UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA ESCOLA DE MEDICINA ... · Teixeira e Jaqueline Xavier pela ajuda na...

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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA ESCOLA DE MEDICINA VETERINÁRIA E ZOOTECNIA PROGRAMA DE PÓS GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA ANIMAL NOS TRÓPICOS SALVADOR-BAHIA FEVEREIRO - 2013 TORTA DE AMENDOIM EM DIETA PARA CORDEIROS Maria Leonor Garcia Melo Lopes de Araújo

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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA

ESCOLA DE MEDICINA VETERINÁRIA E ZOOTECNIA

PROGRAMA DE PÓS GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA ANIMAL

NOS TRÓPICOS

SALVADOR-BAHIA FEVEREIRO - 2013

TORTA DE AMENDOIM EM DIETA PARA CORDEIROS

Maria Leonor Garcia Melo Lopes de Araújo

Maria Leonor Garcia Melo Lopes de Araújo

MARIA LEONOR GARCIA MELO LOPES DE ARAÚJO

TORTA DE AMENDOIM EM DIETA PARA CORDEIROS

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-

Graduação em Ciência Animal nos Trópicos,

da Universidade Federal da Bahia, como

requisito parcial para obtenção do título de

Mestre em Ciência Animal nos Trópicos.

Orientador: Prof. Dr. Gleidson Giordano Pinto de Carvalho

Co-Orientador: Dr. André Gustavo Leão

SALVADOR – BAHIA

FEVEREIRO, 2013

i

ii

Sistema de Bibliotecas da UFBA

Araújo, Maria Leonor Garcia Melo Lopes de.

Torta de amendoim em dieta para cordeiros / Maria Leonor Garcia Melo Lopes de Araújo. -

2013. 97 f.: il.

Orientador: Prof. Dr. Gleidson Giordano Pinto de Carvalho. Co-orientador: Prof. Dr. André Gustavo Leão. Dissertação (mestrado) - Universidade Federal da Bahia, Escola de Medicina Veterinária e Zootecnia, Salvador, 2013.

1. Cordeiro. 2. Carne. 3. Carcaça. 4. Digestão. 5. Dieta. 6. Metabolismo. I. Carvalho,

Gleidson Giordano Pinto de. II. Leão, André Gustavo. III. Universidade Federal da Bahia. Escola de Medicina Veterinária e Zootecnia. IV. Título.

CDD - 636.3

CDU - 636.32/.38

iii

AGRADECIMENTOS

Aos meus pais, pelo amor, dedicação em todas as etapas da minha vida, e pela forma

exemplar de criação.

Aos meus irmãos, pelo apoio e companheirismo.

À Universidade Federal Bahia e ao Laboratório de Nutrição Animal, por permitirem a

execução deste projeto, e à Fundação de Amparo á Pesquisa do estado da Bahia

(FAPESB), pelo apoio financeiro.

Ao meu orientador prof. Dr. Gleidson Giordano Pinto de Carvalho pela preocupação e

companheirismo e por sempre ter acreditado em meu potencial.

Ao meu co-orientador André Gustavo Leão pelo apoio no abate dos animais,

disponibilidade durante às analises laboratoriais e pela convivência agradável.

Ao professor Jair de Araújo Marques (in memorian), e seu orientado Carlos Eiras pelo

auxílio nas análises conduzidas no Frigoalas.

Ao Frigorífico Frigoalas de Alagoinhas e toda sua equipe, pelo apoio e colaboração.

Ao Professor Ossival L. Ribeiro e aos pós-doutorando Antônio Eustáquio, pela ajuda,

atenção sempre dispostos a me auxiliar quando necessário.

A Professora Adriana Jucá e aos bolsistas Lucas Bulcão, Calil Lopes, Tâmara

Damasceno e Camila Oliveira pelo auxílio nas análises instrumentais de carne

conduzidas no Laboratório de Nutrição Animal.

A professora Consuêlo Caribé e a sua bolsista Juliana pelo auxílio na condução das

análises no Laboratório de Parasitoses da UFBA.

Ao residente da Patologia, Carlos Humberto Filho pela condução das análises

laboratoriais.

A Neide e Arinalva pela ajuda na realização das análises laboratoriais. Sem sombra de

dúvidas, foram fundamentais para que a conclusão do trabalho de dissertação.

Aos estagiários João Batista, Tárcia Carielle, Tayana Nery, Camila Moraes, Catarine

Teixeira e Jaqueline Xavier pela ajuda na cansativa e interminável dissecação dos

pernis.

Aos Estagiários do LANA e em especial os amigos Camila Moraes, Catarine Teixeira,

Maurício Xavier, Victor Guimarães e que desde o início do experimento estiveram

presentes tantos nos momentos mais difíceis, como também na descontração.

iv

À minha equipe de trabalho Lais Santana, Jéssica Caribé, Rodolpho Rebouças e

Luciana Rodrigues pela amizade e companheirismo, antes, durante e após o

experimento. Só nós sabemos o quanto foi cansativo, desgastante os meses que

passamos na Fazenda de São Gonçalo. Obrigado por tudo e por terem me feito crescer

mesmo nessa época de grande dificuldade !!

A Lais Santana, Luciana Rodrigues, Luana Pereira, Amanda Santos e Aline Santos

pelos momentos de diversão, pelas palavras de conforto e companhia nos momentos

difíceis.

Aos funcionários da Fazenda Experimental da Escola de Medicina Veterinária da

UFBA, em especial, Sr. Geovani e D. Joana, que direta e indiretamente colaboraram na

realização dos experimentos.

Aos amigos e colegas de mestrado, doutorado e pós-doutorado: Cláudia Horne, Renata

Oliveira, Ana Alice Gouvêa, Alexandre Perazzo, Nivaldo Santana, Iuran Nunes, Rebeca

Ribeiro, Rosani Matoso, Thadeu Mariniello pelo companheirismo e auxílio nos

momentos de sufoco.

A todos que direta ou indiretamente contribuíram para a realização deste trabalho.

Muito obrigado !!!

v

LISTA DE TABELAS

Capítulo 1. Desempenho produtivo e digestibilidade de nutrientes em

cordeiros submetidos a dietas com torta de amendoim

Página

Tabela 1. Composição bromatológica dos ingredientes utilizados nas

dietas experimentais

9

Tabela 2. Composição percentual dos ingredientes e bromatológica

das dietas experimentais

9

Tabela 3. Consumo diário dos componentes nutricionais em kg, g/kg

PC0,75

e em g/kg de PC em cordeiros mestiços Dorper x

Santa Inês submetidos a dietas com torta de amendoim em

substituição ao farelo de soja no concentrado

15

Tabela 4. Digestibilidade das frações nutricionais (%) de dietas com

de torta de amendoim em substituição ao farelo de soja

para cordeiros mestiços Dorper x Santa Inês

19

Tabela 5. Balanço de nitrogênio, expresso em g/animal/dia, em

cordeiros mestiços Dorper x Santa Inês submetidos a dietas

com torta de amendoim em substituição ao farelo de soja

no concentrado

20

Tabela 6. Desempenho em cordeiros mestiços Dorper x Santa Inês

submetidos a dietas com torta de amendoim em

substituição ao farelo de soja no concentrado

21

Tabela 7. Custos com alimentação, em valores absolutos, do

confinamento de cordeiros mestiços Dorper x Santa Inês

submetidos a dietas com torta de amendoim em

substituição ao farelo de soja no concentrado

22

Tabela 8. Custos com alimentação, em valores percentuais, do

confinamento de cordeiros mestiços Dorper x Santa Inês

submetidos a dietas com torta de amendoim em

substituição ao farelo de soja no concentrado

23

Tabela 9. Custos com alimentação e retorno financeiro em relação à

produção de carne de cordeiros mestiços Dorper x Santa

Inês submetidos a dietas com torta de amendoim em

substituição ao farelo de soja no concentrado

24

vi

Capítulo 2. Características quantitativas in vivo e da carcaça de cordeiros

alimentados com dietas contendo torta de amendoim

Página

Tabela 1. Composição bromatológica dos ingredientes utilizados nas

dietas experimentais

37

Tabela 2. Composição percentual dos ingredientes e bromatológica

das dietas experimentais

38

Tabela 3. Escala de avaliação subjetiva da conformação e estado de

engorduramento das carcaças

41

Tabela 4. Medidas biométricas de cordeiros submetidos a dietas com

torta de amendoim em substituição ao farelo de soja no

concentrado

44

Tabela 5. Peso corporal ao abate (PCA), peso de carcaça quente

(PCQ) e rendimento de carcaça quente (RCQ) de cordeiros

submetidos a dietas com torta de amendoim em

substituição ao farelo de soja no concentrado

45

Tabela 6. Medidas morfométricas de cordeiros submetidos a dietas

com torta de amendoim em substituição ao farelo de soja

no concentrado

46

Tabela 7. Pesos (kg) e rendimentos (%) dos cortes comerciais da ½

carcaça esquerda de cordeiros submetidos a dietas com

torta de amendoim em substituição ao farelo de soja no

concentrado

47

Tabela 8. Área de olho de lombo e espessura de gordura subcutânea

do músculo Longissimus thoracis e L. lumborum de

cordeiros submetidos a dietas com torta de amendoim em

substituição ao farelo de soja no concentrado

48

Tabela 9. Composição tecidual e índice de musculosidade da perna

de cordeiros submetidos a dietas com torta de amendoim

em substituição ao farelo de soja no concentrado

49

vii

Capítulo 3. Avaliação do perfil metabólico, proteico, energético e hepático de

cordeiros terminados em confinamento com dietas contendo torta de amendoim

Página

Tabela 1. Composição bromatológica dos ingredientes utilizados nas

dietas experimentais

62

Tabela 2. Composição percentual dos ingredientes e bromatológica

das dietas experimentais

63

Tabela 3. Níveis séricos de ureia, proteínas totais (PT), albumina,

globulina e relação albumina:globulina (A:G) de cordeiros

submetidos a dietas com torta de amendoim em

substituição ao farelo de soja no concentrado

67

Tabela 4. Perfil energético de cordeiros submetidos a dietas com

torta de amendoim em substituição ao farelo de soja no

concentrado 69

Tabela 5. Atividades enzimáticas da gama-glutamiltransferase

(GGT), alanina-aminotransferase (ALT) e aspartato-

aminotransferase (AST) em cordeiros submetidos a dietas

com torta de amendoim em substituição ao farelo de soja

no concentrado

70

Tabela 6. Principais achados do exame histopatológico do fígado de

cordeiros mestiços Dorper x Santa Inês submetidos a dietas

com torta de amendoim em substituição ao farelo de soja

no concentrado

72

Tabela 7. Principais achados do exame histopatológico do rim de

cordeiros mestiços Dorper x Santa Inês submetidos a dietas

com torta de amendoim em substituição ao farelo de soja

no concentrado

73

viii

LISTA DE FIGURAS

Capítulo 1. Substituição total do farelo de soja pela torta de amendoim sobre o

desempenho produtivo e renda bruta em cordeiros confinados

Página

Figura 1. Percentual de participação do volumoso e concentrado, em

reais, sobre os custos com alimentação na dieta de

cordeiros Dorper x Santa Inês submetidos a dietas com

torta de amendoim em substituição ao farelo de soja no

concentrado

24

Figura 2. Custos com alimentação total/animal e lucratividade (R$)

de cordeiros Dorper x Santa Inês submetidos a dietas com

torta de amendoim em substituição ao farelo de soja no

concentrado

25

Capítulo 3. Avaliação do perfil metabólico, proteico, energético e hepático de

cordeiros terminados em confinamento com dietas contendo torta de amendoim

Página

Figura 1. Concentrações séricas de gama-glutamiltransferase

(GGT)(UI/L) em cordeiros mestiços Dorper x Santa Inês

submetidos a dietas com torta de amendoim em

substituição ao farelo de soja no concentrado

71

ix

LISTA DE ABREVIATURAS

ALT – Alanina-aminotransferase

AOAC - Association of analytical chemists

AOL - Área de olho de lombo

AST – Aspartato-aminotransferase

CA - Conversão alimentar

CIN - Cinzas

CF - Comprimento do fêmur

cm - Centímetros

CMS - Consumo de matéria seca

CMO - Consumo de matéria orgânica

CPB - Consumo de proteína bruta

CEE - Consumo de extrato etéreo

CFDN - Consumo de fibra detergente neutro

CCNF - Consumo de carboidratos não-fibrosos

CNF - Carboidratos não-fibrosos

CPB - Consumo de proteína bruta

CT - Carboidratos totais

CZ - Cinzas

dL - Decilitro

EE - Extrato etéreo

EED - Extrato etéreo digestível

EG - Espessura de gordura

EPM - Erro padrão da média

FDA - Fibra em detergente ácido

FDN - Fibra em detergente neutro

g - Gramas

GGT - Gama-glutamiltransferase

GMD - Ganho médio diário

GPT - Ganho de peso total

IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

IMP - Índice de musculosidade da perna

Kg - Quilograma

L - Litro

mg - Miligrama

MM - Matéria mineral

mm- Milímetro

mmol - Milimol

MN - Matéria natural

MO - Matéria orgânica

MS - Matéria seca

N – Normal

NDT - Nutrientes digestíveis totais

NRC - Nutrient Research Council

x

PCA - Peso corporal ao abate

PB - Proteína bruta

PBD - Proteína bruta digestível

PC - Peso corporal

PCQ - Peso da carcaça quente

PCA - Peso corporal ao abate

PDR - Proteína degradável no rúmen

PIDA - Proteína indigestível em detergente ácido

PIDN - Proteína indigestível em detergente neutro

PMCFR - Peso de meia-carcaça fria reconstituída

PT - Proteína total

PV - Peso vivo

PV 0,75

- Peso metabólico

PVF - Peso vivo final

RCQ - Rendimento da carcaça quente

R2 - Coeficiente de determinação

SPRD - Sem Padrão Racial Definido

UI - Unidade internacional

μg - micrograma

xi

SUMÁRIO

CAPITULO 02

Características quantitativas in vivo e da carcaça de cordeiros alimentados

com dietas contendo torta de amendoim

RESUMO 33

ABSTRACT 34

Introdução 35

Material e métodos 36

Resultados e discussão 44

Torta de amendoim em dietas para cordeiros Página

1. INTRODUÇÃO GERAL 1

CAPÍTULO 01

Desempenho produtivo e digestibilidade de nutrientes em cordeiros

submetidos a dietas com torta de amendoim

RESUMO 5

ABSTRACT 6

Introdução 7

Material e métodos 8

Resultados e discussão 15

Conclusões 27

Referências Bibliográficas 28

Conclusões 51

Referências Bibliográficas 52

CAPÍTULO 03

Avaliação do perfil metabólico, proteico, energético e hepático de cordeiros

terminados em confinamento com dietas contendo torta de amendoim

RESUMO 58

ABSTRACT 59

Introdução 60

Material e métodos 61

Resultados e discussão 63

Conclusões 75

Referências Bibliográficas 76

Considerações Finais e Implicações 82

Referências Bibliográficas 83

xii

1

INTRODUÇÃO GERAL

A ovinocultura é uma atividade desenvolvida em diversas partes do mundo,

estando 1,08 bilhões de ovinos distribuídos em diferentes condições climáticas, relevos

e tipos de vegetação (FAO, 2011), pelo fato de se tratarem de animais rústicos e de fácil

adaptação. Como destacado por Guerra et al. (2012), a criação de ovinos representa uma

fonte de renda para os produtores rurais, através da obtenção de carne, leite, pele e

derivados.

De acordo com dados disponibilizados pelo IBGE (2012), o efetivo do rebanho

ovino brasileiro no ano de 2011 foi de cerca de 17,7 milhões de cabeças, sendo liderado

pela região nordeste com 10,11 milhões de cabeças concentrados principalmente nos

municípios de Casa Nova, Juazeiro, Uauá, Monte Santo e Curaçá. Embora grande parte

do rebanho brasileiro esteja concentrado na região nordeste (56,7%), o estado do Rio

Grande do Sul apresenta 22,89% do rebanho ovino brasileiro com 4,95 milhões de

ovinos. Ainda segundo o IBGE (2012), além da Bahia que detém 17,98% do rebanho

região nordeste, destacam-se também os estados do Ceará, Pernambuco e Piauí, que

apresentam 17,98%, 12,08% e 9,34% do rebanho brasileiro, respectivamente, sendo

constituído em grande parte por animais deslanados e semilanados, Sem Padrão Racial

Definido (SPRD) e das raças Santa Inês, Morada Nova e Somalis (SILVA e ARAÚJO,

2000).

Apesar da rusticidade da espécie ovina, são verificados baixos índices

produtivos na ovinocultura pelo fato de ser comumente desenvolvida de forma

extensiva no Brasil, afetando de forma significativa a qualidade das carcaças desses

animais (SANDERS et al., 2011). Diante dessa realidade e da crescente demanda de

carne ovina com qualidade satisfatória, a ovinocultura tem sofrido modificações a fim

de disponibilizar ao consumidor um produto final que consiga atender as suas

exigências. A crescente demanda global por carne ovina, associada ao aumento da

exigência do mercado consumidor por carnes com qualidade superior e baixo conteúdo

lipídeos e de colesterol, tem estimulado o interesse dos produtores rurais e indústrias

pela produção de um produto com qualidade final satisfatória e de forma padronizada

(SCHÖNFELDT e GIBSON, 2008).

2

A criação de cordeiros em sistema de confinamento tem se tornado uma

alternativa para regularizar a oferta de animais aos frigoríficos, auxiliando no

incremento da comercialização da carne de ovinos. Técnicas de manejo nutricional

adequadas podem promover intensificação da produção de carne de qualidade,

viabilizar a regularização da oferta do produto no mercado, além disso possibilita

elevação da lucratividade dos produtores (CARDOSO et al., 2006). Embora esse

sistema de criação proporcione aumento da produtividade e incremento do desempenho

dos ovinos (Barros et al., 2001), apresenta elevados custos de produção devido ao uso

de concentrados na alimentação animal.

Segundo Goes et al. (2010), o milho e o farelo de soja são os dois principais

alimentos utilizados na elaboração da ração como fonte energética e proteica, em

virtude de não apresentarem fatores nutricionais que possam impedir consumo pelos

animais. Entretanto, os custos desses insumos são elevados sendo necessário para

viabilizar economicamente o confinamento, a formulação de rações com alimentos

alternativos disponíveis em cada região e que apresentem boa qualidade nutricional

(PEREIRA et al., 2008). No Brasil, isso pode ser feito através do aproveitamento de

coprodutos provenientes da produção do biodiesel sob a forma de tortas e farelos de

baixos custos de produção, que atendem as exigências de mantença dos ruminantes, por

serem animais que conseguem converter alimentos que não são uteis para os seres

humanos, em proteínas de alto valor biológico (BRINGEL et al., 2011; CARRERA et

al., 2012).

Dentre as sementes oleaginosas utilizadas para a produção do biodiesel no

Brasil, merece destaque o amendoim (Arachis hypogaea L.) devido ao conteúdo

proteico praticamente semelhante ao do farelo de soja (ABDALLA et al., 2008).

Segundo dados disponibilizados pelo IBGE (2012), estima-se que a produção de

amendoim entre os anos de 2011 e 2012 apresentou uma expansão em termos de

produção passando de 256,05 mil toneladas no ano de 2011 para 318,12 mil toneladas

em 2012, estando 80% da produção concentrada no estado de São Paulo, seguido pela

Bahia (3,6%) e Mato Grosso (2,8%). Acompanhando a tendência de aumento da

produção, houve aumento da área cultivada de 92,54 para 103,5 mil hectares entre os

anos de 2011 e 2012 no Brasil.

3

Do ponto de vista econômico, a cultura do amendoim torna-se relevante devido à

qualidade nutricional, sendo constituído com cerca de 20 a 30% de proteína e

aproximadamente 50% de óleo (SANTOS et al., 2006). Dessa forma, a torta de

amendoim obtida a partir da cadeia de produção do biodiesel dado o alto teor proteico,

em torno de 45%, é comumente destinada à alimentação animal (CARNEIRO, 2006).

Palmieri et al. (2012) enfatizaram que para um adequado desempenho animal e

rendimento de carcaça é necessário que seja levado em consideração não somente o uso

de fontes alimentares de adequado valor nutritivo na produção animal, como também os

custos de produção desses alimentos. Ainda segundo estes autores, o estudo de fontes

alimentares com preços mais acessíveis em relação aos os usualmente utilizados, têm

sido cada vez mais consideradas por pesquisadores pelo fato de não competirem com a

alimentação humana.

A avaliação da viabilidade econômica, do desempenho produtivo, perfil

metabólico são fundamentais para o conhecimento do potencial da torta de amendoim

na dieta de ruminantes. Assim como demais alimentos alternativos, é relevante o estudo

da influencia da nutrição e desse coproduto na qualidade da carne e da carcaça ovina, de

modo que possa ser utilizada como uma nova fonte proteica na formulação de rações.

Diante do exposto, objetivou-se avaliar o efeito da substituição do farelo de soja

pela torta de amendoim na alimentação de cordeiros mestiços Dorper x Santa Inês, com

base no consumo, digestibilidade, desempenho produtivo e econômico, balanço

nitrogenado e parâmetros sanguíneos.

4

CAPÍTULO 01

Desempenho produtivo e digestibilidade de nutrientes em cordeiros

submetidos a dietas com torta de amendoim

5

CAPÍTULO 1

Desempenho produtivo e digestibilidade de nutrientes em cordeiros

submetidos a dietas com torta de amendoim

RESUMO

Objetivou-se avaliar o efeito da substituição do farelo de soja pela torta de amendoim na

dieta de cordeiros por intermédio do consumo, desempenho, digestibilidade e balanço

de nitrogênio e avaliação econômica. Utilizou-se quarenta e cinco cordeiros mestiços

Dorper x Santa Inês, não-castrados, com peso corporal médio inicial de 24,49 ± 5,27 kg,

entre quatro e seis meses de idade, distribuídos em um delineamento experimental

inteiramente casualizado com cinco tratamentos e nove repetições. O experimento teve

duração de 84 dias, e os cordeiros foram alimentados com feno de Tifton-85 e

concentrado composto de grão de milho moído, farelo de soja, premix mineral e torta de

amendoim em substituição ao farelo de soja nos níveis 0,0; 25,0; 50,0; 75,0 e 100% de

substituição. Durante o período experimental foram quantificadas e coletadas amostras

dos alimentos, sobras e fezes dos animais, para avaliação do consumo e digestibilidade.

Para avaliação do balanço de nitrogênio foi feita coleta de urina spot. Os dados foram

submetidos à análise estatística de variância e regressão. Apesar do consumo de extrato

etéreo não ter sido afetado pelas dietas, os consumos de matéria seca, matéria orgânica,

proteína bruta, carboidratos não-fibrosos e nutrientes digestíveis totais apresentaram

comportamento linear decrescente à medida que o farelo de soja foi substituído pela

torta de amendoim. Os coeficientes de digestibilidade dos nutrientes não foram

influenciados pelos níveis de torta de amendoim nas dietas, com exceção da

digestibilidade da proteína bruta em que foi verificado efeito linear crescente. Houve

efeito para os ganhos de peso médio diário e total, verificando-se diminuição. A

conversão alimentar apresentou efeito linear crescente em função dos níveis de torta de

amendoim. Embora a quantidade de nitrogênio ingerido tenha sido afetada pelo

consumo de proteína bruta, a excreção urinária e fecal de nitrogênio não foi influenciada

pela substituição da fonte proteica. A quantidade de nitrogênio retido e ingerido foi

afetada negativamente pelos níveis de torta. A torta de amendoim utilizada em

substituição ao farelo de soja no concentrado diminui o desempenho produtivo de

cordeiros, porém reduz os custos com alimentação na criação de cordeiros.

Palavras-chave: alimento alternativo, biodiesel, confinamento, ganho de peso, ovinos

6

Performance and nutrient digestibility of lambs submitted to diets with

groundnut cake

ABSTRACT

This study was conducted to assess the effect of replacing soybean meal by groundnut

cake in the diet of lambs by feed intake, performance, nutrient digestibility and nitrogen

balance and economic evaluation. There were used forty five crossbred Dorper x Santa

Inês lambs, non-castrated, with initial body weight of 24.49 ± 5,27 kg, between four and

six months, allocated in a completely randomized design with five treatments and nine

replicates. The experiment lasted 84 dias and the lambs were fed with Tifton-85 hay and

concentrated mix with ground corn, soybean meal, mineral premix and groundnut cake

in 0,0; 25,0; 50,0; 75,0 and 100% in replacement of soybean meal. During the

experimental period samples of food, orts and feces of the animals were quantified and

collected to evaluate the intake and digestibility. The nitrogen balance was assessed

with spot urine sample. Data were subjected to statistical analysis of variance and

regression. Although the ether extract intake has not shown a significant effect in terms

of levels of groundnut cake in the experimental diets, the dry matter, organic matter,

crude protein, total carbohydrate, total digestible nutrient intake showed linear decrease

behavior as the soybean meal was replaced by groundnut cake. The apparent

digestibilities coefficients of nutrients were not influenced by the levels of groundnut

cake in the diets, except the crude protein digestibility which increases linearly. There

were observed effects for average daily weight gain and total gain of the lambs,

verifying decrease. The feed conversion increased linearly as a function of the levels of

groundnut cake. Although the amount of nitrogen intake has been affected by the crude

protein intake, the urinary and fecal excretion of nitrogen were not influenced by the

substitution of the protein source. The amount of nitrogen retained and ingested were

negatively affected by the levels of the cake. The groundnut cake used to replace

soybean meal in the concentrate decreases the productive performance of lambs, but

decreases feed costs.

Keywords: alternative food, biodiesel, feedlot, sheep, weight gain

7

INTRODUÇÃO

A ovinocultura é uma atividade econômica que se encontra difundida a nível

mundial, servindo como fonte de subsistência dos produtores rurais e de proteínas de

alto valor biológico, como carne e leite. Segundo dados disponibilizados pela FAO

(2012) os maiores rebanhos ovinos no ano de 2010, estavam concentrados na China,

Índia, Austrália, Irã, Sudão totalizando aproximadamente 35,4% do rebanho mundial.

No Brasil e no mundo, comumente esta atividade é desenvolvida em regiões semiáridas

sendo possível pela capacidade de adaptação dos ovinos a ambientes com condições

edafoclimáticas adversas. Apesar disso, são verificados baixos índices de desempenho

produtivo desses animais devido aos longos períodos de estiagens e oferta irregular de

nutrientes e de forragem de boa qualidade.

Uma alternativa para contornar esse entrave, é a busca por alimentos alternativos

que apresentem qualidade nutricional satisfatória, e que possam vir a serem utilizados

como fonte proteica, permitindo a manutenção do desempenho e produtividade da

espécie ovina nos períodos de escassez de alimentos.

Oliveira et al. (2012) destacaram a possibilidade do uso de coprodutos

provenientes da produção do biodiesel na nutrição de ruminantes, com o intuito de

aumentar os índices produtivos e lucratividade das atividade agrárias em bovinos,

caprinos e ovinos. As tortas e farelos provenientes dessa cadeia produtiva apresentam

grande potencial como fontes alimentares alternativas, principalmente de ruminantes,

uma vez que possuem consideráveis concentrações de proteína e extrato etéreo,

caracterizando-as como alimentos proteicos e/ou energéticos (SANTOS et al., 2012).

De acordo com Okello et al. (2010), o amendoim é uma excelente fonte de óleo

sendo a torta proveniente desta oleaginosa utilizada na nutrição animal. Segundo

Abdalla et al. (2008), o conteúdo proteico desta torta pode variar de 41 a 45% e o teor

de lipídios entre 8 a 9%. Ainda de acordo com estes autores, embora as exigências

nutricionais de proteína e energia possam ser atendidas com o uso deste coproduto,

devido à composição bromatológica química similar ao farelo de soja, é de fundamental

importância o conhecimento da forma que pode interferir sobre o consumo,

digestibilidade e desempenho produtivo desses animais. Logo, a inclusão da torta de

amendoim nas rações, por se tratar de uma fonte alimentar alternativa deve ser feito

8

criteriosamente, a fim de verificar o seu potencial em substituição ao farelo de soja,

alimento tradicionalmente utilizado em dietas de ruminantes.

Dessa forma, objetivou-se avaliar a utilização da torta de amendoim em

substituição ao farelo de soja, na dieta de cordeiros mestiços Dorper x Santa Inês por

meio da avaliação do consumo, desempenho, digestibilidade de nutrientes, balanço de

nitrogênio e custos com alimentação.

MATERIAL E MÉTODOS

O experimento foi conduzido na Fazenda Experimental da Escola de Medicina

Veterinária e Zootecnia pertencente à Universidade Federal da Bahia, localizada no

município de São Gonçalo dos Campos – Bahia, durante o período de janeiro a abril de

2011.

Foram utilizados 45 cordeiros mestiços Dorper x Santa Inês, não-castrados,

vacinados e everminados, com 4 a 6 meses de idade e peso corporal inicial de 24,49 ±

5,27 kg, foram distribuídos em um delineamento inteiramente casualizado com cinco

tratamentos e nove repetições. Os tratamentos corresponderam aos cinco níveis de torta

de amendoim (0,0; 25,0; 50,0; 75,0 e 100%) em substituição ao farelo de soja (Tabela

2). Os animais foram alojados em baias individuais, cobertas, com piso ripado e

suspenso, equipadas com bebedouros e cochos de alimentação, de modo que houvesse

acesso irrestrito à água e às dietas durante todo o período experimental.

Os cordeiros foram mantidos em regime de confinamento durante 63 dias,

precedidos de 21 dias destinados à adaptação às instalações, às dietas e ao manejo

diário, e nesta fase receberam volumoso de feno de Tifton-85 ad libitum, e proporções

crescentes das rações experimentais. Após esse período, os animais foram submetidos à

fase experimental, composta por três períodos consecutivos de 21 dias, destinados para

a coleta de amostras e dados para a avaliação do consumo, digestibilidade dos

nutrientes, desempenho e balanço de nitrogênio.

Os cordeiros foram alimentados duas vezes ao dia, às 09:00 e metade às 16:00

horas, na forma de mistura completa em uma relação volumoso:concentrado de 50:50, a

fim de minimizar a seleção pelos animais. Utilizou-se como fonte volumosa o feno de

9

capim Tifton-85 (Cynodon sp.) moído em partícula de aproximadamente 5 cm. O

concentrado foi constituído de grão de milho moído, farelo de soja, ureia, sulfato de

amônio, suplemento mineral específico para ovinos e torta de amendoim (Tabela 1).

As dietas foram formuladas para serem isonitrogenadas (14% de PB) segundo as

recomendações do National Research Council (NRC, 1985), de modo a atender as

exigências nutricionais para cordeiros com ganhos de peso estimados de 200g/dia.

Durante todo o experimento foram coletadas amostras dos ingredientes e das dietas para

análise de sua composição bromatológica (Tabelas 1 e 2).

Tabela 1. Composição bromatológica dos ingredientes utilizados nas dietas

experimentais

Item

Ingrediente

Feno de

Tifton-85

Grão de milho

moído

Farelo de

soja

Torta de

amendoim

Matéria seca 85,70 92,91 89,25 89,07

Matéria orgânica¹ 93,11 98,55 93,53 94,95

Matéria mineral¹ 6,89 1,45 6,47 5,05

Proteína bruta¹ 3,89 5,94 40,62 38,69

Extrato etéreo¹ 1,07 4,06 1,91 9,95

PIDN¹ (% da PB) 67,90 16,90 6,19 5,42

PIDA² (% da PB) 14,20 8,90 3,19 1,94

Fibra em detergente neutro¹ 73,87 15,33 13,19 14,03

Fibra em detergente ácido¹ 40,51 3,46 8,00 8,58

Lignina¹ 5,00 2,37 1,63 4,30

Celulose¹ 35,51 1,09 6,37 4,28

Hemicelulose¹ 33,36 11,87 5,19 5,45

Carboidratos não fibrosos¹ 14,28 73,22 37,81 32,28 1Valor expresso em % da matéria seca. PIDN¹= proteína indigestível em detergente neutro, PIDA² =

proteína indigestível em detergente ácido.

Tabela 2. Composição percentual dos ingredientes e bromatológica das dietas

experimentais

Ingrediente (% MS)

Nível de torta de amendoim (%)

0 25 50 75 100

Grão de milho moído 28,10 28,10 28,10 28,10 28,10

Farelo de soja 20,00 15,00 10,00 5,00 0,00

Torta de amendoim 0,00 5,00 10,00 15,00 20,00

Suplemento minerala

1,40 1,40 1,40 1,40 1,40

10

Ureia 0,45 0,45 0,45 0,45 0,45

Sulfato de amônio 0,05 0,05 0,05 0,05 0,05

Feno de Tifton-85 50,00 50,00 50,00 50,00 50,00

Composição bromatológica

Matéria seca 87,12 88,82 88,99 88,90 89,74

Matéria orgânica¹ 94,10 93,71 94,08 94,07 94,18

Matéria mineral¹ 6,40 6,29 6,41 6,40 6,36

Proteína bruta¹ 12,60 12,40 12,49 12,44 11,87

Extrato etéreo¹ 1,99 2,73 3,60 4,40 5,55

PIDN² (% da PB) 27,73 27,67 27,54 27,51 27,44

PIDA³ (% da PB) 8,17 7,92 7,89 7,86 7,64

Fibra em detergente neutro¹ 44,50 44,19 44,17 42,84 42,62

Fibra em detergente ácido¹ 23,87 23,78 23,70 22,77 23,29

Lignina¹ 3,64 3,78 3,81 3,11 3,73

Celulose¹ 20,23 20,00 19,89 19,66 19,56

Hemicelulose¹ 20,63 20,41 20,47 20,07 19,33

Carboidratos não-fibrosos¹ 34,51 34,39 33,33 33,92 33,60

Nutrientes digestíveis totais4

67,15 67,19 67,24 67,30 67,61 aNíveis de garantia (por kg em elementos ativos): cálcio - 120 g; fósforo - 87g; sódio - 147g; enxofre -

18g; cobre – 590 mg; cobalto - 40mg; cromo – 20 mg; ferro - 1.800 mg; iodo – 80 mg; manganês - 1.300

mg; selênio – 15 mg; zinco - 3.800 mg; molibdênio – 300 mg; flúor máximo – 870 mg; solubilidade do

fósforo (P) em ácido cítrico a 2% mínimo - 95%. ¹Valor expresso em % da matéria seca. PIDN¹= proteína

indigestível em detergente neutro; PIDA² = proteína indigestível em detergente ácido, 4 Nutrientes

digestíveis totais estimados pelas equações de Detmann et al. (2006a, 2006b, 2006c, 2007). *Análises

realizadas no Laboratório de Nutrição Animal (LANA) da UFBA.

Durante os três períodos experimentais foram coletadas semanalmente amostras

do fornecido e das sobras, as quais foram acondicionadas em sacos plásticos

devidamente identificados e armazenados em freezer a -20ºC. Após o descongelamento,

amostras de volumoso, concentrado e as sobras foram submetidas à pré-secagem em

estufa de ventilação forçada a 55°C durante 72 horas. Em seguida, trituradas em

moinhos de faca tipo Willey com peneira de 1 mm, armazenadas em frascos plásticos

com tampa, etiquetados prontas para as análises laboratoriais.

Dessa forma, conforme as metodologias descritas na AOAC (1990) foram

realizadas as determinações dos teores de matéria seca, matéria mineral, proteína bruta e

extrato etéreo de todas as amostras de alimentos e sobras. Em todas as amostras, os

teores de fibra em detergente neutro (FDN) e fibra em detergente acido (FDA) foram

obtidos conforme Van Soest et al. (1991) e os teores de proteína insolúvel em

11

detergente neutro (PIDN) e acido (PIDA) segundo Licitra et al. (1996). A lignina foi

determinada por meio do tratamento do resíduo de fibra em detergente ácido com ácido

sulfúrico a 72%, de acordo com Silva e Queiroz (2002).

A porcentagem de carboidratos totais (CHT) foi calculada segundo a equação de

Sniffen et al. (1992) e os carboidratos não-estruturais (CNE), por meio da diferença

entre os carboidratos totais e a fibra em detergente neutro (MERTENS et al., 1997). O

teor de nutrientes digestíveis totais (NDT) foi estimado através da fórmula proposta por

Weiss et al. (1999): NDT = PBD + 2,25 X EED + CNFD + FDND, sendo PBD, EED,

CNFD e FDND as frações digestíveis da proteína bruta, extrato etéreo, carboidratos

não-fibrosos e fibra em detergente neutro, respectivamente.

O ensaio de digestibilidade, realizado entre o 30° e 37° dia do confinamento, foi

procedido com 20 cordeiros (quatro cordeiros de cada tratamento), adotando-se o

método de coleta total de fezes. Assim, os três primeiros dias foram destinados à

adaptação dos cordeiros às bolsas coletoras seguido de cinco dias subsequentes de

coleta total de fezes. Entre o 33° e 37° dia do confinamento, realizou-se a coleta de

fezes diretamente das bolsas coletoras, duas vezes ao dia (08:00 e 15:00 horas). Em

seguida, após ter sido registrada a produção total de fezes de cada animal foram

retiradas alíquotas de aproximadamente 10% do total coletado, as quais foram

acondicionadas em sacos plásticos individuais identificados e armazenadas em freezer.

Durante o ensaio de digestibilidade foram coletadas amostras dos alimentos

fornecidos que também foram acondicionados em sacos plásticos, que foram

submetidas à pré-secagem em estufa com circulação forçada a 65°C por 72 horas. Em

seguida, realizou-se a moagem em moinho tipo Willey com peneira de 1 mm e foram

elaboradas amostras compostas por animal, devidamente acondicionadas em frascos

plásticos identificados para posteriores análises laboratoriais.

Os coeficientes de digestibilidade da matéria, proteína bruta, extrato etéreo, fibra

em detergente neutro, carboidratos não-fibrosos foram calculados a partir da seguinte

equação:

CD= [(kg da fração ingerida – kg da fração excretada)] / (kg da fração ingerida) X 100

12

Foi estimado o consumo dos nutrientes (MS, MO, FDN, EE, PB, CNF, NDT),

subtraindo-se o total de cada nutriente contido nos alimentos ofertados e o total de cada

nutriente contido nas sobras.

O desempenho dos cordeiros foi calculado por meio da pesagem individual dos

animais, as quais foram realizadas no início do experimento e a cada 21 dias para a

obtenção do ganho médio diário (GMD). As pesagens foram realizadas sempre pela

manhã, após o período de jejum de sólidos de aproximadamente 10 horas.

Diariamente, às 07:00 horas da manhã, antes do fornecimento da refeição

matutina, as sobras foram recolhidas e pesadas em balança digital para determinação do

consumo de matéria seca. Dessa forma, o consumo de matéria seca foi obtido através do

ajuste da quantidade de ração ofertada aos cordeiros de modo a permitir entre 10 e 20%

de sobras.

A conversão alimentar foi obtida utilizando-se a média do consumo de matéria

seca dos cordeiros alimentados com os diferentes níveis de substituição do farelo de

soja (0,0%; 25,0%; 50,0%; 75,0 e 100,0%), dividido pelo ganho médio diário, o qual foi

calculado pela diferença de peso corporal final e inicial dos animais divido pelo número

de dias do período experimental (63 dias), sendo expresso em kg/dia.

No 18°, 20° e 22° dia do terceiro período experimental, foram coletadas

amostras de urina dos animais, cerca de quatro horas após o fornecimento matinal da

alimentação. Por meio de micção espontânea, a urina foi coletada com auxílio de copos

plásticos, e ao final de cada coleta as amostras foram filtradas com auxílio de gaze,

retirando-se uma alíquota de 10 mL de urina. Posteriormente, as amostras foram

diluídas em 40 mL de solução de ácido sulfúrico a 0,036N (VALADARES et al., 1999).

Em seguida, foram acondicionadas em frascos plásticos identificados e armazenadas a -

20°C destinadas à quantificação das concentrações urinárias de creatinina.

A excreção diária de creatinina (mg/kg de PC) foi determinada pela

multiplicação da concentração de creatinina pelo peso corporal médio de cada cordeiro

dividido pela concentração de creatinina (mg/L), como demonstrado a seguir:

EDC = CCT (mg/L) X VU (L) / PC (kg)

Onde: EDC = excreção diária de creatinina (mg/L) (coleta total); VU = o volume

urinário; PC = peso corporal do animal (kg).

13

Foi considerado que cada animal excreta 17,05 mg de creatinina por kg de peso

corporal (Pereira, 2012), e a partir da concentração de creatinina na amostra spot na

urina, calculou-se o volume diário excretado como demonstrado a seguir:

VU (L) = EDC

CCspot

As concentrações de creatinina na urina foram estimadas utilizando-se kits

comerciais (Bioclin®), sendo estes valores utilizados para estimativa do volume

urinário dos animais.

A avaliação do teor de nitrogênio nas amostras do material consumido, das fezes

e da urina foi realizada segundo metodologia descrita pela AOAC (1990). A retenção de

nitrogênio (N-retido, g/dia) foi realizado por meio da seguinte fórmula:

N-retido = N ingerido (g) – N nas fezes (g) – N na urina (g)

Todos os preços utilizados nos cálculos dos custos de alimentação (CA) foram

os praticados no mês de maio de 2011, sendo obtidos na cidade de Salvador por meio da

seguinte fórmula:

CA = [(CMSi x Período de confinamento) x CDex]

Em que: CMSi = consumo de matéria seca individual; Período de confinamento = 63

dias; e CDex = custo da dieta experimental em R$/Kg.

As receitas foram calculadas multiplicando-se os rendimentos de carcaça de

cada animal (Kg) pelo preço de mercado pago por quilograma de carcaça de R$ 8,30. A

avaliação da lucratividade foi avaliada através da diferença entre os valores de receita

com a venda dos animais e os valores das despesas provenientes dos custos com

alimentação.

A relação benefício/custo foi utilizada com o intuito de comparar os valores do

peso de carcaça multiplicado pelo preço da carcaça em quilos em relação à quantidade

gasta na alimentação. O ponto de nivelamento foi calculado pela divisão do custo com

alimentação pelo preço do quilograma da carne. As variáveis relacionadas com o custo

econômico do experimento foram analisadas segundo Nogueira (2007).

14

Os resultados do desempenho produtivo foram analisados por meio do comando

PROC GLM (do programa estatístico SAS 9.1®). Contrastes polinomiais foram

utilizados para obter os efeitos linear e quadrático dos tratamentos. O peso inicial foi

utilizado no modelo estatístico como covariável. Os resultados da avaliação econômica

foram submetidos à análise de variância (ANOVA), e de regressão a 5% de

probabilidade, utilizando-se o programa SAEG (Sistema de Análises Estatísticas e

Genéticas), versão 9.1 (SAEG, 2007).

15

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A substituição do farelo de soja pela torta de amendoim proporcionou redução

no consumo de matéria seca (Tabela 3) pelos cordeiros. Esse efeito pode ser associado

ao aumento dos teores de extrato etéreo das dietas, uma vez que o consumo de matéria

seca pode ter sido limitado pelo teor lipídico das dietas e não devido à repleção física

ruminal, pois o conteúdo de fibra das dietas foi semelhante (Tabela 2).

Tabela 3. Consumo diário dos componentes nutricionais em kg, g/kg PC0,75

e em g/kg

de PC em cordeiros mestiços Dorper x Santa Inês submetidos a dietas com

torta de amendoim em substituição ao farelo de soja no concentrado

¹EPM = erro padrão da média. L² = Significância para efeito linear. Q³ = Significância para efeito

quadrático. Valor-P* = probabilidade significativa ao nível de 5%. Matéria seca (MS), Matéria orgânica

(MO), Proteína bruta (PB), Extrato etéreo (EE), Fibra em detergente neutro (FDN), Carboidratos não-

fibrosos (CNF), Nutrientes digestíveis totais (NDT).

Item

Nível de substituição (%)

EPM¹

Valor-P*

0 25 50 75 100 L² Q³

Consumo em kg/dia

MS 1,096 1,077 0,965 0,872 0,785 0,1044 < 0,0001 0,3401

MO 1,117 1,110 0,879 0,894 0,805 0,1701 < 0,0001 0,8020

PB 0,170 0,166 0,150 0,137 0,120 0,0159 < 0,0001 0,4568

EE 0,026 0,027 0,025 0,024 0,023 0,0033 0,1574 0,2932

FDN 0,451 0,438 0,394 0,352 0,320 0,0433 < 0,0001 0,4352

CNF 0,298 0,276 0,147 0,126 0,097 0,0425 < 0,0001 0,9224

NDT 0,701 0,715 0,644 0,538 0,568 0,0627 < 0,0001 0,6325

Consumo em g/kg PC0,75

MS 35,25 34,07 30,79 29,04 26,40 6,8692 < 0,0001 0,6056

FDN 85,59 83,69 76,05 71,76 64,68 2,8592 < 0,0001 0,7647

Consumo em g/kg de PC

MS 3,67 3,59 3,28 3,13 2,82 0,2830 < 0,0001 0,7233

FDN 1,51 1,46 1,33 1,27 1,15 0,1185 < 0,0001 0,0895

Equações de regressão

MS (kg/dia) Ŷ= 1,1247 - 0,0033X (R² = 0,96)

MS (kg/kg PC0,75

) Ŷ= 87,105 - 0,215X (R² = 0,97)

MS (kg/kg de PC) Ŷ= 3,7288 - 0,0086X (R² = 0,97)

MO (kg/dia) Ŷ= 1,1288 - 0,0034X (R² = 0,85)

PB (kg/dia) Ŷ= 0,1743 - 0,0005X (R² = 0,96)

FDN(kg/dia) Ŷ= 0,4602 - 0,0014X (R² = 0,97)

FDN (kg/kg PC0,75

) Ŷ= 35,653 - 0,0909X (R² = 0,98)

FDN (kg/kg de PC) Ŷ= 1,5624 - 0,0036X (R² = 0,98)

CNF (kg/dia) Ŷ= 0,2933 - 0,0022X (R² = 0,90)

NDT (kg/dia) Ŷ= 0,7216 - 0,0018X (R² = 0,93)

16

Neste estudo, os resultados para o consumo de matéria seca estão de acordo com

o descrito pelo autor supracitado, pois a substituição do farelo de soja pela torta de

amendoim elevou o teor lipídico das dietas (Tabela 2), o que pode ter limitado o

consumo dos cordeiros. Como mencionado por Bassi et al. (2012), os efeitos inibitórios

dos lipídeos sobre a fermentação ruminal e o consumo comumente são embasados em

duas teorias, as quais estão relacionadas ao impedimento físico e o efeito tóxico que

causam nos microrganismos do rúmen. De acordo com Palmquist e Jenkins (1980), para

o bom funcionamento do ecossistema ruminal o teor de extrato etéreo na dieta dos

ruminantes é aceitável até 7%. Teor superior a este acarreta problemas relacionados ao

decréscimo na degradação da fibra da dieta, pois há formação de uma camada

hidrofóbica pelos lipídeos impedindo o metabolismo e a perfeita aderência das bactérias

à fibra. Consequentemente, isto compromete a proximidade das enzimas fibrolíticas ao

material fibroso, possuindo ação tóxica sobre os microrganismos ruminais gram-

positivos (CANT et al., 1997). A outra teoria tem sido atribuída aos efeitos tóxicos dos

ácidos graxos insaturados sobre os microrganismos, que segundo Palmquist (1991),

Jenkins (1993) e Harfoot e Hazlewood (1997) acontecem devido à alteração na fluidez e

permeabilidade da membrana citoplasmática.

O consumo de proteína bruta expressou efeito linear decrescente (P<0,05) que

pode ser explicado pela diminuição do consumo de matéria seca, uma vez que as dietas

foram isonitrogenadas (Tabela 3). De forma similar, o consumo de matéria orgânica

acompanhou a queda do consumo de matéria seca, o qual resultou em menor consumo

de nutrientes, pois as rações continham teores semelhantes de matéria orgânica (Tabela

2). O efeito observado encontra-se condizente com o exposto no NRC (2001), pois o

consumo de matéria seca é considerado o fator mais importante dentro da nutrição pelo

fato de estabelecer as quantidades de nutrientes para a produção e saúde dos animais.

À medida que o farelo de soja foi substituído pela torta de amendoim houve

aumento dos teores de extrato etéreo nas dietas, contudo não interferiu (P>0,05) no

consumo dessa fração (Tabela 2). Como o consumo de matéria seca ficou reduzido nos

níveis mais elevados de substituição, e pelo fato do extrato etéreo estar contido na

matéria seca, os animais que apresentaram menor consumo de matéria seca, foram os

que tiveram o maior consumo de extrato etéreo não permitiu alteração no consumo de

extrato etéreo.

17

Apesar de ter sido mencionado por Palmquist (1989) que o uso de lipídeos

exerce efeito benéfico por proporcionar melhoria no aporte e densidade calórica das

dietas, evidencia-se nesse estudo que a substituição das fontes alimentares influenciou

de forma negativa o consumo de matéria seca. Este resultado corrobora o que foi

mencionado por Van Soest (1994), de que a demanda energética do animal define o

consumo de dietas com alta densidade calórica, ao passo que a capacidade física do

trato gastrintestinal determina a ingestão de dietas com baixo aporte energético.

Segundo Mertens (1994), quando o aporte energético da dieta é elevado e há baixa

concentração de FDN em relação às exigências do animal, o consumo pode ser limitado

pela demanda energética, não ocorrendo repleção ruminal. Tendo em vista que os

cordeiros foram alimentados com a torta de amendoim que apresentou um teor de

extrato etéreo variando de 1,99 a 5,55% (Tabela 2), e estavam dentro dos limites

considerados máximos (entre 5 e 7% de EE na MS) para dietas de animais ruminantes

(PALMQUIST e JENKINS, 1980). Sendo assim, o efeito depressor do consumo de

lipídeos sobre o consumo de matéria seca pode ser causado pela deflagração de outros

mecanismos fisiológicos de saciedade, os quais não estão associados a redução na

degradação ruminal da fibra (ALLEN, 2000). Segundo a teoria de Nicholson e Omer

(1983), a presença de ácidos graxos no trato digestório é capaz de promover a liberação

de colecistoquinina, o qual tem capacidade de limitar o consumo pela redução da

motilidade do rúmen, retículo e intestino delgado. Ainda segundo estes autores, há

redução não só no consumo de alimentos, como também na ingestão de matéria seca.

O consumo de fibra em detergente neutro (CFDN), nas diferentes formas de

expressão diminuiu linearmente (P<0,05) entre as dietas (Tabela 3). De forma similar ao

consumo de matéria seca, o comportamento verificado para o CFDN pode ser explicado

pelos valores mais altos de extrato etéreo nas rações contendo torta de amendoim

proporcionando redução no consumo desta fração (Tabela 2), devido a fatores

metabólicos.

O consumo de carboidratos não-fibrosos (CNF), quando estimado em Kg/dia

decresceu linearmente (P<0,05) em função dos níveis da torta de amendoim (Tabela 3).

Este resultado pode ter ocorrido, pelo decréscimo do teor de CNF nas dietas (Tabela 2),

e estão de acordo com Oliveira (2012), que ao avaliar o melhor nível de substituição do

18

farelo de soja por torta de amendoim na dieta de novilhos Holandês x Zebu verificou

diminuição linear no consumo de carboidratos não-fibrosos.

O estudo de regressão mostrou efeito linear decrescente (P<0,05) sobre o

consumo de nutrientes digestíveis totais (CNDT) com o aumento dos níveis de torta de

amendoim (Tabela 3). O comportamento verificado possivelmente está relacionado com

a redução do consumo das frações digestíveis que compõem os nutrientes digestíveis

totais, pois com exceção do extrato etéreo que não foi influenciado (P>0,05) pelas dietas

houve redução do consumo de proteína bruta, carboidratos não-fibrosos e fibra em

detergente neutro resultando no decréscimo do CNDT.

Não foi verificado efeito (P>0,05) das dietas sobre os coeficientes de

digestibilidade das frações nutricionais (Tabela 4). Tendo em vista que a relação de

volumoso e concentrado (50:50) foi semelhante para todas as dietas (Tabela 2) e que

realizou-se a moagem prévia tanto do volumoso quando do concentrado antes do

fornecimento aos animais, é possível inferir que em todas as dietas o controle da

ingestão foi realizado pela demanda energética do animal e não pelo tamanho da

partícula. De acordo com Conrad et al. (1964) e Van Soest (1994), dietas com

digestibilidade aparente da matéria seca superior a 66%, o consumo desta fração é

controlado por fatores fisiológicos e não pela repleção ruminal. Logo, é possível

constatar o efeito do teor de extrato etéreo sobre o consumo de matéria seca dos

cordeiros (Tabela 3).

Não foi observado efeito (P>0,05) das dietas sobre o coeficiente de

digestibilidade aparente da matéria seca (Tabela 4), indicando que houve semelhante

degradação da matéria seca entre as dietas. O coeficiente de digestibilidade da matéria

orgânica apresentou comportamento semelhante (P>0,05) ao coeficiente de

digestibilidade da matéria seca, que não foi afetado pelas dietas (Tabela 3). Este

resultado encontra-se de acordo com o que foi averiguado por Rocha Jr. et al. (2003) ao

analisarem o valor energético de vários alimentos para ruminantes e verificarem a alta

correlação nos coeficientes de digestibilidade da MS e MO. Além disso, o

comportamento verificado pode também ser atribuído pela ausência de efeito das dietas

sobre a digestibilidade dos carboidratos não-fibrosos.

Houve influência (P<0,05) da substituição do farelo de soja pela torta de

amendoim sobre o coeficiente de digestibilidade da proteína bruta (Tabela 4),

19

possivelmente maior solubilidade apresentada pelo nitrogênio presente na torta de

amendoim em comparação ao farelo de soja.

Tabela 4. Digestibilidade das frações nutricionais (%) de dietas com de torta de

amendoim em substituição ao farelo de soja para cordeiros mestiços Dorper x

Santa Inês

¹EPM = erro padrão da média. L² = Significância para efeito linear. Q³ = Significância para efeito

quadrático. Valor-P* = probabilidade significativa ao nível de 5%. Matéria seca (MS), Matéria orgânica

(MO), Proteína bruta (PB), Extrato etéreo (EE), Fibra em detergente neutro (FDN), Carboidratos não-fibrosos (CNF), Nutrientes digestíveis totais (NDT).

Os níveis de torta de amendoim não afetaram (P>0,05) o coeficiente de

digestibilidade do extrato etéreo das dietas (Tabela 1). A ausência de efeito significativo

sobre a digestibilidade de EE pode ser justificada pela semelhança (P>0,05) no consumo

de extrato etéreo para essas dietas (Tabela 3).

Embora o consumo de matéria seca pelos animais tenha sido limitado pelo

aumento dos níveis de extrato etéreo das dietas (Tabela 2), o aporte lipídico não exerceu

efeito (P>0,05) sobre a digestibilidade da fibra em detergente neutro. Tal resultado

demonstra a ausência de efeito deletério da torta de amendoim sobre a degradação da

fibra nas dietas.

O coeficiente de digestibilidade dos carboidratos não-fibrosos não diferiu

(P>0,05) entre as dietas (Tabela 4). Apesar do decréscimo desse componente (Tabela 2),

a ausência de efeito sobre a digestibilidade dos CNF pode estar associada ao fato das

dietas não terem influenciado na disponibilidade de nitrogênio no rúmen permitindo que

houvesse sincronismo entre a fonte de proteína e energia, uma vez que as dietas foram

formuladas para serem isonitrogenadas, havendo concomitante redução do consumo de

CNF e de proteína bruta.

Item

Nível de substituição (%)

EPM¹

Valor-P*

0 25 50 75 100 L² Q³

MS 72,75 73,24 75,90 76,09 77,98 3,8241 0,1587 0,9370

MO 78,79 79,72 81,14 81,55 82,95 2,9569 0,1643 0,8638

EE 86,95 87,74 89,93 89,55 89,54 2,5094 0,0982 0,6730

PB 78,89 80,65 83,97 84,93 85,57 3,7568 0,0221 0,8332

FDN 56,02 57,04 60,25 60,94 64,60 6,0509 0,2038 0,9572

CNF 79,84 85,88 87,48 86,66 84,17 5,9726 0,1195 0,2682

NDT 72,70 76,18 70,91 72,83 75,06 9,0210 0,8113 0,8644

Equação de regressão

PB Ŷ= 79,274 +0,0706X (R² = 0,92)

20

Houve efeito das dietas (P<0,05) sobre o nitrogênio ingerido (Tabela 5). Esse

resultado pode ser explicado pela diferente ingestão de proteína bruta, uma vez que foi

verificada redução do consumo de matéria seca total pelos cordeiros (Tabela 3),

resultando em menor consumo da fração proteica e ingestão de nitrogênio pelos animais

que consumiram a dieta contendo o maior nível de torta de amendoim.

Tabela 5. Balanço de nitrogênio, expresso em g/animal/dia, em cordeiros mestiços

Dorper x Santa Inês submetidos a dietas com torta de amendoim em

substituição ao farelo de soja no concentrado

Item

Nível de substituição (%)

EPM¹

Valor-P*

0 25 50 75 100 L¹ Q³

Nitrogênio (g/dia)

Ingerido 26,80 28,16 24,76 22,80 21,08 0,5639 0,0149 0,5238

Fecal 3,96 3,22 4,56 3,79 4,90 0,1427 0,1269 0,3855

Urinário 4,96 9,15 5,53 6,06 10,70 0,4067 0,0707 0,3374

Retido 19,07 15,78 14,66 12,94 5,49 0,5275 <0,0001 0,1985

Equações de regressão

Ingerido Ŷ= 28,0800 - 0,0672000X (R² = 0,85)

Retido Ŷ= 19,5925 - 0,12009X (R² = 0,88) ¹EPM = erro padrão da média; L² = Significância para efeito linear. Q³ = Significância para efeito

quadrático. Valor-P* = probabilidade significativa ao nível de 5%.

As perdas de nitrogênio urinária e fecal não foram afetadas (P>0,05) pelos níveis

de torta de amendoim (Tabela 5), possivelmente devido à semelhança do teor proteico

do farelo de soja e da torta de amendoim (Tabela 2), resultando em igual taxa de

excreção pelas fezes e urina nos animais.

De acordo com Van Soest (1994), níveis de degradação proteica superiores à

fermentação de carboidratos resultam em maior excreção de nitrogênio pela urina.

Ainda segundo o autor, no momento em que são fornecidas dietas contendo níveis

proteicos adequados, grande parte do nitrogênio sofre metabolização nos animais, sendo

reciclado para o rúmen, saliva ou então sofre difusão por meio da parede ruminal. Dessa

forma, apenas uma pequena quantidade de nitrogênio é convertida em ureia e excretada

na urina.

O balanço de nitrogênio foi positivo em todas as cinco dietas, porém houve

efeito (P>0,05) para a quantidade de nitrogênio retido (Tabela 5). Os cordeiros

alimentados com as dietas que não continha torta de amendoim como fonte proteica

apresentaram maior nível de nitrogênio retido, pois apresentaram maior consumo de

21

proteína bruta (Tabela 3). Dessa forma, apresentaram maior ganho de peso total e diário

devido à uma maior retenção de nitrogênio, o qual foi destinado para o desenvolvimento

corporal dos animais (Tabela 6).

Tabela 6. Desempenho em cordeiros mestiços Dorper x Santa Inês submetidos a dietas

com torta de amendoim em substituição ao farelo de soja no concentrado

Item

Nível de substituição (%)

EPM¹

Valor-P*

0 25 50 75 100 L¹ Q³

GPT 12,86 12,66 12,03 8,85 7,40 0,3382 < 0,0001 0,0975

GMD 204 201 191 140 117 0,0053 < 0,0001 0,0975

CA 5,64 5,50 5,41 6,54 7,18 0,1727 0,0128 0,0725

Equações de regressão

GPT Ŷ= 13,6406 - 0,0561556X (R² = 0,84)

GMD Ŷ= 0,216517 - 0,000891358X (R² = 0,95)

CA Ŷ= 5,2895 + 0,0144598X (R² = 0,61) ¹EPM = erro padrão da média. L² = Significância para efeito linear. Q³ = Significância para efeito

quadrático. Valor-P* = probabilidade significativa ao nível de 5%. PVI = peso vivo inicial, PVF = peso

vivo final, GPT = ganho de peso total (kg), GMD = Ganho médio diário (g/dia), CA = conversão

alimentar (kg de MS consumida/ kg PV ganho).

Houve redução linear (P<0,05) do ganho médio diário (GMD), com decréscimos

estimados de 0,0008 g/dia à medida que o farelo de soja foi substituído pela torta de

amendoim (Tabela 6). Portanto, a diminuição no ganho de peso pode ser justificada pela

redução do consumo de matéria seca (Tabela 3) devido ao aumento do teor lipídico das

dietas, resultando em menor ingestão da fração proteica e de demais nutrientes pelos

animais e, portanto, comprometimento no desempenho produtivo dos animais.

A conversão alimentar foi afetada (P<0,05) pelos níveis de torta de amendoim da

dieta (Tabela 5). Sendo assim, para cada 1% da torta de amendoim acrescida ao

concentrado, foi verificado um aumento de 0,014g de matéria seca consumida para cada

grama de aumento no ganho de peso. A possível explicação para a piora na conversão

alimentar seria a redução do ganho médio diário devido ao aumento dos teores lipídico

das dietas, o qual limitou o consumo de matéria seca e dos nutrientes pelos animais

(Tabela 2).

De acordo com Packer e Haddad (1995) e Silveira e Domingues (1995) os

índices de conversão e eficiência alimentar são referentes à quantidade de alimento

consumido que será convertido em carne, leite ou outro produto. Ainda segundo estes

autores, o tipo de alimento, as condições do ambiente, o peso vivo durante o período

22

avaliado, bem como a composição do ganho e estado de saúde do animal, são fatores

que podem interferir nestas variáveis. Neste estudo, todos os cordeiros apresentavam

idade e condições ambientais similares. Portanto, os resultados desses índices foram

influenciados pelo menor consumo voluntario de matéria seca e de nutrientes como

proteína bruta e NDT, devido ao aumento do aporte energético e efeito de saciedade das

dietas.

A participação do concentrado nos custos com alimentação foi diminuindo

(P<0,05) à medida que o farelo de soja foi substituído pela torta de amendoim na dieta

dos ovinos (Tabela 7), promovendo redução nos custos com formulação da dietas e do

valor gasto com alimentação/animal/dia. Esse efeito pode ser fundamentado pelo menor

custo de aquisição da torta de amendoim (R$ 0,66) em comparação ao farelo de soja,

cujo preço por kg foi cerca de R$ 1,04.

Tabela 7. Custos com alimentação, em valores absolutos, do confinamento de cordeiros

mestiços Dorper x Santa Inês submetidos a dietas com torta de amendoim em

substituição ao farelo de soja no concentrado

¹ Custo R$/kg de matéria natural

Embora a relação volumoso:concentrado (50:50) não tenha variado entre as

dietas, houve influência dos custos de aquisição do feno e de cada ingrediente do

concentrado sobre os custos com alimentação (Tabela 8). Sendo assim, em valores

percentuais, houve aumento da contribuição do grão de milho moído representando

cerca de 23,80 a 26,40% dos custos das dietas, à medida que o farelo de soja foi

substituído pela torta de amendoim.

Ingrediente

Custo

(R$/Kg

de MN¹)

Nível de substituição (%)

0 25 50 75 100

Grão de milho moído 0,66 18,83 18,83 18,83 18,83 18,83

Farelo de soja 1,04 20,80 15,60 10,40 5,20 0,00

Torta de amendoim 0,66 0,00 3,30 6,60 9,90 13,20

Suplemento mineral 3,00 4,20 4,20 4,20 4,20 4,20

Ureia 0,76 0,04 0,04 0,04 0,34 0,34

Sulfato de amônio 1,30 0,59 0,59 0,59 0,07 0,07

Feno de Tifton-85 0,69 34,55 34,55 34,55 34,55 34,55

Custo total com valor

de concentrado 79,00 77,10 75,20 73,08 71,18

23

Tabela 8. Custos com alimentação, em valores percentuais, do confinamento de

cordeiros mestiços Dorper x Santa Inês submetidos a dietas com torta de

amendoim em substituição ao farelo de soja no concentrado

Ainda conforme a Tabela 8, a torta de amendoim resultou na redução de

aproximadamente 8% no custo das dietas, quando comparado ao farelo de soja,

demonstrando a viabilidade econômica do seu uso e possibilidade da sua inclusão no

balanceamento de rações. Dessa forma, comprova-se que embora a proteína seja

imprescindível para o adequado desenvolvimento dos animais, é um dos principais

fatores responsáveis pelos maiores custos da alimentação na fase de terminação, pelo

fato de se tratar do nutriente mais oneroso (TACON e FORSTERS, 2003). Isso

corrobora com o que foi destacado por Torres et al. (2003), de que um dos principais

entraves para o uso do farelo de soja como alimento proteico na alimentação de

ruminantes é o seu alto preço, ocasionando aumento nos custos de produção.

Apesar disso, vale ressaltar que embora o custo do feno de capim Tifton-85 não

tenha diferido entre os tratamentos, em termos percentuais, o volumoso foi responsável

por cerca de 50% dos custos das dietas, com valores um pouco inferiores aos

verificados no concentrado (Figura 2). Portanto, esse comportamento vai de encontro ao

que é comumente relatado na literatura, de que cerca de 70 a 80% dos custos com

alimentação no confinamento são decorrentes do uso de farelo de soja e milho no

concentrado. A partir disso, é relevante destacar que o volumoso pode ter grande

impacto na dieta dos animais, podendo juntamente com o concentrado ser o fator

responsável no comprometimento da viabilidade econômica desse sistema de produção.

Ingrediente Nível de substituição (%)

0 25 50 75 100

Grão de milho moído 23,8 24,40 25,00 25,80 26,40

Farelo de soja 26,30 20,20 13,80 7,10 0,00

Torta de amendoim 0,00 4,30 8,80 13,50 18,50

Suplemento mineral 5,30 5,40 5,60 5,70 5,90

Ureia 0,00 0,00 0,10 0,50 0,50

Sulfato de amônio 0,70 0,80 0,80 0,10 0,10

Feno de Tifton-85 43,7 44,8 45,90 47,30 48,50

Custo total com valor

de concentrado 56,3 55,20 54,10 52,70 51,50

24

Figura 1. Percentual de participação do volumoso e concentrado, em reais, sobre os

custos com alimentação na dieta de cordeiros Dorper x Santa Inês submetidos a dietas

com torta de amendoim em substituição ao farelo de soja no concentrado.

Houve efeito das dietas (P<0,05) sobre o custo com alimentação total/animal e

lucratividade (Tabela 9), sendo verificado maior retorno financeiro quando o farelo de

soja foi completamente substituído pela torta de amendoim.

Tabela 9. Custos com alimentação e retorno financeiro em relação à produção de carne

de cordeiros mestiços Dorper x Santa Inês submetidos a dietas com torta de

amendoim em substituição ao farelo de soja no concentrado

Custos Nível de substituição (%)

EPM Valor-P*

0 25 50 75 100 L Q

Dias de

confinamento 63 63 63 63 63 -- -- --

Custo com

alimentação

total/animal¹

59,47

57,31

49,96

44,03

38,63

1,3052

<0,0001

0,6620

Lucratividade² 55,10 57,00 60,45 61,68 63,92 0,5156 <0,0001 0,7214

Benefício/custo³ 1,23 1,33 1,53 1,63 1,81 0,0350 <0,0001 0,8911

Preço de carne/

kg (R$)¹ 8,30 8,30 8,30 8,30 8,30 -- -- --

Ponto de

nivelamento

(kg)4

7,19 6,93 6,04 5,33 4,68 0,1651 <0,0001 0,6620

Equações de regressão

Custo com

alimentação total/

animal¹

Ŷ= 60,8772 - 0,219878X (R² = 0,98)

25

Lucratividade Ŷ= 55,1708 + 0,0892572X (R² = 0,98)

Benefício/custo³ Ŷ= 1,221116 + 0,00579893X (R² = 0,99)

Ponto de

nivelamento(kg)4

Ŷ= 7,36249 - 0,0264913X (R² = 0,98)

EPM = erro padrão da média; L= efeito linear; Q = efeito quadrático. Valor-P* = probabilidade significativa

ao nível de 5%. ¹Refere-se ao valor médio por animal ( Preços praticados na região de Salvador-BA durante

o mês de Maio de 2011); ²Total da receita (R$) – Total do custo (R$); ³Total de receita (R$) ÷ Total de custo

(R$); 4 Total de custo (R$) ÷ Preço de carne/kg (R$); NS = não significativo; R² = coeficiente de determinação.

De forma similar, também foi verificado efeito das dietas (P<0,05) sobre a

relação benefício:custo (Tabela 9). Dessa forma, para cada 1,00 do custo total das

dietas, obteve-se R$ 1,81 de retorno na dieta com o maior nível de substituição do farelo

de soja no concentrado.

Figura 2. Custos com alimentação total/animal e lucratividade (R$) de cordeiros Dorper x

Santa Inês submetidos a dietas com torta de amendoim em substituição ao farelo de soja

no concentrado.

A rentabilidade da dieta pode ser comprovada por meio do cálculo do ponto de

nivelamento, o qual é um indicador financeiro que relaciona a quantidade de venda do

produto permitindo o completo pagamento dos custos totais (AGY et al., 2012). Como é

possível visualizar na Tabela 8, na dieta com maior nível de substituição da torta de

amendoim a produtividade mínima exigida foi de 4,68 kg para que existisse igualdade

entre a receita e os custos, não ocorrendo, portanto prejuízos. Por outro lado, seria

necessário um maior peso de carcaça por animal (7,19 kg) de modo que houvesse

26

viabilidade econômica da criação de cordeiros alimentados com a dieta utilizando

somente como fonte proteica o farelo de soja.

Oliveira et al. (2012) ressaltaram vantagem para o produtor rural do uso das

tortas oriundas da produção de biodiesel para a alimentação de ruminantes,

principalmente devido à redução nos custos de produção e, de forma geral, manutenção

da produtividade e a qualidade do produto final gerado, apenas quando seja procedido o

adequado balanceamento das dietas de modo a atender as exigências nutricionais dos

animais. Como visto anteriormente, neste estudo houve redução nos custos com a

alimentação, porém foi acompanhada pela piora na conversão alimentar e nos ganhos de

peso total e médio diário.

Avaliando a viabilidade da substituição do farelo de soja pela torta de amendoim

na dieta de cabritos ½ Boer, Silva (2012) verificou efeito negativo da dieta estudada

sobre o ganho médio diário e ausência de comprometimento sobre a conversão

alimentar. De acordo com o autor, mesmo assim a torta de amendoim pode ser

recomentada para caprinos, pois nos animais que apresentaram menor ganho de peso

houve também menor consumo, fazendo com que houvesse redução no custo com

alimentação.

27

CONCLUSÕES

A substituição total do farelo de soja pela torta de amendoim reduz o consumo, o ganho

de peso e os custos com alimentação de cordeiros mestiços Dorper x Santa Inês.

28

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32

CAPÍTULO 02

Características quantitativas in vivo e da carcaça de cordeiros

alimentados com dietas contendo torta de amendoim

33

CAPÍTULO 02

Características quantitativas in vivo e da carcaça de cordeiros

alimentados com dietas contendo torta de amendoim

RESUMO

Objetivou-se avaliar o efeito da substituição do farelo de soja pela torta de amendoim

nas características quantitativas in vivo e da carcaça de cordeiros confinados. Foram

utilizados 45 cordeiros mestiços Dorper x Santa Inês, não-castrados, com peso vivo

médio de 24,49 ± 5,27 kg, com idade inicial entre 4 e 6 meses alojados em baias

individuais por um período de 84 dias. Os cordeiros foram alimentados com feno de

Tifton-85 e concentrado à base de grão de milho moído, farelo de soja, premix mineral e

torta de amendoim nos níveis de 0,0; 25,0; 50,0; 75,0 e 100% de substituição ao farelo

de soja, com base na matéria seca. No 81° dia do confinamento, realizou-se a avaliação

in vivo dos animais, sendo determinadas as medidas biométricas e avaliação do lombo

através de ultrassonografia. Ao final do confinamento os animais foram submetidos a

jejum, sendo abatidos e foram avaliadas as características quantitativas e qualitativas.

Não houve efeito das dietas sobre as medidas biométricas, porém reduziram

negativamente a área de olho-de-lombo mensurada por ultrassonografia. O peso

corporal ao abate e o peso de carcaça quente não sofreram influencia da torta de

amendoim, contudo verificou-se comportamento quadrático do rendimento de carcaça

quente. As características qualitativas de acabamento e conformação das carcaças de

cordeiros não foram afetadas pela substituição proteica. Houve efeito linear das dietas

sobre a profundidade de perna dos cordeiros. Para as demais medidas morfométricas de

carcaça, não foram observadas diferenças significativas entre as dietas. Salvo o

rendimento do pescoço, que apresentou efeito linear crescente, os pesos e rendimentos

dos cortes comerciais não foram afetados pelos níveis crescentes da torta de amendoim.

Houve efeito linear decrescente sobre a área de olho de lombo determinada por

ultrassom e, efeito quadrático na profundidade máxima do lombo. A substituição do

farelo de soja não afetou a composição tecidual do pernil dos cordeiros, mas houve

efeito linear crescente do índice de musculosidade da perna, em função dos níveis de

inclusão da torta de amendoim nas dietas. A substituição do farelo de soja pela torta de

amendoim não compromete as características quali-quantitativas in vivo e na carcaça de

cordeiros mestiços Dorper x Santa Inês terminados em confinamento.

Palavras-chave: área de olho de lombo, composição tecidual, cortes comerciais,

espessura de gordura, nutrição, ovinos

34

In vivo and carcass quantitative traits of lambs fed diets containing

groundnut cake

ABSTRACT

This study aimed to evaluate the effect of replacing soybean meal by groundnut on

quantitative in vivo and carcass traits of feedlot lambs. There were used 45 crossbred

Dorper x Santa Inez lambs, with an average weight of 24,49 ± 5,27 kg, with initial age

between 4 and 6 months, which were allotted in individual pens for a period of 84 days

(21 days adaptation and 63 days trial period). The lambs were fed a total mixed ration

containing 50% roughage (Tifton-85 hay) and 50% concentrate based on ground corn,

soybean meal, and mineral premix groundnut cake in levels of 0,0; 25,0; 50,0; 75,0 and

100% replacing soybean meal, in dry matter basis. It was used a completely randomized

design with five treatments (levels of soybean meal replacing groundnut cake) and nine

repetitions. On the 81 th day of feedlot, took place in vivo assessment of the animals,

being evaluated the biometric measurements and by ultrasound the determinations of

ribeye area, width, length and subcutaneous fat thickness. At the end of the experiment

the animals were fasted, being slaughtered and evaluated the quantitative and qualitative

characteristics. There was no effect of experimental diets on the biometric

measurements, but negatively reduced ribeye area, and loin measured by

ultrasonography. Body weight at slaughter and hot carcass weight did not suffer

influence of groundnut cake, however there was a quadratic behavior of the hot carcass

yield. The quality characteristics of finishing and carcass conformation of lambs were

not affected by protein replacement. Linear effects of diets was notices on the depth of

the leg of lamb. For the remaining carcass morphometric measurements, no significant

differences were observed between the diets. Unless the neck yield, which showed

increasing linear effect, weights and yields of retail cuts were not affected by increasing

levels of groundnut cake. There was a decreased linear effect over the loin eye area

determined by ultrasound and quadratic effect on the maximum depth of the loin. The

replacement of soybean meal did not affect the tissue composition of the lambs´ leg, but

there was linear increasing of the leg muscularity, according to the level of inclusion of

groundnut cake in the experimental diets. The replacement of soybean meal by

groundnut cake does not compromise the in vivo and carcasses qualitative and

quantitative characteristics in crossbreed Dorper x Santa Inez feedlot lambs.

Keywords: fat thickness, retail cuts, ribeye area, sheep, nutrition, tissue composition

35

INTRODUÇÃO

A ovinocultura é uma atividade praticada por grande parte dos produtores rurais

no semiárido da região Nordeste, sendo importante pelo fato de servir como fonte de

renda e de desenvolvimento socioeconômico da população.

Sales et al. (2013) ressaltaram a importância da produção de cordeiros na

ovinocultura de corte, pelo fato desta categoria animal apresentar altas taxas de

crescimento e por estar comumente associada ao confinamento. Todavia, ainda segundo

este autores, esse sistema apresenta altos custos com alimentação, sendo imprescindível

a busca por fontes alimentares mais baratas que possam ser utilizadas na dieta dos

animais sem que comprometam o desempenho produtivo e qualidade do produto final.

As características quantitativas e qualitativas da carcaça exercem papel

importante no sistema de produção de carne, visto que se encontram intimamente

associadas ao produto final, a carne (SILVA et al., 2008). Conforme Silva Sobrinho e

Silva (2000) vários fatores afetam estas características, tais como o genótipo, peso ao

abate, idade e a nutrição dos animais. De acordo com Alves et al. (2003), a nutrição

pode interferir não apenas na qualidade da carne, como também no peso e rendimento

de carcaça e nos cortes comerciais, os quais são fatores de extrema relevância na

mensuração da capacidade do animal para a produção de carne.

Com o aumento da demanda global por carne ovina, é necessário o aumento da

produtividade dos animais e melhoria da qualidade da carne ofertada ao mercado

consumidor. O confinamento é o regime de criação que mais se adequa às exigências

desse mercado, uma vez que por meio do fornecimento de dietas balanceadas com

concentrados energéticos/proteicos é possível o abate mais precoce dos animais,

originando consequentemente carcaças e carne ovina de melhor qualidade e com

padronização satisfatória dos cortes (VIEIRA et al., 2010).

Mas apesar das diversas vantagens existentes na criação intensiva, em virtude

dos altos custos de produção é relevante destacar a importância na busca por fontes

alimentares alternativas com menores custos e que possam substituir parte do

concentrado fornecido, sem que haja comprometimento do desempenho produtivo dos

animais (LAGE et al., 2012).

36

Como destacado por Palmieri et al. (2012), devido a sua diversidade climática e

diferentes ecossistemas, várias espécies de oleaginosas apresentam potencial para a

produção do biodiesel no Brasil, e consequentemente, serem utilizadas como fontes

alternativas de alimento na alimentação dos animais. Dentre os coprodutos, a torta de

amendoim, devido à sua composição bromatológica semelhante ao farelo de soja, pode

ser considerada uma fonte proteica alternativa (ABDALLA et al., 2008; OLIVEIRA et

al., 2012), que pode permitir a redução nos custos de produção.

Carrera et al. (2012) destacaram que os coprodutos oriundos da produção do

biodiesel podem apresentar composições bromatológicas diferentes que podem variar de

acordo com os tipos de espécies, cultivo e extração das sementes de oleaginosas. Assim,

ao se utilizar este tipo de alimento como fonte alimentar alternativa na dieta de

ruminantes é fundamental que se avalie seu efeito sobre as características de carcaça,

uma vez que o valor nutricional de um alimento e/ou dieta pode comprometer na

quantidade e qualidade do produto cárneo (BATISTA et al., 2010).

Neste contexto, objetivou-se avaliar o efeito da substituição do farelo de soja

pela torta de amendoim sobre as características quantitativas in vivo e da carcaça de

cordeiros mestiços Dorper x Santa Inês.

MATERIAL E MÉTODOS

O experimento foi conduzido na Fazenda Experimental da Escola de Medicina

Veterinária e Zootecnia pertencente à Universidade Federal da Bahia, localizada no

município de São Gonçalo dos Campos – Bahia, durante o período de janeiro a abril de

2011. Os animais foram alojados em baias individuais, cobertas, com piso ripado e

suspenso, equipadas com bebedouros e cochos de alimentação, de modo que houvesse

acesso irrestrito à água e às dietas durante todo o período experimental.

O experimento teve duração de 84 dias, constituído de três períodos

experimentais, constituídos de 21 dias cada, sendo os 21 primeiros dias destinados à

adaptação às instalações, às dietas e ao manejo diário.

Foram utilizados 45 cordeiros mestiços Dorper x Santa Inês, não-castrados,

vacinados e everminados, com média de 5 meses e peso corporal inicial de 24,49 ± 5,27

kg, que foram distribuídos em um delineamento inteiramente casualizado com cinco

37

tratamentos e nove repetições. Os tratamentos corresponderam aos cinco níveis de torta

de amendoim (0,0; 25,0; 50,0; 75,0 e 100%) em substituição ao farelo de soja na

matéria seca total (Tabela 2).

Os cordeiros foram alimentados duas vezes ao dia, às 09:00 e metade às 16:00

horas, na forma de mistura completa em uma relação volumoso:concentrado de 50:50, a

fim de minimizar a seleção pelos animais. Utilizou-se como fonte volumosa o feno de

capim Tifton-85 (Cynodon sp.) moído em partícula de aproximadamente 5 cm. O

concentrado foi constituído de grão de milho moído, farelo de soja, ureia, sulfato de

amônio, suplemento mineral específico para ovinos e torta de amendoim (Tabela 1).

As dietas foram formuladas para serem isonitrogenadas (14% de PB) segundo as

recomendações do National Research Council (NRC, 1985), de modo a atender as

exigências nutricionais para cordeiros com ganhos de peso estimados de 200g/dia.

Durante todo o experimento foram coletadas amostras dos ingredientes e das dietas para

análise de sua composição bromatológica (Tabelas 1 e 2).

Tabela 1. Composição bromatológica dos ingredientes utilizados nas dietas

experimentais

Item

Ingrediente

Feno de

Tifton-85

Grão de milho

moído

Farelo de

soja

Torta de

amendoim

Matéria seca 85,70 92,91 89,25 89,07

Matéria orgânica¹ 93,11 98,55 93,53 94,95

Matéria mineral¹ 6,89 1,45 6,47 5,05

Proteína bruta¹ 3,89 5,94 40,62 38,69

Extrato etéreo¹ 1,07 4,06 1,91 9,95

PIDN¹ (% da PB) 67,90 16,90 6,19 5,42

PIDA² (% da PB) 14,20 8,90 3,19 1,94

Fibra em detergente neutro¹ 73,87 15,33 13,19 14,03

Fibra em detergente ácido¹ 40,51 3,46 8,00 8,58

Lignina¹ 5,00 2,37 1,63 4,30

Celulose¹ 35,51 1,09 6,37 4,28

Hemicelulose¹ 33,36 11,87 5,19 5,45

Carboidratos não fibrosos¹ 14,28 73,22 37,81 32,28 1Valor expresso em % da matéria seca. PIDN¹= proteína indigestível em detergente neutro, PIDA² =

proteína indigestível em detergente ácido.

38

Tabela 2. Composição percentual dos ingredientes e bromatológica das dietas

experimentais

Ingrediente (% MS)

Nível de torta de amendoim (%)

0 25 50 75 100

Grão de milho moído 28,10 28,10 28,10 28,10 28,10

Farelo de soja 20,00 15,00 10,00 5,00 0,00

Torta de amendoim 0,00 5,00 10,00 15,00 20,00

Suplemento minerala

1,40 1,40 1,40 1,40 1,40

Ureia 0,45 0,45 0,45 0,45 0,45

Sulfato de amônio 0,05 0,05 0,05 0,05 0,05

Feno de Tifton-85 50,00 50,00 50,00 50,00 50,00

Composição bromatológica

Matéria seca 87,12 88,82 88,99 88,90 89,74

Matéria orgânica¹ 94,10 93,71 94,08 94,07 94,18

Matéria mineral¹ 6,40 6,29 6,41 6,40 6,36

Proteína bruta¹ 12,60 12,40 12,49 12,44 11,87

Extrato etéreo¹ 1,99 2,73 3,60 4,40 5,55

PIDN² (% da PB) 27,73 27,67 27,54 27,51 27,44

PIDA³ (% da PB) 8,17 7,92 7,89 7,86 7,64

Fibra em detergente neutro¹ 44,50 44,19 44,17 42,84 42,62

Fibra em detergente ácido¹ 23,87 23,78 23,70 22,77 23,29

Lignina¹ 3,64 3,78 3,81 3,11 3,73

Celulose¹ 20,23 20,00 19,89 19,66 19,56

Hemicelulose¹ 20,63 20,41 20,47 20,07 19,33

Carboidratos não-fibrosos¹ 34,51 34,39 33,33 33,92 33,60

Nutrientes digestíveis totais4

67,15 67,19 67,24 67,30 67,61 aNíveis de garantia (por kg em elementos ativos): cálcio - 120 g; fósforo - 87g; sódio - 147g; enxofre -

18g; cobre – 590 mg; cobalto - 40mg; cromo – 20 mg; ferro - 1.800 mg; iodo – 80 mg; manganês - 1.300

mg; selênio – 15 mg; zinco - 3.800 mg; molibdênio – 300 mg; flúor máximo – 870 mg; solubilidade do

fósforo (P) em ácido cítrico a 2% mínimo - 95%. ¹Valor expresso em % da matéria seca. PIDN¹= proteína

indigestível em detergente neutro; PIDA² = proteína indigestível em detergente ácido, 4 Nutrientes

digestíveis totais estimados pelas equações de Detmann et al. (2006a, 2006b, 2006c, 2007). *Análises

realizadas no Laboratório de Nutrição Animal (LANA) da UFBA.

Diariamente, às 07:00 horas da manhã, antes do fornecimento da refeição

matutina, as sobras foram recolhidas e pesadas em balança digital para determinação do

consumo diário. Dessa forma, o consumo foi obtido através do ajuste da quantidade de

ração ofertada aos cordeiros de modo a permitir entre 10 e 20% de sobras. Amostras

dos ingredientes das dietas e das sobras foram coletadas, acondicionadas em sacos

plásticos identificados e armazenadas a -20º C para posteriores análises.

39

Ao final do período experimental, as amostras de volumoso, concentrado e as

sobras foram submetidas à pré-secagem em estufa de ventilação forçada a 55°C durante

72 horas. Em seguida, trituradas em moinhos de faca tipo Willey com peneira de 1 mm,

armazenadas em frascos plásticos com tampa, etiquetados prontas para as análises

laboratoriais.

A composição bromatológica dos ingredientes e sobras foi feita para a

determinação dos teores de matéria seca, matéria mineral, proteína bruta e extrato

etéreo, conforme as metodologias descritas na AOAC (1990). A determinação dos

teores de fibra em detergente neutro (FDN) e fibra em detergente acido (FDA) foi

realizada segundo Van Soest et al. (1991) e os teores de proteína insolúvel em

detergente neutro (PIDN) e acido (PIDA) segundo Licitra et al. (1996). A lignina foi

determinada por meio do tratamento do resíduo de fibra em detergente ácido com ácido

sulfúrico a 72%, de acordo com Silva e Queiroz (2002).

A porcentagem de carboidratos totais (CHT) foi calculada segundo a equação de

Sniffen et al. (1992) e os carboidratos não-estruturais (CNE), por meio da diferença

entre os carboidratos totais e a fibra em detergente neutro (MERTENS et al., 1997). O

teor de nutrientes digestíveis totais (NDT) foi estimado através da fórmula proposta por

Weiss et al. (1999): NDT = PBD + 2,25 X EED + CNFD + FDND, sendo PBD, EED,

CNFD e FDND as frações digestíveis da proteína bruta, extrato etéreo, carboidratos

não-fibrosos e fibra em detergente neutro, respectivamente.

No 81° dia do experimento, conforme metodologia de Osório et al. (1998),

foram realizadas as avaliações biométricas, com auxílio de fita métrica e hipômetro

ambos graduados em centímetros, a altura do anterior (distância do ponto mais alto da

vértebra torácica ao solo); altura do posterior (distância da tuberosidade coxal ao solo);

largura da garupa (distância entre as tuberosidades coxais); comprimento da garupa

(distância entre a tuberosidade coxal e a tuberosidade isquiática); profundidade do tórax

(distância das vértebras torácicas ao esterno); perímetro torácico (leitura do contorno da

cavidade torácica, realizada posteriormente as escápulas); largura da perna (distância

entre os bordos internos e externos da parte superior da perna em sua parte mais larga) e

perímetro de coxa (leitura do contorno da coxa, obtida no ponto médio da coxa).

40

Com o objetivo de minimizar erros de análise, todas as medidas foram tomadas

por um mesmo avaliador, o qual deixou os animais em posição adequada sobre uma

superfície plana e horizontal.

Para a mensuração in vivo da área de olho-de-lombo e espessura de gordura

subcutânea, foi utilizado o equipamento de ultrassom em tempo real, com transdutor

linear e guia acústico para acoplamento em ovinos. Antes da captação das imagens por

ultrassom, procedeu-se à limpeza da região entre a 12ª e 13ª vértebras torácicas sempre

do lado esquerdo do animal, por meio de tosquia e tricotomia. Em seguida, o local foi

recoberto com uma camada delgada de óleo vegetal propiciando melhor condutividade e

máxima resolução e qualidade das imagens. Sendo assim, o transdutor equipado com

guia acústica foi posicionado perpendicularmente ao comprimento do

músculo Longissimus thoracis.

A melhor imagem observada foi captada pelo técnico, gravadas no equipamento

de ultrassonografia, sendo em seguida mensurado o comprimento (A) e a profundidade

máxima (B) do músculo para a avaliação da área de olho de lombo pela fórmula (A/2 x

B/2) x π proposta por Silva Sobrinho (1999), em que: A= distância maior do músculo

Longissimus thoracis no sentido médiolateral; B = distância máxima no sentido dorso-

ventral perpendicular à medida A; π = 3,1416, expressa em centímetros. Em seguida foi

determinada a espessura mínima de gordura de cobertura sobre o músculo, em

milímetros, a qual foi mensurada ¾ de distância a partir do lado medial do músculo L.

thoracis, para o seu lado lateral da linha dorso-lombar.

Ao completarem 84 dias de confinamento, os animais foram submetidos a jejum

de dieta sólida por 16 horas e pesados para determinação do peso corporal final. No dia

seguinte, os animais foram transferidos para frigorífico comercial, localizado no

município de Alagoinhas – Bahia, passando por novo período de jejum e descanso de 16

horas, sendo novamente pesados para a obtenção do peso corporal ao abate e abatidos

de acordo com as normas vigentes preconizadas pela Instrução Normativa do Ministério

da Agricultura e Abastecimento - Secretaria de Defesa Agropecuária (BRASIL, 2000).

O abate foi realizado após a insensibilização dos animais por eletronarcose,

seguida de sangria através da secção das veias jugulares e as artérias carótidas.

Posteriormente, foi procedida a esfola, evisceração, toilet e pesagem das carcaças para a

determinação do peso da carcaça quente. Com o peso da carcaça quente (PCQ) foi

41

calculado seu respectivo rendimento (RCQ), (RCQ = PCQ/PCA x 100), em que PCQ =

peso da carcaça quente; e PCA = peso corporal ao abate. Sequencialmente, as carcaças

foram transferidas para câmara frigorífica à temperatura de ± 5°C onde permaneceram

sob refrigeração por 24 horas, onde permaneceram penduradas com auxílio de ganchos

apropriados de modo que fosse mantido um distanciamento de 17 cm entre as

articulações tarso-metatarsianas.

Após esse período, avaliou-se de acordo com Cézar e Souza (2007) as seguintes

medidas morfológicas das carcaças: comprimento de carcaça (distância máxima entre o

bordo anterior da sínfise ísquio pubiana e o bordo anterior da primeira costela em seu

ponto médio); comprimento da perna (distância entre o períneo e o bordo anterior da

superfície articular tarso-metatarsiana); profundidade da perna (maior distância entre o

bordo proximal e distal da perna); largura do peito (realizado com paquímetro e

mensurado na meia-carcaça sobre a ponta do externo e�as�vértebras�dorsais);

profundidade do peito (distância máxima entre o�esterno�e�o�dorso�da�carcaça ao

nível da sexta vértebra torácica).

Todas as medidas de comprimento, altura e perímetro foram tomadas utilizando-

se fita métrica, e as de largura e profundidade, com auxílio de compasso, cuja abertura

registrada foi mensurada com régua. Em seguida, foi realizada na carcaça a avaliação

subjetiva da conformação e do estado de engorduramento (Tabela 3), segundo

metodologia descrita por Osório e Osório (2005).

Tabela 3. Escala de avaliação subjetiva da conformação e estado de engorduramento das

carcaças

Descrição

Índice Conformação¹ Estado de engorduramento²

1,0 a 1,5 Muito pobre Excessivamente magra

2,0 a 2,5 Regular Magra

3,0 a 3,5 Boa Normal

4,0 a 4,5 Muito boa Gorda

4,5 a 5,0 Excelente Excessivamente gorda ¹ Avaliação visual da distribuição dos planos musculares. ² Avaliação visual da distribuição harmônica do

tecido adiposo. Fonte: Osório e Osório (2005)

Após a pesagem das carcaças frias realizou-se a divisão longitudinal das

carcaças conforme a metodologia de Silva Sobrinho et al. (2008) sendo as meias

42

carcaças esquerdas seccionadas e realizados os seguintes cortes comerciais: pescoço

(separado da carcaça por meio corte obliquo em sua extremidade inferior entre a última

vértebra cervical e primeira torácica, compreendendo assim as sete vértebras cervicais);

paleta (obtida pela desarticulação dos tecidos que unem a escápula e o úmero à região

torácica formada pelas seis primeiras vértebras torácicas e a porção superior das seis

primeiras costelas); costelas (corte comercial que compreende as 13 vértebras torácicas,

com as costelas correspondentes e o esterno); lombo (obtido perpendicularmente à

coluna, entre a 13ª vértebra dorsal-primeira lombar e última lombar-primeira sacral);

perna (separada da carcaça através da sua extremidade superior entre a sétima vértebra

lombar e a primeira vértebra sacral, por meio da secção do flanco).

A perna esquerda de cada animal foi pesada, identificada e individualmente

acondicionada em sacos plásticos sendo congeladas em freezer a -18°C, para posteriores

analises da composição tecidual. À proporção que foram realizados os cortes comerciais

e que estes foram retirados da carcaça, realizou-se a pesagem individual de cada um

deles. Em seguida, o peso dos cinco cortes comerciais foi somado a fim de se

determinar o peso da meia-carcaça fria reconstituída (PMCFR), segundo proposto por

Cézar e Souza (2007).

A avaliação da área de olho de lombo e espessura de gordura subcutânea foi

realizada através de um corte transversal entre a 13ª vértebra torácica e a 1ª vértebra

lombar, permitindo assim a exposição da secção transversal do lombo da meia carcaça

direita. Dessa forma, a aferição da área de olho de lombo foi procedida com auxílio de

transparência com gabarito padrão transparente quadriculado, em que cada quadrado

representava um centímetro quadrado (CUNHA et al., 2001). A espessura da gordura de

cobertura foi obtida por meio de paquímetro a 3/4 de distância a partir do lado medial

do músculo Longissimus lumborum, para o seu lado lateral da linha dorso lombar.

A determinação da composição tecidual foi procedida através do prévio

descongelamento das pernas, as quais foram mantidas sob refrigeração em geladeira

durante um período de 12 horas. A princípio realizou-se a toillet e a retirada de

quaisquer tecidos extras, gorduras e tecidos moles presentes na região pélvica, para a

obtenção do peso da perna reconstituído, conforme Brown e Willians (1979). Após a

pesagem das pernas foi feita a separação individual do tecido muscular, ósseo, adiposo e

43

demais tecidos, os quais foram pesados separadamente em balança analítica, conforme

Silva Sobrinho (1999).

Foram avaliados individualmente os pesos dos músculos que recobrem o fêmur

(Bíceps femoris, Semitendinosus, Adductor, Semimembranosus e Quadríceps femoris) e,

de modo conjunto, o peso dos demais músculos que não envolviam diretamente este

osso, para o cálculo da porcentagem de músculo total da perna. Além disso, avaliou-se

por meio da mensuração do comprimento do fêmur o índice de musculosidade da perna

(IMP) utilizando-se a fórmula proposta por Purchas et al. (1991): IMP=

[(P5M/CF)/CF]0,5

, em que o P5M equivale ao somatório do peso (em gramas) dos cinco

músculos que recobrem o fêmur, e CF o comprimento do fêmur, em centímetros. Ainda

segundo Purchas et al. (1991), foi determinada a razão músculo:gordura, levando em

consideração os pesos dos tecidos muscular e adiposo. Para tanto, foi necessário realizar

a pesagem individual e de forma conjunta das gorduras subcutânea e intermuscular para

a determinação não só desta relação, como também dos seus respectivos pesos em

gramas, para o cálculo do valor percentual do peso de gordura total da perna.

Os dados foram submetidos à análise de variância (ANOVA), e de regressão a

5% de probabilidade, utilizando-se o programa SAEG (Sistema de Análises Estatísticas

e Genéticas), versão 9.1 (SAEG, 2007).

44

RESULTADOS E DISCUSSÃO

As medidas biométricas não foram afetadas (P>0,05) pelos níveis de torta de

amendoim. Sendo assim, as dietas promoveram similaridade no desenvolvimento

corporal dos animais, não sendo verificada alteração no peso corporal ao abate (Tabela

4 e 5). A ausência de efeito corrobora com a Lei da harmonia anatômica descrita por

Boccard e Drumond (1960), uma vez que carcaças de pesos e quantidades de gordura

similares, praticamente apresentam em todas as regiões corporais proporções

semelhantes.

Tabela 4. Medidas biométricas de cordeiros submetidos a dietas com torta de amendoim

em substituição ao farelo de soja no concentrado

¹EPM = erro padrão da média. L² = Significância para efeito linear. Q³ = Significância para efeito

quadrático. Valor-P* = probabilidade significativa ao nível de 5%.

O peso corporal ao abate dos animais bem como o peso da carcaça quente não

foi influenciado pelas dietas (Tabela 5). A ausência de efeito no peso da carcaça quente

dos cordeiros pode ser explicada pelo fato dos animais terem sido abatidos com peso

corporal semelhante.

Variável

(cm)

Nível de substituição (%)

EPM¹

Valor-P*

0 25 50 75 100 L² Q³

Altura do

anterior 59,25 59,85 59,37 60,93 60,12 0,631 0,5856 0,9001

Altura do

posterior 57,68 60,28 59,18 61,37 60,25 0,788 0,2932 0,5689

Largura da

garupa 17,87 16,42 16,75 15,5 16,75 0,500 0,3960 0,4024

Comprimento

da garupa 14,75 13,00 14,75 14,37 14,37 0,229 0,7872 0,5514

Profundidade

do tórax 28,37 28,42 28,25 28,00 28,87 0,322 0,8127 0,5825

Perímetro do

tórax 74,37 75,42 72,75 72,12 73,00 0,858 0,3684 0,8064

Largura da

perna 18,75 19,00 19,37 18,50 19,00 0,344 1,0000 0,8095

Perímetro da

coxa 33,12 34,28 35,12 34,50 33,12 0,672 0,9646 0,2781

45

Tabela 5. Peso corporal ao abate (PCA), peso de carcaça quente (PCQ) e rendimento de

carcaça quente (RCQ) de cordeiros submetidos a dietas com torta de

amendoim em substituição ao farelo de soja no concentrado

¹EPM = erro padrão da média. L² = Significância para efeito linear. Q³ = Significância para efeito

quadrático. Valor-P* = probabilidade significativa ao nível de 5%.

O rendimento de carcaça quente expressou efeito quadrático (P<0,05) (Tabela

5), sendo estimado um valor máximo de 42,53% no nível de 26,60% de substituição do

farelo de soja pela torta de amendoim no concentrado da dieta.

O rendimento de carcaça pode ser influenciado por fatores como genética

(Galvão et al., 1991; Siqueira, 2000), nutrição (Figueiró, 1986), peso de abate (Preston e

Willis,1974; Pires et al., 2000), idade (Cézar & Souza, 2007) e sexo (Kemp et al.,

1981). Levando-se em consideração que neste estudo os animais eram pertencentes à

mesma categoria animal e aos mesmos genótipos e, terem apresentado peso corporal ao

abate semelhante (P>0,05), o efeito verificado para o rendimento de carcaça quente

pode ser atribuído à dieta experimental utilizada.

Em virtude dos níveis de torta de amendoim terem resultado aumento dos teores

de extrato etéreo nas dietas (Tabela 2), o consumo de matéria seca total dos animais foi

limitado pelo mecanismo quimiostático (Tabela 3, Capítulo1). Consequentemente, após

ter sido atendida as necessidades energéticas, os animais consumiram menos nutrientes

e isso teve influência negativa sobre o rendimento de carcaça.

É possível observar que os níveis de torta de amendoim não influenciaram

(P>0,05) as características de conformação e acabamento das carcaças (Tabela 6).

Portanto, a conformação não foi afetada pelo fato de terem sido fornecidas dietas

isonitrogenadas e, pelo fato da torta de amendoim apresentar teores proteicos próximos

ao do farelo de soja, permitindo igual desenvolvimento muscular. O acabamento não foi

influenciado, pois apesar da redução do consumo de matéria seca, não houve diferença

no consumo de extrato etéreo (Capítulo 1), justificando, portanto a ausência de efeito na

deposição de gordura nas carcaças dos cordeiros.

Variável

Nível de substituição (%) EPM¹

Valor-P*

0 25 50 75 100 L² Q³

PCA (kg) 32,53 31,71 32,66 32,51 30,22 0,690 0,5845 0,5839

PCQ (kg) 13,65 13,52 13,24 13,33 11,68 0,355 0,2388 0,4859

RCQ (%) 41,52 42,26 41,4 40,66 38,32 0,295 0,0008 0,0270

Equações de regressão

RCQ (%) Ŷ= 41,5797 + 0,0365256X - 0,000686434X² (R² = 0,98)

46

Segundo a classificação descrita por Osório e Osório (2005) as carcaças dos

cordeiros neste estudo podem ser classificadas como boas e com acabamento variando

de magra a normal, uma vez que foram observados valores médios para estas variáveis

de 2,9 e 2,73 pontos, respectivamente.

Com exceção da profundidade da perna, as medidas morfométricas da carcaça

não diferiram (P>0,05) entre os tratamentos (Tabela 6), uma vez que não houve

diferença no peso corporal ao abate e de carcaça quente (Tabela 5).

A profundidade de perna sofreu influência (P<0,05) das dietas, revelando a

equação de regressão Ŷ= 15,6490 - 0,0137500X (R² = 0,84), sendo estimada uma queda

de 0,013 cm, para cada unidade percentual de torta de amendoim adicionada ao

concentrado (Tabela 6). Esse decréscimo indica que houve redução do volume da

porção comestível da perna, considerada o principal e mais representativo corte da

carcaça.

Tabela 6. Medidas morfométricas de cordeiros submetidos a dietas com torta de

amendoim em substituição ao farelo de soja no concentrado

Variável

Nível de torta de amendoim (%)

EPM¹

Valor-P*

0 25 50 75 100 L² Q³

Conformação

(1 a 5) 3,07 3,10 3,25 2,58 2,50 0,114 0,1113 0,4532

Acabamento

(1 a 5) 2,71 2,70 3,37 2,50 2,40 0,094 0,3557 0,1542

Comprimento

da carcaça (cm) 60,64 54,8 61,75 58,83 60,00 0,769 0,8492 0,4622

Comprimento

da perna (cm) 34,42 34,40 35,37 34,83 35,80 0,477 0,4793 0,8861

Profundidade

da perna (cm) 15,64 15,80 15,50 14,66 14,10 0,152 0,0057 0,2498

Largura do

peito (cm) 9,21 8,90 8,87 9,41 9,30 0,131 0,6118 0,5439

Profundidade

do peito (cm) 25,00 24,30 24,37 24,50 24,80 0,206 0,8088 0,3638

Equações de regressão

Profundidade

da perna Ŷ= 15,6490 - 0,0137500X (R² = 0,84)

¹EPM = erro padrão da média. L² = Significância para efeito linear. Q³ = Significância para efeito quadrático. Valor-P* = probabilidade significativa ao nível de 5%.

Os pesos e os rendimentos dos cortes comerciais em relação ao peso da meia

carcaça fria não variaram (P>0,05) em função das dietas, havendo diferença apenas no

47

rendimento de pescoço (Tabela 7). O resultado obtido foi biologicamente esperado, pois

corrobora com a lei da harmonia anatômica mencionada por Boccard e Drumond (1960)

os quais afirmaram que, em carcaças que apresentam pesos e quantidades de gordura

similares, quase todas as regiões corporais encontram-se em proporções semelhantes,

independentemente da conformação do genótipo considerado.

Tabela 7. Pesos e rendimentos dos cortes comerciais de cordeiros submetidos a dietas

com torta de amendoim em substituição ao farelo de soja no concentrado

¹EPM = erro padrão da média. L² = Significância para efeito linear. Q³ = Significância para efeito

quadrático. Valor-P* = probabilidade significativa ao nível de 5%.

Diferentemente dos demais cortes comerciais, observou-se aumento no

rendimento do pescoço (Tabela 7). Apesar do resultado significativo (P<0,05) esse

efeito não pode ser justificado pela influência das dietas experimentais, uma vez que

não foi constatada diferença no rendimento dos demais cortes comerciais. O resultado

pode ser então atribuído aos diferentes níveis de desenvolvimento dessa região

anatômica entre os animais utilizados nessa pesquisa, que foram animais jovens e que

comumente apresentam essa região desenvolvida.

Os rendimentos da paleta e perna em todos os tratamentos perfizeram mais do

que 50% da carcaça (Tabela 7), sendo estes cortes passíveis de serem utilizados como

forma de predição do conteúdo total dos tecidos da carcaça (MAIA et al., 2010;

MORGADO et al., 2010).

Variável Nível de substituição (%)

EPM¹

Valor-P*

0 25 50 75 100 L² Q³

Peso (kg)

Paleta 1,45 1,35 1,34 1,39 1,30 0,029 0,3989 0,9070

Pescoço 0,47 0,45 0,45 0,52 0,54 0,015 0,1528 0,4217

Costelas 2,28 2,23 2,16 2,14 1,83 0,062 0,1145 0,4916

Lombo 0,91 1,04 0,87 0,96 0,81 0,032 0,3439 0,4021

Perna 2,54 2,47 2,43 2,46 2,18 0,054 0,1830 0,5358

Rendimento (%)

Paleta 19,1 18,09 18,55 18,61 19,44 0,187 0,4571 0,1583

Pescoço 6,12 5,94 6,28 6,97 8,13 0,133 0,0011 0,0771

Costelas 29,72 29,58 29,52 28,64 27,32 0,285 0,4560 0,3307

Lombo 11,89 13,54 12,13 12,85 12,28 0,232 0,9502 0,4207

Perna 33,14 32,82 33,5 32,9 32,81 0,174 0,7253 0,6802

Equações de regressão

Pescoço (%) Ŷ= 5,58262 + 0,0205312X (R² = 0,80)

48

A área de olho de lombo mensurada por meio da ultrassonografia in vivo

diminuiu linearmente (P<0,05), demonstrando a influência negativa da dieta sobre esta

variável (Tabela 8).

Não houve efeito da dieta (P>0,05) sobre a espessura mínima de gordura

subcutânea do músculo L. thoracis obtida in vivo por ultrassonografia e do L. lumborum

mensurado na carcaça pós-abate (Tabela 8). Todavia, os valores médios obtidos de 1,96

e 1,68 mm, respectivamente por ultrassonografia e após o abate ficaram abaixo que 3,0

mm, que seria o valor mínimo de gordura necessária para prevenir o encurtamento das

fibras causada pelo frio durante o período de armazenamento em câmara frigorífica

(Boggs et al., 1998), entretanto comum para ovinos deslanados. Segundo Cezar e Sousa

(2006), o tecido adiposo subcutâneo nos ovinos deslanados tropicais não é bem

desenvolvido, sendo quase que completamente depositado nas cavidades corporais na

forma de gordura pélvica. Outra possível causa para não ter ocorrido uma boa deposição

de gordura se deve ao fato dos animais utilizados serem cordeiros, que de acordo com

Fernandes et al. (2011), são animais jovens em plena fase de crescimento, em que há

maior deposição de tecido muscular em comparação ao tecido adiposo.

Tabela 8. Área de olho de lombo e espessura de gordura subcutânea do músculo

Longissimus thoracis e L. lumborum de cordeiros submetidos a dietas com

torta de amendoim em substituição ao farelo de soja no concentrado

¹EPM = erro padrão da média. L² = Significância para efeito linear. Q³ = Significância para efeito

quadrático. Valor-P* = probabilidade significativa ao nível de 5%. EGSa = espessura de gordura subcutânea

mesurada por ultrassonografia; EGSb= espessura de gordura subcutânea mensurada na carcaça; AOL* =

área de olho de lombo mensurada conforme Silva Sobrinho (1999); AOL** = área de olho de lombo

mensurada na carcaça;

Macedo (2003) mencionou que fatores como nutrição, sexo, genótipo, idade e

peso ao abate podem afetar a largura, profundidade, espessura de gordura e área de olho

do lombo do músculo L. lumborum. Deste modo, é possível inferir que a nutrição foi o

Variável

Nível de substituição (%)

EPM¹ Valor-P*

0 25 50 75 100 L² Q³

EGSa (mm) 2,10 1,90 2,00 1,90 1,90 0,037 0,0347 0,0889

EGSb (mm) 1,40 2,20 2,00 1,60 1,20 0,102 0,4138 0,0163

AOL (cm²)* 9,57 9,91 10,06 8,94 8,08 0,236 0,8427 0,1178

AOL(cm2)** 14,00 15,00 13,50 13,16 11,20 0,347 0,0302 0,1760

Equações de regressão

AOL** (cm²) Ŷ=10,0920 - 0,0156497X (R² = 0,58)

49

causador dos efeitos acima descritos, por ter sido o único que sofreu variação entre as

dietas avaliadas.

De forma geral, a substituição do farelo de soja não modificou a composição

tecidual da perna dos cordeiros, provavelmente porque os animais foram abatidos com o

mesmo peso corporal ao abate e devido à ausência de efeito sobre o peso de carcaça

quente dos cordeiros (Tabela 5). Entretanto, o índice de musculosidade da perna dos

cordeiros sofreu aumento linear (Tabela 9), devido aos diferentes comprimentos do

fêmur dos cordeiros, que assim, como o rendimento do pescoço pode ser decorrente de

uma variação individual no tecido ósseo dos animais.

Tabela 9. Composição tecidual e índice de musculosidade da perna de cordeiros

submetidos a dietas com torta de amendoim em substituição ao farelo de soja

no concentrado

¹EPM = erro padrão da média. L² = Significância para efeito linear. Q³ = Significância para efeito quadrático.

Valor-P* = probabilidade significativa ao nível de 5%. Subcut. = subcutânea, Interm. = intermuscular. IMP=

índice de musculosidade da perna, CP = comprimento do fêmur. PM5 = constituído pelos cinco músculos que

circundam o fêmur.

Não foi verificado efeito das dietas (P>0,05) sobre a deposição de gordura

subcutânea (Tabela 9), possivelmente pelo fato de terem sido utilizados somente

cordeiros não-castrados nessa pesquisa. Como descrito por Natel et al. (2012), a

castração pode ser utilizada, aliada ao confinamento, e tema capacidade de influenciar

Variável

Nível de substituição (%) EPM¹

Valor-P*

0 25 50 75 100 L² Q³ Peso da

perna (g) 2400,66 2285,00 2256,88 2313,00 2457,44 68,306 0,5128 0,1808

Músculo total (g)

1567,90 1588,34 1539,60 1542,68 1767,03 43,416 0,2577 0,2132

PM5 (g) 904,05 931,66 892,22 921,88 1028,27 25,579 0,1947 0,2961

Outros músculos (g)

626,22 615,00 608,05 580,77 698,22 20,416 0,4516 0,1730

Gordura (g)

Subcut. 139,44 131,66 131,88 157,05 161,77 13,251 0,2664 0,5011

Interm. 85,22 96,66 93,11 79,38 82,44 8,789 0,5648 0,5660 CF (cm) 17,26 16,37 16,98 16,31 16,76 0,126 0,3008 0,2506

IMP (g/cm) 0,41 0,45 0,42 0,45 0,46 0,005 0,0072 0,8727

Razão músculo:

gordura 6,97 7,75 7,30 6,96 7,79 0,281

0,8680

0,7511

Equações de regressão

IMP (g/cm) Ŷ= 0,425999 + 0,000393831X (R² = 0,45)

50

as características qualitativas da carcaça, principalmente ao que diz respeito ao

engorduramento. Segundo Jacobs et al. (1972), cordeiros não castrados apresentam um

desenvolvimento mais rápido que castrados, e uma menor deposição de gordura em

comparação a castrados e fêmeas sendo esta resposta novamente atribuída à ação dos

hormônios testiculares, em especial a testosterona.

51

CONCLUSÕES

O farelo de soja pode ser substituído pela torta de amendoim na dieta de

cordeiros mestiços Dorper x Santa Inês em até 26,60% da matéria seca de modo que não

haja comprometimento de forma significativa sobre as características quantitativas na

carcaça de cordeiros, uma vez que houve efeito quadrático das dietas sobre o

rendimento de carcaça quente.

52

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57

CAPÍTULO 3

Avaliação do perfil metabólico, proteico, energético e hepático de

cordeiros terminados em confinamento com dietas contendo torta de

amendoim

58

CAPÍTULO 3

Avaliação do perfil metabólico, proteico, energético e hepático de

cordeiros terminados em confinamento com dietas contendo torta de

amendoim

RESUMO

Objetivou-se avaliar o efeito da substituição do farelo de soja pela torta de amendoim

através dos perfis proteico e energético, do metabolismo hepático e avaliação

histopatológica do tecido hepático e renal de ovinos terminados em confinamento.

Quarenta e cinco cordeiros mestiços Dorper x Santa Inês, não-castrados, com peso vivo

inicial de 24,49 ± 5,27 kg, foram distribuídos em um delineamento inteiramente

casualizado com cinco tratamentos e nove repetições. Os animais foram confinados em

baias individuais dotadas de comedouros e bebedouros e alimentados com dietas

contendo níveis crescentes de torta de amendoim (zero; 25; 50 75 e 100%) em

substituição ao farelo de soja, com base na matéria seca. A dieta basal foi composta por

farelo de soja, milho em grão, torta de amendoim e sal mineral, no concentrado e feno

de Tifton-85 como fonte de volumoso. Amostras de sangue foram coletadas da veia

jugular dos cordeiros de cada animal em tubos vacutainer sem anticoagulante para a

obtenção do soro e posterior realização dos exames para a avaliação dos perfis proteico,

energético e atividade de enzimas do metabolismo hepático, onde foram analisados os

seguintes parâmetros: concentrações séricas da ureia, albumina, globulina, proteínas

totais, colesterol e teores de triglicerídeos, bem como as atividades enzimáticas da

alanina-aminotransferase, aspartato-aminotransferase e gama-glutamiltransferase.

Quanto ao perfil proteico, não houve efeito das dietas sobre os parâmetros analisados os

quais se mantiveram dentro dos parâmetros fisiológicos de normalidade para a espécie

ovina. Quanto ao perfil energético, os níveis crescentes da torta de amendoim não

influenciaram (P>0,05) as concentrações séricas de triglicerídeos e colesterol, cujos

valores médios foram 45,74 e 40,58 mg/dL, respectivamente. Com relação às atividades

das enzimas avaliadoras da função hepática, a alanina-aminotransferase e aspartato-

aminotransferase mantiveram-se dentro dos parâmetros fisiológicos para a espécie. Não

foram verificados efeitos deletérios da torta de amendoim no tecido hepático e renal, e

através do exame histopatológico, constatando a viabilidade do seu uso na dieta de

cordeiros em confinamento devido à ausência de comprometimento das dietas

experimentais sobre o organismo dos ovinos.

Palavras-chave: coproduto, fígado, histopatologia, rim, ovinos

59

Evaluation of metabolic, proteic and energetic profile and liver of

feedlot lambs fed diets containing groundnut cake

ABSTRACT

This study aimed to evaluate the effect of replacing soybean meal by groundnut cake

through the metabolic, proteic, energetic profiles, hepatic metabolism and

histopathological evaluation of kidney and liver tissue of feedlot sheeps. Forty-five

crossbred Dorper x Santa Inez lambs, with initial body weight of 24,49 ± 5,27 kg, were

distributed in a completely randomized design with five treatments and nine repetitions.

The animals were housed in individual pens equipped with feeders and drinkers and fed

diets with increasing levels of groundnut cake (zero, 25, 50 75 and 100%) in

replacement of soybean meal, on dry matter basis. The basal diet was composed of

soybean meal, corn, groundnut cake and mineral in the concentrate, and Tifton-85 hay

as forage source. Blood samples were collected from the jugular vein of each animal

lambs in vacutainer tubes without anticoagulant to obtain serum and later examinations

to assess the protein, energy and enzymatic profile where the following parameters were

analyzed: serum concentrations of urea, albumin, globulin, total protein, cholesterol and

triglycerides levels, as well as the enzymatic activities of alanine aminotransferase,

aspartate aminotransferase and gamma-glutamyltransferase. There was no effect of diet

on the protein profile, which remained within the normal physiological parameters for

the sheep. As for the energy profile, the increasing levels of groundnut cake did not

affect (P>0.05) serum concentrations of triglycerides and cholesterol, with mean values

of 45,74 and 40,58 mg/dL, respectively. Regarding liver function enzymes evaluators,

serum concentrations of alanine-aminotransferase and aspartate-aminotransferase

remained within the normal physiological parameters. No deleterious effects were

observed by the use of groundnut cake on the kidney and liver tissue, and by

histopathology analysis, confirming the feasibility of its use in the diet of feedlot lambs

due to the lack of commitment of the experimental diets on the bodies of the sheeps.

Keywords: coproduct, histopathology, kidneys, liver, sheep

60

INTRODUÇÃO

A ovinocultura é uma atividade difundida mundialmente, pelo fato da espécie

ovina apresentar características de rusticidade e adaptação às mais diversas condições

climáticas. Apesar desse potencial, o desempenho produtivo dos animais acaba sendo

comprometido pela irregular oferta de alimentos, decorrente de longos períodos de

estiagem ao longo do ano, situações características de ambientes semiáridos.

Neste contexto, o confinamento pode ser adotado como estratégia visando

reduzir ou minimizar essa realidade. Entretanto, a viabilidade econômica desse regime

de criação é comprometida devido ao uso de concentrados como milho e soja, que

apresentam altos custos de aquisição para o produtor rural.

De acordo com Oliveira et al. (2012), o uso das tortas oriundas da produção de

biodiesel como fontes de alimentos alternativos na dieta de ruminantes é vantajoso para

o produtor rural, pois além de reduzir os custos com a alimentação, geralmente mantém

a produtividade e a qualidade dos produtos, desde que as dietas sejam bem balanceadas

para atender as exigências nutricionais dos animais.

Dietas ricas em concentrado ou fibras causam alterações na fisiologia ruminal, e

dependendo do tipo do alimento ocorrem: modificação da população de

microrganismos, da taxa de passagem do alimento, bem como da motilidade e

velocidade de absorção dos nutrientes. Estes fatores podem causar uma série de

distúrbios metabólicos, os quais podem acarretar em perda de eficiência e produção dos

animais e, sobretudo, prejuízos a nível econômico para os produtores rurais (VAN

CLEEF et al., 2009). Todavia, como destacado por Alves et al. (2003), a adição

excessiva destes alimentos aumenta não só a susceptibilidade de desenvolvimento de

distúrbios metabólicos pelos animais, como também alterações no pH ruminal

(SANTRA et al., 2003).

Resultados relevantes têm sido obtidos no Brasil através da avaliação do perfil

metabólico e status nutricional de ovinos submetidos a distintos sistemas alimentares,

por meio da bioquímica clínica, tais como: determinação das concentrações séricas de

albumina e creatinina, e de algumas enzimas relacionadas à atividade hepática a

exemplo da alanina-aminotransferase, aspartato-aminotransferase e gama-

glutamiltransferase (Tabeleão et al., 2007), uma vez que estas auxiliam no

61

estabelecimento do diagnóstico de alguns distúrbios metabólicos e outras

enfermidades.

Oliveira (2012), avaliando o efeito da substituição do farelo de soja pela torta de

amendoim sobre a concentração de ureia e glicose, no plasma sanguíneo de bovinos ½

Holandês x ½ Zebu, não constataram influência das dietas testadas sobre os níveis

séricos dos parâmetros analisados. Todavia, é imprescindível a realização de pesquisas

que disponibilizem dados acerca do efeito desta torta sobre os parâmetros sanguíneos e

perfil metabólico e o seu efeito no tecido hepático e renal em pequenos ruminantes,

tendo em vista a ausência de estudos específicos para a espécie ovina.

Em face disso, objetivou-se verificar o efeito da substituição do farelo de soja

pela torta de amendoim sobre o perfil metabólico, proteico, energético, bem como a

avaliação histopatológica do tecido renal e hepático de cordeiros terminados em

confinamento.

MATERIAL E MÉTODOS

O experimento foi conduzido no aprisco da Fazenda Experimental da Escola de

Medicina Veterinária e Zootecnia pertencente à Universidade Federal da Bahia,

localizada no município de São Gonçalo dos Campos – Bahia, entre os meses de janeiro

a abril de 2011.

Quarenta e cinco cordeiros mestiços Dorper x Santa Inês, não-castrados, com

idade média de 5 meses e peso corporal inicial de 24,49 ± 5,27 kg, os quais foram

distribuídos em um delineamento inteiramente causalizado com cinco tratamentos e

nove repetições contendo torta de amendoim nos níveis zero; 25,0; 50,0; 75,0 e 100%,

em substituição ao farelo de soja (Tabela 2). Os animais foram alojados em baias

individuais de piso ripado e suspenso, providas com bebedouros e comedouros

dispostos em área totalmente coberta.

Durante o período de adaptação, o qual teve duração de 21 dias, os animais

foram identificados, pesados, vermifugados e vacinados contra Clostridioses. Dessa

forma, a fase pré-experimental foi destinada não só a adaptação dos animais às

62

instalações, como também às dietas e ao manejo diário. Decorrido este período, os

animais foram submetidos à fase experimental, constituída de três períodos

consecutivos de 21 dias para a coleta de dados.

Os cordeiros foram alimentados na forma de mistura completa, às 09:00 e 16:00

horas, em uma razão volumoso:concentrado de 50:50. Utilizou-se como fonte de

volumoso feno de capim Tifton-85 (Cynodon sp) moído em partícula de

aproximadamente 5 cm. O concentrado foi composto de milho moído, farelo de soja,

ureia, sulfato de amônio, suplemento mineral específico para ovinos e torta de

amendoim (Tabela 1).

As dietas foram formuladas para serem isonitrogenadas (14% de PB) segundo as

recomendações do National Research Council (NRC, 1985), de modo a atender as

exigências nutricionais para cordeiros com ganhos de peso estimados de 200g/dia.

Durante todo o experimento foram coletadas amostras dos ingredientes e das dietas para

análise de sua composição bromatológica (Tabelas 1 e 2).

Tabela 1. Composição bromatológica dos ingredientes utilizados nas dietas

experimentais

Item

Ingrediente

Feno de

Tifton-85

Grão de milho

moído

Farelo de

soja

Torta de

amendoim

Matéria seca 85,70 92,91 89,25 89,07

Matéria orgânica¹ 93,11 98,55 93,53 94,95

Matéria mineral¹ 6,89 1,45 6,47 5,05

Proteína bruta¹ 3,89 5,94 40,62 38,69

Extrato etéreo¹ 1,07 4,06 1,91 9,95

PIDN¹ (% da PB) 67,90 16,90 6,19 5,42

PIDA² (% da PB) 14,20 8,90 3,19 1,94

Fibra em detergente neutro¹ 73,87 15,33 13,19 14,03

Fibra em detergente ácido¹ 40,51 3,46 8,00 8,58

Lignina¹ 5,00 2,37 1,63 4,30

Celulose¹ 35,51 1,09 6,37 4,28

Hemicelulose¹ 33,36 11,87 5,19 5,45

Carboidratos não fibrosos¹ 14,28 73,22 37,81 32,28 1Valor expresso em % da matéria seca. PIDN¹= proteína indigestível em detergente neutro, PIDA² =

proteína indigestível em detergente ácido.

63

Tabela 2. Composição percentual dos ingredientes e bromatológica das dietas

experimentais

Ingrediente (% MS)

Nível de torta de amendoim (%)

0 25 50 75 100

Grão de milho moído 28,10 28,10 28,10 28,10 28,10

Farelo de soja 20,00 15,00 10,00 5,00 0,00

Torta de amendoim 0,00 5,00 10,00 15,00 20,00

Suplemento minerala

1,40 1,40 1,40 1,40 1,40

Ureia 0,45 0,45 0,45 0,45 0,45

Sulfato de amônio 0,05 0,05 0,05 0,05 0,05

Feno de Tifton-85 50,00 50,00 50,00 50,00 50,00

Composição bromatológica

Matéria seca 87,12 88,82 88,99 88,90 89,74

Matéria orgânica¹ 94,10 93,71 94,08 94,07 94,18

Matéria mineral¹ 6,40 6,29 6,41 6,40 6,36

Proteína bruta¹ 12,60 12,40 12,49 12,44 11,87

Extrato etéreo¹ 1,99 2,73 3,60 4,40 5,55

PIDN² (% da PB) 27,73 27,67 27,54 27,51 27,44

PIDA³ (% da PB) 8,17 7,92 7,89 7,86 7,64

Fibra em detergente neutro¹ 44,50 44,19 44,17 42,84 42,62

Fibra em detergente ácido¹ 23,87 23,78 23,70 22,77 23,29

Lignina¹ 3,64 3,78 3,81 3,11 3,73

Celulose¹ 20,23 20,00 19,89 19,66 19,56

Hemicelulose¹ 20,63 20,41 20,47 20,07 19,33

Carboidratos não-fibrosos¹ 34,51 34,39 33,33 33,92 33,60

Nutrientes digestíveis totais4

67,15 67,19 67,24 67,30 67,61 aNíveis de garantia (por kg em elementos ativos): cálcio - 120 g; fósforo - 87g; sódio - 147g; enxofre -

18g; cobre – 590 mg; cobalto - 40mg; cromo – 20 mg; ferro - 1.800 mg; iodo – 80 mg; manganês - 1.300

mg; selênio – 15 mg; zinco - 3.800 mg; molibdênio – 300 mg; flúor máximo – 870 mg; solubilidade do

fósforo (P) em ácido cítrico a 2% mínimo - 95%. ¹Valor expresso em % da matéria seca. PIDN¹= proteína

indigestível em detergente neutro; PIDA² = proteína indigestível em detergente ácido, 4 Nutrientes

digestíveis totais estimados pelas equações de Detmann et al. (2006a, 2006b, 2006c, 2007). *Análises

realizadas no Laboratório de Nutrição Animal (LANA) da UFBA.

Diariamente, às 07:00 horas da manhã, antes do fornecimento da refeição

matutina, as sobras foram recolhidas e pesadas em balança digital para determinação do

consumo de matéria seca diário. Dessa forma, a quantidade de ração ofertada aos

cordeiros foi reajustada para estimar o consumo e permitir entre 10 a 20% de sobras.

64

Cada animal teve livre acesso à agua, em tempo integral, de modo que os bebedouros

foram monitorados todos os dias evitando assim, o déficit hídrico nos recipientes.

Durante os três períodos experimentais, foram coletadas semanalmente amostras

do fornecido e das sobras, as quais foram acondicionadas em sacos plásticos

devidamente identificados e armazenados em freezer -20ºC. Após o descongelamento,

amostras do volumoso, concentrado e sobras submetidas à pré-secagem em estufa de

ventilação forçada a 55°C durante 72 horas. Em seguida, trituradas em moinhos de faca

tipo Willey com peneira de 1 mm, e armazenadas em frascos plásticos com tampa

etiquetados prontas para às análises laboratoriais.

Dessa forma, conforme as metodologias descritas na AOAC (1990) foram

realizadas as determinações dos teores de matéria seca, matéria mineral, proteína bruta e

extrato etéreo de todas as amostras de alimentos e sobras. Em todas as amostras, os

teores de fibra em detergente neutro (FDN) e fibra em detergente acido (FDA) foram

obtidos conforme Van Soest et al. (1991) e os teores de proteína insolúvel em

detergente neutro (PIDN) e acido (PIDA) segundo Licitra et al. (1996). A lignina foi

determinada por meio do tratamento do resíduo de fibra em detergente ácido com ácido

sulfúrico a 72%, de acordo com Silva e Queiroz (2002).

A porcentagem de carboidratos totais (CHT) foi calculada segundo a equação de

Sniffen et al. (1992) e os carboidratos não-estruturais (CNE), por meio da diferença

entre os carboidratos totais e a fibra em detergente neutro (MERTENS et al., 1997). O

teor de nutrientes digestíveis totais (NDT) foi estimado através da fórmula proposta por

Weiss et al. (1999): NDT = PBD + 2,25 X EED + CNFD + FDND, sendo PBD, EED,

CNFD e FDND as frações digestíveis da proteína bruta, extrato etéreo, carboidratos

não-fibrosos e fibra em detergente neutro, respectivamente.

Para a avaliação da influência dos níveis da torta de amendoim, sobre o perfil

metabólico, proteico, energético e hepático foram colhidas de todos os animais amostras

de sangue, por punção da veia jugular, no último dia do experimento. Para tal, após

antissepsia local foram coletados 10 mL de amostra de sangue em tubos vacutainer sem

anticoagulante, as quais foram mantidas à temperatura ambiente até a retração do

coágulo. Em seguida, realizou-se a centrifugação a 3.500 rpm por 15 minutos para a

obtenção do soro sanguíneo, sendo este então armazenado em mini-tubos eppendorf®

devidamente identificados e conservados em freezer a -20°C para posteriores análises.

65

As concentrações séricas de proteína total, determinada pelo método do biureto,

e de albumina pelo método do verde de bromocresol, foram realizadas utilizando-se kits

comerciais e leitura em espectrofotômetro com comprimentos de onda de 550 e 630 nm,

respectivamente. O teor de globulinas foi calculado pela diferença matemática entre o

teor de proteína total e albumina sérica, sendo os valores expressos em g/dL. A relação

albumina:globulina foi obtida a partir da divisão do valor da fração albumina pelo

valor total da fração globulina.

Os níveis séricos de ureia foram determinados por sistema enzimático,

utilizando-se kits comerciais e a leitura em espectrofotômetro com comprimento de

onda de 600 nm, levando-se em consideração que 47% desta é composta por nitrogênio.

As concentrações séricas de colesterol total e de triglicerídeos, utilizados para

avaliação do perfil energético foram analisadas utilizando-se kits comerciais através da

técnica enzimática colorimétrica, sendo a leitura feita em analisador bioquímico semi-

automático.

As atividades das enzimas para avaliação do metabolismo hepático, alanina-

aminotransferase (ALT), aspartato-aminotransferase (AST) e gama-glutamiltransferase

(GGT) foram mensuradas por meio de análise colorimétrica utilizando kits comerciais e

leitura da atividade catalisadora foi efetuada em espectrofotômetro, com temperatura

entre 20 e 30°C, e os valores foram expressos em UI/L.

A determinação de micotoxinas nos ingredientes das dietas experimentais foi

realizada utilizando a metodologia de extração, purificação e derivação 100%

automatizada através de cromatografia líquida de alta eficiência no Laboratório de

Análises Micotoxicológicas da Universidade Federal de Santa Maria.

No último dia do período experimental, os animais permaneceram em jejum de

sólidos. Desse modo, os animais foram transferidos para frigorífico comercial,

localizado no município de Alagoinhas – Bahia, onde foram abatidos de acordo com as

normas vigentes preconizadas pelo Ministério da Agricultura e Abastecimento -

Secretaria de Defesa Agropecuária (BRASIL, 2000). O abate foi realizado após a

insensibilização dos animais por eletronarcose, seguida de sangria através da secção das

veias jugulares e as artérias carótidas. Ainda durante o abate, após a realização da esfola

e evisceração, foram colhidos fragmentos de rim e fígado de todos os cordeiros, os

66

quais foram acondicionados em frascos e fixados com solução de formol neutro e

tamponado a 10%.

As amostras foram conduzidas para o Laboratório de Anatomia Patológica da

Escola de Medicina Veterinária e Zootecnia da UFBA, onde foram inicialmente

processadas pela técnica rotineira de inclusão em parafina. As secções histológicas

tiveram sua área para análise padronizada em 0,4 cm² e foram posteriormente coradas

com hematoxilina e eosina (HE) para subsequente exame histopatológico e avaliação do

efeito da torta de amendoim no tecido hepático e renal, segundo Prophet et al. (1992).

Os resultados foram submetidos à análise de variância (ANOVA), e de regressão

a 5% de probabilidade, utilizando-se o programa SAEG (Sistema de Análises

Estatísticas e Genéticas), versão 9.1 (SAEG, 2007).

67

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Não foi efeito das dietas (P>0,05) sobre os valores séricos de ureia (Tabela 3),

que se apresentaram dentro dos limites de normalidade descritos para a espécie ovina

(DUNCAN, 1986).

Tabela 3. Níveis séricos de ureia, proteínas totais (PT), albumina, globulina e relação

albumina:globulina (A:G) de cordeiros submetidos a dietas com torta de

amendoim em substituição ao farelo de soja no concentrado

Item

Nível de substituição (%)

EPM¹

Valor-P*

0 25 50 75 100 Lin² Quad³

Ureia (mg/dL) 58,21 62,70 64,08 64,91 70,14 1,773 0,1454 0,9646

PT (g/dL) 5,90 6,00 6,46 5,38 6,00 0,123 0,5764 0,4768

Albumina (g/dL) 19,80 22,80 26,00 21,30 30,10 0,081 0,0467 0,9646

Globulina (g/dL) 3,92 3,71 3,85 3,25 2,98 0,123 0,0760 0,5036

A:G 0,53 0,66 0,75 0,69 1,01 0,044 0,0408 0,7992

Equações de regressão

Albumina (g/dL) Ŷ= 2,1856 + 0,0023X (R² = 0,70)

A:G Ŷ= 0,592 + 0,0014X (R² = 0,39) ¹EPM = erro padrão da média. ²Significância para efeito linear. ³Significância para efeito quadrático. mg/dL =

miligrama por decilitro. g/dL = grama por decilitro. Valor-P* = probabilidade significativa ao nível de 5%.

Segundo Andrade-Montemayor et al. (2009), os valores séricos de ureia acima

da faixa de normalidade são ocasionados em situações em que há excessivo consumo

proteico, baixa ingestão energética ou ainda degradação de forma não sincronizada da

energia e proteína. Santos e Greco (2007) ressaltaram que o fornecimento de dietas com

teor de proteína degradável resulta em excessiva produção de ureia no rúmen, sendo

necessário gasto energético para processo de detoxificação desta no tecido hepático pelo

do ciclo da ureia.

As concentrações séricas das proteínas totais dos cordeiros nas diferentes dietas

não foram afetadas (P>0,05) pelas dietas avaliadas (Tabela 3). O valor médio da

proteína total sérica neste estudo, cujo valor foi de 5,94 g/dL assemelhou-se ao

verificado por Meira Jr. et al (2009) ao também avaliarem ovinos Santa Inês em

crescimento com idade inferior a seis meses de idade. De acordo com Kerr (2003),

redução nos níveis proteicos pode estar associada a perdas sanguíneas ou deficiências

nutricionais que promovessem debilitação orgânica.

68

Os teores séricos de albumina foram afetados (P>0,05) pelas dietas, entretanto os

teores médios obtidos encontram-se dentro dos valores de normalidade preconizados

para a espécie ovina (RIBEIRO et al., 2004, BRITO et al., 2006; BALIKCI et al., 2007;

MEIRA JR. et al., 2009). Tendo em vista que os cordeiros foram confinados por um

período de 84 dias, caso os animais apresentassem um quadro de subnutrição seria

verificado baixo nível sérico de albumina, pois conforme Payne e Payne (1987) é

necessário um período de cerca de um mês para uma diminuição significativa da

concentração sérica de albumina, haja vista que apresenta baixa velocidade de síntese e

degradação, sendo indicativo do conteúdo proteico na alimentação de ruminantes

(BEZERRA et al., 2008).

O regime de confinamento pode ter sido outro fator que influenciou na ausência

de resultados significativos, pois durante o período experimental houve oferta irrestrita

de água para os animais de modo que não sofressem desidratação, pois o déficit hídrico,

segundo Caldeira (2005) exerce influência direta sobre a concentração de albumina.

Ainda segundo este autor, a importância da albumina no organismo se deve ao fato de

ser responsável pelo transporte de diversos metabólitos, e principalmente realizar o

carreamento de hormônios e de ácidos graxos não esterificados servindo como fonte de

energia para os tecidos periféricos.

A substituição do farelo de soja pela torta de amendoim não influenciou

(P>0,05) os níveis de globulina sérica dos cordeiros (Tabela 3). Assim como a

albumina, a globulina também pode ser considerada um indicador com sensibilidade na

determinação do status proteico dos animais (CONTRERAS et al., 2000).

González e Silva (2006) ressaltaram que os níveis de globulina podem avaliar a

adaptação dos animais ao stress, de modo que não são observadas alterações nos níveis

dessa variável caso os animais estiverem bem adaptados. Dessa forma, uma vez que

todos os cordeiros foram submetidos ao mesmo manejo, confinados em baias

individuais, com oferta de dieta solida e hídrica ad libitum, a ausência de variações na

globulina possivelmente foi devido ao fato de terem sido manejados de forma

semelhante, pois não foram submetidos à stress severo ao longo do período

experimental.

Embora tenha sido evidenciada diferença (P<0,05) na relação

albumina/globulina (Tabela 3), os resultados em geral estão dentro da variação para a

69

espécie ovina que varia de 0,60 a 1,3 g/dL (KANEKO et al., 1997). Conforme descrito

por Bacila (2003), a relação albumina/globulina pode ser utilizada como indicativo da

baixa susceptibilidade dos cordeiros à infecções, pois valores inferiores são comumente

vistos devido à uma resposta humoral a estimulo de antígenos nocivos ao organismo e

produção exacerbada de globulinas (TIZARD, 2000). Diante dos resultados desta

pesquisa, constata-se que os cordeiros não foram acometidos por enfermidade que

provocasse excesso da produção de anticorpos pela produção de gamaglobulinas.

Nunes et al. (2010) ao avaliarem o efeito da torta de dendê oriunda da produção do

biodiesel na dieta de cordeiros não verificaram influencia das dietas sobre a relação

albumina:globulina. Assim como os resultados deste estudo, os autores inferiram que o

aumento da torta de dendê na dieta não ocasionou anormalidade da fração proteica do

sangue e, principalmente, ausência de distúrbios no tecido hepático.

As concentrações séricas de colesterol e triglicerídeos plasmáticos não foram

influenciadas (P>0,05) pelas dietas, e mantiveram-se dentro da faixa de normalidade

quando comparados a outros trabalhos conduzidos com a espécie ovina no Brasil

(BRITO et al., 2006; PEIXOTO et al., 2009; RABASSA et al., 2010; SANTOS et al.,

2011).

Tabela 4. Perfil energético de cordeiros submetidos a dietas com torta de amendoim em

substituição ao farelo de soja no concentrado

Metabólitos

(mg/dL)

Nível de substituição (%)

EPM¹

Valor-P*

0 25 50 75 100 Lin² Quad³

Colesterol 48,45 49,07 46,37 43,24 41,60 1,682 0,2384 0,7485

Triglicerídeos 44,92 37,94 46,82 40,33 32,53 1,642 0,3083 0,4374 ¹EPM = erro padrão da média. ²Significância para efeito linear. ³Significância para efeito quadrático.

mg/dL= miligrama por decilitro. Valor-P* = probabilidade significativa ao nível de 5%.

Apesar de ter ocorrido aumento do teor lipídico com a torta de amendoim

(Tabela 2), não foi verificado efeito no status energético dos cordeiros, possivelmente

em virtude do consumo de extrato etéreo, que neste estudo não foi influenciado pela

substituição do farelo de soja pela torta de amendoim.

Como descrito por Homem Jr. et al. (2010), o estado nutricional em energia de

ruminantes pode ser avaliado por meio de indicadores sanguíneos como colesterol e

triglicerídeos, sendo os níveis séricos de colesterol um indicativo da capacidade do

animal de metabolizar suas reservas corporais. Rodrigues et al. (2010) enfatizaram a

70

importância da avaliação dos níveis de colesterol, lipídeos totais e triglicerídeos. Dessa

forma, é imprescindível a participação destes parâmetros na bateria de testes

bioquímicos, por permitirem não só a avaliação de uma possível existência de déficit

energético, como também a presença de lesões no tecido hepático devido ao excesso de

mobilização de reservas adiposas corporais.

Não foi verificado efeito (P>0,05) das dietas sobre a atividade sérica da alanina-

aminotransferase (ALT) e do aspartato aminotransferase (AST) (Tabela 5), que se

mantiveram dentro dos valores de normalidade para a espécie ovina, segundo Pugh e

Dum (2005), indicando a ausência de comprometimento da função hepática dos

cordeiros. Esse resultado condiz com o mencionado por Duncan e Prasse (1982), de que

o aumento das taxas séricas enzimáticas provenientes do tecido hepático está

relacionada à doença hepatocelular, pois o grau de aumento é diretamente proporcional

ao número de hepatócitos afetados.

Tabela 5. Atividades enzimáticas da gama-glutamiltransferase (GGT), alanina-

aminotransferase (ALT) e aspartato-aminotransferase (AST) em cordeiros

submetidos a dietas com torta de amendoim em substituição ao farelo de

soja no concentrado

Variável

(UI/L)

Nível de substituição (%)

EPM¹

Valor-P*

0 25 50 75 100 Lin² Quad³

AST 28,53 30,78 29,53 29,42 31,98 0,336 0,1968 0,9034

ALT 43,23 43,08 43,38 43,18 44,88 0,272 0,3801 0,3617

GGT 47,85 48,98 50,00 52,77 58,95 0,784 0,0042 0,2016

Equação de regressão

GGT Ŷ= 46,8736 + 0,0897388X (R² = 0,83) ¹EPM = erro padrão da média. ²Significância para efeito linear. ³Significância para efeito quadrático.

R²= coeficiente de determinação. UI/L = unidade internacional por litro. Valor-P* = probabilidade

significativa ao nível de 5%.

Diante da ausência de efeitos da torta de amendoim sobre o perfil enzimático,

permite-se inferir que as dietas não ocasionaram degeneração das células hepáticas, haja

vista estas enzimas serem comumente liberadas no sangue no momento em que há

alguma lesão celular ou comprometimento da integridade da membrana dos hepatócitos

(KANEKO et al., 2008).

Houve efeito linear crescente da substituição do farelo de soja pela torta de

amendoim (P>0,05) sobre atividade sérica da gama glutamiltransferase (Figura 1).

Tendo em vista que os ruminantes apresentam estreita amplitude sérica de gama-

71

glutamiltransferase, o que a torna uma enzima específica com maior sensibilidade no

diagnóstico de bilestase (STOCKHAM e SCOTT, 2008), pode-se considerar que os

níveis de torta de amendoim ocasionaram alguma injúria nos túbulos biliares.

Figura 1. Concentrações séricas de gama-glutamiltransferase (GGT)(UI/L) em cordeiros

mestiços Dorper x Santa Inês submetidos a dietas com torta de amendoim em

substituição ao farelo de soja no concentrado

Por se tratar de uma de enzima de indução o aumento da produção de gama-

glutamiltransferase geralmente está associado a um estímulo que promova seu o

extravasamento pelas células ou pela liberação de fragmentos de membranas que

contêm esta enzima (THRALL et al., 2006) ou colestase (SANTOS JÚNIOR et al.,

2008). Todavia, mesmo com o aumento, os níveis séricos dessa enzima estavam dentro

da normalidade para ovinos (DUNCAN, 1986), indicando que o agente causador não

afetou o tecido hepático dos cordeiros de forma acentuada.

De forma similar, Santana et al. (2009) ao compararem o perfil bioquímico

sérico de ovinos abatidos, com os valores normais para a espécie, não observaram

alteração na atividade sérica da enzima GGT. Segundo os autores, é imprescindível o

conhecimento de valores de constituintes hematológicos e bioquímicos de animais em

idade de abate, uma vez que auxilia na detecção de sinais de doença assegurando a

qualidade aos produtos que serão destinados ao mercado consumidor.

Após a realização do exame macroscópico post mortem no abatedouro, não

foram verificadas anormalidades ou alterações na análise macroscópica do tecido

hepático e renal e em demais órgãos dos animais. Portanto, as dietas utilizadas durante o

72

período de confinamento não comprometeram ou ocasionaram condenação das

carcaças, e, principalmente, qualquer efeito deletério que impossibilitasse a

comercialização da carne dos cordeiros ao mercado consumidor.

Kellerman et al. (2005) relataram que o fígado é o órgão alvo de intoxicação

animal por aflatoxinas. Conforme, Keyl e Booth (1970), Pedugsorn et al. (1980) e

D´Angelo et al. (2007), as lesões macroscópicas visualizadas são comumente

caracterizadas por modificações de cor e tamanho do fígado, em virtude da substituição

do parênquima hepático. Ainda segundo estes autores, esse efeito acontece

principalmente devido à proliferação dos ductos biliares e degeneração citoplasmática

vacuolar consistente com acúmulo hepatocelular de lipídeos, que de forma associada ao

edema, comumente provocam leve aumento de volume do fígado.

A tumefação celular aguda ou degeneração hidrópica foi a alteração

microscópica mais observada em todos as animais, tanto do tecido hepático como do

renal (Tabela 6). Este resultado pode estar associado à hipóxia ocasionado pela sangria

devido à secção da artéria carótida e veia jugular. Esse procedimento realizado no abate

dos animais resulta na menor perfusão e oferta de oxigênio aos órgãos, sendo

imprescindível para a conversão satisfatória do músculo em carne. Além disso, a

congestão e hemorragia observadas podem ter sido decorrente da hipóxia determinada

pela demora durante o procedimento de sangria ou inadequada realização durante o

abate dos animais.

Tabela 6. Principais achados do exame histopatológico do fígado de cordeiros mestiços

Dorper x Santa Inês submetidos a dietas com torta de amendoim em

substituição ao farelo de soja no concentrado

Achados do exame histopatológico Nível de substituição (%)

0 25 50 75 100

Congestão + + + + +

Tumefação celular aguda discreta e

difusa + + + + +

Discreta desorganização estrutural do

parênquima + + + + +

Infiltrado inflamatório mononuclear + + + + +

Esteatose microvacuolar centrolobular

discreta - + + - -

(+) = presente; (-) = ausente

73

Além da congestão e tumefação celular observou-se através da avaliação

histológica do fígado que os cordeiros das cinco dietas apresentaram desorganização

estrutural do parênquima hepático e esteatose microvacuolar periportal, os quais podem

não estar associados às dietas (Tabela 6). As respostas diferenciadas dos organismos dos

animais quanto a esteatose comprovam a ausência de sobrecarga hepática, pois seria

esperado que apenas os cordeiros alimentados com os maiores níveis de torta de

amendoim apresentassem esse achado, fato este não verificado (Tabela 6).

Lesões crônicas de aflatoxicose no tecido hepático são relatadas como contendo

graus variáveis de proliferação do epitélio dos ductos biliares, fibrose, endoflebite

obliterante (lesão venooclusiva) da veia centrolobular (veia hepática terminal), variação

considerável no tamanho e forma dos hepatócitos e diferentes graus de esteatose

hepática (LOOSMORE e MARKSON, 1961; CLEGG e BRYSON, 1962; HILL, 1963).

Além dos achados similares visualizados no tecido hepático, verificou-se

também ao exame histopatológico do tecido renal hemorragias focais e áreas de atrofia

tubular (Tabela 7). Em ambos os tecidos, os sinais descritos podem estar relacionados à

hipóxia e alterações na perfusão do tecido hepático devido à sangria, que é um

procedimento exigido e encontra-se de acordo com as normas vigentes de abate de

ovinos (BRASIL, 2000).

Tabela 7. Principais achados do exame histopatológico do rim de cordeiros mestiços

Dorper x Santa Inês submetidos a dietas com torta de amendoim em

substituição ao farelo de soja no concentrado

Achados do exame histopatológico Nível de torta de substituição (%)

0 25 50 75 100

Congestão + + + + +

Hemorragias focais + + + + +

Tumefação celular aguda discreta e

difusa dos túbulos + + + + +

Infiltrado inflamatório mononuclear + + + + +

Áreas de atrofia tubular - - - - -

(+) = presente; (-) = ausente

Embora não tenha sido verificado efeito das dietas sobre o perfil metabólico,

proteico, energético, que se mantiveram dentro dos limites de normalidade para a

espécie ovina, e dos achados inespecíficos no exame histopatológico do tecido renal e

74

hepático, é possível inferir a ausência de comprometimento das dietas no organismo dos

cordeiros. Entretanto, é importante destacar que após a análise de micotoxinas das dietas

experimentais constatou-se que as dietas contendo 75 e 100% de torta de amendoim no

concentrado apresentaram teor de aflatoxina B1 superior ao recomendado pelo MAPA

(2006) para ração de ruminantes, que é de 50 μg/kg. Entretanto, como descrito

previamente, os achados verificados no exame histopatológico do tecido renal e

hepático não condizem com o que é descrito na literatura para animais acometidos por

aflatoxicose. Portanto, durante o período avaliado e nos níveis de torta de amendoim

estudados, é possível recomendar o uso dessa torta como fonte proteica aos cordeiros,

visto que não foram verificados efeitos deletérios nos animais.

Como descrito por Upadhaya et al. (2010) o consumo de micotoxinas pelos

animais através da ingestão de rações contaminadas conduz a efeitos adversos mais

severos na saúde de animais não-ruminantes, sendo que a gravidade varia com a espécie

acometida e da susceptibilidade a toxinas dentro de espécies.

É sabido que ruminantes são considerados de forma geral são mais resistentes

aos efeitos adversos das micotoxinas (Fink-Gremmels, 2008) possivelmente devido à

flora ruminal, a qual tem a capacidade de realizar a biotransformação de micotoxinas a

menos tóxicos ou atóxicos. Assim, é possível que mesmo as dietas apresentando nível

de aflatoxina B1 superior ao recomendado, os cordeiros conseguiram tornar esse

composto em um metabólito menos nocivo, e esses níveis não foram capazes de causar

efeito deletério a ponto de comprometer o funcionamento hepático dos animais nesta

pesquisa.

75

CONCLUSÕES

A substituição do farelo de soja pela torta de amendoim não afeta os perfis metabólico,

proteico, energético e funcionamento hepático e renal de ovinos de corte em

crescimento.

76

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CONSIDERAÇÕES FINAIS E IMPLICAÇÕES

Diante da preocupação atual com o impacto ao meio ambiente, fontes energéticas

alternativas tem sido estudadas com o intuito de promover sustentabilidade do ponto de

vista econômico, social e ambiental. A partir da extensão territorial brasileira e

condições edafo-climáticas satisfatórias ressalta-se o potencial de produção de matérias-

primas para a produção do biodiesel.

A torta de amendoim, proveniente da produção do biodiesel, por apresentar uma

composição bromatológica equivalente ao farelo de soja pode ser utilizada como fonte

alimentar de bom valor nutritivo na formulação de dietas para ovinos terminados em

confinamento, permitindo a redução dos custos com alimentação.

Embora tenha sido constatada a viabilidade econômica da torta de amendoim como

fonte proteica alternativa na dieta de cordeiros confinados, houve piora no desempenho

produtivo dos animais, sendo possível recomendar seu uso somente nos períodos em

que o farelo de soja apresentar preços elevados resultando em altos custos de produção.

A substituição do farelo de soja pela torta de amendoim embora diminua o desempenho

produtivo dos ovinos, não afeta as características qualiquantitativas de carcaça e a

qualidade da carne dos cordeiros, podendo ser utilizada como fonte proteica na dieta de

cordeiros confinados sem comprometer a qualidade do produto final.

A partir dos resultados obtidos no metabolismo dos cordeiros, e a ausência de achados

no exame histopatológico do tecido hepático e renal, constata-se que a torta de

amendoim não exerce efeitos deletérios no organismo dos animais nos níveis estudados.

Dessa forma, permite a sustentabilidade através do aproveitamento adequado de

matérias-primas que seriam lançadas no meio ambiente e causariam impacto ambiental.

Além disso, permite a redução dos custos com alimentação uma vez que a proteína é o

nutriente responsável pelos maiores para os produtores rurais.

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