Universidade Federal de Pelotas Programa de Pós-Graduação...

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Colaboração interdiciplinar na avaliação da saúde e do adoecimento de idosos VII Congresso Brasileiro de Epidemiologia Porto Alegre, setembro de 2008. Universidade Federal de Pelotas Programa de Pós-Graduação em Epidemiologia Faculdade de Medicina - Departamento de Medicina Social Faculdade de Enfermagem e Obstetrícia – Departamento de Enfermagem

Transcript of Universidade Federal de Pelotas Programa de Pós-Graduação...

Colaboração interdiciplinar naavaliação da saúde e

do adoecimento de idosos

VII Congresso Brasileiro de Epidemiologia

Porto Alegre, setembro de 2008.

Universidade Federal de Pelotas

Programa de Pós-Graduação em Epidemiologia

Faculdade de Medicina - Departamento de Medicina Social

Faculdade de Enfermagem e Obstetrícia – Departamento de Enfermagem

Equipe Técnica da UFPel

� Luiz Augusto Facchini

� Roberto Xavier Piccini

� Elaine Tomasi

� Elaine Thumé

� Denise Silveira

� Vanessa Andina Teixeira

� Fernando V. Siqueira

� Maria de Fátima Maia

� Alessander Osório

� Mercedes Lucas

� Suele Manjourany

� Alitéia Dilélio

� Maria Aparecida Rodrigues

� Vera Paniz Vieira

Introdução

� Epidemiologia �Definição� É o estudo da distribuição e dos determinantes de

problemas de saúde em populações, com o objetivo de promover a saúde, prevenir riscos e controlar as doenças

� Categorias centrais� população, lugar e tempo

� Objeto de estudo� processo saúde-doença na coletividade

Introdução

� É possível identificar a ocorrência dos

problemas de saúde e seus determinantes na

população, apenas no âmbito disciplinar da

Epidemiologia?

Introdução

� As categorias centrais - população, lugar e

tempo – são objeto de estudo de disciplinas

tradicionais do conhecimento, externas à

biologia, à medicina, ou às ciências naturais ou

da vida � ciências humanas e sociais

Introdução

� O objeto de estudo – processo saúde-doença

na coletividade – também sugere uma base

teórica interdisciplinar � determinação social

da saúde

Introdução

� Teoria da determinação social da saúde

� concepção multicausal resultante dacontribuição de diversas disciplinas do conhecimento

� modelo hierárquico complexo

� com marcante interação entre os múltiplosníveis determinação

Determinantes das Doenças Crônicas

Macro-determinantes

Determinantesintermediários

Determinantesproximais

Doençascrônicas

Demográficos

Sociais

Econômicos

Culturais

Políticos

Ocupacionais

Ambientais

Genéticos

Contexto

Globalização � Urbanização � Envelhecimento

Dieta nãosaudável

Inatividadefísica

Tabagismo

Consumoexcessivo de álcool

Tensãoarterial elevada

Glicemiaaumentada

Lipídiosaumentados

Sobrepeso e obesidade

DCV

AVC

Câncer

Diabetes

DBPOC

� Especialidade x Interdisciplinaridade

� O potencial teórico e metodológico daEpidemiologia raramente se expressa em umaplena interdiciplinaridade

� É difícil dizer como trabalhar de modointerdiscipinar

Introdução

� Especialidade x Interdisciplinaridade

� Parece mais fácil examinar o potencial dacolaboração interdisicplinar, a partir de um objeto de estudo concreto

Introdução

� Avaliar a saúde e o adoecimento de idosos, residentes em áreas de abrangência de unidades básicas de saúde, buscando destacar possibilidadesde colaboração interdisciplinar

Objetivo

Metodologia

www.epidemio-ufpel.org.br/proesf/index.htm

� Projeto Integrado de Capacitação e Pesquisa� Capacitação (Oficinas) x Pesquisa (ELB)

� Capacitação focada na pesquisa� Articulação com Educação Permanente da ABS� Pesquisa-ação, articulação academia-serviço� Articulação com o SUS local e regional

� Participação de gestores e trabalhadores de saúde de UBS

� Apoio à institucionalização do Monitoramento & Avaliação em ABS

Metodologia

� Estudo transversal� Grupo de comparação externo – seleção com base na

exposição (intervenção)� Expostos (grupo intervenção): PSF� Não expostos (grupo controle): modelo tradicional

� Amostra� 4200 idosos (≥ 65 anos)

� 41 municípios ≥ a 100 mil habitantes� 2 estados do Sul (RS, SC)

� 5 estados do Nordeste (AL,PE,PB,RN e PI)

Metodologia

Resultados

www.epidemio-ufpel.org.br/proesf/index.htm

Resultados� Distribuição da Amostra

� Foram entrevistados 4.003 idosos (96%)� Sul – 1.891

� Tradicionais: 41,5%� PSF: 58,5%

� Nordeste – 2.112� Tradicionais: 28,2%� PSF: 71,8%

Resultados� Distribuição da Amostra

� Similar entre as regiões:

� Sexo – maioria feminina (Sul – 62%; Nordeste – 60%)

� Idade – 2/3 entre 65 a 75 anos

� Situação conjugal – maioria sem companheiro (57%)

� Presença de doença crônica – ½ do total

� Queda no último ano – 1/3 do total

Resultados

� Distribuição da Amostra� Maiores proporções de idosos:

� Sul� cor branca� sabiam ler e escrever

� nunca fumaram

� Nordeste� residiam em domicílios com maior aglomeração

(≥ 5 pessoas) � menor tercil de renda

NS24%

(702)

25%

(1404)

0,0111%

(784)

19%

(1085)Necessidade de

assistência domiciliar

0,0118%

(681)

19%

(1365)

0,0118%

(780)

22%

(1083)Portador de DM

NS64%

(693)

65%

(1388)

0,0558%

(791)

64%

(1091)Portador de HAS

pTradicional

%

(n)

PSF

%

(n)

pTradicional

%

(n)

PSF

%

(n)

Região NordesteRegião SulSituação de saúde

Resultados: Doenças crônicas e necessidade de assistência domiciliar

20,0

29,0

26,0

30,0

0

5

10

15

20

25

30

35

Tradicional PSF Tradicional PSF

Sul Nordeste

% d

e in

capa

cida

de

RP – 1,5IC 95% 1,2 – 1,7

RP – 1,2IC 95% 0,9 – 1,4

n=765 n=1061 n=567 n=1486

Resultados:Incapacidade funcional (AVDs)

35%

(1403)

37%

(700)

*28%

(1097)

23%

(794)

Necessitam auxilio p/

subir um lance escada

24%

(1403)

28%

(699)

18%

(1095)

15%

(793)

Necessidade de ajuda

para caminhar uma quadra

27%

(1406)

29%

(701)

*22%

(1097)

15%

(793)

Sem autonomia para sair

de casa desacompanhado

PSF

UBS

TradicionalPSF

UBS

Tradicional

NESULIncapacidade funcional

Resultados:Incapacidade funcional (AVDs)

* p valor < 0,05

Resultados: Incapacidade funcional X necessidade de assistência domiciliar

% d

e in

capa

cida

de

15,6 19,1 16,9 17,4

61,4

74,2

60,269,4

0

20

40

60

80

100

TRADICIONAL PSF TRADICIONAL PSF

SUL NORDESTE

Não Sim

RP – 3,9IC 95% 3,1 – 5,0

RP – 3,9IC 95% 3,3 – 4,6

RP – 3,6IC 95% 2,8 – 4,6

RP – 4,0IC 95% 3,5 – 4,6

Resultados:Incapacidade funcional X doença crônica

% d

e in

capa

cida

de

8,2

19,2 19,4 18,7

25,1

32,529,7

34,6

0

10

20

30

40

50

TRADICIONAL PSF TRADICIONAL PSF

SUL NORDESTE

Não Sim

RP – 3,1IC 95% 1,9 – 4,9

RP – 1,5IC 95% 1,1 – 2,2

RP – 1,7IC 95% 1,2 – 2,2

RP – 1,9IC 95% 1,5 – 2,3

0

5

10

15

20

25

30

35

TRADICIONAL PSF TRADICIONAL PSF

SUL NORDESTE

% d

e N

eces

sidad

e d

e A

D

Não Sim

RP – 2,99IC95% 1,57-5,68

RP – 3,03IC95% 1,88 – 4,88

RP – 1,13IC95% 0,78 – 1,63

RP – 1,78IC95% 1,38 – 2,30

Resultados: Necessidade de assistência domiciliar X doença crônica

Resultados: Incapacidade funcional X queda no último ano

% d

e in

capa

cida

de

12,8

22,4 22,724,7

33,9

41,5

33,2

40,9

0

10

20

30

40

50

TRADICIONAL PSF TRADICIONAL PSF

SUL NORDESTE

Não Sim

RP – 2,7IC 95% 2,0 – 3,5

RP – 1,9IC 95% 1,5 – 2,2

RP – 1,5IC 95% 1,1 – 1,9

RP – 1,7IC 95% 1,4 – 1,9

0

5

10

15

20

25

30

35

TRADICIONAL PSF TRADICIONAL PSF

SUL NORDESTE

% d

e N

eces

sid

ade

de

AD

Não Sim

RP – 1,53IC95% 1,01-2,31

RP – 1,56IC95% 1,21– 2,01

RP – 0,97IC95% 0,71-1,34

RP – 1,42IC95% 1,20-1,69

Resultados: Necessidade de assistência domiciliar X queda no últ. ano

<0,001*

1

0,89 (0,58 – 1,32)

0,96 (0,69 – 1,33)

1,14 (0,83 – 1,58)

1,39 (1,00 – 1,92)

<0,001

1

0,95 (0,62-1,47)

1,05 (0,75-1,46)

1,32 (0,95 -1,82)

1,67 (1,22 – 2,34)

26,9

25,6

28,2

35,4

45,5

PERCEP. SAÚDE excelentemuito boaboaregularruim

<0,001

1

1,20 (1,09 – 1,32)

<0,001

1

1,28 (1,17-1,40)30,1

38,3

SEDENTARISMO NãoSim

PRP (IC(95%)

PRP (IC95%)

Prevalência%

VARIÁVEIS

ANÁLISE AJUSTADAANÁLISE BRUTA

Resultados: Queda X sedentarismo e auto-percepção da saúde

<0,001*

1

1,04 (0,93 – 1,17)

1,14 (1,01 – 1,29)

1,29 (1,15 – 1,45)

<0,001

1

1,05 (0,93-1,17)

1,16 (1,03-1,31)

1,32 (1,18 -1,48)

31,8

33,2

36,8

42,0

IDADE 65 a 70 anos71 a 75 anos76 a 80 anos80 anos ou mais

<0,001

1

1,50 (1,36 – 1,66)

<0,001

1

1,52 (1,38-1,67)26,5

40,1

SEXO MasculinoFeminino

PRP (IC(95%)

PRP (IC95%)

Prevalência%

VARIÁVEIS

ANÁLISE AJUSTADAANÁLISE BRUTA

Resultados: Queda X sexo e idade

0

5

10

15

20

25

30

35

40

TRADICIONAL PSF TRADICIONAL PSF

SUL NORDESTE

Faixa etária

% d

e nec

essi

dad

e

65 a 75 anos 76 anos ou mais

RP – 1,89IC95% 1,26 – 2,84

RP – 2,22IC95% 1,73 – 2,85

RP – 2,02IC95% 1,50 – 2,72

RP – 2,06IC95% 1,73 – 2,44

Resultados: Necessidade de assistência domiciliar X idade

0

5

10

15

20

25

30

35

TRADICIONAL PSF TRADICIONAL PSF

SUL NORDESTE

% d

e N

eces

sid

ade

de

AD

Sim Não ou Só assina

RP – 1,61IC95% 1,06 – 2,43

RP – 1,49IC95% 1,15 – 1,91

RP – 1,20IC95% 0,89 – 1,63

RP – 1,63IC95% 1,34 – 1,98

Resultados: Necessidade de assistência domiciliar X escolaridade

Discussão

www.epidemio-ufpel.org.br/proesf/index.htm

Discussão

� Contribuições do estudo à avaliação da ABS� Difusão da utilidade da epidemiologia

� Articulação com capacitação de gestores e trabalhadores da ABS

� Divulgação e comunicação em saúde� artigos científicos � livro (meta-avaliação ELB – Ed. Fiocruz)� jornais e página na Internet� oficinas de devolução dos achados

Discussão

� Contribuições do estudo à avaliação da ABS� Diagnóstico das necessidades de saúde da

população e dos problemas da ABS em duas regiões do país

� Ênfase em grupos prioritários � idosos

� Evidências sobre o PSF� Expansão em grandes municípios do Sul e Nordeste� Melhor desempenho em comparação à UBS

tradicionais

Discussão

� Principais achados sobre os idosos

� Altas prevalências de problemas de saúde relevantes para a qualidade de vida dos idosos

� doenças crônicas, quedas, incapacidade funcional e necessidade de assistência domiciliar

� Forte associação destes problemas � entre si e com características sociais, econômicas,

demográficas e comportamentais de relevância

� Necessidade de aprofundar a análise sobre estas relações e seus mecanismos de determinação� novos estudos epidemiológicos� colaboração interdisciplinar

� Estudar, entender e explicar diferenças de sociais, econômicas, culturais, demográficas e de saúdedos idosos, requer� A superação do olhar especializado� O fortalecimento da colaboração e da integração das

disciplinas

Discussão

� A saúde e o adoecimento dos idosos pode ser questionado em diferentes níveis, por diferentesdisciplinas e especialidades disciplinares

� Molecular: bioquímica, microbiologia, genética� Celular, orgânico: biologia, fisiologia, patologia, neurologia,

endocrinologia, imunologia� Individual e grupal: medicina, psicologia, psiquiatria, � Social: epidemiologia, sociologia, ecologia, economia, história,

geografia, …

� Mas as abordagens isoladas, especializadas sãoinsuficientes para que o conhecimento seja global e não fragmentado

Discussão

� O conhecimento interdisicplinar e colaborativo é fundamental para a ação, para a aplicação, para a tomada de decisão

� O planejamento e a implementação de açõesde saúde requerem o domínio e a capacidade de diálogo interdisicplinar

Discussão

� Hoje, não são só os nossos reis que não sabemmatemática, os nossos filósofos também não sabemmatemática e, para ir um pouco mais longe, os nossosmatemáticos tampouco sabem matemática

� O conhecimento altamente especializado hoje não se traduznum enriquecimento da cultura geral

� As disciplinas especializadas estão se desenvolvendo comoos dedos da mão: unidos na origem mas já sem contato

� OPPENHEIMER, 1955

Discussão

Equipe: esforço interdisciplinar� Luiz Augusto Facchini

� médico, epidemiologista (ST e avaliação de serviços), gestor

� Roberto Xavier Piccini� médico, epidemiologista (doenças crônicas, avaliação da educação médica

e serviços)

� Elaine Tomasi� assistente social, epidemiologista (saúde mental, SIS/TI, avaliação de

serviços)

� Elaine Thumé� enfermeira, gestora, epidemiologista (saúde do idoso, avaliação de

serviços)

� Denise Silveira� médica, gestora, epidemiologista (saúde materno-infantil, SIS, avaliação

de serviços)

Equipe: esforço interdisciplinar

� Fernando V. Siqueira� educador físico, fisioterapeuta, epidemiologista (saúde do idoso, atividade

física, avaliação de serviços, coordenação de trabalho de campo)

� Vanessa Andina Teixeira� psicóloga, ênfase em saúde e comportamento, avaliação de serviços

(logística e condução de trabalho de campo)

� Maria de Fátima Maia� bibliotecária, gestão da informação, avaliação de serviços (coordenação

secretaria executiva, comunicação e informação)

� Alessander Osório� analista de sistema, avaliação de serviços (TI, comunicação e informação)

Equipe: esforço interdisciplinar

� Suele Manjourany� educadora física, epidemiologista (atividade física, avaliação de serviço,

logística e condução de trabalho de campo)

� Alitéia Dilélio� enfermeira, avaliação de serviços (logística e condução de trabalho de

campo, apoio TI)

� Maria Aparecida Rodrigues� médica, epidemiologista (saúde do idoso, avaliação de serviço)

� Vera Paniz Vieira� farmacêutica, epidemiologista (acesso e utilização de medicamentos,

avaliação de serviços)

Obrigado!

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