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1 UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA INSTITUTO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM IMUNOLOGIA Tese de Doutorado ANGELA GIUDICE DINIZ MONÓCITOS E MACRÓFAGOS PARTICIPAM DA PROTEÇÃO E DA PATOLOGIA ASSOCIADA À INFECÇÃO POR Leishmania braziliensis SALVADOR-BAHIA 2012 P P G I m

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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA

INSTITUTO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM IMUNOLOGIA

Tese de Doutorado

ANGELA GIUDICE DINIZ

MONÓCITOS E MACRÓFAGOS PARTICIPAM DA

PROTEÇÃO E DA PATOLOGIA ASSOCIADA À

INFECÇÃO POR Leishmania braziliensis

SALVADOR-BAHIA

2012

PPGIm

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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA

INSTITUTO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM IMUNOLOGIA

ANGELA GIUDICE DINIZ

MONÓCITOS E MACRÓFAGOS PARTICIPAM DA

PROTEÇÃO E DA PATOLOGIA ASSOCIADA À

INFECÇÃO POR Leishmania braziliensis

Orientadora: Profª Drª Olívia A. Bacellar

Co-orientador: Dr. Edgar M. Carvalho

Salvador-Bahia

2012

PPGIm

Tese apresentada ao Programa de Pós-

Graduação em Imunologia, do Instituto de

Ciências da Saúde da Universidade

Federal da Bahia, como pré-requisito para

obtenção do grau de Doutor em

Imunologia.

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Dedicatória

DEDICO ESTA TESE

Aos meus filhos, Renata e Marcelo por todos os sonhos alcançados juntos nesta

caminhada e por todos aqueles que ainda lutamos para alcançar. Muitíssimo obrigada.

Ao meu pai, (in memorian) por me ensinar a viver com humildade e ser meu exemplo

profissional.

A minha bela e amada mãe sempre com astral alegre e positivo.

Aos meus irmãos pela compreensão das minhas ausências e pelo incentivo nos

momentos difíceis.

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Agradecimentos

A minha orientadora Dra. Olívia Bacellar não só pela orientação, mas também pela sua

confiança, paciência e amizade.

A Dr. Edgar M. de Carvalho grande exemplo de pesquisador, pelos seus ricos

ensinamentos e pela oportunidade de me deixar fazer parte do grupo do Serviço de

Imunologia.

A minha amiga Thaís Delavechia não só pela sua amizade e incentivo além da sua

indispensável ajuda no FACS durante o decorrer desta tese.

À Célia Vendrame, amiga, companheira que com sua serenidade ajudou nos

experimentos da tese.

Aos meus queridos amigos Rosana, Anselmo, Silvane, Marcita, Tânia, Andrea e Joyce

pelo apoio incondicional e pela nossa grande amizade.

Aos pesquisadores que viajam quinzenalmente na obtenção das amostras que

contribuíram para a realização deste estudo.

Aos colegas Juliana, Viviane, Silvana, Lílian, Kátia, Adriano e Neto pela companhia de

todos os dias.

A Ricardo Riccio e Anselmo pela ajuda nas estatísticas.

As secretárias e amigas Elbe e Lucinha pela amizade, dedicação e presteza.

Aos queridos amigos da secretária, Cristiano, Paulo Lessa, Orlando e Seu Dilson pela

ajuda constante e incansável.

Aos participantes da banca examinadora por doarem seu tempo para o enriquecimento

deste trabalho.

A todos os médicos, pesquisadores, funcionários e estudantes por fazerem do Serviço de

Imunologia um local prazeroso de se trabalhar.Aos professores e funcionários do

programa de Pós-graduação em Imunologia do Instituto de Ciências da Saúde.

Ao responsável por tudo isso existir “Deus”.

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APOIO FINANCEIRO

●NIH Grant AI30639

●Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq)

●Universal 472198/2009-2.

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“Seja qual for o seu sonho, comece.

Ousadia tem genialidade, poder e magia”.

J.W. von Goethe

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I. RESUMO

MONÓCITOS E MACRÓFAGOS PARTICIPAM DA PROTEÇÃO E DA

PATOLOGIA ASSOCIADA À INFECÇÃO POR Leishmania braziliensis ANGELA GIUDICE DINIZ. Introdução: Na leishmaniose cutânea (LC) e mucosa

(LM) causadas por Leishmania braziliensis, a patologia está associada com a produção

exacerbada de citocinas pró-inflamatórias. Cerca de 10% dos indivíduos residentes em

Corte de Pedra- BA, uma área de transmissão de L. Braziliensis apresentam reação de

hipersensibilidade tardia ao antígeno de Leishmania, não apresentam evidências de

doença clínica e são considerados como tendo uma forma subclínica (SC) da doença.

linfócitos desses indivíduos não produzem ou apresentam uma produção menor de IFN-

e TNF- quando comparados a pacientes com LC. Até o momento não está claro

porque esses indivíduos têm a capacidade de controlar a doença. Como a erradicação do

parasito ou a ocorrência de formas assintomáticas da infecção não podem ser explicadas

pela ação efetiva da resposta imune adaptativa, é necessário um maior aprofundamento

do conhecimento do papel da resposta imune inata no controle da infecção. Os

macrófagos são as principais células que abrigam a Leishmania e consequentemente a

sobrevivência ou morte desse parasito depende da ativação dessas células, da produção

de oxidantes e de moléculas inflamatórias. Todavia na LC e na LM os parasitos não são

totalmente destruídos e uma constante ativação macrofágica pode vir a contribuir para a

reação inflamatória e patogênese da doença. Objetivo: Avaliar o papel dos monócitos

/macrófagos na imunopatogênese da leishmaniose tegumentar. Metodologia:

Macrófagos de pacientes com LC, LM e indivíduos SC foram infectados in vitro com L.

braziliensis e avaliados quanto à suscetibilidade a infecção por Leishmania e a

capacidade de matar o parasito. No sobrenadante dos macrófagos infectados foram

avaliadas as produções de óxido nítrico (NO), superóxido (O2-) pelo reagente de Griess,

quimiocinas e TNF-α por teste imunoenzimático. Foram também avaliadas a frequência

de monócitos inflamatórios (CD14+CD16

+), assim como a caracterização fenotípica

dessas células por citometria de fluxo nos diferentes grupos estudados. Resultados:

Após a exposição a L. braziliensis, macrófagos de indivíduos SC apresentaram uma

diminuição significante na percentagem de células infectadas e no número de

amastigotas por 100 macrófagos em comparação com as células de pacientes com LC e

LM. A produção de NO e O2- foi detectada, mas não houve variação significante entre

os diferentes grupos. A produção de quimiocinas e de TNF-α foi maior em pacientes

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com LC e LM quando comparado com a do grupo SC. A frequência de monócitos

CD14+CD16

+ foi maior em doentes com LC em comparação com indivíduos SC.

Conclusão: Nossos dados sugerem que monócitos/macrófagos desempenham um papel

importante no controle da infecção por L. braziliensis e na patologia da leishmaniose

tegumentar.

Palavras-chave: Leishmaniose tegumentar americana; Leishmania braziliensis; infecção

subclínica; macrófagos; monócitos inflamatórios.

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II. ABSTRACT

MONOCYTES AND MACROPHAGES PARTICIPATE IN PROTECTION AND

THE PATOLOGY ASSOCIATED WITH Leishmania braziliensis INFECTION.

ANGELA GIUDICE DINIZ Introduction: The pathology of cutaneous (CL) and

mucosal leishmaniasis (ML) caused by Leishmania braziliensis is associated with the

overproduction of proinflammatory cytokines. In contrast with these clinical forms of

infection, about 10% of individuals living in Corte de Pedra- BA, an area of L.

braziliensis transmission, presenting with delayed hypersensitivity reaction to

leishmania antigen, have no evidence of clinical disease and are considered to have

subclinical disease (SC). Lymphocytes of these individuals either do not produce or

have a lower production of IFN- and TNF- compared to patients with CL. It is not

clear why these individuals have the ability to control the disease. Since the eradication

parasites or asymptomatic form of infection cannot be explained by the effective action

of the adaptive immune response, a greater depth of knowledge of the role of the innate

immune response in infection control is required. Macrophages are the main cells that

harbor the Leishmania parasite. Consequently, the survival or death of these parasites

depends on the activation of these cells, with the subsequent production of oxidants and

inflammatory molecules. However, in LC and LM parasites are not fully destroyed, and

constant macrophage activation may contribute to the inflammatory response and

pathogenesis of the disease. Objectives: Evaluate the role of monocytes/macrophages in

the immunopathogenesis of tegumentary leishmaniasis. Methodology: Macrophages

from CL, ML patients and SC individuals were cultured in vitro with L. braziliensis and

evaluated for susceptibility to Leishmania infection and the ability to kill the parasite. In

the supernatant of infected macrophage cultures were evaluated the production of nitric

oxide (NO), superoxide (O2-) by Griess reagent, chemokines and TNF-α by enzyme

immunoassay. The frequency of inflammatory monocytes (CD14+CD16

+) and the

phenotypic characterization of those cells by flow cytometry in different groups were

also evaluated. Results: After exposure to L. braziliensis, macrophages derived from

SC individuals showed a significantly lower number of infected cells and a smaller

number of intracellular amastigotes compared to cells from CL and ML patients.

Production of NO and O2- were detected, but did not change significantly among the

different groups. Production of chemokines and TNF-α in supernatants of macrophages

from CL and ML patients was higher when compared with the SC group. The frequency

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of CD14+CD16

+ monocytes in patients with CL was higher compared with SC

individuals. Conclusion: Our data suggest that monocytes/macrophages play a pivotal

role in controlling L. braziliensis infection and in tegumentary leishmaniasis pathology.

Key words: American tegumentary leishmaniasis; Leishmania braziliensis; subclinical

infection; macrophages; inflammatory monocytes.

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III. LISTA DE FIGURAS

Figuras 1A e 1B. Avaliação in vitro da infecção de macrófagos humanos com

promastigotas de L. braziliensis......................................................................................42

Figuras 2A e 2B. Produção de Óxido nítrico e do Superóxido em macrófagos humanos

infectados ou não com L. braziliensis.............................................................................44

Figuras 3A, 3B e 3C Avaliação da produção de CCL2, CXCL8 e CCL3 após infecção

de macrófagos humanos com L. braziliensis.................................................................. 46

Figuras 4A e 4B Avaliação da produção de CXCL9 após infecção de macrófagos

humanos com L. braziliensis...........................................................................................47

Figuras 5A e 5B Avaliação da produção de TNF-α após infecção de macrófagos

humanos com L. braziliensis...........................................................................................49

Figuras 6A, 6B e 6C Frequência de monócitos CD14+ CD16

+ em pacientes com LC e

em indivíduos com infecção SC......................................................................................51

Figuras 7A, 7B e 7C Histogramas que representam a Intensidade média de fluorescência

da expressão ex vivo das moléculas HLA-DR, CD80 e CD86 nos monócitos CD14+

CD16+/-

de um paciente com LC.....................................................................................53

Figuras 8A, 8B e 8C Expressão ex vivo das moléculas HLA-DR, CD80 e CD86 nos

monócitos CD14+ CD16

+/- de indivíduos SC e pacientes com LC..................................54

Figuras 9A, 9B e 9C Análise da aquisição e do percentual de monócitos CD14+ CD16

+

sem estímulo e estimulados com SLA de um paciente com LC.....................................56

Figura 10 Expressão de TNF-α em monócitos CD14+ CD16

+/- estimulados com SLA em

indivíduos SC e pacientes com LC.................................................................................57

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IV. LISTA DE ABREVIATURAS

CCL2/MCP-1: Proteína quimiotática de monócitos

CCL3/MIP1-α: Proteina inflamatória de macrófagos

CCR2: Receptor 2 de quimiocina

CCR5: Receptor 5 de quimiocina

CD3: Marcador de superfície de células T

CD14: Marcador de superficie celular da população de monocitos

CD16: Marcador de superficie celular da população de monócitos, macrófagos e células

NK

CD19: Marcador de superfície de células B

CD 56: Marcador de superfície de células NK

CD80: Molécula de superfície co-estimulatória CD80

CD86: Molécula de superfície co-estimulatória CD86

CMSP: Células mononucleares do sangue periférico

CXCL8/IL-8: Interleucina 8

CXCL9/MIG: Monocina induzida por interferon gama

CXCL10/ IP-10: Proteína induzida por interferon gama

CX3CR1: CX3C Receptor de quimiocina-1

CXCR1: CXC Receptor de quimiocina-1

DTH: Teste de hipersensibilidade tardia

ELISA: Enzyme linked ummunosorbent assay (ensaio enzimático)

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FACS: Sistema de citometria de fluxo

FITC: Fluorescein isothiocyanate (isotiocianato de fluoresceína)

HIV: Vírus da imunodeficiência humana

HLA-DR: Antigeno Leucocitario Humano

H2O2: Peróxido de hidrogênio

IFN- y: Interferon gamma

IL-1: Interleucina 1

IL-4: Interleucina 4

IL-5: Interleucina 5

IL-6: Interleucina 6

IL-10: Interleucina 10

IL-12: Interleucina 12

iNOS: Óxido nitrico sintase induzível

LC: Leishmaniose cutânea

LCD: Leishmaniose cutânea difusa

LD: Leishmaniose Disseminada

LM: Leishmaniose mucosa

LPS: Lipopolissacarídeo

LTA: Leishmaniose Tegumentar Americana

LV: Leishmaniose visceral

mAbs: Anticorpos monoclonais

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mRNA: Ácido ribonucléico mensageiro

IDRM: Intradermo reação de Montenegro

NADH: Nicotinamida adenina dinucleotídeo hidrogênio

NADPH: Nicotinamida adenina dinucleótido fosfato hidrogênio

NK: Célula natural killer

NO: Óxido nítrico

NO2-: Nitrito

O2-: Ânion superóxido

ONOO-: Peroxinitrito

Pe: Phycoerythrin (ficoeritrina)

Pe-CY5: Phycoerythrin cyanine (ficoeritrina-cianina 5)

PMNs: Polimorfonucleares

RNI: Reativos intermediários do nitrogênio

ROI: Reativos intermediários do oxigênio

SC: Subclínico

SFB: Soro fetal bovino

SLA: Antígeno solúvel de Leishmania

TH1: Linfócitos T “helper” auxiliares tipo1

Th2: Linfócitos T “helper” auxiliares tipo2

TLR: Receptor “toll-like”

TLR2: Receptor “toll-like” 2

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TLR 4: Receptor “toll-like” 4

TLR9: Receptor “toll-like” 9

TNF-: Fator de necrose tumoral – alfa

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V. SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO...........................................................................................................19

1.1 Aspectos epidemiológicos.........................................................................................19

1.2 Agentes etiológicos e transmissão.............................................................................19

1.3 Aspectos clínicos da leishmaniose tegumentar americana (LTA).............................20

1.4 Aspectos imunológicos da leishmaniose tegumentar................................................21

1.5 Resposta inflamatória e lesão tecidual na leishmaniose tegumentar.........................23

1.6 Eventos iniciais da resposta imune na infecção por Leishmania...............................23

1.7 Radicais derivados do oxigênio e nitrogênio e sua impotância para regular o

parasitísmo.......................................................................................................................25

1.8 Citocinas e quimiocinas na leishmaniose..................................................................26

1.9 Subpopulações de monócitos e seu papel na infecção e inflamação.........................28

2. JUSTIFICATIVA E RELEVÂNCIA..........................................................................31

3. HIPÓTESES................................................................................................................32

4. OBJETIVOS................................................................................................................33

4.1 Objetivo Geral...........................................................................................................33

4.2 Objetivos Específicos................................................................................................33

5. DESENHO DO ESTUDO...........................................................................................34

5.1 Área endêmica...........................................................................................................34

5.2 Definição de casos.....................................................................................................34

5.3 Critérios de inclusão..................................................................................................35

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5.4 Critérios de exclusão.................................................................................................35

6. MATERIAIS E MÉTODOS.......................................................................................36

6.1 População do estudo…………………………………………………………..........36

6.2 Parasito......................................................................................................................36

6.3 Antígeno solúvel de leishmania................................................................................37

6.4 Separação das células e culturas de macrófagos.......................................................37

6.5 Infecção de macrófagos humanos com uma cepa de L. braziliensis.........................37

6.6 Determinação da produção de óxido nítrico e superóxido........................................38

6.7 Determinação da produção de quimiocinas e TNF-...............................................38

6.8 Análise da expressão de CD14, CD16, HLA-DR, CD80 e CD86 em monócitos por

citometria de fluxo...........................................................................................................38

6.9 Expressão de TNF- nos monócitos CD14+ CD16

+ por análise de citometria de

fluxo.................................................................................................................................39

6.10 Análises Estatísiticas...............................................................................................39

7. RESULTADOS...........................................................................................................41

7.1 Avaliação in vitro da infecção de macrófagos humanos por L. braziliensis...........41

7.2 Produção do óxido nítrico e do superóxido em macrófagos humanos infectados ou

não com L. braziliensis....................................................................................................43

7.3 Avaliação da produção de quimiocinas após a infecção de macrófagos humanos com

L. braziliensis...................................................................................................................45

7.4 Avaliação da produção de TNF- após a infecção de macrófagos humanos com L.

braziliensis.......................................................................................................................48

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7.5 Frequência de monócitos inflamatórios em pacientes com LC e em indivíduos com

infecção SC......................................................................................................................50

7.6 Expressão das moléculas HLA-DR, CD80, CD86 nos monócitos inflamatórios.........

CD14+CD16

+ de indivíduos SC e pacientes com LC......................................................52

7.7 Expressão de TNF- em monócitos CD14+CD16

+ estimulados com SLA em............

indivíduos SC e pacientes com LC..................................................................................55

8. DISCUSSÃO GERAL.................................................................................................58

9. CONCLUSÕES...........................................................................................................65

10. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS......................................................................66

11. ANEXOS.................................................................................................................. 77

Artigo 1– Macrophages participate in host protection and the disease pathology

associated with Leishmania braziliensis infection

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1 INTRODUÇÃO

1.1 Aspectos epidemiológicos

As leishmanioses são um grupo de doenças que se estabelecem em células do

sistema fagocítico mononuclear, determinando formas clínicas tegumentar e visceral da

doença. Afetam cerca de 12 milhões de pessoas no mundo, sendo 2 milhões de novos

casos por ano (1.5 milhão leishmaniose tegumentar e 500 mil leishmaniose visceral).

Além disso, cerca de 350 milhões de pessoas estão expostas ao risco de infecção com

70.000 mortes a cada ano (Reithinger et al. 2007). Nos últimos anos, a globalização

econômica e o aumento do fluxo migratório estenderam a distribuição da doença para

países desenvolvidos. A doença é considerada um grave problema de saúde pública,

causando significativa morbidade e mortalidade.

No Brasil tanto a leishmaniose visceral como a leishmaniose tegumentar são

endêmicas e apresentam-se em franca expansão geográfica. A leishmaniose visceral

(LV), atinge 22 estados e tem uma prevalência de 3000 casos por ano enquanto que a

leishmaniose tegumentar é descrita em vários municípios de todas as unidades

federadas, sendo registrados em média cerca de 30.000 novos casos por ano. A maior

incidência da doença ocorre nas regiões norte e nordeste (Ministério da Saúde, 2009).

A leishmaniose tegumentar americana (LTA) tem alta incidência no estado da

Bahia, 22/100.000 habitantes, sendo distribuída em áreas agrícolas, associadas ao

desmatamento. A doença afeta indivíduos jovens, produtivos e mesmo crianças que se

expõem à infecção durante atividades agrícolas.

1.2 Agentes Etiológicos e Transmissão:

Os protozoários causadores da leishmaniose pertencem a ordem Kinetoplastida,

família Trypanosomatidae e gênero Leishmania (Grimaldi et al. 1993). Nas Américas

são conhecidas atualmente 11 espécies de Leishmania dermotrópicas causadoras de

doença em humanos. No Brasil, as principais espécies de Leishmania causadoras de

LTA são: Leishmania braziliensis, Leishmania guyanensis e Leishmania amazonensis

(Ministério da saúde, 2009). A L. braziliensis é o principal agente causal da leismaniose

cutânea e da leishmaniose mucosa na América Central e América do Sul. Na Bahia,

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principalmente em Corte de Pedra (região endêmica), a leishmaniose tegumentar é

causada por L. braziliensis.

Todas as espécies de Leishmania são transmitidas ao homem por fêmeas

infectadas do inseto da família Pyshcodidae e subfamília Phlebotominae que inocula as

formas prosmatigotas metacíclicas na pele durante o repasto sanguíneo. Parasitos do

gênero Leishmania apresentam duas formas evolutivas em seu ciclo de vida, a forma

promastigota e a amastigota. Promastigotas são encontrados no inseto e podem ser

classificadas como promastigotas procíclicas, que se multiplicam no intestino do inseto,

ou como as promastigotas metacíclicas infectantes, que são encontrados em partes da

boca e do intestino anterior do inseto. Ao picar outro animal e eventualmente o homem,

o inseto regurgita o material aspirado misturado com os parasitos e ocorre a inoculação

das formas promastigotas metacíclicas infectantes, que são englobadas por células

fagocíticas do hospedeiro (como os macrófagos, neutrófilos e células dendríticas)

recrutadas ao sítio da infecção. Os parasitos internalizados nos macrófagos se

diferenciam em amastigotas no interior do fagolisossoma e se multiplicam por divisão

binária. Quando a célula hospedeira está altamente parasitada há o rompimento da sua

membrana e as amastigotas disseminam-se pelos tecidos infectando novos macrófagos

exacerbando assim a infecção (Lainson et al. 1987; Hepburn 2003).

1.3 Aspectos Clínicos da Leishmaniose Tegumentar Americana (LTA)

A leishmaniose tegumentar pode apresentar uma diversidade de formas clínicas

no homem incluindo, leishmaniose cutânea (LC), leishmaniose mucosa (LM),

leishmaniose disseminada (LD), leishmaniose cutânea difusa (LCD) e aínda infecção

subclínica (SC) ou assintomática dependendo da espécie de Leishmania infectante, da

região geográfica, do grau de imunidade do indivíduo e do inseto vetor.

Leishmaniose cutânea: É a forma mais comum de apresentação da doença. Apresenta

uma lesão de pele benigna, pode ser auto-curável, sendo causada por diferentes espécies

de Leishmania. A lesão inicia-se habitualmente com uma área de vermelhidão e edema

no sítio de inoculaçao pelo inseto e depois de 3 a 4 semanas desenvolve-se na maioria

dos casos, uma única úlcera com bordas elevadas, endurada e eritematosa, onde os

parasitos são encontrados principalmente nas bordas da lesão (Marsden et al. 1984;

Marsden 1985).

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Leishmaniose mucosa: Aproximadamente 3% dos pacientes com leishmaniose cutânea

por L. braziliensis evoluem para a forma mais grave da doença, a LM. O principal

agente causador desta doença é a L. braziliensis. As lesões são múltiplas, acima da

cintura pélvica, são infiltradas, com ulcerações destrutivas nas mucosas do nariz, boca e

faringe. Existem também casos raros de lesão mucosa em indivíduos sem histórico de

lesão cutânea (Marsden 1986; Jones et al. 1987; Marsden 1994).

Infecção subclínica: É observada em indivíduos residentes em área endêmica de

leishmaniose. Esses indivíduos apresentam reação de hipersensibilidade tardia ao

antígeno de leishmania positivo (DTH) e são considerados como tendo uma forma

subclínica da doença. Individuos considerados subclícnicos não desenvolvem doença e

o controle da infeção ocorre sem o uso de medicamentos (Bosque et al. 2000; Follador

et al. 2002; de Oliveira Camera et al. 2006).

1.4 Aspectos imunológicos da leishmaniose tegumentar

É sabido que as leishmanioses representam um excelente modelo sistêmico para

estudo da resposta imune mediada por células. Em 1986, MOSMANN iniciou uma

revolução conceitual na imunologia por dividir as células T “helper” (Th) em duas

populações (Th1 e Th2) com perfis de citocinas antagonicas e contrareguladoras. Em

camundongos, na infecção por Leishmania major a resistência é dependente do

desenvolvimento de um tipo de resposta imune Th1 que está associada com a produção

de IFN-, enquanto que susceptibilidade está associada com o desenvolvimento de

resposta Th2 com produção de IL-4 e IL-5 (Liew 2002; Sacks e Noben-Trauth 2002).

Em humanos, na ausência da ativação de células Th1, a produção de IFN- é baixa

ou ausente e os macrófagos perdem a capacidade de destruir leishmânias e formas

disseminadas da leishmaniose são observadas como a leishmaniose visceral e

leishmaniose cutânea difusa (Carvalho et al. 1988; Bomfim et al. 1996). Todavia, nas

formas cutânea e mucosa da leishmaniose tegumentar apesar de existir uma resposta

imune protetora, os pacientes evoluem para a doença. Do ponto de vista histopatológico,

as lesões de LC e LM são caracterizadas por um processo inflamatório com linfócitos e

plasmócitos e com raros ou até mesmo ausência de parasitos (Bittencourt e Barral

1991). Na realidade, evidências têm sido acumuladas de que a resposta imune participa

da lesão tecidual da leishmaniose tegumentar: 1) Os pacientes com LC e LM

apresentam uma produção aumentada de IFN- e TNF- (Ribeiro-de-Jesus et al. 1998)

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mas, em vez de controlarem a infecção, desenvolvem úlceras cutâneas e mucosas; 2)

Células mononucleares do sangue periférico (CMSP) de pacientes com LC e LM

quando estimuladas com antígeno de L. braziliensis in vitro produzem pouco ou não

produzem IL-10 e a adição exógena dessa citocina não regula a produção de IFN- e

TNF- nestes pacientes (Bacellar et al. 2002); 3) Embora IL-10 seja expressa em

células da lesão de pacientes com LC e LM, em células da lesão mucosa há uma menor

expressão do receptor de IL-10 do que nas células da lesão cutânea (Faria et al. 2005);

4) A produção de TNF- e IFN- no soro e em sobrenadantes de culturas de células

estimuladas com o antígeno de leishmania diminuem significativamente após o

tratamento (Da-Cruz et al. 1996; Ribeiro-de-Jesus et al. 1998). Em contraste com estas

formas clínicas de infecção causada por L. braziliensis, cerca de 10% dos indivíduos

residentes em área de transmissão por L. braziliensis, apesar da exposição a esse

parasito, não apresentam evidências de doença clínica. Esses indivíduos apresentam

DTH positivo (teste de Montenegro) e são considerados como tendo uma forma SC da

doença (Follador et al. 2002). Linfócitos de indivíduos com a forma SC da infecção por

L. braziliensis não produzem ou apresentam uma produção menor de IFN- e TNF-

quando comparados com pacientes com LC após estimulação in vitro com antígeno de

L. braziliensis. Por outro lado, células de indivíduos com a forma SC produzem mais

IL-5 que pacientes com leishmaniose cutânea (Follador et al. 2002). Foi visto também

que um equilíbrio na produção das citocinas IFN-/ IL-10 produzidas por indivíduos SC

podem representar uma melhor modulação da resposta imune associada com um

prognóstico favorável (Gomes-Silva et al. 2007). Até o momento não está claro porque

os indivíduos com a forma SC da infecção por L. braziliensis têm a capacidade de

controlar a doença.

Resultados recentes revelam a existência de complexidades na regulação de

citocinas e nos mecanismos de aquisição de resistência ou suscetibilidade. A produção

de IFN-γ por células Th1 favorece ativação dos macrófagos e morte do parasito, no

entanto, a produção excessiva dessa citocina poderia levar à inflamação descontrolada e

destruição dos tecidos.

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1.5 Resposta inflamatória e lesão tecidual na leishmaniose tegumentar

A destruição celular e tecidual que leva ao aparecimento da lesão é a responsável

pela mais importante manifestação clínica na leishmaniose tegumentar que é a úlcera

leishmaniótica. Nossos estudos prévios têm mostrado a importância da resposta

inflamatória na destruição tecidual na leishmaniose tegumentar e a incapacidade de IL-

10 modular esta resposta na leishmaniose mucosa. Por exemplo, existe uma associação

entre produção de IFN- e TNF- e tamanho da lesão assim como o aparecimento de

formas mais graves da doença (Bacellar et al. 2002; Antonelli et al. 2005). O uso da

pentoxifilina, um inibidor de TNF- associado ao antimônio, cura pacientes com LC e

LM que são refratários ao tratamento com antimonial (Lessa et al. 2001; Bafica et al.

2003) e acelera a cura de pacientes virgens de tratamento (Machado et al. 2007).

Também tem sido identificada uma grande atividade de células citotóxicas em lesões de

pacientes com LC (Machado et al. 2002; Faria et al. 2005; Faria et al. 2009).

1.6 Eventos iniciais da resposta imune na infecção por Leishmania

Nesta fase inicial da interação parasito-hospedeiro diversas células presentes no

meio atuam, despertando grande interesse nos últimos anos por suas ações

diversificadas. Após a infecção por Leishmania, os neutrófilos são as primeiras células a

chegar ao sítio da infecção. Estas células possuem vida curta, morrem por apoptose e

são fagocitadas por macrófagos e células dentríticas que assim se infectam com os

parasitas (van Zandbergen et al. 2004). Outras células do sistema imune inato, são as

células natural killer (NK), que possuem atividade citotóxica, desempenham papel

importante no controle da infecção por Leishmania e aparecem no sítio da infecção 24

horas depois da inoculação pelos parasitas (Muller et al. 2001). Os monócitos tem

origem de células precursoras na medula óssea, possuem meia-vida na circulação que

varia de 1 a 3 dias. Os macrófagos teciduais são oriundos da migração dos monócitos a

partir da circulação e pela proliferação de precursores de macrófagos nos tecidos. Os

monócitos desempenham funções importantes na resposta inflamatória, o que é

essencial para a resposta inata a patógenos. Estes representam cerca de 10% dos

leucócitos no sangue humano e 4% dos leucócitos no sangue de camundongo. Essas

células são classificadas pela expressão da molécula de superfície CD14 responsável

pela ligação ao complexo lipopolissacarídeo (LPS) e pela ativação de macrófagos.

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Os monócitos não são uma população homogênea, apresentam subtipos que são

principalmente baseados nas diferenças de expressão de moléculas de superfície (Grage-

Griebenow et al. 2001). No homem duas populações são distinguidas, os monócitos

clássicos que são CD14+CD16

- e os inflamatórios CD14

+CD16

+. Estas subpopulações

de monócitos do sangue periférico, apresentam características morfológicas e funções

diferentes. Os monócitos inflamatórios são potentes produtores de TNF- e apresentam

baixa ou nenhuma produção de IL-10. Estas células parecem ser mais maduras,

presentam uma alta expressão dos níveis de HLA-DR quando comparadas com os

monócitos clássicos. O aumento do número destas células têm sido reportados em

doenças inflamatórias e infecções em humanos (Ziegler-Heitbrock 2007; Belge, et al.

2002). Durante o processo de inflamação, ocorre um aumento do número de monócitos

circulantes e da sua produção na medula óssea, assim como a redução do tempo de

permanência dos mesmos na circulação, uma vez que eles migram para o foco da lesão.

Os macrófagos apresentam um elevado grau de heterogeneidade fenotípica e

funcional e podem responder a estímulos endógenos que são rapidamente gerados após

lesão ou infecção (Mosser e Edwards 2008). Esses estímulos iniciais são tipicamente

produzidos por células do sistema imune inato e podem exercer um efeito transitório

sobre a fisiologia dos macrófagos. Os macrófagos também podem responder a sinais

que são produzidos por moléculas das células da imunidade adaptativa. Esses sinais são

mais focados e prolongados do que os estímulos da imunidade inata (Mosser e Edwards

2008). Foram identificadas 3 populações de macrófagos ativados, cada uma das quais

tem uma fisiologia distinta e estas populações podem ser geradas em resposta a sinais

da resposta imune inata ou adaptativa: 1. Macrófagos ativados classicamente: São os

macrófagos produzidos durante respostas mediadas por células da resposta imune.

Através da combinação de dois sinais, o IFN- e TNF-α, resultando em uma população

de macrófagos com uma melhor capacidade microbicida/tumoricida e que secretam

níveis elevados de citocinas e mediatores pró-inflamatórios (O’Shea e Murray 2008).

Estes macrófagos classicamente ativados são componentes vitais de defesa do

hospedeiro, mas a sua ativação deve ser controlada, porque as citocinas e seus

mediadores podem levar a série de danos teciduais 2. Macrófagos ativados

alternativamente ou “wound healing”: São macrófagos que podem ser desenvolvidos

em resposta a sinais da resposta inata ou adaptativa. Um dos primeiros sinais inatos a

ser liberados durante a lesão tecidual se pensa ser a IL-4 (Loke et al 2007). A produção

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precoce desta citocina converte rapidamente macrófagos residentes em uma população

de células que estão programados para promover a cicatrização de feridas através da

produção da matriz extracelular. O papel destes macrófagos em defesa do hospedeiro na

imunidade adaptativa continua a ser um pouco enigmatico. 3. Macrófagos regulatórios:

Estes macrófagos podem surgir após as respostas imunes inatas ou adaptativas.

Glicocorticóides são liberados por células supra-renais, em resposta ao stress, e pode

inibir a defesa mediada por macrófagos e suas funções inflamatórias dando origem a

uma população de macrófagos reguladores. Estes macrófagos não contribuem para a

produção da matriz extracelular, e muitas destas células reguladoras expressam níveis

elevados de moléculas co-estimulatórias (CD80 e CD86) e, por conseguinte, podem

apresentar antígenos a células T (Edwards et al 2006). Macrófagos reguladores podem

também ser explorados por parasitas, patógenos bacterianos e virais.

Na infecção por Leishmania os macrófagos desempenham papel importante na

resposta imune, seja por atuarem como células apresentadoras de antígenos ou por

produzirem e liberarem mediadores inflamatórios e quimiotáticos. Os macrófagos

infectados migram para o linfonodo regional (Moll et al. 1993), mas ainda na pele, estas

células podem sofrer influencia de quimiocinas e citocinas liberadas por queratinócitos,

neutrófilos, mastócitos e macrófagos presentes no sítio da inoculação. Durante esta fase,

membros da família das quimiocinas têm uma importância fundamental na atração dos

subtipos de leucócitos no sítio da infecção e também de estimulá-los (Rot e von Andrian

2004).

1.7 Radicais derivados do oxigênio e nitrogênio e sua importância para regular o

parasitísmo

Os macrófagos atuam como primeira linha de defesa do hospedeiro onde a

produção e liberação dos compostos reativos intermediários do oxigênio (ROI) e do

nitrogênio (RNI) por estas células têm sido identificadas como crítico no controle da

infecção por Leishmania. Durante o primeiro estágio da infecção o superóxido (O2-) é

produzido como parte do “burst” respiratório de macrófagos humanos e murinos em

resposta a fagocitose. O O2- é catalizado pela enzima oxidase NADPH como resultado

do aumento do consumo de oxigênio que é típico do processo de fagocitose (Babior

2000; Van Assche et al. 2011). Depois da ativação dos macrófagos, há um aumento de

várias citocinas como IFN-, TNF- e da enzima NADPH oxidase com produção de O2-

,formação também do peróxido do hidrogênio (H2O2), radical hidroxil (HO.), hipoclorito

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(OCL-) e peroxinitrito (ONOO

-) (Babior 2000). Outro importante oxidante anti-

leishmanicida é o óxido nítrico (NO). Esta molécula é catalizada por uma das três

isoformas da óxido nítrico sintase (NOS): NOS-1 (neuronal ou nNOS), NOS-III

(endotelia ou eNOS) e NOS-II (induzível ou iNOS). As duas primeiras são constitutivas

e a terceira isoforma, a iNOS, é conhecida por ser expressa durante a resposta imune

contra patógenos. A produção do NO é induzida principalmente por citocinas pro-

inflamatórias como IFN- e TNF- após ativação do macrófago (Liew et al. 1990a).

Aumento da expressão de iNOS pode ser demonstrado no sítio da infecção por

Leishmania (Stenger et al. 1996). A produção de NO em muitos modelos experimentais

pode estar diretamente relacionada com a capacidade do hospedeiro em controlar a

proliferação microbial, uma vez que a supressão da atividade de iNOS está relacionada

com um aumento dramático na carga parasitária (Stenger et al. 1996; MacMicking et al.

1997). Estudos anteriores mostraram que na infecção de camundongos por Leishmania,

os macrófagos são ativados e o controle do crescimento intracelular do parasita depende

fundamentalmente da produção de NO (Liew et al. 1990b; Augusto et al. 1996;

Mossalayi et al. 1999). Entretanto, em humanos a produção de NO por macrófagos

ativados é relativamente reduzida em comparação aos níveis encontrados em

camundongos, embora haja expressão de mRNA para iNOS após estimulação com IFN-

(Balestieri et al. 2002).

As moléculas O2- e NO são importantes no controle da infecção intracelular por

Leishmania onde são responsáveis pela formação espontânea de vários metabólitos

H2O2 e peroxinitrito ONOO-, entretanto estes mecanismos microbicidas às vezes não

são eficazes na destruição dos parasitos, havendo progressão da infecção para a doença.

1.8 Citocinas e quimiocinas na leishmaniose

As citocinas e quimiocinas são importantes mediadores envolvidos na

manutenção do processo inflamatório, podendo estimular ou inibir a resposta imune

(Sher et al. 1992). Além disso, esses mediadores estão envolvidos na indução das

respostas Th1 e Th2. As citocinas são produzidas por diferentes tipos celulares e atuam

também sobre várias células. Atuam na ativação de macrófagos, inflamação,

quimiotaxia, desempenhando um papel importante na polarização da resposta imune,

assim como, na manutenção e diferençiação celular. O TNF- é sintetizado por

macrófagos e outras células em resposta a toxinas bacterianas, processos inflamatórios e

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outros estímulos invasivos. Foi originalmente identificado em ratos como caquectinas

indutoras de anemia, emagrecimento e febre. O TNF- representa o principal mediador

da resposta do hospedeiro às bactérias gram-negativas, podendo também desempenhar

importante papel na resposta a outros organismos infecciosos (Warzocha et al. 1995). A

citocina TNF- é importante, uma vez que é secretada na fase inicial da infecção por

Leishmania, podendo determinar a progressão ou o controle da infecção. Participa da

ativação dos macrófagos, e com, isso pode levar a destruição de Leishmania via indução

da produção de radicais do oxigênio e do nitrogênio que são tóxicos para o parasito. Foi

visto que, pacientes com lesões crônicas apresentaram uma forte expressão de citocinas

pró-inflamatórias como TNF- (Melby et al. 1994). Isto mostra que embora a produção

de TNF- possa estar envolvida no controle da multiplicação do parasita nas fases

iniciais da infecção por Leishmania, esta citocina também pode estar envolvida no dano

tecidual na leishmaniose tegumentar.

As quimiocinas são polipeptídeos de baixo peso molecular (8-10kDa) que

desempenham papéis importantes durante a resposta imune, desencadeando a ativação

das integrinas e induzindo o recrutamento de linfócitos antígeno-específicos para os

tecidos periféricos em resposta à inflamação (Springer 1994). Atualmente, cerca de 50

quimiocinas humanas e 20 receptores de quimiocinas têm sido caracterizados (Zlotnik e

Yoshie 2000). Alguns receptores recebem a ligação de apenas uma quimiocina, outros

receptores são compartilhados por várias quimiocinas. O contrário também ocorre onde

uma quimiocina pode se ligar a vários receptores. As quimiocinas foram classificadas

em quatro grandes famílias, dependendo do número e disposição de moléculas da

cisteína na terminação amino da proteína: C, CC, CXC e CX3C. As quimiocinas da

família CC estão envolvidas especialmente com a quimiotaxia de eosinófilos, monócitos

e linfócitos T. As quimiocinas da família CXC, como CXCL-8 (IL-8), são moléculas

quimiotáticas de neutrófilos. Outras quimiocinas desta família como as que se ligam ao

receptor CXCR3, recentemente, têm sido descritas como possíveis recrutadoras de

linfócitos T ativados e monócitos sanguíneos. A CCL2 - Proteína quimiotáxica de

monócito (MCP-1) apresenta expressiva importância no recrutamento e ativação de

monócitos, linfócitos T e basófilos durante a inflamação aguda. Foi o primeiro membro

descrito da subclasse CC. São potentes ativadores e quimioatrativos de linfócitos T. São

capazes de estimular a lise de células-alvo pelas células NK provenientes da corrente

sanguínea. A CCL3 - Proteína inflamatória de macrófago (MIP1-) é uma das

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quimiocinas da subclasse CC, sendo descrita inicialmente como regulador da

hematopoiese e inibidor da proliferação das células-tronco. A CXCL-8 foi a primeira

quimiocina a ser descoberta, há cerca de 20 anos. Faz parte da subfamília CXC e

apresenta como uma das suas principais funções a promoção da quimiotaxia de

neutrófilos, servindo também como fator ativador de neutrófilos (Bazzoni et al. 1991).

O papel das quimiocinas na infecção por Leishmania, além do recrutamento dos

leucócitos, inclui participação na imunidade mediada por células, ativação celular e

atividade leishmanicida (Teixeira et al. 2006). A produção de diferentes padrões de

quimiocinas associadas às várias formas clínicas da leishmaniose tegumentar sugere

uma importante participação destas moléculas na resposta imune protetora a

Leishmania. Durante a leishmaniose ativa, as células da lesão de pacientes infectados

com Leishmania mexicana que desenvolveram leishmaniose cutânea localizada auto

curável apresentam alta expressão de quimiocinas como CCL2 , CXCL9 e CXCL10

(Ritter e Korner 2002). Já foi demonstrado que a infecção de macrófagos humanos com

promastigotas de L. major induz a expressão de CXCL8 (Badolato et al. 1996). A

produção excessiva dessas moléculas podem potencializar uma inflamação

descontrolada que culmina com destruíção tecidual (Ritter e Korner 2002; Amato et al.

2003). A CXCL9 também conhecida como monocina induzida por IFN-γ (MIG) está

associada com a resposta Th1 (Mikhak et al. 2006). A produção de moléculas

microbicidas induzidas por essas e outras quimiocinas tem sido observada. Fagócitos

mononucleares humanos infectados in vitro com Leishmania infantum e estimulados

com CCL2 e CCL3 produzem mais NO, de modo semelhante ao induzido pelo IFN-,

destruindo o parasito (Brandonisio et al. 2002). Citocinas, quimiocinas, metabólitos do

tecido e mediadores inflamatórios podem influenciar na diferenciação dos macrófagos

nos tecidos. Além disso, estas células podem mudar seu fenótipo funcional de acordo

com mudanças no microambiente (Stout et al. 2005). Desta forma, a mesma

subpopulação de monócitos pode se diferenciar em diferentes tipos de macrófagos

dependendo do microambiente e do patógeno encontrado neste ambiente (Strauss-Ayali

et al. 2007).

1.9 Subpopulações de monócitos e seu papel na infecção e inflamação

A existência de diferentes populações de monócitos humanos no sangue já está

bem estabelecida. Monócitos humanos que eram identificados somente pela expressão

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de CD14, agora são classificados pela expressão de CD14 e CD16 (FcRIII). Além dos

monócitos clássicos que são fortemente positivos para a molécula de superfície CD14

(CD14+CD16

-), foi caracterizada outra população de monócitos que co-expressam

CD16 e baixos níveis de CD14 (CD14+CD16

+). Os monócitos CD14

+CD16

-

representam cerca de 90-95% do total de monócitos de uma pessoa sadia enquanto as

células CD14+CD16

+consistem de 5-10% do total de monócitos (Passlick et al. 1989;

Ziegler-Heitbrock 1996). Estas subclasses diferem em muitos aspectos, incluindo

expressão de moléculas de adesão e receptores de quimiocinas. Monócitos CD14+

CD16- expressam CCR2 (receptor para MCP-1), CD62L (L-selectina), enquanto

monócitos CD14+CD16

+ não expressam CCR2, mas expressam CCR5 (receptor para

MIP-1/RANTES) e CX3CR1 (Weber et al. 2000). A expressão de receptores

específicos de quimiocinas e de moléculas de adesão pode ter consequências funcionais

importantes, representando não somente diferenças no padrão de migração (Weber et al.

2000; Ancuta et al. 2003), mas também conferindo diferença na susceptibilidade a

infecções, como por exemplo, na infecção pelo HIV (Doranz et al. 1996; Faure et al.

2000). Adicionalmente, os monócitos CD14+CD16

+ produzem concentrações elevadas

da citocina pro-inflamatória TNF- mas não expressam concentrações detectáveis da

citocina antiinflamatória IL-10, após estimulação com LPS (Frankenberger et al. 1996;

Belge et al. 2002). Um padrão similar de produção de citocinas foi observado após

estimulação destas subclasses de monócitos com células tumorais in vitro, com alta

produção de IL-12 e TNF- e baixa produção de IL-10 por monócitos

CD14+CD16

+quando comparado com monócitos CD14

+CD16

- (Szaflarska et al. 2004).

No mesmo estudo, foi encontrada expressão mais elevada de NO sintase e produção de

NO nos monócitos CD14+CD16

+ (Szaflarska et al. 2004). Desta forma, baseado no

padrão de produção de citocinas os monócitos CD14+CD16

+ podem ser considerados

monócitos pró-inflamatórios. Monócitos estimulados podem produzir grande

quantidade de moléculas efetoras envolvidas na defesa contra patógeno (Serbina et al.

2008) e na patogênese de várias doenças inflamatórias como a aterosclerose (Libby et

al. 2008). O padrão de expressão de moléculas co-estimulatórias tem sido implicados na

direção de uma resposta Th1 ou Th2. Monócitos CD14+CD16

+ apresentaram maior

expressão da molécula HLA-DR (Passlick et al. 1989) e isto poderia sugerir uma maior

atividade de apresentação de antígeno destas células. Na infecção por L. chagasi foi

observado uma alteração na expressão de moléculas de adesão e moléculas co-

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estimulatórias tanto em monócitos como em macrófagos humanos (De Almeida et al.

2003). Um aumento considerável do número de monócitos CD14+CD16

+ tem sido

descrito para uma variedade de agentes infecciosos sistêmicos em humanos, incluindo

síndrome urêmica hemolítica, sepsis bacteriana e HIV. Todas estas infecções são

acompanhadas por um aumento pronunciado desta subpopulação. Recentemente, foi

observado que pacientes com LC têm frequência mais elevada dos monócitos que

expressam a molécula CD16 (Soares et al. 2006). Embora monócitos CD16+ apresentem

alta produção de TNF- e concentrações mais baixas de IL-10 (Belge et al. 2002),

pouco se sabe sobre o papel dessas células na leishmaniose.

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2. JUSTIFICATIVA E RELEVÂNCIA

A leishmaniose tegumentar americana constitui um importante problema de saúde

pública, devido às altas taxas de prevalência mundial e de difícil controle

epidemiológico. No Brasil tem-se observado um elevado crescimento do número de

casos de LTA, tanto em magnitude como em expansão geográfica, com surtos

epidêmicos em todas as regiões. Em Corte de Pedra-BA, são diagnosticados anualmente

cerca de 900 casos de leishmaniose no Posto de Saúde desta área endêmica. A maioria

dos casos é de leishmaniose cutânea, sendo 3-5% de LM e 2-3% leishmaniose

disseminada (LD), trazendo a possibilidade de realizar estudos para esclarecer os

mecanismos envolvidos na patogênese dessas formas clínicas.

Muito se avançou na compreensão da imunopatogênese da leishmaniose

tegumentar humana, tendo como base aspectos relacionados à documentação que a forte

resposta do tipo Th1 não modulada estaria associada à destruição tecidual observada

nesta doença. Entretanto, pouco se sabe sobre o papel dos monócitos/macrófagos e de

moléculas secretadas por estas células na da resposta imune exacerbada que é observada

na leishmaniose tegumentar. O conhecimento de que os monócitos CD14+CD16

+ estão

associados a várias doenças inflamatórias e infecciosas e que citocinas, quimiocinas e

outras moléculas produzidas por células da resposta imune inata possam interferir na

diferenciação dos macrófagos nos tecidos e na resposta imune adaptativa, nos dão

suporte para o estudo do comportamento destas células na leishmaniose tegumentar.

Embora a imunidade adaptativa venha sendo extensivamente estudada no modelo

de infecção por Leishmania, trabalhos recentes abordando a defesa do hospedeiro contra

diversos patógenos tem demonstrado que as células da resposta imune inata apresentam

um importante papel não apenas nos mecanismos iniciais de destruição do patógeno,

mas também no direcionamento do tipo de resposta imune especifica gerada. Dessa

forma, o recrutamento da população celular no início da infecção parece ter papel

importante no desenvolvimento da doença.

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3. HIPÓTESES

Hipótese. 1 Macrófago de pacientes com leishmaniose cutânea, mucosa e de indivíduos

com infecção subclínica comportam-se de maneira distintas frente à infecção in vitro

com Leishmania.

Hipótese. 2 Na leishmaniose cutânea, o predomínio de monócitos inflamatórios

CD14+CD16

+ poderia estar associado com a expressão clínica da doença.

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4. OBJETIVOS

4.1 Objetivo Geral

Avaliar o papel dos monócitos e macrófagos na infecção por L. braziliensis.

4.2 Objetivos Específicos:

Objetivo 1 Avaliar in vitro a capacidade de infecção e multiplicação de L. braziliensis

em macrófagos de pacientes com leishmaniose cutânea, leishmaniose mucosa e de

indivíduos com infecção subclínica, após infecção in vitro com L. braziliensis.

Objetivo 2 Avaliar a produção de NO e O2- por macrófagos de pacientes com

leishmaniose cutânea, leishmaniose mucosa e subclínicos, após infecção in vitro por L.

braziliensis.

Objetivo 3 Avaliar a produção de quimiocinas e TNF-α por macrófagos de pacientes

com leishmaniose cutânea, leishmaniose mucosa e subclínicos, após infecção in vitro

por L. braziliensis e após estímulo com LPS.

Objetivo 4 Avaliar a freqüência de células CD14+CD16

+ no sangue periférico de

pacientes com leishmaniose cutânea e de indivíduos com infecção subclínica por L.

braziliensis e a expressão de HLA-DR, CD80 e CD86, como também avaliar a

produção de TNF-α, por essas células após estímulo com antígeno solúvel de leishmania

(SLA).

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5. DESENHO DO ESTUDO

5.1 Área Endêmica

Nossa área de estudo, Corte de Pedra, município de Tancredo Neves, está

localizada a 280 km a sudoeste de Salvador, Bahia. Esta região é conhecida há mais de

30 anos como área de infecção por L. braziliensis, e é a região onde se registra a mais

alta taxa de incidência da doença no estado onde o número de casos de leishmaniose

tegumentar em 2011 foi de 900 casos. O Serviço de Imunologia do Hospital

Universitário Prof. Edgard Santos se encontra localizado em Salvador onde se realizam

os estudos imunológicos. Desde 1980 um Posto de Saúde foi estabelecido na vila de

Corte de Pedra e desde então médicos do Serviço de Imunologia visitam a área a cada

duas semanas. A partir de 2001 um médico radicado em Corte de Pedra dá assistência a

esta população, juntamente com médicos da Universidade Federal da Bahia. O Posto

também conta com o apoio de 4 agentes de saúde treinados, todos residentes na região.

Eles prestam assistência aos pacientes, visitam as famílias, e participam das atividades

de pesquisa. Médicos da Universidade incluindo clínicos, imunologistas,

infectologistas, dermatologistas e otorrinolaringologistas trabalham quinzenalmente no

posto de saúde. O posto de saúde tem se tornado um centro de referência para o

diagnóstico e tratamento da leishmaniose tegumentar e recebe pacientes oriundos de 20

municípios que estão dentro de uma área de 9.935 km2 e uma população de 454.000

habitantes.

5.2. Definição de casos

5.2.1 Leishmaniose Cutânea (LC): é definida como a presença de uma lesão ulcerada

na pele, sem evidência de envolvimento da mucosa. O diagnóstico é realizado pela

detecção do parasito através da cultura do aspirado da lesão, da histopatologia ou pelo

achado da lesão típica e por dois dos seguintes testes: teste positivo de

hipersensibilidade tardia ao antígeno de Leishmania (Reação de Montenegro-DTH),

teste sorológico positivo e histopatologia compatível com leishmaniose tegumentar.

5.2.2 Leishmaniose Mucosa (LM): é caracterizada pela presença de uma lesão mucosa

metastática, localizada, mais frequentemente, no septo nasal ou estendida para o palato,

faringe e orofaringe. Aproximadamente 3% dos pacientes com infecção por L.

braziliensis evoluem para a forma mucosa. Por definição, as lesões mucosas não são

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35

contíguas com a lesão cutânea primária. O diagnóstico é realizado pelos mesmos

métodos utilizados para LC.

5.2.3 Infecção Subclínica por L. braziliensis (SC): indivíduos residentes na área

endêmica sem história atual ou passada de leishmaniose, com teste positivo de

hipersensibilidade tardia ao antígeno de Leishmania.

5.2.4 Controles sadios (CS): indivíduos adultos não residentes em área endêmica, sem

história pregressa de leishmaniose, que aceitaram participar do estudo.

5.3 Critérios de Inclusão

Pacientes com LC, LM e infecção SC de L. braziliensis foram selecionados

baseados nos critérios de definição de caso estabelecidos nos itens citados

anteriormente. Pacientes com LC e LM com duração da doença não superior a 60 dias e

virgens de tratamento para leishmaniose. Pacientes com LC no máximo com 3 lesões

cutâneas. Todos os pacientes diagnosticados com leishmaniose tegumentar,

independente de participarem do estudo foram tratados com antimonial pentavalente, o

tratamento padrão recomendado pela Organização Mundial de Saúde e pelo Ministério

da Saúde. Os indivíduos com infecção subclínica foram identificados durante as visitas

aos domicílios pelo médico residente na área e por um dos assistentes de saúde que

fazem busca ativa da doença entre os familiares dos pacientes com LC e LM. Nesses

casos além da informação clínica foi realizada a Reação de Montenegro para saber se

houve contato com a Leishmania. Os indivíduos com Reação de Montenegro positiva e

que não apresentaram a doença (infecção SC) foram então convidados a participar do

estudo. Todos os participantes foram voluntários que consentiram em participar do

estudo. O Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) explicando nossa

proposta e procedimento foi lido pelo participante ou por um dos médicos da equipe na

presença de uma testemunha, e assinou o TCLE.

5.4 Critérios de Exclusão

Pacientes com sorologia positiva para HIV, portadores de doenças debilitantes

como insuficiência renal, insuficiência hepática e diabetes mellitus, indivíduos que

tenham feito uso de drogas imunossupressoras ou apresentem condições que possam

alterar a resposta imune ou contra indiquem a doação de sangue para a avaliação no

soro, a exemplo de gravidez, crianças com idade inferior a 15 anos e gestantes.

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36

6. MATERIAIS E MÉTODOS

6.1 População do Estudo

Foram avaliados 42 pacientes com LC, 11 pacientes com LM, 24 indivíduos com

infecção SC e 22 CS. A confirmação diagnóstica foi realizada pelo isolamento do

parasita, uma resposta positiva (Reação de Montenegro-DTH) e características

histológicas de LC e LM. Indivíduos que apresentaram contato domiciliar com

pacientes com LTA sem história passada ou atual de leishmaniose e com o teste de

DTH positivo e produção de IFN- em culturas estimuladas com SLA foram

considerados como portadores de infecção subclínica. O exame físico desses indivíduos

não mostrou uma cicatriz típica da LC. Os indivíduos utilizados como controles sadios

foram pessoas na sua maioria, compostas de estudantes da área urbana de Salvador e

que não tiveram história de contato com área endêmica de leishmaniose.

Todos os pacientes foram atendidos no Posto de Saúde de Corte de Pedra,

localizada na região sudoeste do estado da Bahia, Brasil, que é bem conhecida por sua

alta taxa de transmissão de L. braziliensis. Alguns experimentos não incluíram

amostras de todos os pacientes. As análises imunológicas foram realizadas antes do

tratamento para todos que participaram do estudo. Este trabalho foi aprovado pelo

Comitê de Ética da Universidade Federal da Bahia (Parecer/Resolução N° 019/2008) e

todos os voluntários que doaram sangue para isolamento das células mononucleares do

sangue periférico (CMSP) e execução das análises ex-vivo e ou in vitro foram

esclarecidos sobre a finalidade do estudo e todos assinaram o termo de consentimento.

6.2 Parasito

Foi utilizada a L. braziliensis (MHOM/BR/2003/LTCP15344) caracterizada por

eletroforese de enzima multilocus (Cupolillo et al. 1994). Este isolado foi obtido a

partir de uma lesão da pele de um paciente com LC, onde foi inicialmente cultivado em

meio bifásico (NNN). Após isolamento, o parasita foi criopreservado em nitrogênio

líquido. Para estimulação in vitro das CMSP, foram utilizadas promastigotas em fase

estacionária de crescimento, cultivadas em meio Schneider (sigma Aldrch, St. Louis,

MO), suplementado com 10% de soro fetal bovino (SFB) (Gibco BRL), com 2 % de

urina estéril.

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37

6.3 Antígeno solúvel de Leishmania

O antígeno de Leishmania (antígeno bruto) foi preparado a partir da L.

braziliensis (MHOM/BR/2001) como descrito anteriormente (Reed et al. 1986).

6.4 Separação das células e cultura de macrófagos

As CMSP foram isoladas a partir de sangue heparinizado dos pacientes e doadores

sadios, diluídos 1:2 em salina 0,9%, por um gradiente de densidade, o Ficoll Hypaque

(LSM; Organon, Durham, NC). As células foram distribuídas em poços de lâmina Lab-

Tec. Os monócitos foram separados por aderência. Após 6 dias de cultura em meio de

RPMI completo 1640 (soro AB humano a 10% inativado, 100 U de penicilina/ml,

estreptomicina 100 ug/ml) (GIBCO BRL, Grand Island, NY, EUA), as células aderentes

se diferenciaram em macrófagos. Foi visto que 99% das células em cultura foram

identificadas como macrófagos por observação microscópica. Para avaliar a pureza dos

macrófagos, células aderentes foram removidas e analisadas por citometria de fluxo. Os

macrófagos foram analisados de acordo com as suas características de tamanho (FSC)

versus granulosidade (SSC) numa região denominada “gate”. A pureza foi avaliada por

análise utilizando os seguintes anticorpos monoclonais (mAbs): CD14-PE-Cy5

(macrófagos), CD3-PE (células T), CD19-FITC (células B) e foram confirmadas como

CD14+, CD3

-, CD19

-. A influência das células T no sistema foi considerada ausente,

porque a população das células aderentes consistia em menos de 1% de células TCD3+.

Também foi avaliada a produção de IFN- em sobrenadantes de macrófagos infectados

por ELISA e observou-se que os níveis de IFN- foram muito baixos ou indetectáveis.

6.5 Infecção de macrófagos humanos com uma cepa de L. braziliensis

Os macrófagos obtidos das CMSP (1 x 106cels/poço) dos CS, SC e de pacientes

com LC e LM, foram infectados no sexto dia com promastigotas de L. braziliensis na

fase estacionária em uma proporção de 2:1. Os macrófagos foram também estimulados

com LPS (100 ng/ml) e os não infectados foram utilizados como controles. Os

macrófagos foram incubados a 37ºC com 5% CO2 durante 2 h. Após a incubação, os

parasitas extracelulares restantes foram removidos por lavagem suave. As infecções

foram feitas nos tempos de 2h, 48h e 96 h e as células foram coradas pelo Giemsa. A

infecção foi avaliada pela contagem da percentagem dos macrófagos infectados e pelo

número de amastigotas por 100 macrófagos. Esta análise foi realizada por dois

observadores independentes que desconheciam as condições experimentais. Depois de

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cada tempo, os sobrenadantes das culturas foram coletados e armazenados a -20°C para

análise da produção de NO, O2-, quimiocinas e TNF-α.

6.6. Determinação da produção de óxido nítrico e superóxido

A dosagem de óxido nítrico foi realizada de forma indireta, pela detecção de um

dos produtos estáveis da síntese do NO, o nitrito (NO2-) presentes nos sobrenadantes das

culturas de células, utilizando para isto o reagente de Griess (Ding et al. 1988). A

produção de O2- foi determinada pela adição de hidroxilamina (0,5 mM) nas culturas

dos macrófagos infectados (Elstner e Heupel 1976). Hidroxilamina converte superóxido

em nitrito, que pode ser quantificada utilizando-se do reagente de Griess. A produção de

NO2- gerado pela liberação de NO foi determinada em paralelo, sem a adição da

hidroxilamina.

6.7 Determinação da produção de quimiocinas e TNF-

Os sobrenadantes das culturas de células dos CS, SC, e dos pacientes com LC e

LM foram avaliados para CCL2, CCL3, CXCL8, CXCL9 e TNF- após 2, 48 e 96 h de

infecção, por ELISA sanduíche de acordo com as instruções do fabricante (BD

Pharmingen e R & D Systems, Minneapolis, MN). Os resultados foram expressos em

pg/ml baseados em uma curva padrão gerada a partir de citocinas recombinantes. A

sensibilidade dos ensaios das citocinas foi de 15,6 pg/ml para CXCL8, CXCL9 e TNF-

α e de 7,8 pg ml para CCL2 e CCL3.

6.8 Análise da expressão de CD14, CD16, HLA-DR, CD80 e CD86 em monócitos

por citometria de fluxo

A expressão de CD14, CD16, HLA-DR, CD80 e CD86 ex vivo foi analisada em

monócitos derivados do sangue periférico de pacientes com LC e indivíduos SC através

da citometria de fluxo. Não foi analisado para este estudo células de pacientes com LM

já que durante o período de avaliação, não houve casos de pacientes com LM na região

de Corte de Pedra, além do que o nosso principal objetivo nos monócitos foi comparar

os indivíduos subclínicos com a forma clássica de leishmaniose tegumentar. Foram

utilizados anticorpos conjugados com isotiocianato de fluoresceína-(FITC), ficoeritrina-

(PE) e ficoeritrina cianina 5 (PE-Cy5) (BD Pharmingen, San Diego, CA, EUA). A

expressão das moléculas de superfície CD14 e CD16 em CMSP foi analisado no dia da

coleta através da marcação destas subpopulações com os seguintes mAbs anti-CD14

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conjugado com FITC, anti-CD16 conjugado com PE-Cy5 e anti-CD56 conjugado com

PE, tal como descrito previamente (Bottrel et al. 2001). A expressão de superfície de

HLA-DR, CD80 e CD86 em CMSP foi determinada utilizando mAbs anti- HLA-DR,

CD80 e CD86 conjugado com PE (eBioscience, San Diego, CA, EUA). Pelo menos

100.000 eventos foram adquiridos no citômetro de fluxo FACS calibur. Foi analisado a

amostra controle não marcada (células sem adição de anticorpo) e os controles

isotípicos FITC, PE e PE-Cy5 foram adicionados aos experimentos. Procedeu-se a

aquisição das amostras: tamanho x granulosidade, para visualisar o padrão de dispersão

dos monócitos.

6.9 Expressão de TNF- nos monócitos CD14+ CD16

+ através de citometria de

fluxo

Monócitos derivados do sangue periférico foram incubados com SLA (50 µg/ml),

ou na ausência de qualquer estímulo durante 6 horas. Após este tempo, as células foram

incubadas com os anticorpos monoclonais CD14 e CD16 durante 20 min a 4C, lavadas

com PBS contendo 1% de de soro bovino com albumina e fixadas com uma solução de

formaldeído a 2%. Em seguida, foi efetuado a permeabilização da membrana celular e

adicionado o anticorpo anti-TNF--PE e então, os monócitos foram incubadas por 30

minutos, à temperatura ambiente, protegidos da luz. As células foram lavadas 2 vezes e

ressuspensas com PBS contendo 1% de soro bovino com albumina para análise por

citometria de fluxo. Os parâmetros foram analisados na população de monócitos por

“gate”, onde foi definida a região classicamente ocupada por estas células de acordo

com o tamanho-versus-granulosidade. A expressão intracelular de TNF- nas

subpopulações de monócitos CD14+CD16

- e CD14

+CD16

+ foi avaliada. Um total de

100.000 eventos foram contados e adquiridos utilizando o citômetro de fluxo FACS

calibur. Células não marcadas e isotipos controles com FITC, PE e PE-Cy5 foram

adicionados aos experimentos.

6.10. Análises Estatísticas

O teste não pareado de Kruskal-Wallis foi utilizado para analisar os resultados dos

experimentos de infecção de macrófagos, para comparar os níveis de NO e O2-,

quimiocinas e TNF-, produzidos pelos macrófagos, assim como para análises da

expressão de CD14 e CD16 pelos monócitos. Para comparações estatísticas entre os

monócitos CD14+CD16

- e CD14

+CD16

+ que expressam CD80, CD86, e HLA-DR e

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produz TNF- foi utilizado o teste t de Student. O ponto de corte para significância

estatística foi estabelecido em p <0,05. A análise dos dados deste estudo foi realizada

usando o programa Graphpad-prism 5.0 (GraphPad Software, San Diego, CA, EUA).

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41

7. RESULTADOS

7.1 Avaliação in vitro da infecção de macrófagos humanos com promastigotas de L.

braziliensis

A percentagem de células infectadas e o número de amastigotas/100 macrófagos

foram semelhantes nos quatro grupos após 2 horas de infecção (Figuras 1A e 1B). Após

48 horas, os macrófagos dos SC apresentaram uma menor proporção de células

infectadas e um menor número de amastigotas por 100 macrófagos em comparação com

CS, LC e LM (SC × CS, ***p <0,001; SC × LC, *p<0,05 e **p <0,01; SC × LM , ***p

<0,001). Após 96 horas de infecção, a percentagem de macrófagos infectados e o

número de amastigotas por 100 macrófagos diminuiu em todos os quatro grupos. No

entanto, ambos os valores foram significativamente mais baixos nos pacientes SC em

relação ao CS e pacientes com LM, *** p <0.001) (Figuras 1A e 1B).

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42

Figuras 1A e 1B: Avaliação in vitro da infecção de macrófagos humanos com

promastigotas de L. braziliensis em uma proporção de 2 leishmânias /macrófago de

pacientes SC (n=12), LC (n=10), LM (n=11) e CS (n=12) para determinar a

susceptibilidade dos macrófagos, bem como a sua capacidade de matar este parasito. A

percentagem de macrófagos infectados (Figura 1A) e o número de parasitos (Figura 1B)

foram avaliadas em 2, 48 e 96 horas após a infecção. Os resultados representam a média

± desvio padrão (DP). A análise estatística foi realizada utilizando o teste de Kruskal-

Wallis. (*p <0,05, **p <0,01, ***p <0,001)

A

B

0

10

20

30

40

50

60CS

SC

LC

LM

****

***

***

***

2 48 96

Tempo (horas)

% d

eM infe

cta

dos

0

50

100

150

200

250

300

350CS

SC

LC

LM

***

***

*****

***

2 48 96Tempo (horas)

Am

ast

igota

s/1

00M

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43

7.2 Produção de óxido nítrico e do superóxido em macrófagos humanos infectados

ou não com L. braziliensis

A produção de NO e O2- aumentou nos macrófagos infectados com L. braziliensis

quando comparados com a produção observada nos macrófagos não infectados e esta

produção tende a ser mais elevada em 96 horas de infecção (Figuras 2A e 2B). Esta

tendência coincidiu com uma diminuição significativa no número do parasito

intracelular nos grupos estudados. Não houve diferença estatística na produção de NO

entre os grupos em nenhum dos tempos analisados (Figura 2A). A produção de O2- por

macrófagos humanos infectados aumentou após 96 horas de infecção, mas não houve

diferença estatística na produção de superóxido entre os grupos analisados após 48 e 96

horas (Figura 2B).

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Figuras 2A e 2B: Avaliação in vitro da produção de NO e O2- na infecção de

macrófagos humanos com L. braziliensis em uma proporção de 2 leishmanias

/macrófago de CS (n=6), SC (n=6) e de pacientes com LC (n=6) e LM (n=5).

Macrófagos não infectados foram utilizados como controles. Sobrenadantes foram

coletados em 48 e 96 horas de infecção para a detecção de NO (Figura 2A) e O2- (Figura

2B) utilizando-se o reagente de Griess. Os dados são expressos como a média ± desvio

padrão. A análise estatística foi realizada através do teste de Kruskal-Wallis. (p> 0,05).

0

2

4

6

Meio

L. braziliensis

CS LC LMSC CS LC LMSC

48h 96h

A

NO

2(

M)

0

10

20

30

48h 96h

LCSC LC SCCS CS

B

L. braziliensis

Meio

O2

- ( M

)

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45

7.3 Avaliação da produção de quimiocinas após a infecção de macrófagos humanos

com L. braziliensis

A produção de CCL2, CCL3, CXCL8 e CXCL9 foi semelhante em todos os

grupos após 2 horas de infecção. As Figuras 3 e 4 mostram a produção de CCL2, CCL3,

CXCL8 e CXCL9 nos sobrenadantes de macrófagos infectados por L. braziliensis em

48 horas de infecção. A concentração de CCL2 foi bastante variável. Macrófagos de

pacientes com LC (mediana 4660 pg/ml, variando de 0-31.618 pg/ml) e os macrófagos

de pacientes com LM (mediana 6080 pg /ml, variando de 3.600-25.270 pg/ml)

produziram uma maior concentração desta quimiocina do que as culturas dos indivíduos

SC (mediana 447 pg/ml, 0-4700 pg/ml, *p <0,05 e ***p <0,001 ) (Figura 3A). As

concentrações de CXCL8 produzidas pelos macrófagos de pacientes com LC (mediana

4790 pg/ml, 960-16.250 pg/ml) e LM (5360 pg/ml, 336-32100 pg/ml) foram mais

elevadas do que as produzidas pelos indivíduos SC (570 pg/ml, 136-4980 pg/ml; *p

<0,05) (Figura 3B). CCL3 foi detectada em todos os grupos e não mostrou diferenças

significantes entre eles ( p> 0,05), (Figura 3C). Foi visto que não houve diferença na

produção de CXCL9 entre os grupos quando os macrófagos foram estimulados com

LPS (100 ng/ml) por 48 horas, (Figura 4A). Os níveis de CXCL9 foram

significativamente mais elevados nos sobrenadantes dos macrófagos de pacientes com

LC (1510 pg/ml, 0-17.205 pg/ml) e pacientes com LM (16.396 pg/ml, 4.324-25.080

pg/ml) quando comparados com os CS (66 pg/ml, 0-390 pg/ml, ***p <0,001), (Figura

4B). Os macrófagos de pacientes SC produziram menos CXCL9 (265 pg/ml, 47-2905

pg/ml) do que os dos pacientes com LM e LC (***p <0,001, *p <0,05), (Figura 4B). No

tempo de 96 horas de cultura, os níveis de quimiocinas ainda foram elevados e bastante

semelhantes aos de 48 horas (dados não mostrados).

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Figuras 3A, 3B, 3C: Avaliação in vitro da produção de CCL2 (Figura 3A),

CXCL8(Figura 3B) e CCL3(Figura 3C) em macrófagos de CS (n=14), SC (n=12), LC

(n=16) e LM (n=11), que foram infectados com L. braziliensis em uma proporção de 2

leishmanias/macrófago. Sobrenadantes foram coletados após 48 horas de infecção e a

produção das quimiocinas estudadas foram determinadas por ELISA. Na infecção, cada

símbolo representa um paciente diferente e cada linha representa a mediana de um

grupo (Figuras 3A, 3B, 3C. Para análise estatística, o teste não paramétrico de Kruskal-

Wallis foi utilizado. (*p <0,05, **p <0,01, ***p <0,001).

A

B

CS SC LC LM0

2000

4000

6000

8000

1000010000

20000

30000

40000

**

*

***

CC

L2(

pg

/ml)

CS SC LC LM0

1000

2000

3000

4000

50005000

15000

25000

35000

45000 *

* *

CX

CL

8(p

g/m

l)

CS SC LC LM0

100

200

300

400

1000

2000

3000

4000

CC

L3(p

g/m

l)

C

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Figuras 4A e 4B: Avaliação in vitro da produção de CXCL9 em macrófagos de

CS (n = 14), SC (n=12), LC (n=16), e LM (n=11), estimulados com LPS (100ng/ml) e

quando infectados com L. braziliensis em uma proporção de 2 leishmânias/macrófago.

Após 48 horas, os sobrenadantes foram colhidos e a produção de CXCL9 foi

determinada por ELISA. Nos macrófagos estímulados com LPS (Figura 4A) as barras

representam as médias ± desvio padrão. Cada símbolo representa um paciente diferente,

e cada linha representa a mediana de um grupo (Figura 4B). Para análise estatística, o

teste não paramétrico de Kruskal-Wallis foi utilizado. (*p <0,05, **p <0,01, ***p

<0,001).

CS SC LC LM0

200

400

600

800

1000

50001000015000200002500030000 ***

***

***

*

CX

CL

9(p

g/m

l)

A

B

CS SC LC LM0

1000

2000

3000

4000

5000

LPS(100ng)

(CX

CL

9)p

g/m

l

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7.4 Avaliação da produção de TNF- após a infecção de macrófagos humanos com

L. braziliensis

Na avaliação in vitro da produção de TNF- em macrófagos de CS (n =14), SC

(n=12), LC (n=16), e LM (n=11), foi visto que quando os macrófagos foram

estimulados com LPS (100ng/ml) por 48 horas, não foi observado diferenças na

produção de TNF- entre os grupos analisados (p>0,05), (Figura 5A). Na infecção com

L. braziliensis, a produção desta citocina foi semelhante em todos os grupos após 2

horas de infecção. Em 48 horas, macrófagos infectados de pacientes com LM e LC

secretaram mais TNF-α (mediana 64 pg/ml, variando 1-341 pg/ml e 52 pg/ml, variando

0-170 pg/ml, respectivamente), quando comparados com macrófagos infectados dos CS

(0 pg/ml, variando 0-74 pg/ml, **p <0,01 e *p <0,05), (Figura 5B). Nos SC, a produção

de TNF- (1.05 pg/ml e 0-6.2 pg/ml respectivamente), foi menor que os observados nas

células dos pacientes com LC e LM, (*p <0,05 e **p<0.01), (Figura 5B). Em 96 h de

cultura, os níveis de TNF-α ainda estavam elevados e semelhantes aos produzidos em

48 horas.

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Figuras 5A e 5B: Avaliação in vitro da produção de TNF- em macrófagos de CS (n =

14), SC (n = 12), LC (n = 16), e LM (n = 11), estimulados com LPS (100ng) e quando

infectados com L. braziliensis em uma proporção de 2 leishmânias/macrófagos. Após

48 horas, os sobrenadantes foram colhidos e os níveis de TNF- foram determinados

por ELISA. Nos macrófagos estímulados com LPS as barras representam as médias ±

devio padrão (Figura 5A). Cada símbolo representa um paciente diferente e cada linha

representa a mediana de um grupo (Figura 5B). Para análise estatística, o teste não

paramétrico de Kruskal-Wallis foi utilizado (*p<0.05; **p<0.01).

CS SC LC LM0

5

10

15

2020406080

100100

200

300

400 *

**

*

**

TN

F-

(pg

/ml)

A

B

CS

SC LC LM

0

500

1000

1500

2000

2500

LPS (100ng)

TN

F-

(pg

/ml)

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50

7.5 Frequência de monócitos inflamatórios em pacientes com LC e em indivíduos

com infecção SC

Os monócitos inflamatórios (CD14+CD16

+) estão aumentados em diferentes

patologias. Neste trabalho nós caracterizamos a frequencia destas células em pacientes

com LC, indivíduos SC e CS. Os nossos resultados mostraram que a percentagem dos

monócitos inflamatórios CD14+CD16

+ (Figura 6C) foi aumentada significativamente

em pacientes com LC (26,53 ± 7,9) quando comparadas com indivíduos SC (17,45 ±

7,6) e com o grupo CS (14,03 ± 8,0) (**p<0.01 e ***p <0,001).

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51

Figuras 6.A, 6B e 6C: A frequência da subpopulação de monócitos inflamatórios

(CD14+CD16

+) foi avaliada por citometria de fluxo. Os monócitos foram isolados de

acordo com as suas características fenotípicas de tamanho x granulosidade (Figura 6A).

A expressão dos monócitos CD16 foi definida e analisada no quadrante superior direito

(Figura 6B). A percentagem de células CD14+CD16

+ dos diferentes grupos CS (n=16),

SC (n=15) e LC (=30), está apresentada na (Figura 6C). Cada símbolo representa um

paciente diferente e cada linha representa a mediana de um grupo. Para a análise

estatística, o teste de o teste não paramétrico de Kruskal-Wallis foi utilizado (**p <0,01;

***p <0,001).

A

0

10

20

30

40

50CS

SC

LC

CD14+CD16+

**

***

% C

D16

+ mo

no

cito

s

C

B

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52

7.6 Expressão das moléculas CD80, CD86 e HLA-DR nos monócitos inflamatórios

CD14+CD16

+ de indivíduos SC e pacientes com LC

Para melhor caracterizar estas subpopulações de monócitos foi avaliada também a

expressão de HLA-DR, CD80 e CD86 nos grupos SC e LC. Os resultados mostraram

que houve uma maior expressão de HLA-DR (Figura 8A), CD80 (Figura 8B) e CD86

(Figura 8C) nos monócitos CD14+CD16

+ quando comparados com os monócitos

CD14+CD16

-, sendo esta diferença estatísticamente significante (*p<0.05, **p <0,01;

***p <0,001).

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53

Figuras 7A, 7B e 7C: Os histogramas representam a intensidade média de

fluorescência (IMF) da expressão ex vivo das moléculas HLA-DR (Figura 7A), CD80

(Figura 7B) e CD86 (Figura 7C) em duas diferentes subpopulações de monócitos

CD14+CD16

- e CD14

+CD16

+. Os histogramas acima representam a IMF destas

moléculas nas células de um paciente com LC.

A

B

C

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54

Figuras 8A, 8B e 8C: A Expressão ex vivo de HLA-DR, CD80 e CD86 nas

subpopulações de monócitos CD14+CD16

+ de pacientes com LC (n=08) e de indivíduos

SC (n=07) estão expressos em intensidade média de fluorescência (MFI) de cada

molécula dentro dos monócitos CD16+

e CD16- e indicados como média ± desvio

padrão. A análise estatística utlilizada para comparações entre os 2 grupos, foi o teste t

de Student. (*p<0.05; **p<0.01 e ***p <0,001).

HLA-DR

0

500

1000

1500

CD14+CD16

-

CD14+CD16

+

SC LC

*

*

A

inte

nsid

ad

e m

éd

ia d

e f

luo

rescê

ncia

CD86

0

200

400

600

800

CD14+CD16

-

CD14+CD16

+

* ** **

SC LC

inte

nsid

ad

e m

éd

ia d

e f

luo

rescê

ncia

CD80

0

500

1000

1500

CD14+CD16

-

CD14+CD16

+

SC LC

*

*

inte

nsid

ad

e m

éd

ia d

e f

luo

rescê

ncia B

C

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55

7.7 Expressão de TNF- em monócitos CD14+CD16

+ estimulados com SLA em

indivíduos SC e pacientes com LC

Células CD14+CD16

+ têm sido mostradas ser a principal fonte de expressão da

citocina inflamatória TNF-. Neste trabalho, monócitos CD14+CD16

+ de indivíduos SC

e pacientes com LC estimulados com SLA (50 µg/ml), apresentaram uma maior

expressão de TNF- quando comparados com os monócitos CD14+CD16

- (Figura 9).

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56

Figuras 9A, 9B e 9C: Para aquisição dos monócitos, seguiu-se a definição dos

parâmetros de tamanho (FSC) X granulosidade (SSC). (Figura 9A). A percentagem de

células CD14+CD16

+ expressando TNF- foram definidas e analisadas no quadrante

superior direito. Sem estímulo (Figura 9B), e com estímulo de SLA (Figura 9C). Os

dados representados acima são de um paciente com LC.

R2

A

B C

10.3%9.3 %

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57

Figura 10. Expressão de TNF- em monócitos CD14+CD16

+/- estimulados com

SLA em indivíduos SC e pacientes com LC: As células foram estimuladas ou não

com SLA (50 µg/ml) durante 6 horas. Os resultados são apresentados como a média ±

desvio padrão de indivíduos SC (n = 14) e LC pacientes (n = 09) e expressa em

percentagem. Para comparações entre os grupos o teste estatístico utilizado foi o teste t

de Student.

D

0

20

40

60

CD14+CD16

-

CD14+CD16

+

SC LC

*

*E

xp

res

o d

eT

NF

- (

%)

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58

8. DISCUSSÃO GERAL

A despeito de CMSP de pacientes com LC e LM produzirem grandes

quantidades de IFN-, a principal citocina responsável pela ativação dos macrófagos

para matar a Leishmania, esses pacientes desenvolvem a lesão. Várias evidências já

mostraram que a resposta imune adaptativa, através da produção de citocinas pro-

inflamatórias (IFN- e TNF-) pelas células T estão envolvidas na forte resposta

inflamatória que é responsável pelo desenvolvimento da lesão nesses pacientes. Por

outro lado, alguns indivíduos residentes em área de transmissão de L. braziliensis

apresentam uma reação de hipersensibilidade tardia ao antígeno de leishmania mas não

desenvolvem a doença. As CMSP desses indivíduos produzem pouco IFN- e TNF-

quando comparados com os pacientes com LC (Follador et al. 2002). Até o momento

não está claro porque esses indivíduos SC tem a capacidade de controlar a infecção.

Nesse contexto a erradicação do parasito ou a ocorrência de formas assintomáticas da

infecção não podem ser explicadas pela ação efetiva da resposta imune adaptativa, então

a resposta imune inata pode ter uma papel importante no controle da infecção. No nosso

estudo avaliamos a capacidade de L. braziliensis para infectar e sobreviver em

macrófagos de indivíduos com diferentes formas clínicas da infecção por L. braziliensis.

Além disso, medimos moléculas secretadas por estas células. Sabemos que os

macrófagos são células importantes na infecção por Leishmania já que elas abrigam o

parasito, atuam como células apresentadoras de antígenos e secretam moléculas que

vão ativar as células T para produzir o IFN-, que é a principal molécula ativadora de

macrófagos para matar a Leishmania. Os macrófagos também produzem quimiocinas

que são moléculas que participam do processo inflamatório.

Os nossos dados mostraram que houve diferenças intrísecas na resposta dos

macrófagos à infecção por promastigotas de L. braziliensis in vitro. Claramente os

indivíduos com infecção SC por L. braziliensis puderam controlar o crescimento do

parasito na ausência de células T ou produtos de células T através da capacidade dos

macrófagos matar Leishmania. Alternativamente, macrófagos de pacientes com LC e

LM permitiram a sobrevivência da Leishmania e produziram quantidades elevadas de

quimiocinas pró-inflamatórias que são moléculas conhecidas por atraírem os

neutrófilos, monócitos e células T ativadas e por induzirem uma reação inflamatória,

contribuindo para a patologia associada com a infecção por L. braziliensis. Já foi

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demonstrado que os macrófagos de indivíduos com infecção subclinica por L.

panamensis são menos permissivos a entrada da Leishmania do que os macrófagos de

pacientes com leishmaniose recorrente (Bosque et al. 2000). A resposta imune do tipo

Th1 controla a multiplicação e disseminação do parasita na LC e LM, mas não erradica

a infecção por Leishmania (Ribeiro-de-Jesus et al. 1998). Além disso, esta exacerbada e

não modulada resposta imune do tipo-1 observada em LC e LM está associada com o

desenvolvimento da lesão (Bacellar et al. 2002). Em contraste, os indivíduos com

infecção SC por L. braziliensis controlam o crescimento do parasita e não desenvolvem

a doença, apesar de apresentarem uma baixa produção de IFN- quando comparados

com pacientes com LC e LM. Portanto, é provável que em indivíduos SC a resposta

imune inata desempenha um papel importante no controle do crescimento do parasito.

No presente estudo, após 2 horas de infecção, não foi observada diferenças no número

de parasitos nos macrófagos dos grupos, sugerindo que no início da infecção essas

células comportam-se de maneira semelhante. No entanto, após 48 horas a percentagem

de células infectadas e o número de amastigotas diminuíram nos macrófagos de

indivíduos com infecção SC quando comparados com LC e LM, indicando que as

células de pacientes SC tem uma maior capacidade de matar os parasitos do que as

células de pacientes com LC e LM.

Os mecanismos usados por macrófagos humanos para matar Leishmania ainda

não estão bem estabelecidos. Mas, sabe-se que depois do reconhecimento da

Leishmania spp., macrófagos são ativados e são então chamados de “células efetoras”

que podem fagocitar e destruír o parasito. Vários processos celulares começam depois

da ativação dos macrófagos, como degradação das enzimas do fagolisossoma, geração

do “burst” oxidativo e produção de NO. Estudos de monócitos e macrófagos em

culturas humanas e de murinos demonstram que o “burst” respiratório ocorre depois da

fagocitose das formas promastigotas das leishmanias, resultando em um aumento da

produção dos ROIs como O2- e H2O2 que são necessários para a morte dos parasitos

(Gantt et al. 2001; Kumar et al. 2002; Singh et al. 2004). De qualquer maneira esses

relatos não indicam a proporção de macrófagos infectados que produz oxidantes além

do que alguns parasitos residem em células não ativadas. O O2- é gerado pelas

nicotinamida-adenina-dinucleótidofosfato (NADPH) / oxidase NADH. Pode ser que

durante a fagocitose leishmanias geram o “burst” oxidativo nos macrófagos mas

protegem elas própias da ação desta molécula. Em estágios mais tardios da infecção,

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60

RNIs são também produzidos, entre eles o NO que é produzido pela atividade da

enzima iNOS, contribuíndo também para eliminação do parasito. No entanto nas

infecções por Leishmania, as atividades microbicidas dos macrófagos estão seriamente

comprometidas levando a sobrevivência e proliferação dos parasitas dentro dos

macrófagos (Olivier et al. 2005). A fagocitose é completada dentro de duas horas.

Depois da fagocitose, as promastigotas se transformam em amastigotas e neste estágio o

NO começa a ser importante como um mecanísmo de defesa contra o parasito. O NO é

um dos mais potentes radicais com atividade leishmanicida e desempenha um papel

importante no controle da infecção na leishmaniose murina (Liew e Cox 1991). Já em

humanos, um estudo recente mostrou que a produção manteve-se inalterada em co-

cultura de neutrófilos humanos com macrófagos infectados com L. braziliensis (Novais

et al. 2009). Nossos resultados mostraram que macrófagos infectados por L. braziliensis

produziram NO e O2-, embora não foram observadas diferenças entre os diferentes

grupos, sugerindo que os derivados oxidantes não são críticos no controle da infecção

pelos macrófagos infectados por L. braziliensis. Sabe-se que depois da ativação dos

macrófagos há um aumento da produção de várias citocinas como TNF-α e IFN-γ e com

isso produção de ROI e de RNI liderando normalmente a destruição dos

microorganismos fagocitados, já a Leishmania é um dos poucos protozoários que

podem sobreviver até mesmo se replicar neste ambiente hostil (Stafford et al. 2002).

Casos de resistência parcial da Leishmania aos reativos intermediários do oxigênio e do

nitrogênio tem sido descritos em certas espécies de Leishmania tanto na forma de

promatigotas extracelulares como na forma de amastigotas intracelulares (Miller et al.

2000; Mukbel et al. 2007). O parasito pode adotar vários mecanismos de defesa para

lidar com o estresse oxidativo: Foi visto que a membrana lipofosfoglicano diminui a

produção de radicais superóxido inibindo NADPH oxidase e o parasita também se

protege expressando enzimas antioxidantes e proteínas (Van Assche et al. 2011). Várias

espécies de Leishmania possuem resistência parcial ao ROI ou ao RNI. Esta resistência

tem sido descrita nos dois estágios do parasito, tanto na formas promastigota

extracelular como na forma amastigota intracelular (Miller et al. 2000; Mukbel et al.

2007). Analisando diferentes isolados de Leishmania que se originaram de pacientes

com leishmaniose tegumentar de uma área endêmica de transmissão por L. braziliensis,

identificou-se alguns isolados que foram resistentes à morte pelo NO, que positivamente

se correlacionava com o tamanho da lesão (Giudice et al. 2007). Estes dados sugerem

que a produção de O2- e NO não são os principais mecanismos utilizados pelos

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macrófagos para matar Leishmania. Promastigotas e amastigotas de Leishmania podem

inibir a produção de quantidades necessárias de O2- e NO pelos macrófagos humanos

para destruir o parasito ao contrário do que acontece com os camundongos. A interação

entre NO e O2- conduz à formação de ONOO

- que tem sido demonstrado ter um maior

efeito tóxico in vitro em amastigotas quando comparado com o NO (Linares et al. 2000;

Van Assche et al. 2011). Mais estudos são necessários para avaliar o papel do

peroxinitrito na morte de L. braziliensis.

As quimiocinas desempenham um papel crítico no recrutamento de leucócitos

para o local da infecção, o que é essencial para a defesa do hospedeiro. Vários estudos

têm mostrado que as quimiocinas desempenham um papel importante no

desenvolvimento da imunidade inata, bem como da adquirida contra uma variedade de

vírus, bactérias, fungos, e parasitas (Luther e Cyster 2001; Jones et al. 2003; Rodriguez-

Sosa et al. 2003). Na leishmaniose, as quimiocinas participam da reação inflamatória

durante a infecção por Leishmania. Estas moléculas não só apresentam a função de

mediar os eventos celulares necessários para controlar o parasita, como também são

exploradas pelo parasita. No nosso estudo, enquanto CCL3 foi produzido em

quantidades semelhantes por macrófagos de todos os quatro grupos, a produção de

CCL2, CXCL8 e CXCL9 após infecção por L. braziliensis foi significativamente maior

em macrófagos de pacientes com LC e LM do que em macrófagos de indivíduos SC. Na

literatura, vários trabalhos mostraram que as quimiocinas especificamente, CCL2 e

CCL3 ajudam na morte de várias espécies de Leishmania tanto in vitro como in vivo

(Ritter et al. 1996; Bhattacharyya et al. 2002). A CCL2 também age em sinergia com

IFN- para promover a morte do parasita (Ritter e Moll 2000) e na infecção por L.

mexicana a baixa expressão desta quimiocina pode resultar no desenvolvimento de

LCD em vez da forma mais branda, a LC (Ritter et al. 1996). CXCL8 atrai neutrófilos

para o local inflamatório onde eles são fagocitados por macrófagos. Dependendo da

natureza dos neutrófilos (apoptóticos ou necróticos), os macrófagos podem controlar ou

permitir o crescimento de carga parasitaria (Afonso et al. 2008; Novais et al. 2009). A

adição exógena de CCL2 atua como um fator quimiotático altamente específico para

macrófagos e linfócitos T sendo capaz de aumentar a morte da L. infantum em

macrófagos humanos (Brandonisio et al. 2002). Esta quimiocina mostrou um aumento

da expressão em lesões com LC quando comparadas com amostras de biópsia de

controles sadios (Campanelli et al. 2010). A expressão de CCL2 e CXCL9 foi maior em

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células de tecido de LC do que nas células do tecido de LCD (Ritter e Korner 2002).

CXCL9, tem a capacidade de atrair células T para o local da inflamação. Estas

observações sugerem que diferentes quimiocinas podem influenciar na multiplicação do

parasita, na inflamação e nas manifestações clínicas da leishmaniose (Brandonisio et al.

2002; Campanelli et al. 2010). Nossos dados mostraram que os macrófagos de LC e

LM apresentaram uma maior produção de CCL2 e CXCL9 mas não mataram a

Leishmania, tornando mais provável que essas quimiocinas estejam mais envolvidas na

reação inflamatória e lesão tecidual na LC e LM do que na proteção. A CXCL9 é

secretada em níveis elevados em doenças inflamatórias crônicas e autoimunes, tais

como infecção pelo vírus linfotrópico em células humanas T (HTLV-1) e em esclerose

múltipla. Em ambos os casos, CXCL9 está associada com a inflamação e patologia da

doença (Trebst e Ransohoff 2001; Guerreiro et al. 2006). TNF-α desempenha um papel

importante na proteção em humanos e camundongos contra a leishmaniose (Kanaly et

al. 1999; Pizzorni et al. 2007). No entanto, TNF- também pode mediar a patologia da

LTA (Da-Cruz et al. 1996; Bafica et al. 2003; Antonelli et al. 2005; Sadeghian e

Nilforoushzadeh 2006; Machado et al. 2007). Neste estudo foi observado que apesar

dos macrófagos dos pacientes com LC e LM matarem menos leishmânias, eles

produziram mais TNF- do que os macrófagos de SC. Sugerindo que talvez a produção

elevada desta citocina seja consequência da resposta imune do indivíduo em tentar

controlar a infecção, mas esta resposta exacerbada está contribuíndo, no final, para a

lesão tecidual do que para eliminação do parasito. As razões para uma maior produção

de quimiocinas por pacientes com leishmaniose LC e com LM em comparação com

indivíduos saudáveis e infecção subclínica por L. braziliensis devem ser investigadas.

Na verdade, acreditamos que fatores genéticos do hospedeiro podem ser a explicação de

nossos dados. É importante lembrar que efetivamente apenas 25% dos indivíduos com a

exposição à infecção por L. braziliensis desenvolvem leishmaniose cutânea e cerca de

3% dos pacientes com leishmaniose cutânea irão desenvolver leishmaniose mucosa.

Estudos recentes têm mostrado a presença de um virus RNA na espécie Leishmania

associada com leishmaniose mucosa (Ives et al. 2011). Neste caso, a ativação de

macrófagos em pacientes com CL e ML pode ser devido a fatores relacionados com o

parasito. Os TLRs são expressos em vários tipos celulares, incluindo macrófagos e

células dendríticas, e a ativação desses receptores inicia vias de sinalização que resulta

principalmente na produção de citocinas pró-inflamatórias. Alguns estudos têm

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mostrado a participação do TLR2 e TRL9 na resposta imune inata mediada por células

NK na leishmaniose cutânea experimental (Becker et al. 2003; de Veer et al. 2003;

Liese et al. 2007). Adicionalmente, camundongos deficientes de TLR4 infectados com

Leishmania major, apresentam um aumento na síntese de IL-10 e da expressão do

receptor de IL-4 (Kropf et al. 2004a; Kropf et al. 2004b). Esses estudos indicam que

esses receptores podem ter também um papel na forte resposta inflamatória observada

na LTA. Por último, muito deste assunto precisa ser elucidado, deixando um vasto

potencial para futuros estudos.

Os monócitos são células importantes da defesa imunológica, elas são as

primeiras células onde parasitas vivem, além disso, essas células podem fagocitar

material estranho, apresentar antígenos para as células T e produzir uma série de

citocinas, incluindo TNF- α, IL-1 e IL-6 que regulam a resposta imune e inflamação

(Belge et al. 2002). Apesar disto, existe pouca informação aínda na resposta dos

monócitos na infecção por Leishmania, principalmente relacionado com moléculas co-

estimulatórias. Estudos têm demonstrado que os monócitos são uma população celular

heterogénea com funções específicas e fenótipos (Passlick et al. 1989; Ziegler-

Heitbrock 1996) e esta heterogenidade começa a ser cada vez mais relevante na saúde

humana, como também do camundongo. O encontro entre um monócito diferenciado e

um parasita é um passo essencial no controle inicial de uma infecção (Ropert e

Gazzinelli 2000) . Um aumento significativo do número de monócitos CD14+CD16

+ na

LC humana foi descrita (Soares et al. 2006). Os resultados apresentados neste estudo

mostraram que macrófagos de indivíduos SC infectados por L. braziliensis

apresentaram uma menor taxa de infecção e um menor número de amastigotas

intracelulares quando comparados com as células de pacientes com LC. Além disso,

esses macrófagos apresentaram uma menor produção de CXCL9 e TNF-α do que os

macrófagos de pacientes LC. Existem algumas evidências de que populações

específicas de monócitos dão origem a macrófagos específicos nos tecidos. Neste

trabalho, foi observado uma maior frequência de monócitos pró-inflamatórias

CD14+CD16

+ em pacientes com LC quando comparados com os monócitos de

indivíduos SC, portanto, é possível que o aumento da frequência destas células

contribua para o aumento da produção de quimiocinas e TNF- pelos macrófagos de

pacientes com LC, sugerindo então que esta população de monócitos possa estar

relacionada com o desenvolvimento de lesões. Além do que, isto pode ser relevante

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principalmente na fase inicial da infecção, quando o monócito é a célula inicialmente

infectada. Os monócitos CD14+CD16

+ são considerados mais ativados e maduros. Estas

células produzem constitutivamente citocinas pró-inflamatórias e in vitro secretam

pouco ou níveis indetectáveis de IL-10 após estimulos com LPS (Frankenberger et al.

1996). Monócitos CD16+

expressam também elevados níveis de HLA-DR comparados

com monócitos CD16- (Frankenberger et al 1996; Ziegler et al 1996). Para caracterizar

esta população nos indivíduos subclínicos e nos pacientes com leishmaniose cutânea

nós avaliamos a expressão de HLA-DR, CD80, CD86 e de TNF- (estimulada ou não

com SLA) observamos que monócitos CD14+CD16

+ apresentaram uma maior

expressão destas moléculas quando comparadas com os monócitos CD14+CD16

-.

Apesar de não ter sido encontrada diferença entre os grupos, a observação de que

pacientes com LC apresentam uma maior frequência desses monócitos inflamatórios, e

o fato dessas células estarem mais ativadas, de produzirem uma maior concentração de

TNF-, sugere que essas células podem estar contribuindo para o processo inflamatório

exagerado observado nessa doença.

Alguns estudos sugerem que os monócitos apresentam padrões diferenciais e

podem ter funções distintas (Muller 2001). O conhecimento da heterogeneidade dos

monócitos humanos é aínda incompleta. Recentemente estas células foram classificadas

seguindo a diferenciação dos monócitos CD16+ em CD14

++CD16

+ e CD14

+CD16

++,

sendo então 3 subtipos de monócitos, que são os monócitos clássicos (CD14++

CD16-),

monócitos intermediários (CD14++

CD16+) e os monócitos não clássicos

(CD14+CD16

++), (Zawada et al. 2011).

As observações obtidas nesse estudo de que macrófagos de pacientes com LC e

LM produzem mais moléculas inflamatórias do que macrófagos de indivíduos com

infecção subclínica e que existe uma menor frequencia de monócitos inflamatórios

nesses indivíduos, apontam para um papel importante dessas células na patogênese da

leishmaniose tegumentar americana.

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65

9. CONCLUSÕES

1. A observação de que o número de amastigotas em macrófagos de indivíduos com

infecção subclínica infectados com L. braziliensis, diminue após 48 horas de infecção,

sugere que os macrófagos desses indivíduos têm uma maior capacidade de matar

Leishmania do que macrófagos de pacientes com LM e LC.

2. Como não foi observado diferença na produção de NO e O2- entre os grupos, outros

radicais também podem participar de forma mais relevante na eliminação do parasito.

3. O fato dos macrófagos de pacientes com LC e LM não apresentarem capacidade de

eliminar o parasito mas produzirem uma maior expressão de moléculas inflamatórias,

sugere que as quimiocinas e o TNF- analisadas neste estudo estão mais envolvidas na

patologia do que na proteção na leishmaniose tegumentar.

4. Pacientes com LC apresentaram uma maior frequência de monócitos inflamatórios

quando comparados com indivíduos subclínicos, reforçando a hipótese de que estas

células podem estar envolvidas no processo inflamatório observado na leishmaniose

tegumentar.

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11. ANEXOS