UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA ESCOLA POLITÉCNICA ...computacional. 82 p. 2019. Monografia (Trabalho...
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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA ESCOLA POLITÉCNICA
COLEGIADO DO CURSO DE ENGENHARIA CIVIL
AMANDA DA SILVA BARBOSA
VERIFICAÇÃO AUTOMÁTICA DE REQUISITOS DE
PROJETO DE SAÍDAS DE EMERGÊNCIA COM USO DE
BUILDING INFORMATION MODELING (BIM) E
PROGRAMAÇÃO VISUAL COMPUTACIONAL
Salvador
2019
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AMANDA DA SILVA BARBOSA
VERIFICAÇÃO AUTOMÁTICA DE REQUISITOS DE
PROJETO DE SAÍDAS DE EMERGÊNCIA COM USO DE
BUILDING INFORMATION MODELING (BIM) E
PROGRAMAÇÃO VISUAL COMPUTACIONAL
Monografia apresentada ao Curso de graduação em
Engenharia Civil, Escola Politécnica, Universidade
Federal da Bahia, como requisito parcial para
obtenção do grau de Bacharel em Engenharia Civil.
Orientador: Dra. Dayana Bastos Costa
Salvador
2019
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AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente a Deus, que nunca, nem sequer por um dia me deixou desamparada.
Sempre cuidou de mim e me protege todos os dias, a todo momento.
Agradeço a meus pais, Cristovam e Renilva, por terem investido na minha educação, e assim
investiram em mim.
Agradeço à professora Dayana por ter me dado tantas oportunidades valiosas, pelo exemplo de
profissional incrível e pelas suas orientações que extrapolaram o âmbito acadêmico. Quando
tudo parecia difícil você veio com as palavras certas e me tranquilizou, e te agradeço muito por
isso.
Agradeço a Marcos pela paciência e compreensão ao longo desse trabalho, por sempre estar me
apoiando e sendo a pessoa que eu posso contar para qualquer coisa.
Agradeço a todos os integrantes do GETEC-UFBA pela amizade, apoio e troca de
conhecimento, especialmente a Juliana Álvares, por muito ter contribuído para a minha
formação.
Agradeço a Talita e James, pessoas queridas e excelentes profissionais que contribuíram muito
para a minha formação.
Muito obrigada também ao Capitão Carlos Grimaldi, do Corpo de Bombeiros Militar da Bahia
e ao engenheiro André Mussi, por terem contribuído para a realização desse estudo.
A todos os amigos da UFBA e dos tempos do colégio, que tornaram essa jornada mais leve e
agradável.
Por fim, mas não menos importante, agradeço a todos os professores da UFBA que, mesmo
com todas as dificuldades, dão o seu melhor na missão de formar profissionais com a técnica e
a consciência que o mercado necessita.
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BARBOSA, Amanda da Silva. Verificação automática de requisitos de projeto de saídas de
emergência com uso de Building Information Modeling (BIM) e programação visual
computacional. 82 p. 2019. Monografia (Trabalho de Conclusão do Curso) – Escola
Politécnica, Universidade Federal da Bahia, Salvador, 2019.
RESUMO
Entre os anos de 2018 e 2019, três acidentes de grande repercussão expuseram as deficiências
que ainda temos na concepção de edifícios seguros contra incêndios no Brasil. Tal cenário
mostra que, apesar de termos 74 normas técnicas da ABNT elaboradas pelo Comitê Brasileiro
de Segurança Contra Incêndio e diversas Instruções Técnicas dos corpos de bombeiros de cada
estado, ainda há uma dificuldade na implementação dos requisitos dessas normas nos projetos.
No Estado da Bahia, o Código de Segurança Contra Incêndio e Pânico, definido pela Lei nº
12.929, prevê 21 medidas de segurança contra incêndio e pânico, sendo que cada uma delas
possui uma norma própria. Entretanto, a conferência da aderência do projeto às
regulamentações tem sido uma das etapas críticas no processo de projeto, demandando muito
tempo e conhecimento dos profissionais que a realizam. Neste sentido, a utilização da
metodologia BIM (Building Information Modeling) para verificação automática de requisitos
de segurança contra incêndio pode trazer melhorias a esse processo, pois facilita a identificação
de não conformidades e permite a geração automática de relatórios de verificação. Com base
no exposto, o objetivo principal desse trabalho é avaliar a aplicabilidade da verificação
automática de requisitos das normas de segurança contra incêndio, com foco em saídas de
emergência, com uso do BIM e programação visual computacional. Para isso, foi desenvolvido
um estudo de caso e foram selecionados alguns requisitos da Instrução Técnica Nº 11 do Corpo
de Bombeiros Militar do Estado da Bahia que trata de saídas de emergência. Usando o software
Dynamo de programação visual, tais requisitos foram convertidos em códigos passíveis de
serem lidos pelo software de modelagem Revit. As verificações foram testadas em um projeto
real e as rotinas desenvolvidas foram avaliadas quanto a sua utilidade e aplicabilidade. A
avaliação do uso de programação visual aplicado a verificações de regras mostrou que essa
ferramenta tem potencial para tornar o processo de verificação de requisitos de projetos mais
rápido, mais confiável, podendo ser aplicado também para outras normas e Instruções Técnicas.
Ao final do estudo também foram propostas algumas recomendações de modelagem e de boas
práticas para a programação de regras no Dynamo.
Palavras-chave: Segurança Contra Incêndio. BIM. Verificação Automática de Regras.
Programação Visual.
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LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Compartimentação horizontal .................................................................................. 21
Figura 2 - Manuseio de hidrantes (ilustração superior) e mangotinhos (ilustração inferior) ... 23
Figura 3 - Princípio da verificação de uma regra em projeto BIM ........................................... 34
Figura 4 - Delineamento da pesquisa ....................................................................................... 39
Figura 5 - Residencial utilizado no estudo ............................................................................... 40
Figura 6 - Fluxograma das etapas do estudo de caso ............................................................... 41
Figura 7 - Modelo 3D BIM do empreendimento ...................................................................... 42
Figura 8 - Rotinas desenvolvidas no Dynamo .......................................................................... 48
Figura 9 - Rotinas desenvolvidas para a verificação das regras 1, 2 e 5 .................................. 50
Figura 10 - Rotina desenvolvida para a verificação da regra 3 ................................................ 53
Figura 11 - Rotina desenvolvida para a verificação da regra 4 ................................................ 55
Figura 12 - Rotina desenvolvida para a verificação da regra 6 ................................................ 56
Figura 13 - Rotina desenvolvida para a verificação da regra 7 ................................................ 57
Figura 14 - Parâmetros de dimensões de escadas no software Revit ....................................... 58
Figura 15 - Representação em corte de ambiente no software Revit ....................................... 59
Figura 16 - Alturas dos corrimãos das rampas no software Revit ............................................ 59
Figura 17 - Alguns nós renomeados dentro da rotina de verificação de degraus em escadas .. 61
Figura 18 - Parte da rotina de verificação de largura de portas contendo uma nota explicativa
.................................................................................................................................................. 61
Figura 19 - Organização das rotinas e dados de entrada através de grupos por cores.............. 62
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LISTA DE QUADROS
Quadro 1 - Iniciativas desenvolvidas no âmbito da verificação automática de regras ............. 33
Quadro 2 - Constructos e fontes de evidência utilizados.......................................................... 45
Quadro 3 - Procedimentos da Instrução Técnica Nº 11 selecionados e suas classes ............... 46
Quadro 4 – Dados do relatório da verificação da largura dos acessos ..................................... 50
Quadro 5 – Dados do relatório da verificação da largura das escadas ..................................... 51
Quadro 6 – Dados do relatório da verificação da largura das portas corta-fogo ...................... 51
Quadro 7 – Dados do relatório da verificação da largura das rampas ...................................... 52
Quadro 8 – Dados do relatório da verificação do pé-direito dos acessos ................................. 53
Quadro 9 – Dados do relatório da verificação das distâncias máximas percorridas ................ 55
Quadro 10 – Dados do relatório da verificação do dimensionamento de degraus ................... 56
Quadro 11 – Dados do relatório da verificação da altura dos corrimãos ................................. 57
Quadro 12 - Respostas dos entrevistados para as questões que envolvem a utilidade das
ferramentas ............................................................................................................................... 63
Quadro 13 - Respostas dos entrevistados para as questões que envolvem a aplicabilidade das
ferramentas ............................................................................................................................... 66
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LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS
ABDI Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial
ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas
AEC Arquitetura, Engenharia e Construção
BIM Building Information Modeling
CAD Computer-Aided Design
CBMBA Corpo de Bombeiros Militar da Bahia
CBIC Câmara Brasileira da Indústria da Construção
CP Coordenadora de Projetos
CREA Conselho Regional de Engenharia e Agronomia
CV Coordenador de Vistorias
ES Engenheiro de Segurança
IFC Industry Foundation Classes
IT Instrução Técnica
NBR Normas Brasileiras
SEDUR Secretaria Municipal de Desenvolvimento e Urbanismo
SMC Solibri Model Checker
TIC Tecnologia da Informação e Comunicação
VPL Visual Programming Language
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SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 10
1.1 JUSTIFICATIVA ........................................................................................................... 10
1.2 PROBLEMA DE PESQUISA ........................................................................................ 12
1.3 QUESTÕES DE PESQUISA ......................................................................................... 15
1.3.1 Questão principal ......................................................................................................... 15
1.3.2 Questão secundária ...................................................................................................... 15
1.4. OBJETIVOS DA PESQUISA ....................................................................................... 15
1.4.1 Objetivo principal ........................................................................................................ 15
1.4.2 Objetivos secundários .................................................................................................. 16
1.5 DELIMITAÇÃO DA PESQUISA.................................................................................. 16
1.6 ESTRUTURA DO TRABALHO ................................................................................... 16
2 SEGURANÇA CONTRA INCÊNDIO NA FASE DE PROJETO.................................. 18
2.1 GENERALIDADES SOBRE MEDIDAS DE SEGURANÇA CONTRA INCÊNDIO 18
2.1.1 Medidas de proteção passiva ....................................................................................... 19
2.1.2 Medidas de proteção ativa ........................................................................................... 22
2.2 PROJETO DE SEGURANÇA CONTRA INCÊNDIO EM EDIFÍCIOS ALTOS ........ 23
2.3 SAÍDAS DE EMERGÊNCIA ........................................................................................ 24
3 IMPLICAÇÕES DO BUILDING INFORMATION MODELING NA
COORDENAÇÃO DE PROJETOS ..................................................................................... 28
3.1 PROBLEMAS NA COORDENAÇÃO DE PROJETOS DE CONSTRUÇÃO ............. 28
3.2 O PROCESSO DE PROJETOS EM BIM ...................................................................... 29
3.2.1 Compatibilização de projetos em BIM ........................................................................ 31
3.3 VERIFICAÇÃO AUTOMÁTICA DE REGRAS .......................................................... 32
4 MÉTODO ............................................................................................................................. 38
4.1 ESTRATÉGIA DE PESQUISA ..................................................................................... 38
4.2 DELINEAMENTO DA PESQUISA .............................................................................. 38
4.3 DETALHAMENTO DAS ETAPAS DA PESQUISA ................................................... 39
4.3.1 Revisão da literatura .................................................................................................... 39
4.3.2 Obtenção de conhecimento teórico e prático sobre o tema ......................................... 39
4.3.3 Estudo de caso ............................................................................................................. 40
4.3.4 Análise de resultados ................................................................................................... 44
5 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS ............................................. 46
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5.1 CLASSIFICAÇÃO DAS REGRAS ............................................................................... 46
5.2 CRIAÇÃO DE ROTINAS E VERIFICAÇÃO DAS REGRAS .................................... 47
5.2.1 Regras Nº 1, 2 e 5 ........................................................................................................ 49
5.2.2 Regra Nº 3.................................................................................................................... 53
5.2.3 Regra Nº 4.................................................................................................................... 54
5.2.4 Regra Nº 6.................................................................................................................... 55
5.2.5 Regra nº 7 .................................................................................................................... 56
5.3 RECOMENDAÇÕES DE MODELAGEM BIM PARA APLICAÇÃO À
VERIFICAÇÃO DE REGRAS ............................................................................................ 57
5.4 BOAS PRÁTICAS PARA A PROGRAMAÇÃO DE REGRAS NO DYNAMO ......... 60
5.5 AVALIAÇÃO DO USO DE PROGRAMAÇÃO VISUAL APLICADO A
VERIFICAÇÃO DE REGRAS ............................................................................................ 62
5.5.1 Avaliação quanto à utilidade ....................................................................................... 62
5.5.2 Avaliação quanto à aplicabilidade ............................................................................... 64
6 CONCLUSÕES E SUGESTÕES PARA FUTUROS TRABALHOS ............................. 68
6.1 CONCLUSÕES .............................................................................................................. 68
6.2 SUGESTÕES PARA FUTUROS TRABALHOS .......................................................... 69
REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 70
APÊNDICE ............................................................................................................................. 77
APÊNDICE 1 .......................................................................................................................... 77
APÊNDICE 2 .......................................................................................................................... 82
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1 INTRODUÇÃO
1.1 JUSTIFICATIVA
A área de segurança contra incêndio ganhou impulso no país a partir de 1970, quando
ocorreram dois incêndios de grandes proporções na cidade de São Paulo e de repercussão
internacional: no Edifício Andraus e no Edifício Joelma. Desde então, códigos, normas e
regulamentações têm sido aprimorados visando a melhoria das condições de segurança contra
incêndio das edificações (ONO, 2007).
Em 2013, com a ocorrência do incêndio da Boate Kiss na cidade de Santa Maria – RS,
voltou à tona a discussão sobre a importância da normalização e da legislação, da necessidade
de melhoria das práticas de projeto e de melhor aparelhamento do corpo de bombeiros. Segundo
o relatório técnico do CREA-RS, dentre os fatores que influenciaram para o elevado número de
vítimas (foram 242 mortes) na Boate Kiss estão a superlotação do espaço, a dificuldade de
desocupação e deficiências nas saídas de emergência (CREA-RS, 2013).
Dentre os exemplos recentes, vale destacar os grandes incêndios que foram amplamente
anunciados na imprensa ao longo de 2018. O incêndio no Museu Nacional no Rio de Janeiro,
ocorrido em dois de setembro, sensibilizou a opinião pública não apenas no Brasil. O incêndio
no edifício Wilton Paes de Almeida em São Paulo, no dia primeiro de maio, foi objeto de
atenção equivalente, causando sete mortes e o colapso de uma estrutura de concreto com 24
pavimentos (BERTO; DE PAULA; BÖTTGER, 2018).
As consequências que os incêndios causam à sociedade são notórias. Ocorrem perdas
sociais, econômicas e humanas. Apesar dos trabalhos já realizados na área, muito ainda deve
ser estudado, pesquisado, planejado e introduzido em nossas regulamentações para que
possamos alcançar um nível aceitável de segurança contra incêndio para toda a população
brasileira. As rotas de fuga devem conduzir a saídas de emergência adequadas para a população
prevista para o local. Essa adequação precisa considerar que a tendência do mercado de
construção é de prédios maiores e cada vez mais altos que, consequentemente, têm capacidade
de abrigar cada vez mais pessoas (MITIDIERI, 2008; ARAUJO, 2008).
Atualmente, além das pessoas preocupadas com a segurança nas edificações, a
Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), governos federal, estaduais e municipais,
empresários, os Conselhos Regionais de Engenharia e Agronomia (CREA), corpo de bombeiros
e outras entidades têm empreendido esforços contínuos para implementar novas normas e leis,
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para que as edificações tenham realmente mais segurança para as vidas humanas e o patrimônio
(BRENTANO, 2007).
Dentre as 74 normas técnicas da ABNT elaboradas pelo Comitê Brasileiro de Segurança
Contra Incêndio, a NBR 14432 estabelece as condições a serem atendidas pelos elementos
estruturais e de compartimentação que integram os edifícios para que, em situação de incêndio,
seja evitado o colapso estrutural (ABNT, 2001). A NBR 9077, por sua vez, fixa as condições
exigíveis às saídas de emergência das edificações, a fim de que sua população possa abandoná-
las em caso de incêndio (ABNT, 2001). De forma a atender aos requisitos do usuário quanto à
segurança, a Norma de Desempenho NBR 15575 (ABNT, 2013) estabelece ainda seis requisitos
gerais relativos à segurança contra incêndio, sendo eles: dificultar o princípio do incêndio,
facilitar a fuga em situação de incêndio, dificultar a inflamação generalizada, dificultar a
propagação do incêndio, segurança estrutural em situação de incêndio e sistema de extinção e
sinalização de incêndio (ABNT, 2013).
O Código de Segurança Contra Incêndio e Pânico do Estado da Bahia, como é conhecida
a Lei nº 12.929 (BAHIA, 2013), prevê em seu artigo 5º, ao todo, 21 (vinte e uma) medidas de
segurança contra incêndio e pânico. Cada uma dessas medidas possui uma norma própria, com
parâmetros para dimensionamento em projetos e exigências a serem observadas para a sua
correta instalação e seu perfeito funcionamento na prevenção ou no combate a incêndios e
controle de pânico (SOUZA, 2018). De acordo com esta Lei, compete ao Corpo de Bombeiros
Militar da Bahia (CBMB) planejar, normatizar, analisar, aprovar e fiscalizar o cumprimento das
disposições normativas sobre segurança contra incêndio e pânico nas edificações e áreas de
risco no Estado. Dessa forma, desde 2016 o CBMB vem publicando através de Portarias as
Instruções Técnicas (IT), que são os documentos que regulamentam as medidas de segurança
contra incêndio.
Segundo a NBR 15575 (ABNT, 2013), as Normas prescritivas, tais como as Instruções
Técnicas do CBMB, estabelecem requisitos com base no uso consagrado de produtos ou
procedimentos, buscando o atendimento aos requisitos dos usuários de forma indireta. Por sua
vez, a Norma de desempenho traduz os requisitos dos usuários em requisitos e critérios, e é
considerada complementar às Normas prescritivas, sem substituí-las. A utilização simultânea
delas visa atender aos requisitos do usuário com soluções tecnicamente adequadas (ABNT,
2013).
Neste sentido, observa-se que as normas que regulamentam o setor da construção
habitacional brasileiro, no que se refere à segurança contra incêndio, estão em constante
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evolução, tornando-se cada vez mais complexas e em maior quantidade. Além disso, grande
parte da segurança contra incêndio dos edifícios é resolvida na fase de projeto, e muitas
diretrizes também são, nessa fase, encaminhadas para a solução geral do problema
(MITIDIERI, 2008). Assim, a etapa de conferência do projeto, seja pelo próprio projetista ou
contratante, demanda muito tempo e conhecimento dos profissionais que a realizam. Isso
representa um custo significativo em relação aos custos de projetos (SILVA; ARANTES,
2017).
Neste contexto, a utilização da tecnologia BIM e o estabelecimento de rotinas para
verificação automática de requisitos de segurança contra incêndio pode contribuir para agilizar
esse processo, uma vez que facilita a identificação de aspectos aos quais o modelo não atende
às normas e permite a geração automática de relatórios de verificação. Com auxílio de tais
ferramentas, o esforço manual necessário para a verificação da conformidade do projeto com
as normas pode ser drasticamente reduzido, aumentando a eficiência dos processos de projeto
através da automatização de etapas da verificação e da documentação das tomadas de decisão
(PREIDEL; BORRMANN, 2016)
1.2 PROBLEMA DE PESQUISA
A inclusão de medidas de proteção e combate ao incêndio e, principalmente, de meios
que permitam o rápido abandono dos ambientes em chamas deve ser conscientemente analisada
pelos projetistas, em conjunto com o proprietário, levando em conta as condições específicas
do empreendimento, tais como: porte da edificação, número de usuários e tipo de utilização,
além das exigências do poder público, das recomendações das normas técnicas para o projeto e
da especificação de equipamentos (SILVA, 2012).
A utilização de plataformas para a verificação automática do projeto traz inúmeros
benefícios para a indústria da construção (FERREIRA; BORGHI; BRITO, 2017). Além de
possibilitar a diminuição do tempo empregado para essa atividade e facilitar a colaboração entre
disciplinas, pode reduzir falhas no projeto, aumentar sua qualidade e reduzir o custo da obra.
Embora existam muitas opções de Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs) que
auxiliam na coordenação dos processos de projeto, tecnologias que se baseiam na metodologia
BIM se destacam pela sua preocupação explícita com a interoperabilidade e coordenação entre
intervenientes e plataformas (KEHL; ISATTO, 2015).
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De acordo com Eastman et al. (2008), a verificação automática de conformidades
normativas utilizando BIM é uma tendência tecnológica na indústria da construção com grande
potencial de desenvolvimento. A verificação automática de parâmetros normativos com uso do
BIM pode contribuir tanto no aumento da conformidade dos projetos, em relação aos requisitos
e normas vigentes, quanto na otimização do tempo que os projetistas e contratantes demandam
para realizar essa função (SILVA, 2017).
Alguns países ao redor do mundo já implementaram plataformas que fazem uso do BIM
para auxiliar o licenciamento de projetos e têm dado evidência aos ganhos e benefícios obtidos
com a automatização da verificação de conformidades (REINHARDT; MATTHEWS, 2017).
São exemplos de tais iniciativas o Corenet em Cingapura, DesignCheck na Australia e
SmartCodes e General Services Administration (GSA) nos Estados Unidos. No Brasil, os
investimentos nessa tecnologia ainda são pontuais e estão em fase inicial de desenvolvimento.
A Secretaria Municipal de Desenvolvimento e Urbanismo de Salvador (SEDUR) tem
desenvolvido ações para modernizar os processos e dar celeridade às análises de projetos e
liberação de licenças da Secretaria, diminuindo assim o tempo de trabalho e beneficiando a
população. De acordo com o órgão, a adesão ao BIM trará diversos benefícios, dentre eles a
agilização dos processos, melhor visualização do projeto e uma verificação mais eficaz de que
o projeto está de acordo com as leis municipais (SEDUR, 2018).
Segundo Pauwels e Zhang (2015) esse processo semântico de verificação de regras seria
de considerável valor aos procedimentos de verificação de conformidade regulamentar, pois a
base lógica tem como vantagens: (1) permitir a verificação consistente das regras dos
regulamentos, (2) permitir uma implementação mais rápida, mais transparente e mais confiável
de procedimentos de verificação de regulamentos, e (3) fornecer a opção de confiar nos
mecanismos de raciocínio do computador e gerar provas sem nenhum esforço adicional.
Nos últimos anos, as Linguagens de Programação Visual, ou Visual Programming
Languages (VPL) foram bem estabelecidas no campo da criação de projetos de construção.
Dentre os softwares para AEC (Arquitetura, Engenharia e Construção) mais conhecidos que
utilizam essa linguagem estão o plug-in Grasshopper da Rhinoceros3D, Dynamo da Autodesk
Revit e Marionette da Vectorworks. Embora esses tenham se concentrado inicialmente na
modelagem 3D paramétrica, eles já têm sido ampliados para outras funcionalidades (PREIDEL;
BORRMAN, 2016).
Kim et al. (2017) afirmam que, por ser intuitiva e possibilitar modificações do projeto em
tempo real, a linguagem visual tem sido também utilizada para dar suporte às verificações de
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regras. Segundo Preidel e Borrmann (2015), a razão para a maior capacidade de interpretação
das linguagens visuais pode ser explicada pela psicologia cognitiva, que afirma que a
informação visual pode ser processada pelos dois hemisférios do cérebro humano, ao invés de
apenas um.
Neste sentido, entende-se como problema desta pesquisa o processo tradicional de análise
de projetos, que se mostra ultrapassado frente às possibilidades que o BIM e a programação
visual apresentam, pois, é realizado de maneira visual, manual, dependendo unicamente do
conhecimento prévio dos analistas, o que resulta em lentidão e falta de padronização para
aprovação (MAINARDI NETO, 2016). As normas de segurança contra incêndio, mais
especificamente por serem extensas e se apresentarem divididas em vários documentos (leis,
decretos e instruções técnicas) que variam de acordo com o estado, são uma das que mais
carecem de automatização para a verificação por parte dos projetistas.
Em seu estudo, França (2018) desenvolveu um artefato do tipo método para verificação
automática de regras com uso de BIM para o atendimento das normas técnicas do Corpo de
Bombeiros do Paraná, utilizando o software Solibri Model Checker. França (2018) observou
que mais da metade das regras das normas não puderam ser verificadas, porém o autor realça
que mesmo que não seja possível automatizar o Código inteiro, o processo de automatização
estabelecido pode liberar tempo para que o analista faça análises mais importantes e não precise
se desgastar em verificações básicas de reprodução da norma.
Apesar de alguns estudos recentes já trazerem abordagens de uso do BIM para a melhoria
dos processos de análise de projetos, alguns autores destacam pontos ainda a serem explorados.
Park e Kim (2015) realizaram uma série de estudos de caso voltados para a utilização do BIM
no combate aos problemas de segurança em edifícios. Com uso de uma ferramenta de simulação
de abandono de edifícios, os autores realizaram a verificação de elevadores de emergência e
rotas de fuga. O sistema utilizado verificava rotas de saída usando a linguagem de programação
Java através de um conjunto de regras desenvolvidas, e o resultado das inspeções podia ser visto
em relatórios gerados. Os autores consideram que o método utilizado pode trazer benefícios
para o gerenciamento da segurança, mas que o uso do BIM para esta finalidade ainda precisa
ser melhor estudado para permitir sua aplicação prática (PARK; KIM, 2015).
Moço (2015) realizou a verificação da qualidade de projetos através de um software de
análises de modelos BIM. Um dos requisitos analisados pelo referido autor foi a segurança
contra incêndios, devido à sua crescente importância e contínuo surgimento e atualizações de
normas relacionadas ao tema. Moço (2015) verificou revestimentos, extintores, acesso para
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viaturas, dentre outros critérios e afirma que a verificação de conformidade (principalmente em
fase de licenciamento) pode se beneficiar com a nova realidade introduzida pelo BIM.
Entretanto, Moço (2015) pondera que é necessário melhorar as aplicações de verificação
existentes, pois as verificações precisam se adaptar às regras, o que não ocorre com a utilização
dos softwares comerciais, que se mostram inflexíveis a mudanças.
Um dos principais objetivos na segurança contra incêndio deve ser proporcionar a
segurança dos usuários de uma edificação, possibilitando o abandono tão rápido quanto
possível, de maneira organizada e segura. Para tanto, é necessário garantir que determinadas
áreas sejam seguras contra o fogo, pois o incêndio e a fumaça podem se propagar rapidamente
e o tempo disponível para o abandono pode ficar comprometido. Além disto, é muito importante
que os projetos das rotas de fuga envolvendo as escadas, acessos e descargas, pressurização das
escadas e sinalizações sejam dimensionados corretamente, de modo compatível aos leiautes da
edificação, número de usuários por pavimento, número mínimo de saídas, dentre outros
aspectos importantes (BERTO; DE PAULA; BÖTTGER, 2018). Por essas razões, dentre as
diversas necessidades que o projeto de segurança contra incêndio deve suprir, este trabalho irá
focar nos requisitos relacionados às saídas de emergência.
1.3 QUESTÕES DE PESQUISA
1.3.1 Questão principal
Quais os principais benefícios e limitações do uso do BIM e programação visual para a
verificação automática de requisitos da Instrução Técnica Nº 11/2016 do Corpo de Bombeiros
Militar do Estado da Bahia, que trata das saídas de emergência, em projetos BIM utilizando
programação visual computacional?
1.3.2 Questão secundária
Como deve ser feita a modelagem 3D paramétrica em projetos BIM para que se possa
realizar a verificação automática de regras dos requisitos de saída de emergência?
1.4. OBJETIVOS DA PESQUISA
1.4.1 Objetivo principal
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O objetivo principal da pesquisa é avaliar o uso de BIM e programação visual
computacional aplicados à verificação automática de requisitos de saídas de emergência das
normas de segurança contra incêndio do Corpo de Bombeiros Militar do Estado da Bahia.
1.4.2 Objetivos secundários
Os objetivos secundários são:
Desenvolver rotinas de programação visual que permitam a verificação de
requisitos da Instrução Técnica Nº 11/2016 do Corpo de Bombeiros Militar do
Estado da Bahia;
Desenvolver recomendações para a modelagem 3D paramétrica BIM que será
utilizada para a verificação automática de regras dos requisitos de saída de
emergência, por meio de programação visual computacional.
1.5 DELIMITAÇÃO DA PESQUISA
O trabalho será voltado para a verificação das normas de segurança contra incêndio
presentes na Instrução Técnica Nº 11/2016 do Corpo de Bombeiros Militar do Estado da Bahia,
não abrangendo legislações de outros estados ou de outras naturezas.
Esta pesquisa utilizará os softwares Revit e Dynamo. Os resultados não contemplarão
outros softwares ou plataformas BIM.
O estudo terá como foco as edificações de uso residencial, não abrangendo todos os tipos
de ocupações previstos no Decreto nº 16.302 (BAHIA, 2015).
1.6 ESTRUTURA DO TRABALHO
Esse Trabalho de Conclusão de Curso está dividido em seis capítulos, sendo que o
primeiro consiste na Introdução e contém justificativa, problema de pesquisa, questões de
pesquisa, objetivos, delimitação da pesquisa, e o presente tópico de estrutura do trabalho.
Os capítulos 2 e 3 fazem parte da Revisão da Literatura que forneceu a base conceitual
para a realização do trabalho, sendo que o Capítulo 2 trata dos conceitos gerais de segurança
contra incêndio, e o Capítulo 3 trata do uso de BIM para a coordenação de projetos.
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O Capítulo 4 diz respeito à metodologia da pesquisa realizada, contendo a definição da
estratégia de pesquisa, o delineamento da pesquisa e o detalhamento das etapas de pesquisa, no
qual foisendo explicado como o estudo de caso foi conduzido.
O Capítulo 5 trata dos resultados obtidos com a realização do estudo, no qual foram
apresentados e avaliados os produtos desenvolvidos.
Por fim, no Capítulo 6 são discutidas as conclusões do estudo e são propostos alguns
possíveis desdobramentos da pesquisa que podem dar origem a futuros trabalhos no tema.
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2 SEGURANÇA CONTRA INCÊNDIO NA FASE DE PROJETO
É intrínseco ao ser humano exigir segurança em seu local de moradia e de trabalho. A
segurança contra incêndio é atualmente considerada no projeto hidráulico, elétrico,
arquitetônico e também no projeto de estruturas, pois hoje sabe-se que os materiais estruturais
perdem resistência em situação de incêndio (SILVA, 2012).
O projeto de uma edificação pode ser considerado o primeiro passo para reduzir o risco
de incêndio, pois nele já se pode antecipar e, evidentemente, contribuir para a redução das
cargas de incêndio e de fumaça, tanto considerando sua estrutura, seus elementos de vedação e
materiais de acabamento, quanto considerando seu conteúdo (SOUZA, 2018).
Os problemas que normalmente são encontrados nos sistemas de proteção contra incêndio
se originam nos projetos e especificações e se estendem para a instalação. Observa-se que a
maior parte das falhas que alcançam a fase de uso da edificação são causadas por informações
contraditórias ou inexistentes nos projetos (BERTO; DE PAULA; BÖTTGER, 2018).
2.1 GENERALIDADES SOBRE MEDIDAS DE SEGURANÇA CONTRA INCÊNDIO
A lei nº 12.929 (BAHIA, 2013) lista 21 medidas de segurança contra incêndio e pânico,
são elas:
I – Garantia de acesso emergencial de viatura do Corpo de Bombeiros Militar da Bahia
nas edificações ou nas áreas de risco;
II – Separação entre edificações para garantir que o incêndio proveniente de uma
edificação ou área de risco não se propague para outra;
III – Resistência ao fogo dos elementos estruturais e de compartimentação que integram
a construção ou fabricação das edificações e áreas de risco;
IV – Compartimentação adequada, a fim de impedir a propagação de incêndio para outros
ambientes da edificação e da área de risco no plano horizontal ou vertical;
V – Controle de materiais de acabamento e revestimento utilizados na construção ou
fabricação das edificações e áreas de risco, para reduzir a propagação do incêndio e da fumaça;
VI - Saídas de emergência em dimensões adequadas que possibilitem a evasão dos
indivíduos em segurança e o acesso do Corpo de Bombeiros Militar da Bahia para combater o
incêndio e retirar as pessoas que a ele estejam expostas;
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VII – Elevador de emergência em dimensões e especificações adequadas;
VIII – Controle de fumaça que se evite perigos de intoxicação e de falta de visibilidade
pela fumaça;
IX – Brigada de incêndio para atuar na prevenção e no combate a princípio de incêndio,
abandono de área e primeiros socorros;
XI – Sistema de iluminação de emergência, a fim de facilitar o acesso às rotas de saída
para abandono seguro da edificação e área de risco;
XII – Sistema de detecção automática e alarme de incêndio;
XIII – Sinalização de emergência destinada a alertar para os riscos de incêndio existentes
e orientar as ações de combate, facilitando a localização dos equipamentos;
XIV – Sistema de proteção por extintores de incêndio;
XV – Sistema de hidrantes e de mangotinhos para uso exclusivo em combate a incêndio;
XVI – Sistema de chuveiros automáticos;
XVII – Sistema de resfriamento;
XVIII – sistema de combate a incêndio por espuma para instalações de produção,
armazenamento, manipulação e distribuição de líquidos combustíveis e inflamáveis;
XIX – Sistema fixo de gases para combate a incêndio em locais cujo emprego de água ou
de outros agentes extintores não é indicado, haja vista a decorrência de riscos provenientes da
sua utilização;
XX – Sistema de proteção contra descargas atmosféricas;
XXI – Controle de fontes de ignição.
2.1.1 Medidas de proteção passiva
A proteção passiva contra incêndio é constituída por meios de proteção incorporados à
edificação que não requerem nenhum tipo de acionamento para o seu funcionamento em
situação de incêndio (MARCATTI; COELHO; BERQUÓ, 2008). Esses meios de proteção
atendem às necessidades dos usuários em situação normal de funcionamento do edifício, porém
em situação de incêndio têm um comportamento especial que retarda o crescimento do
incêndio, impede uma grande emissão de fumaça ou permite uma saída segura para os
ocupantes do prédio, entre tantas outras finalidades. São exemplos de proteção passiva o
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20
controle de materiais de acabamento e revestimento, proteção das rotas de fuga,
compartimentação e isolamento de risco (MARCATTI; COELHO; BERQUÓ, 2008).
As características do comportamento dos materiais construtivos diante do fogo podem
desempenhar papel preponderante na evolução de um eventual incêndio, dificultando ou
contribuindo para que um estágio crítico seja alcançado. Tais características dizem respeito à
facilidade com que os materiais sofrem ignição, à capacidade de sustentar a combustão, à
rapidez com que as chamas se propagam pelas superfícies, à quantidade e taxa de
desenvolvimento de fumaça e gases nocivos (MITIDIERI, 2008).
Um elemento construtivo pode ser analisado sob o aspecto da sua resistência ao fogo e
sob o aspecto da sua reação ao fogo. Segundo Silva, Vargas e Ono (2010), resistência ao fogo
trata da capacidade de um elemento construtivo de suportar os efeitos de um incêndio sem
deixar de exercer suas funções (estanqueidade, isolamento térmico, incolumidade). Já reação
ao fogo trata das características de combustão de elementos incorporados aos revestimentos e
acabamentos, como a velocidade de propagação do fogo na superfície de um dado material, a
quantidade de calor necessária para iniciar a ignição, quantidade de fumaça gerada, etc (SILVA;
VARGAS; ONO, 2010).
Além das características de reação ao fogo de materiais de acabamento e revestimento,
deve-se também conhecer a carga de incêndio específica da edificação. Esta, por sua vez, é a
soma das energias térmicas possíveis de serem liberadas na combustão completa de todos os
materiais combustíveis contidos em um espaço, inclusive os revestimentos de paredes,
divisórias, pisos e tetos (ONO; VENEZIA; VALENTIN, 2008). Por meio do cálculo da carga
de incêndio é possível estimar a severidade do incêndio na edificação. Os fabricantes de
materiais de construção devem estar aptos a fornecer tanto a carga de incêndio dos seus
produtos, como os índices de reação ao fogo deles para que se possa especificar materiais que
possuam melhor desempenho diante do fogo (ONO; VENEZIA; VALENTIN, 2008).
A compartimentação é uma das medidas de proteção passiva, cujo papel é impedir o
crescimento do incêndio em uma edificação por meio de barreiras resistentes ao fogo,
aumentando a segurança nas ações de abandono do prédio pelos ocupantes e combate a incêndio
(MARCATTI; COELHO; BERQUÓ, 2008). Compartimentar ambientes não significa isolá-los
uns dos outros, mas sim providenciar áreas e acessos pelos quais os ocupantes da edificação
possam sair com segurança. Ao se compartimentar uma área, deve-se prever também rotas
alternativas de saída e, por isso, a compartimentação interage com a questão das saídas de
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emergência. Uma área segura deve dar acesso a outra e assim sucessivamente, até se chegar ao
exterior do edifício (BERTO, 2012).
A compartimentação horizontal consiste em dividir a edificação em várias células no
plano horizontal, capazes de suportar o incêndio, impedindo a propagação do fogo para
ambientes adjacentes no mesmo pavimento. Para tanto, as paredes de compartimentação devem
apresentar resistência ao fogo compatível com a severidade do incêndio esperada e com a
estrutura do edifício (ONO; VENEZIA; VALENTIN, 2008). A Figura 1 mostra alguns detalhes
construtivos da compartimentação horizontal.
Figura 1 - Compartimentação horizontal
Fonte: Seito et al. (2008)
A compartimentação vertical consiste em dividir a edificação em pavimentos capazes de
suportar o incêndio, impedindo a sua propagação para pavimentos consecutivos. Um elemento
importante da compartimentação vertical é a laje dos pisos e de cobertura, que deve ser
projetada para suportar ao índice de resistência ao fogo previsto para a estrutura do edifício,
impedindo a propagação do fogo e o seu eventual colapso (ONO; VENEZIA; VALENTIN,
2008).
Segundo Costa (2012), para evitar a quebra da compartimentação, as escadas de
emergência devem ser protegidas por paredes de compartimentação e portas corta-fogo, além
de contar com sistema de pressurização. Costa (2012) também evidencia que é importante que
as escadas de saídas de emergência tenham um sistema de ventilação que expulse o ar do
compartimento assim que as portas corta-fogo forem abertas por quem está fugindo. Isso evita
a entrada de fogo e fumaça em seu interior.
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2.1.2 Medidas de proteção ativa
As medidas de proteção ativa vêm a complementar as medidas de proteção passiva, sendo
compostas basicamente de equipamentos e instalações prediais que serão acionadas em caso de
emergência, de forma manual ou automática, usualmente não exercendo nenhuma função em
situação normal de funcionamento da edificação (ONO; VENEZIA; VALENTIN, 2008).
Segundo Brentano (2007), a proteção ativa envolve todas as formas de detecção, de alarme e
de controle do crescimento do fogo até a chegada do corpo de bombeiros ou, então, a extinção
de um princípio de incêndio já instalado. Estas ações são executadas por equipamentos de
detecção, de alarme e de combate ao fogo, como sensores, detectores de fumaça e calor,
sistemas de hidrantes, mangotinhos e chuveiros automáticos (sprinklers), extintores de
incêndio, entre outros.
Campos (2013) afirma que os extintores portáteis fazem parte do sistema básico de
segurança contra incêndio em edificações e devem ter como características principais:
portabilidade, facilidade de uso, manejo e operação. A manutenção desses equipamentos
juntamente com o treinamento de pessoas para seu uso é fundamental para seu objetivo.
Nos casos em que o combate por extintores manuais se torna insuficiente, o sistema de
hidrantes deve ser acionado. Este é basicamente um sistema fixo de condução e distribuição de
tomadas de água com determinada pressão e vazão em uma edificação (SILVA; VARGAS;
ONO, 2010).Em seu trabalho, Ono (2000) analisa a importância da rede de hidrantes urbanos
para a proteção das cidades e propõe que seja feita uma classificação de risco em função do
zoneamento da cidade, para que se possa estabelecer a vazão mínima requerida para as
atividades dos bombeiros e o número de mangueiras necessárias para o combate efetivo.
Uma alternativa ao sistema de hidrantes prediais é o sistema de mangotinhos.
Recomenda-se a utilização deste sistema principalmente em locais onde a operação de combate
ao incêndio será efetuada por pessoas não-habilitadas, por exemplo, em um edifício residencial,
onde um morador pode precisar combater o incêndio (SILVA; VARGAS; ONO, 2010). A
Figura 2 ilustra o manuseio de hidrantes e mangotinhos.
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Figura 2 - Manuseio de hidrantes (ilustração superior) e mangotinhos (ilustração inferior)
Fonte: Silva et al. (2010)
2.2 PROJETO DE SEGURANÇA CONTRA INCÊNDIO EM EDIFÍCIOS ALTOS
A problemática do incêndio nos edifícios altos tende a ser amplificada devido às
dificuldades específicas inerentes a esse tipo de construção. A localização do incêndio, a rápida
saída dos ocupantes, o acesso ao edifício pelo exterior e a condução das operações de combate
e salvamento são ações que se tornam mais complexas, e que exigem cuidado redobrado tanto
no projeto quanto no edifício em funcionamento (ONO, 2007). Segundo Ono et al. (2008), as
medidas de proteção contra incêndio costumam ser mais rigorosas nesse tipo de edificação
devido às dificuldades que os seus ocupantes podem enfrentar no abandono, associadas
essencialmente ao fator tempo. Essas dificuldades incluem a necessidade de percorrer um
trajeto maior até atingir um local seguro fora da edificação e a possibilidade de exposição aos
efeitos do incêndio durante esse percurso (ONO; VENEZIA; VALENTIN, 2008).
O Decreto Estadual nº 16.302 (BAHIA, 2015) classifica as edificações, estruturas e áreas
de risco de acordo com a sua altura, de modo que alturas maiores do que 30 metros caracterizam
a edificação como área de risco alta. Para implementação de medidas de segurança contra
incêndio e pânico, a altura da edificação deve ser mensurada em metros, do piso mais baixo
ocupado ao piso do último pavimento.
De acordo com Cowlard et al. (2013), uma estratégia holística de segurança contra
incêndios para um edifício alto considera dois componentes principais: a estratégia de abandono
do edifício e o desempenho do mesmo. A estratégia de abandono está relacionada com a
definição do tempo necessário para evacuar com segurança todos os ocupantes do edifício. Já
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o desempenho do edifício diz respeito ao tempo em que a estrutura consegue suportar os efeitos
do fogo e que a compartimentação permanece funcional.
Em projetos comuns, tais componentes podem ser tratados separadamente, pois os tempos
associados à evacuação são da ordem de minutos, enquanto os tempos em que a estrutura
consegue manter seu desempenho são da ordem de horas (COWLARD et al., 2013). No entanto,
este não é o caso para edifícios altos, pois as grandes alturas combinadas com o número limitado
de rotas de fuga verticais resultam na necessidade de considerar esses dois componentes de
forma integrada (COWLARD et al., 2013).
Ronchi e Nilsson (2013) realizaram um estudo sobre o comportamento humano em
situações de evacuação de incêndio em edifícios altos, e identificaram que o tipo de uso do
edifício influencia na performance de evacuação. Os referidos autores constatam que em
prédios residenciais os ocupantes tendem a demorar mais para deixar sua propriedade, enquanto
que em edifícios empresariais as pessoas geralmente estão mais preparadas para abandonar o
prédio, os sistemas de combate a incêndio estão em bom estado e também costuma-se existir
brigadas de incêndio. Já em edifícios hospitalares, a presença de pessoas impossibilitadas de se
deslocarem é um desafio para o abandono do local (RONCHI; NILSSON, 2013).
No que diz respeito à evacuação, a segurança é medida pelo tempo necessário para que
todos os ocupantes atinjam o lado de fora de um edifício. A altura de muitos edifícios modernos
combinada com o número limitado de rotas de fuga verticais prolonga os tempos de
deslocamento, de modo que as escadas precisam se comportar como o “lado de fora”
(COWLARD et al., 2013). Isso significa que devem ser projetadas para serem uma zona segura,
de modo a garantir a segurança dos ocupantes e permitir trânsito para um local de refúgio,
dentro ou fora do edifício (COWLARD et al., 2013).
Ono (2007) realizou a análise de projetos de proteção passiva contra incêndio em seis
edifícios altos e conseguiu identificar que no item de adequação dos acessos, das saídas e das
áreas de descarga e eventuais áreas de refúgio, quanto às suas propriedades de isolamento,
dimensionamento e quantidade, apenas três edifícios apresentaram evidência clara da previsão
de item no projeto e implantação eficaz na obra.
2.3 SAÍDAS DE EMERGÊNCIA
Dentre as medidas de proteção passiva, o projeto de saídas de emergência é fundamental.
No caso de um incêndio é necessário que os usuários tenham a possibilidade de sair do edifício
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por meios próprios, utilizando rotas de fuga seguras e livres dos efeitos do fogo (calor, fumaça
e gases) (SILVA; VARGAS; ONO, 2010). O projeto dos meios de fuga é um processo
complexo e requer o estabelecimento das necessidades dos ocupantes. Os fatores importantes
são o tamanho do edifício, o seu uso, o número de ocupantes, sua condição física e sua
familiaridade com os arredores (MALHOTRA, 1993).
Segundo Berto et al. (2018), a norma ABNT NBR 9077 (2001) que trata de saídas de
emergência apresenta algumas omissões importantes, pois não aborda aspectos como
necessidade de definição de planos de abandono baseados em estratégias plausíveis,
necessidade de treinamento da população para o abandono, consideração em projeto do tempo
necessário para o abandono associado à possibilidade de ocorrência de congestionamentos, etc.
Berto et al. (2018) comentam ainda que a NBR 9077 (ABNT, 2001) passa atualmente por um
processo de revisão, tendo como referência a norma britânica BS 9999 – Code of practice for
fire safety in the design, management and use of buildings. Por isto, cria-se a expectativa de
que, uma vez concluída a revisão, tais deficiências possam ser corrigidas.
A Instrução Técnica Nº. 11 do Corpo de Bombeiros Militar do Estado da Bahia (BAHIA,
2016) tem como objetivo estabelecer os requisitos mínimos necessários para o
dimensionamento das saídas de emergência, para que sua população possa abandonar a
edificação, em caso de incêndio ou pânico, completamente protegida em sua integridade física
e permitir o acesso de guarnições de bombeiros para o combate ao fogo ou retirada de pessoas.
Essa Instrução Técnica estabelece que a saída de emergência é formada pelos seguintes
elementos:
a. Acessos ou corredores;
b. Rotas de saídas horizontais, quando houver, e respectivas portas ou espaço livre
exterior, nas edificações térreas ou no pavimento de saída/descarga das pessoas nas
edificações com mais de um pavimento;
c. Escadas ou rampas;
d. Descarga;
e. Elevador de emergência.
Dentre as condições que os acessos devem satisfazer estão: permitir o escoamento fácil
de todos os ocupantes da edificação, permanecer desobstruídos em todos os pavimentos, ter
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largura dimensionada em função do número de pessoas que por eles vão transitar, ser
sinalizados e iluminados, etc (BAHIA, 2016).
Com relação às rampas, a Instrução Técnica Nº 11 (BAHIA, 2016) estabelece requisitos
relacionados ao seu dimensionamento, comprimento de patamares, necessidade de guarda-
corpo e corrimão, etc. Já com relação às escadas, a IT Nº 11 estabelece requisitos de largura,
dimensionamento de degraus e patamares, tipos de paredes utilizadas nas caixas das escadas,
etc. Os tipos de escadas existentes são: escadas não enclausuradas ou escada comum, escadas
enclausuradas protegidas, escadas enclausuradas à prova de fumaça, escadas à prova de fumaça
pressurizadas e escada aberta externa, sendo que para cada uma dessas escadas a norma dispõe
de exigências específicas (BAHIA, 2016).
O processo de fuga pode ser concluído em um estágio, como na maioria dos edifícios, ou
pode ser progressivo, saindo da zona de fogo para uma área parcialmente protegida, até chegar
em uma área totalmente protegida e, finalmente, para o lado de fora (MALHOTRA, 1993). Em
edifícios complexos, a evacuação total do edifício pode não ser necessária e nem desejável.
Nesses casos, o conceito de evacuação faseada pode ser utilizado retirando os ocupantes do piso
em que o incêndio ocorreu e um andar acima. Em tais casos, é necessário ter algumas
precauções adicionais, e o resto dos ocupantes devem se manter em um estado de alerta e
sempre prontos para sair caso o fogo não seja controlado (MALHOTRA, 1993).
Para que qualquer estratégia de evacuação seja bem-sucedida, as escadas devem
permanecer livres de fumaça e calor, e toda a estrutura do edifício deve manter o seu
desempenho (VALENTIN; ONO, 2006). Sem proteção adequada, o número e a largura das
escadas são aspectos irrelevantes, pois escadarias fumegantes são inutilizáveis e a estratégia de
segurança contra incêndios é, portanto, nula (COWLARD et al., 2013).
As escadas de segurança são aquelas enclausuradas por paredes resistentes ao fogo e
portas corta-fogo para evitar a propagação de calor e fumaça por meio da caixa da escada, além
de proteger os seus usuários dos efeitos do incêndio (SILVA; VARGAS; ONO, 2010). A escada
pressurizada, por sua vez, é uma escada de segurança provida de um sistema mecânico de
pressurização do ambiente da caixa de escada (SILVA; VARGAS; ONO, 2010). De acordo
com a norma ABNT NBR 14880 (2014) – Escadas de segurança – Controle de fumaça por
pressurização, a instalação do sistema de pressurização é recomendada para escadas que se
enquadram na categoria definida na norma ABNT NBR 9077 (2001) – Saídas de emergência
em edifícios, como Escadas à Prova de Fumaça (PF), cuja condição de estanqueidade à fumaça
seja obtida por meio da pressurização (BERTO; DE PAULA; BÖTTGER, 2019).
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Quando a escada está com a densidade populacional elevada, o nível de oxigênio do
ambiente diminui devido às trocas de ar originadas pela respiração de seus ocupantes, tornando
o ambiente abafado e saturado. Com a injeção de ar renovado pelo sistema de pressurização, as
pessoas conseguem vencer o percurso da escada em condições satisfatórias de segurança e
conforto (ABOLINS; BIANCHINI; NOMELLINI, 2008). A pressurização de escadas também
é benéfica por tornar a pressão existente no corpo da escada superior ao hall de circulação,
evitando a penetração de fumaça na escada mesmo com uma porta aberta (ABOLINS;
BIANCHINI; NOMELLINI, 2008).
Dessa forma, percebe-se que o correto dimensionamento de saídas de emergência é
importantíssimo para a preservação de vidas no interior da edificação e para possibilitar o
acesso dos bombeiros em caso de incêndios. Como foi visto, atualmente são diversas as
variáveis que devem ser consideradas na elaboração do projeto de saídas de emergência, como
população, altura do edifício, tipo de escada, dimensionamento de degraus, dentre outros. A
verificação e ajustes desses e de outros requisitos normativos fazem parte da análise crítica e
compatibilização de projetos, atividade que pode se beneficiar com o uso do BIM para reduzir
erros e aumentar sua confiabilidade.
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3 IMPLICAÇÕES DO BUILDING INFORMATION MODELING NA
COORDENAÇÃO DE PROJETOS
Esse capítulo de revisão da literatura irá abordar os atuais problemas do processo de
coordenação de projetos de construção, o processo de projetos em BIM, a etapa de
compatibilização de projetos em BIM, e um nicho de estudo ainda pouco explorado dentro
dessa temática, que é a verificação automática de regras.
3.1 PROBLEMAS NA COORDENAÇÃO DE PROJETOS DE CONSTRUÇÃO
A coordenação de projetos é uma atividade voltada à integração dos requisitos e das
decisões de projeto. A coordenação deve ser exercida durante todo o processo de projeto e tem
como objetivo fomentar a interatividade entre os membros da equipe e melhorar a qualidade
dos projetos assim desenvolvidos (MELHADO et al., 2006). Esse processo tem características
inerentes quanto ao tratamento do fluxo de informações, pois considera a existência de
múltiplas entradas, diversidade de requisitos técnicos a serem cumpridos e diversidade de
produtos gerados, em um ambiente de trabalho moldado por relações interpessoais dos
especialistas envolvidos (FARINA; COELHO, 2015).
Ao longo o processo de projeto, vários projetistas, consultores e agentes do
empreendimento são mobilizados (FABRICIO, 2002). Os representantes de várias equipes de
projetos independentes se reúnem temporariamente para estabelecer parâmetros, visando
compatibilizar os diferentes projetos necessários para a execução de um mesmo edifício. A
intenção é minimizar ou eliminar possíveis conflitos entre os diversos projetos, e realizar
melhores projetos específicos respectivamente em cada área de competência (FLORIO, 2007).
O problema desse processo de coordenação sequencial e centralizado é que as decisões
acabam sendo hierarquizadas entre os profissionais, com um único líder assumindo a
responsabilidade de coordenar o desenvolvimento de processo e compatibilizar os projetos.
Esse processo centralizado acarreta o risco tanto de diminuir o desempenho do produto como
de reduzir possíveis contribuições e compromisso dos outros participantes, pois estes acabam
percebendo sua menor influência nos processos decisórios. Consequentemente, essa
compartimentação das responsabilidades desestimula a participação e possíveis e preciosas
contribuições que residem nos conhecimentos e experiências de cada profissional (FLORIO,
2007).
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Por outro lado, a colaboração exige que os profissionais trabalhem juntos livremente,
extraindo o máximo de seu potencial de conhecimentos e experiências. No projeto colaborativo
em rede, os profissionais podem trocar informações sobre seus respectivos projetos de um modo
mais ágil em prazos menores (FLORIO, 2007). O controlador hierárquico é substituído por um
facilitador que recebe e transmite informações, cujo papel passa a ser de certificar que as
contribuições individuais sejam acatadas, enriquecendo a solução do produto a partir dos
conhecimentos e sugestões de todos os participantes do processo. No projeto colaborativo as
responsabilidades, riscos e sucessos são distribuídos por todos os participantes (FLORIO,
2007).
De acordo com a Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) (2017), em
um projeto baseado nos métodos tradicionais de desenho (CAD), seja em 2D ou 3D, o produto
é uma representação gráfica de desenhos e informações da proposta projetada para direcionar
as próximas fases de um empreendimento, através da coordenação das partes e profissionais
envolvidos em cada etapa de forma consecutiva e assíncrona. Por outro lado, no processo de
projeto com adoção do Building Information Modeling (BIM), o produto é uma reprodução
virtual dos objetos reais através de modelos contendo parâmetros e informações que vão além
da representação geométrica e engloba dados externos e dados dos processos de execução
(ABDI, 2017).
3.2 O PROCESSO DE PROJETOS EM BIM
Building Information Modeling (BIM) ou Modelagem da Informação na Construção é
definido por Czmoch e Pekala (2014) como uma tecnologia baseada em um modelo 3D virtual
da construção que funciona como a principal fonte de informações sobre o projeto. Além do
aumento da produtividade, outros benefícios apresentados pela adoção do BIM são a
distribuição compartilhada de informações e a integração dos projetos em modelo único
(HILGENBERG et al., 2012). O BIM representa um novo paradigma na indústria da construção
por estimular a integração entre os intervenientes de um projeto, fazendo com que adquiram
maior harmonia e eficiência (AZHAR; KHALFAN; MAQSOOD, 2012).
Eastman et al. (2008) definem BIM como a aplicação de tecnologias de modelagem e
conjunto associado de processos para produzir, comunicar e analisar modelos de construção.
Modelos BIM são caracterizados por componentes de construção representados como objetos
inteligentes que incorporam dados que descrevem como eles se comportam. São modelos que
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apresentam informações coordenadas, consistentes e não redundantes (EASTMAN et al.,
2008).
Ao contrário dos programas convencionalmente utilizados para desenvolvimento de
projetos (CAD geométricos), em que as alterações são corrigidas manualmente, os softwares
BIM possibilitam alterações dinâmicas no modelo. A visualização das informações neste
modelo se dá através de elementos tridimensionais paramétricos, com modificações
automáticas e interativas por alterações em qualquer uma das vistas (HILGENBERG et al.,
2012).
O processo de projeto BIM diferencia-se do desenvolvimento de projetos em CAD por
diversos fatores, sendo o mais importante o fato de que as atividades de coordenação e
compatibilização ocorrem antes da emissão dos documentos de cada disciplina. Através da
análise do modelo virtual da construção é possível identificar problemas, corrigi-los e analisar
a construtibilidade de cada proposta, selecionando as de melhor custo-benefício. A
documentação é emitida apenas depois da eliminação dos conflitos. Um aspecto
importantíssimo é que a documentação de projeto é gerada a partir do modelo BIM, sendo
preservada a coerência entre ambos (ABDI, 2017).
De acordo com a ABDI (2017), o processo de projeto BIM tem sido classificado como
uma inovação disruptiva, pois altera as soluções técnicas profundamente, levando a novas
soluções e abordagens do mercado. À medida em que isto evolui, novos mercados podem ser
criados, o que o transforma em uma inovação radical. Entretanto, segundo Olegário et al. (2018)
a utilização do BIM não exclui a necessidade de um coordenador de projetos. Ele funciona
como um agente que facilita e integra todos os tipos de projetos, sendo ainda necessária a sua
participação para direcionar o trabalho de todos os projetistas envolvidos.
Olegário et al. (2018) analisaram a relação do coordenador de projetos com o BIM e
observaram que plataformas BIM auxiliam o coordenador de projetos nas análises e
compatibilizações, facilitando a gestão de pessoas e determinando um novo ritmo de trabalho.
Devido a isso, o BIM exige do coordenador mais agilidade, vivacidade e perspicácia com o
processo de trabalho. Além disso, requer também um maior domínio de softwares e experiência
no processo construtivo, para que seja possível o uso correto de ferramentas BIM (OLEGÁRIO
et al., 2018).
Andery e Lima (2018) apresentaram um diagnóstico sobre o processo de projeto de
Sistemas Hidrossanitários Prediais (SHP) em empreendimentos nos quais o BIM foi
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introduzido como método e ferramenta de projeto. Os referidos autores identificaram que os
projetistas de SHP possuem conhecimento avançado em relação ao conceito BIM, mas apesar
disso, têm aplicado o BIM somente em forma de teste. Esse comportamento pode ser associado
ao fato de que as construtoras são os maiores clientes dos projetistas de SHP entrevistados e
elas apresentam o menor grau de adoção do BIM, dificultando a aplicação do mesmo
(ANDERY; LIMA, 2018).
Atualmente, o mercado brasileiro da construção ainda se encontra dominado por
processos tradicionais de projeto. Contudo, o desenvolvimento de projetos em BIM já vem
sendo exigido em licitações públicas no país, a exemplo de outros países do mundo. Assim, é
urgente a capacitação de profissionais e contratantes para trabalhar com esse novo conjunto de
tecnologias de projeto e processos de gestão vinculados ao BIM (ABDI, 2017).
3.2.1 Compatibilização de projetos em BIM
No processo de projetos em BIM, por se analisar um modelo que de fato é uma construção
virtual, ainda que com maior ou menor nível de detalhe conforme o nível de desenvolvimento
do projeto1, os eventuais conflitos entre diferentes elementos e disciplinas são facilmente
evidenciados, de modo que é possível evitar que estas interferências aconteçam e buscar
soluções de execução otimizadas. O projeto desenvolve-se de maneira coordenada e
colaborativa, idealmente com todos os seus elementos das diferentes disciplinas
compatibilizados entre si (ABDI, 2017).
As ferramentas BIM de detecção de interferências (clash detection) permitem que os
choques sejam verificados seletivamente e automaticamente entre componentes dos sistemas
especificados (EASTMAN et al., 2008). Um choque físico entre dois componentes que ocupam
o mesmo espaço é o problema mais óbvio, e é denominado hard clash (CZMOCH; PEKALA,
2014). Conflitos suaves ou soft clashes ocorrem quando os componentes estão posicionados
muito perto um do outro, embora não tenha contato físico, como vergalhões que estão muito
perto para permitir a colocação adequada de concreto, ou tubos que necessitam de espaço
adequado de isolamento (EASTMAN et al., 2008).
Na modelagem BIM, os elementos construtivos são paramétricos, interconectados e
integrados. Com o aprimoramento das capacidades de parametrização contidas nos programas
1 O nível de desenvolvimento de um modelo é uma referência que possibilita que os agentes atuantes na indústria
da construção civil especifiquem e articulem, com clareza, os conteúdos e níveis de confiabilidade de modelos
BIM (CBIC, 2016).
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gráficos, é possível alterar seus componentes já modelados e obter atualizações instantâneas
que repercutem em todo o projeto. A consequência disso é a diminuição dos conflitos entre
elementos construtivos, a facilitação das revisões de projeto e o aumento da produtividade
(FLORIO, 2007).
Romero e Scheer (2009) realizaram um estudo no qual verificaram, dentro da legislação
municipal, quais as relevâncias de uma análise de projeto dentro de uma estrutura de dados no
formato BIM, procurando tornar a aprovação de projetos um serviço mais ágil. Os referidos
autores consideraram que a modelagem BIM pode proporcionar agilidade no licenciamento de
projetos dentro da prefeitura, graças à correção e análise imediata de determinados aspectos,
não necessitando a volta do projeto para o projetista corrigir ou elaborar dados faltantes neste
(ROMERO; SCHEER, 2009).
A compatibilização geométrica no universo BIM talvez seja um dos atributos mais
conhecidos na prática atual. Entretanto, o aspecto da verificação da compatibilização baseada
em regras abre a possibilidade de estudos voltados para o atendimento às normas e a requisitos
do usuário de maneira automática, ampliando potencialmente o uso do BIM para as fases
iniciais do processo de projeto e instrumentalizando adequadamente a atividade de análise de
projetos (MANZIONE, 2013).
3.3 VERIFICAÇÃO AUTOMÁTICA DE REGRAS
A revisão de projeto é o processo de avaliação de um projeto em relação aos seus
requisitos para verificar a qualidade e desempenho do mesmo, identificando problemas antes
que a construção ocorra (NAWARI, 2019). Atualmente, a indústria de AEC está se tornando
cada vez mais sofisticada, fazendo com que o processo de análise de projetos se torne cada vez
mais complicado, tanto para projetistas quanto para órgãos que emitem licenças para construção
(SILVA; ARANTES, 2017). Visando mitigar tais problemas, iniciativas para auxiliar o
licenciamento de projetos têm evidenciado ganhos e benefícios a partir da automatização da
verificação de conformidades (REINHARDT; MATTHEWS, 2017). França (2018) lista,
conforme apresentado no Quadro 1, as principais iniciativas desenvolvidas no âmbito da
verificação automática de regras, sendo que a maior parte delas ainda se encontra em
desenvolvimento.
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Quadro 1 - Iniciativas desenvolvidas no âmbito da verificação automática de regras
País Tipo de uso Projeto Plataforma/software
Singapura Códigos de construção Corenet FORNAX
Noruega Acessibilidade Stasbygg SMC
Estados Unidos Códigos de construção ICC SMARTcodes
Austrália Acessibilidade Design Check EDM
Portugal Sistemas hidráulicos LiCA LiCA
Canadá Códigos de construção ACCBEP Rule Engine
Coreia Prevenção contra incêndio Seumter ArchiBIM Server
Estados Unidos Circulação e segurança GSA SMC
Fonte: França (2018)
Diversos projetos de pesquisa em todo o mundo visam desenvolver métodos e tecnologias
auxiliados por computador para automatizar aspectos do processo de verificação de projetos
(BEACH; REZGUI; KASIM, 2015; LI, 2015; PAUWELS; ZHANG, 2015). Com auxílio de
tais ferramentas, o esforço manual necessário para a verificação da conformidade do projeto
com as normas pode ser drasticamente reduzido, fornecendo assim uma contribuição
fundamental para aumentar a eficiência dos processos de projeto, automatizando-se etapas de
verificação e de documentação das tomadas de decisão (PREIDEL; BORRMANN, 2016). Ao
otimizar esta parte do processo, libera-se tempo e esforço para as demais fases, das que
envolvem processos criativos às que envolvem a verificação de outros requisitos, como os de
diminuição do impacto ambiental (PEREIRA; AMORIM, 2014).
A detecção de incompatibilidades de projeto (clash detection), assim como a verificação
automatizada de normativas e regulamentações (automated code checking), baseia-se na
possibilidade da verificação automática de um modelo BIM frente a um conjunto de regras
previamente estabelecido, através de softwares específicos para este fim. Como mostra a Figura
3, uma regra é basicamente uma questão lógica simples respondida com “sim”, “não” ou “não
verificado” se não puder funcionar devido à falta de informações (HJELSETH, 2015). A
verificação automática de regras utiliza como entrada informações do modelo BIM, tais como
geometria, texto, números e relações. O software para verificação de regras inclui o serviço e a
função de permitir a importação de arquivos BIM, o processamento das regras e a apresentação
de resultados (KEHL; ISATTO, 2015; HJELSETH, 2015).
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Figura 3 - Princípio da verificação de uma regra em projeto BIM
Fonte: Adaptado de Hjelseth (2015)
Atualmente existem disponíveis três plataformas suficientemente desenvolvidas para
aplicação direta da verificação automática de regras, todas elas utilizando modelos de
informação em formato IFC. São elas: Solibri Model Checker, Jotne EDModelChecker e
Fornax (FRANÇA, 2018).
Diversos estudos estão focados na verificação automática de projetos, sendo que muitos
deles utilizam softwares conhecidos como “caixa preta”, que funcionam por regras pré-
programadas, tais como o Solibri Model Checker. Nesses softwares, depois que a estrutura da
regra tiver sido codificada, ela estará disponível para vários projetos semelhantes. Nawari
(2019) identifica na literatura três tipos de plataformas para verificação automática de regras:
Software que funciona como um plug-in integrado a uma ferramenta de
modelagem específica, que permite verificar o modelo durante a modelagem;
Software independente das ferramentas de modelagem, como por exemplo a
plataforma Solibri Model Checker (SMC);
Aplicativo da web que pode estar disponível para verificar projetos online de
várias fontes.
Como a verificação automática de regras não é um recurso comum nos softwares de
modelagem BIM atuais, alguns aplicativos dedicados podem ser usados para essa finalidade. A
plataforma do Solibri Model Checker (SMC) é atualmente uma das mais utilizadas no mundo
para a realização de verificações automáticas de modelos BIM. O software tem como
funcionalidades analisar modelos BIM com um conjunto de regras para identificar e avisar
potenciais problemas, conflitos ou violações que possam vir a existir num determinado projeto.
O SMC possui uma série de templates de regras prontos que podem ser customizados pelo
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usuário. Porém, a construção de novos templates ou modificações dos existentes só pode ser
realizada pelos desenvolvedores (SILVA; ARANTES, 2017).
O fato da maioria dos softwares comerciais existentes para a análise de modelos
funcionarem por regras pré-programadas, descarta a necessidade de conhecimentos de
programação por parte do utilizador. Por outro lado, tais aplicações tornam-se dependentes das
regras que são fornecidas, não permitindo que os utilizadores criem as suas próprias e não se
adaptando a novas regulamentações que podem vir a surgir (RODRIGUES et al., 2015;
MARTINS; RANGEL; ABRANTES, 2016).
Outro desafio encontrado está na questão da interoperabilidade. Uma vez que os métodos
BIM não são limitados pela adoção de um único software por todos os usuários, é necessário
estabelecer um conjunto de formatos padrão que viabilizem a troca de informações entre
aplicativos, como o IFC, por exemplo (MARTINS; RANGEL; ABRANTES, 2016). Entretanto,
esses formatos estão em evolução contínua, e não são totalmente compatíveis com os diferentes
softwares de modelagem, de modo que sempre haverá alguma perda de informação no processo
de exportação do formato nativo para o IFC (MARTINS; RANGEL; ABRANTES, 2016).
Rodrigues et al. (2015) realizaram um estudo sobre a aplicação de ferramentas de
verificação automática de modelos BIM para a avaliação de projetos de edifícios, tendo em
conta as disposições previstas em normas técnicas para a melhoria da acessibilidade das pessoas
com mobilidade condicionada. Segundo os referidos autores, a implementação de
procedimentos de verificação automática neste domínio depende de três condições essenciais:
(i) disponibilidade de software adequado; (ii) garantia de que os modelos BIM sejam
desenvolvidos de acordo com regras que garantam a sua validade semântica; (iii) que o
regulamento seja revisto de modo a eliminar condições cuja verificação seja incompatível ou
inviável devido à presença de expressões ambíguas no texto legal (RODRIGUES et al., 2015).
Ferramentas baseadas em Visual Programming Language (VPL), ou linguagem visual de
programação, permitem codificar os passos para criação de um projeto e processá-los para gerar
modelos 3D (WAHBEH, 2017). Dentre as ferramentas de modelagem algorítmica mais
difundidas que podem ser conectadas com plataformas BIM tem-se o Grasshopper, que é um
plug in para o Rhino, podendo ser conectado também ao ArchiCAD; o Dynamo, que é um plug
in para o Revit; e o Marionette, disponível nativamente para o Vectorworks (WAHBEH, 2017).
Em linguagens de programação textuais, os usuários têm que primeiramente aprender a
sintaxe da linguagem para serem capazes de codificar programas. Em ferramentas VPL, os
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programas são construídos usando diagramas chamados gráficos, que são compostos por
elementos chamados nós. Quando o usuário cria um gráfico, indiretamente ele produz códigos
de programação ocultos nos nós do gráfico (MONTEIRO, 2016). Dessa forma, as ferramentas
VPL oferecem uma interface humano-computador mais amigável para facilitar o aprendizado
e uso da linguagem de programação, fazendo com que profissionais de AEC com pouca ou
nenhuma habilidade de programação possam desenvolver rotinas de verificação de regras de
acordo com suas necessidades (MARTINS; RANGEL; ABRANTES, 2016).
Ferreira et al. (2017) utilizaram o software de programação visual Dynamo com o
objetivo de avaliar a sua aplicabilidade para a verificação automática de critérios de
acessibilidade com o uso de regras. Os referidos autores compreendem o Dynamo como uma
nova plataforma para a verificação automática de critérios de acessibilidade, trazendo
economias em todo processo da construção, desde a redução de falhas e tempo de verificação,
até a maior confiabilidade e possível diminuição do custo global da obra (FERREIRA et al.,
2017).
Muitas ferramentas de VPL, além de tirarem proveito de linguagens de programação
visuais também oferecem algum suporte a linguagens de programação textual. O Dynamo
suporta nós de código, que são elementos que podem conter pequenos programas escritos numa
linguagem pedagógica de programação, como o Python (FERREIRA; LEITÃO, 2016).
Monteiro (2016) explica a necessidade de utilizar linguagens de programação textual em
ferramentas VPL. Segundo o referido autor, algumas estruturas de controle triviais em
linguagens de programação textuais, como estruturas de tomada de decisão (if-then) e repetição
(looping), ou não estão presentes ou não são eficientes usando recursos nativos da ferramenta
VPL. Dessa forma, se for necessário usar várias tomadas de decisão e estruturas de repetição
dentro de um programa desenvolvido em VPL, o gráfico pode se tornar muito complicado e
difícil de ler, podendo dificultar futuras manutenções do programa (MONTEIRO, 2016).
Silva et al. (2017) utilizaram o Dynamo para simular e estimar o desempenho acústico de
paredes de divisória de edificações habitacionais e com base na Norma de Desempenho. Para
otimizar a criação das rotinas, reduzindo a quantidade de funções a serem criadas no Dynamo,
e reduzir tempos de processamento, os referidos autores implementaram um código em Python.
Os autores consideram que essa medida foi benéfica para cobrir a verificação de um número
maior de famílias do modelo (SILVA et al., 2017).
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A partir da revisão bibliográfica realizada, percebe-se que, ao mesmo tempo que a
verificação de regras tem sido bastante demandada por órgãos e instituições em todo o mundo,
devido aos seus benefícios para a análise e aprovação de projetos, a comunidade acadêmica
aponta que há uma carência de softwares comerciais suficientemente desenvolvidos para essa
finalidade. Devido a essa falta de opções, muitos estudos têm focado na utilização de linguagens
de programação para converter requisitos normativos em códigos que possam ser lidos por
computadores. Segundo Solihin et al. (2018) ainda não há uma linguagem de programação ou
ferramenta ideal para dar suporte à verificação de regras, mas as linguagens de programação
visual têm mostrado muito potencial para esta finalidade, mesmo que atualmente sejam
suportados apenas em sistemas nativos proprietários. Solihin et al. (2018) complementam que
as linguagens VPL podem dar origem a sistemas de verificação de regras user-friendly muito
promissores.
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4 MÉTODO
Neste capítulo será apresentado o método de pesquisa utilizado nesse trabalho.
Primeiramente será explicada qual estratégia de pesquisa foi utilizada, depois será apresentado
o delineamento da pesquisa, e em seguida cada etapa da pesquisa será explicada mais
detalhadamente.
4.1 ESTRATÉGIA DE PESQUISA
Segundo Yin (2001), para escolher uma estratégia de pesquisa é necessário avaliar três
condições: (a) o tipo de questão de pesquisa proposto, (b) a extensão de controle que o
pesquisador tem sobre eventos comportamentais efetivos e (c) o grau de enfoque em
acontecimentos históricos em oposição a acontecimentos contemporâneos.
A definição das questões de pesquisa é uma das primeiras decisões a se tomar ao realizar
uma pesquisa, e, provavelmente, é uma das etapas mais importantes de todo o processo. A partir
da questão principal de pesquisa é possível obter indícios sobre a linha de investigação de um
determinado trabalho (YIN, 2001). Assim, observando a questão de pesquisa do presente
trabalho, se infere que o mesmo terá um forte caráter explanatório. Neste trabalho, também não
será possível exercer um controle significativo sobre as variáveis e eventos que venham a surgir
no decorrer da pesquisa. Além disso, o fenômeno a ser estudado é contemporâneo e será
descrito levando-se em consideração o contexto no qual está inserido.
Dessa forma, a estratégia de pesquisa escolhida para este trabalho foi o estudo de caso,
definido por Yin (2001) como uma investigação empírica de um fenômeno contemporâneo
dentro do seu contexto da vida real, especialmente quando os limites entre o fenômeno e o
contexto não estão claramente definidos.
4.2 DELINEAMENTO DA PESQUISA
O estudo foi conduzido através das seguintes etapas: revisão bibliográfica, obtenção de
conhecimento teórico e prático sobre o tema, realização do estudo de caso e, por fim, análise
de resultados, como mostra a Figura 4.
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Figura 4 - Delineamento da pesquisa
Fonte: a autora (2019)
4.3 DETALHAMENTO DAS ETAPAS DA PESQUISA
4.3.1 Revisão da literatura
Foi realizada uma revisão da literatura com o objetivo de obter conhecimento teórico das
diretrizes que norteiam o projeto de segurança contra incêndio e sobre o uso do BIM para
coordenação de projetos. A revisão da literatura também teve grande importância no
desenvolvimento do problema, objetivo e questões de pesquisa, pois através da leitura de
artigos, teses e dissertações foi possível identificar o estado da arte sobre o uso das tecnologias
propostas e de que maneira este estudo poderia contribuir para essa área do conhecimento.
4.3.2 Obtenção de conhecimento teórico e pr