UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA UFPB · de Línguas Clássicas e Vérnaculas da Universidade...

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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA UFPB CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS LETRAS E ARTES CCHLA DEPARTAMENTO DE LÍNGUAS CLÁSSÍCAS E VERNÁCULASDLCV RECRIANDO HISTÓRIAS: TRABALHANDO COM CONTOS NO CRC COSTA E SILVA MARIA CRISTHIANE ALVES ESTEVÃO Orientadora: Prof. Dra. Raquel Basílio da Cunha Dias de Melo. João Pessoa 204

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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA – UFPB

CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS LETRAS E ARTES – CCHLA

DEPARTAMENTO DE LÍNGUAS CLÁSSÍCAS E VERNÁCULAS– DLCV

RECRIANDO HISTÓRIAS: TRABALHANDO COM CONTOS NO CRC COSTA

E SILVA

MARIA CRISTHIANE ALVES ESTEVÃO

Orientadora: Prof. Dra. Raquel Basílio da Cunha Dias de Melo.

João Pessoa

20 4

2

UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA – UFPB

CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS LETRAS E ARTES – CCHLA

DEPARTAMENTO DE LÍNGUAS CLÁSSÍCAS E VERNÁCULAS– DLCV

MARIA CRISTHIANE ALVES ESTEVÃO

RECRIANDO HISTÓRIAS: TRABALHANDO COM CONTOS NO CRC COSTA

E SILVA

Trabalho de Conclusão de Curso submetido ao Departamento

de Línguas Clássicas e Vérnaculas da Universidade Federal da

Paraíba como requisito parcial para a obtenção do Grau em

Licenciatura em Letras Português.

Orientadora: Prof. Dra. Raquel Basílio da Cunha Dias de

Melo.

João Pessoa

20 4

Catalogação da Publicação na Fonte.

Universidade Federal da Paraíba.

Biblioteca Setorial do Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes (CCHLA).

Estevão, Maria Cristhiane Alves.

Recriando histórias: trabalhando com contos no CRC Costa e Silva./

Maria Cristhiane Alves Estevão. - João Pessoa, 2014.

48f.

Monografia (Graduação em Letras – Língua Portuguesa) – Universidade

Federal da Paraíba - Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes.

Orientadora: Prof.ªDr.ª Raquel Basílio da Cunha Dias de Melo

1. Contação de histórias. 2. Letramento literário. 3. Narrativas curtas. 4. Contos. I. Título.

BSE-CCHLA CDU -

4

Dedico este trabalho aos alunos da escola Monteiro Lobato,

autores da história que agora eu vou contar...

AGRADECIMENTOS

Gratidão aos meus pais por todo amor e atenção que me deram durante esta vida.

Gratidão por sempre terem se preocupado com a minha formação educativa.

Gratidão aos meus demais familiares por estarem sempre presentes para ouvir meus

medos e dúvidas.

Gratidão imensa e-sincera- aos meus amigos, principalmente a Yanara, João,

Jonhatan, Talita, Ruan, João Marcos, Rebeca, Sam, Caíla, Dalva e Milene por terem me

ajudado nestes processos de trabalho, conclusão e curso.

Gratidão a todos os companheiros do Movimento Estudantil, que exerceram um

importante papel na minha formação enquanto ser humano, principalmente, nas idas e

vindas de ternos Encontros, que contrários a nós, nunca se despedem das lembranças.

Gratidão aos membros da Coordenação de Letras da UFPB, especialmente a

figura de Sérgio, seu bom humor e disponibilidade para ajudar os alunos nunca serão

esquecidos.

Gratidão aos meus professores e professoras, principalmente as figuras de

Glaucia Machado, Fátima Melo, Expedito Ferraz, Vilma Mendonça, Maria Leonor

Santos e Maria Ester Vieira, que me ensinaram durante os meus anos de graduação

muito mais do que diziam as teorias. Ensinaram que bons professores são aqueles

inspiram.

Gratidão a minha orientadora Raquel Basílio, por desde nosso primeiro contato

refletiro verdadeiro compromisso em trabalhar pela mudança na formação de novos

professores-pesquisadores. Gratidão pela sua paciência e disponibilidade em

compartilhar o seu conhecimento a cada aula, orientação, conversa. Gratidão por todos

os ensinamentos, lições que ficarão para sempre na memória

RESUMO

ESTEVÃO, Maria Cristhiane Alves. Recriando Histórias: trabalhando com contos

no CRC Costa e Silva. Trabalho de Conclusão de Curso (DCLV). Universidade

Federal da Paraíba, João Pessoa, 2014

Este trabalho apresenta uma analise das oficinas realizadas com os alunos da Escola de

Ensino Fundamental Monteiro Lobato, recebido pelo Centro de Referência e Cidadania-

CRC- localizado no bairro Costa e Silva. O projeto Recriando Histórias foi selecionado

pelo III edital de Chamamento para a Realização de Oficinas Culturais nos Bairros,

lançado pela Fundação Cultural João Pessoa-FUNJOPE, entidade subordinada a

Secretária de Educação e Cultura da capital. O principal objetivo desta pesquisa é

mostrar a contação de histórias como um espaço de acesso à leitura e à escrita. Vista

como instrumento lúdico de apropriação das práticas sociais que envolvem narrativas

curtas, o evento propõe a relação entre oralidade e escrita e o mergulho à literatura

através de clássicos infanto-juvenis, mitos e causos populares, unindo ao letramento

escolar e experiências do seu contexto familiar de letramento. O trabalho foi

fundamentado pelos estudos de Gotlib(1998) sobre teoria do conto, pelos Novos

Estudos de Letramento: Street (1984), Barton e Hamilton (2000) e Kleiman (2005).

Dentro da perspectiva do Letramento Literário fomos guiados por Cosson (2009) e

Marcuschi (2002) em relação à fala/escrita. Nossa pesquisa assume caráter qualitativo-

etnográfico, pois a pesquisadora foi também a mediadora das aulas. Nossa análise foi

feita através das anotações desta pesquisadora, de questionários coletados com a

docente que acompanhava os alunos da série escolhida e de produções textuais escrita

de três alunos, que por sua vez tiverem três textos recolhidos para a geração dos dados

demonstrados em nossa pesquisa. Através dos resultados que obtivemos na análise do

material coletado, compreendemos que os envolvidos avançaram em seu grau de

letramento após participarem dos eventos propostos, como também ressignificaram suas

práticas leitoras e escritoras. A contação de histórias, prática ancestral presente em meio

à rápida produção de inovações tecnológicas, renova-se acompanhando a transformação

e o surgimento de suportes, gêneros e temáticas. Eventos como estes tornam-se

importantes instrumentos nas mãos dos agentes de letramento para proporcionar um

mergulho à literatura clássica e popular, sem esquecer da produção de narrativas curtas,

primeiro passo para a descoberta de excelentes novos escritores. Se a literatura é a

palavra que conduz novos leitores aos livros através de outras palavras. A figura do

contador é o nosso condutor entre o passado, o presente e o futuro das nossas memórias.

Palavras-Chave: Contação de Histórias, História. Letramento, Letramento Literário,

Produção de Textos.

ABSTRACT

ESTEVÃO, Maria Cristhiane Alves. Recriando Histórias: trabalhando com contos

no CRC Costa e Silva. Trabalho de Conclusão de Curso (DCLV). Universidade

Federal da Paraíba, João Pessoa, 20

This work presents an analysis based on workshops conducted with students from

Monteiro Lobato Primary School, received by the Reference and Citizenship Center -

RCC - located in the Costa e Silva Neighborhoods. The Recreating Stories Project was

selected by the III calling announcement for Conducting Cultural Workshops in

Neighborhoods, launched by João Pessoa Cultural Foundation - FUNJOPE,

organization subordinated to Education and Culture Secretary of the capital. The main

objective of this research is to show the storytelling as an access area to reading and

writing. Seen as a ludic tool for the appropriation of social practices involving short

narratives, the event proposes the link between orality and literacy and the dive into the

classic children’s literature, myths and folk tales, uniting them to school literacy and

experiences of literacy in their family context. The work was substantiated by the Gotlib

(1998) studies on short story theory, and also by the New Literacy Studies: Street

4 , Barton and Hamilton (2000) and Kleiman (2005). Within the perspective of

Literary Literacy, we were led by Cosson (2009) and Marcuschi (2002) in relation to

speech / writing. Our research takes an ethnographic qualitative approach, for the

researcher was also the classes’ mediator. Our analysis was conducted using the notes of

this researcher, questionnaires collected with a teacher who accompanied the students

on the chosen series and written texts by three students whose texts were collected for

data generation to be shown in our research. Through the data analysis’ results, we

understand that those involved have advanced in their degree of literacy after

participating in the proposed events but also redefined their readers and writers

practices. The storytelling, this ancient practice which is still present through the rapid

production of technological innovations, renews itself watching the transformation and

emergence of media, genres and themes. Events like these are important tools in the

hands of agents of literacy in order to provide a dip into classical and popular literature,

without forgetting the production of short stories, the first step to discovering great new

writers. If literature often represents the word which leads young readers to books

through other words, the storyteller figure is our conductor through the past, the present

and the future of our memories.

Keywords: Storytelling, History. Literacy, Literary Literacy, Texts Production.

LISTA DE QUADROS

QUADRO I –Cronograma de Atividades Realizadas para a Turma

................................................................................................................... 2

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ......................................................................................................

1. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ......................................................................

CAPÍTULO II- CONTANDO A MINHA HISTÓRIA: RELATO DE CASO

EXPERIÊNCIA E GERAÇÃO DE DADOS ........................................................

2.1. CRIANDO OU RECRIANDO ........................................................................

A RECEPÇÃO DA OFICINA .........................................................................

2.3 PREPARAÇÃO E ANDAMENTO DAS NOSSAS AULAS ..........................

2.4. DESENVOLVENDO A OFICINA .................................................................

CAPITULO III – PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ...........................

3.1. COLETA DE DADOS ......................................................................................

CAPÍTULO IV–QUEM CONTA UM CONTO, AUMENTA UM PONTO ......

4.1 QUEM CONTA UM CONTO, AUMENTAUM PONTO: CONTAÇÃO DE

CARINA ..................................................................................................................

4.2. QUEM CONTA UM CONTO, AUMENTA UM PONTO: CONTAÇÃO DE

MARIA ....................................................................................................................

4.3 QUEM CONTA UM CONTO, AUMENTA UM PONTO: CONTAÇÃO DE

JOÃO ........................................................................................................................

4.4 QUEM CONTA UM CONTO, AUMENTA UM PONTO: QUESTIONÁRIO

DA PROFESSORA NAIR ......................................................................................

CONCLUSÃO ..........................................................................................................

REFERÊNCIAS ......................................................................................................

ANEXOS ..................................................................................................................

0

INTRODUÇÃO

Mesmo antes do surgimento dos primeiros registros escritos, o homem, ainda em

seu instinto primitivo lia o mundo e a si mesmo, enquanto de geração em geração as

imagens produzidas e ritos vivenciados salvaguardavam a sua memória. Seja antes dos

Griôs1– guardiões da história de suas comunidades por meio da tradição oral, ou ainda,

das Sibilas2, mulheres que recebiam o título de Sacerdotisa de Apolo e buscavam exílio

nas montanhas de Camus para que, secretamente, pudessem inventar histórias ou prever

acontecimentos futuros, o desejo de contar histórias acompanhou a humanidade desde

épocas muito remotas, através de pinturas, cantos, danças ou narrativas orais em torno

de fogueiras. Nesse sentido, podemos considerar que a contação de histórias teceu a

evolução do homem.

Tenhamos vindo de lares compostos por leitores assíduos ou por indivíduos que

não tiveram a oportunidade de frequentar por muito tempo os bancos da escola, é

comum que, ainda, crianças desenvolvam o interesse em ouvir e criar narrativas.

Independente da apresentação a elas ter se dado por meio dos livros ou pela escuta de

um enredo contado nos mais diversos momentos de descontração, participar destas

práticas são fatores imprescindíveis para iniciar o gosto pela leitura. Sobre isso,

(WESCHENFELDER apud GONÇALVES; APPEL, 2010,p. 77) aponta que:

[...] a ação de ouvir e contar histórias estimula o gosto pela leitura das

crianças, assim como o desenvolvimento da expressão e a própria escritura.

Enfatiza ainda que “os atos de contar histórias fazem parte da índole humana

tanto quanto o ato de respirar, comer, dormir”.

1O termo Griô é universalizante, porque ele é um abrasileiramento do termo Griot, que por sua vez

define um arcabouço imenso do universo da tradição oral africana. É uma corruptela da palavra

“Creole”, ou seja, Crioulo. [...] Em África, existem termos em cada grupo étnico: Dioma, Dieli, Funa,

Rafuma, Baba, Mabadi… Os primeiros povos do Brasil também reconhecem no termo Griô a definição

de um lugar social e político na comunidade para transmissão oral dos seus saberes e fazeres, a exemplo

dos Kaingang do Sul, dos Tupinambá das Aldeias Tukun e Serra Negra (BA) e os Pankararu de

Pernambuco, os Macuxi em Roraima.

2 Warner (1999) historiou a trajetória das narradoras. Apresenta Sibila, profetisa de Apolo, que, com a

expansão da cristandade refugia-se em uma gruta, exercendo as artes mágicas, uma delas, a de contar

histórias. Segundo a Autora, a gruta da Sibila “foi mencionada pela primeira vez numa lenda medieval,

não clássica: aparece no romance cavalheiresco GuerinoilMeschino, escrito por Andrea da Barberino

também chamado Andrea dei Magnabotti em .” E acrescenta que a Sibila “representa uma

sobrevivente cultural imaginária na passagem de uma era para outra.” WARNER, , p.2 -2 , .

A contação de histórias é um evento de letramento que, quando descoberto pelo

professor e inserido em suas atividades pedagógicas, passa a ser uma incrível

ferramenta para unir o letramento doméstico ao escolar, a oralidade à escrita, a leitura

de clássicos aos causos populares, ou seja, é o lúdico a serviço do compartilhamento da

memória, da afetividade e do desenvolvimento das habilidades de escuta e fala que, nem

sempre, são tão valorizadas dentro do ensino formal.

Uma das tarefas da escola, importante agência de letramento nos termos de

Kleiman (2005), tem sido proporcionar aos seus educandos o conhecimento das práticas

de linguagem, incluindo as características culturais da comunidade de fala, em que essa

está inserida. É no ambiente escolar que se desenvolvem diversas competências exigidas

para uma ativa participação em meio às demandas atuais, que podem ser para alguns

listar itens para a feira do mês ou redigir um currículo para pleitear uma vaga no

mercado de trabalho.

Um indivíduo letrado precisa saber fazer uso da escrita de modo significativo

nos eventos de letramento em que está inserido; logo saber utilizar apenas o seu uso

formal não é suficiente para torná-lo competente em todas esferas sociais

(MARCUSCHI, 2007). Para Barton as “práticas de letramento são os modos

culturais gerais de usar a leitura e a escrita que as pessoas produzem num evento de

letramento p. ”.

Partindo dessa perspectiva, entende-se que as referidas práticas de letramento

começam desde o momento em que temos o nosso primeiro contato com o universo a

nossa volta. No entanto, apesar de participarmos das chamadas práticas letradas desde

nossos primeiros anos de vida, inúmeras são as queixas dos falantes de Língua

Portuguesa quando convidados a construir uma produção textual.

Nesse sentido, tais reclamações abrangem, principalmente, cobranças quanto ao

conhecimento das regras da gramática normativa e seu uso; a não compreensão dos

textos lidos seja por questões prosódicas durante a leitura e/ou pelo desconhecimento do

vocabulário presente; e ainda a imposição da produção escrita sem adesão de práticas

significativas, bem como, a ausência do conhecimento das especificidades do que se

está sendo convidado a escrever, ou seja, o desconhecimento dos gêneros e a

incompreensão de suas funcionalidades costumam ser determinantes na formação das

práticas leitoras e escritoras destes sujeitos. Todo escritor precisa, então, saber o quê,

2

por quê e para quem se escreve, do contrário, torna-se inútil apresentar os mais variados

suportes e decorar a nomenclatura de diversos gêneros textuais.

Outro aspecto relevante está ligado, também, à promoção da literatura

enquanto prática social, uma vez que através dela, ampliamos as nossas possibilidades

de ler o mundo e a nós mesmos. Ademais, tendo em vista que a literatura “aparece

claramente como manifestação universal de todos os homens em todos os tempos”

(CÂNDIDO, 1998, p. 174), é imprescindível a sua escolarização, a fim de formar

leitores críticos e capazes de construir uma gama de significados manifestando

livremente as suas emoções. Apoderar-se, então, da literatura como direito, é um

sucessivo exercício de reflexão e percepção da complexidade do mundo. Visto que

[...] o processo que confirma no homem aqueles traços que reputamos

essenciais, como o exercício da reflexão, a aquisição do saber, a boa

disposição para com o próximo, o afinamento das emoções, a capacidade de

penetrar nos problemas da vida, o senso da beleza, a percepção da

complexidade do mundo e dos seres, o cultivo do humor. A literatura

desenvolve em nós a quota de humanidade na medida em que nos torna mais

compreensivos e abertos para a natureza, a sociedade, o semelhante

(CÂNDIDO, 1995, p. 249).

Acreditamos que práticas efetivas de letramento são construídas por meio de

diversos eventos, ou seja, por meio de atividades em que a escrita ocupe um papel

significativo ao falante, podendo estes eventos acontecerem dentro e fora do ambiente

escolar. Há crianças que crescem rodeadas por diversos gêneros que mesclam a

oralidade e a escrita (MARCUSCHI, 2007), como a piada, noticiário, receitas, causos,

canções e variados tipos do gênero conto. O que demonstra como as atividades de

linguagem são complexas e, por essa razão, solicitam que o professor desenvolva ações

em sala de aula que estejam além das observações sobre as normas gramaticais, como

argumentado anteriormente. Barton e Hamilton 2000, p. afirmaram que “há

diferentes letramentos dos quais as pessoas se utilizam, associados com diferentes

domínios da vida”. Sendo assim, é importante ainda ilustrar a influência dos demais

letramentos como o letramento doméstico citado anteriormente- como aquele aprendido

em práticas familiares por nossos alunos e o letramento literário- a provocação do

acesso à palavra por meio da literatura.

Por acreditar que é preciso ser competente nos diferentes espaços de produção

do discurso, vemos com enorme importância a capacidade de elaborar histórias durante

as mais comuns trocas verbais, os encontros com a comunidade analisada buscavam

apresentar de ferramentas didáticas que levariam os participantes envolvidos a

transformar produções textuais em atividades literárias escritas, utilizando como

estratégia, fatos ocorridos em seu cotidiano e a linguagem trazida de sua comunidade de

fala, tendo em vista que, “a literatura não nasce no vazio, mas no centro de um conjunto

de discursos vivos, compartilhando com eles numerosas características” TODOROV,

2010, p.22). Por esse motivo, a bagagem cultural que nossos alunos traziam do convívio

em suas comunidades foi um efetivo recurso na construção de suas produções literárias.

Nossa proposta baseava-se na elaboração de narrativas curtas como base para o

desenvolvimento dos enredos propostos, junto à sensibilização da leitura de diversos

autores do meio literário, dentro do recorte do gênero conto e causos populares.

Tomamos como ponto de partida para nossa pesquisa a análise de produções

textuais realizadas pelos envolvidos no projeto Recriando Histórias - Contação no CRC

Costa e Silva. O projeto aconteceu por meio de oficinas que incitavam os alunos a

elaborarem produções orais e escritas, dentro do gênero conto. Ressaltamos a

importância de introduzir atividades como contaçãodehistórias,rodas de conversa e

leitura em suportes escritos para o exercício do diálogo da turma com os textos lidos na

oficina. O desenvolvimento de práticas como estas são o primeiro passo para a

valorização da oralidade e da escuta. Sendo essas, competências, muitas

vezes,invisibilizadas no ambiente escolar. Para combater o apagamento de tais

habilidades, o PCN do Ensino Fundamental traz a seguinte orientação:

[...] utilizar-se da linguagem na escuta e produção de textos orais e na leitura

e produção de textos escritos de modo a atender as múltiplas demandas

sociais, responder a diferentes propósitos comunicativos e expressivos, e

considerar as diferentes condições de produção do discurso (PCN-EF, 1999,

p. 33).

O principal objetivo desta pesquisa é mostrar a contação de histórias como um

espaço de acesso à leitura e à escrita. Vista como instrumento lúdico de apropriação das

práticas sociais que envolvem narrativas curtas, o evento propõe a relação entre

oralidade e escrita e o mergulho à literatura através de clássicos infanto-juvenis, mitos e

causos populares, unindo ao letramento escolar e experiências do seu contexto familiar

de letramento.

A pesquisa foi organizada a fim de verificar a influência da Oficina de contação

de histórias no desenvolvimento do grau de letramento dos envolvidos após escolher

três atividades de três alunos que apresentavam comportamentos e diferentes formas de

participação nas atividades orais e escritas. Os efeitos são descritos nos capítulos

4

abaixo, entretanto, adiantamos que todos estes avançaram em seu grau de letramento

com os eventos propostos e ressignificaram as suas práticas leitoras.

1. Fundamentação Teórica

Ao utilizarmos contos clássicos do universo infanto-juvenil, como também da

cultura popular regional nordestina, proporcionamos uma imersão dos participantes

envolvidos nessas práticas leitoras no que chamamos de ambiente letrado. No momento

em que nos apropriamos da literatura também como prática social situada,incitamos nos

participantes dos eventos de letramento propostos, momentos de liberdade interpretativa

para que a compreensão textual seja formada a partir do contato aluno-mediador-texto.

O texto literário na mão do agente de letramento, por meio da leitura oralizada ou da

contação de histórias, é um importante instrumento de interação e autodescoberta, cabe

ao mediador o cuidado de não direcionar a interpretação dos textos lidos à sua visão

pessoal, mas sim construir coletivamente a leitura, a fim de formar leitores da

contaminação de uma única leitura literária, a leitura do professor. Sobre essa prática,

atenta-nos Todorov 20 0, p. “ensinamos nossas próprias teorias acerca de uma obra

em vez de abordar a própria obra em si mesma”.

Dentre os gêneros textuais que compõem a literatura, podemos destacar o conto

como uma narrativa curta e de criação inicialmente espontânea. Por se fazer presente na

maioria dos livros didáticos, ele é escolhido em demasia pelos que estão em de aula,

ainda nos anos iniciais da escola. O termo contar tem origem na palavra latina

computare, que significa relatar, se tomarmos primeiramente a etimologia do verbo

acima chegaremos à conclusão de que o conto é um gênero com função de “trazer outra

vez” a história à tona, “isto é: re (outra vez) mais latum (trazido), que vem de fero (eu

trago) Por vezes é trazido outra vez por alguém foi testemunha ou teve notícia do

acontecido” GOTLIB, 0, p. 2 .

O trabalho com este gênero em sala de aula – leitura e produção – proporciona o

descobrimento também de novos autores, quando há o auxílio do mediador para o livre

transcorrer entre a ludicidade e a criatividade verbal daqueles a quem este dirige. Além

da apresentação de contos clássicos em sala de aula, é importante ressaltar a importância

do convívio dos alunos com as narrativas populares ouvidas, principalmente, em seu

ambiente doméstico. Um dos maiores pesquisadores do folclore brasileiro, o escritor

Luis da Câmara Cascudo (2002), defendia que as narrativas que os causos e contos

populares tão famosos nos dias atuais, partiram de produções anônimas e coletivas que

desde sempre representam o dia-a-dia e a espiritualidade de um povo. Dentro da

literatura infanto-juvenil clássica não podemos nos esquecer de destacar nomes como

Os Irmãos Grimm e Perrault, a quem são atribuídos grande parte de Contos de Fadas e

Contos Maravilhosos. O gênero que costuma encantar a maioria de nossas crianças, e é

difundido em remontagens teatrais ou cinematográficas, também teve o seu

aparecimento na literatura popular. Também foram iniciados pela tradição oral e

construídos ao longo do tempo coletivamente e de forma anônima. Sobre isso

Cantonapud Alberti (2006), afirma que a era Medieval, em sociedades pré-capitalistas,

habitadas por nobres e vassalos, sobrava ao povo encontrar na magia das histórias

compartilhadas, uma maneira de superar o sofrimento vivido. Era a sua forma de viver

o “foram felizes para sempre...”. Sobre isso aponta o autor supracitado:

O conto popular de magia faz parte de uma tradição oral pré-capitalista que

expressa os desejos das classes inferiores de obterem melhores condições de

vida, enquanto o tempo contos de fadas indica o advento de uma forma

literária que se apropria de elementos populares para apresentar valores e

comportamentos das classes aristocrática e burguesa. O mundo oral do conto

popular de magia é habitado de reis, rainhas, soldados e camponeses, e

raramente contem personagens da burguesia. Além disso, em suas origens, os

contos de fadas eram amorais e abordavam a luta de classes real e a

competição pelo poder, apresentando uma dura realidade de miséria, injustiça

e exploração. Atos de canibalismo, o favorecimento do primogênito, a venda

e o rapto de uma noiva, assim como a transformação de humanos em animais

ou plantas faziam parte da realidade social e das crenças de muitas

sociedades primitivas. (CANTON apud ALBERTI, 2006,p.23)

Além das questões literárias, é importante observar também a perspectiva

linguística no estudo de alguns gêneros do discurso, que permitem que percebamos a

intensa relação estabelecida entre escrita e oralidade, a exemplo do gênero escolhido

para as nossas oficinas – o gênero conto. Por muitos anos, a escola supervalorizou as

atividades que trabalhavam os gêneros escritos, colocando, por conseguinte em segundo

plano atividades com os gêneros orais. Marcuschi (2002) atenta ainda para a

importância do ensino bimodal dessas duas habilidades complementares em nossas

práticas sociais. Sobre os gêneros textuais, ele afirma que estes se tratam de entidades

sociodiscursivas e não “instrumentos estanques e enrijecedores da ação criativa”.

Caracteriza-os ainda enquanto “eventos textuais altamente maleáveis, dinâmicos e

plásticos”. Este fenômeno pode ser observado na quantidade de gêneros textuais que,

devido as inovações tecnológicas, possui número infindável se compararmos com “as

sociedades anteriores à escrita”.

Os Novos Estudos de Letramento (The New LiteracyStudie) vêm mudando a

forma como nós, professores de português, temos tratado o ensino de linguagem e

literatura na escola. Se antes as teorias linguísticas estavam centradas em práticas que

propunham um modelo autônomo (STREET, 1984), visando um aprendizado

individual, e tendo a escola como única agência de autoridade para desenvolver as

habilidades referentes à escrita. Dos anos 80 em diante, cresceu o número de linguistas e

professores que planejam as suas aulas com base no chamando modelo ideológico de

letramento, por caracterizar-se como prática social, coletiva e dependente das ideologias

vivenciadas pela sociedade em que está inserida (STREET, 1984).

Sabemos que a multiplicidade nos estágios de letramento é característica

presente em muitas salas de aula de nosso país, e mesmo aqueles que estão em processo

de alfabetização são participantes de vários outros tipos de letramento (BARTON e

HAMILTON, 2000, p. ), podemos citar como exemplo o letramento doméstico – o

religioso – muitos já estiveram em cultos, missas etc; e o semiótico – produzem, leem

imagens. Desse modo compreendemos que a todo instante estamos envolvidos por

diversas práticas letradas na sociedade contemporânea, porém, destacaremos em nosso

trabalho o letramento literário por acreditar que este contribui substancialmente para o

desenvolvimento de multiletramentos, além de ser um importante instrumento de

interação social e formação da consciência crítica.

Podemos compreender como letramento literário as práticas e os eventos sociais

que usam a literatura como instrumento para o mergulho do indivíduo no universo

letrado. O agente de letramento lança mão de textos escritos por autores populares ou

canônicos a fim de proporcionar aos seus agenciados a construção de diversos sentidos

através da interação texto-leitor. Visando a escolarização da literatura sem

descaracterizá-la enquanto arte e expressão, Cosson (2009, p. 23) nos aponta que a

questão:

[...] não é se a escola deve ou não escolarizar a literatura [...] mas sim como

fazer essa escolarização sem descaracterizá-la, sem transformá-la em um

simulacro de si mesma que mais nega do que confirma seu poder de

humanização.

Aprender fazendo é deixar à disposição do novo contista um mundo de recursos

lúdicos para desenrolar o conteúdo contado. Para os educadores que se interessam pelo

exposto neste trabalho, podem ser feitas também dinâmicas complementares à contação

das histórias escolhidas. É tarefa do agente de letramento literário “ ... tornar o mundo

compreensível transformando a sua materialidade em palavras de cores, odores, sabores

e formas intensamente humanas” COSSON, 200 b, p. . Para isto a preparação dos

eventos por meio de uma sequência básica facilitará o trabalho do professor. Para o

ensino fundamental, o autor supracitado indica que sigamos quatro passos em uma

preparação à recepção do texto que ele chama de Sequência Básica, são eles: motivação

– o aluno é preparado para a leitura do texto; introdução – apresentação física da obra e

do autor do texto; leitura – é feita a leitura [em nosso caso na maioria das vezes a

Contação] com acompanhamento dos alunos acerca de sua compreensão e interpretação

– construção de sentido por meio de inferências após a leitura, registros das inferências

e compartilhamento dos registros elaborados (COSSON, 2009, p. 65). A ordem da

sequência pode ser alterada de acordo com as necessidades do mediador. Em nosso

trabalho a adaptamos diversas vezes, por questões principalmente relacionadas ao

tempo que duravam os nossos encontros durante a semana.

CAPÍTULO II – Contando minha história: relato de experiência e geração de

dados

Em 2011, a Fundação Cultural de João Pessoa- FUNJOPE, entidade subordinada

à Secretaria de Educação e Cultura da capital paraibana, lançou o Edital intitulado

Oficina Cultural nos Bairros. O edital trazia em sua gênese propostas que ofereciam à

população atividades nas áreas de dança, música, artes visuais, artes cênicas, cultura

popular, literatura, comunicação, audiovisual, culinária e artesanato.

Os projetos selecionados passavam por análise de comissões que julgavam o seu

mérito artístico e social. Requisitos como experiência na área, qualidade técnica da

proposta inscrita e interesse sociocultural, priorizando o caráter de inclusão, eram os

principais requisitos para a aprovação dos participantes, além é claro da inclusão de

todos os documentos solicitados pelo edital (Art. 21, §1°).

Os projetos selecionados eram dirigidos a diversas faixas etárias, independente

de classe social ou grau de escolaridade, incluindo também portadores de necessidades

especiais. As oficinas deveriam exercitar “a experimentação, o compartilhamento, a

reflexão de seus conteúdos e o diálogo”, como frisa este trecho do edital:

Art.6 As propostas de Oficinas deverão ser de atividades que exercitem a

experimentação, o compartilhamento, o diálogo e a reflexão acerca dos seus

conteúdos e que possibilitem a inclusão das pessoas com deficiência (Edital

Oficinas Culturais – FUNJOPE, 20 .

No primeiro semestre de 20 , o projeto “Recriando Histórias” foi escrito, pela

proponente desta pesquisa, a fim de participar da seleção descrita acima. Recriando

Histórias é a reflexão de um primeiro projeto denominado: Contos Urbanos e Outras

Histórias, também mediado por esta professora-pesquisadora, sendo esse ainda,

selecionado pela FUNJOPE no ano de 2012. As aulas desta primeira experiência

aconteceram em duas comunidades, situadas nos seguintes bairros: Cidade Verde e

Monsenhor Magno. As crianças atendidas nestas comunidade tinham entre 09 e 11

anos, e 08 a 14 anos, respectivamente.

A partir de agora é feita a descrição do projeto selecionado para ser

realizadopelo Centro de Referência a Cidadania (CRC) e realizado com os alunos da

Escola Municipal de Ensino Fundamental Monteiro Lobato, ambos localizados no

Bairro de Costa e Silva, em João Pessoa – PB. A oficina buscava estimular nos sujeitos

envolvidos o conhecimento e a escrita de contos, através da escuta, leitura, escrita e

reescrita do gênero.

Apontaremos a seguir, detalhes dos locais que sediaram as oficinas, dos

participantes e o olhar da docente que acompanhou os eventos. Escolhemos estas

narrativas para a realização de nosso projeto por acreditarmos que a contação em roda é

um importante exemplo de prática coletiva e colaborativa, e por isso deve ser

estimulada também pela escola.

2.1 Criando ou Recriando...

A contação de histórias foi o evento de letramento escolhido como forma de

desenvolver em nossos alunos um contato sensível e afetivo com textos clássicos e

populares, e também para promover espontaneamente arte de contar e o recontar estas

narrativas. Nossas aulas eram impulsionadas pelo interesse de ampliar habilidades

leitoras e escritoras, fomentar a leitura de contistas de prestígio, apresentando aos

envolvidos instrumentos para a produção de narrativas curtas em nossos encontros. O

mote para as produçõestextuais produzidas, além dos textos trabalhados em sala,

incluíam o conhecimento trazido pela escuta do gênero conto em seus ambientes

domésticos, ressaltando as marcas de linguagem utilizadas em suas comunidades de

fala.

Com intuito de melhor dirigir a oficina, esta professora- pesquisadora

participoudo curso A arte de contar histórias, promovido pela Companhia de Teatro

Encena, com duração de 08 horas. Neste mesmo ano, também participou do Encontro

Paraibano de Contadores de Histórias, inscrevendo-se na oficina A Contação de história

no ensino fundamental - uma perspectiva deensino, com duração de 12 horas ministrada

por Maria Magdalena Rocha Araújo, especialista na área.

Contexto de produção –A recepção da oficina

Após sair o resultado da aprovação no edital, a entidade selecionada pela

coordenação pedagógica da FUNJOPE para acolher a oficina foi o Centro de Referência

e Cidadania – CRC – Costa e Silva, que é localizado na rua Dr. Arlindo Correia, s/n –

Costa e Silva. A princípio, nosso desejo era o de alcançar o número de 20 alunos com

idades de 12 a 14 anos, sendo todos estes alfabetizados. O cronograma inicial previa a

divisão das aulas em três momentos durante a semana, cada um deveria ter a duração de

duas horas.

O primeiro contato com a direção do espaço que viria sediar a proposta trouxe,

também, a primeira dificuldade a ser enfrentada: as inscrições dos participantes. Para a

nossa surpresa, a entidade que recebeu o projeto não tinha ainda turmas formadas. Por

isso, fomos junto ao diretor do centro, à procura de escolas circunvizinhas, a fim de

selecionar alunos interessados em participar de nossas ações.

Após duas semanas de divulgação na comunidade, fomos bem recebidos pelo

corpo docente da escola Monteiro Lobato, que prontamente aceitou enviar seus alunos

para a participação desta atividade extraclasse. Contudo, o atraso para o início das aulas

fez com que a data prevista para inicio, dia 14 de agosto, fosse alterada para o dia 05 de

setembro, tendo em vista o recolhimento de toda a documentação exigida para a

matrícula dos alunos envolvidos. No ato da matrícula, ficava a cargo da escola fornecer

20

autorização por escrito dos pais, Registro de Nascimento ou RG dos alunos, número da

matrícula na escola, entre outros.

Como a sede que recebeu o projeto tinha o princípio de atender o maior número

de integrantes da comunidade, a demanda acordada com as escolas foi muito além das

nossas expectativas, chegando a um número quatro vezes maior que o previsto, o que

significava grandes mudanças na metodologia proposta em nosso planejamento. Os

inscritos estavam entre o 3º e 5º ano do ensino fundamental, alguns ainda não

alfabetizados, e suas idades variavam entre 09 e 12 anos no 3º B, 10 a 14 anos no 4ºA,

10 a 13 anos no 4º B e 11 a 15 anos no 5º A, realidade diferente da planejada que visava

atender pessoas entre 12 e 14 nos.

Durante o período de setembro a dezembro de 2013, encontramos os alunos da

Escola Municipal de Ensino Fundamental Monteiro Lobato. Quanto aos horários, foram

sugeridos na reunião com as professoras da escola, as quintas-feiras das 13h – 16h e as

sextas-feiras das 09h – 11h, sendo as aulas realizadas na biblioteca do Centro de

Referência e Cidadania, que fica a alguns metros da escola em questão. Para cada turma

foi reservado era ofertada uma hora e meia de aula por semana.Entre as turmas de 3º e

5º ano, alguns alunos estavam passando pelo processo de alfabetização. As professoras

que dirigiam a turma no ensino regular participavam como ouvintes das nossas aulas.

2.3. Contexto de Produção – Preparação e andamento das nossas Aulas...

O processo de leitura e escrita de contos tem suas especificidades, entretanto,

apesar de a maioria já estar familiarizada com o gênero proposto, nosso cronograma

buscava desenvolver a escuta de, no mínimo, dois ou três textos por módulo, a fim de

aumentar dos alunos com o gênero. Durante o planejamento das nossas aulas, foi

apresentado as docentes o cronograma inicialmente entregue à coordenação pedagógica

da FUNJOPE. Este instrumento buscava contemplar diversos gêneros literários que

interessasse faixa-etária dos participantes envolvidos, a exemplo de: Contos de Fadas;

Contos de Terror; Contos de Aventura; Causos Populares e Históriasque ouço em casa.

Nesta apresentação, professoras da escola Monteiro Lobato pediram para que o

módulo Contos de Terror fosse retirado de nosso planejamento, apesar da resistência da

ministrante. O argumento utilizado para embasar esta mudança era a realidade de

violência que alguns alunos vivenciavam em sua comunidade. Sendo assim, nossa

oficina passou a ser desenvolvida em quatro fases. Nossos encontros foram preparados a

2

partir da montagem de um primeiro cronograma, que foi entregue a entidade proponente

do edital, durante a seleção das oficinas. A escolha das histórias que entrariam em nosso

repertório foi feita de acordo com os seguintes parâmetros:

a) Histórias pertencentes ao gênero proposto no trabalho, tendo em vista que se

tratam de narrativas curtas, ou seja, a duração da aula seria adequada para

narrarmos o texto escolhido.

b) Textos que representam a cultura oral, sendo estes considerados hoje clássicos

da literatura infantil e popular.

c) Textos escolhidos no decorrer da oficina para complementar as discussões que

apareciam durante os encontros.

Em nosso processo, foram trabalhados os seguintes textos: A princesa e a

Ervilha, de Hans Christian Andersen; A princesa Obstinada- Histórias da Tradição

Sufi; A princesa e a rã, de Luís Fernando Veríssimo; João e Maria- coletado pelos

Irmãos Grimm; O pequeno Polegar- versão de Charles Perrault; Os Doze Trabalhos de

Hércules, de Eurípedes; As aventuras de Pedro Malazarte, O menino, o cachorro e o

burro, O amarelo mentiroso e Por que o cachorro é inimigo de gato...e gato de rato-

todos coletados por Luís da Câmara Cascudo. Outros recursos foram utilizados durante

o processo para auxiliar nas atividades, sendo eles acessórios de vestimenta para o

momento de contação, como também música e filme.

Para melhor compreensão de como nossas aulas foram distribuídas segue a

abaixo o cronograma das aulas realizadas na turma do 4ºano A.

Quadro 1 – Cronograma de Atividades Realizadas para a Turma 4ªA

DATA HORÁRIO LOCAL

ATIVIDADES

0 0 08h–09:30h

CRC-

Costa e

Silva

1. Dinâmica de apresentação/ Dinâmica de

motivação: postos em círculo os alunos estouravam

balões que continham perguntas sobre clássicos dos

contos de fada.

22

2. Breve relato sobre a prática de contar

histórias, o autor selecionado e apresentação do

livro A princesa e a ervilha- Coleção Caixinha de

Contos. FTD

3. Contação da história selecionada.- A

princesa e a Ervilha

4. Investigação da história ouvida

5. Dinâmica da história maluca: Os

participantes seguravam um acessório usado para a

contação e em círculo continuavam uma história

ouvida- A princesa e a Ervilha- complementando a

fala do colega e recriando assim a primeira

produção textual coletiva.

0 08h–09:30h

CRC

Costa e

Silva

1. Dinâmica da história maluca: Os

participantes seguravam um acessório usado para a

contação e em círculo continuavam uma história

iniciada pela oficineira.

2. Retomada da história contada na aula

anterior.

3. Distribuição de cópias da história lida na

aula anterior e orientação para que refizessem o

final do texto trabalhado na aula passada.

4. Leitura coletiva dos novos finais das

conclusões criadas pelos alunos.

20 0

08h–09:30h

CRC-

Costa e

Silva

1. Retomada da aula passada relembrando aos

alunos das atividades realizadas.

2. Breve explicação sobre paráfrase e reconto.

3. Distribuição de cópias dos textos A princesa

obstinada de Histórias da Tradição Sufi e A

princesa e a rã, de Luís Fernando Veríssimo.

4. Resolução de uma atividade de interpretação

que pedia a comparação das diferenças e das

2

semelhanças encontradas nas três histórias.

5. Atividades para casa: A minha história- os

alunos deveriam refazer a história A princesa e a

ervilha, porém recontando à sua forma a história.

2 0

08h–09:30h

CRC

Costa e

Silva

1. Contação das histórias produzidas em casa,

de forma espontânea pelos alunos.

2. Discussão das

históriasouvidas/diferenças/semelhanças/

extrapolações.

04 0 08h –

09:30h

CRC-

Costa e

Silva

1. Dinâmica os Objetos da Caixa: de uma

caixa foram tirados alguns objetos a fim de serem

reconhecidos pelos alunos para que estes

adivinhassem que história seria contada. Entre estes

elementos estavam bonecos, doces (balas, pirulitos)

e um chapéu de bruxa.

2. Contação da história com os recursos

apresentados no primeiro ponto.

3. Distribuição de cópias do conto João e

Maria, retirados do site Baú de Histórias.

4. Distribuição de folhas de ofício, lápis de

cera e de cor para que por desenhos os alunos

expressassem o texto lido.

5. Apresentação em círculo para que

individualmente, os alunos fizessem o reconto da

história ouvida através dos desenhos por eles

elaborados.

0 08h–

09:30h

CRC-

Costa e

Silva

(Cinema)

1. No primeiro momento assistimos ao filme

Hércules, produzido pela Walt Disney, para facilitar

a compreensão do vocabulário e ambiente que

seriam encontrados na leitura da próxima aula.

0 08h– CRC-

24

09:30h Costa e

Silva

1. Retomada do filme e discussão com os

alunos das partes que eles mais gostaram.

2. Breve relato sobre as lendas e

contextualização sobre mitologia grega.

3. Distribuição de cópias e leitura da primeira

parte do livro Os doze trabalhos de Hércules da

coleção Recontar.

4. Distribuição de folhas de ofício, lápis de

cera e de cor para que por desenhos os alunos

expressassem dos textos lidos.

5. Distribuição da segunda parte do livro Os

doze trabalhos de Hércules da coleção Recontar,

para que os alunos lessem em casa

2 0

08h–

09:30h

CRC-

Costa e

Silva

1. Exposição dos desenhos feitos na aula

anterior.

2. Distribuição de cópias e leitura da terceira

parte do livro Os doze trabalhos de Hércules da

coleção Recontar.

3. Divisão dos alunos em duplas. Atividade:

em dupla os alunos deveriam modificar o final da

última história ouvida e entregar para a professora

no final da aula. Apesar de juntos escolherem o

mesmo final, cada integrante deveria entregar a sua

versão.

0 07h –

08:30h

Escola

Monteiro

Lobato

1. Distribuição dos textos corrigidos e reescrita

dos finais, com as devidas verificações dos desvios

mais comuns em aula expositiva.

2. Após a reescrita, oralmente as duplas

contavam o final que escolheram para os outros

colegas.

3. Entrega do texto reescrito a ministrante.

0 07h–08:30h Escola

Monteiro 1. Dinâmica do novelo de lã: A professora

2

Lobato começa uma história que tem como mote a mentira

e passa o novelo de lã para um aluno, cada vez que

acontecia algo na história, a oficineira batia palmas

e o novelo era passado para o próximo participante

fazendo com que rapidamente ações e outros

personagens mudassem o rumo da história.

2. Breve introdução sobre as travessuras de

Pedro Malazarte e sobre Luis Câmara Cascudo.

Distribuição de cópias e leitura do texto A árvore

que dava dinheiro- Histórias de Pedro Malazarte.

3. Roda de conversa sobre pontos principais da

história lida.

4. Formação de grupos. Distribuição das dos

textos As seis aventuras de Pedro Malazarte.

Leitura em grupo. Cada grupo escolheu junto a

professora uma das histórias para encenar na

próxima aula.

4 07h–08:30h

Escola

Monteiro

Lobato

1. Formação dos grupos da aula passada.

2. Encenação improvisada das histórias lidas.

3. Atividade para casa: “Crie mais uma

aventura de Pedro Malazarte.”

22 07h–08:30h

Escola

Monteiro

Lobato

1. Entrega da produção escrita em casa.

2. Breve fala sobre causos populares e

apresentação de dados biográficos mais detalhados

sobre Luis da Câmara Cascudo.

3. Leitura dos textos O menino, o cachorro e o

burro, O amarelo mentiroso e Por que o cachorro

é inimigo de gato...e gato de rato. Após a leitura

de cada história, em roda os alunos debatiam as

histórias lidas.

4. Atividades para casa: pesquisa de histórias

inusitadas que aconteceram com seus parentes ou

2

contadas por eles.

2 07h–08:30h

Escola

Monteiro

Lobato

Não houve aula, pois os alunos estavam em uma

gincana da escola.

0 2 07h–08:30h

Escola

Monteiro

Lobato

1. Retomada da atividade proposta na aula

anterior.

2. Escrita das histórias “coletadas” em casa.

3. Entrega para a professora.

0 07h– 8:30h

Escola

Monteiro

Lobato

1. Devolução das histórias corrigidas.

2. Discussão com aula expositiva dos desvios

gramaticais mais encontrados nos textos.

3. Reescrita dos textos devolvidos aos alunos.

4. Entrega dos textos a professora.

5. Atividade para casa: Nova Coleta de

história. A produção dessa nova história foi passada

para casa tendo em vista que o tempo da oficina

estava acabando.

2 2 07h–08:30h

Escola

Monteiro

Lobato

1. Entrega da história “coletada” em casa.

2. Contação da primeira história produzida no

dia 06/12, realizada em roda pelos alunos.

2 07h–08:30h

Escola

Monteiro

Lobato

1. Entrega da segunda produção “coletada”

pelos alunos.

2. Discussão sobre os textos/Reescrita.

3. Entrega das atividades à professora.

4. Dinâmica de encerramento.

As dificuldades para a iniciação do projeto, junto à demora do pagamento da

verba que veio para comprar os materiais utilizados, foram os pontos que mais

prejudicaram no andamento do projeto. Outro ponto a ser colocado é a má refrigeração

da sala cedida pelo CRC no início das aulas. O clima quente e o ambiente apertado da

biblioteca eram os principais responsáveis pela agitação e o cansaço dos alunos.

Além dos problemas relatados inicialmente, como inscrição de alunos e número

excedente de participantes,a falta da verba destinada à compra de material e o atraso da

2

bolsa oferecida no edital, foram pontos que atrapalharam bastante o andamento do

curso. Os materiais propostos na inscrição só puderam ser comprados após um mês e

meio do começo das aulas e o valor da primeira bolsa também só foi recebido na metade

do mês de outubro, sendo a partir de então possível adquirir materiais como caixa de

lápis de cor e de cera, canetas, lápis grafite, resmas de papel ofício, cola, cartolinas,

balões, borrachas. O acervo bibliográfico idealizado para ser comprado com esta verba

não teve sua compra autorizada, tendo em vista que não é considerado material de

consumo. Entretanto, o edital permitia a utilização dos recursos financeiros cedidos para

a cópia de textos entregues aos alunos.

A partir do mês de novembro, as aulas ministradas no CRC Costa e Silva

tiveram que ser realizadas na escola Monteiro Lobato, pois, a pedidos das professoras

que conduziam as turmas, o horário teve que ser modificado, sendo iniciado, a partir do

dia 01/11/2013, às 07:00 da manhã. Como a instituição que recebera as atividades

inicialmente só funcionava das 08:00 às 17:00, e não disponibilizava de funcionários

para abri-la no novo horário das aulas, passamos a trabalhar no ambiente frequentado

diariamente pelos alunos – sua sala de aula. Apesar da mudança de local, ficou ainda a

cargo da direção do CRC fornecer relatório e declaração comprobatória da realização

mensal das aulas, documentos exigidos pela FUNJOPE para comprovar arealizaçãoda

oficina. Outras adaptações tiveram que ser feitas no mês de dezembro, colocando duas

aulas por semana, a fim de cumprir o cronograma estabelecido, tendo em vista que a

partir do dia 15 de dezembro só os alunos que ficaram em recuperação passariam a

frequentar a escola. Os fatores citados devem ser repensados para a realização das novas

propostas de oficina. Como a prefeitura não financiou a exposição das oficinas, como

combinado em reunião, o encerramento foi feito em sala de aula, o que entristeceu a

maioria dos alunos que alimentavam as expectativas de participar do evento.

2.4. Contexto de Produção – Desenvolvendo a oficina...

Nossas aulas buscavam seguir uma sequência didática, que se aproxima da

Sequência Básica encontrada no livro Letramento Literário de autoria de RildoCosson.

Iniciávamos nosso encontro com dinâmicas de grupo, recreação ou perguntas sobre a

temática que adiante seria contada, assim preparávamos os alunos para o momento da

contação.

2

A preparação tinha duração variada, tendo em vista que as salas eram

heterogêneas e bastante agitadas. Com o tempo, a “Hora do Conto”, nome dado para o

momento da contação, tornou-se mais curta, ao passo que os alunos ficavam ansiosos

para ouvir a nova história a ser contada.

O segundo passo dos nossos encontros era marcado por uma breve fala sobre o

autor, mostrava-se o livro, os alunos observavam cores, tamanho, as imagens que ele

trazia na frente. Perguntávamos se eles já conheciam a história e pedíamos para que eles

fizessem silêncio, para logo depois iniciar a história planejada. Em algumas fases da

oficina o pedido já não era recorrente, alguns alunos ajudavam a chamar a atenção da

turma, na expectativa que a história fosse iniciada.

A oficineira buscava utilizar de um volume impresso das histórias lidas, e

passando página a página enquanto fazia a Contaçãode Histórias, mostrava aos alunos

os detalhes das narrativas contadas. Algumas aulas não contavam com exemplares

impressos, porém a história era representada por meio de objetos levados pela

ministrante, para assim compor o cenário mágico que atraia o imaginário dos ouvintes

daquela experiência compartilhada. Após ouvirem a narrativa, muitos falavam de partes

que não compreenderam no texto, ou comentavam o que receberam com surpresa

durante a escuta, muitos perguntavam sobre palavras do vocabulário que porventura

desconheciam. Finalizávamos o encontro com produção de atividades que variavam de

acordo com o planejamento, momento que contou com diversos registros: textos

escritos, orais ou produção de desenhos (cf. quadro 1).

Um aspecto incômodo, durante o desenrolar de nossa vivência, foi o fato de a

biblioteca da instituição que recebeu inicialmente o evento, como também a da escola

não possuírem os livros por nós utilizados e a FUNJOPE não dispor de verbas para a

compra de exemplares suficientes a todos os envolvidos. A forma que achamos de

contornar a situação foi a distribuição de cópias dos textos trabalhados; os alunos

recebiam a reprodução dos textos narrados, logo após a escuta da história.

Ao fim da escuta, chegava o momento de registro da atividade elaborada. De

acordo com o planejamento elaborado para a aula em questão, os alunos eram dispostos

em dupla, grupos ou dirigidos individualmente para a realização dos textos. O momento

da produção textual dos sujeitos envolvidos, seja ela oral, escrita ou pictórica era a parte

mais demorada de nossa oficina.

2

As produções de narrativas orais costumavam ser realizadas em grupo, com

complementação de histórias iniciadas pela professora-pesquisadora e o uso de objetos

ou continuação de uma história ouvida anteriormente. Histórias realizadas em dupla ou

equipe costumavam ser compartilhadas por meio da leitura oralizada, feita vezes por um

participante indicado pelo grupo ou por todos os integrantes, dependendo da dinâmica

no dia estabelecida. As produções individuais eram orientadas por aula expositiva, com

utilização de quadro negro e giz, onde era descrita a atividade a ser realizada, o que

esperávamos da produção que estava sendo orientada, as características básicas do

gênero que eles iriam produzir, etc.

Recebemos, na maioria de nossos encontros, o auxílio das professoras presentes.

Estas assistiam seus alunos, buscando resolver suas dúvidas e acompanhavam com mais

atenção os alunos especiais ou os que estavam em processo mais lento de alfabetização.

A participação destas educadoras durante o processo foi muito importante para o

desenvolvimento do nosso projeto, seu contato diário com a turma era importante para a

resolução de conflitos, estimular a participação dos mais tímidos e apontar os alunos

que apresentavam comportamento ora mais quieto, ora mais agitado, por questões que

variavam de problemas de saúde a instabilidade familiar.

CAPÍTULO III – Procedimentos Metodológicos

Boa parte dos docentes encontra dificuldades quando precisa aplicar em sala de

aula seus conhecimentos sobre pesquisa e ensino. Isso ocorre, principalmente, pela

sobrecarga de trabalho atribuída a estes, ou por não terem ainda se apropriado das

teorias metodológicas necessárias para alcançar as respostas a suas dúvidas.

Ao conhecer as ferramentas que o preparam para a reflexão de suas práticas, o

professor, agora também pesquisador, dirige sua rotina, observa com cuidado as suas

ações e interpreta os resultados obtidos das atividades estabelecidas em seu

planejamento. Desta forma, pode intervir de forma consciente e ativa no ambiente no

qual está inserido.

As pesquisas que poderão guiar professores-pesquisadores durante o seu

contínuo processo de formação, podem ser de caráter qualitativo3: quando o profissional

“procura entender, interpretar fenômenos sociais inseridos em um [determinado]

3 Pesquisas qualitativas são conhecidas como Interpretativistas e provém da tradição epistemológica.

0

contexto” BORTONI-RICARDO, 2006), ou quantitativo4: este busca o

estabelecimento de relações de causa e consequência entre os fenômenos observados.

A pesquisa que aqui fizemos reflete práticas sociais que buscam a construção

significativa de sentidos, baseamo-nos na coleta de dados realizada a partir da vivência

da professora-autora deste projeto durante a realização da oficina Recriando Histórias.

Logo, podemos afirmar que esta se trata então de uma investigação interpretativa

do tipo qualitativo- etnográfico. Tento em vista que inicialmente, o projeto buscava

compreender com este trabalho se a transformação de relatos pessoais ou a livre criação

de enredos em narrativas curtas permite o avanço no grau de letramento dos

participantes envolvidos, em práticas de letramento resultantes da contação de

histórias.

3.1 Coleta de dados

Nossa análise foi feita através de três instrumentos: as anotações desta

pesquisadora, três produções textuais escritas por três alunos que apresentavam

diferentes formas de interagir em nossas atividades de escrita e oralidade, e por fim, os

questionários coletados com a docente que acompanhava a série escolhida.

As anotações da professora-pesquisadora são partes dos relatórios produzidos

para serem entregues a FUNJOPE mensalmente, como solicitara a coordenação

pedagógica da entidade. O segundo instrumento que utilizamos para a nossa análise são

textos escritos por alunos da 4º ano A. As atividades escolhidas para fazer parte desta

análise foram:

A primeira atividade escrita, realizada no dia 13/09/2013. A

produção textual elaborada por eles faz parte de uma sequência

didática iniciada desde o nosso primeiro encontro que contou a

contação da história A princesa e a Ervilha, de Hans Christian

Andersen. Nas aulas subsequentes,os alunos ouviram/leram outras

narrativas que compunham o módulo Contos de Fadas e Contos

4Pesquisas quantitativas atingiram em maior parte as ciências exatas e são provenientes do Positivismo.

Maravilhosos5, e individualmente, elaboraram um novo final para o

conhecido conto de Andersen.

A segunda atividade que analisaremos também faz parte da sequência

do módulo citado no tópico anterior, trata-se da segunda produção

escrita6 elaborada individualmente pelos participantes.

Por fim,a última produção escrita dos nossos alunos. Esta produção

faz parte de módulo Histórias que eu ouço em casa e envolvia uma

pesquisa em seu ambiente doméstico acerca de uma história que, na

opinião dos alunos-coletores, devesse ser guardadas para posteridade.

Os critérios utilizados para a escolha da turma 4ºano A para a coleta de dados,

foram participação e frequência. As outras turmas, infelizmente, não tiveram o mesmo

número de aulas, tendo em vista que as aulas das turmas da tarde foram canceladas

devido a feriados e menor assiduidade a turma do 5ºA em nosso projeto.

A escolha dos textos analisados adiante buscou responder aos seguintes aspectos

estabelecidos pela professora-pesquisadora para a fundamentação desta pesquisa:

apresentavam segundo as observações da oficineira diferentes maneiras de interagirem

com a atividade, o que resulta nos detalhes encontrados na produção final de cada um

destes envolvidos. Os sujeitos escolhidos tem mesma idade, porém apresentavam

diferentes recepções à oficina, principalmente quanto à participação também oral no

evento de letramento. Para não expor publicamente os envolvidos todos eles apareceram

com nomes fictícios. A partir deste momento, a professora responsável pelo 4ºano A

será chamada de Nair, e os alunos de Carina, Maria e João, respectivamente.

Escolhemos os textos da aluna Carina devido a sua participação, assiduidade e

interesse em nossas atividades. Além de estar presente em todos nossos encontros,

mostrava-se sempre muito atenta e era uma das primeiras a se oferecer para começar as

dinâmicas de grupo. A aluna Maria foi escolhida por apresentar dispersão, algumas

dificuldades para concentrar-se no início da contação, assiduidade e participação nas

dinâmicas de grupo ou construção de textos coletivos. João, o último sujeito de nossa

análise, apresentava comportamento tímido, dificuldades de se colocar nas atividades

que exigiam uso da oralidade, contudo seus textos escritos apresentavam efeitos muito

criativos, a exemplo de Onomatopeias.

5 Ver quadro 1.

6 Ver quadro 1.

2

O último instrumento que iremos analisar em nossa geração de dados são os

questionários entregues a professora Nair, na primeira e última aula do nosso projeto, a

fim pudéssemos refletir sobre a sua observação acerca do desenvolvimento de nosso

trabalho.

Tendo em vista o aprendizado proposto por esta experiência, é necessário

ressaltar que a experiência aqui relatada foi imprescindível para a professora-

pesquisadora em sua formação. Esta pesquisa-ação é responsável pela mudança no olhar

da docente que tece este trabalho acerca da contação de histórias e de sua influência nos

letramentos dos agentes envolvidos, isto inclui a proponente da pesquisa.

CAPÍTULO IV – QUEM CONTA UM CONTO, AUMENTA UM PONTO.

“Tudo o que não invento é falso”.

Manuel de Barros

- Quem conta um conto, aumenta um ponto. - Contação de Carina

No primeiro encontro com os alunos do 4ºano A, foi solicitada a produção de um

novo final para a história contada em sala de aula, A Princesa e a Ervilha, de Hans

Christian Andersen. Esta foi a primeira produção textual e escrita e individual realizada

com a turma. Apresentamos nas linhas abaixo, os dados gerados a partir da

investigação dos instrumentos descritos no capítulo 3.

Na sua primeira produção, notamos que a aluna Carina ouvira atenta à

narrativa. Ela inicia seu texto do momento em que a rainha abre a porta do quarto de

hóspedes para acordara princesa, como solicitado na orientação dada aos alunos. Por sua

vez, apresenta o final de sua autoria recontando a história criada por Hans Christian

Andersen, de forma criativa e original. A princesa da contadora Carina não aceita casar

com o príncipe por já ser casada com outra pessoa.

Na segunda produção, Carina, apresenta junção de elementos que fazem parte

da construção do gênero Contos de Fadas, ao mesmo tempo em que utiliza em seu texto

a linguagem do seu ambiente de fala. Se na história original a princesa chega ao castelo

com o vestido molhado, nossa pequena-autora utiliza em seu texto uma palavra comum

no léxico das histórias populares contadas em conversas descontraídas dentro das mais

diversas comunidades de fala. A personagem de Carina chega ao castelo “toda

acabada”.

O final desta segunda produção é mais surpreendente que o da primeira. A

autora reconta o seu primeiro final, porém desta vez a personagem explica que não pode

casar, pois já está grávida de seu noivo, um príncipe da Inglaterra. O que demonstra

que a autora aponta em sua produção aspectos trazidos de sua vivência doméstica,

baseando-se em enredos comuns sobre gravidez na adolescência e casamento.

Ressaltamos ainda a fuga da fórmula comum aplicada aos contos de fadas. Se antes a

expectativa era o casamento entre a princesa e o príncipe encantando, nesta história os

dois serão apenas bons amigos.

Em sua produção final, a aluna escolheu recontar uma história que lembra o

gênero terror. Notamos que seu texto mescla características das narrativas contadas e

lidas em sala de aula, como o já visto Contos de Fadas que costumam iniciar com a

expressão “Era uma vez...” Entretanto, sua escrita também apresenta expressões típicas

4

das narrativas populares aqui do nordeste, a exemplo do adjetivo (traquina), reflexo de

um vocabulário aprendido em sua comunidade de fala.

Outro detalhe a ser ressaltado na última produção de Carina diz respeito ao próprio

enredo. Ao pular o muro da “casa mal assombrada” e andar pelo recinto, a personagem

principal assusta-se com morcegos (elemento comum em histórias de terror), porém o

perigo está no cacho de abelhas (elemento comum em histórias do cotidiano,

principalmente, em casas abandonadas de nossa cidade). A história é concluída com um

gosto de “moral da história”. Toda vez que a personagem principal passa pela casa

abandonada, lembra-se das situações desconfortáveis que passara ao entrar naquele

ambiente sem autorização dos seus familiares.

4.2 Quem conta um conto, aumenta um ponto. - Contação de Maria

A primeira atividade da aluna Maria recria o final de A princesa e a Ervilha,

dando ênfase a um detalhe da história em sua versão. A autora constrói o desfecho da

narrativa com base na indignação que a princesa sentiu pela desconfiança da rainha

acerca de sua nobreza. No final escrito por Maria, a personagem vai para outro país e

encontra outro pretendente. Notemos que a aluna aplica em seu texto expressões usadas

no gênero Contos de Fadas. “ ...eles viveram felizes para sempre. ”

Na segunda produção de Maria, a história começa após a desconfiança da rainha

quanto a realeza da personagem principal. Há o casamento dos protagonistas e é dado

inicio a um desenrolar de fatos inesperados: vão para uma lua de mel no Rio de Janeiro,

visitam a família, envolvem-se em um tiroteio e ao final voltam para “Viverem felizes

para sempre” na Paraíba.

A produção final feita por Maria é um relato acerca do nascimento de uma

nova criança na família. A autora expõe o quanto todos estão felizes com a notícia.

4.3 Quem conta um conto, aumenta um ponto. - Contação de João

Os textos de João encantam pela originalidade, principalmente, quando

percebemos que o autor tenta graficamente mostrar o choro da personagem, marcando

as pausas em seu texto com onomatopeias, recurso muito utilizado pelos contadores de

história durante uma performance. O aluno ainda finaliza o texto com a clássica

expressão utilizada no final dos Contos de Fadas: “ ... e foram felizes para sempre”. O

que mostra que o aluno conhece o gênero e se apropria das suas características para

incrementar a sua produção.

A segunda produção do aluno João começa de forma muito criativa. Enquanto a

história original apresenta a personagem com o vestido encharcado, o nosso novo autor

apresenta uma princesa que enfrenta uma chuva de meteoros e para se proteger pede

abrigo no castelo.

Notamos nos textos do João presença de bastante originalidade. Outro ponto a

ser ressaltado também, é a aparição de termos muito utilizados em conversas do

cotidiano, como a: “A princesa falou você é um gato”. Mais uma característica do

vocabulário adquirido por meio de seu letramento doméstico, mesclado com

características do gênero contos de fadas.

A última produção de aluno traz uma história contada por um narrador-

personagem. Notamos a presença da expressão “Era uma vez...” Um dos recursos

utilizados para avisar ao ouvinte que estamos começando uma contação.

O autor parece relatar uma experiência pessoal em seu último texto, experiência

ocorrida após uma brincadeira entre os amigos. O aluno conta a sua aventura ao tentar

resgatar uma bola de gude que parou embaixo de um caminhão. No fim da história, o

personagem não consegue pegar seu objeto e ainda quebra um dos dedos.

Nossa pesquisa demonstrou que a contação de histórias foi um influente evento

de letramento para promover práticas de leitura e escrita, antes vistas como enfadonhas

e descontextualizadas pelos participantes. Na leitura dos fragmentos acima analisados

neste Relato de Caso, comprovamos que através dos clássicos infanto-juvenis

apresentados, como também da atividade direcionada para a coleta de uma narrativa

ouvida em seu ambiente doméstico, findando em uma produção textual do gênero conto

com base na história coletada, nossos alunos, aumentaram o seu repertório de textos

literários; produziram textos orais e escritos; e utilizaram junto as características do

gênero trabalhado o vocabulário aprendido em seu ambiente familiar para enriquecer as

suas produções.

4.4 Quem conta um conto, aumenta um ponto. – Questionário Nair

Como apontado na metodologia deste trabalho, um dos instrumentos utilizados

para o desenvolvimento de nossa pesquisa foi a entrega de questionários à docente

responsável pela turma, com o objetivo de averiguar a percepção da professora acerca

do desenvolvimento do letramento literário dos alunos antes e após a realização das

oficinas. A professora que contribuiu ao nosso objeto de pesquisa está em sala de aula

há 27 anos e afirma que as atividades de leitura na turma eram feitas diariamente sob

sua direção.

Gêneros a exemplo de cordel, poema, conto, notícia, reportagem, crônica,

debate, canção e a carta. Sobre a frequência e acesso dos alunos à biblioteca, foi

afirmado que eles iam ao localduas vezes por semana, e que se tratava de um ambiente

alegre e agradável. De fato, a oficineira presenciou as crianças manuseando livros

vindos da biblioteca, entretanto, o ambiente não passava essa leveza e alegria relatada

pela docente, além das atividades de leitura não terem sido propostas neste ambiente, o

que seria bastante favorável para o desenvolvimento do letramento literário dos

envolvidos, tendo em vista que estariam expostos aos ares trazidos pelas estantes

repletas de livros.

O segundo questionário aplicado apresentou respostas pouco objetivas para a

nossa análise. A professora afirma que os alunos mostravam-se interessados nas aulas

de contação, que comentavam sobre esta atividade durante o restante da semana. Foi

apontada ainda a importância da valorização do conhecimento prévio dos alunos

proposto por nosso evento de letramento:

Os dados aqui coletados demonstram que a contação de histórias é um meio

eficiente de trabalhar o letramento literário, por levar nossos alunos a conhecer as

palavras por meio de outras palavras.

CONCLUSÃO

Por vivermos inseridos em um sistema político-econômico cada vez mais

preocupado com a formação técnica para atender às necessidades de um mercado de

trabalho altamente competitivo, são poucos os estímulos à leitura e à produção de textos

literários, entretanto, somos todos naturalmente contadores de histórias. Nossa análise

comprovou que o evento de letramento realizado com os participantes da pesquisa,

proporcionou um sensível mergulho no universo das narrativas curtas para os

envolvidos. Compreendemos que a oficina realizada com os alunos da escola Monteiro

Lobato fez com que estes realizassem leituras significativas e relatassem em meio a

enredos fictícios e outros momentos lúdicos a vivência real daquela comunidade.

Através dos resultados que obtivemos na análise do material coletado,

avançamos em nosso grau de letramento literário, desde o inicio do Projeto Recriando

Histórias- Trabalhando com contos no CRC- Costa e Silva, pois não só os alunos

ressignificaram as suas práticas de letramento, professoras e também a professora-

pesquisadora ampliou a sua compreensão acerca do gênero conto. Apesar das técnicas

aprendidas, do planejamento para elaborar uma boa performance para que outros se

apropriassem do conteúdo desenvolvido, eram durante as aulas que aconteciam os

enredos presentes para sempre na lembrança de quem as histórias contou.

eventos significativos de letramento, que levaram os envolvidos a conhecer com prazer

contistas de prestígio, ato que incentivou o inicio da formação de leitores críticos e

conscientes. Este gênero que perpassa tradições e caminha entre a escrita e a oralidade

mostrou-se, em nossa experiência, um efetivo instrumento para imersão em práticas de

leitura e produção de textos. O trabalho com narrativas, a exemplo do conto, aproxima o

erudito e o popular, o encanto e o medo, o antigo e o novo. E é por acreditar na figura

do contador de histórias como um condutor entre o passado, o presente e o futuro no

trem da memória, que destacamos o evento de letramento aqui realizado como uma

imprescindível ferramenta nas mãos de todos os agentes de letramento, que utilizando

histórias ditas clássicas e populares, podem promover além de um maior contato com a

literatura, aproximando o letramento doméstico do escolar, os gêneros orais dos

escritos, as características comuns ao gêneros trabalhados ao vocabulário descontraído

trazido das comunidades de fala dos alunos participantes.

Nossa curta experiência nesta comunidade tão acolhedora nos

proporcionou uma coleta incrível de valioso material que poderá ser utilizado em outras

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pesquisas, principalmente, sobre a investigação da relação entre literatura, escrita e

oralidade. Por isso ressaltamos a importância de trabalhos nesta área, pois acreditamos

que pesquisas assim produzem novos leitores, escritores, coletores e contadores,e

principalmente, guardadores da memória.

4

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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WARNER, Marina. Da fera à loira: sobre contos de fadas e seus narradores. Tradução

de Thelma Médici Nóbrega. São Paulo: Companhia das Letras, 1999.

4

ANEXOS

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4

4

4

4

4

0

2

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Projeto Recriando Histórias

Proponente: Maria Cristhiane Alves Estevão

Questionário para a coleta de dados

1. Quais são as dificuldades que você sente quando trabalha a leitura em sala de aula?

R: Falta de atenção e concentração por parte de alguns alunos.

2. Seus alunos tem se interessado mais por atividades que envolvem os gêneros orais?

R: Sim

3. Com o início do nosso trabalho você percebeu mudanças no desenvolvimento das

habilidades leitoras de seus alunos?

R: Sim.

4. Com o início do nosso trabalho em sua aula houve melhora no desenvolvimento das

habilidades de escrita dos seus alunos?

R.Sim.

5. Você percebeu maior interesse pela leitura durante as aulas que aconteceram em

outros dias da semana, ou seja, sem a presença da oficineira?

R: Sim.

6. Você percebeu maior interesse nasatividades que envolviam gêneros textuais

escritos?

R.Houve algumas dificuldades.

7. Você observou melhoria no rendimento ou maior participação dos alunos que

pareciam ser menos interessados nas aulas depois do inicio do Projeto Recriando

Histórias?

R.Sim.

8. Quanto aos alunos que estavam em processo de alfabetização você percebeu algum

desenvolvimento após a entrada do projeto em suas aulas? De que tipo?

R.Sim. Houve interesse, motivação e incentivo, reforçando cada vez mais o que estava

sendo desenvolvido em sala de aula.

9. Qual a sua opinião a cerca dos textos escolhidos para trabalhara contação de histórias

durante os nossos encontros?

R.Achei interessante,pois a maioria dos alunos comentaram no decorrer das aulas.

0. O projeto aumentou a frequência dos alunos à biblioteca da escola?

R.Como eles já frequentavam a biblioteca da escola, o projeto veio a incentivar cada vez

mais.

11. Após o termino do projeto como você vê a contação de histórias em sala de

aula? Pretende trabalhar com este evento de letramento em suas próximas turmas?

R.Eu vejo a contação de histórias em sala de aula, com um olhar clínico

psicopedagógico, afetivo, motivador, incentivador e acolhedor, onde o cenário e a

dinâmica na sala de aula, contribuem muito para a aprendizagem dos alunos, onde cada

um, tem a oportunidade de interpretar, criar, contar, recontar e escrever

histórias interessantes,concluindo com a publicação de textos escritos por eles.

Eu pretendo continuar trabalhando com contação de história na minha próxima turma.

13. Como você avalia a atenção e o interesse dos alunos quandoproduzem

feito as atividades orientadas na oficina?

R.Eu avalio a atenção, quando eles estão concentrados na leitura do texto, na leitura

da contação de história e o interesse, quando eles fazem perguntas e querem saber a

ortografia correta das palavras, para não errar.

14. Para você qual a importância destas atividades para o letramento literário dos

envolvidos e a preservação da tradição oral?

R.É muito importante porque resgata as origens, o conhecimento prévio que eles

trazem de fora para dentro da escola, a história de vida de cada um, a história de um

vizinho, da rua onde morou quando criança, o bairro, a cidade, as pessoas, sendo assim,

publicado em textos escritos pelos alunos.

15. Em sua opinião que efeito causa ao alunado a proposta da publicação dos textos

escritos pelos alunos?

Eles ficarão muito felizes e curiosos para ver sua publicação e comentar com os colegas

e familiares.