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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO ACADÊMICO DO AGRESTE NÚCLEO DE DESIGN E COMUNICAÇÃO CURSO DE DESIGN BAGAGEIRO URB: UMA TENTANTIVA DE STARTUP INCUBADA NO RAMO DE BICICLETAS PARA CICLISTAS URBANOS Ayla Ketlen do Nascimento CARUARU, 2017

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO

CENTRO ACADÊMICO DO AGRESTE

NÚCLEO DE DESIGN E COMUNICAÇÃO

CURSO DE DESIGN

BAGAGEIRO URB: UMA TENTANTIVA DE STARTUP INCUBADA NO RAMO DE

BICICLETAS PARA CICLISTAS URBANOS

Ayla Ketlen do Nascimento

CARUARU, 2017

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AYLA KETLEN DO NASCIMENTO

BAGAGEIRO URB: UMA TENTANTIVA DE STARTUP INCUBADA NO RAMO DE

BICICLETAS PARA CICLISTAS URBANOS

Monografia apresentada como requisito parcial para a

obtenção do título de bacharel em Design, pela Universidade

Federal de Pernambuco, Centro Acadêmico do Agreste, sob a

orientação da professora Glenda Gomes Cabral.

CARUARU, 2017

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Catalogação na fonte:

Bibliotecária – Marcela Porfírio CRB/4 - 1878

N244b Nascimento, Ayla Ketlen do.

Bagageiro URB : uma tentativa de startup incubada no ramo de bicicleta para ciclistas urbanos. / Ayla Ketlen do Nascimento. – 2017.

77f.; il. : 30 cm. Orientadora: Glenda Gomes Cabral. Coorientador: Fábio Santana Magnani. Monografia (Trabalho de Conclusão de Curso) – Universidade Federal de

Pernambuco, CAA, Design, 2017. Inclui Referências. 1. Empreendedorismo. 2. Empresas novas – Estudo de caso. 3. Ciclismo. I. Cabral,

Glenda Gomes (Orientadora). II. Magnani, Fábio Santana (Coorientador). III. Título.

740 CDD (23. ed.) UFPE (CAA 2017-448)

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO

CENTRO ACADÊMICO DO AGRESTE

NÚCLEO DE DESIGN E COMUNICAÇÃO

PARECER DE COMISSÃO EXAMINADORA

DE DEFESA DE PROJETO DE GRADUAÇÃO EM DESIGN

AYLA KETLEN DO NASCIMENTO

“Bagageiro Urb: uma tentantiva de startup incubada no ramo de bicicletas

para ciclistas urbanos”

A comissão examinadora, composta pelos membros abaixo, sob a presidência do

primeiro, considera o(a) aluno(a) AYLA KETLEN DO NASCIMENTO.

APROVADO(A)

Caruaru, 18 de Dezembro de 2017.

Orientadora: Profa. Glenda Gomes Cabral

Prof. Dr. Fabio Santana Magnani

Prof. Dr. Edgard Thomas Martins

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AGRADECIMENTOS

Agradecer parece ser a parte mais fácil da escrita da monografia, porém para

mim é recordar e não conter a emoção em lembrar as pessoas que me ajudaram a

chegar até aqui e os momentos que foram vividos para que eu pudesse ter essa

formação. Porém é necessário expressar através de palavras para agradecer as

pessoas que me apoiaram até hoje.

Quero agradecer à minha família, primos, tios e tias, minha irmã, família é a

base de tudo para continuarmos em frente..

Agradeço a minha orientadora Glenda, pela ajuda, apoio, paciência e ser uma

pessoa que passa tranqüilidade quando tudo parece estar errado. Por ter aceitado o

projeto quando ela não sabia como ajudar e por não ter me abandonado devido às

tantas mudanças ocorridas.

Assim como agradeço ao professor Fábio Magnani, pelo prazer de tê-lo

conhecido, desfrutado de suas aulas e admirá-lo como pessoa e profissional.

Agradecer aos amigos e amigas que fiz em Caruaru, as pessoas maravilhosas

que encontrei no caminho. As primeiras meninas que tive contato Bárbara,

vulgarmente honey B, Samara e sua família pela hospitalidade e amizade. A Beatriz

e sua família por terem sidos hospitaleiros e maravilhosos, de coração singular. A

Rodrigo a quem dividimos longos anos acadêmicos.

A Diego por ter me ajudado em diversos momentos com trabalhos da faculdade

e em momento de desespero e choro. Que me ajudou até o último momento desse

trabalho.

Agradecer em especial as minhas tias Neci e Fátima, por ocuparem o lugar de

mãe e não de tias. Sem o amor materno de vocês, a compreensão e ajuda, talvez

não tivesse escrevendo e agradecendo.

E por último e não menos importante, as principais pessoas que gostaria de

dizer pessoalmente meu muito obrigado, porém devido à distância e transporte

nenhum pode me levar a elas, a minha mãe e a minha avó. Agradeço por terem sido

os exemplos de força, resistência e sabedoria que carrego comigo.

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Concluo este momento e deixo por escrito, agradecendo a todos que me ajudaram e

me motivaram de alguma forma.

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DEDICATÓRIA

Dedico às mulheres que me ajudaram a escrever as palavras da minha trajetória,

Minha mãe (In memorian) e a minha avó (in memorian).

Dedico às mulheres que sempre me apoiaram e acreditaram em mim, minha tia

Fátima (carinhosamente Fau) e a minha tia Neci.

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EPÍGRAFE

“A investigação do cenário atual é o que

leva a investigação do cenário futuro”.

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RESUMO

O objetivo desse trabalho é descrever a experiência dos sócios da Bagageiro Urb na

criação de um negócio de design dentro do ramo de ciclismo por meio do modelo de

empreendimento de startup incubada em instituição que se presta ao processo de

auxiliar esses novos empreendedores a adentrarem no mercado. Utilizando a

metodologia de estudo de caso, que se caracteriza por ser um estudo de caso único,

buscou-se por meio da abordagem fenomenológica, observar algumas

características contextuais sobre aspectos socioculturais e econômicos. A pesquisa

foi realizada através da etnografia, uma vez em que, a pesquisadora é uma das

sócias da statup, podendo relatar o caso de modo fidedigno, mesmo que não tão

imparcial como se espera, pois a startup ainda encontra-se, apesar de parada,

aberta. Como resultado, o estudo apresenta todos os pontos positivos e negativos

do case enquanto desenvolvimento de um negócio do tipo dentro da incubadora.

Esta síntese de experiências contribui para apontar as necessidades em

desenvolver mais estudos sobre startups de modo a minimizar as falhas

encontradas neste exemplo, bem como sugerir novos relatos que tragam casos de

sucesso real dentro deste contexto.

Palavras Chaves: Startup.Negócio de design. Empreendedorismo. Ciclismo.

incubadora.

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ABSTRACT

The objective of this work is to describe an experience of the products of Bagageiro

Urb in the creation of a business of design within the branch of cycling through the

model of entrepreneurship of incubated startup that lends itself to the process of

helping these new entrepreneurs to enter the market. Using a case study

methodology, which are characterized as a single case study, we sought to observe

some contextual characteristics about socio-cultural and economic aspects through

the phenomenological approach. A search was performed through one and one time

in which a search and one of the databases, being able to report the case in a

reliable way, even if not as unbiased as expected, since the startup still remains,

despite stop, open. As a result, the study shows all the positives and negatives of the

developing case of a business of the type within the incubator. This synthesis of

experiences contributes to pointing out as needs in developing further studies on

startups in order to minimize as failures found in this example, as well as to suggest

new reports that bring cases of real success within this context.

Key-words: Entrepreneurship. Design business. Startup. Incubator. cycling.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Três Marchas do Negócio de Design.......................................... 21

Figura 2 : Discurso Estratégico da Empresa InsectaShoes..................... 24

Figura 3: Logo da Bagageiro………..………………………………………… 43

Figura 4: Novo Logotipo………….……………………………………………. 48

Figura 5: Mochila, Capa de Chuva, Pochete feitas para a formação na

incubadora…………………………………………...........................................

50

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1. INTRODUÇÃO.......................................................................................................... 12

1.1 Problemas.............................................................................................................. 15

1.1.1 Problema de Prático........................................................................................... 15

1.1.1 Problema de Pesquisa....................................................................................... 15

1.2 Objetivos ............................................................................................................... 15

1.2.1 Obejtivos Geral................................................................................................... 15

1.2.2 Objetivos Específicos........................................................................................ 16

1.3 Objeto de Estudo................................................................................................... 16

1.4 Justificativa do Negócio....................................................................................... 16

2 .NEGÓCIOS DE DESIGN........................................................................................... 19

2.1 Design Estratégico................................................................................................ 22

2.2 Segmentação de Mercado - Acessório para Ciclistas Urbanos........................ 25

3. EMPREENDEDORISMO .......................................................................................... 28

3.1 Empreendedorismo de Palco............................................................................... 31

3.2 Startup.................................................................................................................... 33

3.3 Incubadora............................................................................................................. 35

4. MÉTODO DE PESQUISA E ANÁLISE..................................................................... 38

5. ESTUDO DE CASO "BAGAGEIRO URB"............................................................... 41

5.1 Idealização.............................................................................................................. 41

5.2 Incubadora............................................................................................................. 43

5.3 Incubação e Dificuldades Encontradas............................................................... 44

5.4 Pós Incubação: do sonho à realidade................................................................. 48

6. ANÁLISE GERAL DA EXPERIÊNCIA COMO UM TODO........................................ 51

6.1 O sonho não acabou e recentemente recebeu nova energia de vida..................... 53

7. CONCLUSÃO............................................................................................................ 55

REFERÊNCIAS ............................................................................................................ 60

APÊNDICE A - Questionário para saber a necessidade do mercado de ciclistas.......... 66

ANEXO A- Questionário para saber a necessidade do mercado de ciclista................... 69

ANEXO B- Resultado dos jovens designers.................................................................. 77

SUMÁRIO

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1. INTRODUÇÃO

De acordo com o Programa das Nações Unidas para Assentamentos Urbanos

(UN- Habitat, 2017) a população urbana mundial se multiplicou em cinco vezes mais

entre os aos de 1950 e 2011, ocasionando o crescimento das cidades,

ultrapassando o número de pessoas que moram no campo. Segundo a Organização

das Nações Unidas (ONU, 2017), há uma expectativa para que até 2030 haja o

êxodo de pessoas em todo o globo, deixando as zonas rurais para as zonas

urbanas, sendo o maior crescimento em países periféricos.

O processo de urbanização em países periféricos aconteceu de forma tardia e

desorganizada, por consequência da colonização e de um adiamento da

industrialização. A falta de industrialização, estrutura fundiária concentrada, falta de

apoio aos pequenos produtores e dos baixos salários, ocasionou o êxodo rural para

as grandes metrópoles, causando uma série de problemas sociais e urbanos.

Dentre os problemas sociais urbanos destaca-se a segregação urbana, que

marginaliza grupos sociais, mantendo-os afastados dos grandes centros,

ocasionado pela a especulação imobiliária que favorece o encarecimento dos locais

mais próximos ao centro e, à medida que ocorre o crescimento da cidade, áreas que

antes eram desvalorizadas passam a ter mais visibilidade, afastando mais a

população pobre da região central.

Como consequência, a população mais pobre vai sofrer com o distanciamento

entre os centros comerciais, precárias condições em transporte público,

infraestrutura, saneamento básico, e um elevado índice de violência. Diante dessa

realidade, no presente trabalho iremos discutir situações motivadas inicialmente pelo

problema de mobilidade urbana, que salienta ser um problema agravado pelo

montante de fatores citados anteriormente.

Segundo a UN Habitat (2017) a mobilidade é uma dinâmica fundamental da

urbanização. O crescente nível de mobilidade urbana no mundo todo, o acesso a

lugares, atividades e serviços tornou-se cada vez mais difícil. A distância entre

destinos funcionais tornou-se mais longa, levando a dependência de transportes

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motorizados particulares, acarretando um congestionamento e bloqueio de trânsito,

impactando a vida urbana, pessoal e social de uma cidade e pessoa.

A separação física de área residencial e área comercial força muitos residentes

urbanos há gastarem mais tempo e renda. De acordo com UN-Habitat (2017), uma

pessoa chega a gastar um terço da sua renda em transporte. Porém, existem

pessoas que não podem usufruir de transporte privado, tendo que recorrer aos

transportes públicos, sendo esses defasados, movidos por uma urbanização

mercantilista dos empresários de transporte público, que juntamente com o governo

decidem o quanto a passagem deve aumentar, não repassando esses valores para

melhoria do transporte público, deixando a população de baixa renda sem

alternativa.

De acordo com o Plano de Mobilidade por Bicicletas na Cidade (PMBC, 2007),

os espaços urbanos tornaram-se inadequados para comportar de maneira

harmônica a quantidade crescente de veículos motorizados, pessoas que realizam

suas atividades a pé e de bicicleta. Segundo DELIJAICOVIC (2017) da Universidade

de São Paulo (USP), mais de um terço das viagens no Brasil é feita a pé, por uma

população que não tem dinheiro para se locomover; essa minoria da população que

faz seu trajeto a pé, consegue uma alternativa para deslocamentos mais longos,

utilizando a bicicleta.

O reconhecimento dessa realidade denota a urgência da criação do processo e

ações voltadas para a transformação dos espaços urbanos. O planejamento urbano,

as políticas públicas e a sociedade são elementos fundamentais a serem

mobilizados para gerar interferências positivas na implementação dos processos de

transformação das cidades, segundo o Plano de Mobilidade por Bicicletas na Cidade

(2007).

Realizar atividades a pé tem seus benefícios para o ser humano, como a

prática de atividade física, porém, existem situações de longas distâncias em que o

indivíduo necessita de um meio de transporte, e a bicicleta ela encurta distâncias. A

bicicleta surge como essa alternativa para a população de baixa renda, sendo o

modal reconhecido legalmente como veículo não motorizado e meio de transporte

em 1988, sendo ainda vista por muito como objeto de lazer e como transporte para

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pobre. De acordo com a ABRACICLO (2017), das bicicletas vendidas no Brasil 50%

são compradas como meio de locomoção diária e 17% para recreação.

Nesse cenário, algumas empresas já começaram a pensar em soluções e

novos negócios para esse modal e, dentre elas, o modelo de empreendimento do

tipo Startup1 foi encontrado como forma de também contribuir para a melhoria da

mobilidade urbana, com ações de negócio que auxiliassem e até incentivassem o

uso da bicicleta como meio de transporte e não apenas como um artefato para a

prática de exercícios ou uso em cidades pequenas, mas nas grandes áreas urbanas

das capitais brasileiras.

Para tanto, a presente pesquisa se foca no empreendedorismo ligado ao modal

“bicicletas” para ciclistas urbanos e na descrição da criação ao desenvolvimento de

um negócio de design no modelo Startup incubada em um ambiente propício a isso

na cidade do Recife. Ou seja, aqui pretende-se relatar o caso da Startup Bagageiro

Urb, incubada na Teia da Moda e que surgiu com o intuito inicial de customização de

bicicletas com temas regionais, sendo este moldado e completamente reformulado

ao longo do tempo, pelos consultores da incubadora.

Da customização de bicicletas, os consultores da incubadora propuseram, até

de maneira um tanto impositiva, a mudança de missão da Bagageiro Urb,

redirecionando o negócio dessa para a criação e desenvolvimento de acessórios

para ciclistas urbanos. Além dessa grande mudança, os sócios da Bagageiro Urb

também não tinham a pretensão de iniciar um negócio de maneira grandiosa,

atendendo nem a grandes lojistas ou em grande quantidade a varejo, mas ter uma

aproximação maior com seu cliente e fazê-lo de maneira mais personalizada e em

pequena escala. Isso também não foi aceito pelos consultores da incubadora, o que,

em alguns aspectos, inviabilizou a realização de um sonho dos sócios da Bagageiro

Urb, não ser uma grande empresa e que vende produtos caros, mas ser uma

empresa que alcança seu público alvo e levar a ideologia do uso da bicicleta de

maneira corriqueira para atividades do dia a dia mesmo em centros urbanos, como

as cidades de Caruaru e Recife2.

1 Será conceituado e aprofundado na fundamentação teórica.

2 Grifo nosso.

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Assim, observou-se que esse modelo de empreendedorismo vendido

atualmente como um Deus ex machina3 e que deve manter o modelo capitalista

fortalecido pela industrialização ainda é imposto a quem busca apenas ter o seu

negócio, sem pretensões, ao menos por enquanto ou no início, de já ser grande.

Esse foi um dos principais obstáculos ao entendimento de ambas as partes, desde a

Bagageiro Urb que não desejava isso, aos consultores que só acreditam nesse

modelo.

Dessa foram, tem-se como problema prático o seguinte:

1.1Problemas

1.1.1Problema de Prático

A dificuldade e algumas decepções vivenciadas por jovens estudantes que

tentam empreender seus sonhos da maneira assertiva, assim como são propostos

os modelos de startups “vendidos como fórmulas prontas, eficazes e eficientes de

sucesso para todos”, ou seja, um modelo de empreendimento padronizado e

replicado em sequencia ao mais diversos negócios e situações, até mesmo a

culturas diversas.

1.1.2 Problema de Pesquisa

Quais as principais características e dificuldades encontradas no

desenvolvimento de um negócio/empreendimento nos moldes de uma startup

alocada em uma incubadora?

1.2 Objetivos

1.2.1 Objetivo Geral

Descrever a experiência dos sócios da Bagageiro Urb na criação de um

negócio de design dentro do ramo de ciclismo por meio do modelo de

empreendimento de startup incubada em instituição que se presta ao processo de

auxiliar esses novos empreendedores a adentrarem no mercado.

3 Deus nascido da máquina.

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1.2.2 Objetivos Específicos

- Definir o que seria e como se desenvolve um negócio de design;

- Compreender como o empreendedorismo funciona e é atualmente vendido nos

moldes de uma startup incubada;

- Demonstrar os fatores determinantes para sobrevivência ou mortalidade de uma

startup.

- Conhecer a Bageiro Urb enquanto startup voltada ao campo do ciclismo urbano e

que foi incubada na Teia da Moda;

- Apresentar os elementos teóricos de um negócio de design, empreendedorismo,

startup e incubadora, com os práticos vivenciados pela Bagageiro Urb, startup

incubada em uma instituição que se presta a essa prática na cidade do Recife.

1.3 Objeto de Estudo

Prático: A startup Bagageiro Urb

Teórico: O processo de empreendedorismo que está por trás do

desenvolvimento de uma startup incubada.

1.4 Justificativa do Negócio

O negócio escolhido surgiu essencialmente da necessidade da pesquisadora

em ter acessórios para sua locomoção diária, e suas diversas atividades na bicicleta.

Percebendo que alguns acessórios não possibilitavam um melhor deslocamento

enquanto estava na bicicleta. Foi elaborando maneiras de criar um acessório que

tivesse diversas funções que a possibilidade de criar um negócio foi sendo

elaborada.

A motivação pela criação de um empreendimento voltado aos ciclistas se deu

de maneira espontânea. Os sócios da Bagageiro Urb já eram praticantes do uso da

bicicleta como meio principal de locomoção tanto na cidade do Recife, bem como

em Caruaru, onde uma das sócias morou no período em que esteve a fazer o curso

de design na UFPE, campus Agreste. Da prática na utilização da bicicleta como

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meio de transporte, veio o amor e desejo de que mais pessoas se unissem a, enfim,

causa do transporte barato e não poluente que era a bicicleta. Assim, antes de se ter

então a Bagageiro Urb, os sócios da futura startup passaram a customizar bicicletas,

personalizando-as para clientes desde amadores da “bike” em si, bem como dos

também usuários diários da bicicleta.

Acreditar que essa era a solução para os muitos problemas de mobilidade

urbana, bem como de poluição do ar nas cidades, foram grandes motivadores para a

escolha desse tema pela atual pesquisadora. Dessa forma, a prática de andar de

bicicleta, trazia consequentemente à necessidade de uso de acessórios que

auxiliassem o “piloto” a se deslocar nela tendo maior conforto, possibilidades e

segurança. Ao mesmo tempo em que tudo se passava na Bagageiro Urb, foi criado

um programa de lazer elaborado pela prefeitura da cidade do Recife juntamente com

o Banco Itaú, que é a ciclofaixa4 de lazer aos domingos, fazendo da cidade um

grande parque para ciclistas experientes e novatos.

Vendo que o projeto de aluguel de bicicleta feito pelo banco facilitava e

incentivava as pessoas a andarem de bicicletas por pontos estratégicos dentro da

cidade e o fato também da pesquisadora ter uma bicicleta pessoal e andar para mais

lugares, independente de ser aos domingos, inclusive, até mesmo deslocamento de

casa para o trabalho entre tantos outros trajetos, a fez se interessar em abrir,

finalmente, um negócio nesse campo e por meio de um incentivo vindo de edital

para estímulo à criação de startups.

Notando que a mesma tornou-se parte do trânsito, pois tinha um meio de

transporte autônomo, surgiram necessidades específicas, a exemplo de uma bolsa

para as costas que fosse possível levar o máximo de objetos e que fosse compacta,

que em dias de chuva não sofresse problema de absorção a água e suor

danificando, desse modo, o material interno a mesma. Porém, essa mochila

precisava ser ao mesmo tempo confortável e, se ainda possível, que servisse de

sinalizadora para os transportes motorizados. Dessa primeira necessidade, algumas

outras foram surgindo, demonstrando a necessidade de um negócio de design

voltado a esse ramo.

4 A diferença de ciclofaixa para ciclovia é que a ciclofaixa é algo montado esporadicamente para a

segurança e divertimento de ciclistas. Já a ciclovia é uma sinalização permanente que separa a via exclusiva para ciclistas.

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A escolha de então propor um empreendimento ao edital de seleção de

startups para a Teia da Moda foi natural e consciente, uma vez em que se esperava

o apoio financeiro, de conteúdo com as inúmeras consultorias recebidas sobre

empreendedorismo e negócio, além de se obter um espaço para o funcionamento da

Bagageiro Urb.

A Teia da Moda foi fundamental para todo o processo, encorajando, ensinando

e guiando os passos dos sócios da Bagageiro Urb. Também optou-se por ela, uma

vez em que se localiza na cidade do Recife, facilitando as pesquisas, divulgação e

implementação do projeto.

Já a escolha da cidade do Recife se deu pelo fato de ter um trânsito

extremamente conturbado, geralmente com longos engarrafamentos nas principais

vias de acesso aos seus bairros que dificultam tais acessos e torna mais lento o

fluxo, além de encontrar-se com índices de gás poluentes relativamente altos pela

quantidade de automóveis motorizados (carros de passeio, ônibus, caminhões e

motos).

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2. NEGÓCIOS DE DESIGN

Negócios de Design é uma abordagem centrada no ser humano para inovação.

É a integração das práticas dos negócios aos métodos de design para ajudar

organizações a enfrentar desafios de inovação, através da criação de novos valores

e novas formas de vantagem competitiva. Identificando novas oportunidades para

atender as necessidades dos clientes, busca gerar soluções inovadoras e traduzir as

grandes ideias em estratégia de negócio. Segundo Fraser (2012), negócio de

design5 é uma nova maneira de pensar e trabalhar em conjunto, de modo a

aumentar a sensibilidade em relação ao mercado e desenvolver constantemente

oferta de valor.

A criação de um negócio de design tem que ser focado no fator humano. A

compreensão no outrem revela lacunas entre o que as pessoas precisam para

ficarem plenamente satisfeitas e o que está atualmente disponível a elas. Fraser

(2012 p. 12), diz que “Conectar-se com pessoas em um nível mais profundo e

autêntico dá sentido e propósito ao trabalho”. A conexão com pessoas gera

oportunidades e ideias para criação e exploração de novas possibilidades. A

renovação para o futuro por meio de uma nova experiência expande as

possibilidades de criar valor significativo e inovação centrada no ser humano.

A inovação é tida como avanço para uma empresa, pois é a transformação de

ideias em valor6. “Os fatores que impulsionam uma inovação bem sucedida são,

geralmente, humanos e sociais, tais como: clientes, influenciadores, consumidores e

partes interessadas” (FRASER, 2012, p. 6). O negócio de design é o diferencial para

empresas comprometidas em criar e fornecer cada vez mais valor aos clientes. O

design é sobre pessoas e como você as coloca no centro de seu negócio para

construir valor para elas e com elas; é o “projeto centrado nas pessoas”.

Já diz o design emocional segundo Norman (2004), conhecer bem os fatores

que levam alguém a consumir algo, os elementos emocionais envolvidos nessa

5A expressão original business design foi traduzida como design para negócios, no intuito de captar a

abrangência em dois âmbitos: 1) o design no negócio existente (redesign, produto, serviços ou marcas que já existem) e 2) e o design de novos processos (startups) ou negócio de design apresentado no livro Design de Negócios de Roger Martin (Campus/Elsevier,2010). 6 Valor, diferente do preço, é o que se percebe de características positivas agregadas ao artefato ou

negócio. O preço é quanto custa.

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relação e interação, são cruciais para dois fenômenos: o da compra em um primeiro

momento e o da constância no consumo, ou seja, da recompra. Assim, um negócio

de design precisa considerar tais fatores para prospectar clientes, bem como mantê-

los satisfeitos e consumindo o que o negócio em si oferece.

Corroborando com essa ideia, o primeiro aspecto para uma empresa que é

focada na inovação é utilizar a empatia pelos outros (usuário, stakeholders e

pessoas envolvidas) e total compreensão das pessoas e as suas necessidades. A

busca por conhecer o que é importante para outro de forma completa revela lacunas

e apresentam oportunidades para agregar valor à vida das pessoas. De acordo com

Fraser (2012),compreender o ser humano de forma mais completa implica

compreendê-los plenamente como indivíduos, independentemente do uso ou

consumo direto de seu produto ou serviço atual, criando, através desse

relacionamento, uma ampliação de perspectiva de valor de várias maneiras.

A busca de necessidades é uma fonte de combustível no processo de inovação

e um catalisador essencial na criação de valor que é gerado quando as

necessidades não satisfeitas passam a ser atendidas (FASCCIONI, 2006). A busca

de necessidade das pessoas para a empresa se torna uma oportunidade de grande

capacidade de sucesso.

O segundo aspecto para uma empresa é a experiência do cliente através de

ideias inovadoras que contribuam para um melhor conhecimento e exploração de

novas possibilidades e a buscar de ir além do campo vigente, imaginando nova

experiência além das habilidades atuais da empresa. A renovação de visão para o

futuro requer ir além do factível, refina a visão de possibilidades diferentes das que

os clientes valorizam. Essa prática renova a visão e satisfaz necessidades não

atendidas por meio da experiência e valor inovador centrado nas pessoas. Envolver

usuários e stakeholders no processo de feedback, dá a oportunidade de colher

informações importantes antes de comprometer os recursos e investimentos

significativos das empresas e que estas tenham condições de fazerem correções

durante o percurso.

O terceiro aspecto é a definição da estratégia de negócios, transforma uma boa

ideia em plano de ação pensado e planejado estrategicamente. A estratégia que a

empresa utilizar irá canaliza os esforços para geração de valor sustentável para o

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usuário final. Fraser (2012), diz que: Se o foco for inteiramente voltado para a

descoberta criativa, sem qualquer consideração de sobre como convertê-la em

estratégia vencedora, a criatividade será praticamente inútil. Se uma ideia não é

convertida em estratégia de negócio, ela não tem sentido de existir, pois a empresa

que é focada em inovação precisa ter ações claras voltadas para o sucesso7.

Figura 1: Três Marchas do Negócio de Design Fonte: Livro: Negócios de Design, p 2010

A prática do negócio de design pode ajudar a atingir objetivos de crescimento,

mostrando caminhos de onde jogar e como ganhar. Essa prática tem ajudado as

organizações a perceber os benefícios de uma compreensão mais profunda das

necessidades latentes e maior ênfase na criação e estratégias mais distintivas que

lhe deem uma clara vantagem competitiva.

7 Aparentemente o autor fala de modo contundente como se toda e qualquer empresa que seguir

esse plano vá conseguir o alcance do sucesso,porém é necessário considerar os aspectos contextuais de cada uma delas, tanto os internos, quantos os externos.

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2.1 Design Estratégico

O design estratégico é uma abordagem do design que implica na prática

focada em identificar oportunidades de modo a se antecipar a cenários e

comportamentos de consumo, além de estratégias empresariais voltadas à inovação

organizacional (BEZERRA, 2011). Ou seja, o estudo do design estratégico é a

análise do posicionamento da empresa com a adequação ou antecipação de

cenários mercadológicos e projetação do processo, bem como do projeto sobre o

significado, além da expressão da marca, produtos e/ou serviços, e uma boa

comunicação e experiência do consumo associada à marca (BRAGA, 2014). Implica

em dizer que o design estratégico é a elaboração de geração de BR22qüê e

definição de vantagens competitivas que visem ampliar as chances de sucesso de

uma empresa no mercado.

Contudo, cabe salientar que a própria atividade de design implica em utilizar o

raciocínio e postura estratégica frente a qualquer problema que o profissional venha

a solucionar, o que não quer dizer que essa postura esteja sempre interligada à

inovação, principalmente quando se fala em inovação radical. Ela pode vir, como já

foi citado antes neste mesmo documento, para solucionar um problema confuso

ainda para a organização, mas não necessariamente inovador (CABRAL, 2015).

Segundo Fraser (2012) a concepção de um sistema empresarial é o ato

supremo de criatividade, pois transforma uma boa BR22qü em plano de ação bem

pensando e planejado estrategicamente. Para desenvolvimento de estratégia é

preciso existir um futuro desejado ou uma intenção na qual se tem definido o que se

quer ser (visão), onde quer chegar (objetivos) e como se deseja ser reconhecido

(valores da organização). É o momento em que se define o valor da empresa e os

diversos questionamentos de como ganhar o mercado e ganhar dinheiro.

Uma empresa pode desenvolver a estratégia baseada em critérios formulados

através do uso de várias ferramentas para que ela se adéqüe melhorando perfil da

organização em si. Ou seja, para uma elaboração estratégica que esteja de acordo

com os parâmetros para alavancar uma instituição do estágio em que ela se

encontra e caminhar para a inovação, é preciso ter visão de médio e/ou longo prazo,

tomada de decisões, e seguir para a prática, onde, para cada elemento citado, existe

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e pode ser utilizadas, de acordo com a necessidade, ferramentas eficazes no campo

da estratégia e estas podem vir de áreas de conhecimento variadas, porém, que se

combinem entre si.

Para sabermos o que é inovador, precisa-se de alguns critérios que

demarquem e deixem mais claros, tanto para o usuário, quanto para as

organizações, o que define algo como inovador. Alguns desses critérios estão na

conquista de aceitação das BR23qüê pelo usuário. “Muitas organizações ainda

acham que tecnologia é sinônimo de inovação e que apenas investir nisso irá torná-

las mais inovadoras”(BEZERRA,2011, p.X, et seq.).

A tecnologia é algo que precisamos saber utiliza-la a favor da organização,

como meio para o desenvolvimento e não como finalizadora e propulsora da

inovação, pois, nem sempre, ela é imprescindível ou necessária à inovação

propriamente dita. Porém, de acordo com Braga (2014) e na contramão da

afirmação de Bezerra (op. Cit.),cada vez mais o conhecimento e a tecnologia

assumem papel estratégico no processo de desenvolvimento econômico e inovador.

Ou seja, o que se tem de conclusão desses dois posicionamentos é que é preciso

tornar tangível qual a real necessidade que o problema proposto requer, aplicando o

conhecimento estratégico na solução desse problema em si, voltando-se para

inovação tecnológica ou não, tal como uma inovação processual.

De acordo com Bezerra (2011, p.20), “para se diferenciar; se a diferenciação

tiver sucesso, ela trará atenção; se atenção tiver sucesso, trará aceitação; e se

houver aceitação trará futuro, sendo condenada a se diferenciar”. As diferenciações

precisam ser planejadas e com BR23qüência uma organização necessita planejar,

envolver a liderança, a cultura, os processos e, principalmente, as pessoas em uma

ação capaz de ajudá-la a entender melhor o presente e pensar o futuro para essa

diferenciação. De preferência, ter algo inerente na concepção do sistema que seja

exclusivo da empresa e difícil de ser copiado.

Segundo Lakatos, Irme (s/n apud Bezerra 2011, p 22) “mudança é o resultado

da tensão acumulada dentro uma unidade complexa”; isso ocorre quando uma

organização faz algo diferente em resposta à situação ou estímulo recebido e que

pode ser interno ou externo, ou de ambos os lados. Uma mudança pode acarretar

em uma inovação e vice e versa. Utilizando uma frase atribuída a Charles Darwin “o

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mais forte é aquele que está preparado para a mudança e mais adaptado, e não o

mais inteligente ou mais forte”. Muitas empresas pequenas ou iniciantes tornam-se

conhecidas quando entram no mercado pela sua visão e prática de fazer diferente

do que está sendo ofertado no mercado, algumas entram já adaptadas à mudança.

A exemplo tem-se a “InsectaShoes”, uma empresa do sul do Brasil que vende

em loja física e online “sapatos veganos”, uma marca que vende o estilo de vida dos

sócios. A empresa utiliza camisas que seriam descartadas ou de Brechó para serem

estampas dos sapatos que produz de modo atorná-los peças únicas; todos os

materiais que compõem o sapato são de origem natural ou de reutilização. No

contexto atual em que muitas marcas lançam coleções quatro vezes ao ano ou

quinzenalmente (lojas de departamento), existem marcas que estão indo contra essa

prática e lançando um novo estilo de vida e, consequentemente, de consumo.

Figura 2 : Discurso Estratégico da Empresa InsectaShoes

Fonte: insectashoes.com.br

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2.2 Segmentação de Mercado - Acessório para Ciclistas Urbanos

No campo da estratégia, mas já com o foco em ciclismo, esse tipo de

mobilidade urbana tem se tornado cada dia mais presente na vida de milhões de

brasileiros. A partir do momento em que a bicicleta começa a surgir como uma

alternativa na vida das pessoas em algumas capitais do país, o número de adeptos

a esse modal tem crescido. Em 2015 a Associação brasileira dos fabricantes de

motocicletas, ciclomotores, motonetas, bicicleta e similare (ABRACICLO, 2017)

apontou uma estimativa de 300 mil bicicletas durante a semana e 550 mil bicicletas

durante o final de semana só na cidade de São Paulo.

Pesquisas apontam que as cidades brasileiras estão com um aumento

significativo na utilização da bicicleta como meio de transporte. A Associação

Brasileira do Setor de Bicicletas (ALIANÇA BIKE, 2017), por exemplo, realizou

pesquisas cujos resultados demonstram que o Brasil apresenta grande destaque em

termos globais no segmento, com um consumo médio de 4,5 milhões de unidades

ao ano. Sendo assim, a frota nacional de bicicletas conta atualmente com mais de

80 milhões de unidades. De acordo com Associação Brasileira da indústria;

Comércio, Importação, Exportação de bicicletas, Peças e Acessórios (ABRADIBI,

2017), além do aumento na frota, o Brasil também é um dos maiores produtores

mundiais de bicicletas, com fabricação de cerca de 4,17 milhões de unidades em

2016, sendo a maior parte produzida na Zona Franca de Manaus (ZFM).

Fernandes8 (2015) vê na bicicleta um mercado em crescimento e que faz bem

para a economia das cidades a utilização desse modal com meio de transporte. O

mesmo enxerga no produto um meio de remodelar o sistema urbano de mobilidade

e um nicho de mercado em crescimento que veio para ficar. Com o trânsito de

veículos motorizados crescente nas cidades, tornando caótico o deslocamento nos

principais horários de movimento, as pessoas estão buscando um meio de

transporte mais eficiente em que possa diminuir o tempo nesse caótico trânsito,

cheio de congestionamentos, além de algumas pessoas ainda mais conscientes

sobre o assunto, também pensarem na poluição que os combustíveis trazem ao

meio ambiente e de que a prática de andar de bicicleta ser, além de tudo, um

método de se exercitarem. Assim, a bicicleta é escolhida de modo consciente como

8 Especialista em emprededorismo da revista Pequenas Empresas e Grandes Negócios.

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meio de transporte diário e, com essa mudança de hábito, cresce um segmento de

negócio: produtos e serviços relacionados à bicicleta.

Revenda de bikes, produção e distribuição de acessórios e serviços de

manutenção e customização são alguns dos negócios que estão surgindo e

crescendo com esse interesse da população pelo ciclismo. Segundo Fernandes

(2015), “O ideal é se especializar em um tipo de ciclismo ou, se quiser atingir um

público mais abrangente, conhecer bem a demanda de seus clientes e apresentar

soluções”.

O perfil de ciclismo que o presente estudo pretende alcançar é o dito: ciclismo

urbano, onde o público pede estilo e conforto. A Abraciclo (2017) afirma que a

bicicleta utilizada como mobilidade urbana inspira estilo de vida e atende pessoas

que buscam, além de um transporte alternativo, qualidade de vida e sustentabilidade

urbana. Esse perfil de ciclista utiliza a bicicleta como meio de transporte diário, indo

para faculdade, escola, trabalho, lazer, passeio, para boa parte das atividades de

sua vida utilizando esse modal, pois a mesma se torna uma filosofia e extensão do

seu eu.

A partir de números, 60% do faturamento de uma loja de bicicleta vende

produtos e serviços, de acordo com Paulo Serena da Aliança Bike (Associação

Brasileira do Setor de Bicicletas (ABSB, 2012). Ou seja, existe um mercado para

esse público de bicicleta urbana, que tem uma necessidade de acessórios mais

especializados para sua locomoção, pois, como o deslocamento é na maior parte do

tempo em trânsito e entre carros, motos, ônibus, etc., os produtos precisam servir

também como sinalização, ter impermeabilidade por conta da chuva e do suor e

resistência a peso. Esses são critérios apontados como alguns dos principais quanto

à utilidade para esse nicho mercadológico.

Em contrapartida o que se encontra em larga escala no mercado e com preços

distintos são apenas itens de segurança, tais como: capacete, luzes, refletivos, ou

itens de necessidade básica, tais como garrafas de água estilo squeeze. Se os

ciclistas que costumam usar a bicicleta para se locomover diariamente para

ambientes e situações como trabalho ou da escola para casa, por exemplo, estes

exigem certa dose também de ideologia, ou seja, ter um veículo de duas rodas como

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instrumento de trabalho exige produtos que supram essa lacuna tanto prática quanto

ideológica.

É perceptível que escolher a bicicleta como um modal envolve comunicar mais

que um meio de transporte, mas um estilo de vida. Desse modo, vê-se que é preciso

criar produtos que satisfaçam este tipo de usuário como um todo. Façam com que

ele se sinta completo e satisfeito, com um produto que atenda a todas as suas

necessidades, bem como os desejos, fazendo com que isso transpasse todo

pensamento dele enquanto “indivíduo ciclista urbano”.

O crescimento do uso urbano da bicicleta está ligado às condições de

utilização da bike no dia a dia, diz Paulo Serena (2017). Embora não se tenha

números precisos do setor, ele diz que principalmente nas grandes cidades, que

sofrem com o trânsito e a falta de mobilidade, nota-se um crescimento na demanda

por bicicletas. Dessa forma, criar acessórios desenvolvidos especialmente para

ciclistas ajuda a movimentar o mercado e ampliar a cultura pelo uso da bike, pois, ao

adquirir uma bicicleta, os ciclistas acabam levando algum outro produto, e depois,

com o tempo, voltam para comprar mais.

Mesmo com pouca literatura sobre o assunto, as informações encontradas

através de fontes sobre ciclismo e sobre utilização de bicicleta para a segmentação

de mercado, demonstram um espaço promissor e estratégico para o

desenvolvimento de um negócio de design para o segmento de acessórios para

mobilidade de ciclistas urbanos.

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3 EMPRENDEDORISMO

A origem da palavra empreendedorismo vem do francês “Entrepeuner” que

significa fazer algo ou empreender (CHIAVENATO, 2008). Definir

empreendedorismo não é simples, pois a área recebeu influência da sociologia,

antropologia, psicologia e economia, porém seu tema e seus desdobramentos têm

sido discutidos há anos e sendo mais valorizados na atualidade, alargando-se como

base pelo crescimento econômico e pela geração de emprego e renda que ocasiona

(OLIVEIRA, 2010).

Sendo considerado o motor de inovação, aumento de produtividade e melhoria

de modelos de negócio (COSTA et, al. 2012) o empreendedorismo atualmente é

visto como a “menina dos olhos” de muitas pessoas que, na falta de um emprego

com carteira assinada e um salário que supra suas necessidades, enveredam-se

pelo campo de criação de novos negócios, empresas ou consultorias sobre o tema.

Corroborando com tal ênfase, Dornelas (2008) afirma que estamos vivendo a

era do empreendedorismo.

O momento atual pode ser chamado de a era do empreendedorismo, pois são os empreendedores que estão eliminando as barreiras comerciais e culturais, encurtando distâncias, globalizando e renovando os conceitos econômicos, criando novas relações de trabalho e novos empregos, quebrando paradigmas e gerando riqueza para a sociedade (DORNELAS,

2008,p.6).

Schumpeter (1934) afirma que “o empreendedorismo tem sua origem no

liberalismo econômico, que defendia que a ação da economia era refletida pelas

forças do livre mercado e da concorrência” (apud CHIAVENATO, 2007, p. 5). Além

de receber influências da teoria dos traços da personalidade e da abordagem

behavorista, esta que se baseia no comportamento, através de definir a

personalidade do empreendedor (idem) o empreendedorismo capta de diversas

outras fontes, seu aparato teórico e prático.

Das indagações que norteiam os behavioristas, uma das principais era a de se

todo indivíduo nasce empreendedor?9, se o potencial empreendedor pode ser

9Grifo nosso.

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estimulado em um indivíduo, ou se o empreendedorismo pode ser ensinado (COSTA

et, al,. 2012). Porém, Drucker (1974) afirma que empreendedorismo não é arte e

nem ciência, é uma prática.

Na atualidade, a definição mais utilizada de empreendedorismo é a do

economista Joseph Schumpeter (1968 apud CHIAVENETO, 2007), que diz que “o

empreendedor é compreendido como um inovador que impulsiona o

desenvolvimento econômico por meio da reforma ou revolução padrão de produção”.

Para Chiaveneto (idem et seq.),a inovação é a função específica do

empreendedorismo e é por meio dela que o empreendedor cria novos recursos, pois

o empreendedorismo aborda a inovação em todos os âmbitos do negócio.

Schumpeter (1968 apud ibidem) acrescenta que o empreendedor destrói a ordem

econômica existente através da introdução de novos produtos, serviços, novas

formas de gestão, recursos, tecnologia e materiais, o que torna o empreendedor

essencial para a inovação e para fazer negócios onde quer que seja.

Segundo Dornelas (2008, et seq.) o empreendedorismo no Brasil decorreu-se

do movimento conhecido nos anos 1990. Por incentivo do governo, logo após o

processo de privatização de estatais e abertura do mercado interno, este passou a

dar subsídios para que trabalhadores contribuíssem na geração de emprego no

Brasil, por meio da criação de programas como “Brasil Empreendedor”, capacitando

mais de seis milhões de empreendedores. Também em ação conjunta com o

governo, outros programas de empreendedorismo foram criados, tais como: “Serviço

de Apoio a Micro e Pequenas Empresas” (SEBRAE), o “Softex” (Geração de novas

empresas de software, informação e serviço), o “Instituto e-cobra” que apoia

empreendedores pelo ponto.com devido ao acréscimo de empresas online, e as

mais recentes incubadoras de empresas no Brasil que totalizam 135 incubadoras no

país, apenas físicas (DORNELAS, 2008). Essas são algumas iniciativas que

facilitaram a possibilidade de abertura de novos negócios pelo empreendedor

brasileiro;além de hoje a disciplina empreendedorismo fazer parte da grade

curricular de diversos cursos em universidades, fazendo nascer o empreendedor

universitário (DORNELAS, 2008).

O empreendedorismo no Brasil vem sendo valorizado como uma das principais

bases do crescimento econômico e da geração de emprego e renda na atualidade

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(BARROS, 2000). Em meio à crise que o país vem enfrentando, muitos

desempregados, tornam-se empreendedores (op. cit) e,com esses novos

empreendedores em ação, o país alcança a taxa de empreendedorismo de 21%,

sendo a nação mais empreendedora que compõe o Brics (PEGN, 2016);

A preocupação com a criação das empresas duradouras e a necessidade de

diminuição das altas taxas de mortalidade, são os principais motivos de ser popular

o tema no Brasil (DORNELAS, 2008, p. 1). Em 1967 e 1970, o conceito de risco foi

introduzido por K. Night e Peter Drucker, em que uma pessoa empreendedora

precisa arriscar em algum negócio. Essa afirmação tem muito significado e

preocupação para o empreendedor brasileiro, pois em grande parte deles a ação de

empreender é feita de forma empírica, arriscando-se mais e tornando propício ao

fechamento do seu negócio (idem).

Em meio a essa informação [...] “fez se um esforço para identificar quem é o

indivíduo empreendedor, vinculando não apenas em sua função na sociedade, mas

ao seu posicionamento em relação ao risco resultante das oscilações de oferta e de

demanda (CATILLON, 2002 apud COSTA et al., 2012). Acreditava-se que o

empreendedor nascia predestinado ao sucesso do negócio, porém, muitos autores

definem características que podem influenciar o surgimento do empreendedor, tais

como: o empreendedor que é influenciado pelo meio em que vive; por influência

familiar, por formação, por necessidade, e por prática (OLIVEIRA, 2012;

DORNELAS, 2008. Desta maneira,o empreendedor passa a ser de fundamental

importância no processo de desenvolvimento econômico, pois ele se posiciona no

centro do negócio para equilibrá-lo, assumindo papel de intermediário entre

produtores e consumidores(COSTA, 2012).

Em outras palavras, os empreendedores são concebidos como indivíduos que

impulsionam a máquina capitalista, provendo novos bens de consumo e inovadores

métodos de produção e transporte, com a função de identificar oportunidades e

convertê-las em valores econômicos (COSTA et al., 2012). Com isso, o sucesso de

um empreendedor está no alcance de aprender a dominar as competências

adquiridas em cada estágio de evolução do seu sistema (OLIVEIRA et, al. 2012).

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3.1 Empreendedorismo de Palco

O estudo sobre o empreendedorismo e seu agente – o empreendedor, tornou a

ação de empreender lucrativa, assim como seu ensino e a busca pelo aprendizado

transformaram-se em uma ação igualmente capitalista. Segundo Costa et al., (2012)

a mercantilização da ideia e prática gerencias estão baseadas em modismo

gerencias, e, por outro lado,criou-se um leitor menos crítico. O processo ideológico

que tange o capitalismo é de receitas prontas, contribuindo para a homogeneização

de práticas e conceitos, assim como modelos de profissionais idealizados (idem).

Muitas vezes, o empreendedor é visto como um herói, capaz de desbravar caminhos

e descobrir oportunidade onde ninguém mais conseguiu enxergar, apenas em sua

capacidade de acreditar em si mesmo.

O empreendedorismo de palco está envolvido nessa visão distorcida de

empreender, pois é o empreendedorismo de palestras motivacionais, baseadas em

clichês como: “lute pelos seus sonhos”, “você vai chegar lá”, “acredite em você”,

essa modalidade atrai o público que ainda não tive a experiência profunda e prática,

no dia a dia, com o empreendedorismo, fazendo com que se tenha uma ideia

equivocada, estimulando pessoas a adentrarem em um mercado sem que estas

tenham a devida experiência e tornando-as difíceis estatísticas de falência

empresarial, com resultados frustrantes e prejudiciais para o cenário empreendedor

(DIAS, 2017).

Micklethwait e Wooldridge (1998) a disseminação do empreendedorismo

atualmente é visto por “indústria do management” ou “teoria da administração” (apud

COSTA et, al., 2012), que alimentam o imaginário social através de empresas de

consultorias e “gurus”, por meio da imagem criada de pessoas sempre bem

sucedidas, poderosas através de conteúdo capitalista. A imagem, geralmente vem

construída de arquétipos do ser: ocidental, branco, masculino, heterossexual, euro-

norte-americano, tido como padrão de sucesso e copiado pelos demais (SARAIVA,

2011).

Segundo Ícaro de Carvalho (2017) do site “o novo mercado”, aqui no Brasil o

empreendedorismo de palco, ganha força na dificuldade de se conseguir um

emprego de carteira assinada e salário digno às necessidades, sequer, básicas.

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Porém, ao vender essa imagem de que todo mundo pode e consegue empreender

com a pouca ou nenhuma experiência sobre os parâmetros que regem a abertura e

manutenção de uma empresa, se esquece de falar sobre as dificuldades

encontradas em empreender em um país onde existem diversas barreiras, e esses

novos empresários com o ânimo fraquejado voltam a se consultar com essas

mesmas pessoas (empreendedores de palco, que, muitas vezes, nunca tiveram sua

empresa) e entram no powerminds oferecidos por eles.

Costa et al., (2012) afirma que esse tipo de atividade vem crescendo e

tomando capas e matérias de revistas, dissociando a atividade empreendedora dos

negócios, da contínua persistência em conseguir elevar sua empresa ao simples

discurso emocional. O autor ainda “aponta para o fato de a indústria do management

vincular-se à mídia de massa para difundir uma visão de mundo particular,

edificando ideias, comportamentos, projetos econômicos e políticos”. A participação

da mídia em corroborar com esses pressupostos é por um motivo convergente de

interesses.

[...] os veículos de comunicação de massa, constituem uma fonte importante para a construção da identidade do individuo e suas interações sociais; com isso as histórias de sucesso, as biografias de celebridades, as receitas para melhorar o desempenho apresentam-se fundamentais para gerar uma ilusória, e pretendida sensação de conforto. Pois respondem a ansiedade e inseguranças dos leitores por intermédio de receitas prontas, fórmulas

gerencias mágicas e modismos”(idem).

Costa et al, (ibidem) diz que existe um silêncio acerca da ordem política e

econômica internacional do papel atribuído aos EUA como propagador do

empreendedorismo de palco no mundo, tendo por sugestão que seu modelo seja

replicado aos demais países, porém não se fala dos problemas que possa advir

desse modelo abrangente e que foi criado para atender as necessidades e

características de um contexto sócio, cultural e econômico bem diferentes das

demais localidades para onde é vendido.

É necessário que essa forma seja discutida para que não se repita a releitura

do empreendedorismo americano aos países de contextos tão diversos, como

ocorreu com Destino Manifesto – Crença de que o povo americano foi eleito por

Deus para comandar o mundo no século XIX. Através de seus exemplos de

sucesso, como Bil Gates, Steves Jobs, e tantos outros, onde empreendedores são

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celebrados como heróis, com suas histórias de conquistas e suas trajetórias de

realizações atribuídas a características replicáveis, capazes de promover resultados

que podem expressar sucesso empresarial a qualquer um.

Ou seja, havendo ambição, autoconfiança, dinamismo e intuição, cada um

pode ser um empreendedor de sucesso, padrões que ao serem replicados por

indivíduos comuns, acabam extirpando com muitos sonhos e diminuindo a

capacidade de autoconfiança do indivíduo de que ele é capaz, uma vez em que,

mesmo aplicando todos os ensinamentos desses empreendedores de palco, ele veio

a falhar. Fica então algumas perguntas na mente dessas pessoas: Onde eu errei?

Será que eu não sou capaz de empreender? Será que estarei sempre fadado ao

fracasso? Todas perguntas que denigrem o emocional e a força de vontade de

muitos sonhadores e possíveis reais empreendedores, mas não nesse padrão.

3.2 Startup

A palavra “startup” significa “começo” em uma tradução informal. A startup é

nova forma de criar uma empresa. Como já apresentado antes, empresa funciona

para movimentar o sistema econômico e que essa atividade denominada

empreendedorismo permite a criação de novos negócios de serviços e/ou produtos,

novos métodos de produção, modelos de empresas e novos mercados.

O surgimento da palavra startup, assim como a prática, surgiu nos anos 90

com o estouro da bolha “ponto-com”, entre 1996 e 2001, através do que os

especialistas chamam de geração y, a geração que nasceu conectada, com uma

consciência mais elevada, preocupada com a sustentabilidade e a forma de

consumo (PERIN, 2012).

Eles usam a internet como meio de expandir e testar as suas ideias, atingindo

milhões de pessoas no mundo todo (idem, et seq.).Tudo está em suas mãos à

distância de apenas um click. Conseguem comprar coisas, pagar contas, pedir

comida pelo computador ou celular e, assim, vivem a facilidade da era conectada. É

uma geração que assume riscos, para atingir seus objetivos, porque acredita que

sua ideia pode acontecer [...] não busca a estabilidade, mas sim o prazer. Eles estão

de olho nos grandes problemas do mundo, nos incômodos da sociedade. Ou seja,

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assim como esses jovens que nasceram para mudar a forma como as coisas

funcionavam, as startups iniciadas por jovens, mas que podem ser aderidas por

qualquer pessoa em qualquer idade, vieram para mudar a forma de empreender na

sociedade.

De acordo do Eric Ries10 (2012), “uma startup é uma instituição desenhada

para criar um novo produto ou serviço sob condições de incertezas e tem a inovação

como centro de suas operações, através de um modelo de negócio repetível e

escalável”. Além da definição de Ries, Perin (2012, p. 16) afirma que “startups são

negócios de alto risco, que validam, aprimoram e evoluem rapidamente seus

modelos de negócio sustentáveis até vencerem ou não as incertezas do mercado”.

Sobre ser repetível, é ser capaz de entregar o mesmo produto novamente em

escala ilimitada, sem mudanças para diferentes clientes. Perin (ibidem) diz que ser

repetível também é a capacidade de que a ideia seja facilmente copiada e levada

para outros países, estados e regiões ou poder usar uma tecnologia que possa ser

usada em outro setor. O fator escalável é outra das características importantes de

uma startup, o que busca fazer com que mais pessoas queiram comprar o produto

e/ou usar o serviço.

Moreira (2016) diz que ser escalável é o crescimento da empresa, sem

influenciar no modelo de negócios; crescer em receita, mas com custos baixos. As

características citadas definem o que é uma startup e quanto uma das principais

diferenças entre as startups e empresas convencionais está a execução de um

modelo de negócio definido. “Empresas grandes executam modelos de negócios;

startups buscam modelo de negócio” (PERIN, 2012).

Alguns exemplos de startup são os aplicativos: Easy taxi e 99taxis11. Eles

tinham um problema a resolver: facilitar aos usuários de táxis o chamado de um

taxista de modo rápido e com comodidade, sendo eficiente e eficaz. A percepção

sobre o quesito comodidade foi um dos principais pontos estratégicos visualizados

pelos seus criadores, fazendo algo que pudesse ser acessado pelo celular, além da

segurança pelo registro das informações do passageiro e do taxista. Os aplicativos

ainda sugerem rotas, através de indicação de lugares próximos ao passageiro para

10

Um dos Expoentes no assunto. (PERIN, Bruno. A revolução das Startups – O novo mundo de empreendedorismo de alto impacto) 11

Atualmente 99 pop.

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se alimentar, assim eles ganham comissão de restaurantes e bares, gerando, desse

modo, uma nova forma de lucrar.

Esse modelo também pode ser levado aos usuários de mototaxi e a outros

países, estados, etc., tornando-o repetível. O que torna o aplicativo escalável seria a

quantidade de usuários que iriam aderir ao aplicativo, tanto passageiros, quanto

taxistas. E a incerteza do mercado pode-se elencar ao crescimento de indivíduos

que estão cada vez mais adquirindo seus automóveis próprios.

Por ter seu começo com a era tecnológica, acredita-se muito que as startups

estão e são apenas aquelas ligadas à tecnologia e à internet. Na realidade, elas são

mais frequentes na internet por ser um ambiente mais barato e pela expansão ser

rápida, fácil e a venda ser repetível (MOREIRA, 2016). De acordo com Perin (2016)

existem empresas que começam fora e depois migram para web. Moreira (op. cit.)

diz que desde que seja comprovado ter um negócio repetível e escalável, ela será

uma startup, independente de seu espaço.

Por mais que a startup tenha seu início na internet e esse seja um espaço de

menor custo, a startup precisa de investimentos até validar seu modelo de negócios

e gerar receitas, assim como qualquer empresa; também entende-se que sem

capital de risco é difícil encontrar o modelo de negócio, fazer o MVP (Mínimo

Produto Viável) e testar a validação com o cliente para, assim, corrigir os erros.

Quando se chega a essa fase, é feita a validação do modelo e a receita, geralmente,

já está começando a crescer. É quando serão feitos novos investimentos para que

ela se torne escalável e passe a ser uma empresa lucrativa. Se essas fases não se

concretizarem, a startup precisa se reinventar ou sofrerá uma falência ainda muito

cedo (idem).

3.3 Incubadora

Com o potencial transformador da combinação de Empreendedorismo e

Inovação, têm-se o expressivo número de empresas que nascem e crescem no

Brasil ou que se preparam para entrar no mercado, como as startups. A partir dessa

realidade, nasce um sistema de suporte aos empreendedores que se chama

“incubadoras”. Estas existem para dar suporte a empreendedores e empresas

nascentes através do fornecimento de serviços que agreguem valor aos negócios

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das empresas, como consultorias financeiras, de estudo e definição de mercado,

oportunidades e estratégias diversas (DORNELAS, 2002).

De acordo com a Associação Nacional de Entidades Promotoras de

Empreendimentos Inovadores (2017), o termo incubadora teve sua origem em 1950

em Nova York com a proliferação dos parques tecnológicos dos Estados Unidos,

sendo o mais famoso, o de Palo Alto - Califórnia, conhecido como Vale do Silício. A

primeira incubadora foi criada após o fechamento da fábrica Mansey Fergunson,

deixando um número expressivo de desempregados, o que levou seu novo

proprietário a sublocar o prédio para pequenas empresas iniciantes.

ANPROTEC (2017), as incubadoras servem para amparar o estágio inicial de

empresas nascentes que se enquadram em determinadas áreas de negócios;

podendo ser definida como um ambiente flexível e encorajador no quão são

oferecidos facilidade para o surgimento e o crescimento de novos empreendimentos.

Incubadora é um mecanismo que estimula a criação e o desenvolvimento de micro e pequenas empresas industriais ou de prestação de serviços, de base tecnológica ou de manufaturas leves por meio da formação complementar do empreendedor em seus aspectos técnicos e gerenciais e que, além disso, facilita e agiliza o processo de inovação tecnológica nas micro e pequenas empresas (MCT, 1998).

As incubadoras têm como principal objetivo, produzir empresas de sucesso, em

constante desenvolvimento, financeiramente viáveis e competitivas em seu

mercado, mesmo após deixarem a incubação (DORNELAS, 2012, p. 13). Lalkaka e

Bishop (1996 apud Dornelas, 2002) definem incubadoras de empresas como um

ambiente de trabalho controlado, criando um clima cooperativo para treinamento,

suporte e desenvolvimento de pequenas empresas e empreendedores.

Para Nadas et al.(1991 apud idem), uma incubadora deve fornecer uma

estrutura compartilhada a seus incubados, com suporte administrativo centralizado,

oferecendo gestão técnica e empresarial, organizacional, serviços compartilhados,

laboratórios, telefone, internet, segurança, correio, luz, água e toda a área física

(DORNELAS, 2002).

No Brasil, o surgimento de incubadora aconteceu nos anos 80 quando o então

diretor do CNPq Lynaldo Cavalcanti lançou o Parqtec, a primeira incubadora de

empresas no Brasil, sendo quatro empresas instaladas cada uma em quatro regiões

do país; uma no estado de São Paulo, outra na Paraíba, outra em Florianópolis e

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outra no Rio de Janeiro (ANPROTEC, 2017). De acordo com o estudo realizado pela

Anprotec e o Sebrae (2017), em 2016, o Brasil teve 369 incubadoras em operação,

que abrigaram ou ainda abrigam 2.310 empresas incubadas e 2. 815 empresas

graduadas, gerando 53.280 postos de trabalho, tendo o faturamento ultrapassando

os 15 bilhões.

O portal internacional Techrunch apontou o Brasil como uma região aquecida

para o mercado de startups de tecnologia, sendo o país líder em investimento e

potencial crescimento (RIBEIRO et al., 2015). Segundo Dornelas (2002) as

incubadoras ficaram conhecidas por serem de base tecnológica, mas podem ser de

três tipos diferentes como: Incubadora de empresa de base tecnológica (pesquisas

aplicadas e tecnologia representa alto valor agregado), Incubadoras de empresa de

setores tradicionais (comprometidas em absorver e desenvolver novas tecnologias),

incubadora de empresa mista (abriga as duas).

Nos Estados Unidos de acordo com Meeder (1993 apud DORNELAS, 2002)

três razões guiaram o surgimento de incubadoras americanas em 1970: a primeira

encontrar novas utilidades para prédios antigos e abandonados; a segunda, fundos

provenientes da fundação nacional da ciência de apoio ao empreendedorismo e à

inovação nas universidades americanas; a terceira de iniciativas de empreendedores

e grupos de investidores para compartilhar suas experiências a novas empresas em

um ambiente propício. Acrescentando esses três fatores existem outros que estão

atrelados aos investidores público ou privado, o aumento da população de pequenas

empresas de alta tecnologia, vistas como fonte na geração de empregos (RIBEIRO,

2015).

De acordo com Dee et. al. (2011) apud Ribeiro (2015), em 2005 as incubadoras

americanas auxiliaram mais de 27 mil startups que promoveram emprego a mais de

100.000 funcionários, gerando uma receita de 17 bilhões de dólares. As incubadoras

da União Européia em 2011 registraram 40.000 novos empregos por ano. Assim,

uma incubadora de empresas é um mecanismo – mantido por entidades

governamentais, universidades e grupos comunitários (DORNELAS, 2002), que

desenvolvem empresas e essas empresas desenvolvem empregos.

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4 MÉTODOS DE PESQUISA E ANÁLISE

Essa pesquisa se configura por ser de natureza analítica, descritiva, uma vez em

que procura, por meio da compreensão do referencial teórico visto através de um

estudo de caso, assim como propõe Yin (2005), de modo a relatar o que da teoria

funcionou no caso em si e o que não coube ou não se conseguiu aplicar para a

realidade encontrada.

Seu método de abordagem se deu sob a ótica da fenomenologia (MARTINS e

THEÓPHILO, 2010), ou seja, a criação de um empreendimento, motivado pela

observação das mudanças socioculturais e econômicas que estão sendo

intensificadas pelo desejo e necessidade atual de se garantir uma renda em um país

que passa por grave crise econômica. A esse fenômeno, encontrou-se como

redução eidética, o empreendedorismo em si. Ele também tem se fortalecido, em

meio a tantos outros fatores, pelo momento que também pede por transformações

significativas do presente no quesito sustentabilidade, ou seja, tentando abarcar

ideias que viabilizem um desenvolvimento embasado na sustentabilidade, assim

como prediz Manzini e Vezzole, (2008).

A pesquisa então descreve o caso de forma etnográfica, em que a pesquisadora

faz parte da própria pesquisa enquanto sujeito ativo, partindo da premissa de

apresentar como se deu a tentativa de empreender uma startup no modelo de

incubação em uma instituição que se presta a isto na cidade do Recife. Enquanto

observação foi necessário se debruçar sobre diversos fenômenos importantes à

compreensão teórica do tema e manutenção do empreendimento, tais como: o

próprio fenômeno do empreendedorismo; o modelo de um negócio de design; o que

seria e como se configura uma startup; e o que é uma incubadora e como esta se

conforma em auxílio as startups de diversos nichos mercadológicos.

Outro elemento primordial à compreensão do caso e que surgiu de modo um

tanto inusitado no decorrer da elaboração, tanto do empreendimento da startup em

questão quanto deste estudo, foi a prática muito comum atualmente nesse meio que

o empreendedorismo de palco12. Sua importância se revela pela grande influência,

muitas vezes negativa, sob pessoas que buscam enveredar-se nesse universo do

12

Este termo já foi conceituado e explicado na fundamentação teórica, item 2.1.

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mundo dos negócios, mas que terminam por serem enganadas com ideias

padronizadas e que não cabem, muitas vezes, as suas realidades, culturas e capital

financeiro.

A Bagageiro Urb foi escolhida como case pelo fato da pesquisadora ser a sócio

fundadora da Startup e que, inicialmente, teve como missão e visão, formas

diferentes das estipuladas e incentivadas pela incubadora de Recife, se vendo

compelida a mudar todo seu plano de negócio e os sonhos dos próprios sócios (2 ao

todo).

O processo de descrição do caso iniciou como um case que, até então,

acreditava-se ser de sucesso nesse universo. Porém, com o passar do tempo, as

coisas não foram caminhando para essa realidade e, após muitos problemas, a

pesquisa precisou tomar um novo rumo, apresentando o case de maneira real, com

o mínimo de “filtros” que não condissessem com a vivência um tanto indesejada

pelos sócios da Bagageiro Urb.

Quanto aos métodos de procedimento, pode-se citar os seguintes:

- Etnográfico: O método etnográfico parte da premissa de que o pesquisador e

observante da realidade a ser descrita, necessariamente seja componente ou

se faça ser componente do grupo social estudado, por meio de formas de sua

inserção, o máximo quanto possível, integral ao grupo investigado (MARTINS

e THEÓPHILO, 2010). Possui a característica de requerer grande13

imparcialidade em sua descrição, apesar de fazer parte da realidade do grupo

social investigado, evitando ao máximo quanto possível, qualquer juízo de

valor por parte do pesquisador. Contudo, cabe salientar que, por mais

etnográfica que esta seja, foi importante relatar os fatos ipsis litteris para

melhor compreensão do leitor sobre o fenômeno empreendedorismo e

empreendedorismo de palco, além dos modelos de incubação encontrados na

região.

13

Não se fala em imparcialidade total, anseio de muitos pesquisadores, principalmente da área da

antropologia, uma vez em que, com a descoberta de que nada e nem ninguém consegue se portar normalmente diante de qualquer tipo de observação e de que nenhum pesquisador se despe completamente de seus princípios, valores e cultura ao observar um fenômeno, logo, este nunca poderá ser descrito de maneira totalmente neutra, isenta de intervenções ao grupo social ou de descrições igualmente isentas de conceitos pré concebidos.

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40

- Funcionalista: A rigor, este método é essencialmente voltado à interpretação

das funções de partes que compõem o todo (MARCONI e LAKATOS, 2010, p.

92), ou seja, se for uma empresa, por exemplo, as partes seriam cada um dos

setores e grupos, internos e/ou externos, que a estruturam e dão sentido a

sua existência, à medida em que a modelam de acordo com suas

características e funções específicas. Já o todo seria a própria empresa,

conformada pela complexidade das redes interacionais dos setores e grupos

nela existentes. Neste estudo, esse método se aplica na medida em que se

trata da criação de um empreendimento, cujos elementos de composição,

necessitam ser compreendidos tanto separadamente, quanto em interação

entre si, de modo a estabelecer, diante da pesquisa, as funções e correlações

de rede para composição do todo, qual seja: uma empresa voltada à criação

e comercialização de acessórios para ciclistas urbanos.

As técnicas de coleta de informações utilizadas foram a observação participante,

pesquisa documental por meio de registros feitos pela própria startup no decorrer de

sua existência, relato verbal dos fundadores do empreendimento e e fotoetnografia.

Para a análise do caso, fez-se um cruzamento entre as informações obtidas na

fundamentação teórica, com a realidade encontrada na coleta de dados in loco.

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41

5 ESTUDO DECASO “BAGAGEIRO URB”

Aqui, o estudo de caso será descrito de maneira franca, passando pelos

estágios do glamour inicial em se ter uma startup incubada em um grande projeto de

empreendedorismo, até as dificuldades e realidade enfrentadas pelos integrantes da

Bagageiro Urb no decorrer e pós processo de incubação.

5.1 Idealização

A Bagageiro urb antes de receber esse nome foi idealizada como “Bagageiro

de Chita”, pois remetia a uma proposta inicial de se trabalhar com referências

nordestinas, utilizando tecidos de chita, processo manual de estamparia como a

serigrafia para customização e personalização de bicicletas e criação de ecobags. A

proposta de trabalhar características nordestinas no universo da bicicleta tinha o

propósito de unir dois universos distintos, trabalho ainda não visto como sendo um

processo de design. A proposta de ser a “Bagageiro de Chita” era de poder trabalhar

num processo semi manual e, ao mesmo tempo, semi industrial, onde a

customização de bicicletas seria feita de forma mais gradual, conforme os recursos

financeiros dos idealizadores e a capacidade dos mesmo em poder produzir os

artefatos, além de dar maior possibilidade de quem encomendasse tal

customização, também a recebesse de acordo com os seus desejos aliados a sua

capacidade econômica.

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42

Figura 3: Logo da Bagageiro

Fonte: autoria própria, 2016.

A Bagageiro de Chita foi desenvolvida para ser uma marca não apenas para

criação de acessórios de bicicletas e para bicicletas, assim como para o ciclista, mas

tinha na customização seu principal foco, desejando que essa atividade pudesse

ressignificar ideologicamente o objeto bicicleta no meio urbano, através do

imaginário e simbolismo do usuário.

Na época em que foi pensada, a Bagageiro de Chita iria funcionar na e para a

cidade de Caruaru. Assim, e de forma mais próxima ao usuário, a bagageiro de

chita, buscava misturar o regionalismo da cidade de Caruaru, onde uma das sócias

residia com a cultura da bicicleta, através de desenvolvimentos de produtos e

customização de bicicletas. Porém, devido à incubação a Bagageiro de Chita na

Teia da Moda na cidade do Recife, esse fato deu espaço a uma nova marca,

transformando-se em Bagageiro Urb e tendo como missão, não mais a

customização de bicicletas com elementos regionais do Nordeste, mas a criação de

acessórios para ciclistas urbanos.

A marca Bagageiro de Chita tornou-se uma startup quando começou a fazer

parte da incubadora Teia da Moda, devido a diversas mudanças dentro da marca,

que ela passou a ter novas características, tornando-se Bagageiro Urb. A startup

passou a entender e querer atender uma necessidade do mercado existente. A

Bagageiro Urb, passou a atender que existe pessoas que usam a bicicleta como

modal de transporte, os que eles dizem “Atletas Urbanos”, pessoas que se

locomovem diariamente para trabalhos, escolas, universidades, lazer, esporte, de

forma mais integrada com o ambiente urbano.

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Assim como a “bagageiro de chita” iniciou suas atividades com duas pessoas,

a “bagageiro urb” continuou com o mesmos membros, da necessidade de integração

dos membros com o trânsito através do modal bicicleta.

5.2 Incubadora

No tempo de idealização e criação do negócio, surgiu a oportunidade de ser

incubada na Teia Moda14, incubadora localizada na cidade do Recife e voltada para

empreendimentos do ramo da moda. Fundada em 2012, a Teia da Moda (Projeto de

Moda Pernambuco Criativo, é executado a partir de convênio). A Teia da Moda é

uma incubadora de empresas e projetos da Indústria da Moda, que tem como

atividade final o design nos seguintes segmentos: vestuário, acessórios, têxteis e

ambientes.

Funciona como uma escola de formação de estilistas e designers de moda

voltada à profissionalização que vai desde a transferência de conhecimentos sobre

empreendedorismo a criação do negócio final, oferecendo suporte técnico, gerencial

e formação complementar aos empreendedores, tas como: escritórios com custo

baixo, ambientes e estrutura de equipamentos compartilhados; acesso a uma rede

de especialistas em marketing, planejamento, contabilidade, assessoria para

elaboração do plano de negócio das empresas; consultoria financeira e de

marketing; consultoria jurídica, de planejamento de recursos humanos, entre outros,

de acordo com a necessidade das empresas incubadas; acesso à informação

tecnológica; cursos e treinamentos.

O objetivo da Incubadora tinha em contemplar projetos de características

social, ambiental e econômica. O projeto incubado na Teia Moda estava no

segmento de “Criação e Desenvolvimento de Produtos”, com características de

Design, Modelagem e Prototipagem; seguindo critérios balizadores de inovação e

universalização do design de produto a partir do embasamento cultural regional. O

programa de incubação foi dividido em três fases: Pré-incubação, incubação e

empresa incubada ativa. Sendo essas fases divididas em quatro áreas: Gestão

14

O nome da incubadorafoimodificado para protegersuaidentidade.

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44

Empresarial, Desenvolvimento de Produto, Tecnologia da Produção e Marketing,e

Comercialização.

A primeira fase do projeto de incubação, chamada de Pré-Incubação,

corresponde a fase do design do negócio onde os projetos selecionados se

encontravam na fase preliminar de modelo de negócio. Esse estágio seria

deprofunda imersão, tendo capacitação para o design e validação do modelo de

negócio15.

A segunda fase, chamada de Incubação, envolvia a fase de desenvolvimento

dos produtos e a validação da estratégia de mercado. Nessa fase deveria estar

intensificado o contato do negócio com o mercado, e a entrada da empresa no

mercado alvo.

A terceira fase e a última do processo de incubação, o modelo de negócio já

deveria estar validado e a empresa deveria ter uma estratégia para atrair clientes de

modo escalável, ou seja, tendo que atrair demanda conforme a estratégia de

mercado definida pelo empreendimento e a implementação de instrumentos de

sustentabilidade do negócio.

5.3 Incubação e Dificuldades Encontradas

O processo de pré-incubação foi montado paraas startups iniciantes terem

conhecimento e preparo dos requisitos básicos de como montar suas empresas,

tendo abordagem na área de gestão empresarial que contempla a gestão da

empresa e de seus funcionários, vendas, marketing, entre outros, através de cursos

e palestras. Cabe salientar que, nesse projeto de incubação, 45 startups se

lançaram ao empreendedorismo, contudo, apenas 16 chegaram à última etapa, qual

seja: o desfile com os produtos finalizados e em fase de protótipos refinados.

Entretanto Isto não quer dizer que, dessas 16, todas tiveram êxito no mercado ou da

forma que se esperava. Isso é necessário expor, para demonstrar o quão difícil é o

processo de empreendedorismo para as empresas principiantes, haja vista que,

mesmo para empresas mais antigas e maiores, o mercado brasileiro atual não se

15

“É a forma como uma empresa cria, entrega e captura valor”, Sebrae Nacional, 2016.

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mostra nada fácil de trabalhar, como bem retrata os dados que o (IBGE, 2017) tem

divulgado frequentemente.

Outro fator relevante para justificar a continuidade dessas 16 startups, é o fato

de que, nenhuma delas, dependia apenas do processo de incubação para que seus

sócios pudessem sobreviver financeiramente.

Porém, voltando agora às etapas do processo de incubação ao modelo

utilizado pela Tece e Trama Moda, essa fase de conhecimento foi importante, pois

os envolvidos aprofundaram e conheceram estratégias voltadas a auxiliar tanto na

entrada, bem como em manter-se no mercado e, principalmente, como elaborar o

modelo e plano de negócio.

Cabe salientar que a Bagageiro encontrou grande dificuldade nessa fase ao

tentar aplicar o conhecimento adquirido em seu segmento,pois os cursos eram

bastante direcionados a quem tinha empresas já construídas e precisavam apenas

melhorar seus negócios para obter um maior sucesso. Deparou-se, então, com a

falta de entendimento sobre como aplicar essa fase ao início das atividades desta

startup, implicando no não acompanhamento adequado para a construção de cada

etapa descrita.

A segunda fase chamada de Incubação, Fo ia fase em que tivemos consultoria

de desenvolvimento de produtos e construção do modelo de negócio, uma estrutura

mutável com o objetivo de esclarecer questões fundamentais para a sustentabilidade

da empresa como: o perfil do cliente, estrutura de relacionamento como cliente,

canais de entrega, atividades chaves, recursos chaves, estrutura de custo, parceiros

principais, modelo de receita. Essa foi a fase percebida como amais importante para

os integrantes da Bagageiro de Chita, pois foi o momento em que, de fato,a startup

entendeu quais eram os pontos mais relevantes para o desenvolvimento de uma

empresa, seguindo alguns modelos de negócio, onde os mesmos podiam ser

alterados conforme possíveis mudanças.

O desenvolvimento de produtos foi o momento de sentir as limitações dos

empreendedores (de todas as startups incubadas na Teia da Moda). Infelizmente, o

que pretendiam desenvolver gerou conflito de ideias com as consultoras de design

da incubadora. Por terem sido a única empresa de desenvolvimento de produto para

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um público não explorado dentro do universo da moda, que eram os “ciclistas

urbanos”, houve certa resistência em aceitar nossa proposta. De início, julgaram

construir produtos para atletas ou produtos direcionados especificamente para

mulheres.

A falta de entendimento do público-alvo por parte dos consultores, do que a

startup queria trabalhar ou em algum momento de exigir que houvesse a mudança

de público, gerou, em diversas ocasiões, conflitos internos entre os empreendedores

da startup. Para uma melhor solução do que precisavam desenvolver, foi resolvido

criar uma pesquisa com perguntas para o público alvo desejado e através das

respostas, descobriu-se que o público era, em sua maioria,masculino, mas não

excluindo o público feminino;e através das respostas obtidas, tivemos conhecimento

dos produtos que esse público precisava, como: mochilas, pochetes, capa de chuva

e boné; isso facilitou na argumentação com os consultores, do que iríamos de fato

produzir.

Apesar do fato de ter-se pulado etapas projetuais importantes, dando

sequência à segunda fase da incubação, nela alterou o nome da empresa logo após

a pesquisa e exigências do público-alvo; decidimos pôr “Bagageiro Urb”,que passa a

imagem de produtos voltados para os ciclistas urbanos e que usam a bicicleta como

estilo de vida.Feitas todas as mudanças, iniciou-se o processo de desenvolvimento

de produtos para a finalização da incubação; esses produtos desenvolvidos já

faziam parte da validação do modelo de negócio. O projeto mudou completamente o

seu segmento o qual inicialmente tinha idealizado para iniciar suas atividades na

incubadora, onde a cultura regional era um dos princípios imagéticos para a

customização das bicicletas e, depois de toda a mudança no modelo de negócio,

voltou-se para desenvolvimento de produtos periféricos para ciclistas de uso urbano.

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47

*

Figura 4: Novo Logotipo

Fonte: autoria própria, 2016.

Antes de passarmos à próxima fase da incubação, trona-se preciso descrever

um pouco sobre o que do processo projetual de design foi desconsiderado diante da

necessidade de se acompanhar o cronograma da incubação.

A startup usa a metodologia do Design Thinking, por ser uma metodologia

voltada para inovação, assim como outra metodologias de design voltada para o

desenvolvimento de produtos, a mesma apresenta a fase de desenvolvimento de

protótipo podendo ser ele de baixa, média ou alta definição.

No curto prazo que a startup teve para desenvolver suas peças, a mesma não

criou os protótipos em todas as definições, muitos produtos foram apresentados

como protótipo de alta definição, mesmo não tendo sido validado e testado pela

equipe e pelos possíveis usuários.

A fase mais importante para o design após conceituar a idéia e desenvolver o

produto, é a validação do mesmo, frente às exigências solicitadas. Pois diante dos

princípios do design o produto deve ter estética, significado e funcionalidade, o

produto da startup deveria ter a sua função se sobressaindo entre os demais

princípios para ela ingressar no mercado.

Tendo em vista que as fases de prototipação ficaram ausentes, os produtos

após serem apresentados encontraram-se com diversos problemas para a execução

e continuação dos mesmos. Todos os problemas que ocorreram só foram

percebidos após os produtos serem apresentado ao mercado.

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Dentro do universo de negócio e do design, lançar um produto sem ele ter sido

testado e aprovado pela equipe do projeto e com os clientes em potencial, acarreta

desperdício de tempo, dinheiro e matéria prima, além da falta de confiança diante do

mercado para uma empresa que estar querendo inserir no mercado de acessórios

de bicicletas, e onde chances tornam-se mínimas diante das extensas opções.

A terceira e última fase chamada de empresa incubada ativa, deveria abordar a

fase dacomercialização e a estratégia elaborada no plano de negócio.Essa fase foi

onde a startup teve mais problemas em executar e, enfim, não conseguiu dar

prosseguimento, estando, atualmente, parada.

5.4 Pós Incubação: do sonho à realidade

A fase de pós-incubação é onde a empresa prepara-se para se tornar

comercialmente ativa; teoricamente pronta para ser competitiva no mercado. Nela

encontramos diversas dificuldades, a principal foi a falta de recursos financeiros para

executar o projeto. A partir das mudanças feitas ao longo do processo de

incubação,o projeto mudou completamente, além de ter se tornado maior,exigindo

mais recursos para sua execução.

A proposta inicial era comercialmente mais viável para os empreendedores dá

startup, porém, de acordo com os novos rumos quanto ao público alvo, aquela já

não supria a necessidade do novo grupo que surgia a nossa frente e que possuía

necessidades outras e também reais. Assim, a produção dos novos produtos para

esse outro público alvo demandava a necessidade de terceirização de processos ou

de mais funcionários, como um profissional específico para a produção da mochila,

por ser um produto mais complexo do que o conhecimento prático de um dos

empreendedores. Da mesma forma, o valor das matérias primas, bem como da

tecnologia que requeria a produção foi um dos problemas que também fez parte da

dificuldade na execução do projeto.

Os produtos que foco da startup foram: mochila, capa de chuva, pochete e

boné para ciclistas urbanos. A capa de chuva criada para fazer parte do catálogo de

produtos não passou pelos processos de metodologia de design como é ideal para a

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concepção de um produto, ou seja, pulou-se a etapa detestar a sua viabilidade antes

de lançá-la ao mercado. Assim,foram identificados posteriormente ao lançamento,

muitos problemas quanto à eficiência do produto, além do alto custo de produção e

revenda, e da falta de tecnologia na região para a sua produção, o que encareceu

demais a proposta no formato que foi desenvolvida.

Figura 11 - Mochila, capa de chuva, pochete feitas para a formação na incubadora.

Figura 5: Mochila, Capa de Chuva, Pochete feitas para a formação na incubadora.

Fonte: autoria própria, 2016.

Enfim, por não terem passado por todas as fases de construção e avaliação

projetuais do design, os problemas surgiram na produção de todos os produtos do

catálogo, como exemplo: o boné para ciclista que precisava de uma aba específica e

não foi encontrado material e nem fornecedores na região, o que levou a busca fora

do Estado e, quando encontrado, a empresa fornecedora só permitia pedidos em

grande quantidade, tornando impossível para startup trabalhar com este material e,

consequentemente, produto.

O fato de se pular etapas, foi pela necessidade de tempo que não

dispúnhamos àquela altura da incubação. Todas as mudanças iniciais no modelo de

negócios levaram bastante tempo e reduziram os prazos para as próximas fases.

Tendo em vista esses impasses, começou a surgir nos empreendedores a

sensação de frustração, de não ser possível entrar no mercado tendo em vista os

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poucos recursos ou com uma produção quase artesanal, atendendo a poucos

pedidos e de maneira precária. A insatisfação dos empreendedores da startup levou

a sérios problemas pessoais de interação e saúde, tais como altos níveis de

ansiedade, tristeza e, por fim, até mesmo a depressão, pois, o que antes era visto

como um sonho, transformou-se em grande decepção, fazendo-se necessária uma

pausa nas atividades para tratamento e recuperação do estado de espírito de todos

os integrantes.

Essa experiência com o empreendedorismo, pode-se dizer que foi traumática

para os integrantes da Bagageiro Urb. Nas consultorias, apenas modelos de

negócios de sucesso e sempre a imagem de que tudo era alcançável e possível,

trouxe uma percepção demasiado encantada e fantasiosa da realidade. Infelizmente,

esse outro lado de dificuldades e de como superá-las, ou mesmo se era possível

superá-las, não foi mencionado em momento algum, o que fez com que, nos

instantes de obstáculos, a sensação de incapacidade e de incompetência crescesse

para os personagens dessa startup, fazendo com estes terminassem por absorver a

carga negativa de responsabilidade por algo que, em grande parte, não estava sob a

gerência de nenhum deles.

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51

6 ANÁLISE GERAL DA EXPERIÊNCIA COMO UM TODO

Através da experiência de criar uma startup em um processo de incubação,

recebendo apoio técnico e teórico, têm-se a propriedade em relatar fatos reais de

como o processo de ser empreendedor é muito além da “força de vontade”, “lutar

por um sonho”, “basta apenas acreditar”, “networking”, e tantas outras palavras

reconfortantes que servem de auto-ajuda para superarmos qualquer barreira que

nos impeça de elevar a nossa empresa a ganhar milhões e ser altamente lucrativa a

ponto de uma marca gigante se sentir ameaçada e querer comprar nossa empresa.

Criar um negócio requer preparo, estudo e conhecimento sobre o que pretende

iniciar, além de se ter, obviamente, desejo, vontade de trabalhar com aquilo ou

naquele ramo em específico. Um ponto positivo de querer abrir um negócio e ser

incubado é que vivenciamos através do conhecimento, estudo e experiência de

pessoas capacitadas e preparadas para atender aos empreendedores iniciantes,

que tinham uma ideia e precisavam ser guiados para colocar a sua empresa de

forma eficiente no mercado. Vivenciar durante onze meses a criação de uma

empresa nos fez perceber a importância de cada etapa que passamos e o

significado dessas etapas para um bom desenvolvimento ou melhoria para a startup.

Transformar uma ideia em negócio, desenvolver e saber que tem capacidade para

ser competitivo e escalável, é enxergar como concreto aquilo que poderia apenas

ser uma ideia.

O ponto negativo de criar uma startup é o excesso de informação e fórmulas

prontas que muitos consultores acreditavam que deveríamos seguir para sermos

bem sucedidos, muitos deles baseados em experiências pessoais que tentam

generalizar em fórmulas prontas para todos. Os consultores que estavam na

incubadora tiveram empresas e estavam ali para, através de suas experiências,

ajudarem aos mais novos empreendedores. Falavam como deveríamos seguir, o

que precisávamos para conseguir recursos financeiros, mão de obra para produção,

materiais de maior qualidade; precisávamos entrar no mercado grande ou

parecermos grandes. Todas essas informações eram importantes do ponto de vista

mercadológico. Éramos uma startup e estávamos recebendo as melhores dicas de

pessoas altamente competentes que passaram por diversas experiências, porém

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essas pessoas de alguma forma não tinham mais suas empresas, elas falharam e

faliram e algumas delas tornaram-se consultores, além de não enxergarem cada um

de nós que estávamos a tentar abrir o próprio negócio, mas como um coletivo de

startups que deveriam moldar com base naquilo em que acreditavam e não no

desejo dos envolvidos.

Entendemos que investir financeiramente na empresa era importante e

necessário, mas existia um problema pessoal no nosso processo, que era a falta de

recursos financeiros, estávamos sem renda fixa, nossos produtos mudaram e com

isso o preço dos materiais também. A cobrança em termos produtos para possíveis

compradores, problemas com materiais e tecnologia, mão de obra, falta de dinheiro,

procura por investidores e financiadores, fez os empreendedores contraírem um

esgotamento físico e mental, sendo isso 8% da fatia dos empreendedores desistirem

de suas startups, segundo (KEPLER, 2016). Tínhamos produtos reais para pessoas

reais, que atendiam a uma necessidade, porém a forma que devíamos apresentá-los

ao mercado não condizia com a nossa realidade e começamos a nos sentir

frustrados, e incapazes, chegando a termos problemas internos como sócios.

Aprendemos que todo conhecimento na incubadora é importante, pois

sabemos quais caminhos percorrer e a forma que temos que lidar, porém sabemos

que não existe fórmula para o sucesso e cada empresa tem sua forma de

crescimento, suas experiências e necessidades. Saber até onde vai o limite de cada

empresa e de seu pessoal é importante para não entrar em desespero, contrair

dívidas que não possam arcar e chegar, por fim, ao abandono da ideia. Dar um

passo maior do que se pode imaginar, confiar em incertezas e criar dívidas, foram

atitudes que evitamos. Para nós, o crescimento da empresa ressalta-se em saber

que existem pessoas (um mercado) que estão esperando pelos nossos produtos.

Porém, independente do público alvo, entendemos que, para nós o que

funciona é poder produzir e vender aos poucos e que esse pouco pode se tornar

pedidos maiores; é investir pouco, apenas com o que temos, ao invés de querer ir

além e passar por mais dificuldades financeiras e ainda maiores. É fazer cada coisa

em seu tempo (mesmo sabendo que a velocidade de venda da maioria das

empresas é outra e bem mais ágil), mas seguir esse caminho, faz acreditar que

ainda não é a hora de parar e que se chegar o momento de abandono da ideia, não

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devemos nos lamentar por ter perdido algo, mas entender que “aquele projeto”

necessitou ter seu fim. É nos orgulharmos dos passos que demos; das dificuldades

encontradas e saber que temos em nós a capacidade de resolução dos problemas e

que não somos incompetentes, apenas estamos aprendendo com a realidade, como

empreender nesse Brasil de hoje.

6.1 O sonho não acabou e recentemente recebeu nova energia de vida

A startup para o mercado está parada, porém para seus idealizadores ela é

aquele sonho que ainda não acabou. Estão sempre fazendo pesquisa, protótipos,

contatos e buscando manter o fôlego para continuar. Resolvendo implementar novas

mudanças que fossem de acordo e com as necessidades dos sócios, com isso

obtivemos novos resultados e estamos seguindo novos caminhos.

Um dos bons resultados foi a notícia que a Bagageiro recebeu em meados do

mês de julho de 2017,de ser um dos produtos selecionados para o Prêmio Jovens

Designers VI. Concorremos com a “Mochila Bagageiro”, fazendo dessa notícia fonte

de motivação para continuarmos, e sairmos do completo desânimo. A mostra jovens

designers é uma premiação que busca estimular a formação de novos talentos e

difundir a cultura do design no país.

A mostra é realizada pela Origem e conta com o patrocínio da Braskem, via

Proac – Programação de Ação Cultural de São Paulo, e apoio da Tok&Stok16. Tendo

com júri Ademir Bueno (Tok&Stok); Ana Brum (diretora técnica do centro Brasil

Design); 17André Poppovic (presidente da ABEDESIGN); Auresnede Pires Stephan

(curador da mostra); Daniel Nishiwaki ( presidente da ADP); 18Levi Girardi (Questto

Nó19) e Mónica Evangélista (Braskem)20.

16

Empresa varejista de móveis e eletrodomésticos, com mais de 40 lojas pelo Brasil. 17

Instituição especializada em idealizar, desenvolver e implementar projetos estratégicos e processo

de design para a indústria e órgãos do governo. 18

Associação dos Designers de Produto. 19

Empresa de Design com sede no Brasil e Nova York. 20

Empresa controlada pela Odebrecht, com foco em produtos petroquímicos.

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Decidimos a partir dessa notícia e de pedidos por produtos, continuarmos e a

partir de então produzirmos as nossas peças, aprender, entender o processo e pôr a

“mão na massa”, de um modo muito simples de falar e de se fazer entender.

A startup decidiu também observar mais o entorno da cidade e seus

integrantes do tráfego urbano, e como bicicletas, existem outros tipos de transporte

que agregam e carregam uma forma de pertencimento ao trânsito, são eles:

skatistas, patinadores, motoqueiros e tantos outros que sentem a mesma

necessidade que os ciclistas sentem e a partir daí observar as necessidades desses

possíveis usuários.

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55

7 CONCLUSÃO

Através da metodologia de estudo de caso aqui utilizada, foi possível

descrever as experiências vividas por uma startup desde o processo de idealização,

ao processo de finalização dela numa incubadora de modelo voltado às startups.

Com isso, a relevância dessa pesquisa visa em descrever e registrar os pontos

negativos e positivos aqui demonstrados com embasamento tanto teórico, quanto

prático.

Assim, a pesquisa se expande muito além do campo acadêmico, levando para

o meio social, onde revela para quaisquer pessoas que o empreendedorismo não é

simples de ser praticado. O caso supracitado revela muitos entraves e processos,

muitas vezes não ditos, encobertos como forma de vender a ideia de que sempre,

por qualquer pessoa, em qualquer contexto e de qualquer forma pode sim ter o seu

negócio de sucesso “se assim o quiser”, quando, na realidade, é preciso levar em

consideração acontecerão muitos os percalços e que estes são naturais e até

necessários para qualquer empresa, cabe saber-se ultrapassá-los, ou mesmo se o

melhor é parar por aí. Essas decisões não são simples ou fáceis e por isso se faz

necessária a ajuda de profissionais competentes que possam auxiliar os novos

empreendedores na busca por resultados satisfatórios.

Através do uso do método fenomenológico como abordagem, foi possível

compreender que o empreendedorismo é um momento atual visto como saída ou

mesmo salvação para algumas pessoas enfrentarem a crise econômica que o país

passa. Contudo, os empreendedores precisam ter visão estratégica de criar uma

empresa baseada na observação de novos comportamentos sócio-culturais, sendo

esses motivados pela mudança de hábito, pensamento e estila de vida de pessoas

que buscam uma nova forma de interação com o meio em que vive, possibilitando

encontrar novos nichos de negócio e um mercado de possibilidades para suprir as

necessidades latentes.

A utilização dos métodos de procedimento etnográfico e funcionalista também

foram fundamentais à escolha do modelo de pesquisa, qual seja, a descrição de

fatos com a alocação de cada ator em sua devida função e importância. Com o

primeiro método, o etnográfico, foi possível compreender de dentro do grupo de

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atuação as necessidades e desejos dos ciclistas urbanos, mas também, e o que

terminou por aparecer naturalmente na pesquisa, como é lidar com a criação de uma

startup no modelo de incubação, onde muitos são os condicionantes de sucesso

e/ou insucesso, dentre eles, a própria motivação dos empreendedores. Percebeu-se

que, enquanto o negócio estava sob o nicho escolhido por eles, o de customizar as

bicicletas e em pequena escala, a satisfação e empenho era maior. Após a proposta

dos consultores de que estes mudassem quase que completamente o negócio em si

e que o ampliassem a escalas quase industriais, a motivação dos empreendedores

caiu, interferindo no sucesso geral da startup.

Quanto às referências, houve dificuldades em encontrar bibliografia sobre o

tema, principalmente no que tange o empreendedorismo de palco, pois tudo a

respeito desses modelos vigentes são um tanto encobertos, principalmente as

falhas. Entende-se isso como uma forma de maquiar os resultados de tantas e

tantas startups que não conseguiram alcançar o sucesso desejado logo na primeira

tentativa e, em outros tantos casos, nunca. Isso pode ser lido também como um

alerta para que se fale mais a respeito do tema sob a ótica de que não é fácil

empreender e ter sucesso “logo de cara” ou/e principalmente rápido! Faz necessário

chamar a atenção da sociedade para esse fenômeno de venda de imagens forjadas

de um sucesso que só se encontra em livros ou blogs e consultores que, na teoria

sabem tudo, mas que nunca aplicaram seus próprios conhecimentos na prática.

Assim, para a fundamentação teórica na subseção do empreendedorismo de

palco, revela-se um lado não questionado e muito seguido desse

empreendedorismo, que notadamente é uma maneira notória de ludibriar e enganar

pessoas que buscam por um sonho ou necessidade em ter um negócio próprio e

que tenham renda e prosperidade. A maior parte das pesquisas referentes a esse

empreendedorismo foram baseadas em sites de profissionais que questionam a

veracidade desse empreendedorismo que em sua maior parte, é baseado no estilo

“auto-ajuda” e apresentado como um grande evento, para mostrar a opulência,

importância e prosperidade do grande apresentador.

Estes “empreendedores” quase sempre contam a sua trajetória de vida, do que

foi preciso abrir mão, do sonho de não ver os filhos crescerem para que houvessem

a oportunidade de dar-lhes uma vida digna e justa da qual ele não teve o prazer de

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desfrutar na infância, ou por meio de um bom emprego, em uma grande empresa

privada, em que ele poderia ser facilmente descartado, quando houvesse uma

mente, jovem e brilhante que o substituísse...; Assim são quase todos os relatos dos

grandes empreendedores de palco, que pregam sua versão bonita de vida, deixando

a imagem do empreendedorismo fácil, através de sua experiência21 de

empreendedor bem sucedido e agora palestrante.

Dessa forma, através do objetivo geral da descrição da experiência dos sócios

da Bagageiro Urb na criação de um negócio de design dentro do ramo de ciclismo

por meio de um modelo de startup dentro de uma incubadora, foi possível perceber

que as coisas não são tão fáceis ou rápidas como esses “empreendedores de palco”

relatam, ou muito menos bonitas e felizes durante o processo ou mesmo ao final

dele como muitos defendem de modo vigoroso. Ao contrário, os debates foram

constantes, inclusive com alguns dos consultores da incubadora em questão devido,

por exemplo, à resistência dos sócios da Bagageiro Urb em mudar de negócio (sair

do ramo de customização de bicicletas com temas regionais para a criação e venda

de acessórios de moda para os ciclistas urbanos), apesar deste ainda se localizar no

nicho de bicicletas.

Com base nessa resposta, a pesquisa mostra os determinantes para

sobrevivência de uma startup, onde a pesquisadora, como sócia da empresa

pesquisada, demonstra que, mesmo com a capacitação da Teia da Moda enquanto

incubadora não foi suficiente para que a empresa dela fosse um caso de sucesso

enquanto empreendimento de lucro, mas o sendo enquanto experiência de vida real,

com seus momentos bons e outros não tão bons assim. O mesmo se deu com as 16

startups restantes das 45 aprovadas para incubação. Esse dado, contudo, já não é

mais surpreendente à pesquisadora que, amparada pelas referências teóricas, sabe

que o número de startups e empresas que fecham é maior que as empresas

sobreviventes, salientando que a falta de recursos para o projeto, falta de

afinamento entre sócios e o estresse formado pelo processo de empreendimento

são alguns dos principais fatores que determinam uma morte precoce e desgastante

de uma startup ou empresa.

21

Fala-se experiência, mas sabe-se que mesmo algumas destas são forjadas para que possam

vender livros e palestras no lugar de serem verdadeiros empresários.

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Ainda sobre a experiência prática da Bagageiro Urb e o ambiente em que ela

se formou, ser um empreendedor idealizador e passar a ser um empreendedor

atuante e no ambiente propício a isso, tem-se uma possibilidade de elementos que

ajudam as empresas a se formarem, sendo conduzidas por profissionais

capacitados a ajudar na resolução de problemas, dúvidas, indicações, acesso à

fornecedores, financiamento, formas de fazer a empresa crescer. Porém, também é

preciso ressaltar que a empresa pesquisada, se encontra parado, movido por

diversas mudanças no plano de negócio, que inviabilizou o andamento da marca,

como um valor muito além da capacidade financeira dos sócios, que ocasionou

brigas internas e conseguintes doenças como estresse, ansiedade e até depressão,

sendo necessário deixar o projeto parado para focar em cuidar da saúde e recursos

financeiros para fins pessoais.

Sobre a incubadora, não foi mencionado e nem descrito que pelo pouco tempo

de empresa, a mesma pode ser considera uma startup, pois foi fundada em 2012,

tendo apenas 5 anos e três incubações, onde a primeira não obteve nenhum

resultado, a segunda incubação onde a marca se fez presente no ano de 2015,

obtiveram resultados melhores que a primeira, porém como descrito nesse trabalho,

necessitando de ajustes, assim como uma startup que está em um ambiente de

incertezas e diversos percalços a se ajustarem. A terceira incubação começou em

2017 tendo previsão de término para 2018, contudo a mesma tem um novo plano

estratégico para ajudar na superação dos entraves e na ascensão das novas

marcas. Assim como, foi mudado seu corpo de funcionários, onde alguns se deu

devido à conduta falha na forma de trabalhar, sendo dispensados e substituídos por

outras pessoas.

Sobre o nicho mercadológico de customização de bicicletas com temas

regionais, os sócios da Bagageiro Urb ainda acreditam que pode vir a ser um

negócio promissor e que tem fundamento ideológico capaz de mudar

comportamentos socioculturais de grandes centros urbanos. Porém, como não se

tem financiamento ou tempo para empreender nesse mercado, essa ideia

permanece como um desejo futuro de empreendedorismo.

Já no caso dos acessórios de moda propostos pela Startup enquanto incubada,

estes também demonstram ter sua parcela significativa de abertura de mercado,

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porém, devido ao preço da matéria prima e de sua produção, estes ficaram tão caros

que ainda não se encontra uma forma de investir também na execução dessa ideia.

Por fim, como aprendizado maior, a pesquisa trouxe à vivência da

pesquisadora que, não apenas negócios possuem vida própria, mas também assim

o são as próprias pesquisas. O que antes se pensava falar sobre bicicletas e como a

mobilidade urbana poderia ser beneficiada pelo uso desse modal no lugar de carros

de passeio, por exemplo, tornou-se um estudo de caso sobre a experiência de

empreendedorismo de jovens no modelo statup incubada.

Dessa foram, sugere-se como pesquisas futuras, outros cases de statups

incubadas e que deram certo “logo de primeira”. Apresentando as fórmulas que

podem ser replicadas, se é que estas existem, a outros nichos mercadológicos e

contextos socioculturais e financeiros.

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APÊNDICE A – Questionário para saber a necessidade do mercado de ciclistas.

1 – Idade

o 18 a 24 anos

o 25 a 35 anos

o 35 a 40 anos

o Acima de 51

2 – Profissão

Resposta aberta

3 – Gênero

o Masculino

o Feminino

4 – Quais momentos você costuma usar a bike?

o Trabalho

o Compras

o Prática de esportes

o Locomoção

o Lazer

5 – Quais tipos de bike você usa?

o Bike urbana simples

o Mountain Bike

o Speed/ bicicleta de corrida

o Fixed Gear/ bicicleta fixa

6 – Quais acessórios você sente a necessidade usar na bicicleta?

o Mochila

o Pochete

o Capa de selim

o Chapéu de ciclismo

o Almofada para Bagageiro

o Bolsa para quadro de bicicleta

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o Firma pé (fixed gear)

7 – O que torna um acessórios interessante

o Material impermeável

o Tecido leve e maleável

o Tecido resistente e robusto

o Material fácil de limpar

8 –Ao escolher um acessório para usar em bike, você (uma das opções é o ponto

mais forte para você escolher na hora de escolher um produto).

o Combina com sua bike e seu estilo

o Escolhe um produto grande e espaçoso

o Quer seus pertences secas e sem cheiro

o Gosta de coisas que agüentam o tranco

9 - Como o produto chama a sua atenção?

o Estampas e texturas

o Cores, muitas cores

o Cores neutras, básicas

10 – Você costuma comprar acessórios para bicicetas...

o Ao menos uma 1 ao mês

o A cada 3 meses

o A cada 6 meses

o Uma vez ao ano

11 – Costuma comprar acessórios de bike pela internet?

o Procuro sempre comprar pela internet

o Sim, quando não encontro na minha cidade

o Não compro pela internet.

12 – Quanto você costuma gastar ao comprar acessórios para bike?

o De 30,00 a 50,00 reais

o De 60,00 a 100,00 reais

o Mais de 100,00 reais

13 - Em dias de chuva, qual transporte você prefere usar?

o Bicicleta

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o A pé

o Ônibus

o Moto

o Carro

14 – Você sente falta de usar produtos para pedalar na chuva?

o Sim

o Não

15 – Quais desses produtos você sente falta ao pedalar na chuva?

o Capa de Chuva

o Mochilas Impermeáveis

o Pára-lamas removível

16 - Você se sentiu feliz com essa pesquisa?(lembrando que 1 para não feliz e 5 para

muito feliz)

o 1

o 2

o 3

o 4

o 5

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ANEXO A – Pesquisa de público alvo

Profissão

Estudante (12)

Designer (4)

estudante (3)

designer (3)

Programador (2)

Advogado (2)

Administrador

Músico

Geografo

Mecânico de bicicletas

Jornalista

Messenger

Eng de manutenção

Mecanico de bike

Suporte TI.

Biólogo

Universitário

CONTADORA

músico

jornalista

artista de rua

Faço uns paranauê

Engenheiro de testes

Estudante arquitetura

Autônomo

Empresário

Comerciante

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Ciclista desempregado

Autonoma

fotografo

professor

Arquiteto

Engenheiro Civil

Professor

Analista Contábil

Educador físico

Desenvolvedor

tattoo designer

supervisor de rede

Analista de Sistemas

Consultor em Mobilidade

mecanico de bikes

estudante.

tirador de coco

Ciclista Vândalo do Reggae

Policial Militar

Estudante

Desenvolvedor Mobile

Designer+Bike Messenger+Fotógrafa

Film maker

Arquiteta

Empreendedora

Engenheiro

freelancer

Contador

Bike courier

Consultor

artesao

faz tudo

Professor Universitário

Estágio na área contábil

promotor de vendas

F publico

Supervisor de suporte técnica (telecom)

Fisioterapeuta

Autonomo

Advogada

Atendente

Funcionário público

modelo

Universitaria

Antropóloga

assistente social

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ANEXO B – Resultado dos jovens designers

Resultado dos jovens designers