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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA FACULDADE DE EDUCAÇÃO PROGRAMA NACIONAL ESCOLA DE GESTORES DA EDUCAÇÃO BÁSICA PÚBLICA CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM COORDENAÇÃO PEDAGÓGICA CECOP 3 JUSÉLIA AMÁLIA DE CARVALHO NOVAES AÇÕES DE INTEGRAÇÃO ENTRE COORDENAÇÃO PEDAGÓGICA E PROFESSORES AO LIDAR COM ESTUDANTES COM DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM, ESPECIFICAMENTE OS COM BAIXO RENDIMENTO ESCOLAR. SALVADOR 2015

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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA FACULDADE DE EDUCAÇÃO

PROGRAMA NACIONAL ESCOLA DE GESTORES DA EDUCAÇÃO BÁSICA PÚBLICA

CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM COORDENAÇÃO PEDAGÓGICA – CECOP 3

JUSÉLIA AMÁLIA DE CARVALHO NOVAES

AÇÕES DE INTEGRAÇÃO ENTRE COORDENAÇÃO PEDAGÓGICA E PROFESSORES AO LIDAR COM ESTUDANTES COM DIFICULDADES DE

APRENDIZAGEM, ESPECIFICAMENTE OS COM BAIXO RENDIMENTO ESCOLAR.

SALVADOR

2015

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JUSÉLIA AMÁLIA DE CARVALHO NOVAES

AÇÕES DE INTEGRAÇÃO ENTRE COORDENAÇÃO PEDAGÓGICA E PROFESSORES AO LIDAR COM ESTUDANTES COM DIFICULDADES DE

APRENDIZAGEM, ESPECIFICAMENTE OS COM BAIXO RENDIMENTO ESCOLAR.

Trabalho de Conclusão de Curso, na Modalidade de

Projeto Vivencial, apresentado ao Curso de

Especialização Lato Sensu em Coordenação

Pedagógica, vinculado ao Programa Nacional Escola de

Gestores da Educação Básica Pública, da Faculdade de

Educação da Universidade Federal da Bahia -

FACED/UFBA, como requisito para obtenção do título de

especialista em Coordenação Pedagógica.

Orientação: Professora Ma. Rafaela Melo Magalhães

SALVADOR

2015

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AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus, o autor da vida, por permitir trilhar o meu

caminho.

Aos meus familiares, pelo incentivo e amor demonstrado a cada dia, ao meu

esposo e filha pela paciência e por estarem presentes incondicionalmente em

minha vida, ainda que por muitos dias tive que deixá-los sozinhos, sem atenção.

Agradeço aos meus amigos e colegas que proporcionaram momentos

maravilhosos durante o tempo de estudos e encontros presenciais.

E também agradeço aos professores, pela dedicação, paciência e empenho em

disseminar conhecimentos.

A todos que direta ou indiretamente contribuíram para o meu sucesso.

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O educador enquanto mediador do processo ensino-

aprendizagem, bem como protagonista na resolução e estudo das dificuldades de aprendizagem deve obter orientações específicas para que desenvolva um trabalho consciente e que promova o sucesso de todos os envolvidos no processo. (SOARES, 2006).

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AÇÕES DE INTEGRAÇÃO ENTRE COORDENAÇÃO PEDAGÓGICA E PROFESSORES AO LIDAR COM ESTUDANTES COM DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM, ESPECIFICAMENTE OS COM BAIXO RENDIMENTO ESCOLAR.

RESUMO

O trabalho atual tem por objetivo conhecer melhor os fatores que impactam na dificuldade de aprendizado, especificamente no baixo rendimento escolar dos estudantes do ensino fundamental I anos finais. Nos últimos tempos a criança tem iniciado sua vida escolar cada vez mais cedo, grande parte dessas crianças se adapta bem ao ambiente educativo, se comportando adequadamente e desenvolvendo potencialidades e habilidades conforme o previsto para cada faixa etária. Outras, porém, ainda que participem assiduamente das aulas, tenham os mesmos direitos de aprendizagem garantidos, apresentam certas dificuldades, bem como, não correspondem ao esperado pelo sistema de ensino. Em vista disso, este trabalho vem propor ações de integração entre coordenação pedagógica e professores que estimulem o desenvolvimento de práticas pedagógicas educativas, buscando a melhoria do desempenho escolar dos alunos com baixo rendimento. Nesta perspectiva, foi realizada uma pesquisa de cunho qualitativa, por meio de um questionário que propiciou coletar dados referentes à percepção e expectativas dos docentes frente ao baixo rendimento escolar. Com essa pesquisa conclui-se que o professor deve alicerçar na teoria e na prática inovadora acompanhando a relação entre o que é aprendido e o que é ensinado para que a formação do aluno não fique prejudicada. O educador é a mola propulsora para uma educação cidadã e de qualidade, por isso deve oferecer um conhecimento amplo, crítico, duradouro e satisfatório. Palavras-chave: Baixo rendimento; Inovação da prática; Aprendizagem; Coordenador pedagógico.

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ABSTRACT The current study aims to better understand the factor that impact learning disabilities specifically in the poor academic performance of students of the elementary school final years. Lately children start their school life at an earlier age, most of these children is well suíted to the education environment, behaving properly and developing capabilities and skills as provided for each age group. Others, however still participating as siduously school, they have the same rights to learning guaranteed, present difficulties and it do not correspond to the expected by the education system. Because that, this paper proposes actions of integration between coordination and teachers that encourage the development of education alpedagogical practices, searching always to improve the academic performance of students with low income. In this perspective, this study did a qualitative nature of research through a question naire that led to collect data on the perceptions and expectations of front teachers to poor school performance. With this research we conclude that the teacher should use both theory innovative practice following the relationship between what is learned and what is taught to the student's education does not be come impaired. The educator is the driving force for civic education and quality, so it should provide a broad knowledge, critical, lasting and satisfactory. Keywords: Lowincome. Innovation practice. Learning. Pedagogical coordinator

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SUMÁRIO

Introdução...............................................................................................................09

1.Memorial...............................................................................................................12

2.Fundamentação Teórica.....................................................................................19

3.Proposta de Intervenção.....................................................................................29

Considerações Finais.............................................................................................39

Referências.............................................................................................................42

Anexos.....................................................................................................................45

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LISTA DE ABREVIATURAS – SIGLAS

CECOP

FACINTER

GEJG

Curso de Especialização em Coordenação Pedagógica

Faculdade Internacional de Curitiba

Grupo Escolar Joaquim Gonçalves

LDB

PCN

PI

PPP

PROFA

Lei de Diretrizes e Bases da Educação

Parâmetros Curriculares Nacionais

Proposta de Intervenção

Projeto Político Pedagógico

Programa de Formação de Professores Alfabetizadores

UFBA

UNEB

Universidade Federal da Bahia

Universidade do Estado da Bahia

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INTRODUÇÃO

Atualmente a criança entra na escola muito cedo e a maioria delas se adapta

bem ao meio e ao processo educativo, apresentando comportamento adequado e se

desenvolvendo conforme o esperado para cada faixa etária. Porém, algumas dessas

crianças mesmo sendo assíduas, tendo acesso aos mesmos meios educativos

apresentam certa dificuldade de aprendizagem, ou seja, não respondem as

expectativas do sistema de ensino.

Diante disso, este trabalho tem como propósito promover ações de integração

entre coordenação pedagógica e professores ao lidar com estudantes com

dificuldades de aprendizagem, especificamente os com baixo rendimento escolar,

possibilitando ao corpo docente do Grupo Escolar Joaquim Gonçalves, a reflexão e a

(re) construção da prática pedagógica, nas turmas do 5º ano, do Ensino

Fundamental I.

Essa temática foi escolhida a partir das concepções teóricas estudadas

durante o curso de pós-graduação em coordenação pedagógica, que vem propondo

o aperfeiçoamento e a formação do coordenador com ações necessárias para uma

nova realidade no contexto escolar.

Segundo alguns teóricos como (Libâneo, 2001), (Gandin, 2004), (Oliveira,

2009), o coordenador tem o papel de desenvolver e articular ações pedagógicas que

viabilizem o ensino aprendizagem de qualidade, sendo sua principal frente de

trabalho a relação com o grupo docente, por meio da formação, acompanhamento, a

reflexão sobre a prática de sala de aula e a integração dos projetos à comunidade

escolar.

Nessa perspectiva, o coordenador pedagógico é o mediador do processo

ensino aprendizagem, fazendo do ambiente escolar um espaço participativo que

incentive a construção do conhecimento, tendo em vista uma educação de qualidade

para todos.

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As discussões acerca da qualidade da educação brasileira vêm crescendo

bastante. Porém ainda é notável, a falta de perspectiva dos alunos e pais, como

também o desestímulo do professor em oferecer um ensino de acordo com a

capacidade que cada um tem de aprender. Contudo, é primordial que toda a equipe

pedagógica, direção, docentes, pedagogos, estejam apoiados para realizar essas

mudanças e oferecer um ensino melhor para todos.

Este estudo se justifica por entender que a sociedade nos últimos tempos tem

se preocupado em alargar os conhecimentos e possibilitar grandes reflexões, no que

diz respeito, ao baixo rendimento escolar, mas é preciso que haja uma dedicação

maior por parte dos envolvidos; família, escola e, em especial, o aluno têm que

comungar dos mesmos propósitos para que a aprendizagem

aconteça significativamente. Do contrário, será vã essa discussão, pois as

mudanças só acontecem na prática quando o grupo focal se propõe a mudar.

Para construção deste trabalho serão necessárias algumas etapas

fundamentais: Na primeira etapa, foi preciso buscar auxílio e embasamento teórico

para a produção do trabalho posterior, em seguida, foi feita uma pesquisa de campo

com observação, aplicação de questionário com professores dos turnos matutino e

vespertino, do 5º ano, do Ensino Fundamental I, do Grupo Escolar Joaquim

Gonçalves, escola municipal, localizada na zona urbana do município de Cordeiros-

Ba. Os questionários foram aplicados com 4 professores com o intuito de conhecer

melhor o perfil (profissional e acadêmico) dos sujeitos envolvidos na pesquisa, bem

como conhecer a realidade dos estudantes e a relação com o objeto de estudo. O

trabalho tem como objetivo final criar uma Proposta de Intervenção que será

desenvolvida no decurso de 2016.

Para melhor compreensão deste projeto vivencial, foi dividido em quatro

capítulos, a saber:

Capítulo I - O Memorial, onde relato as experiências pessoal, profissional,

cultural e acadêmica, como também, algumas inquietudes e reflexões acerca do

baixo rendimento escolar que me aproximaram do objeto de estudo; o Capítulo II - a

Fundamentação teórica, que aborda com base na literatura sobre o tema, os fatores

que impactam no baixo rendimento dos alunos, o nível de participação dos pais na

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vida escolar dos filhos, a postura da escola diante do "fracasso" dos estudantes, a

metodologia adotada pelo professor e os caminhos que devem ser percorridos para

sanar tal problema; já no capítulo III, destinado a Proposta de intervenção, a qual

vem indicar ações que serão desenvolvidas no decorrer do ano de 2016, com o

intuito de minimizar o problema do baixo rendimento escolar. Essa proposta será

desenvolvida com os pais, professores e alunos: Por fim, nas Considerações finais,

encontra-se a conclusão do estudo, sobretudo, as possíveis soluções para o

problema encontrado.

De antemão, é preciso conhecer as mudanças pelas quais passam os

educandos, compreendendo os rumos que a escola deve seguir para aprofundar a

prática pedagógica, alcançando o aluno em suas múltiplas realidades, oferecendo-

lhes suporte necessário de acordo com as suas potencialidades e possibilidades de

aprendizagem.

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CAPÍTULO I – MEMORIAL

Nasci da união amorosa de meus queridos pais, sendo a segunda de sete dos

seus filhos. Cresci como tantas outras crianças da minha época, com poucas

oportunidades de informação, mas com muitos sonhos. Minha família era muito

simples, mas de grande caráter e foi com bastante esforço, trabalho digno e

honestidade que meus pais nos educaram, passando valores e nos mostrando a

importância de sermos respeitados e reconhecidos como pessoas de bem.

Vejo na produção deste memorial que será apresentado ao Programa

Nacional Escola de Gestores da Educação Básica Pública, Faculdade de Educação,

Universidade Federal da Bahia, uma oportunidade de voltar ao passado e através da

minha narrativa apresentar de forma sucinta minha trajetória de vida, meus anseios

e reflexões acerca da minha vida pessoal acadêmica e profissional. Pretendo relatar

aqui, três momentos que julgo importantes: o acadêmico, o profissional e minhas

expectativas para o futuro. Relatarei ainda as minhas experiências e angústias em

relação ao aluno com baixo rendimento escolar, procurando a partir de estudos e

pesquisas, encontrar soluções possíveis para subsidiar um melhor desenvolvimento

dos mesmos.

Conclui o Ensino Médio (Magistério) em dezembro de 1996. Em março de

1997 fui convidada para trabalhar na prefeitura municipal de Cordeiros, no cargo de

professora. Aceitei com muito entusiasmo, afinal de contas, o magistério nos prepara

muito bem para tal função. Iniciei minha carreira profissional na zona rural, na Escola

Municipal Santa Rita de Cássia onde trabalhei num período de nove anos, com

alunos do Ensino Fundamental I. Foi uma época de muitas dificuldades, pois o

acesso à localidade era bem difícil. Porém, um período de muitas vitórias. Sempre

procurei oferecer o melhor de mim para desenvolver um bom trabalho, e na medida

do possível consegui ajudar muitas crianças passando não só conhecimentos

didáticos, como também, conhecimentos de mundo. Criei vínculos afetivos com os

alunos, pais e comunidade local.

Nesse período, em meados do ano 2000, participei de dois cursos de

formação continuada: O PCN‟s (Parâmetros curriculares Nacionais) e o PROFA

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(Programa de Formação de Professores Alfabetizadores). Nessa época, eu

trabalhava com as séries iniciais, da alfabetização a segunda série, então, o curso

do PROFA foi muito interessante, uma vez que o desenvolvimento das

competências profissionais dos educadores passa necessariamente pela ampliação

do conhecimento e pela reflexão sobre a prática. Nesse curso, tive a oportunidade

de me encontrar enquanto alfabetizadora e conhecer melhor as fases pelas quais

passa cada criança no período de alfabetização e como o professor deve intervir

para levá-la a se descobrir e buscar o conhecimento de maneira que seja o próprio

aluno construtor do saber, enquanto o professor deve ser apenas mediador. De

acordo com Nadal e Papi:

A mediação está presente quando o professor faz perguntas, dá devoluções aos alunos sobre suas colocações e produções, problematiza o conteúdo com o objetivo de colocar o pensamento do aluno em movimento e, também, quando estimula os alunos a dialogarem entre si sobre suas atividades. À medida que o ensino passa a ser entendido como um processo de mediação, o professor deixa de ser o centro do processo para tornar-se uma ponte entre o aluno e o conhecimento. Assim, as perguntas costumeiras do professor, como: “o que devo ensinar?”, “Como poderei ensinar todos os conteúdos?”, são substituídas por: “quais são os conteúdos prioritários em termos de compreensão dos alunos?”, “Como sei se eles estão compreendendo esses conteúdos?”, “Quais as expectativas dos alunos em relação às aulas e à disciplina como um todo?” NADAL e PAPI. (2007, p. 21)

Nessa perspectiva, nota-se que é na relação de troca, de diálogo entre professor e

aluno que constitui o ensino.

Nas minhas primeiras experiências em sala de aula, como todos os outros

professores, tive uma turma heterogênea, em que alguns alunos necessitavam de

um acompanhamento maior. Então, eu procurava sempre levar atividades

diversificadas que atendessem as necessidades deles. Enquanto os que tinham

mais facilidade, autonomia, realizavam as atividades sozinhos, eu fazia

acompanhamento individual para aqueles com maiores dificuldades de

aprendizagem, (fator que influenciava significativamente para o baixo rendimento), e

aos poucos ia ajudando-os a avançarem, recuperando não só a nota, mas em

especial, a aprendizagem.

Foi uma época de muito trabalho, de grandes responsabilidades, pois não

existia coordenação pedagógica, eram só professores e direção. Como eu

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trabalhava na zona rural, o contato com a diretora era muito restrito, a gente só se

encontrava uma ou duas vezes por mês para planejamento. Os problemas eram

resolvidos geralmente com professor e pais. Muito tempo depois, surgiu o supervisor

escolar, o qual colaborava bastante com o trabalho do professor, como também,

servia de ponte entre professor e direção e isso foi bastante positivo para o bom

desenvolvimento do trabalho. Minha relação com esses profissionais (diretora e

supervisor) sempre foi muito tranquila e harmoniosa, realizávamos juntos, um

trabalho de parceria onde o foco sempre foi oferecer um ensino melhor para os

nossos alunos.

No que diz respeito ao aluno com baixo rendimento, nessa turma também se

encontrava. E em parceria com os pais, eu tentava ajudá-los, pois não podíamos

contar com outros profissionais. E por incrível que pareça dava certo, muita coisa

funcionava e conseguíamos amenizar grande parte do “problema”.

Lembro-me de um aluno da alfabetização que tinha muita dificuldade tanto de

aprendizagem, quanto de interação comigo, com os colegas, com os funcionários. A

mãe sempre o acompanhava na sala de aula, ajudava nas atividades, participava

com ele das brincadeiras, orientava na hora do recreio. Quando chegou ao final do

ano, ele já conseguia resolver algumas atividades sozinho, dominava parcialmente a

leitura, brincava com os colegas sem a intervenção da mãe, interagia com outras

pessoas, isso para mim foi um avanço, uma vitória, e a certificação de que a parceria

de pais e professor é de suma importância para o desenvolvimento da criança.

Eu era muito realizada na minha profissão, mesmo assim, ainda não estava

satisfeita, pois o que eu mais queria era continuar estudando, fazer uma graduação.

Não desisti, continuei pesquisando, tentando encontrar uma faculdade mais próxima,

todavia era muito difícil. Naquela época, a faculdade mais próxima era Vitória da

Conquista, não tinha a menor chance de dar certo, uma vez que não dava para

conciliar trabalho e estudo e eu não tinha condição financeira para estudar sem

trabalhar. Fiquei na expectativa, a chama não se apagou.

Em fevereiro de 2000, uma nova oportunidade “bate em minha porta” assumir

uma carga horária de 20 horas, no município de Condeúba (município vizinho), logo

aceitei e comecei a trabalhar nos dois municípios. Em julho do mesmo ano, o

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prefeito municipal de Condeúba, em parceria com o governo estadual, trouxe para o

município a faculdade UNEB 2000- (Universidade do Estado da Bahia) para o curso

de Licenciatura em Pedagogia, prestei vestibular e passei, ingressando assim no

curso, uma vez que conseguia conciliar estudo e trabalho. Por motivos políticos, no

ano seguinte (2001) fui demitida de Condeúba, mas continuei trabalhando em

Cordeiros e estudando em Condeúba. Conclui o curso de pedagogia em dezembro

de 2002. Não só para mim, como também para minha família foi um momento de

grande conquista tanto pessoal quanto profissional.

Em fevereiro de 2005, surge no mesmo município (Condeúba) o curso de

Pós-Graduação em Educação Infantil pala FACINTER (Faculdade Internacional de

Curitiba). Matriculei-me e conclui o mesmo em Julho de 2006. Sempre conciliando

estudo e trabalho. Foi um período muito bom, a busca pelo conhecimento é a melhor

forma de nos preparar para a vida profissional e quando você consegue entrelaçar a

teoria e a prática fica muito mais interessante. Segundo Vázquez:

A teoria em si... não transforma o mundo. Pode contribuir para sua transformação, mas para isso tem que sair de si mesma, e, em primeiro lugar tem que ser assimilada pelos que vão ocasionar, com seus atos reais, efetivos, tal transformação. Entre a teoria e a atividade prática transformadora se insere um trabalho de educação das consciências, de organização dos meios materiais e planos concretos de ação; tudo isso como passagem indispensável para desenvolver ações reais, efetivas. Nesse sentido, uma teoria é prática na medida em que materializa, através de uma série de mediações, o que antes só existia idealmente, como conhecimento da realidade ou antecipação ideal de sua transformação. (VÁZQUEZ apud SAVIANI, 2003, p. 73)

É justamente, pela formação de sujeitos autônomos e produtivos que a

educação deve se destacar, pois por meio dela, professores e alunos,

reciprocamente aprendem, de modo que assim ambos possam inserir-se

criticamente em seu processo histórico e na sociedade.

No ano de 2007 fui transferida para uma escola da zona urbana, Centro de

Educação Municipal Lindolfo Cordeiro Landi, onde trabalhei durante sete anos, com

alunos do Ensino Fundamental II, ministrando aulas nas disciplinas de Língua

Portuguesa e Redação. No início foi bastante desafiador pelo fato de estar

acostumada com um público infantil, todavia, foi uma época de muitas experiências,

de uma grandeza de conhecimento incalculável, convivi com pessoas maravilhosas

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as quais me propiciaram momentos incríveis de integração, companheirismo,

amizades e troca de experiências.

Por trabalhar na área de linguagens fui convidada pelo diretor da escola em

novembro de 2010 para participar de uma formação continuada (Curso de

Aperfeiçoamento Profissional em Gestão da Aprendizagem Escolar na área de

Língua Portuguesa – GESTAR), aceitei com muito entusiasmo, sempre fui muito

apaixonada por tal disciplina. Conclui o mesmo em dezembro de 2011. Foi um curso

muito rico, o qual me proporcionou grandes mudanças na prática pedagógica.

Trabalhei nessa instituição até dezembro de 2013.

Durante esse tempo trabalhando na área de língua portuguesa, tinha alguns

alunos que apresentavam baixo rendimento, e sempre ficava me perguntando o que

teria levado tais alunos a encontrarem tanta dificuldade na escola, em especial na

língua portuguesa. Nas minhas pesquisas e conversas com outros professores,

outros profissionais, pude perceber que grande parte dos motivos era a falta de

acompanhamento dos pais, o desinteresse, a desmotivação, o desânimo do próprio

estudante.

Para obter resultados positivos é necessário fazer um trabalho em conjunto

entre pais, professores, psicólogos, escolas que deverão estar envolvidos com o

intuito de ajudar o educando. E é indispensável que os pais conheçam seus filhos e

dialoguem sempre com eles para que possam descobrir quando algo não vai bem.

Meu ingresso na coordenação pedagógica tem pouco tempo. No início do ano

de 2014, por aprovação do concurso público municipal do município de Cordeiros,

para o cargo de Professor Pedagogo fui designada para a função de Coordenadora

Pedagógica Escolar, porém só assumi tal função na escola depois do recesso

junino. No início de julho do mesmo ano fui locada no Grupo Escolar Joaquim

Gonçalves situado na Praça da Matriz, Centro – Cordeiros-Bahia. A Instituição

funciona nos períodos matutino e vespertino, atendendo alunos de 4º e 5º anos, do

Ensino Fundamental I.

Na função de coordenação pedagógica ainda estou caminhando em passos

muito lentos, trabalho com um público de sete professores e cento e sessenta e três

alunos e ainda estou aprendendo a lidar com alguns, em especial com os

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professores. Não é fácil incutir nas pessoas algumas mudanças, sobretudo, quando

essas acham que já têm muitos anos de carreira e não precisam mudar. Todavia, já

tive grandes momentos de discussão, de reflexão, de grandes mudanças. Às vezes

me inquieto diante de determinadas situações, outras vezes me regozijo diante de

outras, e assim vou aos poucos, construindo e reconstruindo minha própria prática e

auxiliando os docentes a repensarem a deles.

Viver num cenário de mudanças não tem sido nada confortador para o

educador, principalmente para o coordenador, que faz nela/dela seu foco de ação,

sua parceria de trabalho. Espero com esse curso me aperfeiçoar mais nessa área e

ser um coordenador/educador, agente transformador, na medida, em que eu possa

transformar a mim mesma, e por consequência, a realidade. Assim, pretendo investir

na ampliação da formação continuada do professor na própria escola, assumindo a

função de formadora, além de possibilitar ao professor, a percepção de que a

proposta transformadora faz parte do projeto da escola, propiciando condições para

que ele faça de sua prática objeto de reflexão e pesquisa, habituando-se a

problematizar seu cotidiano, a interrogá-lo e a transformá-lo, transformando a própria

escola e a si mesmo.

A partir da formação continuada espera-se que os professores detectem os

problemas de aprendizagem existentes na sala de aula, inclusive os motivos que

levam os alunos a não se desenvolverem. É necessário que os professores atuem

como agentes responsáveis e se incubam de promover as mudanças esperadas

para trabalhar com os alunos com baixo rendimento, pois eles devem ser o foco, o

estímulo, que os levem a refletir os avanços no modo de pensar a docência. O

coordenador pedagógico, ao oferecer a formação continuada tem como objetivo

tentar modificar o olhar do professor em relação à situação de ensino-aprendizagem

na escola e, por isso, deve emanar das necessidades dos educandos, sobretudo

daqueles com baixo rendimento.

O coordenador medeia o saber, o saber fazer, o saber ser e o saber agir do

professor. Essa atividade mediadora se dá na direção da transformação quando o

coordenador considera o saber, as experiências, os interesses e o modo de

trabalhar do professor, bem como cria condições para questionar essa prática e

disponibiliza recursos para modificá-la, com a introdução de uma proposta curricular

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inovadora e a formação continuada voltada para o desenvolvimento de suas

múltiplas dimensões.

Nesse sentido, concordo com Renata Cunha, da Unimep, quando ela defende

em seu artigo O coordenador pedagógico e suas crenças que um dos desafios é o

de articular teoria e prática: "O saber e o fazer reflexivo precisam estar

contextualizados, uma vez que a transformação da realidade educacional decorre do

confronto entre teoria e prática.”( CUNHA, 2005, p.197)

Portanto, para que as metas de ensino sejam alcançadas, é primordial

que os professores estejam preparados para tirar o melhor proveito das formações,

arriscar mais sem perder os rumos dos objetivos educacionais, rever os conteúdos e

implantar novas metodologias, novos recursos nos projetos da escola, pois se trata

principalmente de pensar, e repensar, todo o processo educacional sob a

perspectiva gradativa de crescimento e de inovação, interna e externamente.

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CAPÍTULO II - FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

O presente trabalho tem por objetivo identificar os fatores que impactam

na dificuldade de aprendizado, especificamente no baixo rendimento escolar dos

estudantes, do ensino fundamental I, anos finais, descrevendo as formas de

intervenção do corpo docente frente ao baixo rendimento escolar; destacando as

ações da escola para minimizar o baixo rendimento dos mesmos.

Este trabalho é resultado da preocupação sobre as conquistas e dificuldades

dos professores e coordenadores frente às transformações ocorridas no mundo

contemporâneo. As formações do professor inovador, bem como, a participação do

coordenador articulador se apresentam como uma alternativa às dificuldades

encontradas na formação inicial no âmbito educacional. Sendo assim, a presente

pesquisa objetiva ainda analisar o processo crítico e reflexivo dos professores e

coordenadores acerca de suas práticas pedagógicas, observando os impactos e

mudanças que esta reflexão produz na prática docente. O texto apresenta os

dilemas encontrados pela profissão, a começar pela atuação dos mediadores do

ensino-aprendizagem, enfatizando a preocupação com as dificuldades apresentadas

pelos educandos, ao longo da trajetória educacional, nas séries finais do ensino

fundamental, o seu baixo rendimento e as consequências disso para o processo de

ensino-aprendizado.

A educação é fundamental para vida de qualquer ser humano e a escola é

uma instituição com múltiplas funções. O que não se pode esquecer, contudo, é que

transmitir conteúdos e proporcionar condições para que os alunos aprendam e

garantir sua aprendizagem é uma das principais metas da escola. Portanto, entender

como acontece à aprendizagem é essencial para que os professores e

coordenadores possam adequar sua prática à importante e desafiadora tarefa de

ensinar.

Uma das questões primordiais da escola hoje refere-se à sua qualidade. E a

qualidade está diretamente relacionada com a aprendizagem significativa e o bom

rendimento dos seus discentes. Durante muito tempo foi dado ênfase ao

conhecimento, pensando-se que, assim, a escola passaria a ter a qualidade tão

desejada, comprometendo a aprendizagem que ficou subordinada ao ensino. Hoje,

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sabe-se que é necessário ressignificar a unidade ensino-aprendizagem, uma vez

que sem aprendizagem o ensino não se realiza. Para tanto, é necessária uma

participação ativa e consciente dos coordenadores que partindo de uma visão

democrática compreendem a magnitude de sua função e inovam, visando alcançar o

objetivo maior da escola, e consequentemente da educação, que é o de formar

cidadãos capazes de construir a sua própria história.

A educação visa transformar os seres humanos, cada dia, em pessoas melhores, contando para isso com a participação dos professores, coordenadores e todos os envolvidos no processo educacional como mediadores do ensino e aprendizagem, entretanto nem sempre a educação é cercada somente por sucessos e aprovações. Muitas vezes, inúmeros problemas surgem, e na maioria delas, são apresentados por alunos que não conseguem alcançar o ideal da escola e assim ficam paralisados diante do processo de aprendizagem, sendo rotulados pela própria família, professores e colegas. ( FERNANDES, 2011, p.154)

A escola passa por muitos problemas e dentre esses, se apresenta a

dificuldade de aprendizagem. Os alunos não conseguem atingir o ideal de

aprendizagem necessária para o seu pleno desenvolvimento trazendo a tona um

baixo rendimento e preocupação pelos agentes educacionais. É importante que

todos os participantes do processo educativo estejam atentos a essas dificuldades,

observando se são momentâneas ou se persistem há algum tempo.

A dificuldade de aprendizagem e o baixo rendimento em consequência,

muitas vezes, desencadeiam preconceitos e discriminações sofridas pelos alunos.

Assim, o coordenador tem a função mestra de conduzir o professor, de forma a

combater ou amenizar as dificuldades apresentadas pelos alunos, revertendo o

quadro de baixo rendimento e influenciando positivamente na vida daqueles a quem

conduz.

SMITH; STRICK (2001, p. 36) ainda nos dizem que:

As crianças com dificuldades de aprendizagem e baixo rendimento, podem ser brilhantes, criativas e talentosas em outras áreas, mas em nossa sociedade, onde se valoriza muito o desempenho escolar, estas crianças sentem-se fracassadas, frequentemente se comparando com as crianças que apresentam um melhor desenvolvimento cognitivo, criando assim um bloqueio cada vez mais acentuado no seu processo de aprendizagem.

O baixo rendimento, por grande parte dos alunos, torna um tema de

discussão recorrente na atualidade, visto que o mesmo existe devido a vários fatores

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que não condiz com uma educação de qualidade. Dentre os fatores pode-se citar a

grande importância que é atribuída ao desenvolvimento cognitivo e o currículo

escolar desconsiderando com frequência as diferenças individuais e restringindo

suas ações às diversidades.

Sendo uma de suas metas propiciar a evolução do ser humano, a educação torna-se essencial e na escola se efetiva a sua missão, levando o cidadão a passar de um ser ainda dependente quando nasce, para um adulto competente e autônomo, conquistando no decorrer do tempo a sua realização pessoal, interpessoal e social. É pela educação que o ser humano vai se capacitando para definir e escolher projetos de vida e alcançar a sua realização, que vai além da simples sobrevivência.( MACHADO; CHAVES, 2008 , p.32)

Nesse processo educacional, o professor e o coordenador exercem papel

fundamental, dessa forma, ensinar constitui uma forma de reflexão na ação, ou seja,

refletir sobre os acontecimentos e sobre as formas espontâneas de pensar e de agir

dos educandos. Vale ressaltar, que a reflexão por si só não produz efeito, torna-se

necessário que esta reflexão tenha força para provocar a ação e consequentemente

a mudança de forma a levar cada um a repensar a sua prática pedagógica e intervir

sobre ela.

Portanto, a atividade educativa realiza-se entre seres humanos e a função do

professor e do coordenador está à formação da cidadania. É necessário pensar e

compreender que não basta conhecer o conteúdo específico de sua área, nem

tampouco as formas de transmiti-lo. Precisa ter uma formação abrangente, conhecer

a sociedade do seu tempo, compreender as relações entre educação, economia e

sociedade e por fim, conhecer o mundo que constitui cada educando, pois trata-se

de seres únicos com suas bagagens e histórias que precisam ser respeitadas e

muitos ainda com suas decepções e traumas que os conduzem a uma vida

educacional de fracasso se não for percebida.

Dessa forma, o homem e, portanto, o aluno, não é um ser passivo, que

apenas vê e ouve a realidade e a registra. Esta, por sua vez, não é estática, não é

algo pronto e acabado, é construída no encontro entre sujeitos humanos e o mundo

em que vivem. Portanto, é feita na interação. Segundo vygotsky:

O caminho do objeto do conhecimento até a criança e desta até o objeto passa através de uma outra pessoa. Essa estrutura humana complexa é o produto de um processo de desenvolvimento

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profundamente enraizado nas ligações entre história individual e história social. (VYGOTSKY, 1991, p.37).

Ao ingressar na escola, a maioria das crianças se adapta facilmente com o

ambiente escolar, apresentando comportamento adequado e se desenvolvendo

conforme o esperado. Porém algumas dessas crianças não respondem às

expectativas do sistema escolar, no decorrer dos anos, ou porque não detém a

atenção nas atividades propostas, ou porque são agitadas demais, ou porque tem

baixa capacidade de organização, ou porque apresentam auto-estima baixa

(MEDEIROS, et. al. 2003). Essas crianças apresentam então baixo rendimento

escolar.

Assim é necessário ressaltar, para uma melhor compreensão do estudo, a

concepção de baixo rendimento escolar. De acordo com Carvalho (2000), o objetivo

da escolarização é a aquisição de conhecimentos construídos sócio culturalmente,

pensando nas etapas iniciais desse processo os conteúdos seriam as aquisições da

leitura, escrita e cálculos elementares. Assim sendo, o baixo rendimento escolar se

traduziria como uma resposta inadequada a essa aquisição ou ainda uma apreensão

parcial dos conhecimentos esperados.

Com isso gera uma grande dificuldade para a escola de cumprir seu papel

que é o de incluir todos os alunos nas atividades acadêmicas e na cultura escolar,

uma vez que o número de crianças que apresentam tais deficiências é pequeno a

escola acaba excluindo-as do sistema, ocasionando uma controvérsia. De acordo

com a Lei de Diretrizes e Bases na Educação Nacional 9394 de 1996 (MEC, 1996) a

educação é direito de todos e esta deve ser eficaz nos anos iniciais.

A história da educação brasileira vem sendo marcada por uma

crescente preocupação em se tentar explicar o fracasso escolar, o

qual tem sido denunciado pelos altos índices de repetência e evasão,

ocorridos nos últimos anos. (CARNEIRO, MARTINELLI e SISTO

,2003, p.149)

A dificuldade se apresenta de forma diversificada no seio da escola. Ela pode

manifestar em várias áreas: na aquisição e uso da recepção, fala, leitura, escrita,

raciocínio ou habilidades matemáticas. Os alunos que apresentam tais dificuldades

são na maioria das vezes, impedidos de aprender de modo eficaz e se desenvolver

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plenamente junto à sua classe. São mal compreendidos e vistos como estudantes

desinteressados. Sendo assim, é de suma importância que as necessidades dos

alunos sejam detectadas o quanto antes para que estes não sejam prejudicados.

SMITH; STRICK (2001, p. 36) ainda nos dizem que:

Paralelo a sociedade, que busca cada vez mais o êxito profissional e

a competência a qualquer custo, a escola também segue a ideia de

promoção do melhor desempenho. Aqueles que não conseguem

responder às exigências da instituição podem sofrer com um

problema de aprendizagem. A busca incansável e imediata pela

perfeição leva à rotulação daqueles que não correspondem ao

esperado.

Os profissionais da educação precisam estar atentos aos comportamentos das

crianças com baixo rendimento, pois estas podem sofrer preconceitos por partes dos

colegas e de outros agentes educacionais fazendo com que cada vez mais se

coloquem na situação de fracasso. Trabalhar com a autoestima desses alunos

poderá ajudar a reverter a situação ou pelo menos amenizá-la dando a oportunidade

de crescimento junto aos demais alunos que conseguem o êxito na aprendizagem.

Saviani (2007) alerta que, muitas vezes, o fracasso escolar é reflexo de

fatores externos, tais como saúde, nutrição, fatores psicológicos e cognitivos, bem

como de ordem familiar, e esses elementos contribuem negativamente para a

absorção dos conteúdos, mas há de se fazer chegar aos alunos a mensagem da

importância da educação para a sua vida, fazendo-os encará-la como agente

transformador, em um âmbito maior, na comunidade onde vive.

Falar de dificuldade de aprendizagem nas séries iniciais é falar de um dos

maiores problemas enfrentados hoje pelos educadores e que precisa ser visto com

um novo olhar visando a busca de superações para um melhor desempenho dos

alunos.

À criança precisam ser apresentadas maneiras de alcançar a aprendizagem

necessária para tornar-se um cidadão liberto, entretanto as dificuldades se

apresentam e os professores precisam se atentar a essa questão, e acima de tudo,

buscar saná-las para que cada educando tenha a oportunidade de crescer, ou seja,

de desenvolver-se de forma integral. No entanto, para haver essa integração é

necessário que ela seja compreendida em vários aspectos de seu desenvolvimento:

a afetividade, o movimento, a inteligência e o eu.

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A integração é fundamental para o bom andamento escolar, integrar a ação

dos professores com a condução do coordenador comprometido com o ato de

ensinar pode resultar num avanço em relação a redução das dificuldades e do baixo

rendimento dos alunos. Trabalhar de forma participativa e interdisciplinar. “Cultivar o

professor num projeto interdisciplinar é, antes de qualquer coisa, ajudá-lo a

perceber-se interdisciplinar, pois um educador não se constrói da noite para o dia,

ele se faz anunciar desde o seu primeiro contato com o conhecimento (FAZENDA,

1995, p. 135).

Conforme o pensamento de Ivani Fazenda, a interdisciplinaridade não é uma

ciência, na realidade, significa colaboração mútua entre as áreas do conhecimento

bem como, dos profissionais diversos inseridos na escola, a fim de reorientar a

prática educativa, articulando a atividade profissional e formação escolar. A

proposta, na verdade, é de adoção de olhar crítico sobre o saber, buscando

desfragmentá-lo, respeitando a teia de relações existentes em cada área do

conhecimento e entre as diferentes áreas de ação do profissional. É possível

concordar com Freire quando este diz que:

Transformar a experiência educativa em puro treinamento técnico é amesquinhar o que há de fundamentalmente humano no exercício educativo: o ser humano, o ensino dos conteúdos não pode dar-se alheio à formação moral do educando. Educar é substantivamente formar. (FREIRE, 2000, p. 37).

Nesse sentido a escolha desse tema levará a estudos que visam proporcionar aos

pais, aos professores e todos os seguimentos da escola uma maior colaboração no

processo de aprendizagem e que compreendam seus papéis na construção da

personalidade dos filhos e contribuam para que tronem-se sujeitos de sua própria

história.

Assim, entende-se que a ação do coordenador e do professor deve ser a de

transformadores, na medida, em que se transforma a cada dia e, consequentemente

transforma também a realidade e a vida dos discentes de maneira dinâmica, crítica

simultaneamente produzindo um aprendizado significativo e combatendo o baixo

rendimento escolar. É uma ação de companheirismo e ajuda mútua, podendo

oferecer às crianças muitas delas com futuro marcado pelo fracasso, uma superação

das suas dificuldades no presente. Nesse contexto, é necessário estar atento,

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escola, pais, professores para que sejam dizimadas as oportunidades de sucesso

para cada criança.

É fato que as crianças com dificuldades de aprendizagem apresentam-se

como um grande desafio para a Educação, e infelizmente muitos professores que

deveriam estar preocupados em ajudar as crianças mediando um processo ensino

aprendizagem se atêm a rotulá-las, contribuindo assim para o fracasso do aluno.

Muitos se atêm e se preocupam em transmitir conteúdos e esquecem-se da

verdadeira missão que é educar. A pesquisa busca conduzir o professor a um novo

processo, e um novo olhar para a criança como ser global e não apenas parte dela.

Assim, é preciso estabelecer na escola relações duradouras entre famílias,

educandos e demais seguimentos da escola. Sabe-se que problemas de

aprendizagem sempre existirão e isso pode ser positivo visto que, a partir do

desequilíbrio que se encontra o equilíbrio e chega-se ao crescimento, principalmente

os educadores que refazem a sua prática e melhora cada dia dando um significado

diferente e muito mais positivo à sua existência enquanto educador.

Interessante observar que o baixo rendimento gera estranhamento em todas

as esferas envolvidas. Primeiramente, na família que antes do ingresso da criança

no sistema educacional formal não havia detectado nenhum tipo de “anormalidade”

no comportamento dessas crianças. Depois, a escola que não entende por que

determinadas crianças enfrentam dificuldades para aprender. E por fim, as próprias

crianças que não entendem o ambiente escolar e suas atividades.

É recorrente a reclamação por parte de muitos professores que preparam as

suas aulas, se empenham no planejamento, inova a metodologia, mas os alunos não

demonstram interesse, não produzem o suficiente e todas as justificativas sugeridas

pelos professores se dirigem aos alunos, sendo eles os culpados por não

conseguirem aprender. Muitos professores rotulam os alunos e várias vezes, sem

observar de perto os motivos do baixo rendimento, dizem serem os alunos

preguiçosos, descomprometidos com a escola e desinteressados e até

indisciplinados, mas os professores desconhecem na maioria das vezes as

dificuldades dos mesmos.

Portanto, observar os alunos e perceber o que os leva as dificuldades e ao

baixo rendimento é uma necessidade urgente, visto que essas situações bloqueiam

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a prática educativa e retardam o desenvolvimento educacional, porém muitos

educadores têm apontado questões extraescolares como “causas” do desempenho

inadequado dos estudantes, mantendo uma visão estereotipada e negativa sobre as

famílias de classe popular. No entanto, a família apresenta uma nova forma de

conceber o baixo rendimento, asseverando as relações existentes entre os fatores

intra e extraescolares.

Vygotsky (1989) afirma que o ambiente de origem da criança é altamente

responsável pelas suas atividades de segurança no desempenho de suas atividades

e na aquisição de experiências bem-sucedidas, o que faz a criança obter conceito

positivo sobre si mesma, fator importante para a aprendizagem.

Roman e Steyer (2001) referem que os conflitos emocionais interferem muito

no rendimento da criança. Cabe a escola, na figura do professor, fazer a “escuta”

adequada destas manifestações, considerando o estado geral da criança em seu dia

a dia e o contexto familiar em que está inserida.

É evidente a visão de professores quanto a importância do conhecimento do

conteúdo a ser lecionado por ele, mas a forma como a matéria é ensinada deve ser

tão importante quanto à própria matéria. Talvez a maior dificuldade no

relacionamento entre educadores e educandos que apresentam baixo rendimento,

seja por falta de uma visão global do ser humano, pois a tendência atual é analisar a

criança parte por parte. Andrade (2003), afirma que:

São várias as possíveis respostas, várias as possíveis construções

de significados acerca dos termos, sem que uma seja a mais

verdadeira que a outra. Assim, não podemos previamente acreditar

que alunos são problemas, ou que famílias são desajustadas, ou que

professores são autoritários. Precisamos ver um “quebra-cabeça”, as

partes e o todo! Andrade (2003, p.58)

Isso significa que cada aluno é único e seus problemas e dificuldades devem ser

entendidas em uma complexa rede de significados que se cruzam e entrecruzam. A

heterogeneidade existe na sala de aula e por isso não deve homogeneizá-la.

Respeitar e perceber as diferenças existentes é que ajudará a atingir os objetivos

traçados pelos professores e pela escola.

Para atender a diferença na sala de aula devemos flexibilizar as práticas pedagógicas. Os objetivos e estratégias de metodologias não são inócuos: todos se baseiam em concepções e modelos de

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aprendizagem. Assim, se não propormos abordagens diferentes ao processo de aprendizagem acabaremos criando desigualdades para muitos alunos. ( RODRIGUES, 2006, p.305-306)

Se fosse considerado de modo apropriado pelos educadores as curiosidades dos

educandos poderia contribuir para fazer da aula um espaço de envolvimento,

questionamento, dúvida, enfim, de efetivo interesse pelo conhecimento. Esse é um

dos muitos desafios que tem o professor e o coordenador. Para Piaget,(1976), o

interesse consiste num prolongamento das necessidades, quer dizer, na interação

que a criança estabelece com o mundo, um objeto ganha estatuto de “interessante”

à medida que atende a uma necessidade. Diz o autor:

O interesse é a orientação própria a todo ato de assimilação mental. Assimilar, mentalmente, é incorporar um objeto à atividade do sujeito, e esta relação de incorporação entre o objeto e o eu não é outra que o interesse, no sentido mais direto do termo („inter-esse‟). (PIAGET, 1976, p. 38)

A elaboração de planos de prevenção nas escolas, com toda a equipe

escolar, principalmente com professores é batalhar para que o professor possa

ensinar com prazer para que o aluno também possa aprender com prazer são

atitudes básicas com que as escolas deveriam preocupar-se.( SALES, 2012)

Vale salientar que a escola deve ser a segunda casa do indivíduo, um lugar

onde ele possa se sentir bem e entre amigos, contar com o professor sempre que

precisar ou sempre que tiver um problema familiar e manter contato com os outros

membros da equipe escolar, como coordenação pedagógica e direção.

O espaço da escola é o local privilegiado para a formação do indivíduo, ou

seja, é o espaço em que o aluno começa a exercer e exercitar os seus direitos e

deveres. É na escola que se aprende “a olhar o mundo e, para isso, é fundamental a

dimensão ética. Na escola não só se transmitem normas, valores e direitos, como se

aprende a olhá-los, reconhecê-los, criticá-los” (GENTILI, 2000).

A docência constitui, sem dúvida, uma atividade complexa e desafiadora, para

a qual não se aplicam respostas de manual. Um dos grandes desafios é conduzir de

forma significativa o processo de aprendizagem, e o coordenador como articulador

precisa oferecer aos professores condições de trabalho coletivo e a eles deve

conduzir de forma a promover atividades individuais ou em grupo, respeitando as

diferenças e estimulando a troca entre as crianças, assim as dificuldades ainda que

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não superadas completamente serão amenizadas e darão aos educandos

oportunidades prazerosas de crescimento. Educar é um processo renovador

constante, com vistas à avaliação de experiências, à reconstrução de etapas e

objetivo, rumo às transformações.

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CAPÍTULO III - PROPOSTA DE INTERVENÇÃO

A atuação efetiva do coordenador pedagógico no combate ao baixo

rendimento escolar dos alunos do Grupo Escolar Joaquim Gonçalves

A educação é prioridade de todos os seres humanos, por isso, precisamos

estabelecer metas para serem cumpridas a um espaço de curto, médio e longo

prazo, onde a Instituição de Ensino acompanhe de forma gradativa as verdadeiras

necessidades da comunidade escolar.

A presente proposta de intervenção tem por objetivo propor ações que

minimizem a dificuldade de aprendizado, especificamente o baixo rendimento dos

estudantes do ensino fundamental I, em especial, os alunos do 5º ano, do Grupo

Escolar Joaquim Gonçalves, descrevendo as formas de intervenção da coordenação

pedagógica e do corpo docente frente ao baixo rendimento escolar; buscando

entender a importância e influência da rotina de estudo no desempenho escolar do

estudante para viabilizar a aprendizagem dos mesmos.

Esta proposta é componente do eixo de trabalho: A Relação entre

Aprendizagem Escolar e Trabalho Pedagógico, com o tema Ações de integração

entre coordenação pedagógica e professores ao lidar com estudantes com

dificuldades de aprendizado, especificamente os com baixo rendimento escolar, do

Curso de Especialização em Coordenação Pedagógica, do Programa Nacional

Escola de Gestores da Educação Básica, oferecido pela Universidade Federal da

Bahia.

A) CARACTERIZAÇÃO DA INSTITUIÇÃO DE ENSINO

O Grupo Escolar Joaquim Gonçalves – GEJG está em funcionamento desde

1977, com o nome de Prédio Escolar Joaquim Gonçalves, quando o então delegado

escolar Arnaldo Souza Morais responsabilizava-se pelo mesmo. Em 1979, o senhor

Arnaldo passa a ser o diretor nomeado pelas autoridades competentes. Mas

somente em 1981, o Prédio Escolar Joaquim Gonçalves foi regulamentado através

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do Ato de Criação nº 3.129 do Diário Oficial de 08/05/81, recebendo o nome de

Grupo Escolar Joaquim Gonçalves (GEJG), situada na Praça da Matriz, S/N, Centro

no município de Cordeiros – BA. A instituição recebeu esse nome em homenagem

ao primeiro prefeito da cidade, o senhor Joaquim José Gonçalves.

A referida escola é mantida pela Secretaria Municipal de Educação /

Prefeitura Municipal. Atualmente, este Estabelecimento de Ensino funciona nos

turnos matutino e vespertino, atendendo a 78 alunos, do 4º ano e 86 alunos do 5º

ano, do Ensino Fundamental I, numa faixa etária de 09 a 12 anos. Esse quantitativo

é distribuído em 04 turmas de 4º ano e 04 turmas de 5º ano. O público alvo desta

instituição são alunos provenientes de todas as classes sociais. Alguns desses

enfrentam problemas sociais e familiares que refletem numa postura de inquietude e

indisciplina.

O GEJG é uma escola de pequeno porte, que conta com 20 funcionários, que

trabalham com o objetivo de melhor servir aos alunos desta comunidade, bem como,

promover o desenvolvimento dos mesmos para a prática da cidadania. Os

funcionários são 08 professores, 01 diretor, 01 vice-diretora, 01 coordenadora

pedagógica, 01 secretária, todos com formação superior, 01 auxiliar de educação, os

demais funcionários são auxiliares de serviços educacionais. A escola tem

procurado trabalhar de forma democrática, buscando envolver a participação de toda

a comunidade escolar através do Colegiado escolar e Caixa escolar: Conselhos

formados pelos segmentos de pais, professores, alunos, direção e comunidade local,

responsáveis pela organização do trabalho e da administração financeira da escola.

A direção, juntamente com a coordenação pedagógica e professores, tem

desenvolvido um trabalho visando à aprendizagem dos alunos, dando o melhor de si

para que os mesmos possam aprender e colocar em prática o que aprenderam. Para

isso, a escola vem desenvolvendo vários projetos pedagógicos como: Viajando na

trilha da leitura e da escrita; Semeando valores; Olimpíadas esportivas – Jogos

escolares; que têm ajudado os alunos a melhorar seu desempenho na leitura, na

escrita, na construção de valores e respeito mútuo.

De acordo com o Projeto Político Pedagógico (PPP), a escola tem como

missão principal garantir uma educação de qualidade visando a ética, criatividade,

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participação e reconhecimento de cada pessoa que busca contribuir para a

transformação social.

A escola é um ambiente que leva em conta, o conjunto das dimensões da

formação humana, onde o conhecimento é compartilhado e sistematizado, tendo a

tarefa de formar seres humanos com consciência de seus direitos e deveres. Para

isso a equipe de trabalho dessa Instituição de Ensino busca promover, ao aluno,

acesso ao conhecimento sistematizado e, a partir deste, a produção de novos

conhecimentos, preocupando com a formação de um homem consciente e

participativo na sociedade em que está inserido.

Coerentes com as estratégias previstas na LDB, a instituição educacional tem

como meta prioritária o desenvolvimento global do aluno. Diante da oportunidade

oferecida para Lei 9394/96, onde cada escola pode organizar seu sistema de ensino,

de modo que atenda às necessidades e possibilidades, O GEJG organizou sua

Proposta Pedagógica com objetivo da formação do “Homem” exercendo em sua

plenitude o direito à cidadania e explorando as suas potencialidades.

Temos como propósito fortalecer nos educandos, a postura humana e os valores aprendidos: a criticidade, a sensibilidade, a contestação social, a criatividade, a esperança. Queremos deste modo, formar seres humanos com dignidade, identidade e projeto de futuro. ( PPP, 2015, p. 28 )

B) METODOLOGIA

Tendo em vista o objeto de estudo “Ações de integração entre coordenação

pedagógica e professores ao lidar com estudantes com dificuldades de aprendizado,

especificamente os com baixo rendimento escolar”, com base nas leituras, reflexões

e pesquisas em torno do tema, percebe-se a necessidade de fortalecer a atuação da

coordenação pedagógica na formação continuada dos professores, com o intuito de

levá-los a refletir sobre a sua prática pedagógica no processo de desenvolvimento

da aprendizagem e instigá-los a observar que as pessoas são únicas, no que se

refere aos seus estados emocionais, seus ritmos de aprendizagem, suas etapas de

desenvolvimento, suas capacidades e talentos. Desse modo, o professor precisa

levar em consideração todas essas diferenças ao organizar as situações de ensino

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aprendizagem e ao ministrar as aulas, pois nem sempre a metodologia aplicada para

ensinar funciona para todas as crianças.

A criança aprende quando o que está sendo ensinado tem significado para

ela, do contrário, nada passa de um mero amontoado de letras e papéis. A escola e,

sobretudo o professor, tem a função de criar este espaço adequado e propício para

que aconteça a aprendizagem. É importante para o professor conhecer os níveis de

desenvolvimento das crianças para saber o que ela pode aprender em cada etapa.

Esta proposta de intervenção tem por objetivo, estimular o desenvolvimento

de práticas educativas que contribuam para a melhoria do desempenho escolar dos

alunos e promover ações que levem o professor a reflexão/ação da metodologia

aplicada em sala de aula. A mesma será desenvolvida por meio da pesquisa-ação

visando o aperfeiçoamento da prática docente. Segundo Tripp (2005, p.445)

“A pesquisa-ação educacional é principalmente uma estratégia para o desenvolvimento de professores e pesquisadores de modo que eles possam utilizar suas pesquisas para aprimorar seu ensino e, em decorrência, o aprendizado de seus alunos”.(TRIPP, 2005, p.445).

A pesquisa-ação requer dos envolvidos uma constante reflexão e participação ativa

para que alcance o sucesso esperado.

O público alvo dessa pesquisa são os professores do 5º ano do Ensino

Fundamental I. Para que a pesquisa alcance sucesso e atenda as expectativas será

necessária uma análise, reflexão e participação ativa durante todo o processo com

os docentes, uma vez que eles estão diretamente envolvidos com o objeto de

estudo.

Para iniciar as estratégias de construção da proposta de intervenção o

primeiro passo foi uma conversa com a direção da escola e professores para

apresentação do meu objeto de estudo, explicando os motivos que me levaram a

fazer tal escolha, falei da proposta de intervenção e solicitei o apoio e a participação

de todos, informando que ao concluir a proposta, esta será desenvolvida na própria

instituição, com o objetivo de alcançar resultados positivos acerca do problema.

DIAGNÓSTICO

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Para a coleta de dados foram utilizados os seguintes instrumentos: a

observação, o questionário e a análise da realidade escolar. Esses instrumentos

estão interligados, e por isso nos proporcionou maior amplitude e compreensão do

objeto de estudo.

A observação e a análise da realidade escolar aconteceram durante os

momentos de acompanhamento do professor em sala de aula e fora dela, como

também, nas horas destinadas ao planejamento, onde eram levantados os

questionamentos e reflexões a respeito do problema, como por exemplo: como lidar

com os alunos que, mesmo assíduos na escola não conseguem aprender de

maneira significativa o que lhe é transmitido em sala de aula, tem dificuldade na

leitura, na escrita, na oralidade, no raciocínio lógico e consequentemente na

resolução de atividades avaliativas, resultando no baixo rendimento.

A aplicação de questionário, contendo doze perguntas abertas direcionadas

aos docentes, com o objetivo de colher informações sobre a sua formação, atuação

em sala de aula, em especial, qual a visão que eles têm a respeito dos alunos que

apresentam baixo rendimento escolar e quais as ações a escola propõe ou deveria

propor para amenizar e ou resolver tal problema. Dessas perguntas, cinco merecem

destaque: 3. Em sua opinião, quais as situações que desencadeiam problemas de

aprendizagem? 4. Para o professor, como é possível diagnosticar que a criança está

enfrentando um problema de aprendizagem/ baixo rendimento? 5. Que tipo de

providências o professor deve tomar nesses casos? 11. Como é a participação da

família na vida escolar desses alunos? Isso influencia de alguma forma? 12.

Considerando a implantação das políticas públicas de educação, quais as ações que

você considera importante em relação ao aluno com baixo rendimento para

contribuir no desenvolvimento e aprendizagem?

A aplicação do questionário, objetivou compreender a visão do professor

acerca do tema e quais os caminhos será preciso percorrer para amenizar o

problema. O questionário foi aplicado com os quatro professores que lecionam nas

turmas do 5º ano, da Unidade Escolar, mas apenas três professores responderam.

Após a sondagem e coleta de dados foi realizada a seguinte análise:

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Na questão 01. Durante o período de permanência na escola os alunos têm

comodidade para assistir as aulas e aprender os conteúdos programados? Todos os

professores responderam que sim. As salas são arejadas, possuem mobiliário

adequado e os professores são responsáveis.

Quanto às situações que desencadeiam problemas de aprendizagem,

conteúdo da questão 03, eles responderam que é fruto de uma alfabetização

inadequada, pouca participação da família na vida escolar do filho, em especial, falta

de interesse do próprio aluno. Percebe-se ao analisar esta questão que é preciso

levar o aluno a pensar, a refletir sobre sua perspectiva de vida e estimulá-lo a

estudar mostrando os benefícios adquiridos através dos estudos.

Ao analisar as questões 04 e 05 que indagam como os professores

diagnosticam que a criança está enfrentando um problema de aprendizagem e quais

as providências que eles devem tomar, os mesmos responderam que geralmente a

criança apresenta dificuldade para realizar as atividades propostas, bem como, para

assimilar os conteúdos trabalhados, e na hora da verificação da aprendizagem não

alcançam o resultado quantitativo esperado, as notas são sempre baixas. Nesse

caso, os professores salientaram que para tentar resolver o problema eles levam ao

conhecimento da direção e coordenação pedagógica, solicitando apoio pedagógico,

buscam parceria dos pais e ou responsáveis, dialogam com o aluno e intensificam a

atenção para com o mesmo.

Ao serem questionados a respeito da atividade de reforço se a escola oferece

e se atende às expectativas, eles responderam que oferece o programa mais

educação que funciona no contra turno, porém não atende as necessidades dos

estudantes com baixo rendimento, uma vez que o programa é mais voltado para

atividades lúdicas, esportivas, teatro. Na oficina de orientações e estudo poucos

alunos têm interesse de participar e a família não colabora. Então nota-se que

grande parte do problema é fruto da falta de interesse do próprio educando e

também da família, segundo a visão dos professores.

Nas duas últimas questões, os professores foram interrogados da seguinte

forma, considerando a implementação das políticas públicas de educação quais

ações consideram importantes no atendimento aos alunos com baixo rendimento

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escolar. Eles responderam que o primeiro passo é a sensibilização por parte da

equipe escolar, todos devem ter um olhar diferenciado para lidar com esses alunos,

trabalhando a elevação da autoestima, conscientizando os pais do quão importante

é acompanhar seus filhos na vida escolar e social, buscar parcerias com as

Secretarias de Educação, Saúde e Assistência social para a implantação e

adequação do atendimento especializado, atividades de reforço no contra turno, com

oficinas direcionadas a leitura, escrita e cálculos matemáticos, oferecer capacitação

aos monitores do Programa Mais Educação preparando-os para trabalhar com tais

alunos.

Conclui-se então que todos nós somos aprendizes e que é preciso aprender a

lidar com esses alunos, de modo que toda a equipe escolar trabalhe junta com o

intuito de oferecer aos mesmos um ensino que atenda as suas necessidades,

sempre valorizando o conhecimento que eles já têm para que consigam buscar

novos saberes.

C) APRESENTAÇÃO DAS AÇÕES DA PI

A partir da realização do trabalho de pesquisa-ação no interior da escola, com

o objetivo de intervir no processo de ensino aprendizagem, mediando uma

possibilidade de mudanças na realidade dos educandos, foi possível constatar uma

série de fatores, tanto internos quanto externos que influenciam direta ou

indiretamente no desenvolvimento da aprendizagem das crianças. Nessa

perspectiva, observa-se a necessidade de desenvolver um plano de ação, a ser

trabalhado durante todo o ano letivo de 2016, com o intuito de possibilitar aos

estudantes um ensino de qualidade que atenda as especificidades de cada um. Para

isso, é importante que as ações sejam desenvolvidas passo a passo, em três

momentos específicos.

No primeiro momento será realizada uma roda de conversa com os pais, com

o propósito de mostrar a eles o problema detectado e as possibilidades de mudança,

levando-os a refletir sobre o papel da família na educação e no acompanhamento da

vida escolar dos filhos.

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Atualmente, observa-se que as famílias, por força de algumas circunstâncias,

têm se afastado bastante da tarefa de formar e educar seus filhos, transferindo essa

tarefa somente para as escolas. Contudo, esta situação está ficando cada vez pior,

por isso é urgente a necessidade de trazer a família para ser parceira da escola,

compartilhando responsabilidades no processo de ensino aprendizagem.

No segundo momento trabalharei com a formação continuada dos professores

através de oficinas acerca do tema “dificuldade de aprendizado / baixo rendimento

escolar” instigando-os a repensar sua prática pedagógica e encontrar caminhos que

estimulem ao máximo os alunos a se sentirem satisfeitos e auto eficientes ao realizar

as atividades propostas. O professor tem que motivar seus alunos a construir o

próprio conhecimento, a motivação é um processo dinâmico e toda aprendizagem

pressupõe algum tipo de motivação.

Nessas oficinas será proposto um diálogo entre coordenação pedagógica e

professores com duração de duas horas, a fim de contribuir com a melhoria das

atividades educativas, consequentemente proporcionar a qualidade da prática

pedagógica em sala de aula. Para melhor compreensão e organização da oficina

será elaborado um instrumento pedagógico - Agenda de formação, especificando o

conteúdo, objetivos, metodologia, recursos e avaliação. No primeiro momento da

oficina, os participantes serão acolhidos por meio de uma mensagem, distribuição de

“mimo” relacionado ao tema. No decorrer do encontro haverá a exposição do tema

através de slide, conversas dirigidas, dialogando sempre que necessário,

oportunizando os professores a levantarem questionamentos, expor pontos de vista

e trocar experiências. No final do encontro será realizada a avaliação para análise

dos pontos positivos e negativos, com o objetivo de fortalecer os pontos positivos e

refletir sobre os negativos para mudanças de atitude.

Com isso, é importante mostrar ao professor o quanto é significativo estar

sempre atualizado, ser estudioso e eterno pesquisador, pois é função de todos que

trabalham na educação se comprometerem com a qualidade do ensino que se

oferece.

No terceiro momento haverá acompanhamento da coordenação pedagógica,

com os alunos, por meio de conversa, mostrando a eles a necessidade de se

dedicar, de querer mudar, de buscar um objetivo para sua vida enquanto estudante.

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Em seguida ofertar vagas no Programa Mais Educação e levá-los a entender que a

atividade no contra turno é uma grande oportunidade para ampliar os estudos e

adquirir novos conhecimentos, uma vez que um dos objetivos da educação integral é

a promoção do cidadão tendo em vista os aspectos intelectual, afetivo, social e

físico.

Para tanto, o coordenador precisa assumir uma postura de mediador à

medida que presta assistência pedagógica, mantem contato efetivo com alunos,

familiares e comunidade escolar.

CRONOGRAMA DA PROPOSTA DE INTERVENÇÃO

AÇÕES GRUPO QUE

PARTICIPARÁ

RECURSOS

UTILIZADOS

PREVISÃO DE

DATAS

Apresentação da

proposta de

intervenção.

Equipe gestora e

professores

Computador

interativo,

pendrive, material

impresso.

Fevereiro

3ª semana

Diagnóstico dos

alunos

Coordenadora

pedagógica e

professores

Material impresso,

Livro didático,

Material de escrita

do aluno.

Março

2ª semana

Roda de conversa

com os pais ou

responsáveis.

Coordenadora

pedagógica,

direção, pais ou

responsáveis.

Computador

interativo,

pendrive, material

impresso.

Março

3ª semana

E ao final de cada

trimestre.

Formação dos

professores

(Oficinas)

Coordenadora

pedagógica,

direção e

professores.

Computador

interativo,

pendrive, material

impresso.

Abril,

Julho

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Material de

escrita.

Conversa com os

alunos

Coordenadora

pedagógica e

alunos

Após o

diagnóstico em

março.

Matrícula dos

alunos no

Programa Mais

Educação

Equipe gestora,

pais e alunos.

Ficha de

matrícula, caneta,

documentos de

identificação dos

alunos

Março / abril

D) RESULTADOS ESPERADOS

Ao final da realização da PI espera-se uma mudança de postura por parte da

Instituição de Ensino acerca do olhar diferenciado aos alunos com dificuldades de

aprendizagem; Mudança da prática pedagógica dos professores, inovação de

metodologias de ensino que viabilizem a aprendizagem qualificada dos educandos;

Participação efetiva da família na vida escolar dos filhos; Despertar o interesse dos

alunos pela busca da construção do conhecimento, haja vista que só será possível

alcançar uma educação de qualidade quando todos os envolvidos nesse processo

se propõem a trabalhar de forma coletiva, responsável e emancipatória.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

A escola está inserida numa realidade que requer a formação de indivíduos

que possuam uma participação ativa social e política, além do desenvolvimento de

posturas ligadas à solidariedade, cooperação, diálogo e respeito ao outro e ao meio

que o cerca. O valor da escola está justamente, no seu potencial de mobilização

social. No entanto as transformações pelas quais a sociedade está passando, estão

criando uma nova cultura e modificando as formas de produção e apropriação dos

saberes.

A educação tem enfrentado inúmeros problemas, sendo as dificuldades de

aprendizagem um deles, que leva ao baixo rendimento dos alunos, afastando assim

do seu objetivo maior que é formar cidadãos completos para viver em sociedade.

Amenizar esse problema tem sido assunto de interesse entre os profissionais da

educação. Ainda que seja um grande desafio, o professor juntamente com o

coordenador, possui em suas mãos, a chave para alcançar as metas educacionais

visto que é o condutor do processo ensino-aprendizagem.

Devido essa problemática na educação é que discorreu o interesse pelo

presente estudo. Com o objetivo de Identificar quais as características de um aluno

com dificuldades de aprendizagem, e os fatores que causam o baixo rendimento, e

contribuir de forma bastante significativa para que a mesma seja amenizada.

Objetivou-se ainda, compreender a participação dos coordenadores e professores

no processo ensino aprendizagem desses alunos e como estes podem atuar junto

aos demais agentes educacionais visando contribuir para o crescimento dos

discentes.

Através desse estudo, que não se esgota em si mesmo, foi possível encontrar

maneiras de trabalhar de forma diversificada as dificuldades encontradas nas

crianças durante o ensino-aprendizagem, e conduzir a uma prática pedagógica que

reflita coletivamente sobre a proposta pedagógica das escolas, de forma a melhorar

no que for necessário, alcançando assim resultados satisfatórios, partindo da

valorização do ato de planejar atividades educativas flexíveis e interdisciplinares.

Oferecer às crianças atividades diversificadas que minimizem o fracasso escolar

melhorando sua autoestima e proporcionando situações de reflexão sobre as

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dificuldades apresentadas, e criar mecanismos para que possa agir sobre cada uma

delas foi um dos intuitos dessa pesquisa.

Dessa forma, entendemos que cabe aos professores conduzidos pelo

coordenador pedagógico mediar a construção do processo de conceituação a ser

apropriado pelos alunos, buscando a promoção de aprendizagem e o

desenvolvimento de habilidades importantes para que participem da sociedade que

muitos estão chamando de “sociedade do conhecimento”.

A interação entre professor e aluno é fundamental para que o aprendizado

aconteça. Assim, os estereótipos devem ser deixados de lado e caminhar rumo a

conquista da autonomia deve ser a meta, se prender em conceitos em relação aos

alunos com baixo rendimento só servirá para travar o processo educacional e por

isso ,os educadores devem partir para a ação, oportunizando um ambiente que leve

o aluno a aprender , proporcionando instrumentos necessários para que ele próprio

esteja apto a continuar seu processo de autoconstrução do conhecimento, ou seja,

estar preparado para continuar aprimorando saberes durante futuras atividades ou

atuar no sentido de melhorar o ambiente social ao seu redor, agregando o que, ao

que deseja aprender.

Nesse sentido, o educador se constitui como sujeito construtor do seu próprio

conhecimento quando age no processo de interação, quando ensina e quando

aprende; mais especificamente através de um olhar crítico e reflexivo, diante da sua

práxis pedagógica. Diante disso, podemos dizer que mesmo em meio às dificuldades

encontradas, a inovação deve ser algo de grande importância por parte dos

envolvidos no processo educacional, nesse caso, o professor e o coordenador

precisam trabalhar juntos para superar as dificuldades apresentadas. Dessa forma, é

salutar se comprometerem com a qualidade da educação e da formação do

educando.

O educador deve alicerçar-se na teoria e na prática inovadora,

acompanhando de perto a relação estabelecida entre o que é visto em sala de aula e

o que acontece nas práticas orientadas. Não ocorrendo isso, as aprendizagens ficam

deficitárias e a formação do aluno extremamente prejudicada. Interagindo os

profissionais a fim de modificar a formação dos alunos, terá o objetivo maior

alcançado.

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A busca pela qualidade de ensino na formação básica voltada para a

construção da cidadania, para uma educação sedimentada no aprender a conhecer,

aprender a fazer, aprender a conviver e aprender a ser e para as novas

necessidades do conhecimento, exige necessariamente, repensar a prática de

professores e coordenadores, assim como requer um cuidado especial com a

formação dos educandos com um olhar crítico e criativo.

Trabalhar com o 5º ano do ensino Fundamental é desafiador e o trabalho

conjunto entre coordenador e professor pode garantir uma aprendizagem

significativa com a utilização de metodologias que despertam interesse e uma escola

disposta a inovar. Essa pesquisa não esgota o assunto em questão, mas procura

abrir um diálogo e discussão a fim de apontar meios de amenizar a problemática

apresentada ao longo do trabalho.

Em suma, podemos concluir que somente com indivíduos educados será

possível galgar uma sociedade mais justa e igualitária, onde todos tenham o direito

de integrar a marcha para o desenvolvimento como participante de uma sociedade,

concordando com Freire(1987), quando afirmar que: “Se a educação sozinha não

transforma a sociedade, sem ela tampouco a sociedade muda.” É preciso primeiro

que a Educação transforme pessoas e estas mudem o mundo.

Como educadores devemos ter a certeza de que ao preocupar com a

educação para a vida, a escola passa a ser um instrumento de libertações das

pessoas e de sua inserção ativa no processo de desenvolvimento do país,

resgatando os valores fundamentais da vida, do conhecimento e do trabalho, e

motivando as pessoas a vivê-los de forma mais intensa e não subordinando-os a

dificuldades de aprendizagem e ao baixo rendimento.

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ANEXOS

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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA FACULDADE DE EDUCAÇÃO

PROGRAMA NACIONAL ESCOLA DE GESTORES DA EDUCAÇÃO BÁSICA PÚBLICA CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM COORDENAÇÃO PEDAGÓGICA

QUESTIONÁRIO PARA O PROFESSOR

1.Formação: ______________________________________________________________

* Possui mais de um vínculo empregatício?

( ) Sim, quantos?_____________________ ( ) Não

1- AVALIAÇÃO DO ATENDIMENTO PRESTADO AO ALUNO (A):

1.1- Durante o período de permanência na escola o aluno tem comodidade para assistir as

aulas e aprender os conteúdos programáticos?

SIM ( ) NÃO ( )Justifique sua resposta: __________________________________

2- Como você avalia a aprendizagem do aluno em relação às disciplinas do currículo?

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

3-Na turma que você leciona atualmente tem algum aluno que apresenta baixo rendimento

escolar ( Não acompanha o que é proposto e também não alcança o percentual qualitativo e

quantitativo esperado)? Quantos? _____________________________________________

4-Em sua opinião, quais as situações que desencadeiam problemas de aprendizagem?

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

5-Para o professor, como é possível diagnosticar que a criança está enfrentando um problema

de aprendizado/ baixo rendimento escolar?

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

6-Que tipo de providência o professor(a) deve tomar nesses casos?

___________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________

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7- Você tem alguma dificuldade para orientar o seu aluno que apresenta baixo rendimento?

SIM ( ) NÃO ( ) Quais? ___________________________________________________

8- Os alunos com baixo rendimento escolar participam de algum programa ou atividade de

reforço no contra turno? SIM ( ) NÃO ( ) Qual ( s )?___________________________

9- Como você avalia o programa ou atividade de reforço oferecido pela escola?

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

10-A escola de um modo geral toma outras providências necessárias para auxiliar essas

crianças que tem algum tipo de

dificuldade?_________________________________________________________________

11--Como é a participação da família na vida escolar destes alunos? Isso influencia de alguma

forma?

_________________________________________________________________________

2. AVALIAÇÃO DA ASSISTÊNCIA NO PLANEJAMENTO DO CUIDADO PRESTADO

AO ALUNO(A):

2.1- Considerando a implantação das políticas pública de Educação, quais as ações que você

considera importante em relação ao aluno com baixo rendimento para contribuir no

desenvolvimento e aprendizagem? _____________________________________________

___________________________________________________________________________

2.2- Ainda no entendimento da questão anterior, que ações você considera que deveriam ainda

ser realizadas na Escola, visando à implementação das políticas públicas da Educação como

incentivo ao desenvolvimento da aprendizagem do aluno? ____________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________