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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO – UFMT
CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE RONDONÓPOLIS – CUR
INSTITUTO DE CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS – ICHS
CURSO DE ADMINISTRAÇÃO
Trabalho de Curso
EDILSON SANTOS BRAGA
ASPECTOS ATUAIS E FUTUROS QUANTO À EMPREGABILIDADE DE ALUNOS
DO CURSO DE ADMINISTRAÇÃO
RONDONÓPOLIS – MT
2019
EDILSON SANTOS BRAGA
ASPECTOS ATUAIS E FUTUROS QUANTO À EMPREGABILIDADE DE ALUNOS
DO CURSO DE ADMINISTRAÇÃO
Artigo apresentado como parte dos requisitos para obtenção do
título de Bacharel em Administração, Curso de Administração,
Instituto de Ciências Humanas e Sociais – ICHS, Campus
Universitário de Rondonópolis – CUR, Universidade Federal de
Mato Grosso – UFMT
Orientador: Prof. Dr. André Luís Janzkovski Cardoso
RONDONÓPOLIS – MT
2019
TERMO DE APROVAÇÃO
EDILSON SANTOS BRAGA
ASPECTOS ATUAIS E FUTUROS QUANTO À EMPREGABILIDADE DE ALUNOS
DO CURSO DE ADMINISTRAÇÃO
Artigo apresentado à disciplina Trabalho de Curso – TC,
como parte dos requisitos para obtenção do título de
Bacharel em Administração, do Curso de Administração,
Instituto de Ciências Humanas e Sociais – ICHS, Campus
Universitário de Rondonópolis – CUR, Universidade Federal
de Mato Grosso – UFMT, aprovado em ____/____/2019,
com nota ______, pela seguinte Banca Examinadora:
Orientador: Prof. Dr. André Luís Janzkovski Cardoso
Curso de Administração, ICHS/CUR/UFMT
Presidente
Prof. Me. Roseli Aparecida dos Reis
Curso de Administração, ICHS/CUR/UFMT
Membro
Prof. Dra. Maria Salete Waltrick
Curso de Administração, ICHS/CUR/UFMT
Membro
RONDONÓPOLIS – MT
2019
AGRADECIMENTOS
À Deus, por ser minha base e meu porto seguro, me dando força e vontade de vencer em todas
as situações vividas ao longo desses quatro anos
Agradeço especialmente à minha mãe Maria da Penha Gomes dos Santos que, apesar de não se
encontrar mais entre nós, sempre foi minha base, mostrando-me a importancia de lutar por
objetivos que acredito.
Agradeço a meu orientador e professor André Luís Janzkovski Cardoso, por suas orientações e
principalmente por sua paciência em me transmitir conhecimentos e por ser uma inspiração de
profissionalismo.
Aos professores Heitor Lopes, Roseli Reis, Paulo Henrique, Mauricio Pugas, Fernanda Pereira,
e Ivânia que sempre mostraram para nós o quão importante é a busca por conhecimento e por
terem sido exemplos e inspiração para mim, com suas histórias e experiências de vida.
Aos professores Maria Salete e Ediane Marcia e Ezequiel que de alguma maneira contribuíram
para minha formação e sempre me incentivaram nos momentos de desânimo.
Ao CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico), pela concessão
da bolsa do Programa de Iniciação Científica.
Às minhas queridas e preciosas amigas Dalila Leite, Gabriela Santos e Aparecida Donizete, por
todo carinho, apoio e amor a mim demonstrado e por toda força, incentivo durante esses anos
de graduação.
SUMÁRIO
1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS ......................................................................................... 7
2 REFERENCIAL TEÓRICO ............................................................................................. 8
2.1 A FORMAÇÃO DO ADMINISTRADOR ....................................................................... 8
2.2 EMPREGABILIDADE E INSERÇÃO DO ADMINISTRADOR NO MERCADO DE
TRABALHO ........................................................................................................................... 10
3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS .................................................................... 15
4 APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS ........................................................................ 16
4.1 DADOS QUALITATIVOS ............................................................................................... 16
4.2 DADOS QUANTITATIVOS ............................................................................................ 17
4.3 TESTE DE NORMALIDADE E HOMOGENEIDADE .................................................. 17
4.4 ANÁLISE FATORIAL ..................................................................................................... 18
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................. 24
REFERÊNCIAS ...................................................................................................................... 26
APÊNDICES .......................................................................................................................... 28
APÊNDICE A: Frequência entre os dados demográficos em relação aos clusters ................ 27
APÊNDICE B: QUESTIONÁRIO DE COLETA DE DADOS .............................................. 32
ASPECTOS ATUAIS E FUTUROS QUANTO À EMPREGABILIDADE DE ALUNOS
DO CURSO DE ADMINISTRAÇÃO
Edilson Santos Braga1
RESUMO
Com a desenfreada globalização, o mercado de trabalho tem passado por profundas mudanças,
trazendo à tona novas exigências no tocante a mão de obra, o que tem refletido diretamente na
empregabilidade dos alunos. A empregabilidade por sua vez, é compreendida como a
capacidade de adaptação dos indivíduos às novas exigências do mundo do trabalho e das
organizações por meio do desenvolvimento de competências relacionadas ao capital humano,
capital cultural e ao capital social, sustentada pelos pilares: Adequação vocacional,
Competência Profissional, Idoneidade, Saúde Física e Mental, Reservas Financeiras e Fontes
Alternativas e Relacionamento. Diante disso, este trabalho tem como objetivo central, analisar
a percepção dos alunos no que diz respeito ao desenvolvimento e a sustentação de sua
empregabilidade. Quanto a metodologia, foi utilizada a abordagem quantitativa e o tipo de
pesquisa descritiva. A coleta de dados ocorreu por meio de questionário com questões fechadas
tabuladas no Excel e posteriormente transportadas e analisadas com base na estatística
bivariada, pelo uso de análise fatorial, teste de normalidade e homogeneidade, análise de
correlação e comparativo entre médias, análise de cluster, utilizando-se do software SPSS 20
(Statistical Package of Social Sciences). Com a análise fatorial, chegou-se em 9 fatores que
explicam 71% dos dados da pesquisa no que diz respeito às assertivas escalares. Quanto as
assertivas dicotômicas, foram testados alguns agrupamentos de cluster, onde se percebeu que 3
clusters davam conta de evidenciar a presença ou ausência do desenvolvimento dos capitais
entre os respondentes. Além disso, pode-se observar a existência de um grupo de alunos que se
destaca entre os demais no desenvolvimento de sua empregabilidade. Com base nas discussões,
foi elaborado um modelo que delineia a construção da empregabilidade pelo inter-
relacionamento entre os tipos de capitais e os pilares para a sustentação dessa empregabilidade
tendo como elemento substancial o próprio indivíduo e suas atitudes.
PALAVRAS-CHAVE: Empregabilidade; Mercado de Trabalho; Capital Humano, Cultural e
Social; Pilares da Empregabilidade
1 Acadêmico do curso de Administração da universidade Federal de Mato Grosso. Campus Universitário de
Rondonópolis.
CURRENT AND FUTURE ASPECTS ON EMPLOYMENT OF STUDENTS IN
ADMINISTRATION COURSE
ABSTRACT
With the unbridled globalization, the labor market has undergone profound changes, bringing
new demands on the workforce, which has reflected directly on the employability of students.
Employability, in turn, is understood as the ability of individuals to adapt to the new demands
of the world of work and organizations through the development of skills related to human
capital, cultural capital and social capital, supported by the pillars: Vocational Suitability,
Professional Competence, Suitability, Physical and Mental Health, Financial Reserves and
Alternative Sources and Relationship. Therefore, this work has as its main objective to analyze
the students' perception regarding the development and the support of their employability.
Regarding the methodology, the quantitative approach and the type of descriptive research were
used. Data collection occurred through a questionnaire with closed questions tabulated in Excel
and later transported and analyzed based on bivariate statistics, using factor analysis, normality
and homogeneity test, correlation and comparative analysis between means, cluster analysis,
using the SPSS 20 software (Statistical Package of Social Sciences). With the factor analysis,
it was found in 9 factors that explain 71% of the research data regarding the scalar assertions.
As for the dichotomous assertions, some cluster groupings were tested, where it was noticed
that 3 clusters could show the presence or absence of capital development among the
respondents. In addition, one can observe the existence of a group of students that stands out
among the others in the development of their employability. Based on the discussions, a model
was elaborated that delineates the construction of employability through the interrelationship
between the types of capital and the pillars for sustaining this employability having as a
substantial element the individual himself and his attitudes.
KEYWORDS: Employability; Job market; Human, Cultural and Social Capital;
Employability Pillars.
7
1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS
O mundo corporativo tem se mostrado cada vez mais dinâmico, impulsionado pela
evolução tecnológica, consequência da globalização. Um olhar pela história, revela o quão
profundas foram essas mudanças na estrutura do mercado de trabalho, atribuindo-lhe fatores
como dinamicidade e instabilidade, que por sua vez, tem exigido cada vez mais profissionais
capacitados com habilidades e competências que atendam às reais necessidades do mercado,
abrindo espaço para se inferir que são estes fatores, os principais determinantes quando se fala
em empregabilidade.
A empregabilidade, de forma sintética, pode ser definida como sendo a capacidade de
adaptação dos indivíduos às novas exigências do mundo do trabalho e das organizações
(HELAL; ROCHA, 2011; HELAL; SANTOS, 2008), por meio do desenvolvimento de
competências relacionadas ao capital humano, capital cultural e ao capital social. Nas palavras
de Moura et al. (2014), a empregabilidade, como condição de o indivíduo exercer uma atividade
produtiva, como decorrência direta da capacidade de fazer algo ou alguma que alguém queira
adquirir, sustenta-se basicamente sobre seis pilares a saber: adequação vocacional; competência
profissional; idoneidade; saúde física e mental; reservas financeiras e fontes alternativas; e
Relacionamento.
Além das variáveis já mencionadas, outros fatores interferem na empregabilidade, a
título de exemplo, pode-se citar a formação dos profissionais, bem como o desenvolvimento de
competências. Esta por sua vez, ao ser definida, há um consenso na literatura, de que se trata
de uma noção complexa, passível de mais de uma definição, ou seja, “a noção de competência
é, assim, polissêmica, evocando uma multiplicidade de conhecimentos, saberes, habilidades e
diversos outros recursos pessoais, quando colocados ou não em prática nas atividades, situações
ou relações” (MARINHO-ARAÚJO; ALMEIDA, 2016, p. 3).
Como se percebe, a empregabilidade, em consonância com a realidade do mercado de
trabalho da atualidade, deve ser tida como um fenômeno que deve ser desenvolvido por parte
dos sujeitos envolvidos nesse processo, e aqui considera-se o papel fundamental do aluno
pautado em sua pró-atividade e capacidade de iniciativa, bem como a incomensurável
contribuição da universidade nesse processo. Diante disso, evidencia-se a importância do
aprofundamento dos debates acerca da temática, pois trata-se de um meio eficiente de mostrar
as falhas no processo de formação do aluno em detrimento das exigências dos novos perfis de
profissionais demandado pelas organizações.
Partindo da premissa de que este assunto deve ser debatido, principalmente no ambiente
acadêmico, e em aprofundamento do assunto, pode-se evidenciar algumas lacunas nesse
processo, como o fato de se relacionar simultaneamente os três capitais no desenvolvimento da
empregabilidade, além do fato de que o curso de administração, além de sua característica
interdisciplinar, o que em alguns casos dificulta o desenvolvimento do aluno em uma área de
atuação específica, tem se mostrado com uma certa disparidade entre o que se ensina aos alunos
e o que demandam as organizações.
Diante do que foi dito, a pergunta norteadora do trabalho foi: qual a percepção dos
alunos no que diz respeito ao desenvolvimento e a sustentação de sua empregabilidade? Para
responder tal pergunta, o objetivo perseguido foi analisar a percepção dos alunos no que diz
respeito ao desenvolvimento e a sustentação de sua empregabilidade.
Deste modo, os objetivos específicos definidos foram:
Levantar o perfil demográfico dos alunos;
Identificar elementos na presença dos capitais Humano, Cultural e Social para o
desenvolvimento da empregabilidade;
Identificar a percepção dos alunos sobre ações para a sustentabilidade da empregabilidade;
Identificar diferentes grupos entre os respondentes;
Identificar as possíveis relações entre os capitais e os pilares no desenvolvimento e
manutenção da empregabilidade e;
8
Verificar relações entre as variáveis demográficas, agrupamento dos respondentes e as
ações que sustentam a empregabilidade.
Faz-se importante ressaltar que o termo empregabilidade é recente e é consequência das
novas configurações pelas quais passam o mercado de trabalho em todo o mundo, impulsionado
pelo avanço tecnológico, que por sua vez, vem obrigando as organizações a se submeterem a
um processo constante de reestruturação, modificando assim, várias ocupações, flexibilizando
o trabalho e precarizando as relações de trabalho (HELAL; NEVES; FERNANDES, 2007).
Para os autores, nesse contexto, o emprego tende a exigir novas habilidades dos indivíduos.
Portanto, o trabalho se justifica por trazer uma abordagem de uma temática que tem se
tornado cada vez mais preocupante, tanto para as universidades que têm a missão de formar
profissionais, quanto para os próprios alunos, considerando que seu protagonismo no
desenvolvimento de sua empregabilidade é um requisito fundamental.
O presente estudo está dividido em 4 partes além desta introdução, onde se tem o
referencial teórico que trata da formação do administrador e da inserção deste no mercado de
trabalho, em seguida são apresentados os procedimentos metodológicos, posteriormente a
apresentação e análise dos resultados, e por fim as considerações finais.
2 REFERENCIAL TEÓRICO
A empregabilidade na área de administração tem sido pauta de algumas discussões entre
teóricos e estudiosos. Essas discussões têm fundamentado interrogações no tocante à produção
científica, pois, por meio de análise das produções cientificas na área da administração, os
estudiosos discutem o quanto o ensino de administração está em consonância ou discrepância
com as reais demandas do mercado de trabalho. No que se refere a produções científicas em
administração, Mascarenhas, Zambaldi e Moraes (2011) dizem que este é um processo que vem
se consolidando ao longo da história, embora esteja ocorrendo de forma deficitária, quando se
trata da relevância e da qualidade dessas produções, variáveis atribuídas, principalmente, a
fatores institucionais e culturais.
Cardoso (2015) preconiza que uma das fragilidades no tocante a qualidade de pesquisas
em administração diz respeito a originalidade e a dificuldade de criação de uma linha
paradigmática e de uma tradição brasileira. Para o autor, isso é consequência do uso de literatura
estrangeira como consenso e de tradição pouco questionada, assumida como verdade absoluta.
Tais fragilidades fundamentam as discussões e reflexões sobre a formação do profissional dessa
área.
2.1 A FORMAÇÃO DO ADMINISTRADOR
A formação do administrador, assim como o ensino superior em geral, por uma
perspectiva histórica, sempre teve um caráter profissionalizante, em que o aluno recebia uma
formação técnica (LIMA, 2007). Concepção que vem se modificando com a consolidação dos
cursos, abrindo-se novas vertentes sobre a formação desses profissionais, em especial do
administrador, que deve ter sua formação focada no atendimento das reais necessidades
demandadas pelo mercado de trabalho.
Sobre isso, são estabelecidas pela Diretriz Curricular Nacional do curso de
administração algumas competências e habilidades essenciais à formação do administrador. Os
cursos de graduação em administração devem ensejar perfis capazes de compreender questões
científicas, técnicas, sociais e econômicas da produção e de processos, bem como perfis que
apresentem flexibilidade intelectual e adaptabilidade contextual (CONSELHO NACIONAL
DE EDUCAÇÃO, 2005).
Mediante a essas exigências, em termos normativos, os projetos pedagógicos dos cursos
de administração ofertados pelas instituições de ensino superior devem se pautar,
primordialmente, em três eixos centrais a saber: (1) conteúdos de formação básica, os quais
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estão relacionados à estudos antropológicos, sociológicos, filosóficos, psicológicos, ético-
profissionais, políticos, comportamentais, econômicos e contábeis, bem como os relacionados
com as tecnologias da comunicação e da informação (TIC’s) e das ciências jurídicas; (2)
conteúdos de formação profissional, que por sua vez se relacionam com áreas específicas e
envolvem as teorias da Administração, das organizações e a gestão de pessoas, mercado e
marketing, materiais, produção e logística, financeira e orçamentária, sistemas de informações,
planejamento estratégico e serviços, pesquisa operacional, por exemplo, e por fim, (3)
conteúdos de formação complementar que englobam estudos opcionais de caráter transversal
e interdisciplinar para o enriquecimento do perfil do formando (CONSELHO NACIONAL DE
EDUCAÇÃO, 2005).
Além dos fatores supracitados, o mesmo conselho prevê que o curso de graduação em
administração possibilite à formação deste profissional, algumas habilidades, como por
exemplo, a habilidade de reconhecer e definir problemas, bem como equacionar sua solução;
pensar de forma estratégica; introduzir modificações no processo de produção; atuar de forma
preventiva; desenvolver expressão e comunicação compatíveis com o exercício profissional;
refletir e atuar criticamente sobre a esfera da produção; ter iniciativa, criatividade,
determinação, vontade política e administrativa, vontade de aprender, abertura às mudanças e
consciência da qualidade e das implicações éticas do seu exercício profissional, entre outros.
Dito isto, é possível inferir que, além de formar profissionais críticos, a formação do
profissional de administração, oferecida pelas Instituições de Ensino Superior – IES, deve ser
coerente com as demandas e tendências do mercado de trabalho para o qual o profissional está
sendo preparado. Neste sentido, mesmo reconhecendo a importância do papel da universidade
na preparação do indivíduo para o mercado, Helal e Rocha (2011) dizem que pairam muitas
interrogações sobre a função da universidade na formação dos indivíduos, como por exemplo,
a universidade forma os indivíduos para si ou para o mercado? Essa e outras interrogações
geram reflexões, pois segundo os autores, torna-se cada vez mais comum e corriqueira a pressão
dos ambientes de trabalho para que o ensino superior desenvolva a empregabilidade dos
estudantes e atribua à essa habilidade, maior relevância nas grades curriculares, instruindo os
alunos, não apenas do ponto de vista acadêmico, mas também da perspectiva das reais
necessidades dos empregadores.
Dadas essas concepções, um conceito imprescindível no tocante à formação do
administrador, bem como sua colocação e manutenção no mercado de trabalho, diz respeito ao
desenvolvimento de competências, sejam elas técnicas, comportamentais, cognitivas e/ou
funcionais, assumindo que este conceito está ligado a um conjunto de características do
indivíduo que ocasiona o desempenho superior na realização de uma tarefa em determinada
situação, além de envolver um aglomerado de conhecimentos, habilidades e atitudes que
interferem no desempenho do indivíduo no trabalho (GORGES; PASSOS; WOLLINGER,
2018).
É válido ressaltar que outro ponto, no tocante a formação do administrador, tem
ensejado discussões e críticas entre os estudiosos da área, o fato da fragmentação do ensino,
numa área de conhecimento ampla e interdisciplinar, ocasionando à falta de foco no escopo das
habilidades da profissão (SOUZA; FERRUGINI; ZAMBALDE, 2017).
No tocante a interdisciplinaridade do curso, e, por conseguinte, sua fragmentação,
Cezarino e Corrêa (2015) ponderam que tais fatores evidenciam o esgotamento do ensino de
administração, atribuindo-lhe um caráter meramente reprodutivo de conteúdo. Para os autores,
o excesso de especialização oportunizado pelo curso, limitou a formação destes profissionais,
colocando-os inertes frente às mudanças e dinâmicas do mercado de trabalho, denotando,
portanto, os contrastes do que se espera destes profissionais, com os efetivos perfis que são
desenvolvidos pelas instituições superiores.
10
Contudo, Paiva, Esther e Melo (2004) asseguram que, a interdisciplinaridade
proporciona uma visão ampla da complexidade da realidade de forma integrada e repleta de
interações, ou seja, para os autores, a interdisciplinaridade é concebida como uma possibilidade
de ação-reflexão-ação. No curso de administração, a interdisciplinaridade deve desenvolver
perfis com visão de conjunto, por meio de um conhecimento mais sistêmico e holístico sobre
questões fundamentais, de tal modo que interdisciplinaridade, exige que os conteúdos, como
um todo, estejam efetivamente inter-relacionados para se entender determinada situação ou
categoria de problema. Logo, a interdisciplinaridade surge como uma possibilidade de
enfrentamento destes desafios (PAIVA; ESTHER; MELO, 2004; CEZARINO; CORRÊA,
2015).
Por fim, sobre a formação do profissional de administração na contemporaneidade,
Soares, Alves e Targino (2017) dizem que este processo deve ser fundamentado na transmissão
de treinamentos que sejam capazes de fazer estes profissionais lidar com os desafios existentes
na sociedade contemporânea, refletindo em eficiência na realização das atividades exigidas pelo
ambiente organizacional.
2.2 EMPREGABILIDADE E INSERÇÃO DO ADMINISTRADOR NO MERCADO DE
TRABALHO
A inserção de profissionais no mercado de trabalho tem se tornado um desafio cada vez
maior, tanto para os recém-formados que pleiteiam uma vaga no competitivo mercado
profissional, quanto para as próprias instituições de ensino, que têm intensificado seus esforços
para proporcionar uma formação ao acadêmico, mais condizente com as demandas do mercado
(LEMOS; PINTO, 2008). Para Sousa et al. (2016), a inserção de um trabalhador no mercado
de trabalho depende de suas aptidões em relação às novas tecnologias e no atendimento dos
requisitos, cada vez mais rigorosos, ou seja, essa inserção está condicionada a certos atributos
desenvolvidos pelo trabalhador. De acordo com os autores, “com o aumento das incertezas o
profissional deve buscar seu autodesenvolvimento, visando a manutenção e o destaque no
mercado de trabalho” (SOUSA et al., 2016, p. 8).
Repleto de incertezas, consequência da dinamicidade da contemporaneidade, e cada vez
mais exigente, segundo Ferreira, Dall’Agnol e Porto (2016), o mercado de trabalho tem exigido
e estimulado um padrão de profissional cada vez mais qualificado e proativo. Percebe-se que a
qualificação e a pró-atividade são requisitos fundamentais para a empregabilidade
A empregabilidade por sua vez, é apontada, sinteticamente, como sendo a capacidade
de adaptação às novas exigências do mundo do trabalho e das organizações (HELAL; ROCHA,
2011; HELAL; SANTOS, 2008), ou seja, seu conceito diz respeito ao desenvolvimento de
competências relacionadas ao capital humano, capital cultural e ao capital social, principais
fatores que interferem na empregabilidade.
Em consonância com o dito anteriormente, e assumindo a empregabilidade como um
fenômeno complexo, influenciado por vários fatores, é importante que se esclareça os conceitos
de capital humano, cultural e social.
O capital humano, por uma perspectiva econômica neoclássica, pressupõe que quanto
mais detentor de conhecimento, de forma acumulada, for o indivíduo, maior será sua
produtividade marginal, refletindo, portanto, em seu valor econômico no mercado (HELAL,
2005). De acordo com Bonamino et al. (2010), o capital humano é medido basicamente pelo
nível de instrução das pessoas, assim, para os autores, para que haja um acúmulo de capital
humano, deve-se investir recursos e tempo, principalmente na educação, de modo que os
benefícios provenientes desses investimentos, sejam traduzidos em empregos com boas
remunerações, maior satisfação no trabalho, incluindo status ou simplesmente o entendimento
amplo de um mundo circundante.
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Helal (2005) critica esse conceito pelo fato de o mesmo se apresentar limitado, embora
seja o mais comum nos estudos sobre o mercado de trabalho, o autor alerta pelo fato dessa teoria
ser originaria do enfoque neoclássico da economia que ao tratar do mercado de trabalho, ignora
fatores igualmente importantes no tocante ao acesso ao emprego, bem como na definição de
salários, alude-se aqui ao capital cultural e ao capital social.
O capital cultural, enquanto teoria, é um contraponto da visão funcionalista e
neoclássica do capital humano, considerando que sob a perspectiva do capital cultural, o
processo de expansão do acesso à educação, não leva a uma maior equalização de oportunidade,
pois desse ponto de vista, famílias de estratos sociais superiores, continuariam garantindo
vantagens para seus descendentes (HELAL, 2005). Na visão do autor, a família tem papel
determinante no que tange ao capital cultural. Bonamino et al. (2010) salientam que a
compreensão do capital cultural, surge da necessidade de se entender as desigualdades sociais,
desta forma, segundo os autores, o capital cultural existe em três estados, o incorporado, o
objetivo e o institucionalizado, sendo que no incorporado, tem-se as disposições duráveis do
organismo, como por exemplo, os gostos e o domínio da língua culta, e constitui-se
principalmente no contexto familiar. No estado objetivado, os autores ressaltam que o capital
cultural se manifesta na forma de bens culturais, a exemplo de esculturas, pinturas, livros, etc.
Por fim, os autores esclarecem que o capital cultural institucionalizado é manifestado,
basicamente, na forma de títulos escolares.
Por fim, tem-se o capital social que, de acordo com Helal (2005), à luz da literatura, há
duas correntes sobre esse fator, uma que o define como algo pertencente a uma comunidade ou
sociedade específica e a outra que assume esse capital como algo próprio, pertencente a um
indivíduo. Para Bonamino et al. (2010), na década de 1980, os sociólogos Bourdieu e Coleman,
aprofundaram os estudos sobre o capital social, na tentativa de entender como os indivíduos
podem se beneficiar mediante a sua inserção em uma rede de relacionamento, de acordo com
suas posições, ou como tais indivíduos podem gerar externalidades positivas para outros
membros.
Como se percebe e em conformidade com o que já foi dito anteriormente, a
empregabilidade engloba vários fatores, ou seja, não basta apenas o preparo técnico, é preciso
que haja a integração de fatores como o conjunto de técnicas, gestão, intelecto humano e social,
bem como a capacidade de associar conhecimento e habilidade, não só na identificação de
problemas, mas também para buscar soluções (FONZAR; MARCANTONIO, 2014). Nas
palavras de Moura et al. (2014), a empregabilidade representa a condição do indivíduo exercer
uma atividade produtiva, representada em ganhos financeiros, como decorrência direta da
capacidade de fazer algo ou alguma coisa que alguém queria adquirir, para tanto, conforme
Noro, Abbade e Diefenthäler (2011) e Fonzar e Marcantonio (2014), seis pilares sustentam a
empregabilidade: (1) Adequação vocacional, (2) Competência Profissional, (3) Idoneidade, (4)
Saúde Física e Mental, (5) Reservas Financeiras e Fontes Alternativas e (6) Relacionamento.
Em síntese, de acordo com Minarelli (1995 apud NORO; ABBADE;
DIEFENTHÄLER, 2011), a adequação vocacional, fortalece a empregabilidade, quando esta
corresponde a aptidões, facilidades e gostos profissionais, pois “quando o profissional trabalha
na área ligada à sua vocação está constantemente motivado” (GRESELE; CORNADO;
CAVALCANTI NETO, 2008, p. 3). No que tange a competência profissional, Noro, Abbade
e Diefenthäler (2011) preconizam que se trata de conhecimentos adquiridos, bem como o
conjunto de habilidades físicas e mentais, porque para os autores, trata-se do jeito de atuar e as
experiências desenvolvidas pela formação escolar e pelos treinamentos recebidos,
autodidatismo e a convivência diária.
A idoneidade é o terceiro pilar que sustenta a empregabilidade, nesses preceitos, agir
de forma proba, honesta, pautada em princípios legais e éticos, garantem ao empregado a
consideração, a admiração e a confiança das pessoas (NORO; ABBADE; DIEFENTHÄLER,
12
2011). Outro pilar importante trazido pelos autores, diz respeito aos cuidados com a saúde
física e mental, de forma que esse cuidado com a saúde evita desgastes e implica no equilíbrio
entre o trabalho e o lazer, obrigação e diversão, entre o profissional e as diversas atividades
cotidianas. Pertinente às reservas financeiras e fontes alternativas, estas se referem às
diversas situações com as quais um empregado pode não concordar dentro de uma empresa, o
que pode levá-lo a permanecer ou não na empresa, ou seja, o empregado é suscetível a perca
do emprego, nesse sentido, a reserva financeira, não é apenas um sacrifício feito mês a mês,
independente do salário, mas uma necessidade (NORO; ABBADE; DIEFENTHÄLER, 2011;
GRESELE; CORNADO; CAVALCANTI NETO, 2008). Por fim, o último pilar que sustenta a
empregabilidade é o relacionamento e sobre seu conceito, Noro, Abbade e Diefenthäler (2011)
afirmam que quanto mais relacionamentos a pessoa tiver, maior seu patrimônio profissional,
pois quanto mais se conhece pessoas, mais informações se adquire.
Além desses pilares, ressalta-se que as exigências para a empregabilidade estão levando
em conta a capacidade profissional do candidato, pautada em sua competência. Esta por sua
vez ao ser conceituada, há um consenso na literatura, de que se trata de uma noção complexa,
passível de mais de uma definição, ou seja, “a noção de competência é, assim, polissêmica,
evocando uma multiplicidade de conhecimentos, saberes, habilidades e diversos outros recursos
pessoais, quando colocados ou não em prática nas atividades, situações ou relações”
(MARINHO-ARAÚJO; ALMEIDA, 2016, p. 3), contudo, uma das assertivas mais aceitas
acerca da temática, é de que se trata de um conjunto de conhecimentos, habilidades e atitudes,
em que tais fatores, credenciam um indivíduo a exercer determinadas funções (CORRÊA,
2015).
Segundo Marinho-Araújo e Almeida (2016), o conceito de competências tem se alterado
acompanhando as mudanças dos contextos socioeconômico, o que tem gerado maior
complexidade aos processos de trabalho e isso tem exigido maior domínio de conhecimentos
científico e tecnológico, alinhados à utilização de capacidades cognitivas complexas,
desenvolvidas nas relações sistematizadas do conhecimento teórico formal.
Na concepção de Marinho-Araújo e Almeida (2016), a competência é construída no
cotidiano sociocultural e nas situações que exigem de seus atores, a identificação de
conhecimentos pertinentes, mobilizando recursos e uma postura ativa diante dos problemas,
noção corroborada por Cardoso (2009), quando diz que a competência se realiza na ação e/ou
quando tal ação estimuladora da competência, é influenciada por uma determinada situação.
Assumindo as proposições acerca do que é competência, nota-se que a formação dos
profissionais em administração da contemporaneidade, é um fator que exige constantes
reflexões, sobretudo no que diz respeito ao desenvolvimento de competências e a profissionais
bem atualizados. Nesta vertente, Ferreira Filho, Andrade e Souza (2013) preconizam que diante
das transformações e exigências do mercado, a busca pelo conhecimento deve ser encarada
como algo permanente na vida do profissional, tanto dos que buscam uma empregabilidade,
quanto dos que já tem alguma atividade remunerada, de modo que o desenvolvimento e o
aprimoramento dessas competências, auxiliará o profissional na proteção contra as
instabilidades do mercado e contribuirá para o desenvolvimento de bases para a construção de
uma carreira.
Como se percebe, o desenvolvimento de competências tem estreita relação com o
processo de aprendizagem, o que por sua vez, remete ao processo de formação do
administrador, do qual é possível inferir que no processo de formação profissional, o aluno pode
ajudar a compreender a dinâmica entre a aprendizagem e o desenvolvimento de competências
se atuar como participante ativo do processo, sendo influenciado pelos vários contextos –
acadêmico, profissional e o social de sua vida pessoal (SILVA; ALBERTON; VERDINELLI,
2007).
13
Por fim, acerca da interligação conceitual entre aprendizagem e competências, Silva e
Godoi (2006) salientam que a integração desses dois fatores se apoia no fato de que o
desenvolvimento de competências é uma intermediação processual na busca do conhecimento
e, neste processo, ao se tomar a competência como objeto, o fenômeno da aprendizagem surge
como o processo, o “como” necessário à competência. Portanto, diante da percepção dos
autores, a competência ao ser desenvolvida como ‘o que’, permeia-se pelo processo de
aprendizado do ‘como’. Em outras palavras, o desenvolvimento de competências ocorreria
dentro de um circuito formado basicamente pela tríade: conhecimento, desenvolvimento de
competências e processo de aprendizado.
Por fim, a seguir é apresentado um quadro-síntese afim de sumarizar os principais
autores abordados nesta pesquisa, bem como os principais conceitos e contribuições
apresentados pelos mesmos.
Quadro 1: Principais autores e seus principais conceitos e contribuições
Paiva, Esther,
Melo (2004)
A administração, enquanto campo do conhecimento, exige de seu
profissional de mercado ou de seu pesquisador, uma mudança de atitude
que certamente possibilitará saltos significativos no entendimento da
realidade complexa em que se vive, reconstruindo-a em direção a um novo
patamar de vida. Interdisciplinaridade é, antes de tudo, uma questão de
atitude, tanto individual como coletiva, referindo-se, aqui, aos corpos
discente, docente e diretivo da instituição
Silva, Godoi
(2006)
Apesar da relação dialética, o indivíduo e suas possibilidades sociais de
atuação constituem o ponto de partida da dimensão organizacional
Silva,
Alberton,
Verdinelli
(2007)
Os fatores determinantes na atuação do Administrador envolvem saberes
do ambiente e relacionais, aptidões ou qualidades pessoais e saberes
teóricos, sendo que a educação formal tem maior influência nos fatores
associados aos saberes teóricos e ao ambiente e relacionais, ao passo que a
experiência profissional tem maior influência nos saberes do ambiente e
relacionais e nas aptidões ou qualidades pessoais
Lemos, Pinto
(2008)
Formação cognitiva específica recebida pelo graduando não é fator
decisivo na contratação, mas, sim, as variáveis comportamentais e
vivenciais do aspirante ao cargo e a excelência da instituição de ensino
cursada.
Cardoso
(2009)
Há diferenças de percepções com respeito à utilização de suas
competências nos diferentes contextos.
Bonamino,
Alves, Franco,
Cazeli (2010)
Diálogo familiar como um fator com grande poder explicativo do
desempenho escolar, uma vez que, em média, os estudantes pertencentes a
todos os grupos sociais se beneficiam de seu efeito positivo. Em países com
características socioeconômicas semelhantes às do Brasil, o capital social
baseado na família é relevante para a vida e a aprendizagem escolar dos
filhos
Noro, Abbade,
DiefenthäleR
(2011)
Os acadêmicos estão desenvolvendo a sua empregabilidade através do
entendimento do tema, bem como utilização de bons hábitos pessoais e
profissionais, mas com relação a colaboração da Instituição cabe possíveis
melhorias dentro do âmbito acadêmico visando possível convergência no
que tange ações empreendidas para possível conquista da empregabilidade.
Helal e Santos
(2011)
A empregabilidade como a capacidade de adaptação da mão-de-obra frente
às novas exigências do mundo do trabalho e das organizações, e a crítica-
social, trata a empregabilidade como um discurso, que transfere a
14
responsabilidade pelo emprego, da sociedade e do Estado para próprio
trabalhador, a prevalecente é a primeira
Ferreira Filho,
Andrade,
Souza (2013)
Os alunos vêm desenvolvendo sua empregabilidade, porém não há uma adequação
total com relação aos seis pilares que sustentam a empregabilidade,
principalmente com relação a prática de reservas financeiras
Fonzar,
Marcantonio
(2014)
O principal fator que mais distancia os jovens da empregabilidade é a
formação acadêmica sem adaptação ao mercado. Além disso, os jovens
consideram a experiência prévia pouco importante quando se trata de
empregabilidade, demonstrando preferência a questões que se referem ao
desenvolvimento de novas habilidades e competências, que sustentam o
tema.
Moura et al.
(2014)
A constante atualização, tornou-se requisito básico para a empregabilidade,
além disso, o profissional deve procurar contemplar os seis pilares que sustentam
a empregabilidade.
Cezarino,
Corrêa (2015)
O ensino em administração carece de maior interdisciplinaridade, mas para
que isso mude seria necessária uma reforma na estrutura das matrizes
curriculares dos cursos, como também empreendimento dos professores
com maior foco à graduação em detrimento da pós-graduação além de uma
inflexão dos métodos didáticos utilizados em sala de aula, tornando-os mais
centrados no aluno do que intensos na figura do professor.
Cardoso
(2015)
A formação e o ensino dos profissionais da área de administração sem um
preparo adequado para a prática de pensar, refletir, questionar e pesquisar
inviabiliza um processo cíclico, crítico e fecundo
Corrêa (2015) A responsabilização pelo desenvolvimento de competências passa a ser
transversal a toda a organização, deixando de estar apoiada em alguns
departamentos específicos ou mesmo à função Recursos Humanos. Sousa; Portugal;
Silva; Oliveira e
Silva (2016)
Os cursos de administração, disponibilizam a seus alunos e egressos,
ferramentas e conhecimentos necessários para entrada em um mercado de
trabalho amplo.
Marinho-
Araújo,
Almeida
(2016)
Defende-se a noção de competência ancorada na mobilização intencional
de diversos recursos próprios ao desenvolvimento humano: processos
psicológicos, comportamentos, conhecimentos, afetos, crenças,
habilidades, escolhas éticas e estéticas, que devem ser mobilizados pelo
sujeito
Souza,
Ferrugini,
Zambalde
(2017)
As competências específicas à formação do Administrador não têm
acompanhado as exigências das competências administrativas evidenciadas
na literatura. Os alunos dos cursos de Bacharelado em Administração no
Brasil não saem preparados para exercerem as atividades profissionais
exigidas pelo mercado de trabalho
Soares, Alves,
Targino (2017)
Estudantes apresentam visões favoráveis quanto à adoção de sistemas de
aprendizagem ativa, denotando que a abordagem adotada abre espaço para
perspectivas construtivistas. O esforço para que o ensino superior em
administração tenha uma maior ligação teórico-prática potencializa a
aprendizagem e motiva os estudantes
Gorges;
Passos;
Wollinger
(2018)
As competências mais importantes a serem desenvolvidas são: a autocrítica
e pensar estrategicamente em relação às oportunidades.
Fonte: o autor, 2019.
15
3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
O presente trabalho pretende descrever e analisar as percepções de alunos sobre a
empregabilidade, as demandas do mercado de trabalho, bem como o papel balizador da
universidade no processo de formação e contribuição de inserção dos alunos ao mercado de
trabalho. A primeira parte do trabalho se deu com um levantamento de estudos anteriores sobre
a temática, e a busca por conceitos e construtos que pudessem ser associados à empregabilidade.
De todos os autores apresentados no referencial teórico, e a partir de diversas reflexões sobre
como mensurar atributos de empregabilidade de alunos do curso de administração, decidiu-se
por trabalhar com os conceitos de capital humano, cultural e social como também com os
pilares da empregabilidade (NORO; ABBADE; DIEFENTHÄLER, 2011; FONZAR;
MARCANTONIO, 2014).
Foi elaborado um roteiro de entrevista, que foi aplicado a alunos e professores de
administração para identificar elementos que fossem interessantes para integrar a elaboração de
um questionário para a aplicação com os alunos matriculados no curso de administração da
UFMT. Com base em alguns questionários identificados na literatura de Lovison (2014); Silva,
Montenegro, Dias, Castro (2015); Santos, Reis Neto, Verwaal (2018) e Noro, Abbade e
Diefenthäler (2011) e a partir da análise das respostas das entrevistas, foram elaboradas 94
assertivas divididas em 7 assertivas sobre dados demográficos, 45 assertivas sobre o
desenvolvimento da empregabilidade, por meio dos capitais Humano, Cultural e Social, e 43
assertivas, baseando-se em Noro, Abbade e Diefenthäler (2011)divididas entre Adequação
vocacional, Competência profissional, Idoneidade, Relacionamentos, Saúde física e mental e
Reserva financeira, que são os pilares que sustentam a empregabilidade.
Para tanto, optou-se por realizar entrevistas com estudantes do sétimo, sexto e quinto
semestres do curso de administração da Universidade Federal de Mato Grosso, Campus
Universitário de Rondonópolis. A escolha por esse grupo, se deu pelo fato de serem alunos que
já se encontram nos semestres finais do curso, supondo-se, assim, que já tenham uma noção
consistente da essência do curso.
Salienta-se que, a entrevista, como ferramenta de coleta de dados, é uma técnica
importante que permite o desenvolvimento de uma estreita relação entre as pessoas, além de
permitir a obtenção de informações acerca do que as pessoas sabem, creem, esperam, sentem
ou desejam, etc., sendo considerada por muitos autores como técnica por excelência em
pesquisas sociais, contudo esta ferramenta apresenta tanto vantagens, como por exemplo, a
obtenção de dados referentes aos mais diversos aspectos da vida social, ser uma técnica
eficiente na obtenção de dados em profundidade, quanto desvantagens, como por exemplo, a
falta de motivação do entrevistado para responder as perguntas, o fornecimento de respostas
falsas, influência de aspecto pessoal do entrevistador (RICHARDSON, 2011; GIL, 2012).
Por outro lado, um questionário cumpre no mínimo, duas funções básicas, a de descrever
características e de medir determinadas variáveis de um grupo social, ou seja, por meio dos
dados obtidos por meio desta ferramenta, é possível observar as características de determinados
grupos sociais ou de indivíduos (RICHARDSON, 2011). Na concepção de Gil (2012), construir
um questionário, consiste basicamente em traduzir os objetivos da pesquisa em questões
específica, de modo que as respostas a essas questões irão proporcionar os dados requeridos
para se descrever as características de uma determinada população pesquisada e, tal qual a
entrevista, o questionário também apresenta tanto vantagens, como por exemplo, a
possibilidade de atingir um grande número de pessoas e menores gastos, anonimato das
respostas, entre outras quanto desvantagens, pois exclui pessoas que não sabem ler, impede o
auxílio ao informante quando este não entende corretamente as instruções ou perguntas, etc.
Faz-se oportuno mencionar que a proposta metodológica do presente trabalho, adota
uma abordagem qualitativa e quantitativa. A pesquisa qualitativa, de acordo com Richardson
(2011), é justificada por ser uma forma adequada para entender a natureza de um fenômeno
16
social, de modo que esse tipo de investigação, volta-se para situações complexas ou
estritamente particulares, descrevendo, por exemplo, a complexidade de um determinado
problema, analisa a interação de certas variáveis, além de compreender os processos dinâmicos
vividos em grupos sociais.
No tocante a abordagem quantitativa, o mesmo autor esclarece que se trata, a princípio,
da intenção de se garantir a precisão dos resultados, afim de evitar distorções de análise e
interpretação, possibilitando uma margem de segurança quanto às inferências.
Por fim, ressalta-se que os levantamentos realizados na fase qualitativa, foram utilizados
como elementos complementares na concepção do instrumento de coleta de dados da fase
quantitativa, cujos dados são apresentados a seguir, inclusive testando as seguintes hipóteses:
Há diferença de desenvolvimento de capital de acordo com a idade;
Há diferença de percepção de desenvolvimento dos capitais de acordo com o gênero;
Há diferença de percepção de acordo com o nível de formação dos pais
Há diferença de percepção dos capitais de acordo com o semestre que estão cursando
4 APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS
Os dados da pesquisa, bem como suas análises, são apresentados na seção seguinte
4.1 DADOS QUALITATIVOS
Os dados qualitativos foram obtidos por meio de um roteiro de entrevista, que foi
realizado com três professores do curso e alunos que estavam cursando entre o quinto e o sétimo
semestre. Importante frisar que este passo se deu afim de se construir o questionário que foi
aplicado a todos aos alunos de todos os semestres do curso. Como já mencionado, a escolha por
esse grupo de alunos para as entrevistas, se deu pelo fato de serem alunos que já se encontram
nos semestres finais do curso. Quanto aos professores, objetivou-se fazer um comparativo das
visões destes com a dos alunos quanto à contribuição do curso, no tocante ao desenvolvimento
da empregabilidade dos alunos. Observa-se que para fins desta pesquisa, os professores foram
tratados por P1, P2, e P3 e os alunos por A1, A2 e A3.
Quanto à contribuição do curso para a formação dos alunos de administração,
evidenciou-se um alinhamento de visões quanto a interdisciplinaridade conforme se observa
nas falas: P1: “os trabalhos interdisciplinares, e as disciplinas dos outros cursos são
extremamente importantes e isso possibilita o aluno a fazer uma amarração e depois vê, olha
realmente, sem contabilidade eu não consigo interpretar Finanças de forma estratégica, sem
matemática financeira, eu não consigo entender os cálculos de administração financeira, sem
economia, eu não consigo entender o contexto para a gestão financeira, para fazer uma análise
de mercado de uma empresa”.
A1: "o curso de administração, desde o primeiro semestre, ele me trouxe muita
bagagem, com várias matérias que eu consegui abraçar e trazer para o meu lado de trabalho que
é a gestão de pessoas". A3: "o curso de administração te abre muitas oportunidades, a gente
sabe disso. Por conta disso, a gente tem contato com diversos setores, diversos nichos. Eu
acredito dessa maneira, que, por a gente ter contato com outras coisas, com muitas coisas a
gente tem oportunidade de escolher determinada área".
Tais evidencias são corroboradas por Noro, Abbade e Diefenthäler (2011), ao afirmarem
que as áreas de conhecimentos, específicas, bem como as áreas afins, atuam como um círculo,
obtendo maior ou menor grau de importancia, de acordo com as necessidades do mercado, para
esses autores, o mercado exige profissionais especialistas, mas também generalistas capazes de
dominar várias áreas.
Além disso, outro fator determinante quanto ao desenvolvimento e manutenção da
empregabilidade, é a pró-atividade do aluno/profissional e o desenvolvimento e busca constante
por conhecimento. “A1: eu acho que o administrador ele precisa ser proativo e o curso de
17
administração ele dá esse suporte, mas também vai muito do discente, vai muito do
comprometimento”
“P1: Eu acho que o aluno, perto daquilo que ele recebe aqui, ele ainda tem que buscar
muita coisa. Ele ainda tem que buscar. O aluno tem que estudar muito extra sala de aula. Ele
tem que passar muitas horas nos livros, em visita às empresas, estudando casos, lendo estudos
de caso, buscando informações disponíveis [...] e eles são estimulados a isso! ”
Tais falas evidenciam que o aluno, bem como o profissional de administração, mesmo
os que já se encontram empregados, devem entender que são eles mesmos os responsáveis pelo
desenvolvimento e manutenção da empregabilidade, para isso, adquirir cada vez mais
conhecimentos, múltiplas habilidades e atitudes e a constante atualização de conhecimentos, é
um fator imprescindível (FERREIRA FILHO; ANDRADE; SOUZA 2013; GRESELE;
CORNADO CAVALCANTE NETO, 2008; SOUZA; FERRUGINI; ZAMBALDE, 2017).
A partir das respostas obtidas na entrevista e tendo em vista alguns estudos sobre a
temática apresentados no referencial teórico, estruturou-se um questionário, que
posteriormente, foi enviado para os alunos do curso do primeiro ao oitavo semestre em que os
dados obtidos foram tratados, conforme a descrição a seguir.
4.2 DADOS E ANÁLISE QUANTITATIVA
A partir do formulário eletrônico elaborado no google forms e enviado para
aproximadamente 500 e-mails, obteve-se os seguintes resultados quanto ao perfil dos
respondentes, no tocante aos dados demográficos.
O total de respondentes foi de 121 (24% de retorno) distribuídos da seguinte forma: 85
do gênero feminino, o que corresponde a 70,2% e 36 do gênero masculino correspondendo a
29,8%. Referente a idade dos respondentes, 13,9 tem menos de 20 anos, 62,3% tem entre 20 e
30 anos, 14,8% entre 31 e 40 e por fim, 9,0% tem entre 41 e 50 anos.
No que diz respeito ao ano de ingresso deste público no curso de administração, 26,2%
ingressaram entre 2012 e 2015 e 73,8% entre 2016 e 2019. Sobre o semestre (período) que estão
cursando, dos que responderam, tem-se 43,8% do primeiro ao quarto e 53,7% do quinto ao
oitavo semestre. Questionados sobre o curso de administração ter sido a primeira opção na
escolha do curso universitário e consequentemente, da carreira profissional, 25,4% disseram
que não, e 74,6% responderam que sim.
Finalmente, foi perguntado sobre a formação dos pais desses alunos, para qual obteve-
se as seguintes respostas: quanto a formação do pai, 50,8% disseram que o pai tem o ensino
fundamental, 25,4% o ensino médio, 10,7% possuem graduação e 13,1% responderam “outro”.
Quanto a formação da mãe, 36,1% tem nível fundamental, 36,1%, nível médio, 20,5%
graduação e 7,4% “outro”.
A seguir, são apresentados os testes de normalidade dos dados e homogeneidade da
variância e os dados a partir da análise fatorial, os parâmetros de confiabilidade e qualidade da
escala, e finalmente, são apresentados também os dados de correlação.
4.3 TESTE DE NORMALIDADE E HOMOGENEIDADE
Para identificar qual o tipo de teste a ser usado, se paramétrico ou não paramétrico,
foram realizados os testes de normalidade e de homogeneidade. Para se testar a normalidade,
utilizou-se o teste de Kolmogorov-Smirnov, onde se verificou que não há normalidade entre a
distribuição dos dados, pois a maioria do SIGs entre as variáveis deu menor do que 0,05.
Quanto à homogeneidade das variâncias, aplicando-se o teste de Levene, verificou-se
que o SIG foi maior do que 0,05. Ou seja, mesmo não havendo uma normalidade entre a
distribuição, há uma homogeneidade das variâncias, ou seja, as variâncias não são
significativamente diferentes.
18
Considerando que não há normalidade entre a distribuição, deve-se realizar testes não
paramétrico de correlação de Spearman, e para o comparativo entre média, utilizar o teste
Mann-Whitney.
4.4 ANÁLISE FATORIAL
Para a execução da análise fatorial, foram analisadas as 43 questões sobre os pilares da
empregabilidade (medidas escalares de 0 a 10) em que o valor do KMO (Medida da Adequação
da amostra) foi de 0.888 e foram identificados 9 fatores, que juntos, explicaram 69,087% da
variação total dos dados. Verificou-se que cinco assertivas apresentaram baixos valores de
comunalidade, sendo elas: Eu participo de cursos de reciclagem (palestras, cursos, oficinas
etc...); Eu procuro manter-me automotivado para atingir as metas e objetivos propostos durante
a graduação; Eu desenvolvo constantemente meus conhecimentos e habilidade em informática;
Eu desenvolvo meus conhecimentos e habilidades em outros idiomas e, Em situações
formais/estruturais, eu respeito à hierarquia.
Com base nas informações encontradas nessa primeira análise, foi feito uma nova
análise fatorial eliminando dentre as cinco assertivas com baixo valor de comunalidade, as três
com os menores valores (Eu participo de cursos de reciclagem (palestras, cursos, oficinas etc...);
Eu desenvolvo constantemente meus conhecimentos e habilidade em informática; Eu
desenvolvo meus conhecimentos e habilidades em outros idiomas). Nessa nova análise, o valor
do KMO foi de 0,892. Ressalta-se que apesar de continuar com 9 fatores, a variância total
explicada aumentou para 71,032%. A tabela 2 representa os resultados desta nova análise.
Tabela 1: Análise fatorial teste Medida da Adequação da amostra
Fatores
Valores próprios iniciais Somas rotativas de carregamentos ao quadrado
Total % de variação % cumulativa Total % de variação % cumulativa
1 15,572 38,930 38,930 6,967 17,417 17,417
2 2,744 6,859 45,789 3,101 7,752 25,169
3 2,481 6,204 51,993 2,860 7,149 32,318
4 1,706 4,265 56,258 2,850 7,125 39,443
5 1,373 3,433 59,691 2,727 6,818 46,261
6 1,258 3,146 62,836 2,669 6,673 52,934
7 1,152 2,880 65,716 2,592 6,480 59,414
8 1,112 2,780 68,496 2,501 6,253 65,667
9 1,015 2,536 71,032 2,146 5,365 71,032
Dados da pesquisa, 2019.
A partir da análise fatorial, agrupou-se as assertivas em nove fatores, considerando uma
carga acima de 40%. Após esse agrupamento, realizou-se o teste de confiabilidade entre os
fatores, por meio do Alfa de Cronbach, em que quanto mais próximo de 1% for os resultados,
mais confiáveis são. Os resultados desta análise, são representados no quadro a seguir.
Tabela 2: Análise de confiabilidade entre os fatores Alfa de Cronbach
Assertivas Cargas
Fatores Ajustados
Alfa de Cronba
ch
Eu procuro conhecer e desenvolver as necessidades de formação no meu ramo de atividade (ou que pretendo atuar)
,775
Adequação ao Perfil
Profissional 0,929
Eu utilizo de fontes de pesquisas sobre o mercado de atuação. ,755
Eu pesquiso no curso sobre as áreas em que pretendo atuar (ou atuo) por este estar em evidência.
,712
Eu procuro analisar durante o curso de graduação como está o mercado de trabalho na área em que pretendo atuar.
,699
19
Eu procuro desenvolver constantemente minhas competências gerais (pessoais) e específicas (da profissão), partindo dos conhecimentos adquiridos na academia.
,640
Eu foco no Ensino formal constante (superior, pós-graduação, especialização, etc.).
,617
Eu me mantenho sempre atualizado em conhecimentos gerais - lendo Livros, TV, rádio, Cinema e pela Internet.
,585
Esforço-me para sempre transmitir uma capacidade criadora e desempenho profissional.
,578
Eu estou sempre atento e preparado em participar da resolução de problemas, sendo rápido e prestativo em meus trabalhos (acadêmicos e profissionais).
,569
Eu procuro desenvolver minha vida social no ambiente acadêmico (congressos, palestras, etc.), na empresa (estágio, etc.), e na vida particular.
,557
Procuro adaptar-me facilmente às novas situações no âmbito acadêmico e profissional e minimizar o estresse gerado pelas mudanças.
,511
Eu participo de laboratórios (empresa júnior, grupo de estudo, etc.) ,806
Construção de Competências Profissionais
0,810
Eu participo de projetos de pesquisa e extensão, focando no conhecimento científico
,799
Invisto em cultura - Participo de peças teatrais e exposições, etc. ,616
Procuro inscrever-me e participar de trabalhos de caráter social. ,539
Dedico-me a leitura diariamente.
Procuro ter um bom Relacionamento pessoal e profissional e manter bons relacionamentos com colegas, professores, profissionais, etc.
,839
Relacionamento Profissional
0,803 Coloco-me no lugar de outra pessoa, ouvindo, compreendendo e aceitando as verdades dos outros.
,804
Procuro desenvolver aspectos relacionados à características de personalidade (desde a proatividade até a capacidade de interagir com as diferenças do meio) dentro e fora da academia.
,465
Procuro ser discreto, não propagando situações, casos, ou atos praticados no meu ambiente familiar.
,601
Idoneidade Profissional
0,824
Pratico a teoria dos 5Cs, procuro ser claro, correto, consistente, conciso e completo.
,569
Priorizo meus trabalhos, planejamentos e responsabilidades e não misturo as prioridades profissionais com as pessoais.
,556
Eu procuro manter-me automotivado para atingir as metas e objetivos propostos durante a graduação
,491
Sou organizado, disciplinado, atento, prestativo, de confiança, metódico e estruturado, demonstrando confiabilidade e valorização.
,767
Atuação Profissional
0,717 Em situações formais/estruturais, eu respeito à hierarquia. ,648
Procuro levar, sempre que possível, soluções ou alternativas aos problemas acadêmicos e de mercado.
,552
Procuro não me endividar e prefiro realizar compras à vista com descontos.
,827
Controle Financeiro
0,818 Planejo meus gastos dentro da minha realidade financeira. ,821
Cuido de minhas finanças de forma organizada. ,775
Realizo atividades físicas regularmente ,800
Cuidados com a Saúde Física
e Mental 0,730
Cuido da saúde e realizo exames médicos preventivos regularmente.
,581
Invisto na minha qualidade de vida (equilíbrio entre a vida profissional e pessoal).
,515
Procuro cuidar da minha aparência e postura (estilo de vestimenta, postura corporal, linguajar, o tom de voz entre outros) dentro e fora da academia.
,675
Construção do Perfil
Profissional 0,833
Eu reviso e melhoro sempre a minha forma de comunicação, refletindo sobre as palavras comumente utilizadas, tanto na linguagem escrita como na oral.
,543
20
Eu foco na qualidade no meu trabalho. ,534
Estou sempre bem apresentado (imagem pessoal e profissional na minha rede de relacionamento tanto na academia quanto no mercado).
,531
Eu estou buscando ter experiência de mercado (estágio ou trabalho durante a faculdade)
,765
Experiências Profissionais
0,749 Atualizo constante meu cadastro (currículo) no mercado. ,572
Procuro desenvolver constantemente minha rede de relacionamento (network) dentro e fora da academia.
,420
Utilizo as redes sociais para relacionamentos profissionais. ,359
Dados da pesquisa, 2019.
Foi realizado ainda, o comparativo entre médias (não-paramétrico/mann-whitney) no
tocante aos dados demográficos dos respondentes e os fatores identificados, onde foi possível
verificar que com exceção do dado “curso de administração ter sido a primeira opção” em
relação fator “cuidados com a saúde física e mental” que teve o sig. de 0,016, não há diferença
estatisticamente significativa, entre os demais, considerando que neste tipo de análise,
considera-se que há diferença estatisticamente significativa, quando o sig. for menor que 0,05
(>0,05).
Na sequência, para verificar se havia presença ou ausência do desenvolvimento dos três
capitais entre os respondentes, optou-se por realizar a análise de cluster, em que primeiramente,
foi realizado um teste com 5 fatores e posteriormente com 3, conforme pode se observar na
tabela 3
Tabela 3. Distribuição dos agrupamentos.
Dados da pesquisa
Rodando a análise de cluster com as variáveis dicotômicas (QQ1 a QQ38) foram
identificados 3 agrupamentos e realizando uma a regressão, foi alcançado 75,2% de explicação
no uso de 3-Clusters, valor aceitável com bom nível de significância. Sendo o cluster 1 com 35
elementos (respondentes), o cluster 2 com 25 elementos (respondentes) e o cluster 3 com 62
elementos (respondentes), totalizando 122 elementos (respondentes) conforme pode ser visto
na tabela acima.
Assim, usando os resultados da análise fatorial que já havia sido rodada com a 2ª parte
do questionário (9 fatores com 40 assertivas escalares 0 a 10) e observando os níveis de
correlação entre alguns destes fatores e os 3 clusters (tabela 4), iniciou-se a aplicação dos testes
com comparativo entre médias envolvendo os 3 clusters e os 9 fatores.
1 35
2 25
3 62
122
0
Clusters
Válido
Ausente
21
Tabela 4: correlação entre os fatores
Dados da pesquisa, 2019.
Após rodar a sequência dos comparativos entre médias (k amostras e depois 2 amostras),
houve reforço aos achados das correlações, onde foi descoberto que há diferenças
estatisticamente significativas entre os clusters 1 e 2, e entre clusters 1 e 3, mas não há
diferenças estatisticamente significativas entre Clusters 2 e 3. Conforme tabela 5 e 6.
Número
de caso
de
cluster
Correlações de coeficiente ,453**
Sig. (2 extremidades) ,000
N 122
Correlações de coeficiente ,093
Sig. (2 extremidades) ,308
N 122
Correlações de coeficiente ,245**
Sig. (2 extremidades) ,006
N 122
Correlações de coeficiente -,200*
Sig. (2 extremidades) ,027
N 122
Correlações de coeficiente -,179*
Sig. (2 extremidades) ,048
N 122
Correlações de coeficiente ,053
Sig. (2 extremidades) ,559
N 122
Correlações de coeficiente ,145
Sig. (2 extremidades) ,111
N 122
Correlações de coeficiente ,168
Sig. (2 extremidades) ,064
N 122
Correlações de coeficiente ,045
Sig. (2 extremidades) ,619
N 122
Construção do Perfil Profissional
Experiências Profissionais
Correlação - Spearman
Adequação ao Perfil Profissional
Construção de Competências Profissionais
Relacionamento Profissional
Idoneidade Profissional
Atuação Profissional
Controle Financeiro
Cuidados com a Saúde Física e Mental
22
Tabela 5. Diferenças estatisticamente significativas - Comparativo entre médias usando os Clusters e
os Fatores – Testes Mann-Whitney
Dados da pesquisa, 2019.
Feito o comparativo entre média, foi possível observar que houve diferenças entre os
cluster 1 e 2 nos fatores “Adequação ao perfil profissional”, “Reconhecimento profissional” e
“Construção do perfil profissional”. Já entre os cluster 1 e 3, também se observa diferenças
entre os fatores “Adequação ao perfil Profissional”, “Construção de competências
profissionais”, “Cuidado com a saúde física e mental” e “Construção do perfil profissional”,
onde o sig desses fatores, foi menor que 0,05, conforme a tabela acima. Na tabela 7, confirma-
se essas diferenças, ao se observar as médias entre os fatores já mencionados.
Tabela 6. Média dos postos e as diferenças entre os Clusters - Testes de Mann-Whitney
Fonte. Dados da Pesquisa
Comparativo entre Médias
Adequação
ao Perfil
Profissional
Construção de
Competências
Profissionais
Relacionamento
Profissional
Idoneidade
Profissional
Atuação
Profissional
Controle
Financeiro
Cuidados
com a Saúde
Física e
Mental
Construção
do Perfil
Profissional
Experiências
Profissionais
Clusters 1 e 2 - Mann-
Whitney U118,000 335,000 269,000 434,000 388,000 420,000 311,000 300,000 377,000
Wilcoxon W 443,000 660,000 594,000 1064,000 1018,000 1050,000 636,000 625,000 702,000
Z -4,791 -1,537 -2,527 -,052 -,742 -,262 -1,897 -2,062 -,907
Sig. Assint. (2 caudas) ,000 ,124 ,012 ,958 ,458 ,793 ,058 ,039 ,364
Clusters 1 e 3 - Mann-
Whitney U514,000 816,000 881,000 1040,000 1025,000 1006,000 701,000 780,000 1004,000
Wilcoxon W 2467,000 2769,000 2834,000 1670,000 1655,000 2959,000 2654,000 2733,000 1634,000
Z -4,289 -2,021 -1,532 -,338 -,451 -,593 -2,885 -2,291 -,608
Sig. Assint. (2 caudas) ,000 ,043 ,125 ,735 ,652 ,553 ,004 ,022 ,543
Clusters 2 e 3 - Mann-
Whitney U588,000 770,000 603,000 732,000 736,000 703,000 752,000 749,000 638,000
Wilcoxon W 913,000 2723,000 928,000 1057,000 2689,000 2656,000 2705,000 2702,000 963,000
Z -1,754 -,047 -1,613 -,403 -,366 -,675 -,216 -,244 -1,285
Sig. Assint. (2 caudas) ,079 ,963 ,107 ,687 ,715 ,499 ,829 ,807 ,199
Fatores de Sustentabilidade da Empregabilidade Clusters NMean
RankClusters N
Mean
RankClusters N
Mean
Rank
1 35 39,63 1 35 65,31 2 25 36,52
2 25 17,72 3 62 39,79 3 62 47,02
Total 60 Total 97 Total 87
1 35 33,43 1 35 56,69 2 25 44,20
2 25 26,40 3 62 44,66 3 62 43,92
Total 60 Total 97 Total 87
1 35 35,31 1 35 54,83 2 25 37,12
2 25 23,76 3 62 45,71 3 62 46,77
Total 60 Total 97 Total 87
1 35 30,40 1 35 47,71 2 25 42,28
2 25 30,64 3 62 49,73 3 62 44,69
Total 60 Total 97 Total 87
1 35 29,09 1 35 47,29 2 25 45,56
2 25 32,48 3 62 49,97 3 62 43,37
Total 60 Total 97 Total 87
1 35 30,00 1 35 51,26 2 25 46,88
2 25 31,20 3 62 47,73 3 62 42,84
Total 60 Total 97 Total 87
1 35 34,11 1 35 59,97 2 25 44,92
2 25 25,44 3 62 42,81 3 62 43,63
Total 60 Total 97 Total 87
1 35 34,43 1 35 57,71 2 25 45,04
2 25 25,00 3 62 44,08 3 62 43,58
Total 60 Total 97 Total 87
1 35 32,23 1 35 46,69 2 25 38,52
2 25 28,08 3 62 50,31 3 62 46,21
Total 60 Total 97 Total 87
Idoneidade Profissional
Adequação ao Perfil Profissional
Construção de Competências Profissionais
Relacionamento Profissional
Atuação Profissional
Controle Financeiro
Cuidados com a Saúde Física e Mental
Construção do Perfil Profissional
Experiências Profissionais
23
Observando as características dos respondentes agrupados nos três diferentes Clusters
e, considerando uma referência para os capitais humanos, sociais e culturais com medidas de
PRESENÇA/AUSÊNCIA, foi possível observar que o Grupo 1 (cluster 1) apresenta
características de maior presença entre todos os tipos de capitais, comparativamente aos grupos
2 e 3 (Clusters 2 e 3). Entre os clusters 2 e 3, mesmo havendo diferenças entre
PRESENÇA/AUSÊNCIA, pela estatística aplicada aos fatores (assertivas escalares 0 a 10), é
possível indicar não haver diferenças estatisticamente significativas. Assim, é possível indicar
uma maior presença de itens de capital humano, social e cultural, nos membros do Cluster 1,
seguido do Cluster 3 e, por último, o Cluster 2, conforme a tabela 7.
Tabela 7. Média de presença entre os cluster
Fonte. Dados da Pesquisa
Ademais, as variáveis não dicotômicas (itens outros, questões de Q40 a Q46) também
sinalizam, favoravelmente, para a existência de um grupo diferenciado (Cluster 1 com 35
elementos) que possuem características de capitais humanos, sociais e culturais mais presentes
do que os demais grupos, como por exemplo, dominar uma segunda língua, viagem ao exterior
e visita a museus.
Por fim, foi feito uma análise da frequência entre os dados demográficos dos três cluster
onde foi possível perceber as seguintes características proeminentes: 77% dos respondentes do
cluster 1 tem entre 20 e 30 anos, 60% são mulheres, quanto ao ano de ingresso no curso, houve
muitas variações, contudo a maioria, sendo um total de 37% dos respondentes ingressaram em
2017, quanto ao semestre que estão cursando, houve grande variação, de modo que nenhum
semestre se sobressaiu, e, para 60% desse grupo, o curso de administração foi a primeira opção
na hora de escolher o curso, quanto a formação dos pais dos respondentes, tem-se 60% e 54%
para o nível fundamental, sendo pais e mães respectivamente.
No tocante ao cluster 2, tem-se os seguintes resultados: 56% tem entre 20 e 30 anos,
64% são masculinos, 28% ingressaram em 2017, quanto ao semestre que estão cursando,
novamente houve grandes variações e nenhum semestre se sobressaiu, para 88% o curso de
administração foi a primeira opção, quanto a formação dos pais 36% e 40% tem nível
fundamental respectivamente entre pai e mãe.
Finalmente no cluster 3, as características proeminentes revelam que 56% desse grupo
tem entre 20 e 30 anos, 77% é do sexo feminino, 23% ingressou em 2015, para 77%dos
respondentes o curso de administração foi a primeira opção, e, quanto a formação dos pais, 52%
dos pais tem nível fundamental e 44% das mães também com o mesmo nível.
Além disso, as respostas dos clusters foram estratificadas no apêndice “A”, onde pode
se observar que o grupo 1 se destaca na maioria das questões comparativamente ao grupo 2 e
ao 3. No intuito de facilitar a compreensão visual, utilizou-se um critério de código de cores,
em que o mais próximo de 10 seria verde e o mais próximo de 0 seria vermelho conforme pode
se constar na tabela do referido apêndice.
Como se percebe, tais resultados corroboram a primeira hipótese levantada que foi a de
que há diferença de desenvolvimento de capital de acordo com a idade, evidenciada pelos
cluster 1 com 77%, e no cluster 2 e 3 com 56% respectivamente. Quanto a segunda hipótese
que foi: há diferença de percepção de desenvolvimento dos capitais de acordo com o gênero,
houve uma variação entre os cluster 1 e 3 em relação ao 2 que teve seu maior número de
Presença de Capital Cluster 1 Cluster 2 Cluster 3
Capital Humano (15 itens) 9,8 5,6 7,1
Capital Social (17 itens) 13 6,7 10,2
Capital Cultural (6 itens) 4,7 1,95 3,26
Outros 5,5 3,1 4,4
24
respondentes do sexo masculino, este com 64%, do sexo masculino, aqueles com 60% e 77%
do sexo feminino respectivamente.
Outra hipótese levantada foi a de que há diferença de percepção de acordo com o nível
de formação dos pais. Essa hipótese não se confirmou pois como se percebe que no cluster 60%
dos pais e 54% das mães tem apenas nível fundamental, assim como no cluster 2 com 36% para
os pais e 40% para as mães e por fim no cluster três com 52% dos pais e 44% das mães também
com o mesmo nível. Quanto a última hipótese, se há diferença de percepção dos capitais de
acordo com o semestre que estão cursando, houve grande variação entre as respostas de modo
que nenhum semestre se sobressaiu.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O presente trabalho foi realizado com os alunos do curso de Administração da
Universidade Federal de Mato Grosso, no campus de Rondonópolis e objetivo como objetivo
geral, analisar a percepção dos alunos no que diz respeito ao desenvolvimento e a sustentação
de sua empregabilidade. Trata-se de uma pesquisa descritiva por meio de um estudo de caso
qualitativo e quantitativo envolvendo os alunos do curso, onde que empregou técnicas
estatísticas para análise dos dados, incluindo análise fatorial, correlação, comparativo entre
médias e análise de clusters.
Na pesquisa, trabalhou-se com os três capitais necessários para o desenvolvimento da
empregabilidade, bem como com os seis pilares que sustentam a empregabilidade. Fazendo-se
um cruzamento entre os capitais e os pilares, foi possível chegar a nove fatores, sendo eles:
Adequação ao Perfil Profissional; Construção de Competências Profissionais, Relacionamento
Profissional, Idoneidade Profissional, Atuação Profissional, Controle Financeiro, Cuidados
com a Saúde Física e Mental, Construção do Perfil Profissional, Experiências Profissionais, os
quais explicam 71% desse processo.
Com a análise de cluster, foi possível perceber que o desenvolvimento dos capitais,
agrupou-se em 3 clusters (grupos), onde se percebeu que no grupo 1 se destaca em relação aos
grupos 2 e 3, com maior presença de desenvolvimento dos capitais, sendo que no grupo 1, 77%
dos respondentes tem a faixa etária entre 20 e 30 anos, e 60% do sexo feminino. Ou seja, nota-
se que a empregabilidade tem se tornado uma preocupação para a nova geração de acadêmicos
e o desenvolvimento dos capitais é mais presente entre as mulheres.
Ressalta-se que estes resultados, corrobora o que dizem os autores Helal, Neves e
Fernandes (2007) que a capacidade de o indivíduo atingir a empregabilidade, vai além do
capital humanos, e é afetada por seu estoque de capital cultural e social. Diante disso se percebe
que os três capitais são importantes para a formação de um perfil que seja capaz de lidar com
as contingencias do mercado, para isso, o novo profissional deve ter por base a sustentação de
sua empregabilidade através dos seis pilares conforme (FONZAR; MARCANTONIO, 2014)
É importante ressaltar que o tema empregabilidade já vem sendo debatido em larga
escala por diversos estudiosos, todavia, tais estudos apresentam-se geralmente sob a perspectiva
do capital humano, trazendo poucas relações desse processo com os capitais social e cultural,
tampouco com os pilares que sustentam a empregabilidade, o que dá uma característica limitada
a tais estudos, Deste modo, uma das principais contribuições deste estudo, foi fazer o
cruzamento dos três capitais com os seis pilares a luz da literatura e com isso, propor um modelo
que mensure essa relação, conforme pode-se observar na Figura 1.
25
Figura 1: Construtos relacionados ao desenvolvimento e sustentabilidade da empregabilidade
Fonte: O autor, adequado de Fonzar e Marcantonio (2014)
Como se observa, a empregabilidade do aluno de administração se dá com o cruzamento
entre os três capitais e os pilares que sustentam a empregabilidade, ou seja, para que o aluno se
torne empregável é necessário que haja o desenvolvimento dos três capitais, o que pode ocorrer
de forma interdependente e com variação de intensidade entre os mesmos, e o desenvolvimento
dos seis pilares.Desta forma, podemos inferir que, apesar de serem variáveis interdependentes,
são todas necessárias para que o aluno alcance e mantenha sua empregabilidade. Tal evidência,
reflete o fato da interdisciplinaridade do curso, o que proporciona ao aluno, uma visão sob
diversos ângulos, o que o torna flexível aos diversos desafios da profissão.
A partir da imagem, pode-se depreender o protagonismo do aluno que, apesar de a
universidade estar na base do desenvolvimento da empregabilidade, oferecendo a educação
formal que por sua vez, de acordo com Silva, Alberton, Verdinelli (2007), tem maior influência
nos fatores associados aos saberes teóricos, aos ambientes e relacionais, a responsabilidade
desse processo recai, principalmente, sobre o aluno, reforçando o que dizem Murad (2017),
Fonzar, Marcontonio (2014), Moura et al. (2014) e Helal e Santos (2008) ao afirmarem que
tendo em vista sua empregabilidade e as exigências do mercado de trabalho, o aluno deve estar
em constante busca de conhecimento e desenvolvimento de suas habilidades e competências
levando em conta os diversos fatores que interferem nesse processo.
Além disso, outra contribuição do trabalho, diz respeito à ferramenta de coleta de dados
que foi desenvolvida, um questionário que proporciona a inter-relação dos capitais com os
pilares. Por fim, tem-se a contribuição da pesquisa ao evidenciar para alunos e universidade,
qual o papel e a importância de cada um no processo de desenvolvimento da empregabilidade
dos alunos de administração.
Como limitações do trabalho, pode-se citar o baixo número de respondentes do
questionário, sendo que o questionário eletrônico foi encaminhado para aproximadamente 500
e-mails, dos quais, obteve-se apenas 122 respostas, contudo, apesar de ter sido um número de
respostas razoavelmente baixo, foi possível tratar os dados de forma gradativa e parcial. Outra
limitação que se pode mencionar, foi o fato do grande número de questões dicotômicas o que
limita as respostas e por consequências a variação de análise.
Para estudos futuros, sugere-se a continuidade do estudo com a aplicação da ferramenta
em outros cursos, para que assim se possa analisar o desenvolvimento e sustentabilidade da
26
empregabilidade em contexto diferente, porém com um elemento em comum, o elemento
humano, desta forma os resultados podem reforçar as descobertas desta pesquisa, comprovando
o poder explicativo do modelo aqui definido, ou simplesmente rodar a ferramenta sob a visão
do mercado para verificar se a formação do aluno proposta pelas universidades, condizem com
as demandas do mercado.
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28
APÊNDICES
Apêndice A: Frequência entre os dados demográficos em relação aos clusters
Assertivas Fator Cluster 1 Cluster 2 Cluster 3
média mediana moda D.P. média mediana moda D.P. média mediana moda D.P.
Q1
Eu procuro analisar durante o curso de graduação
como está o mercado de trabalho na área em que
pretendo atuar.
1 9,0 9 10 1,21 6,3 7 7 2,39 6,9 7 8 2,12
Q11
Eu procuro desenvolver constantemente minhas
competências gerais (pessoais) e específicas (da
profissão), partindo dos conhecimentos adquiridos na
academia.
1 8,8 9 8 0,99 6,6 7 6 2,69 7,8 8 8 1,67
Q15 Esforço-me para sempre transmitir uma capacidade
criadora e desempenho profissional. 1 8,5 8 8 1,36 5,8 6 7 2,90 6,7 7 8 2,08
Q2
Eu procuro conhecer e desenvolver as necessidades
de formação no meu ramo de atividade (ou que
pretendo atuar)
1 8,9 9 10 1,00 6,6 7 5 1,87 7,4 8 8 1,98
Q3 Eu pesquiso no curso sobre as áreas em que pretendo
atuar (ou atuo) por este estar em evidência. 1 8,9 9 10 1,05 5,3 5 5 2,29 7,3 7,5 8 2,02
Q37
Procuro adaptar-me facilmente às novas situações no
âmbito acadêmico e profissional e minimizar o
estresse gerado pelas mudanças.
1 8,8 9 10 1,18 6,7 6 8 2,28 7,5 8 7 1,84
Q5 Eu foco no Ensino formal constante (superior, pós-
graduação, especialização, etc.). 1 7,3 8 8 2,30 5,5 6 6 2,80 6,4 6 5 2,51
Q6 Eu utilizo de fontes de pesquisas sobre o mercado de
atuação. 1 8,1 8 8 1,35 5,2 5 5 2,62 6,3 6 5 2,20
Q7
Eu me mantenho sempre atualizado em
conhecimentos gerais - lendo Livros, TV, rádio,
Cinema e pela Internet.
1 8,7 9 10 1,43 6,0 7 8 2,91 6,8 7 7 2,34
Q8
Eu estou sempre atento e preparado em participar da
resolução de problemas, sendo rápido e prestativo em
meus trabalhos (acadêmicos e profissionais).
1 8,4 9 9 1,48 6,4 6 6 2,69 6,9 7 7 1,62
29
Q9
Eu procuro desenvolver minha vida social no
ambiente acadêmico (congressos, palestras, etc.), na
empresa (estágio, etc.), e na vida particular.
1 8,7 9 10 1,13 5,6 6 6 2,66 6,6 7 5 1,96
Q13 Eu participo de projetos de pesquisa e extensão,
focando no conhecimento científico 2 4,4 4 1 3,15 3,4 1 1 2,97 3,2 2 1 2,67
Q14 Eu participo de laboratórios (empresa júnior, grupo
de estudo, etc.) 2 4,0 4 1 2,92 2,9 1 1 2,77 2,5 1 1 1,96
Q18 Dedico-me a leitura diariamente. 2 6,9 8 8 2,50 3,3 1 1 3,29 4,7 4,5 4 2,53
Q24 Procuro inscrever-me e participar de trabalhos de
caráter social. 2 7,4 8 9 2,13 3,8 3 1 2,88 4,9 5 1 2,74
Q26 Invisto em cultura - Participo de peças teatrais e
exposições, etc. 2 5,0 5 5 2,67 2,8 1 1 2,70 3,2 2 1 2,47
Q33
Procuro desenvolver aspectos relacionados à
características de personalidade (desde a proatividade
até a capacidade de interagir com as diferenças do
meio) dentro e fora da academia.
3 8,7 9 10 1,38 6,3 7 7 2,41 7,1 7 7 1,98
Q34
Procuro ter um bom Relacionamento pessoal e
profissional e manter bons relacionamentos com
colegas, professores, profissionais, etc.
3 9,3 10 10 0,83 7,2 7 8 2,15 8,5 9 10 1,53
Q35 Coloco-me no lugar de outra pessoa, ouvindo,
compreendendo e aceitando as verdades dos outros. 3 9,1 9 10 0,96 7,7 8 10 1,89 8,2 8 10 1,68
Q12 Eu procuro manter-me automotivado para atingir as
metas e objetivos propostos durante a graduação 4 8,9 9 9 1,05 7,4 8 9 2,23 7,7 8 8 1,84
Q29
Priorizo meus trabalhos, planejamentos e
responsabilidades e não misturo as prioridades
profissionais com as pessoais.
4 8,4 8 8 1,37 6,4 7 8 2,35 7,6 8 10 2,00
Q30 Procuro ser discreto, não propagando situações,
casos, ou atos praticados no meu ambiente familiar. 4 8,8 9 10 1,31 6,8 8 10 2,70 8,1 8 10 1,80
Q31 Pratico a teoria dos 5Cs, procuro ser claro, correto,
consistente, conciso e completo. 4 8,5 9 10 1,48 6,9 7 8 2,23 7,4 8 8 2,08
Q20 Em situações formais/estruturais, eu respeito à
hierarquia. 5 9,1 9 10 1,15 7,7 8 10 2,53 8,6 9 10 1,50
30
Q21
Sou organizado, disciplinado, atento, prestativo, de
confiança, metódico e estruturado, demonstrando
confiabilidade e valorização.
5 8,5 8 10 1,31 8,1 9 10 1,93 8,3 8,5 10 1,87
Q22 Procuro levar, sempre que possível, soluções ou
alternativas aos problemas acadêmicos e de mercado. 5 8,5 9 10 1,48 6,3 6 4 2,61 6,9 7 6 2,25
Q41 Cuido de minhas finanças de forma organizada. 6 8,0 8 10 1,81 6,9 7 10 2,43 6,6 7 7 2,47
Q42 Planejo meus gastos dentro da minha realidade
financeira. 6 8,5 9 10 1,63 7,1 8 10 2,61 7,6 8 10 2,56
Q43 Procuro não me endividar e prefiro realizar compras
à vista com descontos. 6 7,8 9 10 2,69 7,88 9 10 2,71 7,2 8 10 2,94
Q38 Invisto na minha qualidade de vida (equilíbrio entre a
vida profissional e pessoal). 7 8,5 9 10 1,77 6,2 6 5 2,86 7,2 8 8 1,84
Q39 Realizo atividades físicas regularmente 7 6,5 7 10 3,13 5,0 5 1 3,60 4,0 3 1 2,83
Q40 Cuido da saúde e realizo exames médicos
preventivos regularmente. 7 7,4 8 10 2,50 4,4 5 1 3,15 4,8 5 1 2,97
Q19 Eu foco na qualidade no meu trabalho. 8 9,1 10 10 1,11 7,7 9 10 2,15 8,1 9 9 1,96
Q23
Eu reviso e melhoro sempre a minha forma de
comunicação, refletindo sobre as palavras
comumente utilizadas, tanto na linguagem escrita
como na oral.
8 8,6 9 10 1,54 6,8 7 5 2,01 7,4 8 8 1,95
Q25
Procuro cuidar da minha aparência e postura (estilo
de vestimenta, postura corporal, linguajar, o tom de
voz entre outros) dentro e fora da academia.
8 8,7 9 9 1,49 7,0 7 9 2,43 7,5 8 8 1,95
Q28
Estou sempre bem apresentado (imagem pessoal e
profissional na minha rede de relacionamento tanto
na academia quanto no mercado).
8 8,0 8 9 1,50 5,6 5 5 2,51 6,8 7 8 1,96
Q10 Eu estou buscando ter experiência de mercado
(estágio ou trabalho durante a faculdade) 9 8,4 9 10 1,82 6,9 8 10 3,22 7,9 8 10 2,34
Q27 Atualizo constante meu cadastro (currículo) no
mercado. 9 7,0 8 10 2,76 4,7 4 1 3,31 6,0 6 9 2,96
31
Q32 Procuro desenvolver constantemente minha rede de
relacionamento (network) dentro e fora da academia. 9 8,5 9 10 1,63 5,6 6 6 2,63 6,9 7 6 1,77
Q36 Utilizo as redes sociais para relacionamentos
profissionais. 9 8,1 9 10 2,26 4,8 5 1 3,25 6,5 7 8 2,79
Q16 Eu desenvolvo constantemente meus conhecimentos
e habilidade em informática. 7,7 8 10 2,31 6,3 6 6 2,65 6,6 7 7 2,22
Q17 Eu desenvolvo meus conhecimentos e habilidades em
outros idiomas 5,1 5 1 2,92 3,0 1 1 2,67 3,2 2 1 2,84
Q4 Eu participo de cursos de reciclagem (palestras,
cursos, oficinas, etc...) 7,1 7 7 2,44 3,7 3 1 2,84 4,3 4 5 2,55