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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO
FACULDADE DE AGRONOMIA, MEDICINA VETERINÁRIA E ZOOTECNIA CURSO DE ZOOTECNIA
LAURA BARBOSA DE CARVALHO
GESTÃO E GERENCIAMENTO EM SISTEMAS INTENSIVOS DE
PRODUÇÃO DE BOVINOS DE CORTE
CUIABÁ 2015
LAURA BARBOSA DE CARVALHO
GESTÃO E GERENCIAMENTO EM SISTEMAS INTENSIVOS DE
PRODUÇÃO DE BOVINOS DE CORTE
Trabalho de Conclusão do Curso de
Gradação em Zootecnia da
Universidade Federal de Mato
Grosso, apresentado como requisito
parcial à obtenção do título de
Bacharel em Zootecnia.
Orientador: Prof. Dr. Nelcino Francisco de Paula.
Orientador do Estágio Supervisionado: Adm. Tec. Agrícola. Marcel Bruno Costa.
CUIABÁ 2015
DEDICATÓRIA
Em primeiro lugar dedico minha vitória e conquista ao Deus criador que me
direcionou durante todo meu percurso.
A minha Mãe Juscineide, meu pai Osvaldo, minha Irmã Valdinéia, meu Irmão
Osvaldo Filho, por todo apoio e carinho.
AGRADECIMENTOS
A Deus, que todos os dias guiou meus passos, olhou por mim em todos os
mementos, colocou pessoas magníficas no meu caminho, me deu objetivos,
sonhos, realizações. A minha mãe Juscineide, aquela que me trouxe ao
mundo e desde então foi meu espelho, foi quem me deu forças para seguir em
frente e um dia poder retribuir todo seu amor, todo seu cuidado. Ao meu pai
Osvaldo, que sempre me incentivou, aquele que nunca precisou dizer, mas,
sempre expressou em seu tom de vez seu orgulho por cada passo meu. A
minha Irmã Valdinéia que me assumiu como uma filha me cuidou, me
incentivou, sempre esteve comigo. Ao meu Irmão Osvaldo Filho, que
infelizmente nos separamos em nossos sonhos, mas que sempre me
acompanhou de longe com lembretes de humildade e fé. Aos demais familiares
os quais me acompanharam mesmo de longe nesta jornada, meus tios Elias,
Geraldo, Derli, Edinete, Maria, Marli, Doraci, Raiele, Nádia. Em memória dos
meus avôs Otino e Martins.Aos meus eternos amigos,Kamila Moura, uma
amiga irmã que vou levar pra vida, capaz de se esquecer para cuidar de seu
amigo; Marcos Santana acima de tudo um grande amigo; Isabela Ceni; Leni
Rodrigues; Isis Scatolin, pessoas fantástica dignas de muito orgulho e
admiração. Aos Colostros, que se tornaram uma espécie de família com o
decorrer do tempo; Deivson Novaes; Lilian; Renata Pereira; Luís Eduardo,
Marcel Costa; Sidilezio Ramiro; Heitor Mezzomo; Nathália Echerman; Sandra;
Carlos João; Júlio Cesar; Fernando Silva; Marcelo Pereira; Marcos Arruda;
Marcelo e Aline Julião; Karina Aquino; Caio Henrique; Cezar ZellingeAfonso
Ribeiro, um profissional espetacular, que leva consigo a humildade o caráter
acima de tudo. Aos meus orientadores, Luciano Cabral, Nelcino Francisco,
Welton Cabral e Janaina Januário profissionais espetaculares, espelhos da
capacidade humana de amar o próximo sem pedir nada em troca. A Rosemary,
Maria Fernanda, Joadil, Carlos Eduardo, Sânia, Vânia, Lisiane Pereira, Heder,
Daniel de Paula, profissionais que contribuíram muito para a minha formação
pessoal e profissional.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1. Vagão Misturador de Ração ................................................................ 8
Figura 2. Fábrica de Ração ................................................................................ 8
Figura 3. Curral de Manejo ................................................................................. 9
Figura 4. Sede Administrativa do Confinamento ................................................ 9
Figura 5. Software TGR. Tecnologia e Gestão em Rastreabilidade ................. 10
Figura 6. Software TGP. Tecnologia e Gestão a Pasto .................................... 11
Figura 7. Brinco e Boton ................................................................................... 12
Figura 8. Sistema de Identificação Padrão Sisbov ........................................... 13
Figura 9. Tela de Entrada de Animais no Sistema TGR ................................... 14
Figura 10.Tela de Saída de Animais para Abate TGR ..................................... 15
Figura 11. Corredor de saida dos animais para embarque .............................. 16
Figura 12. Ganho médio diário versus peso corporal final para bovinos
Cruzados (Angus x Nelore) e Nelore ................................................................ 19
Figura 13.Ganho médio diário versus peso corporal inicial para bovinos
Cruzados (Angus x Nelore) e Nelore ................................................................ 20
Figura 14. Peso corporal inicial versus peso corporal final para bovinos
Cruzados (Angus x Nelore) e Nelore ................................................................ 21
LISTA DE TABELAS
Tabela 1. Desempenho de bovinos Nelore e Cruzados (Nelore x Angus) em
sistema de confinamento ................................................................................. 17
Tabela 2. Simulação do Valor da @ de Compra e Comercialização do Boi ..... 21
Tabela 3.Simulação do Lucro do Confinamento............................................... 22
Tabela 4. Custo de Aquisição do Animal no período Seco .............................. 23
Tabela 5. Custo de Aquisição do Animal no Período Chuvoso ........................ 23
Tabela 6. Custo de Produção por Animal ......................................................... 24
Tabela 7. Simulação do Lucro .......................................................................... 24
LISTA DE ABREVIATURAS
ERAS ................................................. Estabelecimento Rural Aprovado SISBOV
MAPA .................................. Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento
ONU ................................................................. Organização das Nações Unidas
TGR ......................................................Tecnologia e Gestão em Rastreabilidade
TGC ........................................................ Tecnologia e Gestão em Confinamento
TGP ........................................................................ Tecnologia e Gestão a Pasto
SISBOV ............. Sistema Brasileiro de Identificação e Certificação de Bovinos e
Bubalinos
UE ................................................................................................ União Europeia
RC .................................................................................. Rendimento de Carcaça
SUMÁRIO
1. Introdução ................................................................................................. 1
2. Objetivos ................................................................................................... 3
3. Revisão de Literatura ................................................................................ 4
4. Relatório de Estágio .................................................................................. 7
a. Local do Estágio ............................................................................. 7
5. Setor ....................................................................................................... 10
6. Atividades Desenvolvidas e Discussão ................................................... 12
a. Confinamento Jaguar ................................................................... 12
b. Resultados Confinamento Jaguar................................................. 17
c. Fazenda Preferência .................................................................... 22
7. Considerações Finais .............................................................................. 26
8. Referências ............................................................................................ 27
RESUMO
O estágio foi realizado no confinamento Jaguar caracterizado pelo sistema
intensivo, e na Fazenda Preferência caracterizada pelo sistema de terminação
a pasto,no setor de gestão e gerenciamento pecuário, visando à tomada de
decisão e o uso de tecnologias como ferramentas de controle da produção. No
sistema intensivo o uso de tais ferramentas de controle permite calcular de
maneira minuciosa riscos e oportunidades, permitindo que o produtor tenha
uma visão ampla de todos os elos que compõem a produção, reduzindo perdas
e otimizando as margens de lucro. De acordo com dados coletados na
Fazenda Preferência o planejamento da compra de animais no período seco,
onde a escassez de alimentos é alta e a oferta de animais no mercado é maior,
permite o lucro de cerca de R$ 4,00 por animal apenas na aquisição. Dados
coletados no Confinamento Jaguar demonstram que animais que chegam ao
confinamento com menor peso, tendem a serem abatidos também mais leves,
além disso, lotes de animais heterogêneos tendem a apresentar disparidade na
hora do abate, enquanto aqueles oriundos de cruzamento industrial permite
abater animais com características de ganho de peso, acabamento de carcaça
e peso mais padrão. Portanto, diante da demanda crescente de alimentos de
qualidade, a pecuária deve contar com técnicos capacitados do ponto de vista
de gestão e gerenciamento, permitindo atender as exigências do mercado de
forma eficiente.
1
1. INTRODUÇÃO
A bovinocultura de corte do Brasil se destaca no cenário mundial,
possuindo o segundo maior rebanho efetivo de bovinos do mundo, somando
209 milhões de cabeças, sendo que o Brasil anualmente supera suas metas
em exportações, e exporta para mais de 180 países (MAPA, 2014).
De acordo com a ONU, a população mundial deve chegar a 9,6 bilhões
de pessoas em 2050, resultando em uma maior demanda por alimentos. Além
disso, o mercado consumidor está cada vez mais exigente, aumentando a
demanda do mercado externo e interno por carne de qualidade.Portanto, o
setor de produção está em processo de modificação para atender essas
exigências (PASCOAL, 2008).
Neste contexto, a evolução da bovinocultura de corte no Brasil tem sido
resultado do desenvolvimento de tecnologias de produção que permitiram
aumentar a produção e agregar qualidade e valor ao produto final, além de
mudanças no conceito de produção onde o produtor, passou a gerenciar a
propriedade rural como uma empresa.
Atualmente, a produção pecuária tem contado com sistemas de
gerenciamento e gestão, que buscam produzir carne de qualidade em uma
menor área e em ciclos relativamente menores, aumentando a lucratividade do
produtor por área e com rápido retorno do investimento, atrelado à valorização
da produção e movimentação de setores como a agricultura, indústria,
pesquisa e tecnologias.
Outra questão inovadora tem sido o uso de marketing da carne de
qualidade por grandes empresas, o que tem contribuído para melhorar a
imagem da carne bovina diante dos “olhos” do consumidor, e aumentar a
competitividade no mercado.
O foco principal do produtor tem sido a exportação, onde a qualidade da
produção é primordial e o valor agregado ao produto aumenta. Este fator tem
2
levado os produtores a investirem em tecnologias de produção, que permitem
produzir carne de qualidade a partir do abate de animaismais jovens e com
melhores atributos de qualidade, que permitem fornecer carcaças com padrões
de qualidade e alavancar o consumo e a produção a partir do alcance dos
maiores mercados consumidores como a UE.
Para atingir tais exigências do mercado, o produtor tem contado com
recursos para aumentar a produção, como a suplementação mineral,
energética e proteica na fase de cria, recria e terminação, de acordo com o
objetivo de cada sistema, sendo esta última a que mais tem recebido atenção,
onde os investimentos em geral são maiores, contando com sistemas alta de
suplementação a pasto,semi-confinamento e o confinamento, permitindo que o
animal tenha uma carcaça de melhor qualidade.
O conceito de confinamento também passou por mudanças e
reciclagem, deixando de ser uma estratégia competitiva para o mercado
apenas no período de entressafra, tornando-se uma tecnologia de terminação
de animais jovens que busca atender aos anseios do consumidor.
Este tem sido altamente explorado principalmente para a fase de
terminação de animais, porém devido à exploração intensiva, tornou-se
necessário investir em estrutura, nutrição, gestão e gerenciamento da atividade
e capacitação profissional, que resultam na maximização da produção e
redução dos custos decorrentes da falta de planejamento.
Diante deste contexto, o estágio final foi realizado no Confinamento
Jaguar, localizado em Nortelândia-MT, onde o sistema de produção possui
como principal diferencial a prática de Gestão e Gerenciamento contínuo da
atividade, tanto na fase de recria quanto na fase de terminação.
3
2. OBJETIVOS
2.1. Adquirir conhecimentos teóricose práticos relacionados ao sistema
de produção e gestão na bovinocultura de corte, tanto no sistema a pasto
quanto confinamento.
2.2. Aplicar técnicas de manejo e gerenciamento que possam contribuir
para o aumento da produtividade pecuária de acordo com a realidade de cada
sistema.
2.3. Implantar e alimentar sistemas de controle, manejo e gestão a partir
de ferramentas de zootecnia de precisão, a fim de permitir maior controle e
valorização do produto final (Ex: sistemas TGR, TGP, TGC).
4
3. REVISÃO DE LITERATURA
Entre as atividades do agronegócio, a pecuária é a que abrange a maior
área, representando 73% da área ocupada por atividades agropecuárias no
país. Neste contexto, o Brasil apresenta alto potencial para atender a demanda
do mercado nos próximos anos.
No entanto, não se pode deixar de ressaltar que a pecuária tem
demandado de maneira mais evidente o desenvolvimento gerencial, uma vez
que, o produto final da pecuária é a venda de commodity (baixo grau de
diferenciação do produto) e como o negócio também depende de commodites
(insumos), é necessário o máximo de eficiência operacional para se obter alta
lucratividade e garantir a perenidade dos resultados e do empreendimento
(Barbosa et al. 2012).
Podemos ressaltar que o setor da pecuária é, indiscutivelmente, um dos
que mais sofreu transformações nos modelos de gestão da produção nos
últimos anos, no que diz respeito à inserção de novas tecnologias, embora
essas mudanças tenham chegado mais tardiamente quando comparados a
outros setores econômicos e produtivos. Em meados da década de 1990,
Antunes e Angel (1995) já relatavam que devido à consciência dos produtores
rurais e à significativa redução dos custos na informatização, o setor primário
da economia brasileira abria suas portas à revolução da informação, da mesma
forma que os setores industriais e de serviços já haviam feito na década de
1980.
Ao longo dos anos, a bovinocultura de corte tem se mostrado um
importante elemento da economia brasileira, com grande peso na balança
comercial do país. Inserida nesse contexto econômico cada vez mais dinâmico,
a pecuária deve tratar a gestão das informações como um elemento facilitador
de tarefas e otimizador dos processos a serem executados. Dessa forma, a
exigência da rastreabilidade dos rebanhos, imposta inicialmente pelo mercado
5
consumidor internacional e, posteriormente, regulamentada pelo governo
brasileiro, parece ter influenciado decisivamente nesse processo de adoção
das Tecnologias de Informação (TI) como elemento facilitador (Jorgeet al.
2010).Principalmente no sistema de confinamento que começou a se difundir
como uma alternativa de suprir as necessidades de produção de carne bovina
na época da seca,além de se tornar uma alternativa para terminação de
animais precoces com padrão de qualidade e rastreados para atender ao
mercado exterior como UE.
O mercado europeu exige a perfeita identificação dos animais que
originaram a carne. Pois as informações detalhadas de cada indivíduo têm o
objetivo de garantir qualidade ao produto e atendimento diferenciado ao
consumidor (Franco, 1999).
Neste cenário, onde o consumidor encontra-se cada vez mais
preocupado com a qualidade do produto final, o sistema de gestão e
gerenciamento pecuário permite ao produtor intenso controle das variáveis
produtivas que compõem os elos da cadeia produtiva, a fim de nortear a
tomada de decisão e atender de maneira eficiente o mercado interno e externo.
Além disso, o sistema de produção intensivo em confinamento possui
características que demandam controle intensivo dos custos, uma vez que, a
margem de lucro é bastante pequena, quando comparados aos riscos da
produção. Os custos são altos e a margem de lucro é estreita e qualquer erro
faz a diferença entre o sucesso e o fracasso da atividade (Spengler, 2013).
Segundo Machado et al. (2000), a amortização dos custos da
implantação e uso deste tipo de tecnologia pode ocorrer de duas maneiras,
seja pela melhor remuneração pelo produto de acordo com a qualidade
desejada pela indústria, ou a partir de ganhos na eficiência produtiva, a partir
do gerenciamento informatizado da produção.
Existem no mercado variadas ferramentas de gerenciamento da
atividade pecuária, no entanto, cabe ao técnico conhecimento do sistema de
produção para que as métricas que impactam a produção possam ser obtidas e
interpretadas de forma a garantir a sustentabilidade da empresa. Estas
contribuem com o planejamento da atividade, o estabelecimento de metas e
padrões,fazendo uma análise e integração do ambiente interno (dentro da
porteira) e ambienteexterno (fora da porteira).
6
O conceito de gestão pode ser definido como ferramenta decoordenação
e supervisão do trabalho para que as atividades sejamdesempenhadas
eficiente e eficazmente.
Gestão é uma atividade complexa, envolvendo a combinação e
acoordenação de recursos humanos, físicos e financeiros.
A gestão e o gerenciamento são ferramentas que devem ser trabalhadas
em conjunto dentro de uma empresa sendo que, a primeira trata-se da
aplicação de ferramentas para auxiliar a administraçãoda empresa e suas
atividades em geral, já o gerenciamento conta com ferramentas de controle
para obter resultados positivos de uma maneira mais eficaz.
Dentre as ferramentas de gestão podemos citar Análise SWOT, para
listar os pontos fortes e fracos, as oportunidades e ameaças ao negócio, as 5
forças de Porter (5 P´s), para analisar a concorrência, missão, visão e valores,
Plano de Negócio para traçar a viabilidade do sistema de produção, dentre
outras ferramentas. Como ferramentas de Gerenciamento podemos citar
softwares como TGR, TGP e TGC, que são ferramentas de controle de alto
grau tecnológico, ou ainda ferramentas mais simples como Excel dentre outros.
7
4. RELATÓRIO DE ESTÁGIO
a. Local do Estágio
O estágio foi realizado na Empresa Laço Forte Pecuária, nas
dependências do confinamento Jaguar, localizado no município de Nortelândia-
MT, e na fazenda Preferência, localizada no município de Baianópoles BA, no
período de setembro a dezembro de 2014.
Por ocasião do início do estágio, o confinamento Jaguar contava com 27
mil animais confinados, onde o principal ramo da atividade é a terminação de
animais certificados para o abate e exportação para UE.
A fazenda Preferência continha um estoque de 5 mil animais no sistema
de suplementação a pasto e terminação em semi-confinamento, onde o ciclo é
mais longo. Nesta fazenda, predomina aprodução de fêmeas para abate e
comercialização no mercado interno.
O confinamento Jaguar possui 182 baias com 2.400m2 cada, com
capacidade máxima de 180 animais, sendo 60 metros de linha de cocho/baia.
Outros nove pastos com aproximadamente 30ha cada, e ainda 27 piquetes
com média de 4.800m2. A capacidade máxima estática do confinamento chega
à 35mil cabeças, sendo que este pico ocorre normalmente entre os meses de
Maio à Setembro, onde permaneceram 33 mil cabeças. O confinamento atende
à engorda tanto de machos, quanto de fêmeas bovinas, e ainda de variadas
idades e raças, conforme a disponibilidade e necessidade dos clientes no
sistema de Parceria ou Boitel.
O saldo de animais no começo do período de estágio era de 27 mil
cabeças, e no término eram de 20.957 cabeças, e o pico de gado chegou a 33
mil nesse período. Durante o ano de 2014 foram confinadas 61 mil cabeças.
Na estrutura física da fazenda, possui ainda, uma fábrica de ração, onde
a dieta dos animais é produzida a partir da compra dos insumos e mistura
destes no vagão misturador (Figura 1). Essa área é equipada com uma moega,
dois silos de armazenamento, dois elevadores, dois moinhos de rolo e quatro
8
boxes de armazenamento de milho, além de seis boxes de armazenamento
que estão disponíveis para outros ingredientes (Figura 2).
Figura 1: Vagão misturador de ração Fonte: Arquivo pessoal, 2104.
Figura 2: Fábrica de ração Fonte: Arquivo pessoal, 2014.
O curral de manejo está localizado próximo às baias, facilitando o
deslocamento e manejo dos animais no curral, para desembarque e embarque
(Figura 3). E próximo ao mesmo fica a baia de arreios da tropa. Já a sede fica
localizada próxima à entrada da Fazenda, local onde permanece instalado o
escritório (Figura 4), cantina, oficina mecânica, balança, pátio de máquinas e
alojamentos.
O maquinário que a empresa possui no confinamento consiste em duas
pás carregadeiras, três caminhões com vagão misturador, quatro tratores, dois
vagões misturador que acopla ao trator, um caminhão caçamba multi-funcional,
9
uma van de transporte dos trabalhadores até à cidade, três motos, um carro
modelo Strada.
Figura 3. Curral de manejo Fonte: arquivo pessoal, 2014.
Figura 4: Sede administrativa
Fonte: Arquivo pessoal, 2014.
O quadro de colaboradores da empresa conta com 40 funcionários,
divididos em setores como escritório, curral de manejo dos animais, fábrica de
ração e manutenção geral.
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O estágio abrangeu diversos setores da empresa, tanto na área de
campo com acompanhamento de dados, como na parte de planejamento e
gerenciamento da atividade, via implantação e alimentação de sistemas.
5. SETOR
O estágio teve inicio no dia 15 de setembro de 2014, nas dependências
do confinamento Jaguar-MT, onde foi proposto trabalhar com sistema de
Tecnologia e Gestão em Rastreabilidade (TGR), após período de treinamento
(Figura 5).
Figura5:SoftwareTGR- Tecnologia e gestão em Rastreabilidade Fonte: Arquivo pessoal, 2014.
O sistema é utilizado no curral de manejo, onde a partir do sistema de
rastreabilidade nacional SISBOV(Serviço de Rastreabilidade da Cadeia
Produtiva de Bovinos e Bubalinos)é feito o controle de entrada e saída de
animais no confinamento, bem como os demais controles como protocolos
sanitários, custos com medicamentos, controle de período de carência de
animais medicados, data de liberação SISBOV para abate e exportação, dentre
outros.
Além disso, já na área gerencial do confinamento, foram realizados
planejamentos de escala de abate de animais a partir da data de liberação
SISBOV dos animais, bem como peso e acabamento de carcaça, pois nem
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sempre estes parâmetros estavam de acordo com o ideal no mesmo período,
demandando planejamento e tomada de decisão.
Já a segunda etapa do estágio, realizada na fazenda Preferência-
BA,iniciando em 01 de novembro de 2014, onde o proposto foi trabalhar com
animais a pasto e terminados em semi-confinamento. O objetivo foi realizar
treinamentos para utilizar o sistema de Tecnologia e Gestão a Pasto (TGP),
que foi implantado em meados de novembro na propriedade a fim de fornecer
melhor controle e gestão da produção (Figura 6).
Figura 6. Software TGP- Tecnologia e Gestão a pasto Fonte: Arquivo pessoal, 2014.
O sistema foi implantado a principio no curral de manejo, onde os
animais que já possuíam brinco de manejo foram apenas inseridos no sistema,
já aqueles que ainda não possuíam nenhum tipo de controle foram
identificados e posteriormente inseridos no sistema.
A segunda fase consistiu em alimentar o programa com informações de
estoque, fornecimento, entrada, saída, morte e destino de animais. Além disso,
outra etapa muito importante consistiu em orientar os demais funcionários para
a importância dos procedimentos de anotações de detalhes decorrentes do
manejo diário.
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6. ATIVIDADES DESENVOLVIDAS E DISCUSSÃO
a. Confinamento Jaguar- Diamantino MT
O inicio das atividades no curral de manejo foi a partir do treinamento
feito a princípio pelo técnico responsável pelo setor, e posteriormente com o
responsável pelo suporte técnico do sistema. O primeiro passo consistiu em
conhecer os sistemas de identificação animal utilizados na propriedade sendo
estes o brinco e boton(Figura 7), e o brinco de baia, sendo o primeiro
confeccionado nos padrões SISBOV, com número SISBOV, número de manejo
e código de barras (Figura 8), já o brinco de baia serve mais como uma forma
de controle interno dos animais, em casos de entrevero de baias.
Figura 7: Brinco e boton Fonte: Polite polímeros e tecnlogia, 2014.
13
Figura 8: sistema de identificação padrão SISBOV
Fonte:www.indea.mt.gov.br, 2014.
Em seguida,iniciou-seo treinamento para operar o sistema de gestão em
rastreabilidade TGR, onde as principais operações consistiram em registrar
entrada de animais a partir do registro do número SISBOV do brinco de
identificação implantado no animal, via leitura do código de barras,aplicação de
protocolos sanitários com a identificação dos produtos aplicados na entrada
dos animais no confinamento como vermífugo, modificador orgânico e vacina
contra clostridiose. Nesta etapa, os animais também foramavaliados do ponto
vista zootécnico, onde são separados de acordo com o peso e tamanho, com o
objetivo de formar lotes que sejam o mais homogêneo possível.
Os animais entram no confinamento com média de peso de 15 a 18 @,e
estes são adquiridos de diferentes regiões, de acordo com a disponibilidade de
compra e a viabilidade de transporte, e o preço praticado varia de acordo com
o praticado na região, tendo como base o site www.scotconsultoria.com.br.
O manejo dos animais que estão entrando no confinamento recebe
atenção especial, pois esta é a melhor oportunidade de identificar animais
debilitados e machucados, medicá-los e fazer apartações em lotes diferentes.
O manejo adotado na entrada dos animais diz muito sobre os resultados
de desempenho durante a fase de engorda ou acabamento, pois caso a
apartação seja feita de maneira muito heterogênea os resultados serão
refletidos em altas taxas de animais refugo de cocho, ou seja, animais que
devido a algum fator externo não se adaptaram a alimentação ao cocho,
elevadas taxas de sodomia (quando alguns animais sobem no flanco de outros
14
causando lesões no animal dominado), e entreveros (mistura de animais ou
lotes diferentes que não são de mesma origem ou produtor, devido a algum
fator de estresse).
Na entrada dos animais no confinamento estes são inseridos no sistema
e coletados dados de entrada como raça, categoria, sexo, idade, origem e peso
(Figura 9).
Figura 9. Tela de entrada animais TGR Fonte: Arquivo pessoal, 2014.
Outra operação frequente é saída de animais para abate, onde estes
precisam passar pelo sistema, verificar a numeração do brinco e boton e
conferir as informações do animal, quanto a era ou idade de saída, peso de
saída, acabamento de carcaça, e checagem da data de liberação SISBOV e
período de carência de medicamentos. Caso todas as informações sejam
positivas o animal segue para o embarque, enquanto aqueles que possuírem
alguma dessas informações em divergência, ou que ainda não cumpriram o
período de noventena, estipulado na propriedade ERAS o animal é impedido
de embarcar pelo sistema de controle TGR (Figura 10).
15
Figura 10:Tela de saída de animais para abate (TGR). Fonte: Arquivo pessoal, 2014.
Em geral os animais são escalados para abate com média de peso de
20 a 22@, onde de acordo com o romaneio de abate enviado pelo frigorífico
(MARFRIG), apresentam em média de 54 a 55% de rendimento de carcaça
para machos e cerca de 12 a 14@ e rendimento de 52 a 53% para fêmeas.
O manejo é ferramenta de extrema importância na hora de embarque
dos animais, uma vez que, toda movimentação do animal tende a gerar alguma
situação de estresse, caso este seja feito de forma inadequada as perdas
tendem a serelevadas, como perda na qualidade da carne e queda de animais
dentro do tronco de manejo, o que resulta muitas vezes em quebra de
membros e impossibilidade de embarque, além de hematomas que resultam
em menor rendimento de carcaça devido ao descarte, ou seja, menor
lucratividade do produtor.
Esses resultados negativos podem ser evitados a partir de técnicas de
manejo como o uso de bandeiras artesanais, reduzir gritos e agitação no
manejo, dispensar o uso de choque elétrico e melhorias no planejamento da
estrutura como fechamento lateral do caminho que o animal precisa percorrer
até a saída do embarque (Figura 11).A rentabilidade do sistema tende a ser
dependente em boa parte do sistema de manejo adotado na propriedade.
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Figura 11. Corredor de saída dos animais para embarque com laterais abertas Fonte: Arquivo pessoal, 2014.
Além da entrada e saída de animais, foram realizadas movimentações
de ajuste e manejo dos animais, como transferências de animais de baias,
formação de novos lotes de acordo com as sobras de embarque, repasse de
animais feridos ou doentes para aplicação de medicamentos e formulação de
novo programa nutricional de adaptação para aqueles que não se adaptaram a
dieta conforme previsto (refugo de cocho). E ainda repasse de animais
recuperados em piquetes de enfermaria e refugo para baias novamente.
Durante as movimentações de manejo periódicas, os animais são
observados e avaliados do ponto de vista zootécnico, separados de acordo
com cada categoria, coletados dados de peso, para aferir o desempenho.
Todos esses dados coletados no sistema de gestão em rastreabilidade
(TGR) são posteriormente sincronizados para o sistema de gestão em
confinamento (TGC), onde servem como base para controle de dieta de acordo
com os dias de entrada do animal como adaptação, crescimento e terminação,
kg de fornecimento diário de ração por baia de acordo com a quantidade de
animais e porcentagem de consumo em peso vivo, dentre outras informações
relevantes para o sistema de parceria no confinamento a partir do peso de
entrada dos animais e sistema de diária ou boitel a partir de informações da
data de entrada do animal.
A sincronização das informações do sistema TGR com o sistema TGC é
de extrema importância, pois os animais que chegam ao confinamento são
registrados primeiramente no TGR, com dados de data de entrada, peso de
17
entrada, numero de contrato do produtor e produtor de origem, a partir dessas
informações o lote de animais e sincronizado individualmente carregando as
informações supracitadas, onde já no TGC é feito o planejamento nutricional do
lote de acordo com a necessidade e as orientações técnicas de adaptação e da
dieta e fornecimento da dieta de acabamento.
O planejamento da saída dos animais deve ser feito de maneira
minuciosa, considerando a data de liberação de abate SISBOV após cumprir
noventena para animais não rastreados e quarentena para animais transferidos
entre propriedades ERAS (estabelecimento rural aprovado SISBOV), o peso
vivo e o acabamento de carcaça do animal. Esse planejamento deve ser feito
com antecedência para apontar principalmente a quantidade de animais
disponíveis para abate a partir de certa data, para facilitar a negociação do
produtor com o frigorífico, evitando a quebra de escala e perda de
confiabilidade entre ambos, bem como a permanência de animais já acabados
e liberados no confinamento aumentando o custo de produção.
Considerando as principais operações realizadas e acima descritas,
deve-sedestacar para os produtores que o mais importante no emprego de
uma tecnologia de gestão, é o treinamento da equipe. Caso contrário as
informações encontradas no físico não serão as mesmas encontradas no
sistema. Caso a equipe não esteja em sintonia, detalhes podem se perder no
decorrer da rotina e estes podem culminar em divergências no fechamento do
ciclo.
Um sistema de gestão deve começar dentro da empresa entre os
funcionários e posteriormente com a instalação de software, caso contrário,
tem-se uma despesa a mais na propriedade sem grandes retornos, pois este
depende de alimentação frequente do sistema com informações que muitas
vezes não recebem a devida importância.
b. Resultados do Confinamento Jaguar
Na tabela 1 estão apresentados os dados de dois lotes de bovinos,
sendo um Nelore e outro Cruzado (Nelore x Angus) que foram confinados
durante 102 e 120 dias respectivamente, no confinamento Jaguar. Ao compará-
los, verifica-se que o peso inicial foi maior para os animais cruzados. Em
18
virtude disso, na análise estatística do ganho médio diário e peso corporal final,
o peso corporal inicial foi incluído como covariável. Houve maior ganho de peso
para os animais cruzados, o que permitiu maior peso ao abate, e que pode ser
facilmente explicado pela maior heterose implementada ao cruzar Nelore
(zebuíno) com Angus (taurino britânico). Tal fato reforça a importância do
cruzamento industrial na obtenção de animais com elevado potencial de
resposta a sistemas intensivos como o confinamento.
Outro ponto importante a ser ressaltado é que o ganho médio de 1,605 e
1,871 kg para Nelore e Cruzados respectivamente, estão acima dos valores
frequentemente verificados em confinamentos comerciais. Possivelmente esta
diferença seja em virtude destes animais serem jovens (maior potencial de
desempenho) e selecionados para fazerem parte da Cota Hilton (carne bovina
fresca ou resfriada, sem osso e com alto padrão de qualidade, destinada à
exportação para a UE).
Tabela 01: Desempenho de bovinos Nelore e Cruzado (Nelore x Angus), em sistemas de confinamento.
Variáveis Nelore Cruzado Valor - P
Peso corporal inicial (kg) 391,99 ± 3,51 415,77 ± 3,21 <0,001
Peso corporal final (kg) 579,82 ± 3,39 619,02 ± 3,01 <0,001
Ganho médio diário (kg) 1,605 ± 0,03 1,871 ± 0,02 <0,001
Dias de Confinamento 102,08 ± 0,96 120,2 ± 0,88 -
Fonte : Confinamento Jaguar, 2014.
Ao plotar um gráfico do ganho médio diário com o peso corporal final
(Figura 12), verifica-se que os animais que ganharam mais peso foram os
abatidos mais pesado, notadamente para os animais Nelore.
19
Figura 12: Ganho médio diário versus peso corporal final para bovinos cruzado e
Nelore (Nelore x Angus). Fonte: Confinamento Jaguar, 2014.
Já o gráfico do ganho médio diário com o peso corporal inicial (Figura
13) indica que na faixa de peso corporal inicial de 300 a 500 kg, o ganho médio
diário é pouco afetado. Tal fato parece não ocorrer com animais Nelores. Nota-
se que o ganho de peso tende a assumir uma forma quadrática com maiores
ganhos quando os animais entram no confinamento com aproximadamente 390
kg.
y = 0,0048x - 1,0348 R² = 0,4072
00,30,60,91,21,51,82,12,42,7
200 300 400 500 600 700 800
Gan
ho
mé
dio
diá
rio
Peso corporal final
Nelore
y = 0,0027x + 0,1321 R² = 0,294
00,30,60,91,21,51,82,12,4
200 300 400 500 600 700 800
Gan
ho
mé
dio
diá
rio
Peso corporal final
Cruzado
20
Figura 13: Ganho médio diário versus peso corporal inicial para bovinos cruzado e
Nelore (Nelore x Angus). Fonte: Confinamento Jaguar, 2014.
Na figura 14 é possível verificar que quanto mais leve o animal entrou no
confinamento (peso corporal inicial), mais leve este foi abatido. Isto pode ser
explicado pelo fato dos animais do mesmo lote serem abatidos ao mesmo
tempo. Tal fato reforça a prática de formação de lotes o mais homogêneo
possível.
00,30,60,91,21,51,82,12,4
200 300 400 500 600
Gan
ho
mé
dio
diá
rio
(kg
)
Peso corporal inicial (kg)
Cruzado
00,30,60,91,21,51,82,12,42,7
200 300 400 500 600
Gan
ho
mé
dio
diá
rio
(kg
)
Peso corporal inicial (kg)
Nelore
21
Figura 14: Peso corporal inicial versus peso corporal final para bovinos cruzado e
Nelore (Nelore x Angus). Fonte: Confinamento Jaguar, 2014.
Fazendo uma simulação de alguns dados do confinamento temos @ de
compra do boi magro R$ 139,00 e @ de venda do boi gordo R$ 134,00.
Tabela 2. Simulação do valor da @ de compra e comercialização do boi
Aquisição
R$ 139,00 @ de compra
Comercialização
R$ 134,00 @ de venda
Nº de @ boi magro Nº de @ boi gordo
(430/50% RC= 215/15 = 14,33@) (580/54% RC= 313,20/15= 20,88@)
R$ 1.991,87 R$ 2.797,92
Fonte: Confinamento Jaguar- 2015
Considerando o valor médio de diária praticado nos confinamento de R$
6,15/dia (alimentação e operacional), R$ 0.19/dia com manutenção e
ocorrências para o período de 115 dias do animal no confinamento este terá
um custo de produção de R$ 729,10 somados a R$ 12,00 do custo da
y = 0,603x + 32,092 R² = 0,5598
0
100
200
300
400
500
600
300 400 500 600 700 800
Pe
so C
orp
ora
l In
icia
l (kg
)
Peso Corporal Final (kg)
Cruzado
y = 0,6829x + 10,613 R² = 0,4791
0
100
200
300
400
500
600
300 400 500 600 700 800
Pe
so C
orp
ora
l In
icia
l (kg
)
Peso Corporal Final (kg)
Nelore
22
rastreabilidade, e R$.5,20 de custo sanitário de entrada (R$ 746,20). O custo
total será de R$ 2.738,07.
Tabela 3. Simulação do Lucro do confinamento
Custo total de Produção R$ 1.991,87 + 746,20 = R$ 2.738,07
Lucro (Recita – Custos) R$ 2797,92 – 2.738,07 = R$ 59,85
Fonte: Confinamento Jaguar – 2015.
Sendo esta simulação baseada em dados de Fevereiro de 2015, onde a
@ do boi magro encontra se mais cara que a @ de comercialização do boi
gordo, devido ao desequilíbrio de oferta de demanda de animais magros no
mercado. Diante desta simulação o produtor deve contar com estratégias que
permitam colocar mais @’s no boi magro no período de confinamento,
aproveitando ao máximo a estrutura de carcaça do animal, mesmo que estes
permaneçam por um maior período no confinamento.
c. Fazenda Preferência- Baianópoles-BA
A segunda parte do estágio consistiu em um treinamento específico para
operar o sistema de Tecnologia e Gestão a Pasto (TGP), outra ferramenta de
controle para produção de animais a pasto.
A produção a pasto onde foi instalado este sistema fica localizada em
Baianópolis-BA, onde é feita a recria e terminação de fêmeas em um sistemade
arrendamento.
Os animais são adquiridos com média de 6 a 7 @, em diferentes
períodosdo ano, mas principalmente no período seco, onde a oferta de animais
aumenta devido a escassez de alimentos e o menor preço da @.Esta
estratégia consiste em adquirir animais mais baratos e fazer estoque para
terminação no período das chuvas, onde a oferta de alimento aumenta e o
preço de compra em geral se eleva.
Podem-se fazer alguns questionamentos quanto a essa estratégia de
produção, pois a compra de animais no período seco muitas vezes culmina em
grande número de animais debilitados e um índice de mortalidade de 1%,
porém deve-se considerar que é uma região bastante diferente quanto ao
regimede chuvas. Para minimizar as perdas e justificar o uso de tal estratégia o
23
produtor faz o uso do pasto diferido no período das águas para acumular
massa de forragem para o período seco e a suplementação mineral dos
animais apenas para mantença. Quando o período de chuvas constante inicia
em meados de novembro, os animais já estão na propriedade, já foram
manejados e tendem a começar ganhar peso rapidamente e muitos
apresentam elevado ganho compensatório. Caso o produtor não estivesse os
animais já adquiridos este iria se deparar com um mercado um pouco diferente,
com o preço de compra da @ alta e animais fracos vindos de período crítico
podendo sofrer perdas via transporte e manejo como vacinação e
vermifugação.
Considerando que os animais são adquiridos no período seco e que
permaneçam na propriedade por cerca de trêsmeses, apenas como estoque,
temos o custo real do animal até o período chuvoso na tabela 4.
Tabela 4. Custo de aquisição do animal no período seco
Valor da @ adquirida R$ 110,00
Animal adquirido com 6 @ R$ 660,00
Arrendamento/mês R$ 12,00
Sal + Mão de obra/mês R$ 2,66
Custo sanitário de entrada R$ 2,75
Custo total da @ adquirida R$ (660,00 + 36,00 + 8,00 +2,75) =
R$ 706, 75
Fonte: Fazenda Preferência-2014
Considerando adquirir animais após o início das chuvas e a rebrota de
capim, temos um uma maior demanda de animais e o custo da @ de aquisição
aumenta, na tabela 5.
Tabela 5. Custo de aquisição do animal no período chuvoso
Valor da @ adquirida R$ 118,00
Animal adquirido com 6 @ R$ 708,00
Custo sanitário de entrada R$ 2,75
Custo total da @ adquirida R$ (708,00 + 2,75) = R$ 710,75
Fonte: Fazenda Preferência-2014
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Neste caso o produtor ganhou cerca de R$ 4,00 por animal (comparando
o valor da compra no período chuvoso o período seco R$ 710,75 – R$ 706,75
= R$ 4,00). Extrapolando estes dados para uma produção com cinco mil
animais por ciclo/ano, e considerando que 50% destes são adquiridos de
acordo com a estratégia acima, temos: 2.500 animais x R$ 4,00/lucro na
compra: R$ 10.000 de diferença, somente na compra.
Estes animais são mantidos a pasto ate atingirem cerca de 10@, quando
são transferidos para o sistema de suplementação protéico-energética, com
fornecimento de 1 kg/animal/dia, até atingirem média de 12@, quando são
destinadas ao abate.
Em geral os animais são comercializados com 12@ àR$ 120,00 a @,
logo, o animal é comercializado por cerca de R$ 1440,00.
Na tabela 6 estão apresentados os valores que compõem o custo de
produção do animal desde entrada no sistema de produção até o abate.
Tabela 6. Custo de produção por animal
Valor médio de compra (águas/ seca) R$ 684,00
Arrendamento/12 meses R$ 144,00
Sal/ suplementação e mão de obra R$ 160,00
Sanidade R$ 5,50
Custo de produção por animal R$ 993,50
Fonte: Fazenda Preferência-2014
Neste caso ao subtrair os custos de produção da receita animal temos o
lucro efetivo, conforme a tabela 7.
Tabela 7. Simulação do Lucro
Custo total de Produção R$ 993,50
Lucro (Recita – Custos) R$ 1.440,00 – 993,50 = R$ 446,00
Fonte: Confinamento Jaguar – 2015.
Considerando uma produção com giro anual de 5.000 mil animais, onde
a taxa de mortalidade está na média de 1% e a taxa de animais que não são
terminados no período de 12 meses, temos 2% de perdas/ciclo. Logo, 5.000
animais subtraídos aproximadamente 2%, tem-se, 4.000 mil animais
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comercializados apresentando lucro de R$ 446,00/animal, resultando em um
lucro de R$ 178.400,00 lucro/período.
Ainda com relação ao sistema de produção adotado, alguns
questionamentos são cabíveis ao produtor que optou por trabalhar com fêmeas
para engorda, sendo este um sistema pouco comum na região, pois de
maneira geral utiliza-se esta estratégia apenas com fêmeas de descarte do
rebanho de cria. Além disso, na hora da comercialização existe uma diferença
de cerca de R$ 10da @ do boi gordo para a @ da vaca gorda. De acordo com
Scot consultoria em 07/02/2015 @ do boi gordo R$ 133, @ da vaca gorda R$
125. Porém, de acordo com o gestor da produção, esta consiste em outra
estratégia encontrada pelo produtor para reduzir o ciclo de produção,
considerando que fêmeas em geral são comercializadas com cerca de 12 a 14
@, já animais machos são comercializados com cerca de 18 a 20@, que
demanda um ciclo de produção maior e menor giro de capital, considerando as
mesmas condições impostas às fêmeas.
Outro fator a ser considerado é a menor competição no mercado na hora
de adquirir os animais, pois este é um sistema de produção pouco usual,
quando comparado aos sistemas de produção de alta tecnologia e com animais
machos.
A implantação de sistema de gestão na propriedade foi justamente com
o intuito de controlar a produção a partir do controle de dados diários, a fim de
calcular minuciosamente os gastos com a produção, a lucratividade de cada
ciclo, controle de estoque, fornecimento e perdas. Sendo que o lucro de toda e
qualquer produção depende de controle e planejamento antes de qualquer
coisa.
26
7. CONSIDERAÇÔES FINAIS
Operíodo de estágio permitiu acompanhar diferentes sistemas de
produção e uso de tecnologias como ferramentas de controle, a fim de permitir
que oavanço da produção pecuária acompanhe o crescimento constante da
demanda por produtos de qualidade. Portanto, existem diversas ferramentas
disponíveis no mercado, e estas devem ser utilizadas para aperfeiçoar o
sistema de produção, calcular minuciosamente os ricos e oportunidades de
todos os elos da cadeia produtiva.
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8. REFERÊNCIAS
ANTUNES, L. M; ANGEL, A. A informática na agropecuária. Canoas: Gráfica e Editora Interclubes, 1995. 157p. BARBOSA, F. A.; MOLINA, L, R.; et. al.; V Simpósio nacional sobre produção e gerenciamento da pecuária de corte. 2012. Belo Horizonte - Minas Gerais. FRANCO, M. Rastreabilidade. DBO Rural, São Paulo, n.223, maio de1999. p. 80-92.
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística- IBGE.http://www.ibge.gov.br/home , acesso em 03 de janeiro de 2015.
JORGE, D. M.; MACHADO, J. G.C.F.; Análise de softwares de gestão da pecuária de corte. 48º Congresso SOBER. 2010. Campo Grande-MS.
MACHADO, J.G.C.F.; NANTES, J.F.D.; Utilização da identificação eletrônica
de animais e da rastreabilidade na gestão da produção de carne bovina.
Revista brasileira de agroinformática, 2000. V 3, n.1, p.41-50.
Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento- MAPA.http://www.agricultura.gov.br, Acesso em 03 de janeiro de 2015.
PASCOAL, Leonir Luiz. Rendimento de cortes preparados de carcaças de
bovinos e formação do preço de venda. 2008. Tese de Doutorado.
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL.
SPENGLER, R.O.; Planejamento e gestão de sistema intensivo de produção de carne bovina em confinamento. Anais SIMBOV, Cuiabá 2013,p.311-325.