são classificadas em dezesseis níveis de risco, sendo que sua variação

sai de B - até AAA, respectivamente podem buscar recursos na ordem de 0,50 de seu

Patrimônio de Referência. Para a instituição classificada com B - até 7,2 vezes seu

Patrimônio de Referência, para a instituição classificada como AAA conforme quadro abaixo.

Classificação Fator de Alavancagem

sobre o Patrimônio Classificação Fator de Alavancagem

do Patrimônio B - 0,50 BBB + 5,50

B 0,70 A - 6,00

B + 1,20 A 6,20

BB - 1,90 A + 6,40

BB 2,50 AA - 6,60

BB + 3,50 AA 6,80

BBB - 4,20 AA + 7,00

BBB 4,90 AAA 7,20

Quadro 02 – Classificação de risco e alavancagem de acordo com rating BNDES Fonte: BNDES, 2008.

O rating é apurado anualmente com base em indicadores calculados a partir dos

balanços contábeis mensais denominados valores quantitativos e qualitativos que se

descreve de forma sucinta na seqüência.

Também é importante destacar que a análise é baseada nas informações do Sistema

Cresol, as quais se detalhará na análise qualitativa, uma vez que é uma forma nova de

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medição de risco que até então a Central Cresol Baser não havia estruturado um estudo

nesta ótica.

O quadro a seguir relata a evolução do Sistema Cresol em seu relacionamento

financeiro junto ao BNDES, sendo que no ano de 2009, foi o primeiro ano que o BNDES

exigiu do sistema também a análise qualitativa.

Ano Condição Classificação Alavancagem Limite De Crédito

1999 Mandatário Não calculada Por contrato 996.000,00

2000 Mandatário Não calculada Por contrato 2.865.000,00

2001 Mandatário Não calculada Por contrato 5.000.000,00

2002 Mandatário Não calculada Por contrato 8.000.000,00

2003 Mandatário Não calculada Por contrato 20.000.000,00

2004 Agente Financeiro B 0,70 do Patrimônio 15.240.000,00

2005 Agente Financeiro BB 2,50 do Patrimônio 80.925.000,00

2006 Agente Financeiro BB + 3,50 do Patrimônio 168.470.000,00

2007 Agente Financeiro BBB - 4,20 do Patrimônio 267.940.000,00

2008 Agente Financeiro BBB 4,90 do Patrimônio 392.000.000,00

2009 Agente Financeiro BBB 4,90 do Patrimônio 503.000.000,00Quadro 03 – Evolução do limite de crédito junto ao BNDES e Classificação de risco Fonte: Sistema Cresol,2009. Observa-se que em seu primeiro ano como agente financeiro, o limite de crédito ficou

abaixo do operado como mandatário, isso se deveu aos critérios utilizados para medir o

risco, os quais estavam fortemente focados na análise quantitativa sem considerar a análise

qualitativa do sistema. É importante destacar que o teto máximo que um agente financeiro

alcança junto ao BNDES é de 7,2 vezes seu patrimônio, portanto o crescimento a partir de

agora passa a ter controles bem mais rigorosos, dentre eles, a análise descrita na

seqüência.

5.1 Fundamentação Teórica Na análise quantitativa o BNDES utiliza indicadores muito semelhantes às empresas

de rating internacional, adicionado algumas particularidades ligadas à característica do

negócio do agente financeiro. No caso do Sistema Cresol são excluídos indicadores de

receita total sobre prestação de serviços, pois o fato de se tratar de uma empresa

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cooperativa faz com que este tipo de receita seja todo ele extraído do próprio quadro social,

portanto deve ser analisado de forma diferenciada. Porém os demais indicadores são

semelhantes aos outros 114 agentes financeiros credenciados junto ao BNDES.

Na seqüência descreve-se os principais itens analisados na análise quantitativa,

sendo todos eles extraídos a partir de informações contábeis enviadas trimestralmente ao

BNDES no mesmo formato enviando ao Banco Central do Brasil, que são: Liquidez justada,

Caixa Livre / Depósitos, Caixa Livre / Depósitos, Endividamento Global, Índice de Basiléia,

Qualidade e Concentração da Carteira, Inadimplência / Patrimônio Líquido Ajustado,

Rentabilidade do Patrimônio Líquido, Cobertura das Despesas Administrativas com

Serviços, Custo Operacional, Risco do Ativo e Risco do Passivo.

a) Liquidez Ajustada

Trata-se a liquidez que a instituição possui, (montante aplicado do mercado

financeiro com disponibilidade até noventa dias) descontadas das obrigações de com

vencimento de até noventa dias. Visa medir a capacidade que a instituição possui de honrar

seus compromissos de curto prazo.

b) Caixa Livre / Depósitos

Montante de recursos de liquidez imediata, divididos pelos depósitos totais da

instituição. Objetiva medir a disponibilidade imediata da instituição.

c) Endividamento Global

Total de divida que a instituição possui com os diversos agentes financeiros,

inclusive o BNDES, divido pelo patrimônio de referência da instituição.

d) Índice de Basiléia

Obedece aos critérios definidos pelo Banco Central em relação a capacidade de

endividamento e alavancagem da instituição financeira.

e) Qualidade e Concentração da Carteira

Analisa os 20 (vinte) maiores devedores em relação ao patrimônio da instituição,

como também a concentração da carteira em relação a carteira toda do agente financeiro.

f) Inadimplência / Patrimônio Líquido Ajustado

Total das operações de créditos vencidas na instituição, divididas pelo patrimônio

líquido mais o valor já provisionado, destas operações de crédito.

g) Rentabilidade do Patrimônio Líquido

Utiliza o resultado do semestre da instituição financeira, dividida pelo seu patrimônio

liquido, buscando a rentabilidade alcançada no período sobre o patrimônio.

h) Cobertura das Despesas Administrativas com Serviços

Receitas dos serviços e garantias prestadas, divididas pelo total dos custos

administrativos da instituição.

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I) Custo Operacional

Despesas administrativas totais, divididas pelo resultado da intermediação financeira,

mais receitas com serviços e outros resultados operacionais da instituição.

j) Risco do Ativo

Ativo ponderado pelos graus de risco definidos pelo Banco Central do Brasil, dividido

pelo ativo total da instituição.

L) Risco do Passivo

Passivo ponderado pelos graus de risco definidos pelo Banco Central do Brasil,

dividido pelo passivo total da instituição.

5.2 Análise Qualitativa Esta é a novidade de analise do BNDES a partir de 2009, e o forte objeto deste

trabalho. Neste sentido a análise qualitativa dividida em quatro blocos, assim distribuída.

a) Ambiente e Característica do Negócio

b) Organização e Gestão Administrativa

c) Aspectos Operacionais e Gestão de Risco

d) Aspectos Financeiros e Econômicos

Na seqüência será detalhada a análise individual de cada um dos quatro blocos

considerando o Sistema Cresol por meio de sua Central Cresol Baser.

5.2.1 Ambiente e Característica do Negócio

O ambiente do negócio em suas características envolve: mercado, segmento e

nicho, foco de atuação, estratégia de competição e crescimento, porte, adequação e canais

de distribuição, ambiente e perspectivas, planejamento quanto a eventual consolidação do

setor, capacidade de adaptação a cenários adversos, relacionamento com partes não

financeiras, e suporte e capacidade ao grupo que pertence.

5.2.1.1 O Mercado/Segmento/Nicho

O objetivo do Sistema Cresol de Cooperativas de Crédito Rural com Interação

Solidária é proporcionar a agricultura familiar condições de vida digna e sustentável no

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campo, por meio da viabilização da infra-estrutura rural necessária à melhoria do

desempenho produtivo e da qualidade de vida da população rural, voltadas à agricultura

familiar.

No final da década de 80, as dificuldades de acesso ao crédito rural, a necessidade

de financiar experiências alternativas da agricultura e a luta dos assentados da reforma

agrária nas regiões Sudoeste e Centro-Oeste do Paraná, levaram algumas organizações a

estruturar um fundo de financiamento para a agricultura familiar – o Fundo de Crédito

Rotativo (FCR).

Esse fundo, financiado pela cooperação internacional, em especial Fundos da Igreja

Católica Alemã, era administrado por entidades/movimentos pastorais, sindicais, não

governamentais, associativas e sem terras, nas regiões Sudoeste e Centro-Oeste. A partir

dessa experiência ficou evidenciada a necessidade de criar uma instituição que pudesse

acessar, canalizar e desburocratizar o crédito rural, além de administrar os recursos de

poupança dos agricultores e prestar outros serviços financeiros que eles demandassem, a

partir dessa necessidade surgiu a Cresol.

Outro fator relevante foi a constituição por parte do governo de uma rede de políticas

públicas permanente que fosse capaz de impulsionar a agricultura familiar dando

estabilidade, garantias e estímulo para a produção, com o objetivo de integrar interesses

convergentes dos municípios com vocação agrícola e mobilizar recursos direcionados ao

fortalecimento da agricultura familiar, adquirindo uma nova visibilidade na sociedade.

Hoje, conforme dados do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), 4,5 milhões

de famílias da agricultura familiar representam 10% do Produto Interno Bruto e produz 70%

de todo o alimento consumido no Brasil. O ponto de partida para essa evolução foi o

Programa de Fortalecimento da Agricultura Familiar (PRONAF), por meio da assistência

técnica, do seguro agrícola e das políticas de comercialização e desenvolvimento territorial.

Figura 01 – Foto de agricultores familiares atendidos pela Cresol Fonte: Central Cresol Baser 2009

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5.2.1.2 Foco de Atuação

O Sistema Cresol está presente nos três estados da região Sul do Brasil, em

localidades onde a agricultura familiar é predominante. Na maioria dos casos, as

cooperativas surgem em regiões onde já se verifica um histórico de organização social ou

política. Ou seja, as cooperativas de crédito surgem como um novo instrumento a

complementar os trabalhos de outras entidades ligadas à agricultura familiar, com foco na

permanência das famílias no campo, em condições dignas de sobrevivência.

Os associados das cooperativas Cresol são exclusivamente, agricultores familiares,

responsáveis pela gestão das cooperativas, garantindo assim o controle social e a

administração participativa.

A atuação do Sistema Cresol Baser é voltada para as operações de micro-crédito,

linhas de crédito do BNDES e áreas subsidiadas do governo, visando o fortalecimento dos

agricultores e contribuindo para o desenvolvimento social sustentável.

O foco de atuação também pode ser avaliado pelo posicionamento do Sistema

Cresol no ranking de instituições credenciadas junto ao BNDES, principalmente quando

olhado pela média dos valores por contrato, que é a maior pulverização que o BNDES

possui.

A Cresol Baser ocupa atualmente 29ª posição no Ranking das Instituições

Credenciadas ao BNDES (BNDES, 2008). Essa trajetória constitui um ambiente institucional

favorável, confirmando que o cooperativismo de crédito solidário é um caminho promissor

para ampliar o uso dos recursos do crédito rural oficial junto aos agricultores familiares de

baixa renda, modificar o quadro de exclusão bancária, democratizar o Sistema Financeiro

Nacional e melhorar o sistema de produção. O quadro 4 a seguir mostra a evolução do

ranking de desembolso da Cresol Baser nos últimos três anos. Instituição

Volume Aplicação

Mil R$

Número de Contratos

Ranking

2008

Ranking

2007

Ranking

2006

Banco do Brasil 8.996.000 54.201 1 2 2

Bradesco 8.924.000 50.494 2 1 1

Unibanco 5.047.000 9.742 3 3 3

BRDE 1.326.000 3.790 11 11 14

Brasicredi 319.000 7.592 19 24 41

Central Cresol Baser 141.000 15.418 29 41 55

Cresol Central 81.000 6.690 32 47 64

Bancoob 49.000 703 38 32 47

Quadro 04 – Classificação de desembolso junto ao BNDES por agente financeiro Fonte: BNDES, 2009, ranking de desembolso dos agentes financeiros credenciados.

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Com fortalecimento do cooperativismo de crédito, várias instituições estão atuando

nesse segmento, atualmente SICREDI1 e SICOOB2 são instituições financeiras

cooperativistas de livre adesão, porém com maior atuação nos centros urbanos e

atendimento a empresários rurais, diferenciando-se do Sistema Cresol que tem sua atuação

na agricultura familiar.

5.2.1.3 Estratégia de Competição e Crescimento

Com o crescimento do Sistema Cresol Baser faz-se necessário planejar e garantir

meios para que os resultados possam ser atingidos de maneira consistente. Para 2009 e

2010 várias são as metas estabelecidas. A seguir um breve relato do planejamento para

esse período:

Assessoria Jurídica - Criação de uma área específica para a Recuperação de Crédito.

- Padronização das regras de cobrança.

- Reestruturação institucional com a padronização dos regimentos internos e

centralização dos atos assembleares.

- Criação de um código de postura e procedimentos disciplinares para funcionários e

diretores.

Parcerias e Convênios - Fortalecer a parceria com o INFOCOS3, nos programas do curso de cooperativismo

e cooperativa escola.

- Fortalecer a ação da UNICAFES4.

- Manter os convênios de cooperação técnica com sistemas de crédito dos estados

de Minas Gerais e Espírito Santo.

Área Institucional - Constituição da área de risco operacional.

- Ampliação da área de formação em todos os níveis.

1 Sicredi: Sistema de Crédito Cooperativo. 2 Sicoob: Sistema de Cooperativas de Crédito do Brasil. 3 Infocos: Instituto de Formação do Cooperativismo Solidário 4 Unicafes: União Nacional das Cooperativas da Agricultura Familiar e Economia Solidária.

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- Implantação de um amplo programa de assistência técnica.

- Concluir a pesquisa com a Fundação Getúlio Vargas sobre microcrédito.

- Negociar junto ao governo federal um programa permanente de habitação.

- Retomar a discussão no microcrédito no público não rural.

- Construção do planejamento estratégico 2010-2015.

- Expansão da marca em outras regiões do Brasil.

- Normatizar o papel das três instâncias: Central, Base e Cooperativas.

BNDES – Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social - Melhorar classificação no Rating do BNDES.

- Melhorar a formalização nas liberações do custeio, incluindo novas linhas de

produtos.

- Acesso a novas linhas de financiamento disponibilizadas pelo BNDES.

- Fortalecer a aplicação do programa de capitalização das cooperativas (Cresolcap).

- Liberar o convênio de 20 milhões de Microcrédito.

Banco do Brasil - Garantir agilidade nas liberações de recursos.

- Negociar redução de custos dos serviços bancários.

Bancos Privados e Serviços Prestados - BRDE – Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul

- Banco Safra

- Banco Bradesco

- Bansicredi

- Operar as linhas de crédito já existentes, ampliar operacionalização de novas linhas

e negociar remuneração.

- Renovar os limites junto ao Bradesco.

- Ampliar o limite junto ao Banco Safra.

- Manter os serviços junto ao Bansicredi (convênio conta de reservas bancárias ) e

identificar novos produtos e serviços.

- Estudar novas parcerias para o serviço de compensação.

Banco Central - Apresentar o plano de expansão do sistema (interno e externo).

- Realizar treinamento para cooperativas, para padronizar os atos assembleares e

centralizar os processos assembleares.

- Discutir aplicação das exigências do Basiléia II.

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- Revisão da resolução nº 3.442, garantindo sua aplicabilidade plena.

- Estratificação do cooperativismo de crédito.

Relações Internacionais - Fortalecer a relação com o Trias5.

- Ampliar a parceria com Rabobank6 e BRS7.

- Efetuar intercâmbio com entidades internacionais.

- Conhecer novas experiências do cooperativismo internacional.

- Realizar reuniões bimestrais do conselho de administração da central nas bases

regionais, com a presença de todos os diretores das cooperativas singulares das

respectivas bases regionais.

- Dar continuidade nas reuniões bimestrais ampliadas do Conselho de Administração

da Central, com presença das Executivas Regionais.

Abaixo a projeção de crescimento do Sistema Cresol Baser tomando como base o

ano de 2007 com projeção para 2010.

Indicador Real 2007 Meta 2010 % Aumento

Nº Postos de Atendimento 113 210 86%

Nº Associados 62.474 80.000 28%

R$ Patrimônio Liquido 82.398.252 130.000.000 58%

R$ Depósitos + Patrimônio = Média 3.522 5.000 42%

Nº Funcionários e Diretores 578 800 38%

Pronaf – Investimento 72.915.916 90.000.000 23%

Pronaf – Custeio 164.002.021 230.000.000 40%

Investimentos Liberados 494.380.000 600.000.000 42%

R$ Ativos 603.991.000 950.000.000 57%

Quadro 05 – Projeção de crescimento do Sistema Cresol Fonte: Sistema Cresol 2006

5.2.1.4 Porte, Adequação e Canais de Distribuição

5 Trias - ONG Belga, parceira do Sistema Cresol Baser a partir de 1995, atua na expansão do

cooperativismo de crédito e economia solidária no Brasil é facilitador nas relações internacionais do Sistema Cresol Baser.

6 Rabobank – Banco Holandês tem suas políticas internacionais voltadas para a área de agrobusiness e alimentos e está presente em mais de 41 países.

7 BRS – Banco Belga, parceiro desde 2004, oferece apoio ao projeto de estruturação de auditorias, classificação das cooperativas e desenvolvimento do sistema de Intranet.

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Respeitando a estrutura organizacional que combina exigências da legislação

regulamentadora do cooperativismo de crédito no Brasil com processo de horizontalização e

descentralização, contribuindo para o desenvolvimento das regiões onde atua, o Sistema

Cresol está organizado em 9 Bases Regionais, 75 Cooperativas de Crédito e 58 PACs –

Postos de Atendimento, atendendo dessa forma em 372 municípios dos estados do Paraná

e Santa Catarina.

As cooperativas Cresol gestionam o crédito de forma diferente de outras instituições

financeiras, captando recursos no município para reaplicá-lo no próprio município, captando

recursos externos e aplicando em ações que promovam o desenvolvimento local.

Atualmente a Cresol Baser tem abrangência de atuação nos seguintes municípios

dos estados do Paraná e Santa Catarina:

Paraná: Adrianópolis, Tunas do Paraná, Ampére, Pinhal de São Bento, Bela Vista da

Caroba, Boa Ventura de São Roque, Cândido de Abreu, Reserva, Rio Branco do Ivaí,

Candói, Foz do Jordão, Goioxim, Capanema, Braganey, São Miguel do Iguaçu, Formosa do

Oeste, Jesuítas, Nova Aurora, Tupãssi, Iracema do Oeste, Corbélia, Assis Chateaubriand,

Cascavel, Castro, Piraí do Sul, Jaguariaíva, Cerro Azul, Doutor Ulisses, Guaraqueçaba,

Antonina, Morretes, Chopinzinho, Sulina, Saudade do Iguaçu, Clevelândia, Contenda,

Quitandinha, Tijucas do Sul, Pien, Agudos do Sul, Araucária, Coronel Domingos Soares,

Palmas, Bituruna, Pato Branco, Coronel Vivida, Mariópolis, Cruz Machado, União da Vitória,

Porto Vitória, Paula Freitas, Paulo Frontin, Antonio Olinto, Dois Vizinhos, Cruzeiro do Iguaçu,

Boa Esperança do Iguaçu, Enéas Marques, Francisco Beltrão, Grandes Rios, Borrazópolis,

Marilândia do Sul, Faxinal, Cruzmaltina, Guaraniaçu, Guairá, Nova Santa Rosa, Diamante

do Sul, Honório Serpa, Clevelândia, Mangueirinha, Palmas, Coronel Domingos Soares,

Ibema, Campo Bonito, Catanduvas, Itapejara d'Oeste, Bom Sucesso do Sul, Itaperuçu,

Bocaiúva do Sul, Campina Grande do Sul, Campo Magro, Ivaiporã, Ariranha do Ivaí, Arapuá,

Jardim Alegre, Barboza Ferraz, Borrazópolis, Lapa, Laranjeiras do Sul, Porto barreiro,

Marquinho, Nova Laranjeiras, Rio Bonito do Iguaçu, Lindoeste, Ouro Verde, Toledo, Santa

Tereza do Oeste, Santa Lucia, Londrina, Sertanópolis, Nova Santa Bárbara, Assaí,

Tamarana, São Jerônimo da Serra, Cambe, Ibiporã, Mangueirinha, Marmeleiro, Campo Ere,

Flor da Serra do Sul, Medianeira, Serranópolis do Iguaçu, Missal, Itaipulândia, Ramilândia,

Nova Esperança do Sudoeste, Eneas Marques, Nova Prata do Iguaçu, Pérola do Oeste,

Pinhão, Reserva do Iguaçu, Bituruna, Guarapuava, Pitanga, Mato Rico, Nova Tebas, Manoel

Ribas, Roncador, Iretama, Planalto, Pranchita, Prudentópolis, Guamiranga, Ivaí, Imbituva,

Realeza, Vitorino, Renascença, Rio Bonito do Iguaçu, Rio Branco do Sul, Almirante

Tamandaré, Rosário do Ivaí, Salgado Filho, Manfrinópolis, Salto do Lontra, Nova Esperança

do Sudoeste, Santa Izabel do Oeste,Santa Lúcia, Santa Helena , Entre Rios, Capitão

Leônidas Marques, Santa Maria do Oeste, Palmital, Campina do Simão, Goioxim, Laranjal,

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Nova Cantu, Altamira do Paraná, Santo Antônio do Sudoeste, Bom Jesus do Sul, São João,

São João do Triunfo, Fernandes Pinheiro, Teixeira Soares, Rebouças, Irati, São Jorge do

Oeste, Quedas do Iguaçu, São João, Três Barras do Paraná, Pato Bragado, Quatro Pontes,

Mercedes, Boa Vista da Aparecida, Marechal Candido Rondon, Turvo, Guarapuava,

Campina do Simão, São Pedro do Iguaçu, São José das Palmeiras, Céu Azul, Diamante do

Oeste, Vera Cruz do Oeste, Verê, Virmond, Cantagalo, Matinhos e Guaratuba.

Santa Catarina: Abelardo Luz, Faxinal dos Guedes, Passos Maia, Ponte Serrada,

Vargeão, Bom Jesus, Ipuaçu, Ouro Verde, Atalanta, Agronômica, Rio do Sul, Agrolândia,

Trombudo Central, Braço do Trombudo, Otacílio Costa, Águas de Chapecó, Caxambu do

Sul, Cunhataí, Planalto Alegre, São Carlos, Nova Itaberaba, Águas Mornas, Angelina, São

Bonifácio, Rancho Queimado, Anitapólis, Santo Amaro da Imperatriz, Governador Celso

Ramos, Antonio Carlos, Biguaçu, São Pedro de Alcântara, Major Gercino, Palhoça, São

José, Blumenau, Indaial, Timbó, Pomerode, Benedito Novo, Rio dos Cedros, Ascurra,

Rodeio, Dr. Pedrinho, Botuverá, Brusque, Guabiruba, Vidal Ramos, São João Batista,

Canelinha, Nova Trento, Ibiam, Campos Novos, Herval do Oeste, Videira, Rio das Antas,

Arroio Trinata, Pinheiro Preto, Monte Carlo, Iomere, Ibicaré, Fraiburgo, Tangará, Herval

Velho, Imaruí, Laguna, Pedras Grandes, Paulo Lopes, Gravatal, Braço do Norte, São

Martinho, Armazém, Ituporanga, Petrolandia, Imbuia, Vidal Ramos, Chapadão Lageado,

Leoberto Leal, Aurora, Atalanta, Luís Alves, Schroeder, Rio dos Cedros, Massaranduba, São

João de Itaperui, Navegantes, Ilhota, Laurentino, Dr. Pedrinho, Gaspar, Guaramirim,

Piçarras, Penha, Itajaí, Barra Velha, Imbituba, Indaial, Paulo Lopes,Tubarão, Capivari de

Baixo, Garuva, Joinvile, Corupá, Araquari, São Francisco do Sul, Itapoá, Barra do Sul,

Tijucas, Benedito Novo, Rio do Oeste, Camboriú, Ouro, Lacerdopolis, Ipira, Jaborá, Campos

Novos, Zortea, Capinzal, Presidente Castelo Branco, Ibicaré, Piratuba, Catanduvas, Treze

Tílias, Joaçaba, Água Doce, Herval do Oeste, Luzerna, Santiago do Sul, Quilombo, Formosa

do Sul, São Bernardino, Galvão, São Lourenço do Oeste, Jupiá, São Domingos, Coronel

Martins, Novo Horizonte, Irati, Jardinópolis, União do Oeste, São Miguel do Oeste,

Bandeirante, Paraíso, Barra Bonita, Descanso, Guaraciaba, Schroeder, Joinvile,Guaramirim,

Jaraguá do Sul, Xaxim, Lajeado Grande, Marema e Entre Rios.

Há previsão de expansão de atividades, pretendendo-se inaugurar mais 62 PACs

entre 2009 e 2010, com potencial de alteração para futuras cooperativas.

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Figura 02 – Área de Atuação do Sistema Cresol Fonte: Sistema Cresol, 2009.

5.2.1.5 Ambientes e Perspectivas

A agricultura familiar é fornecedora de grande parte da produção nacional de

alimentos que os brasileiros consomem a cada dia recebeu políticas públicas permanentes

de incentivo e adquiriu uma nova visibilidade.

A maior oferta de recursos juntou-se a simplificação e a modernização do acesso ao

crédito, que alcança quase a totalidade do território brasileiro. Inovações possibilitaram que

um milhão de famílias obtivesse financiamento agrícola pela primeira vez na vida, conforme

dados do MDA.

5.2.1.6 Planejamento Quanto a Eventual Consolidação do Setor

Com o objetivo de crescimento programado e maior atuação nas regiões onde a

agricultura familiar é predominante, a área de Expansão da Central Cresol Baser tem

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responsabilidade de articular processos de abertura de novas cooperativas e postos de

atendimento.

A expansão é realizada por meio da articulação com o órgão regulador que é o

Banco Central do Brasil, e apoio dos órgãos representativos do cooperativismo: Associação

Nacional das Cooperativas de Crédito Solidária (Ancosol), com a União Nacional das

Cooperativas de Economia Familiar e Solidária (Unicafes) e Infocos. Tem sua atuação

focada no fortalecimento do Sistema Cresol Baser com base nas seguintes vértices de

trabalho:

Figura 03 – Vértices de Trabalho Fonte: Sistema Cresol, 2009.

Além da expansão na área de atuação já existente, a Central Cresol Baser vem

desde 2001 assessorando iniciativas de cooperativismo de crédito solidário em outras

regiões do Brasil, como por exemplo: Espírito Santo, Bahia, Alagoas, Minas Gerais,

Rondônia, Goiás, Sergipe e Mato Grosso e São Paulo.

O apoio às iniciativas é viabilizado por meio de Termo de Cooperação Técnica onde

a Cresol Baser disponibiliza profissionais habilitados para o assessoramento e

desenvolvimento das atividades.

As principais metas da área de Expansão para 2009 são:

- Elaborar a Matriz de Planejamento e Avaliação para PACs – Postos de

Atendimento, por meio de um software de avaliação de planejamento econômico e

financeiro.

- Estruturar abertura, funcionamento e planejamento econômico dos PAC’s – Postos

de Atendimento.

- Viabilizar a abertura de 35 PAC’s, 07 cooperativas e 01 base regional no Paraná.

- Fomentar estruturação de novas cooperativas nos estados do Espírito Santo e

Minas Gerais, com meta de criação futura de uma Central de Crédito.

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- Intensificar o acompanhamento técnico e diretivo as cooperativas de São Paulo,

Goiás, Mato Grosso, Rondônia e Amazonas.

5.2.1.7 Capacidade de Adaptação a Cenários Adversos

Hoje o Sistema Cresol Baser conta a capacidade de operar com Programa de

Garantia de Preços à Agricultura Familiar (PGPAF), que tem por objetivo assegurar o preço

mínimo e justo para o produtor comercializar sua produção, concedendo desconto aos

mutuários de operações de crédito de custeio.

A Secretaria da Agricultura Familiar por meio de portaria no Diário Oficial da União

informa os percentuais de descontos nos produtos beneficiados dentro do mês em curso.

O desconto de preço para cada produto é a diferença entre o preço de garantia

(preço mínimo) e o preço de comercialização, sendo que o percentual deve ser aplicado

sobre o saldo devedor a ser amortizado ou liquidado.

Esse programa tem parceira com governo federal por meio da Secretaria do Tesouro

Nacional.

Todos os empreendimentos zoneados têm como obrigatoriedade a contratação do

PROAGRO8, que permite perante uma situação adversa de doenças sem método de

controle difundido ou de frustração climática minimizar as perdas para os agricultores,

através do Seguro da Agricultura Familiar. Se o associado teve indenização de PROAGRO,

o Bônus se dará somente sobre o saldo devedor já descontado o valor indenizado.

A área de Carteira Operacional da Central Baser é criteriosa e correta no processo

de análise e liberação do PROAGRO, monitorando e organizando desde notas fiscais,

zoneamentos, área plantada, e outros critérios exigidos para que ao final o agricultor possa,

se necessário, ter acesso a liberação ao benefício.

5.2.1.8 Relacionamento com partes não financeiras

As parcerias têm como objetivo somar esforços na integração das organizações, no

fortalecimento de iniciativas de desenvolvimento das cooperativas.

8 Proagro: Tem como objetivo exonerar produtores rurais de obrigações financeiras, bem

como indenizar parcela de recursos próprios dos produtores vinculados a operações de custeio rural (agrícola), em decorrência de perdas de receitas ocasionadas por fenômenos naturais, pragas e doenças e Incentivar a utilização de tecnologia adequada às atividades agropecuárias: fatores de produção e assistência técnica.

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Manter bom relacionamento com parceiros do Sistema Cresol Baser é interesse da

instituição com o escopo de manter canais de diálogo permanentemente abertos ou na

busca de alternativas que ofereçam condições necessárias para o desenvolvimento dos

diferentes projetos de vida e de produção das famílias agricultoras.

O Sistema Cresol Baser reconhece a importância e apóia a participação de seus

funcionários e diretores nas atividades das associações e entidades de classe em que

esteja filiada, visando não apenas a defesa dos interesses da instituição, mas também a

integração de seus funcionários.

São parceiros:

Infocos – É uma instituição ligada a Central Cresol Baser, tem como desafio atuar

junto ao quadro social oferecendo capacitação e educação.

Ancosol – Tem como objetivo ampliar os poderes políticos e jurídicos, contribuindo

para a dinamização sócio-econômica da agricultura familiar.

Unicafes – Têm como missão tornar o cooperativismo um instrumento popular de

desenvolvimento sustentável e social dos produtos e agricultores familiares, articulando

iniciativas econômicas que ampliem as oportunidades de trabalho, distribuição de renda, de

produção de alimentos e melhoria na qualidade de vida.

Confederação das Cooperativas Centrais de Crédito Rural com Interação Solidária

(Confesol) tem como objetivo difundir o cooperativismo de crédito, através da promoção da

educação cooperativista e organizando os serviços de interesse das associadas.

Complementam as parcerias dos Sistemas Cooperativos: Central das Cooperativas

de Leite (Sisclaf), Coorlaf, Cooplaf, Cooperativas de Comercialização – Coopafi e

Cooperiguaçu.

As cooperativas de crédito também se articulam com os Fóruns Regionais de

entidades da Agricultura Familiar, movimentos sindicais dos trabalhadores rurais e da

agricultura familiar, Conselhos de Desenvolvimento Territorial, Conselhos Estaduais de

Desenvolvimento Rural e da Agricultura Familiar (Cedraf).

Atualmente a Cresol possui assento nos Conselhos Estaduais e Nacional de

Desenvolvimento Rural e da Agricultura Familiar, órgãos de representatividade do

cooperativismo familiar.

O Sistema Cresol também mantém parcerias com Ministério do Desenvolvimento

Agrário (MDA), da Agricultura (MAPA), das Cidades, com Secretaria Estadual da Agricultura

e Abastecimento (SEAB), EMATER, EMBRAPA, IAPAR, SEBRAE, EPAGRI, Universidade

Federal do Paraná (UFPR), Escola técnica UTFPR, universidades estaduais, institutos de

pesquisa, entre outros.

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5.2.1.9 Suporte e Capacidade ao Grupo que Pertence

Hoje o Sistema de Crédito Cooperativo da Agricultura Familiar é reconhecidamente

uma referência no cenário nacional, com o objetivo de construir um novo modelo de

cooperativismo de crédito na agricultura familiar.

Ampliar o acesso ao crédito, aos serviços financeiros e fortalecer parceiras com

instituições financeiras propiciam com que as cooperativas sejam instrumento de

desenvolvimento local.

Consolidar ações como Acompanhamento Técnico em Extensão Rural (ATER),

organização da produção, políticas de transformação e comercialização são uma realidade

próxima e pautada na nossa rotina. Dessa forma, buscar um canal de diálogo sempre aberto

com nossos parceiros, para mostrar o profissionalismo e eficiência, garantindo assim

consolidar e ratificar o espaço e importância do segmento no Sistema Financeiro Nacional.

A figura 4 a seguir apresenta uma reunião realizada com gerentes de agronegócios.

Figura 04 – Reunião com Gerentes de Agronegócios do Banco do Brasil do PR e SC e Central Cresol Baser em 2009 Fonte: Cresol Baser, 2009

Na apuração do rating são observados limites máximos de exposição a riscos

operacionais que serão tolerados em cada indicador, bem como são observadas faixas para

determinação do rating. Tais aspectos não serão descritos mais detalhadamente na

estruturação do trabalho final.

5.2.2 - Organização e Gestão Administrativa

Em organização e gestão administrativa, são avaliados: Estrutura administrativa,

qualidade da gestão e administradores, processos decisórios, alçadas, delegação de

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competência, situação sucessória, transparência dos negócios, qualidade do corpo

funcional, experiência e reputação dos administradores, política de RH, carreira, plano de

cargos e salários e rotatividade, e projeto de modernização implantações em andamento.

5.2.2.1 Estrutura Administrativa

O Sistema Cresol Baser está organizado conforme exigências da legislação

regulamentadora do cooperativismo de crédito no Brasil aliado ao processo de

horizontalização e descentralização, com o objetivo único de permitir o controle social.

Desta forma as atividades estão definidas por área de atuação, conforme definição:

Cooperativas Singulares, Bases Regionais de Serviços e Central de Crédito, descritas a

seguir.

a) Cooperativas Singulares: são cooperativas que atuam diretamente com o público

do Sistema Cresol, os agricultores (as) familiares. Têm como objetivo facilitar o acesso ao

crédito rural e a serviços financeiros, buscando a viabilização da agricultura familiar e

contribuindo para um projeto de desenvolvimento local sustentável. Estimulam a formação, a

capacitação e a organização dos associados a fim de ampliar o controle social, orientando

relações de parceria em nível local. Os recursos captados pelas singulares são aplicados

localmente, contribuindo com a economia dos municípios e o desenvolvimento local. Tem no

seu corpo funcional Diretor eleito, em Assembléia, com funções definidas em estatuto, mas

com foco principal de gerir a cooperativa, bem como garantir bom relacionamento com

parceiros locais. Para o andamento das atividades nas cooperativas fazem parte do quadro

funcional: Coordenadores de Caixas, Caixas, Técnicos Agropecuários, Analistas de Carteira

de Crédito, Analista Financeiro, Auxiliar Administrativo e Ajudante de Serviços Gerais.

b) Bases Regionais de Serviços: tem caráter de prestação de serviço de caráter

operacional, agregam cooperativas singulares por proximidade. Tem a responsabilidade de

organizar e oferecer serviços de formação ao Programa dos Agentes Comunitários de

Desenvolvimento e Crédito, contabilidade, informática e demais atividades relacionadas ao

cooperativismo de crédito rural. Porém importante ressaltar que as Bases Regionais não são

instituições financeiras. Seu quadro funcional é composto por: Diretor, Contador, Técnico

Agropecuário, Analista Informática e Auxiliar Administrativo. Atualmente 9 Bases Regionais

realizam assessoria e acompanhamento da rotina das cooperativas.

c) Central Cresol Baser: sua função é de organizar financeiramente o sistema,

oferecer assessoria técnica as cooperativas singulares nas áreas de Carteira Crédito,

Recursos Humanos, Financeiro, Controladoria, Assessoria de Comunicação e Marketing,

Comércio Eletrônico, Produtos e Serviços, Assessoria Jurídica e também mantém uma

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equipe de Auditoria Interna. Tem atuação permanente e com foco em garantir a

representação legal e política do Sistema Cresol Baser junto ao Banco Central, parceiros e à

sociedade civil. Também estabelece e fomenta as relações de parceria nas organizações da

agricultura familiar, nas instituições públicas e privadas, de forma a assegurar a

sustentabilidade institucional do Sistema. Atualmente a Central Baser esta sediada no

município de Francisco Beltrão, Paraná.

Para melhor entendimento a figura abaixo esclarece os níveis de atuação de cada

segmento:

Figura 05 – Organograma Sistema Cresol

Central Cresol Baser

Cooperativa Singular

Cooperativa Singular

Base Regional

Associado

Associado

Fonte: Sistema Cresol, 2009 5.2.2.2 Qualidade da Gestão/Administradores

A gestão do Sistema Cresol Baser está respaldada no fortalecimento e estímulo da

interação solidária entre os agricultores e suas organizações, por meio do crédito e da

apropriação de conhecimento, visando o desenvolvimento local com sustentabilidade.

Assim a gestão das Cooperativas, Bases e Diretoria Executiva é realizada por

Diretores que compõe o quadro social e tem suas atividades na área rural em regime de

economia familiar.

As oportunidades são oferecidas em direito de igualdade ao quadro social, dessa

forma todo agricultor familiar interessado em participar da cooperativa deverá freqüentar,

com aproveitamento, um curso básico de cooperativismo que é ministrado pela cooperativa

ou outra entidade. Baseado no princípio que o conhecimento é uma das ferramentas de

emancipação e fomento ao cooperativismo solidário, o Infocos em conjunto com a Central

Baser, constituíram em 2009 o Programa “Cooperativa Escola”, que tem como foco a

capacitação de conselheiros, diretores, funcionários, colaboradores que compõem o quadro

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social das cooperativas visando melhoria na prática de gestão e atendimento ás exigências

legais.

Com o Programa “Cooperativa Escola”, o Infocos pretende sistematizar, reorganizar

e aprofundar as práticas já realizadas e, ainda propor outras experiências de acordo com as

necessidades da Agricultura Familiar e do Cooperativismo Solidário.

Figura 06 – Curso do Cooperativa Escola Fonte: Cresol Baser, 2008

O Programa dos Agentes Comunitários de Desenvolvimento e Crédito foi criado no

ano 2000 com o objetivo de promover a participação dos associados no processo de gestão

das cooperativas. Os Agentes são agricultores que, além de ajudar nas tarefas operacionais

da cooperativa, provocam o debate nas comunidades sobre temas importantes para o

fortalecimento da agricultura familiar, como o desenvolvimento local e o controle social. Eles

também possibilitam a auto-fiscalização da aplicação do crédito nas propriedades, no intuito

de que o crédito seja de fato um instrumento de fortalecimento da agricultura familiar.

Os Agentes fomentam discussões sobre o papel do crédito como instrumento para a

construção de um sistema de produção sustentável para as unidades familiares, com a

adoção de tecnologias que possibilitem ao agricultor desenvolver seus projetos sem afetar o

equilíbrio da natureza, e assim, melhorar suas condições de vivência no campo.

Destaca-se que os Agentes estão em constante processo de capacitação. Nessa

temática, em 2008, foi ampliado o programa de formação para Agentes Comunitários de

Desenvolvimento e Crédito e criadas novas turmas do Cooperativa Escola.

Iniciado em 2008, o curso de Pós-Graduação e Extensão em Cooperativismo

Solidário, em parceria com Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste), campus

de Francisco Beltrão, visando qualificar os colaboradores e quadro diretivo do Sistema

Cresol Baser.

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Dar continuidade na formação e evolução do quadro diretivo e de seus

colaboradores. É meta para a valorização das pessoas, as seguintes ações estão em

andamento em 2009:

- Fortalecer o Programa de Cooperativa Escola para funcionários e diretores.

- Fortalecer a política de parcerias com as universidades.

- Consolidar parcerias com instituições de pesquisa, exemplo Fundação Getúlio

Vargas.

5.2.2.3 Processo Decisório/Alçadas/Delegação de Competência

O processo decisório das várias esferas: Cooperativas, Bases e Central Baser está

definido no Estatuto Social.

Anualmente é realizada a Assembléia Geral Ordinária e facultada a realização de

Assembléia Geral Extraordinária sempre que necessário, onde ocorrerão as deliberações de

assuntos de interesse social.

Figura 07 – Assembléia Geral Central Cresol Baser em março de 2009 Fonte: Cresol Baser, 2009 Na Assembléia Geral Ordinária são apresentadas: prestação de contas dos órgãos da

administração, destinação das sobras apuradas ou rateio das perdas decorrentes da

insuficiência das contribuições para cobertura das despesas da sociedade, eleição dos

componentes dos Conselhos de Administração e Fiscal, fixação do valor dos honorários e

gratificações e cédulas de presença dos membros dos Conselhos Administrativo e Fiscal e

quaisquer assuntos de interesse social devidamente mencionados no edital.

É de competência exclusiva da Assembléia Geral Extraordinária, deliberar sobre:

reforma do estatuto, fusão, incorporação ou desmembramento, mudança do objetivo da

sociedade, dissolução voluntária da sociedade e nomeação de liquidantes, contas do

liquidante e aprovar os regimentos internos.

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As alçadas e delegações de competência garantem transparência nos processos e

transações financeiras, garantindo credibilidade ao Sistema, estando descritas no item

5.2.3.3 – Processo de Aprovação das Operações de Crédito, no capítulo Aspectos

Operacionais e Gestão de Risco.

5.2.2.4 Situação Sucessória

A sucessão no Sistema Cresol Baser se dá sempre por meio de eleições em

Assembléia Geral Ordinária, onde são eleitos os componentes dos Conselhos de

Administração, com mandato de três anos, observada a obrigatoriedade de renovação de,

no mínimo um terço de seus membros, a cada eleição.

O Conselho de Administração é o órgão superior da hierarquia administrativa, sendo

privativa e da sua exclusiva responsabilidade a decisão de todo e qualquer assunto de

ordem econômica, financeira, social ou administrativa, previstos em Estatuto Social e de

resoluções da Assembléia Geral.

Cumprindo o princípio de Interação Solidária, todos os membros do Conselho de

Administração estarão em constante contato com a sociedade organizada em grupos

informais, movimentos sociais e organizações institucionais, interagindo nestes meios

sociais para melhor cumprir a missão da cooperativa.

A Assembléia Geral dos associados é o órgão supremo da Cooperativa, e dentro dos

limites da lei e do estatuto, tomará toda e qualquer decisão de interesse do quadro social.

Garantir um processo sucessório adequado e eficaz é meta para uma gestão

profissional das cooperativas, somente dessa forma haverá a consecução das doutrinas e

princípios cooperativistas.

Figura 08 – Posse da Nova Diretoria em Xaxim Fonte: Cresol Baser, 2009

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5.2.2.5 Transparência dos Negócios

Os negócios do Sistema Cresol Baser devem respeitar, rigorosamente, os princípios

de isenção, transparência e a ética.

O Sistema Cresol Baser mantém sistemas contábeis e de controle interno

adequados de forma a assegurar a fidedignidade da situação financeira, patrimonial e dos

resultados da instituição.

Todas as operações, repasses e negócios realizados pela instituição estão, e devem

permanecer, suportados pela respectiva documentação e devem ser objeto imediato de

lançamento contábil nos livros e registros oficiais, em estreita observância à lei e aos

princípios contábeis.

Cada diretor e/ou funcionário deverá agir de boa-fé e com o devido cuidado para

assegurar divulgação completa, precisa, oportuna e transparente das informações, relatórios

financeiros e documentos que o Sistema Cresol Baser apresentar ou submeter

obrigatoriamente ao Banco Central e órgãos governamentais, quando necessário ou

solicitado, bem como em todas as comunicações oficiais emitidas aos órgãos competentes.

É cuidado de ordem jurídica que os contratos no qual o Sistema Cresol Baser é uma

das partes deve ser escrito da forma mais precisa e clara possível, não deixando margem

para interpretações dúbias ou desfavoráveis ao Sistema.

5.2.2.6 Qualidade do Corpo Funcional/Experiência e Reputação dos Administradores

O quadro de funcionários do Sistema Cresol Baser está organizado de maneira a

atender a estrutura as atividades das Cooperativas, Bases e Central Baser. Devido aos

diferentes campos de atuação faz-se necessária a contratação por áreas, buscando no

quadro técnico o bom desenvolvimento das rotinas, assessoramento as novas demandas do

Sistema e a consecução dos objetivos da instituição.

Existe uma preocupação constante e permanente na melhoria do corpo funcional,

definir políticas eficientes de capacitação aos dirigentes do corpo técnico e dos cooperados

é imprescindível para a gestão profissional da instituição, esse trabalho é realizado em

parceira com o INFOCOS, visando à inserção dos princípios cooperativistas ao quadro de

funcionários, o aprimoramento educacional por meio de instituições de ensino reconhecidas

como Unioeste e UTFPR.

É importante ressaltar que devido à divisão de papéis das várias instâncias internas:

Central, Bases Regionais e Cooperativas, também existe divisão quanto às áreas de

atuação de cada segmento.

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Com o objetivo de melhor esclarecimento, abaixo estão demonstradas as áreas

internas:

Área

Cooperativa Carteira Operacional

Financeira

Caixa

Produtos e Serviços

Recuperação de Crédito

Área Base Carteira Operacional

Administrativa/Financeiro

Formação

Contabilidade

Informática

Área

Central Baser Assessoria Institucional

Comunicação e Marketing

Carteira Operacional

Carteira Estratégica

Controladoria

Auditoria

Recursos Humanos

Jurídico

Informática

Ouvidoria

Expansão

Apoio Administrativo

Gestão

Produtos e Serviços

Quadro 06: Áreas internas das instâncias do Sistema Cresol Fonte: Sistema Cresol, 2009

Atualmente o Sistema Cresol Baser possue 612 funcionários ativos, a instituição está

em acentuado crescimento, a contratação de novos profissionais para atender as demandas

internas e externas é uma realidade, resultando num aumento médio de 35% do quadro

funcional por ano, conforme demonstra o gráfico a seguir.

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Figura 09 – Evolução do Quadro de Pessoal na Cresol Fonte: Cresol Baser 2009

Devido ao aumento do quadro de funcionários atualmente parte do quadro de

funcionário possui até 2 anos de trabalho no Sistema Cresol, reforçando o crescimento e

ampliação das atividades cooperativistas, conforme bem evidenciado no gráfico a seguir

(excluem Diretores).

Figura 10 – Tempo de trabalho no Sistema Cresol Fonte: Cresol Baser, 2009.

5.2.2.7 Política de RH, Carreira, Plano de Cargos e Salários e Rotatividade

A área de Recursos Humanos da Central Cresol Baser tem se organizado com o

objetivo de integrar as pessoas e a instituição, não cuidando apenas da remuneração, mas

sim da promoção de ações que visam à melhoria da qualidade de vida no trabalho,

cumprimento de normas de saúde e segurança e melhoria do clima organizacional

oportunizando a gestão das pessoas.

A implantação de políticas específicas de RH tem como finalidade oferecer

parâmetros e regulamentar à relação de trabalho entre Cresol e funcionários, oferecendo

critérios técnicos e objetivos ao quadro funcional, buscando a valorização e

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desenvolvimento dos seus colaboradores como fatores decisivos para o crescimento

organizado e sustentável da instituição.

Plano de cargos e salários e carreira A implantação de um Plano de Cargos e Salário tem por objetivo reconhecer a

capacitação profissional e o desempenho dos funcionários. O desenvolvimento técnico-

profissional do funcionário e sua contribuição efetiva para os resultados da instituição serão

os indicadores utilizados para o reconhecimento.

A administração dos cargos e salários no Sistema Cresol Baser considerando os

seguintes aspectos:

a) Cada cargo terá sua remuneração estabelecida conforme as responsabilidades e

qualificações necessárias para o desempenho da função.

b) Os salários são estabelecidos conforme os padrões de mercado para cargos com

responsabilidades semelhantes.

c) Cada cargo tem o seu valor individual na instituição.

d) Fornecer critérios para a administração salarial dos funcionários, a ser praticada

por supervisores, coordenadores, assessores e diretores do Sistema Cresol Baser.

Para o funcionário o salário é uma demonstração objetiva do quanto à instituição –

Cresol – valoriza o seu trabalho. Assim, o salário associado ao plano de carreira passa a ser

uma perspectiva de crescimento profissional e fortalece os aspectos motivadores que o

empregado encontra na instituição para melhorar seu desempenho e permanecer nela.

Com o crescimento do Sistema a definição de carreira e padronização da

nomenclatura dos cargos tornou-se necessária, oportunizando ao quadro funcional uma

visualização do futuro profissional, o Sistema Cresol Baser utiliza os seguintes critérios para

o encarreiramento, conforme as funções desempenhadas em cada cargo descrito a seguir:

Auxiliar: executa atividades simples e rotineiras, sem grau de liberdade para tomada

de decisão. Escolaridade: 2º grau ou cursando nível superior. Não há tempo mínimo de

experiência necessário.

Assistente: atua junto aos supervisores, coordenadores, assessores e diretores, em

atividades relacionadas à compilação de dados ou preparação de relatórios. Escolaridade:

Exigida é, 2º grau completo / Superior completo ou incompleto. Tempo mínimo de

experiência de 06 meses a 01 ano. Analista / Técnico / Outros – Junior: profissional com conhecimentos básicos dos

processos do cargo. Escolaridade exigida é de nível técnico ou superior completo e tempo

mínimo de experiência de até 01 ano.

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Analista / Técnico / Outros – Pleno: profissional plenamente apto para o desempenho

de qualquer processo típico do cargo. Escolaridade exigida é de nível técnico ou superior

completo, e tempo mínimo de experiência de 03 anos. Analista / Técnico / Outros – Sênior: profissional apto a executar trabalhos de maior

complexidade em termos de precisão técnica, com domínio suficiente do assunto para

orientar tecnicamente os demais profissionais da área. Escolaridade exigida é nível de

técnico ou superior completo e tempo mínimo de experiência de 05 anos. Coordenador / Especialista: profissional com amplo domínio e conhecimento dos

assuntos da área. Capaz de conduzir os trabalhos do grupo, bem como exercer supervisão

técnica sobre os profissionais da área. Escolaridade exigida é nível superior completo +

especialização e tempo mínimo de experiência: 07 anos. Supervisor: profissional com conhecimento de todas as áreas. Capaz gerir as

equipes de trabalho nos aspectos administrativos e operacionais. Escolaridade exigida é de

nível superior completo + especialização e Tempo mínimo de experiência de 07 anos. Assessor: profissional plenamente apto assessorar em assuntos técnicos e

institucionais específicos. Capaz de orientar tecnicamente grupos de trabalhos e a direção.

Escolaridade exigida nível superior completo + especialização e tempo mínimo de

experiência de 07 anos.

Rotatividade

Muito usado pelas áreas de Recursos Humanos, o termo rotatividade traduz, na

verdade, o percentual que mede a substituição de funcionários, ou seja, o giro entre

admissão e demissão de funcionários na instituição.

A Rotatividade precisa ser controlada para manter o capital intelectual da instituição.

Em alguns momentos pequenos ajustes são necessários, como: definir uma política de

contratação mais adequada, um processo (método) de contratação melhor executado, ou

mesmo, uma melhor definição das atribuições do cargo podem evitar a saída de um

funcionário.

A partir dessas reflexões e com crescimento do Sistema Cresol Baser nos últimos

anos houve a necessidade de organizar a área de RH, desta forma foi estruturada a área de

Recrutamento e Seleção.

A área foi criada com o objetivo de tornar uniforme os critérios de contratação

(recrutar e selecionar) para as diversas áreas do Sistema Cresol Baser. Por meio de um

conjunto de técnicas e procedimentos visa atrair candidatos potencialmente qualificados e

capazes de ocupar cargos na instituição.

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A metodologia de trabalho consiste em realizar os processos seletivos por meio da

utilização da análise de currículo; entrevista formal e análise de perfil comportamental em

relação a área e grupo de pessoas que irá atuar.

A área de Recrutamento e Seleção também tem atuação na análise das equipes de

trabalho, sugerindo mudanças e adequação de perfil a função.

Um dos objetivos da implantação do Recrutamento e Seleção é estar melhorando o

quadro técnico de funcionários no intuito de garantir estabilidade da equipe, levando em

consideração o percentual de Rotatividade, acima dos índices praticados no mercado.

5.2.2.8 Projeto de Modernização/Implantação em Andamento

Com o objetivo de atender novas demandas do quadro social e das unidades Cresol

com finalidades de prestação de serviços bem como de gerar rentabilidade foi criada a área

de Produtos e Serviços na Central Cresol Baser. A criação, implementação e adequação constante de produtos e serviços é meta

estratégica que visa fidelizar o associado à cooperativa.

Para atender a necessidade do quadro social é oferecido um rol de produtos e

serviços diferenciados e específicos ao público da Cresol.

Abaixo os principais produtos e serviços oferecidos pela Cresol.

A) Financiamentos com recursos próprios

As modalidades de crédito com recursos próprios das cooperativas do Sistema

Cresol buscam atender as demandas do quadro social, tanto na implantação e

desenvolvimento de atividades não financiadas com recursos oficiais, como para

complementar as atividades financiadas com recursos oficiais. Existem em 4 modalidades:

Crédito Investimento, Crédito Custeio Agropecuário, Crédito Pessoal e Créditos Sociais ou

Conveniados.

A1) Crédito Investimento

a) Investimento: com recursos de Investimento é possível financiar produtos,

serviços, máquinas/equipamentos (compra/reformas) e infraestrutura necessária para

implantação ou consolidação da produção vegetal e animal para mais de um ciclo produtivo,

de acordo com proposta técnica simplificada apresentada junto a cooperativa e proposta de

acesso aos recursos oficiais, de acordo com disposições regulamentares do crédito oficial.

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b) Pré-Investimento: através desta linha é possível antecipar créditos das linhas

oficiais de investimento (mais de um ciclo produtivo) para a produção vegetal ou animal.

Com isso, busca-se auxiliar os agricultores familiares na obtenção de melhores preços dos

produtos e a implantação da atividade agropecuária no período adequado ou oportuno.

c) Investimento Agrícola: modalidade de crédito destinada a complementação dos

recursos oficiais de investimento (mais de um ciclo produtivo) e para amparar propostas não

enquadradas no crédito oficial, de forma a auxiliar na implantação, melhoria ou expansão de

atividades agrícolas (anuais ou perenes).

d) Investimento Pecuário: linha de crédito destinada à complementação dos

recursos oficiais de investimento (mais de um ciclo produtivo) ou auxiliar a implantação,

melhoria ou expansão de atividades pecuárias, bem como amparar propostas não

enquadradas no crédito oficial.

e) Investimento na produção orgânica ou agroecológica: modalidade de crédito

criada para estimular investimentos (mais de um ciclo produtivo) em atividades de produção

que visam progressivamente a consolidação ou a (re) conversão de sistemas produtivos

convencionais para base tecnológica agroecológica, visando dar maior sustentabilidade às

unidades produtivas familiares. Podem acessar esta linha de crédito os agricultores

familiares que possuam algum tipo de certificação de produção orgânica ou agroecológica,

ou que participem de algum programa (governamental ou não) de produção orgânica ou

agroecológica.

f) Agroindústria Familiar: esta linha de crédito tem por objetivo estimular

investimentos que visem o beneficiamento, processamento e comercialização da produção

agropecuária, florestais e extrativistas e produtos artesanais, visando a agregação de valor e

melhorias na renda familiar. O acesso aos recursos desta modalidade pode ser de forma

individual, coletiva ou grupal.

É possível financiar a infra-estrutura para pequenas e médias agroindústrias,

isoladas ou em rede, a aquisição de máquinas e equipamentos novos e usados, a formação

e capacitação tecnológica e capital de giro de até 35 % sobre o projeto.

A2) Crédito custeio agropecuário

a) Pré-custeio: o objetivo desta linha é antecipar recursos para a produção vegetal

ou animal, até que os créditos das linhas oficiais possam ser acessados. A antecipação dos

recursos vai auxiliar os agricultores na aquisição de produtos com melhores preços e a

implantação da atividade agropecuária no período adequado. O crédito para pré-custeio

deverá obrigatoriamente ser transformado em crédito de custeio, seja de recursos oficiais

ou custeio de recursos próprios.

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Podem ser financiados produtos e serviços necessários ao custeio de um ciclo

produtivo da produção vegetal e animal, de acordo com proposta técnica simplificada

apresentada junto a cooperativa e com disposições regulamentares do crédito oficial,

quando for o caso. Para acessar qualquer uma das linhas de crédito oferecidas pelo

Sistema Cresol, é preciso que os agricultores familiares estejam em situação regular junto a

cooperativa.

b) Custeio Agrícola: o objetivo desta linha é viabilizar créditos para o custeio de

atividades agrícolas, visando a complementação dos recursos oficiais de custeio, bem como

amparar propostas não enquadradas no crédito oficial. Os recursos podem ser utilizados

para financiar produtos e serviços necessários ao custeio de um ciclo produtivo de culturas

vegetais, de acordo com proposta técnica simplificada solicitada junto a cooperativa.

c) Custeio Pecuário: modalidade de crédito criada para atender a demanda do

quadro social para o custeio de atividades pecuárias, visando a complementação dos

recursos oficiais de custeio, bem como amparar propostas não enquadradas no crédito

oficial. Os beneficiários são as famílias agricultoras em situação regular junto a cooperativa.

Podem ser financiados produtos e serviços necessários ao custeio de um ciclo produtivo de

atividades pecuárias, de acordo com proposta técnica simplificada.

d) Custeio produção orgânica e agroecológica: esta linha de crédito foi criada

para estimular a produção agroecológica, por meio de financiamentos em condições

diferenciadas. Ao disponibilizar créditos para custeio de atividades agropecuárias busca-se

a progressiva consolidação ou a (re) conversão de sistemas produtivos convencionais para

base tecnológica agroecológica, visando dar maior sustentabilidade às unidades produtivas

familiares.

Para acessar esta linha basta que os agricultores familiares estejam em situação

regular junto à cooperativa e possuam algum tipo de certificação de produção orgânica ou

agroecológica, ou que participem de algum programa (governamental ou não) de produção

orgânica ou agroecológica que possa ser comprovada. Podem ser financiados produtos e

serviços necessários ao custeio da produção animal e/ou vegetal, de acordo com proposta

técnica simplificada apresentada junto à cooperativa, observando critérios de produção

orgânica ou agroecológica.

A3) Crédito Pessoal

a) Contrato de Abertura de Crédito (CAC): modalidade de empréstimo individual

que visa atender necessidades diversas do quadro social. Neste caso é dispensada a

comprovação de destinação específica do recurso.

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b) Bem-estar familiar: crédito individual que visa atender necessidades básicas do

associado e sua família, promovendo o bem-estar ao possibilitar mais conforto no ambiente

familiar. Para esta modalidade é exigida comprovação de destinação específica do recurso.

O crédito pode ser aplicado na aquisição de móveis, utensílios e eletrônicos em geral para

uso doméstico da família; para aquisição de artigos do gênero cama, mesa e banho; para

tratamento de saúde (consultas, medicamentos e cirurgias); para fins educacionais (compra

de materiais, pagamento de mensalidades); e para viagens e lazer.

c) Aquisição de carros e motos: modalidade de crédito individual para

aquisição/reforma/conserto de veículo automotor de passeio e utilitário (carros ou motos),

exigindo comprovação de destinação específica do recurso. Nos casos de aquisição, é

preciso apresentar laudo de vistoria que garanta o bom estado de conservação e

funcionamento do bem adquirido.

d) Cheque especial: empréstimo vinculado a conta corrente do associado,

destinado a reforço de conta corrente e/ou despesas extras emergenciais com montante e

vencimento pré-determinado. Não há necessidade de comprovação da destinação do

crédito.

e) Desconto de títulos: crédito individual que visa atender ao associado no

desconto de títulos (cheques), que obrigatoriamente deverão ser descontados nas Cresol.

Com isso as cooperativas atender as demandas dos associados no momento em que eles

realmente necessitam.

f) Ampliação e reforma de moradias: tendo em vista a necessidade das famílias

agricultoras por melhores condições de moradia, o Sistema Cresol implementou esta linha

de crédito com recursos próprios destinada à melhoria da qualidade de habitações rurais, na

forma de complementação de novas construções e reforma e/ou ampliação de habitações já

existentes. Com os recursos desta linha é possível financiar materiais de construção para as

ampliações ou reformas.

A4) Créditos Sociais e Conveniados

a) Inclusão Social: esta modalidade de crédito é destinada para desenvolver

atividades com caráter de inclusão social dos agricultores familiares. Podem ser

beneficiados associados que desenvolvam essencialmente atividades agropecuárias e

apresentem uma renda bruta familiar anual de até R$ 14.000,00, além de apresentarem

índices de baixo desenvolvimento humano (saúde, educação, rentabilidade econômica,

relações sociais, informalidade (falta de documentação).

O recurso disponibilizado por esta linha pode ser utilizado para gastos com

documentação da família, saneamento básico e produção para auto-consumo (alimentação),

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manutenção familiar, pequenas reformas em moradias, e custeios e investimento

agropecuário. b) Fundo rotativo: modalidade de crédito destinado a propostas inovadoras e

viáveis de investimento na área de produção, transformação e comercialização, por meio de

ações associativistas e cooperativistas entre os associados.

Para acessar esta linha os agricultores familiares precisam estar organizados de

forma coletiva e desenvolver experiências inovadoras nas áreas citadas, dando prioridade

para propostas com caráter de inclusão social. São financiáveis produtos, serviços e

estrutura física para suporte dessas experiências, de acordo com plano técnico de

viabilidade econômica do empreendimento.

B) Financiamentos com Recursos Oficiais

As modalidades de crédito com recursos oficiais das cooperativas Cresol buscam

atender as demandas do quadro social. Os principais parceiros financeiros do Sistema

Cresol são: Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES); Banco do

Brasil; Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), da Agricultura e Abastecimento,

Fazenda, Cidades e outros órgãos governamentais. Ainda tem como parceiro o Banco

Regional de Desenvolvimento (BRDE), organizações não-governamentais, nacionais e do

exterior.

Os financiamentos oferecidos com recursos oficiais são das modalidades abaixo

especificadas:

a) Custeio Agrícola : Repasse de crédito de recursos para o custeio da safra, com

juros especiais e atendimento técnico especializado.

b) Investimento Agrícola: fornecimento de crédito de recursos para investimento

nas propriedades rurais.

c) Microcrédito: recurso oferecido ao associado em forma de empréstimo para uso

conforme sua necessidade.

C) Pronaf

A Cresol intermédia recursos de repasse de custeio e investimento agrícola com

recursos de instituições financeiras que operam no Programa Nacional de Fortalecimento da

Agricultura Familiar.

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D) Conta corrente e Cheque

É oferecido ao associado acesso a uma conta corrente proporcionando

movimentação financeira com menos burocracia no atendimento e rapidez nas operações.

E) Depósitos a prazo (poupança)

Com o objetivo que garantir segurança do associado para o futuro existe um

incentivo para aplicação de em poupança, com rendimento mensal. Dessa forma com o

objetivo de premiar os agricultores que ajudam no desenvolvimento das cooperativas a

Central Baser premia por meio de sorteio de o seu quadro social.

Figura 11 – Campanha Publicitária Poupança 2009/2010 Fonte: Sistema Cresol, 2009

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F) Cartão de crédito

O Cartão de Crédito Cresol oferece ao associado oportunidade de utilização de meio

de pagamento acessível e moderno, que alem de facilidades na realização de pagamentos

de bens de consumo ou produtivos, poderá contar com prazos e linhas de créditos

previamente aprovadas.

O associado conta com um plano de fidelidade, onde a soma dos pontos, com a

utilização do cartão, dá direito a brindes.

Figura 12 – Folder Promocional do Cartão de Crédito Cresol Fonte:Sistema Cresol, 2009 G) Pagamento de aposentados

A opção por fomentar junto ao quadro social, a indicação da Cresol como domicílio

bancário, é acima de tudo uma forma de reconhecer a importância deste público na

construção de nossa história, e esta valorização contribui na fidelização de gerações futuras.

H) Recebimento de títulos – Correspondente Bancário (COBAN)

A prestação de serviços de “correspondente bancário” proporciona às cooperativas

otimização de suas estruturas de atendimento e ampliação dos serviços oferecidos ao

quadro social além do público em geral, contribuindo assim com a satisfação de suas

necessidades.

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I) Seguros

Com o intuito de oferecer serviços diferenciados a Cresol Corretora de Seguros

disponibiliza aos associados parcerias exclusivas com grandes seguradoras e modalidades

de coberturas e serviços que se adaptam ao perfil do público da Cresol.

A idéia é oferecer atendimento ao associado nas mais variadas situações e

necessidades, como por exemplo, seguro rural para o maquinário agrícola, produção,

investimento além dos já tradicionais seguro de vida, residencial e de automóvel.

Figura 13 – Folder Programa de Proteção Cresol Fonte:Sistema Cresol, 2009

J) Recarga de celulares

Com a utilização em massa nos serviços móveis de comunicação, a inclusão

tecnológica passa ser meio acessível e de uso coletivo, disponibilizar de serviços de

recargas, é mais uma opção de otimização e de atendimento a demandas reais junto ao

público associado e em geral. O serviço é oferecido por todas as operadoras que atuam nos

estados do Paraná e de Santa Catarina.

L) HabitaSol

O programa de financiamento para habitação rural tem como objetivo viabilizar a

melhoria das condições e qualidade de vida para as famílias agricultoras estimulando a sua

permanência na atividade rural. Além de financiar a construção de novas moradias, o

programa também viabiliza recursos para reformas e ampliações.

As modalidades de financiamentos do HabitaSol são: Programa de Subsídio

Habitacional de Interesse Social (PSH); FGTS Caução e FGTS Financiamento em parceria

com a Caixa Econômica Federal. A figura 14 mostra uma casa financiada pela Cresol.

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Figura 14 – Foto de casa financiada para associado Cresol Fonte: Cresol Baser 2009

Melhorias Tecnológicas

Face à velocidade das mudanças e rápida necessidade de adaptação existe uma

preocupação constante da Cresol Baser na evolução dos processos tecnológicos, bem

como na melhoria da qualidade das informações geradas.

Os investimentos são contínuos e permanentes no desenvolvimento de soluções

tecnológicas compatíveis com a atividade desenvolvida, garantindo uma conseqüente

evolução e maior confiabilidade dos processos.

A seguir são citados alguns dos projetos em andamento para melhoria da rotina e

eficiência operacional.

a) Projeto Colméia Visando garantir a melhoria da performace tecnológica dos processos, utilização de

canais de segurança nas transações financeiras, armazenamento e disponibilidade de

informações confiáveis iniciou-se em 2006 o desenvolvimento do Projeto Colméia.

O sistema está sendo desenvolvido em modelo de plataforma única modular que

permite a agregação de novos componentes, com banco de dados confiável, agilidade das

informações e integração com parceiros financeiros BNDES e Banco do Brasil com o intuito

de atender demandas atuais e implementar novos negócios.

A atuação do sistema Colméia é dividida por módulos, conforme descrição abaixo:

- Conta Corrente: concentra as operações de caixa, conta corrente e retaguarda.

- Financeiro: concentra as operações de crédito, captações, contas a pagar e controles

sobre as operações de crédito.

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- Contabilidade: concentra todas as operações feitas pela contabilidade, fiscal, imobilizado.

- Generalidades: concentra os cadastros e parametrizações do sistema.

O Sistema Colméia permite avanços significativos nos processos de decisão do

crédito, através de níveis de alçadas parametrizados, bem como para tomada de decisões

gerenciais confiáveis e oportunas, através das seguintes inovações tecnológicas: hierarquia

do sistema; integração e unificação do Cadastro Sócio Econômico (CAD); linhas de crédito;

controle de vencidos; margem operacional; alçadas; depósitos inter-cooperativas; contas a

pagar; controle de adiantamento de viagens; Gestor de Atividades do Colméia (GEA) e

processo de contratação de empréstimos permitindo melhor aplicação das políticas

corporativas. O sistema está sendo desenvolvido em parceria com SEBRAE Nacional e MDA e

com investimentos de recursos próprios e federais estimados de R$ 6,2 milhões.

b) Sistema Seguro de Vida – Prestamista Com início de utilização para setembro/2009 o sistema realizará o controle do seguro

de vida, por meio da parametrização das regras, cobranças, taxas, sinistros e pagamentos.

c) Sistema Integrado de Crédito - SIC Com o objetivo de agilizar o sistema de contratações de Pronaf – Custeio e

Investimento – e aprimorar o controle dessas operações está sendo desenvolvido um

software com base nas regras e normas do BNDES e BRDE.

O início do funcionamento do software está previsto para o ano/safra - 2009/2010.

d)Liberação automática do repasse de recursos do BNDES Com o objetivo de garantir previsibilidade e confiabilidade das transações foi criado

um sistema para repasse dos recursos do BNDES em conta corrente do associado, são

obedecidas às regras e prazos estipulados pela instituição fornecedora do crédito.

e) Sistema Integrado de Gestão - SIG Garantir a gestão de forma sistematizada é a meta do SIG – Sistema Integrado de

Gestão, software com a função de integrar dados do Ranking mensal, Matriz de Gestão e

relatórios para o BNDES. Previsto para utilização a partir de agosto/2009.

f) Sistema de Manuais A partir de agosto/2009 todos os manuais da instituição serão de acesso digitalizado

e após disponibilizados aos usuários através de espaço virtual na Intranet da Cresol. Com o

objetivo de tornar comum as referências e consultas, bem como de melhorar a

disseminação dos conteúdos técnicos.

g) Demanda de Recursos O sistema permitirá as cooperativas o provisionamento de valores das linhas de

crédito para a próxima safra, o procedimento terá alçadas de liberação.

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A proposta é que a liberação deve ser realizada primeiro pela Base Regional e após

submetida à Central Baser.

h) Emissor de documentos Agilidade na comunicação é o objetivo desse aplicativo disponível na Intranet e de

modo on line. É utilizado para divulgar resoluções, comunicados, circulares e outras

informações.

5.2.3 Aspectos Operacionais e Gestão de Risco

Os Aspectos operacionais e gestão de risco envolvem: Estrutura e canais de

atendimento, avaliação dos processos operacionais, tesouraria, crédito e câmbio, processo

de aprovação das operações de crédito, acompanhamento e controle das operações,

sistemas, processos, instrumentos de gestão de risco, controles internos e gestão de risco,

concentração e diversificação das operações, origem dos resultados e níveis de

provisionamento, sistemas de informação e controle e gestão da cobrança e recuperação de

créditos problemáticos.

5.2.3.1 Estrutura/Canais de atendimento

A Central Cresol Baser mantém um canal permanente de comunicação com a

administração das cooperativas e seus associados, através do serviço de Ouvidoria.

A Ouvidoria é um serviço disponibilizado pela Central que tem por finalidade receber e

encaminhar sugestões, reclamações e denúncias dos associados, em defesa dos princípios

fundamentais que devem prevalecer na administração da cooperativa.

Atua, também, na defesa dos direitos e interesses individuais e coletivos, contra atos

e omissões cometidos pela administração que venham atentar contra estes princípios e

valores fundamentais que informam as sociedades democráticas de mercado.

A Ouvidoria auxilia o associado em suas relações com a cooperativa, funcionando

como uma crítica interna da administração, sob a ótica do associado. É um canal de

comunicação direta entre o associado e a cooperativa.

Para o atendimento ao quadro social são utilizadas as regras e normas da

Associação Brasileira de Ouvidores (ABO), o Ouvidor deve balizar suas ações segundo

princípios éticos, morais e constitucionais, conforme enumerados no Manual da Ouvidoria.

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5.2.3.2 Avaliação dos Processos Operacionais, Tesouraria, Crédito e Câmbio

O Sistema Cresol Baser não opera com câmbio, suas operações são focadas nos

pequenos agricultores os quais não possuem essa demanda.

A área de Tesouraria obedece às normativas internas em relação às transferências

de valores do final do dia, porém para esclarecimento trata-se de pequenos montantes

nunca superiores a R$ 50 mil reais, que obedecem as regras operacionais do Sistema

Monetário.

As avaliações dos processos operacionais de crédito obedecem às regras

estipuladas pelo Comitê de Crédito.

5.2.3.3 Processo de aprovação das operações de crédito

O processo de aprovação das operações de crédito consiste inicialmente na análise

da capacidade individual de endividamento do associado (patrimônio, renda,

histórico financeiro e análise de cadastro de crédito – SERASA – CCF).A análise para

concessão do crédito pode ser realizada pelo Diretor da Cooperativa, pelo Comitê de

Crédito da Cooperativa, Comitê Ampliado ou do Conselho, Comitê da Base Regional e

Comitê da Central Baser, a principal função é de analisar e emitir parecer técnico sobre a

operação de crédito das matérias que por alçada estão definidas no Regimento Interno da

Central.

Uma das principais atribuições do Comitê de Crédito é de analisar se o crédito que

será concedido será empregado de forma a garantir um retorno para o tomador do

empréstimo, mantendo os bons índices de adimplência da cooperativa.

A seguir a demonstração da composição dos comitês de crédito:

Tipo do Comitê Composição

Comitê Crédito Cooperativa Dois Diretores e um funcionário

Comitê Ampliado ou do Conselho Membros do Conselho de Administração,

Conselho Fiscal e Agentes de

Desenvolvimento de Crédito

Comitê da Base Regional Um membro da Diretoria Executiva, um

funcionário da Carteira e um Contador

Comitê da Central Baser Diretor Financeiro, Diretor da Carteira

Operacional e três integrantes da equipe

internada Central Baser

Quadro 07: Composição dos comitês de crédito Fonte: Cresol Baser, 2009

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A concessão do crédito leva em consideração o percentual do patrimônio de

referência da cooperativa, conforme especificado no quadro a seguir:

INTERVALOS DE PATRIMÔNIO DE REFERÊNCIA (R$)

DIRETOR LIBERADO

COMITÊ DE CRÉDITO

COMITÊ AMPLIADO COOPERATIVA

COMITÊ DA BASE

COMITÊ CENTRAL

BASER

% % % % % % % Mais de Até PORTE

Zero 250.000,00 0,0289 0,0289 0,065 0,065 0,0939 0,0939 0,13 - - A

250.000,00 500.000,00 0,0253 0,0253 0,0578 0,0578 0,1011 0,1011 0,13 - - B

500.000,00 1.000.000,00 0,0217 0,0217 0,0469 0,0469 0,1011 0,1011 0,13 - - C

1.000.000,00 2.000.000,00 0,0181 0,0181 0,0361 0,0361 0,0722 0,0722 0,1228 0,1228 0,13 D

2.000.000,00 3.000.000,00 0,0144 0,0144 0,0289 0,0289 0,0506 0,0506 0,1083 0,1083 0,13 E

3.000.000,00 5.000.000,00 0,0108 0,0108 0,0217 0,0217 0,0433 0,0433 0,0939 0,0939 0,13 F

5.000.000,00 99.000.000,00 0,0101 0,0101 0,0202 0,0202 0,0397 0,0397 0,0867 0,0867 0,13 G

Quadro 08 - Alçadas para a concessão de créditos Fonte: Sistema Cresol 2009

Quando da concessão do crédito são requeridas garantias pessoais ou reais, de

acordo com montante do empréstimo e da capacidade de endividamento.

5.2.3.4 Acompanhamento e controle das operações

Com o objetivo de proteção da organização, a área de auditoria interna examina

cuidadosamente as atividades desenvolvidas e se estas estão de acordo com planos,

metas, objetivos e políticas da instituição.

As auditorias internas são realizadas duas vezes ao ano e tem por objetivo prevenir

riscos, tanto nas cooperativas, quanto em nível de sistema, pois avalia a adoção e eficácia

dos controles internos da cooperativa, ou seja, fornece elementos para a avaliação de como

estão os procedimentos desde o cadastramento de um associado até a liberação e

cobrança do crédito.

Desde 2002 a Cresol Baser conta com uma equipe interna de auditores que são

vinculados ao Conselho de Administração, garantido assim credibilidade e idoneidade das

informações.

O processo de auditoria verifica diversos indicadores, possibilitando mensurar o

desempenho e a evolução dos recursos, enquadramento aos limites operacionais e análise

sobre a qualidade dos seus ativos. Essa análise de indicadores possibilita a verificação de

50% do risco da cooperativa, sendo que os outros 50% são medidos pela análise de todas

as áreas e procedimentos efetuados diariamente na cooperativa.

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São avaliados os aspectos legais de cumprimento às exigências do BACEN e fisco;

diretivos: assembléia geral, conselho administração, conselho fiscal e diretoria

administrativa; recursos humanos, planejamento; operações comerciais: serviços, depósitos

à vista, depósitos a prazo, patrimônio líquido, carteira e regulamento de crédito e carteira em

atraso; permanente; bens não de uso próprio; controles; contabilidade e registros,

segurança, controles internos e procedimentos aplicados aos postos de atendimento.

Após a visita é emitido um Relatório de Auditoria fornecendo um amplo diagnóstico

com apontamento das não-conformidades e reincidências encontradas. As cooperativas

auditadas são enquadradas em conceitos conforme seu desempenho.

ACIMA 50 RISCO ALTO Riscos comprometem ou virão a comprometer a instituição

DE 37,50 ATÉ

49,99 RISCO MÉDIO

Riscos comprometem ou virão a comprometer parcialmente

a instituição

DE 25 ATÉ 37,49

RISCO

ACEITAVEL

Riscos comprometem ou virão a comprometer setores ou

áreas específicas

DE 0 ATÉ 24,99

RISCO

MINIMIZADO

Riscos comprometem ou virão a comprometer parcialmente

setores específicos

Quadro 09 –Pontuação de risco da auditoria Fonte: Sistema Cresol, 2009

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5.2.3.5 Sistemas, Processos, Instrumentos e Gestão de Risco

Os sistemas, processos e instrumentos de Gestão de Risco estão respaldados

legalmente pelas Resoluções 2682 e 2554 do Banco Central, foi criado critérios adicionais

de Gestão de Risco referente a Carteira de Crédito.

5.2.3.6 Controles internos e gestão de risco

O Sistema Cresol Baser considera o gerenciamento de riscos prioritário na condução

de suas atividades e negócios, adotando práticas em absoluta consonância com os

preceitos do Acordo de Basiléia II.

Considerando que o gerenciamento de riscos sempre foi um dos principais

elementos de apoio e sustentação a governança corporativa, evidencia-se na gestão

corporativa de riscos uma das estratégias para o crescimento sustentado do Sistema.

Este norteador estratégico, somado aos conceitos do Novo Acordo de Capitais da

Basiléia (Basiléia II), consolidada no país por meio da Resolução 3.380/2006, publicada em

29 de junho de 2006 – promoveu uma série de ações relativas a gestão de riscos por parte

da Cresol, contemplando a adoção de melhores práticas de mercado e a adequação aos

normativos pertinentes. As providências visando a conformidade com as exigências

normativas estão sendo observadas cumprindo os prazos fixados pela regulamentação

vigente.

Visando a continuidade do negócio foram instituídos processos de gestão, elevando

o nível de proteção dos recursos tecnológicos contra falhas ou interrupções nos sistemas de

tecnologia da informação que são suporte a atividade.

A Central Cresol Baser implantou um sistema de medição de risco operacional

baseado em pontuação, utilizando a metodologia de que 100 pontos indicam Risco Mínimo

e 0 (zero) ponto Risco Máximo.

Baseado no sistema a Cooperativa Cresol Baser atingiu 96 pontos, estando

classificada em Risco Mínimo.

5.2.3.7 Concentração e diversificação das operações

São avaliados mensalmente em no sistema do Ranking os dez maiores devedores

da instituição, tomado por base a dívida da carteira. Mensalmente é efetuado levantamento

da diversificação de risco por cliente, enquadramento na Basiléia II e índice de imobilização.

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Havendo desenquadramento em qualquer um dos itens acima, a filiada deve elaborar um

plano de recuperação com prazo máximo de 4 (quatro) meses. É de procedimento informar

mensalmente ao BACEN o desenquadramento em ofício ordinário.

5.2.3.8 Origem dos Resultados e Níveis de Provisionamento

A origem dos resultados é observada por meio da composição do montante das

receitas totais das filiadas e da Central Baser.

São demonstradas por uma composição predominante de receitas financeiras, sendo

9% do mercado financeiro, 48% de carteira de recursos próprios, 13% são de recursos

repassados e 30% de prestação de serviços.

Da composição da provisão para Crédito em Liquidação Duvidosa (CLD) há um nível

de provisionamento considerando a sazonalidade do momento na ordem de 4% da carteira

total, considerando o montante gerado pelo modelo de reclassificação utilizada pela Central,

de acordo com critérios próprios, maior do que o previsto na Resolução do Conselho

Monetário Nacional (CMN), nº. 2.682 de 21/12/1999.

Atualmente 5,10% da carteira vencida esta acima de nível “B”, ou seja operações

com mais de 30 dias de atraso, fato que gera um montante de 11,9 milhões de

provisionamento.

Além da classificação de risco de cada cooperado realizada com base nos critérios

estabelecidos na Resolução 2.682 - de vencimento e respectiva classificação no nível de

risco correspondente de A até HH e constituição de provisões na ordem de 1 a 100%, são

adotados critérios adicionais amparados por informações internas e externas, aplicáveis a

tomadores de crédito em volume superior a R$ 50.000,00 e a cooperados que apresentem

histórico de atrasos, alinhados ao estabelecido na referida resolução.

Os critérios adotados levam em consideração informações relativas à tradição interna

e externa, natureza e finalidade da operação e renda e capacidade de pagamento, bem

como visam garantir que eventuais operações objeto de renegociação sejam mantidas em

níveis compatíveis, garantindo volume de provisões suficientes aos eventuais riscos de

exposição.

5.2.3.9 Sistemas de informação e Controle

O Sistema Cresol Baser utiliza como sistemas de informação e ferramenta gerencial

duas fontes de dados sendo o Ranking Mensal e a Matriz de Gestão.

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Com base no Ranking Mensal é demonstrado à Central Cresol Baser um resumo da

gestão das cooperativas filiadas através de uma análise de risco e de verificação do

processo de gestão das filiadas.

Consiste num sistema de tabulação de informações contábeis, financeiras, sociais e

de carteira das cooperativas filiadas à Central Cresol Baser, sendo possível verificar

mensalmente de maneira consolidada indicadores de gestão e estabelecer um nível de

comparação entre elas.

É possível visualizar e analisar 24 indicadores divididos em 4 grupos: tamanho,

evolução, eficiência e qualidade da carteira, todos estratégicos da instituição, que fornecem

parâmetros para um acompanhamento contínuo e eficaz da gestão da cooperativa.

Os resultados também são agrupados por Base Regional constituem ferramenta

gerencial para tomada de decisão nas diversas áreas das cooperativas.

Quadro 10 – Ranking das Cooperativas de Crédito Fonte: Sistema Cresol 2009

A Matriz de Gestão é um sistema direcionado ás cooperativas que busca por meio da

segmentação das contas contábeis simplificar em uma análise prática o ambiente financeiro

e contábil da instituição.

Baseado em dados contábeis e informações coletadas da administração, possibilita

um acompanhamento contínuo e eficaz da gestão da cooperativa.

Seu objetivo é demonstrar aos gestores, de forma clara e resumida, a situação

econômica e financeira da cooperativa, possibilitando também a verificação mensal

consolidada dos Núcleos, das Bases Regionais e Centrais, permitindo analisar tendências

regionais de administração ou a situação econômica e financeira.

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Quadro 11 – Matriz de Gestão Fonte: Sistema Cresol 2009

5.2.3.10 Gestão da cobrança e recuperação de créditos problemáticos

O Sistema Cresol Baser preocupa-se em manter os índices de inadimplência baixos,

exemplo disso é o rigor que vem sendo exigido das cooperativas singulares para

minimizarem mês a mês a inadimplência.

A Central Cresol Baser estabeleceu metas de diminuição de inadimplência da

carteira de recursos próprios, tendo emitido a Resolução nº 70, de 21 de novembro de 2008, determinando que as Cooperativas Singulares que possuem índice de inadimplência

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superior a meta ficarão com seus limites de recurso do BNDES bloqueados em 50% por um

período de tempo determinado, havendo acompanhamento mensal das cooperativas com

índices acima do estabelecido.

Em relação aos procedimentos de cobrança, os cooperados inadimplentes e seus

respectivos avalistas são notificados para comparecerem a cooperativa e em caso de não

pagamento da dívida são inclusos nos cadastros de inadimplentes.

São realizadas diligências junto ao domicilio do devedor na busca de efetuar a

cobrança do saldo devedor e possível renegociação do débito.

Os inadimplentes de contratos de valores elevados (acima de R$ 20.000,00) e que

não houve possibilidade de um acordo extra-judicial, são encaminhados a Assessoria

Jurídica para futura cobrança.

5.2.4 Estrutura e qualidade dos ativos e passivos

A estrutura e qualidade dos ativos e passivos, basea-se em analisar a política de

“casamento” entre ativos e passivos, fontes de captação (funding) no Brasil e no exterior

juntamente com a estabilidade e acesso aos mercados, risco fora do balanço (fianças,

cessões de carteira e coobrigações), taxas de juros, prazos e moedas de denominação,

estabilidade, diversificação e destinação dos resultados, eficiência dos modelos de gestão

de risco (liquidez, mercado e operacional), e contingências judiciais (fiscais, tributarias e

trabalhista).

5.2.4.1 Política de “casamento” entre ativos e passivos

O equilíbrio entre captação e aplicação é administrado pelas filiadas, onde a

operação é facilitada pelos produtos de carteira com prazos e taxas definidos em manual

específico e verificada temporariamente pela Central.

Atualmente não há descasamento de prazos e taxas em nenhuma filiada onde o

modelo atual de gestão proporciona indicador de liquidez de 64%.

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5.2.4.2 Fontes de Captação (fundig) no Brasil e no Exterior/Estabilidade e Acesso aos

Mercados

A captação de recursos é uma das atuações das cooperativas de crédito junto a seus

associados. Dentre as fontes de recursos administrados pelas cooperativas de crédito rural

encontram-se os depósitos à prazo.

As aplicações são oriundas de recursos da captação de Depósitos à Prazo

Cooperativo (DPC), que no mês em análise somam 125,6 milhões de reais, com prazos,

taxas e tributação regulados por regimento próprio. Acrescem o montante total dos

depósitos 37,5 milhões de recursos em depósitos à vista.

Também há captação junto a outros agentes financeiros BNDES, Banco do Brasil,

Bradesco e Banco Safra. Não há captação externa.

5.2.4.3 Risco Fora do Balanço (fianças, cessões de carteira, coobrigações)

A carteira líquida total representa 72% do ativo total, onde 128 milhões de reais são

de recursos próprios e 248,5 milhões de reais de repasses diretos, não são considerados os

valores de recursos de PRONAF operados através de coobrigação e prestação de serviços

(aval), os dados são reconhecidos pelo BNDES no balanço contábil.

Os valores em coobrigação são de origens do BRDE e BNDES, respectivamente

25,12 milhões de reais, e 11,78 milhões de reais de operações junto ao BNDES, operações

formalizadas por meio de convênio direto Central Baser e BNDES anterior à 2004. Sendo

que o reconhecimento como agente financeiro aconteceu após essa data.

A carteira total, incluso coobrigações e avais - é de 549,27 milhões, composta por

22% de recursos oriundos de operações de custeio e investimento do Banco do Brasil; 5%

de investimento do BRDE; 45% de recursos do BNDES (em diversas linhas); 27% de

recursos próprios e 1% de recursos de repasses de outros agentes financeiros. Atualmente

não há cessão de carteira.

5.2.4.4 Taxas de juros, prazos, moedas de denominação

É prática do Sistema Cresol Baser operar com taxas de juro de mercado, tendo como

moeda única o real, obedecendo prazos nos recursos controlados definidos por suas

resoluções e nos recursos próprios, prazo que variam de 1 a 24 meses buscando sempre

casar com fontes de captação.

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5.2.4.5 Estabilidade, Diversificação e Destinação dos Resultados

Com um cenário promissor de expansão das filiadas, aliado ao crescimento de

recursos, atualmente os depósitos representam 37,7% do passivo total, enquanto 2,8% são

de outros recursos e 59,5% de recursos provenientes de repasses.

Conforme análises históricas nos três primeiros meses do ano de 2009, as filiadas

apresentaram perdas acumuladas que refletem, em geral no consolidado. Esta situação

ocorre por aspectos relacionados à sazonalidade de giro dos recursos das filiadas, que

neste período inicia fluxo de entrada de recursos, possibilitando maior rentabilidade nos

meses subseqüentes e também de fatores relacionados ao cumprimento das obrigações

financeiras dos associados, gerando provisões de carteira.

5.2.4.6 Eficiência dos modelos de gestão de risco (liquidez, mercado e operacional)

O cenário financeiro atual da Cresol Baser apresenta índice de provisão para perdas

de empréstimos de 4% sobre a carteira total, comparativamente com o montante total

classificado acima de nível B vencido há compatibilidade da provisão com os valores em

risco. Nos três últimos anos apresentou uma rotação de carteira na ordem de 190%, com

uma média histórica de crédito liberado por associado no montante de R$ 3.958,00,

apresenta um custo médio por empréstimo de R$ 262,00, apresenta uma produtividade de

574 contratos ativos para cada operador de carteira.

As aplicações financeiras são primordialmente compostas de títulos públicos federais

por meio de um modelo de aplicação centralizada da Central no Banco do Brasil, modelo

qual isento de IR, otimizando o rendimento.

No mês de março de 2009, este montante no consolidado somava 75,5 milhões de

reais, que representava 87% dos valores aplicados, o percentual restante era composto por

outras aplicações de curto prazo para aporte à compensação de cheques e outros papéis.

5.2.4.7 Contingências judiciais (fiscais, tributárias e trabalhistas)

A atuação da Assessoria Jurídica da Cresol Baser tem como premissa assessorar

preventivamente possíveis demandas jurídicas e orientar tecnicamente diretores para o bom

andamento das rotinas nas cooperativas, bases e central.

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A atividade da área jurídica está presente no acompanhamento processual das

ações, na revisão de contratos, estatutos e regimentos internos, bem como a elaboração de

manuais próprios do sistema.

Partindo do perfil da atividade, desenvolvida de instituição financeira, é realizada

toda a assessoria dos atos assembleares, na execução dos convênios de recursos

provenientes de órgãos da administração pública, acompanhamento de publicações de

alterações legislativas, realizando análise e com posterior aplicação.

Ao longo dos 14 anos do Sistema Cresol são poucas as ações tramitando ou

impetradas contra a instituição. Atualmente a Central Cresol Baser e suas cooperativas

filiadas figuram no pólo passivo de poucas ações judiciais, que não acarretarão, em caso de

êxito dos proponentes da ação, implicância financeira relevante.

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6 CONSIDERAÇOES FINAIS O objetivo geral foi desdobrado em objetivos específicos, cujas conclusões estão

descritas a seguir, e permitiram responder a questão de pesquisa: Como é determinado o

rating do Sistema Cresol Junto ao BNDES.

Para atingir o Objetivo Geral: Analisar os indicadores que compõem o rating do

Sistema Cresol junto ao BNDES, foi necessário pesquisar os aspectos teóricos inerentes a

gestão de risco de uma instituição que compõe o sistema financeiro, como também

pesquisar junto aos manuais e publicações do BNDES, sua forma de análise, além de

reuniões diretamente com á Área de Risco do Banco.

Quanto ao primeiro objetivo específico de contextualizar do cooperativismo de crédito

em especial o cooperativismo de crédito solidário, considera-se sua recente evolução

histórica, seus princípios e sua missão, eixos decisivos em seu desenvolvimento, e como a

cresol se tornou tão rápida para outros estados.

Quanto ao objetivo de conceituar o risco em uma instituição financeira, considera-se

as diferentes forma de análise, para isso além do embasamento teórico foi necessário

aprofundar os estudos no formato que o BNDES utiliza, pois além da análise quantitativo,

passou a possuir peso maior nos últimos anos a análise qualitativa, influindo

significativamente na capacidade de endividamento dos agentes financeiros credenciados.

O Sistema Cresol através de sua Central Cresol Baser é sistematicamente avaliada

no que diz respeito à qualidade e ao volume de seus ativos como também em seus

processos de risco operacional. Com a proposta de analisar as variáveis utilizadas pelo

BNDES na definição do Rating do Sistema este trabalho, da ênfase a análise qualitativa,

pois além de outros fatores, não era de conhecimento do Sistema Cresol a sua composição

e forma de abordagem, uma vez que era fornecida apenas os resultados da análise

quantitativa.

Ao apresentar a conquista e evolução do rating do Sistema Cresol junto ao BNDES,

confirmou-se a relevância do estudo proposto, mesmo o sistema apresentando uma

evolução excelente, pois sai de um índice de alavancagem de 0,70 vezes de endividamento

relacionado ao seu patrimônio para uma alavancagem 4,9 vezes o seu patrimônio, em

pouco mais de cinco anos, há diversos pontos que podem ser melhorados como também

falhas a serem superadas para melhorar seu desempenho, e ainda não contaminar os

resultados já alcançados.

Identificar os itens analisados pelo BNDES na composição do rating foi a parte mais

desafiadora do presente do trabalho, pois alguns dos índices são de utilização exclusiva do

banco, portanto não puderam ser abertos a pesquisa, porém informações adicionais, a

exemplo da importância da análise qualitativa da instituição foi algo novo apresentado a

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partir deste ano para o Sistema Cresol. São 35 (trinta e cinco) itens que deverão ser

monitorados pelo Sistema Cresol a partir deste trabalho.

Na descrição dos itens que compõe a análise qualitativa do Sistema Cresol foi

possível efetuar um resgate histórico, como também um panorama de onde o Sistema

Cresol se encontra em termos organizativos e financeiros atualmente, o objetivo foi atingido

e servirá como elemento de discussões internas do Sistema Cresol. Para isso, foram

analisados os dados disponibilizados pelo sistema de acompanhamento e controle de riscos

da organização, balanços consolidados, regimentos e estatutos internos, complementando-

os com análise documental dos dossiês dos processos e diálogo com os funcionários.

Os resultados gerados a partir do detalhamento da análise qualitativa demonstram o

quanto é diferente esta experiência das demais instituições financeiras, e quanto maior é o

desafio de uma agente financeiro, como o BNDES desenvolver métodos que possam

contemplar a diversidade da instituição sem compromete os pilares de uma boa análise na

concessão de um limite de crédito a um agente credenciado.

Na análise qualitativa é possível destacar o objetivo social da instituição, na qual

vem acompanhada de um grande preparo e preocupação com sua sustentabilidade

institucional, seja ela econômica ou política, e ao mesmo tempo gerando segurança e

confiança aos demais agentes financeiro relacionados a sua estrutura organizacional,

gestão de crédito, pessoal e demais atribuições a ela relacionadas.

Quanto ao objetivo geral conclui-se que o sistema em sua estrutura organizacional e

evolução quantitativa, precisa apenas dar seqüência aos processos em andamento e

evidenciados neste trabalho, que a melhora no rating de mais dois ou três níveis, podendo

chegar ao nível “ A” pode ser um processo natural. Porém alguns limites estruturais exigirão

muito esforço, sendo que alguns deles nunca poderão ser superados, porém é possível

amenizá-los dependendo da estratégia a ser desenvolvida.

Dentre os limites, pode-se destacar o risco do negócio, ou seja, o Sistema Cresol

atua com o segmento denominado agricultura familiar, que apesar de ter crescido muito nos

últimos anos, os mecanismos de proteção, tais como seguro agrícola, garantia de preço

mínimo e outros, são proteções totalmente dependentes do poder público que um dia

poderão se esgotar, que em uma análise de médio e longo prazo apresentem um maior

risco, do que por exemplo, o BNDES financiar uma usina de geração de energia, o qual o

risco é aparentemente menor. Porém, cabe ao Sistema Cresol evidenciar que a agricultura

familiar em especial seu quadro social possui uma diversificação de produção que permite

amenizar este risco, pois se um dia reduzir a proteção da política pública, haverá a proteção

da diversificação da propriedade, com diferentes formas e fontes de receitas, garantindo a

segurança no retorno do crédito.

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Outro fator bastante evidente da melhora de rating junto ao BNDES é a estrutura e o

desenvolvimento da parte de tecnológica. O sistema atualmente não opera “on-line”, ou seja

o acompanhamento de forma mais centralizada e padronizada ainda é muito deficitário. Esta

sendo feito atualmente um forte investimento em tecnologia, é necessário a conclusão deste

processo e sua implementação o mais breve possível já prevenindo falhas já existentes no

software atual, com esta evolução certamente haverá uma melhora na avaliação do Sistema

Cresol.

E por fim, o Sistema Cresol é um grande operador de política pública, em algumas

de suas unidades dependente desta política, inclusive para sua sobrevivência, este é outro

fator que pesa negativamente em sua análise de rating, pois há uma grande dúvida se esta

política continua, e com a mesma ênfase dada até agora, pois uma vez ocorrendo troca de

comando político no país, e conseqüentemente afetando esta política, quais os impactos

que o Sistema Cresol sofrerá? Para superar isto é necessário fortalecer sua política de

recursos próprios, como por exemplo, programas de capitalização e captação pois faz com

que a política publica entre como um item potencializador de suas ações, porém sem deixá-

lo dependente desta política.

Os resultados da pesquisa possibilitam ao Sistema Cresol priorizar os recursos

humanos e financeiros existentes, no sentido de intensificar a observação, a ação, a

correção, e a definição de estratégias nos focos evidenciados, buscando assim melhorar

seus indicadores.

Por fim ao alcançar ao objetivo geral é possível concluir que a pesquisa contribui,

para o conhecimento de como é efetuada a análise qualitativa e quantitativa de uma

instituição financeira pelo BNDES, algo inédito dentro do Sistema Cresol. O principal

benefício é possibilitar ao Sistema Cresol evoluir, romper processos culturais internos,

ampliando seus horizontes e possuindo uma classificação de risco sustentada e duradoura.

Também se evidencia que novos estudos deverão continuar sendo feitos, e especial nos

limites estruturais apresentados neste trabalho.

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