UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA UFPB · de Línguas Clássicas e Vérnaculas da Universidade...
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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA – UFPB
CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS LETRAS E ARTES – CCHLA
DEPARTAMENTO DE LÍNGUAS CLÁSSÍCAS E VERNÁCULAS– DLCV
RECRIANDO HISTÓRIAS: TRABALHANDO COM CONTOS NO CRC COSTA
E SILVA
MARIA CRISTHIANE ALVES ESTEVÃO
Orientadora: Prof. Dra. Raquel Basílio da Cunha Dias de Melo.
João Pessoa
20 4
2
UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA – UFPB
CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS LETRAS E ARTES – CCHLA
DEPARTAMENTO DE LÍNGUAS CLÁSSÍCAS E VERNÁCULAS– DLCV
MARIA CRISTHIANE ALVES ESTEVÃO
RECRIANDO HISTÓRIAS: TRABALHANDO COM CONTOS NO CRC COSTA
E SILVA
Trabalho de Conclusão de Curso submetido ao Departamento
de Línguas Clássicas e Vérnaculas da Universidade Federal da
Paraíba como requisito parcial para a obtenção do Grau em
Licenciatura em Letras Português.
Orientadora: Prof. Dra. Raquel Basílio da Cunha Dias de
Melo.
João Pessoa
20 4
Catalogação da Publicação na Fonte.
Universidade Federal da Paraíba.
Biblioteca Setorial do Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes (CCHLA).
Estevão, Maria Cristhiane Alves.
Recriando histórias: trabalhando com contos no CRC Costa e Silva./
Maria Cristhiane Alves Estevão. - João Pessoa, 2014.
48f.
Monografia (Graduação em Letras – Língua Portuguesa) – Universidade
Federal da Paraíba - Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes.
Orientadora: Prof.ªDr.ª Raquel Basílio da Cunha Dias de Melo
1. Contação de histórias. 2. Letramento literário. 3. Narrativas curtas. 4. Contos. I. Título.
BSE-CCHLA CDU -
4
Dedico este trabalho aos alunos da escola Monteiro Lobato,
autores da história que agora eu vou contar...
AGRADECIMENTOS
Gratidão aos meus pais por todo amor e atenção que me deram durante esta vida.
Gratidão por sempre terem se preocupado com a minha formação educativa.
Gratidão aos meus demais familiares por estarem sempre presentes para ouvir meus
medos e dúvidas.
Gratidão imensa e-sincera- aos meus amigos, principalmente a Yanara, João,
Jonhatan, Talita, Ruan, João Marcos, Rebeca, Sam, Caíla, Dalva e Milene por terem me
ajudado nestes processos de trabalho, conclusão e curso.
Gratidão a todos os companheiros do Movimento Estudantil, que exerceram um
importante papel na minha formação enquanto ser humano, principalmente, nas idas e
vindas de ternos Encontros, que contrários a nós, nunca se despedem das lembranças.
Gratidão aos membros da Coordenação de Letras da UFPB, especialmente a
figura de Sérgio, seu bom humor e disponibilidade para ajudar os alunos nunca serão
esquecidos.
Gratidão aos meus professores e professoras, principalmente as figuras de
Glaucia Machado, Fátima Melo, Expedito Ferraz, Vilma Mendonça, Maria Leonor
Santos e Maria Ester Vieira, que me ensinaram durante os meus anos de graduação
muito mais do que diziam as teorias. Ensinaram que bons professores são aqueles
inspiram.
Gratidão a minha orientadora Raquel Basílio, por desde nosso primeiro contato
refletiro verdadeiro compromisso em trabalhar pela mudança na formação de novos
professores-pesquisadores. Gratidão pela sua paciência e disponibilidade em
compartilhar o seu conhecimento a cada aula, orientação, conversa. Gratidão por todos
os ensinamentos, lições que ficarão para sempre na memória
RESUMO
ESTEVÃO, Maria Cristhiane Alves. Recriando Histórias: trabalhando com contos
no CRC Costa e Silva. Trabalho de Conclusão de Curso (DCLV). Universidade
Federal da Paraíba, João Pessoa, 2014
Este trabalho apresenta uma analise das oficinas realizadas com os alunos da Escola de
Ensino Fundamental Monteiro Lobato, recebido pelo Centro de Referência e Cidadania-
CRC- localizado no bairro Costa e Silva. O projeto Recriando Histórias foi selecionado
pelo III edital de Chamamento para a Realização de Oficinas Culturais nos Bairros,
lançado pela Fundação Cultural João Pessoa-FUNJOPE, entidade subordinada a
Secretária de Educação e Cultura da capital. O principal objetivo desta pesquisa é
mostrar a contação de histórias como um espaço de acesso à leitura e à escrita. Vista
como instrumento lúdico de apropriação das práticas sociais que envolvem narrativas
curtas, o evento propõe a relação entre oralidade e escrita e o mergulho à literatura
através de clássicos infanto-juvenis, mitos e causos populares, unindo ao letramento
escolar e experiências do seu contexto familiar de letramento. O trabalho foi
fundamentado pelos estudos de Gotlib(1998) sobre teoria do conto, pelos Novos
Estudos de Letramento: Street (1984), Barton e Hamilton (2000) e Kleiman (2005).
Dentro da perspectiva do Letramento Literário fomos guiados por Cosson (2009) e
Marcuschi (2002) em relação à fala/escrita. Nossa pesquisa assume caráter qualitativo-
etnográfico, pois a pesquisadora foi também a mediadora das aulas. Nossa análise foi
feita através das anotações desta pesquisadora, de questionários coletados com a
docente que acompanhava os alunos da série escolhida e de produções textuais escrita
de três alunos, que por sua vez tiverem três textos recolhidos para a geração dos dados
demonstrados em nossa pesquisa. Através dos resultados que obtivemos na análise do
material coletado, compreendemos que os envolvidos avançaram em seu grau de
letramento após participarem dos eventos propostos, como também ressignificaram suas
práticas leitoras e escritoras. A contação de histórias, prática ancestral presente em meio
à rápida produção de inovações tecnológicas, renova-se acompanhando a transformação
e o surgimento de suportes, gêneros e temáticas. Eventos como estes tornam-se
importantes instrumentos nas mãos dos agentes de letramento para proporcionar um
mergulho à literatura clássica e popular, sem esquecer da produção de narrativas curtas,
primeiro passo para a descoberta de excelentes novos escritores. Se a literatura é a
palavra que conduz novos leitores aos livros através de outras palavras. A figura do
contador é o nosso condutor entre o passado, o presente e o futuro das nossas memórias.
Palavras-Chave: Contação de Histórias, História. Letramento, Letramento Literário,
Produção de Textos.
ABSTRACT
ESTEVÃO, Maria Cristhiane Alves. Recriando Histórias: trabalhando com contos
no CRC Costa e Silva. Trabalho de Conclusão de Curso (DCLV). Universidade
Federal da Paraíba, João Pessoa, 20
This work presents an analysis based on workshops conducted with students from
Monteiro Lobato Primary School, received by the Reference and Citizenship Center -
RCC - located in the Costa e Silva Neighborhoods. The Recreating Stories Project was
selected by the III calling announcement for Conducting Cultural Workshops in
Neighborhoods, launched by João Pessoa Cultural Foundation - FUNJOPE,
organization subordinated to Education and Culture Secretary of the capital. The main
objective of this research is to show the storytelling as an access area to reading and
writing. Seen as a ludic tool for the appropriation of social practices involving short
narratives, the event proposes the link between orality and literacy and the dive into the
classic children’s literature, myths and folk tales, uniting them to school literacy and
experiences of literacy in their family context. The work was substantiated by the Gotlib
(1998) studies on short story theory, and also by the New Literacy Studies: Street
4 , Barton and Hamilton (2000) and Kleiman (2005). Within the perspective of
Literary Literacy, we were led by Cosson (2009) and Marcuschi (2002) in relation to
speech / writing. Our research takes an ethnographic qualitative approach, for the
researcher was also the classes’ mediator. Our analysis was conducted using the notes of
this researcher, questionnaires collected with a teacher who accompanied the students
on the chosen series and written texts by three students whose texts were collected for
data generation to be shown in our research. Through the data analysis’ results, we
understand that those involved have advanced in their degree of literacy after
participating in the proposed events but also redefined their readers and writers
practices. The storytelling, this ancient practice which is still present through the rapid
production of technological innovations, renews itself watching the transformation and
emergence of media, genres and themes. Events like these are important tools in the
hands of agents of literacy in order to provide a dip into classical and popular literature,
without forgetting the production of short stories, the first step to discovering great new
writers. If literature often represents the word which leads young readers to books
through other words, the storyteller figure is our conductor through the past, the present
and the future of our memories.
Keywords: Storytelling, History. Literacy, Literary Literacy, Texts Production.
LISTA DE QUADROS
QUADRO I –Cronograma de Atividades Realizadas para a Turma
................................................................................................................... 2
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ......................................................................................................
1. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ......................................................................
CAPÍTULO II- CONTANDO A MINHA HISTÓRIA: RELATO DE CASO
EXPERIÊNCIA E GERAÇÃO DE DADOS ........................................................
2.1. CRIANDO OU RECRIANDO ........................................................................
A RECEPÇÃO DA OFICINA .........................................................................
2.3 PREPARAÇÃO E ANDAMENTO DAS NOSSAS AULAS ..........................
2.4. DESENVOLVENDO A OFICINA .................................................................
CAPITULO III – PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ...........................
3.1. COLETA DE DADOS ......................................................................................
CAPÍTULO IV–QUEM CONTA UM CONTO, AUMENTA UM PONTO ......
4.1 QUEM CONTA UM CONTO, AUMENTAUM PONTO: CONTAÇÃO DE
CARINA ..................................................................................................................
4.2. QUEM CONTA UM CONTO, AUMENTA UM PONTO: CONTAÇÃO DE
MARIA ....................................................................................................................
4.3 QUEM CONTA UM CONTO, AUMENTA UM PONTO: CONTAÇÃO DE
JOÃO ........................................................................................................................
4.4 QUEM CONTA UM CONTO, AUMENTA UM PONTO: QUESTIONÁRIO
DA PROFESSORA NAIR ......................................................................................
CONCLUSÃO ..........................................................................................................
REFERÊNCIAS ......................................................................................................
ANEXOS ..................................................................................................................
0
INTRODUÇÃO
Mesmo antes do surgimento dos primeiros registros escritos, o homem, ainda em
seu instinto primitivo lia o mundo e a si mesmo, enquanto de geração em geração as
imagens produzidas e ritos vivenciados salvaguardavam a sua memória. Seja antes dos
Griôs1– guardiões da história de suas comunidades por meio da tradição oral, ou ainda,
das Sibilas2, mulheres que recebiam o título de Sacerdotisa de Apolo e buscavam exílio
nas montanhas de Camus para que, secretamente, pudessem inventar histórias ou prever
acontecimentos futuros, o desejo de contar histórias acompanhou a humanidade desde
épocas muito remotas, através de pinturas, cantos, danças ou narrativas orais em torno
de fogueiras. Nesse sentido, podemos considerar que a contação de histórias teceu a
evolução do homem.
Tenhamos vindo de lares compostos por leitores assíduos ou por indivíduos que
não tiveram a oportunidade de frequentar por muito tempo os bancos da escola, é
comum que, ainda, crianças desenvolvam o interesse em ouvir e criar narrativas.
Independente da apresentação a elas ter se dado por meio dos livros ou pela escuta de
um enredo contado nos mais diversos momentos de descontração, participar destas
práticas são fatores imprescindíveis para iniciar o gosto pela leitura. Sobre isso,
(WESCHENFELDER apud GONÇALVES; APPEL, 2010,p. 77) aponta que:
[...] a ação de ouvir e contar histórias estimula o gosto pela leitura das
crianças, assim como o desenvolvimento da expressão e a própria escritura.
Enfatiza ainda que “os atos de contar histórias fazem parte da índole humana
tanto quanto o ato de respirar, comer, dormir”.
1O termo Griô é universalizante, porque ele é um abrasileiramento do termo Griot, que por sua vez
define um arcabouço imenso do universo da tradição oral africana. É uma corruptela da palavra
“Creole”, ou seja, Crioulo. [...] Em África, existem termos em cada grupo étnico: Dioma, Dieli, Funa,
Rafuma, Baba, Mabadi… Os primeiros povos do Brasil também reconhecem no termo Griô a definição
de um lugar social e político na comunidade para transmissão oral dos seus saberes e fazeres, a exemplo
dos Kaingang do Sul, dos Tupinambá das Aldeias Tukun e Serra Negra (BA) e os Pankararu de
Pernambuco, os Macuxi em Roraima.
2 Warner (1999) historiou a trajetória das narradoras. Apresenta Sibila, profetisa de Apolo, que, com a
expansão da cristandade refugia-se em uma gruta, exercendo as artes mágicas, uma delas, a de contar
histórias. Segundo a Autora, a gruta da Sibila “foi mencionada pela primeira vez numa lenda medieval,
não clássica: aparece no romance cavalheiresco GuerinoilMeschino, escrito por Andrea da Barberino
também chamado Andrea dei Magnabotti em .” E acrescenta que a Sibila “representa uma
sobrevivente cultural imaginária na passagem de uma era para outra.” WARNER, , p.2 -2 , .
A contação de histórias é um evento de letramento que, quando descoberto pelo
professor e inserido em suas atividades pedagógicas, passa a ser uma incrível
ferramenta para unir o letramento doméstico ao escolar, a oralidade à escrita, a leitura
de clássicos aos causos populares, ou seja, é o lúdico a serviço do compartilhamento da
memória, da afetividade e do desenvolvimento das habilidades de escuta e fala que, nem
sempre, são tão valorizadas dentro do ensino formal.
Uma das tarefas da escola, importante agência de letramento nos termos de
Kleiman (2005), tem sido proporcionar aos seus educandos o conhecimento das práticas
de linguagem, incluindo as características culturais da comunidade de fala, em que essa
está inserida. É no ambiente escolar que se desenvolvem diversas competências exigidas
para uma ativa participação em meio às demandas atuais, que podem ser para alguns
listar itens para a feira do mês ou redigir um currículo para pleitear uma vaga no
mercado de trabalho.
Um indivíduo letrado precisa saber fazer uso da escrita de modo significativo
nos eventos de letramento em que está inserido; logo saber utilizar apenas o seu uso
formal não é suficiente para torná-lo competente em todas esferas sociais
(MARCUSCHI, 2007). Para Barton as “práticas de letramento são os modos
culturais gerais de usar a leitura e a escrita que as pessoas produzem num evento de
letramento p. ”.
Partindo dessa perspectiva, entende-se que as referidas práticas de letramento
começam desde o momento em que temos o nosso primeiro contato com o universo a
nossa volta. No entanto, apesar de participarmos das chamadas práticas letradas desde
nossos primeiros anos de vida, inúmeras são as queixas dos falantes de Língua
Portuguesa quando convidados a construir uma produção textual.
Nesse sentido, tais reclamações abrangem, principalmente, cobranças quanto ao
conhecimento das regras da gramática normativa e seu uso; a não compreensão dos
textos lidos seja por questões prosódicas durante a leitura e/ou pelo desconhecimento do
vocabulário presente; e ainda a imposição da produção escrita sem adesão de práticas
significativas, bem como, a ausência do conhecimento das especificidades do que se
está sendo convidado a escrever, ou seja, o desconhecimento dos gêneros e a
incompreensão de suas funcionalidades costumam ser determinantes na formação das
práticas leitoras e escritoras destes sujeitos. Todo escritor precisa, então, saber o quê,
2
por quê e para quem se escreve, do contrário, torna-se inútil apresentar os mais variados
suportes e decorar a nomenclatura de diversos gêneros textuais.
Outro aspecto relevante está ligado, também, à promoção da literatura
enquanto prática social, uma vez que através dela, ampliamos as nossas possibilidades
de ler o mundo e a nós mesmos. Ademais, tendo em vista que a literatura “aparece
claramente como manifestação universal de todos os homens em todos os tempos”
(CÂNDIDO, 1998, p. 174), é imprescindível a sua escolarização, a fim de formar
leitores críticos e capazes de construir uma gama de significados manifestando
livremente as suas emoções. Apoderar-se, então, da literatura como direito, é um
sucessivo exercício de reflexão e percepção da complexidade do mundo. Visto que
[...] o processo que confirma no homem aqueles traços que reputamos
essenciais, como o exercício da reflexão, a aquisição do saber, a boa
disposição para com o próximo, o afinamento das emoções, a capacidade de
penetrar nos problemas da vida, o senso da beleza, a percepção da
complexidade do mundo e dos seres, o cultivo do humor. A literatura
desenvolve em nós a quota de humanidade na medida em que nos torna mais
compreensivos e abertos para a natureza, a sociedade, o semelhante
(CÂNDIDO, 1995, p. 249).
Acreditamos que práticas efetivas de letramento são construídas por meio de
diversos eventos, ou seja, por meio de atividades em que a escrita ocupe um papel
significativo ao falante, podendo estes eventos acontecerem dentro e fora do ambiente
escolar. Há crianças que crescem rodeadas por diversos gêneros que mesclam a
oralidade e a escrita (MARCUSCHI, 2007), como a piada, noticiário, receitas, causos,
canções e variados tipos do gênero conto. O que demonstra como as atividades de
linguagem são complexas e, por essa razão, solicitam que o professor desenvolva ações
em sala de aula que estejam além das observações sobre as normas gramaticais, como
argumentado anteriormente. Barton e Hamilton 2000, p. afirmaram que “há
diferentes letramentos dos quais as pessoas se utilizam, associados com diferentes
domínios da vida”. Sendo assim, é importante ainda ilustrar a influência dos demais
letramentos como o letramento doméstico citado anteriormente- como aquele aprendido
em práticas familiares por nossos alunos e o letramento literário- a provocação do
acesso à palavra por meio da literatura.
Por acreditar que é preciso ser competente nos diferentes espaços de produção
do discurso, vemos com enorme importância a capacidade de elaborar histórias durante
as mais comuns trocas verbais, os encontros com a comunidade analisada buscavam
apresentar de ferramentas didáticas que levariam os participantes envolvidos a
transformar produções textuais em atividades literárias escritas, utilizando como
estratégia, fatos ocorridos em seu cotidiano e a linguagem trazida de sua comunidade de
fala, tendo em vista que, “a literatura não nasce no vazio, mas no centro de um conjunto
de discursos vivos, compartilhando com eles numerosas características” TODOROV,
2010, p.22). Por esse motivo, a bagagem cultural que nossos alunos traziam do convívio
em suas comunidades foi um efetivo recurso na construção de suas produções literárias.
Nossa proposta baseava-se na elaboração de narrativas curtas como base para o
desenvolvimento dos enredos propostos, junto à sensibilização da leitura de diversos
autores do meio literário, dentro do recorte do gênero conto e causos populares.
Tomamos como ponto de partida para nossa pesquisa a análise de produções
textuais realizadas pelos envolvidos no projeto Recriando Histórias - Contação no CRC
Costa e Silva. O projeto aconteceu por meio de oficinas que incitavam os alunos a
elaborarem produções orais e escritas, dentro do gênero conto. Ressaltamos a
importância de introduzir atividades como contaçãodehistórias,rodas de conversa e
leitura em suportes escritos para o exercício do diálogo da turma com os textos lidos na
oficina. O desenvolvimento de práticas como estas são o primeiro passo para a
valorização da oralidade e da escuta. Sendo essas, competências, muitas
vezes,invisibilizadas no ambiente escolar. Para combater o apagamento de tais
habilidades, o PCN do Ensino Fundamental traz a seguinte orientação:
[...] utilizar-se da linguagem na escuta e produção de textos orais e na leitura
e produção de textos escritos de modo a atender as múltiplas demandas
sociais, responder a diferentes propósitos comunicativos e expressivos, e
considerar as diferentes condições de produção do discurso (PCN-EF, 1999,
p. 33).
O principal objetivo desta pesquisa é mostrar a contação de histórias como um
espaço de acesso à leitura e à escrita. Vista como instrumento lúdico de apropriação das
práticas sociais que envolvem narrativas curtas, o evento propõe a relação entre
oralidade e escrita e o mergulho à literatura através de clássicos infanto-juvenis, mitos e
causos populares, unindo ao letramento escolar e experiências do seu contexto familiar
de letramento.
A pesquisa foi organizada a fim de verificar a influência da Oficina de contação
de histórias no desenvolvimento do grau de letramento dos envolvidos após escolher
três atividades de três alunos que apresentavam comportamentos e diferentes formas de
participação nas atividades orais e escritas. Os efeitos são descritos nos capítulos
4
abaixo, entretanto, adiantamos que todos estes avançaram em seu grau de letramento
com os eventos propostos e ressignificaram as suas práticas leitoras.
1. Fundamentação Teórica
Ao utilizarmos contos clássicos do universo infanto-juvenil, como também da
cultura popular regional nordestina, proporcionamos uma imersão dos participantes
envolvidos nessas práticas leitoras no que chamamos de ambiente letrado. No momento
em que nos apropriamos da literatura também como prática social situada,incitamos nos
participantes dos eventos de letramento propostos, momentos de liberdade interpretativa
para que a compreensão textual seja formada a partir do contato aluno-mediador-texto.
O texto literário na mão do agente de letramento, por meio da leitura oralizada ou da
contação de histórias, é um importante instrumento de interação e autodescoberta, cabe
ao mediador o cuidado de não direcionar a interpretação dos textos lidos à sua visão
pessoal, mas sim construir coletivamente a leitura, a fim de formar leitores da
contaminação de uma única leitura literária, a leitura do professor. Sobre essa prática,
atenta-nos Todorov 20 0, p. “ensinamos nossas próprias teorias acerca de uma obra
em vez de abordar a própria obra em si mesma”.
Dentre os gêneros textuais que compõem a literatura, podemos destacar o conto
como uma narrativa curta e de criação inicialmente espontânea. Por se fazer presente na
maioria dos livros didáticos, ele é escolhido em demasia pelos que estão em de aula,
ainda nos anos iniciais da escola. O termo contar tem origem na palavra latina
computare, que significa relatar, se tomarmos primeiramente a etimologia do verbo
acima chegaremos à conclusão de que o conto é um gênero com função de “trazer outra
vez” a história à tona, “isto é: re (outra vez) mais latum (trazido), que vem de fero (eu
trago) Por vezes é trazido outra vez por alguém foi testemunha ou teve notícia do
acontecido” GOTLIB, 0, p. 2 .
O trabalho com este gênero em sala de aula – leitura e produção – proporciona o
descobrimento também de novos autores, quando há o auxílio do mediador para o livre
transcorrer entre a ludicidade e a criatividade verbal daqueles a quem este dirige. Além
da apresentação de contos clássicos em sala de aula, é importante ressaltar a importância
do convívio dos alunos com as narrativas populares ouvidas, principalmente, em seu
ambiente doméstico. Um dos maiores pesquisadores do folclore brasileiro, o escritor
Luis da Câmara Cascudo (2002), defendia que as narrativas que os causos e contos
populares tão famosos nos dias atuais, partiram de produções anônimas e coletivas que
desde sempre representam o dia-a-dia e a espiritualidade de um povo. Dentro da
literatura infanto-juvenil clássica não podemos nos esquecer de destacar nomes como
Os Irmãos Grimm e Perrault, a quem são atribuídos grande parte de Contos de Fadas e
Contos Maravilhosos. O gênero que costuma encantar a maioria de nossas crianças, e é
difundido em remontagens teatrais ou cinematográficas, também teve o seu
aparecimento na literatura popular. Também foram iniciados pela tradição oral e
construídos ao longo do tempo coletivamente e de forma anônima. Sobre isso
Cantonapud Alberti (2006), afirma que a era Medieval, em sociedades pré-capitalistas,
habitadas por nobres e vassalos, sobrava ao povo encontrar na magia das histórias
compartilhadas, uma maneira de superar o sofrimento vivido. Era a sua forma de viver
o “foram felizes para sempre...”. Sobre isso aponta o autor supracitado:
O conto popular de magia faz parte de uma tradição oral pré-capitalista que
expressa os desejos das classes inferiores de obterem melhores condições de
vida, enquanto o tempo contos de fadas indica o advento de uma forma
literária que se apropria de elementos populares para apresentar valores e
comportamentos das classes aristocrática e burguesa. O mundo oral do conto
popular de magia é habitado de reis, rainhas, soldados e camponeses, e
raramente contem personagens da burguesia. Além disso, em suas origens, os
contos de fadas eram amorais e abordavam a luta de classes real e a
competição pelo poder, apresentando uma dura realidade de miséria, injustiça
e exploração. Atos de canibalismo, o favorecimento do primogênito, a venda
e o rapto de uma noiva, assim como a transformação de humanos em animais
ou plantas faziam parte da realidade social e das crenças de muitas
sociedades primitivas. (CANTON apud ALBERTI, 2006,p.23)
Além das questões literárias, é importante observar também a perspectiva
linguística no estudo de alguns gêneros do discurso, que permitem que percebamos a
intensa relação estabelecida entre escrita e oralidade, a exemplo do gênero escolhido
para as nossas oficinas – o gênero conto. Por muitos anos, a escola supervalorizou as
atividades que trabalhavam os gêneros escritos, colocando, por conseguinte em segundo
plano atividades com os gêneros orais. Marcuschi (2002) atenta ainda para a
importância do ensino bimodal dessas duas habilidades complementares em nossas
práticas sociais. Sobre os gêneros textuais, ele afirma que estes se tratam de entidades
sociodiscursivas e não “instrumentos estanques e enrijecedores da ação criativa”.
Caracteriza-os ainda enquanto “eventos textuais altamente maleáveis, dinâmicos e
plásticos”. Este fenômeno pode ser observado na quantidade de gêneros textuais que,
devido as inovações tecnológicas, possui número infindável se compararmos com “as
sociedades anteriores à escrita”.
Os Novos Estudos de Letramento (The New LiteracyStudie) vêm mudando a
forma como nós, professores de português, temos tratado o ensino de linguagem e
literatura na escola. Se antes as teorias linguísticas estavam centradas em práticas que
propunham um modelo autônomo (STREET, 1984), visando um aprendizado
individual, e tendo a escola como única agência de autoridade para desenvolver as
habilidades referentes à escrita. Dos anos 80 em diante, cresceu o número de linguistas e
professores que planejam as suas aulas com base no chamando modelo ideológico de
letramento, por caracterizar-se como prática social, coletiva e dependente das ideologias
vivenciadas pela sociedade em que está inserida (STREET, 1984).
Sabemos que a multiplicidade nos estágios de letramento é característica
presente em muitas salas de aula de nosso país, e mesmo aqueles que estão em processo
de alfabetização são participantes de vários outros tipos de letramento (BARTON e
HAMILTON, 2000, p. ), podemos citar como exemplo o letramento doméstico – o
religioso – muitos já estiveram em cultos, missas etc; e o semiótico – produzem, leem
imagens. Desse modo compreendemos que a todo instante estamos envolvidos por
diversas práticas letradas na sociedade contemporânea, porém, destacaremos em nosso
trabalho o letramento literário por acreditar que este contribui substancialmente para o
desenvolvimento de multiletramentos, além de ser um importante instrumento de
interação social e formação da consciência crítica.
Podemos compreender como letramento literário as práticas e os eventos sociais
que usam a literatura como instrumento para o mergulho do indivíduo no universo
letrado. O agente de letramento lança mão de textos escritos por autores populares ou
canônicos a fim de proporcionar aos seus agenciados a construção de diversos sentidos
através da interação texto-leitor. Visando a escolarização da literatura sem
descaracterizá-la enquanto arte e expressão, Cosson (2009, p. 23) nos aponta que a
questão:
[...] não é se a escola deve ou não escolarizar a literatura [...] mas sim como
fazer essa escolarização sem descaracterizá-la, sem transformá-la em um
simulacro de si mesma que mais nega do que confirma seu poder de
humanização.
Aprender fazendo é deixar à disposição do novo contista um mundo de recursos
lúdicos para desenrolar o conteúdo contado. Para os educadores que se interessam pelo
exposto neste trabalho, podem ser feitas também dinâmicas complementares à contação
das histórias escolhidas. É tarefa do agente de letramento literário “ ... tornar o mundo
compreensível transformando a sua materialidade em palavras de cores, odores, sabores
e formas intensamente humanas” COSSON, 200 b, p. . Para isto a preparação dos
eventos por meio de uma sequência básica facilitará o trabalho do professor. Para o
ensino fundamental, o autor supracitado indica que sigamos quatro passos em uma
preparação à recepção do texto que ele chama de Sequência Básica, são eles: motivação
– o aluno é preparado para a leitura do texto; introdução – apresentação física da obra e
do autor do texto; leitura – é feita a leitura [em nosso caso na maioria das vezes a
Contação] com acompanhamento dos alunos acerca de sua compreensão e interpretação
– construção de sentido por meio de inferências após a leitura, registros das inferências
e compartilhamento dos registros elaborados (COSSON, 2009, p. 65). A ordem da
sequência pode ser alterada de acordo com as necessidades do mediador. Em nosso
trabalho a adaptamos diversas vezes, por questões principalmente relacionadas ao
tempo que duravam os nossos encontros durante a semana.
CAPÍTULO II – Contando minha história: relato de experiência e geração de
dados
Em 2011, a Fundação Cultural de João Pessoa- FUNJOPE, entidade subordinada
à Secretaria de Educação e Cultura da capital paraibana, lançou o Edital intitulado
Oficina Cultural nos Bairros. O edital trazia em sua gênese propostas que ofereciam à
população atividades nas áreas de dança, música, artes visuais, artes cênicas, cultura
popular, literatura, comunicação, audiovisual, culinária e artesanato.
Os projetos selecionados passavam por análise de comissões que julgavam o seu
mérito artístico e social. Requisitos como experiência na área, qualidade técnica da
proposta inscrita e interesse sociocultural, priorizando o caráter de inclusão, eram os
principais requisitos para a aprovação dos participantes, além é claro da inclusão de
todos os documentos solicitados pelo edital (Art. 21, §1°).
Os projetos selecionados eram dirigidos a diversas faixas etárias, independente
de classe social ou grau de escolaridade, incluindo também portadores de necessidades
especiais. As oficinas deveriam exercitar “a experimentação, o compartilhamento, a
reflexão de seus conteúdos e o diálogo”, como frisa este trecho do edital:
Art.6 As propostas de Oficinas deverão ser de atividades que exercitem a
experimentação, o compartilhamento, o diálogo e a reflexão acerca dos seus
conteúdos e que possibilitem a inclusão das pessoas com deficiência (Edital
Oficinas Culturais – FUNJOPE, 20 .
No primeiro semestre de 20 , o projeto “Recriando Histórias” foi escrito, pela
proponente desta pesquisa, a fim de participar da seleção descrita acima. Recriando
Histórias é a reflexão de um primeiro projeto denominado: Contos Urbanos e Outras
Histórias, também mediado por esta professora-pesquisadora, sendo esse ainda,
selecionado pela FUNJOPE no ano de 2012. As aulas desta primeira experiência
aconteceram em duas comunidades, situadas nos seguintes bairros: Cidade Verde e
Monsenhor Magno. As crianças atendidas nestas comunidade tinham entre 09 e 11
anos, e 08 a 14 anos, respectivamente.
A partir de agora é feita a descrição do projeto selecionado para ser
realizadopelo Centro de Referência a Cidadania (CRC) e realizado com os alunos da
Escola Municipal de Ensino Fundamental Monteiro Lobato, ambos localizados no
Bairro de Costa e Silva, em João Pessoa – PB. A oficina buscava estimular nos sujeitos
envolvidos o conhecimento e a escrita de contos, através da escuta, leitura, escrita e
reescrita do gênero.
Apontaremos a seguir, detalhes dos locais que sediaram as oficinas, dos
participantes e o olhar da docente que acompanhou os eventos. Escolhemos estas
narrativas para a realização de nosso projeto por acreditarmos que a contação em roda é
um importante exemplo de prática coletiva e colaborativa, e por isso deve ser
estimulada também pela escola.
2.1 Criando ou Recriando...
A contação de histórias foi o evento de letramento escolhido como forma de
desenvolver em nossos alunos um contato sensível e afetivo com textos clássicos e
populares, e também para promover espontaneamente arte de contar e o recontar estas
narrativas. Nossas aulas eram impulsionadas pelo interesse de ampliar habilidades
leitoras e escritoras, fomentar a leitura de contistas de prestígio, apresentando aos
envolvidos instrumentos para a produção de narrativas curtas em nossos encontros. O
mote para as produçõestextuais produzidas, além dos textos trabalhados em sala,
incluíam o conhecimento trazido pela escuta do gênero conto em seus ambientes
domésticos, ressaltando as marcas de linguagem utilizadas em suas comunidades de
fala.
Com intuito de melhor dirigir a oficina, esta professora- pesquisadora
participoudo curso A arte de contar histórias, promovido pela Companhia de Teatro
Encena, com duração de 08 horas. Neste mesmo ano, também participou do Encontro
Paraibano de Contadores de Histórias, inscrevendo-se na oficina A Contação de história
no ensino fundamental - uma perspectiva deensino, com duração de 12 horas ministrada
por Maria Magdalena Rocha Araújo, especialista na área.
Contexto de produção –A recepção da oficina
Após sair o resultado da aprovação no edital, a entidade selecionada pela
coordenação pedagógica da FUNJOPE para acolher a oficina foi o Centro de Referência
e Cidadania – CRC – Costa e Silva, que é localizado na rua Dr. Arlindo Correia, s/n –
Costa e Silva. A princípio, nosso desejo era o de alcançar o número de 20 alunos com
idades de 12 a 14 anos, sendo todos estes alfabetizados. O cronograma inicial previa a
divisão das aulas em três momentos durante a semana, cada um deveria ter a duração de
duas horas.
O primeiro contato com a direção do espaço que viria sediar a proposta trouxe,
também, a primeira dificuldade a ser enfrentada: as inscrições dos participantes. Para a
nossa surpresa, a entidade que recebeu o projeto não tinha ainda turmas formadas. Por
isso, fomos junto ao diretor do centro, à procura de escolas circunvizinhas, a fim de
selecionar alunos interessados em participar de nossas ações.
Após duas semanas de divulgação na comunidade, fomos bem recebidos pelo
corpo docente da escola Monteiro Lobato, que prontamente aceitou enviar seus alunos
para a participação desta atividade extraclasse. Contudo, o atraso para o início das aulas
fez com que a data prevista para inicio, dia 14 de agosto, fosse alterada para o dia 05 de
setembro, tendo em vista o recolhimento de toda a documentação exigida para a
matrícula dos alunos envolvidos. No ato da matrícula, ficava a cargo da escola fornecer
20
autorização por escrito dos pais, Registro de Nascimento ou RG dos alunos, número da
matrícula na escola, entre outros.
Como a sede que recebeu o projeto tinha o princípio de atender o maior número
de integrantes da comunidade, a demanda acordada com as escolas foi muito além das
nossas expectativas, chegando a um número quatro vezes maior que o previsto, o que
significava grandes mudanças na metodologia proposta em nosso planejamento. Os
inscritos estavam entre o 3º e 5º ano do ensino fundamental, alguns ainda não
alfabetizados, e suas idades variavam entre 09 e 12 anos no 3º B, 10 a 14 anos no 4ºA,
10 a 13 anos no 4º B e 11 a 15 anos no 5º A, realidade diferente da planejada que visava
atender pessoas entre 12 e 14 nos.
Durante o período de setembro a dezembro de 2013, encontramos os alunos da
Escola Municipal de Ensino Fundamental Monteiro Lobato. Quanto aos horários, foram
sugeridos na reunião com as professoras da escola, as quintas-feiras das 13h – 16h e as
sextas-feiras das 09h – 11h, sendo as aulas realizadas na biblioteca do Centro de
Referência e Cidadania, que fica a alguns metros da escola em questão. Para cada turma
foi reservado era ofertada uma hora e meia de aula por semana.Entre as turmas de 3º e
5º ano, alguns alunos estavam passando pelo processo de alfabetização. As professoras
que dirigiam a turma no ensino regular participavam como ouvintes das nossas aulas.
2.3. Contexto de Produção – Preparação e andamento das nossas Aulas...
O processo de leitura e escrita de contos tem suas especificidades, entretanto,
apesar de a maioria já estar familiarizada com o gênero proposto, nosso cronograma
buscava desenvolver a escuta de, no mínimo, dois ou três textos por módulo, a fim de
aumentar dos alunos com o gênero. Durante o planejamento das nossas aulas, foi
apresentado as docentes o cronograma inicialmente entregue à coordenação pedagógica
da FUNJOPE. Este instrumento buscava contemplar diversos gêneros literários que
interessasse faixa-etária dos participantes envolvidos, a exemplo de: Contos de Fadas;
Contos de Terror; Contos de Aventura; Causos Populares e Históriasque ouço em casa.
Nesta apresentação, professoras da escola Monteiro Lobato pediram para que o
módulo Contos de Terror fosse retirado de nosso planejamento, apesar da resistência da
ministrante. O argumento utilizado para embasar esta mudança era a realidade de
violência que alguns alunos vivenciavam em sua comunidade. Sendo assim, nossa
oficina passou a ser desenvolvida em quatro fases. Nossos encontros foram preparados a
2
partir da montagem de um primeiro cronograma, que foi entregue a entidade proponente
do edital, durante a seleção das oficinas. A escolha das histórias que entrariam em nosso
repertório foi feita de acordo com os seguintes parâmetros:
a) Histórias pertencentes ao gênero proposto no trabalho, tendo em vista que se
tratam de narrativas curtas, ou seja, a duração da aula seria adequada para
narrarmos o texto escolhido.
b) Textos que representam a cultura oral, sendo estes considerados hoje clássicos
da literatura infantil e popular.
c) Textos escolhidos no decorrer da oficina para complementar as discussões que
apareciam durante os encontros.
Em nosso processo, foram trabalhados os seguintes textos: A princesa e a
Ervilha, de Hans Christian Andersen; A princesa Obstinada- Histórias da Tradição
Sufi; A princesa e a rã, de Luís Fernando Veríssimo; João e Maria- coletado pelos
Irmãos Grimm; O pequeno Polegar- versão de Charles Perrault; Os Doze Trabalhos de
Hércules, de Eurípedes; As aventuras de Pedro Malazarte, O menino, o cachorro e o
burro, O amarelo mentiroso e Por que o cachorro é inimigo de gato...e gato de rato-
todos coletados por Luís da Câmara Cascudo. Outros recursos foram utilizados durante
o processo para auxiliar nas atividades, sendo eles acessórios de vestimenta para o
momento de contação, como também música e filme.
Para melhor compreensão de como nossas aulas foram distribuídas segue a
abaixo o cronograma das aulas realizadas na turma do 4ºano A.
Quadro 1 – Cronograma de Atividades Realizadas para a Turma 4ªA
DATA HORÁRIO LOCAL
ATIVIDADES
0 0 08h–09:30h
CRC-
Costa e
Silva
1. Dinâmica de apresentação/ Dinâmica de
motivação: postos em círculo os alunos estouravam
balões que continham perguntas sobre clássicos dos
contos de fada.
22
2. Breve relato sobre a prática de contar
histórias, o autor selecionado e apresentação do
livro A princesa e a ervilha- Coleção Caixinha de
Contos. FTD
3. Contação da história selecionada.- A
princesa e a Ervilha
4. Investigação da história ouvida
5. Dinâmica da história maluca: Os
participantes seguravam um acessório usado para a
contação e em círculo continuavam uma história
ouvida- A princesa e a Ervilha- complementando a
fala do colega e recriando assim a primeira
produção textual coletiva.
0 08h–09:30h
CRC
Costa e
Silva
1. Dinâmica da história maluca: Os
participantes seguravam um acessório usado para a
contação e em círculo continuavam uma história
iniciada pela oficineira.
2. Retomada da história contada na aula
anterior.
3. Distribuição de cópias da história lida na
aula anterior e orientação para que refizessem o
final do texto trabalhado na aula passada.
4. Leitura coletiva dos novos finais das
conclusões criadas pelos alunos.
20 0
08h–09:30h
CRC-
Costa e
Silva
1. Retomada da aula passada relembrando aos
alunos das atividades realizadas.
2. Breve explicação sobre paráfrase e reconto.
3. Distribuição de cópias dos textos A princesa
obstinada de Histórias da Tradição Sufi e A
princesa e a rã, de Luís Fernando Veríssimo.
4. Resolução de uma atividade de interpretação
que pedia a comparação das diferenças e das
2
semelhanças encontradas nas três histórias.
5. Atividades para casa: A minha história- os
alunos deveriam refazer a história A princesa e a
ervilha, porém recontando à sua forma a história.
2 0
08h–09:30h
CRC
Costa e
Silva
1. Contação das histórias produzidas em casa,
de forma espontânea pelos alunos.
2. Discussão das
históriasouvidas/diferenças/semelhanças/
extrapolações.
04 0 08h –
09:30h
CRC-
Costa e
Silva
1. Dinâmica os Objetos da Caixa: de uma
caixa foram tirados alguns objetos a fim de serem
reconhecidos pelos alunos para que estes
adivinhassem que história seria contada. Entre estes
elementos estavam bonecos, doces (balas, pirulitos)
e um chapéu de bruxa.
2. Contação da história com os recursos
apresentados no primeiro ponto.
3. Distribuição de cópias do conto João e
Maria, retirados do site Baú de Histórias.
4. Distribuição de folhas de ofício, lápis de
cera e de cor para que por desenhos os alunos
expressassem o texto lido.
5. Apresentação em círculo para que
individualmente, os alunos fizessem o reconto da
história ouvida através dos desenhos por eles
elaborados.
0 08h–
09:30h
CRC-
Costa e
Silva
(Cinema)
1. No primeiro momento assistimos ao filme
Hércules, produzido pela Walt Disney, para facilitar
a compreensão do vocabulário e ambiente que
seriam encontrados na leitura da próxima aula.
0 08h– CRC-
24
09:30h Costa e
Silva
1. Retomada do filme e discussão com os
alunos das partes que eles mais gostaram.
2. Breve relato sobre as lendas e
contextualização sobre mitologia grega.
3. Distribuição de cópias e leitura da primeira
parte do livro Os doze trabalhos de Hércules da
coleção Recontar.
4. Distribuição de folhas de ofício, lápis de
cera e de cor para que por desenhos os alunos
expressassem dos textos lidos.
5. Distribuição da segunda parte do livro Os
doze trabalhos de Hércules da coleção Recontar,
para que os alunos lessem em casa
2 0
08h–
09:30h
CRC-
Costa e
Silva
1. Exposição dos desenhos feitos na aula
anterior.
2. Distribuição de cópias e leitura da terceira
parte do livro Os doze trabalhos de Hércules da
coleção Recontar.
3. Divisão dos alunos em duplas. Atividade:
em dupla os alunos deveriam modificar o final da
última história ouvida e entregar para a professora
no final da aula. Apesar de juntos escolherem o
mesmo final, cada integrante deveria entregar a sua
versão.
0 07h –
08:30h
Escola
Monteiro
Lobato
1. Distribuição dos textos corrigidos e reescrita
dos finais, com as devidas verificações dos desvios
mais comuns em aula expositiva.
2. Após a reescrita, oralmente as duplas
contavam o final que escolheram para os outros
colegas.
3. Entrega do texto reescrito a ministrante.
0 07h–08:30h Escola
Monteiro 1. Dinâmica do novelo de lã: A professora
2
Lobato começa uma história que tem como mote a mentira
e passa o novelo de lã para um aluno, cada vez que
acontecia algo na história, a oficineira batia palmas
e o novelo era passado para o próximo participante
fazendo com que rapidamente ações e outros
personagens mudassem o rumo da história.
2. Breve introdução sobre as travessuras de
Pedro Malazarte e sobre Luis Câmara Cascudo.
Distribuição de cópias e leitura do texto A árvore
que dava dinheiro- Histórias de Pedro Malazarte.
3. Roda de conversa sobre pontos principais da
história lida.
4. Formação de grupos. Distribuição das dos
textos As seis aventuras de Pedro Malazarte.
Leitura em grupo. Cada grupo escolheu junto a
professora uma das histórias para encenar na
próxima aula.
4 07h–08:30h
Escola
Monteiro
Lobato
1. Formação dos grupos da aula passada.
2. Encenação improvisada das histórias lidas.
3. Atividade para casa: “Crie mais uma
aventura de Pedro Malazarte.”
22 07h–08:30h
Escola
Monteiro
Lobato
1. Entrega da produção escrita em casa.
2. Breve fala sobre causos populares e
apresentação de dados biográficos mais detalhados
sobre Luis da Câmara Cascudo.
3. Leitura dos textos O menino, o cachorro e o
burro, O amarelo mentiroso e Por que o cachorro
é inimigo de gato...e gato de rato. Após a leitura
de cada história, em roda os alunos debatiam as
histórias lidas.
4. Atividades para casa: pesquisa de histórias
inusitadas que aconteceram com seus parentes ou
2
contadas por eles.
2 07h–08:30h
Escola
Monteiro
Lobato
Não houve aula, pois os alunos estavam em uma
gincana da escola.
0 2 07h–08:30h
Escola
Monteiro
Lobato
1. Retomada da atividade proposta na aula
anterior.
2. Escrita das histórias “coletadas” em casa.
3. Entrega para a professora.
0 07h– 8:30h
Escola
Monteiro
Lobato
1. Devolução das histórias corrigidas.
2. Discussão com aula expositiva dos desvios
gramaticais mais encontrados nos textos.
3. Reescrita dos textos devolvidos aos alunos.
4. Entrega dos textos a professora.
5. Atividade para casa: Nova Coleta de
história. A produção dessa nova história foi passada
para casa tendo em vista que o tempo da oficina
estava acabando.
2 2 07h–08:30h
Escola
Monteiro
Lobato
1. Entrega da história “coletada” em casa.
2. Contação da primeira história produzida no
dia 06/12, realizada em roda pelos alunos.
2 07h–08:30h
Escola
Monteiro
Lobato
1. Entrega da segunda produção “coletada”
pelos alunos.
2. Discussão sobre os textos/Reescrita.
3. Entrega das atividades à professora.
4. Dinâmica de encerramento.
As dificuldades para a iniciação do projeto, junto à demora do pagamento da
verba que veio para comprar os materiais utilizados, foram os pontos que mais
prejudicaram no andamento do projeto. Outro ponto a ser colocado é a má refrigeração
da sala cedida pelo CRC no início das aulas. O clima quente e o ambiente apertado da
biblioteca eram os principais responsáveis pela agitação e o cansaço dos alunos.
Além dos problemas relatados inicialmente, como inscrição de alunos e número
excedente de participantes,a falta da verba destinada à compra de material e o atraso da
2
bolsa oferecida no edital, foram pontos que atrapalharam bastante o andamento do
curso. Os materiais propostos na inscrição só puderam ser comprados após um mês e
meio do começo das aulas e o valor da primeira bolsa também só foi recebido na metade
do mês de outubro, sendo a partir de então possível adquirir materiais como caixa de
lápis de cor e de cera, canetas, lápis grafite, resmas de papel ofício, cola, cartolinas,
balões, borrachas. O acervo bibliográfico idealizado para ser comprado com esta verba
não teve sua compra autorizada, tendo em vista que não é considerado material de
consumo. Entretanto, o edital permitia a utilização dos recursos financeiros cedidos para
a cópia de textos entregues aos alunos.
A partir do mês de novembro, as aulas ministradas no CRC Costa e Silva
tiveram que ser realizadas na escola Monteiro Lobato, pois, a pedidos das professoras
que conduziam as turmas, o horário teve que ser modificado, sendo iniciado, a partir do
dia 01/11/2013, às 07:00 da manhã. Como a instituição que recebera as atividades
inicialmente só funcionava das 08:00 às 17:00, e não disponibilizava de funcionários
para abri-la no novo horário das aulas, passamos a trabalhar no ambiente frequentado
diariamente pelos alunos – sua sala de aula. Apesar da mudança de local, ficou ainda a
cargo da direção do CRC fornecer relatório e declaração comprobatória da realização
mensal das aulas, documentos exigidos pela FUNJOPE para comprovar arealizaçãoda
oficina. Outras adaptações tiveram que ser feitas no mês de dezembro, colocando duas
aulas por semana, a fim de cumprir o cronograma estabelecido, tendo em vista que a
partir do dia 15 de dezembro só os alunos que ficaram em recuperação passariam a
frequentar a escola. Os fatores citados devem ser repensados para a realização das novas
propostas de oficina. Como a prefeitura não financiou a exposição das oficinas, como
combinado em reunião, o encerramento foi feito em sala de aula, o que entristeceu a
maioria dos alunos que alimentavam as expectativas de participar do evento.
2.4. Contexto de Produção – Desenvolvendo a oficina...
Nossas aulas buscavam seguir uma sequência didática, que se aproxima da
Sequência Básica encontrada no livro Letramento Literário de autoria de RildoCosson.
Iniciávamos nosso encontro com dinâmicas de grupo, recreação ou perguntas sobre a
temática que adiante seria contada, assim preparávamos os alunos para o momento da
contação.
2
A preparação tinha duração variada, tendo em vista que as salas eram
heterogêneas e bastante agitadas. Com o tempo, a “Hora do Conto”, nome dado para o
momento da contação, tornou-se mais curta, ao passo que os alunos ficavam ansiosos
para ouvir a nova história a ser contada.
O segundo passo dos nossos encontros era marcado por uma breve fala sobre o
autor, mostrava-se o livro, os alunos observavam cores, tamanho, as imagens que ele
trazia na frente. Perguntávamos se eles já conheciam a história e pedíamos para que eles
fizessem silêncio, para logo depois iniciar a história planejada. Em algumas fases da
oficina o pedido já não era recorrente, alguns alunos ajudavam a chamar a atenção da
turma, na expectativa que a história fosse iniciada.
A oficineira buscava utilizar de um volume impresso das histórias lidas, e
passando página a página enquanto fazia a Contaçãode Histórias, mostrava aos alunos
os detalhes das narrativas contadas. Algumas aulas não contavam com exemplares
impressos, porém a história era representada por meio de objetos levados pela
ministrante, para assim compor o cenário mágico que atraia o imaginário dos ouvintes
daquela experiência compartilhada. Após ouvirem a narrativa, muitos falavam de partes
que não compreenderam no texto, ou comentavam o que receberam com surpresa
durante a escuta, muitos perguntavam sobre palavras do vocabulário que porventura
desconheciam. Finalizávamos o encontro com produção de atividades que variavam de
acordo com o planejamento, momento que contou com diversos registros: textos
escritos, orais ou produção de desenhos (cf. quadro 1).
Um aspecto incômodo, durante o desenrolar de nossa vivência, foi o fato de a
biblioteca da instituição que recebeu inicialmente o evento, como também a da escola
não possuírem os livros por nós utilizados e a FUNJOPE não dispor de verbas para a
compra de exemplares suficientes a todos os envolvidos. A forma que achamos de
contornar a situação foi a distribuição de cópias dos textos trabalhados; os alunos
recebiam a reprodução dos textos narrados, logo após a escuta da história.
Ao fim da escuta, chegava o momento de registro da atividade elaborada. De
acordo com o planejamento elaborado para a aula em questão, os alunos eram dispostos
em dupla, grupos ou dirigidos individualmente para a realização dos textos. O momento
da produção textual dos sujeitos envolvidos, seja ela oral, escrita ou pictórica era a parte
mais demorada de nossa oficina.
2
As produções de narrativas orais costumavam ser realizadas em grupo, com
complementação de histórias iniciadas pela professora-pesquisadora e o uso de objetos
ou continuação de uma história ouvida anteriormente. Histórias realizadas em dupla ou
equipe costumavam ser compartilhadas por meio da leitura oralizada, feita vezes por um
participante indicado pelo grupo ou por todos os integrantes, dependendo da dinâmica
no dia estabelecida. As produções individuais eram orientadas por aula expositiva, com
utilização de quadro negro e giz, onde era descrita a atividade a ser realizada, o que
esperávamos da produção que estava sendo orientada, as características básicas do
gênero que eles iriam produzir, etc.
Recebemos, na maioria de nossos encontros, o auxílio das professoras presentes.
Estas assistiam seus alunos, buscando resolver suas dúvidas e acompanhavam com mais
atenção os alunos especiais ou os que estavam em processo mais lento de alfabetização.
A participação destas educadoras durante o processo foi muito importante para o
desenvolvimento do nosso projeto, seu contato diário com a turma era importante para a
resolução de conflitos, estimular a participação dos mais tímidos e apontar os alunos
que apresentavam comportamento ora mais quieto, ora mais agitado, por questões que
variavam de problemas de saúde a instabilidade familiar.
CAPÍTULO III – Procedimentos Metodológicos
Boa parte dos docentes encontra dificuldades quando precisa aplicar em sala de
aula seus conhecimentos sobre pesquisa e ensino. Isso ocorre, principalmente, pela
sobrecarga de trabalho atribuída a estes, ou por não terem ainda se apropriado das
teorias metodológicas necessárias para alcançar as respostas a suas dúvidas.
Ao conhecer as ferramentas que o preparam para a reflexão de suas práticas, o
professor, agora também pesquisador, dirige sua rotina, observa com cuidado as suas
ações e interpreta os resultados obtidos das atividades estabelecidas em seu
planejamento. Desta forma, pode intervir de forma consciente e ativa no ambiente no
qual está inserido.
As pesquisas que poderão guiar professores-pesquisadores durante o seu
contínuo processo de formação, podem ser de caráter qualitativo3: quando o profissional
“procura entender, interpretar fenômenos sociais inseridos em um [determinado]
3 Pesquisas qualitativas são conhecidas como Interpretativistas e provém da tradição epistemológica.
0
contexto” BORTONI-RICARDO, 2006), ou quantitativo4: este busca o
estabelecimento de relações de causa e consequência entre os fenômenos observados.
A pesquisa que aqui fizemos reflete práticas sociais que buscam a construção
significativa de sentidos, baseamo-nos na coleta de dados realizada a partir da vivência
da professora-autora deste projeto durante a realização da oficina Recriando Histórias.
Logo, podemos afirmar que esta se trata então de uma investigação interpretativa
do tipo qualitativo- etnográfico. Tento em vista que inicialmente, o projeto buscava
compreender com este trabalho se a transformação de relatos pessoais ou a livre criação
de enredos em narrativas curtas permite o avanço no grau de letramento dos
participantes envolvidos, em práticas de letramento resultantes da contação de
histórias.
3.1 Coleta de dados
Nossa análise foi feita através de três instrumentos: as anotações desta
pesquisadora, três produções textuais escritas por três alunos que apresentavam
diferentes formas de interagir em nossas atividades de escrita e oralidade, e por fim, os
questionários coletados com a docente que acompanhava a série escolhida.
As anotações da professora-pesquisadora são partes dos relatórios produzidos
para serem entregues a FUNJOPE mensalmente, como solicitara a coordenação
pedagógica da entidade. O segundo instrumento que utilizamos para a nossa análise são
textos escritos por alunos da 4º ano A. As atividades escolhidas para fazer parte desta
análise foram:
A primeira atividade escrita, realizada no dia 13/09/2013. A
produção textual elaborada por eles faz parte de uma sequência
didática iniciada desde o nosso primeiro encontro que contou a
contação da história A princesa e a Ervilha, de Hans Christian
Andersen. Nas aulas subsequentes,os alunos ouviram/leram outras
narrativas que compunham o módulo Contos de Fadas e Contos
4Pesquisas quantitativas atingiram em maior parte as ciências exatas e são provenientes do Positivismo.
Maravilhosos5, e individualmente, elaboraram um novo final para o
conhecido conto de Andersen.
A segunda atividade que analisaremos também faz parte da sequência
do módulo citado no tópico anterior, trata-se da segunda produção
escrita6 elaborada individualmente pelos participantes.
Por fim,a última produção escrita dos nossos alunos. Esta produção
faz parte de módulo Histórias que eu ouço em casa e envolvia uma
pesquisa em seu ambiente doméstico acerca de uma história que, na
opinião dos alunos-coletores, devesse ser guardadas para posteridade.
Os critérios utilizados para a escolha da turma 4ºano A para a coleta de dados,
foram participação e frequência. As outras turmas, infelizmente, não tiveram o mesmo
número de aulas, tendo em vista que as aulas das turmas da tarde foram canceladas
devido a feriados e menor assiduidade a turma do 5ºA em nosso projeto.
A escolha dos textos analisados adiante buscou responder aos seguintes aspectos
estabelecidos pela professora-pesquisadora para a fundamentação desta pesquisa:
apresentavam segundo as observações da oficineira diferentes maneiras de interagirem
com a atividade, o que resulta nos detalhes encontrados na produção final de cada um
destes envolvidos. Os sujeitos escolhidos tem mesma idade, porém apresentavam
diferentes recepções à oficina, principalmente quanto à participação também oral no
evento de letramento. Para não expor publicamente os envolvidos todos eles apareceram
com nomes fictícios. A partir deste momento, a professora responsável pelo 4ºano A
será chamada de Nair, e os alunos de Carina, Maria e João, respectivamente.
Escolhemos os textos da aluna Carina devido a sua participação, assiduidade e
interesse em nossas atividades. Além de estar presente em todos nossos encontros,
mostrava-se sempre muito atenta e era uma das primeiras a se oferecer para começar as
dinâmicas de grupo. A aluna Maria foi escolhida por apresentar dispersão, algumas
dificuldades para concentrar-se no início da contação, assiduidade e participação nas
dinâmicas de grupo ou construção de textos coletivos. João, o último sujeito de nossa
análise, apresentava comportamento tímido, dificuldades de se colocar nas atividades
que exigiam uso da oralidade, contudo seus textos escritos apresentavam efeitos muito
criativos, a exemplo de Onomatopeias.
5 Ver quadro 1.
6 Ver quadro 1.
2
O último instrumento que iremos analisar em nossa geração de dados são os
questionários entregues a professora Nair, na primeira e última aula do nosso projeto, a
fim pudéssemos refletir sobre a sua observação acerca do desenvolvimento de nosso
trabalho.
Tendo em vista o aprendizado proposto por esta experiência, é necessário
ressaltar que a experiência aqui relatada foi imprescindível para a professora-
pesquisadora em sua formação. Esta pesquisa-ação é responsável pela mudança no olhar
da docente que tece este trabalho acerca da contação de histórias e de sua influência nos
letramentos dos agentes envolvidos, isto inclui a proponente da pesquisa.
CAPÍTULO IV – QUEM CONTA UM CONTO, AUMENTA UM PONTO.
“Tudo o que não invento é falso”.
Manuel de Barros
- Quem conta um conto, aumenta um ponto. - Contação de Carina
No primeiro encontro com os alunos do 4ºano A, foi solicitada a produção de um
novo final para a história contada em sala de aula, A Princesa e a Ervilha, de Hans
Christian Andersen. Esta foi a primeira produção textual e escrita e individual realizada
com a turma. Apresentamos nas linhas abaixo, os dados gerados a partir da
investigação dos instrumentos descritos no capítulo 3.
Na sua primeira produção, notamos que a aluna Carina ouvira atenta à
narrativa. Ela inicia seu texto do momento em que a rainha abre a porta do quarto de
hóspedes para acordara princesa, como solicitado na orientação dada aos alunos. Por sua
vez, apresenta o final de sua autoria recontando a história criada por Hans Christian
Andersen, de forma criativa e original. A princesa da contadora Carina não aceita casar
com o príncipe por já ser casada com outra pessoa.
Na segunda produção, Carina, apresenta junção de elementos que fazem parte
da construção do gênero Contos de Fadas, ao mesmo tempo em que utiliza em seu texto
a linguagem do seu ambiente de fala. Se na história original a princesa chega ao castelo
com o vestido molhado, nossa pequena-autora utiliza em seu texto uma palavra comum
no léxico das histórias populares contadas em conversas descontraídas dentro das mais
diversas comunidades de fala. A personagem de Carina chega ao castelo “toda
acabada”.
O final desta segunda produção é mais surpreendente que o da primeira. A
autora reconta o seu primeiro final, porém desta vez a personagem explica que não pode
casar, pois já está grávida de seu noivo, um príncipe da Inglaterra. O que demonstra
que a autora aponta em sua produção aspectos trazidos de sua vivência doméstica,
baseando-se em enredos comuns sobre gravidez na adolescência e casamento.
Ressaltamos ainda a fuga da fórmula comum aplicada aos contos de fadas. Se antes a
expectativa era o casamento entre a princesa e o príncipe encantando, nesta história os
dois serão apenas bons amigos.
Em sua produção final, a aluna escolheu recontar uma história que lembra o
gênero terror. Notamos que seu texto mescla características das narrativas contadas e
lidas em sala de aula, como o já visto Contos de Fadas que costumam iniciar com a
expressão “Era uma vez...” Entretanto, sua escrita também apresenta expressões típicas
4
das narrativas populares aqui do nordeste, a exemplo do adjetivo (traquina), reflexo de
um vocabulário aprendido em sua comunidade de fala.
Outro detalhe a ser ressaltado na última produção de Carina diz respeito ao próprio
enredo. Ao pular o muro da “casa mal assombrada” e andar pelo recinto, a personagem
principal assusta-se com morcegos (elemento comum em histórias de terror), porém o
perigo está no cacho de abelhas (elemento comum em histórias do cotidiano,
principalmente, em casas abandonadas de nossa cidade). A história é concluída com um
gosto de “moral da história”. Toda vez que a personagem principal passa pela casa
abandonada, lembra-se das situações desconfortáveis que passara ao entrar naquele
ambiente sem autorização dos seus familiares.
4.2 Quem conta um conto, aumenta um ponto. - Contação de Maria
A primeira atividade da aluna Maria recria o final de A princesa e a Ervilha,
dando ênfase a um detalhe da história em sua versão. A autora constrói o desfecho da
narrativa com base na indignação que a princesa sentiu pela desconfiança da rainha
acerca de sua nobreza. No final escrito por Maria, a personagem vai para outro país e
encontra outro pretendente. Notemos que a aluna aplica em seu texto expressões usadas
no gênero Contos de Fadas. “ ...eles viveram felizes para sempre. ”
Na segunda produção de Maria, a história começa após a desconfiança da rainha
quanto a realeza da personagem principal. Há o casamento dos protagonistas e é dado
inicio a um desenrolar de fatos inesperados: vão para uma lua de mel no Rio de Janeiro,
visitam a família, envolvem-se em um tiroteio e ao final voltam para “Viverem felizes
para sempre” na Paraíba.
A produção final feita por Maria é um relato acerca do nascimento de uma
nova criança na família. A autora expõe o quanto todos estão felizes com a notícia.
4.3 Quem conta um conto, aumenta um ponto. - Contação de João
Os textos de João encantam pela originalidade, principalmente, quando
percebemos que o autor tenta graficamente mostrar o choro da personagem, marcando
as pausas em seu texto com onomatopeias, recurso muito utilizado pelos contadores de
história durante uma performance. O aluno ainda finaliza o texto com a clássica
expressão utilizada no final dos Contos de Fadas: “ ... e foram felizes para sempre”. O
que mostra que o aluno conhece o gênero e se apropria das suas características para
incrementar a sua produção.
A segunda produção do aluno João começa de forma muito criativa. Enquanto a
história original apresenta a personagem com o vestido encharcado, o nosso novo autor
apresenta uma princesa que enfrenta uma chuva de meteoros e para se proteger pede
abrigo no castelo.
Notamos nos textos do João presença de bastante originalidade. Outro ponto a
ser ressaltado também, é a aparição de termos muito utilizados em conversas do
cotidiano, como a: “A princesa falou você é um gato”. Mais uma característica do
vocabulário adquirido por meio de seu letramento doméstico, mesclado com
características do gênero contos de fadas.
A última produção de aluno traz uma história contada por um narrador-
personagem. Notamos a presença da expressão “Era uma vez...” Um dos recursos
utilizados para avisar ao ouvinte que estamos começando uma contação.
O autor parece relatar uma experiência pessoal em seu último texto, experiência
ocorrida após uma brincadeira entre os amigos. O aluno conta a sua aventura ao tentar
resgatar uma bola de gude que parou embaixo de um caminhão. No fim da história, o
personagem não consegue pegar seu objeto e ainda quebra um dos dedos.
Nossa pesquisa demonstrou que a contação de histórias foi um influente evento
de letramento para promover práticas de leitura e escrita, antes vistas como enfadonhas
e descontextualizadas pelos participantes. Na leitura dos fragmentos acima analisados
neste Relato de Caso, comprovamos que através dos clássicos infanto-juvenis
apresentados, como também da atividade direcionada para a coleta de uma narrativa
ouvida em seu ambiente doméstico, findando em uma produção textual do gênero conto
com base na história coletada, nossos alunos, aumentaram o seu repertório de textos
literários; produziram textos orais e escritos; e utilizaram junto as características do
gênero trabalhado o vocabulário aprendido em seu ambiente familiar para enriquecer as
suas produções.
4.4 Quem conta um conto, aumenta um ponto. – Questionário Nair
Como apontado na metodologia deste trabalho, um dos instrumentos utilizados
para o desenvolvimento de nossa pesquisa foi a entrega de questionários à docente
responsável pela turma, com o objetivo de averiguar a percepção da professora acerca
do desenvolvimento do letramento literário dos alunos antes e após a realização das
oficinas. A professora que contribuiu ao nosso objeto de pesquisa está em sala de aula
há 27 anos e afirma que as atividades de leitura na turma eram feitas diariamente sob
sua direção.
Gêneros a exemplo de cordel, poema, conto, notícia, reportagem, crônica,
debate, canção e a carta. Sobre a frequência e acesso dos alunos à biblioteca, foi
afirmado que eles iam ao localduas vezes por semana, e que se tratava de um ambiente
alegre e agradável. De fato, a oficineira presenciou as crianças manuseando livros
vindos da biblioteca, entretanto, o ambiente não passava essa leveza e alegria relatada
pela docente, além das atividades de leitura não terem sido propostas neste ambiente, o
que seria bastante favorável para o desenvolvimento do letramento literário dos
envolvidos, tendo em vista que estariam expostos aos ares trazidos pelas estantes
repletas de livros.
O segundo questionário aplicado apresentou respostas pouco objetivas para a
nossa análise. A professora afirma que os alunos mostravam-se interessados nas aulas
de contação, que comentavam sobre esta atividade durante o restante da semana. Foi
apontada ainda a importância da valorização do conhecimento prévio dos alunos
proposto por nosso evento de letramento:
Os dados aqui coletados demonstram que a contação de histórias é um meio
eficiente de trabalhar o letramento literário, por levar nossos alunos a conhecer as
palavras por meio de outras palavras.
CONCLUSÃO
Por vivermos inseridos em um sistema político-econômico cada vez mais
preocupado com a formação técnica para atender às necessidades de um mercado de
trabalho altamente competitivo, são poucos os estímulos à leitura e à produção de textos
literários, entretanto, somos todos naturalmente contadores de histórias. Nossa análise
comprovou que o evento de letramento realizado com os participantes da pesquisa,
proporcionou um sensível mergulho no universo das narrativas curtas para os
envolvidos. Compreendemos que a oficina realizada com os alunos da escola Monteiro
Lobato fez com que estes realizassem leituras significativas e relatassem em meio a
enredos fictícios e outros momentos lúdicos a vivência real daquela comunidade.
Através dos resultados que obtivemos na análise do material coletado,
avançamos em nosso grau de letramento literário, desde o inicio do Projeto Recriando
Histórias- Trabalhando com contos no CRC- Costa e Silva, pois não só os alunos
ressignificaram as suas práticas de letramento, professoras e também a professora-
pesquisadora ampliou a sua compreensão acerca do gênero conto. Apesar das técnicas
aprendidas, do planejamento para elaborar uma boa performance para que outros se
apropriassem do conteúdo desenvolvido, eram durante as aulas que aconteciam os
enredos presentes para sempre na lembrança de quem as histórias contou.
eventos significativos de letramento, que levaram os envolvidos a conhecer com prazer
contistas de prestígio, ato que incentivou o inicio da formação de leitores críticos e
conscientes. Este gênero que perpassa tradições e caminha entre a escrita e a oralidade
mostrou-se, em nossa experiência, um efetivo instrumento para imersão em práticas de
leitura e produção de textos. O trabalho com narrativas, a exemplo do conto, aproxima o
erudito e o popular, o encanto e o medo, o antigo e o novo. E é por acreditar na figura
do contador de histórias como um condutor entre o passado, o presente e o futuro no
trem da memória, que destacamos o evento de letramento aqui realizado como uma
imprescindível ferramenta nas mãos de todos os agentes de letramento, que utilizando
histórias ditas clássicas e populares, podem promover além de um maior contato com a
literatura, aproximando o letramento doméstico do escolar, os gêneros orais dos
escritos, as características comuns ao gêneros trabalhados ao vocabulário descontraído
trazido das comunidades de fala dos alunos participantes.
Nossa curta experiência nesta comunidade tão acolhedora nos
proporcionou uma coleta incrível de valioso material que poderá ser utilizado em outras
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pesquisas, principalmente, sobre a investigação da relação entre literatura, escrita e
oralidade. Por isso ressaltamos a importância de trabalhos nesta área, pois acreditamos
que pesquisas assim produzem novos leitores, escritores, coletores e contadores,e
principalmente, guardadores da memória.
4
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Projeto Recriando Histórias
Proponente: Maria Cristhiane Alves Estevão
Questionário para a coleta de dados
1. Quais são as dificuldades que você sente quando trabalha a leitura em sala de aula?
R: Falta de atenção e concentração por parte de alguns alunos.
2. Seus alunos tem se interessado mais por atividades que envolvem os gêneros orais?
R: Sim
3. Com o início do nosso trabalho você percebeu mudanças no desenvolvimento das
habilidades leitoras de seus alunos?
R: Sim.
4. Com o início do nosso trabalho em sua aula houve melhora no desenvolvimento das
habilidades de escrita dos seus alunos?
R.Sim.
5. Você percebeu maior interesse pela leitura durante as aulas que aconteceram em
outros dias da semana, ou seja, sem a presença da oficineira?
R: Sim.
6. Você percebeu maior interesse nasatividades que envolviam gêneros textuais
escritos?
R.Houve algumas dificuldades.
7. Você observou melhoria no rendimento ou maior participação dos alunos que
pareciam ser menos interessados nas aulas depois do inicio do Projeto Recriando
Histórias?
R.Sim.
8. Quanto aos alunos que estavam em processo de alfabetização você percebeu algum
desenvolvimento após a entrada do projeto em suas aulas? De que tipo?
R.Sim. Houve interesse, motivação e incentivo, reforçando cada vez mais o que estava
sendo desenvolvido em sala de aula.
9. Qual a sua opinião a cerca dos textos escolhidos para trabalhara contação de histórias
durante os nossos encontros?
R.Achei interessante,pois a maioria dos alunos comentaram no decorrer das aulas.
0. O projeto aumentou a frequência dos alunos à biblioteca da escola?
R.Como eles já frequentavam a biblioteca da escola, o projeto veio a incentivar cada vez
mais.
11. Após o termino do projeto como você vê a contação de histórias em sala de
aula? Pretende trabalhar com este evento de letramento em suas próximas turmas?
R.Eu vejo a contação de histórias em sala de aula, com um olhar clínico
psicopedagógico, afetivo, motivador, incentivador e acolhedor, onde o cenário e a
dinâmica na sala de aula, contribuem muito para a aprendizagem dos alunos, onde cada
um, tem a oportunidade de interpretar, criar, contar, recontar e escrever
histórias interessantes,concluindo com a publicação de textos escritos por eles.
Eu pretendo continuar trabalhando com contação de história na minha próxima turma.
13. Como você avalia a atenção e o interesse dos alunos quandoproduzem
feito as atividades orientadas na oficina?
R.Eu avalio a atenção, quando eles estão concentrados na leitura do texto, na leitura
da contação de história e o interesse, quando eles fazem perguntas e querem saber a
ortografia correta das palavras, para não errar.
14. Para você qual a importância destas atividades para o letramento literário dos
envolvidos e a preservação da tradição oral?
R.É muito importante porque resgata as origens, o conhecimento prévio que eles
trazem de fora para dentro da escola, a história de vida de cada um, a história de um
vizinho, da rua onde morou quando criança, o bairro, a cidade, as pessoas, sendo assim,
publicado em textos escritos pelos alunos.
15. Em sua opinião que efeito causa ao alunado a proposta da publicação dos textos
escritos pelos alunos?
Eles ficarão muito felizes e curiosos para ver sua publicação e comentar com os colegas
e familiares.