UNIVERSIDADE FEDERAL DE CIENCIAS DA SAÚDE …...supermercado, 85 kg e 1,65m, índice de massa...
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE CIENCIAS DA SAÚDE DE PORTO ALEGRE
UNIVERSIDADE ABERTA DO SUS
HALINY STÉPHANY DE OLIVEIRA
A integralidade do trabalho no serviço de saúde da Unidade Básica de Saúde
Piratini em Alvorada –RS aprimorando o atendimento ao Pré-natal
Porto Alegre
2018
2
HALINY STÉPHANY DE OLIVEIRA
A integralidade do trabalho no serviço de saúde da Unidade Básica de Saúde
Piratini em Alvorada-RS aprimorando o atendimento ao Pré-natal
Trabalho de Conclusão de Curso de
Especialização apresentado ao Curso
de Especialização em Saúde da
Família e Comunidade da
Universidade Federal de Ciências da
Saúde de Porto Alegre
Orientadora: Dra. Ivone Andreatta
Menegolla
Porto Alegre
2018
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4
Haliny Stéphany de Oliveira
A integralidade do trabalho no serviço de saúde da Unidade Básica de Saúde
Piratini em Alvorada-RS aprimorando o atendimento ao Pré-natal
Trabalho de Conclusão de Curso
apresentado a Universidade de Ciências
da Saúde de Porto Alegre como parte das
exigências para a obtenção do título de
Médico especialista em Saúde da Família
e Comunidade.
Porto Alegre,08 de Junho de 2018.
BANCA EXAMINADORA
Prof. Tiago Maas
5
Prof. Rodrigo Tubelo
6
RESUMO
O presente trabalho tem como finalidade mostrar que na unidade básica de
saúde(UBS Piratini), a atenção primária tem demonstrado o seu melhor desempenho.
Sabe-se que o contexto social da população atendida na nossa UBS influencia
diretamente na dificuldade para a abordagem na prevenção na atenção primária . No
entanto, buscamos garantir a integralidade do cuidado do paciente e a dinamização
dos serviços favorecendo a articulação dos setores quando esta interação se faz
necessária.
Sendo assim ,percebe-se a importância de se ter uma equipe interdisciplinar e
interprofissional para promoção de troca de saberes com objetivo de melhorar a tarefa
assistencial aos usuários da unidade de saúde básica Piratini.
Descritores: Equipe multidisciplinar. Atendimento Integral. Atenção Primária à Saúde.
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SUMÁRIO
1. Introdução...................................................................................... 08
2. Estudo de Caso Clínico ..................................................................09
2.1. Discussão 10
2.2. Conclusão 13
3. Promoção da saúde, educação em saúde e níveis de prevenção ... 13
4. Visita domiciliar/Atividade no domicílio ........................................... 16
5. Reflexão Conclusiva ....................................................................... 18
6. Referências Bibliográficas .............................................................. 18
7. Anexos ............................................................................................. 20
Anexo 1 – Projeto de Intervenção
8
1. Introdução
Formada em Medicina (Graduação) em julho de 2016 pela Universidade Católica
de Brasília, atuo no Programa Mais médicos desde fevereiro de 2017 como médica
da Estratégia de Saúde da Família da Unidade Básica de Saúde (UBS) Piratini
localizada no município de Alvorada, no Estado do Rio Grande do Sul.
A Estratégia atua também como unidade básica de saúde, no momento, atendendo
área de abrangência. É formada por duas equipes de saúde sendo que apenas uma
delas conta com o serviço de odontologia. A equipe é composta atualmente por 2
médicos, 2 enfermeiros, 5 técnicos de enfermagem e 10 Agentes Comunitários de
Saúde (ACS), sendo destes 5 são da minha equipe bem como 3 técnicos e 1
enfermeira além da equipe de odontologia.
Atendemos uma área com uma grande quantidade de pessoas devido à área de
abrangência. Porém em relação à estratégia de saúde cada ACS tem cadastrado
cerca de 250 famílias.
Nossa estrutura física em relação as demais UBS do município acaba sendo melhor
pois conta com mais espaço e com também com mais infraestrutura. Em relação à
área de atendimento que cobrimos, entretanto, percebe-se que grande parte da
comunidade vive em condições precárias.
A maioria trabalha informalmente sem garantia de benefícios e vivem em habitações
inadequadas com má ventilação e luminosidade. Ainda existem moradias sem a
instalação de saneamento básico e sem rede de água tratada.
E diretamente relacionados à essas condições sociais precárias e também à outros
contextos como familiar e cultural encontram-se grande parte dos nossos
atendimentos. Parasitoses, gestação na adolescência e tabagismo são exemplos de
inúmeras queixas que dão entrada diariamente ao nosso serviço de saúde.
Abordaremos, portanto, casos clínicos atendidos na unidade com enfoque no
período gestacional procurando abordar o tema escolhido no projeto de intervenção,
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o qual constará nos anexos, à tarefa assistencial aprimorada pela prática das
interconsultas no Pré-Natal.
2. Estudo de caso clínico
M.R.S.S, 44 anos, sexo feminino, negra, casada, operadora de caixa de
supermercado, 85 kg e 1,65m, índice de massa corpórea (IMC) = 31.22 kg/m2.Procura
a unidade básica de saúde após orientação da ACS em uma visita domiciliar. Como
queixa relata atraso menstrual há 16 dias. Relata ter realizado um teste rápido de
gravidez com resultado positivo há 1 dia. Na consulta relata que usava
Anticoncepcional Combinado Oral (ACO) porém cessou há alguns meses porquê
estava se sentindo mal com a medicação e já pensava estar próximo da menopausa.
Refere ter tido relação sexual no período que não usou o ACO, mas com o
preservativo. Entretanto, informa que em duas vezes o mesmo havia se rompido. Tem
2 filhas (uma de 28 anos (que já é mãe de 3 crianças (duas meninas e um menino) e
a outra de 25 anos (a mais ajuizada, segundo a paciente, que tem uma menina),
ambas divorciadas.Relata que sua primeira gestação foi mais difícil pois sua família
no início não queria aceitar e ainda acabou rompendo o relacionamento por causa da
gestação (relata que o pai não quis assumir). E que depois do parto manifestou
depressão sem outras intercorrências na gestação ou no parto. É casada com o pai
da segunda filha, que segundo ela, cuida das duas filhas com carinho. Mas diz que,
apesar de todo esforço que fez pela primogênita, se aborrece bastante com a filha que
insiste em ir para o “mau caminho”. É hipertensa em uso de Captopril 25 mg (2
comprimidos de 8/8 horas) e hidroclorotiazida 25 mg (1 comprimido por dia) e
tabagista há aproximadamente 26 anos.Refere uso de fluoxetina 20 mg (1comprimido
por dia) para controle da ansiedade. Relata etilismo social e nega uso de drogas
ilícitas. Refere pai hipertenso e mãe, que já é falecida, hipertensa e diabética. Têm 2
irmãos (um de 40 anos e o outro de 32) e 1 irmã (de 36 anos). Todos hipertensos.
Relata que sua irmã tem depressão há cerca de 5 anos que começou após a perda
de um filho que era usuário de drogas. Ao exame físico não apresenta no aparelho
cardíaco e respiratório nenhuma alteração. Entretanto, na oroscopia apresentava
muitos dentes cariados sem outras alterações. O abdome globoso, flácido, com ruídos
hidroaéreos presente, timpânico, sem massas palpáveis ou visceromegalias.
10
Extremidades com pulsos palpáveis e edemaciadas (+/4+). Pressão arterial (PA) de
150 x 110 mmHg, frequência cardíaca (FC) 85 batimentos por minuto. Em seu
prontuário já haviam algumas consultas registradas, porém grande parte delas
referentes ao seus dois Pré-Natais. A última consulta há 6 anos era de uma avaliação
odontológica que relatava algumas obturações. Porém paciente relata que logo parou
porquê teve que cuidar da sua mãe que estava hospitalizada e logo veio a falecer.
Como conduta foi solicitado novamente um novo teste rápido de gravidez que deu
resultado positivo. A partir de então foi orientado a realização dos testes rápidos de
HIV, Sífilis, Hepatite B e C, preenchimento do SisPreNatal e do cartão da gestante
além do preenchimento do prontuário com a DUM (01/12/2017), DPP (07/09/18) e IG
de 6 semanas e 4 dias. As orientações sobre a participação nos grupos de gestantes
foram realizadas bem como orientações dietéticas e sobre início das atividades
físicas. Foram solicitados os exames complementares do primeiro trimestre e prescrito
ácido fólico 5mg/dia (uso contínuo por 3 meses) e sulfato ferroso 40 mg /dia (1
comprimido por dia) até o terceiro mês pós-parto.Foi orientado troca das medicações
anti-hipertensivas para o Metildopa 250 mg (1 comprimido por dia ) e manter controle
pressórico pois provavelmente esta dose iria aumentar.Além da coleta do CCO que
estava atrasada e avaliação com a odontologia .A gestante foi encaminhada para
imunização antitetânica (vacina dupla viral ) pois não estava imunizada. E optou-se
por manter o uso de fluoxetina 20 mg /dia após avaliação do risco /benefício para a
paciente. Marcado, então, nova consulta com o enfermeiro para a realização dos
testes rápidos e demais orientações e encaminhada para o pré-natal de alto –risco.
2.1 Discussão
Através do caso acima descrito poderemos discutir sobre a importância da
assistência ao pré-natal que é uma forma de acompanhar o decorrer da gestação
garantindo o nascimento de uma criança saudável minimizando ou excluindo os riscos
para a mãe. É na atenção básica que as gestantes, em sua grande maioria, serão
captadas e orientadas em todo decorrer de sua gravidez.Caso necessitem de algum
outro serviço mais especializado estas serão encaminhadas aos seus devidos
direcionamentos, porém mantendo ainda o vínculo com a unidade.
11
Referente à esse tema “A atenção básica ao pré-natal de baixo risco” do Ministério
da saúde de 2012 lembra, portanto, da integralidade do cuidado e da promoção da
articulação dos setores que a Unidade Básica de Saúde realiza dinamizando o serviço
oferecido na saúde.
No caso acima, a paciente deu entrada na UBS após uma orientação da Agente
Comunitária de Saúde que captou precocemente a possibilidade dessa mulher vir a
ser uma gestante e da importância de a mesma manter o acompanhamento desse
período tendo uma regularidade de consultas.
Foi realizado um genograma (que será demonstrado a seguir) onde foram expostos
através do relato da paciente dados importantes da história familiar e social que
evidencia ter relações interpessoais complicadas e também uma história familiar que
engloba transtornos psiquiátricos e doença cardiovascular, além de falta de
planejamento familiar que entra dentro do contexto social da família.
Os técnicos de enfermagem logo quando detectaram sua pressão arterial elevada
já a orientaram a melhora da adesão à medicação e restrição salina e ao verificarem
seu peso, já a orientaram sobre sua nutrição e prática de atividade física.
Durante a consulta é verificado que a paciente se trata de uma gestante e devido à
suas condições necessita de uma atenção maior por parte da equipe. Tem uma idade
maior que 35 anos, é tabagista de longa data, tem uma ocupação que precisa de
esforço físico excessivo além do estresse diário e também apresenta IMC que revela
obesidade.
Foi solicitado que a nutricionista do NASF participasse da próxima consulta para
orientar a paciente sobre sua dieta. Além disso, hipertensa arterial crônica em uso de
Captopril e hidroclorotiazida (que não são indicados para gestantes) o que já é
indicativo de encaminhamento para pré-natal de alto risco. Relata que no seu histórico
obstétrico teve depressão pós-parto e que atualmente faz uso de fluoxetina para
controle de ansiedade.
Apesar de estar em uma relação estável com o marido relata muitas brigas com a
filha mais velha que influenciam em sua saúde mental e que devem contar com o
suporte psicológico em nossa unidade que também deverá participar da próxima
12
K
consulta. Tem dentes cariados necessitando de uma avaliação com a odontologia a
qual recebeu a primeira avaliação logo após a consulta médica.
Demais detalhes foram passados em reunião de equipe para prosseguir com o
cuidado com a paciente envolvendo todos os serviços disponíveis na nossa unidade
e orientando o encaminhamento para os quais ela necessitava.
Genograma Legenda
32
P.L.C.
10
V.T.C.
M.O.S.S.
44
A.B.T.
12
G.T.C.
74
40
G.R.V.
44
M.R.S.S
28
A.R.S.T
5
Y.T.C.
79
36
V.P.V.
25
L.S.S.
J.R.S.S.
32
A.B.V.
46
F.O.A.S.
8
B.R.S.D
15
C.C.V.V
45
D.R.V.
28
L.L.I.D.
Homem
Mulher
Separação
Casal com
filhos
Óbito
Depressão
Uso de
drogas
Tabagismo
Ansiedade
HAS
DM2
13
2.2 Conclusão
O presente caso mostra como é importante a interdisciplinaridade na atenção básica
buscando o conhecimento partilhado e o envolvimento de vários serviços e
profissionais em prol da saúde. Percebe-se, além disso, a finalidade de cada
participante da equipe auxiliando na promoção da saúde e na prevenção das doenças.
Em questão, a assistência ao pré-natal se faz de extrema importância pois com a
identificação e a intervenção precoce das situações de risco associado ao acesso
rápido aos demais setores da saúde (incluindo o hospitalar) é possível diminuir as
principais causas de mortalidade materna e neonatal.
Como já preconizado pela “A atenção básica ao pré-natal de baixo risco” do
Ministério da saúde de 2012, devemos assistir às gestantes em um contexto geral
buscando oferecer saúde em todos os aspectos, priorizando o bem-estar da mãe e da
criança que está por vir.
3. Promoção da saúde, educação da saúde e níveis de prevenção
3.1 Caso Clínico
Greice Kelly, 22 anos, solteira, ajudante do lar desde os 18 anos, atualmente grávida
do segundo filho, com IG de 30 semanas e 3 dias procura a unidade básica de saúde
bastante chorosa e com aparência cansada referindo enorme insatisfação com o
trabalho. Relata que antes mesmo de engravidar já não se sentia bem trabalhando na
casa que está há cerca de 2 anos. Refere que a patroa é exigente demais e não
entende o momento que está vivendo e que a obriga a realizar certos serviços que a
expõe a riscos como limpar as janelas, subir em escadas, carregar peso, dentre outras
funções que a causam muitas dores e medo. Afirma ainda que precisa pagar as contas
porquê não tem apoio de ninguém de sua família e que o pai da criança não quis
assumir, mas que da forma como está não há mais condições de continuar pois já
havia ido três vezes ao Hospital. Uma delas depois do serviço para receber
14
atendimento médico devido à quadro de dor e em outras duas situações porquê não
conseguia parar de chorar, sendo liberada com prescrição de fluoxetina 20 mg
(1cp/dia) em uso contínuo. Relata ainda que, como se não bastasse todo o esforço
físico, tinha que lidar com as injúrias e ofensas da patroa que diversas vezes insinuara
que ela estava fingindo passar mal para chamar a atenção. Refere já não aguentar
mais pois já está sofrendo muito por toda situação familiar e ainda mais essa questão
na profissão.
3.2. Discussão
Sabe-se que a gestação engloba uma série de modificações na vida da mulher,
sejam elas temporárias ou permanentes. Contextualizando com o que foi descrito no
artigo” Atuação multiprofissional e a saúde mental de gestantes” publicado na Revista
Pública de Saúde em 2005, a saúde mental também está vulnerável nesse momento
sendo o período onde se existe a maior chance de acontecer doenças psíquicas na
mulher.
Observar a passado patológico dessas pacientes bem como buscar conhecer quais
os fatores que possam estar colaborando para o surgimento de transtornos na
gestação são essenciais. As situações sociais, conjugais, familiares e culturais podem
modificar a saúde da gestante seja ela física ou psíquica.
As emoções vividas pela mãe influenciam na gestação alterando a relação mãe-
feto e também no período pós-natal atingindo diretamente o desenvolvimento da
criança.
Diante disso, o caso acima descrito reflete uma realidade comum nos dias atuais.
Muitas mulheres já se encontram antes mesmo de engravidar enfrentando muitos
problemas de diversas etiologias e quando acontece uma gestação, todas as
alterações desse período tornam-se mais intensas.
15
3.3. Conclusão
Portanto, cabe a nós, como profissionais de saúde, acolher essa paciente e auxiliá-
la com todas as modificações que estão acontecendo tentando perceber através da
criação do vínculo médico-paciente possíveis alterações do humor, do pensamento e
do comportamento.
Vale lembrar que o cuidado com a gestante atinge uma extensão muito maior, o qual
vai além do acompanhamento das adaptações à essa fase. É fundamental investir em
ação preventiva.
Na atenção primária, por exemplo, incentivar a participação nos grupos de gestantes
esclarecendo possíveis dúvidas torna-se fundamental. Uma mãe consciente de sua
reorganização corporal torna-se menos propensa a desenvolver problemas no
decorrer da gestação.
Além disso, investir em práticas desportivas e métodos de relaxamento também
podem colaborar para integridade psíquica e corporal bem como orientar o consumo
de alimentos saudáveis.
Dessa forma, percebemos que o atendimento ao pré-natal quando realizado por
uma equipe multiprofissional capacitada torna-se capaz planejar as melhores
intervenções no seu serviço sejam estas relacionadas à saúde física, mental ou social.
4. Visita Domiciliar/ Atividade no domicílio
A visita domiciliar no âmbito da atenção primária torna-se uma extensão do cuidado
com o paciente garantindo a ele o real conceito de integralidade. Os pacientes que
podem solicitar o atendimento por visitas domiciliares são aqueles que necessitam
acompanhamento contínuo ou por um tempo delimitado, mas que apresentam algum
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tipo de déficit ou incapacidade de movimentar-se até a Unidade Básica de Saúde
(UBS).
Na UBS Piratini as Agentes Comunitárias de Saúde (ACS), técnicos de enfermagem
e esporadicamente os enfermeiros avaliam através das visitas domiciliares a
necessidade e indicação do atendimento médico em domicílio e estas, são realizadas
uma vez por semana em um esquema de rodízio programado previamente. Cada ACS
têm uma lista englobando os pacientes de suas áreas que necessitam deste tipo de
atendimento e os mesmos são reavaliados frequentemente.
Nesse caso, é perceptível a relação entre o que está sendo discutido neste trabalho
com o que se é exercido na prática clínica visto que uma das principais características
que contemplam o seguimento das Visitas Domiciliares na Atenção Primária de Saúde
baseia-se em atendimento em equipe que remete à interconsultas, utilizando-se de
tecnologias de alta complexidade (conhecimento) e baixa densidade (equipamento).
Sabe-se que geralmente as visitas à pacientes gestantes são realizadas
primeiramente pelas ACS que orientam as pacientes sobre a importância de um
cuidado continuado durante a gestação. Na grande maioria das situações este
atendimento acontece nas UBS sendo encaminhados quando necessário para seus
respectivos serviços de auxílio à assistência à gestante.
Porém, existem sempre casos que necessitam de um atendimento diferenciado os
quais mobilizam à equipe para fornecer o mesmo cuidado. Nesse sentido ,o papel das
visitas domiciliares durante o pré-natal se faz necessário não só para orientar as mães
em relação aos futuros cuidados com o bebê e para avaliar possíveis indicadores que
possam estar causando algum prejuízo durante a gestação como também para ofertar
àquelas gestantes com certo grau de dificuldade para se movimentar um pré-natal
digno e seguro oferecendo todos os recursos sejam eles materiais ou profissionais
que estejam disponíveis no serviço e que sejam necessários .
Exemplo disso pode-se citar o atendimento às gestantes que tiveram lesão medular.
Mesmo sendo também acompanhada em serviços específicos exigem da atenção
básica cuidados que serão repassados e acompanhados através de uma equipe
multidisciplinar.
17
Sabendo que as intercorrências médicas mais frequentes nestes casos são as
infeções do trato urinário, as dificuldades no manuseamento da bexiga e intestino
neurogênicos, a anemia, o tromboembolismo venoso, as úlceras de pressão, a
espasticidade, a hipotensão, o parto prematuro e, em alguns casos, a dificuldade
respiratória e a disreflexia autonômica nota-se a grande necessidade de atenção
multiprofissional no intuito que esta gestação aconteça de forma segura evitando o
surgimento de problemas que repercutam na saúde materna-infantil.
Relacionado à atenção básica e ao que se é possível manejar no atendimento
domiciliar , é evidente a importância do papel do médico na realização de um pré-natal
eficaz e também,especificamente se aplicando a situação citada ,no manejo das
possíveis infecções do trato urinário ,na dificuldade respiratória que pode acontecer
naquelas com lesão medular cervical ou torácica e na espasticidade , da nutrição na
reeducação intestinal com o intuito de melhorar o intestino, dos fisioterapeutas
diminuindo as chances de aparecimento e piora das úlceras de pressão ensinando
técnicas e posturas para alívio de pressão, dos enfermeiros e dos técnicos de
enfermagem no ensino e na orientação dos cuidados com os pacientes diariamente
,dos assistentes sociais revendo os produtos de apoio destas mulheres, prescrevendo
tamanhos ajustados à nova condição, nomeadamente da cadeira de rodas e
almofadas.
Enfim, é possível concluir então que, não só na situação acima citada como em
várias outras circunstâncias reitera-se a importância do atendimento multiprofissional
também durante o atendimento domiciliar vinculando assim as decisões de cada
profissional em tratamento conjunto com um objetivo único: a saúde integral do
paciente.
5. Reflexão Conclusiva
O presente estudo, através dos casos discutidos e também após a análise das
respostas no questionário sobre a importância das interconsultas para os profissionais
da UBS Piratini, colaborou para que fosse reforçado essa prática nos atendimentos.
18
De uma forma geral, foi evidenciado que a dificuldade da maioria dos trabalhadores
encontra-se em como organizar essa assistência uma vez que a comunidade onde se
trabalha é enorme e cada vez mais demandante, mesmo sendo para todos os
profissionais uma prática fundamental para a melhoria do atendimento ao paciente.
Com os temas discutido nos casos complexos do Eixo 2 e também sobre a saúde
coletiva no Eixo 1 aprendemos que apesar das dificuldades e obstáculos no cotidiano
da equipe na execução da Atenção Primária à Saúde (APS) é imprescindível buscar
o atendimento à comunidade respeitando os princípios que caracterizam uma APS:
acolhimento, longitudinalidade, integralidade, coordenação da atenção, focalização na
família e orientação comunitária.
Baseado nisso, como solução, foi proposto uma reestruturação do serviço. Quando
necessário estes pacientes seriam incluídos em um serviço diferenciado dentro da
própria unidade de saúde, onde seriam instituídas decisões conjuntas, sempre
respeitando as particularidades do indivíduo e buscando adequar as intenções do
trabalho em equipe à realidade do mesmo.
6. Referências Bibliográficas
1) SANTOS, Lenir; ANDRADE, Luiz Odorico Monteiro de. SUS: atenção primária ou
prioritária? Disponível em: <http://blogs.bvsalud.org/ds/2010/04/12/sus-atencao-
primaria-ou-prioritaria/>. Acesso em: 12 abr. 2010.
1.1) FARIAS, Gabriely Buratto; FAJARDO, Ananyr Porto. A INTERCONSULTA EM
SERVIÇOS DE ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE. Revista Eletrônica Gestão & Saúde,
Porto Alegre, v. 6, n. 3, p.2075-2093, jun. 2015.
2) STARFIELD, Barbara. MEDINDO A OBTENÇÃO DA ATENÇÃO PRIMÁRIA: A
ABORDAGEM CAPACIDADE-DESEMPENHO. In: STARFIELD, Barbara. Atenção
primária: equilíbrio entre necessidades de saúde, serviços e tecnologia. Brasília:
Unesco, 2002. p. 60-64.
19
3) FARIAS, Gabriely Buratto; FAJARDO, Ananyr Porto. A INTERCONSULTA EM
SERVIÇOS DE ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE. Revista Eletrônica Gestão & Saúde,
Porto Alegre, v. 6, n. 3, p.2075-2093, jun. 2015.
4) MELLO FILHO, Júlio de; SILVEIRA, Lia Márcia Cruz da. Consulta Conjunta: uma
Estratégia de Capacitação para a Atenção Integral à Saúde. Revista Brasileira de
Educação Médica, Rio de Janeiro, v. 29, n. 2, p.148, maio 2005
5) MATIAS, Ana Catarina; SANTOS, Joana Machado; CERQUEIRA, Maria Emília.
Gravidez em Lesionadas Medulares: Riscos, Prevenção e Complicações. Revista da
Sociedade Portuguesa de Medicina Física e de Reabilitação, [s. L.], v. 26, n. 2,
p.27-35, nov. 2014.
6) Ministério da Saúde. Caderno de atenção domiciliar / Ministério da Saúde,
Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Atenção Básica. – Brasília:
Ministério da Saúde, 2012. Volume 1.
7) CESAR, Juraci A. et al. Diferentes estratégias de visita domiciliar e seus efeitos
sobre a assistência pré-natal no extremo Sul do Brasil. Estratégias de Visita
Domiciliar e Assistência Pré-natal, [s. L.], v. 11, n. 24, p.2614-2622, nov. 2008.
8) STARFIELD, B. Atenção Primária à Saúde. Brasília, UNESCO, Ministério da Saúde,
2002.
20
ANEXO 1 – PROJETO DE INTERVENÇÃO
ESPECIALIZAÇÃO EM SAÚDE DA FAMÍLIA – MAIS MÉDICOS UNIVERSIDADE
FEDERAL DE CIÊNCIAS DA SAÚDE DE PORTO ALEGRE UNIVERSIDADE
ABERTA DO SUS – UNASUS
A prática de interconsultas na rede de Atenção Primária à Saúde - UBS Piratini
–Alvorada/ RS
Projeto de Intervenção
Haliny Stéphany de Oliveira
Porto Alegre-2017
21
RESUMO
O presente trabalho tem como finalidade mostrar a importância da atuação de uma
equipe multidisciplinar no atendimento integral ao indivíduo dentro de uma Unidade
de Atenção Básica de Saúde (Atenção Primária
à saúde) associando à necessidade da realização de interconsultas nesse ambiente
como melhoria do cuidado à população.
Descritores: Equipe multidisciplinar. Atendimento Integral. Interconsultas. Atenção
Primária à Saúde.
22
SUMÁRIO
1. Introdução 4
2. Objetivos 5
2.1) Objetivo Geral
2.2) Objetivo Específico
3. Revisão de Literatura 6
4. Materiais e Métodos 7
5. Cronograma 8
6. Recursos Necessários 9
7. Resultados esperados 10
8. Referências 11
23
1. INTRODUÇÃO
A atenção primária cumpre um papel fundamental na organização das ações de
saúde atuando no setor de prevenção e desenvolvendo os princípios e diretrizes do
SUS que, constitucionalmente, tem como prioridade atender as demandas sociais de
forma abrangente bem como interligá-las de maneira articulada com as demais áreas
e serviços de saúde. (SANTOS; ANDRADE, 2010; FARIAS; FAJARDO, 2015).
O primeiro contato com o paciente , a longitudinalidade que garante a aproximação
da equipe na busca por continuação da promoção da saúde, a coordenação do
cuidado que se responsabiliza pela saúde do paciente, a integralidade que fornece
todo o cuidado de que necessita e a orientação familiar e comunitária que procura
conhecer a base e contexto familiar onde este indivíduo está inserido para garantir a
assistência integral ao usuário são as vertentes que direcionam e caracterizam o papel
da atenção primária. (STARFIELD, 2002)
E é justamente por atuar desempenhando essa variedade de serviços que a
instalação de interconsultas na rede básica de saúde torna-se fundamental. A
interconsulta funciona como tecnologia leve, facilitadora e potencializadora para a
integralidade do trabalho nos serviços de saúde. (FARIAS; FAJARDO, 2015)
Atua como instrumento que facilita o diálogo e a educação permanente em equipes
de saúde buscando exercer a integralidade. Mello Filho e Silveira (2005) mostram-se
a favor das interconsultas ao caracterizá-las como uma ação de saúde
interprofissional e interdisciplinar que tem por objetivo integrar e promover a troca de
saberes de diferentes atores que atuam nos serviços de saúde, visado o
aprimoramento da tarefa assistencial. Faz-se por meio de pedido de parecer,
discussão de caso e consulta conjunta. (MELLO FILHO E SILVEIRA, 2005).
Na UBS Piratini em Alvorada no Rio Grande do Sul onde atuo a população
necessita desse tipo de atendimento visto que vários dos atendimentos compreendem
uma complexidade maior e que deve ser avaliada por uma equipe multiprofissional
buscando oferecer saúde de uma maneira geral priorizando o indivíduo como um ser
inserido em uma sociedade e fazendo parte dela diante de todos os seus contextos.
24
2. OBJETIVOS
a. Objetivo Geral
Avaliar a percepção dos profissionais da UBS Piratini sobre a importância das
interconsultas na Unidade Básica de Saúde visando colaborar para a melhoria do
serviço prestado.
b. Objetivos Específicos
Avaliar o entendimento sobre interconsulta dos profissionais de saúde que
trabalham na UBS Piratini.
Saber se os profissionais vinculados à Saúde da UBS Piratini sabem a diferença
entre apoio matricial e interconsulta.
Questionar qual a opinião dos profissionais da saúde vinculados à UBS Piratini
sobre a prática de interconsulta e benefício para a população na atenção básica de
saúde
Identificar para quais demandas os profissionais de saúde realizam as
interconsultas.
Compreender o que cada profissional de saúde busca durante a interconsulta.
Avaliar as dificuldades encontradas no cotidiano de cada profissional da saúde para
a realização das interconsultas.
Indagar sobre medidas que cada profissional de saúde da UBS Piratini considera
importante para a melhoria dessa ação de saúde interprofissional e interdisciplinar.
25
3. REVISÃO DE LITERATURA
A criação das primeiras estratégias de saúde da Família em 1993 instituiu um novo
modo de atender que almejava a reorganização do método de trabalho para ampliar
o atendimento da saúde buscando um caráter multidisciplinar na sua atuação. (MÉLO;
LUCCHESI; LIMA, 2016)
Atualmente percebe-se que essa necessidade se faz cada vez mais necessária
visto a complexidade contextual dos casos clínicos que são atendidos diariamente na
atenção primária de saúde e que merecem e devem ser cuidados e tratados por uma
equipe que busque compreender as particularidades de cada indivíduo. (MÉLO;
LUCCHESI; LIMA, 2016)
Nesse sentido, pensar na prática das interconsultas como principal método de
apoio matricial à todos os profissionais de saúde, integra o indivíduo na sua
contextualidade e garante à ele o direito de ser visto e compreendido como um todo
no seu processo de saúde e/ou doença. (MÉLO; LUCCHESI; LIMA, 2016)
Dessa forma, conseguimos ampliar de forma compartilhada a responsabilidade do
atendimento ao paciente o qual também será promotor de seu plano terapêutico e
conseguir assim, garantir maior resolutibilidade dos serviços de saúde. (MÉLO;
LUCCHESI; LIMA, 2016)
4. MATERIAIS E MÉTODOS
A equipe de saúde da UBS Piratini no município de Alvorada –RS conta com os
seguintes profissionais atualmente: 2 médicos, 1 nutricionista, 1 psicóloga ,1
fonoaudióloga, 1 enfermeira, 4 técnicos de enfermagem, 6 Agentes Comunitários de
Saúde, 1 dentista e 1 auxiliar de dentista. Será aplicado um questionário para eles
constando as seguintes perguntas:
26
1- O que você entende sobre interconsultas?
2- Apoio matricial e interconsultas são sinônimos?
3- Acha importante a existência de interconsultas no âmbito da saúde primária?
Porquê?
4- Para que serviços considera que as interconsultas tem melhor aproveitamento
de acordo com suas demandas?
5- Na sua atuação no serviço de saúde como desempenha as interconsultas?
6- Quais são as dificuldades e facilidades para a prática da interconsulta nos
atendimentos conforme o serviço que presta na unidade.
7- O que acha que poderia ser mudado para que esse modo de atendimento
funcionasse da melhor maneira possível?
Este questionário busca funcionar como uma pesquisa-intervenção organizacional
que procura saber o grau de conhecimento dos profissionais de saúde da unidade
sobre o tema e sua prática no cotidiano para tentar pontuar possíveis problemas
vigentes no método de trabalho da unidade e procurar assim alternativas para
solucioná-las.
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5. CRONOGRAMA
Ações Julho/2017 Agosto/2017 Setembro/2017 Outubro/2017
Apresentação do trabalho aos
profissionais da UBS Piratini
X
Organizar o material que
deverá ser impresso e conter perguntas claras e
objetivas
X
Solicitar aos participantes
que respondam as perguntas
X
Recolher o material na UBS
Piratini
X
Analisar e descrever medidas
intervencionistas para a
melhorar o serviço de
acordo com a proposta
X
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1) SANTOS, Lenir; ANDRADE, Luiz Odorico Monteiro de. SUS: atenção primária ou
prioritária? Disponível em <http://blogs.bvsalud.org/ds/2010/04/12/sus-atencao-
primaria-ou-prioritaria. Acesso em: 29 de junho de 2017.
1) FARIAS, Gabriely Buratto; FAJARDO, Ananyr Porto. A INTERCONSULTA EM
SERVIÇOS DE ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE. Revista Eletrônica Gestão &
Saúde, Porto Alegre, v. 6, n. 3, p.2075-2093, jun. 2015.
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2) STARFIELD, Barbara. MEDINDO A OBTENÇÃO DA ATENÇÃO PRIMÁRIA: A
ABORDAGEM CAPACIDADE-DESEMPENHO. In: STARFIELD, Barbara. Atenção
primária: equilíbrio entre necessidades de saúde, serviços e tecnologia. Brasília:
Unesco, 2002. p. 60-64.
3) FARIAS, Gabriely Buratto; FAJARDO, Ananyr Porto. A INTERCONSULTA EM
SERVIÇOS DE ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE. Revista Eletrônica Gestão &
Saúde, Porto Alegre, v. 6, n. 3, p.2075-2093, jun. 2015.
4) MELLO FILHO, Júlio de; SILVEIRA, Lia Márcia Cruz da. Consulta Conjunta: uma
Estratégia de Capacitação para a Atenção Integral à Saúde. Revista Brasileira de
Educação Médica, Rio de Janeiro, v. 29, n. 2, p.148, maio 2005
5) MÉLO, Tainá Ribas; LUCCHESI, Vanessa de Oliveira; LIMA, Silmara de Souza. A
interconsulta favorece resolutividade na Atenção Primária: relato de caso da equipe
de apoio à Estratégia de Saúde da Família em Paranaguá (PR). ESPAÇO PARA A
SAÚDE, Londrina, v. 17, n. 2, p.152-159, dez. 2016.