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UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA FACULDADE DE MEDICINA
DEPARTAMENTO DE FISIOTERAPIA
ROSEANE DE OLIVEIRA CASTRO
PREVALÊNCIA DE SINAIS E SINTOMAS DE DESORDENS TEMPOROMANDIBULARES NAS VÍTIMAS DE ESCALPELAMENTO
Juiz de Fora 2008
ROSEANE DE OLIVEIRA CASTRO
PREVALÊNCIA DE SINAIS E SINTOMAS DE DESORDENS TEMPOROMANDIBULARES NAS VÍTIMAS DE ESCALPELAMENTO
Trabalho apresentado como requisito
parcial para Conclusão do Curso de
Fisioterapia da Universidade Federal de
Juiz de Fora - UFJF.
Orientadora:
Profª. Mst. Vanusa Caiafa Caetano
Juiz de Fora
2008
i
FICHA CATALOGRÁFICA
Castro, Roseane de Oliveira
PREVALÊNCIA DE SINAIS E SINTOMAS DE DESORDENS TEMPOROMANDIBULARES NAS VÍTIMAS DE ESCALPELAMENTO – Juiz de Fora, 2007.
80p.
Trabalho de Conclusão de Curso – Universidade Federal de Juiz de Fora – UFJF.
Orientadora: Vanusa Caiafa Caetano
1. Escalpelamento 2. Desordens temporomandibulares 3. Fisioterapia – Trabalho de Conclusão de Curso I. Vanusa Caiafa Caetano (Orientadora). II. Universidade Federal de Juiz de Fora.
ii
Roseane de Oliveira Castro
PREVALÊNCIA DE SINAIS E SINTOMAS DE DESORDENS TEMPOROMANDIBULARES NAS VÍTIMAS DE ESCALPELAMENTO
Trabalho de Conclusão de Curso apresentada ao Departamento de Fisioterapia, Faculdade de Medicina da UFJF, como requisito parcial para conclusão de curso, aprovado pela Banca Examinadora composta pelos seguintes membros:
__________________________________________________Profª. Mst. Vanusa Caiafa Caetano_UFJF
__________________________________________________Profª. Alyne Ornellas Neves_ UNIVERSO/JF
__________________________________________________Prof. Paulo Jorge Godinho_ UNIPAC/ JF
Juiz de Fora2008
iii
Dedicatória
Aos meus pais, Rozane e Eduardo, por não
medir esforços ao ajudar realizar meus sonhos.
iv
Agradecimentos
Ao meu avó Bibi, pelos ensinamentos e saudade que deixou em meu coração.
A minha mãe, Rozane, sempre me ouvindo, ajudando e oferecendo o bem mais
precioso: amor!
Ao meu pai, Eduardo, por acreditar que eu seria capaz, me oferecendo todos os
meios para vencer.
A minha irmã Fafa, longe dos olhos e perto do coração.
Aos meus avós, tios, tias, primos e primas por compreender os momentos
ausentes.
Ao meu namorado Marcelo, sendo fundamental com seu carinho e paciência.
A amiga e orientadora, Vanusa, que desde o início acreditou que seria possível a
realização deste, me orientando, ensinando com tanta presteza e dedicação.
A amiga Dani, por compartilhar as angústias e apoiar sempre. Obrigada amiga!!!
Aos amigos da querida turma FFF, pelo apoio e incentivo.
As voluntárias da pesquisa e seus responsáveis, em especial a Ângela, pelas
lições de vida e recepção em seu lar.
Aos funcionários, coordenação, administração da Fundação Santa Casa de
Misericórdia do Pará, em especial Dra. Socorro Belmiro, Dra. Socorro Ruivo e Dr.
Alex, pela demonstração de competência, generosidade e amor pelo que faz.
Acima de tudo, a Deus, pela oportunidade.
v
RESUMO
CASTRO, Roseane de Oliveira. PREVALÊNCIA DE SINAIS E SINTOMAS DE
DESORDENS TEMPOROMANDIBULARES NAS VÍTIMAS DE
ESCALPELAMENTO. Trabalho de Conclusão de Curso (TCC). Departamento de
Fisioterapia. Faculdade de Medicina, Universidade Federal de Juiz de Fora, Juiz de
Fora, Minas Gerais, 2007. Orientadora: Vanusa Caiafa Caetano.
O escalpelamento é um acidente ocasionado pela avulsão (extração
traumática) do couro cabeludo e lesões em áreas adjacentes do mesmo,
apresentando uma alta incidência na comunidade ribeirinha, moradores de entornos
dos rios do Estado do Pará, que trafegam em embarcações mal equipadas, com
eixo do motor desprotegido. Crianças e mulheres são as mais atingidas, que por
algum descuido os cabelos entram em contato com o eixo do motor em alta rotação,
ocorrendo o escalpelamento de forma abrupta e traumática.
O escalpelamento acarreta seqüelas físicas, funcionais e psicológicas
significativas. O trauma envolve diretamente todas as estruturas ligadas ao crânio,
pescoço e cintura escapular, sendo observados maiores conseqüências nessas
regiões. Este trabalho foi realizado na Fundação Santa Casa de Misericórdia do
Pará, na cidade de Belém/Pará, e teve como objetivo geral quantificar a prevalência
de sinais e sintomas de desordens temporomandibulares nas vítimas de
escalpelamento.
Toda a metodologia foi desenvolvida obedecendo aos princípios éticos da
Resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde e o estudo foi aprovado pelo
Comitê de Ética e Pesquisa da Universidade Federal de Juiz de Fora. A metodologia
constou de entrevista estruturada, avaliação física/funcional e aplicação do
Questionário de Fonseca. Foram estudadas 11 vítimas de escalpelamento, do sexo
feminino, com idades entre 10 a 73 anos. Encontramos 10 (90,9%) vítimas com
desordens temporomandibulares, sendo mais prevalente (45,5%) na faixa etária de
0/15 anos. A hipomobilidade mandibular em abertura foi encontrada em todas as
faixas etárias avaliadas. Os sinais e sintomas mais prevalentes nas vítimas de
escalpelamento foram: assimetria facial, maloclusão, cefaléia e fadiga ao mastigar.
vi
Através dos resultados obtidos, acreditamos haver uma correlação entre o
escalpelamento e as DTM. Desta forma sugerimos uma maior atenção a essas
vítimas, visando à prevenção e tratamento fisioterapêutico das DTM pós escalpe.
Pouca atenção tem sido dada a essas vítimas de escalpe, que representa na
atualidade, um problema de extrema relevância no contexto de Saúde Pública do
Brasil. Portanto, as esferas responsáveis devem realizar esforços necessários para
a erradicação dos escalpelamentos, subsidiando tomadas de decisão de políticas
públicas compensatórias, que tenha como premissa a continuidade e o investimento
pela vida.
Palavras-chave: Escalpelamento, Desordens Temporomandibulares, Fisioterapia.
vii
ABSTRACT
CASTRO, Roseane de Oliveira. PREVALÊNCE OF SINGS AND SYMPTOMS OF
TEMPOROMANDIBULAR DISORDERS IN VICTIMS OF SCALPING. Trabalho de
Conclusão de Curso (TCC). Departamento de Fisioterapia. Faculdade de Medicina,
Universidade Federal de Juiz de Fora, Juiz de Fora, Minas Gerais, 2007.
Orientadora: Vanusa Caiafa Caetano.
The scalping is an accident caused by the avulsion (traumatic extraction) of
the scalp and lesions in areas adjacent of the same, presenting a high incidence in
the riverine community, residents of entornos of the rivers of the State of Pará, that
move in embarkations equipped badly, with axis of the unprotected motor. Children
and women are the more reached, that for some negligence the hair get in touch with
the axis of the motor in high rotation, happening the scalping in an abrupt and
traumatic way.
The scalping carts sequels physical, functional and psychological significant.
The trauma involves directly all the linked structures to the skull, neck and scapular
waist, being observed larger consequences in those areas. This work was
accomplished in the Fundação Santa Casa de Misericórdia do Pará, in the city of
Belém/Pará, and had as general objective to quantify the prevalence of signs and
symptoms of DTM in the escalping victims.
The whole methodology was developed obeying the ethical beginnings of the
Resolution 196/96 of National Council of Health and the study was approved by the
Ethics Committee and Research of the Universidade Federal de Juiz de Fora. The
methodology consisted of structured interview, evaluation physics/function and
application of Fonseca's Questionnaire. Were studied 11 victims of escalping,
female, with ages among 10 to 73 years. We found 10 (90,9%) victims with disorder
temporomandibular (TMD), being more prevail in the 0/15 year-old age group. The
mandible hypomobility in opening was found in all of the appraised age groups. The
signs and symptoms more prevail in the escalping victims were: facial asymmetry,
malocclusion, migraine and fatigue when chewing.
Through the obtained results, we believed there to be a correlation between
the escalping and DTM. This way we suggested a larger attention those victims,
seeking to the prevention and treatment physiotherapy of the TMD powders scalps.
viii
Little attention has been given those victims of it scalps, that it acts at the
present time, a problem of extreme relevance in the context of Public Health of
Brazil. Therefore, the responsible spheres should accomplish necessary efforts for
the eradication of the escalping, subsidizing sockets of decision of compensatory
public politics, that has as premise the continuity and the investment for the life.
key - words: Escalping, Desorder Temporomandibular, Physiotherapy.
ix
LISTA DE TABELAS, FIGURAS E GRÁFICOS
Figura 1 -......................................................................................................18
Figuras 2, 3 - ...............................................................................................19
Figura 4 -......................................................................................................20
Figura 5 -......................................................................................................21
Figuras 6, 7, -...............................................................................................23
Figura 8 -......................................................................................................24
Figura 9 - .....................................................................................................37
Gráfico 1 - ....................................................................................................39
Gráficos 2, 3 -...............................................................................................40
Gráfico 4 - ....................................................................................................41
Gráficos 5, 6 -...............................................................................................42
Gráfico 7 -.....................................................................................................43
Gráfico 8 -.....................................................................................................44
Gráfico 9 - ....................................................................................................45
Tabela 1-......................................................................................................45
Gráfico 10 - ..................................................................................................46
Figura 10, 11 - .............................................................................................53
x
SUMÁRIO
Ficha Catalográfica..............................................................................................ii
Folha de Aprovação............................................................................................iii
Dedicatória......................................................................................................... iv
Agradecimentos...................................................................................................v
Resumo/Palavras-Chaves................................................................................. .vi
Abstract/Key Words...........................................................................................viii
1. INTRODUÇÃO ..............................................................................................122. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ....................................................................16 2.1. Anatomofisiologia e biomecânica do crânio .......................................16 2.2. Escalpelamento.......................................................................................18 2.3. Anotomia e biomecânica da articulação temporomandibular.........................................................................................25 2.4. Desordens Temporomandibulares .......................................................273. OBJETIVOS .................................................................................................334. MATERIAIS E MÉTODOS.............................................................................34 4.1. População do estudo..............................................................................34 4.2. Metodologia ............................................................................................35 4.2.1. Instrumento de avaliação clínica .....................................................36 4.2.2. Fotografia ...........................................................................................37 4.2.3. Questionário de Fonseca .................................................................385. RESULTADOS .............................................................................................396. DISCUSSÃO..................................................................................................477. CONSIDERAÇÕES FINAIS..........................................................................568. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...........................................................57
APÊNDICE I ................................................................................................66
APÊNDICE II ...............................................................................................69
APÊNDICE III ..............................................................................................72
APÊNDICE IV ..............................................................................................74
xi
APÊNDICE V ...............................................................................................76
APÊNDICE VI ..............................................................................................78
ANEXO I ......................................................................................................80
xii
1. INTRODUÇÃO
Na região amazônica o drama dos escalpelamentos, causado pelo contato do
cabelo das vítimas com o eixo do motor dos barcos, exposto no meio da
embarcação ronda a população ribeirinha, sendo as crianças e mulheres as
principais vítimas afetadas (ASSOCIAÇÃO SARAPÓ, 2007).
O escalpelamento é um acidente ocasionado pela avulsão (extração
traumática) do couro cabeludo e lesões em áreas adjacentes do mesmo, causado
pela ação mecânica do eixo dos motores desprotegidos nas embarcações que
trafegam pelos rios da região, configurando uma realidade peculiar na Amazônia
(PAIVES/FSCMP, 2007).
O escalpe, apesar de não ser estatisticamente significativo, afeta diretamente
a vida dos habitantes das comunidades ribeirinhas da Amazônia (BARBOSA et al,
2006). Segundo dados da Fundação Santa Casa de Misericórdia do Pará (FSCMP),
no ano de 2006, ocorreram 14 internações de vítimas de escalpe. A faixa etária mais
acometida foi de 2 a 17 anos, apresentando 8 vítimas. Até o mês de agosto de 2007,
já foram registrados 10 casos de escalpelamento na FSCMP, sendo a faixa etária
mais acometida de 2 a 17 (7 vítimas).
No cotidiano dos ribeirinhos da Amazônia, moradores de entornos de rios,
precisamente no Estado do Pará, em função da vasta bacia hidrográfica e grandes
distâncias, o barco é o único meio de transporte. A maioria dessas embarcações de
uso familiar é representada como meio de sobrevivência das famílias que habitam
as margens dos rios, igarapés, furos e lagos dessa região, os quais sobrevivem da
comercialização agrícola, agropecuária, pesca, extrativismo vegetal, entre outros
(LIMA, 2006).
No final dos anos 60, com o avanço da tecnologia e o surgimento dos
motores, as embarcações à vela, comuns na região amazônica, foram sendo
substituídas por canoas e barcos motorizados. Na comunidade ribeirinha, os barcos
são fabricados de forma rudimentar e artesanal, havendo o predomínio do motor no
centro da embarcação, proporcionando a distribuição do peso e equilíbrio do barco.
A estimativa é que existem em média 50 mil embarcações ilegais, com o eixo do
motor descoberto, colocando em risco a vida de todos os passageiros (VOLTOLINI,
2003). Com o eixo descoberto e girando rapidamente, qualquer descuido poderá
ocasionar um escalpelamento.
12
Na opinião de Lima (2006):“A escolha desse motor, de centro, se dá pelo baixo custo, por ser mais econômico, e pelas suas proporções - é menor que o motor de popa permitindo navegação por pequenos igarapés.”
O escalpelamento, atinge em maior número o sexo feminino, entre 3 e 21
anos, tendo como característica, não somente a estética afetada, mas também o
aspecto psicológico. Devido à cultura, costume e religião essas permanecem com os
cabelos longos, o que favorece ainda mais o risco do acidente (MOTA, 2000).
Na perspectiva de dar resposta às demandas e desafios em saúde a FSCMP
criou o Programa de Atendimento Integral às Vítimas de Escalpelamento – PAIVES,
o qual funciona em quatro níveis de assistência: 1º - acidente ocorrido com criança
até doze anos de idade a internação para procedimentos cirúrgicos e outros
acompanhamentos se faz na Clínica Pediátrica; 2º - a partir desta idade a internação
da vítima se faz na Clínica Cirúrgica e, 3º - após alta das internações, em função de
curativos e demais atendimentos ambulatoriais, o acompanhamento se dá no
Ambulatório da FSCMP. 4º - Na alta as vítimas são instaladas no Espaço Acolher,
albergue abrigado da própria Santa Casa onde permanecem sob os cuidados
multiprofissionais, com alimentação e repouso garantidos pela instituição, enquanto
continuam sob os cuidados multiprofissionais do hospital.
As vítimas acometidas pelo drama são conhecidas na região amazônica como
“meninas de turbante”. As conseqüências dos acidentes são de alta complexidade e
o tratamento normalmente é longo, por vários anos, com recidivas de internações,
onde o ambiente hospitalar passa a fazer parte da vida e rotina dessas vítimas, além
do elevado custo emocional e social (PAIVES/FSCMP, 2007).
O tratamento em longo prazo realizado na FSCMP, as vítimas permanecem
internadas por alguns meses, ocorrendo conseqüentemente uma alteração da
dinâmica familiar, provenientes das regiões ribeirinhas interioranas, distante da
capital. Diante do exposto, vítimas e familiares se vêm obrigados a deixarem suas
casas e trabalho para o tratamento multidisciplinar, levando-se em consideração a
condição sócio-econômica baixa das famílias, de intensa pobreza. Como na maioria
das vezes, os acidentes ocorrem em embarcações familiares, muitos se sentem
culpados, tornado um trauma não só para a vítima, como também para toda família.
Segundo Voltolini (2003):
13
“Durante o longo período de reabilitação, marcado por sucessivas cirurgias, seus pais são forçados a abandonar as atividades de subsistência para acompanhar o tratamento, o que compromete o orçamento doméstico, ampliando ainda mais o drama familiar.”
A alopecia permanente é um fato comum nas vítimas de escalpelamento, por
conseqüência disto, o crânio fica recoberto por uma fina camada de pele, sendo
muito sensível ao sol. A Região Norte é caracterizada por um clima equatoriano
úmido, com temperaturas altas durante o ano todo, levando as “meninas de
turbante” fazerem uso de peruca, lenço, chapéu, e outros métodos com o objetivo de
proteger a fina camada de pele que recobre o crânio.
Segundo Voltolini (2003):“As meninas de turbante perdem a vontade de se alimentar, de ir à escola, de namorar e de conviver com os amigos. Jamais integram as estatísticas da população economicamente ativa (PEA). Nem contribuem para o crescimento do PIB nacional, na medida que, envergonhadas, se escondem da sociedade e passando a viver na dependência econômica do país.”
O drama vivido pela população ribeirinha poderia ser evitado ou até mesmo
erradicado se os motores dos barcos fossem protegidos. Algumas medidas
preventivas, como educação preventiva à população, fiscalização de embarcações,
bem como a divulgação do assunto, estão sendo providenciadas pelas autoridades
governamentais, organizações não governamentais (ONGS), ministério público,
marinha e sociedade civil. Em 2004 a Capitania dos Portos exigiu a implantação de
uma carenagem de madeira para proteção dos motores, mas essa solução foi
ineficaz e paliativa. Os acidentes continuaram existindo com o mesmo percentual, já
que a carenagem de madeira deixa “frestas” onde o cabelo penetra entrando em
contato com o eixo do motor em alta rotação. A carenagem para proteção ideal seria
de material metálico, mas inacessível pela baixa renda (ASSOCIAÇÃO SARAPÓ,
2007).
O escalpelamento é um problema de contexto social e relevante de saúde
pública de determinada região do Brasil, sendo considerado como um drama
amazônico. Esses acidentes graves e traumáticos estão fora da mídia e acabam
passando despercebidos pelo restante do país, e muitas pessoas nem imaginam
sua existência.
Enquanto não se consegue zerar as estatísticas se faz necessária uma ação
sistemática na cobertura e ponta da assistência a essas vítimas, tendo como
14
objetivo minorar sofrimentos e seqüelas, na prestação de um atendimento integral,
qualitativo e humanizado que tenha como premissa a continuidade e o investimento
na vida.
15
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
2.1 Anatomofisiologia e biomecânica do crânio
O crânio consiste em duas partes: os ossos da grande cavidade do crânio,
que envolve o cérebro e os ossos da face. Os ossos da grande cavidade do crânio
são: frontal, parietais (2), temporais (2), occipital, etmóide e esfenóide. Os ossos da
face são: maxilares (2), palatinos (2), zigomáticos (2), lacrimais (2), nasais (2),
conchas nasais inferiores, e vômer. Estes ossos articulam entre si através das
junções cranianas (MOORE, 1994).
Os estudos de Upledger e Vredevoogd (1983) apud Chaitow (2001)
descrevem a influência dos ligamentos intracranianos e da fáscia sobre o movimento
craniano, os quais eles sugeriram agirem para equilibrar o movimento dentro do
crânio. Lewandoski et al (1996), mostraram que o movimento do osso parietal não
se devia à “plasticidade” do osso, mas ao “movimento relativo apenas às suturas
cranianas”.
O movimento dos ossos cranianos não é uma simples operação de
“articulação”, mas um movimento complexo envolvendo mais de um eixo de
movimento, Zanakis et al (1996). Este não é movimento como encontrado em
outras articulações do corpo, sendo considerado meramente uma elasticidade
composta de uma combinação de um leve ceder ou acomodação na articulação,
além da flexibilidade do osso vivo e maleável (MAGOUN, 1968).
Os ossos do crânio se relacionam posteriormente com a coluna cervical e
anteriormente com a mandíbula. Dessa forma, a postura do crânio tem relação direta
com a fisiologia do sistema mastigatório como um todo (MASCARENHAS e DUTRA,
2003 apud SABANEEFF, 2004).
Os ossos adjacentes do crânio fornecem uma área para fixação de músculos
e ligamentos (LIPPERT, 2003), quando estes se encontram tensionados,
encurtados, disfuncionados, influências musculares diretas podem gerar algias na
face e maxila, com conseqüente diminuição e/ou ausência da expressão facial e
mobilidade articular (LEWIT,1992 apud CHAITOW, 2004).
O músculo occipitofrontal é formado por uma camada larga, fina,
musculofibrosa que cobre toda a abóbada craniana, da linha nucal superior às
sobrancelhas, envolvendo completamente a sutura parietal, com o potencial de
16
influenciar significativamente a mobilidade e função da região (CHAITOW, 2001).
Nos casos acidentais de escalpe mais severos, ocorrem avulsão de determinados
músculos, por apresentarem menor resistência, são comumente arrancados junto
com a porção cutânea da região frontal (MOTA, 2000). O frontal não apresenta
nenhuma inserção óssea, tendo como ação o franzir da testa, auxiliando na
expressividade da face, e quando tensionado sua ação pode ser diretamente
afetada. Nos casos de restrições ou tensões do músculo occipitofrontal, as vítimas
poderão apresentar cefaléia, vertigem, podendo também produzir interferências na
mobilidade entre os ossos occipital, parietal e frontal (CHAITOW, 2001).
A parte superior do crânio é recoberta pela gálea aponeurótica e couro
cabeludo. Esta aponeurose é o tendão membranoso dos ventres carnosos dos
músculos epicranianos, sendo considerado como uma camada clinicamente
importante para o couro cabeludo, por ser a camada de maior resistência (BRITTO
et al, 2004).
Segundo Arrigo e Zerbine (1994) o couro cabeludo e a fronte formam uma
capa protetora do crânio, constituindo o tegumento mais espesso do corpo e o que
contém mais anexo de pele. O couro cabeludo consiste em cinco camadas de tecido
que recobrem a calota craniana (camada mais externa formada pela epiderme e
derme; tecido celular subcutâneo; gálea aponeurótica; subaponeurótica e
pericrânio), que se estende da linha nucal superior, face posterior do crânio, até as
bordas supra-orbitárias. Lateralmente, o couro cabeludo estende-se até as fossas
temporais, no nível dos arcos zigomáticos (MOORE, 1994).
17
2.2 – Escalpelamento
A maior incidência de escalpelamento ocorre nas cidades do interior do Pará,
por isso foram estabelecidos nas cidades de Cametá, Breves, Barcarena, Altamira e
Santarém hospitais referenciais para primeiros socorros e estabilização do quadro,
sendo as vítimas encaminhadas posteriormente à FSCMP, em Belém.
A Figura 1 mostra a distribuição geográfica da bacia hidrográfica do Pará e
algumas regiões de maior ocorrência dos acidentes. É notável a extensa distribuição
geográfica das áreas de ocorrência ao longo dos cursos de rios.
A maioria dos acidentes ocorre quando as vítimas se abaixam para pegar
objetos ou quando estão retirando água do barco e o cabelo entra em contato com o
eixo do motor desprotegido em alta rotação (Figura 2), arrancando o couro cabeludo,
orelhas e pálpebras, podendo levar a cegueira em casos mais extremos (BRITTO et
al, 2004). Os motores protegidos por carenagem de madeira não impediram a
Figura 1 - Mapa geográfico do Pará com recortes dos rios em azul celeste. As setas azul-escuro mostram algumas regiões onde ocorreram acidentes.Fonte: PAIVES/FSCMP (2007).
18
ocorrência dos acidentes, pela presença de “frestas” (Figura 3). Essas frestas
permitem a penetração do cabelo e, além disso, a madeira é permeável a água,
permitindo a penetração no motor, sendo obrigatória a retirada da carenagem para
retirar a água, principalmente em dias chuvosos.
O
escalpelamento se
caracteriza pela extração
total ou parcial do couro cabeludo, incluindo epiderme ou derme, havendo evidência
ou não da caixa craniana e mutilação em vários casos em algumas áreas do rosto
Figura 3 - Exemplo típico de embarcação ribeirinha, normalmente familiar, de fabricação rústica com o eixo protegido com carenagem de madeira (seta amarela).Fonte: Arquivo pessoal
Figura 2 - Exemplo típico de embarcação ribeirinha, normalmente familiar, de fabricação rústica com o eixo exposto (seta amarela).Fonte: Arquivo pessoal
19
(face, sobrancelha, pálpebras, olhos, nariz e boca) e parte da região cervical
(PAIVES/FSCMP, 2007).
O escalpe pode ser classificado como parcial ou total. No escalpe parcial (Figura 4) pode afetar tecidos moles, e em casos mais graves chegam a expor os ossos do crânio, restando couro cabeludo. No escalpe total (Figura 5), além de não restar couro cabeludo, muitas estruturas podem estar envolvidas, gerando distúrbios funcionais de grandes e pequenas proporções (ARRIGO e ZERBINI, 1994).
Figura 5 - Escalpe total, nota-se a alopecia.Fonte: NOVAES (2006)
Figura 4 - Escalpelamento parcial. Nota-se cabelos cabelo em algumas regiões do crânio (seta amarela). Fonte: NOVAES (2006)
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A violência desse acidente é fisicamente de grande proporção, provocando dor intensa e hemorragia, podendo levar a vítima ao choque hipovolêmico e consequentemente à morte. Este tipo de trauma além de oferecer risco de morte pela hemorragia, causa perda irreparável do couro cabeludo (BRITTO et al, 2004).
As vítimas de escalpe parcial ou total, após o trauma apresentam um quadro
clínico característico e bastante complexo. Como observado por Mota (2000),
apresentam mialgias, limitações funcionais da coluna cervical, cintura escapular,
alteração da mímica facial, cefaléia tensional, edemas e hematomas na face e
crânio.
As seqüelas comumente encontradas nas vítimas são: alopecia parcial,
ectrópio, fratura com afundamento parieto occipital, perda de pavilhão auricular,
perda de pálpebra, perda de tegumento da região frontal, cervical e malar (MOTA,
2000).
Os músculos mais envolvidos e com função acometida após o escalpe são:
esternocleidomastóideo, escaleno, occipitofrontal, temporal, trapézio, músculos pré-
vertebrais e pós-vertebrais (MOTA, 2000).
Sendo o tratamento longo e de alta complexidade, as vítimas passam por
diversas etapas de reabilitação: cirurgias de trepanação (Figura 6), enxerto (Figura
7) e colocação de expansor (Figura 8) (BRITTO et al, 2004).
Após a estabilização do quadro inicial e avaliação da extensão da lesão,
vários tipos de tratamentos são relatados na literatura para os escalpelamentos em
geral, porém nenhum tratamento é particularizado para lesões por eixo rotatório de
motores de barco (BRITTO et al, 2004).
Segundo Arrigo e Zerbini (1994), como princípio geral das avulsões, deve-se
recorrer a enxertos, que consiste em empregos de retalhos (pedaço de pele) da
vizinhança. Quando a perda for extensa e não houver tecido suficiente para
cobertura com retalhos de vizinhança, mas sim periósteo, deve-se primeiro fazer
uma trepanação, que consiste em perfuração de múltiplos orifícios da tábua cortical
externa, com objetivo de formação de tecido granuloso. Este tecido é apto a receber
enxertos de pele.
Outro método para cobrir o osso craniano exposto é através do uso de
expansor de tecido, que tem a vantagem de remover áreas de grandes deficiências
de cabelos, até 50% do escalpe, em duas operações com cicatriz mínima
21
(MIKHAILOV E VASILEV, 1995). Porém esse método tem as desvantagens da
necessidade de visitas freqüentes dos pacientes por mais de três meses, o que se
torna dispendioso e inapropriado para região amazônica (BRITTO et al, 2004).
22
Figura 6 - Vítima em curativo. Nota-se a trepanação (remoção de um disco de osso ou de outro tecido compacto).Fonte: PAIVES/FSCMP (2007).
Figura 7 - Vítima após tratamento de enxertia. Nota-se a destruição do pavilhão auricular externo e lesão no pescoço.Fonte: PAIVES/FSCMP (2007).
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Percebe que o escalpelamento envolve diretamente todas as estruturas
ligadas ao crânio, pescoço e cintura escapular, sendo observados maiores
conseqüências nessas regiões.
O centro referencial para o tratamento das vítimas situa-se na cidade de
Belém, na FSCMP. O hospital é a referência estadual no atendimento da demanda
dessas vítimas, que visa prestar uma assistência integral e com qualidade, contando
com uma equipe multidisciplinar composta por médicos, enfermeiros, assistentes
sociais, fisioterapeutas, psicólogos, nutricionistas e pessoal de apoio.
Figura 8 - Vítima após tratamento de enxertia e colocação de expansor. Nota-se ausência de sobrancelhas. Fonte: PAIVES/FSCMP (2007).
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2.3 Anatomia e biomecânica da articulação temporomandibular
O sistema estomatognático é composto pelos ossos do crânio, mandíbula,
maxila, hióide, clavícula, esterno, cintura escapular, vértebras cervicais, articulação
temporomandibular (ATM), articulações dentoalveolares, dentes, coluna cervical,
área do sistema vascular, linfático e nervoso, músculos e tecidos moles da cabeça,
pescoço e músculos da bochecha, lábios e língua (HALL e BRODY, 2001).
Segundo Lippert (2003) a ATM é composta pela mandíbula que se articula
com o osso temporal. A mandíbula é o único osso móvel da face, situada na parte
ínfero-posterior da mesma, aloja os dentes inferiores, formando o assoalho da boca,
junto com o osso hióide (LEHMKUHL e SMITH, 1987).
Dentro da mandíbula, do ponto de vista osteocinemático, ocorrem três
movimentos básicos: depressão, protusão e excursões laterais, sendo estes
resultados da ação dos músculos cervicais e maxilares. A contração moderada e
integrada dos músculos mastigatórios proporciona a posição de melhor estabilidade
para os componentes intrarticulares, onde se iniciam os movimentos mandibulares.
Os principais músculos envolvidos são: pterigóideo lateral, pterigóideo medial,
masséter e temporal (DÂNGELO e FATTINI, 1987). Quando há um distúrbio na
cinemática desse sistema, os movimentos podem se apresentar alterados ou
ausentes (HALL e BRODY, 2001).
Funcionalmente, a ATM, a coluna cervical e as articulações entre os dentes
estão intimamente relacionadas. Os músculos fixam a mandíbula ao crânio, ao osso
hióide e à clavícula. A coluna cervical fica interposta entre as inserções proximais e
distais de alguns músculos que controlam a ATM. As atividades neuromusculares
das regiões cervical e mastigatória influenciam ativamente a função do movimento
mandibular e o posicionamento cervical (HALL e BRODY, 2001).
Do ponto de vista cinemático, as articulações e os músculos do sistema
estomatognático se interagem de forma a influenciar no alinhamento e função
mandibular na ATM, e certas atividades funcionais, como falar e comer, podem ser
afetadas por alterações da cinemática desse sistema (HALL e BRODY, 2001).
Após o trauma, é comum a perda de pavilhão auricular, nas vítimas de
escalpelamento, (MOTA, 2000). Este encontra situado próximo ao músculo temporal
(HALL e BRODY, 2001), constituído por fibras anteriores, médias e posteriores.
25
Suas fibras anteriores contribuem para a função de fechamento da mandíbula, as
posteriores são envolvidas na retrusão e o desvio lateral da mandíbula no mesmo
sentido (CHAITOW, 2001).
As fibras do músculo temporal em disfunção podem gerar alterações
mecânicas, como fechamento da mandíbula, retrusão ou desvio lateral. Esse
distúrbio na movimentação da mandíbula pode gerar dor na ATM e na musculatura
mastigatória (HALL e BRODY, 2001). Segundo Mota (2000), o temporal é um dos
músculos mais acometidos nos escalpes, por suas inserções cranianas, contribuem
para as algias relatadas pelas vítimas durante a mastigação.
26
2.4 Desordens temporomandibulares
A associação de mialgias, limitação funcional da face, pescoço, cintura
escapular presentes nas vítimas de escalpe, de acordo com Mota (2000), podem
contribuir com o desenvolvimento de desordens temporomandibulares (DTM).
Matosinhos et al (2005) definem as DTM como um conjunto de distúrbios
caracterizados por dor na região pré-auricular, músculos da mastigação, limitações e
desvios nos movimentos mandibulares, ruídos, algias na ATM durante a função
mandibular e palpação.
As DTM são caracterizadas pela desarmonia do sistema estomatognático, e
quando a tolerância estrutural deste é excedida, essas estruturas podem entrar em
colapso, gerando sinais e sintomas característicos (OKESON, 2002 apud NEVES e
CAETANO, 2004).
As DTM podem ser originadas por desordens musculares (espasmo muscular
e dor miofascial) e articulares (deslocamento anterior do disco e capsulite), que não
ocorrem isoladamente. Por exemplo, um trauma por acidente veicular ou uma queda
que tenha afetado o mento poderá ser um fator iniciante para DTM (JUNG et al,
2005).
Não existe uma causa única, que possa ser considerada um fator etiológico
pelas DTM, sendo, portanto, uma doença multifatorial, porém, dentre as muitas
causas podemos destacar com freqüência: traumatismo, aceleração/desaceleração
(whiplash), abertura excessiva da boca e hábitos parafuncionais (ROCABADO, 1991
apud MARTINS et al, 2004). Rodrigues et al (2001), definem os hábitos
parafuncionais como um conjunto de atos praticados por um sistema ou órgão que
não objetiva um resultado determinado, sendo os mais comuns: bruxismo,
apertamento, roer unhas, mascar chicletes, uso contínuo de telefone e computador,
morder objetos, dentre outros.
Bell (1990) aponta as DTM como a principal causa de dor não-dental na
região orofacial, considerada uma subclasse de desordens musculoesqueléticas. De
acordo com Oliveira et al (2003), ao estudarem o impacto da dor na região orofacial
na vida de indivíduos com DTM, verificaram que a dor pode prejudicar o
desempenho no trabalho e na escola em 59,09% dos entrevistados, o sono em
68,18% e o apetite/alimentação em 63,64%, concluíram que a dor das DTM
apresentaram um impacto negativo na qualidade de vida dos mesmos.
27
A estimativa segundo Agostini e Guimarães (2005), é que 50 a 60% da
população geral apresentam certo nível de DTM, sendo que a sintomatologia está
relacionada com hábitos parafuncionais, cefaléia, otalgia, mialgia, dor na face, região
cervical, costas e nos olhos, além de disfunções articulares e oclusais.
Segundo Okeson (2000), o diagnóstico preciso e acurado é extremamente
importante e o sucesso do tratamento depende não somente da forma como este foi
aplicado, mas também do quanto se adequa ao subtipo de desordem.
Dentre os sinais presentes nas DTM, um dos mais encontrados são os ruídos
articulares, considerados relevantes no que se refere ao diagnóstico (GONÇALVES
et al, 2003). Os ruídos articulares podem ser classificados como estalidos, estalos e
crepitação. O estalido é o mais comum e um dos primeiros sinais de desequilíbrio
biomecânico da ATM e dos músculos da mastigação, sendo mais freqüente no sexo
feminino (36%) do que no sexo masculino (24%). São considerados oriundos de
uma relação incorreta entre côndilo/disco, deficiência de ligamentos articulares,
hiperatividade muscular. Neste último, é considerado a descoordenação entre o
feixe superior do pterigóideo medial, fazendo com que o côndilo ultrapasse a borda
posterior do disco produzindo estalidos no início e no final da elevação mandibular
(GARCIA e MADEIRA, 1999).
Em estudo realizado com estudantes de Odontologia, Gonçalves (2001) verificou a presença de ruídos em 43%, sendo este o segundo sinal de DTM mais relatado.
Rizoto et al (2001) relatou que os ruídos articulares ocorreram em 50% da
população estudada, e que a presença dos mesmos podem variar de acordo com a
idade e sexo, com maior prevalência nas mulheres, aumentando com a idade.
Moresca e Urias (2001) verificaram em um estudo realizado com adultos jovens que
35% apresentavam ruídos articulares e que desses pesquisados 31% eram homens
e 69% eram mulheres.
O hábito inconsciente e destrutivo de apertar e ranger os dentes têm sido
descrito como bruxismo, devido à dificuldade em separá-los, considerado um dos
mais prevalentes sinais de DTM (GUSSON, 1998). O bruxismo é um hábito
parafuncional muito encontrado, considerado um acontecimento comum até que
comece a causar danos ao indivíduo. Os sinais mais comuns de bruxismo é o
desgaste dentário e o barulho ao ranger os dentes. A prevalência é igual no sexo
feminino e masculino, mais freqüente na juventude, com redução na terceira idade
(GOIS e GUIMARÃES, 2005).
28
A prevalência desta parafunção para Meyer e Boever (1997), girou em torno
de 20%, atingindo mais mulheres que homens. Porto et al (2002), analisando 100
crianças de 4 a 12 anos, concluíram que 42% das crianças componentes da
amostrar apresentaram hábito de ranger/apertar os dentes, além da presença de
desgaste dentário.
A hipomobilidade mandibular em abertura ou limitação da abertura oral é um
sinal prevalente encontrado nas DTM (CRUZ, 2006). Agerberg (1974) reconheceu
que a determinação dos movimentos mandibulares, entre estes a abertura oral, é um
método valioso, simples e objetivo para avaliar a função do sistema mastigatório.
Assim, a redução da mobilidade da mandíbula pode ser considerada uma
manifestação de disfunção na ATM, associada a disfunção muscular. Bernal e
Tsamtsouris (1986); Vanderas (1992); Yamamoto e Luz (1992) afirmaram que a
redução nos limites dos movimentos pode ser um sinal de disfunção, sendo que a
capacidade de abertura oral diminuída pode ser um fator indicativo dessas
alterações.
Há componentes psicológicos que comumente estão presentes em pacientes
com DTM: a ansiedade, a depressão e o estresse emocional (OKESON, 2000).
A pesquisa de Ferreira et al (2002) ofereceu subsídios para constatar que,
nas DTM há uma participação direta de aspectos psicológicos, sendo que o mais
freqüente é o estresse. Em um quadro de DTM o estresse emocional pode ser
considerado fator de origem ou se apresentar como algo decorrente da
sintomatologia. Quando um componente emocional está associado a um fator físico,
a liberação das tensões pelo aparelho estomatognático poderá produzir sintomas de
dor e disfunção (MARTINS et al, 2004).
O trauma decorrente do escalpelamento causa grande impacto social na vida
da comunidade ribeirinha, tendo em vista danos físicos e psicológicos das vítimas
(LIMA, 2006). De acordo com Mota (2000) o trauma é do ponto de vista psicológico
devastador para a vítima. Dessa forma podemos considerar que a tensão emocional,
presente nas vítimas de escalpelamento, pode ser um fator predisponente das DTM
nas mesmas.
Segundo Mota (2000) o escalpelamento é um acidente causado por trauma
de impacto direto, e devido a isto, freqüentemente são encontrados nas vítimas
fraturas parieto occipital, edemas e hematomas na face e crânio.
29
O trauma direto tem sido considerado importante fator etiológico no
desenvolvimento das DTM (CASTRO et al, 2003). No estudo de Miller e Bodner
(1999), um grupo de pacientes portadores de DTM e história de trauma na região
orofacial apresentaram sinais e sintomas mais severos que o grupo de pacientes
que não sofreram trauma na região orofacial, requerendo mais tratamento que a
população controle. Sendo assim, os traumatismos sofridos pelas vítimas de
escalpe, podem ser considerados como um fator etiológico para o desenvolvimento
de DTM, pela extensão e gravidade do acidente que as envolvem.
Sendo as DTM desencadeadas por processos multifatoriais, estas poderão
ser provocadas pelo desequilíbrio de um ou mais fatores que possam gerar
disfunções das estruturas relacionadas com a cabeça e região cervical, já que, a
relação biomecânica entre a cabeça e a região cervical é considerada um fator de
extrema importância (PEDRONI et al, 2006).
Um grupo de pacientes portadores de DTM se queixou de dor no pescoço
com maior freqüência, do que indivíduos de outro grupo controle sem DTM.
Portadores de DTM apresentaram-se diferentes em relação à limitação das funções
da coluna cervical, à sensibilidade dos músculos cervicais, cabeça e ombros durante
a palpação (LEEUW et al, 1994).
Goldstein et al (1984) mostraram em seu estudo que a posição da coluna
cervical pode ser a causa inicial de algumas discrepâncias oclusais e de alterações
na harmonia neuromuscular.
Uma mudança na posição da cabeça causada por músculos cervicais muda a
posição da mandíbula. Essa mudança afeta a oclusão e os músculos mastigatórios,
podendo afetar a ATM (HERTLING, 1996). Anormalidades oclusais têm sido
relacionadas com dor facial, cefaléia e DTM (NEVES e CAETANO, 2004).
A síndrome dolorosa miofascial é caracterizada por um conjunto de sintomas
sensoriais, motores e autonômicos causados por pontos gatilho miofasciais, sendo
uma alteração freqüentemente encontrada nas DTM. Os pontos gatilho (PG)
ocorrem freqüentemente em músculos que suportam uma atividade de sustentação,
como os das costas, pescoço e extremidades inferiores. São fatores ativadores de
PG: fadiga por excesso de trabalho, trauma por impacto direto, disfunções
articulares e estresses emocionais (SABANEEFF, 2004).
Os músculos da mastigação são freqüentemente envolvidos com PG, e nos
pacientes portadores de DTM, o músculo masseter é considerado o mais afetado
30
(ROHLING et al, 2003). De acordo com Rubin (1981), PG em masseter,
esternocleidomastóideo e trapézio podem ser considerados a maior fonte de dor
miofascial referida para as estruturas do crânio.
A tensão muscular gerada pelo trauma direto, perda de pavilhão auricular e
estresse emocional sofrido pelas vítimas de escalpe, pode contribuir com o
desencadeamento de PG. Segundo Chaitow (2001) um desencadeamento de
pontos gatilho pode ter como conseqüência a cefaléia tensional. Esta por sua vez,
segundo Mota (2000), é um sintoma característico das vítimas de escalpe descrito
como uma dor estável, vagarosa, localizada na região occipital, podendo, às vezes,
estender-se para a região frontal e temporal (ALMEIDA JR. et al, 2003). Carlsson et
al (1990) relataram que a cefaléia tensional apresenta um amplo espectro de
problemas de natureza médica, física, psicológica e social.
Estudos recentes indicaramm que desordens musculares podem ter
importante papel no limiar de sensibilidade à dor em pacientes portadores de
cefaléia tensional (NEUFELD, 2000 apud MORELLI e RUBENS, 2006). Sakai et al
(1995) confirmaram que os fatores musculares possuem um importante papel no
mecanismo patofisiológico da cefaléia tensional, os quais provavelmente sugerem
uma multifatoriedade.
Gomes et al (2006) consideraram a cefaléia como um sintoma
freqüentemente observado em pacientes com DTM. Já Oliveira (2002) não
compreendeu a relação entre DTM e os diferentes tipos de cefaléias, entretanto,
existem indícios clínicos que aproximam essas duas afecções.
Os estudos de Kreisberg, 1986; Schokker et al, 1990; Rocha et al, 2002,
evidenciaram cefaléia em mais de 60% dos pacientes com DTM. Bertolli et al (2007)
avaliaram a presença de sinais e sintomas de DTM em crianças com cefaléia
tensional, encontrando maior freqüência em pacientes pediátricos com cefaléia,
havendo também uma diferença significativa, segundo a idade e o estado
emocional.
As cefaléias relacionadas às DTM e estruturas do crânio foram incluídas na
classificação International Headache Society (IHS), em 1988, e revisado em 2004,
classificada na categoria IHS 11.7- Cefaléia ou dor facial associada com distúrbio do
crânio, pescoço, desordens da articulação temporomandibular, músculos
mastigatórios e outras estruturas crânio-faciais. A freqüência média da cefaléia tipo
tensional é elevada, geralmente com característica de aperto ou pressão, de
31
intensidade leve a moderada, bilateral e não piora com atividades de rotina (THE
INTERNATIONAL CLASSIFICATION OF HEADACHE DISORDERS, 2004).
As vítimas de escalpe sofrem restrições articulares, mialgias, traumas diretos e estresse emocional, sendo este um quadro complexo de fatores contributivos para o desenvolvimento de DTM (MOTA, 2000). Em todas as buscas realizadas no presente estudo, não encontramos na literatura uma pesquisa de sintomatologia de DTM em pacientes pós escalpe.
32
3. OBJETIVOS
• Quantificar a prevalência de sinais e sintomas de DTM nas vítimas de
escalpelamento.
• Classificar o grau de DTM nas vítimas de escalpelamento.
4. MATERIAIS E MÉTODOS
33
O enfoque dos nossos dados, todavia, não possibilitará estabelecer relações
de causalidades, mas tão somente, descrever a prevalência de sinais e sintomas de
DTM encontrados nas vítimas de escalpelamento.
4.1 População do estudo Realizado em uma amostra, constituída pelas vítimas internadas ou em
tratamento na FSCMP, inseridas no PAIVES, entre os dias 21 a 28 de outubro de
2007.
Totalizando um número de 11 vítimas, do sexo feminino, com idade entre 10 e
73 anos.
34
4.2 Metodologia
O presente estudo classifica-se como transversal, descritivo e quantitativo.
Foram considerados como critérios de exclusão:
• História de DTM prévia ao trauma;
• Vítimas que não estavam internadas ou sob tratamento na FSCMP;
• Vítimas em Centro de Terapia Intensiva (CTI) ou Unidade de Terapia
Intensiva(UTI);
• Vítimas cujo escalpelamento não foi por tração do motor de barco;
• Recusamento da assinatura no Termo de Consentimento Livre e
Esclarecido (TCLE).
Foram considerados critérios de inclusão:
• Vítimas de escalpelamento ou sob tratamento na FSCMP;
• Vítimas de escalpelamento por tração de motor de barco;
• Vítimas com quadro clínico estabilizado;
• Assinatura do TCLE.
O presente projeto foi submetido à apreciação pelo Comitê de Ética em
Pesquisas da Universidade Federal de Juiz de Fora (CEP/ UFJF), tendo sido
aprovado no protocolo n° 12242702007 (Anexo I, página 81).
O projeto incorpora os aspectos éticos recomendados pela Resolução 196/96 sobre Pesquisa Envolvendo Seres Humanos, incluindo entre outros, a obtenção do TCLE (Apêndices I, II, III e IV, páginas 65, 68, 71, 74) das vítimas.
Após a assinatura do TCLE, a voluntária da pesquisa passou por quatro
etapas distintas:
• Entrevista com perguntas objetivas;
• Avaliação física de palpação muscular do sistema estomatognático e
medição da abertura oral;
• Obtenção de imagem fotográfica;
• Aplicação do Questionário de Fonseca (FONSECA, 1992).
35
4.2.1 Instrumento de avaliação clínica
O instrumento de avaliação clínica foi elaborado a partir da ficha de avaliação
fisioterapêutica do “SERVIÇO ATM”, da Faculdade de Odontologia da UFJF. Este
instrumento foi elaborado com os respectivos blocos de: identificação, história do
problema atual, avaliação física da face e pescoço (palpação muscular intra e extra
oral), abertura oral realizada com o paquímetro.
Cada vítima entrevistada foi prontamente orientada quanto às dúvidas
pertinentes aos questionamentos da entrevista estruturada. Esta continha questões
objetivas sobre gênero, idade, história de DTM prévia ao acidente, data do trauma,
quantas cirurgias já havia sido submetida e tratamentos até então realizados
(Apêndice V, página 77).
A avaliação física da face e pescoço, foi dividida em 3 etapas: inspeção,
palpação muscular, da ATM e mensuração do movimento ativo de abertura oral.
Na inspeção foi observado: edema, hematoma, assimetria facial e desgaste
dental, dentre outros.
Foram palpados bilateralmente os seguintes músculos:
esternocleidomastóideo, temporal, trapézio (fibras superiores e médias),
suboccipitais, masseter, pterigóideo lateral e medial, conforme descrito por Travell e
Simons (1999). A palpação dos dois últimos músculos foi realizada de forma indireta,
visto que esses são profundos. A vítima foi instruída a relatar qualquer dor ou
desconforto percebida durante a palpação, classificando em não sintomático (NS);
sintomático (S); sintomático leve (S+); sintomático moderado (S++) e sintomático
intenso (S+++). A palpação muscular foi realizada com a vítima confortavelmente
sentada, utilizou-se luva de látex na palpação intra-oral.
A abertura oral foi mensurada através do paquímetro, sendo a limpeza
realizada com o uso de álcool, entre cada vítima. Foram realizadas duas
mensurações de abertura oral, a primeira sem desconforto e a segunda com
desconforto. Também foi observada durante a abertura oral a presença de desvio ou
deflexão.
4.2.2 Fotografia
36
Todas as vítimas foram fotografadas pelo mesmo operador, utilizando uma
máquina fotográfica digital SAMSUNG 4.1 MEGAPIXELS.
As vítimas foram fotografadas no plano sagital, frontal e posição ortostática.
Foi fotografada a abertura oral das vítimas durante a mensuração do paquímetro
(Figura 9).
Figura 9 - Mensuração da abertura oral com paquímetro.Fonte: Arquivo pessoal
37
4.2.3 Questionário de Fonseca
O Questionário de Fonseca (FONSECA, 1992) é constituído de 12 perguntas
relativas à sintomatologia das vítimas com relação às DTM. Foram oferecidas às
vítimas três possibilidades de respostas: “sim”, “não” ou “às vezes”. Para cada
resposta que indicou a presença do sintoma foi atribuído o valor “2”, sendo que a
ausência do sintoma recebeu o valor “0“ e a resposta às vezes, um valor “1” exceto
na questão de número 9, onde a resposta ”sim” teve valor “0” e a resposta “não”
valor “2”. Foi atribuído valor “3” quando houve dor constante ou quando o sintoma
relatado foi bilateral (apenas nas questões de número 4, 6 e 7). Este questionário
permite também a classificação em relação ao grau de disfunção através do
somatório dos valores obtidos na ficha anamnética. Desta forma pode enquadrá-los
como: não portador de DTM (0-4), DTM leve (5-10), DTM moderada (11-17) e DTM
severa (18-27). O modelo do questionário se encontra no Apêndice VI (página 79).
38
5. RESULTADOS
A amostra constituiu de um total de 11 vítimas, sendo 100% (11) das vítimas
do gênero feminino (Gráfico 1).
Prevalência por sexo
0%
20%
40%
60%
80%
100%
120%
FemininoMasculino
Gráfico 1 - Prevalência de escalpelamento por sexo.
Os dados obtidos mostram que na amostra, a porcentagem de vítimas,
classificadas através do Questionário de Fonseca foi de: 9,1% (1) para vítimas não
portadoras de DTM (Gráfico 2); 36,4% (4) da amostra classificada como DTM leve;
18,20% (2) para a DTM moderada e 36,40% (4) com DTM severa (Gráfico 3).
39
Prevalência de DTM
0,00%
10,00%
20,00%
30,00%
40,00%
50,00%
60,00%
70,00%
80,00%
90,00%
100,00%
Com DTMSem DTM
Gráfico 2 - Prevalência de DTM.
Classificação do grau de DTM
0,00%
5,00%
10,00%
15,00%
20,00%
25,00%
30,00%
35,00%
40,00%
DTM leve
DTM moderada
DTM severa
Gráfico 3 - Classificação de DTM segundo Questionário Fonseca.
A idade das vítimas de escalpelamento variou de 10 a 73 anos, sendo
considerada a idade média de 29,09 anos. O Gráfico 4 apresenta a prevalência de
40
vítimas de escalpe de acordo com a faixa etária, o que mostrou maior prevalência
na idade de 0/15 anos, com 45,5% (5). A seguir encontra-se 27,3% (3) das vítimas
na faixa etária de 16/40 anos e 41/80 anos.
Prevalência de vítimas de escalpelamento por faixa etária
0,00%
5,00%
10,00%
15,00%
20,00%
25,00%
30,00%
35,00%
40,00%
45,00%
50,00%
0/15 anos16/40 anos41/80 anos
Gráfico 4 - Prevalência de vítimas de escalpelamento por faixa etária.
De acordo com o Gráfico 5, verifica-se uma maior prevalência de DTM na
faixa etária de 0/15 anos de idade, assumindo um percentual de 36,4%(4). A seguir
observa a prevalência 27,3% (3) nas vítimas entre 16/40 anos e 41/80 anos.
Prevalência de DTM por faixa etária
0,00%
5,00%
10,00%
15,00%
20,00%
25,00%
30,00%
35,00%
40,00%
0/15 anos16/40 anos41/80 anos
Gráfico 5 - Prevalência de DTM por faixa etária.
41
A distribuição dos sinais de DTM na amostra estudada apresenta-se da
seguinte forma: presença de assimetria facial e maloclusão em 63,6% (7), desgaste
dentário e hábitos parafuncionais em 45,5% (5), ruídos em 27,3% (3), edema em
18,2% (2), desvio em 9,1% (1) e deflexão em 0% (0) (Gráfico 6).
Sinais de DTM
0,00%
10,00%
20,00%
30,00%
40,00%
50,00%
60,00%
70,00%
Assimetria facialMaloclusãoDesgaste dentárioHábitos parafuncionaisRuídosEdemaDesvioDeflexão
Gráfico 6 - Sinais de DTM.
A avaliação sintomatológica do grupo revelou que queixas como cefaléia
(90,9%) (10), fadiga ao mastigar (72,7%) (8), otalgia e dor cervical (63,6%) (7),
tensão (54,5%) (6) e dor facial (45,5%) (5) assumiram índices elevados nas vítimas
de escalpelamento estudadas (Gráfico 7).
42
Sintomatologia de DTM
0,00%
10,00%
20,00%
30,00%
40,00%
50,00%
60,00%
70,00%
80,00%
90,00%
100,00%
Cefaléia
Fadiga ao mastigar
Otalgia
Dor cervical
Tensão
Dor facial
Gráfico 7 - Sintomatologia de DTM.
De acordo com a literatura, o estudo de Sheppard e Sheppard (1965) mostra um aumento da abertura oral em relação à idade do paciente durante a infância, no período de desenvolvimento dos ossos cranianos. A partir dos 15 anos de idade, a medida da abertura oral é semelhante ao adulto. Desta forma, para avaliar a abertura oral da amostra em relação à idade, as vítimas foram divididas em três faixas etárias: 0/15 anos (infantil), 16/40 anos (adulto/jovem) e 40/80 anos (adulto/idoso).
Ao analisar o Gráfico 8 constata que o ápice da média de abertura oral
máxima encontra-se nas vítimas com faixa etária entre 41/80 anos (41,7mm), com o
progressivo declínio da abertura oral máxima, nas faixas etárias entre 0/15 anos
(32,4mm) e 16/40 anos (32 mm).
43
Abertura oral
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
0/15 anos16/40 anos41/80 anos
Gráfico 8 - Médias das aberturas orais em relação às idades.
O Gráfico 9 mostra a prevalência de dor à palpação da musculatura do pescoço, mastigatória e ATM. O músculo masseter foi o mais doloroso, com uma prevalência de 81,8% (9), seguido em ordem decrescente por pterigóideo lateral (72,7%) (8), temporal (63,6%) (7), suboccipitais e ATM (54,5%) (6), trapézio e pterigóideo medial (45,5%) (5), e esternocleidomastóideo (36,4%) (4).
Dor à palpação
0,00%
10,00%
20,00%
30,00%
40,00%
50,00%
60,00%
70,00%
80,00%
90,00%
MasseterPtg. lateralTemporalSuboccipitaisATMTrapézioPtg. medialEsternocleidomatóideo
Gráfico 9 - Dor à palpação da musculatura do pescoço, mastigatória e ATM.
A Tabela 1 mostra a relação dos músculos palpados e da ATM e sua classificação quanto ao grau da sintomatologia dolorosa. O músculo mais afetado com
44
sintomatologia intensa foi o pterigóideo lateral, com uma prevalência de 63,60% (7).
Tabela 1- Palpação
O tratamento realizado pela FSCMP nas vítimas estudadas é composto por uma equipe
multidisciplinar, e mostrou que 100% (11) destas haviam recebido tratamento e assistência das equipes de: enfermagem, médicos e assistentes sociais. Seguido de 90,9% (10) de tratamento psicológico, 81,8% (9) acompanhamento nutricional, 45,5% (5) tratamento fisioterapêutico, e 9,1% (1) já havia realizado tratamento com fonoaudiólogo (Gráfico 10). A média de cirurgias realizadas pelas vítimas foi de 3,45 cirurgias.
NS S + S ++ S +++ TotalECOM 7 3 0 1 11
% 63,60% 27,30% 9,10% 100,00%Temporal 4 1 2 4 11
% 36,40% 9,10% 18,20% 36,40% 100,00%Suboccipitais 5 2 4 0 11
% 45,50% 18,20% 36,40% 100,00%Trapézio 6 0 3 2 11
% 54,50% 27,30% 18,20% 100,00%Masseter 2 2 3 4 11
% 18,20% 18,20% 27,30% 36,40% 100,00%Ptg medial 6 0 2 3 11
% 54,50% 18,20% 27,30% 100,00%Ptg lateral 3 1 0 7 11
% 27,30% 9,10% 63,60% 100,00%ATM 5 1 3 2 11
% 45,50% 9,10% 27,30% 18,20% 100,00%NS= não sintomático; S+ = sintomático leve; S++= sintomático moderado;
S+++=sintomático intenso; ECOM= esternocleidomastóideo; Ptg= pterigóideo
45
Tratamentos
0%
20%
40%
60%
80%
100%
120%
MédicoEnfermagemAssistente SocialPsicologiaNutriçãoFisioterapiaFonoaudiologia
Gráfico 10 - Tratamentos realizados pela equipe multidisciplinar.
46
6. DISCUSSÃO
Estudos epidemiológicos sobre DTM têm sido conduzidos com diferentes
critérios para diagnóstico e diferentes protocolos experimentais, tornando difícil a
comparação entre os trabalhos. Estudos passados (SCHWARTZ, 1955;
SZENTPÉTERY et al, 1986), também se focalizaram em sinais e sintomas isolados,
muitas vezes, desconsiderando fatores, hoje sabidamente importantes na etiologia
das DTM, como estresse, estado emocional e aspectos psicossociais.
Alguns estudos (RIEDER et al, 1983) sugerem que diferenças sociais, culturais, psicológicas, de sexo e idade, contribuem para as respostas das questões relativas às DTM.Os resultados deste estudo demonstram uma prevalência de escalpelamento do sexo feminino de 100% (11) de acordo com amostra avaliada, e a faixa etária mais prevalente das vítimas de escalpelamento foi de 0 aos 15 anos. Estes resultados podem estar associados ao fato da maior prevalência de acidentes de escalpelamentos por tração de motor de barcos em mulheres e crianças, como foi demonstrado no estudo de Mota (2000).
Das 11 vítimas avaliadas, 90,9% (10) apresentam algum grau de DTM,
confirmando uma alta prevalência de DTM em pessoas do sexo feminino, resultados
concordes com aqueles obtidos por Szentpétery et al (1986), Gonçalves et al (2003)
e Cruz (2006).
Apesar de muitas pessoas não apresentarem queixas de sintomas relacionados às DTM, estudos sugerem que 40% a 60% dos indivíduos na população em geral apresentam algum tipo de DTM (OKESON, 2000), o que concorda com o achado deste trabalho. A possível explicação para este fato é a presença de sinais subclínicos que não são relatados como sintomas de DTM.
Em alguns estudos (MASSOTTI et al, 2006 e MARTINS et al, 2007), em
semelhança com o presente trabalho, também utilizaram para analisar o grau de
DTM, o Questionário de Fonseca. Os resultados deste estudo foi 9,1% (1) não
portador de DTM, 36,4% (4) das vítimas com DTM leve e severa, e 18,20% (2) com
DTM moderada. O trabalho de Martins et al (2007) apresentou-se com 33% de DTM
leve, 12,8% com DTM moderada e 5,4% com DTM severa. Desta forma condiz com
os achados deste trabalho a respeito da prevalência de DTM leve, mas não a
respeito das DTM severa, como também nos casos das vítimas de escalpe.
Embora as DTM possam ocorrer em qualquer idade, os pacientes se
apresentam mais comumente na fase adulta jovem, entre os 20/40 anos (HANNSON
e NILNER, 1975; GREENE e MARBACH, 1982 e SALONEN e HELLDEN, 1990).
Rieder et al (1983) estudando a prevalência da disfunção mandibular, relacionaram
47
sua ocorrência ao sexo e à idade. Para isso, utilizaram uma amostra com idades
variando de 13 a 86 anos. Os autores verificaram que os pacientes de 30/50 anos
apresentavam maior prevalência de sinais e sintomas relacionados às DTM.
O resultado encontrado neste estudo contradiz com os estudos supracitados,
já que a prevalência de DTM encontrada por faixa etária neste estudo foi mais
significativa entre 0/15 anos (36,4%) (4). Esse resultado pode ser explicado pelo fato
da amostra ser constituída por número maior de vítimas de escalpelamento na faixa
etária de 0/15 anos.
Existem diversos estudos que objetivaram descrever e diagnosticar sinais e
sintomas relacionados às DTM (SCHIFFMAN, 1990; MATSUMOTO et al, 2002;
MAGNUSSON e ENBOM, 2005), sendo de consenso entre os autores supracitados
que os principais sinais e sintomas dessa desordem são: dor e sensibilidade
muscular, dores articulares, limitação dos movimentos mandibulares e ruídos
articulares.
McNeill et al (1990) e Cruz (2006) apontaram como sinal mais prevalente de
DTM os ruídos articulares. No estudo de Montal e Guimarães (2002), os ruídos
também foram os sinais mais prevalentes, representado em 78,7%. Contradizendo
esses estudos, há uma prevalência de 27,3% (3) de vítimas, neste estudo, com
presença de ruídos articulares.
Henrikson e Nilmer (2003) e Gesch et al (2004), realizaram um estudo com o
objetivo de avaliar a existência de associação entre fatores oclusais e DTM,
concluindo a existência de grandes relações entre eles. Neste estudo, os sinais mais
prevalentes relacionados com as DTM encontrados, foram a maloclusão e a
assimetria facial (63,4%) (7), sendo concorde com as observações de D’ Antônio et
al (2001) e Egemark et al (2003) que também observaram maior incidência de
maloclusão. Acredita-se que a alta prevalência de assimetria facial (63,4%) (7) na
amostra sugere forte relação à violência do trauma direto sofrido pelas vítimas de
escalpelamento, atingindo diretamente as estruturas do crânio e da face.
A segunda maior prevalência de sinais de DTM neste estudo foi em relação a
hábitos parafuncionais e desgaste dentário (45,5%) (5). Segundo Matosinhos et al
(2005) as estatísticas mostraram que grande parte da população apresenta sinais e
sintomas relacionados aos hábitos parafuncionais, sendo estes comuns nas DTM. O
que foi evidenciado em seus estudos a presença de hábitos parafuncionais como
48
características marcantes nos pacientes com DTM, concordando com os resultados
encontrados no presente estudo.
Desgastes excessivos dos dentes normalmente estão associados às pessoas
que apertam ou rangem os dentes. O resultado deste estudo corroba o estudo de
Guimarães e Campos (2005), que encontrou uma prevalência de 45% de desgaste
dentário, em ambas as amostras estudadas.
O sinal de DTM que mostrou menor prevalência foi deflexão (0%), seguido do
desvio bucal (9,1%) (1), discordando do estudo de Guimarães e Campos (2005) que
encontraram em sua amostra 45% de desvio bucal.
Segundo Chaitow (2001), a tensão no occipitofrontal ou na aponeurose
epicraniana tem uma interferência nos potenciais de mobilidade entre os ossos
occipital, parietal e frontal. As restrições ou tensões em qualquer um dos músculos
frontal ou occipital poderão causar cefaléia tensional. Após o escalpe, devido a
estresses físicos e emocionais nos quais as vítimas são expostas constantemente, a
musculatura do crânio, região cervical e cintura escapular se apresentam
intensamente doloridas e tensionadas, conseqüentemente restrições articulares e
cefaléias tensionais estão frequentemente presentes (MOTA, 2000).
Szentpétery et al (1986) e Garcia et al (1995) em um estudo epidemiológico,
encontraram a cefaléia como principal sintoma de DTM. No estudo de Gomes e
Guimarães, a cefaléia esteve presente em 98,2% dos pacientes. Neste estudo a
cefaléia foi o sintoma mais prevalente, com índice de 90,9% (10), corrobando todos
os estudos citados anteriormente. Esta alta incidência de cefaléia pode ser
considerada como uma conseqüência do trauma direto sofrido pelas vítimas,
resultando em lesões e tensões envolvidas nos músculos cranianos.
Observa-se também, consideravelmente a prevalência de outros sintomas,
como fadiga ao mastigar (72,7%). Esse resultado concorda com os estudos de
Oliveira et al, (2003), Montal e Guimarães (2002) que obtiveram um índice de
prevalência de 83% e 57,4% respectivamente.
Estudos mostram que há elevada prevalência de sintomas otológicos nas
DTM, presente em 80 a 85% dos pacientes (COOPER e COOPER, 1993; PASCOAL
et al, 2001). Há teorias que tentam justificar o interrelacionamento de sintomas
otológicos e DTM: efeitos excitantes centrais; mecanismos neuromusculares;
alterações funcionais na tuba auditiva; alterações vasculares e inflamatórias. No
presente estudo a prevalência de otalgia foi de 63,6% (7) corrobando os estudos de
49
Bevilaqua-Grossi et al (2001), Guimarães e Campos (2005). Acredita-se que essa
alta prevalência de otalgia nas vítimas de escalpelamento, pode estar relacionada à
avulsão traumática, que muitas vezes pode afetar o pavilhão auricular.
Outra sintomatologia que atingiu um índice de 63,6% neste estudo foi dor
cervical, resultado este superior ao estudo de Matosinhos et al (2005) e inferior ao
estudo de Oliveira et al (2003), que encontram apenas 28% e 75% respectivamente
de cervicalgia.
Neste estudo, a prevalência de tensão emocional nas vítimas foi de 54,5%.
Acredita-se que o índice de tensão emocional nas vítimas de escalpelamento possa
ser justificado não só pelo trauma em si, como também pelos longos períodos de
permanência na FSCMP para tratamento, e pela alopecia, afetando diretamente a
estética e vaidade das vítimas.
A sintomatologia com menor índice de prevalência neste estudo foi a dor facial, o que mostrou um percentual de 45,5 %. Montal e Guimarães (2001) apontaram como um dos principais sintomas a dor facial (68%). Ferreira et al (2002) apresentaram as dores faciais com incidência de 86%. No estudo de Matosinhos et al (2005), encontraram uma incidência de 53% de dor facial, resultado este que mais se aproxima deste estudo. Acredita-se que a dor facial presente nas vítimas de escalpelamento seja devido ao trauma direto, afetando diretamente o crânio e face. Goulet e Clark (1990) mostraram que o uso do paquímetro já se tornou um método padrão no registro da amplitude da abertura oral, o que é demonstrado na alta reprodutibilidade de diversos investigadores. A utilização do paquímetro com graduação decimal neste estudo mostrou-se eficaz na mensuração da abertura oral, principalmente pela facilidade em se obter pontos de referências nas arcadas dentárias superior e inferior. De acordo com Uono (1993), não há diferença entre os métodos com e sem pressão bidigital, nos bordos incisais dos dentes anteriores do arco superior e inferior, no momento de se fazer a mensuração. Neste estudo opta por utilizar o método sem pressão bidigital.De acordo com a literatura, o estudo de Sheppard e Sheppard (1965) mostra um aumento da abertura oral em relação à idade do paciente durante a infância, no período de desenvolvimento dos ossos cranianos. A partir dos 15 anos de idade, a medida da abertura oral é semelhante ao adulto. Desta forma, para avaliar a abertura oral da amostra em relação à idade, as vítimas foram divididas em três faixas etárias: 0/15 anos (infantil), 16/40 anos (adulto/jovem) e 40/80 anos (adulto/idoso).
Segundo Okeson (1992) a abertura oral máxima em adultos, varia entre 40 a
60 mm quando medidas os bordos incisais dos dentes superiores e inferiores, sendo
que medidas menores que 40 mm são considerados hipomobilidade mandibular em
abertura.
50
Neste estudo, a média de abertura oral máxima foi de 32 mm na faixa etária
entre 16/40 anos, confirmando uma hipomobilidade mandibular em abertura,
segundo os achados de Okeson (1992). Ao contrário, a faixa etária de 41/80 anos foi
de 41,7 mm, estando dentro dos valores considerados normais.
A média de abertura oral máxima avaliada neste trabalho, na faixa etária de
0/15 anos, obteve valores inferiores comparados aos trabalhos da literatura quando
se considera a mesma faixa etária, sendo a média para o total da amostra de 32,4
mm. No estudo de Sheppard e Sheppard (1965) obtiveram o valor de 42,4 mm para
14 crianças de 3 a 5 anos, 46,2 mm para as de 6 a 10 anos de idade e em crianças
de 10/15 anos foram encontrados uma média da abertura oral de 51,2 mm.
Segundo Magge (2002) uma abertura de 25 a 35 mm é necessária para as
atividades cotidianas, como comer e falar. Dessa forma pode concluir que neste
estudo, as vítimas apresentaram uma hipomobilidade mandibular em abertura,
mantendo uma média de abertura necessária para tais atividades.
Neste estudo, quando compara a idade e o grau de abertura ativa, verifica um
aumento progressivo desta, na faixa etária entre 0/80 anos, discordando do estudo
de Zarb et al (2001) apud Guimarães e Campos (2005) que afirmaram que com o
envelhecimento há uma diminuição da mobilidade articular.
A sensibilidade dolorosa nos músculos da mastigação e da face tem sido
referida na literatura, em grande incidência nos pacientes portadores de alterações
funcionais do sistema estomatognático, ao apresentarem alto índice de dor a
palpação em masseter, pterigóideo lateral e temporal. (SZENTPÉTERY et al, 1986;
TERVONEN e KNUUTILLA, 1988;).
Com relação a esses achados, os resultados do presente estudo revelaram
alta incidência de dores nos músculos da mastigação e da face, sendo os
masseteres (81,8%), pterigóideos laterais (72,7%) e temporais (63,3%) os mais
afetados dentre aqueles submetidos à palpação, resultados também concordes com
o relato de Dworkin et al (1990), Al e Yamashita (1992).
Neste estudo, foi utilizada a palpação manual dos músculos da face e
pescoço, por este ser o método clínico mais usado para avaliar a dor muscular,
considerado e reconhecido como parte importante do exame clínico (FRICTON e
SCHIFFMAN, 1986; JENSEN et al, 1992; VISSCHER et al, 2004).
Hertling (1996) afirma que uma mudança na posição da cabeça causada por
músculos cervicais muda a posição da mandíbula. Essa mudança afeta a oclusão e
51
os músculos mastigatórios, podendo afetar a ATM. Apesar de não ser considerado
como foco do estudo, durante a avaliação, posicionamento e realização das
fotografias das vítimas, percebe-se uma alta prevalência de alterações posturais, em
um percentual de 100% das vítimas estudadas. Levando em consideração a
afirmação de Hertling e os achados clínicos neste estudo, sugerem um futuro estudo
a respeito das alterações posturais presentes, conforme constatado nas Figuras 10
e 11.
Figura 10 - Vítima de escalpelamento parcial. Nota-se alteração postural, com inclinação e rotação de cabeça.Fonte: Arquivo pessoal
52
Segundo Mota (2000) as vítimas de escalpelamento passam por um longo
processo de reabilitação, passando por diversas cirurgias de reconstrução, trocas de
curativos, permanecendo internadas por vários meses, sob os cuidados e
assistência da equipe multidisciplinar. Este estudo demonstrou um percentual de
100%, quanto à assistência das vítimas no que se referem aos tratamentos médicos,
enfermeiros e assistentes sociais. Este resultado pode ser explicado pelo fato das
vítimas passarem por diversas cirurgias, com acompanhamento de cirurgiões
plásticos, oftamologistas, otorrinologista. Nos escalpes, seja ele parcial ou total,
além da alopecia, alguns casos podem afetar o pavilhão auricular, pálpebras, o que
gera conseqüências mais severas. A troca de curativo diária também aproxima uma
necessidade do tratamento da enfermagem. Pelo fato das vítimas serem ribeirinhas
interioranas e possuírem baixa renda, o deslocamento para a capital e permanência
prolongada, interfere na vida financeira da família, sendo a atuação da assistente
social, um serviço fundamental nestas questões.
Os estudos de Mota (2000); Lima (2006), Barbosa et al (2007) demonstraram
que o trauma do escalpelamento é do ponto de vista psicológico devastador para o
paciente. Quanto a isso, este estudo confirma a alta prevalência de atendimento
Figura 11: Vítima de escalpelamento parcial. Nota-se alteração postural, com protusão de cabeça.Fonte: Arquivo pessoal
53
psicológico (90,9%), demonstrando também a importância dessa assistência para as
vítimas.
Mota (2000) aponta também que a contribuição da fisioterapia nessas vítimas
de escalpe é de grande importância, atenuando a sintomatologia álgica referida nas
regiões cervicais, ombros e face, prevenindo e/ou retardando o surgimento de
possíveis contraturas e/ou deformidades, limitadoras do movimento. No presente
estudo, o índice de tratamento fisioterápico (45%) a essas vítimas foi menor em
comparação as outras profissões. Acredita-se que isso é devido ao profissional
fisioterapeuta ser responsável por todos os setores de atendimento da FSCMP, não
fazendo parte exclusivamente da equipe PAIVES.
Nas disfunções da ATM, o tratamento deve ser iniciado o mais precocemente
possível, evitando a progressão de uma dor aguda em crônica, pela sensibilização
central. A alta prevalência de DTM encontrada no estudo nas vítimas de
escalpelamento sugere maior assistência fisioterapêutica, visando ativação
circulatória, acelerar processos reparadores dos tecidos, alívio a dor, redução do
espasmo, melhorar mobilidade articular, redução da inflamação, bem como restaurar
a função total do sistema estomatognático e músculo-esquelético (GRAY et al, 1994;
MATTA e HONORATO, 2003).
Nos tratamentos das vítimas, a fonoaudiologia nos mostra a especialidade
com menor número de atendimentos, acredita-se ser pelo fato desta não fazer parte
da equipe multidisciplinar na FSCMP, e sugere uma maior atenção destes
profissionais, já que o trauma poderá gerar distúrbios da fala e audição.
Concorda-se com Solberg (1979) que a compreensão de uma patologia de
etiologia multifatorial não se constitui em avaliar determinados achados
epidemiológicos, a importância clínica destes, é chamar a atenção para sinais e
sintomas que auxiliem no diagnóstico e tratamento dos fatores etiológicos.
54
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS
De acordo com os resultados obtidos no presente estudo, acredita haver
uma forte correlação entre o escalpelamento e as DTM. A quantidade de demanda
imposta pelas seqüelas do trauma tem uma relação direta com as DTM,
salvaguardando as pré-existentes.
Foi possível concluir, através da aplicação do Questionário de Fonseca, que
o escalpelamento é um fator etiológico das DTM.
Sugere uma maior atenção a essas vítimas, visando prevenção e tratamento
fisioterapêutico das DTM pós escalpe, enfatizando a importância da
multidisciplinalidade. A expectativa é que no futuro as realizações de outros
estudos possam qualificar ainda mais a contribuição do tratamento fisioterapêutico
a essas vítimas.
Pouca atenção tem sido dada às vítimas de escalpe, que representa na atualidade, um problema de extrema relevância no contexto de Saúde Pública do Brasil. Portanto, as esferas responsáveis devem realizar esforços necessários para a erradicação dos escalpelamentos, subsidiando tomadas de decisão de políticas públicas compensatórias, que tenha como premissa a continuidade e o investimento pela vida.
55
8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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APÊNDICE I
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
CONFORME CAPITULO IV DA RESOLUÇÃO N 196 DE 10 DE OUTUBRO 1996 DO CONSELHO NACIONAL DA SAÚDE
1ª Via - Responsáveis
Eu, Vanusa Caiafa Caetano, fisioterapeuta, professora do Departamento de Fisioterapia da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), situado no Centro de Ciências de Saúde, Campus Universitário, cujo telefone de Contato é (32) 3229-4738, vou realizar uma pesquisa na Fundação Santa Casa de Misericórdia do Pará, cujo título é Prevalência de sinais e sintomas de desordens temporomandibulares nas vítimas de escalpelamento. O objetivo deste trabalho é quantificar a prevalência de sinais e sintomas de desordens na face e mandíbula (distúrbios temporomandibulares - DTM) nas vítimas de escalpelamento.
Para a realização desta pesquisa, vamos realizar uma entrevista e uma avaliação funcional e física da articulação da mandíbula com o crânio (articulação temporomandibular-ATM), para detectarmos alguma alteração desta articulação. A entrevista constará perguntas como nome, idade, data do acidente e se está submetido (a) a algum tratamento específico. O exame físico constará de palpação da musculatura da face, pescoço e mastigatória (músculos responsáveis pela mastigação). Na avaliação física será realizada a medida da abertura da boca, com um instrumento semelhante a uma régua (paquímetro). Também será aplicado um pequeno questionário, onde perguntaremos dados como se sente dor de cabeça, na nuca, ouvido e dificuldade para abrir a boca. Serão realizadas fotografias do seu (sua) filho (a) para fins ilustrativos e comprometemos resguardar a privacidade do mesmo. Todas as avaliações serão realizadas na Fundação Santa Casa de Misericórdia do Pará. Após a coleta dos dados será feita uma quantificação da prevalência de desordens temporomandibulares nas vítimas de escalpelamento. A participação do seu (sua) filho (a) nesta pesquisa é voluntária e a avaliação com as mensurações oferece um risco que consideramos mínimo, ou seja, um risco compatível ao que pode ocorrer todos os dias quando saímos de casa, por exemplo. Durante a palpação dos músculos e da abertura da boca pode ocorrer do seu (sua) filho (a) perceber um desconforto. Porém qualquer problema ou desconforto detectado será imediatamente sanado pelas pesquisadoras, ou por quem de direito, sem qualquer custo para o voluntário da pesquisa ou seu (s) responsável (is).
Comprometemos também a informar a você os tipos de comportamento que podem causar danos à saúde do (a) seu (sua) filho (a), e que, portanto não devem ser realizados por ele (a).
Informamos que o Sr (a). tem a garantia de acesso, em qualquer etapa do estudo, sobre qualquer esclarecimento e eventuais dúvidas, através do contato direto com as pesquisadoras. Se tiver alguma consideração ou dúvida sobre a ética da pesquisa, entre em contato com o Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal de Juiz de Fora (CEP-UFJF), situado na Pró Reitoria de Pesquisa – Campus Universitário s/n – Bairro Martelos – Juiz de Fora – MG, CEP 36036-900, fone/fax: (32) 3229-3788, e-mail: [email protected].
Também é garantida a liberdade da retirada deste consentimento a qualquer momento da pesquisa e da retirada da participação do seu (sua) filho (a) do estudo, sem qualquer prejuízo, de qualquer natureza, para a criança.
Também gostaríamos de esclarecer que você pode acompanhar todas as atividades que seu (sua) filho (a) será submetido neste estudo.
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Este estudo faz parte do Trabalho de Conclusão de Curso (monografia) de uma aluna do último ano do Curso de Fisioterapia da UFJF, e será apresentado em dezembro de 2007 a uma banca avaliadora. Nós nos comprometemos a utilizar os dados coletados somente para pesquisa e os resultados serão veiculados através de artigos científicos em revistas especializadas e/ou em encontros científicos e congressos, sem nunca tornar possível a identificação do seu (sua) filho (a).
O Sr (a). tem direito de ser mantido atualizado sobre os resultados parciais das pesquisas e caso seja solicitado, darei todas as informações que solicitar.
Não existirá despesas ou compensações pessoais para o participante em qualquer fase do estudo. Também não há compensação financeira relacionada à participação do (a) seu (sua) filho (a). Se existir despesa adicional, ela será absorvida pelo orçamento da pesquisa.
As pesquisadoras estarão disponíveis para quaisquer esclarecimentos através dos telefones descritos no final deste termo.
Em anexo está o consentimento livre e esclarecido para ser assinado caso não tenha ficado qualquer dúvida.
Este termo foi elaborado em duas vias que deve ser preenchida e assinada pelos participantes ou seus responsáveis legais, além das pesquisadoras responsáveis. A primeira via deverá ficar em seu poder e a segunda via devera ser devolvida à pesquisadora.
Termo de Consentimento livre e esclarecido
Acredito ter sido suficiente informado a respeito das informações que li, descrevendo o estudo Prevalência de sinais e sintomas de desordens temporomandibulares nas vítimas de escalpelamento.
Todas as dúvidas e/ou esclarecimentos sobre a pesquisa estão sanadas. Ficaram claros para mim quais são os propósitos do estudo, os procedimentos a serem realizados, seus desconfortos e riscos, as garantias de confiabilidade e de esclarecimentos permanentes.
Ficou claro também que a participação do (a) meu (minha) filho (a) é isenta de despesas e que tenho garantia do acesso aos resultados e de esclarecer minhas dúvidas a qualquer momento. Concordo voluntariamente em permitir a participação do (a) meu (minha) filho (a) neste estudo e poderei retirar o meu consentimento a qualquer momento, antes ou durante o mesmo, sem penalidade, prejuízo ou perda de qualquer benefício.
Belém,____de______________de 2007.
Nome do Paciente:________________________________________________________Identificação do Pai, Mãe e/ou responsável:Nome:____________________________ Nome: _______________________________RG:_________ _____________________ RG: _________________________________Fone: ____________________________ Fone:________________________________
Assinatura do Pai, Mãe e/ou responsável: ___________________________________ ___________________________________
Pesquisadoras:
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____________________________Profa. Vanusa Caiafa CaetanoDepartamento de Fisioterapia – UFJF
Tel (32) 3229-3843
________________________________Roseane de Oliveira CastroAcadêmica do último ano do curso de Fisioterapia – UFJFTel (32)8401-2747
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APÊNDICE II
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
CONFORME CAPITULO IV DA RESOLUÇÃO N 196 DE 10 DE OUTUBRO 1996 DO CONSELHO NACIONAL DA SAÚDE
2ª Via - Pesquisadoras
Eu, Vanusa Caiafa Caetano, fisioterapeuta, professora do Departamento de Fisioterapia da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), situado no Centro de Ciências de Saúde, Campus Universitário, cujo telefone de Contato é (32) 3229-4738, vou realizar uma pesquisa na Fundação Santa Casa de Misericórdia do Pará, cujo título é Prevalência de sinais e sintomas de desordens temporomandibulares nas vítimas de escalpelamento. O objetivo deste trabalho é quantificar a prevalência de sinais e sintomas de desordens na face e mandíbula (distúrbios temporomandibulares - DTM) nas vítimas de escalpelamento.
Para a realização desta pesquisa, vamos realizar uma entrevista e uma avaliação funcional e física da articulação da mandíbula com o crânio (articulação temporomandibular-ATM), para detectarmos alguma alteração desta articulação. A entrevista constará perguntas como nome, idade, data do acidente e se está submetido (a) a algum tratamento específico. O exame físico constará de palpação da musculatura da face, pescoço e mastigatória (músculos responsáveis pela mastigação). Na avaliação física será realizada a medida da abertura da boca, com um instrumento semelhante a uma régua (paquímetro). Também será aplicado um pequeno questionário, onde perguntaremos dados como se sente dor de cabeça, na nuca, ouvido e dificuldade para abrir a boca. Serão realizadas fotografias do seu (sua) filho (a) para fins ilustrativos e comprometemos resguardar a privacidade do mesmo. Todas as avaliações serão realizadas na Fundação Santa Casa de Misericórdia do Pará. Após a coleta dos dados será feita uma quantificação da prevalência de desordens temporomandibulares nas vítimas de escalpelamento. A participação do seu (sua) filho (a) nesta pesquisa é voluntária e a avaliação com as mensurações oferece um risco que consideramos mínimo, ou seja, um risco compatível ao que pode ocorrer todos os dias quando saímos de casa, por exemplo. Durante a palpação dos músculos e da abertura da boca pode ocorrer do seu (sua) filho (a) perceber um desconforto. Porém qualquer problema ou desconforto detectado será imediatamente sanado pelas pesquisadoras, ou por quem de direito, sem qualquer custo para o voluntário da pesquisa ou seu (s) responsável (is).
Comprometemos também a informar a você os tipos de comportamento que podem causar danos à saúde do (a) seu (sua) filho (a), e que, portanto não devem ser realizados por ele (a).
Informamos que o Sr(a). tem a garantia de acesso, em qualquer etapa do estudo, sobre qualquer esclarecimento e eventuais dúvidas, através do contato direto com as pesquisadoras. Se tiver alguma consideração ou dúvida sobre a ética da pesquisa, entre em contato com o Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal de Juiz de Fora (CEP-UFJF), situado na Pró Reitoria de Pesquisa – Campus Universitário s/n – Bairro Martelos – Juiz de Fora – MG, CEP 36036-900, fone/fax: (32) 3229-3788, e-mail: [email protected].
Também é garantida a liberdade da retirada deste consentimento a qualquer momento da pesquisa e da retirada da participação do seu (sua) filho (a) do estudo, sem qualquer prejuízo, de qualquer natureza, para a criança.
Também gostaríamos de esclarecer que você pode acompanhar todas as atividades que seu (sua) filho (a) será submetido neste estudo.
Este estudo faz parte do Trabalho de Conclusão de Curso (monografia) de uma aluna do último ano do Curso de Fisioterapia da UFJF, e será apresentado em dezembro de
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2007 a uma banca avaliadora. Nós nos comprometemos a utilizar os dados coletados somente para pesquisa e os resultados serão veiculados através de artigos científicos em revistas especializadas e/ou em encontros científicos e congressos, sem nunca tornar possível a identificação do seu (sua) filho (a).
O Sr (a). tem direito de ser mantido atualizado sobre os resultados parciais das pesquisas e caso seja solicitado, darei todas as informações que solicitar.
Não existirá despesas ou compensações pessoais para o participante em qualquer fase do estudo. Também não há compensação financeira relacionada à participação do (a) seu (sua) filho (a). Se existir despesa adicional, ela será absorvida pelo orçamento da pesquisa.
As pesquisadoras estarão disponíveis para quaisquer esclarecimentos através dos telefones descritos no final deste termo.
Em anexo está o consentimento livre e esclarecido para ser assinado caso não tenha ficado qualquer dúvida.
Este termo foi elaborado em duas vias que deve ser preenchida e assinada pelos participantes ou seus responsáveis legais, além das pesquisadoras responsáveis. A primeira via deverá ficar em seu poder e a segunda via devera ser devolvida à pesquisadora.
Termo de Consentimento livre e esclarecido
Acredito ter sido suficiente informado a respeito das informações que li, descrevendo o estudo Prevalência de sinais e sintomas de desordens temporomandibulares nas vítimas de escalpelamento.
Todas as dúvidas e/ou esclarecimentos sobre a pesquisa estão sanadas. Ficaram claros para mim quais são os propósitos do estudo, os procedimentos a serem realizados, seus desconfortos e riscos, as garantias de confiabilidade e de esclarecimentos permanentes.
Ficou claro também que a participação do (a) meu (minha) filho (a) é isenta de despesas e que tenho garantia do acesso aos resultados e de esclarecer minhas dúvidas a qualquer momento. Concordo voluntariamente em permitir a participação do (a) meu (minha) filho (a) neste estudo e poderei retirar o meu consentimento a qualquer momento, antes ou durante o mesmo, sem penalidade, prejuízo ou perda de qualquer benefício.
Belém,____de______________de 2007.
Nome do Paciente:________________________________________________________Identificação do Pai, Mãe e/ou responsável:Nome:____________________________ Nome: _______________________________RG:_________ _____________________ RG: _________________________________Fone: ____________________________ Fone:________________________________
Assinatura do Pai, Mãe e/ou responsável: ___________________________________ ___________________________________
Pesquisadoras:
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____________________________Profa. Vanusa Caiafa CaetanoDepartamento de Fisioterapia – UFJF
Tel (32) 3229-3843
________________________________Roseane de Oliveira CastroAcadêmica do último ano do curso de Fisioterapia – UFJFTel (32)8401-2747
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APÊNDICE III
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
CONFORME CAPITULO IV DA RESOLUÇÃO N 196 DE 10 DE OUTUBRO 1996 DO CONSELHO NACIONAL DA SAÚDE
1ª Via - Pacientes
Eu, Vanusa Caiafa Caetano, fisioterapeuta, professora do Departamento de Fisioterapia da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), situado no Centro de Ciências de Saúde, Campus Universitário, cujo telefone de Contato é (32) 3229-4738, vou realizar uma pesquisa na Fundação Santa Casa de Misericórdia do Pará, cujo título é Prevalência de sinais e sintomas de desordens temporomandibulares nas vítimas de escalpelamento.
O objetivo deste trabalho é quantificar a prevalência de sinais e sintomas de desordens na face e mandíbula (distúrbios temporomandibulares - DTM ) nas vítimas de escalpelamento.
Para a realização desta pesquisa, vamos realizar uma entrevista e uma avaliação funcional e física da articulação da mandíbula com o crânio (articulação temporomandibular-ATM), para detectarmos alguma alteração desta articulação. A entrevista constará perguntas como nome, idade, data do acidente e se está submetido (a) a algum tratamento específico. O exame físico constará de palpação da musculatura da face, pescoço e mastigatória (músculos responsáveis pela mastigação). Na avaliação física será realizada a medida da abertura da boca com um instrumento semelhante a uma régua (paquímetro). Também será aplicado um pequeno questionário, onde perguntaremos dados como se sente dor de cabeça, na nuca, ouvido e dificuldade para abrir a boca. Serão realizadas fotografias para fins ilustrativos e comprometemos resguardar a sua privacidade. Todas as avaliações serão realizadas na Fundação Santa Casa de Misericórdia do Pará. Após a coleta dos dados será feita uma quantificação da prevalência de desordens temporomandibulares nas vítimas de escalpelamento.
A sua participação nesta pesquisa é voluntária e a avaliação com as mensurações oferece um risco que consideramos mínimo, ou seja, um risco compatível ao que pode ocorrer todos os dias quando saímos de casa, por exemplo. Durante a palpação dos músculos e da abertura da boca pode ocorrer de você perceber um desconforto. Porém qualquer problema ou desconforto detectado será imediatamente sanado pelas pesquisadoras, ou por quem de direito, sem qualquer custo para o voluntário da pesquisa.
Comprometemos também a informar a você os tipos de comportamento que podem causar danos à sua saúde, e que, portanto não devem ser realizados por você.
Informamos que você tem a garantia de acesso, em qualquer etapa do estudo, sobre qualquer esclarecimento e eventuais dúvidas, através do contato direto com as pesquisadoras. Se tiver alguma consideração ou dúvida sobre a ética da pesquisa, entre em contato com o Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal de Juiz de Fora (CEP-UFJF), situado na Pró Reitoria de Pesquisa – Campus Universitário s/n – Bairro Martelos – Juiz de Fora – MG, CEP 36036-900, fone/fax: (32) 3229-3788, e-mail: [email protected].
Também é garantida a liberdade da retirada deste consentimento a qualquer momento da pesquisa e da retirada da sua participação do estudo, sem qualquer prejuízo para você.
Este estudo faz parte do Trabalho de Conclusão de Curso (monografia) de uma aluna do último ano do Curso de Fisioterapia da UFJF, e será apresentado em dezembro de 2007 a uma banca avaliadora. Nós nos comprometemos a utilizar os dados coletados somente para pesquisa e os resultados serão veiculados através de artigos científicos em revistas especializadas e/ou em encontros científicos e congressos, sem nunca tornar possível a sua identificação.
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Você tem o direito de ser mantido atualizado sobre os resultados parciais das pesquisas e caso seja solicitado, darei todas as informações que solicitar.
Não existirá despesas ou compensações pessoais para o participante em qualquer fase do estudo. Também não há compensação financeira relacionada à sua participação. Se existir despesa adicional, ela será absorvida pelo orçamento da pesquisa.
As pesquisadoras estarão disponíveis para quaisquer esclarecimentos através dos telefones descritos no final deste termo.
Em anexo está o consentimento livre e esclarecido para ser assinado caso não tenha ficado qualquer dúvida.
Este termo foi elaborado em duas vias que deve ser preenchidas e assinadas pelos participantes ou seus responsáveis legais, além das pesquisadoras responsáveis. A primeira via deverá ficar em seu poder e a segunda via devera ser devolvida as pesquisadoras.
Termo de Consentimento livre e esclarecido
Acredito ter sido suficiente informado à respeito das informações que li, descrevendo o estudo Prevalência de sinais e sintomas de desordens temporomandibulares nas vítimas de escalpelamento.
Todas as dúvidas e/ou esclarecimentos sobre a pesquisa estão sanadas. Ficaram claros para mim quais são os propósitos do estudo, os procedimentos a serem realizados, seus desconfortos e riscos, as garantias de confiabilidade e de esclarecimentos permanentes.
Ficou claro também que a minha participação é isenta de despesas e que tenho garantia do acesso aos resultados e de esclarecer minhas dúvidas a qualquer momento. Concordo voluntariamente em participar deste estudo e poderei retirar o meu consentimento a qualquer momento, antes ou durante o mesmo, sem penalidade, prejuízo ou perda de qualquer benefício.
Belém,____de______________de 2007.
Nome do Paciente:________________________________________________________R.G.:_________ __________________________________________________________
Assinatura do Paciente: ___________________________________________________
Pesquisadoras:
____________________________ ____________________________Profa. Vanusa Caiafa Caetano Roseane de Oliveira CastroDepartamento de Fisioterapia – UFJF Acadêmica do último ano doTel (32) 3229-3843 curso de Fisioterapia – UFJF Tel (32)8401-2747
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APÊNDICE IV
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
CONFORME CAPITULO IV DA RESOLUÇÃO N 196 DE 10 DE OUTUBRO 1996 DO CONSELHO NACIONAL DA SAÚDE
2ª Via - Pesquisadoras
Eu, Vanusa Caiafa Caetano, fisioterapeuta, professora do Departamento de Fisioterapia da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), situado no Centro de Ciências de Saúde, Campus Universitário, cujo telefone de Contato é (32) 3229-4738, vou realizar uma pesquisa na Fundação Santa Casa de Misericórdia do Pará, cujo título é Prevalência de sinais e sintomas de desordens temporomandibulares nas vítimas de escalpelamento.
O objetivo deste trabalho é quantificar a prevalência de sinais e sintomas de desordens na face e mandíbula (distúrbios temporomandibulares - DTM ) nas vítimas de escalpelamento.
Para a realização desta pesquisa, vamos realizar uma entrevista e uma avaliação funcional e física da articulação da mandíbula com o crânio (articulação temporomandibular-ATM), para detectarmos alguma alteração desta articulação. A entrevista constará perguntas como nome, idade, data do acidente e se está submetido (a) a algum tratamento específico. O exame físico constará de palpação da musculatura da face, pescoço e mastigatória (músculos responsáveis pela mastigação). Na avaliação física será realizada a medida da abertura da boca com um instrumento semelhante a uma régua (paquímetro). Também será aplicado um pequeno questionário, onde perguntaremos dados como se sente dor de cabeça, na nuca, ouvido e dificuldade para abrir a boca. Serão realizadas fotografias para fins ilustrativos e comprometemos resguardar a sua privacidade. Todas as avaliações serão realizadas na Fundação Santa Casa de Misericórdia do Pará. Após a coleta dos dados será feita uma quantificação da prevalência de desordens temporomandibulares nas vítimas de escalpelamento.
A sua participação nesta pesquisa é voluntária e a avaliação com as mensurações oferece um risco que consideramos mínimo, ou seja, um risco compatível ao que pode ocorrer todos os dias quando saímos de casa, por exemplo. Durante a palpação dos músculos e da abertura da boca pode ocorrer de você perceber um desconforto. Porém qualquer problema ou desconforto detectado será imediatamente sanado pelas pesquisadoras, ou por quem de direito, sem qualquer custo para o voluntário da pesquisa.
Comprometemos também a informar a você os tipos de comportamento que podem causar danos à sua saúde, e que, portanto não devem ser realizados por você.
Informamos que você tem a garantia de acesso, em qualquer etapa do estudo, sobre qualquer esclarecimento e eventuais dúvidas, através do contato direto com as pesquisadoras. Se tiver alguma consideração ou dúvida sobre a ética da pesquisa, entre em contato com o Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal de Juiz de Fora (CEP-UFJF), situado na Pró Reitoria de Pesquisa – Campus Universitário s/n – Bairro Martelos – Juiz de Fora – MG, CEP 36036-900, fone/fax: (32) 3229-3788, e-mail: [email protected].
Também é garantida a liberdade da retirada deste consentimento a qualquer momento da pesquisa e da retirada da sua participação do estudo, sem qualquer prejuízo para você.
Este estudo faz parte do Trabalho de Conclusão de Curso (monografia) de uma aluna do último ano do Curso de Fisioterapia da UFJF, e será apresentado em dezembro de 2007 a uma banca avaliadora. Nós nos comprometemos a utilizar os dados coletados somente para pesquisa e os resultados serão veiculados através de artigos científicos em revistas especializadas e/ou em encontros científicos e congressos, sem nunca tornar possível a sua identificação.
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Você tem o direito de ser mantido atualizado sobre os resultados parciais das pesquisas e caso seja solicitado, darei todas as informações que solicitar.
Não existirá despesas ou compensações pessoais para o participante em qualquer fase do estudo. Também não há compensação financeira relacionada à sua participação. Se existir despesa adicional, ela será absorvida pelo orçamento da pesquisa.
As pesquisadoras estarão disponíveis para quaisquer esclarecimentos através dos telefones descritos no final deste termo.
Em anexo está o consentimento livre e esclarecido para ser assinado caso não tenha ficado qualquer dúvida.
Este termo foi elaborado em duas vias que deve ser preenchidas e assinadas pelos participantes ou seus responsáveis legais, além das pesquisadoras responsáveis. A primeira via deverá ficar em seu poder e a segunda via devera ser devolvida as pesquisadoras.
Termo de Consentimento livre e esclarecido
Acredito ter sido suficiente informado à respeito das informações que li, descrevendo o estudo Prevalência de sinais e sintomas de desordens temporomandibulares nas vítimas de escalpelamento.
Todas as dúvidas e/ou esclarecimentos sobre a pesquisa estão sanadas. Ficaram claros para mim quais são os propósitos do estudo, os procedimentos a serem realizados, seus desconfortos e riscos, as garantias de confiabilidade e de esclarecimentos permanentes.
Ficou claro também que a minha participação é isenta de despesas e que tenho garantia do acesso aos resultados e de esclarecer minhas dúvidas a qualquer momento. Concordo voluntariamente em participar deste estudo e poderei retirar o meu consentimento a qualquer momento, antes ou durante o mesmo, sem penalidade, prejuízo ou perda de qualquer benefício.
Belém,____de______________de 2007.
Nome do Paciente:________________________________________________________R.G.:_________ __________________________________________________________
Assinatura do Paciente: ___________________________________________________
Pesquisadoras:
____________________________ ____________________________Profa. Vanusa Caiafa Caetano Roseane de Oliveira CastroDepartamento de Fisioterapia – UFJF Acadêmica do último ano doTel (32) 3229-3843 curso de Fisioterapia – UFJF Tel (32)8401-2747
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APÊNDICE V
UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORAFaculdade de Medicina / Departamento de Fisioterapia
Projeto de Pesquisa: “Prevalência de sinais e sintomas de desordens temporomandibulares nas vítimas de escalpelamento”
Roseane de Oliveira Castro* ; Vanusa Caiafa Caetano **.* Acadêmica do Curso de Fisioterapia da UFJF; ** Professora Assistente I do Dept° de Fisioterapia -
FACMED/UFJF.
INSTRUMENTO DE AVALIAÇÃO CLÍNICA
BLOCO I: IDENTIFICAÇÃO
Nº DO QUESTIONÁRIO: |__|__|__|__|
DATA DA ENTREVISTA: |__|__|__|__|__|__|
NOME:_______________________________________________________________
IDADE: |__|__|Anos |__|__|Meses SEXO: |__|
RESPONSÁVEL: ___________________________________________________
HISTORIA PRÉVIA DE DTM AO ACIDENTE: SIM |__| NÃO|__|
BLOCO II: HISTÓRIA DO PROBLEMA ATUAL
DATA DO ESCALPELAMENTO: |__|__|__|__|__|__|
QUANTAS CIRURGIAS JÁ FOI SUBMETIDO(A): |__|__|
TRATAMENTOS REALIZADOS ATUALMENTE:
FONOAUDIOLOGIA |__|
FISIOTERAPIA |__|
PSICOLOGIA |__|
MÉDICO |__|
ASSITENTE SOCIAL |__|
NUTRIÇÃO |__|
ENFERMAGEM |__|
OUTROS (especificar): _______________________________________________
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BLOCO III: AVALIAÇÃO FÍSICA DA FACE E PECOÇO
Inspeção:
Assimetria facial: |__|sim |__|não
Edema: |__| presente |__| ausente
Hematoma |__| presente |__| ausente
Desgaste dental: |__| presente |__| ausente
Outros:_____________________________
Palpação:
Palpação Lado direito Lado esquerdoEsternocleidomastóideoTemporalTrapézio (fibras superiores e médias)SuboccipitaisMasseterPterigóideo lateralPterigóideo medialATMNS = não sintomático; S = sintomático; S + = leve; S++ = moderada; S +++ = intensa.
Movimentos ativos de abertura da mandíbula: Abertura bucal: com dor |__| mm sem dor |__| mmcom desvio para ___com deflexão para ___sem desvio nem deflexão |__|
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APÊNDICE VI
UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORAFaculdade de Medicina / Departamento de Fisioterapia
Projeto de Pesquisa: “Prevalência de sinais e sintomas de desordens temporomandibulares nas vítimas de escalpelamento”
Roseane de Oliveira Castro* ; Vanusa Caiafa Caetano **.* Acadêmica do Curso de Fisioterapia da UFJF; ** Professora Assistente I do Dept° de Fisioterapia -
FACMED/UFJF.
QUESTIONÁRIO DE FONSECA
1-Sente dificuldade para abrir a boca?( )sim ( )não ( )às vezes ( )constantemente
2-Sente dificuldade para movimentar sua mandíbula para frente e para os lados?( )sim ( )não ( ) às vezes ( )constantemente
3-Tem cansaço ou dor muscular quando mastiga?( )sim ( )não ( ) às vezes ( )constantemente
4-Sente dores de cabeça com frequência?( )sim ( )não ( ) às vezes ( )constantementeDescreva a região e duração da dor_______________________________________
5-Sente dores na nuca ou pescoço?( )sim ( )não ( )às vezes ( )constantemente
6-Tem dores de ouvido ou próximo dele (ATM)?Se sim, de qual lado?( )sim ( ) não ( )direita ( )esquerda ( ) ambos
7-Tem ruídos na ATM quando mastiga ou abre a boca? Se sim, de qual lado?( )sim ( ) não( )direita ( ) esquerda ( ) ambos
8- Você já observou se tem algum hábito bucal? Se sim, quais?( )sim ( )não ( ) ás vezes ( )constantemente-apertar os dentes-ranger os dentes-morder a língua-morder os lábios-Morder as bochechas-Morder objetos-Roer unhas-Outros
9-Seus dentes se articulam bem?( )sim ( )não ( ) constantemente
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10-Você se considera uma pessoa tensa?( )sim ( )não ( ) constantemente
11-Mastiga de um lado só?( )sim ( )não ( ) constantemente
12-Sente dores na face ou nos dentes, ao acordar?( )sim ( )não ( ) constantemente
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