From the parasite to the host pathogenesis the historical ...
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS FACULDADE DE FARMÁCIA
DANIEL TELES ZATTA
Estudo farmacognóstico, avaliação da toxicidade aguda e da atividade
antimicrobiana das folhas de Jacaranda decurrens Cham. – Bignoniaceae.
Goiânia 2008
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Daniel Teles Zatta
Estudo farmacognóstico, avaliação da toxicidade aguda e da atividade
antimicrobiana das folhas de Jacaranda decurrens Cham. – Bignoniaceae.
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-graduação em Ciências Farmacêuticas da Faculdade de Farmácia da Universidade Federal de Goiás, para obtenção do título de Mestre em Ciências Farmacêuticas. Orientador: Professor Dr. José Realino de Paula
Goiânia 2008
Dados Internacionais de Catalogação-na-Publicação (CIP)
(GPT/BC/UFG)
Zatta, Daniel Teles. Z38e Estudo farmacognóstico, avaliação da toxicidade aguda e da atividade antimicrobiana das folhas de Jacarandá decurrens Cham. - Bignoniaceae [manuscrito] / Daniel Teles Zatta. – 2008. 134 f. : il., color., figs. tabs., qds. Orientador: Prof. Dr. José Realino de Paula. Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal de Goiás, Faculdade de Farmácia, 2008. Bibliografia. Inclui lista de figuras e quadros, tabelas e de abreviaturas. 1. Etnofarmacologia 2. Jacaranda 3. Morfo-anatomia - Folhas 4. Toxicidade aguda 5. Plantas medicinais I. Paula, José Realino. II. Universidade Federal de Goiás. Faculdade de Farmácia III. Título.
CDU: 615.32
Daniel Teles Zatta
Estudo farmacognóstico, avaliação da toxicidade aguda e da atividade
antimicrobiana das folhas de Jacaranda decurrens Cham. – Bignoniaceae.
Dissertação defendida no Programa de Pós-graduação em Ciências Farmacêuticas – Mestrado – da Faculdade de Farmácia da Universidade Federal de Goiás, para a obtenção do grau de Mestre, aprovada em 30 de maio de 2008, pela Banca Examinadora constituída pelos seguintes professores:
Prof. Dr. José Realino de Paula – UFG Presidente da Banca
Prof. Dr. José Daniel Gonçalves Vieira – UFG
Profa. Mirley Luciene dos Santos - UEG
À Deus por ter me dado condições de realizar este sonho; à minha família, em especial à minha mãe Maria Laise Teles Miranda, e aos meus tios Hibelmon Garcia de Souza (in memorian) e Noélia Miranda de Souza, pelo auxílio e pela força que me deram até aqui. Serei sempre grato a vocês.
AGRADECIMENTOS
Ao professor Dr. José Realino de Paula, orientador desta dissertação,
pela paciência, dedicação, confiança e pelo exemplo de pesquisador.
À professora Leonice Manrique F. Tresvenzol, pelas orientações,
incentivos e auxílios prestados durante toda a realização deste trabalho.
Aos professsores Fabiana Cristina Pimenta e Luis Carlos da Cunha,
por todo o auxílio prestado na execução deste trabalho.
À Direção do Laboratório de Análises Clínicas Rômulo Rocha FF -
UFG, representada pela professora Joana D'arc Ximenes Alcanfor, pela
importantíssima colaboração.
À farmacêutica Lílian de Souza (in memorian), pela valiosa
colaboração.
À senhora Clélia Fróis Camarano pela valiosa ajuda durante os
ensaios realizados no Laboratório de Farmacognosia da Faculdade de
Farmácia - UFG
Aos colegas da pós-graduação Flávia Néri Meira de Oliveira, Leslivan
Ubiratan de Moraes, Rafael Nunes Leles, Guilherme Nobre Nascimento,
Tatiana de Souza Fiúza, Alexandre Pereira dos Santos, Weuller F. de Moraes e
Lília Cristina de Souza Barbosa, inestimáveis companheiros de pesquisa e
aprendizado.
À minha namorada Gilvana Cristina de Barros, pelo apoio, paciência e
incentivo durante essa caminhada.
À Deus, que tornou possível a realização de mais este sonho e à
minha mãe Maria Laise Teles Miranda, minha irmã Laidilce Teles Zatta, Maria
Firmina da Silva e aos tios Hibelmon de Souza Garcia (in memorian) e Noélia
Miranda de Souza. À vocês o MEU MUITO OBRIGADO!
“Aprendi que quando se quer conseguir algo,
tem-se que dominar a razão e não a força.
Aprendi como é bom chegar quando se tem
paciência. Aprendi que, acima de tudo, o
importante é querer.”
Amir Klink
RESUMO A flora do cerrado é bastante rica em plantas medicinais, as quais desempenham um importante papel na medicina popular. Este trabalho tomando-se como base informações etnofarmacológicas, fez o estudo farmacognóstico, avaliação da atividade antimicrobiana e da toxicidade aguda das folhas de Jacaranda decurrens Cham. No capítulo 1 foram feitas considerações sobre os aspectos gerais da família botânica, alguns gêneros importantes usados na medicina popular e características gerais da espécie em estudo. O capítulo 2 descreve a determinação de parâmetros de qualidade para a identificação da droga vegetal (folha). Tendo em vista este objetivo, foi feita a coleta do material vegetal em Senador Canedo (Herbário da UFG n. 27805). O material foi posteriormente dividido em duas partes. A primeira foi destinada às análises macro e microscópicas. A segunda foi seca, triturada e usada para a triagem fitoquímica. Pôde-se verificar que as folhas têm grande quantidade de tricomas tectores e estômatos anomocíticos na epiderme abaxial. A epiderme adaxial das folhas apresenta em vista frontal células epidérmicas de tamanhos variados com paredes anticlinais. Na triagem fitoquímica foram detectados heterosídeos flavonóides, saponinas e cumarinas. Foram encontrados os seguintes valores para os teores de umidade, cinzas totais e insolúveis em ácido: 7,43%, 7,75% e 0,53% respectivamente. Estes resultados configuram-se como importantes parâmetros para o controle de qualidade desta matéria-prima vegetal. O capítulo 4 descreve a avaliação in vitro da atividade antimicrobiana do extrato etanólico bruto das folhas utilizando-se o teste de difusão em ágar, para a triagem, e o método de diluição em ágar, para a determinação da concentração inibitória mínima (CIM). Além do extrato etanólico bruto a determinação da concentração inibitória mínima foi feita também com as frações aquosa, acetato de etila, diclorometano e hexânica. O extrato testado apresentou ação antimicrobiana frente a todos os microrganismos usados na avaliação. As frações só foram testadas frente aos isolados de Pseudomonas aeruginosa que se apresentaram mais sensíveis ao extrato etanólico bruto. A fração com melhor atividade foi a de acetato de etila que conseguiu inibir o crescimento microbiano com a concentração de 0,39 mg/mL. Finalmente, no capítulo 4, foi feito o estudo de toxicidade aguda em dose única. Nesse estudo foram avaliadas as dose de 2000 mg/mL e 5000 mg/mL em ratos e camundongos de ambos os sexos. Não houve a morte de nenhum animal, assim como a manifestação de sinais clínicos de toxicidade avaliados através do screening hipocrático. Estes resultados fazem desta planta uma proposta promissora ao tratamento de infecções provocadas pelos microrganismos utilizados nos testes de atividade antimicrobiana. Todavia, ainda são necessários estudos complementares de toxicidade subcrônica e crônica do extrato etanólico, acompanhados de ensaios de isolamento das moléculas responsáveis pela atividade biológica. Palavras-chave: Etnofarmacologia, Morfo-anatomia, Concentração inibitória mínima, Toxicidade aguda.
ABSTRACT The savanna is very rich in medicinal plants, that play a important role in popular medicine. This research, based in ethnopharmacological models, made the pharmacognostic study, evaluation of the antimicrobial activity and acute toxicity of Jacaranda decurrens Cham. leaves. In the chapter 1, general aspects of the botanic family are approached, some important genus in the folk medicine and characteristic of the specie in study. The chapter 2 describes the determinations of the quality parameters for the identification of the plant material (leaf). For in such a way, the collection of botanical material was made in Senador Canedo (UFG Herbarium UFG-27.805). The material was then divided into two parts. The first was designed for macroscopic and microscopic analysis. The second, was air-dried, grinded u and used for phytochemical screening. It was found that the leaves have large amounts of tectors trichomes and anomocytic stomata in the abaxial epidermis. The adaxial epidermis of the leaves shows a view front epidermal cells of various sizes with anticlinal walls. Coumarins, saponins and flavonoids heterosides were detected in the phytochemical screening. We found the following values to the levels of humidity, total ash and acid-insoluble: 7.43%, 7.75% and 0.53% respectively. This results are important parameters for the quality control of this pant drug. The chapter 4 describes the evaluation in vitro of antimicrobial activity of crude ethanolic extract of leaves using agar diffusion test and agar dilution method for the determination of the minimum inhibitory concentration (MIC). The tested extracts had presented antimicrobial action against all microorganisms used in this evaluation. The fractions were only tested against the isolates of Pseudomonas aeruginosa that was presented more sensitive to ethanolic crude extract. The fraction with better activity was the ethyl acetate that has inhibit microbial growth with a concentration of 0.39 mg/mL. Finally, in Chapter 4, was made the study of acute toxicity in a single dose. In this study were assessed the dose of 2.000 mg / mL and 5.000 mg / mL in rats and mice of both gender. It was no observed the death of any animal, as well as the manifestation of clinical signs of toxicity. These results make this plant a proposal promising the treatment of infections caused by these microorganisms used in tests of antimicrobial activity. However, further studies are still needed to subchronic and chronic toxicity of crude ethanolic extract, accompanied by tests of isolation of the molecules responsible for biological activity. Keywords: Ethnopharmacology, Morpho-anatomy, Minimal inhibitory concentration, Acute toxicity
LISTA DE FIGURAS E QUADROS
CAPÍTULO 1 Figura 1 Jacaranda decurrens Cham. 1A-1B, aspecto geral
da planta. 1C, fruto. 1D, folhas............................... 49
CAPÍTULO 2 Figura 2 Secções paradérmicas das folhas de Jacaranda
decurrens Cham. 2A e 2B, epiderme adaxial destacada pela solução de Jeffrey e coloração com Safranina. 2C e 2D, eoiderme adaxial destacada pela solução de Jeffrey. ................................................................................
51
Figura 3 Microscopia eletrônica de varredura das
epidermes adaxial e abaxial do foliólulo de Jacaranda decurrens Cham. 3A e 3B, epiderme adaxial. 3C e 3D, epiderme abaxial com estômatos e tricomas tectores respectivamente.....
52
Figura 4 Secção transversal do mesofilo do foliólulo da
folha de Jacaranda decurrens Cham. 4A e 4B, aspecto geral do mesofilo. 4C, tricoma tector em forma de barco na epiderme abaxial. 4D, tricoma tector globoso na epiderme inferior.........................
53
Figura 5 Secções transversais da lâmina foliar de
Jacaranda decurrens Cham. 5A, secção transversal da internervura. 5B, secção transversal da borda do foliólulo do ápice folha........................................................................
54
Figura 6 Secção transversal da nervura principal dos
foliólulos da folha de Jacaranda decurrens Cham. 6A, aspecto geral. 6B, detalhe do sistema vascular central. 6C, detalhe da epiderme apresentando tricomas glandulares........................
56
Figura 7 Secção transversal da raque secundária da folha de Jacaranda decurrens Cham. 7A, aspecto geral da nervura principal. 7B, detalhe do perênquima medular. 7C, detalhe do parênquima medular........
58
Figura 8 Secção transversal da raque primária da folha de
Jacaranda decurrens Cham. 8A, aspecto geral. 8B, detalhe dos dois primeiros feixes vasculares dos prolongamentos superiores. 8C, detalhe do terceiro feixe vascular do prolongamento superior. 8D, detalhe da epiderme abaxial até o floema........
60
Figura 9 Secção transversal da raque primária da folha de
Jacaranda decurrens Cham. 9A, presença de células pétreas na calota esclerenquimática. 9B, parênquima medular com pontuações. 9C, tricoma tector pluricelular achatado na epiderme lateral. 9D, tricoma tector alongado........................
61
Figura 10 Secção transversal da raque primária da folha de
Jacaranda decurrens Cham. 10A, aspecto geral. 10B, detalhe do tricoma tector na epiderme lateral. 10C, detalhe da epiderme abaxial até parênquima medular. 10D, histoquímica com reagente de Steinmetz............................................
62
Figura 11 Secção transversal da região mediana do pecíolo
da folha de Jacaranda decurrens Cham. 11A – aspecto geral. 11B – detalhe do primeiro feixe vascular da projeção da face adaxial. 11C, detalhe do terceiro feixe vascular da projeção da face adaxial. 11D, detalhe do tricoma da epiderme dd pecíolo................................................................
64
Figura 12 Secção transversal da região mediana do pecíolo
da folha de Jacaranda decurrens Cham. 12A, detalhe da epiderme abaxial até xilema. 12B, detalhe da epiderme abaxial até perênquima medular...................................................................
65
Figura 13 Secção transversal do pulvino da folha de Jacaranda decurrens Cham. 13A, aspecto geral. Fig. 13B, sistema vascular central. 13C, feixe vascular lateral próximo à face adaxial....................
67
Figura 14 Secção transversal do pulvino das folhas de
Jacaranda decurrens Cham. 14A, detalhe da epiderme adaxial. 14B, tricoma tector da epiderme adaxial. 14C, tricoma tector enrolado da epiderme adaxial. 14D, detalhe do esclerênquima, floema, xilema e parênquima medular. 13E, detalhe do esclerênquima, floema e idioblasto..........................
68
Figura 15 Microscopia de pó das folhas de Jacaranda
decurrens Cham. submetido ao reagente de Steinmetz. 15A, fragmento de epiderme adaxial. 15B, fragmento de epiderme abaxial. 15C, tricoma tector pluricelular unisseriado. 15D, célula pétrea. 15E, fragmento de fibras com bainha cristalífera.....
70
Capítulo 3 Quadro 1 Microrganismos utilizados na triagem de atividade
antimicrobiana.......................................................... 93
LISTA DE TABELAS
CAPÍTULO 2 Tabela 1 Teores de umidade, cinzas totais e insolúveis em
ácido clorídrico expressos em percentagem (p/p) em folhas de Jacaranda decurrens.........................
71
Tabela 2 Principais classes de metabólitos secundários
detectados na amostra de Jacaranda decurrens.... 71
Capítulo 3 Tabela 1 Halos de inibição (mm) do extrato etanólico bruto
das folhas de Jacaranda decurrens utilizando o teste de difusão em ágar.........................................
97
Tabela 2 Concentração inibitória mínima (mg/mL) do
extrato etanólico bruto das folhas de Jacaranda decurrens sobre micorganismos gram-positivos e gram-negativos.......................................................
98
Tabela 3 Concentração inibitória mínima (mg/mL) do
extrato etanólico bruto das folhas de Jacaranda decurrens sobre isolados de Pseudomonas aeruginosa..............................................................
99
Tabela 4 Concentração inibitória mínima (mg/mL) das
frações hexânica, diclorometano, acetato de etila e aquosa obtidas a partir do extrato etanólico bruto das folhas de Jacaranda decurrens sobre isolados de Pseudomonas aeruginosa...................
101
LISTA DE ABREVIATURAS ATCC: American Type Culture Collection (USA) IPTSP: Instituto de Patologia Tropical e Saúde Pública µL: Microlitros mL: Mililitros OECD: Organization for Economic Co-operation and Development
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 18 REFERÊNCIAS 23 CAPÍTULO 1 JACARANDA DECURRENS CHAM. –
BIGNONIACEAE: REVISÃO DA LITERATURA.........................................................
25
REFERÊNCIAS............................................... 29 CAPÍTULO 2 DETERMINAÇÃO DOS PARÂMETROS DE
QUALIDADE DAS FOLHAS DE JACARANDA DECURRENS CHAM. – BIGNONIACEAE.............
31
1 INTRODUÇÃO........................................................ 32 2 METODOLOGIA..................................................... 33 2.1 DESCRIÇÃO MORFO-ANATÔMICA...................... 33 2.1.1 Material botânico................................................... 33 2.1.2 Descrição macroscópica...................................... 33 2.1.3 Descrição microscópica................................... 34 2.1.4 Microscopia eletrônica de varrredura................ 35 2.2 DETERMINAÇÃO DO TEOR DE UMIDADE E
CINZAS................................................................... 36
2.2.1 Determinação do teor de umidade...................... 36 2.2.2 Determinação do teor de cinzas.......................... 37 2.3 PROSPECÇÃO FITOQUÍMICA.............................. 38 2.3.1 Pesquisa de heterosídeos antraquinônicos....... 39 2.3.2 Pesquisa de heterosídeos digitálicos................. 39 2.3.3 Pesquisa de heterosídeos flavonóides............... 41 2.3.4 Pesquisa de heterosídeos saponínicos.............. 43 2.3.5 Pesquisa de taninos............................................. 44 2.3.6 Pesquisa de alcalóides......................................... 45 2.3.7 Pesquisa de cumarinas........................................ 46 2.4 Doseamento de flavonóides totais...................... 47 3 RESULTADOS....................................................... 49 3.1 DESCRIÇÃO MACROSCÓPICA............................ 49 3.2 DESCRIÇÃO MICROSCÓPICA.............................. 50 3.2.1 Lâmina foliar.......................................................... 50 3.2.2 Nervura principal.................................................. 55 3.2.3 Raque secundária................................................. 57 3.2.4 Raque primária...................................................... 59 3.2.5 Pecíolo................................................................... 63 3.2.6 Pulvino................................................................... 66 3.2.7 Microscopia de pó................................................. 69 3.3 TEOR DE UMIDADE, CINZAS TOTAIS E CINZAS
INSOLÚVEIS EM ÁCIDO CLORÍDRICO................ 71
3.4 PROSPECÇÃO FITOQUÍMICA.............................. 71 3.5 DOSEAMENTO DE FLAVONÓIDES TOTAIS........ 72
4 DISCUSSÃO.................................................... 73 4.1 CARACTERES MORFO-ANATÔMICOS................ 73 4.2 TEOR DE UMIDADE, CINZAS TOTAIS E CINZAS
INSOLÚVEIS EM ÁCIDO CLORÍDRICO................ 75
4.3 PROSPECÇÃO FITOQUÍMICA.............................. 76 4.4 ANÁLISE QUANTITATIVA DOS FLAVONÓIDES
TOTAIS................................................................... 78
5 CONCLUSÕES....................................................... 80 REFERÊNCIAS....................................................... 81 CAPÍTULO 3 ATIVIDADE ANTIMICROBIANA DE
JACARANDA DECURRENS CHAM. – BIGNONIACEAE....................................................
84
1 INTRODUÇÃO................................................. 85 2 METODOLOGIA..................................................... 91 2.1 MATERIAL BOTÂNICO........................................... 91 2.2 OBTENÇÃO DO EXTRATO ETANÓLICO BRUTO 91 2.3 FRACIONAMENTO DO EXTRATO ETANÓLICO... 92 2.4 TESTE DE DIFUSÃO EM ÁGAR............................ 92 2.5 DETERMINAÇÃO DA CONCENTRAÇÃO
INIBITÓRIA MÍNIMA DO EXTRATO ETANÓLICO BRUTO E DAS FRAÇÕES......................................
94
3 RESULTADOS........................................................ 97 3.1 TESTE DE DIFUSÃO EM ÁGAR............................ 97 3.2 DETERMINAÇÃO DA CONCENTRAÇÃO
INIBITÓRIA MÍNIMA............................................... 98
4 DISCUSSÃO........................................................... 103 4.1 TESTE DA DIFUSÃO EM ÁGAR............................ 103 4.2 DETERMINAÇÃO DA CONCENTRAÇÃO
INIBITÓRIA MÍNIMA............................................... 106
5 CONCCLUSÕES 109 REFERENCIAS....................................................... 110 CAPITULO 4 ESTUDO DE TOXICIDADE AGUDA EM DOSE
ÚNICA DO EXTRATO ETANÓLICO BRUTO DAS FOLHAS DE JACARANDA DECURRENS CHAM - BIGNONIACEAE..................................................
113
1 INTRODUÇÃO........................................................ 114 2 METODOLOGIA..................................................... 118 2.1 MATERIAL BOTÂNICO........................................... 118 2.2 OBTENÇÃO DO EXTRATO ETANÓLICO BRUTO 118 2.3 AVALIAÇÃO DA TOXICIDADE AGUDA
SEGUNDO AS DIRETRIZES OECD 423................ 118
2.3.1 Descrição dos animais......................................... 118 2.3.2 Critério de definição da amostra......................... 119
2.3.3 Descrição do alojamento...................................... 119 2.3.4 Descrição detalhada do procedimento
experimental.......................................................... 120
2.4 DESTINO DOS ANIMAIS APÓS EXPERIMENTAÇÃO..............................................
122
3 RESULTADOS....................................................... 123 4 DISCUSSÃO........................................................... 124 5 CONCLUSÕES....................................................... 128 REFERÊNCIAS...................................................... 129 CAPÍTULO 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS 131
18
1. INTRODUÇÃO
A necessidade foi, e continuará sendo a alavanca que impulsiona a
humanidade. A dor fez com que o homem buscasse o analgésico, a doença, o
remédio. Portanto é fácil inferir que o uso de partes de plantas e animais no combate
às doenças seja tão antigo quanto a própria humanidade (OLIVEIRA; AKISSUE,
1993).
O estudo de plantas medicinais se remonta praticamente ao princípio da
evolução do homem sobre a Terra. O homem pré-histórico observava o
comportamento instintivo dos animais na hora de cuidar das feridas ou tratar suas
enfermidades. Com o passar do tempo pôde-se observar que certas espécies eram
propícias para o uso como alimento e outras tóxicas. Estas observações deram
origem ao processo intuitivo que caracterizou os primeiros habitantes e que lhes
permitiu testar diversas plantas e discernir quais possuíam efeitos medicinais
daquelas que não possuíam (ALONSO, 1998).
Aproximadamente quatro milhões de pessoas no mundo fazem uso de
plantas medicinais. O uso da fitoterapia nos países desenvolvidos e nos países
pobres obedece a duas razões um tanto quanto contrapostas. Nos primeiros
ressurge como resposta da população a uma medicina agressiva e iatrogênica; em
contrapartida, nos segundos, constitui um recurso ancestral fortemente enraizado
em seus costumes culturais (ALONSO, 1998).
As plantas medicinais são disponíveis em abundância nos trópicos. Elas
oferecem a população destes locais e de outros também, o acesso imediato a
produtos que podem ser utilizados no tratamento de suas doenças através da auto-
medicação. Além disso, as plantas medicinais são importantes para a medicina
19
moderna em quatro aspectos básicos: são usadas como fontes diretas de agentes
terapêuticos, servem como matéria-prima base para a elaboração de compostos
químicos semi-sintéticos mais complexos, fornecem substâncias cujas estruturas
químicas podem servir como modelo para novos compostos sintéticos e finalmente
podem ser usadas como marcadores taxonômicos para a descoberta de novos
compostos químicos (AKERELE, 1993).
Estes aspectos tornam o estudo de plantas medicinais multidisciplinar.
Contribuem para isso os conhecimentos advindos da etnobotânica, farmacognosia,
botânica, química, agronomia, biologia, farmacotécnica e outras áreas afins.
Um número considerável de fármacos utilizados no arsenal terapêutico da
medicina moderna é derivado de plantas. Pode-se citar a atropina (anticolinérgico),
codeína (antitussígeno), colchicina (anti-gota), digitoxina e digoxina (cardiotônicos),
vincristina (antitumoral), morfina (analgésico), quinina e artemisina (antimalárico)
reserpina (anti-hipertensivo), fisostigmina (colinérgico) e outros mais (AKERELE,
1993).
O Brasil é um país rico pela sua enorme biodiversidade, sendo os
componentes desta os responsáveis por fornecerem uma ampla gama de produtos
de importância econômica. Todavia sua magnitude não é conhecida com precisão.
Sabe-se que são mais de 55.000 espécies catalogadas de um total estimado entre
350.000 e 550.000 em toda a superfície do planeta (GUERRA; NODARI, 2004).
O bioma cerrado é provavelmente a maior savana do mundo e o segundo
maior bioma brasileiro, ocupando aproximadamente 2.000.000 Km2 no Brasil
Central, mais áreas disjuntas nos outros biomas adjacentes (HENRIQUES, 2005;
LIMA; SILVA, 2005).
20
A flora do cerrado é bastante rica em plantas medicinais. Neto e Moraes
(2003) ao realizarem revisão bibliográfica referente a trabalhos que indicassem o
uso de plantas medicinais do cerrado mato-grossense. Encontraram um total de 509
espécies, distribuídas em 297 gêneros e 96 famílias botânicas, o que resultou em
uma média de cinco espécies/família. As famílias com maior número de espécies
medicinais foram: Asteraceae (7%), Fabaceae (7%), Caesalpinaceae (5%),
Bignoniaceae (4,9%), Mimosaceae (3,5%), Rubiaceae (3,1%), Euphorbiaceae
(2,9%), Sapindaceae (2,5%), Sterculiaceae (2,3%), Malpighiaceae (2,1%),
Arecaceae (1,9%), Lamiaceae (1,9%), Moraceae (1,9%), Poaceae (1,9%) e
Vochysiaceae (1,9%).
Estudos etnobotânicos mostram que as populações locais têm conhecimento
do potencial terapêutico da flora do cerrado. Rizzo et al. (1999) avaliaram o uso de
plantas medicinais pelas populações das cidades de Pirenópolis e Goiás.
Comprovou-se que nestas cidades os usuários de plantas medicinais atingiram
valores acima de 80% dos entrevistados. Vieira e Martins (1996) através da
realização de entrevistas com raízeiros nas cidades de Jataí em Goiás e Correntina
na Bahia, relacionaram 29 espécies vegetais, englobando 21 famílias botânicas
usadas medicinalmente pela população.
Os dados das pesquisas etnobotânicas e etnofarmacológicas constituem um
atalho para a exploração científica interdisciplinar dos agentes biologicamente ativos
e tradicionalmente empregados ou observados pelo homem. O uso tradicional pode
ser encarado como uma pré-triagem quanto à utilidade terapêutica em humanos.
Outra vantagem seria o fato de a etnofarmacologia se basear em informações de
utilidade terapêutica e não em um determinado perfil químico das espécies que, em
tese, indicaria a possibilidade de interação com um determinado alvo biológico. Essa
21
abordagem é particularmente útil no caso de categorias de doenças cuja
patofisiologia não é bem conhecida. (ELISABETSKY; SOUZA, 2004).
A idéia predominante de as plantas atuarem apenas como medicamentos,
sem haver menção de qualquer efeito adverso ou condição imprópria para a
utilização das mesmas foi constatada por Trevenzol et al. (2006) através de um
estudo sobre o comércio informal de plantas medicinais em Goiânia e cidades
vizinhas. E de fato predomina entre os adeptos da fitoterapia o pensamento de que
as plantas medicinais de uso tradicional já foram testadas e homologadas pelo seu
uso prolongado na própria espécie humana. Por isso, seriam os remédios eficazes e
seguros, naturalmente balanceados, sem os efeitos colaterais comuns aos produtos
sintéticos, não necessitando, portanto, da avaliação exigida para este tipo de
medicamento (LAPA et al., 2004).
A planta medicinal utilizada em medicamentos é um xenobiótico, isto é, um
produto estranho ao organismo humano, nele introduzido com finalidades
terapêuticas. Como todo corpo estranho, os produtos de sua biotransformação são
potencialmente tóxicos e assim devem ser encarados até prova em contrário. De
fato, não há porque, a priori, considerar inócua uma planta medicinal, se do reino
vegetal são obtidas substâncias extremamente tóxicas como a estricnina, a
digitoxina, os curares e os heterosídeos cianogênicos (LAPA et al., 2004).
Com intuito de colaborar com o conhecimento sobre plantas medicinais é que
esse trabalho foi desenvolvido, onde a Jacaranda decurrens Cham. da família
Bignoniaceae foi eleita como objeto de estudo. Objetivou-se, desta forma,
determinar parâmetros de identidade e qualidade para fins de Controle de Qualidade
de amostras de folhas da referida espécie vegetal e avaliar a atividade
antimicrobiana do extrato etanólico bruto das folhas e das frações aquosa, acetato
22
de etila, diclorometano e hexânica. Para tanto foi feita a caracterização
macroscópica e microscópica da folha, determinou-se os teores de cinzas e
umidade; realizou-se a prospecção fitoquímica, para a verificação das classes de
metabólitos secundários presentes e realizou-se os ensaios para determinação da
ação antimicrobiana das folhas da Jacaranda decurrens Cham.
23
REFERÊNCIAS
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24
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25
Capítulo 1
Jacaranda decurrens Cham. –
Bignoniaceae: revisão da literatura
26
1- INTRODUÇÃO
A família Bignoniaceae (Dicotyledonae), segundo a Angiosperm Phylogeny
Group II (CHASE, 2003), pertence à ordem Lamiales e subclasse Euasteridae I. Ela
reúne 120 gêneros, com aproximadamente 750 espécies, geralmente tropicais
espontâneas na América do Sul, incluindo árvores, lianas, arbustos e raramente
ervas. Os gêneros mais importantes da família, com ampla distribuição nas regiões
tropicais, são Tabebuia e Jacaranda. No Brasil, os gêneros mais comuns são
Tabebuia, que inclui os ipês e o pau d´arco; Pyrostegia, da famosa flor-de-são-joão;
a medicinal unha-de–gato do gênero Bignonia, e as várias espécies do gênero
Zeyhera (HIRUMA-LIMA; DI STASI, 2002).
Nesta família os caules freqüentemente apresentam organização de lenho
anômala. As folhas simples ou compostas são de posição oposta, raramente sub-
alternas. As formas escandentes apresentam gavinhas de origem foliar, às vezes
modificadas em fixadores semelhantes a unhas ou a ventosas. As flores são
geralmente grandes, vistosas, solitárias ou reunidas em inflorescências de forma
variada. São hermafroditas zigomorfas e pentâmeras. O quinto estame transformado
em estamódio. Os quatro restantes são didínamos (dois mais curtos). O ovário
apresenta-se assentado em cima de um disco ou imerso nele. É composto de dois
carpelos, bilocular e multiovular. O fruto geralmente é seliquiforme, septicido, e às
vezes em forma de cápsula loculicida. Na maioria das representantes desta família,
as sementes são aladas (GEMTCHÚNICOV, 1976).
Vários estudos, com diferentes focos, têm sido realizados utilizando-se
espécies da família Bignoniaceae. Muñoz-Mingarro et al. (2003) observaram as
atividades antiinflamatória e antinociceptiva do extrato aquoso bruto e das frações
27
éter etílico, butanólica e aquosa das folhas e vagens de Catalpa bignoides Walt. A
atividade antitumoral foi demonstrada por Pauletti e Bolzoni (2003) ao estudarem a
ação das frações semi-purificadas e do extrato bruto da folhas de Arrabidaea
samydoides Sandw. sobre linhagens mutantes de Saccharomyces cerevisae. A
atividade hipoglicemiante do extrato aquoso das frutas de Parmentiera edulis DC. foi
descrita por Negri (2005). A ação tripanossomicida de Arrabidaea triplinervia (Mart.
ex DC.) Baill. ex Bureau foi relatada por Leite et al. (2001) ao avaliar a ação do
extrato etanólico das folhas sobre a forma tripomastigota do Trypanossoma cruzi.
Estudos fitoquímicos têm mostrado que plantas da família Bignoniaceae
apresentam uma diversidade de constituintes químicos entre os quais se incluem
lignanas, flavonóides, monoterpenos, triterpenos, quinonas, glicosídeos iridóides e
fenólicos, ácidos cinâmicos e benzóicos; alcalóides são raramente encontrados
(OLIVEIRA et al., 1990; KANCHANAPOOM et al., 2006; MARTIN et al., 2007;
WOLLENWEBER et al., 1996).
Poucos estudos capazes de dar embasamento ao uso medicinal da
Jacaranda decurrens Cham. foram encontrados na literatura pesquisada. Dados
etnobotânicos indicam o seu uso popular para o tratamento de infecções,
reumatismo e depurativo do sangue (OLIVEIRA et al., 2001; VILA VERDE; PAULA;
CARNEIRO, 2003; TRESVENZOL et al., 2006).
Carrim et al. (2006) isolaram e identificaram microrganismos endofíticos a
partir das folhas de Jacaranda decurrens Cham. e avaliaram a atividade enzimática
dos mesmos. Carrim (2005) também avaliou a produção de bacteriocina pelos
mesmos microrganismos endofíticos, observando efeito inibitório sobre o
crescimento de Agrobacterium tumefasciens, Bacillus cereus, Bacillus subtilis,
Corynebacterium glutamicum, Micrococcus luteus e Rodococcus equi. Em um outro
28
estudo com a mesma planta Varanda et al. (1992) isolaram o ácido ursólico e
testaram o mesmo contra o inseto herbívoro Shizaphis graminum, observando efeito
deletério sobre os insetos adultos e diminuição da taxa reprodutiva.
Em 2003 Oliveira et al. realizaram o estudo farmacognóstico das raízes de
Jacaranda decurrens Cham., e mais recentemente Mauro et al. (2007) realizaram
estudo anatômico do limbo foliar do foliólulo, pecíolo, e caule desta mesma planta
coletada no Cerrado de Botucatu, SP.
A Jacaranda decurrens Cham. também conhecida popularmente como
carobinha ou caroba-do-campo é um arbusto campestre muito pouco ramoso
podendo chegar até três metros de altura. A sua raiz é lenhosa e bastante globosa.
O caule é pubescente enquanto jovem e depois glabro. Apresenta ramos verde-sujo
ou acizentados, pubescentes. As folhas são paribipinatifidas com 8-9 jugas ou mais,
apresentando foliólulos decorrentes, estreitos, glabros na face adaxial e pilosos na
abaxial, sendo também discolores. As flores são campanuladas, azuis ou roxas,
grandes e dispostas em racimos. O fruto apresenta-se em cápsula, suborbicular,
retuba no ápice e aguda na base com até 9 cm de comprimento e 7 cm de largura.
As sementes são elípticas, irregularmente crenuladas e ala frágil (CÔRREA, 1984).
29
REFERÊNCIAS
CARRIM, A. J. I. Bioprospecção de microrganismos endofíticos com atividade enzimmática e bacteriogênica em isolados de Jacaranda decurrens Cham. (Carobinha do Campo). 2005. 78 f. Dissertação (Mestrado em Medicina Tropical – Instituto de Patologia Tropical e Saúde Pública, Universidade Federal de Goiás, Goiânia, 2005. CARRIM, A. J. I.; BARBOSA, E. C.; VIEIRA, J. D. G. Enzymatic activity of endophytic bacterial isolates of Jacaranda decurrens Cham. (carobinha-do-campo). Brazilian Archives of Biology and Technology, Curitiba, v. 49, p. 353-359, May 2006. CHASE, M. et al. An update of the Angiosperm Phylogeny Group classification for the orders and families of flowering plants: AGP II. Botanical Journal of the Linnean Society, London, v. 141, p. 399-436, 2003. CÔRREA, M. P. Dicionário de Plantas Úteis do Brasil. Rio de Janeiro: Ministério da Agricultura - Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal, 1984. v. 2, 707 p. GEMTCHÚNICOV, I. D. Manual de Taxonomia Vegetal. São Paulo: Editora Agronômica Ceres, 1976. 368 p. HIRUMA-LIMA, C. A.; DI STASI, L. C. Scrophulariales medicinais. In: Plantas Medicinais na Amazônia e na Mata Atlântica. São Paulo: Editora UNESP, 2002. p. 449-462. KANCHANAPOOM, T. et al. Lignan, phenolic and iridoid glycosides from Stereospermum cylindricum. Phytochemistry, London, v. 67, p. 516-520, March 2006. LEITE, J. P. V. et al. Isolamento biomonitorado de uma substância tripanossomicida de Arrabidaea triplinervia (Bignoniaceae), o ácido ursólico. Revista Brasileira de Farmacognosia, João Pessoa, v. 11, p. 77-87, abril/junho 2001. MARTIN, F. et al. Iridoid glycosides from the stems of Pithecoctenium crucigerum (Bignoniaceae). Phytochemistry, London, v. 68, p. 1307-1311, May, 2007.
30
MAURO, C. et al. Estudo anatômico das espécies de cerrado Anemopaegma arvense (Vell.) Stellf. ex de Souza (catuaba), Zeyheria montana Mart. (bolsa-de-pastor) e Jacaranda decurrens Chamisso (caroba) – Bignoniaceae. Revista Brasileira de Farmacognosia, João Pessoa, v. 17, p. 262-265, abril/junho 2007. MUÑOZ-MINGARRO, D. et al. Biological activity of extracts from Catalpa bignoides Walt. (Bignoniaceae). Journal of Ethnopharmacolgy, Ypsilanti, v. 87, p. 163-167, August 2003. NEGRI, G. Diabetes melito: plantas e princípios ativos naturais hipoglicemiantes. Revista Brasileira de Ciências Farmacêuticas, São Paulo, v. 41, p. 121-142, abril/junho 2005. OLIVEIRA, A. B. et al. Estrutura química e atividade biológica de naftoquinonas de Bignoniáceas brasileiras. Química Nova, São Paulo, v. 13, p. 302-307, julho/agosto 1990. OLIVEIRA, T. B. et al. Estudo farmacognóstico das raízes de Jacaranda decurrens Cham. (Bignoniaceae). Revista Brasileira de Farmacognosia, João Pessoa, v. 13, supl., p. 54-55, 2001. PAULETTI, P. M.; BOLZANI, V. S. Constituintes químicos de Arrabidaea samydoides (Bignoniaceae). Química Nova, São Paulo, v. 26, p. 641-643, setembro/outubro 2003. TRESVENZOL, L. M. et al. Estudo sobre o comércio informal de plantas medicinais em Goiânia e cidades vizinhas. Revista Eletrônica de Farmácia, Goiânia, v. 3, p. 23-28, jul. 2006. VARANDA, E. M. et al. Effect of ursolic acid from epicuticular waxes of Jacaranda decurrens on Shizaphis graminum. Journal of Natural Products, Washington DC, p. 800-803, June 1992. VILA VERDE, G. M.; PAULA, J. R.; CARNEIRO, D. M. Levantamento etnobotânico de plantas medicinais do cerrado utilizadas pela população de Mossâmedes (GO). Revista Brasileira de Farmacognosia, João Pessoa, v. 13, supl., p. 64-66, 2003. WOLLENWEBER, E.; DÖRR, M.; GOMEZ, L. D. P. Exudate flavonoids in Godmania aesculifolia (Bignoniaceae). Biochemical Systematics Ecology, Great Britain, v. 24, p. 481-482, October/December 1996.
31
Capítulo 2
Determinação dos Parâmetros de
Qualidade das Folhas de Jacaranda
decurrens Cham. – Bignoniaceae.
32
1- INTRODUÇÃO
A definição de qualidade segundo Farias (2004) é o conjunto de critérios que
caracterizam a matéria-prima para o uso ao qual se destina. O mesmo autor ainda
chama a atenção para o fato de que a partir do estabelecimento dos parâmetros de
qualidade para a matéria-prima, e considerando-se um planejamento adequado e
um controle do processo de produção do medicamento, a qualidade do produto final
estará em grande parte assegurada.
A definição de parâmetros de controle de qualidade para matérias-primas
vegetais torna-se cada vez mais importante na medida em que as populações e as
indústrias de países desenvolvidos e em desenvolvimento passam a utilizar mais
intensamente as plantas medicinais como fonte de princípios ativos para a produção
de medicamentos (WHO, 1998).
Nesse contexto, os parâmetros de controle de qualidade juntamente com as
informações sobre a segurança determinadas por ensaios farmacológicos pré-
clínicos e clínicos, dos efeitos biológicos preconizados, assim como ensaios que
determinem a inexistência de efeitos tóxicos bem como a ausência de
contaminantes nocivos à saúde é que vão determinar a segurança e eficácia de um
fitoterápico (FARIAS, 2004).
Levando-se em conta estas informações e o uso etnomedicinal da Jacaranda
decurrens Cham. é que se descreve neste capítulo macro e microscopicamente a
folha, assim como são apresentados os teores de umidade, cinzas e cinzas
insolúveis em ácido. Também são descritos as principais classes de metabólitos
secundários presentes e o doseamento de flavonóides totais, com a finalidade de
estabelecer os parâmetros de qualidade deste material vegetal.
33
2- METODOLOGIA.
2.1- DESCRIÇÃO MORFO-ANATÔMICA
2.1.1. Material botânico
Para o estudo morfo-anatômico foram utilizadas folhas adultas de exemplares
de Jacaranda decurrens coletadas às margens da GO-019, em Senador Canedo,
Goiás, Brasil (16º 45´ 45,2´´ Sul e 49º 07´ 0,68’’ Oeste a 762 m altitude) em outubro
de 2003.
O material botânico foi coletado em região de solo vermelho bem drenado e
em dia ensolarado e uma excicata foi depositada no herbário da Universidade
Federal de Goiás sob o número UFG – 27805.
A planta foi fotografada em seu habitat natural e após a coleta e preparo do
material vegetal, utilizando-se uma câmera fotográfica digital Olympus modelo X-
775.
A planta coletada foi levada para o laboratório de Farmacognosia e
dessecada ao ar livre. Posteriormente foi triturada em moinho de faca. O material
vegetal após ter sido dessecado e triturado foi identificado, acondicionado e
armazenado até a utilização nos experimentos.
2.1.2. Descrição macroscópica
A caracterização macroscópica foi feita à vista desarmada segundo
parâmetros descritos por Oliveira e Akisue (1993).
34
2.1.3. Descrição microscópica
Para a análise microscópica foram utilizadas folhas livres de injúrias, com o
limbo completamente expandido. Destas folhas, foram retirados folíolos medianos e
destes, os foliólulos. Regiões medianas dos pecíolos, também foram retiradas. De
cada foliólulo, analisou-se a nervura central, entrenervuras e bordo. O material
vegetal coletado foi fixado em FAA 50% (formaldeído, ácido acético, etanol 55%) por
48 horas e posteriormente preservado em etanol 70%, até o momento de se
executar os cortes (JOHANSEN, 1940).
Segundo as técnicas usuais na Microtécnica Vegetal, a confecção das
lâminas histológicas foi realizada a partir de secções transversais, obtidas à mão
livre. As secções foram clarificadas em hipoclorito de sódio a 10-12%,
posteriormente lavadas em água destilada e submetidas à dupla coloração com azul
de astra 0,3% e fucsina básica 0,1%. Após a coloração os fragamentos foram
desidratados em série alcoólica crescente (30%, 50%, 70%, 90% e 100%), pós-
desidratadas em xilol e álcool (1:1) e xilol puro, de acordo com Johansen (1940).
Lâminas permanentes foram montadas utilizando-se resina verniz vitral incolor
(PAIVA et al., 2006).
Os mesmos cortes descritos acima após a clarificação do material com
hipoclorito de sódio 10-12% e a lavagem com água destilada, também foram
submetidos ao reagente de Steinmetz, em preparações semi-permanentes
utilizando-se lâminas montadas com glicerina 50% (V/V).
Para a realização dos cortes paradérmicos utilizou-se a técnica descrita por
Kraus e Arduin (1997), fazendo-se a maceração do material botânico com a mistura
de ácido nítrico 10% e ácido crômico 10%, solução de Jeffrey (Johansen, 1940). Em
35
seguida foram feitas preparações semelhantes às descritas para os cortes corados
com reagente de Steinmetz.
As fotomicrografias foram realizadas em fotomicroscópio ZEISS Axioskop,
utilizando-se filme Kodacolor ASA 100 e as escalas que acompanham as ilustrações
foram obtidas nas mesmas condições ópticas.
2.1.4. Microscopia eletrônica de varredura
Fragmentos da porção mediana dos folíolos de Jacaranda decurrens Cham.
foram fixados em solução de Karnovsky modificada, composta por glutaraldeído 2%,
paraformaldeído 2% em tampão cacodilato de sódio pH 7,2 0,05 M por 24 horas.
Após esse tempo, os fragmentos foram submetidos a três lavagens em tampão
cacodilato 0,05 M, com duração de 10 minutos cada e depois armazenados em
refrigerador, fazendo trocas temporárias quando o tampão se apresentasse escuro,
até o momento do uso (BOZZOLA; RUSSEL, 1992).
Após, os fragmentos foram submetidos a tampão cacodilato de sódio e
tetróxido de ósmio (1:1) por 1 hora, a seguir lavados em água destilada de 2 a 3
vezes e posteriormente, foram desidratados em série etanólica crescente (30%,
50%, 70% e 90%) com duração de 15 minutos cada e 3 vezes em etanol 100%, 10
minutos cada (BOZZOLA; RUSSEL, 1992). No Laboratório de Microscopia
Eletrônica, da Universidade de Brasília (UnB), os fragmentos foram levados à
secagem ao ponto crítico de CO2, utilizando-se o Aparelho de Secagem ao Ponto
Crítico da Balzers CPD30 e logo após, metalizados em ouro, com camada de
cobertura de aproximadamente 40 nm por 2 minutos, em Aparelho Metalizador Zeiss
DSM-962. A análise foi realizada em Microscópio de Varredura JEOL-JSM 840A.
36
As eletromicrografias foram obtidas em filme FUJI NEOPAN Asa 100. As
escalas e feixes de elétrons encontram-se registradas nas fotos.
2.2. DETERMINAÇÃO DO TEOR DE UMIDADE E CINZAS
Para a determinação destes parâmetros de qualidade das folhas de
Jacaranda decurrens foi usado o material botânico preparado como descrito
anteriormente no item 2.1.1.
2.2.1. Determinação do teor de umidade
Os ensaios para determinação do teor de umidade foram realizados em
triplicata segundo a Farmacopéia Brasileira IV (1988). Pesou-se em balança
analítica 2 g do material botânico pulverizado e transferiu-se para um cadinho
previamente pesado e dessecado a 105°C por 30 minutos. Em seguida, a amostra
foi dessecada em estufa a 100-105°C por 2h, resfriada em dessecador e pesada.
Prosseguiu-se a dessecação pesando o material em intervalos de 1h. O ensaio foi
considerado concluído quando duas pesagens sucessivas não diferiram entre si por
mais de 5 mg. A percentagem de água foi calculada em relação à amostra seca ao
ar utilizando-se a fórmula:
37
Onde: P – massa da amostra em gramas; p –massa da amostra dessecada.
2.2.2. Determinação do teor de cinzas
2.2.2.1. Determinação do teor de cinzas totais
Para a determinação desse parâmetro de qualidade, os ensaios foram
realizados em triplicata conforme a Farmacopéia Brasileira IV (1988). Pesou-se em
balança analítica, 3 g da amostra pulverizada, os quais foram transferidos para um
cadinho de porcelana previamente calcinado a 500°C em mufla, resfriado e pesado.
A amostra foi distribuída de forma uniforme e incinerada até a obtenção de cinzas
brancas. Em seguida, a amostra foi resfriada em dessecador e pesada. A
porcentagem de cinzas totais foi calculada em relação à amostra seca ao ar
conforme fórmula abaixo:
Onde:
N –massa de cinzas totais da amostra em gramas;
P – massa da amostra em gramas.
% teor de umidade = 100 x (P –p)/ P
% teor de cinzas = 100 x N/ P
38
2.2.2.2. Determinação do teor de cinzas insolúveis em ácido clorídrico (HCl)
Os resíduos obtidos na determinação do teor de cinzas totais foram fervidos
durante 5 minutos com 12,5 mL de HCl (SR) em cadinhos cobertos com vidros de
relógio. O resíduo foi filtrado em papel de filtro quantitativo, os cadinhos e os vidros
de relógio foram lavados com água quente. O papel de filtro contendo o resíduo foi
lavado com água quente até o filtrado tornar-se neutro (Farmacopéia Brasileira IV,
1988).
O papel de filtro contendo o resíduo foi transferido para o cadinho original e
levado à secagem e carbonização em fogareiro. Em seguida, o cadinho foi
transferido para mufla pré-aquecida a 500°C, incinerando-se o resíduo por 5h até a
formação de cinzas brancas. O cadinho foi resfriado em dessecador e pesado. O
experimento foi realizado em triplicata
A porcentagem de cinzas insolúveis em ácido clorídrico foi calculada em
relação à amostra inicial (COSTA, 2001).
2.3. PROSPECÇÃO FITOQUÍMICA
A análise qualitativa das principais classes de metabólitos secundários
presentes nas folhas de Jacaranda decurrens, coletadas em Senador Canedo foi
realizada na amostra pulverizada. Utilizaram-se metodologias adaptadas por Costa
(2001), Matos (1988) e, Matos e Matos (1989) descritos a seguir.
39
2.3.1. Pesquisa de Heterosídeos Antraquinônicos
Para a extração dos possíveis heterosídeos antraquinônicos, pesou-se em
balança de precisão, 1g da amostra pulverizada e acrescentou-se 30mL de etanol a
75% (V/V). A mistura foi aquecida durante 3 minutos em chapa aquecedora, e em
seguida filtrada ainda quente através de papel de filtro.
Para a caracterização dessa classe de metabólitos secundários transferiu-
se 10 mL do filtrado para um béquer de 40 mL que foi designado (I) e 10 mL para
outro béquer que foi designado (II). O conteúdo do béquer (I) foi acidificado com 0,5
mL de HCl a 10% (V/V) e levado à fervura por 2 minutos em chapa aquecedora,
sendo que com o conteúdo do béquer (II) fez-se o mesmo procedimento, exceto a
acidificação.
Os líquidos foram transferidos para tubos de ensaio designados de (I) e (II),
respectivamente, após o resfriamento, adicionou-se, a cada um 10 mL de éter etílico
P. A., agitando-os levemente. Em seguida, separou-se 5 mL da fase etérea dos
tubos (I) e (II), e acrescentou-se 4 mL da amônia 50% (V/V) em cada um, deixando-
os em repouso por cinco minutos. Coloração rósea ao vermelho na fase amoniacal
indica reação positiva para heterosídeos antraquinônicos.
2.3.2. Pesquisa de Heterosídeos Digitálicos
Para a extração dos possíveis heterosídeos digitálicos presentes na
amostra pulverizada pesou-se, em balança de precisão, 2,5 g da amostra
pulverizada, adicionou-se 25 mL de etanol a 50% (V/V) e 10 mL de solução de
acetato de chumbo a 10% (p/V) e levou-se à fervura por quatro minutos. Após o
40
resfriamento, o volume foi completado para 25 mL com etanol 50% (V/V) e filtrado.
Transferiu-se o filtrado para um funil de separação e extraiu-se duas vezes com 15
mL de clorofórmio P. A. A fração clorofórmica foi utilizada nas reações de pesquisa
de heterosídeos digitáicos descritas abaixo.
2.3.2.1. Reação de Liebermann-Bourchard (reação de caracterização do núcleo
esteróide): transferiu-se 3 mL da fração clorofórmica para um tubo de ensaio e
levou-se a secura em banho-maria. Ao resíduo do tubo adicionou-se 1,0 mL do
reagente de Liebermann-Bourchard (1,0 mL de clorofórmio P. A., 1,0 mL de anidrido
acético P. A. e 3-4 gotas de ácido sulfúrico concentrado) deixou-se o tubo de ensaio
em repouso por 5 minutos para observação da coloração. O aparecimento de cor
acastanhado ao esverdeado indica reação positiva.
2.3.2.2. Reação de Keller-Kiliani (reação para detecção de desoxi-açúcares):
evaporou-se até a secura 5 mL da fração clorofórmica num tubo de ensaio em
banho-maria. Ao resíduo do tubo adicionou-se um reagente recém preparado
contendo 3 mL de ácido acético glacial P. A. e 0,1 mL cloreto férrico 9% (p/V). O
conteúdo do tubo foi homogeneizado e lentamente vertido para um tubo de ensaio
contendo 2,0 mL de ácido sulfúrico concentrado. A formação de um anel de
coloração castanho-avermelhada na zona de contato, bem como o aparecimento de
coloração azul-esverdeada na camada acética indica reação positiva.
2.3.2.3.Reação de caracterização do núcleo esteróide: evaporou-se 3 mL da fração
clorofórmica até à secura numa cápsula de porcelana em chapa aquecedora.
Acrescentou-se ao conteúdo da cápsula, após resfriamento, 3-6 gotas de ácido
fosfórico concentrado. Observando-se sob luz ultravioleta o aparecimento de
florescência, que indica resultado positivo.
41
2.3.2.4. Reação de Kedde (reação específica do anel lactônico): transferiu-se 6 mL
da fração clorofórmica para um tubo de ensaio e levou-se à secura em banho-maria.
Ao resíduo do tubo adicionou-se 2 mL de etanol 50% (V/V), 2 mL de água destilada,
2 mL do reagente ácido 3-5-dinitrobenzóico a 1% (p/V) recém preparado em etanol a
96% (V/V) e 2 mL de hidróxido de potássio 1 Molar. Após o repouso de 5 minutos, a
formação de coloração castanho avermelhada indica reação positiva.
2.3.3. Pesquisa de Heterosídeos Flavonóides
Para a extração de possíveis heterosídeos flavonoídes presentes na
amostra pulverizada, pesou-se em balança de precisão, 7 g da amostra e adicionou-
se 60 mL de etanol a 70% (V/V). Essa mistura foi fervida durante 5 minutos e filtrada
em papel de filtro umedecido em etanol a 70% (V/V).
Com o filtrado obtido anteriormente foram realizadas as seguintes reações a
fim de caracterizar essa classe de metabólitos secundários:
2.3.3.1. Reação de Shinoda: transferiu-se 3 mL do filtrado para um tubo de ensaio.
Adicionou-se cerca de 1 cm e fita de magnésio e acrescentou-se cuidadosamente 1
mL da HCl concentrado. O aparecimento de coloração vermelha indica a presença
de heterosídeos flavonóides.
2.3.3.2. Reação Oxalo-Bórica: evaporou-se 5 mL de solução extrativa em uma
cápsula de porcelana. Juntou-se ao resíduo semi-seco 3 mL de solução de ácido
bórico a 3% (p/V) e 1 mL de solução de ácido oxálico a 10% (p/V) evaporou-se até
secura e adicionou-se ao resíduo seco 7 mL de éter etílico P. A. Observou-se sob
luz ultra-violeta quanto a ocorrência ou não de fluorescência.
42
2.3.3.3. Reação com Ácido Sulfúrico Concentrado: adicionou-se 3 mL da solução
extrativa numa cápsula de porcelana e deixou-se evaporar até a semi-secura.
Juntou-se 0,5 mL de ácido sulfúrico concentrado e observou-se sob luz ultra-violeta
quanto ao aparecimento de fluorescência.
2.3.3.4. Reação com Hidróxidos Alcalinos: transferiu-se 3 mL da solução extrativa
para um tubo de ensaio. Adicionou-se 1 mL de NaOH a 20% (p/V) e agitou-se o
tubo. Havendo heterosídeos digitálicos na amostra será observado a o
desenvolvimento de coloração amarela.
2.3.3.5. Reação com Cloreto de Alumínio: transferiu-se cerca de 5 mL da solução
extrativa para um béquer ou cápsula de porcelana. Concentrou-se à metade e
transferiu-se para um pedaço de papel de filtro espalhando sobre toda a superfície.
A seguir, umedeceu-se uma das regiões do papel com cloreto de alumínio a 5%
(p/V) em metanol e observou-se sob luz ultra-violeta quanto ao aparecimento de
fluorescência.
2.3.3.6. Reação com Cloreto Férrico: transferiu-se 3 mL da solução extrativa para
um tubo de ensaio. Juntou-se 2 gotas de cloreto férrico a 4,5% (p/V) para que fosse
possível a observação de coloração azul, verde, marrom ou vermelha, o que indica
reação positiva.
43
2.3.4. Pesquisa de Heterosídeos Saponínicos
Para a extração dos possíveis heterosídeos saponínicos presentes na
amostra pulverizada, pesou-se em balança de precisão 1 g da amostra em pó e
adicionou-se a um béquer contendo 100 mL de água destilada. Essa mistura foi
levada à chapa aquecedora por 5 minutos, adicionando-se, durante a decocção,
carbonato de sódio em solução até a neutralização que foi observada utilizando-se
papel indicador de pH. Logo em seguida, a mistura foi filtrada em algodão e ao fluido
acrescentou-se água destilada até completar um volume de 100 mL.
Para a caracterização dessa classe de metabólitos secundários montou-se
uma bateria de 10 tubos de ensaio com tamanho e diâmetros iguais. Os tubos de
ensaio foram marcados com duas graduações diferentes: a primeira correspondente
a 10 mL e a segunda a 1 cm acima desta. Em seguida adicionou-se ao primeiro tubo
1 mL de solução extrativa e 9 mL de água destilada. Ao segundo tubo, adicionou-se
2 mL de solução extrativa e 8 mL de água destilada. Ao terceiro tubo adicionou-se 3
mL de solução extrativa e 7 mL de água destilada e assim por diante. Ao último tubo
adicionou-se apenas solução extrativa (10 mL). Após essa montagem, cada tubo foi
vigorosamente agitado por 20 segundos e deixado em repouso por 10 minutos.
Observou-se ou não o aparecimento de espuma persistente. Segundo Shenkel,
Gosmann e Athayde (2004), a presença de saponinas na amostra será constatada
pela formação de espuma persistente, que não desaparece após a adição de um
ácido mineral diluído.
44
2.3.5. Pesquisa de Taninos
Para a extração de possíveis taninos presentes na amostra pulverizada,
pesou-se em balança de precisão, 2 g da amostra. Adicionou-se 50 mL de água
destilada e tal mistura foi levada à fervura durante 5 minutos. Em seguida, filtrou-se
a mistura, ainda quente, utilizando papel de filtro. Completou-se o volume do filtrado
obtido para 100 mL e procedeu-se a pesquisa de taninos.
Montou-se um bateria contendo 6 tubos de ensaio. A cada tubo adicionou-
se 5 mL da solução extrativa e procedeu-se as seguintes reações:
2.3.5.1. Reação com Gelatina: adicionou-se ao primeiro tubo, 5 gotas de solução de
gelatina a 2,5% (p/V) em solução de cloreto de sódio a 5% (p/V). A presença de
taninos na amostra seria evidenciada pelo aparecimento de precipitado branco.
2.3.5.2. Reação com alcalóides: adicionou-se ao segundo tubo 5 gotas de sulfato de
quinino a 1% (p/V) em ácido sulfúrico a 5% (p/V). Ao terceiro tubo, adicionou-se 5
gotas de solução de brucina a 1% em solução de ácido sulfúrico a 5% (p/V). A
formação de precipitado indica a presença de taninos na amostra.
2.3.5.3. Reação com Sais Metálicos: ao quarto tubo adicionou-se 5 gotas de acetato
de cobre a 4% (p/V). Ao quinto tubo acrescentou-se 2 gotas de cloreto férrico a 2%
(p/V). O aparecimento de precipitado indica a presença de taninos.
2.3.5.4. Reação com Hidróxidos Alcalinos: ao sexto tubo adicionou-se 5 gotas de
solução de hidróxido de sódio (ou potássio) a 20% (p/V). a presença de taninos na
amostra seria observada pelo escurecimento da solução.
45
Para cada uma destas reações foi preparado um tubo controle que continha
5mL de ácido tânico 0,5% (p/V) e os reagentes da reação correspondente, a fim de
comparar o tubo teste com o tubo controle.
2.3.6. Pesquisa de Alcalóides
Para a extração dos possíveis alcalóides presentes na amostra pulverizada,
pesou-se em balança de precisão, 2 g da amostra. Adicionou-se 20 mL de ácido
sulfúrico a 5% (V/V). Essa mistura foi levada á fervura por 3 minutos, e em seguida,
filtrada em papel de filtro e resfriada.
Esse filtrado foi submetido à pesquisa de alcalóides utilizando-se os
reagentes gerais dos alcalóides de acordo com metodologias adaptadas de Costa
(2001). Abaixo estão descritos os reagentes e as respectivas técnicas de preparo
segundo Assumpção e Morita (1968):
Reativo de Mayer: dissolveu-se em água 2,71 g de cloreto de mercúrio e 10
gramas de iodeto de potássio, e em seguida, completou-se o volume para 200 mL
com água destilada. Agitou e filtrou-se.
Reativo de Dragendorff: dissolveu-se 8 g de subnitrato de bismuto em 20
mL de ácido nítrico a 30% (p/V). Dissolver, em separado, 22,8 g de iodeto de
potássio em um volume mínimo de água destilada. Transferiu-se a primeira solução,
pouco a pouco, sobre a segunda. Deixou-se em repouso durante algumas horas e
filtrou-se. Completou-se volume com água destilada para 100 mL.
46
Reativo de Bouchardat: dissolveu-se 4 g de iodeto de potássio e 2 g de iodo
em 100 mL de água destilada.
Reativo de Bertrand: dissolveu-se 5 g de ácido sílico-tungístico em 100 mL
de água destilada.
Reativo de Hager: dissolveu-se 2 g de ácido pícrico em 100 mL de água
destilada.
Ácido Tânico: dissolver 1 g de ácido tânico em 100 mL de água destilada.
A solução extrativa foi distribuída igualmente em seis tubos de ensaio,
sendo que em cada tubo, respectivamente, acrescentou-se 3-9 gotas dos reativos
gerais para alcalóides citados acima. Montou-se em paralelo, uma outra bateria de
seis tubos de ensaio, contendo 3 mL de solução padrão de sulfato de quinino 1%
(p/V). Em cada um destes tubos adicionou-se 3-9 gostas dos respectivos reativos
gerais de alcalóides a fim de servirem como padrão para comparação com a
primeira bateria de tubos.
A presença de alcalóides é demonstrada pelo aparecimento de precipitado
nos tubos.
2.3.7. Pesquisa de Cumarinas
Para extração de possíveis cumarinas presentes na amostra pulverizada,
pesou-se 2 g da mesma em balança de precisão e adicionou-se a 30 mL de água
47
quente. Essa mistura foi filtrada, e ao filtrado adicionou-se 1mL de HCl 1N (até pH
1). Em seguida, extraiu-se com 10 mL éter etílico P. A. A fase etérea foi concentrada
até a metade de seu volume.
Para a caracterização dessa classe de metabólitos secundários aplicaram-
se gotas da fase etérea obtida anteriormente sobre duas regiões em um pedaço de
papel de filtro. Em uma das manchas formadas adicionou-se uma gota de NaOH 1N.
O papel foi observado sobre a luz ultravioleta quanto ao aparecimento de
fluorescência e desenvolvimento e coloração amarela, respectivamente.
2.3.8. Doseamento de Flavonoídes Totais
Para o doseamento de flavonóides totais contidos na droga pulverizada dos
espécimes de Jacaranda decurrens, utilizou-se metodologia descrita na
Farmacopéia Brasileira IV (2001), na monografia da planta Calêndula (Calendula
officinalis L.). Todo o ensaio foi realizado em triplicata
Pesou-se exatamente 0,4 g da droga pulverizada e colocou-se em balão de
fundo redondo de 100 mL. Acrescentou-se 1 mL de uma solução aquosa de
hexametilenotetramina a 0,5% (p/V), 20 mL de acetona P. A. e 2 mL de ácido
clorídrico concentrado. Aqueceu-se em manta aquecedora, sob refluxo, por 30
minutos. Filtrou-se a mistura em algodão, para balão volumétrico de 100 mL,
retornando o resíduo da droga e o algodão para o mesmo balão de fundo redondo,
adicionando-se 20 mL de acetona P. A. Colocou-se em refluxo por 10 minutos. Após
resfriamento à temperatura ambiente, filtrou-se a solução para balão volumétrico de
48
100 mL. Repetiu-se a operação. Após esta etapa, completou-se o volume do balão
volumétrico com acetona P. A. Em funil de separação, tratou-se 20 mL desta
solução com 20 mL de água destilada e após, extraiu-se com 15 mL de acetato de
etila P. A., repetindo-se 3 vezes com porções de 10 mL de acetato de etila (P. A.).
Reuniram-se as fases acetato de etila e as mesmas foram lavadas em funil de
separação, com duas porções de 50 mL de água destilada, transferindo-se a seguir
para balão volumétrico de 50 mL, completando-se o volume com acetato de etila P.
A. esta solução passou a ser chamada de solução mãe (SM). Pipetou-se 10mL
desta solução, adicionou-se 1 mL do reagente cloreto de alumínio (1 g de cloreto de
alumínio dissolvido em solução metanólica de ácido acético 5% (V/V), até completar
50 mL em balão volumétrico), diluindo-se em balão volumétrico de 25 mL com
solução metanólica de ácido acético a 5% (V/V). Após 30 minutos, mediu-se a
absorvância da solução a 425 nm, em cubeta de 1 cm, utilizando o branco (solução
mãe diluída em solução metanólica de ácido acético 5%) para ajuste do zero.
Calculou-se a porcentagem de flavonóides totais segundo a fórmula:
Onde:
A – Absorvância
m – Massa da amostra padronizada
PD – Perda por dessecação (%; p/p)
O resultado foi fornecido por percentagem (p/p) de flavonóides calculados como
hiperosídeo (C21H20O12).
TFT = A x 62.500/ 500 x m x (100 – PD)
49
3. RESULTADOS
3.1. DESCRIÇÃO MACROSCÓPICA:
As folhas das espécimes de Jacaranda decurrens coletadas em Senador
Canedo são radiciais, nascendo nas primeiras porções do caule; completas,
paribipinatifidas com 8-9 jugas ou mais, apresentando foliólulos decorrentes,
estreitos, glabros na face adaxial e pilosos na abaxial, além de discolores (Figuras
1,2 e 3)
A B
C D Figura 1. Jacaranda decurrens Cham. Fig. 1A-1B, aspecto geral da planta. Fig. 1C, fruto. Fig. 1D, folha.
50
3.2. DESCRIÇÃO MICROSCÓPICA
3.2.1. Lâmina Foliar
A epiderme da folha adulta de Jacaranda decurrens, em secção
paradérmica, evidenciou ao microscópio óptico células com paredes sinuosas,
espessas e de tamanhos variados na face abaxial (Figs. 2A e 2B). Sobre as
nervuras foram observadas cicatrizes deixadas pela queda de tricomas tectores
(Figs. 2A). Em microscopia eletrônica de varredura (MEV) observa-se a presença de
cicatriz e tricoma tector longo (Figs. 3A e 3B).
Na face abaxial encontra-se maior quantidade de tricomas tectores longos,
estômatos anomocíticos e estrias epicuticulares (Figs. 2C e 2D). Em microscopia
eletrônica de varredura fica evidênciada a presença dos tricomas tectores longos e
de grande número de estômatos (Figs. 3C e 3D).
Em seccão transversal, a folha de Jacaranda decurrens apresenta mesofilo
dorsiventral, epiderme adaxial unisseriada com cutícula espessa apresentando
franjas (Figs. 4A, 4B e 5A). A epiderme abaxial também é uniseriada apresentando
estrias e tricoma em forma de barco e tector globoso (Figs. 4B, 4C e 4D). O
parênquima paliçádico apresenta-se uniseriado ocupando 1/3 do mesofilo enquanto
o parênquima lacunoso ocupa 2/3 (Figs. 4A, 4B, 5A e 5B). Observa-se a presença
de feixes vasculares protegidos por calota esclerenquimática voltada para epiderme
abaxial e extensão da bainha voltada para epiderme adaxial (Figs. 4A e 4B).
51
A B
C D Figura 2. Secções paradérmicas das folhas de Jacaranda decurrens Cham. Figs. 2A e 2B, epiderme adaxial destacada pela solução de Jeffrey e coloração com Safranina. Fig. 2C e 2D, eoiderme adaxial destacada pela solução de Jeffrey. Legenda: Ce – célula epidérmica com parede sinuosa; Ci – cicatrizes pela queda de tricomas tectores; Tt – tricoma tector; Es – estômato anomocítico; Es – estrias epicuticulares.
52
A B
C D Figura 3. Microscopia eletrônica de varredura das epidermes adaxial e abaxial do foliólulo de Jacaranda decurrens Cham. Figs. 3A e 3B, epiderme adaxial. Figs. 3C e 3D, epiderme abaxial com estômatos e tricomas tectores respectivamente.
53
A B
C D Figura 4. Secção transversal do mesofilo do foliólulo da folha de Jacaranda decurrens Cham. Figs. 4A e 4B, aspecto geral do mesofilo. Fig. 4C, tricoma tector em forma de barco na epiderme abaxial. Fig. 4D, tricoma tector globoso na epiderme inferior. Legenda: Epa – epiderme adaxial; Epb – epiderme abaxial; Pp – parênquima paliçádico; Pl – parênquima lacunoso.
54
A B Figura 5. Secções transversais da lâmina foliar de Jacaranda decurrens Cham. Fig. 5A, secção transversal da internervura. Fig. 5B, secção transversal da borda do foliólulo do ápice folha. Legendas: Epa – epiderme adaxial; Pp – parênquima paliçádico; Pl – parênquima lacunoso; Fv – feixe vascular.
55
3.2.2. Nervura Principal
A nervura principal dos foliólulos, em corte transversal, mostou face abaxial
com formato arredondado e adaxial côncavo com epiderme uniseriada em toda a
sua extenção (Fig. 6A). A epiderme da face adaxial encontra-se revestida por
cutícula espessa (Figs. 6A e 6C). Na epiderme da face abaxial podem de
encontrados tricomas glandulares e tectores longos (Figs. 6A, 6B e 6C).
Subajacente a epiderme evidenciou-se parênquima cortical com três camadas de
células e sistema vascular envolto por uma calota esclerenquimática em forma de
arco voltada para a face adaxial, com extenção de bainha até a epiderme (Figs. 6A e
6B). Na região central encontram-se os feixes vasculares, com floema externo ao
xilema e parênquima medular (Fig 6B).
56
A B
Figura 6. Secção transversal da nervura principal dos foliólulos da folha de Jacaranda decurrens Cham. Fig. 6A, aspecto geral. Fig. 6B, detalhe do sistema vascular central. Fig. 6C, detalhe da epiderme apresentando tricomas glandulares Legenda: Esc – esclerênquima; Fl – floema; Xi – xilema; Ttg – tricoma tector globoso; Ttl – tricoma tector longo.
C
57
3.2.3. Raque Secundária
A secção da região mediana da raque secundária mostrou que ela
apresenta formato arredondado com duas projeções na parte abaxial em forma de
“V”. A epiderme é uniseriada com cutícula espessa em toda a sua extenção (Fig.
7A).
O sistema vascular central é totalmente envolvido por uma calota
esclerenquimática, com floema externo ao xilema e parênquima medular com
pontuações (Figs.7A, 7B e 7C).
58
A B
C
Figura 7. Secção transversal da raque secundária da folha de Jacaranda decurrens Cham. Fig. 7A, aspecto geral da nervura principal. Fig. 7B, detalhe do perênquima medular. Fig. 7C, detalhe do parênquima medular. Legenda: Ep – epiderme; Pc – parênquima cortical. Esc – anel esclerênquimático; Fl – floema; Xi – xilema; Pm – parênquima medular.
59
3.2.4. Raque primária
A secção transversal da região mediana da raque primária mostrou a face
abaxial arredondada e face adaxial com duas projeções formando uma concavidade
(Fig. 8A). Cada projeção apresenta 03 feixes vasculares, sendo o central de menor
tamanho (Figs. 8A e 8B).
Observa-se a presença de tricomas glandulares e tectores pluricelulares
unisseriados em toda a epiderme (Figs. 8A, 8B, 9C, 9D e 10B). Esta é unisseriada
em toda a sua extenção com cutícula espessa apresentando verrucosidades (Figs.
8B e 8D). Os feixes vasculares das projeções apresentam-se envolvidos por uma
calota esclerenquimática, onde no feixe de maior diâmetro são observados ninhhos
de floema intercalados ao xilema e limitados internamente por fibras
esclerênquimáticas (Fig. 8C).
O sistema vascular central apresenta-se envolto por uma bainha
esclerenquimática em toda a sua extensão (Figs. 8A e 10A). O floema encontra-se
externo ao xilema e um parênquima medular central com células isodiamétricas de
tamanhos variados (Figs. 8A, 9A, 9B, 9C, 10A e 10C). Na calota esclerenquimática
observa-se e presença de células pétreas (Fig. 9A).
Histoquímica com reagente de Steinmetz evidenciou cutícula espessa e
material lipídico no parênquima cortical (Fig. 10D).
60
A B
C D Figura 8. Secção transversal da raque primária da folha de Jacaranda decurrens Cham. Fig. 8A, aspecto geral. Fig. 8B, detalhe dos dois primeiros feixes vasculares dos prolongamentos superiores. Fig. 8C, detalhe do terceiro feixe vascular do prolongamento superior. Fig. 8D, detalhe da epiderme abaxial até o floema. Legendas: Ep – epiderme; Fv – feixe vascular; Fl – floema; Xi – xilema; Esc – esclerênquima.
61
A B
C D
Figura 9. Secção transversal da raque primária da folha de Jacaranda decurrens Cham. Fig. 9A, presença de células pétreas na calota esclerenquimática. Fig. 9B, parênquima medular com pontuações. Fig. 9C, tricoma glandular na epiderme lateral. Fig. 9D, tricoma tector alongado.
62
A B
C D
Figura 10 – Secção transversal da raque primária da folha de Jacaranda decurrens Cham. Fig. 10A, aspecto geral. Fig. 10B, detalhe do tricoma tector na epiderme lateral. Fig. 10C, detalhe da epiderme abaxial até parênquima medular. Fig 10D, histoquímica com reagente de Steinmetz. Legenda: Pm – parênquima medular; Xi – xilema; Fl – floema; Esc – esclerêqnuima; Pc – parênquima cortical; Ep – epiderme; Gl – gotículas de material lipídio.
63
3.2.5. Pecíolo.
A região mediana do pecíolo, em secção transversal, evidenciou a face
abaxial arredondada e adaxial com duas projeções contendo três feixes vasculares
menores em cada uma e formando uma concavidade entre ela (Fig. 11A).
Observa-se a presença de tricomas tectores pluricelulares e unisseriados
em toda a epiderme (Fig. 11D). Esta é unisseriada em toda a sua extensão com
cutícula espessa apresentando verrucosidades. Os feixes vasculares das projeções
da face adaxial apresentam-se protegidos por uma calota esclerenquimática e
ninhos de floema em volta do xilema (Figs 11A, 11B e 11C).
O sistema vascular central apresenta-se envolto por uma camada de bainha
esclerenquimática em toda a sua extensão, floema externo ao xilema e um
parênquima medular central com células isodiamétricas (Figs. 12A e 12B).
64
A B
C D Figura 11. Secção transversal da região mediana do pecíolo da folha de Jacaranda decurrens Cham. Fig. 11A – aspecto geral. Fig. 11B – detalhe do primeiro feixe vascular da projeção da face adaxial. Fig. 11C, detalhe do terceiro feixe vascular da projeção da face adaxial. Fig. 11D, detalhe do tricoma da epiderme do pecíolo. Legenda: Pm – parênquima medular; Fv – feixe vascular.
65
A
B Figura 12: Secção transversal da região mediana do pecíolo da folha de Jacaranda decurrens Cham. Fig. 12A, detalhe da epiderme abaxial até xilema. Fig. 12B, detalhe da epiderme abaxial até perênquima medular. Legendas: Ep – epiderme, Esc – esclerênquima, Fl – floema; Xi – xilema; Pm – parênquima medular.
66
3.2.6. Pulvino
A secção transversal do pulvino apresenta a face abaxial convexa e face
adaxial côncava (Fig. 13A). A epiderme é uniseriada em toda a sua extensão e com
tricomas tectores retos e enrolados (Fig. 14A, 14B e 14C). Observam-se dois feixes
vasculares menores próximos à face adaxial (Fig. 13A). O sistema vascular central
apresenta a forma de arco com abertura voltada para a epiderme adaxial (Fig. 13A).
Observa-se calota esclerenquimática envolvendo o sistema vascular central, floema
externo ao xilema parênquima medular central com células isodiamétricas
apresentando pontuações (Figs. 13A, 13B, 13C, 14D e 14E).
67
A
B C
Figura 13. Secção transversal do pulvino da folha de Jacaranda decurrens Cham. Fig. 13A, aspecto geral. Fig. 13B, sistema vascular central, Fig. 13C – feixe vascular lateral próximo à face adaxial.
68
A B
C D Figura 14. Secção transversal do pulvino das folhas de Jacaranda decurrens Cham. Fig. 14A, detalhe da epiderme adaxial. Fig. 14B, tricoma tector da epiderme adaxial. Fig. 14C, tricoma tector enrolado da epiderme adaxial. Fig. 14D, detalhe do esclerênquima, floema, xilema e parênquima medular. Fig. 13E, detalhe do esclerênquima, floema e idioblasto. Legendas: Ep – epiderme; Fv – feixe vascular; Esc – esclerênquima; Fl – floema; Xi – xilema; Pm – parênquima medular; Tt tricoma tector; Tte – tricoma tector enrolado.
E
69
3.2.7. Microscopia de Pó
Na microscopia de pó de Jacaranda decurrens submetido ao reagente de
Steinmetz observou-se a presença de fragmentos de epiderme superior, epiderme
inferior apresentando estômatos, tricomas tectores unisseriados, plurisseriados,
células e fragmentos de fibras com bainha cristalífera (Figs. 15A – 15E).
70
A B
C D
Figura 15. Microscopia de pó das folhas de Jacaranda decurrens Cham. submetido ao reagente de Steinmetz. Fig. 15A, fragmento de epiderme adaxial. Fig. 15B, fragmento de epiderme abaxial. Fig. 15C, tricoma tector pluricelular unisseriado. Fig. 15D: célula pétrea. Fig. 15E, fragmento de fibras com bainha cristalífera.
E
71
3.3.TEORES DE UMIDADE, CINZAS TOTAIS E INSOLÚVEIS EM ÁCIDO
CLORÍDRICO.
Os teores de umidade, cinzas totais e insolúveis em ácido expressos em
porcentagem (p/p) para a amostra de Jacaranda decurrens coletada estão descritos
na tabela 1.
Tabela 1. - Teores de umidade, cinzas totais e insolúveis em ácido clorídrico expressos em percentagem (p/p) em folhas de Jacaranda decurrens Teor de Umidade Teor de Cinzas Totais Cinzas Insolúveis em HCl 7,43 7,75 0,53
3.4. PROSPECÇÃO FITOQUÍMICA
Os resultados dos testes fitoquímicos para detecção das principais classes
de metabólitos secundários presentes na amostra analisada estão expressos na
Tabela 2.
Tabela 2: Principais classes de metabólitos secundários testados na amostra de Jacaranda decurrens Classses de Metabólitos Resultados Heterosídeos antraquinônicos - Heterosídeos flavonóides + Heterosídeos digitálicos - Taninos - Saponinas + Alcalóides - Cumarinas + (+) Positivo (-) Negativo
72
3.5. DOSEAMENTO DE FLAVONÓIDES TOTAIS.
A porcentagem de flavonóides totais presentes na amostra de folhas de
Jacaranda decurrens foi de 0,53%.
73
4. DISCUSSÃO
4.1. CARACTERES MORFO-ANATÔMICOS
As características macroscópicas das folhas de Jacaranda decurrens do
espécime analisado neste trabalho correspondem a descrição feita por Corrêa
(1984) para esta espécie e também se enquadra no conjunto de características da
família Bignoniaceae apresentado por Gemtchúnicov (1976).
Vidal (1978) chama a atenção para fato de os foliólulos de organizarem-se
nas folhas jovens de tal forma que dão à planta o aspecto de uma samambaia.
A epiderme adaxial é formada por células de paredes sinuosas assim como
em outras espécies da mesma família. Além deste tipo celular, é possível observar a
presença de estrias, muitas vezes sinuosas e irregulares, formando saliências no
centro das células, conferindo em conjunto um aspecto rugoso que também foram
encontradas em Jacaranda acutifolia Humb. & Bompl., Jacaranda brasiliana (Lam.)
Pers. e Jacaranda filicifolia (Anders.). A presença de tricomas tectores pluricelulares
longos e unisseriados na epiderme adaxial apesar de serem menos freqüentes nesta
família, aparecem na espécie estudada (VIDAL, 1978). A presença de estômatos
anomocíticos na epiderme também foi observada em Arrabidaea chica (Humb. &
Bonpl.) B. Verl. por Puhl et al. (2007). O predomínio de estômatos na epiderme
abaxial também foi descrito para as folhas de Tabebuia aurea (Manso) Benth. &
Hook f. ex S. Moore feitas por Cabral et al. (2004).
A folha de Jacaranda decurrens apresenta em secção transversal da folha
mesofilo com simetria dorsiventral, assim como foi observado para Pyrostegia
venusta (Ker Gawl.) Miers por Duarte e Jurgensen (2007) e para espécimes de
74
Jacaranda decurrens coletados no cerrado de Botucatu (MAURO et al., 2007). Esta
mesma autora também observou 1-2 camadas de parênquima paliçádico e 2-3 de
lacunoso no mesofilo, além de compactação dos parênquimas clorofilianos
revelando adaptação da planta ao ambiente xerofitico. Deve-se chamar a atenção
para o fato da presença de epiderme unisseriada ter sido uma característica também
encontrada em outras espécies de Bignoniaceae (SOUZA; LOPES; ALMEIDA, 2007;
ORTOLANI, 2007; MAURO et al., 2007).
Foi observada na nervura principal a presença de cutícula espessa na face
adaxial. Esta localização pode estar relacionada com a absorção de compostos
orgânicos como propõe Bukovac et al. (1990).
Algumas características são comuns à nervura principal, raque primária,
região mediana do pecíolo, pulvino e região mediana da haste. Todas essas
estruturas foliares apresentam no feixe vascular o floema externo ao xilema, sistema
vascular central totalmente envolvido por calota esclerêquimática, presença de
tricomas tectores e epiderme unisseriada em toda a extensão podendo apresentar
ou não cutícula espessa. O sistema vascular representado por um cilindro floemático
externo ao xilemático, ocorrendo oposição de calotas esclerenquimáticas ao floema
também foi descrito por Duarte e Jurgensen (2007) na descrição morfoanatômica da
folha de Pyrostegia venusta (Ker Gawl.) Miers.
A presença de cristais prismáticos e oxalato de cálcio, também encontradas
em Pyrostegia venusta (Ker Gawl.) Miers por Duarte e Jurgensen (2006), não é
observada somente nas folhas de espécies da família Bignoniaceae. Puhl et al.
(2007) também observaram estas estruturas no parênquima medular de raízes de
Arrabidae chica (Humb. & Bonpl.) Verl. Essa observação pode ser uma característica
75
unificadora para as espécies desta família botânica, porém sem efeito diagnóstico
uma vez que se encontra em mais de uma espécie.
Pôde-se observar que os tricomas tectores foram predominantes nas folhas
de Jacaranda decurrens em relação aos glandulares. Ainda segundo Mauro et al.
(2007) a abundância de tricomas também pode ser interpretada como uma
adaptação da planta a ambientes xerofíticos.
Diante do exposto pode-se inferir que os testes de controle de qualidade de
matérias-primas vegetais se complementam. Porém é necessário que existam
parâmetros de qualidade bem definidos capazes de qualificar uma matéria-prima
para uso medicinal. Este estudo então se propôs a contribuir com o fornecimento de
dados relativos à Jacaranda decurrens considerando a possibilidade de esta planta
vir a se tornar matéria-prima para a produção de medicamentos fitoterápicos.
4.2. TEORES DE UMIDADE, CINZAS TOTAIS E INSOLÚVEIS EM ÁCIDO
CLORÍDRICO.
A amostra das folhas de Jacaranda decurrens coletada apresentou 7,43%
de teor de umidade. Segundo Lapa et al. (2004) o excesso de umidade em matérias-
primas vegetais permite a ação de enzimas, podendo acarretar a degradação de
constituintes químicos, além de possibilitar o desenvolvimento de fungos, insetos e
bactérias. Ainda segundo o mesmo autor, o teor máximo de umidade estabelecido
nas farmacopéias varia entre 8 e 14%, com poucas exceções especificadas nas
monografias. A determinação do teor de umidade deve, portanto, ser definida para
76
cada matéria-prima vegetal, principalmente se possuir características higroscópicas
e se deterioram facilmente na presença de água (WHO, 1998).
O teor de cinzas totais para a amostra analisada foi de 7,75% (p/p). A
determinação deste parâmetro permite verificar a presença de impurezas
inorgânicas não voláteis que podem estar presentes como contaminantes na
matéria-prima vegetal (FARIAS 2004). Essas impurezas não voláteis incluem tanto
as cinzas ditas fisiológicas, constituídas por matéria inorgânica da própria planta,
como as não fisiológicas, derivadas de impurezas de natureza inorgânica que
aderem à superfície do vegetal (WHO, 1998).
O teor de cinzas insolúveis em ácido clorídrico foi de 0,53% (p/p). Esta
análise permite a verificação de contaminantes como resíduo de terra e areia
(materiais silicosos) presentes na amostra (FARIAS 2004).
4.3. PROSPECÇÃO FITOQUÍMICA
Nas análises realizadas no espécime Jacaranda decurrens, foi observado a
presença das seguintes classes de metabólitos secundários: heterosídeos fenólicos,
heterosídeos flavonóides, esteróides, heterosídeos triterpenos, saponinas, amido,
cumarinas e resinas.
Metabólitos secundários são definidos como substâncias não
necessariamente relacionadas de forma direta à manutenção da vida do organismo
produtor, mas garantem a este, vantagens para sua sobrevivência e para a
perpetuação de sua espécie em seu ecossistema (SANTOS; MELLO, 2004).
77
A importância dos metabólitos secundários baseia-se no fato de atualmente
se saber que muitas destas substâncias estarem diretamente envolvidas nos
mecanismos que permitem a adequação do produtor ao seu meio. De fato, já foram
reconhecidas como funções de substâncias pertencentes a esta classe de
metabólitos, por exemplo, a defesa contra herbívoros e microrganismos, a proteção
contra raios UV, a atração de polinizadores ou animais dispersores de sementes,
bem como sua participação em alelopatias. E do ponto de vista farmacêutico, o
maior interesse por estes compostos deriva principalmente do grande número de
substâncias farmacologicamente importantes (SANTOS; MELLO, 2004).
Todas as reações de caracterização de heterosídeos flavonóides resultaram
positivas.
Na reação de Shinoda ou da cianidina os derivados que tem cor amarelada,
em presença de meio ácido, reduzem-se tornando-se vermelhos, ou no caso de
derivados antociânicos azulados. Chalconas e isoflavonas não desenvolvem cor
nesse ensaio (ZUANAZZI; MONTANHA, 2004).
Na reação oxalo-bórica, os componentes da amostra, na presença de ácido
bórico e oxálico, apresentam fluorescência verde ou ligeiramente amarelada sob luz
ultravioleta (COSTA, 2001).
Na presença de ácido sulfúrico concentrado os compostos flavônicos
formam sais de oxônio que podem ser precipitados pela adição de água. As flavonas
e flavonóis formam soluções fortemente amareladas, as flavanonas, laranja e
vermelho e as chalconas e auronas coloração vermelho a carmim (ZUANAZZI;
MONTANHA, 2004).
O cloreto de alumínio forma complexos com hidroxilas vizinhas ou hidroxilas
e carbonilas vizinhas nos derivados flavonóides e tais complexos apresentam
78
fluorescência que vai do amarelo ao azul-esverdeado quando observados sob a luz
ultra-violeta (COSTA, 2001).
Zuanazzi e Montanha (2004) afirmam que muitos compostos fenólicos na
presença de cloreto férrico desenvolvem coloração azul, verde, marrom ou
vermelho. Provavelmente isto se dá pelo fato do cloreto férrico complexar-se com as
hidroxilas presentes nos derivados flavonóides, formando produtos corados.
A detecção de saponinas no vegetal baseou-se em sua propriedade de
diminuir a tensão superficial. Este teste é realizado com o extrato aquoso obtido a
partir do decocto do vegetal. Após agitação enérgica do extrato filtrado em tubo de
ensaio, a formação de espuma, que não desaparece com a adição de um ácido
mineral diluído, indica a presença de saponinas (SCHENKEL; GOSMANN;
ATHAYDE, 2004).
A detecção de cumarinas na amostra tem relação com o fato desta classe
de metabólitos secundários possuir um espectro ultravioleta característico, o qual é
fortemente influenciado pela natureza e posição dos grupos substituintes. Isso acaba
facilitando também a visualização destes compostos por cromatografia em camada
delgada (KUSTER; ROCHA, 2004).
4.4. ANÁLISE QUANTITATIVA DE FLAVONÓIDES TOTAIS
O doseamento dos flavonóides totais foi feito de acordo com a monografia
da Calêndula (FARMACOPÉIA BRASILEIRA IV, 2001), portanto expresso como
79
hiperosídeo. O valor de 0,53% encontrado aproxima-se daquele descrito para a
matéria-prima vegetal da calêndula que não deve possuir menos de 0,4% de
flavonóides totais, calculados como hiperosídeo (FARMACOPÉIA BRASILEIRA IV,
2001). O Folium Ginkgo (Ginkgo biloba L.) deve conter não menos que 0,5% de
flavonóides calculados como flavonol glicosídeos ou 0,2 – 0,4% calculados como
agliconas (WHO, 1999).
Os flavonóides representam um dos grupos fenólicos mais importantes e
diversificados entre os produtos de origem natural. Essa classe de compostos é
amplamente distribuída no reino vegetal. Quase ausente em algas, alguns
representantes foram identificados em briófitas existindo somente um relato de
ocorrência em fungos. Em pteridófitas também foram encontrados, mas sua
variabilidade estrutural é pequena. Todavia, estão presentes em abundância em
angiospermas, apresentando nesse grupo enorme diversidade estrutural.
Flavonóides foram encontrados em algumas espécies da família
Bignoniaceae. Blatt et al. (1996) isolaram os flavonóides 6-hidroxiluteolina, luteolina-
7-O-glucosídeo, quercetina-3-O-glucosídeo, quercetina-3-O-galactosídeo, rutina e 3-
O-diglicosídeo de quercetina de Tabebuia caraiba (Mart.) Bureau e Ferreira et al.
(2000) determinaram a presença de flavonóides em Pyrostegia venusta (Ker Gawl.)
Miers. e Takemura et al. (1995) descreveram o flavonóide 6,7,3´,4´-tetrahidroxi-5-
metoxiflavona isolado a partir de Arrabidaea chica fo cuprea (Cham.).
Os flavonóides possuem diversas atividades farmacológicas já descritas na
literatura. São elas: antitumoral, antiespasmódica, antiinflamatória, antimicrobiana,
antimutagênica, antiúlcera, antiviral, antioxidante, estrogênica e tripanossomicida
(ZUANAZZI; MONTANA, 2004).
80
5. CONCLUSÕES
O presente estudo possibilitou determinar as características morfológicas do
espécime de Jacaranda decurrens Cham. analisado, assim como determinar os
teores de umidade, cinzas totais e insolúveis em ácido. Além disso, foram
identificadas as pricipais classes de metabólitos secundários e o teor de falvonóides
totais.
Os resultados obtidos apesar de não poderem ser utilizados como parâmetros
definitivos de controle de qualidade, podem contribuir com estudos posteriores onde
sejam avaliados esses mesmos parãmeros para espécimes coletadas em locais e
em épocas do ano diferentes.
81
REFERÊNCIAS
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84
Capítulo 3
Atividade antimicrobiana de
Jacaranda decurrens Cham.
85
1. INTRODUÇÃO
O termo antibiose foi criado em 1889, para designar o processo natural de
seleção pelo qual um ser vivo destrói um outro para assegurar sua própria
sobrevivência. Dez anos mais tarde Warde empregou o termo antibiose
especificamente para se referir ao antagonismo microbiano. Mas, somente em 1942
surgiu a definição de antibiótico por Waksman, que assim considerava as
substâncias elaboradas por seres vivos, geralmente microscópicos, capazes de agir
como tóxicos seletivos, em pequenas concentrações, sobre os microrganismos. O
conceito inicial envolvia a produção de substâncias por bactérias e, principalmente,
fungos. Posteriormente, foi verificado que não só os microrganismos produziam
antibióticos, mas que vegetais superiores eram, também, produtores. Entre eles
citam-se o jacarandá, a caviúna e várias árvores e plantas existentes no Brasil e em
outras partes do mundo. Com o descobrimento, em seguida, de substâncias
antibióticas que tem ação citostática, o conceito inicial de tóxico seletivo teve que ser
estendido para tumores. Atualmente, com a obtenção laboratorial de vários
antibióticos, verificam-se que estas substâncias podem ser enquadradas no conceito
de quimioterápicos (TAVARES, 2001).
Os agentes quimioterápicos são substâncias químicas utilizadas no
tratamento das doenças infecciosas ou neoplásicas, em concentrações que são
toleradas pelo hospedeiro. O conceito de quimioterápico abrange essencialmente as
substâncias sintetizadas laboratorialmente ou de origem vegetal que apresentam
toxicidade baixa para as células normais do hospedeiro e alta para o agente
agressor. É por esta razão que determinados agentes não são considerados
quimioterápicos, pois não tem toxicidade seletiva, mostrando-se lesivos para o
86
hospedeiro animal. Embora os antibióticos possam ser enquadrados dentro dos
quimioterápicos ao lado das sulfas, nitrofurânicos, anti-helmínticos etc., é tradicional
a sua separação dentro da quimioterapia antiinfecciosa, principalmente porque
grande número deles ainda é obtido através de processos de fermentação a partir
de fungos e bactérias (TAVARES, 2001).
A classificação mais comum dos antibióticos baseia-se na estrutura química
e no mecanismo de ação proposto da seguinte maneira: (1) agentes que inibem a
síntese da parede celular bacteriana; incluem as penicilinas e cefalosporinas, que
são estruturalmente semelhantes, bem como agentes distintos, como a ciclosserina,
vancomicina, bacitracina e os antifúgicos azóis; (2) agentes que atuam diretamente
sobre a membrana celular do microrganismo, afetando sua permeabilidade e
resultando em extravasamento de compostos intracelulares; incluem os detergentes,
como a polimixina e os antifúngicos poliênicos, a nistatina e a anfotericina B, que se
ligam aos esteróis da membrana celular; (3) agentes que afetam a função das
subunidades ribossômicas 30S ou 50S, causando inibição reversível da síntese de
proteínas; esses bacteriostáticos incluem o cloranfenicol, as tetraciclinas, a
eritromicina, a clindamicina e as pristinamicinas; (4) agentes que se ligam a
subunidade ribossômica 30S e alteram a síntese de proteínas resultando finalmente
a morte celular, incluem os aminoglicosídeos; (5) agentes que afetam o metabolismo
bacteriano dos ácidos nucléicos, como as rifamicinas, que inibem a RNA-polimerase,
e as quinolonas, que inibem as topoisomerases; (6) os antimetabólitos, que incluem
o trimetoprim e as sulfonamidas que bloqueiam enzimas essenciais ao metabolismo
do folato; (7) agentes antivirais (CHAMBERS, 2003).
As características do antibiótico ideal seriam ter atividade antibacteriana
sobre amplo espectro de germes; ser absorvido por via oral e parenteral; ter fácil
87
distribuição pelos tecidos e líquidos orgânicos, atingindo concentração bactericida,
não sofrer destruição por enzimas tissulares, não provocar efeitos irritantes, tóxicos
ou alérgicos no hospedeiro, não induzir o desenvolvimento de germes resistentes;
não provocar a diminuição da resistência do organismo; não ter efeitos
teratogênicos; produzir concentrações elevadas por tempo prolongado; ser
facilmente obtido em escala industrial, possibilitando sua fabricação em grandes
quantidades e a preços baixos. Tal antibiótico ideal ainda não foi conseguido e
aqueles que mais se aproximam apresentam alto custo, o que torna problemático o
seu uso pelas populações de menor poder aquisitivo (TAVARES, 2001).
O conhecimento do fenômeno da resistência a agentes químicos e físicos
entre os microrganismos data do início da era microbiana. Diz-se que uma bactéria é
resistente a determinado antibiótico quando o germe é capaz de crescer in vitro em
presença da concentração que esta droga atinge no sangue (CLOETE, 2003).
A resistência microbiana pode ser natural ou adquirida. A resistência natural
ou intrínseca faz parte das características biológicas primitivas dos microrganismos e
é observada regularmente em uma determinada espécie bacteriana em relação a
diferentes antimicrobianos. Resulta de genes cromossômicos que codificam a
existência na célula de estruturas ou mecanismos que impedem o antibiótico de agir
em seu receptor ou que codificam a falta de sítio de ação da droga ou que
determinam a existência de receptores inadequados para a ligação com uma
substância específica. A resistência natural é previsível uma vez identificado o
microrganismo e tem importância clínica menor na atualidade, considerando a
multiplicidade de substâncias antimicrobianas disponíveis para o tratamento das
infecções bacterianas (BERGER-BÄCHI, 2002; HOGAN; KOLTER, 2002).
88
A resistência adquirida é aquela que se desenvolve em uma bactéria
primitivamente sensível a um dado ou a diversos antimicrobianos. Refere-se,
portanto, ao surgimento em um determinado momento, de exemplares de uma
espécie bacteriana que não mais sofrem a ação de drogas que são efetivas contra a
população original desta bactéria. A resistência adquirida tem também uma origem
genética e decorre de modificações na estrutura e funcionamento da célula que
bloqueiam a ação dos antimicrobianos (MCKEEGAN; BORGES-WALMSLEY;
WALMSLEY, 2002).
Este tipo de resistência é o mais importante devido à crescente participação
de microrganismos com resistência desenvolvida na gênese de quadros clínicos
infecciosos. Como conseqüência, ocorre agravamento do prognóstico destas
infecções e elevação do custo do tratamento, além da importância na modificação
da ecologia ambiental (WALSH; AMYES, 2004).
Trabalhos têm sido realizados no sentido de se estar avaliando a resistência
dos microrganismos ao arsenal terapêutico existente. Makedou et al (2005)
estudaram mudanças no perfil de suscetibilidade de microrganismos gram-negativos
no período de 2000 a 2002 em unidades de cuidados intensivos. Os microrganismos
que foram isolados com maior freqüência foram: Pseudomonas aeruginosa,
Acinetobacter calcoaceticus e Klebisiella pneumoniae. Mais da metade dos isolados
de Pseudomonas aeruginosa mostraram-se resistentes a ciprofloxacina, imipenen, e
ticarcilina/ácido clavulânico em 2000, enquanto a resistência a amicacina e
piperacilina/tazobactam foi relativamente baixa. Em 2002 houve um aumento de
resistência para todos os agentes antimicrobianos, observando-se taxas maiores de
resistência para amicacina e tobramicina. Em relação à Acinetobacter calcoaceticus,
houve no período estudado aumento no perfil de resistência para o imipenem e
89
piperacilina/tazobactam. A Klebisiella pneumoniae se tornou menos susceptível a
amicacina, ticarcilina/ácido clavulânico e piperacilina/tazobactam.
Em um outro estudo Loureiro et al. (2002) ao estudarem cepas
multiresistentes isoladas de culturas de sangue de recém-nascidos hospitalizados
em uma unidade hospitalar no Rio de Janeiro, observaram que os microrganismos
gram-negativos foram isolados com maior freqüência. Neste estudo os
antimicrobianos que apresentaram maiores taxas de resistência (acima de 70%)
pelos microrganismos avaliados foram cefuroxima (98,9%), cefalotina (91,1%),
ceftriaxona (88%), ceftazidima (77,1%), carbenicilina (75%) e cefepima (72,9%).
Al-Tawfiq (2007) através de estudo com isolados de Pseudomonas
aeruginosa de pacientes internos e ambulatoriais, mostrou que as cepas isoladas da
primeira categoria de pacientes apresentaram taxa de resistência duas vezes maior
que a segunda. Esta observação provavelmente está relacionada a maior exposição
dos microrganismos isolados dos pacientes internados a um espectro maior de
agentes antimicrobianos.
Staphylococcus aureus também tem assumido importante papel no cenário
de resistência microbiana. Lee et al. (2007) ao avaliarem a prevalência de infecções
hospitlares e o uso de antibióticos em um centro médico universitário em Hong
Kong, observaram que Staphylococcus aureus resistentes à meticilina foi um dos
patógenos mais encontrados nos pacientes avaliados e Prado (2007) ao verificar a
presença deste microrganismo na saliva de profissinais das equipes médica e de
enfermagem de instituição de saúde de Goiânia, constatou que 9,7% dos
investigados eram portadores de Staphylococcus aureus resistentes à meticilina e
8,7% à oxacilina. Orrett et al. (2007) ao estudarem os casos de bacteremia em
90
hospitalizadas em um hospital regional de Trinidad verificaram que quase 90% e
cerca de metade dos Staphylococcus aureus foram resistentes à ampicilina e
eritromicina, respectivamente e 11,3% eram resistentes à meticilina. Spiandorello et
al. (2000) ao estudarem amostras de Staphylococcus aureus identificadas em
infecções de pacientes internados no hospital Nossa Senhora Medianeira no período
compreendido entre setembro de 1995 e novembro de 1999, encontraram que
32,7% das amostras eram resistentes à oxacilina, nenhuma à vancomicina e 92,6%
à penicilina.
Plantas medicinais podem representar uma rica fonte de moléculas com
atividade antimicrobiana. Fukai et al. (2002) isolaram flavonóides com atividade
antimicrobiana contra cepas de Staphylococcus aureus resistentes a meticilina. Em
outro estudo Sanches et al. (2005) observaram a inibição do crescimento de cepas
de Staphylococcus aureus, Bacillus subtilis, Escherichia coli e Pseudomonas
aeruginosa pelos extratos etanólico e aquoso da casca do caule, folhas e raízes de
Psiduim guajava (L.). Alves et al. (2000) através da avaliação da atividade
antimicrobiana de 42 espécies de plantas medicinais brasileiras contra cepas de
Staphylococcus aureus, Escherichia coli, Bacillus cereus e Pseudomonas
aeruginosa puderam observar que a maioria dos microrganismos foi sensível a pelo
menos a uma das espécies vegetais testadas.
Considerando-se a perspectiva de uso das plantas medicinais no tratamento
de infecções causadas por diversos microrganismos e o uso etnofarmacológico da
Jacaranda decurrens, é que se procurou investigar a atividade antimicrobiana do
extrato etanólico bruto das folhas desta espécie vegetal, assim como das frações
aquosa, acetato de etila, diclorometano e hexânica frente a microrganismos gram-
positivos e gram-negativos.
91
2. METODOLOGIA
2.1. MATERIAL BOTÂNICO
O material botânico usado para a preparação do extrato etanólico bruto e das
frações aquosa, acetato de etila, diclorometano e hexânica foi obtido conforme
descrito na seção 2.1.1 do Capítulo 2.
2.2. OBTENÇÃO DO EXTRATO ETANÓLICO BRUTO
O material previamente pulverizado foi submetido a um processo de
maceração a frio, com o uso de agitador mecânico por 4 horas utilizando como
líquido extrator, etanol 95% (p/V) P.A. A proporção utilizada foi de uma parte do
material pulverizado, para quatro partes do solvente. Após a maceração, filtrou-se
em papel de filtro, e o extrato obtido foi concentrado em evaporador rotativo a uma
temperatura de 40º C. O resíduo vegetal foi extraído por mais três vezes de maneira
análoga à primeira, obtendo-se assim o extrato etanólico bruto das folhas de
Jacaranda decurrens (FERRI, 1996).
92
2.3. FRACIONAMENTO DO EXTRATO ETANÓLICO
O fracionamento do extrato etanólico bruto foi feito segundo metodologia
descrita por Ferri (1996), a qual consistiu na dissolução do mesmo na mistura
metanol/água na proporção de 7:3, que foi submetida a partições líquido-líquido
sucessivas com hexano, diclorometano e acetato de etila. Desta forma, foram
obtidas 4 frações: fração hexânica (FH), fração diclorometano (FD), fração acetato
de etila (FAc) e fração aquosa (Faq). As frações obtidas foram empregadas nos
testes de atividade antimicrobiana (NCCLS, 2003).
2.4. TESTE DE DIFUSÃO EM ÁGAR
A avaliação da atividade antimicrobiana foi feita através do teste de difusão
em ágar, conforme descrito por Grove e Randal (1955), Salvador et al. (2002) e
Okeke et al. (2001). Para tanto foram utilizadas inicialmente cepas padrão American
Type Culture Collecttion (ATCC) e isolados microbianos, pertencentes à Bacterioteca
do Laboratório de Bacteriologia Médica do Instituto de Patologia Tropical e Saúde
Pública – UFG, descritas no Quadro 1.
93
Microrganismos Usados na Avaliação da Atividade Antimicrobiana Bactéria Gram-Positivas Staphylococcus aureus 481 Micrococcus roseus 1740 Micrococcus luteus ATCC 9341 Bactérias Gram-Positivas Esporuladas Bacillus cereus 14756 Bacillus stearothermophylus 1262 Bacillus subtilis ATCC 6633 Bactérias Gram-Negativas Enterobacter cloaceae HMA/FTA502 Enterobacter aerogenes ATCC 13048 Escherichia coli ATCC 8739 Escherichia coli ATCC 11229 Pseudomonas aeruginosa ATCC 9027 Serratia marcescens ATCC 14756
Quadro 1 - Microrganismos utilizados na triagem de atividade antimicrobiana
Os microrganismos armazenados foram reativados pelo repique em caldo
tioglicolato e incubados a 37º C por 24 – 48 horas. Após o crescimento, foi feito o
repique em ágar simples inclinado (ASI) contido em frascos 10 mL, os quais foram
incubados a 37º C por 24 horas. Após o desenvolvimento microbiano em ASI, foram
preparadas suspensões adicionando-se inóculo microbiano a 2,0 mL de solução
salina esterilizada 0,85% (p/V) até a obtenção de uma turvação equivalente a
metade do tubo n° 1 da escala de Macfarland.
Neste ínterim foram preparadas placas de Petri esterilizadas contendo 20 mL
de ágar Müeller Hinton obtendo-se assim, após a solidificação, a camada base.
Foi adicionado 100 µL da suspensão microbiana obtida conforme descrito
anteriormente a 10,0 mL de ágar Müeller Hinton estéril e liquefeito (temperatura
cerca de 50ºC), o qual foi homogeneizado e vertido rapidamente sobre a camada-
base. As placas foram mantidas sobre superfície plana até a solidificação do ágar.
Em seguida foram confeccionados orifícios de 5,0 mm de diâmetro
distribuídos circularmente em pontos eqüidistantes da placa, deixando-se o centro
94
sem orifício. Um dos orifícios da placa recebeu uma marcação para orientar a
inoculação dos extratos e das frações em sentido horário.
Assim, foi inoculado 10 µL do extrato bruto diluído 1:3 (p/V) em etanol 95%
(V/V) P.A da espécime vegetal nos respectivos orifícios, iniciando-se pelo orifício
marcado e seguindo-se no sentido horário. Esta etapa foi realizada em triplicata, ou
seja, o extrato foi inoculado em três orifícios seguidos. No último orifício da placa foi
inoculado o solvente utilizado na preparação do extrato, ou seja, etanol 95% (V/V)
P.A. O centro das placas de bactérias gram-positivas recebeu como controle um
disco de penicilina (10 µg) e o das placas de bactérias gram-negativas um de
eritromicina (15 µg). O experimento foi relaizado em triplicata.
As placas foram pré-incubadas à temperatura ambiente por um período de 2
horas e posteriormente incubadas a 37º C por 24 horas. Decorrido este período, com
o auxílio de uma régua milimetrada, foi medido o diâmetro da área em torno dos
orifícios que apresentaram ausência de desenvolvimento microbiano (halo de
inibição).
A realização desta triagem teve caráter meramente qualitativo, onde foi
possível observar se houve ou não alguma atividade antimicrobiana no extrato
etanólico bruto.
2.5. DETERMINAÇÃO DA CONCENTRAÇÃO INIBITÓRIA MÍNIMA DO EXTRATO
ETANÓLICO BRUTO E DAS FRAÇÕES
A determinação da concentração inibitória mínima (CIM) foi realizada pelo
método da diluição em ágar conforme recomendação do NCCLS (2003).
95
Primeiramente, realizaram-se diluições seriadas em duplicata com o extrato
etanólico bruto da seguinte forma: pesou-se, em tubo de ensaio estéril, 1400mg do
extrato etanólico bruto e completou-se o volume para 2 mL com etanol 95% (V/V), P.
A. (tubo 1). Adicionou-se 1 mL de água destilada estéril a uma seqüência de mais 8
tubos de ensaio estérelizados (tubos 2 a 9). Retirou-se uma alíquota de 1 mL do
tubo 1 e adicionou-se ao tubo 2, retirou-se uma alíquota de 1 mL do tubo 2 e
adicionou-se ao tubo 3 e, assim, sucessivamente, até o tubo 9 desprezando-se ao
final uma alíquota de 1 mL.
Em seguida, a cada um destes tubos adicionou-se 19 mL de ágar Müller
Hinton liquefeito (aproximadamente 50ºC), homogeneizou-se e verteu-se
rapidamente em placas de Petri estéreis. Desta forma obteve-se placas contendo o
extrato etanólico bruto dos espécimes em análise em concentrações que variaram
de 35 mg/mL até 0,135 mg/mL. Prepararam-se também placas controle contendo o
solvente utilizado na extração e contendo apenas ágar Müller Hinton.
Foram utilizados, para este ensaio, os microganismos descritos no Quadro 1
além de Staphylococcus epidermidis e outros isolados de Staphylococcus aureus,
Escherichia coli e Pseudomonas aeruginosa mantidos na bacterioteca do
Laboratório de Bacteriologia do Instituto de Patologia Tropical e Saúde Pública da
Universidade Federal de Goiás.
Estes microrganismos foram repicados para caldo tioglicolato e incubados a
37°C por 24 – 48 horas para reativação. Em seguida, foram repicados em placas
ASI e incubados novamente a 37° C por 24 horas. Após o desenvolvimento
microbiano, inóculos de cada microrganismo foram suspensos em 2 mL de solução
salina esterilizada 0,85% (p/V) até obtenção de uma turvação correspondente a
96
metade do tubo n° 1 da escala MacFarland. Transferiu-se 100 µL de cada uma
dessas suspensões para o inoculador de Steers (STEERS; FOLTZ; GRAAVES,
1959) e aplicou-se na superfície das placas de Petri contendo as diluições dos
extratos das plantas em ágar Müller Hinton e os controles. As placas foram
incubadas a 37° C por 24 horas. Foi considerada CIM a menor concentração capaz
de inibir o desenvolvimento microbiano.
97
3. RESULTADOS
3.1. TESTE DE DIFUSÃO EM ÁGAR
O extrato etanólico das folhas de Jacaranda decurrens analisado neste
trabalho, apresentou, pelo teste de difusão em ágar, atividade antimicrobiana para
todas as bactérias analisadas. Tais resultados estão demonstrados na Tabela 1 que
apresenta a média dos halos de inibição (mm) extraída das triplicatas de cada teste.
Tabela 1 - Halos de inibição (mm) do extrato etanólico bruto das folhas de Jacaranda
decurrens utilizando o teste de difusão em ágar*
Halos médios (mm) Microrganismos Extrato Etanol
95% (V/V) Penicilina 10µg/mL
Eritromicina 15µg/mL
Staphylococcus aureus 481 20 0 44 NR Micrococcus roseus 1740 17 0 20,3 NR MIcrococcus luteus 9341 9,5 0 78,6 NR Bacillus cereus 14576 10,3 0 12 NR Bacillus stearothermophylus 1262 9,5 0 53,5 NR Bacillus subtilis ATCC 6633 17,6 0 37,3 NR Enterobacter cloaceae ATCC HMA/FT 502
11,7 0 NR 8
Enterobacter aerogenes ATCC 13048
14,3 0 NR 0
Escherichia coli ATCC 8739 15 0 NR 11 Escherichia coli ATCC 11229 12 0 NR 18,3 Pseudomonas aeruginosa ATCC 9027
12,6 0 NR 10,3
Serratia marcescens ATCC 14756 10,6 0 NR 14,6
* Média de três repetições
NR = não realizado
98
3.2. DETERMINAÇÃO DA CONCENTRAÇÃO INIBITÓRIA MÍNIMA
Diante dos resultados obtidos na triagem anterior decidiu-se por fazer a
determinação da concentração inibitória mínima (CIM) do extrato etanólico bruto e
das frações aquosa, acetato de etila, diclorometano e hexânica. O extrato etanólico
bruto foi utilizado para a determinação da CIM frente aos microrganismos descritos
anteriormente além de outros isolados e cepas de referência. A CIM das frações foi
determinada utilizando-se os 25 isolados de Pseudomonas aeruginosa que foram
inibidos com a menor concentração do extrato etanólico bruto. Os resultados
encontram-se descritos nas Tabelas 2, 3 e 4
Tabela 2 - Concentração inibitória mínima (mg/mL) do extrato etanólico bruto das folhas de Jacaranda decurrens sobre microrganismos gram-positivos e gram-negativos. Microganismos CIM do Extrato (mg/mL) Bacillus cereus 14576 2,18 Bacillus stearothermophylus 1262 8,75 Bacillus subtilis ATCC 6633 4,37 Enterobacter aerogenes ATCC 13048 17,5 Enterobacter cloaceae HMA/FT 502 17,5 Escherichia coli ATCC 8739 17,5 Escherichia coli ATCC 11229 17,5 Escherichia coli ATCC 25922 35 Micrococcus luteus 9341 2,18 Micrococcus roseus 1740 4,37 Serratia marcescens ATCC 14756 35 Staphylococcus aureus 481 4,37 Staphylococcus aureus 937 4,37 Staphylococcus aureus 912 4,37 Staphylococcus aureus 897 4,37 Staphylococcus aureus 934 4,37 Staphylococcus aureus ATCC 6538 4,37 Staphylococcus aureus ATCC 25923 4,37 Staphylococcus aureus 915 4,37 Staphylococcus epidermidis ATCC 12228 2,18
99
Tabela 3 – Concentração inibitória mínima (mg/mL) do extrato etanólico bruto das folhas de Jacaranda decurrens sobre isolados de Pseudomonas aeruginosa. Microrganismo CIM do Extrato (mg/mL) Pseudomonas aeruginosa ATCC 9027 8,75 Pseudomonas aeruginosa ATCC 27853 17,5 Pseudomonas aeruginosa 2724 17,5 Pseudomonas aeruginosa 2443 17,5 Pseudomonas aeruginosa 6 8,75 Pseudomonas aeruginosa 9 8,75 Pseudomonas aeruginosa 18 8,75 Pseudomonas aeruginosa 21 8,75 Pseudomonas aeruginosa 24 4,37 Pseudomonas aeruginosa 46 8,75 Pseudomonas aeruginosa 56 8,75 Pseudomonas aeruginosa 61 8,75 Pseudomonas aeruginosa 71 8,75 Pseudomonas aeruginosa 73 8,75 Pseudomonas aeruginosa 96 8,75 Pseudomonas aeruginosa 100 8,75 Pseudomonas aeruginosa 120 8,75 Pseudomonas aeruginosa 124 8,75 Pseudomonas aeruginosa 134 8,75 Pseudomonas aeruginosa 140 4,37 Pseudomonas aeruginosa 170 4,37 Pseudomonas aeruginosa 171 8,75 Pseudomonas aeruginosa 187 8,75 Pseudomonas aeruginosa 238 8,75 Pseudomonas aeruginosa 251 8,75 Pseudomonas aeruginosa 253 8,75 Pseudomonas aeruginosa 256 8,75 Pseudomonas aeruginosa 269 8,75 Pseudomonas aeruginosa 270 8,75 Pseudomonas aeruginosa 272 8,75 Pseudomonas aeruginosa 307 8,75 Pseudomonas aeruginosa 309 17,5 Pseudomonas aeruginosa 313 8,75 Pseudomonas aeruginosa 318 8,75 Pseudomonas aeruginosa 329 8,75 Pseudomonas aeruginosa 330 8,75 Pseudomonas aeruginosa 370 4,37 Pseudomonas aeruginosa 379 8,75 Pseudomonas aeruginosa 380 8,75 Pseudomonas aeruginosa 407 8,75 Pseudomonas aeruginosa 415 8,75 Pseudomonas aeruginosa 433 8,75 Pseudomonas aeruginosa 436 8,75 Pseudomonas aeruginosa 439 8,75 Pseudomonas aeruginosa 446 17,5 Pseudomonas aeruginosa 477 8,75 Pseudomonas aeruginosa 495 8,75 Pseudomonas aeruginosa 496 8,75 Pseudomonas aeruginosa 586 8,75 Pseudomonas aeruginosa 2919 8,75
100
Tabela 3 (Continuação) - Concentração inibitória mínima (mg/mL) do extrato etanólico bruto das folhas de Jacaranda decurrens sobre Pseudomonas aeruginosa Pseudomonas aeruginosa VIH 8,75 Pseudomonas aeruginosa SPM-1 8,75 Pseudomonas aeruginosa 201 17,5 Pseudomonas aeruginosa 202 17,5 Pseudomonas aeruginosa 223 17,5 Pseudomonas aeruginosa 237 17,5 Pseudomonas aeruginosa 240 17,5 Pseudomonas aeruginosa 254 17,5 Pseudomonas aeruginosa 278 17,5 Pseudomonas aeruginosa 279 17,5 Pseudomonas aeruginosa 280 17,5 Pseudomonas aeruginosa 304 17,5 Pseudomonas aeruginosa 321 17,5 Pseudomonas aeruginosa 325 17,5 Pseudomonas aeruginosa 326 17,5 Pseudomonas aeruginosa 345 17,5 Pseudomonas aeruginosa 346 17,5 Pseudomonas aeruginosa 356 17,5 Pseudomonas aeruginosa 427 17,5 Pseudomonas aeruginosa 449 17,5 Pseudomonas aeruginosa 453 17,5 Pseudomonas aeruginosa 499 17,5 Pseudomonas aeruginosa 515 17,5 Pseudomonas aeruginosa 516 17,5 Pseudomonas aeruginosa 522 17,5 Pseudomonas aeruginosa 570 17,5 Pseudomonas aeruginosa 574 17,5 Pseudomonas aeruginosa 584 8,75 Pseudomonas aeruginosa 585 17,5 Pseudomonas aeruginosa IMP-1 8,75 Pseudomonas aeruginosa IMP-2 8,75 Pseudomonas aeruginosa VIM-2 17,5
101
Tabela 4 - Concentração inibitória mínima (mg/mL) das frações hexânica, diclorometano, acetato de etila e aquosa partindo do extrato etanólico bruto das folhas de Jacaranda decurrens sobre isolados de Pseudomonas aeruginosa. Microrganismos FH FD FAc FAq Pseudomonas aeruginosa 09 6,25 6,25 0,78 0,78 Pseudomonas aeruginosa 18 6,25 6,25 0,78 0,78 Pseudomonas aeruginosa 21 6,25 6,25 0,78 1,56 Pseudomonas aeruginosa 24 3,125 6,25 0,39 0,78 Pseudomonas aeruginosa 56 6,25 6,25 0,78 0,78 Pseudomonas aeruginosa 251 6,25 6,25 1,56 1,56 Pseudomonas aeruginosa 269 3,125 6,25 0,78 1,56 Pseudomonas aeruginosa 272 6,25 6,25 0,78 0,78 Pseudomonas aeruginosa 307 6,25 6,25 0,78 0,78 Pseudomonas aeruginosa 313 6,25 6,25 1,56 1,56 Pseudomonas aeruginosa 329 6,25 6,25 0,78 1,56 Pseudomonas aeruginosa 330 6,25 6,25 1,56 1,56 Pseudomonas aeruginosa 370 6,25 6,25 0,78 1,56 Pseudomonas aeruginosa 379 6,25 6,25 0,78 1,56 Pseudomonas aeruginosa 380 6,25 6,25 0,78 1,56 Pseudomonas aeruginosa 436 1,56 0,78 1,56 1,56 Pseudomonas aeruginosa 477 3,125 3,125 0,39 0,78 Pseudomonas aeruginosa 495 3,125 3,125 0,39 0,78 Pseudomonas aeruginosa 496 6,25 6,25 1,56 1,56 Pseudomonas aeruginosa 586 6,25 6,25 0,78 1,56 Pseudomonas aeruginosa 2919 6,25 6,25 1,56 1,56 Pseudomonas aeruginosa 584 6,25 3,125 0,78 1,56 Pseudomonas aeruginosa IMP-1 6,25 6,25 0,78 0,78 Pseudomonas aeruginosa IMP-2 6,25 3,125 0,78 0,78 Pseudomonas aeruginosa 140 6,25 6,25 0,78 1,56
Na concentração de 2,18 mg/mL, o extrato etanólico bruto das folhas de
Jacaranda decurrens inibiu o crescimento do Bacillus cereus 14576, Micrococcus
luteus 9341 e Staphylococcus epidermidis ATCC 12228. Essas três espécies
representam 23,07% do total de microrganismos gram-positivos testados. A
concentração de 4,37 mg/mL do extrato foi capaz de inibir o crescimento de 100%
das cepas e isolados de Staphylococcus aureus, Micrococcus roseus 1740, Bacillus
subtilis ATCC 6633 e 4 isolados de Pseudomonas aeruginosa. Na concentração de
8,75 mg/mL, o extrato foi capaz de inibir Bacillus stearothermophylus 1262,
Pseudomonas aeruginosa ATCC 9027 e Micrococcus roseus 1740 e 57,69% dos
FH = fração hexânica; FD = fração diclorometano; FAc = fração acetato; FAq = fração aquosa
102
isolados de Pseudomonas aeruginosa. A concentração de 17,5 mg/mL do extrato foi
capaz de inibir Enterobacter aerogenes ATCC 13048, Enterobacter cloacae HMA/FT
502, Escherichia coli ATCC 8739 e ATCC 11229, Pseudomonas aeruginosa ATCC
9027 e ATCC 27853, assim como 40% dos outros isolados desta mesma espécie
bacteriana. O extrato na concentração de 35 mg/mL foi capaz de inibir Escherichia
coli ATCC 25922 e Serratia marcescens ATCC 14756.
103
4. DISCUSSÃO
4.1. TESTE DE DIFUSÃO EM ÁGAR
Este trabalho mostrou a atividade antimicrobiana do extrato etanólico bruto
de Jacaranda decurrens sobre três bactérias gram-positivas esporuladas: Bacillus
cereus 14579, Bacillus stearothermophylus 1262 e Bacillus subtilis ATCC 6633.
Estas bactérias por serem formadoras de esporos, podem sobreviver no ambiente
sob condições hostis. Os dois últimos microrganismos, que normalmente não são
patogênicos e estão amplamente distribuídos na natureza, são utilizados no controle
de qualidade de processos de esterilização por óxido de etileno e vapor d´água. O
Bacillus cereus é responsável por duas formas distintas de intoxicação alimentar:
emética e diarréica. Ambas estão associadas a carnes e temperos. Bacillus cereus
também constitui uma importante causa de infecções oculares, ceratite grave,
endoftalmite e panoftalmite. Tipicamente, os microrganismos são introduzidos no
olho por corpos estranhos associados a traumatismo. Esta bactéria também tem
sido associada a infecções localizadas e infecções sistêmicas, incluindo endocardite,
meningite, osteomielite e pneumonia (JAWETZ et al, 1998; TORTORA; FUNKE;
CASE, 2007).
O Staphylococcus aureus é a espécie do gênero de maior importância
clínica. Quase todos os indivíduos apresentam algum tipo de Infecção por
Staphylococcus aureus durante a sua vida, cuja gravidade vai desde a intoxicação
alimentar ou infecção cutânea de pouca importância até infecções graves
104
potencialmente fatais. A infecção de feridas cirúrgicas por Staphylococcus aureus é
um problema comum em hospitais. E sua habilidade em desenvolver resistência
rapidamente a antibióticos contribui para aumentar o risco de pacientes em
ambientes hospitalares. Também capaz de produzir uma toxina responsável pela
síndrome choque tóxico, caracterizada por uma severa infecção capaz de causar
febre e vômitos e algumas vezes podendo levar à morte. Staphylococcus
epidermidis é uma bactéria bastante comum na pele, podendo representar 90% da
microbiota normal. É geralmente patogênica quando a barreira da pele é rompida ou
invadida por procedimentos médicos, como remoção ou inserção de catéteres
endovenosos (JAWETZ et al, 1998; TORTORA; FUNKE; CASE, 2007).
A ação do extrato etanólico bruto de Jacaranda decurrens sobre
microrganismos gram-negativos também chama a atenção. Enterobacter cloacae e
Enterobacter aerogenes podem ser encontrado em vida livre ou no trato intestinal,
podendo causar infecções das vias urinárias e sepse. Também são responsáveis
por infecções hospitalares. A Escherichia coli é um membro da microbiota intestinal
normal que pode estar associada a infecções do trato urinário, doenças diarréicas,
sepse e meningite. Assim como outros microrganismos, também tem assumido
importância no surgimento de novos casos de infecção hospitalar. A Serratia
marcescens é um patógeno oportunista comum em pacientes hospitalizados. Pode
estar associada ao aparecimento de pneumonias, bacteremias e endocardites. No
ambiente hospitalar pode ser encontrada em catéteres, soluções salinas para
irrigação, e outras soluções supostamente esterilizadas. Tais contaminações são
provavelmente as causas de infecções dos tratos urinário e respiratório em hospitais
(JAWETZ et al, 1998; TORTORA; FUNKE; CASE, 2007)..
105
Pseudomonas aeruginosa distribui-se amplamente na natureza e,
geralmente, é encontrada em ambientes úmidos nos hospitais. Pode colonizar o
homem tornando-se saprófita, e provocar doença em indivíduos com defesas
orgânicas anormais. É responsável por provocar infecção de queimaduras e feridas;
meningite por punção lombar; e infecção das vias urinárias por catéteres e
instrumentos ou por soluções de irrigação. O comprometimento do trato respiratório,
sobretudo por respiradores contaminados, resulta em pneumonia necrotizante. Pode
causar infecção ocular durante procedimentos cirúrgicos, levando à sua rápida
destruição do olho. Loureiro et al (2002), Gales et al (2004) e, Freitas e Barth (2002)
em seus trabalhos, chamam a atenção para o surgimento de cepas de
Pseudomonas aeruginosa resistentes aos antibióticos usados atualmente no
tratamento de infecções causadas por este microrganismo.
Em um estudo conduzido por Valgas et al. (2007) foram avaliados diversos
métodos para se determinar a atividade antimicrobiana de produtos naturais e
constataram uma série de vantagens do teste de difusão em ágar. Em relação ao
método de difusão em disco, foi observada maior sensibilidade, menor probabilidade
de interferência das partículas suspensas na amostra, gasto menor de tempo e
simplicidade e a ausência das influências do disco sobre a difusão das moléculas.
Moléculas polares podem ter sua difusão em ágar influenciada pelas hidroxilas livres
presentes no material de que são feitos os discos.
As características morfológicas e a importância clínica dos microrganismos
utilizados neste ensaio são de grande importância. Isso motivou o uso destas
mesmas bactérias e de outros isolados para a determinação da CIM.
106
4.2. DETERMINAÇÃO DA CONCENTRAÇÃO INIBITÓRIA MÍNIMA
Os resultados observados no teste de difusão em ágar são de caráter
meramente qualitativo. Apesar de este teste apresentar limitações para substâncias
de baixa difusibilidade no meio de cultura, ele é capaz de fornecer importantes
indícios da atividade antimicrobiana do extrato das folhas de Jacaranda decurrens. A
etapa quantitativa se deu no teste de diluição em ágar, no qual se determinou a
concentração inibitória mínima do extrato e das frações aquosa, acetato de etila,
diclorometano e hexânica frente a um conjunto de microrganismos conforme
recomendado pelo NCCLS (2003).
Vale a pena ressaltar que os resultados obtidos no teste de difusão em ágar
se confirmaram no teste de diluição em ágar para todos os microrganismos testados,
sendo todos eles sensíveis ao extrato, onde alguns mostraram maior sensibilidade
com menor CIM e outros foram mais resistentes apresentando maiores valores para
a CIM.
Através da determinação da CIM foi possível observar que as cepas de
Staphylococcus aureus utilizadas no experimento mostraram a mesma sensibilidade
frente ao extrato etanólico bruto. Todas as concentrações inibitórias mínimas
encontradas foram de 4,37 mg/mL. Com exceção da Escherichia coli ATCC 25922,
todas as Enterobacteriaceae avaliadas apresentaram CIM de 17,5 mg/mL Os
microrganismos gram-positivos esporulados tiveram seu crescimento inibido com
concentrações que variaram de 2,18 a 8,75 mg/mL. O grupo de microrganismos
constituído por cepas padrão e isolados de Pseudomonas aeruginosa pode ser
subdividido em quatro outros grupos de acordo com o padrão de sensibilidade
107
fornecido pela CIM. O grupo 1 inibido com a concentração de 4,37 mg/mL perfaz o
percentual de 4,87% do total de Pseudomonas aruginosa testadas, o grupo 2 inibido
com a concentração de 8,75 mg/mL corresponde a 56,09% e o grupo 3 inibido com
17,5 mg/mL representa 39,04%.
Todas as frações analisadas apresentaram atividade contra os isolados de
Pseudomonas aeruginosa testados. A fração acetato de etila foi a que apresentou
menor valor para a CIM (0,39 mg/mL). Esta concentração foi capaz de inibir 12%
das bactérias testadas. A maioria dos isolados (64%) foi inibida com a concentração
de 0,78 mg/mL, seguindo-se da concentração de 1,56 mg/mL (24%). A fração
aquosa conseguiu inibir o crescimento dos microrganismos com as concentrações
de 0,78 mg/mL e 1,56 mg/mL perfazendo o total respectivamente de 40 e 60% do
total e bactérias avaliadas. Três concentrações da fração diclorometano foram
capazes de inibir o crescimento microbiano: 6,25, 3,125 e 0,78 mg/mL. A maioria
dos isolados foi inibida com 6,25 mg/mL, representando 80% do total de
microrganismos. A fração hexânica teve um perfil de inibição semelhante onde 80%
dos isolados foi inibida com a concentração de 6,25 mg/mL. De uma forma geral
observou-se que em relação ao extrato etanólico bruto houve uma diminuição da
CIM para a todos os isolados utilizados no teste com as frações. Observou-se de
uma forma geral a diminuição da CIM pelas frações em relação ao extrato etanólico
bruto. A menor concentração de extrato etanólico bruto capaz de inibir o crescimento
de isolados foi de 4,37 mg/mL enquanto o menor valor para CIM das frações foi de
0,39 mg/mL.
Outros estudos têm sido realizados no sentido de se determinar a atividade
antimicrobiana de espécies da família Bignoniaceae. Owolabi et al. (2007)
verificaram a atividade antimicrobiana do extrato etanólico de Kigelia africana (Lam.)
108
Benth. sobre isolados clínicos de Staphylococcus aureus e Candida albicans. Contra
Pseudomonas aeruginosa, não foi observado inibição do crescimento. Haque et al.
(2006) determinaram atividade antimicrobiana dos extratos n-hexano e clorofórmico
sobre bactérias gram-positivas, gram-negativas e sobre os fungos Candida albicans,
Aspergillus niger e Sacharomyces cerevisae. Em um outro trabalho semelhante,
Muñoz-Mingarro et al. (2003) observaram a atividade antimicrobiana dos extratos
aquosos de sementes, folhas e vagens de Catalpa bignonioides Walt. sobre
Escherichia coli, Pseudomonas aeruginosa, Staphylococcus aureus, Enterococcus
fecalis e Salmonella tiphymurium.
Os resultados do estudo fitoquímico mostraram a presença de cumarinas e
flavonóides que são duas classes de compostos com reconhecida atividade
antimicrobiana, segundo estudos realizados por Basile et al. (1999), Ng et al (1996)
e Tereschuk et al. (1997). Diante disso, é possível sugerir que a inibição do
crescimento microbiano possa ter ocorrido em função da atividade de moléculas
pertencentes à essas classes de compostos químicos.
109
5. CONLUSÕES
O extrato etanólico bruto e as frações aquosa, acetato de etila,
diclorometano e hexânica das folhas de Jacaranda decurrens Cham. apresentaram
atividade antimicrobiana contra os microrganismos testados. Além disso, observou-
se que as frações avaliadas apresentaram melhores concentrações inibitórias
mínimas em relação ao extrato etanólico bruto. A fração acetato de etila foi a que
conseguiu inibir o crescimento de Pseudmonas aeruginosa com a menor
concentração inibiotória mínima (0,39 mg/mL).
110
REFERÊNCIAS
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114
Capítulo 4 – Estudo de Toxicidade
Aguda em Dose Única do Extrato
Etanólico Bruto das Folhas de
Jacaranda decurrens Cham. –
Bignoniaceae.
115
1. INTRODUÇÃO
A grande quantidade de novos produtos gerados pelos centros de pesquisa
de universidades e empresas enfrenta um sério obstáculo para o uso em humanos:
a necessidade de testes rigorosos de efeitos tóxicos in vivo. Esses testes devem ser
realizados para qualquer tipo de produto, sejam medicamentos fitoterápicos ou não,
cosméticos, ou defensivos agrícolas, sejam conservantes/germicidas de água ou
alimentos (BRITO, 1994).
Em se tratando de plantas medicinais, o uso popular, e mesmo tradicional,
não são suficientes para validar eticamente as plantas medicinais como
medicamentos eficazes e seguros. Nesse sentido, as plantas medicinais, não se
diferenciam de qualquer outro xenobiótico sintético e sua preconização, ou
autorização oficial do seu uso medicamentoso, devem ser fundamentadas em
evidências experimentais comprobatórias de que o risco que se expõem aqueles
que a utilizam é suplantado pelos benefícios que possam advir (LAPA et al., 2004).
A avaliação desta segurança, ou seja, a avaliação da relação
risco/benefício, é a finalidade dos estudos farmacodinâmicos e toxicológicos pré-
clínicos e clínicos de medicamentos. Progressos nesse sentido ocorreram nos
últimos 40 anos após o acidente com talidomida e, portanto, foram posteriores à
época em que muitos fitoterápicos foram introduzidos no mercado. De modo geral os
protocolos propostos nestes estudos são extensos e muito presos a questões éticas,
116
mas permitem uma avaliação razoável da toxicidade e da efetividade de um
medicamento (LAPA et al., 2004).
Os estudos de um novo medicamento fitoterápico seguem etapas bastante
distintas que se diferenciam basicamente pelo sujeito da experimentação. A primeira
delas, a etapa botânica, está relacionada à identificação do material de estudo. A
etapa farmacêutica está relacionada ao preparo da forma farmacêutica para
administração, com a garantia da qualidade e uniformidade da amostra, assim como
com sua estabilidade durante os testes pré-clínicos e clínicos. A etapa de ensaios
biológicos pré-clínicos relaciona-se aos ensaios farmacodinâmicos, farmacocinéticos
e toxicológicos em animais de laboratório. A etapa clínica é a executada na espécie
humana e está dividida em quatro fases seqüenciais realizadas apenas se existirem
indicações seguras de que os benefícios do uso medicinal do novo produto
suplantam os riscos de uma possível ação tóxica. Duas dessas fases são
essencialmente acadêmicas, a terceira multicêntrica, e finalmente, a quarta fase
corresponde à livre utilização do medicamento, sob vigilância dos serviços
sanitários. Como não existem testes de novos fármacos in anima nobile em risco
intrínseco de reações adversas, o objetivo principal da etapa pré-clínica é o de
determinar experimentalmente o grau de segurança para os testes em seres
humanos. A primeira preocupação desses testes pré-clínicos é a de mostrar a
eficácia de material, pois sem ela não há razão para o estudo. Neste ponto, os que
não envolvam alterações no comportamento ou atividade fisiológica específica da
espécie humana, como seriam as manifestações sensoriais e intelectuais da ação
de um fármaco. Comprovada a efetividade, quantificado o efeito principal e
eventualmente as ações colaterais, os testes de toxicidade são justificados. Estes
têm o objetivo de detectar reações inesperadas produzidas pelo uso continuado do
117
produto, tanto as desencadeadas pela administração acidental de doses excessivas,
como as conseqüentes do acúmulo causado pelo desbalanceamento entre a
administração e a eliminação do fármaco no organismo (LAPA et al, 2004).
Diante do exposto é fácil entender o quanto os estudos de toxicidade aguda
são importantes no processo de desenvolvimento de novos medicamentos, sejam
eles fitoterápicos ou alopáticos. Eles tiveram início há quase um século quando
médicos e farmacologistas passaram a se preocupar com drogas e venenos
potentes. E em 1927 foi introduzido o conceito de dose letal média para a
padronização de extratos de digitálicos, insulina e toxina diftérica. É importante se
conhecer o quanto uma substância é tóxica, pois uma pequena diferença na
exposição pode separar uma situação segura de uma letal (HAYES; DIPASQUALE,
2001).
Toxicidade aguda pode ser definida como o efeito nefasto que se produz
dentro e um curto período de tempo e que resulta da administração de uma dose
única ou de várias doses de uma substância em um período de 24 horas. Este
estudo é uma avaliação estimativa preliminar das propriedades tóxicas de uma
substância teste, fornecendo informações acerca dos riscos para a saúde
resultantes de uma exposição de curta duração pela via escolhida. A toxicidade
aguda serve de base ainda para o estabelecimento de um regime de doses para as
pesquisas sobre toxicidade aguda subcrônica, crônica e com doses repetidas, além
de fornecer informações iniciais sobre o modo de ação da substância-teste. (BRITO
1994; DIPASQUALE; HAYES, 2001).
Visando garantir a qualidade, eficácia e a segurança dos produtos
fitoterápicos a Agência Nacional de Vigilância Sanitária publicou as resoluções RDC
118
N°. 48 de 16 de março de 2004 e a RDC N°. 116 de 8 de agosto de 1996. A primeira
dispõe sobre o registro de medicamentos fitoterápicos e a segunda é a publicação
de uma proposta de norma para estudo da toxicidade e da eficácia de produtos
fitoterápicos.
Apesar do uso popular da Jacaranda decurrens em preparações medicinais,
não existe nenhuma informação a respeito de seus possíveis efeitos tóxicos para o
organismo. E este tem sido um aspecto bastante negligenciado pelas pessoas que
fazem uso desta planta como medicamento. Levando-se em conta este fato é que se
propôs avaliar a toxicidade aguda do estrato etanólico bruto das folhas deste
espécime tendo como referência as Diretrizes OECD 423.
119
2. METODOLOGIA
2.1. MATERIAL BOTÂNICO
O material botânico usado para a preparação do extrato etanólico bruto e das
frações aquosa, acetato de etila, diclorometano e hexânica foi obtido conforme
descrito na seção 2.1.1 do Capítulo 2.
2.2. OBTENÇÃO DO EXTRATO ETANÓLICO BRUTO
O extrato etanólico bruto foi obtido conforme descrito na seção 2.1 do
Capítulo 3.
2.3. AVALIAÇÃO DA TOXICIDADE AGUDA SEGUNDO AS DIRETRIZES OECD 423
2.3.1. Descrição dos animais
Foram usados no experimento ratos Wistar (Ratus norvegicus) e
camundongos Swiss (Mus muscullus) de ambos os sexos oriundos do biotério da
UNICEUB-Centro Universitário de Brasília. Os animais eram adultos jovens com 8 a
12 semanas de idade e o peso de cada um não excedendo 20% da média do grupo.
120
2.3.2. Critério de definição da amostra
O número de animais usado para cada dosagem e para o controle com
DMSO foi de três animais, conforme recomendado pelas Diretrizes OECD 423.
2.3.3. Descrição do alojamento
Os animais foram alojados no biotério do Núcleo de Estudos e Pesquisas
Tóxico-farmacológicas da Faculdade de Farmácia – UFG. Foram alimentados com
ração balanceada Labina da Purina além de água filtrada. O ambiente foi climatizado
com temperatura de 23 ± 2°C e umidade relativa do ar variando de 50 a 70% com
monitoramento do ciclo claro e escuro de 12 horas cada. Antes do início do
experimento os animais foram identificados com marcações na calda e pesados.
Cada grupo de três animais foi colocado em uma caixa de polipropileno, a qual foi
forrada com maravalha e devidamente identificada com etiqueta contendo a
substância teste, a dosagem, a espécie, o sexo, o peso de cada animal, a data do
início e término do experimento e o responsável pelo teste. Todos os animais
passaram por um período de aclimatação no biotério de cinco dias.
121
2.3.4. Descrição detalhada do procedimento experimental
Todo o procedimento experimental foi baseado no OECD Guideline for
Testing of Chemicals (OECD 423, 2001). Três animais foram usados para cada dose
considerando-se a espécie e o sexo. A dose inicial foi selecionada entre as doses
fixas de 5, 50, 300 e 2000 mg/kg. Por se tratar de um extrato vegetal de uso
bastante comum pela população e devido a inexistência de informações sobre casos
de intoxicação pela planta, decidiu-se iniciar a triagem com a dose de 2000 mg/Kg, a
qual foi considerada a mais propensa a produzir mortalidade nos animais. Se
houvesse a morte de dois ou três animais a dose subseqüente seria reduzida para
300 mg/Kg. Após a avaliação da dose de 2000 mg/Kg decidiu-se administrar a dose
de 5000 mg/Kg.
A quantidade de extrato a ser administrada para cada animal foi calculada
segundo o peso de cada animal e pesada em balança analítica. Para a solubilização
do extrato foi utilizado DMSO 3% (p/V) e o volume foi completado com água
destilada tendo-se o cuidado de não exceder o volume de 1 mL/100 g de peso
corporal dos animais. As doses foram administradas uma única vez por gavagem
com cânula apropriada.
Antes da administração das doses do extrato os ratos foram privados da
alimentação por uma noite e os camundongos por um período de 3 a 4 horas. O
fornecimento de água foi mantido. Depois que a substância foi administrada, a
alimentação ainda foi suspensa por mais 3-4 horas em ratos e 1-2 horas em
122
camundongos. Os animais foram observados a intervalos variados no dia de
administração do extrato etanólico bruto da planta (10 min, 30 min, 1h, 2h, 4h, 6h,
12h e 24h) e, a partir de então, diariamente, até o décimo quarto dia.
Foram feitas observações comportamentais sistemáticas (screening
hipocrático: atividade geral, frênito vocal, irritabilidade, resposta ao toque, resposta
aperto cauda, contorção, posição trem posterior, reflexo endireitamento, tonus do
corpo, força para agarrar, ataxia, reflexo auricular, reflexo corneal, tremores,
convulsões, straub, hipnose, anestesia, lacrimação, ptose, micção, defecação,
piloereção, hipotermia, respiração, cianose, hiperemia, morte). As intensidades dos
eventos foram tabuladas de zero a quatro, correspondendo, respectivamente a:
ausente (0), raro (1), pouco (2), moderado (3), intenso (4). As alterações
encontradas na observação comportamental e exame clínico sistemático dos
animais serão registrados em protocolo impresso com a lista de sinais a serem
investigados. Esta lista e a pesquisa de sinais foram baseadas no modelo proposto
por Malone e Robichaud (1962) e Malone (1977).
Após o período de observação os animais foram novamente pesados,
anestesiados, sacrificados por deslocamento cervical e necropsiados. Durante a
necropsia foram removidos o fígado, baço e rins para análise macroscópica. O
sacrifício dos animais seguiu os princípios éticos de experimentação animal proposta
pelo Colégio Brasileiro de Experimentação Animal (COBEA, 1991).
123
2.4. DESTINO DOS ANIMAIS APÓS A EXPERIMENTAÇÃO
Ao final do experimento os animais foram descartados em recipientes
adequados localizados nas dependências do Instituto de Patologia Tropical e Saúde
Pública – IPTESP da Universidade Federal de Goiás e em seguida coletados por
empresa especializada contratada por esta Universidade e a qual coube incinerar os
animais mortos.
124
3. RESULTADOS
Durante todo o período de observação dos animais não ocorreu a morte de
nenhum deles. Através das observações comportamentais feitas por meio do
screening hipocrático atribuiu-se pontuação zero para todos os itens avaliados.
Também não foram observadas variações de sensibilidade entre as espécies de
ambos os sexos em estudo.
A necropsia dos animais não evidenciou nenhuma alteração macroscópica
que justificasse a o estudo histopatológico dos órgãos selecionados para análise
(rins, baço e fígado).
125
4. DISCUSSÃO
A toxicidade aguda pelo método de classe é um processo de avaliação
gradual de uma substância teste com o uso de três animais de um único sexo por
etapa. Dependendo da mortalidade e/ou morbidade dos animais, em média mais
dois a quatro etapas poderão ser necessários para se determinar a toxicidade aguda
da substância testada. Este procedimento é reprodutível, utiliza poucos animais e é
capaz de classificar as substâncias de forma semelhante a outros métodos de
ensaio. A toxicidade aguda pelo método de classe baseia-se em avaliações
biométricas com doses fixas, devidamente separadas para permitir a classificação
de uma substância quanto ao seu potencial tóxico. O método adaptado em 1996 foi
extensivamente validado in vivo onde os resultados de DL50 foram comparados com
dados obtidos a partir de outros trabalhos (OECD 423, 2001).
Em princípio, o método não se destina a realização do cálculo preciso da DL
50, mas sim permitir a determinação de intervalos de exposição definidos onde
letalidade é esperada através da morte de uma parte dos animais O método permite
a determinação de um valor DL50 somente quando, pelo menos, duas doses
resultam em mortalidade superior a 0% e inferior a 100%. A utilização de uma
seleção de doses pré-definidas, independentemente da substância ensaiada, com
classificação explícita, vinculado ao número de animais observados nos diferentes
estados favorece a consistência e a reprodutibilidade dos resultados (OECD 423,
2001).
126
O significado dos valores da DL50 foi avaliado por vários pesquisadores que
chegaram a conclusões similares: os valores da DL50 são imprecisos, não
representam uma constante biológica, e não devem ser aplicados para muitos
materiais. O valor da DL50 por si só não representa completamente a toxicidade
aguda, uma vez que outros parâmetros além da letalidade são necessários. O
declive da curva dose-resposta, o tempo que os animais levaram para morrer, sinais
de toxicidade e achados patológicos são mais importantes para se determinar a
toxicidade aguda (HAYES; DIPASQUALE, 2001). Em seu artigo de revisão
Valadares (2006) fez uma exposição do processo evolutivo dos testes de toxicidade
aguda e ressaltou, entre outras coisas, a tendência de desuso do cálculo da DL50
nesse tipo de estudo.
A metodologia descrita no OECD Guidelines 423 preconiza o uso de
roedores para os testes de toxicidade aguda, com preferência para ratas. Porém,
para as duas dosagens testadas foram utilizados ratos e camundongos de ambos os
sexos. Isso foi feito objetivando-se verificar a sensibilidade entre machos e fêmeas e
entre as duas espécies de roedores. E apesar de na literatura haver referência para
a maior sensibilidade de animais fêmeas (OECD 423, 2001), na execução do
experimento isso não foi observado.
O método estabelece que a dose inicial deva ser aquela mais provável de
causar mortalidade em alguns dos animais testados. Quando não há nenhuma
informação sobre a substância a ser testada, por motivos referentes ao bem-estar
animal, recomenda-se usar como dose inicial 300 mg/Kg de peso corporal. Quando
a informação disponível sugere que a mortalidade é improvável ao mais alto nível
dose inicial, um teste limite deve ser conduzido em seguida (OECD 423, 2001).
Como já havia sido relatado na literatura que a Jacaranda decurrens é uma planta
127
de uso bastante comum pela população (TRESVENZOL et al.; 2006), e não foi
encontrado nenhum registro de toxicidade causado por esta planta, decidiu-se
adotar como dose inicial 2000 mg/Kg de peso corporal. Como não houve
manifestações de sinais de toxicidade, a dose foi aumentada para 5000 mg/Kg de
peso corporal. E mesmo com a aplicação desta última dose, não foi observada a
morte de nenhum animal, assim como sinais de toxicidade.
Durante a necropsia foram observados todos os órgãos dos animais dando-
se ênfase maior para os rins, fígado e baço. Os dois primeiros possuem papéis
importantes no metabolismo e excreção de xenobióticos e o terceiro órgão é capaz
de fornecer sinais de toxicidade para o sistema imune dos animais (HAYES;
DIPASQUALE, 2001).
Trabalhos têm chamado a atenção para o fato de muitos usuários de
plantas medicinais não considerarem os efeitos tóxicos das mesmas. Em um estudo
desenvolvido por Oliveira e Gonçalves (2006) avaliando o conhecimento sobre
plantas medicinais e fitoterápicos e potencial de toxicidade por usuários de Belo
Horizonte, ficou demonstrado que a maioria dos entrevistados (60%) não acreditam
que plantas medicinais e fitoterápicos possam causar efeitos tóxicos. Soma-se a isto
o fato de haverem poucos estudos mostrando os efeitos tóxicos gerados por
fitoterápicos e plantas medicinais. Turolla e Nascimento (2006) avaliaram dez
plantas medicinais comercializadas na forma de medicamentos fitoterápicos, os
quais apresentaram volume de vendas e número de unidades vendidas significativos
entre os anos de 1999 e 2002, segundo informações da IMS Health. Foi observado
que do total analisado existiam poucas informações sobre os efeitos tóxicos
produzidos por cada espécie de planta analisada.
128
Com relação a Jacaranda decurrens não foi encontrada nenhuma
informação sobre seus possíveis efeitos tóxicos. Até mesmo em relação à família
Bignoniaceae foram encontrados poucos trabalhos sobre toxicidade. Jabour et al.
(2006) avaliaram a variação da toxidez de Arrabidaea bilabiata (Sprague) Sandwith
em coelhos e observaram que a planta é mais tóxica quando em brotação e coletada
no mês de outubro, onde a dose letal foi de 0,5 g/Kg. Um outro trabalho também
com espécie da família Bignoniaceae foi realizado por Miranda et al. (2002) onde
estudaram a toxicidade aguda de Tabebuia avellanedae Lor. ex. Griseb. sobre
camundongos e observaram que nas dosagens empregadas no teste não houve a
manifestação de sinais de toxicidade.
Uma vez que este trabalho avalia apenas a toxicidade da Jacaranda
decurrens mediante a exposição a uma única dose, tornam-se de grande
importância estudos capazes de avaliarem o uso por períodos mais prolongados,
tais como toxicidade subcrônica e crônica.
129
5. CONCLUSÕES
Os resultados obtidos indicam que o extrato etanólico bruto da Jacaranda
decurrens possui baixa toxicidade quando ocorre exposição aguda. Além disso, não
foram observadas diferenças interespécie e entre machos e fêmeas.
130
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132
Capítulo 5 – Considerações Finais
133
As características morfo-anatômicas do espécime de Jacaranda decurrens
analisado estão de acordo com as descrições encontradas na literatura para esta
espécie. Foi possível observar também características morfológicas comuns à
família Bignoniaceae.
Cabe ressaltar a necessidade de estudos capazes de verificar a existência
de diferenças entre espécies coletadas em diferentes localidades. A avaliação da
influência da sazonalidade na composição e no teor dos metabólitos secundários
seria outra vertente de estudos a ser empreendida.
As informações coletadas a partir do estudo morfo-anatômico são de grande
importância no fornecimento de subsídios para a identificação deste espécime
vegetal. Assim, os resultados obtidos neste trabalho contribuirão para o
estabelecimento de parâmetros de controle de qualidade para esta matéria-prima
obtida a partir das folhas de Jacaranda decurrens Cham.
Pode-se inferir do valor do teor de umidade encontrado a partir da análise
das folhas de Jacaranda decurrens que se trata de uma matéria-prima vegetal fácil
de ser conservada. Isto se deve ao fato de o valor médio encontrado para este
parâmetro estar dentro do limite estabelecido pela Farmacopéia Brasileira IV (1988).
O valor médio encontrado para os teores de cinzas totais e insolúveis em
ácidos é importante por fornecer limites para este parâmetro de controle de
qualidade.
A presença de flavonóides nas folhas de Jacaranda decurrens, em função
de suas diversas atividades biológicas descritas na literatura, confere a esta planta
um importante potencial fitoterápico que merece ser investigado sob o ponto de vista
farmacológico.
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É de relevante significado clínico a inibição de isolados de Pseudomonas
aeruginosa e Staphylococcus aureus que sabidamente possuem resistência a
antimicrobianos comumente usados na terapêutica.
A existência de cumarinas, flavonóides e saponinas sugerem que um ou
mais compostos químicos pertencentes a estas classes de metabólitos secundários
possa ser o responsável pela atividade antimicrobiana. Ensaios de purificação são
necessários para se determinar quais as moléculas são capazes de inibir o
crescimento microbiano.
O presente estudo confirmou o uso etnobotânico da planta no tratamento de
processos infecciosos. Isso demonstra o potencial que as plantas medicinais
possuem de serem fontes ricas para obtenção de novas moléculas com possíveis
atividades terapêuticas.
Os resultados obtidos mostram que o extrato etanólico bruto possui baixa
toxicidade quando ocorre exposição aguda. Diante do uso bastante comum da
planta pela população e ausência de relatos de casos de intoxicação podiam-se
esperar estes resultados. Todavia é importante que e leve em conta também os
efeitos a logo prazo, ou seja, esta avaliação de toxicidade aguda deve ser
complementada com estudos de toxicidade subcrônica e crônica.
É importante chamar a atenção para o fato de a metodologia empregada
seguir uma tendência de uso de um número reduzido de animais. Isso torna o
experimento mais prático, menos dispendioso e capaz de fornecer resultados que
expressem o potencial tóxico de uma determinada substância teste.
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