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1 UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA FACULDADE DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS HUMANAS DEPARTAMENTO DE ANTROPOLOGIA E ETNOLOGIA Prof.: Marco Tromboni Disciplina FCHF11 Antropologia da Família e do Parentesco. Carga horária: 68h/a PROGRAMA Ementa: Revisão crítica introdutória ao estudo dos grupos humanos e seus sistemas de parentesco, enfatizando a análise da família e da organização doméstica, inclusive nas formações sociais contemporâneas. Enfoque analítico nas questões referentes à reprodução, sexualidade e parentesco; papéis sexuais e relações de gênero; família, estado e sociedade; formas de divisão etária e sexual do trabalho e organização doméstico-familiar; ciclo de vida e desenvolvimento de grupos domésticos. Estudos de caso no contexto da cultura brasileira. PRIMEIRA PARTE: 1 Natureza X condição humanas 1.1 Evolução e reprodução humanas à luz da biologia moderna. FOX, Robim. “As condições da evolução sexual”. In Sexualidades ocidentais, Philippe Ariès e André Béjin (orgs.). São Paulo, ed. Brasiliense, 1985, pp.9-24. 1.2 Condição humana INGOLD, Tim. “Humanidade e animalidade”. In Revista Brasileira de Ciências Sociais, 28, junho de 1995. (pdf) Leitura complementar: Durham, Eunice. Os chimpanzés também amam: a linguagem das emoções na ordem dos primatas. In Revista de Antropologia, vol. 45(1), p. 85-154. (pdf) 2 Relação entre parentesco e organização social 2.1 Evolução, parentesco e estrutura social entre os povos coletores-caçadores. LEAKEY, Richard E. e LEWIN, Roger. O povo do lago. O homem: suas origens, natureza e futuro. Brasília, EDUNB, 1980. cap. 6, “Um modo de vida antigo”, pp. 90- 116. 2.2. Oposição sociedades simples X sociedades complexas CLASTRES, Pierre. O arco e o cesto. In A sociedade contra o estado: Pesquisas de antropologia política. São Paulo: Cosac & Naify, 2003, pp.119-143.

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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA

FACULDADE DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS HUMANAS

DEPARTAMENTO DE ANTROPOLOGIA E ETNOLOGIA

Prof.: Marco Tromboni

Disciplina FCHF11 Antropologia da Família e do Parentesco. Carga horária: 68h/a

PROGRAMA

Ementa: Revisão crítica introdutória ao estudo dos grupos humanos e seus sistemas de

parentesco, enfatizando a análise da família e da organização doméstica, inclusive nas

formações sociais contemporâneas. Enfoque analítico nas questões referentes à

reprodução, sexualidade e parentesco; papéis sexuais e relações de gênero; família,

estado e sociedade; formas de divisão etária e sexual do trabalho e organização

doméstico-familiar; ciclo de vida e desenvolvimento de grupos domésticos. Estudos de

caso no contexto da cultura brasileira.

PRIMEIRA PARTE:

1 – Natureza X condição humanas

1.1 – Evolução e reprodução humanas à luz da biologia moderna.

FOX, Robim. “As condições da evolução sexual”. In Sexualidades ocidentais, Philippe

Ariès e André Béjin (orgs.). São Paulo, ed. Brasiliense, 1985, pp.9-24.

1.2 – Condição humana

INGOLD, Tim. “Humanidade e animalidade”. In Revista Brasileira de Ciências

Sociais, 28, junho de 1995. (pdf)

Leitura complementar:

Durham, Eunice. Os chimpanzés também amam: a linguagem das emoções na ordem

dos primatas. In Revista de Antropologia, vol. 45(1), p. 85-154. (pdf)

2 – Relação entre parentesco e organização social

2.1 – Evolução, parentesco e estrutura social entre os povos coletores-caçadores.

LEAKEY, Richard E. e LEWIN, Roger. O povo do lago. O homem: suas origens,

natureza e futuro. Brasília, EDUNB, 1980. cap. 6, “Um modo de vida antigo”, pp. 90-

116.

2.2. Oposição sociedades simples X sociedades complexas

CLASTRES, Pierre. O arco e o cesto. In A sociedade contra o estado: Pesquisas de

antropologia política. São Paulo: Cosac & Naify, 2003, pp.119-143.

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SAHLINS, Marshall. “A primeira sociedade da Afluência”, in Edgard A. Carvalho

(prg.), Antropologia Econômica, São Paulo, Livraria Editora Ciências Humanas, 1978,

pp. 7-44.

3 – Vocabulário e conceitos básicos nos estudos de parentesco

Exposição (Power Point) sobre a terminologia básica nos estudos de parentesco.

Diagramação. Parentesco bilateral. Parentes lineares e colaterais. Parentes matrilaterais

e patrilaterais. Matrilinhagem e patrilinhagens. Primos paralelos e cruzados. Endogamia

e exogamia.

Leitura complementar:

SCHUSKY, Ernest L.. Manual para a análise do parentesco. São Paulo, EPU, 1973,

146p.

4 – Sistemas terminológicos de parentesco:

Apresentação do estudo pioneiro de Morgan sobre os sistemas classificatórios e

descritivos. As terminologias de parentesco como função da estrutura social ou como

sistemas semânticos autônomos. (Power Point)

(Os trabalhos de Morgan, e os debates entre seguidores e detratores)

KROEBER, A.L.. “Sistemas classificatórios de parentesco”. In Roque de Barros Laraia

(org.) Organização Social, Rio de Janeiro, 1969 [1909], pp. 15-25.

RIVERS, W. H. R. “Método genealógico de pesquisa antropológica”. In Roque de

Barros Laraia (org.) Organização Social, Rio de Janeiro, 1969 [1910], pp. 26-38.

Leituras de apoio:

ALMEIDA, Mauro William Barbosa de. “Lewis Morgan: 140 anos dos Sistemas de

Consanguinidade e Afinidade da Família Humana (1871-2011)”, Cadernos de Campo,

n. 19, 2010, p. 309-22, http://mwba.files.wordpress.com/2010/06/barbosa-de-almeida-

2010-lewismorgan-c.pdf

SILVA, Márcio Ferreira da. 1871: o ano que não terminou. Cadernos de campo, São

Paulo, n. 19, p. 323-36, 2010.

5 – A relatividade cultural das noções de paternidade e maternidade

(O parentesco como elaboração ou ordem cultural imposta sobre os universais

biológicos das relações sexuais e da reprodução através do nascimento. A relação

pai/mãe/filho na etnografia de Malinowski nas Ilhas Trobriand)

MALINOWSKI, Bronislaw; A vida sexual dos selvagens, Rio de janeiro, Francisco

Alves, 1983, cap. 7, “A procriação e a gravidez, segundo as crenças e os costumes dos

nativos”, pp.181-219.

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5.1 – O casamento em Malinowski

MALINOWSKI, Bronislaw; A vida sexual dos selvagens, Rio de janeiro, Francisco

Alves, 1983. cap. 4, “Os caminhos para o casamento”, pp. 105-31, e cap. 5, “O

casamento”, pp. 132-60.

6 – Teorias da descendência

(A relação entre antropologia política e antropologia do parentesco na escola estrutural

funcionalista. A teoria geral dos sistemas de descendência unilinear na África, a

centralidade do modelo da linhagem como grupo corporativo, e a sua dinâmica

segmentar. As tensões estruturais entre matrilinearidade e distintas formas de residência

pós-marital. O sistema de dupla descendência unilinear dos yakos (Forde). O conceito

de filiação complementar, a partir do caso dos tales (Fortes). Crítica ao modelo da

descendência unilinear aplicado a sociedades não-africanas. A crítica de Leach ao

conceito de filiação complementar de Fortes

6.1. – A dimensão jurídica do parentesco

RADCLIFFE-BROWN, Alfred Reginald, Estrutura e Função na Sociedade Primitiva.

Petrópolis: Vozes. 1973. Cap. 1, “O irmão da mãe na África do sul”, pp. 27-45; Cap. 2

“Sucessão patrilinear e matrilinear,” pp. 46-66; Cap.3. “O estudo dos sistemas de

parentesco”, pp. 67-114

RADCLIFFE-BROWN, A. R. 1982 [1950] “Introdução”, Sistemas Políticos Africanos

de Parentesco e Casamento. Lisboa. Fundação Calouste Gulbenkian

FORTES, Meyer et E.E. EVANS-PRITCHARD, E.E. “Introdução”, Sistemas políticos

africanos. Porto, Fund. C. Gulbenkian, 1981 [1940], pp.25-62.

6.2 – O conceito de Descendência

FORTES, Meyer (1982 [1950]) “Parentesco e Casamento entre os Ashanti”. In

RADCLIFFE-BROWN & FORDE (eds.) Sistemas Políticos Africanos de Parentesco e

Casamento. Lisboa. Fundação Calouste Gulbenkian

6.3 – Desenvolvimentos

FORDE, D. Descendência dupla entre os Yako, in A. R. Radcliffe-Brown & D. Forde

Sistemas Africanos de Parentesco e Casamento, São Paulo: Globo, 1990 [1950].

FORTES, Meyer (1982 [1950]) “Parentesco e Casamento entre os Ashanti”. In

RADCLIFFE-BROWN & FORDE (eds.) Sistemas Políticos Africanos de Parentesco e

Casamento. Lisboa. Fundação Calouste Gulbenkian

6.4 – A dimensão política e territorial do parentesco: o caso Nuer.

EVANS-PRITCHARD, E.E. Os Nuer, São Paulo, Editora Perspectiva, 1993 [1940]

(cap. 5,

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pp. 201-56) ou

__________, Os Nuer do sul do Sudão. In M. Fortes et E.E. Evans-Pritchard, Sistemas

políticos africanos. Porto, Fund. C. Gulbenkian, 1981 [1940]

Leitura de apoio:

Leitura de apoio:

FOX, Robin. Parentesco e casamento. Uma perspectiva antropológica. Lisboa, Vega,

1986, 338p (caps. 3,4,5 e 6, pp. 91-210)

7 – Teorias da aliança:

As categorias de casamento e união. Regras básicas de exogamia e endogamia. A noção

de afinidade em oposição a consanguinidade. O sistema de troca de mulheres como

forma de reciprocidade, aliança e integração social (Lévi-Strauss). Os sistemas

elementares (prescritivos) e os sistemas complexos. Os casamentos de primos cruzados.

Descrição das trocas simétricas nas sociedades organizadas em metades (sistema

kariera). As trocas assimétricas. (Power Point)

7.1 – Natureza e cultura: polêmicas em torno do tabu do incesto

LÉVI-STRAUSS, C. As estruturas elementares do parentesco. Petrópolis: Vozes, 1982

[1949, 1967] (cap. 1, Natureza e cultura; e cap 2, O problema do incesto)

Leitura de apoio:

FOX, Robin. “O problema do incesto”. In Parentesco e casamento. Uma perspectiva

antropológica. Lisboa, Vega, 1986, pp.63-90.

7.2 – Afinidade e troca matrimonial

LÉVI-SRAUSS, C.. As estruturas elementare do parentesco. Petrópolis: Vozes, 1982

[1949, 1967] (cap.3, O universo das regras; cap. 4, Endogamia e exogamia; cap 5, O

princípio de reciprocidade

____________, “A análise estrutural em linguística e antropologia” (1958 [1945]). in

Antropologia estrutural, cap. 3 (pp. 43-65). São Paulo, Cosac Naify 2008.

_________, A família (pdf.)

8 – Reformulações da teoria clássica

LEACH, E. Repensando a Antropologia, São Paulo: Editora Perspectiva, 1974 [1961]

(Introdução)

_________, A diversidade da antropologia. Lisboa, Ed. 70, 1989 [1982] (trechos)

(NEEDHAM / GOODENOUGH)

Leituras de apoio:

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HOEBEL, E.A. e FROST, E.L., Antropologia Cultural e Social, São Paulo, Cultrix,

1976,.

cap. 10, “União e casamento”, pp. 175-202

EXHEVARRIA, A. Gonzalez; ROMAN, T. San; et VALDÉS, R. (orgs). Tres escritos

introductorios al estudio del parentesco, Barcelona UAB, Servei de Publicacions, 2000,

pp. 11-47.

SEGUNDA PARTE:

9 – A desconstrução do parentesco

9.1 – A antropologia de Schneider

MACHADO, Igor J. de R.. A antropologia de Schneider. Pequena introdução. S. Carlos,

EDUFSCar, 2013

WAGNER, Roy. Existem grupos sociais na Nova Guiné? In Cadernos de campo, S.

Paulo, nº19, pp.237-57, 2010 (pdf)

9.2 – O parentesco e a antropologia de inspiração feminista

ORTNER, Sherry. Es la mujer com respecto al hombre lo que la naturaleza com

respecto a la cultura? Biblioteca virtual de ciências sociais (pdf). En: Harris, Olivia y

Kate Young (Compiladoras). Antropología y feminismo. Editorial Anagrama,

Barcelona, 1979. pp. 109-131.

YANAGISAKO, Sylvia y COLLIER, Jane. “Género y Parentesco Reconsiderados:

Hacia un Análisis Unificado”. (“Gender and Kinship Reconsidered: Toward a Unified

Analysis”). En: Robert Borofsky (Ed.), pp.190-203. Assessing Cultural Anthropology.

Hawaii Pacific University. 1994, Mc Graw-Hill, Inc. Traducción de María Rosa

Neufeld, Juan Carlos Radovich y Marcela Woods.

SILVA, Vitor H. M. K. Resenha de Janet Carsten, After kinship, Cambridge Univ.

Press: Cambridge, 2004.

10 – A renovação contemporânea dos estudos de parentesco

LEA, Vanessa. Casas e casas mebengokre (Jê). In E. Viveiros de Castro e M. C. Da

Cunha (orgs.), Amazônia. Etnologia e história indígena. São Paulo, NHII-USP,

FAPESP, 1993, pp. 265-81.

________, Parentesco enquanto uma elaboração sócio-cultural da percepção do

dimorfismo sexual humano. Texto apresentado na ANPOCS em 26/08/201, no

seminário temático “Sexualidade, reprodução, parentesco: novas questões, novos

desafios? Leituras a partir dos estudos de gênero, sessão: parentesco, filiação,

reprodução. 16p. (pdf)

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GOW, Peter. O parentesco como consciência humana: o caso dos Piro. In Mana

3(2):39-65, 1997. (pdf)

_________, Da etnografia à história: “Introdução” e “Conclusão” de Of mixed blood:

kinship and history in peruvian Amazonia. Cadernos de campo, São Paulo, nº14/15, p.1-

382, 2006. (pdf)

VIVEIROS DE CASTRO, E. A inconstância da alma selvagem e outros ensaios de

antropologia. São Paulo, Cosaic Naify, 2002, 552p. (cap. 2, O problema da afinidade na

Amazônia, pp.87-180; cap. 8 Atualização e contra-efetuação do virtual: o processo de

parentesco, pp.401-455)