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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS Faculdade de Enfermagem Trabalho Acadêmico Limitação de Suporte de Vida em Crianças: avaliação do conhecimento da equipe de saúde de uma Unidade de Terapia Intensiva Pediátrica Kenya Pinzon de Oliveira Pelotas, 2012

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS

Faculdade de Enfermagem

Trabalho Acadêmico

Limitação de Suporte de Vida em Crianças: avaliação do

conhecimento da equipe de saúde de uma Unidade de

Terapia Intensiva Pediátrica

Kenya Pinzon de Oliveira

Pelotas,

2012

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KENYA PINZON DE OLIVEIRA

Limitação de Suporte de Vida em Crianças: avaliação do

conhecimento da equipe de saúde de uma Unidade de

Terapia Intensiva Pediátrica

Trabalho acadêmico apresentado à Faculdade de Enfermagem da Universidade Federal de Pelotas, como requisito para obtenção do titulo de Bacharel em Enfermagem.

Orientadora: Profª. Enfª. Dra. Ana Claudia Garcia Vieira

Pelotas, 2012

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus pela vida, pelas pessoas e oportunidades que surgiram em meu

caminho. E à natureza, pela beleza da vida.

Agradeço aos Seres de Luz por me guiarem e me protegerem em mais uma etapa

da minha vida.

Agradeço a minha mãe por todo incentivo, apoio e dedicação durante esses anos,

que mesmo estando longe se fez presente nos momentos mais difíceis.

Agradeço a meu pai pelo apoio e confiança, que mesmo longe esteve torcendo por

mim.

Agradeço a minha irmã pelo apoio e pouca paciência.

Agradeço ao meu padrasto pelo apoio.

Agradeço aos meus avós pela força e por acreditarem em mim.

Agradeço a Geraldo Carvalho Vieira pelo carinho, dedicação, incentivo e paciência.

Por compreender minhas ausências e cansaços. Por estar presente em minha vida.

Agradeço a minha colega e amiga Marina Heinen pela paciência, força e

companheirismo durante esses anos; por ter compartilhado os melhores e piores

momentos durante esta etapa de nossas vidas.

Agradeço a minha orientadora, Ana Cláudia Vieira, pelo estímulo e paciência.

Agradeço a Cristine Nilson pela paciência, ensinamentos e exemplo profissional.

Agradeço aos pacientes que estiveram sob meus cuidados e confiaram em mim,

permitindo meu aprendizado.

Agradeço também as pessoas que não acreditaram em mim, fazendo com que eu

me tornasse mais forte.

À TODOS, MUITO OBRIGADA!

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O que acontece com os homens numa

sociedade propensa a ignorar ou evitar a morte. Quais os fatores, se é que existem, que contribuem para a crescente ansiedade diante da morte? O que acontece num campo da medicina em evolução em que nos perguntamos se ela continuará sendo uma profissão humanitária e respeitada ou uma nova, mas despersonalizada ciência, cuja finalidade é prolongar a vida em vez de mitigar o sofrimento humano? Um campo em que os estudantes tem possibilidade de escolhas entre dezenas de tratamento sobre RNA e DNA, mas nenhuma experiência simples de médico de família bem-sucedido? O que acontece numa sociedade que valoriza o QI e os padrões de classe mais do que a simples questão do tato, da sensibilidade, da percepção, do bom senso no contato com os que sofrem? O que acontece numa sociedade profissionalizante onde o jovem estudante é admirado pelas pesquisas que faz e pelo desempenho no laboratório nos primeiros anos de faculdade, mas não sabe responder uma simples pergunta que lhe faz um paciente? O que será de uma sociedade que concentra mais seu valor nos números e nas massas do que no individuo? Uma sociedade em que a tendência é reduzir o contato entre professor e aluno, substituindo-o pelo ensino de circuito fechado de televisão, pelas gravações, pelos filmes, instrumentos todos que atingem um maior número de estudantes, mas de um modo bem despersonalizado?

Elisabeth Kübler-Ross,

em Sobre a morte e o morrer

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Resumo OLIVEIRA, Kenya Pinzon de. Limitação de Suporte de Vida em Crianças: avaliação do conhecimento da equipe de saúde de uma Unidade de Terapia Intensiva Pediátrica. 2012. 45f. Trabalho Acadêmico (Curso de Graduação em Enfermagem). Faculdade de Enfermagem. Universidade Federal de Pelotas, Pelotas.

Este estudo teve por objetivos investigar o conhecimento da equipe de saúde da Unidade de Terapia Intensiva Pediátrica sobre a Limitação de Suporte de Vida (LSV), identificar se os profissionais referidos já vivenciaram situações que demandassem discussão acerca da Limitação de Suporte de Vida na Unidade de Terapia Intensiva Pediátrica e verificar se os profissionais da Unidade de Terapia Intensiva Pediátrica sentem a necessidade de promover a discussão em equipe de casos graves que incluam a Limitação de Suporte de Vida. Trata-se de um estudo de abordagem quantitativa, com delineamento observacional de caráter transversal. Os dados foram coletados no local de trabalho através de formulário, contendo questões abertas e fechadas, no mês de abril de 2012. Participaram do estudo a equipe de saúde de uma Unidade de Terapia Intensiva Pediátrica, dentre eles: enfermeiras (os), técnicas (os) de enfermagem, médicas (os), psicólogas e assistente social, de um Hospital Escola em uma cidade no sul do Rio Grande do Sul. Os resultados obtidos evidenciaram que os sujeitos necessitam de esclarecimentos acerca da LSV, apenas 18,7% dos sujeitos vivenciaram situações que demandassem discussão acerca da LSV e manifestaram a necessidade de discussão dos casos em equipe interdisciplinar. O estudo é relevante pela necessidade de instrumentalização dos profissionais de saúde acerca da LSV e por conter poucos estudos na literatura brasileira. Palavras-chave: Unidade de terapia intensiva pediátrica, limitação de suporte de vida, morte, cuidado.

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Sumário

1 Introdução.................................................................................................................. 6 2 Objetivos.................................................................................................................... 10 2.1 Objetivo Geral.......................................................................................................... 10 2.2 Objetivos Específicos ............................................................................................. 10 3. Revisão de literatura................................................................................................ 11 3.1 História do Final de Vida.......................................................................................... 11 3.2 A criança criticamente enferma................................................................................ 12 3.3 Aspectos legais e bioéticos..................................................................................... 13 3.4 A comunicação da equipe de saúde com paciente e família................................ 15 3.5 Condutas da equipe de saúde frente à criança terminal....................................... 17 4.Metodologia............................................................................................................... 19 4.1 Delineamento do estudo................................................................................ 19 4.2 Local do estudo.................................................................................................... 19 4.3 Amostra do estudo................................................................................................ 19 4.4 Critérios para seleção da amostra........................................................................... 19 4.5 Procedimentos para a coleta de dados.................................................................. 20 4.6 Análise de dados...................................................................................................... 20 4.7 Princípios éticos....................................................................................................... 21 5. Resultados e discussão................................................................................. 22 5.1 Apresentação dos sujeitos.......................................................................... 22 5.2 Análise e discussão dos dados................................................................... 24 6. Considerações finais..................................................................................... 30 7. Referências............................................................................................................... 31 Apêndices..................................................................................................................... 36 Anexo............................................................................................................................ 43

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1. Introdução

A morte para os profissionais atuantes na área da saúde, especificamente

para aqueles que trabalham com crianças, deveria ser discutida com mais ênfase,

principalmente, durante a graduação, pois a questão envolve crenças, cultura, os

próprios medos e tabus, além de ser um acontecimento inevitável na vida de todos

os seres, sendo vivenciado no dia-a-dia destes profissionais.

No Brasil, este tema não é discutido no dia-a-dia e causa constrangimentos ao ser abordado. Nossas crianças são afastadas e impedidas de participar dos momentos finais de despedida de um ente próximo (PIVA, 2009, p.12).

Quando se fala em processo de morte em crianças, as expectativas mudam e

a aceitação de que esta não tem mais chance de sobrevida causa grande sofrimento

e desconforto, tanto à família quanto aos profissionais de saúde que assistem esta

criança, fato abordado por NILSON (2009) em que os profissionais de enfermagem

relataram se sentirem despreparados e inseguros nestas circunstâncias, dificultando

a abordagem com a família, que nesta hora não consegue aceitar que seu filho irá

morrer.

Com a evolução da ciência, houve o surgimento das Unidades de Terapia

Intensiva (UTI), onde se tornou possível salvar muitas vidas que antes eram

incuráveis, como também adiar o processo de morte de pacientes portadores de

doenças irreversíveis (LAGO et al. 2005; MORITZ, 2005). O que, muitas vezes, gera

maior sofrimento ao paciente e família, podendo também causar falsas esperanças

de cura.

Hoje, a maioria das mortes ocorre em UTI, na presença de pessoas estranhas

ao paciente e cercado de tecnologias. As diferentes formas de morrer, que hoje se

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tornaram realidade, trouxeram a pacientes, familiares, instituições e profissionais da

saúde, questionamentos técnicos, éticos, sociais, legais e bioéticos ainda não

resolvidos em muitos países (OTHERO, 2008).

Uma destas formas de morrer é a Limitação de Suporte de Vida (LSV),

definida como a não oferta ou retirada de terapias que apenas prolongam o

inevitável processo de morrer, à custa de sofrimento, sendo realizado principalmente

em unidades de cuidados intensivos. É um modo frequente de morte em UTI de

muitos países de primeiro mundo (KIPPER, 2007).

Há envolvimento de médicos, enfermeiros, psicólogos, especialistas em

bioética e demais membros da equipe, necessitando consenso entre a equipe e

após, com a família. Caso não haja consenso entre ambas as partes, o processo de

LSV é interrompido (ABIB, 2010).

Segundo o Comitê de Ética da Sociedade Americana de Terapia Intensiva,

existem quatro fatores importantes que definem a LSV: a qualidade de vida do

paciente, a baixa probabilidade de sobreviver à internação hospitalar, como em

casos de falência de múltiplos órgãos, presença de doença crônica e

irreversibilidade de uma doença aguda (KIPPER, 2007).

A atuação de profissionais da saúde é movida por princípios morais, a

preservação da vida e alívio do sofrimento, havendo complementaridade entre estes

princípios. Entretanto, em determinadas situações podem se tornar antagônicos, em

que a preservação da vida pode ser causa de grande sofrimento. Existe um

momento na evolução da doença em que a morte torna-se um desfecho esperado e

natural, não devendo ser combatida (PIVA; CARVALHO, 1993).

Com isso, os profissionais atuantes nesta área precisam ter a consciência de

que o alívio da dor é tão importante quanto a cura, sendo assim, capazes de

proporcionar uma qualidade de final de vida a esses pacientes.

A comunicação é um dos agentes importantíssimos para que ocorra o alívio

do sofrimento. Para isso, é necessário que o destinatário da informação, pacientes e

familiares, a recebam e a compreendam. Existem alguns elementos que contribuem

para uma boa comunicação, entre eles estão a transparência, a humildade, a

paciência, o respeito, a boa didática e a promoção de um ambiente de interação.

Abrangendo equipe de saúde, paciente, familiar e todas as pessoas com

proximidade afetiva (MORITZ et al., 2008).

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Durante a terminalidade, há necessidade de se falar sobre a morte com

pacientes e familiares para a preparação do luto, propiciando uma vivência de final

de vida com menos sofrimento.

O enfermeiro é o profissional da saúde que permanece mais tempo ao lado

da criança e família, vivencia o decorrer do processo de saúde-doença, identificando

também as necessidades emocionais. O enfermeiro planeja os cuidados específicos

com intervenções plausíveis ao momento, fundamentado na assistência de

enfermagem qualificada, abrangendo o processo saúde-doença e aspectos

emocionais.

Cabe ao enfermeiro, assumir a responsabilidade de defensor da criança,

sendo preciso resgatar os princípios norteadores da ética e moral na assistência à

criança grave. Este deverá harmonizar cada vez mais a tecnologia, aliada ao bem-

estar e o conforto do paciente (EINLOFT, 1997).

Como o enfermeiro tem sua prática voltada ao cuidado, faz com que este

estabeleça uma interação com o paciente e família através do diálogo e do respeito,

capaz de torná-lo um mediador nas relações da equipe assistencial com a criança e

a família (NILSON, 2009).

Com isso, tem-se a necessidade da preparação do enfermeiro para lidar com

as questões interpessoais na terminalidade, para que consiga envolver a família no

cuidado da criança, fazendo-a participar deste processo, facilitando o entendimento

sobre o prognóstico de seu filho.

Segundo GARROS (2003) em sua pesquisa realizada no Canadá, em

Unidade de Terapia Intensiva Pediátrica (UTIP) existe um apreciável número de

falecimentos como resultado de uma decisão conjunta entre a equipe e a família de

restringir ou remover medidas de suporte vital (MSV). Sendo fundamental tornar os

momentos finais de vida destas crianças em uma experiência cercada de

honestidade, dignidade, humanismo e respeito. O conforto físico, o não

prolongamento do processo de morte e a presença dos entes queridos são direitos

da criança na hora da sua morte que precisam ser respeitados (GARROS, 2003).

O nível de satisfação da família com o cuidado oferecido ocorre quando se

sentem incluídos no processo de decisão, o prolongamento da morte é evitado,

recebem explicações claras sobre o papel familiar, recebem ajuda para que a família

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chegue a um consenso e recebem informação no momento adequado (GARROS,

2003).

Desse modo, este estudo propôs contribuir para a reflexão acerca da

Limitação de Suporte de Vida em crianças, uma vez que, como já foi mencionado,

essa temática é relevante do ponto de vista ético e justifica-se pela necessidade de

instrumentalização dos profissionais de saúde que atuam em pediatria.

Além disso, é pouco oportunizado aos estudantes de graduação em

enfermagem a discussão dessa temática.

Assim, com base nestas considerações, propus-me a desenvolver o presente

trabalho de conclusão de curso tendo como questão norteadora:

Qual é o conhecimento da equipe de saúde de uma Unidade de Terapia

Intensiva Pediátrica acerca da Limitação de Suporte de Vida?

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2. Objetivos

2.1 Objetivo geral

Investigar o conhecimento da equipe de saúde da Unidade de Terapia Intensiva

Pediátrica sobre a Limitação de Suporte de Vida.

2.2 Objetivos específicos

Identificar se os profissionais referidos já vivenciaram situações que

demandassem discussão acerca da Limitação de Suporte de Vida na Unidade de

Terapia Intensiva Pediátrica;

Verificar se os profissionais da Unidade de Terapia Intensiva Pediátrica sentem a

necessidade de promover a discussão em equipe de casos graves que incluam a

Limitação de Suporte de Vida.

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3. Revisão de Literatura

3.1 História do Final de Vida

Na Grécia antiga havia aceitação de evitar ou retirar tratamentos em

pacientes terminais, porque os filósofos e médicos entendiam que estes só

prolongavam o sofrimento e ofereciam falsas esperanças. Consideravam a limitação

de tratamentos fúteis como atos de justiça para com o Estado e atos de coragem por

parte dos pacientes. Até o suicídio era discutido (COWLEY; YOUNG; RAFFIN,

1992).

Na Idade Média, devido a grande influência do Cristianismo, se tornou

inquestionável o respeito à sacralidade da vida e, como consequência, as limitações

de tratamento e o suicídio foram fortemente condenados. Com o Renascentismo e

influência do Iluminismo, que se inicia na Idade Média e presente até os dias de

hoje, fizeram com que prolongar a vida se tornasse uma palavra de ordem para a

arte e ciência médicas (COWLEY; YOUNG; RAFFIN, 1992).

Na década de 50, o papa Pio XII manifestou claramente que ninguém é obrigado a receber tratamentos exagerados para manter a vida. E bem antes, em 400 anos a. C., o filósofo grego Sócrates disse: Preferirei morrer a mendigar servilmente a vida e fazer-me outorgar uma existência mil vezes pior que a morte (SCHELP, 2002, p. 82).

No século XX, a ciência, tecnologia e inovação em saúde tornaram realidade

o prolongamento da vida, apesar de seus méritos serem discutíveis. Hoje, a morte

observada é aquela temida anteriormente: distante da família, negada, não pensada,

ocorrendo na maioria dos casos dentro de hospitais (COWLEY; YOUNG; RAFFIN,

1992). Estes passam a ter um papel de importância em relação à morte, que deixa

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de ser um acontecimento natural no cotidiano familiar. A responsabilidade com a

morte, que do paciente passa para a família, é agora entregue ou tomada pelos

hospitais. Mas, já existem pacientes terminais recebendo, na própria casa,

tratamentos paliativos, que tornam a fase final da vida menos traumática do que nas

Unidades de Tratamento Intensivo, as UTIs hospitalares (LOUREIRO, 2008).

Elisabeth Kübler-Ross (1996), durante suas vivências, concluiu que a maioria

dos doentes em fase terminal passaria por fases de luto, quase sequencialmente, ao

receber a notícia de morte, relatado em seu livro Sobre a morte e o morrer, sendo

elas: negação e isolamento, raiva, barganha/ negociação, depressão e aceitação.

Juntamente com o doente, a família experimenta fases semelhantes de adaptação à

doença e fase terminal, tornando-se imprescindível o acompanhamento desta

(MACEDO, 2004).

Com a evolução da tecnologia médica, os conceitos de morte também

mudaram. Há um século, considerava-se como morte a pessoa que parasse de

respirar. Na década de 50, com a invenção de máquinas de respiração assistida, a

morte passou a acontecer quando o coração parava de bater. As reanimações

cardiorrespiratórias surgiram nos anos 60, e o conceito de morte mudou novamente.

Passou a ser considerada um evento certo quando o encéfalo (cérebro, cerebelo e

tronco cerebral) parar de funcionar (SCHELP, 2002).

3.2 A criança criticamente enferma

Com o desenvolvimento da Unidade de Terapia Intensiva Pediátrica (UTIP),

tornou-se possível a melhora dos cuidados a pacientes criticamente enfermos

(LAGO; GARROS; PIVA, 2007). A alta tecnologia utilizada em benefício da saúde

humana tem permitido que pessoas que antigamente morreriam, possam sobreviver

e vir a ter uma vida altamente produtiva. Essa situação se aplica tanto aos adultos

quanto às crianças e, inclusive, aos recém-nascidos. Ocorre que, não raras vezes, o

médico se defronta com situações decisórias, nas quais existem implicações de

ordem moral, ética e legal (PROCIANOY et al., 1995).

Os principais fatores de risco que levam à internação de crianças em UTI são:

patologias crônicas, o uso de ventilação mecânica, doenças cardíacas e

19 19

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cardiocirculatórias, desnutrição, doenças respiratórias, síndromes, queimadura,

trauma e necessidade de transplante (EINLOFT et. al., 2002).

Um dos objetivos da UTIP é realizar o tratamento das crianças causando

menor agressão possível, para evitar maior sofrimento físico e emocional (MENCÍA;

LÓPEZ-HERCE; FREDDI, 2007).

Neste contexto, o enfermeiro tem um papel importantíssimo na assistência ao

paciente pediátrico crítico devido suas habilidades nas relações interpessoais, sendo

a comunicação um dos instrumentos indispensáveis em sua prática (NILSON, 2009).

Como a hospitalização é reconhecida por ser uma situação de crise na vida de

crianças e seus familiares, os enfermeiros se envolvem na identificação de

características geradoras de sofrimento, como o desenvolvimento emocional durante

a enfermidade e o tratamento, a interrupção da relação familiar e a mudança de

ambiente. Assim, implementando intervenções que minimizem o estresse da criança

e da família durante a experiência de internação hospitalar (EINLOFT, 1997).

Contudo, um grande número de crianças admitidas atualmente em UTIP

morre após uma decisão de Ordem de Não Reanimar (ONR) ou de Retirada de

Suporte Vital (RSV), ou seja, de Limitação de Suporte de Vida (LSV) (DEVICTOR et

al., 2008).

As principais causas de morte em UTIP são: doenças de coração (incluindo

cirurgias cardíacas), malignidades, doenças respiratórias associadas à infecção,

transplante de órgãos sólidos, trauma, hipertensão pulmonar persistente em recém

nascidos, hérnia diafragmática congênita, sepse e doença neurodegenerativa

(GARROS; ROSYCHUK; COX, 2003).

Segundo estudos, um dos aspectos mais importantes da prática médica e de

enfermagem em UTI atualmente tem sido a chamada transição da cura para o

conforto, em que a família e paciente só aceitam essa mudança quando se esgotam

as possibilidades terapêuticas (NILSON, 2009).

3.3 Aspectos legais e bioéticos

A bioética surgiu na década de 70, do século passado, nos Estados Unidos.

No Brasil, surgiu no ano de 1982 com a Sociedade Brasileira de Bioética, na

UNESCO em São Paulo, reunindo pessoas de diferentes formações científicas ou

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humanísticas interessadas em participar do progresso da bioética (PESSINI,

BARCHIFONTAINE, 2007). Os objetivos eram buscar justificativas éticas para a

tomada de decisões corretas e justas em relação aos pacientes, atendendo à

necessidade crescente de avaliar de forma individualizada o uso da tecnologia no

melhor interesse do paciente (NILSON, 2009).

Assim, introduziu-se a Teoria do Principialismo, que preconiza que os

cuidados com a saúde devem estar fundamentados em quatro princípios éticos

básicos: não-maleficência, beneficência, respeito à autonomia e justiça; servindo

como ordenadores para os argumentos e como regras gerais para orientar a tomada

de decisão frente aos problemas éticos (KIPPER; LOCH; PIVA, 2005).

Princípio da não-maleficência refere-se ao dever de não causar mal e/ou

danos, intencionalmente, ao paciente; o princípio da beneficência exige contribuir

com o bem-estar do paciente, promovendo ações para prevenir ou remover o mal ou

dano. É necessário que o profissional atue para beneficiar seu paciente pesando

benefícios versus riscos e/ou custos; o princípio de respeito à autonomia refere-se à

capacidade de uma pessoa decidir ou buscar aquilo que ela julgue ser o melhor para

si; e princípio de justiça é um modo justo, apropriado e equitativo de tratar as

pessoas em razão de alguma coisa que é merecida ou devida a elas (KIPPER,

2007).

O cuidado de crianças em final de vida frequentemente envolve dilemas

éticos e decisões difíceis. O enfermeiro é a chave-mestre dentro da equipe

interdisciplinar e, como tal, tem a oportunidade única e obrigação moral de defender

a vontade do paciente e família durante todo o tempo, o que na terminalidade,

muitas vezes, é um momento íntimo na vida de uma família. Na promoção constante

da comunicação e entendimento dentro de um modelo de atenção centrado na

família no processo de tomada de decisão, a enfermeira tem a capacidade de

interferir, contornar e gerir eficazmente dilemas emocionais. A enfermeira também

pode contar com o apoio do Comitê de Bioética, de consultores paliativos,

profissionais assistenciais e organizações do hospital para ajudar a contornar um

dilema ético (JACOBS, 2005).

Questões éticas em cuidados de final de vida em pediatria causam tensão,

ansiedade, frustração e tristeza por parte de todos os envolvidos no processo de

morte destas crianças. Apesar dos enfermeiros possuírem experiência clínica,

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primeiramente são humanos e inconscientemente envolvem seus valores,

experiências, cultura e crenças pessoais nas situações clínicas, além de respeitarem

a cultura e crença dos familiares destas crianças. Mas, acima de tudo, enfermeiros

devem promover os princípios de respeito e beneficência, que são preceitos

fundamentais no cuidado de crianças terminais (JACOBS, 2005).

Segundo o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), Lei 8.069, a criança

e adolescente tem direito à liberdade, ao respeito e à dignidade como pessoas

humanas em processo de desenvolvimento e como sujeitos de direitos civis,

humanos e sociais garantidos na Constituição e nas leis (Art. 15 – ECA). O direito ao

respeito consiste na inviolabilidade da integridade física, psíquica e moral da criança

e adolescente, abrangendo a preservação da imagem, da identidade, da autonomia,

dos valores, idéias e crenças, dos espaços e objetos pessoais (Art. 17 – ECA). É

dever de todos velar pela dignidade da criança e do adolescente, pondo-os a salvo

de qualquer tratamento desumano, violento, aterrorizante, vexatório ou

constrangedor (BRASIL, 1990).

3.4 A comunicação da equipe de saúde com paciente e família

O enfermeiro tem, reconhecidamente, um papel chave na assistência ao

paciente pediátrico crítico, seja por suas competências técnicas e gerenciais ou por

suas habilidades nas relações interpessoais. A comunicação é um dos instrumentos

indispensáveis para a prática da enfermagem, especialmente em pediatria, onde a

assistência à família é vista como parte integradora da assistência ao paciente

(NILSON, 2009).

A família quando chega as instituições, está com esperanças mágicas e não

fundamentadas que podem dificultar o diálogo com a equipe. Em parte, a linguagem

médica é complexa e pouco acessível ao cidadão comum, que não compreende a

informação do médico, continuando com suas expectativas sobre o paciente terminal

(OTHERO, 2008).

A adequada comunicação entre o paciente, seus familiares e a equipe da UTI

é um dos principais fatores que interferem na satisfação, tanto dos usuários quanto

daqueles que trabalham nessas unidades. O médico intensivista deve ter a

consciência dos seus limites terapêuticos curativos e aprender a tratar do paciente

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durante o final de vida. Dessa forma, se sentirá seguro para falar sobre a morte com

os envolvidos no processo. Os familiares do paciente têm o direito de estar ao lado

daquele que amam e de serem informados sobre a verdade do seu quadro clínico.

Levando-se em consideração que cada indivíduo tem o seu momento para o

adequado entendimento (MORITZ, 2007).

A família ao entender que seu filho não tem mais chance de cura, é

acometida a fases de adaptação similares as vivenciadas por doentes terminais

adultos, sendo necessário o acompanhamento direto pela equipe de saúde,

instituindo o enfrentamento da doença e luto (KÜBLER-ROSS, 1996).

Se o luto não for bem elaborado pode gerar um grande trauma à família,

principalmente aos pais. Um dos fatores que contribuem para o estabelecimento de

um luto adequado é o conhecimento sobre o que seus filhos sentirão na hora da

morte. Para isso, deve ser estabelecido a comunicação, a confiança e respeito entre

equipe de saúde e família, assim promovendo o bem-estar na hora da morte de seus

filhos (ABIB, 2010).

A comunicação não deve ser somente sobre a patologia em si e quanto à

evolução da doença, mas também sobre os sentimentos, pensamentos e dúvidas

que estes pais e crianças estão sentindo neste momento (ABIB, 2010).

A dificuldade de comunicação durante o processo de morrer tem fundamentos

históricos. Destaca-se o fato de que só se consegue a comunicação adequada

quando se tem conhecimento e tranquilidade para abordar determinado tema. Para

médicos formados para tratar e curar, a morte de seus pacientes pode significar seu

erro ou fracasso. Portanto, a morte consequentemente será um empecilho em sua

comunicação. Outro fator é o relacionamento entre a equipe, que poderá ocorrer

conflito de interesses gerando problemas de relacionamento e comunicação, caso

os profissionais envolvidos não se sintam seguros para o enfrentamento da morte

(MORITZ, 2007).

Durante a comunicação, existem fatores que influenciam e fatores que

tornam-se barreiras para uma boa comunicação. Entre os fatores que influenciam

uma boa comunicação, estão a transparência, a segurança, a boa didática, a

humildade, a paciência, o tom de voz adequado, a atenção às reações e o contato

(como o toque em mãos, braços ou ombros). Já, entre as barreiras para a

comunicação, estão idéias preconcebidas, motivação e interesse, ausência de

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habilidade de comunicação, emoções e estado de ânimo, traqueostomia, sedação,

entubação e distúrbios de consciência (MORITZ, 2008).

A qualidade da assistência prestada ao paciente terminal influi a boa

comunicação e na relação centrada na família-paciente (OTHERO, 2008).

3.5 Condutas da equipe de saúde frente à criança em fase terminal

A cada ano nos Estados Unidos 55 mil crianças morrem, e há muitas

experiências de prolongamento de vida. O diagnóstico de prolongamento de vida de

crianças incluiu: prematuridade, anomalias congênitas, síndrome da morte súbita

infantil, defeitos cromossômicos, trauma, desordem degenerativa, câncer e síndrome

da imunodeficiência adquirida. Avanços tecnológicos e experiências médicas

direcionaram a melhoria dos resultados, mas condições incuráveis continuam

conduzindo a morte de prematuros (CARTER et al., 2004). Apesar disso, demandas

de melhoria em cuidados paliativos e condutas de final de vida em crianças existem

(WELCH, 2008).

A “boa morte” é um conceito frequentemente utilizado na área adulta

hospitalar, por aqueles que trabalham com pessoas em final de vida, mas não é

utilizado um conceito em relação com a morte de recém-nascidos e crianças.

Contudo, como pode a morte de crianças ser boa? Entretanto, está implícita nos

dizeres para melhores cuidados de final de vida em crianças: uma morte livre de dor,

tranquila ou em outras palavras, uma boa morte. É o que enfermeiras de UTIP

procuram para seus pacientes nesta fase (WELCH, 2008).

Garros (2003),aborda que facilitar uma “boa” morte deveria ser considerado

um motivo de satisfação, de dever cumprido, algo semelhante ao de salvar uma

vida.

Carter et al. (2004), retrata um estudo conduzido a descrever as

circunstâncias em torno da morte de crianças terminais hospitalizadas em UTI

Neonatal e Pediátrica e Unidade Pediátrica do Vanderbilt Children’s Hospital,

Estados Unidos, durante um ano. Das crianças observadas nas últimas 24 horas de

vida, 55% receberam conforto e aproximadamente 90% receberam medicação para

dor nas últimas 72 horas de vida. Os sintomas específicos como a fadiga, dispnéia,

e choro prolongado, tiveram maior atenção na prestação de conforto durante a morte

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de crianças. O tempo médio de permanência de morte em crianças nesta população

foi igual ou maior a uma semana. Desta forma, tem-se a oportunidade de fornecer

abrangentes cuidados de final de vida para as crianças e seus familiares.

No estudo de Garros et al. (2003), em 13 pacientes com diagnóstico de morte

encefálica foram excluídos do acesso a analgésicos e sedativos. Em 96,3% de 54

pacientes em que esta informação foi registrada, algumas formas de analgesia

aliviaram o desconforto e dor quando utilizados na hora da morte. Dois pacientes

não receberam medicações porque estavam totalmente sem reação, embora eles

não estivessem em morte encefálica. Refletindo a prática em UTIP ocorrida, foi

utilizada em maior frequência a morfina com infusão continuada em 94,4% dos

pacientes. A taxa de infusão foi aumentada em torno de 20,4% na hora da morte.

Em 3 crianças, uma dose extra de narcóticos foi administrada, e em 4 situações,

outros sedativos foram utilizados isolados ou combinados com morfina.

Nos casos em que a família participa da retirada de medidas de suporte vital

(MSV) é importante explicar o que poderá ou não acontecer na hora e após a

remoção. Permitir que toquem e segurem a criança no colo, explicar que a criança

não deverá sentir dor e desconforto devido administração de analgésicos e

sedativos, permitir o tempo que lhes for necessário para visitas, rituais e despedidas.

A família captando claramente a mensagem de que sua criança está morrendo, terá

maior tempo para dedicar às despedidas, para contatar parentes distantes, fazer

perguntas mais apropriadas aos cuidados necessários nessa fase, enfim, preparar-

se para a morte. O nível de satisfação da família com o cuidado oferecido ocorre

quando se sentem incluídos no processo decisório, o prolongamento da morte é

evitado, recebem explicações claras sobre o papel familiar, recebem ajuda para que

a família chegue a um consenso e recebem informação de qualidade e no momento

adequado (GARROS, 2003).

Com o objetivo de proporcionar momentos adequados às famílias e às

crianças, profissionais de uma UTIP do Canadá oportunizaram, dentro da UTIP, um

quarto que escondia as tecnologias duras atrás de cortinas, e, dessa forma, tiveram

um ambiente adequado e privativo para a família e para a criança realizarem suas

despedidas (GARROS, 2003). Atitudes como esta proporcionam uma morte digna e

tranqüila à criança e colaboram para que os pais consigam elaborar de forma mais

adequada este momento tão difícil (ABIB, 2010).

19

4. Metodologia

4.1 Delineamento do Estudo

Trata-se de um estudo com abordagem quantitativa: cujo delineamento é um

estudo descritivo.

4.2 Local do Estudo

O estudo foi desenvolvido na Unidade de Terapia Intensiva Pediátrica de um

Hospital Escola no interior do Rio Grande do Sul.

4.3 Amostra do Estudo

Fizeram parte do estudo a equipe de saúde de uma Unidade de Terapia

Intensiva Pediátrica, dentre eles: enfermeiras(os), técnicas(os) de enfermagem,

médicos, psicólogas e assistente social. Totalizando 32 sujeitos.

Foram identificados por categoria, acompanhado de número (exemplo:

enfermeiro = E1, médico = M1).

4.4 Critérios para seleção da amostra

Os sujeitos que participaram do estudo atenderam aos seguintes critérios:

a) Ter vínculo empregatício com a instituição e atuar em Unidade de Terapia

Intensiva Pediátrica há mais de 6 meses;

b) Ter interesse em participar do estudo;

c) Profissionais em licença a saúde e férias não foram incluídos no estudo.

20

4.5 Procedimentos para a coleta de dados

Para a realização da coleta de dados foi solicitado autorização ao Serviço de

Educação, através de documento formal (Apêndice A).

O projeto foi submetido ao Comitê de Ética da Faculdade de Enfermagem da

Universidade Federal de Pelotas para apreciação e aprovação (Apêndice B).

Após apreciação e autorização do Comitê de Ética, iniciou-se contato com os

profissionais atuantes na Unidade de Intensivismo Pediátrico para a realização da

coleta de dados, expondo os objetivos do estudo e a metodologia a ser utilizada.

Os dados foram obtidos através da aplicação de um formulário, de forma

impressa em folhas A4, contendo questões fechadas e abertas, previamente

testado. Os participantes receberam o Consentimento Livre e Esclarecido antes da

realização do formulário (Apêndice C).

O formulário obteve dados identificados e questões semi-estruturadas

(Apêndice D). Foi entregue, pela autora do projeto, aos profissionais interessados

em participar do estudo, tendo-se o cuidado de explicar todos os elementos contidos

no formulário. A aplicação foi realizada no local de trabalho.

Os profissionais tiveram liberdade para a desistência da participação na

pesquisa e/ou retirada de seu consentimento a qualquer momento, sendo livres para

responder ou não as perguntas formuladas.

Foi realizado um teste piloto para a testagem do instrumento de coleta de

dados.

Os dados e formulários respondidos pelos participantes do estudo

permanecerão armazenados por um período de cinco anos em sigilo, sob a

responsabilidade da autora da pesquisa.

4.6 Análise dos dados

Como variáveis do estudo, foram estabelecidos: sexo, idade, tempo de

formação, tempo de atuação na área, conhecimentos sobre Limitação de Suporte de

Vida e cuidado a criança em fase terminal.

21

Após a coleta, os dados foram digitados pela autora do projeto, armazenados

e analisados em planilha de Excel.

A partir da análise, os dados foram discutidos com base nas reflexões da

autora e da literatura consultada.

4.7 Princípios éticos

Os princípios éticos deste estudo abrangem o Código de Ética dos

Profissionais de Enfermagem1, Cap. IV, artigo 35, 36 e 37; Cap. V, artigo 53 e 54.

Como também, a Resolução nº 196/962 do Conselho Nacional de Saúde do

Ministério da Saúde, que trata sobre a pesquisa envolvendo seres humanos.

___________________________________________________________________ 1Código de Ética dos Profissionais de Enfermagem: Cap. IV (dos deveres); art. 35: Solicitar

consentimento do cliente ou do representante legal, de preferência por escrito, para realizar ou participar de pesquisa ou atividade de ensino em Enfermagem, mediante apresentação da informação complementar dos objetivos, riscos e benefícios, da garantia do anonimato e sigilo do respeito à privacidade e intimidade e a sua liberdade de participar ou declinar de sua participação no momento em que desejar; art. 36: Interromper a pesquisa na presença de qualquer perigo à vida e à integridade da pessoa humana; art. 37: Ser honesto no relatório dos resultados de pesquisa. Cap. V (das proibições); art. 53: Realizar ou participar de pesquisa ou atividade de ensino, em que o direito inalienável do homem seja desrespeitado ou acarrete perigo de vida ou dano à sua saúde; art. 54: Publicar trabalhos com elementos que identifiquem o cliente, sem sua autorização (COREN, 2007). 2Resolução n

o 196/96 do Conselho Nacional de Saúde do Ministério da Saúde: Incorpora sob a ótica

do indivíduo e das coletividades os quatro referenciais básicos da bioética: autonomia, não maleficência, beneficência e justiça. Visa assegurar os direitos e deveres que dizem respeito à comunidade científica, aos sujeitos da pesquisa e ao Estado (BRASIL, 1996).

22

5. Resultados e Discussão

Neste capitulo serão apresentados os sujeitos e analisados os dados

relativos ao formulário da coleta de dados. Optou-se por apresentar os dados

discutindo cada tópico do formulário.

5.1 Apresentação dos Sujeitos

0

10

20

30

Profissão

Profissão

Gráfico 01: Referente a profissão dos sujeitos.

Conforme o gráfico acima, que representa os profissionais que participaram

da pesquisa, identifica-se um maior número de técnicos de enfermagem (21

pessoas), seguido por enfermeiros (4 pessoas) e médicos (4 pessoas), após

psicólogas (2 pessoas) e assistente social (1 pessoa).

23

Gráfico 02: Referente ao sexo dos sujeitos.

Conforme o representado no gráfico acima, 5 (15,6%) sujeitos são do sexo

masculino e 27 (84,4%) do sexo feminino.

Gráfico 03: Referente ao tempo de formação dos sujeitos.

Conforme o gráfico acima, correspondente ao tempo de formação dos

sujeitos, identifica-se que a maior parte dos profissionais 44% (14) possuem mais de

15 anos de formação, seguido por 28% (9) que possuem entre 11 a 15 anos, 22%

(7) entre 6 a 10 anos e 6% (2) de 1 a 5 anos de formação.

Gráfico 04: referente ao tempo de atuação dos sujeitos em UTIP.

24

Conforme indica o gráfico, nessa identificação houve pouca diferença entre

as categorias. 34% (11 sujeitos) entre 6 a 10 anos, 31% (10 sujeitos) com mais de

15 anos de atuação em UTIP, seguidos por 13% (4 sujeitos) entre 1 a 5 anos e com

menos de 1 ano de atuação, 9% (3) de 11 a 15 anos.

5.2 Análise e discussão dos dados

Após a análise dos dados percebeu-se que os sujeitos da pesquisa sentem a

necessidade de esclarecimentos acerca da LSV e discussões entre equipe. Como

veremos a seguir nos tópicos deste capítulo.

Como citado no capítulo 3, referente à revisão bibliográfica, os profissionais

de equipes de saúde de UTIP de variados lugares têm dificuldade em lidar com o

final de vida, principalmente quando ocorre em crianças. Pois há tabus e crenças

envolvidos nessa questão e contraria a cultura de que o natural seria ocorrer a morte

após a terceira idade, trazendo sofrimento à família e equipe cuidadora da criança.

Trabalhar com crianças em final de vida não é uma situação fácil. É

necessário que os profissionais tenham consciência e compreensão do que

precisam oferecer às crianças e suas famílias. Um bom suporte psicológico às

pessoas que lidam constantemente com a morte torna-se relevante para que os

mesmos consigam elaborar as inúmeras perdas as quais estão expostos.

5.2.1 Conhecimento da equipe de saúde acerca da LSV

Quando questionados sobre o conhecimento acerca da Limitação de Suporte

de Vida (LSV) 72,4% dos sujeitos responderam que conheciam o assunto, mas

através da avaliação da resposta descritiva identificou-se que apenas 18,7% dos

sujeitos conheciam de fato o tema, como algumas respostas apresentadas abaixo.

“A Limitação de Suporte de Vida consiste na cessação/ retirada dos meios que mantém a vida” (E2). “Quando não há possibilidade de reverter o quadro clínico do paciente, é provável que não se possa mais investir, pois não há mais possibilidades de tratamento (ex.: cuidados paliativos) e na pediatria deva se exemplificar com bebês prematuros de baixo peso 400g (mais ou menos), onde a expectativa

25

só causará dor e desengano para o paciente. Tomará o consenso ético desta conduta de LSV, que se discute amplamente se isto deve ser só entre médicos, ou equipe multidisciplinar, ou familiares também” (P1). “Existem patologias do RN que a própria SBP preconiza a não reanimação destes bebês, apenas oferecer suporte. Neuropatas, sindrômicas, diversas outras patologias pode ocorrer esta situação, a qual dizemos “SPP (se parar parou)” (M4).

Podemos definir Limitação de Suporte de Vida (LSV) como o processo em

que não é oferecido ou é retirado de um paciente terapias que prolongariam sua

vida, considerando que mesmo com elas, ele irá falecer. Sob essa denominação

estão incluídas a ordem de não reanimar, a não oferta de suporte vital e a retirada

de suporte vital. (KIPPER, 2007).

A seguir, podemos observar que alguns sujeitos confundiram a Limitação de

Suporte de Vida com a oferta de suporte vital. Destacando-se a necessidade de

esclarecimentos sobre o tema abordado.

“Suporte de vida é o aparato que usamos para dar continuidade a um paciente gravemente enfermo. Pessoal especializado para o cuidado. E a Limitação de Suporte de Vida são as limitações de equipamentos, medicamentos e exames para melhorar o diagnóstico e poder agir a tempo” (E3). “Acredito que seja quando nos encontramos em situações de risco de um paciente pediátrico ou até mesmo adulto, e não temos tanto corpo clínico suficiente, como aparelhos adequados, medicações e local adequado para o atendimento” (E4). “É quando devemos investir em um paciente” (E1). “Exemplo, crianças prematuras extremas, colocar adrenalina, dopamina ou outros somente para prolongar a vida por mais algumas horas” (T3).

5.2.2 Vivência no cuidado à criança em condições de não reanimar

Em relação à vivência no cuidado a essas crianças, 84,4% dos sujeitos

responderam que já cuidaram de crianças em condições de não reanimar. Observa-

se que foram vivenciados casos em que antes houveram tentativas de reanimação.

“Casos críticos onde já haviam esgotado todas as chances de vida, onde se considerava as situações incompatíveis com a vida” (T2).

26

“A não reanimação ocorre quando já foram realizadas outras tentativas e a criança não responde às manobras de reanimação. Essa decisão cabe à equipe médica” (E2). “Crianças com vários dias em sofrimento ou patologias sem perspectiva de melhora é mais fácil para a equipe optar pela limitação de suporte de vida. Porém, a decisão normalmente é tomada pela chefia da UTI. É necessário mais discussão sobre o tema” (M4).

Na Ordem de Não Reanimar (ONR) é mantido todo o suporte terapêutico,

mas se houver PCR súbita não serão implementadas manobras de RCP. Pode ser

prescrita isoladamente ou fazendo parte de um plano de Limitação de Suporte de

Vida (KIPPER, 2007).

.

5.2.3 Discussão entre a equipe de saúde

Na questão sobre a participação na decisão de não reanimar, 81,3%

responderam que não houveram discussões entre a equipe de saúde, somente entre

a equipe médica. E 18,7% responderam ter vivenciado a discussão entre equipe

sobre o tema.

“Na unidade em que trabalho esta discussão é tomada pelo médico de plantão, sendo que sempre ele comunica o enfermeiro explicando os motivos de não reanimar determinado paciente” (E1).

“A conduta, principalmente, nesta discussão só é resolvida pelo médico” (T5).

“Situações em que a criança foi reanimada várias vezes, sem que o quadro se estabilizasse, ao contrário os sinais vitais só diminuíram, o quadro piorava vertiginosamente, discutiu-se o caso com os profissionais envolvidos e optou-se pela não reanimação” (T9).

Através dos relatos, identifica-se que a decisão de não reanimar é tomada na

maioria dos casos pelos médicos. Alguns sujeitos relataram ter participado da

discussão dos casos em que antes houveram tentativas de reanimação.

No estudo de Nilson (2009) foi identificado uma tímida participação dos

enfermeiros na definição de LSV, havendo participação ativa nas discussões em

apenas 30% dos casos.

27

Estudos realizados no Brasil demonstraram que o final de vida de pacientes

terminais é um processo doloroso, centrado na decisão médica, sem participação de

outros profissionais e da família (NILSON, 2009).

Os sujeitos citaram que gostariam que os casos fossem discutidos entre a

equipe interdisciplinar.

“Gostaria que nesses casos fosse conversado com a equipe de enfermagem sobre a decisão tomada e que fosse a mesma conduta entre todos os médicos da equipe” (T1). “Porque não se discute sobre isso? Toda a equipe, enfermeiros, médicos e téc. de enfermagem juntos” (T10). “Seria muito bom e importante se houvesse discussão entre as equipes multidisciplinares e os pais sobre esta temática” (T20). “Acredito que este assunto deva ser mais discutido, pois no meio pediátrico isso ainda é um tabu, em que a maioria procura se redimir” (E4).

Como podemos perceber através dos relatos, os demais profissionais

envolvidos, além dos médicos, têm interesse em participar das decisões e

discussões dos casos.

Talvez, com a possibilidade de acesso a esclarecimentos ou discussões

sobre as condutas com os pacientes graves, estes profissionais sintam-se mais

satisfeitos e com menos dúvidas em relação aos casos graves e os respectivos

cuidados.

Segundo Nilson (2009), embora a decisão sobre a terminalidade seja uma

responsabilidade médica, do ponto de vista prático, o acesso quase inesgotável à

tecnologia impõe aos demais profissionais que atuam em terapia intensiva, a

vivência constante desses dilemas éticos e morais permeando suas ações

assistenciais.

5.2.4 Comentários acerca da temática

Entre os comentários dos sujeitos, relataram a dificuldade de comunicação

com os pais.

“Muita dificuldade em tratar o assunto com a família. O assunto é pouco comentado entre os próprios profissionais que prestam assistência a estas

28

famílias, o que torna o assunto um verdadeiro tabu. A própria “notícia” do estado dos pacientes mais graves geralmente não é bem esclarecida aos familiares dos RN. Informações como possíveis sequelas são pouco informadas, sendo descobertos pela família ao longo do tempo, por conta própria” (T19). “Normalmente são feitos todos os suportes para reanimar uma criança, os pais até hoje sempre querem que seja feito tudo. Isso coloca os profissionais em uma situação difícil para tomar uma decisão” (T20). “Gostaria de saber mais sobre a abordagem do assunto com os pais, para que a decisão fosse em conjunto” (M1). “Esta temática é bastante controversa, pois somos pais e como tal espera-se que tudo seja feito para que haja melhora da criança. Acho que falta o apoio psicológico adequado à família” (T9).

Para os pais, geralmente a notícia de doença grave em seu filho é dolorosa,

muitas vezes leva-os a não aceitação e negação, o que dificulta o entendimento do

estado de saúde da criança. Por isso, a equipe necessita estar ciente do caso para

que possa prestar o melhor cuidado a família.

Segundo Cardigni (2008), a relação com os pais na UTI Pediátrica adquire

características singulares, pois a doença grave e eventualmente a morte de um filho

são sempre vivenciados como uma situação injusta. A internação, por si só, já causa

um choque para a família e leva a grande ansiedade, muitas vezes associadas a

isolamento e sentimento de negação.

Elisabeth Kübler-Ross (1996), enfatiza que os pacientes, bem como suas

famílias passam por diferentes estágios do processo de morte e salienta a

importância do profissional conhecê-los para poder prestar uma assistência

qualificada.

5.2.5 Relevância de estudar o tema

Na questão sobre a relevância de estudar o tema, 90,6% dos sujeitos

responderam considerar relevante estudar essa temática. E ainda referiram que

gostariam que houvessem grupos de discussão na instituição de trabalho.

“Ainda é pouco discutido o assunto, surgem muitas dúvidas diante desta situação. Seria bom se tivesse um grupo de discussão” (T7). “É um tema importantíssimo para os profissionais da área, que deveria ser mais discutido, inclusive durante a graduação” (E2).

29

Com base nos relatos, sugere-se que os sujeitos se preocupam com a

temática e gostariam de poder discutir os casos.

Segundo Kipper (2007) a morte de uma criança é sempre cercada por muito

sofrimento e desencadeia um processo de luto dos mais dolorosos. Talvez por isso

exista uma grande dificuldade em estudar a Limitação de Suporte de Vida.

30

6. Considerações finais

O estudo possibilitou identificar o conhecimento dos profissionais de saúde

que atuam em uma Unidade de Terapia Intensiva Pediátrica sobre a Limitação de

Suporte de Vida e propôs a estes profissionais a reflexão acerca do tema.

Dos profissionais entrevistados, 44% tem o tempo de formação maior de 15

anos. Sendo a maioria, 84,4%, do sexo feminino.

Os resultados obtidos neste estudo nos permitem concluir que os

profissionais desta UTIP necessitam de esclarecimento acerca da LSV, pois apenas

18,7% souberam responder esta questão. Apenas 18,7% dos sujeitos vivenciaram

situações que demandassem discussão acerca da LSV. Nos comentários, relataram

ter dificuldade de comunicação com os pais.

Com isso, percebe-se a necessidade de instrumentalização dos sujeitos e

realização de discussões em equipe, para que talvez possa haver melhora na

qualidade do atendimento aos pacientes terminais e seus familiares.

Acreditamos que o resultado desta pesquisa possa contribuir de forma

importante para o conhecimento dos profissionais da saúde e comunidade

acadêmica a respeito deste assunto, já que o mesmo é pouco abordado durante a

graduação e há poucos estudos na literatura brasileira.

Ainda queremos expressar que esta pesquisa foi gratificante para a autora,

pois permitiu alcançar os objetivos propostos inicialmente e nos proporcionou maior

conhecimento a respeito do assunto.

31

7. Referências

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filhos em unidade de terapia intensiva pediátrica. 2010. 86f. Dissertação

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36

APÊNDICÊS

37

APÊNDICE A – Carta ao Serviço de Educação

UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS

FACULDADE DE ENFERMAGEM

Orientadora: Profª. Enfª. Dra. Ana Claudia Garcia Vieira

Orientanda: Kenya Pinzon de Oliveira

Pelotas, de de 2011

Ilustríssimos membros do Serviço de Educação

Na condição de acadêmica da Faculdade de Enfermagem da Universidade

Federal de Pelotas, venho por meio desta solicitar autorização para o

desenvolvimento de um estudo, tendo por objetivo investigar o conhecimento da

equipe de saúde da Unidade de Terapia Intensiva Pediátrica sobre a Limitação de

Suporte de Vida, visando à elaboração de monografia, a qual é requisito para

obtenção do título de bacharel em Enfermagem.

O estudo será realizado através de um instrumento de coleta de dados

aplicado aos profissionais atuantes na Unidade de Terapia Intensiva Pediátrica.

Assim, terei o presente compromisso ético a todos os sujeitos envolvidos na

pesquisa, em concordância com o Código de Ética dos Profissionais de

Enfermagem, de acordo com os Cap. IV artigo 35, 36 e 37; Cap. V artigo 53 e 54.

Como também, a Resolução nº 196/96 do Conselho Nacional de Saúde do Ministério

da Saúde, que trata sobre a pesquisa envolvendo seres humanos. Desta forma,

contamos com seu apoio e coloco-me a disposição para esclarecimentos.

Atenciosamente,

_________________________

Kenya Pinzon de Oliveira

Acadêmica de Enfermagem – Orientanda

_____________________________________

Profª. Enfª. Dra. Ana Claudia Garcia Vieira

38

APÊNDICE B – Carta de apresentação ao Comitê de Ética em Pesquisa

UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS

FACULDADE DE ENFERMAGEM

Orientadora: Prof. Enfª. Dra. Ana Claudia Garcia Vieira

Orientanda: Kenya Pinzon de Oliveira

Pelotas, de de 2011

Ilustríssimos membros do Comitê de Ética em Pesquisa

Encaminhamos por meio deste, para a análise e apreciação de V. S.ª, o Projeto

Monográfico intitulado como “Limitação de Suporte de Vida em Crianças:

Avaliação do conhecimento da equipe de saúde de uma Unidade de Terapia

Intensiva Pediátrica”, de autoria da acadêmica, Kenya Pinzon de Oliveira, da

Faculdade de Enfermagem, da Universidade Federal de Pelotas.

Encaminharemos em anexo o referido projeto de pesquisa. Teremos o

compromisso de preservar os sujeitos envolvidos no estudo, assim como a

instituição, respeitando os aspectos éticos.

Na certeza de contar com seu apoio, aguardamos o parecer e colocamo-nos

a disposição para outros esclarecimentos.

Atenciosamente.

_____________________ _____________________________

Kenya Pinzon de Oliveira Profª Enfª Dra Ana Claudia G. Vieira

Autora da pesquisa Orientadora da pesquisa

39

APÊNDICE C – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS

FACULDADE DE ENFERMAGEM

Orientadora: Profª. Enfª. Dra. Ana Claudia Garcia Vieira

e-mail: [email protected]

tel.: (53) 9935-2622

Orientanda: Kenya Pinzon de Oliveira

e-mail: [email protected]

tel.: (53) 9133-9186

TERMO DE CONSENTIMENTO PARA O ESTUDO: “Limitação de Suporte de

Vida em Crianças: avaliação do conhecimento da equipe de saúde de uma

Unidade de Terapia Intensiva Pediátrica”.

Gostaríamos de convidá-la(o) a participar do estudo contribuindo com o seu

conhecimento e entendimento, respondendo as questões do instrumento de

pesquisa. Os dados do instrumento serão analisados juntamente com o dos demais

participantes. Os resultados obtidos serão colocados à disposição da equipe de

saúde.

O estudo será realizado pela acadêmica, autora do projeto, Kenya Pinzon de

Oliveira, sob orientação da Profª. Enfª. Dra. Ana Claudia Garcia Vieira.

O objetivo do estudo é investigar o conhecimento da equipe de saúde da

Unidade de Terapia Intensiva Pediátrica sobre a Limitação de Suporte de Vida,

propondo-se a identificar se os profissionais da equipe já vivenciaram situações que

demandassem discussão acerca da Limitação de Suporte de Vida na Unidade de

Terapia Intensiva Pediátrica e verificar se os profissionais da Unidade de Terapia

Intensiva Pediátrica sentem a necessidade de promover a discussão em equipe de

casos graves que incluam a Limitação de Suporte de Vida.

40

Os dados serão coletados através de um instrumento aplicado aos

profissionais atuantes na Unidade de Terapia Intensiva Pediátrica. Os dados

fornecidos pela equipe terão caráter confidencial, mantendo o anonimato do sujeito.

A coleta de dados não acarretará em riscos, pois não prevê procedimentos

invasivos ou de ordem moral.

A pesquisa obtém como benefícios o esclarecimento sobre a Limitação de

Suporte de Vida e propõe a discussão entre a equipe de saúde da unidade sobre o

assunto.

O presente Termo de Consentimento Livre e Esclarecido será impresso em

duas vias, permanecendo uma com a autora do projeto e outra com o profissional

participante do estudo.

O profissional participante do estudo terá a liberdade de não participar ou

retirar o consentimento de participação a qualquer momento, considerando-se livre

para responder ou não às perguntas formuladas.

Eu________________________________________, abaixo assinado, tendo

recebido todos os esclarecimentos acima citados, e ciente dos meus direitos,

concordo em participar desta pesquisa, bem como autorizo toda documentação

necessária, a divulgação e a publicação em periódicos, revistas bem como

apresentação em congressos, workshop e quaisquer eventos de caráter científico.

Local: _________________________ Data: __/__/__

___________________________________ _____________________

Nome do profissional Assinatura

_______________________ _____________________________

Kenya Pinzon de Oliveira Profª Enfª Dra Ana Claudia G. Vieira

Autora da pesquisa Orientadora da pesquisa

41

APÊNDICE D – Protocolo de Estudos

UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS

FACULDADE DE ENFERMAGEM

Instrumento de coleta de dados

Prezado profissional, o objetivo deste estudo é verificar o conhecimento da equipe

de saúde de uma Unidade de Intensivismo Pediátrico sobre a Limitação de Suporte

de Vida em crianças. É muito importante que você leia e responda a todas as

questões. Obrigada!

Categoria profissional: ( ) Enfermeira(o) ( ) Técnica(o) de enfermagem

( ) Médica(o) ( ) Psicóloga(o) ( ) Assistente Social

Sexo: ( ) F ( ) M

Idade: ____________

Tempo de formação: ( ) menos de 1 ano ( ) de 1 a 5 anos ( ) de 6 a 10 anos

( ) de 11 a 15 anos ( ) mais de 15 anos

Trabalha há quanto tempo em Unidade de Terapia Intensiva Pediátrica?

( ) menos de 1 ano ( ) de 1 a 5 anos ( ) de 6 a 10 anos ( ) de 11 a 15 anos ( )

mais de 15 anos

1- Durante a formação acadêmica você teve a oportunidade de estudar assuntos

relacionados a terminalidade infantil?

( ) Sim. Onde? ( ) Cursos ( ) Eventos ( ) Outros: _____________

( ) Não

2- Você sabe o que é Limitação de Suporte de Vida?

( ) Sim

( ) Não

3- Em caso afirmativo, descreva o que você sabe sobre isso?

_________________________________________________________________

_________________________________________________________________

________________________________________________________________

42

4- E sobre a decisão de não reanimar uma criança em UTI, o que você já

vivenciou?

_________________________________________________________________

_________________________________________________________________

________________________________________________________________

5- Você já cuidou de alguma criança nestas condições?

( ) Sim

( ) Não

6- Em caso afirmativo, houve alguma discussão entre a equipe sobre a conduta

a ser adotada?

( ) Sim

( ) Não

7- O que você gostaria de comentar ou perguntar sobre esta temática?

_________________________________________________________________

_________________________________________________________________

________________________________________________________________

8- Você considera relevante estudar sobre esta temática?

( ) Sim

( ) Não

9- Se você tivesse a oportunidade de obter mais informações sobre o assunto,

como você sugere que essa temática seja trabalhada na sua instituição?

( ) Grupo de discussão

( ) Simpósio

( ) Palestra com expertise na área

( ) Outros:____________________

43

ANEXO - Aprovação do Comitê de Ética e Pesquisa