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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA ESCOLA POLITÉCNICA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA INDUSTRIAL - PEI TITO BRITTO SANTOS ANÁLISE DAS EMISSÕES GASOSAS E DESEMPENHO DE GRUPO GERADOR OPERANDO COM COMBUSTÍVEIS DE MISTURA DIESEL E BIODIESEL Salvador 2014

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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA

ESCOLA POLITÉCNICA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA INDUSTRIAL - PEI

TITO BRITTO SANTOS

ANÁLISE DAS EMISSÕES GASOSAS E DESEMPENHO DE GRUPO GERADOR

OPERANDO COM COMBUSTÍVEIS DE MISTURA DIESEL E BIODIESEL

Salvador

2014

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S237 Santos, Tito Brito.

Análise das emissões gasosas e desempenho de grupo

gerador operando com combustíveis de mistura diesel e

biodiesel / Tito Brito Santos. – Salvador, 2014.

132 f. : il. color.

Orientador: Prof. Dr. Ednildo Andrade Torres.

Co-orientador: Prof. Dr. Vitor Pinheiro Ferreira.

Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal da Bahia.

Escola Politécnica, 2014.

1. Biodiesel. 2. Diesel. 3. Desempenho. 4. Emissão. I.

Torres, Ednildo Andrade. II. Ferreira, Vitor Pinheiro. III.

Universidade Federal da Bahia. IV. Título.

CDD: 665.37

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TITO BRITTO SANTOS

ANÁLISE DAS EMISSÕES GASOSAS E DESEMPENHO DE GRUPO GERADOR

OPERANDO COM COMBUSTÍVEIS DE MISTURA DIESEL E BIODIESEL

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-graduação em

Engenharia Industrial, da Universidade Federal da Bahia, como

requisito para obtenção do grau de Mestre.

Orientador: Prof. Dr. Ednildo Andrade Torres

Co-orientador: Prof. Dr. Vitor Pinheiro Ferreira

Salvador

2014

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Em primeiro lugar este trabalho é dedicado a Deus, pois Dele vem a minha

força e inspiração para seguir em frente. Dedico também a toda minha família, em

especial aos incríveis pais e ao meu irmão, razão de grande agradecimento. A incrível

esposa pelo apoio verdadeiro, devidos aos ensinamentos e crescimento juntos. E por

fim, porém não menos importante ao meu filho Davi, minha fonte de alegria e

motivação.

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AGRADECIMENTOS

Ao Prof. Dr. Ednildo Andrade Torres pela oportunidade e conselhos compartilhados.

Ao Prof. Dr. Vitor Pinheiro Ferreira pelas informações valiosas compartilhadas e pelo

grande auxílio prestado.

Aos colegas e amigos, adquiridos durante a estadia no Programa de Engenharia

Industrial da UFBA, pela convivência e por todos os momentos compartilhados.

À CAPES pela concessão de bolsa, bem como o auxílio provido pelas instituições

CNPq e Fapesb para a realização de diversas pesquisas nos laboratórios da UFBA

utilizados neste estudo.

Aos integrantes dos seguintes grupos pertencentes a Universidade Federal da Bahia

– UFBA: Cienam - Centro Interdisciplinar de Energia e Ambiente; Laboratório de

Reações Químicas; LAPO - Laboratório de Propriedades Óticas; e Laboratório de

Energia e Gás. Como também a empresa A Geradora, no ramo de aluguel de

geradores e equipamentos, pela doação do grupo gerador utilizado nestes estudos à

UFBA. Agradecimentos à Petrobahia pela disponibilização dos combustíveis.

Por fim, à todos os professores da Universidade Federal da Bahia e do Programa de

Pós-graduação em Engenharia Industrial da UFBA que contribuíram para a formação

e disseminação do conhecimento.

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“E ainda que tivesse o dom de profecia, e conhecesse todos os mistérios e toda a

ciência, e ainda que tivesse toda a fé, de maneira tal que transportasse os montes, e

não tivesse amor, nada seria”

(Paulo - 1 Coríntios 13:2)

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SANTOS, Tito Britto. Análise de Emissão e Desempenho de Grupo Gerador

Operando com Combustíveis de Mistura Diesel-Biodiesel. 137f. 2014.

Dissertação (Mestrado), Universidade Federal da Bahia, Salvador, 2014.

RESUMO

Este estudo investigou as emissões de poluentes e o desempenho de um grupo

gerador do ciclo diesel estacionário, com a utilização de diferentes proporções de

diesel e biodiesel. As misturas foram realizadas com diesel de baixo teor de enxofre e

com biodiesel, compondo as proporções de B5, B25, B50, B75 e B100. Para medição

de material particulado foi desenvolvido um sistema de coleta específico para este

estudo, o qual demonstrou ser uma alternativa funcional quando aplicado em motores

a diesel de médio/grande porte. Foram encontrados resultados e padrões diferentes

na baixa e na média carga simuladas no experimento. Para a emissão de material

particulado (MP), foi verificada uma redução gradativa, à medida que se utilizou

maiores proporções de biodiesel na mistura. Foi obtida uma redução de 34,12% na

emissão de MP quando utilizado B100, e de 25,79% com B50, quando comparados a

B5. Na emissão de CO houve acréscimo de aproximadamente 19%, 8%, 7% e 1%,

respectivamente nas misturas B100, B75, B50 e B25 quando comparados a B5. Com

relação à emissão de NOx foi identificado acréscimo de aproximadamente 16%, 15%,

7%, 4%, respectivamente com B100, B75, B50 e B25 quando comparados a B5. Os

resultados de desempenho foram estabelecidos pelas análises energéticas e

exergética. A tendência encontrada foi uma redução na eficiência energética, a

medida que houve um aumento na proporção volumétrica de biodiesel na mistura. Foi

observado um padrão similiar para os resultados de eficiência exergética. Neste

trabalho não foram identificadas restrições governamentais à emissão de gases

poluentes em motores de combustão interna que utilizem diesel, com base na

investigação das principais legislações nacionais vigentes.

Palavras-chave: Biodiesel, Grupo Gerador, Desempenho, Emissão, Material

Particulado

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SANTOS, Tito Britto. Análise de Emissão e Desempenho de Grupo Gerador

Operando com Combustíveis de Mistura Diesel-Biodiesel. 137f. 2014. Dissertação

(Mestrado), Universidade Federal da Bahia, Salvador, 2014.

ABSTRACT

This study is an investigation of the emission of pollutants and the performance

of a diesel generator with different proportions of diesel and biodiesel. The blends (B5,

B25, B50, B75 and B100) were prepared with diesel (low sulfur) and biodiesel. In order

to measure the particulate matter, a specific system was developed for this study,

which was proved to be a functional alternative when applied to medium and large

diesel engines. The results and different patterns were found at low and middle load.

For the emission of particulate matter (PM), a gradual reduction was found as a higher

proportion of biodiesel was used in the blend. When compared to B5, a reduction of

34.12% was achieved in the emission of PM when B100 was used and a reduction of

25.79% when B50 was used. In the CO emissions were found an increases of

approximately 19%, 8%, 7% and 1%, respectively with B100, B75, B50 and B25, when

compared to B5. In the NOx emissions were identified an increases of approximately

16%, 15%, 7%, 4%, respectively with B100, B75, B50 and B25, compared to B5. The

performance results were established from the energy and exergy analysis. It was

found a reduction in energy and exergy efficiency as a higher proportion of biodiesel

was used in the blend. In this study no government restrictions were identified on gas

emissions for internal combustion diesel engines, based on the investigation of major

national regulations.

Keywords: Biodiesel, Gen Set, Performance, Emissions, Particulate Matter.

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LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1 - MATRIZ ELÉTRICA BRASILEIRA. .......................................................................................................15 FIGURA 2 - A) EQUAÇÃO GERAL PARA UMA REAÇÃO DE TRANSESTERIFICAÇÃO; B) EQUAÇÃO GERAL DA

TRANSESTERIFICAÇÃO DE UM TRIACILGLICERÍDEO. ...................................................................................25

FIGURA 3 - A EVOLUÇÃO DO BIODIESEL NO BRASIL. ..........................................................................................30

FIGURA 4 - METAS INICIAIS E SUAS ANTECIPAÇÕES. .........................................................................................31

FIGURA 5 – MATÉRIAS PRIMAS UTILIZADAS PARA A PRODUÇÃO DE BIODIESEL. .................................................32 FIGURA 6 – ESTIMATIVA DOS PREÇOS DOS ÓLEOS VEGETAIS UTILIZADOS PARA PRODUZIR BIODIESEL ATÉ 2020.

.................................................................................................................................................................35 FIGURA 7 - TAXAS MÉDIAS ANUAIS DE CRESCIMENTO DA CAPACIDADE DE ENERGIAS RENOVÁVEIS E PRODUÇÃO

DE BIOCOMBUSTÍVEIS (2007-2012). .........................................................................................................37

FIGURA 8 - PRODUÇÃO MUNDIAL DE ETANOL E BIODIESEL DE 2000 ATÉ 2012. .................................................38

FIGURA 9 - PRODUÇÃO ACUMULADA DE BIODIESEL NO BRASIL. .........................................................................39

FIGURA 10 - CAPACIDADE, DEMANDA E PRODUÇÃO ANUAL DE BIODIESEL BRASILEIRO. ....................................39

FIGURA 11 – DIAGRAMA DE PRESSÃO NO CILINDRO – MOTOR DIESEL 4 TEMPOS. .............................................40

FIGURA 12 - DIAGRAMA DO FLUXO TÉRMICO PARA UM MOTOR DIESEL. .............................................................41

FIGURA 13 – REPRESENTAÇÃO ESQUEMÁTICA DA CÂMARA DE COMBUSTÃO DURANTE A INJEÇÃO. ...................42 FIGURA 14 – CARACTERÍSTICAS DA COMBUSTÃO DO MOTOR DIESEL EM FUNÇÃO DO ÂNGULO DA ÁRVORE DE

MANIVELAS. ...............................................................................................................................................42

FIGURA 15 - MUDANÇAS NA EMISSÃO DE CO EM COMPARAÇÃO COM DIESEL. ..................................................47 FIGURA 16 – COMPARAÇÃO DO ESTUDO REALIZADO SOBRE A REDUÇÃO DE MATERIAL PARTICULADO COM O

APRESENTADO PELA EPA. ........................................................................................................................53

FIGURA 17 – RELAÇÃO ENTRE O VOLUME ESPECÍFICO E O NC. ........................................................................56 FIGURA 18 – VARIAÇÃO DO ATRASO DA IGNIÇÃO COM COMBUSTÍVEIS DE DIFERENTE NÚMERO DE CETANO: NC

1 = 52, NC 2 = 42 E NC 3= 29.................................................................................................................57

FIGURA 19 – INFLUÊNCIA DO NÚMERO DE CETANO NA EMISSÃO DE NOX. .........................................................58

FIGURA 20 – RELAÇÃO ENTRE MASSA ESPECÍFICA E O PCI. .............................................................................60 FIGURA 21 – TENDÊNCIA DA CAPACIDADE DE LUBRIFICAÇÃO EM FUNÇÃO DA COMPOSIÇÃO DE ENXOFRE NO

COMBUSTÍVEL. ..........................................................................................................................................64 FIGURA 22 - O EFEITO DO BIODIESEL COMO LUBRIFICANTE EM DIVERSAS MISTURAS DE BIODIESEL COM DIESEL

S10 E S20. ...............................................................................................................................................65

FIGURA 23 - EFEITO DO ACRÉSCIMO DO TEOR DE BIODIESEL E DE MONOGLICERÍDEO SATURADO NA MISTURA. 68 FIGURA 24 – BOCAL DE INJEÇÃO COM DEPÓSITO DE GOMA, COMPARAÇÃO DIESEL (DF) E BIODIESEL DE ÓLEO

DE PALMA (PB20). ....................................................................................................................................69

FIGURA 25 – ESTABILIDADE DE OXIDAÇÃO DO BIODIESEL NAS DIVERSAS CONDIÇÕES DE TESTE. .....................70

FIGURA 26 - EVOLUÇÃO DOS LIMITES DO PRONCOVE. ..................................................................................74

FIGURA 27 - LIMITE DE EMISSÕES GERADAS POR FONTES FIXAS. ......................................................................76 FIGURA 28 - REPRESENTAÇÃO ESQUEMÁTICA DA FORMAÇÃO DE MATERIAL DE PARTICULADO DURANTE E PÓS A

COMBUSTÃO. FONTE: ADAPTADO DE TWIGG & PHILLIPS (2009) ..............................................................77 FIGURA 29 - A CLASSIFICAÇÃO DO MP DE MOTORES DIESEL DE ACORDO COM O TAMANHO DAS PARTÍCULAS.

ADAPTADO DE TWIGG & PHILLIPS (2009) .................................................................................................78

FIGURA 30 - ESQUEMA MOTOR-GERADOR, COMPONENTES E INSTRUMENTOS DE MEDIÇÃO. .............................80

FIGURA 31 – GRUPO GERADOR UTILIZADO NO ESTUDO. ...................................................................................81

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FIGURA 32 - A) BANCO DE CARGA - TANQUE DE ÁGUA; B) SISTEMA DE CARGA – RESISTÊNCIAS PARA

AQUECIMENTO; C) SISTEMA DE BOMBEAMENTO PARA A RECIRCULAÇÃO. .................................................82

FIGURA 33 - RESISTÊNCIA 9 KW AÇO INOX TUBULAR BLINDADO. ......................................................................82

FIGURA 34 – ALICATE AMPERÍMETRO FLUKE 303. ............................................................................................83

FIGURA 35 - BALANÇA DIGITAL TOLEDO, MODELO 9094-I. ................................................................................84 FIGURA 36 – (A) TERMÔMETRO DIGITAL MASTECH MS6514; (B) TERMOPAR TIPO K DE SUPERFÍCIE; (C)

TERMOPAR TIPO K UNIVERSAL. .................................................................................................................84

FIGURA 37 – ANALISADOR DE EMISSÕES DE POLUENTES TEMPEST 50. ............................................................84

FIGURA 38 – ESQUEMA DE FUNCIONAMENTO DO SISTEMA DE COLETA DE MATERIAL PARTICULADO. ................85

FIGURA 39 – SISTEMA DESENVOLVIDO PARA COLETA DE MATERIAL PARTICULADO. ..........................................86

FIGURA 40 – A) BALANÇA ANALÍTICA METTLER TOLEDO AL204; B) FILTROS UTILIZADOS NO EXPERIMENTO ....87

FIGURA 41 - AMOSTRA DAS MISTURAS UTILIZADAS NOS EXPERIMENTOS. .........................................................88

FIGURA 42 – CONSIDERAÇÃO DOS FLUXOS NO VOLUME DE CONTROLE DO SISTEMA. .......................................89

FIGURA 43 – CALORÍMETRO MODELO IKA C2000 BASIC..................................................................................92 FIGURA 44 - TEMPERATURA DOS GASES DE EXAUSTÃO DAS MISTURAS EM NAS DIFERENTES CONDIÇÕES DE

OPERAÇÃO. ...............................................................................................................................................98

FIGURA 45 - EMISSÕES DE NOX EM DIFERENTES CONDIÇÕES DE OPERAÇÃO E ALTERAÇÃO DAS MISTURAS. . 100 FIGURA 46 - COMPARATIVO DAS EMISSÕES DE MATERIAL PARTICULADO COM AS MISTURAS B5, B50 E B100.

............................................................................................................................................................... 102

FIGURA 47 - EMISSÕES DE CO EM DIFERENTES CONDIÇÕES DE OPERAÇÃO E ALTERAÇÃO DAS MISTURAS. ... 103 FIGURA 48 - RESULTADOS DE EMISSÕES DE CO2 (%) EM DIFERENTES CONDIÇÕES DE OPERAÇÃO (27KW;

18KW E 9KW) COM ALTERAÇÃO DAS MISTURAS. .................................................................................... 104 FIGURA 49 - RESULTADOS DE EMISSÕES DE O2 (%) EM DIFERENTES CONDIÇÕES DE OPERAÇÃO (27KW; 18KW

E 9KW) COM ALTERAÇÃO DAS MISTURAS. ............................................................................................... 105 FIGURA 50 - CONSUMO MÉDIO DE COMBUSTÍVEL EM DIFERENTES CONDIÇÕES DE OPERAÇÃO E ALTERAÇÃO DAS

MISTURAS. .............................................................................................................................................. 107 FIGURA 51 - CONSUMO ESPECÍFICO DE COMBUSTÍVEL EM DIFERENTES CONDIÇÕES DE OPERAÇÃO E

ALTERAÇÃO DAS MISTURAS. .................................................................................................................... 107

FIGURA 52 – ENERGIA FORNECIDA PELAS MISTURAS NAS DIFERENTES CONDIÇÕES DE OPERAÇÃO. .............. 109 FIGURA 53 – EFICIÊNCIA ENERGÉTICA EM DIFERENTES CONDIÇÕES DE OPERAÇÃO E ALTERAÇÃO DAS

MISTURAS. .............................................................................................................................................. 109

FIGURA 54 – DIAGRAMA DOS FLUXOS TÉRMICOS SEGUNDO ANÁLISE ENERGÉTICA PARA GERAÇÃO DE 9 KW. 112 FIGURA 55 – DIAGRAMA DOS FLUXOS TÉRMICOS SEGUNDO ANÁLISE ENERGÉTICA PARA GERAÇÃO DE 18 KW.

............................................................................................................................................................... 112 FIGURA 56 – DIAGRAMA DOS FLUXOS TÉRMICOS SEGUNDO ANÁLISE ENERGÉTICA PARA GERAÇÃO DE 27 KW.

............................................................................................................................................................... 112

FIGURA 57 – DIAGRAMA DE FLUXO SEGUNDO ANÁLISE EXERGÉTICA PARA POTÊNCIA DE REFERÊNCIA 9 KW. 114

FIGURA 58 – DIAGRAMA DE FLUXO SEGUNDO ANÁLISE EXERGÉTICA PARA POTÊNCIA DE REFERÊNCIA18 KW.

............................................................................................................................................................... 114 FIGURA 59 – DIAGRAMA DE FLUXO SEGUNDO ANÁLISE EXERGÉTICA PARA POTÊNCIA DE REFERÊNCIA 27 KW.

............................................................................................................................................................... 114

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LISTA DE TABELAS

TABELA 1 – PARÂMETROS DE QUALIDADE DEFINIDOS PELAS PRINCIPAIS NORMAS. ...........................................24

TABELA 2 – PROPRIEDADES FÍSICO-QUIMICAS DE ALGUNS ÓLEOS VEGETAIS. ...................................................33

TABELA 3 – CARACTERÍSTICAS DE ALGUNS VEGETAIS COM POTENCIAL PARA A PRODUÇÃO DE BIODIESEL. ......34

TABELA 4 - PLANTAS PRODUTORAS DE BIODIESEL E SUAS CAPACIDADES REGISTRADAS EM MAIO DE 2014. ....38

TABELA 5 – CONSTANTES DO MECANISMO DESENVOLVIDO POR ZELDOVICH. ...................................................49

TABELA 6 - TABELA COM PROPRIEDADES DO DIESEL E BIODIESEL. ....................................................................55

TABELA 7 - PROPRIEDADES DO BIODIESEL. .......................................................................................................57

TABELA 8 – VÁRIOS MÉTODOS DE MELHORIA DO PONTO DE NÉVOA. .................................................................68

TABELA 9 - DESCRIÇÃO DO MOTOR MWM D225. .............................................................................................81

TABELA 10 – DURAÇÃO DOS PROCEDIMENTOS DOS TESTES DE EMISSÃO E DESEMPENHO. ..............................88

TABELA 11 - PODER CALORÍFICO INFERIOR DAS DIFERENTES MISTURAS. .........................................................92

TABELA 12 - COMPOSIÇÃO DO AR. ....................................................................................................................95

TABELA 13 - INSTRUMENTOS E SUAS RESPECTIVAS INCERTEZAS DE MEDIÇÃO. ................................................97

TABELA 14 - COMPARATIVO DOS DIFERENTES PARÂMETROS DE POLUENTES MEDIDOS................................... 106 TABELA 15 – COMPARAÇÃO DO CONSUMO ESPECÍFICO DAS MISTURAS DIESEL/BIODIESEL E O AUMENTO EM

RELAÇÃO AO B5. ..................................................................................................................................... 108

TABELA 16 - RESULTADO DA ANÁLISE ENERGÉTICA DAS MISTURAS UTILIZADAS NO EXPERIMENTO. ................ 111

TABELA 17 - RESULTADO DA ANÁLISE EXERGÉTICA DAS MISTURAS UTILIZADAS NO EXPERIMENTO. ................ 113

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LISTA DE ABREVIATURAS

Abiove Associação Brasileira de Indústria de Óleos Vegetais

ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas

Anfavea Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores

ANP Agência Nacional do Petróleo e Gás Natural

APTD Air Pollution Technical Data

ASTM American Society for Testing and Materials

B0 Diesel sem acréscimo de biodiesel

B2,B5... e demais variações A numeração representa a porcentagem de biodiesel no diesel mineral

B100 Combustível composto apenas de biodiesel

BEN Balanço Energético Nacional

C/H Relação Carbono/Hidrogênio

CEN Comité Européen de Normalisation

CIEnAm Centro Interdisciplinar de Energia e Ambiente

CIPM Comitê Internacional de Pesos e Medidas

CNPE Conselho Nacional de Politica Energética

CO Monóxido de carbono

CO2 Dióxido de carbono

CONAMA Conselho Nacional de Meio ambiente

COPPE Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia

CxHy Hidrocarboneto genérico (metano)

DIN Deutsches Institut für Normung

DOU Diário Oficial da União

EGR Exhaust Gas Recirculation

EPA Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos

EPA Agência de Proteção ao Meio Ambiente – Estados Unidos

EU Europe Union

EUA Estados Unidos da América

FAO Food and Agriculture Organization of the United Nations

FAPRI Food and Agricultural Policy Research Institute

H2SO4 Ácido sulfuroso

HC Hidrocarbonetos

HFRR High Frequency Reciprocating Rig

JB20... e demais variações Biodiesel de Pinhão Manso nas seguintes proporções de biodiesel no diesel mineral

KB20... e demais variações Biodiesel de Karanja nas seguintes proporções de biodiesel no diesel mineral

LEN Laboratório de Energia e Gás.

MCI Motor de Combustão Interna

MDA Ministério do Desenvolvimento Agrário

MME Ministério de Minas e Energias.

MP Material Particulado

N2 Nitrogênio

NC Número de Cetano

NL Agency Netherlands Enterprise Agency

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NO Monóxido de Nitrogênio

NO2 Dióxido de Nitrogênio

NOx Óxidos de Nitrogênio

O2 Oxigênio

O3 Ozônio

OECD Organisation for Economic Co-operation and Development

OGR Óleo de Gordura Residual

OPEP Organização dos Países Exportadores de Petróleo

OVEG Programa Nacional de Alternativas Energéticas Renováveis de Origem Vegetal

PB20... e demais variações Biodiesel de Polanga nas seguintes proporções de biodiesel no diesel mineral

PC Poder Calorífico

PCI Poder Calorífico Inferior

PCS Poder Calorífico Superior

PFE Ponto Final de Ebulição

PI Privilégio de Invenção

PIE Ponto Inicial de Ebulição

PNPB Programa Nacional de Produção e Uso do Biodiesel

Pro-Álcool Programa Nacional do Álcool

Probiodiesel Programa Brasileiro de Biocombustíveis

PROCONVE Programa de Controle da Poluição do Ar por Veículos Automotores

PRONAR Programa Nacional de Controle da Poluição do Ar

Pro-Óleo Plano de Produção de Óleos Vegetais para Fins Energéticos

PVR Pressão de Vapor Reid

S10 Referência do diesel com 10 partes por milhão de enxofre

SO2 Dióxido de Enxofre

STI/MIC Secretaria de Tecnologia Industrial do Ministério da Indústria e Comércio

UFBA Universidade Federal da Bahia

UFRJ Universidade Federal do Rio de Janeiro

WSD Diâmetro da Escara do Desgaste

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Sumário

1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................................... 15

1.1 PROLEGÔMENOS ........................................................................................................... 15

1.2 JUSTIFICATIVA ................................................................................................................. 18

1.3 OBJETIVOS ....................................................................................................................... 19

1.4 ESTRUTURA DO TRABALHO ........................................................................................ 19

2 REVISÃO DA LITERATURA ................................................................................................... 21

2.1 O BIODIESEL E SUA PRODUÇÃO ................................................................................ 21

2.1.1 Transesterificação ................................................................................................... 24

2.2 TRAJETÓRIA DO DIESEL/BIODIESEL ......................................................................... 26

2.2.1 O biodiesel no Brasil............................................................................................... 26

2.2.2 Considerações adicionais sobre o biodiesel .................................................... 31

2.2.3 Segunda geração do biodiesel e demais avanços .......................................... 35

2.3 PERFIL DE PRODUÇÃO DE BIODIESEL ..................................................................... 36

2.3.1 Perfil mundial ............................................................................................................ 36

2.3.2 Perfil brasileiro ......................................................................................................... 38

2.4 GRUPO GERADOR .......................................................................................................... 40

2.4.1 Propriedades do motor diesel ............................................................................. 40

2.4.2 A combustão ............................................................................................................. 41

2.4.3 Emissões do processo de combustão ............................................................... 44

2.4.4 Características, propriedades e influências do combustível........................ 54

2.5 LEGISLAÇÃO PARA FONTES ESTACIONÁRIAS DE ENERGIA ............................. 70

2.5.1 Normas brasileiras .................................................................................................. 71

2.5.2 Normas internacionais ........................................................................................... 75

2.6 FORMAÇÃO E MÉTODO DE COLETA DO MATERIAL PARTICULADO ................. 76

2.6.1 Processo de formação ........................................................................................... 76

2.6.2 Método de coleta...................................................................................................... 78

3 MATERIAIS E MÉTODOS ....................................................................................................... 80

3.1 APARATO EXPERIMENTAL ........................................................................................... 80

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3.2 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS....................................................................... 87

3.2.1 Preparação das misturas ....................................................................................... 87

3.2.2 Procedimentos gerais de operação .................................................................... 88

3.2.3 Procedimento de coleta e medição de material particulado ......................... 89

3.2.4 Análise energética ................................................................................................... 89

3.2.5 Análise exergética ................................................................................................... 92

3.2.6 Incertezas de medição ............................................................................................ 96

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO .............................................................................................. 98

4.1 TEMPERATURA DOS GASES DE EXAUSTÃO .......................................................... 98

4.2 EMISSÕES GASOSAS ..................................................................................................... 99

4.2.1 Emissões de NOx ................................................................................................... 100

4.2.2 Emissão de material particulado ....................................................................... 101

4.2.3 Emissões de CO ..................................................................................................... 102

4.2.4 Percentuais de CO2 ............................................................................................... 104

4.2.5 Percentuais de O2 .................................................................................................. 104

4.2.6 Comparativo das emissões ................................................................................. 105

4.3 DESEMPENHO PELA ANÁLISE ENERGÉTICA E EXERGÉTICA .......................... 106

4.3.1 Consumo ................................................................................................................. 106

4.3.2 Comparativo do consumo específico ............................................................... 108

4.3.3 Energia dos combustíveis ................................................................................... 108

4.3.4 Eficiência energética............................................................................................. 109

4.3.5 Análise energética ................................................................................................. 111

4.3.6 Análise exergética ................................................................................................. 113

5 CONCLUSÃO .......................................................................................................................... 115

6 PROPOSTA PARA TRABALHOS FUTUROS ................................................................... 117

REFERÊNCIAS ............................................................................................................................... 118

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15

1 INTRODUÇÃO

1.1 PROLEGÔMENOS

Grande parte da energia consumida no mundo provém dos derivados de

petróleo, do carvão mineral, do gás natural, de fonte hídrica, dentre outras. Essas

fontes são limitadas com previsão de esgotamento no futuro, portanto, a busca por

fontes alternativas de energia é de grande importância. Particularmente, a energia

elétrica é uma das formas de energia utilizada pela sociedade e de fundamental

importância. No Brasil, segundos dados do Balanço Energético Nacional, em 2014,

cerca de 64,1% era de fonte hídrica, e 78,4% e de energia renovável, e o restante

composto de uma cesta de fontes adicionais como apresentado na Figura 1, onde a

biomassa tem papel de destaque com aproximadamente 6,6%, do total de energia

elétrica consumida.

Figura 1 - Matriz Elétrica Brasileira.

Fonte: BEN (2014).

O uso de grupos geradores no Brasil, especialmente, em regiões remotas, não

interligadas ao sistema elétrico de transmissão, é de grande importância, por se tratar

de lugares distantes, onde a energia elétrica é um bem fundamental. Neste caso o

que pode complicar a geração de energia é combustível a ser utilizado, pois

geralmente são derivados de petróleo, como o óleo diesel.

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Como alternativa a essa escassez foi planejado um trabalho que pudesse

viabilizar a utilização dos grupos geradores atuais, apenas mudando o combustível,

ou seja, com possibilidade de utilização de biocombustíveis ou misturas, que no futuro

poderão ser manufaturados em lugares mais próximos ou até mesmo na própria

comunidade.

Segundo (BEN, 2014) foi consumida no Brasil, em 2013, cerca de 60.668.000

metros cúbicos de óleo diesel, com um incremento de 5,33% com relação ao ano de

2012 e com a ampliação desse mercado a economia de petróleo importado seria

expressiva, podendo inclusive minimizar o déficit de nossa balança de pagamentos.

Sendo que a maior parte é para utilização em veículos, caminhões, ônibus etc.

Os óleos vegetais aparecem como uma alternativa para substituição ao óleo

diesel em motores de ignição por compressão, sendo o seu uso testado, inicialmente,

há muito tempo pelo próprio Rudolf Diesel no final do século XIX. Essa possibilidade

de emprego de combustíveis de origem agrícola em motores do ciclo diesel é bastante

atrativa, tendo em vista o aspecto ambiental, a proximidade da produção, por ser

renovável, por permitir a redução da dependência de importação de petróleo e por

contribuir com a redução dos gases de efeito estufa.

Biodiesel é um combustível biodegradável derivado de fontes renováveis como

óleos vegetais e gorduras animais que, estimulados por um catalisador, reagem

quimicamente com o álcool etílico ou o metanol. Desse processo químico resulta um

combustível de alta qualidade que substitui o óleo diesel fóssil sem necessidade de

modificação do motor.

A produção de biodiesel em 2013 foi de 2.917.000 m3 tendo um crescimento

de 7,4% com relação ao ano de 2012. O biodiesel já representa 0,84% na matriz

energética nacional (BEN, 2014).

Atualmente a mistura diesel biodiesel mudou, anteriormente era 5% mas a

partir de julho de 2014 passou para 6% e a previsão que passe para 7% em novembro

deste ano, com essa mudança o país deve deixar de importar cerca de 1,2 bilhão de

litros de diesel.

Em um país com uma grande dimensão territorial como o Brasil, os grupos

geradores de energia elétrica são equipamentos fundamentais para viabilizar a

disponibilidade de energia elétrica em regiões mais afastadas dos centros urbanos.

Existem também os casos da utilização de grupo geradores para suprir uma demanda

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energética em situação de emergência. Outra aplicação comum dos geradores a

diesel é pelos produtores rurais e industriais, com a interligação de tais equipamentos

ao seu sistema principal, para redução de gastos excessivos com o custo da energia

elétrica, principalmente em horário de pico/ponta, horário este, que o consumo

nacional de energia elétrica é muito mais alto do que nos outros horários e que tem

tarifas muito altas.

Com intuito de reduzir as emissões de poluentes no meio ambiente, diversas

modificações, tanto no âmbito político como também tecnológico, foram realizadas e

ainda estão em constante evolução. No caso dos geradores a diesel, estas evoluções

estão sendo atribuídas tanto nas mudanças tecnológicas que ocorrem no motor a

diesel, como nos combustíveis principais utilizados para gerar energia elétrica, como

por exemplo, o biodiesel e suas possíveis misturas com diesel mineral e demais

combustíveis. O biodiesel agrega características positivas quando aplicados em

motores à combustão interna, como uma considerável redução da emissão de

poluentes (XUE; GRIFT; HANSEN, 2011; HOEKMAN & ROBBINS, 2012; LAPUERTA

et. al., 2008), aplicações essas que estão presentes tanto na frota terrestre de

caminhões, mas também em grupos geradores a diesel.

Ocorreram diversas modificações na regulamentação nos últimos anos que

influenciaram positivamente na qualidade dos combustíveis ofertados ao consumidor,

o que interferiu diretamente no processo de redução de emissões. As mudanças na

qualidade do biodiesel ocorreram principalmente devido a especificação desde

combustível no mercado, onde os valores devem estar de acordo com a resolução

brasileira ANP 14/2012 que possui como base referencial parte da ASTM D6751

(padrão dos EUA) e EU 14214 (padrão europeu). Alterações na regulamentação, em

diversos países, tem tornado obrigatória a adição de porcentagens, cada vez maiores,

de biodiesel juntamente com o diesel mineral comercializado nos postos de

abastecimento, o que faz do biodiesel um componente importante na matriz

energética de diversos países.

A operação de motores diesel com diesel-biodiesel já foi investigada em

diversos estudos passados, e continua gerando novas investigações devido a

diversos fatores, no contexto da relação motor e combustível, que possuem potencial

de influência na combustão e consequente impacto nas emissões de gases (ROY et

al., 2013; XUE, 2013; ENWEREMADU & RUTTO, 2010). Alguns estudos buscam

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diagnosticar os problemas que interferem no desempenho dos motores diesel, e

outros nortearam a realização de modificações no sistema como um todo, de forma a

otimizar o desempenho do motor, como também favorecer a redução da emissão de

gases poluentes (KASSABY et al., 2013; LIAQUAT et al., 2013a; JAICHANDAR &

ANNAMALAI, 2013; KOC & ABDULLAH, 2013).

1.2 JUSTIFICATIVA

O biodiesel é um combustível líquido com utilização relativamente nova

comparado aos outros processados de origem mineral. Diversas investigações

continuam sendo realizadas para definir melhores condições de produção e utilização

deste produto.

O biocombustível quando utilizado em misturas ou puro pode agregar

resultados positivos com diferentes ganhos como, por exemplo, o ambiental,

econômico, tecnológico, social etc.

Muitos trabalhos desenvolvidos nessa área são realizados com objetivo de

encontrar valores que justifiquem a utilização do biocombustível frente a resultados

de emissões e rendimento em motores de combustão interna. A preocupação

ambiental está bastante atrelada às pesquisas com biodiesel, pois é um combustível

que foi desenvolvido com uma grande responsabilidade na redução da dos gases de

efeito estufa.

O trabalho aqui estudado se estende na realização de um estudo teórico e

experimental sobre o desempenho e emissões de poluente de um grupo gerador a

diesel operando com biodiesel e suas misturas com diferentes concentrações de

diesel, no qual será também verificado o atendimento às legislações ambientais

vigentes com os dados obtidos.

Portanto, a motivação especial deste trabalho é encontrar alternativas de

geração de energia elétrica decentralizada, para pequenas comunidades ou para

energia de reserva (backup energy) em empreendimentos em construção ou em

operação. Particularmente, com a adoção de um grupo gerador de médio porte

ofertado pela empresa A Geradora, que atua em todo território nacional na área de

geração de energia e locação de equipamentos, bem como a oportunidade real de

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contribuir com o desenvolvimento regional no desenvolvimento de pesquisas

aplicadas em benefício da sociedade.

1.3 OBJETIVOS

1.3.1 Objetivo Geral

Avaliar e comparar o desempenho e as emissões de poluentes de um grupo

gerador alimentado com biodiesel e suas misturas com diferentes concentrações de

diesel.

1.3.2 Objetivos Específicos

1 Realizar um estudo sobre a influência das propriedades físico-químicas das

misturas de diesel e biodiesel, na combustão de motores diesel e na

emissão de poluentes;

2 Desenvolver metodologia e sistema para coleta e comparativo de material

particulado;

3 Efetuar testes experimentais de desempenho e emissões de poluente de

um grupo gerador a diesel operando com biodiesel e suas misturas com

diferentes concentrações de diesel;

4 Analisar a eficiência térmica e exergética do sistema;

5 Caracterizar as emissões de poluentes do gerador;

6 Verificar o atendimento às legislações ambientais vigentes frente a

emissões de poluentes de grupo geradores a diesel.

1.4 ESTRUTURA DO TRABALHO

No capítulo 1 foi realizada a introdução mostrando o contexto do problema, a

motivação e os consequentes objetivos deste estudo.

Dando prosseguimento foi elaborado o capítulo 2 que consta da revisão da

literatura, sendo abordados os aspectos históricos e atuais envolvendo biodiesel e sua

produção. Foram abordadas também rapidamente nesse mesmo capítulo as

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perspectivas futuras para os avanços na produção do biodiesel. O maior esforço no

desenvolvimento do capítulo 2 se encontra no final, onde são apresentados os

principais fatores influentes no assunto de motores de combustão interna por

compressão, relacionados aos combustíveis diesel e biodiesel, sendo estendida a

atenção para as características, propriedades e emissões provenientes desse

processo de combustão. Foi abordado também um resumo da legislação que envolve

a produção de energia por meio de fontes estacionárias.

No capítulo 3 são apresentados de forma detalhada os materiais e métodos

utilizados nesta pesquisa. Descrevendo devidamente o aparado experimental e os

procedimentos metodológicos adotados. O capítulo 3 também aborda a análise das

incertezas apresentando os valores de incerteza de medição dos instrumentos. Os

valores coletados nas medições realizadas e consideradas dentro do estudo são

apresentados envolvidos com os resultados no capítulo 4.

Por fim, são apresentados os resultados e suas discussões necessárias no

capítulo 4, juntamente com a conclusão do trabalho e propostas para trabalhos futuros

com os potenciais encontrados para a extensão deste, sendo respectivamente os

capítulos 5 e 6. O último capítulo apresenta todas as referências utilizadas neste

estudo.

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2 REVISÃO DA LITERATURA

2.1 O BIODIESEL E SUA PRODUÇÃO

Foi em 1937 que o pesquisador Charles G. Chavanne registrou a primeira

patente para ésteres etílicos obtidos do óleo de palma por transesterificação em meio

ácido (patente belga 422.877), produto este que viria a ser chamado de biodiesel. Mas

a primeira patente do biodiesel, a nível mundial, só foi registrada, em 1980, com o

título "Processo de Produção de Combustíveis de Frutos ou Sementes Oleaginosas"

(patente com o número PI 8007957), em nome do cientista brasileiro Expedito Parente

(PARENTE, 2003). Este processo foi classificado como biodiesel pelas normas

internacionais, sendo um dos marcos para a definição do padrão de especificação e

qualidade. O termo biodiesel foi somente encontrado em uma publicação de 1988, em

um trabalho de um pesquisador chinês (KNOTHE, 2006). Desde então diversos testes

com este tipo de combustível têm demonstrado resultados satisfatórios,

principalmente pelos efeitos obtidos na promoção de uma menor viscosidade, muito

próxima ao diesel mineral. Mas também pelo alto número de cetano e as baixas

emissões de poluentes que possuem o biodiesel, fatores que estabelece este como

um importante combustível (FAZAL; HASEEB; MASJUKI, 2011).

O termo biodiesel possui diferentes definições. No Brasil uma das primeiras

definições documentadas na legislação pode ser encontrada na lei nº 11.097, de 13

de janeiro de 2005, esta dispõe sobre a introdução do biodiesel na matriz energética

brasileira:

Biodiesel é um biocombustível derivado de biomassa renovável para uso em motores a combustão interna com ignição por compressão ou, conforme regulamento, para geração de outro tipo de energia, que possa substituir parcial ou totalmente combustíveis de origem fóssil.

Neste caso, o biodiesel possui um conceito generalizado, independe do método

de produção e da estrutura química do produto final, contanto que seja um

biocombustível e utilizado em motores de autoignição, é considerado biodiesel. Sendo

assim, essa definição abrange biodiesel como diversos outros combustíveis, por

exemplo: o óleo vegetal e a gordura animal in natura, devidamente tratados; misturas

binárias e ternárias com o diesel; e diversos combustíveis com propriedades similares

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ao diesel mineral, mesmo que gerados por diferentes tecnologias, como exemplo

existem (SANTACESARIA et al., 2012; KNOTHE, 2006):

Pirólise de óleos vegetal e gordura animal, conhecido também como

craqueamento térmico;

Microemulsificação;

Transesterificação;

Hidrólise seguida do processo de esterificação.

Todos os biocombustíveis acima podem substituir parcialmente ou totalmente

os combustíveis de origem fóssil.

A definição sofreu atualizações conforme a necessidade no avanço das

resoluções regulamentadoras, neste caso, a resolução mais atualizada da ANP é a Nº

14, de 11.5.2012 - DOU 18.5.2012. Para efeitos desta resolução, define-se no artigo

2°:

Biodiesel: combustível composto de alquil ésteres de ácidos carboxílicos de cadeia longa, produzido a partir da transesterificação e ou/esterificação de matérias graxas, de gorduras de origem vegetal ou animal, e que atenda a especificação contida no Regulamento Técnico nº 4/2012, parte integrante desta Resolução.

Esta definição do termo biodiesel apresentada se enquadra com maior

similaridade aos moldes internacionais, possuindo assim, um caráter muito mais

específico e esclarecedor (GOMES, 2009).

Nos Estados Unidos, a definição do termo biodiesel pode ser encontrada na

norma ASTM D6751, como sendo monoalquil ésteres de ácidos graxos de cadeia

longa provenientes de óleo vegetal ou gordura animal, devendo cumprir os requisitos

de qualidade da norma ASTM D6751. Na União Europeia essa definição pode ser

encontrada na Diretiva 2009/28/CE do Parlamento Europeu e do Conselho da União

Europeia, em 8 de maio de 2003, o biodiesel como sendo éster metílico produzido a

partir de óleos vegetais ou animais, com qualidade de combustível para motores

diesel, para utilização como biocombustível. Este documento se refere à promoção da

utilização de energia proveniente de fontes renováveis que altera e

subsequentemente revoga as Diretivas 2001/77/CE e 2003/30/CE (DIRETIVA

2009/28/CE).

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É possível perceber, em geral, que os biocombustíveis somente serão

enquadrados como biodiesel, caso sigam a definição e estejam conforme padrões de

qualidade, no qual estabelece faixas aceitáveis de aspectos físicos e químicos.

O primeiro país a definir e aprovar padrões de qualidade para biodiesel, com

ésteres metílicos de colza, foi a Áustria. Posteriormente, outros países foram definindo

padrões de qualidade específicos as suas perspectivas. Atualmente os mais

conhecidos e considerados como base para os demais são o padrão de qualidade

americano, elaborado pela ASTM (American Society of Testing and Materials), com a

norma ASTM D6751, e o estabelecido na União Europeia através da norma EN 14214

do Comitê Europeu de Normalização (Comité Européen de Normalisation - CEN)

(LÔBO et al., 2009).

No caso do Brasil, as especificações e características do biodiesel, devem ser

estabelecidas pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis

(ANP), conforme lei nº 11.097; atualmente isto é realizado através da Resolução Nº

14, de 11.5.2012 - DOU 18.5.2012. Para a criação desses padrões de qualidade, a

ANP utilizou como base as normas ASTM D6751 e EN 14214 (LÔBO et al., 2009).

Alguns desses parâmetros das principais normas (ASTM D6751 – 2013; DIN

EN 14214 - 2012 e Resolução brasileira nº 14/12 de 11.05.2012 da ANP), nas suas

versões mais atuais, são mostrados na Tabela 1.

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Tabela 1 – Parâmetros de qualidade definidos pelas principais normas.

Propriedade Unidade ASTM D6751 - 12

(EUA)

EN 14214:2012

(Europa)

ANP Nº 14/2012

(Brasil)

Ponto de fulgor ° C 130 101 100

Teor de água mg/kg - 500 350

Água e sedimentos % volume 0,050 - -

Viscosidades cinemática a

40 °C

mm²/s 1,9 - 6,0 3,5 - 5,5 3,0 - 6,0

Cinzas sulfatadas, máx. % massa 0,02 0,02 0,02

Enxofre total, máx. mg/kg 15 10 10

Corrosividade ao cobre, 3h a

50 ºC, máx

- 3 1 1

Números de Cetano, mín. - 47 51 Anotar

Resíduo de carbono, máx. % massa 0,05 0,30 0,05

Índice de acidez, máx. mg KOH/g 0,50 0,50 0,50

Glicerol livre, máx. % massa 0,02 0,02 0,02

Glicerol total, máx. % massa 0,24 0,25 0,25

Massa específica a 20 °C kg/m³ 850-900 860 - 900 850 - 900

Fósforo, máx. mg/kg 0,001 4 10

Metano ou etanol, máx. % massa - 0,20 0,20

Cálcio + Magnésio, máx. mg/kg 5 - 5

Monoglicerídeos, máx. % massa - 0,70 0,80

Diglicerídeos, máx. % massa - 0,20 0,20

Triglicerídeos, máx. % massa - 0,20 0,20

Metanol e/ou Etanol, máx. % massa 0,20 0,20 0,20

Índice de Iodo 1g/100g - 120 Anotar

Fonte: Adaptado de EN 14214:2012, ASTM D 6751 - 13 e resolução ANP nº 14/2012

2.1.1 Transesterificação

Existem diversos métodos disponíveis para produção de biodiesel, mas dentre

todos a transesterificação é o método mais usual (DEMIRBAS, 2008). A

transesterificação se tornou um método bastante interessante para a produção de

biodiesel, pois foi possível produzir um biocombustível com qualidade aceitável dentro

de processos industriais. Estudos têm evoluído bastante, desde a década de 1980, na

identificação das variáveis que afetam o processo da transesterificação (FREEDMAN

et al.,1984).

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O processo de transesterificação é reversível e basicamente ocorre com

reações orgânicas sequenciais, nas quais o éster é transformado em outro éster

(DEMIRBAS, 2008). O óleo vegetal e a gordura animal são formados em grande parte

de triglicerídeos (TAG -triacilgliceróis), ou seja, ésteres neutros de glicerol (três grupos

da função orgânica éster) e ácidos graxos de cadeia longa (AG), tal estrutura pode ser

visto na Figura 2. Para produzir o biodiesel, o triglicerídeo (provenientes de óleos

vegetais e gorduras animais) é submetido a uma reação com um álcool, normalmente

esta reação ocorre na presença de um catalisador para acelerar a conversão,

podendo também contribuir para aumentar o rendimento total do processo (MEHER

et al., 1999 apud GERIS et al., 2007). O resultado dessa reação são ésteres de alquila

(biodiesel) e glicerol (comercialmente conhecido como glicerina) um subproduto

importante para a indústria farmacêutica e indústrias químicas em geral.

Figura 2 - a) Equação geral para uma reação de transesterificação; b) equação geral da

transesterificação de um triacilglicerídeo. Fonte: GERIS et al. (2007).

Para a produção de biodiesel por transesterificação, na reação com o

triglicerídeo, diversos álcoois de baixa massa molecular são utilizados, como, por

exemplo, etanol, metanol, propanol e butanol, sendo encontrados neste processo

resultados positivos e promissores (DEMIRBAS, 2005). O metanol e etanol são os

mais utilizados principalmente o metanol pelo fato de possuir baixo custo e também

vantagens físicas e químicas, pois a polaridade e a cadeia curta permite a este uma

rápida reação com os triglicerídeos (MA & HANNA, 1999). No caso do Brasil, o etanol

pode se torna uma opção interessante, pois é um álcool com ampla distribuição no

território brasileiro, um fator logístico importante dentro das considerações

econômicas.

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2.2 TRAJETÓRIA DO DIESEL/BIODIESEL

A crise mundial no petróleo gerou em todos os países uma grande preocupação

com suas próprias matrizes energéticas. Em virtude do súbito aumento de preço do

petróleo, especialmente entre 1973 e 1979, forcou a uma redução na utilização de

combustíveis fósseis, iniciando assim, uma intensa busca por novas fontes de energia

ou viabilização das recém-conhecidas.

2.2.1 O biodiesel no Brasil

No Brasil, os estudos com biocombustíveis foram realizados inicialmente na

década de 1920, pelo Instituto Nacional de Tecnologia. Na década de 1960,

investimentos com escala industrial começaram a serem realizados, entre estes está

o de produção de éster etílico pela lavagem dos grãos de café com álcool, mas sem

sucesso. Com a intensificação na busca de fontes alternativas de energia, na década

de 1970, o óleo vegetal se tornou um importante assunto de estudo, no qual permitiu

ao Eng. Expedito José de Sá Parente, vinculado à Universidade Federal do Ceará, a

descoberta, e posterior patente mundial, do primeiro Processo de Produção de

Combustíveis a partir de Frutos ou Sementes Oleaginosas em escala industrial, sendo

o biodiesel como resultado deste processo. A patente foi submetida ao Instituto

Nacional de Prioridade Industrial (INPI) em 1980, sendo garantida em 1983 pelo

registro PI – 8007957. Fatores como esta patente, as perspectivas no aumento do

preço do petróleo devido às crises, entre outros interessantes resultados de estudo,

foram grandes responsáveis em estimular a criação de diversos programas no âmbito

nacional (ALVEZ FILHO, 2003).

Apresentando os dados experimentais de 1983, Torres (2000) fez uma análise

sobre a implantação da cultura do dendezeiro, Elaeis Guineensis, no Brasil, com

particularidade para o Estado da Bahia, mostrando o atual estágio da tecnologia de

beneficamento, os diversos tipos de indústrias existentes, a possibilidade de obtenção

do biocombustível, bem como uma avaliação técnica de um motor de combustão

interna, ciclo diesel, operando com óleo de dendê na forma in natura como

combustível. Ele analisou também as tendências envolvendo a potência desenvolvida

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27

e o consumo específico para o motor operando com 50, 75 e 100% da carga nominal

em função da rotação.

Em 1975, um dos programas criados foi o Programa Nacional do Álcool (Pro-

Álcool), em 14 de Novembro pelo decreto n° 76.593, possuindo como objetivo o

incentivo na produção do álcool, visando ao atendimento das necessidades do

mercado interno e externo e da política de combustíveis automotivos, buscando assim

reduzir inicialmente o consumo parcial da gasolina e até total nas fases mais

avançadas do programa.

Foi iniciado também em 1975 o Plano de Produção de Óleos Vegetais para

Fins Energéticos (Pro-Óleo) que evoluiu, em 1980, para o Programa Nacional de

Óleos Vegetais para Fins Energéticos com o objetivo de gerar misturas com a

substituição parcial de até 30% do volume do óleo diesel por óleo vegetal, com a

perspectiva de, em longo prazo, realizar a substituição total do óleo diesel pelo óleo

vegetal. Diversas oleaginosas foram testadas para obtenção de óleo vegetal em

escala e também para produção de biodiesel, a soja foi uma das que despertou

inicialmente a atenção, matéria prima selecionada por sua maior disponibilidade, mas

a partir de 1981, foram testados também o amendoim, a colza, o girassol e o dendê,

entre outros. A meta geral era aumentar drasticamente a produção total de óleos para

fins energéticos, mas neste caso a viabilidade econômica estava em jogo, pelas

possíveis variações dos preços dos óleos combustíveis internacionais como também

as incertezas frente ao valor do barril de petróleo (BIODIESELBR, 2012).

Outro programa importante criado no início dos anos 1980 foi o Programa

OVEG (Programa Nacional de Alternativas Energéticas Renováveis de Origem

Vegetal), instituído pela Secretaria de Tecnologia Industrial do Ministério da Indústria

e Comércio (STI/MIC). Esta importância se deve a que este programa possuía o

objetivo de pesquisar e comprovar tecnicamente a viabilidade do uso dos óleos

vegetais em motores ciclo diesel, existindo assim uma participação integrada de

institutos de pesquisa e universidades, órgãos técnicos do governo federal,

fabricantes de motores, fabricantes de óleos vegetais e empresas de transportes

(BIODIESELBR, 2012). Foi um grande responsável pela evolução tecnológica e

divulgação do assunto na época.

A partir de 1985, a viabilidade econômica envolvendo a produção de óleo

vegetal foi efetivamente prejudicada com os baixos valores do petróleo, pela

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estabilização dos preços do petróleo (“contrachoque do petróleo”), influenciando

diretamente os programas em curso. A entrada do Pro-Álcool e aumento nos custos

da produção e esmagamento das oleaginosas foram fatores também determinantes

para a desaceleração dos programas (MELO & MAGALHÃES, 2007).

O tema vinculado a biocombustíveis retornou à discussão por volta do final da

década de 1990, pela reestruturação da matriz energética brasileira, e

consequentemente a criação de novos marcos regulatórios e as agências reguladoras

para tais fiscalizações; todas estas mudanças ocorreram também devido ao processo

de privatização do sistema energético estatal desenvolvido nas décadas anteriores

(VEIGA, 2007). Os biocombustíveis se tornaram ainda mais uma realidade, após

1991, ano que ocorreu a Guerra do Golfo, nesta o preço do petróleo foi alterado

drasticamente, gerando novamente preocupações em torno do setor energético.

Através da resolução 180, de 1998, a Agência Nacional do Petróleo (ANP)

autorizou a realização de testes e comercialização de combustíveis não especificados,

permitindo que instituições realizassem testes para uso do biodiesel em motores de

combustão. Os primeiros testes ocorreram na UFRJ com óleo vegetal residual

proveniente de frituras para obter o biodiesel, o qual foi misturado ao óleo diesel

normal a uma proporção de 5%. Os resultados destas pesquisas permitiram à

UFRJ/COPPE realizar um seminário, “Potencial do Biodiesel no Brasil”, em 2001, para

demonstração e discussão, junto aos agentes do governo e comunidade privada, da

viabilidade econômica prevista no biodiesel. A conclusão deste seminário foi pela

necessidade da criação de uma política nacional com o objetivo de substituir o óleo

diesel derivado do petróleo pelo biodiesel advindo de produtos vegetais e da

biomassa, devendo tal substituição ocorrer de forma gradual (VEIGA, 2007).

Com diversos estudos sendo desenvolvidos após o novo marco regulatório

energético brasileiro e resultados positivos de testes práticos, o governo federal criou,

em 2002, o Programa Brasileiro de Biocombustíveis (Probiodiesel), com intermédio

do Ministério das Ciências e Tecnologia (JÚDICE, 2003). Um programa criado com

objetivo de redução da dependência do petróleo; expansão do mercado das

oleaginosas; impulsão na demanda por combustíveis alternativos; e redução na

emissão de gases poluentes, visando atender às regras do Protocolo de Kioto, do qual

o Brasil é signatário (MATTEI, 2008).

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29

Com a mudança de governo presidencial, o Probiodiesel recebeu

reformulações, com a modificação do nome, em 2004, para Programa Nacional de

Produção e Uso do Biodiesel (PNPB). Reformulações que buscaram um caráter mais

social ao programa, ampliando a capacidade de geração de emprego e de renda,

incorporando fatores sociais nas regras gerais do programa de produção (MATTEI,

2008). Para uma maior consolidação e desenvolvimento do programa, o PNPB foi

elaborado através de parcerias com associações empresariais, como por exemplo, a

Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) e a

Associação Brasileira de Indústria de Óleos Vegetais (Abiove) (ABREU, 2006).

Apesar das razões sociais e ambientais por trás do programa, o mesmo

precisou receber incentivos fiscais desde cedo para promover, desde a etapa de

produção, uma maior chance de sucesso e aumento na viabilidade econômica. Assim,

a produção de biodiesel nasceu muito dependente do Poder Executivo, pois foram

criadas medidas para autorizar o Poder Executivo a reduzir alíquotas em razão da

matéria prima utilizada na produção do biodiesel, gerando perspectivas econômicas

promissoras para investidores (HOLANDA, 2005).

A trajetória do biodiesel pode ser vista de forma ilustrada na Figura 3, que

também demonstra o período em que ocorreram os três choques do petróleo. Estes

acontecimentos têm referência direta com a valorização e busca de alternativas

energéticas no âmbito mundial, como também nacional.

Page 31: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA ESCOLA POLITÉCNICA … · Engenharia Industrial, da Universidade Federal da Bahia, ... FIGURA 21 – TENDÊNCIA DA CAPACIDADE DE LUBRIFICAÇÃO EM FUNÇÃO

30

Figura 3 - A evolução do biodiesel no Brasil.

Fonte: Adaptado de ANP (2012).

No dia 13 de Janeiro de 2005 foi publicada a Lei 11.097, estabelecendo a

obrigatoriedade de um percentual mínimo de biodiesel no diesel fóssil comercializado

no país. Desta forma, a adequação ao PNBP tornou-se obrigatória para produtores,

distribuidoras e montadoras. Até o ano de 2007, seria voluntária a utilização da mistura

biodiesel-diesel, tornando-se realmente compulsória, segundo a referida lei, apenas a

partir do dia 01 de Janeiro de 2008, com o percentual de 2% de biodiesel, no mínimo,

a ser inserido no diesel (B2). Com o bom funcionamento do programa, resultado do

crescimento da produção e demanda, o governo decidiu antecipar a elevação do

percentual mínimo para 3% de biodiesel na mistura (B3) logo em julho de 2008,

através da Resolução CNPE n° 2 de 13/03/2008. Tal mudança gerou um aumento de

188,7% na produção de biodiesel (B100) no mercado nacional, segundo o Balanço

Energético Nacional de 2009. Em julho de 2009, foi estabelecida a adição obrigatória

de 4% de biodiesel no diesel, através da Resolução CNPE nº 2 de 27/04/2009. Já a

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31

obrigatoriedade do B5 se deu em janeiro de 2010, através da Resolução CNPE nº 6

de 16/09/2009, antecipando em três anos a meta inicialmente prevista pelo governo,

que se daria em 2013. A perspectiva de um novo percentual foi determinada por uma

medida provisória estruturada em duas fases, uma ampliação de B5 para B6

determinado para o início de Julho de 2014 e posteriormente para B7 com o prazo

determinado no início de novembro de 2014 (CASACIVIL, 2014). A Figura 4, as metas

do início do programa, com a perspectiva descrita até 2013, e as suas subsequentes

antecipações, sendo importante pontuar que a obrigatoriedade legal somente ocorreu

a partir de 2008.

Figura 4 - Metas iniciais e suas antecipações.

Fonte: Adaptado de Fetranspor (2011).

2.2.2 Considerações adicionais sobre o biodiesel

Desde a criação do Programa Nacional de Produção e Uso do Biodiesel

(PNPB) o governo estimulou a produção de biodiesel a partir da mamona e do pinhão

manso, na tentativa de solucionar o problema de renda dos produtores do nordeste,

sendo a mamona escolhida como um dos símbolos do PNPB por ser a cultura que

mais resiste ao estresse hídrico e falta de chuva regular. Com o passar dos anos fica

evidente que houve uma precipitação por parte dos órgãos governamentais brasileiros

em lançar o programa sem antes realizar os estudos que apontasse a viabilidade das

novas cadeias produtivas da proposta e análises de sustentabilidade e impactos

sociais, pois registra-se, após anos, objetivos parcialmente alcançados e outros muito

longe de serem cumpridos (PADULA et al., 2012; RATHMANN et al., 2012). Uma das

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32

metas sociais do PNPB é estimular o plantio de novas culturas, como mamona, pinhão

manso e dendê, impulsionando também a agricultura familiar nas regiões carentes do

país (MDA, 2010), mas falta ainda a viabilidade por parte desse plantio para incentivar

uma maior participação e gerar ganhos reais aos agricultores familiares.

A soja é a matéria prima responsável pela maior fatia de produção de biodiesel

no Brasil (correspondente a 70,9% da produção total, média de janeiro a abril), o sebo

animal aparece como segunda mais utilizada (20,1%) e algodão como terceira (3,3%);

maiores detalhes podem ser vistos na Figura 5.

Figura 5 – Matérias primas utilizadas para a produção de biodiesel.

Fonte: Brasil (2013).

Estudos têm demonstrado que o óleo de mamona pode ser usado como

matéria prima para a indústria de biodiesel, mas, devido à sua alta viscosidade (ver

Tabela 2), e altos níveis de ácido ricinoleico, possui o limite máximo de utilização de

10% quando misturado em diesel de petróleo (BERMAN et al., 2011) ou limite de até

30% na mistura com biodiesel de soja (DANTAS, 2010). Alternativas com limites de

porcentagem menores não são viáveis devido às exigências da ASTM D7467-13,

ASTM D6751-12 e ANP 14/2012, visto que o biodiesel em mistura e puro devem

cumprir todos os limites de especificação estabelecidos. Devido a essas condições o

processo produtivo de biodiesel quando se utiliza óleo de mamona possui uma

configuração e cuidados específicos de modo a evitar perda de especificação do

produto (VIEIRA et al., 2006).

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Tabela 2 – Propriedades físico-quimicas de alguns óleos vegetais.

Óleos Vegetais Viscosidade Cinemática 40

°C (mm2.s-1) Densidade (g.cm-3)

Acidez (mgKOH.g-1)

Pinhão manso 24,5 0,89 17,3

Dendê 36,8 0,9118 4,9

Soja 36,8 0,92 0,2

Mamona 28,5 0,9578 9,5 Fonte: Dantas (2010).

De forma similar o trabalho elaborado pela Copernicus Institute em parceria

com outras organizações e publicado pela NL Agency (NL AGENCY, 2010) buscou

reunir e apresentar os fatos relevantes sobre o pinhão manso (Jatropha); neste

trabalho foram apresentados aspectos sociais, ecológicos, econômicos, técnicos e

fatores ligados à agronomia especificamente. Apesar do pinhão manso ter sido

considerado uma das grandes promessas para a produção de biodiesel (GEXSI,

2008), devido à alta capacidade de sobrevivência dessa planta em locais de solo

pobre e seco, após grandes investimentos, foi descoberto que, apesar desses pontos

positivos supracitados, a obtenção de uma colheita produtiva para geração de

biodiesel só é possível com irrigação similar a outras culturas e disposição de

nutrientes no solo (NL AGENCY, 2010).

Isto significa que os campos de pinhão manso deverão competir para o mesmo

terreno fértil de culturas alimentares, um dos principais desafios atuais da produção

tradicional de biodiesel. Outros obstáculos também são realidades para a produção

de óleo do pinhão manso: a coleta deve ser seletiva, separando os mais maduros dos

mais verdes, pois essa mistura influencia negativamente para uma umidade final

elevada; o tratamento pós-colheita, o despolpamento, a secagem das sementes, são

também importantes e decisivos para a qualidade final do óleo e, por consequência,

do biodiesel (RURALBR, 2012).

Outro fator a ser considerado, de grande influência na viabilidade de projetos

destinados a biodiesel, é o rendimento de óleo por área de plantio que cada espécie

de oleaginosa pode produzir, e também os intervalos necessários entre colheitas

como por ser visto na Tabela 3.

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Tabela 3 – Características de alguns vegetais com potencial para a produção

de biodiesel.

Matéria prima Porcentagem de

óleo Meses de colheita

Rendimento em óleo (t/ha)

Dendê 26 12 3,0 - 6,0 Babaçu 66 12 0,4 - 0,8 Girassol 38 - 48 3 0,5 - 1,5

Colza 40 - 48 3 0,5 - 0,9 Mamona 43 - 45 3 0,5 - 1,0

Amendoim 40 - 50 3 0,6 - 0,8 Soja 17 3 0,2 - 0,6

Fonte: Abreu (2012) apud Nae (2005).

A resolução de alguns dessas dificuldades tem sido realizada continuamente

com o melhoramento genético e otimização no gerenciamento produtivo

(JONGSCHAAP, 2007; RURALBR, 2012), ações estas que tem melhorado a condição

de plantio de uma maior diversidade de oleaginosas destinadas ao biodiesel, mas não

resolvem todos os desafios atuais provindos dessas matérias primas.

Uma solução constantemente em pesquisa é a utilização de óleo de gordura

residual (OGR), pois parte de um princípio de reutilização da matéria. Existem alguns

resultados positivos para produção e utilização desta matéria prima, como é o caso

dos publicados por Alves et al. (2012), na dissertação de Cuello (2013) e artigo de

Ferreira, Torres e Silva (2012). Mas também, como apresentam os autores, o óleo

residual para produção de biodiesel envolve alguns resultados negativos para sua

caracterização e desafios na sua logística de coleta e distribuição.

O biodiesel tradicional, conhecido como de primeira geração, compete

diretamente com o mercado alimentício e químico, pois grande parte dos óleos que

estão sendo utilizados são comestíveis e destinados a diversas outras aplicações.

Dentro dessa competição, está o alto valor de mercado desses óleos e a sua contínua

expectativa de aumento (ver Figura 6). Tem ocorrido que produtores preferem vender

suas produções às empresas que pagam mais, neste caso são as indústrias

alimentícias e químicas, responsáveis pela produção de óleos alimentícios,

lubrificantes, cosméticos e farmacêuticos. No fim, a diversidade de matéria prima

incentivada pelo PNPB possui diversas vulnerabilidades, o que nestes casos tem

tornado culturas agrícolas inviáveis para diversos produtores agrícolas familiar.

Page 36: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA ESCOLA POLITÉCNICA … · Engenharia Industrial, da Universidade Federal da Bahia, ... FIGURA 21 – TENDÊNCIA DA CAPACIDADE DE LUBRIFICAÇÃO EM FUNÇÃO

35

(US$

/to

n)

Figura 6 – Estimativa dos preços dos óleos vegetais utilizados para produzir biodiesel até

2020. Fonte: FAPRI-ISU (2011) e OECD-FAO (2011).

2.2.3 Segunda geração do biodiesel e demais avanços

Desde a sua descoberta fundamental o biodiesel tem passado por novas

descobertas, com foco em cumprir seu objetivo inicial como combustível ambiental e

melhorar sua posição sustentável frente às demais fontes energéticas. Estes avanços

podem ser divididos como de primeira e segunda geração, no qual a primeira

compreende a produção básica do combustível a partir de matéria prima de óleos

vegetais e animais. Devido ao fato desses óleos, em sua maioria, serem provindos de

culturas agrícolas destinadas à produção de alimentos, foi assim necessário

desenvolver uma nova geração de biocombustíveis que buscassem alternativas mais

sustentáveis sem impactos diretos no mercado alimentício. A segunda geração foi

então criada, além da utilização de novas matérias primas, mas com a evolução dos

processos produtivos e tecnológicos (IEA, 2010).

Para a segunda geração, a busca por fontes de matérias primas viáveis para

produção de biodiesel incluem principalmente óleos não comestíveis, como Jatropha

curcas (conhecido como pinhão manso) (FINDLATER & KANDLIKAR, 2011;

SIDDHARTH & SHARMA, 2010) e Calophyllum inophyllum (árvore conhecido como

tamanu) (ONG et al., 2011), plantas geneticamente modificadas, como

choupo ou álamo (árvore do gênero populus) e Panicum virgatum (um tipo de grama

conhecido como switchgrass), também as microalgas (ZHANG et al., 2013; AHMAD

et al., 2011; TAKESHITA, 2011), entre diversas outras alternativas também

promissoras (ATABANI et al., 2012; IEA, 2010).

A cadeia de produção tanto laboratorial e industrial é bem analisada no artigo

“Cadeia do biodiesel da bancada à indústria: uma visão geral com prospecção de

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36

tarefas e oportunidades para P&D&I” elaborado por Quintella et al. (2009); neste é

apresentado diversos métodos de produção e suas subsequentes evoluções dentro

das gerações do biodiesel.

2.3 PERFIL DE PRODUÇÃO DE BIODIESEL

2.3.1 Perfil mundial

As energias renováveis representam atualmente uma parcela significativa na

matriz energética de diversos países, têm tido um papel importante nas discussões

da sociedade ao redor do mundo. Devido aos avanços tecnológicos, os preços dos

equipamentos e componentes envolvidos para geração de energia renovável

continuam a cair, transformando tais fontes em sistemas mais competitivos e cada vez

mais populares. Mas apesar de todo o avanço essas são fontes que carecem de

ambiente político robusto de apoio para viabilização de condições de concorrência

equitativas (REN, 2013).

O investimento global em energia renovável recuou em 2012, de forma geral,

mas é possível identificar uma expansão deste investimento especificamente em

diversos países em desenvolvimento. É identificado que o investimento global reduziu

devido às incertezas econômicas e políticas relacionadas em alguns mercados

tradicionais, como também a crise financeira global recentemente vivenciada no

período de 2008/2009 e que ainda gera impactos em alguns mercados (REN, 2013).

Em 2012, os dados de investimento mundial apresentam um crescimento anual

acentuado na capacidade e produção da maioria das fontes renováveis, existindo o

caso especial da energia concentrada que avançou em 2012 acima da média histórica

(2007 até 2012). O biodiesel apresentou acréscimo de 0,4% no ano de 2012,

possuindo um avanço historiado de 17% nos últimos cinco anos (ver Figura 7).

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37

Figura 7 - Taxas médias anuais de crescimento da capacidade de energias renováveis e

produção de biocombustíveis (2007-2012). Fonte: REN (2013).

Os biocombustíveis no cenário global obtiveram um tímido crescimento, no

caso do etanol ocorreu uma redução na produção global no ano de 2012, grande parte

devido ao elevado preço do açúcar do mundo, o que direcionou a produção de cana

de açúcar para esse fim. Essa demanda flutuante das commodities tem causado um

grande distúrbio para os produtores, sendo que muitos não têm resistido e têm

fechados suas usinas (REN, 2013).

No caso do biodiesel a demanda continua a aumentar devido: ao caráter

obrigatório em muitos países; pelas diversas matérias primas que podem ser

utilizadas; pelos avanços tecnológicos; e também pelas descobertas realizadas nos

últimos anos, todos esses fatores tem causado uma expectativa mais positiva em

torno deste biocombustível, representado nos acréscimos de produção desde sua

descoberta (REN, 2013).

Valores da produção mundial, de 2000 até 2012, dos principais

biocombustíveis, etanol e biodiesel, podem ser vistos na Figura 8.

Solar fotovoltaico

Potencial eólico

Solar concentrada

Hidroelétrica

Aquecimento solar de água

Produção por geotérmica

Produção de etanol

Produção de biodiesel

42%

19%

61%

3,1%

14%

2,6%

-1,3%

0,4%

60%

25%

43%

3,3%

15%

4%

11%

17%

Apenas em 2012Final de 2007 até 2012

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38

Figura 8 - Produção mundial de etanol e biodiesel de 2000 até 2012.

Fonte: REN (2013).

2.3.2 Perfil brasileiro

Em 2012, o Brasil disputou juntamente com a Alemanha o terceiro lugar como

maior produtor mundial de biodiesel, atrás apenas de Estados Unidos e Argentina,

respectivamente o primeiro e segundo colocados (REN, 2013). No Brasil, no início de

2014, foi registrada a existência de 62 plantas autorizadas pela ANP para produzir e

comercializar biodiesel através do sistema de leilões (ver Tabela 4).

Tabela 4 - Plantas produtoras de biodiesel e suas capacidades registradas em

maio de 2014.

Plantas

Quantidade

Capacidade aproximada (m3/dia)

Novas plantas autorizadas para construção 2 700,00

Plantas autorizadas para operação e comercialização

64 21.827,79

Total previsto após conclusão de novas plantas e demais já em operação

66 22.527,79

Fonte: ANP (2014).

Os dados de produção de biodiesel, presentes no Boletim Mensal dos

Combustíveis Renováveis elaborado pelo MME, mostram a produção acumulada

atualizada. No acumulado do ano, a produção atingiu 1.012 mil m³ (dados calculados

até maio de 2014), um acréscimo de 10,4% em relação ao mesmo período de 2013

(917 mil m³) (ver Figura 9). No mesmo boletim são informados os principais dados

17,0 19,0 21,0 24,2 28,5 31,139,2

49,5

66,173,2

85,0 84,2 83,1

0,8 1,0 1,4 1,9 2,4 3,8 6,5 10,5 15,6 17,8 18,5 22,4 22,5

0

20

40

60

80

100

120

2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012

Total

Etanol

Biodiesel

Bilhões de litros

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39

pertinentes à produção de biodiesel no mercado brasileiro; nesse anteriormente citado

é apresentada uma considerável evolução do comércio de biodiesel de produção

nacional nos últimos anos com grande perspectiva para 2014, devido principalmente

à alteração na proporção obrigatória na mistura diesel/biodiesel (MME, 2014).

Figura 9 - Produção acumulada de biodiesel no brasil.

Fonte: MME (2014).

A produção acumulada de biodiesel brasileiro tem se desenvolvido em

consequência de acréscimos da demanda, o que tem incentivado o desenvolvimento

também da capacidade nominal, inclusive de novas plantas. E parte da capacidade

nominal não é efetivamente colocada em produção, devido à incapacidade de famílias

agrícolas de produzirem os suprimentos em escala necessários (PADULA, et al,

2012). Os boletins mensais do biodiesel elaborados pela ANP apresentam os valores

de capacidade nominal acumulada juntamente com a produção anual de biodiesel,

como pode ser visto na Figura 10 (ANP, 2014).

Figura 10 - Capacidade, demanda e produção anual de biodiesel brasileiro.

Fonte: ANP (2014).

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40

2.4 GRUPO GERADOR

2.4.1 Propriedades do motor diesel

O motor diesel também é conhecido como motor de ignição por compressão

devido às suas características atreladas ao ciclo diesel, onde, a ignição ocorre sem

faísca envolvendo diversos detalhes diferenciados ao motor ciclo Otto, entre eles:

admissão apenas de ar; taxas de compressão mais alta; injeção controlada durante a

compressão. A relação de pressão e ângulo do pistão do ciclo diesel pode ser vista

na Figura 11.

Figura 11 – Diagrama de pressão no cilindro – motor diesel 4 tempos.

Fonte: Brunetti (2012).

A energia térmica do combustível, provinda do poder calorífico, não é

aproveitada completamente para gerar trabalho para o motor, como também a energia

elétrica por parte do alternador. Envolvida neste processo existe uma parcela de

energia que é desperdiçada, como por exemplo: pelos gases de escape;

transmissões; aquecimento de partes metálicas, entre outros. Em média, o rendimento

térmico de motores diesel é entre 36% a 40%, valor considerado alto em comparação

a outras máquinas térmicas (PEREIRA, 2012). Na Figura 12 é apresentado o

diagrama de fluxo térmico gerado a partir de um motor diesel equipado com turbo

compressor, é possível verificar que a potência efetiva foi de 41,5%. Dentre as demais

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41

parcelas, há os exemplos do sistema de refrigeração e lubrificação responsáveis por

manter o adequado funcionamento do motor dentro de uma vida útil prolongada. Mas

é possível verificar também o não aproveitamento útil de 36,1% referente ao calor de

gases de escape.

Figura 12 - Diagrama do fluxo térmico para um motor diesel.

Fonte: Pereira (2012).

2.4.2 A combustão

A combustão em motores diesel ocorre pela autoignição gerada no contato do

combustível injetado com o ar aquecido, este previamente comprimido na câmara de

combustão pelo movimento de compressão do pistão, segundo representação na

Figura 13. O combustível é injetado, em um ou mais jatos, em instantes ligeiramente

antes do tempo desejado para a combustão.

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Figura 13 – Representação esquemática da câmara de combustão durante a injeção.

O tempo entre o início da injeção do combustível e início da combustão é

conhecido como atraso na ignição e estabelecido por dois processos, um

retardamento físico e outro químico. Durante tais processos o combustível é injetado

e não ocorre aumento de pressão e temperatura no cilindro. Caso o retardamento se

prolongue muito poderá haver acúmulo de combustível na câmara e envolver riscos

de explosão ou em menor escala um crescimento brusco, anormal e indesejável de

pressão (HEYWOOD, 1988; STONE, 1999).

A combustão dentro da câmara do motor diesel pode ser dividida em duas

etapas: inicialmente acontece a combustão pré-misturada determinada pela rápida

liberação de energia que aumenta temperatura e pressão no cilindro, esse aumento

resulta em um atraso de ignição; e uma etapa subsequente de combustão controlada

pela mistura ar-combustível que consome o restante de combustível injetado (STONE,

1999; BRUNETTI, 2012); as etapas de combustão em função do ângulo da árvore de

manivelas podem ser vistas na Figura 14.

Figura 14 – Características da combustão do motor diesel em função do ângulo da árvore de manivelas.

Fonte: Brunetti (2012).

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43

A autoignição no ciclo diesel é influenciada por: composição e qualidade do

combustível; temperatura e pressão do ar de admissão; e turbulências envolvidas

internamente no cilindro, segundo projeto das câmaras de combustão (GRIFFITHS &

BARNARD, 1995; MASTORAKOS, 2009; AGGARWAL, 1998).

A combustão pode ocorrer basicamente de duas formas, completa ou

incompleta.

Na combustão completa (Eq. 2) a reação ocorre com a proporção da mistura

ar/combustível adequada para queima total do combustível, pois dentro da câmara de

combustão há oxigênio do ar na quantidade suficiente para oxidação completa de

todos os elementos combustíveis. A combustão completa não ocorre na prática

durante a operação dos motores. A quantidade exata de ar estequiométrica é

chamada de ar teórico (VLASSOV, 2008).

CxHy + (x+𝑦

4)(O2 + 3,76 N2) → x CO2 +

𝑦

2 H2O + 3,76 (x+

𝑦

4)N2 (2)

Na combustão incompleta (Eq. 3) a reação ocorre com proporções menores de

ar do que necessário, sendo assim existe a formação de monóxido de carbono (CO).

CxHy + a (O2 + 3,76 N2) → b CO2 + c CO + 𝑦

2 H2O + 3,76 a N2 (3)

Caso exista ar em excesso na câmara de combustão obteremos nos produtos

da combustão o O2 (oxigênio) (Eq. 4). Desta maneira o excesso de ar para a

combustão normalmente é determinado pela presença de oxigênio em produtos de

combustão no escape do motor. Em alguns casos no coletor de escape é instalada

uma sonda λ (lambda) que determina a proporção de oxigênio nos gases de escape,

e assim monitora a composição dos gases de escape (VLASSOV, 2008).

CxHy + a (O2 + 3,76 N2) → x CO2 + b O2 + 𝑦

2 H2O + 3,76 a N2 (4)

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44

Para que seja assegurada uma combustão completa é necessário estabelecer

excesso de ar para manutenção da adequada quantidade de oxigênio até o final da

propagação da chama (PINHEIRO e VALLE, 1995).

O coeficiente de excesso de ar (α) expressa a relação da mistura

ar/combustível, sendo estabelecido como a razão entre o volume total de ar utilizado

na combustão (Var) (kg/kg combustível ou m3/kg combustível) e o volume de ar

ideal/estequiométrica (Vºar), podendo ser calculada pela proporção volumétrica dos

produtos da combustão (PINHEIRO e VALLE, 1995):

𝛼 = 𝑉𝑎𝑟

𝑉°𝑎𝑟=

%CO2 (estequiométrico)

%CO2 (5)

Valores grandes do excesso de ar são indesejáveis, pois capazes de diminuir

a temperatura da chama, aumentar as perdas de calor devido à entalpia dos gases

efluentes, reduzindo a eficiência térmica, além também de reduzirem o comprimento

da chama durante a injeção. Mas o baixo excesso de ar também é prejudicial, pois

assim teremos combustão incompleta, com formação de CO e material particulado,

além de acumulação de combustível não queimado dentro da câmara, envolvendo

risco de explosão. O excesso de ar é um fator determinante para a eficiência da

combustão, pois tem interação direta no controle de volume, temperatura e entalpia

dos gases de combustão (PINHEIRO e VALLE, 1995).

2.4.3 Emissões do processo de combustão

A poluição é uma das consequências da tentativa do homem em obter energia

útil dentro do processo de combustão, processo este que gera efeitos diretos no meio

ambiente e interligados a diversos problemas de ordem social, política e econômica

(CARVALHO JUNIOR & LACAVA, 2003).

As emissões atmosféricas são as fontes mais perturbadoras provindas de

motores à combustão. Esta é uma preocupação que se tornou evidente para o mundo

e o Brasil, com maior destaque, a partir do início da década de 1970, devido à

identificação de reais interferências que as emissões podem causar no meio ambiente

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45

e também especificamente na saúde da população. Existe uma relação direta do

impacto de emissões de partículas sobre a saúde humana, que pode até ser estimada

pelo número de doenças por kWh geradas, a depender da fonte de geração, ou

também estimativas que apresentam números de mortes por kWh gerado. Estudos

responsáveis por tais estimativas têm atrelado considerações de diversos riscos

incrementais ao ser humano, pois existem doenças respiratórias cumulativas

vinculadas, de forma distinta, a cada tipo de fonte poluidora (ALVES & UTURBEY,

2010). Fatta et al. (2013) destacam o potencial que ajustes operacionais nos motores

unido com a utilização de biodiesel podem promover vantagens significativas para a

saúde e meio ambiente.

As emissões provenientes de motores à combustão são nocivas ao homem e

ao meio ambiente, o que torna seu estudo importante para toda a sociedade. Mas a

análise desses produtos de combustão também se faz importante para o estudo de

motores à combustão. Pois a partir da identificação e proporção desses produtos é

possível: avaliar a eficiência do processo de combustão, com medições das

concentrações de CO, CO2, O2, HC, NOx, MP etc.; estabelecer concentrações de

gases poluentes limitados pela legislação de emissões; e compreender informações

importantes para determinação dos reagentes envolvidos na combustão.

Diversos estudos têm sido realizados com o sentido de investigar os impactos

da adição do biodiesel nas principais emissões de poluentes. A maioria dos estudos

tem demonstrado que a adição de biodiesel reduz o material particulado, o monóxido

de carbono e os hidrocarbonetos, e apresentando um acréscimo na emissão dos

óxidos de nitrogênio (FATTA et al., 2013; XUE; GRIFT; HANSEN, 2011; LAPUERTA

et al., 2008; FAZAL; HASEEB; MASJUKI, 2011; MOFIJUR et al., 2013; GIAKOUMIS,

2012).

a) Monóxido de carbono

O monóxido de carbono (CO) é um produto da emissão da combustão

incompleta, resultado de uma menor eficiência na reação entre combustível e ar,

devido à relação ar-combustível e homogeneização da mistura. A produção de CO é

iniciada pela quebra dos hidrocarbonetos, existindo a possibilidade de oxidação de

parte do CO no sistema de escapamento formando CO2. Os motores ciclo diesel

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funcionam normalmente com excesso de ar, emitindo menores proporções de CO em

comparação ao ciclo Otto (MARTINS, 2013).

O CO tem impacto na saúde do ser humano, sendo capaz de levar à morte

caso seja inalado em relativas concentrações e por tempo prolongado. Em casos

menos graves, o CO pode causar dores na cabeça e náusea (ALVES & UTURBEY,

2010).

A investigação realizada por Xue, Grift e Hansen, (2011) com 66 artigos

apresenta que a maior parte da literatura estudada (86,4%) aponta para uma redução

das emissões de CO com a utilização de biodiesel comparado ao diesel.

Segundo testes realizados por Roy et al. (2013), foram encontradas reduções

de 8% até 15% em diferentes rotações do motor quando comparado biodiesel de

canola (B20) com diesel convencional (B0). Maiores reduções foram apresentadas por

Raheman e Phadatare (2004) com taxas de redução de 94% com B20 e 73% com

B100, comparado com diesel, em ambos os casos foi utilizado biodiesel produzido

pelo óleo de karanja. Segundo outros experimentos com biodiesel produzido pelo óleo

de mahua, Raheman e Ghadge (2007) apresentam taxa de redução máxima de 81%,

nas emissões de CO, com B100 em 20% de sobrecarga do motor. Haas et al. (2001)

relatam uma redução de 48% na utilização de B100 produzido por óleo de soja

comparado com B0.

Entretanto, nos testes desenvolvidos por Tan et al. (2012), com biodiesel de

óleo de pinhão manso, é apresentada uma flutuação significante nas emissões de CO.

Quando realizados testes com o motor operando em baixa carga, o B100 apresenta

acréscimo de 17,6% na emissão de CO, mas com operações de maiores cargas no

motor é possível verificar valores de redução na emissão de CO na faixa de 23,1%,

valores estes comparados com diesel. Muralidharan et al. (2011) reportaram diversas

variações quando comparado biodiesel de OGR (B20, B40, B60 e B80) com diesel.

Em baixas e médias cargas, o B40 apresentou maiores acréscimos na emissão de

CO frente às demais misturas, inclusive ao diesel. Enquanto que o B60 apresentou,

em baixa carga, breve similaridade nas emissões de CO comparado com o diesel, e

em média carga um leve acréscimo.

Apesar de serem em menor número, existem pesquisas com a publicação de

significativos acréscimos na emissão de CO na utilização de diferentes proporções de

biodiesel na mistura. Segundo os testes realizados por Silitonga et al. (2013) com

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biodiesel de sumaúma (ceiba pentandra), nas proporções de B10, B20, B30, B40 e

B50, foi verificado alteração nas emissões de CO comparado ao diesel. Com as

misturas B20, B30 e B40, os valores aproximados de acréscimo chegaram até 25%,

32% e 43%, respectivamente. Porém, apenas o B10 das misturas estudadas

apresentou uma redução na emissão de CO, valor este em torno de 9%. As faixas de

acréscimo e redução foram mantidas similares durante todo o regime dos testes com

alteração na rotação de operação de 1300 rpm até 2400 rpm. As razões descritas para

este aumento são determinadas pelo biodiesel possuir uma maior viscosidade e uma

pior distribuição do spray durante a injeção, o que ocasiona em uma mistura pobre e

consequentemente numa combustão menos eficiente.

Sahoo et al. (2009) investigaram a influência na emissão e desempenho com o

uso de biodiesel de diferentes origens (jatropha conhecido como pinhão manso,

polanga, karanja) em motores agrícolas, e encontraram menores valores de emissão

de CO para o biodiesel de karanja nas seguintes proporções: KB20, KB50, KB100, e

para o biodiesel de polanga (PB100), cujos valores são de 2,93%, 5,87%, 5,13% e

12,96% menores que do diesel, respectivamente. Ocorrendo consideráveis

acréscimos na emissão de CO com biodiesel de pinhão manso (jatropha) em JB20,

JB50 e JB100, e com biodiesel de polanga de PB20 e PB50 na ordem de 35.21%,

14.67%, 5.57%, 34.24% e 2.59% comparado com o diesel, respectivamente (Figura

15). Não apresentando assim, um padrão regular pela variação na proporção de

biodiesel.

Figura 15 - Mudanças na emissão de CO em comparação com diesel.

Fonte: Sahoo et al. (2009).

De acordo com Sahoo et al. (2009), fatores que reduzem a qualidade da

combustão, como por exemplo o elevado calor latente de evaporação, podem ser uma

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das razões para maiores emissões de CO. Outras questões apontadas são devido à

influência da maior viscosidade e também da menor homogeneidade de algumas

misturas.

As influências na emissão de CO pela proporção de biodiesel na mistura são

apontadas por diferentes causas, como ressaltam Arpa & Yumrutas (2010) e Xue, Grift

e Hansen (2011); dentre alguns dos principais fatores influenciadores podem ser

destacados: propriedade física e química da mistura (SILITONGA et al., 2013; PUHAN

et al., 2005); relação ar/combustível e temperaturas do motor (ALTUN et al., 2008);

deficiência de oxigênio na câmera; e tempo disponível para completa combustão

(ARPA et al., 2010). Alguns desses fatores são causados pelo teor de biodiesel na

mistura; matéria prima utilizada para a produção do biodiesel; modelo do motor e

condições de operação; e pelos eventuais aditivos que possam ser utilizados.

b) Dióxido de carbono

O CO2 é um produto primário de qualquer reação de combustão de

hidrocarbonetos, sendo um gás sem impacto direto na saúde do ser humano. É

identificado como um dos grandes responsáveis por absorver radiação infravermelha,

contribuindo para o aquecimento global (CARVALHO & LACAVA, 2003). Pelo fato do

CO2 ser um produto intrínseco à combustão, para redução do mesmo se faz

necessária uma evolução no rendimento do motor em geral ou modificar-se os fatores

envolvidos no sistema de combustão, assim será consumido menor combustível na

geração da mesma quantidade de energia com redução na vazão mássica de CO2.

No seu estudo, Lacava (2000) apresenta resultados da redução de CO2 pelo

enriquecimento do oxidante. O processo envolvido significa aumentar a concentração

de oxigênio acima dos 21% (volumétrico) presentes no ar, reduzindo assim a

concentração de N2, um componente inerte para a combustão que absorve energia

que poderia estar disponível para o processo. Com esse enriquecimento foi possível

reduzir em até 50% na emissão de CO2. A consequência desta redução gera um

aumento substancial de temperatura na região de chama, o que por, sua vez, favorece

a formação de NOx.

Sayin et al. (2013) destacam no trabalho publicado a influência da quantidade

de orifícios na válvula de injeção para o desempenho e emissão em motores diesel,

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possuindo este fator efeito direto nas emissões de CO2, devido ao fato de alterar o

consumo de combustível e as taxas de oxidação envolvidos. A maior emissão de CO2

foi encontrada com a utilização da válvula injetora com oito orifícios, obtendo assim,

13.9%, 13.7% e 13.3% para B20, B50 e B100, respectivamente, e na utilização de

quatro orifícios com 13% e 13.1% para B0 e B5, respectivamente. Foram realizados

também testes com a alteração da carga e como esperado foi verificado um acréscimo

na emissão de CO2 em todos os casos quanto mais carga era aplicada.

c) Óxidos de nitrogênio

O termo atrelado a óxidos de nitrogênio, NOx, é a soma dos produtos de

combustão monóxido de nitrogênio (NO), com proporção média de 90%, e dióxido de

nitrogênio (NO2). Na atmosfera, o NO rapidamente se transforma em NO2 e ao entrar

em contato com o vapor de água forma ácido nítrico que, em conjunto com o ácido

sulfúrico, tem o potencial de formação de chuva ácida. O NO2 também pode ser

transformado em ozônio (O3) na ação de raios ultravioletas (FERNANDO et al., 2006).

O NOx pode ser formado pela reação entre o nitrogênio na composição do

combustível entre o oxigênio do ar, e também pela oxidação do nitrogênio presente

no ar. Segundo Zeldovich (1947), a grandeza determinante para que seja formado o

NOx é a temperatura envolvida na reação; tais reações que podem ocorrer na câmara

de combustão em um motor podem ser vistas na Tabela 5.

Tabela 5 – Constantes do mecanismo desenvolvido por Zeldovich.

Reações Temperatura (K)

O + N = NO + N entre 2000 e 5000

N + O = NO + O entre 300 e 3000

N + OH = NO + H entre 300 e 2500

Fonte: Zeldovich (1947).

É possível perceber que as reações são mais ativas acima de 2000 K de

temperatura e da necessidade de uma quantidade de nitrogênio e oxigênio para

efetivar as reações (ZELDOVICH, 1947). Na compreensão destes fatores envolvidos,

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os projetos de motores são repensados - em especial o modelo e formato das câmaras

de combustão, além de sistemas de pós-tratamento - no intuito de reduzir a

temperatura de determinados pontos da chama, como também recirculação dos gases

de escape durante a exaustão e controles mais apurados do instante de início da

combustão (BRUNETTI, F. 2012).

Fattah et al. (2013) ressaltam que, em geral, o biodiesel quando comparado ao

diesel apresenta maiores emissões de NOx. De acordo Mueller et al. (2009), as

variações na emissão de NOx não ocorrem devido a uma única propriedade do

combustível, mas sim ao resultado de uma série de fatores que juntos geram efeitos

com potencial de afetar as emissões, no qual podem também cancelar um ao outro,

em condições diferentes, possuindo sempre a dependência das características de

combustão dos combustíveis utilizados. Para Nabi et al. (2009), o acréscimo nas

emissões de NOx é devido à existência de mais oxigênio disponível para a combustão,

provindo do biodiesel (cerca de 12% a mais do que o diesel), e também pelas maiores

temperaturas que a câmara de combustão alcançou nos testes realizados, fatores

estes que favorecem a formação de NOx. Saravanan et al. (2012) investigaram: a

influência da temperatura de chama; a concentração de oxigênio; o atraso da ignição;

e a densidade do combustível, como fatores que influenciam a taxa de formação de

NOx. Foi desenvolvido um método para predizer a influência destes fatores, no qual

foi confirmada suas reais influências em experimentos práticos, realizados pelos

autores, na utilização de diferentes tipos de biodiesel.

Hoekman e Robbins (2012) esclarecem alguns dos fatores influentes

relacionados a emissões de NOx. Por exemplo, motores mais antigos com sistemas

mecânicos de injeção apresentam um avanço acidental no tempo de injeção de

combustível, devido à compressibilidade do biodiesel. Motores mais modernos de

diesel eletronicamente controlados não experimentam este efeito, mas podem

apresentar outras questões positivas e negativas relacionadas ao NOx, dependendo

de como o sistema de controle de alimentação do motor responde às alterações, tais

como o teor de energia mais baixa do biodiesel, em comparação com diesel

convencional. Os resultados mais eficientes encontrados pelos autores para redução

de NOx é com ajustes no atraso de ignição e utilização de sistemas EGR. Motores

mais modernos podem contar também com um processo chamado combustão em

baixa temperatura, o qual pode oferecer uma redução significativa de NOx nas

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emissões. A manipulação do combustível também pode ser uma maneira na redução

de NOx, como por exemplo pela utilização de aditivos que melhoram o número de

cetanas ou redução do teor dos componentes aromáticos.

Em busca de uma estratégia para redução da emissão de NOx com a utilização

de biodiesel, Al-dawody e Bhatti (2012) encontraram resultados positivos na sua

pesquisa com diferentes misturas de biodiesel de soja. Por simulação teórica, foi

identificada a possibilidade de resfriar a temperatura do ar de admissão de 55 para

15°C, ocasionando uma redução de 10,53% na emissão de NOx. Outra possibilidade

seria a mudança na geometria do pistão, no qual poderia se alcançar a redução na

emissão de NOx em 22,84%. Uma otimização teórica considerando multiparâmetros:

resfriamento do ar de admissão; ajustes no atraso de ignição; geometria do pistão;

recirculação dos gases de emissão (EGR); e aumento no diâmetro do bocal de

injeção, apresentou uma redução nas emissões de NOx com B20 de 50,26%. Após

determinação teórica da melhor estratégia, foram realizados experimentos que

validaram, com certa margem de erro, a melhor estratégia considerada pela simulação

teórica.

Segundo a pesquisa realizada por Ferreira et al. (2013), o uso de etanol pode

ser uma alternativa interessante para reduzir a emissão de NOx quando misturado ao

diesel e biodiesel como combustível em motores de ignição por compressão. Além de

também reduzir o consumo de combustível diesel nestes motores, beneficiando numa

redução do consumo de combustível fóssil. Os resultados desta pesquisa

demonstraram um aumento nas emissões de CO e de hidrocarbonetos quando

acrescido etanol à mistura. No entanto, as emissões de NOx foram reduzidas

consideravelmente associadas a uma redução na opacidade dos gases de exaustão.

Koc e Abdullah (2012) investigaram os efeitos da concentração de água em

nano emulsões com misturas de diesel e biodiesel em um motor diesel de quatro

cilindros. Nano emulsões adicionando 5%, 10% e 15% de água foram utilizadas na

comparação com diesel e B5 e B20. Os resultados demonstraram nano emulsões

produzindo menores emissões de NOx do que o diesel, B5 e o B20. Na comparação

entre todos, o B20 apresentou maior emissão de NOx (1024ppm) em 1000rpm,

enquanto a nano emulsão com 15% de água apresentou o menor valor de emissão

de NOx (882 ppm) em 1800 rpm, o qual foi 10% menor que o diesel convencional nas

mesmas condições. De acordo os autores, uma redução nas emissões de NOx foi

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apresentada devido à água reduzir a temperatura de pico na câmara de combustão,

o que influencia na reação dos componentes para formação de óxidos de nitrogênio.

Neste estudo não foi verificada redução significativa no torque e potência gerados pelo

motor.

d) Compostos de enxofre (SO2 e H2S)

Os produtos compostos de enxofre, emitidos na combustão do motor, estão

relacionados com a porcentagem de enxofre contida no combustível em questão.

Devido ao fato do biodiesel possuir uma proporção não significativa de enxofre, em

comparação ao diesel mineral não hidrotratado, o seu uso traz melhorias na redução

deste tipo de emissão. O SO2 em contato com vapor de água pode facilmente formar

ácido sulfúrico (H2SO4), componente responsável pela chuva ácida. Por esse motivo

e demais impactos negativos a saúde humana, os combustíveis possuem restrição

referentes à proporção de enxofre contido neles. O PROCONVE tem evoluído e de

forma mandatória tem obrigado os produtores a uma redução gradativa no teor de

enxofre no diesel. Atualmente já é possível encontrar o diesel S10 (10 partes por

milhão de enxofre no combustível), mas tal norma não se aplica a todos os

consumidores de diesel pelo país.

e) Particulados

Os materiais particulados (MP) são produtos de uma combustão incompleta, e

são formados essencialmente de carbono com aparência amorfa com demais

materiais orgânicos aglutinados. O processo de formação de MP é influenciado por

diversos fatores, entre eles: fluxo de combustível, padrão da chama, os tipos de

hidrocarboneto queimado, e pressão e temperatura da câmara de combustão

(HEYWOOD, 1988).

Segundo estudo estatístico realizado por Giakoumis (2012), a adição da

proporção de biodiesel na mistura gera uma significativa redução do MP. O estudo

utilizou como referência diversos artigos atuais relacionados ao tema e verificou que,

em média, os valores de MP tendem a se reduzir numa proporção similar à adição de

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biodiesel na mistura. Esse estudo foi também comparado ao relatório apresentado em

2002 pela EPA - “Agencia de Proteção Ambiental dos Estados Unidos” (Figura 16).

Figura 16 – Comparação do estudo realizado sobre a redução de material particulado com o

apresentado pela EPA. Fonte: Adaptado de Giakoumis (2012).

De acordo com Xue et al. (2011), 87,7% do banco de dados (73 artigos) usado

neste trabalho apresentou redução na quantidade de material particulado emitido pelo

motor quando substituído diesel convencional por B100. Foi visto que num caso

específico a redução chegou a até 91% em comparação ao diesel. Foram encontradas

também pesquisas, as quais não apresentam diferenças significativas na mudança

nas emissões de MP, entre o B100 e diesel (TURRIO-BALDASSARRI et al., 2004; QI

et al., 2010). Entre outros autores (9,6%), descritos por Xue et al. (2011), existem

estudos apresentando acréscimo do percentual de MP, sendo estes resultados devido

à maior viscosidade do biodiesel e sua consequência na influência da pulverização e

atomização, causando uma combustão mais deficiente. Com a mesma conclusão,

Aydin e Bayindir (2010) investigaram as emissões de biodiesel de algodão e

comprovaram um aumento nos MP emitidos quanto mais biodiesel existia na mistura.

A justificativa foi devida à densidade e viscosidade maior do biodiesel afetar a

volatilidade e consequentemente a atomização dentro da câmara de combustão.

Conclusão similar e resultados no acréscimo de emissão de MP também foram

encontrados no estudo publicado por Wu et al. (2009).

Fattah et al. (2013) ressaltam o efeito positivo que o biodiesel pode ter nas

emissões de material particulado. Destacam que este efeito é atribuído pela maior

quantidade de oxigênio presente na composição do biodiesel em comparação ao

diesel, o que diretamente afeta numa melhor combustão, como também na menor

quantidade de compostos aromáticos e enxofre. Na pesquisa realizada por Frijters e

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Baert (2006), é apresentado o potencial de redução de material particulado em

motores diesel, com a utilização de aditivos oxigenados. Neste estudo a pesquisa foi

extrapolada para encontrar níveis mais baixos de emissão. Testou-se 13 misturas com

diferentes aditivos, agregando uma faixa de oxigênio de 0% até 15,71% de fração

mássica na mistura. Os resultados demonstraram uma considerável relação entre as

emissões de MP com o teor de oxigênio no combustível.

Ribeiro et al. (2007) apresentam uma revisão ampla dos principais aditivos

encontrados em mistura de diesel com biodiesel e/ou com etanol. Em alguns casos

referenciados deste estudo, os aditivos demonstraram ser a opção mais atrativa na

redução de MP, como também em outros casos uma significativa redução de NOx.

Os autores destacam os aditivos como uma ferramenta indispensável no comércio

global de combustíveis. Devido às cobranças para que as fontes de energia se tornem

mais limpas e renováveis, os aditivos podem suprir essa necessidade.

2.4.4 Características, propriedades e influências do combustível

O diesel derivado do petróleo é composto, em geral, de 75% de

hidrocarbonetos saturados (principalmente parafinas, incluindo n, iso e cicloparafinas)

e hidrocarbonetos aromáticos (incluindo 25% de naftalenos e alquilbenzenos). A

fórmula química em média para o combustível diesel comum é C12H23, variando

aproximadamente entre C10H20 e C15H28 (ATSDR, 1995).

No caso do biodiesel a fórmula química pode ser calculada utilizando a média

da distribuição de ácidos graxos presentes na amostra em questão. No caso da soja,

por exemplo, possui os ácidos graxos: palmítico (C16:0) variando em média de 8 a

17%; o esteárico (C18:0) de 3 a 30%; o oléico (C18:1) de 25 a 60%; o linoleico (C18:2)

de 25 a 60%; e o linolênico (C18:3) de 2 a 15% (HAMMOND & GLAZ, 1989), desta

forma, o biodiesel pode apresentar uma formulação média de C18H34O2 (SANLI et al.,

2014; BUNCE et al., 2011).

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Tabela 6 - Tabela com propriedades do diesel e biodiesel.

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a) Número de cetano

O número de cetano (NC) é um indicador adimensional referente à qualidade

de ignição do óleo diesel na câmara de combustão, tendo influência direta na partida

do motor; na operação geral do motor; e na produção dos gases de emissão

(SHAHABUDDIN, 2013; BEZAIRE, 2010; TAT, 2011; İÇINGÜR & ALTIPARMAK,

2003; RAJ, 2010; KIDOGUCHI, 2000; TORRES et al., 2005; SANTANA et al., 2006).

Este é um indicador utilizado como escala, no qual um combustível padrão de alta

qualidade é estabelecido como principal combustível de referência (PCR), o n-

hexadecano (cetano), sendo a ele atribuído o valor de NC=100 (SALDANA, 2011;

KENT et al., 1994).

O principal efeito relacionado ao número cetano é o de autoignição, este ocorre

quando a temperatura de uma mistura ar-combustível é alta o suficiente para que

ocorra a ignição sem a necessidade de uma centelha. As moléculas que são mais

suscetíveis em se fragmentar, como por exemplo os hidrocarbonetos de cadeia linear

(em detrimento das que são ramificadas, olefínicos etc.) facilitam a combustão,

estando assim, relacionadas à autoignição, atraso de ignição e consequentemente ao

número cetano. Quanto maior o número de cetano, maior será a capacidade de

fragmentação das cadeias do combustível (SANTANA et al., 2006). A Figura 17

demonstra a relação entre o volume específico e comprimento da cadeia com a

capacidade de ignição das mesmas.

Figura 17 – Relação entre o volume específico e o NC.

Fonte: Santana et al. (2006).

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É possível estabelecer o número de cetano de forma física analisando o tempo

decorrido entre o início da injeção até o início efetivo da combustão, conhecido como

atraso de ignição. Caso esse atraso seja muito longo, poderá causar acúmulo

demasiado de combustível na câmara de combustão, causando aumento brusco de

pressão quando este volume entra em combustão, resultando assim em ruídos e

desgaste excessivo das peças (TAYLOR, 1989). A Figura 18 demonstra a influência

do número de cetano para o processo de combustão.

Figura 18 – Variação do atraso da ignição com combustíveis de diferente número de cetano:

NC 1 = 52, NC 2 = 42 e NC 3= 29. Fonte: Içingür & Altiparmak (2003).

Devido à existência de diferentes matérias primas para a produção de biodiesel,

o resultado do produto final pode conter diferentes propriedades e características

(Tabela 7). Desta forma, a depender do tipo do biodiesel e do teor de adição ao diesel,

existe a possibilidade de resultados específicos de emissão e desempenho para cada

composição utilizada (ATABANI et al., 2012; SRIVASTAVA & PRASAD, 2000). O

biodiesel, normalmente, possui um número de cetano superior ao diesel convencional,

o qual indica uma qualidade de ignição superior por parte do biodiesel.

Tabela 7 - Propriedades do biodiesel.

Matéria prima Número de Cetano Densidade

(kg/L) PCI

(kj/kg) Viscosidade Cinemática

a 37,8 C mm2/s

Amendoim 54 0,883 33,6 4,9

Soja 45 0,885 33,5 4,5

Babaçu 63 0,879 31,8 3,6

Palma 62 0,880 33,5 5,7

Girassol 49 0,860 33,5 4,6

Fonte: Srivastava & Prasad (2000).

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Segundo Brunetti (2012), o NC adequado interfere em uma melhor partida a

frio, pois o NC é um indicativo da facilidade do combustível de entrar em auto ignição

em determinada temperatura e pressão. Assim, devido ao fato da partida a frio contar

com uma condição crítica de baixa temperatura, quanto maior o NC, mais fácil

ocorrerá a combustão, sendo este um fator de importante consideração em países

com clima de baixa temperatura. Outras interferências apresentadas: existe uma

menor tendência a depósitos na câmara de combustão e a promoção de uma menor

erosão dos pistões, pois com um atraso de ignição adequado o desgaste metálico

tende a ser reduzido. Os motores atuais possuem tecnologia para trabalhar com altas

pressões de ignição e possibilidade de se adicionar pré-pulsos de injeção, e nestas

condições a variação de NC possui menor influência.

O NC está envolvido também com o controle dos gases de emissão, devido à

interferência nas condições de injeção e das queimas mais homogêneas. Xiaobin et

al. (1996) testaram diferentes combustíveis diesel e encontraram cerca de 5% de

redução de NOx quando o NC é aumentado de 42 para 62 (Figura 19).

Figura 19 – Influência do número de cetano na emissão de NOx.

Fonte: Xiaobin et al. (1996).

De acordo Torres et al. (2005) quanto maior o NC do biodiesel, maior será a

redução no atraso de combustão, ocasionando assim uma redução nas emissões de

HC. Kidoguchi (2000) encontrou uma redução na emissão de fumaça e MP com a

redução do NC do combustível, em um motor diesel quatro tempos de injeção direta

operando em carga elevada. Entretanto, a concentração de NOx aumentou com a

diminuição do número de cetano, isto devido a uma maior taxa de liberação de calor

e menor duração da combustão, segundo explicação do autor.

Uma forma de estabelecer o NC é através de testes padronizados segundo a

norma ASTM D 613, a qual possui um procedimento de ensaio com equipamentos e

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ajustes específicos, com condições de velocidade, carga e temperatura de admissão

pré-estabelecidas para os testes. Alternativa para estabelecer o número de cetano é

pelo índice de cetano derivado, utilizando equipamentos mais compactos e de

menores custos, normalizados pela ASTM D-6890 e D-7170, como também pelo

índice de cetano calculado, método de estimativa por meio de cálculos através da

norma ASTM D-4737. Neste último caso possui restrições de não obterem resultados

confiáveis quando utilizados aditivos para aumentar o número de cetano, ou com

óleos de baixo teor de enxofre (óleo diesel hidrotratado) (BRUNETTI, 2012).

b) Massa específica

Propriedade do combustível a qual demonstra a relação entre a massa e o

volume a uma temperatura específica. É uma propriedade capaz de indicar a presença

de contaminantes, caso os valores medidos estejam fora do especificado.

O valor da massa específica é um parâmetro essencial a ser considerado para

o projeto de motores a compressão, pois é um valor diretamente proporcional à

quantidade de energia oferecida ao motor, durante a injeção do combustível

(FILEMON, 2010). O sistema de injeção de um motor atua dosando o volume a ser

injetado, desta forma, variações na faixa de densidade podem influenciar na operação

e desempenho do motor. O aumento da massa específica implica em um aumento da

massa de combustível injetado e, assim, implicando na quantidade de energia inserida

no sistema (CARVALHO & MCQUAY, 2007). Consequentemente, nestas mudanças

de massa específica existe aumento de desempenho, entretanto também a

possibilidade de aumento das emissões. Em geral, a massa específica do biodiesel é

maior do que a do diesel (ver Tabela 6).

c) Poder calorífico

O poder calorífico é uma propriedade que estabelece a quantidade de energia

liberada por uma unidade de massa de um determinado combustível, quando

queimado completamente em temperatura pré-estabelecida (HEYWOOD, 1988).

O poder calorífico superior (PCS) é medido através de uma bomba

calorimétrica, considerando o calor total da combustão completa com os seus

produtos de combustão sendo resfriados até a mesma temperatura inicial do

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combustível. Para os MCI é necessário utilizar-se o poder calorífico inferior (PCI), pois

neste existe uma correção do valor do calor total com a subtração do calor latente de

condensação da água. Durante o resfriamento dos produtos de combustão, a

formação de condensado proveniente do vapor de água influencia, com o calor

latente, nos valores do calor total medido; desta forma, se faz necessária a correção

do calor latente de condensação da água com sua devida porcentagem de massa da

mistura (BRUNETTI, 2012).

O PCI pode ser calculado da seguinte forma:

PCI = PCS – LH2O . mH2O (6)

Sendo LH2O o calor latente de condensação da água a 18°C = 2458,2 kJ/kg e mH2O a

massa da água por unidade de massa da mistura.

Na Figura 20 é possível verificar a relação existente entre a massa específica

de diversos combustíveis e a influência no PCI em massa e volume dos mesmos.

Figura 20 – Relação entre massa específica e o PCI.

Fonte: Brunetti (2012).

De acordo com Demirbas (2007), o poder calorífico do biodiesel, geralmente

entre 39 e 41 MJ/kg, é ligeiramente mais baixo do que o da gasolina, 46 MJ/kg, do

diesel convencional, 43 MJ/kg, e do petróleo, 42 MJ/kg, sendo maior que do carvão,

entre 32 e 37 MJ/kg. Özener et al. (2014) e Torres et al. (2006) destacam que, devido

ao fato do biodiesel possuir um poder calorífico menor que do diesel, é necessário

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maior volume do biodiesel para atingir o rendimento similar ao do diesel, ocasionando

um consumo maior, acréscimo este apresentado por diversos estudos do biodiesel

com MCI.

d) Viscosidade

A viscosidade cinemática é a medida de resistência da vazão de um fluido no

escoamento através de um tubo capilar, com dimensões padronizadas e condições

pré-estabelecidas. Este é um dos fatores mais importantes que afetam o processo de

atomização do combustível na câmara de motores de injeção direta (YUAN &

HANSEN, 2009).

Valores altos de viscosidade causam problemas de atomização durante a

injeção na câmara de combustível (pulverização), em última análise formação de

depósitos no motor, tendência de danificar os bicos injetores, maiores emissões e

possibilidade de perda de potência do motor (YUAN & HANSEN, 2002). Senda et al.

(2004) destacam que o acréscimo de viscosidade pode causar uma perda de carga

na linha e bomba injetora, impossibilitando que a injeção ocorra de forma adequada.

Com as baixas viscosidades a queima de combustível ocorre muito próxima dos bicos

injetores, afetando os mesmos. Pelo aumento do tamanho das gotículas, causado por

uma ineficiente injeção, ocorre formação de fumaça e aumento nas emissões de

particulado (BRUNETTI, 2012). A viscosidade aumenta com o tamanho da cadeia e

com a redução de temperatura, sendo medida segundo norma ASTM D 445.

No estudo elaborado por Devan e Mahalakshmi (2009) sobre o desempenho e

emissões em um motor diesel ID (injeção direta), com misturas de diesel e óleo vegetal

de castanha da Índia (Sterculia Foetida), foi descrito como efeito da variação de

viscosidade destas misturas uma maior produção de CO para as composições de

maior viscosidade, devido a este fator afetar a qualidade de pulverização do

combustível na câmara.

Silitonga et al. (2013) analisaram os resultados de emissão e desempenho com

misturas de biodiesel de óleo de sumaúma (Ceiba Pentandra) e verificaram que a

viscosidade das misturas de diesel e biodiesel, que é maior do que o diesel, causou a

atomização pobre, misturas menos homogêneas e distribuição desigual de pequenas

porções de combustível na câmara de combustão.

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Pulkrabek (2004) reporta a influência da viscosidade no processo de

combustão de misturas em MCI e o efeito no aumento ou redução da velocidade do

combustível no sistema de injeção e durante todo o processo de injeção na câmara,

impactando no atraso de ignição do motor.

e) Volatilidade

A volatilidade é uma propriedade dos combustíveis que interfere diretamente

na densidade e ponto de fulgor dos mesmos. Representa a distribuição de compostos

leves e pesados, indicando o perfil de vaporização do produto, sendo um fator a ser

conhecido imprescindivelmente durante os processos de destilação de petróleo.

Atrelado à volatilidade existe uma das propriedades termodinâmicas mais

importantes, a pressão de vapor, esta reflete a estabilidade e segurança dos

combustíveis (GUO et al., 2009).

A volatilidade é avaliada pelo ensaio de destilação estabelecido na ASTM D-

86, nesta é identificado a temperatura na qual uma parcela de combustível é

recuperada após sua evaporação, procedimento de separação de compostos

diferentes presentes no produto. A variação na destilação afeta o rendimento do

motor, pois componentes mais pesados tem a tendência de gerarem gotículas na

pulverização da injeção com maiores diâmetros, o que reduz a qualidade da

combustão, e por fim afeta nas emissões geradas pelo motor. Diferenças mais

significativas na destilação podem causar uma dificuldade de partida a frio pela maior

possibilidade de cristalização dos compostos parafínicos (mais pesados) e causar

também entupimento, caso sejam compostos com uma faixa alta no peso. A

destilação de um composto pode ser estabelecida pelos resíduos gerados na

destilação, o ponto inicial de ebulição (PIE), as diversas porcentagens de evaporados

intermediários e ponto final de ebulição (PFE), pontos estes que possuem relação com

a pressão de vapor. Este último, para avaliação de produtos de petróleo, estabelecido

pelo método chamado Pressão de Vapor Reid (PVR) (BRUNETTI, 2012).

Para os estudos elaborados por Di et al. (2009), uma menor emissão de HC foi

atribuída pela menor volatilidade do biodiesel em comparação com o diesel. Yuan,

Hansen e Zhang (2005) e Goodrum (2002) atribuíram a baixa viscosidade do

biodiesel, em comparação ao diesel, com problemas de combustão, como um maior

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intervalo de ignição e pobre atomização na câmara. Jaichandar, Kumar e Annamalai

(2012) apresentaram um estudo da combinação dos efeitos do tempo de injeção e

geometria do pistão no desempenho de um motor diesel monocilindro a quatro

tempos, no qual relatam o impacto negativo da baixa viscosidade do biodiesel para

formação da mistura ar-combustível. Uma mistura ar-biodiesel inadequada com o

lento processo de evaporação afeta significativamente o processo de combustão

levando a um baixo desempenho do biodiesel na alimentação do motor diesel

f) Ponto de fulgor

O ponto de fulgor (flash point) é a menor temperatura na qual o combustível

inicia a emissão de voláteis propensos a propagar uma combustão após sua ignição,

é uma propriedade que possui uma relação intrínseca com a volatilidade do

combustível (CROWL; LOUVAR, 2002; TORRES et al., 2005). Não possui influência

direta no desempenho dos motores, mas é um fator importante a ser considerado na

segurança da operação e no transporte e estocagem dos combustíveis (GUO et al.,

2009). Além do mais é um indicativo de contaminação dos combustíveis. Um ponto

de fulgor muito baixo indica maior risco na estocagem e manuseio do produto.

g) Lubricidade

A lubricidade indica a capacidade de lubrificação do combustível, sendo

necessário para o bom funcionamento nos motores, quando em valores adequados,

evita o desgaste das partes internas do motor, principalmente nos motores atuais com

altas taxas de compressão, garantindo assim uma vida útil mais prolongada. O

biodiesel, por possuir um maior grau de lubricidade em comparação com o diesel, se

torna, quando utilizado como aditivo no diesel convencional, uma influência

significativa para operação do motor (RANDAZZO & SODRÉ, 2011; KNOTHE, et al.,

2005). A lubricidade é estabelecida pelos métodos High Frequency Reciproicating Rig

(HFRR) - conforme a ASTM D-6079 - e Scuffing Load Ball on Cylinder Lubricity

Evaluator (SLBOCLO), segundo a ASTM D-6078.

O artigo publicado por Nicolau et al. (2014) apresenta a relação entre a

lubricidade e propriedades de impedância elétrica para amostras de diesel com teor

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de enxofre variando de 10 a 130 ppm e também com misturas de biodiesel-diesel (B1,

B3, B5, B10 e B100), baseadas em baixo enxofre (10 e 20 ppm), com biodiesel de

óleo de soja. Foi utilizado o método HFRR para comparação da lubricidade entre os

combustíveis testados; neste método a lubricidade é avaliada pelo diâmetro da escara

do desgaste (WSD), em μm, produzida pela esfera, nos eixos x e y com deslizamento

alternado contra o disco estacionário imersos num fluido. Quanto maior a lubricidade,

menor a escara do desgaste, resultado que demonstra a eficácia do filme lubrificante

interfacial em sua ação de separação dessas superfícies (FARIAS et al., 2012). Em

um dos resultados, Nicolau et al. (2014) comprovam a redução da lubricidade

(aumento do WSD) quando é reduzido o teor de enxofre do combustível (Figura 21).

Figura 21 – Tendência da capacidade de lubrificação em função da composição de enxofre no

combustível. Fonte: Nicolau et al. (2014).

Outro resultado apresentado por Nicolau et al. (2014) mostra o aumento da

lubricidade (menor WSD) quando ocorre o aumento da porcentagem de biodiesel na

mistura (ver Figura 22).

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Figura 22 - O efeito do biodiesel como lubrificante em diversas misturas de biodiesel com diesel S10

e S20. Fonte: Nicolau et al. (2014).

Farias et al. (2011) também analisaram as curvas de porcentagem de filme

(lubricidade) na comparação entre B5 e diesel convencional. Neste foi constatado uma

maior variação para o diesel, sugerindo que o filme lubrificante da amostra de B5 de

soja possui mais estabilidade que o diesel convencional.

As normas internacionais têm estabelecido uma crescente necessidade na

redução das emissões, dentre os demais compostos, a redução de SOx, exigindo

assim a redução drástica dos teores de enxofre do diesel, redução atualmente

realizada através do hidrotratamento. A consequência deste processo é a obtenção

de um produto com baixo teor de enxofre, mas com uma significativa redução de

compostos polares e aromáticos que permite ao diesel uma lubrificação adequada.

Em alguns casos é necessário aditivo específico para alcançar os limites aceitáveis

(NICOLAU et al., 2014; PAZ-ZAVALA et al., 2013; BRUNETTI, 2012).

De acordo Valente et al. (2010), dos importantes requisitos necessários do

combustível para motores diesel é a capacidade de fluxo no sistema de alimentação

de combustível e lubrificação da bomba de injeção e dos injetores do sistema. Desta

forma, a utilização de diesel com baixíssimo teor de enxofre possui uma baixa

capacidade de lubrificação do sistema de alimentação e injeção de combustível,

principalmente em motores antigos de tecnologia ultrapassada, como é o caso de

motores com bomba de injeção em linha.

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h) Teor de Enxofre

O enxofre é um componente que faz parte do petróleo e indesejável aos

motores à combustão interna. As duas influências básicas são diretamente nas

emissões de material particulado, e indiretamente pelo favorecimento de formação

dos depósitos e demais ocorrências de corrosão no motor. Na sua combustão é

formado o SO2 e SO3, que após reação com vapor d’agua e a própria umidade do

ambiente forma o H2SO4 (ácido sulfuroso) responsável pela chuva ácida. Geralmente

durante a operação do motor os óxidos de enxofre não causam problemas de

corrosão, pois devido às altas temperaturas das superfícies metálicas não ocorre

condensação de ácidos corrosivos (BRUNETTI, 2012).

A quantidade total de enxofre é menor para o biodiesel do que os combustíveis

originados do petróleo, chegando a valores quase desprezíveis. Esta especificação é

uma das grandes vantagens do biodiesel (ÖZENER et al., 2014)

i) Corrosão ao cobre

Teste que avalia o potencial corrosivo do produto analisado com relação a uma

placa de cobre polida. A corrosão ocorrida no teste é associada à presença do enxofre

e gás sulfídrico no produto testado, determinando a compatibilidade de um dado

combustível aos componentes fabricados em cobre ou bronze, em sua maioria do

sistema de injeção e equipamentos de estocagem/transporte.

Apesar das normas de qualidade estabelecerem só o índice de corrosividade

ao cobre, diversos autores investigaram os aspectos corrosivos de outros metais no

biodiesel (HU et al., 2012; GALLINA et al., 2010; CHEW et al., 2013; HASEEB et al.,

2010), devido ao processo de produção e distribuição de combustíveis utilizarem

equipamentos com diversos materiais, entre eles o alumínio e aço inoxidável.

Hu et al. (2012) estudaram o efeito do biodiesel de óleo de colza pela rota

metilica sobre as propriedades de corrosão de cobre, aço carbono, alumínio e aço

inoxidável, e foram comparados com as do diesel convencional. Os metais utilizados

no teste foram imersos no biodiesel a 43°C durante 60 dias - as taxas de corrosão

foram 0,02334, 0,01819, 0,00324 e 0,00087 milímetros/ano, respectivamente. As

taxas de corrosão dos metais na imersão no diesel foram relativamente baixas, sob

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as mesmas condições de corrosão. Os efeitos do biodiesel na corrosão de cobre e de

aço de carbono leve foram mais significativos do que o alumínio e aço inoxidável.

Gallina et al. (2010) identificaram uma corrosão do aço inoxidável 304 pelo

biodiesel, mas, pelos resultados da análise óptica, foram semelhantes aos do cobre,

ou seja, não apresentaram mudanças significativas.

j) Ponto de névoa/turbidez, de entupimento e de fluidez

O ponto de névoa ou ponto de turbidez (cloud point) é a temperatura na qual é

iniciada a cristalização dos compostos parafínicos nos combustíveis, assim

apresentando uma aparência turva - ensaio padronizado pela ASTM D 5773. Caso o

combustível em questão seja ainda mais resfriado, será encontrado o ponto de fluidez,

caracterizado pelo crescimento dos cristais parafínicos organizando-se em redes com

espaçados aprisionamentos de líquidos, impedindo o escoamento adequado do

combustível. Caso exista formação de cristais em grande quantidade e bloqueando

parcial ou totalmente o sistema de injeção, a esta temperatura envolvida é chamada

de ponto de entupimento ou cold filter plugging point (CFPP), ensaio padronizado pela

ASTM D 6371, sendo este o ponto que melhor descreve a condição de um combustível

em baixa temperatura. Os compostos parafínicos são inconvenientes pela formação

de cristais, mas geralmente possuem altos NC (BRUNETTI, 2012). Esses pontos são

fundamentais para favorecimento da partida a frio e operação em baixas

temperaturas, principalmente em países com temperaturas médias abaixo de 0°C. O

ponto de névoa é determinado principalmente pela quantidade de ésteres saturados

e não depende da composição dos insaturados. (IMAHARA et al., 2006).

Segundo pesquisa realizada por Chupka et al. (2014), foi investigado o efeito

do monoglicerídeo saturado em misturas diesel/biodiesel no desempenho de motores

diesel operando em baixa temperatura. Diversos combustíveis foram analisados neste

estudo, entre eles seis tipos diferentes de diesel com ponto de névoa entre -16,5 °C e

-56,3 °C, e biodiesel de canola e soja com diferentes proporções de ésteres metílicos

de ácido graxo, estes apresentaram o ponto de névoa entre -1,2 °C e 9,5 °C, em todos

os casos o ponto de névoa foi estabelecido segundo a norma ASTM D 5773. Em geral

foi verificado que o biodiesel possui um ponto de névoa maior que o diesel. Num dos

resultados foi encontrado uma significante alteração no ponto de névoa quando

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acrescentado biodiesel com maior porcentagem de monoglicerídeo saturado ou

saturated monoglyceride (SMG) na mistura, como pode ser visto na Figura 23.

Figura 23 - Efeito do acréscimo do teor de biodiesel e de monoglicerídeo saturado na mistura.

Fonte: Chupka et al. (2014).

Vários métodos têm sido utilizados, a fim de reduzir o ponto de névoa do

biodiesel, cada um possui como consequência várias desvantagens associadas

(REAUME & ELLIS, 2013), conforme descrito na Tabela 8.

Tabela 8 – Vários métodos de melhoria do ponto de névoa.

Método Definição Desvantagem

Mistura com diesel Envolve a mistura de biodiesel ao diesel de petróleo

em proporções variáveis Ainda dependente de fontes fósseis para os combustíveis

Fracionamento Ciclos de aquecimento e arrefecimento, onde as fracções sólidas são removidas em cada ciclo de

refrigeração

Removendo fracções do biodiesel reduz significativamente o

rendimento

Modificação de ácidos graxos

A modificação genética das sementes oleaginosas para aumentar óleos insaturados

Altos custos; Questões políticas sobre genética; Modificação de culturas de plantio; Estabilidade

do combustível

Álcool Utilização de álcoois de cadeia mais longa ou

ramificada para a esterificação, em vez de metanol Altos custos

Aditivos Aditivação com consequente ajuste do ponto de

névoa. Modificam a forma dos cristais parafínicos, ou ajudam com uma ordenação mais adequada

Tóxicos e/ou aumento do custo

Fonte: Reaume & Ellis (2013).

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k) Estabilidade à oxidação

Propriedade relacionada com a capacidade do combustível em resistir à reação

(oxidação) com o ar durante seu transporte e/ou estocagem. Estas reações ocorrem

na temperatura ambiente e são aceleradas em maiores temperaturas. O grau desta

propriedade indica a tendência à deterioração do combustível e formação de borra

(ver Figura 24), influenciando no sistema de filtragem, injeção e eficiência da

combustão. O depósito sobre o sistema de alimentação, por exemplo, causa

problemas para a dosagem adequada a ser injetada, prejudicando consequentemente

a combustão e aumentando as emissões (LACOSTE & LAGARDERE, 2003).

Figura 24 – Bocal de injeção com depósito de goma, comparação diesel (DF) e biodiesel de óleo de

palma (PB20). Fonte: Liaquat et al. (2013b).

O biodiesel possui uma estabilidade à oxidação menor que o diesel, por isso

possui padrões mais rígidos perante as normas de qualidade. A oxidação do biodiesel

é um fator que pode prejudicar a qualidade do combustível e, consequentemente, o

desempenho do motor (SERRANO et al., 2013).

De acordo Pullen e Saeed (2012), as propriedades do biodiesel podem

deteriorar-se durante o armazenamento e em uso por auto-oxidação. Alguns

exemplos identificados pelos autores foram: o número de cetano e viscosidade,

afetando as emissões de escape do motor; e problemas operacionais do motor diesel

causados pelo acúmulo de depósitos e sedimentos nas peças do motor, influenciando

na corrosão e consequentes falhas. Produtos de oxidação podem atacar elastômeros,

entupir filtros de combustível e contaminar o óleo lubrificante do motor. Ácidos

corrosivos e os depósitos podem causar maior desgaste do motor. A auto-oxidação

do biodiesel foi considerada pelos autores principalmente devido à existência de

ácidos graxos insaturados.

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Agarwal e Khurana (2013) realizaram um estudo com objetivo de encontrar um

antioxidante eficaz e sua respectiva concentração mínima necessária para atender as

especificações de estabilidade à oxidação de armazenamento. Foi utilizado o

biodiesel de Karanja sendo armazenadas em diferentes condições para teste (ou seja,

em exposição em ambiente escuro/luz solar; com ar/sem exposição ao ar; com

metal/sem exposição do metal). Os resultados apresentaram uma redução

significativa quando a amostra era colocada em exposição à luz e em contato metálico

(Figura 25).

Figura 25 – Estabilidade de oxidação do biodiesel nas diversas condições de teste.

Fonte: Agarwal & Khurana (2013).

2.5 LEGISLAÇÃO PARA FONTES ESTACIONÁRIAS DE ENERGIA

Considerando a necessidade de se estabelecerem as definições, as

responsabilidades, os critérios básicos e as diretrizes gerais para uso e

implementação da Avaliação de Impacto Ambiental como um dos instrumentos da

Política Nacional do Meio Ambiente no Brasil, foi criada a resolução do Conama Nº

001, de 23/01/86. Neste documento o impacto ambiental é definido como:

[...] qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas do meio ambiente, causada por qualquer forma de matéria ou energia resultante das atividades humanas que, direta ou indiretamente, afetam: a saúde, a segurança e o bem-estar da população; as atividades sociais e econômicas; a biota; as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente; a qualidade dos recursos ambientais.

A legislação faz parte de uns dos mais importantes instrumentos para garantir

a proteção ambiental e atendimento a favor da saúde da sociedade. No caso dos

geradores à combustão interna fica evidente a necessidade de uma regulamentação

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específica para este tipo de fonte de poluição. A regulamentação específica existente

no Brasil foi praticamente consequência da crise energética ocorrida em 2001,

estando listadas abaixo as legislações brasileiras com relações diretas ou indiretas a

grupo gerador.

2.5.1 Normas brasileiras

a) Resolução do Conama nº 436/11

Atualmente, existe a resolução do Conama nº 436/2011, que complementa a

as Resoluções nº 05/1989 e nº 382/2006, e busca estabelecer os limites máximos de

emissão de poluentes atmosféricos para fontes fixas instaladas, considerando o

Programa Nacional de Controle da Poluição do Ar (Pronar). A definição nesta

resolução dos limites máximos de emissão é dividida por grupos de equipamentos e

suas determinadas aplicações. Como exemplo, é determinado os limites de emissões:

provenientes de processo de geração de calor a partir de combustão externa com os

produtos: óleo combustível, gás natural, biomassa de cana de açúcar ou derivados da

madeira; provenientes de turbinas a gás para geração de energia elétrica; de

processos de refinarias de petróleo; entre outros. Desta forma, tal resolução não

impõe restrições a emissão de poluentes na geração de energia elétrica em grupos

geradores com combustão interna movidos a óleo diesel e/ou biodiesel. Sendo assim,

os fabricantes de grupos geradores com motores à combustão interna e utilização de

óleo combustível e/ou gás natural não necessitam seguir as restrições impostas por

essa Resolução.

b) Resolução Conama nº 279/01

A crise energética ocorrida em 2001 favoreceu a que o Conama aprovasse a

Resolução nº. 279 de 27 de junho de 2001. Nesta, institui facilidades que geraram

procedimentos para licenciamento ambiental simplificado de empreendimentos de

pequeno porte, dentre estes as usinas termelétricas e sistemas associados. Essa

resolução incentivou a instalação de novos sistemas geradores de menor porte, mas

sem se preocupar com a perturbação do ambiente, com os impactos sonoros e

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impactos provenientes das emissões de gases de combustão, limites de emissões

inexistentes na época que persistem até o presente momento.

c) Leis estaduais e/ou municipais

Existem leis estaduais com o intuito de manter os padrões federais e

acrescentar requisitos específicos às necessidades locais. Como exemplo de

restrições locais aos grupos geradores existe a Lei Estadual nº 997 e o Decreto

Estadual nº 8.468 de 1976 em São Paulo, regulamentando ações de controle

ambiental e padrões para licenças de novas indústrias, bem como para aquelas já

estabelecidas. Neste caso existe a restrição de Ringelmann nº 1 (uma escala para

medir a densidade aparente do fumo, parâmetro que auxilia no trabalho de redução

na emissão de fumaça e particulados) como limite de emissão de fumaça emitida por

fontes estacionárias. Mas existe também nessa mesma lei restrições orientadas à

limitação de outros parâmetros de veículos a diesel e não apenas fontes estacionárias.

d) Resolução ANEEL nº 390/09

A Resolução nº 390, de 15 de dezembro de 2009, não possui caráter ambiental,

mas estabelece os requisitos necessários para a devida autorização relacionada à

exploração e alteração da capacidade instalada de usinas termelétricas e de outras

fontes alternativas de energia, como também definição dos procedimentos para

registro de centrais geradoras com capacidade instalada reduzida. Dentre os

requisitos é estabelecida a necessidade de registrar as centrais geradoras

termelétricas com potência de até 5 MW destinadas à execução de serviço público.

Este requisito é interessante, pois permite a criação de um inventário, sendo ainda

mais interessante caso seja expandido a produtores de pequeno porte e também aos

particulares.

e) Proconve

As principais mudanças e influências que ocorreram relativas ao diesel no

Brasil foram originadas pela criação do Programa de Controle da Poluição do Ar por

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Veículos Automotores (Proconve), em 1986, um importante passo para redução das

emissões de poluentes no Brasil. Este é um programa que tem como base a legislação

da European Emission Standards (Euro Standards), que estabelece também os limites

de emissões de poluentes dos automóveis. O órgão federal que criou este programa

foi o Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), responsável por tomar decisões

nas questões relativas ao meio ambiente no Brasil.

Com relação aos grupos geradores, no Brasil não houve um desenvolvimento

de tecnologias voltado à redução de emissões, grande parte da responsabilidade é

devida a não existência de regulamentação específica que obrigue os fabricantes à

produção de equipamentos no atendimento de padrões de emissão rigorosos como

os estabelecidos aos veículos automotores (BARROS, 2007)

O Proconve apesar de ser um programa voltado à redução de emissões em

veículos automotores gerou impactos positivos para o setor de geração de energia

elétrica que utiliza geradores com motores à combustão, primeiramente pela melhoria

na qualidade do diesel oferecido ao consumidor, a porcentagem de enxofre no diesel

evoluiu ao S10 (10ppm), e segundo pela evolução tecnológica a que esse programa

obrigou os produtores de motores à combustão a alcançarem. Este último impacto

como um ganho indireto para geradores a diesel, já que os fabricantes não são

obrigados, em legislação, a utilizarem as normas do Proconve em motores de fontes

estacionárias.

No Programa de Controle da Poluição do Ar por Veículos Automotores os

veículos foram categorizados como leves e pesados, essa última categoria era para

aqueles com massa total acima de 3.856kg ou massa em ordem de marcha maior que

2.720kg, na sua grande maioria são os que utilizam motor a diesel. A primeira restrição

para os veículos pesados surgiu efetivamente em 1987, com o P1 (a letra “P” alusiva

à categoria de veículos pesados e o número “1” referente à primeira fase), foi exigido

que apenas os ônibus urbanos devessem sofrer modificações para redução nas

emissões; no ano seguinte foi a vez da frota total de veículos. Nos anos subsequentes

o Proconve foi evoluindo, e as restrições foram sendo alteradas tanto na categoria

leve como também na pesada separadamente. Os limites de emissões são diferentes

a depender da categoria, leve ou pesado, sendo que dentro de uma categoria os

limites são iguais para qualquer tipo combustível. No caso dos veículos pesados os

limites de emissão envolvem basicamente os níveis de monóxido de carbono (CO em

Page 75: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA ESCOLA POLITÉCNICA … · Engenharia Industrial, da Universidade Federal da Bahia, ... FIGURA 21 – TENDÊNCIA DA CAPACIDADE DE LUBRIFICAÇÃO EM FUNÇÃO

74

g/kW.h), hidrocarbonetos (HC em g/kW.h), óxidos de nitrogênio (NOx em g/kW.h) e

material particulado (MP em g/kW.h).

A fase mais nova da categoria pesados do Proconve é a sétima fase e foi

aprovada em 2008, com início de validade a partir de janeiro de 2012. Além das

mudanças que devem ocorrer nos veículos produzidos a partir desta data, existiram

também mudanças vinculadas com a comercialização do diesel com menor teor de

enxofre (AFEEVAS, 2013). Foi criado um novo plano de abastecimento do diesel S10

para que o padrão de qualidade seja mantido e o comércio em geral seja atendido,

este diesel entrou em vigor em Janeiro de 2013. A evolução dos limites estabelecidos

pelo Proconve em diversas fases do programa pode ser vista na Figura 26.

Figura 26 - Evolução dos limites do PRONCOVE. Fonte: MMA (2013).

O material particulado é uma mistura complexa de partículas extremamente

pequenas e gotículas de líquido. Nesta constituição, é possível encontrar

componentes como os ácidos (tais como os nitratos e sulfatos), produtos químicos

orgânicos, inorgânicos, metais e partículas de poeira. A formação do MP ocorre em

passos consecutivos de crescimento, partindo incialmente por meio de partículas

pequenas formadas durante a queima, como exemplo o carbono e hidrocarbonetos,

para no fim formar o aglomerado final em contato com as demais partículas do

ambiente.

Após esse processo o particulado tende a ficar suspenso no ar e ser inspirado

por seres humanos e animais, sendo assim, um dos grandes problemas referentes à

saúde, principalmente em grandes cidades que possuem alta concentração de

veículos Diesel. O poluente provindo de MP recebe maior atenção na legislação

ambiental pelo Proconve apresentando atualmente um limite de 0,02 g/kW.h.

14,0

0

11,2

0

4,90

4,00

2,10

1,50

1,503,

50

2,45

1,23

1,10

0,66

0,46

0,46

18,0

0

14,4

0

9,00

7,00

5,00

3,50

2,00

N.R

.

0,60

0,40

0,15

0,10

0,02

0,02

P-1 P-2 P-3 P-4 P-5 P-6 P-7

(todas unidades g/kW.h)

CO HC Nox MP

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75

O diesel S50 deveria ser obrigatório desde o início de janeiro de 2009, como

também a mudança na tecnologia de funcionamento dos motores, mas só foi

implementado em janeiro de 2012, o que atrasou a implementação do S10. É

estimado, entre 2009 até 2040, pelo impacto destes atrasos na adoção de um diesel

mais limpo no país, um mínimo de 13.984 mortes (ANDRE et al., 2012). Passivo que

vai demorar até 2040 para ser zerado, pois a venda de motores a diesel com

tecnologia antiga e de alta emissão de poluentes foi permitida durante estes últimos

anos e as renovações desses motores ocorrem de forma lenta. No caso

especificamente dos motores da geração de energia elétrica, estes possuem um

passivo ainda mais prolongado por utilizarem, em alguns casos, motores de veículos

inutilizados para transporte.

Neste estudo aqui elaborado é demonstrado o funcionamento e evolução do

Proconve, pois este tem influência direta e indireta na redução em emissões para

fontes estacionárias. Os geradores emitem os mesmos poluentes dos motores de

veículos à diesel, e na maioria dos casos maiores quantidades de poluentes por

obterem tecnologias que não avançou no contexto ambiental, comparativamente à

veicular. Além do Proconve, existem legislações estaduais que buscam uma redução

ainda maior das emissões veiculares, como, por exemplo, com regras de rodízio de

automóveis e o programa de inspeção veicular, para assim obter uma fiscalização

apurada, condição esta que não ocorre com a dos geradores a diesel.

2.5.2 Normas internacionais

Existem normas internacionais bem específicas com relação a emissões

geradas por fontes fixas, especialmente em grupos geradores (na norma europeia são

chamados de nonroad gensets). Por exemplo, esta norma europeia (European

Emission Standards) já está no seu estágio IIIA para os grupos geradores. Os limites

são agrupados segundo a potência ativa do gerador (em 50 Hz) e possuem restrições

para os principais constituintes da emissão: NOx, HC, CO e MP, como apresentado

na Figura 27.

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76

kVA (50 hz) kWm HP 2007-2010 2011 2012-2017

18-33 18-36 24-48 8,0/1,5/5,5/0,8 (7,5)/5,5/0,6

38-55 37-55 49-74 7,0/1,3/5,0/0,4

(4,7)/5,0/0,4

66 56-74 75-99

70-110 75-129 100-173 6,0/1,0/5,0/0,3 (4,0)/5,0/0,3

138-550 130-560

174-751 6,0/1,0/3,5/0,2 (4,0)/3,5/0,2

Figura 27 - Limite de emissões geradas por fontes fixas. Fonte: DIESELNET (2013).

No estágio II, os limites era separados entre NOx/HC/CO/MP (g/kW-h), já no

estágio IIIA houve a mudança para (NOx+HC)/CO/MP (g/kW-h), onde os valores de

NOx e HC devem ser somados para estabelecimento do limite de emissões.

2.6 FORMAÇÃO E MÉTODO DE COLETA DO MATERIAL PARTICULADO

2.6.1 Processo de formação

As emissões de material particulado é um dos principais poluentes de motores

diesel, com altíssimo potencial prejudicial à saúde humana (Tana et al., 2007). Sua

formação tem origem dos produtos de uma combustão incompleta, e são formados

essencialmente de carbono com aparência amorfa com demais materiais orgânicos

aglutinados. Os núcleos de carbono iniciam um processo de aglomeração e adsorvem

diferentes outros componentes da fase gasosa. O processo de formação de MP é

influenciado por diversos fatores, entre eles: fluxo de combustível, padrão da chama,

os tipos de hidrocarboneto queimado, e pressão e temperatura da câmara de

combustão (HEYWOOD, 1988).

Estágio II

Estágio IIIA

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77

Figura 28 - Representação esquemática da formação de material de particulado durante e pós a combustão. Fonte: Adaptado de Twigg & Phillips (2009)

A formação de partículas começa com a nucleação de partículas seguido das

subsequentes aglomerações dos demais componentes, passando assim, para o modo

de acumulação e por fim o modo de sedimentação (Twigg & Phillips, 2009). Esses

modos advêm de termos introduzidos em 1973, por Whitby, relacionando assim, o

tamanho das partículas com o respectivo processo de formação destas. A nucleação

possui partículas com diâmetros em torno de 0,001 até 0,1 µm, modo de acumulação

com diâmetros entre 0,1 até 1 µm e o modo de sedimentação ou das “partículas

grosseiras” (tradução de coarse mode) com diâmetros maiores que 1 µm (Seinfeld &

Pandis, 1998).

O modo de nucleação se forma a partir de componentes voláteis desde a

emissão da câmara de combustão até seus posteriores processos de resfriamentos e

diluição. O modo de acumulação, consiste no acúmulo de componentes de carbono

aglomerados e adsorvidos com outros materiais. A sedimentação já é uma fase final,

no qual, as partículas atingem o tamanho e peso máximo com reações físicas

provenientes do ambiente (Tana et al., 2007).

Page 79: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA ESCOLA POLITÉCNICA … · Engenharia Industrial, da Universidade Federal da Bahia, ... FIGURA 21 – TENDÊNCIA DA CAPACIDADE DE LUBRIFICAÇÃO EM FUNÇÃO

78

Figura 29 - A classificação do MP de motores diesel de acordo com o tamanho das partículas. Adaptado de Twigg & Phillips (2009)

Caso seja analisado a distribuição por massa em um processo típico de

emissão de gases poluentes em um motor diesel, é possível verificar que a maior

concentração de massa se encontra no modo de acumulação. De forma oposta

acontece caso seja analisado o mesmo cenário, mas agora pela distribuição por

quantitativo, ou seja, número de partículas. Fica evidente que no modo de nucleação

a quantidade de partículas menores (nano partículas) aparecem em números muito

maiores que no modo de acumulação, isso ocorre devido ao processo de aglomeração

envolvido (Federal Register, 2001).

2.6.2 Método de coleta

No caso de material particulado, a resolução do Conama nº 436/2011 adota o

método gravimétrico como meio de medição de emissão de partículas em fontes

pontuais, conforme norma NBR 12019 ou NBR 12827, considerando também as suas

respectivas alterações, ou outro método equivalente desde que aceito pelo órgão

ambiental licenciador.

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79

A NBR 12019, refere-se a norma padrão para determinação de material

particulado em dutos e chaminés de fontes estacionárias, já a NBR 12827, também

define o padrão para determinação de material particulado, mas esta possui a

aplicação para fontes estacionárias com sistema filtrante no interior do duto ou

chaminé. Existem também normas definidas pela Companhia de Tecnologia de

Saneamento Ambiental do Estado de São Paulo (CETESB), que estabelecem as

condições exigíveis para determinação de material particulado. Com uma maior

abrangência a regulação CFR 40 - Parte 60, Apêndice A, estabelecida pelo Governo

Federal dos EUA em concordância com a Agência Norte-Americana de Meio Ambiente

- EPA (Environmental Protection Agency), determinam os padrões de operação para

diversas fontes estacionárias. De uma forma geral essas normas provêm um pacote

geral de informações para a devida operação com a adequada aparelhagem para

amostragem (sampling train - trem de amostragem), juntamente com os respectivos

procedimentos para coleta de amostras representativas.

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80

3 MATERIAIS E MÉTODOS

Para a execução dos testes serão levantados os dados experimentais do

consumo total do combustível, consumo específico, emissão dos gases NOx, CO2, CO

e O2, material particulado e calculado o rendimento energético (eficiência de

conversão de combustível) e eficiência exergética do sistema. Os testes vão ser

conduzidos com a simulação da condição de baixa e média carga (9, 18, 27 kW)

aplicada ao grupo gerador em questão (48kW de potência ativa).

3.1 APARATO EXPERIMENTAL

Para realizar a análise dos parâmetros necessários para esse trabalho serão

utilizados equipamentos e instrumentos, entre eles: medidores de temperaturas,

emissões gasosas, sinais elétricos de corrente e tensão, massa de combustível

consumido, analisador de gases de exaustão e desenvolvido um sistema de

caracterização de material particulado. Os experimentos foram realizados no

Laboratório de Energia e Gás (LEN) da Universidade Federal da Bahia – UFBA. O

esquema do sistema experimental é composto de: motor gerador e instrumentos nos

respectivos pontos de medições (Figura 30).

Figura 30 - Esquema motor-gerador, componentes e instrumentos de medição.

Termômetro

Digital

Resistências

Elétricas

Balança Digital

Amperímetro

Instrumento de

Medição de Gases

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81

3.1.1 Grupo gerador

O experimento será conduzido no moto gerador, com modelo do motor do ciclo

diesel MWM-D225, detalhes técnicos mostrados na Tabela 9, acoplado a um

alternador modelo Negrini tipo ATE de 60KVA, trifásico, 220/380 VCA, 60 Hz, com 48

kW de potência ativa.

Tabela 9 - Descrição do motor MWM D225.

DESCRIÇÃO CARACTERÍSTICA

Modelo MWM / D225

Motor 5,7

Combustível Diesel

Versão 6 Cilindros

Deslocamento 5.658

Diâmetro x Curso 100 x 120 mm

Tipo Construtivo 4 Tempos

Tipo de Injeção Direta

Aspiração Natural

Potência máxima 130 cv / 95,61 kW a

2400 rpm

Peso 570 kg

Taxa de compressão 17,0 : 1

Fonte: Adaptado de MWM (2013).

O ensaio será realizado com o grupo gerador em baixa e média carga com o

incremento de consumo de energia elétrica de 9 kW (9kW, 18kW e 27kW), em um

banco de carga de dissipação da energia, mantendo a rotação constante em 1800

rpm, devido a necessidade de manutenção na tensão de saída, com variação das

composições das misturas de biodiesel.

Figura 31 – Grupo gerador utilizado no estudo.

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82

3.1.2 Banco de carga para dissipação de energia

A energia a ser produzida no grupo gerador será transferida para um banco de

carga para dissipação de energia elétrica gerada (Figura 32a). Este banco de carga é

constituído por um tanque de fibra de vidro de volume 2.000 litros, preenchido com

água ao nível máximo, instalado em local aberto e bastante ventilado.

Figura 32 - a) Banco de carga - tanque de água; b) Sistema de carga – resistências para

aquecimento; c) Sistema de bombeamento para a recirculação.

Serão instaladas três resistências elétricas (capacidade de 9 kW cada uma)

com a possibilidade de configuração bifásica ou trifásicas, sendo do modelo aço

inoxidável tubular blindado, com 3 elementos, soldadas em flange de latão, destinado

para processos industriais de baixa viscosidade (ver Figura 33).

Figura 33 - Resistência 9 kW aço inox tubular blindado.

a) b)

c)

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83

Para manter a voltagem uniforme entre elementos da resistência, e obter

correntes similares para manutenção da mesma potência em cada resistência, foi

estabelecida a configuração trifásica para cada resistência com a mesma sequência

de interligação entre os polos do gerador.

Para evitar um superaquecimento da água do tanque será instalado um sistema

de recirculação composto de motobomba do fabricante Schneider com pressão

máxima de 7,0 mca e vazão de 2,8 m3/h, no limite máximo estabelecido, Figura 32c

As tubulações foram instaladas orientando o fluido do fundo do tanque em direção à

lâmina d’água do tanque (área de maior aquecimento, devido às localizações das

resistências) (ver Figura 32b).

3.1.3 Medição de carga elétrica

Para realizar a medição da carga elétrica foi utilizado um alicate amperímetro

da marca Fluke, modelo 303 (classificação CAT III 600V), sendo medidos os

parâmetros de voltagem e corrente, ambos necessários para estabelecimento da

potência consumida.

Figura 34 – Alicate amperímetro Fluke 303.

3.1.4 Medição de massa (consumo do combustível)

A coleta para os valores de consumo do combustível foi realizada por um

sistema composto por uma balança digital marca Toledo, modelo 9094-I, de carga

máxima de 15 kg, com resolução de 0,005 kg.

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84

Figura 35 - Balança digital Toledo, modelo 9094-I.

3.1.5 Medição de temperaturas

A medição de temperatura foi realizada com o termômetro digital da marca

Mastech, modelo MS6514, composto de duas entradas de sinal. Os sensores

utilizados foram do tipo K de superfície e do tipo universal.

Figura 36 – (a) Termômetro digital Mastech MS6514; (b) Termopar tipo K de superfície; (c) Termopar tipo K universal.

3.1.6 Instrumento de medição de gases e vazão de ar

O instrumento utilizado para analisar características dos gases de combustão

foi o Tempest, modelo 50, do fabricante Telegan. O Tempest 50 analisa O2, CO, CO2,

NO, NOx, temperatura e pressão diferencial e possui uma impressora integrada,

memória e saída RS232.

Figura 37 – Analisador de emissões de poluentes Tempest 50.

(a) (b) (c)

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85

3.1.7 Medição da vazão de fluido de arrefecimento

Para realizar a análise energética e exergética será necessário medir a vazão

do fluido de arrefecimento do motor para o cálculo das perdas de energia. Para este

fim, o fluido de entrada do radiador, a jusante da bomba, foi direcionado para um

recipiente graduado, dentro de ciclos de operações cronometrados. Esse

procedimento tem o potencial de influenciar nas perdas de carga (características de

carga do sistema) e consequentemente na mecânica do fluido, sendo assim, foi

considerado um fator de influência na perda de carga no cálculo de incerteza da

medição.

Com as vazões do fluido de arrefecimento foi possível estabelecer uma

medição da vazão de circulação do fluido no motor. Juntamente com as medidas das

temperaturas de entrada e saída do fluido do radiador, então foi possível estabelecer

a parcela de calor perdido do sistema de arrefecimento.

3.1.8 Coleta e medição de material particulado

Um sistema foi desenvolvido com uma metodologia própria para coleta de

material particulado, e comparativo destes resultados pelo método gravimétrico, nos

diversos ciclos realizados com diferentes combustíveis e diferentes cargas simuladas.

O esquemático do sistema juntamente com o posicionamento da instalação na

descarga do motor pode ser visto na Figura 38.

Figura 38 – Esquema de funcionamento do sistema de coleta de material particulado.

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86

O sistema é composto de: tubulações de cobre; conjunto de válvulas para

operação das linhas a serem acionadas; resistências flexíveis para manutenção da

temperatura na linha; porta filtro confeccionado especialmente para o objeto de

estudo; controlador e indicador de temperatura; condensador; bomba de vácuo com

vaso de separação; rotâmetro como elemento de registro e controle de fluxo à jusante

(ver Figura 39).

Figura 39 – Sistema desenvolvido para coleta de material particulado.

Foi criada uma derivação na descarga do motor e instalada uma acoplagem de

rosqueamento com anilha, para assim obter-se uma devida orientação dos gases da

descarga para o sistema de material particulado aqui desenvolvido. A temperatura à

montante do filtro foi modulada, com o controlador da marca Inova modelo INV-1713

e Termopar tipo J, para evitar condensados e perda do material particulado no trajeto

até o filtro. O sistema conta com a utilização de microfiltros circulares Merck Millipore,

Figura 40 – b), com diâmetro de 47 mm e poro de 0,7 µm, formado de fibra de vidro

sem resina ligante para manter a integridade estrutural sem perda de peso. Filtro este

recomendado para determinar matérias voláteis em suspensão em águas residuais e

efluentes industriais, e também para monitoração de aerossol em altas temperaturas.

Após a retenção dos materiais particulados, os gases devem passar por um

sistema de condensação e separação, como forma de proteção da bomba de

aspiração e do medidor de fluxo. Para a manutenção do fluxo, foi utilizada uma bomba

de vácuo aspiradora do fabricante NS modelo Aspiramax MA520, com vazão máxima

de 20L/min., a medida do fluxo foi obtida com um rotâmetro instalado à jusante do

sistema de coleta.

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87

Para medição do material particulado foi utilizado o método gravimétrico com a

balança analítica digital da marca Mettler Toledo modelo AL204, com precisão de

0,01mg, Figura 40.

Figura 40 – a) Balança analítica Mettler Toledo AL204; b) filtros utilizados no experimento

3.2 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

3.2.1 Preparação das misturas

Foram utilizados os combustíveis B5, com a proporção de 95% de diesel s10,

e B100, produzido pela rota metílica nas proporções de 17% óleo de soja e 83%

gordura bovina, para a preparação de todas as misturas aqui estudadas. Os

combustíveis possuem certificado de qualidade para o devido rastreamento gerados

pela empresa Binatural Indústria e Comércio de Óleos Vegetais Ltda. A análise

laboratorial do biodiesel aqui utilizado apresentou todos os resultados dentro das

especificações de acordo com a Resolução ANP Nº 14, de 11.5.2012 - DOU

18.5.2012. Os combustíveis foram cedidos pela parceria com a Distribuidora de

Petróleo da Bahia S/A (Petrobahia), a partir da sua planta em São Francisco do Conde

– BA.

As misturas de B5 com os demais acréscimos de B100 serão realizadas de

forma volumétrica pela adição dos valores incrementais do biodiesel, sendo utilizadas

neste experimento as composições de B5, B25, B50, B75 e B100. Para criar as

misturas com composição de B25, B50 e B75, foi calculado, segundo o fator

volumétrico, quanto de B100 é necessário acrescentar em B5 para obter tais misturas.

Com os valores de proporção determinados foi realizada a mistura com agitação

manual em um vasilhame vedado durante 2 minutos contínuos. Todo o processo da

preparação das misturas foi cronometrado e a temperatura e a umidade do ambiente

a) b)

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88

medidas. A diferente coloração caracteristica entre as diferentes proporções do

biodiesel pode ser visto na Figura 41.

Figura 41 - Amostra das misturas utilizadas nos experimentos.

3.2.2 Procedimentos gerais de operação

Para obter-se uma maior confiabilidade nos dados coletados serão tomadas

algumas medidas: durante a partida do grupo gerador será estabelecido o parâmetro

de 20 minutos para que seja alcançado um estado de aquecimento dos componentes

do motor; em busca da garantia de repetibilidade, serão considerados três ciclos de

coleta de dados e com o tempo de intervalo de operação de 10 minutos entre estes.

Durante a mudança da mistura (B5, B25, B50, B75 e B100) será necessário

estabelecer um procedimento para realizar a purga completa dos componentes

internos do motor e do sistema de injeção. Este tempo de purga está sendo

considerado pelo volume total das câmaras de combustão e volume estimado contido

no sistema de injeção. Desta forma, o intervalo de purga na troca da composição de

mistura ficou estabelecido em 5 minutos. Essa medida foi tomada para reduzir o grau

de influência de um tipo de mistura, ainda presente nas partes internas do motor, na

coleta de dados de outra mistura com diferente composição. A duração dos testes

pode ser vista na Tabela 10.

Tabela 10 – Duração dos procedimentos dos testes de emissão e desempenho.

Procedimento Carga Elétrica (kW) Duração (min)

Partida 27 10

Purga 0 5

Teste propriamente dito

9 10 por ciclo

18 10 por ciclo

27 10 por ciclo

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89

3.2.3 Procedimento de coleta e medição de material particulado

Para coleta do material particulado, os microfiltros, utilizados no sistema

desenvolvido, serão desidratados em estufa a 110°C e posteriormente pesados, para

assim obter-se os valores referentes à massa sem a umidade ambiente. A

amostragem ocorrerá com a instalação dos filtros em um portafiltro, após a pesagem,

conectado diretamente à exaustão do motor, por uma linha aquecida a 115°C, com o

controle do fluxo de 12L/min.

Para a medição do material particulado com o método gravimétrico, foi

realizado o procedimento de desidratar o filtro antes da medição, em estufa a 110°C

e posteriormente pesado.

3.2.4 Análise energética

O sistema na Figura 42 demonstra a representação termodinâmica

considerados os testes que aqui serão realizados para a devida análise energética.

Figura 42 – Consideração dos fluxos no volume de controle do sistema.

O balanço entre os fluxos de energia de entrada e de saída na superfície de

controle são estabelecidos como:

Ecomb = ṁcomb . |PCI| = |Qvc| + Wvc + Eex (7)

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90

Onde o Ecomb é o fluxo de energia entrando no volume de controle em [kW]; o ṁcomb

(vazão mássica) em [kg/s]; o PCI (poder calorífico inferior) em [kJ/kg]; o Qvc é o calor

perdido pela fronteira estabelecida em [kW], o qual engloba o calor do fluido de

arrefecimento; o Wvc a energia elétrica gerada em [kW]; e o Eex energia perdida pelos

gases de exaustão [kW].

3.2.4.1 Consumo de combustível

A medição da taxa do consumo de combustível é fundamental para

desenvolver outros dados importantes na análise do motor, com ela é capaz de se

obter os valores de consumo específico, os quais indicam o consumo a depender da

demanda solicitada na geração. Outro importante fator é o conhecimento da eficiência

com que o motor transforma a energia química do combustível em trabalho útil e

também a eficiência exergética.

A taxa de consumo será calculada pela medição da vazão mássica do

combustível, em uma balança digital da marca Toledo, e o tempo medido por um

cronômetro. Pela equação 8 será realizado o cálculo da taxa de consumo de

combustível realizado em todos os ciclos do experimento.

(8)

Onde a taxa do consumo, ṁ, é expressa em [kg/h], mi, a massa inicial de combustível

do ciclo em [kg], mf, a massa final de combustível do ciclo em [kg] e t, o tempo de

ensaio em [h].

O cálculo do consumo específico será realizado utilizando a equação 9, sendo

calculado para diferentes modos de operação, segundo a carga de saída

incrementada.

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91

(9)

Onde o consumo específico do combustível, cec, é expresso em [kg/kW.h], ṁ (vazão

mássica) em [kg/h] e P, potência elétrica gerada (estabelecida pela tensão e corrente

elétrica medidas na saída do gerador) em [kW].

3.2.4.2 Eficiência energética

Para determinar a eficiência energética do sistema - também conhecida como

eficiência de conversão de combustível, conversão da energia química do combustível

em movimento pelo motor e por fim energia elétrica pelo gerador - será utilizado a

equação 10 (HEYWOOD, 1988).

(10)

Onde a η = eficiência de conversão de combustível e cec (consumo específico) é

expressa em [kg/kW.h] e o PCI (poder calorífico inferior) em MJ/kg.

O poder calorífico inferior foi determinado considerando o poder calorífico

superior de todas as misturas utilizadas no estudo, valor este determinado pelo

calorímetro IKA C2000 Basic do Centro Interdisciplinar de Energia e Ambiente

(CIEnAm) da UFBA, Figura 43.

cec

c

cec . PCI

Page 93: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA ESCOLA POLITÉCNICA … · Engenharia Industrial, da Universidade Federal da Bahia, ... FIGURA 21 – TENDÊNCIA DA CAPACIDADE DE LUBRIFICAÇÃO EM FUNÇÃO

92

Figura 43 – Calorímetro modelo IKA C2000 Basic.

A Tabela 11 apresenta os valores do poder calorífico inferior utilizados neste

trabalho.

Tabela 11 - Poder calorífico inferior das diferentes misturas.

PCI (MJ.kg-1)

B5 B25 B50 B75 B100

43,155 41,958 40,635 38,831 37,503

3.2.5 Análise exergética

Almeida (2005) e Torres (1999) apresentam a análise exergética aplicada a

complexos industriais, nestes casos, são aplicações mais complexas com diversos

processos termodinâmicos, mas apontam detalhes de perdas dos processos,

similares ao proposto neste estudo. Após a realização desta análise é possível

levantar estratégias para minimizar as perdas identificadas. Algumas estratégias

levantadas com testes em motores à combustão interna podem ser vistas nos estudos

publicados por Ghazikhani et al. (2013) e Özkan (2013).

Para realização da análise exergética, neste estudo, o sistema e seu volume

de controle foram considerados conforme apresentado na Figura 42. As exergias

foram estabelecidas segundo a metodologia estabelecida por TAT, 2011.

O balanço exergético para o volume de controle pré-estabelecido é

determinado pela seguinte equação 11 (MORAN et al., 2010):

Page 94: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA ESCOLA POLITÉCNICA … · Engenharia Industrial, da Universidade Federal da Bahia, ... FIGURA 21 – TENDÊNCIA DA CAPACIDADE DE LUBRIFICAÇÃO EM FUNÇÃO

93

𝐸��calor + 𝐸��trab = ∑ ��e . 𝜀e - ∑ ��s . 𝜀s - 𝐸��dest (11)

Onde 𝐸��calor é a exergia de transferência associada com a troca de calor pela fronteira

do volume de controle, assumido pelo sistema de arrefecimento e calor superficial do

motor; 𝐸�� trab é a exergia de trabalho, sendo igual à energia elétrica gerada pelo

sistema; �� é fluxo mássico de entrada ou saída; 𝜀 é o fluxo específico de exergia; e

𝐸��dest é a exergia destruída (irreversível).

Para determinar a exergia de transferência associada com a troca de calor pela

fronteira do volume de controle, segundo Equação 12, foi considerado o calor perdido

pelo sistema de arrefecimento (𝑄𝑎𝑟𝑟𝑒𝑓) com o ambiente na temperatura de estado

morto, 𝑇0 = 298 K. O fator 𝑇𝑎𝑟𝑟𝑒𝑓 é a temperatura medida do sistema de

arrefecimento.

𝐸��calor = ∑ (1 −𝑇0

𝑇𝑎𝑟𝑟𝑒𝑓) . 𝑄𝑎𝑟𝑟𝑒𝑓

(12)

A exergia de trabalho foi considerada igual à energia elétrica gerada pelo

sistema para alimentação do banco de carga.

𝐸��trab = Wvc (13)

A exergia de entrada (𝐸��comb), ou seja, exergia do combustível, inclui apenas

a exergia química da mistura utilizada, sendo descrita como:

𝐸��comb = 𝑚𝑐𝑜𝑚𝑏 . 𝜀comb (14)

Page 95: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA ESCOLA POLITÉCNICA … · Engenharia Industrial, da Universidade Federal da Bahia, ... FIGURA 21 – TENDÊNCIA DA CAPACIDADE DE LUBRIFICAÇÃO EM FUNÇÃO

94

Onde 𝑚𝑐𝑜𝑚𝑏 é o fluxo mássico do consumo de combustível e 𝜀comb é a exergia

específica do combustível, a exergia química pode ser descrita como (KOTAS, 1985):

𝜀comb = 𝑃𝐶𝐼 . 𝜑 (15)

Onde 𝜑 é o fator de exergia química de combustível líquido descrito como (KOTAS,

1985):

𝜑 = 1,0401 + 0,1728 .ℎ

𝑐+ 0,0432 .

𝑜

𝑐+ 0,2169 .

𝛼

𝑐 . (1 − 2,0628 .

𝑐 ) (16)

Onde ℎ, 𝑐, 𝑜 𝑒 𝛼 são as frações mássicas de hidrogênio, carbono, oxigênio e enxofre

contido no combustível.

A exergia dos gases de exaustão é estabelecida pela equação 17:

𝜀ex = ∑ 𝑚𝑒𝑥 . (𝜀tm + 𝜀quim)𝑒𝑥 (17)

Onde 𝜀tm e 𝜀quim são as parcelas de exergia termomecânica e química

respectivamente, descritas pelas equações 18 e 19.

𝜀tm = (ℎ − ℎ0) − 𝑇0 . (𝑠 − 𝑠0) (18)

Onde ℎ entalpia especifica; ℎ0 é a entalpia com relação ao valor de referência, estado

motor; 𝑠 a entropia específica; e 𝑠0 é a entropia com relação ao valor de referência.

A exergia química dos gases de exaustão é obtida pela equação 19.

Page 96: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA ESCOLA POLITÉCNICA … · Engenharia Industrial, da Universidade Federal da Bahia, ... FIGURA 21 – TENDÊNCIA DA CAPACIDADE DE LUBRIFICAÇÃO EM FUNÇÃO

95

𝜀quim = �� . 𝑇0 . ln𝑦

𝑦𝑒 (19)

Onde �� é a constante geral dos gases; 𝑇0 a temperatura de referência; 𝑦 a fração

molar dos componentes de exaustão; e 𝑦𝑒 a fração dos componentes segundo a

composição aproximada dos componentes no ambiente, segundo Tabela 12.

Para as devidas definições, o ambiente foi considerado segundo os autores

Moran e Shapiro (2000).

Tabela 12 - Composição do ar.

Componente Fração Molar (%)

N 75,67000

O 20,35000

CO2 0,03450

H2O 0,03000

CO 0,00070

SO2 0,00020

H2 0,00005

Outros 0,91455 Fonte: Moran e Shapiro (2000).

Para definição da exergia destruída será utilizada a equação 20, na qual a

mesma é estabelecida pela entropia gerada no processo (��) e pela temperatura de

referência (𝑇0), (TAT, 2011).

𝐸𝑥𝑑𝑒𝑠𝑡 = �� . 𝑇0 (20)

A eficiência exergética pode ser descrita como entre a taxa da exergia de

trabalho dividido pela de entrada, estabelecida pela equação 21:

Page 97: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA ESCOLA POLITÉCNICA … · Engenharia Industrial, da Universidade Federal da Bahia, ... FIGURA 21 – TENDÊNCIA DA CAPACIDADE DE LUBRIFICAÇÃO EM FUNÇÃO

96

Ψ = 𝐸𝑥𝑡𝑟𝑎𝑏

𝐸𝑥𝑐𝑜𝑚𝑏 (21)

Onde 𝐸𝑥𝑡𝑟𝑎𝑏 é a exergia de trabalho e 𝐸𝑥𝑐𝑜𝑚𝑏

é a taxa de exergia de entrada,

definida neste estudo como exergia específica do combustível.

3.2.6 Incertezas de medição

A confiabilidade dos resultados das medições é uma questão fundamental para

o real conhecimento dos procedimentos de medida e análise quantitativa de

resultados observacionais/experimentais (LIMA JUNIOR & SILVEIRA, 2011)

O Comitê Internacional de Pesos e Medidas - CIPM (em francês: Comité

International des Poids et Mesures) recomenda que para definição da incerteza é

necessário utilizar os métodos de avaliação agrupados em “Tipo A” e “Tipo B”. Os

componentes de incerteza podem também ser classificados como "aleatórios" e

"sistemáticos", mas podem se tornar ambíguos em determinadas aplicações. O

propósito da classificação Tipo A e Tipo B é indicar duas maneiras diferentes de

avaliar os componentes de incerteza. Ambos os tipos de avaliação são baseados em

distribuição de probabilidades (FRANCO, 2008).

No estudo em questão serão utilizado os métodos da incerteza Tipo A

estabelecida segundo as medições realizadas, juntamente com a incerteza Tipo B,

provinda dos certificados de calibração para os instrumentos que os possuem, sendo

assim, por fim, considerada a incerteza combinada. A incerteza combinada das

medições será apresentada com os respectivos resultados no Capítulo 4 deste

estudo.

Segue a lista dos instrumentos utilizados nos experimentos com seus

respectivos modelos, propriedades medidas e incertezas de medição consideradas.

Page 98: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA ESCOLA POLITÉCNICA … · Engenharia Industrial, da Universidade Federal da Bahia, ... FIGURA 21 – TENDÊNCIA DA CAPACIDADE DE LUBRIFICAÇÃO EM FUNÇÃO

97

Tabela 13 - Instrumentos e suas respectivas incertezas de medição.

Modelo do Instrumento (Fabricante) Propriedade Medida Incerteza de Medição

Alicate Amperímetro 303 (Fluke)

Corrente CA 1,8% ±5

Tensão CA 1,5% ±5

Analisador de Gás Tempest 50 (Telegan)

Termopar Tipo K

Oxigênio (O2) ± 2%

Monóxido de carbono (CO) <100 ppm ±5 ppm

>100 ppm ±5% fsd

Dióxido de carbono (CO2 calc) ± 2%

Óxido de Nitrogênio (NOx) <100 ppm ±5 ppm

>100 ppm ±5% fsd

Temperatura dos gases ±0,3%

Temperatura ambiente ±3%

Pressão ±0,5% fsd

Balança Digital 9094-I (Toledo)

Consumo do Combustível ± 3%

Balança Digital AL204 (Mettler Toledo)

Material Particulado (Método Gravimétrico)

± 0,1 mg

Termômetro digital MS6514 (Mastech)

Termopar Tipo K Temperatura do Motor ± 0,2% + 0,5 °C

Page 99: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA ESCOLA POLITÉCNICA … · Engenharia Industrial, da Universidade Federal da Bahia, ... FIGURA 21 – TENDÊNCIA DA CAPACIDADE DE LUBRIFICAÇÃO EM FUNÇÃO

98

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

A seguir são apresentados os dados coletados durante os testes com o grupo

gerador utilizado neste estudo, sendo identificadas as variações de cargas aplicadas

e os percentuais volumétricos das diferentes misturas utilizadas.

Os dados foram reunidos e apresentados em forma de gráficos e tabelas, onde

indicam o desempenho e apresentam os resultados de emissões de poluentes do

motor em função da potência gerada.

4.1 TEMPERATURA DOS GASES DE EXAUSTÃO

Foi realizada a medição da temperatura dos gases de exaustão; a Figura 44

apresenta os diferentes valores encontrados, nas diferentes misturas utilizadas

durante os testes. Esse dado foi importante para definição da quantidade de energia

perdida para o ambiente em forma de calor por meio dos gases de escape. Em geral,

em motores a diesel, essa energia representa uma grande parcela da energia total

disponibilizada pelo combustível.

Figura 44 - Temperatura dos gases de exaustão das misturas em nas diferentes condições de operação.

Quando ocorre uma alteração na carga aplicada ao sistema (9 kW, 18 kW e 27

kW) é possível identificar o acréscimo médio na temperatura quando é acrescída

carga ao sistema. Quando o sistema operou gerando 27 kW houve um aumento de

16

8,6

7 22

5,0

0

28

4,0

0

16

8,0

0 22

2,6

7 27

8,6

7

16

4,6

7 22

1,0

0

28

3,0

0

16

6,6

7 22

0,3

3 27

5,6

7

16

5,0

0 21

9,3

3 27

6,3

3

40

90

140

190

240

290

340

9 kW 18 kW 27 kW

Tem

per

atu

ra (˚C)

B5 B25 B50 B75 B100

Page 100: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA ESCOLA POLITÉCNICA … · Engenharia Industrial, da Universidade Federal da Bahia, ... FIGURA 21 – TENDÊNCIA DA CAPACIDADE DE LUBRIFICAÇÃO EM FUNÇÃO

99

68% na temperatura em comparação com 9 kW. Isso ocorre devido ao maior consumo

de combustível requerido pelo motor, uma maior taxa de consumo por tempo, maior é

a troca térmica consequente da transferência de calor proveniente do processo de

combustão.

Se analisarmos cada condição de operação em individual, nas três diferentes

cargas geradas pelo sistema, as temperaturas medidas foram levemente maiores para

a mistura B5, mas as variações não são muito significativas. A temperatura levemente

elevada para B5 corresponde com os resultados encontrados por Hazar (2009), onde

comparou biodiesel de canola com diesel puro. O biodiesel pode obter menores

temperaturas nos gases de exaustão, devido ao maior avanço de injeção e menor

atraso da ignição, sendo assim os gases de exaustão tendem a sair com menores

temperaturas, resultado também envidenciado por Öztürk (2015). A resposta da

temperatura nos gases de exaustão também é influenciada pelo valor de PCI do

combustível e pelo desenvolvimento da combustão (BRUNETTI, 2012).

4.2 EMISSÕES GASOSAS

Pela medição dos gases de emissão foi possível identificar o percentual dos

seguintes componentes: óxidos de nitrogênio (NOx), material particulado (MP),

oxigênio (O2), dióxido de carbono (CO2) e monóxido de carbono (CO).

As realizações dos ensaios foram em triplicata para cada parâmetro medido,

com a tentativa de representar de forma melhorada os resultados, sendo assim, menor

a proporção da variância total dos resultados. A triplicata cumpriu um regime de 10

minutos de intervalo por ensaio, com o gerador operando de forma contínua durante

os ciclos.

Todos os ensaios foram realizados segundo uma mesma rotina definida, tanto

de partida do gerador, como também dentre intervalos e parada total de operação.

Entre os intervalos de medição foram realizadas as devidas purgas para limpeza dos

instrumentos, reduzindo assim a possibilidade de interferência entre as medições das

diferentes misturas.

Page 101: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA ESCOLA POLITÉCNICA … · Engenharia Industrial, da Universidade Federal da Bahia, ... FIGURA 21 – TENDÊNCIA DA CAPACIDADE DE LUBRIFICAÇÃO EM FUNÇÃO

100

4.2.1 Emissões de NOx

A produção de NOx cresce de acordo com o aumento da temperatura no interior

da câmara de combustão (BRUNETTI, 2012). Na Figura 45, essa tendência pode ser

observada pelo acréscimo de potência requerida pelo sistema e o consequente

aumento na emissão de NOx. Quando a demanda de carga pelo gerador é acrescida,

em busca de manutenção da rotação estabelecida (1800 rpm), mais combustível é

injetado na câmara de combustão, resultado assim em maiores temperaturas durante

esse processo.

Figura 45 - Emissões de NOx em diferentes condições de operação e alteração das misturas.

Analisando a figura 45 é possível observar nas diferentes cargas utilizadas (9

kW, 18 kW e 27 kW) maiores valores de emissão de NOx do B100 em comparação ao

B5, um incremento de 17,7%. Este fato ocorre pois na composição molecular do

biodiesel possui uma maior quantidade de O2 em comparação com o diesel

convencional, conforme também apresentaram Nabi et al. (2009), Saravanan et al.

(2012) e Piamba Tulcan (2009) em seus estudos. Consequentemente, quanto mais

biodiesel acrescentado, maior será a quantidade de oxigênio ao volume de controle

destinado à combustão. No caso onde o gerador operou com 18kW é apresentado um

padrão mais definido de acréscimo de emissão de NOx quando é acrescido biodiesel

na mistura.

Na condição de operação de carga com 27kW foram apresentados

consecutivos acréscimos na emissão de NOx dentre as misturas B5, B25, B50 e B75,

25

4,3

3

43

3,6

7 6

92

,00

25

4,0

0

44

7,0

0 7

32

,00

24

7,3

3 46

7,3

3 7

57

,00

26

4,6

7 48

9,6

7

82

7,0

0

27

6,3

3 50

7,0

0

81

5,0

0

40

240

440

640

840

1040

9kW 18kW 27kW

(pp

m)

B5 B25 B50 B75 B100

Page 102: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA ESCOLA POLITÉCNICA … · Engenharia Industrial, da Universidade Federal da Bahia, ... FIGURA 21 – TENDÊNCIA DA CAPACIDADE DE LUBRIFICAÇÃO EM FUNÇÃO

101

mas quando é utilizado o B100, nesta situação, foi medida uma pequena redução na

emissão de NOx (entre os ensaios de B75 para B100).

No caso da operação com 9 kW só foi possível verificar um padrão de

acréscimo na emissão de NOx, respectivamente dentre as misturas B50, B75 e B100.

Valores muito próximos foram encontrados para o B5 e B25 durante a operação com

carga de 9 kW. Sendo não significativo as variações apresentadas na utilização de

baixa carga.

Para os casos que representaram exceções, existe uma grande possibilidade

destes resultados serem devido à influência de fatores externos (temperatura do

combustível, temperatura e umidade do ambiente), como também devido à

concentração de água na mistura, fatores estes não objetos deste estudo, foram

identificados pelos autores Hoekman e Robbins (2012), Koc e Abdullah (2012) e Al-

dawody e Bhatti (2012).

Para um melhor aprimoramento dos resultados, outros métodos de medição,

por exemplo, instrumentos com menores incertezas envolvidas, devem ser utilizados

para a obtenção de resultados mais precisos, afastando assim as dúvidas envolvidas

com o grau de incerteza das medições aqui apresentadas.

4.2.2 Emissão de material particulado

A coleta de material particulado foi realizada através do sistema desenvolvido

especialmente para esse estudo, com uma metodologia própria. O intuito foi utilizar

um sistema capaz de realizar um procedimento de medição para comparativo

experimental em casos de fontes estacionárias. Foram realizadas as medidas em

triplicata como pode ser visto na Figura 46, e indicado cada ensaio pelos numerais I,

II e III. Cada ensaio aqui simulado teve a duração de 30 minutos. Foi escolhido realizar

as medições com a operação do motor na carga máxima disponível nesse estudo (27

kW), para a obtenção da maior quantidade de particulado pelo grupo gerador.

Page 103: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA ESCOLA POLITÉCNICA … · Engenharia Industrial, da Universidade Federal da Bahia, ... FIGURA 21 – TENDÊNCIA DA CAPACIDADE DE LUBRIFICAÇÃO EM FUNÇÃO

102

Figura 46 - Comparativo das emissões de material particulado com as misturas B5, B50 e B100.

É possível verificar que as misturas com maior proporção de biodiesel emitiram

menos particulado, apresentando um perfil decrescente - como pode ser visto nas

médias em miligramas apresentadas na Figura 46. Uma redução de 34,12% foi

medida na comparação da utilização de B5 para B100. Esse resultado é justificado

devido à maior quantidade de oxigênio presente na composição do biodiesel em

comparação ao diesel. Combustíveis oxigenados afetam diretamente numa queima

mais distribuída com capacidade de gerar menores compostos aromáticos e enxofre,

como também menor tendência ao aparecimento de hidrocarbonetos, reduzindo

assim, a produção de material particulado (MCENALLY e PFEFFERLE, 2005;

PIAMBA TULCAN. 2009).

O sistema para coleta de material particulado aqui desenvolvido demonstrou

ser funcional para a aplicação estabelecida. Não foi realizado testes em outros

motores diesel, mas conclui-se que esse sistema pode ser aplicável a motores de

médio a grande porte devido a grandes vazões emitidas por estes.

4.2.3 Emissões de CO

As emissões de CO apresentam aumento à medida que se opera em cargas

mais baixas (9 kW), Figura 47. Tal fato ocorre devido à baixa eficiência da combustão

(queima incompleta) e consequentemente maiores parcelas de emissão do CO. No

caso dos motores Diesel, um fator para uma menor eficiência de combustão em baixa

carga é devido a um menor volume de combustível injetado nessa condição de

operação. Sendo assim, menor será a pressão interna nas câmaras de combustão,

6,40 4,50 4,00

6,20 5,10

4,00

6,40 4,50 4,50

6,33

4,70 4,17

B5 B50 B100

I II III Média

(mg)

Page 104: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA ESCOLA POLITÉCNICA … · Engenharia Industrial, da Universidade Federal da Bahia, ... FIGURA 21 – TENDÊNCIA DA CAPACIDADE DE LUBRIFICAÇÃO EM FUNÇÃO

103

ocasionando menores temperaturas internas. As menores temperaturas na câmara

resultam em dificuldades para o processo de combustão. Segundo Pereira (2012), a

redução da emissão de CO tende a ocorrer quando a operação aproxima das faixas

de média e alta carga do motor.

Figura 47 - Emissões de CO em diferentes condições de operação e alteração das misturas.

Quando comparados os resultados entre os combustíveis B100 e B5, é possível

verificar maiores emissões de CO no B100, ou seja, em geral nas composições com

maior porcentagem de biodiesel. Este fator ocorre por uma menor eficiência de

queima resultante da composição do biodiesel, mais viscoso, como também pelo

sistema de injeção ultrapassado do motor utilizado neste estudo (sistema de injeção

mecânico - bomba em linha), o que ocasiona uma injeção mais deficiente, como

também aponta o estudo de Hoekman e Robbins (2011).

Em geral, a literatura revisada apresenta uma redução das emissões de CO

com a utilização de biodiesel comparado ao diesel (FATTAH et al., 2013; FAZAL et

al., 2011). Mas existem estudos que encontraram resultados contrários, nestes casos

os autores justificaram segundo fatores similares apontados anteriormente, como, por

exemplo, a viscosidade e deficiências associadas ao sistema de injeção (XUE et al.

2011; DEVAN e MAHALAKSHMI, 2009).

28

6,0

0

24

4,6

7

15

4,6

7

30

4,3

3

23

8,0

0

14

9,6

7

32

5,0

0

25

6,6

7

15

1,6

7

33

0,3

3

25

2,6

7

15

9,0

0

36

7,6

7

27

1,6

7

17

4,0

0

40

90

140

190

240

290

340

390

440

9kW 18kW 27kW

(pp

m)

B5 B25 B50 B75 B100

Page 105: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA ESCOLA POLITÉCNICA … · Engenharia Industrial, da Universidade Federal da Bahia, ... FIGURA 21 – TENDÊNCIA DA CAPACIDADE DE LUBRIFICAÇÃO EM FUNÇÃO

104

4.2.4 Percentuais de CO2

Os resultados da análise dos percentuais de CO2 estão em concordância com

a maioria dos testes realizados com motores a diesel utilizando biodiesel, conforme

apresenta Fazal et al. (2011). Na Figura 48 é possível observar uma redução nas

emissões de CO2 quando também é reduzida a carga requerida pelo gerador,

consequencia do menor consumo nessas condições. Os dados apresentados na

Figura 48 são referentes à média dos valores medidos nos ensaios feitos em triplicata

incluindo as incertezas calculadas.

Figura 48 - Resultados de emissões de CO2 (%) em diferentes condições de operação (27kW; 18kW e 9kW) com alteração das misturas.

Na Figura 48 são apresentados valores próximos, sendo possível notar

pequenas variações para os valores do B5 na ordem de 0,1% frente às demais

misturas. Sendo assim, os resultados não apresentam variações consideráveis para

a comparação entre as misturas testadas. Isso se deve ao fato da medição de CO2

ocorrer em percentual (ppm), não sendo assim possível verificar grandes diferenças

aos ensaios realizados.

4.2.5 Percentuais de O2

Na Figura 49 são apresentados os percentuais de emissão de O2 para servir

de referência na verificação do excesso de ar do motor em cada combustível utilizado.

Os dados apresentados na Figura 49 são referentes à média dos valores medidos nos

2,6

0 3,6

0

4,9

0

2,5

0 3,6

0

4,8

7

2,5

0 3,6

0

4,8

3

2,5

0 3,6

0

4,7

7

2,5

0 3,6

0

4,8

7

0

1

2

3

4

5

6

9 kW 18 kW 27 kW

(%)

B5 B25 B50 B75 B100

Page 106: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA ESCOLA POLITÉCNICA … · Engenharia Industrial, da Universidade Federal da Bahia, ... FIGURA 21 – TENDÊNCIA DA CAPACIDADE DE LUBRIFICAÇÃO EM FUNÇÃO

105

ensaios feitos em triplicata. Neste caso, os valores se alteram segundo as condições

de trabalho do motor, ou seja, potência requerida pelo gerador.

Figura 49 - Resultados de emissões de O2 (%) em diferentes condições de operação (27kW; 18kW e 9kW) com alteração das misturas.

A variação de oxigênio nas emissões dos motores a diesel está relacionada

com mudanças do fator lambda, ou seja, valores do excesso de ar ou de combustível

na combustão. Isso se deve ao fato da medição de O2 ocorrer de forma similar à

medição de CO2, ou seja, em percentual, não sendo assim possível verificar grandes

diferenças aos ensaios realizados e mudanças operacionais realizadas.

4.2.6 Comparativo das emissões

Para melhor relacionar os valores de emissão dos diferentes tipos de

combustível utilizado aqui neste estudo, foi desenvolvida a Tabela 14, contendo o

comparativo dos diferentes parâmetros de poluentes medidos. Para a determinação

da seguinte tabela, foi utilizada a soma das médias das diferentes potências utilizadas

na operação do motor. O estudo da incerteza combinada gerou os resultados que se

encontram no parêntese ao lado dos valores. As porcentagens em vermelho

representam uma quantidade maior da referenciada, que neste caso foi o B5, já no

caso do valor em azul, representa-se uma quantidade menor de emissão do que a

mistura de B5.

17

,40

16

,00

14

,301

7,4

0

16

,00

14

,331

7,4

0

16

,00

14

,301

7,4

3

16

,00

14

,431

7,4

7

16

,00

14

,30

6

11

16

21

9 kW 18 kW 27 kW

(%)

B5 B25 B50 B75 B100

Page 107: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA ESCOLA POLITÉCNICA … · Engenharia Industrial, da Universidade Federal da Bahia, ... FIGURA 21 – TENDÊNCIA DA CAPACIDADE DE LUBRIFICAÇÃO EM FUNÇÃO

106

Tabela 14 - comparativo dos diferentes parâmetros de poluentes medidos.

Tipo de emissão B100 B75 B50 B25

CO2 0% (± 2%) 0% (± 2%) 0% (± 2%) 0% (± 2%)

CO 18,68% (±9%) 8,27% (±5,67%) 7,00% (±7,22%) 0,97% (±5,88%)

NOX 15,82% (±22%) 14,59% (±21%) 6,64% (±9,6%) 3,84% (±9,6%)

MP -34,12% (±3,22%) - -25,79% (±3,26%) -

4.3 DESEMPENHO PELA ANÁLISE ENERGÉTICA E EXERGÉTICA

As medições envolvidas nos cálculos da análise do desempenho desse estudo

ocorreram de forma paralela às medições relacionadas aos gases de emissão. Por

método gravimétrico, os valores de consumo foram medidos e calculados. Por meio

dos balanços energético e exergético, juntamente com as medições dos produtos da

combustão e demais outras medições realizadas, foi possível determinar as parcelas

de perdas e eficiências envolvidas no experimento aqui apresentado.

4.3.1 Consumo

Nas Figuras 50 e 51 são apresentados os resultados para o consumo médio e

consumo específico. O consumo médio é identificado segundo a potência gerada e

representa o consumo realizado dentro dos ciclos de operação e medição dos testes,

descritos dentro de 10 minutos.

É possível verificar um padrão dentre todas as condições de operação

realizadas com o grupo gerador, acréscimo de consumo frente ao aumento na

demanda requerida de potência, e também na medida em que o percentual de

biodiesel é acrescido na mistura. Resultados similares foram encontrados em 54

artigos de 62 estudados por Xue, Grift e Hansen (2011), ou seja, quase 87% das

pesquisas referenciadas demonstraram aumento de consumo, a medida que foi

acrescido biodiesel na proporção da mistura final do combustível.

Page 108: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA ESCOLA POLITÉCNICA … · Engenharia Industrial, da Universidade Federal da Bahia, ... FIGURA 21 – TENDÊNCIA DA CAPACIDADE DE LUBRIFICAÇÃO EM FUNÇÃO

107

Figura 50 - Consumo médio de combustível em diferentes condições de operação e alteração das

misturas.

Na Figura 51, o consumo específico apresenta um perfil contrário ao consumo

total, com os valores maiores em menores cargas aplicadas, isso ocorre devido ao

perfil de operação estar longe do ponto ótimo de operação do motor, ou seja, em

baixas cargas o grupo gerador consome mais do que em altas cargas para gerar a

mesma quantidade de energia. O consumo específico é representado, sendo a

parcela de combustível consumido para geração da carga requerida.

Figura 51 - Consumo específico de combustível em diferentes condições de operação e alteração das

misturas.

66,7 68,3 70,7 73,3 76,0

91,3 94,0 98,7 101,3 105,3118,0 120,0 126,3 131,3 136,3

B5 B25 B50 B75 B100

Co

nsu

mo

méd

io (

g/m

in)

9 kW 18 kW 27 kW

44

2,1

6

45

6,8

5

47

3,3

4

48

9,3

3

50

7,8

4

30

5,6

4

31

3,1

1

32

9,5

8

33

9,5

9

35

3,7

5

26

2,8

8

27

3,0

8

28

2,2

9

29

3,8

8

30

4,8

8

B5 B25 B50 B75 B100

Co

nsu

mo

esp

ecíf

ico

(g/

kW.h

)

9 kW 18 kW 27 kW

Page 109: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA ESCOLA POLITÉCNICA … · Engenharia Industrial, da Universidade Federal da Bahia, ... FIGURA 21 – TENDÊNCIA DA CAPACIDADE DE LUBRIFICAÇÃO EM FUNÇÃO

108

4.3.2 Comparativo do consumo específico

A Tabela 15 a seguir foi desenvolvida para ser instrumento de comparação

entre as diferentes misturas de combustível utilizada no estudo com relação ao

acréscimo sofrido no seu consumo. A base para comparação percentual foi o B5,

mistura essa que possui maior proporção de diesel. Os valores estão sendo

apresentados dentre a média dos consumos das diferentes potências simuladas no

estudo (9kW, 18kW e 27kW).

Tabela 15 – Comparação do consumo específico das misturas diesel/biodiesel e o aumento em relação ao B5.

Combustíveis Média do consumo de combustível (g/kWh)

Aumento em relação ao B5 (%)

B5 336,90 0,00

B25 347,68 1,03

B50 361,74 1,07

B75 374,27 1,11

B100 388,82 1,15

4.3.3 Energia dos combustíveis

A energia de entrada ao sistema foi considerada unicamente a energia provinda

do combustível, estabelecida pelo poder calorífico inferior multiplicado pela massa de

combustível consumida no sistema. Na Figura 52 são apresentados os valores de

energia provida ao sistema para as diferentes condições de operação (9 kW, 18 kW e

27 kW) com diferentes tipos de mistura utilizados.

Page 110: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA ESCOLA POLITÉCNICA … · Engenharia Industrial, da Universidade Federal da Bahia, ... FIGURA 21 – TENDÊNCIA DA CAPACIDADE DE LUBRIFICAÇÃO EM FUNÇÃO

109

Figura 52 – Energia fornecida pelas misturas nas diferentes condições de operação.

Na Figura 52, o B100 possui um fornecimento maior de energia do que o B5,

na condição de operação com 18 kW e 27 kW, devido a uma compensação de maior

consumo de combustível. Esse padrão não se repete na operação com 9 kW de carga,

evidenciando o menor aproveitamento da combustão em operação a baixa carga. No

geral, é possível identificar uma grande proximidade nos valores das diferentes

misturas quando comparadas a mesma condição de operação.

4.3.4 Eficiência energética

Quando comparado diretamente o B5 com o B100, é possível perceber que

para os casos operados com carga de 18 kW e 27 kW, a maior proporção de biodiesel

resultou em uma leve redução na eficiência energética, mas não significativa quando

é analisado a tendência. Na condição operada em 9 kW ocorreu um leve aumento na

linha de tendência, conforme os resultados apresentados na Figura 53.

Figura 53 – Eficiência energética em diferentes condições de operação e alteração das misturas.

48

,00

65

,75

84

,95

47

,79

65

,78

85

,37

47

,70

66

,59

85

,21

47

,65

65

,82

85

,32

47

,50

65

,82

85

,19

40

50

60

70

80

90

9kW 18kW 27kW

(kW

)

B5 B25 B50 B75 B100

18,85% 18,78% 18,86% 18,88% 18,93%

27,25% 27,38% 27,00% 27,22% 27,18%

31,71% 31,38% 31,52% 31,43% 31,50%

Efic

iên

cia

Ener

géti

ca (

%)

B5 B25 B50 B75 B100

9 kW

18 kW

27 kW

Page 111: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA ESCOLA POLITÉCNICA … · Engenharia Industrial, da Universidade Federal da Bahia, ... FIGURA 21 – TENDÊNCIA DA CAPACIDADE DE LUBRIFICAÇÃO EM FUNÇÃO

110

Foi constatada uma margem muito próxima nos valores da eficiência energética

para todos os níveis de cargas operadas (9 kW, 18 kW e 27 kW), devido a diversas

influências causadas pela adição de biodiesel e seu impacto na combustão. Apesar

do PCI do biodiesel ser mais baixo, houve uma compensação por um maior consumo

e consequentemente uma disponibilidade de mais oxigênio para a combustão, provida

pela adição do biodiesel.

No caso operado com 9 kW, para todas as diferentes proporções de mistura, é

possível identificar um resultado bem inferior as demais cargas operadas (18 kW e 27

kW), resultados estes devido à baixa eficiência conhecida de motores diesel quando

operam em baixa carga (BRUNETTI, 2012).

No perfil de eficiência energética (Figura 53), é possível analisar que nas

condições de carga com 18 kW e 27 kW a tendência apresentada é de leve redução

na eficiência energética com o aumento da proporção volumétrica de biodiesel na

mistura, isso ocorre devido ao empobrecimento do combustível e redução da relação

C/H na mistura, quanto maior é a proporção de biodiesel. Mas quando o gerador foi

operado com 9 kW, é interessante perceber que os resultados apresentam uma

tendência de um leve acréscimo da eficiência energética para as misturas com maior

proporção de biodiesel. Essas tendências opostas podem ocorrer, pois o biodiesel

possui propriedades que podem influênciar com maior ou menor impacto a depender

da condição imposta, como é o caso da viscosidade, qualidade de pulverização e

atomização na câmara de combustão, relacionada a injeção nas diferentes condições

de operação (XUE et al., 2011; DEVAN e MAHALAKSHMI, 2009).

Resultados distintos são possíveis de serem encontrados na literatura, quando

se trata do impacto na eficiência energética com a utilização de biodiesel. Na sua

maioria apresentam uma redução na eficiência energética quando acrescido biodiesel

na mistura (CARRERETTO et al., 2004; MUTILLO et al., 2007), sendo possível

também encontrar resultado de um leve aumento após uma maior adição de biodiesel

(GUMUS e KASIFOGLU, 2010).

Para uma melhor análise dos resultados de eficiência energética seria

interessante também realizar a análise particular do padrão da chama; dos tipos de

hidrocarbonetos queimados, pressão e temperatura da câmara de combustão, para

assim melhor indicação dos dados analisados, influências estas apontadas por Xue et

al. (2011).

Page 112: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA ESCOLA POLITÉCNICA … · Engenharia Industrial, da Universidade Federal da Bahia, ... FIGURA 21 – TENDÊNCIA DA CAPACIDADE DE LUBRIFICAÇÃO EM FUNÇÃO

111

4.3.5 Análise energética

Como resultado da análise dos fatores energéticos, segundo as medições e

cálculos propostos, foi possível elaborar a Tabela 16, identificando, assim, todas as

parcelas envolvidas dentro do processo de combustão do gerador.

Tabela 16 - Resultado da análise energética das misturas utilizadas no experimento.

Misturas Potência

elétrica de referência(kW)

Energia fornecida pelo

combustível (kW)

Perda pelo sistema de

arrefecimento (kW)

Perda pelos gases de exaustão

(kW)

Demais perdas

envolvidas (kW)

Eficiência energética

(%)

B5

9 48,00 16,31

13,33 9,36 18,85%

18 65,75 18,69 12,75 27,25%

27 84,95 25,23 16,41 31,71%

B25

9 47,79 13,71 8,77 18,78%

18 65,78 16,31 18,57 12,9 27,38%

27 85,37 18,23 23,83 31,38%

B50

9 47,70 9,03 13,36 18,86%

18 66,59 16,31 13,64 18,64 27,00%

27 85,21 18,07 23,83 31,52%

B75

9 47,65 8,70 13,64 18,88%

18 65,82 16,31 13,08 18,43 27,22%

27 85,32 18,39 23,62 31,43%

B100

9 47,50 8,59 13,60 18,93%

18 65,82 16,31 13,06 18,45 27,18%

27 85,19 18,52 23,36 31,50%

Nas Figuras 54, 55 e 56 são apresentados, respectivamente para as potências

de referência: 9 kW, 18 kW e 27 kW, os diagramas dos fluxos térmicos em percentual,

identificados na análise energética.

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112

Figura 54 – Diagrama dos fluxos térmicos segundo análise energética para geração de 9 kW.

Figura 55 – Diagrama dos fluxos térmicos segundo análise energética para geração de 18 kW.

Figura 56 – Diagrama dos fluxos térmicos segundo análise energética para geração de 27 kW.

33,98% 34,13% 34,19% 34,23% 34,34%

27,77% 28,69%18,93% 18,25% 18,09%

19,40% 18,40%28,01% 28,64% 28,64%

18,85% 18,78% 18,86% 18,88% 18,93%

B5 B25 B50 B75 B100

24,81% 24,79% 24,49% 24,78% 24,78%

28,43% 28,23%20,48% 19,87% 19,84%

19,52% 19,59% 28,02% 28,13% 28,20%

27,25% 27,38% 27,00% 27,22% 27,18%

B5 B25 B50 B75 B100

Perda pelo sistema de arrefecimentoPerda pelos gases de exaustãoDemais perdas envolvidasPotência efetiva

19,20% 19,11% 19,14% 19,12% 19,15%

29,70%21,35% 21,21% 21,55% 21,74%

19,39%28,16% 28,13% 27,90% 27,61%

31,71% 31,38% 31,52% 31,43% 31,50%

B5 B25 B50 B75 B100

Page 114: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA ESCOLA POLITÉCNICA … · Engenharia Industrial, da Universidade Federal da Bahia, ... FIGURA 21 – TENDÊNCIA DA CAPACIDADE DE LUBRIFICAÇÃO EM FUNÇÃO

113

4.3.6 Análise exergética

Pela análise exergética realizada foi possível verificar uma grande proximidade

nos valores da eficiência nas diferentes proporções de biodiesel na mistura. Na

maioria dos casos o B5 apresenta os valores mais elevados em eficiência exergética.

Tabela 17 - Resultado da análise exergética das misturas utilizadas no experimento.

Misturas Potência

elétrica de referência(kW)

Exergia do combustível

(kW)

Exergia destruída

(kW)

Exergia dos gases de exaustão (kW)

Exergia de arrefecimento

e perdas do volume de

controle (kW)

Eficiência exergética

(%)

B5

9 51,23 31,86 7,89 2,44 17,66

18 70,18 39,50 9,88 2,89 25,53

27 90,68 52,53 9,32 2,89 29,71

B25

9 51,07 31,58 8,12 2,39 17,58

18 70,28 39,54 9,84 2,90 25,63

27 91,22 50,48 9,65 4,29 29,37

B50

9 51,04 31,59 8,05 2,40 17,63

18 71,25 40,35 9,95 2,98 25,23

27 91,17 48,43 12,28 3,60 29,46

B75

9 51,06 31,53 8,15 2,37 17,62

18 70,53 39,81 9,87 2,93 25,41

27 91,42 48,75 12,20 3,65 29,33

B100

9 50,98 31,46 8,15 2,37 17,64

18 70,63 39,92 9,89 2,93 25,33

27 91,42 48,87 12,05 3,67 29,35

Além da eficiência exergética e da destruição de exergia devem ser

destacados: o nível de exergia química e a razão de conversão para a exergia

termomecânica, devido o trabalho realizado pelo sistema. Neste caso, as misturas

com maiores proporções de biodiesel geraram valores levemente acima da exergia

dos gases de exaustão. As Figuras 57, 58 e 59 apresentam os diagramas das

exergias, em percentual, respectivamente para as potências de referência: 9 kW, 18

kW e 27 kW.

Page 115: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA ESCOLA POLITÉCNICA … · Engenharia Industrial, da Universidade Federal da Bahia, ... FIGURA 21 – TENDÊNCIA DA CAPACIDADE DE LUBRIFICAÇÃO EM FUNÇÃO

114

.

Figura 57 – Diagrama de fluxo segundo análise exergética para potência de referência 9 kW.

Figura 58 – Diagrama de fluxo segundo análise exergética para potência de referência18 kW.

Figura 59 – Diagrama de fluxo segundo análise exergética para potência de referência 27 kW.

62,19% 61,84% 61,89% 61,75% 61,71%

15,40% 15,89% 15,76% 15,97% 15,99%

4,76% 4,68% 4,71% 4,65% 4,64%

17,66% 17,58% 17,63% 17,62% 17,64%

B5 B25 B50 B75 B100

Eficiência exergéticaExergia de arrefecimento e perdas do volume de controleExergia dos gases de exaustãoExergia destruída

56,28% 56,26% 56,63% 56,44% 56,52%

14,07% 14,00% 13,96% 13,99% 14,01%4,12% 4,12% 4,18% 4,15% 4,14%

25,53% 25,63% 25,23% 25,41% 25,33%

B5 B25 B50 B75 B100

Eficiência exergéticaExergia de arrefecimento e perdas do volume de controleExergia dos gases de exaustãoExergia destruída

57,93% 55,34% 53,12% 53,33% 53,46%

10,28% 10,58% 13,47% 13,35% 13,18%

3,19% 4,71% 3,95% 3,99% 4,02%

29,71% 29,37% 29,46% 29,33% 29,35%

B5 B25 B50 B75 B100

Eficiência exergéticaExergia de arrefecimento e perdas do volume de controleExergia dos gases de exaustãoExergia destruída

Page 116: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA ESCOLA POLITÉCNICA … · Engenharia Industrial, da Universidade Federal da Bahia, ... FIGURA 21 – TENDÊNCIA DA CAPACIDADE DE LUBRIFICAÇÃO EM FUNÇÃO

115

5 CONCLUSÃO

A análise da combustão de misturas com biodiesel e diesel envolve diversos

fatores capazes de modificar significantemente os resultados experimentais. O

conhecimento das propriedades físico-químicas do diesel e biodiesel em questão é

importante para potencializar a eficiência da combustão, e a redução na emissão de

poluentes em motores diesel.

Com os resultados encontrados é possível identificar o grau de favorecimento

da adição de biodiesel ao diesel, na eficiência energética e exergética da mistura. As

misturas com menor proporção de biodiesel (B5 e B25) demonstraram uma melhor

eficiência energética quando operados em 18 kW e 27 kW. Para a condição de

operação com 9 kW de carga, a tendência foi contrária. O biodiesel possui

propriedades e características da composição elementar que influênciam de forma

diferenciada a depender da condição imposta. A viscosidade do biodiesel e sua maior

parcela molecular de oxigênio atuaram de forma a compensar os resultados

encontrados. No caso da eficiência exergética foi encontrado um padrão de maior

eficiência para as misturas de B5 (nas condições de 9 kW e 27 kW) e B25 (quando

operado em 18 kW) frente as demais composições. Os valores de exergia

apresentaram margens bem próximas devido o balanciamento causado pelo biodiesel

e seus benefícios nas diferentes condições de operação e proporções estabelecidas.

Com relação aos resultados de emissão, as misturas com maiores proporções

de biodiesel geraram maiores emissões de CO e NOx. A adição de biodiesel resultou

em menor emissão de material particulado, nas diferentes cargas simuladas no

experimento.

O sistema de injeção do motor e a não existência de um turbocompressor no

experimento influenciaram na qualidade da mistura ar-combustível. O que também foi

apontado nos estudos de Fazal et al. (2011). Consequentemente estes fatores

impactaram de maneira mais negativa o biodiesel, em relação ao diesel, devido a suas

propriedades físicas.

Outro tipo de atribuição que pode influenciar os resultados, de forma menos

significativa, é o tipo de matéria prima para a produção do biodiesel. No caso deste

estudo foi utilizada uma composição oriunda de 83% de gordura bovina e 17% óleo

de soja. No artigo de revisão, Xue et al. (2011) encontraram diferenças na ordem entre

Page 117: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA ESCOLA POLITÉCNICA … · Engenharia Industrial, da Universidade Federal da Bahia, ... FIGURA 21 – TENDÊNCIA DA CAPACIDADE DE LUBRIFICAÇÃO EM FUNÇÃO

116

+1,49% (positivo) até -0,64% (negativo) de potência em testes com biodiesel de

diferentes matérias primas, operando nas mesmas condições.

Dentre os objetivos propostos, este estudo também buscou desenvolver, nas

dependências do Laboratório de Energia e Gás da UFBA, um sistema para coleta de

material particulado. O sistema em questão foi funcional para a aplicação requerida

no grupo gerador utilizado no estudo. Sendo este um sistema viável de baixo custo

para a medição de material particulado, algo bastante válido financeiramente frente

aos sistemas de alto custo determinados pelas normas APTD-0581 e ASTM D2986-

71.

Foram investigadas as principais legislações ambientais vigentes, frente as

emissões de poluentes de grupo geradores a diesel. Constatou-se a não existência

de legislação nacional específica que determine e restrinja as emissões de poluentes

para esta aplicação. Portanto, se faz necessário, segundo as preocupações

ambientais atuais, estabelecer limites de poluentes emitidos para esse tipo de fonte

energética. Neste estudo o biodiesel apresentou valores reduzidos na emissão de

material particulado, quando comparado ao diesel. Desta forma, caso existisse uma

legislação bem definida, seria interessante considerar para atendimento destes

limites, o biodiesel como opção de combustível.

Page 118: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA ESCOLA POLITÉCNICA … · Engenharia Industrial, da Universidade Federal da Bahia, ... FIGURA 21 – TENDÊNCIA DA CAPACIDADE DE LUBRIFICAÇÃO EM FUNÇÃO

117

6 PROPOSTA PARA TRABALHOS FUTUROS

Propõe-se para trabalhos futuros, como também para a continuação deste, a

investigação e desenvolvimento dos seguintes tópicos:

1. Realizar estudo comparativo de emissão e desempenho com a utilização

dos diferentes sistemas de injeção em motores diesel;

2. Desenvolver ensaios comparativos com o uso de biodiesel a partir de

diferentes matérias primas em grupos geradores;

3. Desenvolver ensaios de emissão e desempenho em grupo geradores

contemplando toda a faixa de carga suportada pelo sistema (no estudo aqui

desenvolvido foram contempladas apenas baixa e média cargas);

4. Realizar análise exergoeconômica no estudo relacionado;

5. Desenvolver estudo para identificação do grau de influência dos fatores

externos, como, por exemplo, umidade ambiente e a temperatura do combustível, no

desempenho e emissão de grupos geradores;

6. Realizar estudo de desempenho e emissão de grupo gerador

contemplando a análise em particular do padrão da chama, dos tipos de

hidrocarboneto queimado, pressão e temperatura da câmara de combustão.

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118

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