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Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas - FAFICH Departamento de Ciência Política - DCP ANDRÉ MOREIRA PLANEJAMENTO DE MARKETING POLÍTICO PARA A CAMPANHA DE REELEIÇÃO DO CANDIDATO AO CARGO DE PREFEITO NO MUNICÍPIO DE MARLIÉRIA, EM MINAS GERAIS Belo Horizonte 2012

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Universidade Federal de Minas Gerais UFMG Faculdade de Filosofia e Cincias Humanas - FAFICH

Departamento de Cincia Poltica - DCP

ANDR MOREIRA

PLANEJAMENTO DE MARKETING POLTICO PARA A CAMPANHA DE REELEIO

DO CANDIDATO AO CARGO DE PREFEITO NO MUNICPIO DE MARLIRIA,

EM MINAS GERAIS

Belo Horizonte 2012

II

ANDR MOREIRA

PLANEJAMENTO DE MARKETING POLTICO PARA A CAMPANHA DE REELEIO DO CANDIDATO AO CARGO DE PREFEITO NO MUNICPIO DE MARLIRIA, EM MINAS GERAIS

Monografia apresentada ao Curso de Especializao em Marketing Poltico: Mdia, Comportamento Eleitoral e Opinio Pblica do Departamento de Cincia Poltica da Faculdade de Filosofia e Cincias Humanas da Universidade Federal de Minas Gerais, como requisito para a obteno do grau de Especialista em Marketing Poltico. Orientador: Prof. Dr. Bruno Pinheiro Wanderley Reis

Belo Horizonte 2012

III

Dedico este trabalho aos meus pais Edson Moreira Lana (motorista, mecnico e vereador) in memorian e Neuza Quinto Moreira (professora, costureira e vereadora): polticos na melhor expresso da mineiridade. Sujeitos de um tempo em que o natural era a vivncia tica e o compromisso com a palavra; quando a coisa de todos era tratada como pertencente a todos; e quando ocupar cargo pblico implicava em servir comunidade.

IV

AGRADECIMENTOS

A estruturao deste documento contou com a colaborao de diversas personalidades ligadas ao mundo da poltica no municpio de Marliria.

- Alexandre Geraldo Flix de Assis, candidato a vice-prefeito na chapa do PT de Marliria no ano de 2004;

- Antnio Jos de Assis Castro: advogado, professor, vereador marlierense no mandato 1989-1992 pelo PMDB;

- Jenner de Castro Quinto: atual vereador pelo PTB;

- Luis Fernando Andrade: jornalista especializado em coberturas polticas na regio do Vale do Ao;

- Geraldo Magela Martins Carneiro: fundador do PT em Marliria, atual chefe do Departamento de Administrao municipal;

- Gilce Aparecida Quinto Castro: professora;

- Maria Ins de Castro Mendes: ex-prefeita e pr-candidata ao cargo em 2012;

- Nerisvalson Cordeiro de Vasconcelos: professor, especialista em administrao e finanas pblicas;

- Neuza Quinto Moreira: vereadora no mandato 1997-2000 e presidente do PTB no perodo 2002-2011;

- Vigilato Mendes: coordenador poltico da campanha e marido de Maria Ins de Castro; e

- Waldecy de Castro: marlierense, jornalista, assessor da diretoria do Jornal Dirio do Ao.

V

No desenvolvimento dos movimentos cvicos cumprem-se etapas nas quais predomina o

passionalismo partidrio; so foras cegas que convergem numa s direo: chegar ao poder.

Mas, uma vez nele, essas foras devem tornar-se foras inteligentes que temperem e encaminhem

todas as demais para uma conciliao harmnica dos interesses gerais.

(Carlos Bernardo Gonzlez Pecotche, 1947)

VI

SUMRIO

INTRODUO

1. PERFIL DO MUNICPIO DE MARLIRIA...............................................................4 1.1. Histria...............................................................................................................4 1.2. Localizao........................................................................................................4 1.3. Populao ..........................................................................................................6 1.4. Economia ...........................................................................................................8 1.4.1. Indicadores Sociais ...........................................................................................9 1.4.2. Arrecadao ....................................................................................................11 1.5. Organizao Social .........................................................................................12 1.5.1. Veculos comunicacionais ...............................................................................13 1.6. Administrao municipal................................................................................14 1.6.1. Cmara de Vereadores ...................................................................................15 1.7. Perfil do eleitorado..........................................................................................16 1.7.1. O voto dos analfabetos....................................................................................18 1.7.2. O peso das famlias.........................................................................................19 1.8. Retrospecto das ltimas eleies...................................................................19 1.9. Representao partidria ................................................................................20 1.9.1. O Partido dos Trabalhadores ..........................................................................22 1.9.2. O Partido da Social Democracia Brasileira......................................................23 1.9.3. O Partido Progressista ....................................................................................24 1.9.4. O Partido do Movimento Democrtico Brasileiro.............................................24 1.9.5. O Partido Democrtico Trabalhista..................................................................24 1.10. Geopoltica......................................................................................................25 2. AS ELEIES MAJORITRIAS DE 2012 ...........................................................26 2.1. Metodologia ......................................................................................................26 2.1.1. Pr-candidatos ................................................................................................28 2.1.2. Pesquisa quantitativa ......................................................................................30 2.1.2.1. Perfil dos entrevistados ................................................................................30 2.1.2.2. Demandas da populao..............................................................................33 2.1.2.3. Avaliao da atual administrao .................................................................34 2.1.2.4. Preferncia partidria ...................................................................................39 2.1.2.5. Meios de propagao da informao ...........................................................40 2.1.2.6. Potencial de voto dos pr-candidatos...........................................................42 2.1.2.6.1. Nvel de conhecimento ..............................................................................43 2.1.2.6.2. Potencial de voto.......................................................................................44 2.1.2.6.3. Rejeio ....................................................................................................46 2.1.2.6.4. Convergncia dos indicadores ..................................................................47 2.1.2.7. Inteno de voto...........................................................................................48 2.1.2.8. Diferencial competitivo entre os pr-candidatos...........................................50 2.1.2.8.1. Imagem projetada......................................................................................50 2.1.2.8.2. Pontos fortes e fracos................................................................................52 2.1.2.8.3. Oportunidades e ameaas ........................................................................53 2.1.3. As eleies de 2008 ........................................................................................54

VII

2.1.4. Coligaes.......................................................................................................55 2.1.4.1. Composio de chapas................................................................................56 2.1.5. O Distrito de Cava Grande ..............................................................................58 2.1.6. Apoios importantes..........................................................................................59 2.1.6.1. Cmara de Vereadores ................................................................................59 2.1.6.2. Lideranas Comunitrias..............................................................................60 2.1.6.3. A Mquina Pblica .....................................................................................61 3. O PLANO DE MARKETING .................................................................................62 3.1. Posicionamento................................................................................................62 3.2. A propaganda poltica......................................................................................62 3.3. Coligaes ........................................................................................................63 3.4. Estratgias e aes..........................................................................................64 3.4.1. O composto ALFAN9R....................................................................................68 3.5. Metas .................................................................................................................69 3.5.1. Cenrio polarizado ..........................................................................................70 3.5.2. Cenrio com trs candidatos...........................................................................71 3.5.3. Cenrio com quatro candidatos.......................................................................72 3.6. O fator Lalado ...................................................................................................73 3.7. Organograma....................................................................................................75 3.8. Cronograma ......................................................................................................77 3.9. Oramento ........................................................................................................78 3.10. Monitoramento e Controle.............................................................................78

CONCLUSO

REFERNCIAS

ANEXO

VIII

FIGURAS, GRFICOS E TABELAS

Figura 1 - Mapa de localizao do municpio de Marliria...........................................5 Figura 2 - Localizao dos povoados e comunidades no municpio de Marliria........7 Figura 3 - Organograma do Primeiro Escalo da Administrao Municipal de

Marliria ....................................................................................................14 Figura 4 - Composto ALFA9NR.................................................................................69 Figura 5 - Organograma de campanha .....................................................................75 Grfico 1 - Evoluo da populao do municpio de Marliria.....................................6 Grfico 2 - Evoluo do PIB per capita........................................................................8 Grfico 3 - Eleitorado e populao no municpio de Marliria (1990-2010)...............17 Grfico 4 - Nvel de conhecimento entre os pr-candidatos (NvC) ...........................43 Grfico 5 - Potencial de voto entre os pr-candidatos (PtV)......................................45 Grfico 6 - Convergncia dos indicadores (NvC e PtV).............................................48 Grfico 7 - Meta de votos Waldemar no cenrio polarizado......................................70 Grfico 8 - Meta de votos Waldemar no cenrio com 3 candidatos ..........................71 Grfico 9 - Meta de votos Waldemar no cenrio com 4 candidatos ..........................72 Tabela 1 - Indicadores de infraestrutura dos domiclios e Renda per capita mensal ..9 Tabela 2 - ndice de Desenvolvimento Humano - IDH...............................................10 Tabela 3 - ndice de Desenvolvimento da Educao Bsica - IDEB .........................10 Tabela 4 - Sntese das contas municipais (2001-2011).............................................11 Tabela 5 - Populao e eleitores por localidade no municpio de Marliria...............18 Tabela 6 - Retrospectiva das eleies municipais de Marliria (1996 a 2008)..........20 Tabela 7 - Eleitores e filiados a partidos polticos em municpios do Colar

Metropolitano do Vale do Ao ..................................................................21 Tabela 8 - Partidos polticos registrados em Marliria...............................................21 Tabela 9 - Resultado da eleio de 2008 por seo eleitoral....................................25 Tabela 10 - Pr-candidatos majoritrios: biografia ....................................................29 Tabela 11 - Distribuio da amostra da pesquisa por localidade ..............................31 Tabela 12 - Sntese da amostra: gnero, faixa etria e religio ................................31 Tabela 13 - Sntese da amostra: gnero, escolaridade e classe de renda................32 Tabela 14 - Sntese da amostra: gnero e ocupao................................................32 Tabela 15 - Demandas apresentadas pelos entrevistados........................................34 Tabela 16 - Avaliao do atual governo municipal ....................................................35 Tabela 17 - Avaliao dos servios da administrao municipal...............................35 Tabela 18 - Aprovao do governo municipal ...........................................................36 Tabela 19 - Percepo sobre as realizaes do atual governo.................................36 Tabela 20 - Cotejo entre as administraes municipais de Marliria ........................37 Tabela 21 - Caractersticas desejadas no prximo prefeito.......................................37 Tabela 22 - Obrigatoriedade do voto.........................................................................38 Tabela 23 - Preferncia partidria em Marliria ........................................................39 Tabela 24 - Nvel de confiana nas instituies ........................................................40 Tabela 25 - Meio de difuso das informaes da administrao...............................41 Tabela 26 - Rejeio espontnea..............................................................................46 Tabela 27 - Inteno de voto (espontneo e estimulado) .........................................49 Tabela 28 - Cenrios estimulados de disputa ...........................................................49 Tabela 29 - Imagem associada aos pr-candidatos..................................................51 Tabela 30 - Pr-candidatos: pontos fortes e pontos fracos .......................................52 Tabela 31 - Fidelizao do voto a partir da eleio de 2008 (Cenrio B)..................54

IX

Tabela 32 - Fidelizao do voto a partir da eleio de 2008 (Cenrio E)..................55 Tabela 33 - Potencial de votos para chapas .............................................................57 Tabela 34 - Avaliao da atuao dos Vereadores...................................................60 Tabela 35 - Cronograma de campanha.....................................................................77 Tabela 36 - Oramento da campanha.......................................................................78

X

SIGLAS

ACESITA Companhia de Aos Especiais Itabira AM Amplitude Modulada AMDI Associao dos Municpios para o Desenvolvimento Integrado AMVA Associao dos Municpios da Microrregio do Vale do Ao CAF Companhia Acesita Florestal COPASA Companhia de guas e Saneamento CVRD Companhia Vale do Rio Doce DEM Democratas FEB Fora Expedicionria Brasileira FINBRA Finanas do Brasil FJP Fundao Joo Pinheiro FM Frequncia Modulada FPM Fundo de Participao dos Municpios IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica IDEB ndice de Desenvolvimento da Educao Bsica INSS Instituto Nacional da Seguridade Social MDS Ministrio do Desenvolvimento Social PCdoB Partido Comunista do Brasil PDT Partido Democrtico Trabalhista PDT Partido Democrtico Trabalhista PERD Parque Estadual do Rio Doce PMDB Partido do Movimento Democrtico Brasileiro PNUD Programa das Naes Unidas para o Desenvolvimento PP Partido Progressista PPS Partido Popular Socialista PR Partido da Repblica PRB Partido Republicano Brasileiro PSB Partido Socialista Brasileiro PSC Partido Social Cristo PSD Partido Social Democrtico PSDB Partido da Social Democracia Brasileira PSF Programa Sade da Famlia PT Partido dos Trabalhadores PTB Partido Trabalhista Brasileiro PV Partido Verde RMVA Regio Metropolitana do Vale do Ao SIDRA Sistema IBGE de Recuperao Automtica SINTTROCEL Sindicato dos Trabalhadores em Transporte Rodovirio do Municpio de Coronel Fabriciano STN Secretaria do Tesouro Nacional SWOT Strengths, foras; Weaknesses, fraquezas; Opportunities, oportunidades; e Threats, ameaas. TRE Tribunal Regional Eleitoral TSE Tribunal Superior Eleitoral UFMG Universidade Federal de Minas Gerais USIMINAS Usinas Siderrgicas de minas Gerais S/A

XI

RESUMO

Planejar significa antecipar-se ao futuro. um dos fatores crticos de sucesso das

organizaes adequado aos mais variados campos de atuao - inclusive a poltica.

A partir das estratgias de um bom plano, as decises podem ser tomadas com

maior eficcia e eficincia. Esse princpio, aplicado ao marketing poltico o cerne

deste estudo que tem como objetivo a reeleio do prefeito do municpio de

Marliria, em Minas Gerais, no ano eleitoral de 2012. As atividades que compem o

diagnstico se consumaram entre os meses de outubro do ano 2011 e fevereiro de

2012. Constam de diversos levantamentos realizados pelo autor, que incluem uma

pesquisa quantitativa de opinio pblica, entrevistas presenciais com os atores

polticos presentes cena em destaque, coleta de informaes em publicaes de

sites especializados, alm de consultas virtuais aos tribunais eleitorais estadual

(TRE/MG) e federal (TSE). A escolha de Marliria se deveu maior proximidade do

autor com o objeto de estudo pela sua relao pessoal com o processo eleitoral

local. Considerando-se que o planejamento em marketing poltico ainda pouco

aplicado nas campanhas dos municpios de pequeno porte, o exerccio desta

demanda curricular oportunizou a aplicao de princpios cientficos nas anlises

ttica e estratgica da campanha do candidato majoritrio. Decorridas as

investigaes sobre as eleies municipais retrospectivas e a projeo de possveis

cenrios de disputa, concluiu-se que a tarefa de reeleger o atual prefeito de alta

complexidade. Alm dos estudos de desk research, foram desenvolvidas a matriz de

anlise SWOT1 a partir das entrevistas e uma pesquisa quantitativa de opinio.

Embora tenham havido limitaes como a distncia do autor a seu ncleo de

orientao e a desconfiana de alguns dos entrevistados em relao ao objetivo

deste estudo, todas as metas previstas foram alcanadas.

Palavras-chave: Marketing poltico. Planejamento. Eleies municipais. Prefeito.

Pequenas cidades.

1 Matriz de planejamento atravs da qual se configuram as aes estratgicas em uma organizao a partir da anlise dos ambientes interno: foras (Strengths), fraquezas (Weaknesses); e externo: oportunidades (Opportunities) e ameaas (Threats).

XII

ABSTRACT

Planning means anticipating the future. It is one of the critical success factors of

organizations appropriate to the most varied fields of endeavor including politics.

From a good plan strategies, decisions can be made more effectively and efficiently.

This principle, applied to political marketing is the core of this study wich aims to

reelection of the mayor of Marliria in Minas Gerais, in the election year of 2012.The

activities that comprise the diagnosis were performed between the months of

October 2011 and February 2012. They consist of various surveys conducted by the

author, including a quantitative survey of public opinion, in-person interviews with

political figures in the targeted area, collection of periodical information from

specialized websites, as well as online research of the state (TRE/MG) and federal

(TSE) electoral courts. The choice of Marliria was due to the proximity of the author

to the object of study due to his personal relationship with the local electoral process.

Considering that the planning of political marketing is still little used in the campaigns

of small towns, the exercise of this curricular requirement allowed for the opportunity

of application of scientific principles in the tactical and strategic analysis of the major

candidate's campaign. After the investigation into the retrospective municipal

elections and the projection of possible scenarios of dispute, it was concluded that

the task to re-elect the current mayor is highly complex. In addition to desk research

studies were developed matrix of SWOT analysis from the interviews and a

quantitative survey of opinion. Although there have been limitations as the distance

of the author to its core orientation and distrust of some of the respondents about the

purpose of this study, all the foreseen targets were achieved.

Keywords: Political marketing. Planning. Municipal elections. Mayor. small towns.

1

INTRODUO

Nos municpios de pequeno porte, com populaes inferiores a 10 mil habitantes,

como o caso do municpio de Marliria/MG, situada na regio do Vale do Ao, a

realidade das eleies esbarra em fatores pouco explorados pela comunidade

acadmica. As regras apresentadas com toda sofisticao para os colgios eleitorais

mais amplos pouco explicam o que de fato ocorre nas comunidades por onde,

necessariamente, o candidato tem que pisar o cho para conquistar o voto do

eleitor.

Muito embora as cidades tenham evoludo e crescido, possvel encontrar nos

rinces de Minas Gerais municpios que mantm parte de sua histria poltica

baseada na organizao familiar, onde a escolha dos candidatos se d a partir

destas redes sociais que os integram. As virtudes e fraquezas dos indivduos

(candidato-produto) so tratadas com verdadeiro conhecimento de causa pela

populao (eleitor-cliente). Da roupa que se veste ao automvel que se usa, do tipo

de casa onde se mora ao bar que se freqenta, tudo isso e muito mais tem a ver

com a deciso do eleitor. Em certas situaes, a famlia do candidato, seu cnjuge

em especial, pode se tornar um imbrglio, um obstculo rumo vaga pretendida.

Um melhor desempenho nas urnas se d pela ao direta do candidato junto ao

eleitor, pessoalmente, em casa ou nas ruas. Na hora de pedir o voto, esta deve ser

acompanhada de estratgias bem definidas e de amplo conhecimento sobre as

necessidades da populao, que, em municpios como Marliria, circulam no boca-

a-boca e pouco dependem da comunicao durante as campanhas.

Refletindo um pouco sobre as teorias originais da motivao e do voto do eleitor, no

final nas dcadas de 1940 e 1950, certamente, os indivduos viviam em cidades

cujas dimenses estavam muito aqum das metrpoles de hoje. Retratados os

aspectos sociolgicos, a teoria da escolha racional de Downs tem sua validade no

jogo poltico desses pequenos municpios, onde a poltica percebida at no ar que

se respira e os partidos A e B esto sempre vinculados s tradicionais famlias de

fulano e beltrano. Com o xodo das populaes das reas rurais e a emergncia da

2

sociedade de consumo, o voto passa a ser tratado como objeto de troca, principal

fundamento das teorias de marketing segundo Kotler (2000).

Pretende-se, neste estudo, desenvolver o Plano de Marketing da campanha para a

reeleio do candidato ao cargo de prefeito no municpio de Marliria/MG, no ano de

2012, municpio cuja escolha se deveu maior proximidade do autor com o objeto

de estudo e sua relao pessoal com o processo eleitoral local. Para a realizao

dessa atividade,busca-se implementar a lgica cientfica como ferramenta de

aprimoramento no planejamento e execuo de campanhas poltico-eleitorais, e

analisar o peso partidrio do PT na deciso do voto em um municpio com

economia de forte dependncia dos recursos federais dentre outros.

As anlises aqui apresentadas resultam da percepo de um ambiente poltico

apresentado entre outubro de 2011 e fevereiro de 2012. Alm dos estudos de desk

research junto a rgos e entidades afins com esta proposta, foram realizadas

entrevistas estruturadas com os principais atores polticos locais, matriz de anlise

SWOT (pela facilidade de sua aplicao) e uma pesquisa quantitativa de opinio

publica.

Todo o planejamento proposto tem fundamento a partir das iniciativas de Gallup, em

1936, com as pesquisas de opinio, que conciliou as cincias sociais a princpios

matemticos, e hoje chegam aos municpios interioranos, sustentando o marketing

poltico, que se consolida cada vez mais como uma ferramenta importante antes,

durante e depois do processo das eleies. As imagens de cada poltico ou

candidato, que so construdas socialmente e disseminadas entre o eleitorado,

podem, ao mesmo tempo, garantir o sucesso nas urnas ou representar o fracasso

de uma carreira poltica.

Os estudos apontam para a importncia do profissional de marketing no

planejamento e elaborao das campanhas eleitorais, independente do tamanho do

municpio. Ao compreender as necessidades do eleitor, torna-se mais fcil corrigir os

desvios e rudos durante todo o processo poltico-eleitoral, que tem incio quando o

majoritrio assume seu posto, como o caso desta reeleio.

3

Diante desse cenrio, este estudo visa oferecer algumas contribuies no que se

refere organizao para o trabalho de campo das campanhas eleitorais. O

conceito aqui denominado ALFA9NR, prope um novo instrumento de ordenamento

ttico dentro do planejamento estratgico; na perspectiva social, esta pesquisa pode

representar uma ferramenta e, ao mesmo tempo, uma leitura de grande relevncia

para os que planejam campanhas, os estrategistas, os candidatos e, por fim,

cumprindo os reais desgnios de uma pesquisa acadmica, visa ao esclarecimento

da comunidade em geral, pois amplia o campo do entendimento cientfico sobre

como se desenvolve o ambiente das campanhas polticas.

Para melhor dimensionamento do planejamento foram tomados ainda como

referncia os estudos de Dantas (2010), Manhanelli (2009), Almeida (2009),

Lavareda (2009), Figueiredo (2009), Kuntz (2006) e Rego (1985) dentre outros,

neste trabalho que encontra-se organizado em trs captulos, conforme a

apresentao que se segue.

O primeiro captulo trata da caracterizao do municpio de Marliria, sua

localizao, economia, populao e perfil de eleitores. Nesse sentido, ao estudar as

dimenses econmica e social do municpio possvel entender quais os interesses

motivam a disputa poltica.

O segundo aborda a temtica eleitoral para o pleito de 2012, partindo da anlise

retrospectiva das ltimas eleies at a identificao dos apoios existentes e

necessrios ao candidato postulante ao cargo. So identificados: os pr-candidatos,

em breve currculo; as demandas da populao; avaliao da administrao;

potencial de voto, nvel de conhecimento e rejeio para os pr-candidatos; e

estudadas as coligaes dentro dos cenrios previstos.

No terceiro e ltimo captulo, apresenta-se o Plano de Marketing para a campanha

de reeleio do atual prefeito: posicionamento, propaganda, estratgias, aes,

metas, organograma, cronograma e oramento.

4

1. PERFIL DO MUNICPIO DE MARLIRIA

Apresenta-se neste captulo um breve descritivo do municpio de Marliria para

melhor entendimento do objeto de estudo, como percepo geral daquilo que o

foco da disputa.

1.1. Histria

O povoado que deu origem cidade de Marliria chamava-se Ona Grande, em

1865. Elevado categoria de Distrito, em 1891, passou a se chamar Babilnia.

Em 1923, o Distrito teve sua denominao mudada para Marliria. Somente em

1953 foi elevado categoria de municpio.

A origem do nome em homenagem ao militar francs, catequizador e colonizador

Guido Tomaz Marlire, que desbravou as matas locais ento ocupadas pelos

botocudos, no incio do sculo XVIII.

O municpio est inserido numa regio que sofreu grandes transformaes aps

1940, com a instalao da Companhia de Aos Especiais Itabira - ACESITA, em

Timteo e, das Usinas Siderrgicas de Minas Gerais - USIMINAS, em Ipatinga.

Outros fatores impactantes, decorrentes do processo de industrializao, so a

modernizao da ferrovia Estrada de Ferro Vitria-Minas da Companhia Vale do Rio

Doce - CVRD e a pavimentao das rodovias BR 381 e BR 262, estas que ligam a

regio do Vale do Ao capital do Estado, Belo Horizonte.

1.2. Localizao

Encravada entre as montanhas do interior de Minas Gerais, o municpio de Marliria

vizinho da Regio Metropolitana do Vale do Ao e um dos 26 do arranjo

denominado Colar Metropolitano do Vale do Ao. Seus principais confrontantes so

5

os municpios de Dionsio, Jaguarau, Timteo e So Domingos do Prata. Pingo

dAgua e Bom Jesus do Galho tambm o so, porm, do outro lado do Rio Doce.

Possui rea total de 540 Km2. A Sede municipal est a 536 m de altitude, por onde

se chega por estrada pavimentada. Em todo o municpio so mais de 450 Km em

estradas vicinais.

Figura 1 Mapa de localizao do municpio de Marliria

6

Seu territrio abriga cerca de oitenta e cinco por cento da rea do Parque Estadual

do Rio Doce PERD, uma das maiores reservas de mata Atlntica de Minas e a

maior do Brasil em rea contnua desse bioma.

1.3. Populao

A partir dos anos 1960 houve acentuada reduo de sua populao, fenmeno que

se explica pelo prprio fluxo migratrio, que faz reduzir mais ainda a populao das

pequenas cidades em direo aos municpios maiores, por causa da gerao de

empregos e melhores condies de vida.

Isso justifica o fato de, hoje, Marliria estar entre as 110 cidades com as menores

Sedes municipais em Minas Gerais, abrigando pouco mais de 900 indivduos. A

populao rural, predominante, corresponde a aproximadamente oitenta por cento

dos seus 4.012 habitantes, segundo o Censo do IBGE (2010).

Grfico 1 - Evoluo da populao do municpio de Marliria

0

500

1000

1500

2000

2500

3000

3500

4000

4500

1970 1980 1991 2000 2010

Evoluao da Populao

Fonte: IBGE

No Distrito de Cava Grande est a maior concentrao populacional do municpio:

quase o dobro dos residentes no ncleo original, que est a 20 Km de distncia. Por

isso, os 1.800 cavagrandenses sofrem a influncia direta do municpio de Timteo

para atendimento de suas necessidades bsicas, em funo da maior proximidade e

facilidade de acesso, inclusive por via pavimentada.

7

A comunidade de Cava Grande se formou com a introduo da silvicultura nos anos

1950, momento em que as Companhias Acesita Florestal - CAF e Belgo Mineira

empregavam grande contingente humano para produzir o carvo vegetal a partir de

suas reservas florestais.

Outros sete aglomerados rurais se fazem presentes em Marliria, em tamanhos de

populao menores. Algumas com a mesma histria de origem de Cava Grande;

outras que se sustentam na economia de subsistncia, desde seu nascedouro at

hoje.

Chega-se maioria destas comunidades por estrada de cho, o que se constitui em

problema de acesso durante o perodo das chuvas, alm de dificultar os servios de

sade durante todo o ano. Porm, a pavimentao da estrada que liga o PERD

Sede do municpio est em fase final de concluso, beneficiando algumas

comunidades prximas.

Figura 2 - Localizao dos povoados e comunidades no municpio de Marliria

Fonte: Adaptado pelo autor a partir do Censo 2010 (IBGE) e Instituto Estadual de Florestas (IEF)

8

A ocupao no entorno da reserva natural tem sido motivo de especial ateno por

parte das autoridades ambientais, tanto do ponto de vista da ocupao espacial

quanto da sustentabilidade econmica.

1.4. Economia

O municpio sobrevive como a maioria daqueles de pequeno porte. A administrao

municipal dependente dos repasses governamentais, especialmente o Fundo de

Participao dos Municpios FPM, do governo federal, e a populao recostada

nos soldos provenientes da ocupao em cargos pblicos diversos, alm de

aposentados e pensionistas do Instituto Nacional da Seguridade Social - INSS.

Conforme destaca o Ministrio do Desenvolvimento Social MDS, 340 famlias,

entre as quase mil residentes no municpio, so beneficirias do Programa Bolsa

Famlia, o que representa aproximadamente 1.300 pessoas.

Grfico 2 - Evoluo do PIB per capita

R$ 0,00

R$ 1.000,00

R$ 2.000,00

R$ 3.000,00

R$ 4.000,00

R$ 5.000,00

R$ 6.000,00

2005 2006 2007 2008 2009

PIB PerCapita

Fonte: Fundao Joo Pinheiro

Uma opo para o incremento da economia local est baseada no desenvolvimento

do turismo. Neste sentido, Marliria tem muito a crescer, primeiro devido ao seu

clima de montanha, segundo pela sua localizao prxima ao Vale do Ao e, por

ltimo, nem por isso menos importante, por abrigar o Parque Estadual do Rio Doce.

9

Ao serem discutidos elementos como a emancipao municipal h que se perguntar

de qual emancipao?. Salvo raras excees, os municpios pequenos no

conseguem caminhar por conta prpria. Dados recentes apontam que, em Minas

Gerais, 92% dos municpios tm menos de 50 mil habitantes e, consequentemente,

arrecadam menos impostos, geram menos receita prpria.

1.4.1. Indicadores Sociais

As estatsticas sobre alguns aspectos da vida da populao marlierense retratam,

em conjunto, seu estado e permitem conhecer o seu nvel de desenvolvimento

social.

Segundo Januzzi (2005), em uma perspectiva programtica, os indicadores sociais

permitem o conhecimento sobre a realidade do municpio e se constituem em

instrumento operacional para monitoramento da realidade social, para formulao e

reformulao de polticas pblicas. Os indicadores sociais so teis quando se tm

ideia do que se quer investigar ou avaliar.

Dentre os vrios Indicadores Sociais, o consenso entre os estudiosos estabelece um

conjunto mnimo composto por informaes sobre as caractersticas da populao,

dinmica demogrfica, mercado de trabalho e rendimentos, sade, educao,

segurana pblica, condies de vida das famlias e infraestrutura, apresentando o

nmero de pessoas que tm casa com esgoto conectado rede geral, gua tratada

e coleta de lixo.

Tabela 1 - Indicadores de infraestrutura dos domiclios2 e Renda per capita mensal3

Abrangncia Banheiros gua Esgoto Energia RPC

Brasil 97,36% 82,85% 55,45% 98,73% R$ 830,85 Minas Gerais 98,74% 86,28% 75,37% 99,29% R$ 773,41

RMVA 99,45% 84,63% 89,23% 99,80% R$ 700,04

Colar Metropolitano 98,00% 64,63% 63,40% 98,84% R$ 441,33

Marliria 98,70% 49,00% 79,50% 99,10% R$ 475,80

2 IBGE, Censo 2010. Sistema IBGE de Recuperao Automtica SIDRA. Banco de Dados Agregados. Resultado do Universo Caractersticas da populao e dos Domiclios.

3 Fundao Joo Pinheiro FJP. Renda per capita mensal: valor e taxa de crescimento anual. Municpios de MG, Minas Gerais e Brasil 2000 e 2010.

10

Segundo o IBGE, a infraestrutura bsica oferecida no municpio de Marliria o

coloca frente dos demais do Colar Metropolitano, pela existncia de banheiros,

coleta de esgoto e energia nos domiclios, assim como supera as mdias estadual e

nacional.

A cobertura dos domiclios por rede de gua tratada o pior indicador apresentado

(49%), abaixo de todas as mdias listadas.

De acordo com o Programa das Naes Unidas para o Desenvolvimento PNUD

(2000), entre os 853 municpios mineiros, Marliria ocupava a 418 posio no

ranking de desenvolvimento humano. Em nvel Brasil, figurava no nmero 2.413,

ante 5.507 localidades.

Tabela 2 - ndice de Desenvolvimento Humano - IDH4

IDH Abrangncia IDH-M

Renda Longevidade Educao

Brasil 0,766 0,723 0,727 0,849 Minas Gerais 0,773 0,711 0,759 0,85

Marliria 0,731 0,613 0,75 0,83

A renda per capita verificada para o municpio no ano 2000 foi de R$ 299,29,

evoluindo para R$ 475,80 em 2010, segundo a Fundao Joo Pinheiro FJP. Este

indicador se situa abaixo das mdias para Minas Gerais e o Brasil.

Tabela 3 - ndice de Desenvolvimento da Educao Bsica - IDEB5

Abrangncia 4 srie/ 5 ano 8 srie/9 ano

Brasil 4,4 3,6 Minas Gerais 4,6 3,8

Marliria 4,5 3,5

Na primeira medio do IDEB, o municpio de Marliria ficou entre a mdia nacional

e estadual na avaliao da 4 srie/5 ano, e abaixo do estado e do pas na 8

srie/9 ano. O valor do IDEB obtido pela multiplicao do indicador de rendimento

(fluxo) pela nota mdia padronizada (proficincia). No caso em tela, ambos os

indicadores foram considerados razoveis.

4 Programa das Naes Unidas para o Desenvolvimento PNUD (2000).

5 Ministrio da Educao. IDEB (2007)

11

Todos os programas sociais oportunizados pelos governos federal e estadual esto

presentes no municpio.

1.4.2. Arrecadao

Semelhante realidade da grande maioria dos pequenos municpios brasileiros,

Marliria conta com poucos recursos prprios de arrecadao e depende quase

exclusivamente das Transferncias Intergovernamentais. Desconsiderando-se os

efeitos da inflao, nota-se que tais receitas praticamente duplicaram entre os

mandatos de 2001-2004 e que, somente nos anos de 2009-2010, a soma dos

recursos correspondem a 73,5% em relao aos quatro anos anteriores.

Tabela 4 - Sntese das contas municipais (2001-2011)6

Contas Maria Ins de

Castro Vicente

Paranhos Waldemar

Nunes

2001-2004 2005-2008 2009-2010

Receitas 13.662.120,09 24.046.197,21 17.677.798,12

Transferncias Intergovernamentais 12.892.905,75 23.132.377,01 17.079.565,42

Recursos Prprios 769.214,34 913.820,20 598.232,70

Despesas 12.819.012,10 24.372.526,71 16.672.104,43

Legislativa 656.266,79 1.110.440,87 813.006,11

Judiciria 0,00 11.644,50 7.731,89

Administrao e Planejamento 3.064.603,32 5.437.927,67 3.851.413,96

Defesa Nacional e Segurana Pblica 0,00 104.932,45 189.165,52

Assistncia e Previdncia Social 491.032,67 1.383.946,78 1.222.233,71

Sade (18%) 1.986.904,77 4.769.244,94 3.286.731,02

Educao (25%) 3.855.295,55 5.681.969,63 4.454.482,83

Cultura 0,00 310.407,07 50.250,30

Obras (Habitao e Urbanismo) 758.836,64 1.775.775,26 327.665,51

Saneamento e Gesto Ambiental 808.173,25 731.239,83 114.954,90

Agricultura 393.397,67 412.571,73 521.259,38

Comrcio/Servio/Energia/Transporte 568.614,06 1.803.436,96 1.286.508,97

Desporto e Lazer 140.990,62 99.062,90 75.098,01

Comunicao 0,00 151.079,46 123.558,06

Outros 94.896,76 588.846,66 348.044,26

6 Dados compilados pelo autor a partir das informaes constantes na Secretaria do Tesouro Nacional. FINBRA. Disponvel em www.tesouro.fazenda.gov.br

12

Os perodos analisados na tabela 4 apresentam como chefes do Executivo os

mesmos pr-candidatos para a eleio de 2012.

Num olhar mais preciso dos dados obtidos junto Secretaria do tesouro Nacional -

STN, pode-se depreender que foram obedecidos os percentuais constitucionais de

aplicao das receitas nas reas de educao e sade, com pequenos desvios.

Para o atual governo, h uma drstica reduo nos investimentos em obras.

Enquanto os percentuais se situavam entre 5,5 e 7,4 nos governos anteriores, neste

mandato no chegam a 2%. Na mesma linha estruturante, o saneamento ambiental

contou apenas com 0,6% nesta gesto contra quase 6% no governo Maria Ins.

Para o desporto e lazer, com foco quase que exclusivo na juventude, as despesas

foram reduzidas metade nos dois ltimos mandatos, se comparados ao perodo

2001-2004.

Porm, no mandato do atual prefeito Waldemar Nunes e, do anterior, Vicente

Paranhos, os gastos com a comunicao, mesmo inferiores a 1%, j aparecem em

nas prestaes de contas.

1.5. Organizao Social

Na malha social onde as foras polticas se apresentam mais espontaneamente.

Sem estar ligado a uma entidade de preferncia, mais de uma ou vrias , torna-

se impossvel vislumbrar uma carreira poltica, especialmente nas pequenas

cidades.

Em Marliria h vrias entidades com trabalhos sociais relevantes e atuantes, que

vivenciam de perto o dia a dia da cidade e que, portanto, precisam ser destacadas:

Sindicato dos Trabalhadores Rurais, um dos mais atuantes da regio; Associao

Feminina, que rene dezenas de mulheres da Sede; Grupo de Teatro e da Terceira

Idade, com participao de moradores da Sede; Projeto Somma Cultural; projeto

Marliria Viva! e realizao do evento Aparea na Praa; ONG Amigos do Parque,

13

que abrange integrantes de Marliria e tambm de outras cidades circunvizinhas ao

PERD.

1.5.1. Veculos comunicacionais

Fazer chegar a informao s vrias comunidades existentes no municpio algo

desafiador. Primeiro pela topografia montanhosa; segundo pela tipologia de veculo

de comunicao; e terceiro pelo tamanho das populaes de cada comunidade. Na

Sede e em Cava Grande h cobertura por telefonia (Oi e Claro). O sinal de internet

banda larga chega s duas regies via ondas de rdio e discado.

At os anos 1980, o sinal de TV chegava em baixa qualidade, devido ao uso de

estaes retransmissoras de sinais de baixa potncia. Com o advento das

parablicas, a qualidade melhorou, mas as notcias que chegavam s diziam

respeito aos grandes acontecimentos estaduais, nacionais e internacionais. Havia

pouca ou nenhuma abordagem sobre os assuntos regionais.

J o rdio, com suas estaes na RMVA (AMs e FMs), tratava da realidade regional

e transmitia as notcias e mensagens voltadas aos interesses dos cidados

marlierenses, ainda que em pequena quantidade. No h sequer uma rdio

comunitria no municpio.

Imprensa escrita s mesmo os jornais da RMVA, com pequeno espao para as

publicaes locais, mesmo assim sem fazer chegar s comunidades mais distantes

da Sede e de Cava Grande. Bimestralmente, a prefeitura faz chegar a todas as

residncias o Informativo das realizaes do perodo.

H grupos de marlierenses que se organizam atravs de blogs e grupos de

discusso pela internet. Ligados Sede existem o marlieriaonline7, marlieria15kg8 e

7 http://www.multiverse.com.br/marlieria/ 8 marlieria@ yahoogroups.com

14

blog do Tony Ramos9. Os cavagrandenses e regio se servem do blog da vizinha

Baixa Verde10 (Dionsio/MG).

Ainda sobre a mdia internet, h vrios sites que retratam a realidade do municpio

com informaes desatualizadas, no geral.

comum aparacerem folhetos apcrifos vspera das eleies. Normalmente so

apimentados e dizem respeito aos malfeitos de um ou outro ator poltico do

municpio. Junto com o boca-a-boca, o grande veculo de informaes sobre os

polticos e suas mazelas. Se no conseguem informar, pelo menos confundem.

1.6. Administrao municipal

O prdio central da administrao o Pao Municipal se situa na Sede do

municpio.

Figura 3 Organograma do Primeiro Escalo da Administrao Municipal de Marliria

Fonte: Adaptado pelo autor a partir das informaes do Departamento de Administrao da Prefeitura

Municipal de Marliria

9 http://blogdotony.com.br/ultimas-noticias-de-marlieria-mg/ 10 portalbaixaverde.blogspot.com/

15

Subordinados diretamente ao gabinete do prefeito, existem quatro assessorias e 11

departamentos. No total so 330 funcionrios pblicos municipais. Desse

contingente, 85% so profissionais concursados, que preenchem os diversos nveis

funcionais, segundo Geraldo Carneiro secretrio de Administrao. Lotados na

Sede so 60% e em Cava Grande, os demais.

Em Cava Grande funciona a subprefeitura, num espao fsico anexo unidade

municipal de sade. Este apndice da administrao municipal foi criado para

encurtar a distncia entre a populao local e o centro de poder. Neste ambiente

funcionam tambm os mesmos departamentos vinculados ao prefeito.

1.6.1. Cmara de Vereadores

Instalada no prdio onde funciona a sede da administrao municipal, a Cmara de

Vereadores opera, salvo raras vezes, como o brao do Executivo no poder

Legislativo. Na maior parte dos casos, em eleies de cidades pequenas o prefeito

eleito obtm maioria na Cmara nos primeiros meses do mandato, alterando ou no

de posicionamento a depender das conjunturas polticas que se apresentarem

adiante.

Em Marliria so nove vereadores com assento na Cmara Municipal, podendo as

vagas serem ampliadas para 11, de acordo com a Proposta de Emenda

Constitucional 58 em anlise no Judicirio. Tambm apresentada como novidade

para as eleies de 2012, a proporcionalidade de gnero 70/30 um elemento novo

que ter seus impactos na formao das chapas de vereadores.

As regras eleitorais brasileiras so regidas pela lei 9096/95, que dispe sobre os

partidos polticos e pela lei 9504/97 que estabelece as normas para as eleies.

Dentre os atuais vereadores de Marliria no h representante do gnero feminino

que, histrica e localmente, enfrenta maiores dificuldades para se eleger do que os

homens.

16

Na composio da Cmara, o PT, partido do prefeito, conta com apenas um

representante. PP e PSDB tm dois vereadores cada, enquanto PMDB, PTB, PPS e

PSC tambm contam com uma vaga. Ou seja, o chefe do Executivo enfrenta srias

dificuldades na composio da maioria para garantir a aprovao de matrias do seu

interesse. Um exemplo disso foi o placar apertado de 5 x 4 favorvel ao projeto de

instalao da COPASA no municpio, em 2010, uma promessa de campanha do

prefeito atual. Mas, logo em seguida, o Ministrio Pblico interveio no processo,

alegando irregularidades na tramitao da proposio no Legislativo.

1.7. Perfil do eleitorado

Marliria se encaixa na estatstica entre os 2.018 municpios brasileiros com menos

de 5 mil eleitores, segundo o TSE, fazendo parte tambm na lista daqueles que

sofrem com a reduo de sua populao residente ao longo dos tempos.

O envelhecimento de seus moradores e a baixa taxa de natalidade, especialmente

na Sede, explicam a maior proximidade entre o nmero de eleitores e o quantitativo

total dos habitantes do municpio.

Este indicador, cuja mdia se situava em 77% at o ano de 2006, sofreu acrscimo

nos anos seguintes, chegando, hoje, a quase 88%. Ou seja, entre cada 10

habitantes do municpio de Marliria, praticamente nove so eleitores.

Em anlise comparativa com os municpios do entorno e de mesmo porte, as

propores (eleitor/populao) so de 89% em Antnio Dias, 105% em Crrego

Novo, 83% em Dionsio, Pingo dAgua e So Jos do Goiabal e 87% em Jaguarau.

Tal percepo desta discrepncia na Sede do municpio pode ser explicada a partir

do comportamento das primeiras geraes emigrantes, que nos anos 1970 a 1990

saram para tentar vida melhor em outras praas, e ainda mantm l a sua base

eleitoral. Em princpio porque havia uma imposio por parte dos pais ordem esta

seguida risca , que viviam intensamente as disputas polticas locais. Havia, ainda,

o voto segundo a tradio familiar.

17

Retornar a cidade natal para dar o seu voto a um conhecido, amigo ou parente, se

mostrava um ato mais que de cidadania: um acontecimento social.

Grfico 3 - Eleitorado e populao no municpio de Marliria (1990-2010)

0

500

1000

1500

2000

2500

3000

3500

4000

4500

1990 1992 1994 1996 1998 2000 2002 2004 2006 2008 2010

Populao X Eleitorado

Habitantes Eleitores

Fonte: IBGE, TRE/MG e TSE

J seus sucessores, inseridos em um sistema de valores, crenas e anseios

diferenciados, cuja independncia se mostra quase ao nascer, optam por maior

comodidade (e coerncia) ao cumprirem sua obrigao cvica no prprio ambiente

em que residem.

Segundo relatos de polticos mais antigos, em certa poca houve explorao das

falhas da legislao para realizar transferncias de eleitores sem qualquer vnculo

com o municpio. Essa prtica, que constitui crime sob a denominao de captao

fraudulenta de sufrgio (Lei 9.504, de 30/09/1977), est cada dia menos comum,

graas possibilidade do cruzamento de mltiplas informaes do eleitor.

Outra situao comentada era a votao de eleitores j falecidos. Este tipo de fraude

tambm vem sendo reduzido graas tecnologia e num futuro prximo tender a

zero, pela utilizao das urnas biomtricas, j testadas e aplicadas em alguns

municpios brasileiros.

Na Sede do municpio h registrados quase 30% a mais de eleitores em relao

sua populao. Em rarssimas ocorrncias, algum eleitor daquelas sees

proveniente das regies rurais mais prximas.

18

Tabela 5 - Populao e eleitores por localidade no municpio de Marliria

Populao11 Eleitores12 Setor

Localidade Qtd Seo Qtd Relao

Eleitor / Populao

Centro 918 157 a 161 1157 126,03% Ona Sede

Trindade 260 166 227 87,30%

117,48%

Cava Grande 1.926

Santo Antnio 299

Mundo Novo

Antunes 203

Celeste 149

162 a 165 e 194

1777 68,96%

Santa Rita 244

Cava Grande

PERD 13 167 361 140,47%

75,44%

Total 4.012 3.522 87,79%

Ocorre o oposto ao serem analisados os dados da regio de Cava Grande. Mesmo

incluindo as populaes mais prximas daquele setor, a proporo geral de 75%.

1.7.1. O voto dos analfabetos

O direito voto s foi permitido ao analfabeto em 1985. De acordo com o artigo 14 da

Constituio Federal de 1988, o alistamento eleitoral e o voto so facultativos para

os cidados analfabetos, que, no entanto, so inelegveis.

Apesar disso, o voto do analfabeto ainda polmica. Uma corrente no Congresso

Nacional defende que falta discernimento suficiente ao analfabeto para identificar o

bem comum; enquanto outra ala, no entanto, considera que o sufrgio universal e

democrtico garante a participao dos analfabetos que, embora sem saberem ler e

escrever, no esto alheios da vida social, aos fatos econmicos e s decises

governamentais.

Em Marliria, aproximadamente 10% da populao so analfabetos, em geral

moradores da zona rural.

11 IBGE, Censo 2010

12 Tribunal Superior Eleitoral, outubro de 2010

19

1.7.2. O peso das famlias

Numa pequena cidade com as caractersticas de Marliria, o peso das tradicionais

famlias, normalmente as mais bem posicionadas econmica e socialmente, se faz

notar de forma evidente num processo eleitoral. Na Sede, as mais influentes so

Castro, Moreira, Assis, Quinto, Borges, Arajo, Torres e Lana, todas com fortes

vnculos histricos com o municpio.

J em Cava Grande, essas famlias j no tm tanta influncia direta sobre os

eleitores locais, devido distncia da Sede e prpria composio social do Distrito,

com estreitas ligaes com o municpio de Timteo.

Nas demais localidades, h um misto entre a tradio da Sede e a populao sem

lastro familiar, por abrigar fazendas e outras atividades agropecurias. Os

proprietrios, em geral, adveem da Sede. J os empregados so remanescentes de

outras regies.

1.8. Retrospecto das ltimas eleies

A partir das eleies de 1996, quando Maria Ins de apresentou e venceu as

eleies, um novo desenho poltico tomou forma no municpio de Marliria. Nomes

at ento ausentes dos cenrios de disputa se apresentaram com fora e novidade,

num momento em que antigos polticos j depunham suas armas.

Citem-se os ex-prefeitos Jos Marcos Borges (1976 e 1992) e Jos Godoy Quinto

(1980 e 1988), este ltimo o precursor da candidata pelo PMDB, Maria Ins de

Castro. Surgia tambm ali, o principal embate que ainda perdura entre as correntes

lideradas pelo atual prefeito Waldemar Nunes e sua principal concorrente.

Maria Ins foi vencedora em trs eleies. Diretamente, nos anos de 1996 e 2000.

Indiretamente em 2004, quando fez sucessor o seu ento secretrio de sade

Vicente Paranhos, com expressiva vitria sobre Paulo Pires (PT), num placar dos

mais elsticos j verificados na histria do municpio.

20

Porm, em 2008, a aliana que garantiu a sucesso no foi mantida. Houve um

racha e os aliados se tornaram concorrentes, oportunizando a eleio do atual

prefeito Waldemar Nunes por uma diferena de apenas 36 votos sobre o segundo

colocado.

Tabela 6 - Retrospectiva das eleies municipais de Marliria (1996 a 2008)

Resultado da eleio13 (%) Candidato Partido

1996 2000 2004 2008

Maria Ins de Castro PMDB 50,62 53,39 - 29,77 Vicente Paranhos PSDB - - 71,75 34,53

Jos Marcos PTB - 34,70 - -

Waldemar Nunes PTB / PT 49,38 - - 35,70

Paulo Pires PSB / PT - 11,91 28,25 -

Total 100,00 100,00 100,00 100,00

Importante destacar, nesta dana partidria, que os candidatos Waldemar Nunes e

Paulo Pires experimentaram a anuncia popular pelo PTB e PSB, respectivamente.

Mesmo em segunda tentativa, quando sustentaram candidaturas pelo PT, nunca

houve manifestao de apoio de um em relao ao outro. Por sua vez, a pr-

candidata Maria Ins de Castro se mantm fiel ao PMDB, legenda pela qual

concorrer pela quarta vez ao cargo majoritrio neste ano.

As chapas (prefeito e vice) que concorreram em 2008 eram compostas por:

1) Waldemar Nunes de Souza (PT) e Adalberto Jos dos Santos (PT)

2) Maria Ins de Castro Mendes (PMDB) e Vicente Jorge (PMDB)

3) Vicente Paranhos dos Santos (PSDB) e Kaster Abreu (PPS)

1.9. Representao partidria

Histrico da hegemonia dos partidos polticos nas prefeituras de Minas Gerais, nos

anos 2004 e 2008, apresenta crescimento de 29% para o PT e de 5% para o PSDB,

quando se mantiveram como cabea de chapa. O PMDB recuou 15% e o PP, 21%,

segundo dados do TSE.

13 Dados do Tribunal Superior Eleitoral TSE.

21

Dentro do Colar Metropolitano, ao serem comparados os dados de Marliria com os

de alguns municpios de mesmo porte, o nmero de partidos registrados conta 15

siglas. Porm, em entrevista pessoal com os presidentes consultados no municpio,

foram apontados apenas 11 legendas em atividade.

Tabela 7 - Eleitores e filiados a partidos polticos em municpios do Colar Metropolitano do Vale do Ao

Municpio Eleitores14(E) Partidos Filiados (F) % (F)/(E)

Antnio Dias 8461 19 1074 12,69 Crrego Novo 3290 19 844 25,65

Dionsio 7296 14 1657 22,71

Jaguarau 2600 17 559 21,50

Marliria 3522 15 820 23,28

Pingo dAgua 3684 16 853 23,15

So Jos do Goiabal 4707 12 720 15,30

Pelas contas do TSE, os 15 partidos polticos representados em Marliria totalizam

pouco mais de 800 filiados. Isso corresponde a um quarto dos eleitores cadastrados

no municpio.

Tabela 8 - Partidos polticos registrados em Marliria

# Nomenclatura Sigla Presidente Filiados15

%

1 Partido Progressista PP Geraldo Rodrigues (Irim) 219 26,71

2 Partido dos Trabalhadores PT Maria de Lourdes Quinto Arajo 91 11,10

3 Partido Democrtico Trabalhista PDT Jlio Csar Morais (Teco Boco) 81 9,88

4 Partido Socialista Brasileiro PSB Vnia Condessa de Arajo 72 8,78

5 Partido do Movimento Democrtico Brasileiro PMDB Maria Ins de Castro Mendes 56 6,83

6 Partido da Social Democracia Brasileira PSDB Jos Maria Martins de Morais 56 6,83

7 Partido Trabalhista Brasileiro PTB Ewdard Borges Castro 53 6,46

8 Partido Social Democrtico PSD Rogrio Borges de Castro 43

5,24

9 Partido Social Cristo PSC Antnio Andrade 38 4,63

10 Partido Popular Socialista PPS - 35 4,27

11 Democratas DEM - 28 3,42

12 Partido Verde PV Jos Carlos Mateus 22 2,68

13 Partido da Repblica PR - 17 2,07

14 Partido Comunista do BRASIL PCdoB - 5 0,61

15 Partido Republicano Brasileiro PRB - 4 0,49

TOTAL 820 100,00

Fonte: Adaptado pelo autor a partir das entrevistas pessoais e consultas ao site do TSE.

Segundo contagem dos presidentes de cada partido consultados, a totalizao pode

chegar a 958 filiaes. H a incluso do PTdoB (12 filiados) e a extino local do

14 http://www.tse.jus.br/eleicoes/estatisticas-do-eleitorado/quantitativo-do-eleitorado/consulta-por-municipio-zona 15 http://www.tse.jus.br/eleicoes/estatisticas-do-eleitorado/estatisticas-do-eleitorado/filiados

22

PR, PCdoB, DEM, PRB e PPS, com a transferncia de seus seguidores para outros

partidos.

A filiao condio sine qua non para o postulante a cargos pblicos. Segundo a

Lei 9.096 (de 19/09/1995), a Resoluo n 19.406 (de 05/12/1995) e a Resoluo n

23.117 (de 20/08/2009), para concorrer a qualquer cargo eletivo, o eleitor deve

estar filiado ao respectivo partido poltico at pelo menos um ano antes da eleio.

A volatilidade eleitoral, que consiste na instabilidade dos eleitores quanto

identificao ideolgica a uma sigla partidria, para o cargo majoritrio em Marliria

de 63% (1992 e 1996), 15% (1996 e 2000), 100% (2000 e 2004) e 37% (2004 e

2008).

Para a Cmara de Vereadores, essa volatilidade eleitoral verificada entre 1992-1996

foi 49,5%, em 1996-2000 (43,4%) e 2000-2004 (43,0%). Em 2004-2008 foi de

20,4%, quando estiveram presentes cena poltica 14 partidos.

So apresentados a seguir os principais partidos concorrentes s eleies no ano de

2012 em Marliria, que tem entre os seus filiados os candidatos citados at ento

como possveis concorrentes ao cargo majoritrio.

1.9.1. O Partido dos Trabalhadores

Desde o incio dos anos 1980, o PT , sem sombra de dvidas, a agremiao

poltica que mais cresceu no contexto regional. A partir das eleies de 1988,

quando o partido venceu a disputa nos municpios de Ipatinga e Timteo, alm de

eleger um bom nmero de representantes nas Cmaras Municipais, a influncia

petista se espalhou para outros municpios do Vale do Ao.

Logo em seguida, Coronel Fabriciano, Santana do Paraso, Belo Oriente, Naque,

Periquito e Marliria tambm passaram a contar com a atuao do partido.

Lideranas polticas, como o ex-prefeito Chico Ferramenta (Ipatinga), o ex-prefeito

Geraldo Nascimento (Timteo) e o atual prefeito Chico Simes (Fabriciano),

especialmente, gozam de prestgio poltico nas cidades da regio, o mesmo

23

acontecendo com vrias lideranas que j ocuparam ou ainda ocupam vagas na

Assembleia Legislativa e na Cmara Federal, como Ceclia Ferramenta, Ivo Jos,

Padre Joo, entre outros.

O Partido dos Trabalhadores foi criado em Marliria no ano de 1980 e seus

fundadores tambm participaram da Comisso Regional de criao do Partido,

juntamente com militantes de Ipatinga, Nova Era, Joo Monlevade e outras cidades

da regio.

Aps lutar na campanha pelas Diretas J, o Partido participou da primeira eleio

direta, aps o perodo da ditadura militar, no Municpio em 1982. Alm desta eleio,

o Partido tambm participou das eleies para o cargo majoritrio no municpio nos

anos de 1988, 1994, 2004 e em 2008, sempre sem fazer coligaes. Nas eleies

de 1988, no calor do crescimento regional do Partido nas cidades vizinhas de

Timteo, Ipatinga e Joo Monlevade, o PT teve grande chance de vitria. Com uma

participao muito grande dos trabalhadores da Acesita Energtica e de moradores

Distrito de Cava Grande na Conveno do Partido, uma chapa com quatorze

vereadores, prefeito e vice foi escolhida para a disputa.

Segundo Geraldo Carneiro, um dos fundadores do partido, por um ato de

leviandade do presidente do Sindicato da Extrativa na ocasio, a chapa foi desfeita

por um racha interno do Partido, resultando na criao do PSB, diviso dos

candidatos, eleitores e o resultado foi nefasto para o PT nesta eleio.16

O Partido sagrou-se vencedor em 2008. Ao longo de sua histria, apenas um

vereador foi eleito pela sigla no municpio.

1.9.2. O Partido da Social Democracia Brasileira

A fora expressiva do PSDB na regio est estreitamente ligada imagem do ex-

governador e atual senador Acio Neves, que em 2010 deixou o governo mineiro

nas mos de seu aliado Antnio Anastasia.

16 Informao verbal fornecida durante entrevista realizada em Marliria/MG, no dia 25 de janeiro de 2012.

24

No rastro dessa trajetria vitoriosa, o partido dos tucanos conta com simpatizantes

influentes na poltica de Marliria e regio. Antecessor de Waldemar Nunes, o

prefeito Vicente Paranhos foi eleito prefeito sob esta sigla. O PSDB foi fundado em

Marliria no ano de 1990.

1.9.3. O Partido Progressista

Talvez o partido de menor representatividade na RMVA, j que conta com poucos

ocupantes de cargos eletivos nas cidades, o PP no apresenta uma grande

liderana regional. Mas, ainda assim, encontra apoiadores, especialmente em

municpios pequenos, onde h uma grande pulverizao de legendas partidrias,

formadas de acordo com interesses de grupos especficos de cada localidade.

Fundado no ano de 2003 em Marliria, o PP possui um pr-candidato, Lalado, com

grande potencial eleitoral, que desfruta de respaldo junto populao. Conta ainda

com dois vereadores na atual legislatura: Atades e Irim, em Cava Grande, este

ltimo, o mais bem avaliado da Cmara segundo a pesquisa de opinio realizada.

1.9.4. O Partido do Movimento Democrtico Brasileiro

Um dos principais partidos do pas tambm encontra adeptos nos pequenos

municpios. Em Marliria, o PMDB conta com a liderana de Maria Ins de Castro

para tentar retomar a prefeitura. Alm disso, o partido bastante representativo na

sociedade local, com apoio junto populao da Sede especialmente. O partido foi

fundado em Marliria no ano de 1980 e tem como liderana regional o ex-prefeito de

Ipatinga Sebastio Quinto, que, alm de tudo, nascido na cidade de Marliria.

1.9.5. O Partido Democrtico Trabalhista

A principal liderana regional do PDT o atual deputado estadual Luiz Carlos de

Miranda, metalrgico de Ipatinga. Na eleio de 2010, o parlamentar obteve

25

expressivas votaes em todos os municpios do Vale do Ao e, apesar de sua

imagem controversa e polmica, tem cacife para influenciar na projeo de uma

candidatura prpria do partido no prximo pleito.

O PDT foi fundado em Marliria no ano de 1996.

1.10. Geopoltica

Desde a emancipao do municpio, em 1953, todos os prefeitos eleitos eram

remanescentes da Sede. Logo, a composio da chapa majoritria encabeada pelo

prefeito da Sede com o vice da rea rural fazia parte da estratgia.

At os anos 1990 era essa a ao natural. A populao se apresentava mais

numerosa no ncleo original do municpio.

Com o crescimento do Distrito de Cava Grande, o eixo de poder comeou a se

mover para fora da Sede. A princpio, a presena do vice, oriundo desse Distrito,

tornou-se obrigatria. Hoje, Cava Grande j apresenta candidato prprio ao cargo

majoritrio e os eleitores totalizam mais de 50% do total do municpio.

Tabela 9 - Resultado da eleio de 2008 por seo eleitoral

Waldemar Nunes

Maria Ins de Castro

Vicente Paranhos Total (TT) Seo Localidade

Freq % Freq % Freq % Freq %TT

157 93 48,69 43 22,51 55 28,80 191 158 80 46,51 33 19,19 59 34,30 172

159 132 56,17 54 22,98 49 20,85 235

160 127 54,51 38 16,31 68 29,18 233

161

Sede

137 58,55 40 17,09 57 24,36 234

34,72

162 52 15,81 119 36,17 158 48,02 329 163 64 20,06 109 34,17 146 45,77 319

164 68 20,18 124 36,80 145 43,03 337

165 69 22,19 137 44,05 105 33,76 311

194

Cava Grande

45 21,74 93 44,93 69 33,33 207

49,01

166 Trindade 98 49,49 46 23,23 54 27,27 198 6,46

167 Santa Rita 130 43,19 77 25,58 94 31,23 301 9,81

Total 1095 35,70 913 29,77 1059 34,53 3067 100,00

Fonte: TSE

26

Nas eleies de 2008, o Distrito apresentou um novo parmetro na distribuio de

foras na poltica marlierense, ao impor uma forte derrota ao atual prefeito Waldemar

Nunes. Enquanto em Cava Grande a oposio obteve 1.205 (80%) votos, contra 298

(20%) do atual prefeito, na Sede foi derrotada, ainda que por pequena margem, de

53% a 47%.

2. AS ELEIES MAJORITRIAS DE 2012

O ano de 2012 marca um novo perodo para o processo eleitoral nacional. Na

esteira das discusses, h um conjunto de propostas em tramitao nas casas

legislativas, que podem interferir nos rumos das disputas polticas de todo o pas.

Vo desde o financiamento de campanhas at a discusso da validade da Lei da

Ficha Limpa, que pode vir a ter seus efeitos na realidade de Marliria.

Municpio este que se prepara para uma possvel reeleio de seu primeiro prefeito

eleito pelo PT.

2.1. Metodologia

A metodologia para composio deste diagnstico se pautou nos levantamentos

realizados, tendo como fontes primrias entrevistas em profundidade, reunies

setoriais e pesquisa quantitativa. Como fontes secundrias foram utilizados os

arquivos do Tribunal Superior Eleitoral - TSE, Instituto Brasileiro de Geografia e

Estatstica e Fundao Joo Pinheiro FJP. Outros contedos foram acessados das

pginas eletrnicas de organizaes no governamentais, governos municipal,

estadual e federal, dentre outros.

As reunies e entrevistas realizadas pelo prprio autor ocorreram no ms de

setembro de 2011, pouco antes da realizao da pesquisa quantitativa de opinio.

Foram ouvidas as lideranas polticas, religiosas e representantes da associao

feminina marlierense, grupo da terceira idade e sindicato dos trabalhadores rurais.

27

Os assuntos foram tratados obedecendo-se a um roteiro pr-estabelecido cujos

relatrios e suas folhas de respostas encontram-se arquivados e em poder do autor.

Num primeiro momento foram tomadas as opinies individuais e, em separado, dos

nove servidores do primeiro escalo da prefeitura municipal (secretrios e gerentes).

A eles foram dirigidas questes pessoais concernentes ao andamento da

administrao do prefeito Waldemar Nunes:

a) compreenso sobre a importncia da funo que desempenha para o bom

andamento e imagem da administrao;

b) nvel de confiana na administrao e na pessoa do prefeito;

c) quais aes foram e/ou esto sendo desenvolvidas para dar suporte ao

governo e dourar a imagem do prefeito;

d) quais os principais problemas, desafios e limitaes apresentados, e as

possveis solues para cada caso;

e) as demandas da populao e promessas de campanha no cumpridas at

o momento;

f) o nvel de engajamento pessoal na conduo das questes polticas na

administrao;

g) como v o cenrio poltico para a eleio majoritria de 2012;

h) quais as atividades e instrumentos utilizados no processo comunicacional

com a comunidade, e a freqncia com que isso ocorre;

Dentre outros assuntos.

Num segundo momento foram realizadas reunies setoriais, em grupo, nas

secretarias de sade, educao, obras e turismo, abordando as mesmas questes,

o que veio balizar o questionrio da pesquisa quantitativa aplicada populao logo

a seguir.

28

As demais entrevistas (comunidade, lideranas e entidades) serviram como suporte

para a formao do perfil de cada pr-candidato e constituir, assim, seu currculo,

pontos fortes e pontos fracos.

As entrevistas com os pr-candidatos buscaram responder sobre as suas

motivaes pessoais para participao no pleito, expectativas, plataforma de

governo, possveis apoiadores, etc, atentando para a neutralidade como fundamento

propsito investigativo, melhor compreenso e participao do pr-candidato.

Afora os obstculos naturais, como a distncia do aluno de seu ncleo de

orientao, a elaborao deste documento foi prejudicada pela pouca

disponibilidade de tempo por parte dos sujeitos do processo, cujas agendas no se

alinhavam com a do entrevistador.

Alguns dados histricos eleitorais necessrios no foram localizados ou no

constavam dos arquivos do Cartrio da Comarca de Timteo, nem do Tribunal

Regional Eleitoral de Minas Gerais TRE. Junto a estes, soma-se o Tribunal

Superior Eleitoral TSE que, alm de no retornar os e-mails encaminhados,

apresentou indisponibilidade de acesso a sua pgina eletrnica por diversas vezes.

Importante ressaltar tambm a desconfiana advinda dos atores polticos

pesquisados, quando da realizao das entrevistas. Muito mais que serem mineiros

recatados, assentava ali a poeira da dvida sobre o efetivo interesse deste

pesquisador ao retratar a realidade poltica da localidade.

Foram substitudos por pseudnimos os nomes dos pr-candidatos para resguardo

de suas reais identidades. Os custos decorrentes da realizao deste trabalho foram

absorvidos pelo prprio autor.

2.1.1. Pr-candidatos

Para composio deste estudo e avaliao de cenrios com vistas eleio

municipal de 2012 no municpio de Marliria, foram considerados os nomes mais

29

representativos apresentados pelas lideranas polticas ouvidas naquele instante

(setembro de 2011).

Os pr-candidatos avaliados neste estudo, sua biografia e partido so:

Tabela 10 - Pr-candidatos majoritrios: biografia

WALDEMAR

NUNES DE

SOUZA

MARIA INS DE

CASTRO

MENDES

VICENTE

PARANHOS

DOS SANTOS

GERALDO M.

CASTRO

(LALADO)

KASTER LCIO

RODRIGUES

ABREU

PT PMDB PSDB PP PDT

Professor universitrio, nascido no Piau, 58 anos.

Um dos membros da primeira turma de professores

do colgio em Marliria. catlico e casado com a

marlierense Ins de Castro, tem 3 filhos. Prefeito em

exerccio, foi eleito em 2008 com 35,7% dos votos.

Dona de casa, 56 anos. Estudou at o ensino mdio.

Nasceu e foi criada em Marliria. Casada com

Vigilato, me de 3 filhos. Foi Vereadora (2000-2003) e

Prefeita por dois mandatos (1997-2000 e 2001-2004) em

Marliria.

Aposentado por invalidez, lder evanglico, 65 anos. Casado,

tem um filho adotivo. Estudou at o ensino

fundamental. Prefeito eleito em 2004 com 72% dos votos.

Ex-secretrio de sade do governo Maria Ins por dois

mandatos.

Empresrio do setor de peas automotivas, 52 anos.

Filho de famlia tradicional marlierense. Casado com

Iara de Castro, pai de trs meninas. Ex-vereador e

presidente da Cmara de Marliria (2000-2003). O pai

ex-combatente da FEB.

Advogado atuante na rea cvel e criminal, 35 anos.

Casado, tem um filho. Nascido e criado em Cava

Grande. Formou chapa como vice de Vicente

Paranhos nas eleies de 2008. O pai, Antnio Abreu,

foi vice-prefeito nos dois mandatos de Maria Ins.

Fonte: Entrevista pessoal.

O que no impede, em funo de alianas no consolidadas, questes pessoais,

eventuais acidentes e problemas no previstos, que outros nomes surjam durante os

30

ajustes entre candidatos e coligaes. Todavia, o planejamento estratgico aborda

algumas situaes possveis de ocorrncia, num ambiente de maior previsibilidade

poltica.

2.1.2. Pesquisa quantitativa

Obedecendo-se rigorosamente aos indicadores de populao do IBGE (Censo,

2010) e de estratificao do eleitorado (TRE, agosto/2011), a pesquisa quantitativa

foi aplicada a 347 indivduos em todos os setores do municpio, proporcionalmente

ao tamanho da populao. A margem de erro de 5% para mais ou para menos,

com intervalo de confiana de 95%.

A responsabilidade tcnica da produo de dados ficou a cargo da Praxis Pesquisa

e Mercado Ltda, com sede no municpio de Marliria. O instituto est inscrito no

CNPJ sob no. 10.335.763/0001-47 e no Conselho Regional de Estatstica CRE,

sob o no. 078/5 Regio. Assina o relatrio o estatstico Neander Ferreira de

Almeida, mestre em estatstica pela UFMG, registrado no CRE/5 Regio sob o no.

7278. No currculo da Praxis figuram trabalhos de cunho poltico, desenvolvidos em

dezenas de municpios das regies dos Vales do Ao e Rio Doce, Zona da Mata em

Minas Gerais, alm de pesquisas de mdia, mercado e ad hoc.

No corpo deste estudo so apresentadas as tabelas com frequncias simples das

respostas, em geral acompanhadas do cruzamento com o estrato de regio

geogrfica. As demais interpretaes e cruzamentos (gnero, classe etria, religio,

ocupao e classe de renda) podem ser verificados consultando-se o relatrio

completo da pesquisa, ANEXO A.

2.1.2.1. Perfil dos entrevistados

Segundo dados do IBGE, 29,40% da populao de Marliria esto localizados nos

setores Centro/Sede, Ona e Trindade. O pico do Jacro o divisor natural dessa

31

regio com a de Cava Grande, que compreende os demais 70,60% dos habitantes

do municpio.

Tabela 11 - Distribuio da amostra da pesquisa por localidade

Bairro/Localidade

Regio Base Centro Ona Trindade

Cava Grande

Mundo Novo Antunes

Santo Antnio

Santa Rita Celeste

102 80 9 13 0 0 0 0 0 0 Sede

29,40% 78,43% 8,82% 12,75% 0,00% 0,00% 0,00% 0,00% 0,00% 0,00%

245 0 0 0 167 11 7 26 21 13 Cava Grande

70,60% 0,00% 0,00% 0,00% 68,16% 4,49% 2,86% 10,61% 8,57% 5,31%

347 80 9 13 167 11 7 26 21 13 Total

100,00% 23,05% 2,59% 3,75% 48,13% 3,17% 2,02% 7,49% 6,05% 3,75%

Fonte: Pesquisa Praxis (outubro, 2011)

Sua populao de maioria masculina (50,72%) e 60,20% tem idade superior a 35

anos. Os eleitores que faro sua estria em 2012 somam apenas 1,7% do total.

Enquanto na Sede os catlicos correspondem a quase 78% da populao, em Cava

Grande esto na mesma proporo que os evanglicos (40,0%).

Tabela 12 - Sntese da amostra: gnero, faixa etria e religio

Faixa etria Religio Gnero Base

16 e 17 18 a 24 25 a 34 35 a 44 45 a 59 60 ou + Catlico Evang. No tem NR

176 3 25 40 33 42 33 104 45 20 7 Masculino

50,72% 1,7% 14,2% 22,7% 18,8% 23,9% 18,8% 59,1% 25,6% 11,4% 4,0%

171 3 25 42 32 39 30 83 74 10 4 Feminino

49,28% 1,8% 14,6% 24,6% 18,7% 22,8% 17,5% 48,5% 43,3% 5,8% 2,3%

347 6 50 82 65 81 63 187 119 30 11 Total

100,00% 1,7% 14,4% 23,6% 18,7% 23,3% 18,2% 53,9% 34,3% 8,6% 3,2%

Fonte: Pesquisa Praxis (outubro, 2011)

Em Marliria est instalada a Escola Estadual Liberato de Castro, uma das mais

tradicionais no ensino de primeiro e segundo graus da Regio Metropolitana do Vale

do Ao. Mesmo assim, os indicadores de escolaridade daqueles residentes na Sede

no diferem da regio de Cava Grande. O nmero de analfabetos, em geral, est

prximo a 10% e se concentra mais entre as pessoas do sexo feminino. Em

compensao, 10% das mulheres possuem curso superior, contra apenas 3% dos

homens.

32

Analisando-se a classificao de renda, em Cava Grande, 88% das famlias

recebem o mximo de 2 salrios mnimos ao ms, contra 73% dos moradores da

Sede.

Esse foi o indicador que proporcionou a incluso de Marliria no PNUD. A

necessidade de formao de mo de obra para sustentabilidade das famlias, dentro

da proposta de erradicao da pobreza se mostrou premente.

Tabela 13 - Sntese da amostra: gnero, escolaridade e classe de renda

Escolaridade Classe de Renda

Gnero Base Analfa- beto(a)

Prim- rio

Ginasial Mdio Superior completo

At 1SM

+ de 1 at 2SM

+ de 2 at 5SM

+ de 5 at 10SM

+ de 10SM

NR

176 13 67 41 50 5 79 63 24 8 1 1 Masculino

50,72% 7,4% 38,1% 23,3% 28,4% 2,8% 44,9% 35,8% 13,6% 4,5% 0,6% 0,6%

171 20 57 37 40 17 83 66 15 4 1 2 Feminino

49,28% 11,7% 33,3% 21,6% 23,4% 9,9% 48,5% 38,6% 8,8% 2,3% 0,6% 1,2%

347 33 124 78 90 22 162 129 39 12 2 3 Total

100,00% 9,5% 35,7% 22,5% 25,9% 6,3% 46,7% 37,2% 11,2% 3,5% 0,6% 0,9%

Fonte: Pesquisa Praxis (outubro, 2011)

O quadro geral de ocupao composto por 18% de aposentados, o que explica a

elevada mdia de idade no municpio. Outros 23% so compostos por trabalhadores

no campo e desempregados. Entre as mulheres, 30% se dedicam aos afazeres

domsticos; outras 15% esto desempregadas. J entre os homens, 20% esto nas

atividades ligadas agropecuria.

Tabela 14 - Sntese da amostra: gnero e ocupao

Ocupao Gnero Base Aposen-

tado(a) Comr-

cio Campo Inds-

tria Servi- os

Func. pblico

Afaz. Domst.

Profis. Liberal

Estu- dante

Desem- pregado

Outro

176 35 16 35 17 8 14 4 23 5 15 4 Masculino

50,72% 19,9% 9,1% 19,9% 9,7% 4,5% 8,0% 2,3% 13,1% 2,8% 8,5% 2,3%

171 28 13 5 2 3 16 52 8 8 25 11 Feminino

49,28% 16,4% 7,6% 2,9% 1,2% 1,8% 9,4% 30,4% 4,7% 4,7% 14,6% 6,4%

347 63 29 40 19 11 30 56 31 13 40 15 Total

100,00% 18,2% 8,4% 11,5% 5,5% 3,2% 8,6% 16,1% 8,9% 3,7% 11,5% 4,3%

Fonte: Pesquisa Praxis (outubro, 2011)

Os funcionrios pblicos representam 9% da populao do municpio e so, em sua

maioria (85%), trabalhadores efetivos.

33

2.1.2.2. Demandas da populao

Observado o cenrio de grandes necessidades, com o municpio dependendo quase

que exclusivamente de recursos federais, h que se admitir um corolrio de

demandas insatisfeitas e ainda reclamadas pela populao. Algumas das quais se

arrastam por longos anos, como o caso da mais requisitada fator de

sobrevivncia desde que o homem existe , que o abastecimento de gua. Tanto

na Sede como no Distrito de Cava Grande, este problema crnico. Muitos

moradores percorrem algumas centenas de metros para coletar gua de nascentes

e abastecer seus filtros e caixas dagua. Houve tentativa da administrao municipal

em implantar a COPASA, no incio de 2010, mas o processo acabou embargado por

aes do Ministrio Pblico, que apontam irregularidades na tramitao do processo

na Cmara.

Muitas das demandas existentes constituram promessas de campanha, que

acabaram no sendo cumpridas e so destacadas pelos entrevistados. Enquanto

59% no se lembram ou no sabem quais foram as propostas de campanha, dentre

os citados 9% apontaram a gua tratada, 4% o asfalto/estrada/calamento e 3% a

moradia/casa prpria (3%) como temas abordados pelo candidato eleito em 2008.

Ao serem perguntados, espontaneamente, sobre os problemas percebidos no

mbito da comunidade onde moram e no municpio como um todo, as respostas no

apresentaram surpresas. gua tratada uma demanda geral, entendida por 47% da

populao. Somente Cava Grande responde por 94% deste indicador. No Distrito, os

moradores tambm apontam outros temas relevantes, como moradias (100%),

iluminao (93%), estradas e calamentos (76%), creches (67%) e limpeza urbana e

coleta de lixo (54%).

Fica uma questo no ar, que pode ser entendida como inoperncia da administrao

pbica: certas comunidades rurais pequenas reclamaram da ausncia de iluminao

pblica. Os programas governamentais Luz para Todos (federal) e Campos de

Luz (estadual) poderiam ter sido implantados. Entre a populao da Sede,

percentualmente, a maior demanda por projetos, obras e emprego, apesar de que

a frequncia das respostas pequena. A opo nenhum problema obteve 96% de

indicao entre os moradores da Sede.

34

Tabela 15 - Demandas apresentadas pelos entrevistados

Na localidade No municpio Problema apresentado

Freq % %Val Freq % %Val

gua tratada 97 27,95 36,60 163 46,97 54,88 Asfalto/estrada/calamento 53 15,27 20,00 29 8,36 9,76

Sade/Assistncia 30 8,65 11,32 31 8,93 10,44

Iluminao 14 4,03 5,28 8 2,31 2,69

Limpeza/coleta de lixo 13 3,75 4,91 4 1,15 1,35

Esgoto 9 2,59 3,40 5 1,44 1,68

Moradia/casa prpria 7 2,02 2,64 6 1,73 2,02

Lazer 7 2,02 2,64 6 1,73 2,02

Telefone 7 2,02 2,64 - - -

Creche/assistncia social 6 1,73 2,26 8 2,31 2,69

Transporte/nibus 6 1,73 2,26 4 1,15 1,35

Obras/Projetos 8 2,31 3,02 8 2,31 2,69

Segurana 3 0,86 1,13 - - -

Tudo 2 0,58 0,75 9 2,59 3,03

Desemprego 2 0,58 0,75 7 2,02 2,36

Outros 1 0,29 0,38 4 1,15 1,35

Educao - - - 5 1,44 1,68

Nenhum 50 14,41 - 17 4,90 -

NS/NR 32 9,22 - 33 9,51 -

Total 347 100,00 100,00 347 100,00 100,00

Fonte: Pesquisa Praxis (outubro, 2011)

Do ponto de vista local, muitas das demandas se apresentam na mesma ordem de

prioridade das municipais. Enquanto a iluminao, limpeza e saneamento aparecem

como problemas percebidos pela proximidade do morador, o desemprego e

educao se apresentam no cenrio ampliado do municpio. A compreenso das

demandas insatisfeitas apresentadas tem explicao por parte dos administradores

municipais em funo da escassez de recursos, que se junta aos entraves

burocrticos patrocinados pela Cmara Municipal, notadamente contrria aos

interesses do Executivo.

2.1.2.3. Avaliao da atual administrao

Eleito com pouco mais de 34% dos votos vlidos, o prefeito Waldemar Nunes j

podia imaginar as dificuldades que viriam pela frente. De imediato, contava com 66%

de rejeio e, portanto, adversrio o que no haveria de faltar em seu governo.

35

A pesquisa de outubro de 2011 apontou, no geral, que o governo municipal tem

avaliao positiva acumulada de 53%, reforado pelos moradores da Sede (timo e

bom). Sobre os indicadores negativos, o Distrito de Cava Grande responde por nada

menos que 84%. Daqueles que consideram o governo pssimo, 94% so

cavagrandenses.

Tabela 16 - Avaliao do atual governo municipal

Conceito Base Sede Cava Grande

timo 13 3,75% 9 8,82% 4 1,63% Bom 86 24,78% 44 43,14% 42 17,14%

Regular + 83 23,92% 24 23,53% 59 24,08%

Regular - 52 14,99% 12 11,76% 40 16,33%

Ruim 45 12,97% 9 8,82% 36 14,69%

Pssimo 64 18,44% 4 3,92% 60 24,49%

NR 4 1,15% 0 0,00% 4 1,63%

Total 347 100,00% 102 100,00% 245 100,00%

Fonte: Pesquisa Praxis (outubro, 2011)

Ao serem perguntados sobre o desempenho dos principais servios da

administrao municipal, os moradores apontam as melhores avaliaes, em ordem

crescente, para Educao (80%), Limpeza/Coleta de Lixo (77%) e Sade (63%).

Educao e Sade so os dois pilares das polticas pblicas federais, cujas verbas

so chamadas de carimbadas.

Tabela 17 - Avaliao dos servios da administrao municipal

Servios da administrao municipal (%) Conceito Base

Educao Sade Obras Limpeza/

Coleta lixo Abastec. de gua

Cultura e Lazer

Emprego e Renda

Assistncia Social

timo 11,00 7,80 2,30 7,50 1,40 1,20 0,30 4,60 Bom 49,60 35,70 19,00 56,50 22,80 18,70 11,80 28,20

Regular + 19,60 19,60 20,20 13,30 6,60 13,30 14,10 14,40

Regular - 6,30 10,40 12,70 5,50 7,50 10,40 8,40 11,50

Ruim 5,80 8,90 19,00 6,10 6,90 13,00 18,40 9,20

Pssimo 6,90 17,00 25,90 9,50 52,20 40,90 46,10 29,70

NR 0,90 0,60 0,90 1,70 2,60 2,60 0,90 2,30

Total

347

100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00

Fonte: Pesquisa Praxis (outubro, 2011)

As demais reas tiveram avaliao negativa: Assistncia Social (51%), Obras (58%)

e Cultura e Lazer (64%). Abastecimento de gua (67%) e Emprego e Renda (73%)

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foram os de pior avaliao, sendo o primeiro apresentado tambm como principal

problema no municpio.

Quanto aprovao do governo, o indicador negativo: 60% dos entrevistados no

esto de acordo com a conduo dos trabalhos da equipe do atual prefeito.

Enquanto houve equilbrio na avaliao positiva de governo entre os moradores da

Sede e Cava Grande, a desaprovao contou com 82% de peso no Distrito.

Tabela 18 - Aprovao do governo municipal

Conceito Base Sede Cava Grande

Aprova 131 37,75% 64 62,75% 67 27,35% Desaprova 208 59,94% 38 37,25% 170 69,39%

NS/NR 8 2,31% 0 0,00% 8 3,27%

Total 347 100,00% 102 100,00% 245 100,00%

Fonte: Pesquisa Praxis (outubro, 2011)

Consideram superadas as expectativas em face das realizaes do atual prefeito

apenas 11% dos entrevistados. Juntado aos que disseram que ele fez o esperado,

esse indicador, positivo, acumula 30%. Ou seja, a expectativa corresponde ao

percentual de votos do prefeito Waldemar Nunes na eleio de 2008.

Frustrados com as realizaes do atual prefeito esto 63% dos entrevistados, dentre

os quais 82% so do Distrito de Cava Grande, os correspondentes 82% que o

desaprovam.

Tabela 19 - Percepo sobre as realizaes do atual governo

Conceito Base Sede Cava Grande

Fez mais que esperava 39 11,24% 26 25,49% 13 5,31% Fez o que esperava 64 18,44% 32 31,37% 32 13,06%

Fez menos que esperava 220 63,40% 40 39,22% 180 73,47%

NR 24 6,92% 4 3,92% 20 8,16%

Total 347 100,00% 102 100,00% 245 100,00%

Fonte: Pesquisa Praxis (outubro, 2011)

Por se tratar de um governo originalmente contrrio maioria da populao,

causaria surpresa se, ao ser comparado com os seus antecessores, obtivesse maior

prestgio que estes, mesmo aps venc-los na eleio de 2008.

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Aps quase oito anos distante da chefia do Executivo municipal, a ex-prefeita Maria

Ins tem melhor avaliao entre os trs administradores (40%). Vicente Paranhos e

o atual prefeito Waldemar Nunes tm avaliaes iguais (21%).

Ainda neste comparativo, geograficamente, a administrao do prefeito Waldemar

Nunes assume mesmo peso na relao Sede:Distrito (1:1). Para os outros dois ex-

prefeitos essa relao tem menor peso: Vicente Paranhos (4:1) e Maria Ins (2:1).

Tabela 20 - Cotejo entre as administraes municipais de Marliria

Melhor Prefeito Base Sede Cava Grande

Waldemar Nunes 74 21,33% 36 35,29% 38 15,51% Maria Ins de Castro 139 40,06% 44 43,14% 95 38,78%

Vicente Paranhos 76 21,90% 13 12,75% 63 25,71%

NR 58 16,71% 9 8,82%