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Universidade Federal da Bahia Faculdade de Educação Programa Nacional Escola de Gestores da Educação Básica Pública YVANIZE MARIA DE OLIVEIRA SANTANA SANTOS A PERTINÊNCIA DA AÇÃO DO COORDENADOR PEDAGÓGICO COMO CAPTADOR DE PARCEIROS EXTERNOS PARA INTERVENÇÃO NO CURRÍCULO ESCOLAR. Salvador Bahia 2015

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Universidade Federal da Bahia

Faculdade de Educação

Programa Nacional Escola de Gestores da Educação Básica Pública

YVANIZE MARIA DE OLIVEIRA SANTANA SANTOS

A PERTINÊNCIA DA AÇÃO DO COORDENADOR PEDAGÓGICO

COMO CAPTADOR DE PARCEIROS EXTERNOS PARA INTERVENÇÃO NO

CURRÍCULO ESCOLAR.

Salvador – Bahia

2015

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YVANIZE MARIA DE OLIVEIRA SANTANA SANTOS

A PERTINÊNCIA DA AÇÃO DO COORDENADOR PEDAGÓGICO

COMO CAPTADOR DE PARCEIROS EXTERNOS PARA INTERVENÇÃO NO

CURRÍCULO ESCOLAR.

Projeto vivencial apresentado como requisito básico para apresentação do trabalho de conclusão do curso de Especialização em Coordenação Pedagógica – CECOP 3.

Orientador: Professor Mestre Manoel Vicente da Silva

Calazans

Salvador – Bahia

2015

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YVANIZE MARIA DE OLIVEIRA SANTANA SANTOS

A PERTINÊNCIA DA AÇÃO DO COORDENADOR PEDAGÓGICO

COMO CAPTADOR DE PARCEIROS EXTERNOS PARA INTERVENÇÃO NO

CURRÍCULO ESCOLAR.

Projeto Vivencial apresentado como requisito para a obtenção do grau de Especialista em Coordenação Pedagógica pelo Programa Nacional Escola de Gestores, Faculdade de Educação, Universidade Federal da Bahia.

Banca Examinadora

Prof(a). ___________________________Universidade Federal da Bahia.

Prof(a). ___________________________Universidade Federal da Bahia.

Prof(a). ___________________________Universidade Federal da Bahia.

Prof(a). ___________________________Universidade Federal da Bahia.

Orientador. Prof. Me. Manoel Calazans

Aprovada em _____de janeiro de 2015.

Salvador – Bahia

2015

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Dedico este trabalho a todos os mestres que sonham com

a justiça social e que lutam pela educação

incessantemente, não importando quais dificuldades

encontrarão em seu percurso como educador.

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SANTOS, Yvanize Maria de Oliveira Santana. A Pertinência da Ação do Coordenador Pedagógico como Captador de Parceiros Externos na intervenção do Currículo Escolar. Ribeira do Pombal, Bahia, 2015. Projeto Vivencial (Especialização) – Programa Nacional Escola de Gestores, Faculdade de Educação, Universidade Federal da Bahia, Salvador, 2015.

RESUMO

Este trabalho é uma reflexão sobre a pertinência da ação do coordenador

pedagógico como captador de parceiros externos para intervenção no currículo

escolar. Emergiu da necessidade em discutir o currículo na sociedade

contemporânea, na qual não podemos mais enxergar a escola como um lugar

unicamente de transmissão de conteúdos, mas um local onde as diversidades

de pensamentos, sociais e culturais se encontram, tornando necessário uma

formação holística, complexa e exercitando diariamente a cidadania planetária.

Para tanto foi utilizado como referencial teórico as ideias de Leonardo Boff,

Morin, Frijof Capra, dentre outros. Demostro através da aplicação de três

projetos interventivos e um projeto vivencial que está acontecendo em uma

escola carente do município, embasado no referencial teórico acima citado, que

o coordenador pedagógico pode e deve ter um posicionamento proativo na

busca de parceiros externos que possam interferir no currículo oculto e oficial da

escola, proporcionando melhores resultados no ensino e aprendizagem de

crianças e jovens estudantes. Yvanize Maria de Oliveira Santana Santos propõe

que este profissional desenvolva ações na comunidade escolar em parceria com

instituições públicas e privadas, formando assim uma rede solidária de

transformação social em benefício de um todo.

PALAVRAS - CHAVE: Coordenador Pedagógico, Diversidades, Cidadania

Planetária, Currículo Oculto.

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SANTOS, Yvanize Maria de Oliveira Santana. The Relevance of the

Pedagogical Coordinator action as pickup of external partners in the

intervention in the School Curriculum. Ribeira do Pombal, Bahia, 2015.

Experiential Design (Specialisation) - National Program Managers School,

Faculty of Education, Federal University of Bahia, Salvador, 2015.

ABSTRACT

This work is a reflection on the relevance of the pedagogical coordinator action

as pickup of external partners for intervention in the school curriculum. It emerged

from the need to discuss the curriculum in contemporary society, in which we can

no longer see school as a place only for content delivery, but a place where

diversity of thoughts, social and cultural rights are a holistic formation makes it

necessary, complex and exercising daily planetary citizenship. For this was used

as a theoretical Leonardo Boff of ideas, Morin, Frijof Capra, among others.

Demonstrate by applying three interventional projects and experiential design

what is happening in a needy school in the municipality, based on the above-

mentioned theoretical framework. The pedagogical coordinator can and must

play a proactive positioning in the search for external partners that may interfere

in the curriculum hidden and official school, providing better results in teaching

and learning of children and young students. Yvanize Maria de Oliveira Santana

Santos proposes to develop actions in the school community in partnership with

public and private institutions, thus forming a solidarity network of social

transformation for the benefit of the whole.

KEY – WORDS: Educational Coordinator, Diversity, World Citizenship, Hidden Curriculum.

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

UNICEF - Fundo das Nações Unidas para a Infância

SEME - Secretaria Municipal de Educação

CEB – Colégio Evência Brito

SEBRAE – Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas

JEPP – Jovens Empreendedores Primeiros Passos

ONU – Organizações das Nações Unidas

FAO – Food and Agriculture Organization

PNEA – Política Nacional de Educação Ambiental

ProFEA - Programa Nacional de Formação de Educadores Ambientais

UNICAMP – Universidade de Campinas

OMS – Organização Mundial da Saúde

UNAIDS - Joint United Nations Program on HIV/AIDS

PMA – Política do Meio Ambiente

DETER – Detecção do Desmatamento em Tempo Real

IMPE – Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais

CONAB – Companhia Nacional do Meio Ambiente

SENAC - Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial

OMC – Organização Mundial do Comércio

DETER – Detecção do Desmatamento em Tempo Real

IMPE – Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais

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SUMÁRIO

1 MEMORIAL - SONHO, REFLEXÃO E TRANSFORMAÇÃO ..................... 08

1.1 Infância ................................................................................................. 08

1.2 Adolescência ....................................................................................... 10

1.3 Vida acadêmica e profissional ........................................................... 11

2 INTRODUÇÃO ............................................................................................ 15

3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA .................................................................. 17

3.1 Relevância do tema escolhido ........................................................... 17

3.2 Ação do Coordenador Pedagógico .................................................... 21

3.3 O papel do coordenador Pedagógico como captador de agentes

externos para intervenção no currículo escolar ............................... 28

4 EXPERIÊNCIAS EXITOSAS ...................................................................... 32

4.1 Projeto todo dia é dia de índio ............................................................ 32

4.2 Implantação da disciplina Ecopedagogia .......................................... 37

4.3 Projeto Jovens Valorizando a Vida ..................................................... 48

4.4 Caravana do Esporte e da Música ...................................................... 52

5 PROJETO VIVENCIAL – JOVENS EMPREENDEDORES PRIMEIROS

PASSOS ..................................................................................................... 55

5.1 Surgimento da ideia ............................................................................. 55

5.2 Título ..................................................................................................... 56

5.3 Caracterização da escola .................................................................... 56

5.4 Objetivos ............................................................................................... 59

5.5 Metodologia da pesquisa .................................................................... 59

5.6 Resultado da pesquisa ........................................................................ 60

5.7 Avaliação .............................................................................................. 61

6 CRONOGRAMA ......................................................................................... 62

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................ 63

REFERÊNCIAS ................................................................................................ 64

ANEXOS .......................................................................................................... 66

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1 MEMORIAL: SONHO, REFLEXÃO E TRANSFORMAÇÃO

No Trabalho de Conclusão do Curso de Especialização em Coordenação

Pedagógica – CECOP 3, do Programa Nacional Escola de Gestores da

Educação Básica Pública ofertada pela Universidade Federal da Bahia,

encontra-se um capítulo referente ao memorial no qual traz à mente recordações

de fatos e situações boas e ruins que fazem parte da história e da construção da

minha essência quanto ser humano.

Um Memorial consiste no registro de uma trajetória vivida. É o resultado de uma narrativa da sua própria experiência ou de outros, a partir de fatos significativos, privilegiando a dimensão reflexiva. Uma metáfora interessante para compreender esse sentido é dizer que é como ‘olhar a experiência através de um retrovisor, que permite enxergar determinadas dimensões da realidade vivida. Essa não é uma atividade simples, mas tem grande importância para quem escreve e para quem lê. Ao primeiro, permite que este aprenda com a experiência, pois para que isso ocorra não é suficiente agir, mas é preciso refletir sobre a ação. Ao segundo, porque este pode, à medida que conhece a experiência do outro, extrair lições para a sua própria. (BRASIL, 2008, p. 9)

O Memorial e a escolha do meu eixo temático, Currículo, tem tudo a ver, já

que o percurso e trajetória seguida por mim, em si próprio, já é a constituição de

um currículo. Este, porém, não se refere ao currículo Lattes, mas com certeza

tudo em minha vida acabou por culminar em uma experiência com o eixo

escolhido.

Para que se entenda o atual contexto em que me encontro, faz-se

necessário uma breve retomada do histórico e formação escolar dos meus pais

e a escolha da minha profissão, que sem dúvida não foi algo casual, mesmo que

eventos inexplicáveis aconteçam, a formação familiar, o contexto cultural, as

experiências vividas durante toda a vida influenciam nessa escolha. Com o

magistério e o exercício deste não é diferente.

1.1 Infância

Nasci em 08 de agosto de 1975, na cidade do Salvador, Bahia. Minha

família tem origem humilde e batalhadora. Meu pai, Francisco João de Santana,

filho de agricultor rural, estudou até a 2ª série do primário, hoje o 3º ano do

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Ensino Fundamental. A grande aprendizagem de vida que meu pai teve foi a

construção de um caráter íntegro, batalhador e bondoso. Ele saiu da zona rural

na adolescência para trabalhar em uma farmácia como balconista e

posteriormente na única loja de tecidos e confecção de Cipó - Bahia. De

empregado desta loja meu pai tornou-se o proprietário, pois o dono, um senhor

turco chamado Adi Atta, retornou para sua terra natal, facilitando para seu melhor

funcionário o pagamento daquele estabelecimento comercial.

Minha mãe, Maria Nize de Oliveira Santana, também de origem humilde,

concluiu os estudos do primário ou como atualmente é chamado, Ensino

Fundamental. Filha de costureira e de mestre de obras teve sua infância

ajudando a família no sustento do lar costurando para os grandes usineiros,

políticos e elite brasileira que se hospedavam no Grande Hotel de Cipó e

gastavam suas fortunas no cassino da cidade.

Cipó era a única cidade da Bahia com águas termais e cassinos de jogos

que eram autorizados na época da Ditadura Militar no Brasil, por isso, a presença

de ricos empresários e políticos famosos era constante no município.

Apesar de não possuírem grandes bens e renome social, frequentemente

eram convidados para as grandes festas nos hotéis e clubes local, pois

conquistavam seus fregueses pela demonstração de amizade, honestidade e

trabalho. Meus pais se conheceram neste contexto acima citado e logo se

casaram, tiveram seis filhos, sendo eu a mais nova.

Não tiveram oportunidade de estudar, mas sempre se empenharam em nos

proporcionar boas escolas, cursos e posteriormente faculdade foram seus

maiores objetivos. Nunca deixamos de estudar ou brincar para trabalharmos,

apesar de ensinarem a todos nós a importância do trabalho, do valor de cada

centavo gasto e nos contarem as suas histórias de lutas, sofrimentos e vitórias

que nos emocionavam. Talvez por isto, meu trabalho está voltado para as

questões sociais, pois sei que muitas vezes a falta de esperança e conhecimento

levam os jovens para a criminalidade e miséria.

Nas décadas de 70 e 80 ainda reinava no interior da Bahia um contexto

diferente das grandes capitais em relação ao magistério, a realidade ainda era a

mesma dos anos 60 quando os salários eram razoáveis e meio turno era

suficiente para suprir suas necessidades e sobrar tempo para a vida familiar.

Nesta época, o costume era educar as meninas para serem boas mães e donas

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de casa, e os meninos se tornarem homens de negócios. Casar com uma

professora era sinal de status, porque socialmente a profissão era respeitada e

bem remunerada. Os alunos paravam de gritar no recreio e até seus jogos de

futebol no pátio eram interrompidos para que os professores, autoridades

maiores da cidade, passassem. Foi nesta realidade que passei a infância e o

início da adolescência. Meus pais tinham um sonho em comum: formar filhas

professoras e filho médico. Filho não podia ser professor, pois era uma profissão

feminina, aliás, a única profissão que uma mulher “direita” poderia exercer.

Claro que todo esse contexto social e familiar começou a interferir nas

minhas brincadeiras e nas minhas futuras opções de vida. Na infância brincava

de ser professora e como era a caçula e meus irmãos já estavam fazendo o

Ensino Médio em Salvador, meus alunos eram as bonecas e plantas da minha

casa, pois minha mãe não deixava que eu fosse para a casa “dos outros”.

Estudei em escolas de Educação Infantil particular, pois não era oferecida

essa modalidade nas escolas públicas. O Ensino Fundamental I e II estudei em

escola pública municipal e minhas experiências com os professores foram boas,

sempre era fã de alguma jovem professora que demonstrava conhecimento e

autoridade.

1.2 Adolescência

Em 1990, aos 14 anos de idade fui morar em Salvador para cursar o Ensino

Médio, na época tínhamos duas opções: fazer um curso profissionalizante, no

meu caso, magistério ou a outra opção era o chamado científico, que preparava

os jovens para o vestibular. Optei pelo científico, pois já percebia que o momento

áureo dos professores tinha ficado para trás e que na capital a realidade era

outra há muito tempo.

Infelizmente ou felizmente, ainda não sei bem, o meu Ensino Fundamental

era defasado em relação ao dos jovens da minha idade em Salvador, a realidade

de notas altas e elogios a mim por parte dos professores não existiam mais, e

passei um ano vivendo um pesadelo de notas fracassadas que culminou em

minha reprovação.

Meus pais já contrariados por eu não ter feito o magistério, aproveitaram a

situação e impuseram que, para eu continuar em Salvador teria que cursar o

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magistério. Aceitei sem contestar a proposta\chantagem e fui estudar na mais

tradicional escola para moças da Bahia, o Colégio Sophia Costa Pinto. Logo

passei a apreciar as disciplinas de Filosofia, Didática, Psicologia e Metodologia

do Ensino, e descobri uma grande aptidão para exercer o magistério. As notas

boas e os elogios retornaram sem grande esforço e continuei o curso com

verdadeira paixão.

Fiz vestibular para Turismo, pois estava havendo um “BUM” nessa área na

Bahia: Linha Verde, reforma do Pelourinho, reabertura de museus, investimentos

na área de hotelaria etc. Com toda a dinâmica que acontecia no momento eu

acreditava que, como o magistério já estava garantido, eu poderia alçar voos

mais altos na área de turismo.

Passei no vestibular de primeira, entretanto para a minha surpresa o meu

nome saiu na lista de aprovados em Pedagogia. O que houve? Errei a inscrição?

Desejo de meus pais? Até hoje não sei o que aconteceu, pois não havia segunda

opção na ficha de inscrição, fiz a prova junto com todos os candidatos para

Turismo, a Faculdade de Pedagogia era em outro prédio. Com tudo isso, decidi

apostar no que Deus tinha determinado para mim e me matriculei. Foi um curso

maravilhoso e me formei aos 22 anos, com muita energia, sonhos e a

determinação de fazer o diferencial por onde passasse.

1.3 Vida acadêmica e profissional

Terminei o curso de Pedagogia com habilitação em gestão escolar em

1997, na Faculdade de Educação da Bahia. Casei em 1998 e fui morar em uma

praia na Linha Verde, nesse momento só pensava em família, filhos, casa... aos

23 anos já estava me sentindo solteirona.

Em 1999 me mudei para Cipó, lecionei e coordenei em algumas escolas

privadas e em 2000 tive meu filho, foi o momento mais feliz de minha vida, porém

o mais complicado porque Irvin nasceu com vários problemas de saúde. Só voltei

a exercer a minha profissão quando ele já tinha 2 anos de idade.

Já passei por várias experiências e posso dizer que aprendi muito durante

toda a minha vida profissional. Em 1996, ainda fazendo faculdade, alfabetizei e

lecionei em classes multiseriadas na Escola Alegria do Saber, localizada no

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bairro da Ribeira em Salvador, nesta época também cursava Língua Inglesa no

EBEC, curso que conclui em 1997.

Em 2002 fiz concurso para o REDA para lecionar Língua Inglesa, fui

aprovada em primeiro lugar, mas também acabei lecionando outras disciplinas

História, Geografia para complementar a carga horária em uma Instituição

Estadual em Cipó. Nesse período estudei muito, pois não sou geógrafa, muito

menos historiadora e nunca gostei de “enrolar” em sala de aula, pois os alunos

não devem pagar por uma deficiência do sistema educacional brasileiro.

Coordenei uma escola privada no período de 2004 a 2005. Em 2005 fui

convidada para ser Secretária Municipal de Educação no município de Cipó, no

princípio eu consegui realizar alguns sonhos como gestora, organizei toda a

parte estrutural das escolas, oferecemos pela primeira vez formação continuada

para professores, o setor da merenda foi totalmente reformado para atender os

padrões de qualidade em ofertar a merenda para os estudantes, organizamos

documentos importantes que a secretaria não possuía. Infelizmente, depois de

seis meses descobri que estava havendo algumas coisas que não concordava e

não pensei duas vezes para pedir minha exoneração do cargo.

Ainda em 2005 iniciei uma Pós-Graduação Lato Senso em Planejamento

Educacional, na Universidade Salgado Oliveira-Salvador, entre 2006 e 2008

continuei trabalhando como professora pelo REDA e retornei a coordenar a

Escola Professora Zelita em Cipó. Sem dúvida o ano de 2005 foi cheio de

novidades, neste ano passei em primeiro lugar como coordenadora pedagógica

do Estado na DIREC 11, entretanto tive que esperar oito anos para ser

convocada pelo estado da Bahia, tomei posse, trabalhei quinze dias e depois o

governador Jaques Wagner entrou com recurso na justiça alegando não ter

dinheiro para pagar os novos concursados. Foi uma grande frustração para mim,

esta situação ainda está para ser resolvida na justiça.

Em 2008 passei em um concurso público em Ribeira do Pombal como

coordenadora pedagógica, trabalhei no Colégio Evência Brito durante cinco

anos, lá fui premiada pelo projeto “Todo dia é dia de índio” com o Selo de Escola

Solidária pelo UNICEF, pois este projeto teve como objetivo desmistificar a visão

que as pessoas de Ribeira do Pombal tinham a respeito dos indígenas, devido

ao conflito e disputa de terra na região de Mirandela.

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Comprei uma casa neste município que aprendi a amar e vim morar com

minha família.

Em 2010 participei da construção da matriz curricular do município e da

formação de professores para a construção do Projeto Político Pedagógico das

escolas municipais, também fiz uma especialização lato senso em Gestão

Escolar pela Faculdade Batista Brasileira e o curso de Progestão ofertado pelo

estado em parceria com o município.

Em 2011 iniciei um mestrado pela Universidad San Carlos e fui convidada

para fazer parte de uma equipe de consultoria educacional do Instituto Farol do

Conhecimento com sede na cidade de Euclides da Cunha. Esta experiência foi

fantástica, pois cresci muito como profissional, passei a lecionar na Faculdade

Zacarias de Góes e no Curso de Pós-Graduação da Faculdade Batista sempre

que sou solicitada.

Em 2012 passei em uma seleção do Instituto Anísio Teixeira – IAT para

fazer uma formação para professores da rede estadual de ensino sobre currículo.

Desde então, passei a olhar com muito carinho e perceber a importância desta

temática para a Educação.

Em 2013 conclui meu mestrado com o tema “A pertinência da

Ecopedagogia como um componente curricular nas escolas municipais de

Ribeira do Pombal”. Neste mesmo ano estava trabalhando como coordenadora

pedagógica na Secretaria Municipal da Educação de Ribeira do Pombal e fui

responsável por implantar e formar os professores para trabalhar com a

Ecopedagogia nas escolas de Ensino Fundamental II.

Em 2014 iniciei minha especialização em coordenação pedagógica pela

UFBA e estou gostando e aprendendo bastante. A verdade é que quanto mais

estudo, mais tenho a certeza que tenho muito que aprender.

No final de 2014 o prefeito do município solicitou que eu o inscrevesse no

Prêmio Prefeito Empreendedor, ofertado pelo Sebrae aos prefeitos que

incentivam o empreendimento em seus municípios, foi neste período que

conheci o que o Sebrae chama de SOLUÇÂO, Jovens Empreendedores

Primeiros Passos – JEPP. Eu fiquei encantada com a proposta e implantei na

Escola Municipal Professora Maria Menezes Cruz Conceição com o apoio da

Secretaria Municipal de Educação, professores, pais e Conselho Municipal de

Educação.

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O JEPP foi implantado como disciplina na parte diversificada do currículo

nos anos iniciais do Ensino Fundamental e os resultados foram positivos. Em

2015 a escola solicitou que o JEPP fosse implantado nos anos finais do Ensino

Fundamental. Este ano fiquei na Diretoria de Desenvolvimento Sustentável, e

responsável por projetos ligados ao gabinete relacionados com o

desenvolvimento de emprego e renda do município até o mês de novembro.

Agora, no início de dezembro, fui designada para implantar o Consócio do

Semiárido Nordeste II – CISAN. Este Consórcio possui 20 municípios

participantes e está sendo um grande desafio. O CISAN vai atuar nas áreas de

Saúde, Educação, Infraestrutura e Esporte.

Neste ano o JEPP foi implantado nos anos finais do Ensino Fundamental e

continuo fazendo o acompanhamento na referida escola juntamente com as

coordenadoras da instituição. Também estou lecionando no curso de Pedagogia

da Faculdade Dom Luiz de Orleans e Bragança, localizada em Ribeira do

Pombal. Leciono as disciplinas de Teorias de Ensino e Aprendizagem I e II, como

também a disciplina de Estágio I no IV semestre.

Dei continuidade nas consultorias educacionais trabalhando com o Farol

do Conhecimento em cursos de especialização e formação continuada para

professores em municípios como: Canudos, Euclides da Cunha, Monte Santo,

Andorinha, Olindina, Fátima, Sítio do Quinto, entre outros.

Tenho trabalhado e estudado muito, já fiz inúmeros cursos de extensão e

participei e participo de congressos e simpósios sempre que é possível. É isso

que sei e gosto de fazer e sinceramente, quero continuar aprendendo e

ensinando com humildade e perseverança sempre.

Desejo que no futuro próximo eu possa terminar um livro que iniciei sobre

a importância da Ecopedagogia para a Educação Contemporânea. Tenho um

grande sonho, fazer doutorado na UFBA, e outra especialização em Direito

Educacional, pois vejo a necessidade que as Secretarias de Educação sentem

com a parte legal das Leis, pois os advogados não possuem uma formação

direcionada à esta área.

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2 INTRODUÇÃO

A desigualdade social e a pobreza são problemas que afetam todas as

cidades do Brasil e Ribeira do Pombal não se exime desta realidade.

Compreendendo a educação como um dos instrumentos de transformação

social, e a escola uma fonte de saberes que norteiam o caminho das crianças e

adolescentes para a vida acadêmica, social e para o trabalho, se faz necessário

uma intervenção no currículo para atender as necessidades específicas da

escola e da comunidade na qual está inserida e que a compõe.

Vislumbrando a educação como o exposto acima e buscando atender as

necessidades das escolas municipais de Ribeira do Pombal - Bahia, busquei

agentes externos para a consolidação de projetos e disciplinas que contemplem

as diversidades educativas e sociais dos educandos. Estes agentes externos

são parceiros em atividades que envolvem esportes, música, cultura, direitos

civis, saúde, empreendedorismo e a Ecopedagogia como disciplina que engloba

discussões atuais e relevantes para a formação ética do cidadão planetário.

Concebendo que o coordenador pedagógico é um protagonista na gestão

escolar e ao mesmo tempo, um professor sensível aos problemas cotidianos,

considero que este, tem como uma de suas funções fazer uma ligação entre

políticas públicas e privadas com a unidade escolar na qual atua. Para isto, o

coordenador pedagógico deve conceber o currículo rizomático1, livre de uma

ordem pré-estabelecida e rígida, ao mesmo tempo sem fugir do planejamento e

organização que será o condutor das ações, objetivos e metas da escola.

Este projeto vivencial emerge na análise de um conjunto de trabalhos

efetivados nas escolas municipais entre os anos de 2009 e 2015, os quais

receberam apoio do Ministério Público, Organizações não Governamentais,

Comunidade, Clínicas e laboratórios privados, UNICEF, SEBRAE, Polícia

1 Considera-se como currículo risomático, aquele que se configura nas ações de conceber/selecionar/produzir, organizar, institucionalizar, implementar/dinamizar saberes, conhecimentos, atividades, competências e valores visando uma dada formação ética, estética, política e cultural (Macêdo, 2009).

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Federal, Corpo de Bombeiros e outras entidades que se dispuseram a contribuir

para a formação dos educandos e das escolas municipais.

O alto índice de desemprego na região, cuja única fonte de renda de muitas

famílias é através do Programa Bolsa Família e a falta de motivação pelos

estudos, que para muitos educandos não traz benefícios visíveis para a melhoria

socioeconômica deles, os escassos recursos destinados para atender todas as

demandas educacionais, fez com que eu, como coordenadora efetiva do quadro

de funcionários do município, buscasse colaboradores que apoiassem as

escolas e educandos em uma diversidade de projetos, que sem dúvida alguma

foram e são pertinentes para a formação e inclusão dos jovens e crianças em

uma sociedade que oferece poucas oportunidades concretas para estes.

Durante as páginas que se seguem, buscarei explicar, avaliar e demonstrar

através de dados reais as contribuições de projetos específicos como: Todo dia

é dia de índio (projeto premiado nacionalmente pela relevância social através do

“Selo Escola Solidária” do UNICEF) Projeto Jovens Valorizando a Vida (o qual

beneficiou mais de 1.800 jovens e pais com ações diversificadas) a implantação

da disciplina Ecopedagogia (aprovado pelo Conselho Municipal de Educação do

Município de Ribeira do Pombal no Ensino Fundamental dos anos finais) e o

projeto da Caravana do Esporte e da Música (o qual trouxe grande benefício na

formação dos professores de Educação Física e Artes, além de doações de

todos os materiais esportivos necessários para as práticas das referidas

disciplinas) encerro finalmente, com a implantação da educação empreendedora

a qual se denomina “Jovens Empreendedores Primeiros Passos – JEPP”

(projeto piloto em parceria com o SEBRAE, que está sendo implantado em uma

escola de bairro carente, cujo objetivo principal é o desenvolvimento do

empreendedorismo social).

O conjunto dos relatos desta pesquisa busca discutir e responder qual a

pertinência da ação do coordenador pedagógico como agente captador de

parceiros externos para intervenção no currículo escolar, através da implantação

do JEPP - Jovens Empreendedores Primeiros Passos, na Escola Municipal

Professora Maria Menezes Cruz Conceição?

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3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

3.1 Relevância do tema escolhido

A qualidade da educação nacional ainda é algo que estamos perseguindo

incessantemente em nossas escolas, o Brasil está entre os países avaliados pelo

Programa Internacional de Avaliação de Estudantes – PISA (2013) que possuem

a educação menos eficaz. Segundo o último relatório publicado por esta

instituição, o Brasil ficou com a 55ª posição do ranking de leitura, abaixo de

países como Chile, Uruguai, Romênia e Tailândia. Quase metade (49,2%) dos

alunos brasileiros não alcançam o nível 2 de desempenho na avaliação que tem

o nível 6 como teto. Isso significa que eles não são capazes de deduzirem

informações do texto, de estabelecer relações entre diferentes partes do texto e

não conseguem compreender nuances da linguagem. Em ciências, o Brasil

obteve o 59° lugar do ranking com 65 países. Apesar de ter mantido a pontuação

(405), o país perdeu seis postos desde o 53° lugar em 2009.

Os dados da educação brasileira são assustadores, a saber, que:

Para cada 100 alunos que entram na primeira série, somente 47 terminam o 9º ano na idade correspondente, 14 concluem o ensino médio sem interrupção e apenas 11 chegam à universidade; 61% dos alunos do 5ºano não conseguem interpretar textos simples; 60% dos alunos do 9ºano não interpretam textos dissertativos; 65% dos alunos do 5ºano não dominam o cálculo, 60% dos alunos do 9º ano não sabem realizar cálculos de porcentagem. Disponível em: <http://educador.brasilescola.com>, acesso em julho de 2015.

Para compreender o que acontece em nossas instituições educacionais, se

faz necessário uma ampla reflexão sobre vários aspectos que compõem o

sistema de ensino nacional, dentre eles está o currículo.

Currículo é um conjunto de valores e práticas que proporciona a produção e a socialização de significados no espaço social e que contribuem, intensamente, para a construção de identidades sociais e culturais dos estudantes. E reitera-se que deve difundir os valores fundamentais do interesse social, dos direitos e deveres dos cidadãos, do respeito ao bem comum e à ordem democrática, bem como considerar as condições de escolaridade dos estudantes em cada estabelecimento, a orientação para o trabalho, a promoção de práticas educativas formais e não formais. Disponível em:

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<http://portal.mec.gov.br/docman/abril> (Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação Básica, Mec. Brasília, 2013).

Coadunando com a visão acima sobre currículo, e vivenciando o contexto

escolar, compreendo que o currículo não pode ficar à margem das necessidades

da comunidade na qual a escola está inserida, ao contrário, o currículo visa

atender seus interesses, e perspectivas sociais dentre os quais se destaca a

orientação para o trabalho.

A educação empreendedora para jovens estudantes visa atender as

necessidades de uma comunidade sem perspectiva social, cuja escola é vista

como uma obrigação que não traz benefícios imediatos e que, por conta da

emergência social em que vivem, optam por trabalhar ao invés de estudar, ou

que nos piores casos, se envolvem no mundo do crime, por não acreditarem nos

benefícios da educação.

Compreendendo que a educação precisa se aliar a parceiros, busca-se no

Sebrae uma solução denominada JEPP – Jovens Empreendedores Primeiros

Passos. Solução é o nome que o Sebrae chama as formações de longo prazo

ofertada por seus consultores. Eu, quanto coordenadora pedagógica não

apreciei o JEPP como formação, mas ir além, implantando esta solução como

disciplina da parte diversificada do currículo escolar, pretende-se trazer para a

sala de aula, problemáticas contemporâneas e inserir os estudantes no mundo

empreendedor, alicerçados em uma visão ética e de responsabilidade sócio

ambiental, oportunizando a todos os estudantes envolvidos o desenvolvimento

de trabalhos práticos, que possibilitem a produção e venda de produtos,

incentivando-os para o empreendedorismo e consequentemente a melhoria

socioeconômica de seus familiares.

O JEPP possui livros desenvolvidos por uma equipe pedagógica do

SEBRAE e não visa ofertar conhecimentos unicamente teóricos, mas possibilitar

aos estudantes uma perspectiva de melhoria de vida socioeconômica aliando

teoria à prática, além de possibilitar uma reflexão sobre consumo,

responsabilidade ambiental e sustentabilidade.

A implantação do JEPP como um projeto piloto que acontece em uma

escola municipal, localizada no bairro do Pombalzinho. Comunidade

discriminada pelo restante da cidade, conhecida popularmente como a

“Favelinha de Ribeira do Pombal”, por isto a escolhemos como a primeira escola

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que participaria desta proposta, na tentativa de ofertar um sentimento de

pertencimento da comunidade ao bairro no qual eles residem, aumentando a

autoestima através do incentivo a práticas que fomentem atividades úteis para

os educandos e familiares, trazendo esperança socioprodutiva.

Dentro do contexto acima citado, esta disciplina une-se a outra disciplina,

Ecopedagogia, instituída no município através do parecer 004/2013 que aprova

a mudança da Carga Horária e da Matriz Curricular da Ecopedagogia, assim

como a retirada de Ensino Religioso do Currículo das Escolas Não Confessionais

da Rede Municipal de Educação.

A Ecopedagogia vem para suprir conteúdos que permeavam outros

componentes curriculares, mas que não eram sistematizados, nem sua teoria

posta em prática. Ela tem o objetivo de trazer vida para os conteúdos que

poderiam ser discutidos em Filosofia, Educação para o Trânsito, Saúde e Bem-

Estar, Ecologia e Sociedade e Cultura e é ofertada em todas as escolas de

Ensino Fundamental dos anos finais.

A ideia básica é introduzi-la a partir de uma visão sistêmica entre os

conteúdos, dando ênfase ao desenvolvimento sustentável e empreendedorismo

social. Neste ponto, ela possibilita ampliar a ideia de empreendedorismo do

SEBRAE de visão meramente capitalista, ou seja, ela requer um pensamento de

empreendedorismo comum e uma visão complexa de sociedade e ser humano

numa perspectiva de cuidado e visão planetária2.

O projeto “Todo dia é dia de índio” foi desenvolvido em 2009 no Colégio

Municipal Evência Brito - CEB. Este foi o ano em que tomei posse no concurso

de coordenadora pedagógica no município e logo me chamou atenção a raiva

com que a população e em especial os alunos do CEB, tratavam os colegas

indígenas provenientes da aldeia Kiriri, localizada em Mirandela, povoado do

município do Banzaê, antes pertencente à Ribeira do Pombal.

2 Visão planetária: A educação para a cidadania planetária implica uma revisão dos nossos currículos, uma reorientação de nossa visão do mundo, da educação como espaço de inserção do indivíduo não numa comunidade local, mas numa comunidade que é local e global ao mesmo tempo.

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Após pesquisa com os educandos, professores e pais, descobri que as

desavenças entre índios e não índios tinha sido proveniente de um conflito por

terras desapropriadas pelo governo Sarney e devolvida aos indígenas Kiriris,

assim como todos os bens que estavam dentro das terras. Os não índios

perderam suas casas, animais e plantações após uma luta armada.

Passei a estudar a história deste período, as Leis que foram definidas, a

quantidade de pessoas que não receberam indenização da FUNAI e

principalmente os sentimentos, impressões e ranços dos índios e não índios

participantes deste conflito.

A elaboração e o desenvolvimento deste projeto envolveram pesquisas,

visitas in Loco, discussões e reelaboração da história contada de pais para filhos

baseados em documentos. Ao final do projeto foi feita outra pesquisa entre os

mesmos participantes da pesquisa inicial e as respostas tinham sido positivas.

Este projeto foi inscrito no prêmio Escola Solidária desenvolvida pelo

UNICEF e premiado. Pode-se encontrar o projeto na íntegra no site:

www.facaparte.org.br

Na verdade, o projeto acima foi o primeiro de muitos outros que desenvolvi,

por me sentir incentivada a fazer mais que formações teóricas, passando a

transformar as informações em conhecimento e uma nova ação frente aos

problemas que interferem na escola e sociedade.

O Projeto “Jovens Valorizando a Vida”, também realizado no Colégio

Evência Brito, maior escola de Ribeira do Pombal, que oferta o Ensino

Fundamental dos anos finais e a Educação de Jovens e Adultos.

A ideia do projeto surgiu a partir de queixas dos professores sobre a falta

de aprendizagem de alunos, os quais acreditavam que estes deveriam ter algum

problema orgânico como anemia e visão.

Após algumas pesquisas nos documentos dos alunos, no intuito de

investigar e chamar a família para conversar e ajudá-los a solucionar os

problemas de aprendizagem dos filhos, descobrimos que muitos não tinham os

nomes dos pais nos registros de nascimento, outros não possuiam CPF nem

RG.

Após conversa com os familiares e alunos, nos inteiramos de diversos

problemas relatados por estes como a falta de recurso para teste de DNA, ou

informações sobre o assunto, outro dado que colhemos foi o não pagamento de

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pensão alimentícea dos filhos, e outro problema detectado é que muitos pais

gostariam de consumar o casamento de forma oficial, mas não tinham como

pagar.

Como coordenadora pedagógica acreditei que poderia fazer mais do que

planejamentos e ir até o âmago de várias questões que de maneira direta ou

indireta afetavam a aprendizagem dos estudantes. Logo fiz o projeto e busquei

a parceria do Ministério Público, Assistência Social, Caixa Econômica, clínicas e

laboratórios particulares, entre outros parceiros.

O projeto foi um sucesso e conseguimos solucionar muitos problemas

acima citados. Por todas estas experiências, escolhi este tema para o meu

projeto vivencial no qual pretendo mostrar que o trabalho do coordenador

pedagógico pode ser mais relevante do que nós mesmo o reconhecemos quanto

profissionais e acredito que a nossa classe de educadores deveriam deixar as

murmurações de lado e ir a luta por uma qualidade de ensino, sem deixar a luta

por seus direito, mas principalmente não se deixar vencer pelo “sistema” do qual

nós mesmos fazemos parte e que muitas vezes nos eximimos e nos

transformamos em meras vítimas.

Acredito que o conhecimento liberta e é em nome desta liberdade que

precisamos ter uma visão holística da educação e dos seres humanos que a

integra, assim como enfrentarmos com criatividade e emoção da esperança as

variáveis que encontraremos pelo caminho em nossa profissão.

3.2 Ação do coordenador pedagógico

Sabemos da dificuldade histórica de definirmos o papel do coordenador

pedagógico na instituição de ensino, pois este profissional na prática cotidiana é

visto e tratado como um faz tudo em atividades pedagógicas e administrativas.

Muito comum vermos ao coordenador pedagógico atribuições que vão

desde atendimento aos pais e alunos, passando por ações burocráticas,

ornamentador de festas e datas comemorativas, até o de formação de

professores.

Sem dúvida alguma, o coordenador pedagógico é um profissional

fundamental para o bom funcionamento do ensino e aprendizagem de uma

unidade educacional, entretanto observo a carência de uma formação do

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coordenador pedagógico para o enfrentamento das novas realidades que

configuram a sociedade contemporânea, visto que este profissional precisa

compreender de maneira holística a educação, sociedade e ser humano, pois só

desta forma poderá se apropriar, aprimorar e realizar ações interventivas em seu

local de trabalho.

Acredito ser necessário que o coordenador pedagógico compreenda e faça

com que todos da comunidade escolar compreendam o conceito holístico na

educação, para que a compreensão do ambiente na qual a escola faz parte,

possa se adequar e atender as necessidades da sociedade.

O pensamento holístico compreende o mundo como um todo integrado e

não uma junção de partes dissociadas. A visão ecológica reconhece a

interdependência dos seres vivos e dos fenômenos sociais, o que nos leva a crer

que somos indivíduos encaixados na sociedade ou nos processos cíclicos da

natureza, culminando na dependência desses processos.

Edgar Morin em seu estudo sobre a complexidade afirma que o pensamento científico, epistemológico e filosófico ainda encara a problemática da complexidade como algo marginal, chegando a não admitir sua existência, pois a complexidade não está nos tratados dos grandes mestres das ciências conhecidas pelo homem. No entanto, Morin aponta uma exceção inerente ao ponto de vista epistemológico, desenvolvida por Gaston Bachelard, que considerou a complexidade como um problema fundamental, uma vez que, para ele, não há nada simples na natureza, só há o simplificado. Segundo Morin, não se pode conceber a complexidade como uma receita, como resposta, mas sim como uma motivação para pensar, ela é a incompletude do conhecimento. O ser humano é um ser físico, biológico, social, cultural, biológico, social, cultural, psíquico e espiritual deve ser estudado com base no pensamento complexo, através do qual será concebida a articulação, a identidade, e a diferença de todos esses aspectos, o que não se consegue com o pensamento simplificante, que separa esses diferentes aspectos ou unifica-os por um processo reducionista mutilante. (Módulo Gestão e Educação Ambiental, Cidade Especializações, 2012, p. 12).

O pensamento de Edgar Morin, traz à tona a necessidade de desenvolver

um currículo rizomático dentro da teoria da complexidade, pois este se reveste

do pensamento investigativo, inacabado, transformador e contemporâneo,

voltado para atender as multiplicidades socioculturais com as quais nos

deparamos nas instituições de ensino.

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Não podemos mais conceber um currículo engessado e preconcebido

antes do conhecimento integral das diversidades e dinâmicas sociais. Portanto,

o coordenador pedagógico precisa estar atento e muito bem informado sobre a

realidade global e local, para que seus conhecimentos encontrem guarida nas

teorias e ações do seu trabalho.

[...] O homem não vive autenticamente enquanto não se acha integrado com a sua realidade. Criticamente integrado com ela. E que vive vida inautêntica enquanto se sente estrangeiro na sua realidade. Dolorosamente desintegrado dela. Alienado de sua cultura, [...] não há organicidade na superposição, em que inexiste a possibilidade de ação instrumental. [...] a organicidade do processo educativo implica a sua integração com as condições do tempo e do espaço a que se aplica a sua integração com as condições do tempo e do espaço a que se aplica para que possa alterar ou mudar essas mesmas condições. Sem essas condições o processo se faz inorgânico, superposto e inoperante. (FREIRE, 1959, p. 9)

Refletindo diante da perspectiva acima, gostaria também de chamar

atenção para o delineamento da sociedade do conhecimento e informação, pois

é uma preocupação relativamente nova, porém muito debatida nos dias atuais.

Qual seria a diferença entre conhecimento e informação? Ao que parece

esta é uma questão relevante na qual devemos nos debruçar, pois nem toda

informação é equivalente ao conhecimento como podemos observar no

Dicionário Brasileiro da Língua Portuguesa (1990) que traz a definição de

informação como “ato ou efeito de informar; transmissão de notícias;

comunicação”. Já a palavra conhecimento significa, segundo a mesma fonte,

“ato ou efeito de conhecer; faculdade de conhecer; consciência da própria

existência (...)”.

No Latim encontramos a raiz da palavra “Com – junto” mais “Gnoscere –

obter conhecimento, chegar a saber”, formando então a palavra “Cognoscere –

conhecer, saber”.

A palavra informação também se origina do latim “informatio, onis –

delinear, conceber ideia", ou seja, dar forma ou moldar na mente.

Segundo Luckesi (1996), adquirir conhecimentos não é compreender a

realidade retendo informação, mas utilizando-se desta para desvendar o novo e

avançar, porque quanto mais competente for o entendimento do mundo, mais

satisfatória será a ação do sujeito que a detém.

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Entendendo que o conhecimento passa pela construção cognitiva através

do qual é inicialmente estimulado pelos conhecimentos prévios dos alunos,

segundo David Ausubel, em sua concepção da aprendizagem significativa,

buscamos interrogar sobre o que é realmente relevante aprender e como nossos

educandos e educadores estão utilizando as ferramentas disponíveis para que

possamos aproveitá-las de maneira eficiente e eficaz?

Até que ponto os profissionais da educação possuem habilidades e

competências necessárias para a formação discente e docente na

contemporaneidade?

Para auxiliar nossa reflexão, antes de qualquer coisa precisamos

compreender o que é meio ambiente para os autores que me baseei para nortear

meu pensamento no qual originou os diversos projetos realizados de intervenção

pedagógica durante os últimos anos em que trabalho como coordenadora, e que

está baseado o projeto de intervenção atual.

É um conjunto de condições e interações físicas, químicas, biológicas, sociais e culturais que regem a vida em todas as suas formas. Sendo assim, quando falamos em meio ambiente, temos que pensar na sociedade, em todas as suas expressões dentro de uma grande biodiversidade ou megabiodiversidade na qual ela se relaciona. (BERTÉ apud HEINKEL, 2012)

Compreendendo que o meio ambiente é a relação dos indivíduos com o

meio, vejo na educação uma grande oportunidade de transformação social que

eleve a qualidade da aprendizagem e dos relacionamentos inter e intrapessoais.

Para tanto, é necessário que possamos conhecer na integra as situações que

propiciam o aumento da violência, desemprego, fome, desigualdade econômica,

diversidade de pensamentos e posicionamento diante as circunstâncias que nos

aparecem, sendo o coordenador pedagógico a pessoa ideal para realizar

projetos interventivos que possibilitem a reflexão e transformação dos atores que

compõem a comunidade escolar através de conhecimentos prévios e vivenciais

dos educandos.

Nessa perspectiva nasce a ideia de rede de parceiros externos que

contribuam para a melhoria da qualidade de ensino e consequentemente, da

própria qualidade de vida.

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Capra defende que as redes são as bases da organização de todos os sistemas vivos. A diferença é que enquanto nas redes biológicas se trocam moléculas, nas redes sociais se trocam informações e ideias; enquanto as primeiras sustentam limites materiais, as segundas sustentam limites culturais. Para Capra, esses três aspectos da vida – o biológico, o cognitivo e o social – estão sempre conectados. Essas ideias estão apresentadas em seu último livro já lançado no Brasil, As Conexões Ocultas no qual ele afirma que as últimas descobertas científicas mostram que todas as formas de vida – desde as células mais primitivas até as sociedades humanas, suas empresas e Estados nacionais, até mesmo sua economia global – organizam-se segundo o mesmo padrão e os mesmos princípios básicos: o padrão de redes, com unidades e sistemas interconectados. Fritjof Capra (Revista SENAC, Educação Ambiental número 01, abril 2003).

Corroborando com a ideia acima, e devido as dificuldades orçamentárias

em que se encontram os municípios e estados brasileiros, vejo a necessidade

de uma rede de colaboradores independentes e autônomos para auxiliar nos

projetos escolares que beneficiem toda a sociedade, visto que o meio ambiente

de grupos marginalizados irá interferir diretamente no ambiente de grupos

privilegiados.

Neste momento, faço um convite para uma reflexão sobre acontecimentos

contemporâneos que interferem na aprendizagem, qualidade de vida e

sociedade.

O aumento recente do número de seres humanos e de suas respectivas

atividades teve um enorme impacto no meio ambiente. Em menos de 200 anos

o mundo perdeu seis milhões de quilômetros quadrados de florestas, e o volume

de terra desgastada pela erosão triplicou o volume de sedimentos nos principais

rios do planeta. A esses problemas ambientais somam-se graves problemas

sociais, com dois-terços da população da Terra sofrendo para conseguir comida,

abrigo e cuidados médicos. (MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE, BRASIL, 2012,

p. 235)

Não podemos afirmar que o aumento populacional é a principal causa dos

impactos ambientais. Além dos níveis de crescimento populacional, fatores

econômicos e sociais, como o próprio modelo de desenvolvimento preconizado,

e o nível de consumo e de qualidade de vida da população devem contribuir para

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o entendimento dos problemas ambientais. A relação entre os níveis de

qualidade de vida e de desenvolvimento social de uma sociedade e os seus

problemas ambientais tornam-se evidentes, por exemplo, ao analisarmos o tema

da concentração populacional nos centros urbanos.

Para a Revista Meio Ambiente e Prática Pedagógica (2010), apenas 1% da

água do planeta está disponível para o consumo; 0,6% está no subterrâneo;

0,3% encontramos em rios e lagos; 0,1% está na atmosfera. Se o ritmo continuar,

desta forma até 50 anos não teremos mais água potável disponível no planeta.

Aproximadamente 925 milhões de pessoas no mundo não comem o

suficiente para serem consideradas saudáveis. Isso significa que uma em cada

sete pessoas no planeta vai para a cama com fome todas as noites (FAO, 2012).

Embora o número de pessoas com fome tenha aumentado, na comparação

com o percentual da população mundial, a fome na verdade caiu de 37% da

população em 1969 para pouco mais de 16% da população em 2010 (FAO,

2010).

Bem mais que a metade dos famintos do mundo – cerca de 578 milhões de

pessoas vivem na Ásia e na região do Pacífico. A África responde por pouco

mais de um quarto da população com fome do mundo (FAO, O Estado da

Insegurança Alimentar no Mundo, 2010).

A fome é o número um na lista dos 10 maiores riscos para a saúde. Ela

mata mais pessoas anualmente do que AIDS, malária e tuberculose juntas

(UNAIDS, Relatório Global de 2010; OMS, Fome no mundo e Estatística

Pobreza, 2011).

Um terço das mortes entre crianças menores de cinco anos de idade nos

países em desenvolvimento estão ligadas à desnutrição (UNICEF, Relatório

sobre Nutrição Infantil, 2011).

Os primeiros 1.000 dias da vida de uma criança, desde a gravidez até os

dois anos de idade, são a janela crítica para combater a desnutrição. Uma dieta

adequada neste período pode protegê-las contra o nanismo mental e físico, duas

consequências da desnutrição (Comitê Permanente da ONU sobre Nutrição,

2009).

Custa apenas 25 centavos de dólar por dia alimentar uma criança com

todas as vitaminas e os nutrientes de que ela precisa para crescer saudável

(PMA, 2011).

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Mães desnutridas muitas vezes dão à luz a bebês abaixo do peso. Essas

crianças têm 20% mais probabilidade de morrer antes dos cinco anos de idade.

Cerca de 17 milhões de crianças nascem abaixo do peso a cada ano. (UNICEF,

Um Mundo para as Crianças, 2007).

Em 2050, as alterações climáticas e os padrões climáticos irregulares

levarão mais de 24 milhões de crianças à fome. Quase metade dessas crianças

vivem na África Subsaariana. (PMA, Mudanças Climáticas e Combate à Fome:

Respondendo ao Desafio, 2009).

Outro grande desafio do século XXI é o lixo produzido pelos seres humanos

e o destino que damos a ele. Segundo Maurício Waldman (2010) em sua tese

de pós-doutorado pela UNICAMP, afirma que cerca de 30 bilhões de toneladas

de lixo são gerados anualmente pela humanidade. Não há mais espaço para

depositar resíduos, e a questão de onde colocá-los virou um enorme problema

logístico. Nova York, hoje, descarta lixo a 500 km de distância.

Entre 1991 e 2000 a população brasileira cresceu 15,6%. Porém, o

descarte de resíduos aumentou 49%. Sabe-se que em 2009 a população

cresceu 1%, mas a produção de lixo cresceu 6%. Essas dessimetrias são

também evidentes em dados como os que indicam a metrópole paulista como o

terceiro polo gerador de lixo no globo. Perde apenas para Nova York e Tóquio.

Mas devemos reter que São Paulo não é a terceira economia metropolitana do

planeta. É a 11a ou 12a. Ou seja, gera-se muito mais lixo do que seria admissível

a partir de um parâmetro eminentemente econômico. um documento da FAO

(órgão da ONU relacionado com a alimentação e agricultura), datado de 2004,

revela que o Brasil está entre os dez países que mais jogam comida no lixo, com

perda média de 35% da produção agrícola. Segundo levantamentos, cada

família brasileira desperdiça cerca de 20% dos alimentos que adquire no período

de uma semana e a Companhia Nacional de Abastecimento – Conab estima

perdas em grãos em torno de 10% da produção.

Outras avaliações indicam que praticamente 64% do que é cultivado no

país acaba lançado na lata de lixo. Isso é um contra censos manifesto numa

nação rotineiramente assediada por campanhas de combate à fome. Portanto,

devemos atacar a raiz do problema e parar de pensar que gestão dos resíduos

se resume a tirar saquinho da calçada. A gestão dos resíduos deve se situar

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antes do saquinho, e não depois dele. Instituto Humanista de Unisinos: entrevista

com Maurício Waldman, (2012, p. 56)

Não poderíamos deixar de mencionar a crise hídrica que assola muitas

regiões em nosso país, a guerra ideológica entre os países do ocidente de

maioria cristã e dos países com maioria mulçumana.

Os dados trazidos acima, junto com os problemas educacionais, políticos e

sociais são vivenciados por toda a sociedade mundial, e em Ribeira do Pombal,

muitos destes citados, fazem parte da comunidade escolar e especificamente do

bairro do Pombalzinho, no qual possui um açude que servia de fonte de renda e

subsistência e atualmente é utilizado como grande depósito de esgoto a céu

aberto.

Outro fator que vale a pena mencionar é a globalização, pois acentua as

inovações tecnológicas que têm surgido e se aperfeiçoado velozmente atingindo

milhões de pessoas ao mesmo tempo, através da TV, internet, rádio e sistemas

via satélite, mundializando informações, causando interdependência econômica

entre os países e influenciado a cultura e religião dos povos.

Conhecimento sem dúvida alguma é sinônimo de libertação e autonomia,

para tanto, a escola precisa estar antenada com as diversas realidades que se

apresentam na contemporaneidade e principalmente no meio ambiente em que

está localizada, podendo assim cumprir seu papel social.

O coordenador pedagógico é responsável em fazer o link entre escola e

comunidade, observando as interferências que a mesma traz para a qualidade

do ensino e aprendizagem, analisar os fundamentos teóricos e práticos, refletir

incessantemente sobre a docência e principalmente, preocupar-se com a

formação continuada dos professores.

Espera-se, portanto, que o coordenador pedagógico seja antes de tudo um

estudioso sensível as necessidades socioambientais, proativo e receptivo a

novas concepções de ensino e aprendizagem para que este possa intervir na

ação pedagógica plena e contemporânea.

3.3 O papel do coordenador pedagógico como captador de parceiros

externos para intervenção no currículo escolar.

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Apesar de nunca ter participado ou visto nenhum curso de capacitação ou

textos sobre este papel do coordenador pedagógico, evidenciei em minha prática

como coordenadora pedagógica, a necessidade de buscar a autonomia e

satisfação de elaborar projetos e intervir no currículo do município em que

trabalho, pois assim como outros colegas de profissão, senti o desejo de

caminhar com a comunidade escolar e trazer uma luz para o desenvolvimento

eficaz do processo de ensino e aprendizagem.

Compreendo que a capacidade dos jovens aprenderem está relacionado

intimamente com as condições em que ele vive. Logo, não podemos nos eximir

da responsabilidade de perceber as variáveis sociais, econômicas, físicas,

ambientais, familiares e culturais. Perceber a educação como uma ação holística

dos educadores é fundamental para a construção do cidadão planetário, com

inteligência ética, responsabilidade e conhecimento transformador.

Contudo o que foi dito acima, resta-nos indagar como o coordenador

pedagógico pode abarcar tantas responsabilidades? Esta questão é o ponto

chave que direcionou a minha pesquisa. E a resposta é: o coordenador sozinho

não pode salvaguardar a escola e estudantes dos problemas que afetam a

sociedade contemporânea. Mas ele pode ser o profissional que faz pontes entre

caminhos que auxiliam na dinâmica social e no desempenho dos estudantes.

Se a escola é violenta, não basta dizer para os jovens que não pratiquem

a violência, mas ir ao âmago da questão. O que faz com que eles sejam

violentos? Daí poderemos levantar hipóteses e buscar parcerias com agentes

externos como: psicólogos, polícia militar, conselho tutelar, instituições que

ofertam esportes para alunos carentes, entre outras alternativas que favoreçam

a formação destes indivíduos. E para quê? Para resolvermos problemas que

afetam a todos, sensibilizar a sociedade sobre o tema e os futuros prejuízos que

toda ela sofrerá.

Infelizmente, não podemos esperar por políticas públicas desenvolvidas

pela administração municipal, devemos tê-la como parceira e incentivadora,

porém nosso trabalho precisa ser dinâmico e visualizar o futuro, antever,

disponibilizar-se, criar, lutar e usufruir dos benefícios que serão colhidos.

3.4 Escola e parceiros – Articulação dos agentes externos

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Para demonstrar como o coordenador pedagógico pode ser um captador

de parceiros externos para intervenção no currículo escolar, objetivando a

melhoria do ensino e aprendizagem e das relações entre os educandos,

professores e sociedade, terei que descrever os projetos realizados ao longo de

cinco anos, os quais tenho orgulho de ter idealizado, compartilhado,

acompanhado e vivenciado intensamente, pois foram projetos nos quais aprendi

com os educandos, comunidade e autores que abrangem diversas áreas do

conhecimento e que me fizeram crescer como ser humano e amadurecer quanto

profissional da educação.

Minha visão sobre o papel do coordenador e educação, após os projetos

realizados, foi ampliado e sem dúvida alguma me tornei mais humana e realizada

como profissional, pois desafiei limites e barreiras sociais, culturais e

administrativas.

Humanização dos profissionais. Esta é uma questão de amor e consciência

política, espiritual e social.

(...) a posição que temos assumido é a de que a escola pública necessita de um profissional denominado pedagogo, pois entendemos que o fazer pedagógico, que ultrapassa a sala de aula e a determina e configura-se como essencial na busca de novas formas de organizar a escola para que esta seja efetivamente democrática. A tentativa que temos feito é a de avançar da defesa corporativista dos especialistas para a necessidade política do pedagogo, no processo de democratização da escolaridade. (PIMENTA, 1988)

Humanizar significa torna-se mais humano, benévolo, amar. Diferente dos

animais possuímos a capacidade de refletir, aprender e transformar, e a

comunicação é a melhor maneira de evoluir, crescer, conhecer. Saber escutar

com o olhar é fundamental para este processo de humanização.

Para que ocorra o processo de humanização na educação, precisamos

rever métodos, procedimentos pedagógicos e compreender que a aprendizagem

se inicia desde o nascimento e jamais esquecer que o homem é um ser, cuja

intelectualidade e emoção fundem-se trazendo implicações no desenvolvimento

educativo.

Nesta perspectiva, sei que meu papel na educação é muito mais do que

exercer um ofício, mas tem um propósito transcendente que hoje posso associar

com a minha história de vida e profissional, desde a história de meus pais, até

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aquele momento narrado no memorial sobre o vestibular e a intervenção “divina”

que me introduziu na Pedagogia.

Partindo dos pressupostos acima, enxerguei com clareza que conseguir

parceiros na tarefa de efetivar projetos que consolidem a formação do cidadão

planetário e da melhoria do ensino e aprendizagem, seria um caminho a ser

percorrido. Através de uma teia de contatos e busca pela internet, ficou fácil

apresentar para a sociedade possíveis soluções através da colaboração de

todos e projetos viáveis.

Necessitamos ter ousadia para interferir no currículo escolar para que este

possa cumprir o papel necessário na escola e sociedade.

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4 EXPERIÊNCIAS EXITOSAS

A partir de todo o fundamento teórico estudado, compreendido e

pesquisados, pude desenvolver projetos e captar agentes externos

colaborativos. Destaco que sempre tive o apoio da administração municipal para

que os projetos fossem efetivados. O melhor meio de construir esta rede

colaborativa é através da divulgação dos pensamentos, conquista por

argumentos e idoneidade.

Nos próximos tópicos serão apresentados alguns destes projetos para que

sirvam como comprovantes de possibilidades e demonstração da importância do

coordenador pedagógico neste novo papel que proponho neste trabalho.

4.1 Projeto “todo dia é dia do índio”

Kiriri é uma nação indígena localizada em Mirandela, distrito do município

de Banzaê, região nordeste do estado da Bahia, faz limites com as cidades de

Ribeira do Pombal a leste, Cícero Dantas ao norte, Tucano ao sul e Quijingue a

oeste. Fica a 296 quilômetros de Salvador, capital do estado, e tem como

cacique Lázaro de Souza.

Sua intensa história de luta pela posse desta terra entre os posseiros da

região e os Kiriris da tribo criou uma rivalidade e preconceito entre os índios e

não índios da região, mais especificamente com os habitantes de Ribeira do

Pombal, pois estes tiveram as terras desapropriadas pela FUNAI e muitos nunca

receberam indenização por elas.

O interesse por este tema surgiu da necessidade de desenvolvermos um

projeto a partir do momento em que percebi a hostilidade dos educandos não

índios contra os Kiriris de Mirandela que estudavam na mesma instituição.

Como eu estava chegando na cidade de Ribeira do Pombal há pouco

tempo, fiquei curiosa em saber o porquê deste relacionamento conflituoso,

encontrei resistência da minha colega coordenadora, pois a família dela também

tinha sido “vítima” do processo de retomada das terras Kiriris. Ainda assim, iniciei

minha pesquisa para elaborar o projeto de intervenção.

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Após realização de uma investigação exploratória, onde aplicamos

questionários que uma vez respondidos pelos estudantes sobre a causa dessa

hostilidade, descobrimos que 90% dos entrevistados tinham raiva porque os

índios retomaram as terras que se encontravam sobre o domínio dos posseiros

da região; 85% dos entrevistados achavam os índios preguiçosos; 98%

acreditavam que os índios eram violentos e 67% disseram que eles eram burros.

Com os dados coletados fui à aldeia e, numa segunda etapa da

investigação exploratória, realizei entrevistas com os jovens e com o cacique

Lázaro, todos demonstraram uma grande frustração quanto a falta da aceitação

dos não índios e de sua língua estar quase extinta na comunidade.

Percebi um grande complexo de inferioridade entre os adolescentes e foi

comprovado nas entrevistas, os quais disseram que gostariam de terem

nascidos “brancos”. A tribo Kiriri de Mirandela, apesar de muito aculturada, ainda

guarda costumes e crenças religiosas, realizando todos os sábados o Toré,

conservando os rituais espiritualistas e sua medicina.

A economia local é difícil, pois as terras são pouco produtivas e longe de

rios, o que dificulta o plantio de suas culturas, a caça é muito presente, cheguei

a ver os índios retornando do seu trabalho com as armas típicas e a caça do dia.

Devo confessar que me encantei com a tribo, e muitas vezes fui visita-los.

A partir da pesquisa exploratória, realizei a pesquisa documental na

Câmara Municipal e nos antigos jornais da época do conflito. Este conflito deixou

marcas profundas nos sentimentos e na vida de todos os envolvidos repassados

por gerações e que por isso, formou em nossos alunos e comunidade uma

espécie de apartheid invisível impossibilitando a aceitação do outro (indígena) e

de sua cultura.

Como coordenadora pedagógica, não poderia deixar que aquela situação

permanecesse na escola, convidei os professores para uma reunião, expus as

pesquisas realizadas com os alunos e solicitei a colaboração de todos na

construção de um projeto interdisciplinar, busquei um estudioso da área para ser

um parceiro da escola, o professor mestre da UNEB e amante da

multiculturalidade brasileira, Jucimar Pereira dos Santos, para dar uma formação

sobre o assunto aos professores. Este professor possui vasta experiência na

aldeia como pesquisador e diretor da escola indígena e compreende a

importância destes trabalhos.

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Os Objetivos do Projeto foram:

Compreender o processo histórico da luta dos indígenas pelo direito a

terra.

Conhecer a influência indígena na formação do povo brasileiro.

Respeitar e valorizar a cultura indígena em todos os seus aspectos.

Aproximar os índios Kirirís da comunidade escolar.

Desenvolver a convivência saudável entre a comunidade indígena e a

comunidade local.

Diminuir o preconceito construído historicamente contra a comunidade

indígena.

Desenvolver nos alunos a empatia aos índios.

O projeto foi desenvolvido em etapas as quais estão mencionadas abaixo:

Sensibilização da comunidade escolar para o desenvolvimento do projeto.

Pesquisa envolvendo as diversas áreas do conhecimento.

Produção de um jornal sobre os conhecimentos adquiridos através de

pesquisas e visita à comunidade indígena.

Produção de um vídeo - documentário.

Fórum com a temática “Todo dia é dia de Índio” com a participação de

estudantes e líderes indígenas.

Feira Cultural Indígena.

Avaliação de resultados através de nova pesquisa realizada entre os

estudantes.

Em cada etapa realizamos ações as quais serão descritas abaixo:

Primeira Etapa:

Sensibilização da comunidade escolar para o desenvolvimento do projeto

Entrevista com a comunidade através de questionário elaborado pelo

setor pedagógico escolar utilizando questionário para diagnóstico da situação

problema.

o Tabulação de entrevista.

o Exposição de tabela informativa.

o Sensibilização dos professores através de reunião e exposição da

proposta de trabalho para a segunda unidade.

Segunda etapa:

Pesquisa envolvendo as diversas áreas do conhecimento.

História – pesquisa do processo histórico dos índios no Brasil e na região

do Banzaê.

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Geografia – Divisão regional antes e depois do conflito, agricultura, cultivo,

rios, relevo, vegetação e clima da região.

Onde estão situadas as tribos indígenas do Brasil na atualidade.

Terra indígena e os conceitos de: Reconhecimento, homologação e de

retomada da terra.

Sociedade e Cultura – Como viviam os índios antes e depois da chegada

dos portugueses no Brasil.

Como vivem os índios hoje no Brasil e em Mirandela.

Principais expressões culturais e religiosas dos índios hoje no Brasil e em

Mirandela.

A cultura do “branqueamento” sofrida pelos índios.

Língua Portuguesa – Leitura de textos literários e não literários.

Produção textual: narração, dissertação e descrição.

Produção textual sobre visita à comunidade dos Kirirís.

Pesquisa de contos, lendas e histórias indígenas.

Reprodução escrita dos conhecimentos adquiridos em sala de aula sobre

os índios, em seus diversos aspectos.

Pesquisar as diversas línguas indígenas.

Pesquisar a influência de palavras indígenas na língua portuguesa falada

no Brasil.

Os alunos criaram um livreto com palavras indígenas e a sua tradução que

são utilizadas pelos não índios.

As melhores produções serviram para compor o Jornal Interativo do CEB.

Matemática– Pesquisa estatísticas: quantos índios vivem no Brasil

atualmente; quantos índios viviam no Brasil na época da chegada dos

portugueses; quantas tribos já foram extintas; morte X natalidade dos Kirirís.

Produção de tabela comparativa para ser exposta no pátio escolar.

Pesquisar a matemática nas comunidades indígenas.

Ciências – Pesquisa genética (traços característicos) do povo indígena,

comparando com os traços encontrados na população pombalense.

Pesquisa de alimentos indígenas e seu valor nutricional.

A questão do meio ambiente e os indígenas

Educação Para Saúde – Pesquisa da influência dos conhecimentos

indígenas no tratamento de diversas doenças.

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Pesquisar como é feito o tratamento das doenças nas tribos.

Pesquisar sobre a pajelança no tratamento de doenças (notícias recentes).

Pesquisar o processo de dizimação dos índios pelas doenças do branco

(europeu).

Pesquisar a questão da saúde indígena e os programas que os beneficiam.

Artes – Pesquisa sobre o artesanato, instrumentos musicais, danças,

folclore, objetos de decoração, utensílios domésticos e armas.

Realizar oficinas com as artes indígenas.

Ensino Religioso - Pesquisar a religião indígena ontem e hoje.

Pesquisa da influência dos portugueses na sua manifestação religiosa,

crenças indígenas, Deuses e influência do cristianismo.

Língua Estrangeira – Pesquisar sobre os índios de países de língua

inglesa. Vida, costumes, territórios em que vivem e direitos.

Educação Física – Pesquisar os esportes e atividades recreativas

indígenas.

Terceira etapa:

Produção de um jornal sobre os conhecimentos adquiridos através de

pesquisa e visita à comunidade indígena.

Culminância das duas primeiras etapas, onde utilizaremos os trabalhos dos

alunos para produzir o Jornal Interativo do CEB.

Reproduzimos o jornal e distribuímos entre os alunos e comunidade.

Quarta etapa:

Produção de um vídeo - documentário.

Esta produção fez de todo o processo de pesquisa e realização do projeto

e ao término foi editado e apresentado para a comunidade escolar.

O documentário teve a seguinte sequência:

Entrevista filmada com a comunidade escolar sobre o pensamento deles

em relação aos índios.

Entrevistas com famílias “brancas” envolvidas no processo de conflito com

os índios.

Entrevista com os caciques: Manoel e Lázaro, que contarão os fatos sobre

a ótica dos índios.

Filmagens na Mirandela: escola, cotidiano, cultura, economia.

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Entrevistas com índios: o que eles esperam do futuro, quais as

expectativas de vida, o que acham de serem índios...

Quinto momento:

Fórum com a temática “Todo dia é dia de Índio”.

Realizamos um fórum na quadra do CEB com a participação dos seguintes

convidados:

Cacique Lázaro

Cacique Manoel

Educador Jucimar Pereira

Coordenadora da educação indígena Marlinda

Representante da FUNAI na região

Durante o Fórum discutimos a vida, o processo histórico dos índios,

discriminação, legislação, expectativas dos povos indígenas e direitos humanos.

Deverão participar do fórum: educadores, estudantes e membros da

administração pública de Ribeira de Pombal.

Sexto momento:

Feira Cultural Indígena.

A Feira Cultural Indígena será a culminância do Projeto “Todo dia é dia de

índio”, nela exporemos todos os trabalhos realizados: apresentações culturais,

stands, pesquisas, fotos, entrega do Jornal Interativo do CEB para a comunidade

e exibição do documentário.

A feira será realizada na quadra do CEB que estará aberto para a

comunidade.

Este trabalho foi publicado no site do “Selo Escola Solidária”, o qual ganhou

um prêmio, e na revista eletrônica Povos Indígenas no Brasil Mirim.

4.2 Implantação da disciplina Ecopedagogia

Em 2011 iniciei uma pesquisa sobre o tema Ecopedagogia, e me encantei

com esta corrente holística da educação, enxerguei nela a oportunidade de

contemplar a Filosofia, Educação para Saúde, Educação para o Trânsito e

Sociedade e Cultura.

Apesar de não ser uma disciplina e sim uma corrente pedagógica, analisei

que a falta de preparo dos profissionais de educação do município para

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compreender e colocar em prática esta corrente, optei por introduzi-la como

disciplina. A Secretaria Municipal de Educação se interessou pela proposta e

inseriu no currículo do Colégio Evência Brito, no qual eu era coordenadora

pedagógica. Assim, também fiquei responsável pela formação dos professores

e da elaboração dos módulos, atividades e planejamento de ensino.

Sem dúvida alguma foi uma grande experiência e através da ideia central

deste trabalho, que é a ação do coordenador na captação de agentes externos

para intervenção no currículo escolar, consegui apoio e financiamento para

várias ações como: Projeto de revitalização do açude, campanha de reciclagem

de lixo nas/das escolas, visita dos alunos nas casas e comunidades onde eles

vivem contra o mosquito aedes aegypti junto com agentes comunitários, entre

outras.

Em Ribeira do Pombal existiam duas disciplinas na parte diversificada do

currículo, entretanto a observação que fazia é que eram componentes

curriculares que não possuíam articulação com as demais e a carga horária (20

horas) muito reduzida e conteúdos insignificantes.

Os professores também não possuíam livros, módulos ou qualquer outro

material que servisse como suporte pedagógico.

Logo, achei oportuna a modificação curricular e procurei a SEME e o

Conselho Municipal de Educação, os quais foram receptivos à ideia. Depois de

um ano de experiência, a disciplina passou a fazer parte do currículo oficial do

município nas escolas de ensino fundamental II, foi aprovada pelo parecer

004/2013.

Os currículos escolares sempre são fontes de debates intermináveis entre

os cientistas da educação, até este momento chegamos à conclusão de que na

prática escolar ele ainda é hierárquico, não é neutro e passa pelo processo de

transmissão, assimilação e reprodução de conteúdo quase sempre desvinculado

do contexto social dos educandos e educadores e, sobretudo apresenta-se com

conhecimentos fragmentados. Nos últimos anos, entretanto vêm surgindo ideias

inovadoras neste campo educacional.

Gostaríamos de refletir sobre o currículo ecopedagógico na perspectiva das

ideias de Edgar Morin, pois acreditamos que são as que mais se aproximam de

todo discurso da proposta da Ecopedagogia, como uma pedagogia holística,

voltada para a cidadania planetária em um mundo cada vez mais complexo.

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A primeira ideia que queremos discutir é o conceito de complexidade

segundo Morin. Complexo vem do latim complexus, que vem do verbo

complectere, que simplesmente quer dizer: “Aquilo que é tecido em conjunto”.

Ele faz uma reflexão sobre o homem visto como homo sapiens: aquele que

pensa, racionaliza e calcula. Em seguida, ele confronta esse homem racional

com o homo demens: o louco, impulsivo e que não reflete logicamente sobre

seus atos. Essa aparente contradição sobre o pensamento do que é o homem,

nos mostra exatamente o primeiro entrelaçamento da complexidade definida

como aquilo que é tecido em conjunto, pois somos um pouco de tudo. Uma

definição mais atual da nossa condição seria de que nós somos homo sapiens-

sapiens-demens.

A segunda idéia do pensamento complexo são três os operadores da

complexidade:

Operador dialógico e não dialético: Dialogia significa você juntar coisas,

entrelaçar coisas, que aparentemente estão separadas. Por exemplo: a razão e

a emoção, o sensível e o inteligível, o bem e o mau, o real e o imaginário, a razão

e os mitos, a razão, a ciência e as artes, as ciências humanas e as ciências da

natureza. Tudo isso é dialogia, ou seja, juntar o que aparentemente é separado.

Operador recursivo ou recursividade: Significa algo em que a causa

produz o efeito, que produz a causa. É como se fosse um anel recursivo, um

circuito recursivo, melhor dizendo. Um exemplo: nós somos produzidos por uma

união biológica de um homem e de uma mulher, portanto, somos produtos dessa

união e, ao mesmo tempo, somos produtores de outras uniões. Então nós somos

recursivamente causa e efeito. Esse operador é muito importante para a

compreensão e reflexão da pertinência da adoção da Ecopedagogia na

sociedade contemporânea.

Holograma ou princípio operador hologramático. Que quando você “vê”,

não consegue dissociar parte e todo, ou seja, a parte está no todo da mesma

forma que o todo está na parte.

Os três princípios operadores juntos geram a ideia da totalidade. Em um

pensamento simples, entendemos por totalidade a soma das partes, entretanto

no pensamento complexo, totalidade é mais que a soma das partes. Pode

eventualmente ser menos que a soma. Porque totalidades são sempre abertas.

Se elas forem totalidades fechadas, elas serão sempre iguais à soma das partes.

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O ser humano também é denominado por Morin como Homo Complexus.

Nós aprendemos que somos seres que criamos, nós somos vócolis, porque

falamos. Somos faber porque fabricamos instrumentos, somos simbólicos

porque simbolizamos, criamos os mitos e as teorias, novos ídolos, nossas

mentiras, nosso imaginário e aprendemos. A herança da razão, do racionalismo

do século XVII que nos legou essa idéia que: os imaginários, os mitos, as artes

não faziam parte da ciência.

Na nossa vida cotidiana, acaba acontecendo o que Freud nos ensina, a luta

constante entre o ego, id e superego. A luta pelo que é socialmente aceito vem

dos primórdios dos tempos, em cada cultura, em cada povo, sempre houve

regras de conduta, talvez por este motivo, temos a dificuldade de nos

percebermos como um ser complexo.

O conhecimento, do ponto de vista do pensamento complexo, não está limitado à ciência. Há na literatura, na poesia, nas artes um conhecimento profundo. Podemos dizer que no romance há um conhecimento mais sutil de seres humanos do que encontramos nas ciências humanas, porque vemos os homens em suas subjetividades, suas paixões. Por outro lado, devemos acreditar que toda a grande obra de arte contém um pensamento profundo sobre a vida, mesmo quando não está expresso em sua linguagem. Quando você vê as figuras humanas pintadas por Rembrandt, há um pensamento sobre a alma humana. Portanto, eu acredito que devemos romper com a separação das artes, da literatura de um lado e o conhecimento cientifico do outro. (MORIN, 2010, vídeo Teoria da Complexidade)

Este pensamento nos leva a pensar sobre o que é razão. A razão é um

mecanismo da mente que se traduz por um conjunto de regras que utilizamos

para fazer determinadas coisas. A razão faz parte da essência humana. Em

decorrência criou-se o racionalismo, ou seja, a ideia de nosso cotidiano é guiada

pela razão.

Racionalidade é quando se adequam os meios aos fins, pouco importa se

você minimiza os meios para maximizar os fins, ou você faz o contrário:

maximiniza os meios para eliminar os fins. É sempre um esforço de adequação

entre meios e fins.

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A falsa racionalidade - ou seja, a racionalização abstrata, triunfa hoje em dia, por toda a parte, na forma do pensamento tecnocrático - incapaz de compreender o vivo e o humano aos quais se aplica, acreditando-se ser o único racional. O século XX viveu sob o domínio da pseudo - racionalidade que presumia ser a única racionalidade, mas atrofiou a compreensão, a reflexão e a vida em longo prazo. Sua insuficiência para lidar com os problemas constituiu um dos mais graves problemas para a humanidade. Daí, o paradoxo: o século XX produziu avanços gigantescos em todas as áreas do conhecimento científico, assim como no campo da técnica. Ao mesmo tempo, produziu nova cegueira para os problemas globais, fundamentais e complexos, gerando inúmeros erros e ilusões. (MORIN, 2001, p. 57)

Racionalização esse é o pior efeito da razão: quando a razão se fecha

nela mesma e não quer saber de nada mais que faça parte desse conjunto de

imaginários presentes nas artes e na literatura.

A Transdisciplinariedade como organização curricular da Ecopedagogia

significa mais do que disciplinas que colaboram entre si em um projeto para o

conhecimento comum a elas, mas significa ir além das disciplinas através de um

modo de pensar organizador que pode atravessar as disciplinas e que pode dar

uma espécie de unidade ao mesmo tempo. É necessário frisar que sem o

pensamento complexo não pode haver transdisciplinaridade. Partimos do

entendimento que a nossa mente não é formada por compartimentos separados

e desconectados, pois as realidades estão cada vez mais multidimensionais e

globais.

O verdadeiro problema não é fazer uma edição de conhecimento. O verdadeiro problema é uma organização de conhecimentos e saber os pontos fundamentais que se encontram em cada tipo de conhecimento ou em cada disciplina. Quer dizer, se permitir fazer uma economia na adição de conhecimento e se permitir poder se orientar em direção á necessidades de conhecimento no qual até o movimento não se pode penetrar, pois há portas fechadas e fronteiras. (MORIN, 2010, video Teoria da Complexidade)

Para que aconteça um currículo transdisciplinar que contemple as

diversidades e as individualidades são necessárias algumas adequações que se

tornem visíveis no currículo.

Os conhecimentos devem ser contextualizados, introduzindo informações

que produzam sentido para os educandos e educadores. Não podemos nos

esquecer de que cada contexto pode produzir uma verdade, por este motivo as

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relações dialógicas são importantes no processo de ensino e aprendizagem.

Partindo dessa realidade multidimensional, nasce o princípio do global, alguns

autores como Gadotti (2000) preferem chamar de glonacal (global, nacional e

local).

O planeta terra é mais do que um contexto: é o todo ao mesmo tempo organizador e desorganizador do qual fazemos parte. O todo tem qualidades ou propriedades que não são encontradas nas partes, se estas estiverem isoladas uma das outras, e certas qualidades ou propriedades das partes podem ser inibidas pelas restrinções provenientes do todo. (MORIN, 2004, p.37)

O conhecimento pertinente deve reconhecer o caráter multidimensional dos

seres humanos, suas culturas, sociedades e tudo o que é incorporado a ela. Não

podemos esquecer também que esse ser humano está inserido em um mundo

multidimensional e que ele precisa conhecer a grandiosidade desse planeta

complexo. Em consequência dessa complexidade, a educação deve promover a

“inteligência geral apta a referir-se ao complexo, ao contexto, de modo

multidimensional e dentro da concepção global”. (MORIN, 2000)

A Ecopedagogia deve valorizar a diversidade cultural, a garantia das

manifestações políticas, religiosas, étnicas, e de gênero, garantindo a

democratização das informações.

Após toda a reflexão sobre o currículo ecopedagógico, não poderíamos

deixar de falar sobre quem queremos formar e para que, queremos formar. Neste

momento entra o conceito de cidadão planetário muito difundido pelo Instituto

Paulo Freire no Brasil tendo como seu maior defensor, Moacir Gadotti e com

bases no pensamento da complexidade de Edgar Morin, Frijof Capra e Francisco

Gutiérrez.

Educação para a cidadania Planetária deve preparar o ser humano para a

cidadania planetária, essa vem nos reorientar e relembrar de que somos

cidadãos do planeta terra, mas também que a terra é sensível às nossas ações

e que não somos os únicos moradores dela. Seríamos os mordomos da terra

usufruindo dela, mas também por ela e todos os seres que nela há. Uma perfeita

harmonia entre o homem e seu habitat natural, sendo sensível aos problemas

que afetam os ecossistemas existentes.

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Educar para a cidadania planetária implica muito mais do que filosofia educacional, do que o enunciado dos seus princípios. A educação para a cidadania planetária implica uma revisão dos nossos currículos, uma reorientação de nossa visão do mundo, da educação como espaço de inserção do indivíduo não numa comunidade local, mas numa comunidade que é local e global ao mesmo tempo. Educação não seria como dizia Émile Durkheim, a transmissão da cultura de uma geração para outra, mas a grande viagem de cada indivíduo no seu universo interior e no universo que o cerca. (GADOTTI, 2000, p, 142)

O Fórum Global 92 foi um dos melhores eventos relativos a discussões

ecológicas, desenvolvimento sustentável e globalização. Dela nasceu a Carta da

Terra, esta influencia diretamente no conceito do cidadão planetário, pois se

insere na realidade global atual. O movimento ecológico surgido a partir deste

fórum abriu novos caminhos para a educação, cultura, ciência e principalmente

para o pensamento complexo.

A Ecopedagogia agrega a cidadania planetária em sua proposta

pedagógica na medida em que ela reflete sobre o ser humano como cidadãos

do planeta no sentindo de que somos seres viventes e tendo a responsabilidades

de conviver harmoniosamente com o planeta terra. Dessa forma, não somos

cidadãos de determinado lugar nos mapas globais e sim, terráqueos, moradores

de uma terra sem fronteiras, uma questão de pertencimento à humanidade.

Quando nós falamos em cidadania planetária, precisamos refletir o que é

ser cidadão, o que é cidadania.

Cidadania é essencialmente, consciência de direitos e deveres. Não há cidadania sem democracia, embora possa haver exercício não democrático da cidadania. A democracia fundamenta-se em três direitos: direitos civis, direitos sociais e direitos políticos. O conceito de cidadania é ambíguo. Em 1789, a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão estabelecia as primeiras normas para assegurar a liberdade individual e a propriedade. É uma concepção restrita de cidadania. Assim, podem existir várias concepções de cidadania: concepção liberal, neoliberal, socialista-democrática (o socialismo autoritário e burocrático não admite a democracia como valor universal e desprezou a cidadania como valor). (GADOTTI, 2000, p.134)

O conceito de cidadania que buscamos é a cidadania plena, ela não é

limitada a direitos individuais. É uma cidadania que tem consciência de seus

direitos e deveres como também se mobiliza para alcançar novos direitos que

devem ser garantidos pelo Estado.

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A noção de cidadania planetária sustenta-se na visão unificadora do planeta e de uma sociedade mundial. Ela se manifesta em diferentes expressões: “nossa humanidade comum”, “nossa pátria comum”, “cidadania planetária”. Cidadania planetária é uma expressão adotada para expressar um conjunto de princípios, valores, atitudes e comportamentos que demonstra uma nova concepção de terra como uma única comunidade. (BOFF, 1995 p, 42)

Esse conceito de cidadania planetária está intimamente ligado à concepção

de terra como “Gaia” (LOVELOCK, 1987), um superorganismo vivo e em

evolução, uma terra que clama, chora, pede socorro e que por isso precisamos

preservar e restaurar, pois temos o dever de pensar nas gerações futuras. Esse

pensamento deve ser disseminado para os nossos aprendentes (educando,

educadores e sociedade).

Visão holística na Ecopedagogia origina-se do grego holos, que significa

todo. A Visão Holística tem por objetivo integrar o ser humano ao social, ao

ambiental, corpo, mente e espírito. Transformar a lei do compartimento em o

"todo" interligado.

No processo educacional a visão holística tem como objetivo levar o

educando ao processo de aprendizagem transdisciplinar. Despertar e

desenvolver a razão, intuição, sensação e sentimento. Desenvolver o ser

humano integralmente.

A educação dentro de uma visão holística não tem uma proposta pronta,

com "receitas", e sim uma forma de pensar e perceber a vida, na qual podemos

trabalhar a espiritualidade, o corpo e a mente através da reflexão, consciência

ecológica, nas artes, nos jogos, enfim, repensar a educação buscando o

equilíbrio entre o individual e o universal.

Há indistinção entre sujeito observador e objeto. Para Bertrand e Valois (1994), a pessoa une-se a todas as outras pessoas, a todas as consciências, a toda as outras “partículas” do cosmos, para constituir um “nós”, no sentido de simbiose. Disso resulta uma ação em comum, uma sinergia, em que as forças criativas de cada um e de todos convergem na ação. A consciência de uma totalidade cósmica leva os holistas a buscarem um equilíbrio dinâmico entre o homem e o seu meio biofísico, a convivência entre as pessoas, a preservação ambiental e a denúncia de todas as formas de destruição da natureza, a união das pessoas e da natureza no todo. O projeto educativo visa conscientizar para o fato de que as pessoas pertencem ao universo e que desenvolvimento da espécie humana depende de um projeto mundial de preservação da vida. A educação holística não rejeita o

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conhecimento racional, mas insiste em considerar a vida como uma totalidade em que o todo se encontra na parte, cada parte é um todo, porque o todo está nela. Daí que a consciência da pessoa só pode ser comunitária, ecológica e cósmica (LIBÂNEO apud BERTRAND; VALOIS, 1994, p. 93)

Precisamos urgentemente repensar a prática pedagógica para a formação

dos educandos e educadores, as academias precisam praticar as teorias

modernas de educação, já que a prática pedagógica atual não tem trazido

resultados satisfatórios para a resolução de problemas vivenciados pela

humanidade na contemporaneidade.

Alfabetização Ecológica se faz necessária devido ao desequilíbrio da mente

humana ocasionou o desequilíbrio do ecossistema tornando-o uma preocupação

dos dias atuais nas instituições educacionais. Em outras palavras, a crise

ecológica é reflexo de uma crise na educação, pois esta não contempla as

necessidades do mundo contemporâneo em sua complexidade econômica,

social e multicultural.

A alfabetização ecológica se preocupa em ensinar às novas gerações que

somos partes integrantes do mundo natural, fazemos parte de um todo, porém

não ensinamos aos jovens o que significa esse todo formado por pequenas

partes. Daí a necessidade de um reolhar para o que estamos ensinando e

aprendendo em nosso cotidiano.

A meta da alfabetização ecológica não é ensinar conteúdos

desconectados, insignificantes e descontextualizados e sim entrelaçar os

saberes em uma grande teia de conhecimentos úteis para o ser humano, seu

desenvolvimento saudável, sustentável, integral e ético, na qual as diversas

potencialidades do educando sejam desenvolvidas de forma crítica e motivados

pela ação ecológica.

O desequilíbrio dos ecossistemas reflete um desequilíbrio anterior da mente, tornando-o uma questão fundamental nas instituições voltadas para o aperfeiçoamento da mente. Em outras palavras, a crise ecológica é, em todos os sentidos, uma crise de educação. Toda educação é educação ambiental [...] com a qual por inclusão ou exclusão ensinamos aos jovens que somos parte integral ou separada do mundo natural. A meta não é o mero domínio de matérias específicas, mas estabelecer ligações entre a cabeça, a mão, o coração e a capacidade de reconhecer diferentes sistemas [...] o “padrão que interliga”. (ALDO LEOPOLD, apud CAPRA 2006, p 11)

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Precisamos discutir a educação através de uma compreensão sistêmica da

vida associando teoria e práxis, reconhecendo a interconexão entre os sistemas

envolvidos nos processos de sustentabilidade necessários à existência.

A ética, segundo Mário Cortella (2011), é um conjunto de valores e

princípios que necessitamos para definir questões em nossa vida “quero, devo,

posso”. A paz de espírito é quando conseguimos realizar um objetivo em que

não fira estes valores perante o conceito social.

Inteligência Ética é um conceito desenvolvido por Virgínia Brandão (2010).

É a inteligência da conduta na qual o indivíduo age conscientemente sem o

automatismo das ações. O automatismo das ações cria desarmonia entre os

seres humanos e em sua relação com a natureza.

Para que a inteligência ética aconteça naturalmente, é necessário nos

conhecermos e conhecermos os outros. Devemos identificar os valores de cada

atitude e escolher a nossa conduta através de nossa consciência que está

intimamente ligada à responsabilidade social.

A responsabilidade social deve estar introjetada em nós pela consciência

plena do que fazemos independente de uma regra ou paradigma da “moda”. Está

intimamente ligada ao sentimento de pertencimento. É importante ressaltar que

a inteligência ética é construída através de parâmetros.

Aplicando a inteligência ética na Ecopedagogia é nessassário pontuar que

ela só existirá através das discussões democráticas sobre os parâmetros. Isso

só é possível através de conhecimentos profundos sobre os problemas

cotidianos. Quando o conhecimento é limitado, a consciencia será limitada, por

isso a importância de conhecer o todo e estimular os educadores e educandos

a estarem abertos para novas ideias e culturas, ou seja, fugir da redução, não

nos fecharmos em um paradigma.

Precisamos mostrar o sentido da vida e como as nossas ações irão interferir. A economia nasce da atividade do homem, mas a natureza não se comporta dessa forma passiva. Precisamos entender que a terra não é uma propriedade privada, mas coletiva. É imoral não discutirmos nas nossas escolas os problemas da contemporaneidade, desenvolvendo o sentido ecológico. (VIRGINIA, 2010, p, 17)

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Para alcançarmos nossos objetivos na proposta ecopedagógica,

precisamos nos instrumentalizar “saber para ser”, pois só o conhecimento

consciente poderá transformar o comportamento dos aprendentes em ações

consistentes e transformadoras.

A falta da construção da inteligência ecológica no ato simples como

comprar, seja produtos básicos para sobrevivência como alimentos ou bens de

consumo, pode ocasionar impactos para o planeta. Vivemos em uma sociedade

altamente consumista e que atualmente chega a ocasionar doença de consumo

desenfreado, a neofilia, comprar pelo simples ato do consumo, comprar sem

necessidade, mas para satisfazer uma vontade, gerada pela expectativa social

na qual o ter é mais importante do que o ser.

Segundo Goleman, a inteligência ecológica vai além de conhecer o

funcionamento dos seres vivos e da natureza: ela inclui também a compreensão

dos diversos tipos de interação entre os seres humanos e os sistemas naturais,

além da capacidade de enxergar a ligação que há entre nossas ações e seus

impactos no planeta, na nossa saúde e em nossos sistemas sociais.

A proposta que defendo é proporcionar uma reflexão séria e responsável

sobre os impactos entre o consumo, a sociedade, o bem estar de todos e o

planeta terra e seus recursos. Quando passamos a refletir e ter consciência do

mal que estamos causando a nós mesmos e ao planeta, nos inquietamos e

somos movidos para a reversão do quadro atualmente apresentado.

A inteligência é o que diferencia os seres humanos dos demais animais,

entretanto essa qualidade não está sendo utilizada ao nosso favor.

Goleman defende conhecer os impactos, favorecer as melhorias e compartilhar o que foi aprendido. E, quando o assunto é dividir as informações, Goleman defende o que chama de “transparência radical”, condição em que todas as informações sobre um produto -- dos rastros de carbono que ele deixa às condições de trabalho das pessoas que o produzem -- serão disponibilizadas para os consumidores. Só assim, eles farão escolhas conscientes toda vez que forem às compras. (GOLEMAN, 2010, p, 296)

O grande problema que encontramos na contemporaneidade é que ainda

somos regidos por meios de comunicação, mídia e ideologias que visam

interesses de poucos, mas grandes capitalistas que dominam o mercado nossas

mentes sem que nos demos conta do que está acontecendo.

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A inteligência ecológica está intimamente ligada à alfabetização ecológica,

o pensar reflexivo, as políticas públicas dirigidas para atingir metas para a

concretização do saber ser cidadão planetário, cosmopolita, preocupado com o

outro.

4.3 Projeto jovens valorizando a vida

Este projeto foi uma parceria com o Ministério Público, o qual financiou,

acompanhou e colaborou na execução do mesmo. O recurso utilizado provém

de multas pagas por cidadãos infratores.

Para a realização deste projeto tivemos o apoio da Prefeitura Municipal e

Secretarias, Empresários, Voluntários em diversas áreas, Polícia Miliar, Corpo

de Bombeiros de Paulo Afonso, Polícia Rodoviária Federal, Polícia da Caatinga,

Faculdade Dom Luiz, Escola de Enfermagem, Balcão de Justiça, Clínicas e

Médicos em diversas especializações.

A ideia surgiu devido a observação dos mais complexos desafios atuais

que é a promoção do bem-estar coletivo e da efetividade dos direitos humanos.

Nesse sentido, o projeto “Jovem Valorizando a Vida”, desenvolvido em parceria

entre a Promotoria de Justiça de Ribeira do Pombal e a Prefeitura Municipal, com

a participação do Colégio Municipal Evência Brito e do Colégio Estadual Central,

efetivará ações na prestação de serviços voluntários aos jovens destas

instituições e seus responsáveis, precedidas pelo atendimento às suas

necessidades.

O jovem, como segmento específico da sociedade, possui características

comportamentais peculiares, podendo ser importante agente de transformação,

sendo, portanto, dever da sociedade em geral, reconhecer e incorporar o jovem

como elemento ativo de seu desenvolvimento.

O projeto “Jovem Valorizando a Vida”, em sua concepção maior, justifica-

se por ser a implementação de ações que facilitam o acesso a direitos que são

essenciais para resgatar a cidadania de alunos que estão à margem da

sociedade. Nesta intervenção no contexto social para os alunos dos Colégios

Evência Brito e Central, os jovens participam como atores principais de ações

que dizem respeito à sua vida enquanto cidadão.

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A concepção do projeto busca definir uma proposta que possibilite

experiências práticas que estimulem aos participantes a vivência de um espaço

privilegiado de vínculo com as suas necessidades.

Diante desta realidade, os jovens são participantes e autores das ações do

projeto, pois através de um conjunto de ações desenvolvimento pessoal e social

poderão construir um caminho de acesso à valorização dos direitos humanos,

mediante sua formação aliada à vivência concreta.

A implantação do projeto “Jovem Valorizando a Vida” contemplará” 7.600

(sete mil e seiscentas) pessoas entre alunos e pais do Colégio Evência Brito e

do Colégio Central e contará com o envolvimento de 300 (trezentos) voluntários

da área de educação, saúde e assistência social, como também receberá o apoio

de empresários do município e instituições de defesa dos cidadãos.

Os objetivos deste projeto foram:

Fomentar a conscientização da importância da parceria com as demais

secretarias e a comunidade local.

Fortalecer a Rede Social como articuladora e defensora dos direitos da

criança e do adolescente segundo preconiza o ECA.

Mobilizar a comunidade local em prol de uma sociedade mais justa e

igualitária.

Promover atendimento gratuito a população em ações na área civil

como: pensão alimentícia, retificação de nomes e aconselhamento jurídico.

Despertar nos jovens o senso de cidadania através da retirada dos

principais documentos como RG, CPF, e a regulamentação do alistamento para

os Jovens maiores de 18 anos.

Desenvolver no adolescente técnica de artesanato para o

desenvolvimento da criatividade e de habilidades especifica.

Possibilitar aos adolescentes atividades independentes relacionadas

ao artesanato, maquiagem, que poderão ser fonte de renda e sustentabilidade.

Incentivar a reciclagem de materiais que seriam descartados na

natureza.

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Melhorar a qualidades de vida através das ações educativas e

preventivas como: aferição de pressão, teste de glicose, serviços odontológicos

e orientação nutricionais.

O projeto foi realizado no dia 23 de novembro, no Colégio Evência Brito.

Neste dia será emitir documentos e receber atendimento médico e odontológico,

além de propiciar atividades de lazer, educação e esporte.

O projeto contemplará 7.680 (sete mil, seiscentas e oitenta) pessoas entre

alunos e pais do Colégio Evência Brito e do Colégio Central e 300 voluntários da

área de educação, saúde e assistência social, além de empresários do município

e instituições de defesa dos cidadãos.

Haverá 13 (treze) salas para atendimento com profissionais de saúde em

diversas especialidades como gastroenterologistas, cardiologistas,

ginecologistas, oftalmologistas, nutricionistas, odontólogos e exames

laboratoriais totalizando 740 (setecentos e quarenta) atendimentos.

Além disso, serão disponibilizadas oficinas de bijuteria, biscuit, reciclagem,

customização de camisas, maquiagem e embalagem para presentes sendo

contemplados 420 (quatrocentos e vinte) alunos. Serão emitidos 330 (trezentos

e trinta) documentos, e realizados 18 (dezoito) casamentos e, aproximadamente,

500 (quinhentos) atendimentos jurídicos ao cidadão.

Quem nunca teve uma cédula de identidade ou CPF pode, finalmente,

passar a fazer parte das estatísticas oficiais do país. Também será viabilizado a

união pelo casamento, realizando assim o sonho de muitos casais e filhos. E

uma área de lazer será propiciada para aqueles que tenham interesse em

atividades físicas, esportivas, culturais e de entretenimento.

O encerramento será feito com a Banda Adão Negro que fará uma palestra

e em seguida, realizará show para os participantes.

Um único dia pode parecer pouco quando se quer mudar a realidade dos

cidadãos, mas para o Ministério Público e seus parceiros, é tempo suficiente

para transformar o destino de muitos jovens, posto que, a partir desta semente

plantada outras vivências e reflexões serão construídas.

A educação é o melhor caminho para a preparação do jovem para o

exercício da cidadania. Assim, a escola é um espaço privilegiado para o

desenvolvimento desta formação, pois abre espaços e facilita os processos de

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participação efetiva dos jovens na construção da sua própria identidade e do

atendimento as suas reais necessidades.

De acordo com o Estatuto da Criança e do Adolescente - ECA o jovem tem

direito à liberdade, ao respeito e à dignidade como pessoas humanas em

processo de desenvolvimento e como sujeitos de direitos civis, humanos e

sociais garantidos na Constituição e nas leis; o direito de conviver com a família,

participar da vida da comunidade, brincar, praticar esportes, se expressar e

opinar.

Portanto é direito de todos os jovens participarem de ações que atendam

aos seus direitos como a escola, a saúde, o lazer. Para isso é preciso garantir-

lhes o êxito, e isso só é possível quando há parceria. Neste projeto o trabalho

parceiro e coletivo possibilitará aos jovens a inserção nas atividades, conferindo-

lhes o direito de se envolver em atividades diversas que dizem respeito ao seu

contexto, valorizando suas habilidades e atendendo suas necessidades.

Por fim, a autonomia e a liberdade são clamadas pelos jovens que desejam

participar, conhecer e serem valorizados. Acredita-se que no ambiente deste

projeto, os jovens poderão exercitar estes valores e assim treinar para que

consigam inserir-se na sociedade fazendo as melhores escolhas. O que se

espera, portanto, como resultado deste projeto, é que trabalhando juntos e

colaborando para a garantia dos direitos dos jovens todos os envolvidos

contribuam para uma qualidade de vida e educação para todos os jovens

envolvidos.

Os indicadores de processo foram:

Número de jovens atendidos na área de educação, saúde e assistência

social:

ESPECIALIDADE NÚMERO DE ATENDIMENTO

SAÚDE 720

OFICINAS 420

DOCUMENTOS 330

CASAMENTOS 18

ATENDIMENTO JURÍDICO 500

TOTAL 1.988

Fotos do evento

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01 relatório contextual com dados quantitativos e qualitativos

Divulgação do projeto nas emissoras locais;

Distribuição de material impresso;

4.4 Caravana do Esporte e da Música – Instituto Ana Mozer

Posso afirmar que todos os meus esforços anteriores culminaram na

realização deste projeto, pois desta vez, não fui eu quem entrou em contato e

sim o UNICEF, devido ao projeto “Todo dia é dia de Índio” e das informações

contidas no site “Faça Parte”.

Este projeto consiste em levar a cultura, música e esportes para os

municípios carentes deste apoio.

As atividades propostas são interessantes, levar atletas campeões

olímpicos, atores e músicos reconhecidos nacionalmente para o município,

incentivando assim a prática saudável do esporte e lazer.

As atividades tiveram duração de uma semana e contemplaram os alunos

das escolas municipais de Ribeira do Pombal e uma caravaninha em um

povoado mais carente, Feira da Serra, povoado distante 40 km de Ribeira do

Pombal, descriminado pela pobreza e falta de estrutura escolar.

Durante o projeto houve gravações do canal a cabo ESPN mostrando toda

as atividades realizadas e que estão disponíveis no site http//www.

espn.uol.com.br/modalidade/caravanadoesporte.

4.4.1 Relevância do projeto

O Brasil possui uma população de 190 milhões de pessoas, dos quais 60

milhões têm menos de 18 anos de idade, o que equivale a quase um terço de

toda a população de crianças e adolescentes da América Latina e do Caribe.

São dezenas de milhões de pessoas que possuem direitos e deveres e

necessitam de condições para se desenvolverem com plenitude todo o seu

potencial.

Contudo, as crianças são especialmente vulneráveis às violações de

direitos, à pobreza e à iniquidade no País. Por exemplo, 29% da população vive

em famílias pobres, mas, entre as crianças, esse número chega a 45,6%. As

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crianças negras, por exemplo, têm quase 70% mais chance de viver na pobreza

do que as brancas; o mesmo pode ser observado para as crianças que vivem

em áreas rurais. Na região do Semiárido, onde vivem 13 milhões de crianças,

mais de 70% das crianças e dos adolescentes são classificados como pobres.

Essas iniquidades são o maior obstáculo para o alcance dos Objetivos de

Desenvolvimento do Milênio (ODM) por parte do País.

O Brasil está no rumo de alcançar o ODM 4, que trata da redução da

mortalidade infantil. O País fez grandes avanços – a taxa de mortalidade infantil

caiu de 47,1/1000, em 1990, para 19/1000, em 2008. Contudo, as disparidades

continuam: as crianças pobres têm mais do que o dobro de chance de morrer,

em comparação às ricas, e as negras, 50% a mais, em relação às brancas.

A taxa de sub-registro de nascimento caiu – de 30,3% (1995) para 8,9%

(2008) – mais ainda continua alta nas regiões Norte (15%) e Nordeste (20%).

Aproximadamente uma em cada quatro crianças de 4 a 6 anos estão fora

da escola. 64% das crianças pobres não vão à escola durante a primeira infância.

Nas regiões mais pobres, como o Norte e o Nordeste, somente 40% das

crianças terminam a educação fundamental. Nas regiões mais desenvolvidas,

como o Sul e o Sudeste, essa proporção é de 70%. Esse quadro ameaça o

cumprimento pelo País do ODM 2 – que diz respeito à conclusão de ciclo no

ensino fundamental.

O Brasil tem 21 milhões de adolescentes com idade entre 12 e 17 anos. De

cada 100 estudantes que entram no ensino fundamental, apenas 59 terminam a

8ª série e apenas 40, o ensino médio. A evasão escolar e a falta às aulas ocorrem

por diferentes razões, incluindo violência e gravidez na adolescência. O país

registra anualmente o nascimento de 300 mil crianças que são filhos e filhas de

mães adolescentes.

Na área do HIV/aids, a resposta brasileira é reconhecida globalmente como

uma das melhores, mas permanecem grandes desafios que deverão ser

enfrentados para assegurar acesso universal à prevenção, tratamento e

cuidados para as crianças e os adolescentes brasileiros. A taxa nacional de

transmissão do HIV da mãe para o bebê caiu mais da metade entre 1993 e 2005

(de 16% para 8%), mas continuam a existir diferenças regionais significativas:

12% no Nordeste e 15% no Norte. O número de casos de aids entre os negros

e entre as mulheres continua a crescer num ritmo muito mais acelerado do que

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entre os brancos e entre os homens. Além disso, a epidemia afeta cada vez mais

os jovens.

As crianças e os adolescentes são especialmente afetadas pela violência.

Mesmo com os esforços do governo brasileiro e da sociedade em geral para

enfrentar o problema, as estatísticas ainda apontam um cenário desolador em

relação à violência contra crianças e adolescentes. A cada dia, 129 casos de

violência psicológica e física, incluindo a sexual, e negligência contra crianças e

adolescentes são reportados, em média, ao Disque Denúncia 100. Isso quer

dizer que, a cada hora, cinco casos de violência contra meninas e meninos são

registrados no País. Esse quadro pode ser ainda mais grave se levarmos em

consideração que muitos desses crimes nunca chegam a ser denunciados.

O País tem ainda o desafio de superar o uso excessivo de medidas de

abrigo e de privação de liberdade para adolescentes em conflito com a lei. Em

ambos os casos, cerca de dois terços dos internos são negros. Cerca de 30 mil

adolescentes recebem medidas de privação de liberdade a cada ano, apesar de

apenas 30% terem sido condenados por crimes violentos, para os quais a

penalidade é amparada na lei.

5 PROJETO VIVENCIAL – JOVENS EMPREENDEDORES PRIMEIROS

PASSOS

5.1 Surgimento da ideia

Em 2014 trabalhava na Secretaria Municipal de Educação – SEME como

coordenadora pedagógica do município de Ribeira do Pombal, como sempre fui

curiosa e preocupada com o bairro do Pombalzinho e seu entorno, e devido as

constantes notícias de criminalidade local envolvendo alunos da Escola

Municipal Professora Maria Menezes Cruz Conceição, decidi como

coordenadora da secretaria, acompanhar de forma mais próxima as questões

pedagógicas da escola, tive grande surpresa ao observar que os jovens

estudantes eram criativos, curiosos e com dons artísticos. Traziam consigo as

marcas de uma sociedade injusta e desigual, na qual as famílias eram em sua

maioria, envolvidas com algum tipo de infração e violência doméstica.

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Os alunos, possuíam muitas histórias de vida marcadas pela violência

infantil, traumas e preconceitos cultural, econômico e racial. No entanto,

demonstraram estímulo para se envolver com questões sociais da comunidade.

Procurei uma forma de ajuda-los, mas não queria que fosse algo estanque,

mas que fosse contínuo, diferente, estimulante e que servisse para uma

mudança de paradigmas e trouxesse esperança. Entrei em contato com o

SEBRAE e eles me ofereceram três cursos voltados para o empreendedorismo.

Ao ler o material, observei que um deles se aplicaria ao nosso público, entretanto

não gostaria que fosse apenas um curso de curta direção, mas que tivesse uma

roupagem mais profunda e com alguns conceitos diferentes.

Sou uma crítica ao consumismo exacerbado e da visão empreendedora

meramente capitalista, entretanto é uma realidade que não podemos

negligenciar, ou tirar o direito da população carente ser inserida nesta, afinal

devemos formar cidadãos para que não sejam oprimidos nem opressores, mas

participativos autônomos e solidários. Neste sentido, prefiro a visão de

empreendedorismo social, aquele que é colaborativo, reflexivo e responsável

com o meio ambiente.

Daí me apoiei em alguns referenciais teóricos que respaldam meu

pensamento e outros projetos implantados. Transformei o curso em uma

disciplina do currículo oficial da escola e busquei no SEBRAE parceiro para

oferta de livros didáticos, formação e acompanhamento dos professores.

Tudo combinado e aceito pela Secretaria Municipal de Educação a qual

apoiou e colaborou para que a escola se tornasse piloto na Educação

Empreendedora no Ensino Fundamental I.

Iniciamos a proposta um pouco tarde e não deu para avaliarmos

integralmente os benefícios trazidos, entretanto colhemos depoimentos da

satisfação de pais e professores sobre a disciplina, e a avaliação foi positiva. Os

estudantes do ensino fundamental II solicitaram que esta disciplina passe a fazer

parte de suas disciplinas oficiais.

Em 2015, implantei com a colaboração e apoio da SEME, a disciplina no

Ensino Fundamental II e recebi como gratificação o depoimento de um casal que

estava desempregado e que, com o incentivo da filha passou a vender doces e

salgados que ela tinha aprendido a fazer em uma das oficinas do JEPP.

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As participações dos estudantes em eventos produzindo e vendendo

quadros, doces, perfumadores de ambiente e sachês para chá utilizando as

plantas da região foi se intensificando e sendo reconhecido pela comunidade.

A avaliação desta experiência ainda será realizada neste ano de 2016 e a

prefeitura irá analisar a possibilidade da implantação em todas as escolas do

município.

5.2 Título do projeto

Jovens Empreendedores Primeiros Passos

5.3 Caracterização da escola

A partir da década de 30, surge o Bairro Pombalzinho e atrelado a ele sua

história educacional que se iniciou através do ensino ministrado por professores

leigos e particulares que lecionavam em suas próprias casas.

No período de 1970 e 1972, na administração do prefeito Dr. Décio de

Santana surgiu a primeira escola com 2 (duas) salas de aula e denominada

Escola Antera Borges, em homenagem à referida senhora, por ter sido vereadora

desse município e grande prestadora de serviços comunitários.

Entre 1973 e 1976 foi construída, localizada na BR 110, km 178, com uma

estrutura mais ampla que passou a funcionar no período de 1977 e 1982,

denominada Escola Municipal do Pombalzinho. Por motivos de força maior, entre

1983 e 1988, a referida escola foi transferida para outro prédio, mantendo a

mesma denominação.

Através do projeto de lei, ato de criação n° 2626 - 09/97 tornou-se oficial

o nome da Escola Municipal Professora Maria Menezes Cruz Conceição,

nomenclatura sugerida pela Câmara Municipal de Ribeira do Pombal da época,

homenageando a professora Maria Cruz, como era conhecida por todos, a

mesma dedicou a sua vida profissional a educação Pombalense. Maria Menezes

Cruz Conceição, natural de Ribeira do Pombal Bahia, nasceu em 13 de junho de

1936. Teve sua formatura adquirida pela Escola Normal Isaias Alves, em

Salvador BA. Em sua carreira educacional foi nomeada em 1958 para lecionar

na escola Rui Barbosa, situada em Ribeira do Pombal, indicada em 1973,

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através de decreto municipal, exerceu cargo de vice-diretora do Colégio

Industrial Evencia Brito na mesma cidade, onde ao mesmo tempo lecionou a

disciplina Língua Portuguesa durante uma década. Em 1987 assumiu a direção

das escolas municipais desta mesma cidade na qual permaneceu até 1996.Não

obstante os cargos administrativos que desempenhou, Maria Cruz foi docente

no antigo curso de admissão ao ginásio, da disciplina Língua Portuguesa desde

1962 até quando o mesmo foi extinto. Maria Menezes Cruz Conceição foi uma

das mais altas expressões de responsabilidade e dedicação a educação de sua

terra natal sendo lembrada por todos os seus contemporâneos porque

estabelecia uma íntima relação entre escola e seu meio social.

No período que compreende (1998-2000), a demanda de alunos cresceu

consideravelmente no bairro, havendo a necessidade de transferência da escola

para uma área mais ampla.

O antigo prédio na BR 110, km 178 foi ampliada, e adaptada a fim de suprir

essa necessidade, mantendo o seu funcionamento até os dias atuais.

A Escola Municipal Professora Maria Menezes Cruz Conceição, possui

uma realidade, infelizmente, ainda comum em nosso país, onde seu alunado faz

parte de uma classe social extremamente carente, numa condição acentuada de

pobreza e sem possibilidades, muitas vezes, de uma alimentação saudável ou

mesmo regular, que resulta em diversos problemas sociais, econômicos e

psicológicos, o que não é fator único, mas acaba comprometendo

significativamente a aprendizagem dos alunos.

A Escola atende em média 970 alunos distribuídos nos três turnos

(matutino, vespertino e noturno) em suas onze (11) salas de aula, e mais uma

escola anexa que funciona na zona rural. As modalidades de ensino são,

Fundamental I, Fundamental II e EJA (Educação de Jovens e Adultos).

A Escola fica localizada na zona urbana periférica, porém atende alunos da

zona rural e do próprio bairro Pombalzinho. Os educandos pertencem à faixa

etária de 06 a 60 anos, necessitando assim, de vários recursos para atender

melhor essa diversidade.

Devido ao elevado nível de famílias de baixa renda existente nesta

comunidade, a perspectiva de vida é extremamente negativa e desestimuladora,

que faz com que a agressividade se torne realidade existente no cotidiano dos

alunos e no ambiente escolar. Consequentemente, tal realidade interfere

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diretamente no desenvolvimento do processo de ensino e aprendizagem da

escola e dos educandos. Por isso, a instituição apresenta como estratégia

metodológica a compreensão da necessidade de um resgate de valores éticos,

sociais e morais como processo mediador da formação cidadã dos educandos.

O Projeto Político pedagógico tem como objetivo primordial a construção

transformadora de uma consciência cidadã capaz de integrar os educandos na

sociedade bem como no atual mercado de trabalho onde, através destes, seja

possível modificar o baixo nível de sobrevivência em que se encontram.

Entende-se como processo mediador de transformação de valores, a

consciência dos significados de compromisso, respeito ao próximo e a si mesmo,

responsabilidade, solidariedade, e resgate da autoestima de cada indivíduo

como ser único e responsável por sua realidade futura.

Esta instituição acredita que o meio educacional, escola - educadores-pais

e comunidade tornam-se os principais responsáveis e indispensáveis para

transformações

5.4 Objetivos

Geral

Provar que o coordenador pedagógico pode ser um grande captador de

parceiros externos que interferem positivamente no currículo escolar.

Específicos

Sensibilizar os educadores para a prática dinâmica, criativa e de

responsabilidade social.

Demonstrar aos coordenadores e leitores em geral, que o currículo é

dinâmico, flexível e visa aos interesses da comunidade escolar.

Incentivar a prática de captador de parceiros externos nos coordenadores

pedagógicos.

Formar professores para a prática pedagógica vislumbrando a tendência

holística de educação;

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Fomentar a participação dos estudantes nos projetos escolares como

construtores de saberes e não como receptores.

Implantar a solução do SEBRAE como uma disciplina do currículo

diversificado da Unidade Escolar

5.5 Metodologia da pesquisa

Este trabalho não tem a pretensão de discutir o currículo nacional,

tampouco o municipal, mas iremos nos ater a uma experiência de intervenção

curricular, que tem o propósito de trazer para o currículo escolar, em sua parte

diversificada, um componente voltado para atender necessidades específicas da

comunidade do Pombalzinho, no município de Ribeira do Pombal – Bahia, na

qual a escola está inserida. Para tanto, optamos por fazer uma pesquisa ação,

reunindo as obras em torno deste tema, como também artigos e dissertações

tendo em vista a natureza e a especificidade do tema pesquisado. Tem como

objeto de estudo a ação do coordenador pedagógico como captador de agentes

externos que interferem.

A pesquisa aqui proposta é baseada em um projeto piloto que está

acontecendo na Escola Municipal Professora Maria Menezes Cruz Conceição,

onde a pesquisadora é coordenadora pedagógica, e responsável pelo processo

de inserção do JEPP como componente curricular na Unidade Escolar durante

o ano letivo de 2015.

O universo pesquisado é a comunidade da Escola Municipal Professora

Maria Menezes Cruz Conceição no qual funciona o Ensino Fundamental e

Educação de Jovens e Adultos, localizada na BR 110, no Bairro do Pombalzinho.

Na escola estudam 426 alunos do Ensino Fundamental I e 251 alunos do Ensino

Fundamental II e trabalham 23 professores. A amostra da coleta de dados desta

pesquisa será composta por 100% dos professores do Ensino Fundamental,

60% dos alunos do Ensino Fundamental, utilizando a pesquisa quantitativa e

qualitativa, levando em conta variáveis como: perfil dos respondentes, o grau de

envolvimento dos pesquisados no projeto, e a formação dos professores.

A implantação do JEPP como componente curricular iniciou em setembro

de 2014 com a construção a formação dos professores do Ensino Fundamental

II e será concluída em dezembro de 2015 com os resultados obtidos durante o

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ano letivo. As técnicas utilizadas serão: questionários abertos e fechados,

entrevistas semiestruturadas, filmagens, gravação de depoimentos, fotos,

construção de documentos que validarão o Componente Curricular no Conselho

Municipal de Educação e os resultados pedagógicos do Projeto Piloto.

5.6 Resultados esperados

Os resultados deverão ser coletados a partir de março de 2016, período em

que encerramos a parceria com o SEBRAE. Serão coletados através de reunião

entre os professores e gestão escolar, resultados finais, repercussão do projeto

entre alunos, professores e comunidade, entrevista com pais e responsáveis dos

estudantes, avaliações dos conselhos de classe paralelo e análise das

competências e habilidades.

Espera-se que os estudantes tenham gostado da experiência e utilizem no

cotidiano o que foi vivenciado, favorecendo o seu desenvolvimento para a prática

empreendedora, crítica e participativa na sociedade.

5.7 Avaliação

A avaliação será feita através dos resultados coletados e temos como

objetivo posterior, implantar esta solução em todas as escolas municipais de

Ensino Fundamental I e II.

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6 CRONOGRAMA

MÊS

Fevereiro

Busca de parceria com SEBRAE e desenvolvimento da solução escola

Municipal Professora Maria Macêdo Cruz Conceição

Março

Início da parceria com o SEBRAE

Abril

Curso de captação dos professores e coordenadores

Maio

Sensibilização da comunidade escolar e Início do JEPP

Junho

I Encontro de acompanhamento

Julho

Planejamento do II semestre

Agosto

Planejamento da Feira Empreendedora

Setembro

Apresentação dos estudantes em encontro com empresários

Outubro

II Encontro de acompanhamento da SOLUÇÂO

Elaboração do Trabalho de Pesquisa

Novembro

Feira empreendedora

Elaboração do Trabalho de Pesquisa

Dezembro

Término da elaboração do Trabalho de Pesquisa

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7 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O tema escolhido precisa ser explorado por outros pesquisadores que

possam contribuir para uma maior reflexão, pois vejo a necessidade de criarmos

alternativas para nossa sociedade, sem necessariamente depender do Estado.

Em tempos de corrupção, recessão e política partidária que visa interesses

particulares, faz-se necessário um clamor à sociedade civil para envolver-se na

busca de novos paradigmas educacionais que colaborem com a melhoria do

ensino e aprendizagem dos estudantes e professores. Sair do comodismo e

receitas prontas, culpabilizando o sistema pelas mazelas sociais não é uma

opção viável, afinal, também fazemos parte do sistema. Iniciemos nossa prática

educacional nos perguntando o que rege o sistema, e qual nosso papel dentro

dele.

Acredito na proatividade dos seres humanos preocupados em transformar

a sociedade calada e mal informada, em outra onde consista em ideais

revolucionários, críticos e que interaja com os cidadãos e entidades de todo o

mundo. Temos uma grande oportunidade através dos meios de comunicação

atual para sermos grandes comunicadores e captadores de colaboradores, para

tanto, precisamos tomar posse de informações, dados e atitudes.

Sou consciente que as verdadeiras e profundas transformações não serão

realizadas nesta geração, porém precisamos dar início a elas para que nossos

filhos e netos sejam beneficiados. Qualidade na educação do Brasil e o direito a

ela é responsabilidade de todos nós educadores.

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ANEXOS

Filmagem do ESPN sobre o projeto “Caravana do Esporte e da música”. Atividade esportiva na

comunidade da Feira da Serra – Ribeira do Pombal.

Cinema “Caravana do Esporte e da música”. Atividades esportivas

Exame de sangue e orientação sobre saúde e nutrição “Projeto Jovens Valorizando a Vida”

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Oficina de doces – JEPP Amostra de artes - JEPP

Oficina de artesanato – JEPP Feira empreendedora – JEPP

Formação de professores - JEPP