UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALFENAS NICOLE MARCONI … · ele entra no oceano é que o medo desaparece....
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALFENAS
NICOLE MARCONI CAMPANA
DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO, TECNOLÓGICO E CIENTÍFICO DOS ESTADOS
BRASILEIROS: UM ESTUDO PARA OS ANOS DE 2002 E 2010.
Varginha/MG
2014
NICOLE MARCONI CAMPANA
DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO, TECNOLÓGICO E CIENTÍFICO DOS ESTADOS
BRASILEIROS: UM ESTUDO PARA OS ANOS DE 2002 E 2010.
Trabalho de conclusão de curso apresentado ao
Instituto de Ciências Sociais Aplicadas da
Universidade Federal de Alfenas, como requisito
parcial à obtenção do título de Bacharel em
Ciências Econômicas com Ênfase em
Controladoria.
Orientador: Thiago Caliari Silva
Varginha/MG
2014
NICOLE MARCONI CAMPANA
DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO, TECNOLÓGICO E CIENTÍFICO DOS ESTADOS
BRASILEIROS: UM ESTUDO PARA OS ANOS DE 2002 E 2010.
A Banca examinadora abaixo-assinada aprova a
monografia apresentada como parte dos requisitos
para obtenção do título de Bacharel em Ciências
Econômicas com Ênfase em Controladoria da
Universidade Federal de Alfenas.
Aprovada em:
________________________________
Prof. Nome do Professor
________________________________
Prof. Nome do Professor
________________________________
Prof. Nome do Professor
AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente a Deus, por me dar forças para chegar até aqui.
Agradeço minha família, minha mãe Marilei e minha Irmã Camila, por sempre estarem ao
meu lado e não me deixarem desanimar nem por um minuto, me estimularem e me darem
força para lutar e conquistar meus objetivos, por me ensinarem a ser determinada e ir atrás
dos meus sonhos.
Agradeço meu orientador Thiago Caliari por todo auxilio durante o trabalho, pelo
ensino, dedicação, paciência, disponibilidade e empenho, e também pela Universidade
que me proporcionou a oportunidade de aprendizado.
Agradeço aos meus amigos que sempre estiveram ao meu lado e por muitas vezes
me deram suporte e força para continuar meu trajeto sempre dispostos a me ajudar, em
especial ao Mário, que me auxiliou muito na realização desse projeto fazendo críticas
construtivas, Maísa, minhas colegas de república, e por fim, agradeço as pessoas que
direta ou indiretamente contribuíram para a conclusão desse projeto e do meu curso.
“Diz-se que, mesmo antes de um rio cair no
oceano ele treme de medo. Olha pra trás,para
toda a jornada, os cumes, as montanhas, o longo
caminho sinuoso através das florestas, através
dos povoados, e vê à sua frente um oceano tão
vasto que entrar nele nada mais é do que
desaparecer para sempre. Mas não há outra
maneira. O rio não pode voltar. Ninguém pode
voltar. Voltar é impossível na existência. Você
pode apenas ir em frente. O rio precisa se
arriscar e entrar no oceano. E somente quando
ele entra no oceano é que o medo desaparece.
Porque apenas então o rio saberá que não se
trata de desaparecer no oceano, mas tornar-se
oceano.
Por um lado é desaparecimento e por outro é
renascimento.
Assim somos nós. Só podemos ir em frente e
arriscar.”(Osho, 2014).
RESUMO
O presente trabalho tem como objetivo analisar o nível de desenvolvimento econômico,
tecnológico e científico dos estados brasileiros (e também do Distrito Federal), apresentando uma
classificação hierárquica sobre a capacitação dos estados frente a esses indicadores. São avaliadas
variáveis relativas ao nível de desenvolvimento e suporte às atividades tecnológicas e científicas
para os anos de 2002 e 2010. As variáveis proxy para o entendimento desses tipos de
desenvolvimento foram submetidas a análises estatísticas multivariadas de Análise Fatorial e
Análise de Cluster. Como principais resultados foi possível notar a similaridade entre os padrões
de desenvolvimento econômico, tecnológico e científico dos estados brasileiros, além da pequena
modificação no posicionamento relativo no período de análise considerado.
Palavras Chave: Desenvolvimento Econômico, Desenvolvimento Tecnológico,
Desenvolvimento Científico, Desenvolvimento Regional, Desequilíbrio Regional.
ABSTRACT
This project aims to analyze the level of economic, technological and scientific development of
the Brazilian states (plus the Federal District), presenting a hierarchical classification on the
training of the states against these indicators. It is evaluating variables related to the level of
development, support to technological and scientific activities for the years 2002 and 2010. Proxy
variables for understanding these types of development were subjected to multivariate statistical
analyzes of Factor Analysis and Cluster Analysis. These principal results was possible to note the
similarity between the patterns of economic, technological and scientific development of
Brazilian states, besides the relative positioning during the analysis period considered.
Keywords: Economic Development, Technological Development, Scientific Development,
Regional Development, Regional Imbalance.
Sumário
1. INTRODUÇÃO ....................................................................................................................... 9
2. DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO E INOVAÇÃO .................................................. 10
2.1 A Escola Schumpeteriana ................................................................................................. 10
2.2 A Escola Neoschumpeteriana e os Sistemas de Inovação............................................... 15
3. METODOLOGIA ................................................................................................................. 20
3.1 Métodos de análise multivariada ..................................................................................... 20
3.2 Variáveis Utilizadas ........................................................................................................... 22
4. RESULTADOS ...................................................................................................................... 25
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................... 35
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ....................................................................................... 37
ANEXOS
ANEXO A - Valor dos Fatores Econômico Urbano, Tecnológico e Científico para o ano de
2002. ANEXO B- Valor dos Fatores Econômico Urbano, Tecnológico e Científico para o ano de
2010.
ANEXO C- Valores absolutos das Variáveis referentes a 2002.
ANEXO D- Valores absolutos das Variáveis referentes a 2010.
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1. INTRODUÇÃO
A atividade inovadora é vista como um fator determinante para o desenvolvimento
econômico, e sua relação com a infraestrutura científica tende a aumentar a viabilidade e
probabilidade do surgimento de novas tecnologias e produtos. Assim, é evidente que as nações
que apresentam maiores possibilidades de fomento de tal atividade terão maior potencialidade de
desenvolvimento. O mesmo pensamento ocorre na comparação no âmbito regional: as regiões
detentoras de sistemas de inovação mais avançados apresentam melhores condições de ampliação da
sua renda frente às que apresentam arranjos inovativos frágeis (DINIZ; GONÇALVES, 2005).
A proposta desse trabalho é analisar o nível de desenvolvimento econômico, tecnológico e
científico dos estados brasileiros (e também do Distrito Federal), apresentando ainda uma
classificação hierárquica sobre a capacitação dos estados frente a esses indicadores. Para isso
serão avaliadas variáveis relativas ao suporte às atividades tecnológicas como, variáveis ligadas às
atividades científicas e também variáveis ligadas ao seu grau de desenvolvimento econômico
assumindo a relação de dependência existente entre estes três grupos de variáveis. A presente análise
considera dois períodos, 2002 e 2010, visando à verificação de mudanças desses padrões de
desenvolvimento entre os 26 estados brasileiros, mais o Distrito Federal.
Utilizaram-se para esse objetivo métodos estatísticos multivariados de Análise Fatorial e
Análise de Clusters. O intuito do primeiro é avaliar a similaridade na correlação das variáveis que são
propostas para explicar os padrões de desenvolvimento sugeridos, na tentativa de extrair um indicador
que os expresse. A análise de Cluster tem o intuito de verificar a aproximação desse indicador em
cada tipo de desenvolvimento proposto em grupos, apontando os estados mais próximos em relação
ao fator.
Este trabalho está dividido em cinco seções, sendo a primeira esta introdução, a segunda
contém aspectos teóricos sobre o desenvolvimento econômico e a inovação, como também os
sistemas regionais. A terceira seção apresenta a metodologia referente à Análise Fatorial e Análise de
Cluster e as variáveis utilizadas. A quarta exibe os resultados obtidos por meio das observações
obtidas, sendo seguida pela quinta seção na qual são apresentadas as considerações finais.
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2. DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO E INOVAÇÃO
2.1 A Escola Schumpeteriana
A abordagem desta sessão está sobre o foco da explicação da inovação como forma de
promulgar o desenvolvimento econômico, apresentando as ideias dos estudiosos que criaram essa
teoria. A discussão teórica sobre os determinantes do desenvolvimento econômico é extensa mas
notadamente sempre perpassa sobre a importância da inovação tecnológica na promoção do
desenvolvimento sustentável de longo prazo de uma nação. Coube a Joseph Alois Schumpeter,
inicialmente em sua “Teoria do Desenvolvimento Econômico” de 1912 (SCHUMPETER,
1912:1986), apontar a relevância desse fenômeno como o motor econômico, que gera novas
formas e meios de produção e permite à economia o desenvolvimento. É verdade que autores
antes de Schumpeter haviam dado importância para processos geradores de aumento de
produtividade, como, por exemplo, a divisão do trabalho de Adam Smith e a permanente
revolução da base técnica do capitalismo cunhada por Marx.
Segundo Moricochi e Gonçalves, Schumpeter herdou de Marx a visão dinâmica do
processo de desenvolvimento, porém, mesmo assim figurava como um grande oposicionista a
inúmeros pressupostos da teoria marxista. Seu objetivo é explicar o caráter geral do
desenvolvimento e dessa maneira foca sua análise no desenvolvimento tecnológico voltado para a
produção, ou seja, tenta caracterizar o processo de produção como sendo o agrupamento de
alguns elementos, no nível material e imaterial (MORICOCHI, GONÇALVES, 1994).
Alguns aspectos da teoria marxista, como por exemplo, a teoria da renovação dos ciclos,
que enfatiza uma renovação do Capital Fixo à medida que a máquina era substituída por outra
(PAULA, et al 2001), dá suporte para o desenvolvimento da teoria schumpeteriana conhecida
como “destruição criadora”. Esta preconiza que os processos inovativos surgiam devido às crises
do sistema econômico, pelo fato de ser criada a necessidade de se introduzir novas combinações
de fatores produtivos, para alavancar o crescimento econômico, através da substituição
tecnológica. A introdução de novos produtos ou meios de produção ‘destrói’ os velhos, estando
assim em constante transformação e renovação do antigo pelo novo (SCHUMPETER, 1961).
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A teoria schumpeteriana enfatiza a necessidade da introdução de inovações que no
contexto neoclássico, seria traduzido em mudança na função de produção a fim de romper com o
fluxo circular da renda e do estado de equilíbrio. Disto decorre a ideia de que o desenvolvimento
está fora desse cenário estático, enfatizando que:
O desenvolvimento, no sentido em que o tomamos, é um fenômeno distinto,
inteiramente estranho ao que pode ser observado no fluxo circular ou na tendência para o
equilíbrio. É uma mudança espontânea e descontínua nos canais do fluxo, perturbação
do equilíbrio, que altera e desloca para sempre o estado de equilíbrio previamente
existente. (SCHUMPETER, 1997; p. 75).
Então o intuito de Schumpeter é entender os motivos geradores de crises no modelo
econômico, já que segundo a teoria clássica estas crises seriam solucionadas no longo prazo.
Acreditava que o processo de desenvolvimento econômico se dava através de mudanças
continuas no modelo produtivo utilizado. Schumpeter traz a ideia de ciclos econômicos finitos,
ou seja, a cada crise ocorrida no sistema econômico, o modo de superação destas se dava através
da inovação e da quebra do modelo produtivo utilizado.
Schumpeter (1982) afirmava que os processos inovativos surgiam devido às crises, pelo
fato de ser criada a necessidade de se introduzir novas combinações de fatores
produtivos, para alavancar o crescimento econômico. Os responsáveis por estas
inovações seriam os empresários empreendedores que tornavam viáveis as
transformações do meio produtivo. No entanto, estas inovações geravam uma desordem
que, inicialmente instaurada, obrigava os outros empresários a se adequarem conforme
estes novos parâmetros, ocorrendo assim uma organização que aos poucos se
transformava em ordem novamente. (NEUTZLING , PEDROZO, 2009; p.3)
Ou seja, Schumpeter acreditava que quando iniciasse uma crise no sistema capitalista,
para que esta fosse superada, era preciso que acontecesse uma mudança em todo o sistema
produtivo. Essas mudanças deveriam ser feitas pelas mãos dos empresários com maior
quantidade de capital de cada setor, assim ele fomentaria uma mudança, “obrigando” aos demais
empresários a se adequarem aos novos modelos de produção do mercado. Durante o período de
transformação a economia enfrentaria um período de “desordem”, porém, quando esta
transformação estivesse concluída e todos os empresários envolvidos passassem por esse período,
a economia voltaria para o estado de “ordem” (NEUTZLING ; PEDROZO, 2009).
É justamente nesse cenário que se insere o elemento motriz da evolução do capitalismo.
Segundo Schumpeter (1997), a inovação é advinda tanto da introdução de novos bens ou técnicas
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de produção, ou mesmo através do surgimento de novos mercados, como também ofertas de
matérias-primas. Neutzling e Pedrozo (2009) elencam cinco componentes da introdução das
inovações tecnológicas: i) Introdução de um novo bem; ii) de um novo método produtivo; iii)
Abertura de um novo mercado; iv) Conquista de uma nova fonte de matéria-prima ou v)
Estabelecimento de uma nova organização.
Dessas afirmações depreende-se que a teoria schumpeteriana delega papel diferenciado
aos agentes econômicos na analise da inovação no âmbito da firma. A teoria neoclássica analisa a
inovação como um deslocamento ocorrido na função de produção resultante de modificações de
produtividade no trabalho (ou do capital) utilizando quase sempre uma metodologia de análise
que remete exogeneidade da inovação.1 Para Schumpeter, o processo de inovação tecnológica é
baseado em três períodos de análise sendo estes determinados endogenamente contendo a fase de
invenção inovação e difusão do processo (KUPFER , HASENCLEVER, 2002).
O processo de difusão como explanado por Rosemberg (2006) baseia-se na adequação e
no melhoramento das inovações perante as demandas específicas e na implementação de insumos
complementares às inovações originais, que toma esse processo de extrema importância para a
disseminação da inovação nos locais apropriados.
A inovação vem como base de uma vantagem competitiva no mercado, resultando em
mudanças no processo econômico. Apesar dos determinantes do processo inovativo, Schumpeter
delega papel importante à lógica econômica sobre a lógica tecnológica condizente com a
utilização de máquinas tecnológicas (SCHUMPETER, 1997).
O início do processo de desenvolvimento no âmbito da produção é gerado, via de regra,
com uma mudança econômica e para que esta seja superada é iniciado o processo de inovação
das tecnologias de produção, garantindo a reativação do sistema econômico (SCHUMPETER,
1997).
Para a teoria Schumpeteriana o lucro é uma característica advinda do progresso
tecnológico, como forma de romper a situação estática do fluxo circular, o que acaba por resultar
em um acirramento da concorrência capitalista. A obtenção do lucro através da atividade
inovadora apresenta-se de extrema importância para o progresso econômico, assim: “O lucro, por
1Cabe destacar, porém, os trabalhos de Romer (1990) e Lucas (1988) no cerne de modelos neoclássicos de
crescimento endógeno.
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definição originada da inovação, é a parte básica da fortuna capitalista. É a ‘acumulação
primitiva’ schumpeteriana” (EKERMAN, ZERKOWSKI, 1984; p.216).
Ademais, Schumpeter, em seus primeiros movimentos teóricos, é enfático ao destacar a
relevância da diferenciação de comportamento e tipo dos agentes. Para o autor, deve-se
considerar a existência de dois grupos distintos de proprietários de empresa: O "empresário" que
é o que “promove inovações no processo produtivo” (MORICOCHI, GONÇALVES, 1994; p.
29), e tem acima de tudo uma vontade de criar, de realizar as coisas, ou simplesmente de exercitar
sua energia e engenhosidade (SCHUMPETER, 1997), além de auferir lucros extraordinários. E o
capitalista que, pelo contrário, é conservador e não pode ser comparado ao empresário, pois este
rompe com o fluxo circular promovendo o avanço do processo de desenvolvimento. Assim
Schumpeter (1997) define o empresário como um fenômeno do desenvolvimento econômico.
Dessa forma, o empresário deve exercer seu papel de agente inovador do processo
produtivo durante uma mudança na economia, ou seja, nesse momento ele precisa usar o capital
para modificar o modelo produtivo e então obter lucro através do investimento. Quando um
empresário inicia o processo de transformação em seu método produtivo, utiliza o capital próprio
ou de terceiros (banqueiros, por exemplo), para financiar esta mudança.
Assim um outro aspecto importante na teoria schumpeteriana é a importância do crédito
nesse processo, diferentemente da teoria clássica que não considerava o crédito e a moeda, como
variáveis que afetavam diretamente e economia, Schumpeter mostra que o capital investido em
inovação tecnológica (crédito) é de suma importância para o processo de “destruição criadora”.
[...] "Capital" não é o estoque de bens reais de uma comunidade, mas sim,uma reserva
monetária que capacita ao empresário ter o "poder de controle" sobre os fatores de
produção, deslocando-se dos velhos empregos e canalizando-os para os novos usos que a
inovação exige. É "aquela soma de meios de pagamento que está disponível a qualquer
momento a ser transferido aos empresários". Esses recursos de capital são conseguidos
nos bancos criadores de crédito. (MORICOCHI , GONÇALVES, 1994; p. 30).
Já em uma segunda fase, Schumpeter, destaca a importância não apenas de um empresário
inovador mas da escala industrial criada por uma grande empresa na promulgação da inovação
(SCHUMPETER, 1961). Nesse posicionamento de Schumpeter a consideração é que o tamanho
das empresas reflete diretamente no grau de competição ocorrida entre elas. Nas grandes
empresas de Schumpeter, é notório que em um determinado mercado, quanto maior for a
capacidade inovadora e de resistência em relação às pequenas empresas, maior será o ritmo de
introdução de inovação (SCHUMPETER, 1961)
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Assim, as empresas vão se adequando às inovações através da obsolescência do capital. É
notório que a infraestrutura interna e externa é um fator culminante para a inserção da inovação e
a tendência é de que um aumento no grau de concentração ocorrerá à medida que esse processo
avance, posto que o crescimento possa conferir vantagens às grandes empresas, ao passo que o
declínio produzirá obsolescência técnica às pequenas empresas (NELSON & WINTER,1982).
As mudanças tenderiam a se concentrar em determinados setores da economia, em
específico naqueles mais consolidados e que detêm maiores poderes de mercado fazendo deste
um processo desigual instigando as firmas com maior potencialidade de inovação à procura de
melhoras no progresso técnico, através da introdução de novas inovações (MOREIRA, 1989).
Rosemberg (2006) destaca um ponto importante sobre o momento da implementação da
inovação, já que esta é vinculada a inúmeras incertezas em relação as expectativas futuras. Em
seu primeiro estágio as inovações são imperfeitas, ao qual cabe ao agente que insere resolve-las.
Assim, o inovador pioneiro ganha destaque, já que é ele quem vai assumir maiores riscos até que
os “imitadores” o alcancem, criando assim um cenário competitivo.
Dessa forma, a concorrência schumpeteriana caracteriza-se pela diferenciação por parte
dos agentes baseados em meios de produção diferentes, tendo em vista a obtenção de vantagens
competitivas em um ambiente intensamente competitivo. É de extrema importância salientar que
nesse mesmo cenário, a inserção das inovações criam barreiras à entrada, fazendo com que as
entrantes no mercado sintam a necessidade de investir mais em inovações para não perder
competitividade (KUPFER ,HASENCLEVER, 2002)
A introdução da inovação vem atrelada à ideia do aprendizado tecnológico que é
adquirido através do processo de “destruição criadora”. A principal forma relacionada a esse
processo de aprendizado com base nas inovações vem vinculada à atividade de pesquisa e
desenvolvimento ao qual consiste em “ procurar e descobrir as características de projeto ótimas
de um produto” (ROSEMBERG, 2006; p.186). Assim, é de extrema importância saber as
combinações de características dos produtos aos quais são utilizadas pelos mercados a fim de
aperfeiçoar a produtividade. Este processo está diretamente relacionado com a ciência
determinando o ritmo do progresso técnico.
Sendo assim, há uma correlação estrita entre a capacitação científica, tecnológica e o
crescimento econômico, sendo a inovação fator preponderante para determinar o padrão do
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crescimento econômico e, muitas vezes, estritamente ligada às capacitações nacionais em
pesquisa e desenvolvimento.
2.2 A Escola Neoschumpeteriana e os Sistemas de Inovação
Estudiosos com viés de análise schumpeteriano trouxeram contribuições às ideias de
inovação como motoras do desenvolvimento introduzindo alguns novos aspectos fundamentais
para a geração desse processo. Nesse contexto se inicia o surgimento de uma corrente de
pensamento denominada escola Neoschumpeteriana, caracterizada pela forte influência
Schumpeteriana e também com algumas mudanças no entendimento da promulgação do processo
inovativo.
Uma das contribuições que a escola Neoschumpeteriana traz à teoria da inovação está
relacionada ao caráter evolucionista que se insere no cenário competitivo mediante à necessidade
da análise dinâmica do comportamentos tomados pelos agentes. À medida que as inovações são
implantadas novas rotinas surgem, ou simplesmente se adaptam as rotinas anteriores. Com isso,
dentro de um ambiente competitivo a firma capitalista busca implementar a inovação afim de se
sobressair à rotina estabelecida (NELSON & WINTER, 1982). O conceito de firma capitalista é
defendido por essa escola como uma organização que está em uma busca incessante pelo
progresso técnico.
O caráter dinâmico da teoria tem como base ideias que remetem à rotina, busca e seleção.
A noção de seleção é atrelada ao entendimento das rotinas. Rotina é considerada pela teoria
Neoshumpeteriana como regras e padrões do sistema econômico. Desse modo ao passo que as
rotinas vão se estabelecendo e se tornando previsíveis as firmas partem em busca de inovações
para fornecer resultados econômicos (JUNIOR et al 2009).
Essa linha de busca incessante por novas rotinas através das inovações rompem com o
conceito estático neoclássico assim como o aceite schumpeterianos de equilíbrio. Insere-se ainda
a relevância da consideração da racionalidade limitada ou processual adotada pelas firmas devido
às incertezas do processo inovativo (VIEIRA,2014).
A respeito das incertezas geradas pelas inovações, Rosemberg (2006) contribui para o seu
entendimento através do conceito de aperfeiçoamento tecnológico, ao qual pode refletir nas
mudanças de expectativas criadas a respeito dessas inserções tecnológicas. As inovações podem
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estar em constante mudança, assim, se alguma firma sinaliza uma melhora na tecnologia vigente
outras preferem frear o rítmo da mudança técnica futura.
As expectativas do aperfeiçoamento contínuo de uma nova tecnologia podem, portanto,
levar ao adiantamento de uma inovação, à diminuição da velocidade de sua difusão, ou à
sua adoção sob uma forma modificada, que permitia maior flexibilidade no futuro
(ROSEMBERG, 2006; p. 177).
Os Neoschumpeterianos afirmam que a inovação surge de uma continuidade de um
conjunto de ações que envolvem os agentes econômicos, e não de um fato isolado no sistema
(FREEMAN, 1995). O processo inovativo também é derivado de um conjunto endógeno
induzido pelo próprio ambiente competitivo, “inovação como elemento alimentador é
influenciado pelo seu próprio processo” (SHIKIDA, BACHA, 1998; p.117). Dessa forma, o
processo inovativo não pode, e não deve ser entendido como exclusividade das grandes empresas,
e é nesse ponto que se estabelece um desenvolvimento em relação ao pensamento de Schumpeter.
Para essa corrente de pensamento, é preciso se pensar em um Sistema Nacional de
Inovação (SNI) o qual pode ser definido como uma construção institucional, de um produto ou de
uma ação planejada e consciente, podendo ser também um somatório de decisões não planejadas
e desarticuladas, que estabelecem uma relação entre a invenção, inovação, e difusão e que
impulsionam o progresso tecnológico (FREEMAN, 1988; NELSON, 1993 apud
ALBUQUERQUE, 1998; p.157). Dessa forma, os neoschumpeterianos defendem que a inovação
é resultante de um conjunto amplo de relação entre os agentes do mercado como empresas
privadas, governos e instituições e que esse processo, de geração de inovações, necessita de inter-
relações sinérgicas entre estes três agentes.
De acordo com Albuquerque (1998), os SNI podem ser divididos em quatro grandes
grupos, sendo eles definidos entre as diferentes capacitações tecnológicas dos que o detém. O
primeiro grupo é representado por estruturas que mantém liderança do processo tecnológico. O
segundo é caracterizado por sistemas aos quais estão direcionados à difusão tecnológica,
procedido por aqueles ao qual apresentam um sistema de ciência e tecnologia, mas não se
transformam em inovação. E por fim, os casos nos quais são inexistentes um sistema nacional de
inovação.
Nesse contexto a divisão de acordo com a capacitação tecnológica resulta em uma corrida
pelos processos de inserção da inovação frente aos países desenvolvidos e aqueles que buscam o
desenvolvimento, distanciando ainda mais essa divisão estabelecida. A infraestrutura vem como
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fator determinante dessa inserção que resulta em acumulo de conhecimentos afim de focalizar na
busca pelo progresso tecnológico.
Frente a essa divisão entre distintos padrões de desenvolvimento, Albuquerque (1998)
destaca a importância de um catching up inovativo nos países periféricos, menos desenvolvidos,
para a diminuição do hiato tecnológico. Sua definição engloba a existência de diferentes sistemas
de inovação a nível nacional. As localidades mais desenvolvidas apresentam um caráter de
sistemas maduros, enquanto as regiões subdesenvolvidas apresentam sistemas de inovação
imaturos.
Kim e Nelson (2005) destacam que os avanços tecnológicos exercem forte importância
frente ao aumento da produtividade nos países industrializados. Aponta que os altos
investimentos desses países detentores resultam em altas taxas de capital físico e humano, que
consequentemente movimentam as funções de produção. O grau de aprendizado tecnológico
determina o desempenho industrial das diferentes nações, o que tem relação direta com a
diferenciação dos sistemas nacionais vigentes. Os países podem apresentar níveis de aprendizado
diferente o que faz com que nem todos os países aproveitem os conhecimentos disponíveis
igualmente.
A principal diferença entre o grau de fomento da atividade tecnológica nos países
desenvolvidos e os menos desenvolvidos está situado na base nacional de aptidões e aprendizado
de cada país fazendo com que seja possível determinar como cada um é capaz de lidar com as
novas tecnologias (KIM , NELSON, 2005). Fica clara a linha divisória entre os países que detém
maiores poderes de progresso tecnológico e o que apresentam debilidades para tal atividade e, é
dessa forma que as diferenças nos níveis de desenvolvimento vão aumentando, fazendo com que,
os países que apresentam melhores condições sejam capazes de se desenvolverem mais rápido.
Em uma análise de desenvolvimento nacional, Prebisch, grande colaborador para a
explicação do subdesenvolvimento da América Latina, apresentou a relevância da inovação na
promulgação do desenvolvimento econômico de longo prazo, com a clara divisão entre centro e
periferia. Segundo o autor as áreas foco da dinâmica da inovação podem ser vistas como Centros
industriais, (os países desenvolvidos). A periferia se apresenta como outro lado da esfera, ao qual
apresenta uma grande debilidade na capacitação do progresso tecnológico em relação à
intensidade que ocorre nos grandes países (PREBISH, 1949).
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Coloca-se então a necessidade de uma série de políticas de industrialização como forma
de captar os benefícios do progresso técnico. Explica-se, a tecnologia para Prebisch seria
um fator exógeno, e estaria contida nos bens de capital, portanto a industrialização traria
consigo a absorção de tecnologia e desta forma possibilitaria a redução das assimetrias e
um maior nível de desenvolvimento econômico (GUIMARÃES 2014; p. 6).
Essa divisão à qual é resultante das diferentes capacitações para a implementação da
inovação pode mostrar não só um distanciamento em âmbito nacional, mas também na esfera
regional, e é nesse contexto que foi dado uma grande importância para a localidade frente ao
desenvolvimento produtivo.
A relação da inovação com o desenvolvimento regional traz consigo o debate teórico
sobre “Polos de Crescimento”, formulada por François Perroux (1967), ao qual dá ênfase à
criação de indústria motriz, que espalha seu crescimento a partir de suas relações estabelecidas no
contexto regional ao qual é inserida. Desse modo, essa ideia de crescimento tende a repassar seus
ganhos às localidades próximas.
As contribuições teóricas sobre a inovação inserida no contexto local, sugerem a definição
do conceito de Sistema Regional de Inovação (SRI) (COOKE, 1998). Atrela-se a tal conceito
fatores de extrema importância às escalas regionais e locais, destacando o papel das firmas e
instituições aos quais são complementados pelos fatores sociais políticos e geográficos que
contribuem para a promulgação da atividade inovadora (OINAS , MALECKI, 1999; MYTELKA
FARINELLI, 2003).
O SRI defende que o desenvolvimento econômico local apresenta relação direta com a
capacidade de apoio à atividade inovadora (FLORIDA, 1995), tendo como objetivo ampliar as
interelações dos conhecimentos produtivos frente aos conhecimentos técnico-científicos afim de
implementar a atividade inovativa no local. O Sistema Regional de inovação destaca importância
às instituições responsáveis por implementar tal atividade e disseminar o conhecimento
adquirido. As localidades que melhor absorvem tal aprendizado e apresentam melhores condições
para a inserção da atividade possuem capacitações que as permitem se desenvolver mais em
relação a demais regiões.
De acordo com Asheim e Cooke (1997) apud Borin (2006) para o sucesso da
implementação local da atividade inovadora se faz necessário a presença de um conjunto de
“agentes” a fim de compartilhar o aprendizado interativo e social do ambiente. São necessários a
existência da capacidade para o desenvolvimento do capital humano, redes capazes de transmitir
a troca de informações, instituições, entre outros componentes. Ou seja, a inovação local passa
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por uma forte interação entre os setores sociais, desde a população como um todo, até o governo
com ações que fomentem o processo inovativo, e as empresas que tem o papel quase sempre de
serem as promulgadoras da inovação.
A inovação apresenta um caráter sistêmico demonstrando a importância da interrelação
entre os agentes econômicos (KIM ; NELSON, 2005; p.46) fazendo com que o ambiente
institucional vigente seja palco para o desenvolvimento das atividades inovadoras. Estas são
responsáveis por moldar a conduta dos indivíduos perante as organizações e as interações. A
conduta das instituições interfere no sistema econômico, e consequentemente no
desenvolvimento econômico das regiões. Assim, as estruturas locais e a diferenciação das
diversas instituições responsáveis pela inserção da atividade inovadora resultam em uma maneira
desigual do processo de inovação.
A essa diferenciação de estruturas locais e de diferentes instituições existentes resulta em
um ambiente competitivo ao qual é visado quando há inserção dos processos inovadores. As
regiões que obtém melhores condições de implementação inovativa permitem mudanças na
infraestrutura local. Segundo Albuquerque (1998), as disparidades de desenvolvimento se tornam
transparentes na comparação do esforço inovativo regional.
A defasagem tecnológica que algumas regiões apresentam está intimamente relacionada à
infraestrutura científica regional.Nesse trabalho argumenta-se que o desenvolvimento econômico
regional é função da capacidade tecnológica da região e apresenta estreita relação com a
capacitação científica. Portanto regiões que desejam galgar desenvolvimento econômico
satisfatório devem fortalecer seus sistemas regionais de inovação com vistas a alcançar seus
anseios.
Este trabalho vale dessas especificações teóricas para realizar uma classificação
comparativa dos níveis de desenvolvimento econômico, tecnológico e científico dos estados
brasileiros para os anos de 2002 e 2010. Pretende-se com isso verificar os padrões
comportamentais dessas regiões no que tange ao desenvolvimento econômico e às suas
perspectivas de crescimento no longo prazo (externadas pelas suas capacitações científica e
tecnológica), verificando as similaridades e dissimilaridades regionais.
20
3. METODOLOGIA
3.1 Métodos de análise multivariada
A análise que será empreendida tem como objetivo verificar a correlação de
características econômicas e demográficas de infraestrutura urbana, de potencial inovativo e
científico dos Estados brasileiros para os anos de 2002 e 2010, afim de ordená-los e classificá-los
conforme a proximidade. Para tal empreitada serão utilizadas as técnicas de Análise Fatorial e
Análise de Clusters. Cabe destacar que ao realizar essa análise, o trabalho não pretende mensurar
os agentes pertencentes aos sistemas regionais de inovação estaduais, mas apenas identificar os
resultados obtidos em relação às variáveis relevantes. Será suposto que o aumento das
capacitações científicas e tecnológicas exprime uma melhoria do potencial do SRI estadual.
O método de análise fatorial (AF) tem como objetivo descrever a variabilidade original de
um vetor de variáveis X em termos de um número menor de m variáveis aleatórias,
caracterizando-os como fatores comuns e relacionados com o vetor original através de um
modelo linear (MINGOTI,2005). No modelo fatorial cada variável pode ser representada por uma
função linear de variáveis fatoriais não observáveis (fatores comuns) e por uma única variável
latente específica (FERREIRA, 2008). Assim, a análise fatorial estuda os inter-relacionamentos
entre as variáveis, num esforço para encontrar um conjunto menor de fatores que possam explicar
a variabilidade total.
O modelo fatorial é descrito por:
Em que:
é o valor do p-ésimo fator comum para a j-ésima observação;
(com p = 1, ..., m) é o coeficiente dos fatores comuns;
é coeficiente dos fatores específicos;
21
representa o j-ésimo valor do i-ésimo fator específico, ou seja, é o valor único
que representa a parte não explicada pelos fatores comuns
O objetivo da definição da Análise Fatorial é verificar a plausibilidade da consideração de
uma série de variáveis que possam representar o desenvolvimento econômico-urbano, o
desenvolvimento tecnológico e o desenvolvimento científico dos estados brasileiros. Será
procurada a possibilidade de que a Análise Fatorial possibilite a criação de um indicador que
represente esses anseios. Para validação da AF, serão realizados os testes de Esfericidade de
Bartlet e Kaiser- Meyer- Olkin. O teste de esfericidade testa a hipótese que as variáveis sejam
correlacionadas na população. da seguinte forma:
H0: As variáveis não estão correlacionadas.
H1: As variáveis são correlacionadas
Para que a análise seja válida é necessário que a hipótese nula seja rejeitada apresentando
uma correlação entre as variáveis analisadas. O teste de Kaiser-Meyer-Olkin é verificado através
do valor do R² em uma análise de quanto o fator explica a correlação das variáveis.
A análise de clusters (AC) é uma técnica de agrupamento que pode ser definida como um
conjunto de variáveis ou características que representam objetos a serem agrupados e é utilizado
para calcular a similaridade entre eles (FERREIRA,2008).Assim, a AC - tem como objetivo
agrupar o objeto considerado (no nosso caso, estados) - em classes que possuem um grau
homogêneo, segundo as suas características (LEMOS et al., 2001).
Em um conjunto de dados constituído de n elementos amostrais, tendo-se medido p-
variáveis aleatória de cada um deles, é possível o agrupamento em g grupos. Para cada elemento
amostral j, tem-se portanto, o vetor de medida definido por:
Em que representa o valor observado da variável i medida no elemento j . A análise de
cluster pode ser utilizada mesmo quando não há hipóteses a serem testadas. Não precisa haver
relação com os grupos ou estruturas, sendo apenas agrupado com base nas similaridades entre
eles.
22
É uma metodologia objetiva que busca quantificar características estruturais de um
conjunto de observações. A análise de agrupamentos tem sido chamada de análise de clusters
(grupos), análise de conglomerados, análise Q, construção de tipologia, análise de classificação e
taxonomia numérica (HAIR, et al, 1998).
É utilizado um coeficiente de parecença para se referir ao critério que mede a distância
entre dois objetos, ou que determine o quanto eles são parecidos, dividindo-o em duas categorias:
Medidas de Similaridade e de Dissimilaridade. Na primeira, quanto maior o valor observado mais
parecido são os objetos, já para a segunda quanto maior os valores observados, menos parecidos
serão (CORRAR et al.,2009).
Esse processo é constituído de vários estágios, ou seja, à medida que aumenta os estágios
de análise diminui-se o número clusters até se chegar a aglomeração de apenas um único cluster,
com a maior variância possível de informações (MINGOTI, 2005).
Existem vários métodos de agrupamentos hierárquicos. Nesse estudo optou-se pelo
método de kmeans, que consiste na transferência de um indivíduo para o cluster cuja centróide se
encontra a menor distância. Tem como parâmetro de entrada o número de cluster K, dividindo o
conjunto de N elementos em K grupos. A medida de distância aplicada foi o Quadrado da
Distância Euclidiana.
Após realizar a hierarquização, o gráfico de dendograma (árvore do cluster) ajuda na
escolha do número final de clusters a serem analisados. Esse expediente de análise é usado no
trabalho, como forma de definir um número único de grupos para a comparação de todos os
fatores que serão propostos para os dois anos de análise (2002 e 2010).
O pacote computacional utilizado é o software estatístico STATA 11.
3.2 Variáveis Utilizadas
São utilizados três grupos específicos de variáveis para a realização das análises. O
primeiro grupo contém variáveis referentes ao desenvolvimento econômico e urbano, o segundo
grupo corresponde a variáveis relacionadas ao grau de desenvolvimento da estrutura de apoio às
atividades inovativas e o terceiro grupo contém variáveis que expressam a capacitação para os
23
estados do Brasil. Todas essas variáveis são selecionadas para a comparação dos anos de 2002 e
2010.
Grupo 1 :Determinantes de Desenvolvimento Econômico
(a) PIB PER CAPITA: Calculado como a razão do PIB Estadual pela população do estado,
obtidos através do site IPEADATA (2014).
(b) POPULAÇÃO RESIDENTE: Refere-se à quantidade de residentes por estados brasileiros
segundo estimativas do IBGE para 2002 e censo 2010.(IPEADATA, 2014).
(c) POPULAÇÃO OCUPADA : Quantidade de Pessoas ocupadas em cada estado federativo,
segundo a Rais MTE(2014).
(d) QUALIFICAÇÃO DA POPULAÇÃO: porcentagem de pessoas com mais de 11 anos de
estudo por estado federativo, segundo Rais MTE (2014).
(e) ABASTECIMENDO DE ÁGUA: Número de domicílios com abastecimento de água de
acordo com a classificação do IBGE. (DATASUS, 2014).
(f) ENERGIA ELÉTRICA: Número de domicílios que possuem energia elétrica, de acordo com
os dados do IBGE. (DATASUS, 2014).
(g) TAXA DE MORTALIDADE: Número de óbitos ocorridos, contados segundo o local de
ocorrência do óbito(DATASUS, 2014).
Grupo 2 : Determinantes do grau de nível tecnológico
(h) QUALIFICAÇÃO DA POPULAÇÃO: porcentagem de pessoas com mais de 11 anos de
estudo por estado federativo, segundo Rais MTE (2014).
(i) GRAU DE OCUPAÇÃO EM ATIVIDADE TECNOLÓGICA: Esta variável agrega por estado
a razão entre os ocupados em atividades das ciências exatas, físicas e engenharia pelo total da
população ocupada, ambas obtidas a partir de dados da Rais MTE (2014). 2
2 Para essa variável especifica foram utilizados dados referentes a 2003, uma vez que estava indisponível dados para
o ano de 2002. Considera-se que essa modificação não tenha grandes disparidades que possam alterar a análise.
24
(j) SOMA TECNOLÓGICA: Corresponde à soma das quantidades de produtos patenteados e não
patenteados, de tecnologia registrada e não registrada e de software patenteado não patenteado
informados pelos grupos de pesquisa da base do Diretório dos grupos de pesquisa CNPQ.
Grupo 3 : Determinantes Desenvolvimento Tecnológico e Científico
(k) P&D: Medido pela quantidade de indivíduos por mil habitantes de cada estado ocupadas em
estabelecimentos orientados a atividades de Pesquisa e Desenvolvimento Experimental em
Ciências Físicas e Naturais somada à quantidade de pessoas ocupadas em atividades de Pesquisa
e Desenvolvimento Experimental em Ciências Sociais e Humanas, além de técnicos de apoio à
P&D. Este indicador foi construído a partir de dados da Rais MTE e visa medir a capacidade de
pesquisa e desenvolvimento de cada estado avaliado.
(l) NÚMERO DE DOUTORES: Quantidade de pessoas com título de doutorado por mil
habitantes, segundo dados da Rais MTE. Esta variável pode ser tomada como uma proxy para
identificar o contingente de trabalhadores qualificados para atuarem em atividades de pesquisa e
desenvolvimento tecnológico nos estados analisadas3
(m) GRUPOS: Número de grupos de pesquisa das universidades e institutos de pesquisa. Fonte:
Diretório dos Grupos de Pesquisa CNPq.
(o) ARTIGOS NACIONAIS: Número de Artigos Nacionais Publicados pelos pesquisadores
pertencentes a grupos de pesquisa. Fonte: Diretório dos Grupos de Pesquisa CNPq.
(p) ARTIGOS INTERNACIONAIS: Número de Artigos internacionais publicados pelos
pesquisadores pertencentes a grupos de pesquisa. Fonte: Diretório dos Grupos de Pesquisa CNPq.
(q) OUTROS ARTIGOS: Número referente a artigos publicados em seminários e conferências
pelos pesquisadores pertencentes a grupos de pesquisa. Fonte: Diretório dos Grupos de Pesquisa
CNPq.
(r) LIVROS: Número de livros publicados pelos pesquisadores pertencentes a grupos de
pesquisa. Fonte: Diretório dos Grupos de Pesquisa CNPq.
3 O fato de se avaliar apenas as variáveis relacionadas às estruturas de apoio à inovação para cada estado significa
que teremos uma noção de quais são os estados mais aparelhados para tal objetivo, de acordo com a sua dimensão
populacional, mas ignora as efetivas interações das instituições que compõem tal estrutura e os demais agentes em
processos inovativos. Ou seja, tem-se aqui o devido conhecimento que, dado a impossibilidade de se avaliar as
interações, os sistemas de inovação em questão não são devidamente analisados, sendo a avaliação aqui proposta um
retrato dos resultados alcançados pelas estruturas locais de sustento às atividades inovativas.
25
(s) CAPÍTULO DE LIVRO: Número de capítulos de livros publicados pelos pesquisadores
pertencentes a grupos de pesquisa. Fonte: Diretório dos Grupos de Pesquisa CNPq.
(t) TESE: Número de teses publicadas pelos pesquisadores pertencentes a grupos de pesquisa.
Fonte: Diretório dos Grupos de Pesquisa CNPq.
(u) DISSERTAÇÃO: Número de dissertações publicadas pelos pesquisadores pertencentes a
grupos de pesquisa. Fonte: Diretório dos Grupos de Pesquisa CNPq.
(v) MONO E TCC: Número de Monografias e Trabalhos de conclusão de curso realizada pelos
pesquisadores pertencentes a grupos de pesquisa. Fonte: Diretório dos Grupos de Pesquisa CNPq.
(y) INICIAÇÃO CIENTÍFICA: Número de estudantes em estágio de Iniciação Científica
existente nos grupos de pesquisa. Fonte: Diretório dos Grupos de Pesquisa CNPq.
4. RESULTADOS
O texto seguinte analisa os resultados obtidos por meio das técnicas de Estatística
multivariadas descritas na metodologia. Inicialmente são apresentados testes de Esfericidade de
Bartlett e Kaiser-Meyer-Olkin na Tabela 1 a seguir, como forma de validação da utilização da
técnica de análise fatorial para a definição dos fatores econômico-urbano, tecnológico e
científico. Para tal validação é necessário que a hipótese nula do teste seja rejeitada, significando
que as variáveis apresentem correlação relevante que as permita serem classificadas pelo uso da
técnica.
26
Tabela 1 -Testes de Validação dos Modelos de Análise Fatorial Esfericidade de Bartlett
2002 2010
Fator Econômico Urbano
Qui-Quadrado= 229.31
Graus de Liberdade = 20
p-valor= 0.000
R²=0.7367
Qui-Quadrado=277.54
Graus de Liberdade = 20
p-valor= 0.000
R²= 0.7727
Fator Tecnológico
Qui-Quadrado=24.70
Graus de Liberdade = 24
p-valor= 0.000
R²= 0.11890
Qui-Quadrado=32.39
Graus de Liberdade = 24
p-valor= 0.000
R²=0.9687
Fator Científico Qui-Quadrado=1228.10
Graus de Liberdade = 18
p-valor= 0.000
R²= 0.9405
Qui-Quadrado=897.81
Graus de Liberdade = 18
p-valor= 0.000
R²= 0.9314
Fonte: Elaboração Própria
De acordo com a Tabela 1 pode-se verificar que as variáveis utilizadas para a proposição
da análise fatorial são correlacionadas e podem ser trabalhadas com a finalidade de obter fatores
comuns que expliquem a variabilidade conjunta.
Considerada tal validade, o trabalho terá o intuito de considerar o primeiro fator de cada
análise para a definição de proxies que retratem o objetivo proposto. Esse expediente é utilizado
pela consideração da relevância de explicação que esse fator desempenha em cada modelo
específico.
Para o caso do fator econômico-urbano o conjunto das variáveis propostas para sua
representação explicam 73,67% e 77,27% da variabilidade do primeiro fator para os anos de 2002
e 2010, respectivamente. Esse índice de explicação para os dois anos de análise permitem
classificar o primeiro fator como uma boa proxy indicativa do desenvolvimento econômico e
urbano dos estados brasileiros.
Na análise fatorial aplicada para estimar o desenvolvimento tecnológico estadual (fator
Tecnológico), pode-se verificar que o primeiro fator explica mais de 100% da variabilidade dos
dados (exatamente 118,90%) para o ano de 2002, o que elimina a necessidade análise de outros
27
fatores existentes. Para o ano de 2010, o fator consegue explicar 96,87% da variabilidade
mostrando confiabilidade da proxy em relação aos dados, e similaridade entre as variáveis.
A terceira e última análise, concernente à averiguação do desenvolvimento científico
estadual tem como resultados para o primeiro fator a explicação de 94,05% da variabilidade das
variáveis para o ano de 2002 e 93,14% para o ano de 2010.
A capacidade explicativa dos primeiros fatores permitem utilizá-los como proxy dos
níveis de desenvolvimento que se pretendem analisar nesse trabalho. Sendo assim, estes serão os
fatores considerados e observados durante os anos.
Pela Tabela 2 a seguir pode-se averiguar a correlação de cada um desses primeiros fatores
com as variáveis utilizadas, para os anos de 2002 e 2010.
Tabela 2 - Correlação do Fator 1 com as variáveis do modelo (2002 e 20010)
2002 2010
Variáveis Fator Econômico Urbano
PIB per capita 0.2890 0.2623
População Ocupada 0.9339 0.9533
Qualificação da População 0.3026 -0.0326
População 0.9646 0.9798
Abastecimento de Água 0.9114 0.9678
Taxa de Mortalidade 0.4866 0.5301
Energia Elétrica 0.8890 0.9486
Fator Tecnológico
Qualificação da População 0,5605 0,3464
Grau de Ocupação em
Atividade Tecnológica
0,8119 0,8981
Soma Tecnológica 0,7614 0,8181
Fator Científico
P&D 0,9334 0,9282
Doutores 0,8850 0,8870
Grupos 0,9949 0,9247
28
Pesquisa em Grupo 0,9943 0,9812
Artigos Nacionais 0,9880 0,9812
Artigos Internacionais 0,9801 0,9788
Outros Artigos 0,9943 0,9777
Livros 0,9920 0,9216
Capítulo de Livro 0,9888 0,9776
Tese 0,9727 0,9134
Dissertação 0,9891 0,9877
Mono e Tcc 0,9019 0,9937
Iniciação Científica 0,9612 0,9781
Fonte: Elaboração Própria
Pode-se através da Tabela 2, analisar as correlações das variáveis utilizadas para os
índices econômico-urbano, tecnológico e científico e o primeiro fator da AF. Todas as variáveis,
com exceção de qualificação da população para o fator econômico-urbano no ano de 2010
apresentam correlação positiva e significativa com os fatores propostos.
No que tange às variáveis relacionadas ao desenvolvimento da estrutura econômico
urbana nos estados, pode-se observar que as de maior correlação com o primeiro fator são
População Ocupada, População Residente, Abastecimento de Água, e Energia Elétrica tanto para
2002 quanto para 2010. Este resultado aponta a relevância da escala populacional e dos fatores
concernentes à infraestrutura econômica na definição do fator proposto, outro fato a se observar é
que essas variáveis estão diretamente relacionadas ao monitoramento do crescimento econômico.
Para o fator tecnológico verifica-se a relevância principal da população ocupada em
atividade tecnológica e do quantitativo de tecnologia gerada dentro dos grupos de pesquisa dos
estados, o que corrobora a indicação desse fator como explicativo da determinação tecnológica
estadual. Para o fator científico, todas as variáveis definidas denotam correlação elevada com o
fator.
Confirmada a relevância dos fatores, a próxima etapa a ser considerada nesse trabalho é a
verificação da evolução temporal desses indicadores em uma estratégica comparativa via análise
29
de clusters. O objetivo dessa empreitada é verificar a similaridade estadual em cada um desses
indicadores, além de avaliar a evolução de seus resultados na comparação entre 2002 e 2010.
As Tabelas seguintes apresentam os agrupamentos, ou clusters, obtidos a partir das
informações originadas por meio da análise fatorial considerando os dois períodos que são
analisados neste trabalho. Foi utilizado um método de agrupamentos hierárquicos para a
observação da quantidade de grupos similares; no caso da comparação de todos os fatores para os
dois anos considerados, verificou-se que havia similaridade na definição de três grupos ou
clusters.
Dada esta evidência, foi utilizado o método não hierárquico Cluster k-means para formar
os três agrupamentos contendo os estados e o Distrito Federal. Os três grupos apresentam padrões
diferenciados de avanço dos fatores considerados, e a observação dessa diferença pode ser vista
na Tabela 3 ,que apresenta as médias dos fatores para cada clusters criado.
Tabela 3- Média dos clusters referente a cada fator ( 2002, 2010)
2002 2010
Cluster 1 Cluster 2 Cluster 3 Cluster 1 Cluster 2 Cluster 3
Fator Econ
Urban.
2.8045 0.5403 -0.5217 2.9049 0.4703 -0.5056
Fator
Tecnológico
2.1426 0.1551 -0.5699 2.2118 0.2860 -0.5577
Fator
Científico
2.8156 0.5883 -0.4821 2.0215 0.3032 -0.4894
Fonte: Elaboração Própria
Os clusters foram classificados em ordem decrescente de valores médios dos fatores.
Pode-se verificar segundo os valores apresentados que a evolução das médias para os distintos
fatores segue padrões diferenciados. No caso do Fator Econômico Urbano, há uma tendência de
maior diferenciação entre os clusters 1 e 2, com aumento da média do cluster 1 e diminuição da
média para o cluster 2. Isso indica, mesmo que de maneira sutil, um distanciamento entre o grau
de desenvolvimento econômico urbano entre os estados que compõem esses grupos.
O mesmo não acontece na análise do fator tecnológico, visto que há aumento de média
para os três clusters analisados, com maior relevância para o aumento do cluster 2 (84% de
30
aumento). Esse resultado pode indicar uma melhora significativa em estados que possuem
padrões medianos de desenvolvimento tecnológico, sendo possível considerar uma aproximação
aos padrões dos estados líderes tecnológicos, mesmo que ainda de maneira incipiente.
O fator científico exibe comportamento contrário. Os resultados encontrados para os
clusters apontam que, nos grupos 1 e 2, há uma queda significativa das médias. Esse resultado,
porém, parece estar mais ligado à exigência do estabelecimento de três clusters para comparação
do que necessariamente à diminuição do fator científico para os estados. Para explicar com mais
clareza essa constatação, apresenta-se abaixo a evolução dos estados dentro dos clusters nos anos
de 2002 e 2010, na Tabela 4.
Tabela 4 –Posicionamento dos estados nos Clusters (2002, 2010)
2002 2010
Cluster 1 Cluster 2 Cluster 3 Cluster 1 Cluster 2 Cluster 3
Fator
Desenvolvimento
Econômico
Urbano
MG SP BA CE PR
PE RS RJ
SC
AC AL AP
AM DF ES
GO MA MT
MS PA PB
PI RN RO
RR SE TO
MG SP BA CE PR
PE RS RJ
SC
AC AL AP
AM DF ES
GO MA MT
MS PA PB
PI RN RO
RR SE TO
Fator
Tecnológico
DF RJ SP AM BA ES
GO MG PB
PE PR RS
SC SE
AC AL AP
DF MA MT
MS PA PI
RN RO RR
TO
DF RJ SP AM BA ES
MG PE PR
RS SE
AC AL AP
CE GO MA
MT MS PA
PB PI RN
RO RR SE
TO
Fator Científico RJ SP BA DF MG
PR RS SC
AC AL AP
AM CE ES
GO MA MT
MS PA PB
PI RN RO
RR SE TO
MG RS RJ
SP
BA PE PR
SC
AC AL AP
AM CE DF
ES GO MA
MT MS PA
PB PI RN
RO RR SE
TO
Fonte: Elaboração Própria
31
O fator desenvolvimento econômico urbano não apresentou nenhuma modificação no
posicionamento dos estados dentro dos clusters. Tal resultado demonstra que as variáveis ligadas
ao desenvolvimento econômico e urbano dos estados não tiveram alterações significativas no
período de análise, aos quais permitissem a mobilidade de qualquer estado nos clusters. Deve-se
notar que, comparativamente, os estados de MG e SP são os que apresentam uma melhor
estrutura de desenvolvimento econômico-urbano. A comparação entre os dois estados mostra,
todavia, que apesar de MG estar melhor posicionado que os estados do cluster 2, ainda mantém
uma distância no valor do fator desenvolvimento econômico urbano para SP; o fator para esse
estado é 48% maior do que o estado de MG.
Ainda é possível observar que estados da região Sul (Paraná, Santa Catarina e Rio Grande
do Sul),- o Rio de Janeiro e alguns estados da região Nordeste – Bahia, Ceará e Pernambuco-
apresentam indicadores econômicos relevantes e são considerados pertencentes ao segundo
cluster. O Estado de Ceará teve um progresso do seu fator desenvolvimento econômico urbano
em 112%, ao passo que os demais estados que o acompanham no cluster mostraram pequena
queda de 2002 para 2010.
A razão do Distrito Federal ser classificado no terceiro e pior cluster no fator de
desenvolvimento econômico urbano pode estar relacionado à falta de infraestrutura dos bairros
situados ao redor do plano piloto, as chamadas “cidades satélites”. Este fato é de se indagar, pois
esta região é caracterizada por ser o centro político do Brasil. As falhas nas condições básicas da
população é determinante para ser classificada nesse terceiro grupo sendo as “cidades satélites”
pontos marcantes dessa disparidade. As variáveis ligadas à infraestrutura básica, como Energia
Elétrica, Abastecimento de Água e Taxa de Mortalidade são relativamente menores do que
estados que detém maior desenvolvimento econômico. O nível dessas variáveis para o DF são
comparadas aos níveis dos estados de Amapá, Roraima, Acre e Amazonas, ou seja, estados muito
debilitados em desenvolvimento.
É possível, porém, notar a mobilidade dos estados nos anos de análise nos fatores
tecnológico e científico. Na análise do fator tecnológico pode-se verificar uma mobilidade
negativa, na qual os estados de Goiás, Paraíba e Sergipe decaem do grupo 2 para o grupo 3. Esse
resultado é o principal responsável pelo aumento da média do cluster 2 do fator tecnológico
encontrada na análise da Tabela 3. Os fatores tecnológicos para esses estados declinaram em 11%
para Goiás, 50% para Sergipe e mais de 100% para Paraíba.
32
Os estados de Amazonas, Espírito Santo e Sergipe apresentam valores de
desenvolvimento tecnológico díspares em relação aos seus fatores desenvolvimento econômico
urbano e científico, indicando que esses estados conseguiram alçar um catching up tecnológico
mas não cientifico. Estes são pertencentes ao segundo cluster tecnológico, e ao terceiro no
desenvolvimento econômico e científico, isso porque suas variáveis tecnológicas apresentam
valores relevantes, indicando que há um incentivo de tal atividade nesses estados. Dentre esses
estados apresentados, Espírito Santo foi o único que progrediu no fator desenvolvimento
econômico urbano para 2010 apresentando um aumento de 13%, os demais estados apresentaram
um certo declínio.
Na análise do fator científico, há uma mobilidade positiva para o grupo 1 dos estados de
MG e RS, e mobilidade positiva do estado de PE para o grupo 2. Essas mobilidades podem ser
vistas como um incremento diferencial desses estados em relação aos seus aparatos científicos.
Acontece, porém, que a mobilidade de MG e RS para o primeiro cluster científico foi
justamente o motivo que provocou a diminuição da média dentro desse cluster na comparação
entre 2002 e 2010. As médias dos fatores científicos de Minas Gerais e Rio Grande do Sul
quando comparadas à média do cluster 1 em 2002 são respectivamente 32% e 30% menores.
Quando comparadas à média do cluster 2 para 2010, apresentam resultados superiores a 100% de
diferença (360% e 366%, respectivamente). Minas Gerais e Rio Grande do Sul aumentaram seu
fator cientifico em 52% e 100% respectivamente, e esse resultado permite inferir a melhoria dos
resultados científicos para esses dois estados, mas há ainda uma certa distância aos principais
estados do cluster 1.
Há de se considerar ainda a diferença existente entre o estado de São Paulo e os demais
estados. Como já denotado, ele apresenta valor do fator desenvolvimento econômico urbano 48%
maior do que o estado que o acompanha nesse cluster, o estado de MG. Em relação ao seu fator
tecnológico, este, é 10% maior do que o estado de MG e 33% do que DF. Seu fator científico, em
relação aos estados que o acompanha tem valores maiores em 63%, 59% e 63% respectivamente
aos estados de Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro e Minas Gerais. Tal resultado aponta para o
grau de diferenciação dessa estrutura de apoio à inovação e de seus determinantes em relação aos
estados que o acompanha nos cluster. São Paulo nesse sentido possa talvez ser considerado como
um outlier estando em um patamar diferenciado em relação aos demais estados, apresentando um
padrão estrutural econômico-urbano e científico principalmente, mais avançado.
33
O fato de um importante estado como Minas Gerais integrar o segundo grupo no fator
tecnológico nos anos de 2002 e 2010 demonstra que esta localidade apresenta uma estrutura de
apoio à tecnologia que ainda é incipiente se comparada à sua estrutura científica e seu nível de
desenvolvimento econômico-urbano. Na análise temporal pode-se notar que esse estado
apresentou melhoras com o aumento de suas capacidades científicas, mas essas ainda não foram
acompanhadas por algum catching-up tecnológico. Apesar desse estado não ter alçado níveis
aparentes de desenvolvimento tecnológico ao qual permitisse sua alavancagem perante aos
clusters, este apresentou melhoras de seu fator em 84%, o que indica que vêm aprimorando suas
potencialidades tecnológicas.
Para o caso do DF, os indicadores revelam que há um distanciamento entre o fator
científico e o fator tecnológico, o que permite localizá-lo no cluster 3 em relação à potencialidade
científica e no cluster 1 em relação à potencialidade tecnológica. Esse resultado revela um
comportamento atípico ao verificado nos demais estados, mas que pode ser explicado pela
estrutura econômica desse ente federativo. O Distrito Federal se apresenta como um lócus de
empregabilidade de pessoal com alta capacitação diferenciada, com uma média de 48% acima da
média dos demais estados na variável qualificação da população. Em contrapartida, não possui
estrutura científica relevante, visto o reduzido número de universidades e institutos de pesquisa
em seu território, vis a vis a quantidade verificada em outros estados.
O estado do RJ também se apresenta como um caso interessante de análise, pois apesar de
possuir capacitação científica e tecnológica que o permite estar situado no cluster 1, possui um
desenvolvimento econômico-urbano que o equipara a estados mais deficitários nos fatores de
C&T. O entendimento sobre esse resultado perpassa sobre a decadência econômica que o estado
passou após a perda do status de capital nacional a partir da década de 60. Apesar disso, um
conjunto expressivo de atividades tecnológicas e de estrutura científica não teve migração, o que
causa essa disparidade estadual.
Estados da região Norte e Nordeste apresentam piores resultados em todos os fatores
analisados, remetendo aos problemas regionais nacionais, demonstrando a necessidade de
políticas públicas específicas. Como validação dos resultados, pode-se observar que os estados
que apresentam um menor nível de desenvolvimento dos fatores são exatamente classificados
entre os mais pobres estados brasileiros, de acordo com o Atlas de Desenvolvimento Humano do
Brasil (com destaque negativo para Maranhão, Alagoas, Piauí, Pará, Ceará, Paraíba e Sergipe).
34
Pela Tabela 5 é válido notar quais estados tiveram uma variação referente a cada fator,
podendo averiguar se apresentaram variação positiva, negativa, ou se simplesmente
permaneceram constantes.
Tabela 5- Variação dos Estados perante aos Clusters
Variação Positiva Variação Constante Variação Negativa
Fator Econômico Urbano
AC AL AP AM BA CE DF ES
GO MA MT MS MG PA PB
PR PE PI RN RS RJ RO RR
SC SP SE TO
Fator Tecnológico
AC AL AP AM BA CE DF ES
MA MT MS MG PA
PR PE PI RN RS RJ RO RR
SC SP TO
GO, PB, SE
Fator Científico
MG RS PE AC AL AP AM BA CE ES
GO MA MT MS PA PB
PR PI RN RJ RO RR
SC SP SE TO
DF
Fonte: Elaboração Própria.
Claramente, pouca mobilidade é verificada nos oito anos que separam os períodos da
análise. Há poucas modificações relevantes, com uma possível ênfase ao catching-up científico
alcançado principalmente para os estados de MG e RS, que conseguiram alcançar a posição de
destaque nesse quesito no cenário nacional, mesmo que ainda posicionados com uma certa
distância em relação ao estado de SP. A importância da atividade tecnológica e científica para o
desenvolvimento econômico produtivo é um passo fundamental para a constituição dos sistemas
de inovação perante aos estados e à garantia do aumento da sua competitividade. Infelizmente, no
horizonte de tempo considerado na pesquisa aqui engendrada, poucas modificações foram vistas,
que possam sinalizar um crescimento da capacitação dos estados nessas questões específicas.
35
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
O objetivo deste trabalho consistiu em verificar o desenvolvimento econômico urbano,
tecnológico e científico para os estados brasileiros em uma análise nos anos de 2002 e 2010. O
intuito disso é verificar os padrões de desenvolvimento frente a esses aspectos, como forma de
verificar (i) as similaridades internas dos estados frente a essas capacitações e (ii) a classificação
hierárquica desses estados.
Nesse sentido, o trabalho valeu-se de variáveis de cunho sócio-econômico, urbano,
demográfico, tecnológico e científico para a definição de fatores que expliquem o
desenvolvimento econômico urbano, científico e tecnológico dos estados brasileiros. Após isso a
aplicação da técnica de cluster permite a hierarquização desses fatores, analisando as
similaridades e dissimilaridade existentes entre os estados.
Pode-se verificar de início o satisfatório grau de adequação que os fatores apresentam
frente aos padrões de desenvolvimento que eles procuram explicar. Como principais resultados é
possível afirmar que houve pouca modificação nos níveis de desenvolvimento analisados entre os
anos de 2002 e 2010, com relevância apenas para a maior capacitação científica perseguida por
Minas Gerais e Rio Grande do Sul, que conseguiram galgar uma posição de destaque nesse
quesito no nível nacional.
Ainda, pode-se verificar que existe certa relação entre o nível de desenvolvimento
econômico-urbano dos estados e suas potencialidades frente às capacitações científicas e
tecnológicas. Com algumas exceções, a regra é a de que estados com maior nível de
desenvolvimento econômico também apresentem maiores potencialidades nas suas perspectivas
de Ciência e Tecnologia, corroborando o posicionamento teórico da relação direta entre
desenvolvimento econômico e desenvolvimento de C&T da teoria neoschumpeteriana.
Em análises específicas, São Paulo se apresenta como um outlier em todos os níveis de
desenvolvimento. O Distrito Federal e o Rio de Janeiro se apresentam com disparidades latentes
nos seus indicadores, resultados esses que são dependentes do processo histórico de
desenvolvimento dessas regiões (principalmente no caso do RJ) e da desigualdade de renda e
condições sociais, para o Distrito Federal.
36
Analisados à luz do desenvolvimento regional, esses resultados apontam a alarmante
problemática da desigualdade regional do território nacional. Considerando o efeito
retroalimentador que a possibilidade de maiores investimentos e sucessos em C&T podem
provocar no nível de desenvolvimento econômico, as expectativas são ainda mais complicadas.
A análise temporal evidenciou a continuidade do poder de concentração de infraestrutura
essa desigualdade traz diversas questões relacionadas aos efeitos e divisões que podem surgir
dessa ação, fazendo-se necessária a intervenção do governo, a fim de atenuar tais desequilíbrios
regionais e de concentração de renda.
37
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ANEXO A
Valor dos Fatores Econômico Urbano, Tecnológico e Científico para o ano de 2002.
UF FATOR ECONÔMICO
URBANO
FATOR
TECNOLÓGICO
FATOR CIENTÍFICO
AC -0,8161 -0,6474 -0,6189
AL -0,5789 -0,9218 -0,5536
AP -0,8984 -0,6613 -0,6329
AM -0,5591 0,2323 -0,4691
BA 0,8656 0,1039 0,5033
CE 0,1004 -0,4288 -0,2802
DF -0,3086 1.87547 0,2534
ES -0,3824 -0,1218 -0,5213
GO -0,0818 -0,5247 -0,3278
MA -0,3446 -0,7616 -0,5239
MT -0,5248 -0,6331 -0,5472
MS -0,4132 -0,3353 -0,7864
MG 1.965694 0,39375 0,9054
PA -0.250878 -0.35591 -0,4298
PB -0.09018 -0.35591 -0.3325853
PR 0.73026 0.299094 0.4439201
PE 0.568821 -0.00812 -0.0457389
PI -0.620229 -0.00812 -0.0457389
RN -0.48257 -0.52471 -0.4397351
RS 0.466313 0.435926 1.28746
RJ 0.74807 2.04624 1.74012
RO -0.86990 -0.72487 -0.6091462
RR -0.958281 -0.292269 -0.601145
SC 0.30261 0.21452 0.1368162
SP 3.643373 2.50634 3.8912
SE -0.4759 -0.08981 -0.5520781
TO -0.7348313 -0.38224 -0.6107446
ANEXO B
Valor dos Fatores Econômico Urbano, Tecnológico e Científico para o ano de 2010.
UF FATOR ECONÔMICO
URBANO
FATOR
TECNOLÓGICO
FATOR CIENTÍFICO
AC -0.765283 -0.69805 -0.66479
AL -0.5677969 -0.8452 -0.619247
AP -0.94678 -0.857461 -0.67731
AM -0.58807 -0.02608 -0.36957
BA 0.827836 0.240694 0.3393723
CE 0.2130646 -0.3110141 -0.268913
DF -0.4093456 1.729.083 -0.295092
ES -0.3325171 0.0678112 -0.4771711
GO -0.1371856 -0.4720865 -0.3656718
MA -0.2167187 -0.7231798 -0.5182358
MT -0.5003657 -0.5822492 -0.5285068
MS -0.5190098 -0.4823371 -0.4203874
MG 1.995197 0.7256192 1.384502
PA -0.1689849 -0.4850727 -0.1839544
PB -0.2362382 -0.4767836 -0.4486426
PR 0.6680867 0.5704741 0.6990087
PE 0.3561896 0.0706814 -0.0856178
PI -0.4365375 -0.653185 -0.6075255
RN -0.4238753 -0.4462385 -0.4292301
RS 0.3656918 0.3887718 1.398456
RJ 0.5996004 2.348711 1.547925
RO -0.7843096 -0.9090942 -0.6344308
RR -0.7840516 -0.3172246 -0.6352941
SC 0.2620532 0.250699 0.2600604
SP 3.814689 2.557813 3.755272
SE -0.5878073 -0.1787373 -0.5726894
TO -0.6975142 -0.4863381 -0.5822992
ANEXO C
1.Valores absolutos das Variáveis referente a 2002
UF PIB percapta População Pop Ocupada QualfPop
Grau de ocup
tecnológica
AC 3,91 4210000 68.439 0,1505 0,002834641
AL 2,8 2911232 311.780 0,09086535 0,002431201
AP 5,15 530923 55.960 0,12357041 0,003395282
AM 6,02 3004608 291.315 0,15114567 0,008035975
BA 3,76 13409108 1.309.717 0,12521484 0,006181488
CE 3,1 7736257 793.312 0,11271606 0,00438037
DF 21,37 2180406 813.591 0,22462146 0,013957873
ES 6,86 323965 551.601 0,13308352 0,006339727
GO 5,88 5285937 781.443 0,12084311 0,004001571
MA 2,19 5858618 329.935 0,07839726 0,003673451
MT 6,58 2641387 379.152 0,1257675 0,003444529
MS 5,81 2163483 349.600 0,19343535 0,003701373
MG 5,73 18508521 3.046.362 0,13439736 0,006069206
PA 3,25 6549094 546.251 0,14072652 0,004670014
PB 2,94 3513534 375.537 0,26895353 0,004047537
PR 7,43 9362500 1.812.631 0,16039779 0,006462981
PE 3,59 8145381 943.895 0,13865102 0,005930744
PI 2,11 2918280 236.945 0,06290489 0,004026251
RN 3,52 2805270 318.971 0,09723454 0,004489436
RS 8,35 10489119 2.027.416 0,1782027 0,00505471
RJ 9,58 14846102 2.922.463 0,19517202 0,013833537
RO 4,45 1450755 173.276 0,0744 0,004172534
RR 5,41 355075 28.129 0,11774325 0,005830282
SC 8,28 5590225 1.235.612 0,14031508 0,005667637
SP 11,01 38595825 8.608.048 0,1890245 0,011796751
SE 4,2 1868513 239.305 0,16964961 0,005808487
TO 3,8 1225234 133.227 0,13356152 0,004893903
2
Técnicos P&D n doutor grupo linhapesquisa pesqgrupo tecnicogrupo
1 363 17 17 61 89 4
58 549 40 101 317 449 59
2 78 13 4 19 53 3
46 635 134 194 679 1212 396
200 1010 1.097 1049 3503 5984 1237
116 1126 213 315 1074 1736 269
361 2445 1.070 531 2556 4713 1151
82 119 353 149 430 604 94
80 2834 399 207 706 1411 266
216 323 153 132 479 751 97
26 66 112 114 282 613 72
22 490 273 153 462 892 102
571 2246 1.741 1219 4337 7126 1339
102 1497 294 212 706 1150 245
8 517 50 313 1063 1844 256
404 1739 2.876 1052 3169 6275 1014
193 733 428 589 2068 3534 554
77 728 44 54 203 326 89
7 773 50 193 647 1140 105
716 2092 802 1781 5666 9477 1442
759 5233 2.138 2164 7167 10567 2840
155 460 35 22 77 122 3
32 133 16 37 110 330 40
362 1844 719 788 2397 3917 464
4.617 10.324 13.808 3669 11843 18864 6093
13 608 166 84 374 501 52
11 70 29 33 111 212 33
3
Artigo
Nacional
Artigo
Internacional
Outros
Artigos
Livro Capítulo
de Livro
97 23 125 4 8
456 390 872 62 242
16 10 21 3 6
930 1191 1435 135 522
12847 8875 15588 824 3573
2777 2790 4560 387 1132
9863 5850 13571 1019 4578
861 710 1537 92 427
2342 1519 2484 268 840
774 831 1112 70 228
668 266 680 80 246
1171 505 1464 142 363
18415 10910 23477 1414 4782
1177 1521 2024 109 684
2927 1531 7312 290 987
10235 5997 14618 887 2685
5422 3865 9820 531 1727
340 211 375 31 69
1284 1205 3890 166 494
19129 10851 28729 2096 8651
18051 24976 34499 2206 8205
199 73 82 25 36
350 138 270 18 42
5613 3886 13173 715 1838
39400 44428 58514 3780 17338
490 271 726 61 200
194 55 239 21 24
ANEXO D
1. Valores absolutos das Variáveis referente a 2010.
UF PIB percapta População Pop Ocupada QualfPop
Grau de ocup
tecnológica
AC 5,16 733.559 121.187 0,238054 0,003755
AL 3,51 3.120.494 470.992 0,167084 0,003206
AP 5,52 669.526 108.191 0,146306 0,003623
AM 7,66 3.483.985 575.739 0,212159 0,007545
BA 4,91 14.016.906 2.139.232 0,15914 0,006794
CE 4,11 8.452.381 1.325.792 0,196569 0,005446
DF 26,1 2.570.160 1.099.832 0,293768 0,015381
ES 10,43 3.514.952 860.421 0,185818 0,00848
GO 7,25 6.003.788 1.313.641 0,179895 0,005054
MA 3,07 6.574.789 636.625 0,1211 0,004522
MT 8,77 3.035.122 656.542 0,179638 0,004809
MS 7,93 2.449.024 560.789 0,208422 0,004911
MG 8 19.597.330 4.646.891 0,176315 0,008519
PA 4,58 7.581.051 951.235 0,162035 0,005247
PB 3,78 3.766.528 579.504 0,239236 0,004528
PR 9,29 10.444.526 2.783.715 0,201531 0,008753
PE 4,83 8.796.448 1.536.626 0,177349 0,007893
PI 3,16 3.118.360 377.463 0,248999 0,003836
RN 4,55 3.168.027 575.026 0,199622 0,005202
RS 10,53 10.693.929 2.804.162 0,206759 0,007307
RJ 11,36 15.989.929 4.080.082 0,223573 0,017096
RO 6,74 1.562.409 334.290 0,151593 0,003237
RR 6,27 450.479 78.585 0,260202 0,00579
SC 10,89 6.248.436 1.969.654 0,188853 0,00766
SP 13,49 41.262.199 12.873.605 0,216321 0,01574
SE 5,16 2.068.017 369.579 0,205363 0,006889
TO 5,56 1.383.445 238.955 0,211203 0,005189
2.
Técnicos P&D n doutor grupo linhapesquisa pesqgrupo tecnicogrupo
5 151 70 52 232 429 41
104 714 107 303 150,1 193,719 151
10 97 36 42 127 240 33
375 1.426 349 420 1905 2106,619 648
451 2.875 1.863 2183 3213,644 3894,931 1342,092
1.106 2.072 934 641 1241,394 2417,426 618
493 3681 1.611 830 495,713 1036,191 1293
72 28 667 358 1348 648,527 152
291 997 668 425 445,188 1004,559 362
228 269 118 231 1028 488,158 164
97 200 400 419 437,109 1006,021 291
15 603 433 469 1808 1757,715 322
1.065 11.582 3.181 2788 5342,997 6797,446 2208
184 2.504 428 567 821,352 1799,502 548
15 652 730 664 1320,367 978,022 515
739 2450 4.998 2234 3380,272 5010,893 1732
204 825 944 957 1825,336 1473,024 862
95 465 160 236 818 270,255 108
34 110 214 415 685,023 1586,057 262
1.054 3740 3.075 2682 4504,378 7896,009 2427
2.501 10.720 3.555 3443 5000,197 6625,256 3048,016
252 464 133 71 338 740 35
23 137 55 70 235 468 27
677 3592 2.268 1239 2461,039 4916,695 1073
7.151 15.714 23.813 3494,866 6908,755 13080,59 4270,554
73 417 244 258 1167 414,569 187
152 295 68 167 671 1119 107
3.
Artigo
Nacional
Artigo
Internacional
Outros
Artigos
Livro Capítulo de
Livro
323 197 305 60 134
195,671 209,7 353,527 249 52,369
256 189 371 25 141
1023,486 933,977 2179,575 649 791,3
1799,814 2910,517 2594,608 1538,526 4432,436
1580,121 1517,073 1246,218 847 1173,181
915,882 299,824 1583,34 1981 1333,682
982,705 623,265 1202,258 373 522,043
1572,874 779,068 2322,506 840 1106,972
804,275 1096,225 739,727 220 1023
461,329 518,883 442,433 503 666,436
907,501 1469,12 168,079 585 1476,433
7435,145 7187,887 7728,238 2569,27 4791,568
2662,609 2009,461 2606,378 666 1871,538
313,758 686,657 523,928 802 912,142
5154,534 3493,527 4584,632 3239 3518,375
2811,677 2013,382 2729,508 1350 2083,315
305,628 140,557 273,731 191 1034
1170,787 893,898 192,591 649 907,706
9430,89 8389,341 5082,953 3224,017 6151,308
7331,695 6915,342 9058,623 3196,551 4796,434
836 452 66,04 86 605
802 266 521 41 354
4282,152 2787,668 4248,654 812,326 3406,553
21564,07 20186,97 18809,37 4471,724 13601,73
489,344 320,995 1129,583 452 169,784
193,8 860 175,414 180 749