UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA FACULDADE DE … · 2018-09-05 · 2 EMILE JANAINA BARROS DA...
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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA FACULDADE DE COMUNICAÇÃO
EMILE JANAINA BARROS DA CONCEIÇÃO NÁDIA DOS SANTOS DA CONCEIÇÃO
REVISTA DIGITAIS: Mulheres da UFBA - trajetórias e contribuições para a Ciência
Salvador 2017
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EMILE JANAINA BARROS DA CONCEIÇÃO NÁDIA DOS SANTOS DA CONCEIÇÃO
REVISTA DIGITAIS: Mulheres da UFBA - trajetórias e contribuições para a Ciência
Memória apresentada aos Cursos de graduação em Comunicação Social, Faculdade de Comunicação, Universidade Federal da Bahia, como requisito parcial para obtenção dos graus de Bacharéis Comunicação com habilitação em Jornalismo e em Comunicação e Cultura.
Orientadora: Profª. Drª. Simone Terezinha Bortoliero
Salvador 2017
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AGRADECIMENTO
Agradecemos, sempre, a Deus! Pela vida, pelos dons, pelas oportunidades
(inclusive à que tivemos de nos conhecer, e de conhecer nossa orientadora, a
professora Simone Bortoliero. Nada é por acaso!), pelos momentos de superação, e
iluminação, quando achamos que não conseguiríamos. Pela concretização deste
trabalho, e, consequentemente, pelo encerramento de mais este ciclo de nossas
vidas. Temos certeza que é só o começo!
Agradecemos às nossas famílias, que nos proporcionaram a educação, tanto
pessoal quanto escolar. Pelos valores que nos ensinaram e nos fizeram ser as
mulheres que somos hoje. Obrigada pelo amor incondicional, que certamente nos
fortaleceu para chegarmos até este momento. Obrigada mainhas, painhos, manos,
manas, voinhas...!
Às mestras e mestres, que tanto nos ensinaram ao decorrer dos nossos
cursos, das nossas vivências na Faculdade de Comunicação. Um agradecimento
especial à professora Simone, que, além de ser nossa mãe na Facom (mãe durona,
que puxa a orelha, que cobra, que briga, mas também ri conosco, nos acolhe), nos
contaminou com o amor pela Divulgação Cientifica, e pelos estudos de gênero.
Obrigada aos amigos que fizemos, tanto os colegas de curso, colegas da
Agência de Notícias em CT&I, da Agência Experimental em Comunicação e Cultura,
quanto os professores e funcionários da faculdade. Conquistamos amizades que
levaremos para a vida!
Obrigada às nossas musas inspiradoras, mulheres guerreiras que
contribuíram com o nosso trabalho, doaram seu tempo, abriram suas casas, suas
vidas, compartilharam suas trajetórias conosco (Alda Motta, Eliane Azevêdo, Estela
Aquino, Márcia Tavares, Tatiana Dumêt, Suzana Cardozo, Suani Pinho, Suely
Messeder). Muito obrigada por contribuírem para provar que todas somos capazes.
Com toda certeza, somos pessoas diferentes agora que conhecemos suas histórias.
OBRIGADA, OBRIGADA, OBRIGADA…
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LISTA DE QUADROS
Quadro 1 Distribuição percentual dos pesquisadores segundo o sexo............... 11
Quadro 2 Distribuição dos pesquisadores/sexo segundo a condição de
liderança...........…………..................................................................... 12
Quadro 3 Áreas com predominância feminina ………………...…………............. 12
Quadro 4 Áreas com predominância masculina………………...………............... 13
Quadro 5 Nível da participação feminina da graduação à pesquisa…................ 13
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LISTA DE SIGLAS
ABRASCO Associação Brasileira de Saúde Coletiva
ABRALIN Associação Brasileira de Linguística
ALB Academia de Letras da Bahia
ALIBI Projeto Atlas Linguístico do Brasil
ANPOLL Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Letras
e Linguística
CAPES Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior
C&T Ciência e Tecnologia
CITECS Ciência, Inovação e Tecnologia em Saúde
CNPQ Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico
DGP Diretório de Grupos de Pesquisa
ENSP Escola Nacional de Saúde Pública
FAPESB Fundação de Amparo à Pesquisa da Bahia
FIOCRUZ Fundação Oswaldo Cruz
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ICPD International Conference on Population and Development
IMS Instituto de Medicina Social
INEP Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio
Teixeira
INPE Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais
INCT Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia
ISC Instituto de Saúde Coletiva
LDI Lexiques, Dictionaires, informatique
MUSA Programa Integrado em Gênero e Saúde
NEIM Núcleo Estudos Interdisciplinares sobre a Mulher
NEPO Núcleo de Estudos de População “Elza Berquó"
NUFERGE Núcleo de Formação em Educação e Relações de Gênero
OBSERVE Observatório pela Aplicação da Lei Maria da Penha
PPGNEIM Programa de Pós-Graduação em Estudos Interdisciplinares
sobre Mulheres, gênero e Feminismo
ONU Organização das Nações Unidas
PROPLAN Pró-Reitoria de Planejamento
SES-SP Instituto de Saúde de São Paulo
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SBF Sociedade Brasileira de Física
SBMAC Sociedade Brasileira de Matemática Computacional e Aplicada
SBPC Sociedade Brasileira para o progresso da Ciência
UEFS Universidade Estadual de Feira de Santana
UFBA Universidade Federal da Bahia
UFC Universidade Federal do Ceará
UFRPE Universidade Federal Rural de Pernambuco
UERJ Universidade do Estado do Rio de Janeiro
UNEB Universidade do Estado da Bahia
UNESCO Organização das Nações Unidas para a educação a Ciência e a
Cultura
UNESP Universidade Estadual Paulista
UNICAMP Universidade Estadual de Campinas
USP Universidade de São Paulo
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VII - promover a equidade na sociedade, combatendo todas as formas de intolerância e
discriminação decorrentes de diferenças sociais, raciais, étnicas, religiosas, de gênero e de orientação
sexual”.
(Estatuto e Regimento Geral da UFBA - Cap.2, art.
2º, p. 20)
“A importância de escrever a história das mulheres brasileiras cientistas é reconhecer que a participação
feminina foi e é fundamental para o avanço do conhecimento”.
(Projeto Pioneiras da Ciência, CNPq)
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RESUMO
Este trabalho é a memória descritiva do produto Revista Digitais, publicação eletrônica que pretende ser um espaço de visibilização das contribuições de pesquisadoras no âmbito da construção e consolidação dos 70 anos de pesquisa na Universidade Federal da Bahia (UFBA), bem como os legados deixados por estas mulheres para a Ciência baiana, concluindo, assim, que a academia também é lugar de mulheres. Nesta primeira edição, que pode ser acessada no link: https://issuu.com/revistadigitais/docs/revista_digitais_bdb77484d6d67a, retratamos as mulheres pesquisadoras através de entrevistas e perfis, que mostram seus legados e trajetórias de vidas, e reportagens que situam a questão e problemática do Gênero e da Ciência na academia.
Palavras-chave: Gênero, Ciência, UFBA, trajetórias, Revista Digitais.
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SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO …………………………………………………………………... 11
2. ASPECTOS TEÓRICOS .………………………………………………………. 15
2.1. Jornalismo de Revista …………………………………………………….... 15
2.2. Gênero e Ciência ……………………………………………………………. 17
3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS …………………………………...... 22
4. O PRODUTO …………………………………………………………………...... 23
4.1. Revista Digitais …………………………………………………………..….. 23
4.2. Entrevistas e confecção das matérias ……………………………………. 24
4.3. Dificuldades enfrentadas …………………………………………………... 25
4.4. As Mulheres ...…………………...……………………....………………...... 26
4.4.1. Perfiladas ………………………………………………………...... 26
4.4.2. Entrevistas …………………………………………………………. 28
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS …………………………………………….…….... 30
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.…………………………………………...34
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1. INTRODUÇÃO
Um estudo realizado em 2006 questionou um grupo de jovens de escolas
públicas baianas acerca da imagem de um cientista: Quando se fala em cientista,
qual imagem lhe vem à mente? A resposta da grande maioria deles, 80%, foi de que
um cientista seria um homem, branco e que trajava um jaleco branco. Está
espantado? Nós também, sobretudo porque não nos encaixamos nestes
estereótipos, somos mulheres, negras que pensam e produzem outro tipo de
Ciência. Uma Ciência preocupada em dar acesso e incluir a sociedade no processo
de construção de um mundo mais justo e igualitário.
De acordo com dados divulgados em 2013, pelo Diretório de Grupos de
Pesquisa (DGP)1, do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e
Tecnológico (CNPq)2, o número de mulheres cientistas já era igual ao de homens.
Em 2010 a distribuição numérica homem-mulher já era 50-50%, diferente dos
resultados de anos anteriores. Em 2008 o percentual era 51-49% e, em 2016, 52-
48%. Confira na tabela abaixo o quadro anual, do ano de 1995 a 2010, onde é
possível visualizar o crescimento gradativo.
Quadro 1: Distribuição percentual dos pesquisadores segundo o sexo - 1995-2010
Sexo 1995 1997 2000 2002 2004 2006 2008 2010
Masculino 61 58 56 54 53 52 51 50
Feminino 39 42 44 46 47 48 49 50
Fonte: DGP/CNPq
No quesito ocupação feminina em cargos de liderança de grupos de pesquisa,
o CNPq mostrou que ainda existe uma soberania masculina com o percentual de
55% para 45% de pesquisadoras. Quando se fala em participantes dos grupos não
líderes, as mulheres já são maioria, 52%. Confira o quadro 2.
1Disponível em: http://cnpq.br/noticiasviews/-/journal_content/56_INSTANCE_a6MO/10157/905361.
Acesso em: 07 fev. 2017 2 www.cnpq.br
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Quadro 2: Distribuição dos pesquisadores por sexo segundo a condição de liderança - 1995/2010.1
Condição de
liderança
1995 1997 2000 2002
Masc. Fem. Masc. Fem. Masc. Fem. Masc. Fem.
Líderes 5.820 3.020 6.572 3.902 9.971 6.485 12.493 8.569
Não-líderes 10.602 7.324 12.974 10.227 17.423 14.767 18.366 17.453
Total 16.422 10.344 19.546 14.129 27.394 21.252 30.859 26.022
Condição de
liderança
2004 2006 2008 2010
Masc. Fem. Masc. Fem. Masc. Fem. Masc. Fem.
Líderes 15.431 11.058 16.289 12.420 17.297 13.890 20.452 16.802
Não-líderes 25.741 25.022 30.469 30.751 35.660 37.111 44.260 47.154
Total 41.172 36.080 46.758 43.171 52.957 51.001 64.712 63.956
Fonte: DGP/CNPq
No quesito área de pesquisa com maior predominância pelos gêneros
feminino e masculino, não houve surpresa no resultado, pois ainda aponta que as
mulheres optam por áreas relacionadas ao cuidado: Enfermagem e Serviço Social e
os homens pelas “ciências duras”: Engenharias e Física. Conclui-se que o velho
estereótipo, da divisão dos postos de trabalho como “para mulheres” e “para
homens”, ainda está bastante presente na sociedade, influenciando nas escolhas
acadêmicas.
Quadro 3: Áreas com predominância feminina
Área Nº de Homens Nº de Mulheres Homens (%) Mulheres (%)
Fonoaudiologia 59 484 11 89
Enfermagem 405 2636 13 87
Serviço Social 263 1158 19 81
Nutrição 227 976 19 81
Educação 4645 9451 33 67
Fonte: DGP/CNPq
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Quadro 4: Áreas com predominância masculina
Área Nº de Homens Nº de Mulheres Homens (%) Mulheres (%)
Engenharia Mecânica 1675 272 86 14
Engenharia Elétrica 2873 420 87 13
Engenharia Naval e Oceânica
55 8 87 13
Engenharia Aeroespacial 143 41 78 22
Física 2809 706 80 20
Fonte: DGP/CNPq
Em 2015, a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a
Cultura (UNESCO) divulgou o relatório Unesco Science Report: Towards 20303
sobre a participação feminina no universo na Ciência. Os resultados apontaram para
um número crescente de mulheres na graduação e no mestrado, 53%, com uma
significativa queda no nível do doutorado, 43% (ver quadro 5). A situação é ainda
mais crítica quando se fala no número de pesquisadoras, que são apenas 28% em
todo mundo.
Quadro 5: nível da participação feminina da graduação à pesquisa
Tendo como base a perspectiva por regiões do globo, o relatório aponta que a
3Disponível em <http://unesdoc.unesco.org/images/0023/002354/235406e.pdf>. Acesso em: 01 jan
2016.
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América Latina lidera o mundo na participação feminina, concentrando algumas das
maiores taxas de mulheres do mundo estudando no campo científico. De acordo
ainda com o relatório, dos 12 países que apresentaram dados, tendo como base
2010-2013, sete alcançaram a notoriedade na questão de gênero: Bolívia (63%),
Venezuela (56%), Argentina (53%), Paraguai (52%), Uruguai (49%), Brasil (48%) e
Guatemala (45%). A Costa Rica apresenta 43%, já o Chile é o que apresentou
menor pontuação entre os países para os quais existem dados recentes (31%). O
Caribe pinta um quadro semelhante, com Cuba tendo paridade entre os sexos (47%)
e Trinidad e Tobago na cúspide (44%).
Em nossa universidade, a UFBA, a situação é semelhante. Passados 70 anos
de sua fundação, a UFBA é um grande celeiro no que tange a formação de
mulheres. Tanto que conferiram a elas a maior parcela de sua comunidade
acadêmica estudantil em 2015, com 4.199 ingressantes no curso de graduação. O
número de homens que ingressaram foi 3.9894.
De acordo com pesquisa realizada pelo Programa Integrado em Gênero e
Saúde (MUSA – ISC), no período de 1998 a 2015, houve uma “evolução temporal do
número de estudantes ingressantes de todas as áreas segundo sexo e proporção de
mulheres na UFBA. Em 1998 éramos 48%, agora somos 50%. O estudo aponta que
este crescimento se deu também nas áreas comumente classificadas como
masculinas, a área 1 (Engenharias e Ciências Exatas e Tecnologias), de 26% para
33%. Na área 2 (Ciências Biológicas e Profissões da Saúde) permanece a maioria
de mulheres, de 62% para 67%. Na área 3 (Filosofia e Ciências Humanas) mesmo
tendo uma maioria de mulheres, houve uma redução, de 57% para 53%.
Nas Letras, área 4, existe uma redução da participação feminina, 77% a 66%.
Enquanto que na área 5 (Artes) se manteve o equilíbrio de gênero com pequena
maioria de mulheres, de 56%, de 1998 a 2015.
Na docência as mulheres já se equiparam aos homens. Em 2001 éramos
44%, já em 2015 passou para ser 50%, havendo, portanto, um aumento gradativo da
participação.
Com a insistência da reprodução de um modelo de Ciência ainda
androcêntrico, apesar de as mulheres já serem a maioria em quase todos os campos
4Dados retirados da publicação UFBA em Números Retrospectiva Especial 70 anos. Disponível em:
https://proplan.ufba.br/sites/proplan.ufba.br/files/UFBA_em_numeros_Retrospectiva_Especial_70Anos_0.pdf
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da estrutura científica, como foi possível atestar com as pesquisas anteriores, suas
produções ainda sofrem com o cenário machista, racista e classista, que legitima
esse modelo ultrapassado vigente no país nos espaços de produção de
conhecimento. Nessa perspectiva, mesmo com o crescente número de ingressos
das mulheres na universidade, como estudantes, como docentes e como
pesquisadoras, ainda percebemos uma baixa na participação dessas mulheres na
ocupação de cargos de prestígios, comissões e em locais de credibilidade no
universo científico, na UFBA e na Ciência como um todo. Somos incompetentes?
Não! Temos reconhecimento, mas ainda precisamos construir um diálogo que
disfarça a dureza das práticas culturais que consideram as mulheres seres delicados
e emocionais que não se adéquam a determinados cargos e não renderiam como
homens.
Após verificarmos uma deficiência na circulação do conhecimento produzido
por mulheres em nosso estado, optamos pela concepção da Revista Digital que
pretende publicar, nesta primeira edição, matérias relacionadas às pesquisas
desenvolvidas por mulheres, suas trajetórias, entrevistas pessoais, conquistas,
novos prêmios e publicações que estão surgindo sobre a temática e tudo mais que
for pertinente ao tema. A Revista é online, devido à facilidade de distribuição pela
internet e pelo baixo, ou nulo, custo de publicação, já que essa será feita na
plataforma de publicação eletrônica gratuita para revistas, jornais e catálogos,
ISSUU5 Apesar de não ser uma publicação impressa, carrega toda a qualidade de
uma, porém aliada à comodidade de acesso em qualquer aparelho com acesso à
internet, gratuitamente. Contribuindo também para a deficiência desse tipo de
produto no mercado do jornalismo baiano.
2. ASPECTOS TEÓRICOS
2.1. Jornalismo de Revista
Não é novidade que a Internet é parte indissociável da vida do brasileiro,
sobretudo a internet móvel, tendo como destaque os smartphones. Em pesquisa
divulgada em 2016 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), foi
5 https://issuu.com/
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concluído, pela primeira vez, que os brasileiros utilizam mais o celular para acessar
a internet do que o computador. “O celular para navegar na rede era usado em
80,4% das casas com acesso à internet, já o computador para esse fim estava em
76,6% desses domicílios e teve queda na comparação com 2013 (88,4%)”, como a
afirmou a repórter Flávia Villela, em reportagem veiculada na Agência Brasil6.
O surgimento e popularização da Internet, bem como a popularização dos
dispositivos móveis de comunicação, como tablets e smartphones, mudou também
a forma de diversos ramos comerciais trabalharem, foi o que aconteceu com o
Jornalismo. A opinião e os acessos dos usuários/ clientes passou a contar ainda
mais para o sucesso das publicações.
Ao contrário de todas as outras formas anteriores de jornalismo que eram, de uma maneira ou de outra, distribuídas, seja pela circulação do papel impresso seja pela difusão de ondas, o jornalismo digital precisa ser acessado pelo usuário. Tal diferença deve produzir modificações consideráveis nas estratégias de divulgação do produto, a fim de gerar demanda de potenciais usuários. (PALACIOS e GONÇALVEZ, 1997, p. 2).
O imediatismo na publicação das notícias realmente passou a acontecer, as
versões impressas dos periódicos passaram a dividir espaço, ou mesmo perdê-lo,
para versões digitais e blogs, e os profissionais jornalistas e as empresas
jornalísticas tiveram que se adequar a essas mudanças rapidamente para não
perder seu espaço. O Jornalismo de Revista também teve de se adequar ao meio
digital. Hoje em dia, praticamente todas as revistas já estão disponíveis em
plataformas online. Inclusive, o meio digital é amplamente utilizado pelas diversas
vertentes científicas e acadêmicas na criação de revistas eletrônicas, nas quais são
publicados artigos científicos.
A Revista Digitais, nosso produto, é uma revista eletrônica que aborda a
temática científica, mas não com a finalidade de publicar artigos, mas sim de
abordar assuntos inerentes à ciência utilizando a linguagem e o fazer jornalístico.
Nela utilizaremos as características do Jornalismo de Revista, com matérias mais
longas e aprofundadas, um layout mais elaborado e atrativo. Porém, estas serão
aliadas a algumas características do Jornalismo Digital, tornando-a uma revista
digital. Ela estará hospedada em uma plataforma de publicação online, que
permitirá aos leitores acesso a ela em qualquer dispositivo com acesso à internet,
6 Disponível em: http://agenciabrasil.ebc.com.br/economia/noticia/2016-04/celular-e-principal-meio-de-
acesso-internet-na-maioria-dos-lares. Acesso em 09 fev. 2017.
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podendo até fazer o download gratuito.
Apesar de ser uma revista digital, a Revista Digitais não conta com as
características de hiperlinks, vídeos, áudios, entre outras linguagens digitais
inerentes ao novo estilo jornalístico. Não em seu arquivo que está hospedado no
ISSUU. Entretanto, criamos um blog, também chamado Revista Digitais7, no qual
fizemos referência em diversas matérias presentes na revista, para que os leitores
possam ter acesso a conteúdos multimídia. O blog funcionará como uma espécie de
anexo da revista eletrônica, complementando as matérias publicadas, dando uma
continuidade a elas.
2.2. Gênero e Ciência
Mesmo sendo uma realidade no Brasil, desde 1808, o ensino superior só
passou a estar disponível para as mulheres após a Reforma do Ensino Primário e
Secundário do Município da Corte e Superior, em 1879, e com a instauração do
decreto 7.247, de 19 de abril, mais conhecido como a Reforma Leôncio de Carvalho.
A partir daí, as lutas das mulheres passaram a ter mais um reforço para o acesso
aos espaços de conhecimento, as universidades.
O decreto, que facultou às mulheres a matrícula no ensino superior, foi o
divisor de águas para que elas pudessem ter acesso à universidade no Brasil,
reforçando as lutas travadas anteriormente em prol do acesso à educação e à
equidade de gênero. Contudo, mesmo com toda essa importância, o decreto não
corrigiu os retrocessos acumulados pela falta de acesso das mulheres no ensino
básico, locais reforçados como espaços de educação reservados apenas aos
homens. Esse condicionante configurou resultados tímidos, pois a maioria das
mulheres não tinha a permissão para ir à escola e, consequentemente, não tinham o
conhecimento necessário para os estudos do nível superior. Então, o modelo
imposto pela sociedade patriarcalista da época, e que ainda reflete nos dias atuais,
só nos deu uma mulher diplomada nove anos após o decreto, em 1887, com Rita
Lobato Velho Lopes que se sagrou a primeira mulher a se graduar no Brasil, na
Faculdade de Medicina da Bahia.
A doutora Rita Lopes abriu os caminhos para a mudança de perfil que o país
7Disponível em: www.revistadigitais.wordpress.com.
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apresentava na inserção da mulher no campo de produção de Ciência e de
conhecimento. De acordo com dados do último Censo da Educação Superior,
realizado em 2012, coletados pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas
Educacionais Anísio Teixeira (Inep), o país tem uma real conquista social: a maioria
do corpo discente das graduações brasileiras é do sexo feminino. A pesquisa aponta
ainda que o universo acadêmico registra maior número de matrículas de mulheres,
em cursos de graduação presenciais. Em todo o Brasil, são 3.286.415 matrículas
femininas, sendo 2.637.423 masculinas.
Diante do impacto da importância das mulheres no desenvolvimento científico
brasileiro, nosso trabalho tem por objetivo a produção de uma revista com
reportagens e perfis de mulheres científicas baianas: a Revista Digitais. A publicação
se propõe a ser um espaço de visibilização das contribuições das pesquisadoras no
âmbito da construção e consolidação dos 70 anos de pesquisa na UFBA, bem como
os legados deixados por estas mulheres para a Ciência baiana, concluindo, assim,
que a academia também é lugar de mulheres. Mulheres que têm suas vidas
atreladas à construção da Ciência, pesquisadoras que foram, e são, fundamentais
para desfazer um pensamento machista, que impedia as mulheres de terem
educação e desenvolver suas competências para além de suas casas e famílias.
A injustiça que buscamos diminuir com este trabalho é a invisibilidade da
produção das mulheres na universidade, bem como reforçar essa considerável
contribuição para a construção de uma epistemologia feminina na Bahia. Essa
injustiça é potencializada pela falta de um pensamento que priorize a vulgarização
da Ciência nas unidades de ensino e pesquisa, que, quando acontece, inferioriza a
produção realizada por mulheres, consolidando uma Ciência machista e classista,
que persistimos em derrubar.
O fato é que, desde criança, o que ouvimos sobre a história brasileira é que
fomos descobertos e explorados por homens desbravadores que sempre se saíram
vitoriosos nas lutas por independência, lutas religiosas e atuações com visibilidade
cultural e científica. Esse fato é, na verdade, meia verdade, pois, segundo o catálogo
Mulheres Cientista na/da Bahia, de 2000, além desses homens desbravadores
existiam também “mulheres que descobriram e dominaram províncias, que
compravam escravos para libertá-los, que perderam fortunas para salvar uma
população inteira da peste na Bahia, e que fizeram Ciência no século XIX”.
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O mesmo apagamento é consolidado, na história, quando há proibição das
mulheres de atuarem em espaços públicos e/ou omissão da sua participação
enquanto cidadãs e continua, mesmo no século XXI, concentrando nas mãos de
homens a produção do conhecimento e das tecnologias.
O descompasso entre o que vivenciamos e o que queremos que aconteça na
universidade, sobretudo no que tange às questões de gênero sempre estiveram em
nosso campo de estudo. Isto porque somos mulheres e muitas vezes somos
desafiadas a mostrar nosso valor, tendo como parâmetros sempre os valores
calcados por homens. Na universidade não é diferente. Desde que entramos na
universidade até hoje, estamos sempre sendo apresentadas aos protagonistas
masculinos e brancos, importantes referências de produção de Ciência no mundo.
Não estamos aqui para demonizar a produção científica masculina, mas para
questionar onde estão as referências das mulheres que produzem Ciência na
universidade, na Bahia, no país, no mundo.
Na consolidação do conceito de Gênero, poucas autoras conseguem ser tão
concisas quanto Joan Scott. Dessa forma, para ela, o gênero precisa ser entendido
como um elemento que constitui as relações sociais, tendo como parâmetros as
diferenças percebidas entre os sexos, sendo assim, o gênero, primariamente, dá
significado às relações de poder. No entanto, segundo Guedes (1995), a
conceituação de Scott sobre gênero é a que pode ser mais utilizada, pois engloba
vários componentes que melhor explicam o termo.
Esmiuçando a conceituação de Gênero de Scott, vemos que esta definição constitui-se de duas partes e várias subpartes. Assim, os elementos constitutivos em relação à primeira parte da definição de que o "gênero é um elemento constitutivo das relações sociais baseado nas diferenças percebidas entre os sexos. (SCOTT, 1995 apud GUEDES, 1995, p. 7).
De acordo com Albernaz e Longhi (2009), a criação do conceito de gênero foi
uma estratégia para divisão de privilégios, que sempre ficaram em absoluta maioria
nas mãos dos homens, que eram considerados os mais fortes e capazes, enquanto
as mulheres, consideradas frágeis, precisavam ser protegidas. Ainda hoje
encontramos resquícios nocivos dessa representação simbólica utilizada para
subjugar as mulheres e legitimar a soberania masculina:
[...] gênero se constitui numa das primeiras formas para significar e distribuir poder. Ou seja, as classificações culturais realizadas com base no gênero,
20
no ocidente, são utilizadas para legitimar a distribuição do poder entre as pessoas. Tende-se a considerar superior, mais forte e mais poderoso o que é classificado culturalmente como masculino. O que é classificado culturalmente como feminino é significado como menor, mais fraco e com menos poder, devendo ficar na esfera da proteção e da submissão ao masculino (ALBERNAZ e LONGHI, 2009, p.85).
Mesmo agora, no ano 2017, essa relação de disparidade social entre homens
e mulheres ainda é evidente, claro que em menor proporção, graças às lutas e
vitórias femininas. Nas residências, às mulheres ainda é destinada a atividade
doméstica e cuidado com os filhos; nas empresas, onde, apesar das mudanças,
grande parte das mulheres ainda ocupa cargos de servidão, ainda que tenham mais
anos de estudos que os homens; nas universidades, as mulheres ainda são
excluídas dos cursos considerados mais importantes; na ciência, apesar de
contribuírem muito, seus feitos são obscurecidos. Isso confirma que apesar de no
passado as mulheres terem mostrado capacidade, tanto quanto os homens, em
diversos ramos da sociedade, essa visão do sexo frágil ainda existe e está bem
presente.
Essa diferenciação simbólica que divide ajuda a legitimar a “superioridade”
masculina, também está presente no meio acadêmico e no mercado de trabalho,
quando contribuem para a divisão das áreas de conhecimento em patamares por
importância. Mesmo que não haja nenhuma comprovação de que realmente haja
maior importância em uma ou outra, esta segregação está também ligada à questão
de gênero, como explica a pesquisadora Elizabete Silva (2008):
A problemática de gênero é tão determinante na produção do conhecimento científico que estabelece lugares valorados hierarquicamente para as Ciências Naturais e Exatas e para as Ciências Humanas e Sociais. As primeiras, denominadas de “duras”, são as consideradas objetivas e, portanto, mais próximas da “verdade” e da confiabilidade no uso do seu método universal, por isso são reconhecidas como superiores e são estas as ciências que os homens “naturalmente” se ocupam. As segundas, denominadas de “moles”, tratam dos feitos humanos desde a complexidade inerente ao indivíduo àquela da dinâmica social e são mais “adequadas” às mulheres, ficando na segunda categoria (SILVA, 2008, p.3).
Ao longo dos anos a participação feminina em todas as áreas de
conhecimento tem aumentado, porém, nas ditas “ciências duras” elas ainda não se
equipararam aos homens. E isso, sem dúvida, se deve a anos de disseminação
desses estereótipos que colocam a mulher em um lugar de fragilidade e de não
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competência para exercer determinadas profissões, como as das áreas exatas.
Quando elas conseguem transpor essa barreira e ingressar num curso de Física, por
exemplo, se deparam com o preconceito de um território machista, ou mesmo não
conseguem ascender na carreira, pois a sociedade ainda acredita que os homens
são melhores para aquele tipo de atividade. Ainda que elas tenham melhores notas,
mais anos de estudo e muito mais conhecimento.
A criação do saber científico nos dias atuais está cada vez mais atrelada ao
desenvolvimento das nações, portanto, investir em ciência e tecnologia tem se
tornado uma prioridade na pauta de qualquer governante. Mas em se tratando de
países “em desenvolvimento” temos percebido que essa pauta não é consensual,
mesmo em regiões com grande potencial para tal. Algumas estudiosas, como Tabak
(2002), questionam a não equiparação da importância da Ciência e da Tecnologia
em escala global e considera isso como prejudicial, sobretudo para os países
periféricos. Isso porque esses países não conseguem investir em pesquisa científica
e, muitas vezes, perdem a potencialidade para outros países, perdendo a
oportunidade de construírem uma Ciência forte, em grande medida, pela não
instrumentalização das pessoas.
A autora acredita que a priorização de uma ciência mercantilista é prejudicial,
isso acontece porque a política cientifica desses países não leva em consideração a
Ciência feita para os homens. Esse recorte da Ciência é fator central para a
exclusão e sub-representação de grupos menos favorecidos desses países como
índios, negros e mulheres, grupos que, segundo Tabak (2000), são potenciais
intelectuais dessas nações e precisam ser reconhecidos e incentivados para serem
inseridos no meio científico e tecnológico.
No caso das mulheres, mote desta pesquisa, a sub-representação gera uma
subutilização delas no campo científico, afetando o desenvolvimento social e indo
contra os Direitos Humanos. “As mulheres estão não só sub-representadas
numericamente na Ciência, mas as oportunidades para fazer carreira também
variam de acordo com o sexo.” (TABAK, 2000, p.55).
22
3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
O acúmulo de dois marcadores sociais – Mulher e Negra - já nos coloca em
um lugar diferenciado dentro de uma universidade pública neste país. Na
Universidade Federal da Bahia este lugar nos foi presenteado com satisfações e
dificuldades. A satisfação de saber que temos a capacidade de ser profissionais
conscientes de nosso papel social e na busca de melhorar em nossas atuações,
sejam elas pessoais ou profissionais, o que independe destes marcadores, ou
dependeria se vivêssemos em uma sociedade sem machismo e sem racismo. É aí
que iniciam as dificuldades, as nossas, como estudantes, dentro de um sistema
androcêntrico e racista, e as de acesso às diversas informações, que nos farão
profissionais e pessoas diferentes. Essa diferença que nos moveu na produção
deste trabalho. Sempre tivemos curiosidade em saber como as mulheres teriam
contribuído para a produção científica na universidade e na Bahia.
O tema Revista Digitais: Mulheres da UFBA na Ciência: trajetórias e
contribuições teve sua definição a partir do nosso trabalho na Agência de Notícias
em CT&I – Ciência e Cultura, onde tivemos a oportunidade de trabalhar com a
professora Simone Bortoliero, coordenadora do projeto e nossa orientadora, e
aprendemos na prática a respeito da divulgação científica. Tivemos contato com
pesquisadores de diversas áreas na UFBA, e fora dela, também aprendemos sobre
a História da Ciência. E durante esse aprendizado, pudemos verificar que apesar de
muitas na academia, as mulheres não recebiam o valor devido dentro da instituição.
Ficamos incomodadas por muito tempo com a pouca discussão e divulgação
a respeito da participação feminina dentro da Universidade e na Ciência baiana. E
agora que tivemos a oportunidade de fazer um trabalho de pesquisa, decidimos
procurar por algumas dessas mulheres que tanto nos inspiram. Inicialmente,
queríamos fazer um catálogo ou um site trazendo nomes e histórias de mulheres
que faziam e fizeram pesquisa na UFBA. Queríamos reunir uma grande quantidade
de pesquisadoras com expressão em suas áreas e com carreiras já consolidadas em
um único lugar, fosse revista ou website. Entretanto, por conta do prazo reduzido
para fazer a pesquisa, leitura, entrevistas e suas transcrições, e escrita, além da
criação do site, que era a opção pela qual estávamos mais interessadas, tivemos
que diminuir bastante o que tínhamos em mente.
23
Em reunião com nossa orientadora, a professora doutora Simone Bortoliero,
decidimos fazer uma série de seis reportagens, onde cada uma de nós entregaria
três. Esses textos, na verdade, seriam perfis de pesquisadoras da UFBA, que
escreveríamos nos moldes do Jornalismo Literário8, e posteriormente seriam
publicados no site da Agência de Notícias em CT&I – Ciência e Cultura9. Então,
pesquisamos sobre quem poderíamos entrevistar e escolhemos Eliane Azevêdo10
(Medicina), Suzana Cardozo11 (Letras), Suani Pinho12 (Física), Alda Britto13
(Sociologia), Estela Aquino14 (Saúde), Suely Messeder (Antropologia). Tentamos
contato com outras pesquisadoras, mas algumas delas não puderam nos ceder
entrevistas e de outras não obtivemos respostas. No final só conseguimos
entrevistar as professoras Eliane, Suzana, Suani, Estela e Alda mesmo.
Após as entrevistas, visto o rico material que conseguimos em depoimentos,
optamos por, além dos perfis com estilo literário, utilizá-los para escrever
reportagens mais abrangentes, que problematizassem a situação das mulheres
dentro da academia.
4. O PRODUTO
4.1. Revistas Digitais
A Revista Digitais é uma publicação eletrônica criada com o objetivo de ser
um veículo jornalístico para popularização do trabalho científico desenvolvido em
universidades baianas. Nessa primeira edição, que pode ser acessada no link:
https://issuu.com/revistadigitais/docs/revista_digitais_bdb77484d6d67a, pois não
pretendemos parar neste Trabalho de Conclusão de Curso, o foco está na produção
científica de pesquisadoras da UFBA, mulheres que fizeram a diferença frente ao
machismo acadêmico. Além das matérias e entrevistas, criamos sessões para a
8 É a vertente jornalística que une o texto jornalístico com o literário, proporcionando uma narrativa
mais rica em vocabulário, profundidade e humanidade. 9 Projeto de divulgação e popularização da Ciência, criado em 2011, pela professora doutora Simone
Terezinha Bortoliero. O projeto foi idealizado dentro do curso de Especialização em Jornalismo Científico e Tecnológico, em 2010, na Faculdade de Comunicação, onde o projeto também é sediado. Informações em www.cienciaecultura.ufba.br. 10
http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?id=K4783547Y3 11
http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?id=K4787164D3 12
http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?id=K4786250U6 13
http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?id=K4788144P5 14
http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?id=K4783004P0
24
divulgação de grupos de pesquisa, literatura, premiações e filmes relacionados à
temática das mulheres na ciência.
A revista foi toda formatada no programa Corel Draw X7. E para ilustração
das reportagens utilizamos fotografias, ilustrações e infográficos de nossa autoria, de
disponibilização gratuita, ou mesmo disponíveis em pesquisas oficiais relacionadas
às temáticas abordadas.
Em conjunto com a revista, criamos um blog, com o mesmo nome Revista
Digitais15, utilizando a plataforma Wordpress16. Visto a impossibilidade da
disponibilização de conteúdos multimídia e hiperlinks na revista, decidimos
compartilhar esses conteúdos no blog. Fizemos referências a esses conteúdos
complementares nas matérias presentes na revista. Essa outra ferramenta nos
ajudará a manter um diálogo com os leitores, além de dar continuidade às
entrevistas e reportagens que escrevemos.
O nome “Digitais” é uma alusão às impressões digitais, que são
características únicas de cada indivíduo. Utilizamos a palavra no sentido de que as
histórias que contamos na revista são únicas, pessoais. As pesquisadoras que
entrevistamos são mulheres singulares que deixaram suas marcas pessoais, suas
“digitais”, na ciência e merecem reconhecimento por isso. Assim como a Revista
Digitais é a marca que nós, Emile e Nádia, estamos deixando.
4.2. Entrevistas e confecção das matérias
Baseado no nosso objetivo, concluímos de que a melhor metodologia que
poderia ser empregada para dar conta de concluirmos nosso trabalho, decidimos
utilizar o método da pesquisa qualitativa, baseando-se no levantamento de dados
documentais, bibliográficos e em entrevistas em profundidades.
Decidido o método de pesquisa, escolhemos as pesquisadoras tendo como
critério as diferentes áreas de conhecimento presentes na UFBA, objetivando
alcançar a diversidade da atuação dessas cientistas. O segundo passo foi a
definição do tipo de abordagem jornalística, a qual ficou definido da seguinte forma:
1. Perfis - Escolhemos quatro pesquisadoras: Suani Pinho, física; Suzana
Cardoso, dialectologa; Alda Mota, socióloga; e Eliane Azevedo, geneticista.
15
Disponível em: https://revistadigitais.wordpress.com/ 16
Plataforma online para criação de blogs e websites. www.wordpress.com
25
2. Entrevistas - Estela Aquino, epidemiologista; Márcia Tavares, assistente
social; Tatiana Dumêt, engenheira.
3. Matérias - A mulher negra e a educação superior; Pesquisadoras da UFBA
incluem a Bahia na história da ciência brasileira; Família e carreira ou família x
carreira?; NEIM: 34 anos formando feministas na UFBA; A presença feminina na
UFBA.
4. Memorial: Informações sobre a temática na Bahia e no mundo e relatos de
produção do trabalho.
Os documentos buscaram compreender como anda a luta da mulher cientista
na UFBA, quais os mecanismos usados por estas pesquisadoras para sua
sobrevivência no meio acadêmico, espaço marcadamente dominado pela cultura
androcêntrica, bem como a conquista de notoriedade em suas áreas de
conhecimento. As entrevistas foram exploratórias, abertas e seguiram um roteiro
prévio, respeitando o objetivo da pesquisa e julgamos que foi satisfatória para a
conclusão da mesma.
4.3. Dificuldades enfrentadas
Na finalização do trabalho passamos por problemas semelhantes aos que
problematizamos em nossas matérias. A necessidade de conciliar trabalho com
estudos dificultou muito a produção das reportagens, pois precisávamos agendar as
entrevistas em dias que podíamos sair do trabalho, e ainda adequar às agendas das
entrevistadas. Mas, sem dúvida a parte mais difícil e cansativa foi a transcrição das
entrevistas. Com ajuda de um gravador, nós gravamos todas as entrevistas, que
foram bastante longas (como verão nos anexos ao final deste memorial). E depois
precisamos escutá-las e transcrevê-las. Tudo isso foi ainda mais prejudicado pelo
prazo mínimo que tivemos, graças às últimas greves. Tivemos que pensar de forma
muito minimalista para conseguir concretizar o trabalho no tempo que tivemos.
A pior parte foi no contato com as pesquisadoras, já que pensamos em vários
nomes, porém não conseguimos entrevistá-las, pois muitas não nos responderam e
as que deram respostas não podiam nos conceder as entrevistas. Isso aconteceu
com as pesquisadoras negras, que era um assunto que queríamos discutir. Por esse
26
motivo, tivemos que abortar ideias de matérias que precisavam de fontes
específicas, além de atrasar nossa formatura por um semestre, já que ao final de
2016.1 não nos sentimos satisfeitas com o material que tínhamos conseguido
concluir. Houve muita dificuldade também em levantar os dados sobre a participação
feminina na UFBA e percebemos também que não há levantamento, pelo menos
não tivemos acesso, sobre a participação feminina, tendo um recorte racial, que
seria um dos braços de nossa pesquisa. A greve dos funcionários técnico-
administrativos também foi um empecilho nesse quesito, já que não havia a quem
solicitar essas informações. Os dados utilizados nas reportagens foram cedidos pela
professora Estela Aquino, do Instituto de Saúde Coletiva (ISC), pelo Núcleo de
Estudos Interdisciplinar sobre a Mulher (NEIM) e pela Pró-reitoria de Planejamento
(Proplan).
A produção da nossa revista Digitais eletrônica foi relativamente simples.
Realizamos reuniões de pautas, fundamentais para definirmos as temáticas das
matérias, nossa política editorial, o layout da mesma e as editorias e seções. Nossa
publicação está hospedada no ISSUU, plataforma online para a publicação de
documentos eletrônicos.
4.4. As Mulheres
Os critérios de escolha das entrevistadas foram que elas deveriam ser
pesquisadoras de importância e expressão dentro da UFBA e de suas áreas de
atuação e com carreiras científicas consolidadas para termos noção da situação
feminina em diferentes ambientes da universidade, levando em conta a questão das
profissões tidas como masculinas e femininas. São elas:
4.4.1. Perfiladas
Alda Motta - Possui graduação em Ciências Sociais (1967), mestrado em Ciências
Sociais (1977) e doutorado em Educação (1999) todos realizados na Universidade
Federal da Bahia (UFBA). Atualmente é professora e pesquisadora da UFBA. Foi
professora visitante na Brown University em 1990 e na University of Cambridge em
1995. De 2002 até agora, atua na pós-graduação em Ciências Sociais da
Universidade Federal da Bahia e no Núcleo de Estudos Interdisciplinares sobre
27
Mulher (NEIM). Atua também, desde 2006, no Programa de Mestrado/Doutorado de
Estudos Interdisciplinares Mulher, Gênero e Feminismo. Tem experiência na área de
Sociologia, atuando principalmente nos seguintes temas: Idosos, Gênero, Educação
continuada, gerações, velhice e família.
Eliane Eliza de Souza e Azevêdo - Graduada em Medicina pela Universidade
Federal da Bahia (1961), doutorado de Philosophy in Genetics pela University of
Hawaii/ - USA (1969), pós-doutorado na London University, Galton Laboratory (1972
e 1973). É professora Emérita da Faculdade de Medicina da UFBA, desde 2006.
Foi a primeira reitora da Universidade Federal da Bahia, eleita em 1992, ex-
vice-presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) (1961
a 1993), dedicando-se à pesquisa experimental em genética humana e médica
(1993). Atualmente dedica-se à pesquisa teórica sobre questões de ética em
pesquisa, bioética e integridade científica. Foi aprovada em concurso público para
Professora titular aposentada de Genética na UFBA e professora titular de
Bioética na UEFS em 2000. Coordena o Conselho Editorial da Academia de
Ciências da Bahia, desde 2010. Coordena o Núcleo de Bioética da Faculdade de
Medicina da Bahia - UFBA com reuniões científicas quinzenais desde 2005. Com 78
anos continua estudando e pesquisando por opção, sem obrigação. Aposentada da
UFBA em 1993 e da UEFS em 2006, no cargo de professora titular em ambas.
Suani Pinho - Possui graduação e mestrado em Física pela Universidade Federal
da Bahia (UFBA), em 1986 e 1991, respectivamente, e doutorado em Física pela
Universidade de São Paulo, em 1998. Fez estágio pós-doutoral na University of
Alberta (2002). É professora associada da UFBA e atualmente assume o cargo de
Chefia de Gabinete da Reitoria. É associada da Sociedade Brasileira de Física
(SBF), da Sociedade Brasileira de Matemática Computacional e Aplicada (SBMAC) e
da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC); atualmente é membro
titular do Conselho da SBF.
Coordena o Grupo de Modelagem Matemática e Computacional de Sistemas
Vivos junto ao Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia - Ciência, Inovação e
Tecnologia em Saúde (CITECS). Dentro da UFBA colabora com pesquisadores dos
Institutos de Física, Matemática, Saúde Coletiva e Biologia. Colabora também com
28
vários grupos de pesquisa em instituições brasileiras (USP, UNESP, UFC, INPE,
UFRJ, FioCruz, UEFS) e estrangeiras (University of Alberta - Canada, Instituto
Gulbenkian de Ciência - Portugal, Universidad Nacional Autónoma do México).
Sua atuação apresenta forte teor multidisciplinar, abordando os seguintes
temas: modelos dinâmicos de sistemas vivos (doenças transmissíveis e doenças
neoplásicas); fundamentos e aplicações de redes complexas a sistemas biológicos;
fundamentos matemáticos da Mecânica Estatística e aspectos históricos da
Termodinâmica e da Dinâmica Não-Linear.
Suzana Cardozo - Possui graduação em Letras Neolatinas (1960), mestrado em
Letras e Linguística (1979), ambos pela Universidade Federal da Bahia e doutorado
em Letras Vernáculas pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (2002).
Professora Associada nível 1 da UFBA. Professora convidada da
Universidade Paris 13. Professora Emérita da Universidade Federal da Bahia.
Membro Associado do Lexiques, Dictionnaires, Informatique (LDI) da Universidade
Paris 13.
Coordenadora do GT de Sociolinguística da ANPOLL (1992-1994). Presidente
da Associação Brasileira de Linguística - ABRALIN (1993-1995). Tem experiência na
área de Letras, com ênfase em Língua Portuguesa, atuando principalmente nos
seguintes temas: dialectologia, geolinguística, português do Brasil, língua
portuguesa e variação. É Diretora-Presidente do Projeto Atlas Linguístico do Brasil e
imortal da Academia de Letras da Bahia, Cadeira 28.
4.4.2. Entrevistas
Estela Aquino - Formada em Medicina, em 1977, concluiu o Mestrado em Medicina
Social (1987) no Instituto de Medicina Social da Universidade do Estado do Rio de
Janeiro (IMS/UERJ) e o Doutorado em Saúde Coletiva pelo Instituto de Saúde
Coletiva da Universidade Federal da Bahia (ISC/UFBA), em 1996.
É professora titular do ISC-UFBA, onde coordena o Programa Integrado em
Gênero e Saúde (MUSA), que integra a estrutura matricial do ISC e está cadastrado
como grupo de pesquisa na plataforma Lattes. Entre 1995 e 2009, integrou a
coordenação do Programa Interinstitucional de Treinamento em Metodologia de
Pesquisa em Gênero, Sexualidade e Saúde Reprodutiva, em parceria com o
29
NEPO/UNICAMP, o IMS/UERJ, a ENSP/FIOCRUZ e o Instituto de Saúde (SES-SP).
É pesquisadora do "Elsa-Brasil: Estudo Longitudinal de Saúde do
Adulto", estudo que coordenou na UFBA, tendo feito parte do Comitê Diretivo
nacional de 2005-2015. Integrou como consultora o processo de Acompanhamento
Anual de programas de pós-graduação em Saúde Coletiva pela CAPES (2008).
Entre 2008 e 2014 foi conselheira do Conselho Nacional dos Direitos da
Mulher, onde representava a ABRASCO. Em 2012, foi convidada a participar da
primeira reunião da High Level Task Force for the International Conference on
Population and Development (ICPD). Coordena um programa de colaboração com a
Universidade do Porto, com a professora Conceição Nogueira, Atua na área de
saúde coletiva, com ênfase em epidemiologia. Os termos que melhor definem sua
produção científica e tecnológica são: gênero e saúde, saúde de adultos, saúde
reprodutiva, saúde e trabalho, epidemiologia.
Márcia Santana Tavares – Possui graduação em Serviço Social pela Universidade
Federal de Sergipe (1982), mestrado em Sociologia pela Universidade Federal de
Sergipe (2004) e Doutorado em Ciências Sociais pela Universidade Federal da
Bahia (2008). Atualmente é professora adjunta II do Curso de Serviço Social da
Universidade Federal da Bahia; professora e coordenadora do Programa de Pós-
Graduação em Estudos Interdisciplinares Mulheres, Gênero e Feminismo –
(PPGNEIM/UFBA); pesquisadora do Núcleo de Estudos Interdisciplinares sobre a
Mulher (NEIM); membra do Observatório pela Aplicação da Lei Maria da Penha –
(OBSERVE/NEIM/UFBA). Como pesquisadora, desenvolve estudos voltados para os
seguintes temas: relações de gênero, práticas e representações sociais, família;
gestão, monitoramento e avaliação de políticas públicas, mais especificamente, a
política de gênero, de enfrentamento à violência contra a mulher e de assistência
social.
Tatiana Bittencourt Dumêt - Possui graduação em Engenharia Civil pela
Universidade Católica do Salvador (1988), mestrado em Engenharia Civil na
Universidade de São Paulo (USP - Capital -1995) e doutorado em Engenharia Civil
(Engenharia de Estruturas) pela Universidade de São Paulo (USP - São Carlos -
2003). Atualmente é Professora Associada da Universidade Federal da Bahia e
30
Diretora da Escola Politécnica da UFBA. Tem experiência na área de Engenharia
Civil, com ênfase em estruturas de concreto, atuando principalmente nos seguintes
temas: concreto, concreto armado, concreto protendido, dimensionamento e fôrmas.
31
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Diante das pesquisas, realizadas nos últimos meses, pudemos perceber que
a questão Gênero e Ciência ainda é uma temática muito pouco discutida na
Universidade, e na sociedade de modo geral. E não é uma particularidade da Bahia.
Mesmo com a realização de diversas iniciativas e incentivos para o aumento da
participação feminina na produção científica, e em seu universo, ainda criamos um
monstro denominado invisibilidade.
Percebemos uma grande resistência ao trabalho realizado pelas mulheres no
tocante à sua inserção nos centros de pesquisa e nos cargos de prestígios dentro
deles. Um exemplo disso é que nos 70 anos da UFBA tivemos apenas duas reitoras.
De acordo com a maioria das pesquisadoras entrevistadas, a grande vilã para essa
resistência é a cultura androcêntrica ainda fortemente cultuada nos centros de
produção do conhecimento, característica não exclusiva da UFBA, mas do mundo
inteiro. A ciência e os lugares de prestígios ainda são vistos como masculinos.
Um exemplo de resistência à ciência feita por mulheres é a invisibilidade
sobre a temática e o não reconhecimento dos núcleos que pesquisam sobre a
temática. Como é o caso do Núcleo de Estudos Interdisciplinares sobre a Mulher
(NEIM), um dos mais conceituados do país e da América Latina, mas que não tem o
devido reconhecimento dentro da própria Universidade, por dois motivos, que as
pesquisadoras consideram fortes: o fato de estar fora do campo das “ciências duras”
e por falar da temática de gênero. Esses também são os motivos para a
invisibilidade feminina na Universidade, mesmo existindo aumento significativo de
ingresso de mulheres na graduação, sobretudo nas áreas de Artes e Ciências
Humanas, e no mestrado, contudo, este número não é acompanhado no acesso ao
doutorado e na pesquisa.
Percebemos que com a realização deste trabalho que as mulheres
necessitam de união na consolidação da importância de suas pesquisas dentro dos
centros de produção de conhecimento. Ao contrário do que muitos insistem em
reforçar, ou esconder, temos grandes e importantes nomes realizando estudos na
academia, mas a cultura machista ofusca essas produções que tem autonomia e
respaldo nos mais diversos campos de conhecimento, não apenas no que tange ao
campo do cuidado. É vergonhoso, mas real, admitirmos que numa universidade com
32
o respaldo da Universidade Federal da Bahia ainda não há uma política de incentivo
à equidade de gênero e, pior, nem sequer apresentar dados com diferenciação de
gênero, no tocante à sua diversidade de representação. Apesar dos esforços
constantes, ainda há muito chão para caminhar até alcançarmos a equidade e/ou
igualdade.
Por outro lado, mesmo tendo grandes mulheres que lutam para o
reconhecimento da mulher na Ciência dentro da própria UFBA, durante toda
pesquisa nos deparamos com a dificuldade de acesso às informações dentro da
nossa universidade. Comprovando, portanto, dois sintomas que contribuem para que
a invisibilidade da produção feminina: O primeiro é a inexistência de dados concretos
para o desenvolvimento de nossa pesquisa, o que confirma que a questão de
gênero precisa ser levada a séria, mas é necessária uma política também séria e
qualificada. O segundo sintoma, tão grave quanto o primeiro, é a ineficiência dos
órgãos da UFBA responsáveis pela divulgação dos poucos dados estatísticos que
existem sobre a temática. Esse comportamento da maior universidade vai de
encontro aos princípios da transparência e do cunho público da produção feita em
uma universidade pública federal, mantida pelos cofres públicos. Estas linhas, na
verdade é um desabafo, pois nenhum dos nossos dados veio da administração
central da UFBA, nunca obtivemos respostas de nossos contatos. Nossos dados
deste memorial e das matérias nos foram fornecidos pelas nossas pesquisadoras
entrevistas.
Esse comportamento nos permitiu fazer alguns diagnósticos enquanto
comunicadoras: o primeiro é a falta de diálogo entres as unidades da universidade; e
o segundo é a relativização da pesquisa desenvolvida por nós estudantes, também
responsáveis pela manutenção do status quo desta universidade. E lamentamos
muito por isso e fazemos questão de deixar aqui registrado.
A criação da Revista Digitais é uma gota d’água no processo de visibilização
e reconhecimento das contribuições do trabalho científico desenvolvido por nossas
cientistas, sobretudo em um estado tão rico nestas contribuições. A nossa iniciativa
também é uma forte iniciativa para que novos projetos nesta linha possam aparecer,
a partir de proposição de parcerias para que possamos ser um veículo pioneiro de
divulgação da produção científica feminina dentro da universidade que, como
apresentaremos na Digitais, é muito rica e apresenta uma diversidade de
33
abordagens, tendo como perspectivas as questões de gênero.
Este trabalho tem ainda um forte caráter de popularização da científica,
buscando ultrapassar os muros da universidade, no que tange à participação
popular no desenvolvimento científico, pois a universidades públicas sobrevive das
demandas e do financiamento do público brasileiro, portando, suas descobertas e
soluções devem chegar aos brasileiros de várias formas e a nossa missão - como
jornalistas e comunicadoras - é tornar essa relação possível e clara para a
população. Um trabalho que já tem sido desenvolvido pela Agência de Notícias em
CT&I - Ciência e Cultura.
34
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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