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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA ESCOLA POLITÉCNICA MESTRADO EM ENGENHARIA AMBIENTAL URBANA JOSÉ RAFAEL NASCIMENTO LOPES DESAFIOS E ALTERNATIVAS PARA A GESTÃO AMBIENTAL EM PEQUENAS EMPRESAS: UMA ANÁLISE DO PROGRAMA DE QUALIFICAÇÃO DE FORNECEDORES DA FIEB Salvador 2010

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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA ESCOLA POLITÉCNICA

MESTRADO EM ENGENHARIA AMBIENTAL URBANA

JOSÉ RAFAEL NASCIMENTO LOPES

DESAFIOS E ALTERNATIVAS PARA A GESTÃO AMBIENTAL EM PEQUENAS EMPRESAS:

UMA ANÁLISE DO PROGRAMA DE QUALIFICAÇÃO DE FORNECEDORES DA FIEB

Salvador 2010

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JOSÉ RAFAEL NASCIMENTO LOPES

DESAFIOS E ALTERNATIVAS PARA A GESTÃO AMBIENTAL EM PEQUENAS EMPRESAS:

UMA ANÁLISE DO PROGRAMA DE QUALIFICAÇÃO DE FORNECEDORES DA FIEB

Dissertação apresentada ao Mestrado em Engenharia Ambiental Urbana, Escola Politécnica, Universidade Federal da Bahia, como requisito para obtenção do grau de Mestre em Engenharia Ambiental Urbana.

Orientador: Prof. Dr. Emerson de Andrade Marques Ferreira

Salvador 2010

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Ficha Catalográfica

L864 Lopes, José Rafael Nascimento

Desafios e alternativas para a gestão ambiental em pequenas empresas: uma análise do programa de qualificação de fornecedores da FIEB / José Rafael Nascimento Lopes. – Salvador, 2010.

159 f. : il. color.

Orientador: Prof. Dr. Emerson de Andrade Marques Ferreira. Dissertação (mestrado) – Universidade Federal da Bahia. Escola

Politécnica, 2010.

1. Gestão ambiental. 2. Pequenas e medias empresas - Qualidade ambiental. 3. Desenvolvimento sustentável. I. Marques, Emerso de Andrade. II. Universidade Federal da Bahia. III. Título.

CDD.: 658.408

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AGRADECIMENTOS

Inicialmente agradeço a Deus, pela proteção, orientação e divina luz concedidas que

me permitiu iniciar e concluir este projeto de dissertação.

Aos meus pais pela educação e valores que são tesouros para toda a vida.

A minha esposa e filhos, pois a família é a base da sociedade e da disseminação de

bons valores.

Ao meu Professor-Orientador, Emerson Ferreira, pela compreensão e paciência no

processo de execução e conclusão deste projeto.

A todos representantes das empresas estudadas, pela receptividade e gentileza

durante a pesquisa de campo.

A Arlinda Coelho, gerente da área de meio ambiente do SENAI-CETIND, pelo

entusiasmo e incentivo.

A Geane Almeida, estagiária de Engenharia Ambiental, no auxilio da coleta de dados

da pesquisa de campo.

Aos funcionários do Instituto Euvaldo Lodi – IEL e do corpo técnico do Programa de

Qualificação de Fornecedores pelo valioso apoio e atendimento as minhas solicitações.

Por fim, as professores e colegas do Curso de Mestrado que, direta ou indiretamente,

colaboraram e participaram no decorrer deste trabalho.

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RESUMO

As organizações têm considerado a responsabilidade socioambiental como uma importante

diretriz para definir as estratégias corporativas, devido aos riscos ambientais das suas

atividades. Portanto, adotar práticas de gestão com foco na produção mais limpa e no

consumo sustentável, envolvendo todo o processo produtivo e a cadeia de fornecedores, é de

suma importância para a sobrevivência dos negócios. Este trabalho teve como objetivo

identificar as principais iniciativas de gestão ambiental, os fatores motivadores, as barreiras e

dificuldades enfrentadas pelas pequenas e médias empresas para melhorar o desempenho

ambiental. Para tanto, realizou-se um estudo de caso do Programa de Qualificação de

Fornecedores, coordenado pelo Instituto Euvaldo Lodi (IEL). Uma amostra de empresas

envolvidas com o programa foi estudada, bem como a realização da pesquisa bibliográfica a

partir de fontes primárias e secundárias. Verificou-se que a conscientização socioambiental,

atendimento à legislação e a redução de resíduos são os motivos que mais influenciam as

organizações para envolver-se num projeto de implantação de práticas de gestão ambiental.

Já a falta de recursos, a percepção dos requisitos normativos como muito burocráticos e a falta

de competência da equipe são as maiores barreiras. Dentro do universo pesquisado, as

iniciativas ambientais mais utilizadas pelas empresas para melhorar o desempenho ambiental

são: Política Ambiental, Programa de Gestão de Resíduos Sólidos (PGRS) e a Avaliação de

Impacto Ambiental. Todos os dados analisados no referencial teórico revelaram que a o

atendimento aos requisitos do cliente é o principal motivador de pequenas e médias empresas

para melhorar o desempenho ambiental, embora esse fator não tenha sido indicado nesta

pesquisa como o mais importante. Além disso, a escassez de recursos, não apenas a financeira

alegada, mas também a de pessoas são as grandes barreiras a serem superadas. Finalmente, a

partir das conclusões obtidas, foram recomendadas alternativas para a implantação da gestão

ambiental nas pequenas e médias empresas, além de ações de melhorias para o Programa de

Qualificação de Fornecedores.

Palavras-chave: Gestão Ambiental, Micro e Pequenas Empresas - fornecedores, barreiras,

motivadores, sustentabilidade.

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ABSTRACT

Organizations have been considered social and environmental responsibility as an

important guideline to define business strategies because of environmental risks of processes

activities. Management practices of cleaner production and sustainable purchases are

important to the companies survival especially when it involves production and its supply

chain. This study aimed to identify key environmental management practices, drivers, barriers

and difficulties faced by small businesses to improve environmental performance. Thus, a

case study was done about Euvaldo Lodi Institute supplier qualification program. A sample of

companies involved with the program was studied and literature review was developed from

primary and secondary sources. It was verified that environmental awareness, ensure legal

compliance, and reducing waste are drivers that improve organizations to deploy

environmental management practices. The lack of resources, bureaucratic requirements and

lack of competence are the worst barriers. Environmental initiatives most frequently used by

companies to improve environmental performance are: Environmental Polices, Solid Waste

Management and Environmental Impact Evaluation. All the analyzed references have

revealed that customer requirement is the main driver in small and medium companies to

improve environmental performance, although this has not been shown in this research as the

most important. Besides human and financial resources are the greatest barriers to be

overcome. Finally, it was recommended alternatives to implement environmental

management in small and medium enterprises and actions to improve supplier qualification

program.

.

Keywords: Environmental management; small and medium enterprises (SME); barriers;

drivers, sustentability.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Escopo do Programa de Capacitação de Fornecedores.............................................18

Figura 2: Representação do modelo de avaliação ....................................................................18

Figura 3: Evolução das médias das avaliações dos critérios do PQF.......................................20

Figura 4: Taxonomia comum para os estágios evolutivos da gestão ambiental nas empresas 34

Figura 5: Tipificação dos acordos voluntários .........................................................................36

Figura 6: Classificação da série de normas ISO 14000............................................................46

Figura 7: Ciclo de Implantação da ISO 14001 ........................................................................47

Figura 8: Atividades de Auditoria ............................................................................................50

Figura 9: Relação da empresa com a condição ambiental do meio..........................................54

Figura 10: Selo tipo I ................................................................................................................60

Figura 11: Simbologia para os diversos tipos de embalagens. .................................................61

Figura 12: Simbologia utilizada para os tipos de plásticos. .....................................................61

Figura 13: Selo tipo III .............................................................................................................62

Figura 14: Fases da Análise do Ciclo de Vida .........................................................................64

Figura 15: Etapa genérica de um processo ...............................................................................68

Figura 16: Entradas e saídas de produtos e serviços de uma empresa .....................................69

Figura 17: Diagrama de uma unidade de operação genérica....................................................69

Figura 18: Fluxograma geral de uma ACV ..............................................................................70

Figura 19: Exemplo de um Ecomapa .......................................................................................72

Figura 20: Processo Global da implementação evolutiva de SGA...........................................74

Figura 21: Fluxograma de Implantação de P + L – Metodologia UNIDO/UNEP ...................77

Figura 22: Organograma de Produção mais Limpa.................................................................78

Figura 23: Contexto em que a P+L está inserida......................................................................79

Figura 24: Fluxograma da Gestão de Resíduos Sólidos. ..........................................................83

Figura 25: Metodologia do PQF...............................................................................................88

Figura 26: Representatividade do Comitê ................................................................................89

Figura 27: Súmula Ambiental – Análise Comparativa 2004 - 2008. .......................................94

Figura 28: Benefícios Ambientais. ...........................................................................................98

Figura 29: Benefícios experimentados por empresas em melhorar o desempenho ambiental.99

Figura 30: Principais dificuldades para melhoria ambiental .................................................104

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Figura 31: Organização da abordagem de contacto................................................................110

Figura 32: Tempo de participação no PQF.............................................................................117

Figura 33: Estágio de cumprimento dos requisitos do questionário de avaliação do IEL .....117

Figura 34: Como a sua empresa tomou conhecimento do PQF .............................................127

Figura 35: Nível de reconhecimento do mercado ou pelo cliente ..........................................129

Figura 36: Pretensão em buscar a certificação do sistema de gestão .....................................131

Figura 37: Certificação pretendida do sistema de gestão .......................................................132

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Classificação das PME segundo UE e a OCDE....................................................25

Quadro 2 - Classificação das pequenas empresas segundo o faturamento bruto anual............26

Quadro 3 - Classificação das empresas segundo o número de empregados.............................26

Quadro 4 – Características de diferenciação das PME.............................................................28

Quadro 5 – Principais Aspectos e Impactos relacionados por tema.........................................33

Quadro 6 – Dimensões da Gestão Ambiental...........................................................................35

Quadro 7 – Abrangência da Gestão Ambiental ........................................................................36

Quadro 8 – Iniciativas Ambientais Voluntárias ......................................................................37

Quadro 9 – Diretrizes do Programa de Atuação Responsável..................................................40

Quadro 10 – Características do EMAS e da ISO 14000...........................................................42

Quadro 11 – Características dos Princípios CERES ................................................................44

Quadro 12 – Características da ISO 14001 ..............................................................................48

Quadro 13 – Indicadores utilizados na Avaliação de Desempenho Ambiental .......................53

Quadro 14 – Indicadores utilizados na Avaliação de Desempenho Ambiental .......................55

Quadro 15 – Indicadores de Desempenho Gerencial ...............................................................55

Quadro 16 – Visão geral dos programa de rotulagem ambiental .............................................59

Quadro 17 – Tipos de selos e suas características ....................................................................62

Quadro 18 – Relação entre ACV e os outros programas..........................................................64

Quadro 19 – Impactos das Normas da série 14000 nas PME...................................................66

Quadro 20 – Etapas do Ecomapping ........................................................................................72

Quadro 21 – Barreiras enfrentadas pelas PME e como elas são superadas no PQF ................90

Quadro 22 – Aspectos motivadores para gestão ambiental......................................................93

Quadro 23 – Aspectos motivadores para gestão ambiental......................................................95

Quadro 24 - Benefícios da Gestão Ambiental ........................................................................100

Quadro 25 – Inconvenientes e Barreiras à gestão ambiental em PME...................................101

Quadro 26 – Objetivos da pesquisa, metodologia empregada e resultados alcançados .........109

Quadro 27 – Vantagens e desvantagens dos métodos de coleta de informações ...................112

Quadro 28 - Temas e Literatura do questionário de pesquisa ................................................114

Quadro 29 - Serviços de consultoria ambiental utilizada no passado...................................128

Quadro 30: Sugestões de melhoria do suporte oferecido pelo PQF.......................................133

Quadro 31: Experiências da empresa com o PQF ..................................................................134

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Evolução da distribuição dos estabelecimentos, por porte .....................................27

Tabela 2 – Distribuição dos empregados, por porte do estabelecimento .................................27

Tabela 3 – Principais causas de mortalidade de PME..............................................................30

Tabela 4 – Principais dificuldades no acesso ao mercado........................................................30

Tabela 5 - Benefícios da implantação do SGA.........................................................................97

Tabela 6 - Razões para não implantar um SGA .....................................................................103

Tabela 7: Distribuição do tempo da empresa no PQF e o estágio de cumprimento dos

requisitos do questionário.......................................................................................................118

Tabela 8: Principais razões para a adoção de iniciativas de Gestão Ambiental .....................118

Tabela 9: Principais razões para a adoção de iniciativas de Gestão Ambiental pelas empresas

com 100% dos requisitos atendidos........................................................................................120

Tabela 10: Análise Estatística dos Dados...............................................................................121

Tabela 11 : Benefícios obtidos ao adotar a Gestão Ambiental...............................................122

Tabela 12: Benefícios obtidos na adoção da Gestão Ambiental pelas empresas

com 100% dos requisitos atendidos........................................................................................123

Tabela 13: Dificuldades e barreiras para implementar Gestão Ambiental.............................124

Tabela 14: Dificuldades e barreiras para implementar Gestão Ambiental

pelas empresas com 100% dos requisitos atendidos ..............................................................124

Tabela 15: Principais iniciativas de gestão ambiental implantadas........................................125

Tabela 16: Principais iniciativas de gestão implantadas pelas empresas com 100% dos

requisitos atendidos ................................................................................................................126

Tabela 17: Importância das características do PQF................................................................128

Tabela 18: Importância dos meios de apoio do PQF..............................................................129

Tabela 19: De quem sua empresa recebeu o reconhecimento ................................................129

Tabela 20: Importância dos elementos do PQF na implementação de melhoria na gestão....130

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABIQUIM – Associação Brasileira das Indústrias Químicas

ACV - Avaliação do Ciclo de Vida

ADA - Avaliação de Desempenho Ambiental

CONAMA - Conselho Nacional de Meio Ambiente

EMAS - Eco Managementeand Audit Scheme

EPD - Declaração Ambiental do Produto

FIEB - Federação das Indústrias do Estado da Bahia

GEN - Global Ecolabelling Network

ICA - Indicador de Condição Ambiental

ICC - Câmara de Comércio Internacional

IDA - Indicador de Desempenho Ambiental

IDG - Indicadores de Desempenho de Gestão

IDO - Indicadores de Desempenho Operacional

IEL - Instituto Euvaldo Lodi

ISO - International Organization for Standardization

OCDE - Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico

P+L - Produção mais Limpa

PDCA – Plan, Do, Check, Acion, (planejar, fazer, checar e agir corretivamente

PGRS - Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos

PME - Pequenas e Médias Empresas

PQF - Programa de Qualificação de Fornecedores

SEBRAE - Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas

SENAI – Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial

SESI – Serviço Social da Indústria

SGA – Sistema de Gestão Ambiental

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ..................................................................................................................14

1.1 O CONTEXTO E A JUSTIFICATIVA DA PESQUISA ..................................................14

1.2 OBJETIVOS......................................................................................................................22

1.2.1 Objetivo Geral ...............................................................................................................22

1.2.2 Objetivos específicos......................................................................................................22

1.3 A ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO .............................................................................22

2. AS PEQUENAS E MÉDIAS EMPRESAS.......................................................................24

2.1 CLASSIFICAÇÃO E IMPORTÂNICA DAS PME ..........................................................24

2.2 CARACTERÍSTICAS DAS PME .....................................................................................27

3. GESTÃO AMBIENTAL COM ENFOQUE EM PME............. ......................................31

3.1-CONCEITO E CARACTERÍSTICAS DA GESTÃO AMBIENTAL...............................31

3.2 EVOLUÇÃO DA GESTÃO AMBIENTAL.....................................................................33

3.3 DIMENSÕES DA GESTÃO AMBIENTAL .....................................................................35

3.4 INICIATIVAS PARA A GESTÃO AMBIENTAL EMPRESARIAL..............................38

3.4.1 Atuação Responsável.....................................................................................................38

3.4.2 EMAS - Eco-Management and Audit Schem .............................................................41

3.4.3 Princípios CERES ........................................................................................................43

3.4.4 Normas da Série ISO 14000..........................................................................................45

3.4.4.1 Sistema de Gestão Ambiental (ISO 14001 e 14004)....................................................47

3.4.4.2 Auditoria de SGA (ISO 19011)....................................................................................49

3.4.4.3 Avaliação de Desempenho Ambiental (ISO 14031) ...................................................51

3.4.4.4 Rotulagem Ambiental (ISO 14020, ISO 14021, ISO 14024 e ISO 14025) .................56

3.4.4.5 Avaliação do ciclo de vida (ISO 14040, ISO 14041, ISO 14042, ISO 14043, ISO

14044).......................................................................................................................................63

3.4.5 Mapeamento do Processo / Balanço Ecológico ...........................................................67

3.4.6 Ecomapeamento.............................................................................................................71

3.4.7 Implementação de SGA por estágios – BS 8555 / ISO DIS 14005.2..........................73

3.4.8 Produção Mais Limpa...................................................................................................76

3.4.9 Programa de Gestão de Resíduos Sólidos - PGRS.....................................................80

3.5 MODELOS DE IMPLANTAÇÃO DA GESTÃO AMBIENTAL ....................................83

3.6 O PROGRAMA DE QUALIFICAÇÃO DE FORNECEDORES – PQF ..........................84

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3.7 ASPECTOS QUE INCENTIVAM OU DIFICULTAM A ADOÇÃO DE INICIATIVAS

EM GESTÃO AMBIENTAL...................................................................................................91

4. METODOLOGIA.............................................................................................................105

4.1 DESENVOLVIMENTO DA PESQUISA........................................................................107

4.2 IDENTIFICANDO AS ORGANIZAÇÕES.....................................................................109

4.3 ABORDAGEM UTILIZADA NO CONTATO COM AS ORGANIZAÇÕES...............110

4.4 DESCRIÇÃO DA AMOSTRA ........................................................................................111

4.5 JUSTIFICATIVA DA TÉCNICA DE PESQUISA..........................................................112

4.6 CONTEÚDO E PROJETO DO QUESTIONÁRIO DE PESQUISA...............................113

5. DISCUSSÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS .........................................................115

6. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES ......................................................................135

6.1- CONCLUSÕES...............................................................................................................135

6.2- RECOMENDAÇÕES .....................................................................................................138

REFERÊNCIAS ...................................................................................................................141

APÊNDICE A .......................................................................................................................149

APÊNDICE B........................................................................................................................156

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1. INTRODUÇÃO

1.1 O CONTEXTO E A JUSTIFICATIVA DA PESQUISA

A responsabilidade socioambiental tem sido considerada como uma diretriz

importante na definição de estratégias das organizações. As interações que suas atividades,

produtos e serviços produzem no meio ambiente poderão afetar a sobrevivência dos negócios

face aos riscos legais e à deterioração da imagem corporativa. Nesse intuito, é preciso

implantar uma gestão competitiva priorizando a adoção de práticas de gestão com foco na

produção mais limpa e no consumo sustentável.

De maneira geral, grandes empresas têm incorporado em sua gestão princípios do

gerenciamento ambiental, seja para atender pressões mercadológicas, ou por serem alvo de

uma fiscalização mais intensa por parte dos órgãos ambientais. Isto, no entanto, não ocorre

com as Micro e Pequenas Empresas, em face da grande dispersão e heterogeneidade desse

setor, além da dificuldade que os órgãos ambientais encontram para promover uma

fiscalização mais efetiva.

A implantação de Sistema de Gestão Ambiental aliado às iniciativas de produção

mais limpa representa uma estratégia eficaz para adequação do segmento produtivo aos

requisitos legais ambientais e mercadológicos, assegurando a competitividade. Porém, para

que essas ações ambientais empresariais sejam eficientes, é necessária a identificação de

medidas e procedimentos formais que envolvam toda a cadeia produtiva, visando atender aos

requisitos ambientais. A definição de uma política ambiental, objetivos e metas referentes aos

aspectos e impactos ambientais auxiliam práticas de controle e preservação ambiental nas

empresas.

Neumann e Ribeiro (2004), ao afirmarem que o ganho de produtividade de uma

empresa é influenciado fortemente pela capacidade dos fornecedores, levam-nos a acreditar

que as empresas compradoras se empenharão cada vez mais em melhorar o desempenho de

seus fornecedores, por meio de ações que possibilitem sua qualificação, resultando num

aprimoramento da parceria e na criação de vantagens competitivas. Coté et al. (2008), ao

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pesquisarem essa questão no Canadá, compartilham da mesma opinião. Os autores sinalizam

três capacidades básicas para gerar uma vantagem competitiva: inovação (desenvolvimento de

novos produtos e processos), produção (otimização da produção e entrega do produto) e de

gestão do mercado (vendas e marketing, incluindo uma imagem de empresa ecológica). Já

Nawrocka et al. (2009), ao analisarem esse aspecto na União Europeia, especificamente na

Suécia, enfatizam o crescente conjunto de regulamentos e exigências do mercado para as

empresas adotarem práticas de gestão ambiental, como a exigência legal de redução de

substâncias perigosas em produtos de consumo, contudo, para assegurarem seu cumprimento,

as empresas transferem os requisitos para a sua cadeia de abastecimento.

A norma NBR ISO 14001 (ABNT, 2004a) incorpora o princípio de Produção mais

Limpa e contribui para promover o alinhamento da cadeia de valor que envolve comprador e

fornecedor. Dentre os requisitos definidos nessa norma, o item 4.4.6 prescreve:

“[...] estabelecimento, implementação e manutenção de procedimentos associados aos aspectos ambientais significativos identificados de produtos e serviços utilizados pela organização e a comunicação de procedimentos e requisitos pertinentes a fornecedores, incluindo-se prestadores de serviços”.

Empresas que implementaram a ISO 14001 necessitam abordar os aspectos

ambientais que se aplicam não apenas ao seu processo interno, mas também em toda a sua

cadeia de abastecimento. Logo, a implementação do SGA requer estruturas organizacionais,

rotinas e uma base de conhecimento para gerir não só os aspectos ambientais diretos, mas

também os indiretos que estão relacionados com as atividades dos fornecedores da empresa

(NAWROCKA ET AL, 2009).

Ribeiro (2001), ao pesquisar empresas certificadas na ISO 14001 no Pólo Industrial

de Camaçari, identificou que os principais mecanismos utilizados para atender ao item 4.4.6,

visando envolver os fornecedores na adoção dos requisitos ambientais, são meramente

contratuais, formais e administrativos. A autora recomenda que sejam realizados esforços

junto às grandes empresas na adoção de programas de capacitação de fornecedores, com

ênfase em gestão ambiental.

Dentre as iniciativas mais desenvolvidas para promover a implementação de práticas

de gestão ambiental por parte dos fornecedores é possível citar (RIBEIRO, 2001):

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• Inserção da vertente ambiental nos requisitos de contrato de prestação de

serviços.

• Solicitação da apresentação de um plano de gestão ambiental.

• Realização de auditorias no fornecedor.

• Fornecimento ou exigência de treinamentos.

As grandes empresas, ao celebrar contratos com seus fornecedores, comunicam seus

requisitos por meio de cláusulas contratuais que incorporam requisitos ambientais. Dentre as

obrigações é solicitada a apresentação de um plano de gestão ambiental que contemple a

identificação dos aspectos e impactos ambientais, bem como as ações de controle. O

cumprimento desse plano seria verificado por meio de auditorias, sendo exigido, inclusive,

que os empregados do fornecedor recebam treinamentos do Sistema de Gestão e dos

procedimentos ambientais do contratante.

É preciso lembrar que, quando uma empresa terceiriza um serviço, não transfere

responsabilidades, passa no mínimo a ser coresponsável, devendo responder criminalmente

por todos os possíveis impactos ambientais negativos que estejam atrelados aos seus

fornecedores, é a chamada “responsabilidade compartilhada”. Dessa forma, passa a existir a

necessidade de realizar qualificação de empresas fornecedoras, no sentido de melhorar os

serviços e produtos entregues e ainda reduzir os custos de aquisição promovendo um

alinhamento da cadeia de suprimento (Supply Chain).

Sensível a esta demanda do setor produtivo, a Federação das Indústrias do Estado da

Bahia (FIEB), por meio do IEL desenvolveu o Programa de Qualificação de Fornecedores

(PQF), com o objetivo de capacitar e assessorar os micro e pequenos empresários a definir e

implementar um Plano de Ação integrado que contemple medidas de melhoria ambiental, da

qualidade e de segurança do trabalho, com foco no alinhamento da cadeia produtiva.

O Programa de Qualificação de Fornecedores (PQF) é uma iniciativa da Federação

das Indústrias do Estado da Bahia (FIEB), executada pelo Instituto Euvaldo Lodi da Bahia

(IEL/BA), em parceria com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas

(SEBRAE). Uma das ações do PQF é promover a aproximação entre empresas fornecedoras

de bens e serviços industriais e grandes e médias empresas compradoras denominadas de

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empresas-âncora, com o objetivo de gerar negócios entre elas, contribuindo, dessa forma, para

o desenvolvimento econômico da região.

Voltado para as empresas-âncora que são grandes e médias empresas compradoras da

indústria, e para as fornecedoras de produtos e serviços industriais, atualmente o Programa de

Qualificação de Fornecedores conta com a participação de mais de 120 empresas

fornecedoras e 7 (sete) empresas-âncora – Veracel, Millennium, Bosch, Deten, Gerdau,

Suzano, El Paso.

Após a inscrição no Programa, as empresas fornecedoras são submetidas a uma

avaliação em aspectos críticos que são de interesse das empresas-âncora, como, por exemplo,

a gestão ambiental do fornecedor. Em seguida, é elaborado um plano de ação, tendo como

foco os pontos com maior oportunidade de melhoria, identificados e consensados com as

empresas fornecedoras e “empresas-âncora”.

Além disso, o PQF tem buscado acompanhar os resultados obtidos pelas empresas

fornecedoras, no que se refere à implantação de boas práticas de gestão e melhoria nos

indicadores de relacionamento com as “empresas âncora”, como, por exemplo, o aumento do

volume de negócios realizados entre elas.

A metodologia do Programa abrange as vertentes da Qualidade, Meio Ambiente,

Segurança e Responsabilidade Social, cuja implementação é feita por meio dos parceiros

SENAI (Meio Ambiente), SESI (Segurança e Responsabilidade) e IEL (Qualidade).

As iniciativas para a criação do PQF ocorreram a partir do último trimestre de 2004,

quando foi iniciado o processo de sensibilização e mobilização das empresas para

participação no Programa. O lançamento oficial ocorreu no dia 3 de junho de 2005, no

auditório da Federação das Indústrias do Estado da Bahia.

Inicialmente, o programa foi denominado de Programa de Capacitação de

Fornecedores – PCF que tinha a intenção de disponibilizar à indústria do estado um programa

com propósito de melhorar o desempenho das empresas fornecedoras de produtos e serviços

industriais, quanto à capacidade de atender as necessidades das empresas compradoras nos

quesitos preço, qualidade, atendimentos aos prazos e flexibilidade. A metodologia do PCF

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resultou de um processo de elaboração junto às grandes empresas do plo industrial da região

metropolitana de Salvador. Conforme exposto na figura 1, o escopo do Programa de

Capacitação de Fornecedores foi planejado para atuar em três linhas.

Figura 1: Escopo do Programa de Capacitação de Fornecedores Fonte: IEL (2009)

A certificação de fornecedores consiste em avaliar o desempenho das empresas

fornecedoras participantes, em requisitos priorizados pelas empresas compradoras envolvidas

no processo. Estes requisitos, segundo as empresas compradoras, que passaram a ser

denominadas de empresas-âncora, são itens críticos, cujo bom desempenho permitiria as

empresas fornecedoras obter vantagem competitiva, facilitando inclusive a realização de

negócios.

O modelo proposto de avaliação do Projeto de Capacitação de Fornecedores é

composto por seis áreas, como representado na figura 2, sendo que cada área é subdividida em

critérios que compõem a metodologia de avaliação e certificação dos fornecedores.

Saúde e SegurançaResponsabilidade Social

Gestão trabalhista, fiscal e tributária

Gestão Ambietal

Qualificação técnica das Pessoas

Gestão da QualidadeEFICIÊNCIA

Figura 2: Representação do modelo de avaliação Fonte: IEL (2009)

Desenvolvimento de Fornecedores

Programa de Capacitação de Fornecedores - PCF

Certificação de Fornecedores

Qualificação de Fornecedores

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A avaliação dos participantes por meio de um questionário denominado ferramenta

de coleta de dados é realizado em três etapas:

1. Apresentação, pela empresa fornecedora, da Documentação Legal.

2. Auditorias Periódicas, realizadas por consultores do projeto na empresa

fornecedora.

3. Avaliação Contínua das Empresas-âncora, etapa de responsabilidade da empresa

âncora e feita pela internet.

A etapa um (1), está condicionada a apresentação da documentação exigida à

empresa fornecedora. A etapa dois (2) é realizada nas empresas fornecedoras (in loco),

mediante a aplicação do questionário que avalia o desempenho da empresa fornecedora nos

requisitos que compõem a metodologia. Estes requisitos são avaliados segundo o conceito de

totalmente implementado, significativamente implementado, implementado de forma

incipiente e nenhuma implementação.

A etapa três (3) é realizada pela empresa âncora, que avalia a qualidade e o pronto

atendimento dos produtos e serviços adquiridos no período; os itens avaliados nesta etapa são

referentes ao atendimento de requisitos da qualidade acordados para o produto ou serviço

(quantidade e qualidade); cumprimento dos prazos de entrega negociados; realização das

condições comerciais acordadas (preços, prazos, parcelamentos, documentos de cobrança etc.)

e agilidade no atendimento a eventuais reclamações e divergências.

Na linha de atuação referente à Qualificação de Fornecedores o objetivo é

disponibilizar treinamento e consultorias para os participantes. Estes treinamentos e

consultorias são planejados e realizados de acordo com critérios de qualificação priorizados,

objetivando o aumento da competitividade da cadeia produtiva.

Já o Desenvolvimento de Fornecedores tem como propósito fomentar e apoiar o

desenvolvimento de fornecedores ainda não existentes na região. Esse desenvolvimento

depende de demandas específicas das empresas compradoras, ou de uma política

governamental que busque induzir o desenvolvimento de alguns setores da economia, tidos

como estratégicos para o Estado.

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No momento em que as partes da cadeia de fornecimento estabelecem um

relacionamento, as necessidades das empresas-âncora são naturalmente adequadas. Isto se

deve ao fato de as empresas fornecedoras começarem a fazer uso de boas práticas de gestão

para o desenvolvimento de suas competências, gerando, consequentemente, mais negócios

entre essas organizações.

No primeiro grupo de trinta e cinco empresas fornecedoras que tiveram sua avaliação

e qualificação sob o modelo de oficinas (treinamentos práticos e consultoria no site da

empresa), os resultados começaram a surgir conforme figura 3.

Figura 3: Evolução das médias das avaliações dos critérios do PQF Fonte: IEL (2009)

As seis áreas avaliadas tiveram uma evolução substancial, atestando o bom

desempenho da metodologia proposta de cerificação e qualificação, tanto que Portela (2007)

propôs um estudo cujo objeto foi a análise do grau de desempenho das empresas participantes

do PQF. Para essa pesquisa, foram utilizados parâmetros qualitativos, referente à produção de

bens e serviços antes e após a participação da empresa no programa.

Evolução das Médias

4,91

1,09

4,784,40

2,151,45

3,13

7,34

3,93

6,61

4,95 4,81

3,99

5,27

9,08

7,65

9,68

7,00

8,708,17 8,38

0,00

1,00

2,00

3,00

4,00

5,00

6,00

7,00

8,00

9,00

10,00

5- Q

ualid

ade

6- M

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Am

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7- S

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8-R

espo

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9- Q

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esso

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Tra

tam

ento

de

recl

amaç

ões

dos

inte

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ados

das

part

es e

des

vios

Méd

ia G

eral

Critérios

Not

as

1ª Aval.

2ª Aval.

3ª Aval.

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21

Informações sobre o desempenho antes e depois da participação no programa foram

coletadas bem como a determinação de indicadores como qualidade dos bens ou serviços,

custos de produção, tempo de entrega do produto ou serviços, volume de bens ou serviços

ofertados, introdução de novos processos de produção, aprimoramento do processo de

produção e participação no mercado.

Observou-se que o desempenho geral das empresas fornecedoras apresentou melhora

após a participação no PQF, influenciado pela melhora na qualidade dos bens ou serviços, o

aprimoramento do processo de produção, seguidos da introdução de novos processos de

produção.

Com relação aos instrumentos utilizados pelo PQF, Portela (2007) sinaliza os que

mais contribuíram para os resultados, segundo as empresas fornecedoras, foram às rodas de

negócios com empresas compradoras, seguidas das oficinas da Qualidade, Meio Ambiente,

Responsabilidade Sócio Ambiental e Recursos Humanos e os Cursos do Núcleo temático. A

autora afirma que as conclusões apresentadas limitam-se às análises das características do

relacionamento entre as empresas compradoras e fornecedoras com foco nos indicadores, sem

analisar os fatores que motivaram as relações entre as empresas fornecedoras e compradoras.

Sugere, inclusive, futuras pesquisas sobre o tema, levando em consideração o tempo de

participação das empresas no programa e o levantamento dos fatores motivadores de

participação e implantação.

Dessa forma, estudam-se neste trabalho as características do PQF e da Gestão

Ambiental em Pequenas Empresas do Estado da Bahia, participantes do programa,

contribuindo com a identificação de fatores motivadores, barreiras e dificuldades encontradas

pelos participantes, além de alternativas para adequação do desempenho ambiental das

empresas fornecedoras aos requisitos da cadeia de suprimento das grandes empresas.

Não é escopo deste estudo analisar os aspectos de gestão da cadeia de suprimento,

também denominada como Supply Chain Management – SCM, nem sua variação ambiental

Environmental Supply Chain Management – ESCM. Apesar da importância do seu papel, as

empresas-âncoras não serão pesquisadas, porém espera-se que os resultados deste trabalho

subsidiem não apenas políticas de melhorias no Programa de Qualificação de Fornecedores –

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PQF, como também na proposição pelas empresas compradoras de alternativas estratégicas

para gerar vantagem competitiva na gestão de fornecedores.

É importante colocar que o PQF está sendo implementado em outros estados do

Brasil, e a análise dos métodos utilizados, com sinalização de pontos de melhoria, deverá

contribuir para a consolidação desta iniciativa de adequação da cadeia de fornecedores,

independentemente do seguimento produtivo, em nível nacional.

1.2 OBJETIVOS

1.2.1 Objetivo Geral

Esta pesquisa tem como objetivo identificar e analisar os desafios das Micro e

Pequenas Empresas participantes do Programa de Qualificação de Fornecedores – PQF na

implantação da gestão ambiental, em especial a motivação, dificuldades e barreiras

encontradas por elas no processo, e propor alternativas para adoção das melhores iniciativas.

1.2.2 Objetivos específicos

1. Identificar as iniciativas de gestão ambiental mais utilizadas;

2. Identificar as motivações, barreiras e dificuldades encontradas no processo de adoção

da Gestão Ambiental;

3. Analisar a percepção das Micro e Pequenas Empresas do Estado da Bahia,

participantes do PQF com relação às características do programa e às iniciativas de

gestão ambiental;

4. Propor alternativas para a Gestão Ambiental nas Micro e Pequenas Empresas.

1.3 A ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO

Esta dissertação está dividida em seis capítulos, sendo que este é o capítulo

introdutório, no qual se justifica a pesquisa, contextualiza-se o tema, além de apresentar os

seus objetivos, e a estrutura dos capítulos subsequentes.

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O segundo capítulo trata da classificação das pequenas empresas e da importância do

setor para a economia. Além disso, são analisadas suas características e como essas

influenciam na mortalidade das empresas.

O terceiro capítulo aborda a gestão ambiental, suas características, evolução,

dimensões e iniciativas adotadas por organizações em geral e pelas pequenas empresas. Neste

capítulo, também são discutidos os fatores motivadores, dificuldades e barreiras enfrentadas

pelas empresas na adoção da gestão ambiental.

No quarto capítulo, é abordada a metodologia utilizada justificando a escolha, além de

feita a descrição dos instrumentos utilizados para coleta de dados.

O quinto capítulo apresenta a discussão e os resultados da pesquisa à luz do referencial

teórico pesquisado.

No sexto capítulo, são discutidas as conclusões oriundas da pesquisa, sendo

apresentadas alternativas para o aprimoramento da metodologia de implantação da gestão

ambiental em pequenas empresas.

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2. AS PEQUENAS E MÉDIAS EMPRESAS

2.1 CLASSIFICAÇÃO E IMPORTÂNICA DAS PME

A classificação de empresas como pequeno porte é muito diversa. Portanto, para

determinar um modelo a ser utilizado nesta pesquisa, realizou-se uma busca na literatura

sobre as várias definições dessas organizações em diversos países.

Denomina-se empresa qualquer organização que produz ou vende bens ou serviços.

Para esta pesquisa o uso da sigla “PME”, utilizada genericamente para definir as pequenas

empresas, reúne, na realidade, as Pequenas e Médias e, na maioria das vezes, também as

Microempresas. A classificação quanto ao porte é um dos fatores que diferencia uma empresa

das outras. No entanto, encontrar um conceito para definir as Pequenas e Médias Empresas

(PME) é uma dificuldade enfrentada por vários pesquisadores (CAMPOS, 2004). Os critérios

de classificação abordam essas empresas de forma quantitativa e as classificam, por exemplo,

pelo número de funcionários que empregam ou pelo seu volume de faturamento e vendas

anuais. Porém, esses critérios não envolvem características específicas das empresas,

induzindo a classificações que nem sempre condizem com a sua realidade.

Existem diversas metodologias regionais destinadas a classificar as empresas de

acordo com seu porte, de maneira que é impraticável uma comparação direta entre dados

estatísticos referentes às PME de distintos países.

Na União Europeia, a Recomendação 2003/361/CE em seu anexo fornece orientações

para a definição de pequenas empresas. Segundo a definição, as empresas que empregam

menos de 250 pessoas, ou cujo volume anual de negócios não seja superior a 50 milhões de

Euros, são consideradas como PME.

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Além disso, dentro da categoria das PME, o limite entre as pequenas e médias

empresas é de 50 empregados e um volume de negócios anual não superior a 10 milhões de

Euros. Segundo a Recomendação, será uma microempresa aquela que emprega menos de 10

pessoas e que tenha um volume de negócios anual não superior a 2 milhões de Euros.

Para a OCDE (Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico), as

PME são classificadas da mesma forma que na União Européia (UE), conforme apresentado

no quadro 1 (OCDE, 2005).

Categoria Nº de Funcionários Faturamento Bruto anual

Médias < 250 ≤ € 50 milhões

Pequenas < 50 ≤ € 10 milhões

Micro < 10 ≤ € 2 milhões

Quadro 1 - Classificação das PME segundo UE e a OCDE Fonte: Recomendação 2003/361/CE

O patamar de 500 empregados determina limite para ser classificada como Pequena e

Média Empresa (PME), no Canadá, México e Estados Unidos. A categorização segue o

seguinte padrão: menos de 5 empregados, microempresa; 5-49 empregados, pequena empresa;

50-499 empregados, média empresa. (COMMISSION FOR ENVIRONMENTAL

COOPERATION, 2005).

No Japão, o limite para uma empresa ser considerada uma pequena empresa é de 50

empregados para o setor do comércio varejista, 100 trabalhadores para o setor de serviço e

comércio atacadista. Para a indústria e outros setores, o limite é de 300 funcionários (OCDE,

2005).

No Brasil, as pequenas empresas são classificadas, sob o ponto de vista legal, pelo

faturamento anual em reais, de acordo com a Lei Complementar 123, publicada em 14 de

dezembro de 2006, lei que institui o Estatuto Nacional da Microempresa e da Empresa de

Pequeno Porte. Outra forma de classificação é utilizando o critério “número de empregados”

de acordo com os quadros 2 e 3.

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Porte Simples Nacional Exportações

Microempresa Até R$ 240 mil Até US$ 200 mil para comércio e serviços. Até US$ 400 mil na indústria

Empresas de Pequeno Porte

Acima de R$ 240 mil até R$ 2,4 milhões

Acima de US$ 200 mil até US$ 1,5 milhão para comércio e serviços. Acima de US$ 400 mil até US$ 3,5 milhões na indústria

Quadro 2 - Classificação das pequenas empresas segundo o faturamento bruto anual. Fonte: Lei Complementar 123: 14/12/06

Porte / Setor Indústria Comércio e Serviços

Microempresas Até 19 Até 9 empregados

Empresa de Pequeno Porte De 20 a 99 De 10 a 49

Médias De 100 a 499 De 50 a 99

Grandes 500 ou mais 100 ou mais

Quadro 3 - Classificação das empresas segundo o número de empregados. Fonte: SEBRAE, 2007

A discussão da importância do papel das PME na economia vem crescendo muito nos

últimos anos. Cândido (apud Campos, 2008) apresenta estas empresas como peças

importantes para geração de empregos e melhoria da distribuição da renda. Essas empresas

são consideradas verdadeiros instrumentos de desenvolvimento econômico, já que geram mais

empregos diretos e compram seus insumos no mercado nacional. Com isso, elas ocupam um

papel fundamental nas economias emergentes e até mesmo naquelas já desenvolvidas.

Para Hillary (2000), as pequenas e médias empresas constituem o mais importante

setor da economia, pois além da manutenção de empregos, especialmente durante tempos de

recessão, elas são fontes de inovação e espírito empreendedor de grandes negócios do futuro.

No Reino Unido as pequenas e médias empresas correspondem a quase 99% das empresas,

enquanto na Europa esse número varia em torno de 90%. Segundo a ISO (2005a), em

pesquisa sobre a utilização de Sistema de Gestão Ambiental por pequenas e médias empresas,

foi constatado que mais de 95% das empresas na maioria dos países são pequenas e médias

empresas e das mais de 73 milhões de empresas empregadoras legalmente constituídas em

todo o mundo, pelo menos, 69 milhões são PME.

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Conforme tabelas 1 e 2, verifica-se no Brasil que as Micro e Pequenas Empresas

representaram, em 2006, 97,5% do total de estabelecimentos, responsáveis por 50,8% dos

empregos, segundo informações da base de dados da Relação Anual de Informações Sociais -

RAIS que é constituída pelos registros administrativos anuais das empresas enviados ao

Ministério do Trabalho e Emprego (SEBRAE, 2008).

Tabela 1 – Evolução da distribuição dos estabelecimentos, por porte Brasil 2002 – 2006 (em %)

Micro e Pequena Ano

Micro Pequena Total Média Grande Total

Total

(nº. absoluto)

2001 84,4 13,2 97,6 1,5 0,9 100,0 1.905.912

2003 84,3 13,3 97,6 1,5 0,9 100,0 1.963.674

2004 83,9 13,6 97,6 1,5 0,9 100,0 2.054.841

2005 83,7 13,8 97,5 1,6 0,9 100,0 2.148.906

2006 83,6 13,9 97,5 1,6 0,9 100,0 2.241.071

Fonte: SEBRAE, 2008

Tabela 2 – Distribuição dos empregados, por porte do estabelecimento

Setor de atividade - Brasil 2006 (em %)

Porte Comércio Serviços Indústria Construção Total

Micro e Pequena 75,5 41,7 42,9 52,0 50,8

Micro 40,1 18,2 18,2 21,9 23,7

Pequena 35,4 23,5 24,7 30,1 27,7

Média 9,2 9,5 26,7 28,8 15,1

Grande 15,3 48,8 30,4 19,3 34,1

Total 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0

TOTAL (nº.absoluto) 6.330.341 11.229.881 7.122.536 1.393.446 26.076.204

Fonte: SEBRAE, 2008

2.2 CARACTERÍSTICAS DAS PME

Ao se discutir as características das PME, Pereira (2007) as apresenta como

protagonistas nas relações com as grandes empresas, não se restringindo apenas à função de

meros fornecedores. Historicamente, no processo de desenvolvimento econômico, essas

empresas têm como características a capacidade de gerar empregos, agilidade e capacidade de

adaptação às transformações do mercado. O autor sistematizou no quadro 4 uma comparação

entre características das PME e grandes empresas. Pode-se destacar que alguns aspectos,

como a flexibilidade, adaptabilidade, informalidade, conferem às pequenas empresas

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vantagens na ação junto ao mercado, principalmente em períodos turbulentos atuais, porém a

escassez de recursos, administração centralizada e baixa utilização de tecnologia as tornam

vulneráveis a longo prazo.

Características das empresas Grandes PME

Adaptabilidade Pequena Grande

Administração Profissional Pessoal ou familiar

Capacidade de interpretar/utilizar políticas e dispositivos legais

Grande Pequena

Capacidade de utilizar especialista Grande Pequena

Capacitação profissional Especializada Não especializada

Capital Dissolvido Concentrado

Concentração de recursos Capital Trabalho

Decisão Descentralizada Centralizada

Estrutura Organizada Informal

Flexibilidade Pequena Grande

Forma jurídica Sociedade anônima Limitada

Ganhos de escala Grandes Pequenos

Idade média Alta Baixa

Níveis hierárquicos Muitos Poucos

N.ºde funcionários Grande Pequeno

N.ºde produtos Grande Pequeno (único)

Recursos financeiros Abundantes Escassos

Utilização da tecnologia Alta Baixa (artesanal)

Sistemas de informação Complexos, formalizados e informatizados

Simples, informais e manuais (mecanizados)

Quadro 4 – Características de diferenciação das PME Fonte: Adaptado de Pereira (2007)

Na opinião de Cezarino e Campomar (2008), os três aspectos que caracterizam a

imagem das pequenas empresas são os seguintes:

a) Gestão informal: centralização das decisões pelo dono da empresa, tornado-a

engessada e sem uma gestão autônoma; além disso, a presença de funcionários com

laços familiares dificulta a organização de cargos, funções, salários e

responsabilidades podendo até interferir no controle organizacional das empresas.

b) Baixa qualidade gerencial: deficiência nos controles e nas informações dos processos,

desconhecimento do mercado impossibilitando construir uma estratégia competitiva

eficaz além da dificuldade de tomada de decisões baseada numa avaliação de riscos.

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c) Escassez de recursos. As PME brasileiras possuem poucos recursos e têm dificuldade

de obter financiamentos públicos ou privados. Aliado a isso, possuem a fama de

sonegar tributos, justificado pela necessidade de sobrevivência.

Zorpas (2009), ao pesquisar pequenas empresas européias, relacionou aspectos gerais

que são únicos para esse tipo de empresas:

(i) São mono-produtoras ou prestam único serviço;

(ii) sentem muita pressão econômica;

(iii) vendem no mercado local;

(iv) são empresas familiares tradicionais e informais;

(v) possuem uma gestão precária;

(vi) têm pouco acesso à formação e às novas exigências do mercado;

(vii) não possuem associações / representações; e

(viii) produzem grande quantidade de resíduos (ar, líquidos sólidos).

Os autores pesquisados concordam com a importância das PME, e pode-se concluir

que alguns aspectos do setor são críticos e agem de forma decisiva no sucesso empresarial

dessas empresas: a baixa qualidade da gestão empresarial e a falta de recursos. Essas

características influenciam claramente a taxa de mortalidade ou na perenidade das PME.

O SEBRAE, visando identificar os desafios que as pequenas empresas enfrentam para

sobreviverem no mercado, vem promovendo a realização de pesquisa nacional, para avaliar as

taxas de mortalidade das micro e pequenas empresas brasileiras, e suas causas.

Os dados da pesquisa do SEBRAE (2007), sumarizados nas tabelas 3 e 4 , identificam

que as principais causas da mortalidade das empresas estão fortemente ligadas à falhas

gerenciais, onde para 68% das empresas pesquisadas a principal razão para o seu fechamento

está centrada na falta de conhecimentos gerenciais, seguida de causas econômicas.

Além disso, as maiores dificuldades encontradas pelas empresas no acesso ao mercado

estão nos quesitos: propaganda inadequada, logística deficiente, desconhecimento do mercado

e formação inadequada dos preços dos produtos/serviços, caracterizando a falta de

planejamento dos empresários (SEBRAE 2007).

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Tabela 3 – Principais causas de mortalidade de PME

FALHAS GERENCIAIS 68% Falta de capital de giro 37%

Problemas financeiros 25%

Ponto/Local inadequado 19%

Falha de conhecimentos gerencias 13%

Desconhecimento do mercado 11%

Qualidade do produtos/serviço 4%

CAUSAS ECONÔMICAS E CONJUNTURAIS 62%

Falta de clientes 27%

Concorrência muito forte 25%

Inadimplência/maus pagadores 19%

Recessão econômica no país 18%

POLÍTICAS PÚBLICAS E ARCABOUÇO LEGAL 54%

Carga pública elevada 43%

Falta de crédito bancário 16%

LOGISTICA OPERACIONAL 21% Falta de mão-de-obra qualificada 16%

Instalações inadequadas 6%

PROBLEMAS COM A FISCALIZAÇÃO 7%

OUTRAS 4%

NS/NR 3%

BASE 446

Fonte: SEBRAE, 2007

Tabela 4 – Principais dificuldades no acesso ao mercado

Propaganda Inadequada 24%

Logística deficiente 19%

Desconhecimento do mercado 17%

Formação inadequada dos preços dos produtos/serviços 12%

Dificuldade de acesso a informações de mercado 11%

Inadequação de produtos e serviços às necessidades do mercado

9%

Nenhum 13%

NS/NR 23%

BASE 446

Fonte: SEBRAE, 2007

A pesquisa do SEBRAE complementa as afirmações dos autores pesquisados (Hillary,

Pereira, Cezarino, Zorpas) e conclui que, para as empresas prosperaram, três fatores críticos

são necessários: habilidades gerenciais, capacidade empreendedora e logística empresarial,

que significa conhecer os clientes, a fim de identificar os produtos desejados, assumir riscos e

atuar com flexibilidade (SEBRAE, 2007). Esses fatores, além de necessários para a

sobrevivência das empresas, são fundamentais para a criação de novos negócios, baseados em

um apelo ecológico para um público específico, que vem crescendo sistematicamente devido

à conscientização e educação ambiental dos consumidores.

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3. GESTÃO AMBIENTAL COM ENFOQUE EM PME

3.1-CONCEITO E CARACTERÍSTICAS DA GESTÃO AMBIENTAL

Gestão na acepção da palavra refere-se a gerenciamento / administração ou a ação de

dirigir e controlar uma organização. No sentido lato, compreende as atividades de Planejar,

Controlar e Melhorar conforme sugerido por Joseph Juran ou segundo proposto por Edward

Deming: Planejar, Executar, Verificar e Agir Corretivamente.

A gestão ambiental refere-se às atividades de dirigir e controlar organizações no que

diz respeito ao meio ambiente, visando alcançar objetivos e metas propostos. A gestão

ambiental é uma prática recente, que vem ganhando importância nas empresas, já que foca a

melhoria de produtos, serviços e ambiente de trabalho, levando-se em conta o fator ambiental,

possibilitando a redução de custos diretos (redução de desperdícios com água, energia e

matérias-primas) e indiretos (por exemplo, indenizações por danos ambientais).

Os termos administração, gestão do meio ambiente, ou simplesmente gestão ambiental serão aqui entendidos como as diretrizes e as atividades administrativas e operacionais, tais como, planejamento, direção, controle, alocação de recursos e outras realizadas com o objetivo de obter efeitos positivos sobre o meio ambiente, quer reduzindo ou eliminando os danos ou problemas causados pelas ações humanas, quer evitando que eles surjam BARBIERI (2007, p26).

Considerando-se a esfera pública, é um processo político administrativo de

responsabilidade dos Municípios, Estado e União buscando formular e implementar políticas

ambientais por meio de mecanismos de imposição (comando e controle) com a criação de

requisitos legais cada vez mais restritivos. Na esfera privada envolve mecanismos voluntários

(autocontrole e autoregulação) e pode ser entendida como a parte da gestão empresarial que

cuida da identificação, avaliação, controle, monitoramento e redução dos impactos ambientais

(SEIFFERT, 2009).

A norma ISO 14001 define impacto ambiental como qualquer modificação do meio

ambiente, adversa ou benéfica que resulte, no todo ou em parte, das atividades, produtos ou

serviços de uma organização. Define ainda aspecto ambiental como o elemento das atividades

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produtos ou serviços de uma organização que pode interagir com o meio ambiente,

entendendo-se este como o “causador” do impacto.

A identificação dos aspectos e impactos ambientais das atividades, produtos e

serviços constitui etapa crucial na gestão ambiental empresarial. Decorrente desse

levantamento, a empresa poderá levantar a legislação aplicável, desenvolver sua política

ambiental e traçar objetivos e metas.

No quadro 5, estão listados alguns dos principais aspectos e impactos ambientais

relacionados por temas/categorias que normalmente uma empresa teria potencial de causar

dentre os processos com maior potencial poluidor: extrativos - florestal mineração e petróleo;

industriais - celulose e papel, químico e petroquímico, refino de petróleo, siderúrgico, açúcar

e álcool, produção de couro, beneficiamento de alimento, automobilístico; infra-estrutura -

geração de energia e construção.

Quanto à possibilidade do advento de acidentes ambientais, as empresas do setor

químico e petroquímico, exploração de petróleo e nuclear, além das que realizam transporte

de produtos ou resíduos perigosos, possuem os maiores riscos de ocorrência de sinistro, haja

vista os acidentes ambientais acontecidos no passado recente, protagonizados por empresas

desses setores.

Meyer (apud Macêdo, 2003) caracteriza a gestão ambiental de uma empresa a partir

dos seus objetivos, meios, instrumentos e base de atuação, como descrito a seguir:

� Objetivo: manter o meio ambiente saudável para atender as necessidades

humanas atuais, sem comprometer o atendimento das necessidades das

gerações futuras.

� Meio: plano de ação viável técnica e economicamente, com prioridades

perfeitamente definidas e focalizadas para o meio ambiente.

� Instrumentos: monitoramentos, controles, taxações, imposições, subsídios,

divulgação, obras e ações mitigadoras, além de treinamento e conscientização.

� Base de atuação: diagnósticos e prognósticos (cenários) ambientais da área de

atuação, a partir de estudos e pesquisas dirigidos à busca de soluções para os

problemas ambientais que forem detectados.

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33

TEMAS ASPECTO IMPACTO

Poluição do ar

Contribuição à chuva ácida

Redução da camada de ozônio

Contribuição ao efeito estufa

Emissões Atmosférica

Formação do Smog fotoquímico

Ruído Incomodo à comunidade

Ar

Radiação Contaminação radiativa

Movimentação de Terra Erosão Solo

Resíduos Sólidos Poluição do Solo

Poluição da água

Acidificação

Água Efluentes líquidos

Eutrofização

Flora Desmatamento Diminuição de recursos naturais

Movimentação de equipamento Perturbação/evasão da fauna Fauna

Efluente líquido Ecotoxidade

Geração de empregos

Geração de Tributos

Dinamização da economia regional

Sociedade

Atividades do empreendimento

Uso do solo

Recursos Naturais Extração de Recursos Naturais Exaustão dos recursos naturais

Quadro 5 – Principais Aspectos e Impactos relacionados por tema Fonte: adaptado de EPELBAUM, 2004

3.2 EVOLUÇÃO DA GESTÃO AMBIENTAL

A gestão ambiental nas organizações tem passado por uma evolução histórica

influenciada pela perda do padrão de qualidade dos recursos naturais, reflexo das escolhas da

sociedade quanto ao atendimento de suas necessidades e desejos, que são expressos em

princípios e objetivos de crescimento econômico que é comumente denominado de paradigma

social dominante.

Na literatura, diversos autores caracterizam a evolução da abordagem empresarial da

gestão ambiental. Jabbour e Santos (2006) realizaram uma revisão bibliográfica dos principais

pesquisadores brasileiros da área (figura 4).

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34

Figura 4: Taxonomia comum para os estágios evolutivos da gestão ambiental nas empresas Fonte: Adaptado de Jabbour e Santos (2006)

Percebe-se que a taxonomia de evolução da gestão ambiental nas organizações

dispostas na literatura não apresenta disparidade, porém para esta pesquisa é proposta uma

denominação que as integre, qual seja: Passivo, Reativo, Preventivo e Estratégico.

No primeiro estágio até a década de 70, não havia preocupações com o cumprimento

da legislação, nem com o controle dos aspectos ambientais, o foco era a produção. Quanto

aos poluentes, lançavam-se no meio ambiente para que fossem dispersados para longe da

fonte geradora. No segundo estágio, entre a década de 70 e 80, as empresas são forçadas a

adaptar-se à legislação ou às exigências do mercado, instalando equipamentos de controle de

poluição nas saídas, sem modificação no processo produtivo adotando-se as chamadas

tecnologias de fim de tubo. No terceiro estágio, na década de 90, houve a consolidação de

iniciativas voluntárias como a produção mais limpa e sistemas de gestão ambiental,

modificação em processos e produtos objetivando-se prevenir a poluição. Finalmente, no

quarto estágio, o meio ambiente passa a ser questão estratégica nas empresas, sendo

incorporado ao seu planejamento estratégico visando à obtenção de vantagens competitivas no

mercado. Além das práticas de controle e prevenção da poluição incorporadas nos estágios

anteriores, a empresa procura agora aproveitar oportunidades de negócios e neutralizar

ameaças que as questões ambientais poderão manifestar no futuro.

Abordagem

Proativa

Padrão

Proativo

Proatividade Integração

Estratégica

Integração

Matricial

Controle

Ambiental

na Gestão

INTEGRAÇÃO

EXTERNA

Abordagem

preventiva

Prevenção Integração

Preventiva

Integração

Pontual

Controle

nas práticas

e processos

industriais

Abordagem

reativa

Padrão

Reativo

Controle Controle da

Poluição

Controle

ambiental

nas saídas

ESPECIALIZAÇÃO

FUNCIONAL

Maimon

(1994)

Sanches

(2000)

Rohrich e

Cunha

(2004)

Barbieri

(2004)

Corazza

(2003)

Donairi

(1994)

TAXONOMIA

COMUM

INTEGRAÇÃO

INTERNA

EVOLU

ÇÃO

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35

3.3 DIMENSÕES DA GESTÃO AMBIENTAL

A gestão ambiental, inicialmente, ocupava-se de ações governamentais com vistas a

conter o rápido decréscimo da qualidade ambiental. Porém, segundo Barbieri (2007), qualquer

classificação de iniciativa inclui no mínimo três dimensões: a dimensão espacial referente à

área em que as ações de gestão tenham eficácia, a dimensão temática que delimita as questões

ambientais às quais as ações se destinam, e a dimensão institucional referente aos agentes que

tomaram a iniciativa. No quadro 6, são relacionados exemplos de gestão sob as diferentes

dimensões.

ESPACIAL TEMA INSTITUIÇÃO

Global Aquecimento Global Instituição multilateral

Nacional Fauna e Flora Governo

Setorial Água Associações

Empresarial Recursos Minerais Empresa

Quadro 6 – Dimensões da Gestão Ambiental Fonte: Barbieri (2007), adaptado pelo autor

Seiffert (2009) apresenta as iniciativas de gestão ambiental classificadas quanto a sua

abrangência (macro e micro), ou quanto aos objetivos de comando e controle. Podem ser

também considerados quanto às esferas de atuação envolvidas (pública e privada). As

incitativas públicas se materializam em alternativas de comando e controle, enquanto as de

abrangência micro para esfera privada são conhecidas comumente de autocontrole. Já as

iniciativas econômicas são também de abrangência micro que, para sua efetiva implantação,

necessita da mediação do poder público. No quadro 7, são classificadas as várias iniciativas.

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36

Abrangência Macro e Esfera Publicas

Abrangência Micro e Esfera Pública

Abrangência Micro e esfera Privada

Abrangência Micro e esfera econômica

Pactos Internacionais: Protocolo de Montreal, Convenção da Basiléia, Protocolo de Kyoto ,

Agenda 21.

Licenciamento;

Avaliação de Impacto Ambiental - AIA;

Fiscalização Ambiental.

Análise ambiental;

Normas ISO de gestão ambiental;

Produção mais limpa;

Auditoria ambiental;

Monitoramento Ambiental;

Acordos voluntários.

Cobrança de Taxas;

Cobrança de Impostos;

Concessão de subsídios;

Criação de mercados

� Reciclados e ecobusiness

� Licenças de poluição

� Seguros

Política Nacional do Meio Ambiente e seus instrumentos: Padrões de qualidade ambiental, Zoneamento ambiental, Licenciamento, etc.

Acordos Voluntários;

Monitoramento;

Auditoria Ambiental;

Compensação Ambiental

Rotulagem ambiental

Análise do Ciclo de Vida

Tecnologias Limpas

Formação de clusters ambientais

Educação Ambiental

Protocolo Verde

Índice da Bolsa de valores

Quadro 7 – Abrangência da Gestão Ambiental Fonte: Seiffert (2009) adaptado pelo autor

Com relação aos acordos voluntários, advindos da ação proativa das organizações de

ir além do atendimento aos requisitos legais, a OCDE (apud BARBIERI, 2007) organiza

esses acordos em dois tipos-padrão: os acordos da esfera pública e os da esfera privada

conforme apresentado na figura 5 .

Figura 5: Tipificação dos acordos voluntários Fonte: Barbieri, 2007

Os acordos públicos voluntários envolvem o poder público nacional ou local e

empresas visando solucionar problemas ambientais específicos, são exemplo o Energy Star e

o Eco Managementeand Audit Scheme (EMAS). Os negociados envolvem os mesmos atores,

porém buscam de forma individual ou coletiva implementar os instrumentos de comando e

controle. Já os acordos voluntários privados bilaterais são firmados quando agentes privados

Acordos Voluntários

Públicos

Privados

De adesão

Negociados

Bilaterais

Unilaterais

Individuais

Coletivos

Promovida por empresas

Promovida por entidades

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37

antecipam problemas mediante acordos antes de chegar às esferas da justiça. As iniciativas

privadas unilaterais individuais são medidas de autoregulação visando tratar os problemas

ambientais da empresa além do exigido pela legislação. Quanto às iniciativas unilaterais

coletivas podem ser de dois tipos: as promovidas por um grupo de empresas, associação ou

entidade que as representam como, por exemplo, a Atuação Responsável, promovida no

Brasil pela ABIQUIM; ou as promovidas por entidades independentes como a Câmara de

Comércio Internacional – ICC e a ISO (BARBIERI, 2007).

No quadro 8, é apresentada uma lista de iniciativas privadas unilaterais coletivas

compiladas pelo autor de diversas fontes.

Entidade Sede Iniciativa

ABIQUIM São Paulo Programa de Atuação Responsável

American Elecronics Association Washington DfE – Design for Environment

Câmara de Comercio Internacional Paris Carta de Princípios, Auditoria Ambiental e Código de Publicidade Ambiental

CERES Boston Princípios CERES

Compromisso Empresarial para a Reciclagem (CEMPRE)

São Paulo Apoio a programa de coleta seletiva, reciclagem e valoração de material reciclado

Conselho Europeu da Indústria Química (CEFIC)

Bruxelas Programa voluntário de Eficiência Energética

Forest Stewardship Council (FSC) Bonn Manejo sustentável de florestas

Global Reporting Initiative (GRI) Amsterdam Relatórios de sustentabilidade

Greenpeace Amsterdam Produção Limpa (Clean Production)

ISO Genebra Normas da Série ISO 14000

PNUMA Nairobi Initiative for the Environment, Princípios para investimentos responsáveis, etc

Society of Environmental Toxicology and Chemistry (SETAC)

Bruxelas Avaliação do Ciclo de Vida

The Global Environmental Management Initiative (GEMI)

Washington Total Quality Enviromental Management – TQEM

The Gobal Compact New York Princípios do Pacto Global

The Natural Step (TNS) Estocolmo Planejamento estratégico para a sustentabilidade

UNIDO Viena Produção mais limpa

WBCSD Genebra Promoção da Ecoeficiência

Zero Emissions Research and Initiative (ZERI)

Genebra Emissões zero

Quadro 8 – Iniciativas Ambientais Voluntárias Fonte: compilação do autor

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38

Para adotar qualquer iniciativa de gestão ambiental, é necessário fazer uso de

instrumentos ou procedimentos de apoio para alcançar os requisitos e princípios propostos.

Alguns são procedimentos legais como o Licenciamento Ambiental, Gestão de Resíduos

Sólidos, Monitoramento das Emissões, outros buscam dar suporte ao alcance dos objetivos

ambientais tais como estudos de impactos ambientais, auditoria ambiental, indicadores de

performance ambiental, mapeamento de processo, educação ambiental dentre outros.

3.4 INICIATIVAS PARA A GESTÃO AMBIENTAL EMPRESARIAL

Neste item serão abordados iniciativas, procedimentos e instrumentos que orientam

para a gestão ambiental, o que permitirá identificar algumas características e requisitos

presentes em cada um deles, de forma a caracterizá-los como elementos indicativos da gestão

ambiental com foco na utilização pelas pequenas empresas.

3.4.1 Atuação Responsável

A indústria química, pressionada por sua imagem negativa e pelos acidentes que

provocaram a morte de milhares de pessoas, reagiu a essas pressões criando, através de uma

iniciativa do Canadian Chemical Producers Association - CCPA (Associação dos Produtores

Químicos Canadenses), em 1984, o Programa Atuação Responsável que inclui códigos de

práticas gerenciais, que abrangem as etapas dos processos de fabricação (CAMPOS, 2006).

Atualmente, esse programa é adotado em mais de 50 países, inclusive no Brasil, onde

foi oficialmente lançado em 1992 pela ABIQUIM - Associação Brasileira das Indústrias

Químicas. A implantação do programa Atuação Responsável por parte das empresas

signatárias utiliza o conceito de Diretrizes, que estabelecem os elementos que devem existir

nos sistemas de gestão das empresas associadas. As Diretrizes derivam das Práticas

Gerenciais adotadas no modelo original do Programa, baseado no Responsible Care Program,

e organizadas segundo o conceito de Códigos. Esses Códigos, em número de seis, abrangem

todas as etapas dos processos de fabricação dos produtos químicos, além de tratarem das

peculiaridades dos próprios produtos (ABIQUIM, 2009):

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1. Segurança de Processos: voltado à prevenção de acidentes nas instalações das indústrias, com foco na análise de riscos de processos e nas ações de gestão dos riscos identificados;

2. Saúde e Segurança do Trabalhador: voltado à prevenção de acidentes pessoais (chamados “típicos” no jargão da área) e de danos à saúde dos trabalhadores nas empresas químicas, com foco na melhoria das condições dos locais de trabalho;

3. Proteção Ambiental: voltado à prevenção da poluição, com foco na gestão dos processos industriais, visando reduzir a geração de efluentes, emissões e resíduos;

4. Transporte e Distribuição: voltado à prevenção dos acidentes no transporte e distribuição de produtos químicos, com foco na análise dos riscos, na gestão das atividades logísticas e na resposta a eventuais emergências decorrentes de acidentes;

5. Diálogo com a Comunidade e Preparação e Atendimento a Emergências: voltado a estabelecer canais de comunicação entre as empresas e as comunidades internas (trabalhadores) e externas (vizinhos), e também a preparar o atendimento a emergências nas instalações da indústria;

6. Gerenciamento do Produto: voltado a fazer com que as questões ligadas à saúde, segurança e meio ambiente fossem consideradas em todas as fases do desenvolvimento, produção, manuseio, utilização e descarte de produtos químicos, com foco nas ações entre a indústria e a cadeia de valor.

Em 2006, a ABIQUIM revisou o Programa, substituindo os antigos Códigos e Práticas

por novas Diretrizes, concebidas seguindo a abordagem de “Sistemas de Gestão”, adequando

aos termos utilizados no meio empresarial. Os antigos Códigos e Práticas deixaram de existir,

mas todo o seu conteúdo foi integralmente incorporado às novas Diretrizes.

Aspectos relevantes decorrentes da evolução da gestão de saúde, segurança e meio

ambiente foram incluídos no novo conjunto, ampliando e modernizando o seu conteúdo.

Além disso, as Diretrizes agora incorporam as dimensões qualidade, social e proteção

empresarial (Security), que passam a fazer parte do Programa de Atuação Responsável

(ABIQUM, 2009).

A estrutura de apresentação das Diretrizes segue a abordagem de sistemas de gestão

baseados no conceito PDCA (Plan – Do – Check – Act), e distribuído segundo temas de

interesse apresentado no quadro 9 :

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Visão, Missão, Valores e Política

1. Estabelecer a visão, a missão e os valores empresariais. 2. Estabelecer política empresarial e código de ética alinhados com a visão, a missão e os valores empresariais.

Estratégia e Gestão Empresarial

3 Avaliar cenários, definir prioridades e desenvolver estratégia empresarial. 4. Definir os processos e as estruturas organizacionais. 5. Definir política de gestão das pessoas. 6. Definir política de gestão das informações e do conhecimento. 7. Definir diretrizes e critérios para comunicação e relacionamento com as partes interessadas

GO

VE

RN

AN

ÇA

Liderança e Compromisso

8. Demonstrar liderança e compromisso com ambiente empresarial alinhado à visão, missão, valores e à estratégia. 9. Assegurar os recursos necessários para o atendimento dos compromissos, objetivos e metas

Aspectos, Riscos e Ocorrências anormais

10. Identificar e avaliar os aspectos, perigos, riscos e consequências dos processos, produtos e serviços, tanto em situações normais como anormais

Legislação e 11. Desenvolver sistemática para identificar, interpretar e aplicar a legislação e outros requisitos aplicáveis

Diagnóstico 12. Analisar as necessidades e opiniões dos clientes. 13. Identificar e caracterizar as partes interessadas, suas expectativas e demandas. 14. Avaliar as condições dos mercados fornecedores e consumidores e da infraestrutura. 15. Identificar oportunidades para desenvolvimento de novos processos, produtos e serviços. 16. Avaliar a adequação da empresa frente às demandas

Planos e Programas 17. Definir objetivos e metas de caráter estratégico e de caráter operacional. 18. Identificar planos e programas para atender à estratégia empresarial e aos objetivos e metas. 19. Desenvolver plano de resposta a crises e emergências

Pessoas 20. Definir funções, papéis, responsabilidades e autoridade para a execução das atividades

Diálogo 21. Definir instrumentos, canais e processos para o diálogo com as partes interessadas

PLA

NE

JAM

EN

TO

Monitoramente e Verificações

22. Estruturar metodologias para definir e utilizar indicadores voltados à avaliação de desempenho das pessoas, processos, produtos e serviços prestados ou utilizados. 23. Definir ferramentas de verificação para avaliar a gestão e a realização dos resultados esperados

Legislação e Outros Requisitos

24. Implementar sistemáticas para o acompanhamento, interpretação e participação na elaboração e revisão da legislação e de outros requisitos aplicáveis às pessoas, processos, produtos e serviços. 25. Constituir instrumentos, canais e processos para diálogo com a comunidade interna. 26. Implementar processos para atração, recrutamento, seleção, desenvolvimento, retenção e desligamento das pessoas. 27. Implementar sistemas para a gestão das informações e do conhecimento.

Clientes e Usuários 28. Implementar processos de especificação e negociação para a comercialização de produtos e serviços. 29. Implementar processos para intercâmbio de informações com os clientes e usuários. 30. Implementar processos de qualificação de clientes. 31. Implementar processos de relacionamento com clientes e usuários

Fornecedores 32. Implementar processos de especificação e negociação para a aquisição de produtos e serviços. 33. Implementar processos para intercâmbio de informações com os fornecedores. 34. Implementar processos de qualificação de fornecedores de produtos e serviços. 35. Implementar processos de relacionamento com fornecedores.

Sociedade 36. Implementar instrumentos, canais e processos para diálogo com as comunidades e demais partes interessadas. 37. Manter programas que apoiem ou implementem iniciativas ligadas a temas ambientais, econômicos ou sociais. 38. Participar da elaboração, aperfeiçoamento e execução de políticas públicas de interesse geral 39. Alinhar e integrar as pessoas, funções e sistemas aos processos organizacionais.

EX

EC

ÃO

Controle de Processos, Produtos e Serviços

40. Aplicar programas de manutenção e de controle das operações. 41. Estabelecer programas para o gerenciamento dos riscos e consequências dos processos, produtos e serviços. 42. Promover pesquisa e desenvolvimento voltados a novos processos, produtos e serviços. 43. Implementar sistemas para a gestão de mudanças em pessoas, processos, produtos e serviços. 44. Implementar e exercitar planos para resposta a crises e emergências. 45. Divulgar para as partes interessadas os planos para resposta a emergências. 46. Manter processos para intercâmbio de informações e experiências relacionadas à resposta a crises e emergências.

Monitoramento e Verificação

47. Calibrar e manter os dispositivos de monitoração e controle dos processos, produtos e serviços. 48. Monitorar e avaliar o desempenho e os impactos dos processos, produtos e serviços. 49. Monitorar e avaliar o atendimento à legislação e a outros requisitos. 50. Monitorar e avaliar o grau de satisfação dos clientes e demais partes interessadas em relação aos processos, produtos e serviços. 51. Monitorar e avaliar o desempenho das pessoas e a efetividade dos processos de gestão de pessoas. 52. Monitorar e avaliar as relações com fornecedores, distribuidores, clientes e demais partes interessadas. 53. Monitorar e avaliar o desempenho dos fornecedores e distribuidores. 54. Monitorar e avaliar o desempenho dos clientes. 55. Monitorar e avaliar a efetividade dos processos de comunicação com as partes interessadas, assim como a imagem interna e externa da organização, dos produtos e serviços. 56. Executar auditorias no sistema de gestão.

AC

OM

PA

NH

AM

EN

TO

Ações Preventivas e Corretivas

57. Adotar procedimentos para tratar acidentes, incidentes, não conformidades e demais desvios. 58. Providenciar a resolução de possíveis passivos relacionados às pessoas, processos e produtos. 59. Produzir e divulgar informações sobre as atividades desenvolvidas e os resultados obtidos

AN

Á

LIS

E

Análise da Gestão 60. Analisar o sistema de gestão e os resultados obtidos. 61. Analisar a evolução e as tendências dos aspectos externos. 62. Utilizar os resultados da análise da gestão para o aprendizado da organização

Quadro 9 – Diretrizes do Programa de Atuação Responsável Fonte: ABIQUIM, 2009

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41

3.4.2 EMAS - Eco-Management and Audit Schem

O Sistema Europeu de Ecogestão e Auditoria é uma iniciativa de gestão para

empresas e outras organizações que visa avaliar, relatar e melhorar o seu desempenho

ambiental. O sistema foi disponibilizado para a participação das empresas desde 1995

(Regulamento CEE n º 1836/93, de 29 de junho de 1993) e foi inicialmente restrito a

empresas industriais (EMAS, 2008).

De acordo com o regulamento, para receber o registro no EMAS, uma organização

deve cumprir os seguintes passos :

a. Proceder a um levantamento ambiental considerando todos os aspectos ambientais das

atividades da organização, produtos e serviços, além da legislação aplicável.

b. Estabelecer um sistema de gestão ambiental visando atingir a política ambiental, por

meio da definição de responsabilidades, objetivos, meios, procedimentos operacionais,

necessidades de formação, acompanhamento e sistemas de comunicação.

c. Proceder auditoria ambiental, para avaliar o sistema de gestão em conformidade com a

política e os programas da organização, bem como a conformidade com os requisitos

regulamentares ambientais.

d. Fornecer uma declaração do seu desempenho ambiental, que estabelece os resultados

obtidos em relação aos objetivos ambientais e as futuras medidas a ser adotadas no

sentido de melhorar continuamente o desempenho ambiental da organização.

A análise ambiental, o sistema de gestão, o procedimento de auditoria e a declaração

ambiental devem ser aprovados por um verificador acreditado pelo EMAS e, depois de

validada a declaração, tem de ser enviada para o organismo competente para o registro, antes

de a organização poder usar o logotipo EMAS (FANG, 2001).

Segundo Harres (2004), uma questão fundamental do EMAS consiste na adoção por

parte da organização da Declaração Ambiental, que é concluída após a primeira auditoria do

sistema. Ela deve ser distribuída publicamente, e deve incluir:

� Evidência de que a política ambiental está completa;

� Informação de que os objetivos, metas e a política ambiental são coerentes;

� Uma descrição das atividades no local em que estão sendo avaliadas;

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� Uma avaliação dos impactos ambientais associados com o local;

� Um resumo das emissões poluentes, geração de resíduos, consumo de matéria prima, uso da água e energia, e outras características ambientais significativas do local;

� Uma avaliação dos fatores relacionados com o desempenho ambiental no local;

� A política ambiental da companhia;

� Prazo final fixado para a submissão da próxima declaração ambiental;

� Nome do verificador acreditado.

Desde 2001, o EMAS foi aberto a todos os setores econômicos, incluindo os serviços

públicos e privados. Além disso, o EMAS foi reforçado pela integração da norma ISO 14001,

como o sistema de gestão ambiental exigido para ter seu registro. A participação é voluntária

e se estende a organizações que operam na União Europeia.

Com o intuito de destacar as diferenças entre estes requisitos, Fang (2001) relacionou

uma série de características do EMAS e da série de normas ISO 14000, para se poder

estabelecer uma comparação.

EMAS ISO 14000

Regulamentação da União Europeia que se aplica somente aos países membros

Norma global aplicável em todos os países

Voluntária Voluntária

Desenvolvido por uma ampla coalizão de grupos interessados da indústria, do público e do governo.

Desenvolvido por representantes das associações de normas nacionais participantes.

Requer a preparação de uma declaração ambiental disponível publicamente, que seja verificada externamente.

Existe requisito para uma declaração ambiental - só a política ambiental é que deve ser disponibilizada publicamente

Exige relatório público da melhoria do desempenho O desempenho precisa ser relatado somente para o gerenciamento interno

Aplica-se somente a um local. Aplica-se a qualquer tipo e porte de organização: corporações, divisões de uma corporação, um local ou instalação específica.

Exige-se da companhia o cumprimento de todos os requisitos legais.

Deve existir um comprometimento com a conformidade legal

Os fornecedores estão sujeitos à mesma política ambiental assumida pela companhia

A organização deve comunicar os procedimentos e requisitos aos fornecedores e empreiteiros

É exigido, pelo menos, um ciclo de auditorias a cada três anos

Não existe frequência para auditoria, (senão periodicamente)

Exige-se verificação de terceira parte. A certificação pode ser interna (autocertificado) ou por uma terceira parte.

Quadro 10 – Características do EMAS e da ISO 14000 Fonte: Adaptado de FANG, 2001

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43

Observa-se que o EMAS enfoca com maior rigor a comunicação da organização e do

desempenho de seu sistema com a sociedade, por meio da Declaração Ambiental que traz uma

fotografia da gestão ambiental da organização. Essa declaração inclui, conforme citado

anteriormente, a divulgação da política ambiental, dos objetivos e metas, dos impactos

ambientais da organização, das informações relativas às emissões de poluentes bem como a

data da apresentação da próxima Declaração Ambiental. Já a ISO 14.001 possui, como

requisito, apenas a disponibilização pública da política ambiental, restringindo assim o acesso

aos objetivos, metas, indicadores e os impactos ambientais da empresa (FANG 2001).

Com relação à implantação em pequenas empresas, foi desenvolvido em parceria

com o International Network for Environmental Management - INEM um “tool kit” - kit de

ferramentas EMAS para pequenas empresas, que reúne modelos e orientações desenvolvidos,

experimentados e testadas em PME, além de exemplos e estudos de caso de estabelecimento

de sistema de gestão ambiental. Esse “kit” pode ser acessado no site: http://ec.europa.eu/

environment/emas/toolkit/, e utilizado por qualquer pequena empresa, mesmo que não deseje

ser registrado no EMAS ou que opere fora da União Europeia.

3.4.3 Princípios CERES

Fundada em 1989, a Coalition for Environmentally Responsible Economies

(CERES), é uma organização sem fins lucrativos composta por adesão de profissionais,

grupos ambientais, organizações religiosas, gestores de fundos públicos e grupos de interesse

público. Os Princípios CERES, lançado em 1989, como os Princípios de Valdez representam

um código de conduta criado para incentivar o desenvolvimento de programas para prevenir a

degradação ambiental, ajudar as empresas na definição de sua política ambiental e auxiliar os

investidores a tomar decisões tendo como base questões ambientais (ARVANITOYANNIS,

2008).

Ao subscrever os Princípios CERES, as empresas não apenas formalizam sua

dedicação à consciência e responsabilidade ambiental, mas também o compromisso de

empenhar-se ativamente num processo contínuo de melhoria, diálogo e fornecimento de

informação pública abrangente, já que a elaboração de relatórios periódicos sobre a gestão e o

desempenho ambiental alcançado é requisito mandatório. Os dez princípios CERES são

descritos no quadro 11.

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44

Princípios Características

1. Proteção da biosfera

Reduzir e fazer progressos contínuos no sentido de eliminar o lançamento de qualquer substância que pode causar danos ambientais ao ar, água ou a terra ou seus habitantes. Proteger os habitats afetados pelas operações e proteger os espaços naturais, preservando a biodiversidade

2. Uso Sustentável dos Recursos Naturais

Usar, de forma sustentável, os recursos naturais renováveis, tais como água, solos e florestas. Conservar os recursos naturais renováveis, através do uso eficiente e um planejamento cuidadoso.

3. Redução e Eliminação de Resíduos Reduzir e, se possível, eliminar os resíduos através da redução na fonte e da reciclagem. Todos os resíduos devem ser tratados e eliminados através de métodos seguros e responsáveis

4. Conservação de Energia Economizar energia e melhorar a eficiência energética das operações internas e dos bens e serviços que são vendidos.. Realizar todos os esforços no sentido de utilizar fontes de energia ambientalmente segura e sustentável

5. Redução de Risco Minimizar os riscos para o ambiente, a saúde e a segurança dos empregados e nas comunidades em que operamos por meio de tecnologias de segurança, instalações e procedimentos operacionais, e sendo preparado para emergências

6. Produtos e Serviços seguros Reduzir e, se possível eliminar a utilização, fabricação e venda de produtos e serviços que causam danos ambientais ou de saúde ou de riscos de segurança. Informar os clientes sobre os impactos ambientais dos nossos produtos ou serviços e tentar corrigir uso inseguro.

7. Restauração Ambiental Prontamente e de forma responsável, corrigir as condições que causaram perigo para a saúde, a segurança ou o ambiente. Cuidar, na medida do possível, dos ferimentos causados às pessoas e reparar danos ao meio ambiente.

8. Informação ao Público Informar, em tempo hábil, a todos que podem ser afetados por condições provocadas pela empresa que possam comprometer a saúde, a segurança ou o ambiente. Regularmente, procurar conselhos e orientações através do diálogo com pessoas de comunidades próximas. Não tomar qualquer medida contra os trabalhadores que notificaram incidentes perigosos ou gestão inadequadas às autoridades competentes.

9. Gestão de Compromisso Aplicar esses princípios e sustentar um processo que garante que o Conselho de Administração e a Diretoria Executiva sejam plenamente informados sobre as questões ambientais pertinentes, já que são os responsáveis pela política ambiental.

10. Auditorias e Relatórios Realizar uma auto-avaliação anual do progresso na implementação destes Princípios. Apoiar a criação dos procedimentos de auditoria geralmente aceites. Concluir o relatório anual Ceres, que será disponibilizados ao público

Quadro 11 – Características dos Princípios CERES Fonte: CERES, 2010

Esses princípios visam estabelecer critérios que permitem às partes interessadas

avaliar, de forma eficaz, o desempenho ambiental das empresas. As empresas que endossam

esses princípios comprometem-se a buscar voluntariamente alcançar padrões de qualidade

ambiental além das exigências da lei (ARVANITOYANNIS, 2008).

Ao se comparar os Princípios CERES com requisitos recomendados pela ISO14001

para Sistemas de Gestão Ambiental (SGA), percebem-se claramente diferenças de enfoque.

Os Princípios CERES reconhecem a importância da gestão, porém procura enfatizar a

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necessidade das empresas de proteger a Terra e agir de forma responsável com o meio

ambiente, a fim de permitir que as futuras gerações possam se sustentar. Já a norma ISO

14001 é mais focada para o negócio e, apesar de constituir um documento com uma série de

requisitos, não está claro o compromisso social com a comunidade. Embora a ISO 14001

provavelmente não satisfaça os ambientalistas, é uma boa abordagem para internalizar as

questões ambientais na gestão empresarial.

3.4.4 Normas da Série ISO 14000

A série ISO 14000 são normas internacionais publicadas em 1996 pela International

Organization for Standardization (ISO), com o objetivo de orientar as organizações na

implantação de um SGA e na adoção e desenvolvimento de ações e boas práticas gerenciais,

tendo como foco o controle dos impactos ambientais gerados pelas atividades, produtos ou

serviços, e na melhoria do desempenho ambiental.

Furtado (2003) , Cajazeiras (2005) e Barbieri (2007) afirmam que dois fatores

aceleraram decisivamente a publicação de uma norma internacional de gestão ambiental. O

primeiro foram as discussões na Rodada do Uruguai, no âmbito do GATT (Acordo Geral de

Transporte e Tarifas), patrocinado pela OIC (Organização Internacional do Comércio),

referente à criação de barreiras técnicas para proteger mercados, expondo sobremaneira as

diferenças dos custos ambientais e sociais entre os países desenvolvidos e em

desenvolvimento. O segundo foi a CNUMAD (Conferência das Nações Unidas sobre Meio

Ambiente e Desenvolvimento), realizada no Rio de Janeiro em 1992, quando foram

aprovados diversos documentos importantes como a Convenção sobre Mudanças Climáticas,

sobre a Biodiversidade e a Agenda 21.

A ISO, fundada em 1946 e com sede em Genebra na Suíça, é uma instituição

formada por órgãos internacionais de normalização, cuja representação do Brasil cabe a

ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas. Para desenvolver suas atividades, a ISO

está estruturada em aproximadamente 180 comitês técnicos (TC) responsáveis em

desenvolver padrões internacionais de consenso para a produção industrial, comunicação,

comércio e sistemas de gestão. Para a elaboração das Normas da série ISO14000, foi criado o

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comitê técnico – TC 207, sendo que as primeiras normas sobre gestão ambiental foram

editadas em 1996: a ISO 14.001 e 14.004, ambas sobre SGA (CAJAZEIRAS, 2005).

Outros temas ambientais foram objetos de discussão pela ISO, tanto que foram

publicadas normas que estabelecem diretrizes para auditorias ambientais, avaliação de

desempenho ambiental, rotulagem ambiental e análise do ciclo de vida dos produtos. Porém, a

ISO14001 é o único padrão normativo dessa série, cujos requisitos e especificações permitem

que a empresa possa ser avaliada e certificada.

Seiffert (2008) classifica as normas sobre gestão ambiental da série ISO14000 em

dois tipos básicos: as que enfocam a organização como um todo, e aquelas que estabelecem

diretrizes e recomendações sobre produto e processo. Essa divisão é apresentada na figura 6.

Figura 6: Classificação da série de normas ISO 14000 Fonte: Seiffert (2008)

Gestão Ambiental

Sistema de Gestão Ambiental

Avaliação de desempenho Ambiental

Auditoria Ambiental

Organização

Rotulagem Ambiental

Avaliação do ciclo de vida

Aspectos Ambientais em normas de produtos

Produto e processo

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3.4.4.1 Sistema de Gestão Ambiental (ISO 14001 e 14004)

O objetivo da ISO 14001 é especificar requisitos relativos a um SGA permitindo a

uma organização desenvolver uma política e objetivos que levem em conta os requisitos

legais e outros requisitos subscritos, além das informações referentes aos aspectos ambientais

(ABNT, 2004a).

A norma ISO 14001 é dividida em cinco secções principais (figura 7):

(1) política ambiental: elaboração e internalização de uma declaração de intenções e

princípios ambientais sob a responsabilidade da alta direção; (2) planejamento: corresponde a

estabelecer um plano para o cumprimento da política ambiental, por meio do mapeamento dos

processos, identificação dos aspectos e impactos ambientais correspondente, levantamento

da legislação aplicável e proposição de objetivos e metas específicas a ser implementadas em

um Programa de Gestão Ambiental - PGA; (3) implementação e operação: desenvolvimento

de mecanismos para apoiar a implementação da Política, objetivos e metas ambientais que

envolvem a definição de responsabilidades para com o sistema, capacitação, o controle de

documentos e operações, e a preparação e resposta a emergências; (4) verificação e ação

corretiva: implica em procedimentos para controlar as operações e prevenir e mitigar qualquer

não-conformidade com os objetivos e metas, e (5) análise crítica da gestão: criação de

processos através dos quais os gerentes seniores analisam a adequação e eficácia do sistema

para propor introduzir alterações apropriadas (ABNT, 2004a).

Figura 7: Ciclo de Implantação da ISO 14001 Fonte: ABNT, 2004a.

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Uma organização pode optar por realizar uma verificação das lacunas existentes na

gestão em relação aos requisitos da norma, apesar de não ser uma etapa exigida pela norma.

Essa etapa é denominada por algumas empresas de Análise Crítica Preparatória ou

Diagnóstica Preliminar, que servirá de subsídio para a identificação dos pontos críticos que

devem ser focalizados. Os elementos e características das etapas de implantação do SGA

estão descritos no quadro 12.

ETAPA ELEMENTOS CARACTERÍSTICAS

1. P

olíti

ca

Am

bien

tal

Documento da Política Ambiental

Declaração da empresa demonstrando seu comprometimento com o meio ambiente

Identificação de aspectos e impactos ambientais.

Identificação e definição do grau de significância das atividades, produtos/serviços da empresa que interagem com o meio ambiente.

Requisitos legais e outros requisitos

Identificação, acesso e cumprimento da legislação e de outros requisitos setoriais que se a apliquem aos aspectos ambientais da empresa.

2. P

lane

jam

ento

Objetivos, metas e Programa de Gestão Ambiental

Definição de objetivos ambientais e estratégias para alcançá-los.

Estrutura e Responsabilidade

Definição da estrutura, responsabilidades necessárias para implementar e facilitar o SGA.

Treinamento, conscientização e competência

Plano de treinamento que possa garantir que todos os empregados, envolvidos com impactos significativos estejam capacitados para dar suporte ao SGA.

Comunicação

Definição de procedimentos para facilitar a comunicação interna e externa referente ao SGA

Documentação do SGA

Organização de um sistema de documentação para dar apoio ao SGA.

Controle de documentos.

Definição de procedimentos para um efetivo gerenciamento e controle de todos os documentos do SGA.

Controle operacional

Identificação e controle das operações e atividades associadas com os impactos aspectos ambientais.

Registros

Definição de procedimentos para a identificação, manutenção e descartes de registros ambientais.

3- Im

plem

enta

ção

e O

pera

ção

Preparação e atendimento à emergência

Identificação de riscos, preparação para enfrentar e evitar acidentes ambientais.

Auditorias do SGA

Realização de auditorias periódicas do SGA

4- V

erifi

caçã

o e

Açã

o C

orre

tiva

Não-conformidades e ações corretivas e preventivas

Definição de procedimentos para prevenir e/ou eliminar a recorrência de não-conformidades.

5-A

nális

e C

rític

a

Análise Crítica pela Administração

Definição de procedimentos para a alta administração revisar periodicamente a o SGA, tendo como foco a busca da melhoria contínua.

Quadro 12 – Características da ISO 14001 Fonte: Macedo 2003

A segunda norma internacional sobre SGA publicada foi a ISO 14004 (Sistemas de

gestão ambiental - Normas gerais sobre princípios, técnicas de sistemas e suporte). Como o

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próprio título sugere, a ISO 14004 consiste na orientação geral sobre uma ampla gama de

questões de sistemas de gestão e orientações específicas sobre todos os elementos de gestão

da ISO 14001. As orientações incluem perguntas de autoavaliação para cada elemento de

gestão e uma seção com ajuda prática baseado na experiência do setor industrial na gestão

ambiental. Como a ISO 14004 apresenta um caráter não-certificável, as informações auxiliam

tantos as empresas que pretendem certificar-se na norma ISO 14001, bem como para as que

tem interesse em estabelecer um SGA, mas não estão prontas para a cerificação.

3.4.4.2 Auditoria de SGA (ISO 19011)

Esta norma fornece orientação sobre princípios de auditoria, gestão de programa de

auditoria e os procedimentos para a condução de auditoria, incluindo os critérios para

qualificação de auditores de um SGA certificável. Não estabelece requisitos, mas fornece

orientações que podem ser úteis no estabelecimento dos requisitos de auditoria pelos usuários.

Auditoria ambiental é um processo sistemático, documentado e independente para

obter evidências de auditoria e avaliá-las objetivamente, para determinar a extensão na qual os

critérios de auditoria são atendidos. Critérios de auditoria são políticas, procedimentos, ou

requisitos que são usados como referência contra que as evidências de auditoria (registros

obtidos por verificação de documentos, observação de atividades, resultados de ensaios ou

entrevistas) são confrontadas para verificar a aderência e conformidade destas evidências com

os critérios de auditoria (ABNT, 2004c).

A auditoria ambiental pode ser voluntária, imposta por legislação local, ou resultante

de circunstâncias especiais como a ocorrência de acidentes ambientais graves, ou ainda, como

exigência de compradores interessados nos ativos do estabelecimento e na identificação de

eventuais passivos ambientais. Pode ainda ser interna ou externa, realizada por empresas

especializadas, quando houver motivos legais ou políticos que os justifiquem, preocupação

com futuras ações indenizatórias, exigências de companhias seguradoras, exigências de

clientes, particularmente importadores, desejo de melhorar a transparência da imagem da

empresa. Quando o motivo for a certificação do estabelecimento pela ISO 14001, a auditoria

deverá ser feita por uma terceira-parte devidamente credenciada. Quanto aos seus objetivos,

as auditorias ambientais podem ser: técnicas, de conformidade legal, de gerência, de

responsabilidade e completas (GRUMMT FILHO e WATZLAWICK, 2008).

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Os objetivos que uma Auditoria Ambiental visa alcançar são os seguintes (ABNT,

2004c):

a) Verificar a conformidade da empresa com a legislação aplicável (municipais,

estaduais, federais, de segurança, etc.) levando em conta os passivos ambientais

identificados e os custos eventuais de sua reabilitação.

b) Informar a direção da empresa sobre a eficácia do SGA implantado, indicando

correções e recomendando eventuais modificações.

c) Identificar possíveis melhorias na gestão dos gastos designados à correção de

problemas ambientais.

d) Verificar se a destinação e o eventual transporte dos resíduos gerados estão

sendo feitos de forma legal e correta.

Para alcançar esses objetivos a empresa deve estabelecer um Programa de Auditoria

definido como um conjunto de auditorias planejadas para um período de tempo específico;

além disso, a norma ISO 19011 recomenda que seja designado um responsável para

estabelecer, implementar, monitorar, analisar criticamente e melhorar o programa. Na figura

8, são resumidas as atividades de auditoria recomendadas por essa norma.

Item Características

Definição da equipe auditora, o objetivo, escopo e critérios de auditoria.

Preparação do plano de auditoria, das listas de verificação e divisão do trabalho entre a equipe.

Realização da reunião de abertura, coleta de informações, geração de constatações de auditoria, conclusão e reunião final.

Preparação, aprovação e distribuição do relatório final. Verificação da eficácia das ações corretivas e/ou preventivas.

Figura 8: Atividades de Auditoria Fonte: Adaptado de STARKEY (1998)

Iniciando a auditoria

Preparando as atividades da auditoria

Executando a auditoria

Preparando, aprovando e distribuindo o relatório de auditoria

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A Auditoria Ambiental constitui uma parte fundamental do SGA da norma ISO

14001, pois através desse instrumento é possível manter a sistemática do PDCA visando a

melhoria contínua. Normalmente, as organizações, ao implementarem um programa de

gestão, demonstram um entusiasmo inicial, fruto do aprendizado de novas competências e da

implantação de melhorias. Porém, com o tempo, o entusiasmo se acomoda e a tendência é que

o programa seja descontinuado. O estabelecimento de um programa de auditoria talvez seja o

melhor instrumento para evitar descontinuidades e buscar constantemente melhorias.

3.4.4.3 Avaliação de Desempenho Ambiental (ISO 14031)

Vários autores como Jasch (2000), Rao et al (2006), Burke e Gaughran (2006) e

Perroto (2008) observam que, normalmente, sistema de gestão ambiental, tais como o

estabelecido pela ISO 14001, requer um compromisso explícito para a melhoria contínua do

desempenho ambiental, mas não a utilização de indicadores. Estes são, porém, de grande

importância no acompanhamento e avaliação do desempenho ambiental. Usando parâmetros e

comparações, o desempenho ambiental do ano anterior pode ser comparado em relação ao seu

valor presente, e assim novas metas de desempenho podem ser propostas. O resultado

ambiental da empresa permite que a administração faça metas precisas e confiáveis para o ano

seguinte.

Ciente da importância dos indicadores ambientais, a ISO publicou em 1999 e revisou

em 2004 a norma ISO 14031, que dá orientações sobre a concepção e utilização de Avaliação

de Desempenho Ambiental - ADA de uma organização. Segundo essa norma a ADA é:

[...] um processo para facilitar as decisões gerenciais com relação ao desempenho ambiental de uma organização e que compreende a seleção de indicadores, a coleta e análise de dados, a avaliação da informação em comparação com critérios de desempenho ambiental, os relatórios e informes, as análises críticas periódicas e as melhorias deste processo (ABNT, 2004b).

É importante observar que uma organização com um SGA poderá avaliar o seu

desempenho ambiental em relação a sua política ambiental, objetivos, metas ou outros

critérios. Contudo, caso essa organização não tenha estabelecido um SGA formal, pode usar a

ADA para auxiliar na identificação de seus aspectos ambientais significativos, na definição de

critérios e de medidas de avaliação do seu desempenho ambiental em função destes critérios.

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Portanto, ter os aspectos ambientais das atividades da organização, produtos e

serviços identificados é condição fundamental para avaliar o desempenho ambiental e, para

determinar quais são os aspectos ambientais significativos, é essencial definir alguns critérios

de importância, que devem ser abrangentes, adequados para verificação independente,

reprodutíveis e passíveis de verificação. Os aspectos e impactos significativos identificados

são necessários para determinar se e onde o controle ou a melhoria é indispensável, bem como

para definir prioridades de ação da gestão (PERROTO, 2008).

Starkey (1998), Jasch (2000), O’Reilly (2000), Rao et al (2006) e Perroto (2008)

comentam que a utilização de indicadores ambientais auxiliam as organizações no

acompanhamento das prioridades de ação relacionados a gestão dos aspectos e impactos

ambientais. Indicadores permitem quantificar e demonstrar o desempenho ambiental

apresentando uma fotografia instantânea e representativa da empresa em relação à sua

situação ambiental.

Exemplos de outros instrumentos de gestão que podem ser utilizados para fornecer

informações adicionais para a ADA incluem o diagnóstico ambiental, auditorias e a Avaliação

do Ciclo de Vida (ACV). Enquanto a ADA focaliza e descreve continuamente o desempenho

ambiental de uma organização, o diagnóstico ambiental é uma análise inicial abrangente da

situação ambiental da empresa e as opções de melhoria. Já as auditorias ambientais são

realizadas periodicamente para verificar a conformidade com os requisitos definidos, e a

ACV descreve o desempenho ambiental dos produtos e serviços sobre os sistemas em seu

ciclo de vida (JASCH, 2000).

Indicadores ambientais oferecem à alta gestão um conjunto de dados abrangentes e

concisos em um vasto mar de informação ambiental. Eles fornecem aos tomadores de decisão

uma visão global dos progressos relevantes, e destacam áreas problemáticas. Além disso,

possibilita a comparação entre diferentes empresas no mesmo setor, permitindo encontrar

ineficiências, oportunidades de mercado e possibilidades de redução de custos.

A NBR ISO 14031 (ABNT, 2004b) define Indicadores de Desempenho Ambiental

como “expressão específica que fornece informação sobre o desempenho ambiental de uma

organização”, e descreve duas categorias gerais de indicadores a ser considerados na

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condução da Avaliação de Desempenho Ambiental: o Indicador de Desempenho Ambiental

(IDA) e o Indicador de Condição Ambiental (ICA). No quadro 13 são categorizados os

indicadores utilizados na ADA.

Categoria Tipo Aspecto Ambiental

Consumo de energia Indicador de Desempenho Operacional (IDO) Consumo de matéria-prima

Consumo de materiais

Indicador de Desempenho Ambiental (IDA)

Indicador de Desempenho de Gestão (IDG)

Gestão de resíduos sólidos

Indicador de Condição Ambiental (ICA)

Índice de qualidade da água; índice de qualidade do ar

Quadro 13 – Indicadores utilizados na Avaliação de Desempenho Ambiental Fonte: ABNT, 2004b.

Os Indicadores de Condição Ambiental – ICA fornecem informações sobre a

qualidade do meio ambiente onde está localizada a empresa, por meio dos resultados de

medições efetuadas de acordo com os requisitos legais.

Os Indicadores de Desempenho Ambiental – IDA possuem dois tipos, o de gestão e o

de operação. Os Indicadores de Desempenho de Gestão – IDG – fornecem informações

relativas aos esforços de gestão da empresa que influenciam o desempenho ambiental, como a

redução do consumo de materiais ou a melhoria do gerenciamento de seus resíduos sólidos. Já

os Indicadores de Desempenho Operacional – IDO – proporcionam informações relacionadas

às operações do processo produtivo, tais como o consumo de água, energia ou matéria-prima.

É importante ressaltar que a realização da ADA deve considerar que as decisões de

gestão da empresa estão intimamente relacionadas com o desempenho de suas operações. A

figura 9 mostra as inter-relações entre a gestão da empresa, suas operações e a condição

ambiental circundante, especificando o tipo de indicador mais adequado para a ADA relativo

a cada um desses aspectos.

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Figura 9: Relação da empresa com a condição ambiental do meio Fonte: ABNT, 2004b

De acordo com a FIESP (2003), a seleção de indicadores de desempenho para serem

utilizados por uma dada organização deve basear-se em alguns aspectos, tais como:

• objetivos da avaliação;

• abrangência de suas atividades, produtos e serviços;

• condições ambientais locais e regionais;

• aspectos ambientais significativos;

• requisitos legais e outras demandas da sociedade;

• capacidade de recursos financeiros, materiais e humanos para o

desenvolvimento das medições.

Dessa forma, dependendo do tipo de avaliação que se queira proceder, podem ser

selecionados os Indicadores de Desempenho Ambiental mais adequados. Nos quadros 14 e 15

são apresentados alguns exemplos para seleção.

Quanto aos Indicadores de Condição Ambiental, os dados e informações

normalmente são fornecidos pelas agências governamentais, ONGs e instituições de pesquisa,

cabendo à organização identificar a relação entre suas atividades e a condição de algum

componente do meio ambiente. As informações das condições ambientais geralmente são

públicas e versam sobre as propriedades e qualidade dos principais corpos d’água; qualidade

Entrada

Insumos

Saída

Produtos +

Resíduos

(Processo Produtivo )

Operação da Organização (IDO)

Instalações Físicas e Equipamento

CONDIÇÃO AMBIENTAL E OUTRAS FONTES

� Consumo de Energia

� Consumo de Insumos

� Lançamento de efluentes

Gerencia da Organização (IDG)

Organização (IDA)

Condição Ambiental (ICA)

PARTES INTERESSADAS � Governo � ONG � Comunidade

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do ar regional; espécies ameaçadas; quantidade ou qualidade de recursos naturais; mudanças

climáticas globais; etc.

FOCO DA AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO

EXEMPLO DE INDICADORES DE DESEMPENHO OPERACIONAL

1. MATERIAIS ■ materiais usados / produto

■ materiais ou matéria-prima reciclados ou reutilizados

■ embalagens descartadas ou reutilizadas / produto

2. ENERGIA ■ tipo de energia usada / ano ou por produto ou serviço

■ tipo de energia gerada com subprodutos ou correntes de processo

3. ÁGUA ■ água consumida/ano ou por produto

■ água reutilizada/ano ou por produto

4. FORNECIMENTO E DISTRIBUIÇÃO

■ consumo médio de combustível da frota de veículos

5. RESÍDUOS ■ resíduos/ano ou por produto

■ resíduos perigosos, recicláveis ou reutilizáveis produzidos / ano

■ resíduos perigosos eliminados devido a substituição de material

6. EFLUENTES LÍQUIDOS ■ volume de efluente orgânico / produto

■ volume de efluente inorgânico/ produto

7. EMISSÕES ■ emissões atmosféricas prejudiciais à camada de ozônio

■ emissões de gases de efeito estufa, em CO2 equivalentes/ano ou por produto

8. RUÍDO ■ nível de ruído

Quadro 14 – Indicadores utilizados na Avaliação de Desempenho Ambiental Fonte FIESP, 2003

FOCO DA AVALIAÇÃO EXEMPLO DE INDICADORES

1. IMPLEMENTAÇÃO DE POLÍTICAS E PROGRAMAS

■ número de iniciativas implementadas para a prevenção de poluição

■ níveis gerenciais com responsabilidades ambientais específicas

■ número de empregados que participam em treinamentos ambientais

2. CONFORMIDADE ■ número de multas e penalidades ou reclamações e os custos a elas atribuídos

3. DESEMPENHO FINANCEIRO ■ gastos (operacional e de capital) associados com a gestão e controle ambiental

■ economia obtida através da gestão e controle ambiental

■ responsabilidade legal ambiental que pode ter um impacto material na situação financeira da indústria

4. RELAÇÕES COM A COMUNIDADE

■ número de programas educacionais ambientais ou quantidade de materiais fornecidos à comunidade

■ índice de aprovação em pesquisas nas comunidades

Quadro 15 – Indicadores de Desempenho Gerencial Fonte FIEP, 2003

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A implantação de um sistema de indicadores não é uma exigência legal, porém sua

utilização pode ser relevante para a gestão ambiental. A mensuração, controle e

monitoramento das condições operacionais e ambientais auxiliam a melhoria de desempenho,

pois direcionam os esforços das empresas rumo a ações preventivas e/ou corretivas de seus

impactos ambientais.

3.4.4.4 Rotulagem Ambiental (ISO 14020, ISO 14021, ISO 14024 e ISO 14025)

Rótulo ecológico é uma etiqueta que identifica produtos que são considerados menos

nocivos para o meio ambiente, concedido por uma terceira parte com base em considerações

de ciclo de vida, para produtos que atendam os padrões ambientais estabelecidos (GEN,

2004).

Os rótulos ambientais sinalizam características ambientais em produtos sob a forma

de afirmações, símbolos apostos nos produtos ou nas suas embalagens, informações em bulas

e manuais, expressões de propaganda, e outras formas de comunicação, destacando as

qualidades do produto em termos ambientais como a biodegradabilidade, retornabilidade,

percentual de material reciclado e eficiência energética. Na média em que se diferenciam

produtos e serviços, os rótulos e as declarações podem ser utilizados como instrumentos de

estratégia de marketing da empresas (BARBIERI, 2007).

Portanto, o consumidor ao comprar um produto com um selo ambiental supõe que o

produto adquirido apresente menor impacto ao meio ambiente em relação a outros produtos

comparáveis disponíveis no mercado.

Como a rotulagem ambiental é um instrumento de comunicação com o mercado, é

possível ser utilizada como uma ferramenta que pode contribuir para a implementação de

políticas públicas em prol do desenvolvimento de novos padrões de consumo, que envolvem

condições ambientalmente mais saudáveis e que possa contribuir para a evolução da produção

industrial (PREUSSLER, 2007).

O selo verde mais antigo conhecido é o Anjo Azul, introduzido na então República

Federal da Alemanha em 1978. Com o tempo, outros selos ou rótulos verdes foram criados

em outros países, e hoje há centenas deles: o European Union Eco-label, o NF-Environment

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na França, Environmental Choise no Canadá, Cisne Branco em países escandinavos, e muitos

outros, criados inclusive por organizações independentes, contudo os sinais de reciclagem

impressos em produtos e embalagens talvez sejam os selos ou rótulos verdes mais conhecidos

do grande público (BARBIERI, 2007).

A proliferação dos rótulos ambientais em diversos países, por um lado, resultou na

aceitação por parte dos consumidores e, por outro, acabou gerando certa confusão que

demandou a definição de normas e diretrizes para a rotulagem ambiental. Assim, o mercado

sentiu a necessidade de que entidades independentes averiguassem as características dos

produtos e os rótulos e declarações ambientais que neles estavam contidos, com o intuito de

assegurar e reforçar a transparência, imparcialidade e a credibilidade da rotulagem ambiental

(PREUSSLER, 2007).

Em 1994, alguns países se reuniram para formar a Global Ecolabelling Network

(GEN) com o objetivo de aprimorar e desenvolver a rotulagem ambiental em todo o mundo.

Através da GEN, as diversas organizações nacionais trocam informações e prestam

assistência mútua. A coordenação internacional busca promover o desenvolvimento gradual

de programas de rotulagem ambiental nos países, especialmente naqueles que desejem

introduzir um sistema de rotulagem ambiental.

Atualmente, os 28 membros da GEN incluem organizações da Bélgica, Brasil, China,

Dinamarca, Alemanha, Grécia, Reino Unido, Hong Kong (Região Administrativa Especial),

Hong Kong (HKFEP), Índia, Israel, Japão, Canadá, Coreia, Croácia, Luxemburgo, Nova

Zelândia, Noruega, Hungria, Espanha, Suécia (SIS), Suécia (SSNC), Suécia (TCO),

Zimbábue, Tailândia, República Tcheca e EUA (GEN, 2010).

Apesar de já estarem sendo utilizados em todo o mundo, antes mesmo da existência

das normas sobre gestão ambiental, a ISO, com o objetivo de harmonizar os programas

nacionais, incluiu normas de rotulagem com validade internacional na série ISO 14000. Essas

normas contêm orientações para as organizações nas terminologias, símbolos, testes e

verificações metodológicas a ser utilizadas para a identificação das características ambientais

de seus produtos, por autodeclaração ou por terceiras partes (NASCIMENTO et al, 2008).

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Essas normas estabelecem diferentes escopos para a concessão de selos ambientais,

mas, diferentemente da ISO 14001, não certificam a organização, mas linhas de produtos e

processos que devem apresentar características específicas, tomando-se como base critérios

tecnicamente válidos. A rotulagem ambiental dentro do escopo da ISO se constitui em um

padrão de credibilidade de aceitação internacional (SEIFFERT, 2008).

A ISO, por considerar que os programas de rotulagem ambiental variam muito, tanto

com relação aos produtos quanto aos problemas de meio-ambiente, classifica-os quanto a

organização que administra o programa em três tipos: Programas de 1ª Parte, de 2ª Parte, e de

3ª Parte (BARBOZA, 2001).

Os programas de 1ª Parte são também conhecidos como "auto-declarações", pois não

é realizada uma verificação independente, diz respeito à rotulagem de produtos ou

embalagens por partes que diretamente se beneficiam em fazer a reivindicação ambiental (são

geralmente fabricantes, varejistas, distribuidores ou comerciantes do produto). Nos

programas de 2ª Parte, os rótulos de produtos ou embalagens são concedidos por associações

comerciais. Não estão diretamente ligados à fabricação ou venda do produto e as categorias de

informação podem ser estabelecidas pelo setor industrial ou por organismos independentes. Já

os programas de 3ª Parte envolvem a rotulagem de produtos ou embalagens por partes

independentes da produção ou venda dos produtos (instituições governamentais, do setor

privado ou organizações sem fins lucrativos). Esses programas especificam normas para

produtos ambientalmente preferíveis para selos do Tipo I (BARBOZA, 2001). No quadro 16

são sintetizadas as características dos programas.

Com relação à classificação do Tipo de Selo, a ISO classificou em três tipos de

esquemas de rótulos ambientais:

Tipo I: Rótulos ambientais certificados - ISO 14024

Tipo II: Auto-declarações - ISO 14021

Tipo III: Declarações Ambientais do Produto, EPDs - ISO 14025

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Tipo de Programa

1ª Parte 2ª Parte 3ª Parte C

arac

terí

stic

as

As partes estão diretamente envolvidas na fabricação e comercialização do produto e se beneficiam por fazer a reivindicação. Não usam critérios pré-estabelecidos e aceitos como referência. É voluntário.

As partes não estão diretamente envolvidas na fabricação ou comercialização dos produtos.

As partes são totalmente independentes da fabricação e comercialização do produto. Podem ser obrigatórios ou voluntários.

Par

tes

Env

olvi

das

São geralmente fabricantes, varejistas, distribuidores, comerciantes.

Na maioria são associações comerciais que podem estabelecer e administrar um programa como um meio de facilitar a participação em programas de rotulagem e promover a peformance ambiental de seus membros corporativos.

Geralmente consiste de organizações governamentais do setor privado ou sem fins lucrativos.

Exe

mpl

os d

e P

rogr

ama

“Encouraging Environmental Excellence”, da ATMI. “Responsible Care Program”, da CMA

Voluntários (governo) Blue Angel (Alemanha), Ecomark (Índia), Green Label (Singapura)

Obrigatórios (governo): Pesticides and Toxics labeling (EPA, USA), Proposition 65 da Califórnia (USA),

Sem fins lucrativos, Samrt Wood, não-governamental

Tip

os d

os

Sel

os

Tipo II – Conhecidos também como “auto-declarações” porque a parte faz a reivindicação ambiental sem a verificação de órgão independente

Tipo III - É positivo e mono-criterioso.

Tipo I - É multi-criterioso. Pode ser voluntário ou obrigatório.

Exe

mpl

os

de S

elos

“Não contém CFC” Mobius Loop (símbolo da reciclagem)

“Algodão orgânico” E3 logo (ATMI)

Blue Angel, Ecomark, Green Label

Quadro 16 – Visão geral dos programa de rotulagem ambiental Fonte Adaptado de BARBOZA. (2001)

Tipo I: fornecido por uma instituição de terceira parte, que estabelece os critérios e

os monitora através de certificação, auditoria e processo, como as governamentais que

concedem o Eco Mark - Japão, Blue Angel Mark – Alemanha, Nordic Swan (Países

nórdicos). Tem como base alguns critérios de ciclo de vida. É regulamentado pela NBR ISO

14024, que estabelece os princípios e procedimentos para o desenvolvimento de programas de

rotulagem ambiental, incluindo a seleção de categorias de produtos, critérios ambientais,

características funcionais dos produtos e critérios para avaliar e demonstrar sua conformidade

(PRUESSLER, 2007).

Na figura 10, são apresentados alguns dos rótulos ambientais de Tipo I.

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:

Figura 10: Selo tipo I Fonte: Projeto IPP (2009)

Tipo II: São autodeclarações ambientais informativas, que são feitas pelos próprios

fabricantes, importadores ou distribuidores para os seus produtos, sem avaliação de

organizações de 3ª Parte. Como não são verificados independentemente, não usam os critérios

preestabelecidos e aceitos como referência, e são questionáveis como sendo o menos

informativo das três categorias de selos ambientais. É normalizado pela ISO 14021, que

permite às empresas divulgarem na mídia os benefícios ambientais que o produto alcança.

Para isso, a norma descreve uma metodologia de avaliação e verificação geral para etiquetas

ambientais próprias e métodos específicos de avaliação e verificação para as declarações

selecionadas (BARBOZA, 2001).

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As autodeclarações têm ganhado destaque no cenário brasileiro. Os símbolos mais

comuns são os apresentados nas figuras 11 e 12 :

Figura 11: Simbologia para os diversos tipos de embalagens. Fonte: CEMPRE (2006).

Para os plásticos a simbologia mais utilizada segue a Norma NBR 13230 da

ABNT.

Figura 12: Simbologia utilizada para os tipos de plásticos. Fonte: CEMPRE (2006)

- Tipo III: A Declaração Ambiental do Produto (EPD), selo do tipo III, fornece

informação sobre um produto ou serviço baseada na Análise de Ciclo de Vida – ACV.

Utilizam diagramas que apresentam um conjunto de indicadores ambientais (aquecimento

global, depleção de recursos, resíduos, dentre outros), acompanhados de uma interpretação da

informação, assegurando que sejam abordadas questões com a dimensão exata dos impactos

ambientais que ele provoca – do berço ao túmulo. Devido à complexidade da implantação da

ferramenta de análise, este tipo de selo é utilizado entre empresas – business to business. Ele

viabiliza a um importador solicitar o selo ao produtor internacional, sem que esta atitude seja

considerada barreira alfandegária. Embora a EPD seja verificada por uma terceira parte

independente, ela não é necessariamente certificada. Uma EPD contribui para a

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disponibilização de informação para a cadeia de produção facilitando o processo de

desenvolvimento do produto e melhoramento contínuo de um Sistema de Gestão Ambiental já

estabelecido (PROJETO IPP, 2009).

A concessão não está baseada no alcance ou superação de parâmetros ambientais

previamente selecionados, como no caso dos rótulos tipo I, mas os atributos ambientais do

produto ou serviço concernentes a esses parâmetros devem ser comunicados de forma tal que

facilitem ao consumidor compará-los com outros produtos similares. O selo norte-americano

Energy Star e o brasileiro Procel (figura 13) seriam exemplos desse terceiro tipo de rótulo

ambiental (BARBIERI, 2007). No quadro 17 são caracterizados os três tipos de selos.

Figura 13: Selo tipo III Fonte: CEMPRE (2006)

Tipos Características Certificador Normas

I Comparam os produtos com outros da mesma categoria, e são concedidos àqueles que são ambientalmente preferíveis devido ao seu ciclo de vida total (ACV)

Agência governamental, setor privado ou sem fins lucrativos (3ª Parte). Estão desvinculados da fabricação ou venda do produto

Especificam normas Isso e outras

II Não são verificados por partes independentes. São considerados os menos informativos

Fabricante, importador ou distribuidor do produto. Auto-declaração. (1ª Parte) Vinculados diretamente à fabricação e venda do produto

Não usam os critérios estabelecidos e aceitos como referência

III Listam critérios de impactos ambientais para os produtos considerando o seu ciclo de vida. Não estão diretamente vinculados à sua fabricação ou comercialização. O julgamento do produto cabe ao consumidor

Associações comerciais (2ª Parte)

Não tem padronização. As categorias são estabelecidas pelo setor industrial ou por partes independentes

Quadro 17 – Tipos de selos e suas características Fonte Barboza (2001)

Os programas de rotulagem são relevantes para as PME, porém é necessário

considerar se os benefícios esperados superam os custos. Os custos da participação

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normalmente envolvem a adequação do produto para garantir o atendimento aos critérios

ambientais e as taxas cobradas pelas organizações de rotulagem (STARKEY,1998).

Comumente, os custos tendem a ser altos quando se comparam aos potenciais

benefícios da rotulagem, porém a empresa se beneficiará se o rótulo incentivar consumidores

ambientalmente conscientes a comprar o produto e assim aumentar as vendas. Além disso,

pode ser necessário obter um rótulo apenas para manter a participação no mercado,

principalmente se os concorrentes estiverem utilizando rótulos em seus produtos.

3.4.4.5 Avaliação do ciclo de vida (ISO 14040, ISO 14041, ISO 14042, ISO 14043, ISO 14044)

Essas normas ordenam a realização da avaliação do ciclo de vida de produtos que

constitui uma compilação dos fluxos de entradas e saídas do processo produtivo, e a avaliação

dos impactos ambientais associados a um produto ao longo do seu ciclo de vida, desde a

extração das matérias-primas, passando pela sua fabricação, distribuição e utilização, até a sua

disposição final enquanto resíduo.

O processo de ACV é uma abordagem sistemática constituída de quatro fases:

definição do objetivo e escopo, análise do inventário de avaliação de impacto, e sua

interpretação conforme ilustrado na figura 14 (EPA, 2006).

1. Objetivo e Escopo: descrever o produto, processo ou atividade, estabelecer o

contexto em que a avaliação deve ser feita e identificar os limites e os efeitos ambientais a ser

revistos para a avaliação.

2. Análise do Inventário do ciclo de vida (ICV): consiste no processo de

quantificação da energia e das matérias-primas, das emissões atmosféricas, efluentes, e de

resíduos sólidos, durante todo o ciclo de vida de um produto, processo ou atividade.

3. Avaliação do Impacto do Ciclo de Vida (AICV): consiste na avaliação de

potenciais impactos na saúde humana e no ambiente da utilização dos recursos ambientais e

das emissões identificadas durante a fase de ICV.

4. Interpretação do ciclo de vida: consiste numa técnica sistemática de identificação,

quantificação, verificação e avaliação da informação dos resultados do Inventário do ciclo de

vida (ICV), e Avaliação do Impacto do Ciclo de Vida e na sua comunicação efetiva.

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Figura 14: Fases da Análise do Ciclo de Vida Fonte: EPA 2006

A ACV não é empregada pelas empresas de forma isolada, normalmente é associada

a outros instrumentos permitindo contribuir para melhorar a robustez das ações de gestão

ambiental da empresa. Por exemplo, caso a empresa decida utilizar um rótulo ambiental, a

ACV permite municiar a organização de subsídios para sua adoção. No quadro 18, é descrita a

relação com outros programas de gestão ambiental.

PROGRAMA RELAÇÃO

Selo ambiental de tipo I Os critérios ambientais de um sistema de rotulagem ambiental para uma determinada categoria de produtos são definidos de acordo com uma perspectiva de ciclo de vida e de forma a impor requisitos às fases do ciclo de vida e às atividades e processos responsáveis pelos impactes mais significativos

Declaração ambiental de produto (Selo ambiental de tipo III)

A informação ambiental quantitativa apresentada numa Declaração Ambiental de Produto é obtida com base na elaboração de uma ACV.

Ecodesign

A ACV constitui uma ferramenta de análise ambiental capaz de fornecer informação útil para a implementação do ecodesign, permitem identificar as fases do ciclo de vida de um produto ou serviço, os processos responsáveis pelos impactos ambientais mais significativos e comparar entre alternativas de ecodesign

Sistemas de Gestão Ambiental (ISO 14001, EMAS)

Tanto o Regulamento EMAS como a norma ISO 14001 exigem o levantamento dos aspectos ambientais mais significativos associados à organização ou instalação. Parte dos aspectos ambientais de uma organização pode estar associada aos produtos. A ACV permite identificar os impactos ambientais de um produto ou serviço ao longo do seu ciclo de vida.

Quadro 18 – Relação entre ACV e os outros programas Fonte: Adaptado de Starkey (1998)

Objetivos e escopo

Analise do inventário

Avaliação do Impacto

Interpretação

Estrutura da ACV

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Quando as empresas utilizam as informações do processo de ACV, desenvolvendo

ações de melhoria contínua em relação aos impactos adversos de seus produtos no ambiente,

são obtidos muitos benefícios (BARRETO, 2007):

a) Informações ambientais – a obtenção e a disponibilização de informações sobre os

impactos ambientais de seus produtos melhorarão a reputação e imagem da organização, que

por sua vez permitirá obter maiores oportunidades em processos licitatórios, melhores

condições de negociação com instituições financeiras e de seguros, bem como maior

capacidade de fixação de preço.

b) Marketing – os estudos de ACV para melhoria ambiental possuem fortes

argumentos para convencer clientes como grandes corporações multinacionais que já possuem

programas ambientais já implantados, e que pressionam a cadeia produtiva a adotar padrões

ambientais mais rígidos.

c) Benefícios econômicos - Os impactos ambientais examinados pela ACV podem

ser eliminados ou reduzidos, aumentando a eficiência do uso dos insumos e matérias-primas,

preferencialmente por meio de ações de minimização, reutilização ou reciclagem.

d) Benefícios para o processo – os processos podem ser melhorados com o aumento

da produtividade pela economia de energia; redução dos custos de armazenagem e manuseio

de materiais; obtenção de ambiente de trabalho mais seguro; eliminação ou redução de

atividades desnecessárias, redução do transporte e descarte de resíduos; redução dos riscos

com penalidades legais e de acidentes.

e) Benefícios para os produtos – os produtos apresentarão melhor uniformidade; os

custos podem ser reduzidos com a substituição de materiais e de embalagem; aumento da

eficiência dos materiais nos produtos; redução do custo líquido do descarte do produto pelo

cliente ou maior valor de revenda da sucata do produto.

Para as pequenas empresas, uma análise completa do ciclo de vida pode estar além

dos seus recursos, mas a metodologia poderá ser adaptada para reduzir seu escopo (e os custos

em consequência). Enquanto cresce a pressão por produtos ecológicos, é provável que as

informações sobre o ciclo de vida tornem-se cada vez mais necessárias, de modo a permitir

que os consumidores façam escolhas mais conscientes. Esta disponibilidade de informações

poderá ser reforçada pela tendência de divulgação de dados do desempenho ambiental das

empresas.

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Contudo, Barbieri (2007) alerta quanto à variedade de conceitos e métodos adotados

numa ACV. Avaliações feitas segundos critérios diferentes chegam a conclusões diferentes

sobres os impactos ambientais de um mesmo produto, causando confusão e desconfiança ao

público quanto à metodologia e gerando consequências negativas para as organizações que

utilizam a ACV como prática de gestão ambiental.

O uso das normas da série ISO 14000 por PME tem sido discutido desde o

lançamento das primeiras normas em 1996. A adoção dos requisitos de gestão ambiental pelas

grandes empresas tem pressionado a cadeia de produção e suprimento a empregar e seguir os

mesmos padrões normativos.

Miles, Munilla e McClurg (1999) relacionaram os principais impactos da adoção das

normas pelas pequenas empresas conforme quadro 19. A aplicação das normas da série

ISO14000 permitirá as PME auferirem diversos benefícios como a redução de desperdícios,

diminuição de riscos, conformidade legal, dentre outros, porém as dificuldades no que se

refere à escassez de recursos (financeiro, tempo, pessoal) constituem fatores importantes para

descontinuidades.

NORMA BENEFICIOS CUSTOS

SGA

Melhorará o desempenho ambiental, reputação, imagem, capacidade para atingir mercados mais exigentes; contribui como uma barreira à entrada de outras empresas limitando concorrência, possibilita reduzir gastos com insumos e matéria-prima aumentando a rentabilidade

Custos financeiros, de tempo, gastos com consultores externos, de energia; os registros formais poderiam ser usados contra as PME em litígio. Poderia haver problemas em situações orçamentárias adversas

Auditoria ambiental

Vai ajudar sistematicamente as PME a reduzir o desperdício, a poluição e melhorar a gestão

Irá aumentar o custo e pode causar problemas de relacionamento interno

Rótulos ambientais

Permitirá às PME legitimamente utilizar uma estratégia de marketing global, e reduzir custos associados a diferentes e contraditórios regulamentos de rotulagem ambiental

Possibilidade de gastos judiciais relativos à publicidade

Perda de alguns segmentos de mercado

Avaliação do desempenho ambiental

Poderá reduzir o custo do cumprimento dos requisitos do SGA das empresas clientes; pode ajudar na obtenção de seguro mais baixo e custos de crédito

Tempo, energia, custos de treinamento

ACV

Melhorará os esforços das PME na gestão de produto; vai reduzir a deficiência, a atrair alguns segmentos de clientes, permitir a estratégia de preços premium e aumentar a reputação; pode reduzir os custos globais de produção através de programas de prevenção da poluição

O tempo gasto na avaliação, análise e modificação

Quadro 19 – Impactos das Normas da série 14000 nas PME. Fonte: adaptado de Miles, Munilla, e McClurg (1999)

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3.4.5 Mapeamento do Processo / Balanço Ecológico

Mapear as atividades de uma empresa, utilizando um fluxograma é útil para

identificar sistematicamente todos os processos, desde armazenamento de insumos e matéria-

prima, produção, acabamento, embalagens para o transporte e destinação dos resíduos. Estes

mapas visuais / fluxogramas fornecem uma visão geral imediata e eficaz de todas as

operações que estão sendo realizadas, o que permite identificar as entradas e saídas para cada

um dos processos e atividades, bem como analisar os impactos ambientais associados

(BURKE, 2006).

O mapeamento de processos é uma atividade que envolve os trabalhadores no

processo de implantação da gestão ambiental, pois são partes importantes na descrição das

atividades, já que conhecem apuradamente cada operação da unidade, e muitas vezes surgem

ideias de melhorias operacionais e ambientais de aplicação imediatas.

Embora o mapeamento do processo seja mais claramente aplicável ao contexto de

produção, pode facilmente adaptar-se às operações da maioria dos serviços. Na primeira

etapa, é realizada a classificação das atividades de negócio em fases do processo, que podem

incluir Recebimento de matéria-prima; Conservação de Insumos; Etapas de fabricação 1, 2,...

n; Embalagem; Processo de Limpeza; Disposição de Resíduos; Administração; Manutenção

Predial; Envio de Produto; etc. (Figura 15).

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Figura 15: Etapa genérica de um processo Fonte: http://www.epa.gov/dfe/pubs/iems/iems_guide/module1-rev.pdf

O próximo passo na identificação dos aspectos ambientais é o de relacionar as

entradas e saídas de cada caixa no mapa de processo desenvolvido na primeira etapa. Entre as

entradas e saídas algumas têm influências ambientais. As figuras 16 e 17 mostram

graficamente as entradas e saídas gerais de uma empresa de produtos e outra de serviços, além

de uma unidade genérica.

Receber pedidos

Serviços de cópia

Elaborar propostas

Receber matéria -

prima

Armazenar matéria -

prima

Processo de fabricação

Etapa 1

Processo de fabricação

Etapa 2

Processo de fabricação

Etapa 3

Processo Limpeza

Disposição de Resíduos

Embalagem Envio dos produtos

Manutenção Predial

Iluminação

Limpeza

Ar condicionado

Serviços Auxiliares

Produto X

Produto Y

Produto Z

Serviço A

Serviço B

Serviço C

Administração

Produção

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Figura 16: Entradas e saídas de produtos e serviços de uma empresa Fonte: http://www.epa.gov/dfe/pubs/iems/iems_guide/module1-rev.pdf

Figura 17: Diagrama de uma unidade de operação genérica Fonte: http://www.epa.gov/dfe/pubs/iems/iems_guide/module1-rev.pdf

Nessa etapa do mapeamento, pode-se realizar o Balanço Ecológico, ou seja, um

inventário das entradas de materiais, insumos e energia, além das saídas de produtos e

resíduos desse processo durante um período de tempo especificado. Essa é uma etapa

fundamental na relação desse instrumento com a Análise do Ciclo de Vida (ACV).

PRODUTO

Produtos químicos

Embalagens

Resíduos

Uso e disposição pelos consumidores

Energia Materiais

SERVIÇO Atividades

Resíduos

Uso pelos consumidores

Energia Materiais

Fabricação do Produto

Entrada de Insumos* (eletricidade, água), (aditivos químicos)

Entrada de Produto (componente, X, Y, Z).

Saída de Produto

Saída de Resíduos* (efluente, emissões, calor,

ruído, resíduo sólido)

* Aspectos Ambientais

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O cálculo do Balanço Ecológico requer a provisão de dados de cinco principais

categorias: combustíveis primários, matéria-prima, disposição de resíduos, emissões no ar e

efluentes líquidos. O impacto do uso de combustíveis e matéria-prima, e as descargas de

resíduos no solo, ar e água precisam ser determinados para ser incluído na ACV. Na figura 18

é apresentado um fluxograma geral de processo que pode ser utilizado numa ACV.

Figura 18: Fluxograma geral de uma ACV Fonte:. Crittenden and Kolaczkowski (1995)

A última etapa consiste em identificar os aspectos ambientais associados a cada

entrada e saída usando o mapa do processo desenvolvido anteriormente. Alguns pontos devem

ser levados em conta na identificação do aspecto ambiental de uma determinada atividade,

como a interação benéfica ou negativa com o meio ambiente, se os resíduos são tóxicos ou

perigosos, como esses resíduos são dispostos, e como o produto utilizado pelo consumidor vai

ser descartado. Por ser relativamente simples, esse instrumento é muito utilizado pelas PME

como uma espécie de diagnóstico e permitirá, após identificação dos aspectos e impactos,

determinar as ações de controle e monitoramento.

Aquisição de Material Bruto

Energia

Recursos Naturais

Emissões, efluentes, Resíduos sólidos

Beneficiamento do Material

Energia

Emissões, efluentes, Resíduos sólidos

Fabricação do Produto

Energia

Emissões, efluentes, Resíduos sólidos

Uso do Produto Energia

Emissões, efluentes, Resíduos sólidos

Disposição do Produto

Energia

Emissões, efluentes, Resíduos sólidos

Reciclagem de material

Reciclagem de produto

Produto para remanufatura

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3.4.6 Ecomapeamento

Ecomapeamento é outro instrumento de mapeamento ambiental especialmente

projetado para as PME, o qual minimiza a quantidade de documentação referente à

identificação e inventário dos aspectos ambientais de uma organização.

A utilização dessa ferramenta envolve a elaboração da planta baixa da empresa como

pode ser visto na figura 19. A partir dessa planta baixa é feita a identificação do mapa de

energia, água, material, resíduos, etc. A chave do sucesso está no envolvimento dos

colaboradores em um processo de aprendizagem e participação (ENGEL, 1998).

Como é um instrumento simples, prático e concebido num formato visual, a

informação da condição ambiental da empresa é coletada de forma sistemática tendo em conta

a realidade física das instalações da empresa. Essa abordagem visual facilita a compreensão

do Ecomapping e transforma-o num instrumento útil de apoio para sensibilizar os

trabalhadores e outras partes interessadas quanto aos impactos ambientais das atividades da

organização. Além disso, permite envolver um maior número de pessoas numa fase inicial,

sem necessidade de um elevado nível de conhecimentos especializados (EMAS, 2009).

Em uma primeira abordagem, pode-se utilizar também minilevantamentos (EMAS

Easy) distribuídos a todos os funcionários nos quais podem ser inseridas opiniões sobre as

condições atuais de aspectos ambientais da companhia. O Ecomapping pode ser

implementado imediatamente em PME ajudando os funcionários e gerentes na identificação

dos aspectos ambientais da empresa e no início do processo da implementação de SGA formal

(ZORPAS, 2009).

Uma vez que a maioria da informação ambiental se baseia na situação de uma

determinada instalação, os “ecomapas” revelam o estado característico do local. O processo

baseia-se em 10 etapas em que se levantam os problemas ambientais, fluxos de materiais,

opiniões dos trabalhadores, sua percepção dos problemas e processos de trabalho. No quadro

20 são resumidas as etapas da elaboração do Ecomapping (EMAS, 2009).

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Figura 19: Exemplo de um Ecomapa Fonte: Engel (1998)

ETAPA DESCRIÇÂO

1. Instalações industriais: a situação urbana

Elabore um mapa de localização das instalações, incluindo estacionamento, áreas de acesso, ruas e ambiente circundante.

2. Que materiais entram e saem?

Obtenha uma ideia dos fluxos de materiais o que permitirá observar aspectos como o armazenamento, riscos para a saúde e a utilização de recursos.

3. O que pensam e sentem os funcionários?

Envolva os trabalhadores no projeto, o que facilitará a avaliação das instalações, pois eles conhecem o processo e possuem opiniões e idéias.

4, 5, 6, 7, 8, 9. Elaboração dos mapas das instalações

Elabore os ecomapas (consumo de água e sistema de água residuais; solo e armazenamento; ar, cheiro, ruído e poeira; energia; produção e reciclagem de resíduos; e riscos). Devem ser simples e rastreáveis.

10. Organização e comunicação

Organize a documentação e planeje as ações para implementação. .Utilize indicadores ambientais, mantenha os trabalhadores informados e o diálogo com as restantes partes interessadas.

Quadro 20 – Etapas do Ecomapping Fonte: EMAS, 2009

Assim, o Ecomapping não é um fim em si, mas um mecanismo que ajuda a definir e

priorizar os problemas ambientais e prioridades para intervenção. Depois de concluído, o

Ecomapping servirá como base para implantação de um plano de melhoria, já que possui

várias aplicações como (EMAS, 2009):

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• inventário de boas práticas ambientais e problemas;

• método sistemático de realização de uma avaliação ambiental no local;

• instrumento que permite o envolvimento e a participação dos trabalhadores;

• apoio à formação, sensibilização e ajuda na comunicação interna e externa;

• maneira fácil de documentar e acompanhar a melhoria das questões

ambientais;

O Ecomapping é um instrumento alternativo ao Mapeamento de Processo, tendo

sido desenvolvido para apoiar as PME Europeias no processo da obtenção do EMAS. Apesar

de simples, sua aplicação depende da competência do consultor em diagnósticos ambientais

para evitar superficialidades na aplicação da técnica.

3.4.7 Implementação de SGA por estágios – BS 8555 / ISO DIS 14005.2

A implantação e manutenção de um SGA completo certificado na ISO 14001, pode

ser uma demanda que uma PME não pode suportar devido às suas limitações. A possibilidade

de uma abordagem evolutiva com possibilidade de certificação a cada etapa alcançada por

parte de instituições acreditadas, bem como do reconhecimento do mercado, demonstra ser

uma oportunidade promissora para o setor das pequenas empresas. A publicação da norma

britânica BS 8555, intitulado "Guia para a Implementação Evolutiva de um Sistema de Gestão

Ambiental – Interpretação dos Requisitos", teve o objetivo de preencher essa lacuna.

A BS 8555 faz referência particular para as PME e divide a implementação de um

SGA de forma progressiva em seis fases, com auditorias realizadas após cada fase. Como

esta norma foi publicada em 2003, há pouca pesquisa realizados em seu uso prático em PME

(BURKE, 2006).

O processo evolutivo focaliza um SGA genérico, mas em conformidade com a norma

ISO 14001 e EMAS. É requerido também o desenvolvimento de Indicadores de Desempenho

Ambiental (IDA) para refletir os aspectos ambientais das atividades, produtos ou serviços. A

BS8555 descreve as cinco fases fundamentais do processo de implantação, com uma sexta

fase adicional, que prepara o participante para o registro no EMAS ou certificação a norma

internacional ISO 14001. As fases incluem (IEMA, 2009):

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1. Avaliação Inicial, Comprometimento e Planejamento.

2. Identificação dos requisitos legais.

3. Desenvolvimento de objetivos, metas e programas.

4. Implantação e Operação do Sistema de Gestão Ambiental.

5. Avaliação, auditorias & revisão crítica do SGA.

6. SGA - atendimento dos requisitos plenos da ISO 14001.

A figura 20 ilustra o processo global de implementação evolutiva.

Figura 20: Processo global da implementação evolutiva de SGA Fonte: Blake, 2009

Fase 1 Avaliação Inicial, Comprometimento e

Planejamento

Fase 2 Identificação de Requisitos Legais

Fase 3 Objetivos, Metas & Programas

Fase 4 Implementação & Operação

Fase 5 Avaliação, Auditorias & Revisão

Crítica do SGA

Fase 6 Reconhecimento do SGA

Auditoria de 2ª parte e reconhecimento da cadeia de suprimento

Preparação para auditoria externa do SGA (ISO14001)

Preparação para registro no EMAS

Auditoria da Fase 1

Auditoria da Fase 2

Auditoria da Fase 3

Auditoria da Fase 4

Auditoria da Fase 5

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Cada uma das seis fases possui critérios de desempenho definidos e, quando os

requisitos são atendidos, a empresa poderá ser avaliada para dar continuidade à próxima fase.

Esse modelo permite que as PME implementem um SGA em seu próprio ritmo, obtenham

certificações em cada fase concluída e, na sexta e última etapa, a organização pode optar por

ter uma auditoria adicional para garantir que o seu SGA atenda a todos os requisitos da norma

ISO 14001 e, como conseqüência, receber um certificado dessa norma (CHEN, 2004).

Dawson (2006) e Birchall (2005) comentam que a publicação da BS8555 como um

padrão formal tem tido uma aceitação crescente no Reino Unido, já que possui vantagens

sobre outras técnicas de implantação da gestão ambiental, como, por exemplo, a auditoria

independente em cada fase do processo de BS8555. Essas auditorias, afirma o autor, fornecem

evidências de conformidade ambiental dos fornecedores na cadeia de suprimento, permitindo

superar barreiras de acesso ao mercado.

Para Chen (2004), outra vantagem é a possibilidade de algumas organizações

optarem por não evoluir para um SGA formal ou pela certificação ISO 14001, permanecendo

numa fase especifica. Mesmo assim, a empresa continuará sendo auditada periodicamente

para garantir o cumprimento dos requisitos da fase específica e a capacidade de demonstrar a

melhoria contínua do seu desempenho ambiental. Além disso, é possível ainda publicar um

relatório ambiental ou disponibilizar os dados de desempenho ambiental para seus clientes-

chave (CHEN, 2004).

O relativo sucesso da utilização da BS 8555 na implantação de SGA motivou a ISO a

discutir uma norma internacional de implantação evolutiva, a ISO 14005 (Sistemas de gestão

ambiental - Diretrizes para a implementação evolutiva de um sistema de gestão ambiental,

incluindo a utilização de avaliação de desempenho ambiental), cuja DIS foi publicada em

novembro de 2008. Esse projeto ratifica a necessidade de iniciativas específicas para o setor

das PME, principalmente aquelas que estão integradas a uma cadeia de suprimento de um

setor industrial específico e que necessitam se adequar aos padrões de desempenho ambiental

requerido pelas grandes empresas compradoras de insumos e serviços dessa cadeia.

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3.4.8 Produção Mais Limpa

Segundo a UNEP (United Nations Environment Program), Produção mais Limpa

(Cleaner Production) pode ser definida como a aplicação contínua de uma estratégia

ambiental preventiva integrada aos processos, produtos e serviços para aumentar a eficiência

global e reduzir os riscos para os seres humanos e o meio ambiente. A P+L propõe a

conservação dos recursos naturais, a eliminação gradativa de matérias-primas perigosas e

redução da quantidade e toxidade das emissões e resíduos (UNEP, 2009).

A aplicação da P+L possibilita realizar ajustes no processo produtivo que resulta na

redução da emissão/geração de resíduos, podendo ser feitas desde pequenas modificações no

processo até a aquisição de novas tecnologias. Como sua abordagem é essencialmente

preventiva, muitas vezes a aplicação de técnicas de controle da poluição é vista como

antônimo; porém, segundo Nascimento et al (2008), as tecnologias de fim-de-tubo que

buscam minimizar os efeitos no final do processo são complementares e utilizadas em

situações que as técnicas de prevenção da poluição ainda não solucionaram.

Teixeira (2001) e Coelho (2004) descrevem que o princípio diretivo da Produção

mais Limpa, determina que a gestão ambiental focada na Prevenção de Poluição baseia-se no

novo paradigma de que gerar resíduos representa uma ineficiência do processo produtivo.

Isto significa transformar matérias-primas/ insumos, com alto valor agregado, em produtos de

baixo, ou nenhum valor (os resíduos), que podem ainda adicionar mais custos ao processo

produtivo quando são tratados/dispostos, através das tecnologias de fim-de-tubo.

Portanto, além de considerar a crescente redução dos recursos naturais e o impacto

ambiental gerado, a Produção mais Limpa classifica o resíduo como uma despesa gerada no

processo produtivo que pode ser evitada. Ao agir de forma sistemática na busca de melhor

eficiência no uso dos recursos disponíveis, a P+L atua no sentido de minimizar a geração de

resíduos e reutilizar os que são produzidos. Desta forma, reduzem-se os custos com aquisição

de matéria-prima e os provenientes do tratamento e disposição de resíduos.

Coelho (2004) e Nascimento et al (2008) também concordam que o sucesso da

implantação de um programa de P+L depende, principalmente, do nível de comprometimento

dos empregados, tendo em vista que o know-how, ou seja, o conhecimento que estes detêm

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sobre o processo produtivo é essencial para identificar situações-problema e propor

alternativas que resultem numa melhoria do desempenho ambiental da empresa. Esse

comprometimento pode ser iniciado com a realização de treinamentos visando internalizar a

técnica e sensibilizar as pessoas para a mudança do paradigma.

A metodologia desenvolvida pela UNIDO/UNEP para implantar um Programa de

P+L consiste na avaliação e na aplicação de técnicas no processo produtivo, que podem

envolver desde a mudança de matéria-prima/insumo, consumo de água e de energia,

tecnologia/processo, procedimento operacional, até a mudança do próprio produto quando

considerado nocivo ao meio ambiente. O método segue o fluxo apresentado na figura 21 .

Figura 21: Fluxograma de Implantação de P + L (Metodologia UNIDO/UNEP) Fonte: KIPERSTOK et al, 2002

As técnicas de P+L devem ser escolhidas com base nas oportunidades identificadas

no diagnóstico do processo produtivo conforme demonstrado na figura 22. Contudo, é

recomendado que as alternativas de redução de poluição não sejam conduzidas inicialmente

para mudanças tecnológicas, mas para alternativas que considerem a disponibilidade de

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recursos, complexidade e o custo/benefício. Em seguida, deve ser elaborado um plano de ação

com prazo, responsáveis e recursos necessários.

As técnicas de redução da poluição adotada pelos programas de P+L são

apresentadas na Figura 22.

Figura 22: Organograma de Produção mais Limpa Fonte: CNTL, 2000

Esse organograma tem como referência o Manual de Minimização de Resíduos EPA,

atrelado ao Waste Minimization Program (WMP), Programa de Minimização de Resíduos,

proposto pela EPA – Environmental Protection Agency - Agência de Proteção Ambiental dos

Estados Unidos, em 1984, com o objetivo de orientar ações de redução do volume e

toxicidade de resíduos gerados nos processos produtivos (COELHO, 2004).

A prioridade da P+L é evitar a geração de resíduos e emissões (nível 1). Os resíduos

que não podem ser evitados devem, preferencialmente, ser reintegrados ao processo de

produção da empresa (nível 2). Na sua impossibilidade, medidas de reciclagem fora da

empresa podem ser utilizadas (nível 3) (CNTL, 2000).

PRODUÇÃO MAIS LIMPA

Minimização de resíduos e emissões

Reuso de resíduos, efluentes e emissões

Nível 2 Nível 1 Nível 3

Redução na Fonte

Modificação no Produto

Boas Práticas de Produção mais limpa

Reciclagem Interna

Reciclagem Externa

Ciclos Biogênicos

Modificação no Processo Estruturas

Substituição de matéria-

prima

Modificação Tecnológica

Materiais

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O nível 1 prioriza medidas para evitar resíduo e emissões na fonte geradora podendo

ser propostas modificações tanto no produto como no processo de produção e/ou substituição

de matérias-primas/insumos tóxicos. No nível 2, os resíduos que não podem ser evitados

devem, preferencialmente, ser reintegrados ao processo utilizando técnicas de reciclagem

interna. Isso pode ocorrer dentro do próprio processo original de produção, em outro

processo, ou por meio da recuperação parcial de uma substância residual. Quando existir

impossibilidade de executar os níveis anteriores, a reciclagem de resíduos e emissões devem

ser feitas fora da empresa (nível 3), por meio de reciclagem externa de estruturas e materiais

ou de uma reintegração ao ciclo biogênico ou compostagem (COELHO, 2004).

Embora estejam relacionadas, não existe atualmente nenhuma exigência explícita

dentro da série de normas ISO 14000 para aplicação da Produção mais Limpa, como uma

estratégia. Contudo, é possível ler implicitamente na exigência do SGA para melhoria

contínua. Ferramentas de gestão específicas do sistema, como Auditoria Ambiental,

Rotulagem ambiental e Avaliação de Desempenho Ambiental podem ajudar muito uma

empresa individual ou um setor industrial a alcançar melhorias. Porém é necessário incluir

compromissos dentro de uma estratégia global de ações efetivas em relação ao meio

ambiente. Na figura 23, é apresentado o contexto em que a Produção mais Limpa está inserida

na visão da UNEP.

Figura 23: Contexto em que a P+L está inserida. Fonte: Cardoso, 2006

Objetivo

Programas

Estratégias de Negócio

Sistemas de Gestão

Ferramentas de Gestão

Desenvolvimento Sustentável

Agenda 21

Ecoeficiência Produção mais limpa

ISO14001 Gestão da Qualidade Total

Auditoria, Rotulagem, Avaliação de desempenho ambiental, Benchmarking

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3.4.9 Programa de Gestão de Resíduos Sólidos - PGRS

Apesar da Constituição Federal de 1988, em seu Art. 225, parágrafo 3º, estabelecer

que: “As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores,

pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da

obrigação de reparar os danos causados”, só recentemente foi aprovado um documento legal

no nível federal que estabelece critérios para a gestão de resíduos sólidos no Brasil.

Na ausência da regulamentação da lei, a principal regra adotada para o

gerenciamento dos resíduos é a da “Responsabilidade Objetiva” (Lei 6.938/81 - Política

Nacional do Meio Ambiente). Assim, o gerador torna-se responsável pelo resíduo e pelos

possíveis danos causados quando esses forem descartados no ambiente, dispensando a prova

de culpa no caso de um possível dano ao ambiente. Em outras palavras, para que um

potencial poluidor seja penalizado, basta que se prove um nexo de causa e efeito entre a

atividade desenvolvida por uma organização e um dano ambiental, ainda que o resíduo esteja

sendo emitido em concentrações que respeitem os limites estabelecidos (NOLASCO,

TAVARES e BENDASSOLLI, 2006).

Para estabelecer regulamentações no nível federal para o gerenciamento de resíduos

sólidos, o Conselho Nacional de Meio Ambiente (CONAMA) publicou a Resolução 313 de

2002, que institui o Inventário Nacional de Resíduos. Também estabeleceu critérios para

determinados tipos de tratamento de resíduos, como é o caso da Resolução 316 de 2002, que

regula o tratamento térmico de resíduos, a Resolução 257/99 – CONAMA, de 30 de junho de

1999, relativa ao controle de pilhas e baterias e a Resolução 258/99 – CONAMA, de 26 de

agosto de 1999, relativa ao controle de pneumáticos inservíveis.

Além disso, a Lei 9.605, de 1998, Lei de Crimes Ambientais, estabelece sanções para

quem praticar condutas e atividades lesivas ao meio ambiente, o que engloba o gerenciamento

inadequado de resíduos sólidos. As multas previstas podem chegar a R$ 50 milhões e as penas

de reclusão a cinco anos.

O licenciamento ambiental, previsto na Política Nacional de Meio Ambiente

(PNMA) é obrigatório para as atividades que geram resíduos sólidos, poderá estabelecer

critérios para a gestão dos resíduos, de acordo com as especificações do órgão licenciador.

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Em geral, quando a atividade tem impacto apenas dentro de um mesmo estado, o órgão mais

atuante e responsável pelo estabelecimento de normas e pelo licenciamento ambiental das

atividades é o órgão ambiental estadual. No caso do Estado da Bahia, este órgão é o Instituto

do Meio Ambiente (IMA) que possui competência para solicitar a apresentação do Plano de

Gerenciamento de Resíduos Sólidos (PGRS) quando da solicitação de renovação de Licença

de Operação.

O Decreto Nº 11.235, de 10 de outubro de 2008, que regulamenta a Lei Nº 10.431, de

20 de dezembro de 2006, e trata da Política Estadual de Meio Ambiente e de Proteção à

Biodiversidade, solicita:

Artigo 84 As fontes geradoras de resíduos sólidos deverão elaborar, quando exigido, o Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos (PGRS), contendo a estratégia geral adotada para o gerenciamento dos resíduos, abrangendo todas as suas etapas, especificando as ações a serem implementadas com vistas à conservação e recuperação de recursos naturais, de acordo com as normas pertinentes. § 1º - O PGRS integrará o processo de licenciamento ambiental e deverá conter a descrição das ações relativas ao manejo dos resíduos sólidos, no âmbito dos estabelecimentos, considerando as características dos resíduos e os programas de controle na fonte para a redução, minimização, reutilização e reciclagem dos mesmos, objetivando a eliminação de práticas e procedimentos incompatíveis com a legislação e normas técnicas pertinentes. § 2º - O PGRS deverá contemplar: I - inventário, conforme modelo fornecido pelo IMA, contendo dentre outras informações: a origem, classificação, caracterização qualiquantitativa e freqüência de geração dos resíduos, formas de acondicionamento, transporte, tratamento e disposição final; II - os procedimentos a serem adotados na segregação na origem, coleta interna, armazenamento, reutilização e reciclagem; III - as ações preventivas e corretivas a serem adotadas objetivando evitar ou reparar as conseqüências resultantes de manuseio incorreto ou incidentes poluidores; IV - designação do responsável técnico pelo PGRS.

O PGRS será, portanto, um documento integrante do processo de licenciamento

ambiental, devendo apontar e descrever as ações relativas ao manejo de resíduos sólidos,

contemplando os aspectos referentes à geração, segregação, acondicionamento, coleta,

armazenamento, transporte, tratamento e disposição final. O PGRS deverá conter ainda a

estratégia geral dos responsáveis pela geração dos resíduos para proteger a saúde humana e o

meio ambiente e estabelecer metas para atendimento à legislação em vigor (IBEAM, 2009).

Durante o desenvolvimento do plano de gerenciamento, são avaliadas as condições

de geração de resíduos sólidos, tais como: resíduos de escritório, de restaurante, de

embalagens, lâmpadas, baterias, óleos lubrificantes, óleos de máquina, resíduos contaminados

com óleos, borras de tinta, solventes contaminados, resíduos resultantes de contenção de

derrames e vazamentos, lodos de sistemas de tratamento. São propostas medidas que

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minimizem sua geração, possibilitem seu correto gerenciamento e também a redução de

custos associados, e eventualmente a obtenção de receita pela comercialização dos resíduos

em condições de reaproveitamento e reciclagem (IBEAM, 2009).

Por ser um instrumento legal, associado quase sempre ao processo de licenciamento

ambiental das empresas, especialmente indústrias, a Federação das Indústrias do Estado do

Rio de Janeiro (FIRJAN) preparou um manual prático com ações para serem desenvolvidas

buscando orientar os empresários na elaboração do PGRS (Figura 24).

O PGRS deverá conter objetivos com direcionamentos gerais e metas numéricas e

temporais. Para que o PGRS seja eficaz no aproveitamento das oportunidades do

gerenciamento de resíduos, e na redução dos riscos das atividades, é importante que seja

fundamentado na teoria dos 3Rs, que prioriza a redução da geração na fonte, seguida da

reutilização e reciclagem. As definições de cada um dos 3Rs, na ordem em que os mesmos

devem ser considerados estão relacionadas a seguir (FIRJAN, 2006):

- Redução da geração na fonte

1. Implantação de procedimentos que priorizam a não geração dos resíduos. Estas ações podem variar de implantação de novas rotinas operacionais a alterações tecnológicas no processo produtivo.

- Reutilização de resíduos

2. Neste caso o resíduo é reaproveitado sem que haja modificações na sua estrutura. Um exemplo é a utilização dos dois lados de uma folha de papel.

- Reciclagem de resíduos

3. No caso da reciclagem, há um beneficiamento no resíduo para que o mesmo seja utilizado em outro (ou até no mesmo) processo. Um exemplo é a reciclagem de latinhas de alumínio. As latinhas passam por um processo de beneficiamento para que o alumínio seja reaproveitado no processo.

Como o acompanhamento do PGRS é exigido na renovação da licença ambiental,

ações de monitoramento referente aos objetivos e metas planejadas, bem como ações

corretivas devem estar registradas para compor os relatórios de avaliação do PGRS. Esses

relatórios serão apresentados quando da renovação da licença ambiental, contendo o

acompanhamento e avaliação das atividades. Para uma pequena empresa, a opção de

gerenciar efetivamente um PGRS pode ser uma opção simples de gestão ambiental, pois

permitirá inclusive introduzir ações de produção mais limpa para reduzir/minimizar na fonte a

geração desses resíduos, monitorados por indicadores de desempenho ambiental – IDA.

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Figura 24: Fluxograma da Gestão de Resíduos Sólidos. Fonte: FIRJAN, 2006

3.5 MODELOS DE IMPLANTAÇÃO DA GESTÃO AMBIENTAL

Para auxiliar as PME na implantação de iniciativas de gestão ambiental, alguns

autores têm proposto metodologias para orientar o processo.

O modelo “ISO 14001 Passo a Passo” foi proposto por Dália Maimon, em 1999, três

anos após a publicação da norma ISO 14001. Inicialmente apresentado como um modelo

Processo

Resíduo Gerado

Caracterização e Classificação

Armazenamento Temporário para resíduo não - perigoso

Possível Reciclar ou reutilizar?

Destinação Final

Reciclagem / Reutilização Interna

Pré- Tratamento

Armazenamento Temporário para resíduo perigoso

Pré- Tratamento

Perigoso?

Requer Pré-Tratamento?

Requer Pré-Tratamento?

Destinação Final

Reciclagem / Reutilização Externa

Não

Sim

Sim

Não

Sim

Não

Sim

Não

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apropriado às pequenas e médias empresas, o modelo mostrou-se segundo Campos (2008),

um tanto quanto longo e burocrático, já que se utilizam todas as etapas propostas pela norma.

O SEBRAE - Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas, instituição

voltada para o fomento e difusão de programas e projetos que visam à promoção e ao

fortalecimento das micro e pequenas empresas desenvolveu o programa Gestão Ambiental -

Rumo à ISO 14000. Esse programa se caracteriza pela mobilização e a conscientização das

empresas sobre a importância da gestão ambiental para a competitividade empresarial e o

desenvolvimento sustentável do país. Envolve a realização de palestras, seminários,

publicações, cursos e consultoria. Porém, apesar de ser voltado para as pequenas empresas,

não existe uma oferta contínua desse programa sendo necessário elaborar projetos para

articular empresas de vários setores para formação conjunta.

O programa Parceiros do Meio Ambiente – PMA, desenvolvido pelo órgão

ambiental do estado da Bahia, é uma iniciativa de responsabilidade socioambiental em que

uma grande empresa adota uma pequena empresa e oferece gratuitamente 8h de consultoria

por mês durante a vigência do convênio. Apesar de uma ótima iniciativa, o programa

necessita de ações de sensibilização, acompanhamento e disponibilidade dos envolvidos para

participação. Essa iniciativa permaneceu até 2008 em parceria com o SENAI, área de Meio

Ambiente.

O Programa de Qualificação de Fornecedores (PQF) tem como proposta a

capacitação em Gestão da Qualidade, Meio Ambiente, Segurança e Responsabilidade Social

bem como a aproximação entre empresas fornecedoras de bens e serviços industriais e

grandes e médias empresas compradoras (empresas-âncora), com o objetivo de gerar negócios

entre elas. O PQF será descrito no item a seguir.

3.6 O PROGRAMA DE QUALIFICAÇÃO DE FORNECEDORES – PQF

As micro e pequenas empresas têm dificuldades em atender certos requisitos

exigidos pelo mercado referente a custos, padronização, qualidade, entregas no prazo, dentre

outros. Esse fato cria obstáculos à inserção nas cadeias produtivas. Assim, tendo em vista a

necessidade de articulação, capacitação e desenvolvimento de empresas fornecedoras de bens

e serviços industriais para o aumento de sua competitividade, além de formação de alianças

estratégicas, foi estruturado o Programa de Qualificação de Fornecedores – PQF.

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O PQF, por meio de um processo de avaliação, qualificação e monitoramento de

empresas fornecedoras, em critérios pré-estabelecidos, tem contribuído para ampliar o número

e a qualidade dos negócios realizados entre empresas fornecedoras de bens e serviços

industriais e grandes e médias empresas compradoras (empresas-âncora) (IEL 2009).

Esse programa começou com a qualificação de empresas fornecedoras já

pertencentes ao cadastro das empresas-âncora e com a disponibilização de um portal com

informações estratégicas do nível de competitividade das PME fornecedoras participantes do

PQF, quanto aos quesitos de avaliação definidos em conjunto com as empresas-âncora e

parceiros.

O publico-alvo do programa são empresas de grande porte nacionais ou

multinacionais de bens e serviços industriais (Empresas-âncora) que desejem aumentar a

qualidade e a competitividade dos seus fornecedores ou até mesmo desenvolver fornecedores

locais que são Micro, pequenas e médias empresas fornecedoras de produtos e serviços

industriais. Como resultado, busca-se um estreitamento do relacionamento na cadeia de

fornecimento e uma contribuição para o exercício da responsabilidade sócio-ambiental.

De acordo com o IEL (2009), as empresas que participarem do programa poderão

usufruir as seguintes vantagens:

Empresas-âncora

a. Acesso a um banco de dados via Portal WEB, com informações sobre todas

as empresas fornecedoras participantes do PQF, bem como sobre os

resultados das avaliações realizadas e o status da sua documentação;

b. Melhoria no desempenho de entrega de produtos e serviços (prazo e

qualidade) das fornecedoras participantes do PQF;

c. Produtos e serviços em conformidade com critérios e especificações de sua

necessidade;

d. Ampliação do cadastro de fornecedoras qualificadas;

e. Maior transparência na relação cliente-fornecedor;

f. Estímulo ao desenvolvimento das PME, exercitando seu papel social.

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Empresas fornecedoras

a. Possibilidade de aumentar o volume de negócios com empresas-âncora e

entre as próprias fornecedoras;

b. Acesso a treinamentos e consultorias subsidiados pela FIEB-IEL/BA/Sebrae

e outros parceiros;

c. Oportunidade de participação em feiras, eventos e rodadas de negócios;

d. Participação em encontros técnicos entre fornecedoras e âncoras;

e. Estímulo a negócios cooperados com outras empresas fornecedoras locais;

f. Melhoria na sua capacidade em atender a demandas especificas das empresas

compradoras;

Quanto à metodologia, o PQF foi planejado para ser desenvolvido em oito etapas.

Etapa 1: Sensibilização / Formalização da adesão

O objetivo é apresentação do PQF, expondo suas fases, critérios e regras. Esse

primeiro contato possibilita minimizar dúvidas quanto aos benefícios que as empresas terão

ao fazer parte do Programa, os deveres e direitos dentro do processo. Em seguida, é realizada

a adesão com a assinatura do contato padrão.

Etapa 2: Documentação obrigatória (Critérios de 1 a 4)

Envio por parte dos participantes da documentação obrigatória nos critérios abaixo:

� Legalidade de constituição e registros;

� Sanidade fiscal e trabalhista;

� Sanidade econômica;

� Folder eletrônico.

Etapa 3: Cadastro no Portal PQF / Agendamento da avaliação

Nessa etapa, é realizado cadastramento das empresas no portal e agendado a primeira

avaliação, pois somente após essa avaliação é que as empresas começarão a receber os cursos

e consultorias necessárias para sua qualificação.

Etapa 4: Avaliação de desempenho na empresa

O objetivo dessa etapa é fazer um levantamento dos pontos fortes e dos pontos

passíveis de melhoria de cada empresa.

Essa avaliação é feita pelo IEL aplicando-se um Questionário de Avaliação, que

possui em seu conteúdo todas as áreas necessárias para avaliação (critérios de 5 a 10).

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Etapa 5: Relatório de avaliação / Inserção dos dados no Portal PQF

Nessa etapa é elaborado o relatório para as fornecedoras com a tabulação dos

resultados contendo os devidos comentários e um gráfico comparativo de desempenho em

relação às outras fornecedoras. Esses dados são disponibilizados no Portal Web do Programa,

em que somente a empresa avaliada terá acesso.

Etapa 6: Avaliações mensais das empresas-âncora

A empresa-âncora realizará avaliação mensal da empresa fornecedora através do

Portal Web caso tenha gerado negócio; caberá, porém, à empresa fornecedora uma

oportunidade de réplica se houver discordância da avaliação.

Etapa 7: Treinamentos / Consultorias

Nessa etapa do Programa, as empresas terão a oportunidade de participar de cursos

específicos e receber consultorias para auxiliar a implantação das práticas aprendidas.

Etapa 8: Monitoramento / Avaliação dos resultados

Ao completar o primeiro ciclo, as empresas serão avaliadas novamente e poderão dar

continuidade às capacitações ou optar em receber a auditoria do Selo do Programa, caso

possua média mínima para isso. A figura 25 resume a metodologia do Programa.

O PQF dispõe ainda de um fórum onde são discutidas e planejadas ações estratégicas

visando a melhoria e aprofundamento dos resultados alcançados. Esse fórum denomina-se

Comitê Gestor cujas principais atividades são:

a. Acompanhamento das atividades do Programa;

b. Avaliação do PQF � plano de consultorias e treinamentos / freqüência e

avaliações;

c. Proposta de melhorias / estratégias para implementações;

d. Acompanhamento e apoio na busca de soluções estratégicas;

e. Fórum de discussão para as principais dificuldades com o PQF;

f. Acompanhamento dos indicadores de desempenho do PQF.

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Figura 25: Metodologia do PQF Fonte: IEL (2009)

Reavaliação dos critérios de avaliação

Realização das

avaliações

Disponibilização das avaliações no Portal do PQF

Plano de ação

Treinamentos e consultorias

Sensibilização de empresas potenciais

Critério 11

Critérios de 4 a 10

Critérios de 1 a 3

Avaliações dos fornecedores pelas âncoras

Critérios de 1 a 3 - Critérios básicos Documentos referentes à sanidade fiscal e econômica da empresa, acrescidos do folder eletrônico Critérios de 4 a 10 - Critérios Classificatórios Gestão Empresarial, Qualidade, Meio Ambiente, Saúde e Segurança no Trabalho e Responsabilidade Social Critério 11 - Critério Classificatório Avaliação da empresa fornecedora, por parte da empresa-âncora

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A figura 26 apresenta a representatividade do comitê.

Figura 26: Representatividade do Comitê Fonte: IEL, 2009

O questionário de avaliação utilizado pelo IEL contém critérios estabelecidos como

críticos pelas empresas-âncora referente à Qualidade, Meio ambiente, Saúde e Segurança,

Responsabilidade Social. Cada um deles é composto de várias questões que, somados, terão

peso 10 na somatória final. Cada questão possui quatro cenários, ou seja, quatro situações

descritas, e a pontuação é dada para o cenário que mais se encaixe na realidade da empresa.

As notas são: (0) para “Nada Implementado”; (3) para “Implementação Incipiente”; (7) para

“Implementação Significativa”; e (10) para “Implementação Integral”.

Portanto, na metodologia do PQF é possível para as empresas participantes

implementar os critérios em seu próprio ritmo. Com a participação nas oficinas de capacitação

e com a utilização do suporte oferecido pelos consultores na implementação do plano de ação

é possível melhorar o escore a cada avaliação. O IEL/BA disponibiliza os resultados da

avaliação no Portal Web do Programa, sendo que cada empresa fornecedora é avaliada a cada

ciclo no PQF, que corresponde a 12 (doze) meses, permitindo medir os resultados obtidos

desde a sua adesão ao Programa. Uma auditoria externa está disponível a cada ciclo anual de

avaliações, sendo possível certificar as empresas no nível topázio (cumprimento de 50% de

todos os critérios) rubi (cumprimento de 70% de todos os critérios) e diamante (cumprimento

de 100% de todos os critérios).

Equipe de consultor/ avaliador

EFs / Núcleos

Temáticos

Instituições Parceiras

Empresas-

âncora

Comitê Gestor

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Para atender aos critérios ambientais, muitas das barreiras e dificuldades enfrentadas

pelas empresas são solucionadas com a participação no PQF. O quadro 21 descreve como o

PQF enfrenta essas barreiras. A falta de recursos humanos e financeiros pode ser superada

pela flexibilidade e praticidade do sistema, realizado a um baixo custo, principalmente por ser

um processo coletivo que possibilita inclusive estabelecer uma rede de contatos com outras

empresas, oferecendo oportunidade de intercâmbio, partilhar experiências e conhecimentos.

Além disso, a utilização de modelos e padrões diminuem a necessidade de conhecimentos

específicos.

Barreiras para implantação Como o PQF supera essas barreiras

Falta de recursos humanos � Oferece flexibilidade e as organizações podem executar em seu próprio ritmo.

� Sistema prático que permite facilmente evoluir no atendimento aos critérios.

Falta de recursos financeiros � Preços subsidiados com a participação de consultores experientes.

� Permite uma organização parar em um nível específico às suas condições.

Falta de conhecimentos � Metodologia de oficinas de capacitação. � Uso de modelos e padrões gerais. � Avaliação periódica dos critérios. � Orientação específica.

Necessidade de promoção de mudanças culturais e falta de comprometimento da alta gestão

� Pratica de educação ambiental possibilitando mudanças culturais.

� Abordagem proporciona uma mudança gradual. � Permite envolvimento dos trabalhadores. � Transparência do processo. � Envolvimento dos proprietários-gestores das

empresas.

Interrupção da Execução � Reconhecimento formal por auditoria externa das realizações alcançadas ao final de cada ciclo.

� Possibilidade de retomada do processo da etapa interrompida.

Quadro 21 – Barreiras enfrentadas pelas PME e como elas são superadas no PQF Fonte: o próprio autor

As PME que iniciam o processo de implantar a gestão ambiental de forma isolada têm

o sucesso dessa tarefa ameaçada pelas constantes interrupções. Portanto é necessário

estabelecer mecanismos de suporte e serviços de apoio às PME na superação desse e dos

outros obstáculos que enfrentam. As PME, usualmente, não possuem os conhecimentos

necessários para instituir incitativas ambientais, como a implementação de um SGA, além de

não terem condições de arcar sozinhas com as despesas de uma consultoria ambiental. O

apoio oferecido pelo PQF é uma tentativa de preencher esse papel, fornecendo suporte

subsidiado na implementação de partes de um SGA.

Page 92: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA ESCOLA POLITÉCNICA … · josÉ rafael nascimento lopes desafios e alternativas para a gestÃo ambiental em pequenas empresas: uma anÁlise do programa

91

O PQF tem atendimento local para as empresas do estado da Bahia por ser coordenado

pelo IEL, uma entidade da Federação das Indústrias do Estado da Bahia (FIEB) que

possibilita, inclusive, envolver grandes empresas no fomento do programa. A presença dos

representantes dessas empresas é um fator motivador para participação.

No desenvolvimento do programa, o IEL conta como parceiros o SENAI e o SESI,

também entidades da FIEB, o que permite uma maior colaboração na evolução dos serviços

de apoio e dos mecanismos de suporte, em face da integração dessas entidades dentro de um

mesmo objetivo.

A metodologia desenvolvida no PQF, com a execução de oficinas e consultorias foi

desenvolvida especificamente para as PME, com abordagens gerais e flexíveis a fim de se

adaptar à diversidade do setor. E como um dos objetivos do programa é aumentar os negócios

na cadeia de suprimento, são oportunizados a participação em feiras, eventos e rodadas de

negócios, além de encontros técnicos entre fornecedoras e empresas-âncoras.

3.7 ASPECTOS QUE INCENTIVAM OU DIFICULTAM A ADOÇÃO DE INICIATIVAS EM GESTÃO AMBIENTAL

As pequenas empresas, conforme apresentado anteriormente, é um setor importante

para qualquer economia nacional. Embora individualmente cause pouca poluição,

coletivamente podem contribuir com uma parte significativa de toda a poluição industrial.

Apesar da importância e dos benefícios em se adotar medidas de gestão ambiental,

as pequenas empresas não as priorizam, empregando muitas vezes ações pontuais de forma

reativa. Contudo, certos motivos têm sido identificados como fatores que influenciam

fortemente as pequenas empresas na adoção da gestão ambiental. Aspectos como atendimento

à legislação têm sido apontados como mecanismos que pressionam as empresas a trabalhar

com maior responsabilidade ambiental (ISO, 2005a).

Dawson (2006), citando estudos realizados por diversos autores, aponta que a

pressão de partes interessadas na forma de requerimentos na cadeia de fornecimento é o

motivador fundamental na adoção da gestão ambiental. Atualmente grandes fabricantes

implementaram Sistemas de Gestão Ambiental certificados pela ISO 14001 ou pelo EMAS e,

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92

como parte dos requisitos normativos, esses fabricantes exigem objetivos específicos de

desempenho ambiental que os fornecedores, ou seja, as PME devem atender.

A gestão ambiental da cadeia de fornecimento (Environmental supply chain

management – ESCM) pode ser um aspecto central da vantagem competitiva de uma grande

empresa, já que pode influenciar significativamente o desempenho ambiental, além de ser

uma abordagem eficaz para envolver as PME em iniciativas ambientais com base nos

relacionamentos dentro do seu mercado e da indústria (COTÉ, 2008).

Segundo estudo realizado pelo Small and Médium Enterprise Researche Center

conduzido por Walker et al. (2008), foram identificados como principais motivadores de

iniciativas de gestão ambiental: a legislação, as partes interessadas, voluntariado, benefícios

econômicos, desconhecimento de instrumentos de gestão ambiental. Segundo a pesquisadora,

a legislação, motivador mais importante sobre o comportamento das PME, vem sendo

utilizada pelos governos com o objetivo de aumentar os esforços de redução dos impactos

ambientais de suas operações. O licenciamento ambiental com aplicação de condicionantes

relativos à educação ambiental dos empregados e da comunidade, além de programa de gestão

e redução de resíduos, aumenta a eficácia do engajamento dos empresários.

Burke e Gaughran (2005) analisaram quatro estudos sobre os aspectos motivadores

para implantação da gestão ambiental em PME, conforme quadro 22 , no qual se pode

verificar que o atendimento aos requisitos dos clientes aparece em todas as pesquisas

estudadas, confirmando a conclusão feita por Dawson (2006). O cumprimento da legislação e

a responsabilidade ambiental surgem como segundo fator, demonstrando a preocupação das

empresas com a imagem perante a comunidade.

A adequação aos requisitos dos clientes dentro da cadeia de suprimento tem sido

uma mola impulsora para a questão ambiental: as grandes empresas estão começando a

dedicar cada vez maior atenção às melhorias ambientais em sua cadeia de suprimento, de tal

forma que os fornecedores são submetidos a pressões crescentes no sentido de aprimorarem

seu comportamento ambiental. Alguns autores defendem, inclusive, a opinião de que a

pressão exercida pelos clientes na cadeia de suprimento tornar-se-á o fator mais importante

para a implementação de sistemas formais de gestão ambiental.

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93

NETREGS PIMENOVA ILOMAKI NEETF

− Cumprimento da Legislação

− Clientes

− Redução de Custos

− Responsabilidade Ambiental

− Legislação

− Clientes

− Clientes

− Responsabilidade Ambiental

− Clientes

Quadro 22 – Aspectos motivadores para gestão ambiental Fonte: Burke e Gaughran, 2006

Em pesquisas recentes realizadas pelas Federações das Indústrias do Rio de Janeiro

e da Bahia, em seus estados, são confirmados alguns aspectos relatados.

No Rio, a principal razão informada pelas empresas para a implantação de

iniciativas ambientais foi a necessidade de adequação à legislação ambiental, mencionada por

61,0% do total. Entretanto, o aumento de outros fatores, principalmente em relação às

pesquisas de 2005 e 2006, como a conscientização ambiental e pessoal (citado por 55,1% dos

respondentes), a preservação ambiental (50,5%), a qualidade de vida do trabalhador (49,5%),

a responsabilidade social (48,4%) e a imagem da empresa (38,5%), demonstra uma nova

percepção da gestão e o aumento da responsabilidade ambiental do setor industrial. As outras

razões pelas quais se têm implantado ações ambientais, segundo as empresas, são manter

padrões de produção (31,8%), adequar-se às demandas do mercado (31,0%), reduzir custos de

produção (29,7%), conseguir certificação ambiental (24,1%), atender às exigências de

financiadores (19,3%) e aumentar a receita com a venda de resíduos (14,4%) (FIRJAN, 2009).

Na Bahia, ao comparar os resultados de dois levantamentos realizados em 2004 e

2008 no aspecto de Pressões para Melhoria do Desempenho Ambiental, observou-se, em

2008, uma pequena redução no número de indústrias que declararam não sofrer pressões para

melhoria do desempenho ambiental. Verifica-se que o órgão ambiental exerce pressão perante

as empresas cobrando adequação à legislação ambiental. Entre os agentes que mais

frequentemente estão exigindo responsabilidade socioambiental das empresas aparecem os

clientes, seguidos pela comunidade (FIEB, 2009).

Page 95: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA ESCOLA POLITÉCNICA … · josÉ rafael nascimento lopes desafios e alternativas para a gestÃo ambiental em pequenas empresas: uma anÁlise do programa

94

Pressões para a melhoria do Desempenho Ambiental

9,7%

7,8%

60,2%

22,3%

55,0%

17,0%

7,0%

21,0%

Comunidade

Cliente nacional

Governo: órgãoAmbiental

Não

2004 2008

Figura 27: Súmula Ambiental – Análise Comparativa 2004 - 2008. Fonte: FIEB, 2009

Gavronski et al. (2008) realizaram um estudo com 63 empresas brasileiras do setor

químico, mecânico e indústrias eletrônicas sobre por que as empresas buscam a certificação

ISO 14001. Foram analisadas as relações entre as motivações e os benefícios relacionados

com a certificação, e quatro fontes de motivação foram identificadas: a reação às pressões das

partes interessadas externas; proatividade na expectativa de interesses de negócio futuro;

preocupações legais e influências internas. As motivações aparecem em dois níveis: as de

primeiro nível ou antecedentes que são as motivações internas e legais, enquanto as de

segundo nível ou consequentes são as motivações reativas e pró-ativas. No quadro 23 são

classificados esses aspectos.

Redmond, Walker e Wang (2008) relata um estudo dos aspectos influenciadores

para gestão ambiental em PME. Os resultados mostraram que, apesar dos proprietários e

gestores das pequenas empresas expressarem preocupação sobre o ambiente, esse fato não se

traduz em boas práticas de gestão.

Duas questões parecem ter maior influência quando se trata de fatores

influenciadores: o nível de recursos disponíveis e as atitudes dos proprietários e gestores das

pequenas empresas. A necessidade das PME em obter benefícios econômicos a partir da

utilização dos seus recursos limitados é considerada um elemento-chave para a ação

ambiental. A percepção empírica de que qualquer mudança operacional irá gerar custos,

torna-os insensíveis à aplicação de boas práticas ambientais. Outro aspecto é a postura ética

do proprietário e gestor com relação ao meio ambiente, cujos valores balizarão o conjunto de

decisões. Muitos acreditam que, por gerarem uma pequena quantidade de resíduos, seus

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95

impactos são desprezíveis, porém o impacto coletivo das PME é considerável. Logo, essa

crença congela a prática de reduzir e dispor corretamente os resíduos tornando-os reativos,

defensivos e, frequentemente, limitam suas ações a atender às exigências legislativas, ou até

mesmo não as cumprir por acharem mais vantajoso correr o risco que implementar ações para

melhorar o meio ambiente (REDMOND, WALKER E WANG, 2008).

NÍVEL DEFINIÇÃO DESCRIÇÃO

Motivações reativas

O site pede uma certificação ISO 14001 em reação a uma situação externa.

� Em resposta a uma demanda das agências ambientais do governo.

� Para obter benefícios fiscais. � Em resposta às demandas de grupos de proteção

ambiental. � Para ter acesso a taxas de juro reduzidas. � Em resposta às demandas de fornecedores Em

resposta às demandas das associações de classe. � Para atingir o nível de desempenho dos

concorrentes. � Em resposta às exigências dos clientes.

Motivações internas

Variáveis internas influenciam o site para obter a certificação ISO 14001.

� Para melhorar o desempenho ambiental. � Para melhorar o processo e o produto de inovação

ambiental. � Para motivar os funcionários. � Em resposta à decisão interna no site. � para identificar os melhores usos de fontes de

energia. � Para obter reduções de custo de produção.

Motivações Proativas

O site pede uma certificação para evitar possíveis problemas com os agentes externos.

� Para melhorar o cumprimento das normas ambientais.

� Para reduzir o risco de passivos. � Para se proteger contra mudanças na legislação

ambiental. � Para cumprir com a legislação ambiental vigente.

Motivações Legais

O site pede uma certificação para ajudar a cumprir com os regulamentos atuais ou futuros.

� Para antecipar as ações dos concorrentes. � Para melhorar a imagem da empresa com os

clientes. � Para melhorar a imagem da empresa com a

sociedade em geral.

Quadro 23 – Aspectos motivadores para gestão ambiental Fonte: Adaptado pelo autor de Gavronski et al (2008)

Um aspecto importante a ser destacado também são os benefícios de implantação da

gestão ambiental. Starkey (1998) destaca os seguintes benefícios:

1. Redução de custos.

2. Conformidade legal.

3. Antecipação da legislação futura.

4. Redução do risco ambiental.

5. Reunião de exigências da cadeia de abastecimento.

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6. Melhoria nas relações com as autoridades reguladoras.

7. Melhoria da imagem pública.

8. Aumento das oportunidades de mercado.

9. Entusiasmo do Empregado.

Dawson (2006) destaca os seguintes benefícios

1. Satisfação do cliente.

2. Atração de novos clientes.

3. Melhor desempenho ambiental.

4. Melhoria da eficiência organizacional e de gestão.

5. Racionalização das atividades.

6. Maior eficiência e qualidade.

7. Melhoria da imagem.

8. Redução de custos.

9. Conformidade legal assegurada.

Hillary (2004) divide os benefícios em internos e externos. Os benefícios internos

identificados podem ser agrupados em três categorias:

� Organizacionais: o SGQ e a qualidade global da gestão são melhorados,

treinamentos e inovação são incentivados.

� Financeiros: economia financeira, rapidez na recuperação dos investimentos,

redução de custo e melhor imagem.

� Pessoais: canais de comunicação, habilidades, conhecimento e atitude, novas

interações entre o pessoal e a gestão, benefícios intangíveis como o reforço

moral.

Os benefícios externos identificados estão agrupados em três categorias:

� Comerciais: atração de novos negócios e clientes, bem como a satisfação das

necessidades dos clientes que são os principais direcionadores da adoção de

SGA pelas PME.

� Ambientais: garantia da conformidade legal, uso de energia e materiais de

forma eficiente, redução do consumo e minimização da geração de resíduos.

� Pessoais: reforço do diálogo e das relações com as partes interessadas,

melhoria da imagem.

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97

A ISO (2005a) realizou uma pesquisa com as pequenas e médias empresas quanto à

Gestão Ambiental. Nesse relatório, foi apresentado o resultado em relação à percepção das

empresas no que diz respeito aos benefícios que a implantação do SGA traria. Esta pergunta

foi respondida por 423 empresas, que obedeceram ao critério de escolher os três itens mais

significativos. Na tabela 5 pode-se verificar o resultado da pesquisa em que na coluna da

esquerda é apresentada o número de respostas das empresas e na coluna da direita os motivos

escolhidos por elas.

Tabela 5 - Benefícios da implantação do SGA

Nº Item

151 Melhorar as conformidades ambientais

141 Requisito do Cliente

130 Aumentar o comprometimento dos empregados

97 Melhorar o gerenciamento de um requisito ambiental específico

79 Atender as necessidades regulatórias

69 Economizar nos custos

55 Aumentar o comprometimento no gerenciamento

53 Facilitar acordo comercial

53 Atender ao mercado doméstico

44 Melhorar o relacionamento com autoridades/agências governamentais

44 Aumentar as vendas

33 Avaliação gerencial mais efetiva

32 Melhorar o resultado com a comunidade ou vizinhança

29 Aumentar a produtividade

14 Oportunidade de exportar para mercados internacionais Fonte: ISO, 2005a.

Pelo resultado apresentado na tabela 5, pode-se verificar que, para as pequenas

empresas, o SGA proporcionará melhora no atendimento à legislação e aos requisitos do

cliente. Itens como oportunidade de exportar para mercados internacionais, aumentar a

produtividade e aumentar as vendas não foram apontados como importante na implantação do

SGA. Provavelmente esse resultado seria diferente caso a pesquisa fosse respondida por

grandes empresas.

Embora existam dúvidas sobre os benefícios econômicos da implantação da gestão

ambiental nas PME, a literatura tem relacionado alguns: melhores taxas de juros e seguros

bancários, a melhoria da imagem e reputação, vantagem técnicas nas licitações públicas,

economia no uso de recursos e redução dos resíduos (WALKER, 2008).

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Oliveira (2005), citando pesquisa realizada pelo CNI/BNDES/SEBRAE de 2001,

afirma que, se a poluição é encarada como um custo econômico, a otimização de insumos e a

redução de poluentes possibilitada pela adoção de tecnologias mais limpas acabam

aumentando a produtividade, gerando, consequentemente, um efetivo ganho ambiental. A

figura 28 apresenta os principais benefícios ambientais alcançados pelo setor industrial de

acordo com a pesquisa.

0

10

20

30

40

50

60

Benefícios 48,5 47,2 47,5 30,5 7 18

Otimização de insumos

Redução emissões de

Controle de efluentes

Controle de resíduos

OutrosNenhum benefício

Figura 28: Benefícios Ambientais. Fonte: Oliveira, 2005

A grande maioria das PME não percebe ou entende os benefícios da abordagem

ambiental. É possível que a formalidade, complexidade e potenciais custos de um SGA criem

uma percepção negativa. Os benefícios mais comuns, citados pelas empresas no processo de

melhoria do desempenho ambiental, são as reduções dos custos operacionais e a motivação

dos empregados. Observa-se que a quantidade de empresas que relatam maiores benefícios

aumenta com o número de empregados, conforme figura 29 (NETREGS, 2009).

Ao questionar por que pequenas empresas necessitam de um Sistema de Gestão

Ambiental, Zorpas (2009) inclui quatro benefícios significativos:

1. Financeiros: um SGA significa menos desperdício e maior eficiência, ou

seja, economia de recursos financeiros. Além disso, muitas companhias de

seguros e banco dão preferência a empresas com riscos ambientais reduzidos.

2. Mercados: clientes e tendências ecológicas estão direcionando uma demanda

de produtos e serviços com melhores perfis ambientais.

3. Legislação: com um SGA efetivo tem menos incidentes ambientais, reduz os

riscos de infração legal, e obtém-se melhor relacionamento com as agências

reguladoras.

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99

4. Comunidade e relações de trabalho: muitas empresas relatam que a força de

trabalho adota a gestão ambiental com entusiasmo e passa a ter um melhor

relacionamento com as comunidades locais.

33%

29%

24%

39%

11% 11%

25%

29%

35%

12%

26%

31%

9%

45%

14%

11%

27% 27%

0%

5%

10%

15%

20%

25%

30%

35%

40%

45%

50%

Reduziu ao custosoperacionais

Aumentou asvendas e

lucratividade

Cresceu pedidosde novos clientes

Aumentou orelacionamentocom os clientes

Reduziu o riscosde multas

Motivação dosempregados

0 - 9 empregados 10 - 49 empregados 50 - 249 empregados

Figura 29: Benefícios experimentados por empresas em melhorar o desempenho ambiental Fonte: NetRegs, 2009

A ISO relaciona benefícios para motivar os gestores no desenvolvimento de

melhores práticas e políticas ambientalmente conscientes (ISO, 2010b):

Toda família ISO 14000 fornece ferramentas de gestão para organizações controlar os seus aspectos ambientais e melhorar seu desempenho ambiental. Juntas, essas ferramentas podem proporcionar significativos benefícios econômicos tangíveis, incluindo:

� Redução de matérias-primas / utilização de recursos; � Redução do consumo de energia; � Melhoria da eficiência do processo; � Redução da geração de resíduos e dos custos de disposição, e � Utilização dos recursos renováveis.

Gavronski et al. (2008) no artigo sobre por que as empresas buscam a certificação

ISO 14001, procuraram correlacionar as motivações com os benefícios auferidos pelas

empresas. Os benefícios foram classificados conforme quadro 24.

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100

Apesar dos vários benefícios resultantes da implantação da gestão ambiental, muitos

pesquisadores se questionam porque tão poucas PME possuem sistemas de gestão

implantados.

NÍVEL DEFINIÇÃO DESCRIÇÃO

Benefícios de produtividade

Benefícios perceptíveis de produtividade, da perspectiva de operações.

� Redução de uso de recursos: energia. � Redução de uso de recursos: matérias-primas. � Redução de uso de recursos: água. � Otimização do processo de fluxos materiais. � Redução de custos produção. � Maior motivação dos funcionários.

Benefícios financeiros

Benefícios financeiros percebidos derivados da certificação ISO 14001.

� Oportunidade de obter fundos de investimento organizações governamentais.

� O acesso a créditos especiais, com taxas de juro reduzidas.

� Redução de prêmios de seguro. Benefícios Sociais

Benefícios percebidos no relacionamento com agentes externos (governo e sociedade).

� Melhoria da imagem corporativa para a sociedade em geral.

� Redução da suscetibilidade ambiental. � Melhor cooperação das autoridades ambientais.

Benefícios de mercado

Benefícios sentidos no relacionamento com as empresas (clientes, concorrentes e fornecedores).

� Vantagens competitivas. � Efeitos positivos sobre o mercado e com os

clientes. � Oportunidade para dar o exemplo para os

fornecedores.

Quadro 24 - Benefícios da Gestão Ambiental Fonte: Adaptado pelo autor de Gavronski et al (2008)

As PME não se comprometem com a gestão ambiental, pela crença que necessitam

aplicar tempo e recursos muitas vezes não disponíveis, pois precisam concentrar esforços em

assuntos da sobrevivência do negócio, tais como pagamento de contas, fornecimento dos

produtos e busca de novos clientes. Logo essas atividades são vistas como um luxo que elas

não podem pagar (STARKEY, 1998).

O tema relativo a barreiras e inconveniências na implantação da gestão ambiental

em PME é analisado por determinados autores, porém devido à natureza heterogênea do setor,

várias discordâncias são encontradas, e muitas vezes o que vale para algumas empresas não é

encontrado em outras.

Hillary (2000) argumenta que existem barreiras internas e externas para a adoção de

sistema de gestão ambiental nas PME além dos inconvenientes que surgem durante o

processo de implantação. Essa tipificação pode ser verificada no quadro 25.

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101

INCONVENIENTES:

Recursos: mais recursos do que o esperado, em termos de custos, tempo e / ou competências eram necessários, o custo de certificação / validação

Falta de recompensas: não reconhecimento do mercado

Surpresas: qualidade dos consultores que orientam um sistema complexo, enfatizando muita burocracia e não o desempenho ambiental.

BARREIRAS

INTERNAS EXTERNAS

Recursos: falta de recursos humanos, natureza multifuncional do pessoal,

Certificadores/examinadores: custo com a certificação

Entendimento e percepção: falta de consciência dos benéficos, preocupação com uma fiscalização, percepção de burocracia.

Econômicas: benéficos insuficientes, dúvidas quanto ao valor dado pelo mercado ao SGA

Implementação: interrupções na condução do processo, dúvidas na identificação de impactos ambientais

Fraquezas institucionais: falta de uma clareza na estrutura legal, falta de uma estrutura de apoio de informação da legislação,

Atitudes e cultura da empresa: cultura negativa, inconsistência e falta de apoio dos proprietários, experiência negativa com a ISO 9001.

Guias e suporte: falta de experiência dos consultores em PME, falta de ferramentas e exemplos para o setor, falta de guias sobres aspectos ambientais e sua significância

Quadro 25 – Inconvenientes e barreiras à gestão ambiental em PME Fonte: Hillary, 2000

A falta de recursos é apontada como a principal barreira interna na introdução do

SGA nas PME para Hillary (2000), Biondi et al. (2000), Walker(2008) e Starkey (1998). No

entanto Hillary (2000) e Biondi et al. (2000) identificaram como recursos humanos, ao invés

dos financeiros, a maior barreira de implantação do SGA. Quando se deslocam esses recursos

necessários para implementar um SGA, sua falta pode prejudicar outras áreas da empresa.

Falta de consciência e compreensão é vista como outro entrave. As pequenas

empresas podem, muitas vezes, reconhecer a necessidade de um melhor desempenho

ambiental, porém as questões ambientais são tratadas de forma reativa sem nenhuma

priorização (DAWSON, 2006).

Criar atitudes positivas no ambiente de trabalho e alcançar a necessária mudança

cultural são barreiras internas, cujo compromisso da direção é crucial para o sucesso de um

projeto do SGA (HILLARY, 2004).

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102

Hillary (2004) afirma que o processo de implementação frequentemente é

interrompido devido à falta de recursos, ou pela perda de interesse pelos empresários no que

diz respeito a questões mais fundamentais para o negócio. Isso pode eventualmente

desestimular a continuidade do processo. Aliado a isso, as normas ISO 14000 e EMAS são

escritas em uma forma que é difícil para as PME entenderem, faltando eventualmente até

competência técnica para identificar os aspectos relevantes e avaliar sua significância

(DAWSON 2006).

Os custos econômicos são vistos como um grande obstáculo à implementação de um

SGA certificado com base nas normas ISO 14000 ou EMAS. Nas PME, muitas vezes os

gerentes e proprietários não percebem benefícios em face dos investimentos necessários para

a adoção de um SGA formal, e levantam dúvidas sobre as vantagens de uma certificação

(HILLARY 2000).

As pequenas empresas dificilmente se interessam em assumir um papel ativo nas

questões ambientais se não houver pressões de qualquer das partes interessadas. Sem pressão,

mesmo quando os impactos ambientais são consideráveis, as ações corretivas serão sempre

tomadas a fim de evitar custos, não para a sustentabilidade ou a proteção do ambiente

(ZORPAS, 2009).

Burke e Gaughran (2006), ao obterem informações de práticas ambientais nas PME,

identificaram barreiras semelhantes àquelas apresentadas em pesquisas anteriores. A “falta de

demanda” foi o principal inibidor, seguido da falta de financiamento e de recursos, e falta de

capacidade técnica. Além disso, verificou-se que a maioria dos entrevistados consideraram os

impactos ambientais tão insignificante que não era economicamente justificável investir na

sua redução .

Na pesquisa realizada pela ISO com as pequenas e médias empresa, foram

questionadas as razões em não se implantar o SGA. Esta pergunta teve 666 respostas que

podem ser verificadas em ordem decrescente na tabela 6 (ISO, 2005a) .

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103

Tabela 6 - Razões para não implantar um SGA

ITEM %

Custo da Certificação 50%

Falta de recursos financeiros 49%

Falta de recursos humanos 48%

Não é requisito do cliente 45%

Falta de tempo 43%

Custo da implementação 43%

Não há suporte de marketing 39%

Falta de suporte da alta administração 38%

ISO 14001 é muito burocrática para o tamanho de nossa empresa

32%

Falta de conhecimento da ISO 14001 na organização 29%

Grau de documentação/formalidade requerido 29%

Falta de funcionários treinados 23%

Atitude da gerência contrária à implantação da ISO 14001 23%

Implantação muito difícil 20%

Falta de suporte do governo 18%

Falta de disponibilidade de um guia prático 15%

ISO 14001 não traz melhorias 12%

Atitude dos funcionários contrária à implantação da ISO 14001

11%

Falta de compatibilidade com o sistema de gestão existente 10%

Outros 9% Fonte: ISO, 2005a.

Como se pode observar, o custo com a certificação é apontado como o principal

fator impeditivo, de acordo com a opinião das pequenas empresas. A falta de recursos

financeiros e humanos vem logo em seguida. Segundo Brauns (2006), o cliente tem um

importante papel na implantação do SGA, uma vez que as pequenas empresas relataram que

não optaram pelo SGA porque não foi solicitado por seus clientes (BRAUNS, 2006).

No que tange às questões ligadas ao meio ambiente, as PME apresentam diversas

características estruturais e comportamentais específicas relacionadas à questão ambiental

conforme listado abaixo (AHORN, 2006):

� Falta de consciência quanto aos desafios ambientais que estão diante delas.

� A suposição de que as suas atividades empresariais exercem efeitos

desprezíveis sobre o meio ambiente.

� Conhecimento insuficiente e parcial sobre as regulamentações relevantes e

sobre programas de fomento, de tal forma que estas empresas

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104

frequentemente desempenham um papel apenas secundário no debate sobre o

meio ambiente.

� O comportamento relacionado ao meio ambiente é costumeiramente dirigido

por determinações ou pressões públicas, e menos por uma ética ambiental.

� Integração deficiente das atividades relacionadas ao meio ambiente nas

atividades centrais da empresas.

� Elevada vulnerabilidade aos riscos globais, devido à reduzida diversificação

e limitada capacidade de gestão voltada à prevenção.

A pesquisa sobre gestão ambiental na indústria realizada pela FIRJAN em 2008

apontou as principais dificuldades para a melhoria ambiental nas empresas. A conscientização

ambiental foi a resposta mais citada entre as grandes, médias e a terceira entre as pequenas

empresas. A falta de recursos financeiros destaca-se entre as grandes e pequenas. Atender às

exigências de órgãos ambientais foi a segunda resposta mais citada pela empresas de médio

porte, enquanto para as pequenas empresas, destacou-se a dificuldade em conseguir licença

ambiental ou orientação de órgãos públicos.

6,8%

8,4%

6,8%

9,2%

25,4%

12,5%

14,3%

Pequeno Porte

Médio Porte

Grande Porte

Conscientizaçãoambiental

Falta de recursos

Atender exigências deórgãos ambientais

Figura 30: Principais dificuldades para melhoria ambiental Fonte: FIRJAN, 2009

No próximo item, será apresentada a metodologia utilizada neste estudo, e em seguida,

a discussão e análise dos resultados tendo como base a pesquisa bibliográfica realizada.

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105

4. METODOLOGIA

A metodologia utilizada neste trabalho foi a de uma pesquisa quanti-qualitativa

caracterizada como exploratória, cujo procedimento para coleta de dados foi o estudo de caso.

A pesquisa exploratória é realizada no sentido de proporcionar uma visão geral acerca

de determinado fato. Quando o tema escolhido é bastante genérico, ela constitui a primeira

etapa da investigação e, como resultado, tem-se um problema mais clarificado, passível de

pesquisas mais precisas em estudos posteriores (GIL, 1996).

Haguette (apud Macedo, 2003) afirma que a pesquisa qualitativa tem características de

uma pesquisa empírica; pois, ao invés de aplicar esquemas de procedimentos científicos,

enfatiza a necessidade de reconhecer, em primeira instância, o caráter peculiar do objeto

pesquisado, apoiada numa teoria sobre a natureza e características deste objeto, de forma a

nortear todo o trabalho da pesquisa. O uso da pesquisa qualitativa muitas vezes está

relacionado com a impossibilidade de obtenção de dados estatísticos ou por razões de custo e

rapidez na pesquisa. Contudo, a pesquisa qualitativa permite a compreensão de certos

fenômenos não abordados pelos métodos estatísticos, como o processo dinâmico vividos por

grupos sociais. Citando ainda a mesma fonte, Macedo (2003) enfatiza que o melhor método é

aquele que se adapta ao tipo de objeto de estudo: os métodos quantitativos supõem uma

população de objetos de observação comparável entre si e os métodos qualitativos enfatizam a

especificidade de um fenômeno em termos de suas origens e de sua razão de ser.

A principal diferença entre uma abordagem qualitativa e uma quantitativa reside no

fato de que a abordagem qualitativa não emprega um instrumento estatístico como base do

processo de análise do problema. Na abordagem qualitativa, não se pretende numerar ou

medir unidades ou categorias homogêneas (RICHARDSON, 1999).

O estudo de caso é um método que se utiliza de poucos objetos e se fundamenta na

ideia de que a análise de uma unidade de determinado universo possibilita a compreensão da

generalidade do mesmo, porém não é comum a ocorrência de limitação e dificuldade de

generalização dos resultados, principalmente porque a unidade escolhida para o estudo pode

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106

ser atípica em relação às outras, gerando conclusões que não são aplicáveis a elas, não

podendo ser estendidas ao todo (GIL,1996).

Todavia, a adoção do estudo de caso é bastante frequente devido à sua simplicidade e

economia, tanto que Gil (1996) chega a afirmar que ele é altamente recomendado para os

estudos exploratórios, pois, em função de sua flexibilidade, é indicado para as fases iniciais de

uma investigação sobre temas amplos e complexos.

Para Yin (2002) se o objetivo de um estudo de caso é aprofundar o conhecimento de

uma unidade, essa profundidade é alcançada quando se presencia o fenômeno junto ao

indivíduo. Logo, é importante que a etapa de coleta de dados seja feita de forma direta por

meio de multimétodos como observação direta, análise de documentos, entrevistas e

questionários com o objetivo de reunir o maior número possível de pontos de vista, bem como

outras informações pertinentes de observação do objeto de estudo.

A observação direta consiste em examinar, pessoalmente, fatos/fenômenos que se

desejam estudar e não apenas ver ou ouvir, permitindo evidenciar dados não aparentes em

questionários ou roteiros de entrevistas porém, apesar de ser um instrumento simples que

possibilita meios diretos e satisfatórios para estudar uma amplitude de fenômenos, apresenta

algumas limitações, tais como: o sujeito observado tende a criar impressões favoráveis ou não

do observador, à medida que tem a ciência de ser observado, bloqueando a espontaneidade e

dificultando a observação do fato por parte do pesquisador; fatores imprevistos podem

interferir na tarefa do pesquisador e podem ser perdidos aspectos importantes, a depender do

nível de percepção do pesquisador (RIBEIRO apud MACEDO, 2003).

A pesquisa documental considera documento qualquer registro que possa ser usado

como fonte de informação, podendo ser: regulamentos, atas de reunião, cartas etc. Ela usa

materiais que ainda não receberam tratamento analítico (documentos de primeira mão), como

reportagens de jornal, contratos, dentre outros; ou materiais que já foram analisados de

alguma forma e que ainda podem ser reelaborados de acordo com os objetivos da pesquisa

(documentos de segunda mão), como relatórios de empresas (ALVES-MAZZOTTI e

GEWANDSZNAJDER, 2002).

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107

Segundo Gil (1996), questionário e entrevista são técnicas semelhantes, porém na

entrevista as questões são formuladas oralmente às pessoas, que as respondem da mesma

forma, e no questionário as questões são apresentadas por escrito. O questionário tem como

vantagens a possibilidade de alcançar um grande número de pessoas, mesmo estando longe do

entrevistador; demanda menor custo e permite que as pessoas o respondam no momento mais

conveniente para elas.

Por outro lado, o distanciamento entre o entrevistado e o entrevistador causa algumas

limitações do método, como: o esclarecimento das questões quando o respondente não

entende corretamente as questões e não oferece a garantia de que os entrevistados preencherão

devidamente o questionário, o que pode implicar em um retorno reduzido de respostas

representativas (GIL, 1996).

Alves-Mazzotti e Gewandsznajder (2002) reforçam que, por sua natureza interativa, a

entrevista permite explorar temas em uma profundidade que dificilmente é alcançada com

outros métodos. Eles afirmam que raramente as entrevistas qualitativas são do tipo

estruturada, sendo mais utilizadas as semi-estruturadas ou as não estruturadas. Nas semi-

estruturadas, o entrevistador faz perguntas específicas, mas a entrevista não tem de se

restringir a elas, outros tópicos podem ser introduzidos tanto pelo entrevistador como pela

entrevistado. Já nas não estruturadas, o entrevistador apenas introduz o tema da pesquisa e

pede ao entrevistado fale sobre ele.

Para o desenvolvimento desta pesquisa o estudo de caso selecionado foi o Programa

de Qualificação de Fornecedores – PQF.

4.1 DESENVOLVIMENTO DA PESQUISA

Este estudo, uma pesquisa sobre gestão ambiental empresarial abrangendo o

Programa de Qualificação de Fornecedores - PQF e as pequenas empresas participantes,

envolveu uma investigação documental de dados primários e secundários obtidos em registros

fornecidos pelo IEL, que coordena esse programa, e em pesquisa realizada sobre esse tema.

Foram analisados perfis das empresas participantes, os diagnósticos, o processo do programa,

os resultados de indicadores acompanhados e a evolução da gestão pelas empresas.

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108

A identificação de iniciativas para PME aprimorarem o desempenho ambiental foi

realizada por meio de pesquisa bibliográfica de dados coletados de fontes primárias, ou seja,

de trabalhos originais e publicados pela primeira vez pelos autores em monografias,

dissertações, teses, livros, relatórios técnicos, artigos, etc., e de fontes secundárias que contêm

trabalhos não originais e que basicamente citam, revisam e interpretam trabalhos originais.

Esses dados foram coletados e examinados com foco na população do estudo: PME

fornecedoras de produtos e serviços de grandes indústrias do estado da Bahia participantes do

PQF.

Para identificar os fatores motivadores, dificuldades e barreiras para adoção da

gestão ambiental nas PME, foi efetuado igualmente um levantamento da literatura sobre este

assunto. Foram pesquisados autores que publicaram artigos em revistas de reconhecimento

internacional, visando estabelecer correlações entre o comportamento de empresários de

outros países com os integrantes do universo pesquisado.

A análise da percepção das PME quanto às iniciativas de gestão ambiental, e das

características do PQF, realizou-se por meio de uma pesquisa de campo. Segundo Vergara

(2000), pesquisa de campo é uma investigação realizada no local onde ocorre ou ocorreu um

fenômeno ou que dispõe de elementos para explicá-lo, podendo-se valer ou não de entrevistas,

aplicação de questionários ou testes. A amostragem para a pesquisa foi não-probabilística

intencional, ou seja, a seleção da amostra não é aleatória e depende em parte do julgamento

do pesquisador visando selecionar empresas que se constituam boas fontes de informação

para o alcance do objetivo proposto.

O instrumento de coleta de dados é um questionário com perguntas abertas e

fechadas, visando obter a percepção por parte dos participantes do PQF em relação aos

benefícios e dificuldades encontradas, além de contribuições de melhoria para o programa. Os

dados foram tratados em forma de tabelas e gráficos para facilitar a análise e a proposição de

alternativas. No quadro 26, são relacionados os objetivos relativos aos métodos e aos

resultados.

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109

Objetivo Geral:

Identificar e analisar os desafios das Micro e Pequenas Empresas participantes do PQF para implantação da

gestão ambiental, em especial a motivação, dificuldades e barreiras encontradas por elas no processo e propor alternativas para adoção das melhores iniciativas.

Objetivos Específicos Métodos Resultados

Identificar as iniciativas de gestão ambiental mais utilizadas.

Pesquisa bibliográfica de dados coletados de fontes primárias e secundárias.

Pesquisa de campo dentro do universo dos participantes do PQF

Referencial Teórico.

Quantificação das iniciativas mais utilizadas.

Identificar as motivações, barreiras e dificuldades encontradas no processo de adoção da Gestão Ambiental.

Pesquisa bibliográfica de dados coletados de fontes primárias e secundárias

Pesquisa de campo dentro do universo dos participantes do PQF.

Referencial Teórico.

Qualificação das principais motivações, barreiras e dificuldades.

Analisar as percepções das Micro e Pequenas Empresas do Estado da Bahia, participantes do PQF com relação às características do programa.

Pesquisa de campo dentro do universo dos participantes do PQF.

Avaliação da metodologia do PQF na visão das empresas participantes.

Propor alternativas para a implantação da Gestão Ambiental nas Micro e Pequenas Empresas.

Pesquisa de campo dentro do universo dos participantes do PQF.

Proposição de opções visando melhorias no programa e na aplicação da gestão ambiental.

Quadro 26 – Objetivos da pesquisa, metodologia empregada e resultados alcançados

4.2 IDENTIFICANDO AS ORGANIZAÇÕES

Detalhes das organizações envolvidas com o programa foram obtidos a partir do

registro das empresas no site do PQF. Foi observado que as organizações envolvidas no

projeto estão em vários estágios de desenvolvimento, com, por exemplo, empresas que estão

no programa há mais de três anos e só alcançaram estágios intermediários, outras em apenas

um ciclo implementaram todos os critérios, foram avaliadas e receberam o selo diamante,

referente ao nível avançado.

Portanto, os critérios utilizados para selecionar as empresas envolvidas na pesquisa

incluem:

1. Empresas com o nível básico, intermediário e avançado;

2. Tempo de participação no programa;

3. Setor do participante.

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110

Uma vez que frequentemente novas organizações são inscritas no programa, foram

consideradas as empresas que completaram o ciclo de capacitação e consultoria no ano de

2009.

4.3 ABORDAGEM UTILIZADA NO CONTATO COM AS ORGANIZAÇÕES

Figura 31 ilustra a abordagem da identificação e contato com as organizações

envolvidas na pesquisa. Um e-mail inicial é enviado às organizações que atendem aos

critérios detalhando os objetivos da pesquisa e as vantagens em participar. Em seguida são

feitas chamadas telefônicas para contatar organizações que não responderem. Além disso,

uma chamada telefônica a mais é necessária para algumas organizações a fim de marcar uma

hora conveniente para conduzir entrevista.

Figura 31: Organização da abordagem de contacto

Identificar as empresas no Banco de dados do PQF

Enviar e-mail detalhando a

pesquisa

Ligar e marcar entrevista

Acompanhar por telefone

Entrevista?

Não

Sim

Enviar Questionário

Conduzir a entrevista

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111

4.4 DESCRIÇÃO DA AMOSTRA

Em 2009, havia no site do PQF cento e vinte e seis empresas cadastradas e elegíveis

para serem contatadas. No entanto, na etapa do desenvolvimento do projeto de pesquisa,

quando da validação do questionário de coleta de dado da pesquisa de campo foram

selecionadas e entrevistadas, desse grupo, três empresas classificadas como nível básico, três

como intermediário e três como avançado.

Em toda a pesquisa que envolve grandes amostras, presume-se obter uma taxa de

reposta adequada de organizações que completem a investigação, apesar de esperar

dificuldade para entrar em contato com o responsável em cada empresa, uma vez que os

respondentes possuem múltiplas atribuições e tempo limitado, o que normalmente é um fator

limitante da taxa de resposta.

Para o cálculo da amostra, foi utilizada a fórmula para o cálculo do tamanho mínimo

de amostra (FREUND, 2006):

)(

.

0

0

nN

nNn

+=

Sendo 2

00 )(

1

En = em que:

E0 é o erro amostral tolerável, N é o tamanho da população, n é o tamanho da amostra, n0 é a primeira aproximação para o tamanho da amostra.

Para um erro amostral tolerável de 10% e uma população de 126 empresas a amostra

mínima é de 54 empresas. Com relação ao índice de confiança, admitindo-se um valor de 95%

o tamanho da amostra é praticamente o mesmo, ou seja, 55 empresas, calculado a partir da

fórmula (FREUND, 2006):

))1.((.25,0

..25,020

2

2

−+=

NEZ

NZn

em que:

Z é o nível de confiança para 95% (1,96). Logo, para este estudo, buscou-se alcançar uma amostra mínima de cinquenta e cinco

empresas com erro de 10% para obter o nível de confiança correspondente a 95%.

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112

4.5 JUSTIFICATIVA DA TÉCNICA DE PESQUISA

Segundo Dawson (2006) pesquisas envolvendo PME apresentam índices de resposta

frequentemente baixo, geralmente em torno de 10%. O autor também relata que entrevistas

têm respostas superiores aos questionários autoexplicativos. Portanto, a fim de alcançar uma

alta taxa de resposta possível, a utilização de entrevistas juntamente com o questionário é o

método mais eficaz. No quadro 27, são apresentadas as vantagens e desvantagens da

utilização dos métodos de coleta de informações.

Método Vantagens Desvantagens

Correio: esse método envolve o envio do questionário para os respondentes predeterminados com uma carta explicativa. Em geral usado quando há um grande número de respondentes geograficamente dispersos. Com o advento da internet tem caído em desuso.

• Maior acesso e abrangência • Anonimato • Custo relativamente baixo • Grande amostra • Respondentes completam o

questionário em seu próprio ritmo

• Os questionários devem ser simples

• Baixa taxa de retorno • Esclarecimentos não são

possíveis • Acompanhamento da falta de

retorno é difícil

Pessoalmente: Exige contato direto com os respondentes. Em geral utiliza pequenas amostras para examinar as opiniões; usada quando se lida com questões sensíveis.

• Estabelecimento de empatia e interesse pelo estudo

• Sondagem de questões complexas

• Esclarecimento das dúvidas dos participantes

• Alta taxa de resposta

• Demorado e oneroso • Pode ocasionar tendenciosidade • Dificuldade de obter amplo

acesso • Amostra relativamente pequena

Telefone: é uma forma de entrevista pessoal usada para obter informações rapidamente. Em geral, é usada para ter acesso a respondentes geograficamente dispersos.

• Contato pessoa • Ampla cobertura geográfica • Acesso fácil e rápido • Pode ser feito com o auxílio de

um computador • Fácil administração

• Pouco tempo • Limitado aos que têm telefone • Pode ser caro

Internet : utilizando-se do e-mail, está se tornando o meio mais popular para coleta de dados.

• Baixo custo • Alcance mundial • Rápida captação e análise dos

dados

• Perda do anonimato • Pode ser complexo para criar e

programar • Limitado aos que têm

computador. Quadro 27 – Vantagens e desvantagens dos métodos de coleta de informações Fonte: HAIR, 2005

O questionário elaborado foi publicado em um site, para que os respondentes

pudessem acessar a home page da pesquisa através de um link enviado por e-mail e, dessa

forma, postar suas respostas, as quais eram compiladas automaticamente.

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113

Para complementar a coleta de dados, utilizou-se o telefone como instrumento de

apoio visando obter o comprometimento dos entrevistados em fornecer os dados e criar uma

relação mais próxima do que uma mensagem formal de e-mail.

4.6 CONTEÚDO E PROJETO DO QUESTIONÁRIO DE PESQUISA

A fim de alcançar os objetivos da pesquisa, uma revisão abrangente da literatura foi

conduzida, o que permitiu identificar vários temas para serem utilizados na concepção do

questionário. O quadro 28 descreve a literatura utilizada e os temas identificados na

concepção das perguntas do questionário. Após os temas da literatura terem sido

identificados, cada uma das perguntas no questionário foi concebida para abranger estes

temas. O tipo de pergunta foi determinado para então formular cada questão. A programação

do questionário constou de 13 perguntas fechadas e 4 perguntas abertas (ver Apêndice).

A maioria dos itens do questionário foi do tipo fechado. Estas perguntas permitem

que as questões-chave relativas à qualificação da importância dos fatores motivadores,

benefícios, conscientização, suporte, internalização de iniciativas e sua eficácia possam ser

respondidas. Hair (2005) identifica as vantagens do uso de perguntas fechadas como sendo:

• facilmente processada,

• facilidade na comparação das respostas, e

• significado claro das perguntas.

No entanto, as perguntas 3, 10, 14 e 17 foram concebidas como questões abertas,

permitindo a utilização de termos próprios dos entrevistados. Isto permitiu uma variação nas

respostas sobre como os apoios oferecidos pelo PQF poderia ser melhorado com novos

participantes e ações junto às empresas âncoras. Em algumas perguntas, foi solicitado um

simples Sim ou Não como resposta, enquanto outras perguntas foram concebidas utilizando

uma escala de Likert.

O esquema do questionário foi testado com um consultor profissional e membro da

equipe de consultores do IEL. O estudo piloto revelou que algumas das questões necessitavam

de pequenas alterações, o que foi atendido. Caso o retorno dos questionários não fosse

suficiente para atender tamanho da amostra, seriam realizadas entrevistas por telefone,

solicitando, inclusive, que os respondentes opinassem sobre a importância das iniciativas de

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114

gestão ambiental, seu grau de utilização e da possibilidade de envolvimento futuro com novos

instrumentos.

Tema Referencia da Literatura Nº da Questão

Questão

Motivadores para implantação da gestão ambiental

ISO (2005a); Dawson (2006); COTÉ (2008).; Burke (2005); FIRJAN (2009); FIEB (2009); Gavronski et al (2008); Redmond (2007)

Q2, Q4 Porque a organização decidiu implantar gestão ambiental?

Benefícios por adotar a gestão ambiental

Starkey (1998); Dawson (2006); Hillary (2004); Walker (2008); Oliveira (2005), NETREGS (2009); Zorpas (2009)

Q5 Quais os benefícios obtidos?

Barreiras e dificuldades para implantação da gestão ambiental

Starkey (1998); Hillary (2000); Brawn (2006); Zorpas (2009); Dawson (2006);

Q6 Quais as dificuldades encontradas?

Reconhecimento Hillary (2000), ISO (2005a) Q7, Q8 O reconhecimento mudou?

Iniciativas de Gestão Harres (2004) Fang (2001); EMAS (2008). Arvanitoyannis, (2008); CERES (2010); Furtado (2003); Cajazeiras (2005); Barbieri (2007); Seiffert (2008); ISO 14001; Macedo (2003) Grummt Filho e Watzlawick (2008); Rao (2006); Burke (2006); Perroto (2008); Jasch (2000); GEN (2004); Preussler, (2008); Barboza (2001); EPA (2006); Crittenden and Kolaczkowski (1995); BS 8555, Coelho (2004) e Teixeira (2001)

Q9, Q10 Que iniciativas têm sido aplicadas?

Suporte e sensibilização para o programa

Dawson (2006); Blake (2009); Chen (2004); Birchall (2005)

Q1, Q3, Q12, Q13

Que fatores sensibilizaram a participação? Quão importante é o suporte?

Melhoria do apoio e eficácia do programa

Dawson (2006); Blake (2009); Chen( 2004); Birchall (2005)

Q11, Q14, Q15, Q16, Q17

Que elementos foram eficazes e como o apoio pode ser melhorado?

Quadro 28 - Temas e Literatura do questionário de pesquisa

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115

5. DISCUSSÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS

Ao realizar a pesquisa documental preliminar de dados obtidos em documentos

fornecidos pelo Instituto Eulvado Lodi – IEL, como o Manual do Programa, Folders

Apresentações, e acesso ao portal do programa, foram constatadas algumas informações:

Empresas Fornecedoras Beneficiadas cadastradas e avaliadas em 2009: 126

Segmentos:

� Usinagem;

� Caldeiraria;

� Construção Civil;

� Serviços:

− Pintura / Jateamento;

− Engenharia;

− Manutenção;

− Inspeção de Equipamentos;

− Consultoria Ambiental e Logística;

− Aluguel de Máquinas;

− Transportes de Materiais;

− Colheita Mecanizada de Eucalipto.

Com relação aos dados de 2009, foi verificada no Portal a existência de 116

empresas com avaliações postadas. Dessas, vinte e sete empresas apresentam uma avaliação

entre 7,01 e 10; dezoito empresas ente 5,01 e 7,0 e setenta e uma empresas com avaliações

abaixo de 5,0 ou sem avaliação.

Não foi possível verificar nos dados e informações obtidos no portal, o índice de

satisfação referente à avaliação das empresas-âncoras e fornecedoras quanto ao programa,

nem os dados alusivos à avaliação das empresas-âncoras quanto aos serviços dos

fornecedores, já que esses dados são específicos das empresas.

Como instrumento de pesquisa visando obter informações sobre a percepção da

Gestão ambiental nas PME participantes do PQF e identificar as principais motivações e

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116

dificuldades encontradas no processo de Gestão ambiental, o questionário apresentado no

Apêndice foi validado com seis empresas em um piloto representando 10% da amostra, antes

de proceder à efetiva pesquisa de campo.

Seguindo a metodologia apresentada no capitulo anterior, os dados das organizações

foram obtidos do site do PQF e arquivado numa planilha Excel para acompanhamento do

status de retorno das respostas. Inicialmente foi solicitado que a coordenação do IEL enviasse

um comunicado, informando as empresas da atividade de pesquisa que seria realizada.

Posteriormente, foi encaminhado, via e-mail, o link na internet da página do questionário,

cujas respostas poderiam ser respondidas diretamente.

Conforme preconizado por Dawson (2006), a taxa de retorno nesse primeiro

momento alcançou um valor inferior a 10% de questionários respondidos. Nesse sentido, foi

iniciado o contato por telefone, visando marcar entrevista ou ainda, no caso de dificuldades

com o link na internet, enviar o questionário em arquivo Word por e-mail.

Durante a marcação da entrevista por telefone, foi constatado um outro aspecto

quando da realização de pesquisas com PME, a grande dificuldade no agendamento com o

responsável de cada empresa, face ao seu tempo limitado e múltiplas atribuições. Esse fato

causou sobremaneira atrasos no alcance da meta estabelecida de 95% do nível de confiança da

amostra para a população com um erro amostral de 10%.

Da população de 126 empresas, cinquenta e cinco responderam o questionário

alcançando a meta proposta, e essa amostra é qualificada em sua maioria (47%) como

Pequena. As microempresas correspondem a 35%, e as médias a 18%, do total. Quanto ao

setor, 78% estão qualificadas como empresas de prestação de serviços.

Em relação ao tempo de participação no programa, a amostra foi dividida entre as

empresas com até um ano; de um a dois anos; de dois a três anos, e mais de três anos.

Procurou-se obter uma distribuição equitativa, apesar de o número de empresas com menos de

um ano representar apenas 11% do total. No entanto, esse fato não influenciou os resultados,

pois foi disponibilizada no questionário a opção “Não Sei” para as empresas que não tinham

uma opinião formada a respeito de certos critérios. Nos diagramas a seguir são apresentadas

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117

as informações dos respondentes quanto ao tempo de participação no programa e ao estágio

de atendimento aos requisitos.

Quanto ao estágio do atendimento aos requisitos do questionário de avaliação do

IEL, verifica-se também que a amostra é representativa nesse aspecto, apesar de apenas 13%

das empresas atenderam menos de 50% dos requisitos do programa. Nas figuras 32 e 33 são

evidenciados esses aspectos.

0 a 1 ano11%

2 a 3 anos27%

mais de 3 anos31%

1 a 2 anos31%

0 a 1 ano 6 11%

1 a 2 anos 17 31%

2 a 3 anos 15 27%

mais de 3 anos 17 31%

Figura 32: Tempo de participação no PQF

100%; 15

70 a 99%; 14

50 a 70%; 19

0 a 49%; 7

0 a 49% 7 13%

50 a 70% 19 35%

70 a 99% 14 25%

100% 15 27%

Figura 33: Estágio de cumprimento dos requisitos do questionário de avaliação do IEL

Ao realizar uma análise bivariável entre esse dois aspectos (Tabela 7), observa-se

que os dados da amostra parecem sugerir uma associação entre o tempo de permanência da

empresa no PQF e o estágio de cumprimento dos requisitos do questionário. Enquanto as

empresas com menos de um ano encontram-se nos estágios iniciais (50%), a maior parte das

empresas pesquisadas com mais de três anos de programa atendem plenamente aos requisitos

(47,1%).

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118

Tabela 7: Distribuição do tempo da empresa no PQF e o estágio de cumprimento dos requisitos do questionário

Estágio de cumprimento dos requisitos do questionário Tempo da empresa no PQF

0 a 49% 50 a 70% 70 a 99% 100%

Total

0 a 1 ano 3 (50,0) 2 (33,3) 1 (16,7) 0 (0,0) 6 (100)

1 a 2 anos 1 (5,9) 11 (64,7) 3 (17,3) 2 (11,8) 17 (100)

2 a 3 anos 2 (13,3) 3 (20,0) 5 (33,3) 5 (33,3) 15 (100)

Mais de 3 anos 1 (5,9) 3 (17,3) 5 (29,4) 8 (47,1) 17 (100)

Total 7 (12,7) 19 (34,5) 14 (25,5) 15 (27,3) 55 (100,0)

NOTA: Os números entre parênteses são percentagens em relação aos totais das linhas

Para verificar a significância da associação entre as duas variáveis, utilizou-se o teste

quiquadrado. Nesse teste, calcula-se o χχχχ2 e compara-se com o valor tabelado para um índice

de 95% de confiança (0,05). O valor calculado de χχχχ2 foi de 53,6, e como este é maior que do

que o valor tabelado para a nove graus de liberdade (16,92), pode-se admitir que a relação

entre as variáveis não deve ser meramente casual, ou seja, há uma associação entre as duas

variáveis. A seguir serão discutidos os resultados obtidos quanto aos objetivos estabelecidos e

aos temas propostos no quadro 28 citado anteriormente.

Por que a organização decidiu implantar gestão ambiental?

Tabela 8: Principais razões para a adoção de iniciativas de Gestão Ambiental

AVALIAÇÃO DO GRAU DE IMPORTÂNCIA

MOTIVAÇÃO Nenhuma (1)

Pouca (2)

Média (3)

Importante (4)

Muito (5)

Conscientização social e ambiental 0 (0,0) 1 (1,8) 2 (3,6) 6 (10,9) 46 (83,6)

Atendimento à legislação 0 (0,0) 1 (1,8) 4 (7,3) 10 (18,2) 40 (72,7)

Redução os resíduos 0 (0,0) 2 (3,6) 1 (1,8) 16 (29,1) 36 (65,5)

Melhoria da imagem da empresa 0 (0,0) 2 (3,6) 4 (7,3) 18 (32,7) 31 (56,4)

Diminuição do custo de produção 2 (3,6) 6 (10,9) 10 (18,2) 10 (18,2) 27 (49,1)

Pressão dos clientes e do mercado 0 (0,0) 7 (12,7) 8 (14,5) 22 (40,0) 18 (32,7)

Acesso a melhores taxas de juro 13 (23,6) 8 (14,5) 10 (18,2) 13 (23,6) 11 (20,0)

NOTA: Os números entre parênteses são percentagens em relação ao total da linha (55)

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119

O resultado ilustrado na tabela 8 mostra que 83,6% dos respondentes afirmaram que a

conscientização sócioambiental é o motivo mais importante para as organizações envolverem-

se num projeto de implantação de práticas de gestão ambiental. Quando se soma com os que

afirmaram como importante, o valor sobe para 94,5%. Esses dados estão alinhados com os

obtidos pela FIRJAN (2006), porém pesquisas realizadas na UE e analisadas por Burke e

Gaughran (2006) não apontam esse fator como o mais importante na adoção da gestão

ambiental, estando inclusive após outros fatores. Além disso, Redmond, Walker e Wang

(2008) assinalam um cuidado para com o resultado encontrado. Os autores afirmam que,

apesar das preocupações com os aspectos sócioambientais demonstrados pelos

proprietários/gestores das pequenas empresas em pesquisas, esse fato não se traduz em ações

concretas. A escassez de recursos disponíveis (tempo e capital), além da crença de que os

impactos são desprezíveis, congela atitudes proativas, tornando-os reativos, limitando-os ao

cumprimento legal ou até mesmo não as cumprindo, pois é mais vantajoso correr o risco de

multa a implementar as ações de melhoria.

O atendimento à legislação e à redução de resíduos são, respectivamente, segundo e

terceiro motivos influenciadores mais importantes para 72,7% e 65,5% dos respondentes.

Contudo, quando se soma os que apontaram como importante, os resultados se invertem. Isso

se deve ao fato de que esses dois motivos estão associados, pois a implantação de um

Programa de Gestão de Resíduos Sólidos é normalmente um condicionante de licença

ambiental, exigência legal para muitos empreendimentos. Esses resultados também estão em

sintonia com a literatura pesquisada; FIEB (2009), Walker (2008), FIRJAN (2008), Hillary

(2004), todos afirmam que o atendimento à legislação é motivador crítico na adoção de

práticas de gestão ambiental.

A influência do cliente sob a forma de pressão na cadeia de suprimento é citada como

fator chave para implementação da gestão ambiental por Burke e Gaughran (2006), Gavronski

(2008) e Dawson (2006). Curiosamente, apenas 32,7% dos entrevistados responderam a

pressão do cliente como um fator importante. Isso sinaliza que, apesar da influência dos

clientes na cadeia de suprimento, há pouca evidência de que está se tornando disseminado. No

entanto, uma possível explicação para a pouca importância dada à pressão da cadeia de

suprimento é que ela só é susceptível para as PME que operaram em um contexto de

atendimento exclusivo, como por exemplo, na cadeia automobilística. Além disso, Hillary

(2004) argumenta que algumas empresas clientes, especialmente das microempresas não

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120

pressionam pela melhoria do desempenho ambiental, possivelmente devido ao fato de

acreditarem que as microempresas possuem impactos ambientais negligenciáveis. Outro fator

que pode ter influenciado é a requisição dos respondentes quanto a um maior envolvimento

das empresas-âncoras no PQF, principalmente na contratação das empresas participantes.

Na tabela 9, os resultados dos principais motivos para implantação da gestão

ambiental são segmentados para as empresas que alcançaram 100% do cumprimento dos

requisitos do questionário de avaliação do IEL. Quando se compara com o resultado geral de

todos os respondentes (tabela 8), nota-se que o ranking dos critérios não se alterou, com

exceção para o item de pressão dos clientes e do mercado, o qual foi pontuado com uma

importância maior que a diminuição dos custos de produção. Observa-se também uma

variabilidade menor dos resultados, gerando maior uniformidade das respostas, o que permite

supor que essas empresas possuem um nível de objetividade mais relevante.

Tabela 9: Principais razões para a adoção de iniciativas de Gestão Ambiental pelas empresas com 100% dos requisitos atendidos

AVALIAÇÃO DO GRAU DE IMPORTÂNCIA

MOTIVAÇÃO Nenhuma (1)

Pouca (2)

Média (3)

Importante (4)

Muito (5)

Conscientização social e ambiental 0,0% 0,0% 0,0% 6,7% 93,3%

Atendimento à legislação 0,0% 0,0% 0,0% 13,3% 86,7%

Redução os resíduos 0,0% 0,0% 6,7% 20,0% 73,3%

Melhoria da imagem da empresa 0,0% 0,0% 6,7% 33,3% 60,0%

Diminuição do custo de produção 6,7% 20,0% 13,3% 26,7% 33,3%

Pressão dos clientes e do mercado 0,0% 13,3% 13,3% 26,7% 46,7%

Acesso a melhores taxas de juro 46,7% 20,0% 6,7% 26,7% 0,0%

A análise estatística dos dados, conforme apresentada na tabela 10, demonstra que os

quatro primeiros fatores são os motivos mais importantes para implantação da gestão

ambiental na amostra pesquisada. As médias destes fatores estão acima do valor da média

total da amostra (4,1852) calculada pela somatória das freqüências e multiplicada por cada

grau de importância, cujo número cinco corresponde ao grau muito importante e o número um

a nenhuma importância. Além disso, apresentam uma variabilidade pequena (Desvio Padrão

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121

menor que um e Coeficiente de Variação menor que vinte). Quanto a Curtose dos quatro

primeiros fatores, o valor positivo permite afirmar que a distribuição de frequência é

concentrada ao redor da média, enquanto para os demais a distribuição é achatada com uma

maior dispersão dos dados. Já a assimetria, os valores negativos indicam que a distribuição é

inclinada para a esquerda concentrando os resultados nos quesitos de importancia e nos de

muita importancia.

Tabela 10: Análise Estatística dos Dados

Motivação Média Desv. Pad.

CV Curtose Assimetria

1. Conscientização social e ambiental 4,7547 0,6172 12,8700 8,5142 -2,8588

2. Atendimento à legislação 4,6111 0,7115 15,4300 3,0644 -1,8775

3. Redução dos resíduos 4,5472 0,7223 15,7600 4,1748 -1,9206

4. Melhoria da imagem da empresa 4,4151 0,7950 17,9100 1,5781 -1,3808

5. Diminuição do custo de produção 3,9811 1,2167 30,3300 -0,3572 -0,8947

6. Pressão dos clientes e do mercado 3,9057 1,0051 25,3800 -0,5989 -0,6316

7. Acesso a melhores taxas de juro 3,0566 1,4730 47,7500 -1,3848 -0,1386

É investigado também se as organizações tiveram a intenção de implementar ações de

gestão ambiental antes de se envolver com o PQF, as quais 60% declararam positivamente.

Porém, apenas 14% efetivamente atuaram nesse sentido, informando que haviam estabelecido

ações de gestão da qualidade envolvendo medidas de melhoria da produtividade com redução

de consumo de matéria-prima e insumos, principalmente energia elétrica. Esse resultado

indica que os participantes, mesmo indiretamente, já se preocuparam com a questão

ambiental, sugerindo o argumento que as pequenas empresas reconhecem e têm a consciência

da necessidade de um melhor desempenho ambiental.

Benefícios por adotar a gestão ambiental

As organizações foram convidadas a responder à pergunta "Quais os principais

benefícios foram obtidos ao implementar as ações de gestão ambiental do PQF?" Esse

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122

questionamento foi importante para determinar quais benefícios retratados no referencial

teórico tinham sido efetivamente experimentados pelas organizações.

Tabela 11 : Benefícios obtidos ao adotar a Gestão Ambiental

FATORES SIM NÃO NÃO SEI

Atendimento a legislação 50 (91) 3 (5) 2 (4)

Melhoria na organização da gestão 47 (85) 5 (9) 3 (5)

Melhoria no desempenho ambiental 45 (83) 7 (13) 3 (5)

Melhoria de imagem 43 (78) 8 (15) 4 (7)

Melhoria na eficácia operacional 42 (76) 6 (11) 7 (13)

Satisfação do cliente 40 (73) 7 (13) 8 (15)

Redução de custos 21 (38) 27 (49) 7 (13)

Aumento das ventas / Clientes 12 (22) 35 (64) 8 (15)

NOTA: Os números entre parênteses são percentagens em relação ao total da linha (55)

Os resultados apresentados na tabela 11 mostram que o atendimento à legislação foi o

benefício alegado por 50 (91%) das organizações pesquisadas. Este é reconhecido como um

dos principais benefícios obtidos pelas PME, visto que a quantidade crescente de

regulamentos e legislação ambiental tem tornando cada vez mais difícil o gerenciamento da

conformidade legal (ISO, 2005a).

Além da melhora na organização e no desempenho ambiental, aspectos relevantes

quando se instituem sistemas de gestão, algumas empresas reconheceram que houve melhora

da imagem pública. No entanto, os benefícios financeiros (redução de custos) e

mercadológicos (aumento de vendas e de cliente) conforme relacionados por Dawson (2006)

e Gavronski (2008), não foram percebidos neste estudo, provavelmente pela alegação de que

o aumento da contratação pelas empresas-âncoras participantes do PQF ficou aquém do

esperado.

Na tabela 12, são apresentados os resultados na visão das empresas que alcançaram

100% do cumprimento dos requisitos do questionário de avaliação do IEL. Pode-se observar

que os dados são semelhantes quanto à classificação decrescente dos itens, diferindo apenas

na pontuação, como, por exemplo, o atendimento à legislação em que 100% das empresas

apontaram com o benefício mais importante.

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123

Tabela 12: Benefícios obtidos na adoção da Gestão Ambiental pelas empresas com 100% dos requisitos atendidos

FATORES SIM NÃO NÃO SEI

Atendimento a legislação 100% 0% 0%

Melhoria na organização da gestão 86,7% 13,3% 0,0%

Melhoria no desempenho ambiental 86,7% 6,7% 6,7%

Melhoria de imagem 80,0% 13,3% 6,7%

Melhoria na eficácia operacional 80,0% 13,3% 6,7%

Satisfação do cliente 80,0% 6,7% 13,3%

Redução de custos 40,0% 46,7% 13,3%

Aumento das ventas / Clientes 33,3% 60% 6,7%

Dificuldades e Barreiras encontradas

A falta de recursos, identificada no referencial teórico e confirmada neste estudo,

conforme apresentada na tabela 13, configura-se como uma das principais barreiras internas

para o sucesso da implementação de iniciativas de gestão ambiental. Esse fato é um

paradigma, pois em geral ações de prevenção da poluição não demandam grandes quantias

quando se prioriza ações de housekeeping, pois, segundo a UNEP (2009), aproximadamente

50% da poluição gerada poderia ser evitada com a melhoria em práticas de operação e

mudanças simples de processo.

Além da falta de recursos (financeiro e pessoal), a competência insuficiente da equipe,

a percepção de que os requisitos são difíceis, e a falta de tempo são apontadas como

dificuldades a serem superadas. Esses pontos estão relacionados com o comportamento e a

educação das pessoas envolvidas na organização. Sendo assim, a educação ambiental

apresenta-se como uma importante ferramenta de sensibilização das PME na implementação

da gestão ambiental. Igualmente importante é o compromisso da direção, que, apesar de não

ter sido apontado como barreira neste estudo, é um fator fundamental na criação de um

ambiente positivo entre o pessoal para alcançar a mudança cultural necessária na superação

das dificuldades (HILLARY, 2004).

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124

Tabela 13: Dificuldades e barreiras para implementar Gestão Ambiental

FATORES SIM NÃO NÃO SEI

Insuficiência de recursos financeiros 31 (56) 21 (38) 3 (6)

Competência insuficiente da equipe 30 (54) 24 (44) 1 (2)

Requisitos burocráticos e difíceis 30 (54) 21 (38) 4 (8)

Falta de tempo e de pessoal 28 (51) 25 (45) 2 (4)

Escassez de orientações e material 27 (49) 22 (40) 6 (11)

Carência de incentivos 25 (46) 26 (47) 4 (7)

Insuficiência de consultores experientes 24 (44) 27 (49) 4 (7)

Falta de informações técnicas 23 (42) 28 (51) 4 (7)

Poucos benefícios ou vantagens. 15 (27) 38 (69) 2 (4)

Impactos ambientais são baixos 5 (9) 44 (80) 6 (11)

Pouco comprometimento da direção 4 (7) 48 (87) 3 (6)

NOTA: Os números entre parênteses são percentagens em relação ao total da linha (55)

Ao se comparar o resultado geral (tabela 13) das principais barreiras para implantação

da gestão ambiental, com o das empresas que alcançaram 100% do cumprimento dos

requisitos (tabela 14), nota-se que falta de recursos financeiros deixou de ser apontada como

uma barreira muito importante. A falta de competência do pessoal permanece, o que é até

certo ponto coerente com a literatura, porém surpreendente é verificar que a maior barreira

considerada refere-se aos requisitos difíceis e burocráticos, já que são disponibilizados pelo

PQF oficinas de capacitação e consultoria para orientar os participantes. Provavelmente, esse

resultado esteja vinculado à rotatividade do pessoal das empresas, cuja capacitação tem que

ser freqüentemente refeita.

Tabela 14: Dificuldades e barreiras para implementar Gestão Ambiental pelas empresas com 100% dos requisitos atendidos

FATORES SIM NÃO NÃO SEI

Insuficiência de recursos financeiros 33,3% 60,0% 6,7%

Competência insuficiente da equipe 46,7% 53,3% 0,0%

Requisitos burocráticos e difíceis 53,3% 40,0% 6,7%

Falta de tempo e de pessoal 40,0% 53,3% 6,7%

Escassez de orientações e material 40,0% 46,7% 13,3%

Carência de incentivos 33,3% 53,3% 13,4%

Insuficiência de consultores experientes 40,0% 53,3% 6,7%

Falta de informações técnicas 46,7% 46,7% 6,7%

Poucos benefícios ou vantagens. 13,3% 80,0% 6,7%

Impactos ambientais são baixos 6,7% 80,0% 13,3%

Pouco comprometimento da direção 0,0% 93,3% 6,7%

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125

Que iniciativas têm sido aplicadas?

Tabela 15: Principais iniciativas de gestão ambiental implantadas

INICIATIVAS SIM NÃO NÃO SEI

Política de gestão ambiental 49 (89) 5 (9) 1 (2) PGRS 41 (75) 14 (25) 0 (0) Avaliação de Impacto Ambiental 40 (73) 14 (25) 1 (2) Mapeamento do processo 34 (62) 19 (34) 2 (4) Atuação Responsável 33 (60) 17 (31) 5 (9) Produção mais limpa 32 (58) 20 (36) 3 (6) Fluxograma de entrada e saída 25 (45) 23 (42) 7 (13) Monitoramento Ambiental 22 (40) 32 (58) 1 (2) Indicadores de Desempenho 22 (40) 32 (58) 1 (2) Auditoria Ambiental 21 (38) 31 (56) 3 (6) ISO 14001 11 (20) 42 (76) 2 (4) Rotulagem Ambiental 6 (11) 45 (82) 4 (7) Princípios CERES 4 (7) 38 (69) 13 (24) Avaliação do Ciclo de Vida 4 (7) 44 (80) 7( 13) SGA evolutivo 4 (7) 43 (78) 8 (15) Ecomapping 2 (4) 41 (74) 12 (22)

NOTA: Os números entre parênteses são percentagens em relação ao total da linha (55)

No processo de qualificação do PQF, que se dá por meio de oficinas de capacitação e

de consultorias, são apresentadas aos participantes as iniciativas, cuja implementação é

acompanhada nas empresas pelos consultores. Adicionalmente, é realizada uma avaliação

quantitativa para determinar o percentual de implementação dessas iniciativas. Ao verificar os

resultados apresentados na tabela 15, constata-se que as iniciativas de gestão ambiental

utilizadas por mais de 50% dos entrevistados são: Política Ambiental, PGRS Avaliação de

Impacto Ambiental, Mapeamento dos Processos, Atuação Responsável e Produção mais

Limpa. No entanto, a informação referente ao programa de Atuação Responsável é

equivocada, já que essa iniciativa é exclusiva da indústria química ou de transporte de

produtos químicos, e dentre as empresas pesquisadas, não há nenhuma desse setor.

No que se refere às empresas que obtiveram 100% no estágio de cumprimento dos

requisitos do questionário de avaliação do IEL, além das citadas, outras iniciativas têm sido

implementadas como práticas de Auditoria, Indicadores e Monitoramento Ambiental (Tabela

16). Foi observado também que entre as quinze empresas, apenas sete evoluíram para a

certificação (cinco com ISO 9001 e duas com ISO 14001), ou seja, 13% do total da amostra

pesquisada. Portanto, esses dados levam a supor que os custos econômicos aliados à falta de

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percepção dos benefícios da adoção de um SGA formal, levantam dúvidas sobre as vantagens

de uma certificação (HILLARY, 2000).

Tabela 16: Principais iniciativas de gestão implantadas pelas empresas com 100% dos requisitos atendidos

INICIATIVAS SIM NÃO NÃO SEI

Política de gestão ambiental 86,7% 6,7% 6,7%

PGRS 100,0% 0,0% 0,0%

Avaliação de Impacto Ambiental 93,3% 6,7% 0,0%

Mapeamento do processo 60,0% 33,3% 6,7%

Atuação Responsável 53,3% 40,0% 6,7%

Produção mais limpa 73,3% 20,0% 6,7%

Fluxograma de entrada e saída 93,3% 6,7% 0,0%

Monitoramento Ambiental 46,7% 40,0% 13,3%

Indicadores de Desempenho 73,3% 20,0% 6,7%

Auditoria Ambiental 66,7% 26,7% 6,7%

ISO 14001 53,3% 40,0% 6,7%

Rotulagem Ambiental 0,0% 80,0% 20,0%

Princípios CERES 6,7% 80,0% 13,3%

Avaliação do Ciclo de Vida 6,7% 80,0% 13,3%

SGA evolutivo 6,7% 80,0% 13,3%

Ecomapping 0,0% 80,0% 20,0%

Foram questionadas as empresas pesquisadas sobre que outras iniciativas têm sido por

elas implementadas. A seguir são apresentadas as respostas compiladas:

o Convênio com cooperativas para doação de papel, papelão e plásticos para reciclagem, venda de sucata de metal para reprocessamento em siderurgia, uso de canecas ao invés de copos descartáveis.

o Uso de papel reciclado e impressão frente e verso.

o Os resíduos oriundos dos equipamentos enviados pelos clientes industriais são acondicionados e devolvidos aos mesmos.

o Contratação de empresas para pesquisar legislação.

o Palestras sobre nossas práticas e resultados obtidos para difundir a cultura de responsabilidade social.

o Coleta seletiva e parceria com cooperativas.

o Tratamento de resíduos sólidos.

o Divulgação do nosso PGRS para pessoas da comunidade.

o Campanha voltada a redução do consumo de energia.

o Reciclagem de resíduos da construção civil.

o Redução de consumo de água.

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127

o Utilização de sensores de lâmpadas nos ambientes.

o Programa de educação ambiental próprio da empresa.

o Apoio a vários projetos socioambientais.

o Efetiva participação nos fóruns ambientais de nossa região.

o Doação de aparelhos eletrônicos para reuso em ONG'S.

o Programas de comunicação relacionado à limpeza e organização na obra.

o Reciclagem das madeiras.

Pode-se concluir que as pequenas empresas se interessarão por implementar iniciativas

efetivas de gestão ambiental, assumindo um papel ativo nesse aspecto, apenas se houver

pressão de qualquer das partes interessadas. Pois, segundo Zorpas (2009), mesmo gerando

impactos ambientais consideráveis, as ações corretivas serão sempre tomadas a fim de evitar

custos, e não visando a sustentabilidade ou proteção do ambiente.

Que fatores sensibilizaram a participação no PQF. Quão importante é o suporte?

Os resultados apresentados a seguir visam analisar as percepções das PME,

participantes do PQF com relação às características do programa. Foi verificado o quanto

essas características têm sensibilizado as empresas a ingressar e se manter no programa

visando identificar futuras ações de melhoria da eficácia.

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

Indicação decliente

Folder Internet Seminário Outro

Figura 34: Como a sua empresa tomou conhecimento do PQF

Dentre os entrevistados, 70% tiveram conhecimento do programa através da indicação

de alguma empresa-âncora por estarem cadastradas em seu banco de fornecedores, sem

necessariamente manterem contratos de exclusividade. Os demais entraram no programa a

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128

partir de alguma atividade de marketing (folder, internet, seminário) ou souberam do

programa por indicação de algum consultor, de uma empresa participante do programa, ou

foram contatados diretamente pelo IEL ou FIEB. Quando questionados se a empresa utilizou

algum serviço de consultoria ambiental antes da participação no PQF, 86% responderam

negativamente, sendo que as 7 empresas que responderam afirmativamente o fizeram

conforme o propósito listado no quadro 29.

Nº DE

EMPRESAS TIPO DE CONSULTORIA

2 Consultoria para SGI

1 Consultoria para requisitos normativos

1 Para programas específicos de Segurança e Meio Ambiente

1 Consultoria para planejamento estratégico

1 Para SGA específico

1 Para ISO 9001 e ISO 14001

Quadro 29 - Serviços de consultoria ambiental utilizada no passado

Tabela 17: Importância das características do PQF

AVALIAÇÃO DO GRAU DE IMPORTÂNCIA

CARACTERÍSTICA Nenhuma (1)

Pouca (2)

Média (3)

Importante (4)

Muito (5)

Consultoria de baixo curso 0 (0,0) 0 (0,0) 5 (9,1) 16 (29,1) 34 (61,8)

Participação dos clientes 1 (1,8) 3 (5,5) 9 (16,4) 12 (21,8) 30 (54,5)

Atendimento local 1 (1,8) 5 (9,1) 7 (12,7) 17 (29,1) 25 (45,5)

Programa específico para PME 0 (0,0) 1 (1,8) 10 (18,2) 21 (38,2) 23 (41,8)

Estabelecimento de rede 0 (0,0) 1 (1,8) 12 (21,8) 21 (38,2) 21 (38,2)

Eficácia na programação 0 (0,0) 1 (1,8) 13 (23,6) 20 (36,4) 20 (36,4)

NOTA: Os números entre parênteses são percentagens em relação ao total da linha (55)

Ao avaliar as características do PQF, os resultados apresentados na Tabela 17 revelam

o fato de que possuir um baixo custo para ser implantado, ter a participação dos clientes, e ser

coordenado pelo IEL teve a participação incentivada. Quanto aos mecanismos de apoio

(tabela 18), as empresas pontuaram como muito importante os mecanismos base do programa:

oficinas de capacitação, consultoria e avaliação periódica. Outros fatores enfatizados foram a

importância da promoção de eventos, a divulgação no portal do PQF e a utilização dos

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129

serviços de comunicação. Foi observado também que um aspecto importante para o sucesso

do suporte oferecido pelo PQF é a disponibilização de funcionários dedicados às atividades do

programa.

Tabela 18: Importância dos meios de apoio do PQF

AVALIAÇÃO DO GRAU DE IMPORTÂNCIA

MEIO DE APOIO Nenhuma (1)

Pouca (2)

Média (3)

Importante (4)

Muito (5)

Oficinas e Workshops 0 (0,0) 0 (0,0) 4 (7,3) 19 (34,5) 32 (58,2)

Avaliação periódica pelo IEL 0 (0,0) 1 (1,8) 11 (20,0) 18 (32,7) 25 (45,5)

Consultoria na empresa 0 (0,0) 2 (3,6) 14(25,5) 14 (25,5) 25 (45,5)

Material dos treinamento 0 (0,0) 1 (1,8) 7 (12,7) 26 (47,3) 21 (38,2)

Divulgação no Portal do PQF 0 (0,0) 7 (12,7) 10 (18,2) 19 (34,5) 19 (34,5)

Serviços de Comunicação 1 (1,8) 2 (3,6) 12 (21,8) 23 (41,8) 17 (30,9)

NOTA: Os números entre parênteses são percentagens em relação ao total da linha (55)

O reconhecimento mudou?

Aumento signif icativo

16%

Aumentou35%

Não houve diferença

40%

Não sei4%

Outros5%

Figura 35: Nível de reconhecimento do mercado ou pelo cliente

Tabela 19: De quem sua empresa recebeu o reconhecimento

PARTE INTERESSADA SIM NÃO NÃO SEI

Empregados 40 (72,7) 8 (14,5) 7 (12,7)

Clientes 36 (65,5) 13 (23,6) 6 (10,9)

Outras empresas 24 (43,6) 18 (32,7) 13 (23,6)

Fornecedores 17 (30,9) 29 (52,7) 9 (16,4)

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Conforme a figura 35, a maioria dos respondentes (51%) declarou que houve aumento

ou aumento significativo do reconhecimento; porém, diferentemente do que se esperava, o

maior reconhecimento foi o do público interno (tabela 19). Como a certificação do Programa

ainda não é um produto bem conhecido pelo mercado, a melhoria da imagem da empresa

junto aos clientes não foi instantânea para aquelas que participaram do processo.

As empresas compradoras que participam do programa (empresas-âncoras) têm

reconhecido o esforço de melhoria da gestão por parte dos participantes, monitorando,

inclusive, o resultado das avaliações periódicas realizadas pelo IEL, cujos resultados são

publicados no portal. Quando se trata de conquistar novos clientes, ainda não é possível

afirmar a existência de uma vantagem competitiva obtida pela participação no programa, por

exemplo, por um reconhecimento formal dos potenciais clientes. Contudo o nível de

reconhecimento é susceptível a aumentar com implantação de ações de marketing e de

divulgação dos resultados do programa.

Que elementos foram eficazes e como o apoio pode ser melhorado?

Tabela 20: Importância dos elementos do PQF na implementação de melhoria na gestão

AVALIAÇÃO DO GRAU DE IMPORTÂNCIA

ELEMENTOS Nenhuma (1)

Pouca (2)

Média (3)

Importante (4)

Muito (5)

Reconhecimento formal 0 (0,0) 3 (5,5) 8 (14,5) 21 (38,2) 23 (41,8)

Transparência no processo 0 (0,0) 2 (3,6) 7 (12,7) 25 (45,5) 21 (38,2)

Expertise dos consultores 0 (0,0) 1 (1,8) 11(20,0) 22 (40,0) 21 (38,2)

Critérios de avaliação bem definidos 0 (0,0) 3 (5,5) 6 (10,9) 27 (49,1) 19 (34,5)

Uso de modelos 0 (0,0) 3 (5,5) 8 (14,5) 26 (47,3) 18 (32,7)

Motivação nos participantes 0 (0,0) 4 (7,3) 12 (21,8) 23 (41,8) 16 (29,1)

Flexibilidade na implementação 0 (0,0) 5 (9,1) 17 (30,9) 25 (45,5) 8 (14,5)

Começar e parar o processo 3 (5,5) 8 (14,5) 16 (29,1) 20 (36,4) 8 (14,5)

Parar ao atender necessidades 1 (1,8) 7 (12,7) 18 (32,7) 22 (40,0) 7 (12,7)

NOTA: Os números entre parêntese são percentagens em relação ao total da linha (55)

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Um dos objetivos da pesquisa é investigar objetivamente o quanto das características

do PQF facilitou a implementação de iniciativas de gestão ambiental. Logo, foi solicitado aos

entrevistados responderem a importância em termos de eficácia para cada elemento.

A possibilidade do reconhecimento formal a partir de avaliações periódicas é um

componente muito importante para 41,8% dos entrevistados, isso permite que os resultados

sejam verificados formalmente, e quando os critérios específicos do programa são cumpridos,

os participantes podem ser certificados com um determinado tipo de selo (topázio, rubi ou

diamante). Observa-se também que as características ligadas a esse processo também foi

pontuada com importante – expertise dos consultores para alcançar essas certificações, a

transparência no processo e os critérios bem definidos no questionário de avaliação do IEL.

Para 80% das empresas respondentes, os modelos utilizados para orientar a

implantação é um componente importante ou muito importante. É possível supor que o uso

bem direcionado desses modelos e orientações pode diminuir a necessidade de um número

expressivo de visitas de consultoria. Isto pode ser visto como um componente importante

principalmente para implantação de normas tradicionais, como a normas ISO 14000, que

muitas vezes são vistas como de difícil compreensão e demasiadamente burocráticas,

conforme atestado anteriormente.

Além disso, as organizações entrevistadas pontuaram a possibilidade de iniciar e parar

o processo de implementação, e a flexibilidade no ritmo de execução como componentes

importantes do programa. Isto sugere que o PQF incorporou muito das necessidades

específicas das PME, e ofereceu alternativas às barreiras tradicionais para a implementação de

instruentos de gestão ambiental.

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

Sim Já sou certif icado Não Sei Não

Figura 36: Pretensão em buscar a certificação do sistema de gestão

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0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

ISO9001 ISO14001 OHSAS18001 SA8000

Figura 37: Certificação pretendida do sistema de gestão

Considerou-se também importante investigar se as organizações eram susceptíveis de

evoluir para uma fase posterior do aprimoramento gerencial visando conseguir uma

certificação em normas internacionais como a ISO 14001. Apenas 9% informaram que não

tinham a intenção ou que não decidiram ainda, e 22% declararam já ter alguma certificação

(figura 36). Dentre as que intencionam certificar-se, 69% irão buscar a ISO 9001 e 40% a ISO

14001 (figura 37).

Outra análise realizada levou em conta apenas se as empresas que tinham atingido a

categoria Diamante do PQF tinham a intenção de conseguir a certificação. Dentre os

respondentes, 32% mostram-se determinados a continuar o processo de implementação de um

SGA e obter a certificação para a norma ISO 14001. Essas revelações sugerem que algumas

organizações, uma vez envolvidas no PQF e após superar os obstáculos iniciais, poderiam

querer continuar com o processo, com o objetivo de conseguir certificar-se na norma ISO

14001, bem como o desejo da manutenção do que já foi alcançado. Esta afirmação sugere que

os serviços de apoio do PQF poderiam incluir a possibilidade de ajudar especificamente

algumas PME a continuar o processo de implementação do SGA, já que essas empresas têm

dificuldades de continuar por conta própria, ou ainda desenvolver atividades de manutenção e

melhoria dos critérios alcançados pelas empresas.

A maioria das perguntas do questionário são do tipo fechada, porém as organizações

também foram convidadas a sugerir ações que poderiam ser utilizadas de alguma maneira na

melhoria do programa. A seguir, é apresentada uma compilação das sugestões e reflexões das

empresas pesquisadas. A relação completa das afirmações pode ser verificada no apêndice.

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TEMAS Freqüência Afirmações

Consultoria 19

� Aumentar o tempo de consultoria nas empresa;

� Implantar consultores residentes nas empresas;

� Visita dos consultores trimestralmente.

Atendimento e Orientação

8

� Implementar e tornar o portal mais eficaz;

� Orientações canalizadas para o ramo de atividade;

� Deveriam existir orientações on-line.

Oficinas 8

� As oficinas de meio ambiente deveriam ter uma duração maior já que é um ponto importante para as empresas;

� Programas específicos para empresas já certificadas, melhorar o tempo de retorno das consultorias do programa PEIEX. Há meses foi feito o diagnóstico a até o momento não se iniciou a consultoria;

� Horário das reuniões poderia ser um pouco mais tarde, por volta das 19h30.

Implementação e Manutenção

6

� Falta tempo dos empresários para implementação, é necessário uma pessoa específica na empresa;

� Formatar indicadores de eficiência da gestão ambiental, temos ações de implementação do PGRS para transformar em indicadores;

� Fornecer apoio de estagiários com o custo zero (repassado às empresas de pequeno porte - baixo efetivo) para implementação do PQF, criando a oportunidade do próprio ser integrado na empresa após o final do estagio;

Material 6

� Recebimento constante de materiais (e-mail ou correio)

� Maior acesso a informações relacionadas aos temas;

� Incorporar os seguintes temas: Gestão Organizacional com ênfase em clima organizacional devido ao perfil de empresa familiar e Gestão da Informação (TI);

� O IEL deveria elaborar procedimentos diferenciados de empresa de serviço e não manter procedimentos de empresa de linha de produção.

Quadro 30: Sugestões de melhoria do suporte oferecido pelo PQF

A maioria das sugestões apresentadas pelas empresas (quadro 30) concentra-se na

ampliação do tempo de consultoria, atendimento e orientação. Esses temas sinalizam a

necessidade de apoio face à falta de recursos dessas organizações. Contudo, observa-se uma

preocupação pela manutenção do nível de gestão alcançada, através de programas específicos

de apoio às empresas mais antigas do programa.

Por fim, foi solicitado que os respondentes comentassem sobre suas experiências com

o PQF, pois com base nas respostas, a coordenação do programa poderia desenvolver ações

de reforço dos pontos positivos e buscaria tratar os pontos de melhoria. As observações foram

predominantemente positivas, pois muitos responderam que o apoio tem sido eficaz, e

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participar do programa tem trazido muitos benefícios organizacionais. De forma relevante,

muitos acreditam na importância do programa, na necessidade de uma maior promoção de

ações comerciais e na oferta de atividades de reciclagem e de melhoria contínua para as

empresas mais antigas. A seguir, é apresentada a compilação dos resultados.

TEMAS Freqüência Afirmações

Organização 10

� Fator de grande importância, para a gestão e orientação quanto aos controles do processo.

� Propicia ferramentas necessárias àquelas empresas que efetivamente querem implementar as boas praticas.

� Conhecimento e experiência para desenvolver as atividades em relação à gestão de processo com base na ISO.

Comercial 8

� Em face da qualificação "rubi", possuímos agora uma ferramenta muito forte em termo de marketing.

� A participação no programa deu suporte a implantar ações voltadas para o meio ambiente, qualidade, saúde e segurança e com isso aumentou o número de clientes.

� A empresa adquiriu um melhor conhecimento, principalmente na área de meio ambiente e isso resultou em um melhor reconhecimento por parte dos clientes.

Qualificação 9

� Tudo o que a Ledquadros conseguiu em nível de certificação iniciou-se com o incentivo do PQF, observando e identificando dentro da empresa o quanto poderia melhorar. Só que após sermos selo diamante e certificado na ISO 9001, começamos a questionar a importância de continuarmos no PQF, visto a falta de programas específicos de continuidade de melhoria. Tivemos esperanças com o PEIEX que fosse um programa mais avançado. O que percebemos é uma demora absurda nos trabalhos, altamente desestimulante. Decidiremos em breve se daremos ou não continuidade a esta parceria tão importante inicialmente para nós.

� Adquirimos muitos conhecimentos, que nem tudo foi possível pôr em prática.

� Excelente programa. Ele foi muito útil para iniciar a sistemática da qualidade. Uma vez atingido patamar de certificação, o PQF parou de "ajudar" no desenvolvimento da empresa. Logo, deveria e poderia continuar ajudando com os treinamentos e workshops, pois o desenvolvimento humano e gerencial dentro de uma empresa nunca para, e são necessários para a constante adaptação ao mercado.

Legislação 3

� Através do PQF, conseguimos tirar a licença ambiental;

� Aprendizado quanto a Atendimento à Legislação pertinente ao negócio e à oportunidade de conhecer as exigências do mercado referente às certificações.

� Melhorou quanto à organização; desempenho dos colaboradores com a padronização dos procedimentos; conhecimento das normas legislativas inerentes à organização; oportunidade de parcerias com outras âncoras e outros fornecedores;

Quadro 31: Experiências da empresa com o PQF

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6. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES

6.1- CONCLUSÕES

Esta dissertação teve por objetivo geral identificar e analisar os desafios das Micro e

Pequenas Empresas participantes do Programa de Qualificação de Fornecedores – PQF na

implantação da gestão ambiental, sendo seus objetivos específicos identificar as iniciativas de

gestão ambiental mais utilizadas, as motivações, barreiras e dificuldades encontradas no

processo de adoção da Gestão Ambiental; analisar a percepção das Micro e Pequenas

Empresas com relação às características do PQF, e às iniciativas de gestão ambiental, além de

propor alternativas de melhoria do desempenho ambiental nessas Empresas.

Para alcançar estes objetivos, aplicaram-se as seguintes etapas metodológicas:

I. Pesquisa bibliográfica de fontes primárias e secundárias;

II. Elaboração do instrumento de coleta para a aplicação da pesquisa;

III. Avaliação crítica e adequação do instrumento de coleta;

IV. Identificação da população-alvo da pesquisa e determinação da amostra;

V. Coleta de dados

VI. Análise

Analisando-se o referencial teórico que balizou a dissertação, foi identificado que as

micro e pequenas empresas possuem um papel importante no aspecto econômico de qualquer

país, no que se refere à geração de emprego, distribuição de renda e como fonte de inovação.

Possuem aspectos bem peculiares que as caracterizam positivamente tais como: a

flexibilidade, adaptabilidade, informalidade. Por outro lado, a baixa qualidade gerencial e a

escassez de recursos são fatores negativos. Esses aspectos são influenciadores quando se

analisa a gestão ambiental nessas empresas, pois não é possível correlacionar resultados

obtidos em grandes e médias empresas para as pequenas, já que estas não são versões

reduzidas daquelas.

Neste estudo, ao analisar diversos autores que discorrem sobre os estágios evolutivos

da gestão ambiental, é proposta uma nova taxonomia para essa matéria, qual seja: Passiva,

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Reativa, Preventiva e Estratégica. Assim, o posicionamento das organizações passou de uma

total passividade referente a esse tema, para colocá-lo no centro das discussões estratégicas do

negócio. Nesse processo evolutivo, foram avaliadas diversas iniciativas para a gestão

ambiental adotadas mundialmente por diversas empresas, no intuito de verificar o quanto

destas incitativas é conhecido e utilizado pelas pequenas empresas.

A adoção de incentivos de gestão ambiental pelas empresas é influenciada por

diversos fatores. Foram identificados na literatura os diferentes agentes motivadores, bem

como as barreiras e dificuldades normalmente encontradas nas organizações, para em seguida

serem validados na amostra de estudo - Micro e Pequenas Empresas participantes do PQF.

Além disso, ao examinar os diversos aspectos desse programa, foi analisada sua importância

bem como as proposições de melhoria na visão dos participantes.

Em primeiro lugar, pode-se concluir que as pequenas empresas limitam-se a adotar

as iniciativas mais básicas de gestão ambiental – política ambiental, mapeamento do processo,

avaliação dos aspectos e impactos ambientais e PGRS. Ao olhar atentamente os resultados

dos diagnósticos iniciais realizados antes do inicio do programa de qualificação, e os

resultados obtidos posteriormente, observa-se uma evolução relevante. Porém, quando se

retrata o emprego de iniciativas de gestão, cuja aplicação traria benefícios concretos, os

resultados são banais. Apesar da realização das oficinas de capacitação em que são explicadas

as diversas iniciativas, o desconhecimento pode ser constatado. Dentre os respondentes, 58%

assinalaram que aplicam produção mais limpa em seus processos, acreditando que, ao

implantar o PGRS/coleta seletiva que corresponde ao nível 3 da metodologia (reciclagem de

resíduos e emissões fora da empresa), estão desenvolvendo a P+L, esquecendo-se do fato que

nesse programa deve-se prioritariamente buscar a não-geração de resíduos. Além disso, 60%

afirmaram que possuem em suas empresas o programa de atuação responsável. Essa

informação é equivocada, já que essa iniciativa é exclusiva da indústria química, e dentre as

empresas pesquisadas, não há nenhuma empresa desse setor. Esses fatos decorrem do

descumprimento de um requisito-chave do programa, no qual demanda a presença do sócio-

gerente da empresa e do técnico responsável pela implantação do programa, nas oficinas de

capacitação. Esse descumprimento causa descontinuidade e lacunas. Quando apenas o sócio-

gerente vai às oficinas, o técnico normalmente não recebe o feedback necessário, e quando

apenas o técnico se faz presente, mesmo que ocorra a implantação, as atividades sofrem

descontinuidades devido à rotatividade de pessoal.

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137

Em segundo lugar, observou-se que os motivos mais relevantes assinalado pelas

empresas pesquisadas, para envolver-se num projeto de implantação de práticas de gestão

ambiental foi a conscientização sócioambiental, seguida pelo atendimento à legislação.

Hillary (2000), Burke e Gaughran (2006), Dawson (2006) e diversos outros autores apontam

que o atendimento aos requisitos dos clientes seria o fator motivador mais importante. Porém,

essa constatação é verdadeira para as PME que operam numa cadeia de suprimento, como,

por exemplo, no setor automobilístico. Para as empresas analisadas, que desconheciam muitas

vezes os diversos dispositivos legais que deveriam atender, bem como toda a problemática

ambiental em que seus negócios estão contextualizados, seria esperado esse resultado, fruto

inclusive dos assuntos discutidos nas oficinas, tanto que 96% dos entrevistados indicaram que

as atividades do PQF podem ser melhoradas com um maior envolvimento de grandes

empresas da cadeia de suprimento e associações comerciais. Quanto aos benefícios, a maioria

das participantes observou melhorias gerenciais como o atendimento à legislação e ao

aperfeiçoamento da organização dos processos. Contudo, nem todas estão convencidas quanto

a inserir a questão ambiental nos processos decisórios de forma proativa, visando inclusive

retornos financeiros (redução de custos) e diferenciação no mercado, conforme relacionados

por Dawson (2006) e Gavronski (2008), provavelmente pela alegação de que o aumento da

contratação pelas empresas-âncoras das participantes do PQF, ficou aquém do esperado.

Por fim, pode-se concluir que o PQF é um programa eficaz e eficiente para a

melhoria da gestão e na consolidação dos negócios das empresas, principalmente para aquelas

que alcançaram um patamar diferenciado de atendimento aos requisitos, tendo ultrapassado o

processo de auditoria e recebido a certificação diamante ou rubi. Caso não estivessem

participando do programa, 87% dos entrevistados não iriam implantar qualquer iniciativa

ambiental, apesar de 62% terem afirmado que tinham consciência da necessidade de

implementar ações de Gestão Ambiental, antes mesmo do envolvimento com o PQF.

Praticamente todos os respondentes elogiaram a metodologia e pontuaram como muito

importante a realização das oficinas de capacitação, o desenvolvimento das consultorias, cujo

custo é muito acessível, e o processo de avaliação que proporciona um retorno explícito dos

pontos de melhoria. Além disso, o envolvimento no programa e a expectativa de geração de

negócios com as empresas-âncoras é um fator motivador para a participação e a permanência,

bem como a possibilidade do reconhecimento formal a partir de auditorias programadas, em

que os participantes podem ser agraciados com um determinado tipo de selo (topázio, rubi ou

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diamante). Apesar de o programa oferecer alternativas de soluções às barreiras de

implantação, conforme apresentada no quadro 21 (Barreiras enfrentadas pelas PME e como

elas são superadas no PQF), algumas empresas sugeriram a implantação de medidas de

melhoria, como a incorporação de novos temas (RH e TI), disponibilização de estagiários sem

ônus, programas avançados para as empresas diamante, dentre outros que podem ser

analisados pela coordenação do programa para futuras implementações.

6.2- RECOMENDAÇÕES

Este estudo analisou uma amostra de 55 empresas para uma população de 126 que

possuíam informações postadas no site do PQF em 2009. Dessas, 116 apresentavam

avaliações realizadas pelo IEL e classificadas naquelas que possuíam índice de requisitos

atendidos de 100%, as que possuíam índice entre 70,1% e 99%, outras entre 50,1% e 70% e

aquelas que estavam abaixo de 50%.

As conclusões deste trabalho limitam-se a fornecer explicações para uma amostra do

universo das pequenas e microempresas, focalizando aquelas que participam de um programa

de qualificação, portanto não podem ser generalizadas, apesar de fornecer subsídios para uma

generalização. Outra limitação apresentadas nesta pesquisa está na lacuna de uma avaliação

do papel das empresas-âncoras (Veracel, Millennium, Bosch, Deten, Gerdau, Suzano, El

Paso) no contexto do PQF, bem com a percepção dessas empresas com relação às

características do programa. Apesar do papel estratégico que o programa tem desempenhado,

observa-se a ausência das maiores empresas industriais da Região Metropolitana de Salvador

como empresas-âncoras (Petrobrás, Brasken, Ford, Coelba, Oxiteno, Caraíba, Votorantin), por

desconhecerem o potencial do programa ou por possuírem iniciativas específicas de

qualificação de fornecedores. Porém a participação dessas empresas poderia ser um fator

importante de fomento, incorporando um universo muito mais amplo de empresas

fornecedoras.

Considerando as constatações deste estudo e vivências do autor, no intuito de propor

alternativas de melhoria na implantação da Gestão Ambiental nas Micro e Pequenas

empresas, são indicadas as seguintes recomendações:

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� Desenvolver oficinas de capacitação a distância para as empresas que não possam

se deslocar para o local das oficinas presenciais, ou para as que desejam realizar

reciclagem ou formação de novos facilitadores, tendo em vista a dificuldade de

recursos das empresas;

� Desenvolver Programas específicos de aprimoramento contínuo para as empresas

já certificadas com o selo diamante;

� Estabelecer práticas de monitoramento e de indicadores ambientais específicos

para acompanhamento do desempenho ambiental das empresas já certificadas,

cujos resultados sejam alimentados no portal;

� Estabelecer no PQF serviços de apoio para auxiliar especificamente algumas

PME a continuar o processo de implementação do SGA, tendo em vista as

dificuldades na continuidade do processo por conta própria, ou para manutenção

e melhoria dos requisitos alcançados pelas empresas;

� Oportunizar a contratação temporária de jovens Técnicos de Segurança/Meio

Ambiente recém-formados para prestar serviços nas empresas que não possuam

recursos humanos para implementar as atividades do Programa;

� Estabelecer parceria com o IMA/Secretaria Municipal de Meio Ambiente visando

fomentar a obtenção da Licença Ambiental Simplificada para as PME que ainda

não operaram em conformidade com a política ambiental do Governo do Estado

da Bahia, tendo em vista que o atendimento à legislação é um dos fatores mais

importante de mobilização para a gestão ambiental;

� Realizar, por meio da FIEB, eventos de sensibilização e visitas técnicas, visando

agregar as grandes empresas na adoção do programa de qualificação de

fornecedores, com ênfase no Environmental Supply Chain Management – ESCM,

já que a pressão dos clientes é considerada o fator mais importante de motivação

para a gestão ambiental por muitos pesquisadores;

� Apoiar o evento de premiação das ações de prevenção da poluição da FIEB, com

a apresentação dos casos de sucesso das ações de produção mais limpa, cujo

reconhecimento é feito com exposição em mídia específica, como a revista Bahia

Indústria;

� Fomentar a participação das empresas no Premio de Gestão da Qualidade da

Bahia;

� Estimular o desenvolvimento de ações de produção mais limpa entre os

participantes;

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� Efetivar parceria com Coordenações de Centros ou Distritos Industriais visando à

interiorização das ações do PQF;

� Utilizar o ecomapping como ferramenta de diagnóstico das PME;

� Aprimorar o processo de certificação utilizando o modelo de implantação do

SGA por estágios com base na BS 8555 / ISO DIS 14005.

Sugere-se, como estudos futuros, proporcionar a continuidade da investigação do

tema abordado nesta dissertação, observando-se a percepção das empresas contratantes, as

influências, práticas e oportunidades ambientais na gestão da cadeia de suprimento, bem

como os impactos da legislação ambiental, especialmente no que se refere à Lei 12.305/2010,

que institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos – PNRS.

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APÊNDICE A Questionário sobre as motivações e eficácia do Programa PQF

Todas as questões serão tratadas como confidenciais.

1 - IDENTIFICAÇÃO DA EMPRESA E DO RESPONDENTE

Empresa:

C.N.P.J. :

Ramo de Atividade da empresa:

Tempo no PQF: 0 a 1 ano 1 – 2 anos 2 – 3 +3

Número de funcionários: 1 a 19 20 a 99 100 a 499 +500

Setor: ___produção___ serviços

Estágio de cumprimento dos requisitos do questionário de avaliação do IEL:

0 a 49% 50 a 69% 70 a 99% 100%

Sobre o respondente

Nome: (Opcional)

Cargo/Função:

Tempo na empresa:

Q1: - Como sua empresa tomou conhecimento do PQF?: a) Indicação de cliente b) Folder c) Internet d) Seminário

e) Outro (especificar) :____________________________________________________ (Q2) Sua empresa tinha intenção de implementar ações de Gestão Ambiental antes de

envolvimento com o PQF? Sim Não Não sei (Q3) A sua empresa utilizou quaisquer outros serviços de consultoria ambiental no passado ?

(especificar).

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(Q4) Em sua opinião quais são as principais razões para a adoção de iniciativas de Gestão Ambiental?

Escala: 1 – Nenhuma importância; 2- Pouca importância; 3 – Importância média; 4 – Importante; 5 – Muito importante

Importância Motivação 1 2 3 4 5

1. Atender à legislação

2. Pressão dos clientes e do mercado

3. Melhorar a imagem da empresa

4. Ter acesso a melhores taxas de juro e de seguros

5. Diminuir custo de produção

6. Reduzir os resíduos

7. Conscientização social e ambiental

8. Outros: Quais?

(Q5) Quais dos seguintes benefícios foram obtidos ao implementar as ações das Oficinas de

Meio ambiente do PQF?

Benefício Sim Não Não sei

1. Melhoria desempenho ambiental

2. Aumento das vendas / clientes

3. Melhor conhecimento / atendimento à legislação

4. Redução de custos

5. Melhora na organização da gestão

6. Satisfação do cliente

7. Melhoria da imagem

8. Maior conscientização/motivação dos trabalhadores

9. Melhoria da eficiência operacional e qualidade

10. Outro. Quais?

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(Q6) Quais são as principais dificuldades e barreiras para implementar ações de Gestão Ambiental na empresa?

Dificuldades Sim Não Não sei 1. Não dispor de tempo nem pessoal na empresa.

2. Pouco comprometimento da direção pela baixa compreensão e consciência das questões ambientais.

3. Competência insuficiente da equipe (conhecimento, capacidade técnica) em questões ambientais.

4. Insuficiência de recursos financeiros, pois os custos da implementação das ações podem ser altos.

5. Carência de incentivos ou instituições financiadoras, pois o retorno do investimento não é garantido.

6. Não se justificam medidas para redução dos impactos ambientais já que são pequenos ou insignificantes.

7. Poucos benefícios ou vantagens.

8. Escassez de instituições disponibilizando orientações específicas, material e a legislação ambiental.

9. Requisitos burocráticos e de difícil compreensão.

10. Não dispor de informações sobre soluções técnicas.

11. Insuficiência de consultores experientes.

12. Outros. Quais?

(Q7) O nível de reconhecimento do mercado ou pelo cliente mudou desde que você começou

o Programa? a) Aumento significativo

no reconhecimento b) Aumentou

c) Não houve diferença

d) Não sei

(Q8) De quem sua empresa já recebeu o reconhecimento?

Parte Interessada Sim Não Não sei Clientes

Fornecedores

Outras empresas

Empregados

Seguradoras / Bancos

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(Q9) Qual das seguintes iniciativas ambientais sua empresa tem se envolvido?

Iniciativa Sim Não

1. Política de gestão ambiental

2. Avaliação de Impacto Ambiental

3. PGRS – Programa de Gestão de Resíduos Sólidos

4. Monitoramento Ambiental

5. Auditoria Ambiental

6. Indicadores de Desempenho Ambiental (ISO 14031)

7. Mapeamento do processo

8. Fluxograma de entrada e saída (Eco-balance)

9. Atuação Responsável

10. ISO 14001

11. Produção mais limpa

12. Princípios CERES

13. Rotulagem Ambiental (Selos ecológicos)

14. Avaliação do Ciclo de Vida

15. Implementação do SGA evolutivo (BS 8555 / ISODIS 14005)

16. Ecomapping

(Q10) Você pode especificar outras iniciativas adotadas por sua empresa?

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(Q11) Em que medida cada um dos seguintes componentes do PQF facilitou a implementação das orientações de melhoria na gestão?

Escala: 1 – Nenhuma importância; 2- Pouca importância; 3 – Importância média; 4 – Importante; 5 – Muito importante

Importância Componente

1 2 3 4 5

Possibilidade de começar e parar o processo

Flexibilidade no ritmo de implementação

Uso de modelos para orientar a implantação

Transparência no processo

Promover motivação e encorajamento nos participantes

Possibilidade de parar quando necessidades específicas foram satisfeitas

Critérios de avaliação bem definidos

Possibilidade de reconhecimento formal

Expertise dos consultores

Outros (Especifique)

(Q12) Qual a importância que cada uma das seguintes características incentivou você a

participar do PQF? Escala: 1 – Nenhuma importância; 2- Pouca importância; 3 – Importância média; 4 – Importante; 5 – Muito importante

Importância

Característica 1 2 3 4 5

Atendimento local por parte do IEL

Específico para empresas de pequeno porte

Participação dos clientes (empresas âncoras)

Estabelecer rede com outras empresas

Serviços de consultoria de baixo curso

Eficácia na programação das atividades propostas

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(Q13) Qual a importância das seguintes meios de apoio às empresas participantes do PQF? Escala: 1 – Nenhuma importância; 2- Pouca importância; 3 – Importância média; 4 – Importante; 5 – Muito importante

Importância Meios de apoio

1 2 3 4 5 Oficinas de Treinamento e Workshops Consultoria no site da empresa Avaliação periódica pelo IEL Divulgação no Portal do PQF

Material distribuído nos treinamento

Serviços de Comunicação (Internet, telefone, e-mail, reuniões)

Outro. Qual?

(Q14) Em sua opinião de que forma poderia ser melhorado o suporte oferecido pelo PQF?

(ex: tempo, consultores, informações, orientações, exemplos, etc.) (Q15) Você acha que as atividades do PQF podem ser melhoradas com um maior

envolvimento de grandes empresas da cadeia de suprimento e associações comerciais?

Sim Não Não sei (Q16) Sua empresa pretende buscar a certificação do seu sistema de gestão?

Sim Não Não sei Já sou certificado Se sua resposta foi sim, qual seria a certificação? (pode escolher mais de uma opção) ISO9001 ISO14001 OHSAS18001 SA8000

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(Q17) Você poderia comentar algo sobre as experiências de sua empresa com o PQF? Obrigado por seu tempo, compreensão e esforço. Por favor, SALVE esse arquivo e então envie seu questionário respondido para [email protected]. Quaisquer dúvidas ou comentários pode me contatar pelo telefone (XX) 71 3237-8235. Meu orientador da Universidade Federal da Bahia, Dr. Emerson Ferreira, pode ser contatado pelo e-mail [email protected], em caso de qualquer esclarecimento. Atenciosamente, José Rafael N. Lopes

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APÊNDICE B

Q14 - Em sua opinião de que forma poderia ser melh orado o suporte oferecido pelo PQF? (ex: tempo, consultores, informações, orientações, exemplos, etc.)

TEMAS Freqüência Afirmações

Consultoria 19

1. Mais consultorias.

2. Mais consultores com tempo, possibilitando realizar mais visitas de apoio às empresas de pequeno porte. O critério seria o nº. de efetivos na empresa <= Max. 05 ou, maior nr. de horas de consultoria através de atendimento às demandas específicas de cada empresa.

3. Aumentando o tempo de consultoria nas empresa.

4. Consultoria.

5. Implantar consultores residentes nas empresas.

6. Maior tempo dos consultores.

7. Aumentar o tempo das consultorias na empresa.

8. Maior tempo das consultorias.

9. Visita dos consultores trimestralmente.

10. Aumentar a carga horária da consultoria.

11. Consultores.

12. Disponibilizar mais tempo para consultorias e oficinas e parcerias nos cursos do Sebrae.

13. Aumentar o tempo de consultoria nas empresas.

14. Tempo maior nas consultorias e maior aprofundamento das oficinas.

15. O tempo de consultoria poderia ser maior.

16. Tempo de consultoria dentro das empresas.

17. Tempo, maior aproximação dos consultores.

18. O tempo despendido pelos consultores, muito escasso, para implementação do sistema se torna quase necessário à contratação de uma firma especializada, porém o custo é demasiadamente caro, fora do nosso alcance, por isso estamos indo bem devagar, mas com sucesso na maioria das partes, faltando ainda logicamente ser perfeita, mas estamos chegando.

19. Mais consultoria.

Atendimento e Orientação

8

1. Fornecer apoio de estagiários via IEL (selecionados, treinados / orientados, auditados e avaliados pelo IEL) com o custo zero (repassado às empresas de pequeno porte - baixo efetivo) para implementação do PQF, visando/ criando a oportunidade do próprio ser integrado na empresa após o final do estagio.

2. No início a comunicação foi confusa via e-mail, no site, principalmente em relação à agenda de treinamentos. Hoje, é excelente. Basta manter.

3. Implementar e tornar o portal do PQF mais eficaz.

4. Atendimento do IEL para o Cliente (atendimento personalizado).

5. Melhorar a comunicação do andamento dos trabalhos com as empresas participantes do programa.

6. Orientações canalizadas para o ramo de atividade.

7. Deveriam existir orientações on-line.

8. Gostaria de receber mais informações e orientações sobre o PQF.

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TEMAS Freqüência Afirmações

Oficinas 8

1. Para as empresas que participam por mais tempo, oferecer reciclagem (mais cursos, oficinas, consultorias, principalmente para novos colaboradores).

2. Programas específicos para empresas já certificadas pela ISO, melhorar o tempo de retorno das consultorias do programa PEIEX. Há meses foi feito o diagnóstico a até o momento não iniciou a consultoria das áreas com oportunidade de melhoria...

3. As oficinas de Meio ambiente deveriam ter uma duração maior já que é um ponto importante para as empresas.

4. Melhorar o tempo das oficinas

5. Treinamentos: fortalecer o desenvolvimento das equipes e das empresas. Esta é uma necessidade para poder se manter atualizado e competitivo dentro do mercado, tanto para as empresas como para os profissionais que nelas trabalham.

6. Apresentação de casos práticos.

7. No conteúdo que é dado. Não tem condições de assimilar tudo em 01 noite. Poderia ser feito mais oficinas na semana para facilitar.

8. Horário das reuniões poderia ser um pouco mais tarde, por volta das 19h30.

Implementação e Manutenção

6

1. O tempo de implementação das atividades deveria ser maior, pois as PME possuem poucos recursos.

2. Falta tempo dos empresários para implementação, é necessária uma pessoa específica na empresa.

3. Melhorar o acompanhamento

4. Auditoria em campo, ou seja, onde é realizada a atividade da empresa;

5. Deveria existir um suporte maior para as empresas participantes por parte dos consultores;

6. O suporte de PQF poderia nos ajudar a criar e formatar indicadores de eficiência da gestão ambiental, pois em nossa organização temos uma lista de ações que devem ser adotadas para implementação e PGRS, mas não tivemos orientação para transformar estas ações em indicadores que expressassem o nosso desempenho na gestão ambiental.

Material 6

1. Maior acesso a informações, relacionadas ao tema.

2. Existem dois tópicos importantíssimos que devem ser incorporados ao programa PQF: Gestão Organizacional com ênfase em clima organizacional em função de que muitas empresas ME ou EPP trazem na sua essência o perfil de empresa familiar e Gestão da Informação (TI) que tem fator impactante na operacionalização de todos os processos no contexto atual.

3. Material oferecido poderia conter mais informações;

4. Disponibilidade de material aplicado (via e-mail);

5. Recebimento constante de materiais (e-mail ou correio);

6. O IEL deve elaborar procedimentos diferenciados de empresa de serviço e não manter procedimentos de empresa de linha de produção.

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TEMAS Freqüência Afirmações

Organização 10

1. Fator de grande importância para a gestão e orientação quanto aos controles do processo.

2. Propicia ferramentas necessárias àquelas empresas que efetivamente querem implementar as boas praticas.

3. Mais conhecimento e experiência para desenvolver as atividades em relação à gestão de processo com base na ISO

4. Inserindo a empresa em práticas de excelência, capacitando seu recurso humano e dando grande visibilidade no mercado local.

5. Melhor gestão, funcionários são mais motivados, os clientes mais satisfeito, a qualidade é melhorada.

6. Esclareceu dúvida sobre a Gestão da Qualidade. Os consultores dão muitas dicas que ajudam à empresa e orientam a atuação na melhoria contínua.

7. A empresa teve sua cultura modificada em ISO 14001, pois era a única que tínhamos dificuldades com os colaboradores.

8. Melhor adequação do programa para empresas pequenas, em nível de modelos de procedimentos e criação de registros e documentos.

9. Há tempos entendemos que há necessidade de mudar, porem com o contato com este programa deu o empurro para começar.

10. O PQF Bahia proporcionou a antecipação da implementação do SGI sistema de gestão integrado.

Comercial 8

1. Baixa eficácia na criação de um ambiente específico para geração de negócios.

2. Trouxe muitos benefícios internos, porém não tanto na parte comercial. Houve algumas rodadas de negócios, fizemos algumas sugestões, porém muitas das ações têm sido pela própria empresa.

3. O programa é ótimo, porém o apoio das empresas âncoras deveria ser maior, na contratação de serviços, monitorando a implementação dos requisitos.

4. Nenhuma âncora fez contato por conta do PQF.

5. Face à qualificação "rubi", possuímos agora uma ferramenta muito forte em termo de marketing.

6. A participação no programa deu suporte a implantar ações voltadas para o meio ambiente, qualidade, saúde e segurança e com isso aumentou o número de clientes.

7. A empresa adquiriu um melhor conhecimento, principalmente na área de meio ambiente e isso resultou em um melhor reconhecimento por parte dos clientes.

8. O PQF possibilitou a troca de experiências e parcerias entre as empresas participantes.

Q18 - Você poderia comentar algo sobre as experiênc ias de sua empresa com o PQF?

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TEMAS Freqüência Afirmações

Qualificação 9

1. As auditorias são fundamentais, pois são divulgados pontos fracos a serem melhorados.

2. Tudo o que a Ledquadros conseguiu a nível de certificação, iniciou-se com o incentivo do PQF, observando e identificando dentro da empresa o quanto poderia melhorar. Só que, após sermos selo diamante e a empresa certificada pela ISO 9001, começamos a questionar a importância de continuarmos no PQF, visto a falta de programas específicos de continuidade de melhoria. Tivemos esperanças com o PEIEX que fosse um programa mais avançado. O que percebemos é uma demora absurda nos trabalhos, altamente desestimulante. Decidiremos em breve se daremos ou não, continuidade a esta parceria tão importante inicialmente para nós.

3. Tivemos excelentes cursos de 1 semana ministrados pelo Sebrae, gostaria que tivesse continuado.

4. Adquirimos muitos conhecimentos, dos quais nem tudo foi possível por em pratica.

5. É um bom sistema, porém deixou a desejar na entrega de certificados dos treinamentos realizados e no envolvimento das empresas âncoras.

6. Excelente programa. Ele foi muito útil para iniciar a sistemática da qualidade. Uma vez atingido patamar de certificação, o PQF parou de "ajudar" no desenvolvimento da empresa. Logo, deveria e poderia continuar ajudando com os treinamentos e workshops, pois o desenvolvimento humano e gerencial dentro de uma empresa nunca para, e são necessários para a constante adaptação ao mercado.

7. Foi interessante, mas parece que falhou no acompanhamento.

8. Estamos satisfeitos com o programa, principalmente com os cursos do PEIEX. Quanto à consultoria, como iniciamos há pouco tempo, ainda não tem como avaliar.

9. Há mais de um ano não recebemos visitas dos consultores nem convites para oficinas. Questionei com o IEL e ainda não obtive resposta.

Legislação 3

1. Através do PQF conseguimos tirar a licença ambiental do IMA;

2. Aprendizado quanto a Atendimento à Legislação pertinente ao negócio e a oportunidade de conhecer as exigências do mercado referente às certificações.

3. Melhorou quanto à organização; desempenho dos colaboradores com a padronização dos procedimentos; conhecimento das normas legislativas inerentes à organização; oportunidade de parcerias com outras âncoras e outros fornecedores;