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UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE CENTRO DE SAÚDE E TECNOLOGIA RURAL UNIDADE ACADÊMICA DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS CAMPUS DE PATOS - PB MICKAELLY DE LUCENA MAMEDE TAXONOMIA DE APOCYNACEAE EM INSELBERGUES DO MUNICÍPIO DE PATOS, PARAÍBA, BRASIL PATOS PARAÍBA BRASIL 2016

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE

CENTRO DE SAÚDE E TECNOLOGIA RURAL

UNIDADE ACADÊMICA DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS

CAMPUS DE PATOS - PB

MICKAELLY DE LUCENA MAMEDE

TAXONOMIA DE APOCYNACEAE EM INSELBERGUES DO MUNICÍPIO DE

PATOS, PARAÍBA, BRASIL

PATOS – PARAÍBA – BRASIL

2016

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MICKAELLY DE LUCENA MAMEDE

TAXONOMIA DE APOCYNACEAE EM INSELBERGUES DO MUNICÍPIO DE

PATOS, PARAÍBA, BRASIL

Monografia apresentada ao Curso de Licenciatura em Ciências

Biológicas da Universidade Federal de Campina Grande, Centro

de Saúde e Tecnologia Rural, Campus de Patos, PB, como parte

dos requisitos para obtenção do grau de Licenciado em Ciências

Biológicas.

Orientadora: Profª. Dra. Maria de Fátima de A. Lucena

PATOS – PARAÍBA – BRASIL

2016

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FICHA CATALOGRÁFICA ELABORADA PELA BIBLIOTECA DO CSTR

M264t

Mamede, Mickaelly de Lucena

Taxonomia de Apocynaceae em inselbergues do município de Patos,

Paraíba, Brasil / Mickaelly de Lucena Mamede. – Patos, 2016.

39f.: il.color.

Trabalho de Conclusão de Curso (Ciências Biológicas) – Universidade

Federal de Campina Grande, Centro de Saúde e Tecnologia Rural. 2016.

“Orientação: Profa. Dra. Maria de Fátima de Araújo Lucena”.

Referências.

1. Afloramentos rochosos. 2. Caatinga. 3. Flora. 4. Sistemática.

I. Título.

CDU 582.5

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Aos meus pais Maria José e Marcos, que me encorajam

e sempre acreditam nos meus sonhos,

Dedico.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus por me ajudar sempre, nas horas que mais preciso, sendo minha

esperança e inspiração para conquistar meus ideais. No qual posso resumir com o salmo “Tudo

posso naquele que me fortalece”.

Aos meus pais, Maria José e Marcos que me apoiam em tudo que me faz bem, sendo

minhas fortalezas em casa, me incentivando sempre a correr atrás de meus sonhos. Aos meus

irmãos, Michelly, Marquinhos e Mariana que me aguentaram e me ajudaram por diversas vezes

para a conclusão desse trabalho.

A minha orientadora, Profª. Dra. Maria de Fátima de Araújo que me deu a oportunidade

de mostrar meu trabalho na botânica, onde ela me orienta brilhantemente, seja

profissionalmente, como também para a vida.

Aos meus avós paternos, hoje falecidos Eurides e Pedro Mamede, onde posso me

orgulhar e se inspirar, a minha vovó com seu determinismo e garra. E a meu vovô Lula, que

sempre acreditou em mim, mesmo ainda no primário. A meus avós maternos, vó Maria e vô zé

que sempre me apoiaram e zelaram por mim, por várias épocas da minha vida.

As minhas tias e tios (Déinha, Dedé, Joelma, Lili, Cidinha, Aninha, Amanda, Alex e

Jonatha) por me incentivar e me ajudar sempre que os recorria durante a minha trajetória

acadêmica. E a Eronildes, por me socorrer em diversas vezes para a conclusão desse trabalho.

Ao meu padrinho Jerry Adriano por se mostrar tão solicito em ajudar, quando precisei ir a

eventos para divulgação desse trabalho no ambiente acadêmico.

A meu namorado, Alan Morais, pela paciência e por me encorajar nas horas que mais

precisei. Sendo um melhor amigo, alegrando-se junto comigo a cada nova etapa conseguida.

As minhas amigas Ketley Gomes e Emanuelly Felix, que de colegas de turma passaram

as minhas melhores amigas, juntas em momentos bons e ruins durante a faculdade. Cada uma

a sua maneira, me auxiliou e me inspirou, com bons conselhos e com o carinho da própria

amizade. A meu amigo Daniel Silva, por todos os momentos que passamos no percurso desse

curso, e por me estimular na realização desse trabalho. E ao “estagiário” José Lucas Oliveira,

que me ajudou em coletas botânicas, contribuindo para o desenvolvimento dessa pesquisa e

pelas palavras de incentivo.

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Ao meu amigo Jaziel Moreira por me auxiliar diversas vezes na produção desse trabalho

e por poder contar sempre com seu apoio. As minhas amigas Danielly Gualberto e Roseane

Medeiros, pelas palavras estimulantes e por sempre estenderem uma mão amiga em todas as

horas. A minha amiga Brenda Dayanne, que mesmo com a distância continuamos com a mesma

amizade, a cada tempo mais fortalecida. Agradeço por sempre me ouvir quando precisei e torcer

a distância por mim.

Aos meus amigos Messias Fernando e Damião Lucena (Juninho), por todo o

companheirismo na universidade e fora dela, pela amizade e boas parcerias de trabalhos

acadêmicos.

A equipe do herbário CSTR (Rafael Lopes, Rafael Medeiros, Ketley, Francione,

Jacielly, Jardelson, Marcelo, Damião, Messias, Whelley, Assis, Carlos Brilhante e Nira), que

ajudaram a construir esse trabalho, sempre solícitos e amigáveis.

Ao ilustrador Assis Nobrega, por contribuir com seus talentos nessa pesquisa.

Ao especialista da família botânica que estudo, Alessandro Rapini, por ajudar em

dúvidas sobre Apocynaceae, de forma sempre gentil e educado.

A Universidade Federal de Campina Grande, a todo corpo docente e aos funcionários,

em especial aos professores. Pois, contribuíram bastante para a minha formação acadêmica, e

para a minha visão como futura professora e bióloga.

As Escolas Coriolano de Medeiros, Auzanir Lacerda e a Irmã Benigna pela

oportunidade de estágio durante esse curso, e a todo o corpo docente e administrativo, em

especial aos professores Marinaldo Magalhães, Flávio Nóbrega e Valdivânia Virgulino pela

supervisão nos estágios e durante o PIBID (Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à

Docência).

A Maria das Graças Marinho, por contribuir nessa pesquisa como examinadora, como

professora, coordenadora do PROBEX (Projeto de Bolsas de Extensão) e do PIBID.

A todos que constituíram a banca dessa monografia, Maria das Graças Marinho,

Danielly Lucena e Francione Gomes por contribuir nessa pesquisa.

A todos que contribuíram diretamente ou indiretamente para a realização deste trabalho,

eu agradeço.

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A imaginação é mais importante que a ciência, porque a ciência é limitada, ao passo que a

imaginação abrange o mundo inteiro.

- Albert Einstein

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RESUMO

A família Apocynaceae distribui-se em todos os biomas brasileiros. São plantas que se adaptam

a diversos habitats, inclusive afloramentos rochosos. Os afloramentos rochosos graníticos,

também conhecidos como inselbergues, são formações rochosas em que diversos organismos

vivem, mesmo em condições severas. Considerando os poucos estudos desenvolvidos sobre a

flora de inselbergues no semiárido brasileiro e, especialmente na Paraíba, esse trabalho

apresenta o tratamento taxonômico das espécies de Apocynaceae no conjunto de inselbergues

do Município de Patos, Paraíba. A pesquisa foi realizada durante quatro anos (2011 a 2015), a

partir de coletas botânicas em nove inselbergues, contemplando as estações seca e chuvosa. As

analises taxonômicas seguiram as técnicas usais em botânica. Os espécimes encontram-se

tombados ao acervo do Herbário CSTR, da Universidade Federal de Campina Grande, campus

de Patos-PB. Foram identificadas cinco espécies desta família nos inselbergues estudados:

Allamanda blanchetii A.D.C.; Aspidosperma pyrifolium var. molle (Mart.) Müll.; Masrdenia

megalantha Goyder & Morillo; Matelea harleyi Fontella & Morillo e Matelea nigra (Decne.)

Morillo&Fontella. Todas essas espécies são endêmicas do Brasil, exceto A. pyrifolium. Sendo

M. megalantha e M. harleyi encontradas somente no Nordeste brasileiro. Apocynaceae

necessita de mais trabalhos de taxonomia para uma melhor compreensão e contribuição para a

sua família no Bioma Caatinga, assim como os afloramentos rochosos do sertão paraibano,

merecem mais estudos e medidas de preservação. São apresentadas chaves de identificação,

ilustrações e descrições de cada espécie.

Palavras-chave: Afloramentos rochosos, caatinga, flora, sistemática.

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ABSTRACT

The Apocynaceae family is distributed in all of the Brazilian biomes. They are plants wich

adapt to different habitats, including rocky outcrops. The rocky granite outcrops, also known

as inselbergs, are rock formations where many organisms live, even in harsh conditions.

Considering the few studies conducted on the flora of the inselbergs in the Brazilian semiarid

region, and especially in Paraíba, this work presents a taxonomic treatment of the species of

Apocynaceae in inselbergs set in the city of Patos, Paraíba. The research was conducted for four

years (2011-2015), from botanical collections in nine inselbergs, considering the dry and rainy

seasons. The taxonomic analysis followed the usal botany techniques. The specimens are

recorded in the herbarium collection CSTR, the Federal University of Campina Grande, Patos-

PB campus. Five species of this family were identified in the studied inselbergs: Allamanda

blanchetii A.D.C .; Aspidosperma pyrifolium var. Molle (Mart.) Müll .; Masrdenia megalantha

Goyder & Morillo; Matelea harleyi Fontella & Morillo and Matelea nigra (Decne.) Morillo &

Fontella. All these species are endemic to Brazil, except A. pyrifolium. Being M. megalantha

and M. Harleyi found only in Brazilian Northeast. Apocynaceae needs more taxonomy works

for better understanding and contribution to your family on the Biome caatinga, as well as the

rocky outcrops of the Paraiba’s backlands, deserve further study and conservation measures.

Are presented identification keys, illustrations and descriptions of each species.

Keywords: Rocky outcrops, caatinga, flora, systematics.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Mapa da localização do Município de Patos-PB, Nordeste do Brasil...................... 22

Figura 2: Mapa dos inselbergues no Município de Patos – PB, Nordeste do Brasil................ 22

Figura 3: Marsdenia megalantha – a. Ramo com flor e fruto, b. corola, c. fruto, d. detalhe do

ginostégio, e. cálice com ovário, f. semente, g. folha obovada (a-g : J.Ricarte 01; M. L. Mamede

14) ............................................................................................................................................ 31

Figura 4: Matelea nigra – a. Ramo com fruto, b. Detalhe do fruto, c. Fruto aberto, d. Semente.

(a-d : P. D’ Angelis 48; P.D’ Angelis 128)................................................................................ 32

Figura 5: Fotos das espécies de Apocynaceae nos inselbergues de Patos, Paraíba................ 33

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO.......................................................................................................... 11

2. REFERENCIAL TEÓRICO..................................................................................... 13

2.1 Família Apocynaceae................................................................................................... 13

2.1.1 Aspectos biogeográficos........................................................................................... 13

2.1.2 Morfologia e filogenia.............................................................................................. 13

2.1.3 Importância ecológica e econômica......................................................................... 14

2.1.4 Aspectos bioquímicos............................................................................................... 16

2.2 O Bioma Caatinga e suas peculiaridades..................................................................... 16

2.3 Conceito e características dos inselbergues................................................................. 18

3. METODOLOGIA...................................................................................................... 21

3.1 Área de estudo.............................................................................................................. 21

3.2 Coletas de dados........................................................................................................... 23

3.3 Identificação e taxonomia botânica.............................................................................. 23

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO............................................................................... 24

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS.................................................................................... 34

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..................................................................... 35

APÊNDICE ........................................................................................................................ -

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1. INTRODUÇÃO

Apocynaceae Juss. é uma das famílias mais representativas de angiospermas, inclui

quase 5.000 espécies (RAPINI, 2012), que estão distribuídas principalmente nas regiões

subtropicais do mundo (SOUZA; LORENZI, 2012). É uma família amplamente distribuída e

ocorre em todos os biomas brasileiros. A Caatinga possui uma parcela significativa dessas

espécies, adaptadas a características desse bioma, com registro atual de 757 espécies e 77

gêneros para o Brasil (FLORA DO BRASIL, 2016).

Apocynaceae apresentam todos hábitos, como árvores, arbustos, ervas e trepadeiras

lenhosas e herbáceas. Possuem laticíferos com látex geralmente leitoso; com glicosídeos

cardíacos e diversos alcalóides e iridóides, onde boa parte das espécies dessa família é

considerada como venenosas (JUDD et al., 2009). A família possui adaptações para se adequar

a ecossistemas variados, inclusive de semiárido. São plantas decíduas, que produzem

considerável quantidade de cera nas folhas como em Aspidosperma pyrifolium, algumas são

herbáceas e apresentam ciclo de vida curto.

A Caatinga localiza-se no semiárido brasileiro e constitui uma riqueza biológica

considerável, com diversos tipos de paisagens, onde animais e plantas sobrevivem em

condições muitas vezes desfavoráveis. Nesse bioma, há áreas que os solos são frequentemente

rasos e pedregosos, quase ou totalmente desprovidos de matéria orgânica, consequência dos

afloramentos rochosos presentes na região (ABÍLIO, 2010). É um bioma que tem uma

vegetação com alto grau de endemismo florístico e compreende uma fitogeografia de

pediplanos ondulados de origem erosiva (LEAL et al., 2008), e ainda de ilhas montanhosas,

conhecidas como inselbergues.

Os inselbergues são formações rochosas constituídas geomorfologicamente de gnaisse

ou granito, possui forma de cúpula e são resistentes a processos erosivos (POREMBSKI, 2007).

São ambientes com altos níveis de radiação solar, pouco substrato no solo e estresse hídrico,

caracterizados por formarem áreas isoladas, com elevado endemismo, e uma diversidade

biológica e genética própria (FABRICANTE; ANDRADE; MARQUÊS, 2010).

Estudos florísticos em diversas áreas da Caatinga ainda são insuficientes,

impossibilitando uma boa caracterização de sua flora, a exemplo de áreas no sertão paraibano,

e os afloramentos rochosos inseridos nessa região, por serem áreas com aspecto climático

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severo e de difícil acesso, o que limita o desenvolvimento de trabalhos taxonômicos nessas

áreas. Desta forma, são necessários estudos florísticos mais acentuados nessas regiões de

inselbergues, para uma melhor compreensão da sua diversidade vegetal e as particularidades

dos grupos taxonômicos que nelas habitam. A partir da taxonomia é possível conhecer as

características que marcam e diferenciam as espécies, contribuindo para o conhecimento da

diversidade biológica.

Sendo assim, este estudo tem como objetivo apresentar um tratamento taxonômico e um

guia de imagens das espécies de Apocynaceae Juss. do conjunto de inselbergues do Município

de Patos, Paraíba, a fim de contribuir com o conhecimento deste importante táxon.

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2. REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 Família Apocynaceae Juss.

2.1.1 Aspectos biogeográficos

O Brasil é o país que abriga a flora mais rica do planeta, o que certamente está

relacionado à sua extensão territorial, mais de 8.500.000 km², associada à enorme diversidade

edáfica, climática e geomorfológica, levando a uma ampla gama de tipos vegetacionais

(GIULIETTI et al., 2009). As angiospermas constituem grande parte da diversidade de plantas

verdes, vasculares e com sementes, com cerca de 257.000 espécies (JUDD et al., 2009).

Apocynaceae está entre as dez maiores famílias de angiospermas, com cerca de 5.000

espécies distribuídas principalmente nas regiões tropicais e subtropicais do mundo (RAPINI,

2012). No Brasil existe cerca de 757 espécies e 77 gêneros dessa família, sendo apenas 5

gêneros endêmicos (FLORA DO BRASIL, 2016), sendo que as estimativas são maiores em

número, devido à falta de estudos em algumas regiões de difíceis acessos.

As ações antrópicas desenfreadas resultam na redução da biodiversidade e isto está

relacionado à eliminação dos habitats naturais. Para Apocynaceae são apontadas 85 espécies

raras; mas, a partir de mais revisões taxonômicas em gêneros complexos (como Matelea) e em

estudos florísticos nas Regiões Nordeste, Norte e Centro-Oeste poderão indicar outras espécies

raras na família (GIULIETTI et al., 2009).

No Brasil, os estudos sobre Apocynaceae vêm aumentando bastante nos últimos anos,

em todas as regiões do país, como em trabalhos florísticos e taxonômicos, bioquímicos; de

anatomia, na regiões XXXX (PEREIRA; SIMÕES; SANTOS, 2016; COSTA et al., 2015,

SILVA et al., 2016; MORAES et al., 2016; RAPINI, 2012; KONNO; MATOZINHOS, 2011;

GOMES; CAVALCANTI, 2001; MOREIRA et al., 2004; LUZ; ALBANESE; CORRÊA,

2007).

2.1.2 Morfologia e filogenia

As Apocináceas possuem caracteres complexos que por vezes pode ser de difícil

identificação. Desta forma, é difícil afirmar, se estamos diante de duas espécies ou de apenas

uma como no caso de Matelea harleyi Fontella & Morillo e M. nigra (Decne.) Morillo &

Fontella. Um taxonomista quando faz uma revisão de um táxon, por vezes se depara com o que

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era uma espécie e, na verdade, é uma mistura de duas ou mais espécies parecidas; então, só com

a comparação direta com um Typus permitirá saber qual corresponde à espécie original e quais

serão denominadas como novas (LEWINSOHN; PRADO, 2002).

A família Apocynaceae pode apresentar todos os hábitos (árvores, arbustos, lianas e

ervas), às vezes suculenta e com aspecto de cactos. Uma característica marcante para

reconhecimento da família é a presença de laticíferos e látex geralmente leitoso e um gineceu

bicarpelar (RAPINI, 2012); folhas geralmente opostas, ás vezes alternas e espiraladas, em

algumas espécies a presença de ginostégio e de políneas (massa de pólen) (JUDD et al, 2009).

Dentro de Apocynaceae há uma divisão de cinco subfamílias: Rauvolfioideae,

Apocynoideae, Periplocoideae, Secamonoideae e Asclepiadoideae (APG IV, 2016).

Rauvolfioideae e Apocynoideae são grupos parafiléticos, enquanto que Periplocoideae,

Secamonoideae e Asclepiadoideae são monofiléticos (RAPINI, 2012).

APSA é um clado formado por Apocynoideae, Periplocoideae, Secamonoideae e

Asclepiadoideae, na qual as relações ainda estão sendo elucidadas (APG, 2016). Dado que

Periplocoideae possui posição incerta nesse clado (RAPINI, 2012).

Asclepiadoideae (antes Asclepiadaceae) é a subfamília com maior número de espécies,

com cerca de 3.000 espécies (RAPINI, 2012). Ela é caracterizada pela presença de pólen

aglutinado na forma de políneas e presença de apêndices estaminais (JUDD et al., 2009).

Apocynoideae consiste na subfamília com um grau mais derivado, enquanto que subfamília

mais basal em Apocynaceae é Rauvolfioideae (APG, 2016).

No século XIX, a maioria das espécies de Apocynaceae foram descritas, sendo que a

sua taxonomia não condizia com as relações filogenéticas até ainda na década de 1990, mas a

partir da cladística e do uso de dados moleculares, várias inconsistências e relações não

percebidas por taxonomistas, foram evidenciadas dentro da família (RAPINI, 2012).

2.1.3 Importância ecológica e econômica

Os polinizadores possuem uma devida importância dentro da cadeia alimentar, uma vez

que na ausência desses agentes, muitas plantas iriam ter dificuldades na reprodução e produção

de sementes, comprometendo outros organismos dependentes delas (IMPERATRIZ-

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FONSECA et al., 2012). Muitas angiospermas são polinizadas somente ou principalmente por

besouros e outras por moscas; ambas necessitam de odores florais para serem atraídas a flor,

sendo que as partes essenciais da flor são cobertas, para evitar a herbivoria (EVERT;

EICHHORN, 2014).

Os sistemas de polinização ocorrem tanto em áreas de florestas úmidas quanto em

caatingas mais severas, de forma diversificada e com interdependência entre plantas e vetores

bióticos (IMPERATRIZ-FONSECA et al., 2012). As abelhas são o principal grupo de insetos

na polinização de flores do que qualquer outro agente polinizador, elas e as plantas floríferas

diversificaram juntas nos últimos 80 milhões de anos (EVERT; EICHHORN, 2014).

Apocynaceae apresenta uma diversidade de mecanismos de polinização e polinizadores.

Os polinizadores dessa família são insetos que recorrem às suas espécies para se alimentarem

de néctar, como borboletas, mariposas, abelhas e moscas; o inseto quando se alimenta, adere as

políneas de uma flor em seu corpo e as transportadas para outra flor (JUDD et al., 2009).

A família Apocynaceae possui alta importância ornamental, sendo suas espécies

consideradas populares devido ao uso generalizado, como Allamanda cathartica L., Allamanda

blanchetii, Catharanthus roseus L., Neriun oleander L., Plumeria rubra L., entre outras

(RAPINI, 2012; SOUZA; LORENZI, 2012).

Allamanda spp. forma maciços ou renques, conduzidas como trepadeiras; são plantas

de pleno sol, com intolerância à baixas temperaturas (LORENZI; SOUZA, 2001), adequadas a

regiões de semiárido.Várias espécies dessa família são tóxicas para o ser humano, e desta forma

não é muito apropriado para o cultivo em determinadas áreas (SOUZA; LORENZI, 2012),

como por exemplo, espécies do gênero Allamanda, Nerium, Thevetia ,entre outras.

Algumas espécies fornecem madeira, como Aspidosperma pyrifolium var. molle (Mart.)

Müll, que é utilizada na confecção de moveis e na construção civil (LORENZI, 2002). É uma

árvore considerada ornamental, utilizada no paisagismo urbano e indicada para recuperação de

solos erodidos e restauração da vegetação de áreas degradadas; é também indicada para o

tratamento de problemas no estômago, rins, coração e infecções no trato urinário; é indicado

também como sedativo e contra sarnas, piolhos e carrapatos (INSA, 2010; SIQUEIRA-FILHO,

2009; AGRA et al., 2007).

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2.1.4 Aspectos bioquímicos

A família Apocynaceae é constituída de plantas que apresentam laticíferos e látex

leitoso, com glicosídeos cardíacos e diversos alcalóides; muitas vezes com iridóides (JUDD et

al., 2009). O látex é uma substância altamente corrosiva na espécie Thevetia peruviana K.

Schum. com ação também emética e para problemas de prisão de ventre (SILVA et al., 2015).

Diversas espécies são ricas em compostos químicos, que é o caso de Rauvolfia spp.

(RAPINI, 2012). Na natureza, esses compostos químicos são possíveis responsáveis centrais

em delimitar a palatabilidade das plantas que as possui ou de afastar completamente os animais

de sua predação (EVERT; EICHHORN, 2014).

Algumas espécies do gênero Allamanda, possuem substâncias químicas, como

iridóides, que tem caráter de ação antifúngica e estudos comprovam que os extratos desse

gênero têm potencial no controle de patógenos vegetais (BARROS; GOMES; CAVALCANTI,

2015).

As espécies do gênero Aspidosperma são caracterizadas pela presença de alcalóides,

várias espécies desse gênero já foram avaliadas para atividades farmacológicas (DOLABELA

et al., 2012), que possui substâncias com notórias aplicações antimicrobianas (GOMES;

CAVALCANTI, 2001).

2.2 O Bioma Caatinga e suas peculiaridades

O Brasil abriga uma megadiversidade florística e faunística por todo o seu território, que

se deve em vários aspectos devido a sua diversidade de variedades geomorfológicas

(SIQUEIRA FILHO, 2012).

O bioma Caatinga ocupa uma vasta área, cerca de 850.000 km², o que corresponde a

10% do território brasileiro (AQUINO, 2012). O projeto Flora do Brasil (2016) registra

atualmente a ocorrência de 4.854 espécies de plantas para este bioma. É um bioma brasileiro

que já foi considerado em décadas passadas como homogêneo, resultando da degradação de

outros biomas como Mata atlântica ou Floresta Amazônica, com uma biota pobre em espécies

e endemismos, estando pouco alterada ou ameaçada (ALVES, 2009; ALVES; ARAÚJO;

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NASCIMENTO, 2008). Esse bioma possui um elevado grau de endemismo, mas que necessita

de mais trabalhos de pesquisa para suprir as carências de informações (ALVES, 2009).

A cobertura vegetal desse bioma varia entre formações xerófilas, florestas de relevos

(florestas perenifólias e sub-perenifólias dos brejos de altitude e encostas expostas aos fluxos

úmidos de ar e de florestas semidecíduas), florestas ripárias e os cerrados (ALVES; ARAÚJO;

NASCIMENTO, 2008).

As espécies da flora nativa desse bioma possui caracteres anatômicos, morfológicos e

funcionais especializados, o que garante que ela sobreviva às condições desfavoráveis e

adversas como clima e solo (PEREIRA JÚNIOR; ANDRADE; ARAÚJO, 2012). Existe

espécies que apresenta espinhos, espinhaços, que talvez tenham formado essa adaptação contra

a predação de mamíferos herbívoros, mas em consequência do desmatamento nesse

ecossistema, é um dos biomas em maior perigo do mundo (FUTUYMA, 2009).

O clima predominante no bioma Caatinga é megatérmico semiárido, com temperaturas

médias entre 25 e 29° C (AB’SÁBER, 2003), os solos são diversos e a vegetação longe de ser

homogênea, com variação fisionômica e florística (QUEIROZ, 2009). A deficiência de água

ocorre em grande parte do ano, isso devido à elevada evapotranspiração potencial, com

precipitação de menos de 750 mm anuais, concentrados e distribuídos de forma irregular em

três meses consecutivos (ALVES, 2009).

Os fenômenos catastróficos, como secas e cheias, são frequentes nesse bioma, e isso

tem modelado a vida animal e vegetal nas Caatingas (LEAL; TABARELLI; SILVA 2008).

Mas, além das variações climáticas, as diversas fisionomias desse bioma são modeladas

também por fatores estacionais, como condições edáficas, compartimentação topográfica e

pelos impactos das atividades humanas (ALVES, 2009).

As ações antrópicas não sustentáveis, como agricultura de corte e queima prejudica os

remanescentes de vegetação em culturas de ciclo curto, o corte de madeira para lenha e a

remoção da vegetação para a criação de bovinos e caprinos tem levado ao empobrecimento

ambiental da Caatinga (LEAL et al, 2005).

A Caatinga teve o seu processo de degradação no início ainda da Brasil colônia, com a

expansão da pecuária para o interior do país (ALVES, 2009). A partir do uso incorreto da terra,

custaram sua desertificação em vários pontos, que já possui 15% da sua região, o que leva

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agricultores familiares que vivem em uma determinada área a irem viverem em outros locais

ainda não cultivadas (BRANDON et al., 2005).

O sertão atualmente está caracterizado por atividades econômicas ligadas a pecuárias e

a extração de minérios, que muitas vezes está associado a desmatamentos indiscriminados, o

que prejudica o bioma, trazendo consequências em sua estrutura (ALVES, 2009).

É importante ressaltar que os limites externos da caatinga podem ser considerados

coincidentes com o da região semiárida, mas deve-se salientar que existem ambientes mais

úmidos, que compõe uma vegetação diferente da caatinga tanto em composição florística

quanto em fisionomia (QUEIROZ, 2009). Sendo assim, a Caatinga é um bioma altamente

diversificado, além dos vários tipos de caatingas, existem ambientes associados (enclaves) em

sua composição (ALVES, 2009).

Existe um contraste na Caatinga, que, quando chove a paisagem muda rapidamente,

exibindo um verde que alegra os nativos. É um bioma rico em espécies de animais e vegetais,

muito ainda desconhecidos. Há uma grande lacuna sobre o conhecimento de sua diversidade,

com várias espécies sendo ameaçadas de extinção e outras ainda estão sendo registrado, o que

evidencia a inconsistência de estudos nesse ecossistema, dificultando o desenvolvimento da

Caatinga (ALVES, 2009). Mas, tendo em vista as estruturas institucionais e os processos de

conservação da Mata Atlântica estão servindo de modelo para como proceder na Caatinga

(BRANDON et al., 2005).

2.3 Conceito e características dos Inselbergues

Inselbergues são formações montanhosas, monolíticas constituídas

geomorfologicamente de gnaisses e granito, que emergem subitamente na paisagem

(POREMBSKI, 2007; POREMBSKI, 2000). Possuem origem pré-cambriana, constituindo

elementos rochosos antigos na paisagem com uma idade de mais de 50 milhões de anos

(POREMBSKI; SEINE; BARTHLOTT, 1997).

Os afloramentos rochosos são encontrados nas regiões tropicais, subtropicais, e zonas

temperadas, possuindo ampla distribuição nos antigos escudos cristalinos (POREMBSKI;

SEINE; BARTHLOTT, 1997).

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Várias regiões que possuem inselbergues apresentam rica vegetação com plantas

endêmicas, como em Madagascar e na Mata Atlântica brasileira (POREMBSKI, 2000). As

fanerófitas são a forma de vida predominante nesses afloramentos, com uma diversidade alta

de espécies (POREMBSKI; SEINE; BARTHLOTT, 1997).

A fisionomia da vegetação é influenciada principalmente pela temperatura e pelo padrão

sazonal das chuvas (FUTUYMA, 2009). Nos inselbergues, as condições ambientais são severas

devido à alta insolação e taxas de evaporação elevadas, com finas camadas de solo, o que

caracteriza a sua florística (POREMBSKI, 2000). Esses afloramentos rochosos são ambientes

de condições extremas, com escassez de água e baixa disponibilidade de nutrientes, o que

levaram ao desenvolvimento de características adaptativas especificas (POREMBSKI, 2007;

POREMBSKI, 2000). No Brasil, os inselbergues podem ser encontrados nas regiões Sudeste e

Nordeste, sendo notáveis nos afloramentos rochosos da caatinga (SALES-RODRIGUES et

al.,2014; POREMBSKI, 2007; POREMBSKI; SEINE; BARTHLOTT, 1997).

No semiárido brasileiro é encontrado frequentemente comunidades de plantas por sobre

seus afloramentos rochosos, mas existe ainda pouco conhecimento sobre as mesmas (ARAÚJO;

OLIVEIRA; LIMA-VERDE, 2008). São ambientes que possuem características físicas e

microclimáticas adversas (OLIVEIRA et al., 2004), e devido à severidade ambiental desses

afloramentos, não tem atraído acentuado interesse agrícola (POREMBSKI, 2007;

POREMBSKI, 2000).

No município de Patos existe um conjunto de inselbergues, com características de rara

beleza cênica. Como o serrote da lagoa, que possui poços de água em seu relevo, constituindo

uma população de plantas aquáticas e um pequeno lago no sopé. Mas, há uma frequente ação

antrópica nessas localidades, como no serrote do Espinho Branco, que necessita de recuperação

em alguns trechos (LUCENA et al.,2015).

Os inselbergues são pouco conhecidos em suas “características florísticas, genéticas,

padrões de distribuição de seus componentes e comportamento de suas populações vegetais”

(FABRICANTE; ANDRADE; MARQUÊS, 2010). Estudos nessas áreas podem preencher esta

lacuna de conhecimentos, por esta razão estes devem ser incentivados.

A presença de um inselbergue aumenta a heterogeneidade ambiental, o que afeta

diretamente a composição de espécies (OLIVEIRA-MENINO et al, 2015). As áreas de

inselbergues apresentam uma vegetação específica, diferenciando do plano que o cerca

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(POREMBSKI, 2007; POREMBSKI; SEINE; BARTHLOTT, 1997). Os inselbergues em

muitas regiões são considerados intocados, com seus ecossistemas preservados, contudo por

possuir um ambiente aberto em sua vegetação é sujeita a novos colonos (POREMBSKI, 2007).

As ações antrópicas que ocorrem nos arredores de afloramentos rochosos, pode tornar

o ecossistema mais propicio à invasão e à instauração de plantas daninhas e exóticas

(POREMBSKI, 2000). Perdendo dessa forma, a sua diversidade de espécies, muitas vezes

endêmicas. Os planos de gestão que visem as particularidades desses ambientes ainda são

escassos (OLIVEIRA-MENINO et al, 2015).

Dentre as famílias de angiospermas, Apocynaceae é uma das que possuem endemismo

em algumas espécies nos inselbergues (POREMBSKI, 2007). É uma família decorrente em

áreas de afloramentos rochosos, sendo amplamente distribuída nas regiões brasileiras, o que se

observa nos trabalhos de Caifa & Silva (2007); Conceição, Pirani & Meirelles (2007); Oliveira

& Godoy (2007); Moura et al. (2010); Conceição, Giulietti & Meirelles (2007); Lucena et al.

(2015); Oliveira- Menino et al. (2015).

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3.METODOLOGIA

3.1 Área de estudo

O estudo foi realizado em nove inselbergues no município de Patos, que está localizada

no centro-oeste do Estado da Paraíba. O município está inserido na Macrorregião do Nordeste,

com latitude 07º 01´ 26 ´´ e longitude 37º 16´ 48´´; possui 473,056 km ² no ponto central do

Sertão, numa depressão de 242 m de altitude (LUCENA, 2015).

O município de Patos possui um clima semiárido (Bsh), com baixas umidades e elevadas

temperaturas e uma média anual de chuvas inferior a 800 mm (AQUINO, 2012). É uma região

envolta por serras, e nelas se destacam os inselbergues, que representam importantes áreas

relictuais em termos geomorfológicos e vegetacionais (LUCENA et al, 2015).

Na mesorregião sertaneja há a predominância de formações cristalinas, mas devido a

sua localização depressiva, essa região apresenta uma formação geológica sedimentar, onde os

solos são rasos e pedregosos (AQUINO, 2012; LUCENA, 2015).

A vegetação que predomina em Patos é a caatinga, principalmente as caatingas

arbustivas e caatingas arbóreas abertas. As espécies mais conhecidas e de fácil identificação

pela população na região, são conhecidas como: favela, angico, marmeleiro, pereiro,

mandacaru, palma forrageira entre outras (AQUINO, 2012).

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Figura 1: Mapa da localização do Município de Patos-PB, Nordeste do Brasil.

Fonte: Felipe S. Medeiros, 2016.

Figura 2: Mapa dos inselbergues do Município de Patos-PB, Nordeste do Brasil.

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3.2 Coletas de dados

O material de estudo tem por base as exsicatas, de espécies de Apocynaceae, tombadas

no Herbário CSTR/UFCG e por coletas botânicas ativas e pontuais nos inselbergues do

Município da cidade de Patos de modo especial, com incremento maior de coletas no ano de

2015, nos menos visitados. As coletas e a herborização dos espécimes seguiram os parâmetros

da taxonomia usual (IBGE,2012; JUDD, 2009; PEIXOTO; MAIA, 2013).

As coletas botânicas ocorreram durante quatro anos (2011 a 2015), em nove

inselbergues (Serrote Pedro Agostinho, Serra Negra das Onças, Serrote da Pia, Serrote Trapiá,

Serrote da Lagoa, Serrote Farinha dos gatos I, Serrote Farinha dos Gatos II, Serrote espinho

Branco e Morro do Carioca) do município de Patos, contemplando as estações seca e chuvosa.

3.3 Identificação e taxonomia botânica

As identificações das espécies foram feitas através de análise dos caracteres

morfológicos vegetativos e reprodutivos e também por meio de consultas a bibliografias

especializadas (SOUZA & LORENZI; BARROSO; ALVES, entre outros) sobre esta família

botânica, incluindo ainda guia de imagens, sites botânicos (como

http://floradobrasil.jbrj.gov.br) e chaves de identificação.

Após as identificações foram realizadas descrições de cada espécie e, posteriormente a

confecção das chaves de identificação, ilustrações e guias de imagens. As ilustrações foram

feitas por um ilustrador botânico e contemplam estruturas morfológicas consideradas

importantes para o reconhecimento dos táxons. O guia de imagens foi elaborado selecionando

as melhores fotos das espécies. Os espécimes estão tombados ao acervo do Herbário CSTR, da

Universidade Federal de Campina Grande, campus de Patos-PB.

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4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Nos inselbergues do município de Patos foram encontradas cinco espécies de

Apocynaceae: Allamanda blanchetii A.D.C.; Aspidosperma pyrifolium var. molle (Mart.)

Müll. Arg.; Masrdenia megalantha Goyder & Morillo; Matelea harleyi Fontella & Morillo e

Matelea nigra (Decne.) Morillo&Fontella.

Apocynaceae Juss.

Árvores, arbustos, lianas e ervas às vezes suculenta e com aspecto de cactos; floema interno

presente; presença de laticíferos e látex geralmente leitoso; com glicosídeos cardíacos e

diversos alcalóides; muitas vezes com iridóides. Pelos diversos, frequentemente simples.

Folhas geralmente opostas, ás vezes alternas e espiraladas, dísticas ou verticiladas, inteiras,

com venação peninérvea; estípula reduzidas ou ausentes, coléteres geralmente presentes na base

do pecíolo. Inflorescências determinadas, mas às vezes, mas às vezes parecendo

indeterminadas, ocasionalmente reduzidas a uma flor solitária, terminais ou axilares, com

frequência parecendo de outro modo. Flores geralmente radiais. Sépalas geralmente 5, ±

conatas, ás vezes reflexas, frequentemente providas de cóleteres na base da superfície adaxial.

Pétalas geralmente 5, conatas, formando uma corola em forma de disco, campanulada,

funiforme ou tubulosa, ás vezes reflexas, frequentemente providas de apêndices (corona) ou

escamas na face interna do tubo floral, lobos da corola valvados ou contortos. Estames

geralmente 5; filetes curtos, ás vezes conatos, sempre adnatos á corola; anteras com frequência

altamente modificadas e 2-loculares, livres ou aderidos entre si e formando um anel ao redor da

cabeça do estilete, livres ou adnatas com a cabeça estilar através de tricomas e secreções

pegajosas (viscina), ou fortemente adnatas com a cabeça estilar através de tecido

parenquimatoso sólido, conectivo frequentemente provido de apêndices apicais; excrescências

estaminais (corona) frequentemente presentes e petalóides, em formato de capuz ou de chifre;

grãos de pólen geralmente tricolporados ou diporados ou triporados, liberados como mônades,

aderidos entre si com ou sem fios de viscina, como tétrades ou fortemente coesos e formando

massas rígidas (políneas), neste caso providas de translatores (estruturas que conectam políneas

de sacos polínicos de anteras adjacentes) e com frequência providas de uma glândula pegajosa

(corpúsculo). Carpelos geralmente 2, conatos somente pelos estiletes e/ou estigmas e ovários

em geral livres, completamente conatos em Allamanda, Carissa e Thevetia; ovários súperos,

com placentação geralmente lateral ou axial; porção apical do estilete expandida e muito

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modificada, formando uma cabeça, secretando viscina, em geral abruptamente expandida e

diferenciada em 3 regiões (isto é, regiões especializadas para a deposição do pólen, secreção de

viscina e recepção do pólen), frequentemente pentagonal; tecido estigmático frequentemente

restrito a 5 pequenas regiões laterais da cabeça do estilete. Óvulos 2 a numerosos por ovário,

com 1 tegumento e megasporângio de parede fina (ou secundariamente espessadas). Glândulas

ou disco nectarífero frequentemente presentes, ou néctar secretado por câmaras estigmáticas (e

retido na cavidade do tubo estaminal ou dentro dos apêndices da corona). Frutos com

frequência em pares, cada ovário em geral desenvolvendo-se em um folículo carnoso a seco,

baga ou drupa, a superfície do fruto lisa ou coberta com excrescências em formato de acúleo;

sementes achatadas, com frequência provida de um tufo de pelos; embrião reto a curvo.

Chave de identificação das espécies de Apocynaceae Juss. dos inselbergues de Patos-PB

1 . Trepadeiras

2. Folhas com faces abaxiais glabras, pecíolo setoso a glabrescente; fruto verde com

protuberâncias brancas expressivas______________________________Matelea nigra

2’. Folhas com faces abaxiais híspidas, pecíolo hirsuto; fruto marrom com

protuberâncias brancas inconspícuo_________________________________M. harleyi

1’. Árvores ou arbustos

3. Árvore; corola alva a amarelada, hipocrateriforme; cálice glabro; fruto cápsula

divergente; sementes aladas_____________________Aspidosperma pyrifolium

3’. Arbusto; corola verde ou rósea, hipocrateriforme ou subcampanulada; cálice

piloso; fruto cápsula ou folículo; sementes aladas ou não aladas.

4. Ramos cinzas lenticelados, glabros; corola subcampanulada, verde;

folículo não espinescente; semente barbada, não

alada___________________________________Marsdenia megalantha

4’. Ramos verdes não lenticelados, híspidos; corola hipocrateriforme,

rosa púrpura; cápsula espinescente; semente não barbada,

alada_____________________________________Alamanda blanchetii

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1. Allamanda blanchetii A.D.C., Prodr. 8:319.1844

Arbustos, ramos verde claro, estriados, híspidos. Folhas simples, elípticas, verticiladas,

cartáceas; faces escabrosas, proeminentes nas nervuras; com margem inteira a repanda; 3,5-

8,0x2,0-3,3; pecíolo híspido, 1 mm compr.; coléteres intrapeciolares. Inflorescência racemosa,

terminal, 10-5,5 cm. Flores com cálice elíptico, setoso na face abaxial, 2,8 x 0,7 cm; corola

gamopétala, campanulada de cor rosa púrpura, com margem inteira, glabra, com nervuras

proeminentes; 8,8-7,5x2,5 cm; corona ausente; estames 3mm compr.; anteras triangulares

livres, com tricomas concentrados na base, filetes conatos a corola; gineceu 2,5 mm compr.;

estilete terminal, estigma indiviso; disco nectarífero presente. Fruto verde, cápsula

espinescente, híspida,4,3 x 3,7 cm compr.; sementes amarelo-amarronzado aladas, 10-7 x 6-3

mm.

Material examinado: Paraíba: Patos, Serrote Espinho Branco, 26/IV/2012, P. D’Angelis (201)

& C.G.F. Dantas (CSTR); Serra da lagoa, 14/III/2012, P. D’ Angelis (192) & C.G. Dantas

(CSTR); Serrote da Pia, 14/VIII/2011, P. D’ Angelis (136) & M.F.A.Lucena (CSTR); Serrote

Pedro Agostinho, 24/IV/15, M.L.Mamede (04) (CSTR); Serrote da Lagoa, 14/01/2015, R.

Lopes (31) (CSTR).

Comentários: A. blanchetii é uma espécie endêmica do Brasil, encontra-se nas regiões

Nordeste (Alagoas, Bahia, Ceará, Maranhão, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte,

Sergipe) e Centro-Oeste (Goiás) (FLORA DO BRASIL, 2016). A espécie foi encontrada em

quatro inselbergues (Serrote da Lagoa, da Pia, Espinho Branco e Pedro Agostinho). É um

arbusto com corola rosa púrpura evidente, que se destaca na paisagem. Suas flores são grandes

e chamativas, sendo atraídas por abelhas. Eulaema nigrita (Euglossini), é uma espécie de

abelha considerada como o principal polinizador dessa espécie, de acordo com estudos na

RPPN Fazenda Almas, em São José dos Cordeiros – PB (ARAÚJO; QUIRINO; MACHADO,

2011). Os frutos dessa espécie são verdes e espinescente, conhecida como pente de macaco.

São plantas de pleno sol, que não tolera temperaturas baixas (LORENZI; SOUZA, 2001). É

uma planta considerada altamente ornamental, muito cultivada dentro da cidade em jardins

residenciais.

2. Aspidosperma pyrifolium Mart. Nov. Gen. Sp. PL. 1:60. 1824

Árvore, ramos cinza-claros, lenticelados, glabros. Folhas simples, elípticas, oposta cruzada,

cartáceas; face adaxial glabra e abaxial estrigosa; com margem inteira; 5-3,9x4cm; pecíolo

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glabro < 1 cm compr.; coléteres nodais. Inflorescência cimosa, axilar, 1,5-3 cm compr. Flores

cálice lanceolado, glabros, 3,5x0,5mm; corola gamopétala, infundibuliforme de cor alva a

amarelada, margem inteira, glabra na face externa e tomentoso na porção mediana e na

fauce;17x3 mm; corona ausente; estames ca.1 mm compr.; anteras longitudinais, filetes conatos

a corola; gineceu 2,2 mm compr., glabro; estilete cilíndrico, estigma em forma de gota d’água.

Fruto verde, lenticelado, cápsulas divergentes, glabra, 6,5-4x4-2,5 cm, sementes amarelas-

amarronzado, arredondadas, 1,2-1,4x1,2 cm; com ala circular amarelo claro, 2 cm.

Material examinado: Paraíba: Patos, Serrote da Pia, 21/0IV/15, ML Mamede (02) (CSTR);

Serrote Espinho Branco, 05/VII/15, ML Mamede (11) (CSTR); Serra das Onças, 14/V/15 ML

Mamede (08) (CSTR); Morro do Carioca, 28/V /15, ML Mamede (09) (CSTR); Serrote da

Lagoa, 30/VII/15, ML Mamede (12) (CSTR); Serrote Farinha dos Gatos, 09/II/14, R. Lopes

(07) & F Araújo, E. M. P. Fernando (CSTR); Serrote do Trapiá, 16/VII/12, D.F. Morais (02)

(CSTR); Serrote da Pia, 30/VI/11, D.F. Sousa (68) (CSTR).

Material adicional: Paraíba: Patos, Próximo à biblioteca UFCG/CSTR, 12/III/15,

M.L.Mamede (13) (CSTR).

Comentários: Espécie não endêmica do Brasil, tem a sua distribuição nas regiões do

Nordeste (Alagoas, Bahia, Ceará, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte, Sergipe),

Norte (Pará), Centro-oeste (Distrito Federal, Goiás, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso) e

Sudeste (Minas Gerais) (FLORA DO BRASIL, 2016). Foi encontrada em todos os inselbergues

estudados e principalmente em áreas do entorno. Essa espécie é conhecida, na região do estudo,

vulgarmente como pereiro ou pé-de-galinha por causa do aspecto do seu fruto. Ela é

considerada tóxica e pode causar abortos em caprinos, ovinos e bovinos (GERALDO-NETO,

2013; TALES et al, 2010; SILVA et al, 2006). A. pyrifolium é reconhecida pela sua corola alva

e porção interna basal amarela, com frutos verdes lenticelados. As sementes dessa espécie são

aladas, sendo dispersas pelo vento.

3. Masrdenia megalantha Goyder & Morillo, Asklepios 63: 18–20, 22, t. 1–2. 1994

(Figura 3)

Arbusto a arbusto escandente, ramos cinza claro, estriados, lenticelados a verrugosos (raro),

glabros. Folhas simples, elípticas a obovadas, verticiladas, subcoriáceas; face adaxial estrigosa

a esparsamente vilosa, face abaxial vilosa com tricomas mais concentrados nas nervuras; com

margem discretamente ondulada; 1,2-3,7x 1,0-2,2 cm; pecíolo viloso a tomentoso, séssil a 4

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mm compr.; coléteres sobrepostos na axila da folha. Inflorescência racemosa, axilar. Flores

com cálice ovado, hirsuto na face interna e estrigoso na externa, 5 x 3 cm; corola gamopétala,

subcampanulada de cor verde, levemente marrom internamente, margem inteira e ciliadas, faces

glabras; 10x 8-9 cm; ginostégio 4-7x8 mm, corona formada por cinco lobos carnudos fundidos

com os estames; gineceu 1mm, glabro; disco nectarífero ausente. Fruto verde acinzentado,

folículo, glabro10-5x1,6 cm compr.; sementes marrom claro com borda amarelo- amarronzado,

barbada, ala ausente, 10 x 6mm.

Material examinado: Paraíba: Patos, Serrote Farinha dos Gatos, 21/IV/2011 C. R. M. Torres

(31) (CSTR); Serrote do Trapiá, 09/III/2013, Francisco J(CSTR); Serrote do Trapiá,

09/III/2013, J. Ricarte (01) (CSTR); Serrote Pedro Agostinho, 05/VIII/2011,P. D’ Angelis

(124)(CSTR); Serrote da Pia,12/II/2012, F. S. Medeiros(27) (CSTR); Serrote Espinho Branco,

26/IV/2012, P.D. Angelis (213) (CSTR); Serrote Pedro Agostinho,20/XI/2011,ICVilar(03)

(CSTR); Serrote do Trapiá, 09/III/2013, J. S. Araújo (01) (CSTR); Serrote do Trapiá,

09/III/2013,Jamylle M. M.(02) (CSTR); Serrote Pedro Agostinho,15/IV/2011,M. Kícia (39)

(CSTR); Serrote Espinho Branco, 26/IV/2012, P. D. Angelis (221) (CSTR); Serrote da Lagoa,

07/II/2012, D. F. Sousa (116) (CSTR); Serrote Pedro Agostinho,20/III/2014,R. Lopes (14)

(CSTR); Serrote do Trapiá,07/I/2014,R. Lopes (03) (CSTR); Serrote Farinha dos Gatos 2,

22/II/2012,C. G. F. Dantas (40) (CSTR); Serrote Espinho Branco,26/IV/2012, M. F. A. Lucena

(2084) (CSTR); Serrote Pedro Agostinho,24/IV/2015, M. L. Mamede (03) (CSTR); Morro do

Carioca, 28/V/2015, M. L. Mamede (10) (CSTR); Serrote da lagoa, 12/IV/2015, M. L. Mamede

(01) (CSTR); Serrote da lagoa, 30/VII/2015,M. L. Mamede (14).

Comentários: É uma espécie endêmica no Brasil, com distribuição na região Nordeste (Bahia,

Ceará, Paraíba, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Sergipe) (FLORA DO BRASIL, 2016). Foi

encontrada em todos os inselbergues aqui estudados apresentando populações numerosas bem

distribuídas no maciço rochoso. A espécie é composta por indivíduos bem ramificados e com

laticíferos em todo corpo da planta. Pode ser facilmente reconhecida também pela sua corola

campanulada, de cor verde lembrando uma bacia côncava verde. Seus frutos são folículos, que

ao abrir-se espalham sementes barbadas. Possui a presença de um ginostégio. M. megalantha é

uma espécie que causa intoxicação em bovinos e ovinos, principalmente pela ingestão das

folhas e raízes (RIET-CORREA, 2011; SILVA et al, 2006).

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29

4. Matelea harleyi Fontella & Morillo. Ernstia 3 (3-4):117-118, 120.1994

Erva trepadeira, ramos marrons esbranquiçados, hirsutos a glabrescentes. Folhas simples,

cordiformes, opostas, ásperas, híspidas em ambas as faces, com margem inteira, 2,5- 7x 1,5-4

cm; pecíolo hirsuto, 1,2- 3,8 cm, coléteres na base do fruto e do pecíolo. Inflorescência não

observada. Fruto marrom, folículo com protuberâncias brancas espaçadas, pubescentes; 8 x 2,5

cm compr.; sementes negras, com uma das margens estrelada e um prolongamento basal,

barbada, 7 mm compr.

Material examinado: Paraíba: Patos, Serrote Pedro Agostinho, 18/VI/2011, Felipe S. (14)

(CSTR).

Comentários:É uma espécie endêmica do Brasil, encontra-se no Nordeste brasileiro (Bahia,

Ceará, Paraíba, Pernambuco e Rio Grande do Norte) (FLORA DO BRASIL, 2016). A

trepadeira foi encontrada na base do serrote Pedro Agostinho. M. harleyi pode ser confundida

com M. nigra, pela semelhança dos caracteres vegetativos e dos frutos com protuberâncias

brancas proeminentes. Mas, distingue-se pelas flores claras sem nervação marcada (ALVES et

al., 2009).

5. Matelea nigra (Decne.) Morillo&Fontella, Ernstia 57:2.1990

(Figura 4)

Erva trepadeira, ramo marrom a creme, seríceos. Folhas simples, cordiformes, opostas,

ásperas, com face adaxial híspida e abaxial glabra, margem inteira, 3-9x1,5-4 cm pecíolo setoso

1,6-5 cm; coléteres nodais. Inflorescência não observada. Fruto verde, folículo com

protuberâncias brancas expressivas; pubescentes, 8-5,6 x 2,3 cm; sementes negras, com

margem estrelada e um prolongamento basal, barbada, 8 mm compr.

Material examinado: Paraíba: Patos, Serrote Pedro Agostinho, 20/XI/2011, D. F. Sousa (118)

(CSTR); Serrote da Pia, 05/VIII/2011, P. D’ Angelis (128) (CSTR); Serra Negra das Onças

,01/V/2011, P. D’Angelis (48) (CSTR).

Material adicional: Paraíba: Santa Terezinha, RPPN: Fazenda Tamanduá, 03/V/2011, D.S.

Lucena (63) (CSTR); Santa Luzia, Sítio Barra da Cadeira, 09/VI/2011, I.V.P. Nóbrega (202)

(CSTR); Teixeira: Sítio Catolé da Pista,11/VI/2011, D.S. Lucena (151) (CSTR).

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30

Comentários: É endêmica no Brasil, encontra-se nas regiões Nordeste (Alagoas, Bahia, Ceará,

Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte, Sergipe) e Sudeste (Minas Gerais) (FLORA

DO BRASIL, 2016). A espécie foi encontrada em três inselbergues (Serrote Pedro Agostinho,

da Pia e Serra negra das Onças), principalmente na base. M. nigra é uma trepadeira que possui

protuberâncias brancas proeminentes por toda a superfície dos seus frutos. É reconhecida pelas

suas flores com corola esverdeada ou vinácea, com nervação bem marcada (ALVES et al. ,

2009). Nos inselbergues, parece ser uma planta anual, florescendo e frutificando apenas na

estação chuvosa com poucos indivíduos observados.

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Figura 3: Marsdenia megalantha – a. Ramo com flor e fruto, b. corola, c. fruto, d. detalhe do

ginostégio, e. cálice com ovário, f. semente, g. folha obovada (a-g : J.Ricarte 01; M. L. Mamede

14).

a

e

g

b

f

d c

33 c

m

0,8

cm

0,9

cm

10 c

m

2,6

cm

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32

Figura 4: Matelea nigra – a. Ramo com fruto, b. Detalhe do fruto, c. Fruto aberto, d. Semente. (a-

d: P. D’ Angelis 48; P.D’ Angelis 128).

a

7 c

m

a

c

d

b

0,8

cm

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33

Figura 5: Fotos das espécies de Apocynaceae nos inselbergues de Patos, Paraíba.

Fonte: A,C e D – HCSTR; B- E.M.P. Fernandes (A-Allamanda blanchetii; B- Aspidosperma

pyrifolium; C- Marsdenia megalantha; D- Matelea nigra).

A B

C D

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34

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Existe uma necessidade de mais estudos em Apocynaceae, principalmente nas áreas de

inselbergues na Caatinga da Paraíba para que seja possível um conhecimento mais amplo sobre

suas espécies.

Os afloramentos rochosos do município de Patos possuem espécies endêmicas, que

merecem um olhar diferenciado para essas áreas. Nesse trabalho, foi encontrado quatro

espécies de Apocynaceae endêmicas do Brasil, das cinco estudadas. Tendo em vista que essa

família é recorrente em remanescentes. É possível que outras espécies possam ser encontradas

habitando outros afloramentos na mesorregião do sertão do Estado.

As áreas de inselbergues demonstram ecossistemas que servem de abrigos para muitas

espécies, diferentes das que vivem em torno de seu afloramento. É preciso mais estudos nesses

remanescentes, desde levantamentos florísticos, faunísticos, e tratamentos taxonômicos de

espécies. Desse modo, com um conhecimento mais amplo de sua diversidade, é possível

contribuir para a preservação desses ecossistemas tão pouco conhecidos.

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35

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APÊNDICE

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Estado da Paraíba, Nordeste do Brasil

Apocynaceae Juss. dos inselbergues no município de Patos Mickaelly de Lucena Mamede, Ketley Gomes Campos & Maria de Fátima de Araújo

Universidade Federal de Campina Grande, UFCG, campus Patos PB Fotos do Herbário CSTR. © M.L. MAMEDE [[email protected]]. Agradecimentos ao Herbário CSTR

1 Allamanda blanchetii APOCYNACEAE

i

APOCYNACEAE

2 Allamanda blanchetii APOCYNACEAE

APOCYNACEAE

3 Allamanda blanchetii APOCYNACEAE

APOCYNACEAE

4 Allamanda blanchetii APOCYNACEAE

APOCYNACEAE

5 Aspidosperma

pyrifolium.

APOCYNACEAE

APOCYNACEAE

6 Aspidosperma

pyrifolium

APOCYNACEAE

7 Aspidosperma

pyrifolium

APOCYNACEAE

8 Aspidosperma

pyrifolium

APOCYNACEAE APOCYNACEAE APOCYNACEAE APOCYNACEAE APOCYNACEAE

9 Marsdenia megalantha

APOCYNACEAE

10 Marsdenia megalantha

APOCYNACEAE

11 Marsdenia megalantha

APOCYNACEAE

12 Marsdenia megalantha

APOCYNACEAE

1

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Estado da Paraíba, Nordeste do Brasil

Apocynaceae Juss. dos inselbergues no município de Patos Mickaelly de Lucena Mamede, Ketley Gomes Campos & Maria de Fátima de Araújo

Universidade Federal de Campina Grande, UFCG, campus Patos PB Fotos do Herbário CSTR. © M.L. MAMEDE [[email protected]]. Agradecimentos ao Herbário CSTR

13 Matelea nigra

APOCYNACEAE

14 Matelea nigra

APOCYNACEAE

15 Matelea nigra

APOCYNACEAE

16 Matelea nigra

APOCYNACEAE

17 Serrote da Pia 18 Serrote Espinho Branco 19 Serrote da Lagoa 20 Serrote Trapiá

2