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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ UNIOESTE CAMPUS CASCAVEL IMPRENSA E EDUCAÇÃO: O PARANÁ E A GREVE DE 2001 DA UNIOESTE RICARDO FABRICIO FELTRIN CASCAVEL – PR 2010

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ

UNIOESTE

CAMPUS CASCAVEL

IMPRENSA E EDUCAÇÃO: O PARANÁ E A GREVE DE 2001 DA

UNIOESTE

RICARDO FABRICIO FELTRIN

CASCAVEL – PR

2010

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RICARDO FABRICIO FELTRIN

IMPRENSA E EDUCAÇÃO: O PARANÁ E A GREVE DE 2001 DA

UNIOESTE

Trabalho de conclusão de especialização lato sensu do curso de História da Educação Brasileira, requisito para obtenção do grau de especialista da UNIOESTE – Universidade do Oeste do Paraná – Campus Cascavel. Orientador: Prof. Claudinei Batista

CASCAVEL 2010

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RICARDO FABRICIO FELTRIN

IMPRENSA E EDUCAÇÃO: O PARANÁ E A GREVE DE 2001 DA UNIOESTE

TERMO DE APROVAÇÃO Este trabalho foi julgado e aprovado como requisito para a obtenção do título de

Especialista do Curso de História da Educação Brasileira, da Universidade Estadual do Oeste do Paraná - UNIOESTE , Campus Cascavel.

BANCA EXAMINADORA

__________________________________ Prof. Claudinei Batista.

Orientador

____________________________________ Prof. Dr. Adrian Alvarez Estrada

__________________________________ Profª. Cléria Maria Wendling

CASCAVEL

2010

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RESUMO FELTRIN, Ricardo Fabricio. Imprensa e Educação: o Paraná e a greve de 2001 da Unioeste. Cascavel, 2006. 71p. Monografia (Especialista) – Curso de História da Educação Brasileira. UNIOESTE, Campus Cascavel.

A presente pesquisa tem por objetivo a abordagem do tema – meios de comunicação e educação. O desenvolvimento deste assunto procura verificar as relações históricas estabelecidas entre meios de comunicação e educação e, na sequência, analisar a maior greve da Unioeste, considerada também a maior nacionalmente entre as universidades públicas, utilizando para tanto o jornal impresso, denominado O Paraná, com sede na cidade de Cascavel. Dessa forma, o trabalho investiga como o jornal veiculou as questões desencadeadas durante o movimento grevista, além de analisá-lo como um instrumento de luta histórico da classe trabalhadora, no processo de superação das contradições das relações estabelecidas pelo capital, destacando quais foram os motivos que deram início ao movimento grevista e verificando se os pressupostos fundamentais e as garantias exigidas neste movimento foram atendidas. A metodologia deste trabalho orientou-se pela pesquisa em acervo bibliográfico acerca do tema, educação e meio de comunicação além da utilização do jornal O Paraná para compreensão do movimento paredista. A utilização de todas as instâncias de comunicação social podem auxiliar no processo pedagógico-educativo, especialmente na reflexão de conteúdos cívicos e éticos, como também complementar a educação formal e não-formal. Palavras-chave: Meios de comunicação – Educação – Greve – Análise – Dialética.

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LISTA DE SIGLAS

AMOP (Associação dos Municípios do Oeste do Paraná)

AMSOP (Associação dos Municípios do Sudoeste do Paraná)

APP-SINDICATO (Sindicato dos Trabalhadores da Educação do Paraná)

ANJ (Associação Nacional de Jornais)

CNPQ (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico)

COU (Conselho Universitário)

DCE (Diretório Central dos Estudantes)

FECILCAM (Faculdade Estadual de Ciências e Letras de Campo Mourão)

HU (Hospital Universitário)

ICMS (Imposto Sobre a Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços)

LDB (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional)

MP (Ministério Público)

PCCS (Plano de Carreira, Cargos e Salários)

UEL (Universidade Estadual de Londrina)

UEM (Universidade Estadual de Maringá)

UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura)

UNIOESTE (Universidade Estadual do Oeste do Paraná)

Sinteoeste (Sindicato dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Ensino Superior do

Oeste do Paraná)

TIDE (Tempo Integral de Dedicação Exclusiva)

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO......................................................................................................................6

CAPÍTULO I..........................................................................................................................9

1. Relações entre educação e mídia...........................................................................9

1.1 Educação e meios de comunicação....................................................................12

1.2 Leitura e análise crítica social..............................................................................15

1.3 Jornal e Educação.................................................................................................16

CAPÍTULO II.......................................................................................................................24

2. Análise do movimento grevista da Unioeste no período de setembro de 2001 a

março de 2002........................................................................................................24

2.1 O jornal na escola.................................................................................................24

2.2 Histórico do jornal O Paraná................................................................................26

2.3 O movimento grevista...........................................................................................27

2.4 Término da greve..................................................................................................64

CONCLUSÃO.....................................................................................................................66

REFERÊNCIAS..................................................................................................................69

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INTRODUÇÃO

A interação entre meios de comunicação estão presentes na vida do ser humano,

especialmente no momento histórico em que o desenvolvimento tecnológico alcança

determinado grau onde todas as tarefas humanas acabam sendo permeadas por alguma

instância tecnológica.

As mudanças, impulsionadas pelo movimento capitalista, no mundo globalizado

atualizam-se constantemente, na direção de aumentar os lucros e diminuir a mão de obra.

Inegavelmente, toda essa dinâmica transformadora influencia nas relações sociais e no

modo como a sociedade passa a se organizar.

Com este grande grau de alcance uma das faixas etárias que tem se aproximado e

tirado grande proveito do meio tecnológico são os adolescentes e jovens maravilhados

com as invenções proporcionadas pelas inovações da tecnologia. Entre eles podemos

destacar os inúmeros recursos, ligada a informática, com a manipulação e produção de

arquivos, de áudio e imagens. Especialmente com a popularização e aumento da

demanda da inernet, onde são produzidos, como uma certa “febre”, os chamados blogs,

similares a sites pessoais onde estes adolescentes e jovens alimentam essas páginas

com variadas temáticas, incluindo discussões, e desenvolvimento de artigos, sobre

religião, política, entretenimento em geral e educação. É uma forma de expressão muito

próxima da realidade de cada um, pois permite a livre expressão sem qualquer censura, a

livre adaptação com estilos, cores e formatação destas páginas a fim de corresponder as

expectativas de cada qual. É, sem dúvidas, constatável que a internet revolucionou a vida

deste segmento da sociedade, contudo alcançou também as demais camadas por ser

hoje um recurso amplamente utilizado.

A grande diferença entre esse meio virtual e os demais, tais como o jornal, o vídeo,

o rádio e, por conseqüência toda espécie de áudio, está no fato da utilização de uma

única ferramenta, o computador, possibilitar a junção de todas essas instâncias e assim

manipular aquilo que se queira produzir de acordo com os objetivos particulares de cada

qual, de forma instantânea, isto é o aumento da velocidade na produção e propagação

das informações.

Ora se esta questão da comunicação, utilizando estes meios tem amplitude em

todos os níveis sociais, pode-se afirmar que no campo da educação esse alcance não é

diferente.

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A partir dessa constatação surgiu a seguinte indagação: quais seriam as relações

pedagógicas entre os meios de comunicação e educação? Essa proposição tornou-se um

dos objetivos principais desta pesquisa.

Nesse sentido o início deste trabalho acadêmico pautou-se na perspectiva de

verificar as relações históricas estabelecidas entre meios de comunicação e educação.

Na sequência desenvolvemos a temática nos focando especificamente na mídia

impressa, isto é no jornal, procurando destacar o seu alcance nos ambientes educativos.

E, por fim, pautamos a pesquisa em um trabalho de verificação da maneira como o

jornal pode retratar a vida de uma determinada instituição de ensino.

Partindo desta prerrogativa, utilizamos o jornal O Paraná, com sede na cidade de

Cascavel, para discutirmos o período de greve da Universidade do Oeste do Paraná,

UNIOESTE, greve esta considerada a maior em nível nacional dentre as universidades

públicas. Período delimitado do mês de setembro de 2001 ao mês de março de 2002,

perfazendo um total de 169 dias de greves analisados por este trabalho. A escolha por

este veículo de comunicação, como fonte de pesquisa, encontra a sua justificativa, nos

altos índices de popularização e alcance mediático, além disso, por cobrir grandes

acontecimentos, como, por exemplo, a implantação da UNIOESTE em nossa Região.

Após o estabelecimento dos traços históricos entre a educação e os meios de

comunicação, passamos a investigar a produção do noticiário, da greve da Unioeste no

ano de 2001/2002.

Para além da cobertura jornalística no movimento grevista, procuramos analisá-lo

como um movimento de luta histórico da classe trabalhadora, na perspectiva da

superação das contradições das relações estabelecidas pelo capital.

Outra questão aspecto residiu na análise da forma como este meio de

comunicação, intitulado jornal O Paraná, tratou do tema da greve, a quem ele privilegiou,

como foram desenvolvidos os temas, se houve alguma tendência, ou ainda se seu

posicionamento orientou-se pela divulgação daqueles acontecimentos e passagens que

de fato ocorreram no desenvolver do movimento de greve. Além disso, se esta cobertura

estendeu voz e vez a todos os segmentos sociais afetos ou não ao movimento e quais

foram suas conclusões.

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Por conseguinte, o trabalho pautou-se nos motivos essenciais que desencadearam

a greve, o porquê de seu surgimento e, acima de tudo, a justificativa de ser um

movimento tão intenso, extensivo e prolongado.

Por fim, o quinto aspecto de suma importância, fundamentou-se no fato da análise

se os pressupostos fundamentais e as garantias exigidas neste movimento foram

atendidas. Essa trama desencadeou-se, durante a greve, na relação dialética do

movimento com o Estado, na interlocução exaustiva com a finalidade de garantir mais

recursos para esta universidade pública, garantindo aos seus acadêmicos a qualidade de

ensino imprescindível para o desenvolvimento da cidade de Cascavel e acima de tudo,

desta região onde a Unioeste é reconhecida como a excelência em ensino.

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CAPÍTULO I

1. Relações entre educação e mídia.

Na sociedade do conhecimento e da comunicação de massas em que vivemos, a

mídia tornou-se instrumento indispensável no processo educativo. A utilização de todas

as instâncias de comunicação social podem auxiliar no processo pedagógico-educativo,

especialmente na reflexão de conteúdos cívicos e éticos, como também complementar a

educação formal e não-formal.

Os veículos de comunicação são capazes de alcançar todos os segmentos sociais,

levando em consideração os mais variados e também flexíveis meios de linguagem

utilizados na disseminação de idéias, valores e conhecimentos. Pelas características de

integração e capacidade de chegar a grandes contingentes de pessoas, a mídia é

reconhecida como um patrimônio social, vital para que o direito à livre expressão e acesso

à informação seja exercido. Cabe destacar que estes veículos de comunicação e, nesse

caso, particularmente o jornal impresso constituem-se como formadores de opinião

pública, sobre os mais diversos assuntos. Nesse sentido, os profissionais da área de

comunicação exercem conseqüentemente sua ação pedagógica no meio social, uma vez

que estas mídias, dentre as quais: revista, jornal, rádio, televisão, internet são compostas

por um conjunto de instituições e organizações voltadas para a produção e difusão de

informações. Incluindo veículos impressos (revistas, boletins, jornais, cartazes, folhetos

entre tantos outros), audiovisuais (outdoors, televisão em canais abertos e em diversas

modalidades pagas, filmes, vídeo, rádio), mídia computadorizada e interativa via

computador.

Sem dúvidas, o fenômeno da comunicação de massa, especialmente a partir de

1980, com a informatização e o surgimento da internet, provocou de forma irreversível a

internacionalização instantânea da informação. (TANNUS JR, 2004). Como nos lembra

(MORAES, 2002) o meio é um tipo de canal ou comunicação entre duas pessoas ou mais,

enquanto que o meio de massa envolve muitas pessoas, e quando essa comunicação é

feita por um conjunto de meios, temos a mídia de massas.

Segundo o autor (MARTÍN-BARBERO, 2000).

a informação e o conhecimento são hoje o eixo central do desenvolvimento social, e isso ainda mais nos países do chamado Terceiro Mundo. A primeira

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manifestação e materialização do ecossistema comunicativo é a relação com as novas tecnologias - desde o cartão que substitui ou dá acesso ao dinheiro, até as grandes avenidas da Intemet - com sensibilidades novas, muito mais claramente visíveis entre os mais jovens. Eles têm maior empatia cognitiva e expressiva com as tecnologias e com os novos modos de perceber o espaço e o tempo, a velocidade e a lentidão, o próximo e o distante.

Levando em consideração todo esse desenvolvimento constata-se que a escola

está deixando de ser o único lugar de legitimação do saber, pois existe uma multiplicidade

de saberes que circulam por outros canais, difusos e descentralizados. Essa

diversificação e difusão do saber, fora da escola, é um dos desafios mais fortes que o

mundo da comunicação apresenta ao sistema educacional (BARBERO, 2000). Muito do

saber difuso e descentrado que hoje circula na sociedade é a via de acesso a uma

concepção mais democrática e eficiente, isto é, criadora e produtiva. Ao mesmo tempo

percebe-se que as nossas escolas não estão sendo um local onde o exercício da leitura é

expressão da criatividade, muito menos uma atividade que lhe traga certa realização,

contudo é um espaço no qual leitura e escrita constituem-se muito mais como uma

atividade chata.

O quadro negro imortalizado dentro das salas de aula cada vez mais vai perdendo

o espaço para a informatização. Enquanto o ensino transcorre através do mundo do

manual, o professor sente-se fortalecido; no entanto, no momento em que o professor

necessita trabalhar com o mundo do áudio-visual, fica perplexo, pois o aluno parece

conhecer muito mais, mesmo porque maneja melhor a linguagem da imagem que o

professor.

Portanto, é necessária a interação do professor com a tecnologia em crescente

desenvolvimento, por que o cidadão de hoje pede ao sistema educativo que o capacite a

ter acesso à multiplicidade de escritas, linguagens e discursos nos quais se produzem as

decisões que o afetam, seja no campo de trabalho como no âmbito familiar, político e

econômico.

É perceptível que atualmente, a comunicação adentra todos os locais. Em todos os

campos do conhecimento e áreas de atuação, ela está presente, influencia e, em muitos

casos, altera o comportamento e foco de ação de todo ser humano. A organização social

se dá por meio de relações múltiplas que por sua vez, alteram as formas e as relações

das pessoas com as diversas organizações, no que diz respeito a comunicação a

interação e vivência de uma nova realidade. (KENSKI, 2008). É verdade que a

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convergência das mídias oportuniza a reunião das pessoas e instituições em torno de um

mesmo assunto.

A atual revolução cultural provocada pelas tecnologias digitais – baseada nas

inovações tecnológicas de informação e comunicação oferecidas pela microeletrônica,

informática e digitalização da informação – se consolida na ampliação do acesso as mais

novas oportunidades comunicacionais oferecidas pelas redes.

Nesse sentido segundo FADUL (2009, p.5)

A comunicação de massa é uma característica fundamental da sociedade de massa, à qual está ligada de forma indissolúvel. Assim, quem fala em sociedade de massa, fala em comunicação de massa. Portanto, se foi no século XIX que se iniciou uma das primeiras indústrias culturais – a do jornal diário –, vai ser no século XX que se terá o coroamento desse processo, com o desenvolvimento da TV no pós-Guerra. A partir daí, a aceleração do desenvolvimento tecnológico deu origem às novas tecnologias que, a cada dia que passa, introduzem novas formas de comunicação, tais como: a TV a cabo, via satélite, o videocassete, a TV de alta definição, o compact-disc etc.

Uma prova desta mudança toda é que estas tecnologias de mídias e a crescente

utilização do computador estão criando alterações significativas na esfera social

supervalorizando os benefícios desta gama de informações oriunda desse meio. Nesta

relação todos os usuários adquirem os mais variados dados e toda espécie de

entretenimento a sua disposição, passam a compor novas comunidades virtuais e até

mesmo dão origem a novas identidades.

O desafio da modernidade é enfrentar a chamada "era da telemática", na qual se

unem as telecomunicações e a informática. Não se sabe ainda, ao certo, se um novo

meio de comunicação irá surgir ou se haverá apenas a união do computador, do televisor,

do telefone, do Rádio e da TV em um único aparelho eletrodoméstico. O que se sabe é

que, a informática, com todas as suas possibilidades técnicas, fortalece o sistema

educacional e aponta para uma nova sociedade. (MONTEIRO, 2009)

Nesse sentido partilho da concepção dos estudiosos da tradição marxiana, que

defendem a tese de que é necessário reeducar os nossos educadores (professores). Com

isso afirmo que é necessário insistirmos nos estudos dos teóricos clássicos, para que

realmente tenhamos formação. Buscarmos nestes estudiosos a compreensão dos

processos históricos que culminou no modelo de sociedade atual. Nesta perspectiva, a

alfabetização deve ser construída a partir da compreensão da realidade em que vivemos,

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devemos pensar a tecnologia enquanto a materialização das relações de produção

capitalista, com todas as contradições que lhes são inerentes, dessa maneira, a análise

reflexiva sobre esta função das tecnologias pode resultar no seu uso adequado com a

percepção das manobras realizadas pelo sistema capitalista.

1.1 Educação e meios de comunicação.

Em nossa sociedade os meios de comunicação já demonstraram sua penetração

em todos os segmentos sociais. E diante desta constatação é possível afirmar que o

professor, por estar incluído internamente nesse processo da esfera social, e,

especificamente, por desenvolver a sua atividade na educação tendo ao alcance a

formação da camada estudantil, dispõe de caminhos para alcançar e sensibilizar o

estudante visando o melhoramento educativo que tem como meta o ensino-

aprendizagem, especialmente na questão da formação crítica e da capacidade de opinar.

Não faz muito tempo, que educação escolar e comunicação social eram

consideradas áreas diferentes, com particularidades próprias, papéis a representar e

funções definidas. Na medida em que atende aos interesses dos grupos organizados

dessas sociedades, o conjunto de saberes historicamente produzidos, se preciso for,

altera-se e adapta-se ao oficialmente aceito, e dessa maneira, originam-se essas ou

aquelas ciências. (SOARES, 2009).

Educação e comunicação são necessidades exigidas em todos os campos em que

prevalecem as relações humanas e técnicas. O ato de comunicação em educação é um

movimento entre pessoas que possuem em comum a vontade de ensinar e aprender.

Nesse sentido, há proximidade de fato entre em educação e comunicação. Essa

aproximação é mais ampliada ainda pela maneira como são exigidas em nossa atual

sociedade. Em conjunto com a comunicação, a educação deve alcançar todos os

campos, não de maneira isolada, mas sendo sempre mediada, realizando na prática as

interconexões diante da diversidade cultural em que se insere. O processo da

comunicação humana com finalidades educacionais vai muito além do uso de

equipamentos e se solidifica pela necessidade expressa de interlocução, de trocas

comunicativas. (KENSKI, 2008). Ainda segundo a mesma autora:

O ato formal de ensinar reflete a mesma lógica das ações em massa presentes nos processos midiáticos apresentados para grandes audiências. Como tecnologia

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de síntese, a internet viabiliza a convergência entre os diferentes formatos midiáticos existentes e altera as maneiras como as mensagens são veiculadas ou apreendidas. A educação e a comunicação como áreas do conhecimento fluem e se atualizam de acordo com as oportunidades oferecidas pelas mais diferenciadas inovações tecnológicas.

A mídia, como um conjunto de meios comunicativos, possui, então, um discurso

pedagógico, isto é, ela dá origem e legitima esse discurso, não apenas quando se

relaciona ao universo escolar, mas principalmente quando está relacionada às instâncias

da escola, onde se incluem os professores e estudantes. Também quando esse discurso

educativo influencia diretamente na maneira das pessoas conceberem o mundo em que

estão inseridos dentro e fora da escola.

Além do mais, a produção cultural, como a televisão ou os jornais, praticam

pedagogias, nos ensinam coisas, nos contam histórias, nos dizem como as coisas

acontecem, como as coisas não são, como as coisas devem ser.

É nesse sentido que toda prática em sala de aula hoje, não pode ser vista sem que se considere a educação como imersa no grande espaço da cultura e, portanto, nos meios de comunicação, da cultura da imagem e da proliferação de modos de ser. (SCHMIDT, 2006).

Ou seja, sabemos o quanto a mídia se apresenta como um espaço pedagógico,

nos ensinando diferentes formas de viver, de nos relacionar com o outro. A mídia,

portanto, constitui-se como um instrumento de formação educacional também, se a

compreendemos como um processo constituído por elementos que atuam diretamente na

formação da pessoa humana como um todo.

Os instrumentos tais como, o jornal, o rádio e a televisão se apresentam como

meios efetivos utilizados na formação do processo pedagógico. Uma das constatações a

que chegamos é que, com o surgimento da rede mundial de computadores e por

conseqüência de sua concorrência com as demais formas de comunicar, esses meios

procuram se apresentar e tomar uma posição efetiva e necessária, dentro da nossa

sociedade. Do ponto de vista da educação, o computador e também a internet, dão início

a capacidade de união do texto, do áudio e da imagem, com a possibilidade de interação

em tempo real. Assim, não se sabe qual papel poderá ser exercido pelos outros meios de

comunicação de massa. É plausível, contudo, que a internet dá origem a novos horizontes

para o processo educativo. A união do texto, do áudio e da imagem faz com que o papel

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do professor comece a ser repensado e aponta para um futuro no qual só há uma certeza,

entre as muitas incógnitas, vigentes: a velocidade das mudanças.

A relação entre mídia e educação está posta, e um projeto educacional sintonizado

com os novos tempos não poderia deixar de lado a oportunidade de levar essas relações

para a sala de aula constituindo um processo de reciprocidade. Quanto mais ampliamos o

sentido dos dois termos – educação e comunicação – mais compreendemos a estreita

relação entre os mesmos. Nesse sentido, é importante recuperar Paulo Freire, quando

afirma que “o ato de educar é um ato de comunicação”. (KENSKI, 2008).

Para Paulo Freire a televisão é algo incrível, no entanto, é necessário que todos se

portem diante dela com uma postura crítica, que não a vejam como portadora

inquestionável da verdade. Não se deve esquecer que muito se diz a respeito desse meio

de comunicação ser usado de maneira a confundir o ouvinte com mensagens pré-

fabricadas, reduzindo a ação desse meio junto a àqueles que querem aprender, fazendo

com que os alunos sejam os receptores de idéias pré-fabricadas e pré-estabelecidas. Isso

limita o aluno à simples tarefa do consumo.

Ainda, o mesmo pensador previa que, se o professor assistisse a um programa em

determinada hora, em determinado lugar com seus alunos, a sua práxis pedagógica seria

muito mais ampla se logo depois os alunos discutissem o assunto. Não apenas o

conteúdo que estivesse sendo veiculado, mas certamente com isso, trariam para si a

compreensão da importância real da televisão como um instrumento de comunicação e

educação. Dessa maneira o aluno estaria entrando em contato com o conhecimento, de

certa forma, organizado com cientificidade. Assim, os mecanismos de comunicação, a

exemplo de programas televisos, entre outros, podem ser utilizados também como

instrução, informação, formas de passar conteúdos organizados, claros e seqüênciados.

Principalmente o vídeo instrucional, educativo, é útil para o professor, porque lhe dá

chance de completar as informações, reforçar os dados transmitidos pelo vídeo. Porém,

eles não anulam o papel do professor de proporcionar o desenvolvimento do processo

educativo no quesito da formação para uma visão mais crítica da sociedade.

A educação tem de ajudar a criar nos jovens uma mentalidade crítica,

questionadora, que provoque a superação da inércia na qual as pessoas vivem, funcione

como algo que retire as pessoas do comodismo, da aceitação de que tudo deve continuar

como está dado, que supere a realidade muitas vezes medíocre na atual conjuntura. Deve

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educar para a liberdade, pois, gente livre significa gente capaz de saber ler a publicidade

e entender para que serve, e não gente que deixa massagear o próprio cérebro; pessoas

que tomam certa distância da arte que está na moda, dos livros que estão na moda, gente

que pense com sua cabeça e não com as idéias que circulam ao seu redor. (MARTÍN-

BARBERO, 2000).

1.2 Leitura e análise crítica e social. Muitas mudanças nas últimas décadas contribuíram largamente para a

necessidade da educação para a leitura crítica da mídia. Faz-se necessária uma nova

estrutura epistemológica para a alfabetização crítica da mídia, devido ao rápido

desenvolvimento da tecnologia da informação e da comunicação, à expansão do

capitalismo global de livre mercado e à escalada e decréscimo da diversidade lingüística

cultural, que está mudando ambientes sociais em nível local e global. (KELLNER e

SHARE, 2008).

No entanto, o processo da alfabetização para a crítica da mídia também envolve os

alunos na exploração, cada vez mais profunda, na postura reflexiva diante de toda a

informação que os atinge. Destacando seu objetivo de superar as concepções e

ideologias do senso comum e assim contribuir no replanejamento e na produção de mídia

alternativa e interpretações críticas.

Outra questão a ser destacada é a de que informação e conhecimento estão

distantes, não se confundem, têm processo diverso quanto à maneira de se apresentar ao

receptor e exigem profissionais com perfis diferenciados. Ora, o jornalista, o publicitário,

entre outros profissionais da comunicação têm formação diversa da do educador, mas

lamentavelmente, quando comparados com os educadores, obtém maior eficácia frente

ao seu público quanto à assimilação da mensagem apresentada e imposta, impedindo o

processo de reflexão sobre o tema. A credibilidade da informação se sobrepõe à da

formação pedagógica, isto porque as ferramentas utilizadas encontram maior

receptividade lúdica nesse processo informativo. Assim, o fato informado muitas vezes se

ampara na bandeira do conhecimento, desprezando, na maioria das vezes, os caminhos

da construção gradual do saber e confunde-se, sem metodologia midiática, com a

verdade. Os meios de comunicação disponibilizam fragmentos da realidade, que por sua

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vez transformam-se nos referenciais culturais absorvidos pelos receptores sem o espírito

crítico necessário à sua reflexão.

Por isso da necessidade da orientação de levar os alunos a lerem e filtrarem as

mensagens produzidas e divulgadas pelos meios de comunicação. Essa atitude é o

primeiro passo para o desenvolvimento de uma criticidade mais apurada.

Partindo para uma leitura materialista histórica, de acordo com a autora (MORAES,

2002, p.114)

O terreno no qual a técnica conquista seu poder sobre a sociedade é o poder que os economicamente mais fortes exercem sobre a sociedade. A racionalidade técnica hoje é a racionalidade da própria dominação. Ela é o caráter compulsivo da sociedade alienada em si mesma.

De acordo com este pensamento dizemos que a mídia fabrica o consenso. Se você

não pode forçar as pessoas a obedecerem um regime à força (como faziam os regimes

ditatoriais em todo o mundo), então você lança mão de propagandas que garantam que

as pessoas concordarão com a ordem que os grupos estão impondo à sociedade. Depois,

toda tecnologia surge coma forma de consumo em uma sociedade onde a orientação é

direcionada para o lucro diante de todas as possibilidades. A tecnologia também

apreende o ser humano para a diminuição do seu tempo livre, grande parte do seu tempo

é absorvido pela utilização de tecnologias o que resultar em um posicionamento acrítico

em relação a sociedade, não há para o pensamento.

1.3 Jornal e Educação. O jornal como meio de comunicação de massa é fruto da convergência de vários

fatores históricos dentre os quais se pode citar o surgimento do papel, dos correios, da

tipografia, da carta, do livro e da gazeta manuscrita. Esses eventos marcavam,

historicamente, o processo evolutivo, das técnicas de comunicação humana e de trocas

de mercadorias. Inicialmente, portanto, o jornal não tinha papel educativo nenhum. Sua

função era apenas a de transmissão de informações (geralmente informações

econômicas e fofocas) através de um meio impresso. Aos poucos, ao longo do tempo, os

empresários dos meios impressos de comunicação, mais como uma estratégia de vendas

do que outra coisa notaram o grau de possibilidades para também utilizá-lo como uma

forma de material de apoio didático-pedagógico.

Com apoio da Associação Nacional de Jornais (ANJ) vários jornais filiados passam

a implementar programas e convênios com as escolas de vários estados para incentivar o

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uso do jornal como material didático. As escolas passam a receber, diariamente, os

jornais e a utilizá-los como material de apoio em todas as disciplinas possíveis. As

empresas jornalísticas, em sua maioria, possuem um especialista em educação que

funciona como consultor e como ponte entre os professores, as escolas conveniadas e a

empresa jornalística. Além de funcionar como fonte de consulta mais atualizada e servir,

ao mesmo tempo, como uma forma de aproximar os alunos da realidade, esse tipo de

projeto tem uma função de vendas a longo prazo. Ao pôr o aluno em contato com o meio

jornal, as empresas esperam estar formando leitores cada vez mais leais, no futuro.

(MONTEIRO, 2009). Essa concepção, porém, tem uma característica mercadológica, de

venda do jornal, contudo o professor poderá realizar uma manobra, utilizando o jornal

para colaborar na fundamentação crítica de seus alunos em relação ao objetivo

subjacente do jornal.

Por seu turno, o Ministério da Educação implantou o Projeto TV Escola, que tem

por objetivo principal formar, capacitar e valorizar os professores, na tentativa de melhorar

consideravelmente a qualidade de ensino nas escolas públicas de todo o País. É uma

nova tentativa de se utilizar os meios de comunicação a serviço da Educação.

No Brasil, desde meados da década de 90 vários projetos que tentam ou tentaram

incrementar a educação à distância. O Instituto de Radiodifusão da Bahia, que teve sua

origem no setor de Rádio e TV Educação, tinha como finalidade oferecer à população

cursos nos níveis pré-primário, médio e universitário, através do ensino por

correspondência. Os serviços educativos do governo estadual eram prestados através do

rádio e da televisão.

Nesse sentido apresentamos parte de uma entrevista realizada com LEÃO NETO

(2001, p.135), sobre suas impressões acerca do papel do jornal na atualidade. O

entrevistador realizou a seguinte pergunta

Você escreveu que o jornalismo tal como o conhecemos hoje omite as circunstâncias determinantes dos fatos, para que serve, então, o jornalismo? “Hoje para ser lido. Comparo o jornalismo de hoje a uma expressão que Otavio Frias usou certa feita, em um artigo sobre o cigarro, no qual dizia que a função do cigarro, para o fumante, é só matar a vontade de fumar e ao mesmo tempo despertar a vontade de fumar outro cigarro. Ou seja, é algo em si, que deixa de ser um meio para ser um fim, que não leva a nada a não ser si mesmo. É evidente que isso não é tudo, mas destaco esse aspecto do jornalismo para apontar com clareza a tendência.

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Todavia, os jornais não produzem nada de forma aleatória e descomprometida.

Não perdem tempo dizendo, escrevendo e mostrando alguma coisa por acaso ou

gratuitamente. A informação sobre qualquer assunto, assim como os programas de

entretenimento, viram mercadorias como outras quaisquer. E, evidentemente,

mercadorias não existem para ser admiradas, doadas ou entregues de graça. Elas

sempre têm custos e preços de venda e, se estão à disposição no mercado, devem ser

comercializadas.

Destacamos que o papel fundamental da imprensa está na sua capacidade de ser

o reflexo da livre manifestação do pensamento, enquanto estrutura livre da supervisão ou

mesmo tutela Estado. A característica particular de depender da livre iniciativa dos

homens, expressa o seu valor inestimável na vida de um país, na perspectiva de

estabelecer os canais da comunicação que garantem o equilíbrio institucional dos regimes

abertos. (FARIA, 1980).

O jornalismo é a busca da circunstância, no sentido da produção da notícia,

contudo ele deveria ser uma maneira de resgatar o cotidiano das pessoas, contar como

as pessoas objetivam suas vidas, sendo a notícia fiel ao acontecimento em si. É no

contato diário com os acontecimentos, os mais variados e mensurados, que a imprensa

encontra a capacidade de desenvolver-se toda a realidade jornalística. Possui em uma

peculiaridade e se fundamenta na técnica de investigar, arrumar, referenciar, distinguir

circunstâncias, fatos e acontecimentos de acordo com o seu objetivo próprio de cada

imprensa. De acordo com DINES (1986, p.21). O “jornal é, ao mesmo tempo, espelho e

miragem da sua audiência, caricatura e ideal de seus leitores”, isto quer dizer, que a

realidade do jornal reflete a imagem do seu leitor, e também fomenta, e trabalha com o

imaginário ideológico do leitor.

É por esta razão que muito se diz que o exercício do jornalismo é resultado de uma

boa formação acadêmica, firmada nos valores éticos e com o compromisso de veicular as

notícias de acordo com o pressuposto da verdade de buscar a ética e o respeito com o

seu público e a informação. Esta atitude básica do jornalista, um traço vocacional, pode,

todavia, ser desenvolvida, aprimorada e elaborada num treinamento articulando na junção

das teorias científicas com atitudes psicológicas fundamentais entre elas o inconformismo

diante da realidade social, a disponibilidade sempre presente para qualquer momento,

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circunstância e realidade e, acima de tudo, o dinamismo intelectual. Afinal de contas o

jornalista é o profissional da indagação, do questionamento.

Por outro lado, partindo do pressuposto de que o indivíduo é, pois, a manifestação

de um conjunto, um microcosmo da sociedade na qual ele está inserido e não uma

unidade individual indivisível e estática, como muitas vezes se acredita, depreende-se que

o jornalismo também é a ordenação da novidade, rotinização do inesperado. Ou seu

corolário: a quebra intencional e programada das normas, para despertar a atenção pelo

contraste, pela atividade dinâmica intelectual. Para EGYPTO (2002, p.121) “A imprensa

trabalha necessariamente sobre o caos. Sua matéria-prima é o próprio caos [...] é o de

destacar e noticiar o raro, o paradoxo o imprevisto, o caos, aparente ou verdadeiro. É isso

que caracteriza a notícia”.

Nesse sentido, o jornalista deve analisar a periodicidade do seu veículo, ou seja,

deve incorporar ao seu comportamento a noção temporal fornecida por esta

periodicidade. A sua necessidade é encontrar o ponto perfeito da periodicidade, o ritmo

diário é o único capaz de resistir ao desgaste do tempo, da informação, uma vez que

atualmente o processo é extremamente inovador, conservando, ao mesmo tempo, então,

o ingrediente particular da curiosidade. Nesse momento atinge-se o problema crucial do

jornalismo de amanhã que é simbolizado pelo dilema seleção de notícias na relação da

quantidade, mesmo porque ele deve estar atento para a personalização da informação,

isto significa que o jornal é um produto dirigido a cada leitor em separado e cada um deles

encontra algo muito seu e muito próprio. Não deixando lado a característica da amplitude

e da universalidade do jornal, pois ele retrata a vida em todos os seus aspectos.

Além do mais o jornalismo deve ser investigativo e jamais fundamentar-se apenas

em sensações, ou sobreviver dos momentos de escândalos. Deve, por isso, estabelecer

conexão com o jornalismo interpretativo ou analítico, especialmente quando for inquirir

sobre as causas e origem dos fatos, buscando a ligação entre eles resultando na sua

explicação.

Contudo, o jornal não é uma ferramenta neutra. A sua criação suscita em si

mesma, uma relação de forças. É parte de um embate, em toda dimensão perceptível ou

não, da relação social. Luta que se trava, portanto, também na linguagem (FERREIRA,

1989).

A este respeito DUARTE (1983, p.187), afirma que:

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A imprensa no Brasil quase sempre veio a rabo das políticas e das idéias. Antecipar, dirigir e comandar o pensamento político brasileiro. Mecanismos informais: pressões não oficiais que partem abertamente ou não, de setores ligados ao poder. Burocratização da informação: controle sobre as matérias publicadas na imprensa, ligando ao conceito de segurança nacional. Autocensura: com a liberalização da imprensa, reforçam-se os mecanismos de autocensura. Concorrem para isso a manutenção de todo o arsenal legal do arbítrio e a lembrança das violências cometidas contra a imprensa e os jornalistas. Pressão econômica: esta torna-se extremamente eficaz dada as transformações ocorridas no setor jornalístico nas últimas décadas e o crescente intervencionismo estatal na economia.

Outra constatação é a de que os repórteres naturalmente escrevem para agradar

aos editores que controlam o sistema de recompensa do outro lado da sala, mas não

existe nenhuma maneira direta de receber um esforço redigindo a melhor matéria

possível. E assim o noticiário ocorre em circuitos fechados: é escrito sobre e para as

mesmas pessoas, e às vezes em código privado, (DARNTON, 1990). Usando dessa

capacidade o jornalista pode também buscar a sua ascensão social, conquistar o espaço

na política e fazer do jornalismo o lugar do reconhecimento e uma boêmia literária. Sem

contar que esses intelectuais produzem uma mensagem visando à criação de um

consenso, cujo fim último é pode ser perpetuar a dominação de uma determinada classe.

A idealização é também uma atitude freqüente de quem faz da escrita o seu meio

de vida e dos textos impressos ou não fontes para a reconstrução de um acontecimento

próximo ou distante. Ao escrever estamos colocando no texto, muito de nós mesmos, fale

ele do hoje ou do ontem.

A maneira como se deve redigir um jornal é restringindo-o somente aos fatos

verdadeiros.

Citando (NETO 1980, p.37)

Rivers e Schramm transcrevem o sumário das críticas de todos os veículos, feito por Theodore Peterson. Ei-lo: Os veículos de massa manipularam um enorme poderio para seus próprio objetivos. Seus proprietários propagaram as suas próprias opiniões, especialmente sobre política e economia, à custa de visões antagônicas. 2. Os veículos de massa foram subservientes com relação aos grandes negócios e às vezes permitiram que os anunciantes controlassem os editoriais. 3. Os veículos de massa resistiram à transformação social. 4. Os veículos de massa freqüentemente deram maior atenção ao superficial e ao sensacional na cobertura dos acontecimentos humanos do que ao essencial, e as diversas versões que apresentavam não tinham em geral nenhum conteúdo. 5. Os veículos de massa invadiram a intimidade dos indivíduos, sem justa causa. 6. Os veículos de massa ameaçavam a moralidade pública. 7. Os veículos de massa

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são controlados por uma classe sócio-econômica – de maneira geral, a classe dirigente – e o acesso aos veículos é difícil aos novatos; portanto o livre e aberto intercâmbio de idéias está ameaçado.

Ressalvando que a comunicação é interpessoal e não intrapessoal, ou seja, ela é

coletiva a partir da sua essência, a identidade e a associação necessárias a comunicação

só ocorrem quando emissor e receptor estão sintonizados na mesma faixa. No entanto, é

verídico de que a ansiedade por uma orientação proveniente das redações e o desejo dos

intelectuais de exercer um domínio mais amplo sobre as camadas letradas dão as esses

veículos um poder de ação inusitados, muito distante do que se pode pretender com a

atividade literária. O poder simbólico daquele que sabe verbalizar os sentimentos pode,

através dos jornais, transformar-se em poder de fato sob a capa da neutralidade,

entretanto, escondem-se inúmeras facetas: um novo tempo mais programado e fielmente

dividido, a manipulação das camadas letradas e a unificação dos discursos da nova

ordem. Aqui, nesse ponto, a organização do jornal reflete uma concepção positivista do

mundo, que atribui sentido a tudo. (SERVA, 1997). Assim a edição, a organização das

informações conforme as regras do meio e do veículo específico e conforme a lógica do

grupo incumbido do trabalho de editar, conforme a compreensão que ele tem dos fatos e

o que ele supõe ser o interesse e a capacidade de entendimento de seu receptor.

Por outro lado, levando em conta o viés da ascensão do sistema capitalista e

considerando que todas as instituições sofrem inegavelmente sua influência, os jornais

passaram de meras instituições publicadoras de notícias para, além disso, serem porta-

vozes e condutores da opinião pública, meios de luta da política partidária. (NETO, 1980).

Assim, o jornal assume o caráter de um empreendimento que produz espaço para

anúncios como uma mercadoria que se torna vendável através da parte reservada a

redação. (HABERMAS, 1984.). Mesmo por que a informação custa o valor de um bom

jornal.

A imprensa nasceu no capitalismo e acompanhou o seu avanço. Esse processo

assinala no Brasil, traços particulares, estreitamente ligados aos aspectos que o avanço

capitalista apresentou aqui.

Enquanto uma empresa que detêm o título de um jornal e gere sua operação é

eminentemente comercial, sua atividade comportamento e produto enquadram-se no nível

institucional. O destino de um jornal não conserve apenas aos seus proprietários, mas a

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sociedade que representa sendo ou devendo ser o quarto poder, a imprensa não é o

instrumento arbitrário daqueles que nominalmente detêm a posse dos veículos de

comunicação.

Por sua vez, todos esses meios comunicativos na sociedade capitalista,

comercializaram a mercadoria especial da informação. Por isso diz-se que a liberdade da

imprensa tem a ver com o interesse do grupo que a comanda ou é hegemonicamente

garantido no meio social.

A ideologia é um modo de representação do sistema capitalista e nele assume o

sentido primordial de ocultar. Nesse processo dá-se a inversão, o que não significa erro

ou deslocamento da realidade. Ela constitui uma forma particular e intencional de

interpretar a luta social, prestando-se ao mesmo tempo a sua justificativa e reorientações.

Aponta-se então que a categoria básica para a análise da comunicação e da

cultura é a ideologia. A análise deve concentrar-se sobre as condições de produção de

uma modalidade específica de manifestação ideológica, e sobre o modo como essa

produção se reflete nos seus produtos. (COHN, 1973). Segue-se que as bases de uma

teoria sociológica de comunicação são dadas pelas análises das mensagens, tomadas

enquanto componentes de sistemas ideológicos, que remetem aos determinantes mais

profundos de sua constituição e manifestação.

Por outro viés percebe-se que no mercado publicitário, os jornais vêm perdendo

terreno para a televisão que hoje está em todos os lares brasileiros e apresenta muito

afinidade com seu interlocutor do que propriamente do que os jornais.

Analisando a atividade da grande imprensa brasileira percebe-se que na fase atual,

ela desenvolve uma tarefa que culmina na atividade, na maioria das vezes, na de

deformação ou manipulação da realidade, ou a de escondê-la e para argumentar sobre

uma das medidas dessa alienação encontramos no desprezo com que a imprensa encara

a cultura nacional (SODRÉ, 1999).

E, partindo para uma análise mais detalhada dos grupos que mantêm o domínio de

mercado comunicação, constata-se que são quatro os grandes times que detêm o

monopólio da mídia no país. O primeiro é composto pelas famílias que controlam as redes

privadas nacionais de TV’s abertas e seus 138 grupos regionais afiliadas que são os

principais grupos de mídias nacionais. Já o segundo time é composto por alguns grupos

nacionais e regionais com presença econômica ou política expressiva. O terceiro time

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compõe-se das regionais afiliadas das redes de TV. Sendo os mais influentes em sua

região. O quarto time são aqueles que estão integrados aos grupos regionais ou por

veículos independentes não beneficiados por ligações com o elemento mais dinâmico do

mercado, (EGYPTO, 2002).

A partir dessas considerações acerca da mídia impressa e de sua trajetória na

relação com a educação, destacaremos, na seqüência, a cobertura jornalística no período

de greve da UNIOESTE, no fim do ano de 2001 e início de 2002.

Um elemento importante a ser evidenciado, refere-se ao fato da importância desse

instrumento mediático, o jornal, na formação da opinião pública, apesar da rapidez do

desenvolvimento tecnológico já presentes, neste momento histórico em que nosso objeto

encontra-se situado, ainda influencia na formação valorativa das pessoas como o no

acompanhamento da greve.

Constatamos que muitas vezes o movimento de interlocução com a coletividade do

jornal, no processo dialético, pode demonstrar-se sutil na manipulação que almejam, e

essa sutileza nos leva a acreditar que o ímprobo pode tornar-se ético e correto e

novamente, por estar incluso no sistema capitalista constituindo-o também, torna-se um

instrumento nas mãos dos donos do capital sendo um meio de legitimação e reprodução

do sistema, onde o lucro é o objetivo principal e, utilizando-se da teoria maquiavélica, às

vezes os meios acabam justificando o fim.

O movimento grevista além de ter surgido como uma causa que primou pela

melhoria da universidade pública, no seu aspecto físico, de recursos humanos atrelados a

formação de docentes e acadêmicos, além de sua resposta na relação do

desenvolvimento social, é uma relação de forças onde nem sempre o vencedor é o mais

forte, mas sim aquele que tem mais aliados a seu favor. Nesse sentido, um jornal pode

tornar-se um forte aliado visto que sua veiculação pode conduzir o leitor à reprodução de

um pensamento incorreto, pois nem sempre as formulações jornalísticas primam o rigor

científico, com isso, podem nos levar a crer que estão revestidas deste conhecimento,

contudo legitima os interesses de seus dirigentes ou daqueles com quem se aliam.

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CAPÍTULO II

2. Análise do movimento grevista da Unioeste no período de setembro de

2001 a março de 2002.

As discussões que realizamos sobre o papel da mídia, da escola e as relações

entre ambas, nos deram a percepção da amplitude da penetração dos meios de

comunicação em amplos segmentos sociais. Desde então, o Educador precisa estar

incluído no processo de reflexão nos lugares onde esta comunicação possa surgir, pois, é

da sua atuação que deve originar-se a análise do resultado comunicativo sempre diante

da criticidade na perspectiva de tecer o processo educativo juntamente com os alunos dos

quais tem a sua participação.

Nesse sentido, se percebe que o fenômeno da comunicação de massa,

principalmente a partir de 1980, com a informatização e, em decorrência disso, com o

surgimento da internet, provocaram de forma irreversível a internacionalização

instantânea da informação. A vocação dos meios de comunicação, que em um primeiro

momento, é a de informar acontecimentos e direcionar a opinião pública para o foco

desejado, parece não se dirigir ao indivíduo, contudo orienta-se para o coletivo, por mais

contraditória que esta afirmação possa parecer.

A escrita foi, sem dúvida, uma das tecnologias de comunicação mais importantes

para o progresso da humanidade e para o desenvolvimento do conceito de comunicação

de massa. Sem ela, provavelmente, a história das grandes civilizações do mundo estaria

perdida. Gutemberg proporcionou as condições técnicas para que o jornal se

transformasse no primeiro veículo de comunicação de massa. Por isso, a análise do papel

educativo dos meios de comunicação será iniciada pelo jornal, ou seja, a forma de

comunicação de massa escrita, a mais tradicional e mais importante tecnologia de

comunicação descoberta pelo homem.

2.1 O jornal na escola.

O jornal como meio de comunicação de massa é fruto da convergência de vários

fatores históricos dentre os quais podemos citar o surgimento do papel, dos correios, da

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tipografia, da carta, do livro e da gazeta manuscrita. Esses eventos marcavam,

historicamente, o processo evolutivo. Inicialmente, portanto, o jornal não tinha papel

educativo nenhum. Sua função era apenas a de transmissão de informações (geralmente

informações econômicas e fofocas) através de um meio impresso. Aos poucos, ao longo

do tempo, os meios impressos de comunicação, mais como uma estratégia de vendas do

que por outro motivo, foram se dando conta da importância de estimular os professores a

utilizarem esses meios como forma de apoio didático-pedagógico.

Aos poucos a relação comunicação-escola, uma relação difícil e problemática, mas

absolutamente necessária para o fortalecimento de ambas, vai se entrelaçando numa

nova perspectiva pedagógica, mais rica e dinâmica. Na perspectiva de elucidar questões

do meio comunicativo diante da retratação de vida de uma comunidade local qualquer e

interpretando, concomitantemente, estes processos dentro da comunidade.

Portanto, a educação para a comunicação é a busca de novos conteúdos, de

novas relações, de novas formas de expressar esses conteúdos e essas relações.

Num país de características sócio-econômicas como o nosso, os veículos de

comunicação, principalmente o rádio e a televisão, podem contribuir diretamente para

facilitar o trabalho do professor ampliando o raio de ação educativa. É por isso que toda

consideração sobre a utilização pedagógica dos veículos de massa acaba destacando o

papel do rádio e da TV devido, principalmente, à capacidade que possuem de atingir

grandes audiências cobrindo, potencialmente, cerca de 90% do território nacional.

Apesar disso, vale lembrar que, em termos educacionais, não existe veículo de

massa melhor do que outro. Já se comprovou que, quando usados inter-relacionados em

situações educativas, os meios de comunicação se reforçam mutuamente possibilitando

melhores resultados. Quando o uso de multimeios é impossível, a escolha do meio

adequado vai depender das características dos alunos, dos estímulos necessários para

alcançar os objetivos desejados, dos métodos instrucionais a serem empregados e das

condições de infra-estrutura local. Por isso, devemos ter sempre em mente o fato de que,

mesmo quando os objetivos dos meios de comunicação não são pedagógicos, podemos

usá-los com esse propósito. Considerando a influência dos meios de comunicação de

massa na formação de hábitos cotidianos, uma das tarefas mais importantes dos

pedagogos e professores nos dias de hoje é utilizá-los, cada vez mais, nas escolas,

como uma fonte de análise diante dos reais problemas que circundam o seu cotidiano.

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A área vem ganhando força nas últimas décadas. Em 1979, um grupo de

especialistas convocados pela UNESCO estabelece uma definição que foi considerada

como referência mundial na construção do conceito de educação em matéria de

comunicação.

São formas de estudar, aprender e ensinar a todos os níveis (..) e em toda circunstância, a história, a criação, a utilização e a educação dos meios de comunicação como artes, práticas e técnicas, assim como o lugar que ocupam esses meios na sociedade, sua repercussão social, as conseqüências da comunicação mediatizada, da participação, da modificação que produzem no modo de perceber o mundo, a importância da criação e do acesso aos meios de comunicação.

Nesta perspectiva, faremos a análise da greve dos funcionários e professores da

Universidade Estadual do Oeste do Paraná – UNIOESTE, especificamente, a que ocorreu

durante os meses de setembro de 2001 a março de 2002, utilizando como fonte principal,

o jornal O Paraná.

Passaremos então a um breve histórico deste veículo de comunicação com sede

na cidade de Cascavel.

2.2 Histórico do jornal O Paraná.

O Paraná é o mais antigo jornal diário em circulação na região Oeste. Foi fundado

no dia 15 de maio de 1976, pelo empresário Jacy Miguel Scanagatta e pelo jornalista

Frederico Leopoldo Sefrim Filho. Por ter surgido para sustentar um projeto político

(Scanagatta era candidato a prefeito naquele ano, e acabou eleito e governando Cascavel

de 1977 a 1982) o jornal não demorou a enfrentar dificuldades e acabou vendido, em

1979, ao contador André Heitor Costi e ao jornalista Emir Sfair (in memorian).

Posteriormente, em fins de 1997, o jornal foi vendido a Alfredo Kaefer, proprietário atual.

O jornal O Paraná sempre funcionou em Cascavel, à rua Pernambuco, 1.600,

centro, e possui um amplo e moderno parque gráfico próprio. Detém a maior circulação no

Oeste e circula regularmente em mais de 60 municípios. Entre diretos e indiretos, gera

aproximadamente 150 empregos. É um jornal identificado com as causas da região, uma

espécie de foro permanente de discussão das coisas do Oeste, e circula com pouco mais

de 20 mil exemplares/dia.

Em termos editoriais, o jornal sempre manteve as mesmas características, dando

enfoque também às questões nacionais e internacionais, mas valorizando principalmente

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as coisas do Paraná. Graficamente, sofreu inúmeras alterações, sempre buscando

agradar ao público leitor.

Sempre exerceu influência importante em sua área de abrangência, e continua

exercendo. Exemplos concretos: foram em suas páginas que tiveram início campanhas

vitoriosas como a da construção e consolidação da Unioeste, da construção da Ferroeste

e da Ponte de Guaíra, bem como, a instalação do Hospital Universitário (antigo Hospital

Regional)

De acordo com essas informações passaremos a tratar do movimento de greve em

si, objetivo central deste trabalho.

2.3 O movimento grevista.

A primeira notícia apresentada por este jornal é datada do dia 06 de setembro de

2001, anteriormente ao início da greve. Na folha Cidade, página 13, encontramos a

manchete, “Entidades pedem socorro para a Unioeste”.

Nesta notícia está explícita a situação pela qual passa esta instituição de ensino e

sobre a atitude do governo de afastar o reitor da universidade.

Segundo a notícia, o reitor Paulo Sérgio Wolff, foi afastado ainda no dia 13 de

agosto, do mesmo ano em vista do seu posicionamento em apresentar a toda

comunidade a situação enfrentada pela Unioeste. O afastamento caracterizou-se como

um cala-boca, o conselho universitário solicitou pela recondução deste reitor, no entanto,

foi vetada por Wilson Iscuíssatti.

O conselho universitário decidiu então sensibilizar todos os seus acadêmicos e

familiares destes, da situação em questão.

No documento estava expresso que as dívidas acumuladas desde 2001 estavam

em valor superior a R$ 300 milhões por causa de recursos previstos pelo governo, mas

não repassados.

Outra questão, a deficiência crônica por falta de funcionários, bibliografias, infra-

estrutura, material de consumo e manutenção, além da falta de pagamento dos

fornecedores, dos estagiários e contratados, sendo os últimos essenciais para o bom

andamento do campus. As lideranças apontam para a má atuação do governo Jaime

Lerner que destinou recursos apenas para a folha de pagamentos dos professores e

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funcionários, mas não para o repasse de recursos e investimentos para cursos que

estavam sendo implantados e que necessitavam de reconhecimento.

Já no dia 15 de setembro de 2001, na folha Cidades, a manchete ainda mostra o

veto a recondução do cargo de reitor de Paulo Sério Wolff, que em assembléia não atingiu

os 32 votos dos conselheiros que somavam 39 participantes. O veto a um mandado de

segurança contra o afastamento também foi mantido com 31 votos. No entanto, o

conselho universitário da Unioeste aprovou na mesma reunião, uma representação

jurídica, da Unioeste, contra a decisão da secretaria de Estado da Ciência, Tecnologia e

Ensino Superior, por considerar que este posicionamento fere os princípios de autonomia

da universidade. Deliberou ainda, pedido de comunicado oficial do Tribunal de Contas do

Estado dando ciência que as providências de correção solicitadas pelo órgão ao diretor

afastado por procedimentos inadequados no campus, já haviam sido tomadas.

Concomitante as esta ocorrências sinalizam-se também as mobilizações em favor

da greve de professores do Estado os quais foram a Curitiba participar de assembléia.

Segundo o professor Paulino Pereira da Luz da APP-Sindicato, não existe outro caminho

senão a greve, contudo a greve seria um desgaste, além do mais toda a comunidade

deveria ser sensibilizada. No entanto, a cobrança por todas as promessas realizadas pelo

governo Lerner deverão ser feitas. Nesse sentido, é noticiado também que professores e

funcionários da Unioeste e HU (Hospital Universitário) deveriam paralisar suas atividades.

Na terça-feira dia 18 de setembro de 2001 sai a manchete na folha Cidades

“Professores e servidores aderem à greve”. Contando com um total de 1.700 grevistas

entre professores e servidores nos 5 campis foi decretada a greve por tempo

indeterminado, e com isso uma comissão de ética foi instituída para definir o que deve

parar e o que deve continuar. No HU também instituiu-se uma comissão para resolver

quais serviços serão mantidos, todos aqueles que caracterizam-se como emergenciais.

Nessa altura os estudantes ainda não haviam se decidido pelo apoio ou não a

greve, porém era grande a possibilidade da maioria apoiar a paralisação.

O movimento de greve pautou-se pelas seguintes reivindicações:

1) Reposição salarial de 50,03%, 2) financiamento integral das instituições de

ensino superior públicas, 3) contratação de servidores técnicos, 4) gestão democrática e

eleição livre e direta dos dirigentes, 5) garantia de atendimento saúde pelo Instituto de

Previdência do Estado, 6) garantia de aposentadoria e fim dos descontos do Paraná

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Previdência, 7) aprovação do Plano de Cargos, Carreira e Salários dos servidores

públicos estaduais, 8) cumprimento da data-base e manutenção da licença remunerada

de três meses a cada cinco anos de trabalho.

Com o início da greve os alunos decidiram pelo apoio ao movimento e no

acampamento montado no campi da Unioeste – Cascavel – esculpiram um símbolo

convocando para a união de toda a comunidade por esse objetivo. Estão paralisados os

professores da Unioeste e funcionários do HU.

Logo abaixo está a foto com o símbolo produzido pelos acadêmicos.

Figura 1 – Jornal O Paraná 19/09/2001

No dia 19 de setembro de 2001, também na folha Cidades do jornal O Paraná,

retrata sobre quais serviços deverão ser paralisados no HU.

Na sexta-feira, dia 20/09/01, mais de 400 funcionários paralisaram as suas

atividades em apoio á greve. Por essa razão, os serviços de atendimento ambulatorial e

cirurgias eletivas foram paralisados, além da diminuição de 30% dos internamentos. Os

serviços mantidos foram: pronto socorro, somente urgência e emergência, centro

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cirúrgico, com duas salas para atendimentos de emergência, centro obstétrico, UTI geral

e UTI Neonatal e o Banco de Leite Humano.

Na Unioeste também foram definidas as atividades essenciais, entre as quais: a) os

eventos marcados e divulgados, b) projetos de pesquisa que pudessem causar danos se

paralisados e os de parcerias externas, c) cursos de mestrado em ajustes técnicos com

vistas à vistoria que inviabilizem recursos, d) atividades para inclusão no Genoma do

Paraná, e) assistência médica e odontológica, f) projetos de extensão, g) a folha de

pagamentos de funcionários e estagiários, h) vale transporte, i) encaminhamento de

perícia médica e, j) manutenção das matrizes de animais pelo biotério.

Além disso, percebe-se a forte presença dos acadêmicos na luta por recursos para

a instituição. Montaram barracas e sistema de vigilância como demonstrativo de

resistência ao governo objetivando a união com os professores por recursos para a

Unioeste. Segundo o diretor geral do DCE, Darci Rocha de Almeida, “integrantes do

próprio governo já declaram que a Unioeste ganha menos porque os estudantes não

lutam por pelos recursos, então entramos nessa luta e pedimos a união de toda a

comunidade” (O Paraná, 19/09/01, p.13).

Aproximadamente, 85% dos estudantes apoiaram a greve, desenvolvendo

atividades diferenciadas contemplando desde a doação de sangue até a entrega de

mudas de árvores a população no lago municipal.

Na sexta-feira do dia 21 de setembro de 2001, na página inicial do jornal é

estampada a manchete: “R$ 1,5 mi para Unioeste e HU”. Segundo a informação, a

Unioeste recebeu R$ 833 mil que, somados aos R$ 271 mil, liberados em agosto passado

totalizam R$ 1.104 milhão para o custeio. Destes foram repassados para o HU R$ 418

mil. Nesse mesmo dia ocorreu uma assembléia geral para deflagar a greve de 500

funcionários do HU. Segundo a comissão de ética o movimento 70% do atendimento foi

paralisado.

É importante perceber as manobras realizadas pelo Estado na tentativa de

provocar na população, a sensação de que o governo estava fazendo a sua parte e, por

esse motivo, a greve se tornaria injustificada.

No dia 22 de setembro de 2001, a manchete da folha Cidades, retrata que as

Universidades são chamadas para negociar.

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O convite foi para a audiência realizada na terça-feira seguinte, dia 25, na cidade

de Curitiba na secretária de Estado da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior. Esta notícia

da audiência deixou o comando de greve entusiasmado, pois seria um “bom sinal para o

encaminhamento do fim do impasse”, segundo Maria Lucia Frizon Rizzoto. O atendimento

no HU no seu primeiro dia de greve foi considerado tranqüilo.

No entanto, o resultado dessa audiência não pareceu muito positivo, pois o jornal

do dia 26 de setembro de 2001, quarta-feira, um dia após a audiência na cidade de

Curitiba, traz em manchete o seguinte enunciado: “Grevista terá salário reduzido” (O

Paraná, 26/09/01, p.13). Foi confirmado ao comando de greve pelo Secretário de Estado

da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Ramiro Wahrahftig, que os grevistas terão

corte de 40% dos salários. O comando de greve da Unioeste considerou que o encontro

com o Secretário não serviu para um início de negociações com o governo.

Nessa mesma página, é noticiada um novo mandado de segurança contra a

Unioeste, impetrado por portadores de deficiência aprovados em concurso público, os

quais não foram convocados para o serviço no Hospital Universitário. Somam um total de

15 pessoas, que prestaram o concurso no mês de abril deste mesmo ano.

O sinal de que a greve será enfrentada com pulso firme e resistência, o embate

dialético até a conquista de garantias para a universidade, é algo que parece ser notável

nessa relação de união entre os alunos e docentes empenhados nessa causa. A greve de

ser algo visível a toda comunidade, contudo, mais que visível deve ser notado

internalizado, compreendido pela sociedade local, já que se trata de uma instituição

pública de ensino onde todos podem ter acesso, e por esta estar diretamente ligada a

dinâmica social, a fase pela qual passa deve estar ao alcance e conhecimento de todos

para que não se torne uma luta única de docentes, funcionários e acadêmicos.

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Abaixo segue a foto da inauguração do monumento feito pelos acadêmicos da Unioeste.

Figura 2 – Figura 1 – Jornal O Paraná 26/09/2001

Na quarta-feira, dia 03 de outubro, concomitante a greve da Unioeste, ocorre

também a greve dos professores do Estado e é iniciada uma caminhada até Curitiba, com

o objetivo de sensibilizar o governo no atendimento das reivindicações da classe docente.

Que não é somente o reajuste salarial, mas estruturas para a educação no Estado. A

chamada de atenção, contudo, está diretamente relacionada para que a sociedade civil

como um todo possa perceber a movimentação dos professores e de sua real

necessidade de nova adequação ao sistema escolar com um todo.

É indiscutível que os professores estão dispostos a mostrar que suas exigências

são indispensáveis para melhoria das suas atividades em sala de aula, ao contrário do

que se pensa comumente, o movimento de greve não luta apenas por salários mais

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adequados, todavia, por condições de trabalho satisfatórias, que permitam um pleno

desenvolvimento das faculdades intelectuais dos alunos.

A foto abaixo ilustra a iniciativa dos professores, sensibilizar a sociedade.

Figura 3 – Jornal O Paraná 03/10/2001

Neste mesmo dia, o reitor da Unioeste, Wilson Iscuissatti, convocou uma reunião

para discutir o orçamento da universidade para o ano de 2002. Os convocados para esta

reunião foram os prefeitos da AMOP e AMSOP (Associação dos Municípios do Oeste e

Sudoeste do Paraná), além de presidentes de câmaras municipais e deputados que

representam as duas regiões do estado. Essa reunião foi entendida pelo conselho

universitário da Unioeste (COU) como importante por que tem por finalidade apresentar a

toda a sociedade que os valores encaminhados pelo governo do Estado à Assembléia

Legislativa são considerados insuficientes. Segundo o presidente da Sinteoeste, Luiz

Fernando dos Reis, tomando como fonte o jornal O Paraná, “a proposta do governo de R$

73 milhões são na verdade R$ 43 milhões, levando em conta que o restante são

convênios cujos recursos não são garantidos”. (03/10/01, p.13).

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Observamos nessa questão que somente para o efetivo de pagamento da folha

universidade com investimento e despesas gerais da universidade o valor ultrapassa R$

104 milhões. E nesse montante não estão inclusos os recursos para o HU, cujo

orçamento para o ano de 2002 estava estimado em 25 milhões de reais.

Uma questão importante, refere-se ao esforço do COU, em incentivar a

participação da sociedade civil organizada, nas discussões referentes ao movimento de

greve. Em contrapartida, a resposta a essa audiência, que tinha por finalidade a

participação de prefeitos da região, não contemplou a participação de muitas

autoridades, alegando que as agendas das prefeituras estavam lotadas de

compromissos. No entanto, acadêmicos, participantes do DCE, e dos cursos de

administração, economia e ciências contábeis, com faixas, cartazes e panfletos, foram

para o calçadão central, em frente à Catedral Nossa Senhora Aparecida, com o intuito de

esclarecer a comunidade cascavelense a defesa de orçamento para o ano de 2002 no

valor de R$ 104 milhões em face da contraproposta do governo de R$ 73 milhões. O

desejo dos manifestantes era alertar a comunidade para que ficasse atenta e, se

possível, pressionassem os deputados para que os recursos necessários a Unioeste

fossem garantidos.

Houve a produção também de uma carta aberta para a sociedade em que o título

da notícia é: “Carta aberta pede socorro à comunidade”. Esta carta aberta teve por

objetivo mostrar ao governador Lerner o perfil da instituição de ensino, e responsabilizá-

lo por essa situação.

Como fonte do próprio Jornal a carta inicia com o seguinte desabafo:

Não somos pessoas que protestam pó protestar. Não somos pessoas que tentam manipular alunos. Somos professores e funcionários que trabalham na Unioeste, que lecionam para alunos da graduação e da pós-graduação; que desenvolvem projetos junto à comunidade; que promovem eventos acadêmicos, atraindo pessoas de todas as partes do Brasil para aqui discutirem ciência, tecnologia, saúde, educação, meio ambiente, agricultura, etc, que realizam pesquisas divulgando seus resultados em eventos nacionais e internacionais e, com isso valorizam o nome da Unioeste, da cidade de Cascavel e da região. (O Paraná, 05/10/01, Caderno Cidades p.18)

Além disso, a carta conta que os funcionários já estavam há mais de seis anos sem

reposição salarial e que se encontravam inconformados com o descaso do governo

Lerner em relação a esta universidade.

A greve foi uma medida adotada após terem sido esgotadas todas as outras formas

de negociação. A carta também alerta para a ameaça da Unioeste ser destruída e deixar

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de ser uma universidade pública e gratuita a todos, especialmente aos jovens que não

podem pagar uma instituição privada.

Ainda somam-se as estas informações a de que os professores e funcionários

percebem que a instituição de ensino é um importante fator para o desenvolvimento

econômico e cultural um “patrimônio da cidade e da região que deve ser protegida por

todos”.

Por fim, a carta apresenta dados onde estão explícitos que os investimentos

realizados pelos governos de 1999 a 2001 são praticamente zero, o que podemos

constatar no gráfico abaixo.

Figura 4 – Jornal O Paraná 05/10/2001

O jornal do dia 06 de outubro, sábado, traz em sua folha Cidades (p.13) a matéria

de convocação da sociedade em geral para reunião e debate sobre a situação que a

universidade vem enfrentando ultimamente. A questão orçamentária é um dos principais

assuntos a ser debatido.

O movimento de greve se organizou e visitou muitos estabelecimentos fortalecendo

o convite a todas as entidades e explicando sobre a real situação.

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Neste mesmo dia, citado anteriormente, ocorreu na cidade de Campo Mourão a

reunião do comando estadual de greve com a participação da UEL (Universidade

Estadual de Londrina), UEM (Universidade Estadual de Maringá), UNIOESTE e

FECILCAM (Campo Mourão).

Nesse sentido, marcada para a terça-feira seguinte, dia 07 de outubro, o comando

de greve solicitou um espaço na tribuna da Assembléia Legislativa.

Por iniciativa da deputada Luciana Rafagnin, de Francisco Beltrão, ocupa por meia

hora , a tribuna da Assembléia Legislativa, requerendo a adesão dos parlamentares, a

favor do movimento de greve.

O jornal de quinta-feira, dia 11 de outubro, traz a menção da reabertura da reitoria

que esteve fechada no dia 10 de outubro, devido a um piquete, organizado pelo

movimento de greve. A medida adota se antecipou a determinação judicial que seria

executada pela polícia se caso a reitoria não fosse reaberta.

Figura 5 – Jornal O Paraná 11/10/2001

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Vale relembrar que a decisão de fechar as portas deveu-se ao fato foi pelo do

governo não ter apresentado nenhuma proposta concreta no encontro realizado na terça-

feira anterior com o chefe da casa civil Alceni Guerra.

Segundo Luiz Fernando Reis, do comando de greve e presidente do Sinteoeste,

essa atitude demonstrou que a greve não é uma brincadeira, constituindo-se como uma

resposta ao Estado que se nega a negociar.

No entanto, para liberar o lacre e reabrir as portas da reitora,

os grevistas apresentaram três propostas ao reitor Wilson Iscuíssatti: enviar ao comando de greve a listagem atualizada das pessoas que tem FG (Função Gratificada) e CC (Cargos comissionados); cumprir a deliberação do Conselho Universitário do dia 01 de outubro, que determinou o depósito dos R$ 319.900,00, que são os 30% dos 14 dias paralisados referentes aos serviços considerados essenciais, e suspender imediatamente a solicitação para os campi enviarem listas dos funcionários que supostamente não aderiram à greve (O Paraná, 11/10/01, p.14).

Todavia, a reitoria foi reaberta sem a contemplação de todas essas reivindicações,

pois a própria justiça faria a reintegração.

No dia 12 de outubro, (p.13) o jornal divulga a notícia, “Reitor informa sobre o

recesso na Unioeste” relatando que o recesso do dia 11 ao dia 15, ocorrera normalmente

em vista da comemoração do dia do professor e que o trabalho interno estaria sendo

desenvolvido normalmente na universidade, seguindo cronograma e executando-se as

tarefas de acordo com o prazo, inclusive o do vestibular e da licitação para remédios do

HU além da veiculação do edital do concurso para docentes divulgado externamente.

A notícia supra mencionada, nos leva ao entendimento de que havia um

movimento, por parte da reitoria, no sentido de evidenciar que apesar do movimento de

greve, a Universidade estava com os seus serviços essenciais em pleno

desenvolvimento e que o movimento de greve estava perdendo a sua força.

O que se percebe é que o movimento de greve resiste diante dos fatos e procura

objetivar suas intenções na busca, especialmente pela ampliação dos recursos desta

universidade.

O jornal de sexta-feira dia 16 de outubro instiga para uma notícia importante. O

acontecimento de uma audiência pública com a finalidade de mobilizar a sociedade civil

organizada do oeste e sudoeste paranaense, ampliando o convite a deputados,

senadores, e outros políticos dessas duas regiões, inclusive Roberto Requião,

representante do Paraná no senado, que confirmou a sua presença. O objetivo era

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conseguir a aprovação de uma emenda coletiva na Assembléia Legislativa para

ampliação dos recursos no orçamento do Estado, para a Unioeste.

Entre os assuntos, encontrava-se, a aprovação pelo COU, do orçamento para o

ano seguinte, no valor de R$ 104 milhões ao passo que os valores destinados pela

Secretaria de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior somam apenas R$ 42,5 milhões,

isto é R$ 62 milhões a menos que o necessário.

Outra questão que pode ser afetada com o movimento de greve era a realização do

vestibular. Caso não fosse realizado, frustraria um número de 16 mil candidatos. Apesar

da confirmação por parte do reitor que o vestibular ocorreria mesmo diante da

paralisação, o movimento de greve afirmou que havia o risco de o vestibular ser

suspenso, por isso o Conselho Universitário da Unioeste fez uma autoconvocação para

deliberar sobre o assunto. Segundo as lideranças do movimento esse assunto também é

pertinente ao momento pelo qual passa a instituição.

No dia 30 de outubro de 2001, terça-feira, este tema foi debatido e deliberado. A

reunião teve duração de quatro horas e por fim o COU decidiu pela manutenção do

vestibular, com as inscrições tendo o seu início marcado para o dia primeiro de

novembro.

Em vista da greve que já chegara ao seu 40º dia, o calendário acadêmico foi

suspenso. Em contraposição, a reitoria decidiu protocolar no Tribunal de Justiça, recurso

para derrubar a liminar da Justiça de Cascavel que validou as aulas práticas do curso de

medicina. Por fim, a votação chegou ao resultado de 20 votos em defesa da manutenção

do vestibular em oposição a 19 votos pelo seu cancelamento.

Gerou muita discussão o cancelamento do calendário acadêmico, uma vez que a

ala favorável ao cancelamento defendeu a tese da manutenção da qualidade de ensino e

para isso ocorrer satisfatoriamente era necessário ampliar os recursos, caso contrário, a

educação continuaria precária como vinha ocorrendo. Em oposição, à ala desfavorável

defende a idéia de que a qualidade de ensino jamais será abalada. No entanto, alcançou

apenas 10 votos contrários e isso garantiu pelo cancelamento do calendário acadêmico.

O jornal de quarta-feira, dia 31 de outubro, traz a informação de que 23 deputados

apóiam pela emenda coletiva em vistas de ampliar o orçamento da universidade para o

próximo ano, faltam ainda 5 deputados para a emenda ser protocolada junto a

Assembléia Legislativa. Mais um encontro com o governador Jaime Lerner estava

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marcado par ao dia 01 de novembro com empresários de Cascavel, Londrina e Maringá

para intermediar as negociações da greve.

É verdade que a pressão ocorre dos dois lados, em vista de garantias dos objetivos

pelos quais defendem e isso se comprova na notícia do dia 01 de novembro de 2001, em

que funcionário demitido acusa o reitor.

De acordo com Carlos Edir Avelino, a sua demissão ocorreu após ter corrigido

depoimento que fez ao Ministério Público contra a reitora afastada Liana Fuga. Segundo

ele, a reitora teria participado de seminário e não da corrida de Fórmula I como havia dito

no mês de julho passado. De acordo com o funcionário, o primeiro depoimento foi

realizado por instrução do reitor Wilson Iscuíssatti e após ter corrigido fora demitido. Por

outro lado, segundo o assessor especial para assuntos jurídicos, Gilceo Klein, afirmou

que ele foi demitido legalmente, sem, no entanto, apresentar as motivações que

resultaram nessa ação.

Além do mais, o movimento de greve procurou fatos para comprovar a ineficiência

da administração do reitor. A esse respeito, com notícia datada deste mesmo dia,

01/11/01 pretendiam denunciá-lo ao CNPQ, caso não pagasse, no prazo de 5 dias, aos

alunos bolsistas o valor dos R$ 120,00, em atraso já há três meses.

A notícia do dia 02 de novembro, sexta-feira, na folha cidades, apresenta uma

carreata realizada por professores e funcionários da Unioeste pedindo socorro à

universidade, realizada no dia 01 de novembro. Essa carreata saiu da Unioeste e

culminou na agência central do banco Itaú, justamente para que os vestibulandos, que ali

realizavam o pagamento de sua inscrição para o vestibular, soubessem a real situação

enfrentada naquele momento. De acordo com o movimento, o desejo deles é que o

vestibulando entre na Unioeste consciente da realidade da instituição e por

conseqüência na luta em favor dela.

Novamente os grevistas são rechaçados, os seus salários são cortados. Segundo a

Seti, só iria receber o salário quem não estava participando do movimento de greve.

O movimento resiste, contudo, nem todos aderiram a greve, segundo notícia do dia

06 de novembro, mais de 60% dos funcionários, técnicos e professores não

encontravam-se paralisados. De 1.624 profissionais em torno de 1000 continuavam em

exercício e até comentavam em enfraquecimento da greve.

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O processo da greve tem um efeito dominó, diretamente ligado aos próprios

manifestantes, aos alunos e aos demais segmentos da sociedade. Diante desta

realidade, cerca de 1.342 alunos dos 27 cursos nos 5 campis tiveram suas formaturas

canceladas em vista da invalidação do próprio calendário acadêmico, mantidas apenas

as datas de fevereiro de 2002.

A participação de alunos foi efetiva. No dia 13 de novembro, o jornal publica que os

alunos com vassouras e rodos nas mãos foram à sala do reitor Wilson Iscuíssatti e,

simbolizando uma faxina pediram auditoria para Unioeste e sua avaliação desde a sua

fundação.

A foto abaixo ilustra o fato,

Figura 6 – Jornal O Paraná 13/11/2001

O embate entre forças opositivas é constante em se tratando de momentos de

greve. No dia 21 de novembro, quarta-feira, (p.14), o reitor da Unioeste enfrenta o

Conselho Universitário e decide validar as aulas ministradas no período de greve em

oposição a tomada de decisão do COU que invalidou o calendário acadêmico. Segundo o

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reitor, essa atitude foi apenas uma tomada de decisão em vista de os alunos estarem

impetrando liminares na justiça para que aulas pudessem ser continuadas.

Contudo, o comando de greve afirma que só professores e servidores, em

assembléia, podem decidir a volta às aulas, e nesse sentido, reafirmam a continuidade

da greve por que o governo não respondeu a duas questões centrais: a ampliação do

orçamento e a reposição salarial. Além do mais, segundo o movimento, é a primeira vez

na história que um reitor torna nula uma decisão do COU e, nesta perspectiva, adotou

uma posição equivocada. De acordo com a representante do comando da greve, a

professora Francis Mary Nogueira

o reitor de forma irresponsável anulou uma resolução do COU (Resolução 050/2001) porque utilizou-se do artigo 23 inciso 22 do estatuto da Unioeste, que trata de reformar, homologar ou mediante recurso, que refere-se a atos administrativos. Resolução não é ato administrativo é ato deliberativo. O reitor errou também por ter ignorado o artigo 24 do estatuto da universidade que o reitor só pode vetar alguma matéria até 10 dias depois da sessão do COU, desde que ele não tivesse homologado anteriormente. Se ele estivesse homologado ainda estaria errado porque desrespeitou o prazo que é de 10 dias para tornar nula uma resolução do COU. (O Paraná, 21/11/01, p.14).

Nessa perspectiva os acadêmicos também percebem que o reitor está fazendo o

jogo do governo, aliás, essa é a notícia da capa do jornal do dia 22 de novembro de

2001, justamente trata deste assunto, com o seguinte título: “Acadêmicos – Iscuissati faz

o jogo do governo”.

O posicionamento dos acadêmicos é uma resposta a atitude do reitor Wilson

Iscuíssatti. De acordo com os estudantes, ao revogar uma decisão do COU o reitor se

posicionou contra a Unioeste o que evidencia que está a favor do governo. Ainda,

segundo os acadêmicos, o reitor passou por cima da autonomia da universidade e do

seu estatuto quando decidiu revogar uma ação que é de exclusividade do Conselho

Universitário. A percepção dos acadêmicos é de que o reitor está medindo forças

internamente com o movimento e esquecendo-se da luta pela Universidade e por isso

posiciona-se contrário a instituição.

De acordo com a justiça estadual, a greve se tornou abusiva e deve retomar suas

tarefas de forma imediata. Na hipótese do não acatamento dessa resolução, os 14

sindicatos das universidades estaduais do Paraná em greve seriam multados. De acordo

com o juiz João Domingos Küster Puppi, da 3ª Vara da Fazenda Pública, argumentado

pelo fato da greve ter tomado grandes dimensões:

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a visão exclusivista da classe acaba por comprometer interesses, tão ou mais relevantes como é a possibilidade de tratamento médico fornecidos pelos hospitais universitários a pessoas que não dispõem de acesso a outros estabelecimentos da mesma natureza. (p.16)

Ainda de acordo com o governo do Paraná, os investimentos no ensino superior

foram aumentados em quatro vezes em seis anos. As seis universidades estão

recebendo nesse ano de 2001 R$ 301 milhões contra R$ 77 milhões aplicados no setor

em 1994 de acordo com o jornal O Paraná (dia 23/11/0, p.16).

No entanto, a greve resistiu. A notícia de 23 de novembro revelou que o comando

de greve recorreu da ação judicial que condenou a greve como abusiva, pois o comando

dispunha de 10 dias para realizá-lo. Na verdade, o argumento de recurso foi baseado na

Constituição federal que trata do direito de greve, e da existência de uma data no

calendário para a reposição das perdas salariais, o que o governo não vem cumprindo

segundo as reivindicações dos grevistas. Enquanto isso, por estar no prazo legal a greve

se manteve.

A manchete do jornal O Paraná do dia 24 de novembro, sábado, trouxe o seguinte

enunciado: “Temor de demissões com novo processo”. O fato da Reitoria ter sido

ocupada pelo movimento de greve, levou o reitor a constituir mais um processo

administrativo contra os ocupantes.

De acordo com os professores do movimento de greve aqueles que consideraram

o novo processo administrativo uma justificativa pra demissões como forma de pressão à

greve não fez muito comentários a respeito do assunto, mas garantem que tinham

conhecimento do que estava ocorrendo e que se preparavam para enfrentar mais essa

batalha. Outra constatação do professores é que o procedimento natural seria, em

primeira instância, uma sindicância interna para apurar os fatos e não a abertura

imediata de processo administrativo.

O noticiário do dia 28 de novembro, revela que o governo recuou e determinou pelo

pagamento dos salários aos grevistas, bem como, o Conselho Universitário (COU),

conseguiu derrubar, o Ato Administrativo realizado pelo reitor. Dos 37 votos do Conselho,

27 foram contrários ao Ato Administrativo, sendo 10 favoráveis.

A situação é delicada e o COU explica que a decisão para a retomada das

atividades deve ser uma decisão dos conselheiros e não do reitor. O posicionamento do

conselho demonstrou uma postura firme, reveladora da não aceitação de atitudes

imperiais por parte do reitor.

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Com essa vitória ainda assim as atividades continuaram paralisadas, alguns

cursos, no entanto, conseguiram liminares na justiça, tais como, medicina,

administração, turismo e hotelaria, no campus de Foz, voltaram ao funcionamento por

que seus professores aceitaram as liminares, e decidiram pela retomada das atividades.

Porém, a grande maioria esperava por uma decisão do governo de negociar e pôr fim a

essa situação.

O embate entre o comando de greve e o reitor era perceptível, pois quando o

assunto relacionado ao orçamento da universidade, o reitor e pró-reitoria de

administração não conheciam os números, enquanto que o comando de greve já sabia

de tudo. Um dos pontos positivos relacionou-se ao fato do reitor ter reconhecido que a

conquista de R$ 3 milhões para o orçamento foi do comando de greve, resultado dos

embates entre o movimento e o governo.

O movimento de greve é um processo constante de busca pelas suas garantias ao

passo que ações contrárias tentam a todo custo tornar inválido as atitudes desse grupo.

Um exemplo disso tem a ver com a notícia do dia 5 de dezembro, em que a

reportagem tratou da abertura de uma sindicância com o intuito de observar se houve

irregularidades praticadas pelos grevistas no que diz respeito à invasão da reitoria em

outubro. A tentativa de paralisar toda a universidade, inclusive de funcionários da reitoria,

feita pelo movimento foi entendida como invasão pelo reitor Wilson Iscuíssatti que

comunicou a Seti da atitude, fato que acabou em sindicância. O piquete foi realizado no

dia 10 de outubro. Segundo a Seti, seriam ouvidas 14 pessoas e posteriormente

analisados os seus depoimentos.

Mas de acordo com o comando de greve o processo foi entendido como

retaliação. Segundo Maria Lucia Frizon Rizzotto,

nunca uma sindicância foi tão rápida. Nem mesmo quando as denúncias eram graves e urgentes, o comando jamais obrigou ninguém a nada, apenas tentamos maior adesão, mas quando os funcionários da reitoria decidiram continuar trabalhando, respeitamos (p.13).

O jornal do dia 07 de dezembro trata de um assunto importante e mostra o Estado

pressionando os seus professores a retornarem as atividades. A notícia fala de uma

determinação da Justiça de multa de R$ 1,5 mil por dia e caso descumprida essa multa

passaria R$ 15 mil por dia. No entanto, o comando de greve afirmou que não receberam

nenhuma notificação da justiça e por isso continuam agindo dentro da lei, mesmo por

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que o movimento não foi procurado por nenhum oficial. Alias nem mesmo a liminar

referente ao valor de R$ 1,5 mil ao dia chegou até o sindicato. A multa referente aos R$

15 mil determinada pelo desembargador José Sarrão é conjunta para as sete instituições

e não para cada uma, como havia sido divulgada. Foi uma ação por que a justiça federal

entendeu que a greve tornou-se abusiva.

No dia 11 de dezembro o conselho se reuniu para negociar se aceitava ou não a

proposta do governo no que diz respeito as correções tanto salariais quanto

orçamentárias.

De acordo com o comando, os grevistas aceitaram a proposta do governo de

negociar as distorções no plano de cargos e salários abrindo mão dos 50,03% de

reajuste que motivou a paralisação, porém divergiram num ponto, a questão

orçamentária. O governo realizou uma proposta de investir R$ 47 milhões para corrigir as

distorções o que representaria 15%. Já o comando fez uma contraproposta no valor R$

90 milhões e aguardou as negociações com o governo.

Outra questão que voltou a tona foi à denúncia sob a ex-reitora Liana Fuga que foi

acusada por peculato e fraude em concurso público da universidade na cidade de

Francisco Beltrão. De acordo com a notícia ela estava sendo vítima de armação porque

os recibos no valor de R$ 11.670,84 de que estava sendo acusada de tê-lo em benefício

próprio, inclusive em viagem a São Paulo onde assistiu a corrida de fórmula I, ficaram

todos em seu gabinete. Ela foi afasta sob a suspeita de fraude no concurso púbico na

cidade de Francisco Beltrão e foi acusada de ter utilizado R$ 16 mil da instituição e de

não ter justificado onde aplicou R$ 11 mil.

No dia 12 de dezembro, se iniciaram as negociações com o Estado para pôr fim a

greve que se estendia há 87 dias. De acordo com o noticiado, a assembléia aceitou a

proposta do governo de corrigir distorções desde que o impacto financeiro fosse de R$

90 milhões, o que corresponderia a um reajuste salarial de 30%, e não apenas os R$ 47

milhões propostos pelo Estado. Outro ponto discutido foi o reajuste para professores e

técnicos. Como os servidores não tiveram seu plano ainda implantado de fato, a

assembléia aprovou para eles um reajuste de 30%.

A foto abaixo demonstra a atividade da assembléia na discussão das questões

argumentadas anteriormente e a votação da proposta supracitada. O engajamento

dentro do movimento, compreendendo a rela situação pela qual passam, nos leva ao

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entendimento de que uma estrutura justa em um plano de cargos e salários adequados

além de recursos para infra-estrutura do campus é fator determinante na qualidade de

ensino,

Figura 7 – Jornal O Paraná 12/12/2001

Por outro lado, nessa altura do ano letivo o medo do vestibular é algo notável entre

os jovens, contudo, a Unioeste anunciou no dia 11 de dezembro de 2001, a inscrição de

15.800 candidatos disputando vagas nos campi de Cascavel, Toledo, Marechal Cândido

Rondon, Foz do Iguaçu, Francisco Beltrão e nas extensões de Medianeira e Santa

Helena. O número de inscritos no ano anterior foi de 16.300, porém o número atual é visto

com muita positividade em vista da situação delicada pela qual passa a universidade.

Todavia, por falta de proposta concreta do governo a greve continuou. A notícia do

dia 13 de dezembro tratou dessa questão afirmando que a greve iria continuar por falta

de uma proposta concreta, por parte do governo. Para o comando de greve, o governo

não assume proposta nenhuma, não quer discutir montantes, valores, nem considera

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que são 87 dias de greve, apresentou pontos evasivos, mas não tocou em questões de

reajuste salarial, não apresentou nenhum índice concreto.

Entre as proposta genéricas estão

Flexibilização do orçamento/02 para reestruturar o PCCS dos quadros das universidade; alterar valores constantes nas tabelas, estabelecendo benefício maiores aos servidores que recebem salário menores; encaminhar à Assembléia Legislativa projeto que estabeleça alterações no PCCS e a correspondente dotação orçamentária até início dos trabalhos legislativos/02; novos valores estabelecidos pela lei a ser aprovada seriam seriam aplicados a partir de abril/02 (O Paraná, p.13).

O importante é perceber que o movimento de resistência foi atingindo seu objetivo

o que comprova que a fundamentação é algo importantíssimo nessa relação de forças.

Um exemplo disso foi a aprovação da Assembléia Legislativa para o aumento

orçamentário para o ano de 2002 relativo às atividades da Unioeste. Nesse sentido a

conquista diz respeito à ampliação de recursos.

Nesta altura da greve é importante destacar como este meio de comunicação

realizou a cobertura do movimento. Até então, nos parece o seu posicionamento a favor

do movimento, relatando os fatos ocorridos com uma postura declarada, favorecendo,

assim, muito mais os interesses da paralisação do que os interesses do governo.

O deputado Élio Rusch e outros seis deputados do oeste e sudoeste do Paraná

que faziam parte da base de sustentação do governo na Assembléia Legislativa tiveram

uma importante vitória. Além da aprovação da emenda coletiva de R$ 3.000.000,00

subscrita por todos os 54 deputados aumentando toda a dotação de todas as

universidades estaduais, os deputados conseguiram reforço orçamentário de R$

3.580.000,00 para a Unioeste, perfazendo um total de R$ 6.580.000,00 em relação a

proposta original.

A defesa a educação especialmente as universidades esteve presente nessa

conquista de acordo com Élio Rusch,

não podemos falar em desenvolvimento duradouro se não prepararmos os jovens. O grande salto que o Paraná deu em termos de tecnologia e industrialização só foi possível graças a existência de centros de excelência, de boa universidades estaduais e de profissionais qualificados (p.4)

No dia 04 de janeiro de 2002, o COU anuncia que iria pedir a suspensão do

vestibular por meio da autoconvocação. O vestibular estava marcado para os dias 27, 28

e 29 do mês de janeiro.

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O comando de greve entende que sem a participação de professores e

funcionários, devido ao movimento da greve, não havia condições adequadas para

aplicação das provas.

Enquanto essa questão ia sendo providenciada pelo COU, a comissão de

concurso da instituição assinalou que o calendário para o vestibular seria mantido e que

o ensalamento contendo o total de inscrito deveria sair até o dia 10 deste mesmo mês.

Segundo a mesma comissão, toda a realização do concurso que envolve 1,5 mil

pessoas, estava transcorrendo normalmente.

O jornal do dia 8 de janeiro, terça-feira, demonstrou o início do processo de

solicitação para o cancelamento do vestibular. O adiamento deveria ser mantido

enquanto a greve continuasse. Iniciaram a colhida de nomes para a autoconvocação do

COU que com 32 das 48 assinaturas poderia ser realizado.

Neste mesmo dia, o diretor afastado do campus de Cascavel, Paulo Sérgio Wolff,

ingressou no tribunal de justiça com petição em que solicitava a prisão do Secretario de

Estado da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Ramiro Wahraftig, e da procuradora

geral do Estado em exercício, Silmara Bonatto Curuchet por descumprimento de ordem

judicial. O diretor havia sido afastado em agosto de 2001 por notificação do Tribunal de

Contas no que diz respeito a procedimentos administrativos, com o objetivo de verificar

fundo de caixa e da existência de vários pontos de arrecadação sem procedimento dos

devidos boletins de caixa. E por sentir-se prejudicado, Paulo Sérgio, recorreu a justiça e

obteve liminar que foi proferida no dia 12 de dezembro de 2001 pelo desembargador

Jesus Sarão, do TJ, reintegrando-o ao cargo. O que o diretor afastado não compreendia

era o não cumprimento dessa decisão pelo secretário da Seti e pela procuradora geral

do Estado.

Por fim no dia 09 de janeiro foi divulgado pela Unioeste o ensalamento do

vestibular 2002 que foi realizado nos dias 27, 28 e 29 do mês de janeiro. Inscreveram,

para este vestibular, cerca de 16 mil candidatos que concorreram a 2.180 vagas nos 32

cursos de graduação distribuídos em 49 turmas nos campi de Cascavel, Toledo, Foz do

Iguaçu, Marechal Cândido Rondon, Francisco Beltrão, além das extensões de Santa

Helena e Medianeira. Enquanto o Conselho Universitário trabalha para colher

assinaturas e na defesa da suspensão deste vestibular.

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Na quinta-feira, dia 17 de janeiro de 2002 o jornal trouxe em sua página inicial a

manchete: “Quatro meses de braços cruzados”, remetendo a greve universitária, a maior

já registrada na história do Brasil.

Ainda nesse mesmo dia como notícia de última hora foi veiculado que as

universidades, UEL, UEM, Unioeste, não entraram em acordo com o governo pois este

se negou a apresentar índices de reajuste salarial, enquanto a greve fosse mantida.

Contudo, segundo o secretário da Seti, o governo só dará início aos trabalhos de

preparar a reestruturação do PCCS do quadro de ensino superior depois de encerada ou

suspensa a greve “se não houver retorno às atividades até o dia 28 de janeiro, para cada

semana há mais de greve haverá uma semana a mais de adiamento da proposta a

Assembléia Legislativa”. (O Paraná, 17/01/01, p.7)

No dia em que a greve completou 04 meses todos os acadêmicos foram

convidados para participarem de uma manifestação às 18h em frente a Catedral Nossa

Senhora Aparecida. O objetivo dos estudantes foi pressionar para o retorno às aulas,

desejavam que a manifestação servisse como mediação entre o governo e os grevistas.

Desejam a volta às aulas com dignidade, que os professores e funcionários estivessem

satisfeitos e que o governo cumprisse as exigências dos grevistas. Os estudantes

almejavam o fim da greve, mas julgavam que necessitavam de maior união e que

precisavam lutar para que o impasse chegasse ao seu final e que as aulas pudessem ser

retomadas.

Após os grevistas terem colhidos as assinaturas necessárias para pedir o

cancelamento do vestibular resolveram apoiar a manutenção do mesmo em vista do

pedido realizado por lideranças de Cascavel. Entre eles, o prefeito Leonaldo Paranhos,

presidente da Acic empresário Rogério Stein, representantes da Caciopar, Acit (Toledo),

e Acimacar (Marechal Cândido Rondon) representando quase 20 entidades de toda a

região, públicas e privadas, incluindo Ministério Público e OAB, que explicitaram a

importância da Unioeste para o desenvolvimento regional e por isso da necessidade da

manutenção do vestibular. A proposta foi acolhida pelos grevistas e o vestibular será

mantido.

Este mesmo grupo foi a Curitiba pedir ao secretário da Seti para colocar fim ao

impasse, é a mobilização da sociedade civil visando o retorno das atividades normais na

instituição de ensino.

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Esse posicionamento demonstra que uma universidade não é apenas um

emaranhado arquitetônico, reportando-se apenas aos aspectos físicos, onde acadêmicos

e docentes se encontram para apropriação de um conhecimento. Porém, esse espaço

pode ser compreendido como a extensão da própria comunidade, a sua atuação

enquanto produção e reflexão do conhecimento influencia diretamente no

desenvolvimento da cidade e da região, é o espaço público onde são geridas grandes

iniciativas de transformação em todos os aspectos da vida humana, aspectos de

inovação tecnológica, de pesquisa e produção científica que visem a melhoria na

qualidade de vida das pessoas.

Figura 8 – Jornal O Paraná 17/01/2002

A notícia do dia 22 de janeiro de 2002 trouxe o reitor Wilson Iscuíssatti

esperançoso para o ano letivo e para a finalização da greve que já se estendia por mais

de 4 meses. Para o reitor “a intervenção da sociedade civil organizada vem sendo

fundamental para mostrar tanto ao governo como aos grevistas que existem pessoas da

comunidade preocupadas com a universidade” (O Paraná, p.11)

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A Unioeste obteve um orçamento de R$ 52 milhões para o ano de 2002 e mais R$

10 milhões para o HU.

Segundo o reitor o ano letivo só teria início após a reposição das aulas do ano de

2001 perdidas pelo motivo da greve, que atingira 60 dias letivos. Em 2002 também não

houve formaturas devido ao atraso.

Além disso, Wilson tem como plano para o ano de 2002 o envolvimento da

sociedade. Já no fim de fevereiro representantes de todos os municípios que possuem

campi da universidade participaram do 1º Fórum de Discussão Comunitária da Unioeste.

O objetivo do evento, residiu na possibilidade de abrir oportunidades para a participação

efetiva da comunidade, junto a universidade, porém não somente nos momentos de

crises.

O jornal do dia 23 de janeiro trouxe a informação de que o Ministério Público

denunciou à Vara Criminal de Cascavel a reitora afasta Liana de Fátima Fuga e Carlos

Paulo Duda que coordenou o processamento de dados do concurso da Unioeste para o

campus de Francisco Beltrão e em co-autoria com a reitora afastada.

Eles foram indiciados por inserir dados falsos em sistemas informatizados, com

intuito de obter vantagem indevida para outrem. Contra Liana foram realizadas mais

duas denuncias: prevaricação e omissão de dados técnicos solicitado pelo MP. Foi

constatada, a falta de lisura no concurso da Unioeste. Por ser da responsabilidade desta

universidade o processo homologado que culminou na contratação de dezenas de

funcionários, foi sugerido a anulação do concurso.

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Figura 9 – Jornal O Paraná 23/01/2002

Outra questão passível de análise foi à realização de uma pesquisa para saber, da

sociedade cascavelense, qual foi o grau de aceitação ou rejeição em relação ao

movimento de greve.

A pesquisa dividiu a opinião entre os entrevistados que emitiram opinião sobre a

paralisação realizada nas universidades estaduais paranaenses a UEM, UEL e,

especialmente na Unioeste.

De acordo com pesquisa realizada pelo Instituto SDS em parceria com o jornal O

Paraná, enquanto 43,25% consideraram o movimento justo, a maioria 46,75% afirmaram

exatamente o contrário, deixando claro que compreendem essa ação como excessiva.

Por fim, dez por cento dos cascavelenses não informaram.

A pesquisa que foi realizada nos dia 16, 17 e 18, consistiu num levantamento feito

por amostragem estratificada por sexo, idade, escolaridade, renda e local de moradia.

Foram ouvidas 200 pessoas do sexo masculino e 200 pessoas do sexo feminino.

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Figura 10 – Jornal O Paraná 23/01/2002

No dia 24 de janeiro de 2002, quinta-feira, uma pequena nota do Jornal O Paraná

informou que a multa cobrada aos grevistas já chegara a cifra de R$ 10,03 milhões,

aplicadas aos 14 sindicatos de professores e servidores das três universidades estaduais

em greve há mais de quatro meses. A multa diária foi determinada pelo juiz João

Domingos Küster Puppi da 3a Vara de Fazenda Pública que acatou parcialmente uma

ação movida pelo governo. Ele considerou a greve abusiva e determinou o imediato

retorno ao trabalho.

Já o jornal de domingo, dia 27 de janeiro tratou do início do vestibular da Unioeste,

que naquele ano, teve 15.959 candidatos inscritos, para 2.118 vagas em 32 cursos.

No dia 29, a notícia veiculada pelo jornal, referiu-se ao vestibular. A matéria em

questão, afirmava que os candidatos sentiam-se inseguros em relação a greve que

continuava, no entanto, estavam torcendo na perspectiva do surgimento de negociações

conduzindo ao término dessa greve histórica. A mesma matéria trouxe a informação do

percentual de vestibulandos desistentes, alcançando 9,22%.

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No último dia do vestibular, 30 de janeiro, quarta-feira, o jornal – O Paraná -

informou que o início das provas do sofreu um atraso de meia hora devido a um acidente

com o ônibus que conduzia alunos de uma comunidade de Eneas Marques, município

próximo a Francisco Beltrão. Ninguém ficou ferido e mesmo os alunos serem conduzidos

por outro veículo, pois tiveram o seu tempo reduzido, ainda assim conseguiram chegar a

tempo para realizar a prova. Quem decidiu pelo atraso em meia hora foi a comissão de

concurso que em conseqüência estendeu em meia hora para a realização das provas. Já

os ausentes no dia anterior somaram-se 1.496 vestibulandos que não fizeram as provas

de química, física e história.

Nesse mesmo dia as lideranças do comando de greve depuseram a Procuradoria

Geral do Estado devido à sindicância aberta, relacionada à denúncia do reitor Wilson

Iscuíssatti de piquete realizado por professores no dia 10 de outubro do ano de 2001. Os

funcionários da reitoria teriam sido impedidos de trabalhar, pois segundo Osmar Feijó,

presidente da Comissão de Processo Administrativo Disciplinar, foi colocada uma

corrente na porta da instituição para impedir a entrada de funcionários, o que

caracterizou um ato irregular da greve. No entanto, sem a comprovação não pode haver

indiciamento e o processo teve o seu fim. Já o comando de greve em reação a este

acontecimento, denunciou que ao invés de o governo realizar propostas concretas para

pôr fim a greve tentava incriminar as lideranças, deixando evidente, suas intenções de

retaliação ao movimento. Dessa forma, o comando garantiu que não tomou nenhuma

ação que impedisse os funcionários de trabalharem.

No dia 07 de fevereiro, o jornal – Paraná – trouxe a manchete a manchete: “Lerner

afirma que greve é política”.

Na página 03 do jornal Lerner diz que a greve somente chegará ao fim com a

ajuda da sociedade. A nota do jornal inicia da seguinte forma,

O desabafo de Lerner. Mais do que um gesto de humildade, o apelo de Jaime Lerner para que as chamadas forças vivas da sociedade regional cobrem o fim imediato da greve que mantém as atividades da Unioeste paralisadas há mais de quatro meses foi um sinal claro de que o governo já ofereceu tudo o que podia na busca de uma saída, digamos, diplomática para o problema. ‘Eu não agüento mais esse negócio. Não podemos deixar que nossas universidades sejam dominadas por facções políticas. A sociedade precisa se pronunciar’, afirmou o governador em tom de desabafo, mas sem atribuir a qualquer partido a responsabilidade pela greve. ‘Não posso cometer a irresponsabilidade de prometer um aumento sem ter como pagar’, emendou. Lerner garantiu ter feito aos grevistas a melhor proposta que estava ao seu alcance: repassar às universidades um percentual fixo do ICMS recolhido pelo Estado. ‘Se mais não temos feito, é porque não temos como fazer’, assegurou.

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Além do mais, afirmou que foi a sociedade quem criou a universidade e desse

processo deve tomar parte, disse também que a sociedade não pode ficar refém de

facções políticas, referindo-se ao grupo de professores articuladores do movimento. O

governador também relembrou a aprovação de um plano de carreira, cargos e salários

há três anos para os servidores das universidades estaduais que resultou em um

aumento em média de 114%. O aumento dos investimentos proporcional em relação a

1994, a multiplicação por 8 e os investimentos na universidade, na casa de R$ 55

milhões. Nesse fato nota-se que o jornal tem a intenção de demonstrar a sociedade que

o governo tem feito esforços e tem trazido melhorias para a universidade o que leva a

considerar que a greve pode ter seus pressupostos infundados e assim a população

opor-se as intenções de melhoria defendida organicamente pela classe docente.

Segundo Lerner, a sua equipe havia preparado uma proposta que possibilitaria o

aumento de recursos a todas as universidades. Tal proposta tinha como ponto central a

vinculação dos repasses de uma porcentagem do ICMS, de 9%, arrecadado pelo Estado,

direcionada para as universidades estaduais. Os valores destinados as universidades

seriam transformados em percentuais do ICMS e como o imposto aumenta anualmente

cada universidade teria autonomia para fazer seu próprio plano de cargos e salários.

Uma proposta que aparentemente garantia a plena implantação do plano de cargos

e salários da Unioeste, contudo, não fornece autonomia desejável para execução de tal

plano.

A foto abaixo ilustra a entrevista realizada por Jaime lerner explicitando a questão

da vinculação do ICMS para repasse as universidades, desconsiderado a necessidade da

greve.

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Figura 11 – Jornal O Paraná 07/02/2002

No dia 14 de fevereiro foi anunciada a aprovação dos vestibulandos para os cursos

da Unioeste no ano letivo de 2002.

Na sexta-feira, dia 15 de janeiro foi publicada, no jornal – O Paraná - a lista de

todos os aprovados no vestibular e um comunicado de que os recursos da Unioeste

juntamente com o do Hospital Universitário atingiram o montante de R$ 92 milhões.

O temor dos vestibulandos em relação ao início das atividades letivas da Unioeste

é considerável, pois a paralisação ganhou proporções de longo alcance de tempo o que

pode prejudicar o andamento até a normalização das atividades acadêmicas.

Por outro lado, a aprovação nesta instituição de ensino é algo celebrativo e

representa uma grande conquista, como demonstra a foto abaixo, o que permite afirmar

que a Unioeste é um centro acadêmico de notável excelência de ensino, e, assim, para

essa característica seja expressiva necessita de garantias visando sempre o seu

melhoramento.

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Figura 12 – Jornal O Paraná 15/02/2002

De acordo com Wilson Iscuissatti, reitor da universidade, com recursos oriundos do

tesouro do Estado serão R$ 54,22 milhões, com os recursos próprios, provenientes de

convênios, vestibular, cursos de especialização, prestação de serviços entre outros tem-

se a expectativa de alcançar R$ 21,23 milhões.

Já os recursos para o Hospital Universitário o orçamento deste ano é de R$ 46,92

milhões, dos recursos propriamente estaduais, proveniente das receitas de impostos,

foram aprovados R$ 11,23 milhões mais R$ 5,69 milhões de outras fontes oriundas de

arrecadações, convênios destinados a cobrir os próprios custeios. Somando-se as duas

receitas teríamos o montante total de R$ 92,37 milhões no orçamento.

No dia 19 de fevereiro, um ato público marcou o cinco meses de greve. Com isso,

cerca de 150 representantes de Cascavel foram a Curitiba. Os manifestantes estavam

vestidos de preto, caracterizando o luto da universidade, além de portarem faixas e

realizarem um panelaço, como forma de evidenciarem o descaso do governo com a

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universidade pública paranaense. O encontro ocorreu em frente a universidade federal e

foi em direção ao centro cívico de Curitiba.

No entanto, mesmo em greve, e sem definição para o calendário acadêmico de

2002, os alunos realizaram matrícula e aguardaram a convocação para o início das

aulas.

Entendida como forma de demonstração de que os professores universitários

recebem vários investimentos para sua formação e aperfeiçoamento acadêmico, e com

isso induzir a sociedade a entender a greve como desnecessária e logo, se posicionarem

pelo fim do movimento grevista, o jornal do dia 21 de fevereiro de 2002, trouxe, na folha

cidades, a seguinte manchete: “Titulação financiada com dinheiro público”.

A reportagem, ao afirmar que um docente em regime de doutorado pode custar até

R$ 99 mil para o Estado, objetivou criar na sociedade em geral, a opinião contrária ao

movimento de greve. O texto trouxe em seu início, a seguinte frase: “nem tudo que é

legal é moral”, argumentando que a legislação que permite o uso do dinheiro público

para formação docente não é uma aplicação correta.

Segundo a reportagem, ao contrário das instituições privadas em que os

professores devem arcar com recursos próprios seu mestrado e doutorado, na rede

pública os professores podem ficar afastados até quatro anos sem a perda de seus

vencimentos e, além disso, recebem uma bolsa incentivo para custear seus estudos.

Em 2002 a Unioeste contava com 879 professores, sendo que mais de 100

estavam fora defendendo suas titulações. Para isso eles são liberados de cada Centro e

o Colegiado assume a carga horária faltante. Naquele ano eram 04 professores fazendo

o pós-doutorado, 94 fazendo doutorado e 68 cursando mestrado. O custo no curso de

mestrado (dois anos) e doutorado (três a quatro anos) pode variar de R$ 5.785,95 a R$

99.230,01. Os valores são variados dependendo a cada plano de cargos, carreira e

salário a que o professor pertence.

A veiculação deste noticiário nos conduz ao entendimento da greve como uma

ação desnecessária e de puro interesse de um grupo de professores empenhados em

apenas satisfazer interesses individuais, pois recebendo auxílio do estado para

concluírem seus estudos na pós-graduação, nesses valores citados acima, o resultado

de uma greve para as conquistas de uma universidade é praticamente insignificante.

Uma informação desta tem o objetivo de desenvolver na reflexão do interlocutor do jornal

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repudio em relação aos professores, pois eles estariam favorecendo-se apenas. Ainda

mais de acordo com o jornal O Paraná do dia 22 de fevereiro, o governo investia R$ 1

milhão por dia em universidades, sem, no entanto, mencionar se esse valor era

direcionado a apenas a uma universidade ou a todas as universidades paranaenses.

Contudo, observamos que a matéria jornalística em questão visava objetivamente levar a

população cascavelense a se posicionar contrária ao movimento de greve e com isso

pressioná-lo para o seu término.

O noticiário deste mesmo dia afirmou que os grevistas não foram recebidos pelo

governador quando da visita deste a cidade de Cascavel para inauguração da

penitenciária industrial. O comando de greve pediu às lideranças da cidade para

intermediar o encontro, mas a resposta do governador foi firme, “não faço audiência com

grevistas”. O comando não pode se aproximar do governador, pois foram vigiados na

estrada mesmo pela polícia, a mando do governador. Para o movimento o projeto de

autonomia da universidade protocolado pelo estado era inconstitucional ao passo que o

governo pôs fim ao assunto após essa protocolação.

As lideranças do movimento agendaram uma assembléia para o dia 24 de

fevereiro, tendo como pontos de pauta principais, a avaliação do movimento e a

discussão do projeto de autonomia das universidades estaduais proposta pelo

governador.

O governo foi definindo ações para retaliações ao movimento. O jornal do dia 26

de fevereiro, trouxe a seguinte manchete: os “Grevistas vão ficar sem salários”. A greve

das universidades que já durava 163 dias, fez com que o governo suspendesse o salário

de professores e funcionários paralisados. Isso representou que UEL, UEM e Unioeste

juntas deixaram de receber R$ 20 milhões por mês. As lideranças regionais entenderam

como lamentável o corte dos repasses, porém acreditavam que era necessário para o

fim do impasse. Para o comando de greve o anúncio do corte de salários foi apenas uma

estratégia para desmoralizar a categoria. O governador já havia feito isso anteriormente,

em setembro passado, mas desde o dia 8 de outubro o comando tinha uma liminar para

garantir os seus direitos.

A assembléia unificada que ocorreu com a presença de grevistas da UEL, UEM e

Unioeste, apresentou que os grevistas desejavam retirar da pauta o projeto de lei que dá

autonomia as universidades. Almejavam buscar representantes de todas as

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universidades e sensibilizar os deputados para que não aprovassem o projeto nos

trabalhos da Assembléia Legislativa.

Segundo o movimento, o projeto não representava nenhum ganho, muito menos a

ampliação de orçamento para as universidades, sem contar que apresenta

inconstitucionalidade. Alem do mais, exclui os estudantes da gestão universitária. A

escolha de reitor, por exemplo, seria exclusivamente realizada pelo conselho comunitário

do qual estudantes e funcionários não participavam. Outro aspecto considerado grave foi

a extinção dos PCCS. Atualmente ele prevê que professores com dedicação exclusiva

recebam o Tide, (Tempo Integral de Dedicação Exclusiva) com 55% a mais em seus

vencimentos, além de 75% ao concluir doutorado e 45% ao concluir mestrado.

Nessas questões, percebemos que as garantias tão buscadas pelos professores

fundamentam-se em realidades concretas, característica determinante para aqueles que

julgam o movimento grevista desconexo da realidade e sem justificativas. Nesse caso,

aquela proposta irrecusável torna-se inadequada por representar ato inconstitucional em

relação ao repasse do ICMS e por resultar em perdas de garantias na carreira docente.

É notável destacar a objetividade do movimento grevista nesta relação dialética com o

Estado representado pelo governador.

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Figura 13 – Jornal O Paraná 26/02/2002

Na quarta-feira dia 27 de fevereiro, o jornal apresentou a manchete: “A Sociedade

exige o fim da greve”. Da câmara municipal 15 dos 21 vereadores assinaram manifesto

cobrando que sejam respeitados os princípios e espaços democráticos em especial o

direito primordial dos estudantes. Também em nome da Sociedade Rural do Oeste do

Paraná, o presidente, Valdir Lazarini encaminhou ao governador Jaime Lerner,

documento pedindo para que sejam acionados instrumentos legais visando restabelecer a

normalidade nas instituições de ensino superior. Segundo Valdir, “a greve nas

universidades já passa do tolerável”.

No dia 27 de fevereiro a câmara apresentou o manifesto que exige o fim da greve.

Membros da câmara quiseram saber onde começa o direito de reivindicar, e o prejuízo de

toda comunidade. Sempre estiveram ao lado dos professores em defesa pelo direito de

greve, mas para eles já haviam passado dos limites e perderam a confiança da

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sociedade. “Esta é sem dúvidas a mais difícil luta da Unioeste, uma instituição que nasceu

da vontade do povo de Cascavel, que saiu às ruas, fez protestos, movimentou a

sociedade organizada, instituindo, inclusive, um movimento que foi batizado como

universidade já”.

Nesse momento vemos o posicionamento de um jornal que está muito mais

preocupado em atender aos interesses de uma camada social determinada, aqueles que

percebem que o movimento de greve pode influenciar negativamente em seus negócios,

aqui citamos os lojistas e comerciantes que sentem-se prejudicados, pois a greve pode

encorajar tantas outras manifestações por melhores condições de vida. A preocupação

destes em relação a imagem que se cria da cidade parece interessar muito mais do que

propriamente as conquistas para a universidade e por conseqüência ao melhoramento

desta instituição que prima pela qualidade de ensino em ascensão.

O manifesto foi encaminhado, ao movimento de greve, ao reitor Wilson Iscuíssatti,

ao governador Jaime Lerner e ao Secretário da Secretária de Ciência, Tecnologia e

Ensino Superior, Ramiro Wahrahftig.

A edição deste dia trouxe o seguinte informe:

Figura 14 – Jornal O Paraná 27/02/2002

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Na quarta-feira, dia 27 de fevereiro, o Conselho Universitário da Unioeste, aprovou

uma moção de repúdio que seria enviada para a Assembléia Legislativa. As

universidades queriam derrubar o projeto governamental que vincula o ICMS.

Este projeto foi repudiado pelos por conselheiros por que entenderam que fere a

Constituição Federal. Segundo a moção,

A autonomia da universidade está amparada na LDB no 9394/96 art. 207 da Constituição Federal e Art. 180 da Constituição Estadual, conferindo as instituições públicas o princípio de gestão democrática, articulada com os segmentos da comunidade institucional, local e regional. A autonomia universitária [...] pauta-se nos princípios inarredáveis que são: a manutenção e a melhoria do sistema estadual de educação; a expansibilidade do sistema, a indissociabilidade e a avaliação permanente [para os conselheiros] o governo atropelou os princípios de democracia e gestão participativa ao encaminhar, de forma ditatorial, o anteprojeto de lei da autonomia das universidades públicas do Paraná, sem nenhuma discussão com a comunidade universitária e civil organizada. (p. 14)

Já o jornal do dia 1o de março trouxe em sua folha inicial a manchete: “Greve pode

acabar ainda hoje” direcionando-se ao acordo feito entre o comando de greve e o

governo. Na página (n.7), havia o comunicado de que o governo e o comando realizaram

acordo para pôr fim a greve.

O acordo que ocorreu no início da noite do dia 28 de fevereiro, após intensas

reuniões e discussões, recebeu a assinatura dos líderes do movimento, do Secretário de

Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Ramiro Wahrahftig, e do líder do governo na

Assembléia Legislativa, Durval Amaral, que encaminhou os entendimentos. Em seguida

foi acometido para as três assembléias de servidores das três universidades. Segundo o

acordo, o governo retiraria o regime de urgência para tramitação do projeto sobre

autonomia das universidades com vinculação de 9% do ICMS do Estado, caso a greve

fosse encerrada. A retirada do projeto do caráter de urgência permitiria maior discussão

com a comunidade.

O acordo, ainda previu um remanejamento orçamentário da verba que cabem as

universidades a fim de destinar R$ 35 milhões para despesas de pessoas. O orçamento

das universidades para este ano estava fixado em R$ 352 milhões, 17% a mais que o

valor do ano passado. O governo também se comprometeu a liberar os recursos

bloqueados nas universidades em greve, logo após que a paralisação fosse encerrada.

Por fim, o governo e grevistas decidiram incluir no acordo a desistência de ações

judiciais que haviam sido patrocinadas pelas partes, em razão da paralisação nas

universidades.

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Porém, o sindicato dos lojistas, também em nota ao jornal, condenou falta de

medida judicial para o fim do impasse. O sindicato dos lojistas e varejistas das cidades

de Cascavel e região reforçaram seu posicionamento contra o movimento de greve.

Segundo Plínio Destro do Sindilojista,

o distanciamento que há entre os grevistas e o governo estadual dá a transparecer duas faces: uma a de que não há interesse maior do governo em tomar medidas legais para que as aulas não fossem paralisadas; a outra, de que estaria, de forma indireta, incentivando o aumento de universidades particulares.[...] é possível constatar que as universidades particulares, ainda que visando lucros, o gasto com cada aluno são inferiores a metade daqueles dispensados pelo governo com estudantes das universidades públicas e que a greve desmoraliza a nossa Unioeste e o nosso ensino superior. (p.7)

Já o jornal de sábado dia 02 de março faz menção de que a greve poderá terminar

na próxima segunda-feira. O comando afirma que por menor que seja a proposta

apresenta ganhos e o sentimento de conquista é perceptível entre professores e

funcionários da universidade, que encontravam-se em greve há 167 dias. A proposta do

governo de R$ 35 milhões estava bem abaixo da exigência inicial de R$ 150 milhões e

dos R$ 90 milhões reivindicados logo na seqüência. Para os funcionários em geral,

representou um ganho de 30 ou 40%, ao passo que para os professores e funcionário de

nível superior os ganhos ficaram entre 6 a 10%. De qualquer forma, o movimento

representou ganhos.

A edição do jornal de terça-feira, dia 05 de março de 2002, trouxe a manchete do

término da mais longa greve universitária já registrada, finalizada no dia 04 de março de

2002

Foram 169 dias de greve atingindo cerca de 8.200 alunos e 1.400 funcionários. A

votação pela proposta de fim da greve foi a última coisa a ser discutida. Os 290

funcionários e professores que participaram da assembléia decidiram por unanimidade

encerrar a greve.

Nesse sentido, o fim da greve trouxe um certo alívio a todos os estudantes, mesmo

que temporário, por que a preocupação de todos agora passou a ser a reposição das

aulas perdidas. Alguns, especialmente formandos, sentiram-se prejudicados por não

poderem entrar no mercado de trabalho, muito menos dar continuidade aos estudos e

agora exigiam que as aulas fossem repostas integralmente e com a mesma qualidade.

De acordo com Leônidas Lopes Camargo, pró-reitor de graduação, o objetivo era

iniciar as aulas na próxima segunda, dia 11 de março e concluir os 44 dias letivos

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perdidos com a greve e que completariam os 200 exigidos pela LDB com o

encerramento no dia 31 de maio, como mais uma semana de exames finais. A greve

comprometeu o calendário escolar até 2003 e a forma de reposição das aulas dependeu

de cada curso com aulas aos sábados ou não.

A análise e reflexão sobre esse momento histórico de crise pelo qual

passaram as grandes Instituições de Ensino Superior público no Paraná, por meio do

Jornal – O Paraná – nos possibilitou, primeiro, compreender o processo de organização

e manutenção do movimento de greve que envolveu as universidades estaduais do

Paraná, durante aproximadamente 160 dias. Segundo, a repercussão desse movimento

pelo jornal – O Paraná.

Findando essa questão, trazemos um balanço da greve da Unioeste em artigo

publicado pela professora Maria Lucia Frizon Rizzotto, no Jornal da Ciência, no dia 19 de

março de 2002.

2.4 Término da greve.

De acordo com artigo publicado no Jornal da Ciência por Maria Lucia Frizon

Rizzotto muitos foram os comentários depreciativos sobre o movimento grevista que

durou cento e sessenta e nove dias. Por outro lado, esquece-se que uma universidade

vai muito além de seu projeto físico, ela é uma comunidade composta por professores,

por pessoas comprometidas com a causa da educação. Além do mais, a greve, fez com

que a comunidade ficasse conhecendo um pouco mais a sua universidade. O movimento

também explicitou a todos o papel de uma universidade está muito além de apenas

formar mão de obra para o mercado capitalista e por isso se adaptar a ele.

Ela deve funcionar como um espaço público aberto para o debate, para a

democracia, para a problematização das questões inerentes da vida humana. Para a

livre expressão de pensamentos e identificação dos acadêmicos com essas linhas

teóricas.

É importante destacar que a proposta de negociação que pôs fim a greve foi

elaborada pelo governo e não pelo movimento e os aspectos que não houve progresso

nas negociações ficaram registrados nos acervos do movimento.

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Outra questão refere-se às conquistas alcançadas e estas por sua vez, não dizem

respeito somente as universidades que paralisaram, mas a todas universidades

paranaenses.

Segundo o artigo, as perdas salariais a serem repostas foi de 13.55% para

professores e de 13.55% até 50% para os demais funcionários.

Outro ponto positivo alcançado foi na Assembléia Legislativa, garantindo uma

emenda no valor de R$ 3 milhões para o orçamento da Unioeste. E por fim, a retirada do

plano de urgência referente autonomia das universidade, pois dessa forma foi possível

um tempo maior para discutir sobre esse tema de grande importância para o futuro das

universidades paranaenses.

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CONCLUSÃO

A trajetória desenvolvida em uma pesquisa científica é marcada pela análise,

comparação e verificação de dados. Este trabalho não fugiu desta regra, muito pelo

contrário, procurou-se aqui conferir se os objetivos, com a definição da indagação sobre

quais seriam as possíveis relações entre os meios de comunicação e a educação

aconteceram no desenvolver do trabalho.

A primeira idéia foi perceber que existe uma relação, por sua vez, pedagógica,

entre os meios de comunicação e a educação. Essa verificação ocorre no momento em

que a educação formal utiliza desses meios para o processo de formação e transmissão

do conhecimento, especialmente quando da junção dos mecanismos provenientes da

produção tecnológica, especialmente das mídias ligadas ao computador, à internet, a

produção e manipulação e imagem e áudio. A constatação é de que esses recursos

podem ser utilizados positivamente para o desenvolvimento do processo educativo

favorecendo a análise crítica do meio social onde cada estudante está inserido.

Demonstra a necessidade de o processo pedagógico educativo estar relacionado com os

aspectos onde o estudante realiza a criticidade e assim favorecer que ela seja cada vez

mais apurada e fundamentada.

Outra questão analisada é o surgimento do conceito e da atividade temática

Educomunicação. Construir a educação em um estado conjunto entre o professor e o

aluno ressaltando aquilo que há de melhor em ambas as partes produzindo conhecimento

a partir da instrumentalização tecnológica disponível e atrativa.

Ainda nessa perspectiva, nota-se a necessidade de que o professor esteja

familirializado com estas tecnologias, pois ele precisa conduzir o aluno ao questionamento

constante acerca de sua função social refletindo sobre sua cultura na perspectiva da

ampliação do seu conhecimento. É preciso, então, a assimilação desses recursos

tecnológicos, informatizados, o conhecimento de suas tendências a fim de favorecer a

atividade docente, não constituindo-se como entraves e inimigos à ação educativa,

porém, surgindo como auxílio cada vez mais introduzido no ambiente da sala de aula, de

acordo com a tendência contemporânea.

Outra questão amplamente discutida e verificada foi o movimento grevista na

Unioeste. A forma como ele desencadeou-se e articulou-se ao longo dos dias, as

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garantias alcançadas. A maneira como o jornal realizou a cobertura, destacando o

movimento dialético e constante, a pressão entre duas forças extremamente resistentes

em relação aos seus objetivos, o conjunto de exigências entre os professores que

integraram o movimento de greve e o aparato estatal representado na pessoa do

governador Jaime Lerner que ora atendia as exigências e ora reprimia o movimento

grevista.

Percebeu-se ainda, diante das inúmeras notícias veiculadas pelo jornal, que este

meio de comunicação interferiu na concepção das pessoas quanto à veracidade dos fatos

e da formação do julgamento de valores no que se refere a uma determinada realidade e,

nesse caso, especificamente da greve. Esse posicionamento jornalístico, nem sempre

explícito pode ser tendencioso, isto implica em favorecer uma parcela da sociedade ou

então pressionar as pessoas para por fim ou iniciar uma situação, como foi constatado

nas matérias referentes àquelas em que a sociedade como um todo exigia o fim da greve,

por ter entendido que esta já teria se tornada abusiva. No entanto, a sociedade referida

como um todo era apenas um grupo de lojistas muito mais preocupados com os seus

negócios do que com aquele grupo de professores que lutavam incansavelmente para a

conquista de melhorias para a universidade.

Um meio de comunicação, por isso, pode induzir um grande número de pessoas a

uma determinada ação, pode produzir um julgamento de valor, na maioria dos casos,

depreciativo, generalizante, pode incorrer na desvalorização de uma realidade em

detrimento a outra.

Enfim, fica-nos evidente a necessidade de submetermos os meios de comunicação

sobre ao crivo da análise crítica, atenta e minuciosa. Por isso, é imprescindível, na

matéria de educação, saber usar corretamente a tecnologia a serviço do aprimoramento

científico, pois estes recursos constituem-se uma forma de popularizar a cientificidade

produzida no ambiente escolar, acadêmico, logo essa produção tornar-se-á mais

conhecida e difundida, sendo acessível cada vez mais a todos.

Nessa perspectiva, pensando a educação e os meios de comunicação como

instrumentos capazes de suscitar mudanças na sociedade, não podemos desconsiderar a

sociedade capitalista, criadora das soluções para as próprias crises, onde a reflexão

humana crítica é evitada ao máximo, pois se assim o fizer logo perceberá as manobras

deste sistema econômico com fins a acumulação de capital a todo custo. A função social

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produtiva por sua vez é o consumo e o professor deve desenvolver instrumentos de

análise, que possibilite ao aluno perceber essas contradições para daí usar os meios

conscientemente, promovendo a leitura crítica das estruturas sociais.

Essa pesquisa também revela que os movimentos sociais organizados, quando

pensam a educação como instrumento de transformação, podem utilizar os meios de

comunicação para tornar as suas prerrogativas mais difundidas nos âmbitos sociais,

promovendo maior conscientização. É com essa finalidade que os meios educativos

devem utilizar aquilo que é mais popularizado, acessível e compreensível a todos.

Finalmente, temos claros os limites de um trabalho monográfico, porém, findando-

o, fica-nos a convicção da possibilidade e da importância de sua continuidade, agora, não

mais partindo do marco zero, mas intensificando os diálogos iniciais estabelecidos com as

fontes. Ou seja, poderemos aprofundar as análises do movimento de greve buscando

informações nos sindicatos dos professores, procedendo uma leitura crítica nas atas de

reuniões, nos diversos registros realizados durante o período da greve, nas atas do

Conselho Universitário, focando as referências acerca do movimento, realizando uma

pesquisa de campo com professores que participaram ativamente na greve e, uma vez de

posse desse material, submetê-lo a reflexão comparando-o com o noticiado pelo jornal O

Paraná.

Constatamos ainda da necessidade de fiscalização das informações para que

estas não se processem de forma desordenada, sem verificação do fato e com o menor

rigor científico. Em uma sociedade onde as relações se orientam pelo capital, a imprensa,

ao se tornar uma empresa, adquire um caráter de mantenedora dos interesses do capital.

Dessa forma, o seu produto, a notícia, ao mesmo tempo, torna-se uma mercadoria, que

traz em si, todas as implicações das contradições inerentes desta relação.

Manter-nos vigilantes da noticia, de forma crítica, ética, tendo os interesses

coletivos acima de tudo, pode se configurar no caminho que nos leve rumo a uma

sociedade em que os meios de comunicação se convertam em meios de propagação e

afirmação de ideais socializadores.

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