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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO ACADÊMICO DE VITÓRIA DE SANTO ANTÃO JANDERSON FELIPE SANTIAGO DA SILVA HÁBITOS DE ATIVIDADE FÍSICA EM CRIANÇAS DE 7 A 10 ANOS DE IDADE COM SOBREPESO/OBESIDADE VITÓRIA DE SANTO ANTÃO 2019

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO

CENTRO ACADÊMICO DE VITÓRIA DE SANTO ANTÃO

JANDERSON FELIPE SANTIAGO DA SILVA

HÁBITOS DE ATIVIDADE FÍSICA EM CRIANÇAS DE 7 A 10 ANOS DE IDADE COM SOBREPESO/OBESIDADE

VITÓRIA DE SANTO ANTÃO

2019

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO

CENTRO ACADÊMICO DE VITÓRIA DE SANTO ANTÃO

EDUCAÇÃO FÍSICA BACHARELADO

NÚCLEO DE EDUCAÇÃO FÍSICA E CIÊNCIAS DO ESPORTE

JANDERSON FELIPE SANTIAGO DA SILVA

HÁBITOS DE ATIVIDADE FÍSICA EM CRIANÇAS DE 7 A 10 ANOS DE IDADE COM SOBREPESO/OBESIDADE

TCC apresentado ao Curso de Bacharelado em Educação Física da Universidade Federal de Pernambuco, Centro Acadêmico de Vitória, como requisito para a obtenção do título de Bacharel em Educação Física. Orientador: Kelli Nogueira Ferraz Pereira Althoff Coorientadores: Renata Emmanuele Assunção Santos Isabeli Lins Pinheiro

VITÓRIA DE SANTO ANTÃO

2019

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Catalogação na fonte

Sistema de Bibliotecas da UFPE – Biblioteca Setorial do CAV.

Bibliotecária Fernanda Bernardo Ferreira, CRB4-2165

S586h Silva, Janderson Felipe Santiago da

Hábitos de atividade Física em crianças de 7 a 10 anos de idade com

sobrepeso/obesidade / Janderson Felipe Santiago da Silva. Vitória de Santo

Antão, 2019.

33 folhas.

Orientadora: Kelli Nogueira Ferraz Pereira Althoff.

Coorientadora: Renata Emmanuele Assunção Santos.

Coorientadora: Isabeli Lins Pinheiro.

TCC (Graduação) – Universidade Federal de Pernambuco. CAV, Licenciatura

em Ciências Biológicas, 2019.

Inclui referências e anexos.

1. Atividade Física. 2. Obesidade. 3. Saúde da CriançaI. Althoff, Kelli

Nogueira Ferraz Pereira (Orientadora). II. Santos, Renata Emmanuele Assunção

(Coorientadora). III. Pinheiro, Isabeli Lins (Coorientadora). IV. Título.

796.3980834 CDD (23.ed.) BIBCAV/UFPE- 118/2019

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JANDERSON FELIPE SANTIAGO DA SILVA

HÁBITOS DE ATIVIDADE FÍSICA EM CRIANÇAS DE 7 A 10 ANOS DE IDADE

COM SOBREPESO/OBESIDADE

TCC apresentado ao Curso de Bacharelado em Educação Física da Universidade Federal de Pernambuco, Centro Acadêmico de Vitória, como requisito para a obtenção do título de Bacharel em Educação Física.

Aprovado em: 03/07/2019

BANCA EXAMINADORA

________________________________________ Profº. Dr. Kelli Nogueira Ferraz Pereira Althoff (Orientador)

Universidade Federal de Pernambuco

_________________________________________ Profº. Dr. José Antônio dos Santos

Universidade Federal de Pernambuco

_________________________________________

Prof° M.a Renata Emmanuele Assunção Santos (Examinador Externo)

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus primeiramente, que esteve ao meu lado nos momentos

mais difíceis, me dando forças, sabedoria e bastante paciência na finalização do

meu TCC.

Em especial à minha mãe Jandeci Carminha Santiago, por suas orações ao

meu favor e minha esposa Elizangela Pessoa de Santana e minha filha Maria Cecilia

Santiago, por não ter deixado que eu desistisse e mostrado que depois das lutas

viriam as vitorias e as conquistas.

A minha orientadora Professora Kelli Nogueira Ferraz Pereira Althoff e a

minhas coorientadoras Renata Emmanuele Assunção Santos e Isabeli Lins Pinheiro,

pela dedicação e competência na orientação do meu trabalho, pela paciência que

tiveram comigo, pela confiança e por, principalmente, compartilharem seus

conhecimentos.

Aos pais e professores das escolas, que permitiram que as crianças

participassem das pesquisas.

Aqui também agradeço aos que fizeram parte dessa bancada para avaliar

meu trabalho e a todos os professores que fizeram parte da minha jornada dentro da

Universidade Federal de Pernambuco, Campus Vitória de Santo Antão.

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RESUMO

É consenso que a obesidade infantil vem aumentando de forma significativa e que

ela determina várias complicações na infância e na idade adulta. Ademais, a

obesidade é considerada um grave problema de saúde pública, uma vez que está

relacionada com o surgimento de doenças crônicas não transmissíveis na vida

adulta, como: diabetes mellitus tipo II, doenças coronárias, dislipidemia, apneia do

sono e até câncer. Logo, este estudo visa investigar os hábitos de atividades e

exercícios físicos em crianças de 7 a 10 anos de idade de uma escola pública do

interior de Pernambuco na cidade de Vitória de Santo Antão. A amostra é composta

por 35 crianças do sexo masculino sendo 36% (n=13) eutróficas, 25% (n=9) com

sobrepeso e 39% (n=14) com obesidade. Para investigação dessas práticas foi

utilizado o questionário Physical Activity Questionnaire for Older Children (PAQ-C)

(CROCKER PR, 1997), desenvolvido a partir de questionários utilizados para

verificação da realização de atividade física, e já validado para a faixa etária e região

sob investigação. Dados antropométricos (massa corporal, estatura e índice de

massa corporal também foram coletados. As médias dos escores do PAQ-C foram

2,55, 2,22 e 1,77 para os grupos eutrófico, com sobrepeso e com obesidade,

respectivamente. As atividades físicas mais praticadas foram a corrida, a bicicleta, o

futebol/futsal e o pega-pega. As crianças apresentaram maior nível de atividade nos

finais de semana em comparação aos dias de semana. Os valores do PAQ-C

classificaram 94,4% das crianças como sedentários. Os resultados encontrados

alertam para a alta prevalência de sedentarismo nesta amostra, aumentando a

probabilidade de serem adultos sedentários. No entanto, outros estudos devem ser

desenvolvidos para determinação de atividade física durante toda a adolescência e

dos fatores determinantes da atividade física regular.

Palavras-chave: Atividade física. Obesidade infantil. PAQ-C.

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ABSTRACT

The consensus is that childhood obesity has increased significantly and that

determines various complications in childhood and adulthood. In addition, obesity is a

serious public health problem, since it is related to the onset of chronic diseases in

adulthood, such as type II diabetes mellitus, coronary heart disease, dyslipidemia,

sleep apnea and even cancer. Therefore, this study aims to investigate the physical

activity and exercise habits in children 7-10 years of age from a public school in the

interior of Pernambuco, in the city of Vitoria de Santo Antao. The sample consisted of

35 male children, 36% (n = 13) eutrophication, 25% (n = 9) with excess weight and

39% (n = 14) obese. To investigate these practices, The questionnaire was used for

the questionnaire physical activity for older children (PA QC) (Crocker PR, 1997),

developed from questionnaires used to check the performance of physical activity, and

has been validated for the age group and the region under investigation. The mean

scores QC PA were 2.55, 2.22 and 1.77 for groups eutrophic, overweight and obesity,

respectively. The most practiced physical activities were running, cycling, football /

futsal and children to catch-showed a higher level of activity on weekends compared to

PA QC days of the week values classified 94.4% of children as a result sedentary.The

found warn of the high prevalence of physical inactivity in this sample, increasing the

likelihood of being adults.However sedentary,

Keywords: Physical activity. Childhood obesity. PAQ-C.

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 9

2 REVISÃO DA LITERATURA .................................................................................. 10

3 OBJETIVOS ........................................................................................................... 16

3.1 Objetivo Geral ..................................................................................................... 16

3.2 Objetivos Específicos .......................................................................................... 16

4 METODOLOGIA ..................................................................................................... 17

4.1 Local de estudo ................................................................................................... 17

4.2 Amostra ............................................................................................................... 17

4.3 Avaliação antropométrica .................................................................................... 18

4.4 Avaliação dos hábitos de atividade física/exercício físico ................................... 18

4.5 Considerações éticas .......................................................................................... 19

4.6 Análise estatística ............................................................................................... 19

5 RESULTADOS ....................................................................................................... 20

6 DISCUSSÃO .......................................................................................................... 26

7 CONCLUSÃO ......................................................................................................... 28

REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 29

ANEXO A – QUESTIONÁRIO DE ATIVIDADE FÍSICA PARA CRIANÇAS – PAQ-C32

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1 INTRODUÇÃO

Nas últimas décadas, tem sido registrado um aumento progressivo da

prevalência de obesidade, diabetes tipo II, hipertensão, dislipidemias e outras

doenças de origem metabólica (SPINELLI, 2013). O número de crianças e

adolescentes (entre 5 e 19 anos) obesos em todo o mundo aumentou dez vezes nas

últimas quatro décadas, portanto, de acordo com um novo estudo liderado pelo

Imperial College London e pela Organização Mundial da Saúde (WHO, 2017), se as

tendências atuais continuarem, haverá mais crianças e adolescentes com obesidade

do que com desnutrição moderada e grave até 2022. Embora os fatores genéticos

estejam fortemente associados e determinem o grau de susceptibilidade individual,

os fatores ambientais (inatividade física e dietas hipercalóricas) são citados como os

principais responsáveis pelo aparecimento destas doenças, e se não for

convenientemente controlada, levará ao aumento da morbimortalidade e diminuição

da expectativa de vida (XIAO, 2010; FAGUNDES, 2008).

O comportamento sedentário é preocupante devido ao aumento no número

de crianças que apresentam sobrepeso e obesidade em todo o mundo (XU et al.,

2012). Em um estudo prospectivo, o baixo nível de atividade física na infância foi

associado a alta prevalência de sedentarismo avaliado em adolescentes (HALLAL,

2006). Existe um consenso na literatura que um estilo de vida ativo com uma prática

regular de atividade física e nutrição equilibrada, está associado a uma maior

qualidade de vida e menor risco de aparecimento de doenças cardiovasculares e

metabólicas (MALINA, 1992). Este cenário é particularmente importante na

população, desde a infância até a adolescência, pois, estilo de vida assumido na

infância e na adolescência parece ter um papel importante na prática de atividade

física na vida adulta (RIZZO, 2008).

As crianças tornaram-se menos ativas, incentivadas pelos avanços

tecnológicos e alimentos industrializados, fast-foods, televisões, videogames,

computadores, entre outros, que podem constituir um ambiente bastante favorável

ao aumento da prevalência da obesidade. Diante do exposto, observa-se que é

importante investigar os hábitos e estimular a prática de atividade física na infância.

Logo, o objetivo deste trabalho é analisar os hábitos de atividade física em crianças

de 7 a 10 anos de idade com sobrepeso/obesidade.

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2 REVISÃO DA LITERATURA

A obesidade é definida como uma doença crônica que afeta a saúde geral

devido ao acúmulo anormal ou excessivo de gordura corporal (WHO, 1998;

KOPELMAN, 2000). É consenso que a obesidade vem aumentando de forma

significativa nas últimas décadas, estando relacionada com várias complicações na

infância e na idade adulta (MELLO, 2004). Pesquisas mundiais verificaram que o

excesso de peso (sobrepeso e obesidade) tem aumentado globalmente com taxas

alarmantes. Em Taiwan na China, a prevalência do excesso de peso durante a

infância dobrou entre 1986 (13%) e 2009 (27,7%) (CHEN et al., 2006). Estudo

realizado nos Estados Unidos revelou que 31,8% das crianças com idades entre 2 e

19 anos estavam com sobrepeso ou obesidade (OGDEN et al. 2012). Na Nova

Zelândia com a avaliação de 9.107 estudantes escolares entre 10 e 19 anos,

verificou-se que 31,7% destes apresentavam sobrepeso ou obesidade e 2,5%

obesidade severa (FARRANT et al., 2013).

No Brasil, a prevalência da obesidade tem aumentado nas últimas décadas

em todas as regiões e classes sociais, onde cerca de 26,6% das meninas e 30% dos

meninos com idade entre 5 e 19 anos apresentam sobrepeso (NCD-RISC, 2017); e

14,1% das crianças apresentam obesidade, de acordo com uma metanálise que

analisou estudos transversais realizados no Brasil entre 2008 e 2014 (AIELLO et al.,

2015). No Nordeste, segundo dados da Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF),

encontramos um percentual de excesso de peso de 16,6% em crianças, entre os

anos de 2008-2009 (IBGE, 2010). No estado de Pernambuco, de acordo com um

estudo realizado em 2006 com 1435 crianças e adolescentes, temos uma

prevalência de excesso ponderal de 13,3%, sendo 9,5% de sobrepeso e 3,8% de

obesidade o que ultrapassa em cerca de cinco vezes o valor limítrofe (2,3%)

estabelecido pela Organização Mundial de Saúde (OMS) (LEAL et al., 2012).

Mudanças na política econômica do país, com medidas de saúde pública e

técnicas de medicina preventiva, que resultam em diminuições por mortes

infecciosas e mortalidade infantil, melhoria dos níveis nutricionais da população,

entre outros, têm sido responsáveis por alterações demográficas, sociais e

econômicas da população, as quais têm conduzido a uma situação de transição

epidemiológica com substituição das doenças transmissíveis por doenças crônicas

não transmissíveis e, por isso, uma situação de redução da mortalidade com

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aumento da morbidade da população (SCHRAMM, et al., 2004). Sabe-se que estes

índices se tornam cada vez maiores, e que este aumento de peso está associado a

maiores riscos de morbimortalidade, o que, consequentemente, reduz a expectativa

de vida, sendo o fator causal para o aumento nos custos com a saúde dos

indivíduos acometidos por estas patologias (WANG , 2002).

A classe socioeconômica influencia diretamente sobre a obesidade por meio

da educação, da renda e da ocupação, resultando em padrões comportamentais

específicos que afetam ingestão calórica, gasto energético e taxa de metabolismo

(MELLO; LUFT; MEYER, 2004). As classes socioeconômicas mais favorecidas,

detêm uma vida sedentária facilitada pelos avanços tecnológicos (computadores,

televisão, videogames, etc.), fazendo com que as crianças não precisem realizar

atividades físicas. Devido à violência urbana, as crianças ficam dentro de casa com

atividades que não as estimulam a fazer atividades físicas como correr, jogar bola,

brincar etc. (ALMEIDA et al., 2004). Entretanto, à medida que alimentos saudáveis,

incluindo peixes, carnes magras, vegetais e frutas frescas, estão menos disponíveis

para indivíduos de condições mais restritas, a relação entre obesidade e baixa

classe socioeconômica também é alta, devido a ingestão de alimentos

industrializados e ultraprocessados, e observada em países em desenvolvimento

(EBBELING et al., 2002; GRILLO et al., 2000).

A obesidade também é um importante fator de risco para doenças crônicas

não transmissíveis (DCNT’s), como diabetes mellitus tipo II, doenças coronárias,

dislipidemia, apneia do sono e até câncer, e em muitos países industrializados está

associado com vários problemas psicossociais, principalmente entre os mais jovens,

que, quando fora do padrão físico ditado pela sociedade, chegam a sofrer

discriminação, preconceito e exclusão social, insatisfação corporal, transtornos

alimentares e consequentes transtornos psicológicos, como depressão e ansiedade

(WHO, 1998; KIM; PARK, 2009). Sabe-se que a obesidade possui sua natureza em

diversos fatores, sendo eles de cunho cultural, social, genético e comportamental

(KOLOTKIN et al. 2001). Dentre estes fatores, estudos mostram relação entre

inatividade física e dieta inadequada à obesidade (PIMENTA; PAULA, 2001).

Portanto, a atividade física desempenha importante papel na etiologia da

obesidade, influenciando o balanço energético, o peso e a adiposidade corporal, e é

um comportamento que se estabelece durante a infância, tendendo a se manter

durante a vida adulta (AZEVEDO et al., 2007). Porém, na infância, o manejo pode

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ser ainda mais difícil do que na fase adulta, pois está relacionado a mudanças de

hábitos e disponibilidade dos pais, além de uma falta de entendimento da criança

quanto aos danos da obesidade (MELLO; LUFT; MEYER, 2004).

Conceitualmente, o termo atividade física refere a qualquer movimento do

músculo esquelético que demande gasto energético acima do metabolismo basal e,

quanto ao nível de atividade física, o indivíduo pode ser classificado como ativo ou

inativo, a depender da quantidade de calorias semanais gastas em um esforço físico

(LEANDRO et al., 2007). A quantificação da atividade física pode ser expressa em

termos de dispêndio energético, trabalho (watts), tempo de atividade (minutos,

horas), unidades de movimento (número de repetições), ou mesmo como resultados

numéricos derivados de inquéritos ou questionários (MALINA, 1994).

A medida mais usada para determinar o gasto energético num esforço físico é

o Equivalente Metabólico (MET), onde 1 MET equivale a aproximadamente 3.5ml

O2/kg−1/min−1, onde 1 MET representa o gasto energético de um indivíduo em

repouso, também sendo válido para crianças. Um indivíduo é considerado ativo

quando realiza atividade física diária com um dispêndio energético semanal em

torno de 450-750 METs/min/semana. De acordo com o guia de prescrição de

exercício publicado pelo American College of Sports Medicine (GARBER et al.,

2011), um indivíduo é considerado ativo quando se engaja em atividades físicas

(caminhadas, corrida, pedalar, natação, atividades domésticas, atividades no

trabalho, atividades de lazer e recreação) diariamente durante 30 minutos levando a

um dispêndio energético acima do metabolismo basal em torno de 1500

Kcal/semana ou 495 METs/min/semana.

Embora seja reconhecido que a infância é um período crítico para o

desenvolvimento de um estilo de vida ativo, pouco se sabe sobre o nível de

atividade física habitual de crianças. Parte desta limitação se deve aos instrumentos

de avaliação e a distinção das diferentes fases de crescimento e desenvolvimento

associadas às mudanças morfológicas e comportamentais das crianças

(RODRIGUES et al., 2010). Na ausência de um padrão ouro, diferentes instrumentos

têm sido utilizados para a mensuração da atividade física diária, os quais podem

fazê-lo de um ponto de vista fisiológico (consumo de oxigênio, frequência cardíaca)

ou comportamental (questionários, entrevistas, diários) (CROCKER et al., 1997). Um

desses instrumentos é o Índice de Massa Corpórea (IMC), que é classicamente

utilizado para classificação da obesidade no adulto, classificando o sujeito como

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abaixo do peso (<18,5), peso normal/eutrofia (entre 18,5 e 24,9), sobrepeso (entre

25 e 29,9), e obesidade (>29,9), e em crianças maiores que 5 anos, também são

comumente utilizadas as curvas americanas de IMC do National Center for Health

Statistics (NCHS), específicas para cada sexo, que consideram como diagnóstico de

sobrepeso e obesidade os percentis acima de 85 e 95, respectivamente (CALLIARI;

KOCHI, 2010).

É também de importância, a investigação do tempo diário utilizado em

atividades sedentárias (televisão, jogos eletrônicos, computadores), as quais, por

reduzir o tempo gasto em atividades com maior dispêndio energético, podem

contribuir para a elevação do peso e da gordura corporal, da pressão arterial e dos

lipídeos séricos (HANCOX, 2004). Alguns estudos utilizam acelerômetros e a

contagem de passos para estimar o gasto energético semanal de crianças e

associar com o nível de atividade física habitual, porém, é necessária a escolha de

instrumentos de precisão, de fácil aplicação e de baixo custo, como ocorre com

questionários validados com outros instrumentos de precisão e apropriadamente

testados (SILVA, 2000). As recomendações internacionais de AF para crianças são

de 60 minutos diários, acumulados ao longo do dia, em intensidade moderada a

vigorosa (ANDERSEN et al., 2006; PATE et al., 2006), a fim de proporcionar

benefícios imediatos à saúde por atuar positivamente na composição corporal e no

desenvolvimento musculoesquelético (FAIRCLOUGH; STRATTON, 2005).

A inatividade física é um fator de risco independente para doença cardíaca, e

assumiu importância crescente em pediatria e saúde pública devido à sua

contribuição para o desenvolvimento da obesidade, e por causa de sua associação

com lipídios plasmáticos anormais, pressão arterial alterada e hiperglicemia, cada

um dos quais contribui para o risco de doença coronária, portanto, não é

surpreendente que as crianças que são mais fisicamente ativas têm menos gordura

corporal e menos fatores de risco cardiovascular (WILLIAMS et al. 2001). Menos

atividade física parece ser um dos principais contribuintes para o desenvolvimento

da obesidade infantil e crianças obesas são menos ativas fisicamente que as

crianças não obesas (WILLIAMS et al. 2001). Portanto, parece existir uma relação

direta entre ser ativo na infância e adolescência e manter-se ativo na vida adulta

(MARTINS; CARVALHO, 2006). Martins e Carvalho (2006) observaram que parece

haver maior dificuldade em fixar certos hábitos na vida adulta, e um deles é a prática

de atividades físicas. Baruki et al. (2006) encontraram uma relação entre o estado

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nutricional da criança e o seu nível de atividade física, mostrando que crianças

eutróficas eram mais ativas, praticavam atividades físicas mais intensas e gastavam

menos tempo assistindo à televisão, comparadas às crianças com sobrepeso/

obesidade. Já a atividade física de obesos é geralmente menor do que a de não-

obesos. Entretanto, é difícil discernir se a tendência ao sedentarismo é causa ou

consequência da obesidade (TREUTH et al. 1998).

Maior atenção deve ser dada as diversas oportunidades de aumentar os

níveis de atividade física na tentativa de reverter este grave problema de saúde

pública. Como as crianças passam uma proporção substancial de cada dia no

ambiente escolar, este espaço pode representar uma oportunidade privilegiada para

desempenhar um papel fundamental no desenvolvimento do estilo de vida ativo e

comportamentos saudáveis desde a infância (NETTLEFOLD et al., 2011).

As escolas oferecem, ou devem oferecer, diversas oportunidades para que as

crianças sejam fisicamente ativas, principalmente durante as aulas de Educação

Física e o período de recreio escolar (SARKIN; McKENZIE; SALLIS, 1997).

Tradicionalmente a Educação Física tem sido o espaço para a promoção da

atividade física no ambiente escolar, apesar desta, muitas vezes não proporcionar

atividade física suficiente para o alcance de benefícios à saúde (RIDGERS;

STRATTON, 2005), devido à redução do tempo de aulas ou, em alguns casos,

eliminação da disciplina da grade curricular (BIDDLE; GORELY; STENSEL, 2004).

O fornecimento de instalações destinadas a facilitar a prática de AF na escola,

tais como parques infantis, campos e quadras, áreas verdes, disponibilidade de

equipamentos esportivos, marcações para jogos de pequeno porte e a orientação

para a prática de atividade física são estratégias que se mostram associadas ao

aumento da atividade física durante o recreio escolar, que podem chegar a contribuir

com cerca de 5% a 40% do recomendado de atividade física moderada a vigorosa

(FAIRCLOUGH; STRATTON, 2005). Juntas, essas abordagens podem resultar em

um impacto positivo no comportamento das crianças, facilitando a incorporação de

um estilo de vida ativo e saudável (SAMDAL, 2008).

Os esforços de prevenção da obesidade infantil provavelmente serão mais

eficazes quando direcionado simultaneamente para alvo primordial, alvo primário e

secundário de prevenção em um plano multinível de abordagem com objetivos

apropriadamente diferentes: prevenção primordial, visando prevenir que as crianças

corram risco de excesso de peso; prevenção primária, visando evitar que crianças

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“em risco” fiquem acima do peso; prevenção secundária, visando prevenir o

aumento da gravidade da obesidade e reduzir comorbidade entre crianças com

sobrepeso e obesidade (WILLIAMS, 2000). Dentro deste quadro de referência,

prioridades para a ação podem ser identificadas, priorizadas e ligadas a estratégias

de intervenção potencialmente bem-sucedidas, onde o objetivo mais desejável seria

a prevenção primordial da obesidade (YANOVSKI, 2002).

Robinson (2002) apontou alguns alvos principais para a prevenção da

obesidade infantil, onde a maioria das recomendações deve ser seguida por toda a

família, sendo os indivíduos obesos ou não, que seriam: diminuição da ingestão

calórica (diminuir o consumo de refrigerantes, aumentar o consumo de frutas,

vegetais e fibras), prevenção do ganho excessivo de peso (diminuir o tamanho das

porções de alimentos, diminuir o comportamento sedentário), aumento do gasto

energético (caminhar, evitar andar sempre de carro), e aumentar a

atividade/exercício físico (atividades estruturadas, educação física escolar, brincar

após a escola e fins de semana).

A elevação crescente da prevalência da obesidade e da inatividade física e a

redução dos níveis diários de atividade física, em todas as faixas etárias e em

diferentes populações ao redor do mundo, justificam a importância de estudos que

analisem a distribuição dessas variáveis e a forma como se associam, indicando a

necessidade e possibilitando a adoção de estratégias de saúde pública em

populações específicas para o controle das mesmas, com vistas à redução da

morbimortalidade. Assim, os dados desse estudo podem resultar em contribuições

para auxiliar na construção de estratégias de intervenção, prevenção e tratamento

com protocolos de treinamento/aula mais eficazes na redução da obesidade infantil

e do tempo com sedentarismo, que acomete inúmeras crianças, sobretudo no

estado de Pernambuco. Diante disso, esse estudo visa analisar os hábitos de

atividade física em crianças de 7 a 10 anos de idade com sobrepeso/obesidade.

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3 OBJETIVOS

3.1 Objetivo Geral

Analisar os hábitos de atividade física em crianças de 7 a 10 anos de idade,

com sobrepeso/obesidade.

3.2 Objetivos Específicos

Analisar, em crianças de 7 a 10 anos de idade, com sobrepeso/obesidade, as

seguintes variáveis:

1. Os tipos de atividade física praticados pelas crianças em seu tempo livre nos

últimos 7 dias;

2. Nível de atividade física durante as aulas de educação física;

3. O que normalmente faz no horário do recreio escolar;

4. Quantidade de vezes que a criança realizou atividade física nos períodos da

manhã, tarde e noite, incluindo fins de semana;

5. Descrição de realização de atividades nos últimos 7 dias;

6. O grau com que a criança realizou atividade física em cada dia da semana.

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4 METODOLOGIA

4.1 Local de estudo

Este estudo foi realizado em uma escola no município de Vitória de Santo

Antão, Pernambuco, distante 55Km de Recife. Segundo o IBGE (2010), sua

densidade demográfica é de 348,80 hab./Km2. Na área da educação, a rede de

ensino totaliza 101 estabelecimentos de ensino fundamental, com cerca de 20.000

alunos matriculados. Na escola onde foi realizado o estudo (Escola Municipal

Mariana Amália), possui algumas características próprias que podem interferir nos

hábitos das crianças, pois a escola não conta com a presença de um professor de

Educação Física, consequentemente não tem aula, e também não tem recreio

escolar.

4.2 Amostra

Este estudo, do tipo transversal, série de casos e caráter qualitativo, foi

composto por uma amostra de conveniência, com 36 escolares de 7 a 10 anos de

idade e do gênero masculino, de escolas públicas do Município de Vitória de Santo

Antão, Pernambuco. Ele foi realizado entre o período de agosto a dezembro de

2018. Após considerar os critérios de inclusão/exclusão, as crianças foram divididas

em três grupos, o Grupo de Crianças eutróficas, o Grupo de crianças com sobrepeso

e o grupo de crianças com obesidade.

Foram estabelecidos como critérios de inclusão: crianças do sexo masculino,

os indivíduos serem frequentadores da escola selecionada e a autorização dos

responsáveis para participação na pesquisa, por meio da assinatura do termo de

consentimento livre e esclarecido – TCLE, de acordo com a resolução 466/12 do

Conselho Nacional de Saúde. Foram excluídos do estudo os indivíduos que

apresentavam diagnósticos neurológicos comprometedores, doenças metabólicas e

indivíduos com deficiência motora e/ou física, que impossibilitem de realizar

qualquer atividade física.

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18

4.3 Avaliação antropométrica

O estado nutricional foi analisado em uma sala da escola cedida para este

fim, avaliando-se os parâmetros antropométricos de peso e altura, com auxílio de

uma balança digital com precisão de 100g, modelo Líder® e um estadiômetro

modelo Tonelli®, fixo em parede sem rodapé. As crianças foram avaliadas com o

mínimo possível de roupas, descalças e sem adereços na cabeça. O índice de

massa corporal (IMC=kg/m2) foi determinado para classificar a amostra selecionada

em três grupos, de acordo com os dados de referência do IMC para a idade e o sexo

(5-19 anos) em: peso normal, sobrepeso ou obesidade (WHO, 2007).

4.4 Avaliação dos hábitos de atividade física/exercício físico

A avaliação subjetiva dos hábitos de atividade física foram realizadas

mediante a aplicação do questionário Physical Activity Questionnaire for Children

(PAQ-C) (CROCKER, 1997), desenvolvido a partir de questionários utilizados para

verificação da realização de atividade física, e já validado para a faixa etária e região

sob investigação.

Este questionário é composto de 9 questões sobre a prática de esportes e

jogos, as atividades físicas na escola e no tempo de lazer, incluindo o final de

semana nos últimos sete dias, incluindo também uma questão sobre a existência de

doença que impedisse o entrevistado de ter praticado atividade física na semana

avaliada. Cada item do questionário tem valor de um a cinco e o escore final é obtido

pela média das questões, representando o intervalo de muito sedentário (1) a muito

ativo (5). Os escores dois, três e quatro indicam sedentário, moderadamente ativo e

ativo, respectivamente. Na questão número um, que é composta por uma lista de

atividades, faz-se necessário transformar a pontuação na escala anteriormente

citada, pela divisão do total de pontos na questão pelo número de atividades na lista,

incluindo-se também as atividades que tenham sido acrescentadas na seção

“outras”. O mesmo procedimento foi necessário para a questão 9, que aponta o grau

de atividade física em cada dia da semana, o total de pontos é dividido por sete. O

escore final foi obtido pela média das questões um a nove.

Crocker et al. (1997) relataram que o PAQ-C apresenta valores de

consistência interna entre 0,79 e 0,89 e de fidedignidade de teste-reteste entre 0,75

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e 0,82. A validade foi investigada pela correlação do escore do PAQ-C com os

resultados do nível comparado de atividade física (r = 0,63), com o questionário de

atividade física de Godin e Shephard (r=0,41), com o acelerômetro Caltrac (r = 0,39)

e com um teste de banco para a avaliação da aptidão cardiorrespiratória (r = 0,28).

4.5 Considerações éticas

O Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) foi encaminhado para

assinatura dos pais ou responsáveis dos escolares. O projeto de pesquisa foi

aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisas da Universidade Federal de

Pernambuco sob parecer N° 2.315.647.

4.6 Análise estatística

O banco de dados foi feito no Excel e as análises estatísticas dos dados

foram analisados no GraphPad Prism 6.0. Os dados coletados foram descritos por

meio da média e desvio padrão e analisados por intermédio de análise de variância

(ANOVA) para comparações entre grupos. Na comparação entre proporções,

utilizou-se o teste do Qui-quadrado. O nível de significância estatística foi

estabelecido em p≤0,05, em todos os testes estabelecidos.

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20

5 RESULTADOS

A amostra estudada contou com 36 escolares do ensino fundamental, do

município de Vitória de Santo Antão, entre 7 e 10 anos de idade, sendo todos do

gênero masculino, divididos em três grupos: eutrófico (36%), com sobrepeso (25%)

e com obesidade (39%). A média de idade (± desvio-padrão) foi de 7,89±0,82. As

características gerais da amostra estão colocadas na Tabela 1.

A tabela 1 mostra a caracterização da amostra de crianças de 7 a 10 anos de

idade, de uma escola municipal de Vitória de Santo Antão/PE. De acordo com o

estado nutricional, das 36 crianças analisadas, 13 (36%) são eutróficas, 9 (25%)

crianças com sobrepeso e 14 (39%) crianças com obesidade. Observamos que não

houveram diferenças entre idade em relação ao estado nutricional, confirmando a

homogeneidade da amostra analisada. Comparando as crianças eutróficas, com

sobrepeso e com obesidade, usando a média (± desvio-padrão), observamos que

não houve diferenças entre a idade (anos) e estatura (cm). Quanto ao Peso (Kg) e

IMC (Kg/m2), foram observados resultados significativos entre os três grupos.

Tabela 1 - Distribuição dos valores idade, peso, estatura e IMC de escolares de 7 a

10 anos de idade, de uma escola municipal de Vitória de Santo Antão/PE, segundo o

estado nutricional.

EUTRÓFICO SOBREPESO OBESIDADE TOTAL

Variáveis n % n % n % n % p

Crianças 13 36% 9 25% 14 39% 36 100% Idade

0,381

7 anos 7 54% 2 22% 5 36% 14 39%

8 anos 2 15% 5 56% 5 36% 12 33%

9 anos 4 31% 2 22% 4 29% 10 28%

Média± DP Média± DP Média± DP Média± DP p

Idade (anos) 7,77±0,93 8±0,71 7,93±0,83 7,89±0,82

0,7984

Peso (Kg) 25,71±2,93* 32,4±4,31* 40,34±5,52* 33,07±7,74

< 0,0001

Estatura (cm) 128,06±4,29 130,69±6,85 131±6,35 129,86±5,82

0,3867

IMC (Kg/m

2) 15,63±0,98* 18,89±0,95* 23,42±2,11* 19,47±3,74 < 0,0001

Os dados foram descritos em valores absolutos e relativos, e média (desvio-padrão). Fonte: SANTIAGO, J. F., 2019. *p≤ 0,05 = diferenças significativas entre os três grupos (Anova One-way).

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21

A figura 1 mostra a classificação da amostra de crianças de 7 a 10 anos de

idade, do score do questionário de atividade física para crianças (PAQ-C), das

crianças de 7 a 10 anos de idade, de acordo com o seu estado nutricional. A análise

das respostas ao questionário (PAQ-C) sobre atividade física identificou que o grupo

eutrófico apresentou uma média de 2,55 (±0,42), classificando-os como sedentários;

o grupo com sobrepeso apresentou uma média de 2,22 (±0,22), também

classificando-os como sedentário; já o grupo com obesidade apresentou uma média

de 1,77 (±0,23), classificando-os como muito sedentário.

Foi encontrada diferença significativa nas crianças obesas, que

apresentaram menor score no PAQ-C, quando comparadas com as crianças com

sobrepeso e com as crianças eutróficas. A comparação entre crianças eutróficas e

crianças com sobrepeso, não houve diferença significativa.

Figura 1 - Classificação da amostra de crianças de 7 a 10 anos de idade, de acordo

com o Score do PAQ-C x Estado Nutricional (ANOVA One-Way).

Os dados estão representados como média ± DP. Fonte: SANTIAGO, J. F., 2019.

Comparações múltiplas (Tukey´s test) (p= ≤0,05): *Obesidade vs Sobrepeso e

Obesidade vs Eutrófico. Não houve diferença estatística entre os grupos Eutrófico vs

Sobrepeso.

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22

A tabela 2 descreve as atividades físicas mais praticadas no tempo livre da

amostra de crianças de 7 a 10 anos de idade, de acordo com o questionário PAQ-C

e o estado nutricional. As atividades mais frequentemente realizadas (em três ou

mais dias da semana), pelos estudantes do grupo eutrófico foram: correr (84,6%),

brincar de pega-pega (69,2%), andar de bicicleta (61,5%), jogar futebol/futsal

(61,5%) e skate (30,8%); para o grupo sobrepeso foram: correr (67,7%), brincar de

pega-pega (55,6%), jogar futebol/futsal (44,4%) e andar de bicicleta (33,3%); e para

o grupo obesidade foram: jogar futebol/futsal (57,1%), correr (50,0%), andar de

bicicleta (50,0%), e brincar de pega-pega (14,3%).

Tabela 2 - Atividade física mais praticada no tempo livre da amostra de crianças de 7 a 10 anos de idade, de acordo com a questão 1 do questionário PAQ-C x Estado nutricional.

Eutrófico Sobrepeso Obesidade

N=13 N=9 N=14

Atividade Física no tempo livre

Não 1-2 3-4 5-6 ≥ 7 Não 1-2 3-4 5-6 ≥ 7 Não 1-2 3-4 5-6 ≥ 7

Pular corda

10 (76,9%)

3 (23,1%)

- - -

8 (89%)

1 (11%)

- - -

14 (100%)

- - - -

Andar de patins

13 (100%)

- - - -

9 (100%)

- - - -

14 (100%)

- - - -

Skate 7

(53,8%)

2 (15,4%)

3 (23,1%)

- 1

(7,7%)

8 (89%)

1 (11%)

- - -

14 (100%)

- - - -

Brincar de pega-pega

1 (7,7%)

3 (23,1%)

4 (30,8%)

1 (7,7%)

4 (30,8%)

1 (11%)

3 (33%)

1 (11%)

1 (11%)

3 (33%)

5 (35,7%)

7 (50%

)

1 (7,1%)

1 (7,1%)

-

Andar de bicicleta

4 (30,8%)

1 (7,7%

)

2 (15,4%)

3 (23,1%)

3 (23,1%)

4 (44%)

2 (22%)

- 2

(22%)

1 (11%)

5 (35,7%)

2 (14,3%)

1 (7,1%)

2 (14,3%)

4 (28,6%)

Caminhar como exercício físico

8 (61,5%)

4 (30,8%)

- 1

(7,7%)

-

4 (44%)

4 (44%)

- 1

(11%)

-

13 (92,9%)

1 (7,1%)

- - -

Correr 1

(7,7%)

1 (7,7%

) - -

11 (84,6%)

-

3 (33%)

2 (22%)

4 (44%)

4 (28,6%)

3 (21,4%)

1 (7,1%)

1 (7,1%)

5 (35,7%)

Nadar 12

(92,3%)

1 (7,7%

) - - -

9 (100%)

- - - -

14 (100%)

- - - -

Dançar 12

(92,3%)

1 (7,7%

) - - -

9 (100%)

- - - -

13 (92,9%)

1 (7,1%)

- - -

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Fazer exercício em academias de ginástica

13 (100%)

- - - -

9 (100%)

- - - -

14 (100%)

- - - -

Jogar basquetebol

11 (84,6%)

2 (15,4%)

- - -

8 (89%)

1 (11%)

- - -

14 (100%)

- - -

Jogar futebol/futsal

- 5

(38,5%)

1 (7,7%)

4 (30,8%)

3 (23,1%)

1 (11%)

4 (44%)

1 (11%)

3 (33%)

-

3 (21,4%)

3 (21,4%)

- 3

(21,4%)

5 (35,7%)

Jogar voleibol

13 (100%)

- - - -

8 (89%)

- 1

(11%)

- -

13 (92,9%)

-

1 (7,1%)

-

Jogar handebol

13 (100%)

- - - -

9 (100%)

- - - -

13 (92,9%)

1 (7,1%)

- - -

Jogar tênis de campo/tênis de mesa

13 (100%)

- - - -

9 (100%)

- - - -

14 (100%)

- - - -

Lutar judô, karate, etc.

13 (100%)

- - - -

9 (100%)

- - - -

13 (92,9%)

- 1

(7,1%)

- -

Outros - - - - - - - - - - - - - - -

Fonte: SANTIAGO, J. F., 2019.

A tabela 3 mostra os hábitos de atividade física durante todos os dias, dos

últimos sete dias, incluindo finais de semana, da amostra de crianças de 7 a 10 anos

de idade, de acordo com o questionário PAQ-C e o estado nutricional. Nesta tabela,

os dados foram descritos de forma absoluta e relativa.

Tabela 3 - Hábitos de atividade física da amostra de crianças de 7 a 10 anos de

idade, de acordo com o estado Nutricional. Vitória de Santo Antão, 2018.

EUTRÓFICO SOBREPESO OBESIDADE n % n % n %

2. Esforço físico mais intenso nas aulas de educação física

1. Não tenho aula de educação física 13 100% 9 100% 14 100%

2. Quase nunca 0 0% 0 0% 0 0%

3. Algumas vezes 0 0% 0 0% 0 0%

4. Muitas vezes 0 0% 0 0% 0 0%

5. Sempre 0 0% 0 0% 0 0% 3. Atividades realizadas no recreio escolar

1. Fico sentado (conversando, lendo, fazendo tarefas de aula, etc.)

6 46% 1 11% 4 29%

2. Fico passeando pelas dependências da escola

4 31% 5 56% 4 29%

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24

3. Corro ou jogo um pouco 1 8% 0 0% 6 43% 4. Corro ou jogo bastante 1 8% 3 33% 0 0%

5. Corro ou jogo intensamente durante todo o recreio

1 8% 0 0% 0 0%

4. Lazer ativo/esporte/exercício físico no período da manhã

1. Nenhuma vez 2 15% 2 22% 4 29%

2. Uma vez na última semana 4 31% 5 56% 10 71% 3. 2 – 3 vezes na última semana 3 23% 2 22% 0 0%

4. 4 – 5 vezes na última semana 2 15% 0 0% 0 0%

5. 6 ou mais vezes na última semana 2 15% 0 0% 0 0%

5. Lazer ativo/esporte/exercício físico no período da tarde 1. Nenhuma vez 1 8% 0 0% 4 29%

2. Uma vez na última semana 2 15% 3 33% 8 57%

3. 2 – 3 vezes na última semana 5 38% 5 56% 2 14%

4. 4 – 5 vezes na última semana 4 31% 1 11% 0 0%

5. 6 ou mais vezes na última semana 1 8% 0 0% 0 0% 6. Lazer ativo/esporte/exercício físico no período da noite

1. Nenhuma vez 1 8% 4 44% 4 29%

2. Uma vez na última semana 8 62% 1 11% 10 71% 3. 2 – 3 vezes na última semana 3 23% 4 44% 0 0%

4. 4 – 5 vezes na última semana 1 8% 0 0% 0 0%

5. 6 ou mais vezes na última semana 0 0% 0 0% 0 0%

7. Lazer ativo/esporte/exercício no final de semana 1. Nenhuma vez 0 0% 0 0% 3 21% 2. Uma vez 5 38% 4 44% 8 57% 3. 2 – 3 vezes 7 54% 4 44% 3 21% 4. 4 – 5 vezes 1 8% 1 11% 0 0% 5. 6 ou mais vezes 0 0% 0 0% 0 0% 8. Intensidade do esforço físico semanal

1. Todo ou a maioria do tempo livre realizei atividades que exige pouco ou nenhum esforço físico.

0 0% 1 11% 1 7%

2. Algumas vezes (1-2 vezes na última semana) realizei atividade física no meu tempo livre (por exemplo, pratiquei esporte, joguei bola, corri, nadei, dancei, andei de bicicleta, fiz exercício físico, etc.)

2 15% 3 33% 13 93%

3. Frequentemente (3-4 vezes na última semana) realizei atividade física no meu tempo livre

7 54% 3 33% 0 0%

4. Bastante frequentemente (5-6 vezes na última semana) realizei atividade física no meu tempo livre

4 31% 2 22% 0 0%

5. Muito frequentemente (7 ou mais vezes na última semana) realizei atividade física no meu tempo livre

0 0% 0 0% 0 0%

Fonte: SANTIAGO, J. F., 2019.

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A figura 2 mostra a intensidade de atividade física praticada pelas crianças

em cada dia da semana, de acordo com o estado nutricional. A intensidade da

prática de atividade física está categorizada em muito, bastante média, pouca e

nenhuma. Os dados estão descritos na forma de frequência absoluta.

Figura 2 - Intensidade de atividade física praticada pelas crianças de 7 a 10 ano de

idade, em cada dia da semana, de acordo com o estado nutricional. Dado

representado na forma de frequência absoluta.

Fonte: SANTIAGO, J. F., 2019.

0

2

4

6

8

10

12

Segu

nd

a

Terç

a

Qu

arta

Qu

inta

Sext

a

Sáb

ado

Do

min

go

Segu

nd

a

Terç

a

Qu

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Qu

inta

Sext

a

Sáb

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Do

min

go

Segu

nd

a

Terç

a

Qu

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Sext

a

Sáb

ado

Do

min

go

Eutrofia Sobrepeso Obesidade

mer

o d

e cr

ian

ças

Muito Bastante Médio Pouco Nenhuma

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6 DISCUSSÃO

Em nosso estudo, foi encontrada uma alta prevalência de crianças acima do

peso (64%) e sedentárias (94,4%), conforme o critério de sedentarismo pelo score

do PAQ-C (< 3,0), assim como em Maceió/AL, onde a prevalência de sedentarismo

foi 93,5% em crianças e adolescentes, sendo ainda maior no sexo feminino

(RIVERA et al., 2010). No estudo de Silva e Malina (2000), 85% dos meninos e 94%

das meninas foram classificadas como sedentárias. Outros estudos realizados no

Brasil demonstraram uma prevalência de sedentarismo entre 10 - 94,0% em jovens

de diversas faixas etárias (OEHLSCHLAEGER, 2004), o que aponta para a urgente

necessidade de estratégias de saúde pública para a redução do seu impacto como

fator de risco para a aterosclerose (GIULIANO, 2005).

No presente estudo, foram encontradas diferenças significativas nas crianças

obesas, que apresentaram menor score no PAQ-C, quando comparadas com as

crianças com sobrepeso e com as crianças eutróficas. A comparação entre crianças

eutróficas e crianças com sobrepeso, não houve diferença significativa. O mesmo foi

encontrado no estudo de Neves (2016), onde não ocorreu significância estatística

entre crianças eutróficas e sobrepesas. Já entre crianças eutróficas e obesas, e

sobrepesas e obesas, encontrou-se associação estatisticamente significante.

As atividades físicas mais praticadas entre as crianças deste estudo foram: a

corrida, a bicicleta, o futebol/futsal (esporte que faz parte da cultura nacional), pega-

pega. Outros estudos também mostram que as atividades acima, exceto o futebol,

são populares entre crianças e adolescentes de diferentes nacionalidades (ROSS et

al., 1985; SHEPHARD, 1986; HUANG, 1994; MYERS et al., 1996). Também

identificamos que as crianças deste estudo foram mais ativas nos dias do final de

semana em comparação com os dias da semana. Esse maior nível de atividade está

relacionado com o maior tempo livre durante o final de semana, possibilitando a

utilização desse tempo com atividades físicas.

Chama a atenção na presente investigação, a ausência (100,0% dos

estudantes) das aulas de educação física na escola, considerando que a Lei de

Diretrizes e Bases, que estabelece a sua obrigatoriedade nos ensinos fundamental e

médio (Educação Básica), segmentos nos quais foram selecionados os sujeitos da

nossa amostra. Sabe-se que o envolvimento dos alunos nas aulas de Educação

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física, e a atividade física durante o recreio escolar tem sido relatado, segundo

Katzmarzyk et al. (2008), como potencial contribuidor para o aumento do nível de

atividade física, com acúmulos entre 5 a 40% da recomendação diária de 60 minutos

de atividade física moderada a vigorosa.

No presente estudo encontrou-se uma amostra 94,4% sedentária, onde o

comportamento sedentário possui inúmeros componentes, dentre os quais o tempo

dedicado a assistir TV pode contribuir em até 81,0% para o mesmo, sendo digno de

nota que este hábito não requer gasto energético acima da taxa metabólica basal e

reduz o tempo diário a ser investido em atividades com maior dispêndio energético

(MYERS, 1996). Assistir à televisão é um meio de lazer de baixo custo, além disso,

oferece a segurança nem sempre encontrada nas ruas das grandes cidades, onde

as crianças poderiam praticar atividades físicas. Os ambientes inseguros são uma

das barreiras à prática regular (SALLIS; OWEN, 1999).

A participação em atividades físicas diminui com a idade para todos os tipos

de exercício: intenso e moderado, alongamento, e de resistência muscular, assim

como a participação em esportes e programas de educação física (CDC, 1996).

Logo, uma amostra mais jovem tende a apresentar maiores níveis de atividade física

intensa e moderada, atividades que são avaliadas pelo PAQ-C. Trudeau et. al.,

(2004), em estudo longitudinal que acompanhou adolescentes de 10-12 anos até a

idade de 35 anos, observou um impacto positivo da prática regular, organizada e

precoce de atividade física na escola, na persistência desta característica na vida

adulta. Evidências dessa natureza têm atribuído à escola um papel de extrema

importância no combate ao sedentarismo na infância e adolescência (GIULIANO et

al., 2005), considerando que tanto a atividade como a inatividade física na infância, e

especialmente na adolescência, tendem a persistir na vida adulta (TRUDEAU et al.,

2004).

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7 CONCLUSÃO

Conforme nos apresenta a literatura, podemos entender que a definição da

obesidade é de um distúrbio nutricional e metabólico e que isso acontece quando há

um aumento do tecido adiposo levando ao aumento do peso.

O presente estudo mostra uma alta prevalência de crianças acima do peso

(64%) e sedentárias (94,4%), onde foi encontrada diferença significativa nas

crianças obesas, que apresentaram menor score no PAQ-C, quando comparadas

com as crianças com sobrepeso e com as crianças eutróficas. A comparação entre

crianças eutróficas e crianças com sobrepeso, não houve diferença significativa.

Ainda em relação as atividades físicas mais praticadas entre as crianças dos três

grupos deste estudo estão a corrida, a bicicleta, o futebol/futsal e o pega-pega. Já a

intensidade de atividade física praticada pelas crianças foram maiores nos fins de

semana.

A atividade física mostrou-se fator protetor em crianças eutróficas e

sobrepesas, ou seja, quem realiza atividade física tem menos chance de se tornar

obeso e sedentário. Portanto, programas de intervenção de atividades física são

recomendados nas escolas, já que possuem caráter preventivo quanto à obesidade

e o sedentarismo. Nas crianças obesas também são indicados acompanhamento

nutricional. Ainda, outros estudos com delineamento longitudinal devem ser

conduzidos.

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REFERÊNCIAS

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ANEXO A – QUESTIONÁRIO DE ATIVIDADE FÍSICA PARA CRIANÇAS – PAQ-C

Physical Activity Questionnaire for Older Children PAQ-C

1. Atividade física no tempo livre: Você realizou alguma dessas atividades nos últimos 7 dias (última semana). Se a resposta for sim, quantas vezes? (Marcar uma única resposta por atividade). Atividade Física Não 1-2 3-4 5-6 ≥ 7

Pular corda ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) Andar de patins

Skate ( ) ( )

( ) ( )

( ) ( )

( ) ( )

( ) ( )

Brincar de pega-pega

( ) ( ) ( ) ( ) ( )

Andar de bicicleta ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) Caminhar como exercício físico

( ) ( ) ( ) ( ) ( )

Correr ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) Nadar ( ) ( ) ( ) ( ) ( )

Dançar ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) Fazer exercício

em academias de ginástica

( ) ( ) ( ) ( ) ( )

Jogar basquetebol

( ) ( ) ( ) ( ) ( )

Jogar futebol/futsal

( ) ( ) ( ) ( ) ( )

Jogar voleibol ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) Jogar handebol ( ) ( ) ( ) ( ) ( )

Jogar tênis de campo/tênis de

mesa

( ) ( ) ( ) ( ) ( )

Lutar judô, karate, etc.

( ) ( ) ( ) ( ) ( )

Outros: ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) Outros: ( ) ( ) ( ) ( ) ( )

2. Nos últimos 7 dias, durante as aulas de educação física, quantas vezes você permaneceu muito ativo fisicamente: jogando intensamente, correndo, saltando, fazendo lançamentos, etc.?

( ) Não tenho aula de educação física

( ) Quase nunca

( ) Algumas vezes

( ) Muitas vezes

( ) Sempre

3. Nos últimos 7 dias, o que você normalmente fez no horário do recreio escolar?

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( ) Fico sentado (conversando, lendo, fazendo tarefas de aula, etc.)

( ) Fico passeando pelas dependências da escola

( ) Corro ou jogo um pouco

( ) Corro ou jogo bastante

( ) Corro ou jogo intensamente durante todo o recreio

4. Nos últimos 7 dias, fora da escola, no período da manhã, quantas vezes você brincou, praticou esporte, realizou exercício físico ou dançou de tal forma que ficou muito ativo fisicamente?

( ) Nenhuma vez

( ) Um vez na última semana

( ) 2 – 3 vezes na última semana

( ) 4 – 5 vezes na última semana

( ) 6 ou mais vezes na última semana

5. Nos últimos 7 dias, fora da escola, no período da tarde, quantas vezes você brincou, praticou esporte, realizou exercício físico ou dançou de tal forma que ficou muito ativo fisicamente?

( ) Nenhuma vez

( ) Um vez na última semana

( ) 2 – 3 vezes na última semana

( ) 4 – 5 vezes na última semana

( ) 6 ou mais vezes na última semana

6. Nos últimos 7 dias, fora da escola, no período da noite, quantas vezes você brincou, praticou esporte, realizou exercício físico ou dançou de tal forma que ficou muito ativo fisicamente?

( ) Nenhuma vez

( ) Um vez na última semana

( ) 2 – 3 vezes na última semana

( ) 4 – 5 vezes na última semana

( ) 6 ou mais vezes na última semana

7. No último final de semana, quantas vezes você brincou, praticou esporte, realizou exercício físico ou dançou de tal forma que ficou muito ativo fisicamente?

( ) Nenhuma vez

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( ) Uma vez

( ) 2 – 3 vezes

( ) 4 – 5 vezes

( ) 6 ou mais vezes

8. Qual das seguintes situações melhor descreve seus últimos 7 dias? Leia as 5 opções antes de decidir por uma resposta que melhor descreve sua última semana.

( ) Todo ou a maioria do tempo livre realizei atividades que exige pouco ou nenhum esforço físico.

( ) Algumas vezes (1-2 vezes na última semana) realizei atividade física no meu tempo livre (por exemplo, pratiquei esporte, joguei bola, corri, nadei, dancei, andei de bicicleta, fiz exercício físico, etc.)

( ) Frequentemente (3-4 vezes na última semana) realizei atividade física no meu tempo livre

( ) Bastante frequentemente (5-6 vezes na última semana) realizei atividade física no meu tempo livre

( ) Muito frequentemente (7 ou mais vezes na última semana) realizei atividade física no meu tempo livre

9. Assinale com que frequência você realizou atividade física (por exemplo, praticou esporte, jogou bola, correu, nadou, dançou, andou de bicicleta, fez exercício físico, etc.) em cada dia da semana.

Atividades Nenhuma Pouco Médio Bastante Muito 2ª Feira ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) 3ª Feira ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) 4ª Feira ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) 5ª Feria ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) 6ª Feira ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) Sábado ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) Domingo ( ) ( ) ( ) ( ) ( )

10. Você esteve doente nesta última semana, ou apresentou alguma situação que o impediu de realizar normalmente atividade física?

( ) Não ( ) Sim Qual foi o impedimento?___________________________