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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA FACULDADE DE EDUCAÇÃO PROGRAMA NACIONAL ESCOLA DE GESTORES DA EDUCAÇÃO BÁSICA PÚBLICA CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM COORDENAÇÃO PEDAGÓGICA CECOP 3 ANTONYARA ANDRADE ALENCAR OLIVEIRA A PRÁTICA DOCENTE NO CICLO DE ALFABETIZAÇÃO DA ESCOLA MUNICIPAL TEÓFILO PAIVA GUIMARÃES PARA ASSEGURAR A ALFABETIZAÇÃO E O LETRAMENTO DAS CRIANÇAS ATÉ OS OITO ANOS DE IDADE Salvador 2015

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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA

FACULDADE DE EDUCAÇÃO PROGRAMA NACIONAL ESCOLA DE GESTORES DA EDUCAÇÃO BÁSICA

PÚBLICA CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM COORDENAÇÃO PEDAGÓGICA – CECOP 3

ANTONYARA ANDRADE ALENCAR OLIVEIRA

A PRÁTICA DOCENTE NO CICLO DE ALFABETIZAÇÃO DA ESCOLA MUNICIPAL TEÓFILO PAIVA GUIMARÃES PARA ASSEGURAR A ALFABETIZAÇÃO E O LETRAMENTO DAS

CRIANÇAS ATÉ OS OITO ANOS DE IDADE

Salvador 2015

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ANTONYARA ANDRADE ALENCAR OLIVEIRA

A PRÁTICA DOCENTE NO CICLO DE ALFABETIZAÇÃO DA ESCOLA MUNICIPAL TEÓFILO PAIVA GUIMARÃES PARA ASSEGURAR A

ALFABETIZAÇÃO E O LETRAMENTO DAS CRIANÇAS ATÉ OS OITO ANOS DE IDADE

Projeto Vivencial apresentado ao Programa Nacional Escola de Gestores da Educação Básica Pública, Faculdade de Educação, Universidade Federal da Bahia, como requisito para a obtenção do grau de Especialista em Coordenação Pedagógica. Orientadora: Profª. Mª. Maura da Silva Miranda

Salvador 2015

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ANTONYARA ANDRADE ALENCAR OLIVEIRA

A PRÁTICA DOCENTE NO CICLO DE ALFABETIZAÇÃO DA ESCOLA MUNICIPAL TEÓFILO PAIVA GUIMARÃES PARA ASSEGURAR A

ALFABETIZAÇÃO E O LETRAMENTO DAS CRIANÇAS ATÉ OS OITO ANOS DE IDADE

Projeto Vivencial apresentado como requisito para a obtenção do grau de Especialista em Coordenação Pedagógica pelo Programa Nacional Escola de Gestores, Faculdade de Educação, Universidade Federal da Bahia.

Aprovado em janeiro de 2016.

Banca Examinadora

Primeiro Avaliador.____________________________________________________ Segundo Avaliador. ___________________________________________________ Terceiro Avaliador. ____________________________________________________

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A

Ivete Teixeira dos Santos, Secretária de Educação do Município de Euclides da

Cunha, que possibilitou a nossa participação nesse curso e sempre incentiva a

nossa capacitação profissional. Aos profissionais da educação da Escola Municipal

Teófilo Paiva Guimarães, pela colaboração para a construção desse Projeto

Vivencial, sempre acreditando que é possível, com a nossa força de vontade,

promover uma educação de qualidade para as nossas crianças.

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AGRADECIMENTOS

A Deus, pelo dom da vida, pela força, saúde, sabedoria e coragem para atingir mais

esse objetivo ao qual me propus.

Ao meu marido Ivan Carlos Reis de Oliveira, pela paciência, amor e compreensão

nessa etapa da minha vida, sem o seu apoio a realização desse sonho não seria

possível.

À minha orientadora, Profª. Mª Maura da Silva Miranda, pela paciência, dedicação e

competência com que acompanhou a elaboração desse Trabalho de Conclusão de

Curso – Projeto Vivencial.

À Faculdade de Educação da UFBA e ao Programa Escola de Gestores, por

levarem a cabo esta iniciativa que beneficia tantos Coordenadores Pedagógicos

como eu.

Aos colegas do curso pelos momentos de aprendizagem que compartilhamos

durante essa jornada acadêmica, ficam as boas lembranças. Enfim, a todas as

pessoas que, direta e indiretamente, cooperaram para a concretização desse

projeto, muito obrigada.

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Não há ensino sem pesquisa e pesquisa sem ensino. Esses

que-fazeres se encontram um no corpo do outro. Enquanto

ensino continuo buscando, reprocurando. Ensino porque

busco, porque indaguei, porque indago e me indago. Pesquiso

para constatar, constatando, intervenho, intervindo, educo e me

educo.Pesquiso para conhecer o que ainda não conheço e

comunicar ou anunciar a novidade.

(FREIRE, 1997, p. 32).

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OLIVEIRA, Antonyara Andrade Alencar. A prática docente no ciclo de alfabetização da Escola Municipal Teófilo Paiva Guimarães para assegurar a alfabetização e o letramento das crianças até os oito anos de idade. 2015. Projeto Vivencial (Especialização) – Programa Nacional Escola de Gestores, Faculdade de Educação, Universidade Federal da Bahia, Salvador, 2015.

RESUMO

O presente trabalho trata-se de uma pesquisa de campo, seguida de uma proposta de intervenção, que tem como objeto de estudo as práticas pedagógicas desenvolvidas pelos docentes do Ciclo de Alfabetização e pelo Coordenador Pedagógico da Escola Municipal Teófilo Paiva Guimarães, Município de Euclides da Cunha – Bahia, visando compreender como vem se dando a gestão da aprendizagem na sala de aula e no âmbito da gestão pedagógica escolar desta instituição, para garantir a alfabetização e o letramento das crianças até os oito anos de idade, conforme preconiza a Meta 5 do Plano Nacional de Educação e a RES/CEB/CNE nº 07/2010. O desenvolvimento do trabalho deu-se no campo teórico a partir de estudos sobre a política de Ciclo, através de teóricos como Phillippe Perrenoud (2004) e Jefferson Mainardes (2001), além de estudos sobre alfabetização e letramento de Emília Ferreiro (1985) e Magda Soares (2003). Os resultados da pesquisa relevam que, embora o governo tenha investido na promoção de políticas nacionais de formação continuada dos docentes nesta área, ainda são necessários outros estudos e muitas intervenções para garantir a gestão desse ciclo e o efetivo direito das crianças de ler e escrever fluentemente ao final deste ciclo. Esta pesquisa tem por objetivo levantar dados, mas, também, avaliar procedimentos pedagógicos. Além disso, estabelecer ações de intervenção em problemas evidentes, com o intuito de aprimorar o que se tem de bom e reformular aquilo que ainda está deficiente. A consulta aos professores, a partir das entrevistas, possibilitou uma edificação de propostas concretas de ações junto à Unidade de Ensino que podem favorecer a alfabetização e o letramento de modo mais eficiente. Neste caso, o Coordenador Pedagógico, apoiado e fundamentado nas propostas do PACTO/PNAIC, se torna o protagonista da implementação dessas ações, elucidando as competências cabíveis aos docentes e estabelecendo estratégias conjuntas para promover um melhor ensino na instituição supracitada. Palavras-chave: Alfabetização. Letramento. Ciclo de Alfabetização. Docente. Coordenador Pedagógico.

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

AC Atividade Complementar

AEE Atendimento Educacional Especializado

ANA

CEB

Avaliação Nacional da Alfabetização

Câmara de Educação Básica

CECOP Curso de Especialização em Coordenação Pedagógica

CNE Conselho Nacional de Educação

CP Coordenador Pedagógico

CRAS Centro de Referência e Assistência Social

LDB Lei de Diretrizes e Bases da Educação

MEC Ministério da Educação

PI Proposta de Intervenção

PNAIC Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa

UFBA Universidade Federal da Bahia

UNOPAR Universidade Norte do Paraná

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO............................................................................................. 10

1 MEMORIAL................................................................................................. 13

2 REVISÃO DE LITERATURA....................................................................... 16

2.1 GESTÃO DA APRENDIZAGEM NO CICLO DE ALFABETIZAÇÃO.......... 19

2.1.1 Competências Docentes........................................................................... 20

2.1.2 Competências do Coordenador Pedagógico.......................................... 24

3 PROPOSTA DE INTERVENÇÃO................................................................ 27

3.1 CARACTERIZAÇÃO DA UNIDADE ESCOLAR.......................................... 27

3.2 METODOLOGIA.......................................................................................... 29

3.3 OBJETIVOS................................................................................................. 30

3.4 APLICAÇÃO DO INSTRUMENTO DE PESQUISA E ANÁLISE DE DADOS...................................................................................................... 30

3.5 AÇÕES DA PROPOSTA DE INTERVENÇÃO............................................ 35

3.6 CRONOGRAMA.......................................................................................... 37

CONSIDERAÇÕES FINAIS........................................................................ 38

REFERÊNCIAS........................................................................................... 40

APÊNDICE A – Solicitação de autorização para realização de Projeto de Intervenção na Escola Municipal Teófilo Paiva Guimarães.................. 42

APÊNDICE B – Roteiro para entrevista com os professores da Escola Municipal Teófilo Paiva Guimarães........................................................... 43

ANEXO A – Avaliação Nacional da Alfabetização 2014............................ 45

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INTRODUÇÃO

O ato de educar torna-se, cada vez mais, um desafio indissociável à missão

do professor, pois supõe que o mesmo esteja sempre atualizado e consonante com

novas práticas pedagógicas, que possibilite ao estudante aprender de forma

eficiente, desde seu primeiro despertar intelectual. A alfabetização e o letramento de

crianças nos anos iniciais ainda é um processo muito complexo que exige dos

professores alfabetizadores práticas pedagógicas eficazes, capazes de formar

crianças letradas e alfabetizadas.

Esse Trabalho de Conclusão de Curso de Especialização em Coordenação

Pedagógica da Universidade Federal da Bahia, Projeto Vivencial, tem o intuito de

refletir sobre a prática docente no Ciclo de Alfabetização de forma específica na

Escola Municipal Teófilo Paiva Guimarães, Município de Euclides da Cunha – Bahia,

para garantir a alfabetização e o letramento das crianças até os oito anos de idade.

Nesta perspectiva, empreende-se um laborioso estudo para tentar resolver o

seguinte problema: de que forma vêm sendo desenvolvidas as práticas pedagógicas

dos docentes do Ciclo de Alfabetização da Escola Municipal Teófilo Paiva

Guimarães, para assegurar a alfabetização e o letramento das crianças até os oito

anos de idade? E o que compete à Coordenação Pedagógica neste contexto?

A idealização dessa temática surgiu a partir da convivência com a realidade

de alunos que enfrentam grande dificuldade de progredirem no processo de

alfabetização. Com a Resolução CNE (Conselho Nacional de Educação) nº 7, de 14

de dezembro de 2010, que fixa diretrizes curriculares nacionais para o Ensino

Fundamental de 9 (nove) anos, fica assegurado que a alfabetização seja alcançada

até os oito anos de idade. Essa resolução pretende combater a distorção

idade/ano/série. Nesse ciclo inicial o aluno terá a continuidade da aprendizagem de

forma progressiva sem que a experiência negativa da repetência o desestimule.

Neste sentido, esta realidade desencadeou uma grande necessidade de se

estudar a prática pedagógica e as dificuldades de aprendizagem, bem como, de que

forma ocorre o incentivo à leitura e como formar alunos leitores no Ciclo de

Alfabetização.

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Factualmente o tema é bastante relevante, pois esse estudo oportunizará

uma aprendizagem mais eficaz sobre o assunto, na expectativa de se alcançar uma

formação teórica e prática de como lidar com o processo de gestão da

aprendizagem no ciclo, a partir de práticas de leitura e de produção da escrita. Por

conseguinte, seu legado será a obtenção de ferramentas mais contundentes para se

aperfeiçoar a qualidade do ensino onde se possa aplicar tais conhecimentos.

Enquanto metodologia priorizou-se uma pesquisa de abordagem qualitativa,

que envolve algumas sequências metodológicas, a fim de se alcançar os resultados

almejados. Neste sentido, Rampazzo (2005, p. 60) afirma que:

Na pesquisa qualitativa todos os fenômenos são igualmente importantes e preciosos: a constância das manifestações e sua ocasionalidade, a frequência e a interrupção, a fala e o silêncio. Procura-se compreender a experiência que todos os “sujeitos” têm. [...] Em suma: a pesquisa qualitativa valoriza o ser humano, que não pode ser reduzido a “quantidade”, a “número”, a “esquema generalizado”.

Deste modo, esse é um tipo de pesquisa bem adequado para a natureza

deste trabalho. Como procedimento será realizado uma pesquisa bibliográfica,

pesquisa de campo e observação. Como instrumento de coleta serão utilizados

questionário e entrevistas com os professores da Unidade Escolar, com o intuito de

entender como se dá o processo de aquisição da leitura e da escrita e quais os

entraves encontrados que dificultam essa aquisição.

Foram traçados alguns objetivos que conduziram a construção deste Projeto

Vivencial, como: compreender o processo e significado da aquisição da leitura e

escrita, buscando alternativas que possibilitem a formação de sujeitos

leitores/produtores nos espaços pedagógicos e fora dele; observar o

desenvolvimento da linguagem oral e as estratégias linguísticas empregadas pelo

educador na prática pedagógica; entender quais dificuldades estão impedindo o

processo de alfabetização dos alunos nessa faixa etária; e contribuir para a

resolução dos problemas encontrados no decorrer do estudo do tema.

A estrutura do corpo (desenvolvimento) trabalho foi pensada e subdividida em

três momentos a que chamaremos de capítulos, de modo a organizar uma ordem

lógica dos textos e facilitar a compreensão do leitor. Sendo assim, no primeiro

capítulo procurou-se apresentar uma espécie de enredo memorial, no qual consta

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uma pequena explanação do conceito memória, a fim de justificar a necessidade de

se expor nesse trabalho um histórico desta profissional que elabora essa pesquisa.

Compreendida a etimologia da palavra memória, seguiu-se a um esboço do histórico

da minha vida intelectual e profissional. A proposta é tentar mostrar, a partir de cada

etapa vivenciada, como a prática pedagógica tem me edificado e se desenvolvido a

cada experiência e/ou conhecimento adquiridos.

No segundo capítulo, desenvolveu-se a Fundamentação Teórica, que é a

base de toda a pesquisa, pois toca no cerne da questão levantada como problema a

ser discutido no trabalho. Sabe-se que, a prática pedagógica depende bastante de

um direcionamento teórico para se organizar uma ação efetiva. Por outro lado, não

basta somente falar ou pensar a educação, é preciso relacioná-la à prática. Deste

modo, o intuito é tentar entender o contexto no qual se pretende aplicar o Projeto de

Intervenção - a própria escola em que se realizará a intervenção. Com isso, a base

teórica para se pensar e aplicar uma intervenção consciente foi: a Resolução CNE

(Conselho Nacional de Educação) nº 7, de 14 de dezembro de 2010, no artigo 30; e

autores gabaritados no assunto, como: Emília Ferreiro (1985), Magda Soares

(2003), Phillippe Perrenoud (2004) e Jefferson Mainardes (2001), entre outros.

No último capítulo se dará a elaboração da Proposta de Intervenção

propriamente dita. Neste momento do trabalho foi apresentada uma caracterização

da escola na qual se fará a intervenção pedagógica, em seguida, procurou-se

especificar a metodologia utilizada na PI, para enfim, expor os instrumentos

utilizados na pesquisa, assim como, os resultados com uma análise meticulosa.

Enfim, a Proposta de Intervenção, como prática pedagógica, pretende

oferecer àqueles que trabalham com a educação uma possibilidade de análise e, por

conseguinte, um instrumento de ação direta num contexto peculiar, que é a

alfabetização e o letramento infantil, estágio predecessor importantíssimo em toda a

formação educacional do indivíduo.

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1. MEMORIAL

Rememorar é uma característica peculiarmente humana. A História nos

ensina que o que demarcou o fim da pré-história para o surgimento da História foi

justamente o aparecimento da escrita. Esta atitude documental imprime uma nova

postura cultural própria do homem, registrar seus momentos mais contundentes.

Ora, um memorial nos possibilita reconstruir pensamentos, lembranças, histórias

contadas e vividas, experiências das mais diversas. Ele nos permite revisitar o que

já foi vivido e transformá-lo em documento escrito.

Na lembrança, o passado se torna presente e se transfigura, contaminado pelo aqui e o agora. Esforço-me por recuperá-lo tal como realmente e objetivamente foi, mas não posso separar o passado do presente, e o que encontro é sempre o meu pensamento atual sobre o passado, é o presente projetado sobre o passado. (SOARES, 1991, p.37-38)

Etimologicamente, constatamos que a palavra memorial deriva do

latim memoriale que significa a escrita de memórias, ou seja, o momento ou escrito

que relata acontecimentos memoráveis. Sendo assim, a memória consiste no autor

ou autora fazer um relato de acontecimentos relacionados a experiências vividas,

sejam elas ligadas a formação acadêmica ou a prática profissional. O presente

Memorial tem por objetivo descrever o itinerário educacional que pude experienciar

em diferentes momentos e circunstâncias da minha vida profissional.

A prática pedagógica, ao longo da história, tem se modificado, aprimorado e

dinamizado, isto porque se faz necessário um acompanhamento evolutivo do

exercício educacional com a própria realidade humana.

Iniciei minha atuação profissional após concluir o magistério em 2001, no ano

seguinte comecei a dar aula na Escola Manoel Fidelis da Silva, escola onde estudei,

tenho orgulho até hoje, foi maravilhoso contribuir e retribuir com muito carinho todo

aprendizado que tive lá e meus professores agora eram meus colegas de trabalho.

Recém-formada e cheia de sonhos de transformar o mundo, percebi que a realidade

era diferente, o desafio era maior do que pensava. Atuei como professora com 40

horas nas turmas de 5ª e 6ª séries do Programa Educar para Vencer, do Estado da

Bahia, o qual desenvolvia o Projeto de Regularização do Fluxo Escolar que tinha

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como objetivo a redução da distorção idade série. Esse tempo foi enriquecedor para

minha vida profissional, pois tínhamos capacitações periódicas, as quais

proporcionaram melhoria relevante na nossa atuação, vivencie momentos únicos,

cresci como profissional e pessoa.

Em 2004, surgiu a oportunidade de ingressar no ensino superior e me

matriculei na Universidade Norte do Paraná - UNOPAR, que oferecia o curso de

Pedagogia. Conclui o curso em 2008, com o tema monográfico voltado para o

processo de aquisição da leitura e escrita, o qual falava das dificuldades dos alunos

e como se dava o processo de leitura e escrita nas séries iniciais.

Em 2009, comecei a trabalhar como Coordenadora no Centro de Referência e

Assistência Social – CRAS, e pude atuar também como Coordenadora Pedagógica

do Serviço Socioeducativo Projovem Adolescente, o qual se destina à atender

jovens entre 15 a 17 anos que estejam em situação de vulnerabilidade social, sejam

pertencentes a famílias beneficiarias do Programa Bolsa Família e/ou egressos de

medidas socioeducativas, medida de proteção, como também egressos do

Programa de Erradicação do Trabalho Infantil. Permaneci nesse cargo de 2009 a

2012. Experiência que me possibilitou atuar como pedagoga também na área da

assistência social. Foi um grande desafio, contudo, bastante proveitoso.

No inicio de 2010, no município de Euclides da Cunha dei início ao Curso

presencial de Pós-Graduação em Psicopedagogia Institucional e Clínica pela

Faculdade Batista Brasileira. Esse curso me proporcionou entender e aprender como

lidar com crianças com dificuldades de/na aprendizagem, neste sentido

compreender como acontece o processo de construção do conhecimento das

crianças e quais os entraves que possam estar impedindo que o aprendizado

aconteça.

Em 2013, atuei como Articuladora da Educação Básica e como Coordenadora

Local do PACTO/PNAIC na Secretaria Municipal de Educação do município de

Euclides da Cunha – Bahia, o que me permitiu uma maior aproximação da

Alfabetização em Ciclos, além de conhecer mais sobre essa Política Pública que tem

como principal compromisso assegurar a plena alfabetização de todas as crianças

até os oito anos de idade, ou seja, ao final do 3º ano do ensino fundamental.

No ano de 2014, fui cursita do Progestão, programa de capacitação a

distância para gestores escolares, trata-se de um curso de formação continuada,

elaborado para assegurar um padrão comum de qualidade na formação de gestores

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de escolas públicas do estado e do município. Acredito que esse curso me

proporcionou uma bagagem que contribui e contribuirá na minha prática como

Coordenadora Pedagógica.

Atualmente sou Coordenadora Pedagógica concursada e atuo na Escola

Municipal Teófilo Paiva Guimarães.

No decorrer desses anos de experiência na Educação, tive grandes

momentos de aprendizados, desafios, conquistas e inevitavelmente algumas

frustrações. Mas mesmo com tantas coisas, posso inferir que sou uma profissional

apaixonada pelo que faço. É muito bom atuar na educação e colher frutos do nosso

trabalho, saber que de alguma forma você está colaborando no processo

ensino/aprendizagem de muitas crianças. Estou sempre aberta para a troca de

experiências e tenho muita sede de aprender, pois percebo que a cada dia

necessitamos nos enriquecer com novos conhecimentos para podermos realmente

fazer a diferença no ambiente de trabalho que atuamos.

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2. REVISÃO DE LITERATURA

Em si tratando de educação – processo sistemático de ensino e de

aprendizagem, que todo indivíduo dotado de potencialidades intelectuais está

propício a vivenciar – sempre vem à tona, nos pensamentos daqueles que refletem a

questão das etapas do aprendizado, as seguintes indagações: como saber se um

aluno já está pronto para ler e escrever? O que determina o grau de aprendizado de

um aluno que já lê e escreve? Que práticas podem ser desenvolvidas para se

aperfeiçoar os métodos de alfabetização das crianças inseridas nas séries iniciais?

Deve-se levar em conta que, na alfabetização dos anos iniciais, o profissional

da educação lida com um “sujeito aprendiz” ainda em desenvolvimento e formulando

seus códigos e signos, que o possibilitará entender e transmitir conhecimentos. Por

este motivo, o docente precisa estar atento a essa etapa inicial de estruturação dos

processos mentais da criança, visando formas, cada vez mais práticas, de como

motivar esse aprendizado. Quando uma criança é alfabetizada não somente

conhecimentos lhe são assegurados, mas, também, sua condição social,

psicológica, econômica e entre outros, são estabelecidas e definidas para toda a sua

vida. O que faz do processo de letramento um fator indispensável na vida de um

indivíduo e projeta sobre aquele que detêm a missão de efetivá-lo uma

responsabilidade incomensurável. Conforme Magda Soares (2003, p. 18):

Tornar-se alfabetizado, adquirir a “tecnologia” do ler e escrever e envolver-se nas práticas sociais de leitura e escrita, tem consequências sobre o individuo e altera seu estado ou condição em aspectos sociais, psíquicos, culturais, políticos, cognitivos, linguísticos e até mesmo econômicos; do ponto de vista social, a introdução da escrita em um grupo até então agrafo tem sobre este grupo efeitos de natureza social, cultural, política, econômica, linguística. O “estado” ou a “condição” que o individuo ou o grupo social passam a ter, sob o impacto dessas mudanças, é que é designado por literacy.

Desta forma, faz-se necessário empreender um estudo, verificação e

constatação do que pode estar impedindo a formação de sujeitos leitores prontos

para ingressarem na sociedade letrada de forma positiva. Trata-se de um caminho

progressivo que se inicia nos primeiros rabiscos de imitação e chega à combinação

de significados, projetando o educando para o mundo letrado. Segundo Soares

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(2003), "alfabetizar letrando significa orientar a criança para que aprenda a ler e a

escrever levando-a a conviver com práticas reais de leitura e de escrita".

Em casos recorrentes, percebe-se que os alunos têm apresentado um

desinteresse pela leitura, e isto pode ser decorrente tanto da metodologia usada

para se apresentar a leitura ao aluno, como de uma possível deficiência que ele traz

consigo de uma alfabetização deficitária, daí que surgem indagações com relação à

prática pedagógica, tomando como base a necessidade de rever o ensino e como

ocorre o incentivo à leitura para a formação de alunos leitores.

Se a alfabetização e o letramento é uma necessidade básica para cada

indivíduo, esse direito é assegurado por lei desde as primeiras configurações da

educação básica brasileira e ratificada na Resolução CNE (Conselho Nacional de

Educação) nº 7, de 14 de dezembro de 2010, no artigo 30, que assevera:

Art. 30 Os três anos iniciais do Ensino Fundamental devem assegurar: I – a alfabetização e o letramento; II – o desenvolvimento das diversas formas de expressão, incluindo o aprendizado da Língua Portuguesa, a Literatura, a Música e demais artes, a Educação Física, assim como o aprendizado da Matemática, da Ciência, da História e da Geografia; III – a continuidade da aprendizagem, tendo em conta a complexidade do processo de alfabetização e os prejuízos que a repetência pode causar no Ensino Fundamental como um todo e, particularmente, na passagem do primeiro para o segundo ano de escolaridade e deste para o terceiro.

Percebe-se que a Resolução apresenta uma espécie de nova formatação do

processo de alfabetização, no qual se prescinde à não reprovação, visando a

supressão da repetência e suas consequências psíquicas no desenvolvimento

intelectual da criança. Parece uma contradição querer excelir a alfabetização e o

letramento de uma criança dando a ela uma “regalia” de não ser reprovada nos

primeiros anos, mas esse procedimento configura-se justamente como um fator

motivacional e gradativo de aprendizagem, possibilitando à criança um tempo

propício para desenvolver suas capacidades de leitura e escrita sem a pressão do

caráter reprovativo.

Essa organização em ciclos, apesar de ter suscitado determinadas polêmicas

entre os educadores tem seu lado positivo. Segundo Mainardes (2001, p.48) esses

pontos positivos seriam:

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a) Necessidade de se repensar o sentido da escola, das práticas avaliativas, dos conteúdos curriculares, do trabalho pedagógico e da própria organização escolar; b) Agiliza o fluxo de um maior número de alunos, contribuindo para a diminuição do desperdício de recursos financeiros. Pode também gerar a necessidade de expansão da oferta das séries finais do Ensino Fundamental e Médio; c) Descongestiona o sistema, possibilitando o acesso à população escolarizável que se encontra fora da escola [...]; d) Garante aos alunos maior permanência na escola, elevando assim as médias de escolaridade, em termos de anos de estudo; e) Exige a destinação de maiores recursos para a educação, a fim de garantir condições adequadas; f) Implica mudanças nas concepções e práticas pedagógicas; g) Implica igualmente mudança de atitude dos pais, que deixariam de se preocupar apenas com a aprovação, passando a se interessarem, também, pelo conhecimento que seus filhos estariam adquirindo na escola, bem como pela necessidade de assumir a responsabilidade da frequência à escola no período regular e nos períodos destinados ao reforço ou recuperação.

Neste sentido, com o intuito de aferir os indicadores de qualidade no Ciclo de

Alfabetização foram instituídas, pelo Governo Federal, sistemas avaliativos

chamados de avaliações externas, como: ANA e a Provinha Brasil. De modo

particular, a ANA (Avaliação Nacional da Alfabetização), pretende avaliar o nível de

alfabetização e letramento em Língua Portuguesa e, por conseguinte, de Matemática

das crianças que se encontram no estágio final deste primeiro ciclo.

Segundo dados recentes divulgados no Brasil através da ANA (ANEXO A)

constatou-se a grande necessidade do nosso país evoluir nos índices de

alfabetização em leitura e matemática. A região Nordeste apresenta os piores

resultados em relação às demais regiões (MEC, 2015), o que serve como alerta para

uma mobilização de todos os educadores em favor da alfabetização e do letramento.

Visando assegurar uma melhora neste quadro deficitário da educação foram

instituídas Políticas Públicas de formação continuada para os professores

alfabetizadores, sendo um dos eixos de atuação integrantes das ações do Programa

Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa – PNAIC, pois ficou visível a

grande necessidade de transformações nas práticas pedagógicas que favoreçam o

desenvolvimento das crianças e contemplem os direitos de aprendizagem dentro do

Ciclo de Alfabetização.

Destacamos também dois aspectos muito positivos, referentes ao eixo da formação continuada: o primeiro diz respeito à perspectiva de

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formação que tem como princípio básico a reflexão sobre a própria prática docente, o que não só possibilita a mobilização dos saberes desenvolvidos pelos professores durante sua trajetória acadêmica e profissional, como também amplia, aprofunda e ressignifica esses saberes. O segundo diz respeito à perspectiva de alfabetização adotada, mais explicitamente, a alfabetização na perspectiva do letramento. Neste sentido, esperamos que o trabalho realizado pela professora em sua sala de aula possibilite às crianças mais do que apenas ler e escrever algumas palavras soltas e descontextualizadas ou textos forjados e sem sentido. Esperamos que estas crianças ao final do ciclo de alfabetização leiam e escrevam textos com autonomia, em situações sociais as mais diversas, e não apenas no contexto escolar. (BRASIL, 2015, p 25).

De acordo o documento supracitado – Caderno de Apresentação do PNAIC –

dois fatores são imprescindíveis para o sucesso da alfabetização e do letramento:

primeiro é preciso preocupar-se com a formação de profissionais a altura para esta

função; segundo, não executar uma prática docente só por conveniência, com o

intuito de cumprir metas ou obrigações profissionais, mas, visar acima de tudo, uma

real atitude autônoma por parte da criança em desenvolver sua leitura e escrita.

Para isso, faz-se necessário uma corresponsabilidade por parte das políticas

públicas, que cabe às instituições governamentais, e dos professores, que precisam

objetivar mudanças no processo de ensino e de aprendizagem e não simplesmente

cumprir funções profissionais e/ou sociais.

Esse novo ordenamento do currículo escolar em um Ciclo de Alfabetização

requer dos professores alfabetizadores do 1º ao 3º ano e do Coordenador

Pedagógico uma gestão da aprendizagem com metodologias específicas e

adequadas a essa proposta ciclada para que, em nome da não reprovação, as

instituições terminem realizando a mera aprovação automática.

2.1 GESTÃO DA APRENDIZAGEM NO CICLO DE ALFABETIZAÇÃO

Quando se fala em gestão, subentende-se que essa dinâmica supõe relações

interpessoais e funções estabelecidas. Deste modo, para se gerir um processo de

aprendizagem, apesar de parecer somente um fator isolado e personalista, ele exige

uma inter-relação entre aqueles que executam o ensino e a aprendizagem – os

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professores – e aquele que acompanha, planeja e analisa o desenvolvimento desse

processo – o Coordenador Pedagógico.

A organização do trabalho pedagógico no Ciclo de Alfabetização exige estudo

e planejamento para a definição de processos no âmbito da gestão escolar e da sala

de aula exigindo do professor e do Coordenador Pedagógico novas posturas

profissionais.

Para realizar uma gestão da aprendizagem no ciclo de forma coerente e

efetiva é imprescindível considerar as seguintes questões: desenvolver

metodologias adequadas que considere os níveis de aquisição da linguagem escrita

da criança; desenvolver a gestão da aprendizagem em equipes de trabalho, com a

devida articulação entre os professores do 1º ao 3º ano; metodologias que

considerem a heterogeneidade das turmas, como por exemplo, os agrupamentos

produtivos; práticas sociais da escrita para proporcionar o letramento; trabalho com

sequências e rotinas didáticas; progressão da aprendizagem, com a organização do

percurso escolar ao longo dos três anos, entre as turmas do 1º ao 3º ano, com a

possibilidade de reorganizações das turmas em agrupamentos interclasse e

intraclasse; desenvolvimento de avaliação formativa, com o acompanhamento

individual do aluno, dentre outras práticas.

Abordaremos a seguir as competências dos docentes e da coordenação

pedagógica nesta nova organização curricular, para assegurar a gestão da

aprendizagem adequada para a alfabetização e o letramento das crianças, ao longo

dos três primeiros anos do ensino fundamental. O que é proposto nesses próximos

itens é uma breve explanação da real função de um professor e de um coordenador

no ato de alfabetizar e letrar uma criança no Ciclo de Alfabetização. Ao proceder a

uma especificação categórica é possível se estabelecer características mais

contundentes na prática pedagógica.

2.1.1 Competências Docentes

Apesar de parecer óbvio que a competência por excelência de um professor

seja ensinar, ainda há professores que não entendem o real sentido dessa função. O

professor hodierno precisa entender que sua maior função é ser o mediador do

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conhecimento, aquele que aponta o caminho para que a criança descubra – com

sua curiosidade que lhe é peculiar – o que o mundo é e como se apresenta. Ainda

que haja uma organização sistemática de disciplinas necessárias ao aprendizado,

esse ensino deve ser pautado numa integralidade, pois a criança aprende fazendo

correlações entre o ambiente que vive e o que lhe é apresentado como conteúdo.

Para que isso aconteça de forma promissora, o professor, além de saber

ensinar, precisa dominar os saberes e suas competências. Compete ao docente ter

uma sensibilidade à personalidade cognitiva (se demonstra abertura ao

conhecimento) de cada criança e, partindo deste fator inalienável, é possível traçar

metas de alfabetização e letramento bem mais eficazes. Laranjeira (et all. , 2002, p.

47-48) é bem específico ao delimitar os saberes e as competências do professor:

Competência refere-se à capacidade de mobilizar múltiplos recursos, entre os quais os conhecimentos teóricos e experiências da vida profissional e pessoal, para responder às diferentes demandas das situações de trabalho. Apoia-se, portanto no domínio de saberes, mas não apenas dos saberes teóricos, e refere-se à atuação em situações complexas. [...] Esse conceito de competência exigirá uma mudança de foco na formulação dos objetivos gerais da formação, que deverão deixar de ser uma lista de capacidades que todos os professores deveriam desenvolver isoladamente. O que se espera é que tais competências sejam desenvolvidas coletivamente, preservando-se as singularidades, e que os próprios professores as valorizem como necessárias, de modo consciente e intencionalmente, procurar garanti-las no conjunto da equipe. Para isso, é importante investir no aprendizado do trabalho coletivo: aprender a estudar, a pesquisar, a produzir coletivamente.

Evidentemente, a compreensão do que seja “competência”, e como efetivá-la,

torna a prática docente mais caracterizada e eficiente. É preciso prezar por atitudes

mais producentes em sala, como: atividades em grupo – que fomenta a troca de

ideias entre os educandos –, relacionar conteúdos com as próprias coisas e

vivências das crianças, trabalhar com materiais concretos, estimular a produção

textual e imagética; criar cantinhos de leitura, dispor de momentos lúdicos – por

exemplo: experiências com jogos e atividades práticas – e, principalmente, instigar a

criança a ler sozinha e publicamente.

O que não é aceitável na prática de um professor é que ele recorra a métodos

tradicionais e repetitivos, ou alimente no aluno uma atitude de decoração de

conteúdos como se só precisasse dos mesmos para corresponder a avaliações.

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Como afirma Vygotsky (1989), “não se pode ensinar as crianças através de

explicações artificiais, por memorização compulsiva e repetição apenas”. É

imprescindível uma aprendizagem com sentido, que possibilite à criança aprender

de forma significativa, levando em conta o conhecimento existente em sua estrutura

cognitiva.

Percebemos que depois do PNAIC as práticas docentes sofreram uma grande

transformação, os professores passaram a refletir sobre suas práticas pedagógicas

e a incorporar metodologias inovadoras em sala de aula. Através das formações do

programa os alfabetizadores são continuamente desafiados a melhorar e hoje

reconhecem a importância de se trabalhar com o lúdico, material concreto. Tais

metodologias proporcionam um aprendizado significativo, pois são ferramentas

facilitadoras da aprendizagem, permitindo que as crianças aprendam de forma

prazerosa.

Dentre as metodologias mais utilizadas podemos citar:

- Sequências Didáticas têm como princípio trabalhar com atividades de leitura e

escrita de forma contextualizada, significativa e sequenciada, através de textos

diversos. Essa metodologia possibilita que o professor organize o trabalho

pedagógico, permitindo que um mesmo conteúdo seja revisitado em diferentes

aulas, de modo articulado e integrado.

- Escrita Espontânea permite que os alunos escrevam de maneira livre, como

sabem, desse modo o professor poderá acompanhar a sua evolução e identificar em

que nível de escrita alfabética esse aluno se encontra. Segundo Ferreiro (1985) na

Teoria da Psicogênese da Língua Escrita, toda criança em etapa de alfabetização

passa por quatro fases até que esteja alfabetizada: pré-silábica, silábica, silábico-

alfabética e alfabética.

- Gêneros Textuais possibilita à criança compreender as práticas sociais do uso da

escrita de forma diversa. É de fundamental importância que na escola sejam

trabalhados textos de diferentes gêneros, pois as crianças precisam vivenciar

situações em que tenham que ler e produzir textos para atender a diferentes

propósitos, como também refletir sobre as finalidades e características dos gêneros

trabalhados.

- Agrupamento Produtivo facilita o trabalho nas classes heterogêneas, consiste em

organizar as crianças em dupla, trio ou quarteto, atendendo aos níveis de escrita em

que se encontram. Essa estratégia permite a interação, a troca de informações e de

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experiências, de modo a favorecer situações comunicativas, o uso da linguagem, o

respeito mútuo e a promoção do desenvolvimento da aprendizagem das crianças,

além de facilitar o trabalho pedagógico no atendimento individual e grupal.

- Rotina Didática facilita na organização e sistematização do tempo das atividades a

serem desenvolvidas o que garante que os eixos de ensino sejam contemplados e a

alfabetização aconteça. Como destaca LEAL, ao afirmar que:

As crianças aprendem, através dessas rotinas, a prever o que fará na escola e a organizar-se. Por outro lado, a existência dessas rotinas possibilita ao professor distribuir com maior facilidade as atividades que ele considera importantes para a construção dos conhecimentos em determinado período, facilitando o planejamento diário das atividades didáticas. (LEAL, 2004, p.02)

Assim sendo, quando se procura mesclar metodologias mais eficazes,

dinâmicas e contextualizadas alcançam-se resultados proficientes. Devido ao

aprimoramento das teorias pedagógicas, é possível rever práticas, aperfeiçoá-las e

aplicá-las fundamentadas com sentido para o aprendiz. É sempre necessário

reaprender a ensinar e ensinar os alunos a reaprender com o que já se sabe.

Segundo Perrenoud (2004), a gestão pedagógica nos Ciclos dar-se-á,

obrigatoriamente, em equipes de trabalhos, não sendo considerada coerente a

prática pedagógica individual do docente por turma/ano durante todo um período

letivo, sem a devida articulação com os demais professores do Ciclo da mesma

unidade de ensino e com a coordenação pedagógica. Segundo o referido autor, é

uma nova identidade docente, sendo-lhe reservadas as seguintes competências:

- Trabalhar em equipe pedagógica, professores e coordenador, não individualizando

suas ações a propósitos de seu componente curricular;

- Atentar-se para a aprendizagem de todos os alunos;

- Desenvolver processo de avaliação formativa, tendo como fases: a diagnóstica, a

reguladora e a certificativa;

- Avaliar o aluno individualmente mediante instrumentos diversos e registros

específicos definidos para o Ciclo;

- Estabelecer objetivos iniciais e finais do Ciclo;

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- Realizar planejamento por turma, com atividades intencionalmente programadas

para atingir os objetivos de ensino;

- Indicar para a coordenação pedagógica os alunos com dificuldades de

aprendizagem para participarem das aulas da Ressignificação da Aprendizagem.

Sendo assim, o trabalho docente no ciclo precisa olhar para as crianças em

suas potencialidades, em seus diferentes modos de aprender, em seus diversos

ritmos, como processos subjetivos, formativos e contínuos.

2.1.2 Competências do Coordenador Pedagógico

Para realizar uma gestão da aprendizagem no Ciclo de Alfabetização o

Coordenador Pedagógico é peça fundamental na instituição de ensino. Compete a

esse profissional: acompanhar o trabalho pedagógico, perceber as dificuldades de

aprendizagem dos alunos (baixo rendimento), estimular os professores e auxilia-los

na melhoria da prática pedagógica, ter sensibilidade para identificar as

necessidades, tanto dos alunos como dos professores e, além disso, ser um elo

entre todos os envolvidos na comunidade escolar. Neste sentido, LIMA e SANTOS

pontuam:

Cabe ao coordenador pedagógico, juntamente com todos os outros educadores, exercer o “ofício de coordenar para educar” também aqui no sentido de possibilitar trocas e dinâmicas da própria essência da aprendizagem: aprender a aprender e junto com, essência do que se concebe como formação continuada de educadores. Não se trata de imaginar que cabe ao coordenador sozinho realizar tantas tarefas, mas de compreender que este, estando a serviço do grupo no encaminhamento dos objetivos de buscar a superação dos problemas diagnosticados, possa promover a dinâmica coletiva necessária para o diálogo. (LIMA; SANTOS, 2007, p. 84)

Pode parecer antitético suscitar tal discussão, mas um dos grandes desafios

de um coordenador pedagógico ainda é o desconhecimento, por parte do corpo

diretivo e docente, sobre o seu real papel, visto que há pessoas que não sabem

como deve ser a sua atuação dentro da Unidade Escolar e acabam atribuindo-lhe

diversas ações. Em alguns casos são atribuídas ao coordenador funções

burocráticas, administrativas e de inspetoria da escola, em outros casos, até mesmo

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como fiscal do professor. Desse modo, o coordenador não é visto como um aliado,

que irá contribuir para a prática docente, mas como uma espécie de “estepe”

funcional. Como destaca LIMA e SANTOS ao afirma que:

[...] muitos olhares são lançados sobre a identidade e função do coordenador pedagógico na escola, não raras vezes pelos próprios pares e comunidade intra e extra-escolar caricaturizando-o em “modelos” distintos e cobrando-lhe a determinação do sucesso da vida escolar e encaminhamentos pertinentes às problemáticas que se sucedem no cotidiano. [...] aparecem definindo-o como profissional que assume uma função de gerenciamento na escola, que atende pais, alunos, professores e também se responsabiliza pela maioria das “emergências” que lá ocorrem, isto é, como um personagem “resolve tudo” e que deve responder unidirecionalmente pela vida acadêmica da escola. (LIMA; SANTOS, 2007, p. 79)

O papel desse profissional excede a tudo isso, pois o Coordenador

Pedagógico é um articulador, formador e transformador e exerce, também, a função

de mediador entre o currículo escolar e o professor.

Cabe a esse profissional, a laboriosa missão de conscientizar os professores

a obsoletar determinadas metodologias que promovem a “decoreba” – prática de

decorar conteúdos, sem uma necessária compreensão dos mesmos –, que

desprezam completamente a capacidade e o conhecimento dos alunos. Não se

pode permitir essa prática nas escolas onde estamos inseridos e desempenhamos o

papel de coordenadores pedagógicos, para isso faz-se necessário buscarmos

formas que possibilitem e estimulem a aquisição de novos conhecimentos, não

abrindo mão daqueles já adquiridos pelos alunos.

Para assegurar a efetiva organização pedagógica na escola da política em

Ciclo de Alfabetização, compete ao Coordenador Pedagógico:

- Realizar revisão contínua do Projeto Político Pedagógico da escola, com vista a

atender as especificidades do Ciclo;

- Acompanhar as ações docentes na implementação do Ciclo, mediante Portfólio

Docente e registros de frequência em AC;

- Promover, juntamente com a Secretaria de Educação, formação continuada dos

docentes;

- Dedicar tempo das AC’s para estudos e reflexões do processo pedagógico;

- Acompanhar o desempenho dos alunos do Ciclo, mediante análises de registros

realizados pelos professores e observações diretas nas aulas;

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- Organizar as turmas, atentando para enturmar as crianças com baixo rendimento

ou distorção idade/ano ao final do Ciclo, através de atividades de recuperação e/ou

ressignificação da aprendizagem.

Portanto, é de fundamental importância que os coordenadores pedagógicos

compreendam tanto a política de Ciclo, quanto as práticas pedagógicas adequadas,

para alfabetizar e letrar as crianças, com o intuito de intervir na gestão pedagógica

ao longo do Ciclo de forma adequada, contribuindo, assim, para melhorar a prática

dos docentes e, consequentemente, a aprendizagem dos alunos.

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3. PROPOSTA DE INTERVENÇÃO

A intervenção, que tem por objetivo uma atuação direta num determinado

campo de ação, e também procura analisar situações e emitir opiniões a respeito de

problemas encontrados neste campo de ação, será a principal ferramenta utilizada

neste trabalho. Com isso, visando uma melhor promoção do Ensino e da

Aprendizagem dos alunos da Escola Municipal Teófilo Paiva Guimarães, esta

Proposta de Intervenção, a partir do Eixo 08 – A Relação entre Aprendizagem

Escolar e Trabalho Pedagógico, fundamentado e direcionado pela

temática: A Prática Docente no Ciclo de Alfabetização para assegurar a

Alfabetização e o Letramento das crianças até os oito anos de idade, pretende um

estudo e prática interventiva visando um audacioso aprimoramento educacional

factual na escola supracitada.

Caracterizado como Projeto Vivencial, que procura atuar diretamente numa

unidade escolar, para oferecer uma ação pedagógica contundente, este trabalho foi

proposto pelo Curso de Especialização em Coordenação Pedagógica – CECOP 3 –

Polo Conceição do Coité, oferecido pela Universidade Federal da Bahia, Faculdade

de Educação, através do Programa Nacional Escola de Gestores da Educação

Básica Pública.

3.1 CARACTERIZAÇÃO DA UNIDADE ESCOLAR

A Escola Municipal Teófilo Paiva Guimarães está situada na Rua Alto da Bela

Vista, s/nº, Bairro Duda Macário, Euclides da Cunha – Bahia. Ocupa uma área de

aproximadamente 2.500 m² e está estruturada em 1 (um) prédio com 2 (dois)

pavimentos. Atende a 320 (trezentos e vinte) alunos de Educação Infantil (Pré

Escola) e Ensino Fundamental I, distribuídos em 02 (dois) turnos (matutino e

vespertino), sendo que, no turno matutino atende 05 (cinco) turmas (Pré I, Pré II, 1º

ano, 2º ano e 3º ano) e no turno vespertino atende mais 05 (cinco) turmas com a

mesma modalidade, perfazendo um total de 10 (dez) turmas. O primeiro pavimento

possui 03 (três) salas de aula: 01 sala de leitura/biblioteca/brinquedoteca e reunião,

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01 sala de direção/coordenação pedagógica, 01 laboratório de informática, 02

banheiros masculinos, 02 banheiros femininos, 01 banheiro para funcionários e um

pátio – onde acontecem as recreações e os eventos da escola. O segundo

pavimento, ligado ao primeiro por uma passarela coberta, possui 02 salas de aula,

01 dispensa, 01 cantina, 01 almoxarifado e 01 área de serviço.

O quadro de servidores é constituído de:

01 – Diretora

02 – Vice – Diretoras

01 – Coordenadora Pedagógica

09 – Professores

01 – Secretária Escolar

01 – Técnico Administrativo

06 – Auxiliares de Serviços Gerais

01 – Porteiro

01 – Vigilante noturno

O corpo docente da Escola é constituído por profissionais que residem no

Município de Euclides da Cunha. Em sua maioria possuem Graduação em

Pedagogia e Especialização em suas respectivas áreas de atuação. Sempre que

possível os professores estão participando de capacitações, cursos de formação e

palestras, a fim de aprimorar seus conhecimentos e melhorar sua prática

pedagógica. Regularmente matriculados nesta escola, os estudantes residem no

próprio bairro, em bairros circunvizinhos e na zona rural.

Nessa Instituição de Ensino, são realizados, quinzenalmente, planejamentos

pedagógicos com os professores tendo uma carga horária destinada à formação

continuada. A coordenação pedagógica procura trazer temas relevantes à prática

pedagógica com o intuito de capacitar e viabilizar uma transformação efetiva da

prática docente e, assim, auxiliar os professores a superar os desafios que surgem

diariamente, estimulando-os no aperfeiçoamento de novas metodologias que

facilitem e estimule os alunos. Além disso, são realizadas reuniões periódicas com

os pais, a fim de mantê-los mais próximos da escola, consequentemente,

motivando-os a estarem atentos à educação e desenvolvimento dos filhos. Neste

sentido, são elaborados e executados projetos buscando envolver e promover a

integração dos alunos, dos professores, dos pais e de toda comunidade escolar.

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3.2 METODOLOGIA

Partindo do princípio de que o método perpassa uma sequencia lógica de

passos que configurem um projeto almejado, foi idealizado um itinerário de prática

interventiva que “transforme” as estruturas pedagógicas de uma escola.

Obviamente, faz-se necessário pensar as etapas de forma organizada e eficiente, o

que pressupõe uma prévia relação de um tema, a ser abordado no trabalho, com os

objetivos que se pretende alcançar com tal ação.

A princípio se pensou numa delimitação do tema que promovesse uma

objetividade nos resultados, por isso, priorizou-se a prática docente como o foco de

investigação e, especificamente, no Ciclo de Alfabetização. Isto, porque sabemos

que a alfabetização e o letramento das crianças têm sido relativamente difíceis no

processo educacional e, ao restringir à idade de oito anos, anseia-se resolver um

problema limítrofe, pois seria nesta idade que todas as crianças deveriam estar

alfabetizadas e letradas. De fato, este é um problema que precisa ser levantado, ou

seja, indagar se as práticas docentes favorecem um processo de alfabetização

eficiente.

Como instrumento de pesquisa foi utilizado uma coleta de dados com base

num questionário destinado aos professores da Unidade de Ensino, sendo solicitada

uma autorização da direção da escola (APÊNDICE A), com o intuito de levantar

dados sobre o processo de alfabetização e letramento dos alunos matriculados no

ciclo, bem como, da prática pedagógica utilizada pelos docentes.

Apesar de a pesquisa-ação ser um processo um tanto complexo, pois supõe

uma observação e, concomitantemente, inferências opinativas do que acontece na

unidade escolar, essa ação possibilita uma fonte de dados que ajuda ao

Coordenador Pedagógico estabelecer metas e corrigir eventuais erros pedagógicos

na prática docente. Ao empreender a atitude de observação é possível planejar

ações concretas que ajudem a aprimorar o processo do Ensino e da Aprendizagem,

como esclarece Thiollent (1985, p. 16):

Com a pesquisa-ação os pesquisadores pretendem desempenhar um papel ativo na própria realidade dos fatos observados. Nesta perspectiva, é necessário definir com precisão, de um lado, qual é a ação, quais são os seus agentes, seus objetivos e obstáculos e, por

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outro lado, qual é a exigência de conhecimento a ser produzido em função dos problemas encontrados na ação ou entre os atores da situação.

Enfim, a pesquisa-ação denota um princípio muito claro, constatar para

transformar. É justo que cada etapa seja bem aplicada no intuito de se auferir

resultados que proporcionem a criação de ações interventivas para problemas reais.

3.3 OBJETIVOS

No que concerne ao objetivo geral, o Projeto de Intervenção pretende

contribuir para ação-reflexão-ação da prática pedagógica dos docentes da Escola

Municipal Teófilo Paiva Guimarães, com o intuito de garantir que um maior número

de crianças sejam alfabetizadas até os oito anos de idade. Nesta perspectiva, foram

determinados alguns objetivos específicos, a saber:

- Aprofundar teórico e conceitualmente os processos de Alfabetização e

letramento durante as Atividades Complementares – AC’s como processo de

autoformação docente;

- Refletir sobre estratégias metodológicas adequadas ao trabalho com o Ciclo

de Alfabetização que venham contribuir e fortalecer as ações de novas práticas

educativas, que favoreçam a alfabetização e o letramento;

- Assegurar a Formação Continuada dos professores, através de oficinas com

novas práticas pedagógicas, visando atender o que está previsto na Meta 5 do Plano

Nacional de Educação (2014, p. 10) que estabelece que todas as crianças devem

ser alfabetizadas até, no máximo, 8 anos de idade.

3.4 APLICAÇÃO DO INSTRUMENTO DE PESQUISA E ANÁLISE DE DADOS

O processo de levantamento de dados partiu de uma sequência de entrevista

a 7 (sete) professores que atuam no Ciclo de Alfabetização da Escola Municipal

Teófilo Paiva Guimarães. Esses professores exercem a docência há mais de dez

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anos na Educação Infantil e no Ensino Fundamental I, o que evidencia pontos

cruciais para uma boa constatação de como está sendo desenvolvida a pedagogia

educacional nesta escola.

Por uma questão de organização e objetividade, as respostas foram

organizadas de forma aleatória, seguindo um roteiro pautado no questionário

(APÊNDICE B) utilizado pelos professores na entrevista, pois o intuito é demonstrar

todo o processo de levantamento dos dados não somente ações isoladas.

No que concerne à proposta do MEC em trabalhar os anos iniciais do Ensino

Fundamental em Ciclos de Aprendizagem de 03 anos e a organização curricular, foi

dito:

Na minha opinião a proposta de do Ciclo de Aprendizagem é de fundamental importância, pois garante à criança o direito de ser alfabetizada na idade certa. Com relação à organização curricular é importante sim, porque integra a alfabetização com outras aéreas de conhecimento através da interdisciplinaridade, facilitando a aprendizagem da criança. (PROFESSORA 1, 2015) Acho a proposta viável e positiva, porém alguns cuidados devem ser tomados para evitar que a proposta seja mal compreendida ou implantada de forma inadequada. (PROFESSORA 2, 2015)

Foi solicitado às professoras entrevistadas que elencassem pontos positivos e

negativos do ciclo de alfabetização:

Como todo processo de aprendizagem observamos que algo da certo e outro dá errado. Na alfabetização toda criança tem o direito de ser alfabetizada, desenvolvendo a leitura e a escrita, sendo monitorada na escola e em casa para que esse processo seja válido. Por outro lado encontramos algumas barreiras que interferem nesse processo, tais como: desinteresse por parte da criança e da família, salas super lotadas e alunos com dificuldade de aprendizagem. (PROFESSORA 3, 2015) Enquanto pontos positivos posso citar: diminuir a repetência e a evasão escolar, promover a inclusão, respeitando os diferentes sujeitos. Por outro lado, os pontos negativos seriam: a promoção automática, que determina o sistema de Ciclos, porque muitas vezes o aluno chega ao terceiro ano sem ter se apropriado da leitura e da escrita. (PROFESSORA 4, 2015)

Como toda mudança, a alteração de anos para Ciclo acaba afetando na

prática de um professor. Sobre essa questão, as professoras responderam:

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Aprimorei meus métodos de ensino para adaptar-me à proposta. (PROFESSORA 5, 2015) Mudou muita coisa, principalmente a maneira de observar a criança no desenvolvimento de suas habilidades. Podendo assim, identificar se a aprendizagem da criança esta de acordo com o Ciclo de alfabetização. (PROFESSORA 6, 2015) Na minha prática em sala de aula algumas mudanças ocorreram em relação às propostas de trabalho, pois o Ciclo de aprendizagem de três anos nos leva a uma reflexão das ações do planejamento do cotidiano escolar. (PROFESSORA 7, 2015)

Quando questionados sobre a individualidade ou o trabalho grupal com

professores do Ciclo, as entrevistadas afirmaram:

O trabalho é feito em equipe, um ajudando o outro facilitando o desenvolvimento das atividades, sugerindo ideias para que nosso trabalho seja melhor. (PROFESSORA 1, 2015) Nós trabalhamos em conjunto com os professores do Ciclo de alfabetização e a coordenação pedagógica em consonância com a proposta pedagógica. (PROFESSORA 2, 2015) Eu trabalho em equipe, pois com base na troca de experiências e atividades pode-se desenvolver uma aprendizagem significativa para nossos alunos. (PROFESSORA 3, 2015)

De certa forma, o ápice da entrevista se deu na questão do conhecimento da

proposta de Alfabetização do Programa Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade

Certa (PNAIC/PACTO). As professoras tiveram que responder se as crianças

conseguem ser alfabetizadas com essa proposta.

Conheço e acredito que a proposta do programa, se bem aplicada, a aprendizagem acontecerá de forma satisfatória para a maioria dos educandos. (PROFESSORA 4, 2015) Sim. Pois esse programa traz muitas ideias a respeito de como alfabetizar e ajuda a aprimorar técnicas de ensino. (PROFESSORA 5, 2015)

O plano de aula sempre foi uma prática essencial na docência, porém este

não pode ser elaborado de forma pessoal, mas de acordo com a matriz curricular do

Ciclo Inicial de Alfabetização. As professoras foram questionadas se sentiam

dificuldade em planejar suas aulas:

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Sim. Ao planejar minhas aulas sinto algumas dificuldades, pois o planejamento precisa mesclar conteúdos e metodologias dos três primeiros anos, sendo cada um com suas especificidades, isso porque, na minha turma de terceiro ano existem alunos que se encontram no nível de primeiro e segundo anos. (PROFESSORA 6, 2015)

Sim. Não sinto nenhum tipo de dificuldade, pois participo dos encontros de formação, leio os módulos e em caso de dúvidas procuro a orientadora do programa PNAIC. (PROFESSORA 7, 2015)

Outro problema no contexto dos Ciclos são os direitos de aprendizagem do

Ciclo de Alfabetização. Cabe ao professor conhecê-los e aplicá-los, mas, para isso,

se faz necessário um acompanhamento, do qual as professoras dizem:

Sim. No decorrer do ano letivo são realizados algumas avaliações diagnósticas, com o intuito de observar se as crianças estão alcançando os direitos de aprendizagem e, desse modo, é feito ao longo do Ciclo nos três primeiros anos. (PROFESSORA 1, 2015) Em partes. Lendo os módulos, pesquisando em fontes relacionadas ao assunto e procurando os orientadores. Assim, observo se os alunos estão adquirindo esses direitos ao longo do Ciclo. (PROFESSORA 2, 2015)

Sobre as metodologias utilizadas pelas professoras, de modo a facilitar a

alfabetização, as práticas de leitura e escrita, elas atestaram:

Planejo de acordo com a temática do Ciclo de alfabetização, vivenciando situações didáticas que possibilitem o uso de diversos suportes destinados a aprendizagem das crianças, utilizo diferentes gêneros textuais que facilitam a leitura e a escrita. (PROFESSORA 3, 2015) Procuro utilizar uma metodologia que possibilite a aprendizagem das crianças através de instrumentos, como: jogos didáticos, livros de literatura, brincadeiras e músicas. Onde, de certa forma, poderá contribuir para uma melhor aprendizagem. (PROFESSORA 4, 2015)

É fato que a leitura não deve ser considerada somente uma etapa simples no

processo de alfabetização, ela e a escrita têm uma função social importantíssima.

Deste modo, é preciso dispor de práticas pedagógicas que possam envolver os

gêneros textuais, ao que as professores inferem:

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Algumas das práticas pedagógicas que utilizo envolvendo gêneros textuais são: leitura e interpretação de parlendas, poemas, advinhas, cartas, convites, bilhetes, receitas diversas, panfletos, etc. (PROFESSORA 5, 2015) Procuro realizar trabalhos com rótulos de receitas e com textos fatiados, para melhorar o nível de associação cognitiva do aluno. (PROFESSORA 6, 2015)

A prática pedagógica de um professor precisa pautar-se na construção de

sequências didáticas, rotinas didáticas e o desenvolvimento das chamadas escrita

espontânea e tempo para gostar de ler. Ao que as professoras responderam:

Sim. Trabalho com sequências didáticas, pois acredito ter muita produtividade, com isso, treino bastante a leitura e a escrita com os discentes. (PROFESSORA 7, 2015) Sim. A leitura de deleite, que desperta no aluno o gosto pela leitura e escrita. Utilizo, também, a leitura de imagens. (PROFESSORA 1, 2015)

As professoras falaram, também, sobre as estratégias que são utilizadas em

sala de aula para diagnosticar os níveis de escrita das crianças:

Leitura coletiva e individual, exploração do gênero apresentado no texto, observação da participação das crianças na hora de ler e escrever e na aplicação das atividades propostas. (PROFESSORA 2, 2015) Utilizo estratégias, tais como: escrevendo do seu jeito, ditados diversos com a caixa mágica e imitação de objetos, pessoas, animais, etc. (PROFESSORA 3, 2015)

Mas não basta diagnosticar em que nível de escrita e leitura as crianças se

encontram, é preciso estabelecer metas e ações interventivas para melhorar

eventuais deficiências. Assim, foi dito que:

As atitudes desenvolvidas são focadas nas dificuldades encontradas utilizando produções textuais diversas. (PROFESSORA 4, 2015) É preciso trabalhar de forma dinamizada, não esquecendo que a clientela atendida é formada por crianças, então o professor deve sempre inovar em sua metodologia. (PROFESSORA 5, 2015)

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Ao diagnosticar os problemas de leitura e escrita das crianças e pensar

medidas de intervenção para solucioná-los, o professor pode constatar dificuldades

rotineiras no processo de alfabetização. A esse respeito as professoras alegaram:

Salas superlotadas, falta de acompanhamento da família, dificuldade de aprendizagem, que é um problema visível, porém não diagnosticados em alguns alunos. (PROFESSORA 6, 2015) As principais dificuldades são o apoio da família e a falta de interesse por parte do aluno. (PROFESSORA 7, 2015)

Por fim, foi pedido às professoras que falassem, de forma pessoal, se as

mesmas gostam do trabalho de alfabetização que efetuam e se há identificação com

as turmas onde exercem a docência:

A maior parte da minha carreira profissional trabalhei com a alfabetização, minha identifico muito, pois é gratificante apresentar o mundo da escrita e da leitura para as crianças. (PROFESSORA 1, 2015) Sim. Porque é gratificante ao final do Ciclo perceber que o educando alcançou as habilidades e competências necessárias para seguir em frente na sua vida escolar. (PROFESSORA 2, 2015)

Observa-se pela fala das professoras que ainda se faz necessário um maior

aprofundamento teórico sobre a alfabetização em Ciclos. Da mesma forma, é

preciso haver uma preocupação com as metodologias do PNAIC, como práticas

inovadoras capazes de garantir a alfabetização até o final do Ciclo, pois as mesmas,

não tiveram respaldo considerável no exercício docente destas professoras.

3.5 AÇÕES DA PROPOSTA DE INTERVENÇÃO

Após uma análise completa das respostas das professoras entrevistadas

foram pensadas e elaboradas propostas concretas de intervenção que possam

solucionar, na medida do possível, problemas suscitados pelas docentes e aprimorar

práticas docentes que produzem bons resultados no processo de alfabetização e

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letramento. Por outro lado, sabe-se que alguns fatores não são passíveis de

resolução, pois não são da alçada do Coordenador Pedagógico, como: salas

lotadas, estrutura física da escola, apoio personalizado da família nos estudos da

criança (é possível apenas conscientizar os pais, mas não se consegue ver e intervir

no resultado dessa conscientização na própria residência dos educandos), ofertar

um Atendimento Educacional Especializado (AEE), entre outros.

No entanto, foi possível estabelecer ações concretas que podem influir

diretamente no ensino e na aprendizagem das crianças. Essas ações se estruturam

da seguinte forma:

Articular uma reunião com o corpo docente para apresentar a Proposta de

Intervenção;

Realizar estudos teóricos sobre a alfabetização e o letramento,

envolvendo a organização em Ciclos, a sistematização curricular,

metodologias do PNAIC e direitos de aprendizagem;

Promover estudo sobre a Psicogênese da Língua Escrita, em seguida

planejar, juntamente com os professores, instrumentos de avaliação

diagnóstica para então identificar o nível de escrita dos alunos.

Acompanhar a prática pedagógica dos professores alfabetizadores em

sala de aula;

Auxiliar os professores no planejamento de atividades alfabetizadoras de

acordo com a proposta didática para alfabetizar letrando.

Realizar de oficinas utilizando a proposta do PACTO/PNAIC como forma

de sugestão de atividades pedagógicas, como também socialização de

práticas exitosas utilizadas por outros professores.

Disponibilizar um relatório final e a avaliação das ações da PI aos

docentes, de modo a proporcionar-lhes possíveis diretrizes de ações

permanentes, que surtiram resultados promissores.

Essas propostas, neste caso, seriam o arcabouço sistemático da PI. Cada

etapa tem como princípio uma postura avaliativa, de modo que o processo não seja

engessado e fora do contexto. Ao serem executadas, as etapas,

concomitantemente, são analisadas se realmente produzem o efeito esperado.

Deste modo, a formulação de um cronograma específico facilita a estruturação do

projeto e sua execução.

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3.6 CRONOGRAMA

Para a realização deste Projeto Vivencial, será desenvolvido o seguinte

cronograma, observando e avaliando cada etapa à medida que forem acontecendo,

fazendo alterações sempre que necessário.

ATIVIDADES/AÇÕES

PERÍODO / 2016

MARÇO ABRIL MAIO JUNHO

Apresentação da Proposta de

Intervenção ao corpo docente. X

Estudos teóricos sobre Ciclos de

Aprendizagem. X X

Estudo sobre a Psicogênese da Língua

Escrita. X

Acompanhamento da prática pedagógica

dos professores alfabetizadores em sala

de aula.

X X X

Auxiliar os professores no planejamento.

X X X

Realização das oficinas.

X

Apresentação do relatório final e

avaliação das ações da PI. X

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este laborioso, porém gratificante, trabalho ultrapassou a característica de

uma simples pesquisa científica de um tema qualquer ou teoria pedagógica, ele

tornou-se uma demonstração clara de que é possível se pensar novas formas de

práticas pedagógicas partindo de uma realidade natural e concreta, relacionando a

teoria, que foi positivamente estudada nesta Especialização em Coordenação

Pedagógica, com a prática, contexto real em que os profissionais da educação estão

inseridos.

Ao delimitar o campo de estudo na Escola Municipal Teófilo Paiva Guimarães,

da cidade de Euclides da Cunha-BA, local onde exerço minha função de

Coordenadora Pedagógica, intencionalmente, se objetivou uma intervenção

pedagógica num cenário caracteristicamente em processo de formação e evolução

educacional. Deste modo, foi possível constatar minúcias no desenvolvimento do ato

de educar que, ora não percebemos, devido aos compromissos que assumimos, ora

não damos a devida importância de como determinados fatores influenciam o

aprendizado de uma criança, assim como, a prática docente de um professor.

Não nos resta dúvida de que a alfabetização e o letramento são condições

indispensáveis para que um indivíduo se sinta parte de uma sociedade civilizada e

atue nela com todas as suas capacidades intelectuais, pois é possível dizer que

aquele que não é alfabetizado e letrado se sente à margem na sociedade e,

fatidicamente, inferior aos demais. Daí a preocupação em fazer dessa Proposta de

Intervenção, uma ação concreta em favor de um problema real.

As entrevistas abriram vias de reflexões importantes no desenvolver da PI. Ao

possibilitar ao professor falar sobre o que ele pensa sobre o Ciclo de Alfabetização,

foi possível verificar que esta dinâmica é, por si, muito positiva, favorece a

alfabetização e o letramento, mas, também, apresenta dificuldades que, geralmente,

gira em torno de questões pessoais dos alunos, de suas famílias, assim como, das

estratégias utilizadas pelos professores.

Neste sentido, autores como: Magda Soares, Perrenoud, Mainardes, Ferreiro,

entre outros, foram de grande valia para se pensar o como? e o porquê?

desenvolver práticas consistentes em questões tão urgentes como essas. Da

mesma forma, a Resolução CNE nº 7 de 2010, artigo 30, e o Plano Nacional de

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Educação, proporcionaram indispensáveis esclarecimentos da importância de nos

preocuparmos com a alfabetização e o letramento das crianças, essencialmente, até

os oito anos de idade.

Obviamente, não seria possível numa Proposta de Intervenção resolver todos

os problemas educacionais de uma escola, tampouco, prescrever soluções finais

para solucionar tudo que se percebe como deficiente no processo de Ensino e de

Aprendizagem, no entanto, esta empreitada nos legou experiência, capacitação,

visão global dos problemas existentes e práticas pensadas em conjunto com o corpo

diretivo e docente que, certamente, poderá promover melhoras consideráveis na

prática docente desta Escola Municipal Teófilo Paiva Guimarães, podendo ser

estendida, enquanto experiência local, para outras localidades e/ou realidades.

Os desafios ainda são muitos, mas a cada passo dado e a cada método

estruturado, o Coordenador Pedagógico se sente mais seguro em exercer sua

função e apresentar propostas resolutivas para problemas antigos e novos. Mais do

que uma pesquisa, este trabalho foi uma parceria com vários professores e

profissionais da educação. Cabe a nós estarmos sempre abertos a colocarmos em

prática o que aprendemos para que esse aprendizado não seja em vão.

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REFERÊNCIAS

BRASIL. Conselho Nacional de Educação. Câmara de Educação Básica. Resolução nº 7, de 14 de dezembro de 2010. Fixa Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental de 9 (nove) anos. Diário Oficial da União, Brasília, 15 de dezembro de 2010, Seção 1, p. 34. ______. Planejando a Próxima Década: Conhecendo as 20 Metas do Plano Nacional de Educação. Ministério da Educação / Secretaria de Articulação com os Sistemas de Ensino (MEC/SASE), 2014.

______. Secretaria de Educação Básica. Diretoria de Apoio à Gestão Educacional. Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa. Interdisciplinaridade no ciclo de alfabetização. Caderno de Apresentação / Ministério da Educação, Secretaria de Educação Básica, Diretoria de Apoio à Gestão Educacional. – Brasília: MEC, SEB, 2015.

CRUZ, M. do C. S.; MANZONI, R. M.; SILVA, A. M. P. da. Rotinas de alfabetização na perspectiva do letramento: a organização do processo de ensino e de aprendizagem. In: BRASIL. Ministério da Educação, Secretaria de Educação Básica. Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa: A organização do planejamento e da rotina no ciclo de alfabetização na perspectiva do letramento. Brasília, 2012.

FERREIRO, Emilia; TEBEROSKY, Ana. Psicogênese da Língua Escrita. Porto Alegre: Artes Médicas, 1985.

FREIRE, P. Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à prática educativa. 23 ed. São Paulo: Paz e Terra, 1997. Coleção Leitura.

LARANJEIRA, M. I. (et all). Referencias para formação de professores. In: Pedagogia Cidadã: Cadernos de formação – módulo introdutório. São Paulo: Unesp, 2002.

LEAL, T. F.; LIMA, J. de M. Rotina na alfabetização: integrando diferentes componentes curriculares. In: BRASIL. Ministério da Educação, Secretaria de Educação Básica. Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa: Planejamento e organização da rotina na alfabetização. Brasília, 2012.

LIMA, P. G.; SANTOS, S. M. dos S. O Coordenador Pedagógico na educação básica: desafios e perspectivas. Educere et Educare: Revista de Educação, Cascavel-PR, v. 2, n. 4, p. 77-90, jul./dez. 2007.

MAINARDES, J. A organização da escolaridade em ciclos: ainda um desafio para os sistemas de ensino. In: FRANCO, C. (Org.). Avaliação, ciclos e promoção na educação. Porto Alegre: Artmed, 2001.

PERRENOUD, P. Os ciclos de aprendizagem: um caminho para combater o fracasso escolar. Porto Alegre: Artmed, 2004.

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RAMPAZZO, L. Metodologia Científica: para alunos dos cursos de graduação e pós graduação. 3 ed. São Paulo: Edições Loyola, 2005.

SOARES, M. Letramento: um tema em três gêneros. Belo Horizonte: Autêntica, 2 ed. 2003.

________, M. Metamemória, memórias: travessia de uma educadora. São Paulo: Cortez, 1991.

THIOLLENT, M. Metodologia da Pesquisa-Ação. São Paulo: Cortez,1985.

VYGOTSKY, Lev S. A formação social da mente: o desenvolvimento dos processos psicológicos superiores. São Paulo: Martins Fontes, 1989.

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APÊNDICE A – Solicitação de autorização para realização de Projeto de Intervenção na Escola Municipal Teófilo Paiva Guimarães.

UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA

FACULDADE DE EDUCAÇÃO PROGRAMA NACIONAL ESCOLA DE GESTORES

DA EDUCAÇÃO BÁSICA CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM COORDENAÇÃO PEDAGÓGICA

Ilustríssima Senhora:

Raimunda Monteiro dos Santos

Diretora da Escola Municipal Teófilo Paiva Guimarães

Euclides da Cunha – Bahia

Senhora Diretora,

Sou acadêmica do Curso de Especialização em Coordenação Pedagógica – CECOP

3, e para a realização do Trabalho de Conclusão de Curso/Projeto Vivencial é

necessário apresentar uma proposta de intervenção pedagógica, que objetiva

analisar a Prática Docente no Ciclo de Alfabetização, para assegurar a Alfabetização

e o Letramento das crianças até os oito anos de idade. Assim, solicito sua

aquiescência para realizar uma pesquisa nessa Escola. Portanto, inicialmente, será

aplicado um questionário (professor) que servirá de embasamento na aplicação da

proposta de intervenção pedagógica.

Na certeza de contar com sua atenção e apoio, subscrevo-me,

Antonyara Andrade Alencar Oliveira

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APÊNDICE B – Roteiro para entrevista com os professores da Escola Municipal Teófilo Paiva Guimarães.

UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA

FACULDADE DE EDUCAÇÃO PROGRAMA NACIONAL ESCOLA DE GESTORES

DA EDUCAÇÃO BÁSICA CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM COORDENAÇÃO PEDAGÓGICA

Prezado (a) Professor (a),

A presente entrevista tem por finalidade a coleta de dados para a realização

do Trabalho de Conclusão de Curso/Projeto Vivencial do Curso de Especialização

em Coordenação Pedagógica – CECOP 3, objetivando analisar a Prática Docente

no Ciclo de Alfabetização para assegurar a Alfabetização e o Letramento das

crianças até os oito anos de idade. Serão realizadas 14 (quatorze) perguntas com o

intuito de pesquisar informações alusivas à prática pedagógica do professor para o

desenvolvimento da leitura e escrita dos alunos no ciclo inicial da alfabetização.

Precisamos de respostas verdadeiras e coerentes, para garantir que este trabalho

tenha uma maior veracidade. Muito obrigada pela colaboração.

ENTREVISTA

1. Qual a sua opinião sobre a proposta do MEC em trabalhar os anos iniciais do

Ensino Fundamental em Ciclos de Aprendizagem de 03 anos? Você concorda

que esta forma de organização curricular é importante? Justifique.

2. Cite os pontos positivos e negativos do ciclo de alfabetização?

3. O que mudou em sua prática com a alteração de anos para Ciclo?

4. Você trabalha de forma individualizada ou em equipe com os demais

professores do Ciclo? Relate.

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5. Você conhece a proposta de Alfabetização do Programa Pacto Nacional pela

Alfabetização na Idade Certa (PNAIC/PACTO)? Para você, as crianças

conseguem ser alfabetizadas com essa proposta? Por quê?

6. Seu plano de aula é elaborado de acordo com a matriz curricular do Ciclo Inicial

de Alfabetização? Sente dificuldade em planejar essas aulas? Relate.

7. Você conhece os direitos de aprendizagem do Ciclo de Alfabetização? Como

você acompanha se esses direitos estão sendo adquiridos pelos alunos no

decorrer do ano letivo? E ao longo do Ciclo (nos três primeiros anos)?

8. Que metodologias você costuma desenvolver para planejar suas aulas de forma

a facilitar a alfabetização das crianças, nas práticas de leitura e escrita?

9. E para letrar as crianças, que práticas pedagógicas, envolvendo os gêneros

textuais você desenvolve para que as crianças compreendam a função social da

escrita?

10. Em sua prática pedagógica trabalha com sequencias didáticas, rotinas didáticas,

escrita espontânea, tempo para gostar de ler?

11. Quais estratégias são utilizadas em sala de aula para diagnosticar os níveis de

escrita das crianças?

12. Após esse diagnóstico, quais são as atitudes desenvolvidas, para intervir nos

níveis de escrita das crianças?

13. Em sua opinião, quais as principais dificuldades encontradas para realizar uma

intervenção pedagógica que venha a ajudar na alfabetização, avançando os

níveis de aquisição de escrita da criança?

14. Você gosta de trabalhar no ciclo de alfabetização, se identifica com essas

turmas? Por quê?

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ANEXO A - Avaliação Nacional da Alfabetização 2014

Fonte: http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alias=21091-apresentacao-ana-15-pdf&Itemid=30192. Acesso em: 09 de dez. 2015.

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