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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO”
UNESP
ELIANA TIEMI ITO
LINDOMAR FÁTIMA COSTA DA SILVA POLETTO
RENATA CRISTINA COELHO DE OLIVEIRA SILVA
“SAÚDE E SEGURANÇA NO TRABALHO: UM LEVANTAMENTO EM
UMA UNIVERSIDADE PÚBLICA DO INTERIOR DO ESTADO DE SÃO
PAULO - PERÍODO 2008 A 2010”
Araraquara
2010
UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO”
UNESP
ELIANA TIEMI ITO
LINDOMAR FÁTIMA COSTA DA SILVA POLETTO
RENATA CRISTINA COELHO DE OLIVEIRA SILVA
“SAÚDE E SEGURANÇA NO TRABALHO: UM LEVANTAMENTO EM
UMA UNIVERSIDADE PÚBLICA DO INTERIOR DO ESTADO DE SÃO
PAULO - PERÍODO 2008 A 2010”
Trabalho de Conclusão do Curso de Extensão
intitulado “Saúde e Segurança no Trabalho: Um
Levantamento em uma Universidade Pública do
Interior do Estado de São Paulo”.
Orientador: Prof. Dr. Francisco Hashimoto
Araraquara
2010
RESUMO
O presente trabalho aborda a saúde física e mental, e a segurança do trabalhador,
correlacionando o conteúdo teórico estudado com o resultado obtido em
levantamento de casos de afastamento por acidente, doença ocupacional e
adoecimento mental, em uma universidade pública do interior do Estado de São
Paulo. Realizou-se um levantamento dos afastamentos para tratamento de saúde,
ocorridos no período de 2008 a 2010, desenvolvendo análise em relação a sexo,
lotação, tempo de serviço e idade, além do estabelecimento ou não do nexo causal.
Percebeu-se que, em relação ao acidente de trabalho ou doença ocupacional,
provocados por aspectos físicos, químicos, biológicos ou mecânicos, o nexo com a
atividade laboral é mais facilmente estabelecido, enquanto que, em relação ao
adoecimento mental, o estabelecimento do nexo não se dá com facilidade.
Concluiu-se que devem ser propostas ações que visem propiciar a integridade física
e mental dos trabalhadores. Ações estas que devem ser contempladas por um olhar
criterioso por parte dos responsáveis pela avaliação do estabelecimento do nexo
causal, considerando a realidade sócio-histórica individual, a organização do
trabalho e o ambiente, uma vez que este conjunto de fatores influencia no processo
de adoecimento.
Palavras-chave: Acidente de Trabalho. Doença Ocupacional. Saúde Mental.
LISTA DE FIGURAS
Figura I - Acidentes e Doenças Ocupacionais por Faixa Etária................... 32
Figura II - Transtornos Mentais por Faixa Etária........................................... 33
Figura III - Acidentes e Doenças Ocupacionais por Sexo.............................. 33
Figura IV - Transtornos Mentais por Sexo...................................................... 34
Figura V - Acidentes e Doenças Ocupacionais por Tempo de Serviço na
Universidade.................................................................................. 34
Figura VI - Transtornos Mentais por Tempo de Serviço na Universidade...... 35
Figura VII - Acidentes e Doenças Ocupacionais por Local de Trabalho.......... 35
Figura VIII - Transtornos Mentais por Local de Trabalho.................................. 36
LISTA DE TABELAS
Tabela I - Levantamento dos Afastamentos no período de 2008 a 2010...... 24
Tabela II - Afastamentos Ocasionados por Acidentes e Doenças
Reconhecidamente Ocupacionais................................................. 28
Tabela III - Afastamentos Ocasionados por Transtornos Mentais................... 30
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ................................................................................................................. 7 2. CONTEXTO HISTÓRICO DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO .................... 9 3. SAÚDE MENTAL DO TRABALHADOR ...................................................................... 17
3.1 RELAÇÃO HOMEM/TRABALHO........................................................................... 17 3.2 DOENÇAS MENTAIS DO TRABALHADOR.......................................................... 20
3.2.1 “Burnout” (esgotamento profissional) .................................................................. 21 3.2.2 Exaustão emocional............................................................................................. 22
4. SAÚDE DO TRABALHADOR EM UMA UNIVERSIDADE DO INTERIOR DO ESTADO DE SÃO PAULO................................................................................................. 24
4.1 AFASTAMENTOS PARA TRATAMENTO DE SAÚDE ......................................... 24 5. DISCUSSÂO................................................................................................................... 38 6. REFERÊNCIAS............................................................................................................... 41
7 1. INTRODUÇÃO
O tema das aplicabilidades das técnicas de saúde e segurança do trabalho nas
empresas já vem sendo tratado/discutido desde o século XVIII, aproximadamente
1700, pelo então denominado “Pai da Medicina do Trabalho”, o italiano Bernardino
Ramizzini. (FUNDACENTRO, 2010).
As questões da segurança do trabalho, dos cuidados com a saúde, da dependência
química, da qualidade de vida e meio ambiente compõem, hoje, papel fundamental e
estratégico dentro da empresa, assim como o crescimento e o sucesso da carreira
profissional. Relacionado a essas preocupações, os primeiros estudos sobre
doenças no trabalho foram caracterizados por um corpo de patologias resultantes de
danos físico-químico-biológicos do posto de trabalho. Nos anos setenta (1970),
emerge uma demanda sobre as condições psicológicas do trabalho e suas
conseqüências para a saúde, decorrente da busca pela maximização dos recursos
disponíveis gerando produção máxima a custos mínimos.
O presente estudo pretende discutir as doenças ocupacionais e o adoecimento
mental do homem no trabalho. Mais especificamente, procura-se entender o porquê
de a atividade laboral, que pode trazer prazer, que satisfaz necessidades do homem,
que pode ser gratificante, pode também adoecer e ser fonte de insatisfação e
desconforto mental.
Nesse sentido, contextualizar-se-ão os riscos ambientais (físicos, químicos,
biológicos, mecânicos e ergonômicos) a que os trabalhadores estão submetidos,
discorrendo mais especificamente sobre os afastamentos ocasionados por acidentes
de trabalho, doenças ocupacionais e adoecimento mental.
Na classificação dos riscos ambientais, os acidentes de trabalho são aqueles
ocasionados por riscos mecânicos e o adoecimento mental como um risco de origem
ergonômica.
8
Este trabalho fundamenta-se nos estudos de acidente no trabalho, da ergonomia e
da psicodinâmica do trabalho. Os dados para análise foram obtidos dos
afastamentos do trabalho de servidores de uma universidade estadual do interior do
Estado de São Paulo. A partir desses dados buscou-se compreender as relações
entre tipo de afastamento e faixa etária, sexo, tempo de serviço e local de trabalho.
Dessa forma, busca-se provocar uma reflexão sobre a dificuldade em estabelecer
nexo entre os adoecimentos mentais e o trabalho, diferentemente dos acidentes e
doenças físicas que estabelecem claramente esta relação.
9 2. CONTEXTO HISTÓRICO DE SAÚDE E SEGURANÇA DO
TRABALHO
O trabalho existe desde o aparecimento do homem, porém, o conceito de segurança
surgiu muito tempo depois.
A literatura mostra que os problemas e a preocupação com a saúde dos
trabalhadores foram objetos de estudo bem antes de Cristo. Hipócrates (460-355
a.C.), descreveu sobre a verminose em mineiros, bem como as cólicas intestinais
dos que trabalhavam com chumbo e também sobre as propriedades tóxicas do
metal (ALVES, 1975; apud BULHÕES,1976). Também é citado pelo autor o trabalho
de Lucrécio (99-55 a.C.), a sua preocupação com as condições de trabalho nas
minas de Siracusa, de como eram horríveis e penosos e cujas tarefas eram
realizadas em galerias de 1 metro de altura por 60 centímetros de largura, durante
10 horas diárias.
Avançando na história, chega-se a 1700, quando então é publicado por um médico
italiano "De Morbis Artificium Diatriba" (As Doenças dos Trabalhadores). Neste livro,
Ramazzini descreve cinqüenta profissões distintas e as doenças a elas
relacionadas. Com isso, é introduzido um novo conceito por Ramazzini: “Qual é a
sua ocupação?”. (BULHÕES, 1976; BART, 1978). Poderíamos interpretar esta
pergunta da seguinte forma: “Digas qual o seu trabalho, que direi a que riscos estás
sujeito”. (RAMAZZINI, 1700)
Na época da publicação deste livro, as atividades profissionais ainda eram
artesanais, sendo realizadas por pequenos números de trabalhadores e,
consequentemente, os casos relatados de doenças profissionais inexistiam. Com
isso, o interesse por problemas citados na obra de Ramazzini passou a ser
irrelevante.
10 No século XVIII, quase um século mais tarde, surge na Inglaterra, a Revolução
Industrial, um movimento que iria mudar toda a concepção em relação aos trabalhos
realizados, e aos acidentes e doenças profissionais que deles advinham.
As primeiras fábricas foram instaladas próximas aos cursos d’água, pois as
máquinas eram acionadas através da energia hidráulica; devido a esta localização,
tinha-se uma escassez de trabalhadores.
Com o aparecimento da máquina a vapor, as fábricas puderam ser instaladas nas
grandes cidades onde a mão-de-obra era conseguida com maior facilidade.
As operações de industrialização tornaram-se simplificadas com a maquinaria
introduzida na produção. As tarefas a serem executadas pelo trabalhador eram
repetitivas, o que levaram a um crescente número de acidentes.
Aliado ao fato acima citado, não havia critério para o recrutamento de mão-de-obra,
onde homens, mulheres e até mesmo crianças eram selecionadas sem qualquer
exame inicial quanto à saúde e ao desenvolvimento físico, ou qualquer outro fator
humano. A procura por mão-de-obra era tão inescrupulosa que essas crianças eram
compradas de pais miseráveis, chegando a ser aceita até uma criança débil mental
para cada grupo de doze crianças sadias. O número de acidentes de trabalho
crescia assustadoramente. A morte de crianças era frequente, causadas por
máquinas projetadas inadequadamente, que não ofereciam qualquer segurança.
Como a produção estava em primeiro lugar, não havia limites de horas de trabalho,
sendo utilizados bicos de gás para o horário noturno.
Nos ambientes de trabalho haviam ruídos provocados por precárias máquinas; altas
temperaturas, devido à falta de ventilação; iluminação deficiente, etc., fatores esses,
que contribuíam para o elevado número de acidentes.
Até o início da Revolução Industrial, a legislação trabalhista sobre acidente do
trabalho que vigorava era baseada na teoria da culpa, sendo que a culpa era
considerada como "um comportamento ilícito por imprudência, por negligência, que
produz efeitos danosos e que gera o direito a uma indenização por parte daquele
que tiver sofrido esses mesmos efeitos" (SAAD, 1973). Sendo que na maioria das
11 vezes a culpa recaía sobre o trabalhador, ficando o patrão livre da
responsabilidade de assistência.
Devido a pressões e à medida que os acidentes do trabalho se tornavam mais
freqüentes, criando um problema social, os estudiosos no assunto começaram a dar
conta da falta de acordo entre a legislação em vigor e a nova realidade oriunda das
transformações ocorridas nos processos de produção.
A partir destas transformações, os juristas substituíram a legislação vigente baseada
na Teoria da Culpa, pela teoria "juris tantum", que discorria sobre a responsabilidade
do patrão pelo acidente, em virtude das obrigações decorrentes do contrato firmado
com empregado (SAAD, 1973). Desta posição surgiu a Teoria da Responsabilidade
Contratual, onde cumpria ao empregador devolver o empregado ao meio social
como o recebera na empresa, esta teoria era essencialmente subjetiva, deixando o
empregado a descoberto nos casos de força maior, de caso fortuito ou negligência
(SAAD, 1973).
Em seguida surgiu a Teoria da Responsabilidade Objetiva, isto é, a obrigação de
indenizar um dano, mesmo que esse dano não se caracterize como prova de culpa
de seu ator. Esta teoria abriu caminho para a Teoria do Risco Profissional, a qual
trata o acidente como uma conseqüência do próprio trabalho.
Em 1802, foi aprovada a “Lei de Saúde e Moral dos Aprendizes”, que foi a primeira
lei de proteção aos trabalhadores, que estabeleceu o limite de 12 horas de trabalho
diário, proibiu o trabalho noturno, obrigou os empregados a lavar as paredes das
fábricas duas vezes por ano, e tornou obrigatória a ventilação das fábricas.
(CANDIDO-FERNANDES, 2010).
Essas medidas foram ineficazes no que diz respeito à redução no número de
acidentes de trabalho.
Em 1831, instalou-se uma comissão para analisar a situação dos trabalhadores,
onde se concluiu um relatório descrevendo que homens e mulheres, meninos e
meninas, encontravam-se doentes, deformados e abandonados.
12 O impacto desse relatório sobre a opinião pública foi tão grande que surgiu, em
1833, a primeira legislação eficiente para a proteção do trabalhador, o “Factory Act”.
O Factory Act era aplicado em todas as fábricas têxteis, onde se usasse força
hidráulica ou a vapor para o funcionamento das máquinas. Proibiu o trabalho
noturno aos menores de dezoito anos, restringiu o horário de trabalho para 12 horas
diárias e 96 horas por semana; impôs obrigatoriedade de escolas nas fábricas para
os menores de 13 anos, a idade mínima de trabalho passou a ser de 9 anos e tornou
obrigatória a presença de um médico nas fábricas. Surgiu então, o médico de fábrica
com o objetivo de submeter os menores trabalhadores a exame médico pré
admissional e periódico, e preveni-los a respeito tanto das doenças ocupacionais,
quanto das não ocupacionais.
Devido ao grande desenvolvimento industrial, uma série de medidas legislativas foi
adotada na Grã-Bretanha, visando à proteção do trabalhador, tal como a criação de
um órgão do Ministério do Trabalho, o “Factory Inspectorate”, que visava uma
análise de agentes químicos que eram prejudiciais à saúde do trabalhador.
Nos Estados Unidos da América, onde a industrialização desenvolveu-se mais tarde,
surgiu no estado de Massachusets, em 11 de maio de 1887, o primeiro ato
governamental visando à prevenção de acidentes na indústria. Trata-se da lei que
exigia a utilização de protetores sobre correias de transmissão, guardas sobre eixos
e engrenagens expostas e que proibia a limpeza de máquinas em movimento;
obrigava também, um número suficiente de saídas de emergência, para que, em
caso de algum sinistro, os ambientes de trabalho fossem evacuados rapidamente.
Obviamente, essas medidas não solucionaram, apenas amenizaram alguns dos
problemas a que os trabalhadores eram submetidos.
Nos anos de 1967 e 1968, o norte americano Frank Bird fez um estudo envolvendo
aproximadamente 170.000 pessoas de 21 grupos diferentes de trabalho e chegou à
conclusão que, “para que aconteça um acidente que incapacite o trabalhador,
anteriormente acontecerão 600 incidentes sem danos pessoais e/ou materiais”.
Com a nova fase da industrialização americana, através do desenvolvimento de
métodos de produção em série, tornaram-se necessários programas mais eficazes,
13 no que se refere prevenção de acidentes e proteção de patrimônio. Isso leva os
empregados a se mostrarem mais interessados, pois há o aparecimento da
legislação sobre indenizações em casos de acidentes de trabalho.
Estabelecem-se os primeiros serviços médicos de empresa industrial nos Estados
Unidos da América, onde o objetivo principal era reduzir o custo de indenizações.
A preocupação com a segurança e prevenção de acidentes, ainda era uma
necessidade, porque continuava assustadora a ocorrência de acidentes.
Após várias reuniões, estudos e debates a respeito de prevenção de acidentes foi
fundado o "National Council for Industrial Safety" (Conselho Nacional para
Segurança Industrial), que, atualmente, é o Centro Prevencionista Mundial, pelos
ensinamentos básicos de prevenção de acidentes, divulgação de estatísticas
precisas e revistas especializadas.
Na América Latina, a preocupação com acidentes de trabalho surgiu junto com o
desenvolvimento da industrialização, que se iniciou apenas no século XX.
No ano de 1935, foi fundado em New York (E.U.A.), o "Conselho Inter-Americano de
Seguridad", que dedica suas atividades à prevenção de acidentes na América
Latina.
Em 1950, por meio de Comissão conjunta, a OIT (Organização Internacional do
Trabalho) e a OMS (Organização Mundial da Saúde), estabeleceram-se os objetivos
da saúde ocupacional.
Em 1954, através de estudos e pesquisas, um grupo de dez peritos da Ásia,
América do Norte e do Sul, e da Europa, reuniu-se em Genebra chegando à
conclusão de que as condições de trabalho variam de país para país, e dentro de
um mesmo país, encontram-se tais variações. Dessa forma, medidas relacionadas à
saúde do trabalhador deveriam estabelecer princípios básicos.
Esta conclusão foi de extrema importância para elaboração de NORMAS e
instalação de serviços médicos em locais de trabalho. Foi recomendado por esta
comissão, que as normas estabelecidas nessa reunião, fossem adotadas pela OIT.
14 Ficou estabelecida na 43ª Conferência Internacional do Trabalho a recomendação
número 112, a qual foi dado o seguinte título: “Recomendação para os serviços de
saúde ocupacional, 1959” onde a OIT definiu o serviço de saúde ocupacional como
sendo um serviço médico instalado em um estabelecimento de trabalho, ou em suas
proximidades, que tem como objetivos:
1- Proteger os Trabalhadores contra qualquer risco à sua saúde, que possa
decorrer do seu trabalho ou das condições em que este é realizado;
2- Contribuir para o ajustamento físico e mental do trabalhador, obtido
especialmente pela adaptação do trabalho aos trabalhadores, e pela
colocação destes em atividades profissionais;
3- Contribuir para o estabelecimento e a manutenção do mais alto grau possível
de bem-estar físico e mental dos trabalhadores.
O Brasil aderiu à OIT desde a fundação desta.
No Brasil, o “Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional - PCMSO”
regulamenta o estabelecimento da avaliação periódica da saúde dos trabalhadores e
da manutenção de um médico coordenador, no caso de a organização de trabalho
possuir mais de 25 funcionários (SOFTM, 2010).
Para que exista um ambiente de trabalho saudável, é necessário que sejam
observados os riscos ambientais existentes e se estabeleçam formas de minimizar
ou eliminar as consequências, acidentes e doenças, destes riscos aos
trabalhadores.
Compreendem riscos ambientais aqueles capazes de causar danos à saúde e à
integridade física do trabalhador em função de sua natureza, intensidade,
suscetibilidade e tempo de exposição. Os riscos ambientais estão classificados de
acordo com o seu agente, como físicos, químicos, biológicos, mecânicos e
ergonômicos.
Os riscos físicos são aqueles gerados por máquinas e condições físicas, como ruído,
vibração, radiação (ionizante e não-ionizante), temperaturas extremas, pressões
anormais, e umidade.
15 Riscos químicos são representados pelas substâncias químicas que se encontram
nas formas líquida, sólida e gasosa, e quando absorvidos pelo organismo, podem
produzir reações tóxicas e danos à saúde. Nos locais de trabalho classificam-se em:
poeiras, fumos, névoas, gases, vapores, neblinas, além de substâncias, compostos
e produtos químicos em geral. Penetram no organismo pelas vias: respiratória
(inalação pelas vias aéreas), cutânea (absorção pela pele), e digestiva (ingestão).
Riscos biológicos são causados por microorganismos como bactérias, fungos, vírus
e outros. São capazes de desencadear doenças devido à contaminação e pela
própria natureza do trabalho. Para que essas doenças possam ser consideradas
doenças profissionais, é preciso que haja exposição do trabalhador a estes
microorganismos no local de trabalho.
Os riscos mecânicos ou de acidentes são aqueles existentes em função das
condições físicas (do ambiente físico de trabalho) e tecnológicas impróprias,
capazes de colocar em perigo a integridade física do trabalhador.
São considerados como riscos geradores de acidentes: arranjo físico deficiente;
máquinas e equipamentos sem proteção; ferramentas inadequadas ou defeituosas;
eletricidade; incêndio ou explosão.
Via de regra, o acidente de trabalho é definido como sendo ocasionado no exercício
do trabalho, a serviço da empresa, provocando lesão corporal ou perturbação
funcional podendo causar morte, perda ou redução permanente ou temporária, da
capacidade laborativa.
Também é considerado acidente de trabalho:
• Aquele que acontece quando o trabalhador está prestando serviços por
ordem da empresa fora do local de trabalho;
• Aquele que acontece quando o funcionário estiver em viagem a serviço da
empresa;
• Aquele que ocorre no trajeto entre a casa e o trabalho ou do trabalho para
casa.
16 Já os riscos ergonômicos são contrários às técnicas de ergonomia, que exigem
que os ambientes de trabalho se adaptem ao homem, proporcionando bem estar
físico e psicológico.
Segundo Mauricio Tragtemberg, “a ergonomia procura conhecer o trabalho concreto
e sua adequação ao homem, no que se refere à saúde e desempenho”. (apud
SELIGMANN-SILVA, 1994)
Os riscos ergonômicos estão ligados também a fatores externos (do ambiente) e
internos (do plano emocional), em síntese, quando há disfunção entre o indivíduo e
seu posto de trabalho.
São considerados riscos ergonômicos: esforço físico, levantamento de peso, postura
inadequada, controle rígido de produtividade, situação de estresse, trabalhos em
período noturno, jornada de trabalho prolongada, monotonia e repetitividade,
imposição de rotina intensa.
A ergonomia ou engenharia humana é uma ciência relativamente recente que
estuda as relações entre o homem e seu ambiente de trabalho.
A Organização Internacional do Trabalho (OIT) define a ergonomia como:
[...] a aplicação das ciências biológicas humanas em conjunto com os
recursos e técnicas da engenharia para alcançar o ajustamento mútuo ideal
entre o homem e o seu trabalho, e cujos resultados se medem em termos
de eficiência humana e bem-estar no trabalho.
Os riscos ergonômicos podem gerar distúrbios psicológicos e fisiológicos e provocar
sérios danos à saúde do trabalhador porque produzem alterações no organismo e
no estado emocional comprometendo a produtividade, a saúde e a segurança
(como: cansaço físico, dores musculares, hipertensão arterial, alteração do sono,
diabetes, doenças nervosas, taquicardia, doenças do aparelho digestivo (gastrite e
úlcera), tensão, ansiedade, problemas de coluna, além das doenças mentais).
17 Nos últimos anos, a saúde mental do trabalhador tem sido temática de interesse
na Psicologia Social e Organizacional, visto as transformações ocorridas no mundo
do trabalho no final do séc. XX e início do presente. (CARNEIRO e CARVALHO,
2003)
Os estudos da área psicológica colaboram para amenizar os problemas de saúde
mental, através do levantamento dos riscos presentes ao trabalhador e sugestões de
melhorias. (SAUTER e HURREL Jr, 1999)
Hoje, as consequências de afastamento de funcionários por causa de problemas
ligados à saúde mental são evidentes e levam muitas empresas a investirem em
programas de melhoria ao bem-estar afetivo do trabalhador. (DONALDSON e
BLANCHARD, 1995)
3. SAÚDE MENTAL DO TRABALHADOR
3.1 RELAÇÃO HOMEM/TRABALHO
Qualquer trabalho apresenta condições específicas e peculiares para ser executado.
Estas condições referem-se às pressões físicas, mecânicas, químicas e biológicas
do posto de trabalho. Sob a influência destas pressões o trabalhador reagirá e o alvo
principal das conseqüências destas pressões será o corpo que poderá sofrer
desgaste, envelhecimento e doenças somáticas. Em paralelo temos as pressões
exercidas pela organização do trabalho.
A organização do trabalho é conceituada a partir de duas vertentes (DEJOURS,
ABDOUCHELI, 1994): a divisão do trabalho e a divisão de homens. Ou seja, a
divisão de trabalho engloba a divisão de tarefas entre os trabalhadores, enfim, o
modo operatório da tarefa; já a divisão de homens significa a repartição de
responsabilidades, hierarquia, comando, controle, etc. As duas vertentes se
completam e a divisão de homens complementa a divisão de tarefas.
18 Enquanto a divisão de tarefas incita o sentido e o interesse do homem pelo
trabalho, a divisão de homens solicita as relações pessoais, mobilizando
sentimentos afetivos como ódio, amor, amizade, solidariedade, confiança,
desconfiança...
Em uma relação de trabalho, perceber e estabelecer o nexo causal de um acidente
de trabalho provocado por aspectos físicos (referente, portanto, às condições de
trabalho: condições ambientais, maquinários, agentes químicos ou biológicos) não
nos parece ser tarefa difícil, uma vez que se conheçam as conseqüências do uso
deste ou daquele material.
Entretanto, sabe-se que aspectos emocionais (referentes à organização do trabalho)
podem interferir ocasionando doenças relacionadas às atividades laborais.
Para entender estes processos é preciso conhecer a dinâmica dos aspectos
emocionais.
A perspectiva de trabalho (com os benefícios que este apresenta como a
sobrevivência através do salário, satisfação de necessidades) gera uma satisfação
subjetiva com a promessa de felicidade e segurança. Visando manter esta
perspectiva de felicidade o homem encara os desafios que o ambiente laboral
apresenta. Este enfrentamento pode gerar sofrimento não só para o corpo (por
imposições de ritmo, de horário), mas também angústia e apreensão (por
imposições de aprendizagem, de instrução, de diplomas, etc), contribuindo para o
sofrimento mental. Assim, como define Edith Seligmann-Silva em “Desgaste Mental
no Trabalho dominado” (1994), “O trabalho pode tanto fortalecer a saúde mental
quanto fortalecer a constituição de distúrbios que se expressam coletivamente em
termos psicossociais e/ou individuais e em manifestações psicossomáticas e
psiquiátricas”.
A atividade laboral pode, então, ter efeitos sobre a vida psíquica do homem,
podendo ser fator que contribui para agravar o sofrimento psíquico, ou transformá-lo
em prazer, de tal forma que um indivíduo que trabalha pode preservar melhor sua
saúde mental do que outro que não trabalha.
19 Considerando-se que cada trabalhador é um ser único/individual que possui uma
história de vida particular/singular e que seus desejos diferem dos desejos do outro,
pode-se compreender que o confronto com a situação de trabalho, onde os
processos são definidos independentemente da vontade do sujeito, será gerador de
conflitos.
O conflito provoca o sofrimento que provocará reações diferentes nos trabalhadores,
dado que cada um é único e possui uma história de vida que é particular. Por isso
entende-se que um mesmo trabalho possa ser edificante para alguns e fonte de
sofrimento e doenças para outros. Esta particularidade é definida como o
funcionamento psíquico do indivíduo. Por isso, as pressões podem ser as mesmas,
mas não se têm conseqüências idênticas no estado mental de todo o grupo já que o
funcionamento psíquico do indivíduo é decorrente de sua história de vida, que é
singular.
Estudos citados por Edith S-Silva sobre a Saúde Mental no Trabalho revelam os
seguintes aspectos:
• Identidade social e transformações na vida laboral, com repercussões na
sociabilidade e no psiquismo;
• Determinações de distúrbios da saúde mental por situações de trabalho que
implicam em riscos mentais;
• Expressões do sofrimento mental e das alterações psicossociais emergentes;
• Aspectos psicoculturais diversos que se conectam à dinâmica saúde/doença;
• As resistências dos trabalhadores, em seus aspectos individuais,
psicoculturais e políticos.
Diferentes situações no trabalho implicam em danos mentais. Alguns estudos
descrevem o encontro entre o cansaço físico e o mental e entre a fadiga, a angústia,
o medo e a depressão. Os medos são de diferentes causas: medos dos acidentes
de trabalho, de não poder acompanhar a velocidade da linha de trabalho, de broncas
20 – humilhação, pois as respostas são, invariavelmente, proibidas, e o medo de
perder prestígio. O cansaço físico pode ser decorrente das condições de trabalho
(ritmo acelerado por pressões de chefia, regime de turnos alternados, jornadas de
trabalho excessivas, trabalho ininterrupto, sem pausas para descanso ou para usar o
banheiro). A fadiga mental pode estar associada à necessidade de concentração da
atenção por longos períodos.
Em todas estas situações de trabalho estão implícitas as relações entre os
trabalhadores. Nestas, estabelece-se hierarquia e relações de poder. Segundo
Dejours, o que motiva o homem a enfrentar esta competitividade, estes obstáculos,
é a possibilidade de transformar o sofrimento em prazer através do reconhecimento
de seus sacrifícios, ou seja, se houver reconhecimento do valor, o sacrifício não foi
em vão.
3.2 DOENÇAS MENTAIS DO TRABALHADOR
Para estudar a relação das doenças mentais no trabalho, é necessário considerar o
indivíduo dentro do meio sócio-histórico no qual ele está inserido.
Segundo Dejours (1994):
[...] o trabalho não deveria mais ser reduzido somente às pressões físicas,
químicas, biológicas, ou mesmo psicossensoriais e cognitivas do posto de
trabalho, que se reúnem, geralmente, sob a denominação de “condições de
trabalho”, cujo estudo é objeto de pesquisa escolhido pela ergonomia. É
necessário, além disso, considerar no trabalho a dimensão organizacional,
isto é, a divisão das tarefas e as relações de produção. Entre outras
palavras, para penetrar no campo da relação trabalho-saúde mental, será
necessário considerar, antes de tudo, dentro do trabalho, aquilo que o
especifica como “relação social” e aí tentar articular um modelo de
21 funcionamento psíquico que arranje um lugar teórico especifico para a
interface singular-coletivo.
Dejours acentua, ainda, que a relação entre a organização do trabalho e o ser
humano encontra-se em constante movimento. O descompasso entre os dois
favoreceria o aparecimento do sofrimento mental, uma vez que levaria o trabalhador
à necessidade de transgredir para poder executar a tarefa.
Outra corrente privilegia a relação entre estresse e trabalho. Destacam-se, nessa
abordagem, Frankenhaeuser & Gardell (1976); Kalimo (1980); Levi (1988), que
definem estresse como um desequilíbrio entre as demandas do trabalho e a
capacidade de resposta dos trabalhadores.
Em resumo, o espectro da inter-relação saúde mental e trabalho abrange, portanto,
do mal-estar ao quadro psiquiátrico, incluindo o sofrimento mental. Para Dejours et
al. (1994) o sofrimento mental pode ser concebido como a experiência subjetiva
intermediária entre doença mental descompensada e o conforto (ou bem-estar)
psíquico.
Dentre as doenças mentais do trabalho, encontram-se a Depressão Maior, a
Esquizofrenia, o Transtorno Bipolar, Síndrome de Burnout, Exaustão Emocional,
Alcoolismo, TOC (Transtorno Obsessivo Compulsivo), entre outras; destas, as mais
prevalentes no ambiente laboral são: Síndrome de Burnout, Exaustão Emocional,
Depressão e Alcoolismo.
3.2.1 “Burnout” (esgotamento profissional)
O termo “Burnout” é usual desde a década de 70 nos Estados Unidos da América -
E.U.A. (MASLACH et al., 2001). É uma síndrome psicológica decorrente de
problemas psicológicos negativos ao trabalhador, adquiridos ao longo do tempo
(TAMAYO e TRÓCCOLI, 2002).
22 A síndrome de “Burnout” possui como um dos sintomas a falta de ânimo para o
trabalho, originado pelas pressões de competitividade profissional, cobrança por
parte dos superiores imediatos ou por si próprios (CORDES e DOUGHERTY, 1993;
TAMAYO, 2009), a falta de afinidade do trabalhador com o tipo de atividade
profissional (MASLACH e LEITER, 1997) e possíveis desajustes com os colegas de
trabalho (MASLACH et al., 2001).
Maslach (2000) classificou as formas de desajuste nas relações humanas de
trabalho em: a) sobrecarga: destinação de tarefas acima das capacidades humanas
no período de trabalho; b) falta de controle: quando as pessoas não executam o que
lhes é destinado como prioridade; c) recompensas insuficientes: remuneração ou
satisfação pessoal; d) ausência de coleguismo: falta de cooperação mútua; e) falta
de justiça: ex: desigualdade na distribuição de tarefas; f) conflito de valores: rol de
prioridade nas atividades divergindo entre o trabalhador e o empregador.
Existem determinadas profissões que exigem do indivíduo cargas horárias
alternadas entre o dia e a noite, como profissionais da saúde e vigias, provocando
desordens na sua vida pessoal e conseqüentemente, o sofrimento psíquico.
Agravado por salários incompatíveis, falta de organização nas relações
interpessoais e na própria atividade e, oportunidades de ouvir “desabafos” de
colegas de outros setores (profissionais da saúde).
Os profissionais mais acometidos com Burnout são os relacionados à saúde,
principalmente, o enfermeiro (SCHAUFELI e ENZMANN, 1998). Em 2002, foi
constatada por Benevides-Pereira, a despersonalização destes profissionais devido,
em grande parte, à longa carga horária.
Aiken e Sloane (1997) relacionam o “Burnout” mais com as características do
ambiente de trabalho do que as características do trabalhador, divergente de
Maslach e Leiter (1997) que consideram os dois fatores importantes.
23 3.2.2 Exaustão emocional
O ambiente de trabalho é um fator importante para desencadear a exaustão
emocional, porém existem também os fatores externos ao ambiente de trabalho que
poderiam colaborar com o estresse emocional, como por exemplo, as relações
afetivas com a família.
Existem aspectos negativos ao trabalhador, chamados “retaliação organizacional”,
que acarretam conseqüências improdutivas no trabalho. A retaliação organizacional
é definida como represália, desforra ou desagravo. No Brasil, ainda não há dados
empíricos sobre este evento, porém acredita-se que é uma das causas de prejuízos
monetários às organizações de trabalho. (MENDONÇA E TAMAYO, 2008)
A “retaliação organizacional” ocorre de maneira notória ou sutil. Na maioria das
vezes, de maneira sutil, por exemplo, ações de colegas, superiores ou subordinados
para impedir o bom desempenho organizacional. (MENDONÇA e TAMAYO, 2008)
Na pesquisa de Wright e Bonnet (1997) constatou-se que quanto maior a exaustão
emocional, menor era o desempenho profissional e vice-versa, também verificado
por Wright e Cropanzano (1998) em um grupo de Assistentes Sociais.
Em várias observações foi constatado que pessoas do sexo masculino possuem
nível mais elevado de bem-estar subjetivo do que as mulheres (CAETANO e
ESTRADA, 2006) e entre as mulheres professoras e enfermeiras, a exaustão
emocional foi mais evidente entre as profissionais mais jovens (KOVERO e
SOLOVIERA, 2005).
Quanto maior a carga horária de trabalho, maior a propensão à exaustão emocional
(ZOHAR, 1997). Alguns fatores são interferentes a exaustão emocional, como os
valores organizacionais de autonomia, conservação, estrutura igualitária e harmonia
(TAMAYO, 1997).
A percepção de um melhor suporte organizacional no trabalho por Assistentes
Sociais (JAYARATNE et al., 1988) e Professores (RUSSELL et al., 1987) foi
correlacionado com menor exaustão emocional.
24 As pessoas que trabalham diretamente com atendimento ao público apresentam
mais casos de exaustão emocional, e os trabalhadores (no geral) que apresentam
exaustão emocional são mais predispostos a acidentes de trabalho (ZAPF, 2002).
4. SAÚDE DO TRABALHADOR EM UMA UNIVERSIDADE DO INTERIOR DO ESTADO DE SÃO PAULO
Com o objetivo de analisar as condições de saúde, doenças ocupacionais e
adoecimento mental, dos trabalhadores em uma universidade do interior do Estado
de São Paulo, com um número aproximado de 350 (trezentos e cinqüenta)
servidores, foi elaborado levantamento dos afastamentos para tratamento de saúde
nos três últimos anos, ou seja, no período de 2008 a 2010.
25 A partir deste levantamento, foi feita uma analise quantitativa dos afastamentos
por acidente de trabalho e aqueles motivados por doenças/transtornos mentais, para
enfim atingir o objetivo primeiro deste estudo e provocar uma reflexão sobre a
dificuldade em estabelecer nexo entre os adoecimentos mentais e o trabalho,
diferentemente dos acidentes e doenças físicas que estabelecem claramente esta
relação.
4.1 AFASTAMENTOS PARA TRATAMENTO DE SAÚDE
No levantamento realizado entre os servidores da universidade verifica-se que 42
(quarenta e dois) deles se afastaram neste período, 2008 a 2010, como mostra a
TAB I.
Tabela I - Levantamento dos Afastamentos no período de 2008 a 2010
SERVIDOR PERÍODO LICENÇA INÍCIO MOTIVO
1 ACS 193 12/02/2008 Acidente de trabalho
2 AERB 12 03/12/2008 Acidente de trabalho
3 AMDO 30 24/08/2009 CA de endométrio
4 APSA 15 22/10/2009 Acidente de trabalho
5 AMPB 45 13/11/2008 Tromboflebite, escoliose, Fbromialgia, hérnia de disco
60 03/02/2009 Escoliose, fibromialgia, hérnia de disco, lombalgia
45 05/08/2009 Lombalgia, escoliose, hérnia de disco
90 08/04/2010 Fibromialgia, escoliose, hérnia de disco
90 05/01/2010 Fibromialgia, escoliose, hérnia de disco
26
6 CG 150 22/0/2/2008 Fratura do fêmur, pós-operatório - prótese do fêmur direito
7 CO 90 10/03/2008 Depressão - dores generalizadas
8 CAST 30 08/07/2009 Ruptura do menisco
9 CR 15 07/12/2009 Transtorno de ansiedade
30 17/02/2010 Pós-operatório
10 DNMG 180 09/08/2001 Licença gestante
11 EHO 90 24/03/2008 Depressão / hipertensão / Síndrome do pânico
40 08/10/2008 Faringite
26 09/11/2009 Depressão
20 23/08/2010 Artrose e síndrome cérvico braquial
12 EMF 23 03/03/2008 Cervicalgia
15 16/06/2008 Lombalgia por escoliose
15 20/01/2009 Cervicalgia
52 27/03/2009 Depressão
10 19/08/2009 Lombalgia por escoliose
13 FLCB 60 02/09/2001 Depressão
14 GRG 880 10/03/2008 Hipertensão/osteoartrose
15 HLBJ 10 12/03/2008 Lombalgia por hérnia de disco
10 26/03/2008 Queimadura solar
90 09/05/2008 Artrose patelar/Hérnia de disco
224 04/02/2009 Artrose patelar/Hérnia de disco/escoliose / Lombalgia/artrose
90 22/06/2010 Artrose patelar/Hérnia de disco/escoliose/discopatia degenerativa
27
16 IM 90 31/08/2009 Entorse do metacarpo (MD)
30 05/09/2008 Entorse do metacarpo (MD)
17 IBM 80 07/07/2008 Pós-operatório - síndrome do manguito rotador
18 JPL 655 07/01/2008 Hérnia de disco/ espondioartrose / Espondilose crônica
24 07/04/2010 Lombalgia
19 JMC 15 26/07/2010 Osteopatia
20 JGM 15 13/03/2009 Dor ocular (Toxoplasmose)
21 JAG 90 10/03/2008 CA de colon
90 16/08/2010 Transtorno depressivo
22 JGG 2007 (Afastado por Doença ocupacional)
28/01/2008 Retorno ao trabalho - readaptado
23 KMKA 180 30/08/2010 Licença gestante
24 LFNSS 15 12/07/2010 Depressão - desentendimento com chefia
25 LF 180 15/05/2010 Licença gestante
26 LJB 30 29/07/2009 Fratura de osso do tarso
90 28/08/2009 Fratura de osso do tarso
27 KRRGC 15 13/10/2008 Diabetes
15 29/08/2009 Depressão/diabetes
28 LAA 270 03/01/2008 Doença ocupacional/ doença pulmonar obstrutiva crônica
29 MCSP 160 25/01/2008 Ruptura de ligamento – joelho / Pós-operatório – joelho / Lesão menisco
150 05/04/2010 Depressão
30 MCS 30 02/09/2008 Cirurgia - hemorróidas
28
10 10/12/2008 Varizes membros inferiores
31 MAS 800 22/01/2008 CA - Mama
32 MCCG 990 21/01/2008 Insuficiência coronária crônica / Doença isquêmica aguda
33 OHIC 12 24/03/2009 Transtorno Obsessivo compulsivo / Gastrite
34 RSR 90 28/08/2009 Transtorno Mental / Drogas
21 06/08/2009 Transtorno Mental / Drogas
60 05/06/2009 Transtorno Mental / Drogas
4 18/05/2009 Ansiedade
30 17/02/2009 Depressão/disritmia
90 26/11/2009 Depressão/disritmia / Drogas
35 RCRC 90 08/01/2008 Lombalgia / transtorno de discos
180 23/04/2008 Lombalgia / transtorno de discos
90 03/11/2008 Lombalgia / transtorno de discos
90 04/02/2009 Lombalgia / transtorno de discos
90 14/05/2009 Hérnia de disco
71 24/08/2009 Hérnia de disco
10 18/11/2009 Lombalgia/artrose
5 07/12/2009 Pós-operatório - curetagem
5 08/01/2010 Gastrite
22 10/02/2010 Dor cervical
90 14/05/2010 Depressão/transtorno - Pânico
90 12/08/2010 Transtorno de humor
29
36 RMP 20 21/06/2010 Neoplasia benigna do ovário
37 ST 45 13/07/2009 Pneumonia
15 03/11/2009 Traumatismo do ombro
38 SARF 15 23/08/2010 Síndrome manguito rotador (ombro e braço)
39 SB 30 31/08/2009 Depressão
60 02/07/2009 Depressão
40 VAP 750 26/02/2008 Artrose
Zero 26/05/2010 Licença negada
41 VLB 89 24/02/2010 Esgotamento
42 ZAO 960 28/01/2008 Depressão / Tratamento Bipolar / Depressão Crônica / Transtorno depressivo
Fonte: Guias de Perícias Médicas (2008 - 2010)
Destes afastamentos verificou-se que 6 (seis) servidores se afastaram por Acidente
de Trabalho ou por Doença Ocupacional (com nexo causal solicitado pelo médico
perito), como demonstra a TAB II.
Tabela II - Afastamentos ocasionados por Acidentes e Doenças Reconhecidamente Ocupacionais
Período: 2008/2010
SERVIDOR PERÍODO LICENÇA INÍCIO MOTIVO
01ACS 60 12/02/2008 Acidente de trabalho
60 14/04/2008 Acidente de trabalho
30 13/06/2008 Acidente de trabalho
30
40 14/07/2008 Acidente de trabalho
3 03/09/2008 Acidente de trabalho
02AERB 12 03/12/2008 Acidente de trabalho
03APSA 15 22/10/2009 Acidente de trabalho
04JGG 2007 (Afastado por Doença ocupacional)
28/01/2008 Retorno ao trabalho – readaptado
05LJB 30 29/07/2009 Fratura de osso do tarso
90 28/08/2009 Fratura de osso do tarso
06LAA 90 03/01/2008 Doença ocupacional
90 01/04/2008 Doença ocupacional/doença pulmonar obstrutiva crônica
90 30/06/2008 Doença pulmonar obstrutiva crônica
Fonte: Guias de Perícias Médicas (2008 - 2010)
Outros 23 (vinte e três) servidores se afastaram por necessidades ou problemas
diversos, com causas claramente definidas e onde as mesmas não têm relação
alguma com o trabalho.
Os outros 13 (treze) servidores se afastaram de suas atividades laborais por
transtornos mentais.
Nos afastamentos por transtornos mentais, apresentados na TAB III, não se
estabelece esta separação clara entre os afastamentos oriundos por situações de
trabalho e os que decorrem de outros motivos, sem relacionarem-se com o trabalho.
31 Tabela III - Afastamentos ocasionados por Transtorn os Mentais
Período: 2008/2010
SERVIDOR PERÍODO LICENÇA INÍCIO MOTIVO
01CO 90 10/03/2008 Depressão - dores generalizadas
02CR 15 07/12/2009 Transtorno de ansiedade
03EHO 60 24/03/2008 Depressão / hipertensão
30 26/05/2008 Depressão / Síndrome do pânico
26 09/11/2009 Depressão
04EMF 22 27/03/2009 Depressão
30 22/04/2009 Depressão
05FLCB 60 02/09/2001 Depressão
06JAG 90 10/03/2008 CA de colon
90 16/08/2010 Transtorno depressivo
07LFNSS 15 12/07/2010 Depressão - desentendimento com chefia
08OHIC 12 24/03/2009 Transtorno Obsessivo compulsivo / Gastrite
09RSR 90 28/08/2009 Transtorno Mental / Drogas
21 06/08/2009 Transtorno Mental / Drogas
60 05/06/2009 Transtorno Mental / Drogas
4 18/05/2009 Ansiedade
30 17/02/2009 Depressão/disritmia
90 26/11/2009 Depressão/disritmia / Drogas
10RCRC 90 08/01/2008 Lombalgia / transtorno de discos
90 23/04/2008 Lombalgia / transtorno de discos
90 28/07/2008 Lombalgia / transtorno de discos
90 03/11/2008 Lombalgia / transtorno de discos
32
90 04/02/2009 Lombalgia / transtorno de discos
90 14/05/2009 Hérnia de disco
71 24/08/2009 Hérnia de disco
10 18/11/2009 Lombalgia/artrose
5 07/12/2009 Pós-operatório – curetagem
5 08/01/2010 Gastrite
22 10/02/2010 Dor cervical
90 14/05/2010 Depressão/transtorno - Pânico
90 12/08/2010 Transtorno de humor
11SB 30 31/08/2009 Depressão
60 02/07/2009 Depressão
12VLB 30 24/02/2010 Esgotamento
30 29/03/2010 Esgotamento
29 28/04/2010 Esgotamento
13ZAO 90 28/01/2008 Depressão
90 28/04/2008 Depressão
90 28/07/2008 Depressão
90 27/10/2008 Depressão
90 26/01/2009 Tratamento Bipolar
90 27/04/2009 Tratamento Bipolar
90 27/07/2009 Tratamento Bipolar
90 26/10/2009 Tratamento Bipolar
90 25/01/2010 Depressão Crônica
60 26/04/2010 Depressão Crônica
90 25/06/2010 Transtorno depressivo
33 Fonte: Guias de Perícias Médicas (2008 - 2010)
Dos 13 (treze) casos de afastamentos por transtornos mentais detectados, temos 1
(um) caso relacionado ao uso de drogas e 3 (três) relacionados pelo médico
assistente a questões ou relacionamentos no trabalho. Os outros 9 (nove) casos são
relatados sem o estabelecimento de um nexo, o que não nos permite definir se
algum deles está relacionado a questões de trabalho.
Foram feitas análises para tentar estabelecer correlações entre os afastamentos por
acidente de trabalho ou transtornos mentais e fatores como faixa etária, sexo, tempo
de serviço na Universidade e local de trabalho. Verifica-se o resultado destas
análises nos gráficos a seguir:
a. Análise de Acidentes, Doenças Ocupacionais e Transtornos Mentais no
Trabalho por Faixa Etária:
Acidentes e Doenças Ocupacionais por Faixa Etária
0,00%
33,33%
33,33%
33,33%
até 29 anos
30 - 40 anos
41 - 50 anos
> 51 anos
Figura I – Acidentes e Doenças Ocupacionais por Faixa Etária.
34
Transtornos Mentais por Faixa Etária
0,00% 15,38%
38,46%
46,15% até 29 anos
30 - 40 anos
41 - 50 anos
> 51 anos
Figura II – Transtornos Mentais por Faixa Etária.
Em análise relacionando os acidentes de trabalho por faixa etária, nota-se não existir
correlações entre estes fatores, dado que são ocasionados em função das
condições físicas e tecnológicas impróprias.
Ao contrário, nota-se que os transtornos mentais são mais presentes nos servidores
de 41 a 50 anos de idade (38,46%), acentuando-se a partir dos 51 anos (46,15%).
b. Análise de Acidentes, Doenças Ocupacionais e Transtornos Mentais no
Trabalho por Sexo:
35
Acidentes e Doenças Ocupacionais por Sexo
66,67%
33,33%
Masculino
Feminino
Figura III – Acidentes e Doenças Ocupacionais por Sexo.
Transtornos Mentais por Sexo
30,77%
69,23%
Masculino
Feminino
Figura IV – Transtornos Mentais por Sexo.
Em relação aos acidentes de trabalho por sexo, nota-se existir um maior numero
entre os servidores do sexo masculino (66,67%), ocorrendo entre servidores do sexo
feminino apenas 33,33%.
A análise dos transtornos mentais por sexo, demonstra um resultado inverso, com
ocorrência de 69,23% em servidores do sexo feminino, e apenas 30,77% nos
servidores do sexo masculino.
36 c. Análise de Acidentes, Doenças Ocupacionais e Transtornos Mentais no
Trabalho por Tempo de Serviço na universidade:
Acidentes e Doenças Ocupacionais por Tempo de Servi ço na Universidade
16,67%0,00%
50,00%
16,67%
16,67%
até 3 anos
4 a 10 anos
11 - 20 anos
21 - 30 anos
+ de 30 anos
Figura V – Acidentes e Doenças Ocupacionais por Tempo de Serviço na Universidade.
Transtornos Mentais por Tempo de Serviço na Univers idade
15,38%0,00%
38,46%
38,46%
7,69%
até 3 anos
4 a 10 anos
11 - 20 anos
21 - 30 anos
+ de 30 anos
Figura VI – Transtornos Mentais por Tempo de Serviço na Universidade.
Em análise da relação dos acidentes de trabalho por Tempo de Serviço na Unesp,
conclui-se que ocorrem em maior concentração em servidores com 11 a 20 anos de
serviço (50%); em relação aos transtornos mentais essa concentração ocorre em
duas faixas de tempo de serviço consecutivas, 38,46% em servidores com 11 a 20
anos de serviço e 38,46% em servidores com 21 a 30 anos.
37 d. Análise de Acidentes, Doenças Ocupacionais e Transtornos Mentais no
Trabalho por Local de Trabalho:
Acidentes e Doenças Ocupacionais por Local de Traba lho
0,00%0,00%0,00%
83,33%
0,00%
16,67%
Departamentos
Área Acadêmica
Área Administrativa
Área de Atividades Auxiliares
Centro de Convivência Infantil
CEDAP, CPPA e Biblioteca
Figura VII - Acidentes e Doenças Ocupacionais por Local de Trabalho.
Transtornos Mentais por Local de Trabalho
23,08%
23,08%
7,69%
23,08%
7,69%
15,38%Departamentos
Área Acadêmica
Área Administrativa
Área de Atividades Auxiliares
Centro de Convivência Infantil
CEDAP, CPPA e Biblioteca
Figura VIII – Transtornos Mentais por Local de Trabalho.
Os gráficos acima demonstram que o resultado da análise da relação dos acidentes
por local de trabalho está concentrada na Área de Atividades Auxiliares (83,33%).
Os transtornos mentais aparecem de forma mais acentuada e equilibrada entre as
Áreas de Atividades Auxiliares, Departamentos e Área Acadêmica (23,08% cada).
A partir da analise destas relações e das Guias de Perícias Médicas do período
estudado, considerando as declarações feitas pelos servidores e Médicos
38 Assistentes, constatou-se que, mesmo quando o médico assistente define em seu
atestado que a causa do afastamento é decorrente de situações/problemas no
trabalho (“depressão por estresse no trabalho”, “desentendimento com a chefia”,
“síndrome de burnout”), não se estabelece, oficialmente, o nexo causal entre o
afastamento e a doença do trabalho.
Pode-se notar claramente que, nos casos de acidentes e doenças físicas, este nexo
é estabelecido oficialmente, uma vez que o adoecimento ocorre por situações que
não deixam dúvidas do fato gerador.
Esse fato levanta uma questão sobre a dificuldade em estabelecer o nexo entre os
transtornos mentais com a organização e as relações de trabalho, além de fazer-nos
pensar sobre as causas que levam o servidor à não questionar sobres seus direitos
trabalhistas. Se, na verdade, é um desconhecimento sobre a legislação ou um
possível medo de sofrer qualquer conseqüência por estar expondo situações onde
outras pessoas estão envolvidas.
Levando em consideração que os adoecimentos mentais no trabalho estão ligados
às inter-relações pessoais, pode-se supor que o apontamento por parte do servidor
acometido por este tipo de transtorno acarreta uma situação de insegurança frente à
possibilidade de sofrer represálias por divulgar problemas de relação com seus
colegas e/ou superiores.
Partindo deste pressuposto, pode-se concluir que existe a possibilidade de o
servidor não apontar o fato por insegurança, ou o médico não relatar o fato por não
considerar relevante.
Além disso, deve-se considerar a possibilidade de outros fatores de ordem social
estarem interferindo nas relações de trabalho e na saúde mental do servidor em
questão.
39
5. DISCUSSÂO
Com base no levantamento feito e no resultado da análise desenvolvida, percebe-se
a necessidade de ações que possam favorecer a manutenção da saúde e
integridade física e mental dos servidores.
A primeira etapa para se conseguir um ambiente mais saudável e seguro na
universidade é provocar uma discussão com os servidores e desenvolver uma
campanha de conscientização a respeito das situações de risco que devem ser
eliminadas do ambiente de trabalho.
Para tanto, solicitar o apoio do técnico de segurança da região, formando assim um
plano coeso com os objetivos estabelecidos pelo Programa Geral de Saúde e
Segurança do Trabalhador – PGSST da Universidade.
Em relação à manutenção da saúde e integridade física dos servidores, propõe-se
que esta campanha ofereça palestras e visitas técnica nos locais de maior risco,
40 possibilitando o esclarecimento dos servidores quanto aos riscos ambientais
existentes e aos métodos de prevenção, bem como ao atendimento em caso de
acidentes.
Para desenvolver ações voltadas à saúde mental na universidade, faz-se necessária
uma análise criteriosa da organização do trabalho, visando compreender as relações
que se estabelecem no ambiente laboral.
A partir desta análise, propõe-se que se estabeleça parceria com o Grupo de
Desenvolvimento Profissional, a Seção Técnica de Desenvolvimento e
Administração de Recursos Humanos, e a Seção Técnica de Saúde para elaborar
um diagnóstico que sirva de alicerce para o plano de ações.
Implementar neste plano, uma rotina de eventos/ações que favoreçam as interações
no ambiente de trabalho, promovendo melhora do clima organizacional, uma vez
que os conflitos nas relações de trabalho ocasionam o adoecimento mental dos
servidores.
Promover discussões sobre as rotinas dos diferentes locais de trabalho, facilitando o
entendimento grupal sobre o mecanismo inter-relacional das atividades inerentes
aos diferentes setores da instituição.
É importante salientar que, nesta Unidade, esta já é uma preocupação presente e,
neste sentido, o Grupo de Desenvolvimento Profissional tem oferecido como ações
contínuas, a Ginástica Laboral diária, oferecida por profissional de Fisioterapia, com
exercícios de preparação para o trabalho, nas primeiras horas do período;
discussões quinzenais com o grupo de supervisores e diretores, coordenadas por
um docente do Departamento de Educação, onde é discutido o tema “Ética nas
relações do trabalho”, através de diferentes recursos; e atividades semestrais de
lazer, visando à integração dos servidores; entre outras.
Propõe-se, ainda, que se estabeleça parceria com o Centro de Pesquisa e
Psicologia Aplicada – CPPA, visando o oferecimento de atendimento psicoterápico
aos servidores.
41 A apresentação dos dados teóricos, juntamente com os dados colhidos no
levantamento realizado, demonstra que o processo de adoecimento no trabalho está
presente, ocasionado por questões de ordem física, química, biológica, mecânica e
ergonômica (fisiológica e psíquicas).
E, em relação aos distúrbios psíquicos no trabalho, que estes freqüentemente
deixam de ser reconhecidos como tais no momento da perícia médica. Contribuem
para tal fato, entre outros motivos, as próprias características dos distúrbios
psíquicos, regularmente mascarados por sintomas físicos, bem como a
complexidade inerente à tarefa de definir-se claramente a associação entre tais
distúrbios e o trabalho desenvolvido pelo servidor.
6. CONCLUSÂO
Considerando o fato de que o processo de adoecimento mental é específico para
cada servidor e envolve questões individuais de sua realidade sócio-histórica; para
que se possa estabelecer o nexo causal, torna-se fundamental a descrição
detalhada, por parte do servidor, da situação e organização do trabalho, do
ambiente, e da percepção da influência deste no processo de adoecimento.
É preciso, portanto, que exista, além da implementação de ações que conscientizem
e previnam os servidores dos riscos à saúde física e mental a que estes estão
submetidos, um olhar mais amplo por parte dos responsáveis pela avaliação destes
servidores adoecidos, visando estabelecer o nexo causal destes distúrbios.
Conclui-se que, para que a Universidade construa um ambiente saudável e seguro
para os servidores, deve-se desenvolver um plano de ações conjuntas que sejam
42 implementadas de forma sistêmica, oferecendo informação, conscientização e
meios de prevenção, formação e manutenção deste ambiente.
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