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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA FACULDADE DE COMUNICAÇÃO CURSO DE BACHARELADO EM COMUNICAÇÃO COM HABILITAÇÃO EM JORNALISMO JOSEANE FIGUERÊDO ROSA AS GANHADEIRAS DE ITAPUÃ SALVADOR 2012.2

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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA FACULDADE DE COMUNICAÇÃO

CURSO DE BACHARELADO EM COMUNICAÇÃO

COM HABILITAÇÃO EM JORNALISMO

JOSEANE FIGUERÊDO ROSA

AS GANHADEIRAS DE ITAPUÃ

SALVADOR

2012.2

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JOSEANE FIGUERÊDO ROSA

AS GANHADEIRAS DE ITAPUÃ

Memória descritiva do documentário “Ganhadeiras de

Itapuã”, apresentada como requisito parcial para a

obtenção do grau de bacharel do curso de Comunicação

Social – Jornalismo.

Orientador: Profa. Linda Rubim

Salvador

2012.2

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AGRADECIMENTOS

É necessário primeiramente agradecer as pessoas que tornaram este trabalho possível.

Agradeço aos meus pais, Ivete Rosa e Gerson Gonzaga, que não bastando me colocar no

mundo e possibilitar da melhor forma o meu crescimento, ainda estiveram comigo em alguns

momentos de gravação deste documentário.

A minha irmã, melhor amiga e fiel escudeira, Jaqueline Rosa, por sempre me ajudar e estar

comigo nos momentos mais importantes da minha vida.

A meu tio, Josué Figueiredo, e as minhas primas Pamela Silva e Renata Reis que também

colaboraram na realização deste trabalho.

A professora Linda Rubim, pelas ideias, competência e conhecimento.

Ao Coletivo Audiovisual do CULT pela ajuda no empréstimo de material.

A Cristiani Cardozo e Priscila Machado pela amizade e companheirismo nos anos de

graduação.

Aos amigos lindos e fofos da Facom, Daniele Silva, Daniela Aquino, Caio Cruz, Adriana

Santana, Luís Viana, Marília Moura, Leandro Souza.

A família Ganhadeiras de Itapuã por me possibilitar de forma tão amável conhecer e interagir

com o grupo.

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RESUMO

Ganhadeias de Itapuã é um vídeo-documentário que conta a história de Itapuã a partir

das experiências e vivencias das mulheres do bairro. O vídeo reúne então cinco entrevistas de

representantes de um grupo cultural que tem como objetivo reviver as tradições do lugar.

Quatro destas senhoras são moradoras antigas do bairro que viveram e observaram as

transformações de Itapuã e hoje passam seus conhecimentos para os mais novos do grupo

representados no vídeo por uma jovem de 12 anos.

Palavras-chave: Itapuã, mulheres, ganhadeiras, história, cultura.

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SUMÁRIO

1. APRESENTAÇÃO........................................................................................................6

2. O TEMA.........................................................................................................................7

2.1 HISTÓRIA E CULTURA...................................................................................8

2.2 AS MULHERES DE ITAPUÃ...........................................................................9

3. O FORMATO..............................................................................................................11

3.1 DOCUMENTÁRIO..........................................................................................12

3.2 DOCUMENTÁRIO E JORNALISMO............................................................14

4. PROCESSO PRODUTIVO........................................................................................15

4.1 PRÉ-PRODUÇÃO............................................................................................15

4.2 GRAVAÇÕES..................................................................................................16

4.3 DECUPAGEM..................................................................................................17

4.4 ROTEIRO.........................................................................................................18

4.5 EDIÇÃO............................................................................................................18

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS.....................................................................................19

6. REFERÊNCIAS..........................................................................................................20

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1. APRESENTAÇÃO

O documentário “As Ganhadeiras de Itapuã” tem por objetivo fazer apresentação

do bairro partindo do olhar das suas moradoras. Considerada um lugar bucólico, a antiga

Vila sempre foi vista a partir da perspectiva dos pescadores, mas por muitos anos,

enquanto os homens se lançavam no mar, as mulheres trabalhavam nas ruas e

presenciavam as transformações do bairro. Desta forma, este documentário dará voz às

mulheres locais, representadas por um grupo, que hoje contribui para a divulgação cultural

do lugar.

O tema do Trabalho de Conclusão de Curso não surgiu por acaso, pois as

disciplinas cursadas durante os anos da graduação contribuíram para pensar a relação

mulher-cultura como tema que seria abordado no Trabalho de Conclusão de Curso. Assim,

tanto as optativas relacionadas a esse campo, quanto aquelas vinculadas ao jornalismo me

deram subsídios para realizar esse trabalho: seja no sentido de compreender melhor as

expressões de cultura e a manifestação destas para a constituição dos coletivos

populacionais, sejam os mecanismos e estratégias para lidar com as fontes que me foram

fornecidos pelas técnicas jornalísticas.

A decisão do formato do trabalho contou com algumas colaborações ao longo do

curso: primeiro as oficinas de Comunicação audiovisual (COM112) e de Telejornalismo

(COM 125), que despertaram o meu interesse pelas possibilidades dessa ferramenta de

comunicação. Inclusive porque tivemos a oportunidade de realizar durante estas

disciplinas diversas práticas. Tais exercícios despertaram em mim a vontade de conhecer

mais profundamente os processos de produção, gravação e edição de um vídeo. Além

disso, a minha permanência no Coletivo Audiovisual do CULT, onde participei da

cobertura de eventos e de oficinas de produção e edição, me ajudou a tomar uma decisão

mais efetiva a respeito do formato desse trabalho. Já na época tive vontade de fazer uma

produção própria de vídeo, que só no Trabalho de Conclusão de Curso pude realizar.

Ainda no CULT, ressalto a proximidade que tive com a professora Linda Rubim,

encontro essencial para o aprofundamento de aspectos relativos a cultura e gênero. Na

época, demostrei à professora meu interesse em realizar um trabalho final sobre Itapuã.

Com a bagagem e conhecimento dela sobre cultura, gênero e audiovisual, acabamos por

desenvolver um projeto inicial e ficou definido a realização de um documentário sobre a

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história e cultura de Itapuã pelo olhar das mulheres. No sexto semestre, já na disciplina de

Elaboração de Projeto, comecei a fazer um esboço do que seria meu TCC.

Do levantamento que fiz de trabalhos, artigos, fotos e outros tipos de material

sobre o bairro poucos são aqueles no formato audiovisual e com foco principal na

população e a formação histórica/cultural. E até onde estou informada, poucos também são

os trabalhos audiovisuais sobre a participação das mulheres na cultura do bairro. Do

material pesquisado foram encontrados três artigos que mencionavam “As Ganhadeiras de

Itapuã” como grupo que tenta relembrar as histórias antigas do local e preservar a sua

memória cultural. A partir desse fato decidi realizar o trabalho com base nos depoimentos

e vivências destas senhoras que além de participarem de “As Ganhadeiras” são moradoras

antigas do bairro.

Outro fato essencial que me levou a realizar este trabalho foi a possibilidade de

retribuir ao bairro que me acolhe desde que eu era criança e que no cotidiano é um

importante território das minhas vivências e crescimento pessoal. Desta forma considero

que ao enviar uma cópia do trabalho para os grupos culturais do bairro, biblioteca da

região, além das instituições que me ajudaram na realização do vídeo, eu possa contribuir

para a divulgação da cultura do bairro.

2. O TEMA

Mesmo sem as certezas das direções efetivas que o projeto de finalização da

graduação tomaria, acredito que a sua temática já foi apontada no início do curso de

Comunicação. Nos dois primeiros semestres, por exemplo, cursei optativas ligadas a

cultura e gênero. A primeira disciplina, Comunicação e Cultura (COM365), estava

direcionada as questões sobre mulheres e mídias e a segunda, Temas Especiais em

Comunicação (COM319), apresentava questões sobre identidade, sexualidade e gênero.

Tais disciplinas foram o meu primeiro contato com conceitos e autores desta área. Outra

optativa que considero importante no meu percurso até a escolha do tema que seria tratado

no documentário foi Comunicação e Comunidade (COM309), oportunidade em que

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analisamos como as formas de comunicação das comunidades contribuíam para práticas

culturais e sociais de modo mais abrangente.

Apesar de não usar os textos que as disciplinas me apresentaram, os conceitos

sobre cultura, identidade e gênero foram fundamentais para me interessar pela área e o que

me fez ter vontade de entrar no CULT como bolsista. Como já foi visto, foi lá que tive

aproximação com vários outros pesquisadores e com a professora que seria minha

orientadora no Trabalho de Conclusão de Curso.

Nos próximos tópicos serão apresentados os conceitos que atravessam a produção

deste documentário. Primeiramente será apresentado um breve histórico do bairro em

destaque, depois será a vez de falar sobre as mulheres de Itapuã e como elas contribuem

para a formação cultural do Bairro.

2.1 HISTÓRIA E CULTURA

Visto por muitos como um lugar bucólico, Itapuã teve como primeiros habitantes

os índios Tupi Guarany. Depois, aproximadamente em 1768, o bairro passou a ser

ocupado por descendentes de portugueses e escravos que passaram a viver da

comercialização de peixes e óleo de baleias (MATTEDI, 2001).

Dos anos 40 aos 60, a cidade passou por um processo de urbanização significativo

e nas imediações de Itapuã foi reconstruído o aeroporto internacional e estradas que

ligavam Itapuã a região central, como a avenida litorânea e Estrada Velha do Aeroporto

(MAIA, 2010; TEIXEIRA, 1999). Pelas músicas de cantores famosos como Vinícius de

Morais (Tarde e Itapuã) e Dorival Caymmi (Coqueiro de Itapuã, A Lenda do Abaeté) o

bairro foi se tornando conhecido pelas suas belezas naturais, e passou a atrair pessoas em

busca de tranquilidade e que procuravam fugir da movimentação do centro.

Entre os anos de 1970 e 1980 o número de pontos comerciais aumentou e fez com

que pessoas de outros bairros fossem procurar em Itapuã emprego e melhores condições

de moradia. Os moradores mais antigos preocupados com as consequências do progresso,

que poderiam afetar as tradições do lugar, passaram a se reunir para zelar pela cultura do

bairro. Nesta época, surgiram grupos culturais que tinham como objetivo fortalecer os

laços comunitários e relembrar as histórias do local (MAIA, 2010). Exemplo disto foi a

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criação do Malê de Balê, grupo que reconta a revolta dos escravos de 1835; a “festa da

baleia”, em 1987, um movimento contra a pesca da baleia, atividade praticada por décadas

no bairro; além de As Ganhadeiras de Itapuã, grupo que conta a história do bairro através

de canções; e outros.

Desta forma, a riqueza do bairro não se atém apenas as belezas naturais, mas

também às questões sociais. É essencial então, dado o significativo valor cultural do

bairro, contribuir para que as expressões populares sejam divulgadas para que estes grupos

possam continuar perpetuando a cultura.

Este trabalho conta a história de Itapuã especificamente através dos componentes

de um grupo cultural composto por mulheres do lugar. A intenção é dar a voz às mulheres

do bairro, que foram por muito tempo, esquecidas da composição do lugar. Mostra

também como este grupo contribui para a formação cultural do bairro e possibilita a sua

divulgação através da música.

2.2 AS MULHERES DE ITAPUÃ

A pesca e a caça da baleia para a extração do seu óleo foram, por muitos anos, as

atividades mais lucrativas de Itapuã. Mas nem só de pesca viveu o lugar, enquanto as

atividades pesqueiras eram exercidas pela população masculina, a maioria das atividades

ligadas ao comércio e serviços domésticos, como a venda de comidas, lavagem de roupa e

a costura eram exercidas pelas mulheres.

Segundo Soares (1996) estas atividades de comércio e pequenos serviços no século

XIX, eram chamadas de ganho. Uma forma de trabalho desempenhada a maior parte por

mulheres, escravas ou libertas, que comercializavam seus produtos em tabuleiros cedidos

pelos patrões nas condições de devolverem uma quantia pré-estabelecida todo mês.

Na época que Itapuã era apenas uma vila de pescadores a população sofria com a

falta de serviços urbanos como o saneamento, esgotamento e falta de postos médicos. Por

causa desta ausência de assistência básica, a maioria das atividades ligadas a saúde era da

responsabilidade dos próprios moradores. Nesta perspectiva, o trabalho feminino foi

essencial para a manutenção da saúde da população que vinha crescendo e necessitava da

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ajuda médica. Destaca-se, assim, as atividades das rezadeiras e parteiras que, segundo Luz

(2012) os partos eram realizados por “gerações de mulheres que ajudavam uma a outra”,

Essas mulheres africano-brasileiras tinham conhecimento sobre o parto,

incluindo aspectos sobre a saúde materna e do nascituro; atitudes para

atender a gravidez de risco; alimentação para as mães paridas e o bebê em

crescimento etc., numa época em que Itapuã não dispunha de alternativas de

atendimento de saúde. (LUZ, 2012, p. 23).

A participação das mulheres nas atividades do dia a dia da comunidade não se

reduzia apenas aos aspectos da saúde, elas também realizavam trabalhos relacionados ao

comércio e serviços domésticos. Para ajudar na renda familiar elas vendiam comidas,

principalmente a base de peixe, em feiras e outras aglomerações de pessoas. Destes

serviços dependiam os pescadores que necessitavam escoar os seus pescados.

Outra atividade desempenhada pelas mulheres de Itapuã era a lavagem de roupas.

Elas levavam as trouxas das vestes da população do bairro ou de veranistas para lavar na

Lagoa do Abaeté. Segundo algumas das próprias mulheres que desempenharam esse

ofício, a lavagem era sempre rodeada de alegria e era também quando relembravam

histórias e cantavam músicas sobre o bairro.

Ao realizar essas atividades as mulheres contribuíam não só com as

demandas econômicas da população do bairro, como também, tornavam-se

referencias culturais daquela localidade. Conforme diz Teresinha Bernardo (2005)

elas faziam circular também bens simbólicos estreitando as relações sociais, “as

ganhadeiras-escravas ou forras anônimas, à medida que circulavam pela cidade,

faziam circular também notícias, informações, músicas, orações... recriando, no

Brasil, o papel feminino de mediadora de bens simbólicos”.

Estas mulheres levavam seus filhos, e assim as crianças aprendiam os serviços e

todas as atividades desempenhadas por suas mães. Com isto, a cultura do bairro era

repassada para as gerações seguintes. Hoje, mesmo que elas não realizem mais estas

atividades, as moradoras mais antigas continuam a recontar as histórias, lendas e culturas

de Itapuã para as suas descendentes.

As mulheres continuam agentes ativas no desenvolvimento dos movimentos

culturais. Elas participam da organização de diversos festejos, como a lavagem de Itapuã,

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da festa para Nossa Senhora da Conceição da Praia de Itapuã e de grupos como as

“Ganhadeiras de Itapuã”, formado por antigas moradoras, e algumas jovens do bairro. O

grupo surgiu de reuniões semanais que aconteciam nas casas de antigas moradoras com o

intuito de relembrar antigos acontecimentos, como ações efetivas para manter viva as

tradições do local. Assim, As Ganhadeiras de Itapuã tentam reviver por meio da música a

cultura do bairro, preservar a sua memória e ajudar na valorização e divulgação cultural do

local.

Com base nas referências culturais que tem estas mulheres no bairro, como já

disse, é que este trabalho considera essencial dar voz a estas mulheres para que elas

próprias contem a história de Itapuã. Das cinco protagonistas que compõe o documentário,

quatro estão na faixa etária entre 70 a 80 anos. Elas nasceram no bairro ou chegaram

quando ainda eram bem pequenas. Estas senhoras viveram ou aprenderam histórias de

tempos antigos e hoje as recontam contribuindo para perpetuar a cultural.

Além delas, foi entrevistada também uma jovem de 12 anos que a partir do

estímulo gerado pelo ambiente familiar é hoje integrante do grupo e é vista, junto com as

outras participantes mais jovens, como efetiva continuidade dessas práticas, garantindo

assim que a cultura popular de Itapuã continue viva.

3. O FORMATO

Como já foi dito, meu interesse em fazer um trabalho audiovisual foi despertado

durante disciplinas e atividades de extensão do curso de comunicação, mas o que me fez

definitivamente resolver tomar esta decisão foi a possibilidade deste trabalho ser uma peça

eficaz para a divulgação da cultura do bairro, mas também a possibilidade de

experimentação em um campo de trabalho possível e interessante da comunicação.

Somado a isto o que me mobiliza também para a realização é a abertura criativa que o

tema e este gênero do audiovisual traz. Ao contrário da videorreportagem, por exemplo,

que segue padrões e forma de organização ditadas pelo jornalismo, como a objetividade,

noticiabilidade e factualidade, um trabalho documental traz uma margem bem maior de

liberdade para abordar o tema.

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O documentário proporciona inclusões subjetivas, mas também segue regras e

padrões que normalmente são comparáveis aos do videojornalismo, entre elas está a forma

como os dois gêneros utilizam-se de acontecimentos do mundo real. São as formas de

fazer o documentário e as aproximações que ele tem com o jornalismo que serão

abordados nos dois próximos tópicos.

3.1 DOCUMENTÁRIO

As primeiras projeções de vídeos foram documentações de acontecimentos

cotidianos, como nos filmes dos Irmãos Lumiere (Saída dos Trabalhadores da Fábrica e A

chegada do trem a estação de 1895). Mas só na década de 1920 que cineastas como Robert

Flaherty passaram a construir narrativa a partir de acontecimentos e personagens reais, que

mais tarde, em 1926, John Grierson chamou de documentário em sua crítica no New York

Sun.

Segundo Lucena (2012) os recursos tecnológicos existentes em 1930 limitavam a

produção de documentários pelos cineastas que desejavam equipamentos mais leves e

gravadores que não sofressem tanta interferência externa. Foi a partir destas necessidades

que surgiram duas correntes de produção: o “cinema direto” e o “cinema-verdade”. Estas

duas escolas influenciam até hoje a realização de documentário.

Na corrente do “cinema direto” buscava-se captar o comportamento espontâneo: a

equipe não poderia aparecer, não era permitida a encenação ou interferir na produção. Já

os representantes do “cinema-verdade” afirmavam que não adiantava os cineastas

tentarem neutralizar a sua presença, pois a privacidade era sempre violada quando a

câmera estava ligada, por isto achavam necessário expor a metodologia de suas produções

de filmes.

Segundo Nichols (2010) a partir deste momento os cineastas passaram a deixar

maiores marcas em suas produções o que dava subjetividade aos trabalhos deixando de ser

uma “reprodução do que se via”. O autor observa ainda que os traços deixados pelos

cineastas criava uma espécie de voz própria que podia ser identificada em seis subgêneros:

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1) No poético no qual a montagem não é contínua, nem existe a localização de

tempo e espaço. Ele se baseia nos acontecimentos reais, mas há fragmentos em atos

incoerentes e associações vagas.

2) O expositivo que agrupa dados do mundo histórico numa estrutura retórica e

argumentativa. Dirige-se abertamente ao expectador e propõe uma nova perspectiva,

expõe argumento ou recontam uma história. É o estilo frequentemente usado nos

noticiários.

3) O documentário observativo onde o cineasta apenas observa os

acontecimentos diante da câmera sem nenhuma participação ou intromissão. Neles não há

entrevistas, nem trilhas sonoras, comentários nem qualquer outro meio que identifique o

cinegrafista.

4) O participativo no qual o cineasta se envolve com a vida dos atores sociais e

habitua-se a forma que eles vivem. Este modo enfatiza o encontro real entre o cineasta e o

tema proposto.

5) O modo reflexivo é a forma metalinguística do documentário. Convida a

refletir sobre o processo pelo qual a representação é construída pela montagem e indaga-se

sobre as consequências da produção.

6) O documentário performático tem estrutura narrativa menos convencional e

formas de representação mais subjetiva. Nele é enfatizada a complexidade do nosso

conhecimento do mundo ao demostrar suas dimensões subjetivas e afetivas.

Considero que o subgênero de destaque na produção “Ganhadeiras de Itapuã” é

expositivo, pois apresenta parte do mundo histórico através de entrevistas articuladas com

imagens de arquivos que servem para ilustrar e comprovam o que foi dito. Contudo não se

exclui a apresentação de características de outros modos de produção do documentário,

pois como afirma Nichols a presença de um subgênero não significa a exclusão de outro

no mesmo documentário.

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3.2 DOCUMENTÁRIO E JORNALISMO

A aproximação entre o documentário e videojornalismo pode ser observada nas

primeiras produções audiovisuais brasileiras. Marcadas pelas realizações feitas por

encomenda, os cinejornais e cine-documentários eram muitas vezes realizados a pedido do

setor médio e urbano, nestas produções podia ser visto o processo de modernização das

cidades ou o desenrolar de acontecimentos espetaculares anteriormente divulgados pela

imprensa.

Santos (2008) aponta algumas aproximações entre as produções desses dois

campos. A primeira é a forma como utilizam o audiovisual para comprovar as informações

e reforçar o argumento. A vídeoreportagem, no entanto, segue padrões jornalísticos nas

imagens como por exemplo, a utilização do Plano Médio que tem como objetivo garantir

certa distância de posicionamento entre repórter e o telespectador. Já o documentário é

uma “reprodução do real” e por isto as suas imagens podem ser “dinamizadas pela

criatividade do cineasta” o que dá a produção “os mais diversos significados”.

Outra aproximação entre documentário e videorreportagem são os recursos sonoros

que dão apoio a estas produções. No jornalismo o som tem a função de organização e

contextualização com a capacidade de mostrar as diferenças de ambientes. No

documentário o som tem importância na narrativa e participa na construção das

significações contadas na história.

Apesar das aproximações entre documentário e jornalismo a forma como estes

representam a realidade é diferente. O telejornalismo, por exemplo, se utiliza de padrões

para organizar as reportagens, como hierarquização das informações, critério de

objetividade e imparcialidade no discurso. Ao contrário, Melo afirma que a parcialidade é

bem vinda ao documentário,

Enquanto o jornalismo busca um efeito de objetividade ao transmitir as

informações, no documentário predomina um efeito de subjetividade,

evidenciado por uma maneira particular do autor/diretor contar a sua

história. Este gênero é fortemente marcado pelo “olhar” do diretor sobre seu

objeto. (MELO, 2002, p. 07).

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Pelo visto anteriormente, podemos observar aproximações e divergências entre o

documentário e o jornalismo. Estas dimensões fizeram parte da decisão de fazer um

documentário como trabalho que encerraria uma etapa do meu percurso acadêmico, pois

pretendia fazer um trabalho que fosse além das regras de organização do jornalismo e

como falaria do lugar onde moro pudesse ter um tom mais subjetivo.

4. PROCESSO PRODUTIVO

4.1 PRÉ-PRODUÇÃO

O tema que seria abordado no Trabalho de Conclusão de Curso e o seu formato

vinha sendo pensado em conjunto com a professora Linda Rubim antes da disciplina de

Elaboração de Projeto de Comunicação. No entanto, foi só nesta disciplina que comecei

formatar o trabalho com a construção de um anteprojeto.

Durante a disciplina da professora Annamaria Palacios fiz a pesquisa de fontes que

poderiam ser usadas como base no meu vídeo e encontrei textos sobre cultura local,

identidade e rápida referência sobre a participação das mulheres na formação cultural de

alguns grupos. Além destes, debrucei-me em textos, artigos e páginas da internet que

falavam mais especificamente sobre o histórico e cultura do bairro de Itapuã. Como moro

no bairro desde meus 11 anos, tinha conhecimento de alguns grupos culturais do lugar,

mas foi só nestas pesquisas que lembrei a existência das “Ganhadeiras de Itapuã”, grupo

composto na sua maioria por senhoras que tinham por objetivo reviver as histórias e

tradições do local.

Como a proposta era realizar um trabalho sobre Itapuã a partir das referências

histórico-culturais das mulheres do bairro, considerei que as senhoras do grupo em

questão seriam uma boa fonte de informações. Neste momento entrei em contato com os

coordenadores do grupo e mostrei meu interesse em realizar o trabalho, isso me permitiu

conhecer um pouco mais as “Ganhadeiras”. Ainda nesse período já participei de algumas

reuniões e ensaios do grupo.

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No semestre seguinte, por questões pessoais, não fiz inscrição na disciplina

Desenvolvimento Orientado, porém não me afastei das pesquisas para o TCC, realizei

pesquisas bibliográficas e coleta de imagens antigas do bairro em arquivos de diversas

bibliotecas, como da Fundação Gregório de Matos. Além disto, o contato mais pessoal

com as mulheres do grupo resultou em importante material informativo sobre a história do

bairro. Este momento inicial foi fundamental para o amadurecimento do trabalho porque,

além de conhecer individualmente algumas das senhoras, pude selecionar os aspectos que

seriam mais interessantes para abordar no documentário.

No semestre seguinte, já frequentando a disciplina de Desenvolvimento Orientado,

desenvolvi com a minha orientadora os detalhes sobre as gravações do documentário.

Como queria um trabalho profissional resolvi fazer as gravações com o cinegrafista do

Labvídeo, então acertei com ele que as filmagens iriam começar ainda no semestre em

curso. Antes de começarmos as gravações os servidores da UFBA entraram em greve o

que inviabilizou o cumprimento do cronograma impedindo a realização das filmagens.

Como necessitava adiantar o trabalho, a minha orientadora, Linda Rubim, sugeriu que

procurasse o Coletivo Audiovisual do CULT para saber sobre a disponibilidade de câmera

e pessoal para me ajudar no trabalho.

Isso feito, o agendamento das gravações foi marcado para o inicio do mês seguinte.

Como a câmera do CULT é utilizada para cobrir diversos eventos internos e externos, e

como eu dependia da disponibilidade de tempo das entrevistadas, ficamos em torno de

quatro meses realizando as filmagens.

4.2 GRAVAÇÕES

Com a ajuda de dois integrantes do CULT, as gravações para o documentário

foram iniciadas no mês de setembro. No primeiro dia gravamos imagens gerais do bairro

como o farol, a Praça Vinicius de Morais a antiga feira de Itapuã, pescadores e a

população na praia, a igreja e feira. Estas gravações tinham como objetivo cobrir a fala das

entrevistadas e possibilitar uma dinâmica maior na apresentação de imagens do bairro.

Para a semana seguinte foram marcadas duas entrevistas, mas necessitava de

microfone Boom, já que o CULT não dispunha deste equipamento, agendei um ao

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Labvídeo da Facom, mas não pude contar com ele, pois tinha sido emprestado a outra

pessoa. Tal problema impediu que fossem realizadas as entrevistas agendadas. Devo já

colocar aqui, visto que posteriormente tive outros problemas de gravação, a boa vontade

das fontes em colaborar com o trabalho, se disponibilizando a realizar as entrevistas em

outro momento.

O problema da falta de microfone foi resolvido através da Diretoria de Audiovisual

(DIMAS) e as entrevistas, antes agendadas, foram finalmente realizadas. Para me

prevenir, peguei também o microfone direcional do CULT e cabo de áudio. Desta vez

parecia que a as entrevistas tinham dado certo e gravamos aquelas já agendadas.

Vencidos esses primeiros contratempos, realizamos mais sete entrevistas nas

gravações seguintes. No entanto, dado a incompatibilidade de tempo das entrevistadas e o

das reservas da câmera do CULT, as gravações duraram quatro meses, sendo que as duas

últimas entrevistas só foram feitas no inicio de janeiro.

4.3 DECUPAGEM

Quando comecei a fazer a decupagem e captura do material gravado é que os

problemas começaram a surgir de fato. O primeiro foi que o áudio de algumas gravações

estava muito baixo, um fato que não me preocupou tanto, pois considerava que a edição

poderia resolver esta questão. No entanto, foi constatado depois que não havia registro de

três entrevistas, pois elas tinham sido gravadas em HDV e as máquinas de edição da

Facom não aceitavam este formato. A solução seria convertê-las para DV ou refazê-las.

Diante do problema considerei que seria mais fácil de fato, refazer essa parte do trabalho.

Para não perder tempo, comecei a refazer as entrevistas na mesma semana em que

foi detectado o problema. Mais uma vez as entrevistadas foram de grande ajuda se

disponibilizando a refazer o trabalho. Regravei as entrevistas entre 20 de janeiro até 25 de

fevereiro.

Apesar das dificuldades, observo que as disciplinas e as técnicas de entrevistas e

abordagem das fontes que foram ensinadas durante o curso de graduação, além da

experiência que obtive nas atividades práticas e estágio foram fundamentais para a

realização destas entrevistas. Para refazer as entrevistas, por exemplo, tive que reelaborar

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o plano de abordagem para torná-las menos repetitivas e estimular o interesse das

entrevistadas para que elas pudessem desenvolver o assunto.

4.4 ROTEIRO

Para ganhar mais segurança no momento de elaborar o roteiro definitivo, e como

tinha uma ideia inicial para a organização da edição do documentário fiz um pré-roteiro.

Neste, a estrutura do documentário se organizava em blocos, cada um deles contendo uma

temática.

Com a restrição de tempo ocasionada pelos problemas ocorridos nas primeiras

gravações, o roteiro acabou sendo criado aos poucos, conforme as gravações eram

realizadas e decupadas as imagens. Este processo de criação demorou três semanas, tempo

em que foram realizadas as entrevistas.

O roteiro realizado no momento das gravações e depois, durante a decupagem e

edição, acabou por confirmar o argumento da minha orientadora que, relembrando uma

escola de documentário, disse que muitas vezes pode acontecer de um realizador não ter

oportunidade de fazer um roteiro, devido a dinâmica e velocidade de um trabalho.

4.5 EDIÇÃO

A edição foi realizada no Labvídeo da Facom sob a supervisão da técnica Selma

Barbosa. Na primeira semana para adiantar o trabalho foi montada uma estrutura de

montagem com as entrevistas realizadas. Durante este processo foi criada a arte gráfica de

introdução do documentário e da divisão dos blocos. Na semana seguinte realizamos a

montagem propriamente dita inserindo as falas das fontes. Na finalização do trabalho

cobrimos as entrevistas com imagens sobre o tema e colocamos os créditos e corrigimos

os detalhes e pequenos erros do trabalho.

A trilha sonora do filme foi selecionada antes mesmo do inicio da edição do

documentário. Como as senhoras entrevistadas no trabalho pertencem a um grupo musical

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e como elas falam em suas canções sobre o bairro, as músicas deste grupo acabaram por

compor um texto dialógico com as imagens.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Tal experiência poderá resultar em uma prática mais efetiva dessas vivências que

terá consequência na minha vida profissional, mas também nas minhas relações sociais.

Com a realização deste trabalho passei a me envolver mais com a população e prestei mais

atenção nas moradoras e moradores mais velhos respeitando a sua capacidade, e vi que

têm muita história para contar. Além disto, o trabalho me permitiu um conhecimento mais

aprofundado do meu “território” e me tornou mais sensível para as questões referentes ao

meu bairro.

Com o TCC, pude inclusive fazer um resgate de memórias sobre meu estar na

Universidade que me ajudaram a compreender a importância dos processos educativos.

Os problemas enfrentados durante as gravações adiaram o processo de edição e

teve como resultado um documentário fora da expectativa inicial do projeto, pois as

entrevistas, apesar da boa vontade das fontes em refazer o trabalho não tiveram o mesmo

resultado da primeira gravação. Além disto, o número de entrevistadas ficou reduzida

devido a incompatibilidade de horários das fontes e o prazo para a entrega do TCC, não

tendo tempo suficiente para realizar duas entrevistas.

Mas não foram só as entrevistas que perderam o élan inicial. No momento em que

as entrevistas tiveram que ser descartadas e com o prazo da entrega do TCC chegar mais

perto, foi se esgotando também o meu estímulo dessa luta contra o tempo e isso acabou

por interferir no resultado.

Ainda assim, apesar dos problemas enfrentados foi significativo para mim

construir este documentário, com o qual estive envolvido por mais de um ano. Foi um

trabalho que solidificou o meu interesse pela área e despertou também o desejo de

continuar meus estudos. Quero fazer um mestrado acadêmico e uma especialização em

audiovisual.

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Por fim me comprometo em deixar uma cópia do documentário para os grupos

culturais existentes em Itapuã, além da que será entregue para As Ganhadeiras, em

especial. Pretendo também encaminhar uma cópia do material para as outras instituições

que possibilitaram este trabalho, como a Fundação Gregório de Matos, a DIMAS e a

Biblioteca Central dos Barris. Isto será o mínimo que deve acontecer, no sentido de

devolver o interesse e generosidade das pessoas que apoiaram e trabalharam comigo para

fazer esse trabalho acontecer.

6. REFERÊNCIAS

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Religião. São Paulo, Nº 2, 2005. Disponível em: <http://www.pucsp.br/rever/rv2_2005/

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da ACRA. 2011, Salvador. Disponível em: <http://www.xiconlab.eventos.dype.com.br/

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em: 22, agosto, 2012.

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