UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO CURSO DE … · As minhas irmãs do coração, Beatriz Gomes...
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO
CURSO DE ZOOTECNIA
BRUNA GOMES MACEDO
IDADES DE CORTE DO CAPIM-ELEFANTE PARA A PRODUÇÃO DE FENO PICADO
CUIABÁ-MT 2014
BRUNA GOMES MACEDO
IDADES DE CORTE DO CAPIM-ELEFANTE PARA A PRODUÇÃO DE FENO
PICADO
Trabalho de Conclusão do Curso de
Gradação em Zootecnia da Universidade Federal de Mato Grosso, apresentado
como requisito parcial à obtenção do título de Bacharel em Zootecnia.
Orientador: Prof. Dr. Joadil Gonçalves de Abreu
Orientador do Estágio Supervisionado:
Profª. Drª. Maria Fernanda
Soares Queiroz
CUIABÁ-MT
2014
DEDICATÓRIA
Aos meus pais, Lucia Gomes da Silva e Luis Macedo dos Santos pelos
exemplos de determinação, honestidade, cuidado e amor, a eles agradeço por
todas as minhas conquistas pois a todo momento estavam ali presentes me
apoiando e aconselhando sobre qual o melhor caminho a seguir.
As minhas irmãs do coração, Beatriz Gomes Macedo e Julia Gomes do
Nascimento, por fazerem dos meus dias mais bonitos e felizes.
A vocês dedico todo o meu sucesso.
AGRADECIMENTOS
À Deus, pela benção da vida e pela oportunidade de realização de um
sonho tão belo.
A Universidade Federal de Mato Grosso, por fornecer condições
necessárias para a conclusão do curso.
A coordenadora do curso de Zootecnia, Lisiane Pereira de Jesus, por
fazer sempre o possível para atender as nossas necessidades como alunos.
A coordenadora de Estágio do curso de Zootecnia, Maria Fernanda
Soares Queiroz, pela paciência e dedicação em nos direcionar para o local
mais adequado de realização do estágio final.
A todos os professores que fizeram parte dessa longa caminhada,
agradeço pelos ensinamentos e exemplos de ética, companheirismo e
dedicação.
Ao Núcleo de Estudos em Produção de Ruminantes e Pastagens –
NERP/UFMT, pelo grande aprendizado e contribuição na formação de
profissionais diferenciados.
A todos os colegas de classe por todas as batalhas vencidas em
conjunto.
A todos os amigos conquistados durante a graduação.
As amigas de curso (Grupo não sou baú), Ana Paula da Silva Carvalho,
Anna Flávia Plothow, Isabela Eloisa Bianchi e Kamila Moura de Andrade, pelo
companheirismo, amizade, pelas risadas juntas, pelos dias bons e ruins
passados juntas.
Ao companheiro de todos os momentos, Perivaldo de Carvalho, por
aguentar os meus momentos de estresse sem nunca reclamar e estar sempre
presente quando eu mais precisei, eu agradeço muito a você fofinho.
A professora e mãezona, Isis Scatolin de Oliveira, por contribuir
enormemente na formação da profissional que hoje sou.
Aos integrantes da banca examinadora, Professor Carlos Eduardo
Avelino Cabral, Arthur Behling Neto e Mariane Moreno Ferro, pela gentileza de
aceitarem fazer parte dessa etapa tão importante na minha vida.
Aos Professores, Daniel de Paula Sousa e Joadil Gonçalves de Abreu,
pelos ensinamentos e orientação dos projetos de iniciação cientifica.
Ao Professor Joadil Gonçalves de Abreu, pelos ensinamentos, exemplos
de conduta e ética, paciência, compreensão, sabedoria e pela enorme
disposição em me orientar na realização do meu trabalho de conclusão de
curso.
Muito Obrigada a todos, cada um contribuiu de forma imprescindível na
minha formação profissional.
“O valor das coisas não esta no tempo que elas duram, mas na
intensidade com que acontecem. Por isso, existem momentos inesquecíveis,
coisas inexplicáveis e pessoas incomparáveis”.
Fernando Pessoa
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1. Médias mensais da precipitação pluviométrica (mm), umidade relativa (%), temperaturas mínimas, médias e máximas (Cº) durante o período experimental, em
Santo Antonio de Leverger, MT..................................................................................07 Figura 2. Comportamento das frações fibrosas do feno picado de capim-elefante cv.
BRS Canará com avanço da idade de corte..............................................................17
Figura 3. Variação nos teores de PB, PIDN e PIDA no feno de capim-elefante cv. BRS Canará em diferentes idades de cortes.............................................................18
LISTA DE TABELAS
Tabela 1. Características agronômicas, composição morfológica, produtividade e teor de matéria seca da forragem e do feno picado de capim-elefante cv.
Canará em diferentes idades de corte. ........................................................ 11
Tabela 2. Composição bromatológica do feno picado de capim-elefante cv. BRS Canará em diferentes idades de corte ......................................................... 14
Tabela 3. Exigência de nutrientes para um animal produzir 1 kg de leite corrigido
para 4% de gordura.................................................................................19
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ...................................................................................................................1 2. OBJETIVO...........................................................................................................................3 3. REVISÃO.............................................................................................................................4
4. MATERIAL E MÉTODOS .................................................................................................7 5. RESULTADOS E DISCUSSÃO .................................................................................... 10
6. CONCLUSÕES ............................................................................................................... 20 7. CONSIDERAÇÕES FINAIS .......................................................................................... 21 REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 22
RESUMO
Objetivou-se determinar idades de corte do capim-elefante cv. BRS Canará para a
produção de feno picado. O delineamento experimental foi em blocos casualizados,
com cinco idades de corte (42, 60, 76, 91 e 105 dias) e quatro repetições. Verificou-
se efeito linear sobre altura de planta, diâmetro de colmo, porcentagem de
pseudocolmo, relação lâmina foliar: pseudocolmo, teor de matéria seca da forragem,
produtividade de matéria seca de forragem/ha/corte, teor de matéria seca do feno
picado, produtividade de feno/ha/corte e porcentagem de lâmina foliar. Verificou-se
efeito quadrático sobre o comprimento e largura da última folha completamente
expandida. Em relação ao valor nutritivo verificou-se efeito linear para teores de
material mineral, matéria orgânica, fibra em detergente neutro, fibra em detergente
ácido, fibra em detergente neutro indigestível, fibra em detergente neutro corrigida
para cinzas e proteína, proteína bruta, proteína insolúvel em detergente neutro (%
MS), proteína insolúvel em detergente neutro (%) PB, proteína insolúvel em
detergente ácido (% MS), nutrientes digestíveis totais (NDT) e energia líquida de
lactação (ELL). Plantas cortadas entre 42 e 60 dias resultam em características
agronômicas, composição morfológica, produtividade e valor nutritivo mais
favoráveis para a produção de feno picado de capim-elefante cv. BRS Canará.
Palavras-chaves: características agronômicas, composição morfológica, gramínea
forrageira, valor nutritivo.
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1. INTRODUÇÃO
A estacionalidade na produção forrageira é uma realidade recorrente em
todos os sistemas de produção animal em pastejo, trazendo sérios prejuízos para o
produtor com o fenômeno da safra e entressafra devido as grandes variações
quantitativas e qualitativas da forragem, no decorrer do ano. Uma das alternativas
recomendadas para se obter bom equilíbrio entre a disponibilidade e a necessidade
de forragem, durante o período de escassez, é o uso de capineiras.
O uso do capim-elefante (Pennisetum purpureum Schum.) tem sido uma
alternativa bastante interessante, devido a sua alta produção de matéria seca por
unidade de área e bom valor nutritivo quando colhido em idades compatíveis.
Paralelo a isso há a necessidade de se conservar forragem para a época da seca,
na forma de feno ou silagem, visto que durante o período das águas há excedente
de produção, podendo realizar-se três cortes dessa forrageira nesse período.
A fenação constitui-se em uma das alternativas recomendáveis, permitindo o
aproveitamento do excedente de forragem ocorrido em períodos de crescimento
acelerado das forrageiras, aguas.
O princípio básico da fenação resume-se na conservação do valor nutritivo da
forragem através da rápida desidratação, uma vez que a atividade respiratória das
plantas, bem como a dos microrganismos é paralisada. Assim, a qualidade do feno
está associada a fatores relacionados com as plantas que serão fenadas, às
condições climáticas ocorrentes durante a secagem e ao sistema de
armazenamento.
Entre as gramíneas forrageiras que podemos utilizar para a fenação,
podemos destacar o capim-elefante desde que previamente picado, uma vez que
este não apresenta algumas características desejáveis para o processo de fenação,
sendo elas: porte baixo, folha estreita e colmo fino.
2
A utilização do capim-elefante na forma de feno picado é viável ao pequeno
produtor, uma vez que reduz o gasto com mão de obra devido a maior facilidade de
fornecimento do alimento.
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2. OBJETIVO
Determinar idades de corte do capim-elefante cv. BRS Canará para a produção
de feno picado.
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3. REVISÃO
A estacionalidade da produção forrageira, responsável pela falta de alimentos
volumosos com bom valor nutritivo para utilização nos períodos críticos do ano, é o
principal impedimento para se melhorar os baixos índices de produção animal
obtidos atualmente. Esse problema não é exclusividade das regiões tropicais do
Brasil, pois sem o uso de práticas de conservação de forragens, a atividade pecuária
seria impossível em países como Rússia, Finlândia, Suécia, Noruega, Dinamarca,
Alemanha, Polônia, Franca, Itália, Suíça, Canadá, Estados Unidos e outros
(GOMES, 1986). Deste modo, evidencia-se a necessidade de conservar parte da
produção de forragem para atender à necessidade do rebanho na época de
escassez.
Uma das alternativas para redução desses efeitos negativos é a fenação.
Jobim et al. (2001), definem a fenação como processo que conserva as forragens
por meio da desidratação parcial da planta forrageira. Segundo o autor, o processo
de desidratação retira água disponível à ação deletéria de microrganismos, fazendo
com que o produto final se conserve por longo período de tempo. Além disso, a
fenação constitui uma das alternativas recomendáveis, especialmente pela
possibilidade de ser associada ao programa de manejo das pastagens na
propriedade, com o aproveitamento do excedente de pasto obtido no verão (COSTA
& GOMIDE, 1991).
Entre as gramíneas forrageiras que podemos utilizar para a fenação, podemos
destacar o capim-elefante, desde que ele seja previamente picado. O capim-elefante
(Pennisetum purpureum) é uma das gramíneas mais importantes e mais difundidas
em todas as regiões tropicais e subtropicais do mundo. Seu centro de origem é na
África, entre 10o N e 20o S de latitude, tendo sido descoberto em 1905 pelo coronel
Napier, ocorrendo como espécie colonizadora natural em inúmeros países deste
continente, e foi introduzido no Brasil em 1920, vindo de Cuba. Em razão do seu alto
potencial de produção de matéria seca, bom valor nutritivo, palatabilidade, vigor, boa
resistência a seca, pragas e doenças, o capim-elefante tem sido considerado uma
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das forrageiras mais importantes na produção de volumoso para a pecuária. Nos
últimos anos essa gramínea vem sendo utilizada em diversos programas de
melhoramento genético, visando o desenvolvimento de cultivares para corte e
pastejo (SOUZA SOBRINHO et al., 2005).
Em 2012 foi lançada no mercado, a cultivar de capim-elefante BRS Canará, a
qual apresenta maior produtividade e melhor distribuição da produção ao longo do
ano, em relação às cultivares já existentes (FAVA, 2008). Essa cultivar caracteriza-
se por apresentar porte alto; touceiras de formato semi-aberto; folha de cor verde e
bainha verde amarelada; colmo de diâmetro médio com coloração no internódio
amarelada. Possui propagação vegetativa por meio de estacas, sendo indicada para
uso como capineira nos Biomas Amazônia e Cerrado (EMBRAPA, 2013). Fava
(2008), trabalhando com clones de capim-elefante em Tangará da Serra-MT, em
fase de melhoramento, verificou que o clone CNP6L (cultivar BRS Canará)
apresentou melhor distribuição anual de produção, em relação aos outros 14 clones
testados, com 47.907 e 7.351 kg de MS/ha nas águas e seca, respectivamente.
A utilização de plantas com bom valor nutritivo, e com facilidade de desidratação,
são os principais preceitos para a produção de feno de boa qualidade (JOBIM et al.,
2001).
Atualmente é possível fenar todo tipo de forrageira, bastando para isso utilizar
métodos e equipamentos adequados ao processamento da planta, embora algumas
espécies forrageiras apresentem maior facilidade, principalmente quanto à
velocidade de desidratação, atingindo o ponto de feno mais rapidamente e expondo
a forragem a menos risco de perdas (ALMEIDA et al., 2003).
Os mesmos autores relatam que o capim-elefante apresenta valor nutritivo
adequado, no entanto essa forrageira possui porte alto e colmo grosso,
características que dificultam o processo de desidratação. Assim, para a produção
de feno dessa gramínea, torna-se necessária a picagem prévia da planta.
Além da rápida desidratação, a eficiente utilização de forragens conservadas
em forma de feno é dependente de alguns fatores, dentre estes podemos destacar o
valor nutritivo, que por sua vez está diretamente associado à idade de corte da
planta (MURDOCH 1964). A gramínea apresenta diferentes características em cada
estádio de desenvolvimento e estas podem influenciar positiva ou negativamente o
processo de conservação da forragem. Dessa forma, a recomendação do ponto de
colheita do capim-elefante para a fenação deve considerar, além da produtividade,
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as características agronômicas, composição morfológica e valor nutricional. De
acordo com Van Soest (1994), o avanço da idade da planta promove diminuição de
sua atividade metabólica, reduzindo a síntese de compostos proteicos, ocasionando
efeitos deletérios sobre o teor de proteína e na digestibilidade das gramíneas
forrageiras tropicais.
Apesar do expressivo volume de publicações sobre o capim-elefante no Brasil,
são escassos os trabalhos científicos avaliando a utilização dessa forrageira para
produção de feno picado.
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4. MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi realizado na Fazenda experimental da Universidade Federal
de Mato Grosso, localizada no município de Santo Antônio de Leverger-MT, situado
a 15o51’S de latitude Sul e 56º04’ de longitude Oeste de Greenwich com altitude de
140 m, na região denominada de Baixada Cuiabana. O clima da região, segundo a
classificação de Köppen, é do tipo Aw, caracterizando-se por duas estações bem
definidas: seca (abril a setembro) e chuvosa (outubro a março). A temperatura média
mensal varia de 22° a 27°C, e com precipitação de 1.300 mm/ano. O solo da área
experimental foi classificado como Latossolo Vermelho Amarelo com horizonte A
Proeminente e o relevo plano (Embrapa, 2013).
O experimento foi realizado durante o período das águas, de outubro de 2013 a
fevereiro de 2014. Os dados climáticos obtidos nesse período foram coletados na
Estação Agrometeorológica Padre Ricardo Remetter, que faz parte da rede do 9º
DISME/INMET, instalada a aproximadamente 1 km do local do experimento (Figura
1).
Figura 1. Médias mensais da precipitação pluviométrica (mm), umidade relativa (%), temperaturas mínimas, médias e máximas (Cº) durante o período experimental, em Santo Antônio de Leverger, MT.
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As análises físico-químicas do solo da área experimental, realizadas na
camada de 0-10 cm, antes do início dos cortes, apresentaram os seguintes
resultados: pH (CaCl2): 5,5; P: 6,6 mg/dm³; K: 84,0 mg/dm³; Ca²+: 2,7 cmolc/dm³;
Mg²+: 1,0 cmolc/dm³; H + Al3+: 2,2 cmolc/dm³; Al3+: 0,0 cmolc/dm³; MO: 11,8 g/kg; SB:
3,9 cmolc/dm³; T: 6,1 cmolc/dm³; V: 64,3%; argila = 227 g/kg; silte = 66 g/kg e areia
total = 707 g/kg.
A capineira foi formada em março de 2013, sendo plantada a cultivar de capim-
elefante BRS Canará, desenvolvida especificamente para os biomas Amazônico e
Cerrado. Na implantação foram utilizados 450 kg/ha de superfostato simples. Em
novembro, após cada corte foram realizadas as adubações em cobertura aplicando-
se 500 kg/ha de NPK 20-05-20, seguindo a recomendação de (CANTARUTTI et
al.,1999).
O delineamento experimental foi em blocos casualizados, com cinco idades de
corte (42, 60, 75, 90 e 105 dias) e quatro repetições cada. Cada parcela apresentava
5,00 m de comprimento e 4,00 m de largura, com espaçamento entre linhas de 1,00
m. Considerou-se como área útil 3,00 m centrais das duas fileiras do meio de cada
parcela, descontando-se 1,00 m de cada extremidade das duas linhas centrais.
No dia 09 de novembro de 2013 (período das águas) realizou-se o corte de
uniformização rente ao solo. Nas respectivas idades de corte foram realizadas
mensurações das características agronômicas e morfológicas da planta forrageira
(Tabela 1). Para mensurações das características agronômicas foram cortados rente
ao solo, seis perfilhos, distribuídos nas linhas centrais de cada parcela. As
características agronômicas foram: altura de planta (cm), a qual foi obtida medindo-
se da base inferior da planta (rente ao solo) até o ponto de inserção da última folha
completamente expandida; comprimento da lâmina foliar (cm), o qual foi mensurado
na última folha completamente expandida de cada perfi lho; largura da lâmina foliar
(mm), foi obtida no meio da lâmina foliar da última folha completamente expandida;
diâmetro do colmo (mm), obtido na base do perfilho, rente ao solo.
Para caracterização morfológica, os perfilhos foram separados em lâmina
foliar, pseudocolmo e material senescente, identificados, e levados para secagem
em estufa de ventilação forçada à temperatura média de 55 a 65 oC, até atingir
massa constante, o que aconteceu em 72 horas. Posteriormente os mesmos foram
pesados para obtenção das porcentagens de lâmina foliar, pseudocolmo e material
senescente, relação lâmina foliar:pseudocolmo. Após a realização das mensurações,
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o capim foi cortado rente ao solo, e transportado para a picadeira estacionária,
sendo picado em partículas de 2,00 cm. Em seguida, o material foi exposto ao sol,
sob lona plástica preta, sendo virado a cada uma hora, até atingir o ponto de feno
(80-90% de MS). Amostras de forragem verde picada e feno picado foram coletadas
em sacos de papel, pesadas e encaminhadas para estufa de ventilação forçada à
temperatura média de 55-65 oC, até massa constante, para determinação da
amostra seca ao ar (ASA).
Depois de moídas em moinho tipo Willey com peneira de 1 mm, as amostras
foram acondicionadas em potes de plástico identificadas e submetidas a avaliação
da composição bromatológica (Tabela 2), sendo realizadas análises de matéria seca
(MS), material mineral (MM) e proteína bruta (PB), conforme AOAC, (1990). O
nitrogênio insolúvel em detergente neutro (NIDN) e em detergente ácido (NIDA)
foram analisados de acordo com Licitra et al. (1996). As proteínas insolúveis em
detergentes neutro (PIDN) e ácido (PIDA) foram calculadas multiplicando-se os
valores de NIDA e NIDN por 6,25.
A matéria orgânica (MO) foi obtida pela subtração do material mineral (MM) da
matéria seca (MS). Os teores de fibra em detergente neutro (FDN) e fibra em
detergente ácido (FDA) foram determinados de acordo com Van Soest et al. (1994).
A fibra em detergente neutro indigestível (FDNi) foi determinada conforme Cochran
et al. (1986). Determinou-se a fibra em detergente neutro isenta de cinzas e de
proteínas (FDNcp), conforme (SNIFFEN et al., 1992). Os nutrientes digestíveis totais
(NDT) e a energia líquida de lactação (ELL) foram estimados por meio de cálculos,
conforme DAVID, (2001), como se segue: NDT(%MS)= 88,9 – [FDA(%MS)x 0,779]
ELL(Mcal/kg)= 2,39- [0,028 x FDA(%MS)].
Os dados coletados foram submetidos à análise de regressão ao nível de 5%
de probabilidade, utilizando-se o aplicativo estatístico SAEG versão 5.0 (SAEG,
1995).
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5. RESULTADOS E DISCUSSÃO
As médias das variáveis analisadas, assim como a equação de regressão (ER),
coeficiente de variação (CV) e o coeficiente de determinação (R2) são apresentados
nas Tabelas 1 e 2.
Na Tabela 1 são apresentados os dados referentes às características
agronômicas, composição morfológica, produtividade e teor de MS da forragem e do
feno picado de capim-elefante cv. Canará em diferentes idades de corte.
Verificou-se efeito linear significativo para todas as características analisadas
exceto para comprimento de folha, largura de folha e relação lâmina foliar:
pseudocolmo.
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Tabela 1. Características agronômicas, composição morfológica, produtividade e teor de matéria seca da forragem e do feno
picado de capim-elefante cv. Canará em diferentes idades de corte.
Variáveis Idades de corte
ER CV R2
42 60 75 90 105
Características agronômicas
AP(cm) 64,37 120,25 151,37 178,45 204,12 Y= -18,1275+2,163x** 7,69 0,98
DC(mm) 14,32 15,62 15,68 15,74 16,13 Y= 13,6878+0,0242x* 5,48 0,77
CF(cm) 93,79 118,95 122,16 111,08 107,00 Y= -4,02641+3,266x-0,0213016x2** 5,31 0,88
LF(cm) 3,35 4,46 4,42 4,34 4,10 Y= -0,438822+0,125499x-0,000790161x2** 5,26 0,90
Composição morfológica
PLF(%) 50,48 35,39 29,75 24,41 19,07 Y = 67,3172 – 0,474x** 4,64 0,95
PSC(%) 49,51 63,34 66,81 71,91 76,88 Y = 35,2576 + 0,406x** 2,20 0,94
PSE(%) 0 1,25 3,43 3,67 4,04 ns - ns
RLC 1,02 0,55 0,44 0,34 0,24 Y = 2,32330-0,0398313x+0,000193591x2** 5,24
Produtividade e teor de MS de forragem e feno picado
MSFOR(%) 18,89 20,72 21,88 23,40 26,34 Y = 13,9439 + 0,111081x** 3,99 0,95
MSFEN(%) 77,75 79,42 88,08 89,75 91,94 Y= 66,8491 + 0,254x** 1,63 0,88
PMSFOR(t MS/ha/corte) 6,83 13,39 16,30 18,54 22,25 Y = -1,77541 + 0,230x** 5,72 0,97
PMSFEN(t Feno/ha/corte) 4,77 9,57 12,91 14,96 18,42 Y = -3,48158 + 0,208x** 6,22 0,98
Altura de planta (AP), diâmetro de colmo (DC), comprimento de folha (CF), largura de folha (LF), porcentagem de lâmina foliar (PLF), de pseudocolmo (PSC)
e de material senescente (PSE), relação lâmina foliar: pseudocolmo (RLC), teor de matéria seca da forragem (MSFOR), produtivi dade de matéria seca de forragem (PMSFOR), teor de matéria seca do feno (MSFEN), produtividade de feno (PMSF).
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As idades de corte tiveram efeito linear positivo sobre as variáveis: altura de
planta, diâmetro de colmo, porcentagem de pseudocolmo, teor de matéria seca da
forragem, produtividade de matéria seca da forragem, teor de matéria seca do feno
picado e produtividade de feno picado, com incrementos médios de 2,16 cm; 0,024
mm; 0,41%; 0,11%; 0,23 t/ha; 0,25% e 0,21 t/ha, respectivamente, para cada dia de
avanço na idade de corte. Foi verificado efeito linear negativo para porcentagem de
lâmina foliar e efeito quadrático para relação lâmina foliar: pseudocolmo durante o
período avaliado.
Para comprimento e largura da última folha completamente expandida,
verificou-se efeito quadrático, sendo que os valores máximos para essas
características foram de 121,20 cm e 4,54 cm, verificados aos 77 e 79 dias,
respectivamente.
Os maiores valores encontrados para altura de planta, diâmetro de colmo,
porcentagem de pseudocolmo, produtividade de matéria seca da forragem e
produtividade de feno nas idades de corte mais avançadas são justificados pelo fato
que as plantas tiveram mais tempo para acumular biomassa. A boa produtividade
obtida demonstra a boa adaptabilidade do capim-elefante cv. Canará para região
Centro-Oeste.
Os maiores valores encontrados para porcentagem de lâmina foliar e relação
lâmina foliar: pseudocolmo nas plantas mais jovens ocorre pelo fato que nesse
estádio a planta encontra-se em pleno desenvolvimento, deste modo tem-se uma
priorização para o aparecimento e alongamento de folhas com objetivo de elevar sua
capacidade fotossintética e, assim, acelerar seu crescimento e recuperar o estresse
sofrido com o corte ou pastejo. Tendo em vista a produção de feno, essa maior
participação de folhas é de grande interesse, uma vez que resulta em melhoria na
composição química do volumoso, além de favorecer o processo de desidratação da
forragem (PINHO et al., 2013).
O aumento na porcentagem de pseudocolmo observada nas idades de corte
mais avançadas, representa grande gasto de energia para o crescimento dessa
fração que influencia negativamente o valor nutritivo da forragem produzida
(DIFANTE et al., 2009). Além disso, as modificações estruturais da planta com
aumento de sua maturidade, como diminuição da proporção de lâmina foliar e da
relação lâmina foliar: pseudocolmo aumentam a dificuldade de desidratação, uma
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vez que o colmo apresenta menor velocidade de desidratação em relação às folhas,
permitindo a continuidade das atividades das células das plantas e de
microrganismos por um longo período (PINHO et al., 2013).
Dessa forma, o capim-elefante cortado em idades mais avançadas pode
resultar em maior proporção de perdas no armazenamento devido ao
desenvolvimento de mofos e leveduras, favorecido pelas condições de umidade e
manutenção da atividade respiratória (PINHO, et al., 2013).
Resultados semelhantes foram obtidos por Magalhães et al. (2006), que
avaliaram o efeito do nitrogênio e da idade de corte sobre a altura e rendimento do
capim-elefante cv. Napier irrigado, e verificaram que a idade apresentou efeito linear
sobre a altura, variando de 60,91 cm (28 dias) a 173,08 cm (84 dias).
Do mesmo modo, Bhering et al. (2008), avaliando as características
agronômicas do capim-elefante Roxo em duas épocas do ano, na mesma região do
presente estudo, constataram resultados semelhantes para altura de planta,
porcentagem de lâmina foliar, relação lâmina foliar:pseudocolmo e produtividade de
matéria seca de forragem, encontrando em idades de 30 a 105 dias, no período das
águas, valores variando entre 83,4 a 281,6 cm; 69,28 a 27,06%; 2,3 a 0,37; 899 a
8.438 kg/MS/ha/corte, respectivamente. Para diâmetro de colmos, Bhering et al.
(2008) constataram efeito quadrático para ambas épocas avaliadas.
Verificou-se efeito linear para todas as características avaliadas, exceto para
PIDA (% PB).
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Tabela 2. Composição bromatológica do feno picado de capim-elefante cv. BRS Canará em diferentes idades de corte.
Variáveis Idades de corte
ER CV R2
42 60 75 90 105
MS (%) 77,75(18,90) 79,42(20,73) 88,08(21,89) 89,75(23,40) 91,94(26,35) Y= 66,8491 + 0,254x** 1,63 0,88
MM (%MS) 11,84(12,31) 10,82(10,57) 9,29(9,44) 8,34(8,92) 7,12(7,69) Y= 15,2339 – 0,078x** 11,32 0,97
MO (%MS) 88,16(87,69) 89,18(89,43) 90,71(90,56) 91,66(91,08) 92,88(92,31) Y= 84,7661 + 0,0789x** 1,18 0,97
FDN (%MS) 68,91(64,33) 72,92(68,03) 78,03(69,99) 79,32(75,55) 82,32(77,74) Y= 60,1195 + 0,222x** 2,38 0,96
FDA (%MS) 42,09(40,67) 44,61(42,03) 45,61(42,87) 45,93(46,26) 49,57(48,52) Y= 37,3468 + 0,112x** 3,92 0,97
FDNi (%MS) 20,78(20,16) 26,21(24,99) 29,06(28,13) 36,06(35,06) 37,04(36,02) Y= 10,0290 + 0,271x** 15,54 0,88
FDNcp (%MS) 62,33(57,70) 67,10(62,18) 72,82(64,61) 74,48(70,46) 78,34(73,38) Y= 51,8008 + 0,263x** 2,62 0,97
PB (%MS) 10,69(11,93) 8,29(9,12) 7,16(8,10) 6,37(7,18) 5,32(6,03) Y= 13,7408 – 0,084x** 4,73 0,94
PIDN (%MS) 3,47(3,52) 3,25(3,28) 3,11(3,27) 2,97(3,22) 2,78(3,17) Y= 3,92103 – 0,011x** 8,90 0,98
PIDN (%PB) 32,44(29,64) 38,83(35,89) 42,87(40,22) 46,89(44,74) 52,94(52,77) Y= 18,9236 + 0,327** 8,63 0,98
PIDA (%MS) 1,27(1,31) 1,10(1,03) 0,98(1,01) 0,95(0,94) 0,89(0,83) Y= 1,48177 – 0,006x* 24,9 0,92
PIDA (%PB) 11,89(10,99) 13,28(11,39) 13,85(12,48) 15,02(13,05) 17,01(13,74) Ns 32,39 ns
NDT (%MS)* 56,11(57,22) 54,15(56,16) 53,37(55,50) 53,12(52,86) 50,28(51,10) Y= 59,8068 – 0,087x** 2,61 0,97
ELL(Mcal/kg)* 1,21(1,25) 1,14(1,21) 1,11(1,19) 1,10(1,09) 1,00(1,03) Y= 1,34429 – 0,003x** 4,49 0,97
Matéria seca (MS), matéria mineral (MM), matéria orgânica (MO), fibra em detergente neutro (FDN), fibra em detergente ácido (FDA), fibra em detergente
neutro indigestível (FDNi), fibra em detergente neutro corrigido para cinzas e proteína (FDNcp), proteína bruta (PB), proteína insolúvel em detergente neutro na MS (PIDN MS) e na PB (PIDN PB), proteína insolúvel em detergente ácido na MS (PIDA MS) e na PB (PIDA PB), nutrientes digestíveis totais (NDT) e energia líquida de lactação (ELL).
Valores entre parêntesis () correspondem a composição bromatológica da forragem *Valores estimados.
15
Verificou-se aumento de 0,25% ao dia do teor de MS do feno picado. Os
valores médios de MS dos fenos situaram-se entre 77,74 e 91,93%, dentro da faixa
recomendada para armazenamento (PINHO et al., 2013). Segundo Reis et al.
(2001), fenos armazenados com alto conteúdo de água apresentam elevadas perdas
de MS, relacionadas com a continuação da respiração celular e ao desenvolvimento
de bactérias, fungos e leveduras.
Camurça et al. (2002), avaliando o desempenho de ovinos confinados e
alimentados com dietas a base de feno, verificaram teores de 86,51% de MS para o
feno de capim-elefante irrigado, cortado e picado aos 50 dias. Almeida et al. (2003),
avaliando o ponto de feno do capim-elefante cv. Roxo cortado e picado aos 79 dias
em Cruz das Almas –BA sob diferentes condições de secagem, obtiveram teores de
83,4% de MS para o feno exposto por 12 horas ao sol, e secagem final a sombra,
levando 27 horas até atingir o ponto de feno. Para o feno com exposição exclusiva
ao sol por 24 horas, os autores verificaram 84,8% de MS obtido após 21 horas de
exposição.
Verificou-se redução de 0,079% ao dia no teor de material mineral. Os teores
de matéria orgânica aumentaram 0,079% ao dia, apresentando logicamente
comportamento inverso ao observado para os valores de cinzas. Camurça et al.
(2002) constataram teores de material mineral de 9,61% para o feno de capim-
elefante irrigado, cortado e picado aos 50 dias. Almeida et al. (2004), avaliando o
efeito do método de processamento e do tempo de armazenamento na qualidade
dos fenos picados de capim-elefante Roxo em Cruz das Almas –BA, verificaram que
não houve efeito significativo para os teores de MS e matéria mineral.
Carvalho et al. (2006), estudando fenos de diferentes espécies de forrageiras,
verificaram teores de MS e matéria mineral, de 90,60 e 12,09% para o feno de
capim-elefante, entretanto os autores não citam a idade de corte, nem a cultivar
utilizada. Similarmente ao presente estudo, Aguiar et al. (2006), avaliando o
rendimento, composição bromatológica e perdas de gramíneas forrageiras tropicais
na produção de fenos triturados em São Gonçalo do Amarante - RN, verificaram
teores de MO e matéria mineral de 88,86 e 11,14%, respectivamente para o feno de
capim-elefante cv. Cameroon cortado e picado aos 60 dias.
Os teores de FDN apresentaram um incremento de 0,22% ao dia. Isso
provavelmente ocorreu pelo fato que as forrageiras mais velhas são ricas em
16
carboidratos estruturais e apresentam menor digestibilidade (VAN SOEST, 1994).
Além disso, o aumento de fibra encontrado no presente estudo, provavelmente
deve-se a redução na relação lâmina foliar:pseudocolmo, que é responsável pelo
aumento nos teores de FDN e diminuição de nutrientes nos teores de PB e
carboidratos não fibrosos (CNF), causando baixa degradação e lento
desaparecimento da digesta no rúmen (MACHADO et al., 2008).
Camurça et al. (2002) observaram valores de 86,97% de FDN para o feno de
capim-elefante irrigado, cortado e picado aos 50 dias. Aguiar et al. (2006) verificaram
teores de 70,71% de FDN para o feno de capim-elefante cv. Cameroon cortado e
picado aos 60 dias. De outra forma, Carvalho et al. (2006) encontraram valores
médios de 74,92% de FDN para o feno de capim-elefante.
Os teores de FDA aumentaram 0,11% ao dia. De acordo com Van Soest
(1994), os teores de FDA estão diretamente relacionados com a digestibilidade do
alimento volumoso, sendo esta maior quanto menor for o teor de FDA.
Paralelamente, Aguiar et al. (2006) verificaram 42,74% de FDA para o feno de
capim-elefante cortado e picado aos 60 dias. Carvalho et al. (2006) constataram
teores médios de FDA de 41,92% para o feno de capim-elefante. Houve um
aumento de 0,27% ao dia para os teores de FDNi. Segundo Machado et al. (2008), o
aumento no teor de FDNi pode contribuir para a diminuição do consumo de MS
pelos bovinos. Ademais os teores de FDNcp aumentaram 0,26% ao dia durante o
período avaliado.
Devido ao grande aumento no teor de fibra do capim-elefante conforme o
avanço na idade de corte recomenda-se que os produtores adaptem um manejo
específico, de modo a evitar o alongamento excessivo do colmo e
consequentemente equilibrar o teor de fibra no feno picado. Na Figura 2 é ilustrado o
comportamento das frações fibrosas do feno picado do capim-elefante com forme o
avanço da idade de corte.
17
Figura 2: Comportamento das frações fibrosas do feno picado de capim-elefante cv. BRS Canará
com avanço da idade de corte.
Verificou-se redução no teor de PB de 0,08% ao dia no feno picado de capim-
elefante com o avanço na idade de corte. São apresentadas na Figura 3 as
variações nos teores de PB, PIDN e PIDA no feno de capim-elefante cv. BRS
Canará em diferentes idades de corte.
Até os 60 dias, o feno picado de capim-elefante apresentou valor nutritivo
superior ao recomendado por Lazzarini et al.(2009), que afirma que teores de PB
inferiores a 8% reduzem a atividade dos microrganismos do rúmen e,
consequentemente, afetam a digestibilidade e a ingestão da matéria seca
acarretando assim, baixa produtividade animal. Valadares et al. (1997), em estudo
com animais zebuínos submetidos a dietas com 55% de feno de capim-elefante
contendo 7,0; 9,5; 12,0 ou 14,5% de PB verificaram que os consumos de MS e MO
foram menores para os animais consumindo a ração com 7,0% de PB, em relação
as demais dietas, que não diferiram entre si.
Os resultados obtidos comprovam que em gramíneas forrageiras tropicais, à
medida que avança o estádio de maturação há uma redução de conteúdo celular de
alta digestibilidade, e um aumento do teor das frações fibrosas, diminuindo seu valor
nutritivo. Camurça et al. (2002) verificaram 6,68% de PB para o feno de capim-
elefante irrigado, cortado e picado aos 50 dias. Almeida et al. (2004) observaram
que não houve efeito significativo dos processos de secagem, tempos de
armazenamento e interação processo de secagem x tempo de armazenamento,
sobre os teores de PB do feno de capim-elefante cv. Roxo. Aguiar et al. (2006)
% MS
18
constataram teores de 7,59% de PB para o feno de capim-elefante cv. Cameroon
cortado e picado aos 60 dias. Carvalho et al. (2006) verificaram 7,88% de PB no
feno de capim-elefante, entretanto os autores não apresentam a idade que o capim-
elefante foi cortado, nem a cultivar utilizada.
Observou-se redução nos teores de PIDN (% MS) e PIDA (% MS) de 0,01% e
0,006% ao dia no feno picado, respectivamente, com o avanço na idade de corte do
capim-elefante BRS Canará. Esses resultados demonstram que o intervalo entre
cortes é um fator de manejo que contribui expressivamente para determinar o valor
nutritivo do feno picado a ser produzido, sendo que em geral, maiores intervalos
entre cortes levam a decréscimos nos teores de PB, aumentando a quantidade de
proteína ligada aos componentes fibrosos. Carvalho et al. (2006) verificaram 2,07%
de PIDA% da MS para o feno de capim-elefante. Aguiar et al. (2006) encontraram
3,25% de PIDN (% MS) e 1,37% de PIDA (% MS) para o feno de capim-elefante cv.
Cameroon cortado e picado aos 60 dias.
Para os teores de PIDN (% PB) observou-se aumento com o avanço na idade
de corte, tendo como consequência maior quantidade de proteína associada aos
componentes fibrosos, fazendo com que esta fique protegida da ação de enzimas e
dos microrganismos do trato gastrintestinal, acarretando em diminuição da
digestibilidade do feno picado.
Figura 3. Variação nos teores de PB, PIDN e PIDA no feno de capim-elefante cv. BRS Canará em
diferentes idades de corte.
Verificou-se que os teores estimados de NDT e Energia Líquida de Lactação
diminuíram, 0,08 e 0,003% ao dia durante o período avaliado. Aguiar et al. (2006)
19
verificaram teores de NDT de 50,33% no feno de capim-elefante cv. Cameroon
cortado e picado aos 60 dias, sendo esses valores inferiores aos encontrados no
presente estudo.
Levando-se em consideração que para um animal produzir 1 kg de leite
corrigido para 4% de gordura são necessários, 85 gramas de PB, 0,34 kg de NDT e
0,75 Mcal de ELL (Tabela 3), 1 kg de feno picado de capim-elefante é capaz
fornecer nutrientes necessários para a produção de aproximadamente 1,40 kg de
leite. Dessa forma uma vaca produzindo 12 kg de leite/dia atenderia suas
necessidades com 11 kg de feno picado de capim-elefante.
Tabela 3. Exigência de nutrientes para um animal produzir 1 kg de leite corrigido
para 4% de gordura.
Nutrientes Necessidade de
nutrientes / kg leite
Nutrientes/ kg
Feno de Capim- elefante picado
Necessidade de
nutrientes para 12 kg leite
Consumo
de 11 Kg de feno picado
PB (g)
85
94.9
1.020
1.044
NDT (kg) 0.34 0.551 4.080 6.064
ELL (Mcal) 0.748088 1.18 8.977056 12.980
Adaptado de Zicarelli, 2001
Os resultados encontrados comprovam o grande potencial do capim-elefante
para fins de conservação em forma de feno picado, caracterizando-se como boa
alternativa de suplementação volumosa para ruminantes durante o período da seca.
Entretanto, ressalta-se que a idade de corte em dias pode variar de acordo com as
condições edafoclimáticas pertinentes a cada região, sendo esta de extrema
relevância, tendo em vista que o capim-elefante apresenta rápido acúmulo do
componente colmo e drástica redução de seu valor nutritivo. A potencialidade de
uma planta forrageira não deve ser avaliada levando-se em consideração somente
os aspectos quantitativos, mas sim o equilíbrio entre a quantidade e a qualidade, o
que é observado entre as idades de 42 e 60 dias no presente estudo
20
6. CONCLUSÕES
Plantas cortadas entre 42 e 60 dias resultam em características agronômicas,
composição morfológica, produtividade e valor nutritivo mais favoráveis para a
produção de feno picado de capim-elefante cv. BRS Canará.
21
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS
O estágio supervisionado é, por si só, o momento em que encontramos
grandes desafios, dificuldades e experiências, uma proposta que visa complementar
com prática, a teoria aprendida em sala de aula. Ele é um período de estudos
práticos para a aprendizagem e experiência.
Durante o estágio pude assumir uma postura não só crítica, mas também
reflexiva da nossa prática educativa diante da realidade e a partir dela, para que
possamos buscar uma educação de qualidade.
Ele foi de grande importância para que eu pudesse compreender um pouco
mais o mundo do trabalho e contribuiu grandiosamente para minha formação
profissional, uma vez que pude acompanhar de perto uma série de trabalhos que
futuramente poderá ser tornar minha própria rotina.
22
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