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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA CENTRO DE TECNOLOGIA NÚCLEO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DE PRODUÇÃO ELAINE CRISTINA BATISTA DE OLIVEIRA ANÁLISE DA IMPLANTAÇÃO DO PROGRAMA MANUTENÇÃO PRODUTIVA TOTAL EM UMA EMPRESA CONCESSIONÁRIA DE ENERGIA ELÉTRICA JOÃO PESSOA-PB 2008

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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA CENTRO DE TECNOLOGIA

NÚCLEO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DE PRODUÇÃO

ELAINE CRISTINA BATISTA DE OLIVEIRA

ANÁLISE DA IMPLANTAÇÃO DO PROGRAMA MANUTENÇÃO

PRODUTIVA TOTAL EM UMA EMPRESA CONCESSIONÁRIA DE

ENERGIA ELÉTRICA

JOÃO PESSOA-PB

2008

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ELAINE CRISTINA BATISTA DE OLIVEIRA

ANÁLISE DA IMPLANTAÇÃO DO PROGRAMA MANUTENÇÃO

PRODUTIVA TOTAL EM UMA EMPRESA CONCESSIONÁRIA DE

ENERGIA ELÉTRICA

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção da Universidade Federal da Paraíba para a obtenção do título de Mestre em Engenharia.

Orientador: Prof. Dr. Omar Emir Alvarez

JOÃO PESSOA-PB

2008

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ELAINE CRISTINA BATISTA DE OLIVEIRA

ANÁLISE DA IMPLANTAÇÃO DO PROGRAMA MANUTENÇÃO

PRODUTIVA TOTAL EM UMA EMPRESA CONCESSIONÁRIA DE

ENERGIA ELÉTRICA

Dissertação aprovada em: ___ de _______ de 2008

BANCA EXAMINADORA

____________________________________________ Prof. Dr.Omar Emir Alvarez

Orientador

____________________________________________________ Profª. Drª. Aurélia Altemira Acuña Idrogo

PPGEP – UFPB

_____________________________________________________ Prof. Dr. Geraldo Targino da Costa Moreira

Examinador Externo

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Ao Criador do Universo Aos meus pais, que, apesar das dificuldades inerentes ao “viver no sertão”, conseguiram transformar suor em educação de qualidade para seus filhos. Aos meus irmãos que me iniciaram na busca pelo conhecimento. Ao meu esposo, pelo amor, paciência e dedicação a mim oferecidos nesta caminhada. Ao meu filho, Matheus, e a Anna Beatriz, por criarem em mim uma atmosfera de esperança.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço sinceramente a todos aqueles que, de alguma forma, contribuíram para a realização deste trabalho, especialmente: Ao Prof. Dr. Omar Emir Alvarez, que admiro pela sua gigantesca capacidade intelectual, suas contribuições acadêmicas, disposição para passar seus conhecimentos, perspicácia, e, principalmente, pela sua paciência; Ao Prof. Dr. Geraldo Targino, que, desde a minha graduação, incentivou-me a seguir o caminho dos estudos e que muito contribuiu para a realização deste trabalho; À Profª. Drª. Aurélia Idrogo, pelas suas contribuições que enriqueceram a pesquisa e pelas disciplinas por ela ministradas que foram fontes de conhecimento; Ao Prof. Dr. Sérgio Alfredo Rosa da Silva, pelas suas pertinentes contribuições, não só nesta pesquisa, mas para o meu crescimento e amadurecimento profissional; À empresa que contribuiu com esta pesquisa, especialmente na figura dos seus gestores e demais colaboradores que dispuseram do seu tempo precioso para responder aos questionários;

Aos meus amigos Hipólito Losada, Francisco Célio, Kléber Marques Neto, Patrícia Meira, sinceramente, muito obrigada; Agradeço em especial à minha irmã, Mara Edilara B. de Oliveira, que abriu mão de alguns finais de semana, para ajudar-me com as revisões; Agradeço à minha mãe pelas suas orações, embora tenha que orar bastante, pois concomitantemente, seus quatro filhos estão cursando seus mestrados; À minha família e amigos, pela paciência e compreensão pela minha ausência, por estar terminando o mestrado; A meu marido e filhos, pela compreensão e força que nunca faltaram.

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Se você não mudar a direção, terminará exatamente

onde partiu.

Antigo Provérbio Chinês

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RESUMO

OLIVEIRA, Elaine Cristina B. Análise da implantação do Programa Manutenção Produtiva Total em uma empresa concessionária de energia elétrica. 2008. 167 f. Dissertação (Mestrado em Engenharia de Produção). Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção, UFPB, João Pessoa.

A globalização da economia leva ao constante aumento na competitividade organizacional. Assim, sistemas de gestão eficientes são necessários para a utilização máxima dos recursos disponíveis. No setor elétrico brasileiro não ocorre de forma diferente, com a reestruturação do setor, as privatizações e a nova regulamentação, faz com que as empresas do ramo também busquem a excelência na gestão. Para tanto, uma das metodologias utilizadas é o Programa MPT - Manutenção Produtiva Total, que é uma filosofia "que visa a eficácia da própria estrutura orgânica da empresa, através das melhorias a serem introduzidas e incorporadas tanto nas pessoas como nos equipamentos" (NAKAJIMA, 1989). Muitas vezes, entretanto, surgem dúvidas quanto à implantação do MPT em empresas concessionárias de energia elétrica, dadas suas características de multiplicidade de sistemas e subsistemas, todos associados ao produto essencial oferecido. Neste sentido, esta pesquisa se propôs a realizar um estudo do processo de implantação do Programa MPT, em uma empresa concessionária de energia elétrica. Para tanto foi desenvolvida uma pesquisa quanti-qualitativa com a aplicação de um questionário e análise de documentos (atas de reuniões e relatórios). Através dos resultados desta pesquisa, alguns pontos importantes podem ser destacados, tais como: falta de definição clara de resultados a serem atingidos, falta de alocação de recursos, falta de preparação inicial, e, erro na escolha do setor piloto. Do estudo realizado, vislumbrou-se a possibilidade de um mecanismo alternativo para a implantação do Programa MPT. Este mecanismo consiste em dividir os tópicos do programa em módulos independentes, que poderiam reduzir as possibilidades de insucesso na implantação. Esta proposta representa uma melhoria na metodologia de implantação do Programa MPT, pois a forma tradicional, que aborda a implantação de forma integral, não permite executar parte do programa, e o atraso ou desistência em algum momento do processo de implantação pode provocar o risco de perda do que se tenha conseguido implantar.

Palavras-Chave: Manutenção; Manutenção Produtiva Total; Implantação.

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ABSTRACT

OLIVEIRA, Elaine Cristina B. Analysis of a process of implanting of the Total Productive Maintenance Program in an electric power concessionary company. 2008. 167 p. Dissertation (Máster degree in Production Engineering). Post graduation Program in Prodction Engineering, UFPB, João Pessoa.

The globalization of Economy takes to a continuous expansion in organizational competitivity. Consequently, efficient management systems are necessary to a maximum utilization of available resources. It isn’t quite different in the brazilian electric power sector. In search of its re-structuration, the privatizations and new regulation, these companies are looking for its excellence in management. Therefore, one of the most applied methodologies is the TPM Program – Total Productive Maintenance, which consists on a philosophy “ that seeks efficacy of internal organic structure of the company, through betterment to be introduced and incorporated by people and equipments” (NAKAGIMA, 1989). Many times, however, a doubt arises about the implantation of TPM Program on electric power concessionary companies, in view of the characteristics of diversity on systems and subsystems, all associated to the main offered product. Within this aspect, this research has a purpose of putting into practice a study of the process of implanting of the TPM Program in an electric power concessionary company. A quantum and qualitative research was developed with the application of a series of questions and analysis of documents (meeting records and reports). Through the results of the research, some important points are detached, such as: absense of a clear definition on the results to be reached, absense of allocation of the resources, absense of initial preparation, and, the pilot sector wasn’t well chosen. From this study, the possibility of an alternative mechanism for implanting the TPM Program was thought. This mechanism consists in dividing the subjects of the program into independent modulus that could reduce the possiblilities of failure on the process of implanting. This purpose represents a betterment on the methodology of implanting of the TPM Program, because the traditional model, which broaches the implanting on a complete aspect, doesn’t allow to put into practice only a component of the program, and the retardation or giving up in some moment of the process of implanting can cause the risk of loosing what has been achieved up till now.

Key words: Maintenance, Total Productive Maintenance, Implantation.

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LISTA DE QUADROS E TABELA

Quadro 01: Benefícios da manutenção aos sistemas produtivos............................................ 17

Quadro 02: Principais fatos que representaram marcos do Programa MPT....................... .. 96

Quadro 03: Obstáculos à condução do programa............................................................... 117

Quadro 04: Obstáculos à conclusão do programa............................................................... 118

Quadro 05: Metas do Programa MPT................................................................................ 126

Quadro 06: Metas do Programa MPT................................................................................. 128

Tabela 01: Espectro dos comportamentos possíveis diante de uma mudança...................... 46

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LISTA DE FIGURAS

Figura 01: Ciclo de Vida da Terotecnologia....................................................................... 40

Figura 02: Pilares do Programa MPT................................................................................ 60

Figura 03: Diagrama de um sistema elétrico de potência................................................... 69

Figura 04: Organograma da Comissão de Implantação do Programa MPT (2003 – 2005)

............................................................................................................................................... 80

Figura 05: Plano Geral do Programa MPT........................................................................ 82

Figura 06: Organograma da empresa - Visão da Área Piloto (Ano 2005).......................... 84

Figura 07: Seqüências da pesquisa..................................................................................... 90

Figura 08: Módulos para o MPT........................................................................................ 142

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 01: Momento em que ingressou no Programa MPT............................................. 93

Gráfico 02: Forma de desligamento do programa.............................................................. 94

Gráfico 03: Motivos para a saída do Programa MPT......................................................... 94

Gráfico 04: Divulgação do lançamento do Programa MPT na empresa ........................... 95

Gráfico 05: Formalização das lideranças............................................................................ 97

Gráfico 06: Liderança direta............................................................................................... 98

Gráfico 07: Atividades desenvolvidas no cotidiano........................................................... 98

Gráfico 08: Atividades desenvolvidas de forma excepcional............................................. 99

Gráfico 09: Designação das atividades formalmente..........................................................100

Gráfico 10: Cobrança com relação ao cumprimento dos trabalhos a serem realizados...... 101

Gráfico 11: Cobrança com relação ao cumprimento de prazo............................................ 101

Gráfico 12: Cobrança com relação ao cumprimento de custo............................................. 102

Gráfico 13: Nível de conhecimento com relação ao Programa MPT.................................. 103

Gráfico 14: Avaliação dos treinamentos realizados............................................................. 103

Gráfico 15: Avaliação do suporte dos consultores.............................................................. 104

Gráfico 16: Organograma para a implantação do MPT…………….................................. 105

Gráfico 17: Número de participantes para a implantação do MPT..................................... 106

Gráfico 18: Critérios para a escolha dos participantes........................................................ 107

Gráfico 19: Organograma para a implantação do MPT ..................................................... 108

Gráfico 20: Atividades que foram desenvolvidas………………………………................ 108

Gráfico 21: Dedicação ao programa de implantação - coordenação................................... 110

Gráfico 22: Dedicação ao programa de implantação – secretaria........................................ 110

Gráfico 23: Dedicação ao programa de implantação – outros…………………................. 111

Gráfico 24: Acompanhamento do cronograma de implantação........................................... 112

Gráfico 25: Forma de acompanhamento do cronograma de implantação…........................ 113

Gráfico 26: Outro instrumento de gestão do cronograma.................................................... 113

Gráfico 27: Divulgação do andamento do programa .............................……….................. 114

Gráfico 28: Percentual dos itens do programa que foi implantado..................................... 115

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Gráfico 29: Itens que estão funcionando de forma eficiente e plena…………................... 116

Gráfico 30: Comparativo das respostas dos obstáculos do programa ..…………............... 118

Gráfico 31: Clareza e qualidade das atividades do programa............................................. 119

Gráfico 32: Encerramento do programa.............................................................................. 121

Gráfico 33: Encerramento formal do programa.................................................................. 124

Gráfico 34: Atividades implantadas..................................................................................... 125

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas

ABRAMAN – Associação Brasileira de Manutenção

ABEPRO – Associação Brasileira de Engenharia de Produção

ANEEL – Agência Nacional de Energia Elétrica

CCQ – Círculos de Controle da Qualidade

COS – Centro de Operação do Sistema Elétrico

EUA – Estados Unidos da América

FMEA – Análise de modo e efeito de falhas

FTA – Análise de Árvore de Falhas

FMECA – Análise dos Modos, Efeitos e Criticidade das Falhas

GRD – Gerenciamento das Rotinas Diárias

IBR – Inspeção Baseada no Risco

MPT – Manutenção Produtiva Total

MCC – Manutenção Centrada em Confiabilidade

MTBF – Tempo Médio entre Falhas

MTTR – Tempo Médio para Reparo

NBR – Norma Brasileira Regulamentadora

ONS – Operador Nacional do Sistema

PMA – Pilar de Manutenção Autônoma

PMI – Project Management Institute

PND – Programa de Desestatização

P&D – Pesquisa e Desenvolvimento

ROL – Receita Operacional Líquida

SIN – Sistema Interligado Nacional

TF – Taxa de falha

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SUMÁRIO

CAPÍTULO 1: INTRODUÇÃO........................................................................................ 15

1.1 Definição do Tema e do Problema da Pesquisa......................................................... 15

1.2 Justificativa da Pesquisa Proposta.............................................................................. 16

1.3 Objetivos da Propositura............................................................................................. 19

1.3.1 Objetivo geral............................................................................................................ 19

1.3.2 Objetivos específicos................................................................................................. 19

1.4 Estrutura do Trabalho................................................................................................. 19

CAPÍTULO 2: REVISÃO DA LITERATURA............................................................... 21

2.1 A Função Manutenção................................................................................................. 21

2.1.1 Técnicas de gestão da manutenção........................................................................ 24

2.1.1.1 MCC – Manutenção Centrada em Confiabilidade................................................... 25

2.1.1.2 Métodos de investigação e análise.......................................................................... 27

2.1.1.3 IBR – Inspeção Baseada em Risco.......................................................................... 30

2.1.1.4 O Programa 5S........................................................................................................ 30

2.1.1.5 Indicadores de desempenho na manutenção............................................................ 31

2.1.2 Mantenabilidade....................................................................................................... 32

2.1.3 Manutenção orgânica............................................................................................... 39

2.1.4 Terotecnologia........................................................................................................... 40

2.1.5 Níveis de manutenção............................................................................................... 41

2.2 Cultura Organizacional............................................................................................... 41

2.3 A Manutenção Produtiva Total................................................................................... 47

2.3.1 As fases de implantação do MPT............................................................................. 50

2.3.2 Os pilares do MPT.................................................................................................... 60

2.3.3 O caso de implantação do programa MPT na Eletronorte.................................. 66

2.3.4 Resultados da MPT no mundo................................................................................ 67

2.4 O Setor Elétrico Brasileiro......................................................................................... 67

2.4.1 Sistemas elétricos de potência................................................................................. 68

2.4.2 O cenário atual do setor elétrico brasileiro............................................................. 70

2.4.3 Manutenção em sistemas elétricos de potência....................................................... 71

CAPÍTULO 3: PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS DA PESQUISA............. 74

14

3.1 Escolhas Metodológicas............................................................................................... 74

3.2 Ambientes Físicos da Pesquisa................................................................................... 77

3.2.1 A empresa.................................................................................................................. 77

3.2.2 O projeto de implantação do MPT na empresa..................................................... 78

3.3 Instrumentos da Pesquisa e Coleta de Dados............................................................ 86

3.3.1 Atas de reuniões........................................................................................................ 86

3.3.2 Relatórios enviados à ANEEL................................................................................. 87

3.3.3 Questionário.............................................................................................................. 87

3.4 Planejamento e Programação da Pesquisa de Campo............................................. 89

CAPÍTULO 4: RESULTADOS DA PESQUISA............................................................ 92

4.1 Resultados das Respostas do Questionário Aplicado............................................... 92

4.2 Resultados das Atas de Reuniões Fornecidas............................................................ 125

4.3 Resultados dos relatórios do programa MPT enviados à ANEEL......................... 127

CAPÍTULO 5: CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES.............................................. 130

5.1 Conclusões..................................................................................................................... 131

5.1.1 Conclusão quanto ao trabalho de campo................................................................ 131

5.1.2 Conclusão quanto aos objetivos............................................................................... 132

5.2 O que existe do programa MPT funcionando na atualidade................................... 137

5.3 Sugestão de Adaptação da Implantação do Programa MPT................................... 138

5.3.1 Proposta de Implantação do Programa de MPT de forma modular.................... 139

5.4 Conclusões quanto à proposição do mecanismo modular de implantação............ 142

5.5 Recomendações para Trabalhos Futuros.................................................................. 143 .

REFERÊNCIAS................................................................................................................. 145

ANEXOS............................................................................................................................. 150

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CAPÍTULO 1: INTRODUÇÃO

1.1 Definição do Tema e do Problema da Pesquisa

O cenário global de competitividade acirrada e de incertezas econômicas exige das

organizações cada vez mais inovações e melhorias em seus processos, haja vista o maior

poder de escolha dos consumidores proporcionado pela globalização e pela evolução da

tecnologia das comunicações. Inseridas neste contexto, encontram-se também as empresas

prestadoras de serviços, que paulatinamente buscam a excelência através da qualidade dos

serviços oferecidos.

No setor elétrico brasileiro, não ocorre de forma diferente. Somado a isto - a sua

recente reestruturação, conforme Fernandes (2002) - dentre outras alterações, saiu de um

ambiente eminentemente estatal para um de livre mercado.

Como operação estratégica das empresas do ramo da energia elétrica, a função

manutenção das redes elétricas e equipamentos de potência tornou-se alvo para o atendimento

de metas e exigências mercadológicas. Segundo a Associação Brasileira de Normas Técnicas

– ABNT, (2001, p. 82), a manutenção é “a combinação de todas as ações técnicas e

administrativas, incluindo as de supervisão, destinadas a manter ou recolocar um item em um

estado no qual possa desempenhar função requerida”.

Surge, então, como alternativa às propostas de gestão da função manutenção a

Manutenção Produtiva Total - MPT, definida como “uma campanha com a participação de

todo o corpo de empregados, para conseguir a utilização máxima do equipamento existente,

utilizando a filosofia do gerenciamento voltado para o equipamento” (TAKAHASHI;

OSADA, 1993, p. 51).

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Algumas dúvidas, porém, são verificadas quanto à sua aplicabilidade e

transferibilidade do MPT em empresas de energia elétrica, tanto no processo produtivo quanto

nos processos administrativos de apoio à produção, por se tratar de empresas de produção

contínua e o produto não poder ser estocado (PALMEIRA; TENÓRIO, 2002).

Outro fator seria a bibliografia disponível que trata apenas de experiências em

empresas de manufatura, em que o processo difere das empresas de energia elétrica, dadas

suas características de multiplicidade de sistemas e subsistemas, todos associados ao produto

essencial oferecido, não havendo, assim, publicações, exceto as relacionadas à implantação do

MPT na Eletrobrás, as quais tratem da implantação do Programa MPT em empresas que

atuam no ramo de energia elétrica no mundo.

Surge, então, a definição de estudo desta proposta, a qual pode ser apresentada em

função da resposta da seguinte pergunta:

Quais os possíveis fatores que poderiam ter interferido na implantação do Programa

MPT, em uma empresa concessionária de energia elétrica?

1.2 Justificativa da Pesquisa Proposta

A evolução das economias e a busca do aprimoramento para o atendimento das

constantes transformações mercadológicas estabelecem um ritmo frenético de corrida às

organizações que busquem conquistar sua fatia de mercado. Nesta corrida, não há mais lugar

para as perdas na eficiência dos sistemas produtivos, imprimindo nas organizações o convívio

com a melhoria contínua e expurgando o espírito da reatividade.

Assim, conforme explicitado por SLACK et al. (2001), ao abordar os benefícios da

manutenção aos sistemas produtivos quando tratada de forma sistemática, no Quadro 01,

podem ser apresentados como resultados deste processo.

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Benefícios da manutenção aos sistemas produtivos

� Segurança melhorada

� Confiabilidade aumentada

� Qualidade maior

� Custos de operação mais baixos

� Tempo de vida mais longo

� Valor final mais alto

Quadro 01: Benefícios da manutenção aos sistemas produtivos Fonte: Slack et al., 2001.

Alcançar este pacote de benefícios tornou-se alvo de várias organizações. Para isso

vislumbra-se, de toda forma, o alcance destas soluções de forma rápida e prática, logo surgem

as diversas tentativas de cópias de modelos que já apresentaram resultados muito positivos em

organizações diversas.

Percebe-se, entretanto, que a implantação do Programa MPT de origem japonesa em

muitas empresas brasileiras não chega à fase final. Neste aspecto, os problemas encontrados e

as possibilidades de não atingir a implantação em sua forma total fazem com que a

justificativa desta pesquisa se situe na identificação de fatores que poderiam ter interferido em

sua implantação.

A MPT cria um ambiente de melhoria contínua e permite que as empresas elevem sua

manufatura a uma classe mundial de competitividade (SUZUKI, 1994), a disponibilidade e a

confiabilidade dos sistemas, desta forma, são aumentadas.

Valendo-se da premissa de que os serviços de fornecimento de energia elétrica devem

primar pela manutenção dos seus sistemas, por questão de segurança e grau de importância

dos seus serviços, a MPT surge como alternativa à sistematização da manutenção dos

sistemas elétricos de potência.

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Assim, esta pesquisa trará resultados importantes, para pelo menos dois grupos

distintos, que são:

• EMPRESAS: através da identificação das principais dificuldades na

implantação do Programa MPT, pode-se possibilitar a realização de ações no

sentido de reduzi-las, tornando o Programa MPT uma solução prática para

melhorias nos índices de lucratividade, produtividades e competitividade;

• ACADÊMICOS: os resultados da pesquisa poderiam servir de base para

trabalhos acadêmicos relacionados ao tema, assim como o desenvolvimento de

melhorias na metodologia MPT através do fomento de pesquisas.

De acordo com a Associação Brasileira da Engenharia de Produção – ABEPRO que

classifica as áreas e sub-áreas da Engenharia de Produção, pode-se enquadrar esta pesquisa na

sub-área de Gestão da Manutenção, a qual está contida na área de Gestão da Produção.

Podendo ser enquadrada, ainda, na sub-área Confiabilidade de Equipamentos, Máquinas e

Produtos, que está na área de Gestão da Qualidade. De acordo com o Instituto Nacional da

Propriedade Intelectual – INPI, a empresa estudada pode ser classificada na Seção H02 -

PRODUÇÃO, CONVERSÃO OU DISTRIBUIÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA (INPI,

2007).

Assim, esta pesquisa pretende evidenciar quais são os motivos que poderiam ter

interferido na implantação do Programa MPT numa empresa concessionária de energia

elétrica, contribuindo para que, em aplicações futuras da metodologia se possa utilizar este

estudo, para evitar a repetição de erros que impeçam o sucesso do Programa MPT.

Também a pesquisa contribui para o aprimoramento da metodologia de implantação

do Programa MPT através de uma proposta alternativa de implantação deste programa.

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1.3 Objetivos da Propositura

1.3.1 Objetivo geral

O objetivo geral deste trabalho é realizar um estudo do processo de implantação do

Programa MPT, em uma empresa concessionária de energia elétrica.

1.3.2 Objetivos específicos

• Identificar possíveis fatores intervenientes na implantação do Programa MPT

na empresa;

• Identificar as condições favoráveis para o sucesso da implantação do Programa

MPT.

1.4 Estrutura do Trabalho

Este trabalho está dividido em cinco capítulos, incluindo esta introdução que apresenta

a pesquisa, contextualizando-a no cenário atual, justificando os objetivos a serem alcançados

e a estrutura do trabalho.

O capítulo dois apresenta a síntese teórica dos principais conceitos utilizados na

pesquisa.

O capítulo três trata da metodologia, justificando a escolha dos procedimentos, da

abordagem e do método da pesquisa, com base nos objetivos do trabalho. Também está

apresentado o ambiente explorado.

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No capítulo quatro, estão apresentados os resultados obtidos por esta pesquisa, na

seguinte seqüência: resultados das respostas do questionário aplicado, resultados das atas de

reuniões e resultados dos relatórios.

O capítulo cinco traz as conclusões extraídas deste trabalho de pesquisa e uma

proposta alternativa de implantação do Programa MPT, bem como as recomendações para

trabalhos futuros.

21

CAPÍTULO 2: REVISÃO DA LITERATURA Neste capítulo, são apresentados os conceitos relacionados à função manutenção, com

ênfase no Programa de Manutenção Produtiva Total. Para tanto, são apresentadas as

definições de diversos estudiosos da temática tratada nesta pesquisa.

Para entender a MPT, preliminarmente são apresentadas a história da evolução da

manutenção e, após, como a MPT foi desenvolvida no Japão, alguns casos de empresas

brasileiras, inclusive do ramo da energia elétrica, que a adotaram, por exemplo, a Eletrobrás.

Como trata-se de um estudo de caso em uma empresa concessionária de energia

elétrica, nesta pesquisa, também são apresentados os conceitos acerca de sistemas elétricos de

potência e o cenário atual da energia elétrica no Brasil.

Na percepção de que, para a implantação de um programa como a Manutenção

Produtiva Total, a cultura organizacional e a capacidade para a mudança são fundamentais,

também são explanados os seus conceitos.

2.1 A Função Manutenção

Para Slack et al (2001), a manutenção é o termo usado, para abordar como as

organizações tentam evitar as falhas ao cuidarem de suas instalações físicas. É uma parte

importante da maioria das atividades de produção, principalmente em se tratando daquelas em

que as instalações físicas possuem papel fundamental. “Nas operações como centrais elétricas,

hotéis, companhias aéreas e refinarias petroquímicas, as atividades de manutenção serão

responsáveis por parte significativa do tempo e da atenção da gerência de produção” (SLACK

et al, 2001, p. 644).

22

É possível, na teoria, eliminar qualquer necessidade de manutenção corretiva,

projetando-se produtos que não sofram nenhuma falha ou empregando combinações

apropriadas de componentes de alta confiabilidade, testes de garantia e manutenção

preventiva. Porém, quando esses produtos são levados além de um nível praticado usualmente

na indústria, incrementos de confiabilidade levam a aumentos exponenciais de custos de

produção, de tal modo que a economia prometida pela falta de manutenção é logo superada

(MOSS, 1985, p. 59). Assim, a atividade de manutenção nos processos produtivos, sejam eles

bens ou serviços, torna-se inevitável.

A Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), na norma NBR-5462 de 1994,

define manutenção como "a combinação de todas as ações técnicas e administrativas,

incluindo as de supervisão, destinadas a manter ou recolocar um item em um estado no qual

possa desempenhar uma função requerida".

Para Ferreira (2000, p. 445), “a manutenção possui como definição ato ou efeito de

manter em perfeitas condições tudo aquilo que foi criado um dia”.

O conceito do termo manutenção, portanto, mostra a importância da sua boa gestão

para o alcance dos objetivos e metas estratégicos.

De acordo com Silva (2003, p. 37), pode-se dividir o histórico da evolução da

manutenção em três momentos distintos, sendo uma primeira instância encontrada no

nascimento da mecanização da produção até a pré-eclosão da Segunda Guerra Mundial,

caracterizada por sua atuação basicamente na correção de falhas, com algumas ações de

lubrificação e limpeza. No segundo momento, durante a manutenção no Pós Segunda Guerra

Mundial, influenciada pelo aumento da demanda produtiva, escassez de mão-de-obra,

dependência das máquinas, surgiu a necessidade da busca da redução nas paradas de

máquinas e sistemas, onde foi introduzida a manutenção preventiva.

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Na terceira geração da manutenção, localizada na década de setenta, os processos

industriais evoluíram para a intensificação da mecanização e, a posteriori, da automatização.

Criaram-se, na manutenção, expectativas de melhor desempenho dos equipamentos

produtivos, além dos efeitos das falhas na produção.

Tavares (1999, p. 10) descreve parte da história da manutenção:

Até 1914, a manutenção tinha importância secundária e era executada pelo mesmo efetivo de produção. Com o advento da Primeira Guerra Mundial e a implantação da produção em série, instituída por Ford, as fábricas passaram a estabelecer programas mínimos de produção e em conseqüência, sentiram a necessidade de criar equipes que pudessem efetuar reparos em máquinas operatrizes no menor tempo possível.

Com isto, é papel da manutenção aumentar a eficiência dos sistemas e equipamentos,

amplificando a sua disponibilidade e confiabilidade.

Com a evolução da função Manutenção, surge a Engenharia de Manutenção, que, para

Silva (2003, p. 45), preocupa-se com a produção do serviço, atuando na capacitação do

pessoal e no desenvolvimento de técnicas para atuação nos equipamentos e instalações em

geral, e, através de planejamento e gerenciamento de sistemas, visa à auto-manutenção destes

equipamentos e instalações, de modo a operar dentro dos requisitos requeridos de

confiabilidade e disponibilidade, associadas ao menor custo, preservando a vida e a segurança

das instalações.

Além disso, verifica-se que atualmente a opção pela via descentralização-polivalência

significa flexibilizar a organização do trabalho por meio dos seguintes princípios, que estão

sendo adotados: divisão maleável e integração de funções administrativas; definição de tarefas

de acordo com as circunstâncias e necessidades; integração de tarefas, para criar um trabalho

completo, identificável, com resultados visíveis; privilégio ao trabalho em equipe, com forte

incentivo para o indivíduo e/ou o grupo programarem, com independência, o seu trabalho e

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determinarem os procedimentos relativos à execução de tarefas; desenvolver nos empregados

a capacidade de prever problemas e incentivar soluções criativas; realização de tarefas e

funções em grupos de trabalho; mão-de-obra qualificada com características multifuncionais e

com múltiplas habilidades; informações claras sobre os resultados obtidos no trabalho e

autocontrole (PALMEIRA; TENÓRIO, 2001).

Com relação aos tipos de manutenção convencional, a norma NBR 5462

(Confiabilidade e Mantenabilidade – Terminologia) define três tipos de Manutenção:

• Manutenção Corretiva: que trata da “manutenção efetuada após a ocorrência de

uma pane destinada a recolocar um item em condições de executar uma função

requerida” (ABNT, 1994).

• Manutenção Preventiva: definida como “manutenção efetuada em intervalos

predeterminados, ou de acordo com critérios prescritos, destinada a reduzir a

probabilidade de falha ou a degradação do funcionamento de um item”

(ABNT, 1994).

• Manutenção Preditiva: “Manutenção preditiva/controlada é a manutenção que

permite garantir uma qualidade de serviço desejada, com base na aplicação

sistemática de técnicas de análise, utilizando-se de meios de supervisão

centralizados ou de amostragem, para reduzir ao mínimo a manutenção

preventiva e diminuir a manutenção corretiva” (ABNT, 1994).

2.1.1 Técnicas de gestão da manutenção

Para Brito e Pereira (2003), a globalização da economia mundial leva a um constante

aumento na competitividade organizacional, assim, coloca, em contraste, idéias e concepções

25

que aumentam a produtividade, garantindo, com isto, maior qualidade e redução dos custos às

organizações.

Portanto, sistemas de gestão eficientes para a função manutenção são necessários para

a utilização máxima dos recursos disponíveis. Para tanto, metodologias e técnicas são

desenvolvidas, tais como a MCC, o programa MPT, a filosofia 5S, a IBR, entre outras.

Algumas destas ferramentas estão descritas nos itens seguintes.

2.1.1.1 MCC – Manutenção Centrada em Confiabilidade

A Manutenção Centrada em Confiabilidade – MCC, ou Reliability Centered

Maintenance – RCM, nasceu da necessidade da redução de acidentes com aviões nas décadas

entre 1960 e 1970, os quais apresentavam um número bastante elevado de 60 acidentes para

cada milhão de decolagens. Através da aplicação da MCC, conseguiu-se a redução

significativa deste quantitativo, sendo utilizada como método de gerenciamento dos

equipamentos através da análise de suas possíveis falhas (VIANA, 2002).

Fleming (2000) apud Lucatelli (2002) define MCC como “uma consideração

sistemática das funções do sistema, o modo como estas funções falham e um critério de

priorização explícito baseado em fatores econômicos, operacionais e de segurança, para a

identificação de tarefas de manutenção aplicáveis e custo/eficientes”.

Segundo Picanço (2003, p. 29), existem seis tipos distintos de comportamento da taxa

de falhas observadas ao longo do tempo, a saber:

a) Curva da banheira: falhas ocorrem no início do funcionamento do equipamento

e ao final de sua vida útil;

26

b) As falhas ocorrem no decorrer da vida útil do equipamento, de forma mais

pronunciada no seu final;

c) As falhas ocorrem de forma crescente linear ao final de sua vida útil;

d) Neste caso, as falhas ocorrem de forma pouco acentuada no decorrer da vida

útil do equipamento;

e) As falhas ocorrem de forma igual e linear no decorrer do funcionamento do

equipamento;

f) As falhas se apresentam de forma acentuada no início do funcionamento do

equipamento e cessam no decorrer do seu uso.

Para o autor, a MCC utiliza esses modos distintos de comportamento, para se

determinar o que deve ser feito, a fim de que os ativos realizem as suas funções. Este processo

aplica um algoritmo, para que se possa avaliar as conseqüências e seleção das políticas de

manutenção para cada tipo de falha.

Moraes (2004) apud Sae (1993) afirma que, dentro ainda da política de confiabilidade,

outro conceito bastante difundido e útil para a garantia da eficiência dos equipamentos é o de

confiabilidade e mantenabilidade. Conceitua a confiabilidade como a probabilidade de um

equipamento operar continuamente, sem falhas, por um período definido de tempo ou número

de ciclos, dentro das condições de desempenho especificadas em projeto.

A confiabilidade dos equipamentos pode ser expressa por (MORAES, 2004, p. 75):

• MTBF (Mean Time Between Failures), que representa o tempo médio de operação

entre uma falha e outra do equipamento, ou MCBF (Mean Cicles Between Failures)

que representa o número médio de ciclos entre uma falha e outra;

27

• MTTF (Mean Time to Failure) ou MCTF (Mean Cicles to Failure), os quais

representam respectivamente o tempo médio e o número médio de ciclos até a

ocorrência da falha, aplicáveis a itens não reparáveis, isto é, que demandam

substituição completa após a falha.

Esses valores são obtidos dividindo-se a somatória dos tempos de operação ou o

número de ciclos sem falhas pela quantidade de falhas ocorridas no período analisado.

A disponibilidade dos equipamentos pode ser obtida através da associação dos índices

de confiabilidade e mantenabilidade, em termos percentuais, conforme mostrado na Equação

01 (MORAES, 2004).

Equação 01: Disponibilidade dos equipamentos. Fonte: Moraes, 2004, p.67. Onde: D% = disponibilidade percentual do equipamento MTBF = tempo médio entre falhas MTTR = tempo médio para reparo

O mesmo conceito é aplicável quando se utiliza o tempo médio entre ciclos ou tempo

médio para substituição.

2.1.1.2 Métodos de investigação e análise

Os principais métodos e ferramentas utilizados pela gestão da manutenção podem ser

apresentados através da Análise de Modo e Efeito de Falhas – FMEA, Análise de Árvore de

Falhas - FTA, e da Análise dos Modos, Efeitos e Criticidade das Falhas – FMECA:

28

a) FMEA (Failure Mode and Effect Analysis) é um método de análise de projetos,

produtos e processos industriais ou administrativos usado, para identificar

todos os possíveis modos potenciais de falhas e determinar o efeito de cada um

sobre o comportamento dos sistemas, antes que elas aconteçam. Três tipos de

FMEA são identificados (KARDEC, 2001):

• FMEA de projeto: este tipo é utilizado, para analisar sistemas e

subsistemas nos estágios iniciais de projeto e conceitos. Analisa os modos

de falhas associados com as funções de um sistema, acarretados pela

deficiência de projeto;

• FMEA de processo: aqui são consideradas as falhas de planejamento e

execução do processo, tendo, como base, as não-conformidades do

produto, de acordo com as especificações do projeto;

• FMEA de produto: quando são consideradas as falhas que poderão ocorrer

com o produto, com base nas especificações do projeto.

A aplicação da FMEA considera alguns conceitos básicos, tais como

(SLACK, et al, 2001):

• Causa: é o meio pelo qual um elemento particular do projeto ou

processo resulta em um modo de falha;

• Efeito: é uma conseqüência adversa para o cliente ou usuário;

• Modos de Falha: são as categorias de falhas que são normalmente

descritas;

• Freqüência: indica a probabilidade de ocorrência da falha;

• Gravidade da falha: Indica como a falha afeta o usuário ou cliente;

• Detectabilidade: indica o grau de facilidade de detecção da falha;

29

• Número de Prioridade de Risco (NPR): é o resultado do produto da

freqüência, gravidade da falha e da detectibilidade. Este índice

fornece a prioridade de risco de falha.

A FMEA procede à análise partindo da causa para chegar ao efeito, seguindo uma

seqüência de procedimentos que são registrados em um formulário padronizado. Assim, ela

focaliza falhas potenciais e suas causas, tornando possível a tomada de ações, com vista a

evitar problemas futuros e prejuízos, antes que eles aconteçam.

b) FTA (Failure Tree Analysis): o objetivo da FTA é identificar combinações de

falhas nos componentes de um sistema ou equipamento, as quais podem levar à

ocorrência de uma pane do sistema. Isso é realizado através de um diagrama de

símbolos lógicos (KARDEC, 2001).

O seu diferencial do FMEA está na possibilidade de incorporar falhas humanas, além

de permitir análises tanto qualitativas quanto quantitativas. Esta análise inicia a partir de uma

falha ou problema do sistema, o qual é denominado evento topo, e continua com a elaboração

da seqüência ou combinação de fatos capazes de conduzir ao evento.

Por ser uma análise detalhada, a FTA requer considerável volume de informação e

profundo conhecimento do produto ou processo em estudo (KARDEC, 2001).

c) FMECA (Failure Modes, Effects and Criticality Analysis): esta análise deriva

da FMEA, representando um nível mais avançado. Neste nível de análise, é

apresentada uma característica quantitativa que permite classificar os modos de

falhas, levando-se em consideração as probabilidades de ocorrência

(KARDEC, 2001).

30

Os métodos de análise apresentados podem auxiliar no desenvolvimento da

investigação das possíveis causas das ocorrências, facilitando a compreensão do

comportamento dos equipamentos /sistemas, permitindo o planejamento da manutenção

através destas análises e a adoção de ações corretivas e preventivas.

2.1.1.3 IBR – Inspeção Baseada em Risco

A IBR busca priorizar as falhas através da avaliação dos riscos, relacionando-as ao

processo produtivo e conceituando risco como o potencial de ocorrência de um evento

indesejável na realização das atividades. A inspeção procura reduzir a ocorrência de falhas, já

que risco pode ser dito como o produto da freqüência pelas conseqüências (PICANÇO, 2003).

Sustentada por um plano de manutenção preventiva eficiente, suas atividades são

elencadas conforme a busca pela redução dos riscos pelo serviço de avaliação de mecanismos

de danos.

2.1.1.4 O Programa 5S

O programa 5S consolidou-se no Japão a partir da década de 50. Seu nome provém

das iniciais das palavras: SEIRI, SEITON, SEISOU, SEIKETSU E SHITSUKE, as quais

podem ser traduzidas como:

• SEIRI – Senso de Organização / Arrumação;

• SEITON – Senso de Utilização / Ordenação;

• SEISOU – Senso de Limpeza;

• SIKETSU – Senso de Saúde / Segurança;

31

• SHITSUKE – Senso de Autodisciplina.

Os 5Ss são interpretados como sensos, primeiramente para manter o nome original do

programa, e ainda para refletir melhor a idéia de profunda mudança comportamental

(OSADA, 1992). Este programa objetiva a educação e o treinamento e busca a qualidade

através de constante aperfeiçoamento dos detalhes que compõem a rotina do dia - a- dia de

trabalho. Os efeitos dos 5Ss são tão abrangentes que se tornam uma prática fundamental para

a obtenção e consolidação do processo educacional de quaisquer atividades.

Os conceitos fundamentais do programa devem ser entendidos, incorporados e

praticados por todos os níveis hierárquicos, dos empregados à gerência, visando, entre outras

metas, evitar desperdícios e garantir um ambiente de trabalho cada vez mais saudável

(OSADA, 1992).

No Brasil, o 5S foi adaptado, tornando-se o Programa 8S, onde foram somados os

sensos de determinação e união, treinamento e qualificação e o senso de economia e combate

aos desperdícios.

2.1.1.5 Indicadores de desempenho na manutenção

Os indicadores de desempenho utilizados na gestão da manutenção desempenham

papel importante para a avaliação das atividades desenvolvidas por esta função. Sendo assim,

devem fornecer subsídios para a gerência, no sentido de direcionar as atitudes com relação a

que mudanças devem ser realizadas para o aumento da eficiência e maximização dos

resultados globais.

32

Segundo Kardec e Flores (2001, p. 27), “indicadores são guias que nos permitem

medir a eficácia das ações tomadas, bem como medir desvios entre o programado e o

realizado. Através dos indicadores é possível fazermos comparações ao longo do tempo”.

Os indicadores não devem apenas ser utilizados quando do acompanhamento dos

desafios da manutenção, mas também no que se refere a sua rotina diária. Os índices de

manutenção devem retratar aspectos importantes no processo produtivo. O planejamento e

controle da manutenção devem analisar a melhor forma de monitoramento do seu processo,

de forma simples e sistêmica, deve acompanhar aquilo que agrega valor, não devendo gerar

desperdícios de dados sem utilidade alguma (VIANA, 2001).

A Associação Brasileira da Manutenção – ABRAMN, possui um manual com a

abordagem da maioria dos indicadores aplicados à Gestão da Manutenção.

2.1.2 Mantenabilidade

A norma ABNT - NBR-5462 (1994) define Mantenabilidade como “probabilidade de

uma dada ação de manutenção efetiva, para um item sob dadas condições de uso, poder ser

efetuada dentro de um intervalo de tempo determinado, quando a manutenção é executada sob

condições estabelecidas e usando procedimentos e recursos prescritos”.

Para Alvarez (2001a, p. 30-35), as características dos produtos e seus indicadores de

mantenabilidade podem ser apresentados conforme está listado a seguir:

a) Características do produto/sistema:

I Compatibilidade de vida útil física: refere-se à condição dos componentes, que

constituem o produto/sistema, terem vida útil física aproximada entre si. Esta

33

condição permite que, na abertura do equipamento para uma atividade de

manutenção, todos os componentes pertencentes ao mesmo subsistema em questão

tenham um desgaste ou envelhecimento similar, para permitir a substituição em

bloco, evitando posteriores intervenções em pouco tempo. Todavia, esta

característica considera a possibilidade de que o tempo de vida útil física de seus

componentes seja igual ao tempo de vida útil física projetado para o

produto/sistema. Esta última condição visa à não necessidade de manutenção,

dando lugar à descartabilidade;

II Padronização e intercambiabilidade: indicam características dimensionais

(formas e volumes), idênticas ou semelhantes, em componentes com atividade

funcional igual ou similar (independente do fabricante), permitindo sua

substituição ou intercambiabilidade, sem prévia adaptação. As normas ISO 9000

contribuem, para satisfazer esta característica, favorecendo também a aquisição de

componentes sobressalentes e redução de estoques;

III Modularidade: refere-se ao layout para a instalação dos componentes de forma

setorizada, formando blocos definidos em conjuntos especializados pela função

e/ou característica construtiva (transmissão, comando, mecânico, elétrico, entre

outros), permitindo a retirada/colocação do conjunto de componentes em blocos.

Esta característica evita necessidades de desmontagem/ montagem individual dos

componentes;

IV Pontos de teste para o diagnóstico: indicam a existência de conexões de

entradas-saídas em pontos estratégicos, através de plugs padronizados ou

similares, para acoplamento-ligação de instrumentos de medida e/ou diagnóstico,

visando monitorar parâmetros vitais de funcionamento;

34

V Monitoração: refere-se à existência de sensores, instalados em componentes, de

forma fixa e permanente, para medir variáveis representativas da condição

funcional e/ou estrutural (vibração, temperatura, pressão, entre outros), com o fim

de detectar anormalidades (falhas latentes) que comprometam a continuidade

funcional do sistema. Estas medições são feitas em tempo real, com o equipamento

em funcionamento e carga;

VI Autodiagnose: trata da existência de programas especialistas de computador,

capazes de diagnosticar possíveis falhas, através da análise de variáveis

características de funcionamento (recebidas através de sensores em tempo real ou

por coleta), indicando: localização, magnitude, causa, tempo remanescente de vida

útil, etc. Esta análise é feita em tempo real de forma centralizada, com o

equipamento em funcionamento e carga, ou quando solicitado, através da coleta

dos parâmetros vitais no local que alimentam um microcomputador

descentralizado;

VII Componentes redundantes: indicam a existência de mais de um componente ou

sistema para a mesma função, instalada em paralelo, de forma ativa (em

funcionamento) ou stand by (reserva), capaz de substituir, de forma imediata, o

componente associado com deficiência ou pane. Esta característica, além de

aumentar a confiabilidade, melhora, também, a mantenabilidade, porque evita a

necessidade de intervenção de manutenção imediata e imprevista;

VIII Descartabilidade: refere-se à condição ou capacidade do componente ou sistema

não ser reparável (descartável);

IX Características de segurança: avaliam a existência de características de projeto

que eliminam ou reduzem a necessidade de precauções por parte do trabalhador,

objetivando evitar acidentes na atividade de manutenção. Estas características

35

aparecem na forma de proteções, alarmes, sistemas de desligamento automático,

entre outros;

X Tipo de fixação/ união: refere-se ao tipo e forma de fixação dos componentes

através de elementos de união, como parafusos, pinos de encaixe com aplique

elástico ou de um giro, elementos passantes com uma ou várias voltas, trava,

excêntrico, entre outros. Esta característica é essencial nas atividades de

desmontagem e montagem;

XI Características de ajustagem e calibragem: tratam da necessidade de ajustes

e/ou calibragem na montagem e controle funcional, tais como: alinhamento,

posicionamento, estiramento/ tensionamento, calibragem de folgas e pressões,

sincronismo, entre outros, exemplo de componentes com guias ou marcas para o

posicionamento rápido e preciso (autoposicionáveis). Esta característica influencia

as atividades de desmontagem e montagem;

XII Simplicidade estrutural/ funcional: avalia a simplicidade ou complexidade do

sistema quanto ao número de componentes, relação ou dependência estrutural e/ou

funcional entre os mesmos, exigência cognitiva da mão-de-obra e variedade de

categorias ou especialidades tratadas (mecânica, elétrico-eletrônica, hidráulica,

entre outras). Esta característica está relacionada com o tipo de tecnologia

utilizada, habilidade e conhecimento da mão de obra, quantidade de informação a

ser tratada e processada, extensão do campo visual utilizado, exigências de

memorização, probabilidades de erros, quantidade de pessoas/ recursos

envolvidos, entre outras. Ela influencia a atividade de desmontagem/ montagem e

diagnóstico de falhas;

XIII Acessibilidade e visibilidade: avaliam a facilidade ou esforço de se chegar até um

componente ou sistema com ferramentas convencionais e visualizá-lo, para

36

exercer sobre as mesmas atividades de manutenção. Esta característica pode ser

um pré-requisito, para satisfazer a característica de alcançabilidade e

manejabilidade, além de ser um ponto importante para MPT. Influencia a atividade

de desmontagem/ montagem;

XIV Alcançabilidade e manejabilidade: avaliam a facilidade ou dificuldade, para

manobrar um componente ou conjunto, visando a sua colocação/posicionamento

ou retirada do local de aplicação. O espaço, tamanho, peso e formas projetadas

para o componente ou sistema são decisivos, para satisfazer esta característica que

influencia as atividades de desmontagem/ montagem;

XV Características tribológicas: atendem às necessidades de lubrificação, como

mancais autolubrificados, materiais resistentes ao desgaste, lubrificantes de

elevada vida útil, sistemas automatizados de lubrificação e pontos para

alimentação de lubrificantes agrupados, acessíveis, visíveis e identificados;

XVI Característica para limpeza: considera fatores, como coberturas e carenagens de

enclausuramento do sistema, superfícies externas de acesso livre, proteções/

anteparos para retenção de detritos/sujeira, recepção de aparas/ rejeitos do

processo, vedações eficientes, entre outros. Estas características atendem às

necessidades de asseio e limpeza, facilitando programas de MPT, entre outros.

b) Indicadores Estatísticos no controle da manutenção:

I Taxa de falha (TF): determina a quantidade de falhas ocorridas em um

determinado período de tempo. Este índice indica uma característica intrínseca do

componente/sistema quanto à tendência na ocorrência de falhas durante o seu ciclo

37

de vida útil, determinando a freqüência necessária de manutenção e o tempo médio

de bom funcionamento (MTBF);

II Tempo médio de bom funcionamento (MTBF): determina o tempo médio entre

falhas;

III Taxa de reparo ou manutenção (TR): determina a quantidade de intervenções de

manutenção em um período de tempo. Este valor indica a característica intrínseca

do componente/sistema, para facilitar o serviço de manutenção, determinando o

tempo médio de reparo (MRT) necessário, para executar as intervenções de

manutenção;

IV Tempo médio de reparo (MRT): representa o tempo médio necessário, para

executar as atividades de manutenção preventivas, preditivas ou corretivas;

V Valor estatístico de mantenabilidade M(t): representa a probabilidade que um

sistema possui, para completar uma atividade de manutenção em um tempo (t)

previsto.

c) Itens da condição funcional (processo):

I Periculosidade: envolve características de segurança pelo risco que oferece o tipo

de equipamento, isto é: alta tensão, explosividade, radioatividade, entre outros;

II Agressividade: envolve características de precaução ou alerta por condição de

temperatura, corrosividade, sujeira, abrasão, entre outros.

d) Itens da organização do trabalho:

38

I Tipo de organização da manutenção: merecem destaque os modelos de

autogestão com integração sistêmica da organização, como é o caso do modelo

MPT (Manutenção Produtiva Total) e MRC (Manutenção de Resultado

Completo);

II O sistema de manutenção: seja este corretivo, preventivo, preditivo, manutenção

centrada na confiabilidade (MCC), entre outros. Influencia nos tempos de

intervenção pela sistemática de atuação que o envolve, como, por exemplo:

magnitude, diagnóstico, previsibilidade da falha, complexidade, entre outras

grandezas que serão diferentes em cada caso;

III Forma de manutenção: se é centralizada, descentralizada ou terceirizada.

e) Itens na mão-de-obra:

I Fatores ergonômicos: como a adaptação do serviço às exigências

físicas/fisiológicas, psicológicas e cognitivas do indivíduo;

II Fatores de preparação e habilidade profissional: destacam-se a seleção e o

treinamento;

III Fatores de motivação: considerando características do tipo qualidade da execução,

interesse pelo assunto, dedicação, participação, comprometimento, entre outras.

f) Itens na logística:

I Fatores de apoio/suporte: como transportes, comunicação, controle automatizado

da manutenção, registros e consultas de informação computadorizadas, supervisão,

entre outros;

39

II Fornecimento de materiais e peças sobressalentes e/ou assistência técnica dos

fornecedores;

III Instalações e condicionamento dos locais de trabalho: áreas limpas para tarefas

de montagem, espaços e arranjos físicos, distâncias percorridas, disponibilidade de

utilidades nas áreas de execução de serviço, entre outras necessidades;

IV Existência de ferramentas comuns e especiais: dispositivos, instrumentos e

suporte para execução dos trabalhos de manutenção.

2.1.3 Manutenção orgânica

A manutenção orgânica visa à realização de atividades antecipadas, previamente

planejadas e se incorpora à gestão da manutenção como um tipo de manutenção preditiva,

desde a fase de planejamento do projeto dos equipamentos, sistemas e estruturas. Karman

(2006) define manutenção orgânica como a atividade que trata de assegurar à futura

instituição, ainda em fase de planejamento, uma infra-estrutura que possibilite meios e

recursos físicos e funcionais necessários à implantação da manutenção efetiva, racional e

econômica.

A manutenção orgânica atua enquanto o equipamento é projetado, quando é mais fácil

e mais barato identificar e bloquear as causas potenciais de falhas. Por exemplo, se uma

turbina não foi adequadamente especificada para uma instalação industrial, somente as

atividades de manutenção serão insuficientes, para prevenir eventuais falhas do sistema de

geração de energia.

O principal objetivo da manutenção orgânica é gerar mecanismos, para que o

Departamento de Manutenção trabalhe dentro de padrões ideais de logística, confiabilidade,

recursos humanos e custos. A manutenção orgânica terá êxito no cumprimento da sua missão,

40

quando se relacionar eficazmente com fatores como: recursos humanos, logística,

confiabilidade, custos e mantenabilidade.

2.1.4 Terotecnologia

O conceito de Terotecnologia se popularizou em meados de 1970 e, de acordo com

Alvarez (2001b), diz respeito ao ciclo de atividades que abrange o ciclo de vida dos

equipamentos, podendo ser representado pela Figura 01.

Figura 01: Ciclo de atividades da Terotecnologia Fonte: Adaptado de Alvarez, 2001b.

Sendo assim, esta sistemática analisa o ciclo de vida útil do equipamento tanto no

aspecto físico quanto econômico, tendo seu início na especificação do equipamento, e termina

com a sua substituição.

41

2.1.5 Níveis de manutenção

Alvarez (2002) apresenta uma classificação das atividades de manutenção em níveis

de função, a saber:

• Nível I: é a Manutenção que atende às necessidades mínimas, tais como lubrificação,

limpeza, controle de níveis e regulagens através de inspeções. Este nível é realizado

pelo operador e pertence à Manutenção Autônoma;

• Nível II: é a Manutenção preventiva periódica que exige paradas, para fazer

inspeções, ajustes e substituir peças achadas com falhas latentes. Entra também aqui a

Manutenção Sistemática, que é executada pelo operador e técnico de manutenção de

forma conjunta;

• Nível III é a Manutenção em função do estado apresentado (preditivo). Esta

manutenção não exige parada para inspeção, pois há detecção de falhas latentes pela

medida de parâmetros de funcionamento. Por ser uma atividade especializada, é

executada unicamente pelo departamento de manutenção.

Através dos níveis de manutenção apresentados, torna-se possível equacionar a

realização das atividades de manutenção entre as equipes de produção/operação e de

manutenção.

2.2 Cultura Organizacional

Sistemas de gestão eficientes são necessários para a utilização máxima dos recursos

disponíveis, para tanto, metodologias e técnicas são desenvolvidas. Uma destas metodologias

42

bastante utilizada é o programa TPM – Total Productive Maintenance (Manutenção Produtiva

Total ou MPT). O MPT é uma filosofia de melhoria contínua “que visa à eficácia da própria

estrutura orgânica da empresa, através das melhorias a serem introduzidas e incorporadas

tanto nas pessoas como nos equipamentos” (NAKAJIMA, 1989).

Segundo Palmeira e Tenório (2001), a MPT desenvolve conhecimentos capazes de

reeducar as pessoas para ações de prevenção e de melhoria contínua em relação aos

equipamentos, garantindo o aumento da confiabilidade dos mesmos e da capabilidade dos

processos, sem que haja investimentos adicionais. Pode-se afirmar, portanto, que a MPT

aumenta a produtividade, gera produtos de alta qualidade a custos competitivos e reduz o

tempo de resposta, aumentando a satisfação do cliente e fortalecendo o posicionamento da

empresa no mercado.

Como demonstrado, a cultura organizacional é um fator determinante para o sucesso

na implantação do programa MPT, assim, cabe determo-nos na construção do conhecimento

sobre esta abordagem.

Trindade apud Simões (1995, p. 37) afirma que “toda organização, seja ela qual for,

além dos seus objetivos específicos (...) é um subsistema social no interior da sociedade

global. Enquanto subsistema social possui, em seu interior, relações sociais que se denomina

relação política”.

Cultura é definida como “um conjunto de padrões que permitem a adaptação dos

agentes sociais à natureza e à sociedade a qual pertencem, e faculta o controle sobre o meio

ambiente” (SROUR, 1998, p. 174) e, com relação à cultura organizacional, pode-se dizer que

“cada empresa tem sua própria cultura, formada por normas e procedimentos que regem a

conduta dos funcionários” (GIANGRANDE; FIGUEIREDO, 1997, p. 61).

Para todo processo de transformação é importante levar em conta a cultura da

organização. Na atualidade, o conceito de Organizações que Aprendem está paulatinamente

43

mais dentro do de evolução ou transformação, assim, terão mais chances de sobrevivência no

mercado global as empresas que possuírem organização sistêmica como elemento capaz de

gerar auto-desenvolvimento, as chamadas “learning organization” (organizações que

aprendem).

O agente de transformação deve, pois, “preparar as pessoas, por meio de processos

educacionais, para que respondam criativamente ao stress e às demandas que todo processo de

mudança necessariamente traz” (GIANGRANDE; FIGUEIREDO, 1997, p. 69).

Segundo Charles Handy, “as empresas necessitam se transformar de forma consciente

em empresas de aprendizagem, locais onde a mudança seja uma oportunidade, onde as

pessoas possam crescer à medida que trabalham” (HANDY, 1992, p.195). Esta capacidade de

transformação da empresa depende diretamente da sua necessidade de manter-se viva diante

das turbulências do mercado em que atua.

A transformação consciente significa também não ignorar a realidade e a cultura

organizacional existente dentro da própria empresa. “As organizações utilizam diversos

modos de criar e maximizar sua aprendizagem. Premissas básicas da cultura organizacional

levam a valores de aprendizagem e investimentos” (HANDY, 1992, p.198).

Segundo Suzuki (1994, p.02):

O MPT surgiu e se desenvolveu inicialmente na indústria de automóvel e rapidamente passou a formar parte da cultura corporativa de Empresas tais como Toyota, Nissan, e Mazda, e seus fornecedores e filiais. Foi introduzido posteriormente em outras indústrias como eletrodomésticos, microeletrônicas, máquinas, ferramentas, plásticos, fotografia, etc. Inicialmente, as atividades de MPT se limitaram aos departamentos diretamente relacionados com os equipamentos. Sem embargo, atualmente os departamentos administrativos e de apoio, de vez que apóiam ativamente ao MPT na produção, o aplicam também para melhorar a eficácia de suas próprias atividades.

Para analisar a mudança organizacional, devem-se examinar o conteúdo, o contexto e

o processo de mudança, assim como as interconexões entre eles.

44

Pettigrew, Kieser e Reed (apud BORENSTEIN; CAMARGO 1997, p. 276) propõem a

abordagem contextualista em níveis vertical e horizontal e as interconexões entre esses níveis

ao longo do tempo. A abordagem de Pettigrew (1987) caracteriza-se por:

• Exigir um conjunto de níveis de análise claramente delineado, mas

teoricamente e empiricamente conectáveis;

• Uma clara descrição do processo ou processos sob investigação, dentro de uma

perspectiva histórica;

• A análise processual exigir uma ou mais teorias para dirigir o processo e a

especificação do modelo dos seres humanos subordinados à pesquisa;

• Ser importante a maneira como as variáveis contextuais na análise vertical são

ligadas ao processo em observação na análise horizontal.

O ponto de partida para essa análise de mudança estratégica é a noção de que a

formulação de conteúdo (o que) de qualquer nova estratégia inevitavelmente requer o

gerenciamento de seu contexto (por quê) e o processo (como). O contexto exterior refere-se

ao ambiente social, econômico, político e competitivo em que a empresa opera. O contexto

interior refere-se à estrutura, cultura corporativa e contexto político dentro da empresa através

da qual as idéias para mudança devem prosseguir. O conteúdo refere-se às áreas específicas

da transformação que está sendo investigada (PETTIGREW, 1987).

Souza afirma que “faz-se necessário, no entanto, que isso seja realizado de forma

correta, para que se possa chegar aos resultados esperados. Há que se levar em conta

principalmente o clima organizacional e a cultura da empresa: a MPT já produziu benefícios

no Japão, EUA e Brasil, além de diversos outros países, principalmente da Ásia, porém pode

45

não levar aos mesmos bons resultados na empresa caso se tente simplesmente copiar o

sistema japonês”.

A fim de minimizar a resistência e maximizar a aceitação para as mudanças, deve-se

compreender a natureza do comportamento de resistência, das atitudes e sentimentos de

oposição e da relação complexa e dinâmica que existe entre esses pontos e vários fatores que

os influenciam. Esses fatores derivam de três fontes: os indivíduos afetados pelas mudanças; a

estrutura organizacional desta mudança, sua cultura, seu ambiente e seu contexto e a natureza

da mudança propriamente dita (JUDSON, 1974, p. 40).

Para o mesmo autor, para a obtenção do máximo de benefícios de qualquer mudança,

deve-se criar e manter uma atmosfera que sirva, para minimizar o comportamento de

assistência e encorajar a aceitação e cooperação. Além disso, deve-se buscar antecipar-se aos

problemas que provavelmente surgirão como conseqüência da mudança. Isso só será possível,

se for compreendida a dinâmica das relações existentes entre atitudes e comportamento, tanto

em indivíduos como em grupos.

O autor enfatiza que a relação existente entre atitudes e comportamento não é uma

relação direta. Assim, por exemplo, se alguém se sente apreensivo e antagônico diante de uma

mudança, pode não mostrar, necessariamente, sua oposição de um modo que reflita

diretamente sua atitude.

Outro fator que influencia as atitudes de um indivíduo diante de uma mudança nasce

da natureza das suas relações na organização e nos subgrupos de que faz parte. As mais

importantes são as relações com seu superior imediato, com os gerentes, com seus

companheiros de trabalho, com a organização como um todo e com seu sindicato. Os

elementos-chave em todas essas relações são confiança e lealdade (JUDSON, 1974, p. 58).

A avaliação que qualquer pessoa pode fazer do seu estado futuro é influenciada pelos

seus temores, desejos, suspeitas e crenças. Para se assegurar de que suas apreensões não se

46

“tornarão uma realidade”, a medida mais imediata que esse indivíduo pode tomar, e também a

mais óbvia, é a de defender e proteger sua presente e conhecida posição. Assim, ele o faz

apresentando resistência à mudança (JUDSON, 1974, p. 60).

Como pode ser visto na Tabela 01, essa resistência às mudanças pode tomar várias

formas. A forma escolhida dependerá da personalidade do indivíduo, da natureza da mudança

propriamente dita, das suas atitudes com essa mudança e das forças que derivam do grupo e

da organização com seu contexto de ambiente.

Espectro dos comportamentos possíveis diante de uma mudança

Cooperação e apoio entusiásticos

Cooperação

Cooperações sob pressões da gerência

Aceitação

Aceitação

Resignação passiva

Indiferença

Apatia

Perda de interesse no trabalho Indiferença

Fazer somente aquilo que for ordenado

Comportamento regressivo

Não aprender

Protestos Resistência Passiva

Trabalhar segundo as regras

Fazer o menos possível

Diminuir o ritmo de trabalho

Retraimento pessoal

Cometer "erros"

Causar danos

Resistência Ativa

Sabotagem deliberada Tabela 01: Espectro dos comportamentos possíveis diante de uma mudança Fonte: Adaptado de Judson (1974, p. 64).

Assim, a cultura organizacional e a flexibilidade para mudar serão fatores primordiais

para a obtenção do sucesso na implantação do Programa MPT, tornando-se importante que as

mudanças ocorram de forma mais planejada possível.

47

A Filosofia MPT não deve ser a única preocupação do setor de manutenção: este

sempre deve inovar em sua gestão, implantando, otimizando e adequando em suas atividades

técnicas e tecnologias modernas de manutenção, tendo, como foco, a Terotecnologia.

2.3 A Manutenção Produtiva Total

Através da globalização dos mercados e do alto desenvolvimento tecnológico, a

concorrência tornou-se muito acirrada e, muitas vezes, desleal, o que exigiu das empresas um

alto desempenho em que, cada vez mais, deve-se buscar satisfazer os clientes e superar suas

expectativas.

Como solução para melhor adequar a qualidade do produto e/ou serviço, a

Manutenção Produtiva Total – MPT significa a realização das atividades de manutenção

produtiva com a participação de todos os funcionários da empresa, como um dos métodos

mais eficazes para a transformação da organização em uma operação com gerenciamento

voltado para o equipamento (TAKASHI; OSADA, 1993). Sendo assim, na era da engenharia

de manutenção, em que cada vez mais se busca a excelência na gestão dos ativos tangíveis e

intangíveis, identificar mecanismos que proporcionem a melhoria contínua torna-se crucial.

A Manutenção Produtiva Total, metodologia bastante difundida mundialmente para a

sistematização da função manutenção, ainda é pouco disseminada no Brasil. Os trabalhos

acadêmicos e publicações na área se restringem a estudos em organizações pontuais, que são,

na sua maioria, indústrias de manufatura.

O Programa de MPT tem a sua origem explicada por Ribeiro (2003, p. 10), “no Japão

há uma certa disputa entre duas instituições, cada uma defendendo o seu produto como o mais

eficaz para competitividade das empresas. Enquanto a Japanese Union of Scientists and

Engineers (JUSE) não abre mão de tratar o MPT como uma ferramenta do TQC, o Japan

48

Institute Plant Of Maintenance (JIPM) defende o MPT como uma filosofia gerencial que pode

ser aplicada a todas as instalações da empresa”.

De acordo com Suzuki (1992, p. 6) “existem três fortes razões para a popularidade do

uso do MPT no Japão: o alcance de expressivos resultados fora de série nas operações; a

melhoria do ambiente de fábrica e a possibilidade de obter o PM Distinguished Plant Prize

(PM Prize)”, outorgado, anualmente, pelo JIPM – Japan Institute Plant Of Maintenance –

para as empresas que se destacam na utilização da metodologia do MPT.

Sendo assim, Ribeiro (2003, p. 05) demonstra que o MPT:

Surgiu no Japão por volta de 1971, através da cristalização de técnicas de manutenção preventiva, manutenção do sistema de produção, Prevenção da Manutenção e engenharia de confiabilidade, visando à falha zero e quebra zero das máquinas, ao lado do defeito zero nos produtos e perda zero no processo.

Segundo Imai (2000, p. 02):

MPT é um método de gestão que identifica e elimina as perdas existentes no processo produtivo, maximiza a utilização do ativo industrial e garante a geração dos produtos de alta qualidade a custos competitivos. Além disso, desenvolve conhecimentos capazes de reeducar as pessoas para ações de prevenção e de melhoria contínua, garantindo o aumento da confiabilidade dos equipamentos e da capabilidade dos processos, sem investimentos adicionais. Atuando, também, na cadeia de suprimentos e na gestão de materiais, reduz o tempo de resposta, aumenta a satisfação do cliente e fortalece a posição da Empresa no mercado.

Como já dito, o MPT busca a falha e quebra zero das máquinas, ao lado do defeito

zero nos produtos e perda zero no processo, representando um incremento da produtividade e,

por conseqüência, uma maior competitividade para a empresa. No quadro 02, são listados os

fatores que são objetivos do programa MPT e os seus respectivos itens de controle.

49

FATOR ITENS DE CONTROLE

QUALIDADE Redução do nível de produtos defeituosos Redução do número de reclamações internas e externas

PRODUTIVIDADE Aumento do volume de produção por operadores Aumento da disponibilidade operacional das máquinas Redução de paradas acidentais das máquinas

CUSTO

Economia de energia Redução do custo de manutenção ao longo do tempo Simplificação do processo (redução de etapas) Redução do volume estocado

ATENDIMENTO Aumento do cumprimento dos prazos

MORAL Aumento do número de sugestões Redução do absenteísmo Redução/eliminação dos acidentes de trabalho

MEIO-AMBIENTE Redução/eliminação da poluição e de gastos com tratamento de rejeitos

Quadro 02: Exemplos de Itens de Controle relacionados à MPT Fonte: Ribeiro (2003, p. 09).

De acordo com Ribeiro (2003, p. 09), a MPT rompe a tradição quanto ao tratamento

dado à máquina ou equipamento, através de uma mudança na postura de três órgãos:

produção, manutenção e engenharia. Produção – os operadores passam a ser co-responsáveis

pelas atividades de manutenção mais simples (inspeção, reapertos, ajustes, limpeza e

lubrificação). Manutenção – torna-se responsável pelo treinamento dos operadores nas

atividades mais simples de manutenção e continua responsável pelas atividades mais

complexas, procurando manter a confiabilidade do equipamento. Engenharia – torna-se mais

eficazmente alimentada de informações pela manutenção e produção, sobre os problemas

provocados por deficiência no projeto dos equipamentos, possibilitando uma atuação direta no

projeto ou aquisição de novos equipamentos, ou através de modificações nos já existentes.

Para Takahashi e Osada (1993), é necessário, para que o programa MPT prospere, que

todos (incluindo a alta gerência, supervisores e operários) detenham a sua atenção

principalmente a todos os componentes da fábrica – matrizes, dispositivos, ferramentas,

instrumentos industriais e sensores –, assim como reconheçam a sua importância e o valor do

gerenciamento orientado para o equipamento, coerente com as tendências modernas.

50

Para Souza, (2001 p. 30):

Quando na organização já existe a participação do pessoal da produção nas atividades de manutenção, é muito mais fácil o engajamento ao MPT. Caso o critério de trabalho seja apenas corretivo, então haverá a necessidade de despreender um grande esforço para atingir os patamares preconizados da Quebra Zero/Falha Zero e colher os frutos. Porém, qualquer que seja o cenário, vale o provérbio: ‘antes tarde do que nunca’.

Atualmente, uma estratégia de manutenção produtiva e outros programas são

necessários, podendo arcar com as necessidades dinâmicas e identificar os recursos

subutilizados, tais como inteligência, homem-hora e produtividade. O método MPT tem o

potencial de encontrar as demandas. Sozinho não atenderá a todas as necessidades correntes

das organizações produtivas, mas tem o potencial de transcender em outras dimensões. A

missão da MPT é direcionada à eliminação de manutenção na planta produtiva e nos

equipamentos. Um dos imperativos para isso é aplicar uma técnica de manutenção total dos

equipamentos, usando o conhecimento dos trabalhadores através da formação de equipes. A

gerência da MPT envolve a todos, desde um projetista até os operadores, trabalhando juntos

como autônomos ou em pequenos grupos (IRELAND; DALE, 2001).

2.3.1 As fases de implantação do MPT

Para Suzuki (1994, p. 21), o tempo de implantação do MPT em uma área,

departamento ou empresa não depende do seu tamanho, porém exclusivamente da situação em

que se encontra a fábrica, do estado dos equipamentos, da cultura e do comportamento das

pessoas.

Já para Ribeiro (2003, p. 05), para a implantação do programa, a estratégia sugerida “é

priorizar os esforços na implementação de medidas práticas que produzam resultados a curto e

médio prazo, e aproveitar tudo que a empresa possui de positivo”.

51

Consta, na literatura disponível, que experiências de implantação do MPT levam, em

média, de dois a três anos, dependendo muito do estado inicial em que a empresa se encontra.

Para Suzuki (1994, p. 22), existem quatro fases para a implantação as quais são

determinadas por:

• Fase 1 – Preparação;

• Fase 2 – Introdução;

• Fase 3 – Implantação;

• Fase 4 – Consolidação.

Estas fases dão origem às “Doze etapas para implantação da MPT”:

1ª Etapa – Decisão da Diretoria;

2ª Etapa – Treinamento Inicial;

3ª Etapa – Implementação da Organização;

4ª Etapa – Estabelecer Diretrizes;

5ª Etapa – Plano Diretor;

6ª Etapa – Início do programa MPT e do Plano Diretor;

7ª Etapa – Estabelecimento de sistemas para aperfeiçoamento da eficiência

produtiva:

• Melhoria Específica;

• Manutenção Autônoma;

• Manutenção Planejada;

• Educação e Treinamento.

8ª Etapa – Gerenciamento Prévio (Gestão Antecipada);

9ª Etapa – Manutenção da Qualidade;

52

10ª Etapa – MPT nas áreas administrativas;

11ª Etapa – Segurança, Higiene e Meio Ambiente;

12ª Etapa – Aprimoramento.

Um detalhamento maior das fases a serem seguidas para a implantação do Programa

MPT nos é proporcionado através da descrição a seguir (NAKAJIMA, 1989):

1ª FASE: PREPARAÇÃO

1ª ETAPA: ANÚNCIO OFICIAL DA ADOÇÃO DO MPT

Deve ser realizado pela Alta Direção para toda a organização, através de todos os

meios de comunicação possíveis, para aumentar o alcance da divulgação. O lançamento

oficial da campanha deve ser realizado através de um seminário interno ou em forma de

Workshop.

O MPT, assim como o CCQ, não sobrevive sem apoio da Alta Direção, que deve

mostrar-se comprometida e empenhada com o a concretização do programa.

2ª ETAPA: CAMPANHA PARA INTRODUÇÃO, DIVULGAÇÃO E

ESCLARECIMENTO

Os meios de comunicação devem ser utilizados, para divulgar os conceitos e

benefícios do MPT. Esta campanha formará elos efetivos da comunicação e motivação, pois

criará uma linguagem comum entre os funcionários.

O programa deve ser divulgado em faixas, cartazes, intranet e outros meios que se

fizerem necessários, para que o seu significado esteja presente nos diversos setores da

53

organização. O efeito multiplicador surgirá com a educação e treinamento, contudo a Alta

Direção deve ser a primeira graduada nos conceitos da MPT.

Esta campanha também deve buscar neutralizar quaisquer preconceitos relacionados

ao programa, os quais possam surgir entre os funcionários da organização.

3ª ETAPA: FORMAÇÃO DA ESTRUTURA DE IMPLEMENTAÇÃO

Para a implementação da MPT, faz-se necessário criar a Secretaria Administrativa,

encarregada de administrar o programa e assessorar as partes envolvidas na implantação. Os

componentes desta secretaria devem comprometer-se com a implantação do programa em

regime de exclusividade.

Também se deve criar a comissão encarregada de implementar o MPT, formada pela

média gerência, e as sub-comissões, que devem ser formadas de forma matricial, para permitir

desmembramentos na horizontal e vertical da hierarquia. Estas terão o objetivo de

implementar as comissões em temas específicos.

Além disso, devem ser incorporadas as comissões de trabalho, conforme as

necessidades da organização, tais como: treinamento, divulgação, manutenção espontânea,

recuperação das degenerações, otimização, entre outras.

Para motivar o atendimento das metas estipuladas, recomenda-se desenvolver um

sistema de incentivos.

4ª ETAPA: DEFINIÇÃO DE DIRETRIZES, OBJETIVOS E METAS:

Nesta etapa, o MPT deve ser incorporado ao Sistema de Gestão da Organização. O

próprio MPT deve ser a primeira Diretriz Estratégica a incluir, no plano de metas,

produtividade, qualidade e quebra zero.

54

Devem ser definidos objetivos claros, como: diminuição de quebras, repetitividade de

falhas, horas improdutivas, desperdícios, entre outros. É preciso definir as metas para cada

objetivo e prazo para sua conseqüência (patamar 1/10), assim como, deve-se traçar um

diagnóstico da situação atual como ponto de referência para avaliação futura. O

monitoramento da evolução das metas traçadas e a avaliação dos resultados devem ser

documentados, assim como o estabelecimento das medidas corretivas.

Deve ser realizada a divulgação das premiações das metas atingidas. Os objetivos

devem ser concretos, incluindo: “o que?”, “de que modo?” e “até quando?”.

5ª ETAPA: ELABORAÇÃO DO PLANO DIRETOR PARA IMPLANTAÇÃO DO MPT

O plano diretor, também conhecido como plano mestre, tem por objetivo estabelecer

prazo para o cumprimento das etapas e verificar seu cumprimento. O plano diretor deve ser

elaborado segundo as 12 etapas de implantação, incluindo os 5 pilares (Melhorias,

Manutenção Espontânea, Manutenção Planejada, Treinamento, Terotecnologia).

Também deve compreender desde as atividades do comitê de implantação até os

pequenos grupos de trabalho. Os resultados deverão ser avaliados em prazos fixos (semestral

ou anualmente).

Em média, a duração prevista para os preparativos da implantação é de 3 a 6 meses e

de 2 a 3 anos para a efetivação do plano.

2ª FASE: INTRODUÇÃO

6ª ETAPA: FASE INICIAL - INTRODUÇÃO DO MPT

Esta etapa corresponde ao lançamento da campanha através de um cerimonial,

inclusive com a presença dos fornecedores. Todos os funcionários devem estar presentes e,

neste momento, serão incentivados a atacar as 16 grandes perdas.

55

Os principais pontos de destaque desta etapa são:

• Confirmação pela alta direção;

• Divulgação das diretrizes e metas;

• Juramentos do representante da empresa e do representante dos empregados

em aceitar os desafios do MPT.

Até esta data, o treinamento inicial de MPT a todos os funcionários deve estar

concluído.

3ª FASE: FASE DE IMPLEMENTAÇÃO

7ª ETAPA: INCORPORAÇÃO DE MELHORIAS (MELHORIAS ESPECÍFICAS)

Esta etapa corresponde à escolha de um equipamento piloto, para começar as

melhorias e estendê-lo aos restantes de acordo com as prioridades estabelecidas. A escolha

deve considerar o histórico do equipamento nos últimos três meses referentes a falhas

crônicas, a custo operativo, à importância no processo e às horas improdutivas, a fim de tornar

os resultados significativos.

8ª ETAPA: MANUTENÇÃO ESPONTÂNEA (MANUTENÇÃO AUTÔNOMA)

Esta etapa capacitará e educará o operador, para que adquira segurança e

responsabilidade na Manutenção Participativa. Deve-se tomar como premissa que a limpeza é

o segredo para detectar falhas. As atividades de manutenção autônoma devem-se iniciar pelas

tarefas de limpeza, lubrificação e inspeção.

56

Visando facilitar o trabalho, deverão ser introduzidas melhorias, para facilitar a

limpeza, lubrificação e inspeção. Deve-se também elaborar padrão e normas de procedimento

para limpeza, lubrificação e inspeção. A filosofia adotada deverá ser o uso dos 5 S.

Recomenda-se fazer uso das sete etapas para implementação da Manutenção

Autônoma (limpeza, melhorias, padrões e normalizações, inspeção geral, inspeção voluntária,

organização, coordenação e autocontrole).

9ª ETAPA: ESTRUTURAÇÃO DO SETOR PARA MANUTENÇÃO PLANEJADA

Para esta etapa deve-se organizar a gestão da manutenção especializada e executada

pelo próprio setor de manutenção, isto é, planejar, programar, consertar, reformar, otimizar,

entre outros.

Recomenda-se alocar pessoas fixas por área e realizar diariamente reuniões de 15

minutos entre o supervisor da área e os elementos da Manutenção, assim como executar o

programa anual de Manutenção Planejada. Deve-se iniciar o programa com manutenção

preventiva e estendê-lo com manutenção preditiva.

O aumento da eficiência na atividade de manutenção será resultado da administração

sobre materiais de reposição, ferramentas, local de trabalho, lubrificantes, manuais de

equipamentos, normas e procedimentos, entre outros.

10ª ETAPA: TREINAMENTO E MULTIPLICADORES DE HABILIDADES

A etapa de treinamento deve ser executada da melhor forma possível, através de um

levantamento de necessidades, pois a falta de treinamento desestimula a realização voluntária

e o autocontrole.

57

O pessoal deve ser capacitado, tanto o de produção quanto o de manutenção, na

multiespecialização (por exemplo: mecatrônica). Também se devem capacitar as pessoas

chaves (supervisores, líderes, mecânicos), para atuar como multiplicadores (instrutores) na

filosofia MPT e técnicas de trabalho.

Os treinamentos poderão ser realizados no próprio local de trabalho, assim como, os

multiplicadores disseminarão os novos conceitos através das atividades práticas de cada dia,

reuniões de grupos e seminários. Em especial, deve ser promovido curso de manutenção

específica para operadores, e devem ser preparados materiais didáticos, tais como: manuais,

apostilas, modelos visuais, peças usadas e em corte.

11ª ETAPA: ESTRUTURA PARA GESTÃO DOS EQUIPAMENTOS –

TEROTECNOLOGIA

Neste momento, deve existir a elaboração da estrutura de manutenção para gestão da

instalação com visão à terotecnologia (custo do ciclo de vida útil), assim como formar

histórico dos equipamentos para elaborar índices, diagnósticos e proposta de medidas

corretivas, com vistas à otimização do equipamento atual, e de projetos futuros, procurando a

prevenção de manutenção.

Devem ser elaborados check-lists com possíveis problemas que podem ocorrer durante

o ciclo de vida útil desde o projeto até a substituição (terotecnologia), para eliminá-los no

novo projeto.

Para uma melhor condução dos trabalhos, deve-se formar um grupo de trabalho,

envolvendo engenharia, produção, manutenção e operadores, a fim de controlar a

especificação de todo novo projeto ou aquisição de equipamento com vista à quebra zero.

58

4ª FASE: CONSOLIDAÇÃO

12ª ETAPA: CONSOLIDAÇÃO - PRÊMIO A EXCELÊNCIA DA MANUTENÇÃO

Ao chegar a este estágio, a organização atingiu vitória na implantação dos 5 pilares

básicos, estando apto a candidatar-se ao prêmio PM. Esta etapa de avaliação também serve

para comentários e sugestões dos examinadores externos, permitindo o aperfeiçoamento

futuro com objetivos mais ambiciosos.

Consiste em efetuar preparativos para o exame de avaliação, elaborando o relatório

padrão a ser submetido à comissão de avaliação, a análise do relatório e inspeção “in-loco”.

Deste exame, surgirão comentários para melhorias. O certificado do Prêmio MPT é concedido

em Simpósio Nacional realizado todo ano.

Com a seqüência de todas as etapas, tem-se a implantação do Programa MPT em sua

forma total. Assim, foi possível apresentar quais as principais recomendações para o sucesso

da implantação, desde a organização dos comitês de implantação até a elaboração do

cronograma de implantação.

É fator crítico de sucesso o seguimento destes passos para o alcance das metas de

implantação do Programa de Manutenção Produtiva Total de forma seqüenciada, partindo

para a próxima etapa somente após a conclusão da anterior.

Alvarez (2002) propõe o exemplo de um projeto para a implantação do MPT. Este

modelo visa facilitar as atividades de implantação do programa de MPT, diminuindo possíveis

frustrações e obedecendo à filosofia básica do MPT. Pelo modelo, estarão envolvidos os

setores de produção e manutenção em todos os níveis hierárquicos da organização, podendo e

devendo participar também outros setores de fábrica, como qualidade, engenharia, entre

outros.

59

Este autor, de acordo com a experiência na implantação de programas de manutenção,

recomenda que o programa de MPT seja implantado após os programas de qualidade e 5S, e

coloca, como importante, evitar o andamento em conjunto de mais de um programa de

conteúdos diferentes na mesma empresa, para evitar saturação, atrasos e até abandonos dos

mesmos. De preferência, implantar o Programa MPT após ter garantido o funcionamento

eficiente do programa de 5S.

Pela sugestão do modelo, para que a implantação se dê de forma adequada, deve

existir uma comissão de implantação treinada e preparada para a execução do programa.

A comissão de implantação do programa de MPT é formada para criar o projeto,

gerenciar as ações dos demais participantes e facilitar sua implantação. Podem ser listadas

como funções da comissão: atualizar o cronograma estabelecido, resolver/

neutralizar/negociar restrições, fornecer recursos e subsídios materiais, avaliar o andamento e

eficiência do programa, formar grupos de manutenção para solução de problemas, estabelecer

comunicação entre níveis hierárquicos, divulgar, premiar, entre outras. Em síntese, é

responsável direta pela implantação do programa (ALVAREZ, 2002).

Na formação da comissão, esta deve ser composta pelos seguintes membros:

coordenador (de preferência com dedicação exclusiva), suplente de coordenador, secretário e

assistentes técnicos, totalizando seis pessoas, no máximo. O coordenador, por ter dedicação

exclusiva no programa, poderá ser alternado por outros membros da comissão em forma de

rodízio. Recomenda-se ainda que sua permanência não seja inferior a dois meses

(ALVAREZ, 2002).

O principal instrumento de gestão da comissão de implantação é o cronograma ou

Mapa de Execução, onde constam os temas a serem implantados, com controle e adaptações

diárias. Sua importância se fundamenta em três pontos: o primeiro, em que a comissão e

outros envolvidos, como alta gerencia, assinam no verso do Mapa o compromisso para sua

60

execução; o segundo ponto, em que ele cumpre a função de quadro programador de tarefas,

com indicação de datas, responsáveis e recursos necessários, e, por fim, o Mapa é aproveitado

como divulgador do andamento do programa, sendo colocado em lugar visível, em tamanho

de cartaz, para melhorar a visualização (ALVAREZ, 2002).

Esta proposta de Mapa ou Cronograma de implantação do Programa MPT encontra-se

no ANEXO 01.

Outro fator determinante para o bom desenvolvimento das atividades de implantação

do Programa MPT é a escolha do setor piloto ou de um equipamento piloto, para que se possa

adquirir experiência. A escolha do piloto se baseia no menor tempo de aplicação do método

MPT e que ofereça maior garantia de retorno. É fundamental implantar nas demais áreas

somente após a realização no setor piloto. A escolha deste setor permite uma correção de rota

menos traumática, caso seja necessário (ALVAREZ, 2002).

2.3.2 Os pilares do MPT

Com base nas fases apresentadas no sub-item 2.3.1, consolidam-se os pilares que

sustentam o Programa MPT, conforme Figura 02.

Figura 02: Pilares do MPT Fonte: Melo, 2002.

1- Melhorias Específicas 2- Manutenção Autônoma 3- Manutenção Planejada 4- Programa da Qualidade

5- Gestão Antecipada/Controle Inicial 6- Educação e Treinamento 7- Melhorias Processos Administrativos 8- Segurança, Saúde e Meio Ambiente

61

Estes pilares podem ser mais bem apresentados como:

a) Melhoria Específica - Conforme Sena (2002, p. 24), este pilar consiste em realizar

as atividades que buscam melhorar a eficiência na utilização de equipamentos, materiais,

métodos e pessoal, desta forma eliminando as perdas detectadas nos processos e/ou

equipamentos. O propósito fundamental é a eliminação de perdas e o desenvolvimento de

melhorias nos equipamentos e processos. O conjunto dessas atividades se baseia no

aprimoramento e na demonstração da capacidade de melhoria dos colaboradores.

Na Melhoria Específica, são combatidas as perdas de eficiência que têm um forte

impacto no Rendimento Operacional Global. O aumento da eficiência é a conseqüência da

eliminação criteriosa destas perdas, que podem ser entendidas como a diferença entre a

eficiência alcançada e a máxima eficiência possível.

Conhecidas como 16 Grandes Perdas, estão distribuídas, conforme Palmeira e Tenório

(2001), em:

• 08 Perdas nos Equipamentos: perda por falha em equipamentos, perdas por

instalações e ajustes, perda por mudança de gabarito e lâmina de corte, perda

por inicialização, perdas por paradas menores e inatividade, perda de

velocidade, perdas por defeito e retrabalho e perda por tempo ocioso;

• 05 Perdas por Fatores Humanos: perda causada pela administração, perda de

mobilidade operacional; perda de organização da linha; perda de logística, e

perda por medições e ajustes;

• 03 Perdas de Recursos de Produção: perda ocasionada por matrizes,

ferramentas e gabaritos, perda de energia e perda de tecnologia.

62

Além disto, este pilar é responsável também pelo gerenciamento das modificações

que ocorrem por conta de proposições de melhorias feitas pelos operadores, mantenedores e

demais funcionários.

As modificações propostas devem ser cuidadosamente estudadas antes de sua

implementação, garantindo que não levem a resultados ruins que possam colocar em risco a

integridade física das pessoas, equipamentos ou instalações (ALMEIDA; SOUZA, F. M. C.,

2001, p. 64).

b) Manutenção Autônoma – A Manutenção Autônoma se propõe a ensinar aos

operadores como manter seus equipamentos por meio da realização de verificações diárias ou

inspeções, lubrificações, limpezas, reposição de elementos, verificações de precisão e outras

tarefas de manutenção, incluindo a detecção antecipada de anormalidades (SHIROSE, 1994).

Os objetivos do Programa MPT são:

• Promover a união das equipes de manutenção e operação para que, de forma

compartilhada, atinjam a meta comum de restaurar e manter as condições

básicas dos equipamentos, parando o processo de deterioração destes;

• Incentivar os operadores a aprender mais sobre os equipamentos, quais os

possíveis comuns que podem ocorrer e como evitá-los;

• Treinar os operadores, para que sejam parceiros ativos do pessoal de

engenharia e manutenção na busca da melhoria do rendimento global e da

confiabilidade dos equipamentos.

Para Suzuki (1994), as estratégias para realização da manutenção autônoma devem ser

adaptadas de acordo com as necessidades de cada chão de fábrica, considerando-se as

seguintes premissas:

63

• Análise dos passos da manutenção autônoma a serem conduzidos para a obtenção de

resultados eficazes nos diferentes tipos de equipamentos;

• Realização de uma investigação sobre a importância dos equipamentos e determinação

das diretrizes;

• Priorização das tarefas de manutenção;

• Definição de responsabilidades de forma apropriada entre pessoal da produção e

pessoal especializado.

c) Manutenção Planejada - A Manutenção Planejada engloba, no mínimo, duas formas

de manutenção: preventiva e preditiva. Como outras atividades da MPT, para realizar um bom

sistema de manutenção planejada, é preciso seguir a sistemática de um passo a cada vez

(SUZUKI, 1994, p. 42).

O propósito de realizar manutenções preditivas e preventivas é o de eliminar as

corretivas, mas, mesmo quando acontece a prática sistemática da manutenção, falhas

inesperadas ainda ocorrem. Estas falhas revelam inadequações no tempo (periodicidade) e no

conteúdo dos planos de manutenção.

Na MPT, as atividades de Manutenção Planejada enfatizam o uso do MTBF (Tempo

Médio entre Falhas) e o utilizam, para especificar os intervalos de intervenção nos

equipamentos.

d) Educação e Treinamento - As organizações devem realizar o treinamento dos

funcionários de forma sistemática, pois, com a evolução da automação dos processos, os

funcionários tornaram-se, ao mesmo tempo, versáteis e multifuncionais. Desta forma,

treinamento deve ser parte integrante do sistema de desenvolvimento de carreira.

64

Deve-se identificar o conhecimento específico, as habilidades, as lideranças, e, com

isto, desenvolver o programa de treinamento, levando em conta as necessidades reais

(SUZUKI, 1994, p. 43).

O treinamento também deverá ser desenvolvido para atender as necessidades

individuais, na busca de mensurar as fraquezas e habilidades, devendo ser atualizado

anualmente nesta mesma sistemática.

e) Gestão Antecipada - A Gestão Antecipada pode ser dividida em: Gestão Antecipada

do Produto e Gestão Antecipada do Equipamento. O propósito destas atividades é obter

rapidamente e economicamente produtos fáceis de fazer e equipamentos fáceis de usar.

De forma resumida, é apresentada por Sena (2002, p. 56):

Consiste em um conjunto de atividades exercidas pelas áreas de engenharia, administração e produção com o objetivo de garantir, para os novos equipamentos, a sua operação para a produção, com a máxima confiabilidade, dentro de condições especificadas, com a visão de facilitar a execução da operação e da manutenção, buscando eliminar a intervenção do homem nos equipamentos.

f) Programa de Qualidade - Para a produção de produtos perfeitos, é necessário ajustar

condições apropriadas. Os defeitos de qualidade são prevenidos através da monitoração e

medição dos equipamentos e verificando se estes valores estão dentro das especificações. Os

defeitos potenciais de qualidade podem ser previstos através das tendências estatísticas e

realizando medidas preventivas de forma planejada (SUZUKI, 1994, p. 236).

Este pilar deve apontar as medidas de prevenção para os defeitos que os produtos

possam apresentar. As precondições para que o Programa de Qualidade possa ser bem

sucedido são: a abolição da deterioração acelerada dos equipamentos, a eliminação dos

problemas no processo produtivo e o desenvolvimento de operadores competentes (SUZUKI,

1994, p. 238).

65

g) MPT nas Áreas Administrativas - Para Suzuki (1994, p. 35), a MPT nos

departamentos administrativos e de apoio não envolve equipamentos de produção. Estes

departamentos têm a sua produtividade aumentada por meio de racionalização dos sistemas

administrativos de documentação e de redução de desperdícios e perdas.

Ainda segundo o autor, três regras devem ser seguidas por estes departamentos:

I Estes departamentos devem processar informações em campos funcionais do

sistema de produção e fornecer orientações necessárias e apoio às atividades de

produção e de outros departamentos, de forma a reduzir os custos e reforçar o

poder de concorrência;

II A produtividade individual deve ser aumentada, e o custo deve ser reduzido, a

fim de contribuir para a evolução estratégica exigida pela empresa, para

sobreviver à concorrência, ajustando-se rapidamente às mudanças nas esferas

social e econômica atual;

III Contribuir de forma a ganhar, cada vez mais, a confiança do cliente, e conduzir

a imagem da empresa para a excelência, com base nesta confiança.

Para Suzuki (1994, p. 284), duas perguntas devem ser respondidas por estes

departamentos. A primeira é: “que deve ser realizado para suportar as atividades da MPT nos

departamentos de produção e demais?”; e a segunda: “que tarefas devem ser selecionadas e

como devem ser desenvolvidas no sentido de maximizar a eficiência nos resultados?”.

Os pilares apresentados são erguidos visando à concretização do Programa MPT e,

através deles, ocorrem os ganhos de confiabilidade, redução das quebras e redução dos custos.

Na implantação do MPT, deve-se seguir a seqüência de implantação dos pilares apresentada

66

no item 2.3.1, partindo para o próximo pilar somente após a conclusão do anterior,

aproveitando-se as lições aprendidas e evitando-se a repetição de erros já detectados.

Assim, apresenta-se a título de ilustração o caso da Eletronorte no item seguinte.

2.3.3 O caso de implantação do Programa MPT na Eletronorte

As Centrais Elétricas do Norte do Brasil S.A – Eletronorte, adotaram a MPT como o

sistema de gestão de seu sistema produtivo, fato de grande importância histórica já que se

trata da primeira empresa de energia elétrica do mundo a adotar o programa (PALMEIRA;

TENÓRIO, 2002).

Iniciado o processo de implantação em uma área piloto da Eletronorte no ano de 1998

e analisado até o ano de 2000, verifica-se o sucesso do programa já que no ano 2000, a

referida área havia obtido um aumento de produtividade de 40% e uma redução nos custos de

29%, sendo constatadas ainda mudanças significativas no comportamento dos empregados,

corroborando com a melhoria do clima organizacional (PALMEIRA; TENÓRIO, 2002).

Atualmente, de acordo com as informações do site da Eletronorte

(http://www.eln.gov.br/conhecimento/MPT/sintese.asp), a implantação da TPM tem gerado

ganhos significativos para as suas atividades, com elevação da produtividade em 12% e uma

redução total de 87% nas falhas e defeitos em equipamentos em que a metodologia foi

implementada. Redução nas interrupções de fornecimento de energia aos consumidores em

52% e as não-conformidades do produto energia elétrica, tais como as variações de tensão e

freqüência, foram reduzidas em 99%. Reduziram-se os custos operacionais em 38% e os

estoques de materiais nos almoxarifados em 44%. A disponibilidade total dos equipamentos e

linhas de transmissão atinge hoje patamares superiores a 99% (ELETRONORTE, 2007).

Na ótica do impacto do MPT dos trabalhadores da Empresa, foram contabilizadas em

torno de 40.000 sugestões de melhorias por toda a Eletronorte, das quais aproximadamente

67

36.000 foram implementadas. Foram identificados e eliminados aproximadamente 24.000

atos e condições inseguras. Houve elevação na motivação, satisfação e moral dos empregados.

Em quatro anos de implantação do MPT na Empresa, para cada real investido com a aplicação

da metodologia, contabilizou-se a redução de perdas, no processo produtivo, da ordem de

vinte reais (ELETRONORTE, 2007).

2.3.4 Resultados da MPT no mundo

Empresas como a Ford, Eastman Kodak, Dana Corp., Allen Bradley e Harley

Davidson obtiveram sucesso com a implementação do Programa MPT. Todas estas empresas

reportaram aumentos significativos dos níveis de produtividade. A Kodak, por exemplo, com

um investimento em melhorias de US$ 5 milhões de dólares, obteve aumento nos lucros na

ordem de US$ 16 milhões de dólares (ROBERTS, 2007).

Ainda segundo Roberts (2007), verifica-se que houve, com a implantação do MPT,

redução do tempo de troca de ferramentas, redução do número de ordens de serviços abertas,

assim como redução do tempo de preparação das máquinas. Sendo relatado, ainda, a redução

de 50% das quebras de máquinas e aumento em 80% da produtividade das equipes de

manutenção.

2.4 O Setor Elétrico Brasileiro

Conforme Palmeira e Tenório (2002), o mercado do Brasil de energia elétrica sempre

foi crescente, mesmo em épocas de crise econômica, já apresentando crescimento de 12% ao

ano. Antes da reestruturação do setor elétrico, as concessionárias tinham a responsabilidade

68

pelo atendimento ao crescimento do consumo, então, eram de sua responsabilidade

investimentos contínuos para atendimento às demandas.

Em 1995, o setor elétrico passou por uma grande crise estrutural ocasionada

principalmente por falta de incentivos a novos investimentos, problema somado à

incapacidade por parte do Estado. Neste momento, o Governo Federal implantou o Programa

de Desestatização – PND, que definiu metas, entre elas a privatização de todas as empresas

que compunham o setor elétrico brasileiro, tanto as empresas federais quanto as estaduais

(PALMEIRA; TENÓRIO, 2002).

Objetivando regular e fiscalizar o mercado, foi criada a Agência Nacional de Energia

Elétrica – ANEEL e, visando reembolsar os serviços prestados pelas empresas transmissoras

de energia elétrica, foi criado o Operador Nacional de Sistema – ONS, que coordena as

atividades de transporte, desde a geração até o local de consumo (PALMEIRA; TENÓRIO).

O mercado de energia elétrica, portanto, tornou-se competitivo, regulamentado e com

demais obrigações junto à sociedade, atendendo aos níveis de qualidade e continuidade

estabelecidos.

2.4.1 Sistemas elétricos de potência

Para Adriano (2004, p. 17), um sistema elétrico de potência é a representação física do

circuito elétrico necessário à geração, transmissão e consumo de energia elétrica. Nele

encontram-se as malhas e nós do sistema elétrico, os quais ligam as unidades geradoras às

cargas, através das linhas de transmissão onde circulam fluxos de potência ativa e reativa do

sistema (ver figura 03).

69

Neste sistema, determinam-se o nível de tensão, o fluxo de potência nas linhas de

transmissão e a potência de geração, para que se possa atender às cargas supridas por este

sistema.

Em se tratando de um sistema elétrico de transmissão de uma empresa concessionária

de energia elétrica não geradora, este sistema é iniciado no ponto de conexão com a empresa

supridora até a saída dos alimentadores nas subestações de transformação ou no ponto de

entrega aos consumidores especiais em alta tensão. Para tanto, faz-se necessário a interligação

de vários equipamentos organizados de forma sistemática.

Assim, uma concessionária de energia elétrica está constituída pelo recebimento de

energia elétrica, em alta tensão, da empresa geradora, em Estações de Transformação, que têm

por função transformar as tensões de energia em valores necessários para sua distribuição a

clientes que a poderão receber em alta tensão (clientes especiais como grandes indústrias) ou

em baixa tensão, como residenciais, indústrias menores, comerciais, entre outros.

Um sistema elétrico de potência está exemplificado na Figura 03, para facilitação da

visualização e entendimento deste circuito elétrico.

Figura 03: Diagrama de um sistema elétrico de potência Fonte: Adriano (2004, p.24).

70

2.4.2 O cenário atual do setor elétrico brasileiro

A oferta de energia elétrica experimenta um crescimento da ordem de 4,5% ao ano,

devendo ultrapassar a casa dos 100 mil MW em 2008, conforme Aneel (2005). O sistema

elétrico brasileiro apresenta, como particularidade, grandes extensões de linhas de transmissão

e um parque produtor de geração predominantemente hidráulica. O mercado consumidor

(47,2 milhões de unidades) concentra-se nas regiões Sul e Sudeste, mais industrializadas.

As classes de consumo residencial, comercial e rural obtiveram expressivos ganhos de

participação, enquanto o segmento industrial teve participação menor neste crescimento,

principalmente pela utilização de tecnologias mais eficientes no uso final da eletricidade,

aliada às medidas de racionalização de consumo postas em prática especialmente na década

de 90.

Para atender a este crescimento e oferecer confiabilidade ao sistema elétrico nacional,

foi vislumbrada, projetada e realizada a interligação do sistema nacional, criando-se o Sistema

Interligado Nacional – SIN, que, conforme ONS (2005), é responsável pelo atendimento de

cerca de 98% do mercado brasileiro de energia elétrica. Ao final de 2004, a capacidade

instalada no SIN alcançou a potência total de 82.109 MW, dos quais 67.344 MW em usinas

hidrelétricas (incluindo 6.300, correspondentes a 50% da capacidade instalada de Itaipu

destinada ao mercado brasileiro) e 14.765 MW em usinas térmicas (incluindo 2.007 MW de

origem nuclear). A capacidade de produção total disponível correspondeu a 88.388 MW,

devido à agregação de 2.192 MW de disponibilidade de importação da Argentina e 4.087 MW

de Itaipu, contratados à ANDE/Paraguai.

“Com tamanho e características que permitem considerá-lo único em âmbito mundial,

o sistema de produção e transmissão de energia elétrica do Brasil é um sistema hidrotérmico

de grande porte, com forte predominância de usinas hidrelétricas e com múltiplos

proprietários” (FERNANDES, 2002, p.17). O Sistema Interligado Nacional é formado pelas

71

empresas das regiões Sul, Sudeste, Centro-Oeste, Nordeste e parte da região Norte. Apenas

3,4% da capacidade de produção de eletricidade do país encontram-se fora do SIN, em

pequenos sistemas isolados, localizados principalmente na região amazônica.

No decorrer do ano de 2004, foram incorporadas ao SIN 29 novas unidades geradoras,

correspondendo a 4.177,5 MW, sendo 1.278,8 MW de usinas hidrelétricas e 2.898,7 MW de

termelétricas. Considerando o acréscimo de geração e a desativação de usinas térmicas

emergenciais, a capacidade total instalada cresceu 5,27% em relação a dezembro de 2003.

A rede básica de transmissão, compreendendo as tensões de 230 kV a 750 kV, atingiu

em dezembro de 2004, uma extensão de 80.022 km, englobando 815 circuitos de transmissão

e uma capacidade de transformação de 178.447 MVA, em 321 subestações. Os valores

citados resultam de um acréscimo de 2.380 km de novas linhas de transmissão e de 2.531

MVA de novos transformadores, correspondendo a um crescimento em relação ao ano

anterior de 3,05% e 1,4%, respectivamente.

A operação integrada do SIN, em 2004, ocorreu dentro dos padrões estabelecidos nos

Procedimentos de Rede, objetivando atender simultaneamente aos requisitos de segurança

elétrica e à minimização dos custos operativos.

2.4.3 Manutenção em sistemas elétricos de potência Os serviços de manutenção em sistemas elétricos devem ser executados conforme a

NR-10: Segurança em Instalações e Serviços em Eletricidade, que foi concebida, visando

principalmente aumentar a segurança nos serviços realizados nos sistemas elétricos.

A seguir, são descritas as principais formas de serem desenvolvidos os serviços pelas

equipes de manutenção em sistemas elétricos:

72

a. Serviços de manutenção em sistemas elétricos desenergizados

Para Roquelane (2003, p. 34), manutenção em sistemas desenergizados é todo serviço

de reparo ou programado para controle, conservação e restauração dos equipamentos do

sistema elétrico de potência, executado com a finalidade de se obter o restabelecimento das

condições normais de utilização das instalações que apresentaram falha ou defeito ou para

mantê-las em condições satisfatórias. É efetuado mediante a desenergização do circuito

elétrico em manutenção ou liberação do equipamento, através da desenergização,

seccionamento e aterramento, no período necessário à execução dos serviços, seja ele

realizado em componentes das subestações ou linhas de transmissão.

b. Serviços de manutenção em sistemas elétricos energizados

Todo serviço de reparo ou programado para controle, conservação e restauração dos

equipamentos do sistema elétrico de potência é executado com a finalidade de obter o

restabelecimento das condições normais de utilização das instalações que apresentaram falha

ou defeito ou para mantê-las em condições satisfatórias, executado com os circuitos elétricos

sob intervenção energizados, conforme Roquelane (2003, p. 36).

Os trabalhos em instalações energizadas podem ser realizados através dos seguintes

métodos:

• Método de Trabalho à Distância: em que os executantes se dispõem a uma

distância de segurança e realizam suas atividades com o auxílio de bastões

universais onde são adaptadas as ferramentas que permitem estas tarefas de

manutenção.

• Método de Trabalho ao Potencial: baseada no princípio da Gaiola de Faraday, esta

técnica consiste no contato direto do profissional com a instalação energizada,

73

ficando ambos com o mesmo potencial, por meio de equipamento isolante e o uso

de uma vestimenta condutiva. Este método pode ser realizado através de dois

processos, o ativo e o passivo. No ativo o eletricista se desloca diretamente ao

ponto a ser trabalhado, sem o auxílio dos demais componentes, através de um

equipamento isolante. Já o passivo é feito através do deslocamento do eletricista

com o auxílio dos componentes da equipe.

• Método de trabalho Misto: trata-se da junção dos métodos anteriores, para se

minimizar os efeitos negativos das grandes distâncias entre fase-terra.

Atualmente, visando atender cada vez melhor os seus consumidores, adota-se, em sua

maioria, a execução dos serviços em sistemas energizados, reduzindo, assim, os tempos de

desligamentos e descontinuidade do fornecimento de energia elétrica.

74

CAPÍTULO 3: PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS DA PESQUISA

Este capítulo apresenta a metodologia utilizada neste trabalho, os critérios utilizados

para o delineamento da abordagem e a coleta dos dados com base nos objetivos definidos para

a pesquisa.

Na revisão bibliográfica, demonstrou-se como a Manutenção Produtiva Total é

essencial para o aumento da eficácia da gestão da manutenção, inclusive para empresas de

energia elétrica.

Optou-se, então, por realizar uma pesquisa que pudesse contribuir com o

melhoramento da implantação do MPT, procurando identificar os fatores que possam ter

interferido na implantação desse programa, em sua forma total, em uma empresa

concessionária de energia elétrica.

Uma vez identificada a empresa, realizou-se um estudo de caso, visando caracterizar

quais atividades de implantação do MPT foram desenvolvidas, quais ainda permanecem em

atividade e quais não conseguiram ser desenvolvidas.

3.1 Escolhas Metodológicas

No caso desta pesquisa, será realizado um estudo de caso, em que será analisada uma

empresa concessionária de energia elétrica. Este método pode ser utilizado quando “(...) o

caso representa um exemplo extremo e único” (YIN, 2001, p. 39). Segundo o autor

supracitado (2001, p. 8), “(...) o estudo de caso é escolhido quando é preciso examinar eventos

recentes, e os comportamentos relevantes não podem ser manipulados”.

Considerando a natureza e objetivo deste trabalho, a presente investigação segue as

seguintes orientações:

75

a) Quanto à natureza: é classificada como pesquisa aplicada, pois objetiva gerar

conhecimentos para aplicação prática e dirigidos à solução de problemas

específicos de interesse local (VERGARA, 2004). No caso da pesquisa proposta

neste trabalho, pretende-se responder à pergunta: Quais os possíveis fatores que

poderiam ter interferido na implantação do Programa MPT, em uma empresa

concessionária de energia elétrica?

b) Quanto à forma de abordagem do problema: Optou-se por desenvolver a

investigação através de procedimentos quanti-qualitativos, uma vez que se trata

de um objeto múltiplo, impossível de ser apreendido apenas estatisticamente

(Minayo, 1997).

c) Quanto aos objetivos: neste caso, é classificada como pesquisa exploratória e

descritiva, uma vez que:

• A análise de caráter exploratório, de acordo com Richardson (1999,

p.17), visa descobrir as semelhanças entre fenômenos, “os pressupostos

teóricos não estão claros, ou são difíceis de encontrar. Nessa situação,

faz-se uma pesquisa não apenas para conhecer o tipo de relação existente,

mas, sobretudo para determinar a existência de relação.” Devido a este

contexto, a revisão da literatura sobre o fenômeno estudado abrange

diversos níveis e perspectivas de análise para a compreensão do tema;

• Descritiva, uma vez que visa descrever as características de um fenômeno

ou o estabelecimento de relações entre variáveis. A pesquisa descritiva

usa padrões textuais, como, por exemplo, questionários para a

identificação do conhecimento. Na pesquisa descritiva, não há

interferência do investigador, que apenas procura perceber, com o

necessário cuidado, a freqüência com que o fenômeno acontece

76

(RICHARDSON, 1999). Envolve o uso de técnicas padronizadas de

coleta de dados, normalmente sob a forma de questionário ou observação

sistemática. Assume, em geral, a forma de levantamento.

d) Quanto aos procedimentos: para este caso, o método principal adotado é o

estudo de caso. Yin (2001) define o estudo de caso como “uma estratégia de

pesquisa que compreende e abrange não só métodos de coleta de dados, mas

também a análise dos resultados dos dados coletados”. Para o autor, a

investigação de estudo de caso deve enfrentar uma situação tecnicamente única

em que haverá muito mais variáveis de interesse do que pontos de dados, e como

resultado deverá se basear em várias fontes de evidências, para obter o benefício

do desenvolvimento prévio de proposições técnicas, a fim de conduzir a coleta e

a análise de dados (YIN, 2001).

Serão utilizados a pesquisa bibliográfica e o levantamento de campo. A pesquisa

bibliográfica será realizada a partir da consulta a material já publicado sobre o tema, o qual é

constituído principalmente de livros, artigos de periódicos e materiais disponibilizados na

Internet, sendo que os principais temas a serem trabalhados na pesquisa bibliográfica estão

relacionados com a metodologia da Manutenção Produtiva Total.

Para a pesquisa de campo, foi realizada uma análise documental sobre o processo de

implantação do MPT na empresa estudada onde foram coletadas informações através de atas

de reuniões, relatórios enviados à ANEEL e um questionário aplicado aos participantes da

implantação do Programa MPT, visando validar os pressupostos estabelecidos a partir da

pesquisa bibliográfica.

77

3.2 Ambientes Físicos da Pesquisa

Neste item, serão abordados aspectos referentes à empresa estudada e ao projeto de

implantação do MPT nesta empresa.

3.2.1 A empresa

A empresa foi fundada em meados da década de 1960. Pertencendo ao estado, foi

privatizada nos idos de 2000. A nova administração tem investido na sua reestruturação,

visando, cada vez mais, oferecer uma prestação de serviços com menores custos e maior

padrão de qualidade aos seus consumidores.

A empresa é responsável pela distribuição e comercialização de energia elétrica,

produtos e serviços correlatos, como iluminação pública, em mais de 200 municípios, e

abrange uma área de concessão de 50.000 km². O principal mercado da empresa é a classe

residencial com um consumo em torno de 36% do total da energia vendida, logo após a classe

industrial que consome cerca de 20% daquele total, e, em terceiro lugar, a classe comercial

com um consumo de aproximadamente 18,0% da totalidade de energia elétrica vendida. As

classes rural, serviços públicos e outros consomem os 26% restantes.

Para atender a essa demanda, a empresa dispõe de um sistema elétrico composto de

mais de 50 subestações e mais de 2.000 km de linhas de transmissão. A empresa emprega

mais de 2000 pessoas e conta com aproximadamente 400 prestadores de serviços com

supervisão direta da empresa.

78

3.2.2 O projeto de implantação do MPT na empresa

A implantação do Programa MPT na empresa visava ao aumento da eficiência e

eficácia das ações e metodologias para a função manutenção, com aumento da disponibilidade

dos equipamentos e redução dos custos. Foi criado, então, um projeto, em parceria com uma

empresa de consultoria, com o objetivo de implantar o MPT na empresa.

Como se trata de uma empresa de energia elétrica, este projeto foi submetido à

ANEEL como um Projeto de Pesquisa e Desenvolvimento – P&D, enquadrando-se na Lei

Federal 9.991/00 que determina que 1% da Receita Operacional Líquida – ROL – das

empresas de eletricidade seja distribuído entre os programas de P&D de eficiência energética,

projetos de desenvolvimento de melhorias na gestão e inovação de sistemas.

Com duração pré-determinada de dois anos, suas atividades foram desenvolvidas no

período de novembro de 2003 a novembro de 2005. O Programa MPT visava ainda

desenvolver um modelo de gestão da manutenção que envolvesse outras áreas, tais como o

Departamento de Operação do Sistema Elétrico, o Departamento da Construção e o

Departamento de Recursos Humanos.

Para a implantação do Projeto MPT, foi desenvolvida uma estrutura organizacional

com composição e atribuições que podem ser dividida em três níveis: Comitê Promocional, a

Secretaria Executiva e o Subcomitê Especializado, com responsabilidades distintas podendo

ser descritas como se segue:

• Comitê Promocional: foi responsável pela promoção do Programa MPT no

nível mais alto da estrutura hierárquica da empresa;

• A Secretaria Executiva do Projeto MPT possuía a responsabilidade de:

acompanhar a consultoria na elaboração do plano de ação para a implantação

79

do projeto MPT na área piloto; assessorar as unidades básicas na implantação

do projeto MPT; propor o plano de educação e treinamento do projeto MPT;

planejar e coordenar a execução das avaliações do projeto MPT; propor os

Indicadores de Desempenho (Processo e Tendência), de Qualidade e Metas

para o projeto MPT, entre outras atribuições;

• Os Grupos de Implantação foram formados para a implantação dos quatro

pilares do MPT previstos, para serem implantados nos dois anos iniciais do

projeto, sendo estes: o Pilar de Manutenção Autônoma, Pilar de Gestão

Antecipada, Pilar de Melhoria Específica e Pilar de Educação e Treinamento.

Os membros destes grupos eram responsáveis pelo desenvolvimento do

conhecimento específico para cada pilar previsto, pela estruturação de um

plano de trabalho e pelo desenvolvimento das atividades para a implantação de

cada pilar, bem como por disseminar/divulgar as informações sobre os

resultados da implantação de cada pilar.

A empresa de consultoria especializada era formada por consultores/ pesquisadores

contratados para a implantação do projeto na empresa. A consultoria era ligada à Secretaria

Executiva e possuía as seguintes atribuições:

• Orientar e dar suporte à Secretaria Executiva para o que fosse necessário ao

pleno desenvolvimento de implantação do Projeto MPT, assim como

assessorar a Secretaria Executiva para prover instrumentos necessários à

implementação do Projeto MPT;

• Formar multiplicadores na Secretaria Executiva, promovendo consultorias e

treinamento de seus integrantes para o uso das ferramentas previstas pela

metodologia;

80

• Elaborar material necessário ao desenvolvimento, orientação e capacitação dos

multiplicadores;

• Assessorar a Secretaria Executiva nas avaliações das diversas etapas do

projeto, provendo elementos necessários com vistas à tomada de decisão para

continuidade do projeto e de ajustes para correção de rumo;

• Identificar as necessidades de capacitação dos colaboradores da área piloto

relativas à metodologia adotada.

A hierarquia da organização de implantação está representada pela Figura 04.

Figura 04: Organograma da Comissão de Implantação do Programa MPT (2003 – 2005). Fonte: Dados da pesquisa.

A seguir, serão realizados alguns comentários sobre a atuação desta comissão:

• Coordenação do Projeto que pertencia à Secretaria Executiva foi exercida pelo

Diretor Técnico (dedicação parcial);

81

• Secretaria Executiva foi exercida pelo Gerente do Departamento de

Manutenção da Transmissão e por outro engenheiro de manutenção (ambos

com dedicação parcial ao projeto);

• Para implementar cada um dos quatro pilares, propostos na Figura 04, foram

compostos grupos de trabalho para a formação da estrutura de implementação,

conforme previsto na terceira etapa do mecanismo de implantação

convencional, descrita no item 2.3.1;

• O grupo de implantação do Pilar de Manutenção Autônoma possuía quatro

membros; o Pilar de Melhoria Específica possuía três pessoas, sendo que dois

deles eram as mesmas pessoas da Secretaria Executiva; o Pilar de Gestão

Antecipada possuía três participantes e, para o Pilar de Educação e

Treinamento, foram eleitos dois componentes. Assim como as demais

coordenações, os componentes dos grupos de implantação dos pilares tiveram

dedicação parcial, totalizando doze participantes para a implantação do

Programa de MPT;

• Para a escolha dos participantes, foi levada em consideração a experiência

profissional e técnica, de acordo com as características das atividades a serem

desenvolvidas em cada pilar;

• Na expectativa de se implantar outros pilares complementares, além dos quatro

pilares iniciais, como: Pilar de Manutenção Planejada, Pilar do Programa da

Qualidade, Pilar de Saúde e Segurança e o Pilar de Meio Ambiente, conforme

apresentado no item 2.3.2 do Capítulo 2, não foram definidos grupos de

trabalho, porém decidiu-se que seriam desenvolvidos após a implantação dos

quatro pilares iniciais.

82

As fases de implantação para os quatro pilares propostos no Programa MPT, descritas

neste item, foram planejadas para os meses apresentados na Figura 05.

Período de Preparação Estruturação e Implementação

2003 2004 2005

11 12 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11

1ª Fase 2ª Fase 3ª Fase

Fases de Preparação - Etapas de 1 a 5;

Partida do TPM e do Plano Diretor (Etapa 6);

- Estruturação e Implantação do TPM (Etapa 7); - Estruturação de alguns elementos das bases das Etapas 8 a 11.

Figura 05: Plano Geral do Programa MPT para quatro pilares. Fonte: Dados da Pesquisa.

Melhor descrevendo cada fase programada, tem-se:

- 1ª Fase:

• Etapa 1: Diagnóstico, Decisão da Diretoria e Lançamento;

• Etapa 2: Educação Introdutória (treinamento inicial), incluindo implantação do

Programa 8S;

• Etapa 3: Estrutura Sistema de Promoção (Definição da Área Piloto);

• Etapa 4: Estabelecimento de Diretrizes (Missão, Visão, Valores, Metas);

• Etapa 5: Preparação do Plano Mestre ou Diretor;

- 2 ª Fase:

• Etapa 6: Partida do MPT e do Plano Mestre;

- 3 ª Fase:

• Etapa 7: Implantação dos Pilares Melhoria Específica; Manutenção Autônoma; Gestão

Antecipada e Educação e Treinamento.

83

• Etapa 8: Implantação da Manutenção Planejada;

• Etapa 9: Implantação da Manutenção da Qualidade;

• Etapa 10: Implantação do MPT nas áreas administrativas;

• Etapa 11: Implantação do Pilar de Saúde e Segurança e Meio Ambiente;

- 4 ª Fase:

• Etapa 12: Aplicação do MPT em toda a organização. Esta fase não foi contemplada no

Plano Geral.

O Plano Geral contemplava somente até a Etapa 7 das atividades de implantação do

Programa MPT e a preparação de alguns elementos de base das etapas de 8 a 11.

Intencionava-se desenvolver as demais etapas no terceiro ano do projeto.

A partir do mês de fevereiro do ano de 2005, iniciaram-se os trabalhos dos grupos de

implantação dos quatro pilares do Programa MPT, de forma concomitante, isto é, as

atividades de implantação dos quatro pilares ocorreram ao mesmo tempo.

Não foi desenvolvido um cronograma detalhado de trabalho para as etapas de

implantação, como recomendado por NAKAJIMA, (1989) e ALVAREZ, (2001), conforme

apresentado no item 2.3.1.

No contrato da consultoria, constava que, os trabalhos assessorados por ela, iriam até o

mês 11 do segundo ano, onde também ocorreria o fim do projeto de P&D. As demais

atividades de implantação seriam desenvolvidas pela própria empresa com o cabedal de

conhecimento desenvolvido ao longo destes dois anos iniciais.

A área piloto, definida para a implantação do Programa MPT está representada no

organograma da empresa, na Figura 06, pelas caixas em azul. Não existem informações que

84

justifiquem a escolha desta área piloto, tampouco porque não se preferiu trabalhar com um

setor de menor proporção, como recomendado no método convencional.

Figura 06: Organograma da empresa – Visão da Área Piloto (Ano 2005). Fonte: Dados da Pesquisa

Os departamentos que compunham a Área Piloto são apresentados a seguir:

• Departamento de Manutenção da Transmissão - Área Leste: o Departamento de

Manutenção da Transmissão divide-se em três regionais de atuação, delimitadas por

áreas geográficas, a saber: Área Leste, que compreende a região litorânea do estado;

Área Centro que é delimitada pela região do cariri e a Área Oeste que compreende o

sertão do estado. Assim, a Área Leste foi adotada para fazer parte do piloto do projeto

por estar localizada na mesma região onde os coordenadores dos grupos de trabalho de

implantação do MPT se encontravam. O Departamento de Manutenção da

Transmissão é responsável pelas ações de manutenção das subestações e das linhas de

transmissão (que operam no nível de tensão em 69kV), através de técnicas de

Área Piloto Demais Áreas

85

manutenção preditiva, preventiva e corretiva, realizadas por pessoal próprio, que

executa serviços em equipamentos energizados e desenergizados. Cada área (leste,

centro e oeste) divide-se ainda em setores: Subdivisão de Subestações e Subdivisão de

Linhas de Transmissão. A Área Leste é composta por dezesseis subestações e

aproximadamente trezentos quilômetros de linhas de transmissão;

• Departamento de Operação da Transmissão: Este departamento é responsável pela

operação das subestações e linhas de transmissão da empresa. A operação do sistema

elétrico da transmissão relaciona-se às atividades de energização e desenergizações de

equipamentos, subestações e linhas de transmissão, através de manobras operacionais

de abertura e fechamento de equipamentos, visando o restabelecimento do

fornecimento de energia elétrica, o isolamento de defeitos, a liberação de

equipamentos para manutenção, supervisão e controle dos níveis de tensão, entre

outras. O departamento divide-se em pré-operação que compreende o planejamento e

a programação da operação; o despacho (tempo real), que abarca a coordenação,

supervisão e controle da operação, assim como o comando e a execução das atividades

intrínsecas, e, por fim, a pós-operação, que engloba a análise e estatística da operação.

As atividades de tempo real são executadas de forma centralizada no Centro de

Operação do Sistema – COS, onde estão os comandos de operação automatizados de

controle dos equipamentos. Assim, os operadores de sistemas podem operar as

subestações através deste centro, porém algumas ações, tais como abertura e

fechamento de chaves de equipamentos, são realizadas in loco pelos operadores de

subestações. O COS funciona 24 horas por dia todos os dias do ano, com equipes

trabalhando em turnos de revezamento. O Departamento de Operação do Sistema de

Transmissão foi incluído, em sua totalidade, na Área Piloto no programa de

implantação do MPT;

86

• Departamento de Construção: responsável por projetar e construir subestações e

linhas de transmissão, subdivide-se em dois subsetores: construção de subestações e

linhas de transmissão. Todo o Departamento de Construção foi incluído na Àrea

Piloto;

• Assessoria de Segurança do Trabalho: responsável por promover ações visando o

cumprimento das leis e normas de segurança do trabalho junto aos funcionários,

empresas prestadoras de serviços e comunidade em geral;

• Departamento de Suprimento: responsável pela compra de equipamentos e materiais

para a empresa;

• Departamento de Recursos Humanos: responsável pela contratação, retenção e

demissão dos funcionários; pela promoção de treinamentos; por fazer cumprir as leis

trabalhistas e por emitir as folhas de pagamento.

A Área Piloto adotada para a implantação do Programa MPT envolvia

aproximadamente trezentos empregados.

3.3 Instrumentos da Pesquisa e Coleta de Dados

Nos sub-itens que seguem, estão apresentados os instrumentos de pesquisa que foram

utilizados para a coleta de dados necessários à realização do estudo.

3.3.1 Atas de reuniões

A implantação do Programa MPT na empresa pesquisada gerou atas de reuniões, que

cumpriam a função de registrar oficialmente o andamento das atividades, tais como:

87

definições dos grupos de trabalhos, registro do estabelecimento de metas e apresentação de

resultados, decisões estabelecidas e tarefas a serem realizadas.

Foi possível, com as informações contidas nestas atas, compilar, analisar e comparar

resultados apresentados no decorrer da implantação do projeto. Por estes documentos serem

muito volumosos, decidiu-se fazer um resumo e apresentá-lo no anexo 3. As atas originais

encontram-se, na íntegra, disponíveis aos interessados com a pesquisadora.

3.3.2 Relatórios enviados à ANEEL

Os relatórios possuíam a função de cumprimento da legislação vigente, já que o

Programa MPT foi desenvolvido como um projeto de P&D, conforme explicitado no item

3.2.2, fornecendo a esta pesquisa informações referentes a metas atingidas, cronogramas,

desvios relativos ao andamento do projeto, entre outros.

Com as informações contidas nestes relatórios foi possível também compilar, analisar

e comparar resultados na decorrência do projeto. Decidiu-se ainda, resumir as principais

informações e apresentá-las no anexo 4. Estes relatórios encontram-se, na íntegra, disponíveis

aos interessados com a pesquisadora.

3.3.3 Questionário

Esta pesquisa teve como uma de suas etapas para o levantamento de dados, o

desenvolvimento e aplicação de um questionário, apresentado no Anexo 02. O questionário a

ser utilizado foi desenvolvido de maneira a contemplar as variáveis necessárias quanto aos

objetivos da pesquisa, através de perguntas alinhadas com o tema e linguagem adequada.

88

Para a formulação do questionário, foram utilizadas perguntas abertas. As perguntas

do tipo abertas são utilizadas, conforme Günter (2003), para uma pesquisa inicial exploratória,

não conhecendo a abrangência do problema.

Os respondentes foram selecionados a partir da análise das atas de reuniões, em que

foram estabelecidas as pessoas-chave da organização que participaram diretamente do

processo de implantação do programa.

Como critério para a definição de pessoas-chave a serem entrevistadas considerou-se

que estas pessoas deveriam:

• Ter participado do processo de implantação do Programa MPT;

• Ter possuído alguma função especificada no programa com responsabilidades

sobre a implantação da metodologia na empresa.

Assim, as pessoas-chave foram definidas conforme a lista a seguir, totalizando 08

participantes:

• Participantes da Secretaria Executiva (01 participante);

• Participantes dos Grupos de Implantação dos Pilares do Programa MPT (07

participantes).

As entrevistas foram realizadas pela própria pesquisadora, que possui bons

conhecimentos sobre o tema explorado (Manutenção Produtiva Total) e sobre a empresa em

estudo. A aplicação pessoal dos questionários, quando comparada aos instrumentos auto-

aplicáveis, tem a vantagem de apresentar explicitamente os objetivos, tirar dúvidas e realizar a

coleta das informações adicionais (GÜNTHER, 2003).

89

Para manter o sigilo e a confiança dos respondentes, estes não foram identificados

nesta pesquisa, visando ainda dar-lhes total liberdade para expressão de suas idéias. A maioria

dos respondentes eram engenheiros, mas com participação de alguns técnicos.

Ressalta-se que o questionário a ser utilizado na pesquisa foi desenvolvido também

objetivando aspectos que auxiliassem na demonstração dos fatores que prejudicaram a

implantação do Programa MPT na empresa estudada. Sendo assim, para a sua concepção,

foram percorridas as fases do ciclo de vida do projeto, desde o lançamento do programa ao

seu encerramento, buscando identificar os obstáculos enfrentados pelo mesmo. Por os

respondentes terem experiência prática na execução do programa e um certo conhecimento

sobre o tema, pôde-se utilizar questões com termos técnicos e expressões comuns aos

profissionais ligados à atividade de manutenção.

Como se trata de um estudo de caso, foi desenvolvido um protocolo do estudo que

contém a versão final do questionário da pesquisa. (ver Anexo 2 – Protocolo do estudo de

caso e questionário aplicado). O protocolo do Estudo de Caso e a base de dados do estudo,

neste caso o questionário, são fundamentais para os testes que indicam confiabilidade da

pesquisa (YIN, 2001).

Após sua elaboração, o questionário foi submetido a um pré-teste, com dois

participantes, que puderam contribuir com sua formulação. Esta avaliação permitiu ajustar o

instrumento no sentido de torná-lo mais objetivo e direcionado para os resultados esperados

com a pesquisa.

3.4 Planejamento e Programação da Pesquisa de Campo

O trabalho aqui apresentado foi fundamentado em uma seqüência de atividades, de

modo a alcançar os objetivos propostos, as quais estão representadas pela estrutura da Figura

90

07, que mostra os objetivos da pesquisa; as principais perguntas que a embasam e a seqüência

das atividades realizadas para a elaboração do trabalho.

A estrutura da pesquisa pode ser dividida em três grandes grupos de atividades, como

descrito nos itens que seguem.

a) Revisão da literatura

Figura 07: Seqüências da pesquisa Fonte: Dados da pesquisa.

Revisão da Literatura

Identificação dos fatores que contribuem para o programa MPT

Objetivo Geral: Realizar um estudo sobre a implantação do Programa MPT numa empresa concessionária de energia elétrica

Caracterização da empresa em estudo

Descrição do método de implantação do MPT utilizado na empresa

Descrição do processo de implantação do MPT na área piloto

Identificação dos fatores que podem interferir na implantação do MPT

Período Nov/2003 à Nov/2005

Atividades de implantação de MPT realizadas

Diagnóstico da empresa na perspectiva do MPT

Objetivo Específico 1: Identificar possíveis fatores intervenientes na implantação Programa MPT na empresa

Objetivo Específico 2: Identificar as condições favoráveis para o sucesso da MPT implantação do Programa.

Análises e Conclusões

Recomendações

Pesquisa de Campo

91

A revisão da literatura constituiu-se em realizar o levantamento dos principais

conceitos relativos à Manutenção Produtiva Total, à Gestão da Manutenção e aos Sistemas

Elétricos de Potência, visando criar o embasamento teórico necessário à pesquisa,

sendocomentados no item 3.1 do Capítulo 3.

b) Apresentação dos resultados da pesquisa

Esta parte da pesquisa apresentada no Capítulo 4 mostra o resultado da pesquisa de

campo, e foi realizada considerando as respostas apresentadas com a aplicação dos

questionários, juntamente com o levantamento de dados das atas de reuniões e relatórios.

c) Análises e conclusões da implantação do Programa MPT na empresa

No Capítulo 5, foi desenvolvida a análise dos resultados da pesquisa, assim como as

conclusões acerca dos objetivos específicos e proposta para melhoria do mecanismo de

implantação do MPT.

92

CAPÍTULO 4: RESULTADOS DA PESQUISA

Neste capítulo, estão apresentados os resultados da pesquisa obtidos das respostas do

questionário aplicado e o resultado no levantamento das informações nas atas de reuniões e

relatórios.

4.1 Resultados das Respostas do Questionário Aplicado

Neste subitem, serão apresentados os resultados relativos à aplicação dos

questionários, visando à identificação dos possíveis fatores que impactaram negativamente na

conclusão da implantação do Programa MPT na empresa.

Os itens estão apresentados na mesma seqüência em que apareceram as perguntas no

questionário, desta forma, pôde-se rastrear as fases do ciclo de trabalho do projeto.

A numeração dos itens que seguem está de acordo com a mesma nomenclatura

utilizada no questionário.

A.5.1 Datas de interesse

Quando questionado sobre as datas de ingresso ao programa, 75% responderam que

ingressaram no programa desde o início das atividades de implantação do Programa MPT, já

os demais 25% responderam que ingressaram no momento da formação dos grupos de

implantação dos pilares, conforme representado no Gráfico 01.

93

Gráfico 01: Momento em que ingressou no Programa MPT Fonte: Dados da pesquisa.

Foi questionada, também, a data em que ocorreu o desligamento, sendo respondido

por 100% dos participantes que não houve um desligamento formal, já que o programa

possuía data de término definida e delimitada por se tratar de um projeto de P&D.

A.5.2 O seu desligamento do programa se deu de forma espontânea ou foi determinada

formalmente?

Sobre a formalização do desligamento dos participantes do Programa MPT, 63%

responderam que o seu desligamento ocorreu na finalização do prazo do projeto, sem

realização da formalização, isto é, não houve um desligamento formal, já que o programa

possuía data de término definida e delimitada por se tratar de um projeto de P&D. Ao final do

prazo as atividades não foram continuadas. Ainda, outros 25% não souberam informar, e 13%

informaram que foram desligados formalmente, conforme está representado no Gráfico 02.

94

Gráfico 02: Forma de desligamento do programa Fonte: Dados da pesquisa.

A.5.3 Cite que razões ocasionaram a sua saída do programa

Quando questionado sobre os motivos para as suas saídas, foi relatado por 62,5% dos

respondentes que se deu devido à parada do desenvolvimento das atividades do programa.

25% responderam que ocorreu por outros motivos, e 12,5%, falta de motivação pessoal e, que

sem que houvesse um desligamento formal, as atividades foram paralisadas. As respostas

estão apresentadas no Gráfico 03.

Gráfico 03: Motivos para a saída do Programa MPT Fonte: Dados da pesquisa

95

Os motivos apresentados para esta questão demonstram também a quebra de

continuidade das atividades, como relatado por um dos entrevistados: “O Programa MPT na

empresa tinha limitações de prazo e com a extinção deste prazo foram extintas as atividades

com o conseqüente desligamento do grupo. O prazo do programa encontrava-se delimitado no

P&D”.

A.5.4 Houve a divulgação do lançamento do programa na empresa?

Quando questionado se foi realizado o lançamento do programa na empresa, 100% dos

participantes responderam que sim, conforme representado no Gráfico 04. Verifica-se que

houve um lançamento oficial do MPT na empresa estudada.

Gráfico 04: Divulgação do lançamento do Programa MPT na empresa Fonte: Dados da pesquisa.

A.5.5 Relacione fatos importantes que possam representar marcos do programa

Visando resgatar fatos que marcaram a implantação do Programa MPT, foi solicitado

aos respondentes que citassem marcos importantes do período de implantação do programa.

96

De acordo com as respostas, ficou notório que a utilização da ferramenta 8S constituiu a parte

mais importante do desenvolvimento do programa MPT, na percepção dos colaboradores,

ferramenta esta de caráter inicial da implantação do programa. As respostas estão listadas no

Quadro 02.

Note-se que a maioria dos autores não considera os 8S como programa de MPT, e sim

condição inicial indispensável, para implantar o Programa MPT.

Principais fatos que representaram marcos do Programa MIM Implantação do Programa 8S Treinamento dos colaboradores para instrutores

Mudança de postura com relação a novas técnicas de manutenção Criação do Pilar de Manutenção Autônoma Criação do Pilar de Melhoria Específica Evento de Lançamento do Programa Utilização da metodologia do Pilar Manutenção Autônoma na prática Disseminação da metodologia MPT

Adaptação da metodologia à realidade da empresa no caso do Pilar Manutenção Autônoma

Definições de normas e padrões Quadro 02: Principais fatos que representaram marcos do Programa MPT. Fonte: Dados da pesquisa.

A.6 Questões referentes à condução na implantação do Programa MPT

A.6.1 Havia liderança formalizada durante a condução do programa?

Na percepção de que o desenvolvimento de um programa do porte do MPT necessita

de grande mobilização de pessoal e da motivação para novos desafios, foi perguntado aos

participantes se havia liderança formal. Para esta questão, 87,5% dos respondentes afirmaram

que sim, estando as respostas apresentadas no Gráfico 05.

97

87,5%

12,5%

Havia liderança formal

Não sabe informar

Gráfico 05: Formalização das lideranças Fonte: Dados da pesquisa.

Porém, não se pode afirmar se esta liderança passou a ser agente motivador para o

bom desenvolvimento das atividades de implantação do programa.

A.6.2 Durante a sua participação no programa, quem foi o seu líder direto?

Visando confirmar a formalização da liderança, assunto da questão anterior, foi

solicitado aos respondentes que informassem quem foi seu líder direto. Estando registrado que

todos que informaram que havia liderança formal souberam identificar o seu líder, então,

87,5% responderam, informando o seu líder direto, e o restante informou que não teve líder

direto. As respostas estão representadas no Gráfico 06.

98

Gráfico 06: Liderança do programa Fonte: Dados da pesquisa.

A.6.3 Descreva as atividades do programa que você desenvolveu no cotidiano

Quando perguntados sobre quais foram as atividades desenvolvidas no cotidiano da

implantação do Programa MPT, várias respostas foram fornecidas e encontram-se listadas no

Gráfico 07, onde indica-se o % de respondentes nessa atividade

Gráfico 07: Atividades desenvolvidas no cotidiano no período de implantação do Programa MPT. Fonte: Dados da pesquisa.

99

Para esta questão, a resposta “não foram desenvolvidas atividades no cotidiano”

significa que os componentes dos grupos de trabalho não incorporaram as atividades de

implantação à sua rotina diária, fazendo com que as ações previstas para o projeto do

Programa MPT não fossem realizadas, em detrimento de outras prioridades. Respondentes

informaram ainda que os grupos somente reuniam-se mensalmente para estudos e tomada de

novas decisões.

A.6.4 Descreva atividades do programa que você desenvolveu de forma excepcional

Visando identificar as atividades desenvolvidas no decorrer do projeto de forma

excepcional, os participantes foram questionados. As respostas estão apresentadas no Gráfico

08.

Gráfico 08: Atividades desenvolvidas de forma excepcional no período de implantação do Programa MPT Fonte: Dados da pesquisa.

100

A.6.5 A designação das tarefas que foram indicadas para serem realizadas foi feita de forma

formal?

Também foi perguntado se havia formalização das solicitações de atividades a serem

desenvolvidas através dos registros em atas de reuniões. As respostas que estão no Gráfico 09

nos apontam que positivamente as atividades no momento de suas solicitações eram formais.

Gráfico 09: Designação das atividades formalmente Fonte: Dados da pesquisa.

A.6.6 Para as atividades designadas, havia cobrança de cumprimento dos resultados e

trabalhos desenvolvidos (com delimitação clara do trabalho a ser realizado)?

Para esta pergunta, 62,5 % dos respondentes informaram que não houve cobrança do

trabalho a ser realizado, conforme representado no Gráfico 10.

101

62.5%

37.5%Houve cobrança de

cumprimento de escopo

Não houve cobrança de

cumprimento de escopo

Gráfico 10: Cobrança com relação ao cumprimento dos trabalhos a serem realizados. Fonte: Dados da pesquisa.

A.6.7 Para as atividades designadas, havia cobrança de cumprimento de prazos?

Já com relação ao cumprimento dos prazos, 75% afirmaram que houve cobrança de

cumprimento de prazo, conforme representado no Gráfico 11.

75.0%

25.0%

Houve cobrança de

cumprimento de prazo

Não houve cobrança de

cumprimento de prazo

Gráfico 11: Cobrança com relação ao cumprimento de prazo Fonte: Dados da pesquisa.

102

A.6.8 Para as atividades designadas, havia cobrança de cumprimento de custos?

Para o cumprimento de custos decorrentes da execução das atividades necessárias à

implantação do Programa MPT, 62,5% responderam que não houve cobrança de cumprimento

dos custos do projeto, conforme apresentado no Gráfico 12.

37.5%

62.5%

Houve cobrança de

cumprimento de custo

Não houve cobrança de

cumprimento de custo

Gráfico 12: Cobrança com relação ao cumprimento de custos Fonte: Dados da pesquisa.

A.6.9 Você possuía que nível de conhecimento com relação ao programa a ser implantado?

Quando perguntado sobre o nível de conhecimento com relação ao Programa MPT, foi

verificado, através das respostas, que 37,5% não possuíam conhecimento suficiente. Para

25%, possuíam nível suficiente, 12,5% conheciam o Programa MPT apenas por leituras;

12,5% possuíam conhecimento elementar, e 12,5% informaram possuir conhecimento

razoável. O que indica a necessidade de treinamento para todo o pessoal envolvido no

processo. Os resultados desta pergunta estão apresentados no Gráfico 13.

103

25.0%

37.5%

12.5%

12.5%

12.5%

Nível adequado

Não possuía

conhecimento suficiente

Conhecia apenas por

leituras

Elementar

Razoável

Gráfico 13: Nível de conhecimento com relação ao Programa MPT.

Fonte: Dados da pesquisa.

A.6.10 Os treinamentos desenvolvidos foram suficientes para a necessidade existente, na sua

visão?

Na avaliação dos participantes desta pesquisa, os treinamentos desenvolvidos foram

avaliados como insuficientes (50%), resultado demonstrado no Gráfico 14. Como a questão

do treinamento é o fator crítico para o sucesso da implantação do Programa MPT, demonstra-

se que este aspecto pode ser considerado como o desvio que mais impactou na conclusão do

projeto.

`

50.0%

25.0%

12.5%

12.5%

Não foram suficientes

Bons, porém seriam

necessárias mais horas de

treinamento

Satisfatórios, da forma como

o programa foi desenvolvido

Não participou

Gráfico 14: Avaliação dos treinamentos realizados Fonte: Dados da pesquisa.

104

A.6.11 Os facilitadores do processo de implantação (consultores) auxiliaram nos momentos

em que se necessitou de suporte?

Outra questão da entrevista diz respeito à avaliação dos consultores para a implantação

do Programa MPT. Foi considerado pelos respondentes que houve suporte adequado por parte

dos consultores, conforme demonstrado no Gráfico 15.

Houve, ainda, o relato de que a participação dos consultores foi sempre em nível de

gerenciamento do projeto. As dúvidas dos participantes, de forma geral, não eram dirimidas a

contento. O Entrevistado 2 afirma: “os consultores fisicamente encontravam-se em outro local

desenvolvendo atividades diferentes e que tinham maior prioridade que as do programa,

dificultando assim as informações/colaborações”.

37.5%

62.5%

Houve pouco suporte dos

consultores

Houve suporte adequado

dos consultores

Gráfico 15: Avaliação do suporte dos consultores Fonte: Dados da pesquisa.

A.6.12 Houve um organograma com definição clara das atribuições e responsabilidades entre

os participantes da comissão encarregada da implantação do Programa MPT?

Foi questionado sobre a existência de um organograma com os papéis bem

representados, sendo respondido positivamente, conforme representado no Gráfico 16.

105

Gráfico 16: Organograma para a implantação do MPT. Fonte: Dados da pesquisa.

Como apresentado no item 3.2.2 do capítulo 3 desta pesquisa, o organograma foi

definido para a implantação, estando as responsabilidades atribuídas aos participantes da

comissão do MPT.

A.6.13 Quantas pessoas participaram e quais suas atribuições?

Quando consultados sobre o quantitativo de pessoal que participou da comissão de

implantação, 62,5% dos entrevistados afirmaram que o número de pessoas envolvidas com a

implantação do MPT foi superior a dez pessoas, sendo encontradas respostas com doze e

treze, porém nenhuma superior a quinze pessoas. Os demais, 37,5%, responderam que foram

alocadas abaixo de dez pessoas, porém nenhuma resposta foi abaixo de seis pessoas,

conforme representado no Gráfico 17.

106

Gráfico 17: Número de participantes para a implantação do MPT. Fonte: Dados da pesquisa.

Para as suas atribuições, foi informado pelos respondentes que os coordenadores dos

pilares deviam desenvolver atividades para a implantação e entrega em funcionamento pleno

de cada pilar, através da coordenação da sua equipe e o envolvimento das áreas necessárias.

No que diz respeito às suas atribuições, foi respondido que a Secretaria Executiva foi a

responsável pela coordenação geral das atividades do MPT, interagindo com a empresa de

consultoria e apoiando os pilares para o bom andamento dos trabalhos. Porém, foi destacado

pelos respondentes que não foram fornecidas, pela coordenação do programa, condições

suficientes para o desenvolvimento das atividades de implantação, como, por exemplo,

alocação de pessoal exclusivamente para a realização destas atividades.

A.6.14 A escolha dos participantes teve algum critério?

50% dos respondentes afirmaram que a escolha dos participantes seguiu critérios, tais

como experiência, conhecimento e disponibilidade de tempo para dedicação ao programa. Os

demais 50% responderam que não sabem informar se houve critério para a escolha dos

participantes. As respostas estão apresentadas no Gráfico 18.

107

Gráfico 18: Critérios para a escolha dos participantes Fonte: Dados da pesquisa.

A.6.15 Foi divulgado o cronograma com detalhamento das atividades de implantação a serem

realizadas?

Com relação ao cronograma de implantação, 100% dos respondentes informaram que

o detalhamento das atividades a serem realizadas para a implantação do MPT foi divulgado.

As respostas estão apresentadas no Gráfico 19. Porém alguns ressaltaram que as atividades

apresentadas encontravam-se apenas no Plano Geral, diferentemente do recomendado no

Padrão, apresentado no item 2.3.1 do capítulo 2, em que deve-se detalhar um cronograma de

execução, visando, durante o processo de implantação, realizar o melhor controle e

adequações no cronograma quando necessário.

108

Gráfico 19: Cronograma para a implantação do MPT Fonte: Dados da pesquisa.

A.6.16 Quais atividades foram desenvolvidas?

Questionados sobre as atividades que foram desenvolvidas do plano geral, 75%

responderam que utilizaram o tempo na elaboração de planos e estruturação dos pilares. Os

25% restantes informaram que as atividades desenvolvidas correspondiam à limpeza e

pequenas manutenções, concernentes ao Pilar Manutenção Autônoma. Para as atividades dos

outros três pilares, não houve resposta. As respostas desta questão podem ser verificadas no

Gráfico 20.

Gráfico 20: Atividades que foram desenvolvidas Fonte: Dados da pesquisa.

109

A.6.17 Que tipo de dedicação tiveram os participantes da comissão?

Esta questão foi subdividida entre as comissões, coordenação, secretaria e outros

(demais pilares):

• Coordenador: 100% dos entrevistados responderam que este possuía dedicação parcial

ao programa, continuando a desempenhar as suas demais funções, conforme

apresentado no Gráfico 21.

Gráfico 21: Dedicação ao programa de implantação - coordenação Fonte: Dados da pesquisa.

• Secretário: o pessoal alocado na secretaria possuía dedicação parcial, isto é,

continuando com as suas demais atribuições na empresa, conforme afirmaram 100%

dos respondentes do questionário. As respostas estão apresentadas no Gráfico 22.

110

Gráfico 22: Dedicação ao programa de implantação – secretaria Fonte: Dados da pesquisa.

• Outros: os demais participantes da comissão de implantação tiveram também

dedicação parcial, conforme respostas de todos os entrevistados, apresentadas no

Gráfico 21.

Gráfico 23: Dedicação ao programa de implantação – outros Fonte: Dados da pesquisa.

111

A.6.18 O cronograma foi devidamente acompanhado e atualizado durante a implantação?

Ainda com relação ao cronograma do projeto, buscando identificar se este foi

devidamente acompanhado e atualizado durante o desenvolvimento das atividades, 25% dos

entrevistados responderam que o cronograma foi acompanhado e atualizado, enquanto 37,5%

informaram que este cronograma não foi devidamente acompanhado, e os demais 37,5%

afirmaram não ter conhecimento sobre este acompanhamento. As respostas estão apresentadas

no Gráfico 24.

Gráfico 24: Acompanhamento do cronograma de implantação Fonte: Dados da pesquisa.

A.6.19 De que forma o cronograma das atividades foi acompanhado; diária ( ), semanal ( )

quinzenal ( ), mensal ( ), outro ( )? Se outro, especificar.

Visando verificar qual a periodicidade de acompanhamento do cronograma, foi

questionado aos participantes sobre os intervalos existentes: diária, semanal, quinzenal,

mensal ou outro, sendo verificado que 25% responderam que o acompanhamento foi realizado

de forma mensal, 37,5% não souberam informar, e 37,5% informaram que o

112

acompanhamento se deu através dos relatórios enviados à ANEEL, os quais possuíam

periodicidade quadrimestral. As repostas estão apresentadas no Gráfico 25.

25.0%

37.5%

37.5%

Semanal

Quinzenal

Mensal

Outro

Não sei informar

Gráfico 25: Forma de acompanhamento do cronograma de implantação Fonte: Dados da pesquisa.

A.6.20 Teve algum outro instrumento de gestão do programa? Qual?

Para a gestão do programa, foi questionado se houve algum outro tipo de instrumento

que permitisse gerenciá-lo. 62,5% responderam que houve outro tipo de acompanhamento,

sendo citado o 5W1H. Para os demais 37,5%, não houve outro tipo de instrumento de gestão.

As respostas estão apresentadas no Gráfico 26.

113

Gráfico 26: Outro instrumento de gestão do programa. Fonte: Dados da pesquisa.

A.6.21 Houve divulgação do andamento do programa para todos os funcionários da empresa

ou setor?

Para identificar se houve divulgação do andamento do programa para os funcionários,

esta pergunta foi incluída no questionário. Para 62,5% dos respondentes, foi realizada a

divulgação do andamento do programa para os funcionários envolvidos, e 37.5% informaram

que não houve a divulgação devida do andamento dos trabalhos do programa para os

funcionários. As respostas estão apresentadas no Gráfico 27.

114

Gráfico 27: Divulgação do andamento do programa Fonte: Dados da pesquisa.

A.6.22 Que percentual dos itens do programa foi implantado?

Ao questionar os participantes sobre o percentual de atingimento dos itens do

programa, obtiveram-se os seguintes resultados: 25% informaram que o atingimento das

metas chegou a 30%, percentual correspondente à implantação do Pilar de Manutenção

Autônoma e ao Programa 8S; 62,5% responderam que apenas 25% das metas propostas foram

atingidas, correspondente ao Pilar de Manutenção Autônoma. Na visão destes respondentes, o

Programa 8S não deve ser considerado, pois se tratou apenas de preparação para a

implantação do Programa MPT; e ainda, 12,5% responderam que nenhum percentual de

implantação foi atingido. As respostas estão apresentadas no Gráfico 28.

Assim, verifica-se que o Pilar de Manutenção Autônoma destacou-se como o pilar que

mais evoluiu.

115

Gráfico 28: Percentual dos itens do programa que foram implantados. Fonte: Dados da pesquisa.

A.6.23 Que item está funcionando de forma eficiente e plena ainda hoje?

Comparando as atividades que foram implantadas com aquelas que ainda funcionam

de forma plena e eficiente, 50% responderam que somente parte do Pilar Manutenção

Autônoma funciona ainda hoje, 37,5% afirmaram que não sabem informar se algum item

ainda funciona plenamente e os demais, 12,5%, informaram que nenhum item funciona

plenamente na atualidade. As respostas estão apresentadas no Gráfico 29.

116

Gráfico 29: Itens que estão funcionando de forma eficiente e plena Fonte: Dados da pesquisa.

A.7 Questões que apontam quais obstáculos impactaram negativamente na condução do

programa

A.7.1 Relacione pelo menos três obstáculos à condução do programa.

Quanto aos obstáculos ao desenvolvimento do programa, várias questões foram

levantadas, porém com relatos muito similares uns aos outros, principalmente quando se

referem à falta de tempo para a dedicação ao programa, ao prazo curto para a implantação, à

falta de liderança e à falta de apoio das diretorias. Todas as questões levantadas encontram-se

listadas no Quadro 03.

117

Obstáculos à condução do programa Falta de tempo e organização dos participantes Pouca ajuda dos consultores Não permanência dos consultores na empresa Colaboradores todos da área técnica e com muitas atividades diárias Desconhecimento da metodologia a ser implantada Falta de tempo para dedicação Falta de comprometimento Falta de liderança Falta de apoio da diretoria Não houve organização e conclusão dos treinamentos O pilar mais trabalhado foi o de "Manutenção Autônoma", ficando os demais sem foco Pouco envolvimento das pessoas Pouca autonomia da coordenação do projeto Diversas atividades paralelas com maior prioridade Falta de segurança quanto à aplicabilidade do programa Resistência às mudanças Alguns diretores não acreditavam no programa Os gerentes dos departamentos estavam fora de foco Momento inoportuno para a implantação do MPT Falta de envolvimento da empresa como um todo Prazo determinado e pequeno

Quadro 03: Obstáculos à condução do programa Fonte: Dados da pesquisa.

A.7.2 Relacione pelo menos três obstáculos à conclusão do programa.

Ao ser solicitado aos participantes uma lista dos obstáculos à conclusão do programa,

em sua maioria (62,5%), foram apontados os mesmos da questão anterior, conforme

comparação dos dados do Gráfico 30.

118

62.5%

37.5%

Os obstáculos à conclusão

do programa foram os

mesmos que os da

condução

Os obstáculos à conclusão

do programa foram

diferentes que os da

condução

Gráfico 30: Comparativo das repostas dos obstáculos do programa Fonte: Dados da pesquisa.

As respostas dos demais participantes (37,5%), que informaram outros motivos, estão

apresentadas no Quadro 04.

Obstáculos à conclusão do programa

Implantação dos diversos pilares contemporaneamente (não concluídos)

Falta de cobrança das atividades

Falta de comprometimento geral de todos ao programa

Falta de comprometimento dos outros pilares (exceção ao Pilar de Manutenção

Autônoma)

Dificuldades de realizar os treinamentos

Não havia publicações sobre a implantação do Programa MPT em

concessionárias de energia elétrica

Visão distorcida quanto à necessidade de ganhos e redução de perdas,

alinhadas às estratégias e diretrizes da empresa

Quadro 04: Obstáculos à conclusão do programa Fonte: Dados da pesquisa

119

Com relação a esta questão, a resposta que indica a falta de conhecimento sobre um

modelo de implantação do Programa MPT no setor elétrico indica a falta de divulgação por

parte da comissão de implantação e, até mesmo, a troca de experiência com a Eletronorte,

empresa que adotou o MPT e obteve resultados positivos.

Outro obstáculo informado foi a visão distorcida quanto à necessidade de ganhos e

redução de perdas, alinhadas às estratégias da empresa e suas diretrizes, demonstrando a falta

de estabelecimento de metas acompanhadas por indicadores, embasadas nos objetivos gerais

da empresa, conforme recomenda a metodologia apresentada no item 2.3.1 do Capítulo 2.

A.7.3 Na sua opinião, o programa foi desenvolvido com clareza e qualidade adequadas?

Quando perguntado se o programa foi desenvolvido com clareza e qualidade

adequadas, em sua maioria, a resposta foi negativa, como apresentado no Gráfico 31.

75.0%

12.5%

12.5%O programa não foi

desenvolvido com clareza

e qualidade adequadas

O programa foi

desenvolvido com clareza

e qualidade adequadas

Com clareza sim, mas

pouca determinação

Gráfico 31: Clareza e qualidade das atividades do programa Fonte: Dados da pesquisa.

120

A.7.4 Com esta experiência, que você sugere para a implantação do programa? Foi solicitado ainda aos participantes que fossem realizadas sugestões para a melhoria

no processo de implantação do programa. As respostas foram:

• “Acredito que um grupo motivado e coeso com objetivos e metas bem definidos

poderá fazer o papel de moderador, estabelecendo um relacionamento de

comprometimento entre as áreas envolvidas do programa e assim mediar e

coordenar todas as ações que sejam necessárias para o sucesso do programa.”

(Entrevistado 1);

• “Este tipo de programa tem que ter o envolvimento da diretoria e um objetivo

claro. As metas e indicadores de desempenho e controle terão que ter um maior

envolvimento.” (Entrevistado 2);

• “Recomeço e definição dos grupos de trabalho em cada pilar. Procurar as

pessoas certas para cada tarefa dentro dos pilares.” (Entrevistado 3);

• “Retomada do programa a partir de um planejamento através da metodologia do

PMI®.”; O Project Management Institute – PMI, que é uma associação, sem

fins lucrativos, de profissionais de gerência de projetos. É um fórum de

excelência na área de gerência de projetos, promovendo seu crescimento,

divulgação, educação e valor nas organizações e praticantes (PMBOK, 2001).

(Entrevistado 4);

• “Formação de uma equipe, treinada e capacitada, com profissionais dedicados

exclusivamente ao desenvolvimento do Programa MPT.” (Entrevistado 5);

• “Determinação da gerência superior em fazer acontecer, priorização em cima de

planejamento, assim como clima para motivar todos os departamentos da

diretoria técnica.” (Entrevistado 6);

121

• “Sugiro realizar uma avaliação dos resultados obtidos nesta primeira fase,

verificar as falhas ocorridas, buscar soluções e apenas prosseguir em sua fase

posterior após a realização de estudos de aplicabilidade e adequações

necessárias. (Entrevistado 7);”. Dentre os participantes 01 (um) não soube

opinar.

A.8 Questões que identifiquem quando e por que o programa parou

A.8.1 Por que o programa foi encerrado?

Quando questionado o porquê do encerramento do programa, 62,5% dos respondentes

afirmaram que o programa não foi formalmente encerrado. Outros 12,5% informaram que as

atividades simplesmente deixaram de ser executadas, ao término dos dois anos, caracterizando

um abandono do programa. Ainda, 12,5 % informaram que o programa foi encerrado devido à

sua limitação de prazo, por ser um projeto de P&D, e, finalmente, 12,5 % não souberam

informar se houve um encerramento formal do programa. As respostas estão apresentadas no

Gráfico 32.

12.5%

62.5%

12.5%

12.5%

O programa foi encerrado pela limitação do

prazo do projeto de P&D

O programa não teve um encerramento

formal

Não soube informar se houve um

encerramento formal

O programa não foi encerrado,

simplesmente as atividades deixaram ser

realizadas

% Respondentes

Gráfico 32: Encerramento do programa Fonte: Dados da pesquisa.

122

A.8.2 O encerramento do programa foi comunicado formalmente? Através de que meio?

Quando perguntados se o encerramento do programa foi realizado de maneira formal,

todos responderam negativamente e que nenhum tipo de evento que caracterizou claramente a

declaração de seu término foi realizado, o que, somado aos demais motivos, relatados nos

itens anteriores, caracterizou um descrédito dos colaboradores na continuidade das ações de

implantação do programa, além disto, perdeu-se também a oportunidade de se discutir as

lições aprendidas. As respostas estão apresentadas no Gráfico 33.

100%

0%

Não houve encerramento

formal do programa

Houve encerramento

formal do programa

Gráfico 33: Encerramento formal do programa Fonte: Dados da pesquisa.

A.8.3 Quando o programa foi encerrado?

Os respondentes do questionário não souberam informar quando se deu o

encerramento do programa, mas foi afirmado que as atividades de implantação do Programa

MPT deixaram de ser realizadas no momento do encerramento do prazo do projeto de P&D,

isto é, em Novembro de 2005, incluindo a dissolução dos Grupos de Implantação dos Pilares

do MPT.

123

A.8.4 Quem realizou o encerramento do programa?

Foi informado por 100% dos respondentes que o programa não foi formalmente

encerrado. Pelo contrário, mesmo com o término do prazo do projeto de P&D, foi declarado

pela diretoria técnica que os trabalhos de implantação do MPT iriam prosseguir com recursos

próprios, o que, porém, não ocorreu. A motivação foi perdendo força e as atividades foram

sendo abandonadas.

A.9 Questões que identificam o que ficou do programa e o que ainda funciona

A.9.1 Dentre as atividades a serem implantadas com o Programa MPT, em quais se obteve

sucesso?

Quando questionado aos participantes da pesquisa, dentre as atividades a serem

implantadas nestes dois anos iniciais relativos ao Programa 8S (previsto a ser desenvolvido

antes da implantação dos pilares), ao Pilar Melhoria Específica, ao Pilar Educação e

Treinamento, ao Pilar Manutenção Autônoma e à Gestão Antecipada, em quais se obteve

sucesso, foi respondido que o Programa 8S e o Pilar Manutenção Autônoma foram os únicos

que obtiveram resultados significativos, podendo afirmar que alcançaram 100% da

implantação, conforme Gráfico 34.

124

0% 20% 40% 60% 80% 100%

Pilar Manutencão Autônoma

Pilar Gestão Antecipada

Pilar Educação e Treinamento

Pilar Melhoria Específica

Programa 8S

Não implantado

Implantado

Gráfico 34: Representação das atividades implantadas e não implantadas. Fonte: Dados da Pesquisa.

A.9.2 Dentre as atividades que foram implantadas, quais ainda funcionam hodiernamente?

Destas que ainda funcionam atualmente, qual o percentual de funcionamento: ( ) 100%; ( )

75% ; ( ) 50%; ( ) 25% .

Também foi perguntado, dentre os que foram implantados, quais ainda funcionam nos

dias atuais, sendo respondido que o Programa 8S e o Pilar Manutenção Autônoma funcionam

atualmente, porém classificado como funcionamento em torno de 25%, conforme

representado no Gráfico 35.

125

0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100%

0%

Abaixo de 25%

Abaixo de 50%

Abaixo de 75%

100%

Programa 8S Pilar Manutencão Autônoma

Gráfico 35: Percentual de funcionamento atual das atividades que foram implantadas Fonte: Dados da pesquisa.

4.2 Resultados das Atas de Reuniões Fornecidas

De acordo com as atas de reuniões fornecidas, pôde-se traçar um quadro comparativo

entre as atividades que foram estabelecidas como metas a serem atingidas, quais destas foram

atingidas, assim como o porquê do não atingimento das mesmas. Estas informações estão

apresentadas no Quadro 05.

126

META DE IMPLANTAÇÃO ATINGIU-SE?

POR QUE CHEGOU-SE A

ESTE RESULTADO?

PILAR DE MELHORIA ESPECÍFICA

NÃO Pequeno grupo de colaboradores capacitados a desenvolverem o efeito multiplicador; Por razões de escassez de recursos;

O Projeto MPT não foi dotado de estrutura organizacional suficiente, em especial no que se refere a uma Secretaria Geral Executiva, com pessoal lotado em caráter permanente e exclusivo;

Além disso, os colaboradores de outros setores, além da Diretoria Técnica, tiveram participação insuficiente e irregular.

PILAR DE MANUTENÇÃO AUTÔNOMA

SIM Houve maior empenho por parte da equipe.

PILAR DE MANUTENÇÃO PLANEJADA

NÃO Mesmas razões do pilar melhoria específica.

PILAR DE EDUCAÇÃO E TREINAMENTO

NÃO Mesmas razões do pilar melhoria específica.

PRGRAMA 8S SIM Houve bastante ajuda da consultoria, e as equipes estavam motivadas.

Quadro 05: Metas do Programa MPT Fonte: Dados da pesquisa.

Nas metas do Plano Geral do Programa MPT, estava prevista a implantação de quatro

pilares: Manutenção Autônoma, Gestão Antecipada, Melhoria Específica e Educação e

Treinamento mais o Programa 8S, explicitado no item 3.2.2 do capítulo 3 desta pesquisa.

Verifica-se, através da apresentação do Quadro 06, que, do total das metas registradas,

somente 40% foram atingidas.

127

Nas atas que foram realizadas ao final do projeto, identifica-se que a empresa possuía

a intenção de continuar desenvolvendo as atividades de implantação, com seu pessoal próprio,

sem a renovação do contrato com a consultoria, porém não são identificadas a realização de

planejamentos ou desenvolvimento de atividades para a continuidade do programa,

caracterizando um abandono da implantação do MPT na empresa, podendo-se, assim, com

base nestas informações, identificar alguns dos fatores que prejudicaram a implantação do

Programa MPT.

4.3 Resultado dos relatórios do programa MPT enviados à ANEEL

As etapas descritas, a serem realizadas para a implantação do Programa MPT,

conforme item 3.2.2 do Capítulo 3 desta pesquisa, estavam contempladas para a realização do

projeto.

Com os relatórios para ANEEL, foi possível apresentar, no Quadro 06, algumas metas

definidas para a implantação do Programa MPT e seus resultados. Conforme apresentado

neste quadro, somente 40% das metas iniciais propostas foram cumpridas.

128

Não foi identificado o acompanhamento do cronograma na mesma estrutura em que

foi realizado o planejamento apresentado no capítulo 3 no item 3.2.2, sendo relatado apenas o

seu progresso através dos relatórios enviados à ANEEL, quadrimestralmente, de forma macro,

sem o detalhamento das atividades desenvolvidas.

Consta, no relatório final, com data de novembro de 2005, que, a respeito do item de

educação e treinamento introdutórios, a atuação da equipe da consultoria se deu através de

encontros freqüentes, com apoio sistemático através de material elaborado previamente.

Informado ainda que, com relação ao “Planejamento para Implantação do Pilar de

Manutenção Autônoma – PMA, ratifica-se a importância da participação dos empregados da

empresa na geração de resultados sólidos e duradouros, o que não prescinde a ação contínua e

META DE IMPLANTAÇÃO ATINGIU-SE?

POR QUE CHEGOU-SE A

ESTE RESULTADO?

PILAR MELHORIA ESPECÍFICA

NÃO Baixo envolvimento dos colaboradores;

Falta de uma Secretaria Executiva dedicada exclusivamente ao Programa MPT;

PILAR DE MANUTENÇÃO AUTÔNOMA

SIM

Houve maior empenho por parte da equipe.

PILAR DE MANUTENÇÃO PLANEJADA

NÃO Mesmos motivos do Melhoria Específica;

PILAR DE EDUCAÇÃO E TREINAMENTO

NÃO Mesmos motivos do Melhoria Específica;

PROGRAMA 8S SIM Houve bastante ajuda da consultoria, e as equipes estavam motivadas.

Quadro 06: Metas do Programa MPT Fonte: Dados da pesquisa.

129

firme de uma liderança qualificada e motivada por parte da empresa, ao longo de toda a

estrutura da organização” (Relatório Final).

Consta, no relatório final, que, nos dois anos de projeto, a estrutura organizacional foi

insuficiente, no que tange, principalmente, a uma Secretaria Geral Executiva, que deveria

contar com pessoal lotado em caráter permanente e exclusivo. Ressalta-se que colaboradores

de outros setores, além da Diretoria Técnica, tiveram participação insuficiente e irregular.

Outra meta não atingida foi a Etapa 5 da Fase 1, prevista no Plano Geral apresentado

no item 3.2.2 do Capítulo 3, que consiste na formulação de um Plano Mestre ou Diretor. Este

plano representaria a política básica do MPT na empresa, indicando as metas e rumos gerais

do programa que devem estar relacionadas com as metas de médio e longo prazo da empresa.

Como não existiu a formulação do plano supracitado, fica evidenciado o abandono do

desenvolvimento das atividades de implantação do MPT.

130

CAPÍTULO 5: CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES

Esta etapa da pesquisa representa a análise das informações coletadas no estudo de

caso e na literatura, bem como as discussões acerca do problema da pesquisa e as

considerações para uma adaptação da metodologia de implantação do Programa MPT.

Nesta fase, são apresentadas as conclusões desta pesquisa, de acordo com as seguintes

premissas:

1. Condições favoráveis ao sucesso da implantação do Programa MPT;

2. O estudo de caso;

3. Os resultados obtidos pela coleta de dados e aplicação de questionários, bem como a

sua interpretação;

4. Considerações adicionais sobre a importância de um modelo que possibilite o sucesso

da implantação do Programa MPT em empresas de energia elétrica.

Ao término da realização do estudo de caso, com os dados obtidos e o auxílio da

revisão da literatura, foram compilados os dados que nortearam a análise, respondendo as

questões propostas por esta pesquisa.

Lembramos que esta dissertação teve por objetivo geral realizar um estudo sobre a

implantação do Programa MPT, não concluído, em uma empresa concessionária de energia

elétrica. Em adição, teve por objetivos específicos: identificar possíveis fatores responsáveis

que interferiram na implantação Programa MPT na empresa estudada, e identificar as

condições favoráveis para o sucesso da implantação do Programa MPT.

Por já ter havido certo tempo entre os acontecimentos para a implantação do Programa

MPT e a data das entrevistas (dois anos), pode ter ocorrido alguma falha de memória dos

131

participantes ou algo importante possa ter ficado esquecido. Este fato pode ter sido uma das

limitações deste estudo.

5.1 Conclusões

As conclusões finais foram organizadas em relação ao trabalho de campo, os objetivos

do trabalho e a metodologia proposta.

5.1.1 Conclusão quanto ao trabalho de campo

Através da pesquisa de campo, com os resultados da aplicação do questionário, análise

das atas de reuniões e relatórios à ANEEL, e do referencial teórico desta pesquisa, destacam-

se alguns pontos importantes que nos levam à conclusão dos principais fatores que

interferiram na implantação do projeto:

• Problemas de indefinição dos resultados a serem atingidos, e trabalho a ser executado,

para atingi-los, visando à implantação do projeto;

• Falta de alocação de recursos necessários à condução do programa, dificultando o

desenvolvimento das atividades, como consta nos resultados do capítulo 4 desta

pesquisa;

• No momento em que o programa foi implantado, a empresa necessitaria adotar

antecipadamente outras metodologias e ferramentas, tais como 5S, indicadores de

desempenho, entre outros;

• Erro na escolha do setor piloto, tendo a empresa optado por uma área muito extensa e

diversificada quanto a funções, e de maior complexidade;

132

Em contrapartida, percebe-se que ainda existe por parte dos respondentes uma boa

,expectativa pela implantação do Programa MPT na empresa. Neste sentido a aceitação do

programa, ajudaria em uma segunda tentativa de implantação.

Significa dizer que embora a tentativa de implantação do Programa MPT não tenha

atingido o sucesso total, o projeto alcançou alguns resultados positivos, servindo como lições

aprendidas. Desta forma, a empresa poderia se adequar melhor para uma nova tentativa de

implantação.

5.1.2 Conclusão quanto aos objetivos

Neste subitem, estão separadas as conclusões quanto aos objetivos específicos, assim

divididos:

a) Identificar possíveis fatores intervenientes na implantação do Programa MPT na

empresa

Em função dos resultados apresentados no capítulo 4, podem-se identificar os

seguintes possíveis fatores, que denotam falta ou ausência nas seguintes questões:

1) Integração com empresas que já houvessem implantado o Programa MPT, a

exemplo da Eletronorte, através de visitas, encontros, troca de experiências,

entre outras formas de interação, para que o pessoal responsável pela

implantação se sentisse mais confiante em relação ao programa. Com isso,

também seria solucionado o problema da visão distorcida de ganhos e redução

de perdas com a utilização do programa;

133

2) Definição clara do trabalho a ser realizado, com o detalhamento das atividades

através de uma declaração específica a todos os participantes e das delimitações

dos objetivos a serem atingidos, das tarefas necessárias e dos recursos

imprescindíveis para a sua realização;

3) Comprometimento da Alta Direção, já que todo programa que busca a eficácia

produtiva necessita do comprometimento organizacional, apoiando-se

estrategicamente na estrutura hierárquica da instituição, que forneceria todos os

recursos que se fizessem necessários. Este problema acarretou o

descomprometimento dos demais participantes que desenvolveram as atividades

do Programa MPT;

4) Dedicação dos envolvidos no programa, principalmente com a inexistência de

uma secretaria dedicada exclusivamente ao programa, fator este determinante, já

que este programa exige dedicação plena, principalmente do grupo de

implantação e desenvolvimento do Programa MPT. Este fator foi evidenciado

no Relatório Final do projeto como um dos aspectos que mais contribuiu para

problemas com relação ao desenvolvimento do programa, assim como o efetivo

envolvimento das pessoas;

5) Ajuda dos consultores, por estarem ausentes da empresa, na maior parte do

tempo, comprometendo a sua participação no desenvolvimento dos trabalhos,

principalmente no tocante à adaptação do programa à peculiaridade da empresa;

6) Conhecimento sobre a metodologia MPT ocasionou, em primeiro lugar, o

descrédito nos resultados do programa, a falta de um embasamento que

possibilitasse um bom desenvolvimento das atividades pautadas em

planejamento e, ainda mais, a inadequação de material de treinamento, apostilas,

manuais, entre outros, entregues como referencial teórico focado para o

134

ambiente manufatureiro, que difere das condições de produção relativas à

empresa em estudo;

7) Planejamento dos treinamentos, tão necessários para a boa condução do

programa. Neste sentido, percebe-se que faltou sensibilidade dos coordenadores

e gestores do projeto;

8) Resistência às mudanças também contribuiu, na visão dos respondentes,

também interferiram no desenvolvimento do programa. Para conquistar a

motivação dos funcionários para a mudança de paradigmas seria necessário

montar um plano de sensibilização, assim, a metodologia seria bem mais aceita,

e, até mais, todos tomariam espontaneamente para si parte das tarefas;

9) Envolvimento dos gerentes de departamentos não foi oportunamente destacado

no plano de trabalho para o desenvolvimento do projeto. Seria importante fazê-

lo, já que por se tratar de uma organização de estrutura departamental, os

gerentes tornam-se essenciais nas decisões de priorização de ações e atividades;

10) Escolha de um momento oportuno, já que concorreu com outros programas em

desenvolvimento, como um curso de Desenvolvimento Gerencial ministrado

pela Fundação Getúlio Vargas em forma de MBA, e a implantação do GRD –

Gerenciamento das Rotinas Diárias, que se propunha a padronizar todas as

atividades de rotina dos departamentos. Esta ferramenta também exige grandes

mudanças, o que provocou uma sobrecarga de programas/metodologias

concomitantes, reduzindo as possibilidades de sucesso do Programa MPT

naquele momento;

11) Como se tratava de um programa de P&D, segundo o que já foi explicitado no

item 3.2.2 do capítulo 3, uma parceria entre empresa e universidade possuía

135

prazo determinado e curto, o que dificultou a condução das atividades de toda a

implantação do MPT, após o encerramento do prazo;

12) Um mecanismo de gestão eficiente, como recomendado na bibliografia

apresentada no item 2.3.1 do Capítulo 2, com o uso de um cronograma que

permitiria o controle da evolução do Programa. Nele estão contidas a definição

de tarefas, datas, prazos, recursos e seus responsáveis. Este cronograma

permitiria, durante o processo de implantação, o melhor controle e adequações,

viabilizando-se decisões por medidas preventivas ou corretivas em tempo hábil;

13) A escolha por implantar, concomitantemente, os quatro pilares (Manutenção

Autônoma, Melhoria Específica, Gestão Antecipada e Educação e

Treinamento), isto é, implantação conjunta dos pilares na área piloto, onde os

grupos de implantação trabalharam paralelamente entre si, em contradição ao

recomendado pelo modelo convencional apresentado no item 2.3.1 do Capítulo

2, onde se recomenda a forma seqüenciada, e o pilar seguinte só é iniciado

quando o anterior for totalmente implantado;

14) Melhor escolha do setor piloto, isto é, a área selecionada como piloto do projeto

pode ser considerada muito complexa e extensa. Segundo a literatura, quando se

fala de setor piloto, refere-se a uma área da empresa bem específica,

centralizada e com componentes ou equipamentos definidos, conforme

apresentado no item 2.3.1, e que, por suas características, facilitaria a

implantação do programa de forma rápida, com recursos aceitáveis e retornos

substanciais para a empresa.

136

b) Identificar as condições favoráveis para o sucesso da implantação do Programa MPT:

Após este estudo, houve a possibilidade de identificar quais condições poderiam

favorecer a implantação do Programa MPT, tais como:

• Funcionamento eficiente do Programa (5S – 8S);

• Não é recomendado implantar o Programa MPT concomitantemente com

outros programas;

• Ferramentas de qualidade já devem fazer parte da cultura organizacional, tais

como a utilização de um controle estatístico de processos e a utilização de

metodologias de análises como 5W1H, 5 Porquês, Diagrama de Pareto, etc.;

• Possuir um bom sistema informatizado para o tratamento dos dados e

informações que tratem da manutenção, assim como do planejamento e

controle de suas atividades e controle dos custos decorrentes;

• Ter um bom fluxo de informações interdepartamental como, os departamentos

de construção e projeto, de operação e de manutenção;

• Ter apoio integral da Alta Direção da organização;

• Necessita-se de um bom plano de treinamentos, para desenvolver as

competências dos envolvidos;

• Ter a atuação de uma consultoria que funcione como facilitador dos processos,

principalmente no tocante à customização das práticas de MPT, e orientar no

tocante a dirimir restrições;

• O uso de indicadores de desempenho também se torna fundamental para que

metas e resultados atingidos possam ser medidos e comparados com padrões

anteriores, valendo-se da máxima de que “quem não mede, não gerencia”.

137

Estas métricas poderiam ser utilizadas, para corrigir desvios, antes que

impactem no resultado final do programa;

• Ter mecanismos eficientes de Gestão do Programa, como cronogramas e

mapas de evolução.

5.2 O que existe do Programa MPT funcionando na atualidade

Com os resultados desta pesquisa apresentados no Capítulo 4, verifica-se que do

programa desenvolvido raras são as atividades que ficaram como conquista do MPT, a

exemplo do Pilar Manutenção Autônoma, que, conforme relatos dos entrevistados que

responderam, parte ainda funciona, como exemplo alguns itens de limpeza e inspeção, porém

não se caracterizando como em funcionamento pleno e eficaz, de acordo com a proposta

inicial.

Com relação ao Programa 8S desenvolvido e implantado, os respondentes informaram

que o que ficou foi uma visão básica de organização e ordenação, mas sendo ressaltado que o

mesmo não é utilizado de acordo com a filosofia. Logo, pode-se concluir que também esta

conquista ficou perdida com a descontinuidade do programa. Lembramos ainda que, pela

literatura convencional, o 5S não é considerado parte do Programa MPT, e sim condição

básica que o precede.

De acordo com o resultado da pesquisa, estaria caracterizada a paralisação do

programa de MPT, verificando-se o óbvio, quando há interrupção no desenvolvimento do

programa, corre-se o risco de perder o que já se obteve como conquista.

Consta, no relatório final, que a empresa continuaria a desenvolver o programa com

recursos próprios, porém não se puderam observar indícios quanto a esta intenção, nem

registros de continuidade das atividades.

138

Com isto, a paralisação parcial ou total do Programa MPT, provocou a

descontinuidade dos termos que foram trabalhados.

5.3 Sugestão de Adaptação para a Implantação do Programa MPT

Do estudo realizado, vislumbrou-se a possibilidade de um mecanismo alternativo para

a implantação do Programa MPT. Este mecanismo consiste em dividir os tópicos do programa

em módulos independentes, que poderiam reduzir as possibilidades de insucesso na

implantação.

Para Ferreira (2000, p. 467), módulo pode ser definido como “Unidade (de mobiliário,

de material de construção, etc.) planejada segundo determinadas proporções e destinada a

reunir-se ou ajustar-se a outras unidades análogas, de várias maneiras, formando um todo

homogêneo e funcional”.

Assim, de forma análoga às unidades arquitetônicas, os módulos caracterizados se

unirão e cada um será uma parte constante do programa MPT, e a junção destes “blocos”, isto

é, o funcionamento de todos os módulos, implicará no sucesso da implantação do programa

MPT em sua forma total. Entretanto, em caso de desistência na continuidade da Implantação

do Programa MPT, os módulos consolidados, um a um, serão conquistas importantes na

gestão da manutenção.

Por outro lado, a implantação modular, permite concentrar recursos de forma pontual,

o que acelera sua implantação e facilita a execução. Por ser uma implantação seqüencial, os

erros cometidos durante a execução de cada módulo serão experiência e aprendizagem para os

módulos subseqüentes.

139

Esta proposta representa uma melhoria na metodologia de implantação do Programa

MPT, pois a forma tradicional, que aborda a implantação de forma integral, não permite

executar parte do programa. Isso faz com que a implantação seja integral, e o atraso ou

desistência em algum momento do processo de implantação provoque o risco de perda do que

se tenha conseguido implantar.

No item a seguir, apresenta-se, como proposta, a forma modular do Programa MPT.

5.3.1 Proposta do Mecanismo de Implantação do Programa MPT de forma modular

O estudo deste trabalho permitiu visualizar a necessidade de um mecanismo que

facilite o processo de implantação, de forma a diminuir as possibilidades de insucesso, atrasos

e outras restrições, os quais coloquem em risco a implantação bem sucedida.

A diferença com o método convencional estaria em que, neste sistema, a implantação

dos módulos seriam independentes entre si, e sua paralisação não prejudicaria o

funcionamento eficiente do módulo já implantado.

Para isto, apresenta-se, a seguir, a proposta do mecanismo de implantação modular do

Programa MPT:

• Módulo 1: Identificação e tratamento para redução das 16 Grandes Perdas

Este módulo trataria da identificação e gerenciamento das 16 Grandes Perdas, já

apresentadas no item 2.3.2 do capítulo 2, e do desenvolvimento de técnicas capazes de mitigá-

las ou reduzi-las a zero.

140

• Módulo 2: Monitoramento dos equipamentos

Este módulo diz respeito ao desenvolvimento e aplicação de técnicas e ferramentas de

monitoramento de equipamentos/sistemas através de instrumentos de medição, softwares,

análise em laboratório de amostras, exames, entre outros.

Visa ao aumento da confiabilidade dos equipamentos através destas práticas.

• Módulo 3: Plano de Limpeza, Lubrificação e Inspeção em Equipamentos

Visando fornecer condições apropriadas e bom estado de conservação dos

equipamentos para o aumento de sua vida útil, este módulo terá como objetivo desenvolver

atividades de limpeza, lubrificação e inspeção dos equipamentos.

As atividades deste módulo também serão desenvolvidas conforme sua classificação:

pequenas - Nível I (ver item 2.1.9 do Capítulo 2 desta pesquisa), executadas pelos operadores;

médias, que deverão ser realizadas em parceria entre os operadores e a equipe de manutenção

- Nível II; e complexas, que deverão ser realizadas somente pela equipe de manutenção -

Nível III.

Cabe salientar que, com a implantação deste módulo, lubrificação, inspeção e limpeza,

tem-se a concretização da Manutenção Autônoma. Idealmente este módulo deveria ser

dividido em três submódulos: Limpeza, Lubrificação e Inspeção.

• Módulo 4: Manutenção Planejada

A manutenção planejada diz respeito ao uso de técnicas de manutenção preventiva,

preditiva e sistemática. Este módulo visa ao aumento da disponibilidade dos equipamentos,

através do aprimoramento destas técnicas.

141

A inclusão deste programa será realizada progressivamente a partir da priorização dos

equipamentos de acordo com uma escala, como a classificação de Pareto, ou ABC, e em

conformidade com as necessidades de melhorias nos equipamentos.

É também responsabilidade deste módulo o aumento da eficiência das atividades de

manutenção, com conseqüente redução de tempos, estoques de peças sobressalentes e custos.

• Módulo 5: Medição da confiabilidade – Uso do indicador MTBF

Este módulo desenvolveria medições e monitoramento da confiabilidade dos

equipamentos através do uso do indicador MTBF (comentado no item 2.1.5.1 do Capítulo 2).

A sua análise tornará possível tomar decisões e relatar conclusões com medidas que corrijam

a causa de defeito em tempo hábil, evitando recorrências. Estes dados estatísticos devem ter a

avaliação da engenharia, do tipo o que aconteceu e o que deve ser feito. Podem também ser

usados, como auxílio, ferramentas do tipo FMEA (Análise de Modo e Efeito das Falhas), FTA

(Análise de Árvore de Falhas), FMECA (Análise dos Modos, Efeitos e Criticidade das

Falhas), entre outros.

• Módulo 6: Gestão Ambiental – destino dos resíduos

Este módulo deve ser considerado parte do Programa MPT, porque implica na redução

dos desperdícios, com impacto nos custos, contribuindo paralelamente com a Gestão

Ambiental, principalmente no que diz respeito ao destino dos resíduos, buscando sempre a

redução da produção destes quando for possível eliminá-los, e, quando não, encontrar formas

viáveis do correto destino, evitando, assim, danos ao meio ambiente e sansões legais à

empresa.

142

5.4 Conclusões quanto à proposição do mecanismo modular de implantação

Com a proposta do mecanismo modular, pode-se observar que, com os módulos

implantados um a um, e finalmente, todos funcionando plenamente, ter-se-ia o Programa

MPT implantado em sua totalidade, conforme representado na Figura 08.

Ainda conforme esta representação na Figura 08, deve-se ressaltar que é preciso um

Plano de Educação e Treinamento e outro de Segurança e Saúde, que permeiem todos os

módulos fornecendo recursos humanos capacitados e saudáveis para a condução das

atividades do MPT.

O Plano de Educação e Treinamento se propõe a oferecer aos funcionários capacitação

para as habilidades requeridas de acordo com os módulos que vão sendo implantados. Os

143

treinamentos não tratarão apenas da capacitação técnica, mas também das habilidades de

gestão, especialidades dos funcionários e principalmente mudança de ATITUDE.

O Plano de Segurança e Saúde desenvolverá e implementará políticas que promovam

a segurança do trabalho e o bem-estar dos funcionários. Trata-se aqui da implantação, por

exemplo, do Programa SOL (Segurança, Ordem e Limpeza), que se constitui de um conjunto

de técnicas que se propõem a desenvolver um ambiente de trabalho, de forma simplificada,

seguro, organizado e limpo (CORREIA, 2006).

Importante ressaltar que, a seqüência de implantação dos módulos não obedece à

hierarquia prévia de priorização. Ao contrário, os responsáveis pela sua implantação devem

avaliar sua seqüência de acordo com as suas prioridades ou desejos. Assim, cada organização

deverá adotar a ordem de implantação que melhor lhe adequar, porém os módulos deverão ser

implantados de forma seqüenciada.

A principal diferença entre o modelo convencional de implantação do Programa MPT

e a implantação do MPT através dos módulos, está na sua característica parcial, isto é, os

módulos são independentes, enquanto que a forma tradicional se caracteriza por ser integral,

além de seqüencial.

Todavia, os módulos propostos não esgotam a possibilidade de incluir outros que se

acharem necessários.

5.5 Recomendações para Trabalhos Futuros

São apresentadas algumas recomendações para futuros trabalhos, como segue:

• Avaliação de fatores críticos para o sucesso em outros segmentos, tais como

empresas com outros tipos de serviços e produtos, visando ampliar o conhecimento

sobre a implantação do Programa MPT, bem como desenvolver um modelo de

144

implantação do MPT em atendimento a outros tipos de processos, como processos

contínuos, repetitivos, seriados, dentre outros;

• Análise de custo-benefício para a implantação do programa na empresa estudada;

• Como a proposta do mecanismo de implantação modular desta pesquisa não foi

testada, recomenda-se a aplicação prática deste método, medindo os seus

resultados.

145

REFERÊNCIAS ADRIANO, Francisco Célio. Custos ocultos na recomposição do sistema elétrico de transmissão da SAELPA. 2004. 120 f. Dissertação (Especialização em Engenharia de Produção) – Universidade Federal da Paraíba, 2004. ALMEIDA. A. T. de; SOUZA, F. M. C. (org.) et al. Gestão da manutenção na direção da competitividade. Recife: Ed. Universitária da UFPE, 2001. ALVAREZ, Omar Emir. Método para análise de características de projeto para mantenabilidade – determinação de um índice de mantenabilidade em projeto de produtos/ sistemas. 2001. 226f. Tese (Doutorado em Engenharia de Produção) – Programa de Pós-graduação em Engenharia de Produção, UFSC, Florianópolis. ALVAREZ, Omar Emir. Apostila de Gestão da Manutenção. João Pessoa: UFPB, 2002. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR-5462: Confiabilidade e Mantenabilidade - terminologia. Rio de Janeiro, 1994. BORENSTEIN, C.; CAMARGO, C. O setor elétrico no Brasil: Dos desafios do passado às alternativas do futuro. Porto Alegre: Sagra Luzzatto, 1997 BRITTO, R. de; PEREIRA, M. A. (2003) - Manutenção autônoma: estudo de caso em empresa de porte médio do setor de bebidas. In: VII SEMEAD – Seminário de Estudos de Administração da USP – Universidade de São Paulo. Disponível em www.ead.fea.usp.br/semead/ - Acesso em 10 agosto 2007. CORREIA, M. L. Uma nova faceta da gesão empresaria: a conformação da subjetividade do trabalhador. Disponível em: <www.anped.org.br/reunioes/23textos>. Acesso em 23/05/08. DOU, 2000. Diário Oficial da União, Lei 9.991/00 Dispõe sobre realização de investimentos em pesquisa e desenvolvimento e em eficiência energética por parte das empresas concessionárias, permissionárias e autorizadas do setor de energia elétrica, e dá outras providências. In: Diário Oficial da União, 25 de Julho de 2000, seção 1, p. 1, 2000. Retificada pela Lei 10.848/04 (DOU, 15.03.2004). ELETRONORTE. Síntese da implantação da MPT. Disponível em: <http://www.eln.gov.br/conhecimento/MPT/sintese.asp>. Acesso em: Março de 2007.

146

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149

ANEXOS

150

ANEXO 1

MAPA OU CRONOGRAMA

MAPA OU CRONOGRAMA DE IMPLANTAÇÃO DO PROGRAMA Passo Etapa Conteúdo Facilitador Data Recursos Obs. 1 Formar

multiplicadores - facilitadores

Curso completo sobre MPT para alta e media gerência

2 Executar o projeto de implantação do programa

Os próprios participantes do curso

3 Formar e oficializar a comissão de implantação

Tomar posse

4 Anúncio oficial Divulgar o programa a ser implantado para toda a organização

5 Escolha do setor piloto Escolha em função da importância e garantia de sucesso

6 Preparação dos operadores do setor piloto para trabalhar com a filosofia MPT

Curso de treinamento dado pelos próprios facilitadores internos

7 Levantamento de índices de desempenho do setor piloto

Medir índices de desempenho da produção e manutenção

8 Estabelecer metas e padrões para o setor piloto

Quantificar metas da produção e manutenção (ex.: reduzir 10% Índices atuais)

9 Limpeza inicial do setor piloto (Aplicar os 5 “S”)

Executar o dia “D” da limpeza e arrumação do setor

10 Execução do check-list da limpeza no setor piloto

Realizado pelos próprios operadores e pessoal da manutenção do setor, auxiliados pela comissão de implantação

11 Melhoramento dos pontos de limpeza do setor piloto

Colocar em funcionamento os grupos de manutenção, para

151

corrigir deficiências de vazamento, fontes de sujeira, acessibilidade, etc.

12 Determinar os padrões de qualidade de limpeza e tempos de execução

Escolher o padrão de qualidade limpeza e medir o tempo médio de execução de cada item do setor

13 Avaliação mensal pela comissão do desempenho do programa no setor piloto

Verificar a execução dos itens do check list de limpeza e os padrões de qualidade

14 Divulgar o andamento do programa do setor piloto em toda a empresa e premiar os responsáveis

Mostrar em painel e/ou outros meios de divulgação adequados os resultados e metas atingidas com reconhecimento compatível aos executores do programa

15 Estender o programa de limpeza a outros setores pilotos da empresa obedecendo à seqüência indicada nos itens 3 a 12

Estender o programa a outros setores desde que esteja garantida a continuação eficiente no setor inicial

16 Implantar os programas de lubrificação e inspeção (nível 1), continuando com os níveis de manutenção 2 e 3 de forma separada e seqüencial para cada programa, obedecendo à lógica de execução dos itens 3 a 12

152

ANEXO 02

PROTOCOLO DO ESTUDO DE CASO

A.1 Visão geral da pesquisa O trabalho trata da implantação do Programa MPT em empresas concessionárias de energia

elétrica. Para tanto, desenvolve-se através de um estudo de caso em uma empresa

concessionária de energia elétrica em que houve a tentativa de implantação do Programa

MPT. Este estudo de caso tem por finalidade identificar possíveis fatores intervenientes na

implantação Programa MPT na empresa e identificar as condições favoráveis para o sucesso

da implantação do Programa MPT.

A.2 Processo de coleta de dados A.2.1 Procedimentos da coleta de dados A.2.1.1 Local Sede da empresa. A.2.1.2 Primeiro contato Deverá ser procurado o Setor de Recursos Humanos da empresa, explicitando os motivos da

pesquisa e solicitando autorização para a realização do estudo de caso. Neste momento,

deverá ser informado que o material será enviado previamente, para que a publicação possa

ser autorizada.

153

A.2.1.3 Aplicação dos questionários

Aplicar questionários aos participantes da implantação do Programa MPT. Estas pessoas

deverão ter necessariamente participado do processo de implantação, buscando assim obter

respostas com nível de conhecimento adequado ao que se propõe o objetivo desta pesquisa.

A.2.2 Questões do estudo

O estudo será conduzido através da aplicação dos questionários. A.2.2.1 Caracterização do respondente

A.2.2.2 Levantamento de fatos históricos referentes ao período de partida do programa

A.2.2.3 Questões referentes à condução do programa em regime

A.2.2.4 Questões que apontem quais e quando ocorrem obstáculos ao desenvolvimento do programa

A.2.2.5 Questões que identifiquem quando e porque o programa parou A.2.2.6 Questões que identifiquem o que fica do programa e o que ainda funciona

A.3 Processo de avaliação dos dados

Para chegar à consolidação da proposta dos módulos de implantação do Programa MPT, a

análise passará pelos seguintes passos: tabulação das respostas, análise e organização das

avaliações para a construção dos módulos.

154

A.3.1 Tabulação das respostas

Após a aplicação do questionário, as informações serão organizadas e processadas, em

quadros, tabelas e gráficos.

A.3.2 Análise das respostas

A análise das respostas será realizada através do confronto entre as informações fornecidas no

levantamento de campo e a pesquisa bibliográfica. Em seguida, deverão ser realizadas as

conclusões quanto aos objetivos da pesquisa.

155

O questionário a seguir é parte integrante de uma pesquisa acadêmica realizada sobre a Implantação da Metodologia MPT e possui autorização da Diretoria desta empresa para ser aplicado aos funcionários que fizeram parte do processo.

QUESTIONÁRIO

A.4 Caracterização do respondente

Nome do Colaborador:____________________________________________________ Cargo:_________________________________________________________________ Departamento: __________________________________________________________ Data da Entrevista:___/____/____

A.5 Levantamento de dados históricos referentes ao período de implantação do programa A.5.1 Datas de interesse Data em que ingressou no programa: ___/____/____ Data em que se desligou do programa: ____/____/____ A.5.2 O seu desligamento do programa se deu de forma espontânea ou foi determinada formalmente? __________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ A.5.3 Cite que razões ocasionaram a sua saída do programa. ______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ A.5.4 Houve a divulgação do lançamento do programa na empresa? ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ A.5.5 Relacione fatos importantes que possam representar marcos do programa. _______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

156

A.6 Questões referentes à condução da implantação do Programa MPT A.6.1 Havia liderança formalizada durante a condução do programa? ____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ A.6.2 Durante a sua participação no programa, quem foi o seu líder direto? ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ A.6.3 Descreva as atividades do programa que você desenvolveu no cotidiano. __________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ A.6.4 Descreva atividades do programa que você desenvolveu de forma excepcional. __________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ A.6.5 A designação das tarefas que foram indicadas para ser realizada foi feita de forma formal? ____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ A.6.6 Para as atividades designadas, havia cobrança de cumprimento dos trabalhos a serem realizados (com delimitação clara do trabalho a ser realizado)? _____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

157

A.6.7 Para as atividades designadas, havia cobrança de cumprimento de prazos? ____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ A.6.8 Para as atividades designadas, havia cobrança de cumprimento de custos? ______________________________________________________________________________________________________________________________________________________ A.6.9 Você possuía que nível de conhecimento com relação ao programa a ser implantado? __________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ A.6.10 Os treinamentos desenvolvidos foram suficientes para a necessidade existente, na sua visão? _______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ A.6.11 Os facilitadores do processo de implantação (consultores) auxiliaram nos momentos em que se necessitou de suporte? ______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ A.6.12 Houve definição clara das atribuições e responsabilidades, na divulgação do organograma, entre os participantes da implantação do Programa MPT? _________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ A.6.12 Houve um organograma com definição clara das atribuições e responsabilidades, entre os participantes da comissão encarregada da implantação do Programa MPT? ______________________________________________________________________________________________________________________________________________________

158

__________________________________________________________________________________________________________________________________ A.6.13 Quantas pessoas participaram e quais suas atribuições? ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ A.6.14 A escolha dos participantes teve algum critério? ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ A.6.15 Foi divulgado o cronograma com detalhamento das atividades de implantação a serem realizadas? __________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ A.6.16 Quais foram as atividades? __________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ A.6.17 Que tipo de dedicação tiveram os participantes da comissão? Coordenador: parcial ( ) total ( ) Secretário: parcial ( ) total ( ) Outros: parcial ( ) total ( ) A.6.18 Este cronograma foi devidamente acompanhado e atualizado durante a implantação? __________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ A.6.19 De que forma o cronograma das atividades foi acompanhado: diária ( ), semanal quinzenal ( ), mensal ( ), outro ( )? Se outro, especificar. ______________________________________________________________________ A.6.20 Teve algum outro instrumento de gestão do programa? Qual? __________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ A.6.21 Houve divulgação do andamento do programa para todos os funcionários da empresa ou setor?

159

__________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ A.6.22 Que percentual dos itens do programa foi implantado? __________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ A.6.23 Que item está funcionando de forma eficiente e plena ainda hoje? __________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ A.7 Questões que apontem quais e quando ocorrem obstáculos ao desenvolvimento do programa A.7.1 Relacione, pelo menos, três obstáculos à condução do programa. ____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ A.7.2 Relacione, pelo menos, três obstáculos à conclusão do programa (podem ser iguais aos citados anteriormente). ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ A.7.3 Na sua opinião, o programa foi desenvolvido com clareza e qualidade adequadas? ____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ A.7.4 Com esta experiência, o que você sugere para a implantação do programa. _______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

160

______________________________________________________________________________________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

A.8 Questões que identifiquem quando e por que o programa parou A.8.1 Por que o programa foi encerrado? __________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ A.8.2 O encerramento do programa foi comunicado formalmente? Através de que meio? __________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ A.8.3 Quando o programa foi encerrado? _____/_____/______ A.8.4 Quem realizou o encerramento do programa? ______________________________________________________________________ A.9 Questões que identificam o que ficou do programa e o que ainda funciona A.9.1 Dentre as atividades a serem implantadas com o Programa MPT, em quais se obteve sucesso?

161

______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ A.9.2 Dentre as atividades que foram implantadas, quais ainda funcionam hodiernamente? Destas que ainda funcionam atualmente, qual o percentual de funcionamento: ( ) 100%; ( ) 75% ; ( ) 50%; ( ) 25% . ______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

162

ANEXO 03

RESUMO DAS ATAS DE REUNIÕES

(Apresentação do resumo de 15 reuniões realizadas entre integrantes das comissões de

implantação, secretaria executiva, diretor técnico e consultoria)

Em uma das primeiras reuniões realizadas entre a consultoria e a empresa (Diretoria e

Coordenador da Secretaria Executiva), houve uma apresentação da metodologia utilizada na

ELETRONORTE, visando comprovar e reforçar a metodologia adotada no Programa MPT.

Neste encontro, foi fornecido à empresa um “CRONOGRAMA GERAL DO MPT”,

que apresentava as fases correspondentes ao PROGRAMA TPM (dois anos iniciais) e ao

período subseqüente. Nesta reunião, foi ressaltada a especificidade da empresa em estudo,

sendo apontado pela consultoria, como pilar inicial mais adequado, o da “MELHORIA

ESPECÍFICA”.

No momento em que a situação do projeto se encontrava na “Etapa 4 –

Estabelecimento de Diretrizes (missão, visão, valores e metas)”, foi estabelecida, como meta,

a realização de um ciclo da “MELHORIA ESPECÍFICA”, “MANUTENÇÃO

AUTÔNOMA”, “GESTÃO ANTECIPADA” e “EDUCAÇÃO E TREINAMENTO” até o

final do período correspondente ao Programa MPT. Neste momento, foi enfatizado que as

avaliações destas medidas seriam realizadas através de indicadores.

Após uma avaliação da situação geral do projeto, foi redimensionada a área piloto de

abrangência do Programa, ficando assim:

- Departamento de Manutenção da Transmissão - Área Leste;

- Departamento de Operação da Transmissão;

- Departamento de Suprimentos;

- Departamento de Recursos Humanos;

- Assessoria de Segurança;

- Departamento de Construção.

Foram decididas quais as lideranças e as atribuições destas áreas. Nesta reunião,

também foi ressaltada pela consultoria a forte necessidade de a empresa em estudo assegurar

colaboradores com atividades permanentes (ou quase permanentes) na Secretaria Executiva,

com o objetivo de estabelecer uma atuação duradoura, sendo alertado que, sem esta garantia,

o sucesso do projeto poderia ser comprometido. Porém, não ficou estabelecido o atendimento

desta solicitação.

163

Em ata seguinte a esta, o Diretor reuniu os representantes das áreas designadas em

reunião anterior, onde se podem destacar os seguintes aspectos tratados:

- Na semana anterior, foi realizado o lançamento do GRD – Gerenciamento por Diretrizes, na

empresa, e recomendou-se o empenho de todos no uso desta metodologia;

- Informou que o Programa MPT é um projeto que envolve todas as áreas da organização e

que se faz necessário que todos abram espaço em suas agendas para a dedicação ao programa;

Nesta ocasião, alguns dos participantes colocaram que havia excesso de atividades,

dificultando assim a dedicação ao projeto, incluindo um curso de MBA sendo desenvolvido

para alguns dos integrantes dos grupos de implantação do MPT. Aqui o Diretor pronunciou-se

que a mudança é algo complicado de se absorver, afirmando ainda que as empresas que

conseguiram implementar mudanças obtiveram sucesso melhorando a sua imagem e passaram

a trabalhar melhor, assim, se não houver dedicação ao projeto, não se obterá vitória.

Ainda nesta reunião, pode-se destacar o momento em que um participante enfatizou

que todo chefe de departamento integrante da área piloto deveria estar envolvido diretamente

ao projeto e sugeriu ainda a realização de reuniões fixadas por um calendário prévio.

O Diretor ressaltou os seguintes aspectos relativos ao projeto:

� A necessidade de dar velocidade ao projeto;

� Realizar um levantamento dos treinamentos necessários;

� O Programa MPT representava, para a Diretoria Técnica prioridade zero, já

que visava à diminuição de perdas, de manutenção, de estoque e a maior

participação dos colaboradores;

� Informou que cada departamento deverá administrar seu tempo de maneira a

disponibilizar dedicação ao projeto;

� Enfatizou a importância de desenvolver procedimentos para tudo, e que os

gerentes dos departamentos deverão se dedicar à arrumação, e descrição dos

seus negócios na metodologia do GRD.

Em outra reunião realizada no final do mês de fevereiro de 2005, foi definida a

construção de quatro pilares, definidos na reunião extraordinária do dia 23 de Fevereiro,

Melhoria Específica, Manutenção Autônoma, Manutenção Antecipada, e Educação e

Treinamento, onde os colaboradores foram designados conforme área de atuação. Em março

de 2005, foi comemorado o sucesso da implantação do Programa 8S, sendo ressaltado pelo

Diretor que a participação da consultoria e da motivação de todas as equipes foi fundamental

para o alcance deste resultado.

164

Em ata realizada no mês de novembro de 2005, a empresa informou que será

estabelecido um programa para o desenvolvimento subseqüente do Projeto MPT. Neste

momento, a consultoria despediu-se com o encerramento do contrato e ressaltou os ganhos

com a implantação do Pilar Manutenção Autônoma, elogiando o empenho da equipe de

implantação. Avaliou como insuficiente o quantitativo de pessoal alocado, assim como a

Secretaria Executiva que necessitaria ter responsável permanente, assim, não se atingiu a

implantação dos Pilares de Melhorias Específicas, Gestão Antecipada e Educação e

Treinamento, faltando ainda maior envolvimento das equipes das demais diretorias, constando

ainda que a empresa em estudo decidiu não renovar o contrato com a consultoria, propondo-se

a continuar com as atividades de implantação do MPT com pessoal próprio.

Porém, nenhuma ata de reunião foi identificada em continuidade ao desenvolvimento

do programa de implantação do MPT.

165

ANEXO 04

RELATÓRIOS ENVIADOS Á ANEEL

1º Relatório: Consta, no relatório, que o projeto foi iniciado em novembro de 2003, o

que significa que a etapa inicial tem conclusão prevista para o mês novembro de 2004, e

apresentava o plano geral das atividades conforme já apresentado no item 3.2.2 do Capítulo 3.

Relatório Final: O Relatório Final do projeto de implantação do Programa MPT

apresenta as principais ações realizadas e resultados alcançados. Nele está observado que o

projeto de implantação do MPT é pioneiro e inovador, já que se trata da utilização desta

metodologia em uma empresa de distribuição de energia elétrica.

Ressalta-se, neste relatório, como resultado, o desenvolvimento de um guia de

Planejamento para Implantação do Pilar Manutenção Autônoma – PMA (elaborado em vinte e

cinco reuniões de trabalho e carga horária de 395 homem-hora), em meio digital,

compreendendo: Apresentação; Anexo 1 – Plano de Ação, Anexo 2 – Matriz de Habilidades

em meio digital, Anexo 3 – Atividades dos Operadores, Anexo 4 – Relação dos Equipamentos

da Subestação João Pessoa, Anexo 5 – Critérios para Classificação dos Equipamentos, Anexo

6 – Critérios para Auditagens, Anexo 7 – Classificação dos Equipamentos, Anexo 8 –

Formulários para Auditagens, Anexo 9 – Normas de Execução de Manutenções Autônomas,

Anexo 10 – Norma de Limpeza e Verificações, e Anexo 11 – Plano Diretor (Plano de

implantação do PMA ao longo de 2005).

Destaca-se, como informação importante, que o período de implantação dos 8S na

empresa ocorreu no período de março/2004 a abril/2005. Verifica-se também que consta no

relatório a informação de que a concessionária conta com um pequeno grupo de colaboradores

capacitados a desenvolverem o efeito multiplicador, durante a continuação dos trabalhos,

grupo este lotado na Diretoria Técnica.

166

Porém, ainda consta neste relatório que, por razões de escassez de recursos, nos dois

anos iniciais, o Programa MPT não foi dotado de estrutura organizacional suficiente, em

especial no que se refere a uma Secretaria Geral Executiva, com pessoal lotado em caráter

permanente e exclusivo.

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